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Prof. Marcio Ferrarini – Apostila de Controle Físico-Químico de Qualidade - versão 3(jan/09) 1 CONTROLE FÍSICO-QUÍMICO DE QUALIDADE DE MEDICAMENTOS

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Prof. Marcio Ferrarini – Apostila de Controle Físico-Químico de Qualidade - versão 3(jan/09) 1

CONTROLE FÍSICO-QUÍMICO

DE QUALIDADE DE MEDICAMENTOS

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EXERCÍCIO DE REVISÃO (Para acompanhar o curso, você deve dominar os conhecimentos envolvidos nos exercícios abaixo)

1) Faça as seguintes conversões: De Para De Para De Para 5,21 kg mg 1 g/l mg/ml 1 g/l % 0,001 l µl 10 g/ml g/l 0,1% p/v g/l 0,5 l de água Kg 100 µg/ml mg/ml 1 M NaCl % p/v 10,254 g µg 100 g/ml g/l 1 M NaCl g/l 1023 µl ml 10 g de NaOH/l Eg/l 1 M H2SO4 N 12 ml l 10 Eg/l N (normal) 1 N Ca(OH)2 M 1 ml de água mg 0,1 Eg/l mEg/l 1 ml de água g 1 Molar NaOH 1 Normal NaOH

100 ml de uma solução a 70%

100%

0,2454 g mg 1 g/l NaOH M (molar) 1 mol NaCl Eg 25 mg g 1 mol/l M (molar) 1 Eg H2SO4 Moles 0,345 kg g 1 M HCl g/l 100 g KCl N (no de moles) Assumir a densidade da água e das soluções como 1,0 g/ml Eg=equivalente-grama 2) Como você prepararia uma solução a 1 mg/ml? A partir desta solução, como você prepararia uma

solução a 0,01 mg/ml?

3) Você pesou 100 mg de um sal e dissolveu em 100 ml. Para preparar, a partir desta solução, uma solução a 200 µg/ml quantas vezes você precisará dilui-la? Como você faria esta diluição?

4) Você dispõe, em seu laboratório dos seguintes materiais:

• Pipetas volumétricas de 1, 2, 3, 5 e10 ml • Balões volumétricos de 5, 10, 25, 50, 100, 200 e 250 ml a) A partir de uma solução 100 mg/ml, prepare uma solução a 10 µg/ml e outra a 30 µg/ml b) A partir de uma solução 500 mg/ml, prepare uma solução a 25 µg/ml, economizando solvente. c) Com esse material, como você faria uma diluição de 1000 x? E de 2500 x ? d) Com esse material, como você faria uma diluição 1/10? E 2/500 ?

5) Calcule as quantidades necessárias de soluto, para o preparo das soluções abaixo: a) 1 litro de solução de NaOH a 40 % p/v (qual material você usaria na preparação?) b) 0,5 litro de solução de NaOH 0,1 N c) 0,5 litro de solução de NaOH 0,1 M (qual a concentração em g/l?) d) 100 ml de HCl 0,1 N (qual a concentração em g/l?) e) 250 ml de uma solução de KCl 1% (p/v) f) 50 ml de uma solução de KmnO4 1/20

6) Na reação abaixo, calcule a massa de NaOH necessária e a massa de NaCl produzida

___g NaOH + 10 g de HCl → ___g NaCl + H2O

7) Sabendo que o HCl comercial é uma solução de HCl(gás) a 37% em água e a densidade desta solução é de 1,18 g/l, prepare uma solução 0,1 N de HCl

8) Sabendo que o H2SO4 comercial é uma solução a 98 % em água e a densidade desta solução é de 1,84 g/l, prepare uma solução 0,1 N de H2SO4. Qual a molaridade desta solução?

9) O que é uma solução volumétrica (SV)? Qual a diferença entre esta e uma solução reagente (SR)?

10) Você tem, a sua disposição, pipetas graduadas e volumétricas de 5 e 10 ml, balão volumétrico de 100ml, bécker de 100 ml (graduado de 25 em 25 ml), proveta de 100 ml e erlenmeyer de 250 ml (graduado de 50 em 50 ml)

a) Descreva como você prepararia 50 ml de uma solução 0,1N SV a partir de uma solução 1N SV b) Descreva como você prepararia 100 ml de uma solução 1 %, a partir de uma solução 20% SR c) Descreva como você prepararia 100 ml de uma solução 0,1N SV a partir de uma solução 1N SR d) Descreva como você prepararia 250 ml de uma solução 1 %, a partir de uma solução 20% SR

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1. PADRÕES DE REFERÊNCIA São substâncias químicas, utilizadas na identificação ou no doseamento de amostras. Quando utilizamos técnicas como gravimetria ou volumetria, o teor da substância é determinado pela reação entre a amostra e um reagente de concentração conhecida (normalmente uma solução volumétrica). Outras técnicas, como a cromatografia e a espectrofotometria são técnicas comparativas, desta forma, para determinar a concentração de AAS em um comprimido, temos que comparar a resposta da amostra com a resposta de uma solução de AAS com concentração perfeitamente conhecida.

Fig.1: esquema de análise com o auxilio de um padrão de referência

1.1. Padrões Primários: são substâncias com alta pureza química, sua identidade e teor são determinados através de estudos interlaboratoriais. Alguns organismos como a Organização Mundial de Saúde, a Farmacopéia Americana, Britânica e Européia e o INCQS produzem esses padrões e coordenam estes estudos. Pela sua segurança e alta pureza, estes padrões têm um preço bastante elevado (cerca de US$ 280,00 cada frasco de 100 mg). Estes padrões são utilizados como referência, para a identificação ou determinação de teores. Uma solução padrão pode ser preparada, dissolvendo-se uma quantidade conhecida do padrão primário em um solvente adequado. Na área de química analítica, existem critérios muito rígidos para aceitar uma substância como padrão primário:

• O material de ser 100 % puro e com sua composição conhecida . em alguns casos, o material pode não ser 100% puro, desde que se conheça exatamente sua pureza;

• Deve reagir rápida e completamente com a solução à ser padronizada (no caso de padrões para uso em volumetria). Em titulações do tipo ácido base, o padrão primário deve ser, preferencialmente, um ácido ou uma base forte;

• A substância deve ser estável indefinidamente à temperatura ambiente, estável para ser dessecada e não deve absorver umidade ou CO2 da atmosfera e,

• Deve possuir alto peso molecular, para que se possa pesar quantidades grandes o suficiente para minimizar os erros.

Por esse motivo, existem poucos padrões primários estabelecidos para química analítica. Na área farmacêutica, principalmente depois da introdução das técnicas cromatográficas, tende-se à aceitar como padrão primário fármacos purificados, que atendam a definição inicialmente dada. Conforme as resoluções de BPF do ICH (International Committee for Harmonization):

“Padrões primários devem ser obtidos apropriadamente pela indústria. A fonte de cada padrão primário deve ser documentada. Registros devem ser mantidos, para cada padrão primário, que devem ser mantidos e utilizados conforme a orientação do fornecedor. Substâncias químicas de

referência obtidas de fornecedores reconhecidos oficialmente e mantidas sob condições consistentes com as recomendações do fornecedor não precisam ser testadas.”

Padrão

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Exemplo do catálogo de padrões da USP aSubstâncias Químicas de Referência Certificadas (SQRFBs) disponíveis no momento e seus respectivos

lotes correntes – INCQS (jan/2005) Aciclovir (1021) Acido Acetilsalicílico (1027) Albendazol (1034) Amoxicilina Triidratada (1022) Ampicilina (1006) Atenolol (1028) Captopril (1001) Carbamazepina (1038) Cefalexina (1015) Cefalotina Sódica (1035) Cefazolina (1045) Ceftriaxona Sódica (1046) Cetoconazol (1033) Cimetidina (1032) Clofazimina (1047) Cloridrato de Amiodarona (1040)

Cloridrato de Bupivacaína (1031) Cloridrato de Cimetidina (1039) Cloridrato de Diltiazem (1024) Cloridrato de Flurazepam (1041) Cloridrato de Lidocaína (1017) Cloridrato de Metoclopramida (1008) Cloridrato de Propranolol (1005) Cloridrato de Ranitidina (1020) Cloridrato de Tetraciclina (1026) Clorpropamida (1019) Diazepam (1044) Diclofenaco Sódico (1007) Furosemida (1002) Glibenclamida (1018) Hidroclorotiazida (1003) Mebendazol (1013)

Metronidazol (1004) Nifedipino (1025) Nitrato de Miconazol (1050) Norfloxacino (1014) Omeprazol (1030) Paracetamol (1009) – Val. Set/05 Paracetamol (2009) Prednisona (1037) Sulfametoxazol (1010) Sulfato de Salbutamol (1012) Tiabendazol (1036) Trimetoprima (1011) Zidovudina (1023) Lidocaína (1016) Maleato de Enalapril (1029)

1.2. Padrões Secundários: para contornar o problema dos altos preços dos padrões primários, é uma prática usual nas empresas, analisar um determinado lote de matéria prima de boa qualidade e utilizar essa substância, agora com o teor determinado frente à um padrão primário, nas análises de rotina. Embora questionável sob alguns aspectos, a “padronização secundária” é uma alternativa racional aos custos, ainda elevados, dos padrões primários. Alguns cuidados que devem ser tomados:

• Realizar uma análise completa e meticulosa. • Fracionar o padrão em frascos para uso único, de forma a evitar que o frasco do padrão

seja constantemente aberto • Tomar cuidado para que não haja degradação (N2 nos frascos, proteger da luz, manter em

dessecadores, armazenar à baixa temperatura, etc) • Descartar ou repadronizar com freqüência.

Conforme as resoluções de BPF do ICH (International Committee for Harmonization): “Material secundário de referência devem ser apropriadamente preparados, identificados, testados, aprovados e armazenados. A validade de cada lote dos padrões secundários deve ser determinada

antes de sua utilização, pela comparação com um padrão primário. Cada lote de padrão secundário deve ser, periodicamente, requalificado, de acordo com um protocolo escrito

1.3. Padrões de Trabalho: em alguns casos, o padrão primário ainda não se encontra disponível e

precisamos de um padrão para uso na análise de rotina. Neste caso, temos que fazer análises que assegurem a pureza da substância (perfil cromatográfico em CCD e HPLC) e sua identidade (RMN, massa, IV)o padrão assim criado, se denomina “padrão de trabalho” Recomenda-se tomar todos os cuidados acima descritos.

Conforme as resoluções de BPF do ICH (International Committee for Harmonization):

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“Em casos onde não haja a disponibilidade de um padrão oficialmente reconhecido, um padrão de trabalho (in-house primary standard) pode ser estabelecido. Este padrão pode ser preparado por

síntese independente ou por purificação de um material já existente. Testes apropriados devem ser realizados para estabelecer, inequivocadamente, sua identidade e pureza. Documentação

apropriada destes testes deverá ser mantida.”

EXERCÍCIOS

1- Sua empresa pretende produzir as matérias primas relacionadas abaixo, quais os padrões você deverá

possuir e como obtê-los? (vide USP 23, pg.1653 ou mais atual ou ainda no site www.store.usp.org, para lista de padrões disponíveis)

a) Zidovudina b) Amoxicilina c) Cefalexina d) Ranitidina e) Dipirona f) Cinarizina

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2. TECNICAS VOLUMÉTRICAS APLICADAS AO CONTROLE DE QUALIDADE

Em uma titulação, temos incrementos da solução reagente (titulante) sendo adicionados ao constituinte (titulado) até a reação ficar completa. O titulante é, normalmente, liberado de uma bureta. Ponto de equivalência é o nome dado ao resultado ideal (teórico) de uma titulação, por exemplo, numa titulação de ácido oxálico com permanganato, conforme a equação abaixo: 5 (HO-CO-CO-COH) + 2 MnO4

- + 6H+ → 10 CO2 + 2Mn2+ + 8H2O O ponto de equivalência seria quando adicionássemos, exatamente, 2 moles de permanganato a uma amostra contendo 5 moles de ácido oxálico. Na prática, determinamos o ponto final que, nesta titulação, seria quando houvesse um ligeiro excesso de permanganato que transmitisse cor rosa à amostra, originalmente incolor. Essa pequena diferença entre o ponto final e o ponto de equivalência é chamada de erro da titulação. Em produtos farmacêuticos, esse erro da titulação pode ser ainda maior, visto que impurezas e excipientes estão quase sempre presentes na amostra. Para reduzir este erro, podemos realizar uma titulação em branco, para isso, realizamos uma titulação que não contenha a amostra* e descontamos o valor obtido do valor da titulação da amostra. A titulação em branco é muito útil para compensarmos os erros devido à titulação, reagentes e outros.

Exemplo: na titulação de ácido oxálico com permanganato, a amostra consumiu 15,0 ml do titulante. A titulação em branco consumiu 0,5 ml. Desta forma, o volume real consumido será:

15,0 – 0,5 ml = 14,5 ml foram consumidos pela amostra, o restante foi consumido por outros fatores (impurezas, erros diversos)

* Na verdade, o termo correto a ser utilizado é analito, por exemplo, se queremos determinar a concentração de dipirona em uma solução oral de dipirona, nosso analito é a dipirona. Nossa amostra seria a solução de dipirona, que contém diversos componentes, como flavorizantes, conservantes, água, etc.. Uma solução, para ser utilizada como titulante, precisa ter sua concentração exatamente conhecida, é disso que irá depender a validade do resultado analítico. O processo de determinação da concentração de uma solução se chama padronização (ou fatoração). Para a padronização, utilizamos um padrão primário, que é pesado e titulado diretamente. Um exemplo prático é a padronização de de uma solução de ácido clorídrico 1N, segundo a USP 23:

Diluir 85 ml de HClr am água suficiente para produzir 1 litro da solução. Padronize como segue: pese exatamente 1,5 g de carbonato de sódio anidro, padrão primário, previamente aquecido a

270°C por 1 hora. Dissolva em 100 ml de água, coloque 2 gotas de vermelho de metila e titule com a solução até cor rosa. Leve a solução à ebulição e volte a titular até que a cor rosa não seja mais afetada pela ebulição. Calcule a normalidade, sabendo que 52,99 mg de carbonato de sódio anidro equivalem a 1 ml de HC 1N. Supondo que pesou-se 1,5034 g de carbonato e foram consumidos, na titulação, 29,5 ml do titulante, o fator de correção seria: Volume consumido do titulante = 29,5ml Volume teórico do titulante = 1 ml → 52,99 mg X ml → 1503,4 mg

X= 1503,4 = 28,37 ml 52,99

Fator de correção = vol. teórico = 28,37ml = 0,9617 vol. consumido 29,5 ml

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VOLUMETRIA ÁCIDO-BASE A volumetria ácido-base deve ser classificada, de acordo com a força do titulante e do titulado:

• Titulante forte, titulado forte • Titulante forte, titulado fraco

Lembrando que a força de um ácido ou base está relacionado com o grau de ionização em água, quanto mais ionizado, maior a força. Titulação de uma base forte com um ácido forte: vamos ver o que acontece com o pH do meio, conforme adicionamos HCl 0,1 N em 10 ml de uma solução de NaOH 0,1N

A curva, numa titulação deste tipo, exibe uma rápida mudança de pH próximo ao ponto de equivalência. O ponto de inflexão da curva corresponde ao ponto de equivalência, neste caso, como a titulação é de um ácido e de uma base forte, este ponto está localizado em pH 7,0. Caso um dos componentes (ou ambos) sejam fracos, o ponto de equivalência não estará em pH 7,0. Titulação de uma base fraca com um ácido forte: vamos ver o que acontece com o pH do meio, conforme adicionamos HCl 0,1 N em 10 ml de uma solução de NH3 0,1N

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Neste caso, existe um efeito de tamponamento pela ação da amônia, que é uma base fraca, a variação de pH no ponto de equivalência é menos intensa e o ponto de equivalência não está em pH 7,0. Indicadores em titulação ácido-base: para tornar visível a mudança de pH no ponto de equivalência, precisamos de um indicador, neste caso, o indicador é um composto capaz de alterar sua cor de acordo com o pH do meio.

No caso da fenolftaleína, esta mudança entre pH 8,0 e 9,6, com a seguinte mudança estrutural:

COMPLEXOMETRIA Os íons metálicos têm, em geral, caráter ácido (considerando-se a definição de lewis: "ácidos são copmpostos aceptores de elétrons"). Desta forma, os íons metálicos são capazes de se ligar à compostos que tenham pares de elétrons disponíveis. Um exemplo é o etilenodiamino, que dispõe de dois pares de elétrons

O número de "sitios de ligação" define os ligantes em monodentados, bidentados, tridentados e tetradentados, o chamado "efeito quelante" é a habilidade de ligantes monodentados de formart complexos mais estáveis que ligantes monodentados. O EDTA: EDTA é a sigla de acido etilenodiaminotetracético, é o quelante mais utilizado em química analítica, praticamente todos os elementos da tabela periódica podem ser analisados, por titulação direta ou indireta, por este composto. Este composto possuí 6 pks: 0,0; 1,5; 2,0; 2,66; 6,16; 10,24, sendo utilizado, para fins analíticos, na forma de seu sal dissódico.

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Um fator determinate na formação do complexo é o pH do meio, uma titulação de íons Ca2+ só é possível acima de pH 8,0, abaixo deste valor, o complexo é muito instável e não permite a detecção precisa de sua formação. O valor mínimo de pH varia de composto para composto, de forma que, ajustando o pH do meio, podemos selecionar quais íons serão "detectáveis", é por esse motivo que as titulações com EDTA são geralmente realizadas em tampões. Abaixo temos um diagrama com os valores mínimos de pH para a titulação efetiva de determinados cátions:

Bi3+

Fe3+

V3+

Th4+

Hg2+

Ti3+

Ga3+

Cu2+

Ni2+

Sn2+

Zn2+

Al3+

Fe2+

Mn2+

Ca2+

Mg2+

Sr2+

| | | | | | | | | | |

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Em alguns casos, quando utilizamos pHs muito altos, existe a possibilidade de precipitação do hidróxido metálico. Neste caso, utilizamos agentes complexantes auxiliares. A titulação de zinco em pH muito altos pode levar à precipitação de hidróxido de zinco, desta forma utilizamos hidróxido de amônio, que além, de elevar o pH, mantém o Zn em solução na forma de um complexo até que ele seja titulado pelo EDTA. Neste caso, a amônia é chamada de agente de complexação auxiliar. Curvas de titulação com EDTA Podemos definir uma curva de titulação com EDTA, como tendo 3 regiões: a) antes do ponto de equivalência: neste ponto há um excesso do metal (Mx+). b) no ponto de equivalência: neste ponto há, exatamente, a mesma quantidade de metal (Mx+) e

de EDTA. Praticamente todo o metal e o EDTA se encontram ligados na forma de MxEDTA. Há uma pequena fração livre por causa do equilíbrio:

MxEDTA ⇔ X M + EDTA

c) após o ponto de equivalência; há um excesso de EDTA e todo o íon metálico está na forma

MxEDTA

Indicadores utilizados em complexometria:

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As titulações complexométricas podem ser feitas com o uso de eletrodos íon-seletivos, porém o mais usual é a utilização de compostos que mudam de cor quando se complexam com íons metálicos. (neste caso, a força de ligação com o indicador deve ser menor do que com o EDTA) Um indicador muito utilizado é o negro de eriocromo T:

MgIn + EDTA → MgEDTA + In vermelho incolor incolor azul

A escolha do indicador irá depender fundamentalmente do íon metálico que queremos titular, o indicador deve ter uma cor complexado. Utilização da complexometria no Controle de Qualidade A complexometria é muito utilizada no dia a dia do laboratório analítico, a determinação da dureza da água (sais de Ca2+ e Mg2+) é feita por esse método, praticamente todas as soluções eletrolíticas podem ter ser teor controlado por este método.

TITULAÇÕES POR PRECIPITAÇÂO Uma das titulações mais utilizadas em controle de qualidade é a titulação de íons cloreto,. brometo ou iodeto com íons prata, a chamada Argentimetria. Nesta reação, uma amostra

contendo íons de haletos é titulada com uma solução de nitrato de prata SV, logo no início, forma-se um precipitado leitoso de AgX, cujo volume vai aumentando até que não haja mais íons X- em solução, quando começa a haver um excesso de íons Ag+. Indicadores utilizados em argentimetria A detecção do ponto final é feita por um destes métodos:

Volhard: no ponto final forma-se um complexo colorido. É um método mais trabalhoso, que envolve aadição de AgNO3 em excesso, a eliminação do precipitado de AgCl e uma titulação por retorno com SCN- . A Farmacopéia Britânica descreve um método mais simples, onde o indicar é o Cromato. O cromato forma um sal colorido (vermelho tijolo) com a prata, quando há excesso de prata este sal é formado e colore a solução de vermelho. Como a força de ligação Ag - Cr2O3 é menor que a Ag - Cl, este sal só se forma quando todo o Cl- for consumido. Fajans: há a adsorção de um indicador colorido no precipitado, no ponto final. Quando há

Adsorçãponto de

equivalência

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excesso de Cl-, há a adsorção de íons Cl- na superfície do precipitado, que fica carregado negativamente. Quando ocorre o consumo do Cl- e um ligeiro excesso de Ag+ fica em solução, este é adsorvido pelo precipitado, cuja superfície fica carregada positivamente. Quando a superfície fica positiva, um corante orgânico aniônico fica adsorvido na superfície. Um exemplo é a diclorofluoresceína, um corante aniônico que tem cor amarelo-esverdeada em solução e quando fica adsorvido no AgCl se torna rosa. o ponto final fica sendo, então a mudança da cor amarelo-esverdeada para rosa. Este é o método preconizado pela Farmacopéia Americana para este tipo de titulação.

Utilização da Argentimetria no Controle de Qualidade

Como a maior parte dos métodos oficiais passaram a utilizar as técnicas cromatográficas e espectrofotométricas, a argentimetria é responsável pela maior parte das análises volumétricas ainda em uso, todos os doseamentos de íons cloreto utilizam esta técnica. Como a maior parte das solução injetáveis são isotonizadas com NaCl, o controle destes produtos é feito por argentimetria.

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EXERCICIOS DE VOLUMETRIA E ESPECTROFOTOMETRIA 1) Calcule a concentração de uma amostra de NaOH, supondo as titulações abaixo:

a) Para uma tomada de ensaio de 50,0 ml, foram gastos 49,0 ml de HCl 0,1N (0,098N) b) Para uma tomada de ensaio de 90,0 ml, foram gastos 100,0 ml de HCl 0,1N com fator de

correção 0,9870 (0,1097N) c) Para uma tomada de ensaio de 50,0 ml, feita a partir de uma diluição 1:10 da amostra,

foram gastos 50,0 ml de HCl 0,1N com fator de correção 1,010 (1,01N)

2) Numa titulação de uma amostra de 0,1010g de Al(OH)3 com EDTA 0,05N, foram gastos 25,5 ml do titulante (fc=1,0012). Calcule o teor de Al(OH)3, sabendo que 1 ml de EDTA 0,05N equivale à 3,900 mg de Al(OH)3. (98,58%)

3) Na titulação de uma amostra de AAS, pesou-se 1,503g da amostra para erlenmeyer. Adicionou-se 50,0 ml de NaOH 0,5N (fc=1,050) e titulou-se o excesso do álcali com H2SO4 0,5N (fc=0,9998). Nesta titulação gastou-se 27 ml do ácido. Calcule o teor de AAS, sabendo que 1 ml de NaOH 0,5N equivale à 45,04 mg de ácido acetil-salicílico. (76,43%).

4) Num doseamento por espectrofotometria, preparou-se as soluções da seguinte forma:

Amostra: pesou-se 101,3 mg da amostra para balão volumétrico de 100 ml, o volume foi completado com metanol e uma nova diluição foi feita, pipetando-se 2 ml para balão volumétrico de 50 ml.

Padrão: pesou-se 101,1 mg de uma padrão com teor=99,85% para balão volumétrico de 100 ml, o volume foi completado com metanol e uma nova diluição foi feita, pipetando-se 2 ml para balão volumétrico de 50 ml.

Calcule o teor da matéria prima, sabendo que as leituras foram 0,503 e 0,515 para amostra e padrão, respectivamente. (96.37%)

5) Num doseamento por espectrofotometria, preparou-se as soluções da seguinte forma:

Amostra: pipetou-se 5,0 ml da amostra para balão volumétrico de 50 ml, o volume foi completado com metanol e uma nova diluição foi feita, pipetando-se 1 ml para balão volumétrico de 50 ml.

Padrão: pesou-se 50,1 mg de uma padrão com teor=99,03% para balão volumétrico de 50 ml, o volume foi completado com metanol e uma nova diluição foi feita, pipetando-se 2 ml para balão volumétrico de 100 ml.

Calcule a concentração em mg/ml, sabendo que as leituras foram 0,487 e 0,493 para amostra e padrão, respectivamente. (9,8 mg/ml)

6) Foram titulados 10,0 ml de uma amostra de ácido acético com NaOH. Nesta titulação gastou-se 23,5 ml de NaOH 0,1N (fc=0,9998). Qual a concentração de ácido acético na amostra? (0,235N)

7) Foram titulados 101,3 mg de uma amostra de arginina - MP com ácido perclórico 0,1 N (fc=1,010), que consumiram 9,5ml do ácido. Qual o teor desta matéria prima, sabendo –se que 1 ml de ácido perclórico 0,1N equivale a 10,53 mg de C6H14N4O2.HCl. (99,74%)

8) A uma amostra contendo 808,0 mg de alúmem de potássio adicionou-se 50,0 ml de EDTA 0,1N (fc=1,0010). O excesso do reagente foi titulado com Sulfato de zinco 0,05 N (fc=0,9950). Gastou-se na titulação 37,3 ml de ZnSO4. Sabendo que 1 ml de EDTA 0,05N equivale a 12,91 mg de AlK(SO4)2, calcule o teor do alumem. (100,6%)

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9) Num doseamento por espectrofotometria, preparou-se as soluções da seguinte forma:

Amostra: pipetou-se 10,0 ml da amostra para balão volumétrico de 100 ml, o volume foi completado com metanol e uma nova diluição foi feita, pipetando-se 5 ml para balão volumétrico de 100 ml.

Padrão: pesou-se 50,2 mg de uma padrão com teor=99,70% para balão volumétrico de 100 ml, o volume foi completado com metanol e uma nova diluição foi feita, pipetando-se 5 ml para balão volumétrico de 50 ml, o volume foi completado com metanol e uma nova diluição foi feita, pipetando-se 2 ml para balão volumétrico de 50 ml.

a) Calcule a concentração de um produto, sabendo que as leituras foram 0,495 e 0,499 para amostra e padrão, respectivamente. (0,3972 mg/ml)

b) Se o valor rotulado para este produto fosse 400 µg/ml e a monografia especificasse um limite de 95 a 105%VR, este produto estaria aprovado? (99,3%VR – aprovado)

10) Você está analisando uma solução de NaCl, com valor rotulado de 100 mEg/l. Titulando 10,0 ml desta solução com uma solução volumétrica de AgNO3 0,1N, foram gastos 9,8 ml do titulante. Sabendo que a especificação para este produto é de 95 a 105% VR e o fator de correção do AgNO3 0,1N é 1,068, calcule a concentração em mEg/l e diga se o produto está aprovado.(104,6 mEg/L ou 104,6%VR - aprovado)

11) Você fez a leitura da absorção de uma amostra em um comprimento de onda onde o ε é 594, a absorbância lida foi 0,504. Qual a concentração da solução? (0,848 mM)

12) Você titulou 10,0 ml de uma amostra de Solução fisiológica com AgNO3 0,1M (fc=1,000). Sabendo que foram gastos 15,5ml do titulante e que 1ml de AgNO3 equivale a 5,844 mg de NaCl, calcule o teor em % (p/v) (0,906%)

A especificação para este produto é de 95,0 a 105,0% do VR, este produto, na sua opinião estaria aprovado? (100,6%VR – aprovado)

13) Para determinar o teor de uma matéria prima, você dissolveu 100,0 mg da amostra em 100,0 ml e fez uma nova diluição de 1:100. Sabendo que o peso molecular desta substância é 100

g/mol, o ε 5500 e a leitura de absorbância 0,490. Qual o teor? Solução 1 Molar → 5500 x=0,490 = 8,91.10

-5M

X → 0,490 5500

Como a amostra foi diluída 100 x → 8,91.10-5M x100 = 8,91.10-3M Calculando a massa necessária para preparar 100 ml de solução nesta concentração:

M = m . → 8,91.10-5 = m . → m = 0,0891 g ou 89,1 mg M.v 100 x 0,1

Calculando o teor: 100 mg → 100% → x= 89,1 %

89,1 mg → x

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14) Uma amostra de 10,231g de limpa-vidros, contendo NH3, foi diluída com 39,466g de água. 4,373g desta solução foram tituladas com 14,22 ml de uma solução 0,1063 M de HCl, para atingir o ponto final com verde de bromocresol. Qual a concentração de amônia no limpa-vidros, em % em peso, sabendo que o peso molecular da amônia é 17,031?

H2O + NH3 → NH4OH NH4OH + HCl →NH4+ + H2O

↓ ↓ no. de moles = número de moles 0,1063 moles/litro x 14,22.10-3 litros =

1,51.10-3 moles

Calculando quantos moles de NH3 estão contidos na amostra inicial:

4,373g (o que foi titulado) → 1,51.10-3 moles x=1,51.10-3 . 49,697

10,231 + 39,466 g (49,697 total) → X 4,373 x = 0,01718 moles

Calculando o teor em %:

No. de moles = massa/ Mol → 0,01718 = massa/17,031 → massa=0,2926g

10,231g → 0,2926g x = 100 . 0,2926 = 2,86 %

100g → x 10,231

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3. TÉCNICAS ESPECTROFOTOMÉTRICAS APLICADAS AO CONTROLE DE QUALIDADE

•Radiação Eletromagnética: –Uma das formas de propagação da energia é através de ondas eletromagnéticas –Características das Ondas

•Frequência (n): é o número de ondas que passam por um ponto na unidade de tempo (p.ex. Hertz - s-1) •Comprimento de Onda (l): é a medida linear entre um ponto qualquer da onda e seu ponto adjacente correspondente (p.ex. nm, mm, Å)•Número de Onda (s): representa o número de comprimentos de onda por centímetro (cm-1) •Relações:

1 = número de onda = frequência . comp. onda velocidade da luz

A luz como nós exergamos é uma pequena parte do espectro eletromagnético

Espectro Visível Todos os átomos e moléculas são capazes de absorver energia. A espectroscopia de absorção é, sem dúvida,uma das mais valiosas ferramentas analíticas em química e física.

Aumento de energia Aumento de comprimento

onda

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A absorção de energia irá depender:

•Da substância •Da temperatura •Do solvente •Do comprimento de Onda

A soma de todas as interações nos diferentes l gera um gráfico que chamamos de “espectro de absorção”, que é característico de cada substância:

•Lei de Lambert-Beer: Lambert estudou o efeito do aumento do caminho óptico na intensidade de luz transmitida Beer realizou o mesmo estudo com concentração

A = a.b.c Onde: A = absorbância b = caminho óptico

T = transmitância c = concentração a = absortividade I = intensidade de luz

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ANÁLISE DE MISTURAS

Substâncias com absorbância em λ diferentes, sem interferência: Substâncias com absorbância em λ diferentes, com

interferência

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Em geral, utilizamos a absorbancia pois, o contrario da transmitancia, sua relação com a concentracao

Curvas de absorbância do vermelho de fenol para vários valores de pH

Algumas vezes, é necessário a produção de uma reação química que irá produzir um composto colorido. –Maior especificidade –Molécula que não absorve no UV/Vis –Procedimento mais complexo –Maior erro –Ex.: Diazotação de aminas aromáticas •Ar-NH2 + HNO2 + HCl ® Ar-N2+ Cl- + 2 H2O Formação de um sal de diazônio •Ar-N2+ Cl- + f-OH ® Ar-N=N-f-OH + HClESPECTROFOTOMETRIA NO INFRAVERMELHO

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•Quase todas as moléculas que possuam ligações covalentes irão absorver no infravermelho •Técnica usualmente empregada na identificação de moléculas

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4. TESTES FÍSICOS

4.1. Determinação do Peso Médio (Farm. Bras. IV)

• Comprimidos, drágeas, supositórios, óvulos e cápsulas de gelatina dura Pesar, individualmente, 20 comprimidos e determinar o peso médio

• Cápsulas Moles Numerar e pesar, individualmente, 20 cápsulas cheias (M1). Cortar, com tesoura ou bisturi limpo e seco, as cápsulas e lavá-las com auxílio de éter etílico ou outro solvente adequado. Deixar em repouso à temperatura ambiente até completa evaporação do solvente e secagem da cápsula, repesar as cápsulas vazios (M2), o peso individual de cada cápsula será M1 – M2.

• Pós Granulados, Cremes e Pomada Numerar e pesar, individualmente, 10 unidades cheias (M1). Remover o conteúdo de cada unidade, lavar com auxílio de solvente adequado, secar até completa evaporação do solvente e secagem da unidade, repesar as unidades vazias (M2), o peso individual de cada unidade será M1 – M2.

• Pós Estéreis e Liofilizados - Remover os lacres, numerar frasco e tampa de cada unidade e pesar individualmente as 20

unidades (M1). - remover o conteúdo e lavar os respectivos recipientes utilizando água e em seguida álcool

etílico. - Secar em estufa a 105 °C por 1 hora (ou à temperatura mais baixa, até peso constante), esfriar,

recolocar a tampa e pesar novamente (M2). - O peso individual de cada unidade será M1 – M2.

Se o peso declarado for igual ou menor que 40,0 mg, estes não estão sujeitos a este teste, porém devem ser submetidos a um doseamento apropriado.

4.1.1. Cálculos

Peso médio= (ΣPi)/N onde: Pi: pesos individuais das unidades N: número de unidades pesadas.

4.1.2. Critérios de Aceitação

Formas farmacêuticas Peso médio

ou valor nominal declarado

Limites de variação

Comprimidos, núcleos para drágeas, comprimidos

efervescentes, comprimidos sublinguais, comprimidos vaginais

e pastilhas

até 80,0 mg entre 80,0 e 250,0 mg

acima de 250,0 mg

± 10,0% ± 7,5% ± 5,0%

Drágeas e comprimidos revestidos

até 25,0 mg entre 25,0 e 150,0 mg

entre 150,0 e 300,0 mg acima de 300,0 mg

± 15,0% ± 10,0% ± 7,5% ± 5,0%

Cápsulas duras e moles, cápsulas vaginais

até 300,0 mg acima de 300,0 mg

± 10,0% ± 7,5%

Supositórios e óvulos para todos os pesos ± 5,0%

Cremes, pomadas, pós e granulados

até 60,0 g entre 60,0 e 150,0 g

± 10,0% ± 5,0%

Pós estéreis e liofilizados abaixo de 40,0 mg acima de 40,0 mg

± 15,0% (ver 4.1.4) ± 10,0%

• Comprimidos, supositórios e óvulos

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Se mais que 2 unidades estiverem fora dos limites especificados na tabela, em relação ao peso médio e nenhuma estiver acima ou abaixo do dobro das porcentagens indicadas, determinar o peso em mais 20 unidades. Caso o resultado se repita, conclui-se que a amostra não passa o teste.

• Drágeas Se mais que 5 unidades estiverem fora dos limites especificados na tabela, em relação ao peso médio e nenhuma estiver acima ou abaixo do dobro das porcentagens indicadas, determinar o peso em mais 20 unidades. Caso o resultado se repita, conclui-se que a amostra não passa o teste.

• Cápsulas de Gelatina Dura e Mole Pode-se tolerar variação dos pesos individuais em relação ao peso médio, conforme indicado na tabela. Se 1 ou mais cápsulas estiverem fora dos limites indicados, pesar individualmente mais 20 unidades, da seguinte maneira: pesar as cápsulas cheias (M1), eliminar o seu conteúdo e novamente pesar as cápsulas vazias (M2), o peso individual de cada cápsula será M1 – M2. Neste caso, pode-se tolerar no máximo, 2 unidades fora dos limites especificados na tabela, em relação ao peso médio, porém nenhuma poderá estar acima ou abaixo do dobro das porcentagens indicadas. Se mais que 2, porém não mais que 6 cápsulas, estiverem com variação entre 1 e 2 vezes o índice da tabela, em relação ao peso médio, determinar o peso médio em mais 40 unidades e calcular o peso médio das 60. Pode-se tolerar, no máximo, 6 unidades em 60 cápsulas cuja diferença exceda os limites da tabela, em relação ao peso médio, porém nenhuma cuja diferença exceda o dobro dos mesmos. Caso esta especificação não seja satisfeita, conclui-se que a amostra não passa o teste.

• Pós Granulados, Cremes e Pomada Determinar o peso médio do conteúdo, o qual não deverá ser inferior ao valor nominal declarado. Os pesos individuais podem divergir do mesmo, de acordo com a porcentagem indicada na tabela. Caso não seja cumprida essa exigência, determinar o peso individual do conteúdo de 20 embalagens adicionais. O peso médio das 30 embalagens não deve ser inferior ao valor nominal declarado e os pesos individuais podem divergir de acordo com a porcentagem indicada na tabela, sendo que somente uma embalagem em 30 pode divergir dos limites de variação indicados na tabela. Caso isso ocorra, conclui-se que a amostra não passa o teste.

• Pós Estéreis e Liofilizados Somente 2 unidades podem divergir do limite especificado na tabela, em relação ao peso médio, porém nenhuma pode divergir de ± 15% do mesmo;

Se mais que 2, porém, não mais que 7, estiverem com variação entre ± 10% e ±15% e se 1 divergir mais que ± 15% do peso médio do conteúdo, determinar o peso individual de mais 40 unidades e calcular o peso médio das 60;

Somente 6 entre os 60 pesos individuais podem divergir mais que ± 10% do peso médio do conteúdo, porém, não mais que um pode divergir mais que ± 15% do mesmo. Caso este requisito não seja satisfeito, a amostra não passa o teste.

4.2. Determinação de Resistência Mecânica em Comprimidos Os testes de dureza e friabilidade são testes oficiais da Farm. Bras IV, para avaliar a qualidade de comprimidos com ou sem revestimento. Estes testes visam avaliar a resistência dos comprimidos à ruptura provocada por golpes ou fricção durante os processos de revestimento, embalagem, transporte e armazenagem. 4.2.1. Dureza (Farm. Bras. IV) Dureza é a resistência do comprimido ao esmagamento ou à ruptura sob pressão radial. A dureza de um comprimido é proporcional ao logaritimo da força de compressão e inversamente proporcional à sua porosidade. A força aplicada pelo aparelho de dureza é medida em kgf ( 1 kgf = 10 N). O teste deverá ser realizado com 10 comprimidos.O comprimido deverá ser colocado no aparelho de dureza no sentido de seu diâmetro. Caso o comprimido seja oblongo, o seu maior diâmetro deverá ser utilizado. Girar vagarosamente o volante do aparelho de dureza no sentido horário até o rompimento do comprimido. Após o rompimento do comprimido, realizar a leitura da escala do aparelho e anotar o valor obtido.

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Realizar as operações descritas acima para 10 comprimidos e calcular a média dos valores obtidos.

Fig. XX Aparelho para determinação de dureza O resultado obtido individualmente deverá ser maior ou igual a 3 kgf ou aquela especificada na monografia individual do produto 4.2.2. Friabilidade (Farm. Bras. IV) O teste de friabilidade mede a resistência dos comprimidos à abrasão • Método Pesar 20 comprimidos, pesados com exatidão, e coloca-los na parte côncava da câmara do aparelho de friabilidade. Colocar a tampa do disco de acrílico e rosquear o fixador (gira no sentido horário); Após o término do ciclo, retirar os comprimidos da câmara, remover as partículas de pó aderidas e pesá-los novamente

• Cálculo

O cálculo da friabilidade é dado pela seguinte equação:

MI - MF x 100 Onde: MI = massa inicial (g) dos comprimidos (antes do teste). MI MF = massa final (g) dos comprimidos (após o teste).

Obs.: Para o cálculo da porcentagem de friabilidade não são considerados os comprimidos lascados ou que se separam em duas camadas, neste caso, a amostra é considerada reprovada e o teste repetido. O teste estará de acordo se o resultado for menor ou igual a 1,5% (m/m) ou aquele especificado na monografia individual do produto.

4.3. Volume Médio (Farm. Bras. IV) A determinação do volume nominal em produtos líquidos de dose múltipla é efetuada segundo a pesagem de seu conteúdo, em balanças de sensibilidade adequada. Para produtos de dose única e injetáveis, a determinação é feita com seringa calibrada. • Método para produtos líquidos de dose múltipla Marcar, retirar rótulos e demais etiquetas e pesar, individualmente, o número de unidades indicadas na tabela abaixo. Remover seu conteúdo e lavar o recipientes com água e , em

seguida, com álcool. Secar em estufa à 105°C por 1 hora (se necessário, utilizar temperaturas mais baixas até peso constante). Esfriar o recipiente e efetuar nova pesagem. A diferença entre as duas pesagens representa o peso médio.

Volume declarado (ml) Número de unidades a serem testadas

Desvio máximo tolerado (%)

Até 10 ml 12 3,0 Entre 10 ml e 30 ml 10 2,5 Entre 30,0 e 100,0 6 2,0

Entre 100 ml e 250 ml 3 1,5 Acima de 250 ml 2 1,0

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Determinar o peso médio das unidades testadas, o valor mínimo e máximo e calcular o volume médio pela fórmula abaixo: V = m onde: V= volume em ml d m = massa do conteúdo em g d = densidade em g/ml, determinada a 25°C O volume médio das determinações não poderá ser inferior ao declarado. Nenhuma unidade poderá ultrapassar o índice de desvio máximo citado na tabela acima. • Método para produtos líquidos de dose

única e injetáveis Testar o número de unidades indicadas na tabela ao lado. Remover o conteúdo total com auxílio de uma seringa e efetuar a leitura do volume. Registrar o volume médio o menor e o maior volume. O volume não deve ser inferior ao valor declarado acrescido do excesso mínimo e máximo da tabela abaixo:

Excesso mínimo para líquidos Volume declarado (ml) Móveis Viscosos

0,5 0,10 ml 0,12 ml 1,0 0,10 ml 0,15 ml 2,0 0,15 ml 0,25 ml 5,0 0,30 ml 0,50 ml 10,0 0,50 ml 0,70 ml 20,0 0,60 ml 0,90 ml

50,0 ou mais 2,00 % 3,00 %

4.4. Ensaio de Desintegração (Farm. Bras. IV) Este teste é realizado para determinar o tempo de desintegração, isto é o estado no qual nenhum resíduo da unidade (cápsula ou comprimido), salvo fragmentos de revestimento ou matriz de cápsulas insolúveis, permanece na tela metálica do aparelho de desintegração. E determinar se o produto em análise esta de acordo com os limites estabelecidos nas monografias individuais, com exceção para comprimidos ou cápsulas utilizados como pastilhas, para serem mastigados ou ainda forem formas modificadas. Ao iniciar o teste, deverá ser determinada qual a apresentação do produto a partir da descrição do mesmo, sendo que deverão ser utilizadas 6 ou mais unidades. O propósito do teste, não é obter uma solução completa da unidade ou mesmo do princípio ativo. O equipamento utilizado consiste de um sistema de cestas e tubos e de um recipiente apropriado para conter o líquido de imersão, que deverá ser água purificada ou aquele que for descrito na monografia individual. Este líquido de imersão deverá ser mantido a uma temperatura entre 35° e 39° C e o mecanismo para movimentar verticalmente a cesta deverá ter uma freqüência constante entre 29 e 32 ciclos / minuto e não são indicados movimentos horizontais ou de rotação. O volume do líquido de imersão dentro do recipiente é tal que no ponto mais alto do movimento ascendente a tela de metal fique a pelo menos a 2,5 cm abaixo da superfície do líquido e no movimento descendente fique a pelo menos 2,5 cm do fundo do recipiente. O tempo requerido para o movimento ascendente deverá ser igual ao tempo do movimento descendente e a troca dos movimentos deverá ser feita de maneira suave. O sistema de cestas consiste em 6 tubos de vidro ou acrílico transparente, abertos em ambas as extremidades, mantidos verticalmente por 2 discos rígidos que possuem 6 orifícios para colocação dos 6 tubos, sendo que no disco inferior existe uma tela de metal.

Volume declarado (ml)

Número de unidades a serem testadas

De 0,5 a 3,0 12 De 3,0 a 10,0 10

Maior que 10,0 6

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Quando indicado deverá ser adicionado à cada tubo um disco cilíndrico de material adequado e transparente, possuindo cada um, 5 orifícios e as laterais deverão ter 4 mossas em forma de “V” e eqüidistantes uma da outra. • MÉTODO − Ligar o aparelho e esperar estabilização da temperatura do banho entre 35° e 39°C. − Colocar água purificada, ou outro meio que seja descrito na monografia individual, em

um béquer ou outro recipiente adequado, com capacidade para1 litro, na quantidade descrita na monografia individual ou seguindo as indicações descritas no item 6.1, dentro do banho do equipamento e esperar estabilizar a temperatura.

− Quando o meio atingir a temperatura adequada (entre 35° e 39°C), colocar 1 unidade da amostra em cada um dos 6 tubos da cesta, adicionar 1 disco em cada tubo, quando for indicado na monografia individual.

− Adaptar a cesta ao equipamento e iniciar o teste. O tempo descrito na monografia individual poderá ser ajustado no próprio equipamento e quando este parar, retirar a cesta e observar se houve completa desintegração das unidades ou com a ajuda de um cronômetro, devidamente calibrado, pode-se fazer o controle visual do tempo de desintegração.

• PROCEDIMENTO:

− Comprimidos, Comprimidos sublinguais e Comprimidos com Revestimento Simples

− Colocar 1 comprimido em cada um dos seis tubos da cesta e acionar o equipamento. Utilizar água purificada ou outro líquido de imersão, de acordo com o descrito na monografia individual e manter entre 35° e 39°C.

− No final do tempo especificado na monografia individual, retirar a cesta do líquido de imersão e observar os comprimidos.

− A amostra passa o teste quando todos os comprimidos observados tiverem completa desintegração. Se 1 ou 2 comprimidos não se desintegrarem por completo, repetir com mais 12 comprimidos adicionais. Não menos que 16 comprimidos, do total de 18, deverão se desintegrar por completo.

− Comprimidos Com Revestimento Entérico − Utilizar ácido clorídrico 0,1M como líquido de imersão mantido a uma temperatura entre

35° e 39°C. − Colocar 1 comprimido em cada um dos seis tubos da cesta. − Se o comprimido possuir um revestimento externo solúvel, mergulhar a cesta em água,

à temperatura ambiente, durante 5 minutos e então transferir a cesta para o líquido de imersão.

− Acionar o equipamento. Após 60 minutos, cessar o movimento da cesta, retira-la do líquido de imersão e observar os comprimidos, estes não devem mostrar evidências de desintegração, rachaduras ou amolecimento.

− Transferir a cesta para outro recipiente contendo uma solução tampão fosfato pH 6,8, que já deverá estar estável a temperatura entre 35° e 39°C. Acionar o equipamento e considerar o tempo especificado na monografia individual.

− No final do tempo especificado na monografia individual, retirar a cesta do líquido de imersão e observar os comprimidos.

− A amostra passa o teste quando todos os comprimidos observados tiverem completa desintegração. Se 1 ou 2 comprimidos não se desintegrarem por completo, repetir com mais 12 comprimidos adicionais. Não menos que 16 comprimidos, do total de 18, deverão se desintegrar por completo.

− Comprimidos Bucais − Seguir o indicado no item 6.4.1 (para comprimidos, ...). − Após 4 horas, retirar a cesta do líquido de imersão e observar os comprimidos. − A amostra passa o teste quando todos os comprimidos observados tiverem completa

desintegração. Se 1 ou 2 comprimidos não se desintegrarem por completo, repetir com mais 12 comprimidos adicionais. Não menos que 16 comprimidos, do total de 18, deverão se desintegrar por completo.

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− Cápsulas de Gelatina Dura e Cápsulas de Gelatina Mole − Seguir o indicado no item 6.4.1 (para comprimidos, ...). − Utilizar uma tela com abertura de 2 mm, de arame de aço inoxidável adaptada à tampa

da cesta, conforme descrito no POP-EQ 001. − Após o tempo especificado na monografia individual, retirar a cesta do líquido de

imersão e observar as cápsulas. − A amostra passa o teste quando todos as cápsulas observadas tiverem completa

desintegração, com exceção dos fragmentos provenientes das cápsulas. Se 1 ou 2 cápsulas não se desintegrarem por completo, repetir com mais 12 cápsulas adicionais. Não menos que 16 cápsulas, do total de 18, deverão se desintegrar por completo

4.5. Ensaio de Dissolução (Farm. Bras. IV) O teste de dissolução determina a porcentagem da quantidade de princípio ativo, declarada no rótulo do produto, liberada no meio de dissolução no intervalo de tempo especificado na monografia do produto.

• atenderá o critério de aceitação quando preencher as exigências da tabela abaixo. Continuar testando através dos 3 estágios a menos que um resultado conforme seja obtido no estágio S1 ou S2.

• Os termos utilizados são descritos como:

- Q: é a quantidade dissolvida de princípio ativo especificado na monografia individual, dentro de um período de tempo especifico, expresso como % do conteúdo rotulado.

- Os valores 5%, 10%, 15% e 25% das tabelas são obtidas em relação ao valor do Q. - Estágio S1: são testadas 6 unidades. - Estágio S2: são retestadas mais 6 unidades (este estágio é efetuado caso o critério do

Estágio S1 não seja atendido). - Estágio S3: são retestadas mais 12 unidades (este estágio é efetuado caso o critério do

Estágio S2 não seja atendido).

Estágio Número de amostras testadas

Critério de aceitação – Método Normal

S1 06 Cada unidade não é menor que [Q + 5%].

S2 06 A média de 12 unidades (S1 + S2) é igual ou maior que Q, e nenhuma unidade é menor que [Q - 15%].

S3 12 A média de 24 unidades (S1 + S2 + S3) é igual ou maior que Q, não mais que 2 unidades são inferiores que [ Q - 15% ] e nenhuma unidade é inferior a [ Q - 25% ].