controle de capacidade de carga (nega)

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1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL DISCIPLINA: Fundação e Obras de Terra I PROFESSORA: Aline Cristina Souza dos Santos ACADÊMICOS: Lucas Ribeiro dos Santos ([email protected]) Mariana Novaes Carvalho ([email protected]) Rhavel Salviano Dias Paulista ([email protected]) Lucas Hilleshein dos Santos ([email protected]) Jaqueline Rodrigues de Oliveira ([email protected]) CONTROLE DA CAPACIDADE DE CARGA “NEGA” 1 INTRODUÇÃO AO CONTROLE DE CAPACIDADE DE CARGA A capacidade de carga numa fundação consiste no limite de carga que o solo pode suportar sem se romper, ou até mesmo, sofrer deformação exagerada. É feito uma análise de todos os elementos estruturais do solo que engloba a qualidade e integridade dos materiais que comporão a fundação. Resultando em estacas com melhor eficácia e durabilidade. Um exemplo de controle são as estacas cravadas por percussão ou por prensagem, através de um bate-estacas no qual atua um martelo ou pilão. Estes, geralmente, “caem” sob as estacas devido à força gravitacional forçando o solo a receber as estacas. Na área de geotecnia, especificamente nas fundações existem dois grupos para se efetuar este controle: aqueles que impõem deslocamentos sobre a massa de solo e aqueles que não impõem. Para o primeiro grupo, têm-se as estacas cravadas por prensagem ou por percussão. No segundo grupo existem apenas as sapatas, estacas escavadas e os tubulões. Neste trabalho é abordado somente o controle de estacas cravadas, através da nega. Os controles têm que ser feitos seguindo-se as recomendações da NBR 6122/2010 Projeto e Execução de Fundações.

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Page 1: Controle de Capacidade de Carga (Nega)

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

DISCIPLINA: Fundação e Obras de Terra I

PROFESSORA: Aline Cristina Souza dos Santos

ACADÊMICOS:

Lucas Ribeiro dos Santos ([email protected])

Mariana Novaes Carvalho ([email protected])

Rhavel Salviano Dias Paulista ([email protected])

Lucas Hilleshein dos Santos ([email protected])

Jaqueline Rodrigues de Oliveira ([email protected])

CONTROLE DA CAPACIDADE DE CARGA “NEGA”

1 INTRODUÇÃO AO CONTROLE DE CAPACIDADE DE CARGA

A capacidade de carga numa fundação consiste no limite de carga que o solo

pode suportar sem se romper, ou até mesmo, sofrer deformação exagerada. É feito

uma análise de todos os elementos estruturais do solo que engloba a qualidade e

integridade dos materiais que comporão a fundação. Resultando em estacas com

melhor eficácia e durabilidade. Um exemplo de controle são as estacas cravadas por

percussão ou por prensagem, através de um bate-estacas no qual atua um martelo

ou pilão. Estes, geralmente, “caem” sob as estacas devido à força gravitacional

forçando o solo a receber as estacas.

Na área de geotecnia, especificamente nas fundações existem dois grupos

para se efetuar este controle: aqueles que impõem deslocamentos sobre a massa

de solo e aqueles que não impõem. Para o primeiro grupo, têm-se as estacas

cravadas por prensagem ou por percussão. No segundo grupo existem apenas as

sapatas, estacas escavadas e os tubulões. Neste trabalho é abordado somente o

controle de estacas cravadas, através da “nega”. Os controles têm que ser feitos

seguindo-se as recomendações da NBR 6122/2010 – Projeto e Execução de

Fundações.

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2 PROCESSO DE CRAVAÇÃO

Hoje, existem várias teorias de como se calcular a capacidade de carga de

uma estaca, dependendo dos autores e pesquisadores da área de geotecnia.

Abaixo, estão listados os três principais tipos:

2.1 Provas de Carga

Utiliza-se como base, o prescrito da NBR-6122/2010, teorias de Van der Veen

e estudos de Davisson. É feito através da avaliação da carga de ruptura, a qual pode

ser feita interpretando o gráfico das curvas carga-recalque.

2.2 Fórmulas Estáticas

Nos métodos estáticos obtém-se a capacidade de carga através de fórmulas

que estudam a estaca mobilizando toda a resistência ao cisalhamento do solo.

Neste método faz-se o uso convencional da Mecânica dos Solos para a sua

avaliação, a partir de parâmetros previamente instalados.

2.3 Fórmulas dinâmicas

Os métodos dinâmicos são aqueles que determinam a capacidade de carga

através da observação da sua resposta à cravação. A melhor aplicação das fórmulas

dinâmicas está no controle do estaqueamento, no qual todas as estacas ficam

firmadas com segurança.

3 SISTEMA DE CRAVAÇÃO

Os bate-estacas tradicionais são constituídos por uma plataforma sobre rolos,

com uma torre e um guincho, no qual atua um martelo ou um pilão. Existem dois

tipos de martelos mais usuais: os de queda livre e os automáticos. O martelo de

queda livre é levantado pelo guincho e deixado cair, a freqüência das pancadas é da

ordem de 10 por minuto e o peso do martelo varia entre 1,0 a 4 ton.

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Figura 1 - Exemplo de um bate-estacas

No martelo automático, este é levantado pela explosão de óleo diesel, martelo

diesel, ou pela ação de um fluido, martelo hidráulico. O último tem o mesmo princípio

do martelo à vapor/ar comprimido, porém usa-se óleo pressurizado ao invés de gás.

O levantamento do peso é feito através da pressão de vapor obtido por uma caldeira

e a queda é por gravidade. São muito mais rápidos que os de gravidade, com cerca

de 40 pancadas por minuto e o peso do martelo é de 4,0 ton.

Entre o martelo e a estaca, são utilizados os principais acessórios de

cravação:

Capacete: que é usado para guiar a estaca e acomodar os

amortecedores;

Cepo: Colocado em cima do capacete visando proteger o martelo de

tensões elevadas;

Almofada ou coxim: É colocado entre o capacete e a estaca, visando

proteger a estaca.

Fonte: http://www.estacasbrasil.com.br/equipamentos/bate-estacas-m12

Page 4: Controle de Capacidade de Carga (Nega)

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Conforme a Figura 1 abaixo:

Figura 2 - Amortecedores

3.1 Observação da Resposta à Cravação

A maneira mais simples de se observar a resposta á cravação, consiste em

riscar a lápis uma linha horizontal na estaca, com uma régua apoiada em dois

pontos da torre do bate-estacas, aplicar 10 golpes, riscar novamente e medir a

distância entre os dois riscos. Essa distância dividida por 10, e é a penetração

permanente média por golpe, chamada de “nega”.

4 CONTROLE PELA “NEGA”

Apesar de avanços tecnológicos na área de geotecnia, hoje se mantém a

tradição de se utilizar a nega para controle de carga, além de ser uma medida

tradicional fazendo parte de procedimentos rotineiros da obras. De acordo com

Alonso(1998, p.395), descreve a “nega” sendo:

“A “nega” corresponde à penetração permanente da estaca causada pela aplicação de um golpe do pilão... Em geral é medida por série de dez golpes.”

Uma vez que se tenha conhecimento das propriedades do solo,mais não do

seu comportamento, a nega também pode ser usada como um método verificador

da resistência após alguns dias do termino da cravação.

Cepo

Coxim ou

Almofada

Capacete

Fonte: Os autores

Page 5: Controle de Capacidade de Carga (Nega)

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Para o entendimento de como funciona a “nega”, teoricamente

desenvolveram fórmulas alicerçadas na Teoria de Choque de Corpos Rígidos,

desenvolvidas por Isaac Newton. Esta teoria compara a energia aplicada pelo pilão

(martelos) na face superior da estaca com a energia gasta para promover a ruptura

do solo. Em razão deste processo de cravação, soma-se ainda outras energias que

são geradas por impacto e por atrito. As quais são necessárias para superar a

estaca imersa na massa do solo. A principal equação desenvolvida para o cálculo da

“nega” é:

Equação (1)

Onde:

W = peso do pilão

h = altura da queda do pilão

R = resistência do solo à penetração da estaca

s = nega correspondente ao valor de h.

Existem outras alternativas para se calcular a nega, como a fórmula de Brix e

a dos Holandeses, que auxiliam no controle da uniformidade do estaqueamento

quando o objetivo é de se manter negas aproximadamente iguais para as estacas

com carga e comprimento iguais.

Fórmula de Brix

(

( ) ) Equação (2)

Fórmula dos Holandeses

(

( )) Equação (3)

Onde:

W = peso do pilão

h = altura da queda do pilão

R = resistência do solo à penetração da estaca

s = nega correspondente ao valor de h.

P = Falta dizer o que é

Page 6: Controle de Capacidade de Carga (Nega)

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Nas fórmulas, R representa a resistência oposta pelo solo a cravação, onde

na fórmula de Brix R é igual a 5 vezes a carga admissível da estaca, e na dos

Holandeses 10 vezes a carga admissível da estaca.

5 DESVANTAGENS

Existem várias desvantagens para a aplicação da “nega”, críticas que foram

formadas por pesquisadores, cujas principais são:

Na comunicação entre o campo e os cálculos, nem sempre é expresso o

exato numero de golpes, pois nos cálculos leva-se em consideração o

número real de golpes aplicados e no campo, geralmente se referem a 10

golpes.

Que o golpe do pilão nem sempre é suficiente para despertar a resistência

máxima que o solo tem para oferecer, devido a todos os outros fatores que

não são computados na fórmula.

Desconhecimento de alguns fenômenos, tais como o da energia real que se

aplica à estaca, a qual é avaliada somente sendo uma percentagem do peso

do pilão vezes a altura de sua queda.

Por ser de rotina na utilização das firmas executoras de obras, não existe um

controle da qualidade, pois o registro das negas logo se perde quando se

demole o trecho superior da estaca, antes de sua concretagem do bloco de

coroamento.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um exemplo de utilização da “nega”, são as estacas do tipo Franki, porém ela

só é obtida ao final da cravação do tubo. Por essa razão, não é propriamente um

controle da capacidade de carga da estaca, mas se utiliza dos valores de resistência

para estimá-la.

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Para as estacas escavadas do tipo Strauss e tubulões, não existe um

procedimento rotineiro de medida de resistência (analogamente à nega) que

permita, durante sua instalação, estimar a capacidade da carga. Nesses casos,

recorre-se à experiência da firma e da equipe envolvida no projeto e execução.

Apesar das críticas às fórmulas da “nega” e do seu método de utilização, elas

têm uma aplicação imprescindível para o controle de uniformidade do

estaqueamento. De acordo com a NBR-6122: “A nega e o repique devem ser

medidos em todas as estacas, atendendo às condições de segurança.” Daí, a suma

importância de se utiliza – lá, sendo que a própria norma afirma que ela deve ser

aplicada em todas as estacas atendendo todas as condições de segurança.

Page 8: Controle de Capacidade de Carga (Nega)

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REFERENCIAS

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.NBR 6122:Projeto e

execução de fundações. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.

VELLOSO, Dirceu de Alencar. Fundações, vol. 2: fundações profundas. Nova

Edição. São Paulo: Oficina de textos, 2010.

YAZIGI, Walid. A técnica de edificar. 8ª Edição. PINI, São Paulo: 2007.

HACHICH, Waldemar Coelho et al. Fundações: teoria e prática. 2ª Edição. São

Paulo: 1998.

Capacidade de cargas de fundações profundas. Disponível em:

http://www.ufjf.br/nugeo/files/2009/11/GF06CapCargaProfEst%C3%A1ticoDin%C3%

A2mico-2009.pdfAcessado em: 04 de março de 2012.

Coletânea do uso do Aço. 1º Edição, 2006.Disponível

em:http://www.skylightestruturas.com.br/downloads/5_Fundacao.pdf Acessado em:

04 de março de 2012.