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Controle ambiental na indústria de Celulose e papel 1

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Controle ambiental na indústria de Celulose e papel

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Coordenação do Programa Formare Beth Callia

Coordenação Pedagógica Zita Porto Pimentel

Coordenação da Área Técnica – UTFPR Alfredo Vrubel

Elaboração e edição VERIS Educacional S.A. Rua Vergueiro, 1759 2º andar 04101 000 São Paulo SP www.veris.com.br

Coordenação Geral Marcia Aparecida Juremeira Conrado Rosiane Aparecida Marinho Botelho

Coordenação Técnica deste caderno Solange Lury Miyazaki

Revisão Pedagógica Cristiane Escolástico Siniscalchi

Autoria deste caderno Solange Lury Miyazaki

Produção Gráfica Amadeu dos Santos Eliza Okubo Aldine Fernandes Rosa

Apoio MEC – Ministério da Educação FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação PROEP – Programa de Expansão da Educação Profissional

M685c Miyazaki, Solange Lury

Certificação da Qualidade e Meio Ambiente: Projeto Formare / Solange Lury Miyazaki – São Paulo: Veris Educacional, 2007. 176p. :il. Color.:30cm. (Fundação Iochpe / Cadernos Formare)

Inclui exercícios e glossário Bibliografia

ISBN 978-85-60890-10-1

1. Ensino Profissional 2. Meio ambiente 3. Gestão ambiental4. Relação fornecedor-cliente 5. Gestão da qualidade 6. Certificaçãoflorestal 7. Trabalho prático I. Projeto Formare II. Título III. Série

CDD-371.426

Iniciativa Realização

Fundação IOCHPE Al. Tietê, 618 casa 3, Cep 01417-020, São Paulo, SP

www.formare.org.br

Autoria deste caderno Enilene de França Cordeiro

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Sobre o caderno

Você, educador voluntário, sabe que boa parte da performance dos jovens no mundo do trabalho dependerá das aprendizagens adquiridas no espaço de formação do Curso em desenvolvimento em sua empresa no âmbito do Projeto Formare.

Por isso, os conhecimentos a serem construídos foram organizados em etapas, investindo na transformação dos jovens estudantes em futuros trabalhadores qualificados para o desempenho profissional.

Antes de esse material estar em suas mãos, houve a definição de uma proposta pedagógica, que traçou um perfil de trabalhador a formar, depois o delineamento de um plano de curso, que construiu uma grade curricular,destacou conteúdos e competências que precisam ser desenvolvidos para viabilizar o alcance dos objetivos estabelecidos e então foram desenhados planos de ensino, com vistas a assegurar a eficácia da formação desejada.

À medida que começar a trabalhar com o Caderno, perceberá que todos os encontros contêm a pressuposição de que você domina o conteúdo e que está recebendo sugestões quanto ao modo de fazer para tornar suas aulas atraentes e produtoras de aprendizagens significativas. O Caderno pretende valorizar seu trabalho voluntário, mas não ignora que o conhecimento será construído a partir das condições do grupo de jovens e de sua disposição para ensinar. Embora cada aula apresente um roteiro e simplifique a sua tarefa, é impossível prescindir de algum planejamento prévio. É importante que as sugestões não sejam vistas como uma camisa de força, mas como possibilidade, entre inúmeras outras que você e os jovens do curso poderão descobrir, de favorecer a prática pedagógica.

O Caderno tem a finalidade de oferecer uma direção em sua caminhada de orientador da construção dos conhecimentos dos jovens, prevendo objetivos, conteúdos e procedimentos das aulas que compõem cada capítulo de estudo. Ele trata também de assuntos aparentemente miúdos, como a apresentação das tarefas, a duração de cada atividade, os materiais que você deverá ter à mão ao adotar a atividade sugerida, as imagens e os textos de apoio que poderá utilizar.

No seu conjunto, propõe um jeito de fazer, mas também poderá apresentar outras possibilidades e caminhos para dar conta das mesmas questões, com vistas a encorajá-lo a buscar alternativas melhor adequadas à natureza da turma.

Como foi pensado a partir do planejamento dos cursos (os objetivos gerais de formação profissional, as competências a serem desenvolvidas) e dos planos de ensino disciplinares (a definição do que vai ser ensinado, em que seqüência e intensidade e os modos de avaliação), o Caderno pretende auxiliá-lo a realizar um plano de aula coerente com a concepção do Curso, preocupado em investir na formação de futuros trabalhadores habilitados ao exercício profissional.

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O Caderno considera a divisão em capítulo apresentada no Plano de Ensino e o tempo de duração da disciplina, bem como a etapa do Curso em que ela está inserida. Com esta idéia do todo, sugere uma possibilidade de divisão do tempo, considerando uma aula de 50 minutos.

Também, há avaliações previstas, reunindo capítulos em blocos de conhecimentos e oferecendo oportunidade de síntese do aprendido. É preciso não esquecer, no entanto, que a aprendizagem é avaliada durante o processo, através da observação e do diálogo em sala de aula. Aavaliação formal, prevista nos cadernos, permite a descrição quantitativa do desempenho dos jovens e também do educador na medida em que o “erro”, muitas vezes, é indício de falhas anteriores que não podem ser ignoradas no processo de ensinar e aprender.

Recomendamos que, ao final de cada aula ministrada, você faça um breve registro reflexivo, anotando o que funcionou e o que precisou ser reformulado, se todos os conteúdos foram desenvolvidos satisfatoriamente ou se foi necessário retomar algum, bem como outras sugestões que possam levar à melhoria da prática de formação profissional e assegurar o desenvolvimento do trabalho com aprendizagens significativas para os jovens. Esta também poderá ser uma oportunidade de você rever sua prática como educador voluntário e, simultaneamente, colaborar para a permanente qualificação dos Cadernos. É um desafio-convite que lhe dirigimos, ao mesmo tempo em que o convidamos a ser co-autor da prática que aí vai sugerida.

Características do Caderno

Cada capítulo ou unidade possui algumas partes fundamentais, assim distribuídas:

Página de apresentação do capítulo: Apresenta uma síntese do assunto e os objetivos a atingir, destacando o que os jovens devem saber e o que se espera que saibam fazer depois das aulas. Em síntese, focaliza a relevância do assunto dentro da área de conhecimento tratada e apresenta a relação dos saberes, das competências e habilidades que os jovens desenvolverão com o estudo da unidade.

A seguir, as aulas são apresentadas através de um breve resumo dos conhecimentos a serem desenvolvidos em cada aula. Sua intenção é indicar aos educadores o âmbito de aprofundamento da questão, sinalizando conhecimentos prévios e a contextualização necessária para o tratamento das questões da aula. No interior de cada aula aparece a seqüência de atividades, marcadas pela utilização dos ícones que seguem:

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Indica quais serão os objetivos do tópico a ser abordado, bem como o objetivo de cada aula.

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Exploração de links na internet – Remete a pesquisas em sites onde educador e aluno poderão buscar textos e/ou atividades como reforço extraclasse ou não.

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Apresenta artigos relacionados à temática do curso, podendo-se incluir sugestões de livros, revistas ou jornais, subsidiando, dessa maneira o desenvolvimento das atividades propostas. Permite ao educador explorar novas possibilidades de conteúdo. Se achar necessário, o educador poderá fornecer esse texto para o aluno reforçando, assim, o seu aprendizado.

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Traz sugestão de exercício ou atividade para fechar uma aula para que o aluno possa exercitar a aplicação do conteúdo.

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Traz sugestão de avaliação extraclasse podendo ser utilizada para fixação e integração de todos os conteúdos desenvolvidos.

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Traz sugestão de avaliação, podendo ser apresentada ao final de um conjunto de aulas ou tópicos; valerão nota e terão prazo para serem entregues.

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Indica, passo a passo, as atividades propostas para o educador. Apresenta as informações básicas, sugerindo uma forma de desenvolvê-las. Esta seção apresenta conceitos relativos ao tema tratado, imagens que têm a finalidade de se constituir em suporte para as explicações do educador (por esse motivo todas elas aparecem anexas num CD, para facilitar a impressão em lâmina ou a sua reprodução por recurso multimídia), exemplos das aplicações dos conteúdos, textos de apoio que podem ser multiplicados e entregues aos jovens, sugestões de desenvolvimento do conteúdo e atividades práticas, criadas para o estabelecimento de relações entre os saberes. No passo a passo, aparecem oportunidades de análise de dados, observação e descrição de objetos, classificação, formulação de hipóteses, registro de experiências, produção de relatórios e outras práticas que compõem a atitude científica perante o conhecimento.

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Indica a duração prevista para a realização do estudo e das tarefas de cada passo. É importante que fique claro que esta é uma sugestão ideal, que abstrai quem é o sujeito ministrante da aula e quem são os sujeitos que aprendem, a rigor os que mais interessam nesse processo. Quando foi definida, só levou em consideração o que era possível no momento: o conteúdo a ser desenvolvido, tendo em vista o número de aulas e o plano de ensino da disciplina. No entanto você juntamente com os jovens que compõem a sua turma têm liberdade para alterar o que foi sugerido, adaptar as sugestões para o seu contexto, com as necessidades, interesses, conhecimentos prévios e talentos especiais do seu grupo.

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O glossário contém informações e esclarecimentos de conceitos e termos técnicos. Tem a finalidade de simplificar o trabalho de busca do educador e, ao mesmo tempo, incentivá-lo a orientar os jovens para a utilização de vocabulário apropriado referente aos diferentes aspectos da matéria estudada. Aparece ao lado na página em que é utilizado e é retomado ao final do Caderno, em ordem alfabética.

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Remete para exercícios que objetivam a fixação dos conteúdos desenvolvidos. Não estão computados no tempo das aulas, e poderão servir como atividade de reforço extraclasse, como revisão de conteúdos ou mesmo como objeto de avaliação de conhecimentos.

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Notas que apresentam informações suplementares relativas ao assunto que está sendo apresentado.

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Idéias que objetivam motivar e sensibilizar o educador para outras possibilidades de explorar os conteúdos da unidade. Têm a preocupação de sinalizar que, de acordo com o grupo de jovens, outros modos de fazer podem ser alternativas consideradas para o desenvolvimento de um conteúdo.

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Traz as idéias-síntese da unidade, que auxiliam na compreensão dos conceitos tratados, bem como informações novas relacionadas ao que se está estudando

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Apresenta materiais em condições de serem produzidos e entregues aos jovens, tratados, no interior do caderno, como texto de apoio.

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Em síntese, você educador voluntário precisa considerar que há algumas competências que precisam ser construídas durante o processo de ensino aprendizagem, tais como:

conhecimento de conceitos e sua utilização;análise e interpretação de textos, gráficos, figuras e diagramas;transferência e aplicação de conhecimentos;articulação estrutura-função;interpretação de uma atividade experimental.

Em vista disso, o conteúdo dos Cadernos pretende favorecer:

conhecimento de propriedade e de relações entre conceitos;aplicação do conhecimento dos conceitos e das relações entre eles;produção e demonstração de raciocínios demonstrativos;análise de gráficos;resolução de gráficos;identificação de dados e de evidências relativas a uma atividadeexperimental;conhecimento de propriedades e relações entre conceitos em umasituação nova.

Como você deve ter concluído, o Caderno é uma espécie de obra aberta, pois está sempre em condições de absorver sugestões, outros modos de fazer, articulando os educadores voluntários do Projeto Formare em uma rede que consolida a tecnologia educativa que o Projeto constitui. Desejamos que você possa utilizá-lo da melhor forma possível e que tenha a oportunidade de refletir criticamente sobre ele, registrando sua colaboração e interagindo com os jovens de seu grupo a fim de investirmos todos em uma educação mais efetiva e na formação de profissionais mais competentes e atualizados para os desafios do mundo contemporâneo.

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1 Aspectos e impactos ambientais da indústria de Celulose e papel Primeira Aula

Histórico e conceito – Benefícios da certificação ................................................13 As normas ISO e a legislação ambiental.............................................................14 Visão sistêmica....................................................................................................14 Melhoria contínua do sistema..............................................................................15 Visão de cooperação ...........................................................................................15

Segunda Aula Legislação ambiental brasileira – Constituição Federal, Lei de Crimes Ambientais....................................................................................16

Sumário

Terceira Aula Licenciamento ambiental .....................................................................................19 Documentação.....................................................................................................19 Licenciamento ambiental .....................................................................................20

Quarta Aula Política ambiental ................................................................................................22

Quinta Aula O SGA – Diagnóstico e aspectos ambientais......................................................25 O PDCA ...............................................................................................................25

Sexta Aula A sensibilização e a capacitação no SGA ...........................................................27 Comunicação.......................................................................................................28

Sétima Aula Auditoria e certificação do SGA...........................................................................29 Certificação..........................................................................................................30

Oitava Aula A Análise do Ciclo de Vida (ACV) e a Rotulagem Ambiental ..............................33 Análise do Ciclo de Vida (ACV) – ISO 14040......................................................33 Rotulagem ambiental (Selo verde) ......................................................................35

Nona Aula SGA e o Rótulo Verde .........................................................................................36

Décima Aula Avaliação Teórica 1 .............................................................................................39

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Décima primeira Aula 

Ecologia e meio ambiente ................................................................................. 43Décima segunda Aula 

Poluição ............................................................................................................. 48Décima terceira Aula 

Lagoas de estabilização .................................................................................... 55Décima quarta Aula 

Lançamento de efluentes em corpos receptores .............................................. 61Décima quinta Aula 

Visita técnica ..................................................................................................... 69Décima sexta Aula 

Parâmetros para medição da poluição das águas ............................................ 69Visita técnica ..................................................................................................... 71

Décima sétima Aula Fontes poluidoras em fábricas de celulose ....................................................... 71

Décima oitava Aula Áreas florestais .................................................................................................. 75

2. Certificação na área florestalPrimeira Aula

Certificação florestal e a FSC ............................................................................. 85 Segunda Aula

Princípios e critérios do FSC para a certificação................................................ 88

3 Boas práticas Guia técnico ambeintal da indústria de papel e celulose ...................................... 105

Apostila Certificação florestal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ................................................ 92

Gabarito dos Exercícios................................................................................... 143

Gabarito das Avaliações.................................................................................. 145

Glossário ............................................................................................................... 147

Referências .......................................................................................................... 151

Anexos ................................................................................................................... 153

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Serão apresentados os principais elementos de um sistema de gestão ambiental. A observação das condições ambientais convenientemente incorporadas ao sistema de gestão de uma empresa promove a diminuição de custos, melhores condições de competitividade no mercado e a instituição de uma atitude cidadã. Os jovens poderão compreender a visão sistêmica da norma ISO 14001 e sua relação com as políticas públicas e a qualidade ambiental.

Compreender a evolução da filosofia do sistema de gestão ambiental.Verificar a visão sistêmica na Norma NBR 14001 (ISO 14001).Identificar na dinâmica do PDCA o empenho para a melhoria contínua.Familiarizar-se com o manuseio dos documentos legais.Entender a análise do ciclo de vida de um produto ou serviço.Sensibilizar os jovens para a importância da educação ambiental nas empresas.

Objetivos

1 Aspectos e impctos ambientais da indústria de Celulose e Papel

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Histórico e conceito – Benefícios da certificação

A maior cobrança, por parte da população e por parte da legislação ambiental sobre as empresas, principalmente as indústrias, de um controle dos impactos causados no meio ambiente provocou a busca de procedimentos que diminuíssem a perda de credibilidade e de licenças devido aos constantes acidentes ambientais. Essa busca se dividiu em praticamente três momentos:

Fig. 1

Passo 1 / Aula teórica 15 min

Nessa aula, os jovens poderão compreender a evolução do pensamento de controle de impactos ambientais para o do sistema de gerenciamento das atividades que causam impactos ambientais. Serão sensibilizados para a relação entre a legislação ambiental, a visão sistêmica e a melhoria contínua no desenvolvimento do sistema de gestão ambiental.

Primeira Aula

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Pode-se observar que os impactos ambientais ocorrem nos dois primeiros momentos. No primeiro, a preo-cupação é minimizar as conseqüências dos danos causados; no segundo, a preocupação se concentra na prevenção das conseqüências dos impactos causados (tecnologia “fim de tubo”) e, no terceiro momento, o objetivo é a prevenção do impacto, evitando danos onerosos e irreversíveis das conseqüências ao homem e ao meio ambiente (tecnologia mais limpa).

É para orientar esse terceiro momento que a ONU (Organização das Nações Unidas) solicitou, em 1992, à ONG ISO, que desenvolvesse uma família de normas para estabelecer um padrão mínimo de qualidade ambiental de aceitação internacional, a ISO 14000.

As normas ISO e a legislação ambiental

As normas ISO não são exigidas por lei. São com-promissos e competências assumidos e adquiridos por iniciativa própria e controlados por instituições isentas de qualquer relação oficial com o governo. No entanto, faz parte dos compromissos que devem ser assumidos pela empresa certificada a adequação da produção de resíduos sólidos, líquidos e gasosos aos padrões de desempenho ambiental estabelecidos pela legislação local. O certificado da ISO 14001 (Sistema de Gestão Ambiental – SGA) é provisório e necessita de auditorias periódicas para ser renovado.

Dentre as subfamílias ou subgrupos da norma ISO 14000, as ISO 14001 e a ISO 14024 são as únicas que emitem certificação ambiental e rotulação verde, respecti-vamente. As outras subfamílias da norma são respon-sáveis por aspectos de desenvolvimento da norma no seu aspecto mais amplo.

Visão sistêmica

Para o estabelecimento de um programa de gestão ambiental é necessária a coordenação de uma rede de interações externas e internas da empresa. O controle preventivo somente pode ocorrer com a participação simultânea e consensual de todo o corpo de funcionários da empresa desde a alta gerência até os funcionários de chão.

O estabelecimento e o monitoramento dessa rede de interações é que caracteriza a visão sistêmica do programa.

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Melhoria contínua do sistema

A fim de garantir a manutenção da qualidade ambiental conquistada para a certificação, o sistema de gestão inclui a análise crítica da eficiência dos procedimentos de controle e propõe a revisão periódica dos mesmos para promover alterações de procedimentos.

Visão de cooperação

Indique aos jovens um acidente ecológico ou um impacto ambiental (vazamento de óleo em um rio, acúmulo de lixo tóxico em lugar aberto, acúmulo de lixo orgânico em lugar aberto, etc.) e solicite que eles exemplifiquem os três momentos de evolução do controle de impactos am-bientais e ordenem numa linha imaginária os três momentos. Peça que soluções sejam coerentes com a filosofia que caracterizou cada um dos momentos. Para essa atividade, forneça o tempo de 15 minutos. No final deles, os grupos apresentarão as respostas e justificarão as vantagens e as desvantagens de um sistema de gestão ambiental comparando com os outros tipos de controle de impactos.

Nesta aplicação, você mostrará aos jovens três mo-mentos de evolução do controle de impactos ambientais a partir de um caso.

Conte-lhes que foi construída, em Piraporinha da Serra, uma fábrica de produtos químicos, ou seja, produtos de limpeza, como detergentes e desinfetantes. Para que a empresa fosse construída foi preciso ocupar uma área que servia de hábitat para inúmeros animais e vegetais. Com o passar do tempo esta indústria foi acabando com toda a vegetação do restante da mata em questão e acabou também prejudicando um rio que abastecia uma cidade.

Passo 3 / Aplicação 10 min

Passo 2 / Atividade sugerida 25 min

Educador, no final do caderno você encontrará uma sugestão de gabarito para essa atividade.

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Com esses problemas, a indústria foi intimada a recu-perar os danos causados para que não acabasse com o restante do meio ambiente e a indenizar a população que estava sofrendo por falta de água. Ao perceber, poste-riormente, que as multas e as indenizações estavam custando muito à empresa, ela resolveu diminuir a poluição lançada nos rios e solo. Por fim, com a implan-tação da ISO 14001, a empresa passou a evitar que a degradação ambiental ocorresse com planejamento preventivo.

Mostre-lhes que o caso envolve três momentos distintos:

1º momento – O impacto que a empresa causou ao meio ambiente teve de ser recuperado.

2º momento – A empresa passou a tratar os efluentes líquidos e sólidos (água poluída e lixo) antes de despejá-los na natureza.

3º momento – A empresa estabeleceu um sistema de gestão ambiental (como a ISO 14001) e evitou, na maior parte de seu processo produtivo, o desenvolvimento de poluentes que poderiam contaminar solo e água.

Legislação ambiental brasileira – Constituição Federal, Lei de Crimes Ambientais

Para o estabelecimento de objetivos e metas para o Sistema de Gestão Ambiental é necessário que se iden-tifique quais leis regem os impactos que são identificados na empresa para que procedimentos de adequação sejam desenvolvidos e os impactos sejam minimizados ou evitados.

Dessa forma, torna-se importante conhecer um pouco das leis que estão relacionadas ao meio ambiente em nosso país. Como esse universo legal é muito grande e complexo, nessa aula sugere-se que o assunto seja

Nessa aula os jovens poderão exercitar o conhecimento dos artigos referentes ao meio ambiente na legislação federal, Constituição Federal e Lei de Crimes Am-bientais, e relacioná-los aos interesses da empresa. Essa etapa corresponde ao levantamento dos requisitos legais da norma ISO14001-2004.

Passo 1 / Orientação da turma 15 min

Segunda Aula

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desenvolvido através de um exercício de “reconhe-cimento” sobre o que é uma lei sobre assuntos am-bientais. Mais tarde, quando o jovem precisar, ele saberá como procurar ou pelo menos o que irá enfrentar.

Divida a turma em dez duplas e proponha que cada uma pesquise nas políticas públicas (Lei) relacionadas a uma das atividades impactantes listadas abaixo. Eles devem escrever observações sobre as leis.

1 Liberação de óleo para córregos ou rios.

2 Não-envolvimento com os interesses do desenvol-vimento sustentável.

3 Uso de gasolina ou diesel para máquinas de grande porte.

4 Descarte de resíduos combustíveis no solo ou na água.

5 Provocar distúrbio de ruídos na vizinhança.

6 Depósito de resíduos tóxicos em solo.

7 Liberação de fumaça por chaminés.

8 Queima de produtos tóxicos.

9 Destruição de fragmentos florestais.

10 Destruição de nascentes de água.

Transite pela sala e oriente a pesquisa das duplas, considerando os seguintes aspectos:

Educador, caso não haja tempo disponível para que terminem e encontrem exatamente o que procuram peça para que separem todos os artigos que acreditem serem pertinentes ao assunto escolhido à medida que forem lendo e procurando. O objetivo principal é o processo da procura.

Passo 2 / Realização da tarefa 20 min

Disponibilize cópias dos seguintes itens da Constituição e da Lei de Crimes Ambientais. São leis facilmente adquiridas pela Internet (basta colocar lei e o número). Em anexo estão disponíveis as Leis: 9605/98 (Lei de Crimes ambientais) e a Lei 6938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente)

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Aspecto ambiental O que pesquisar

Liberação de óleo para córregos ou rios.

Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos. Lei 6.938/81 Oriente para que procurem em leis que versam sobre liberação de efluentes líquidos e qualidade da água.

Não-envolvimento com os interesses do desenvolvimento sustentável.

O Brasil é signatário da Agenda 21, que fala sobre o com-promisso com o Desenvolvimento Sustentável. A Política Nacional do Meio Ambiente também versa sobre o desenvolvimento sustentável. E a Lei de Crimes Ambientais também.

Uso de gasolina ou diesel para máquinas de grande porte.

Procurar leis que versam sobre poluição do ar, inclusive o Tratado de Kyoto. Lei 6938/81

Descarte de resíduos combustíveis no solo ou na água.

Procurar sobre leis que falam sobre poluição por resíduos tóxicos. Lei 6938/81

Provocar distúrbio de ruídos na vizinhança.

Lei 11.501/94 (valida no município de São Paulo) Lei sobre poluição sonora.

Depósito de resíduos tóxicos em solo.

Lei sobre poluição do solo. Lei 6938/81

Liberação de fumaça por chaminés. Lei sobre poluição do ar. Lei 6938/81

Queima de produtos tóxicos. Lei sobre poluição do ar (IQar- índice de qualidade do ar estabelecido pelo CONAMA)

Destruição de fragmentos florestais. Lei de crimes ambientais e Lei 6938/81

Destruição de nascentes de água. Lei 6.938/81 Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos. Lei 6938/81

Tabela 1

Peça aos jovens que exponham suas conclusões de modo a toda a turma ter informações sobre o assunto.

Nessa aula, os jovens deverão conhecer alguns dos procedimentos necessários ao licenciamento ambiental, referentes à documentação principal e aos órgãos responsáveis pela análise e aprovação.

Passo 3 / Fechamento 15 min

Terceira Aula

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Licenciamento ambiental

Toda atividade empresarial que utilize recursos am-bientais naturais ou que produza algum tipo de poluição necessita de um licenciamento perante o órgão ambiental competente federal e estadual. O licenciamento consiste em um procedimento administrativo que licencia a loca-lização, a instalação, a ampliação e a operação dos empreendimentos.

De modo geral, os órgãos licenciadores no Estado de São Paulo são a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) e o DEPRN (Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais). Caso o empreendimento ocupe mais de um Estado, o licen-ciamento será de competência do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

Tipos de licença Órgão responsável Funções

Licença Prévia SMA (Secretaria do Estado de Meio Ambiente) através do DAIA (Departamento de Avaliação de Impactos Ambientais).

Avalia os efeitos ambientais em fase de projeto, analisando a localidade e a con-cepção do projeto.

Licença de Instalação Cetesb Analisa a adequação do projeto ao am-biente, ou seja, os impactos ambientais que ocorrem para a sua instalação e indica as exigências técnicas a serem cumpridas antes do início das operações de empreendimento.

Licença de Operação Cetesb Analisa os impactos provocados pela ati-vidade do empreendimento.

Tabela 2

Documentação

Vários são os documentos necessários para os pedidos de licenciamento, conforme mostra o esquema a seguir:

Passo 1 / Aula teórica 20 min

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Caso esteja em área de mananciais, o licenciamento deverá ser aprovado pelo DEPRN para o licenciamento de instalação.

Licenciamento ambiental

Nesse momento, os jovens identificarão os procedi-mentos necessários ao licenciamento. O objetivo desse exercício é que tenham contato com os documentos

Educador, não será necessário detalhar os docu-mentos. Mostre o esquema para que os alunos tenham dimensão de tudo aquilo que é exigido para que as licenças sejam concedidas. Os jovens poderão ter mais contato com os documentos na atividade a seguir.

Passo 2 / Atividade sugerida 30 min

Fig. 2

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necessários e percebam a quantidade de documentos vinculados a cada tipo de licenciamento. Como os procedimentos podem diferir entre os diferentes tipos de empreendimentos, peça que verifiquem quais os documentos necessários para a obtenção de licenças para um empreendimento de fabricação de fibras, fios, cabos e filamentos contínuos artificiais e sintéticos. Para tanto, em grupos, devem entrar no site da Cetesb (http://www.cetesb.sp.gov.br/licenciamentoo/balcao/req_bu_integrado.doc) e fazer a pesquisa. Não será necessário o preenchimento dos formulários; basta a indicação dosprocedimentos.

Após vinte minutos, peça a resposta da questão. Eles devem apontar a necessidade de uma licença prévia e, portanto, de um RAP. Esse RAP deve ser feito por uma empresa especializada e será um serviço terceirizado, pois possui um potencial de produção de impacto ambiental. Devem preencher um documento chamado MCE (Memorial de Caracterização do Empreendimento) que são 16 formulários, e os documentos como a solici-tação da licença, o mapa de localização, croquis, mapa de disposição das máquinas, comprovante do forne-cimento de água e esgoto e planta do prédio. Para a licença de instalação e operação, os documentos são basicamente os mesmos, portanto devem seguir o roteiro ilustrado no fluxograma citado anteriormente.

Se o uso de computador com acesso à Internet não for possível durante a aula, ofereça-lhes cópias de alguns formulários para que possam se familiarizar com esse tipo de documento. Em anexo uma cópia do formulário de solicitação da licença ambiental que se encontra nesse endereço eletrônico. Os outros formulários são muito mais complexos.

Educador, caso considere interessante explorar mais os formulários, acesse o link: http://www.cetesb.sp.gov.br/licenciamentoo/onde_fazer/reg_metrop_localizacao.asp#dentro

Educador, a tarefa da próxima aula requer pesquisa de material. Solicite aos jovens que providenciem exemplos de políticas ambientais de outras empresas, buscando-os em sites na Internet e nos locais de recepção de empresas que possuem a certificação ISO14001, ou em mesmo fôlderes de divulgação de produtos ou serviços, distribuídos pelas empresas aos clientes.

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Política ambiental

A política ambiental é um conjunto de intenções da empresa, que orienta os princípios organizacionais de atuação da mesma em relação ao meio ambiente. Para Seiffert em seu livro sobre ISO 14000 para a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), publicado em 2006, é interessante que esse documento contenha:

A visão e os valores da organização frente ao am-biente total.

A compreensão dos interesses das partes interessadas.

Implicitamente, a idéia de melhoria contínua.

O propósito da prevenção da poluição.

O reconhecimento das condições locais e regionais específicas.

A pretensão de estabelecer-se em conformidade com os regulamentos ambientais legais e aqueles que foram estabelecidos pela organização.

Como documento norteador, a política ambiental deve ser objetiva e coerente à posição e à função que a empresa quer exercer na comunidade na qual ela quer ser inserida. No que diz respeito à comunidade civil, aos for-necedores, aos clientes e às agências ambientais locais, ela deve ser um elemento de referência para a comu-nicação entre as partes interessadas.

A política ambiental é o documento de base para o esta-belecimento dos objetivos e metas do SGA. Orientado pelos objetivos e metas relacionados à qualidade am-biental é que o SGA será planejado e executado. Exageros na expectativa relacionada à qualidade ambiental apresentada pela empresa, ou sua parte, com-prometem a exeqüibilidade da mesma e, portanto, a

Quarta Aula

Passo 1 / Aula teórica 20 min

Nessa aula os jovens terão contato com o primeiro documento de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), a política ambiental da empresa. Esse documento possui características importantes, pois está diretamente rela-cionado aos anseios da presidência e diretoria quanto à qualidade ambiental para a empresa.

Partes interessadas Internamente à empresa, referem-se aos departamentos participantes do Sistema de Gestão Ambiental. Externamente, partes interessadas referem-se às outras empresas que estão relacionadas com a produção, por exemplo, fornecedores, clientes, terceirizados, agências ambientais locais.

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possibilidade de aprovação para o recebimento da certifi-cação. Além disso, a política ambiental deve ser de conhecimento público e obrigatório para todos os fun-cionários, terceirizados ou não.

Nesse momento, os jovens devem ter contato com algumas políticas ambientais da sua própria empresa e de outras, publicadas em sites na Internet e nos locais de recepção de empresas que possuem a certificação ISO14001, ou mesmo fôlderes de divulgação de produtos ou serviços, distribuídos pelas empresas aos clientes.

Peça para que analisem os documentos e verifiquem se o conteúdo e os conceitos estão sendo usados coerente-mente, de acordo com as recomendações da ABNT citadas anteriormente.

Exemplos de Políticas Ambientais

A VW utiliza os critérios da norma VDA 6.3, da Associação Alemã de Normatização

A Volkswagen do Brasil - Indústria de Veículos Automotores Ltda., desenvolve, produz, monta e comercializa motores, automóveis, veículos comerciais e componentes para o mercado nacional e internacional. Nossa empresa assume o compromisso com a melhoria contínua para alcançar a compatibilidade entre seus processos, produtos e o meio ambiente, assim como com a redução da utilização dos recursos naturais visando à preservação do meio ambiente e à prevenção dos danos ambientais, através do cumprimento da legislação e demais normas ambientais vigentes, principalmente, as que tratam da geração de emissões atmosféricas, uso e descarte de água, manipulação de materiais perigosos e disposição final de resíduos perigosos.

Princípios

1º Princípio O objetivo da Volkswagen do Brasil - Indústria de Veículos Automotores Ltda. é a prevenção da poluição em todas as suas atividades e a colaboração, na medida das suas possibilidades, na solução dos problemas ambientais regionais e nacionais.

2º Princípio Temos como objetivo principal desenvolver, produzir, montar e comercializar motores, automóveis, veículos comerciais e compo-nentes de alta qualidade que satisfaçam aos requisitos ambientais de nossos clientes, bem como à legislação e demais normas ambientais vigentes.

Educador, você pode utilizar os seguintes exemplos:

Passo 2 / Aula prática 30 min

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Política Ambiental – EMBU

A Ripasa S/A Celulose e Papel, Unidade Embu, empresa de médio porte fabricante de papel cartão, na busca constante de sua evolução, assegura que está comprometida em:

1 Promover o desenvolvimento sustentável, protegendo o meio ambiente através da prevenção da poluição, administrando os impactos ambientais de forma a torná-los compatíveis com a preservação das condições necessárias à vida.

2 Atender à legislação ambiental vigente aplicável e demais requisitos subscritos pela organização.

3 Promover a melhoria contínua em meio ambiente através de sistema de gestão estruturado que controla e avalia as atividades, produtos e serviços, bem como estabelece e revisa seus objetivos e metas ambientais.

4 Garantir transparência nas atividades e ações da empresa, disponibilizando às partes interessadas informações sobre seu desempenho em meio ambiente.

5 Praticar a reciclagem de matérias celulósicas e o reuso das águas do processo produtivo, contribuindo com a redução dos impactos ambientais através do uso racional dos recursos naturais: minimizando áreas necessárias para reflorestamento e reduzindo captação dos recursos hídricos.

É responsabilidade da alta direção promover o senso de responsa-bilidade e disciplina no emprego desta política por todos da organização.

3º PrincípioPara assegurar o futuro da empresa e para aumentar sua competividade, pesquisamos e desenvolvemos produtos e pro-cessos ambientalmente eficazes.

4º Princípio Com base no nosso Sistema de Gestão Ambiental e nossa Política Ambiental, em conjunto com fornecedores e prestadores de serviços, a organização promove a melhoria contínua de nossas atividades, produtos e serviços.

5º Princípio A direção da empresa verifica regularmente o cumprimento de todos os elementos do Sistema de Gestão Ambiental para garantir sua adequação. Nossa organização mantém um compromisso com o cumprimento da legislação e demais normas ambientais aplicáveis às nossas atividades, assim como com outros requerimentos aos quais a empresa se subscreveu, que incluem a preparação e atendimento a emergências ambientais.

6º Principio A comunicação aberta e clara com os clientes, os distribuidores e a opinião pública é algo que consideramos primordial. A colaboração com os Órgãos Governamentais se canaliza através de uma atitude fundamentalmente negociadora e baseada na confiança.

7º Princípio Todos os colaboradores da empresa estão informados e qualificados em proteção ambiental de acordo com cada uma de suas tarefas. Eles estão comprometidos com a aplicação desses princípios, e com o cumprimento da legislação e demais normas ambientais aplicáveis, dentro de suas respectivas áreas de trabalho.

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O SGA – Diagnóstico e aspectos ambientais

No próprio documento da norma ISO 14001, há uma parte onde estão definidos os termos de uso comum na norma e que não devem ser interpretados de maneira diferenciada por nenhuma parte interessada. São essen-ciais para o objetivo de padronização.

Nesse caso:

Aspectos ambientais – Referem-se àquelas atividades cotidianas, esporádicas ou emergenciais internas à empresa, capazes de produzir ou provocar um impacto ambiental.

Impactos ambientais – São todas as conseqüências degradantes ao meio ambiente, que diminuem a quali-dade do mesmo e da vida de todos os seres vivos, incluindo o próprio homem.

Os impactos podem ser de natureza sólida, líquida, gasosa, energética, estética e cultural.

A essência do SGA é o estabelecimento co-evolutivo (evoluído conjuntamente) da política de desenvolvimento da empresa com uma atuação ambientalmente mais consciente e mais responsável.

O PDCA

O sistema de gestão é baseado numa seqüência de processos interdependentes que prevê uma revisão crítica a cada ciclo completo, garantindo, assim, a melhoria continuada.

Nessa aula serão definidos aspectos ambientais e impactos ambientais decorrentes e, ainda, o conceito de PDCA e seu compromisso com a melhoria contínua.

Quinta Aula

Passo 1 / Aula teórica 30 min

Peça, agora, que os jovens formem grupos e repitam o exercício usando um dos documentos que trouxeram. Eles deverão anotar as idéias centrais e entregar no início da aula seguinte. A partir dos textos, você poderá verificar se o conteúdo foi corretamente aprendido e retomar conteúdos que precisam ser reforçados.

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Cada ciclo é composto de praticamente quatro etapas, a etapa do planejamento (P), a etapa do desenvolvimento e da implantação dos programas e procedimentos (D), a etapa da verificação e monitoramento da eficiência dos procedimentos propostos (C) e a etapa da análise crítica e de revisão daqueles procedimentos que não alcançaram suas metas (encontram-se em não-conformidade) (A) para alteração e adequação dos mesmos. Os procedimentos aceitos continuam a ser monitorados e tornam-se padrão até que se tornem insu-ficientes, e os alterados voltem à etapa de planejamento e sigam o ciclo novamente figura 3.

Etapa de planejamento – Nessa etapa são necessários os levantamentos dos aspectos ambientais significativos, ou seja, aquelas atividades que são capazes de provocar impactos ambientais críticos (graves e de grande abran-gência), e, em função desse diagnóstico, para elaborar os objetivos e metas para o SGA. Terminada essa fase, determinam-se os responsáveis para cada uma das atividades analisadas, relativas aos aspectos negativos, em cada um dos setores da empresa, iniciando a etapa de implantação e desenvolvimento. Uma vez estabe-lecidos os procedimentos, deve-se prever formas de monitoramento e acompanhamento dos procedimentos. Periodicamente são feitas as auditorias internas. Estas devem verificar as não-conformidades e assegurar que alterações ou novos procedimentos estejam sendo propostos para a solução das mesmas. E, enfim, a análise pela alta diretoria ou pela comissão de meio ambiente para a revisão do programa do SGA, vislum-brando a melhoria contínua.

Nessa atividade, os jovens simularão um PDCA para alguns aspectos ambientais. A tarefa será realizada em duas etapas. Nesta aula haverá apenas a orientação do

Passo 2 / Atividade sugerida 20 min

Fig. 3 – Esquematização de um ciclo de PDCA com melhoria continua.

Não-conformidade Quando o procedimento não resulta em uma adequação de resultados a algum tópico da política ambiental ou da legislação local ou outra exi-gência considerada.

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trabalho, para que possa ser realizado fora do horário de aula.

Escolha dois aspectos ambientais relevantes (liberação de fumaça sem filtro na chaminé; liberação de resíduos no esgoto comum; produção de ruído acima de 100 db em locais fechados, etc.). Em seguida divida a turma em seis grupos e indique um aspecto ambiental para cada três grupos.

Cada grupo deverá seguir esse roteiro:

1 Determinar os objetivos e metas para prevenir ou remediar os impactos causados pela atividade.

2 Verificar se os impactos são previstos na legislação, e se há padrão de desempenho determinado nas políticas públicas para os impactos.

3 Cada meta deve ter um período determinado para ser alcançada.

4 Elaborar um procedimento para cada meta.

5 Elaborar um modo de verificação desse procedimento.

6 Elaborar um protocolo (documento) para isso.

Esse material deverá estar pronto na aula seguinte para a continuação do exercício.

A sensibilização e a capacitação no SGA

Para que o SGA tenha sucesso, é extremamente necessário o envolvimento de todos que trabalham na empresa e para a empresa. Todos os procedimentos

Educador, após a orientação para o exercício que deverão realizar como tarefa, aproveite essa parte da aula para tirar dúvidas ou retomar algum conteúdo que necessite de um reforço.

Sexta Aula

Passo 1 / Aula teórica 20 min

Nessa aula será discutida e analisada a importância da sensibilização, do treinamento e da comunicação no SGA.

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podem ser fadados ao fracasso caso as suas neces-sidades não sejam atendidas. Da alta gerência aos fun-cionários de chão todos devem estar conscientes de sua participação para o alcance dos objetivos através do atendimento das metas.

A sensibilização tem exatamente essa função: a de conscientizar os funcionários de que a sua participação é fundamental. Pode-se usar de palestras, atividades lúdicas como campanhas, reuniões e promoção de eventos.

Para a capacitação, deve-se verificar a necessidade de cursos oferecidos para a comunidade interna da empresa ou cursos externos, e cada método de capacitação (qualificação) deverá ser adequado para o nível de responsabilidade do funcionário no sistema.

Comunicação

A comunicação é o veículo de integração do SGA. Uma comunicação eficiente garante ao sistema a estabilidade necessária para promover a dispersão de informações na empresa.

A comunicação se estabelece evidenciando a rede de conexões entre os departamentos e com as partes interessadas externas, como clientes, fornecedores e vizinhança. Ela pode ter caráter formal, como protocolos e documentos, ou caráter não formal, como cartazes, fôlderes, protetores de tela, painéis e brindes.

Os resultados do monitoramento dos procedimentos e os próprios procedimentos são documentos que se tornam elementos de comunicação entre setores da empresa.

Nessa parte da aula, os jovens devem terminar o exer-cício anterior.

Como se sabe, a classe está dividida em seis grupos, e o mesmo aspecto ambiental foi estudado por três deles.

1 Peça que os grupos que trataram do mesmo tema troquem entre si os documentos que prepararam. O grupo que receber o material deve analisar o proce-dimento indicado e responder se deve ou não virar padrão. Para isso deve fazer um julgamento do procedimento proposto pelo grupo anterior e dar um parecer como se fosse um verdadeiro teste.

Passo 2 / Atividade sugerida 30 min

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2 Os documentos deverão ser devolvidos aos grupos autores. Se o grupo avaliador aceitar o procedimento, ele se tornará padrão. Se o procedimento for recu-sado, será necessário voltar à fase de planejamento. Nesse caso, um terceiro grupo fará um novo julgamento.

3 Por fim, peça aos grupos que relatem a sua experiência.

Auditoria e certificação do SGA

A certificação do SGA (ISO 14001) não é permanente. Deve ser renovada periodicamente, por uma empresa externa, por meio de auditorias.

Para que a empresa não seja surpreendida com não-conformidades e corra o risco de perder ou mesmo de não conseguir a certificação, fazem-se necessárias as auditorias internas. Essas auditorias são funções que visam a verificar a manutenção do SGA e identificar possíveis não-conformidades com a norma, com a legis-lação local e com a política ambiental da empresa.

Para cada departamento e cada procedimento, a auditoria adquirirá uma característica própria. Os proce-dimentos gerais da auditoria devem considerar:

os resultados das auditorias anteriores;

novas ações corretivas para as não-conformidades anteriores;

as metodologias e/ou procedimentos a serem auditados através de registros arquivados dos procedimentos;

a freqüência das etapas dos procedimentos;

as responsabilidades;

os requisitos legais ou da política ambiental rela-cionados ao procedimento.

Passo 1 / Aula teórica 20 min

Nessa aula será abordado o conceito de auditoria e sua relação com a certificação. O jovem será capaz de compreender a função da auditoria interna e externa para a manutenção da certificação.

Sétima Aula

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Deve-se gerar um relatório de adequação, ou de não-conformidade, que será analisado pela comissão de meio ambiente ou pelos responsáveis da alta gerência.

A auditoria resultará no principal documento de apoio à decisão de aceitação ou modificação de procedimentos do sistema.

Os auditores internos podem ser em número a ser definido em função do tamanho da empresa. A qualifi-cação dos mesmos para as auditorias deve ser realizada por treinamentos e cursos específicos.

Certificação

A certificação do SGA, hoje, é um requisito diferenciador no mercado globalizado. A interiorização da política de desenvolvimento sustentável na empresa tornou-se uma estratégia de mercado e de diminuição de riscos já comprovada. A certificação de um sistema de qualidade fornece uma referência de eficiência e de atualização tecnológica a mais para o currículo da empresa. Apesar do caráter voluntário do sistema de gestão, a competi-tividade do mercado induz a uma necessidade implícita de adequação. Além disso, uma das maiores vantagens do SGA é a possibilidade de diminuir os desvios de rentabilidade do processo de produção ou de prestação de serviços, devido ao maior controle dos desperdícios e dos riscos de geração de acidentes. Não é raro a me-lhoria da eficiência ambiental promover, em médio prazo, uma vantagem econômica diante da dinâmica em-presarial anterior.

O investimento inicial dependerá muito da situação em que se encontra o controle de qualidade da empresa. A adequação ao desempenho ambiental mínimo estabe-lecido pela legislação local é uma das principais exigências do SGA.

A certificação não é permanente e, portanto, deve ser renovada periodicamente. Essa necessidade implica a manutenção do SGA e sua permanente atualização. O princípio de melhoria contínua representa a necessidade de manter “vivo” o sistema de gestão, uma vez que a adequação ou a adaptação do sistema sofre uma evolução constante, acompanhando o desenvolvimento tecnológico e científico, assim como as necessidades da sociedade e das orientações das políticas públicas (leis, decretos, convenções, tratados).

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Nessa parte da aula, os jovens deverão simular o desen-volvimento de uma auditoria interna.

Peça aos jovens que se dividam em dois ou três grupos e distribua as orientações a seguir:

As auditorias internas deverão:

ter um cronograma anual de auditorias;

basear-se em relatórios de não-conformidades anteriores;

ter uma programação prévia e comunicada ao responsável pelo departamento a ser auditado;

verificar junto à norma ISO 14001-2004 (versão 2004) e à política ambiental da empresa se ocorrem não-conformidades.

comunicar ao auditado, se for identificada a ocor-rência de alguma não-conformidade

desenvolver um relatório de não-conformidades de-talhado, caso haja algum;

propor medidas de correção às não-conformidades identificadas;

retornar a auditoria, quando estiver vencido o prazo estabelecido pela medida de correção da não-conformidade.

Passo 2 / Atividade sugerida 30 min

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Peça para que os grupos representem as suas auditorias com uma dramatização. E utilize as diferenças entre os grupos para discutir as melhores propostas.

Educador, nesse exemplo, podemos citar como não-conformidades, os materiais que foram prejudicados pelo acomodamento inadequado do couro e que por isso foram danificados a ponto de não poderem ser reutilizados. A dramatização deve mostrar a auditoria propriamente dita, com atendimento aos itens men-cionados anteriormente, as entrevistas aos funcio-nários e as recomendações que serão propostas pelos auditores aos responsáveis pelos departamentos envolvidos.

Provavelmente só haverá tempo para uma apresen-tação, portanto peça que a classe inteira trabalhe junta e que cada um dos itens pode ser trabalhado por um grupo separadamente e depois unidos numa só auditoria simulada.

Sugestão ao Educador

Use da seguinte situação simulada:

A política ambiental de uma fábrica de botas de couro compromete-se a contribuir para a diminuição do desperdício de matéria-prima, uma vez que a con-fecção de produtos em couro é muito degradante (Como se origina de um ser vivo, deve ser utilizado com parcimônia e responsabilidade.).

O departamento de confecção de botas de couro necessita usar peças inteiras de couro. Os restos do couro podem ser reaproveitados para encapar botões em outra seção. Devido à necessidade de maior pro-dutividade, para atender a demanda para o inverno, a seção de botas não consegue enviar os restos do couro para a outra secção nesse período. Esse material é, então, acondicionado em um canto do departamento para ser enviado quando o ritmo de produção desacelerar. Esse acondicionamento pro-visório causa diminuição da qualidade do couro para os botões, pois, devido ao desenvolvimento de fungos e o contato com a umidade, o material adquire manchas e perde a elasticidade.

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A Análise do Ciclo de Vida (ACV) e a Rotulagem Ambiental

Além do sistema de gerenciamento ambiental (SGA) da empresa ou parte dela, a ISO 14000 também prevê a análise da qualidade e compromisso ambiental assumido pela empresa na produção do produto ou prestação de serviços.

Na verdade, com relação à qualidade ambiental, a ISO 14000 fornece certificação somente para o SGA (ISO14001) e para o produto (ISO14024). Os outros grupos da família ISO14000 não fornecem certificação, sendo responsáveis por padronizar e normatizar os pro-cedimentos, a capacitação de auditores e o vocabulário técnico adequados para cada uma das etapas do pro-cesso de caracterização da qualidade ambiental esta-belecida pela empresa e seus produtos.

Análise do Ciclo de Vida (ACV) – ISO 14040

A ACV é um estudo minucioso da qualidade ambiental presente no produto ou serviço, desde as características da matéria-prima, da sua produção, seu uso e execução até seu descarte após o uso. Figura 4.

Nessa aula serão apresentadas aos jovens as caracte-rísticas básicas da ACV – Análise do Ciclo de Vida e da Rotulagem Ambiental.

Passo 1 / Aula teórica 20 min

Oitava Aula

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Além dos elementos principais identificados no diagrama anterior, deve-se considerar o transporte, seu consumo energético e liberação de gases estufa e substâncias tóxicas.

Essa análise de ACV necessita do conhecimento detalhado de cada fase, e identifica esforços e conquistas na busca de tecnologias mais limpas (ou tecnologia verde) para projetos e programas de produtos ou serviços, além da atuação mais consciente e capacitada para o desenvolvimento sustentável, em todos os níveis.

Fig. 4 – Diagrama dos subsistemas da Análise do Ciclo de Vida (ACV) e seus principais elementos de estudo.

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Rotulagem ambiental (Selo verde)

O rótulo de qualidade ambiental é fornecido pelo reco-nhecimento do compromisso da produção ou do pro-grama de prestação de serviços em proporcionar o menor impacto ambiental possível.

Ele é um documento capaz de mostrar ao público con-sumidor a qualidade ambiental dos produtos ou serviços.

Os selos podem ser de três tipos básicos:

O tipo 1 – O produto ou serviço prestado é submetido a uma ACV por uma organização isenta, que garante e especifica a qualidade ambiental dos mesmos.

O tipo 2 – A própria empresa declara e caracteriza os aspectos de seus produtos ou serviços naquilo que ela mesma considera significativo e relevante.

O tipo 3 – O produto ou serviço prestado é submetido a uma ACV por uma organização isenta, que garante e especifica a qualidade ambiental dos mesmos. Diferencia-se do selo 1, pois no selo 3 haverá mais detalhes do ACV, por exemplo, em selos verdes para produtos agrícolas.

Atualmente existem vários “selos verdes” no mercado; alguns deles já existiam anteriormente à norma ISO, por iniciativas e necessidades particulares de alguns pro-dutos ou serviços mais agressivos ao meio ambiente, diretamente relacionados à saúde pública ou ambiental.

Dentre eles destacam-se o Angel Blue, Ecologic Choice e o Green Seal,. No Brasil, a ABNT e a Embrapa são certi-ficadoras para a rotulagem ambiental e possuem um padrão de rótulo.

Nessa aula os jovens deverão elaborar a ACV de um produto ou serviço da empresa.

Para isso será necessário que o educador tenha em mãos dados sobre as fases e ou possa permitir que os jovens vão buscá-los (Dados mínimos para responder ao diagrama representado na figura 4).

Educador, esses logotipos de selos estão disponíveis nos sites da Embrapa e da ABNT, bem como outros modelos de selos de países diferentes. Você também encontrará alguns exemplos brasileiros em anexo.

Passo 2 / Atividade sugerida 30 min

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Para o item consumo energético, basta que verifiquem se houve uma preocupação de diminuição do mesmo. Para o item riscos, considere principalmente os riscos de aci-dentes. Caso possam pesquisar na empresa para adquirir dados suficientes, será mais conveniente que elaborem uma ficha de dados coletados e que seja revista pelo educador. Para facilitar, peça para que se embasem no diagrama (que é um fluxograma) da figura 4.

A ACV, na verdade, será concluída com a identificação dos procedimentos que apresentam maior risco de provocar impactos ambientais, ou que realmente pro-vocam impactos, como contaminação de água, produção de fumaça, de lixo tóxico ou contaminante ou perigoso. A simples poluição do ar, da água, ou a produção de lixo também são consideradas atividades impactantes e merecerão atenção para que a poluição seja evitada ou pelo menos diminuída.

Como resultado final peça que elaborem um rótulo ambiental tipo 1 para o produto ou serviço que será apresentado no painel da próxima aula (na forma de um logotipo com algumas informações objetivas).

SGA e o Rótulo Verde

Os painéis são grandes quadros ou cartazes, geralmente usados em congressos em simpósios, para a divulgação de procedimentos e resultados de pesquisa. Os painéis compostos por sua turma devem ter a seguinte espe-cificação:

Tamanho: 90 cm X120 cm.

Título do trabalho “painel do SGA”.

Nome dos componentes do grupo.

Fluxograma (diagrama de setas) de um SGA mostrando: PDCA

Nessa aula, os jovens serão orientados a elaborar um painel e apresentá-lo aos demais colegas de classe, completando a atividade iniciada na oitava aula. O painel versará sobre o SGA e o rótulo verde.

Nona Aula

Passo 1 / Orientação para elaboração do painel 10 min

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Componentes do sistema – São os depar-tamentos que farão parte do SGARelação de funções de cada departamento noSGA nas fases do PDCA. Isso pode ser feitoem forma de uma tabela, por exemplo:

Fases Depto 1 Depto 2 Depto 3

Planejamento (P) X X

Desenvolvimento (D) X

Checagem (C) X X Alteração e ação (A) X

Tabela 3

Lembrar – Todo o departamento poderáparticipar de todas as fases do PDCA, menosda fase A — análise das não-conformidades ealteração dos procedimentos —, pois essaetapa cabe apenas à comissão de implan-tação e planejamento do SGA.

O rótulo verde que produziram na aula anterior.

Forneça o material para a confecção do painel. O papel craft pode ser uma opção: costuma ser vendido em rolo de vários tamanhos e pode render centenas de folhas.

Serão necessárias canetas porosas (canetinha, pincel atômico, etc.), e os jovens poderão improvisar usando recortes de revistas ou mesmo usar colagem de outros tipos de papéis.

Educador, não se esqueça de providenciar o material necessário à confecção dos painéis.

Passo 2 / Elaboração do painel 30 min

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Os jovens deverão apresentar seus painéis aos outros colegas. Aproveite esse momento para que possam discutir pontos de vista e trocar idéias.

Educador, as questões 7 e 10 valem 0,5 ponto cada uma. As demais valem 1,0 ponto cada uma.

Nessa aula será realizada avaliação teórica.

Décima Aula

Passo 3 / Apresentação dos painéis 10 min

Essa apresentação poderá ser considerada como componente da avaliação. Pontue de 0 a 10,0.

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PROJETO ESCOLA FORMARE

CURSO: .........................................................................................................................

ÁREA DO CONHECIMENTO: Certificação e Meio Ambiente

Nome: ................................................................................................ Data ...../...../.....

Avaliação Teórica 1

1 Indique e exemplifique 5 funções das plantas para o ambiente e para o homem.

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2 O que é bioprospecção? Qual o seu interesse para as indústrias?

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3 Qual a importância do manejo adequado de plantas?

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4 Indique duas fontes de poluição do solo e duas de poluição das águas.

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5 Para que serve a reciclagem?

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6 Indique duas fontes alternativas de energia e explique por que são mais limpas.

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7 De acordo com a evolução da filosofia de gestão ambiental, marque com um X a alternativa que indica a seqüência correta:

( ) a) Procedimentos emergenciais para diminuição dos efeitos negativos Procedimentos de mitigação dos impactos após entender como eles sãocausados Verificação de eficiência dos procedimentos e melhoria contínua doprocesso de controle dos impactos ambientais

( ) b) Verificação de eficiência dos procedimentos e melhoria contínua do processo de controle dos impactos ambientais

Procedimentos de mitigação dos impactos após entender como eles sãocausados Procedimentos emergenciais para diminuição dos efeitos negativos

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( ) c) Procedimentos de mitigação dos impactos após entender como eles são causados

Procedimentos emergenciais para diminuição dos efeitos negativosVerificação de eficiência dos procedimentos e melhoria contínua doprocesso de controle dos impactos ambientais

( ) d) Verificação de eficiência dos procedimentos e melhoria contínua do processo de controle dos impactos ambientais

Procedimentos emergenciais para diminuição dos efeitos negativosProcedimentos de mitigação dos impactos após entender como eles sãocausados

8 Se o Sistema de Gestão Ambiental não é obrigatório por Lei porque é necessário conhecer as Leis ambientais?

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9 Quais são os três tipos de Licenças ambientais?

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10 Quando queremos saber quais os interesses da empresa quanto à qualidade ambiental procuramos em que documento?

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11 Para que servem a capacitação e sensibilização de funcionários e gerentes no SGA?

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Ecologia e meio ambiente

A Terra é formada por três camadas principais: a atmosfera (ar), a hidrosfera (água) e a litosfera (solo). A união destas três camadas resulta na ecosfera, que é o nosso sistema de suporte à vida.

Passo 1 / Aula teórica

Décima primeira Aula

Nessa aula serão introduzidos os conceitos de ecologia e meio ambiente.

25 min

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A ecosfera consiste em uma camada de aproximadamente 12 km de atmosfera com capacidade de sustentação de vida, um suprimento limitado de água doce, formando rios, lagos, geleiras e lençois freáticos; e, finalmente, uma crosta sólida de solo, minerais e rochas. Todas as formas de vida e todos os suprimentos da Terra, tais como água, minerais, oxigênio, nitrogênio, carbono, fósforo e outros necessários para a manutenção da vida, são encontrados dentro da ecosfera. Tudo na ecosfera é interconectado e interdependente: o ar ajuda a purificar a água; a água, por sua vez, mantém as plantas e os animais vivos; as plantas mantêm os animais vivos e ajudam a renovar o ar, e assim por diante. Devido ao simples fato de vivermos num sistema fechado, a ecosfera, tudo é reciclado de uma forma ou de outra. A fonte de energia que sustenta a vida é o Sol. Ele aquece a Terra e fornece a energia para as plantas realizarem fotossíntese, e estas, por sua vez, fornecem o alimento necessário à sustentação da vida no planeta. A porção de energia do espectro solar usada para manter a vida é a de uma faixa estreita do visível, que é capturada e usada unicamente pelas plantas que contêm clorofila. Os raios de comprimento de onda menores e, portanto, de maior energia (raios gama, raios x e ultravioleta) são prejudiciais à vida. Felizmente várias moléculas presentes em nossa atmosfera absorvem estes raios quase que totalmente, impedindo, assim, que eles alcancem a superfície da Terra.

Educador, os textos a seguir tem como objetivo ampliar a compreensão do conteúdo.

Comprimento de onda é a distância entre valores repetidos num padrãode onda. É usualmente representadopela letra grega lambda (λ). Ocomprimento de onda é igual à velocidade da onda dividida pela sua frequência.

Raio gama É uma radiação eletromagnética penetrante de curto comprimento de onda e alta frequência. Radiação gama ou raio gama (γ) é um tipo de radiação eletromagnética produzidageralmente por elementosradioativos, processos subatômicoscomo a aniquilação de um parpósitron-elétron.

Raios X são emissões eletromagnéticas de natureza semelhante à luz visível. Seu comprimento de onda vai de 0,05 ângström (5 pm) até centenas de angströns (1nm). Os raios X propagam-se à velocidade da luz, e como qualquer radiação eletromagnética estão sujeitos aos fenômenos de refração, difração, reflexão, polarização, interferência e atenuação. Sua penetrância nos materiais é relevante, pois todas assubstâncias são transparentes aos raios X em maior ou menor grau.

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Radiação Eletromagnética

• O raio gama é uma radiação eletromagnética. Isto é, transmite energia peloespaço na forma de ondas, com emissão de partículas ou componentesmagnéticos. São como os raios X e de luz, com pequena diferença. "A radiaçãogama vem sempre de um material radioativo – como cobalto 60 ou urânio – e osraios X, de uma máquina elétrica. O raio X é desligado; a radiação gama, não",afirma Dirceu Martins Vizeu, diretor científico da Embrarad (Empresa Brasileira deRadiações). Há também diferença no comprimento das ondas e na quantidade deenergia emitida. Quanto menor o comprimento, mais energia é irradiada. Isso faz ogama a fonte mais potente do espectro eletromagnético. Sua partícula, porexemplo, transporta 10 mil vezes mais energia que a partícula de luz. E suaradiação consegue atravessar camadas e mais camadas de concreto pelosespaços reais que existem entre os átomos e moléculas. A radiação gamafunciona provocando ionizações. Ao encontrar um elétron, ela o retira da órbita,obrigando o restante do átomo a se rearranjar. Esse processo gera fótons deradiação gama. Provoca, assim, uma reação em cadeia, que pode afetar aestrutura química das células do corpo. Uma exposição muito prolongada traria,então, muitos problemas: de dores de cabeça, passando por mutações nos órgãose membros, até chegar à morte.

• No que se refere aos efeitos à saúde humana e ao meio ambiente, classifica-secomo UVA (400 – 320 nm, também chamada de "luz negra" ou onda longa), UVB(320–280 nm, também chamada de onda média) e UVC (280 - 100 nm, tambémchamada de UV curta ou "germicida"). A maior parte da radiação UV emitida pelosol é absorvida pela atmosfera terrestre. A quase totalidade (99%) dos raiosultravioleta que efetivamente chegam à superfície da Terra são do tipo UV-A. Aradiação UV-B é parcialmente absorvida pelo ozônio da atmosfera e sua parcelaque chega à Terra é responsável por danos à pele. Já a radiação UV-C étotalmente absorvida pelo oxigênio e o ozônio da atmosfera. As faixas de radiaçãonão são exatas. Como exemplos: o UVA começa em torno de 410 nm e terminaem 315 nm. O UVB começa 330 nm e termina em 270 aproximadamente. Os picosdas faixas estão em suas médias. Seu efeito bactericida faz com que seja utilizadaem dispositivos com o objetivo de manter a assepsia de certos estabelecimentoscomerciais. Outro uso é a aceleração da polimerização de certos compostos.Muitas substâncias, ao serem expostas à radiação UV, se comportam de mododiferente de quando expostas à luz visível, tornando-se fluorescente. Estefenômeno se dá pela excitação dos elétrons nos átomos e moléculas dessasubstância ao absorver a energia da luz invisível. E ao retornarem aos seus níveisnormais (níveis de energia), o excesso de energia é reemitido sob a forma de luzvisível.

• A luz visível, compreendendo o intervalo entre violeta e o roxo, pode ser obtida pormeio da decomposição da luz branca mediante um prisma de quartzo. Além dessaregião visível estão as radiações ultravioleta, raios fortemente actínios, utilizados,sobretudo em reações fotoquímicas, cuja intensidade pode ser determinadamediante a ionização que provocam. Apesar da sua absorção pela maioria dassubstâncias, todavia não ultrapassam o ar que contém umidade. Quando os raios

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ultravioleta atuam sobre a pele ou sobre o ergosterol nas plantas, ocorre a produção de vitamina D. Os raios ultravioleta encontram várias aplicações terapêuticas, sobretudo no combate a certos tipos de bactérias. As radiações ultravioleta são emitidas por numerosas fontes naturais (Sol, estrelas) ou artificiais, por meio das transições dos elétrons situados nas camadas externas dos átomos. As fontes artificiais são lâmpadas de vapor de mercúrio, lâmpadas de descarga e a radiação síncroton, fornecida pelos aceleradores de partículas. A detecção do ultravioleta é facilitada por sua grande atividade fotoquímica e fotoelétrica. Suas principais aplicações são a iluminação, e reprografia, a microscopia e diversas técnicas de espectrometria. Os raios ultravioleta têm um considerável poder bactericida, sendo por isso utilizados na esterilização da água.

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Se isso não acontecesse, todas as formas de vida de nosso planeta seriam destruídas. A adição de substâncias na atmosfera pode gerar, dependendo de sua natureza, tanto um aquecimento, como um resfriamento gradual da atmosfera, ambos com consequências catastróficas para a vida no planeta. Ecologia é o estudo científico do relacionamento dos organismos vivos entre si e destes com seu meio ambiente, e se preocupa, principalmente, com a integração entre apenas cinco dos níveis de organização da matéria: organismo, população, comunidade, ecossistema e ecosfera. Organismo é qualquer ser vivo organizado que habita a ecosfera. População é um grupo de organismos individuais da mesma espécie. Comunidade é cada diferente grupo de organismos vivendo juntos em uma área particular. Ecossistema é o conjunto da população ou comunidade, ambiente biótico e ambiente abiótico. Ambiente abiótico é a parte sem vida do ambiente em que vive a população ou comunidade. Ambiente biótico é a parte com vida do ambiente em que vive a população ou comunidade. O ecossistema pode ser, portanto, um planeta, uma floresta, uma cidade, enfim, qualquer área limitada por uma fronteira, por meios da qual a entrada e saída de material e energia podem ser medidas. Ecosfera é a somatória de todos os ecossistemas do planeta. A ecosfera pode, assim, ser visualizada como uma vasta combinação de diversos ecossistemas, todos intimamente interconectados. Estas conexões ajudam a manter a estabilidade global de um ecossistema. A ruptura ou pressão em dado ponto de um ecossistema pode ter efeito complexo, frequentemente imprevisível e, às vezes, em outro ecossistema.

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Orientações para a realização do exercício: 1. Divida os jovens em grupos.2. Peça aos grupos que desenhem o ecossistema da

fábrica, identificando todos os elementos que ocompõe e indicando todas as entradas e saídas dematerial e energia.

Poluição

Os tipos de poluição podem ser divididos em: do ar, da água, do solo e sonora. Embora nas fábricas de celulose e papel encontrem-se exemplos de poluição para cada tipo, as poluições do ar e das águas são as que apresentam maior impacto ambiental. A poluição sonora pode ser de certa maneira, facilmente controlada com: 1. O desenvolvimento de projetos que contemplem o

controle de ruídos na fonte geradora.2. A implementação de técnicas e equipamentos de

controle de ruídos.3. A utilização de equipamentos de proteção individual.

A poluição do solo ocorre, principalmente, como consequência da precipitação de poluentes atmosféricos, da irrigação do solo com efluente contendo alta

Passo 1 / Aula teórica

Décima segunda Aula

Passo 2 / Exercício 25 min

Nesta aula será introduzido o conceito de poluição.

30 min

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salinidade e do despejo de resíduos sólidos em locais impróprios. Portanto o tratamento adequado das emissões atmosféricas e das águas industriais tende a eliminar ou minimizar as demais formas de poluição provocadas pela indústria da celulose.

Poluição do ar

O termo ar é usado para definir a mistura de gases que compõe uma camada relativamente fina em volta da Terra chamada atmosfera. A poluição do ar pode ser definida como a presença de contaminantes, descarregados pela natureza ou pelo homem na atmosfera. Os principais poluentes atmosféricos podem ser classificados em:

• Gases e partículas.

• Compostos orgânicos e inorgânicos.

• Poluentes primários, presentes na atmosfera na formaem que foram emitidos, e poluentes secundários,produzidos pela reação de um ou mais poluentesprimários ou componentes da atmosfera.

Poluição da água

Os principais usos da água são para consumo humano, recreação humana, consumo animal, consumo agrícola e consumo industrial. Qualquer substância ou fator que impeça a água de ser usada para um desses fins constitui um poluente. Tudo o que venha mudar as propriedades dos rios, lagos ou mares, de maneira a modificar significativamente o equilíbrio existente, causa poluição. Os principais poluentes da água podem ser classificados em:

• Substâncias que causam demanda de oxigênio.

• Sólidos.

• Substâncias que dão cor à água.

• Substâncias que alteram o pH da água.

• Substâncias tóxicas.

• Calor.

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Substâncias que causam demanda de oxigênio

As águas dos rios, lagos e mares possuem uma determinada quantidade de oxigênio dissolvido, a qual varia de acordo com as condições climáticas da região. O oxigênio dissolvido nas águas é um indicador da qualidade da vida. A concentração adequada de oxigênio nas águas é essencial não apenas para manter os organismos vivos, mas também para garantir a reprodução de espécies aquáticas. Concentrações baixas de oxigênio nas águas interferem com a população de peixes pelo aumento do período de incubação dos ovos; reduzem o tamanho dos embriões; reproduzem deformidades nos filhotes; interfere com a digestão dos alimentos; levam à formação de coágulos no sangue; diminuem a tolerância a substâncias tóxicas; reduzem a velocidade de crescimento dos seres vivos e reduzem a velocidade do nado dos peixes, entre outros. O consumo do oxigênio das águas pode ocorrer por duas razões distintas: 1. Há substâncias químicas que consomem

imediatamente o oxigênio da água por meio dediversas reações químicas.

2. Há substâncias químicas que servem de alimentopara microrganismos aquáticos. Estesmicrorganismos se proliferam, fazendo uso de todo ooxigênio dissolvido na água, para suas atividadesrespiratórias naturais.

Educador, os textos a seguir tem como objetivo ampliar a compreensão do conteúdo.

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Demanda Química e Bioquímica de Oxigênio

• Também conhecida pela sigla DBO, a Demanda Bioquímica de Oxigêniocorresponde à quantidade de oxigênio necessária para ocorrer a oxidação damatéria orgânica biodegradável sob condições aeróbicas. Essa unidade de medidaavalia a quantidade de oxigênio dissolvido (OD) em miligramas (mg), equivalente àquantidade que será consumida pelos organismos aeróbicos ao degradarem amatéria orgânica.Entende-se por biodegradável a matéria que pode ser consumida como alimento,ela vai alimentar e ser fonte de energia aos microrganismos que existem na água.Sendo assim, a DBO pode ser considerada como um parâmetro para avaliar aqualidade da água.O processo ocorre da seguinte forma: inicialmente os microrganismos utilizam ooxigênio dissolvido (OD) para transformar o carbono em CO2 e depois paratransformar os compostos nitrogenados em nitratos (NO3-) e nitritos (NO2-). Essastransformações são essenciais na determinação da DBO, que se divide emdemanda carbonácea (presença de CO2) e demanda nitrogenada (nitratos enitritos).O valor da Demanda Bioquímica de Oxigênio é usado para estimar a cargaorgânica dos efluentes e dos recursos hídricos, e com esses valores é possívelcalcular qual a necessidade de aeração (oxigenação) para degradar essa matériaorgânica nas Estações de Tratamento de Esgoto (ETE).

• A Demanda Química de Oxigênio (DBO), identificada pela sigla DQO, avalia aquantidade de oxigênio dissolvido (OD) consumido em meio ácido que leva àdegradação de matéria orgânica, sendo essa biodegradável ou não. É neste pontoque ela se diferencia da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), onde é medidaa quantidade de oxigênio necessária para ocorrer a oxidação da matéria orgânicabiodegradável. A resistência de substâncias aos ataques biológicos levou ànecessidade de fazer uso de produtos químicos, sendo a matéria orgânica nessecaso oxidada mediante um oxidante químico. Esse método é mais rápido que o daDBO, tem duração de 2 a 3 horas enquanto que o outro equivale ao tempo decinco dias.Em geral, é usado nesse método o bicromato de potássio a quente, e para águasdestinadas ao abastecimento público utiliza-se o permanganato de potássio.

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Sólidos

Os sólidos podem ser de natureza orgânica e inorgânica e, quanto ao estado, podem estar dissolvidos ou suspensos. Os sólidos suspensos podem ser decantáveis ou não-decantáveis. Os sólidos decantáveis afetam a flora e a fauna do fundo do rio ou lago. A fração orgânica destes sólidos pode ser decomposta por microrganismos aquáticos aeróbios, levando a uma demanda bioquímica elevada de oxigênio e, no limite, ao esgotamento do oxigênio dissolvido. Também pode levar a um excesso de nutrientes, causando, assim, um aumento de plantas aquáticas, afetando o equilíbrio do ecossistema aquático. A fração inorgânica deste sólido tem impacto principalmente no acúmulo de materiais tóxicos. A fração não decantável deste sólido causa aumento de turbidez da água, levando a uma redução da penetração da luz e impedindo a atividade fotossintética das plantas aquáticas.

Substâncias que dão cor

A cor pode ter efeito de impedimento da transmissão da luz através da água. Pode também motivar a formação de complexos químicos que capturam os íons metálicos indispensáveis ao metabolismo dos seres aquáticos. A cor pode ainda ter influência negativa sobre a mobilidade e reprodução dos peixes, elevação dos custos de tratamento de água para consumo humano e comprometimento do uso da água para fins recreativos ou paisagísticos.

Determinação de demanda bioquímica de oxigênio por teores ≤ 5mgl-1 O2

Leonardo da Silva e Lima, Hélcio José Izário Filho e Francisco José Morteira Chaves.

Revista Analytica. n. 25. Outubro/Novembro 2006

No link: www.revistaanalytica.com.br/ed_anteriores/25/art01.pdf

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Substâncias que mudam o pH da água

O pH da água em rios e lagos deve estar geralmente em torno de 6 a 9. Dependendo da concentração de íons hidrogênio, o sabor da água pode ser afetado. Valores extremos de pH ou variações bruscas podem exceder condições limite e matar a vida aquática. A toxicidade de algumas substâncias aumenta com a mudança de pH. Por exemplo, a amônia é mais tóxica em pH mais elevado.

Substâncias tóxicas

A descarga de substâncias tóxicas pode afetar os organismos responsáveis pela purificação natural da água, além de afetar também peixes e organismos que fazem parte da cadeia alimentar aquática. Substâncias tóxicas, no caso de fábricas de papel e celulose, englobam gases dissolvidos, tais como dióxido de enxofre e cloro, juntamente com ácidos resinosos provenientes da madeira e compostos diversos de enxofre.

Calor

A temperatura é um fator físico que apresenta influência direta e indireta sobre a qualidade da água. Diretamente, afeta a velocidade das reações químicas e causa alteração no comportamento e algumas espécies. Indiretamente, a temperatura afeta a solubilidade do oxigênio na água, que diminuí à medida que a temperatura se eleva, e afeta a solubilidade de algumas substâncias que podem estar em estado sólido e vão para o estado solúvel afetando a vida aquática.

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1. O que é poluição?2. Por que os processos industriais poluem?3. De que forma podemos contribuir no controle da

poluição?

Lagoas de estabilização

Podem ser definidas como um corpo de água, construído pelo homem, e destinado a armazenar resíduos líquidos de natureza orgânica. Seu tratamento é feito por meio de processos naturais que, sob condições controladas, transformam os compostos orgânicos em minerais e compostos orgânicos estáveis.

Figura 112 – Lagoas de estabilização

Passo 1 / Aula teórica

Décima terceira Aula

Educador, lance perguntas para os jovens e permita discussões abertas sobre os temas sugeridos abaixo.

Passo 2 / Atividade sugerida 20 min

Nessa aula será discutido o princípio de funcionamento do tratamento de efluentes pelo uso de lagoas de estabilização.

30 min

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Aspectos biológicos do processo

As lagoas de estabilização são habitadas por vários tipos de organismos vivos, entre eles as bactérias, algas e protozoários. Nesta comunidade os seres vivos dependem uns dos outros para sobreviver, além de estarem sujeitos às condições ambientais de natureza física, como temperatura, radiação solar, efeito dos ventos, etc. As bactérias são as principais responsáveis pela decomposição da matéria orgânica numa lagoa de estabilização. Bactérias aeróbias vivem e se reproduzem em meio que contém oxigênio dissolvido. Outro grupo, as bactérias anaeróbias não necessitam de oxigênio para sobreviver. As bactérias decompõem as substâncias orgânicas complexas em matéria solúvel que, ao atravessar a membrana celular, pode ser convertida em energia ou em novas células (reprodução ). A solubilização da matéria é possível graças à ação das enzimas, substâncias produzidas e liberadas pelas próprias bactérias. As algas constituem um grupo de organismos aquáticos dotados de pigmento denominado clorofila. Por meio da clorofila, elas têm a capacidade de produzir oxigênio, absorvendo a energia solar e convertendo-a em calor e energia química. Sua principal função numa lagoa de estabilização é fornecer oxigênio para a atividade aeróbia de estabilização da matéria realizada pelas bactérias. Outro papel importante das algas numa lagoa de estabilização é a remoção de nutrientes com fósforo e nitrogênio. Outro efeito indireto da presença das algas numa lagoa é o consumo de dióxido de carbono produzido pelasbactérias durante a estabilização da matéria orgânica. Durante o dia, quando a atividade fotossintética das algas é mais intensa, ocorre grande consumo de dióxido de carbono e elevação do pH da lagoa. Durante a noite, quando a atividade fotossintética é interrompida, ocorre acúmulo de dióxido de carbono e redução do pH da lagoa.

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Processos que ocorrem em lagoas de estabilização

A matéria orgânica que entra numa lagoa de estabilização constitui-se de sólidos sedimentáveis e não sedimentáveis. A matéria sedimentável decanta no fundo da lagoa e é destruída pelas bactérias anaeróbias decompositoras em ambiente anaeróbio (isento de oxigênio). Durante este processo são liberados subprodutos de decomposição, como gases e matéria orgânica solúvel. Os gases atravessam a coluna de líquido da lagoa e são liberados na atmosfera. A matéria orgânica solúvel vai se somar aos sólidos não sedimentáveis que alimentam a lagoa. A fração de matéria orgânica solúvel no meio liquido é reduzida a dióxido de carbono e água pelas bactérias aeróbias. Estas bactérias utilizam, no processo de estabilização da matéria orgânica, o oxigênio produzido no processo de fotossíntese realizado pelas algas. As algas presentes nas lagoas, por sua vez, utilizam o dióxido de carbono, produzido pelas bactérias aeróbias, no processo de fotossíntese.

Tipos de lagoa de estabilização

As lagoas de estabilização podem ser classificadas em anaeróbias, aeróbias e facultativas. Lagoas estritamente anaeróbias operam com cargas orgânicas elevadas e na ausência de oxigênio dissolvido. Nestas lagoas predomina a atividade das bactérias anaeróbias. Embora seja obtida uma redução significativa de carga orgânica, tipicamente entre 50 e 70%, os efluentes deste tipo de lagoa geralmente precisam de um tratamento complementar para atender as limitações impostas pelas leis que controlam o lançamento de efluentes tratados nos corpos receptores. Lagoas estreitamente aeróbias são pouco profundas (em torno de 1 m) para permitir uma boa penetração de luz solar em toda sua extensão. Lagoas aeróbias aceleradas são projetadas para maximizar a produção de algas, fonte de oxigênio do

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sistema, e geralmente apresentam de 0,3 a 0,5 m de profundidade. Lagoas facultativas são aquelas onde ocorre estabilização aeróbia na zona fótica ( onde a penetração da luz solar é efetiva) e uma fermentação anaeróbia na camada inferior de fundo. Lagoas de tratamento apresentam algumas vantagens quando comparadas a outras tecnologias de tratamento de efluentes: 1. dispensam a necessidade de remoção de sólidos não

solúveis;2. dispensam a necessidade de instalação de

adensadores de lodo;3. podem produzir quantidades significativas de biogás,

uma mistura de dióxido de carbono e metano, umcombustível que pode substituir combustíveis fósseisem equipamentos industriais ou produzir eletricidadeem sistemas de geração;

4. dispensam a necessidade de sistemas dedesaguamento de lodo.

Produção de biogás

Lagoas anaeróbias são usualmente dimensionadas para receber elevadas cargas orgânicas. Durante o processo, biogás é produzido: uma mistura de dióxido de carbono e metano. Este gás pode ser coletado e utilizado para substituir combustíveis fósseis utilizados em caldeiras e fornalhas, ou pode ser utilizado como combustível em sistemas de geração de eletricidade.

Tratamento do lodo

Adensamento do lodo (Adensadores e Flotadores)

Adensamento é o processo para aumentar o teor de sólidos do lodo e, consequentemente, reduzir o volume (quantidade muito grande de água). Desta forma, as unidades subsequentes, tais como a digestão, desidratação e secagem, beneficiam-se desta redução. Dentre os métodos mais comuns, tem-se o adensamento por gravidade e por flotação. O adensamento por gravidade do lodo tem por princípio de funcionamento a sedimentação por zona, o sistema é similar aos decantadores convencionais. O lodo adensado é retirado do fundo do tanque. No adensamento por flotação, o ar é introduzido na solução por meio de uma câmara de alta pressão. Quando a solução é despressurizada, o ar dissolvido forma microbolhas que se dirigem para cima, arrastando consigo os flocos de lodo que são removidos na superfície.

Zona fótica ou zona eufótica É a parte de um corpo de água(oceano ou lago) que recebe luz solarsuficiente para que ocorra afotossíntese. A profundidade da zonaeufótica é bastante afetada pelasvariações que possam ocorrer naturbidez da água.

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Fatores que afetam o funcionamento das lagoas

As condições hidráulicas e biológicas que tomam parte no processo de tratamento dos esgotos por meio de tratamento em lagoas de estabilização podem ser afetadas por uma série de fatores. Alguns deles são levados em consideração durante o projeto e outros, em função de sua natureza incontrolável, devem, na medida do possível, ser criteriosamente considerados, de modo a serem minimizadas suas interferências no funcionamento das lagoas. Os parâmetros ou fatores não controláveis pelo homem estão representados pelos fenômenos meteorológicos. Em lagoas de estabilização de grande porte, a formação de ondas pela ação dos ventos pode provocar erosão dos taludes internos. A turbulência provocada pelas ondas pode, também, perturbar o fluxo hidráulico do efluente dentro da lagoa. As bactérias aeróbias e as algas da zona fótica podem ser deslocados para o fundo da lagoa. Nestas condições, sem oxigênio nem luz solar, elas podem reduzir sua atividade ou mesmo morrer. O material sedimentável no fundo da lagoa pode ser revolvido pela turbulência causada pelas ondas e chegar à superfície da lagoa, causando problemas de emissão de odores e emissão de materiais não sedimentáveis para o corpo receptor. A temperatura constitui um parâmetro incontrolável de grande importância para o bom funcionamento das lagoas, pois se relaciona com a velocidade das reações que ocorrem durante a depuração do efluente. A atividade biológica decresce à medida que a temperatura cai. Pode-se esperar uma queda de até 50% na eficiência de remoção de carga orgânica em função de uma redução de 10°C na temperatura do efluente. Além disto a atividade de fermentação não ocorre significativamente em temperaturas inferiores a 17°C. A precipitação de água de chuva sobre o espelho de água da lagoa não causa efeitos duradouros ou prejuízos mensuráveis ao tratamento de efluentes. Entretanto, a admissão da água de chuva pode reduzir o tempo de retenção hidráulico da lagoa, pode causar mudanças súbitas de temperatura no efluente e causar o arraste de algas e bactérias para fora do sistema.

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Durante chuvas fortes de verão pode-se esperar precipitações de até 150 mm durante 1 hora. Para uma lagoa com 100.000 m2 de superfície, a quantidade de água de chuva capturada apenas em uma hora de chuva seria, nestas condições, da ordem de 15 milhões de litros.

Imagine uma lagoa que opera com a mesma carga orgânica em duas situações distintas: (1) uma semana ensolarada e sem nuvens no céu e (2) uma semana com céu encoberto por nuvens densas e carregadas. Discuta os impactos desses cenários sobre a eficiência do tratamento.

Resposta

Numa semana ensolarada e sem nuvens no céu a lagoa recebe grande quantidade de luz. Nesta condição as algas produzem, pelo processo de fotossíntese, oxigênio em abundância. As bactérias aeróbias, principais responsáveis pela degradação da matéria orgânica solúvel no efluente, em condições de abundância de oxigênio, destroem grande quantidade de carga poluidora e a eficiência da lagoa é alta. Numa semana com céu encoberto por nuvens há pouca incidência de raios luminosos na lagoa. Nesta condição as algas produzem pouco oxigênio. As bactérias aeróbias, por sua vez, em condições de escassez de oxigênio, destroem pouca carga poluidora e a eficiência é baixa. Observe que, ao operar lagoas de estabilização, não é possível garantir eficiência elevada durante todo o tempo, uma vez que não há como controlar as condições meteorológicas.

Educador, a partir do tema a seguir promova um debate entre os jovens.

Passo 2 / Debate 20 min

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Lançamento de efluentes em corpos receptores

Despejos orgânicos (efluentes) lançados num rio, num lago ou no mar (corpos receptores), são naturalmente decompostos por seres microscópicos aquáticos. Estes microrganismos promovem a quebra das moléculas orgânicas em moléculas menores e mais simples (estabilização), que podem então ser utilizadas pelos próprios microrganismos como fonte de energia (subsistência da vida) ou como matéria básica para construção de novos microrganismos (reprodução). No caso de lançamentos contínuos de efluentes orgânicos num corpo receptor a atividade dos microrganismos aeróbios, ou seja, microrganismos que utilizam o oxigênio dissolvido na água,pode levar ao consumo total do oxigênio disponível, criando condições anaeróbias. Isto leva ao desaparecimento dos microrganismos aquáticos aeróbios e consequentemente à morte de peixes e vegetais que dependem daquelas espécies da cadeia alimentar. Finalmente ocorre a proliferação de microrganismos anaeróbios decompositores, que transformam compostos orgânicos, em ausência de oxigênio, num grande número de diferentes subprodutos, entre eles algumas substâncias tóxicas. Nestas condições a água deixa de ser apropriada para uso na agricultura, pecuária, consumo e recreação humana. Os custos para recuperar um sistema como estesão imensos e o processo de recuperação pode demandar dezenas de anos.

Passo 1 / Aula teórica

Décima quarta Aula

Nessa aula será discutido o princípio de funcionamento do tratamento de efluentes por meio do uso de lodos ativados.

30 min

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Os municípios que utilizam estas águas para abastecimento de suas comunidades são forçados a buscar fontes alternativas, na grande maioria das vezes distantes. A agricultura e a pecuária da região são severamente comprometidas. O corpo receptor torna-se fonte de odores desagradáveis e proliferação de agentes patogênicos e vetores de doenças diversas.

Enzimas

Numa estação de tratamento biológico o material orgânico é estabilizado, ou seja, reduzido a moléculas menores, e utilizado pela população de microrganismos como fonte de energia e matéria-prima para construção de novas células. Isto só é possível graças à ação das enzimas. Enzimas são substâncias produzidas pelas bactérias, que promovem a ocorrência de, virtualmente, todas as reações químicas que acontecem em organismos vivos. Enzimas extracelulares são liberadas pelo microrganismo no meio que o cerca e agem sobre as formas orgânicas presentes, promovendo sua quebra em frações orgânicas mais simples. Enzimas intracelulares agem no interior das células, promovendo a construção de novas estruturas celulares. As substâncias orgânicas presentes no meio podem entrar na célula de um microrganismo por simples diferença de concentração (osmose) ou são carregadas por enzimas transportadoras, para as quais a membrana celular é permeável. Em função do tipo de substrato presente no meio e das condições do ambiente, determinado tipo de microrganismo se desenvolverá dominando o sistema, em função de sua capacidade de produzir enzimas específicas que atuem sobre aquelas formas orgânicas. Num sistema onde houvesse degradação completa da matéria orgânica, restariam apenas sais inorgânicos, metais e microrganismos. Entretanto, a eficiência de degradação está limitada ao fato de que algumas formas orgânicas não podem ser destruídas por microrganismos. Isto acontece simplesmente pelo fato de que no processo natural de evolução, os microrganismos não foram colocados em contato com determinadas substâncias químicas, desenvolvidas recentemente pelo homem. A

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natureza não desenvolveu, ainda, enzimas específicas para quebrar as ligações químicas destas substâncias.

Equalização

Muitas estações de tratamento apresentam flutuações consideráveis em seu efluente, quer seja em vazão ou composição, geralmente associados a perturbações ocorridas na unidade de fabricação (paradas, partidas, mudanças de marcha, operações de manutenção, testes, etc. ). O papel de uma bacia de equalização é amortecer as oscilações provocadas pelo processo produtivo sobre a corrente de efluentes que alimenta a estação de tratamento, impedindo que estas oscilações prejudiquem a atividade dos microrganismos. Excesso de efluente para os microrganismos pode ter dois efeitos nocivos: primeiro, as bactérias aumentam rapidamente o consumo de oxigênio do meio, criando condições anóxicas que, por fim, tendem a prejudicar a eficiência do sistema de tratamento; segundo, as bactérias não conseguem aumentar rapidamente a produção de enzimas que, em quantidade insuficiente frente ao excesso de efluente, não promovem a estabilização de todo a carga orgânica, novamente prejudicando a eficiência do sistema. O projeto e a operação de um sistema de equalização deve prever a ocorrência de três tipos de perturbações: os picos instantâneos de carga orgânica, a condição normal de operação e a condição de chuva.

Figura 113 – Fluxograma simplificado do processo de Iodo ativado

Anóxica É a ausência de oxigênio.

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Nutrientes

O objetivo principal de um tratamento biológico de efluentes é remover poluentes, como sólidos em suspensão, compostos orgânicos biodegradáveis, nitrogênio, fósforo ou metais pesados do efluente. Para remover de modo eficiente estes poluentes, os microrganismos necessitam de um ambiente com nutrientes, temperatura, pH e oxigênio balanceados adequadamente. Sem condições adequadas de crescimento a eficiência de um tratamento se deteriora rapidamente, indo de conversão incompleta de substratos orgânicos e inorgânicos até a completa inatividade dos microrganismos. Todas as células vivas contêm nutrientes, alguns chamados de essenciais ou macronutrientes. Outros nutrientes são utilizados quando disponíveis, mas não são essenciais. Carbono, oxigênio, nitrogênio, hidrogênio, fósforo, enxofre, potássio, cálcio, magnésio e ferro são utilizados em grandes quantidades por todos os seres vivos, e constituem o grupo dos nutrientes essenciais ou macronutrientes. Alguns elementos são chamados de micronutrientes devido a sua baixa demanda. Cobalto, molibdenio, zinco, manganês e cobre constituem o grupo dos micronutrientes.

Figura 114 – Bacia de equalização

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Reator aerado ou tanque de aeração

Condição aeróbia é aquela em que os microrganismos aeróbios utilizam oxigênio dissolvido na água em seu processo de respiração celular. No processo de lodo ativado a carga orgânica é convertida a dióxido de carbono, água e novas células, pelo consumo do oxigênio dissolvido na água pelas bactérias. Oxigênio pode ser fornecido aos microrganismos por meio da ação de aeradores de superfície, insuflação de ar por compressores ou insuflação de oxigênio puro. O sistema de aeração, além de fornecer oxigênio para os microganismos aeróbios, possui a função secundária de manter agitado o reator, promovendo a suspensão do material biológico e intensificando o contato das bactérias com o efluente.

Clarificador ou decantador de lodo

O objetivo principal do clarificador é promover a separação do efluente tratado das bactérias. O efluente tratado pode então ser devolvido ao corpo receptor e as bactérias são recicladas para o tanque de aeração. As bactérias aeróbias tendem a se unir formando flocos mais pesados do que a água. Esta característica possibilita uma fácil separação dos sólidos: os flocos de lodo, mais pesados do que a água, decantam na base do clarificador, enquanto que a água tratada transborda pela parte superior do clarificador.

Figura 115 – Tanque de aeração com aeradores de superfície

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A massa de flocos de bactérias que decanta na base do clarificador é chamada de lodo.

Adensador de lodo

Durante o processo de tratamento as bactérias utilizam parte do conteúdo orgânico do efluente para construir novas células (reprodução celular). Desta forma a população de microganismos dentro do sistema tende a crescer continuamente, ultrapassando a quantidade necessária. O excesso de lodo dentro do sistema causa uma série de problemas, entre eles o consumo excessivo de oxigênio dentro do tanque de aeração e o consumo excessivo de energia nos processos de bombeamento e agitação do tanque de aeração. Na maioria das estações de lodo ativado a remoção de lodo é feita purgando-se parte da corrente de reciclo de lodo. Deste modo tira-se proveito do adensamento natural obtido na base do clarificador. Entretanto, como a função do clarificador secundário não é adensar o lodo, mas clarificar o efluente tratado, outro equipamento tem sido cada vez mais empregado: o adensador. O adensador não recicla lodo para o sistema, apenas adensa os flocos de bactéria decantados. Como o lodo da base do adensador será removido do sistema, não há preocupação com o tempo de permanência deste lodo em condições anaeróbias no interior do adensador. Sendo assim pode-se obter elevadas concentrações de lodo na base do adensador otimizando a operação seguinte de desaguamento.

Figura 116 – Clarificador

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Desaguamento de lodo

O lodo purgado do sistema biológico de tratamento precisa ser disposto adequadamente. Tipicamente este material é disposto em aterros químicos controlados, é incinerado ou utilizado como fertilizante agrícola. Qualquer que seja a disposição final deste material,haverá necessidade de acondicionamento e transporte. Os custos com acondicionamento, transporte e disposição final do lodo constituem um dos maiores custos operacionais de uma estação de tratamento. Por esta razão o lodo purgado da estação deve ser desaguado, ou seja, tratado adequadamente em um equipamento que remova a água no material, reduzindo seu volume e, consequentemente, os custos envolvidos com sua disposição final. São diversas as tecnologias empregadas no desaguamento de lodos: leitos de secagem, esteiras desaguadoras, filtros-prensa e centrífugas entre outros.

Figura 118 – Centrífuga

Figura 117 – Esteira desaguadora

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1. Por que alguns poluentes são facilmentebiodegradáveis e outros, como por exemplo plásticos,precisam de centenas de anos para serem destruídosna natureza?

Resposta

O processo biológico de estabilização de matéria é um processo enzimático; portanto, substâncias que existem na natureza há milhares ou milhões de anos são conhecidas pelas bactérias, que desenvolveram neste período enzimas capazes de degradar estes materiais. Já substâncias novas, sintetizadas recentemente pelo homem, são desconhecidas pelos microrganismos. Pode não haver na natureza, ainda, enzimas capazes de degradar estes materiais.

2. Nos processos biológicos de tratamento, não estamosapenas transformando resíduos líquidos em outrasformas de resíduos, como lodo biológico?

Resposta

Correto. O processo de tratamento não faz desaparecer os resíduos, apenas os modifica em outras formas de resíduos, alguns inofensivos como a água e o dióxido de carbono, outros que precisam de disposição adequada e controlada, como é o caso dos lodos. Portanto todo esforço deve ser feito no sentido de evitar ou minimizar a geração de resíduos.

Educador, a partir das questões a seguir promova um debate entre os jovens.

Passo 2 / Debate 20 min

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Orientações para a realização da visita: 1. Organize uma visita dirigida à estação de tratamento

de efluentes da fábrica.2. Solicite ao supervisor da fábrica que coordene a visita

e explique aos jovens o processo de tratamento desua fábrica.

Parâmetros para medição da poluição das águas

Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)

É a quantidade necessária de oxigênio para a decomposição, por microrganismos aeróbios, da matéria orgânica presente nas águas. A metodologia de análise simula, em laboratório, o consumo de oxigênio para que microrganismos aeróbios degradem uma amostra conhecida.

Passo 1 / Aula teórica

Décima sexta Aula

Passo 1 / Visita técnica

Décima quinta Aula

Nessa aula os jovens visitarão a estação de tratamento de efluentes da fábrica.

50 min

Nesta aula os jovens visitarão o laboratório de determinações de poluição de água.

15 min

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A demanda bioquímica de oxigênio pode ser medida imediatamente, após cinco dias, após sete dias ou após 28 dias.

Demanda Química de Oxigênio (DQO)

É uma medida de consumo de um oxidante forte (dicromato de potássio em meio ácido), expresso como a quantidade de oxigênio necessária para oxidar todo material redutor (orgânico e inorgânico) presente na água. Esta metodologia permite uma medida rápida do teor de material redutor na amostra.

Sólidos

Sólidos totais – Resíduo sólido obtido na evaporação da amostra a 105 + 3°C. Sólidos suspensos – Resíduo que é retido em uma membrana filtrante de porosidade conhecida. Sólidos dissolvidos – Diferença obtida quando se subtrai dos sólidos totais os sólidos em suspensão. Sólidos sedimentáveis – Material sólido que sedimenta, em condições determinadas, no fundo de um cone transparente denominado Cone Imhoff.

Cor

A metodologia de análise consiste na comparação da cor do efluente com soluções- padrão de cloroplatinato de potássio. O resultado é expresso em unidades de cor, sendo que uma unidade de cor corresponde a 1,0 mg de Pt. O resultado também pode ser expresso em kg Pt por tonelada de pasta de celulose produzida.

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pH

A metodologia mais amplamente empregada utiliza o potenciômetro.

Temperatura

A metodologia mais amplamente empregada utiliza um termômetro.

Orientações para a realização da visita: 1. Organize uma visita dirigida ao laboratório de controle

de qualidade das águas industriais.2. Solicite ao supervisor do laboratório que coordene a

visita e mostre aos jovens como são realizadas asdeterminações de DBO, DQO, sólidos, cor, pH etemperatura de sua fábrica.

Fontes poluidoras em fábricas de celulose

O fluxograma abaixo mostra as emissões e resíduos do processo de produção de celulose.

Passo 1 / Aula teórica

Décima sétima Aula

Passo 2 / Visita técnica 35 min

Nessa aula serão discutidas as principais fontes de poluição de uma fábrica de celulose.

20 min

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Preparação da madeira

Durante a preparação da madeira, alguns fabricantes utilizam água na remoção das cascas das árvores. Esta água arrasta sólidos dissolvidos que, dependendo da espécie da árvore de reflorestamento, podem ser altamente tóxicos, como, por exemplo, as resinas do eucalipto.

Preparação da pasta celulósica não-branqueada

Em todos os processos de produção de pasta não-branqueada ocorre poluição atmosférica por meio da emissão de gases e materiais particulados provenientes das unidades de geração de energia e vapor. A queima de combustíveis gera emissões de dióxido de enxofre (SO2), óxidos nitrosos (NOx ) e materiais particulados. Grandes quantidades de água são utilizadas nesta fase do processo. Nos efluentes líquidos pode-se encontrar substâncias orgânicas dissolvidas, e, em suspensão, fibras e partículas de madeira.

Figura 119 – Fluxograma simplificado das emissões e resíduos do processo

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Nos processos mecânicos de obtenção de pasta os efluentes líquidos apresentam geralmente índices baixos de cor e pH próximo da neutralidade. Nos processos químicos de obtenção de pasta os efluentes líquidos têm elevados índices de cor e apresentam grandes quantidades de sólidos suspensos e dissolvidos. A poluição causada pelos processos dotados de recuperação de reagentes depende da eficiência do processo empregado. Na etapa de digestão da madeira são formados compostos reduzidos de enxofre que constituem o maior problema de poluição do ar na fabricação da celulose. Esses compostos são:

• Sulfeto de hidrogênio (H2S).

• Metilmercaptna (MeSH );

• Dimetilsulfeto (CH3)2S).

• Dimetildissulfeto ((CH3)2S2).

Durante o processo de regeneração do licor negro são gerados resíduos sólidos, chamados grifs e dregs, que demandam destinação final apropriada. Os grifs são gerados no processo de regeneração da soda cáustica durante o processo de tratamento do licor negro. É composto por areia, pedregulho, calcário (CaCO3), óxido de cálcio (CaO), hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) e carbonato de sódio (Na2CO3). Os dregs são gerados no processo de clarificação do licor verde. É composto por carbonato de sódio (Na2CO3) e sulfeto de sódio (Na2S).

Preparação da pasta celulósica branqueada

As operações de branqueamento consistem, essencialmente, na mistura da pasta com os reagentes químicos, na permanência da mistura em reatores e na lavagem da pasta para a remoção de substâncias orgânicas e inorgânicas solubilizadas. A água removida durante as sucessivas etapas de lavagem da polpa constituem o efluente líquido desta etapa do processo. A tendência é de aparecimento de traços de cloro no efluente até mesmo quando o processo não utiliza

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branqueamento com cloro, pois a presença de matérias-primas como celulose reciclada e aparas branqueadas com cloro é muito comum. Metais pesados podem estar presentes em aditivos utilizados na produção de celulose. Podem promover efeitos tóxicos graves e tendem a se acumular no organismo. Estes compostos geralmente são tratados por via biológica e/ou físico-química, com resultados satisfatórios em termos de remoção de carga orgânica e toxicidade. A utilização de compostos branqueadores à base de cloro podem gerar dioxinas e furanos. São compostos altamente tóxicos, cancerígenos e danosos ao sistema imunológico e reprodutor.

Resíduos sólidos

As correntes de resíduos sólidos irão variar de acordo com as particularidades do processo. Para o kraft, as principais fontes de resíduos são:

• Grits, gerados no processo de apagamento da calpara produção de licor branco (soda caustica).

• Dregs, gerados na clarificação do licor verde(carbonato de sódio + sulfeto de sódio).

• Lama de cal, gerada nos filtros de lama de cal(carbonato de cálcio).

• Casca suja, oriunda do pátio de madeira.

• Serragem, oriunda dos picadores.

• Rejeito, oriundo da digestão da madeira.

• Cinzas, oriundas dos precipitadores eletrostáticos dascaldeiras de biomassa e forno de cal.

• Lodo da estação de tratamento de efluentes.

A segunda versão do guia para estimativa de Dioxinas e Furanos está disponível no link a seguir:

http://www.pops.int/documents/guidance/toolkit/sp/Toolkit_2005es.pdf

As dioxinas e os furanos são uma classe de hidrocarbonetos clorados produzidos involuntariamente em uma série de processos químicos, térmicos e biológicos. Essas substâncias estão entre as mais cancerígenas conhecidas, representando um risco muito grande à saúde e ao meio ambiente. Por isso, esses elementos estão listados na Convenção de Estocolomo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes, e precisam ser medidos, monitorados e reduzidos drasticamente para eliminar os riscos à população.

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Orientações para a realização da atividade prática: 1. Divida os jovens em grupos.2. Peça aos jovens que agrupem as emissões em

poluição do ar, das águas e do solo.

Áreas florestais

Medidas úteis ao processo e benéficas ao ambiente devem ser aplicadas desde a fase inicial de extração da madeira, nas áreas de produção florestal. Visto que a maioria das empresas de celulose mantém propriedades privadas torna-se viável a estratégia de efetuar, logo após o corte, a etapa de descascamento das toras e separação de todas as partes inservíveis ao processo, ou seja, cascas, folhas, galhos finos e outros, antes do seu transporte para a unidade industrial. Quando o material é transportado para a empresa, uma porção se transforma em resíduo, que se acumula no pátio e deve ser disposto em aterro. Além do benefício com a redução dos custos do transporte e de combustível, o material orgânico deixado sobre o terreno atua como uma capa protetora contra erosão; essa também tende a se decompor com certa rapidez, proporcionando à próxima cultura uma fonte adicional de matéria orgânica e nitrogênio, minimizando a necessidade de adubação química.

Passo 1 / Aula teórica

Décima oitava Aula

Passo 2 / Atividade prática 30 min

Nessa aula serão discutidas ações de redução das emissões poluidoras do processo de produção de celulose.

30 min

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Uma outra vantagem é que o processo de descascamento pode ser realizado a seco, economizando água.

Operações de beneficiamento de madeira

O controle do tempo de estocagem de madeira e cavacos é fundamental. Esta etapa tem como objetivo principal a degradação enzimática dos extrativos. O período ideal de permanência em estoque é de 40 dias, durante o qual a madeira atinge o ponto ótimo de maturação devido à exposição ao ambiente. Períodos superiores são prejudiciais à qualidade da madeira, reduzindo assim o rendimento do processo.

Descascamento da madeira a seco

O descascamento a seco reduz o consumo de água do processo e a quantidade de matéria orgânica dissolvida nas águas residuárias. Caso se opte pelo descascamento úmido, a utilização de prensas nas operações poderá trazer um aumento do teor de sólidos na casca, o que melhorará o rendimento de sua queima na caldeira de biomassa.

Consumo de água e Geração de efluentes industriais

Em se tratando de um dos insumos mais importantes ao processo, a água é também aquele que mais tem merecido atenção no que diz respeito a medidas de conservação. De uma forma geral, o fechamento total do ciclo de água de uma unidade dependerá das restrições impostas pela qualidade final pretendida para o produto. Atualmente, várias fábricas de papelão já conseguiram ou estão próximas de atingir índices de fechamento de circuito em 100%.

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Algumas medidas de conservação mais utilizadas são: 1. Minimização do consumo de água pela otimização

dos volumes adequados a cada etapa produtiva dosdiferentes tipos de celulose/papel, aumentando aproporção de água de reuso e melhorando ogerenciamento da água de processo.

2. Melhor controle dos fatores (contaminações) quepossam tornar desvantajoso o fechamento do ciclo deágua, desde o beneficiamento da madeira até oemprego de insumos químicos e energéticos noprocesso.

3. Implantação de um sistema adequado dearmazenamento e reuso de licores, do filtrado e deoutros líquidos de contaminação reduzida.

4. Emprego de instalações e equipamentos de baixoconsumo de água, sempre que isso se mostrepraticável (em geral, isso pode ser programadoquando há mudança de instalações ou troca deequipamentos).

5. Controle eficiente de vazamentos e derramamentos –É recomendado que as plantas tenham sistemas decoleta de derramamentos devido a perdas acidentais,empregando bacias de contenção, além de umsistema de recuperação e reuso das águas “limpas”de resfriamento, vazamento de gaxetas e outros, queocorrem nas diversas etapas do processo produtivo.

Figura 120 – Balanço hídrico das águas residuárias de uma fábrica de celulose

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6. Segregação dos efluentes das etapas “claras” (licorbranco, caldeiras, máquina de papel) daqueles dasetapas “escuras” (digestão da madeira, licor negro)para tratamento em separado.

7. Provisão para instalação de tanques-pulmão comcapacidade suficiente a montante do sistema detratamento, para o armazenamento dos vazamentosde licores de cozimento e de recuperação, assimcomo de condensados contaminados, para que seevitem descargas de pico de carga ao sistema detratamento de águas residuárias e seuscorrespondentes impactos ambientais.

8. Emprego de um leque de sistemas de tratamentoenvolvendo as fases de tratamento primário,secundário (biológico) e/ou, em alguns casos,tratamento terciário com precipitação química(quando se implanta apenas tratamento químico, aDBO de saída tende a ser mais alta, apesar de contermatéria de biodegradabilidade mais fácil).

9. Recirculação das correntes alcalinas resultantes daetapa de branqueamento.

Ciclo de cozimento e deslignificação

O pré-aquecimento dos cavacos com vapor, antes destes entrarem no digestor, é essencial para sua impregnação com licor de cozimento. O rendimento do processo está diretamente ligado ao controle de temperatura, pressão, tempo de detenção, teor de álcalis e sulfidez. O controle do cozimento se faz tendo em vista o controle do residual de lignina, ou número kappa.

Lavagem e depuração

Na separação do licor das fibras e seu encaminhamento para o processo de recuperação, pode-se utilizar lavadores tipo prensa e/ou difusores, que são mais eficientes na remoção dos compostos orgânicos, sendo assim os mais utilizados antes da etapa de branqueamento. O uso de prensas na lavagem da polpa permite a redução de aproximadamente 70% do consumo de água nesta etapa, o que aumenta o teor de sólido da massa a ser queimada na caldeira de recuperação.

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Processos de branqueamento

Juntamente com a digestão, esta é a etapa mais crítica no que diz respeito a impactos ambientais. Como já foi mencionada, a melhor alternativa em termos de produção limpa é o branqueamento da massa por meio de processos livres de cloro elementar (ECF) ou, preferivelmente, os totalmente livres de cloro (TCF). Ou, quando cabível, não se utilizar qualquer etapa de branqueamento no processo (apesar deste fator depender de fatores de mercado e do uso pretendido para o produto final). Hoje em dia, o maior grau de conscientização dos consumidores já permite a aceitação de produtos “menos brancos” em troca de suas correspondentes vantagens ambientais. Algumas medidas para redução do impacto do branqueamento seriam: 1. Aumento da eficiência de deslignificação antes da

etapa de branqueamento, por meio da extensão oumodificação da etapa de cozimento, além da inserçãode etapas adicionais de deslignificação com oxigênio.

2. Aumento da eficiência de lavagem da massa digeridanão branqueada (brown stock).

3. Adicionalmente, os gestores do processo deverãoprestar atenção à possível futura viabilização deprocessos alternativos de branqueamento de celuloseque hoje se encontram em fase experimental, como oque utiliza ácido peracético e agentes quelantes.

Otimização da linha de licor negro

O licor negro resultante da etapa de deslignificação geralmente apresenta um teor de sólidos entre 14 e 18% em massa. O projeto da planta de evaporação de licor negro deverá garantir sua capacidade de absorver cargas adicionais de licores e produzir licor para queima com maior concentração possível, elevando-o a aproximadamente 70%, a fim de garantir a eficiência de queima. A energia adicional obtida com a queima dos licores deverá ser utilizada para co- geração de calor/energia, sempre que a relação calor/ potência assim o permita.

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Elevação da temperatura na fornalha da caldeira de recuperação

Propiciará o aumento do teor de sólidos do licor para 75%, melhorando as condições de queima e reduzindo a emissão de compostos de enxofre em até 80%. As emissões de enxofre total da caldeira de recuperação podem ser controladas por meio de um controle eficiente da combustão e monitoramento da concentração de monóxido de carbono nos gases.

Controle do fornecimento de ar de combustão

As emissões de NOx são dependentes do conteúdo de nitrogênio no licor negro e do controle do excesso de ar na combustão. O controle do fornecimento de ar (ou seja, cuidar para que haja uma adequada mistura ar/combustível no queimador da caldeira) e a otimização das condições de queima têm impacto direto na redução dessas emissões.

Captação e incineração dos gases odoríferos

Os gases mais concentrados podem ser queimados na caldeira de recuperação, no forno de cal ou numa caldeira de baixa emissão de NOx. A formação de gás sulfídrico nos gases de combustão é um indicador de que a mistura ou o fornecimento de oxigênio estão abaixo dos valores corretos. Os compostos de enxofre deverão ser captados e encaminhados para queima. Gases odoríferos menos concentrados também devem ser captados e incinerados, e o efluente gasoso resultante, tratado para remoção de SOX.

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Forno de cal

As emissões de compostos de enxofre no forno de cal podem ser reduzidas pela lavagem da lama de cal, visando reduzir a contaminação por sulfeto. Além disso, é necessário instalar lavadores de gases e controlar o teor de enxofre dos combustíveis.

Uso de precipitadores eletrostáticos

É considerado essencial no controle de emissão de material particulado, tanto no forno de cal como na caldeira de recuperação e caldeiras auxiliares. O problema das emissões de SOX das caldeiras auxiliares pode ser contornado pela substituição do óleo combustível por lenha, gás natural, óleo, ou mesmo pela instalação de lavadores.

Caldeiras de biomassa

Para essas caldeiras, que apresentam temperaturas de operação relativamente baixas, quando comparadas às caldeiras de recuperação, a emissão de NOx pode ser controlada pelo controle do excesso de ar.

1. Do ponto de vista do negócio, por que devemostrabalhar na identificação e redução das emissões eresíduos do processo?

2. Do ponto de vista ambiental, por que devemostrabalhar na identificação e redução das emissões eresíduos do processo?

Educador, faça aos jovens as perguntas a seguir.

Passo 2 / Exercício 20 min

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Nesse módulo serão apresentados: a proposta de certificação do manejo florestal, a situação brasileira, suas características principais, os tipos de certificação possíveis e suas preocupações.

Conhecer as propostas da certificação do manejo florestal.Distinguir os dois tipos de certificação.Compreender os princípios e critérios para a certificação oferecida pela FSC.Relacionar os princípios às três metas: programa ecologicamente correto, viáveleconomicamente e socialmente justo.

Objetivos

2 Certificação na área florestal

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Certificação florestal e a FSC

Os sistemas de certificação florestal são instrumentos para promover e divulgar a gestão florestal sustentável pelo uso da mesma sem comprometer as suas funções econômicas, sociais e ambientais. Dentre os vários sistemas de certificação florestal deve-se escolher aquele que melhor responder às exigências de comercialização nacionais e internacionais. Dentre esses destacam-se o FSC (Forest Stewardship Council) e o PEFC (Program for the Endorsement of Forest Certification). Esse último é mais comum na Europa. O FSC é reconhecido mun-dialmente e será o foco de nosso estudo.

A FSC Brasil (Conselho Brasileiro de Manejo Florestal) é uma organização não-governamental, independente e sem fins lucrativos. É reconhecida como uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) e possui cadastro no CNEA (Cadastro Nacional de Enti-dades Ambientalistas). Sua função é difundir e facilitar o bom manejo das florestas brasileiras conforme princípios e critérios que conciliem as salvaguardas ecológicas com os benefícios sociais e a viabilidade econômica.

Sendo assim, entende-se como:

Salvaguarda ecológica – Manutenção das funções necessárias para a não degradação da floresta, permitindo que a mesma se mantenha apesar do uso de seus recursos. Deve se respeitar a dinâmica natural da floresta sem promover a extinção de populações de espécies, ou a perda da qualidade ambiental poluindo a água, ar ou solo das mesmas.

Benefícios sociais – Existem muitas populações que sobrevivem às custas da exploração e manejo das florestas, de maneira mais direta, como os indígenas, os quilombolas e as comunidades tradicionais. Para a

Passo 1 / Aula teórica 20 min

Nessa aula os jovens deverão obter noções sobre a certificação do manejo florestal ou do produto que usa os recursos da floresta no Brasil. Os jovens poderão reconhecer a necessidade iminente da certificação para a garantia de mercado internacional e nacional. E poderão conhecer os procedimentos gerais necessários para a obtenção da certificação FSC.

Primeira Aula

Manejo Programa de atividades que coor-denam a utilização e exploração dos recursos. Atualmente os planos de manejo devem ser ecologicamente sustentáveis, compreendendo o uso de conhecimento e tecnologias que não degradem o meio e promovam a conservação e preservação dos recursos naturais principalmente os nativos.

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exploração sustentável das florestas e seus recursos deve-se respeitar a cultura dessas comunidades e suas necessidades básicas. Além disso, é necessário considerar que as florestas, principalmente as tropi-cais, são os ecossistemas que abrigam uma relevante porcentagem da biodiversidade mundial, sendo desse modo uma obrigação para com toda a humanidade sua conservação e a preservação de seus recursos para as presentes e futuras gerações.

Viabilidade econômica – Todo programa de gestão deve preocupar-se com a viabilidade econômica do processo produtivo. Seja de serviços ou de indus-trialização, ou afins. Conciliar as preocupações expli-cadas anteriormente com a viabilidade econômica das recomendações é necessário para que as empresas possam se manter e melhorar seu processo produtivo e comercial.

A certificação é um processo voluntário e resume-se em:

Contato inicial – Quando são especificados os interesses das empresas que procuram a certificação para as empresas certificadoras e se estabelece um contrato de serviço.

Avaliação – Quando se faz a análise geral dos procedimentos existentes, através de documentação e observações nos locais, além de promoverem ouvidorias para manifestações de partes interessadas.

Adequação – Quando se realizam as modificações necessárias para a solução de não conformidades.

Certificação da operação – A certificadora elabora e disponibiliza um resumo público, fornecendo o selo FSC.

Monitoramento anual – Acompanhamento anual da operação. No entanto, a renovação do selo é realizada de cinco em cinco anos.

O FSC Brasil não concede os certificados, ele credencia as certificadoras que por sua vez serão responsáveis pela emissão do selo FSC. Essas certificadoras são monitoradas constantemente pela FSC IC (FSC Interna-cional) que acompanha a evolução da certificação mundial. Atualmente existem cinco certificadoras creden-ciadas no Brasil:

a IMO - Institut Für Marktökologie (Representante no Brasil: IMO – Instituto de Mercado Ecológico, IMO – Control do Brasil),

a SCS – Scientific Certification System, Inc. Programa Forest Conservation,

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a SGS South Africa (Pty) Ltd. Programa SGS Qualifor (África do Sul),

a Control Union Certifications – Skal International

a Rain Forest Alliance: Programa Smart Wood. Repre-sentante no Brasil: Imaflora – Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola

Existem dois tipos de certificação:

1 Certificação de Manejo Florestal: fornecida para todos os produtores. As florestas podem ser naturais ou plantadas, públicas ou privadas. Essa certificação pode ser caracterizada por tipo de produto, o madei-reiro (toras ou pranchas) e o não madeireiro (óleo, sementes, frutos, folhas, etc..)

2 Certificação de Cadeia de Custódia: fornecida aos processadores de matéria-prima de floresta certi-ficada, ou seja, as serrarias, os fabricantes de móveis, os designers que desejam utilizar o selo FSC no seu produto e garantir a rastreabilidade (possibilita a verificação de toda a produção desde a retirada da matéria-prima do ambiente até o produto final).

No Brasil, o Conselho Brasileiro de Manejo Florestal (CBMF, ou também chamado de FSC Brasil) possui grupos de trabalho que desenvolvem os padrões nacionais de certificação.

Os Padrões de Certificação do FSC para o Manejo Florestal em Terra Firme na Amazônia Brasileira e os Padrões de Certificação do FSC para o Manejo de Plan-tações no Brasil foram os documentos iniciais desen-volvidos pelo Grupo de Trabalho formado em 1997.

Em seguida formaram-se outros grupos de trabalho para o desenvolvimento de padrões como os Padrões deCertificação do FSC para Produtos Florestais Não-Madeireiros em Remanescentes da Mata Atlântica, Padrões de Certificação do FSC para o Manejo e Explo-ração de Populações Naturais de Castanha (Bertholletia excelsa) e Padrões de Certificação do FSC para o Manejo em Pequena Escala e de Baixa Intensidade na Amazônia Brasileira.

Educador, caso considere interessante fazer um estudo mais detalhado sobre o assunto acesse o site: http://www.fsc.org.br

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Nesse momento os jovens deverão elaborar uma drama-tização sobre a necessidade da certificação florestal.

Peça para que se dividam em quatro grupos e elaborem um “comercial” para o lançamento de uma nova empresa de certificação no Brasil. O comercial deverá ter no máximo cinco minutos. Lembre aos jovens que a propa-ganda é a alma do negócio e que deve ser esclare-cedora e o mais convincente possível sobre a qualidade.

Princípios e critérios do FSC para a certificação

1 Obediência às leis e aos princípios do FSC

Inclui-se aqui as leis nacionais e internacionais referentes à matéria-prima e ao seu uso. Aos encargos como royalties, taxas e honorários, além do respeito aos acordos internacionais como o CITES (Convenção Inter-nacional da Fauna e Flora em Perigo de Extinção) a OIT (Organização Internacional de Trabalho) o ITTA (Acordo Internacional sobre Madeiras Tropicais) e a Convenção sobre a Biodiversidade Biológica.

2 Direitos e responsabilidades de posse e uso

Todos os direitos de uso e posse sobre o território que será avaliado para a certificação deverão estar legal e devidamente esclarecidos e documentados.

3 Direito dos povos indígenas

Os direitos legais e culturais dos povos indígenas de possuir, usar e manejar suas terras, territórios e recursos,

Passo 1 / Aula teórica 25 min

Nessa aula os jovens conhecerão os 10 princípios e critérios do FSC para a certificação florestal no Brasil. Uma noção sobre os custos diretos e indiretos da certificação.

Segunda Aula

Passo 2 / Aula prática 30 min

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devem ser reconhecidos e respeitados sob a anuência (acordo) dos mesmos.

4 Relações comunitárias e direitos dos trabalhadores

O bem-estar econômico e social dos trabalhadores das florestas e das comunidades locais deve ser mantido ou ainda aumentado, a longo prazo, pelas atividades de manejo florestal.

5 Benefícios das florestas

Os benefícios ambientais, sociais e econômicos das florestas devem ser explorados de forma eficiente e sustentável. Isso implica diversificação dos recursos explorados, assim como da diminuição do desperdício e na manutenção da produtividade ecológica dos recursos utilizados no ecossistema.

6 Impacto ambiental

Todo e qualquer tipo de alteração ambiental como degradação de água, ar, solo e diminuição das popu-lações de seres vivos, que ameacem a biodiversidade, ou impeçam a sua recuperação (regeneração das florestas, e da qualidade das águas, ar e solo) são consideradas atividades de não-conformidade.

Além disso, a conversão de áreas de florestas nativas em florestas plantadas não deve ocorrer, a não ser em casos específicos e justificados como não pertencerem a áreas de florestas de alto valor de conservação, representarem uma porção muito pequena da unidade de manejo ou apresentarem benefícios muito claros, substanciais e seguros.

7 Plano de manejo

Deve ser desenvolvido um plano de manejo do ecos-sistema florestal, adequado à extensão e complexidade da mesma, definindo claramente seus objetivos e ações previstos. Todo o plano deve ser documentado através de mapas, definições dos elementos que serão explo-rados, a forma como serão explorados e os cuidados que serão tomados para garantir sua conservação. Deve ser prevista a capacitação da mão–de-obra dos funcionários.

8 Monitoramento e avaliação

O monitoramento deve ser condizente ao escopo (abran-gência) das atividades desenvolvidas no processo a ser analisado e certificado. Sua freqüência e intensidade são relativos e devem basear-se nos seguintes indicadores: a) Taxas de crescimento, regeneração e condições da

floresta.

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b) A composição e as mudanças observadas na fauna eflora.

c) O rendimento de todos os produtos explorados.d) Os impactos sociais e ambientais da exploração de

outras operações.e) Os custos, a produtividade e a eficiência do manejo

florestal.

9 Manutenção de florestas de alto valor de conservação

Florestas de alto valor de conservação são aquelas definidas por lei ou por apresentarem características de grande interesse ecológico, biológico ou social. Devem ser preservadas as suas características funcionais e estruturais e monitoradas.

10 Plantações

As plantações devem completar o manejo, reduzir as pressões e promover a recuperação e conservação das florestas naturais.

Dessa forma, através da obediência a esses critérios e princípios, a FSC pretende desenvolver uma estratégia de uso sustentável das florestas nativas, garantindo o compromisso de serem ambientalmente corretas, social-mente justas e economicamente viáveis.

Abaixo observa-se o selo da FSC e as diferentes certificações, onde a certificação pode ser para toda a empresa (onde 100% do processo produtivo de toda a empresa é proveniente de floresta certificada – chama-se “cadeia de custódia exclusiva”), ou para apenas uma parte da produção industrial, sendo que somente essa parte usa recursos provenientes de floresta certificada (chama-se “cadeia de custódia não exclusiva”).

Fig. 1

Custos

Os custos da certificação podem ser diretos e indiretos.

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Diretos:

Das auditorias para a pré-avaliação e avaliação completa dos processos e atividades da empresa solicitante.

Do monitoramento anual e

Da taxa anual de manutenção para o uso da logomarca FSC.

Indiretos:

Do manejo florestal como capacitação de funcio-nários, inventários, alteração de procedimentos ou tecnologias.

Da cadeia de custódia, gastos com a separação de produtos certificados e não certificados.

E dos gastos para a adequação à legislação, para a atualização das taxas e impostos, etc.

Nesse momento, os jovens deverão mostrar a com-preensão dos critérios de certificação.

Solicite que se dividam em dez grupos e distribua um princípio para cada grupo. Estabeleça cinco minutos para que leiam os princípios e em seguida peça para que sucintamente expliquem com suas palavras o princípio. O educador nesse momento deve administrar o tempo para que seja suficiente para os dez princípios.

Essa atividade poderá mostrar o quanto eles conseguiram assimilar do conteúdo e proporcionar o surgimento de dúvidas, uma vez que para explicar são necessárias a compreensão e assimilação.

Passo 2 / Aula prática 25 min

Educador, caso considere interessante obter mais detalhes sobre os princípios e critérios do FSC acesse o site; http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./florestal/index.html&conteudo=./florestal/certificacao.html#florestas

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CERTIFICAÇÃO FLORESTAL

Luís Antônio Guerra Conceição Silva

É amplamente aceito em todo o mundo o postulado da ComissãoBrundtland que se traduz na obrigação de “satisfazer as necessidades da geração de hoje semcomprometer as necessidades das gerações futuras”. Em outras palavras, ao interesse comum degarantir para o futuro as riquezas em termos de diversidade biológica, contrapõe-se o desafio deatender às necessidades do presente. Dentro deste contexto, os recursos florestais e as terrasrelacionadas com eles devem ser administrados para atender às necessidades sociais, econômicas,ecológicas e culturais das gerações presentes e futuras. Este é o grande desafio do século XXI: abusca coletiva por um “desenvolvimento sustentável”.

O desenvolvimento sustentável foi o compromisso assumido por quase200 países ao firmarem a chamada “Agenda 21”, o principal documento estabelecido na Rio – 92.Dentre as suas premissas e recomendações está o uso adequado dos recursos florestais, o quepressupõe considerarem-se todas as alternativas de uso, incluindo a preservação integral, aconservação por meio do uso dito indireto (ecoturismo, educação ambiental, proteção dos solos,encostas, mananciais de água, paisagens, etc.) ou diretamente explorando seus recursos vivos(fauna e flora). Neste último caso, usar bem implica em manejar a floresta de forma que sejamretirados apenas os recursos florestais que não excedam à capacidade de regeneração natural doecossistema.

No entanto, reverter a histórica utilização predatória das florestas, não étarefa simples nem rápida. O que se tem observado nas últimas décadas é um aumento dadestruição e da degradação das reservas florestais mundiais e da incapacidade dos governos e seusórgãos ambientais de garantir o uso sustentável dos produtos florestais. Por tudo isso, o públicoconsumidor vem se conscientizando da importância de sua participação em todo esse processo.

No final da década de 80, inicio da década de 90, os produtos feitos demadeira de florestas tropicais da Amazônia, África, Indonésia, dentre outros, começaram a serrejeitados por vários grupos. Na época, os consumidores estavam sendo orientados a nãocomprar produtos de madeiras tropicais. Contudo, percebeu-se um outro problema: o valor damadeira tropical e das áreas florestais iria cair, o que poderia piorar ainda mais a situação com oaumento do desmatamento, já que as florestas seriam substituídas pela criação de gado eplantações.

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Em resposta a essas constatações e pensando em assegurar os recursosflorestais para o futuro, consumidores do mundo todo passaram a procurar produtosambientalmente corretos, ou seja, produtos que oferecessem garantias de que não vieram dedesmatamento ou exploração predatória e/ou ilegal. A alternativa encontrada para atender a essacrescente demanda foi a certificação florestal. Realizada por sistemas privados, comrepresentação igualitária dos setores econômico, social e ambiental, a certificação fornecegarantias de que o produto é ecologicamente correto. Esses sistemas comprovam que osprodutos, como madeira serrada, móveis, laminados, papel, assoalhos, frutos etc., vêm deflorestas bem manejadas, de países onde toda a legislação é obedecida, os direitos dostrabalhadores e comunidades são considerados e que a atividade é economicamente viável.

O QUE É CERTIFICAÇÃO FLORESTAL?

“É um processo voluntário, no qual uma organização busca oreconhecimento, através da garantia dada aos seus clientes e à sociedade, por meio daCertificação, de que seu produto tem origem em florestas adequadamente manejadas, quanto aosaspectos ambiental, social e econômico”.

A certificação é um instrumento que atesta determinadas característicasde um produto ou de um processo produtivo. A certificação florestal consiste num selo ou rótuloque visa atestar que determinada empresa ou comunidade obtém seus produtos manejando suaárea florestal segundo determinados princípios e critérios. Difere da certificação da série ISO, poisesta não garante que o produto florestal tenha sido obtido de forma ambientalmente adequada esocialmente justa, já que só certifica os processos industriais.

PRINCIPAIS SISTEMAS DE CERTIFICAÇÃO

Estima-se em 3,8 bilhões de hectares a área total de florestas do planeta.Destes, apenas 166 milhões de hectares, cerca de 4,4%, são certificadas, sendo que 90% dasflorestas certificadas encontram-se no Hemisférios Norte. Porém, a demanda por produtoscertificados está crescendo, principalmente na Europa, o que justifica o aumento das áreascertificadas no mundo em 4 vezes nos últimos dois anos, havendo potencial ainda para crescermais 17 vezes.

Atualmente, existem diversos sistemas de certificação florestal, podendoser nacionais, regionais ou mundiais, como:

• o Canadian Standard Association (CSA) – Canadá;

• a Sustainable Forestry Iniciative (SFI) – EUA;

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• o American Tree Farm System - EUA;

• o Pan Earth Forest Certification (PEFC);

• o Forest Stewardship Council (FSC).

Outras iniciativas locais de certificação florestal estão sendo feitas naIndonésia, Malásia, Gana e Brasil. Um exemplo disso foi o lançamento, no Brasil, em 2002, doPrograma Nacional de Certificação de Origem Florestal (CERFLOR), que tem o objetivo deatestar que as madeiras utilizadas pelas indústrias brasileiras, principalmente do setor moveleiro,são colhidas dentro de critérios e padrões que respeitam o meio ambiente.

ÁREAS CERTIFICADAS NO BRASIL

O Brasil possui aproximadamente 544 milhões de hectares cobertos porflorestas (14% do total mundial), estimando-se, segundo trabalho de Eliezer Santana, daAssociação Brasileira das Indústrias de Madeira Processada Mecanicamente – ABIMCI1, em 245milhões de hectares as florestas com potencial produtivo. Atualmente, a produção anual demadeira em toras de florestas nativas gira em torno dos 36 milhões de m³, o que corresponderia àprodução de uma área de 72 milhões de hectares de florestas em produção sustentável(considerando-se uma colheita de 15m³/ha e ciclo de produção de 30 anos).

Do total das áreas de florestas nativas no Brasil, as que têm certificaçãoatingem, aproximadamente, 1,3 milhão de hectares, o que significa uma oportunidade deaumentar essa área em até 55 vezes. Segundo dados da ABIMCI, essa certificação no Brasil estásendo feita por dois sistemas de certificação florestal: o sistema FCS (Forest StewardshipCouncil), que certifica 1,1 milhão de hectares de florestas plantadas, 1,3 milhão de hectares defloresta amazônica e 69 hectares de floresta atlântica; e o CERFLOR (Programa Nacional deCertificação de Origem Florestal), criado recentemente, e que certifica cerca de 216 mil hectaresde florestas pertencentes às empresas Inpacel e Aracruz. A perspectiva é de que haja um aumentoconsiderável na área de floresta natural certificada nos próximos anos, com um fortalecimento dosistema CERFLOR, na medida em que mais auditores e profissionais aptos à aplicação dasnormas nacionais forem sendo formados.

COMO FUNCIONA A CERTIFICAÇÃO FLORESTAL

A certificação é basicamente uma avaliação, feita segundo princípios ecritérios preestabelecidos, do manejo florestal feito por uma empresa, proprietário rural ou

1 Trabalho apresentado no II Seminário sobre os Padrões Nacionais para Manejo Sustentável de Florestas Nativas,intitulado: “Certificação Florestal nos Contextos Nacional e Internacional”.

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comunidade. O processo de certificação acontece em duas etapas: a certificação do manejoflorestal e a certificação da cadeia de custódia.

Por manejo florestal entende-se a extração de produtos da floresta,utilizando-se de conhecimentos técnicos ambientais e de engenharia , de forma a conservar anatureza, reduzindo os impactos das atividades (construção de estradas, ramais, corte, extraçãoetc.). Também significa respeito a todos os direitos trabalhistas e exige o treinamento contínuo eo uso de equipamentos de segurança.

Cadeia de custódia é o conjunto das sucessivas etapas de transformaçãoou comercialização de produtos florestais, desde as unidades de manejo florestal até oconsumidor final, controlando, em cada etapa, o conteúdo de matéria-prima oriunda de cadaunidade de manejo florestal.

Na primeira etapa, a do manejo florestal, após análise das condiçõestécnicas, ecológicas, trabalhistas e das comunidades afetadas, caso tudo esteja de acordo com asnormas, a empresa, o proprietário ou a comunidade recebe o certificado, e toda a madeira que sairdaquela floresta passará a ser certificada. Na segunda fase, a da certificação da cadeia de custódia,para que o produto acabado (madeira serrada, móveis, tacos, papel, etc.) receba o selo, énecessário também demonstrar que a madeira que está na serraria ou marcenaria realmente vemde florestas certificadas.

SISTEMA FCS

O Conselho de Manejo Florestal (FSC, em inglês) foi estruturadoformalmente em 1993. Trata-se de uma organização não-governamental independente e sem finslucrativos, integrada por representantes de organizações sociais, ambientalistas, do setormadeireiro e de produtos florestais, de povos indígenas, organizações comunitárias ecertificadoras de produtos florestais de todo o mundo.

No Brasil é representado pelo Conselho Brasileiro de Manejo Florestal,ONG criada em setembro de 2001, que tem por missão promover no País a certificação florestalFSC. A sede fica em Brasília e o primeiro conselho diretor é composto por três câmaras:

• Econômica: representada por AIMEX – Associação das IndústriasExportadoras de Madeira dos Estados do Pará e Amazonas,Indústria Klabin S. A e ABRACAVE – Associação Brasileira deFlorestas Renováveis;

• Ambiental: representada por WWF – Brasil, Greenpeace, e RedeMata Atlântica;

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• Social: representada por GTA – Grupo de Trabalho Amazônico,OSR – Organização dos Seringueiros de Rondônia e Instituto VitaeCivilis.

O logotipo do FSC identifica produtos que contêm madeira provenientede florestas bem manejadas, certificadas de acordo com as regras do Conselho de ManejoFlorestal. Os princípios e critérios mundiais do FCS foram estabelecidos internacionalmente, comum processo de consulta que durou dois anos e envolveu representantes dos setores ambiental,social e econômico. No Brasil, desde 1997 existe um grupo de trabalho para determinar padrõeslocais específicos para cada tipo de floresta, plantada ou natural, dentro dos princípios mundiaisdo FSC. Tais padrões são utilizados pelas certificadoras que operam no País.

O FSC não emite certificados, mas credencia certificadoras no mundointeiro. São seis as organizações credenciadas com atuação internacional, que emitem certificadoscom o aval e a marca do FSC. As certificadoras têm que desenvolver padrões e guias de campopara certificação baseados nos Princípios e Critérios do FSC, que são os mesmos para todos ospaíses. Adicionalmente, o FSC recomenda que cada país ou região desenvolva padrões eindicadoras adequados para a realidade local.

O Instituto de Manejo Florestal e Agrícola (Imaflora), entidade civilbrasileira sem fins lucrativos, sediada em Piracicaba-SP, representa no Brasil o ProgramaSmartwood de certificação florestal, o maior e mais antigo programa de certificação florestal domundo, credenciado pelo FSC e coordenado pela entidade Rainforest Alliance, dos EstadosUnidos. Além do Imaflora, atuam no Brasil as certificadoras SGS (Société Genérale deSurveillance Forestry Ltd.) e SCS (Scientific Certification System), também credenciadas peloFSC.

As certificadoras credenciadas realizam, periodicamente, auditorias anuaise aleatórias, estas sem aviso prévio, nas unidades de manejo e linhas de produção certificadas. Porsua vez, as certificadoras também são auditadas pelo FSC. Estes procedimentos garantem a lisurado processo de certificação.

Para uma empresa, proprietário rural ou comunidade se credenciar, emprimeiro lugar deve verificar se a certificação realmente trará benefícios ao “requerente” e aomanejo florestal em si; se é exigida por seus clientes, se facilita o relacionamento com instituiçõesfinanceiras, governo e sociedade e se tem condições de atender os requisitos exigidos. O segundopasso é escolher uma das certificadoras credenciadas pelo FSC e solicitar uma inspeção prévia.Uma equipe de especialistas de áreas como engenharia florestal, ecologia e sociologia, avalia cadadetalhe do manejo florestal e dos aspectos sociais relacionados, mostra os problemas e o queprecisa ser melhorado.

Além do resultado da inspeção dos especialistas, a instituiçãocertificadora também faz uma consulta aos grupos interessados como os trabalhadores, as

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comunidades, os sindicatos, os vizinhos da área de floresta a ser certificada, as ONGs,universidades etc. O processo leva de seis meses a três anos, dependendo das condições de quemestá se certificando. O certificado emitido vale por cinco anos, mas todo ano é feito, pelo menos,uma inspeção. Todo o processo é pago pelo interessado.

PASSOS PARA A CERTIFICAÇÃO

• Contato com a certificadora;

• Avaliação de pré-qualificação;

• Relatório com recomendações;

• Preparação para avaliação completa;

• Contrato entre as partes para a avaliação completa;

• Consulta ampla à sociedade – pré-avaliação de campo;

• Avaliação de campo;

• Relatório com resultados da avaliação;

• Consulta com grupos de interesse pós-avaliação de campo;

• Revisão do processo por especialistas;

• Decisão de certificação.

SISTEMA CERFLOR

O CERFLOR – Programa de Certificação Florestal foi lançadooficialmente em agosto de 2002, é integrado ao Sistema Nacional Brasileiro de Certificação, eresultou de um trabalho conjunto da Sociedade Brasileira de Silvicultura, de instituições depesquisa, universidades, setor empresarial e organizações não governamentais, com o apoio dosministérios do Meio Ambiente (MMA) e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior(MDIC). O programa originou-se da demanda dos produtores brasileiros pela certificaçãoflorestal, impulsionados por crescente preocupação com a conservação dos recursos naturais.

O Sistema Brasileiro de Certificação tem como órgão gerenciador oInstituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Inmetro. O Inmetro,como organismo acreditador oficial do Governo Brasileiro, é o responsável por acreditarorganismos de certificação no País, operando um sistema imparcial, independente e comcredibilidade nacional e internacional. Desde 2002, o Inmetro é membro do Programme for theEndorsement Forest Certification Schemes – PEFC, maior esquema de certificação de florestas

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do mundo, composto por 27 sistemas nacionais independentes. O PEFC estabelece osmecanismos para o reconhecimento mútuo destes sistemas nacionais, evitando duplicidade detrabalhos e custos relacionados com a certificação do manejo florestal, eliminando barreirastécnicas ao comércio, permitindo o acesso dos produtos oriundos de florestas certificadas aosmercados externos e conferindo credibilidade pública ao Sistema.

A sistemática adotada é semelhante ao sistema FSC. Não é o Inmetroque certifica, ele apenas credencia organismos que, voluntariamente, pretendam atuar nacertificação das unidades de manejo florestal e da cadeia de custódia, de acordo com normaspreestabelecidas. Passam a certificar as empresas, produtores rurais ou comunidades interessadasem ter o selo CERFLOR.

A base normativa do Programa CERFLOR foi elaborada pela AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas – ABNT, fórum nacional de normalização, e totaliza seis normas:

• NBR 14789 – Princípios, critérios e indicadores para plantaçõesflorestais;

• NBR 14790 – Cadeia de Custódia;

• NBR 14791 – Diretrizes para auditoria fiscal – Princípios gerais;

• NBR 14792 – Procedimentos de auditoria – Auditoria de manejo deflorestas;

• NBR 14793 – Procedimentos de auditoria – Critérios de qualificaçãopara auditores para florestas nativas.

Já a acreditação de organismos certificadores do manejo florestal érealizada pela Coordenação Geral de Credenciamento – Cgcre, do Inmetro, com base nasnormas:

• NIT – DICOR – 053 – Credenciamento de Organismos deCertificação de Manejo de Florestas Plantadas NBR 14789;

• NIT – DICOR – 055 _ Auditoria Testemunha em Organismos decertificação de Manejo de Florestas.

Com relação à acreditação de organismos para certificação da Cadeia deCustódia, os requisitos são: o NBR/ISO Guia 65 e o Regulamento de Avaliação daConformidade para a Cadeia de Custódia para Produtos de Origem Florestal (Portaria n° 93, de28 de maio de 2003).

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VANTAGENS DA CERTIFICAÇÃO FLORESTAL

A certificação florestal, apesar de ser uma prática com poucos anos deexperiência, tem apresentado uma série de vantagens para quem é certificado, tanto de ordemeconômica, como ambientais e sociais. Segundo o trabalho de Eliezer Santana, as principaisvantagens são:

I – econômicas:

• Aumenta o rendimento da floresta;

• Gera vantagem competitiva;

• Facilita o acesso a novos mercados;

• Possibilita a introdução de novas espécies;

• Desenvolve e melhora a imagem pública da empresa e o espírito deequipe de seus empregados;

• Consegue melhores preços.

II – ambientais:

• Contribui para a conservação da biodiversidade e seus valoresassociados, como recursos hídricos, solos, paisagens e ecossistemasúnicos e frágeis;

• Mantém as funções ecológicas e a integridade das florestas;

• Protege as espécies ameaçadas ou em perigo de extinção e seushabitats.

III – sociais:

• Promove a legalidade da atividade;

• Promove o respeito aos direitos dos trabalhadores, povos indígenase comunidades locais;

• Contribui para a redução de acidentes de trabalho;

• Aumenta a arrecadação de impostos e outras contribuições legais;

• Melhora as condições de trabalho;

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• Cria um novo espaço de participação para os trabalhadores e povosda floresta na definição dos padrões e no monitoramento dasoperações do manejo florestal;

• Elimina o trabalho forçado e a mão-de-obra infantil;

• Promove a qualificação da mão-de-obra gerando a estabilidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A certificação florestal é uma decisão voluntária da empresa, produtorrural ou comunidade, mas, cada vez mais, o mercado está a exigir esse tipo de procedimento,especialmente quando se vende para a Europa. Sua grande vantagem, em relação aos planos demanejo florestal existentes, é a de levar em conta não só as questões econômicas e ambientais,mas também as sociais.

Atualmente, o processo está em franca expansão. A produção de madeiracertificada ainda não consegue atender à demanda. Mas, no Brasil encontra algumas barreiras,principalmente para os pequenos produtores e comunidades tradicionais, pois há a necessidade deo requerente não possuir nenhum óbice legal, fundiário ou ambiental; a mão-de-obra tem que serespecializada e precisa de treinamento especifico; têm que ser bem aceitas as novas tecnologias eo custo para implantação do processo ainda é elevado. Porém, existem hoje no Brasil váriasflorestas manejadas por empresas ou comunidades que estariam prontas para receber acertificação sem maiores despesas, pois já adotam boa parte das práticas requeridas.

Outra questão são os custos para melhoria do manejo florestal e daprodução. Estes merecem estudos, pois deverão ser absorvidos pelos rendimentos futuros daempresa. Quando se fala em certificação, as propostas sempre vêm acompanhadas de umaperspectiva de aumento do custo do produto final, que é estimado em até 25%. No entanto, esseaumento não tem se confirmado na prática. Dados europeus apontam para um custo de 10%maior da madeira certificada em relação à madeira não certificada. Mas, mesmo assim, muitosconsumidores estão dispostos a pagar um pouco mais para salvaguardar o meio ambiente.

Outro motivo para se ter esperança no aumento da madeira certificada, oque significa um crescimento da exploração sustentável de florestas, é o crescente apoio dasadministrações públicas à madeira certificada, na forma de políticas de adjudicações públicas que,na contratação de obras e ou aquisição de produtos, exigem madeira certificada.

Nesse sentido, tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei n° 1.715,de 1999, do Deputado Marcos Afonso, que pretende alterar a Lei n° 8.666/1993, que“regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações econtratos da Administração Pública e dá outras providências”, de forma a exigir que a madeira

100

adquirida pela Administração Pública, bem como os objetos e produtos dela derivados, sejamoriundos de projetos com planos de manejo florestal aprovados pelo órgão competente.Recentemente, foi apensado a esse PL o Projeto de Lei n° 5.079/2005, de autoria da DeputadaPerpétua Almeida, que, além de exigir que a madeira adquirida pela Administração Públicaprovenha de florestas com planos de manejo aprovados, determina que “os órgãos daadministração direta e indireta do Governo Federal somente podem comprar, ou utilizar em suasobras ou serviços, madeira objeto de certificação florestal”.

101

102

Medidas de produção mais limpa (P+L), medidas de controle de emissões na produção de celulose e papel; Atividades práticas: [i] consultar o Guia Técnico Ambiental da Indústria de Papel e Celulose - Série P+L; [ii] pesquisar as medidas de produção mais limpa (P+L), medidas de controle de emissões na produção de celulose e papel implementadas na empresa; [iii] elaborar um mural infográfico para apresentação dos conhecimentos produzidos.

3 Boas práticas

103

104

1

Guia Técnico Ambiental da Indústria de Papel e Celulose - Série P+L

Dez

emb

ro d

e 20

07

GuIA TéCnICo AmbIenTAL DA InDúSTrIA De PAPeL e CeLuLoSe - Série P+L

Papel e Celulose

105

Guia Técnico Ambiental da Indústria de Papel e Celulose - Série P+L Guia Técnico Ambiental da Indústria de Papel e Celulose - Série P+L

1. Introduçãoeste Guia foi desenvolvido para levar até

você informações que o auxiliarão a integrar

o conceito de Produção mais Limpa (P+L) à

gestão de sua empresa. embora a P+L já seja

um conceito conhecido de muitas indústrias,

principalmente no que se refere às melhorias

de eficiência dos processos, ainda persistem

dúvidas na hora de adotá-la no cotidiano

das empresas. De que forma ela pode ser

efetivamente aplicada nos processos e na

produção? Como integrá-la ao dia-a-dia dos

colaboradores? Que vantagens e benefícios

traz para a empresa? Como uma empresa de

pequeno porte pode trabalhar à luz de um

conceito que, à primeira vista, pode parecer

sofisticado ou caro?

Para responder a essas e outras ques-

tões, este Guia traz algumas orientações

técnicas com o objetivo de auxiliar você a

dar o primeiro passo na integração de sua

empresa a este conceito, que tem levado di-

versas organizações à busca de uma produ-

ção mais eficiente, econômica e com menor

impacto ambiental.

em linhas gerais, o conceito de P+L pode

ser resumido como uma série de estraté-

gias, práticas e condutas econômicas, am-

bientais e técnicas, que evitam ou reduzem

a emissão de poluentes no meio ambien-

te por meio de ações preventivas, ou seja,

evitando a geração de poluentes ou criando

alternativas para que estes sejam reutiliza-

dos ou reciclados.

na prática, essas estratégias podem ser

aplicadas a processos, produtos e até mesmo

serviços, e incluem alguns procedimentos

fundamentais que inserem a P+L nos proces-

sos de produção. Dentre eles, é possível citar

a redução ou eliminação do uso de matérias-

primas tóxicas, aumento da eficiência no

uso de matérias-primas, água ou energia,

redução na geração de resíduos e efluentes, e

reuso de recursos, entre outros.

As vantagens são significativas para todos

os envolvidos, do indivíduo à sociedade, do

país ao planeta. mas é a empresa que ob-

tém os maiores benefícios para o seu pró-

prio negócio. Para ela, a P+L pode significar

redução de custos de produção; aumento

de eficiência e competitividade; diminuição

dos riscos de acidentes ambientais; melhoria

das condições de saúde e de segurança do

trabalhador; melhoria da imagem da empre-

sa junto a consumidores, fornecedores, poder

público, mercado e comunidades; ampliação

de suas perspectivas de atuação no mercado

interno e externo; maior acesso a linhas de

financiamento; melhoria do relacionamen-

to com os órgãos ambientais e a sociedade,

entre outros.

Por tudo isso vale a pena adotar essa

prática, principalmente se a sua empresa for

pequena ou média e esteja dando os primei-

ros passos no mercado, pois com a P+L você

e seus colaboradores já começam a trabalhar

certo desde o início. Ao contrário do que pos-

sa parecer num primeiro momento, grande

parte das medidas são muito simples. Algu-

mas já são amplamente disseminadas, mas

neste Guia aparecem organizadas segundo

um contexto global, tratando da questão

ambiental por meio de suas várias interfaces:

a individual relativa ao colaborador; a coleti-

va referente à organização; e a global, ligada

às necessidades do país e do planeta.

é provável que, ao ler este documento,

em diversos momentos, você pare e pense:

“mas isto eu já faço!” Tanto melhor, pois isso

apenas irá demonstrar que você já adotou

algumas iniciativas para que a sua empresa

se torne mais sustentável. em geral, a P+L

começa com a aplicação do “bom senso”

aos processos, que evolui com o tempo até a

106

Guia Técnico Ambiental da Indústria de Papel e Celulose - Série P+L Guia Técnico Ambiental da Indústria de Papel e Celulose - Série P+L

incorporação de seus conceitos à gestão do

próprio negócio. Importante ressaltar que a

P+L é uma estratégia que pode se aplicar aos

sistemas de gestão, e que abrange diver-

sos níveis da empresa, da alta diretoria aos

diversos colaboradores. Trata-se não só de

mudanças organizacionais, técnicas e ope-

racionais, mas também de uma mudança

cultural que necessita de comunicação para

ser disseminada e incorporada ao dia-a-dia

de cada colaborador.

é uma tarefa desafiadora, e que por isso

mesmo consiste em uma excelente opor-

tunidade de agregar inovação e competiti-

vidade à sua empresa. Com a P+L é possível

construir uma visão de futuro, aperfeiçoar as

etapas de planejamento, expandir e am-

pliar o negócio, e o mais importante: obter

simultaneamente benefícios ambientais e

econômicos na gestão dos processos. Com

isso, o objetivo deste material é demonstrar

a responsabilidade de cada empresa, seja

ela pequena, média ou grande, com a manu-

tenção e melhoria da qualidade ambiental,

atitude imprescindível para a gestão respon-

sável das empresas.

De modo a auxiliar as empresas nesta

empreitada, este Guia foi estruturado em

capítulos que se iniciam com a descrição do

setor; apresentam a descrição dos proces-

sos produtivos, com as etapas genéricas e

as entradas de matérias-primas e saídas de

produtos, efluentes e resíduos; discutem os

potenciais impactos ambientais potenciais

da atividade produtiva, que pode ocorrer

quando não existe o cuidado com o meio

ambiente; e por fim mostram alguns exem-

plos de procedimentos de P+L aplicáveis à

produção: uso racional da água com técni-

cas de economia e reuso; técnicas e equipa-

mentos para a economia de energia elétrica;

utilização de matérias-primas menos tóxicas,

reciclagem de materiais, tratamento de água

e de efluentes industriais, entre outros.

esperamos que este Guia contribua

na construção de um projeto de susten-

tabilidade na sua empresa. nesse senti-

do, convidamos você a ler este material

atentamente, discuti-lo com sua equipe e

colocá-lo em prática.

2. Perfil do Setoro setor de celulose e papel é um dos

segmentos industriais mais competitivos do

País, com um padrão de qualidade equiva-

lente aos melhores do mundo, atuando num

mercado globalizado e extremamente ativo.

em seu processo produtivo, o setor utiliza

basicamente madeira plantada (eucalipto e

pinus), originária de reflorestamentos.

o crescimento da Celulose de mercado

nos últimos 15 anos foi em média 3,3% ao

ano, saindo de 29 milhões de toneladas em

1990 para uma demanda total de 47 mi-

lhões de toneladas em 2005. nesse mesmo

período, a celulose de fibra curta de eucalip-

Tabela I: Evolução da produção brasileira de celulose e papel – em toneladas anuais

ANO CELULOSE (Fibra Curta)

% Crescimento PAPEL % Crescimento

2001 7.4012.027 -0,69 7.434.767 3,3

2002 8.021.095 8,22 7.773.913 4,52

2003 9.069.247 13,07 7.915.504 1,82

2004 9.620.143 6,07 8.452.411 6,78

2005 10.352.113 7,61 8.597.307 1,71

2006 11139449 7,2 8.744.427 1,8 Fonte: Bracelpa – Relatório Estatístico 2005/2006. 107

Guia Técnico Ambiental da Indústria de Papel e Celulose - Série P+L Guia Técnico Ambiental da Indústria de Papel e Celulose - Série P+L

to cresceu em média 7,4% ao ano, saindo de

3,5 milhões de toneladas em 1990 e passan-

do para mais de 10 milhões de toneladas

em 2005. em termos de mercado mundial,

a fibra de eucalipto subiu 12% desde 1990,

para 21% do mercado mundial de celulose.

Apesar do avanço do processo de informa-

tização, a demanda tem continuado a crescer

expressivamente, por conta do aumento no

consumo de papéis de impressão e para uti-

lização em embalagens, fazendo com que se

busque a ampliação das unidades produtivas

existentes e o projeto de novas unidades. nes-

se cenário, destacam-se o estado de São Paulo,

a bahia, espírito Santo e rio Grande do Sul.

3. Descriçãodo Processo

A origem dos primeiros processos de

produção de papel se confunde com a pró-

pria história da humanidade. Pressupõe-sea

existência de um número de variações igual

ou maior que o de matérias primas em-

pregadas. Desde o núcleo fibroso da plan-

ta papiro, já se fabricou papel a partir de

trapos, fibra de cânhamo (euA, Austrália e

França), folhas de amoreira (Japão) e assim

por diante. em países em desenvolvimento

se estima que 60% da fibra celulósica venha

de insumos agrícolas como bagaço de cana,

palha de cereais, bambu, juncos, gramíneas,

juta, sisal e outros1 .

no brasil, a quase totalidade da produ-

ção de papel se dá a partir da celulose de

fibras curtas, obtida de madeiras de áreas

de reflorestamento; essas podem ser duras

(eucaliptos) ou mais moles (pinus) – utiliza-

das conforme as demandas de mercado. A

maior difusão do eucalipto se deve às suas

vantagens competitivas, como boa aclima-

tação às condições brasileiras (permitindo

aproveitamento da planta em até 7 anos e,

Tabela II: Distribuição Geográfica da Produção brasileira de Celulose e Papel – em ton. anuais

CELULOSE (Fibra Curta) PAPEL

ESTADO Produção (t) Participação (%) Produção (t) Participação (%)

São Paulo 3.141.230 31,88 3.877.934 45,11

Espírito Santo 2.134.530 21,66

Bahia 1.061.118 10,77 302.996 3,52

Minas Gerais 967.060 9,82 392.742 4,57

Santa Catarina 867.921 8,81 1.596.098 18,57

Paraná 790.482 8,02 1.726.313 20,08

Rio Grande do Sul 446.073 4,53 204.149 2,37

Pará 364.227 3,7 35.850 0,42

Maranhão 53.821 0,55 67.340 0,78

Pernambuco 26.000 0,26 117.091 1,36

Rio de Janeiro 0 0 193.311 2,25

Amazonas 0 0 30.300 0,35

Paraíba 0 0 26.193 0,30

Goiás 0 0 10.100 0,12

Ceará 0 0 8.500 0,10

Sergipe 0 0 6.000 0,07

Rio Grande do Norte 0 0 2.390 0,03 Fonte: Relatório Anual da Bracelpa 2006.

1.World BankGroup. Pollu-

tion Prevention and Abatement

Handbook. Julho de 1998.

108

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no caso de florestas européias, de 20 a 50

anos, além da melhora das propriedades de

maciez proporcionadas aos papéis da linha

“Tissue” (linha sanitária).

A produção de papel, papelão e outros

artefatos afins pode ocorrer a partir da fibra

celulósica virgem, da reconstituição da polpa

de papel reciclado (aparas) ou ambas com-

binadas. uma dada unidade industrial pode

apenas processar a polpa produzida fora

ou funcionar como uma unidade integrada

(fábrica de papel e celulose). os impactos

ambientais irão variar conforme o processo

envolvido. A produção de polpa de celulo-

se (polpeamento) também varia conforme

as características desejadas para o produto

final e o processo empregado para remoção

de lignina2 das fibras. o polpeamento pode

empregar dois tipos de ação: mecânica ou

química (seja por cozimento ou digestão).

Também existem alguns processos mistos.

De forma abrangente, pode-se dividir os

processos de produção de celulose em:

• Processos mecânicos, termo-mecânicos ou

termo químico-mecânicos;

• Processo de produção de celulose ao sulfato

– Kraft3 (alcalino);

• Processo de produção de celulose ao sulfito

(ácido);

os métodos mecânico e termo-mecânico

(moagem mais calor) separam as fibras

desagregando a madeira por ação abrasiva

(discos) ou impacto (facas). Aproveitam pra-

ticamente 90% da madeira, mas produzem

um papel de fibra demasiado curta e frágil,

com um maior residual de lignina (o que

leva a um rápido amarelecimento da folha),

além de demandarem mais energia para a

desagregação. A polpa pode ser utilizada sem

branqueamento, para a fabricação de papéis

em que não haja exigências de brilho, prin-

cipalmente papel jornal. no entanto, para a

maioria dos outros usos (papéis para impres-

são e algumas embalagens), a polpa mecâni-

ca terá que ser branqueada.

A fim de se avaliar o conteúdo de ligni-

na de uma dada polpa, define-se o número

“kappa”, variando de 1 a 100 (de 1 a 70 para

as madeiras mais comuns). o número kappa

é muito utilizado no setor para avaliação dos

diferentes processos de extração de lignina4.

o teor de lignina pode ser estimado multipli-

cando-se o número kappa pelo fator 0,1655 .

os processos mistos químico-mecâni-

cos e termo químico-mecânicos são simi-

lares, apenas empregam menos energia;

utilizam agentes amaciantes como sulfito

(na2So

3), carbonato (na

2Co

3) ou hidróxido

de sódio (naoH). nessas polpas, a maior

parte da lignina residual fica retida no

papel, mas na fase de branqueamento ela

é, por sua vez, oxidada com o emprego de

peróxidos e hidrossulfitos.

os processos químicos são os que ge-

ram as polpas mais puras, sendo os mais

utilizados no país. Transformam aproxima-

damente metade da madeira em “resíduo”

(grande parte na forma de licor negro, re-

aproveitado como veremos a seguir), além

de demandar grandes quantidades de água

e apresentar impactos ambientais poten-

ciais significativos.

Tendo em vista que o processo com sul-

fito parece estar caindo em desuso e que a

grande maioria das plantas do país utiliza o

processo Kraft, fornece-se abaixo uma descri-

ção sucinta do mesmo.

3.1. Processo de Produção de Celulose

Branqueada – Kraft

é utilizado para produzir uma ampla va-

riedade de polpas, principalmente as destina-

das à produção de embalagens de papelão e

papéis de alta resistência, além da maior par-

te daquela utilizada nos papéis de impressão

utilizados no país.

2.Substância, oumistura de substân-cias carbonadas, relacionadas fisiologicamente à celulose e que com esta constitui a parte essencial do tecido lenhoso.

3. Kraft - forçaem alemão. Diz respeito à boa resistência do papel assim produzido.

4. O número kappaé obtido através da reação da polpa de celulose com uma solução padrão de permanganato de potássio.

5. Maiores detalhessobre seu método de determinação podem ser encon-trados na norma ISO 302:2004.IPPC, 2000, apud Piotto, 2003

109

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Trata-se de um processo que apresen-

ta a propriedade de recuperar os insumos

químicos envolvidos e que, via de regra,

apresenta um alto grau de complexidade.

os detalhes de suas etapas e fluxos variam

apreciavelmente entre diferentes unidades

industriais, sendo que alguns podem estar

envoltos em segredo industrial. Por essa

razão e para melhor entendimento pelos

leitores, aqui serão apenas apresentadas as

etapas de forma genérica, considerando-se

uma planta hipotética, de tecnologia rela-

tivamente moderna. este pode ser dividido

em quatro grandes fases ou macro-etapas,

com impactos distintos:

• Extração, seleção e preparação da madeira;

• Da madeira à celulose marrom (digestão;

etapas de recuperação de insumos químicos,

em “circuito fechado”);

• Da celulose marrom à celulose branqueada;

• Produção de papel ou papelão.

As Figuras 1 e 2 respectivamente ilus-

tram, sob forma esquemática, o processo

principal de produção de celulose Kraft e, de

forma mais detalhada, o ciclo de recuperação

dos reagentes de digestão.

Figura 1: Fluxograma simplificado do processo

alcalino (Kraft) de produção de

celulose e papel (Fonte: ABTCP)

Figura 2: Fluxo-grama simplifi-

cado das etapas de recuperação de insumos do processo Kraft

(Fonte: ABTCP)

110

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3.2. Preparação da Madeira

o processo produtivo de polpa de ce-

lulose se inicia nas áreas florestais, que

em geral são de propriedade das próprias

empresas; lá, as árvores são derrubadas,

desgalhadas e as toras cortadas, sendo que

algumas fábricas realizam o descascamento

na própria floresta, para depois enviá-las,

normalmente por caminhões, até as uni-

dades industriais, onde são armazenadas

em pátio de estocagem de toras, para servir

como reserva estratégica para eventuais in-

terrupções no sistema transporte de madei-

ra da floresta para a fábrica. Lá, as toras são

separadas conforme seu tamanho (critério

de diâmetro). Aquelas que não atendam os

requisitos para o cozimento são separadas

e enviadas para um picador específico, onde

são reduzidas a cavacos para alimentação

da caldeira de biomassa, com geração de

vapor e energia suplementar.

nessa etapa, as toras são lavadas para

remoção do material argiloso aderido às

cascas e à propria tora. Seguem-se as etapas

de descascamento (caso as mesmas não

tenham sido realizadas no campo) e pica-

gem. A madeira para celulose segue para os

equipamentos descascadores, que remo-

vem a casca por atrito, usualmente através

de discos giratórios. essa casca também é

encaminhada às caldeiras de biomassa. nos

picadores, a madeira é desagregada pela

ação de lâminas rotativas, que têm a impor-

tante função de obter cavacos de tamanho

uniforme e dimensões bem definidas, que

facilitem o processo de digestão. Sempre

que a picagem não apresente uniformidade

no tamanho dos cavacos produzidos, seja

por gerar cavacos muito pequenos (“ser-

ragem”, “palitos”) ou muito grandes (“las-

cas”), a saída do picador segue, via esteira

transportadora, até uma série de peneiras

vibratórias, que fazem a seleção e separam

os materiais que apresentam tamanho ade-

quado para cozimento.

os cavacos de madeira para celulose

são então armazenados a céu aberto em

um pátio ou em silos cobertos, onde ficam

algum tempo em maturação e também

Figura 3: Pátio de estocagem de madeira – foto de Milton Souza

111

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constituem uma reserva estratégica da

empresa em caso de problemas no for-

necimento de madeira, ou servem para

definir misturas adequadas (por tipo de

madeira) ao Cozimento.

A quantidade de material obtida (ren-

dimento dos processos) dependerá da

seleção realizada e da eficiência dessas

diversas etapas. os valores mais comuns

estão em torno de 4 a 6,6m³ de madeira

por tonelada de polpa, considerando-se

uma densidade média da madeira entre

0,4 e 0,6g/cm³. A quantidade de cascas

varia de 12 a 15% em massa6.

3.3. Da Madeira à Celulose Marrom

esta fase ocorre após a picagem, sele-

ção e estocagem, em que se dão as eta-

pas de digestão (o coração do processo),

separação do licor negro da celulose, sua

concentração nos evaporadores, queima

na caldeira de recuperação (co-geração de

energia), formação do licor verde e caustifi-

cação/calcinação (recuperação de produtos

químicos, que são reciclados à digestão) –

Veja-se as Figuras 1 e 2.

Digestão: os cavacos selecionados

são levados ao digestor, um vaso de

pressão, para impregnação com o cha-

mado licor branco, uma solução aquo-

sa alcalina contendo reagentes como

hidróxido de sódio (naoH) e sulfeto de

sódio (na2S), em temperaturas entre

110 e 120 ºC e pressão entre 8,0 e 10,0

kgf/cm2, o que ajuda a cozinhar a mas-

sa e realizar a impregnação dos cavacos

pelos reagentes. nessas condições de

cozimento dá-se a reação do Licor bran-

co com a madeira, dissolvendo a lignina

e transformando os cavacos em celulose

marrom, dessa forma individualizando

as fibras. Da reação do licor branco com

a lignina forma-se o licor negro, onde se

concentram, além de lignina, quase todos

os reagentes, e várias outras substâncias

constituintes da madeira, uma parte sob

a forma de substâncias odoríferas.

Figura 4: Pátio de cavacos –

foto de Milton Souza

6. Piotto, ZeilaC. Eco-eficiência

na Indústria de Celulose e Papel

– Estudo de CasoTese de Doutora-

mento apresentada à Escola Politécnica da Universidade de

São Paulo, 2003)

112

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o tempo de duração dessa etapa pode

variar de trinta minutos até aproximada-

mente 2 a 3 horas, eventualmente mais.

esse processo pode ocorrer em forma de

batelada ou contínuo, onde, após o cozi-

mento, a massa e o licor passam para um

tanque de descarga (blow tank), onde a

pressão é equalizada e é feita a separação

em celulose e licor negro. ultimamen-

te, a tendência tem sido a opção pelos

digestores em fluxo contínuo, onde todo

processo ocorre sem interrupção em duas

colunas, uma para impregnação com va-

por e outra para o processo de digestão.

Além de mais econômicos, os digesto-

res contínuos apresentam menor nível de

emissões atmosféricas odoríferas, o que

recomenda sua adoção em quase todas

as plantas, recentes ou reformadas.

Concentração e queima do licor negro:

Devido à severidade do polpeamento

químico, o licor negro gerado na diges-

tão é extremamente rico em material or-

gânico de alto poder calorífico (contém

aproximadamente metade da massa

da madeira original), o que torna viável

sua utilização como insumo energético;

ademais, o processo também permite a

recuperação de boa parte das substân-

cias químicas de digestão.

Após sua separação da celulose (por

lavagem), o licor negro é enviado para o

setor de evaporação, onde uma seqüência

de evaporadores em série (aquecidos a

vapor) remove o excesso de água, au-

mentando a concentração de sólidos da

mistura. Quando esta atinge uma con-

centração ótima, o licor é bombeado para

os queimadores da caldeira de recupera-

ção, a qual produz vapor a alta pressão,

passível de utilização para co-geração de

energia elétrica (através de turbinas) e

vapor de processo, além de transformar

os compostos de sódio do cozimento em

Carbonato de Sódio (na2Co

3). esse fato

faz da caldeira de recuperação um dos

equipamentos mais vitais ao funciona-

Figura 5: Digestor contínuo – foto de Celso Foelkel

113

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mento da unidade; ao mesmo tempo ela

é também uma das fontes mais significa-

tivas de emissões atmosféricas, na forma

de material particulado e de enxofre total

reduzido (eTr), cuja sigla mais conhecida

no setor é TrS (Total reduced Sulfur), que

necessitam de controle adequado.

Formação do licor verde (solução de

carbonato de Sódio + Sulfeto de sódio) e

processo de caustificação: Após a queima

do licor negro, seus constituintes inor-

gânicos (“smelt”) fluem para o fundo da

caldeira, onde são coletados e dissolvidos

com licor branco fraco ou água quente.

Grande parte desse material é composto

dos mesmos reagentes que entraram no

processo, basicamente carbonato e sulfe-

to de sódio. Ao smelt é adicionada água

quente ou licor branco fraco, formando-

se então o licor verde, que segue para a

etapa de recuperação de reagentes.

A primeira etapa consiste em um tra-

tamento (filtração ou decantação) para

remoção de cinzas e impurezas (os “dre-

gs”) sempre presentes após um proces-

so de queima (uma fonte expressiva de

resíduos sólidos). Segue-se o processo

de caustificação, em que ao licor verde

é adicionado óxido de cálcio (Cao), que

reage com o na2Co

3, e forma novamente

hidróxido de sódio (naoH), recompon-

do o licor branco forte, acrescido de uma

lama calcária (carbonato de cálcio – Ca-

Co3), que é precipitada na reação; esta

é separada e enviada para um Forno de

Cal, onde ocorre a calcinação da lama,

regenerando o Cao para reutilização no

processo e liberando Co2. o licor branco

regenerado também retorna ao processo

de digestão, fechando o ciclo. esse pro-

cesso permite taxas de recuperação de

reagentes relativamente altas. As eventu-

ais perdas de reagentes do processo, via

efluentes líquidos, sólidos e gasosos são

repostas por adição de álcali ao sistema,

a qual pode ser feita sob a forma de soda

cáustica, sulfato de sódio, cal virgem ou

carbonato de cálcio.

3.4. Da Celulose Marrom

à Celulose Branqueada

esta fase engloba todas as etapas poste-

riores à digestão da madeira, com a conse-

qüente individualização da fibra, até a má-

quina de secagem de celulose, o que inclui

todos os passos de depuração da massa mar-

rom (também conhecida no setor pelo termo

“brown stock”), o branqueamento, o refino e

os tratamentos necessários a cada produto.

São as etapas que envolvem o maior consu-

mo de água e as fontes mais significativas de

geração de efluentes líquidos.

Etapa de lavagem da celulose: na saída do

digestor, a mistura de polpa (fibras) mais

licor negro sofre separação por intermédio

das etapas posteriores de lavagem, com

encaminhamento deste último ao processo

de recuperação de reagentes e energia (des-

crito acima). numa unidade convencional,

que opere com digestão em batelada, essas

etapas usualmente empregam máquinas

de lavagem a vácuo em formato de tambor,

enquanto os digestores contínuos usualmen-

te têm a vantagem de serem equipados com

uma zona de lavagem a alta temperatura,

à qual são adicionados mais alguns equipa-

mentos de lavagem adicionais, que podem

ser do tipo tambor, prensa, com difusores ou

de outras variedades. no interior do digestor,

aplica-se água (ou licor) de lavagem quente à

massa digerida.

operações de lavagem eficientes ser-

vem para reduzir o residual de licor negro

na massa, diminuindo o consumo de rea-

114

Guia Técnico Ambiental da Indústria de Papel e Celulose - Série P+L Guia Técnico Ambiental da Indústria de Papel e Celulose - Série P+L

gentes necessários às etapas posteriores

de deslignificação e de branqueamento

(podendo vir a eventualmente eliminá-las,

de acordo com o nível de exigência para

o produto final). A eficiência das opera-

ções de lavagem dependerá bastante do

desempenho do equipamento utilizado,

da consistência da polpa digerida e, prin-

cipalmente, da quantidade de água utili-

zada. é preciso atentar para o fato de que

um aumento no desempenho de lavagem,

através do aumento da quantidade de

água utilizada, também implicará em um

maior consumo de vapor (energia) na etapa

de concentração do licor negro (evapo-

radores). A lavagem ocorre em múltiplas

etapas e em contra corrente (água mais

limpa sendo adicionada ao último lavador,

com a saída deste usada para realimentar

o equipamento anterior, em sentido oposto

ao do fluxo da celulose lavada), podendo

ocorrer de se optar por colocar uma etapa

de deslignificação (descrita a seguir) entre

dois estágios de lavagem consecutivos.

Deslignificação (pré-branqueamento):

As polpas Kraft são muito resistentes

(quando produzidas com fibras longas),

mas também muito escuras. Como já foi

dito, o alto teor de lignina no “brown sto-

ck” é um problema potencial, não só em

termos de maior necessidade de reagen-

tes alvejantes (maior custo), mas também

devido ao seu maior potencial de geração

de impactos ambientais, resultantes da

utilização desses reagentes. nas plantas

modernas, é normal a adoção de uma eta-

pa intermediária de deslignificação entre a

lavagem e o branqueamento (ou entre dois

estágios consecutivos de lavagem), utili-

zando-se oxigênio puro em meio alcalino. A

operação é compatível com o emprego de

qualquer dos tipos de digestão e pode ser

realizada em uma ou duas fases, com ou

sem o emprego de um estágio intermediá-

rio de lavagem. De forma a manter o meio

alcalino necessário ao processo, normal-

mente adiciona-se licor branco fraco à mis-

tura; nessas condições, o naoH mantém o

pH suficientemente alto e o sulfeto de só-

dio vai a tiossulfato; também pode-se adi-

cionar sulfato de magnésio (mgSo4) para

manter a integridade da massa. Devido à

baixa solubilidade do oxigênio na mistura,

o reator trabalha pressurizado e sob uma

temperatura de cerca de 100 ºC. A matéria

orgânica solubilizada durante essa etapa

pode ser perfeitamente encaminhada ao

estágio de recuperação química, sem que

haja necessidade de grandes modificações

de processo, assim reduzindo a carga de

efluentes para o sistema de tratamento.

Branqueamento: é a etapa que causa

o maior impacto ambiental dessa fase

do processo, principalmente no que diz

respeito aos efluentes líquidos. ela nem

sempre está presente, salvo nos casos em

que isso seja considerado imprescindí-

vel (como na produção de papel branco,

papéis brilhantes, “tissue” e outros). o

branqueamento é usualmente realizado

em vários estágios ácidos ou então em

meio alcalino. no processo convencional,

usualmente tem-se empregado compos-

tos de cloro, como o Dióxido de Cloro, para

impregnar a massa e oxidar qualquer resi-

dual de lignina que ainda persistir após o

cozimento e a deslignificação.

o Cloro Gasoso, em função dos altos

riscos ocupacionais e ambientais ligados

ao seu emprego, além de fatores de mer-

cado, está sendo gradualmente banido,

em favor de processos denominados “eCF”

(elemental Chlorine Free - processos Livres

de Cloro molecular) ou aqueles totalmen-

115

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te livres do emprego de Cloro (descritos

pela sigla TCF – Totally Chlorine Free). este

último envolve o uso de outros agentes,

como oxigênio, peróxido de hidrogênio

e ozônio, enquanto que o eCF emprega

principalmente dióxido de cloro e, eventu-

almente, hipoclorito de sódio. mais re-

centemente, o ácido peracético se tornou

disponível no mercado (ainda de modo in-

cipiente) para uso como agente alvejante.

De uma maneira geral, por não serem

tão reativos os processos TCF apenas ad-

mitem o trabalho com um menor conteú-

do de lignina (valores de kappa) na massa

do que seria possível no branqueamento

por processos eCF. A escolha do agente e

dos produtos químicos auxiliares a utili-

zar, além da seqüência de etapas a serem

seguidas, dependerá do produto desejado

e das características dos agentes alvejan-

tes, tais como:

Cloro gasoso e hipoclorito: estão rapi-

damente deixando de ser utilizados; na

maior parte dos casos estão sendo subs-

tituídos pelo dióxido de cloro. no proces-

so de produção desse composto, algu-

ma quantidade residual de cloro gasoso

ainda é formada como subproduto e tal

residual, sem dúvida, acaba por atuar no

branqueamento.

Dióxido de cloro: assim como o ozônio,

é um oxidante muito forte e precisa ser

gerado na própria unidade industrial, para

uso imediato, enquanto que o peróxido de

hidrogênio, o oxigênio e os álcalis podem

ser recebidos de terceiros.

Ozônio: é, talvez, o agente alvejante mais

reativo, enquanto que o dióxido de cloro,

o oxigênio e o peróxido são menos reati-

vos (requerem maior tempo de contato).

o processo consiste em levar a lignina a

uma forma solúvel em base alcalina (adi-

ção de hidróxido de sódio ou licor branco).

o emprego de processos TCF permite que

os efluentes da etapa de branqueamento

sejam utilizados na lavagem da polpa em

processo de contra-corrente.

Secagem da Celulose Branca: Trata-se da

fase final da produção de celulose e ape-

nas tem lugar em grande escala no caso de

plantas exclusivas de celulose (geralmente

para exportação), mas também pode ter

lugar em fábricas de papel e celulose (inte-

gradas) que disponham de um excesso de

produção que lhes permita fornecer polpa

ao mercado. Secadoras de proporções re-

duzidas podem ser utilizadas para produzir

pequenas partidas de celulose excedente

para uso como estoque regulador, para

utilização durante emergências ou paradas

do processo para manutenção. Após uma

última etapa de depuração, a celulose é en-

caminhada para a secadora, que apresenta

um arranjo físico muito similar ao de uma

máquina de papel. A massa (a uma consis-

tência próxima a 98% de umidade) entra

por uma extremidade e passa por cilindros

aquecidos a vapor, ou por colchões de ar

aquecido, saindo em forma de bobina (a 5

% de umidade), que é cortada em grandes

folhas e enfardada para expedição.

3.5. Produção de Papel ou Papelão a

partir de Celulose Virgem/ Aparas

Como já foi dito, as etapas após a celu-

lose pronta (seja ela branqueada ou não)

geralmente se dão em unidades totalmente

autônomas (realidade da grande maioria

das empresas médias e pequenas do país).

esse processo pode apresentar um número

imenso de variações, que não serão objeto

deste manual, razão pela qual a descrição fi-

cará restrita às macro operações básicas, que

sempre estão presentes:

116

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• Preparação da massa (diluição);

• Etapas de purificação e refino;

• Máquina de papel propriamente dita.

Já há algum tempo as fibras de celulose

reciclada vêm se tornando um insumo indis-

pensável à indústria, principalmente devido

ao preço potencialmente mais vantajoso do

papel reciclado quando comparado ao da

celulose virgem, sem falar em sua crescente

popularidade, devida às diversas campanhas

pelo consumo consciente. o processo bási-

co de produção a partir de aparas é muito

similar ao que só emprega celulose virgem; a

grande diferença diz respeito à ausência das

operações de digestão e à necessidade muito

maior por etapas de depuração e limpeza.

Além disso, grande parte das empresas do

setor hoje emprega quantidades conside-

ráveis de fibra reciclada (existindo muitas

plantas que se utilizam exclusivamente de

aparas). Para benefício do leitor e de modo a

se evitar repetições desnecessárias, far-se-á

uma descrição geral e sucinta, válida para

ambos os processos, mencionando-se sem-

pre que existam diferenças.

Pré-seleção em empresas aparistas (só p/

processo de aparas): o papel reciclado é

separado do lixo e vendido a sucateiros, que

o enviam a depósitos. Ali, o papel é enfarda-

do em prensas e depois encaminhado aos

aparistas, que classificam as partidas e as

revendem para as fábricas de papel como

matéria-prima. o transporte é feito em

caminhões cobertos, de modo a se evitar a

absorção de umidade.

Ecepção e seleção (só p/ processo de apa-

ras): ao chegarem à fábrica, os fardos de

papel são pesados e classificados. essa

classificação é feita de acordo com um “grau

de brancura” visual de cada partida (bran-

co de 1a, de 2a, de 3a, etc.), o que também

condiciona o seu preço de aquisição. As

mais valiosas são as chamadas “brancas de

primeira”, resultantes do rebarbamento das

bobinas de papel branco virgem; a partir daí

Figura 6: Recepção de aparas – foto de Celso Foelkel

117

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o preço decresce com o acréscimo de cor e

impurezas à partida. o processo de papelão

possui seus próprios critérios de classifi-

cação distintos. Após essa etapa, os fardos

usualmente ficam armazenados a céu aber-

to, aguardando processamento.

Desfibramento / preparação da massa

(também se pode utilizar celulose branca

a partir dessa fase): os fardos são coloca-

dos em uma esteira de alimentação, que

os leva aos equipamentos denominados

“Hidrapulpers” (similares a grandes liqui-

dificadores), em forma de tanques cilíndri-

cos (ao qual é adicionada água, nova e/ou

reciclada), providos de rotores giratórios

ao fundo, onde a massa é desagregada. o

equipamento forma a pasta de celulose,

em uma consistência próxima à do leite,

para permitir seu bombeamento.

Etapas de depuração e lavagem: as etapas

em si e seu número dependerão do grau de

pureza da massa. São empregados equipa-

mentos diversos, para remoção de mate-

riais grosseiros, de materiais finos, areias

e outras impurezas. As pastas recicladas

contêm grande número dessas impurezas,

como pedaços de papel não desagregado,

metal (arames, clipes, ferragens) e plástico.

uma peneira (descontaminador), abaixo

do rotor do hydrapulper, se constitui na

primeira etapa de remoção de materiais

grosseiros, que são separados e enviados

para o lixo. As impurezas finas e areia são

removidas em uma série de equipamen-

tos como peneiras, flotadores, separado-

res centrífugos (“cleaners”), e outros., que

progressivamente vão purificando a massa.

nessas etapas há uso de quantidades con-

sideráveis de água de processo, que entra

para lavagem da massa.

Destintamento (opcional – só p/ proces-

so de aparas): trata-se do grande divisor

de águas do processo de reciclagem, do

ponto de vista de impactos ambientais. A

massa não destintada geralmente só en-

contra utilização para a produção de papel

jornal, de embrulho e papelão. A fabrica-

ção de papéis sanitários, de escrita/para

impressão, além de papel para revistas e

alguns tipos de papel cartão, demanda o

emprego de insumos como soda cáustica

e produtos químicos (geralmente tenso-

ativos), que retiram os resíduos de tintas

e o passam para o efluente do processo,

em geral sob forma coloidal. o consumo

de destintantes irá depender do grau de

brancura requerido para a massa.

Engrossamento (opcional): de modo a ga-

rantir o adequado funcionamento das pró-

ximas etapas, às vezes é necessário reduzir

Figura 7: En-trada de fardos

de aparas no hidrapulper – foto de André

Souza

118

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o teor de umidade da massa, o que se dá

nos engrossadores, que removem o exces-

so de água, por pressão ou a vácuo.

Branqueamento (aqui somente para

processo de aparas, utilização opcional):

quando há uso de aparas em proporção

significativa, e dependendo do grau de

brancura da massa e do produto pretendi-

do, pode haver necessidade de se interca-

lar uma etapa de branqueamento adicio-

nal. Como não contém praticamente mais

lignina, a pasta pode ser branqueada por

processos TCF, sendo comum o uso do pe-

róxido de hidrogênio. Dependendo do uso

final, também poderá ser adicionada uma

pequena quantidade de corante à massa,

para conferir um determinado “tom” (p/

ex.: azulado) ao produto final e melhorar

seu aspecto.

Refino ou despastilhamento (opcional):

de modo a conseguir uma maior resis-

tência do produto, às vezes é necessário

“abrir” e reorientar as fibras de celulose,

melhorando sua ligação (efeito de entre-

laçamento). Isso é feito no equipamento

denominado refinador ou “despastilhador”,

composto de dois discos face a face que gi-

ram em sentidos opostos, aplicando deter-

minada tensão de cisalhamento à massa.

Depuração fina e acerto do comprimento

da fibra: últimas etapas antes da entrada

na máquina de papel. Dá-se nos “Clea-

ners” e depuradores, onde são eliminadas

as areias e impurezas finas ainda existen-

tes na pasta. eventualmente, nem toda a

massa é passível de incorporação ao novo

produto. Fibras pequenas demais tendem

a tornar o papel quebradiço e devem ser

separadas nessa etapa, através de opera-

ções de peneiramento fino. essas peque-

nas fibras são usualmente desprezadas

junto com o efluente, onde a maior parte

fica retida no tratamento e é reciclada a

outros processos (ou deverá ser disposta

como resíduo).

Figura 8: Refina-dores ou Despas-tilhadores – Foto de Dino Ranzani

119

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Máquina de papel: é a principal etapa de

recomposição do produto final. A massa é

bombeada a tanques de armazenamento e

volta a ser diluída com água até uma visco-

sidade similar à de leite ralo (~98% de umi-

dade), onde pode eventualmente receber

seus últimos aditivos: amido, cargas minerais

para conferir brilho e outros. Daí é aspergida

uniformemente sobre a máquina (também

denominada “mesa”). esta se assemelha a

uma longa série de esteiras rolantes, com-

posta pelas seguintes seções:

• a caixa de entrada, que injeta a suspensão

homogeneamente sobre a mesa;

• a primeira esteira, de tela grossa, por onde

a água escoa por queda livre (toda a água es-

coada vai para uma bandeja inferior, de onde

é bombeada para reuso); durante essa fase a

massa vai a um teor de 12 a 20% de sólidos.

As bordas irregulares da folha são aparadas

com jatos d’água a alta pressão;

• uma segunda seção, em que a tela passa

por bocais a vácuo e ainda outra, de tela

mais fina e rolos pressores, que progressi-

vamente vão secando mais a massa, que aí

atinge 50% de umidade;

• a seção de secagem (também denominada

“secaria”), em que a aplicação de vapor sob

pressão no interior dos cilindros de secagem

leva a massa até seu teor de umidade final

de 5%, formando-se a folha de papel “seca”;

• área de formação da bobina de papel

(enrolamento).

Rebobinamento: por vezes essas grandes

bobinas de papel (pesando toneladas) já se

constituem no produto final, mas usualmen-

te a unidade produtiva também efetua seu

rebobinamento em suas próprias dependên-

cias, de modo a formar bobinas menores –

geralmente enroladas sobre tubetes de pape-

lão – e de mais fácil manuseio nas eventuais

máquinas especializadas.

Máquinas para confecção dos produtos

finais: dependendo do tipo (gramatura,

brilho, propriedades mecânicas, etc.) do

Figura 9: Vista de um equipamento

de depuração fina da massa de aparas reciclada

(“cleaner”) – foto de Dino Ranzani

120

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papel/papelão desejado, uma série de ou-

tros equipamentos poderá ser utilizada;

calandras, bobinadeiras, rebobinadeiras,

onduladeiras (só para papelão), aplicadoras

de cola, máquinas de revestimento, de im-

pressão (clichês), máquinas peletizadoras

(embaladeiras) e outras.

4. Aspectose Impactos Ambientais

Ao longo de milênios, o papel tem sido

um bem de vital importância para a econo-

mia e a cultura de toda a humanidade, sendo

que sua importância só tem aumentado.

Hoje se vive em um mundo onde há deman-

da crescente por papel. Quarenta por cento

do lixo doméstico de países desenvolvidos

são compostos de papel. A situação é tanto

mais séria quando se avalia o recente surto

de crescimento econômico de países emer-

gentes como a China. As estimativas são de

que, mantidas as atuais taxas de crescimen-

to, a evolução do consumo chinês poderia

contribuir para a duplicação da atual de-

manda por volta do ano 2031, com impactos

ambientais adversos.

Para o setor de Celulose e Papel, o tra-

tamento da questão ambiental é hoje uma

questão de sobrevivência. Ano após ano, esta

premissa vem sendo tratada como uma vari-

ável gerencial relevante ao negócio.

Quase toda a polpa de celulose utilizada

hoje no brasil é produzida a partir de madeira

de eucalipto (fibra curta), segundo o processo

Kraft (alcalino), com impactos potenciais à

biota e sobre a saúde muito elevados, o que

tem servido de incentivo à adoção de me-

didas de conservação de matérias-primas/

energia e à utilização de tecnologias de

controle sofisticadas, inclusive no sentido de

evitar a ocorrência de incidentes e acidentes,

que geralmente têm conseqüências críticas.

o leque dos poluentes adversos (ou es-

tranhos ao meio) encontrados nas emissões

Figura 10: Vista geral de uma máquina de papel típica. Cortezia Suzano Celulose e Papel.

121

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brutas (sem tratamento) de fábricas de celu-

lose inclui substâncias como: monóxido de

carbono, sulfeto de carbonila, cloro/dióxido

de cloro, clorofórmio, dioxinas e furanos, áci-

do clorídrico, óxidos de nitrogênio (nox), ma-

terial particulado, fenóis, óxidos de enxofre,

compostos de enxofre reduzido (eTr), resinas

acídicas, álcoois terpenos, acetaldeído, nitra-

tos, fungos (aspergillus fumigatus e asper-

gillus versicolor), bioaerosóis (endotoxinas),

compostos aromáticos clorados e outros

compostos orgânicos voláteis (inclusive ácido

dicloroacético, metil éster, 2,5 Diclorotiofano,

estireno, benzeno, tolueno e xileno), sendo

que seus impactos na natureza não são total-

mente conhecidos até o presente. neste capí-

tulo procurou-se discutir os principais.

o consumo de água varia de uma fábrica

para outra. é possível encontrar valores entre

15 e 100m³/t (valores acima de 50m³/t – ge-

ralmente incluem água de refrigeração)7.

este valor pode ser reduzido à medida

que aumentam a recirculação interna e a

eficiência dos equipamentos de lavagem

e dos processos de reciclagem de filtrados

alcalinos, com efeitos diretos nas descar-

gas de efluentes.

A questão dos efluentes líquidos atu-

almente é equacionada com a redução de

efluentes na fonte onde foram gerados, atra-

vés da implantação dos chamados “Sistemas

de recuperação de Perdas”, cujo principal

conceito é: “cada área geradora de efluentes

também fica responsável por gerenciar suas

perdas”. o emprego de tratamento secundá-

rio dos efluentes hídricos já é prática normal

nas fábricas de Celulose e Papel e, alguns

casos, integra-se o tratamento terciário.

Quanto às emissões atmosféricas, essas

vêm sendo reduzidas através do emprego de

novas tecnologias, principalmente na quei-

ma de Licor negro, por meio da implantação

da tecnologia de “Caldeiras de recuperação

de baixo odor”, que requerem a queima de

licor negro a altas concentrações. Foram

praticamente extintos os antigos evapora-

dores tipo cascata, que eram fontes signi-

ficativas de emissão de odores (eTr/TrS).

Figura 11: Formação

da folha de papel

7. Piotto,Z. , op. cit.

122

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estes foram substituídos por evaporadores

do tipo “Falling Film”, que geram licor negro

altamente concentrado (75% a 80%), além de

gerarem condensados menos contaminados,

os quais podem ser empregados na lavagem

da polpa ou da lama de cal.

A reciclagem dos resíduos sólidos tem

sido bastante empregada, principalmente

pelos grandes empreendimentos do setor. A

segregação dos resíduos, por tipo e fonte de

geração, para tratamento em separado já é

uma prática comum na indústria.

A Figura 12 ilustra, de forma esquemática,

os fluxos de insumos e as principais emissões

e correntes de resíduos do processo de papel

e celulose, de acordo com as diferentes eta-

pas do processo produtivo.

A seguir, são tecidas considerações acerca

dos principais aspectos ambientais envolvi-

dos no processo.

4.1 Áreas Florestais

Poucos se dão conta de que os impactos

da produção de papel se iniciam nas áreas de

reflorestamento. Tal discussão não é propria-

mente objeto deste Guia, porém vale a pena

comentar que a produção florestal não se dá

sem custos, como:

• imobilização de amplas áreas para cultivo

de eucaliptos e pinus, que poderiam ter ou-

tras destinações;

• redução de biodiversidade nas áreas planta-

das (“desertos verdes”);

• alto consumo de água de irrigação pelos

cultivares;

• possibilidade de incêndios florestais e nas

pilhas de resíduos de corte de árvores, geran-

do emissões atmosféricas, resíduos sólidos e

possíveis danos a terceiros;

• uso de maquinário pesado para extração da

madeira, com risco de compactação do solo;

Figura 12: Fluxograma simplificado das emissões e correntes de resíduos para o processo produtivo de papel e celulose (Fonte: IPPC, 2000, apud Piotto, 2003).

123

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• amplo uso de fertilizantes e defensivos

agrícolas, com riscos para, fauna, solo e

águas subterrâneas

entretanto, todos esses impactos podem

ser contornados por meio do emprego de

práticas de manejo sustentável da floresta.

4.2.Consumo de Água

os processos de fabricação de celulose e

papel já estiveram entre os mais intensivos

em termos de consumo de água. no entan-

to, o setor, através de novas tecnologias e

práticas operacionais, já reduziu drastica-

mente os índices realtivos a este item. na

produção, tanto de celulose como de papel,

empregam práticas voltadas para o fecha-

mento de circuito, através da reutilização

de licores, condensados e águas de lava-

gem. os produtores de celulose, principal-

mente os exportadores, tiveram que adotar

essas práticas pressionados pelo mercado.

Já os demais segmentos do setor nacional

reagiram preventivamente diante da Lei

Federal 9433/97 que, no seu Capitulo IV

artigo 5°, prevê a cobrança pelo uso dos re-

cursos hídricos. recentemente (dezembro

de 2005), também entrou em vigor a Lei

estadual nº 12.183, que dispõe sobre a co-

brança pela utilização de recursos hídricos

no estado de São Paulo. é previsto que sua

aplicação deverá vir a disciplinar especial-

mente o emprego dos aqüíferos subterrâ-

neos para fins de abastecimento e uso em

processos industriais.

esta mudança no gerenciamento dos pro-

cessos pode ser constatada pela apreciação

dos valores de consumo específico pratica-

dos nos anos 70, quando se utilizava de 100

a 120 m³ de água por tonelada produzida

de celulose; no final dos anos 90, este índice

havia sido reduzido para algo em torno de 32

a 36 m³ por tonelada produzida.

Atualmente, a taxa média de recirculação

de uma fábrica de celulose é de 1/30, ou seja,

para cada metro cúbico aduzido de água, 30

m³ são recirculados ao processo. Pelo proces-

so de melhoria contínua das fábricas, busca-

se constantemente melhorar esta relação.

Porém, devido aoaumento do volume recircu-

lado, advêm problemas causados por incrus-

tações e acúmulo de substâncias estranhas

ao processo, que degradam a qualidade do

produto final, seja celulose ou papel, desafio

constante ao fechamento total de circuitos.

4.3.Consumo de Energia

o processo pode ser considerado energe-

ticamente intenso, devido às suas múltiplas

necessidades. Como ferramentas de maior

consumo aparecem as caldeiras auxiliares (a

biomassa, óleo, gás....) e a de recuperação, que

queimam o próprio licor negro de processo.

esse equipamento é dos mais importantes,

fornecendo por volta de 80% das necessidades

energéticas da unidade industrial, tanto em

forma de vapor de processo (tanto as secado-

ras de celulose quanto as máquinas de papel

são consumidoras expressivas de vapor),

Tabela III: Consumo médio de energia no processo produtivo de celulose.

Tipo / Parâmetro Consumo de energia térmica (GJ/tsa)

Consumo de energia elétrica (MWh/tsa 9)

Polpa branqueada/fábricas não integradas 10 a 14 0,6 a 0,8

Polpa branqueada/fábricas integradas 14 a 20 1,2 a 1,5

Polpa não branqueada/fábricas integradas 14 a 17,5 1,0 a 1,3

Fonte: IPPC, 2001

124

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quanto através da geração de energia elétri-

ca (em turbinas), o que torna as indústrias de

celulose praticamente auto-sustentáveis em

termos de energia elétrica e térmica.

A tabela III demonstra, de forma genéri-

ca, o consumo médio de energia no processo

produtivo, que pode ter origem na quei-

ma efetuada no processo de recuperação,

queima de biomassa ou ser fornecida pelas

distribuidoras de energia elétrica. os dados

aqui apresentados se referem à estimativa

do European Integrated Pollution Prevention

and Control Bureau – eIPPC8.

em fábricas de celulose, é comum a

adoção de caldeiras a biomassa (resíduos de

madeira), onde é queimado o material ina-

dequado ao processo produtivo, que inclui

galhos, gravetos, cascas, nós, palitos e outros.

As emissões de material particulado (e

quantidades apreciáveis de cinzas) dessas

caldeiras também precisam ser adequada-

mente controladas. recentemente também

passou a ser utilizado o gás natural, alter-

nativa considerada mais amigável ambien-

talmente e de custo razoável, com muitas

adaptações de queimadores de óleo para gás

e para o tipo bi-combustível. Vários outros

equipamentos – motores, compressores/

bombas de vácuo, bombas hidráulicas, mis-

turadores, depuradores, refinadores (des-

pastilhadores) e outros são consumidores de

eletricidade, outro importante insumo.

4.4. Reagentes de Processo

o processo produtivo de celulose e papel

faz uso de um amplo leque de produtos

químicos e aditivos, que podem variar am-

plamente.. Vários deles apresentam um alto

potencial de danos à saúde e ao ambiente,

especialmente quando se fala em processos

de produção de celulose. neste guia, mencio-

na-seapenas os principais:

Cloro gasoso: utilizado no branqueamento

da massa em unidades mais antigas, ge-

ralmente sob forma líquida (dissolvido em

água, sob a forma de hipoclorito de sódio ou

ácido hipocloroso). Hoje está sendo abando-

nado devido a uma série de fatores de risco

patrimonial, ocupacional e ambiental. os

efeitos são proporcionais à concentração e ao

tempo de exposição:

Dióxido de Cloro: encontra ampla utiliza-

ção nos processos de branqueamento de

polpa Kraft, ditos isentos de cloro elemen-

tar (descritos pela sigla em inglês eCF).

utilizado em forma de solução em água,

o dióxido de cloro é um poderoso biocida

cujos efeitos nocivos não podem ser me-

nosprezados; é um gás explosivo em con-

centrações maiores que 12% no ar, corro-

sivo, altamente tóxico por ingestão, nocivo

para plantas e animais, sendo que a vida

aquática é particularmente sensível a seus

efeitos (em concentrações acima de 3%).

Enxofre e seus compostos: conforme o pro-

cesso de digestão adotado, a fabricação de

celulose envolve o uso de grandes quantida-

des de sais de enxofre (no caso do processo

Kraft, sulfato de sódio), que durante o pro-

cesso de digestão sofrem reações químicas,

transformando-se em compostos reduzidos

de enxofre (eTr), responsáveis pelo odor

característico das plantas de celulose, o que

se deve à presença de substâncias como a

metilmercaptana, perceptível ao olfato hu-

mano a partir de um limiar muito baixo de

concentração. Além de representarem um

problema de relacionamento em potencial

com a comunidade do entorno da fábrica,

certos sulfetos têm a propriedade de “anes-

tesiar” o olfato quando acima de certas con-

centrações; isso traz o potencial de acidentes

com óbitos por intoxicação/sufocamento

8. European Com-mission. Integrated Pollution Preven-tion and Control (IPPC). Reference Document on Best Available Tech-niques in the Pulp and Paper Industry. December 2001.

9. tsa: tonelada decelulose seca ao ar (~5% de umidade)

125

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de operadores desavisados que porventura

penetrem em ambientes com concentrações

proibitivas de sulfetos, como galerias subter-

râneas, sistemas de tratamento e outros.

Hidróxido de Sódio (Soda Cáustica): é uma

das bases (substâncias alcalinas) mais

fortes. Adicionado ao digestor para extra-

ção da lignina no processo Kraft, é outro

agente altamente agressivo, na condição

de base forte de pronunciado efeito corro-

sivo. em contato direto com a pele, pode

causar queimaduras severas, com ulcera-

ção profunda. os efeitos sobre os olhos

abrangem desde irritação severa com

cicatrizes leves até cegueira permanente.

A ingestão pode produzir queimaduras

severas na boca, garganta e esôfago. A

inalação (sob forma de aerosol) pode cau-

sar edema pulmonar. Casos de exposição

severa podem mesmo levar à morte.

4.5. Aditivos

Há, ainda, um vasto conjunto de aditi-

vos e produtos auxiliares (para conferir a

cada tipo de papel as propriedades neces-

sárias, além de ajudar a melhorar a efici-

ência do processo). São incluídos detergen-

tes, destintantes, polímeros (aniônicos e

catiônicos), corantes (matizantes de papel),

antiespumantes, resinas e muitos outros

compostos. Várias dessas substâncias po-

dem apresentar propriedades tóxicas e/ou

irritantes, o que torna essencial o conhe-

cimento de seus efeitos potenciais sobre a

saúde humana e o meio ambiente, assim

como sobre os procedimentos emergen-

ciais em caso de derramamentos aciden-

tais, contaminações ou intoxicações.

embora não seja objeto deste manual, é

fundamentalalertar quanto à atenção para

os riscos ocupacionais associados ao recebi-

mento, transferência e manuseio de muitas

destas substâncias e para a importância do

uso de equipamentos de proteção individual

(ePI’s) e coletiva (ePC’s).

4.6. Efluentes Industriais

Como já mencionado, embora a compo-

sição dos efluentes do setor varie em função

do tipo de produto elaborado, mais de um

milhar de substâncias químicas já foram

identificadas entre seus componentes, o que

inclui compostos organoclorados, metais

pesados, ácidos e resinas.

A Tabela IV apresenta algumas estima-

tivas da Associação brasileira Técnica de

Celulose e Papel - AbTCP para valores mé-

Tabela IV – Faixas Típicas de Geração de Efluentes Líquidos nas principais etapas da Indústria de Celulose10

Operação Volume Gerado (m3/tsa) Concentração do Efluente (kg DBO5/tsa)

Beneficiamento da madeira 1,3 – 6,0 0,1 – 5,0

Cozimento 1,2 – 2,0 0,8 – 1,2

Lavagem e depuração 3,0 – 7,0 5,0 – 8,0

Branqueamento 15,0 – 30,0 3,0 – 5,0

Secagem da celulose 4,0 – 7,0 0,5 – 2,0

Evaporação de licor negro 0,5 – 2,0 0,2 – 1,0

Caldeira de recuperação 1,0 – 2,0 0,5 – 1,0

Caustificação 1,0 – 2,0 2,0 – 4,0

Forno de cal 1,0 – 2,0 0,5 – 1,0

tsa: tonelada de celulose seca ao ar (~5% de umidade) Fonte: ABTCP, 2007

10. LIMA, N. R.Controle Ambi-

ental no Setor de Celulose e Papel..

Apresentação da Comissão de

Meio Ambiente da ABTCP, 2007.

126

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dios de geração de efluentes e respectivas

cargas orgânicas para as etapas de fabrica-

ção de celulose.

Pode-se apontar alguns outros com-

ponentes normalmente presentes nos

efluentes brutos que, de modo geral, po-

dem ocorrer em concentrações acima das

permitidas na legislação. Dentre esses,

é possível citar os seguintes poluentes e

efeitos adversos associados:

Tensoativos: apesar de não apresentarem

alta toxicidade, são resistentes à biodegra-

dação. Suas propriedades lipossolventes

lhes conferem efeito bactericida, prejudi-

cando processos biológicos importantes

ao bom funcionamento dos ecossistemas

aquáticos. Suspeita-se que alguns deter-

gentes pesados de uso industrial sejam dis-

ruptores hormonais, que afetam a reprodu-

ção de organismos aquáticos, alterando o

equilíbrio da biota.

Resíduos de cloro (AOX): a tendência é de

aparecimento de certa quantidade no efluen-

te, até mesmo quando a planta não utiliza

branqueamento a cloro, pois a presença de

matérias-primas como celulose ou aparas as-

sim branqueadas é quase que uma garantia

da sua existência no efluente, em certo teor.

Cor: uma das características mais “ofensivas”

do efluente das plantas de celulose. basica-

mente, tem origem nos licores escuros resul-

tantes do processo de cozimento. Também

nas indústrias de papel pode ser um proble-

ma, pois com o destintamento da massa é co-

mum a presença de cor residual no efluente.

Soda Cáustica (NaOH): quando presente em

quantidades significativas (sem que haja

neutralização), apresenta efeitos corrosivos

e biocidas pronunciados. Altera o equilíbrio

ecológico através da alteração do pH dos

corpos d’água.

Metais pesados: oriundos do processo/adi-

tivos de produção do papel. Podem promo-

ver efeitos tóxicos e tendem a se acumular

nos organismos.

estes compostos normalmente são tra-

tados por via biológica e/ou fisico-química,

com resultados satisfatórios em termos de

remoção de carga orgânica, inorgânica e

toxicidade, de modo a atender os padrões de

lançamento vigentes.

4.7. Processos de Branqueamento

Como foi visto, conforme a qualidade pre-

tendida para o produto, pode ou não haver

necessidade de processos de branqueamen-

to, dependendo de fatores de mercado e da

natureza da massa (ou aparas) utilizada.

Ficam claras as principais vantagens am-

bientais das linhas de papelão ou de papel re-

ciclado, em relação ao papel de polpa virgem,

em vista de sua necessidade reduzida, ou não

necessidade, de branqueamento. em síntese,

são os seguintes os principais aspectos am-

bientais das etapas de branqueamento:

Branqueamento com cloro: a reação entre

os compostos clorados e a polpa dá lugar

a uma série de reações químicas, gerando

compostos organoclorados. Alguns são

os chamados poluentes orgânicos persis-

tentes (PoP’s), altamente nocivos e objeto

de legislação internacional (Convenção de

estocolmo, em maio/2001 que visa o seu

banimento. Alguns são disruptores hormo-

nais, enquanto que outros compostos, ape-

sar de naturalmente presentes nas árvores

que originaram o papel, tornam-se muito

tóxicos quando o cloro é adicionado. Com-

postos organoclorados voláteis são danosos

à camada de ozônio (ionosfera); também

127

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apresentam um alto potencial de bioacu-

mulação, tendendo a permanecer dentro

do organismo que os consome, com incre-

mento dos teores de contaminação a cada

degrau superior da cadeia alimentar. uma

parte da fauna marinha e das aves acumula

esses PoP’s a uma concentração tão alta,

que não mais conseguem se reproduzir.

mamíferos afetados (inclusive humanos)

acabam excretando quase que atotalidade

desses organoclorados através do leite ma-

terno com que alimentam seus bebês.

Processos isentos de Cloro (TCF): uma gran-

de variedade de processos TCF vem sendo

desenvolvida, utilizando derivados de oxi-

gênio (substâncias oxidantes) de vida mais

curta, o que reduz impactos potenciais ao

meio. Vários deles encontram aplicabilidade

no branqueamento de papel reciclado e para

produção de papéis para usos menos exigen-

tes; recentemente têm sido muito discutidos

os aspectos ambientais das seqüências eCF e

TCF (definir). o grande atrativo do branquea-

mento TCF é a ausência da emissão de subs-

tâncias cloradas nos efluentes do processo,

apesar dos mesmos apresentarem uma

demanda de oxigênio (DQo) superior à de

etapas eCF correspondentes. Processos TCF

também tendem a produzir resíduos sólidos

em maior quantidade, devido à necessidade

de operações de preparação de reagentes

químicos e elevado consumo de soda e sulfa-

to de magnésio. Quanto às emissões de Co2

fóssil (aqui enfocado devido ao aspecto de

alterações climáticas e direitos de emissão),

não foi notada nenhuma diferença entre os

dois processos. os mais conhecidos são:

Peróxido de hidrogênio: tem grande apli-

cação no processo de produção de polpa

mecânica (pouco utilizado no brasil), onde

costuma ser adicionado durante a fase de co-

zimento prolongado-. Seu efeito fortemente

alvejante ajuda a remover o excesso de ligni-

na na massa. é muito utilizado para produ-

ção de papéis reciclados branqueados.

Processos oxidantes de branqueamento alter-

nativos: vários outros processos se encontram

em desenvolvimento, como os de oxigênio

ativo, (combinação de oxigênio nascente e pe-

róxido) e o de ozônio, este relativamente novo.

outro ainda utiliza ácido peracético, mais um

agente quelante (não está muito claro). Inde-

pendentemente do subtipo, praticamente to-

dos envolvem o emprego de substâncias ditas

“bioativas”, oxidantes fortes que demandam

toda uma série de precauções e cuidados de

armazenamento e manuseio, afim de evitar o

contato dessas substâncias, extremamente

hostis, ao meio ambiente.

4.8. Resíduos Sólidos

As correntes de resíduos do setor irão

variar de acordo com as particularidades do

processo.Para o Kraft, as principais fonte de

resíduos são:

• Grits, gerados no processo de apagamento

da cal para produção de licor branco (soda

caustica);

• Dregs, gerados na clarificação do licor verde

(carbonato de sódio + sulfeto de sódio);

• Lama de cal, gerada nos filtros de lama de

cal (carbonato de cálcio);

• Casca suja, oriunda do pátio de madeira;

• Serragem, oriunda dos picadores;

• Rejeito, oriundo da digestão da madeira.;

• Cinzas, oriundas dos precipitadores das cal-

deiras de biomassa e forno de cal;

• Lodo da estação de tratamento de efluentes.

Também existem outras correntes de

características diversas, tais como sobras

de aditivos, insumos fora de especificação

ou com prazo de validade vencido, cinzas

de caldeira, material retido em sistema de

128

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controle de poluição atmosférica (filtros,

ciclones e outros).

é importante considerar os resíduos resul-

tantes da operação e manutenção da cal-

deira (borras oleosas, cinzas, estopas sujas,

embalagens de combustível, entre outros),

pois sua disposição final pode depender de

autorização específica do Órgão de Controle

Ambiental competente. o mesmo vale para

os restos de embalagens, resíduos de serviços

de saúde (ambulatório médico, consultório

dentário etc), resíduos de varrição , de sanitá-

rios, escritórios/refeitório e outros.

De acordo com suas características e

composição, os resíduos são classificados

segundo os critérios estabelecidos na norma

AbnT – nbr10004/2004,sendo então adota-

dos os procedimentos adequados relativos

ao seu acondicionamento, armazenamento

e disposição, sendo essencial consultar os

órgãos ambientais competentes quanto aos

procedimentos a serem adotados.

4.9. Emissões Atmosféricas/Ruído

As emissões atmosféricas potenciais são

extremamente significativas, tanto se consi-

derando a questão dos produtos de combus-

tão quanto a das emissões fugitivas, que po-

dem incluir materiais particulados, dióxido de

enxofre, enxofre reduzido (sulfetos mercap-

tanas) e os perigosos - “dioxinas e furanos”. A

natureza dos impactos dependerá do tipo de

processo utilizado. Todas essas substâncias

podem acarretar riscos severos à saúde dos

empregados e ao entorno imediato, a saber:

• A caldeira de recuperação apresenta altas emis-

sões potenciais de Sox, particulados e compos-

tos reduzidos de enxofre, demandando a utiliza-

ção de equipamentos de controle adequados.

• O processo também emprega o forno de

calcinação (ou de cal), geralmente queiman-

do óleo, com um alto potencial de emissão

de material particulado e outras substâncias.

• É comum o uso de caldeiras a óleo combus-

tível em empresas pequenas e, nesses casos,

é essencial o controle rígido da queima, de

modo a minimizar as emissões de monóxido

de carbono, óxidos de enxofre (Sox) e mate-

rial particulado para a atmosfera.

• Caldeiras a gás também demandam medi-

das de controle das emissões, principalmente

para que sejam evitadas emissões de óxidos

de nitrogênio (noxx), que são oxidantes fo-

toquímicos – precursores do ozônio troposfé-

rico (prejudicial à saúde).

• O digestor, os evaporadores e equipamentos

de processo apresentam emissões fugitivas de

compostos de enxofre reduzido (eTr), de odor

desagradável. Todas essas substâncias podem

causar doenças ocupacionais e/ou contami-

nação ambiental e, de acordo com as necessi-

dades, devem ser controladas por sistemas de

tratamento de gases não condensáveis.

As emissões atmosféricas normalmente

estão sendo controladas através do emprego

de precipitadores eletrostáticos, lavadores de

gases, filtros tipo “Bag” e outros equipamen-

tos semelhantes.

Para controle das emissões fugitivas, que

são as que causam mais desconforto, seja

para as pessoas que estão dentro da fábrica

ou nas cercanias da indústria, tem sido em-

pregado o tratamento de gases não con-

densáveis, que consiste em se enclausurar

as fontes geradoras destes gases de forma

a capta-las e direcioná-las para um sistema

de tratamento, constituído basicamente por

sistemas de lavagem ou de incineração.

Adicionalmente, algumas das etapas de

processo podem gerar níveis inaceitáveis de

ruído, com grande potencial de incômodos à

vizinhança da unidade industrial.

4.10. Dioxinas e Furanos

Designa-se por dioxinas e furanos toda

uma família de substâncias químicas que

129

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ocorrem acidentalmente em vários proces-

sos industriais, sempre que há emprego

de cloro e calor. Suas principais fontes em

potencial são equipamentos que queimem

combustíveis contendo substâncias clora-

das (caldeiras, forno de calcinação), sem-

pre que ocorram condições propícias à sua

formação (como temperatura de queima

demasiado baixa, problemas na mistura ar/

combustível e outros.

Também há possibilidade significativa

de migração (via cinzas, por exemplo) para

o efluente do sistema de tratamento, o que

deve ser monitorado freqüentemente, uma

vez que se trata de poluentes orgânicos per-

sistentes (PoP’s), que tendem a se acumular

ao longo da cadeia alimentar.

Dioxinas e furanos são altamente tóxicos

tanto para a biota quanto para o ser huma-

no. Alguns estudos indicam que essas subs-

tâncias interferem na ação de determinados

hormônios do corpo, acoplando-se a seus

receptores e impedindo seu funcionamento

natural. Além disso, são cancerígenos e dano-

sos ao sistema imunológico e reprodutor.

4.11. Impactos da Reciclagem de Aparas

De uma maneira geral, os processos de

reciclagem de fibras de celulose vêm ganhan-

do muita visibilidade, sendo hoje uma dos

aspectos de maior proeminência de várias

iniciativas de consumo sustentável. Ainda

assim, é importante frisar que, apesar dos

processos de reciclagem contribuirem para

a sustentabilidade como alternativa ao uso

da fibra virgem, também apresentam limi-

tações, visto que as fibras possuem um ciclo

máximo de reciclagem de 3 a 5 vezes, o que

até o momento tem inviabilizado o uso de

papel 100% reciclado.

Além disso, a maior parte do papel reci-

clado é produzida em empresas pequenas,

que muitas vezes não possuem sistemas de

tratamento adequados e estão localizadas

próximas a córregos pequenos, que acabam

recebendo uma elevada carga de poluentes,

incluindo corantes, fatores que impõem a ne-

cessidade da conscientização de seus gestores

para um adequado controle de tais processos.

Analisam-se a seguir alguns dos principais as-

pectos ambientais ligados a essas atividades.

uma etapa importante do processo

ocorre imediatamente antes da chegada à

unidade industrial, através da atividade de

catadores, cooperativas e aparistas de papel.

Como no país ainda não existe um arcabouço

formal de regulamentação das atividades de

coleta e reciclagem de papel, o processo aca-

ba sujeito à variação de fatores de mercado.

os verdadeiros “heróis anônimos” por

trás dos relativamente altos percentuais de

reciclagem no brasil são uma legião de ca-

tadores de poucas posses ou estudo; é so-

bre essa categoria que usualmente recai a

responsabilidade sobre a importante etapa

de pré-seleção e classificação das aparas,

que muitas vezes são coletadas em meio

ao lixo comum, sendo depois submetidas

a seleção manual e classificadas segundo

sua aparência visual, para posterior enca-

minhamento ao processo.

muitas vezes, ocorrem erros de classifi-

cação ou contaminação das aparas por lixo

orgânico, ou “molhado”. Isso faz com que

papéis que poderiam ser reciclados acabem

sendo rejeitados. nesses casos, é muito

usual o seu descarte para o lixo comum e o

encaminhamento para aterros sanitários, o

que implica em todos os impactos relacio-

nados com esse procedimento, como a re-

dução de vida útil do aterro, maiores riscos

de contaminação do subsolo/águas subter-

râneas, emissões de gases estufa e outros.

Por outro lado, a contaminação de apa-

ras por agentes estranhos também pode

prejudicar o processo industrial de recicla-

130

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gem, tornando-o mais oneroso e aumentan-

do suas correntes de resíduos. Sob outros

aspectos, os impactos desse processo são

equivalentes ao de uma unidade de produ-

ção de papel a partir de polpa de celulose.

5. LevantamentoBásico de Valores Típicos para as Emissões Ambientais do Setor

Como se pode depreender, os fatores

de emissão da indústria são função de

uma série de variáveis, sejam elas relati-

vas ao tipo de unidade (integrada, só de

produção de celulose, só de papel ou a

partir de aparas) ou ao tipo de tecnologia

(para digestão, branqueamento e ou-

tras.) empregada.

De uma forma geral, é possível estabe-

lecer alguns valores gerais de acordo com

esses grandes divisores de águas. A série

de tabelas abaixo se baseiam nas estima-

tivas do european Integrated Pollution

Prevention and Control bureau – eIPPC , que

é a agência reguladora responsáveis pelo

levantamento desse tipo de dados na união

européia. essas estimativas se referem a

unidades sob condições de funcionamento

otimizadas (emprego de boas práticas e me-

lhor tecnologia disponível)11.

Tabela V: Parâmetros para as emissões atmosféricas da indústria de celulose, para fábricas modernas.

Parâmetro Faixa

TRS (total) 0,1 – 0,2 kg/tsa 12

TRS (forno de cal) <0,05 kg/tsa

TRS (caldeira de recuperação) <0,03 kg/tsa

MP (caldeira de Recuperação) 0,1 – 1,8 kg/tsa

MP (caldeira de biomassa) 20 – 40 mg/Nm3 13

MP (total) 0,2 – 0,5 kg/tsa

MP (forno de cal) 0,01 – 0,1 kg/tsa

SO2 (total) 0,2 – 0,4 kg/tsa

SO2 (cald. Recuperação) 0,2 – 0,5 kg/tsa

SO2 (forno de cal) 0,002 – 0,003 kg/tsa

NOx (total) 1,0 – 1,5 kg/tsa

NOx (caldeira de recuperação) 0,6 – 1,8 kg/tsa

NOx (forno de cal) 0,2 – 0,3 kg/tsa

NOx (caldeira de biomassa) 0,3 – 0,7 kg/tcasca 14

Fonte: IPPC, 2001

Tabela VI: Valores atuais de caracterização das águas residuárias de indústrias de celulose — para polpa branqueada e não branqueada.

Tipo / Parâmetro Vazão (m³/tsa)

DQO (kg O2/

tsa)

DBO (kg O2/

tsa)

SST (kg/tsa)

AOX (kg/tsa)

N Total (kg N/ tsa)

P Total (kg P/ tsa)

Polpa branqueada 30 a 50 8 a 23 0,3 a 1,5 0,6 a 1,5 <2,5 0,1 a 0,25 0,01 a

0,03

Polpa não branqueada 25 5 a 10 0,2 a 0,7 0,3 a 1 - 0,1 a 0,2 0,01 a

0,02

Fonte: IPPC, 2001

11. European Com-mission. Integrated Pollution Preven-tion and Control (IPPC). Reference Document on Best Available Tech-niques in the Pulp and Paper Industry. December 2001.

12. Emissão emquilos por tonelada de produto seca ao ar

13. Em base seca,a 11% de excesso de O2

14. Emissão emquilos por tonelada de casca queimada

131

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6. Boas Práticas– Medidas deProdução mais Limpa (P+L) e de Controle de Emissões na Produção de Celulose (Kraft) e Papel

A redução na fonte das emissões do pro-

cesso de celulose pode ser obtida a partir de

todo um leque de medidas, algumas espe-

Tabela X: Resíduos sólidos do processo produtivo (orgânicos e inorgânicos)

Tipo / Parâmetro Resíduos inorgânicos (kg/tsa) Resíduos orgânicos (kg/tsa)

Não Branqueada 30 a 60 20 a 60

Branqueada 40 a 70 30 a 60

Fonte: ABTCP, 2007

Tabela VII: Faixas de variação das cargas de efluentes de sistemas de lodos ativados de indús-trias de celulose.

Parâmetro DBO (mg/L) DQO (mg/L) SST (mg/L) P Total (mg/L) N Total (mg/L)

Concentração 20 a 40 300 a 500 20 a 40 0,2 a 0,4 2 a 4

Fonte: IPPC, 2001

Tabela VIII: Valores de DQO nas águas residuárias das diversas etapas do processo.

Etapa do Processo DQO (kg O2/ tsa)

Preparo de madeira 1,0 a 10,0

Condensados 2,0 a 8,0

Derramamentos 2,0 a 10,0

Perdas na lavagem 6,0 a 12,0

Branqueamento 15,0 a 65,0

Total 31,0 a 105,0

Fonte: IPPC, 2001

Tabela IX: Emissões hídricas de metais na produção de polpa de celulose branqueada e não branqueada.

Tipo / Parâmetro 15 Cd Pb Cu Cr Ni Zn

Branqueada 0,03 0,3 0,5 0,2 0,4 5

Não Branqueada 0,1 0,4 1 0,7 0,9 15

Fonte: IPPC, 2001

cíficas para um dado tipo de processo ou

unidade industrial. Deve-se sempre buscar a

implantação dos melhores processos dispo-

níveis, além de utilizar tecnologias de mi-

nimização específicas. é necessário atentar

para o fato que boa parte das alternativas,

tendo em vista a escala do processo, se re-

fere a medidas de alto investimento inicial.

Porém, ao longo do tempo, a tendência é que

seu retorno financeiro venha em muitas oca-

siões, contrabalançar esses custos.

A principal resposta às questões am-

bientais de um setor tão competitivo como

esse consiste no fechamento cada vez mais

perfeito dos ciclos produtivos de cada uni-

dade ou operação, além da substituição de

insumos perigosos. num cenário ideal, toda

a fibra e produtos químicos passíveis de

reutilização seriam recuperados; todo o lodo

15. Valoresexpressos

em g/tsa132

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6.2. Áreas Florestais

medidas úteis ao processo e benéficas

ao ambiente devem ser aplicadas desde

a fase inicial de extração da madeira, nas

áreas de produção florestal. Visto que a

maioria das empresas de celulose mantém

propriedades privadas fica viável a estra-

tégia de efetuar, logo após o corte, a etapa

de descascamento das toras e separação

de todas as partes inservíveis ao proces-

so, ou seja, cascas, folhas, galhos finos

e outros, antes do seu transporte para a

unidade industrial.

Quando o material é transportado à em-

presa, uma porção se transforma em resíduo,

que se acumula no pátio e deve ser dispos-

to em aterro. Cuidados especiais devem ser

tomados, pois não raras já foram as ocasiões

em que essa massa sofreu combustão es-

pontânea, com conseqüências sérias para a

empresa e seu entorno.

o descascamento nas áreas de floresta

pode ser levado a cabo com o emprego de

máquinas do tipo anel. Além do benefício

com a redução dos custos do transporte e

de combustível, o material orgânico deixado

sobre o terreno atua como uma capa prote-

tora contra erosão; essa também tende a se

decompor com certa rapidez, proporcionan-

do à próxima cultura uma fonte adicional de

matéria orgânica e nitrogênio, minimizando

a necessidade de adubação química. uma

outra vantagem é que o processo de descas-

camento pode ser realizado a seco, econo-

mizando água.

6.3. Operações de Beneficiamento

de Madeira

o controle do tempo de estocagem de

madeira e cavacos é fundamental. esta etapa

tem como objetivo principal a degradação

enzimática dos extrativos. o período ideal de

permanência em estoque é de quarenta dias,

do tratamento seria compostado, queima-

do para produção de energia ou destinado a

reciclagem; a água seria tratada e reutilizada

indefinidamente; qualquer nova adução se-

ria feita apenas para suprir eventuais perdas

e assim por diante16.

A tarefa dos gestores do processo é fazer

com que se chegue sempre mais perto desse

cenário. Independentemente do tipo de unidade

produtiva envolvido, seja de celulose ou papel.

o desempenho ambiental da empresa virá a se

beneficiar muito com as seguintes medidas:

6.1. Sistema de Gestão Ambiental

A implantação de um SGA considera duas

etapas principais:

Primeira etapa:

• Otimização do controle de processo (on-

line, 24h/dia), com alto grau de automati-

zação, amostragens on-line e modelagem

matemática;

• Provisão de serviços de manutenção ade-

quada dos equipamentos de processo e de

controle;

• Planos de melhoria contínua para trei-

namento, aprimoramento e motivação

da alta gerência, do corpo funcional e dos

operadores;

• Planos de resposta rápida a episódios críti-

cos envolvendo derramamentos acidentais

de efluentes líquidos, gasosos ou contamina-

ção do solo.

Segunda etapa:

• Em uma segunda fase, as medidas des-

critas deverão levar ao estabelecimento de

um Sistema de Gestão Ambiental, destina-

do a otimizar o gerenciamento do processo,

aumentar o grau de conscientização dos

funcionários, fornecedores, parceiros, tercei-

ros e fornecer objetivos, medidas e instruções

precisas para lidar com essas ocorrências. 16. IPPC, 2001

133

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durante o qual a madeira atinge o ponto óti-

mo de maturação devido à exposição ao am-

biente. Períodos superiores são prejudiciais

à qualidade da madeira, reduzindo assim o

rendimento do processo17.

Descascamento da madeira a seco: o descas-

camento a seco reduz o consumo de água de

processo e a quantidade de matéria orgânica

dissolvida nas águas residuárias, conforme a

Tabela XI.

Caso se opte pelo descascamento úmido,

a utilização de prensas nas operações pode-

rá trazer um aumento do teor de sólidos na

casca, o que melhorará o rendimento de sua

queima na caldeira de biomassa. no entanto,

esse processo também aumentará a carga

orgânica das águas residuárias geradas.

6.4. Consumo de Água e Geração de

Efluentes Industriais

em se tratando de um dos insumos mais

importantes ao processo, a água é também

aquele que mais tem merecido atenção no

que diz respeito a medidas de conservação.

De uma forma geral, o fechamento total do

ciclo de água de uma unidade dependerá das

restrições impostas pela qualidade final pre-

tendida para o produto. Atualmente, várias

fábricas de papelão já conseguiram ou estão

próximas de atingir índices de fechamento

de circuito em 100%. Algumas medidas de

conservação mais utilizadas são:

• Uso de medidas preventivas destinadas à

redução da freqüência e dos efeitos de episó-

dios de derramamentos acidentais.

• Minimização do consumo pela otimiza-

ção dos volumes adequados a cada etapa

produtiva dos diferentes tipos de celulose/

papel, aumentando a proporção de água de

reuso e melhorando o gerenciamento da

água de processo.

• Melhor controle dos fatores (contamina-

ções) que possam tornar desvantajoso o

fechamento do ciclo de água, desde o benefi-

ciamento da madeira até o emprego de insu-

mos químicos e energéticos no processo

• Implantação de um sistema adequado

de armazenamento e reuso de licores, do

filtrado e de outros líquidos de contami-

nação reduzida.

•Emprego de instalações e equipamentos

de baixo consumo de água, sempre que isso

se mostre praticável (em geral, isso pode ser

programado quando há mudança de instala-

ções ou troca de equipamentos)

• Controle eficiente de vazamentos e derra-

mamentos (spills): é recomendado que as

plantas tenham sistemas de coleta de derra-

mamentos devido a perdas acidentais, em-

pregando bacias de contenção, além de um

sistema de recuperação e reuso das águas

“limpas” de resfriamento, vazamento de

gaxetas e outros, que ocorrem nas diversas

etapas do processo produtivo. Por meio de

medições de condutividade, pode ser deter-

minado se um fluido deve ser encaminhado

ao circuito de recuperação ou ao sistema de

águas residuais. esse sistema de coleta deve-

rá ser separado do sistema de águas limpas.

• Segregação dos efluentes das etapas “cla-

ras” (licor branco, caldeiras, máquina de pa-

Tabela XI: Características das águas residuárias geradas no descascamento da madeira.

Tipo de descascamento Volume (m³/t polpa)

DBO (kg O2/t

de polpa)

DQO (kg O2/t

de polpa)

Fósforo Total (g P/t de polpa)

Úmido 3 a 10 5 a 15 20 a 30 25 a 35

A seco 0,1 a 2,5 0,5 a 2,5 1 a 10 10 a 20

IPPC, 2001

17. Piotto,Z. , op. cit.

134

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pel) daqueles das etapas “escuras” (digestão

da madeira, licor negro) para tratamento

em separado.

• Provisão para instalação de tanques

pulmão com capacidade suficiente a

montante do sistema de tratamento,

para o armazenamento dos vazamentos

de licores de cozimento e de recuperação,

assim como de condensados contamina-

dos, para que se evitem descargas de pico

de carga ao sistema de tratamento de

águas residuárias e seus correspondentes

impactos ambientais.

• Emprego de um leque de sistemas de

tratamento envolvendo as fases de trata-

mento primário, secundário (biológico) e/

ou, em alguns casos, tratamento terciá-

rio com precipitação química (quando se

implanta apenas tratamento químico, a

Dbo de saída tende a ser mais alta, ape-

sar de conter matéria de biodegradabili-

dade mais fácil).

• Recirculação das correntes alcalinas re-

sultantes da etapa de branqueamento.

• Stripping (destilação) e reutilização dos

condensados da planta de evaporação.

6.5. Ciclo de cozimento e deslignificação

• O pré-aquecimento dos cavacos com vapor

antes destes entrarem no digestor é es-

sencial para sua impregnação com licor de

cozimento. o rendimento do processo está

diretamente ligado ao controle de tempera-

tura, pressão, tempo de detenção, teor de ál-

calis e sulfidez18 . o controle do cozimento se

faz tendo em vista o controle do residual de

lignina, ou número kappa(Tabelas XII e XIII) .

Lavagem e depuração: na separação do licor

das fibras e seu encaminhamento para o

processo de recuperação, pode-se utilizar

lavadores tipo prensa e/ou difusores, que são

mais eficientes na remoção dos compostos

orgânicos, sendo assim os mais utilizados

antes da etapa de branqueamento. o uso de

prensas na lavagem da polpa permite a redu-

ção de aproximadamente 70% do consumo

de água nesta etapa, o que aumenta o teor

de sólido da massa a ser queimada na caldei-

ra de recuperação.

Deslignificação com oxigênio: Devido à

baixa solubilidade do oxigênio no licor, a

Tabela XII: Valores de número kappa comumente encontrado para os diferentes tipos de cozimento.

Tipo de deslignificação Madeiras Duras Madeiras Moles

Cozimento convencional 14 a 22 30 a 35

Cozimento convencional e deslignificação com oxigênio 13 a 15 18 a 22

Cozimento estendido 14 a 16 18 a 22

Cozimento estendido e deslignificação com oxigênio 08 a 10 08 a 12

Fonte: IPPC, 2001

Tabela XIII - Estimativa de DQO nos filtrados do branqueamento (kg O2/t)

Tipo de deslignificação Madeiras Duras Madeiras Moles

Cozimento convencional 28 a 44 60 a 70

Cozimento convencional e deslignificação com oxigênio 26 a 30 36 a 40

Cozimento estendido 28 a 32 36 a 44

Cozimento estendido e deslignificação com oxigênio 16 a 20 16 a 24

Fonte: IPPC, 2001

18. No licor branco,define-se sulfidez como sendo a porcentagem do Na2S em relação à de álcali ativo, ex-pressa sob a forma de Na20.

135

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deslignificação deve ser feita em reatores

pressurizados e com temperatura elevada

(100°C). A adição de sulfato de magnésio é

essencial para a preservação das proprieda-

des das fibras.

6.6. Processos de Branqueamento

Juntamente com a digestão, esta é a

etapa mais crítica no que diz respeito a im-

pactos ambientais. Como já foi mencionada,

a melhor alternativa em termos de P+L é o

branqueamento da massa através de pro-

cessos livres de cloro elementar (eCF) e baixo

AoX ou, preferivelmente, os totalmente livres

de cloro (TCF). um bom exemplo disso são os

processos que utilizam agentes oxidantes:

peróxido de hidrogênio, ozônio e outros. ou,

quando cabível, não se utilizar qualquer eta-

pa de branqueamento no processo (apesar

deste fatodepender de fatores de mercado e

do uso pretendido para o produto final). no

entanto, deve-se ressaltar que os padrões e a

tecnologia de operação das fábricas, além da

existência de tratamentos secundários, mui-

tas vezes poderão contrabalançar os efeitos

da tecnologia de branqueamento utilizada,

seja ela eCF ou TCF19.

Hoje em dia, o maior grau de conscienti-

zação dos consumidores já permite a aceita-

ção de produtos “menos brancos” em troca

de suas correspondentes vantagens ambien-

tais, como atesta a boa aceitação mercado-

lógica atual dos papéis escrita . Algumas

medidas para redução do impacto do bran-

queamento seriam:

• Aumento da eficiência de deslignificação

antes da etapa de branqueamento, através

da extensão ou modificação da etapa de cozi-

mento, além da inserção de etapas adicionais

de deslignificação a oxigênio.

• Aumento da eficiência de lavagem da mas-

sa digerida não branqueada (brown stock) e

sua seleção em circuito fechado.

• Adicionalmente, os gestores do processo

deverão prestar atenção à possível futura

viabilização de processos alternativos de

branqueamento de celulose que hoje se en-

contram em fase experimental, como o que

utiliza ácido peracético e agentes quelantes.

6.7. Minimização de Emissões

tmosféricas/Odores/Ruído

Otimização da linha de licor negro: o licor

negro resultante da etapa de deslignificação

geralmente apresenta um teor de sólidos

entre 14 e 18% em massa. o projeto da

planta de evaporação de licor negro deverá

garantir sua capacidade de absorver cargas

adicionais de licores e produzir licor para

queima com maior concentração possível,

elevando-o a aproximadamente 70%, a fim

de garantir a eficiência de queima. A energia

adicional obtida com a queima dos lico-

res deverá ser utilizada para co geração de

calor/energia, sempre que a relação calor/

potência assim o permita.

Elevação da temperatura na fornalha da

caldeira de recuperação: propiciará o au-

mento do teor de sólidos do licor para 75%,

melhorando as condições de queima e redu-

zindo a emissão de compostos de enxofre

em até 80%. Por outro lado, este aumento

de temperatura favorece o aumento das

emissões de nox. As emissões de enxofre

total reduzido (eTr) da caldeira de recupe-

ração podem ser controladas através de um

controle eficiente (on-line) da combustão e

monitoramento da concentração de monó-

xido de carbono nos gases.

Controle do fornecimento de ar de com-

bustão: As emissões de nox são depen-

dentes do conteúdo de nitrogênio no licor

negro e do controle do excesso de ar na

combustão. o controle do fornecimento 19. Piotto, op. cit.

136

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de ar (ou seja, cuidar para que haja uma

adequada mistura ar/combustível no

queimador da caldeira) e a otimização das

condições de queima têm impacto direto

na redução dessas emissões. Seus valores

típicos estão entre 1 e 2 kg/t de gás.

Captação e incineração dos gases odoríferos

e controle das emissões de SOx resultan-

tes: os gases mais concentrados podem ser

queimados na caldeira de recuperação, no

Forno de Cal ou numa caldeira específica de

baixa emissão de nox (os gases resultantes

podem conter altas concentrações de Sox

e precisarão ser adequadamente controla-

dos). A formação de gás sulfídrico nos gases

de combustão é um indicador de que a mis-

tura ou o fornecimento de oxigênio estão

abaixo dos valores corretos. os compostos

de enxofre, reduzidos ou concentrados,

deverão ser captados e encaminhados para

queima. Gases odoríferos menos concentra-

dos também devem ser captados e incinera-

dos e o efluente gasoso resultante, tratado

para remoção de SoX.

Forno de cal: as emissões de compostos de

enxofre no forno de cal podem ser reduzidas

através da lavagem da lama de cal, visando

reduzir a contaminação por sulfeto. Além dis-

so, é necessário instalar lavadores de gases e

controlar o teor de enxofre dos combustíveis.

As emissões de eTr do forno podem ser con-

troladas através do controle do excesso de ar,

utilização de combustível com baixo teor de

enxofre e pelo controle do residual de sódio

solúvel na lama calcárea de alimentação.

Uso de precipitadores eletrostáticos: é con-

siderado essencial no controle de emissão de

material particulado, tanto no forno de cal

como na caldeira de recuperação e caldeiras

auxiliares. o problema das emissões de Sox

das caldeiras auxiliares pode ser contornado

através de substituição do óleo combustível

por lenha, gás natural, óleo bTe, ou mesmo

pela instalação de lavadores.

Caldeiras de biomassa: para essas caldeiras,

que apresentam temperaturas de operação

relativamente baixas quando comparadas às

caldeiras de recuperação, a emissão de nox

pode ser controlada através do controle do

excesso de ar. no entanto esta prática tam-

bém pode acarretar no aumento da emissão

de Co, procedimento não aconselhável.

Condensados provenientes do cozimento e

evaporação: nestas etapas são gerados entre

8 e 10m³/tsa (tsa–Ttoneladas de polpa seca ao

ar) de condensados com concentrações típicas

de Dbo = 25kgo2/tsa e DQo = 8,5kg o

2/tsa,

aproximadamente. As frações com maiores e

moderadosgraus de contaminaçãode con-

densados é submetida ao arraste por “strip-

ping”, de forma que 90% dos contaminantes

sejam removidos. o consumo de vapor no

processo é de aproximadamente 0,2 tonela-

das por tonelada de condensado, mas esse

valor poderá ser reduzido a até 0,02 toneladas

por tonelada de condensado. os gases vola-

tilizados podem ser incinerados no forno de

cal. A fração menos contaminada poderá ser

utilizada em operações de lavagem da polpa e

de lavagem de gases, podendo retornar ao ci-

clo de recuperação. Assim evita-se que ela seja

descartada como água residuária.

Adicionalmente, deverá ser estimulado

o uso de combustíveis de fontes renováveis,

como madeira e serragem, se for o caso, de

modo a reduzir as emissões de Co2 fóssil.

6.8. Reagentes e Aditivos

em várias ocasiões será possível atuar de

forma a reduzir o uso desses produtos, como

por exemplo:

137

Guia Técnico Ambiental da Indústria de Papel e Celulose - Série P+L Guia Técnico Ambiental da Indústria de Papel e Celulose - Série P+L

• No caso de todos os produtos químicos

utilizados, é muito importante que o pessoal

da produção disponha de um banco de dados

que contenha, para as substâncias utiliza-

das, todas as informações relativas às suas

propriedades químicas e físicas. recomen-

da-se que, em qualquer compra realizada,

seja feita a solicitação aos fornecedores do

fornecimento da FISPQ – Folha de Informa-

ções Sobre Produtos Químicos. - ao contrário:

definição por extenso antes.

• Também se deverá dispor e disponibilizar,

para fácil acesso das brigadas (devidamen-

te treinadas), de uma listagem completa de

medidas de segurança e telefones emergen-

ciaispara resposta a episódios de acidentes

como vazamentos, incêndio, contaminação

e outros. Também deverão ser estabeleci-

das medidas preventivas quanto a possíveis

derramamentos na fase de manipulação dos

produtos, sempre que isso possa representar

uma ameaça à água e ao solo.

• Uma boa prática é a aplicação do princí-

pio da substituição, pelo qual os gestores do

processo deverão estar permanentemente

alertas para o surgimento de produtos e adi-

tivos alternativos de toxicidade comprovada-

mente inferior (ou não tóxicos), que possam

servir de sucedâneos aos atualmente utiliza-

dos. esses produtos deverão ser testados e, se

aprovados, adotados pela empresa.

• Todos os produtos químicos deverão ser ar-

mazenados em ambiente adequado (coberto),

de acesso restrito e que atenda a todas as con-

dições necessárias ao seu correto manuseio.

6.9. Resíduos Sólidos

os resíduos sólidos gerados diretamen-

te dos processos de fabricação de celulose

e papel são geralmente classificados como

de Classe IIA ou IIb, de acordo com a norma

nbr 10.004/2004, da Associação brasileira de

normas Técnicas – AbnT, sendo gerados em

quantidade significativa. o volume estimado

de geração de resíduos para as fábricas bra-

sileiras está em torno de 150 kg/tonelada de

produto, com um custo de disposição próxi-

mo de uS$ 2,00/tonelada; os principais resí-

duos gerados são as cascas sujas dos pátios

de madeira, a lama de cal e os resíduos das

plantas de tratamento de efluentes.

De uma forma geral, estes resíduos

apresentam características propícias para

um estudo mais aprofundado visando ao

aumento de sua reciclagem, tais como a

compostagem das cascas para a produção de

húmus, a aplicação dos lodos do tratamento

secundário como bio-fertilizantes, os rejeitos

da caustificação como corretivos de solos, e

outros usos.

A melhor estratégia para o caso dos resí-

duos sólidos sempre será a da minimização,

se possível valendo-se de alternativas de

recuperação, reuso e reciclagem desses ma-

teriais de volta ao processo produtivo, dentro

ou fora do mesmo processo industrial.

Quando essa alternativa se tornar inviá-

vel técnica ou economicamente, os resíduos

deverão ser encaminhados a unidades regu-

larizadas de tratamento ou disposição, tais

como incineradores e aterros, mediante aná-

lise e autorização prévia do Órgão Ambiental

competente. A esse respeito, é recomendável

a consulta freqüente e a adequação, sempre

que necessário, às normas e legislação perti-

nentes vigentes.

Abaixo se fornece algumas medidas e

boas práticas relativas aos resíduos do setor

de papel e celulose:

• É sempre recomendável que seja feita a

segregação das diversas correntes, de acordo

com suas características físicas e químicas,

de forma a evitar contaminações e facilitar

seu reaproveitamento.

• Quando um resíduo não for considerado

utilizável para reciclagem, mesmo assim

138

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poderá ser aproveitado, caso o seu conteúdo

energético viabilize sua utilização como com-

bustível em caldeiras e fornos. Dois exemplos

disso são os cavacos, nós, casca de árvore e

o licor negro, que podem ser queimados em

fábricas de celulose;

• Outro exemplo de reutilização de resíduos

diz respeito à reciclagem do lodo dos siste-

mas de tratamento de efluentes de fábricas

de papel. A constituição deste tipo de mate-

rial, com alta concentração de fibras de celu-

lose, pequenas demais para aproveitamento

no processo, por outro lado o torna uma

matéria-prima ideal para outros processos.

Tal lodo pode ser aproveitado como matéria-

prima tanto em outras fábricas de artefatos

de papel quanto utilizado na confecção de

produtos como palmilhas para calçados,

revestimento termoacústico ou telhas. essas

são alternativas, interessantes, que já têm

sido implantadas com sucesso em várias em-

presas do setor.

Embalagens a granel: sempre que possí-

vel, é aconselhável que a empresa negocie

com seus fornecedores e opte por receber

seus produtos e reagentes a granel, com

a instalação de grandes estocagens cen-

tralizadas. Além da vantagem ambiental

com a eliminação de uma infinidade de

embalagens, muitas empresas estão des-

cobrindo que isso também significa uma

expressiva vantagem econômica. Também

tem se empregado a devolução das emba-

lagens que contém as matérias-primas às

empresas fornecedoras.

• Se isso não for possível, deverá ser dada

destinação adequada às embalagens (tam-

bores, bombonas, etc.) de matérias-primas e

produtos auxiliares. nos casos da possibili-

dade de reutilizar ou reciclar, é aconselhável

que a indústria atente para que suas emba-

lagens sejam encaminhadas a empresas re-

gulamentadas pelas autoridades ambientais,

para que haja garantia de que as operações

envolvidas sejam realizadas de forma a ga-

rantir a integridade do meio ambiente.

• Os resíduos orgânicos podem ser pren-

sados para que atinjam a consistência

de no mínimo 40%, para daí então serem

queimados gerando energia e suas cinzas

podem ser encaminhadas para as flores-

tas para serem utilizadas como adubo

(desde que o teor de metais permita este

tipo de aplicação).

6.10. Reciclagem de Aparas de Papel

Com exceção das medidas específi-

cas para a produção de celulose, tudo o

que já foi dito também vale para o caso

de unidades industriais de reciclagem de

aparas (ou que produzam papel a partir

de celulose adquirida de terceiros). no

entanto, este apresenta um problema

específico, no que respeita à qualidade da

matéria-prima entregue pelos fornecedo-

res (aparistas), que pode conter substân-

cias “proibitivas” (plástico, metal, areia) e

“impurezas” (papéis fora de especificação:

gomados, laminados, vegetal, carbono e

outros), o que pode ser considerado mais

ou menos severo, de acordo com a qua-

lidade exigida para o produto final. Isso

pode ser contornado através do controle

de qualidade das partidas.

As empresas adotaram o procedimen-

to de amostragem aleatória dos fardos,

utilizando equipamentos especializados

– longas furadeiras que retiram amostras

cilíndricas do fardo, que são analisadas em

laboratório quanto ao teor de impurezas,

antes que a partida seja aceita. Além das

vantagens econômicas para a empresa,

este procedimento simples abre as portas

para que seja feito um trabalho de cons-

cientização de catadores e aparistas, aju-

139

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dando a reduzir o grau de contaminação do

papel reciclado e contribuindo para a mini-

mização dos impactos com a disposição de

resíduos sólidos. Abaixo lista-se mais algu-

mas medidas de P+L para o processo:

• Separação das correntes de água de pro-

cesso mais limpas das mais contaminadas

(de forma a se evitar contaminação cruzada),

com sua recirculação ao processo.

• Medidas de otimização dos fluxos de água

de processo (fechamento de circuitos), com o

emprego de estágios intermediários de clari-

ficação das águas, por processos de sedimen-

tação, flotação ou filtração; reuso do efluente

para diversos fins ligados ao processo.

• Uso de água clarificada na etapa de

destintagem.

• Instalação de tanque de equalização a mon-

tante do tratamento primário.

• Adoção da alternativa de tratamento

biológico dos efluentes. Trata-se de alter-

nativa eficiente para o caso de plantas que

incluam destintagem e, dependendo das

condições também para os de massa não

destintada, é o tratamento aeróbio; em al-

guns casos também se emprega alternati-

vas como floculação e precipitação quími-

ca. Tratamento físico-químico seguido de

tratamento biológico anaeróbio/aeróbio é

a modalidade preferida no caso de varie-

dades de papel não destintadas. essas

plantas geralmente deverão tratar efluen-

te mais concentrado, devido ao maior grau

de fechamento de circuitos.

• Reuso parcial dos efluentes do trata-

mento biológico de volta ao processo. A

taxa de reciclo ideal irá variar de acor-

do com a qualidade pretendida para o

produto final. Para o caso de variedades

não destintadas, esta pode ser conside-

rada uma boa prática. no entanto, as

vantagens e desvantagens precisarão ser

consideradas, pois isso usualmente faz

com que seja necessária a adoção de um

tratamento terciário, de modo a garantir

que seja garantidos os padrões de quali-

dade previstos na legislação para lança-

mento em rede ou em corpo d’água.

Figura 13: Recicla-gem de embala-gens longa vida

– Foto cedida porKlabin S.A.

140

Guia Técnico Ambiental da Indústria de Papel e Celulose - Série P+L Guia Técnico Ambiental da Indústria de Papel e Celulose - Série P+L

6.11. Reciclagem de Embalagens

Longa Vida

A última tendência em termos de reci-

clagem de embalagens de papel também

representa uma iniciativa pioneira do país

em termos de inovação tecnológica, parce-

ria de uma grande empresa do setor com a

produtora das embalagens e sua fornecedora

de alumínio.

Trata-se de processo para reciclar emba-

lagens Longa Vida, separando-as novamente

em seus componentes básicos: papel, alumí-

nio e plástico (polietileno), que no processo é

convertido em parafina para reutilização na

indústria petroquímica.

A separação ocorre em duas unidades

industriais vizinhas, onde primeiramente

é feita a separação do papel, que ocorre de

forma convencional (utilizando hydrapulpers

com rotor especial), separando o papel das

correntes de plástico (como PVC) que possam

prejudicar o processo. A massa alumínio/po-

lietileno segue para a outra unidade, onde os

fardos são desagregados, passam por uma

limpeza final e entram em um forno de plas-

ma, onde o alumínio derrete (é vertido em

lingotes) e o plástico convertido em parafina

segue para condensação e é solidificado.

Apesar de atualmente ainda não ter atin-

gido operacionalidade plena, esse processo

já provou sua viabilidade e é um exemplo

perfeito de agregação de valor ao que antes

era considerado um resíduo sem utilidade e

aterrado ou descartado no ambiente.

7. Bibliografia• Associação Brasileira de Celulose e Papel.

relatório estatístico 2005/2006. 164 p;

• World Bank Group. Pollution Prevention

Abatement Handbook. Julho de 1988;

• Serviço Nacional de Aprendizagem In-

dustrial e Instituto de Pesquisa Tecnológica

do estado de São Paulo. Centro Técnico em

Celulose e Papel – Tecnologia de Fabricação de

pasta celulósica. 1981 492 p.;

• Yooni Armando Minchola Robles et al.

Avaliação de diferentes tecnologias de bran-

queamento para obtenção de polpa. São

Paulo,1900 nº de pág.

• Carlos Alberto Santos et al. Desenvolvi-

mento de Seqüências eCF utilizando estágios

em alta temperatura para Dióxido de Cloro

e para Peróxido de Hidrogênio. In: Congresso

de Celulose e Papel – AbTCP, 2004, São Paulo.

Anais AbTCP, 2004. 18 p;

• São Paulo (Estado). Secretaria de Estado

do meio Ambiente, Companhia de Tecnolo-

gia de Saneamento Ambiental, Federação e

Centro das Indústrias do estado de São Paulo,

Sindicato das Indústrias Gráficas do estado de

São Paulo.

Guia Ambiental Gráfico. São Paulo março

de 2003. 68 p;

• Fernando Luiz Neves. Novos Desenvol-

vimentos para reciclagem de embalagens

Longa Vida – (Tetrapak brasil). In: Congresso

de Celulose e Papel – AbTCP, 2006, São Paulo.

Anais AbTCP, 2006. 11 p;

• Gerd Wäne, Oal Svending. Report Eu-

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pacts of modern eCF and TCF bleaching – An

Life Cycle Assessment Study. Stora enso Pulp

Competence Centre. Sweden, 2003. 13p.

• Eucalipto Decifrado: Genoma da planta

está usado pelos cientistas brasileiros para ge-

rar ganhos em quantidade e produtividade da

madeira. – Savastano, renata marcante;

• Relatório Técnico: Produção de Polpa de

eucalipto – Impactos Ambientais do branque-

amento eCF e TCF modernos – um estudo LCA

- Gerd Wäne e Ola Svending.

• Piotto, Zeila C. Eco-eficiência na Indústria

de Celulose e Papel – estudo de Caso Tese de

Doutoramento apresentada à escola Politécni-

ca da universidade de São Paulo, 2003).

• European Commission. Integrated Pollu-

tion Prevention and Control (IPPC). reference

Document on best Available Techniques in

141the Pulp and Paper Industry. December 2001.

Guia Técnico Ambiental da Indústria de Papel e Celulose - Série P+L

142

Capítulo 1 – Terceira Aula

Educador, nesse caso, os jovens precisarão de uma licença prévia e, portanto, de um RAP. Esse RAP deve ser feito por uma empresa especializada e será um serviço terceirizado, pois possui um potencial de produção de impacto ambiental. Devem preencher um documento chamado MCE (Memorial de Caracterização do Empreendimento) que são 16 formulários e os documentos como a solicitação da licença, o mapa de localização, croqui, mapa de disposição das máquinas, comprovante do fornecimento de água e esgoto e planta do prédio. Para a licença de instalação os documentos são basicamente os mesmos, portanto, devem seguir o roteiro ilustrado no fluxograma acima, e para a licença de operação a mesma coisa.

Gabarito dos Exercícios

Capítulo 1 – Sétima Aula

Nesse caso, educador, a não-conformidade está representada pelo armazenamento inadequado do couro e, portanto, sua deterioração por fungos. Na auditoria os jovens devem observar isso e basear o relatório e as recomendações fundamentados nessa não-conformidade. As outras etapas do procedimento devem seguir as recomendações iniciais e cada uma deve ser cobrada com detalhe. Os comentários aos trabalhos devem resultar do detalhamento que o grupo desenvolveu para os itens do relatório. Por exemplo, se faltou o cumprimento de algum item, se foram minuciosos, caprichosos, e quanto ao nível de recomendações para remediar o problema.

143

144

Avaliação Teórica 1

1 1 Fornecer alimento para os animais 2 Fornecer abrigo para animais e outras plantas 3 Fornecer sombra 4 Fazer fotossíntese consumindo CO2 e liberando O2 5 Fornecer madeira 6 Fornecer princípios ativos para remédios, por exemplo. 7 Proteger o solo 8 Filtrar a água para o solo e lençol freático

2 É a pesquisa sobre os princípios ativos das plantas e sobre os potenciais usos de sua madeira, fibras, frutos, flores, folhas. As indústrias têm o interesse, pois esses elementos podem ser potenciais matérias-primas para seus produtos

3 O manejo adequado permite que se use as plantas sem extinguir a sua população do local.

4 Poluição dos solos: lixo e produtos químicos / erosão, desmoronamento

Poluição das águas: lixo, produtos químicos, aumento de temperatura, excesso e matéria orgânica como esgoto e fertilizante.

5 A reciclagem é uma forma de tornar útil um resíduo que iria se acumular no lixo e por um processo de transformação química ou física o resíduo torna-se matéria-prima novamente e servirá para fazer outro produto.

6 A energia solar, pois as baterias solares aproveitam a energia do sol e a transformam em energia elétrica e a energia eólica onde os redemoinhos usam as forças dos ventos que movem as pás e promovem a transformação dessa energia em energia elétrica. São energias alternativas e limpas, isto é, não produzem gás carbônico (CO2) e usam fontes renováveis de energia.

7 Alternativa A

8 Para o programa do Sistema de Gestão Ambiental é necessário que os impactos que a empresa produz no ambiente estejam de acordo com as recomendações e padrões estabelecidos na Lei.

9 A Licença prévia; a Licença de Instalação e a Licença de Funcionamento

10 Na Política Ambiental da empresa

11 Para promover o envolvimento e esclarecimento necessários para que todos os integrantes do sistema colaborem como o seu funcionamento e cooperem com a melhoria contínua. Dependendo do setor muitos procedimentos e até mesmo equipamentos são mudados sendo necessária a capacitação para que essas mudanças realmente tragam benefícios e não compliquem mais a vida dos funcionários e da produção.

Gabarito das Avaliações

145

146

Amplificação biológica Em uma cadeia alimentar, uma substância como um metal pesado (mercúrio) não pode ser eliminada pelo corpo, e a cada nível trófico esse metal vai se acumulando. Por exemplo: a planta absorve o mercúrio e acumula em seus tecidos. O peixinho come a planta e acumula mais ainda, pois come várias plantas. Um peixão come vários peixinhos e acumula mais e mais, e assim por diante.

Anaeróbicas Não precisam respirar o oxigênio.

Asbesto O asbesto, também conhecido como amianto, é formado por feixes de fibras. Estes feixes, por seu lado, são constituídos por fibras extremamente finas e longas, capazes de produzir um pó de partículas muito pequenas que aderem às roupas. As fibras podem ser inaladas ou engolidas e podem causar sérios problemas de saúde.

Aspecto Ambiental Elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente.

Biodigestores Equipamento em que se realiza a fermentação anaeróbica de biomassa a fim de obter gás para a produção de energia elétrica ou gás comburente.

BHC Inseticida que usa cloro em sua formação.

Chorume Líquido produzido pela decomposição de matéria orgânica, constituída basicamente de húmus.

Coliformes fecais Bactérias em forma de bastão, comuns em águas de esgoto.

Comburentes Aquilo que alimenta combustão; aquilo que queima.

Corpos de água Porções superficiais de água na crosta terrestre, rios, córregos, riachos.

DDT Inseticida largamente utilizado em tempos remotos, proibido por lei no Brasil desde 1985. Tem duração prolongada no ambiente (4 a 30 anos) e é acumulativo no corpo gorduroso dos seres vivos, inclusive do homem.

Glossário

147

EPI Equipamento de proteção individual, como protetores de ouvido, botas e óculos.

Esporos São os órgãos responsáveis pela reprodução de um fungo ou uma planta (samambaias, por exemplo), com aparência de pó. No caso dos fungos cada partícula do “pó”, liberado por um fungo maduro, poderá dar origem a um novo fungo.

Eutrofização Processo poluidor decorrente da explosão demográfica de bactérias devido à grande concentração de nutrientes da decomposição da matéria orgânica. Por competição pelo oxigênio, essas bactérias eliminarão os outros seres vivos maiores. Como algumas são anaeróbias facultativas, essas sobreviverão, ou seja, podem degradar a matéria orgânica e sobreviver sem o oxigênio. (Obs: aeróbias são aquelas que precisam de oxigênio e anaeróbias não. Facultativas quer dizer que, quando tem oxigênio respiram oxigênio e quando não tem elas sobrevivem sem.)

Fármacos Qualquer substância que atua no corpo do ser vivo, como remédios e venenos.

Feedback

Processos ou documentos capazes de indicar se a informação ou o produto estão saindo ou chegando aos setores, departamentos ou clientes, na velocidade, quanti-dade ou qualidade certa (ideal). Para que sejam detectadas e corrigidas como não-conformidades e se possibilite a melhoria continua.

Formaldeído Componente orgânico volátil presente em isolantes de espuma de uréia-formadeíldo, colas, fibras plásticas, cartões prensados, madeira compensada e base de tapetes.

Hidrocarbonetos Componente orgânico semivolátil oriundo de pesticidas, fungicidas, combustão de madeira, tabaco e querosene.

Holístico Vem de “holos”, que quer dizer “total”. Caráter holístico é o mesmo que: de forma integral, total, global, completa.

Húmus Matéria orgânica. Substância de cor preta e em estado coloidal.

Impacto Ambiental Qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte no todo ou em parte das atividades, produtos ou serviços de uma organização.

Lixiviação Transferência de nutriente intrassistêmico em ecossistemas terrestres que ocorre quando a precipitação é canalizada, planta abaixo, pela superfície dos caules, bem

148

como por lavagem através do dossel diretamente para a precipitação na superfície do solo; movimento de nutrientes dissolvidos dos horizontes no fundo da Terra por infiltração de água subterrânea.

Manejo Programa de atividades que coordenam a utilização e exploração dos recursos. Atualmente os planos de manejo devem ser ecologicamente sustentáveis, compreendendo o uso de conhecimento e tecnologias que não degradem o meio e promovam a conservação e preservação dos recursos naturais principalmente os nativos.

Mitigação Ato de minimizar os efeitos da poluição, por exemplo.

Nicho Função do organismo no ecossistema.

Nitrito Substância química liberada por alguns tipos de bactérias e reações químicas. Em conjunto com os nitratos, os nitritos também podem ser utilizados para conservar a carne, mantendo a cor e inibindo o crescimento de microrganismos. Podem, porém, formar substâncias cancerígenas.

Organismos ou substâncias patogênicas Organismos transmissores de doenças.

Partes interessadas Internamente à empresa, referem-se aos departamentos participantes do Sistema de Gestão Ambiental. Externamente, partes interessadas referem-se às outras empresas que estão relacionadas com a produção, por exemplo, fornecedores, clientes, ter-ceirizados, agências ambientais locais.

Patente Documento legal que representa o conjunto de direitos exclusivos concedidos pelo Estado a um inventor.

Pluviosidade Chuvas.

Prospecção Estudo de viabilidade de componentes para a produção de remédios, utensílios e matéria-prima em geral.

Semivolátil Compostos ou substâncias químicas que são menos voláteis, ou seja, possuem a capacidade de perder partículas para o ar em temperatura ambiente (e provocarem o odor) e de poder ser inaladas.

149

Signatários Aqueles que assinam algum documento e se comprometem com o que está proposto nele.

Turbidez Qualidade do líquido que apresenta pouca difusão de luz. As imagens tornam-se turvas, sem nitidez.

150

ISO. International Organization for Standardization. Disponível em: http://www.iso.ch>.Acesso em: 24 de nov. – 2006.

KAPLAN, Robert S. A Estratégia em ação. São Paulo: Campus. 1997.

MARANHÃO, Mauriti. ISO Série 9000: manual de implementação-versão 2000. 6. ed. São Paulo: Qualitymark. 2002.

MARSHALL JUNIOR,I.; et alii. Gestão da Qualidade. 8 ed..RJ: FGV. 196p. 2006.

NBR/ISO 9000:2000. Sistemas de gestão da qualidade fundamentos e vocabulário. Rio de janeiro: ABNT. 2000.

NBR/ISO 9001:2000. Sistemas de gestão da qualidade requisitos. Rio de janeiro: ABNT. 2000.

NBR/ISO 9004:2000. Sistemas de gestão da qualidade diretrizes para melhorias de desempenho. Rio de janeiro: ABNT. 2000.

ROTHERY, Brian. ISO 9000. São Paulo: Makron Books, 1993. 268p.

São Paulo(Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Conceitos para se fazer educação ambiental. Coordenadoria de educação Ambiental. 3 ed. São Paulo. A Secretaria, 1999 – (Série educação ambiental, ISSN 0103-2658).

SEIFFERT, M.E.B. ISO 14001 Sistemas de gestão ambiental: implantação objetiva e econômica. 2 ed. São Paulo: Atlas. 258p. 2006

Sites para consulta

www.ibama.gov.br

www.cetesb.sp.gov.br/licenciamentoo/cetesb/cetesb.asp

www.polobio.esalq.usp.br

www.cemig.com.br/consumidores_industriais

Referências

151

152

Lei de Crimes Ambientais - Lei 9605/98

1- Apresentação 2- A Lei da Natureza 3 - Inovações da Lei 4 - Lei de Crimes Ambientais ou Lei da Natureza - Lei nº 9.605/98 Capítulo I - Disposições Gerais Capítulo II - Da Aplicação da Pena Capítulo III - Da Apreensão do Produto e do Instrumento de Infração

Administrativa ou de Crime Capítulo IV - Da Ação e do Processo Penal Capítulo V - Dos Crimes contra o Meio Ambiente Seção I - Dos Crimes contra a Fauna Seção II - Dos Crimes contra a Flora Seção III - Da Poluição e outros Crimes Ambientais Seção IV - Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural Seção V - Dos Crimes contra a Administração Ambiental Capítulo VI - Da Infração Administrativa Capítulo VII - Da Cooperação Internacional para a Preservação do Meio

Ambiente Capítulo VIII - Disposições Finais 5 - Vetos e Razões dos Vetos 6 - A Vez do Cidadão 7 - Índice Remissivo

APRESENTAÇÃO

Com a aprovação da Lei de Crimes Ambientais e sua sanção pelo Excelentíssimo Senhor Presidente da República, a sociedade brasileira, os órgãos ambientais e o Ministério Público passaram a contar com um instrumento que lhes garantirá agilidade e eficácia na punição aos infratores do meio ambiente.

A Lei, entretanto, não trata apenas de punições severas, ela incorporou métodos e possibilidades da não aplicação das penas, desde que o infrator recupere o dano, ou, de outra forma, pague sua dívida à sociedade.

Para iniciar um amplo debate com a sociedade, no que se refere à aplicação desta norma, o IBAMA está promovendo, no dia em que a mesma entra em vigor - 30 de março de 1998, um seminário em todos os estados brasileiros.

A sua contribuição é fundamental para o equilíbrio dos nossos ecossistemas.

Pode-se afirmar: a lei é boa, mas, para ficar ótima, todos devem participar da sua implementação, seja através de denúncias ao IBAMA, ao órgão ambiental do Estado ou ao Ministério Público, seja através do exercício diário dos direitos de cidadão.

Anexo 1

153

Afinal, a Constituição garante que o meio ambiente ecologicamente equilibrado é bem de uso comum do povo e que incumbe ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Faça a sua parte.

Eduardo Martins Presidente do IBAMA

A LEI DA NATUREZA

A natureza é sábia.

Sábia, abundante e paciente.

Sábia porque traz em si o mistério da vida, da reprodução, da interação perfeita e equilibrada entre seus elementos. Abundante em sua diversidade, em sua riqueza genética, em sua maravilha e em seus encantos. E é paciente. Não conta seus ciclos em horas, minutos e segundos, nem no calendário gregoriano com o qual nos acostumamos a fazer planos, cálculos e contagens.

Sobretudo é generosa, está no mundo acolhendo o homem com sua inteligência, seu significado divino, desbravador, conquistador e insaciável.

Às vezes, nesse confronto, o homem extrapola seus poderes e ela cala. Noutras, volta-se, numa autodefesa, e remonta seu império sobre a obra humana, tornando a ocupar seu espaço e sua importância.

No convívio diuturno, a consciência de gerações na utilização dos recursos naturais necessita seguir regras claras que considerem e respeitem a sua disponibilidade e vulnerabilidade.

E assim chegamos ao que as sociedades adotaram como regras de convivência, às práticas que definem padrões e comportamentos, aliadas a sanções aplicáveis para o seu eventual descumprimento: as leis.

Mais uma vez nos valemos das informações da própria natureza para entender como isso se processa. Assim como o filho traz as características genéticas dos pais, as leis refletem as características do tempo/espaço em que são produzidas.

Nesse sentido podemos entender como a Lei de Crimes Ambientais entra no ordenamento jurídico nacional. Se, como já foi dito, a natureza é abundante, no Brasil possuímos números incomparáveis com quaisquer outros países no que se refere à riqueza da biodiversidade, com enfoque amplo na flora, fauna, recursos hídricos e minerais.

Os números são todos no superlativo.

Sua utilização, entretanto, vem se processando, a exemplo de países mais desenvolvidos, em níveis que podem alcançar a predação explícita e irremediável, ou a exaustão destes recursos que, embora abundantes, são em sua grande maioria exauríveis.

Daí a importância desta Lei.

Condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente passam a ser punidas civil, administrativa e criminalmente. Vale dizer: constatada a degradação ambiental, o

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poluidor, além de ser obrigado a promover a sua recuperação, responde com o pagamento de multas pecuniárias e com processos criminais.

Princípio assegurado no Capítulo do Meio Ambiente da Constituição Federal, está agora disciplinado de forma específica e eficaz.

É mais uma ferramenta de cidadania que se coloca a serviço do brasileiro, ao lado do Código de Defesa dos Direitos do Consumidor e do Código Nacional de Trânsito, recentemente aprovado.

Aliás, ao se considerar a importância do Código de Trânsito, pode-se entender a relevância da Lei de Crimes Ambientais. Se o primeiro fixa regras de conduta e sanções aos motoristas, ciclistas e pedestres, que levam à diminuição do número de acidentes e de perda de vidas humanas, fato por si só digno de festejos, a Lei de Crimes Ambientais vai mais longe.

Ao assegurar princípios para manter o meio ambiente ecologicamente equilibrado, ela protege todo e qualquer cidadão. Todos que respiram, que bebem água e que se alimentam diariamente. Protege, assim, a sadia qualidade de vida para os cidadãos dessa e das futuras gerações.

E vai ainda mais longe: protege os rios, as matas, o ar, as montanhas, as aves, os animais, os peixes, o planeta!

Afinal, é a Lei da Natureza e, como dissemos, a natureza é sábia.

Ubiracy Araújo Procurador Geral do IBAMA

INOVAÇÕES DA LEI

Antes Depois

• Leis esparsas, de difícilaplicação

• A legislação ambiental é consolidada;As penas têm uniformização egradação adequadas e as infraçõessão claramente definidas

• Pessoa jurídica não eraresponsabilizada criminalmente

• Define a responsabilidade da pessoajurídica - inclusive a responsabilidadepenal - e permite a responsabilizaçãotambém da pessoa física autora ouco-autora da infração.

• Pessoa jurídica não tinhadecretada liquidação quandocometia infração ambiental.

• Pode ter liquidação forçada no casode ser criada e/ou utilizada parapermitir, facilitar ou ocultar crimedefinido na lei. E seu patrimônio étransferido para o PatrimônioPenitenciário Nacional.

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• A reparação do dano ambientalnão extinguia a punibilidade

• A punição é extinta comapresentação de laudo que comprovea recuperação do dano ambiental

• Impossibilidade de aplicaçãodireta de pena restritiva dedireito ou multa

• A partir da constatação do danoambiental, as penas alternativas ou amulta podem ser aplicadasimediatamente.

• Aplicação das penas alternativasera possível para crimes cujapena privativa de liberdade fosseaplicada até 02 (dois) anos.

• É possível substituir penas de prisãoaté 04 (quatro) anos por penasalternativas, como a prestação deserviços à comunidade. A grandemaioria das penas previstas na leitem limite máximo de 04 (quatro)anos.

• A destinação dos produtos einstrumentos da infração não erabem definida.

• Produtos e subprodutos da fauna eflora podem ser doados oudestruídos, e os instrumentosutilizados quando da infração podemser vendidos.

• Matar um animal da faunasilvestre, mesmo para sealimentar, era crime inafiançável.

• Matar animais continua sendo crime.No entanto, para saciar a fome doagente ou da sua família, a leidescriminaliza o abate.

• Maus tratos contra animaisdomésticos e domesticados eracontravenção.

• Além dos maus tratos, o abusocontra estes animais, bem como aosnativos ou exóticos, passa a sercrime.

• Não havia disposições clarasrelativas a experiênciasrealizadas com animais.

• Experiências dolorosas ou cruéis emanimal vivo, ainda que para finsdidáticos ou científicos, sãoconsideradas crimes, quandoexistirem recursos alternativos

• Pichar e grafitar não tinhampenas claramente definidas.

• A prática de pichar, grafitar ou dequalquer forma conspurcar edificaçãoou monumento urbano, sujeita oinfrator a até um ano de detenção.

• A prática de soltura de balõesnão era punida de forma clara.

• Fabricar, vender, transportar ou soltarbalões, pelo risco de causarincêndios em florestas e áreasurbanas, sujeita o infrator à prisão emulta.

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• Destruir ou danificar plantas deornamentação em áreaspúblicas ou privadas, eraconsiderado contravenção.

• Destruição, dano, lesão ou maustratos às plantas de ornamentação écrime, punido por até 01 (um) ano.

• O acesso livre às praias eragarantido, entretanto, semprever punição criminal a quemo impedisse.

• Quem dificultar ou impedir o usopúblico das praias está sujeito a até05 (cinco) anos de prisão.

• Desmatamentos ilegais e outrasinfrações contra a flora eramconsiderados contravenções.

• O desmatamento não autorizadoagora é crime, além de ficar sujeito apesadas multas.

• A comercialização, o transportee o armazenamento de produtose subprodutos florestais erampunidos como contravenção.

• Comprar, vender, transportar,armazenar madeira, lenha ou carvão,sem licença da autoridadecompetente, sujeita o infrator a até 01(um) ano de prisão e multa.

• A conduta irresponsável defuncionários de órgãosambientais não estavaclaramente definida.

• Funcionário de órgão ambiental quefizer afirmação falsa ou enganosa,omitir a verdade, sonegarinformações ou dados emprocedimentos de autorização oulicenciamento ambiental, pode pegaraté 03 (três) anos de cadeia.

• As multas, na maioria, eramfixadas através de instrumentosnormativos passíveis decontestação judicial.

• A fixação e aplicação de multas têma força da lei.

• A multa máxima por hectare,metro cúbico ou fração era deR$ 5 mil.

• A multa administrativa varia de R$ 50a R$ 50 milhões.

LEI DE CRIMES AMBIENTAIS

Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998*

Dispõe sobre as sansões penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

O Presidente da República

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

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Capítulo I

Disposições Gerais

Art. 1º. (VETADO) Art. 2º. Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, ogerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem. deixar de impedir a sua prática. quando podia agir para evitá-la.

Art. 3º. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício de sua entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.

Art. 4º. Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

Art. 5º. (VETADO)

Capítulo II

Da Aplicação da Pena

Art. 6º. Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará:

I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente;

II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;

III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.

Art. 7º. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando:

I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos;

II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.

Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída.

Art. 8º. As penas restritivas de direito são:

I - prestação de serviços à comunidade;

II - interdição temporária de direitos;

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III - suspensão parcial ou total de atividades;

IV - prestação pecuniária;

V - recolhimento domiciliar.

Art. 9º. A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível.

Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos.

Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais.

Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vitima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil, a que for condenado o infrator.

Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória.

Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:

I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;

II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada;

III - comunicação prévia pelo agente, do perigo iminente de degradação ambiental;

IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.

Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:

I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;

II - ter o agente cometido a infração: a) para obter vantagem pecuniária;b) coagindo outrem para a execução material da infração;c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio

ambiente;d) concorrendo para danos à propriedade alheia;e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder

Público, a regime especial de uso;

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f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;g) em período de defeso à fauna;h) em domingos ou feriados;i) à noite;j) em épocas de seca ou inundações;l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;n) mediante fraude ou abuso de confiança;o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas

ou beneficiada por incentivos fiscais;q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades

competentes;r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação à pena privativa de liberdade não superior a três anos.

Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2º do art. 78 do Código Penal será feita mediante laudo de reparação do dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao meio ambiente.

Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida.

Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa.

Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório.

Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente.

Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado nos termos do caput, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido.

Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º. são:

I - multa;

II - restritivas de direitos;

III - prestação de serviços à comunidade.

Art. 22. As penas restritivas de direito da pessoa jurídica são:

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I - suspensão parcial ou total de atividades;

II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;

III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações.

§ 1º. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiveremobedecendo as disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente.

§ 2º. A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiverfuncionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar.

§ 3º. A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios,subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de dez anos.

Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em:

I - custeio de programas e de projetos ambientais;

II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;

III - manutenção de espaços públicos;

IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.

Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.

Capítulo III

Da Apreensão do Produto e do Instrumento de Infração Administrativa ou de Crime

Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos.

§ 1º. Os animais serão libertados em seu habitat ou entregues a jardins zoológicos,fundações ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técnicos habilitados.

§ 2º. Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados edoados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes.

§ 3º. Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doadosa instituições científicas, culturais ou educacionais.

§ 4º. Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida asua descaracterização por meio da reciclagem.

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Capítulo IV

Da Ação e do Processo Penal

Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é pública incondicionada.

Parágrafo único. (VETADO) Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade.

Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações:

I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5º do artigo referido no caput. dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1º do mesmo artigo;

II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido no caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição;

Ill - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1º do artigo mencionado no caput;

IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto no inciso III;

V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à reparação integral do dano.

Capítulo V

Dos Crimes contra o Meio Ambiente

Seção I

Dos Crimes contra a Fauna

Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.

1º. Incorre nas mesmas penas:

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I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;

II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;

III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida licença, permissão ou autorização da autoridade competente.

§ 2º. No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçadade extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.

§ 3º. São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espéciesnativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou em águas jurisdicionais brasileiras.

§ 4º. A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:

I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração;

II - em período proibido à caça;

III - durante a noite;

IV - com abuso de licença;

V - em unidade de conservação;

VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa.

§ 5º. A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caçaprofissional.

§ 6º. As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca.

Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

§ 1º. Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel emanimal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.

§ 2º. A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.

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Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:

I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aqüicultura de domínio público;

II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença, permissão ou autorização da autoridade competente;

III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.

Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente:

Pena - detenção. de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:

I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos;

II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos;

III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibida.

Art. 35. Pescar mediante a utilização de:

I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante.

II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente.

Pena - reclusão de um ano a cinco anos.

Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçados de extinção, constantes nas listas oficiais de fauna e da flora.

Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado:

I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;

II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;

Ill - (VETADO) IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.

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Seção II

Dos Crimes contra a Flora

Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente.

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização.

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 1º. Entende-se por Unidades de Conservação as Reservas Biológicas, ReservasEcológicas, Estações Ecológicas, Parques Nacionais, Estaduais e Municipais. Áreas de Proteção Ambiental, Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais, Áreas de Relevante Interesse Ecológico e Reservas Extrativistas ou outras a serem criadas pelo Poder Público.

§ 2º. A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior dasUnidades de Conservação será considerada circunstância agravante para a fixação da pena.

§ 3º. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:

Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa.

Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Art. 43. (VETADO)

Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

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Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em desacordo com as determinações legais:

Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.

Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento.

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente.

Art. 47. (VETADO)

Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo Único - No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa.

Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de especial preservação:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 51. Comercializar motossera ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é aumentada de um sexto a um terço se:

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I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a modificação do regime climático;

II - o crime é cometido:

a) no período de queda das sementes;

b) no período de formação de vegetações;

c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a ameaça ocorrasomente no local da infração;

d) em época de seca ou inundação;

e) durante a noite, em domingo ou feriado.

Seção III

Da Poluição e outros Crimes Ambientais

Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultemou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º. Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

§ 2º. Se o crime:

I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;

II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população.

III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade;

IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;

V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos. ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 3º. Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar deadotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.

Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

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Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente.

Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º. Nas mesmas penas incorre quem abandona os produtos ou substânciasreferidos no caput, ou os utiliza em desacordo com as normas de segurança.

§ 2º. Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é aumentada deum sexto a um terço.

§ 3º. Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 57. (VETADO)

Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas serão aumentadas:

I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral;

II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem;

III - até o dobro, se resultar a morte de outrem.

Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo somente serão aplicadas se do fato não resultar crime mais grave.

Art. 59. (VETADO)

Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

168

Seção IV

Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural

Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:

I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial;

II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.

Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural. religioso, arqueológico. etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 65. Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Parágrafo único. Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de seis meses a um ano de detenção, e multa.

Seção V

Dos Crimes contra a Administração Ambiental

Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

169

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.

Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano, sem prejuízo da multa.

Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais.

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Capítulo VI

Da Infração Administrativa

Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.

§ 1º. São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurarprocesso administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de fisca-lização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.

§ 2º. Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigir representaçãoàs autoridades relacionadas no parágrafo anterior, para efeito do exercício do seu poder de polícia.

§ 3º. A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigadaa promover a sua apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de co-responsabilidade.

§ 4º. As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo próprio,assegurado o direito de ampla defesa e o contraditório, observadas as disposições desta Lei.

Art. 71. O processo administrativo para apuração de infração ambiental deve observar os seguintes prazos máximos:

I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação contra o auto de infração, contados da data da ciência da autuação;

II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de infração, contados da data da sua lavratura apresentada ou não a defesa ou impugnação;

III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão condenatória à instância superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas, do Ministério da Marinha, de acordo com o tipo de autuação;

IV - cinco dias para o pagamento de multa, contados da data do recebimento da notificação.

170

Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º:

I - advertência;

II - multa simples;

III - multa diária;

IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;

V - destruição ou inutilização do produto;

VI - suspensão de venda e fabricação do produto;

VII - embargo de obra ou atividade;

VIII - demolição de obra;

IX - suspensão parcial ou total das atividades;

X - (VETADO) XI - restritiva de direitos.

§ 1º. Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ãoaplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas.

§ 2º. A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei e dalegislação em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo às demais sanções previstas neste artigo.

§ 3º. A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo:

I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha;

II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania dos Portos do Ministério da Marinha;

§ 4º. A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria erecuperação da qualidade do meio ambiente.

§ 5º. A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração seprolongar no tempo.

§ 6º. A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do caput obedecerão aodisposto no art. 25 desta Lei.

§ 7º. As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas quando oproduto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares.

§ 8º. As sanções restritivas de direito são:

I - suspensão de registro, licença ou autorização;

II - cancelamento de registro, licença ou autorização;

III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;

IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;

171

V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até três anos.

Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de multas por infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, Fundo Naval, criado pelo Decreto nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932, fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão arrecadador.

Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado.

Art. 75. O valor da multa de que trata este Capitulo será fixado no regulamento desta Lei e corrigido periodicamente, com base nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo o mínimo de R$ 50.00 (cinqüenta reais) e o máximo de R$50.000.000.00 (cinqüenta milhões de reais).

Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na mesma hipótese de incidência.

Capítulo VII

Da Cooperação Internacional para a Preservação do Meio Ambiente

Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes, o Governo brasileiro prestará, no que concerne ao meio ambiente, a necessária cooperação a outro país, sem qualquer ônus, quando solicitado para:

I - produção de prova;

II - exame de objetos e lugares;

Ill - informações sobre pessoas e coisas;

IV - presença temporária da pessoa presa, cujas declarações tenham relevância para a decisão de uma causa.

V - outras formas de assistência permitidas pela legislação em vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja parte.

§ 1º. A solicitação de que trata este inciso será dirigida ao Ministério da Justiça, que aremeterá, quando necessário, ao órgão judiciário competente para decidir a seu respeito, ou a encaminhará à autoridade capaz de atendê-la.

§ 2º. A solicitação deverá conter:

I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante;

II - o objeto e o motivo de sua formulação;

III - a descrição sumária do procedimento em curso no país solicitante;

IV - a especificação da assistência solicitada;

V - a documentação indispensável ao seu esclarecimento, quando for o caso.

172

Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta Lei e especialmente para a reciprocidade da cooperação internacional, deve ser mantido sistema de comunicações apto a facilitar o intercâmbio rápido e seguro de informações com órgãos de outros países.

Capítulo VIII

Disposições Finais

Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.

Art. 80. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias a contar de sua publicação.

Art. 81. (VETADO) Art. 82. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 12 de fevereiro de 1998, 177º da Independência e 110º da República

Fernando Henrique Cardoso Gustavo Krause

VETOS E RAZÕES DOS VETOS

De acordo com a Mensagem Presidencial nº 181, de 12 de fevereiro de 1998, encaminhada ao Senhor Presidente do Senado Federal, foram os seguintes os textos vetados e as razões dos vetos:

Art. 1° "Art. 1° As condutas e atividades lesivas ao meio ambiente são punidas com sanções administrativas, civis e penais, na forma estabelecida nesta Lei.

Parágrafo único. As sanções administrativas, civis e penais poderão cumular-se, sendo independentes entre si."

Razões do veto:

"A proposta original do Poder Executivo objetivava "dispor sobre a criação e a aplicação de multas, de conformidade com a Lei n° 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a nova redação da Lei n° 7.803, de 15 de julho de 1989, e a Lei n° 5.197, de 3 de janeiro de 1967", para "sistematizar as penalidades e unificar valores de multas a serem impostas aos infratores da flora e da fauna" (Exposição de Motivos n° 42, de 22 de abril de 1991, do Senhor Secretário do Meio Ambiente).

Congresso Nacional, a propositura foi amplamente debatida, o que culminou na ampliação do seu objetivo inicial, de modo a consolidar a legislação relativa ao meio ambiente, no que tange à matéria penal.

173

Não obstante a intenção do legislador, o projeto não alcançou a abrangência que se lhe pretendeu imprimir, pois não incluiu todas as condutas que são hoje punidas por nocivas ao meio ambiente. Como exemplo, cite-se: o crime de difusão de doença ou praga, contido no art. 259 do Código Penal; a proibição da pesca de cetáceos (baleias, golfinhos etc.) nas águas jurisdicionais brasileiras, nos termos do art. 2° da Lei n° 7.643, de 18 de dezembro de 1987, ou a contravenção prevista na alínea "m" do art. 26 da Lei n° 4.771/65 (soltar animais ou não tomar precauções para que o animal de sua propriedade não penetre em florestas sujeitas a regime especial).

Se mantido o art. 1°, condutas como estas não mais poderiam ser coibidas. Com o veto, permanecem em vigor as atuais proibições, mesmo que não incluídas nesta Lei."

Art. 5° "Art. 5° Sem prejuízo do disposto nesta Lei, o agente, independentemente da existência de culpa, é obrigado a indenizar ou reparar os danos por ele causados ao meio ambiente e a terceiros afetados por seus atos."

Razões do veto:

"O parágrafo 1° do art. 14 da Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, que "Dispõe sobre a política nacional do meio ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências", já prevê a responsabilidade objetiva por danos causados ao meio ambiente, conforme reconhecido pela doutrina produzida sobre este tema (TOSHIO MUKAI, Sistematizado, Forense Universitária, 1ª ed., pág. 57; NELSON NERY, CPC Comentado, Ed. RT, 2ª ed., pág. 1408; JORGE ALEX NUNES ATHAIS, Responsabilidade Civil e Meio Ambiente, Dano Ambiental, Ed. RT, pág. 237).

A redação do referido dispositivo afigura-se mais consentânea com a terminologia utilizada nas questões ambientais. Ademais, o art. 14, 1° da Lei n° 6.938/91 já conta em seu favor com uma ampla jurisprudência."

Parágrafo único do art. 26

"Art.26.................................................................................................

Parágrafo único. O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei caberão à Justiça Estadual, com a interveniência do Ministério Público respectivo, quando tiverem sido praticados no território de Município que não seja sede de vara da Justiça Federal, com recurso para o Tribunal Regional Federal correspondente."

Razões do veto:

"A formulação equivocada contida no presente dispositivo enseja entendimento segundo o qual todos os crimes ambientais estariam submetidos à competência da Justiça Federal.

Em verdade, são de competência da Justiça Federal os crimes praticados em detrimento de bens e serviços ou interesse da União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas. Assim sendo, há crimes ambientais de compe-tência da Justiça Estadual e da Justiça Federal. A intenção do legislador de permitir que o processo-crime de competência da Justiça Federal seja instaurado na Justiça Estadual, quando a localidade não for sede de Juízo Federal (CF, art. 109, § 3°), deverá, pois, ser perseguida em projeto de lei autônomo."

174

Inciso III do art. 37

"Art.37.................................................................................................

III - em legítima defesa diante do ataque de animais ferozes;"

Razões do veto:

"O instituto de legítima defesa pressupõe a repulsa a agressão injusta, ou seja, intenção de produzir o dano. Por isso, na síntese lapidar de Celso Delmanto, "só há legítima defesa contra agressão humana, enquanto que o estado de necessidade pode decorrer de qualquer causa." No caso, a hipótese de que trata o dispositivo é a configurada no art. 24 do Código Penal."

Art. 43 "Art. 43. Fazer ou usar fogo, por qualquer modo, em florestas ou nas demais formas de vegetação, ou em sua borda, sem tomar as precauções necessárias para evitar a sua propagação:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem emprega, como combustível, produtos florestais ou hulha, sem uso de dispositivos que impeçam a difusão de fagulhas suscetíveis de provocar incêndios nas florestas."

Razões do veto:

"A disposição em apreço é demasiadamente imprecisa em sua formulação ("precauções necessárias..."). Isto poderá dar ensejo a aplicações abusivas ou desproporcionais, criando grave quadro de insegurança jurídica ou de autêntica injustiça.

O veto não implica, contudo, liberar indiscriminadamente o uso do fogo em tratos culturais. Este continuará submetido ao disposto no parágrafo único do art. 27 do Código Florestal, o qual pretendemos regulamentar em breve."

Art. 47

"Art. 47. Exportar espécie vegetal, germoplasma ou qualquer produto ou subproduto de origem vegetal, sem licença da autoridade competente:

Pena - detenção, de um a cinco anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente."

Razões do veto:

"O artigo, na forma como está redigido, permite a interpretação de que entidades administrativas indeterminadas terão que fornecer licença para a exportação de quaisquer produtos ou subprodutos de origem vegetal, mesmo os de espécies não incluídas dentre aquelas protegidas por leis ambientais.

A biodiversidade e as normas de proteção às espécies vegetais nativas, pela sua amplitude e importância, devem ser objeto de normas específicas uniformes. Ademais, existem projetos de lei nesse sentido em tramitação no Congresso Nacional."

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Art. 57 "Art. 57. Importar ou comercializar substâncias ou produtos tóxicos ou potencialmente perigosos ao meio ambiente e à saúde pública, ou cuja comercialização seja proibida em seu país de origem:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

§ 1° Para efeito do disposto no caput, o Poder Público Federal divulgará, porintermédio do Diário Oficial da União, os nomes dos produtos e substâncias cuja comercialização esteja proibida no país de origem.

§ 2° Se o crime é culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção, emulta."

Razões do veto:

"Nem todos os produtos tóxicos ou potencialmente perigosos ao meio ambiente e à saúde pública têm seu uso proibido, e sim controlado pelo Poder Público. Como a redação do art. 57 não se refere a substâncias ou produtos tóxicos ilícitos, a adoção deste dispositivo acarretará, indiretamente, a proibição do uso de toda substância ou produto tóxico ou potencialmente perigoso ao meio ambiente e à saúde pública, ainda que seus benefícios e utilidade sejam comprovados e que, por isso, com a segurança necessária, e devida autorização ou licença da autoridade pública, podem e devem ser empregados."

Art. 59 "Art. 59. Produzir sons, ruídos ou vibrações em desacordo com as prescrições legais ou regulamentares, ou desrespeitando as normas sobre emissão e imissão de ruídos e vibrações resultantes de quaisquer atividades:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa."

Razões do veto:

"O bem juridicamente tutelado é a qualidade ambiental, que não poderá ser perturbada por poluição sonora, assim compreendida a produção de sons, ruídos e vibrações em desacordo com as prescrições legais ou regulamentares, ou desrespeitando as normas sobre emissão e imissão de ruídos e vibrações resultantes de quaisquer atividades.

O art. 42 do Decreto-Lei n° 3.688, de 3 de outubro de 1941, que define as contravenções penais, já tipifica a perturbação do trabalho ou do sossego alheio, tutelando juridicamente a qualidade ambiental de forma mais apropriada e abrangente, punindo com prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa, a perturbação provocada pela produção de sons em níveis inadequados ou inoportunos, conforme normas legais ou regulamentares.

Tendo em vista que a redação do dispositivo tipifica penalmente a produção de sons, ruídos ou vibrações em desacordo com as normas legais ou regulamentares, não a perturbação da tranqüilidade ambiental provocada por poluição sonora, além de prever penalidade em desacordo com a dosimetria penal vigente, torna-se necessário o veto do art. 59 da norma projetada."

176

Inciso X do art. 72

"Art.72:................................................................................................

X- intervenção em estabelecimento;"

Razões do veto:

"A pena de intervenção em estabelecimento como medida de caráter estritamente administrativo afigura-se, na espécie, extremamente grave. Ademais, o elenco de sanções já previsto nesta Lei oferece os instrumentos adequados à prevenção ou à repressão de eventuais infrações contra a ordem ambiental."

Art. 81

"Art. 81 . Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação."

Razões do veto

"Trata-se de lei inovadora, que inclui em seus dispositivos, além de figuras penais e sanções graves, um novo conceito de prevenção e reparação dos danos ao meio ambiente, que necessitam de uma divulgação adequada antes de entrar em vigor para que alcance os seus reais objetivos. Assim sendo, a Lei há de entrar em vigor no prazo ordinário estabelecido na Lei de Introdução ao Código Civil."

A VEZ DO CIDADÃO

"Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações". (Constituição da República Federativa do Brasil - artigo 225)

A Lei de Crimes Ambientais é uma ferramenta de cidadania. Cabe a nós, cidadãos, exercitá-la, implementá-la, dar-lhe vida, através do seu amplo conhecimento e da vigilância constante.

Para maiores informações sobre a Lei e suas formas de aplicação, para pedir providências ou fazer denúncias, o cidadão brasileiro conta com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA/MMA e com o Ministério Público Federal.

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Sede: Av. L4 - Norte, Ibama - Edifício-Sede Brasília - DF CEP: 70800-200 Telefone: (061) 316-1212 Internet: www.ibama.gov.br Linha Verde - é um canal direto com o cidadão e funciona 24 horas, atráves do telefone gratuito 0800-618080 e pela Internet: [email protected]

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ÍNDICE REMISSIVO

AÇÃO PENAL — pública incondicionada: art. 26

AÇÃO FISCALIZADORA — obstar ou dificultar: art. 69

APREENSÃO — espécie de infração administrativa: art. 72, IV — de animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração: art. 72, IV — destinação dos produtos apreendidos: art. 25, §§ 1º, 2º, 3º e 4º

CÓDIGO PENAL — aplicação subsidiária: art. 79

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL — aplicação subsidiária: art. 79

COOPERAÇÃO INTERNACIONAL — arts. 77 e 78

CRIMES AMBIENTAIS — crimes contra a administração ambiental: arts. 66 a 69 (vide item específico) — crimes contra a fauna: arts. 29 a 36 (vide item específico) — crimes contra a flora: arts 38 a 53 (vide item específico) — crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural: arts. 62 a 65 (vide item específico) — crimes relativos à poluição e outros crimes ambientais: arts. 54 a 61 (vide item específico)

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL — arts. 66 a 69 — afirmação falsa, omissão da verdade ou sonegação de informações ou dados técnico-científicos feitas pelo funcionário público em procedimento de autorização ou de licenciamento ambiental; pena: art. 66 — concessão, pelo funcionário público, de licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais; pena: art. 67 — modalidade culposa: art. 67, parágrafo único — imposição de óbices e dificuldades à ação fiscalizadora do Poder Público; pena: art. 69 — não cumprimento de obrigação de relevante interesse ambiental; pena: art. 68

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— modalidade culposa: art. 68, parágrafo único

CRIMES CONTRA A FAUNA — arts. 29 a 36 — abuso e maus tratos de animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos; pena: art 32 — caso de aumento de pena: art. 32, § 2º — exportação de peles e couros de anfíbios e répteis: art. 30 — introdução de espécime animal no País; pena: art. 31 — matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória; pena: art. 29 — possibilidade de não aplicação da pena pelo juiz no caso de guarda doméstica: art. 29, § 2º — impedimento à procriação da fauna, dano ou destruição de ninho, abrigo ou criadouro natural; pena: art. 29, §1º., I, II — venda, aquisição, utilização, transporte de ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre e dos produtos e objetos dela oriundos: art. 29, § 1º., III — praticados contra espécie rara ou ameaçada de extinção, ou em decorrência do exercício de caça profissional; caso de aumento de pena: art. 29, § 4º., I — praticados em período proibido à caça; caso de aumento de pena: art. 29, § 4º., II — praticados durante a noite; caso de aumento de pena: art. 29, § 4º., III — praticados com abuso de licença; caso de aumento de pena: art. 29, § 4º., IV — praticados em unidade de conservação; caso de aumento de pena: art. 29, § 4º.,V — praticados com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa: art. 29, § 5º — não aplicação das disposições deste artigo aos atos de pesca: art. 29, § 7º. — perecimento de espécimes da fauna aquática pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais; art. 33 — degradação de viveiros, açudes e estações de aqüicultura; pena: art. 33, parágrafo único, I — exploração de campos naturais de invertebrados aquáticos e algas; pena: art. 33, parágrafo único, II — fundeamento de embarcações ou lançamento de detritos em bancos de moluscos ou corais: art. 33, parágrafo único, III — pesca em períodos proibidos e lugares interditados; pena: art. 34, parágrafo único, I — pesca de espécies a serem preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos; pena: art. 34, parágrafo único, II — pesca com explosivos ou substâncias tóxicas; pena: art. 35, I e II — transporte, comercialização, beneficiamento ou industrialização de espécimes provenientes da pesca proibida; pena: art. 34, parágrafo único, III

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CRIMES CONTRA A FLORA — arts 38 a 53 — causas de aumento de pena: art. 53, I e II, a, b, c, d, e — comércio ou utilização de motosserra; pena: art. 51 — corte de árvores em floresta de preservação permanente; pena: art. 39 — corte de madeira de lei ou sua transformação em carvão; pena: art. 45 — dano às unidades de conservação; pena: art. 40

CONSERVAÇÃO — afetando espécies ameaçadas de extinção; circunstância agravante: art. 40, § 2º — modalidade culposa: art. 40, § 3º — destruição ou dano a floresta de preservação permanente, pena: art. 38 — modalidade culposa; pena: art. 38, parágrafo único — destruição ou dano a plantas de ornamentação; pena: art. 49 — modalidade culposa: art. 49, parágrafo único — destruição ou dano a florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas; pena: art. 50 — extração de florestas de domínio público ou de preservação permanente; pena: art. 44 — fabricação, venda, transporte ou soltura de balões; pena: art. 42 — introdução, em unidades de conservação, de substâncias ou instrumentos para caça ou exploração de produtos florestais; pena: art. 52 — provocação de incêndio; pena: art. 41 — modalidade culposa; pena: art. 41, parágrafo único — recebimento ou aquisição de produtos de origem vegetal, sem a exigência de licença do vendedor; pena: art. 46 — regeneração de vegetação: impedir ou dificultar; pena: art. 48 — venda, transporte ou guarda de produtos de origem vegetal sem licença; pena: art. 46, parágrafo único

CRIMES RELATIVOS À POLUIÇÃO E OUTROS CRIMES AMBIENTAIS — arts. 54 a 61 — construção, reforma, ampliação, instalação ou colocação em funcionamento de instalação, obras ou serviços potencialmente poluidores; pena: art. 60 — difusão de doença ou praga; pena: art. 61 — execução de pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais, pena: art. 55 e parágrafo único — poluição; pena: art. 54 — modalidade culposa; pena: art. 54, § 1º — de área rural ou urbana imprópria para ocupação humana; pena: art. 54, § 2º, I — atmosférica, causando danos à saúde da população; pena: art. 54, § 2º, II — hídrica, levando à interrupção do abastecimento público de água; modalidade qualificada; pena: art. 54, § 2º, III

180

— impedimento ao uso público de praias; pena: art. 54, § 2º, IV — lançamento de resíduos, detritos, óleos ou substâncias oleosas; pena: art. 54, § 2º, V — produção, processamento, embalagem, importação, exportação, comercialização, fornecimento, transporte, armazenamento e guarda de substância tóxica ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, pena: art. 56 e § 1º — aumento de pena: art. 56, § 2º — modalidade culposa; pena: art. 56, § 3º

CRIMES CONTRA O ORDENAMENTO URBANO E O PATRIMÔNIO CULTURAL — arts. 62 a 65 — alteração de edificação ou local especialmente protegido por lei; pena: art. 63 — ato de pichar ou grafitar edificação ou monumento urbano; pena: art. 65 — modalidade qualificada; pena: art. 65, parágrafo único — construção em solo não edificável ou no seu entorno; pena: art. 64 — destruição, inutilização ou deterioração de bem especialmente protegido ou do patrimônio cultural; pena: art. 62

DANO AMBIENTAL — às unidades de conservação; art. 40 — afetando as espécies ameaçadas de extinção no interior das unidades de conservação; circunstância agravante: art. 40, § 2º — caso de aumento de pena em crimes dolosos: art. 58, I — em caso de risco de dano, furtar-se à adoção de medida de precaução: art. 54, § 3º — laudo de reparação: art. 17 — reparação como arrependimento, circunstância que atenua a pena: art.14, II — reparação como meio de extinção de punibilidade: art. 28, I — valor da reparação fixado em sentença penal condenatória: art. 20

EXCLUSÃO DE ILICITUDE — abate de animal, em estado de necessidade; para proteção de lavouras, pomares e rebanhos; e de animais nocivos: art. 37, I, II e IV

FAUNA — arts. 29 a 36 — abuso e maus tratos de animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos; pena: art. 32 — fauna silvestre; conceituação: art. 29, § 3º — fauna silvestre: proibição de matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória: art. 29

FAUNA AQUÁTICA — perecimento, art. 33

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FLORA — floresta de preservação permanente (vide item específico) — floresta nativa ou plantada: dano ou destruição: art. 50 — madeira de lei: corte ou transformação em carvão; art. 45 — plantas de ornamentação: dano ou destruição: art. 49 — produtos de origem vegetal, lenha e carvão: arts. 45 e 46 — vegetação fixadora de dunas dano ou destruição art. 50

FLORESTA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE — corte de árvores: art. 39 — destruição ou dano: arts 38 — extração em: art. 44

INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA AMBIENTAL — aplicação cumulativa de sanção no caso de duas ou mais infrações: art. 72, § 1º — conceito: art. 70 — definição das autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo: art. 70, § 1º — obrigação de a autoridade competente promover apuração imediata de infração ambiental de que tiver conhecimento: art. 70, § 3º — prazos para apuração de infração ambiental: art. 71, I, II, III, IV — rol: art. 72, I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX e XI — sanções para as infrações administrativas: art. 72, I a XI e parágrafos

INFRAÇÃO PENAL — condição: art. 28, V

MULTA ADMINISTRATIVA — destinação dos valores arrecadados: art. 73 — limites: art. 75 — multa simples: art. 72, II, §§ 3º., 4º. e 5º — multa diária: art. 72, III — substituição de multa federal: art. 76 — unidades de medida: art. 74

PENA — aplicação: arts. 6º. a 24 — de interdição temporária de direitos: art. 10 — circunstâncias agravantes, constituidoras e qualificadoras do crime: arts. 15 e 40, § 2º — circunstâncias atenuantes: art. 14 — suspensão condicional: art. 16

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PENA DE MULTA — aplicação a crimes de menor potencial ofensivo: art. 27 — cálculo: arts. 18 e 19 — cominação a pessoa jurídica: art. 21, I

PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE — caso de suspensão condicional da pena: art. 16 — casos de substituição pelas penas restritivas de direitos: art. 7º., I e II

PENA RESTRITIVA DE DIREITOS — casos de propositura de ação imediata: art. 27 — casos de substituição das penas privativas de liberdade: art. 7º., I e II — cominadas à pessoa jurídica: art. 22, I, II e III — espécies: art. 8º., I , II, III, IV e V — prestação pecuniária: art. 8º., IV, e 12 — recolhimento domiciliar: art. 13

PESCA — conceito: art. 36 — em períodos proibidos e lugares interditados: art. 34 — de espécies a serem preservadas ou com tamanhos inferiores aos permitidos: art. 34, parágrafo único, I — de quantidades superiores às permitidas: art. 34, parágrafo único , II — não aplicação das disposições do art. 29, relativas a crime contra a fauna silvestre, aos atos de pesca: art. 29, § 6º — pesca com explosivos, art. 35 — pesca com substâncias tóxicas;: art. 35, II — transporte, comercialização, beneficiamento ou industrialização de espécimes provenientes da pesca proibida; pena: art. 34, parágrafo único, III

PESSOA JURÍDICA — liquidação: art. 24 — penas aplicáveis: art. 21, I, II e III — penas restritivas de direito: art. 22 — prestação de serviços à comunidade: art. 23 — responsabilização civil, administrativa e penal: arts. 2º. e 3º

PLANTAS DE ORNAMENTAÇÃO — destruição, dano: art. 49

PRAZOS — de proibição de contratação com o Poder Público: art. 10, I; art. 22, § 3º

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— do processo administrativo para apuração da infração ambiental: art. 71 — de regulamentação da lei: art. 80 — de suspensão da prescrição em processo penal: art. 28, II — de suspensão do processo: art. 28, II

PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA — pena restritiva de direito: art. 8º — conceito, aplicação, cumprimento: art. 12

PROCESSO ADMINISTRATIVO — competência para instauração: art. 70, § 1º — prazos: art. 71

PROVA — aproveitamento, no processo penal, de perícia produzida em inquérito civil ou juízo civil: parágrafo único do art. 19 — perícia de constatação de dano ambiental: fixação do montante do prejuízo: art. 19 — produção de provas em cooperação com outros países: art. 77, I

RECOLHIMENTO DOMICILIAR — condição: art. 13

RECURSOS MINERAIS — execução de pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais: art. 55

REPRESENTAÇÃO — oferecimento: art. 70, § 2º

SENTENÇA — penal condenatória: fixação de valor para reparação dos danos: art. 20 — penal condenatória: fixação de valor para efetuar-se a execução: art. 20, parágrafo único

SUSPENSÃO DO PROCESSO — prorrogação de prazo em caso de reparação incompleta do dano ambiental: art. 28, II — suspensão do prazo de prescrição em processo penal: art. 28, II

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO — circunstância agravante: art. 15: art. 40, § 2º dano: art. 40 — definição: art. 40, § 1º — introdução de substâncias ou instrumentos para caça ou exploração de produtos ou subprodutos florestais: art. 52

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Política Nacional do Meio Ambiente - Lei 6938/81

PRINCÍPIOS:

I. Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em visa o uso coletivo;

II. Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;III. Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;IV. Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;V. Controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;

VI. Incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o usoracional e a proteção dos recursos ambientais;

VII. Acompanhamento do estado da qualidade ambiental;VIII. Recuperação das áreas degradadas;

IX. Proteção de áreas ameaçadas de degradação;X. Educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da

comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meioambiente.

OBJETIVOS:

I. Compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;

II. Definição de áreas prioritárias de ação governamental relativas à qualidade eao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;

III. Estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e de normasrelativas ao uso e manejo de recursos ambientais;

IV. Desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para ouso racional de recursos ambientais;

V. Difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico;

VI. Preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilizaçãoracional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;

VII. Imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ouindenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

COMPETÊNCIA DO CONAMA:

I. Estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividade efetiva ou potencialmente poluidora, a ser concedida pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA;

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II. Determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativase das possíveis conseqüências ambientais de projetos públicos ou privados,requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim aentidades privadas, as informações indispensáveis para apreciação dosestudos de impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ouatividades de significativa degradação ambiental, especialmente nas áreasconsideradas patrimônio nacional;

III. Decidir, como última instância administrativa, em grau de recurso, mediantedepósito prévio, sobre as multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA.

IV. VetadoV. Determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de

benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condi-cional, e a perda ou suspensão de participações em linhas de financiamentoem estabelecimentos oficiais de crédito;

VI. Estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle dapoluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações, medianteaudiência dos Ministérios competentes;

VII. Estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutençãoda qualidade do meio ambiente, com vistas ao uso racional dos recursosambientais, principalmente os hídricos;

INSTRUMENTOS:

I. Estabelecimento de padrões da qualidade ambiental; II. Zoneamento ambiental;

III. Avaliação de impactos ambientais;IV. Licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidora;V. Incentivos à produção e instalação de equipamentos e à criação ou absorção

de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;VI. Criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público

Federal, Estadual e Municipal, tais como Áreas de Proteção Ambiental, deRelevante Interesse Ecológico e Reservas Extrativistas;

VII. Sistema Nacional de Informação sobre o Meio Ambiente;VIII. Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos da Defesa Ambiental;

IX. Penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidasnecessárias à preservação ou correção da degradação ambiental;

X. Instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo IBAMA;

XI. Garantia de prestação de informações relativas ao Meio Ambiente obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes;

XII. Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras e/ ouUtilizadoras dos Recursos Ambientais;

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Documentação necessária para licença prévia

1- Documentos Quando da solicitação da Licença Prévia, deve ser apresentada a documentação indicada abaixo. Dê especial atenção no preenchimento do MCE nos ítens relativos à localização do empreendimento em função da vizinhança, a tecnologia a ser empre-gada no desenvolvimento da atividade objeto do pedido e os sistemas de controle de poluição ambiental (ar, água, solo, ruído e vibração) a serem adotados.

- Impresso denominado “Solicitação de” - utilizado para quaisquer pedidos de Licenças, Certificados ou Pareceres, devidamente preenchido e assinado pelo pro-prietário. Tratando-se de funcionário da firma requerente, deverá ser preenchido o campo "Autorização", do impresso, e deverá ser apresentada, para conferência do vín-culo, documentos comprobatórios como Carteira Profissional Registrada, Hollerith etc.

- Procuração: quando for o caso de terceiros representando a empresa, apresentar o documento assinado pelo responsável da empresa, com firma reconhecida (modelo de Procuração).

Certidão da Prefeitura Municipal Local Emitida pela Prefeitura do Município. Deve conter explicitamente a adequação da atividade a ser exercida com as diretrizes de uso do solo, e anuindo com a instalação da empresa no local. Esse documento não é emitido pela Prefeitura Municipal de São Paulo.

- Comprovante de Fornecimento de água e coleta de esgotos Comprovante de pagamento de taxa de água e esgoto do imóvel ou certidão do órgão responsável por tais serviços, informando se o local é atendido pelas redes de distri-buição de água e coleta de esgoto.

- Memorial de Caracterização do Empreendimento - MCE, deve ser entregue na versão simplificada ou completa, definida de acordo com os critérios utilizados pela CETESB. A versão impressa deve ser preenchida integralmente e assinada pelo res-ponsável na última folha, e nas demais rubricadas, dando fé das informações ali prestadas. Para os Sistemas Retalhistas de Postos de Combustíveis existe um MCE específico.

Plantas Se a instalação da empresa ocorrer em prédio existente, juntar 02 (duas) cópias de planta já aprovada pela Prefeitura local e/ou pela Secretaria da Saúde, ou na inexistência desta, apresentar Planta de Conservação do prédio, assinada somente pelo proprietário do imóvel, com o respectivo quadro de áreas. Em se tratando de construção nova ou ampliação, apresentar plantas baixas e cortes em (05) cinco vias, assinadas pelo proprietário e pelo responsável técnico. Anexar uma cópia da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). No caso de ampliação, o procedimento será análogo, devendo isto ser indicado através de legenda.

Anexo 2

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- Croqui de Localização

- Disposição física dos equipamentos (lay-out); que pode ser demonstrada em croqui ou em planta baixa da construção

- Mapa de acesso ao local, com referências

- Roteiro de acesso até o local a ser licenciado para permitir a inspeção no local.

- Outras informações que a agência considere pertinentes.

2 - Documentação complementar para Microempresa e Empresas de Pequeno Porte

Empresas

Recém constituída Existente ou alteração de endereço que remete ao novo licenciamento

Federal

Deverá ser apresentado cópia autenticada do contrato social registrado na Junta Comercial do Estado - JUCESP.

Apresentação da cópia autenticada da comunicação da condição de ME ou EPP registrada na JUCESP e a cópia dois últimos DARF´s (últimos meses), devendo constar no "código da receita" 6106. Â

M B I T O

Estadual

Deverá ser apresentada cópia autenticada da DECA, entregue ao Posto Fiscal, onde conste o seu enquadramento.

Deverá ser apresentada a cópia auten-ticada da última DECA, entregue ao Posto Fiscal, onde conste o seu enquadramento e a cópia autenticada da última "Decla-ração do Simples (DS), entregue a Se-cretaria da Fazenda do ano anterior. Este documento a empresa deve protocolizar até 31 de Março de cada ano.

Caso a empresa seja enquadrada na esfera Estadual e Federal, basta a apresentação da documentação de uma delas.

Observação: Em qualquer dos casos acima deve ser anexada a “Declaração do responsável pela empresa”.

3 - Documentação complementar para casos de ampliação - Documentos comprobatórios de existência anterior a 08/09/76 e/ou número das Licenças de Instalação e Funcionamento/Operação das áreas e equipamentos já licenciados.

- Disposição física dos equipamentos em planta com legenda diferenciada para os equipamentos e áreas já licenciadas e os objetos de ampliação.

Informações adicionais

Todos os documentos que forem apresentados em cópias xerográficas deverão ser autenticados ouapresentados em conjunto com o original para conferência.

Todos os documentos, quando não for especificado, devem ser apresentados em uma via.

A CETESB se reserva o direito de exigir complementação de informações a qualquer momento daanálise do processo.

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Formulário de solicitação da licença ambiental

Anexo 3

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190

Exemplos de selos

Anexo 4

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