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11º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental ABGE, 13 a 16 de novembro de 2005, Florianópolis, SC Tema 1 – Geologia Ambiental e Urbana 664 CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DOS ACIDENTES GEOLÓGICOS URBANOS NO ESTADO DE GOIÁS HOMERO LACERDA Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM/Universidade Estadual de Goiás – UEG. R. T-38 n. 898 Ap. 701 – Setor Bueno – Goiânia – CEP 74.230-070 – fone 62.255.5114 – e-mail [email protected] RESUMO Em Goiás a urbanização foi feita sem considerar as características geológicas dos terrenos e sem implantar a infra-estrutura de pavimentação e drenagem de águas pluviais. O resultado foi a ocorrência de erosão acelerada, assoreamento e, em menor grau, movimentos de massas induzidos. A região tem, ainda, áreas urbanas com risco de afundamentos relacionados ao modelado cárstico. Alagamentos e inundações ocorrem devido à ocupação de planícies fluviais, ausência ou inadequação do sistema de drenagem e estrangulamento dos canais. Areia, argila, e material de empréstimo são lavrados em áreas urbanas e periurbanas, resultando em processos erosivos, assoreamento e degradação visual. Palavras-chave: Goiás, acidentes geológicos, áreas urbanas. ABSTRACT In Goiás State the nature of geology of the urban site was not taken into account in settlement. Some urban areas lack street paving and adequate storm sewer system. The geological hazards are related to erosion, silting and, to a minor degree, induced mass movements and subsidence. Flooding are also reported and are related to inadequate storm sewer system as well as settlement on flood plains. Sand, clay, and road material are mined in urban areas and mining activities are related to erosion, silting and damage to aesthetics of landforms. Keywords: Goiás, geological hazards, urban areas. INTRODUÇÃO Esta contribuição é uma tentativa de síntese sobre os acidentes geológicos urbanos no estado de Goiás (Figura 1). A ênfase é dada nas características geomorfológicas dos sítios urbanos, nas intervenções antrópicas e suas conseqüências no que diz respeito aos acidentes geológicos. O texto compreende uma comparação entre a geologia urbana nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, elaborada com base em pesquisa bibliográfica. Ressalta a grande incidência dos acidentes geológicos urbanos no países em desenvolvimento, principalmente aqueles relacionados à falta de infra-estrutura urbana. Apresenta exemplos do estado de Goiás, compreendendo trabalhos elaborados pelo autor e casos obtidos em pesquisa bibliográfica. Ao abordar a natureza da geologia urbana, WAYNE (1968) assinala que, além de necessitar de matérias primas minerais para construir a cidade, o homem está sujeito as condições e processos geológicos atuantes na área ocupada. Ressalta que a ação antrópica pode desencadear ou intensificar estes processos, atingindo pessoas e propriedades, constituindo os acidentes geológicos urbanos. A cidade é, portanto, edificada sobre um substrato geológico com características próprias e a

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11º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental ABGE, 13 a 16 de novembro de 2005, Florianópolis, SC

Tema 1 – Geologia Ambiental e Urbana

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CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DOS ACIDENTES GEOLÓGICOS URBANOS NO ESTADO DE GOIÁS

HOMERO LACERDA Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM/Universidade Estadual de Goiás – UEG. R. T-38 n. 898 Ap. 701 – Setor Bueno – Goiânia – CEP 74.230-070 – fone 62.255.5114 – e-mail [email protected]

RESUMO Em Goiás a urbanização foi feita sem considerar as características geológicas dos terrenos e sem implantar a infra-estrutura de pavimentação e drenagem de águas pluviais. O resultado foi a ocorrência de erosão acelerada, assoreamento e, em menor grau, movimentos de massas induzidos. A região tem, ainda, áreas urbanas com risco de afundamentos relacionados ao modelado cárstico. Alagamentos e inundações ocorrem devido à ocupação de planícies fluviais, ausência ou inadequação do sistema de drenagem e estrangulamento dos canais. Areia, argila, e material de empréstimo são lavrados em áreas urbanas e periurbanas, resultando em processos erosivos, assoreamento e degradação visual. Palavras-chave: Goiás, acidentes geológicos, áreas urbanas. ABSTRACT In Goiás State the nature of geology of the urban site was not taken into account in settlement. Some urban areas lack street paving and adequate storm sewer system. The geological hazards are related to erosion, silting and, to a minor degree, induced mass movements and subsidence. Flooding are also reported and are related to inadequate storm sewer system as well as settlement on flood plains. Sand, clay, and road material are mined in urban areas and mining activities are related to erosion, silting and damage to aesthetics of landforms. Keywords: Goiás, geological hazards, urban areas. INTRODUÇÃO Esta contribuição é uma tentativa de síntese sobre os acidentes geológicos urbanos no estado de Goiás (Figura 1). A ênfase é dada nas características geomorfológicas dos sítios urbanos, nas intervenções antrópicas e suas conseqüências no que diz respeito aos acidentes geológicos. O texto compreende uma comparação entre a geologia urbana nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, elaborada com base em pesquisa bibliográfica. Ressalta a grande incidência dos acidentes geológicos urbanos no países em desenvolvimento, principalmente aqueles relacionados à falta de infra-estrutura urbana. Apresenta exemplos do estado de Goiás, compreendendo trabalhos elaborados pelo autor e casos obtidos em pesquisa bibliográfica. Ao abordar a natureza da geologia urbana, WAYNE (1968) assinala que, além de necessitar de matérias primas minerais para construir a cidade, o homem está sujeito as condições e processos geológicos atuantes na área ocupada. Ressalta que a ação antrópica pode desencadear ou intensificar estes processos, atingindo pessoas e propriedades, constituindo os acidentes geológicos urbanos. A cidade é, portanto, edificada sobre um substrato geológico com características próprias e a

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geomorfologia antrópica em sítios urbanos é abordada por NIR (1998), que considera três etapas: período pré-urbano; período de construção; período urbano consolidado. No “período pré-urbano”, o uso da terra é predominantemente rural, com alguma atividade de construção. Neste período, acontecem aumento das vazões máximas, erosão acelerada e aumento da sedimentação nos cursos e corpos d’água. No “período de construção”, grandes áreas são expostas aos agentes climáticos. Neste estágio, são feitos cortes e aterros, construção do sistema viário, edificações, instalação da rede de drenagem das águas pluviais e demais elementos da infra-estrutura urbana. Mesmo quando são tomadas medidas mitigadoras, estas atividades resultam em erosão no sítio em construção e sedimentação a jusante. As vazões das drenagens urbanas são incrementadas e a conseqüência é o aumento das inundações. No “período urbano consolidado”, o sítio urbano é marcado por uma nova topografia, impermeabilização extensiva, drenagem totalmente ou parcialmente artificial, com descarga fora da cidade. Nesta fase ocorrem aumento das vazões máximas, com inundações a jusante do sitio urbano, e redução da carga de sedimentos das águas drenadas da cidade. O esquema descrito acima serve para os países “desenvolvidos” mas nos países ditos “em desenvolvimento”, incluindo o Brasil, a morfogênese antrópica nos sítios urbanos não se enquadra inteiramente no modelo descrito. Uma das características destes países é que, numa mesma cidade, existem bairros com toda infra-estrutura, onde o esquema pode ser aplicado, e bairros sem nenhuma infra-estrutura, onde a morfogênese urbana foge ao modelo descrito. A seguir serão detalhados alguns aspectos da geologia urbana em Goiás compreendendo: cortes, aterros e movimentos de massas induzidos; erosão acelerada e assoreamento; afundamentos em áreas de carste; inundações e alagamentos; e acidentes relacionados à mineração em sítios urbanos. O texto termina com uma síntese dos acidentes geológicos identificados, suas relações com as formas de relevo e as ações antrópicas desencadeadoras. CORTES, ATERROS E MOVIMENTOS DE MASSA INDUZIDOS Aterros e cortes nem sempre são feitos dentro das técnicas recomendáveis e, neste caso, podem resultar em acidentes geológicos. CUNHA (1991) cita a existência de cortes com geometria inadequada, aterros lançados (fofos) sobre vegetação, saturação dos aterros devido à concentração de águas pluviais, vazamentos da rede de abastecimento de água, lançamento de águas servidas e infiltrações a partir de fossas. Todos estes fatores favorecem a ocorrência de movimentos de massa induzidos. Um levantamento das vítimas fatais de escorregamentos no Brasil, abarcando o período 1988-1996, resultou na cifra de 835 vítimas fatais (MACEDO e AKIOSSI, 1996). Os acidentes estão concentrados no Rio de Janeiro, Salvador, Recife, São Paulo e Petrópolis e os autores citados apontam as maiores incidências nas áreas metropolitanas como indicadoras de processos induzidos pela ocupação das encostas. Parte destas cidades está no domínio dos “Mares de morros florestados” de AB’SABER (1977), que assinala sua suscetibilidade aos movimentos coletivos do solo, induzidos pela ação antrópica. O estado de Goiás está situado no “Domínio dos chapadões recobertos por cerrados e penetrados por matas-galerias” (AB’SABER, 1977) caracterizado pela presença do modelado de aplanamento com planos de erosão escalonados, ligados por rampas, com ligeira convexização das vertentes. A existência de áreas planas de tamanho expressivo fez com que vários núcleos urbanos fossem estabelecidos nestes locais e, consequentemente, os cortes e aterros são menos importantes do que em cidades localizadas em regiões de relevo mais dissecado, como no domínio dos “mares de morros florestados”. No entanto, existem exemplos de “aterros” de entulhos em Anápolis (Figura 1), construídos nas bordas de voçorocas e margens das drenagens, descritos a seguir. Aterros de entulhos em cabeceiras de voçorocas são freqüentes em Anápolis, e utilizados como

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forma de “conter” as erosões e, nestes locais, observa-se afundamento do aterro com destruição de vias públicas (Figura 2). Aterros em bordas de erosões e margens de córregos estão em locais de habitações subnormais, onde constituem a forma que as pessoas de baixa renda encontraram para obter terrenos para construir suas moradias. Um exemplo de aterro em área de habitações subnormais é o do local denominado “Invasão Anápolis City” (JESUS e LACERDA, 2004). O aterro mede cerca de 3,5km de comprimento com largura aproximada de 40m e está localizado na margem direita do Córrego Água Fria (Figura 2). Parte do aterro já foi afetada por movimento de massa em 2002, resultando na destruição de três residências. A partir das observações feitas no local, admite-se que o movimento de massa ocorreu devido a natureza do aterro (fofo), saturação devido à existência de uma fonte no local e solapamento pela erosão fluvial. Em outras partes deste aterro observa-se lançamentos de águas servidas no solo, bem como utilização de fossas negras. Em Anápolis existem ainda casos de aterros nas margens de voçorocas, apresentando trincas indicativas do início de movimentos de massas, além de recalque afetando casas construídas sobre estes aterros (LACERDA et al. 2004). EROSÃO ACELERADA Na classificação de incisões erosivas utilizada aqui considera-se que: sulcos são as incisões menores, com larguras e profundidades inferiores à 50 cm; ravinas são incisões cujas largura e profundidade ultrapassam aquelas dos sulcos mas que não atingiram o lençol freático; e voçorocas são incisões que atingiram o lençol freático (ALMEIDA FILHO e RIDENTE JÚNIOR, 2001). O aumento do volume do escoamento superficial, bem como sua concentração, são fatores que desencadeiam os processos erosivos e deve-se examinar agora a erosão acelerada na transição do uso rural para urbano (MORAN et al., 1980; NIR, 1983; GREGORY, 1998). Todos os autores citados assinalam que a maior produção de sedimentos ocorre durante o período de construção. Uma vez construída a cidade e instalada a infra-estrutura, a erosão cai a níveis até menores do que aqueles observados no uso rural. No que diz respeito aos cursos d’água, uma vez atingido o estágio urbano consolidado, as vazões são maiores do que no estágio pré-urbano e a carga sólida é menor. O resultado é ocorrência de erosão fluvial nos locais onde o sistema de drenagem urbano – constituído por canais artificiais – encontra canais naturais com margens constituídas por materiais inconsolidados (NIR, 1998). A situação descrita acima parece ser a dominante nos países ditos “desenvolvidos”, onde a urbanização segue o modelo proposto por NIR (1998). Nos países ditos “em desenvolvimento” a situação é pior, pois a urbanização não é acompanhada da instalação de sistemas adequados de drenagem das águas pluviais. Quando não são lançadas nas encostas, estas águas são despejadas em drenagens de pequeno porte, cujos leitos não estão ajustados às vazões aumentadas. O lançamento é feito freqüentemente sem estruturas de proteção e de dissipação de energia. Nestas condições, ocorre a erosão acelerada urbana, fenômeno típico dos países ditos “em desenvolvimento”. A erosão acelerada ocorre como sulcos, ravinas e voçorocas, além do reentalhe dos canais fluviais, que pode evoluir para voçorocamentos nas cabeceiras das drenagens. Isto faz com que a produção de sedimentos continue em níveis elevados após o período de construção, resultando em assoreamento dos cursos e corpos d’água. O fator que desencadeia a erosão acelerada é a ação antrópica, mas o processo será mais intenso onde já existe a suscetibilidade natural, relacionada ao relevo, geologia, solos, vegetação e clima do sítio urbano (SALOMÃO e IWASA, 1995; IWASA e FENDRICH 1998; ALMEIDA FILHO e RIDENTE JUNIOR, 2001). Nesta contribuição será enfocado o fator do relevo como condicionante da erosão acelerada e, em Goiás, parecem existir duas situações onde há uma boa correlação entre erosão acelerada e formas de relevo. A primeira situação é a concentração de erosões em bordas de chapadas e a segunda, o desenvolvimento de erosões nas baixas vertentes. Embora seja dada ênfase nas relações entre relevo e erosão acelerada, admite-se que, quando a

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intervenção é muito intensa, os processos erosivos poderão se desenvolver mesmo em áreas relativamente pouco suscetíveis à erosão, do ponto de vista do relevo. A erosão em bordas de chapadas está relacionada às características da geomorfologia regional, como a existência de regiões aplainadas, em mais de um nível topográfico e conectadas por áreas dissecadas. Esta situação está ilustrada nos perfis topográficos das Figuras 2, 3 e 4. Os compartimentos aplainados constituem o modelado de aplanamento e têm recebido denominações diversas como: superfície erosiva tabular (MAMEDE et al. 1983); superfície de aplanamento e pedimentos (NOVAIS PINTO, 1993; MORAES, 1985); chapadas (CAMPOS et al., 2001); topos planos e rampas (LACERDA, 2004). Tomando-se como base o levantamento exploratório proposto por NOVAES et al (1983) os solos do modelado de aplanamento são latossolos de textura argilosa, freqüentemente concrecionários. Estes tipos de solos são considerados por ROSS (1996) como de suscetibilidade baixa a muito baixa em relação aos processos erosivos. Os compartimentos dissecados, que fazem a conexão entre diferentes níveis aplainados, têm sido descritos como: modelado de dissecação em formas convexas e aguçadas (MAMEDE et al., 1983); escarpas com anfiteatros erosivos (CAMPOS et al., 2001; NASCIMENTO, 2004); modelado de dissecação em morros e esporões (LACERDA, 2004); e morros (SANTOS e LACERDA, 2004). Os solos nos modelados de dissecação são predominantemente podzólicos e cambissolos, freqüentemente cascalhentos (NOVAES et al. 1983). Estes tipos de solos são considerados por ROSS (1996) como de suscetibilidade média a muito forte face à erosão acelerada. Os modelados de dissecação são compartimentos suscetíveis à erosão acelerada, devido às declividades elevadas, numerosas cabeceiras de drenagem e natureza dos solos. Na região abordada é comum a existência de cidades construídas nas áreas planas, com a malha urbana chegando até as bordas, onde estão as formas de dissecação. A falta de sistemas adequados de drenagem de águas pluviais e o traçado inadequado do sistema viário, faz com que as águas sejam lançadas nos limites do sítio urbano, no local mais suscetível à erosão, ou seja, os limites entre formas de aplanamento e formas de dissecação. O resultado é o desencadeamento de processos erosivos, conforme documentado nas vizinhanças do Gama, no Distrito Federal, e em Alexânia e Anápolis no estado de Goiás (MORAES, 1985; CAMPOS et al., 2001; LACERDA, 2004; SANTOS e LACERDA, 2004; NASCIMENTO, 2004). Nestas cidades, observa-se uma grande concentração das erosões ao longo de uma franja no limite entre um modelado de aplanamento e um modelado de dissecação, conforme ilustrado pelos exemplos descritos a seguir. Erosão Acelerada no Gama Gama é uma cidade satélite do Distrito Federal, com população da ordem de 130.000 habitantes (Figura 1). Os processos erosivos da área foram abordados por MORAES (1985) e o mapa da Figura 3 é uma reinterpretação dos documentos cartográficos publicados por esta autora. O compartimento mais elevado é caracterizado como rampas e tem declividades <5%, amplitude da ordem de 80m e ocorre em altitudes de 1080 a 1160m. As rampas são circundadas por um rebordo de dissecação em morros, em altitudes de 960 a 1080m, e amplitudes de 160m. As declividades são de 10 a 25%, mas podem ser maiores, com valores superiores a 50%. O compartimento mais baixo está em altitudes de 920 a 960m. É um modelado de dissecação em colinas, onde a amplitude é de 40m e as declividades são de 5 a 20%. As voçorocas do Gama estão concentradas ao longo dos limites entre rampas e modelado de dissecação em morros (Figura 3). O desencadeamento das erosões é atribuído à falta de sistema adequado para drenagem das águas pluviais que “...facilitou as concentrações das mesmas em canais naturais e, consequentemente, o aparecimento de voçorocas” (MORAES, 1985). O desenvolvimento de voçorocas é também favorecido pelo uso inadequado da terra na área periurbana, onde existem encostas com declividades de até 50%, utilizadas para cultivo de

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pomares, hortaliças e café. A autora assinala ainda erosão acelerada ao longo de estradas, cujos traçados cortam encostas íngremes, em cabeceiras de drenagem. As voçorocas associadas às estradas ocorrem mesmo nos compartimentos com declividades baixas a médias, como é o caso das áreas dissecadas em colinas. Erosão Acelerada em Alexânia Alexânia é um município com cerca de 22.000 habitantes, situado entre Goiânia e Brasília (Figura 1). A erosão acelerada em Alexânia, foi estudada por CAMPOS et al. (2001) em trabalho que considera as relações entre drenagem urbana e erosão acelerada. Nos mapas publicados por CAMPOS et al. (2001) estão representados os “processos erosivos”, incluindo voçorocas, ravinas e áreas de concentração de sulcos. Em Alexânia existem dois compartimentos morfológicos principais (MAMEDE et al., 1983; CAMPOS et al., 2001): modelado de aplanamento, que representa uma superfície residual aplainada em cotas de 1060-1100m, e que está caracterizada como topos planos no mapa da Figura 4; modelado de dissecação em formas tabulares, convexas e aguçadas. O limite entre os modelados é caracterizado por escarpas íngremes, com anfiteatros erosivos. Os focos de erosão acelerada estão situados ao longo dos limites entre o modelado de aplanamento e de dissecação e, também, distribuídos pela área de ocorrência deste último compartimento (Figura 4). O fator antrópico no desencadeamento destas erosões foi estudado por CAMPOS et al. (2001), que apontaram o lançamento das águas pluviais como a causa das erosões. Estes autores consideraram a taxa de impermeabilização, comprimento de rampa, declividades das ruas e estimativas de vazão para apontar os setores mais críticos. Erosão Acelerada em Anápolis Anápolis tem cerca de 300.000 habitantes e está situada entre Goiânia e Brasília (Figura 1). O sítio urbano é bastante afetado pela erosão e os fatores antrópicos desencadeadores são: lançamento das águas pluviais nas encostas ou em cabeceiras de drenagens; traçado de vias principais no sentido da maior declividade das vertentes; ausência de pavimentação; e ausência ou inadequação do sistema de drenagem urbana (LACERDA et al. 2004). Fatores que também favorecem a ocorrências das erosões são a execução de obras de terraplanagem durante a estação das chuvas, presença de taludes de cortes e de aterros sem proteção, e existência de numerosas caixas de empréstimo no interior e na periferia da malha urbana (Figura 2). As relações entre erosão acelerada e formas de relevo em Anápolis foram abordadas por LACERDA (2004), JESUS & LACERDA (2004), SANTOS & LACERDA (2004), SOUTO & LACERDA (2004) e NASCIMENTO (2004). As formas de relevo da região de Anápolis são mostradas na Figura 2. O modelado de aplanamento compreende topos planos e rampas, com declividades geralmente inferiores a 4%. O modelado de dissecação compreende formas cujas declividades geralmente estão no intervalo de 8 a 20%, mas podem atingir até 50% em cabeceiras de drenagens. Este modelado é subdividido em: morros, que ocorrem na parte oeste da área; e baixas vertentes nas porções central e leste. O modelado de acumulação compreende planícies fluviais e fundos de vales. Em Anápolis, o modelado de dissecação aparece como o compartimento crítico em relação aos processos erosivos, uma vez que contém a maior parte das ravinas e voçorocas (Figura 2). Na parte oeste da área existe uma situação similar aquela descrita no Gama e em Alexânia, pois as erosões estão ao longo de um franja, no limite entre o modelado de aplanamento e o modelado de dissecação em morros. Anápolis serve para ilustrar um segundo caso das relações entre relevo e erosão acelerada, quando os compartimentos mais afetados são as baixas vertentes. Na parte central e leste da área

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(Figura 2) ravinas e voçorocas estão localizadas tanto em cabeceiras de drenagens como nas baixas encostas, no compartimento cartografado como baixas vertentes, cujas declividades são de 8 a 20%. As baixas vertentes ocorrem em faixas estreitas, acompanhando as drenagens, e estão situadas na base de longas rampas que, nos interflúvios, passam a topos planos. O fluxo do escoamento superficial gerado a montante é lançado nestas vertentes, tanto por intermédio do sistema de drenagem de águas pluviais, como ao longo das ruas, desencadeando os processos erosivos. Em Anápolis, as formas do modelado de aplanamento tem declividades baixas a muito baixas, o que é um fator de baixa suscetibilidade à erosão acelerada. No entanto, mesmo estes locais são afetados por estes processos, quando a intervenção antrópica é muito intensa, como é o caso das caixas de empréstimo (Figura 2). Erosão Acelerada em Goiânia Goiânia, capital do estado de Goiás, tem população da ordem de 1.180.000 habitantes e também é afetada pela erosão urbana. Segundo SALES & NASCIMENTO (2003), o número de voçorocas no sítio urbano aumentou de 45 em 1994, para 63 em 2002. As erosões estão localizadas principalmente na periferia, onde falta a infra-estrutura urbana. SANTOS (2003) identificou dois tipos de voçorocas cuja evolução está relacionada a seu posicionamento em relação às formas de relevo. O primeiro tipo ocorre em meias vertentes, em áreas de declividades medianas, constituindo voçorocas desconectadas da rede de drenagem. São lineares e sua evolução é devido ao fluxo superficial e movimentos de massas, estes últimos resultantes do solapamento dos taludes pelas águas de superfície. Embora o lençol freático aflore, estas erosões não apresentam o fenômeno do piping. O segundo tipo ocorre em terrenos com maiores declividades, em cabeceiras de drenagem. Estas voçorocas tem forma semicircular em planta, e na sua evolução ocorrem erosão superficial, piping e movimentos de massas. O segundo tipo ocorre em compartimentos denominados fundos de vale por CASSETI (1992, citado por SANTOS, 2003) e que parecem corresponder as baixas vertentes no sentido empregado nesta contribuição. ASSOREAMENTO Nas áreas urbanas, as conseqüências do assoreamento incluem redução da seção dos canais com produção de inundações e colmatação de pequenos reservatórios (OLIVEIRA, 1995a; ALMEIDA FILHO & RIDENTE JUNIOR, 2001). As formas do modelado antrópico associadas ao assoreamento podem ser assimiladas às formas de acumulação fluvial e foram descritas por OLIVEIRA (1995b) e MOURA-FUJIMOTO (2004) como: cones de dejeção tecnogênicos, que aparecem associados às voçorocas ou às pequenas drenagens em processo de reentalhe; formas deposicionais ao longo dos fundos de vales, que podem ser caracterizadas como terraços ou planícies tecnogênicas; e formas deposicionais nas desembocaduras de barragens urbanas, descritas como planícies fluvio-lacustres tecnogênicas. Em Anápolis as formas do relevo relacionadas ao assoreamento foram descritas por LACERDA (2004) e LACERDA et al. (2004). Nas cabeceiras do Rio das Antas, nos Córrego dos Góis, Guerobal e Catingueiro (Figura 2), o processo se manifestou pelo entulhamento dos fundos de vales, em faixas com larguras da ordem de 50 a 100 metros e extensão quilométrica, constituindo planícies fluviais tecnogênicas. Cones de dejeção tecnogênicos com raios da ordem de 50 a 150m, aparecem a jusante de voçorocas e de drenagens em processo de reentalhamento, nos fundos de vales dos Rios das Antas, da Extrema e do Córrego Reboleiras. Assoreamento em reservatórios urbanos com formação de planícies fluvio-lacustres tecnogênicas, foi observado no alto curso do Rio das Antas, no reservatório do Central Parque Onofre Quinan, e nas cabeceiras

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do Córrego Água Fria. Este último local foi monitorado a partir de interpretação de fotografias aéreas 1/60.000 de 1965 e de imagem Ikonos de 2001 (Figura 5). Em 1965 o assoreamento já estava presente, e a fonte dos sedimentos era a erosão situada na cabeceira de drenagem. Em 2001 a represa já estava totalmente assoreada, como conseqüência da evolução da voçoroca no período 1965-2001. AFUNDAMENTOS EM ÁREAS DE CARSTE Rochas carbonáticas são particularmente interessantes para os seres humanos, pois cavernas representaram locais de abrigo e de culto para homens primitivos. São jazigos fossilíferos importantes, tanto para o estudo da evolução humana como da fauna cenozóica de um modo geral. Do ponto de vista dos recursos minerais, rochas carbonáticas são utilizadas, por exemplo, no fabrico de cimento e cal, empregadas como corretivo de solos e material de revestimento. No que diz respeito à hidrogeologia, as áreas de ocorrência destas rochas podem representar aqüíferos ricos, cuja importância é aumentada devido à pobreza da drenagem superficial nestes locais. Assim, conforme assinalam NAKASAWA et al. (1995), estas rochas são estudadas em várias abordagens e a mais importante para esta contribuição é a da geologia ambiental. Neste aspecto, e de acordo com os autores citados, destaca-se o carste coberto e os afundamentos cársticos, que podem ser lentos, nas subsidências, ou rápidos, nos colapsos. Quando estes processos ocorrem em sítios urbanos, resultam em danos e destruição de equipamentos públicos e privados e, no caso dos colapsos, perdas de vidas humanas. Em termos de Brasil, NAKASAWA et al. (1995) ressaltam como mais críticas: a porção norte da região metropolitana de São Paulo, onde foram reportados acidentes em Mairinque e Cajamar; área ao norte de Belo Horizonte com acidentes ocorridos em Sete Lagoas; porção norte de Curitiba, onde já ocorreram afundamentos na região metropolitana. Afundamentos são processos naturais na morfogênese do carste, mas podem ser intensificados pela ação humana e o fator principal é o bombeamento da água subterrânea, além de vibrações relacionadas às detonações em áreas de mineração (NAKASAWA et al., 1995). Na sua revisão sobre o tema, NAKASAWA et al. (1995) mostram a distribuição das unidades estratigráficas portadoras de rochas carbonáticas no Brasil. Os autores assinalam que são regiões onde podem ocorrer colapsos e subsidências associados ao carste e que, portanto, demandam uma avaliação dos riscos de afundamentos para o planejamento do uso da terra. O exemplo apresentado a seguir, Vila Propício, está dentro destas áreas e representa uma primeira contribuição na avaliação dos riscos de afundamentos na região (Figura 1). Vila Propício é um pequeno município, com cerca de 5.000 habitantes, situado na parte central do estado de Goiás, na região do entorno de Brasília. Os dados apresentados aqui são resultado de fotointerpretação, com elaboração de um esboço de formas de relevo, e trabalho de campo, quando foi feito um inventário preliminar dos afundamentos cársticos. O substrato geológico é formado por rochas do Grupo Araxá e as rochas carbonáticas são constituídas por lentes possantes de mármore cinza escuro, às vezes cinza-claro, que podem conter anfibólio (THOMÉ FILHO, 1994). Os mármores estão intercalados em uma seqüência metapelítica representada por micaxistos e filitos carbonosos. Na área de Vila Propício as camadas e a foliação têm rumo nordeste, com mergulho para noroeste. Os mármores são minerados em dois locais, para produção de pó calcário utilizado como corretivo de solo (Figura 6). Com relação à geomorfologia, foi cartografado um modelado esculpido sobre os micaxistos, com maior ou menor grau de condicionamento estrutural, contendo formas tabulares e pequenas cristas assimétricas, orientadas na direção nordeste. O modelado cárstico compreende elevações residuais e carste coberto. As elevações residuais tem amplitude de 40 a 80m e, em perfil, têm formas em meia laranja, cônicas ou irregulares. O carste coberto é representado por uma área quase plana, suavemente inclinada para o

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quadrante norte, recoberta por solos cartografados por NOVAES et al (1983) como latossolo vermelho-escuro e latossolo vermelho-amarelo, ambos de textura argilosa. Contém vales secos sem leitos bem definidos, fontes e depressões fechadas. Estas últimas podem ser divididas, para efeito descritivo, em duas categorias segundo suas dimensões: depressões fechadas cartografáveis em escala 1/50.000; dolinas métricas a decamétricas. As depressões fechadas maiores têm contornos mapeáveis na escala 1/50.000 e sua forma em mapa pode ser oval, arredondada ou irregular. As dimensões variam de 200x100m a 2,5x1,0km. As bordas são sempre suaves, as depressões não contém drenagem superficial interna e a profundidade é de até 20 metros. Nas depressões alongadas, o eixo maior tem rumo NE, coincidindo com o trend estrutural e a faixa de maior concentração em depressões fechadas (Figura 6). Foram cartografadas a partir da interpretação de fotos aéreas 1/45.000, onde aparecem com nitidez. A feição maior está representada em mapa topográfico 1/100.00 com eqüidistância de curvas de nível de 40m, folha SD.22-Z-D-II (Vila Propício), elaborada pelo Serviço Geográfico do Exército. As dolinas foram inventariadas em campo e têm diâmetros de 5 a 50m, com profundidades de 1 a 8m. Em planta, sua forma é geralmente ovóide, mas existem feições com formas irregulares (amebóides) ou alongadas. Embora existam dolinas em forma de funil, a maioria tem fundo chato, às vezes com um patamar interno, delimitando uma parte mais profunda no interior da depressão. Foram observadas 37 feições e, em 12 delas, a rocha carbonática aflora, geralmente como pináculos com alturas de até 4m. Existem dolinas mais antigas, com bordas suaves e vegetação arbórea, sem solo exposto. Feições mais recentes são caracterizadas por bordas angulosas, taludes subverticais e solo exposto. Ainda não foram documentados afundamentos no sítio urbano, mas existe o risco, já que as depressões fechadas são mais abundantes numa faixa de rumo NE, que engloba a parte sul da cidade (Figura 6). Ocorrem principalmente em pastagens, incluindo a área periurbana, onde os acidentes estão relacionados às quedas de animais. Algumas dolinas são utilizadas para deposição de lixo, com risco de contaminação das águas subterrâneas. INUNDAÇÕES E ALAGAMENTOS Os rios urbanos têm maiores vazões de pico e, considerando uma cidade onde existe um sistema de drenagem urbana convencional, capaz de drenar rapidamente a água para fora da área ocupada, isto resulta no aumento da freqüência e intensidade das inundações no local onde o sistema de drenagem artificial atinge a drenagem natural, a jusante da malha urbana (TUCCI, 1995; NIR, 1998; GRAF, 1998). Este modelo de urbanização pode resolver a questão das inundações causadas pela urbanização dentro da cidade, mas ainda não é a solução ideal, uma vez que transfere para jusante os impactos negativos das alterações hidrológicas. Para que isto não ocorra seria preciso uma concepção de drenagem urbana que mantivesse o escoamento nos níveis pré-urbanização (TUCCI, 1995; PARKINSON, 2003). As inundações urbanas ocorrem quando o sistema de drenagem é ineficiente ou quando a cidade foi construída sobre locais naturalmente afetados pelas enchentes. TUCCI (1995) distingue três tipos principais de enchentes urbanas, que podem estar associados. As enchentes ribeirinhas são aquelas que ocorrem periodicamente nas planícies fluviais, em bacias hidrográficas de médio a grande porte. Neste caso, a urbanização não é a causa das inundações e os acidentes acontecem porque as cidades foram construídas em áreas naturalmente inundáveis. Enchentes devido a urbanização são causadas pela impermeabilização no sítio urbano, em bacias pequenas, com áreas da ordem de 1 a 100km2. As inundações localizadas são provocadas por intervenções antrópicas nas drenagens, com estrangulamento dos canais em pontes, bueiros e aterros. Quando o sistema de drenagem de águas pluviais é inadequado, também ocorrem alagamentos devido às concentrações excepcionais das águas do escoamento superficial. Este processo é denominado alagamento por CERRI & AMARAL (1998) e inundação pluvial por SAYAGO & GUIDO

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(1990). As referências a inundações em Goiás são principalmente nas cidades de Anápolis e Goiânia. Em Goiânia são reportadas 5 áreas de risco de inundação, onde moram 3.292 pessoas (COMOB, 2004, citado por FERREIRA et al. 2004). CASSETI (1991) cita a existência de inundações no Ribeirão João Leite e DBO (2004) assinala ocorrência de inundações ao longo do Ribeirão Anicuns. Em Anápolis os locais atingidos por inundações foram inventariadas por LACERDA (2004), TEIXEIRA et al., (2004) e LACERDA et al. (2004) e estão na parte mais central do sítio urbano (Figura 2). Os locais mais afetados estão ao longo do Rio das Antas e seus afluentes Córregos dos Góis, dos Cesários e Água Fria. Nesta área a planície fluvial do Rio das Antas, com largura da ordem de 100m, foi ocupada com residências, estabelecimentos comerciais e prédios públicos. As causas das inundações neste local compreendem: impermeabilização extensiva da bacia hidrográfica a montante; assoreamento devido à existência de vários focos erosivos na bacia; estrangulamento das drenagem em bueiros; e ocupação da planície fluvial. Isto significa que, neste local, tem-se elementos dos três tipos de inundações urbanas propostas por TUCCI (1995). MINERAÇÃO EM ÁREAS URBANAS E PERIURBANAS Dentre as substâncias minerais cuja produção está relacionada espacialmente aos centros urbanos destacam-se os agregados, argila para cerâmica vermelha e material de empréstimo. Estes produtos caracterizam-se pelo baixo valor unitário e grandes volumes lavrados, fatores que condicionam a proximidade da lavra em relação ao mercado consumidor e, portanto, são típicos da mineração em sítios urbanos. Como são geralmente lavrados a céu aberto em áreas extensas, geram alterações geológicas importantes, com erosão acelerada e assoreamento, além da degradação visual da paisagem (LEMOS et al., 1990; IPT, 2003). A degradação é mais acentuada pelo fato de areia, cascalho e argila serem lavrados em depósitos aluvionares, nos leitos menores, planícies e terraços fluviais. Isto causa danos ambientais devido a turvação da água e retirada de matas ciliares. As cavas abandonadas transformam-se em lagos que representam risco de afogamento para a população do entorno, além de constituírem locais de proliferação de insetos. Um exemplo de mineração de argila para cerâmica vermelha em Anápolis está no extremo oeste da cidade, na planície fluvial do Córrego Catingueiro, afluente do Ribeirão João Leite (Figura 7). A escavação generalizada no fundo do vale alterou o relevo original, com a formação de um piso rebaixado em 1 a 5 metros em relação ao nível original. Nos locais das cavas mais profundas, formaram-se lagos e pântanos, com dimensões da ordem de 100 a 300 metros, representando locais de risco de afogamento e de proliferação de insetos. As estradas de serviço e cavas tornaram-se focos de erosão acelerada em sulcos e ravinas. Na parte norte da área, os limites das cavas são em taludes subverticais, com alturas estimadas de 3 a 10m, com erosão em sulcos e ravinas, e constituindo áreas de riscos de deslizamentos. As drenagens são afetadas por assoreamento e pelo lançamento de fragmentos de tijolos e telhas nas margens e canais. A extração de material de empréstimo é um dos maiores problemas geoambientais urbanos e foi descrito por PENTEADO ORELLANA (1985) e SOUZA & MEDEIROS (2003) no Distrito Federal. Em Anápolis os compartimentos do modelado de aplanamento são recobertos por lateritas e por colúvios derivados destas. Estes materiais são muito procurados para utilização como material de aterros e para construção de estradas, o que provocou a instalação de várias caixas de empréstimo, que se tornaram focos de erosão acelerada (Figura 2). Algumas destas áreas degradadas são ainda utilizadas para disposição de resíduos constituindo, em alguns casos, pequenos vazadouros.

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CONCLUSÃO Quando a construção da cidade é acompanhada da infra-estrutura adequada, as alterações dos processos geológicos ocorrem principalmente durante o período da construção. Após esta etapa, no período urbano consolidado, os efeitos são aumento das vazões e redução do tempo de concentração nas drenagens. Estes efeitos são transferidos para jusante do sítio urbano, onde podem ocorrer inundações e erosão fluvial. No estado de Goiás, o processo de urbanização foi feito sem cuidados para evitar alterações nos processos geológicos, com áreas extensas não contempladas com infra-estrutura de pavimentação e drenagem de águas pluviais. Isto gerou alterações nos processos geológicos, compreendendo erosão acelerada, assoreamento e, em menor grau, movimentos de massas induzidos. A erosão acelerada é mais intensa quando as águas pluviais são lançadas em compartimentos do relevo com maior suscetibilidade aos processos erosivos, como bordas de chapadas, baixas vertentes e cabeceiras de drenagem. No estado de Goiás existem cidades em áreas de risco de afundamentos cársticos, ainda pouco estudadas do ponto de vista da geologia ambiental. Alagamentos e inundações ocorrem devido à ocupação de planícies fluviais, ausência ou inadequação do sistema de drenagem e estrangulamento dos canais. Areia, argila, e material de empréstimo são lavrados em áreas periurbanas e urbanas, resultando em processos erosivos, assoreamento e degradação visual. REFERÊNCIAS AB’SABER, A. N. Potencialidades paisagísticas brasileiras. In: FIBGE (Org.). Recursos

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Figura 1. Mapa do estado de Goiás com as localidades citadas no texto.

Figura 2. Formas de relevo e acidentes geológicos em Anápolis. Fontes: Mapa de formas de relevo elaborado pelo autor, acidentes geológicos segundo LACERDA et al. (2004), SANTOS (2005), TEIXEIRA & OLIVEIRA (2005).

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Figura 3. Formas de relevo e erosão acelerada no Gama, Distrito Federal. Fonte: Elaborado pelo autor, a partir dos mapas publicados por MORAES (1985).

Figura 4. Esboço das formas de relevo da cidade de Alexânia e distribuição dos focos de erosão acelerada. Fonte: Elaborado pelo autor a partir de compilação dos mapas publicados por MAMEDE et al. (1983) e CAMPOS et al. (2003).

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Figura 5. Assoreamento de reservatório urbano em Anápolis, nas cabeceiras do Córrego Água Fria. Fonte: Elaborado pelo autor a partir de fotos aéreas 1/60.000 (1965), imagem Ikonos (2001) e trabalho de campo.

Figura 6. Esboço de formas de relevo nos arredores de Vila Propício, Goiás. Fonte: Elaborado pelo autor a partir de fotointerpretação e trabalho de campo.

Figura 7. Área de mineração de argila para cerâmica vermelha na planície do Córrego

Catingueiro em Anápolis (GO). Fonte: Elaborado pelo autor a partir de imagem Ikonos (2001) e trabalho de campo.