contribuiÇÃo À histÓria eclesiÁstica de patos

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Conferência realizada no auditório da Fundação Ernani Sátiro, na noite do dia 10 de outubro de 2003, durante as comemorações do ‘Centenário da Cidade de Patos’, pelo professor e historiador José Ozildo dos Santos.

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J. OzildoCONTRIBUIO HISTRIA ECLESISTICA DE PATOS

Patos PB2005

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CONTRIBUIO HISTRIA ECLESISTICA DE PATOS

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Para Roslia, minha esposa.

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Conferncia realizada no auditrio da Fundao Ernani Stiro, na noite do dia 10 de outubro de 2003, durante as comemoraes do Centenrio da Cidade de Patos.

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CONTRIBUIO HISTRIA ECLESISTICA DE PATOS

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OS PRIMEIROS REGISTROS HISTRICOS DA FREGUESIA DE NOSSA SENHORA DA GUIA

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A histria eclesistica de Patos confunde-se com a prpria histria da cidade, cujo ncleo inicial, a exemplo de vrias outras localidades do serto paraibano, nasceu da conjugao do elemento religioso, apoiado na pecuria, suporte econmico que proporcionou o povoamento efetivo do interior nordestino. Aos 26 de maro de 1766, Paulo Mendes de Figueiredo e sua esposa Maria Teixeira de Melo, associados ao desbravador Joo Gomes de Melo e sua esposa Mariana Dias Antunes, moradores nas proximidades da Lagoa dos Patos, doaram partes de suas terras para a constituio do patrimnio de uma futura capela, que pretendiam erigir, em louvor a Nossa Senhora da Guia. Seis anos mais tarde, a referida capela j estava concluda. Ao seu redor, Paulo Mendes de Figueiredo e Joo Gomes de Melo construram as primeiras casas de moradas, principiando a fundao da povoao dos Patos, que, adquirindo delineamento urbano, tornou-se sede de freguesia aos 6 de outubro de 1788. O territrio da Freguesia de Nossa Senhora da Guia (dos Patos), foi desmembrado da Matriz de Nossa Senhora Santana, sediada na antiga Vila Nova do Prncipe, atual cidade de Caic, no vizinho Estado do Rio Grande do Norte (e no da de Pombal, como at agora vem sendo divulgado). Principiando na Serra do Teixeira, o referido territrio abrangia toda a Ribeira das Espinharas. E, de acordo com a Proviso Rgia n 14, que criou a referida sede paroquial, a ela tambm lhe pertencer o Rio do Sabugi at a fazenda do Jardim e a Capela de Santa Luzia, com todos os seus moradores na distncia de quatro lguas em circulo. No entanto, o primeiro Vigrio de Patos, Padre Manoel Rodrigues Xavier (e no o Padre Jos Incio da Cunha Souto Maior, como j foi divulgado), arrimado na declarao episcopal, segundo a qual os stios que distassem quatro lguas da povoao de Santa Luzia, enquadrar-se-iam na jurisdio da Matriz dos Patos, declarou que os moradores no Esprito Santo (Ouro Branco-RN), passavam a ser seus fregueses. Esta deciso, no agradou os moradores daquela localidade, que pretendiam continuar pertencendo Freguesia da Vila Nova do Prncipe. Assim, em 1790, enderearam uma longa representao ao Bispo de Olinda, que designou o Cnego Penitencirio Manoel Vieira de Lemos Sampaio para tratar do assunto. Este, em longo parecer, decidiu a favor dos habitantes da futura cidade de Ouro Branco, sepultando as aspiraes do Padre Manoel Rodrigues Xavier. A antiga Povoao dos Patos pertenceu ao territrio do municpio de Pombal at 9 de maio de 1833, quando, por Resoluo do Conselho da

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Provncia, foi elevada categoria de municpio com a denominao de Imperial Vila de Patos. Assim, emancipada politicamente, Patos passou a ter autonomia e Conselho Administrativo prprio. Sua instalao oficial ocorreu aos 22 de agosto daquele ano. A primeira preocupao da Cmara Municipal de Patos, foi a discusso da Lei Geral, que demarcou os limites da antiga Vila Nova do Prncipe, contrariando interesses patoenses. Assim, logo no incio de 1834, aquela Casa Legislativa enviou Assemblia Geral uma longa representao, solicitando a revogao do Decreto de 25 de outubro de 1831. No entanto, essa representao no atingiu seus objetivos. Uma Comisso formada na antiga Cmara dos Deputados, opinou pela manuteno do teor do mencionado decreto, cabendo Vila dos Patos, todo o territrio assinalado no ato de criao de sua freguesia. A soluo apresentada no agradou a classe poltica paraibana e a questo dos limites entre as duas provncias, arrastou-se por longos anos. O primeiro bispo a visitar a sede da Freguesia de Nossa Senhora da Guia, foi Dom Joo da Purificao Marques Perdigo, titular da Diocese de Olinda - a cuja jurisdio pertencia todo o territrio paraibano - que aqui esteve em junho de 1839. Em Patos, aquele prelado sofreu grande amargura por causa do depravado procedimento do vigrio local, que, publicamente, vivia em concubinato com uma senhora da Vila, morando na mesma casa e de cuja unio proibida aos olhos da Igreja, havia alguns filhos. Entretanto, o ilustre visitante limitou-se a determinar que o referido vigrio, providenciasse residncia para sua amante, em local distante da respectiva freguesia.

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O PADRE MANOEL CORDEIRO DA CRUZ E SUA AO SACERDOTAL EM PATOS

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Os registros histricos sobre os primeiros vigrios da Freguesia de Patos so escassos. Quase nada existe nos Livros de Tombo da Matriz de Nossa Senhora da Guia. Somente a partir da segunda metade do sculo XIX, que as informaes a esse respeito, tornaram-se mais concretas. Em 1853, aps aprovao em concurso, o Padre Manoel Cordeiro da Cruz tornou-se vigrio colado da Vila de Patos, realizando uma ao sacerdotal digna de registro. Esprito incansvel, levou os sacramentos aos mais distantes recantos de sua extensa freguesia, prestando significativa assistncia aos seus fiis, quando da epidemia do clera morbus, que assolou a Paraba, em 1856. Em Patos, o referido mal do Ganges, vitimou 24 pessoas, que foram sepultadas em vala coletiva, distante do permetro urbano. Passado aquele flagelo, o governo provincial determinou a construo do primeiro cemitrio na referida vila, cuja beno foi procedida pelo Vigrio Manoel Cordeiro da Cruz, aos 19 de janeiro de 1857, em solenidade que contou com a presena de grande nmero de pessoas e do Padre Jos Jcome de Fontes, coadjutor da Freguesia de Nossa Senhora da Guia, alm dos senhores Lus Pedro de Azevedo, Joaquim Teodoro Sousa, Baldoino Amando Freire, Antnio Alves da Nbrega e Jos Galdino de Oliveira Nbrega, figuras de destaques na sociedade patoense da poca. Aos 13 de agosto daquele ano, a Freguesia de Patos, recebeu a visita do Padre Francisco de Holanda Chacon, presbitero secular, Cavalheiro da ordem de Cristo, Vigrio Collado da Freguesia de Nossa Senhora da Conceio, da Cidade de Areia e nellla vigrio de Vara, Visitador Geral das freguesias da Provncia da Paraba e Delegado do Santo Crisma. Aqui, aquele visitador encontrou a Matriz em bom estado e certificou que os assuntos da freguesia, estavam de acordo com as normas cannicas. Trs anos mais tarde, aos 8 de outubro de 1860, Patos recepcionou o Dr. Lus Antnio da Silva Nunes, Presidente da Provncia, que procedente de Pombal, realizava uma visita ao interior da Paraba. Na oportunidade, o referido governante foi saudado pelos membros da Cmara Municipal, sob a presidncia do Vereador Joo Machado da Costa e hospedou-se na residncia do Vigrio Manoel Cordeiro da Cruz, membro do Partido Conservador, que, poca, j havia representado este municpio na Assemblia Provincial, durante a legislatura de 1858-1859. Sempre preocupado com seus paroquianos, o referido proco em carta a Dom Joo da Purificao Marques Perdigo, datada de 12 de maio de 1862, informava que em sua Freguesia havia um costume improcedente (...) de raptar as moas por seduo para casar, resultando desta sorte disgostos, intrigas e desassocgos das famillias (...). Desde que administro esta Freguesia, que tenho reprovado tal procedimento, porem no tenho conseguido bom resultado (...).

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Naquele mesmo ano, aos 8 de dezembro, o Vigrio Manoel Cordeiro procedeu a beno do sino, que foi colocado no primeiro cemitrio construdo na Vila de Patos, localizado a poucos metros da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia. Anos mais tarde, benzeu a Capela de So Jos, construda na povoao, ncleo inicial da atual cidade de So Jos de Espinharas, em solenidade que foi comunicada aos seus superiores nos seguintes termos: Aos seis de outubro de mil oito centos e sessenta e nove em virtude de licena, conferi a beno da Capela de Sam Jos desta Freguesia, em solemnidade, assistindo os Reverendos Joaquim Flix de Medeiros, Aquilino Satyro e Souza e Joaquim Alves Machado e mais povo. E para constar fao este assento, que assigno. Vigro. Manoel Cordeiro da Cruz. Antes, porm, aos 8 de setembro de 1869, na mesma localidade, havia procedido a beno do cemitrio local, construdo em cumprimento a uma determinao do Presidente da Provncia. Em 1870, o Padre Manoel Cordeiro retornou Assemblia Legislativa, eleito para cumprir um segundo mandato como deputado provincial. Sua permanncia prolongou-se at princpios de 1878, quando foi removido para Macei. Anos mais tarde, o referido sacerdote foi designado vigrio da Freguesia de So Francisco das Chagas, sediada em Canind-CE, sua terra natal, onde exerceu seu sacerdcio de 29 de abril de 1888 a 5 de outubro de 1898. Em Patos, foi substitudo pelo Padre Joaquim Alves Machado, que desde 30 de agosto de 1868, ocupava o cargo de coadjutor da Matriz de Nossa Senhora da Guia. Nascido aos 15 de julho de 1818, o Padre Manoel Cordeiro da Cruz era filho do casal Jos Joaquim da Cruz e Maria da Natividade Barbosa Cordeiro. Fez seus estudos eclesisticos no Seminrio de Olinda, ordenando-se aos 18 de fevereiro de 1842, tendo como companheiro, entre outros, o Padre Gregrio Ferreira Lustosa, o primeiro sacerdote nascido na futura cidade de Patos. Atencioso s determinaes de seus superiores e zeloso nos registros dos fatos relacionados sua Freguesia, o Padre Manoel Cordeiro da Cruz legou posteridade as mais concretas informaes sobre a Freguesia de Patos, no sculo XIX. Em Canind, viveu seus ltimos anos de vida, falecendo no dia 25 de julho de 1911, conforme informaes contidas no livro Notas Polticas e Religiosas de Canind, de autoria do Padre Lus de Sousa Leito, antigo vigrio de Pentecoste-CE, que com ele conviveu e traou-lhe significativo perfil biogrfico.

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CNEGO JOAQUIM ALVES MACHADO: O PRIMEIRO SACERDOTE PATOENSE A REGER A MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA GUIA

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O Padre Joaquim Alves Machado um nome incorporado ao patrimnio histrico da cidade de Patos. Foram mais de cinqenta anos de inteira dedicao ao seu povo, numa constante devoo de amor e solidariedade, que jamais sero esquecidos. Patoense na melhor expresso da palavra, nasceu aos 8 de maio de 1838, sendo filho do pernambucano Joo Machado da Costa (2 do nome) e de dona Maria Jos de Medeiros. Foi, portanto, o oitavo filho de uma prole de onze. Pelo lado paterno, descendia do portugus Joo Machado da Costa e de dona Maria Francisca de Oliveira, de quem era neto. E, pelo materno, era neto do patriarca Joo Alves da Nbrega, senhor e proprietrio da Fazenda Trincheiras, um dos troncos da famlia Nbrega no Serto das Espinharas e no Vale do Sabugi. Em Patos, Joaquim Alves Machado fez seus primeiros estudos. Ainda muito jovem, descobriu sua vocao para o sacerdcio e devidamente autorizado por seus pais, ingressou no Seminrio de Nossa Senhora da Graa, em Olinda, Pernambuco. Anos mais tarde, transferiu-se para o Seminrio da Prainha, em Fortaleza, Provncia do Cear, onde concluiu seus estudos eclesisticos e ordenou-se sacerdote no dia 30 de novembro de 1867, recebendo a ordem sacra do presbiterato das mos do bispo diocesano Dom Lus Antnio dos Santos. Na capital cearense, teve como contemporneo de seminrio, o futuro Padre Ccero, do Juazeiro, que entraria para a Histria como uma espcie de santo do Nordeste. Volvendo Vila de Patos, aqui foi recebido festivamente, celebrando sua primeira missa na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia, na qual havia sido batizado. E, mesmo sem nomeao, a partir de 30 de agosto de 1868, passou a auxiliar o Padre Manoel Cordeiro da Cruz, em seu vicariato. Na oportunidade, o referido vigrio lavrou o seguinte registro no Livro de Tombo da Matriz: Aos trinta de agosto de mil oito centos e sessenta e oito, Estao da Missa Conventual, nesta Matris dei posse de Coadjuctor desta Freguesia de Nossa Senhora da Guia de Patos ao Reverendo Joaquim Alves Machado. E para constar, fao esta declarao. No entanto, somente um ano depois, chegou Vila de Patos a proviso assinada pelo Bispo de Olinda Dom Joo da Purificao, confirmado o Padre Joaquim Machado no referido cargo, sendo feito esse novo registro: Aos deis de outubro de mil oitocentos e sessenta e nove nesta Matriz a Estao da Missa Conventual, publiquei a Proviso e dei posse de Coadjutor desta Freguesia, que entrou logo em exerccio o reverendo Joaquim Alves Machado. E para constar, fao este termo e assigno. Vigro. Manoel Cordeiro da Cruz. Por ato assinado pelo Presidente da Provncia e datado de 26 de abril de 1872, o Padre Joaquim Alves Machado foi designando membro da Comisso Censitria, encarregada dos trabalhos de recenseamento da populao da

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Freguesia de Nossa Senhora da Guia, de Patos. Quatro anos mais tarde, foi nomeado coadjutor da Matriz de Pombal, sendo substitudo em Patos pelo Padre Manoel Mariano de Albuquerque. No entanto, ainda no final de 1876, foi reconduzido s suas antigas funes como coadjutor da Matriz de Patos. Coadjutor pr-proco, em 1878, com a remoo do Padre Manoel Cordeiro, tornou-se vigrio encarregado da Freguesia de Nossa Senhora da Guia, de sua terra natal. Sacerdote dedicado viveu toda a sua vida sacerdotal em Patos, dedicando as mais sinceras atenes aos seus paroquianos. Homem de reconhecida cultura, possuidor de inmeras qualidades, nas eleies realizadas aos 16 de agosto de 1883, o Padre Joaquim Machado disputou sem xito uma vaga na Assemblia Legislativa Provincial, pelo Partido Conservador. Mas, dois anos mais tarde, em novo pleito, elegeu-se deputado provincial, tendo participado ativamente dos trabalhos legislativos durante o binio de 1886-1887, oportunidade em que integrou a Comisso de Estatstica e Diviso Civil, Judiciria e Eclesistica. Contudo, no disputou sua reeleio. Posteriormente, nos primeiros anos do sculo XX, elegeu-se membro do Conselho Municipal de Patos, do qual foi seu presidente durante o ano de 1906, quando a cidade era administrada por Sizenando Florido de Sousa. A ele, deve-se o crescimento do Patrimnio da Matriz de Nossa Senhora da Guia, bem como a construo de vrias capelas, nos povoados existentes em sua extensa freguesia. Ainda na segunda metade do sculo XIX, a Vila de Patos passou a projeta-se no interior paraibano, apresentando um crescimento populacional de forma considervel e impondo ao vigrio local a obrigao de construir uma nova Matriz, uma vez que a antiga Igreja no comportava mais seus fiis. Assim, aos 18 de abril de 1893, o Padre Machado - como ficou popularmente conhecido - endereou a seguinte petio ao Bispo de Olinda - a quem era subordinado - solicitando autorizao para erigir uma nova igreja, sob a invocao a Nossa Senhora da Guia: Exm e Revmo. Senhor Joaquim Alves Machado, vigario encomendado da Freguesia de Nossa Senhora da Guia de Patos, do Estado da Parahyba do Norte, desejando juntamente com os seus parochianos, erigir uma nova Matriz nesta Villa, visto a existente, apesar de bem ornada, no offerecer o devido commodo para as missas conventuais e mais ainda para maiores festividades, vem humilde e respeitosamente logar V. Excia. Rma se digne conceder-lhe licena ou a outro qualquer sacerdote para benzer a primeira pedra e collocal-a em seu competente logar. Neste Termos, V. Excia. Rma.. se digne deferir-lhe favoravelmente. E. R. M. Villa de Patos, 18 de abril de 1893. Vigario Joaquim Alves Machado. Despacho: Concedemos ao Revdo. Parocho supplicante, ou a qualquer outro sacerdote por elle designado, a faculdade de poder, digo, de proceder a beno e collocao da primeira pedra da nova Matriz a construir-se como pretende, tudo sevatis sevandis de conformidade com o Ritual Romano do

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Papa Paulo 5. Soledade do Recife, 3 de maio de 1893. + Joo, Bispo de Olinda. Assim, devidamente autorizado, o incansvel vigrio lanou a pedra fundamental para a construo da segunda Igreja Matriz de Patos, cujo ato foi registrado na seguinte ata: Aos vinte e doiz dias do mez de outubro do anno de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oitocentos e noventa e trs, s cinco horas da tarde, nesta Freguesia de N. S. da Guia da Villa de Patos, do Bispado e Estado da Parahyba, dos Estados Unidos do Brazil em pleno dominio de S. S. o Papa Leo XIII, Chefe Universal da Igreja Cathlica, sendo Bispo da Diocese o recentemente nomeado, Exmo. Dom Adaucto Aurlio de Miranda Henriques, continuando, porm, o territrio da Diocese sob a regencia do Bispo de Olinda, Exmo. D. Joo Esberardo, representando o Governo do Brazil, o 1 Vice-Presidente da Repblica, Marechal Floriano Peixoto, Presidente do Estado o Major-Engenheiro o Dr. Alvaro Lopez Machado, Juiz de Direito da Comarca o Dr. Pedro Ullissez Porto, Promotor Pblico, o Capm. Manoel Gomes dos Santos, Presidente do Concelho Municipal o cidado Constantino Dantas Correia de Goiz, Delegado do Termo cidado Tenente Leoncio Pereira Monteiro Wanderley, presentes os Revdos. sacerdotes Joaquim Alvez Machado, Aqulio Satyro e Sousa, nella residente, Jovino da Costa Machado, vigario da Freguesia de S. Luzia do Sabugy e grande multido do povo - assentou-se a primeira pedra da nova Matriz, consagrada Virgem Santssima a Senhora da Guia para honra sua e glria de Deus, como eloquente attestado da f cathlica dos habitantes desta Freguesia, havendo a beno de conformidade com o Ritual Romano do Papa Paulo 5, a qual fica sendo a segunda Igreja construda do catholicismo nesta Villa. O Revmo. Vigario da Freguesia proferio analoga allocuo ao acto, concluindo por vivas Religio Cathlica, ao Santo Padre o Papa, ao Bispo Diocesano, a D. Joo Esberardo, Bispo de Olinda, aos Ministros do Catholicismo, ao religioso povo desta Freguesia, partido do mesmo povo vivas ao mesmo vigario. E para constar lavrou-se a presente acta que vae assinada pelo referido Vigario e circunstantes, que o quizerem fazer. E eu Loureno Pereira da Costa e Silva, Professor Pblico, servindo de Secretrio, esta fiz e assigno. Vigro. Joaquim Alves Machado, Pe. Aquilino Satyro e Sousa, Manoel Gomes - Procurador do Patrimonio, Franco. Machado Toscano da Nobrega, Abdon Odilon da Nobrega, Manoel Gomes de Lima. Aps a escolha do local, iniciou-se os trabalhos de construo da segunda Igreja de Patos, na atual Av. Epitcio Pessoa. A nova Matriz de Nossa Senhora da Guia (hoje, servindo como Catedral), levou treze anos para ser concluda e nela foram consumidos mais de 30 contos de ris. Sacerdote virtuoso, o Padre Machado coordenou as festividades de chegada do sculo XX, que foram comemoradas em grande estilo na Vila de Patos, oportunidade em que para a sede do municpio, afluram quase todos os habitantes da zona rural. meia noite, o velho vigrio celebrou uma missa campal, em frente antiga Matriz, na qual abenoou seus fiis. Tal

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acontecimento marcou poca e durante muito tempo, foi o principal assunto no meio social patoense. Possuidor de uma excelente oratria, no dia 6 de setembro de 1908, quando da inaugurao da estao telegrfica de Patos, foi um dos oradores da referida solenidade, juntamente com os doutores Pedro Firmino e Ulisses Porto, alm do Coronel Miguel Styro e do Professor Pedro Torres. Em finais de 1912, j sentindo o peso dos anos, solicitou de seu diocesano um auxiliar, sendo-lhe designado como coadjutor o Padre Jos Viana da Cunha, que muito fez pela educao patoense. Zeloso em suas funes, o Padre Machado sempre foi elogiado por seu desempenho frente da Matriz de Nossa Senhora da Guia. No dia 31 de agosto de 1913, com as mais significativas demonstraes de jubilo e considerao, recebeu em sua parquia o Cnego Sabino Coelho, visitador diocesano, que esteve em Patos por cinco dias, angariando donativos destinados constituio do patrimnio da futura Diocese de Cajazeiras. Ainda naquele ano, foi agraciado com o ttulo de Cnego da Catedral de Nossa Senhora das Neves, de Joo Pessoa. Interinamente, por diversas vezes, o Cnego Machado regeu as freguesias de Santa Luzia e Teixeira, onde tambm prestou assinalados servios ao seu ministrio. Sempre preocupado com f e com seus paroquianos, por sua iniciativa, iniciou-se a campanha pela construo do segundo Cemitrio de Patos (que seria construdo no Bairro do Belo Horizonte), tendo reunido em sua residncia, no dia 18 de maro de 1917, as pessoas mais gratas da cidade, para discutir o assunto e formar as comisses de trabalho. Homem simples e bom, popularmente conhecido como o Padrim Padre, o Cnego Joaquim Alves Machado ao completar suas bodas de ouro sacerdotal, sentindo-se velho e cansado, renunciou sua parquia no dia 1 de janeiro de 1918, sendo nela substitudo pelo Padre Jos Neves de S. E, como sacerdote avulso, at o limite de suas foras fsicas, celebrou na antiga Igreja Matriz de Patos, hoje, Igreja de Nossa Senhora da Conceio. Por fim, faleceu a 15 de maro de 1922, aos 83 anos de idade, deixando entre os seus paroquianos renome de santo pelas suas edificantes virtudes sacerdotais. Aps uma missa de corpo presente e dos rituais prescritos pela Igreja, seu corpo foi sepultado ao p do altar de So Joaquim, no interior da antiga Matriz de Nossa Senhora da Guia, hoje, Igreja de Nossa Senhora da Conceio, cujo local, acessvel visitao pblica, encontra-se identificado por uma lpide de mrmore. Definido como um homem de alta estatura e de robusta compleio, dotado de excelsas virtudes, profundamente honesto e justo, o Cnego Joaquim Alves Machado tem seu nome inserido na galeria dos maiores benfeitores da cidade de Patos, onde sempre lembrado e homenageado.

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PADRE JOS VIANA E O PRIMEIRO JORNAL CATLICO PATOENSE

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Natural de Catol do Rocha-PB, o Padre Jos Viana ordenou-se sacerdote ainda muito jovem. Iniciou sua vida sacerdotal em sua terra natal. Em finais de 1912, chegou cidade de Patos, aps ser nomeado coadjutor da Parquia de Nossa Senhora da Guia, tornando-se o principal auxiliar do Vigrio Joaquim Alves Machado, que aps mais de quarenta anos de vicariato, j sentia os efeitos da velhice. No ano seguinte, a 15 de maio, o Padre Viana fundou na cidade o Colgio Leo XIII, destinado instruo primria e secundria. Sacerdote dedicado, cedo integrou-se sociedade patoense, onde teve uma participao destacada. Por proviso eclesistica, datada de 1 de janeiro de 1923, foi nomeado vigrio cooperador da Matriz de Nossa Senhora da Guia, em substituio ao Padre Lus Gomes Vieira, que foi transferido para a Parquia de Catol do Rocha. Homem inteligente e cultor das letras, o Padre Viana fundou na cidade de Patos A Voz Parochial. Esse peridico, que foi o primeiro jornal catlico patoense, iniciou sua circulao no dia 1 de maro de 1924, sendo bastante aceito pela sociedade da poca. De formato tablide, a Voz Parochial que era um Semanrio Catlico, Literrio e Noticioso, circulou at princpios de 1926. Sua equipe tcnica era a seguinte: Redator - Renato de Alencar; Diretor - Padre Jos Viana e Gerente Manoel Severiano. Seu redator, o professor Renato de Alencar, era proprietrio do Instituto Gymnasial de Patos e da Escola Superior de Commercio. Anos mais tarde, transferiu-se para o Recife, em busca de tratamento mdico para sua esposa. Na capital pernambucana, exerceu seu magistrio e militou na imprensa, notabilizando-se como folclorista. De sua autoria um excelente artigo sobre a vida e a obra de Allyrio Wanderley, publicado num jornal carioca. Voltando ao Padre Jos Viana da Cunha, este, operoso e dinmico, foi agraciado com o ttulo de Cnego. E, no exerccio de seu vicariato, aos 27 de dezembro de 1926, procedeu a beno do segundo cemitrio de Patos, construdo no atual Bairro Belo Horizonte. Na oportunidade, ao seu convite, o Padre Manoel Machado, vigrio da Matriz de Madre de Deus, do Recife, proferiu eloqente discurso, congratulando-se com o povo catlico de Patos por ver transformado em campo sagrado aquele a que os poetas chamam a cidade dos mortos. Educador por excelncia, o Padre Viana era homem de baixa estatura e de franzina compleio, tinha uma fora de vontade exemplar e era dotado de preciosos atributos intelectuais e morais. Distinguido com ttulo de Cnego, em

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Patos, regendo a Matriz de Nossa Senhora da Guia, permaneceu at 1927, quando foi substitudo pelo Padre Geraldo Van Der Geld, membro da Sagrada Famlia. Lamentavelmente, seu nome esquecido na histria patoense, apesar de sua obra sacerdotal.

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PADRE FERNANDO GOMES DOS SANTOS: DO VICARIATO AO ARCEBISPADO

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Aos 17 de dezembro de 1936, o Padre Fernando Gomes dos Santos foi nomeado vigrio da Parquia de Nossa Senhora da Guia. Empossado no dia 1 do ms seguinte, tornou-se o segundo patoense a reger a referida Matriz, algo que lhe representou a realizao de um sonho e sua consagrao como servo de Deus. Nascido aos 4 de abril de 1910, foram seus pais Francisco Gomes dos Santos e Veneranda Gomes Lustosa. Com seu prprio genitor, aprendeu as primeiras letras, matriculando-se em seguida na escola do professor Alfredo Lustosa Cabral. Vocacionado para o sacerdcio, ingressou no Seminrio Arquidiocesano da Paraba, aos 9 de fevereiro de 1921. Ali, concluiu o primrio e perfez os cursos de humanidades e de Filosofia, iniciando o curso teolgico, que foi concludo no Colgio Pio-Americano, em Roma, licenciando-se em dogmtica, pela Universidade Gregoriana. Sua ordenao sacerdotal ocorreu numa tera-feira, dia 1 de novembro de 1932, em solenidade realizada na Capela do Pontifcio Colgio Pio-Americano, recebendo a ordem sagrada do presbiterato das mos do Cardeal Marchetti Selvaggiani. Volvendo ao Brasil, integrou-se ao Clero paraibano, tornando-se diretor do Colgio Diocesano Padre Rolim, em Cajazeiras, a cuja Diocese pertencia, desenvolvendo uma gesto das mais promissoras. Durante os quatro anos em que permaneceu em Cajazeiras, o Padre Fernando Gomes no limitou-se apenas ao magistrio. Dirigiu o semanrio O Rio do Peixe (editado pela Diocese), organizou a Parquia local (da qual foi vigrio durante o ano de 1936) e difundiu o ensino do catecismo. Em Patos, seu vicariato durou seis anos. Cedo, o Padre Fernando Gomes entendeu que sua parquia necessitava de uma Igreja Matriz mais ampla, que podesse acomodar melhor seus fiis e que estivesse altura do progresso da cidade. Assim, ouviu seus paroquianos e com o total apoio da comunidade catlica, iniciou os trabalhos de reconstruo da velha Matriz, nos moldes rigorosos da moderna arquitetura sacra, cuja solenidade de beno da primeira pedra, ocorreu no domingo, dia 2 de junho de 1940 e contou com a participao de Dom Joo da Mata do Amaral, Bispo de Cajazeiras, alm de vrias outras autoridades civis e religiosas. Os referidos trabalhos somente cessaram quando a obra estava completamente concluda. Assim, num curto perodo de dois anos, o jovem sacerdote entregou cidade de Patos sua nova Igreja Matriz, fato que demonstrou a fora de sua operosidade. A referida Igreja - cujo projeto foi elaborado pelo arquiteto pernambucano Carlos Fest - por sua majestosidade, passou a ser um dos mais belos monumentos da cidade e foi inaugurada

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durante a festa de setembro de 1942. Nela, sobreleva-se um magnfico campanrio, coroado de originalidade e beleza. Em Patos, o Padre Fernando esteve presente em todos os setores da atividade humana. Dele a letra do Hino de Louvor a Nossa Senhora da Guia, entoado com fervor, durante as festas de setembro, pelo povo patoense. Sacerdote virtuoso, adquiriu e remodelou um imvel, no centro da cidade, que passou a servir como Casa Paroquial. Para ele, o brao direito, dado por Deus mente e ao corao do proco, era a Ao Catlica. Assim, organizou-a e num amplo prdio, adquirido por compra, instalando-a em solenidade - que contou com a participao de Dom Joo da Mata Amaral - realizada a 17 de dezembro de 1939, data, que transformou-se num acontecimento de maior projeo na histria catlica da Parquia de N. S. da Guia. Ainda em finais de 1939, iniciou em sua parquia uma campanha visando despertar a classe operria para a criao do Crculo Operrio de Patos. Sua iniciativa foi bem recebida pela classe trabalhadora e tornou-se realidade aos 25 de fevereiro de 1940, quando reunindo no salo da Ao Catlica um elevado nmero de operrios e perante uma grande assistncia, declarou instalado provisoriamente o referido Crculo. Em Patos, o Padre Fernando desenvolveu uma intensa atividade social. Fundou a Casa dos Pobres - instalada num amplo galpo - destinada a abrigar e alimentar os flagelados, que convergiram para a capital das Espinharas, durante a seca de 1941-1942. Mais tarde, auxiliado pela Conferncia Vicentina e pelas Religiosas Filhas do Amor Divino, realizou uma ampla reforma naquela Casa, transformando-a no Dispensrio dos Pobres, dotado de aposentos arejados, cozinha, enfermaria e um modesto mobilirio, destinandoo a abrigar os pedintes que havia na cidade. Homem humilde, o Padre Fernando Gomes era sempre encontrado naquele dispensrio, no meio dos pobres, confortando-os com sua presena como ministro e servo de Deus. Por essas atitudes, tornou-se popular e querido. Sempre preocupado com a educao, instalou na cidade de Patos o Colgio Cristo Rei e o Ginsio Diocesano, garantindo o desenvolvimento cultural da juventude patoense e de municpios circunvizinhos, prestando com o brilho de sua inteligncia uma colaborao sincera, leal e eficiente, sem olhar interesses subalternos. Seu nome, est diretamente ligado histria do Colgio Cristo Rei, que iniciou suas atividades no dia 4 de maro de 1938. Nesse estabelecimento de ensino, desde sua fundao at finais de 1942, o Padre Fernando lecionou Lngua Portuguesa e Religio. E, quando da construo do prdio onde inicialmente funcionou aquele estabelecimento de ensino, tomou para si a responsabilidade dos referidos trabalhos, aos quais assistiu em todas as suas fases, at o aparecimento dos primeiros frutos colhidos em dezembro de 1942, com a primeira turma de professoras, que num gesto unnime de simpatia e gratido o aclamou paraninfo da cerimnia de colao de grau.

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Tanto fez que conquistou a estima total de seus paroquianos. Essa magnfica ao pastoral contribuiu para sua distino com o canonicato, ocorrida a 18 de junho de 1941. No ano seguinte, aos 18 de janeiro, foi agraciado com o ttulo de Monsenhor e por fim, a 12 de janeiro de 1943 - aos 33 anos de idade incompletos - ascendeu ao episcopado, sendo nomeado bispo titular da Diocese de Penedo-AL, em substituio a Dom Jonas de Arajo Batinga, que falecera no exerccio de sua ao episcopal. A sagrao de Dom Fernando Gomes dos Santos, ocorreu na Igreja Matriz da cidade de Patos, aos 4 de abril daquele ano - dia de seu natalcio tendo como sagrante Dom Moiss Coelho, Arcebispo da Paraba e, consagrantes, Dom Jos de Medeiros Delgado e Dom Joo da Mata do Amaral, bispos das Dioceses de Caic (RN) e Cajazeiras (PB), respectivamente. A referida solenidade converteu-se num grande cerimonial, que ainda hoje lembrado pelo povo patoense. Na tarde daquele dia, a Ao Catlica, o Colgio Cristo Rei e Ginsio Diocesano, associados s vrias entidades religiosas da cidade, prestaram significativas homenagens ao ilustre prelado, que recebeu um simblico presente da Parquia de Nossa Senhora da Guia, da qual, foi seu maior benfeitor. Encerrando as solenidades, s 19:00 horas, celebrou-se um Te Deum, na Igreja Matriz de Nossa Senhora Guia, cujo sermo ficou a cargo de Dom Mrio de Miranda Vilas Boas, bispo de Garanhuns, considerando um dos maiores oradores sacros daquela poca. Em Patos, Dom Fernando fundou e organizou a Juventude Estudantina Catlica e quando foi escolhido bispo de Penedo, acumulava suas funes sacerdotais com o cargo de Diretor da Pia Unio das Filhas de Maria do Educandrio. E, ao tomar posse naquela Diocese, era o mais jovem prelado do Brasil. Ali, a semelhana de Patos, destacou-se por seu infatigvel labor e pela facilidade de atrair amigos e crentes fervorosos com a simpatia irradiada como aurola do sacerdote virtuoso e dedicado causa da Igreja. Em 1949, foi nomeado titular da Diocese de Aracaj. Dinmico, por onde passou, deixou a marca de suas realizaes. Ampliou o clero sergipano, visitou todas as parquias sob sua jurisdio e promoveu uma ao episcopal, voltada para s questes sociais, enfrentadas por seus diocesanos. Criada a Arquidiocese de Goinia, Dom Fernando Gomes foi nomeado seu primeiro Arcebispo, por Bula assinada pelo Santo Papa PIO XII, empossando-se em suas novas funes a 16 de junho de 1957, logo aps a instalao daquele ncleo arquidiocesano, em solenidade presidida por Dom Armando Lombardi, Nncio Apostlico no Brasil, e, que contou com a presena de vrios prelados, de todo o presbitrio goiano e de representaes de todas as parquias daquela Arquidiocese. Sua ao em Goinia, foi por demais produtiva: fundou a Revista da Arquidiocese; reativou o antigo jornal O Brasil Central; visitou todas as parquias de sua jurisdio; reativou o Seminrio Santa Cruz; criou a Obra de Vocaes Sacerdotais, em cada parquia; adquiriu para Arquidiocese a Rdio Difusora de Goinia; reestruturou a Sociedade de Educao e Ensino; criou a Universidade Catlica de Goinia; organizou a Sociedade Goiana de Cultura e o

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Secretariado da Pastoral Arquidiocesana; criou o ncleo das Regies Pastorais e apoiou a criao da Comisso Pastoral da Terra. Figura da maior expresso e destaque no clero brasileiro, no campo eclesial, Dom Fernando marcou sua presena como um dos principais artfices da criao da Confederao Nacional dos Bispos do Brasil (1952), na qual, por vrios mandatos, dirigiu alguns departamentos, sobretudo, dos leigos e Ao Catlica. Participante ativo do Conclio Vaticano II (1962 a 1965), presidiu a Comisso que elaborou o documento sobre os meios de comunicaes sociais, durante o Conclio de Medellin (1968), em cuja Conferncia atuou como Delegado. Escolhido como representante do Brasil, junto Conferncia de Puebla, no pode participar daquele Conclio, por problemas de sade. Defensor e procurador do povo, cognado o Pai da Igreja de Goinia, Dom Fernando foi o construtor da Arquidiocese daquela capital, cuja histria dividida em duas etapas: antes e depois desse grande ministro da Igreja. Gro Chanceler da Universidade de Gois, membro da Comisso Central da CNBB e Secretrio da Regional Centro-Oeste, no dia 1 de junho de 1985, chamado por Deus, Dom Fernando deixou a vida terrena. Seu corpo, em cmara ardente, foi exposto na Catedral Metropolitana de Goinia, para visitao pblica. Na tarde do dia seguinte, aps uma missa de rquiem e dos rituais prescritos pela Igreja Catlica, seu corpo foi inumado no interior daquela catedral. Patrono da cadeira n 10 do Instituto Histrico e Geogrfico de Patos, o nome de Dom Fernando, em sua terra natal, lembrado designando uma Escola Estadual de Ensino Mdio e Fundamental, alm de uma via pblica. Algo muito pouco, para reverenciar a memria de algum que, em vida, foi o mais ilustre de seus filhos. Dom Fernando foi a integridade em pessoa. Possuidor de um corao imenso de bom pastor, de maneira corajosa, fez de sua voz, uma das mais importantes armas em defesa dos oprimidos. Verdadeiro Guerreiro da Paz, em todos os sentidos, unnime o pensamento do real significado que teve Dom Fernando Gomes dos Santos na Igreja da Paraba, de Alagoas, de Sergipe e Gois, do Brasil e do mundo. Senhoras e senhores, muito temos a dizer sobre a pessoa e a obra de Dom Fernando Gomes dos Santos. Lamentavelmente, aqui, temos um espao curto e um tema a desenvolver. No entanto, no abordar em rpidas palavras a ao desse ilustre sacerdote patoense, seria um grande pecado histrico. Espero, portanto, em outra oportunidade, abordar em melhores detalhes a vida desse grande levita do senhor.

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A DIOCESE DE PATOS E SEU PRIMEIRO TITULAR

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Como sede paroquial, a cidade de Patos esteve subordinada Diocese de Olinda-PE at 1894, quando foi criada a Diocese da Paraba, passando, posteriormente, a pertencer Diocese de Cajazeiras, aps a criao daquele slio episcopal, aos 6 de fevereiro de 1914. No final da primeira metade do sculo passado, a cidade de Patos, por sua importncia econmica, tornou-se um dos mais desenvolvidos centros do interior paraibano. Para aqui, alm das grandes empresas beneficiadoras do algodo - o ouro branco dos sertes - afluram vrios rgo governamentais. Esse grande crescimento econmico e populacional imps uma nova necessidade: a criao de uma Diocese. A coordenao do movimento pr-criao da referida Diocese, ficou a cargo do Padre Manoel Vieira, poca, diretor do Colgio Diocesano, que, publicamente, assumiu o compromisso sagrado de trabalhar pela futura sede episcopal. Esse sonho coletivo tornou-se realidade aos 27 de janeiro de 1959, quando o Santo Papa Joo XXIII, assinou a Bula Quandoquidem Deus, transformando a Capital das Espinharas na sede da segunda Diocese do serto paraibano. Considerada como a certido de batismo da Diocese patoense, a referida Bula, em parte, expressa: Joo, Bispo, Servo dos Servos de Deus, para imperecvel memria. Visto que Deus, sendo sapientssimo, quis que os homens redimidos pelos dolorosos tormentos de seu filho Jesus Cristo fossem reduzidos salvao e eterna pelos maternais desvelos da Santa Igreja, tambm ns, que pela autoridade divina governamos o leme da sociedade crist, com empenho nos dedicamos e insistimos a fim de que aos fiis de Cristo haja condies propcias para fomentar a piedade e colher os frutos da Redeno. Por este motivo, tendo o memorvel irmo Armando Lombardi, Arcebispo de Cesarea de Felipe e Nncio Apostlico na Repblica Federativa do Brasil, aps ouvir o parecer dos venerveis irmos Zacarias Rolim de Moura, Bispo de Cajazeiras e Otvio Aguiar, Bispo de Campina Grande, pedido a esta S Apostlica que na regio destas circunscries eclesisticas se fundasse uma nova Diocese, ns aps diligente considerao da idia, tendo ouvido nossos venerveis irmos Cardeais da Santa Igreja Romana, Dirigentes da Sagrada Congregao Consistorial, suprindo o consenso daqueles que neste assunto se julgam ter algum direito com nossa autoridade suprema, resolvemos e determinamos quanto se segue: Separamos da Diocese de Cajazeiras os municpios chamados Patos, Malta, Princesa Isabel, Santa Luzia e So Mamede e as Crias ou parquias de Santo Antnio e Santa Ana, do municpio

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de Pianc, igualmente separados da Diocese de Campina Grande os territrios chamados Tapero e Teixeira e o territrio do distrito que denomina Junco do Serid, pertencente ao municpio de Santa Luzia. A toda esta regio constitumos uma nova diocese que se deve chamar Patoense e deve confinar-se pelos mesmos limites que os municpios e parquias de que se compem conforme se delimitam atualmente por lei civil. A sede da nova diocese ser a cidade de Patos, onde o Bispo estabelecer seu domnio, edificar a Catedral de sua autoridade e ensinamentos no templo que na expresso popular chama-se de Nossa Senhora da Guia, o qual, com justa honra, se elevar Catedral. Concedemos os devidos direitos Igreja constituda, bem como ao seu Antstite, a que impomos, pois, os encargos do ofcio episcopal. Entre estes, porm, convm lembrar: estar, ele, bem como sua Igreja, subordinados ao Metropolita da Paraba de quem sufragneo. Ordenamos ainda que em a nova circunscrio se constitua Cabido que concorra para o esplendor das cerimnias e sirva de ajuda ao Pastor; enquanto, porm, no possa este, constituir-se, permitimos que em seu lugar sejam nomeados Consultores Diocesano, cujo ofcio se encerrar com a instalao do Cabido. Mandamos igualmente, e ao Bispo impomos grave obrigao, que se funde um Seminrio ao menos elementar para meninos escolhidos, que por vocao divina sejam chamados ao Sacerdcio: to, na verdade, a esperana de toda a Igreja (...). Pelo demonstrado, o territrio da Diocese de Patos, foi desmembrado das Dioceses de Campina Grande e Cajazeiras e no to somente desta ltima, com vem sendo at o presente divulgado pela imprensa patoense e por alguns pesquisadores que abordam o assunto. A notcia da criao da Diocese de Patos, foi divulgada pelo Padre Francisco Paulo Licario, recm-nomeado vigrio da Matriz de Nossa Senhora da Guia - durante uma celebrao dominical. Cedo, iniciou-se os preparativos para a instalao da nova Diocese. A comunidade catlica patoense, deu significativa contribuio, provendo a Matriz de Nossa Senhora da Guia das alfaias e utenslios necessrios. No dia 25 de fevereiro de 1959, o Santo Papa Joo XXIII, nomeou o Dom Expedido Eduardo de Oliveira, cearense de Pacatuba, como primeiro Bispo da nova Diocese. Aquele diocesano chegou cidade de Patos, no dia 11 de julho de 1959, sendo recebido festivamente s 15:30 horas, pelo prefeito Nabor Wanderley, no distrito de Santa Gertrudes. Em carro aberto, entrou triunfadamente na cidade, desfilando por vrias ruas, sob os aplausos da populao, que dava vivas ao seu primeiro bispo. No final, num palanque armado em frente Prefeitura Municipal, foi saudado pelo advogado e homem de letras Ernani Styro, poca, deputado federal. noite, na Catedral de Nossa Senhora da Guia, foi celebrada uma missa festiva, por Dom Otvio Barbosa de Aguiar, Bispo de Campina Grande.

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E, no dia seguinte, aps a instalao da nova Diocese, Dom Expedito Eduardo de Oliveira foi empossado como seu primeiro bispo, em cerimnia presidida por Dom Armando Lombardi, Nncio Apostlico no Brasil, cujo ato solene, foi registrado na seguinte ata: Aos doze dias do ms de julho de mil novecentos e cinqenta e nove, na Igreja Catedral de Nossa Senhora da Guia, na cidade de Patos, Estado da Paraba, presente vrios Exmos. Srs. Bispos da Provncia Eclesistica da Paraba, altas autoridades, membros do Clero Diocesano e regular, e grande nmero de fiis, sob a presidncia do Exm Sr. Dom Armando Lombardi, Nncio Apostlico no Brasil, foi lido publicamente, no texto original, a Bula de nomeao do Exm Sr. Dom Expedito Eduardo de Oliveira para Bispo residencial de Patos. Em seguida, o Exm Sr. Dom Expedito Eduardo de Oliveira apresentou ao Clero presente cerimnia a Bula de sua nomeao, tomando assim, canonicamente, posse da nova Diocese de Patos. Assinada a Ata em quatro vias pelo Exm Sr. Nncio Apostlico Dom Armando Lombardi, pelos Exmos. Srs. Bispos presentes, pelas altas autoridades e por membros do clero, o Exm Sr. Dom Expedito Eduardo de Oliveira dirigiu aos presentes sua primeira alocuo como novo Bispo de Patos. Prestada a obedincia do clero ao novo Bispo, o Exm Sr. Nncio Apostlico entoou solene Te Deum, com que se encerraram as cerimnias. E para constar, foi lavrada a presente Ata. Armando Lombardi, Nncio Apostlico no Brasil Expeditus, EP. Patoenses, Zacarias, Bispo de Cajazeiras, Vicente, Bispo Auxiliar de Crato, Jos, Bispo de Garanhauns, Otvio, Bispo de Campina Grande, Manoel, Vigrio Capitular da Arquidiocese da Paraba, Fernando, Arcebispo de Goinia, Pedro Moreno Gondim, Drault Ernani de Mello, Ernany Stiro. Em Patos, Dom Expedito com a proficincia de um sbio e a bondade de um pastor realizou uma ao episcopal digna de registro. E, sempre fiel sua vocao, durante quase 24 anos, dedicou-se inteiramente sua Diocese, promovendo realizaes nos mais variados setores. Criou doze novas parquias, provendo-as com seus respectivos titulares. Preocupado com as vocaes sacerdotais, fundou o Seminrio Diocesano, que deu uma maior projeo Diocese de Patos. Em 1962, conseguiu incorporar a Rdio Espinharas ao patrimnio da Diocese, reequipando-a e transformando-a num instrumento de evangelizao e educao. Sua ao episcopal, fez-se presente em todos os setores e recantos da diocese. No campo educacional, fundou a Escola Normal So Jos (1963), que teve como sua primeira diretora a Irm Las Gondim Lopes. Ainda em 1980, criou em Patos a Renovao Carismtica Catlica e desenvolveu medidas, visando consolidar as aes do Apostolado da Orao, em todas as parquias de sua Diocese. De maneira substancial, Dom Expedito

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apoiou o Movimento dos Focolares, implantado na cidade de Patos, em 1981 e fundou o Centro Justia e Paz. Sempre preocupado com seus diocesanos, no media esforos na concretizao de seus objetivos, orientando da melhor forma possvel o rebanho do povo de Deus no serto da Paraba. Esprito pacificador, em Patos, Dom Expedito Eduardo agia fora do ambiente religioso toda vez que problemas de ordem pblica chamavam-o e fazia-se sempre presente a todos os movimentos de f, caridade, civismo, de ajuda ao prximo e do bem comum. E, por isso, da sua orientao, a mais humana possvel, os homens pblicos recolhiam os mais teis ensinamentos. Perfeito exemplo de levita do Senhor, a ele, deve-se de fato, a estruturao da Diocese das Espinharas, onde, sempre fiel sua vocao, durante quase 24 anos, dedicou-se ao rebanho de Deus, falecendo prematuramente no dia 8 de maio de 1983, no pleno exerccio de seu episcopado. Sua ao episcopal venceu os limites territoriais do Estado da Paraba, ganhando destaque nacional. Em Patos, Fortaleza e Pacatuba, pelo clero, pelas entidades culturais e sociais, foram prestadas as mais sinceras homenagens sua memria. Ainda na cidade de Patos, o Poder Pblico Municipal, decretou luto por trs dias, quando de seu falecimento. Para o povo patoense, Dom Expedito no foi apenas um simples sacerdote e mentor apostlico. Mas, um homem compreensivo de uma dupla misso - que tanto ocupava-se das funes inerentes ao seu episcopado, como tambm, fazia-se presente vida de seus paroquianos, atravs de seus conselhos, de sua amizade, de seu sorriso franco e confortador. Esprito humilde, Dom Expedito Eduardo de Oliveira ser sempre lembrado pela populao patoense como um grande guia e exemplo de verdadeiro pastor do rebanho de Deus, que soube marcar sua passagem pela Cidade Morada do Sol, por grandiosas e inapagveis realizaes.

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DOM GERARDO ANDRADE PONTE: O SEGUNDO BISPO DA DIOCESE DE PATOS

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Dom Gerardo Andrade Ponte cearense de Fortaleza, onde perfez seus estudos bsicos e eclesisticos, ordenando-se sacerdote em 1948. Era vigrio cooperador na Parquia de Nossa Senhora do Patrocnio, em Fortaleza, quando tornou-se proco de Aquirs, regendo, em seguida, a Matriz de Nazar, no interior de seu Estado, no perodo de 1952 a 1954. Em Fortaleza, o Padre Gerardo, regeu ainda as Parquias de Nossa Senhora do Patrocnio (1954) e de Nossa Senhora de Ftima (1955-1975). Dedicando-se ao magistrio, foi professor do Seminrio da Prainha e posteriormente, seu reitor (1964-1966). Fundador e diretor do Ginsio Santo Toms de Aquino (1970-1975), aps exercer vrias outras funes na Arquidiocese de Fortaleza, ascendeu ao episcopado. Nomeado Bispo de Petrolina-PE, sua sagrao episcopal, ocorreu aos 17 de agosto de 1975 e durante mais de oito anos, sempre com zelo e reconhecidas virtudes, exerceu sua ao pastoral naquela Diocese pernambucana. Em princpios de 1984, foi escolhido para ocupar o Bispado da cidade de Patos, vago aps a triste e inesperada morte de Dom Expedito Eduardo de Oliveira. Sua posse na Diocese de Patos, ocorreu aos 26 de fevereiro daquele ano. A referida solenidade, que converteu-se num grande acontecimento social e cristo, contou com a presena de vrias autoridades polticas e eclesisticas, entre elas, o Governador do Estado, Dr. Wilson Braga; o Prefeito Municipal, Dr. Rivaldo Medeiros; o Arcebispo da Paraba, Dom Jos Maria Pires, e, de Dom Hlder Cmara, Arcebispo de Olinda e Recife. Em Patos, Dom Gerardo instalou o Seminrio Diocesano, no Bairro de Santo Antnio; equipou a Rdio Espinharas, transformando-a na mais potente da cidade; impulsionou as atividades da Ao Social Diocesana; criou a Pastoral da Criana (1987); a Pastoral Familiar (1993); a Pastoral Carcerria (1997); Pastoral do Menor e a Pastoral Litrgica, alm de outras realizaes de cunho social. Durante o tempo em que ocupou o slio patoense, com seu jeito simples, soube conquistar o carinho, a admirao e o respeito de seus diocesanos. Suas aes, serviram para o engrandecimento da referida Diocese, que foi acrescida das parquias de Condado, Junco do Serid e Jur. Homem humilde e estudioso profundo, Dom Gerardo um autntico pastor, respeitado por sua competncia, discrio e sobretudo amor Igreja. No dia 1 de dezembro de 2001, tornou-se bispo emrito da Diocese de Patos, sendo substitudo por Dom Manoel dos Reis Farias. Em suas despedidas, o povo catlico patoense, rendeu-lhe as mais sinceras homenagens de gratido,

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ao pastor que fez de sua vida uma prtica de evangelizao, mostrando aos seus semelhantes os ensinamentos de Deus. Dom Gerardo por tudo que realizou frente desta Diocese, ser eternizado na memria povo patoense e ter seu nome includo na galeria dos benfeitores dessa cidade sertaneja, onde reside e pretende viver os ltimos dias de sua produtiva e exemplar vida.

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DOM MANOEL DOS REIS DE FARIAS: O ATUAL BISPO DE PATOS

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O atual bispo da Diocese de Patos, pernambucano, natural de Orob, onde nasceu aos 23 de abril de 1946. Ainda muito criana, perdeu sua me e como seu pai contraiu novo matrimnio, foi criado por sua av materna. De famlia pobre, ainda adolescente, descobriu sua vocao para o sacerdcio. Cursou o primeiro e o segundo graus no Colgio Pio XII, dirigido pelos Irmos Maristas, na cidade de Surubim-PE. Posteriormente, estudou Filosofia no Instituto Estrela Missionria, em Nova Iguau-RJ e Teologia na Escola Teolgica do Mosteiro de So Bento, em Olinda-PE. Diplomado pelo Instituto Superior de Direito Cannico do Rio de Janeiro, aps ordenar-se sacerdote (06-01-1983) foi Reitor da Casa de Formao dos Seminaristas da Diocese de Nazar da Mata-PE (1985-1986) e Vice-Reitor do Seminrio Arquidiocesano de Olinda e Recife (1987). No perodo de 1988 a 1990, regeu a Parquia de So Sebastio, sediada na cidade de Machado, no interior de Pernambuco, de onde saiu para ocupar o cargo de Diretor Espiritual do Seminrio Maior de Nazar da Mata-PE, funes que acumulou com a regncia da Parquia de Pau Dalho. Agraciado com o ttulo de Cnego, encontrava-se no exerccio destas ltimas funes, quando ascendeu ao episcopado e foi escolhido 3 Bispo da Diocese de Patos, em substituio a Dom Gerardo Andrade Ponte. Sua sagrao episcopal ocorreu aos 10 de novembro de 2001, em ato litrgico realizado em Nazar da Mata-PE, sob a presidncia de Dom Jorge Tobias de Freitas, bispo daquela diocese pernambucana. Dom Manoel dos Reis de Farias empossou-se na Diocese de Patos no dia 1 de dezembro seguinte, em solenidade realizada no Estdio Municipal Jos Cavalcanti. Na oportunidade, alm das autoridades civis e religiosas, compareceu grande nmero de fiis. Homem inteligente, possuidor de uma alma mansa e cheia de bondade, Dom Manoel um dirigente determinado e dedicado. Virtuoso, vem desenvolvendo um trabalho profcuo em sua diocese, onde, em pouco tempo, conquistou a estima e considerao do povo patoense. No dia 18 de maro de 2003, em solenidade bastante concorrida, lanou a pedra fundamental da construo do Santurio de Nossa Senhora do Perptuo Socorro, na cidade de Patos, que ser o mais belo templo catlico do Estado da Paraba. Patos e sua Diocese, depositam em Dom Manoel dos Reis de Farias as maiores esperanas.

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PADRE ESPEDITO CAETANO DA SILVA: O ATUAL VIGRIO DA CATEDRAL DE NOSSA SENHORA DA GUIA

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Chanceler da Cria Diocesana, o Padre Espedito Caetano da Silva o atual vigrio da Matriz de Nossa Senhora da Guia, de Patos. Natural de Nova Olinda-PB, ali nasceu aos 12 de dezembro de 1964. Em sua terra natal, cursou at o primeiro grau. Em 1981, por intermdio do Padre Jos Lopes Sobrinho, ingressou no Seminrio So Jos, em Patos, onde concluiu o segundo grau. No Recife-PE, cursou Teologia e Filosofia. Em maio de 1990, recebeu as ordens menores. Em junho seguinte, o subdiaconato e o diaconato. Por fim, foi ordenado sacerdote no dia 14 de dezembro daquele mesmo ano, em cerimnia litrgica realizada na Catedral de Nossa Senhora da Guia, em Patos, recebendo a ordem sagrada do presbiterato das mos de Dom Gerardo Andrade Ponte, bispo diocesano. Sua primeira nomeao eclesistica foi para ocupar o cargo de vigrio cooperador da Parquia de Santo Antnio, em Patos. Aos 21 de abril de 1992, tornou-se administrador da Matriz de Santa Madalena, na cidade de Teixeira. Ali, seu primeiro ato foi convocar uma reunio com a comunidade para traar diretrizes de atividades paroquiais, e conciliar horrios, uma vez que atenderia a todas as cidades, distritos e povoados da Serra do Teixeira, alm de 11 capelas. Naquele ano, em sua parquia, coordenou as festividades de comemorao dos 200 ANOS DE F, que assinalou o bicentenrio da Matriz local. De janeiro a maro de 1994, acumulou suas funes com a regncia das parquias de Desterro e Imaculada. Aos 17 de fevereiro de 2002, o Padre Espedito foi designado vigrio da Catedral de Nossa Senhora da Guia, de Patos. Em Teixeira, onde exerceu seu sacerdcio por dez anos, deixou os mais sinceros laos de amizade, despedindo-se daquela parquia no dia 22 daquele mesmo ms. Na oportunidade, a comunidade catlica local prestou-lhe significativas homenagens. Ao deixar aquela cidade, o Padre Espedito Caetano afirmou: atendendo ao chamado de Deus eu parto com muitas saudades das amizades e convivncias com tantas pessoas e bons amigos e amigas. No saio constrangido e nem angustiado. Saio convicto de que plantei sementes que se regadas, pelas pastorais, se multiplicaro. Convicto ainda, saio com a certeza de que no fiz tudo o que devia ter feito ou que estava para ser feito (...). Em Patos, sua ao vem fazendo-se presente em todos os setores da comunidade catlica. Sacerdote virtuoso, costuma repetir que est feliz com sua vocao. Zeloso pela liturgia, incansvel no exerccio de seu ministrio. Orador brilhante, sua palavra de amor, atinge at os incrdulos, pois um homem, cujo esprito e corao encontra-se voltado para os cus.

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Dinmico, o Padre Espedito luta pela paz e pela Igreja, fazendo-se guardio da liturgia e da palavra divina, encantando multides com seus sermes ricos em exemplos de f e mensagens. Coerente, firme e determinado, frente da Catedral de Nossa Senhora da Guia tem realizado uma ao sacerdotal que, certamente, ser sempre lembrada na Histrica Eclesistica de Patos. Humilde e bom, tem para com os pobres, uma ateno especial e a todos, divulga o evangelho como fonte de vida. Nele, no sabemos dizer o que h de maior, se a responsabilidade e o zelo pela misso que abraou ou a f, que dele faz um perfeito levita. Este ano, por seus esforos e dedicao, a cidade de Patos teve uma das melhores festas da Padroeira, dos ltimos anos, que foi celebrada de forma inovadora e com grande participao popular. A vida sacerdotal do Padre Espedito Caetano da Silva, possui uma trajetria ascendente: Administrador da Parquia de Santo Antnio (Patos); Administrador Paroquial de Teixeira, Desterro e Imaculada; Vigrio de Desterro; Vigrio da Catedral de Nossa Senhora da Guia e Chanceler da Cria Diocesana, uma das grandes promessas do Clero patoense.

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VULTOS DO CLERO PATOENSE CNEGO GREGRIO FERREIRA LUSTOSA O PRIMEIRO SACERDOTE PATOENSE

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Em 1818, nasceu na povoao de Patos, o menino que levado a pia batismal, passou a chamar-se Gregrio, aps receber os sacramentos das mos do Padre Antnio da Silva Costa. De tradicional famlia de agricultores, Gregrio Ferreira Lustosa aqui viveu sua infncia e tinha sete anos de idade, quando Frei Joaquim do Amor Divino Caneca e outros lderes confederados aprisionados, passou por Patos, no dia 7 de dezembro de 1824 e foi hspede do vigrio local. Vocacionado para o sacerdcio, aps concluir o curso primrio em sua Provncia, ingressou no tradicional Seminrio de Nossa Senhora da Graa, sediado em Olinda, onde fez seus estudos bsicos e superiores. Ordenado no dia 18 de fevereiro de 1842, tornou-se o primeiro sacerdote nascido na futura cidade de Patos, bem como o primeiro patoense a ter um diploma de curso superior. Seis dias aps sua ordenao, o jovem Padre Gregrio Ferreira Lustosa, por proviso assinada por Dom Joo da Purificao Marques Perdigo - Bispo de Olinda, de quem recebera a sagrada ordem do presbiterato - foi nomeado vigrio encomendado da Freguesia de Nossa Senhora Santana, sediada na prspera Vila de So Jos de Mipibu, na vizinha Provncia do Rio Grande do Norte. Em meados de 1844, aps aprovao em concurso, tornou-se vigrio colado daquela freguesia, cargo que ocupou sem interrupo, por mais de cinqenta anos. Homem inteligente e cheios de planos de trabalho, em So Jos de Mipibu, onde foi um elemento de destacado valor no progresso local, desenvolveu uma ao pastoral digna de registro. Demoliu grande parte da Igreja Matriz, visando ampli-la para melhor acomodar seus fiis, dirigindo pessoalmente todo o trabalho, para o qual angariou fundos junto populao local e ao Governo da Provncia, tendo conseguido dos cofres pblicos a importncia de 1.300$000 (um conto e trezentos mil ris). No final, os referidos trabalhos (que consumiram a elevada cifra de 4.216$990), tornaram a Igreja de So Jos de Mipibu uma das mais amplas do Rio Grande do Norte. Prestigiadssimo em sua freguesia, o Padre Lustosa - como era popularmente conhecido - ingressou na poltica, elegendo-se deputado provincial, para a legislatura de 1868-1869, pelo Partido Liberal. Durante a terrvel seca de 1877-1879, integrou a Comisso de Socorros Pblicos, organizada naquele municpio, prestando relevantes servios populao local, sendo, mais tarde, distinguido com o ttulo de Cnego Honorrio da Capela Imperial e agraciado com a comenda de Cavaleiro da Ordem de Cristo, por decreto assinado pelo Imperador Pedro II. Por duas vezes, na condio de pr-paroco, nos perodos de 1842 a 1843 e de 1848 a 1849, regeu a Freguesia de Papari - atual cidade de Nsia Floresta.

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Sacerdote dedicado, em princpios de setembro de 1882, o Cnego Lustosa recebeu em sua freguesia a visita episcopal de Dom Jos Pereira da Silva Barros, Bispo de Olinda - cuja Diocese, poca, era subordinado o Rio Grande do Norte - oportunidade em que recepcionou aquele prelado com uma multido calculada em 4.000 pessoas. Encantado com to colorosa recepo, o futuro Bispo do Rio de Janeiro, publicamente fez os mais significativos elogios pessoa daquele ilustre sacerdote patoense, conforme registrou o jornal Correio do Natal, em edio da poca. Cronologicamente, alm de ter sido o primeiro sacerdote nascido em Patos e o primeiro a conseguir um diploma de curso superior, o Cnego Lustosa foi tambm uns dos primeiros patoenses a ascender ao Legislativo Provincial. Pois, exerceu o mandato de deputado provincial, no Rio Grande do Norte, durante a legislatura de 1868-1869. Durante seu vicariato, em So Jos de Mipibu, no perodo de 1870 a 1875, foi auxiliado por seu sobrinho, o Padre Vicente Ferreira Lustosa Lima, que, deixando o Rio Grande do Norte, fixou-se no Rio de Janeiro, onde exerceu seu sacerdcio e foi agraciado com o titulo de monsenhor. Posteriormente, teve como coadjutor o Padre Antnio Xavier de Paiva, que lhe substituiu na regncia da referida freguesia e assistiu-lhe em seus ltimos momentos, ministrando-lhe os sacramentos da extrema uno. Orador sacro talentoso, fisicamente, o Cnego Gregrio Ferreira Lustosa era de boa estatura e forte. Teimoso, alegre e sereno, passou quase 30 anos reformando sua Igreja, melhorando-a e embelezando-a. Toda sua vida sacerdotal foi desenvolvida em So Jos de Mipibu, onde faleceu no dia 10 de agosto de 1894, aos 76 anos de idade. Seu corpo, acompanhado por um grande de fieis, foi levado ao Cemitrio Publico daquela cidade, onde foi sepultado na manh do dia seguinte. Identificadssimo com seus paroquianos, sua morte causou grande tristeza, principalmente no seio da pobreza local, que tinha-o como um pai e guia espiritual. Na poca, o jornal natalense A Repblica, traando o perfil desse ilustre sacerdote patoense, exps: Corao bem formado, e uma honradez a toda prova, filho dedicado da Igreja, deixou a Terra para ir gozar no Cu. Cnego da Capela Imperial e Comendador da Ordem da Rosa. Respeitado por suas qualidades no se poupando em levar o conforto aos infelizes, era sua almejao causa que abraara e seu trato ntimo era finalmente ser proco de uma freguesia populosa pelo o longo espao de 52 anos e no ter deixado um s desafeto. Eis, senhores e senhoras, o perfil biogrfico do primeiro sacerdote patoense, que, lamentavelmente, at o presente, um ilustre desconhecido na terra que lhe serviu por bero. Assim, espero que o presente trabalho, sirva, pelo menos, de regaste sua memria.

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VULTOS DO CLERO PATOENSE CNEGO JOAQUIM DE ASSIS FERREIRA UMA VIDA INTEIRA DEDICADA AO SACERDCIO

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Existem homens que nascem e morrem sem terem a oportunidade ou condies de imprimirem seu nome na histria. Outros, por dinamismo, competncia, atos e qualidades, destacam-se nos mais variados segmentos da vida humana, projetam-se no futuro e eternizam-se aps a morte. A este segundo grupo, pertence o Cnego Joaquim de Assis Ferreira, que viveu mais de quarenta anos na cidade de Patos, prestando relevantes servios como sacerdote, professor e jornalista. Patoense por corao, nasceu no dia 24 de novembro de 1908, na fazenda So Joo Francisco, em territrio atualmente pertencente a Malta e, que poca, integrava o antigo municpio de Pombal, no alto serto paraibano. Foram seus pais Antnio Ferreira Lima e dona Maria Olindina de Assis, ambos agricultores e catlicos. Cedo, o menino Assis descobriu sua vocao para o sacerdcio. E, aps concluir o primrio, devidamente autorizado por seus pais, ingressou no tradicional Seminrio Arquidiocesano da Paraba. Ali, cursou o ginasial e o secundrio, alm de perfazer seus estudos superiores de Teologia e Filosofia. Seminarista, cedo revelou-se portador de uma inteligncia extraordinria, recebendo elogios de seus colegas de estudos, professores e do prprio reitor do Seminrio. Ordenou-se sacerdote a 26 de novembro de 1933, aos 25 anos de idade, em solenidade realizada na Catedral de Cajazeiras, cuja Diocese pertencia. Sua primeira nomeao eclesistica foi para ocupar o cargo de vigrio da Parquia de Catol do Rocha (1934-1935). Zeloso em sua misso, logo tornou-se estimado por seus paroquianos. Educador nato, naquela cidade realizou elogivel trabalho em favor da juventude. Durante sua permanncia em Catol do Rocha, recebeu em sua parquia, com grande estilo, a visita do missionrio capuchinho Frei Damio de Bozzano, por quem tinha grande apreo e admirao. Em 1936, aps aceitar convite formulado por Dom Mota, Bispo de Cajazeiras, tornou-se diretor do tradicional Colgio Padre Rolim, sediado naquela cidade, desenvolvendo um trabalho, que sempre ser lembrado na histria daquele secular educandrio. No entanto, em meados de 1945, transferiu-se para a cidade de Patos, no Serto das Espinharas, aps ser nomeado inspetor federal de ensino na regio, passando a acumular as referidas funes com o exerccio de seu sacerdcio. E, durante anos foi orientador educacional do Ginsio Diocesano de Patos, poca, sob a direo do talentoso Padre Vieira. Filsofo e telogo de renome, o Padre Assis notabilizou-se como pregador, projetando-se no plpito como um dos melhores oradores sacros do Nordeste. Famosa a orao com a qual saudou Nossa Senhora de Ftima,

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quando de sua passagem pela cidade de Patos, em meados de 1953. Convidado, pregou em diversos centros religiosos de importncia no Nordeste. Em Recife, na Baslica do Carmo, numa certa cerimnia litrgica, impressionou a todos que ouviram seu sermo, proferido numa linguagem simples, mas rica em mensagem e exemplos de f crist. Distinguido com o ttulo de Cnego, foi sempre o Padre Assis, conquistando a admirao do povo patoense, por seus atos e aes. Logo aps a criao da Diocese de Patos, foi designado Consultor Diocesano, Diretor Diocesano da Doutrina Crist, Membro do Conselho de Administrao Diocesana, Confessor Extraordinrio do Ginsio Cristo Rei, Capelo do Hospital Regional e Confessor Ordinrio do Centro de Ao Social Cnego Machado, por provises assinadas por Dom Expedito Eduardo de Oliveira primeiro Bispo de Patos - e datadas de 15 de agosto de 1959. Entretanto, apesar de suas mltiplas funes, sempre encontrava tempo para auxiliar o vigrio da Parquia de Nossa Senhora da Guia. Nomeado Confessor Ordinrio do Ginsio Cristo Rei (Proviso n 5, de 27-01-1961), aos 8 de fevereiro de 1964, o Padre Assis tornou-se Capelo daquele educandrio, onde exerceu o sacerdcio at seus ltimos dias de vida. A partir de 29 de fevereiro de 1968, passou a acumular as referidas funes com a direo da Radio Espinharas, dando-lhe um grande impulso e, efetivamente, cumprindo o slogan de emissora a servio da moral, da f e da cultura. Naquele veculo de comunicao, por longo perodo, manteve um programa dirio, apresentando crnicas, que numa linguagem escorreita, abordava temas religiosos, sociais, filosficos e polticos. Mais tarde, algumas de suas crnicas foram reunidas num livro, sob o ttulo Crnicas das 12, publicado aps a sua morte, atravs da Associao Promocional do Ancio/ASPAN - para cuja instituio deixou os direitos autorais de sua produo literria - com prefcio do jurista Ronald de Queiroz, seu ex-aclito. Culto e piedoso, o Padre Assis construa pelo exemplo e santificava por sua ao verdadeiramente apostlica. Como poucos, possua uma capacidade de comunicao impressionante, ganhando prestgio de psiclogo, de uma psicologia ainda tributria da Filosofia e da Moral. Inteligncia rara, exmio educador e orador sacro de grande relevo, o Padre Assis faleceu no dia 17 de agosto de 1987, aos 79 anos de idade incompletos, no Recife, onde encontrava-se em tratamento mdico. No mesmo dia, seu corpo foi transladado para a cidade de Patos, onde a populao unida pela amizade e caridade crist, compareceu ao seu velrio, que teve incio a partir das 22:00 horas, na Igreja Catedral de Nossa Senhora da Guia. Ali, na manh do dia seguinte, s 8:30 horas, a Comunidade Diocesana prestou-lhe sua ltima homenagem, em Missa concelebrada por Dom Gerardo Andrade Ponte e vrios sacerdotes da Diocese de Patos. Em seguida, acompanhado de grande nmero de populares, entidades pastorais e agentes do clero, o corpo do Padre Assis foi conduzido para o Cemitrio de Santo Antnio, onde foi sepultado em tmulo de sua famlia, conforme desejo manifestado.

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Como Consultor Diocesano, o Cnego Joaquim de Assis Ferreira foi um excelente colaborador de Dom Expedito, de quem era amigo ntimo. Nas reunies do Conselho Diocesano, no havia quem no se curvasse diante de suas sbias e prudentes opinies ou sugestes. Num exemplo raro, ele soube ser pessoa e personalidade ao mesmo tempo e como poucos, a todos, sabia indicar o caminho certo a seguir. Certa vez, afirmou: no alimento a presuno de incluir-me entre orientadores de qualquer categoria, mas, nem por isso, me recuso de, aproveitando oportunidades, dirigir uma palavrinha de incentivo aos moos. Conservador, o Padre Assis andavam sempre de batina, chamando ateno por seu habito. s vezes, mostrava-se fechado. E, no silncio de seu quarto, mergulhado em pensamentos, parecia alheio ao mundo em seu redor. No entanto, como ningum, sabia conquistar uma amizade e relacionar-se com as pessoas. Esta sua qualidade nata, fazia com que dele todos se aproximassem. Esprito culto, amante dos clssicos, possua grandes conhecimentos na lngua que imortalizou Ccero e Virglio, expressando-se majestosamente falando ou escrevendo. Em Patos, por longos anos, foi professor de Latim e como ningum, sabia manejar o vernculo, em construes textuais de fino lavor literrio. No plpito e na ctedra, o Padre Assis possua um desempenho brilhante, preservado at o final de sua existncia. Em sntese, ele tinha a vocao do intelectual, que fazia de sua cultura um servio em benefcio do prximo. Sacerdote virtuoso e operoso, serviu a boa causa e soube formar a sua personalidade, vivendo seus ltimos dias de vida, envolvendo de bnos sacrossantas o quotidiano do homem do serto. Como ser humano, foi a modstia em pessoa. E, ignorando seus conhecimentos nos mais variados campos do saber, viveu toda a sua existncia no interior paraibano, vencendo desafios e ajudando seus conterrneos a ajudarem-se. Num gesto nobre, dizia aos ouvintes de suas crnicas dirias: por mim, no haveria um s espinho neste mundo, no se derramaria uma s lgrima, no se ouviria um s gemido, e por isso, sempre vou, quando solicitado, ao encontro de todos aqueles, a quem uma dor tortura ou aflige uma tristeza. De forma simples e humilde, no final de sua vida, o Padre Assis passou a ocupar um modesto cmodo nas dependncias do Colgio Cristo Rei, vivendo sob os cuidados das irms do Amor Divino. Ali, era sempre procurado por alunos e pessoas da sociedade patoense, que iam em busca de suas seguras orientaes e excelentes conselhos. Na imprensa escrita e radiofnica, o Padre Assis teve uma atuao destacada. Lamentavelmente, ainda no conhecido em sua plenitude, na Paraba, Estado que lhe serviu por bero. Seu livro Crnica das 12 (publicado postumamente em 1998), rene uma pequena parcela de sua produo literria. Ainda resta muito a ser publicado. Desnecessrio, dizer, que a cidade de Patos e sua edilidade, tm para com esse ilustre sacerdote, uma grande dvida. E, patrocinar a publicao de

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sua obra, em conjunto com a ASPAN, seria uma forma de resgatar algumas parcelas deste dbito. Humilde, o Padre Assis reconhecia, pela verdade, o que realmente possua. E, pela justia, atribua a si o mal e a Deus, todo o bem. Aqueles que tiveram a felicidade de conhec-lo e com ele conviver, guardam seus exemplos, seus ensinamentos e suas palavras amigas. Sobre ele, pode-se afirmar que foi um anjo de pureza e de bondade, pois nele, tudo foi grande, porque soube se fazer pequeno demais. Homem de gestos nobres, verdadeira chama ardentssima de amor a Deus, o Cnego Joaquim de Assis Ferreira sabia conviver com os menos favorecidos, semeando entre todos a unio e a f. Como educador, foi uma luz que guiou e iluminou o caminho de muitos jovens e por sua vida exemplar e capacidade de compreenso dos humanos, para os cus, Padre Assis um santo, pois, em tudo que fez na vida e por onde passou, deixou a marca brilhante da sua santidade.

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VULTOS DO CLERO PATOENSE MONSENHOR MANOEL VIEIRA DA COSTA O APSTOLO DO ENSINO

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Considerado um dos maiores vultos da histria educacional paraibana, o Monsenhor Manoel Vieira da Costa foi um defensor intransigente da f e um educador de grandes mritos, que fazendo do magistrio um segundo sacerdcio, educou vrias geraes. Distinguido com os ttulos de cnego e monsenhor, foi sempre o Padre Vieira. E, hoje, seu nome encontra-se imortalizado na memria de seus ex-alunos, alm de fazer parte da galeria dos grandes benfeitores da cidade de Patos. De tradicional famlia catlica, nasceu aos 27 de fevereiro de 1907, no stio Curupaiti, localizado nas proximidades da antiga povoao de Belm, atual cidade de Uirana, poca, parte integrante do municpio de Cajazeiras, no alto serto paraibano, sendo filho do casal Manoel Viera da Costa e Maria Fernandes Vieira (dona Maritana). rfo de pai aos seis anos de idade, com sua genitora, aprendeu as primeiras letras, freqentando, posteriormente, uma escola pblica, que funcionava na povoao de Belm. Em 1919, aos doze anos de idade, matriculou-se no Colgio Padre Rolim, em Cajazeiras, passando a residir na companhia do Monsenhor Constantino Vieira, vigrio da cidade, seu tio e benfeitor. Em janeiro de 1921, transferiu-se para Joo Pessoa e no Colgio Pio X, cursou o ginasial. Mais tarde, despertado para o sacerdcio, ingressou no tradicional Seminrio Arquidiocesano da Paraba. Ali, cursou o secundrio e perfez os cursos superiores de Filosofia e Teologia. Sua ordenao sacerdotal ocorreu aos 19 de outubro de 1930, recebendo a sagrada ordem do presbiterato das mos de Dom Moiss Coelho, em cerimnia litrgica realizada na Catedral de Cajazeiras, tendo como concelebrante, Monsenhor Constantino Vieira. No dia seguinte, celebrou sua primeira missa na capela de sua terra natal, onde foi recebido festivamente por familiares e amigos, sendo recepcionado entrada da pequena vila, pela Banda de Msica local. Em Cajazeiras, o Padre Manoel Vieira iniciou sua vida sacerdotal como cooperador do Monsenhor Constantino Vieira. Em princpios de 1931, convocado por Dom Moiss Coelho, assumiu o cargo de diretor espiritual do Colgio Padre Rolim, no qual, passou tambm a lecionar Matemtica e Educao Moral e Cvica. Em abril do ano seguinte, tornou-se diretor do referido estabelecimento de ensino, desempenhando uma ao administrativa digna de registro na histria educacional daquele municpio paraibano. Na condio de vigrio cooperador de Cajazeiras, regeu a capela da povoao de Boqueiro, hoje Engenheiro vidos, desenvolvendo intensa ao pastoral, junto aos operrios que trabalhavam na construo do aude local. Naquela povoao, coordenou os trabalhos de construo da capela, hoje igreja matriz, sob a invocao de Nossa Senhora Aparecida.

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Em princpios de 1933, falecendo o Monsenhor Constantino Vieira, consagrado vigrio geral de Cajazeiras, foi designado para substituir aquele talentoso levita. Assim, deixando a direo do Colgio Padre Rolim, assumiu suas novas funes. E, sempre zeloso em seu sacerdcio, mensalmente visitava todas as capelas sob sua jurisdio. Nas localidades de Bom Jesus, Boqueiro, Balano e Catingueira, fundou a Ao Catlica e a Congregao Mariana. Em Cajazeiras, o Padre Manoel Vieira coordenou os trabalhos de concluso da Capela de Santo Antnio, dirigiu o Jornal Rio do Peixe e a Caixa Rural, ambos mantidos pela Diocese. Em 1935, o Padre Vieira - como era popularmente conhecido - foi designado vigrio da Parquia de Princesa Isabel, que poca, ainda vivia um clima tenso, deixado pela Revolta de Princesa. Naquela cidade, inicialmente, residiu numa penso. Mais tarde, passou a ocupar uma casa cedida pelo senhor Nominando Diniz, compartilhando-a com o Juiz da Comarca e com o professor Mrio Romero, de quem tornou-se grande amigo. Com muito esforo e dedicao, conseguiu superar os problemas encontrados em sua parquia, acalmando os nimos da populao, acirrados por antigas disputas polticas. Tamanhos foram os resultados obtidos, que foi convidado para assumir a prefeitura local, a cujo convite declinou para no desviar-se de seus objetivos e propsitos. Em Princesa Isabel, o Padre Manoel Vieira permaneceu at finais de 1937, quando, por determinao de seu Bispo Diocesano, retornou Cajazeiras. E, designado vigrio geral da referida diocese, assumiu a regncia da Catedral de Nossa Senhora da Piedade no dia 6 de janeiro de 1938, frente da qual, procurou cumprir com seu dever tanto no campo religioso como no social. De imediato, empreendeu esforos para a construo da nova Igreja Matriz da cidade. No entanto, no teve tempo para concluir as referidas obras, o que foi feito por seu sucessor, o Cnego Vicente Freitas. Em Cajazeiras, o Padre Manoel Vieira, alm da Igreja Matriz, deixou praticamente concludo um majestoso prdio para a Ao Catlica. Naquela cidade, sob sua coordenao, foi realizado o I Congresso Eucarstico Diocesano (1938), que teve grande repercusso no meio catlico do serto paraibano. De 1938 a 1939, o Padre Vieira encarregou-se da Matriz de So Jos de Piranhas (antiga Vila de Jatob). Sacerdote revestido dos mais elevados predicados, soube conquistar seus paroquianos e deixou em Cajazeiras grandes laos de amizades, que foram conservadas at o final de sua existncia. Atendendo uma nova convocao episcopal, interrompeu sua ao pastoral em Cajazeiras e fixou residncia na cidade de Patos, aps ser designado diretor do Colgio Diocesano local, assumindo suas funes no dia 28 de janeiro de 1942. Sua escolha para o referido cargo, deu-se pelo reconhecimento sua vasta experincia administrativa, confirmada por seu desempenho frente do Colgio Diocesano Padre Rolim. poca, quando de sua chegada cidade de Patos, o Padre Fernando Gomes - futuro arcebispo de Goinia e um dos mais ilustres paraibanos do sculo XX - referindo-se ao Padre Vieira, fez o seguinte registro no Livro de

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Tombo da Parquia de Nossa Senhora da Guia: Dotado de grande capacidade de trabalho e edificante esprito sacerdotal, , ainda, um esprito voltado para a juventude e uma vocao para formador de alunos. Assim, o Ginsio de Patos vai encontrar nas qualidades do seu novo diretor os recursos de que necessita para prosseguir avante na sua obra maravilhosa de construir o futuro cristo da juventude sertaneja. Durante mais de duas dcadas, o Padre Manoel Vieira esteve frente do Ginsio Diocesano de Patos, reafirmando suas qualidades de excelente administrador, revelando-se um dos maiores educadores da Paraba. Deve-se, portanto, sua pessoa, o levantamento no apenas fsico, mas sobretudo institucional, do Ginsio Diocesano de Patos, que, por suas mos, galgou posio de relevo e proeminncia entre os estabelecimentos de ensino do Nordeste e, notadamente, do serto da Paraba. Logo aps tomar posse na direo do Ginsio Diocesano, procurou construir um prdio para o referido educandrio, que atendesse e oferecesse condies dignas aos seus alunos, notadamente, aos mantidos em regime de internato. Assim, ajudado pela Diocese, empreendeu a construo do edifcio, que, aps sua concluso, mostrou-se ser majestoso e ainda hoje, constitui-se num dos principais monumentos arquitetnicos da Cidade Morada do Sol. Com sua viso de gestor educacional, selecionou um novo corpo docente para o Ginsio Diocesano, arregimentando os melhores valores da terra e de fora, disponveis ao seu projeto de ensino. De forma consciente, preocupou-se com a formao cultural e religiosa de seus educandos, apoiando tambm as manifestaes culturais, realizadas na cidade. Sob sua gesto administrativa, o referido educandrio promoveu as festividades de colao de grau de sua primeira turma concluinte - ocorrida no dia 8 de dezembro de 1942 - que teve como paraninfo o mdico e homem de letras Firmino Ayres Leite. Educador por excelncia, o Padre Vieira foi o responsvel pela preparao de vrios nomes de projeo e destaque no cenrio poltico, cultural e social, dentro e fora dos limites da Paraba, a exemplo de Jader Nunes de Oliveira, Wilson Leite Braga, Dorginaval Terceiro Neto, Antnio Elias de Queiroga, Rafael Carneiro Arnaud, Orlando Jansen, Flvio Stiro Fernandes, Marcondes Gadelha, Jovani Paulo Neto, Franois Leite Chaves e Djacir Arruda, entre outros no menos ilustres. Em agosto de 1956, instalou-se o Comit Pr-criao da Diocese de Patos, cabendo ao Cnego Manoel Viera a misso de presidi-lo, tornando-se o brao direito de Dom Zacarias Rolim, na consecuo desse desiderato, que tornou-se realidade em janeiro de 1959, atravs da Bula Quadoquidem Deus, assinada pelo Papa Joo XXIII. Batalhador incansvel, consciente da grande responsabilidade que pesava sobre seus ombros, saiu em campo com um trabalho imenso, visitando todas as Parquias que fariam parte da nova Diocese, reunindo-se com diretores de colgios da regio, discutindo o assunto com grupos de pessoas da sociedade local e de outras cidades, tudo fazendo em benefcio de to importante obra. Primeiro vigrio geral da Diocese de Patos (1959-1966), diretor Diocesano do Apostolado da Orao e idealizador da Escola Normal So Jos,

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at o final de sua existncia, mesmo afastado da Diocese de Patos, Monsenhor Vieira continuou auxiliando o slio patoense, do qual, foi um grande protetor. Em 1962, quando foi estadualizado o Ginsio Diocesano de Patos, foi designado seu diretor, funes que desempenhou at 1965, quando tornou-se Secretrio da Educao e Cultura, no Governo Joo Agripino. Entretanto, sua passagem por aquela pasta foi rpida, mas proveitosa. Em meados do ano seguinte, desincompatibilizou-se de suas funes para concorrer Cmara dos Deputados, pela ARENA. Eleito, cumpriu seu mandato parlamentar at 24 de novembro de 1970, quando renunciou-o, alegando problemas de sade. No exerccio de suas funes parlamentares, integrou a Comisso de Educao, ocupando por diversas vezes a tribuna daquela Casa Legislativa, sempre na defesa do Nordeste e da educao brasileira. Ali, em sesso realizada a 11 de novembro de 1967, representou a bancada paraibana, quando da comemorao do centenrio de nascimento do coronel Miguel Stiro e Sousa, traando-lhe um excelente perfil biogrfico, realando a importncia daquele lder patoense na histria poltico-social do Serto das Espinharas. Antes, porm, de eleger-se deputado federal, declinara de dois importantes convites. O primeiro, formulado pelo Ministro Abelardo Jurema, para dirigir o Servio de Assistncia ao Menor (1956), e, o segundo, em 1960, para ser candidato a vice-governador na chapa vitoriosa, encabeada por Pedro Moreno Gondim. Novamente, em 1969, declinou formalmente do convite que lhe foi feito, por autoridades categorizadas, para ser candidato ao Senado Federal. Afastado da poltica, recolheu-se vida privada. Em Joo Pessoa, onde fixou residncia, passou a exercer seu sacerdcio, dando assistncia religiosa populao carcerria da Penitenciria Modelo, funes que acumulou com o cargo de capelo do Colgio Joo XXIII. Vtima de um lamentvel acidente automobilstico, no contorno da cidade Campina Grande, quando retornava de uma visita a Cajazeiras, Monsenhor Vieira faleceu no dia 5 de outubro de 1994, aos 87 anos de idade. Seu corpo, foi sepultado no Cemitrio do Senhor da Boa Sentena, na capital paraibana. Educador, religioso e poltico, Monsenhor Vieira foi um homem bondoso, generoso, afetuoso at, enrgico e energtico, desassombrado, austero, realista e visionrio a um tempo, trabalhador incansvel, imperturbvel ante eventuais crticas ou insucessos. E, como educador, nenhum outro, guardadas as devidas propores, o excedeu em valor na Paraba. Um professor sempre afeta a eternidade - diz Henri Adans ele nunca saber onde sua influncia termina. Monsenhor Vieira pertence a essa categoria de homens iluminados e eternizando sua memria, as sementes por ele plantadas nos sertes paraibanos, continuaro, ao longo dos anos, de forma progressiva, a se multiplicarem. Apstolo do ensino, missionrio do saber, vigrio das Parquias de Cajazeiras e Princesa Isabel, professor e diretor dos colgios Padre Rolim e Diocesano de Patos, vigrio geral da Diocese de Patos, secretrio estadual de educao e deputado federal, Monsenhor Manoel Vieira da Costa tem seu

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nome integrado histria cultural da Paraba. E, sem sombra de dvidas, foi um dos mais ilustres paraibanos do sculo XX.

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VULTOS DO CLERO PATOENSE MONSENHOR LUS LARES DA NBREGA UMA LEGENDA DE F

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Monsenhor Lus Lares da Nbrega indiscutivelmente uma das maiores figuras do clero patoense, na atualidade. Aos oitenta e cinco anos, ainda encontra-se em plena atividade, revelando-se uma legenda de f, cuja trajetria de vida um exemplo para todos aqueles que com ele convive e/ou tiveram, at o presente, a ddiva de conhec-lo. Personalidade marcante e atuante, nasceu no dia 27 de junho de 1918, na Fazenda Santa Gertrudes, zona rural do antigo municpio de Patos, Estado da Paraba, sendo filho do casal Josias lvares da Nbrega e Maria Vitalina Medeiros de Morais. Pelo lado paterno, descendia do velho capito Jos Claudino da Nbrega - senhor e proprietrio da fazenda Baixa Verde, no municpio de Santa Luzia - de quem era neto. Seu pai, homem bom e honesto, foi produtor rural, comerciante e tabelio pblico, na cidade de Patos. Em 1922, sua famlia fixou residncia no stio Trapi, onde hoje encontra-se o Parque Turstico Cruz da Menina. E, quatro anos mais tarde, transferiu-se para a cidade de Patos. rfo de me aos dez anos de idade, o jovem Lus Lares fez seus estudos primrios na Cidade Morada do Sol, tendo freqentado a escola pblica, regida pelo talentoso professor Alfredo Lustosa Cabral. Em 1937, prestou admisso para o Colgio Diocesano de Patos. De tradicional famlia catlica, vocacionado para o sacerdcio, em princpios de 1938, ingressou no Seminrio Arquidiocesano de Joo Pessoa, poca, sob a direo do Monsenhor Jos Tibrcio de Miranda. Para a concretizao desse seu sonho, contou com o apoio do Padre Fernando Gomes dos Santos, vigrio da Matriz de Nossa Senhora da Guia, futuro Arcebispo de Goinia e uma das maiores figuras do clero brasileiro. Naquele estabelecimento de ensino sacro, cursou Humanidades e perfez os cursos superiores de Filosofia e Teologia. Por fim, recebeu a ordem sagrada do presbiterado das mos de Dom Lus do Amaral Mousinho, bispo de Cajazeiras - a cuja diocese pertencia - em solenidade realizada na Matriz de Nossa Senhora da Guia, em Patos, no dia 4 de dezembro de 1949, tendo como companheiros de ordenao, os padres Lus Gualberto e Milton Arruda. O Padre Lares celebrou sua primeira missa na Igreja Matriz de Patos, oito dias aps sua ordenao e ainda em princpios de 1950, foi nomeado vigrio cooperador da Catedral de Cajazeiras, por proviso assinada por Dom Lus Mousinho. De 2 de fevereiro de 1951 aos 2 de fevereiro de 1961, regeu a histrica Parquia de Santo Antnio, de Pianc, onde desenvolveu um paroquiato proveitoso. Por esse tempo, teve sob seu encargo as parquias de Santana dos Garrotes e de Coremas. Vigrio de Pianc, em 1959, quando da criao de Diocese de Patos, teve papel importante, integrando a Comisso responsvel pela preparao do slio patoense. Em Pianc, o Padre Lares foi professor do Colgio Santo

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Antnio (1953-1958) e por sua iniciativa e esforos, foi concluda a Igreja de So Joo Batista, no atual municpio de Olho Dgua. Sacerdote dedicado, em 1961, com a sade abalada, teve que afasta-se de seu ministrio e submetesse a tratamento especializado no Rio de Janeiro, onde sofreu uma interveno cirrgica. Entretanto, na busca de melhoras para seu estado de sade, esteve por seis meses nos Estados Unidos, tratando-se no Memorial Hospital Center, em Nova Iorque. Dedicado s letras, quando vigrio de Pianc, o Padre Lares era colaborador do Correio da Paraba. No Rio de Janeiro, fez um curso de jornalismo (1962), ministrado pela Associao Brasileira de Imprensa, a cuja instituio fili