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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA BENTO GONÇALVES | JUNHO 2018 | EDIÇÃO 203 | ANO 16 54 3452.4723 | [email protected] Rua General Osório, 309 - Sala 904 - Centro - Bento Gonçalves - RS Fotos: André Pellizzari Fotografia CONTRASTES

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54 3452.4723 | [email protected] General Osório, 309 - Sala 904 - Centro - Bento Gonçalves - RS

Fotos: André Pellizzari Fotografia

CONTRASTES

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OCUPAÇÃO URBANA JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Junho 20182

Reportagem: Júlia Beatriz de FreitasEdição: Kátia Bortolini

Fotos: André Pellizzari e Júlia Beatriz de Freitas

O OUTRO LADO DE BENTO

Empresa Jornalística Integração da Serra Ltda. Rua Refatti, 101 - Maria Goretti - Bento Gonçalves - RS | Fone: (54) 3454.2018 | 3451.2500 | E-mail: [email protected] | www.integracaodaserra.com.br

Periodicidade: Mensal | Circulação: Primeira semana de cada mês, em Bento Gonçalves, Garibaldi, Santa Tereza, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira, São Pedro, Vale dos Vinhedos, São Valentim, Tuiuty e Faria Lemos

Diretora e Jornalista responsável: Kátia Bortolini - MTB 8374 | Redação: Júlia Beatriz Oliveira de Freitas | Social Media: Natália Zucchi | Área Comercial: Moacyr Rigatti | Atendimento: Sinval Gatto Jr. | Diagramação:

Vania Maria Basso | Editor de Fotografia: André Pellizzari | Colaboradores e Colunistas: Aldacir Pancotto, Ancila Dall´Onder Zat, Bruno Nascimento, Melissa Maxwell Bock, Rogério Gava, Thompsson Didoné

ecentemente, o município de Bento Gonçalves foi manchete nos principais veículos de comunicação do estado do Rio Grande do Sul. Dessa vez, não por se destacar como destino turístico brasileiro ou pela alta taxa de qualidade de vida apontada

em relatórios anteriores, mas sim pelo crescente número de homicídios na cidade. Os representantes da segurança públi-ca do município atribuem esse acréscimo de assassinatos na cidade a ações de duas facções criminosas de Porto Alegre, em busca do domínio do tráfico de drogas em Bento Gon-çalves. Em 2016, foram 28 mortes violentas registradas e, em 2017, o município fechou o ano com o número recorde de 34 homicídios. Nos três primeiros meses deste ano, mais da metade dessa taxa já foi atingida: foram 23 mortes violen-tas registradas. Em 2016, a Brigada Militar realizou 56 pri-sões em flagrante referentes ao tráfico de drogas, em 2017 este número subiu para 107. Neste ano, 52 prisões foram rea-lizadas no período de quatro meses.

De acordo com o Atlas da Violência publicado em 2017 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Bento Gonçalves fi-gura entre as 20 cidades mais violentas do Rio Grande do Sul. No ranking nacional, ocupa a 221ª posição de municípios brasileiros mais violentos com população superior a 100 mil habitantes.

“No tráfico, não pagou, morreu”O secretário de Segurança Pública de Bento Gonçalves, José Paulo Marinho, ressalta

que a maior parte das vítimas tinha envolvimento com o tráfico de drogas. “Tudo come-çou no ano passado. Normalmente, ocorriam cerca de 20 homicídios por ano. Em 2017, foram 34 casos, chamando nossa atenção”. Ele acrescenta que a Polícia Civil e a Brigada Militar trabalham com a hipótese de que os recentes crimes fazem parte da atuação de facções de fora do município tentando tomar o controle do mercado ilícito de drogas da região. Marinho ressalta que alguns homicídios foram de pessoas que consumiram a droga destinada à venda e não conseguiram pagar os fornecedores. “Infelizmente, no tráfico, não pagou, morreu”, diz. Os homicídios, segundo o Secretário, são uma forma de demonstração de poder destes grupos.

Na avaliação do Secretário, após o estabelecimento do controle, o número de homi-cídios deve diminuir novamente, mas isso não significa paz na cidade. Diferentemente dos traficantes “locais”, esses grupos criminosos utilizam armamento pesado. “Aí a nossa cidade ficaria um tanto mais perigosa, visto que eles usariam este tipo de armamento até mesmo contra a própria polícia”, ressalta.

Além disso, Marinho ressalta a existência de uma nova rota de tráfico que ultrapassa as fronteiras do Rio Grande do Sul e do país. “Bento Gonçalves está muito próxima da re-gião do Vale dos Sinos, hoje a mais violenta do Estado, então, obviamente, temos reflexo disso”, explica. Crimes, como furtos e roubos, estão diretamente relacionados ao tráfico de drogas, afirma ainda o Secretário. “É aquele traficante que deve para alguém, ou alguém que necessita comprar a droga e precisa de uma moeda de troca e furta uma residência, uma loja”.

Bairros como o Zatt (foto) tiveram aumento no número de homicídios

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Junho 2018 OCUPAÇÃO URBANA 3

Maior lucro proporcionado pelas regiões interioranasDe acordo com o major Álvaro Martinelli, do 3°

Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas, a mo-tivação dos grupos criminosos é o maior lucro pro-porcionado pelas regiões interioranas. “Se tem mais concorrência de mercado lá e aqui não, mas tem de-manda, eles vêm e ganham mais”, explica. Segundo Martinelli, o número de pessoas abordadas aumen-tou consideravelmente nos últimos dois anos, junto com o volume de apreensão de drogas. “Antes eram algumas gramas, hoje em dia as apreensões são de quilos”, diz. Apesar do alto número de mortes, os ín-

O acréscimo da taxa de desemprego registra-do no Brasil nos últimos anos é mais um fator que impulsiona a entrada de jovens em vulnerabilidade social no crime. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2017, o mesmo ano recorde de homicídios na cidade, foi o ano com a maior taxa de desemprego no país des-de 2012, com 12,7% da população desocupada, o equivalente a 12,3 milhões de brasileiros. Dados do IBGE apontam que o número de empregados sem carteira assinada em dezembro de 2017 correspon-de a 37,1% da população brasileira, ou seja, 34,2 mi-lhões de trabalhadores informais. De acordo com o órgão, foi a primeira vez na história que o número de informais superou os formais, equivalentes a 33,3 milhões de brasileiros.

Segundo pesquisas do Atlas da Violência, publi-

O processo migratório intenso para Bento Gonçalves, que resultou no rápido crescimento da população local, foi desencadeado na déca-da de 70 pelas indústrias moveleiras, em função da falta de mão de obra local. As primeiras levas de migrantes se estabeleceram na zona sul do município, dando início a bairros como Santa Marta e Santa Helena. Outros migrantes pas-saram a ocupar espaços periféricos e áreas ver-des da cidade, aglomerando-se em locais sem planejamento e infraestrutura. Segundo dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, mais de 40% da po-pulação de Bento Gonçalves já era de migran-tes. “Essa explosão demográfica faz aumentar o número da criminalidade”, afirma Martinelli.

“Esses bairros periféricos são propícios para o aliciamento de jovens que vivem à mar-gem da sociedade. São lugares onde o Estado se ausenta”, afirma o Major da Brigada Militar. Ele acrescenta que muitos jovens em situação de vulnerabilidade social buscam no tráfico e/ou no uso de drogas uma saída, “caminho que, na maior parte das vezes, se mostra sem volta”. Martinelli ressalta que as crianças desses bair-ros têm muitos exemplos de pessoas honestas, que trabalham, mas, ao mesmo tempo, convi-vem com pessoas com correntes de ouro, que viajam e conseguem ganhar em um dia o que a família leva um mês para conseguir. “Isto, aliado à pressão da moda, que exige marcas e consu-mo de produtos, acaba estimulando a retroali-mentação deste submundo do tráfico”, comple-menta. Na avaliação do Major, o consumismo incentivado cotidianamente pelos meios de co-municação é um dos fatores que resulta na dis-posição de jovens a entrar no mundo do crime com o objetivo de suprir o desejo de comprar determinado produto e ostentar um estilo de vida diferenciado da sua realidade.

dices de outros crimes baixaram de 2016 a 2017. A queda foi de 7% em número de furtos e 15,8% em ocorrências de roubos. O número de mortes violen-tas, entretanto, aumentou em 47,8%. Para o militar, os homicídios também estão ligados à diminuição do número de outros crimes. “É um a menos na prática daquele tipo de delito. O número total de pessoas envolvidas com a criminalidade não chega a 1%, ou seja, são alguns poucos que praticam di-versos crimes ligados à mesma atividade”. Marinho afirma que os traficantes migrantes se instalam em

bairros mais vulneráveis, como o Zatt, Municipal, Ouro Verde e Tancredo Neves.

Tanto o Major quanto o Secretário afirmam esta-rem preocupados com o eventual estabelecimento desses grupos criminosos no município. “O cara que trafica é o mesmo que assalta e que rouba, e se não é, está vinculado”, afirma Martinelli, ao reiterar que a cidade está passando por uma fase específica após acelerada expansão demográfica. “Quando passa dos 100 mil habitantes, consequências de ações que não foram tomadas antes começam a aparecer”.

Migração e crescimento desordenado

Desemprego impulsiona a criminalidadecado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cada decréscimo de 1% na taxa de desem-prego resulta na queda de homicídios em 2,1%. O relatório do Ipea também mostra que em cidades com geração de renda significativa, como é o caso de Bento Gonçalves, a maior circulação de dinhei-ro incentiva o mercado informal, que torna viável o tráfico de drogas. A consequência é o aumento da violência letal. Conforme conclusão do Atlas da Violência, o aumento na criminalidade acontece quando as transformações urbanas e sociais ocor-rem rapidamente e sem as devidas políticas públi-cas preventivas e de controle, não apenas no cam-po da segurança pública, mas também na esfera da educação, assistência social, cultura e saúde. Neste quesito, Bento Gonçalves não cresceu na mesma proporção que sua população.

Bairros periféricos são ocupados por migrantes

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Um retrato do ZattCom o sol alto, poucas crianças insistem em jo-

gar futebol na quadra de cerca quebrada e envolta de entulho. Se chutada com força, a bola cai em uma vala construída em frente ao local para escoar a água que, nos períodos de chuva, alagava a rua e as ca-sas dos moradores que foram morar na parte baixa do bairro Zatt. Desabamentos causados por chuvas torrenciais já colocaram vidas de moradores em pe-rigo. Em troca do novo escoamento, o esgoto a céu aberto. Nada é de graça para quem vive em lugares como o Zatt. Ao lado da vala, a área verde que de-veria servir de espaço para crianças brincarem virou depósito de material e estacionamento irregular de carros e caminhonetes.

Nessa vizinhança, quem fica doente sobe dois quilômetros até a Unidade de Saúde do bairro. Isto em ruas estreitas e inclinadas – muitas delas, sem calçada. As crianças e os idosos são os mais afeta-dos pelo dificultoso trajeto, é o que diz o presidente da Associação dos Moradores do Bairro Zatt, Antô-nio Dallasen. Só neste ano, seis dos 23 homicídios aconteceram no bairro, que, segundo o Secretário Municipal de Segurança, também é foco das ações de desmantelamentos de organizações criminosas.

“Depois dessa onda de mortes, agora está mais calmo”, diz Dallasen. O frentista, natural do municí-pio de São Francisco de Assis, vive há 23 anos em Bento Gonçalves. Veio atrás de melhores oportu-nidades depois de um ano de safras ruins de grãos que cultivava. De acordo com ele, a maior parte dos moradores do bairro migrou de outros municípios em busca de melhores condições de trabalho. Ques-tionado sobre a quantidade de moradores do bair-ro, Dallasen afirma que o número é maior do que a prefeitura tem controle. “Estávamos em 700 famílias cadastradas junto à prefeitura, mas, contando com as pessoas que vivem de aluguel, passa das três mil”, calcula, ressaltando a importância do cadastramen-to desses moradores para a promoção de mais polí-ticas públicas. Cultura e esporte estão em segundo plano no

Zatt. O único divertimento é o proporcionado por bares - muitos deles, ainda de acordo com Dallasen, irregulares, com prostituição e strip-tease, inclusive de adolescentes. “Antes, o Conselho Tutelar tinha mais atuação”.

O lugar mais próximo de convivência e ações cul-turais é o Centro de Arte e Esporte Unificado (CEU), localizado no Ouro Verde, bairro vizinho. O projeto do CEU foi apresentado pela prefeitura em 2015 e inaugurado um ano depois, em junho de 2016. A es-trutura compreende quadra poliesportiva coberta, pista de caminhada, academia ao ar livre, pista de skate, mini palco para apresentações, espaço para leitura e um Centro de Referência e Assistência So-cial (CRAS). No último dia 4 de abril foi inaugurada uma biblioteca no CEU, numa área construída de 56 metros quadrados e um acervo de aproximadamen-te 2,5 mil livros. No último dia 14 de maio, o prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin, assinou um contrato de aquisição de materiais esportivos para o Centro.

A secretária municipal adjunta de Educação, Adriane Zorzi, ressalta que no próximo mês de agos-to serão inauguradas duas escolas infantis na região do Zatt e do Ouro Verde, nos loteamentos Santa Fé e Bertolini, com capacidade total para 240 crianças de zero a três anos.

As construções dessas escolas infantis foram ini-ciadas em 2014, com previsão de entrega para julho de 2015. Alegando falta de repasse de fundos do go-verno federal, a prefeitura de Bento Gonçalves inter-rompeu as obras, retomadas em julho de 2017, com previsão de término para dezembro do mesmo ano. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) destinou verba para a construção das esco-las, mobiliário para as salas de aula e equipamentos. Em contrapartida, a prefeitura ficou responsável pela cedência dos terrenos, cercamentos, implanta-ções dos parques infantis e aquisições de utensílios de cozinha, rouparia, mobiliário administrativo, além de apoio pedagógico, material bibliográfico e recre-ativo. O investimento na viabilização das duas esco-las infantis está orçado em R$ 1.769.578,33. Atual-mente, a prefeitura compra 400 vagas em escolas infantis para suprir a demanda de creches na rede pública municipal.

Grande parte dos imigrantes haitianos escolhe para morar em bairros como Zatt por causa dos pre-ços baixos de aluguel. Dallasen conta que os estran-geiros não usam drogas, não cometem crimes e são muito agradecidos por qualquer ajuda oferecida a eles. “O preconceito de muitos moradores, entretan-to, é grande. Há quem corte os pés de bergamota e limão do quintal para evitar que os haitianos passem e peguem as frutas dos galhos que invadem a rua”, afirma o líder comunitário.

Alguns moradores reclamam pelo número limi-tado de atendimento médico da Unidade de Saúde Caic Zatt. São doze fichas por dia e, segundo o presi-dente, para conseguir a consulta o paciente tem de chegar no local por volta das quatro horas da ma-nhã. “Mas o médico faz um bom serviço, às vezes se passa o número de fichas ele até atende mais”, conta. A maior reclamação é pela falta de atendentes e me-lhorias na estrutura do local.

Trilhas de terra percorridas entre o mato e as ruas são utilizadas diariamente pelas famílias em seus trajetos de casa para o trabalho. Em uma delas, uma ponte improvisada e sem corrimão intermedia a pas-sagem por cima do esgoto à céu aberto. Em outra, uma abertura no mato fechado indica um caminho que leva a local frequentado para uso de drogas, in-dicado por cobertores, papelões e lixo jogado no chão. Ao lado da entrada “misteriosa”, entulhos e ma-quinários industriais abandonados acumulam água parada e sujeira. Embaixo de uma estrutura de metal enferrujado, algumas peças de roupa demonstram

ali ser espaço utilizado para alguém dormir. À noite, é mais perigoso. “Muitos assaltos e crimes já aconte-ceram nesse canto”, confirma Dallasen, ressaltando que a prefeitura deveria colocar mais postes de ilu-minação na área.

“É um bairro bonito, de gente boa”, afirma o presidente da Associação. Apesar de todas as faltas, ama o lugar onde mora. Conforme ele, os envolvi-dos em tráfico de drogas e nas últimas mortes não eram conhecidos de moradores do Zatt. “Não se tem controle, nem fiscalização de quem chega aqui no bairro. Tem gente que vem e da noite para o dia le-vanta um barraco”, conta, apontando para casebres cercados de árvores nos morros. “Além de controle para evitar essas invasões, também precisamos de mais creches”, reivindica Dallasen.

De acordo com a secretária Municipal de Habi-tação e Assistência Social, Milena Bassani, a fiscaliza-ção é atuante na prevenção de invasões e, quando estas acontecem, a prefeitura busca tomar medidas de reintegração de posse.

Conforme Milena, a Secretaria tem condições de contabilizar apenas o número de famílias migrantes que se inscrevem no Cadastro Único. “Os que vêm com emprego ou para frequentar os cursos universi-tários oferecidos na cidade não se encaixam no per-fil do Cadastro”, explica ela.

Em dezembro de 2016, 5.777 famílias de bai-xa renda estavam cadastradas na Secretaria pelo Cadastro Único. Em março deste ano, baixou para 5.103, indicando uma diminuição de 674 famílias.

Escolas Infantis Esporte eCultura

Infraestrutura: bairro Zatt sofre com esgotos a céu aberto, entulhos abandonados e falta de opções de lazer para crianças

O presidente da Associação de Moradores do Bairro Zatt, Antônio Dallasen, reivindica melhorias

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Junho 2018 OCUPAÇÃO URBANA 5

O bairro Municipal foi palco de cinco homicídios neste ano. Com três escolas e uma creche, o Munici-pal oferece maior estrutura para jovens e crianças do que o bairro Zatt. Também não possui tantos proble-mas estruturais, como esgoto à céu aberto. Apesar disso, algumas obras no bairro, de projetos de admi-nistrações passadas, começaram a ser realizadas há pouco tempo, com atrasos significativos.

Para o ex-presidente da Associação dos Morado-res, Nestor Nunes, é o melhor lugar do mundo. Na-tural do município de Progresso, veio para a cidade com 13 anos. Chegou a comprar uma casa em outro bairro, mas relata que não aguentou nem um ano fora. “Tive que voltar, aqui tem esse contato com a vizinhança que eu gosto, é um bairro muito bom”, conta. Mesmo com o aumento no número de mor-tes violentas no local, o músico afirma que o bairro teve diversas melhorias nos últimos anos. Atualmen-te, quase todas as vias públicas estão pavimentadas. “Tem tudo agora. Entre os bairros mais pobres foi um dos mais beneficiados nos últimos anos”, diz.

Um projeto elaborado em 2012 pelo ex-prefeito

Municipal, lugar de esperançaRoberto Lunelli (in memoriam), aprovado pelo Go-verno Federal, previa investimento público de 11 mi-lhões de reais em obras de revitalização no bairro. O projeto contempla canalização de esgoto, pavimen-tações e alargamentos de ruas em áreas com habita-ções em situação de risco, localizadas em encostas e à beira de riachos. Também inclui construções de condomínios verticais, obras de recuperação am-biental e a construção do Centro de Atendimento a Crianças (Ceacri).

Seis anos depois, apenas algumas obras foram concluídas. De acordo com Nunes, a canalização de esgoto foi feita e a rua Lajeadense, uma das mais problemáticas do bairro, foi pavimentada e passou por melhorias. Ainda estão em fase de construção os condomínios, com 800 apartamentos destinados a abrigar famílias em áreas de risco, como a da beira do rio Pedrinho, que transborda e causa enchentes em dias de chuva forte. Segundo Nunes, 40 famílias em situação social mais vulnerável moram nessa área do bairro.

A construção do Ceacri Carrossel da Esperança parou por duas vezes. A primeira intempérie nas

obras aconteceu ainda em 2012, com a crise financeira nas contas municipais. Em abril de 2015, a construção foi retomada. Em se-tembro do mesmo ano, atrasos nos repasses de verbas federais causaram nova interrupção. As pa-ralisações causaram encarecimen-to e deterioração da obra, afirma o vereador Moacir Camerini. “Tinha um depósito de água em cima das lajes do centro e materiais de construção se deteriorando ou sendo furtados”, conta. A situação chegou a ser pauta de uma investi-gação do Ministério Público Fede-ral (MPF) para averiguar desperdí-cio de dinheiro público.

Em maio de 2017, a prefeitura apresentou um relatório afirman-do a realização de 15% das obras e

um prejuízo de mais de R$ 30 mil em danos na alve-

naria dos prédios, nas entradas de energia e outros itens. Em 2017, um novo edital foi elaborado e ga-rantiu o repasse de 1,2 milhões de reais para a con-clusão das obras. Em abril deste ano, a construção foi retomada com a previsão de término de sete me-ses. A reportagem foi até a construção e confirmou o andamento das obras. Uma equipe de 15 pessoas trabalha diariamente no local.

Para Nunes, o centro é uma grande conquista do bairro. “Falta muita coisa, mas estamos satisfei-tos com o que está sendo feito”, conclui; enquanto aponta para as ruas asfaltadas interligando estabe-lecimentos comerciais, como mercados e lojas de vestuários. “Isso parece vila? Tem tudo aqui, só falta uma farmácia agora”.

O músico também relaciona os recentes assas-sinatos no Municipal a disputas entre facções que vêm de fora do município. Mesmo assim, afirma que a população anda com segurança pelas ruas do bair-ro. “A maioria dos furtos que ocorrem no bairro são feitos por dependentes químicos”, conta, ao enfati-zar a benéfica atuação da polícia na região. Nunes se mostra otimista quanto ao futuro do local onde vive e acredita que projetos culturais, essenciais no com-bate ao consumo e tráfico de drogas, serão concreti-zados para benefício dos jovens e crianças do bairro.

Nestor Nunes, da Associação dos Moradores do Municipal, acredita que bairro está sendo beneficiado

Bairro Municipal conta com escola infantil e creche

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Junho 2018OCUPAÇÃO URBANA6

Se há quem venha de fora para vender é porque existe consumo. Isso é o que afirmam em consonância as autoridades policiais de Bento Gon-çalves. Mas, enquanto as disputas entre facções por pontos de venda é particularidade de algumas regiões da cidade, o consumo de drogas lí-citas e ilícitas é generalizado. A Pra-ça Centenário, no centro, é um dos pontos mais comuns de uso de dro-gas ilícitas, como maconha e crack. O major Martinelli explica que drogas sintéticas, como LSD e ecstasy, têm mercado entre as classes sociais mais abastadas e causam tantos malefícios quanto drogas como o crack, esta considerada a mais devastadora.

O consumo de crack, de acordo com o major Martinelli, é insustentá-vel e caro, dado o poder de depen-dência da droga. “É um mito dizer que o crack é uma droga barata por poder ser comprado por cinco reais. Se o dependente tiver acesso vai fumar 24 horas por dia. É um efeito muito forte, instantâneo e rápido, que dura segundos. Quando passa, ele quer mais e por isso a droga se torna cara”, explica.

O crack tem nocividade extrema ao organismo humano. Leva à sub-nutrição, corrói as vias respiratórias, intoxica o sangue e causa danos às vezes irreversíveis no sistema cogniti-vo. Noções básicas de sobrevivência,

“Consumo de drogas é generalizado”

De acordo com o secretário Ma-rinho, as forças policiais do municí-pio estão tomando as providências necessárias para a repreensão dos grupos criminosos responsáveis pelo aumento no índice de homicídios na cidade. A Brigada Militar e a Polícia Civil, em parceria com órgãos munici-pais, realizam periodicamente opera-ções especiais para desmantelamen-to de grupos criminosos nos bairros com maior índice de criminalidade da cidade. Além disso, a fim de manter o controle nos arredores da cidade, com a parceria da Polícia Rodoviária

Ações em prol da segurança pública

como higiene, alimentação e sono adequado são desconsideradas pelos dependentes da droga, conhecidos como “zumbis” pela aparência degra-dada. “Basta olhar as imagens do que é a cracolândia em São Paulo”, ressalta Martinelli.

Os dependentes químicos, com a ânsia de sustentar o vício degradan-te, realizam crimes como assaltos, ar-rombamentos e furtos. Corroborando a constatação do Secretário Munici-

pal de Segurança, Martinelli afirma que, muitas vezes, o envolvimento do dependente químico com o tráfico ultrapassa o de “cliente”. Muitos de-pendentes são contratados por trafi-cantes para a venda da droga. O pa-gamento é em crack. A prática resulta em homicídio quando o dependente utiliza o produto e fica devendo ao traficante.

De acordo com pesquisas realiza-das pelo especialista Francisco Inácio

Bastos, do Instituto Fiocruz, o crack, ao contrário do que grande parte da população pensa, não é a droga mais consumida no país. É, entretanto, a mais utilizada em regiões com con-centração maior de população em situação de pobreza e com qualidade de vida precária.

“A maconha é uma das portas de entrada para o uso de drogas mais pesadas”, diz Martinelli. Ele também afirma que a glamorização do uso de substâncias ilícitas e a falta de ações do Estado formam o cenário devasta-dor do consumo de drogas no muni-cípio.

Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PenSE), realizada pelo IBGE em 2016, apontam que, em 2015, o Rio Grande do Sul foi o esta-do com maior índice de consumo de álcool entre os adolescentes do país. Enquanto a média nacional se ateve a 55%, a do estado foi de 68% de jo-vens que admitiram a ingestão de be-bida alcóolica ao menos uma vez na vida. Com idade média entre 13 e 15 anos, 26,4% dos adolescentes já ha-viam experimentado cigarro e 13,2% utilizado drogas ilícitas - nestes dois casos, o Rio Grande do Sul tem o se-gundo maior índice do país.

Tratamento de dependentes

O município de Bento Gonçalves dispõe de uma clínica de reabilitação, com atendimento totalmente cus-teado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A Comunidade Terapêutica, situada numa área de terra de 12 hec-tares, no distrito de Tuiuty, foi inau-gurada em 2011. As internações são coordenadas pelo Centro de Apoio Psicossocial Álcool e Drogas, que re-aliza a triagem inicial e encaminha para tratamento. Em sete anos, fo-ram 450 pessoas beneficiadas pela terapia, que inclui acompanhamento psicológico, psiquiátrico e clínico, por seis meses.

Além disso, o município conta com o serviço do Centro de Atendi-mento Psicossocial Álcool e Drogas (Caps - AD), que possui uma equipe multiprofissional responsável pelo encaminhamento para tratamento ambulatorial, feito em casa; intensi-vo, em que o dependente participa de atividades oferecidas no Centro; e internação, quando há a necessida-de de desintoxicação do paciente. O Caps - AD também realiza ações de prevenção como palestras e seminá-rios.

O serviço possui 3.247 pacientes cadastrados. Destes, 2.469 homens e 778 mulheres. Entre os dependen-tes, 58 têm até 18 anos, 1.426 na faixa dos 19 aos 40 anos e 1.763 possuem mais de 40 anos. A demanda anual do serviço gira em torno de 400 pesso-as. Nesse universo, a droga lícita mais utilizada é o álcool, seguido pelo ta-baco e a ilícita é o crack, seguido pela cocaína.

Federal (PRF) e da Polícia Rodoviá-ria Estadual, está sendo implantado um sistema de cerceamento eletrô-nico com câmeras inteligentes, para monitoramento do crime através da identificação de veículos roubados e furtados. “Normalmente, o traficante utiliza veículo roubado”, explica Mari-nho. Ele acrescenta que em nenhum lugar do mundo há índice zero de cri-minalidade. “Estamos unindo forças para que a população se sinta segura, não apenas na sensação, mas tam-bém visualizando policiais e guardas nas ruas”, afirma.

Guarda MunicipalNo último dia 7 de maio,

a Câmara Municipal apro-vou por unanimidade de vo-tos o Projeto de Lei 50/2018, do executivo municipal, que instituiu a criação da Guar-da Municipal. O Estatuto Geral das Guardas Munici-pais prevê a utilização da equipe para a proteção de bens, serviços e instalações. A Guarda deve também co-laborar com os órgãos de segurança pública em ações conjuntas e contribuir para a pacificação de conflitos.

Policiamento ComunitárioO vereador Moacir Camerini

(PDT) se mostra positivo em relação a nova equipe de segurança pública. “A Brigada Militar poderá focar em ques-tões mais graves e os guardas muni-cipais ficam responsáveis por peque-nos delitos”, afirma. Na avaliação do Vereador, o acréscimo da iluminação pública auxiliaria no combate à crimi-nalidade no município. “A propensão de acontecer crimes em lugares es-curos é muito maior, e temos muita demanda de mais iluminação públi-ca nos bairros Municipal, Zatt e Ouro Verde”.

Para Camerini, o modelo ideal é o do projeto Policiamento Comunitá-rio, lançado pelo Governo do Estado com base na interação entre comuni-dade e agentes policiais residentes na área da atuação. Em Bento Gonçalves, o projeto foi implementado em várias regiões, com o apoio das associações de moradores. “As comunidades se uniram, pagando o aluguel para os brigadianos residirem nos bairros. Hoje, alguns continuam residindo nos mesmos endereços, mas trabalham em outro local, virou outro modelo”, afirma. O vereador ressalta que a pro-ximidade dos policiais com a comuni-dade gera confiança para denúncias que acrescentam melhorias nas ações de combate à criminalidade.

Uma das áreas utilizadas por usuários de crack no bairro Zatt

Secretário de Segurança, José Paulo Marinho

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INHASV

Smash the Cake do menino Vicente Czis

André Pellizzari Fotografia

O Haras Recanto Gaúcho foi o local escolhido por Vanessa Reichembach para a passagem de seu aniversário

André Pellizzari Fotografia

Rodrigo Coruja

A união de Simone Vaccaro e Sandro Ostrowski em Gramado

Divulgação

Aline e sua mãe Servilia Trentin Marin, produzida pelo Essere Belle Salon para jantar no restaurante Amora. Aline foi a autora da declaração mais amorosa

postada no face do Jornal Integração da Serra em promoção do veículo,com o apoio da Essere Belle, no último Dia das Mães

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Junho 2018GERAL8

AncillaDall Onder

[email protected]

Zat

Temas transversais

omo foi comentado em artigo anterior, os temas transversais versam sobre meio ambiente, sustenta-bilidade, consumo, saúde, direitos humanos, etnias

e educação financeira. Recentemente, a imprensa divul-gou a lei que inclui a nutrição entre os referidos temas a serem estudados nas áreas de Ciência e Biologia, por afinidade.

A pergunta que poderia ser feita é: mais um? Em seus escritos, Edgar Morin chama a atenção para a necessida-de de ensinar a condição humana e também para a edu-cação para a compreensão – segundo ele, ausente no ensino. A compreensão mútua entre os seres humanos é vital para as boas relações e educa para a paz. Por que e como esses temas podem contribuir na educação dos jovens?

O meio ambiente, isto é, o planeta que habitamos, é nossa casa, e quem não gosta de uma casa limpa e arrumada? Significa que precisamos aprender a cuidar do planeta que habitamos, separando adequadamente o lixo, limitando-o ao mínimo possível pelo reaprovei-tamento e reciclagem. Tal postura está relacionada ao consumo de bens. Este, por sua vez, diz respeito à ali-mentação, vestuário e outros itens dos quais a utilização consciente cria harmonia no universo e economia nas finanças pessoais e familiares.

É perceptível que o meio ambiente é nossa “casa maior”, motivo pelo qual zelamos por esta casa, assim como zelamos pela nossa família. Nesta, supõe-se que

todos os membros tenham respeito um pelo outro, pois “amarás o teu próximo como a ti mesmo” aprendido des-de muito cedo pelos ensinamentos da mãe, do pai, dos avós ou na igreja. É um direito primordial o respeito que todo o ser humano merece, independente de cor, raça, status social ou faixa etária. Entretanto, não temos só direitos, temos também deveres para com a família e a sociedade, donde deriva a solidariedade.

A leitura da obra de Dacanal, “Para Ler o Ocidente”, mostra a origem de alguns direitos fundamentais e suas implicações na vida real. Convém lembrar os visionários do passado que anunciavam a “aldeia global” e cuja pre-visibilidade corre pelos meios de comunicação, pela fa-cilidade nos transportes e, ainda, pelas migrações que deram origem a uma multiculturalidade cujo entendi-mento se faz pela comunicação e a vivência do respeito. Da mesma forma, a convivência e as relações entre as na-ções se faz pela paz.

O vídeo “O Jogo da Paz Mundial” permitiu-me obser-var a participação das crianças na vivência das relações pertinentes à paz mundial com entusiasmo e serieda-de em suas posturas. O professor criou o tabuleiro e os problemas do jogo a partir da leitura da obra “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu. Então, muitas são as formas de estu-do dos temas transversais.

Estas são algumas das razões muito simples, mas que justificam o estudo, o conhecimento e a vivência dos te-mas transversais pelo seu potencial educativo.

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Junho 2018 ENTIDADES | EMPRESAS 9

A maior feira multissetorial do país gera números tão chamativos quanto o título que ostenta. Durante os 11 dias da ExpoBento, entre 7 e 17 de junho, uma quantidade de pessoas equivalente a duas vezes a população total de Bento Gonçalves circulará pe-los corredores do Parque de Eventos do município.

A feira, em sua 28ª edição, recebe-rá um contingente superior a de 200 mil pessoas – no ano passado foram mais de 226 mil. Somadas, elas deixam no município cifras que ultrapassam os RS 40 milhões. E isso contabilizando apenas os valores gastos em compras – em média R$ 200 –, excluindo recur-sos empregados em ingresso, alimen-tação e estacionamento.

Muitos outros números são movi-

A Rede Caitá Supermercados inaugurou oficialmente em Bento Gonçal-ves, no dia 7 de junho. Além da estrutura de mercado, 17 lojas completam o empreendimento, com farmácia, cabeleireiro, lotérica, entre outros. Conta também com estacionamento para 320 veículos.

A Rede, que tem sede em Santa Catarina, investiu R$ 35 milhões na construção de sua maior loja, na avenida Oswaldo Aranha, em Bento Gon-çalves, conta com 20 mil metros quadrados de área construída, gerando mais de 250 empregos diretos.

De acordo com o diretor da Caitá, Juliano Zandonai, o empreendimento segue o conceito europeu One Stop Shop, onde o cliente encontra o má-ximo de serviços em um só local, tornando mais aprazível para compras através do design e sonoplastia, entre outros recursos de ambientação. O empresário também ressalta que um dos diferencias do Caitá em Bento Gonçalves será o de reunir um grande supermercado com vários comércios afins, no mesmo espaço.

Fique Informado!Entretenimento, promoções,

músicas e muita notícia.

Universo ExpoBento 2018 em números:como a feira contribui com a economia local

Supermercado Caitáaberto ao público

Cidade tem movimento em hotéis, bares e restaurantes acrescido em 10%

mentados durante a ExpoBento. São mais de 400 expositores, que mostram de brincos a imóveis, 70 apresentações artísticas, incluindo shows musicais e esquetes teatrais, e 13 desfiles de rou-pas, bolsas e acessórios.

Mas não é apenas dentro dos limi-tes do Parque de Evento que a Expo-Bento gera dividendos ao município. Localizada num polo regional de tu-rismo, a feira, ao mesmo tempo que traz visitantes, se beneficia dos que já estão aqui e encontram na ExpoBento mais um atrativo de lazer, entreteni-mento e compras. “Não temos a menor dúvida que a feira dá uma visibilidade muito grande para a cidade. Percebe-mos que isso impacta diretamente nos hotéis, bares e restaurantes de Bento, aumentando o movimento em cerca

de 10%”, diz Vicente Perini, presidente do Sindicato Empresarial de Gastrono-mia e Hotelaria - Região Uva e Vinho.

Diante de tamanha representativi-dade e relevância, o desafio da Expo-Bento cresce a cada edição: manter e estender as contribuições em prol da comunidade. “Da mesma forma que é uma feira consolidada, com edições anuais desde 1990, a ExpoBento é um encontro em permanente processo de renovação e reinvenção, para con-

tinuar se mantendo atrativa e interes-sante para os visitantes ano após ano. Estamos sempre em busca de novi-dades para surpreender o público e, também, contribuir com o desenvolvi-mento socioeconômico da região. Pro-jetos emblemáticos deste ano, como o ‘ExpoBento na mesa’, com aulas-show e oficinas kids, e o Mundo da Agroin-dústria sintetizam esse compromisso”, avalia o diretor geral da ExpoBento 2018, Leocir Glowacki.

Divulgação ExpoBento

Shows na Praça Gastronômica da ExpoBento

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Junho 2018RURAL10

Programa do Governo Federal beneficia treze entidades com produtos da agricultura familiar

Floração precoce do pessegueiro

as espécies frutíferas de clima temperado, durante a estação do outono a planta prepara-se para resistir

a condições adversas de baixas temperaturas invernais entrando num período denominado de dormência. Para completar sua formação, as gemas floríferas do pesse-gueiro devem atravessar por um período de repouso que é medido pelo número de horas de frio inferiores a 7,2°C. Quando isso não ocorre, a necessidade de descanso hiber-nal da planta pode não ser satisfeita, levando a um flores-cimento e brotação desuniformes e insuficientes.

Esta floração e brotação antecipada na cultura do pes-segueiro, principalmente nas variedades precoces, vem ocorrendo em função das altas temperaturas nos meses de abril e maio e que preocupa os produtores em função da possibilidade de geadas durante o inchamento das ge-mas, na floração e na primeira fase do desenvolvimento do fruto. Fora isso, a planta não obteve o repouso neces-

Melissa

BockEngenheira Agrônoma

Emater/RS-AscarPinto Bandeira

Maxwell

sário para acumular reservas e poderá não expressar todo o seu potencial produtivo na próxima safra pois não houve interrupção no transporte nutrientes.

Outro fator a se considerar, é que os períodos de ma-nejo e de tratos culturais, como por exemplo, poda, tra-tamentos de inverno e aplicação de defensivos agrícolas acabam sendo alterados, tendo o produtor que conhecer seu pomar para que possa tomar a melhor decisão.

A Prefeitura de Bento Gonçalves deu início ao Programa de Aquisição de Ali-mentos (PAA), iniciativa do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome. O programa começou em março e atualmente atende 13 entidades e servi-ços socioassistenciais com produtos oriun-dos de 22 agricultores. Cerca de quatro mil toneladas de alimentos são distribuídas mensalmente aos beneficiados.

Dentre as variedades disponibilizadas estão: cenoura, cebola, aipim, moranga, tomate, alface, repolho, temperos verdes, suco de uva integral, biscoitos caseiros, banana, morango, doces de frutas e ovos caipiras.

A modalidade executada no municí-pio é a “Compra com Doação Simultânea”, que consiste na aquisição de produtos dos agricultores familiares para repasse às en-tidades cadastradas no Conselho de Assis-tência Social e serviços socioassistenciais, que servem refeições para pessoas em si-tuação de vulnerabilidade social.

Coordenado por meio da Secretaria de

Desenvolvimento e Agricultura, em parce-ria com a Secretaria de Habitação e Assis-tência Social, o recebimento dos alimentos dos produtores ocorre todas as terças-fei-ras na Central do PAA, onde são separados e distribuídos para as entidades todas as quartas-feiras.

O Governo Federal realizou o repasse R$ 125 mil para o ano de 2018, destes R$ 52 mil são destinados aos serviços socioas-sistenciais e R$ 73 mil às entidades. A dis-tribuição é feita por meio da relação entre o número de pessoas atendidas e a quanti-dade de refeições servidas semanalmente.

As entidades e serviços beneficiados são: Lar do Ancião, CECI, Associação dos Deficientes Visuais de Bento Gonçalves (ADVBG), Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), Associação Integrada de Desenvolvimento do Down (AIDD-BG), Associação de Deficientes Físicos de Bento Gonçalves (ADEF), Ação Social São Roque, Abraçaí, SFCV/Ceacris AABB, Balão Mágico, Carrossel da Esperança e Toquinha da Ami-zade e o Abrigo Municipal.

Divulgação

Produtos oriundos de 22 agricultores atende 13 entidades e serviços socioassistenciais

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Como conviver bem com animais em condomínios

Luciano

GeimbaMédico Veterinário

CRMV-RS 08877

Guarnieri

Centro Clínico VeterinárioAv. São Roque, 1547Bento Gonçalves - RSFone: 54 99982 5661

JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Junho 2018 QUATRO PATAS 11

Projeto de Lei na Câmara de Vereadores proíbea utilização de fogos de artifício com barulho em Bento

Tramita na Câmara de Bento Gon-çalves o projeto de lei nº 44/50, de autoria do vereador Moacir Camerini (PDT), que prevê a proibição da utili-zação de fogos de artificio com estou-ro e estampido no município, a exem-plo de outras cidades brasileiras. A determinação, que visa a garantia do bem-estar de cachorros e gatos, já é lei municipal em Bombinhas, em Santa Catarina, e Sorocaba e Campi-nas, em São Paulo. “Os animais quase enlouquecem nos períodos de jogos de futebol e festas de fim de ano por conta do barulho. Eles sofrem e muita gente tem de ficar em casa para cui-dar dos cães e dos gatos”, justifica o vereador.

De acordo com Camerini, o pro-jeto também contempla reivindica-ções de famílias de cidadãos idosos, mais sensíveis ao barulho. Segundo ele, além disso, dados do Conselho Federal de Medicina apontam que acidentes com o manuseio de fogos de artifício no Brasil causaram mais de 4,5 mil internações hospitalares de 2008 a 2016.

er um animal de estimação dentro de um condomínio é exercício do direito de propriedade garantido pelo artigo número 1228 do Código Civil, e a restrição pela

administração condominial pode resultar em medidas judi-ciais.

Assim, algumas limitações, como obrigar o proprietário de pet, com a presença do mesmo, circular somente e exclu-sivamente com ele no colo, pode ser entendido como cons-trangimento, ato ilegal, com punição prevista no artigo 146 do Código Penal.

A manutenção do animal no condomínio só pode ser questionada quando existir perigo à saúde, segurança ou perturbação ao sossego dos demais residentes do condo-mínio. Conforme estabelece o artigo 1336 do Código Civil, são deveres do condômino “IV - dar as suas partes a mesma destinação que tem a edificação, e não as utilizar de maneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos possui-dores, ou aos bons costumes”.

As normas precisam ser criadas com o objetivo de proibir que os animais circulem em áreas comuns, como parquinhos e halls, mas não que sejam impedidos de ser transportados no chão de suas residências até a rua. Assim, o condomínio, por meio das suas convenções, regimento interno ou assem-bleia, pode e deve regular o trânsito de animais, desde que não contrarie o que é estabelecido por lei.

Exigir que o animal seja transportado apenas no colo, de focinheira, salvo os cães obrigados por lei, como pit bull, rottweiller e mastim napolitano, regulada pela lei 11.531/03, pode levar o condômino a situação vexatória, o que é puni-

do pelo Código Penal e pode ser anulada na justiça.Não é permitido ao síndico ou a assembleia deliberar

em detrimento do direto de propriedade. Comparativamen-te, seria o mesmo caso que a assembleia limitar o tamanho do automóvel que pode ser estacionado na garagem ou o número de moradores residentes em uma mesma unidade. O que deve ser considerado é se o uso da propriedade é no-civo, se causa transtorno aos demais e se infringe o direito de propriedade.

Um cão pequeno que fique latindo de forma intermiten-te pode perturbar o sossego dos vizinhos, uma única pessoa em uma residência tocando bateria também pode trazer transtornos. Nesses casos, as limitações são legítimas e pas-síveis de advertências ou multas. Entretanto, definir o núme-ro de habitantes, o tamanho dos animais ou do automóvel significa infringir o direito de propriedade.

São consideradas normas aplicáveis e que não afrontam o direito à propriedade:

• Exigir que os animais transitem pelos elevadores de serviço, no interior do prédio somente pelas áreas de servi-ço, sem que possa andar livremente pelo prédio;

• Proibir que o animal circule em áreas comuns livremen-te, tais como piscinas, playground, salão de festas;

• Exigir a carteira de vacinação para comprovar que o animal goza de boa saúde;

• Circular dentro do prédio somente com coleira;• Impor o uso de focinheira para as raças previstas em lei.

Texto adaptado da revista Visão Jurídica “Animais em condomínios: regras evitam batalhas na Justiça”

Cães x Fogos de Artifício“Assustado pelo barulho, o ani-

mal pode machucar-se gravemente ou até vir a óbito ao cair de alturas maiores, por atropelamento ou ao ficar preso em portões e grades”, afir-ma a médica veterinária e especialista em Etologia Clínica, Joice Peruzzi. Ela acrescenta que cães com cardiopa-tias também podem morrer com uma eventual taquicardia decorrente do medo.

De acordo com a veterinária, os

sintomas do medo em animais variam, mas cauda recolhi-da, orelhas para trás, olhos muito abertos e corpo encolhido são posturas comuns adotadas por eles quando acuados pelo barulho. “O pâ-nico também pode transparecer através de sintomas como salivação excessiva,

taquicardia, ofegação, tremores, pu-pilas dilatadas, diarreia e vômito. Há também casos mais graves de fobia, em que o animal faz associações com eventos passados e demonstra os sin-tomas mesmo após os barulhos ces-sarem”, explica Joice.

Para evitar acidentes graves e amenizar o sofrimento do animal, os donos podem tomar algumas me-didas. Confira as recomendações da Veterinária:

l Manter a segurança do animal, deixando-o em ambiente fechado

antes do início dos rojões;l Colocar som ambiente alto,

como televisão ou rádio;l Fechar janelas e cortinas para

abafar sons externos;l Manter locais de esconderijo

como iglus, casinhas, acessos a áreas debaixo de móveis e edredons;

l Colocar buchas de algodão nos ouvidos (caso o animal aceite bem).

Além disso, carinho e colo tam-bém podem ajudar a acalmar o ani-mal. “O medo é uma emoção e qual-quer coisa que torne essa emoção menos exacerbada é válido nesse momento”, constata. Nos casos de cães fóbicos, é necessário procurar um veterinário para correta medica-ção do animal.

Joice explica que o recomenda-do para tutores em viagem é deixar os animais em hotéis especializados afastados da cidade ou em áreas onde há menor incidência de soltura de rojões. Porém, é necessário que o cão esteja adaptado ao local. “É fun-damental o tutor conhecer o local an-tes de deixar seu animal”, recomenda.

Reprodução

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Junho 2018DIA DOS NAMORADOS12

O Vale dos Vinhedos é um roteiro que reúne as principais características para um cenário romântico. Além de ser primorosamente belo durante o outo-no, o distrito dos amantes do enoturis-mo carrega em si o mérito de abrigar as principais vinícolas do país e do mundo, que elaboram bebidas feitas para mo-mentos a dois: vinhos e espumantes. Neste roteiro, o Villa Michelon se consa-gra como o primeiro hotel do Vale dos Vinhedos e, até hoje, 17 anos depois, é o principal destino de casais, sobretudo pela sua paisagem privilegiada, cerca-do de natureza e muito romance.

Para o Dia dos Namorados, o Com-plexo Turístico preparou um pacote de uma diária, com late-check-out até as 16h, onde os casais podem desfrutar do famoso café da manhã do Villa Michelon, com itens que valorizam a gastronomia local. O Jantar Român-tico também está incluído no pacote de hospeda-gem, onde cada casal leva uma garrafa de espuman-te M. Luiz Michelon para brindar o amor.

Villa Michelon proporciona clima deromance para o Dia dos Namorados

Complexo Turístico oferece pacotes de hospedagem e jantar especial na data

Eduardo Benini

Jantar RomânticoComo ocorre tradicionalmente, em datas espe-

ciais o Hotel abre suas portas para o público. Por isso, reservas para o Jantar Romântico, que ocorre na noite do dia 12 de junho, a partir das 20h, podem ser feitas

diretamente com o Villa Michelon, pelo Whats--App: (54) 98112.5443, fone: 0800.703.3800 ou email: [email protected].

No cardápio, uma entrada de creme de as-pargos. Salmão ao molho de alcaparras com purê de mandioquinha e filé mignon ao molho mix de cogumelhos com risoto de tomate seco com rúcula serão os pratos principais. Na sobre-mesa, um delicioso brownie de chocolate com sorvete de creme.

SERVIÇODia dos Namorados: 12 a 13 de JunhoInclui: Café da manhã | Meia pensão Jantar

romântico dia 12/06 | 1 espumante M Luiz Mi-chelon por apartamento servido no jantar ro-mântico| Late check out até 16h

Pacote uma diária em até 6x de R$ 125,00 em apartamento Super Luxo Double

Jantar Romântico: 12 de junho - Terça-feiraHorário: 20hLocal: Restaurante Bela Vista - Villa MichelonValor: R$ 350,00 por casal

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Caderno de Cultura e Arte Jornal Integração da Serra

Nº 56 | Junho 2018

SantoAntônioPADROEIRO DE BENTO GONÇALVES

Abençoai e intercedei por todas as famílias.que o amor prevaleça!

APOIO

Foto: André Pellizzari

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2 | Mosaico | Jornal Integração da Serra | Junho 2018

Primeiras Palavras

RogérioGava

[email protected]

A Epopeia de Gilgámesho terceiro milênio antes de Cristo, a Mesopotâmia era o centro do mundo; uma espécie de Estados Unidos da época. Situada entre os rios Tigre e Eu-

frates (atual Iraque) deve daí a origem do nome: meso = meio e potamos = rio. Uma região fértil que abrigou culturas grandiosas e que foi um dos berços da nossa civilização ocidental.

Um dos povos que habitaram a Mesopotâmia foram os sumérios. Era uma gente talentosa: desenvolveram leis e foram os primeiros daquela época a conhecerem a escrita. Esses verdadeiros poetas da antiguidade nos legaram uma história épica fantástica, a “Epopeia de Gil-gámesh”, o mais antigo texto literário que conhecemos. Sobreviveu graças ao amor pelos livros de um grande general, Assurbanipal, um dos últimos reis do Império Assírio e detentor de uma extraordinária biblioteca para a época. Foi ali, nesse maravilhoso reduto de livros do poderoso imperador, que a história de Gilgámesh ficou preservada em singelas tabuinhas de argila.

O herói do conto, Gilgámesh, rei de Úruk, era filho de uma deusa, e por isso tinha natureza humana e di-vina. Arrogante e convencido de sua força, come-tia excessos e abusava do poder. Os habitantes da cidade, fartos daqueles desmandos, pedem então aos deuses uma solução. Esses decidem enviar ao mundo um homem que poderia rivalizar com o tirano rei. Surge então Enkídu, ser primitivo e puro que vive no campo, entre os animais, mas que acaba por perder a inocência com uma meretriz e então segue para a cidade. Lá, Enkídu encontra Gilgámesh e o desafia. Uma luta feroz tem palco e o rei acaba por reconhecer a coragem do enviado, único até então a lhe medir forças. Nasce daí uma profunda amizade.

Os dois partem pelo mundo, em busca de aventu-

ras. Ninguém poderia deter aquela dupla, afinal. Mas a astúcia dos dois companheiros vai longe demais: eles matam o Touro do Céu, uma divindade sagrada, e provocam a ira dos deuses. Agora, um dos dois deveria morrer, e é Enkídu quem tem a pior sorte. Gil-gámesh fica só e desconsolado. O grande rei conhe-ce pela primeira vez a dor da morte inevitável. Suas palavras ecoam o enigma e o terror da perda: “como posso descansar depois que Enkídu, a quem amo, virou pó, e quando também eu morrerei e serei enter-rado para sempre?”

Gilgámesh, no entanto, não se conforma com a morte que a todos ceifa: ele quer ser imortal. Parte então em busca de Uta-napíshti, um homem que, rezava a lenda, tinha alcançado a vida eterna após sobreviver a um dilúvio. Mas Uta-napíshti frustra a ex-pectativa de nosso herói: ele jamais poderia alcançar a imortalidade terrena, pois a vida é justamente im-permanência, lhe explica. Nenhum homem, ensina o velho sábio, viverá para sempre. O pobre Gilgámesh, assim, não tem nada mais a fazer, a não ser voltar para casa de mãos vazias.

A procura, no entanto, não foi em vão, e aqui mora o grande ensinamento dessa história. Gilgá-mesh aprendeu a inutilidade daquela busca tola e vã. Ele, afinal, não era diferente dos outros comuns mortais, e algum dia também iria desaparecer. Lhe restava apenas viver a vida por entre as muralhas da cidade, convivendo com os outros homens e apro-veitando os dias. Até que fosse chegada a hora da derradeira viagem: a passagem à “terra sem retorno” de cujas planícies ninguém jamais voltara. E para onde – como aprendeu Gilgámesh e nos lembra sempre sua epopeia – nenhum homem jamais fra-cassou em partir.

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A redação leu

Rep

rodu

ção

A FILOSOFIADE PEANUTS - BOX ESPECIAL

Autor: Charles M. SchulzEditora: L&PMAno: 2017 (1ª Edição)Valor: R$ 16,90/volume**Somente volumes avulsos

Programe-seMosaico | Jornal Integração da Serra | Junho 2018 | 3

VOCÊ ENCONTRA ESTE LIVRO NA DOM QUIXOTE LIVRARIA & CAFETERIA

Publicadas pela primeira vez em 1950, as tirinhas de Pea-nuts se tornaram um clássico das histórias em quadrinhos. Seu criador, Charles M. Schulz, inventou personagens que expres-sam sentimentos humanos, de forma profunda e tocante. As estatísticas falam por si só sobre a grandiosidade da obra: Pea-nuts foi publicada diária e ininterruptamente por quase 50 anos – o que nunca aconteceu com nenhuma outra HQ – e chegou a figurar em 2,6 mil jornais, atingindo um público de 355 milhões de leitores em 75 países e 40 línguas.

A coleção reúne livretos que tratam de assuntos como a feli-cidade, o sentido da vida e a amizade. Nelas, a adorável patoti-nha de Peanuts desfia suas reflexões, angústias e pensamentos sobre a existência: Charlie Brown, o garoto azarado e melan-cólico (que no Brasil, tem o apelido de “Minduim”); Snoopy, o beagle de estimação de Charlie Brown, que datilografa histórias e até joga no time de beisebol; Lucy, a mal-humorada amiga e que gosta de maltratar Charlie Brown, em especial ao jogar fu-tebol americano; Woodstock, o pássaro que é o melhor amigo de Snoopy, e muitos outros.

Uma coleção que faz rir e ao mesmo tempo refletir sobre a vida. Leitura prazerosa e que vale cada página.

TeatroO quê: Teatro a Mil - Espetáculo “O Viajante das Galáxias”Quando: 7 e 8 de junhoOnde: Fundação Casa das Artes

Mercado de RuaO quê: Mercado de Rua: Especial Dia dos NamoradosQuando: 9 de junho, das 11h às 18hOnde: Rua Coberta, Planalto

Festival ColonialO quê: 32º Festival Colonial ItalianoQuando: 9 e 10 de junhoOnde: Pavilhões da Fenachamp - Garibaldi

FestivalO quê: Ceva Music FestivalQuando: 10 de junho, das 14h às 20hLocal: Rua Coberta, Planalto

Quartas CulturaisO quê: Quartas CulturaisQuando: 20 de junho, das 8h30 às 11h45 e das 14h às 17hOnde: Museu do Imigrante e Fundação Casa das Artes

Festival do QuentãoO quê: 22° Festival do QuentãoQuando: 23 de junho, às 21hLocal: 15 da Graciema

Maratona UrbanaO quê: Maratona UrbanaQuando: 24 de junho, das 13h às 18hOnde: Praça CEU do Ouro Verde

CongressoO quê: Congresso Latino-americano de EnoturismoQuando: 27 a 30 de junhoLocal: Hotel e Spa do Vinho

Wine FestivalO quê: Wine FestivalQuando: 26 de junho, das 17h às 23h30Local: Rua Coberta, Planalto

Ferrovia Live

O quê: Santo Rock Gaúcho com Baby SatanásQuando: 9 de junho, às 22h

O quê: Parasite Kiss CoverQuando: 16 de junho, às 22h

O quê: Arraiá BeatsQuando: 15 de junho, às 23h

O quê: Holy / Open BarQuando: 29 de junho, às 23h

O quê: Show lançamento CD VenaRock + Aniversário Tatuira + Os PelicanosQuando: 30 de junho, às 22h

Dicas deFilmes

O PoderosoChefão: Parte IITítulo original: The Godfather: Part IIGênero: Drama, thriller criminalDireção: Francis Ford CoppolaRoteiro: Francis Ford Coppola, Mario PuzzoElenco: Al Pacino, Robert de Niro, Diane Keaton, Robert Duvall

BrunoNascimento

[email protected]

Rep

rodu

ção

O imigrante Vito Corleone luta para construir a sua família na violenta Nova York de 1920. Dé-cadas depois, seu filho, Michael, busca meios de tornar os negócios da sua família legaliza-dos. Enquanto novos inimigos vão surgindo nas duas linhas temporais, vemos a constru-ção dos valores familiares e a destruição dos mesmos.

A sequência do clássico dá continuidade no tema do capitalismo que é intrínseco à crimi-nalidade na história dos Estados Unidos. Mas

agora o filme conta essa história do ponto de vista de imigrantes, esses que são os respon-sáveis pela estruturação cultural do país.

É raro o filme que é capaz de intercalar di-ferentes núcleos de narrativa. O Poderoso Che-fão: Parte II não só consegue durante todos os seus duzentos minutos de duração, mas faz o espectador ficar totalmente imerso na forma que as duas tramas se completam. É um clás-sico definitivo, esteticamente lindo, com uma trilha sonora digna de ser escutada à parte e com uma dramaturgia primorosa.

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1968 - 2018, meio século de revolução

Luis

[email protected]

Molossi

4 | Mosaico | Jornal Integração da Serra | Junho 2018

ossa geração nasceu ou estava por nas-cer em 1968 e os registros que temos são

das notícias da época ou alguma foto emble-mática, como a do jovem ruivo franco-alemão, Daniel Cohn-Bendit, com seu terno cinza e um megafone na mão, encarando os impávidos policiais franceses durante as primeiras ma-nifestações ocorridas justamente no mês de maio, cinquenta anos atrás. Hoje, Daniel tem 73 anos, é um político franco-alemão do partido ecologista Die Grünen, atualmente deputado europeu e co-presidente o grupo parlamentar Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia.

A perda da subjetividade

Tendo como cenário inicial a Universida-de Paris Nanterre e, logo após, Sorbonne, em alguns dias, os protestos, inicialmente por re-formas educacionais, ganharam as ruas com mais de 20 mil manifestantes, greves, violên-cia, prisões e repercussão mundial. Não havia muito do que reclamar da situação econômica na França de 1968, mas uma crítica radical ao modo de vida capitalista/consumista e uma demanda por algo maior que universidade, emprego, compras, consumo e cemitério. Não haveria mais nada além disso? O movimento, como a grande revolução dos costumes nos anos 1960, questionava a chamada total fusão do indivíduo com a sociedade, a perda da sub-jetividade, quando o homem havia se tornado “unidimensional”, pois vivia para trabalhar e comprar, como um belo comercial de refrige-rante. Mas, segundo o próprio Cohn-Bendit, boa parte do movimento se deveu à “esponta-neidade incontrolável”.

Com a adesão de sindicatos, estudantes e professores, em 13/05/1968, o número chegou a 1 milhão de pessoas protestando pacifica-mente. O movimento se alastrou, paralisando fábricas e quase 10 milhões de empregados, o que provocou até a mudança estratégica do Pres. De Gaulle para a Alemanha. Com calma e paciência, apoiado por parte da sociedade, o governo conseguiu contornar a situação e De Gaulle acabou reeleito em junho do mesmo ano. Mas, não durou muito, pois em abril de 1969 renunciou e pôs fim ao “gaullismo”.

Contracultura

Na Itália, embora não seja a mais lembrada pelos eventos, as manifestações correram dois anos antes e duraram mais até que na Fran-

ça. A primeira a ser ocupada foi a universidade Trento, em 1967, mesmo ano da morte de Che Guevara. Logo depois, a Universidade Católica de Milão, a Faculdade de Letras de Turim e de Roma foram tomadas, onde ocorriam atividades de “contracultura”. O movimento ganhou as ruas e fábricas, chegando até a zona central de Roma, onde houve confrontos com a polícia, conhecidos como a “Batalha de Valle Giulia”, que duraram ho-ras, e com enorme repercussão midiática. Estu-dantes usaram pedras e galhos de árvores contra as forças policiais, e o resultado foram veículos tombados e queimados, bem como algumas de-zenas de feridos.

Na mesma linha do movimento francês, a despeito do “milagre econômico”, do individua-lismo e do culto ao consumo, os jovens italianos foram impulsionados, com a mesma espontanei-dade que era própria da “marcha”, a lutar por um mundo mais autêntico e justo.

Estes fatos estão sendo lembrados agora, diante da divisão política mundial entre a esquer-da em grande crise de identidade e de lideranças confiáveis e uma direita em ascensão nas ruas e nas urnas, cujas bandeiras não tem muito a ver com 1968: “Em muitos lugares do planeta, ain-da hoje as diferenças entre direita e esquerda na política datam daquela época”, é o que sen-tencia Julian Bourg, professor de Boston-USA e autor de importante livro sobre o assunto, “From Revolution to Ethics”, para quem fica difícil expli-car como, para aquela efervescência toda, pou-co mais de um mês depois, tudo voltou ao seu curso, as fábricas a funcionar, as universidades à normalidade e até De Gaulle foi reeleito.

Mundo tupiniquim

Voltando às atenções para o nosso mundo tupiniquim, podemos lembrar e comparar este episódio francês com os protestos e panelaços de 2013, que culminaram com a derrubada da Presidente da República com um impeachment e, mesmo tendo fatos e motivos ainda mais gra-ves para continuar a onda moralizadora, as ruas silenciaram e as apurações ficaram restritas às operações quase diárias – e, considerada a lama em que está envolvida a política, não acabará tão cedo – da Polícia Federal e da Justiça, das varas federais das mesmas operações, ao Supremo Tri-bunal Federal, que vem sendo chamado a decidir sobre assuntos muito mais políticos que judiciais nos últimos meses.

A maior corte judiciária tem se manifestado de forma mais interpretativa da nova realidade contaminada pelos efeitos da corrupção sistêmi-ca e seus tentáculos em todo o sistema político, do que a aplicação pura e simples da lei, o que determina – a cada decisão proferida – a imediata crítica de ambos os lados, como se os juízes e ministros estivessem sempre a serviço de algum interesse maior, não relevado, mas que causam consequências políticas relevantes e nos humo-res da sociedade, não há dúvida.

O atual Presidente da República, Michel Te-mer, tem convivido diariamente com denúncias graves de corrupção no seu ninho político gover-namental e contradições que sequer se cogita ser

eventual candidato à reeleição, pois conta com uma aprovação inferior a 5%.

Cidadãos frouxos e mimados

“É Proibido Proibir”, canção de protesto de Caetano Veloso contra o regime militar, foi tira-da de um grafite pichado nas ruas de Paris du-rante maio de 1968 e foi uma das lembranças que me ocorreram destas influências no nosso meio. Passados 50 anos, com toda a evolução tecnológica que constatamos, podemos afirmar que existe evolução moral da nossa sociedade? Acreditamos que existe, de fato, um relativismo, visões morais muito contraditórias ao ponto de chegarmos a avaliar se vale a pena sermos ho-nestos nesta vida. A tão badalada liberdade de escolha parece ter produzido mais cidadãos frouxos e mimados, incapazes de manter víncu-los mais longos que uma compra pela internet e que ter filhos acaba por comprometer nossa qualidade de vida, com todas as complicações da previdência social e o envelhecimento natural da população.

Relações atuais entre pais e filhos, nas es-colas, nos comportamentos sociais, nas empre-sas, na igualdade de gêneros, no meio ambien-te, terrorismo, intolerância, valores religiosos e morais têm muita influência do que aconteceu em 1968.

Articuladores ou aproveitadores

Nestas últimas semanas e a partir de 21 de maio de 2018, aqui no Brasil e sem qualquer in-dicação que seria uma reedição dos protestos franceses de 1968, assistimos à paralisação dos caminhoneiros, representados por pouco mais de 10 entidades de alcance nacional que, de Norte a Sul do país, cruzaram os braços, blo-quearam estradas, realizaram protestos e exigi-ram redução no custo do óleo diesel, principal custo da categoria e aumentado sem cerimônia pela Estatal Petrobrás, que mudou as práticas de reajuste até aqui praticadas.

Também havia reivindicação de tabela míni-ma de fretes, mudanças na cobrança de pedá-gios, maior participação de autônomos nos fre-tes de órgãos públicos, além de suspensão de multas, o que provocou crise de abastecimento sem precedentes no país até em setores essen-ciais, já que quase toda a malha de transporte é rodoviária, apavorou quase a totalidade da população que acompanhou atônita os aconte-cimentos diários e nocauteou o já cambaleante governo, o que determinou a aceitação de qua-se 100% das reinvindicações diante da inabilida-de (aliada ao quase nulo apoio popular do go-verno) dos encarregados para negociar a crise com os líderes dos manifestantes, fossem eles os verdadeiros articuladores ou mesmo apro-veitadores infiltrados de todo tipo como sempre acontece em situações assim.

Estamos aguardando a normalização das manifestações destes dias nas terras tupini-quins, mais fortes e impactantes que as de 2013 e 2015 – estas por motivos diversos – e projetar o que testemunharão nossos filhos em 2068.

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Programação religiosae social da 140ª Festa31 de maio a 12 de junho18h - Trezena de Santo Antônio

13 de junho (quarta) - Dia Festivo6h - Alvorada Festiva (repicar dos sinos em todas as igrejas)7h, 8h30, 10h e 18h - Missas no Santuário Santo Antônio15h - Missa Campal e Procissão com Santo AntônioDurante todo o dia haverá bênção individual12h - Almoço Festivo | Salão Paroquial

28 de julho (sábado)Sorteio da Ação entre Amigos

4 de agosto (sábado)10h - Entrega dos prêmios da Ação entre Amigos

Junho: mêsSanto Antônio, São João e São Pedro são homenageados em festas populares

de Santos

Santo AntônioSanto Antônio foi um frei franciscano

nascido no ano de 1195, em Portugal. Vi-veu a maior parte de sua vida na cidade de Pádua, na Itália, onde ingressou para a Ordem dos Franciscanos. Faleceu no dia 13 de junho de 1231, aos 36 anos de idade.

A denominação de “santo casamen-teiro” se deve a uma ocasião onde uma jovem pobre pediu a bênção ao então Frei Antônio porque não conseguia casar devi-do à sua precária situação financeira. Al-guns dias depois, ela recebeu o que preci-sava de dote e se casou. O santo também é invocado por seus devotos para en-contrar objetos perdidos. É considerado ainda padroeiro dos pobres, viajantes, pedreiros, padeiros e de mulheres esté-reis. As homenagens ao santo acontecem em todo o país com procissões e festas juninas. Além de pedidos, promessas e simpatias, alguns devotos até “castigam” o santo colocando a imagem dele cabeça para baixo em um copo d’água para que a súplica seja atendida.

Junho é o mês que se comemora a existência de grandes santos. Além do dia de Santo Antônio de Pádua, padroeiro de Bento Gonçalves, são comemorados os dias de São João e São Pedro em vários Estados do país com festas típicas na maioria das quais a linha entre o sagrado e o profano é tênue. Procissões, novenas e festividades são abraçadas por todas as pessoas da comunidade, sejam estas frequentadoras da igreja ou não. A atmosfera das comemorações vai além da religião e abarca aspectos folclóricos, comunitários e míticos – nas festas juninas, a religiosidade é marcada pela dança, rezas missas e manifestações populares. Isso se deve à época da colonização, quando o catolicismo no Brasil passou a se consolidar no país com formas menos ortodoxas de fé entre a população. Esse processo foi definido posteriormente como “catolicismo popular” e tem na devoção aos santos sua principal expressão.

Feriado em Bento emhomenagem ao padroeiroNo dia 13 de junho, feriado municipal, Bento Gon-

çalves comemora o dia do padroeiro, com a culmi-nância de intensa programação religiosa e social no Santuário Santo Antônio, situado no centro da cidade. No último dia 16 de março, a paróquia Santo Antônio lançou a programação da 140º Festa de Santo Antô-nio, uma das mais antigas e tradicionais festividades do município. A temática desta edição, “Sal da Terra e Luz do Mundo”, busca simbolizar a união da igreja em busca de paz, amor e justiça para a sociedade.

Entre as novidades da programação deste ano, a exibição do filme “Santo Antônio, uma vida de doutrina e bondade” para mais de mil alunos de escolas muni-cipais no cinema do Shopping Bento e a distribuição de gibis para o público infanto-juvenil, com imagens do santo para colorir. A Trezena de Santo Antônio teve início no dia 31 de maio e segue até 12 de junho, com celebrações às 18 horas na paróquia. Já as visitas com a imagem do padroeiro em bairros de Bento Gonçal-ves e comunidades do interior começaram no dia 7 de abril e terminam no dia 10 de junho, com encerramento no Santuário Nossa Senhora de Caravaggio, no muni-cípio de Farroupilha.

Reprodução

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“A Festa de Santo Antônio faz parte do DNA do bento-gonçalvense”. A afirmação é do pá-roco do Santuário de Santo Antônio, Ricardo Fontana, que há três anos atua na organiza-ção do evento religioso mais antigo e popular do município. Ele observa que a devoção a Santo Antônio, padroeiro de Bento Gonçalves, veio no coração da maioria dos imigrantes ita-lianos e austríacos que chegaram em Bento Gonçalves a partir de 1875. “Trabalho, família e fé foram valores fundamentais para a adap-tação da maioria dos europeus que, na época, imigraram paras novas pátrias”, complementa o pároco.

A primeira capela de Bento Gonçalves foi construída por imigrantes em 1876, com tá-buas brutas, na então Vila Isabel, no início da rua Assis Brasil, onde hoje é a Casa Pasquetti. Em seu interior, numa estrutura tosca, foi co-locado um quadro com a imagem de Santo Antônio trazido da Itália. Em junho de 1878 foi promovida na comunidade a primeira festa em honra ao santo, já adotado como Padroei-ro. Em 1884, foi construído um novo templo de alvenaria, no mesmo local. O prédio do atual

“no DNA doFesta de Santo Antônio:

Divulgação

bento-gonçalvense”santuário, situado na rua Marechal Deodoro, no centro da cidade, foi inaugurado em 1933.

“Tem sido emocionante coordenar a pro-moção da festa por causa do envolvimento da comunidade e da dinâmica do evento. Entre as programações religiosa e social, são mobilizadas cerca de 1.500 lideranças”, ressalta Fontana. Segundo ele, o tema “Sal da Terra e Luz do Mundo”, foi escolhido para a edição da Festa deste ano em homenagem aos “leigos cristãos fiéis, que trabalham com amor e doação em prol da disseminação da palavra de Jesus”.

O Pároco, nascido e criado no interior do município de Flores da Cunha, numa loca-lidade denominada Capela Santo Antônio, salienta que é apaixonado pelo trabalho em paróquias. “Tive oportunidade para dar continuidade aos estudos, com o doutora-do, mas gosto mesmo é de trabalhar com as comunidades de base”. Fontana, nesses últimos anos à frente da paróquia Santo An-tônio, tem inovado nas atrações da Festa de Santo Antônio e investido na estrutura física do entorno do santuário e da casa paroquial.

Pároco Ricardo Fontana

O Santuário Santo Antônio, des-de o último dia 31 de maio sedia uma exposição com imagens e es-culturas de Santo Antônio, trazidas por imigrantes italianos, além de pe-ças históricas adquiridas e resgata-das por moradores do município. A mostra faz parte das comemorações da 140ª Festa de Santo Antônio e segue na igreja até dia 12 de junho, véspera do dia dedicado ao santo.

Entre as obras, destaca-se uma escultura barroca do santo produ-zida em 1730 pelo escultor Antônio Francisco Lisboa, mundialmente conhecido como “Aleijadinho”. O artista é considerado o maior repre-sentante do barroco mineiro. A peça foi adquirida pelo padre bento-gon-çalvense Luís Carlos Conci durante uma feira em Belo Horizonte no ano de 1992 e faz parte do altar particu-lar do sacerdote.

A exposição conta com imagens

Resgate da devoção deimigrantes italianos aSanto Antônio

Exposição

trazidas pelos imi-grantes, inclusive da cidade de Pádua, na Itália, onde o santo passou maior parte de sua vida. As pe-ças são de imenso valor para reconstru-ção da história do município e das tradições religiosas locais. Entre as obras, figura com destaque uma an-tiga imagem de Santo Antônio carre-gando o Menino Jesus nos braços. A peça foi trazida da Itália no ano de 1876, utilizada no altar da 1ª igreja de Bento Gonçalves e na 19ª pro-cissão em honra ao santo realizada em junho de 1878, evento que deu início à tradição da Festa de Santo Antônio. A obra faz parte do acervo pessoal da família Lorenzini.

A mostra também traz cartazes históricos de edições da Festa de Santo Antônio, realizada anualmente

na cidade desde 1878.A exposição foi idealizada e or-

ganizada pela festeira e artista plás-tica Maria del Rosario. “Não sabe-mos a origem exata de muitas das imagens porque foram se perdendo com os anos, mas tentamos resga-tar a história com as informações que conseguimos”, conta. A artista ressalta que a fé em Santo Antônio foi trazida na bagagem dos imigran-tes e deu origem às tradições em homenagem ao santo em Bento Gonçalves.

Imagem histórica do santo trazidapor imigrantes italianos

Escultura de Aleijadinho

Maria del Rosario,idealizadora da exposição

Fotos: Júlia Beatriz de Freitas

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São Pedro, comemorado em 29 de junho, foi um dos doze apóstolos de Jesus Cristo. Nes-se dia, é costume a população “roubar” o mastro de São João para marcar o fim das festas juni-nas. O santo é conhecido por ser o guardião das portas do céu e responsável por fazer chover na Terra. Considerado o fundador da Igreja Católica e primeiro Papa, também é protetor dos pescado-res e das viúvas.

No Brasil, o mês de junho cor-responde ao solstício de inverno, período da colheita do milho e do amendoim na no Nordeste. Na região, aproveita-se a ocasião para agradecer aos santos as raras chuvas do período na região semiárida, que aumentam a produtivi-dade do milho e do amendoim.

Nas quermesses alusivas aos santos promovidas em várias ci-dades de Brasil, o milho é o principal ingrediente de doces, bolos e salgados como pamonha, curau, canjica, cuscuz, pipoca e bolos. Também são comuns quitutes como arroz doce, amendoim, pé de moleque e bebidas como quentão e vinho quente.

Festividades religiosas mescladas com tradições antigas

São João e São PedroAlém de Santo Antônio, São João e São Pedro são os homenageados nas festas

de santo populares em Portugal que deram origem às brasileiras festas juninas. As festividades religiosas mesclaram-se com tradições realizadas pelas populações do campo na antiguidade, que festejavam a colheita de grãos e realizavam rituais para afugentar eventuais pestes ou desgraças nas plantações. No Brasil, as festas juninas têm seu auge no dia de São João.

São João Batista, comemorado em 24 de ju-nho, é o santo responsável por anunciar a “boa nova” da vinda do filho de Deus, Jesus Cristo, batizado por ele no Rio Jordão. É considerado o último dos profetas.

Algumas tradições das festividades juninas são ligadas à história do santo. A fogueira, por exemplo, simboliza a fogueira acendida por Santa Isabel, mãe de São João, para anunciar o nascimento do filho à Virgem Maria. No Brasil, tradicionalmente se acende a fogueira na noite de 23 para 24 de junho, e em torno dela, devotos realizam simpatias e até mesmo rituais de adivi-nhações. Nesse dia também acontece o levan-tamento do mastro do santo, cuidadosamente

Dança da QuadrilhaAs festas populares são organizadas por

igrejas, colégios e empresas, com barraqui-nhas de comidas típicas e jogos para entre-ter os participantes. Uma tradição comum a todas é a realização da dança da quadrilha, que une elementos caipiras e sertanejos a tra-dições nobres de danças de salão da Europa. A influência de elementos da cultura indígena e africana é marcada pelas cantorias de viola e cordéis, cirandas, xotes, baião e forró.

São João

Rep

rodu

ção

preparado e decorado com fitas, laços e flores. Em algumas festas, colocam-se três bandeiras no mastro para representar todos os santos ju-ninos. Santo Antônio é representado como um homem de meia-idade que segura o menino Jesus nos braços, São João é uma criança de cabelos encaracolados com um carneirinho no colo, que simboliza Jesus Cristo, e São Pedro aparece como um homem idoso que carrega as chaves do Céu.

A lenda afirma que, em seu dia, São João fica dormindo para não ver as fogueiras, que fazem ele ficar com vontade de descer à Terra. Para acordá-lo, se solta fogos de artifícios nas festas.

Reprodução

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A comunidade católica do bairro Glória, em Bento Gonçalves, irá realizar a 31ª Festa em Hon-ra a São Luís no dia 24 de junho. O evento em homenagem ao santo tem início no dia 20.

Confira a programação completa:l 20 de junho, às 19h30: Terço com a co-

munidade Oásis, da Rádio Mãe de Deus (trans-missão ao vivo)

l 21 de junho, às 19h30: Terço conduzido pelo Grupo de Oração São Luís e pregação de Roberto Masutti

l 22 de junho, às 19h30: Terço conduzido pelo grupo da catequese

Bairro Glória homenageia padroeiro

São Luís

História de São LuísLuís Gonzaga nasceu na cidade de Sacro,

na Itália, no dia 9 de março de 1568. Nascido em uma família nobre, Luís entrou na vida re-ligiosa e abdicou de seus privilégios aos 14 anos, contrariando os desejos de seu pai, que queria que o filho seguisse carreira militar. Fazia parte da recém-formada Companhia de Jesus. No ano de 1590, viajou para Roma e, compa-decido pelo sofrimento dos doentes, passou a atender vítimas de tifo. Foi contagiado pela do-ença e morreu no dia 21 de junho de 1591, aos 23 anos de idade. O dia do santo é celebrado em 21 de junho.

O santo foi canonizado pelo Papa Bento 14 no dia 31 de dezembro de 1726. É considerado padroeiro da juventude, dos estudantes e dos seminaristas.

l No dia 24 de junho, acontecerá missa às 10h30 e almoço festivo às 12h. A refeição terá sopa de capeletti, galeto, churrasco, sala-das, vinho e refrigerantes.

Os festeiros da edição deste ano serão Rose-milde Mallman, Edison Rosalem, Amadeu Henika e Marlene Nunes. Os festeiros jovens serão Ema-noel Zorzi e Gabriela Zorzi.

A programação conta com apoio e suporte de Maria Gasparetto Rosalem e das empresas Tornearia Cativelli, Ferragens Deconto, Pintura LCA, Padaria Marcolin, Mezacasa Conserto de Eletrodomésticos.

APOIO

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“Jornal, rádios, tv, internet. A busca por informação evoluiu, o acesso é rápi-do e fácil. Mudou, mas o que nunca vai mudar é a confiança nos veículos de co-municação. Conteúdo de qualidade com profissionais que você confia. Desconfie de conteúdos espalhados em grupos de redes sociais e sem assinatura. Busque sempre uma fonte confiável. Os veículos jornalísticos seguem com seus princí-pios. Atender e contribuir para que a so-ciedade tenha acesso a informação ver-dadeira”.

Esse é o texto da campanha “Fake News”, da Associação Gaúcha das Emissoras de Rá-dio e Televisão (AGERT). Composta por spots de 30” e um vídeo para as redes sociais e sites das emissoras, a campanha está veiculando em todas as rádios e canais de televisão do Rio Grande do Sul.

O diretor de Qualidade da AGERT, Sandro Padilha, ressalta que a entidade está promo-vendo a campanha em função da dissemina-ção de notícias falsas em redes sociais, blogs, grupos de WhatsApp e sites sem assinaturas. “Estamos iniciando mais um período eleitoral, momento em que devemos ficar ainda mais atentos com a distribuição deliberada de boatos ou notícias falsas”, acrescenta ele. Padilha res-salta que os veículos de comunicação contam com profissionais preparados para a busca da informação, apuração de fatos e elaboração de conteúdo jornalístico de qualidade.

Há quem diga que vivemos na chamada “era da pós-verdade”. O termo, que se popularizou a partir de 2016, com a enorme profusão de notícias falsas nas redes sociais é considerado a defini-ção de um novo tempo, em que as pessoas não acreditam mais em fatos comprovados como re-ais e apenas consomem notícias que confirmam o que elas já pensam. Acusações e alegações sem base, factual e científica, tornam-se mais comuns. Enquanto é normal aceitar a noção de que a verda-de pode ser subjetiva, a era da pós-verdade repu-dia a ciência e profissionais “experts”.

De acordo com Folet, políticos comprovada-mente desonestos e preconceituosos, que agri-dem diversos postulados de direitos humanos prescritos por organizações como a ONU, pas-sam a ser exaltados neste ambiente. “A era da pós ”-verdade seria um período em que não adiantaria trazer informações aceitas como verdades pelos mais diferentes entidades, órgãos e pesquisas confiáveis, pois as pessoas não estariam dispos-tas a acreditar naquilo que não concordasse com a visão de mundo delas”, explica.

“A fake news, mesmo não sendo algo novo, está sendo potencializada pelas redes sociais”. A afirmação é do jornalista, doutor em comuni-cação pela Universidade Federal de Rio Grande do Sul (UFRGS), Leonaro Folet. Ele acrescenta que notícia falsa existe desde que o jornalismo se institucionalizou, no século 19. O pesquisador em comunicação, cultura e tecnologia atribui a potencialização das fake news nas redes so-ciais a dois fatores. O primeiro é resultado de um paradoxo: ao mesmo tempo em que a internet possibilitou a multiplicidade de pontos de vista sobre os fatos, também proporcionou a produ-ção de sites a baixo custo e a criação de portais que graficamente remetem a de um jornal, mas reúnem informações de outros lugares, distor-cem ao seu modo e divulgam como conteúdo jornalístico.

O segundo fator são a “bolhas” criadas nas redes sociais, que, baseadas nos perfis, só mos-tram conteúdos de pontos de vista similares ao do usuário. “Aliado a esses dois fatores está o fato de que não somos educados a lidar com muitas informações e verificar a veracidade do que compartilhamos, costumamos acreditar na-quilo que confirma o que pensamos. Como o mundo se tornando cada vez mais digital, está

As “fake news”, inglês para notícias falsas, são consideradas um dos maiores males da atu-alidade. De acordo com uma pesquisa realiza-da pelo Massachussetts Institute of Technology (MIT), o compartilhamento de notícias falsas é 70% maior do que informações verídicas. O es-tudo analisou mensagens do Twitter do período de 2010 até 2017. Recentemente, o Facebook lançou no Brasil um programa de verificação de notícias em parceria com duas agências nacio-nais de checagem de fatos, a “Aos Fatos” e a Agência Lupa.

A ação da empresa foi motivada por inves-tigações que apontaram o papel crucial de no-tícias falsas publicadas na rede social para o resultado das eleições norte-americanas, em

Associação Gaúcha de Rádio e Televisão em campanha contra “notícias falsas”

Fake News

Compartilhamento de notícias falsas é70% maior do que informações verídicas

2016. No Brasil, correntes espalhadas pelo Facebook e também virilizadas no WhatsApp são cada vez mais comuns. Um caso notório recente foi o compartilhamento de um post pu-blicado pelo Movimento Brasil Livre (MBL), que acusava o Facebook de contratar “agências esquerdistas” para decidir quais notícias são “fake news” no novo sistema da empresa. A publicação teve mais de cinco mil compartilha-mentos. Ao contrário do propagado, as duas agências constituídas por jornalistas indepen-dentes foram escolhidas por fazerem parte da rede internacional de checagem de dados, International Fact-Checking Network (IFCN), e não por filiação partidária ou posicionamento ideológico.

A origem das fake newsfeito o cenário da onipresença das notícias fal-sas que vimos hoje”, completa o jornalista.

Folet afirma que a eleição de Trump nos Estados Unidos e a quantidade de notícias comprovadamente falsas ligando a falecida ve-readora carioca Marielle Franco ao tráfico de drogas são exemplos de como a disseminação de conteúdo mentiroso pode causar danos à sociedade e à política. O pesquisador ressalta que existe uma batalha sendo travada. “De um lado, diversas agências jornalísticas de checa-gem de informações têm surgido para por em prática processos confiáveis de verificação de informação. De outro, estão grupos ligados ao espectro político que querem convencer a todo custo seus eleitores de que são melhores do que os seus adversários, mesmo que para isso se use e abuse de notícias não checadas, de-clarações inventadas e eventos que não acon-teceram”. Entre esses grupos ele destaca o Movimento Brasil Livre (MBL). De acordo com um levantamento realizado pela Associação dos Especialistas em Políticas Públicas de São Paulo (AEPPSP), os canais Jornal Livre e Ce-ticismo Político, ligados ao MBL, são os sites de notícias que mais disseminam informações falsas na internet.

Era da “pós-verdade”

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Mosaico | Jornal Integração da Serra | Junho 2018 | 11

O Conselho de Comunicação So-cial (CCS) do Senado Federal realizou, no dia 21 de março, um debate sobre “fake news” e eleições 2018 em plená-rio.

Segundo o ministro do Tribunal Su-perior Eleitoral (TSE), Tarcísio Vieira, participante da reunião, a propagação de notícias falsas é um dos três prin-cipais desafios da Justiça Eleitoral nas Eleições de 2018. O secretário-geral da Presidência do TSE, Carlos Eduardo Frazão, afirmou que o TSE estabele-ceu Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições com o objetivo de debater a adoção de instrumentos para ame-nizar os efeitos da divulgação destes boatos. Já o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Te-levisão (Abert), Paulo Tonet Camargo, defendeu a responsabilização criminal e civil para agentes disseminadores de notícias falsas.

Atualmente, existem 20 projetos de lei, 19 na Câmara e um no Senado, em análise para tratar do tema. Com pena-lidades que variam de multas a partir de R$ 1.500 a até oito anos de reclusão para quem disseminar conteúdo falso. Apesar disso, algumas justificativas das propostas, ironicamente, contêm informações falsas. Foi o apontado

Ações de combate às fake newspelo LAB Fake, laboratório de expe-rimentação em jornalismo desenvolvi-do na Casa Pública, também sede da Agência Pública.

Sem nenhum projeto aprovado, algumas empresas de jornalismo re-alizam ações e campanhas de com-bate às fake News, como é o caso da Agência Pública.

Como mencionado, recentemen-te o Facebook implantou novo siste-ma de combate à disseminação de notícias falsas no Brasil. No projeto, as agências de checagem de fatos parceiras da empresa terão acesso às denúncias de notícias falsas fei-tas pela comunidade e avaliarão a veracidade das informações. Se con-firmada a falsidade, o conteúdo terá a distribuição orgânica diminuída de maneira significativa na linha do tem-po dos usuários - ou seja, irá apare-cer menos. Além disso, páginas res-ponsáveis por compartilhar conteúdo comprovadamente falso mais de uma vez serão penalizadas com diminui-ção do alcance de suas publicações.

O programa também irá notificar pessoas e administradores de pági-nas que tentarem compartilhar o con-teúdo falso sobre o diagnóstico das agências sobre este material.

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Começa em Bento Gonçalves a exposição “QeQeuCoso: aura de benzedeira”, que se propõe a res-gatar o valor de cada benzedeira do município de Alegrete. De autoria de Pedro do Amaral, as fotografias dire-cionam nosso olhar para o cuidado e beleza no papel desempenhado por essas mulheres. A exposição acon-tece no Sesc Bento Gonçalves, loca-lizado na rua General Cândido Cos-ta, 88, e segue até 30 de junho. Com entrada gratuita, a mostra é aberta

BrunaBello

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Você sabe o que é um café especial?

Rua Doutor Agnaldo da Silva Leal, 187

Bento Gonçalves

Fone|WhatsApp 54 99174.3555

@ovelhacaféliterárioPinterest

Pedro Amaral

ara alguns, café é apenas aquele que nos abas-tece pela manhã para seguirmos nossa rotina.

Para outros, café é pura cultura, e cada diferença importa sim no resultado final. Mas, afinal, porque especial? Os termos café tradicional, superior, es-pecial, entre outros, são termos usados principal-mente para definir o nível de qualidade de cada grão e, assim, estabelecer um valor de compra e venda do mesmo.

De acordo com a Metodologia de Avaliação Sensorial da SCA (Specialty Coffee Association), usada no mundo todo, Café Especial é todo aque-le que atinge, no mínimo, 80 pontos na escala de pontuação da metodologia (que vai até 100), sendo avaliadas propriedades como aroma, uniformidade, doçura própria, sabor, corpo, acidez, entre outras.

Os atributos da qualidade do café cobrem uma ampla gama de conceitos que vão desde caracte-rísticas físicas do grão como origem, variedade, cor e tamanho, até preocupações de ordem ambiental e social, como os sistemas de produção e as con-dições de trabalho da mão de obra cafeeira. Para tornar essa avaliação mais prática, notas são atribu-ídas aos lotes provados através do cupping.

Assim como o vinho e a cerveja, o café também pode ser apreciado por suas características senso-riais. Além de processos diferenciados do plantio,

existe uma grande variedade de espécies de cafe-eiros.

Por ser um mercado novo, a produção e a deman-da por cafés especiais começou a ganhar expressão nos últimos 15 anos, alcançando números notáveis de venda e aceitação. Para se ter uma ideia, esse segmento representa hoje cerca de 12% do mercado internacional da bebida.

Cafés especiais de diferentes variedades você pode encontrar no Ovelha Café Literário. Durante este mês, os cafés destaques são: Acaia Cereja Des-cascado, Mundo Novo e Acaia Natural.

O Ovelha abre de terça a sexta, das 12 às 20 ho-ras, sábado das 12 às 19h30min e domingos e feria-dos das 14h30min às 19h30min.

BenzedeirasMostra “QeqeuCoso: aura de benzedeira” busca resgatar importância de benzedeiras do pampa gaúcho

à visitação todos os dias, das 8h às 21h.

Entre todas as figuras míticas do pampa gaúcho, a imagem da benze-deira está entre uma das mais tradi-cionais. Contudo, diante de filtros e enquadramentos na hora de contar as histórias da região, ela ficou de lado na construção de um ideário tra-dicional. A exposição “QeQeuCoso: aura de benzedeira” procura chamar atenção para essa questão e valori-zar a figura dessas mulheres.

Sobre o artistaGraduado em Le-

tras, Pedro do Amaral possui Mestrado em Ensino de Línguas. Amaral é um analista de discurso. Por isso, trabalha e pensa a fo-tografia documental como uma das mais belas formas mate-riais do tema.