contrariando a estatÍstica: a histÓria de … ii coninter/artigos/851.pdf · 3 juno é a...

14
II CONINTER Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013 CONTRARIANDO A ESTATÍSTICA: A HISTÓRIA DE MARGARIDA E A OUTRA FASE DA SÍNDROME DE JUNO 1 MESTRE, SIMONE Acadêmica de Ciências Sociais - Universidade Federal de Rondônia Rua da Amizade, Vila Candelária, Bairro Triangulo, n.º05. Porto Velho RO, CEP: 78900-000 [email protected] RESUMO O presente artigo propõe uma reflexão a cerca do estudo sobre a experiência materna em plena adolescência, com foco no ambiente escolar, através da abordagem da história de Margarida 2 . Uma adolescente que se tornou mãe aos 16 anos igual à Juno 3 e centenas de adolescentes grávidas por ano no Brasil, que assim como Margarida precisam encarar um labirinto de desafios, preconceitos e escolhas, resultantes da maternidade na fase escolar. Uma vez, que à luz do conceito bourdiano de habitus” é possível perceber o quanto as instituições educacionais não estão preparado para a inclusão de alunas mães, utilizando-se do que Bourdieu definiu como “causalidade do provável” para eximir-se de sua função institucional de inclusão. O termo Síndrome de Juno é utilizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA para retratar a situação da gravidez na adolescência no Brasil. A pesquisa foi desenvolvida durante o terceiro estágio de práticas de ensino de sociologia em uma escola localizada na periferia de Porto Velho. PALAVRAS-CHAVE: Gravidez na adolescência, maternidade e escola. 1 Síndrome de Juno: Gravidez, Juventude e Políticas Públicas, constituem-se o título de um dos capítulos do Livro Juventude e Políticas Sociais no Brasil do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). 2 Nome fictício para preservar a identidade da adolescente. 3 Juno é a personagem principal do filme com o mesmo título do seu nome, que aborda de forma peculiar problemática gravidez na adolescência a partir de um enfoque não tradicional.

Upload: trinhtuong

Post on 18-Jan-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades

Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013

CONTRARIANDO A ESTATÍSTICA: A HISTÓRIA DE MARGARIDA E

A OUTRA FASE DA SÍNDROME DE JUNO1

MESTRE, SIMONE

Acadêmica de Ciências Sociais - Universidade Federal de Rondônia

Rua da Amizade, Vila Candelária, Bairro Triangulo, n.º05. Porto Velho – RO, CEP: 78900-000

[email protected]

RESUMO O presente artigo propõe uma reflexão a cerca do estudo sobre a experiência materna em plena adolescência, com foco no ambiente escolar, através da abordagem da história de Margarida

2. Uma

adolescente que se tornou mãe aos 16 anos igual à Juno3 e centenas de adolescentes grávidas por

ano no Brasil, que assim como Margarida precisam encarar um labirinto de desafios, preconceitos e escolhas, resultantes da maternidade na fase escolar. Uma vez, que à luz do conceito bourdiano de “habitus” é possível perceber o quanto as instituições educacionais não estão preparado para a inclusão de alunas mães, utilizando-se do que Bourdieu definiu como “causalidade do provável” para eximir-se de sua função institucional de inclusão. O termo Síndrome de Juno é utilizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA para retratar a situação da gravidez na adolescência no Brasil. A pesquisa foi desenvolvida durante o terceiro estágio de práticas de ensino de sociologia em uma escola localizada na periferia de Porto Velho. PALAVRAS-CHAVE: Gravidez na adolescência, maternidade e escola.

1 Síndrome de Juno: Gravidez, Juventude e Políticas Públicas, constituem-se o título de um dos capítulos do

Livro Juventude e Políticas Sociais no Brasil do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). 2 Nome fictício para preservar a identidade da adolescente.

3 Juno é a personagem principal do filme com o mesmo título do seu nome, que aborda de forma peculiar

problemática gravidez na adolescência a partir de um enfoque não tradicional.

II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades

Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013

INTRODUÇÃO

Este artigo tem como finalidade apresentar algumas considerações em torno dos debates

sobre a maternidade na adolescência e no ambiente escolar, a partir de uma abordagem

qualitativa, produzida através do estudo de caso de Margarida.

Todos os nomes próprios mencionados neste artigo são fictícios, assim como não haverá

identificação do nome da escola, para garantir o sigilo e anonimato das participantes,

respeitando os preceitos do estatuto da criança e do adolescente e das normas éticas de

pesquisa nas ciências sociais.

O nome Margarida faz referencia à flor que representa os elementos de juventude,

sensibilidade, delicadeza, pureza e afeto, que são tidos como características inegáveis da

fase da adolescência.

O estudo foi desenvolvido durante o estágio supervisionado em prática de ensino de

sociologia III, realizado em uma escola pública localizada na zona leste da cidade de Porto

Velho no estado de Rondônia, com carga horária de oitenta (80) horas no ambiente escolar.

Estágio supervisionado em prática de ensino de sociologia é dividido I, II e III. Sendo

componentes curriculares obrigatórios para obtenção da licenciatura plena em ciências

sociais, os três totalizam quatrocentas (400) horas, sendo que destas, cento e noventa e

dois(192) horas são destinadas a atuação direta na escola, através da intervenção

pedagógica em sala de aula, observação da escola, alunos e professor tutor.

O plano de estágio previa como avaliação do mesmo, a elaboração e apresentação de um

Estudo de Caso sobre uma temática escolar, que despertasse o interesse do estagiário,

permitindo que este estabelecesse relações entre a prática e a teoria.

Neste exercício onde a escola seria nosso laboratório social, sendo qualquer fenômeno

social possível de ser estudado, chamou minha atenção o número expressivo de alunas

adolescentes que já eram mães, influenciando na minha escolha na hora de definir como

objeto de estudo a maternidade na adolescência e na escola.

O desenvolvimento desse estudo é norteado através dos eixos teóricos que orientam os

debates sobre a posição da escola, como instituição negligente, que contribui para

perpetuação das desigualdades sociais, à luz dos conceitos bourdianos e das estatísticas e

impressões sobre gravidez na adolescência no Brasil.

PERCURSO METODOLÓGICO

II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades

Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013

O percurso metodológico foi orientado pela abordagem qualitativa, através da adoção do

método de estudo de caso, onde o objeto estudado é maternidade na adolescência e na

escola a partir do caso de Margarida.

Segundo Chizzote o estudo de caso, consiste no “Estudo que envolve a coleta sistemática

de informações sobre uma pessoa particular, uma família, um evento, uma atividade ou

ainda, um conjunto de relações ou processo social para melhor conhecer como são ou como

operam em um contexto real”. (2006, p. 135).

A definição do caso deve possibilitar a compreensão de um conjunto de informações

coletados durante a pesquisa, partindo de sua generalidade os resultados da análise Hamel

(1993). Tanto que segundo Chizzote “o estudo de caso não significa uma leitura única da

realidade, supõe que pode haver uma diversidade de percepções”. (2006, p. 141).

Antes de iniciar a coleta de dados foi realizado a seleção e estudo do referencial

bibliográfico, que norteou os passos da pesquisa e auxiliou no planejamento, e nas escolhas

das técnicas de coletas de dados, considerando as seguintes variantes: precisão e

aplicabilidade das técnicas, a aproximação com as participantes, estrutura disponível e o

tempo destinado a pesquisa.

Considerando as variantes acima, selecionamos as seguintes técnicas de coleta de dados: a

observação, entrevista aberta, diálogos em grupo, uma vez, que mesmo focando o estudo

no caso de Margarida, participaram da pesquisa outras meninas que eram amigas próximas

ou estavam na mesma situação de Margarida na escola.

A coleta de dados foi realizada durante os meses de março e abril, a observação aconteceu

dentro da escola, abrangendo a dinâmica funcional e os diversos ambientes, como: sala do

professor, sala de aula, pátio, recreio, movimento de entrada e saída dos alunos, reuniões.

As entrevistas individuais assim como os diálogos em grupo foram realizadas em ambiente

externo, como residência e praças para garantir maior conforto e privacidade de ambas às

partes (participante e pesquisadora).

A definição do objeto deste estudo de caso se deu através da observação diária da dinâmica

da escola, onde frequentemente era possível presenciar situações inesperadas sendo

protagonizas por adolescentes ou mães.

Como por exemplo, chegar atrasada porque estava deixando o filho na creche, faltar nas

aulas porque tinha acompanhamento do pré-natal, presença de alunas com filhos no colo,

desistência e outros.

Presenciando essas situações no contexto escolar, percebi o quanto é importante para

professor, especialmente os professores de Sociologia, atuarem dentro da escola também

como pesquisadores. Uma vez que a contribuição das ciências sociais para o avanço do

II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades

Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013

conhecimento se concentra em identificar os problemas emergentes da sociedade (GOHN,

2006)4.

FLORINDO: A HISTÓRIA DE MARGARIDA.

No quarto dia de observação do estágio, ao entrar na turma do terceiro ano do ensino

médio, chamou minha atenção a cena de uma aluna em particular, ela segurava um bebê de

três meses enquanto escrevia e prestava atenção na aula.

Não é comum de presenciar em escolas cujo ensino é regular a presença de mães com

seus filhos. Mesmo com os casos de alunas grávidas na escola, geralmente depois do parto

a adolescente passa por um processo de distanciamento do ambiente escolar.

Geralmente temos a concepção que a gravidez na adolescência é um dos fatores que

influenciam a evasão escolar, principalmente de meninas. Na minha visão essa concepção

foi alterada, a partir daquele momento enternecedor, onde presenciei a forma como aquela

menina tímida e aparentemente frágil, executava simultaneamente o papel de mãe e de

aluna em sala de aula.

Para Oliveira (2008, p. 98) “gravidez na adolescência, em grande medida, é responsável

pela interrupção dos estudos, mas isso não elimina os projetos de retorno à escola, que são

combinados, não sem tensões, com as novas exigências”.

Entre essas exigências, atenção integral à criança, e era impressionante o desdobramento

da aluna com os cuidados com a filha, ela carregava no braço esquerdo seu bebê,

balançando a perna para tentar acalentar o filho, ao mesmo tempo, que registrava em seu

caderno o conteúdo da aula e respondia a chamada.

Curiosa com a situação, perguntei sobre a aluna e o bebê para a professora tutora, que

informou que se tratava de uma gravidez e maternidade solitárias, onde o pai do bebê não

ajudava e que nenhum familiar tinha condições de ajudar a cuidar da criança no horário da

aula.

Naquele momento, decidi que seria sobre a história dessa aluna que iria escrever, sendo o

caso dela, uma narrativa de contrapontos a realidade de outras meninas na mesma

situação, porque ela encarava a maternidade e os estudos simultaneamente, ela fez a

escolha de permanecer estudando.

É possível através das histórias de vida dos alunos, compreender as complexidades e as

problemáticas em torno da escola, para Bourdieu (1996, p. 183) “uma vida é

4 Trecho do discurso de abertura da 30º Reunião Anual Associação de Pós-graduação e Pesquisa em Ciências

Sociais (ANPOCS) .

II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades

Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013

inseparavelmente o conjunto dos acontecimentos de uma existência individual concebida

como uma história e o relato dessa história”.

Ao buscar aproximação tanto com a Margarida como também com outras alunas, no inicio

sentir que elas tinham a impressão, que eu representava alguma instituição religiosa, pois

as primeiras perguntas que elas faziam eram: “É sermão? Se for não estou a fim” ou “você é

da igreja?”.

Margarida demonstrou tranquilidade ao conversar comigo, porém fiquei preocupada com

uma fala dela que dizia: “já estou acostumada, todo mundo na escola fala disso, fica com

pena”. Essa afirmação demonstra que de certa maneira existe uma exposição da vida

pessoal de Margarida dentro da escola, gerada por comentários dos colegas e profissionais

da escola cerca da presença dela com a filha em sala de aula.

Margarida é uma adolescente de 15 anos, que nunca reprovou e sempre apresentou bom

comportamento e desempenho dentro da escola, cursa regulamente o terceiro ano, é

possivelmente concluirá o ensino médio ainda neste ano.

Em 2012, Margarida engravidou do seu namorado, que tinha 28 anos, o relacionamento

deles tinha aproximadamente quatro meses, mas depois que ele souber da gravidez, elas

acabaram terminando o relacionamento.

Durante a gravidez Margarida continuou estudando e conciliando os deveres do pré-natal

com as atividades escolares, frequentando regulamente as aulas e foi aprovada e passou

para o terceiro ano do ensino médio, a série que frequenta neste momento.

Segundo Margarida o fato do nascimento de sua filha ter sido em dezembro de 2012 ajudou

muito, pois ela não precisou solicitar avaliação especial e pode repousar depois do parto,

sem precisa se preocupar com a escola, pois neste período, encontrava-se de férias

escolares.

Sobre sua rotina diária, ela relatou que cuidava da criança sozinha, não tem pai, a mãe não

pode ajudar, pois trabalhar o dia inteiro. Quanto ao pai da sua filha, ele não contribui na

divisão dos cuidados com a criança, visita à filha com pouca frequência, ele pagar a pensão,

no entanto, segundo Margarida para pagar pensão, ela e sua mãe ameaçaram de entrar na

justiça contra ele por três vezes.

Na hora de namorar, ele estava todo dia na frente da escola, me esperando, ele dizia que era apaixonado. Depois da gravidez, ao invés de assumir ele fez foi sumir (...) para pagar essa merreca pra nenê, eu e a mãe tivemos que ir lá, bater na porta da casa dele três vezes. O que mais me deixa triste é que ele nem olha pra nenê. (Margarida).

A fala de Margarida demonstra o quanto neste caso, a figura do pai é omisso nas suas

responsabilidades patenas, tanto efetivas como financeiras. Sabemos que historicamente a

II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades

Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013

paternidade tem contribuindo para reforçar o status social de masculinidade, atribuindo à

figura paterna o papel de provedor financeiro, representado pela expectativa do sujeito em

“assumir” seu papel através do apoio financeiro, uma vez que segundo Costa (2002, p. 345)

“sustento dos filhos continuam sendo tomados como prerrogativas normativas masculinas”.

A figura paterna na vida de Margarida é conflitante, uma vez que ela não chegou a conhecer

o próprio pai, e a relação com pai de sua filha resume-se em recebimento do pagamento da

pensão e algumas visitas. A história dela é a repetição da história da mãe, como ela narra:

Outro dia a mãe disse que eu deveria agradecer a Deus, porque pelo menos o pai da nenê registrou ela no cartório, pois meu pai dizia que eu nem era filha dele e sumiu no mundo. Minha história é o replay da história dela. (Margarida). Grito meu

Margarida é filha única, mora apenas com sua mãe que trabalha como doméstica com

carteira assinada, cumprindo 48 horas semanais, trabalha de segunda a sábado, a renda

mensal da família de Margarida junto com a pensão, gira em torno de um salário mínimo e

meio.

A mãe de Margarida é responsável pelo sustento de toda a família, arcando com as

despensas básicas da casa, como o aluguel da casa, alimentação, luz, água e materiais de

higiene, enquanto fica a cargo de Margarida as tarefas domesticas e os cuidados com a

filha.

Margarida como sua mãe, procuraram auxilio no CREAS – Centro de Referência

Especializado de Assistência Social, e estão aguardando retorno da equipe do centro, o que

não aconteceu até a realização da pesquisa. Alguns gastos são inviáveis para o orçamento

domestico da família, como por exemplo: o pagamento da creche e a custo da passagem de

ônibus para de Margarida ir à escola.

Margarida mora cerca de cinco quilômetros da escola onde ela estuda. Todo dia, ela faz

esse trajeto de ida e volta caminhando e carregando a filha em um macaquinho5 na parte da

frente do corpo, enquanto nas costas, ela carrega sua mochila com material escolar e o

material de cuidados e higiene pessoa do bebê.

Além disso, ela também carrega um guarda chuva para protege do sol, principalmente no

horário da tarde, onde em Porto Velho, pode chegar a 40ºC, variando 25 ºC a 40ºC durante

todo ano, mesmo no tempo das chuvas.

Quando chove Margarida precisa esperar a chuva passar para continuar seu trajeto, o que

muitas vezes atrasa mais de uma hora sua chegada à escola ou seu retorno para casa, ou

5 Suporte de tecido com alças, colocado na parte da frente que facilita carregar um bebê.

II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades

Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013

seja, independente do sol ou da chuva, Margarida sempre enfrenta obstáculos no trajeto de

ida e volta da escola.

Os obstáculos continuam ao entrar na escola, mesmo tendo a disposição o suporte do bebê

conforto, que é utilizado para colocar sua filha quando dorme, enquanto Margarida participa

das aulas, ela enfrenta problemas estruturais da escola, para garantir o os cuidados

essenciais de higiene uma criança.

“Às vezes a central de ar quebra e fica muito quente na sala e não tenho como ficar com a nenê lá, é muito quente, também não tem um local adequado para trocar a ela, é tudo muito difícil, tenho que contar com a ajudar das minhas amigas”.

Esses são alguns dos problemas enfrentados por Margarida, teria essa jovem uma chance

de continuar seus estudos, sem submetesse a leva a filha durante as aulas a um local sem

estrutura? Quais são as outras opções de Margarida?

Uma creche pública é totalmente inviável, as creches públicas que existem em Porto Velho

são insuficientes atender a uma demanda mínima, além disso, nenhuma delas aceita

crianças abaixo de um ano. Uma creche particular é impossível, pois Margarida e sua mãe

como foi relatando anteriormente não dispõem de recursos financeiros para o custei desse

tipo de despesa, e elas não contam com ajuda de parentes ou com a família do pai da

criança.

Quando indagada sobre ser como é ser mãe tão jovem. Margarida descreveu que ser mãe

é como consolidar um sonho, uma condição necessária para passagem de menina para

mulher:

“Eu sempre quis ser mãe, agora virei mulher de verdade, sei o que minha

mãe sente por mim, elas são as coisas que eu mais amo no mundo”

(Margarida).

Nesse contexto a maternidade para Margarina relaciona-se com a aquisição de um status

social, no imaginário social a gravidez apresenta-se como um rito de passagem da posição

de menina para posição de mulher, conferindo-lhes status de adultas. “nesses meios, a

família ocupa posição central, enquanto a escolaridade e o trabalho tomam posições

periféricas” (OLIVEIRA, 2008, p. 98).

Não sabemos ao certo se Margarida irá concluir o terceiro ano do ensino médio, ela não

tem nenhuma expectativa para depois de concluir o ensino Médio. Quando a questionei

sobre os planos do futuro, ela respondeu: “vamos ver se eu vou ter pique”. O futuro de

Margarida ainda é incerto e no presente é tudo muito novo e difícil, a menina de 16 anos,

agora precisa encara a vida com responsabilidade de adulto.

II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades

Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013

Posição da instituição escolar

A escola é um espaço predominantemente político, com possibilidades de reproduzir tantos

as relações de desigualdade como de igualdade social que modela as relações dos

indivíduos através da distribuição do poder, definido através da posição e do papel do

sujeito neste ambiente.

Essas implicações e status produzidos no ambiente escolar, para a família significam

reflexos diretos no futuro de seus filhos, pois os sujeitos que ocupam um espaço ou uma

posição privilegiado segundo Bourdieu tendem a repassar essas posições e espaços aos

filhos, através da herança familiar desigual.

Esse processo de herança familiar desigual e descrito por Nogueira como o espaço onde

“Cada indivíduo é caracterizado, pelo autor, em termos de uma bagagem socialmente

herdada. Essa bagagem inclui, por um lado, certos componentes objetivos, externos ao

indivíduo, e que podem ser posto a serviço do sucesso escolar”. (2006, p. 59).

Trazendo os argumentos acima, para analise da realidade do problema apresentando neste

artigo, Margarida anteriormente em seu depoimento (página 05) utilizou a palavra “replay”

para expressar as semelhanças entre sua historia e a da mãe.

Diante disso, podemos afirmar que a educação cumprir seu dever legal de “abrange os

processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no

trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da

sociedade civil e nas manifestações culturais” (BRASIL, 2009).

Diante da desvalorização profissional dos professores e da precarização das formas de

trabalho na educação, o estado contribui para manter através das instituições escolares os

argumentos legitimadores de sua conivência com o descaso político institucional, frente à

situação das adolescentes grávidas e mães.

Ou seja, a instituição continua reproduzindo os discursos de desvalorização simbólica que

desqualificam a adolescente mãe, como uma professora durante o repouso na sala dos

professores afirmou “a escola forneceu informações, na mídia encontramos informações, no

posto de saúde são fornecidos preservativos, mas mesmo assim essas meninas continuam

engravidando”.

Através dessa narrativa, percebemos o quanto é atribuído somente a figura feminina da

adolescente a responsabilidade pela gravidez. Em nenhum momento é questionado a

causa das adolescentes continuarem engravidando, mesmo com tantos programas

informativos, como cartazes, palestras, cursos ou campanhas publicitárias.

II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades

Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013

No caso de Margarida, sabemos que escola não se preocupou em fazer o mínimo

estabelecido na Lei nº 6.202 (LDB, 2009), segundo Margarida, ela não foi informada que

existia uma lei que garantia a ela no oitavo mês de gestação um regime de exercícios

domiciliares.

Tanto nos discursos como nas práticas, do corpo técnico e dos professores, identifiquei

certo distanciamento em relação ao caso das alunas que são mães, muitas vezes, esses

profissionais demonstravam maior preocupação com a possibilidade de complicações

referentes à saúde das alunas gestante dentro da instituição do que o prejuízo educacional.

Esses discursos são socializados entre os agentes da escola, como forma, inclusive de

padronizar o comportamento profissional diante da gravidez dentro do habitus escolar,

compreendido como “um conjunto de disposições psíquicas, duráveis e transponíveis, que

foram estruturadas socialmente e funcionam como princípios de estruturação das práticas e

das representações” (Bourdieu, 1989).

A preocupação gera em torno do “risco” de responsabilização da escola, que de certa forma

já conta com a desistência das alunas grávidas, e sentem-se aliviadas, com a desistência

dessas alunas, afinal, elas são sinônimos de preocupação e problema para escola.

Neste sentindo a escola utiliza-se da causalidade do provável, que segundo Bourdieu “é o

resultado dessa espécie entre o habitus, cujas antecipações práticas repousam sobre toda a

experiência anterior e as significações prováveis” (p. 111, 1989) para legitimar sua

negligencia com essas adolescentes.

O habitus da escolar não é preparado para receber alunas como Margarida, até mesmo

porque “Ela (a escola) é concebida por Bourdieu como uma instituição a serviço de

reprodução e da legitimação da dominação exercida pelas classes dominantes”.

(NOGUEIRA, 2006, p. 83).

O caso de Margarida ajuda a compreender esse contexto de exclusão da escola, em

nenhum momento ela recebeu ajuda da escola, a permanência de sua filha em sala de aula,

foi condicionada ao compromisso de Margarida de não deixar a criança atrapalhar a aula

para não prejudicar os demais alunos.

Fato que demonstra o quanto a instituição de ensino não se preocupa com o futuro escolar

da adolescente e utilizar-se dos argumentos da maioria para reafirmar seu compromisso na

perpetuação da reprodução de desigualdades.

Contrariando as estatísticas

Existe hoje um acesso inegável as informações sobre os métodos de contracepção nas

áreas urbanas do País, através de campanhas, palestras, cartilhas e folders direcionados ao

II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades

Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013

público jovem, na contramão disso, o acesso aos métodos de contracepção não são tão

viáveis ou de fácil acesso.

No olhar da adolescente, a burocracia exigida em algumas unidades os nos centros de

saúde como forma de controle da distribuição, torna-se uma barreira na hora de acessar os

contraceptivos, uma vez, que na maioria das vezes que o adolescente pretender manter em

segredo sua vida sexual.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e estatística - IBGE a cada cinco partos

realizados no Brasil, um é de uma adolescente. E bom enfatizar que conforme estabelece o

artigo 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA considera-se adolescente a

pessoa entre doze e dezoito anos.

O Percentual de nascimento de filhos de adolescente corresponde a 20% dos nascimentos

registrados no Brasil, estima-se que por ano chegam a nascer mais de meio milhão de

bebês de adolescentes. Ainda segundo a pesquisa do IBGE 44,2% das adolescentes entre

15 e 18 anos com filhos possuem uma renda per capita de meio salário mínimo por família.

Na análise do PNAD 2005 resultante da pesquisa sobre Situação Educacional dos Jovens

Brasileiros na Faixa etária de 15 a 17 anos, o estudo aponta que existe uma relação estreita

entre a gravidez na adolescência e o abandono escolar:

O grupo que não freqüenta a escola, observa-se com espanto que 28,8% das jovens de 15 a 17 anos já são mães, o que indica claramente que o fenômeno da gravidez na adolescência está associado ao abandono da escola, principalmente quando aliado à baixa condição socioeconômica. (SAMPAIO, 2009, p.12).

Esse dado reforça a ideia presente no imaginário social sobre o caminho entre a gravidez

na adolescência e permanência na escola. Uma vez, que é constituindo como um caminho

quase certo, a adolescente grávida ou mãe renunciar aos estudos durante um longo ou

curto período para dedicar-se aos cuidados com o filho (a).

É importante frisa, que a dedicação e os cuidados com o filho não são os único

responsáveis pelo abandono escolar da adolescente mãe. Muitas vezes, os motivos da

desistência escolar estão ligados à estrutura e a cultura da própria instituição escolar, que

não é preparada para receber, atender e acompanhar essa adolescente um nesta fase

peculiar, que é a maternidade.

E mesmo diante de dados quantitativos que apresentam a maternidade na adolescência

como uma doença social, que leva a interrupção da vida escolar, Margarida desafiou o papel

tradicional da escola, ao contraria todas as estatísticas e perspectivas sociais.

A outra fase da síndrome de Juno

II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades

Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013

Em abril de 2008 o Instituto De Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou o texto para

discussão nº 1335 com o titulo Juventude E Políticas Sociais No Brasil, organizados por

Jorge Abrahão de castro e Luseni Aquino.

O objetivo da publicação é divulgar resultados de estudos desenvolvidos pelo Ipea para

auxiliar os debates e as construções das proposta em torno da primeira Conferencia

Nacional De Politicas Púbicas Para Juventude.

A publicação aborda no capítulo dez, a gravidez na adolescência no Brasil, cujo título é:

síndrome de Juno: gravidez, juventude e políticas públicas, a palavra Juno faz alusão ao

Filme com mesmo nome, que foi lançado no Brasil em 2008.

O Filme Juno retrata a história de uma adolescente protagonizada pela atriz Paulie Bleeker,

que aos 16 anos descobre que está grávida de seu vizinho, sentindo-se imatura e incapaz

de lidar sozinha com a maternidade, ela decide buscar uma alternativa para o problema.

Sentindo-se imatura para torna-se mãe, Juno pensa em fazer um aborto, mas acaba

descartando a possibilidade, por pressão de amigas religiosas. E acaba decidindo então,

procurar um casal e entregar o bebê para adoção, encontrando uma solução racional para

todos, uma vez, que não é preparada para ser mãe, o bebê terá um lar e o casal poderá

realizar o sonho de ter um filho.

Abordado de forma não tradicional, o filme contextualiza a história da menina que

demonstra-se “decidida” frente ao problema de busca uma solução para sua gravidez não

desejada, assim, a personagem Juno é construída fora dos padrões esperados por uma

adolescente nesta situação, principalmente no Brasil, pois a posição de Juno vai ao

encontro do que muitas meninas pensam em fazer nessa situação e acabam desistindo por

receio do julgamento social.

A síndrome de Juno é um conjunto de características presentes na gravidez na

adolescência, que trazem uma série de implicações educacionais, sociais, físicas, familiares,

psicológicas e econômicas que acabam limitando ou adiando as chances das adolescentes

desenvolverem ou engajarem-se socialmente na escola, universidade e no trabalho.

Muitas vezes as implicações que limitam a atuação de uma adolescente gravida ou mãe,

estão ligadas aos preconceitos e estereótipos que configuram as categorias sociais de

gênero, onde é tomado como privilegiado as referências ocidentais modernas da

construção social dos gêneros (Machado, 2004: 46).

A expressão popular “Quem pariu Mateus que balance” é uma representação típica de

como sociedade atribui à mulher a responsabilização social pela criação do filho, agregando

a uma categoria de gênero, uma vez, que o parto é uma manifestação corporal exclusiva de

mulheres grávidas.

II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades

Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013

Neste sentindo, podemos perceber o quanto a sociedade ver na gravidez, o principal fator responsável pelo fracasso futuro da adolescente, isolando outros fatores, como por exemplo, a própria forma de rotular a gravidez e a maternidade na adolescência como problema social.

Abordar a questão da gravidez na adolescência, fenômeno que vem preocupando governo e sociedade, requer uma análise cuidadosa e criteriosa, uma vez que muitas das percepções e informações difundidas encontram-se assentadas mais em preconceitos do que em fatos. De um lado, a percepção de que meninas cada vez mais jovens interrompem suas trajetórias escolar e profissional para se dedicarem a um filho é bastante difundida e tende a vir acompanhada pela afirmativa de que a gravidez na adolescência é um retrocesso, um atraso. (IPEA, 2008).

Observando o caso da adolescente Margarida, podemos perceber que mesmo com o

esforço dela para permanece em sala de aula, ela não consegue visualizar seu futuro.

Quando questionada, por exemplo, sobre o que iria fazer depois da conclusão do ensino

médio, ela responde: “vamos ver se eu vou ter pique”. (como mencionados anteriormente).

E necessário repensar as formas de encarar as características dessa “síndrome de Juno”,

buscando promover o empoderamento social dessas adolescentes, junto com seus

parceiros e familiares, e não apenas reforçando às estatísticas pessimistas da gravidez na

adolescência.

Considerações finais

As centenas de estórias parecidas com caso de Margarida ambientadas no

cenário escolar perpassam pelos debates sobre educação e sexualidade, onde gênero é

colocado como uma categoria útil de análise histórica, de Joan Scott (1995).

Os discursos sobre sexualidade dentro das escolas ainda, acontecem como

ações pontuais em torno de campanhas de prevenção à gravidez indesejada e doenças

sexualmente transmissíveis, geralmente direcionados para as meninas.

Temáticas como empoderamento social, identidade sexual e preconceitos

enraizados nas relações entre homens e mulheres, não são abordados com frequência em

sala de aula, mesmo sendo o espaço escolar um caldeirão social de disseminação de

preconceitos e mitos em torno das relações de gênero.

Diferenças, distinções, desigualdades... A escola entende disso. Na verdade, a escola produz isso. Desde seus inícios, a instituição escolar exerceu uma ação distintiva. Ela se incumbiu de separar os sujeitos — tornando aqueles que nela entravam distintos dos outros, os que a ela não tinham acesso. Ela dividiu também, internamente, os que lá estavam, através de múltiplos mecanismos de classificação, ordenamento, hierarquização. (Louro 1997, p. 57):

II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades

Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013

A produção de desigualdade de gênero na escola é inserida através dos

discursos que moldam o comportamento das alunas, incentivando a preservação do corpo

e atribuindo a timidez corporal como uma conduta das boas alunas, colocando as

representações da delicadeza, passividade e disciplina como características próprias das

meninas.

A própria maternidade geralmente é ensinada na escola como uma função

divina e social da mulher, o discurso de que “uma boa filha, será uma boa mãe”, é utilizado

de forma compartilhada entre a escola e a família, reforçando criação e os cuidados com os

filhos é atribuição prioritária da mulher, mesmo quando essa não dispõem das condições

ideais, como afirma Zola.

Maternidade como vocação feminina exclusiva estão em contradição com a realidade concreta: muitas mulheres trabalham e devem assumir sua maternidade nas condições mais difíceis. A distância é imensa entre o ideal descrito e sonhado da mãe educadora, consagrada em tempo integral a suas crianças, e a vida cotidiana da mãe de origem modesta”. (1998 p.210).

O estado deve implantar efetivamente nas escolas a cultura de inclusão não apenas diante

das adolescentes grávidas e mães, mais de todos. A partir de uma perspectiva acolhedora,

integradora, transversal e inclusiva, reduzindo o impacto social de uma maternidade durante

o período escolar:

Neste contexto, dificuldades inerentes ao processo de crescimento de um filho, como a passagem da infância para a adolescência, que poderiam ser resolvidas com apoio e orientação externa, agravam-se em função da ausência de políticas públicas dirigidas às famílias, transformando-se em fantasmas causadores de desagregação familiar (CALIL, 2003, p. 150).

A partir de uma escola com as características acima, é possível oferecer aos estudantes a

possibilidade de encarar a maternidade durante a fase escola, de forma emancipatória,

independente e realista.

A vida sexual ativa dos adolescentes é inegável e até mesmo inevitável, a curiosidade e

vontade de vivenciar a experiência sexual, surgem para os adolescentes como uma

demanda biológica e social, que para eles irá acontecer independentemente dos preceitos

morais, sociais e religiosos.

Referencias bibliográfica

II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades

Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013

BRASIL. Censo demográfico 2000: fecundidade e mortalidade infantil: resultados

preliminares da amostra / IBGE. Rio de Janeiro: IBGE, 2002.

BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do

Adolescente e dá outras providências. Brasília, Diário Oficial da União, 1990.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB Lei nº 9394/96. Brasília,

2009.

BOURDIEU, Pierre. O Poder simbólico. Algés. (Portugal): Ed. Difel. 1989.

BOURDIEU, Pierre. A miséria do mundo. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1997.

BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In: AMADO, Janaina & FERREIRA, Marieta. Usos e

Abusos da História Oral. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1996.

CASTRO, Jorge. A.; AQUINO, Luseni. Aplicada: Juventude e Políticas Sociais No Brasil.

Brasília: IPEA, 2008.

COSTA(b), Rosely Gomes. Reprodução e gênero: paternidades, masculinidades e teoria da

concepção. In: Revista Estudos Feministas, 10 (2). Florianópolis: UFSC, 2002. pp. 339 –

356.

CALIL, Maria Izabel. De menino de rua à adolescente: análise sócio-histórica de um

processo de ressignificação do sujeito. In: ORZELLA, Sérgio (Org.). Adolescências

construídas: a visão da Psicologia sócio-histórica. São Paulo: Cortez Editora, 2003.

CHIZZOTTI. Antônio. Pesquisa Qualitativa em Ciências Sociais. Petrópolis. RJ. Vozes. 2006

HAMEL, J., DUFOUR, S. & FORTIN, D. (1993). Case Study Methods. Sage Publications

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade, educação: uma perspectiva pós-

estruturalista. 3 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.

MACHADO, Lia Zanotta. Masculinidades e violências: gênero e mal-estar na sociedade

contemporânea. In: Masculinidades. São Paulo: Boitempo Editorial/Santa Cruz do Sul:

EDUNISC, 2004. pp. 35 – 78.

NOGUEIRA, Maria Alice. Bourdieu & a educaçaõ. 2 ed – Belo Horizonte, Autêntica, 2006.

Oliveira, R. C. Adolescência, gravidez e maternidade: percepção de si e a relação com o

trabalho. Saúde soc, vol.17, n.4: p.98, dez 2008.

SAMPAIO, Carlos E. Moreno. Situação educacional dos Jovens Brasileiros na Faixa Etária

de 15 a 17 anos. Brasília: MEC/INEP, 2009.

SCOTT, Joan Wallach. "Gênero: UMA categoria Útil de Análise Histórica". Educação &

Realidade. Porto Alegre, vol. 20, n º 2, julho / dez. 1995.

ZOLA. E. Le bonheur dês dames, Paris: Fasquelle, 1998.