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CONTOS DE FADAS, UMA VIAGEM PELO

MUNDO DA MAGIA E ENCANTAMENTO

Eliza Vogt Rodrigues da Silva1

Telma Maciel da Silva 2

RESUMO Este trabalho é parte integrante do processo de formação continuada, através do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, desenvolvido pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná. A finalidade deste artigo é relatar a Proposta de Intervenção: ”Contos de fadas, um viagem pelo mundo da magia e encantamento”, realizada no Colégio Estadual Dr. Rebouças, Ensino Fundamental e Médio, com alunos do 6º ano B, no ensino Fundamental. A proposta contemplou em seu objetivo geral incutir nos alunos o prazer da leitura, tendo em vista os benefícios que esta pode proporcionar em meio a um processo de construção de conhecimento, através da Literatura Infantojuvenil, mais especificamente com o trabalho com contos de fadas tradicionais e reescritos, cujas histórias fantásticas encantam as crianças levando-as a construir e reconstruir significados para as histórias e para suas vidas. Uma das formas de tornar a leitura mais atrativa para os estudantes, colaborando para a formação de alunos leitores pode ser a aplicação de atividades criativas. Neste sentido, foi proposto Oficinas, trabalhando o gênero Conto de fada de maneira lúdica. Para o desenvolvimento de nossos estudos nos embasamos teoricamente nas Diretrizes Curriculares de Educação Básica do Estado do Paraná, DCEs de Língua Portuguesa, bem como em autores conceituados nos estudos de Literatura Infantojuvenil, e Leitura, tais como: COELHO (2000), BETTELHEIM (1980), ZILBERMAN (2003) ABRAMOVICH (1997), AGUIAR (1993), BAMBERGER (1986) entre outros. PALAVRAS-CHAVE: Leitura; Formação de Leitores; Contos de Fadas; Lúdico.

INTRODUÇÃO

O presente artigo é resultado de pesquisa realizada durante o curso de

formação continuada “Programa de Desenvolvimento Educacional”, oferecido pela

Secretária de Estado da Educação do Paraná, em parceira com a Universidade

Estadual de Londrina-PR o qual foi realizado em 2012 e 2013. Este curso foi

realizado em quatro períodos, de seis meses cada, no qual foram desenvolvidas

diversas atividades, que foram muito significativas, pois ajudaram a refletir sobre a

1 Professora de Língua Portuguesa e Inglesa da Rede Estadual de Educação. Graduação: Letras e Especialista em Educação Especial-DM pela FAFIJAN/Jandaia do Sul. Participante do Programa de Desenvolvimento Educacional PDE 2012. 2 Professora de Língua Portuguesa e Teoria Literária da UEL. Doutora em Letras pela Unesp/Assis.

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educação, sobre a formação do professor, socializando e ampliando conhecimentos,

na busca da melhoria do ensino.

No ano de 2012, no primeiro e segundo período do curso, os professores

cursistas puderam dedicar-se integralmente ao curso, visto que foram dispensados

100% de suas atividades de docência. Neste ano foram realizados diversos estudos

e pesquisas, elaboração de projetos e a produção didático pedagógica, que seria

aplicada posteriormente na implementação da proposta na escola, na qual o

professor PDE era lotado.

Como cada professor já havia escolhido previamente sua linha de estudo, a

opção pela Literatura, já estava definida. Pensando numa questão que seja uma

problemática na escola, vemos que o desinteresse dos alunos pela leitura é um fator

de preocupação nacional e vemos a necessidade de trabalhar a leitura de forma

prazerosa, na busca formação do aluno leitor.

Nesse sentido, nossa pesquisa foi direcionada a Literatura Infantojuvenil, mais

especificamente para o gênero Conto de fada, pois é vista por muitos especialistas

como um caminho que leva a criança desenvolver a imaginação, emoções,

sentimentos, de forma prazerosa e significativa e assim promovendo a

aprendizagem.

OBJETIVO GERAL: Incutir nos alunos o prazer da leitura, tendo em vista os

benefícios que esta pode proporcionar em meio a um processo de construção de

conhecimento.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Privilegiar a leitura de texto literário (Conto de fada), enquanto fruição, como

um meio de desenvolver o gosto e o hábito de leitura.

Incentivar primordialmente a ler por prazer.

Acrescentar ao cotidiano da criança, o lúdico na forma literária, diversificando

os meios de incentivo à leitura, através de jogos, dobraduras, sucatas e

dramatização entre outros.

Proporcionar aos alunos meios de interação com a leitura, utilizando livros e

as diversas mídias e recursos tecnológicos na construção do saber.

Analisar e comparar alguns contos de fadas antigos e modernos.

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Intensificar a contação de histórias envolvendo a comunidade escolar.

A Implementação da Proposta na escola foi realizada com alunos do 6º ano B,

durante 32 aulas, no 1° semestre do ano letivo de 2013, a qual será detalhada

posteriormente.

Acreditamos que o aluno só saberá a importância da leitura, se criar o hábito

e sentir o prazer em ler. Compreende-se que o trabalho de incentivo à leitura por

prazer precisa ser mais estimulado em sala de aula principalmente nos primeiros

anos escolares. No 6º ano, as crianças ainda estão envoltas num mundo de magia e

encantamento e o trabalho com contos de fadas será um estimulo à aprendizagem.

“É tarefa da escola possibilitar que seus alunos participem de diferentes práticas

sociais que utilizem a leitura, a escrita e a oralidade, com finalidade de inseri-los nas

diversas esferas de interações” (PARANÁ, 2008 p.48).

Assim, o trabalho com a literatura infantil é muito importante para o

desenvolvimento do ser humano. Quanto mais cedo à criança entrar em contato com

histórias, contos de fadas, com o mundo da fantasia ou imaginário, melhor será o

seu desenvolvimento e mais rápido é despertado nela o prazer pela leitura e escrita,

o que pode contribuir para torná-la uma pessoa crítica e reflexiva.

Deste modo, buscamos com este trabalho pautar a importância da literatura

infantil em sala de aula, dando enfoque aos contos de fadas tradicionais e reescritos,

cujas histórias fantásticas encantam as crianças, levando-as a construir e reconstruir

significados para as histórias. Tal processo colabora na formação das crianças, tanto

no que diz respeito à aquisição de valores, quanto na construção do aprendizado e

no despertar do interesse pela leitura de maneira intrínseca.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

CONTOS DE FADAS: UM INCENTIVO À LEITURA E À FORMAÇÃO DO LEITOR

Os contos de fadas têm origem antiguíssima, crianças e adultos de todos os

tempos se sentem presas ao encantamento ao ouvir as histórias que começam com

palavras mágicas: Era uma vez... Antigamente... Segundo Cunha (1974, p. 66),

estes contos “nasceram na alma do povo. São como se vê pela própria etimologia

da palavra ‘fada’- Fatum-o fado -, portanto, Destino do homem. Brota da concepção

mais trágica e intima da alma humana”.

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Eles representam simbolicamente os acontecimentos humanos e sociais e

reproduzem, em personagens e situações, valores que atravessam os séculos, pois

correspondem a características permanentes do ser humano.

Coelho (2000, p. 172) divide esse tipo de narrativa em contos maravilhosos e

contos de fadas. Os contos maravilhosos são originários do Oriente, principalmente

oriundos do povo árabe: “O núcleo de aventuras é sempre de natureza material,

social e sensorial (a busca de riquezas: a satisfação do corpo: a conquista de poder,

etc.)”. Como exemplo podemos citar o clássico As mil e uma noites, em que

encontramos histórias como Aladim e a Lâmpada Maravilhosa e Ali Babá e os

quarenta ladrões, e também como O gato de botas, Joãozinho e o pé de feijão, etc.

Os personagens dos contos maravilhosos possuem poderes sobrenaturais, sofrem

metamorfoses contínuas, defrontam-se com as forças do Bem e do Mal, presenciam

aos fenômenos que desafiam as leis da lógica.

Por outro lado, os contos de fadas são “de natureza espiritual, ética e

existencial”, (COELHO, 2000, p.173). Eles têm origem nos povos Celtas. A imagem

da fada surge para ajudar os homens a adequarem-se ao mundo terreno. Esses

seres fantásticos são providos de poderes mágicos e têm como função ajudar a

quem foi designado para ficar sob sua proteção. As fadas representam espíritos

femininos, benfazejos ou não.

Tanto os contos maravilhosos como os contos de fadas, na verdade, são

contos de encantamento que utilizam da magia, da fantasia e do sonho para atrair a

atenção de crianças e adultos, de todos os tempos.

Nessas narrativas, há sempre situações em que os alunos podem vivenciar

como obstáculos a serem vencidos: carência, medo, amor, rivalidade, confronto

entre o bem e o mal, entre outras. As personagens são bruxas, reis, rainhas,

príncipes, fadas, monstros e animais que vivem em um mundo encantado, e o final

da história geralmente ocorre um final feliz. Os autores mais conhecidos são Charles

Perrault, os irmãos Grimm e Hans Christian Andersen, embora tenha havido muitos

outros escritores que se dirigiram ao público infantil através desse tipo de narrativa

ficcional.

Devido à importância dos contos de fadas na formação da criança, muitos

estudiosos, psicanalistas, psicólogos têm se dedicado ao estudo deste gênero

literário. O famoso educador e psicanalista Brunno Bettetheim (1980, p.20) afirma

que “enquanto diverte a criança, o conto de fadas a esclarece sobre si mesma e,

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favorece o desenvolvimento de sua personalidade”. Dessa forma, com essas

histórias, as crianças passam momentos de grande prazer, porque elas podem ler e

interagir com o texto. Além de uma função emotiva, os contos de fadas também têm

uma função formativa, porque auxiliam na construção do imaginário infantil.

Ainda para Bettelheim (1980, p. 12) “A aquisição de habilidades, inclusive a

de ler, fica destituída de valor quando o que se aprendeu a ler não acrescentou nada

de importante à vida do leitor”. Muitos livros de literatura são muito superficiais

tornando a leitura maçante, sem fantasias e sem prazer. No entanto, quando a

criança é introduzida num mundo rico de simbolizações, as histórias podem auxiliar

no seu processo de desenvolvimento. Ao ouvir uma história ou lê-la, ela aprende a

imaginar o que as palavras evocam e, aos poucos, aprende a memorizar o seu

enredo para poder recontá-lo aos seus colegas de classe ou mesmo em casa. Neste

sentido, os contos de fadas podem ser um importante instrumento de ensino, pois ao

transmitir uma linguagem simbólica, possibilitam a inserção da criança no mundo

letrado.

Bettelheim (1980, p.14) declara que os contos de fadas transmitem

importantes mensagens à mente consciente, à pré-consciente e à inconsciente, em

qualquer nível que esteja funcionando no momento, lidando com problemas

humanos universais, falando ao ego e encorajando seu desenvolvimento. Ao mesmo

tempo, aliviam pressões pré-conscientes e inconscientes, transmitindo mensagens

simbólicas que se manifestam de forma significativa, atingindo todos os níveis da

personalidade humana.

O autor ainda acrescenta que “Os contos de fadas são ímpares, não só como

forma de literatura, mas como obras de arte integralmente compreensíveis para as

crianças, como nenhuma obra de arte o é” (BETTELHEIM, 1980, p.20).

Nesse sentido, compreendemos como os contos de fadas são importantes

para o desenvolvimento da criança, pois além deles despertarem a imaginação, a

curiosidade, o interesse do leitor, eles ajudam as crianças a lidar com a ansiedade

em que está vivendo, a superar obstáculos, favorecendo o desenvolvimento de sua

personalidade.

De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica/PR de Língua

Portuguesa (2008. p.56), a leitura é compreendida como:

Ato dialógico interlocutivo, que envolve demandas sociais, históricas, políticas, econômicas, pedagógicas e ideológicas de determinado momento. Ao ler, o indivíduo busca as suas experiências, os seus conhecimentos

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prévios, a sua formação familiar e religiosa, cultural, enfim, as várias vozes que o constituem.

Do mesmo modo, estudiosos como Vera Teixeira Aguiar consideram a leitura

essencial para a humanização, o que se dá por meio do diálogo: “É através da

Linguagem que o homem se reconhece como humano, pois pode se comunicar com

os outros homens e trocar experiências” (AGUIAR, 1993, p. 9).

De acordo ainda com Aguiar (1993, p.10), o acesso aos mais variados textos

informativos e literários proporciona assim, a tessitura de um universo de

informações sobre a humanidade e o mundo que gera vínculos entre o leitor e os

outros homens. Nestes termos, uma leitura eficiente, é aquela que gera

conhecimentos, que leva o aluno a viajar por um mundo imaginário e real.

Segundo Zilberman (2003, p.16), a sala de aula tem todas as condições para

se tornar “um espaço privilegiado para o desenvolvimento do gosto da leitura, assim

como um importante setor de intercâmbio da cultura literária”. Por essa razão, todo o

esforço feito pela escola, para promover a leitura será benéfico aos alunos.

Entretanto é importante que os pais e, principalmente, os professores reconheçam o

caráter artístico da literatura infantil, selecionando obras emancipatórias, que

permitam o diálogo, a interação entre o leitor e narrador, garantido o prazer da

leitura e, consequentemente, haverá uma ampliação dos horizontes de expectativa e

conhecimentos.

“O primeiro passo para a transformação do hábito de leitura é a oferta de

livros próximos à realidade do leitor, que levantem questões significativas para ele”

(AGUIAR, 1993, p. 18). Além disso, a idade do leitor influencia seus interesses:

crianças, adolescentes e adultos têm preferências por textos diferentes e esses

interesses modificam à medida que há mais maturidade no indivíduo.

De acordo com Aguiar (1993 apud BAMBERGER 1977, p.36-38) é

identificado cinco fases de leitura, que abrangem a infância e adolescência. Destas,

a que melhor explica a fase com a qual trabalharemos é a seguinte:

3ª fase: Idade da história ambiental e de leitura factual (9 a12 anos). É a fase intermediária, em que persistem vestígios do pensamento mágico, mas a criança começa a orientar-se mais para o real. Via de regra, o leitor escolhe, neste período, histórias que lhe apresentem o mundo como ele é, através da percepção mágica de determinado personagem. A leitura vai facilitar-lhe a apropriação da realidade, sem romper como o estágio da fantasia, que ainda não abandonou de todo.

Assim, trabalhar com a Literatura Infantil no 6º ano, enfocando os contos de fadas

ainda é possível, visto que ainda há resquícios de magia e maravilhoso nesta fase.

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METODOLOGIA

O presente projeto de Intervenção Pedagógica constituiu em um conjunto de

atividades articuladas, que foram realizadas durante dez oficinas, trabalhando o

gênero textual Conto de fada de forma lúdica. As práticas de leitura, oralidade,

escrita e análise linguística foram contempladas, porém focalizamos principalmente

a leitura e oralidade, visto que o objetivo central da pesquisa foi incutir nos alunos o

prazer da leitura, tendo em vista os benefícios que esta pode proporcionar em meio

a um processo de construção de conhecimento. Assim foram trabalhados contos de

fadas clássicos dos autores Irmãos Grimm, Charles Perrault, e Hans Christian

Andersen e versões contemporâneas de autores como Pedro Bandeira e Guimarães

Rosa entre outros.

O referido trabalho teve como principal referência metodológica as Diretrizes

Curriculares da Educação Básica do Paraná de Língua Portuguesa, 2008 e autores

citados e referenciados que têm amplos estudos na área literatura Infantojuvenil e

leitura.

IDENTIFICAÇÃO DO LOCAL E SUJEITOS DE PESQUISA

O presente estudo foi desenvolvido no período de março a junho de 2013, no

Colégio Estadual Dr. Rebouças - Ensino Fundamental e Médio, município de Rio

Bom, PR, juridiciado pelo núcleo Regional de Apucarana. No colégio há 348 alunos,

divididos em 3 turnos. A turma era composta por 22 alunos – 07 meninos e 14

meninas na faixa etária entre 10 a 12 anos – sendo que 19 destes alunos moram na

zona rural.

DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

Na segunda semana de março iniciamos o projeto de Intervenção Pedagógica

com os alunos do 6º ano B, conversado com os alunos, sensibilizando-os sobre o

projeto, falamos que eles participariam de um projeto de leitura, a princípio ficaram

tímidos, alguns falaram “Ah! Teremos que ler”, “Não vou ler não”. Nesse momento

percebemos que alguns não tinham muita simpatia pela leitura, porém aos poucos

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os alunos foram se desinibindo e demonstrando mais interesses. Após, foi enviado

um convite aos pais, para uma reunião, na qual foi explicado o objetivo do projeto,

salientado a importância da família na formação do leitor e ainda solicitando a

parceria da família na realização da oficina de contação de história. Vieram

dezessete mães, duas tias e uma avó para a reunião e estas demonstraram

interesse pelo projeto, porém no momento apenas duas mães se dispuseram a

participar da oficina de contação de histórias, as outras disseram ter vergonha,

outras disseram que não sabiam. Compreendemos pela discussão, que muitas

mães não tinham o hábito de ler ou contar histórias para seus filhos.

Antecipadamente, organizamos o material impresso, com as atividades que

seriam desenvolvidas durante o projeto de Intervenção e falamos aos alunos que o

trabalho seria realizado durante10 oficinas, trabalhando o gênero textual Conto de

fada. A seguir, detalharemos as oficinas:

OFICINA 1: Para início da conversa

Ao iniciarmos a primeira oficina, buscamos levar os alunos a partir da análise

do texto não verbal: Tale of Decameron, (Contos de Decameron) do pintor John

Willian Waterhouse, discutir sobre a importância da leitura, da narração de histórias,

com perguntas abertas, pudemos conhecer algumas particularidades a respeito das

práticas de leituras realizadas por estes sujeitos de pesquisa. Desta forma durante

uma roda de conversação, lançamos para eles as seguintes questões: 1) O que

vocês acham que eles estão fazendo?

Fonte: Disponível em: http://www.johnwilliamwaterhouse.com/pictures/tale-decameron-1916. Acesso em: 21 nov. 2012.

Location: Lady Lever Art Gallery, Liverpool, UK Figura 2 - Pintura a óleo: Tale of Decameron, 1916.

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2) Você gosta de histórias? 3) Qual foi a história que você mais gostou de ler? 4) Em

sua casa, vocês têm o hábito de contas histórias? 5) Você gosta de ler? Por quê? 6)

O que você costuma ler? 7) Você sugeriria algum livro que gostou de ler para seus

colegas da turma? Qual? 8) Você frequenta uma biblioteca? Qual? 9) Seus pais

gostam de ler?

Com está atividade, percebemos que a maioria dos alunos aprecia ouvir

histórias, um pouco mais da metade dos alunos disseram que gostavam de ler,

sendo que poucos demonstraram ser apaixonados pela leitura e houve um pequeno

número dos que disseram não gostar de leitura.

Muitos alunos disseram que costumavam ler, porém livros que eram indicados

pela professora, e que poucos tinham o hábito de frequentar espontaneamente uma

biblioteca. Quando indagados sobre o hábito de leitura dos pais, confirmou-se o que

percebemos nas reuniões com os familiares, poucos pais liam ou contavam histórias

para os filhos.

A partir das observações sobre as práticas de leitura da turma, percebemos

que seria necessário um bom trabalho de motivação, para poder alcançar nossos

objetivos. Dando continuidade a oficina apresentando um motivo, uma necessidade

de interlocução, para motivar o estudo, a análise e a produção inicial do gênero.

Assim, foi trazido para a sala de aula um baú, com diversos objetos como: varinha

de condão, capinha vermelha, um espelho, migalhinhas de pão, uma moranga,

sapatinho de cristal, entre outros, os quais foram mostrados aos alunos e estes

levantavam hipóteses sobre as histórias as quais os objetos pertenciam.

Depois de comentarem sobre os textos relembrados, os alunos foram

incentivados a fazerem a primeira produção textual, onde eles escreveram sobre um

conto de fada preferido. Percebeu-se que alguns alunos escreveram rapidamente os

seus textos, porém muitos deles apresentaram dificuldade com os elementos

composicionais do gênero.

Nesta oficina foi introduzida a Mala mágica de leitura, que foi elaborada a

partir das observações sobre a os hábitos de leitura da turma, suas preferências. A

atividade constituía em uma sacola decorada com figuras de histórias infantis, e nela

foi colocada diversos tipos de livros: contos de fadas, curiosidades, poesias, gibis e

revistas, semanalmente os alunos levavam a sacola para casa para ler com seus

familiares. A princípio, muitos não queriam levar a sacola para a casa alegando que

eram muitos livros e que os pais não tinham tempo para ler, mas aos poucos,

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durante a roda de leitura, os alunos começaram comentar os livros e os demais

alunos se interessaram pela atividade e tivemos que preparar mais quatro sacolas,

para atender a todos os alunos.

Foi uma atividade que teve resultados positivos, pois proporcionou aos alunos

a leituras de textos variados e pelos depoimentos dos alunos durante as rodas de

leitura e dos pais durante as reuniões, percebeu-se que os alunos passavam a ler e

comentar os livros também em casa com seus familiares. Assim pudemos perceber

a importância de levar os livros até a casa de nossos alunos, visto que proporcionou

a família um contato maior com a literatura e a parceria da família foi benéfica aos

educandos. Salientamos que esta atividade continuou após o encerramento do

projeto e foi ampliada para outras turmas do colégio.

OFICINA 2: Encantando-se com a Branca de Neve

Iniciamos a oficina 2, mostrando um espelho e falando a frase: ”Espelho,

espelho meu existe mulher mais bela do que eu”, os alunos logo deduziram a

história que seria contada e a professora iniciou a contação da história da Branca de

Neve, utilizando palitoches. Nestes primeiros momentos, colocamos os alunos em

contato com os textos integrais por serem os contos de fadas textos complexos em

sua representação simbólica, não poderíamos apresentar adaptações ou

modificações da história, pois conforme Bruno Bettelheim (1980, pg. 32), “A maioria

das crianças, agora conhece os contos de fadas só em versões amesquinhadas,

que amortecem os significados e roubam-nas de todo o significado mais profundo...”.

Os alunos primeiramente ouviram a história, contada pela professora, depois

realizaram leitura silenciosa com a interpretação posterior do texto.

Foram tecidos comentários sobre os Contos de fadas originais, alguns

acharam muito tristes ou trágicos, preferiram os finais felizes e a seguir os alunos

assistiram filme Snow White (direção: Carolina Thompson, roteiro: Carolina

Thompson e Julie Hucson), observando que atualmente há inúmeras versões dos

contos originais, que foram adaptados para livros e para o cinema.

OFICINA 3:Conhecendo obras e escritores

Nessa oficina, assistimos ao filme: Os Irmãos Grimm (direção: Terry Gilliam,

roteiro: Ehren Kruger), fizemos um debate regrado sobre o mesmo, após propomos

aos alunos visitas à biblioteca e a sala de informática para conhecermos um pouco

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mais sobre os grandes contistas: Irmãos Grimm, Charles Perrault e Hans Christian

Andersen e suas obras. Na biblioteca do nosso Colégio, não encontramos livros com

contos de fadas, então propomos uma visita à Biblioteca Municipal. Durante a

explicação das atividades que realizaríamos, ficamos surpreendidos ao constatar

que dos 22 alunos apenas 3 conheciam esta biblioteca. Assim, foram realizadas

diversas visitas a esta biblioteca que continha um excelente acervo literário. Os

alunos se empolgaram muito com esta atividade, pois puderam realizar empréstimos

e fizeram leitura na biblioteca e também rodas de leitura na pracinha próxima a esta.

No laboratório de informática, eles fizeram pesquisas sobre a biografia dos

escritores acima mencionados e suas obras. Ficaram empolgados quando viram

pela Internet a cidade de Hanau, na Alemanha, onde os irmãos Grimm nasceram,

pesquisaram e fizeram a leitura de textos originais dos autores. Após a pesquisa,

fizeram desenhos sobre as personagens dos contos e confeccionaram um mural

sobre a os estudos realizados.

Com estas atividades podemos considerar dois aspectos em relação a

formação do leitor, primeiramente, é de fundamental importância que os alunos

sejam desde cedo incentivados ao ato de ler, que pais e professores vejam a

biblioteca como um centro ativo de aprendizagem, um núcleo conectado ao esforço

pedagógico das escolas, gerador de conhecimentos, porém na maioria das vezes,

segundo Sanches Neto (1998), a biblioteca é encarada como um anexo da escola,

quando na verdade ela deveria ser sua alma. É preciso cultivar o hábito de ir a

bibliotecas, para que o aluno tenha prazer em estar em contato com a cultura.

Segundo aspecto a observar é que os ambientes de leitura se diversificaram

muito nas ultimas décadas, também os leitores que hoje vivem em frente às novas

tecnologias foram transformados. Assim, vemos a necessidade da escola se

adequar às mudanças tecnológicas, uma vez que a tela do computador é um novo

suporte para a leitura. O aluno deve ser incentivado a interagir com os diversos tipos

de leitura e ambientes virtuais, pois conforme salienta Marcuschi (2004, p.13) os

gêneros discursivos veiculados pela Internet podem apresentar diferentes funções:

”passar tempo, propiciar divertimento, veicular informações, permitir participações

interativas, criar amizades”, podendo também realizar pesquisar, leituras de

romances, etc. Enfim, os nossos educandos podem se apropriar de muitos gêneros

a partir da Internet e de outros recursos.

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OFICINA 4: A magia da Cinderela

A oficina foi iniciada com a apresentação de alguns objetos aos alunos: uma

moranga, um sapatinho de cristal e uma varinha mágica. A partir daí, foi indagado

aos alunos se sabiam em qual história havia estes objetos. Após as respostas foi

contada a história A Gata Borralheira, com a utilização de fantoches e outros

objetos.

Na sequência, os alunos fizeram uma leitura silenciosa e depois uma leitura

compartilhada do texto impresso, e foi trabalhada a estrutura composicional do

gênero: Conto de Fada. Os alunos trabalharam individualmente e em grupo

analisando o texto, suas características e a sequência dos fatos. Para o trabalho

com a análise linguística, foram realizados estudos sobre: A voz do personagem,

trabalhando o discurso direto e indireto.

OFICINA 5: Era uma vez...

Nesta oficina, buscamos encantar os alunos com mais histórias divertidas e

interessantes, preparando-os para a oficina de contação de histórias, na qual eles e

seus familiares participariam posteriormente. Assim foram passados diversos vídeos

de contadores de histórias, que utilizavam materiais lúdicos diversificados em suas

apresentações (disponíveis no Youtube): Chapeuzinho Azul, A princesa e a ervilha,

A história de Cindetéia, etc.

É importante salientar que os alunos gostaram muito da atividade e motivados

pela audição das histórias manifestaram o desejo de lê-las, pesquisaram sobre estas

histórias e outras e começaram a se preparar para o dia de contação de histórias,

foram enviados convites aos pais e familiares para participarem da atividade.

OFICINA 6: Preparando materiais para contar histórias (confecção de origamis

e fantoches)

Com origamis, iniciamos a oficina, contando a história: A princesa e o sapo,

dos Irmãos Grimm. Logo após, em grupos os alunos confeccionaram diversos

origamis e posteriormente confeccionaram fantoches com diversos materiais,

inclusive sucatas, os quais utilizaram para contação de histórias.

Empolgados com esta atividade, surgiu a idéia de fazer bonecos de panos,

pois tinham visto na Oficina 5, um vídeo que utilizavam bonecos, então os alunos

mobilizaram a família na confecção de bonecos. Nesta atividade houve um trabalho

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interdisciplinar, a professora de Geografia sugeriu que fizessem bonecos que

representassem diversas etnias e estes foram utilizados também para contação de

histórias nas aulas de Geografia.

Teóricos como Oliveira (2002) e Vygotsky (1984), nos mostram com seus

estudos que a utilização da ludicidade é muito viável no processo ensino

aprendizagem, pois as crianças se sentem mais estimuladas e, sem perceber, vão

se desenvolvendo e construindo seu conhecimento.

Oliveira (2002), p.231, salienta que:

A brincadeira infantil beneficia-se de suportes externos para sua realização: rituais interativos, objetos e brinquedos, organizados ou não em cenários (casa de bonecas, hospital, etc.), que contém não só temas, mas também regras. Em virtude disso, o professor pode organizar áreas para desenvolvimento de atividades diversificadas que possibilitem às crianças estruturar certos jogos de papéis em atividades específicas. (OLIVEIRA, 2002, p.231).

Segundo Vygotsky (1984, p.39), o lúdico influencia muito o desenvolvimento

da criança. “É através do jogo que a criança aprende a agir, sua curiosidade é

estimulada, adquire iniciativa e autoconfiança, proporciona o desenvolvimento da

linguagem, pensamento, interação e da concentração.” Percebe-se com isto que os

professores devem utilizar de diversos recursos lúdicos em suas aulas, pois estes

são ferramentas indispensáveis, que ajudam a despertar a imaginação dos alunos,

tornando-os mais participativos, tento a possibilidade de adquirirem nossos

conhecimentos.

OFICINA 7: Quem conta encanta

O grande dia chegou muita expectativa, a sala foi toda decorada com ajuda

dos alunos, todos estavam ansiosos esperando os convidados. Alguns pais, avós,

tias, vieram e participaram alguns como ouvintes outros contando suas experiências

com a leitura e contando histórias.

Foi um dos momentos mais significativos do Projeto de Intervenção, pois

apesar de não ter tido uma participação de 100% dos pais, deu para observar como

os alunos se sentiram valorizados e orgulhosos de mostrar seus trabalhos e de ter a

participação da família nesta atividade. É importante a participação dos pais na

educação dos filhos e a parceria deste com a escola traz muitos benefícios aos

educandos. Se as crianças tiverem um ambiente familiar propício à leitura, sendo

desde pequenas incentivadas ao ato de ler, provavelmente, no futuro conservem o

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gosto pela leitura, porém se não há um envolvimento da família, será mais difícil o

trabalho escolar. Frank Smith, famoso educador canadense, afirma:

“(...) as crianças não aprendem através da instrução, elas aprendem através do exemplo, e aprendem atribuindo significado a situações essencialmente significativas”. (...) As crianças aprendem desde o momento em que vêm ao mundo. Uma criança aprende ouvindo conversas de sua mãe, dentro e fora de casa. Ela aprende quando seu pai dá-lhe uma chance para trabalhar com pregos e martelo. Ela aprende quando acha necessário verificar o preço de um equipamento esportivo num catálogo. Ela sempre aprende com o objetivo de atribuir significado a alguma coisa, e especialmente, quando existe um exemplo, um modelo a ser seguido (apud Silva, 1983, p. 55- 56).

Foram organizados outros dois momentos de contação de histórias com os

alunos e comunidade, visto que eles se motivaram e queriam contar as histórias com

os materiais confeccionados por eles.

OFICINA 8: Intertextualidade - Lendo e analisando versões do conto

Chapeuzinho Vermelho

Primeiramente, foi contado o clássico: Chapeuzinho Vermelho, dos Irmãos

Grimm, utilizando dedoches, após os alunos foram instigados a comentar o texto.

Foi perguntado aos alunos se eles conheciam outras versões desse conto,

muitos falaram que conheciam em filmes como: Deu a louca na Chapeuzinho. Foi

comentado que atualmente existem muitas versões dos contos de fadas, e que eles

iriam conhecer algumas delas, como por exemplo, Chapeuzinho Vermelho de raiva,

de Mário Prata e Fita verde no cabelo, uma nova e velha estória, de João Guimarães

Rosa. Foi realizada a leitura compartilhada dos textos e também dramatizações das

histórias e atividades trabalhando a intertextualidade, com comparação dos três

textos e visto a intertextualidade em outros gêneros, como no anúncio publicitário do

Green Peace. Os alunos pesquisaram no laboratório de informática e bibliotecas

outras versões de contos, os quais foram lidos e comentados na sala de aula.

Para os alunos lerem e escreverem bem é necessário além de conhecer os

gêneros textuais conhecer as relações intertextuais, pois um texto é produto de outro

texto. A compreensão de um texto depende muitas vezes da nossa experiência de

vida, do nosso conhecimento do mundo. Nesse sentindo, o trabalho com a

intertextualidade na sala de aula, com o gênero contos de fadas, relacionando

também a outros gêneros foi muito produtivo, visto que chamou atenção dos alunos

para a leitura de outras versões de textos.

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OFICINA 9: Dando asas a imaginação

Foram trazidos diversos livros com contos, para a sala de aula e os alunos

escolheram livremente um texto para produzirem uma nova versão. Após a escrita,

os alunos preencheram uma ficha de avaliação de seus próprios textos, que

continha questões sobre a estrutura do gênero em estudo, observaram com isso,

alguns erros, e fizeram a refacção dos seus textos. Observando os textos, foram

realizadas reestruturação no quadro negro e solucionadas as dúvidas. Após a

revisão final dos textos, os alunos fizeram a versão definitiva ilustrando os textos e

expondo-os no mural da escola.

OFICINA 10: E foram felizes para sempre

Para finalizar o projeto e brincar com a imaginação dos educandos

envolvendo-os mais no mundo da magia e encantamento, foi proposta a leitura e

dramatização do livro O fantástico mundo de Feiurinha, de Pedro Bandeira, que

reúne várias personagens dos contos de fadas, numa história divertida e curiosa,

sobre uma princesa que havia desaparecido no mundo do Era uma vez. Foi

primeiramente apresentado o livro para os alunos e, depois foram mostradas as

ilustrações. Por fim, foi entregue a cada aluno um livro para que fosse lido em casa.

Após a leitura e comentário sobre o livro, os alunos assistiram ao filme: Xuxa

e os mistérios de Feiurinha (direção: Tisuka Yamasaki, Globo Filmes) e compararam

o filme com a história original. Organizaram-se grupos, ensaiaram, e dramatizaram

trechos da história.

Durante estas atividades, houve muito risos, muitas gargalhadas, alegria e até

lágrimas, pois muitos queriam dramatizar os mesmos personagens, mas podemos

afirmar que foram realmente momentos muito valiosos, nos quais os alunos

participaram efetivamente das atividades propostas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao término deste trabalho, tendo como base os estudos realizados, fica

evidente que é de fundamental importância inserir a Literatura Infantil,

principalmente o gênero Conto de fada, como recurso lúdico-pedagógico no contexto

escolar, pois estaremos embasando nossos educando a um estilo de linguagem que

certamente será de muita relevância para seu êxito acadêmico, pois este abrirá

portas para a leitura de outros gêneros, cada vez mais complexos.

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Ao incentivar a leitura de forma prazerosa, certamente estamos contribuindo

para a formação de alunos leitores, que exerçam sua capacidade de ler criticamente,

garantindo aos educandos condições de interferir no meio em que estão inseridos,

transformando, inclusive sua realidade. Pennac (1998, p.43) salienta que ”toda

leitura preside, mesmo que seja inibido, o prazer de ler”.

O ideal seria que o hábito de leitura fosse cultivado desde o momento que a

criança nasce e continuar na escola. Assim é o ideal, mas não é a realidade

brasileira, pois sabemos que muitos alunos por condições sociais e econômicas não

têm acesso a livros em casa e, além disso, há ainda a falta de incentivo dos pais e a

presença de atrativos como TV, celulares e internet que levam os alunos a se

distanciarem dos livros. Pais já não lêem ou contam histórias para seus filhos como

antigamente, recaindo então sobre as escolas a responsabilidade de criar esse

hábito, tão saudável em nossas crianças.

Executando todas as etapas do projeto, sentimo-nos profundamente

satisfeitos, sabendo que nossos esforços foram válidos, pois se verificou que na

realização das atividades propostas houve um grande interesse e interação entre

alunos, professores e familiares e que os alunos estão tomando mais iniciativas

como querer emprestar livros da biblioteca, trocar livros entre os colegas para

realizar leituras e até mesmo comentando os livros lidos.

Vimos que realizar atividades integralizadoras entre, pais, escola, sociedade

foi e é importante, pois estes sãos os maiores elos de motivação para a leitura de

nossos alunos. É necessário, também que os professores sejam amantes da leitura

e utilizem e incentivem o uso de diversos recursos tecnológicos que venham facilitar,

dinamizar o processo ensino aprendizagem, assim a internet, pode ser utilizada,

com um meio de leitura de diversos textos, bem como utilizar as bibliotecas como

instrumentos indispensáveis no apoio didático pedagógico e cultural. É necessário

que as bibliotecas escolares tenham um bom acervo literário, que tenha uma infra-

estrutura desejável que contribua na formação do hábito de ler.

Os tempos mudaram, o perfil do aluno leitor também mudou, hoje em dia

quase não vemos crianças brincando de pique esconde nas ruas, ou andando de

bicicleta, as crianças passam muito tempo com jogos e conversas virtuais, celulares

e internet são muitas vezes seus companheiros.

Entendemos, assim, que é fundamental resgatarmos nas crianças a

imaginação, a sensibilidade, a criatividade, tão necessárias para uma boa

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aprendizagem, pois vivemos em mundo materialista e, às vezes, até desumano, em

que não há tempo para apreciar coisas simples, porém significativas, como atos de

se fazer boas leituras e contar histórias.

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