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CONTESTAÇÃO – ACIDENTE DE TRÂNSITO

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da .... Vara Cível da Comarca de ...........................

(nome do requerido), já devidamente qualificado nos autos da AçãoIndenizatória, que lhe é movida por ....... e......., em trâmite por este Egrégio Juízo eCartório, vem respeitosamente à presença de V. Exa., por intermédio de seu bastanteprocurador, o advogado signatário desta, a fim de tempestivamente apresentar suaresposta, na forma de CONTESTAÇÃO, com base nos seguintes motivos fáticos ejurídicos adiante expostos:

A presente ação indenizatória improcede totalmente, data máxima vênia.

Inicialmente, antes de ao mérito se adentrar, cumpre-nos ressaltar quem éa pessoa do Requerido.

O Requerido é um jovem pequeno empresário de 32 (trinta e dois) anos deidade.

É pessoa simples, trabalhadora, que luta com dificuldades para manter seupequeno comércio situado na Comarca de ......

É excelente motorista, devidamente habilitado, conforme fls. 61 e 114 enunca antes se envolveu em acidente de trânsito.

Nunca sequer recebeu uma multa de trânsito.

Não faz uso de bebidas alcoólicas e muito menos dirige embriagado.

Tudo isso, Excelência, fatalmente será comprovado na fase instrutóriaatravés da oitiva de suas testemunhas, ora arroladas.

A própria certidão de fls. 59 diz mais que quaisquer palavras.

Infelizmente o Requerido se envolveu no lamentável acidente descrito nosautos.

Contudo, o Requerido jamais teve qualquer resquício de culpa para aocorrência do referido acidente, o qual infelizmente ceifou a vida de ...... filho dosRequerentes. Vejamos porque:

No momento do acidente, que ocorreu por volta das 19h do dia ...., oRequerido transitava pela Rodovia ..., no sentido ......, voltando de seu trabalho.

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Na data/hora dos fatos já estava bem escuro, pois era inverno e em épocaque não ocorre o “horário de verão”.

Como sempre, vinha o Requerido conduzindo prudentemente seu veículo,em sua mão de direção, em velocidade compatível com a via, à cerca de 80Km/h,acompanhado de 02 (duas) funcionárias de sua loja (situada em ......).

Ocorre que, pouco antes do local dos fatos, o Requerido percebeu uma luzforte que aparentemente vinha em sua direção, ofuscando completamente sua visão.

À medida que o Requerido se aproximou de tal fonte de luz, a impressãoque teve é que referido veículo vinha em sua direção e iriam colidir de frente,conforme bem esclareceu o Requerido quando ouvido na fase do I.P. (fls. 68/69destes autos).

E o pior Excelência: quando o Requerido se aproximou do veículo que lheofuscava a visão (VW/Gol), viu rapidamente chegar outra luz, de menor intensidadee, somente depois da ocorrência do embate, veio a saber que era uma motocicletaocupada indevidamente pela vítima ... (menor de idade e logicamente inabilitado),o qual, logo após fazer a curva retratada na foto grampeada na parte superior dasfls. 31, vindo no sentido ......, cruzara imprudentemente a pista para adentrar na“encruzilhada” do Bairro Farias e infelizmente interceptara a trajetória do Requerido.

O Requerido tentou de todas as formas evitar a colisão.

Freou, levou o conduzido o mais próximo do acostamento que pôde, sem,contudo adentrá-lo.

E, no momento iminente da batida, o Requerido ainda tentou “jogar” seucarro na contramão.

Infelizmente, tais tentativas restaram em vão !!!

Da dinâmica dos fatos, outra conclusão não se chega a não ser que o acidentese deu por culpa da vítima, filho dos Requerentes, em concorrência com a culpa deseu amigo, de nome Josmar, proprietário do veículo VW/Gol verde que aparece nasfotografias de foto 71/79, o qual estava estacionado no acostamento, na contramãode direção e com a luz alta acesa, ofuscando a visão do Requerido.

Ou seja, sem qualquer culpa do Requerido !!!

Vejamos:

Conforme certidão de óbito de fls. 26, a vítima ...... faleceu com 17(dezessete) anos de idade.

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Com tal idade, não podia ser habilitado a conduzir motocicletas.

Com tal idade, certamente não tinha a perícia necessária para saber calcularo tempo antes de atravessar uma rodovia de trânsito rápido, como é o local palco do

acidente, afigurando-se totalmente imperito, data vênia.

Mais ainda, Excelência, a vítima não usava capacete, assim como é comumna Zona Rural e deve ser do conhecimento de V. Exa.

Se estivesse usando capacete, certamente suas chances de sair vivo de tal

acidente seriam muito maiores.

Infelizmente, ao se analisar os testemunhos dos amigos da vítima, carreados

aos autos às fls. 64/65 e 70, outra conclusão não se chega a não ser que referidas

pessoas faltaram com a verdade perante o Nobre Delegado de Polícia, não podendoservir como prova nos autos. Vejamos porque:

(nome da testemunha), ouvido às fls. 64, afirmou que o veículo conduzido

pelo Requerido estava em alta velocidade e que a vítima não estava de moto.

Ora, com base em quê, tal testemunha disse que o Requerido estaria em

alta velocidade?

O mesmo testemunho fora dado por ... (fls. 65), parecendo até mesmo que

a Autoridade Policial usou o mesmo depoimento do Sr..... (fls. 64), mudando somente

o nome e os dados do declarante, data máxima vênia, o que certamente retira a

credibilidade de tal depoimento, no nosso humilde entender.

Já o proprietário do veículo irregularmente estacionado no acostamento

(VW/Gol), na contra mão e com as luzes altas acesas, Sr..... (fls. 70), confessou que

“(...) parou o veículo no trevo (...)”.

No entanto, falta com a verdade quando diz que somente ali parou para

aguardar os veículos que trafegavam na rodovia passarem e aí então seguir seu

caminho.

É por demais óbvio que, se o Sr.... tivesse parado tão somente para aguardarsua vez de adentrar à pista de rodagem, não teria ficado conversando com os amigos,conforme ele próprio confessou às fls. 70.

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Não teria também estacionado seu veículo na contra mão e sim teriaaguardado no cruzamento, fazendo um ângulo de 90º com a rodovia.

Caso estivesse aguardando sua vez para adentrar à rodovia, estaria emperpendicular com a mesma e consequentemente seu veículo teria sido atingido nalateral e não na parte dianteira.

Se o Sr.... não sabe, acostamento não é local de estacionar veículos e muitomenos de ficar de “bate papo” com amigos e, ainda por cima com a luz alta acesaofuscando os veículos que por lá trafegavam !!!

Mais ainda, como mentira tem perna curta, com o perdão da palavra, oRequerido foi procurado pelo Sr......., ora arrolado como testemunha da Defesa, oqual lhe contou que pouco antes do acidente passou pelo local dos fatos e tambémteve sua visão ofuscada pelo veículo que estava estacionado às margens da rodoviacom a LUZ ALTA ACESA (VW/Gol do Sr.....).

Disse ainda ao Requerido que buzinou e fez gestos de repreensão às pessoasque indevidamente ocupavam o acostamento da pista de rolamento e, pasme-se,Excelência, ocupavam até mesmo a beira da rodovia, próximo à faixa branca que adivide do acostamento, numa verdadeira imprudência.

Torna-se a repetir: se os amigos da vítima fatal não sabem, acostamento emargens da rodovia não é lugar para “bate papo” ou para “reunir” os amigos.

Acrescenta-se ainda que, se fosse verdade que o Sr. Josmar somente teriaparado para aguardar sua vez de entrar na rodovia, seu veículo não teria sido vistopela testemunha Robson estacionado no local dos fatos, com a luz alta ligada, nacontra mão, algum tempo antes da ocorrência do acidente narrado na exordial.

Outra questão que não quer calar, Nobre Magistrado: com base em queJosmar pôde dizer que o Requerido vinha em alta velocidade?

Estaria ele prestando atenção em sua conversa com os amigos ou navelocidade dos carros que passavam pela rodovia?

Claro que prestava atenção na conversa com os amigos (inclusive a vítimafatal), conforme ele próprio confessou às fls. 70.

O mesmo se diz com relação às demais testemunhas ... e ...., os quaiscertamente estavam prestando atenção na conversa com os amigos e não navelocidade dos carros que trafegavam pela Rodovia.

Data vênia, .... falta com a verdade porque tenta se “blindar” dasresponsabilidades que certamente bem sabe que tem.

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E o pior, conta com a ajuda dos amigos (.. e .....), sendo que o documentoanexo comprova que .... e ...... são amigas no site de relacionamentos Orkut.

Concessa vênia, ... prestou depoimento em conluio com ..., a fim de isentareste último da responsabilidade que lhe é inerente.

Ainda que na mais absurda das hipóteses se acredite que ... (fls. 70), ...(fls. 64) e .... (fls. 65) estavam prestando atenção nos carros que passavam e não naconversa que mantinham entre eles e com os demais amigos, a alegação de altavelocidade do veículo do Requerido não pode servir como prova isolada numprocesso criminal, posto que numa rodovia de trânsito rápido, em que a velocidadepermitida é de 110 Km/h, para quem está parado no acostamento a impressão falsaque se tem é que os veículos que passam estão em velocidade alta, mesmo estandotrafegando dentro do limite legal (gize-se que o Requerido estava à cerca de 80Km/h).

Junta-se aos autos fotografia de crash test realizado com veículo do mesmomodelo do ocupado pelo Requerido no momento do acidente (Ford/Fiesta),demonstrando os grandes estrados que são feitos em uma batida ocorrida à 64Km/h, extraídos do site http://euroncap.com/tests/ford_fiesta_2002/141.aspx, bem comoa explicação em língua portuguesa da metodologia utilizada em crash test, extraídado site http://latinncap.com/_po/?pg=ourtests_ensayos (acessos em 13/12/2011).

Tais fotografias demonstram que o Requerido freou seu conduzido e queno momento da batida estava à bem menos de 64Km/h, posto que o veículo doRequerido estragou muito menos do que o retratado nas fotos do crash test, o quedestoa dos testemunhos dos amigos da vítima fatal, retirando por completo algumresquício de credibilidade que se queira dar aos mesmos.

Portanto, Excelência, tantas contradições deixam claro que .... falta com averdade (assim como as demais testemunhas ... e ..) certamente porque, em seuíntimo, bem sabe .. que concorreu, juntamente com a vítima, com culpa para aocorrência do lamentável acidente que vitimou de morte seu amigo Maique.

As próprias fotografias de fls. 31/33 e 80/82 ajudam a desvendar o ocorrido,posto que as mesmas mostram que o embate se deu na entrada de uma curva e,ainda por cima, próximo a um desnível relativamente acentuado em relação à pistade rolamento.

Tal desnível Excelência, certamente contribuiu para o ofuscamento da visãodo Requerido, posto que, estando o veículo VW/Gol do Sr...... estacionado na contramão, teve sua frente levantada pela declividade do solo em relação à pista de rodageme, com toda certeza, ainda que não estivesse com a luz alta acionada, o que não seadmite de forma alguma, o próprio levantamento de sua frente pela declividade do

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acostamento em relação à pista elevou a altura da luz baixa o suficiente para ofuscarpor completo a visão do Requerido.

Basta V. Exa. olhar atentamente para as fotografias grampeadas às fls. 33para compreender o alegado no parágrafo anterior.

Imagine Excelência a situação do Requerido, já com sua visão ofuscada,ainda ter sua trajetória interceptada pela moto ocupada pela vítima, a qual acabavade “dobrar” a curva e interceptar sua trajetória.

Como o Requerido poderia ter se livrado do acidente?

Só se fosse mágico ou pudesse “voar”.Retiram ainda mais algum resquício de credibilidade dos testemunhos de

fls. 64, 65 e 70 os testemunhos de fls. 90 e 91, os quais atestam que, próximo aocorpo da vítima, estava caída uma motocicleta, o que contradiz com o teor dosdepoimentos de fls. 64, 65 e 70.

Por que tal moto estava lá caída?

Se fosse de alguém que estivesse por lá, a moto estaria estacionada de pé,utilizando-se do seu apoio (“descanso”).

Jamais caída próximo ao corpo !!!

Ora, ao contrário das testemunhas que depuseram às fls. 64, 65 e 70,confessadamente amigas da vítima, as testemunhas de fls. 90 e 91 não são amigasdo Requerido e, ao que se sabe, também não são amigas da vítima fatal, o quecertamente aumenta a credibilidade dos depoimentos de ... e .......

A testemunha ..., ouvida na delegacia às fls. 91, deixou claro que, quandosaiu do local para telefonar para a Polícia, pois os celulares estavam fora de área decobertura, a motocicleta continuava no local.

É por demais óbvio que, após a saída de ... (fls. 90) e .... (fls. 91), os“amigos” da vítima fatal, esconderam a motocicleta da vítima, a fim de “ajudar” oamigo ..., até então vivo e que poderia ter que arcar com as conseqüências de suaimprudência e imperícia, consistente em conduzir motocicleta sem ser devidamentehabilitado e atravessar com a mesma a pista de rodagem sem a devida atenção ousem saber calcular o tempo necessário para efetuar tal cruzamento.

Quem garante que tal motocicleta não estava em situação irregular e poderiaser apreendida e multada pela Polícia Militar, ainda mais porque a vítima era menorde idade?

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Quem garante que os “amigos” da vítima não esconderam a motocicletaporque presenciaram o acidente e concluíram pela culpa da vítima fatal, filho dosRequerentes?

Quem garante que os próprios “amigos” da vítima fatal não ficam receososdesta, até então viva, ter que se responsabilizar pelo pagamento do conserto doveículo do ora Requerido?

Portanto, são peças de um “quebra cabeça” que vão se encaixando,Excelência.

E, para colocar uma pá de cal na questão, os “arranhões” que sãovisualizados no capô do veículo VW/Gol, especialmente às fls.76, indicam que oRequerido bateu na motocicleta e que esta fora arremessada para cima do referidoVW/Gol, posto que os arranhões visualizados às fls. 76 somente poderiam ter sidofeitos pela motocicleta.

Jamais pelo veículo do Requerido, já que o mesmo, um Ford Fiesta, tem amesma altura do VW Gol e não o arranharia por cima de seu capô.

Quando dois carros de mesma altura batem, ocorreu amassados e nãoarranhões no capô !!!

Mais ainda, Nobre Magistrado, se o VW/Gol estava estacionado nacontramão, em piso com aclive, conforme retratado na segunda foto que está na fl.81 e na primeira foto que está na fl. 82, a frente do Gol estava ainda mais alta ejamais teria os riscos mostrados às fls. 76 feitos pelo veículo Fiesta ocupado peloRequerido ou pelo corpo da vítima fatal.

Com toda certeza do mundo foi a moto da vítima, um veículo leve (motopequena, conforme fls. 90/91) que, após colidir com o veículo Fiesta do Requerido,passou raspando por cima do capô do Gol de ......e o riscou, já que somente objetometálico seria capaz de fazer os arranhões retratados às fls. 76.

Outra questão: porque os Requerentes carrearam com a inicial somentefotos coloridas e nítidas do Ford/Fiesta e não do VW/Gol?

Claro que assim fizeram porque bem sabem que os arranhões ocorridos nocapô do VW/Gol de ...... foram causados pela moto ocupada por Maique e, por talmotivo, pretendem “omitir” tal preciosa prova na ânsia de ver a ação julgadaprocedente e ganharem dinheiro, o que certamente não conseguirão, tendo em vistaque V. Exa. é um MM. Juiz culto, inteligente, experiente e sobretudo justo.

Somente se o Fiesta do Requerido tivesse “voado” sobre o Gol para fazer,com seu assoalho, os “arranhões” observados no capô do Gol.

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Ainda que se acreditasse nesta absurda hipótese do Fiesta ter “voado”sobre o Gol e seu assoalho riscado o capô do Gol, o que jamais se admite, aindaassim as fotografias de fls. 76/77 comprovam que o Gol não fora atingido pelo“Fiesta” voando, posto que, se assim tivesse ocorrido, o teto do Gol estariacompletamente achatado, o que não ocorreu.

Portanto, é muito mais crível que fora a moto da vítima que fez os taisreferidos arranhões no capô do VW/Gol, posto que, se a vítima estivesse a pé, seucorpo jamais faria os arranhões retratados no capô do Gol.

O corpo da vítima poderia amassar o capô do Gol.Jamais arranhar !!!

Da dinâmica dos fatos, a conclusão que se chega é que o Fiesta do Requeridocolidiu com a moto da vítima Maique, a qual fora arremessada para cima do VW/Gol e que, somente após tal colisão, o Fiesta acertou o Gol.

O próprio estrago do Fiesta, retratado às fls. 71 e 79 (ambas na parte superiordas referidas fls.), demonstra uma batida “seca” próximo à altura da placa de licençado Fiesta, ou seja, numa altura muito próximo à altura do motor de uma motopequena, assim como a ocupada pela vítima, o que corrobora com o ora afirmado.

Outra questão que salta aos olhos, Nobre Magistrado: o fato do VW/Golter quebrado seus 02 (dois) retrovisores, conforme retratado às fls. 76, mostrandoque tanto a vítima quanto sua moto atingiram tal veículo, pois os dois estragos nãoteriam como ser feitos por um só corpo.

Fica também impugnada a notícia (sensacionalista por sinal) colacionadaàs fls. 21, a qual é totalmente inverídica e não pode servir sequer como início deprova nos autos, posto que a opinião de um jornalista ou de um repórter (nãopresenciais aos fatos) de nada serve, até mesmo por falta de conhecimentos técnicospara tanto.

Além do mais, a notícia veiculada pelo site www.difusoraourofino.com.brdemonstra absolutamente o contrário, conforme comprova o anexo documento,extraído de tal referido site (acesso em 13/12/2011).

Concessa vênia, outra conclusão não se chega a não ser que o Requeridonão teve qualquer resquício de culpa pela ocorrência do lamentável acidente queinfelizmente vitimou de morte o filho dos Requerentes e, como não poderia serdiferente, que os Requerentes não conseguiram e jamais conseguirão comprovar oque alegam, a teor do art. 333, I do CPC, merecendo a presente ação ser julgadatotalmente improcedente por V. Exa.

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Infelizmente a Gratuidade da Justiça é uma “faca de dois gumes”, pois,muito embora facilite o acesso à justiça aos mais pobres, leva muitas pessoas aingressarem em juízo com ações absurdas, verdadeiras aventuras jurídicas, já quenão pagam custas e nem correm o risco de se verem responsabilizadas nas verbasde sucumbência.

Ou seja, dão um tiro no escuro, pois se perderem a ação nada gastam. Seganharem alguma coisa, já estão no lucro, data vênia.

Ainda que V. Exa. vislumbre qualquer resquício de culpa no Requerido, oque jamais se acredita, ainda assim a ação improcede, pois não comprovados osalegados danos. Vejamos:

Com relação aos danos materiais, os mesmos não restaram comprovadosnos autos, não bastando para tanto a mera alegação no sentido de que a vítima fataliria futuramente trabalhar e ajudar em casa, merecendo ser julgado totalmenteimprocedente tal pleito.

Neste sentido:

“Indenização – Perdas e danos – Ausência de comprovação cabal deprejuízos aferíveis economicamente – Dano hipotético que não justifica a reparação– Ação improcedente – Recurso não provido.”(TJSP – 13ª C-AP.- Rel. Ney Almada– j. 27.04.89).

O Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais por reiteradasvezes decidiu que a morte de filho menor que não contribui para o sustento dafamília não dá ensejo à indenização por dano material, visto constituir meraexpectativa de direito.

A indenização por danos materiais advindos de morte de menor que aindanão ingressou no mercado de trabalho, constitui uma obra de “futurologia jurídica”,data vênia.

A jurisprudência tem sabido ministrar em cada caso a solução adequada,merecendo destaque trecho do erudito voto proferido pelo eminente Ministro AthosCarneiro, no julgamento do Recurso Especial nº 28.861-0/PR, relatado pelo eminenteMinistro Sálvio de Figueiredo Teixeira:

“... Realmente ocorria, como o disse, se não estou equivocado, MárioMoacir Porto, e. Desembargador aposentado do Tribunal de Justiça da Paraíba eadvogado no Rio Grande do Norte atualmente, obra de ‘futurologia jurídica’. Eraprevisto, em antecipação do futuro, que aquele menor, às vezes de tenra idade, iriacontribuir para a manutenção da família... Agora, parece-me mister distinguir asduas situações: a primeira, a da morte do menor de tenra idade ou que ainda nãotrabalha, quando entendo cabível apenas a indenização por danos morais; e a

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segunda - a quem aludem alguns acórdãos a que fez referência o e. Ministro Relator- é a situação da indenização por morte de menores que já trabalhavam eefetivamente ajudavam os pais. Neste caso, não se estará fazendo obra de‘futurologia jurídica’ mas se está encarando danos concretos e realmenteocorrentes... (RT 698/240)”.

Portanto, forçoso concluir que em se tratando de menor de idade que aindanão exercia atividade remunerada, revela-se mais razoável a orientação que nãoacolhe pensionamento aos pais a título de dano material.

Igualmente improcedente é o pleito de ressarcimento das despesas comfuneral da vítima e o luta da família, posto que nenhum comprovante de despesafora carreado aos autos.

Por último, com relação aos alegados danos morais, melhor sorte tambémnão socorre aos Requerentes, posto que tais alegados danos não foram efetivamentecomprovados nos autos, o que é de mister.

Com efeito, para que se verifique a ocorrência dos danos de formainequívoca não basta a expressão dos sentimentos de quem, por juízo próprio sesentiu ferido.

Faz-se necessário que, para a caracterização do instituto, fique demonstradaa ocorrência de uma conduta ilícita ensejadora da suposta lesão.

Ademais, é condição “sine qua non” para o pagamento de qualquerindenização que aquele a quem se atribui a responsabilidade pelo pagamento tenhadado causa ao evento danoso, devendo haver nexo de causalidade entre o atopraticado e o prejuízo, condições estas não observadas no caso em tela.

Assim é o entendimento do mestre Washington de Barros Monteiro queassim expressa:

“Constitui condição de êxito da ação de indenização a existência efetivados danos. Devem ser estes demonstrados no curso do feito, embora se possa relegarpara execução a apuração do seu montante. Se não comprovam durante a ação,não pode esta vingar, só se apuram em execução quando evidenciados na ação(Curso de Direito Civil, São Paulo, Saraiva, 4/366)” (in RT 741/397).

Caso V. Exa. entenda que tal dano moral é presumido, o que não se acredita,o valor da indenização deverá ser fixado em valor módico, uma vez que devem serconsiderados os seguintes elementos:

a) as possibilidades financeiras do Requerido;b) o grau de culpa pelo evento danoso;c) as conseqüências sofridas pela vítima;

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d) a realidade social da vítima.

O Requerido, ao contrário do que alegam os Requerentes, dizendo que omesmo é um próspero empresário e proprietário de automóveis (no plural), a verdadeé muito diferente, já que é apenas um pequeno empresário e proprietário de um sóautomóvel, simples e de baixo valor por sinal, conforme comprovado nos autos.

O grau de culpa pelo evento danoso inexiste, conforme restou demonstrado.

Intenção de ofender muito menos !!!

Ressalte-se ainda que a restituição do status quo ante nos casos de danomoral dá-se, à falta de prejuízos palpáveis componíveis em dinheiro, na espinhosatarefa de arbitrar algo (não necessariamente dinheiro) que possa causar sensaçãopositiva àquele que sofreu dano, de modo a compensá-lo ou trazer satisfação quepossa ser equivalente ao sofrimento impingido.

Também há que ser considerada a realidade social da vítima, sendo debom grado ressaltar que os próprios Requerentes se declararam pobres nos autos.

Portanto, Excelência, na remota hipótese de sobrevir condenação à títulode danos morais, o que somente se admite por amor ao debate e por absurdo hipótese,o valor a ser fixado por V. Exa. deverá ser fixado em valor baixo, já que ajurisprudência vêm coibindo o locupletamento indevido do ofendido, limitando averba reparatória a valores adequados e condizentes com a realidade atual, máximeporque a vítima deve encontrar na reparação um meio de satisfação do dano moralexperimentado, e não uma caderneta de aposentadoria ou um bilhete de loteriapremiado.

Contudo, caso V.Exa. entenda devida alguma quantia a título de indenizaçãopor danos morais, o que admitimos somente para fins de argumentação e em respeitoao Princípio da Eventualidade, esta não deverá ser arbitrada de forma elevada, afim de não causar com isso maiores prejuízos ao Requerido e de não permitir umlocupletamento ilícito por parte dos Requerentes.

Oportuno ressaltar ainda que a reparação do dano moral tem carátereminentemente compensatório. Jamais terá caráter punitivo.

Os Requerentes deveriam ter vergonha de vir em juízo buscar auferirdinheiro mesmo sabendo que o filho morto foi culpado pelo acidente, data máximavênia.

Mais ainda, Excelência, eventuais danos pessoais sofridos pelosRequerentes devem ser ressarcidos pelo Seguro DPVAT, a quem os Requerentesdeveriam recorrer (se ainda não fizeram), nos termos da Lei 6194/74, que lhe permitereceber até R$ 13.500,00 a título de “indenização por morte”, na qualidade desucessores ascendentes, já que a vítima não deixou descendentes, conforme certidãode óbito de fls. 26.

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Os danos remanescentes aos pessoais é que podem ser cogitados, discutidosem processo judicial, sendo que em caso de procedência da ação, o que não seacredita, os valores recebidos pelos Requerentes do Seguro DPVAT devem serdevidamente compensados, o que fica desde já requerido.

Diante de todo o exposto, o Requerido contesta todos os seus termos, teore forma, a ação proposta pela Requerente e requer seja decretada a TOTAL IMPRO-CEDÊNCIA DA AÇÃO, indeferindo-se todos os pleitos, pelos motivos invocadosna presente defesa, condenando-se os Requerentes nos pagamentos das custasprocessuais e honorários advocatícios a serem prudentemente arbitrados por V. Exa.

“Ad argumentandum”, sobrevindo condenação, o Requerido requer sejareconhecido por este Egrégio Juízo a CULPA CONCORRENTE, nos termos doart. 945 do Código Civil e que as eventuais indenizações sejam fixadas nos moldesdo supracitado artigo e conforme exposto nesta peça defensiva, ou seja, em valoresmoderados considerando a maior culpa da vítima, compensando-se, inclusive oshonorários advocatícios, conforme Súmula 306 do STJ.

Requer ainda que V. Exa. se digne indeferir a produção de prova testemunhalpor parte dos Requerentes, posto que, conforme artigo 276 c/c 275, alínea “d” doCPC o rol das testemunhas deveria ter acompanhado a inicial. Inclusive, ressalte-seque os próprios Requerentes disseram às fls. 18 que o rol estaria anexo à inicial, oque não se observa ao analisar os documentos anexados à exordial.

Requer, por fim, que V. Exa. se digne oficiar à Seguradora Líder doConsórcio DPVAT, com endereço na Rua Senador Dantas, 74, 6º. andar, Rio deJaneiro (RJ), CEP 20031-205, a fim de que informe nos autos se os Requerentesreceberam algum valor do Seguro DPVAT e, sendo afirmativa a resposta, que informeos respectivos valores e datas dos pagamentos.

Protesta-se por provar o alegado por todos os meios de prova em direitoadmitidas, especialmente pelo depoimento pessoal dos Requerentes, sob pena deconfissão, oitiva de testemunhas, cujo rol segue em anexo, as quais deverão serdevidamente intimadas para prestar depoimento, inclusive algumas delas via CartaPrecatória, juntada de novos documentos, perícia e todas as demais provas que sefizerem necessárias, não importando tal especificação em limitação das modalidadesprobatórias.

Termos em que,

Pede deferimento.

(local e data)

(assinatura e n.º da OAB do advogado)