contas governo federal 2011 - tcu

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Exercício de 2011 Ministro José Múcio, Relator Relatório e Parecer Prévio sobre as Contas do Governo da República Fiscalização a serviço da sociedade

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CONTAS GOVERNO FEDERAL 2011 - TCU

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Fiscalizao a servio da sociedade

Contas do Governoda Repblica

Relatrio e Parecer Prvio sobre as

Exerccio de

2011

Ministro Jos Mcio, Relator

Repblica Federativa do Brasil Tribunal de Contas da UnioMinistrosMinistros

Ubiratan Aguiar, Presidente Benjamin Zymler (Presidente) BenjaminZymler, Vice-Presidente Marcos Vinicios Vilaa Augusto NardesCampelo (Vice-presidente) Valmir Valmir Campelo Walton Alencar Rodrigues Augusto Nardes Walton Rodrigues Aroldo Cedraz Aroldo Cedraz Raimundo Carreiro Jos Jorge Raimundo Carreiro

Ministros-substitutosMinistrio Pblico Augusto Sherman Cavalcanti

Augusto Sherman Cavalcanti Ana Arraes Marcos Bemquerer Costa Andr Lus de Carvalho Weder de Oliveira

Jos Mcio Monteiro

Jos Jorge Auditores

Marcos Bemquerer Costa Lucas Rocha Furtado, Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin, Subprocurador-Geral Andr Lus de Carvalho Maria Alzira Ferreira, Subprocuradora-Geral Weder Vries Marsico, Marinus Eduardo de de Oliveira Procurador Cristina Machado da Costa e Silva, Procuradora Jlio Marcelo de Oliveira, Procurador Ministrio Pblico junto ao Tcu Srgio Ricardo Costa Carib, Procurador Lucas Rocha Furtado (Procurador-Geral) Paulo Soares Bugarin (Subprocurador-geral) Cristina Machado da Costa e Silva (Subprocuradora-geral) Marinus Eduardo de Vries Marsico (Procurador) Jlio Marcelo de Oliveira (Procurador) Srgio Ricardo Costa Carib (Procurador)

Relatrio e Parecer Prvio Sobre as Contas do Governo da Repblica Exerccio de 2011

Ministro Jos Mcio Monteiro, Relator Braslia, 2012

Copyright 2012, Tribunal de Contas de Unio www.tcu.gov.br

Relatrio e parecer prvio sobre as contas do governo da repblica / Tribunal de Contas da Unio. - (2007)- . Braslia : TCU, 2007v. Anual. Continuao de: Relatrio do Tribunal de Contas (1893-1950, 1954) ; Parecer prvio sobre as contas do presidente da repblica (1951-1961, 1970) ; Parecer prvio sobre as contas do governo da repblica (1962-1966) ; Parecer sobre as contas gerais da repblica (1968) ; Parecer sobre as contas do presidente da repblica (1969) ; Relatrio sobre as contas do presidente da repblica (1971) ; Relatrio e parecer prvio sobre as contas do governo (1972-1973) ; Relatrio e parecer sobre as contas do governo da repblica (1974-1992, 1994) ; Relatrio, concluso e projeto de parecer prvio sobre as contas do governo da repblica (1993) ; Relatrio e pareceres prvios sobre as contas do governo da repblica (2000-2006) ; Relatrio e parecer prvio sobre as contas do governo da repblica (1990, 1995-1999, 2007-). 1. Contas do governo Brasil. I. Tribunal de Contas da Unio (TCU). Catalogao na fonte: Biblioteca Ministro Ruben Rosa

SuMRiointroduo 11 2 dESEMPEnHo dA EConoMiA BrASiLEirA EM 2011 152.1 Panorama Econmico Nacional e Internacional .................................................................................. 15 2.2 Atividade Econmica .......................................................................................................................... 17 2.2.1 Nvel de Preos e Taxas de Inflao em 2011 .................................................................................... 17 2.2.2 Nvel de Emprego e Salrios ............................................................................................................ 19 2.2.3 Produto Interno Bruto ..................................................................................................................... 21 Poupana Nacional Bruta e Investimento ............................................................................................. 25 2.2.4 A CARGA TRIBUTRIA NACIONAL ..................................................................................................... 26 2.3 Poltica Macroeconmica .................................................................................................................... 28 2.3.1 Poltica Fiscal ................................................................................................................................... 28 2.3.2 Poltica Monetria e Creditcia .......................................................................................................... 29 2.3.2.1 Poltica Monetria ....................................................................................................................... 29 Taxa Selic ............................................................................................................................................ 33 Depsitos Compulsrios ...................................................................................................................... 34 Medidas Macroprudenciais .................................................................................................................. 34 Taxas de Juros Reais ............................................................................................................................. 34 Base Monetria ................................................................................................................................... 34 Saldo e Prazos das Operaes Compromissadas ................................................................................... 35 Reservas Internacionais e o Resultado do Bacen ................................................................................... 37 2.3.2.2 Poltica Creditcia ........................................................................................................................ 39 2.4 Relaes Econmico-Financeiras com o Exterior .................................................................................. 41 2.4.1 Balano de Pagamentos e Reservas Internacionais ........................................................................... 42 2.5 Dvida Pblica .................................................................................................................................... 46 2.5.1 Dvida Bruta do Governo Geral........................................................................................................ 46 2.5.2 Dvida Lquida do Setor Pblico........................................................................................................ 48 2.5.3 Relaes Financeiras: Tesouro, Bacen e instituies financeiras oficiais............................................... 50 2.5.4 Evoluo da taxa Selic e da taxa implcita da DLSP ............................................................................ 54 2.5.5 Plano Anual de Financiamento e Relatrio Anual da Dvida Pblica Federal....................................... 55 2.5.6 Demonstrativo da Dvida Consolidada Lquida no Relatrio de Gesto Fiscal ..................................... 57 Ressalvas ............................................................................................................................................. 59 Recomendaes.................................................................................................................................. 59

3 AnLiSE dAS rECEitAS E dESPESAS do EXErCCio dE 2011 633.1 Plano Plurianual PPA 2008-2011 .......................................................................................................... 65 Recursos Oramentrios no PPA 2008-2011 ......................................................................................... 68 Aes de Controle Externo .................................................................................................................. 69 3.2 Lei de Diretrizes Oramentrias LDO 2011 ............................................................................................ 70 3.2.1 Priorizao de aes no exerccio de 2011 ....................................................................................... 71 Ressalvas ............................................................................................................................................. 78 Recomendaes.................................................................................................................................. 78 3.2.2 Cumprimento das metas fiscais ........................................................................................................ 79 3.3 Lei Oramentria Anual LOA ................................................................................................................ 81 3.3.1 Disponibilidade de Recursos no Exerccio de 2011 ........................................................................... 82 Alteraes dos Oramentos ................................................................................................................. 82 Abertura de crditos extraordinrios..................................................................................................... 83

Limites para Movimentao e Empenho Contingenciamento ............................................................. 83 Contingenciamento no Poder Executivo .............................................................................................. 85 Contingenciamento nos Demais Poderes ............................................................................................. 87 Disponibilidade por Fonte de Recursos ................................................................................................ 87 Conciliao Contbil de Fontes ............................................................................................................ 89 3.3.2 Receita ............................................................................................................................................ 90 Critrio do Oramento ........................................................................................................................ 90 Critrio Gerencial ................................................................................................................................ 91 Comportamento da Arrecadao das Receitas Correntes ...................................................................... 92 Receitas de Capital .............................................................................................................................. 95 Receita do Seguro DPVAT .................................................................................................................... 96 3.3.2.3 Recuperao de crditos ............................................................................................................ 97 Parcelamentos..................................................................................................................................... 98 Parcelamentos Tributrios .................................................................................................................... 98 Parcelamentos Previdencirios ............................................................................................................. 99 Dbitos com exigibilidade suspensa ................................................................................................... 101 Dvida Ativa ....................................................................................................................................... 101 Ressalvas ........................................................................................................................................... 108 Recomendaes................................................................................................................................ 108 3.3.2.4 Arrecadao de Multas ............................................................................................................. 109 Quantidade de multas aplicadas ........................................................................................................ 109 Montantes financeiros relativos s multas aplicadas ............................................................................ 110 Montantes financeiros relativos arrecadao efetivada ..................................................................... 111 Comparao entre os montantes das multas aplicadas e da arrecadao efetivada ............................. 112 Quantidade de inscries no Cadin ................................................................................................... 113 Execuo fiscal dos dbitos relativos a multas ..................................................................................... 115 Aes de Controle ............................................................................................................................. 116 Recomendaes................................................................................................................................ 117 3.3.3 Despesas ...................................................................................................................................... 117 3.3.3.1 Despesas por Funo ............................................................................................................... 119 3.3.3.2 Despesas por rgo Superior ................................................................................................... 122 3.3.3.3 Despesas por Categoria Econmica e Grupo de Despesa .......................................................... 124 Despesas com Pessoal ....................................................................................................................... 125 Outras Despesas Correntes ................................................................................................................ 128 Terceirizao na Administrao Pblica............................................................................................... 130 Investimentos .................................................................................................................................... 133 Inverses Financeiras......................................................................................................................... 135 3.3.3.4 Despesas por Modalidade de Aplicao .................................................................................... 136 Transferncias Voluntrias e para o Setor Privado ................................................................................ 136 Transferncias a Entidades sem Fins Lucrativos ................................................................................... 138 3.3.3.5 Restos a Pagar Execuo em 2011 ......................................................................................... 139 Anlise conjunta da execuo oramentria e de restos a pagar no processados ............................... 144 3.3.4 Renncias de Receitas: Benefcios Tributrios, Financeiros e Creditcios ............................................ 145 Benefcios Tributrios ......................................................................................................................... 147 Benefcios tributrios em relao ao PIB e s despesas liquidadas por funo oramentria.................. 148 Benefcios Tributrios-Previdencirios .................................................................................................. 150 Benefcios Financeiros e Creditcios .................................................................................................... 151 Operaes de Crdito ao BNDES ....................................................................................................... 153

Aes de Controle ............................................................................................................................. 153 Benefcios financeiros e creditcios ...................................................................................................... 153 Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi) ................................. 154 Valores repassados pelo Tesouro Nacional aos Fundos de Investimento Regionais ............................... 154 Avaliaes dos benefcios................................................................................................................... 155 Recomendaes:............................................................................................................................... 156 3.3.5 Gesto Fiscal ................................................................................................................................. 156 Receita Corrente Lquida .................................................................................................................... 156 Despesas com Pessoal ....................................................................................................................... 158 Inscrio em Restos a Pagar ............................................................................................................... 161 3.3.6 Oramento de Investimento das Empresas Estatais ......................................................................... 162 Despesas por Empresa ...................................................................................................................... 162 Aes sem Cobertura Oramentria ................................................................................................... 164 Ao de Controle Externo .................................................................................................................. 166 Ressalvas ........................................................................................................................................... 167 Recomendaes................................................................................................................................ 167

4 Ao SEtoriAL do GoVErno1714.1 O Programa de Acelerao do Crescimento .......................................................................................... 172 4.1.1 Anlise Geral ................................................................................................................................. 172 Transportes ....................................................................................................................................... 179 Energia ............................................................................................................................................. 184 Minha Casa Minha Vida ..................................................................................................................... 189 gua e Luz para Todos ...................................................................................................................... 190 Cidade Melhor .................................................................................................................................. 192 Comunidade Cidad ......................................................................................................................... 194 Execuo Oramentria do PAC......................................................................................................... 195 4.1.2 Desoneraes e subsdios concedidos no mbito do PAC ............................................................... 199 Desoneraes Tributrias ................................................................................................................... 200 Benefcios Financeiros e Creditcios .................................................................................................... 204 4.2 Anlise dos Programas do PPA 2008-2011............................................................................................. 207 4.2.1 Anlise Geral dos Dados de Programas e Aes do PPA 2008-2011 ................................................ 208 Execuo Fsica e Financeira .............................................................................................................. 208 Indicadores dos Programas ................................................................................................................ 213 4.3 Aes Setoriais ................................................................................................................................. 214 4.3.1 Funo Seguridade Social ............................................................................................................. 214 4.3.2 Funo Sade ............................................................................................................................... 217 Anlise da Execuo Oramentria e do Gasto Tributrio .................................................................... 218 Aplicao mnima em Aes e Servios de Pblicos de Sade.............................................................. 220 Resultados da atuao Governamental .............................................................................................. 222 Programa 1220 Assistncia Ambulatorial e Hospitalar Especializada ............................................... 223 Programa 1214 Ateno Bsica em Sade .................................................................................... 224 Programa 1293 Assistncia Farmacutica e Insumos Estratgicos ................................................... 224 Aes de Controle Externo ................................................................................................................ 225 Auditoria Operacional no Programa Farmcia Popular ....................................................................... 225 Auditoria de conformidade no Programa Assistncia Farmacutica do Paran ..................................... 226 Monitoramento nos Sistemas Pblicos e Manejo de Resduos Slidos .................................................. 226 Auditoria Operacional na Poltica Nacional de Assistncia Oncolgica ................................................. 226

Levantamento de Auditoria sobre os processos de aquisio de medicamentosrealizados pelas unidades da Federao com recursos transferidos fundo a fundo no mbito do SUS ........ 227 Auditoria Operacional na Poltica Nacional sobre Drogas .................................................................... 227 4.3.3 Funo Previdncia Social ............................................................................................................. 227 Anlise da Execuo Oramentria .................................................................................................... 228 Resultado da Atuao Governamental em 2011 ................................................................................ 229 Programa Previdncia Social Bsica ................................................................................................. 230 Programa - Qualidade dos Servios Previdencirios............................................................................. 231 Resultado do Regime Geral da Previdncia Social (RGPS) .................................................................... 232 Resultado do Regime Prprio de Previdncia dos Servidores (RPPS) ..................................................... 234 Aes de Controle Externo ................................................................................................................ 235 4.3.4 Funo Assistncia Social ............................................................................................................... 235 Anlise da execuo do gasto ............................................................................................................ 235 4.3.5 Funo Educao ......................................................................................................................... 237 Anlise da Execuo Oramentria e do Gasto Tributrio .................................................................... 238 Limite de Gastos com Manuteno e Desenvolvimento do Ensino ...................................................... 242 Fundo de Manuteno e Desenvolvimento da Educao Bsica e de Valorizao dos Profissionais da Educao (Fundeb) ................................................................................................................. 243 Ensino Superior ................................................................................................................................. 245 Anlise dos Indicadores ..................................................................................................................... 246 4.3.6 Funo Cultura ............................................................................................................................. 247 Recursos alocados na funo: evoluo da execuo oramentria e dos gastos tributrios ................ 247 Desempenho dos principais programas oramentrios ....................................................................... 249 Avaliao dos programas decorrentes das leis de incentivo Cultura .................................................. 250 Captao de recursos por segmento cultural Lei 8.313/1991 Lei Rouanet ..................................... 251 Regionalizao da captao de recursos via leis de incentivo .............................................................. 253 Prestao de Contas e Tomadas de Contas Especiais........................................................................... 254 Aes de Controle Externo ................................................................................................................ 255 4.3.7 Funo Desporto e Lazer............................................................................................................... 256 Aes de controle externo ................................................................................................................. 258 4.3.8 Funo Segurana Pblica ............................................................................................................ 259 4.3.9 Funo Defesa Nacional................................................................................................................ 262 Anlise do gasto ................................................................................................................................ 262 Resultado da atuao governamental em 2010 ................................................................................. 264 Aes de Controle Externo ................................................................................................................ 266 4.3.10Funo Trabalho ........................................................................................................................... 268 Anlise do gasto ................................................................................................................................ 268 4.3.11Funo Direitos da Cidadania ........................................................................................................ 271 4.3.12Funes Habitao, Saneamento e Urbanismo .............................................................................. 273 4.3.12.1 Habitao .............................................................................................................................. 273 Anlise da execuo do gasto ............................................................................................................ 274 4.3.12.2 Urbanismo ............................................................................................................................. 275 Anlise da execuo do gasto ............................................................................................................ 275 4.3.12.3 Saneamento.............................................................................................................................. 276 Anlise da execuo do gasto ............................................................................................................ 276 4.3.13Funo Gesto Ambiental ............................................................................................................. 277 Aes do controle externo ................................................................................................................. 280 4.3.14Funo Cincia e Tecnologia ......................................................................................................... 281

Anlise da execuo do gasto ............................................................................................................ 281 Resultado da Ao Governamental .................................................................................................... 285 4.3.15Funo Agricultura........................................................................................................................ 286 Anlise do gasto ................................................................................................................................ 288 Subfunes tpicas ............................................................................................................................. 288 Aes de Controle Externo ................................................................................................................ 290 4.3.16Funo Organizao Agrria ......................................................................................................... 290 Resultado da atuao governamental em 2011 ................................................................................. 292 Aes de Controle Externo ................................................................................................................ 293 4.3.17Funo Indstria ........................................................................................................................... 293 Anlise da execuo do gasto ............................................................................................................ 294 Aes de Controle Externo ................................................................................................................ 297 4.3.18Funo Comrcio e Servios .......................................................................................................... 297 4.3.19Funo Comunicaes .................................................................................................................. 300 Resultado da atuao governamental em 2011 ................................................................................. 302 4.3.20Funo Energia............................................................................................................................. 304 Oferta de Petrleo e Gs Natural ....................................................................................................... 308 Refino de Petrleo ............................................................................................................................. 309 Energia Eltrica ................................................................................................................................. 310 Aes de Controle Externo ................................................................................................................ 311 Modernizao e Expanso da Frota de Navios ................................................................................... 311 Leilo e concesso da Usina Hidroeltrica de Santo Antnio ............................................................... 311 Governo ter que elaborar plano de ao para concesses do Setor Eltrico ...................................... 311 4.3.21Funo Transporte ........................................................................................................................ 312 Anlise da execuo do gasto ............................................................................................................ 313 Resultado da atuao governamental em 2011 ................................................................................. 316 Aes de Controle Externo ................................................................................................................ 317 4.3.22Funes Administrao e Encargos Especiais.................................................................................. 318 4.3.22.1 Administrao ........................................................................................................................ 318 Anlise da execuo do gasto ............................................................................................................ 318 4.3.22.2 Encargos Especiais ................................................................................................................. 320 Aes de Controle Externo ................................................................................................................ 324 4.3.23Funo Relaes Exteriores ............................................................................................................ 326 4.3.24Funo Legislativa ......................................................................................................................... 327 4.3.24.1 Senado Federal ...................................................................................................................... 329 4.3.24.2 Cmara dos Deputados .......................................................................................................... 329 4.3.24.3 Tribunal de Contas da Unio ................................................................................................... 330 4.3.25Funo Judiciria .......................................................................................................................... 330 A Gesto Estratgica do Judicirio ..................................................................................................... 334 4.3.26Funo Essencial Justia ............................................................................................................. 337 Ministrio Pblico da Unio ............................................................................................................... 339 Conselho Nacional do Ministrio Pblico............................................................................................ 339

5 AuditoriA do BALAno GErAL dA unio 3435.1 Escopo, Responsabilidades e Concluses .............................................................................................. 343 Responsabilidade pela elaborao das demonstraes contbeis consolidadas da Unio .................... 343 Responsabilidade do Tribunal de Contas da Unio ............................................................................. 343 Base para a opinio com ressalva ....................................................................................................... 344

Opinio com ressalva ........................................................................................................................ 345 nfases ............................................................................................................................................. 345 5.2 Descrio das Ressalvas ........................................................................................................................ 345 Desobedincia ao princpio contbil da prudncia ............................................................................. 345 Ausncia de excluso dos saldos decorrentes de operaes intragovernamentais ............................... 348 Restries s demonstraes contbeis dos ministrios da Sade, do Desenvolvimento Agrrio e da Previdncia Social ................................................................ 349 Ausncia de entidade contbil para o Fundo do Regime Geral da Previdncia Social ........................... 352 Ausncia de registro contbil do passivo atuarial do RPPS ................................................................... 353 Ausncia de contabilizao das alteraes na previso de receitas primrias ........................................ 355 Ausncia de contabilizao das renncias de receitas ......................................................................... 357 Ausncia de contabilizao da proviso para perdas provveis relativas aos crditos tributrios a receber ................................................................................. 360 Defasagem no registro de equivalncia patrimonial das participaes societrias ................................ 361 Defasagem das informaes de suporte ao registro dos crditos tributrios a receber .......................... 362 Retificao irregular de R$ 116,9 bilhes de restos a pagar no processados ....................................... 363 Incompatibilidade na depreciao de bens mveis e imveis .............................................................. 365 Divergncia de R$ 17,8 bilhes em saldos da Conta nica do Tesouro Nacional ................................. 367 Divergncia de R$ 14,2 bilhes em saldos da Dvida Mobiliria Interna ............................................... 369 Divergncia de R$ 690 milhes em saldos de Bens Imveis de Uso Especial ........................................ 371 Divergncia de R$ 109,8 bilhes em saldos da Dvida Ativa ................................................................ 372 Divergncia de R$ 17,7 bilhes em saldos de Crditos Parcelados....................................................... 373 5.3 Descrio das nfases ........................................................................................................................... 374 Divergncia de saldos entre receitas e despesas intraoramentrias .................................................... 374 Classificao provisria da arrecadao de parcelamentos .................................................................. 375 Reconhecimento de receitas pelo regime de competncia .................................................................. 376 Ressalvas ........................................................................................................................................... 377 Recomendaes................................................................................................................................ 378

6

SuStEntABiLidAdE do CrESCiMEnto 383

6.1 Poltica econmica e Sustentabilidade do Crescimento........................................................................... 386 Introduo ........................................................................................................................................ 386 Retrospectiva conjuntura econmica a partir do plano Real ............................................................. 386 Aes de poltica monetria ............................................................................................................... 387 Aes de poltica cambial................................................................................................................... 388 Aes de poltica fiscal ....................................................................................................................... 390 Consideraes finais .......................................................................................................................... 392 6.2 Infraestrutura e Sustentabilidade do Crescimento. ............................................................................. 393 6.2.1 Infraestrutura: setores eltrico, de banda larga e de transporte de gs natural. ................................ 393 6.2.1.1 Setor Eltrico ............................................................................................................................ 395 Planejamento e monitoramento setorial ............................................................................................. 395 Principais entraves para a execuo dos projetos indicados no planejamento setorial .......................... 397 Aes governamentais para mitigao dos entraves ........................................................................... 401 6.2.1.2 Banda Larga............................................................................................................................. 403 Planejamento e monitoramento setorial ............................................................................................. 403 Principais entraves para a execuo das aes do setor ...................................................................... 404 Aes governamentais para mitigao dos entraves ........................................................................... 405 6.2.1.3 Transporte de Gs Natural ........................................................................................................ 406

Planejamento do setor de gs natural ................................................................................................ 406 Planejamento do setor de transporte de gs natural ........................................................................... 407 Plano Decenal de Expanso da Malha de Transporte Dutovirio de Gs Natural e principais entraves para a expanso do setor ........................................................................... 408 Aes governamentais para mitigao dos entraves ........................................................................... 409 6.2.1.4 Concluso ................................................................................................................................ 410 Recomendaes................................................................................................................................ 412 6.2.2 Infraestrutura de Transportes ......................................................................................................... 413 Planejamento no setor de transportes ................................................................................................ 413 Efetividade do planejamento no setor de transportes ......................................................................... 420 Coerncia entre investimentos planejados e executados ..................................................................... 420 Investimentos executados .................................................................................................................. 422 Aeroportos ........................................................................................................................................ 422 Ferrovias ........................................................................................................................................... 423 Aquavirio Hidrovias ....................................................................................................................... 424 Aquavirio Portos ........................................................................................................................... 425 Rodovias ........................................................................................................................................... 425 Consideraes finais .......................................................................................................................... 426 Recomendaes................................................................................................................................ 427 6.3 O PAC e a Sustentabilidade do Crescimento Econmico Brasileiro ...................................................... 428 6.4 COPA DO MUNDO DE 2014 ............................................................................................................ 434 6.4.1 O modelo de governana adotado pelo governo federal para a Copa do Mundo de 2014 ............. 435 Matriz de Responsabilidades .............................................................................................................. 435 Instalao das Cmaras Temticas ...................................................................................................... 436 Monitoramento dos Projetos.............................................................................................................. 436 6.4.2 Ciclos de Planejamento e Definio dos Investimentos para a Copa do Mundo ............................ 437 Ciclos de Planejamento ..................................................................................................................... 437 Definio dos Investimentos para a Copa ........................................................................................... 438 6.4.3 Cronograma dos Projetos Definidos na Matriz de Responsabilidades ............................................ 438 Mobilidade Urbana ........................................................................................................................... 438 Infraestrutura Aeroporturia .............................................................................................................. 438 Arenas (Estdios de Futebol) .............................................................................................................. 439 Portos 439 6.4.4 Renncias de Receitas Tributrias e Creditcias na Copa 2014 .......................................................... 439 Renncias creditcias e estimativa de benefcios .................................................................................. 439 Renncia tributria ............................................................................................................................ 441 6.4.5 Concluso..................................................................................................................................... 442 6.5 Desenvolvimento Regional ............................................................................................................... 443 Educao.......................................................................................................................................... 444 Saneamento ..................................................................................................................................... 445 Renda per capita ............................................................................................................................... 446 6.5.1 A Poltica Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) e seus instrumentos ................................ 447 6.5.2 Problemas Recorrentes .................................................................................................................. 449 6.5.3 Aprimoramentos na Gesto da PNDR ............................................................................................ 451 6.5.4 Continuidade das Aes de Controle ............................................................................................. 451 Futuras Aes de Fiscalizao ............................................................................................................ 452 6.5.5 Concluses ................................................................................................................................... 453 Recomendaes................................................................................................................................ 454

6.6

Polticas de Cincia, Tecnologia e Inovao no Brasil e sua relao com a Sustentabilidade do Crescimento Econmico ................................................................................. 454 6.6.1 Relevncia em relao ao tema da sustentabilidade........................................................................ 454 Comparao Internacional do Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento...................................... 455 Participao de empresas no investimento nacional em P & D ............................................................ 456 6.6.2 Anlise da construo e do acompanhamento das metas definidas pelas atuais polticas de cincia, tecnologia e inovao, como foco na sua contribuio sustentabilidade do crescimento econmico brasileiro. ................................................................................................................................... 458 Sobre a Estratgia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao (ENCTI) ............................................... 458 O processo de elaborao da ENCTI .................................................................................................. 459 6.6.3 Novas aes da poltica de C, T & I ................................................................................................. 460 A reestruturao da Finep e o aumento dos recursos disponveis para a concesso de reembolsveis. . 460 A criao da Embrapii ........................................................................................................................ 461 Programa Cincia sem Fronteiras ....................................................................................................... 463 Implantao da Plataforma Aquarius .................................................................................................. 463 6.6.4 O Desempenho da Arrecadao e da Execuo Oramentria e Financeira do FNDCT: .................. 464 Recomendaes................................................................................................................................ 466 6.7 Ensino Profissionalizante e Sustentabilidade do Crescimento: Papel da Rede Federal de Educao Profissional e Tecnolgica ................................................................................................................. 466 A contribuio da Rede Federal de Educao Profissional e Tecnolgica para a sustentabilidade do crescimento do pas ..................................................... 467 Riscos incidentes sobre a mo de obra formada pela Rede Federal de Educao Profissional e Tecnolgica.................................................................................... 469 Riscos de Evaso ............................................................................................................................... 469 Riscos sobre a Qualidade do Ensino Ministrado .................................................................................. 470 Riscos de a pesquisa e extenso no fomentarem o desenvolvimento socioeconmico regional .......... 471 Impactos regionais da interiorizao dos Institutos Federais ................................................................ 472 Riscos para a contribuio na reduo das desigualdades regionais .................................................... 475 Consideraes Finais ......................................................................................................................... 477

7 rECoMEndAES do triBunAL dE ContAS dA unio nAS ContAS do GoVErno dA rEPBLiCA dE 2010 E ProVidnCiAS AdotAdAS4817.1 Recomendaes do TCU nas Contas do Governo da Repblica de 2010................................................ 481

8 ConCLuSo 493 9 PArECEr PrVio 2012 511

IntroduoNesta oportunidade, o Tribunal de Contas da Unio, pela 77 vez, desempenha uma de suas mais importantes atribuies, qual seja, a de apreciar e emitir parecer prvio conclusivo sobre as contas que a Presidente da Repblica, nos termos do art. 71, inciso I, da Constituio Federal, deve anualmente prestar ao Congresso Nacional, dotando o rgo de cpula do Poder Legislativo dos elementos tcnicos de que necessita para emitir o seu julgamento poltico e, assim, atender a sociedade, no seu justo anseio por transparncia e correo na gesto dos recursos pblicos. Encaminhadas pelo Excelentssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, Senador Jos Sarney, no dia 12 de abril de 2012, as presentes contas referem-se ao perodo de 1 de janeiro a 31 de dezembro de 2011, primeiro ano de gesto do governo da Excelentssima Senhora Presidente da Repblica Dilma Vana Roussef, e incluem os balanos gerais da Unio e o relatrio do rgo central do sistema de controle interno do Poder Executivo sobre a execuo dos oramentos de que trata o 5 do art. 165 da Constituio Federal. Registro que o TCU emite parecer prvio apenas sobre as contas prestadas pela Presidente da Repblica, pois as contas atinentes aos Poderes Legislativo e Judicirio e ao Ministrio Pblico no so objeto de pareceres prvios individuais, mas efetivamente julgadas por esta Corte de Contas, em consonncia com a deciso do Supremo Tribunal Federal, publicada no Dirio da Justia de 21/8/2007, ao deferir Medida Cautelar no mbito da Ao Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 2.238-5/DF. O Relatrio sobre as Contas do Governo da Repblica contempla, no obstante, informaes sobre os demais Poderes e o Ministrio Pblico, compondo assim todo um panorama da administrao pblica federal. O exame das contas do Governo da Repblica constitui a mais nobre, complexa e abrangente tarefa atribuda a esta Corte pela Constituio Federal e legislao correlata, seja por sua singular relevncia, por permitir sociedade o conhecimento do resultado da atividade do governo federal, seja pela amplitude dos temas tratados e profundidade das anlises realizadas por este Tribunal. Efetivados os trabalhos e concludo o Relatrio, passo a apresent-lo. No incio, consta uma breve sntese sobre o desempenho da economia brasileira no exerccio de 2011, sendo indicados alguns dos principais dados macroeconmicos que delimitam o contexto em que o governo precisou atuar. O captulo seguinte contm a anlise das receitas e despesas, tanto estimadas e fixadas, quanto realizadas em 2011. So examinados, entre outros, a priorizao de aes no exerccio e o cumprimento das metas fiscais, o desempenho da arrecadao federal, a arrecadao das multas, a distribuio das despesas por funo de governo, a execuo dos restos a pagar e o cumprimento dos limites fixados na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). No quarto captulo, feito um balano dos investimentos contemplados no Programa de Acelerao do Crescimento (PAC) e avaliada a ao setorial dos diversos rgos que integram a administrao pblica federal. Compem a anlise a comparao entre o cumprimento de metas fsicas dos programas de governo e a execuo dos respectivos recursos oramentrios; o cumprimento dos limites mnimos de aplicao de recursos em educao e em sade; o financiamento da seguridade social; o resultado financeiro da previdncia social; a execuo dos recursos destinados promoo cultural; os resultados das polticas de segurana pblica; e outros aspectos atinentes s funes de governo.

11

Em relao aos balanos gerais apresentados, o quinto captulo apresenta as concluses da auditoria das demonstraes contbeis consolidadas da Unio, realizada com vistas obteno de evidncias a respeito dos valores apresentados, bem como da conformidade com leis e regulamentos e a eficcia dos controles internos. Ressalto que o captulo possui mudanas significativas em comparao aos Relatrios sobre as Contas do Governo de exerccios anteriores, que objetivam a convergncia s Diretrizes de Auditoria Financeira da Organizao Internacional de Entidades Fiscalizadoras Superiores (Intosai) e s boas prticas internacionais de relato de auditoria de demonstraes financeiras governamentais. O captulo subseqente trata do tema especial Sustentabilidade do Crescimento, que abrange os seguintes tpicos: poltica econmica; infraestrutura; PAC; Copa do Mundo de 2014; desenvolvimento regional; cincia, tecnologia e inovao (C, T & I); e ensino profissionalizante. As sees trazem anlises sobre as polticas e as aes adotadas pelo governo, nas diversas reas, para evitar e superar entraves ao crescimento econmico do pas, considerando a sua relevncia para a melhoria do bem-estar da sociedade. No captulo que antecede a concluso apresentada uma sntese das providncias adotadas pelo governo para a correo das falhas apontadas nas recomendaes exaradas no Relatrio sobre as Contas referentes ao exerccio de 2010. Com o objetivo de alicerar a misso constitucional deste Tribunal e de assegurar a observncia dos princpios da legalidade, eficincia, legitimidade e economicidade na gesto pblica, so formuladas recomendaes aos dirigentes de diversos rgos e entidades da administrao pblica federal. Por derradeiro, submeto apreciao deste Egrgio Plenrio, na forma prevista no Regimento Interno desta Corte, dentro do prazo constitucional, o relatrio e o projeto de parecer prvio sobre as contas prestadas pela Chefe do Poder Executivo.

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Desempenho da Economia Brasileira em 2011

2

2 DESEMPENHO DA ECONOMIA BRASILEIRA EM 2011O segundo captulo do Relatrio e Parecer Prvio sobre as Contas de Governo analisa a conjuntura econmica do exerccio e o alcance dos dois principais objetivos declarados da poltica macroeconmica: a meta de inflao e o nvel de emprego da economia. Apresenta os resultados obtidos pela administrao pblica com o manejo tanto dos instrumentos clssicos quanto dos no convencionais de poltica macroeconmica, assim como o conjunto de variveis que interferiram no desempenho da economia no exerccio e que esto fora do controle governamental, tais como os preos das commodities. Procura-se descrever a causalidade entre os resultados obtidos e a conduo da poltica macroeconmica pelo governo, aqui entendida como o conjunto das polticas fiscal, monetria, creditcia e cambial e a coordenao entre elas. No primeiro caso, busca-se caracterizar se a poltica fiscal expandiu ou conteve as despesas governamentais no exerccio de 2011, em que o crescimento da economia foi de 2,7%, assim como o impacto do resultado fiscal sobre a dvida pblica bruta e lquida. Utilizam-se, basicamente, os indicadores de supervit primrio, dficit nominal, dvida bruta e lquida do setor pblico. No tocante poltica monetria, analisa-se o comportamento da inflao dentro das faixas anunciadas em torno da meta em funo, do manejo da taxa bsica de juros e dos percentuais estabelecidos para o depsito compulsrio das instituies financeiras no Banco Central. Na anlise da poltica creditcia, por seu turno, avalia-se a evoluo dos volumes das operaes de crdito tanto sob a tica do emprestador quanto do tomador dos emprstimos. Ademais, examinam-se os resultados do balano de pagamentos, buscando enfatizar o impacto das relaes comerciais do Brasil com o exterior. Por fim, faz-se uma avaliao sobre a variao dos componentes da dvida pblica, o impacto das relaes entre Tesouro Nacional, Banco Central e instituies oficiais de fomento sobre o endividamento federal, o alcance das metas declaradas no Plano Anual de Financiamento da Dvida Pblica Federal e dos montantes e percentuais da dvida consolidada da Unio sob a tica da Lei de Responsabilidade Fiscal.

2.1

Panorama Econmico Nacional e Internacional

Ao longo do exerccio de 2011, a produo de bens e servios no Brasil, a preos de mercado, cresceu, em termos reais, 2,7% em relao ao Produto Interno Bruto (PIB) de 2010. Em termos absolutos, o PIB atingiu o montante de R$ 4,14 trilhes e em 2010 tal valor foi de R$ 4,03 trilhes. H que se considerar que o crescimento do PIB em 2010, da ordem de 7,5%, foi vigoroso, elevando a base de comparao com 2011. O PIB per capita teve avano ligeiramente inferior, de 1,8%, registrando-se o valor de R$ 21.252,00, o equivalente a US$ 12.696,10. As taxas de crescimento do PIB de cada trimestre de 2011, em relao aos mesmos trimestres do ano anterior, apresentam taxas decrescentes, iguais a 4,2%, 3,3%, 2,1% e 1,4%. Pesquisa realizada pela Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE) coloca o Brasil, em 2011, no 9 lugar no quesito crescimento econmico do PIB, entre os pases membros do G20, grupo que rene as maiores economias desenvolvidas e emergentes do mundo. A colocao situa-se abaixo da atingida em 2010, quando o pas ocupou a 5 posio. China (9,2%), ndia (7,3%), Arbia Saudita (6,8%), Indonsia (6,5%), Mxico (3,9%), Coreia (3,6%), frica do Sul (3,1%) e Alemanha (3,0%) apresentaram crescimento superior ao do Brasil, que ainda ficou abaixo da mdia registrada entre os pases do G20, de 2,8%.15

Em relao aos setores e subsetores do PIB, verifica-se que, em 2011, o setor industrial teve desempenho de 1,6% quanto variao nas quantidades produzidas. Os subsetores que o compem tiveram comportamentos diferentes, com os de Extrativa Mineral e Construo Civil apresentando variaes positivas de 3,2% e 3,6%, respectivamente, e o de Transformao, com aumento de apenas 0,1%. A despesa de consumo das famlias registrou elevao, em 2011, de 4,1%, em decorrncia do crescimento da massa salarial, em termos reais, de 4,8% e da concesso de crdito s famlias, com variao de 18,3%. A Formao Bruta de Capital Fixo (FBCF), conjunto de mquinas, equipamentos e material de construo utilizado no parque industrial para produzir riquezas, apresentou variao positiva de 4,7%. A produo de mquinas e equipamentos apresentou crescimento de 6,0% e a construo civil de 3,9%. As exportaes em 2011 aumentaram 4,5% e as importaes 9,7%, devido a taxas de cmbio favorveis. Os emprstimos s pessoas fsicas e jurdicas, provenientes de recursos livres e direcionados, alcanaram o valor de R$ 2,03 trilhes, correspondente a 49,1% do PIB. As operaes de crdito do sistema financeiro ao setor pblico e privado foram direcionadas, em sua maioria, ao setor privado, que respondeu por 96% das operaes (R$ 1,95 trilho). Das operaes ao setor pblico (R$ 81,7 bilhes), R$ 40,3 bilhes foram direcionados aos governos estaduais e municipais e R$ 41,4 bilhes, ao governo federal. Observou-se um crescimento de 26,8% nas exportaes brasileiras pela mdia diria, em relao ao ano anterior, com aumento da participao da China de 15,2% para 17,3%. Os Estados Unidos, junto com Porto Rico, elevaram sua participao nas compras brasileiras de 9,6% em 2010 para 10,1% em 2011. Sob a anlise por fator agregado, ainda pela mdia diria, os produtos bsicos elevaram-se 36,1% e os industrializados, 19,1%. A participao dos produtos bsicos no total exportado aumentou de 44,6% para 47,8% em 2011 e a dos industrializados caiu de 53,4% para 50,1%. A conta Transaes Correntes encerrou o ano de 2011 deficitria, em US$ 52,6 bilhes, devido aos resultados positivos da balana comercial, de US$ 29,8 bilhes, somados aos valores das Transferncias Unilaterais Correntes, de US$ 2,8 bilhes, mas reduzidos pelo valor negativo de Servios e Rendas, de US$ 85,2 bilhes. Apesar disso, o resultado no Balano de Pagamentos foi de US$ 58,6 bilhes em decorrncia do resultado da conta Capital e Financeira, que rene, entre outros itens, os investimentos estrangeiros diretos no pas (US$ 66,7 bilhes), em ttulos de renda fixa e em aes (US$ 25,1 bilhes), e ainda crditos comerciais e outros investimentos (US$ 18,6 bilhes), conforme dados preliminares do Bacen, consultados em 23/2/2012. O saldo das reservas internacionais, em 2011, superou o valor acumulado em 2010 (US$ 288,6 bilhes), atingindo US$ 352 bilhes, o que representa um crescimento de 22% em relao ao exerccio anterior. A dvida lquida total do setor pblico, como proporo do PIB, foi de 36,5% em 2011. Em valores absolutos, ou seja , descontados os ativos, essa dvida equivale a R$ 1,5 trilho. A taxa risco-pas apresentou-se abaixo dos 200 pontos at agosto de 2011, patamar que indica que o Brasil pode ser considerado atraente para os investidores internacionais. Entretanto, diante da perspectiva de queda acentuada no PIB e de elevao acima da meta do IPCA, o indicador elevouse, atingindo 286 pontos em outubro de 2011, e encerrou o ano em 208 pontos.

16

2.2

Atividade Econmica

2.2.1 Nvel de Preos e Taxas de Inflao em 2011A meta de inflao para 2011 foi estabelecida pelo Conselho Monetrio Nacional (CMN) em 4,5% a.a., com margem de 2 p.p. para menos ou para mais. Ao Banco Central do Brasil (Bacen) compete executar as polticas necessrias para cumprimento das metas fixadas, conforme dispe o art. 2 do Decreto 3.088/99. O monitoramento da meta estabelecida realizado pelo Bacen com base no ndice de Preos ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), que mede o consumo das famlias com renda de at quarenta salrios mnimos. Durante o perodo de 2011, a taxa de inflao medida pelo IPCA foi de 6,5% a.a., atingindo o limite superior da meta. Em 2010 foi de 5,91%.Evoluo do IPCA 2011

Fonte: IBGE.

O comportamento mensal do IPCA em 2011 foi semelhante ao do ano anterior, com o ltimo trimestre apresentando taxas mensais ligeiramente inferiores. Entre os grupos de maior variao que compem o IPCA est o de transportes, que passou de 2,41% em 2010 para 6,05% em 2011, em funo da elevao dos preos das passagens areas (de 3,17% para 52,91%,), do etanol (de 4,36% para 15,75%), e da gasolina (de 1,67% para 6,92%). Tambm sofreram aumento os itens nibus interestadual e pedgio, passando de -0,68% para 6,66%, e de -5,84% para 6,41%, entre 2010 e 2011, respectivamente. O grupo alimentao e bebidas, responsvel por 23,46% do oramento das famlias, apesar de ter reduzido sua variao (de 10,39% em 2010 para 7,18% em 2011), foi responsvel por 1,69 p.p. do ndice em 2011. O maior impacto no ndice dentro desse grupo ocorreu no item alimentos consumidos fora do domiclio, com variao de 9,81% em 2010 e 10,49% em 2011. Por seu turno, o item alimentos de consumo no domiclio sofreu reduo, passando de 10,70% em 2010 para 5,43% em 2011. Diversos produtos tiveram reduo de preo, e outros tiveram variao inferior ocorrida em 2010. A inflao dos produtos com preos livres atingiu 6,63% em 2011 (7,09% em 2010), e a variao dos preos monitorados atingiu 6,20% (3,13% em 2010).17

I P C A Variao dos Valores dos Produtos com Preos Livres e com Preos Monitorados (%)

2011 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezFonte: BACEN.

Geral Peso: 70,6 7,17 7,17 7,04 6,84 6,80 7,14 7,38 7,87 7,79 7,24 6,79 6,63

Preos livres Comercializveis 1 Peso: 33,1 6,61 6,31 6,04 6,03 5,96 6,26 6,44 6,90 6,52 5,87 4,87 4,41

No-comercializveis 2 Peso: 37,5 7,65 7,91 7,93 7,55 7,53 7,89 8,18 8,68 8,88 8,41 8,48 8,59

Monitorados Peso: 29,43 3,24 3,29 4,53 5,73 5,96 5,70 5,67 5,71 6,17 6,34 6,27 6,20

1 Alimentos industrializados e semi-elaborados, artigos de limpeza, higiene e beleza, mobilirio, utenslios domsticos, equipamentos eletroeletrnicos, aquisio de veculos, lcool combustvel, cama/mesa/banho, fumo e bebidas, vesturio e material escolar. 2 Produtos in natura, alimentao fora do domiclio, aluguel, habitao-despesas operacionais, veculos-seguro/reparos/lavagem /estacionamento, recreao e cultura, matrcula e mensalidade escolar, livros didticos, servios mdicos e servios pessoais. 3 Servios pblicos e residenciais, IPTU, taxa de gua e esgoto, gs de botijo, gs encanado, energia eltrica residencial, transporte pblico (nibus urbano, nibus intermunicipal, nibus interestadual), ferry boat, avio, metr, navio, barco, txi, trem, emplacamento e licena, pedgio, gasolina, lcool, leo, leo diesel, plano de sade, produtos farmacuticos, cartrio, jogos lotricos, correios, telefone fixo, telefone pblico e telefone celular.

O ndice Nacional de Preos ao Consumidor (INPC), que pesquisa itens de consumo das famlias que recebem at seis salrios mnimos, apresentou variao de 6,08% em 2011, inferior de 2010. O grupo alimentao e bebidas foi o principal responsvel, apesar da menor variao em 2011, que passou de 10,82% em 2010 para 6,27%, mas cujo impacto foi de 1,93 p.p. no ndice. Alm disso, o grupo habitao, com variaes de 4,73% em 2010 e 6,79% em 2011, e transportes, com variaes de 4,04% em 2010 e 6,83% em 2011, tambm produziram significativo efeito no ndice, ambos com impacto de 1,09 p.p. De forma inversa, o grupo artigos de residncia, que passou de uma variao de 3,57% em 2010 para 0,02% em 2011, teve impacto igual a zero p.p. no ndice. Quanto ao ndice Geral de Preos (IGP-DI), que registra diversas alteraes de preos de matrias-primas, bens e servios e tambm o indexador das dvidas dos estados e municpios com a Unio, a variao em 2011 foi de 5,0%, inferior ocorrida em 2010, igual a 11,30%. A variao em 2011 do ndice de Preos no Atacado (IPA), que corresponde a 60% do IGP-DI, foi de 4,12%, em funo da reduo da inflao dos preos agropecurios no atacado, que em 2010 subiram 25,61% e encerraram 2011 com alta de 3,15%. A variao dos preos dos produtos industriais tambm sofreu reduo, passando de 10,13% em 2010 para 4,46% no ano passado. O ndice de Preos ao Consumidor (IPC), responsvel por 30% do IGP-DI, registrou elevao de 6,36% em 2011, superior aos 6,24% registrados em 2010. O ndice Nacional de Construo Civil (INCC), que responde por 10% do IGP-DI, teve variao de 7,49% em 2011, inferior ao ocorrido em 2010, quando variou 7,77%.Taxas de Inflao acumuladas no ano em 2010 e 2011

ndice/Entidade IPCA/IBGE INPC/IBGE IGP-DI/FGVFonte: IBGE e FGV.

Critrio Famlias 1 a 40 s.m. Famlias 1 a 6 s.m. Famlias 1 a 33 s.m.

2010 5,91% aa 6,47% aa 11,30% aa

2011 6,50% aa 6,08% aa 5,00% aa

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A variao mensal dos ndices de preos no exerccio de 2011 est demonstrada no grfico adiante.Variao Mensal da Inflao em 2011 IPCA x INPC x IGP-DI

Fonte: BACEN.

2.2.2 Nvel de Emprego e SalriosEm 2011, houve reduo da taxa de desocupao e elevao, na maioria dos meses, do rendimento mdio real efetivamente recebido do trabalho principal. O emprego formal, no exerccio de 2011, sofreu reduo em relao ao do exerccio anterior. As taxas de desemprego mensal ao longo de 2011, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), elaborada pelo IBGE, foram inferiores s do exerccio anterior, conforme grfico adiante. A proporo de desocupados entre os economicamente ativos em 2011, ao final do exerccio, foi de 4,7%.

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Taxa de Desocupao

Fonte: IBGE.

Os rendimentos mdios reais mensais efetivamente recebidos pelos trabalhadores ao longo dos exerccios de 2007 a 2011, a preos de dezembro do ltimo exerccio, demonstram contnua elevao na renda do trabalhador. Entretanto, nos meses de agosto, setembro e outubro de 2011, o rendimento foi semelhante aos mesmos meses de 2010. Em dezembro de 2011, o rendimento recebido (R$ 2.098,71) voltou a crescer mais do que o verificado no ano anterior (R$ 1.677,30).Rendimento Mdio Real MensalR$

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenao de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Mensal de Emprego mar.2002-dez.2011.

20

De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), o saldo do registro dos trabalhadores contratados com carteira assinada nos 12 meses encerrados em dezembro de 2011 foi de quase 2,0 milhes de pessoas, uma evoluo de 5,5% sobre o estoque dos trabalhadores empregados no mesmo perodo em 2010. Observe-se que em 2010 houve a criao de 2,5 milhes de empregos, entre admitidos e dispensados.Evoluo do Emprego Formal

Fonte: Ministrio do Trabalho e Emprego/ MTE Cadastro Geral de Empregados e Desempregados CAGED.

As maiores ofertas de vagas, em termos absolutos, ocorreram nos setores de servios e comrcio, com a criao de 935 mil e 459 mil vagas, respectivamente. Em termos relativos, o setor extrativo-mineral liderou com 10,34% vagas criadas, mas com nmero absoluto pouco expressivo, equivalente a 19,5 mil colocaes. O setor da indstria de transformao, que em 2010 registrou a criao de 544.367 postos de trabalho (7,34%), em 2011 sofreu com a concorrncia dos produtos manufaturados produzidos no exterior, mas mesmo assim criou 218 mil vagas.Evoluo do Emprego Formal Setores da Economia 2011

Tipo de Atividade N de empregos formais (saldo) Variao % Servios 934.967 6,50 Comrcio 459.841 5,71 Extrativa Mineral 19.538 10,34 Construo Civil 225.145 8,87 Indstria de Transformao 218.138 2,73 Servio Indstria Utilidade Pblica 9.467 2,48 Total 1.966.449 5,47 Administrao Pblica 16.126 1,80 Fonte: Minist do Trabalho e Emprego/ MTE - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados:CAGED. Agropecuria 83.227 5,59

2.2.3 Produto Interno BrutoO Produto Interno Bruto (PIB), total dos bens e servios produzidos no pas, atingiu o montante de R$ 4,14 trilhes em 2011 a preos de mercado, aumentado, em termos reais, 2,73% em relao ao PIB de 2010, equivalente ao valor de R$ 4,03 trilhes. Deve ser observado que o crescimento do PIB no ano anterior foi elevado (7,5%) e que a base de comparao para 2011 ocorre sobre esses patamares. As taxas de crescimento de cada trimestre de 2011 em relao aos mesmos trimestres de 2010 foram decrescentes, equivalentes a 4,2%, 3,3%, 2,1% e 1,4%,21

respectivamente. Se a comparao se der dentro do ano de 2011, cada trimestre, com ajuste sazonal, comparado ao trimestre imediatamente anterior, teve elevaes ainda menores, iguais a 0,6%, 0,5%, -0,1% e 0,3%.Produto Interno BrutoR$ trilhes

Fonte: IBGE Contas Trimestrais valores constantes de 2011.

Em 2011, o valor do PIB per capita teve evoluo de 1,8%, segundo estimativas populacionais do IBGE, passando a registrar o valor de R$ 21.252,00. Em dlares, o PIB per capita foi de US$ 12.696,10.PIB Per Capita - Paridade do Poder de Compra

Fonte: Ipeadata e IBGE

Como mencionado no .item 2.1 deste relatrio, segundo pesquisa realizada pela OCDE, o Brasil, em 2011, alcanou o nono lugar no quesito crescimento econmico (PIB) entre os pases que compem o G20, inferior quinta posio ocupada em 2010. Entre os primeiros lugares esto China (9,2%), ndia (7,3%) e frica do Sul (3,1%). Por sua vez, a economia dos Estados Unidos registrou crescimento de 1,7% em 2011, a da Unio Europeia (UE), 1,5%, e a da Zona do Euro recuou 1,4%. Em relao ao Brasil, a variao positiva de 2,7% do PIB em 2011 foi decorrente do aumento de valor dos preos bsicos (2,5%) e dos impostos (4,3%) menos subsdios. O aumento do valor dos22

preos bsicos reflete a variao de 3,9% no setor da agropecuria, de 1,6% no da indstria, e 2,7% no setor de servios. A agricultura, devido s condies econmicas favorveis e a ganhos de produtividade, apresentou safra recorde de cereais, leguminosas e oleaginosas, com variaes expressivas das culturas de algodo (72,6%), fumo (22,0%), e arroz (19,0%). Na indstria, verificou-se crescimento do subsetor de Produtos e Distribuio de Eletricidade e Gs (3,8%), e Construo Civil (3,6%), em funo do aumento da populao ocupada e do crdito direcionado. A extrao de minrio de ferro provocou expanso de 3,2% no subsetor Extrativista Mineral. Entre os servios, verificou-se variao positiva dos Servios de Informao (4,9%), e Intermediao Financeira e Seguros (3,9%). Comrcio teve crescimento de 3,4%, refletindo o aumento da populao empregada, da massa de salrios, e da expanso do crdito ao consumo. As variaes nos setores e subsetores esto demonstradas nos dois grficos e na tabela a seguir.Variao no PIB Subsetores 2011 (%)

Fonte: IBGE.

23

Variao no PIB Setores e subsetores 2009 a 2011 (%)

2009

2010

2011

Servios de informao

Transformao

AGROPECURIA

Comrcio

Administrao, sade e educao pblica

Total INDSTRIA

Atividades imobilirias e aluguel

Total SERVIOS

Ext. Mineral

Outros Serv.

Construo Civil

Prod. e distrib. de eletric, gs, gua, esgoto e limp. urbana

Transporte, armazenagem e correio

INDSTRIA Fonte: IBGE.

Interm. financeira, previdncia complementar e servios relacionados

SERVIOS

PIB

Taxa Acumulada de Crescimento do PIB 2009 a 2011( %)

201 201 0.IV6,3 1.I 3,3 Agropecuria 10, Indstria 3,8 4 13, Extrativa Mineral 3,3 6 10, Transformao 2,9 1 11, Construo Civil 5,5 6 8,1 Produo e distribuio de eletricidade, gs, 5,0 gua, esgoto e limpeza urbana Servios 5,5 4,0 10, Comrcio 5,4 9 9,2 Transporte, armazenagem e correios 4,6 Servios de informao 3,7 4,5 Intermed. financeira, seguros, previdncia 10, 6,3 mplementar e servios relacionados 0 3,7 Outros Servios 3,5 Atividades imobilirias e aluguel 1,7 1,7 Administrao, sade e educao pblicas 2,3 3,0 Valor Adicionado a Preos Bsicos 6,9 3,9 11, Impostos lquidos sobre produtos 6,5 7 4 Trimestre de 2011) Fonte: IBGE Contas Nacionais Trimestrais (dados preliminares Setor de Atividade Variao em volume em relao ao mesmo perodo do ano anterior

2011.I I 1,2 2,9 3,2 2,3 3,8 4,2 3,8 5,5 3,9 5,2 5,6 3,5 1,6 2,9 3,4 6,2

2011. III 2,8 2,3 3,0 1,2 3,8 4,1 3,2 4,1 3,2 4,9 4,7 2,8 1,5 2,6 2,9 5,1

Total PIB

20 11.IV 3,9 1,6 3,2 0,1 3,6 3,8 2,7 3,4 2,8 4,9 3,9 2,3 1,4 2,3 2,5 4,3

A despesa de consumo das famlias elevou-se 4,1%, como reflexo do crescimento em termos reais de 4,8% da massa salarial dos trabalhadores, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, e pela variao de 18,3% na concesso de crdito com recursos livres s famlias. A despesa do consumo da administrao pblica em 2011 cresceu 1,9%, o menor dos trs anos sob anlise. A Formao Bruta de Capital Fixo (FBCF) apresentou variao positiva de 4,7%, com a construo civil correspondente a 41,4% desse item, elevando-se 3,9%, e mquinas e equipamentos equivalentes a 52,4%, crescendo 6,0%. As exportaes aumentaram 4,5%. As importaes tiveram um crescimento maior, com variao, em 2011, de 9,7%, ajudadas por uma taxa de cmbio favorvel, que variou de R$ 1,76/dlar para R$ 1,67/dlar no perodo.24

O grfico a seguir demonstra a variao do PIB por componentes da demanda.PIB Componentes da Demanda (%)

35,0 35,8

25,0

21,3

15,0 6,9 5,0 4,2 4,1 3,9

11,5 4,7 1,9 4,5

9,7 7,5 2,7

2009 2010 2011

4,2

-0,6 -5,0 -10,3 -15,0 Cons. Famlias Cons. Adm. Pblica FBCF Exportao Bens e Servios Importao Bens e Servios PIB -10,2 -11,5

Fonte: IBGE Contas Nacionais Trimestrais (dados preliminares 4 trimestre de 2011). Taxa acumulada ao longo de cada ano.

Poupana Nacional Bruta e Investimento A taxa de poupana nacional bruta (em relao ao PIB) foi de 19,3% em 2011, e de 17,5% no ano anterior. A taxa de investimento (FBCF) registrada em 2011 foi de 17,2% do PIB, inferior proporo encontrada em 2010, igual a 19,5%.

25

Taxa de Poupana e de Investimento(% do PIB) 21,2 20,7 18,5 16,9 15,5 14,1 13,6 13,0 12,1 17,4 17,0 15,7 14,7 14,0 13,5 15,3 16,8 17,0 16,4 16,0 16,1 15,9 16,4 15,9 17,3 17,6 19,1 18,8 18,3 18,1 18,1 17,5 17,4 17,2 19,5 19,3

94

95

96

97

98

99

2000

01

02

03

04

05

06

07

08

09

2010

11

Taxa de Poupana Nacional Bruta em % do PIB Fonte: IBGE.

Capital fixo formao bruta em % do PIB

2.2.4 A CARGA TRIBUTRIA NACIONALO conceito econmico de carga tributria o quociente entre a receita tributria total e o valor do Produto Interno Bruto (PIB) do pas, em determinado exerccio fiscal. Representa a parcela de recursos retirados compulsoriamente dos indivduos e empresas pelo Estado para financiar o conjunto das atividades do governo. Nos clculos realizados, adotou-se o critrio de carga tributria bruta, que considera as receitas tributrias sem dedues das transferncias ao setor privado da economia, como subsdios, benefcios da seguridade social e saques do Fundo de Garantia do Tempo de Servio (FGTS). Quando so feitas essas dedues, obtm-se a carga tributria lquida. A carga tributria bruta mostra com mais clareza o nus imposto ao contribuinte. Alm disso, existem dificuldades metodolgicas para a apurao da carga tributria lquida, como ausncia de informaes seguras sobre subvenes econmicas e sociais, subsdios e at mesmo sobre transferncias de renda do Governo para a sociedade, concretizadas nos programas de assistncia, sade e previdncia, sobretudo nas esferas estadual e municipal. A tabela a seguir apresenta os valores das receitas arrecadadas em 2011 em comparao com o exerccio de 2010, bem como a estimativa do clculo do coeficiente da carga tributria nacional para 2011.Arrecadao das Receitas Federais, Estaduais, Municipais e Estimativas da Carga TributriaR$ milhes

Tributos Tributos Federais Impostos, Taxas e Contribuies Receita de Dvida Ativa (*) Outras Contribuies Sistema "S"

2010 852.124 771.038 3.021 16.268 12.454

Part. Part. % PIB 2011 % PIB % % 67,06 22,60 976.105 65,66 23,56 60,67 20,45 880.211 59,21 21,25 0,24 0,08 4.586 0,31 0,11 1,28 0,43 19.046 1,28 0,46 0,98 0,33 14.612 0,98 0,35 26

Evoluo % Part. Da Arrec. 14,55 PIB 4,24 14,16 3,88 51,81 38,14 17,08 6,54 17,33 6,77

Outras Contribuies Sindicais rgos fisc. Prof. regulament. Contribuio para o FGTS Tributos Estaduais Tributos Municipais Total dos Tributos PIB (IBGE) Coeficiente Tributrio

2.504 1.311 61.797 342.578 76.081 1.270.783 3.770.085

0,20 0,10 4,86 26,96 5,99 100

0,07 2.700 0,03 1.734 1,64 72.261 9,09 426.925 83.648 2,02 33,71 1.486.67 7 100 4.143.01 3 33,71

0,18 0,12 4,86 28,72 5,63 100

0,07 0,04 1,74 10,30 2,02 35,88 100 35,88

7,86 -1,85 32,26 20,35 16,93 6,41 24,62 13,40 9,95 0,05 16,99 6,46 Evol.% PIB 9,89 Evol.% CT 6,46

Fonte: BGU, COTEPE/CONFAZ/MF, CEF, STN (Municpios) e Entidades (Sistema S e Conselhos Federais de Profisses). (*) Refere-se Dvida Ativa de impostos, taxas e contribuies.

Verifica-se, em 2011, crescimento nominal de 16,99% na arrecadao total das receitas includas no clculo da carga tributria , em relao ao exerccio de 2010, enquanto, no mesmo perodo o PIB cresceu 9,89%, em termos nominais. A comparao, no entanto, mais precisa quando se consideram as flutuaes da arrecadao e do PIB em termos reais, obtidas mediante a utilizao do deflator implcito das contas nacionais, correspondente variao mdia dos preos no perodo em relao mdia dos preos no perodo anterior. Aplicando-se esse parmetro, que foi de 6,97% em 2011, segundo dados provisrios do IpeaData, obtm-se crescimento real acumulado de 10,16% da arrecadao federal (RFB, Anlise da Arrecadao das Receitas Federais, dezembro de 2011) e de 2,7% do PIB, conforme divulgado pelo IBGE, em 6 de maro de 2012. Com esses ndices, a carga tributria nacional chega a 35,88% em 2011, ante 33,71% em 2010, com aumento de 6,46%. A participao dos tributos federais na carga tributria passou de 22,60% para 23,56%, representando um avano de 4,24%. A dos tributos municipais permaneceu estvel, no patamar de 2,02%. O destaque ficou com o crescimento de 13,40% verificado no percentual de participao dos tributos estaduais em relao ao PIB, que foi de 9,09% para 10,30%. O Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios (ICMS) rendeu, em 2011, R$ 344,2 bilhes aos cofres pblicos, com alta nominal de 26%. Esse desempenho deveu-se, principalmente, arrecadao do primeiro semestre do ano, j que, segundo tcnicos da Secretaria de Fazenda do estado de So Paulo, houve desacelerao de crescimento na arrecadao de ICMS nos ltimos meses, influenciada, sobretudo, pela perda de ritmo de produo industrial. Nesse mesmo perodo, os mais de 66 milhes de proprietrios de veculos de todo o pas pagaram R$ 25,1 bilhes de Imposto sobre Propriedade de Veculos e Automotores (IPVA). Nos municpios, as arrecadaes do IPTU e do ISS cresceram, no ano de 2011, em torno de 10% e 14%, respectivamente. A arrecadao positiva do ISS decorre, principalmente, do forte desempenho do setor de servios no ltimo exerccio. Pela sua elevada participao no componente tributrio (65,66%), os tributos federais influenciam significativamente o resultado do coeficiente tributrio. Nesse item, os tributos que apresentaram melhor desempenho no acumulado do ano foram o IPI, a Cofins e a Contribuio Previdenciria, com crescimento nominal de R$ 3,8 bilhes (10,43%), R$ 19,5 bilhes (14,09%) e R$ 31,6 bilhes (15,22%), respectivamente, em relao a 2010. Segundo a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), esse desempenho reflete o comportamento dos indicadores da produo industrial, venda de bens e massa salarial. Um indicador que merece ateno o grau de formalizao da economia. O crescimento econmico dos ltimos anos levou um bom nmero de empresas a sair da informalidade, incentivadas, consideravelmente, por benefcios fiscais decorrentes de novos regimes tributrios, sobretudo aqueles destinados aos microempreendedores individuais, setor s em 2011 formalizou27

cerca de 1,8 milho de novos microempreendedores, segundo dados da Agncia Sebrae de Notcias. Destaca-se, tambm, a formalizao e a criao de novos postos no mercado de trabalho, como sugere a diminuio da taxa mdia de desemprego calculada pelo IBGE, de 6,7% em 2010 para 6,0% em 2011. Vale salientar, tambm, o aumento na arrecadao de impostos relacionados renda, como o IRPF e o Imposto sobre a Renda e Proventos de qualquer natureza Retido na Fonte (IRRF), que cresceram, respectivamente, 18,6% e 17,8%, e das contribuies sobre o lucro e folha de salrios, como a Contribuio sobre o Lucro Lquido (CSLL), elevada em 18,3%, e a Contribuio ao Regime Geral da Previdncia Social (CRGPS), que subiu 8,9%. Trata-se de tributos que apresentaram taxa de crescimento, em termos reais, acima da variao do PIB, o que influenciou favoravelmente o desempenho da carga tributria.Evoluo da Carga Tributria (% PIB) 2000 a 201140 35 30,13 34,76 33,52 34,25 34,29 33,36 33,71 32,06 31,96 32,80 31,32

35,88

3025 20,25 20 15 10 5 0 8,34 8,79 8,40 8,51 8,50 8,61 8,95 8,72 9,08 23,23 23,59 23,76 23,76 22,42 22,60 23,56 22,16 21,69 22,42

21,18

Total

FederalEstadual

9,00

9,09

10,30

Municipal

1,54

1,34

1,54

1,76

1,88

1,68

1,71

1,81

1,92

1,94

2,02

2,02

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

Fonte: BGU, COTEPE/CONFAZ/MF, CEF, STN (Municpios) e Entidades (Sistema S e Conselhos Federais de Profisses).

2.3

Poltica Macroeconmica

2.3.1 Poltica FiscalNo mbito do governo federal, a receita primria, lquida de transferncias a estados e municpios, alcanou o montante de R$ 817,9 bilhes, o que equivale a cerca de 19,74% do PIB, contra 20,67% em 2010. Quanto despesa primria, em valores absolutos, o montante foi substancialmente ampliado, alcanando o total de R$ 724,4 bilhes. Em percentual do PIB, no entanto, o valor referente ao ano de 2011 (17,48%) inferior ao apurado para o exerccio de 2010 (18,57%), representando uma reduo de mais de um ponto percentual. No tocante s metas fiscais, estabelecidas em valores absolutos, e no mais em percentual do PIB, a Lei de Diretrizes Oramentrias para 2011 (LDO 2011) Lei 12.309/2010 havia estabelecido, inicialmente, meta de resultado primrio para a Unio em R$ 89,37 bilhes, sendo R$ 81,76 bilhes para os Oramentos Fiscal e da Seguridade Social e R$ 7,61 bilhes para o Programa de Dispndios Globais (PDG). Posteriormente, a Lei 12.377/2010 reduziu a zero a meta

28

de resultado fiscal a ser alcanada pelas empresas estatais integrantes do PGD, fato que alterou para R$ 81,76 bilhes a meta de resultado primrio, a ser obtida pela Unio no ano de 2011.

2.3.2 Poltica Monetria e Creditcia 2.3.2.1 Poltica MonetriaEm geral, os responsveis pela poltica monetria em diversos pases adotam o regime de metas para inflao porque acreditam ter encontrado uma estrutura capaz de neutralizar as expectativas inflacionrias dos agentes econmicos sem estarem sujeitos aos problemas presentes em outros regimes monetrios, tais como o controle de agregados monetrios, que exige uma relao estvel entre quantidade de moeda e inflao. Contudo, trs desvantagens podem estar associadas ao regime de metas de inflao em pases emergentes. A primeira delas que esse regime pode resultar em fraca responsabilizao da autoridade monetria, em razo da dificuldade em se controlar a inflao e porque existe defasagem entre o uso dos instrumentos de poltica e o resultado da inflao. A segunda que um sistema de metas no pode evitar dominncia fiscal, situao na qual a trajetria de variveis fiscais (por exemplo, gasto pblico e dvida pblica) pode afetar a conduo da poltica monetria, comprometendo sua eficcia no controle da inflao, particularmente em perodos pr-eleitorais. E a terceira que o regime de cmbio flexvel, requerido pelo sistema, pode causar instabilidade financeira e a tentativa de manter o cmbio dentro de uma faixa pode acarretar outros desequilbrios na economia. Essas desvantagens foram observadas na conduo da poltica econmica no Brasil no binio 2010/2011. Ademais, um sistema de metas para a inflao uma estratgia de poltica monetria com cinco elementos principais: 1) anncio pblico de metas numricas para a inflao de mdio prazo; 2) comprometimento institucional com a estabilidade de preos como objetivo primrio da poltica monetria, ao qual so subordinados outros objetivos; 3) estratgia inclusiva de informaes, na qual muitas variveis, e no somente as taxas de juros e de cmbio, so usadas para estabelecer os instrumentos de poltica; 4) transparncia da estratgia de poltica monetria aumentada pela comunicao com o pblico e os mercados sobre os planos, objetivos e decises das autoridades monetrias; e 5) responsabilizao do banco central aumentada pelo alcance da meta estipulada. O primeiro elemento no deixa dvidas. Est implcita em qualquer ao ou inao de poltica monetria uma expectativa sobre como o futuro vai se revelar, isto , uma previso, dada a defasagem entre as decises de poltica e seus efeitos sobre o produto e os preos . Busca-se a estabilidade de preos, que, segundo citao amplamente divulgada, atribuda a Alan Greenspan, definida como uma taxa de inflao suficientemente baixa para que agentes econmicos e empreendedores no precisem lev-la em considerao nas tomadas de deciso diria. Sobre esse aspecto, foi divulgado na ata da 165 reunio do Comit de Poltica Monetria, realizada em 6 e 7/3/2012, in verbis:21. A evidncia internacional, no que ratificada pela experincia brasileira, indica que taxas de inflao elevadas levam ao aumento dos prmios de risco, tanto para o financiamento privado quanto para o pblico, e ao encurtamento dos horizontes de planejamento, tanto das famlias quanto das empresas. Consequentemente, taxas de inflao elevadas reduzem os investimentos e o potencial de crescimento da economia, alm de terem efeitos regressivos sobre a distribuio de renda. Dito de outra forma, taxas de inflao elevadas no trazem qualquer resultado duradouro em termos de crescimento da economia e do emprego, mas, em contrapartida, trazem prejuzos permanentes para essas variveis no mdio e no longo prazos. Assim, a estratgia adotada pelo Copom visa assegurar a convergncia da inflao para a trajetria de metas, o que exige a pronta correo de eventuais desvios em