contabilidade internacional 2008.2

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Contabilidade Internacional 1 SOCIEDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ / SESPI FACULDADE PIAUIENSE - FAP COORDENAÇÃO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS CONTABILIDADE INTERNACIONAL PROF. HENRIQUE MELO APOSTILA ALUNO: _______________________________________________ TURMA:_______________ BLOCO: ______________ PARNAÍBA / PI

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Contabilidade Internacional 1

SOCIEDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ / SESPI FACULDADE PIAUIENSE - FAP COORDENAÇÃO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

CONTABILIDADE INTERNACIONAL PROF. HENRIQUE MELO

APOSTILA

ALUNO: _______________________________________________ TURMA:_______________ BLOCO: ______________

PARNAÍBA / PI

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SUMÁRIO Contabilidade (novos rumos e atividades) e seu ambiente no Brasil ............................ 04 Por que Harmonizar ......................................................................................................... 06 Harmonização Contábil .................................................................................................... 07 Harmonização das Práticas Contábeis Mundiais ........................................................... 09 Os Principais Escândalos Contábeis ................................................................................ 09 O Caso Enron – EUA (2001) ............................................................................................ 10 O Caso WorldCom – EUA (2002) .................................................................................... 12 Governança Corporativa e a Contabilidade ................................................................... 14 Relação entre Disclosure e a Governança Corporativa ................................................. 16 A Transparência dos Registros e dos Demonstrativos Contábeis ................................ 18 Contabilidade Internacional ............................................................................................ 19 Normas Contábeis Internacionais ................................................................................... 22 Organizações Internacionais e Organismos Normatizadores ....................................... 23 Organizações das Nações Unidas (ONU) ........................................................................... 23 Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) ........................ 25 Órgãos Reguladores da Contabilidade Internacional ................................................... 27 Financial Accounting Standards Board (FASB) ……………………………………….… 28 International Accounting Standards Board (IASB) …………………………………….... 28 Convergência às Normas Internacionais do IASB ……………………………………. 30 Definição de GAAP ........................................................................................................... 31 Harmonização e Diferenças entre USGAAP versus BRGAAP ..................................... 32 IFRS – Normas Internacionais de Contabilidade .......................................................... 35 Principais Diferenças entre os critérios e divulgações Contábeis Brasileiros e Norte-Americanos ........................................................................................................................ 36 A Lei SOX .......................................................................................................................... 36 A Governança Corporativa e a Lei Sarbanes-Oxley ..................................................... 38 Responsabilidade Corporativa como Meta Estratégica das Empresas em Níveis Internacionais .................................................................................................................... 40 Demonstrações Financeiras Obrigatórias ....................................................................... 42 Normas Internacionais ...................................................................................................... 42 Normas Americanas .......................................................................................................... 43 Balanço Patrimonial .......................................................................................................... 44 Normas Internacionais ...................................................................................................... 44 Normas Norte-Americanas ............................................................................................... 45 Estrutura do Balanço Patrimonial .................................................................................. 46 Normas Internacionais ..................................................................................................... 47 Normas Norte-Americanas .............................................................................................. 48 Demonstração do Resultado do Exercício ...................................................................... 49 Normas Internacionais ..................................................................................................... 49 Normas Norte-Americanas .............................................................................................. 50 Principais Componentes da Demonstração do Resultado ............................................ 51 Normas Internacionais ..................................................................................................... 51

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Normas Norte-Americanas .............................................................................................. 52 Estrutura da Demonstração do Resultado ..................................................................... 53 Normas Internacionais ..................................................................................................... 53 Normas Norte-Americanas .............................................................................................. 54 Estudos de Caso ................................................................................................................ 56 Caso nº 1: Elaboração do balanço patrimonial (resolvido) ................................................. 56 Caso nº 2: Elaboração do balanço patrimonial mais complexo .......................................... 62 Caso nº 3: Elaboração do balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício 65 Caso nº 4: Elaboração do balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício mais complexo .................................................................................................................... 69 Referências ......................................................................................................................... 73 Anexos (Artigos Científicos) ............................................................................................. 75

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CONTABILIDADE (NOVOS RUMOS E ATIVIDADES) E SEU AMBI ENTE NO BRASIL

A comunidade contábil no Brasil tem verificado a necessidade, cada vez mais intensa, de movimentos em direção ao suporte de informações gerenciais de qualidade na gestão das empresas clientes. O fato é que o empreendedor precisa deixar de lidar com a burocracia e necessita de apoio e orientações consistentes para a correta tomada de decisões.

Na esteira deste novo comportamento está a busca de transformação da atividade de contador em consultor empresarial.

O que se coloca, objetivamente, é a mudança do perfil do atual profissional contábil da condição de mero despachante governamental (leia-se darfista) para o apoio e ajuda definitiva em relação ao sucesso do empreendedor. Na prática, significa deixar de ser apenas o profissional da organização e execução de serviços de registro e escrituração contábil e de perito judicial e extrajudicial para atuar como o orientador em face das mudanças da lei, dos procedimentos para emissão de documentos fiscais, das exigências bancárias de determinados relatórios, das sugestões sobre decisões da vida empresarial, dos requisitos de arquivos e proteção de dados, do apoio às questões judiciais, de estudos tributários, precificação, estratégias comerciais, blindagem fiscal e outros.

Neste aspecto vem ganhando força a contabilidade gerencial ou decisorial em função da diminuição das margens de lucros provenientes da pressão da concorrência, necessidades prementes de análise, planejamento, controle, avaliação de performance e informações para a tomada de decisões que demandam maior eficiência nos negócios.

Outro aspecto importante é que o aprimoramento destas informações, cuja essência visa ao impacto de eventos futuros, realizados através de análises específicas, ainda não pode ser feitas pelos computadores, ou seja, estudos de situações críticas imprescindíveis ao negócio pressupõem a utilização de técnicas apuradas e necessidades específicas da atividade empresarial das quais a tecnologia da informação oferece ferramentas importantes de suporte na tomada e compilação dos dados mas, em si, não resolvem os problemas.

Portanto, a atividade contábil em tempos modernos ganha em amplitude e cresce simultaneamente em importância e responsabilidade. O direcionamento para incrementar receitas através de trabalhos de consultoria demanda a definição clara do produto a ser ofertado bem como as características essenciais do que o escritório está em condições de vender e entregar ao mercado consumidor dos projetos e serviços relacionados.

Na realidade o “produto” a ser ofertado representa algo que gere os resultados ou benefícios que o mercado procura obter. O diferencial está em relação aos projetos que adicionam valor à atividade dos clientes.

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Em síntese, a função do profissional está relacionada a realização de um trabalho representado por um projeto específico para o seu cliente, fazendo-o de forma independente do risco e da responsabilidade pela administração dos recursos empregados.

O consultor que busca realização e reconhecimento de seu trabalho deve estar consciente de que sua trajetória de atuação é diretamente proporcional ao investimento que faz em buscar amplo aperfeiçoamento para conquistar estabilidade financeira e profissional.

Existem diversas razões que movem as empresas na busca por serviços de consultoria e estes motivos devem estar presentes na estratégia de marketing do profissional de contabilidade que almeja atuar neste segmento.

Em todas as atividades empresariais as ameaças e oportunidades sempre estarão presentes. Na área contábil este paradigma não é diferente. Não se pode negar, em absoluto, que existem diversas transformações relevantes na atual forma de trabalhar dos contadores. O conjunto destas transformações, analisadas sob a ótica de novas perspectivas, podem definir um quadro de transição para a atividade de consultoria sem comprometimento das tarefas do escritório.

O conceito central desta visão é de que há a verdadeira possibilidade de ampliação dos serviços profissionais, haja vista que neste novo cenário existem razões que nos apontam diretamente para uma outra postura em relação às oportunidades que surgem para a sustentação da presença do contador.

No atual contexto econômico o ambiente empresarial vem experimentando diversas mudanças das quais podemos entender como sendo o campo fértil para uma nova visão em prestar serviços com outras alternativas de trabalho e renda. É neste quadro que surge a consultoria como possibilidade de atendimento às novas demandas.

As empresas em geral, no sentido de adequação de custos frente à alta competitividade do mercado, em certas ocasiões, reduzem drasticamente o seu quadro funcional sem fazê-lo no entanto em relação aos trabalhos internos. Nesta fase de reestruturação dos departamentos muitos empresários tenderão a convocar consultores externos para a orientação apropriada acerca da nova maneira de trabalhar sem comprometer a qualidade e as exigências necessárias. O consultor passa a ser figura importante no aspecto de organizar as atividades sem a presença dos profissionais que deixaram as suas funções e que, em regra, não tiveram condição de planejar a transição para a nova situação. Os trabalhos de consultoria num quadro como este estará em implantar um projeto que ajude a empresa a gerenciar estas mudanças com o mínimo de turbulência até que volte novamente ao nível adequado de eficiência.

Desta forma surge condição favorável ao trabalho do contador que acompanha o seu cliente e que tem a possibilidade de auxiliá-lo nesta fase já que em geral entende e avalia com intensidade o impacto dessas mudanças de acordo com seus conhecimentos práticos, muitas

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vezes até antecipando e orientando determinadas atitudes. Podemos citar como exemplo as análises e diagnósticos cuja ligação com os serviços contábeis pode estar na obtenção do nível de rentabilidade da empresa, o EBTIDA, o retorno sobre o investimento, as questões relativas a capacidade produtiva, a adequabilidade dos custos e despesas face ao faturamento, o nível de endividamento e decisões como comprar ou locar equipamentos, a verificação da produtividade administrativa, a adequabilidade do sistema de arquivos em relação a sua eficiência em obter no menor prazo possível as informações necessárias, a administração financeira em geral, a análise do quadro de pessoal sob a ótica dos encargos e exigências correlacionadas, as estratégias fiscais na redução de impostos, necessidades de capital de giro, projeções de caixa, estruturação de contas a pagar e receber, acompanhamento na implantação de sistemas informatizados (parametrização) , etc.

As decisões necessárias ao dia a dia de todo negócio demandam embasamento e entendimento crítico para serem operacionalizadas. O contador poderá atuar em diversas frentes quando o assunto é orientação decisorial.

É fundamental que o futuro consultor pesquise com precisão o mercado com o qual deverá atuar e que parcela deste mercado vai atender. Esta recomendação está adstrita ao seu plano de negócio cuja implantação envolve a decisão das questões centrais para o futuro da atividade.

O profissional contábil que almeja projetos na área de consultoria, em princípio, poderá utilizar-se da sua própria carteira de clientes e evoluir para a conquista do mercado com crescimento planejado. Na atividade de conquistar clientes o titular do escritório deverá considerar criteriosamente a prospecção de clientes, os contatos e as promoções. Em suma é mister entender que o mercado rejeita repetições do que já foi dito e publicado ao longo dos anos e que só há interesse se o profissional trouxer algo novo através de conceitos e de orientações atualizadas.

Fica evidente que é perfeitamente possível ao profissional contador, agregar aos seus trabalhos uma outra atividade: a consultoria empresarial. Os principais elementos que norteiam esta possibilidade estão no fato de uma nova perspectiva de atuação que visa apoiar e dar consistência as necessidades de decisão da vida empresarial realizando projetos cujos resultados representem verdadeiras mudanças na competência dos negócios1.

POR QUE HARMONIZAR 2

O desenvolvimento tecnológico acentuado na área de comunicações, o avanço nos meios de transporte e o crescimento do comércio internacional fortalecem a interdependência entre diversas nações, trazendo o fenômeno da globalização de mercados, aproximando cada vez o mundo nas últimas décadas.

1 Artigo de Mário Leme. Ver no site: www.classecontabil.com.br. 2 Retirado do Capítulo 3 do livro “Contabilidade Internacional” de Jorge Katsumi Niyama (2008, p. 38).

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A contabilidade é a principal linguagem dos negócios, e esse processo de comunicação é dificultado pela existência de diferenças internacionais no financial reporting.

Como minimizar a questão das diferenças internacionais?

De uma forma geral, tanto em nível de empresas, entidades profissionais, clientes, instituições de ensino, há um consenso favorável para uma harmonização de padrões contábeis que facilite a comunicação e contribuam para reduzir as diferenças internacionais no financial reporting, permitindo a comparabilidade das informações.

É verdade que o termo harmonização tem sido algumas vezes associado incorretamente com “padronização” de normas contábeis. Harmonização é um processo que busca preservar as particularidades inerentes a cada país, mas que permita reconciliar os sistemas contábeis com outros países de modo a melhorar a troca de informações a serem interpretadas e compreendidas, enquanto padronização é um processo de uniformização de critérios não admitindo flexibilização.

HARMONIZAÇÃO CONTÁBIL

A globalização é uma realidade a despeito das críticas quanto suas conseqüências, e os sistemas de informações em todos os níveis estão sendo moldados ou adaptados para serem válidos em qualquer lugar do planeta. A Internet é o exemplo mais real do que se pode chamar de mundo globalizado, e já não existem mais fronteiras: O capital financeiro move-se na velocidade do som (quer dizer, das linhas telefônicas) e a informação é um produto de consumo.

Neste cenário, as informações produzidas pela contabilidade são utilizadas para a tomada de decisões sobre alocação do capital de investidores em locais diferentes de sua origem, muitas vezes em localização geográfica oposta. Mas para que as informações contábeis possam ser úteis para o tomador de decisão econômica, principal objetivo da contabilidade, é preciso diminuir as diferenças regionais para tornar-se uma linguagem universal.

Diferentes modelos contábeis adotados em cada região do mundo, pode resultar em tendências diferentes sobre a performance de uma empresa, por exemplo, que a posição extremamente conservadora da Alemanha em contraposição à subjetividade e a flexibilidade do modelo Britânico apoiado no “True and Fair View” ,faz com que o lucro mensurado por um ou outro modelo seja diferente, quando não divergente.

O mundo todo, preocupado com o modo de viabilizar o fluxo eficiente de capitais entre países, mobiliza-se na tentativa de encontrar soluções de consenso, através da elaboração de padrões internacionais de contabilidade e auditoria, desenvolvidos de um lado, pelo Comitê Internacional de Normas Contábeis (Iasc - International Accounting Standard Commitee) e por outro a Federação Internacional de Contadores (Ifac- International Accounting Federation Commitee ) de Nova York. Segundo MOREIRA (26/02/99:c-8), “A necessidade

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de um conjunto de normas genuinamente internacionais, para apresentação de balanços e peças contábeis, intensificou-se com as recentes crises financeiras nos países emergentes.

Em outubro o Banco Mundial (Bird) pediu às cinco grandes firmas de contabilidade e auditoria não colocar seu nomes em balanços publicados nas economias asiáticas, a menos que fossem preparados com base em padrões internacional”. Ainda, informa MOREIRA,

“a norma em preparação no Iasc será examinada em maio,(...), pela Organização Internacional de valores Mobiliários (Iosco). Se aprovada a Iosco vai estimular as comissões de valores nacionais a esforçar-se para incluí-las nas normas domésticas. Isto exigirá mudanças na lei tributária e na lei societária, e levará tempo".

A idéia do Iasc é de que a empresa, ou investidor, que preferir limitar-se a seu país, continue seguindo a regra local. Mas quem quer aventurar-se no exterior passará a ter um referencial único para examinar os balanços.”

Neste contexto, a compreensão dos modelos de contabilidade adotados em cada país permite uma melhor entendimento quanto ao potencial de alterações que cada um destes podem aceitar e se harmonizarem num modelo unificado (ou globalizado) diminuindo os possíveis conflitos de utilizar um padrão que possa ferir valores culturais de um determinado grupo social.

Pode-se dizer que a prática contábil tem se moldado no tempo e no espaço (aqui com conotação geográfica) às necessidades de seus usuários, gerando vários modelos. Neste trabalho foram analisadas as propostas de FRANK(1979) e de Rui MOTA(1990) de agrupamento dos modelos contábeis segundo os padrões culturais , tendo sido observadas algumas diferenças entre as classificações, sobretudo naquelas sociedades onde o modelo contábil adotado encontrava-se em uma área fronteiriça entre dois modelos.

Fortes evidências para endossar o argumento da ascendência dos fatores ambientais e culturais sobre a prática contábil, presente em várias pesquisas elencadas neste trabalho, entre eles GRAY(1988), FRANK(1979), HOFSTEDE(1980), MOTA(1990), foram encontradas nas analises dos modelos contábeis: Britânico, Norte Americano, da Europa e América Latina, Brasileiro, da Europa do Norte e da Rússia e Estados Independentes. Em cada um dos modelos analisados, o conjunto de práticas contábeis que compõe o sistema em uso em cada sociedade, se formou através dos fatos históricos, ou seja, das experiências práticas de cada grupo social e, portanto, o modelo contábil foi delineado em conseqüência do modelo cultural e social.

Pôde-se constatar nesse trabalho que valores sociais, culturais, tanto quanto os valores contábeis, não são estáticos. Estão constantemente interagindo com o ambiente externo, através dos relacionamentos comerciais entre países, da instalação de empresas multinacionais, da globalização dos mercados de capitais.

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Já que a contabilidade é o produto do meio, identificar e entender e prever como os fatores culturais e ambientais afetam a prática contábil não pode ser negligenciado quando se pretende aperfeiçoar a Teoria Contábil e desenvolver um modelo útil e que seja aplicável mundialmente. O sistema contábil internacional, para ser eficiente, deve ser compatível com os valores contábeis de cada país3.

HARMONIZAÇÃO DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS MUNDIAIS

Em janeiro de 2006, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON) divulgaram o primeiro estudo sobre as principais diferenças entre as Práticas Contábeis Adotadas no Brasil e as Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS), resultado de um trabalho comum integrado por profissionais das duas entidades que se empenharam em analisar esses conjuntos de normas de contabilidade e sumariar as principais diferenças existentes.

Este estudo tomou por base as práticas contábeis adotadas no Brasil, vigentes em dezembro de 2005, bem como as IFRSs divulgadas pelo International Accounting Standards Board (IASB), entidade internacional responsável pela emissão das Normas Internacionais de Contabilidade, na última edição disponível.

Apesar de as normas contábeis estarem em permanente processo de evolução e, conseqüentemente, existirem estudos e processos em andamento para novas alterações, tanto as locais quanto as internacionais, a edição de 2005 das IFRSs é considerada pelo IASB como uma plataforma estável, de forma que foi considerada apropriada pelos profissionais envolvidos no projeto para ser uma razoável base de comparação neste momento4.

OS PRINCIPAIS ESCÂNDALOS CONTÁBEIS5

Ao analisarmos os casos a seguir, constataremos que em sua maioria, as práticas de manipulação utilizadas não eram exatamente ilegais, ou seja, eram permitidas por brechas verificadas na legislação existente. No entanto, a existência destas brechas talvez seja originada pelo fato de que na época em que aquelas leis foram escritas, o legislador tenha considerado desnecessário explicitar que determinadas praticas jamais deveriam ser adotadas, uma vez que elas viriam a transgredir o conceito do que seria considerado eticamente aceitável. A fim de dar uma abordagem prática ao efeito da ausência de conduta ética e seu possível resultado sobre a eficiência dos mercados, serão brevemente discutidos exemplos de empresas implicadas por algum tipo de conduta não-ética ou pela falta de

3 Trecho do artigo “Influência dos Aspectos Culturais na Prática Contábil” de autoria de Heloísa Pinna Bernardo, apresentado no EnANPAD 2000 em Florianópolis SC. 4 Ver no livro Contabilidade Internacional de Alexandre Martins Silva de Oliveira; Anderson de Oliveira Faria; Luís Martins de Oliveira; Paulo Sávio Lopes da Gama Alves (2008, p. 9). 5 Retirado do Capítulo 1 do livro “SOX Entendendo a Lei Sarbanes-Oxley” de Vânia Maria da Costa Borgerth (2008, p. 1).

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disclosure, nos últimos anos; a reação do mercado ao conhecimento dos seus respectivos desvios de conduta e as ações empreendidas por estas empresas, a fim de recuperar a confiança do mercado.

O Caso ENRON – EUA (2001) 6

A EMPRESA

Até a explosão dos escândalos envolvendo a Enron, qualquer rumor negativo a seu respeito era considerado sem fundamento. Afinal, tratava-se da quinta maior empresa norte-americana (2001, 7ª em 2000), por cinco anos apontada pelo ranking da revista Fortune como uma das cem melhores empresas para se trabalhar nos Estados Unidos.

Fundada em 1985, a partir da fusão de duas empresas distribuidoras de gás natural, em 1989 a Enron começou a atuar no mercado de commodities de gás natural. Sua estratégia era comprar uma empresa geradora ou distribuidora de gás natural e fazer dela um centro de armazenamento ou comercialização de energia. Em apenas 10 anos atuando nesse mercado, a Enron já detinha 25% do mercado de commodities de energia, com mais de US$ 100 bilhões em ativos. Em dezembro de 2000, apenas um ano antes da crise, suas ações indicavam um crescimento de 1.700% desde sua primeira oferta, com um índice P/L (Preço/Lucro) de aproximadamente 70, tendo atingido o seu pico ao preço de US$ 90 por ação. Em 04/06/2001, sua ação estava quotada a US$ 54,54 (fonte: Bloomberg), algumas semanas após o inicio do escândalo, em 10.12.2001, esta mesma ação estava quotada a US$ 0,81.

O ESCÂNDALO

Em novembro de 2001, sob investigação da Securities and Exchange Commission (SEC), a empresa admitiu ter inflado seus lucros em aproximadamente US$ 600 milhões nos últimos quatro anos. O que já era grave o suficiente para abalar o mercado alcançou porporções mundiais quando os detalhes da atuação da empresa vieram à tona.

A fim de apresentar uma saúde financeira que lhe permitisse acesso a crédito, a empresa manipulou seus dados contábeis. Isso se deu pela criação de empresas do tipo Specific Purpose Enterprise (SPE), em que executivos da Enron eram os acionistas principais e das quais a própria Enron detinha apenas 3% do controle. Isso descaracterizaria a necessidade de consolidação dos resultados dessas empresas nas demonstrações contábeis da Enron, que, então, realizava transações com tais empresas, com os seguintes objetivos:

• Proteção de investimentos – para falsamente proteger seus investimentos contra riscos de mercado, a Enron transferia as ações para a SPE, firmando um contrato de

6 Retirado do Capítulo 1 do livro “SOX Entendendo a Lei Sarbanes-Oxley de Vânia Maria da Costa Borgerth (2008, p. 1).

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opção (PUT), pelo qual a SPE era obrigada a comprar as ações a um preço fixo. Dessa forma, caso o preço desses investimentos caísse, a Enron exerceria a opção, e toda a perda decorrente da desvalorização do investimento se concentraria na SPE, que, por ser uma emrpesa apenas no papel, não teria uma perda real.

• Transparência de ativos – quando havia risco de um ativo especifico prejudicar as demonstrações da própria Enron, por exemplo, um crédito junto a uma empresa com classificação de alto risco para o mercado, a Enron vendia esse ativo para uma das SPE, recomprando após o encerramento das demonstrações contábeis daquele período.

• Disfarce de empréstimos – em um dos casos de disfarce de empréstimo a Enron firmou um contrato de fornecimento de energia por um determinado período, no valor de US$ 394 milhões. O contrato previa um desconto para US$ 330 milhões, caso o comprador concordasse em pagar à vista. Simultaneamente, a Enron firmou outro contrato com uma subsidiária do comprador para adquirir a mesma quantidade de energia por US$ 394 milhões pagáveis ao longo do período. Essa operação triangular resultou em empréstimo de US$ 330 milhões, com juros fixos de US$ 64 milhões. Com essa estratégia, a Enron evitou a configuração do aumento do seu endividamento.

Com exceção do disfarce de empréstimos, na verdade, nenhuma das outras transações era efetivamente ilegal, desde que realizadas com pessoas jurídicas que fossem independentes da Enron, o que obrigaria a empresa a reconhecer efeitos nas suas demonstrações contábeis. O fato de as operações terem sido feitas por meio de SPEs, que na verdade eram controladas pela própria Enron, caracterizou a total falta de ética das mesmas.

Além das manipulações contábeis, descobriu-se que o código de ética da empresa, embora existente, era constantemente objeto de exceções e não-conformidades. Ademais, decisões eram aprovadas sem que tivessem passado por todas as instâncias de controle interno esperadas e nem todas as decisões relevantes eram submetidas à aprovação do Conselho de Administração da Empresa, que, conseqüentemente, recebia apenas informações parciais.

Enfim, a empresa de caracterizou por um infindável número de falhas de revisão e monitoramento por parte do seu Comitê de Auditoria, que, teoricamente, deveria estar atento a esse tipo de falha. Coincidentemente, alguns dos membros desse Comitê, e o próprio presidente da empresa, venderam mais de US$ 1,1 bilhão em ações da Enron no curto período entre o inicio dos rumores e o estouro do escândalo.

Em menos de um mês após o estouro do escândalo, a Enron entrou com pedido de falência. O preço de suas ações caiu para US$ 0,70 por ação. Kenneth Lay, presidente do Conselho de Administração da empresa e um dos principais suspeitos, chegou a vender cerca de US$ 200 milhões em ações da companhia antes da queda. Um dos membros do Conselho, Cliff Baxter, cometeu suicídio, e o Fundo de Pensão da empresa foi à bancarrota, deixando desamparados os milhares de funcionários honestos e dedicados que, até então, tinham orgulho de pertencer ao quadro funcional da quita maior empresa norte-americana.

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Certamente, tal como ocorrera com a quebra da Bolsa em 1929, o mercado dos Estados Unidos será reconhecido com pré e pós-Enron.

Além da atitude da própria Enron, o comportamento de três classes profissionais também foi marcado por posições antiéticas: os advogados, os analistas de mercado e os auditores independentes da empresa.

No caso dos advogados, os escritórios contratados pela Enron participaram ativamente da estruturação legal das operações, mesmo sabendo o quanto essas operações beiravam o limite da ética. Quando as primeiras denuncias foram feitas, a Enron contratou um outro escritório de advocacia para dimensionar o real risco a que a emrpesa estaria exposta. Este escritório sinalizou que tudo o que a empresa precisaria fazer era intensificar suas práticas de relações públicas.

Os analistas de investimentos têm como função analisar a situação financeira e a perspectiva de retorno dos investimentos das empresas que acompanham, recomendando aos seus investidores comprar ou vender ações dessas empresas. Nos meses que antecederam o escândalo, apesar de todos esses analistas terem estudado continuamente a Enron, a indicação de compra era quase unânime. Ocorre que esses analistas eram funcionários de bancos de investimentos e a maioria deles tinha operações financeiras com a Enron.

Uma eventual recomendação de venda resultaria em uma queda das ações da empresa, piorando as perspectivas desses bancos em terem seus empréstimos honrados. Alguns destes bancos, como o Merril Lynch e o J.P.Morgan, estão sendo punidos com o pagamento de altas multas, em função de ter sido constatada a manipulação de relatórios de analistas a partir da descoberta de e-mails dos mesmos para seus chefes alertando para o risco, e destes mandando seus funcionários desconsiderarem os fatos apontados.

Uma grande parcela das multas se destinará ao pagamento de indenização a investidores lesados e a programas de educação dos investidores, para que eles tenham melhores condições de analisar, por si só, os riscos envolvidos em seus investimentos.

O Caso WORLDCOM – EUA (2002) 7

A EMPRESA

Por ocasião de seu pedido de falência, em julho de 2002, a WorldCom era conhecida como a segunda maior empresa de telefonia de longa distância nos Estados Unidos.

7 Retirado do Capítulo 1 do livro “SOX Entendendo a Lei Sarbanes-Oxley de Vânia Maria da Costa Borgerth (2008, p. 7).

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Durante os cinco anos que antecederam à sua falência, a empresa havia crescido intensamente, a partir de fusões e aquisições, usando bilhões de dólares de suas próprias ações e dividas de US$ 25 bilhões como mecanismo de financiamento desse crescimento. Para forjar essas fontes, a WorldCom manipulou suas demonstrações contábeis no período de 1999 a 2002, dando origem ao maior caso de fraude contábil da história norte-americana.

O relator do processo contra os executivos da empresa atestou que as práticas adotadas pela WorldCom tinham na simplicidade o seu toque de gênio e poderiam ter sido facilmente descobertas se os agentes que deveriam ter atuado como fiscalizadores: auditoria (Arthur Andersen), bancos subscritos (Salomon Brothers, JP Morgan, Bank of América, Deutsche Bank, Chase Securities etc.), analistas independentes, advogados e executivos da empresa não tivessem desviado o olhar, a fim de preservar a oportunidade de um bom negócio.

O ESCÂNDALO

Segundo o relator do processo, após cada trimestre a empresa revisava seus números de forma a adequá-los às estimativas dos analistas independentes. Essa revisão geralmente envolvia reclassificações contábeis, sem qualquer tipo de fato que justificasse esses lançamentos.

Essas práticas permitiram à empresa captar US$ 17 bilhões em lançamentos de notas ocorridos em maio de 2000 e maior de 2001, obtendo a classificação de investment grade, uma categoria de excelente risco, quando na verdade, a empresa estava à beira da falência.

Dentre as manipulações praticadas, podemos destacar as seguintes:

• Contabilização de operações de arrendamento (leasing) – quando uma empresa realiza uma operação de leasing operacional, está contratando o aluguel de um equipamento. Ao final do contrato, ela devolverá o equipamento ao seu dono ou renovará o contrato por um novo período e/ou por um novo equipamento. Esse gasto de aluguel deve ser contabilizado como uma despesa, reduzindo, pois, o resultado do período.

Quando, por outro lado, a empresa realiza um leasing financeiros, as características da operação mudam. Não se trata mais de um aluguel, em que a propriedade e a responsabilidade pela manutenção de equipamento permanecem com o arrendador.

Estamos, na verdade, diante de um investimento caracterizado pela compra financiada de um equipamento. Ao final do período do contrato, a empresa que está arrendando o equipamento pagará um valor residual estipulado e se tornará a sua real proprietária. Nesse caso, as parcelas pagas ao arrendador não passam pelo resultado, mas são contabilizadas no ativo permanente da empresa. Em outras palavras, não reduzem o resultado do período.

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O que a WorldCom vinha fazendo, com a anuência do auditor (a mesma Arthur Andersen envolvida no caso Enron), era contabilizar gastos operacionais como se fossem operações de investimento, gerando o efeito descrito anteriormente.

• Até 1998, a WorldCom havia adquirido mais de 60 companhias em operações envolvendo mais de US$ 70 bilhões. Uma das ultimas aquisições foi a da MCI, por US$ 40 bilhões, o que a tornou a segunda maior empresa de telefonia norte-americana, atrás apenas da AT&T. O grande propósito dessas aquisições, segundo o executivos da própria empresa, era eliminar a concorrência e disfarçar a real situação existente. A cada aquisição, a empresa se valia da quebra de uniformidade gerada pela necessidade de reportar a nova aquisição para ocultar suas próprias deficiências, tornando impossível que um analista desavisado pudesse comparar resultados de um período para o outro.

Apesar do processo da SEC e da crise de imagem, a empresa está conseguindo se reerguer graças ao estabelecimento de um código de Governança Corporativa considerado austero mesmo pelos mais conservadores. Além disso, ela se valeu das prerrogativas a legislação norte-americana para casos de concordata e mudou sua razão social para MCI.

Seu ex-presidente, Bernard Ebbers, no entanto, não teve tanta sorte. Em 14 de julho de 2005, o executivo foi condenado a cumprir 25 anos de prisão, o que, considerando-se sua idade atual, equivale à prisão perpétua. Adicionalmente, Ebbers teve que colocar sua fortuna pessoal à disposição de um fundo de liquidação destinado a indenizar os acionistas prejudicados pela quebra da empresa.

O julgamento contra executivos e outras partes envolvidas na fraude da WorldCom foi concluído em 21 de dezembro de 2005. Ebbers já pagou US$ 850 mil de indenizações e esse valor pode chegar a até US$ 4 milhões. O diretor financeiro (CFO) da empresa, Scott Sullivan, foi condenado a pagar US$ 485 mil, além de cumprir pela de 5 anos; e o Banco Merrill Lynch foi condenado a pagar US$ 200 mil.

GOVERNANÇA CORPORATIVA E A CONTABILIDADE A governança corporativa é um assunto de interesse amplo, e como tal é objeto de estudo em diversas áreas, como as de direito, administração, finanças, economia e contabilidade8. O papel da contabilidade no processo de governança corporativa é de fundamental importância, pois, a governança corporativa surge para tentar diminuir o “conflito de agência”, que aparece do fenômeno da separação entre controle e propriedade. Os autores ressaltam que para minimizar tais conflitos é preciso criar mecanismos que garantam que os interesses dos acionistas (principal) estejam alinhados com o comportamento e as iniciativas dos gestores (agente). E a contabilidade, por meio de suas informações, tentam 8 Ciência do conhecimento econômico empresarial, que tem como objetivo informar os processos incorridos pela entidade, seus impactos econômicos (resultados), financeiros (fluxo de caixa) e dar condição de visão para as futuras transações (valor).

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reduzir a assimetria informacional entre os investidores e executivos envoltos no conflito de agência. Os investidores se cercam de mecanismos que venham a proteger seus direitos e proporcionar maior confiança e credibilidade nas informações disseminadas pela empresa. Pode-se entender que o papel da informação contábil dentro da governança corporativa é prover todos os agentes interessados de relatórios financeiros / contábeis, promovendo assim um dos principais mecanismos da governança corporativa dentro das corporações que é a contabilidade. Entende-se que para conseguir disseminar as informações contábeis de forma clara e objetiva, é preciso de um sistema de informação contábil (SIC). Os SICs trabalham com relatórios gerenciais contábeis através de dados fornecidos pela contabilidade e pela área financeira, que são usados como informações estratégicas pelos gestores para tomadas de decisões mais coerentes e adequadas, tanto no curto como no longo prazo, acarretando crescimento e perpetuidade da organização. Os SICs, são importantes no desenvolvimento das atividades exercidas diariamente dentro da organização. Pode-se entender que o SIC seja fundamental para projeção de receitas, custos e despesas, para selecionar as melhores fontes de recursos de curto e longo prazos adotadas dentro da empresa para analise de financiamentos e de investimentos. Segundo Crepaldi (2004), para que um sistema de informação contábil seja eficiente dentro de uma empresa, é preciso ter apoio da alta administração da companhia [...] tais SICs compõem-se em: contabilidade financeira, contabilidade gerencial, contabilidade em outras moedas, custos e orçamentos, contabilidade por unidades de negócios, gestão de impostos, análise financeira e de balanço, gestão de tesouraria, acompanhamento do negócio ou controladoria estratégica. Segundo Peters (2004, p. 12), o sistema contábil é o principal e o mais tradicional sistema de informação econômica em quase todas as organizações. Ainda segundo o autor, ele deve fornecer informações para atender aos seguintes objetivos:

a. Planejamento econômico – aborda o orçamento monetário de planos operacionais e de negócios;

b. Análise de rentabilidade de produtos – aborda a confecção de preços e sua análise do ponto de vista da rentabilidade;

c. Controle de custos – aborda relatórios de objetos de custo; d. Avaliação de gestão – aborda a avaliação de resultado obtido pelos

profissionais envolvidos, normalmente gestores como alvo principal. Envolve medidas monetárias e não monetárias;

e. Atendimento às obrigações fiscais acessórias – aborda a legislação tributária e suas necessidades informacionais;

f. Atendimento ao princípio da evidenciação (disclosure) empresarial – aborda as normas e leis que, conjuntamente com as boas práticas de governança corporativa, definem modelos de publicações d informações das entidades. No Brasil a base normativa é a Lei das Sociedade por Ações e Normas do CFC (Conselho Federal de Contabilidade) e Ibracon.

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Nos Estados Unidos são as normas chamadas USGAAP emitidas pela FASB (Financial Accounting Standard Board) e delimitações de controle interno preconizadas pela Lei Sarbanes Oxley. Nos países da União Européia a base são os IFRS (International Financial Report Standards) e IAS (International Accounting Standards).

No que se refere ao atendimento ao principio da evidenciação9 (disclosure) empresarial, o autor Iudícibus (2006, p. 123) afirma, “o disclosure está ligado aos objetivos da Contabilidade, ao garantir informações diferenciadas para os vários tipos de usuários”. Ainda de acordo com Iudícibus (2006, p. 124) todas essas informações para o usuário precisa ser, ao mesmo tempo, adequada, justa e plena, pelo menos no que se refere ao detalhe que está sendo evidenciado. Oliveira et. al. (2008, p. 196) constata que:

O disclosure é traduzido em português por evidenciação, significando a imediata divulgação das ações e fatos relevantes que afetam o presente e o futuro da organização. A evidenciação – ou disclosure – está ligada às necessidades informativas, garantindo informações diferenciadas aos diversos tipos de usuários que irão receber as informações e delas se valerem para os diversos tipos de decisões.

Pelo exposto, constata-se que o objetivo da contabilidade vincula-se com a provisão aos usuários, de informações com credibilidade e úteis para as tomadas de decisões. Tais informações deverão ser transparentes e satisfatórias para projeções futuras de fluxo de caixa da empresa e para as tomadas de decisões. Com isso, entende-se que o disclosure está diretamente relacionada com o objetivo da contabilidade. Diante dessas afirmações, pode-se dizer que um dos principais pilares da governança corporativa é o disclosure. A falta de transparência nos relatórios contábeis causa desconforto e insegurança aos investidores interessados em aplicar recursos nas empresas. Segundo Bushman e Smith (2003) apud Lanzana (2004, p. 50) o papel da governança na informação contábil é de suma importância, por ser como instrumento de monitoramento dos gestores da empresa pelos investidores externos. Assim, torna-se essencial o papel da contabilidade na minimização dos conflitos de agência, uma vez que serve de fonte de informações, contribuindo para um alinhamento entre os interesses das partes envolvidas. Essa convergência é um dos principais focos da governança corporativa. RELAÇÃO ENTRE O DISCLOSURE E A GOVERNANÇA CORPORATIVA

9 Embora a evidenciação se refira a todo o conjunto das demonstrações contábeis, várias formas de realizar a evidenciação estão disponíveis: forma e apresentação das demonstrações contábeis; informações entre parênteses; notas explicativas; quadros e demonstrativos suplementares; comentários do auditor; e relatório da administração (IUDÍCIBUS, 2006, p. 126).

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O IBGC (terceira versão p. 9) em seu Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa destaca a transparência como um dos princípios balizadores da governança corporativa e que inspirou para a sua criação.

Mais do que “a obrigação de informar”, a Administração deve cultivar o “desejo de informar”, sabendo que da boa comunicação interna e externa, particularmente quando espontânea, franca e rápida, resulta um clima de confiança, tanto internamente, quanto nas relações da empresa com terceiros. A comunicação não deve restringir-se ao desempenho econômico-financeiro, mas deve contemplar também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação empresarial e que conduzem à criação de valor.

De acordo com Monforte in IBGC (2006, p. 175)10, “a transparência estende-se a todos os públicos de seus relacionamento – colaboradores, fornecedores, comunidades, consultores, consumidores, governos, sociedade e acionistas”. Uma boa governança corporativa envolve prestar informações de maneira transparente e voluntária para todos os agentes interessados. Tais informações devem seguir as normas que regem as boas práticas de governança. É bom salientar que todas as informações que forem ser divulgadas, deverão sê-las simultaneamente para todos os interessados, justamente para diminuir o conflito de agência. Para Lanzana (2004, p. 61),

Os autores destacam que o disclosure voluntário de relatórios financeiros por parte das companhias é um mecanismo de monitoramento da gerência por parte dos acionistas externos e credores. Os autores ressaltam que dado que as informações financeiras são obtidas por um custo mais baixo pelos gestores da companhia do que pelos acionistas (já que o gestor necessita das informações internamente para tomada de decisão), o disclosure voluntário seria uma forma de buscar minimizar o conflito de agência (seria considerado como um custo de certificação, que faz parte dos custos de agência).

Em depoimento dado no livro “Uma Década de Governança Corporativa” do IBGC (2006), Monforte diz: “Daqui para a frente, a tendência é que a qualidade da transparência venha a redefinir as relações das empresas com os investidores”. Entende-se então que as práticas de disclosure constituem-se em uma das características da boa governança corporativa. Entende-se que para os investidores aplicarem nas empresas, é preciso que as mesmas proporcionem mecanismos para que eles tenham segurança e confiança em aplicar para potencializar seus ganhos e minimizar o máximo possível o risco de perda do que foi aplicado. Daí a importância de se adotar as boas práticas de governança corporativa, pois, é fator influenciador na eficiência do mercado de capitais mundial.

10 Membro do Conselho de Administração da Natura e presidente do Conselho de Administração do IBGC.

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Investidores com níveis de segurança, credibilidade e confiança para com as empresas impactam diretamente no mercado mundial corporativo. O desenvolvimento do mercado de capitais é fator indispensável na expansão da economia mundial, pois um mercado de capitais saudável significa um crescimento econômico e que proporciona mais alternativas para que as sociedades possam patrocinar as suas respectivas expansões. De acordo com Iudícibus (2006, p. 131),

O disclosure é uma condição que está acima dos próprios princípios e que está intimamente ligada às necessidades informativas dos usuários, variáveis no tempo e no espaço. Certamente, o investidor de hoje é muito mais exigente e sofisticado em termos de informação do que de cinqüenta anos atrás. O de amanhã será muito mais do que o de hoje. À medida que se aguçam os instrumentos de análise de investimentos e financeira em geral, o investidor toma suas decisões baseado na maior e melhor quantidade possível de informação.

Para Borgerth (2008, p. 18),

Para que a eficiência de mercado seja mantida, é necessário estabelecer um elevado grau de confiabilidade da informação. Os dados contábeis, embora julgados inadequados por alguns financistas, ainda constituem a principal fonte de informações para o processo decisório. É importante, pois, que tanto governo quanto órgãos reguladores/supervisores, empresas e investidores se unam no intuito de garantir que todas as informações relevantes estejam efetivamente disponíveis no mercado, de forma clara e abrangente, resultando em um nível adequado de transparência.

Nesse contexto, entende-se que o disclosure é um dos pilares mais importantes da governança corporativa e um desafio cada vez maior para a contabilidade no âmbito internacional. Diante disso, é importante investir e adotar as boas práticas de governança corporativa, pois, por meio de seus princípios balizadores principalmente o disclosure, tem impacto direto na redução do custo do capital, no aumento do valor da sociedade e, a posteriori, no retorno das aplicações feitas pelos investidores, corroborando para o fortalecimento do mercado de capitais mundial.

A TRANSPARÊNCIA DOS REGISTROS E DOS DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS 11

O profissional de contabilidade no exercício da contabilidade em perfeito atendimento ao cliente, deve proceder aos registros contábeis com maior sincronia racional com os controles internos da empresa, aferindo citados controles, para resultar nas informações usadas pelos demonstrativos contábeis. É deverasmente preocupante a falta de sintonia dos demonstrativos contábeis das micro e das pequenas empresas, motivado por descontrole junto ao controle interno da empresas, o que deixa muito a desejar citados demonstrativos.

11 Artigo de Elenito Elias da Costa. Ver no site: www.classecontabil.com.br.

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Na permanência ou mudanças de regimes tributários é fundamental que o profissional de contabilidade interceda junto á empresa na busca de elaborar os registros contábeis que devem refletir a real posição da empresa. Todos os documentos e controles devem ser aferidos e retratados na contabilidade em perfeita obediência aos princípios e preceitos legais vigentes, resultando na transparência desejada, já que a contabilidade tem como objetivo oferecer informações para alta administração para que a mesma avalie no aspecto econômico financeiro o patrimônio da empresa por ela gerida. É chegado á hora de avaliar todos os setores periféricos e com perfeita sintonia com a contabilidade, para identificar através de exames as melhorias contínuas necessárias para sua implementação. O profissional de contabilidade deve entender que os demonstrativos contábeis atende a diversos públicos seja interno ou externo e a informação nele contida qualifica a competência da administração retratando os fatos acontecidos, e devem servir para conceituar a administração junto ao público que tenha algum interesse naquela empresa direta ou indiretamente. As informações contábeis devem atender a diversos públicos, portanto deve retratar a transparência das ações do administrador, cujo conceito dependerá da lisura das informações ali refletidas. A maioria dos profissionais de contabilidade elabora as demonstrações contábeis sem a devida preocupação do público, pois é devaneio pensar que citadas demonstrações servem para atender a cadastro de empresas, as instituições financeiras ou a própria sociedade, devemos ter em mente que as demonstrações financeiras devem atender a diversos públicos, daí a necessidade de aplicação dos princípios e preceitos legais inerentes. Devemos entender que a contabilidade atende ao fisco, federal, estadual e municipal além de diversos outros públicos ou interessados. Faço esse registro para lembrar que a contabilidade deve atender também a justiça em todas as estâncias, daí servir como prova pública para qualquer aferição ou ação que dela necessite. Ao profissional cabe lembrar o cumprimento das obrigações tributárias, quais sejam principais e acessórias para que o mesmo não seja atingido ou alijado por negligência ou imperícia, ou de qualquer fato que derive sua responsabilidade funcional, imputando-lhe responsabilidade. Em síntese podemos concluir que a contabilidade deve conter a transparência dos fatos oriundos da Administração da empresa em perfeita sintonia com os princípios de contabilidade geralmente aceitos, em obediência aos ditames legais, normas e portarias suplementares. CONTABILIDADE INTERNACIONAL

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Segundo Niyama (2007)12 a contabilidade internacional pode ser conceituada das seguintes formas:

1. É o ramo da contabilidade que estuda práticas contábeis adotadas em outros países; 2. É o ramo da contabilidade que estuda padrões contábeis editados por organismos

reguladores e normatizadores internacionais; 3. É o estudo dos critérios de reconhecimento, mensuração e evidenciação, adotados

internacionalmente; 4. É o campo de atuação da contabilidade, que analisa os objetivos de convergência de

normas contábeis em nível mundial; 5. É o estudo comparativo dos princípios, normas e padrões de contabilidade, em

termos nacionais e internacionais; 6. É a área de conhecimento que estuda os diferentes tipos de “financial reporting” e as

causas dessas diferenças internacionais. O surgimento da contabilidade internacional segundo Peters (2004, p. 24), veio das grandes mudanças nas práticas comerciais que se seguiram no fim da Segunda Guerra Mundial influenciando na necessidade da internacionalização das práticas contábeis e de auditoria; mudanças essas encontradas principalmente na evolução dos empreendimentos multinacionais e, mais recentemente, no crescimento dos mercados de capitais no mundo. Andrade e Rossetti (2004, p. 117) afirma,

Nos mercados de capitais mais avançados quanto à absorção da boa governança corporativa, os padrões exigidos para as demonstrações financeiras seguem as normas internacionais de contabilidade, conhecidas pela sigla GAAP – Generally Accepted Accounting Principles. Acompanhando a evolução conceitual na área de finanças, as normas exigidas são as promulgadas pelo International Accounting Standards Committee (IASC).

A globalização do mercado de capitais tem influenciado na necessidade de harmonização da contabilidade por meio de suas normas. É bom salientar que a harmonização não tem seu foco de unir todos os conjuntos de normas contábeis, mas sim tentar objetivar um certo padrão de equivalência e comparabilidade. O avanço do fluxo global de capitais, da tecnologia da informação, possibilitando ao acesso das informações do mercado econômico internacional de forma simples e rápida, têm aumentado a comparação das informações disseminadas pelos relatórios contábeis para as empresas de diversos países. Segundo Niyama (2008, p. 40) “a busca de uma harmonização contábil internacional tem envolvido iniciativas de diversos organismos em nível mundial, bem como esforços de algumas entidades profissionais de classe, de âmbito regional”.

12 II Encontro Nacional de Coordenadores de Ciência Contábeis.

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De acordo com Peters (2004) “a globalização dos mercados de capitais também contribui para a necessidade de harmonizar os requisitos do reporte financeiro”. Para Peters (2004, p. 21) “as diferentes normas contábeis utilizadas pelos diversos países vêm dificultando os processos informativos no ambiente econômico globalizado, tanto no controle de investimentos multinacionais, quanto na obtenção de recursos externos [...] além da moeda e língua distintas, as regras para elaboração das demonstrações financeiras são bastante diferentes”. A difusão dos padrões e normas internacionais de contabilidade se deu, principalmente, a partir de grandes corporações que se instalavam em outros países e, na necessidade de mensuração de seu patrimônio, acarretando formas de quantificar diferentes entre seu país de origem e o país no qual estava sediada suas filiais. Tal afirmação é corroborada por Peters (2004, p. 26):

Sob a perspectiva contábil, a complexidade de conduzir operações de negócios internacionais através de fronteiras nacionais, cada uma com um conjunto de regulamentações comerciais e quase freqüentemente com critérios contábeis diferentes, apresenta um desafio assustador aos contadores e corpos profissionais que estabelecem regras de contabilidade e auditoria [...].

É fato que é quase impossível chegar a um único padrão de normas contábeis que serão aceitas em todo o mundo, pois a necessidade de satisfazer as vontades de várias autoridades inviabilizaria tal ação, até porque cada um teria sua própria agenda de interesses. Oliveira et. al. (2008, p. 203) afirma:

Os principais mercados estão caminhando para um padrão internacional de contabilidade que facilite aos investidores analisar o desempenho da companhia e compará-lo com seus pares. Empresas de pequeno porte, para as quais o custo de produzir as demonstrações em padrões internacionais seja elevado, devem ao menos incluir uma demonstração de fluxo de caixa. Transações relevantes que não são obrigatoriamente incluídas nas demonstrações financeiras – off balance sheet transactions – devem ser detalhadas nas notas explicativas.

Diante disso, percebe-se que as informações contábeis por meio de seus princípios, estão sendo adaptadas, de acordo com os padrões e práticas internacionais geralmente aceitos, para serem a posteriori divulgadas em nível internacional13. Diante desse contexto podem ser analisadas e utilizadas de maneira coerente como base de medida ou de comparação

13 Descrição dos negócios, produtos e serviços; comentários sobre a conjuntura econômica geral; recursos humanos; investimentos; pesquisa e desenvolvimento; novos produtos e serviços; proteção ao meio ambiente; reformulações administrativas; investimentos em controladas e coligadas; direitos dos acionistas e dados de mercado; perspectivas e planos para o exercício em curso e os futuros; demonstrações consolidadas e DFC; posições acionárias dos administradores e controladores; quantidade e percentual de ações em circulação etc., são recomendações e exemplos de informações e demonstrações contábeis que devem ser divulgadas em nível internacional (OLIVEIRA, et. al., 2008, p. 205).

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para o fomento do disclosure. Tais normas terão que ser padronizadas e flexíveis o suficiente para que possa atingir as expectativas de todos os stakeholders de diferentes países interessados na informação contábil e no disclosure que ela possibilita. NORMAS CONTÁBEIS INTERNACIONAIS 14 Partir do pressuposto que as denominadas Normas Internacionais de Contabilidade sejam expressões de cultura superior no campo da ciência é cometer um grave equívoco. Diversas das referidas merecem contestações por fugirem à realidade, esta que só ao científico interessa. Sequer se pode afirmar que as aludidas representem um consenso geral, pois, na realidade, a voz ativa nas decisões está longe de representar a totalidade ou até mesmo um número significativo de intelectuais de reconhecida expressão em todo o mundo. O fato de várias entidades participarem das entidades ditas “internacionais” não autoriza dizer que elas sejam as representantes da comunidade cultural de melhor nível da Contabilidade. Muitos são os artigos que tenho editado e que denunciam erros básicos conceituais das ditas Normas Internacionais, assim como de metodologia aplicada às mesmas e o mesmo têm feito outros escritores de nossa área, bastando citar como destaque Abrahan Briloff. Na realidade, entretanto, há um forte interesse em adotar tais normas ao sabor do mercado de capitais, mas, isso não significa que o aplicado ao campo especulativo financeiro possa ser aceito como matéria científica acolhida pela intelectualidade contábil mundial. Deveras forte e influente é a ação dos grupos interessados em editarem tais pronunciamentos (poderosos política e economicamente) e a capacidade de difusão que possuem, assim como os adeptos que arregimentam. A imagem que se procura projetar é a de uma “infalibilidade” e “prioridade” de tais procedimentos e a de “convergência” ou “harmonização”. Seria falso dizer que todas as Normas até então editadas estão erradas e que não se deve tentar uma generalidade; muitas delas são cópias de matéria coerente com a teoria, mas o que não parece justo, entretanto, é aceitar submissão cultural, cópia irrestrita de modelos nem as que colidem com as doutrinas científicas da Contabilidade, tão como admitir-se como dogma o dimanado das instituições que emitem os procedimentos. Um sem número de intelectuais do próprio mundo anglo saxão (fonte das influências normativas) tem feito severas críticas ao regime, desde Paton, como as prosseguem fazendo na atualidade Hendricksen, Briloff e no Brasil Koliver, Almada Rodrigues e outros reconhecidos expoentes. O IASB que hoje substitui em presença as instituições estadunidenses continua tendo a

14 Artigo de Antônio Lopes de Sá. Ver no site: www.classecontabil.com.br.

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influência anglo-saxônia (o referido órgão é vinculado à Fundação para o Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade, com sede em Delaware, Estados Unidos) e não é difícil isto constatar pela simples análise de quem influi no regime. A inexpressividade dos representantes no IASB da cultura latina, esta que é o berço da doutrina científica da Contabilidade bem evidencia quanto não se pode afirmar sobre o processo realmente democrático da questão (a menos que aceitemos tacitamente tal fato como um desprezo à latinidade por incompetência, o que se aceito seria aviltante, além de falacioso). Basta acessar a página na Internet (www.iasb.org) para confirmar a realidade sobre o referido predomínio. As falhas vão persistindo e a aludida “convergência para um padrão internacional” se não for feita com independência intelectual, respeito a nossa civilização e idioma, terminará por ser apenas “subserviência”; sério será então o prejuízo para a cultura da Contabilidade, com a manutenção das portas abertas para a já tradicional vulnerabilidade, esta que se fez presente nos grandes escândalos do mercado de capitais noticiados pela imprensa. Um vasto relatório de 1760 páginas da Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado dos Estados Unidos desde a década de 70 do século passado, publicado pela imprensa oficial do governo daquele País é um eloqüente depoimento sobre a má qualidade da normatização contábil anglo-saxônia. Louvável, agora, é uma uniformização, mas, operada sob inspiração científica, com o ocorreu em outros ramos do conhecimento humano: na Química Moderna liderada por Lavoisier, nas Neurociências por elites culturais de várias nações, na Física pelas influências de Einstein e Planck. ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS E ORGANISMOS NORMATIZAD ORES Uma lógica sugerida como a ideal, seria a convergências das normas internacionais realizadas por um organismo integralmente internacional que, tivesse o poder de representatividade para o mundo todo e não apenas para um país ou para um conjunto de países. A ONU (Organização das Nações Unidas); a OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico e a IASB (International Accounting Standards Board mostram interesse em normatizar as demonstrações financeiras. Organização das Nações Unidas (ONU) Segundo o site: www.wikipédia.com.br,

A Organização das Nações Unidas (ONU) foi fundada oficialmente a 24 de Outubro de 1945 em São Francisco, Califórnia, por 51 países, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. A primeira Assembléia Geral celebrou-se a 10 de Janeiro de 1946 (em Westminster Central Hall, localizada em Londres). A sua sede atual é na cidade de Nova Iorque. A precursora das Nações Unidas foi a Sociedade de Nações (também conhecida como "Liga das Nações"), organização concebida em circunstâncias similares durante a Primeira Guerra Mundial e

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estabelecida em 1919, em conformidade com o Tratado de Versalhes, "para promover a cooperação internacional e conseguir a paz e a segurança".Em 2006 a ONU tem representação de 192 Estados-Membros - cada um dos países soberanos internacionalmente reconhecidos, exceto a Santa Sé, que tem qualidade de observadora, e países sem reconhecimento pleno (como Taiwan, que é território reclamado pela China, mas de reconhecimento soberano por outros países). Um dos feitos mais destacáveis da ONU é a proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948.

Diante do exposto, constata-se que a ONU claramente possui uma maior prioridade, para o impedimento de guerras, para lutar a favor da minimização da pobreza, ou seja, a favor dos direitos dos seres humanos. Mas além disso, a ONU mostrou muito interesse pelas demonstrações financeiras das organizações internacionais. Na década de 1970, as Organizações das Nações Unidas pareceu ser o organismo que ocuparia o papel principal de formuladora das normas e padrões internacionais das demonstrações financeiras. Utilizando-se de sua influência em diversos países do mundo, a ONU criou um conjunto de recomendações que acabaram por ser ignoradas de maneira “polida” pelos países mais ricos do mundo na época. Niyama (2008, p. 44) relaciona os objetivos das referidas recomendações:

a. Examinar as práticas de financial reporting das empresas multinacionais, requeridas em diferentes países;

b. Identificar divergências e avaliar propostas para aperfeiçoamento do financial reporting;

c. Recomendar um conjunto de informações mínimas a serem evidenciadas pelas empresas multinacionais e suas subsidiárias; e

d. Contribuir para o processo de harmonização contábil internacional. O referido fato se deu por conseqüência da ONU representar, em sua maioria, os países subdesenvolvidos e emergentes. Tais países pretendiam que a ONU, por meio dessas recomendações, impusessem certas regras as grandes corporações para que pudessem ter um controle maior sobre suas atividades que eram desenvolvidas em suas regiões. Os países ricos não deram sustentação às iniciativas da ONU, por considerarem fora do “foco” de seus interesses tal situação. Niyama (2008, p. 45) relaciona as razões para a não aceitação das ações propostas pela ONU, que foram:

a. Questionamento e reação de alguns países de que não caberia às Nações Unidas definir padrões contábeis internacionais, tarefa que caberia a organismos ou entidades de natureza privada, vinculados à profissão contábil;

b. As Nações Unidas tinham interesse em obter informações das multinacionais, principalmente em países onde foram instaladas suas subsidiárias (muitas delas em países emergentes). Mas foram solenemente “boicotadas” pelos países desenvolvidos; e

c. Nenhuma comissão ou grupo técnico que venha a discutir matéria contábil, sem a presença dos Estados Unidos da América, é representativa. Em 1986, os Estados Unidos da América deixaram de participar das reuniões do ISAR (Grupo de Trabalho Intergovernamental

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de Especialistas em Padrões Internacionais de Contabilidade e Relatórios). Segundo os norte-americanos, discussões que envolvam contabilidade e demonstrações financeiras estão cobertas por organismos como o IASC (atual IASB), enquanto harmonização de padrões estariam melhor nas mãos de grupos menores, como Organização de Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OECD).

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) A OECD foi criada em 1961 para promover a cooperação econômica entre seus membros. Com isso é considerada organização interorganizacional composta pelas 29 economias mais desenvolvidas do planeta, que inclui membros como Estados Unidos, Japão, Canadá, México, Austrália, Nova Zelândia, Coréia, Polônia, Hungria, e Republica Tcheca, além dos países da Europa Ocidental. É bom salientar que a OECD possui seu grupo de Trabalho de Padrões Contábeis, que tem como objetivo apoiar os esforços das entidades regionais, nacionais e internacionais para promover a harmonização da contabilidade. Atua também como uma espécie de fórum de debates para troca de informações com a ONU, no que diz respeito a matéria contábil e relatórios financeiros. Infelizmente, seus trabalhos não são largamente reconhecidos (NIYAMA, 2008, p. 47). Com o intuito de definir um sistema de governança corporativa que assessorasse e proporcionasse a eficácia junto a governos, bolsas de valores, investidores e corporações em seus esforços na adoção e desenvolvimento das boas práticas de governança corporativa, a OECD (Organization for Economic Cooperation and Development)15 em 1998, criou um grupo de trabalho, que contou com a participação de 15 países e o Comitê Cadbury. Em 1999, a OECD publicou um conjunto de diretrizes de boas práticas de governança corporativa. Tais princípios foi uma junção e aprimoramento das principais práticas dos países membros e não-membros, de organismos internacionais multilaterais como o FMI e o Banco Mundial, de instituições empresariais, de grupos de investidores (sindicatos e outras partes interessadas). Segundo o IBGC (2006, p. 80) as diretrizes podem ser sintetizadas assim:

• Não há um modelo único de governança corporativa, embora possam ser identificados elementos comuns que dão suporte às melhores práticas;

• Os princípios de governança são de natureza evolutiva e devem ser revistos sempre que ocorrerem mudanças significativas, dentro das corporações e em seu entorno;

15 A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, ou OECD em inglês) é uma organização internacional dos países comprometidos com os princípios da democracia representativa e da economia de livre mercado. A sede da organização fica em Paris, na França (fonte: www.wikipedia.org).

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• Para se manter competitivas em um mundo em transformação, as corporações precisam inovar e adaptar suas práticas de governança, para atender a novas exigências e alavancar novas oportunidades;

• Os governos têm grande responsabilidade na criação de uma estrutura reguladora que proporcione flexibilidade suficiente para que os mercados funcionem de maneira eficaz aos interesses dos acionistas e de outras partes interessadas;

• São os governos, os órgãos reguladores do mercado de capitais, as corporações e sés acionistas que devem decidir os princípios de governança corporativa, levando em conta os custos e os benefícios de sua regulamentação.

Assim, por meio das diretrizes foram delineados cinco princípios que foram publicados pela OECD. Tais princípios apóiam-se sobretudo nos direitos dos acionistas; igualdade de tratamento entre os acionistas; papel dos stakeholders relevantes no governo das empresas, divulgação e transparência nas informações, responsabilidades do conselho de administração. Para melhor entendimento das recomendações da OECD, é colocado no Quadro 1 uma síntese.

Quadro 1. Síntese das recomendações da OECD sobre a governança corporativa 1. Direito dos acionistas

A governança corporativa deve proteger os direitos dos acionistas: • Registro seguro, alienação e transferência da participação

acionária; • Obter informações relevantes; • Voz e voto em assembléias gerais ordinárias; • Eleger conselheiros; • Participar de decisões relevantes: alienações de contrato

social, emissões e cisões; • Informações sobre direitos de voto.

2. Tratamento equânime dos acionistas

A estrutura da governança deve assegurar tratamento equânime a todos os acionistas, majoritários / minoritários, nacionais / estrangeiros. • Dentro de uma mesma categoria, os mesmos direitos de voto; • Igualdade quanto a processos e a procedimentos para

participação em assembléias gerais; • Proibição de práticas baseadas em informações privilegiadas; • Acesso igual a fatos relevantes divulgados por conselheiros e

diretores. 3. Papel das partes interessadas

A estrutura da governança deve reconhecer direitos de outras partes interessadas na criação de riqueza e na sustentação de corporações economicamente sólidas: • Respeito aos direitos das partes interessadas;

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• Incentivar cooperação na geração da riqueza e na sustentação de empresas economicamente sólidas;

• Reparação, no caso de violação de direitos; • Adoção de mecanismos para maior participação e melhor

desempenho; • Acesso a informações pertinentes a seus interesses.

4. Divulgação e transparência

A governança corporativa deverá assegurar a divulgação oportuna e precisa de todos os fatos relevantes referentes à empresa: • Estrutura e política de governança; • Objetivos e estratégia da empresa; • Fatores previsíveis de risco e vulnerabilidades; • Informações preparadas e auditadas segundo os mais altos

critérios contábeis. 5. Responsabilidades do conselho de administração

A governança deverá definir as responsabilidades dos conselhos, envolvendo orientação, fiscalização e prestação de contas das corporações: • Orientar e homologar a estratégia corporativa; • Estabelecer objetivos de desempenho; • Fiscalizar e administrar conflitos potenciais de interesse; • Garantir a integridade dos sistemas contábil e financeiro; • Ter posicionamento independente sobre assuntos de interesse

corporativo. Fonte: Andrade e Rossetti (2004, p. 76). Além das recomendações da governança corporativa, a OECD periodicamente promove avaliações de desempenho das boas práticas de governança corporativa em diversos países. É bom salientar que em comparação com as recomendações do IBGC e CVM, a OECD é menos detalhada, isso acontece pois as recomendações da OECD estão em âmbito internacional, servindo assim de base para a construção a posteriori das demais cartilhas e ou códigos de boas práticas de governança corporativa. O Banco Mundial em 1999, com o intuito de promover e fomentar as melhores práticas de governança pelo mundo, lançou o Global Corporate Governance Fórum. Em 2000, resolveu fazer uma revisão de suas diretrizes para as organizações multinacionais no campo das demonstrações financeiras. Com isso, decidiu emitir recomendações, sem vinculo, para diversos assuntos sem conexão um com o outro. É bom salientar que a OECD, nunca se preocupou em procurar ser reguladora de normas internacionais para as demonstrações financeiras, mas sim, em maximizar seus esforços para avaliar e aperfeiçoar os marcos legais das boas práticas de governança corporativa16 para os governos dos países-membros e não membros da organização, como é o caso do Brasil. 16 Os princípios da OCDE definem uma ampla perspectiva de critérios para a excelência na governança que, coletivamente, representam um conjunto de boas práticas (BERTIN e WATSON, 2007, 23).

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ÓRGÃOS REGULADORES DA CONTABILIDADE INTERNACIONAL Financial Accounting Standards Board (FASB) 17 Nos Estados Unidos, surgiu o Financial Accounting Standards Board (FASB), ou Comitê de Normas de Contabilidade Financeira. Criado em 1º de junho de 1973, tem como objetivos principais: • Emitir pronunciamentos contábeis, válidos para o setor privado da economia; • Determinar e aperfeiçoar os procedimentos, conceitos e normas contábeis.

É composto de diferentes líderes da profissão contábil, os controllers18 das grandes corporações transnacionais, professores universitários das escolas de primeira linha, sócios das empresas de auditoria etc., tendo como missão: • Estabelecer e aperfeiçoar os padrões contábeis e de auditoria; • Servir como guia para a conduta de todo o público, incluindo os legisladores da

matéria contábil, auditores, empresários e os demais usuários da informação contábil.

É um órgão independente, reconhecido pelo Security Exchange Commission (SEC), Órgão Fiscalizador e Normatizador do Mercado de Capitais com poder de fiscalização e punição das empresas e seus executivos. Até setembro de 2007, o FASB havia emitido 159 pronunciamentos contábeis, através dos seus Statements of Financial Accounting Standards (SFAS), ou Pronunciamentos sobre Normas de Contabilidade Financeira. Como comentado, as normas do FASB devem ser observadas obrigatoriamente pelas corporações privadas norte-americanas e suas controladas em todo o mundo. Isso significa que uma controlada de uma empresa norte-americana que opera no Brasil deve preparar suas demonstrações contábeis também pelos padrões FASB. Também as empresas brasileiras que negociam suas ações no mercado de capitais norte-americano devem preparar ou adaptar suas demonstrações aos padrões FASB. International Accounting Standards Board (IASB)

17 Ver no livro Contabilidade Internacional: gestão de riscos, governança corporativa e contabilização de derivativos de Alexandre Martins Silva de Oliveira, Anderson de Oliveira Faria, Luís Martins de Oliveira e Paulo Sávio Lopes da Gama Alves (2008, p. 7). 18 Segundo Atkinson (2000), controller é “executivo sênior de finanças e contabilidade que prepara e interpreta as informações financeiras para os administradores, investidores e credores”. Para Crepaldi (2004), “o Controller é o executivo de normas, controles, metas, objetivos, orçamentos, contabilidade, finanças e informática”. Hoji (2004) diz que “a principal função do controller é dar suporte à gestão dos negócios da empresa, para que esta atinja seus objetivos, por meio de informações gerenciais geradas em tempo hábil para tomada de decisões, a um custo razoável”.

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O IASB19 foi constituído em 1973 por nove países, Reino Unido, França, Alemanha, Holanda, Estados Unidos, Canadá, México, Austrália e Japão. Atualmente é constituído por 88 países. Com sede em Londres, Grã-Bretanha, o IASB é um órgão independente do setor privado e se destina ao estudo de padrões contábeis. Segundo Niyama (2008, p. 40), o IASB é formado por um Conselho de Membros, constituído por representantes de mais de 140 entidades profissionais de todo o mundo, inclusive o Brasil que se faz representar pelo IBRACON (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil e o CFC (Conselho Federal de Contabilidade). Tem o objetivo de publicar e promover padrões de contabilidade de interesse público que são observados na apresentação das demonstrações financeiras no mundo todo. Corrobora Niyama (2008, p. 40) com a descrição dos seguintes objetivos:

a. Desenvolver, no interesse público, um único conjunto de normas contábeis globais de alta qualidade, intelegíveis, exeqüíveis, que exijam informações de alta qualidade, transparentes e comparáveis nas demonstrações contábeis e em outros relatórios financeiros, para ajudar os participantes do mercado de capital e outros usuários em todo o mundo a tomar decisões econômicas;

b. Promover o uso e a aplicação rigorosa dessas normas; e c. Promover a convergência entre as normas contábeis locais e as Normas

Internacionais de Contabilidade de alta qualidade. Com isso, percebe-se que o IASB procura substituir uma variedade de normas e padrões nacionais de contabilidade por um padrão único internacional. O IASB teve como seu antecessor o Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade (IASC) (NIYAMA, 2008). Foi a partir daí com a transformação em IASB que obteve uma maior representatividade no seu status e de receptividade de seus padrões. Com isso, o IASB passou a emitir pronunciamento de contabilidade junto a FASB (Financial Accounting Standards Board)20.

19 A primeira reunião técnica desse órgão ocorreu em abril de 2001, na qual foram listadas 42 tópicos que foram recomendados pelos próprios membros do IASB, pela assessoria do IASB (IASB staff), pelos criadores do Conselho do IASC (IASC board), pelos observadores (farejadores) de padrões contábeis (accounting standards setters), pela IOSCO, pela Comissão européia, pelas firmas de contabilidade internacional e por outras partes interessadas, como possíveis matérias para os projetos futuros do IASB (SANTOS et. al., 2006, p. 23). 20 É uma junta reconhecida e subordinada às regras da SEC (Securities and Exchange Comission) que tem como objetivo estabelecer e aperfeiçoar os procedimentos, conceitos e normas contábeis nos Estados Unidos (PETERS, 2004, p. 26).

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A reorganização teve como finalidade o aumento da eficiência e eficácia da corporação. No entanto, é impossível dizer se o IASB será o organismo criador e representativo dos padrões internacionais de contabilidade. v Figura 1. Órgãos reguladores da contabilidade internacional. Fonte: Oliveira et al. (2008 p. 9) CONVERGÊNCIA ÀS NORMAS INTERNACIONAIS DO IASB O IASB já nasceu com o apoio de nove países e organismos importantes como o IOSCO ( The International Organization of Securities Commission)21. O IASB enfrentou dificuldades em sua adoção. Os Estados Unidos (principal mercado acionário do mundo), são se dispôs a adotar as normas do IASC (hoje IASB), devido as divergências entre a referida organização e o US GAAP22, que são os princípios americanos geralmente aceitos, regulados pelo FASB. De acordo com Rake (2004)23,

Agora, em essência, estamos nos movendo em um mundo com dois sistemas: de um lado, o norte-americano, com inúmeras regras que geram uma situação de

21 Não é exatamente um órgão voltado especificamente para questões contábeis ou de normatização de padrões. Conta com a participação de mais de 115 (cento e quinze) órgãos reguladores, semelhantes a nossa Comissão de Valores Mobiliários e abrange mais de 85% do movimento glofal do mercado de capitais do mundo (NIYAMA, 2008, p. 46). 22 United States Generally Accepted Accounting Principles. 23 Trecho de uma entrevista exclusiva a HSM Management realizada em julho de 2004, com o especialista britânico Michael Rake (fonte: www.hsm.com.br).

Estados Unidos

União Européia

FASB

IASB

Emitir pronunciamentos contábeis, válidos para as empresas privadas norte-americanas e suas subsidiárias ao redor do mundo. Auxiliar a SEC no aperfeiçoamento do mercado de capitais internacional.

Emitir pronunciamentos contábeis, válidos para as empresas da União Européia e suas subsidiárias ao redor do mundo. Auxiliar na padronização das normas internacionais de contabilidade.

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grande complexidade e enormes diferenças de interpretação; de outro, a União Européia, que em 2005 estabelecerá a obrigatoriedade de padrões internacionais de contabilidade, baseados em um conjunto de princípios.

Ao contrário dos Estados Unidos a União Européia ratifica a convergência das normas do IASB. Peters (2004, p. 30) afirma que o IASB é o responsável pela emissão de padrões internacionais de contabilidade e esse padrão é o aceito pela União Européia que o adota mandatoriamente a partir de 1º de janeiro de 2005. Niyama (2008, p. 41) corrobora afirmando que a União Européia aprovou decisão no sentido de que todas as empresas sediadas nos países-membros deverão apresentar demonstrações contábeis consolidadas, a partir de 2005, com base nas normas internacionais de contabilidade do IASB.

Os principais mercados estão caminhando para um padrão internacional de contabilidade que facilite aos investidores analisar o desempenho da companhia e compará-lo com seus pares. Os países da União Européia vão adotar as normas do IASB até 2005, e a Organização Internacional das Comissões de Valores (IOSCO), em sua reunião de 2002, recomendou que todos os seus membros cooperassem para que suas normas contábeis convergissem em direção a este padrão contábil (CVM, 2002, p. 11).

No que se refere ao Brasil, é perceptível a convergências às normas do IASB em órgãos como o BCB, a CVM, o IBRACON e o CFC24. Tais órgãos tem emitido normas no sentido de adequar as práticas contábeis nacionais ás normas internacionais vigentes. DEFINIÇÃO DE GAAP 25 Os Generally Accepted Accounting Principles (GAAP) se preocupam com a mensuração das atividades econômicas, com o momento no qual tal mensuração será realizada ou registrada, com a evidenciação das atividades que a circundam e com a preparação e apresentação de informações econômicas resumidas na forma de demonstrações financeiras. Os GAAP se desenvolveram quando surgiram questões sobre qual a melhor forma de executar essas atividades (mensuração, momento de reconheicmento, evidenciação ou apresentação). Para responder a essas questões, um GAAP pode ser promulgado tanto através de um pronunciamento emitido por uma corporação com poderes para criá-lo, quanto pelo seu desenvolvimento ao longo do tempo quando uma corporação autorizada falha na resposta a estas questões. Conseqüentemente, um GAAP é uma reação e um produto do ambiente econômico no qual ele é desenvolvido. Como tal, o desenvolvimento da contabilidade e dos padrões de

24 Representações do IASB no Brasil. 25 Ver no livro Fundamentos de Contabilidade Internacional de Paulo Schmidt, José Luiz dos Santos e Luciane Alves Fernandes (2006, p. 38).

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relatórios financeiros tem até certo ponto retardado o avanço no aumento da complexidade das estruturas econômicas e transações. Um parecer de auditoria expressa uma opinião sobre se as demonstrações financeiras se apresentam verdadeiramente em conformidade com os princípios de contabilidade geralmente aceitos e com a posição financeira e os resultados das operações de uma entidade. Os princípios contábeis são geralmente endereçados para soluções que são objetivas, conservadoras e verificáveis. Existem duas grandes categorias de princípios contábeis: reconhecimento e evidenciação. Os princípios de reconhecimento determinam o momento e a mensuração de um item que faz parte do ciclo contábil e impacta nas demonstrações financeiras. Referem-se então a padrões quantitativos os quais requerem que a informação econômica seja refletida numericamente. Já os princípios de evidenciação lidam com fatores que nem sempre são numéricos, isto é, a evidenciação envolve informação qualitativa que é ingrediente essencial para que as demonstrações financeiras representem um conjunto completo. A sua ausência faria com que as demonstrações financeiras criadas por intermédio de princípios de reconhecimento enganassem a si mesmas. Dessa forma, princípios de evidenciação complementam os princípios de reconhecimento através da explicação das suposições subjacentes às informações numéricas e fornecendo outras informações sobre as políticas contábeis, contingências, incertezas etc., que são ingredientes essências no processo de análise da contabilidade. HARMONIZAÇÃO E DIFERENÇAS ENTRE USGAAP versus BRGAAP26 Os termos United Stated Generally Accepted Accounting Principles (USGAAP e Brazilian Generally Accepted Accounting Principles (BRGAAP) não se referem propriamente a diferenças entre princípios contábeis utilizados nos Estados Unidos e os adotados no Brasil. Sabemos que a classe contábil adota princípios contábeis razoavelmente parecidos. As diferenças ocorrem não nos princípios que norteiam a contabilização e reporte financeiro, mas sim nas práticas e visões específicas das transações econômicas realizadas em cada país. Ademais, essas práticas contábeis são influenciadas e delimitadas pela normatização e delimitadas pela normatização de cada nação. Nos Estados Unidos o principal organismo normatizador em relação à contabilidade é a FASB.

26 Ver no livro Controladoria Internacional Incluindo: Sarbanes Oxley Act e USGAAP de Marcos R. S. Peters (2004, p. 43).

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No Brasil temos organismos como o Banco Central (resolução 220 de 1972), a CVM – Comissão de Valores Mobiliários (deliberação 29/86), a SRF – Secretaria da Receita Federal, a SUSEP – Superintendência de Seguros Privados, o CFC – Conselho Federal de Contabilidade (resoluções 750 de 1993 e 774 de 1994), o IBRACON – Instituto Brasileiro de Auditores Independentes (estrutura da contabilidade) etc, como organismos que delimitam a contabilidade em sua prática. A fonte legal de norma contábil é a chamada Lei das Sociedades por Ações (6.404/76) agregada das atualizações posteriores. Como todo meio informacional e de comunicação, a Contabilidade é um idioma em que é necessário por parte de quem o utiliza (emissor e receptor). Ao ser um idioma, a Contabilidade é ineficaz para aqueles que não conhecem seus princípios (premissas) e mecanismos processuais. A Contabilidade é um sistema que utiliza como premissas os assim chamados PCGA (Princípios Contábeis Geralmente Aceitos). Eles incluem os postulados, princípios e as convenções contábeis. No Brasil os PCGAs são estabelecidos pelo CFC para todas as sociedades, e, especificamente para as sociedades anônimas abertas, a CVM emitiu sua deliberação nº 29, de 5 de fevereiro de 1986, em que aprova o pronunciamento do IBRACON sobre a Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade. A ciência contábil está inserida no escopo das ciências sociais e interligada com a ciência econômica. Os postulados ambientais da Contabilidade enunciam condições sociais, econômicas e institucionais dentro das quais a ciência contábil atua e predispõe-se a assumir esta ou aquela postura. Os princípios propriamente ditos representam a resposta aos postulados. Constituem o núcleo central da estrutura contábil. As convenções ou restrições representam certos condicionamentos de aplicação, numa ou noutra situação prática. O Postulado da Entidade Contábil enuncia que a Contabilidade é mantida para as entidades, os sócios ou cotistas dessas não se confundem, para efeito contábil, com aquelas. O Postulado da Continuidade das Entidades enuncia que para a Contabilidade, a entidade é um organismo vivo que irá operar por um longo período de tempo (indeterminado) até que surjam fortes evidências em contrário.

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O Princípio do Custo como Base de Valor enuncia que o custo de aquisição de um ativo ou dos insumos necessários para fabricá-lo e colocá-lo em condições de gerar benefícios para a entidade representa a base de valor para a Contabilidade, expressa em termos de moeda de poder aquisitivo constante. O Princípio do Denominador Comum Monetário enuncia que as demonstrações contábeis, sem prejuízo dos registros detalhados de natureza qualitativa e física, serão expressas em termos de moeda nacional de poder aquisitivo da data do último balanço patrimonial. O Princípio da Realização da Receita enuncia que a receita é considerada realizada e, portanto, passível de registro pela Contabilidade, quando produtos ou serviços produzidos ou prestados pela entidade são transferidos para outra entidade ou pessoa física com anuência dessas e mediante pagamento ou compromisso de pagamento especificado perante a entidade produtora. O Princípio do Confronto das Despesas com as Receitas e com os Períodos Contábeis (Competência de exercícios) enuncia que toda despesa diretamente delineável com as receitas reconhecidas em determinado período com elas deverá ser confrontada; os consumos ou sacrifícios de ativos (atuais ou futuros), realizados em determinado período e que não puderam ser descarregados como despesa do período em que ocorrerem. Este princípio é a base de contabilização do ativo diferido. A Convenção da Objetividade enuncia que para procedimentos igualmente relevantes, resultantes da aplicação dos princípios, preferir-se-ão, em ordem decrescente: a) os que puderem ser comprovados por documentos e critérios objetivos; b) os que puderem ser corroborados por consenso de pessoas qualificadas da profissão, reunidas em comitês de pesquisa ou em entidades que têm autoridade sobre princípios contábeis. A Convenção da Materialidade enuncia que o contador deverá, sempre, avaliar a influência e materialidade da informação evidenciada ou negada para o usuário à luz da relação custo-benefício, levando em conta aspectos internos do sistema contábil. A Convenção do Conservadorismo enuncia que entre conjuntos alternativos de avaliação para o patrimônio, igualmente válidos, segundo os princípios fundamentais, a Contabilidade escolherá o que apresentar o menor valor atual para o ativo e o maior para as obrigações. A Convenção da Consistência (ou Uniformidade) enuncia que a Contabilidade de uma entidade deverá ser mantida de forma tal que os usuários das demonstrações contábeis tenham possibilidade de delinear a tendência dela como o menor grau de dificuldade possível.

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Um conceito importante na normatização norte-americana é o do fair value (valor justo) contraposto em muitas regras como o custo como base de valor. Na Accounting Princíples Board Opinion nº 29 – APB 29 -, fair value é definido como:

(...) the estimated realizable value in cash transactions of the same or similar assets, quoted market prices, independent appraisals, estimated fair values of assets or services received in Exchange and other avaiable evidence.

Para a FASB, fair value não é um conceito genérico; cada norma que o aborda o conceitua especificamente e define como deve ser obtido/mensurado. IFRS – NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE 27 Desde 2005 a Rússia, China, Austrália, África do Sul e os países da União Européia, adotam o IFRS na elaboração de suas Demonstrações Contábeis. Em 2010 será a vez de Brasil, Canadá, Índia, Israel e Japão. Mas, o que é IFRS? IFRS é a sigla para Padrões de Demonstrações Financeiras Internacionais, que são emitidos pelo IASB (Comitê de Padrões de Contabilidade Internacional). O objetivo da padronização internacional é apresentar as demonstrações com transparência, confiança e relevância para possibilitar a comparabilidade dos dados em diferentes países e, com isso, gerar uma apresentação realista da eficiência empresarial para a análise de acionistas e investidores. As normas internacionais de contabilidade exigem a publicação dos seguintes demonstrativos obrigatórios: a) Balanço; b) Resultado; c) Fluxo de Caixa; d) Informações Econômicas do Segmento Empresarial; e) Notas Explicativas e Disclosure. Como os países possuem legislações contábeis diferenciadas, na conversão para IFRS devem ser observadas: a) Correta interpretação dos pronunciamentos internacionais; b) Adequação do software de gestão empresarial; c) Parametrização dos sistemas de tecnologia de informação; d) Incremento dos grandes controles internos; e) Emissão de RDG – Relatórios de Desempenho Gerencial.

27 Artigo retirado do site: www.classecontábil.com.br.

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O IASB publicou um guia prático de conversão, pois o IRFS possui 25 opções de lançamentos contábeis alternativos. A seguir apresento sinteticamente, os quatro momentos da conversão das demonstrações para IFRS: 1. Avaliação, Identificação e Contabilização; 2. Conversão, Relatório e Teste; 3. Implementação, Elaboração dos Demonstrativos e Comparação da Legislação Pátria (societária e fiscal); 4. Adoção completa do IFRS. Pelo IFRS, a metodologia "fair value" (valor justo) é obrigatória para todos os ativos adquiridos, observando-se as hipóteses de avaliação inicial de determinadas contas que necessitam de uma posterior contabilização pelo valor de custo corrigido (ex vi M&A que podem ou não reavaliar seus ativos e passivos por "fair value"). No caso de empréstimos, valores recebíveis e aplicações financeiras, inicialmente será aplicado o "fair value" para, posteriormente, em cada data de vencimento, efetuar-se a correção do custo amortizado, excetuando-se os instrumentos derivativos e operações de leasing (cálculo deve ser determinado na data de contratação).

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE OS CRITÉRIOS E DIVULGAÇ ÕES CONTÁBEIS BRASILEIROS E NORTE-AMERICANOS 28

Basicamente as demonstrações financeiras obrigatórias para fins de evidenciação (transparência) são as mesmas tanto no Brasil como nos Estados Unidos, exceto que no Brasil é feita a DOAR (Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos) e nos Estados Unidos, a DFC (Demonstração do Fluxo de Caixa). A LEI SOX

“Conselheiros, executivos, investidores, contadores, auditores, advogados e analistas – comportem-se. Os escândalos, as fraudes contábeis e os conflitos com analistas de investimentos trouxeram novas leis e regulamentos que disciplinam o comportamento no mundo corporativo”.29

28 Ver no livro Controladoria Internacional Incluindo: Sarbanes Oxley Act e USGAAP de Marcos R. S. Peters (2004, p. 46). 29 Trecho do artigo de Hasset e Mahoney sobre a Lei Sarbanex-Oxley (ANDRADE e ROSSETTI, 2004, p. 85)

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The U.S. Public Company Accounting Reform and Investor Protection Act of 2002, também conhecida como lei Sarbanes-Oxley Act30, nasceu nos Estados Unidos, e foi denominada com base nos sobrenomes de seus relatores, Senador Democrata Paul Sarbanes e o Deputado Republicano Michael Oxley. A referida Lei foi sancionada no dia 30 de julho de 2002, pelo Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) George W. Bush.

Em termos legais há vários mecanismos regionais que buscam dar elementos processuais a essa segurança informacional. Um exemplo de mecanismo legal é o diploma norte-americano Sarbanes-Oxley Act, conhecido pelas siglas Sarbox, Saox, SOX ou mesmo SO, cujos relatores do projeto foram Paul S. Sarbanes e Michael G. Oxley, membros do Congresso norte-americano (PETERS, 2004, p. 33).

A SOX surgiu devido a escândalos corporativos e contábeis de grandes proporções como aqueles que envolveram as Empresas WorldCom (atual MCI), Enron, ImClone Systems, Adelphia, Global Crossin, Tyco International, afetando toda a credibilidade do mercado acionário norte-americano e mundial31. No que se refere aos escândalos, verifica-se que em sua grande maioria, as práticas utilizadas para manipular os resultados contábeis não eram exatamente ilegais, ou seja, eram permitidas por brechas constatadas na legislação existente. Tais brechas originaram-se talvez pelo fato de que na época em que aquelas leis foram escritas, o legislador não considerou necessário fazê-las mais analíticas, ou seja, explicitar que tais práticas não poderiam ser transgredidas, ocasionando, caso as fossem, impacto direto nas boas práticas de governança corporativa das empresas e contribuindo no fomento de iniciativas eticamente inaceitáveis.32 Segundo o IBGC (2006, p. 75), a Lei Sarbanes-Oxley conta com 1.107 artigos, e com isso, é sem dúvida a maior reforma da legislação de mercado de capitais norte-americano desde a quebra da Bolsa de Nova York em 1929 e a conseqüência promulgação das leis básicas sobre valores mobiliários em 1933 e 1934. A SOX tem como objetivo estabelecer sanções que coíbam ações não éticas e que estão em desacordo com as boas práticas de governança corporativa por parte das corporações que

30 A lei Sarbanes-Oxley é considerada a mais importante reforma da legislação do mercado de capitais norte-americano desde a década de 1930. Ela foi aprovada pela Câmara por votação de 423 a 3 e pelo Senado por 99 a 0 (PETERS, 2007, p. 18). 31 A cada novo escândalo se constatava que o mercado aparentemente eficiente da maior economia do mundo era extremamente vulnerável [...] o grau de confiança e transparência das informações fornecidas aos investidores se tornou preocupante para o mundo inteiro (BORGERTH, 2008, p. 12). 32 Para uma organização que esteja tentando decidir sobre o perfil de sua estrutura de governança corporativa, uma posição ética deveria ser uma opção muito valiosa a ser considerada. Ela traz consigo tantas virtudes e benefícios que realmente merece consideração. Quando há uma luta intensa por um estilo responsável de governança, a ética nos negócios apresenta todos os elementos requeridos (BERTIN e WATSON, 2007, p. 37).

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atuam no mercado corporativo norte-americano. Com isso segundo Oliveira et. al. (2008, p. 207),a SOX estabeleceu rigorosos padrões de conduta para as organizações, seus dirigentes e auditores, em relação aos seus acionistas e investidores, englobando: punições; divulgações de informações; acesso a dados e informações relevantes; regras mais rígidas de relacionamento entre empresas e seus auditores. Contata-se então que o objetivo final da lei é o de restabelecer a credibilidade das informações financeiras geradas pelas empresas, com maior disclosure, corroborando para o aumento da confiança dos investidores no mercado de capitais americano. “A Sarbox e as reformas a ela ligadas resultaram em demonstrações financeiros muito mais seguros, nas quais os investidores confiam na hora de comprar ou vender ações” (Valor Econômico, 2007). De acordo com Peters (2007) a lei possui 11 títulos, de responsabilidades adicionais para os conselhos de administração das empresas a penalidades criminais [...]. Borgerth (2008) enumera os referidos títulos: Capítulo I – Criação do Órgão de Supervisão do Trabalho dos Auditores Independentes Capítulo II – Independência do Auditor Capítulo III Responsabilidade Corporativa Capítulo IV – Aumento do Nível de Divulgação de Informações Financeiras Capítulo V – Conflito de Interesses de Analistas Capítulo VI – Comissão de Recursos e Autoridade Capítulo VII – Estudos e Relatórios Capítulo VIII – Prestação de Contas das Empresas e Fraudes Criminais Capítulo IX – Aumento das Penalidades para Crimes de Colarinho Branco Capítulo X – Restituição de Impostos Corporativos Capítulo XI – Fraudes Corporativas e Prestação de Contas Fonte: Borgerth (2008, p. 19). É importante frisar que a SOX é notadamente mais rígida em relação à responsabilidade dos administradores em caso de comprovada culpa, dolo, violação da lei ou do estatuto. Para eles, prevê, até, ações punitivas (multa: quando há a inobservância dos requisitos da Lei de forma inconsciente; multa ou reclusão: quando há a inobservância dos requisitos da Lei de forma intencional). As multas podem chegar a U$ 5 milhões e prisão de até 20 anos no caso de informações incorretas (PEÇANHA, 2007). Pode-se entender que a Lei SOX regulamentou de maneira severa a vida do mercado corporativo, fomentando e impondo nova coerência aos princípios balizadores das boas práticas de governança corporativa, ou seja, os impactos da lei Sarbanes-Oxley e de mudanças nela inspiradas e por ela exigidas na legislação de outros países têm sido expressivos. Com isso um novo cenário para a Governança Corporativa nas empresas está sendo delineado.

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A GOVERNANÇA CORPORATIVA E A LEI SARBANES OXLEY Governança significa o ato de supervisionar gerencialmente, um país, uma corporação ou uma família, por meio de uma liderança escolhida pelos que compõem essas entidades de maneira eletiva ou natural. É sabido que o objetivo das boas práticas de governança corporativa é minimizar o conflito de agência, ou seja, regulamentar a relação entre os acionistas controladores e minoritários, administradores e acionistas, sócios, funcionários, clientes, bancos, governo e o público como um todo. Segundo Peters (2007, p. 27), as boas práticas em governança corporativa incluem aspectos de publicações de informações simétricas (disclosure) como parte da prestação de contas inerentes ao poder delegado (accountability), sustentabilidade e eqüidade de direitos. Para Borges e Serrão (2005), o movimento pela governança corporativa ganhou força em meados da década iniciada em 1980 nos EUA. Mas a governança corporativa já existe desde da época em que as empresas passaram a ser gerenciadas por terceiros distintos dos proprietários. Surgi então o conflito de agência, em que o gestor por meio de empowerment investi ou aplica recursos do principal (proprietário) em detrimento próprio, sendo que, ao invés disso, deveria usar a delegação de poder para investir ou aplicar em estratégias e ou ações que permitissem alcançar os objetivos desta delegação de recursos corroborando para o fomento das boas práticas de governança corporativa. Entende-se então que a governança corporativa é um conjunto de mecanismos que asseguram os investidores, (mediante um bom disclosure e uma constante prestação de contas), um mínimo risco de perda e um satisfatório retorno sobre o capital investido. As boas práticas de governança corporativa são formadas por normas que assessoram os acionistas majoritários e executivos das empresas, a fim de maximizar seu valor e definir suas obrigações e responsabilidades legais no âmbito corporativo. Diante disso, Peters (2007) diz:

Os valores éticos são fundamentais para determinar a reputação de uma entidade e a sua continuidade operacional. Estes valores definem a conduta dos empregados refletindo a integridade e compromisso com a organização. para afiançar a reputação é necessário instituir e disseminar uma cultura de controle e conduta. Não é suficiente o mero cumprimento das leis vigentes, pois um sistema de controle não pode ser eficaz se está acima da moral e integridade das pessoas que administram e supervisionam estes controles, já que estes valore são base de toda a estrutura dos mesmos controles.

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Administrar uma empresa de maneira ética gera efetivamente uma sensação de que estamos procedendo de forma adequada (BERTIN e WATSON, 2007, p. 27). A ética dentro da empresa sobretudo em todos os seus níveis é essencial para que os objetivos de todos os agentes envolvidos no processo decisório sejam alcançados.

Tal clima fomenta a eficácia do sistema de controle da organização, contribuindo para a simetria das informações financeiras, para a minimização dos conflitos de agência, para criação de valor da empresa e para otimização do mercado de capitais mundial. Diante do exposto percebe-se que a Lei SOX é a propulsora e fomentadora desse clima nas empresas.

RESPONSABILIDADE CORPORATIVA COMO META ESTRATÉGICA DAS EMPRESAS EM NÍVEIS INTERNACIONAIS 33

As chamadas empresas feitas para durar, que também são conhecidas empresas de excelência mundial, adotaram uma série de modernas ferramentas de gestão, entre as quais podem ser citadas:

• Balanced Scorecard; • EVA – Economic Value Added – Valor Econômico Agregado; • ABC Costing – Custeio Baseado em Atividades; • Controladoria Estratégica etc.

Entretanto, nenhuma dessas ferramentas, analisadas isoladamente, pode levar a empresa à trilha do sucesso na obtenção da agregação de valor ao patrimônio e aos acionistas, se tais ferramentas não estiverem acompanhadas por uma clara definição de suas responsabilidades corporativas.

KPMG (2006, p. 61) afirma que a definição de responsabilidade corporativa pode ser a integração de questões ambientais, sociais e éticas nos valores da empresa, nas estratégias de negócios e na gestão.

A controladoria internacional ressalta bastante os aspectos: o sucesso de uma empresa é medido por um balanço saudável e confiável, mas também torna-se de suma importância a demonstração da alta direção em atender às exigências dos stakeholders, que incluem não somente os acionistas, mas também os funcionários e toda a comunidade.

Neste sentido, continua a KPMG, o papel das empresas em gerar altos retornos para seus negócios continua sendo a principal preocupação dos dirigentes, mas a grande maioria dos

33 Ver no livro Contabilidade Internacional: gestão de riscos, governança corporativa e contabilização de derivativos de Alexandre Martins Silva de Oliveira, Anderson de Oliveira Faria, Luiz Martins de Oliveira e Paulo Sávio Lopes da Gama Alves (2008, p. 209).

Contabilidade Internacional 41

executivos afirma que esta questão não está desconectada do compromisso e das contribuições com a governança corporativa.

Noticia divulgada pelo http://noticias.uol.com.br/economia, de autoria do Valor Online, em 12 de setembro de 2007, informa que a Usiminas é a sétima empresa brasileira a compor o índice de sustentabilidade Dow Jones, criado em 1999, que atualmente é composto por 318 empresas de 24 países. Pela repercussão da noticia entre os empresários brasileiros, percebe-se a importância de tal feito.

A inclusão no Dow Jones Sustentability World Index. (DJSI World) é um diferencial para as corporações transnacionais, visto ser um dos mais importantes índices de referência para as empresas com forte comprometimento com o mercado de capitais e os investidores em todo o mundo, o que atesta, em níveis internacionais, além da sua solidez econômica, a rigorosa observância das boas práticas corporativas. Além da Usiminas, também fazem parte deste time: Aracruz, Banco Itaú, Bradesco, Cemig, Itausa e Petrobrás.

Presente neste índice desde 1999, o banco Itaú afirma ter se destacado nos quesitos de Política Anticrime, Desenvolvimento do Capital Humano e Atração e Retenção de Talentos. O representante da Petrobras diz que sua permanência no indicador é um reconhecimento de empenho da companhia, nos últimos anos, do desempenho ambiental, em transparência e em governança corporativa. Para a Cemig, a certificação indica que a empresa une práticas de governança corporativa, respeito ao meio ambiente e ao bem-estar da sociedade com a efetiva criação de valor para os acionistas.

Além destas metas estratégicas internacionais, em âmbito nacional, temos os distintos patamares de governança corporativa implantados pela Bovespa e pela CVM, que atualmente são: Nível 1, Nível 2 e o Novo Mercado34, resultados das normas severas promovidas ao longo dos anos pelos ajustes regulatórios. Dessa maneira, são mais valorizadas as companhias com melhor governança, respeito aos acionistas e transparência na gestão. As regras especificas do Novo Mercado, por exemplo, atendem aos padrões estipulados por alguns fundos de investimentos internacionais, facilitando o acesso a um nível de investidores que, de outra forma, seria quase impossível. Segue um modelo de uma governança corporativa ideal para atender aos padrões internacionais, conforme Figura 2.

34 Em 2000, a Bovespa baseada no Newer Market Alemão (criado em 1997), implantou o Novo Mercado e os NDGC. Segmento especial da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que tem como principal atribuição a negociação de ações emitidas por companhias, que voluntariamente adotam as boas práticas de governança corporativa ou que façam o IPO (abertura de capital). Tal segmento compõe-se de três partes, ou seja, o Novo Mercado, Nível 1 e Nível 2 (NDGC), sendo que seguem normas de boas práticas de governança mais exigentes do que as existentes na legislação atual. O principal propósito da criação dos Níveis 1 e 2 de governança é a de preparar as organizações que já possuem ações negociadas na Bovespa a aderirem ao Novo Mercado.

Contabilidade Internacional 42

Figura 2. Modelo de estrutura de corporações internacionais com boa governança corporativa. Fonte: Oliveira et al. (2008, p. 211).

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS OBRIGATÓRIAS

NORMAS INTERNACIONAIS 35

De acordo com a estrutura para a preparação e apresentação das demonstrações financeiras do IASB (framework for the preparation and presentation of financial statements), o objetivo dos relatórios financeiros é o de fornecer informação considerando a posição financeira, o desempenho e as mudanças na posição financeira da entidade, para um amplo conjunto de usuários, capacitando-os para a tomada de decisões econômicas racionais.

35 Ver no livro Fundamentos de Contabilidade Internacional de Paulo Schmidt, José Luiz dos Santos e Luciane Alves Fernandes (2006, p. 56).

Contabilidade Internacional 43

Essa informação é comunicada através do seguinte conjunto de demonstrações financeiras:

• Balanço patrimonial (balance sheet); • Demonstração do resultado (income statement); • Outras demonstrações que evidenciem todas as mudanças no patrimônio líquido, ou

as mudanças no patrimônio líquido, exceto as modificações no capital e as distribuições para os propritários;

• Demonstração do fluxo de caixa (cash flow statement); • Políticas contábeis e outras notas explicativas (explanatory notes);

O balanço patrimonial é a demonstração da posição financeira que apresenta o ativo (assets), o passivo (liabilities) e o patrimônio líquido (shareholder´s equity ou net worth) em determinada data, apresentando o efeito agregado das transações em determinada data, enquanto a demonstração do resultado do exercício e as outras demonstrações financeiras apresentam as modificações ocorridas ao longo de determinado período de tempo.

A demonstração do resultado do exercício tem por fim apresentar de forma ordenada o resultado do confronto entre receitas e ganhos e as despesas e perdas, de tal forma a evidenciar o resultado das operações ordinárias, o resultado das operações em continuidade e descontinuidade, tendo em vista a medição do desempenho da entidade.

Já as outras demonstrações financeiras que evidenciem todas as modificações ocorridas no patrimônio líquido da entidade, exceto os investimentos e distribuições aos proprietários, dizem respeito à demonstração das mutações do patrimônio líquido (statement of changes in equity), podendo a mesma ser substituída pela demonstração de reconhecimento de ganhos e perdas (statement of recognized gains and losses).

Além disso, o IAS 1 determina que os seguintes elementos devem ser apresentados no cabeçalho das demonstrações financeiras:

• Especificação da entidade de acordo com o estatuto ou contrato social; • Titulo da demonstração financeira; • Data da demonstração financeira.

NORMAS NORTE-AMERICANAS 36

Segundo o SFAC 5, que trata do reconhecimento e mensuração das demonstrações financeiras nas normas norte-americanas, as demonstrações financeiras são o principal meio de comunicar informações financeiras úteis. Um conjunto completo de demonstrações financeiras engloba:

36 Ver no livro Fundamentos de Contabilidade Internacional de Paulo Schmidt, José Luiz dos Santos e Luciane Alves Fernandes (2006, p. 57).

Contabilidade Internacional 44

• Balanço patrimonial; • Demonstração do resultado do período; • Demonstração abrangente do resultado do período; • Demonstração do fluxo de caixa do período; • Investimentos e distribuições para os proprietários durante o período.

As demonstrações financeiras resultam da simplificação, condensação e agregação de transações. Conseqüentemente, nenhuma demonstração financeira isoladamente fornece informação suficiente para a tomada de decisão, bem como nenhum item ou parte de cada demonstração é capaz de resumir adequadamente a informação.

O balanço patrimonial fornece informações sobre os ativos, os passivos e o patrimônio líquido da entidade. Já o lucro (earnings) mensura a performance da entidade durante o período. Ele é similar ao lucro líquido (net income) mas exclui ajustes de exercícios anteriores, tais como efeitos da mudança de princípios contábeis.

O resultado abrangente compreende todos os reconhecimentos de mudanças ocorridas no patrimônio líquido, exceto os investimentos e distribuições aos proprietários. Segundo o SFAS 130, o resultado abrangente será evidenciado como parte da demonstração do resultado do período ou separadamente em uma demonstração financeira à parte. A demonstração de fluxo de caixa representa as entradas e saídas de numerário através das principais fontes e usos, incluindo atividades operacionais, financiamento e investimento. finalmente, investimentos e distribuições para os proprietários refletem as transações de capital de uma entidade durante o período.

BALANÇO PATRIMONIAL

NORMAS INTERNACIONAIS 37

Segundo o IAS 1, o balanço patrimonial (balance sheet), que é a demonstração financeira principal, também denominada de demonstração da posição financeira (statement of financial position) ou demonstração das condições financeiras (statement of financial conditions), apresenta o ativo, o passivo e o patrimônio líquido da entidade em uma determinada data.

Esse títulos do balanço patrimonial devem ser utilizados quando essa demonstração financeira foi elaborada de acordo com os princípio de contabilidade geralmente aceitos. Entretanto, se uma base contabilização mais abrangente (comprehensive) foi utilizada, a exemplo da utilização do regime de caixa ou de regime para fins de imposto de renda, o título do balanço patrimonial deve refletir essa condição.

37 Ver no livro Fundamentos de Contabilidade Internacional de Paulo Schmidt, José Luiz dos Santos e Luciane Alves Fernandes (2006, p. 60).

Contabilidade Internacional 45

Segundo Epstein e Mirza (2004), geralmente é utilizada a expressão balance sheet, a menos que seja usual, no setor em que a entidade opera, a utilização de outra designação, a exemplo do setor de seguros, que utiliza, normalmente, o título statement of financial condition.

Essa demonstração financeira reflete ao status financeiro da entidade em conformidade com os padrões contábeis internacionais, reportando o efeito agregado das transações em uma determinada data, enquanto a demonstração do resultado do exercício e as outras demonstrações apresentam as modificações ocorridas ao longo de um determinado período de tempo.

Segundo Epstein e Mirza (2004), durante muitos séculos a ênfase nos relatórios financeiros foi para o balanço patrimonial, que freqüentemente era a única demonstração fornecida para partes externas à empresa. A partir do início dos anos 60, os usuários das demonstrações financeiras aumentaram enormemente a ênfase na demonstração do resultado, inclusive, em alguns casos, com a exclusão do balanço patrimonial. Isso se deveu ao fato de as empresas desejarem demonstrar o rápido crescimento dos lucros e os investidores estarem mais interessados na maximização do desempenho a curto prazo expresso em termos de lucro por ação.

Todavia, o ciclo, por todo o mundo, da inflação e recessão no início dos anos 70, fazendo que mesmo empresas com altos lucros por ação apresentassem problemas de liquidez, renovou o interesse pelo balanço patrimonial. A partir do meio da década de 80 a visão do balanço patrimonial foi dominante, mas com a apresentação simultânea da demonstração do resultado. Finalmente, a partir do início dos anos 90 passou a ter certa proeminência, sendo apresentado juntamente com as demais demonstrações.

Finalmente, diferentemente das normas brasileiras a classificação das contas do balanço patrimonial, nas normas internacionais, é realizada de acordo com a ordem crescente do grau de liquidez, conforme determina o IAS 1.

NORMAS NORTE-AMERICANAS 38

O balanço patrimonial, também denominado nas normas norte-americanas de demonstração da posição financeira, apresenta de forma ordenada informações sobre ativos, passivos e patrimônio líquido da entidade. Ele reflete os recursos (ativos) e as fontes de financiamento – próprias ou de terceiros em conformidade com os princípios de contabilidade geralmente aceitos norte-americanos (US-GAAP).

O balanço patrimonial apresenta os efeitos das transações em uma determinada data, isto é, a posição financeira da entidade em um dado momento de forma estática. O estudo e a

38 Ver no livro Fundamentos de Contabilidade Internacional de Paulo Schmidt, José Luiz dos Santos e Luciane Alves Fernandes (2006, p. 61).

Contabilidade Internacional 46

análise do balanço patrimonial visam mensurar a liquidez da entidade, a sua flexibilidade financeira e a sua capacidade de gerar lucros, pagar dívidas e, quando devido dividendos. A liquidez se refere à velocidade do fluxo de caixa no curso normal dos negócios; ela indica a capacidade da entidade de honrar suas obrigações.

Já o conceito de flexibilidade financeira é mais amplo do que o de liquidez, pois se refere à capacidade da entidade de tomar determinadas ações efetivas capazes de alterar os valores e a velocidade do fluxo de caixa, podendo, dessa forma, fazer frente a necessidades e oportunidades não esperadas. A flexibilidade financeira inclui a capacidade da entidade de emitir novo capital ou de poder utilizar linhas de crédito não utilizadas.

Segundo Delaney et. al. (2003), não obstante o balanço patrimonial apresente a posição financeira da entidade, ele não reflete o seu valor real. As principais razões pra que isso ocorra são:

• O valor de certos ativos, a exemplo dos recursos humanos, processo secretos, vantagens competitivas e outros intangíveis, não está incluído na demonstração a despeito de possuir valor e gerar fluxos futuros de caixa;

• Os valores de alguns ativos são mensurados a custo histórico e não a alor de mercado ou valor específico da entidade, a exemplo do imobilizado, que é mensurado pelo valor de custo original reduzido da sua depreciação, mas o subjacente valor do ativo pode exceder significativamente o seu valor residual, e até é possível que ainda seja produtivo mesmo após estar totalmente depreciado;

• A maior parte das obrigações é mensurada pelo seu valor presente na data em que a obrigação foi incorrida, ao invés do seu valor corrente de mercado; dessa forma, se as taxas de juros se modificaram significativamente, elas não representaram adequadamente as dívidas da emrpesa.

Recentemente o FASB tem se esforçado no sentido de aumentar o uso do valor justo como uma medida relevante no balanço patrimonial, a exemplo do SFAS 133 que requer que os derivativos sejam mensurados pelo seu valor justo, ou do SFAS 142, o qual requer que os ativos intangíveis que satisfaçam ao critério legal ou contratual ou de separabilidade em uma combinação de negócios sejam mensurados pelo seu valor justo. A mensuração de mais ativos e passivos pelo seu valor justo aumenta a capacidade do balanço patrimonial de apresentar o valor da empresa.

Finalmente, nas normas-americanas, da mesma forma que nas brasileiras, a classificação das contas no balanço patrimonial é realizada de acordo com a ordem crescente do grau de liquidez, conforme o ARB 43.

ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL

Contabilidade Internacional 47

NORMAS INTERNACIONAIS 39

A estrutura do balanço patrimonial nas normas internacionais não é especificamente determinada pelos IAS, mas é fruto dos costumes, da tradição e em alguns casos das práticas de determinados setores da economia. Todavia, o apêndice do IAS 1 fornece um exemplo que pode ser utilizado como o guia útil para a elaboração do balanço patrimonial.

Segundo Epstein e Mirza (2004), geralmente, o balanço patrimonial é apresentado em dois formatos:

• O formato de relatório; • O formato de contas.

No formato de relatório as contas são dispostas verticalmente, isto é, uma única coluna que contempla todos os itens, conforme apresentado na Figura 3.

Assets Non-current Assets - property, plant, and equipment - goodwill and intangible asset - investments in associates - other financial assets - deferred tax assets Current Assets - inventories - trade and other receivables - prepayments - cash and cash equivalents Equity and Liabilities Capital and reserves - issued capital - reserves - accumulated profits (losses) Non-current Liabilities - interest bearing borrowings - deferred tax - retirement benefit obligation Current liabilities - trade and others payable - short term borrowings - current portion of interest bearing

Ativo Ativo Não corrente - imobilizado - goodwill e outros ativos intangíveis - investimentos em controladas e coligadas - outros ativos financeiros - ativos de impostos diferidos Ativo Corrente - estoques - duplicatas e outros recebíveis - adiantamentos - caixa e equivalentes de caixa Patrimônio Líquido e Passivo Capital e Reservas - capital social - reservas - lucro (prejuízos) acumulados Passivo Não corrente - empréstimos de longo prazo - impostos diferidos - obrigações de benefícios de aposentadoria Passivo Corrente - fornecedores e outras contas a pagar - empréstimos de curto prazo - parcela corrente dos empréstimos

39 Ver no livro Fundamentos de Contabilidade Internacional de Paulo Schmidt, José Luiz dos Santos e Luciane Alves Fernandes (2006, p. 92).

Contabilidade Internacional 48

borrowings - warranty provision

- provisão para warranty

Figura 3. Balanço patrimonial no formato de relatório nas normas internacionais. Fonte: Schmidt; Santos e Fernandes (2006, p. 92).

Já no balanço patrimonial no formato de contas, o ativo é apresentado no lado esquerdo e o passivo e o patrimônio líquido no lado direito, conforme apresentado na Figura 4. Esses grupos não são exaustivos.

Ativo Ativo Não corrente - imobilizado - goodwill e outros ativos intangíveis - investimentos em controladas e coligadas - outros ativos financeiros - ativos de impostos diferidos Ativo Corrente - estoques - duplicatas e outros recebíveis - adiantamentos - caixa e equivalentes de caixa

Patrimônio Líquido e Passivo Capital e Reservas - capital social - reservas - lucros (prejuízos) acumulados Passivo Não corrente - empréstimos - impostos diferidos - obrigações de benefícios de aposentadoria Passivo Corrente - fornecedores e outras contas a pagar - empréstimos de curto prazo - parcela corrente dos empréstimos - provisão para warranty

Figura 4. Balanço patrimonial no formato de contas nas normas internacionais. Fonte: Schmidt; Santos e Fernandes (2006, p. 93).

NORMAS NORTE-AMERICANAS 40

A estrutura do balanço patrimonial nas normas norte-americanas pode ser altamente agregada ou altamente detalhada, ou ainda qualquer combinação entre as duas. Em geral, a estrutura altamente agregada é utilizada para fins de apresentação do relatório anual e publicação; já o balanço patrimonial altamente detalhado, normalmente, é utilizado internamente para fins gerenciais. Porém, é importante destacar que o balanço patrimonioal altamente agregado requer a evidenciação detalhada em notas explicativas nas demonstrações financeiras. A estrutura do balanço patrimonial padrão, embora não exaustiva, é apresentada na Figura 5.

Assets Current Assets - cash and cash equivalents - short-term investments

Ativo Ativo Corrente - caixa e equivalentes de caixa - investimentos de curto-prazo

40 Ver no livro Fundamentos de Contabilidade Internacional de Paulo Schmidt, José Luiz dos Santos e Luciane Alves Fernandes (2006, p. 94).

Contabilidade Internacional 49

- receivables - inventories - prepaid expenses Noncurrent Assets - long-term investments - property, plant, and equipment - intangible assets - other assets Liabilities and Shareholder´s Equity Liability Current liabilities - accounts payable - notes payable - dividends payable - advances and deposits - agency collections and with-holdings - current portion of long-term debt Noncurrent Liabilities - notes and bonds payable - capital lease obligations - accrued expenses - contingent obligations Stockholder´s Equity Contributed capital - capital stock - additional paid-in capital Donated capital Retained earnings Accumulated other comprehensive income

- recebíveis - estoques - despesas antecipadas Ativo Não Corrente - investimentos de longo prazo - imobilizado - ativos intangíveis - outros ativos Passivo e Patrimônio Líquido Passivo Passivo Corrente - contas a pagar - notas promissórias a pagar - dividendos a pagar - adiantamentos e depósitos - função de arrecadação e retenção na fonte - parcela corrente dos débitos de longo prazo Passivo não corrente - notas promissórias e títulos a pagar - obrigações de leasing de capital - despesas acumuladas - obrigações contingentes Patrimônio Líquido Contribuições ao capital - capital social - reservas de capital - doações de capital - lucros acumulados - outros resultados abrangentes acumulados

Figura 5. Balanço patrimonial nas normas norte-americanas. Fonte: Schmidt; Santos e Fernandes (2006, p. 94).

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

NORMAS INTERNACIONAIS 41

De acordo com a estrutura para a preparação e apresentação das demonstrações financeiras do IASB (framework for the preparation and presentation of financial statements), o lucro é, freqüentemente, utilizado para mensurar o desempenho da entidade. Segundo Epstein e Mirza (2004), historicamente sob todos os padrões de contabilidade existentes, a

41 Ver no livro Introdução à Contabilidade Internacional de José Luiz dos Santos, Paulo Schmidt e Luciane Alves Fernandes (2006, p. 67).

Contabilidade Internacional 50

demonstração do resultado tem fornecido uma parcela importante da informação, por isso muitas vezes é referida como sendo “a última linha da demonstração, o lucro líquido” (bottom-line), isto é, uma medida fundamental do desempenho econômico da entidada.

Entretanto, nos últimos anos outras fontes de modificação do patrimônio líquido, que não os investimentos e as distribuições para os proprietários, tornaram essa medida de desempenho falha, a exemplo das reavaliações de ativos cujas contrapartidas são registradas diretamente no patrimônio líquido, não transitando pelo resultado do exercício; conseqüentemente, o resultado do período não traduz adequadamente a totalidade da variação econômica na entidade no período.

Para solucionar esse problema, o IASB tem deliberado sobre a necessidade de expandir a demonstração do resultado do exercício, que deveria incluir essas mudanças não provenientes de operações com os proprietários no patrimônio líquido.

Dessa forma, verifica-se que a principal finalidade da demonstração do resultado, de acordo com as normas internacionais, é a de servir como instrumento de análise de desempenho da entidade.

NORMAS NORTE-AMERICANAS 42

Nas normas norte-americanas, o principal foco dos relatórios financeiros é o de fornecer informações sobre o desempenho da entidade para investidores atuais e potenciais, credores, entre outros, quando eles tomam suas decisões. Esse desempenho é, inicialmente, mensurado através do resultado líquido do exercício, que é fornecido pela demonstração do resultado (income statement), isto porque, embora ela apresente o desempenho passado, este é utilizado para prever o desempenho futuro.

Diferentemente do balanço patrimonial, que apresenta uma informação sobre a entidade em uma data específica, a demonstração do resultado do exercício fornece uma informação sobre um determinado período de tempo. Segundo Delaney et al. (2003), historicamente o desempenho foi mensurado somente através da demonstração do resultado, somente nos últimos cinco anos uma segunda medida de desempenho se tornou necessária – o resultado abrangente (comprehensive income).

O resultado abrangente é uma medida de desempenho mais completa do que o resultado do exercício, porque este inclui o reconhecimento de todas as mudanças ocorridas no patrimônio líquido durante o período, exceto os investimentos e as distribuições aos acionistas. Portanto, o resultado abrangente inclui todos os itens do resultado do exercício, mais ajustes de moeda estrangeira (foreign currency adjustments), variações não realizadas no valor justo (fair value) de valores mobiliários disponíveis para venda (available-for-sale

42 Ver no livro Introdução à Contabilidade Internacional de José Luiz dos Santos, Paulo Schmidt e Luciane Alves Fernandes (2006, p. 68).

Contabilidade Internacional 51

securities) e ajustes de obrigações de pensões mínimos (minimum pension liability adjustments).

Dessa forma, como o resultado abrangente inclui efeitos de eventos econômicos amplos que não estão sob o controle da administração, ele é considerado como sendo a medida de desempenho da entidade, enquanto que o resultado do exercício é a medida do desempenho da administração.

Finalmente, segundo Delaney el al. (2003), atualmente algumas companhias têm apresentado o “ganho pró forma” (pro forma earning) e outras medidas de desempenho. Na prática, essa situação tem gerado um grande debate e confusão, porque as companhias calculam e reportam esses ganhos usando definições que variam de uma empresa para a outra.

PRINCIPAIS COMPONENTES DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO

NORMAS INTERNACIONAIS 43

Nas normas internacionais, o IAS 1 estipula apenas os dados mínimos que devem ser incluídos na demonstração do resultado, isto é, tendo em vista a abrangência do IASB, ele flexibilizou a estruturação da demonstração do resultado a fim de que um número maior de países pudesse utilizar a referida norma. Os dados mínimos que devem estar contidos na demonstração do resultado são:

• Receita (revenue); • Resultados das atividades operacionais (results of operating activities); • Custos financeiros (finance costs); • Participação nos lucros e prejuízos de associadas e joint ventures avaliadas pelo

método de equivalência patrimonial; • Despesa com Imposto de Renda (tax expense); • Lucro ou perda nas atividades ordinárias (profit of loss from ordinary activities); • Itens extraordinários (extraordinary items); • Participação de minoritários (minority interest); • Lucro líquido do período (net profit for the period); • Dividendos por ação (dividends per share).

Assim, os itens apresentados anteriormente representam a base mínima de apresentação da demonstração do resultado do exercício, o que não impede a inclusão de outras linhas que se julguem necessárias para comunicar o verdadeiro resultado da entidade. O objetivo da determinação da utilização de determinados itens é o de uniformizar o tratamento contábil entre as entidades, mas a sua apresentação pode ser diferente.

43 Ver no livro Introdução à Contabilidade Internacional de José Luiz dos Santos, Paulo Schmidt e Luciane Alves Fernandes (2006, p. 69).

Contabilidade Internacional 52

O IAS 1 fornece duas formas alternativas de apresentação das despesas operacionais e outras despesas; são elas:

• O esquema natural; • O esquema funcional.

O esquema natural de classificação de despesas identifica os custos e despesas em termos de suas características, a exemplo de salários, matéria-prima consumida etc. Já o esquema funcional de classificação das despesas reporta o propósito da despesa, a exemplo de produção, distribuição, administração etc. É importante destacar que, em qualquer esquema, as linhas mínimas exigidas devem ser apresentadas.

Segundo Epstein e Mirza (2004), na prática, mais tradicionalmente a demonstração do resultado é estruturada empregando-se uma combinação do esquema natural e funcional. Ademais, diferentemente das normas brasileiras que determinam a apresentação do lucro por ação ao final da demonstração do resultado do exercício, as normas internacionais exigem a apresentação dos dividendos por ações, que podem ser evidenciados na própria demonstração ou em notas explicativas.

NORMAS NORTE-AMERICANAS 44

Nas normas norte-americanas, a ordem de apresentação das informações na demonstração do resultado (income statement) ou na demonstração do resultado e resultado abrangente (statement of income and comprehensive income) é definida por uma série de pronunciamentos:

• Resultado das operações em continuidade (APB 30); • Resultado de operações descontinuadas (SFAS 16 e 144); • Itens extraordinários (APB 9 e 30; SFAS 101 e 141 e TB 85-6); • Efeito acumulado de mudança nos princípios contábeis (APB 20); • Outros resultados abrangentes (SFAS 130 e 133); • Lucros por ação (SFAS 128).

Dessa forma, com base nos procedimentos citados anteriormente, a estrutura da demonstração do resultado do exercício e resultado abrangente deve conter os seguintes itens:

• Resultado das operações em continuidade (income from continuing operations); • Resultado de operações descontinuadas (results from discontinued operations); • Itens extraordinários (extraordinary items);

44 Ver no livro Introdução à Contabilidade Internacional de José Luiz dos Santos, Paulo Schmidt e Luciane Alves Fernandes (2006, p. 70).

Contabilidade Internacional 53

• Efeito acumulado de mudança nos princípios contábeis (cumulative effect of a change in accounting principles);

• Lucro líquido (net income); • Outros resultados abrangentes (other comprehensive incomes); • Resultado abrangente (comprehensive income); • Lucros por ação (earnings per share information).

Ademais, o uso de títulos como demonstração do resultado, demonstração do resultado e resultado abrangente, demonstrações das operações (statement of operations) ou demonstração de lucros (statement of earnings) presume a preparação da demonstração com base nos princípios geralmente aceitos de contabilidade (US-GAAP). Entretanto, se uma outra base abrangente for utilizada, a exemplo do regime de caixa ou do Imposto de Renda, o título da demonstração deve ser alterado para incorporar essa modificação.

Exemplos desses títulos são: demonstração de receitas e despesas – resultado baseado em impostos (statement of revenue and expenses – income tax basis) e demonstração de receitas e despesas – modificadas para a base caixa (statement of revenue and expenses – modified cash basis).

Além disso, segundo as normas norte-americanas, geralmente, a demonstração do resultado deve ser uniforme em sua aparência de um período para o outro, isto é, a forma, a terminologia, os títulos e os padrões de combinação de itens não significativos devem ser consistentes.

Caso a demonstração do resultado seja apresentada na forma comparativa, a informação do ano anterior deve ser ajustada para corresponder à apresentação do ano corrente, especialmente quando mudanças são feiras. Ademais, a agregação de itens não deve ser utilizada para ocultar informações significativas, a exemplo de receitas líquidas das despesas, ou a combinação de diferentes tipos de recursos, despesas, ganhos ou perdas. Portanto, o título “outras despesas heterogêneas” deve conter, no máximo, valore imateriais frutos da agregação de itens insignificantes, sendo que o total desse item não deve ultrapassar 10% do total das despesas.

ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO

NORMAS INTERNACIONAIS 45

Nas normas internacionais, de acordo com o IAS 1, a estrutura da demonstração do resultado é a apresentada na Figura 6, embora variações em função de existirem operações em descontinuidade possam alterá-la, conforme evidenciado anteriormente.

45 Ver no livro Fundamentos de Contabilidade Internacional de Paulo Schmidt, José Luiz dos Santos e Luciane Alves Fernandes (2006, p. 137).

Contabilidade Internacional 54

Statement of Income Demonstração do Resultado Revenue (-) cost of sales Gross Profit Operating Expenses Selling expenses Administrative expenses Results of Operating Activities (-) interest expenses (+) income from associates (+-) separate disclosure items Profit (Loss) Before Tax (-) income tax expense Profit (Loss) from Ordinary Activities (-) extraordinary items Net Profit from the period Dividends per share

Receita (-) custos das vendas Lucro Bruto Despesas Operacionais Despesas com vendas Despesas administrativas Resultado das Atividades Operacionais (-) despesas financeiras (+) receita de associadas (+-) itens evidenciados separadamente Resultado antes dos Impostos (-) despesa de imposto de renda Resultado das Atividades Ordinárias (-) itens extraordinários Lucro Líquido do Período Dividendos por ações

Figura 6. Demonstração do resultado nas normas internacionais. Fonte: Schmidt; Santos e Fernandes (2006, p. 138). NORMAS NORTE-AMERICANAS 46 Nas normas norte-americanas, de acordo com os US-GAAP, a estrutura da demonstração do resultado e resultado abrangente é a apresentada na Figura 7, embora possa haver variações em função da forma utilizada para se apresentarem as operações em continuidade, bem como a exigência ou não de operações em descontinuidade, itens extraordinários e efeitos cumulativos de mudanças nos princípios contábeis, conforme evidenciado anteriormente. Statement of Income and comprehensive

Income Demonstração do Resultado e Resultado

Abrangente Income from continuing operations - sales or service revenues - cost of goods sold - operating expenses - gains and losses - other revenues and expenses

Resultado das operações em continuidade - receitas de vendas ou serviços - custo das mercadorias vendidas - despesas operacionais - ganhos e perdas - outras receitas e despesas

46 Ver no livro Fundamentos de Contabilidade Internacional de Paulo Schmidt, José Luiz dos Santos e Luciane Alves Fernandes (2006, p. 138).

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- items that are unusual or infrequent, but not both - income tax expense related to continuing operations Results from discontinued operations - income (loss) from operations of a discontinued component - gain (loss) from disposal of a discontinued component Extraordinary items - items that are both unusual and infrequent - remaining excess of fair value over cost of acquired net assets in a business combination - investor´s share of an equity method investee´s extraordinary item Cumulative effect of a change in accounting principle Net Income Other comprehensive income - foreign currency adjustments - unrealized gains (losses) on securities - minimum pension liability - gains (losses) on cash-flow hedging items - gains (losses) on hedges of forecasted foreign-currency-denominated transactions - income tax related to other comprehensive income (if components are not shown net of tax) Comprehensive income

- itens não usuais ou infreqüentes, mas não ambos - imposto de renda das operações em continuidade Resultado das operações em Descontinuidade - lucro (perda) das operações em componentes descontinuados - ganhos (perdas) na alienação de componentes descontinuados Itens Extraordinários - itens que são não usuais e infreqüentes - excesso remanescente de valor justo sobre os ativos líquido adquiridos em uma combinação de negócios - participação da investidora em itens extraordinários de investidas avaliadas por equivalência patrimonial Efeitos Acumulados de Mudanças em Princípios Contábeis Lucro Líquido Outros Resultados Abrangentes - ajustes de moeda estrangeira - ganhos (perdas) não realizadas em valores mobiliários - obrigações de pensões mínimas - ganhos (perdas) em dinheiro na proteção de perdas no mercado financeiro - ganhos (perdas) em hedge de uma previsão de transação em moeda estrangeira - imposto de renda sobre outros resultados abrangentes Resultado Abrangente

Figura 7. Demonstração do resultado e resultado abrangente nas normas norte-americanas. Fonte: Schmidt; Santos e Fernandes (2006, p. 139). Por outro lado, nas normas norte-americanas, se apenas existirem operações em continuidade (apresentadas no formato de múltiplas etapas) com itens extraordinários, a demonstração do resultado será a apresentada na Figura 8.

Statement of Income Demonstração do Resultado

Contabilidade Internacional 56

Sales: Sales (-) Sales discounts (-) Sales returns and allowances Net Sales Cost of goods sold Gross Profit Operating Expenses: Selling expenses General and administrative expenses Operating Income Other Revenues: Interest income Dividend income Other Expenses: Interest expense Gains and Losses: Gains on the disposal of property, plant and equipment Losses on the disposal of property, plant and equipment Income Before income taxes Income tax expenses Income Before Extraordinary item Extraordinary item Net Income

Vendas: Vendas (-) descontos sobre vendas (-) devoluções de vendas e abatimentos Vendas Líquidas Custo das mercadorias vendidas Lucro Bruto Despesas operacionais: Despesas com vendas Despesas gerais e administrativas Resultado Operacional Outras Receitas: Receitas financeiras Dividendos recebidos Outras Despesas: Despesas financeiras Ganhos e Perdas: Ganhos de capital Perdas de capital Resultado antes dos Impostos Despesa de imposto de renda Resultado antes dos Itens Extraordinários Itens extraordinários Lucro Líquido

Figura 8. Demonstração do resultado com operações em continuidade e itens extraordinários nas normas norte-americanas. Fonte: Schmidt; Santos e Fernandes (2006, p. 140). ESTUDOS DE CASO Caso nº 1: Elaboração do balanço patrimonial (resolvido)47 Nesse caso, a entidade Alfa, cujo objeto é o desenvolvimento de atividades de agropecuária, realizou suas operações normais durante o exercício social de 20X1, e obteve o balancete de verificação apresentado na Figura 9.

47 Ver no livro Introdução à Contabilidade Internacional de José Luiz dos Santos, Paulo Schmidt e Luciane Alves Fernandes (2006, p. 141).

Contabilidade Internacional 57

Estoques 6.900 PCLD 1.090Reserva legal 1.600 Financiamentos a pagar 15.740Encargos sociais a pagar 7.000 Reserva de capital 9.500Reserva estatutária 3.200 Adiantamento a diretores 9.700Caixa 11.200 Imóveis de renda 29.800Deprec.acum. - imóvel de uso 2.400 Adiantamento a fornecedores 7.000Fornecedores 28.200 Animais de tração 12.600Fornecedores a longo prazo 3.000 Imóvel de uso 48.000Adiantamento de viagem 7.000 Deprec.acum. - imóvel de renda 5.100Assinaturas pagas antecipadamente 4.500 Máquinas e equipamentos 5.740Móveis e utensílios 9.800 Cheques a receber 5.670Bancos 15.250 Notas promissórias a pagar 9.100Obras de arte 14.500 Marcas e patentes 17.650Adiantamento de clientes 5.070 Alugueis recebidos antecipadamente 8.250Dividendos a pagar 8.900 Telefones a pagar 3.550Desp.pré-operacionais 4.890 Aplicações de liquidez imediata 6.300Capital subscrito 85.000 Salários a pagar 3.120Adiantamento a controladas 8.800 Reserva reavaliação - ativos próprios 11.300Deprec.acum. - móv.e utensílios 3.000 Financiamentos a pagar a longo prazo 40.100Seguros pagos antecipadamente 6.000 Clientes 12.400Participações em controladas 8.500 Florestas formadas 4.000Lucros acumulados 2.500 Animais para abate 5.000ICMS a pagar 26.000 Capital a integralizar 4.500Participação em outras empresas 6.800 Reserva de lucros a realizar 2.780Depósitos judiciais 2.100 Reserva de contingência 1.800Animais de reprodução 4.100 Clientes - LP 3.600

BALANCETE DE VERIFICAÇÃO DA EMPRESAAGROPECUÁRIA ALFA EM 31-12-20X1

Figura 9. Balancete de verificação do caso nº 1. Fonte: Schmidt; Santos e Fernandes (2006, p. 142). Com base nas informações contidas na Figura 10 e sabendo que: a) a reavaliação refere-se ao imóvel de uso; b) os financiamentos a pagar referem-se a empréstimos de curto prazo e não reclassificações para curto prazo de financiamentos a pagar – LP; c) os adiantamentos a diretores e a controladas têm termo contratual no curto prazo. Elaborar o balanço patrimonial nas diferentes normas. Inicialmente, com base nas informações apresentadas anteriormente, deve-se elaborar o balanço patrimonial nas normas brasileiras, conforme o apresentado na Figura 10.

Contabilidade Internacional 58

ATIVO Em 31-12-20X1 PASSIVO Em 31-12-20X1CIRCULANTE 86.130 CIRCULANTE 106.680Disponibilidades 32.750 Fornecedores 28.200Caixa 11.200 Salários a pagar 3.120Bancos 15.250 ICMS a pagar 26.000Aplicações de liquidez imediata 6.300 Financiamentos a pagar 15.740

Notas promissórias a pagar 9.100Direitos Realizáveis 42.880 Encargos sociais a pagar 7.000Clientes 12.400 Dividendos a pagar 8.900Cheques a receber 5.670 Telefones a pagar 3.550PCLD -1.090 Adiantamento de clientes 5.070Estoques 6.900Animais para abate 5.000 EXIGÍVEL A LP 43.100Adiantamento de viagem 7.000 Fornecedores a LP 3.000Adiantamento a fornecedores 7.000 Financiamentos a pagar LP 40.100

Despesas do Exercício Seguinte 10.500 RESULTADO EXERCÍCIOS FUTUROS 8.250Seguros pagos antecipadamente 6.000 Alugueis recebidos antecipadamente 8.250Assinaturas pagas antecipadamente 4.500

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 108.180REALIZÁVEL A LP 24.200Adiantamento a controladas 8.800 Capital Social 80.500Adiantamento a diretores 9.700 Capital subscrito 85.000Depósitos judiciais 2.100 Capital a integralizar -4.500Clientes - LP 3.600

Reserva de Capital 9.500PERMANENTE 155.880 Reserva de Capital 9.500

INVESTIMENTOS 54.500 Reservas de Reavaliação 11.300Participações em controladas 8.500 Reserva de reavaliação - de ativos próprios 11.300Participações em outras empresas 6.800Obras de arte 14.500 Reservas de lucros 9.380Imóvel de renda 29.800 Reserva legal 1.600Depreciação acumulada de imóvel de renda -5.100 Reserva estatutária 3.200

Reserva para contingência 1.800IMOBILIZADO 96.490 Reserva de lucros a realizar 2.780Imóvel de uso 48.000Depreciação acumulada de imóvel de uso -2.400 Resultado Acumulado -2.500Móveis e utensílios 9.800Depreciação acumulada de móveis e utensílios -3.000Animais e tração 12.600Máquinas e equipamentos 5.740Marcas e patentes 17.650Florestas formadas 4.000Animais de reprodução 4.100

DIFERIDO 4.890Despesas pré-operacionais 4.890

TOTAL DO ATIVO 266.210 TOTAL DO PASSIVO 266.210

BALANCETE DE VERIFICAÇÃO DA EMPRESA(Exercício findo em 31-12-20x1)

Figura 10. Balanço patrimonial nas normas brasileiras – caso nº 1. Fonte: Schmidt; Santos e Fernandes (2006, p. 143). A seguir, deve-se adaptar o balanço patrimonial elaborado de acordo com as normas brasileiras para as normas internacionais. Em relação ao caso nº 1, as principais diferenças a serem ajustadas são:

Contabilidade Internacional 59

• Adaptação para a ordem crescente de liquidez, bem como da terminologia dos grupos de contas;

• As despesas pré-operacionais devem ser lançadas como despesas, culminando com a sua apresentação em lucros acumulados;

• Os adiantamentos a diretores e controladas devem ser registrados no ativo corrente (curto prazo);

• As despesas do exercício seguinte devem ser classificadas no grupo duplicatas e outros recebíveis;

• As marcas e as patentes devem ser classificadas fora do imobilizado em um grupo próprio para ativos intangíveis;

• Os imóveis de renda devem ser transferidos para o imobilizado; • As obras de arte devem ser transferidas para outros ativos financeiros; • Os alugueis recebidos antecipadamente devem ser registrados dentro do passivo

corrente juntamente com os adiantamentos de clientes. Dessa forma, após os referidos ajustes, o balanço patrimonial nas normas internacionais é o apresentado na Figura 11.

Contabilidade Internacional 60

ATIVO Em 31-12-20X1 PASSIVO Em 31-12-20X1NÃO CORRENTE 156.690 CAPITAL E RESERVAS 103.290Imobilizado 103.540Imóvel de uso 48.000 Capital Social 80.500Depreciação acumulada de imóvel de uso -2.400 Capital subscrito 85.000Móveis e utensílios 9.800 Capital a integralizar -4.500Depreciação acumulada de móveis e utensílios -3.000Animais de tração 12.600 Reservas 30.180Máquinas e equipamentos 5.740 Reserva de reavaliação - de ativos próprios 11.300Florestas formadas 4.000 Reserva de capital 9.500Animais de reprodução 4.100 Reserva legal 1.600Imóvel de renda 29.800 Reserva estatutária 3.200Depreciação acumulada de imóvel de renda -5.100 Reserva para contingência 1.800

Reserva de lucros a realizar 2.780Goodwill e outros Ativos Intangíveis 17.650Marcas e patentes 17.650 Lucros (Prejuízos) Acumulados -7.390

Prejuízos acumulados -2.500Investimentos em Controladas e Coligadas 15.300 Despesas pré-operacionais -4.890Participações em controladas 8.500Participações outras empresas 6.800

NÃO CORRENTE 43.100Outros Ativos Financeiros 20.200Depósitos judiciais 2.100 Empréstimos 43.100Clientes - LP 3.600 Fornecedores a LP 3.000Obras de arte 14.500 Financiamento a pagar LP 40.100

Ativos de Impostos Diferidos Impostos Diferidos

CORRENTE 104.630 Obrigações de Benefícios de Aposentadoria

Estoques 11.900 CORRENTE 114.930Estoques 6.900Animais para abate 5.000 Fornecedores e outras Contas a Pagar 85.870

Fornecedores 28.200Duplicatas e outros Recebíveis 27.480 Salários a pagar 3.120Clientes 12.400 ICMS a pagar 26.000Cheques a receber 5.670 Notas promissórias a pagar 9.100PCLD -1.090 Encargos sociais a pagar 7.000Seguros pagos antecipadamente 6.000 Dividendos a pagar 8.900Assinaturas pargas antecipadamente 4.500 Telefones a pagar 3.550

Adiantamentos 32.500 Empréstimos de curto prazo 15.740Adiantamento de viagem 7.000 Financiamentos a pagar 15.740Adiantamento a fornecedores 7.000Adiantamento a controladas 8.800 Receita Cobrada Antecipadamente 13.320Adiantamento a diretores 9.700 Alugueis recebidos antecipadamente 8.250

Adiantamento de clientes 5.070Caixa e Equivalentes de Caixa 32.750Caixa 11.200 Parcela Corrente dos Empréstimos 0Bancos 15.250 Parcela Corrente dos Empréstimos 0Aplicações de liquidez imediata 6.300TOTAL DO ATIVO 261.320 TOTAL DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO E PASSIVO 261.320

BALANCETE DE VERIFICAÇÃO DA EMPRESA(Exercício findo em 31-12-20x1)

Figura 11. Balanço patrimonial nas normas internacionais – caso nº 1. Fonte: Schmidt; Santos e Fernandes (2006, p. 145). Finalmente, deve-se adaptar o balanço patrimonial elaborado de acordo com as normas brasileiras para as normas norte-americanas. Em relação ao caso nº 1, as principais diferenças a serem ajustadas são: • Adaptação para a terminologia dos grupos de contas;

Contabilidade Internacional 61

• As despesas pré-operacionais devem ser lançadas como despesas, culminando com a sua apresentação em lucros acumulados;

• Os adiantamentos a diretores e controladas devem ser registrados no ativo corrente (curto prazo);

• As marcas e as patentes devem ser classificadas fora do imobilizado em um grupo próprio para ativos intangíveis;

• Os imóveis de renda devem ser transferidos para o imobilizado; • As obras de arte devem ser transferidas para outros ativos; • Os alugueis recebidos antecipadamente devem ser registrados dentro do passivo

corrente no grupo receita cobrada antecipadamente; • Os impostos e os encargos sociais a pagar devem ser transferidos para um grupo no

passivo corrente intitulado função de arrecadação e retenção na fonte; • Como não é previsto um grupo para as reservas, elas devem ser classificadas em

lucros acumulados; • Como não é permitida a reavaliação, seu valor deve ser abatido do ativo reavaliado.

Assim, após os referidos ajustes, o balanço patrimonial nas normas norte-americanas é o apresentado na Figura 12.

Contabilidade Internacional 62

ATIVO Em 31-12-20X1 PASSIVO Em 31-12-20X1CORRENTE 104.630 CORRENTE 114.930Caixa e Equivalentes de Caixa 32.750 Contas a Pagar 34.870Caixa 11.200 Fornecedores 28.200Bancos 15.250 Salários a pagar 3.120Aplicações de liquidez imediata 6.300 Telefones a pagar 3.550

Investimentos de Curto Prazo 0 Notas Promissórias e Títulos a Pagar 9.100Investimentos de curto prazo 0 Notas promissórias a pagar 9.100

Duplicatas e outros Recebíveis 49.480 Débitos de Curto Prazo 15.740Clientes 12.400 Financiamentos a pagar 15.740Cheques a receber 5.670PCLD -1.090 Dividendos a Pagar 8.900Adiantamento de viagem 7.000 Dividendos a pagar 8.900Adiantamento a fornecedores 7.000Adiantamento a controladas 8.800 Adiantamento e Depósitos 5.070Adiantamento a diretores 9.700 Adiantamento de clientes 5.070Estoques 11.900Estoques 6.900 Função de Arrecadação e Retenção na Fonte 33.000Animais para abate 5.000 ICMS a pagar 26.000

Encargos sociais a pagar 7.000Despesas Antecipadas 10.500Seguros pagos antecipadamente 6.000 Receita Cobrada Antecipadamente 8.250Assinaturas pagas antecipadamente 4.500 Alugueis recebidos antecipadamente 8.250

NÃO CORRENTE 145.390 NÃO CORRENTE 43.100

Investimentos de Longo Prazo 15.300 Notas Promissórias e Títulos a Pagar 3.000Participações em controladas 8.500 Fornecedores a LP 3.000Participações outras empresas 6.800 Débitos a Longo Prazo 40.100

Financiamento a pagar LP 40.100Imobilizado 92.240 Obrigações de Operações de Leasing de Capital 0Imóvel de uso 48.000 Obrigações Contingentes 0Depreciação acumulada de imóvel de uso -2.400 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 91.990Reserva de reavaliação de ativos próprios -11.300 Capital Social 80.500Móveis e utensílios 9.800 Capital subscrito 85.000Depreciação acumulada de móveis e utensílios -3.000 Capital a integralizar -4.500Animais de tração 12.600Máquinas e equipamentos 5.740 Reservas de Capital 9.500Florestas formadas 4.000 Reserva de capital 9.500Animais de reprodução 4.100Imóvel de renda 29.800 Lucros (Prejuízos) Acumulados 1.990Depreciação acumulada de imóvel de renda -5.100 Prejuízos acumulados -2.500

Despesas pré-operacionais -4.890Ativos Intangíveis 17.650 Reserva legal 1.600Marcas e patentes 17.650 Reserva estatutária 3.200

Reserva para contingências 1.800Outros Ativos 20.200 Reserva de lucros a realizar 2.780Obras de arte 14.500Depósitos judiciais 2.100Clientes - LP 3.600 Outros Resultados Abrangentes Acumulados 0TOTAL DO ATIVO 250.020 TOTAL DO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO 250.020

BALANCETE DE VERIFICAÇÃO DA EMPRESA(Exercício findo em 31-12-20x1)

Figura 12. Balanço patrimonial nas normas norte-americanas – caso nº 1. Fonte: Schmidt; Santos e Fernandes (2006, p. 147). Caso nº 2: Elaboração do balanço patrimonial mais complexo48

48 Ver no livro Introdução à Contabilidade Internacional de José Luiz dos Santos, Paulo Schmidt e Luciane Alves Fernandes (2006, p. 148).

Contabilidade Internacional 63

Nesse caso, a entidade Alfa, cujo objeto é o desenvolvimento de atividade agropecuária, realizou suas operações durante o exercício social de 20X1, e obteve o balancete de verificação apresentado na Figura 13.

Estoques 6.850 PCLD 1.250Reserva legal 1.580 Financiamentos a pagar 16.025Encargos sociais a pagar 6.980 Reserva de capital 9.450Reserva estatutária 3.180 Adiantamento a diretores 9.790Caixa 11.180 Imóveis de renda 29.990Deprec.acum. - imóvel de uso 2.380 Adiantamento a fornecedores 6.950Fornecedores 28.230 Animais de tração 12.510Fornecedores a longo prazo 3.010 Imóvel de uso 49.235Investimentos de curto prazo 7.120 Deprec.acum. - imóvel de renda 5.120Assinaturas pagas antecipadamente 4.550 Máquinas e equipamentos 5.780Móveis e utensílios 9.850 Cheques a receber 5.550Bancos 15.230 Notas promissórias a pagar 9.080Obras de arte 14.350 Marcas e patentes 17.615Adiantamento de clientes 5.060 Alugueis recebidos antecipadamente 8.260Dividendos a pagar 8.910 Telefones a pagar 3.565Desp.pré-operacionais 5.020 Aplicações de liquidez imediata 6.325Capital subscrito 86.210 Salários a pagar 3.150Adiantamento a controladas 8.915 Reserva reavaliação - ativos próprios 11.280Deprec.acum. - móv.e utensílios 3.010 Financiamentos a pagar a longo prazo 40.580Seguros pagos antecipadamente 6.150 Clientes 12.415Participações em controladas 8.620 Florestas formadas 4.030Lucros acumulados 2.540 Animais para abate 5.120ICMS a pagar 26.120 Capital a integralizar 4.490Participação em outras empresas 6.805 Reserva de lucros a realizar 2.580Depósitos judiciais 2.115 Reserva de contingência 1.815Animais de reprodução 4.120 Clientes - LP 3.610Gastos com pesquisa e desenvolvimento 5.080

BALANCETE DE VERIFICAÇÃO DA EMPRESAAGROPECUÁRIA ALFA EM 31-12-20X1

Figura 13. Balancete de verificação do caso nº 2. Fonte: Schmidt; Santos e Fernandes (2006, p. 148). Com base nas informações contidas na Figura 14 e sabendo que: • A reavaliação refere-se ao imóvel de uso; • Parte dos financiamentos a pagar, $ 5.250, refere-se a reclassificações para curto

prazo de financiamentos a pagar – LP; • Os adiantamentos a diretores e a controladas têm termo contratual no curto prazo.

Pede-se: Elaborar o balanço patrimonial nas diferentes normas. a) Normas Brasileiras

Contabilidade Internacional 64

b) Normas Internacionais c) Normas Norte-Americanas. Obs. Para adaptar o balanço patrimonial para as normas internacionais, deve-se obedecer as principais diferenças a serem ajustadas, que são: • Adaptação para a ordem crescente de liquidez, bem como a terminologia dos grupos

de contas; • As despesas pré-operacionais e os gastos com pesquisa e desenvolvimento devem

ser lançados como despesas, culminando com a sua apresentação em lucros acumulados;

• Os adiantamentos a diretores e controladas devem ser registradas no ativo corrente (curto prazo);

• As despesas do exercício seguinte devem ser classificadas no grupo duplicatas e outros recebíveis;

• As marcas e as patentes devem ser classificadas fora do imobilizado em um grupo próprio para ativos intangíveis;

• Os imóveis de renda devem ser transferidos para o imobilizado; • As obras de arte devem ser transferidas para outros ativos financeiros; • Os alugueis recebidos antecipadamente devem ser registrados dentro do passivo

corrente juntamente com os adiantamentos de clientes; • A parcela dos financiamentos a pagar relativa à reclassificação para curto prazo dos

financiamentos a pagar a longo prazo deve ser classificada em grupo separado no passivo corrente.

Para adaptar o balanço patrimonial para as normas norte-americanas, deve-se obedecer as principais diferenças a serem ajustadas, que são: • Adaptação para a terminologia dos grupos de contas; • As despesas pré-operacionais e os gastos com pesquisa e desenvolvimento devem

ser lançados como despesas, culminando com a sua apresentação em lucros acumulados;

• Os investimentos de curto prazo devem ser classificados em grupo separado no ativo corrente;

• Os adiantamentos a diretores e controladas devem ser registrados no ativo corrente (curto prazo);

• As marcas e as patentes devem ser classificadas fora do imobilizado em um grupo próprio para ativos intangíveis;

• Os imóveis de renda devem ser transferidos para o imobilizado; • As obras de arte devem ser transferidas para outros ativos;

Contabilidade Internacional 65

• Os alugueis recebidos antecipadamente devem ser registrados dentro do passivo corrente no grupo receita cobrada antecipadamente;

• Os impostos e encargos sociais a pagar devem ser transferidos par um grupo no passivo corrente intitulado função de arrecadação e retenção na fonte;

• Como não é previsto um grupo para as reservas, elas devem ser classificadas em lucros acumulados;

• Como não é permitida a reavaliação, seu valor deve ser abatido do ativo reavaliado; • A parcela dos financiamentos a pagar relativa à reclassificação para curto prazo dos

financiamentos a pagar a longo prazo deve ser classificada em grupo separado no passivo corrente.

Caso nº 3: Elaboração do balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício49 Nesse caso, a entidade Alfa, cujo objeto é o desenvolvimento de atividades de agropecuária, realizou suas operações normais durante o exercício social de 20X1, e obteve o balancete de verificação apresentado na Figura 14.

49 Ver no livro Introdução à Contabilidade Internacional de José Luiz dos Santos, Paulo Schmidt e Luciane Alves Fernandes (2006, p. 154).

Contabilidade Internacional 66

Desp.pessoal (vendas) 3.630 PCLD 1.165Fornecedores 80.890 Dividendos recebidos 420VMP 34.190 Financiamentos a pagar 17.850Reserva legal 2.010 Reserva de capital 6.330Desconto recebidos (financeiro) 3.440 Desp.mat.exped.(adm.) 2.200Adiantamento de clientes 5.500 Adiantamento a diretores 3.450Reserva estatutária 3.200 Desp.fretes 1.840CMV 15.050 Imóveis de renda 42.520Caixa 11.085 Adiantamento a fornecedores 5.870Deprec.acum. - imóvel de uso 2.445 Receitas de juros 8.630Receita de vendas 63.020 Estoques 6.515Capital a integralizar 10.980 Desp.de energia (adm.) 3.330Fornecedores a longo prazo 30.980 Imóvel de uso 45.155Perdas de capital 1.990 Deprec.acum. - imóvel de renda 4.330Investimentos de curto prazo 4.200 Máquinas e equipamentos 20.600Assinaturas pagas antecipadamente 3.880 VMA 32.630Desp.juros 9.630 Cheques a receber 5.550Móveis e utensílios 19.560 Notas promissórias a pagar 7.450Bancos 16.650 Ganhos de capital 2.900Devoluções de vendas 4.980 Marcas e patentes 17.680Obras de arte 9.450 Alugueis recebidos antecipadamente 8.360Cofins s/ vendas 3.240 Desp.pré-operacionais 4.990ICMS s/ vendas 6.780 Aplicações de liquidez imediata 6.370Telefones a pagar 5.500 Desp.de alugueis (adm.) 1.950Energia elétrica a pagar 9.250 Rendimento de aplicações financeiras 3.990Animais de tração 12.220 Despesas de telefones (vendas) 3.450Capital subscrito 37.510 Salários a pagar 2.980Ganhos com equivalência patrimonial 7.620 Reserva de reavaliação - ativos próprios 10.935Adiantamento a controladas 16.590 Descontos concedidos 2.160Deprec.acum. - móv.e utensílios 3.440 Financiamentos a pagar a longo prazo 14.870Desp.de alugueis (vendas) 1.650 Clientes 12.780Seguros pagos antecipadamente 7.010 Desp.de pessoal (adm.) 5.480Participações em controladas 10.800 Florestas formadas 3.980Lucros acumulados 2.460 Animais para abate 5.415ICMS a pagar 23.020 Dividendos a pagar 3.450Participação em outras empresas 6.860 Reserva de lucros a realizar 3.205

Reserva de contingências 1.930

BALANCETE DE VERIFICAÇÃO DA EMPRESAAGROPECUÁRIA ALFA EM 31-12-20X1

Figura 14. Balancete de verificação do caso nº 3. Fonte: Schmidt; Santos e Fernandes (2006, p. 154). Com base nas informações patrimoniais e de resultados contidas na Figura 15 e sabendo que: a) devem-se calcular a contribuição social (9%) e a provisão para Imposto de Renda (15%) com base no lucro real de $ 7.200; b) devem-se calcular as participações de debêntures, empregados e administradores (10%); c) a reavaliação refere-se ao imóvel de uso;

Contabilidade Internacional 67

d) as despesas pré-operacionais se referem à energia elétrica de $ 1.200 e despesa com pessoal da área administrativa $ 3.790; e) os financiamentos a pagar referem-se a empréstimos de curto prazo e não a reclassificação para curto prazo de financiamentos a pagar – LP; f) os adiantamentos a diretores e a controladas têm termo contratual no curto prazo. Pede-se: Elaborar o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício nas diferentes normas. a) Normas Brasileiras b) Normas Internacionais c) Normas Norte-Americanas. Para adaptar o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício para as normas internacionais, deve-se obedecer as principais diferenças a serem ajustadas, que são: I – Na demonstração do resultado: • Adaptação da terminologia dos grupos de contas; • As despesas pré-operacionais devem ser lançadas como despesas de pessoa e

energia elétrica aos invés de serem ativadas; • Os descontos concedidos devem ser transferidos para a receita e os descontos

recebidos para o custo das mercadorias vendidas; • Os ganhos e as perdas de capital devem ser evidenciadas separadamente no

resultado das atividades ordinárias; • Os impostos sobre vendas devem ser apresentados junto como o Imposto de Renda; • Os dividendos recebidos e o resultado de equivalência patrimonial devem ser

agrupados em receitas com associadas. II – No balanço patrimonial: • Adaptação para a ordem crescente de liquidez, bem como a terminologia dos grupos

de contas; • Os adiantamentos a diretores e controladas devem ser registrados no ativo corrente

(curto prazo); • As despesas do exercício seguinte devem ser classificadas no grupo duplicatas e

outros recebíveis; • As marcas e as patentes devem ser classificadas fora do imobilizado em um grupo

próprio para ativos intangíveis; • As obras de arte devem ser transferidas para outros ativos financeiros; • Os imóveis de renda devem ser transferidos para o imobilizado;

Contabilidade Internacional 68

• Os alugueis recebidos antecipadamente devem ser registrados dentro do passivo corrente juntamente com os adiantamentos de clientes.

Para adaptar o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício para as normas norte-americanas, deve-se obedecer as principais diferenças a serem ajustadas, que são: I – Na demonstração do resultado: • Adaptação da terminologia dos grupos de contas; • As despesas pré-operacionais devem ser lançadas como despesas de pessoal e

energia elétrica ao invés de serem ativadas; • Os descontos concedidos devem ser transferidos para as vendas e os descontos

recebidos para o custo das mercadorias vendidas; • Os ganhos e as perdas de capital devem ser evidenciados no grupo ganhos e perdas; • Os impostos sobre as vendas devem ser apresentados junto com o Imposto de

Renda; • Os dividendos recebidos e o resultado de equivalência patrimonial devem ser

agrupados em outras receitas. II – No balanço patrimonial: • Adaptação para a terminologia dos grupos de contas; • Os investimentos de curto prazo devem ser classificados em grupo separado no

ativo corrente; • Os adiantamentos a diretores e controladas devem ser registrados no ativo corrente

(curto prazo); • As marcas e as patentes devem ser classificadas fora do imobilizado em um grupo

próprio para ativos intangíveis; • Os imóveis de renda devem ser transferidos para o imobilizados as obras de arte

devem ser transferidas para outros ativos; • Os alugueis recebidos antecipadamente devem ser registrados dentro do passivo

corrente no grupo receita cobrada antecipadamente; • Os impostos e encargos sociais a pagar devem ser transferidos para um grupo no

passivo corrente intitulado função de arrecadação e retenção na fonte; • Como não é previsto um grupo para as reservas, elas devem ser classificadas em

lucros acumulados; • Como não permitida a reavaliação, seu valor deve ser abatido do ativo reavaliado.

Contabilidade Internacional 69

Caso nº 4: Elaboração do balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício mais complexo50 Nesse caso, a entidade Alfa, cujo objeto é o desenvolvimento de atividades agropecuária, realizou suas operações normais durante o exercício social de 20X1, e obteve o balancete de verificação apresentado na Figura 15.

50 Ver no livro Introdução à Contabilidade Internacional de José Luiz dos Santos, Paulo Schmidt e Luciane Alves Fernandes (2006, p. 164).

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Desp.pessoal (vendas) 3.610 PCLD 1.170Fornecedores 79.850 Dividendos recebidos 435VMP 33.850 Financiamentos a pagar 17.625Reserva legal 20.130 Reserva de capital 6.320Desconto recebidos (financeiro) 3.540 Desp.mat.exped.(adm.) 2.210Adiantamento de clientes 5.430 Adiantamento a diretores 3.440Reserva estatutária 3.150 Desp.fretes 1.835CMV 16.020 Imóveis de renda 42.615Caixa 11.180 Adiantamento a fornecedores 5.880Deprec.acum. - imóvel de uso 2.350 Receitas de juros 8.615Receita de vendas 70.850 Estoques 6.455Capital a integralizar 10.545 Desp.de energia (adm.) 3.295Fornecedores a longo prazo 31.020 Imóvel de uso 45.345Perdas de capital 2.010 Deprec.acum. - imóvel de renda 4.300Investimentos de curto prazo 4.220 Máquinas e equipamentos 15.850Assinaturas pagas antecipadamente 3.870 VMA 32.615Desp.juros 9.620 Cheques a receber 5.345Móveis e utensílios 19.550 Notas promissórias a pagar 7.430Bancos 16.540 Ganhos de capital 5.725Devoluções de vendas 5.045 Marcas e patentes 17.500Obras de arte 10.250 Alugueis recebidos antecipadamente 8.290Cofins s/ vendas 3.235 Desp.pré-operacionais 5.030ICMS s/ vendas 6.770 Aplicações de liquidez imediata 6.300Telefones a pagar 5.450 Desp.de alugueis (adm.) 2.000Energia elétrica a pagar 9.320 Rendimento de aplicações financeiras 4.000Animais de tração 22.875 Despesas de telefones (vendas) 3.500Capital subscrito 36.950 Salários a pagar 2.960Ganhos com equivalência patrimonial 7.635 Reserva de reavaliação - ativos próprios 11.030Adiantamento a controladas 16.610 Descontos concedidos 2.155Deprec.acum. - móv.e utensílios 3.445 Financiamentos a pagar a longo prazo 14.900Desp.de alugueis (vendas) 1.630 Clientes 12.800Seguros pagos antecipadamente 7.210 Desp.de pessoal (adm.) 5.500Participações em controladas 10.780 Gasto com pesquisa e desenvolvimento 14.000Lucros acumulados 2.435 Animais para abate 5.970ICMS a pagar 23.125 Dividendos a pagar 3.460Participação em outras empresas 13.395 Reserva de lucros a realizar 3.200Perdas com ciclone 2.815 Reserva de contingências 1.900

BALANCETE DE VERIFICAÇÃO DA EMPRESAAGROPECUÁRIA ALFA EM 31-12-20X1

Figura 15. Balancete de verificação do caso nº 4. Fonte: Schmidt; Santos e Fernandes (2006, p. 164). Com base nas informações patrimoniais e de resultados contidas na Figura 16 e sabendo que: a) devem-se calcular a contribuição social (9%) e a provisão para Imposto de Renda (15%) com base no lucro real de $ 8.100; b) devem-se calcular as participações de debêntures, empregados e administradores (10%);

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c) a reavaliação refere-se ao imóvel de uso; d) as despesas pré-operacionais se referem à energia elétrica de $ 1.350 e despesa com pessoal da área administrativa $ 3.680; e) os gastos com pesquisa e desenvolvimento se referem à energia elétrica $ 1.500 e despesa com pessoal da área administrativa $ 12.500; e) os financiamentos a pagar referem-se a empréstimos de curto prazo e $ 2.150 a reclassificações para curto prazo de financiamentos a pagar a LP; f) os adiantamentos a diretores e a controladas têm termo contratual no curto prazo. Pede-se: Elaborar o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício nas diferentes normas. a) Normas Brasileiras b) Normas Internacionais c) Normas Norte-Americanas. Para adaptar o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício para as normas internacionais, deve-se obedecer as principais diferenças a serem ajustadas, que são: I – Na demonstração do resultado: • Adaptação da terminologia dos grupos de contas; • As despesas pré-operacionais e os gastos com pesquisa e desenvolvimento devem

ser lançadas como despesas de pessoa e energia elétrica aos invés de serem ativadas;

• Os descontos concedidos devem ser transferidos para a receita e os descontos recebidos para o custo das mercadorias vendidas;

• Os ganhos e as perdas de capital devem ser evidenciadas separadamente no resultado das atividades ordinárias;

• Os impostos sobre vendas devem ser apresentados junto como o Imposto de Renda; • As perdas sobre vendas devem ser apresentados como itens extraordinários; • Os dividendos recebidos e o resultado de equivalência patrimonial devem ser

agrupados em receitas com associadas. II – No balanço patrimonial: • Adaptação para a ordem crescente de liquidez, bem como a terminologia dos grupos

de contas; • Os adiantamentos a diretores e controladas devem ser registrados no ativo corrente

(curto prazo); • As despesas do exercício seguinte devem ser classificadas no grupo duplicatas e

outros recebíveis;

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• As marcas e as patentes devem ser classificadas fora do imobilizado em um grupo próprio para ativos intangíveis;

• As obras de arte devem ser transferidas para outros ativos financeiros; • Os imóveis de renda devem ser transferidos para o imobilizado; • Os alugueis recebidos antecipadamente devem ser registrados dentro do passivo

corrente juntamente com os adiantamentos de clientes, e a reclassificação dos financiamentos a pagar – LP deve ser apresentada em grupo separado.

Para adaptar o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício para as normas norte-americanas, deve-se obedecer as principais diferenças a serem ajustadas, que são: I – Na demonstração do resultado: • Adaptação da terminologia dos grupos de contas; • As despesas pré-operacionais e os gastos com pesquisa e desenvolvimento devem

ser lançadas como despesas de pessoal e energia elétrica ao invés de serem ativados; • Os descontos concedidos devem ser transferidos para as vendas e os descontos

recebidos para o custo das mercadorias vendidas; • Os ganhos e as perdas de capital devem ser evidenciados no grupo ganhos e perdas; • Os impostos sobre as vendas devem ser apresentados junto com o Imposto de

Renda; • As perdas com ciclones devem ser classificadas no grupo itens extraordinários; • Os dividendos recebidos e o resultado de equivalência patrimonial devem ser

agrupados em outras receitas. II – No balanço patrimonial: • Adaptação para a terminologia dos grupos de contas; • Os investimentos de curto prazo devem ser classificados em grupo separado no

ativo corrente; • Os adiantamentos a diretores e controladas devem ser registrados no ativo corrente

(curto prazo); • As marcas e as patentes devem ser classificadas fora do imobilizado em um grupo

próprio para ativos intangíveis; • Os imóveis de renda devem ser transferidos para o ativo imobilizado; • As obras de arte devem ser transferidas para outros ativos, no ativo não-corrente; • Os alugueis recebidos antecipadamente devem ser registrados dentro do passivo

corrente no grupo receita cobrada antecipadamente; • Os impostos e encargos sociais a pagar devem ser transferidos para um grupo no

passivo corrente intitulado função de arrecadação e retenção na fonte; • Como não é previsto um grupo para as reservas, elas devem ser classificadas em

lucros acumulados; • Como não permitida a reavaliação, seu valor deve ser abatido do ativo reavaliado;

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• A parcela dos financiamentos a pagar relativa á reclassificação para curto prazo dos financiamentos a pagar a longo prazo deve ser classificada em grupo separado no passivo corrente;

• As obras de arte devem ser transferidas para outros ativos financeiros. REFERÊNCIAIS ANDRADE, Adriana.; ROSSETTI, José Paschoal. Governança corporativa: fundamentos, desenvolvimento e tendências. São Paulo: Atlas, 2004. ATKINSON, Anthony A.; BANKER, Rajiv D.; KAPLAN, Robert S.; YOUNG, S. Mark. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000. BERNARDO, Eloísa Pinna. Influência dos aspectos culturais na prática contábil . Florianópolis: EnANPAD. 2000. BERTIN, Marcos E. J.; WATSON, Gregory H. Governança corporativa: excelência e qualidade no topo. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2007. BORGES, Luiz Ferreira Xavier; SERRÃO, Carlos Fernando de Barros. Aspectos de governança corporativa moderna no Brasil. Rio de Janeiro: Revista do BNDES, 2005. BORGERTH, Vânia Maria da Costa. SOX: entendendo a Lei Sarbanes-Oxley. São Paulo: Cengage Learning, 2008. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Recomendações da CVM sobre Governança Corporativa. Rio de Janeiro, 2002. COSTA, Elenito Elias da. A transparência dos registros e dos demonstrativos contábeis. Cobertura on-line. Disponível em: www.classecontabil.com.br. Acesso em: 26/06/2008. CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade gerencial: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2004. DE SÁ, Antônio Lopes. Normas contábeis internacionais. Cobertura on-line. Disponível em: www.classecontabil.com.br. Acesso em: 26/06/08. HOJI, Masakazu. Administração financeira: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 2004. IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Uma década de governança corporativa: história do IBGC, marcos e lições da experiência. São Paulo: Saint Paul Editora: Saraiva, 2006. IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas, 2006. JUNIOR, Mauro Miranda Loureiro; DIAS, Rogério Paim. BR GAAP, US GAAP E IFRS: análise das divergências entre os resultados da CST no exercício de 2003. Espírito Santo. UFES – Universidade Federal do Espírito Santo, 2005. LANZANA, Ana Paula. Relação entre disclosure e governança corporativa das empresas brasileiras. São Paulo: USP/FEAC – Universidade de São Paulo Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, 2004. Dissertação de Mestrado. LEME, Mário. Novos rumos da atividade de Contabilidade no Brasil. Cobertura on-line. Disponível em: www.classecontabil.com.br. Acesso em: 26/06/08. NIYAMA, Jorge Katsumi. Contabilidade internacional. São Paulo: Atlas, 2008.

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