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2 CONTABILIDADE GERENCIAL COMO SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL 1. DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 1.1. Sistema Segundo Clóvis Luis Padoveze, Sistema é um complexo de elementos em interação. É um conjunto de elementos interdependentes, ou um todo organizado, ou partes que interagem formando um todo unitário e complexo. O funcionamento de um sistema configura-se a um processamento de recursos (entradas do sistema), obtendo-se, com esse processamento, as saídas ou produtos do sistema (entradas, processamentos, saídas)”. Os sistemas classificam-se em: a) sistemas abertos: caracterizam-se pela interação com o ambiente externo, suas entidades e variáveis; b) sistemas fechados: não interagem com o ambiente externo. Os elementos básicos que compõem um sistema são: objetivos, ambiente ou processamento, recursos ou as entradas, componentes, saídas, administração ou controle e avaliação. 1.2. Sistema de Informação Segundo Clóvis Luis Padoveze, “ é um conjunto de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros agregados segundo uma seqüência lógica para processamento dos dados e tradução em informações, para com seu produto, permitir às organizações o cumprimento de seus objetivos principais” . Os sistemas de informação classificam-se em: a) sistemas de informação de apoio às operações: o objetivo é auxiliar os departamentos e atividades a executarem suas funções operacionais (compras, estoques, produção, vendas, faturamento, recebimentos, pagamentos, qualidade, manutenção, planejamento, controle da produção, etc); b) sistemas de informação de apoio à gestão: preocupam-se basicamente com as informações necessárias para a gestão econômico-financeira da empresa. Tem como base de apoio informacional as informações de processos e quantitativas geradas pelos sistemas operacionais. (ex.: contábil, controladoria, finanças). Relativamente a esse sistema de informação de apoio à gestão, existem sistemas específicos para auxílio direto às decisões gerenciais, tais como: - DSS: Sistemas de Suporte à Decisão (Decision Support Systems); - EIS: Sistemas de Informações executivas (Executive Information Systems) Tem como foco flexibilizar informações não estruturadas para tomada de decisão. b.1. sistema integrado de gestão empresarial: tem como objetivo fundamental consolidar e aglutinar todas as informações necessárias para a gestão do sistema empresa. Unem e integram todos os subsistemas componentes dos sistemas operacionais e dos sistemas de apoio à gestão, através de recursos da tecnologia de informação, que perpassam todos os departamentos e funções (visão horizontal e de processo, contrária à visão tradicional verticalizada da hierarquia funcional das empresas).

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2 CONTABILIDADE GERENCIAL COMO SISTEMA DE

INFORMAÇÃO CONTÁBIL 1. DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 1.1. Sistema

Segundo Clóvis Luis Padoveze,

“Sistema é um complexo de elementos em interação. É um conjunto de elementos interdependentes, ou um todo organizado, ou partes que interagem formando um todo unitário e complexo. O funcionamento de um sistema configura-se a um processamento de recursos (entradas do sistema), obtendo-se, com esse processamento, as saídas ou produtos do sistema (entradas, processamentos, saídas)”. Os sistemas classificam-se em:

a) sistemas abertos: caracterizam-se pela interação com o ambiente externo, suas entidades e variáveis; b) sistemas fechados: não interagem com o ambiente externo. Os elementos básicos que compõem um sistema são: objetivos, ambiente ou processamento, recursos ou as entradas, componentes, saídas, administração ou controle e avaliação. 1.2. Sistema de Informação Segundo Clóvis Luis Padoveze,

“ é um conjunto de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros agregados segundo uma seqüência lógica para processamento dos dados e tradução em informações, para com seu produto, permitir às organizações o cumprimento de seus objetivos principais” .

Os sistemas de informação classificam-se em: a) sistemas de informação de apoio às operações: o objetivo é auxiliar os departamentos e atividades a

executarem suas funções operacionais (compras, estoques, produção, vendas, faturamento, recebimentos, pagamentos, qualidade, manutenção, planejamento, controle da produção, etc);

b) sistemas de informação de apoio à gestão: preocupam-se basicamente com as informações necessárias para a

gestão econômico-financeira da empresa. Tem como base de apoio informacional as informações de processos e quantitativas geradas pelos sistemas operacionais. (ex.: contábil, controladoria, finanças).

Relativamente a esse sistema de informação de apoio à gestão, existem sistemas específicos para auxílio direto às decisões gerenciais, tais como: - DSS: Sistemas de Suporte à Decisão (Decision Support Systems); - EIS: Sistemas de Informações executivas (Executive Information Systems)

Tem como foco flexibilizar informações não estruturadas para tomada de decisão.

b.1. sistema integrado de gestão empresarial: tem como objetivo fundamental consolidar e aglutinar todas as

informações necessárias para a gestão do sistema empresa. Unem e integram todos os subsistemas componentes dos sistemas operacionais e dos sistemas de apoio à gestão, através de recursos da tecnologia de informação, que perpassam todos os departamentos e funções (visão horizontal e de processo, contrária à visão tradicional verticalizada da hierarquia funcional das empresas).

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b.2. sistema de informação contábil: A CVM e o IBRACON definem a contabilidade da seguinte forma:

“A contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização. Os objetivos da contabilidade, pois, devem ser aderentes, de alguma forma explícita ou implícita, àquilo que o usuário considera como elementos importantes para o seu processo decisório.”

2. ARQUITETURA DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL GERENCIAL A informação contábil precisa atender primariamente a dois pressupostos básicos, para que tenha validade integral no processo de gestão administrativa: necessidade da informação e planejamento e controle. 2.1. Necessidade da Informação

A informação deve ser desejada, para ser necessária. Para ser necessária, deve ser útil. É determinada pelos usuários finais dessa informação, por seus consumidores, para atender aos usuários e consumidores e não para atender aos contadores. O contador gerencial deve fazer um estudo básico das necessidades de informações a partir das decisões-chave que serão tomadas baseadas no sistema de informação contábil gerencial.

O sistema de informação contábil deve ter apoio da alta administração da companhia e por conseguinte, a necessidade tem que ser sentida pela mesma (retaguarda).

Necessidade da informação, aliada ao respaldo ao contador e a seu sistema, é o elemento vital para o sucesso de um sistema de informação contábil. Caso esses conceitos de utilidade e necessidade da informação contábil não estejam imediatamente presentes no ambiente da cúpula administrativa da entidade, é tarefa do contador fazer nascer e crescer essa mentalidade gerencial. Para isso, é necessário apenas o conhecimento profundo da Ciência Contábil e de seu papel informativo-gerencial. 2.2. Planejamento e Controle O sistema de informação gerencial exige planejamento para produção dos relatórios, para atender plenamente aos usuários. É necessário saber o conhecimento contábil de todos os usuários, e construir relatórios com enfoques diferentes para os diferentes níveis de usuários. Dessa forma, será possível efetuar o controle posterior. Só poderá ser controlado aquilo que é aceito e entendido. Além disso, se o sistema de informações gerenciais (SIG) não for atualizado periodicamente, poderá ficar numa situação de descrédito perante seus usuários. O sistema de Informação Contábil deve produzir informações que possam atender aos seguintes aspectos: I - Níveis empresariais

a) estratégico; b) tático; c) operacional.

II - Ciclo administrativo

a) planejamento; b) execução; c) controle. III - Nível de estruturação da informação

a) estruturada; b) semi-estruturada; c) não estruturada.

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Há ligação entre esses aspectos no Sistema de Informação Contábil:

Nível de Estruturação

Nível Empresarial Ciclo Administrativo da informação

Operacional Execução Estruturada

Operacional Controle Estruturada

Tático Controle Estruturada

Tático Planejamento Semi-estruturada

Estratégico Planejamento Semi-estruturada

Estratégico Planejamento Não Estruturada

O sistema de informação contábil tende a dar primazia ao atendimento de aspectos operacionais e táticos, primordialmente com informações estruturadas e algumas informações semi-estruturadas.

3. FUNDAMENTOS DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL Três pontos são fundamentais para que um sistema de informação contábil tenha validade perene dentro de uma entidade. São os seguintes: operacionalidade, integração e custo da informação. 3.1. Operacionalidade O fundamento da operacionalidade significa que todos os que trabalham com a informação contábil devem saber e sentir que estão operando com dados reais, significativos, práticos e objetivos; conseguidos, armazenados e processados de forma prática e objetiva. Com isso, tem-se uma utilização gerencial, ou seja, uma utilização prática e objetiva, que significa utilização dentro das operações. São sinais de operacionalidade informativa: relatórios práticos e objetivos; ou seja, relatórios necessários para quem os utiliza e entendidos por quem os utiliza.

Análise de

Balanço

Análise de Fluxo de Caixa

Gestão de Tributos

Contabilidade em Outras Moedas

Correção Monetária Integral

Acompanhamento do Negócio

(Dados Físicos/Concorrentes etc.)

Contabilidade Societária e

Fiscal

Controle Patrimonial

Sistema

Orçamentário

Sistema de Custos

Preços de Venda

Análise de Custos

Contabilidade por Responsabilidade

Centros de Lucros

Unidades de Negócios

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São características básicas de operacionalidade: a) relatórios concisos; b) elaborados de acordo com as necessidades do usuário; c) coletados de informações objetivas e de imediato entendimento pelo usuário; d) que não permitam uma única dúvida sequer, ou possibilitem pergunta indicando falta de alguma informação

do objeto do relatório; e) apresentação visual e manipulação adequada. 3.2. Integração e Navegabilidade dos Dados Consideramos um sistema de informação contábil como integrado quando todas as áreas necessárias para o gerenciamento da informação contábil estejam abrangidas por um único sistema de informação contábil. Todos devem utilizar-se de um mesmo e único sistema de informação. O que caracteriza um sistema de informação contábil integrado é a "navegabilidade" dos dados. A partir do momento em que um dado é coletado (e ele só será coletado pelo sistema se for um dado operacional), este deverá ser utilizado em todos os segmentos do sistema de informação contábil. Exemplificando, quando do pagamento de determinada despesa, a mesma classificação dada pela contabilidade financeira deverá ser dada pela contabilidade e formação de custos, que será identicamente entendida e classificada pelo setor de orçamentos, assim como pela tesouraria e fluxo de caixa etc. Explicitando ainda mais, tomemos como exemplo os gastos com transporte de funcionários e vejamos algumas classificações possíveis:

Área contábil Tratamento possível

Contabilidade financeira Despesas de salários (encargos sociais)

Custo do produto Despesas gerais absorvidas

Planejamento financeiro Despesas de transporte

Num sistema de informação contábil integrado só haverá um dado e só uma classificação. Se a empresa se definir pelo tratamento das despesas com transporte de empregados como um adicional dos gastos com pessoal - como encargos sociais - então todos os utilizadores dessa informação deverão buscar esse dado na contabilidade financeira e transferi-lo para seus eventuais subsistemas, assim como todos deverão dar o mesmo tratamento em termos de classificação por tipo de despesa. As informações e os relatórios utilizados pelas áreas de custo do produto e planejamento financeiro fazem parte do sistema de informação contábil, como segmentos desse sistema ou subsistema, como é chamado normalmente. Diante disso, o dado “navega” por todos os segmentos do sistema de informação contábil. Originário de um lançamento contábil no segmento da contabilidade financeira (em sistemas integrados, nada impede, e é até desejável, que os lançamentos sejam feitos fora do setor de contabilidade pelos setores que mais trabalham com os fatos contábeis), ele “navegará” para todos os segmentos, da forma como originariamente registrado. Não haverá necessidade de reclassificação para outros sistemas, assim como de reintrodução do dado em algum sistema particular de outro setor ou departamento da empresa. A informação será sempre fornecida pelo mesmo e único sistema contábil de informação.

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3.3. Custo de Informação

O fundamento do custo de informação faz parte dos princípios básicos de contabilidade, razão por que não nos alongaremos sobre esse aspecto. O sistema de informação contábil deve ser analisado na relação custo-benefício para a empresa. O SIG deve apresentar uma situação de custo abaixo dos benefícios que proporciona à empresa. Com a incorporação definitiva dos recursos computacionais, de macro e microinformática, na administração das empresas, entendemos em qualquer entidade, de microempresa a grandes corporações, tem condições de manter um sistema contábil de informação. Apenas cabe ao contador fazê-lo gerencial. 4. ABRANGÊNCIA DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO Um sistema de informação contábil gerencial tem necessariamente que abranger todas as áreas de contabilidade de que se vale o conceito de contabilidade gerencial. Além disso, o sistema tem que incorporar todas os dados quantitativos necessários para mensuração e análise concatenada das informações com o movimento operacional da empresa. O sistema deve também prover todos os meios para trabalhar a informação em seus aspectos de informação passada, informação presente, informação passada atualizada e informação futura, com análises percentuais. Ainda os números devem apresentar a situação atual, bem como outros aspectos, entre os quais podem ser citados: o período anterior; o mesmo período no ano (exercício) anterior; e a situação desejada. Os números devem sempre apresentar uma situação de relatividade, principalmente percentual. 4.1. Áreas Contábeis Abrangidas pelo Sistema São componentes do sistema contábil de informação: 4.1.1. Contabilidade Financeira Compreende a escrituração tradicional, os aspectos tributários, os aspectos societários atuais, registrados em moeda nacional. A importância desse segmento do sistema de informação contábil é vital, pois ele contém a arquitetura básica dos planos de contas e os lançamentos, elementos vitais para a continuidade e integração do restante do sistema. 4.1.2. Contabilidade em Outras Moedas

A inflação elevada da economia brasileira obrigava as empresas à manutenção de subsistemas de contabilidade para fornecerem informações contábeis comparativas ao longo dos meses e anos. Dessa forma, os tratamentos contábeis mais especializados e completos da inflação e da correção monetária eram também atendidos dentro de um segmento do sistema de informação. Para isso, recomendam-se, no mínimo, os dois tratamentos básicos, com um eventual terceiro tratamento.

Sistema de Entradas Compras

Recebimentos

Escrituração Fiscal

Sistemas de Inventário e Produção

Processo

Engenharia

Sistema de Saídas Faturamento

Escrituração Fiscal

Sistema de Execução Financeira

Contas a receber Contas a pagar

Sistema de Planejamento Financeiro

Financiamentos

Excedentes de Caixa

Sistema de Recursos Humanos

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Apesar de sermos considerados país estável, a partir de 1996, os baixos índices inflacionários devem ser analisados com muita atenção porque podem trazer reflexos relevantes. a) Contabilidade pelos procedimentos da Correção Monetária Integral

A CVM obrigava as Companhias Abertas à apresentação dos demonstrativos contábeis segundo esses procedimentos. Entende-se que esses procedimentos continuam sendo importantes para o gerenciamento global das informações contábeis. b) Contabilidade em moeda estrangeira

Esse subsistema deverá estar presente no sistema de informação contábil de qualquer empresa, independente de seu tamanho. A internacionalização da economia é um fato inquestionável. Dessa forma, mesmo que empresa não tenha relacionamento direto com o mercado externo, através de exportações, importações, matriz ou filiais estrangeiras, o uso de uma moeda internacional já é um fato na economia. Se a empresa tem vínculos com outra empresa do exterior e necessitar demonstrativos contábeis e informações gerenciais na moeda desse país, o denominador monetário estrangeiro será a moeda desse país. Não havendo essa necessidade, recomenda-se o uso, como denominador monetário alternativo, o dólar norte-americano, presentemente mais em uso no mundo todo e linguagem monetária internacional atual. A diferença é ser o país de elevada inflação pelo que se aplicam métodos diferenciados em relação aos países com baixa inflação. c) Contabilidade em denominador monetário específico Caso a empresa deseje outro denominador monetário específico, tendo em vista suas características gerenciais, o contador deverá providenciar mais um subsistema. Assim, poderá existir a criação um dólar específico da empresa cuja variação nominal represente a inflação interna da companhia. Também nessa linha em vez de um “dólar da empresa”, poder-se-ia criar um índice específico que represente a inflação interna, e a partir daí fazer o gerenciamento nesse denominador monetário específico. 4.1.3. Custos Quando há necessidade de se atender às exigências fiscais de integração e coordenação da contabilidade de custos com o restante da escrituração (com a contabilidade financeira), o subsistema para gerenciamento de custos é imprescindível. Independentemente disso, tal subsistema é vital para a consecução do que denominamos sistema de informação contábil integrado. Provavelmente, nesse subsistema é que deverá ser registrada a maior parte dos dados quantitativos. Na construção desse sistema é que também provavelmente o contador evidenciará todo seu conhecimento da informação contábil e seu escopo gerencial. O subsistema de custos é que liga a contabilidade a sua maior área operacional, a produção. Os aspectos de avaliação de inventários não deverão ser os pontos mais importantes na construção desse subsistema. O mais importantes são as informações para controle e tomada de decisões. 4.1.4. Administração Financeira e Orçamentos A informação contábil deve ser útil para o futuro. O passado só é importante se possibilitar ação futura. Neste particular, considere-se que o modelo decisório do administrador leva em conta cursos de ação futuros; informes sobre situações passadas ou presentes somente serão insumos de valor para o modelo decisório à medida que o passado e o presente sejam estimadores válidos daquilo que poderá acontecer no futuro, em situações comparáveis às já ocorridas.

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As técnicas orçamentárias serão integralmente tratadas e constantes do sistema de informação contábil, como um subsistema específico. O tratamento das informações pode variar desde orçamentos com informações sintetizadas, até tratamento com informações extremamente detalhadas, a critério da administração da empresa. A importância desse subsistema está em que ele vai alcançar todos os níveis de responsabilidade dentro da empresa. É um sistema que, por sua natureza, faz de seu potencial de integração sua força. O contador gerencial deve saber disso e nunca permitir que o subsistema orçamentário não seja parte integrante do sistema de informação contábil. Além dos aspectos integrativos, o subsistema de orçamentos é que dá oportunidade à contabilidade de mostrar o caráter preditivo da informação contábil.

Esse subsistema deverá incorporar também o planejamento financeiro, através do planejamento, acompanhamento e controle do fluxo de caixa.

4.1.5. Contabilidade Divisional (Contabilidade por Responsabilidade) e Consolidação de Balanços

No sistema de informação contábil, deve ser considerado um subsistema que segmente a apuração, controle e gerenciamento das unidades de lucros e de investimentos da empresa. Sabemos que muitas corporações já definem sua estrutura societária através da constituição de empresas independentes para suas diversas divisões de fabricação e comercialização de produtos. Nessa hipótese, em vez de chamar de contabilidade das divisões, ou contabilidade divisional, utiliza-se as técnicas de consolidação de balanços, para aglutinar os resultados e gerenciar globalmente a corporação. Caso a companhia tenha sua contabilidade centralizada, deve-se criar o subsistema de contabilidade divisional. Caso, porém, a companhia tenha suas unidades de negócios juridicamente separadas, deve-se ter o subsistema de consolidação de balanços. 4.1.6. Análise Financeira, Padrões Setoriais e Concorrências

As técnicas básicas de análise de balanço são facilmente incorporadas ao sistema de informação contábil. O

importante da incorporação dessas técnicas é a possibilidade de avaliarmos continuadamente o comportamento dos indicadores financeiros da companhia. Esses procedimentos de análise contínua são elementos fundamentais para o entendimento do comportamento financeiro e das atividades da companhia, através da análise financeira, assim como possibilitam um aspecto educacional para o conhecimento de contabilidade pelos usuários do sistema de informação contábil, que, neste caso, seguramente serão os componentes da cúpula administrativa da companhia. Em nível estratégico, o sistema de informação contábil deve incluir, um sistema de registro de balanços anuais de empresas concorrentes. Essa área deve ser apresentada juntamente com a área de análise financeira. 4.2. Áreas “Não Contábeis” Abrangidas pelo Sistema Não se pode mais conceber a arquitetura de um sistema de informação contábil sem a coleta, armazenamento e processamento dos dados quantitativos. Juntamente com isso, devem ser incorporados o subsistema de análises estatísticas e de acompanhamento. 4.2.1. Dados Quantitativos

Devem fazer parte do sistema os dados de quantidade vendida, de quantidade produzida, número de empregados, número de horas trabalhadas, carteira de pedidos etc. Esses dados tradicionalmente constam de outros sistemas informativos operacionais da empresa. A importância de estarem no sistema de informação contábil é que com isso serão possibilitadas condições de análises comparativas e cruzadas dentro de um único sistema. Além disso, o fator relevante é que a divulgação e o tratamento dentro do sistema de informação contábil propiciará continuadamente um treinamento gerencial integrado para os usuários da informação contábil, assim como, é claro, será elemento educador para o próprio contador gerencial.

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4.2.2. Análises Estatísticas

Determinados dados contábeis, combinados com dados quantitativos, ficarão mais evidentes se dispostos em gráficos, tabelas, análises de tendência etc. Esse subsistema de análises estatísticas vem respaldar o uso de métodos quantitativos em contabilidade gerencial.

5. CARACTERÍSTICAS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL Cada relatório deve ser planejado, em seus mínimos detalhes. Estéticas inadequadas poderão prejudicar sensivelmente um ótimo conteúdo. O conteúdo deverá estar à altura da compreensão do usuário a que se destina o relatório. Ele é o cliente da informação contábil. A informação contábil deve ser clara, precisa, rápida e dirigida. As características da informação contábil são as seguintes: comparabilidade, confiança, geradas em tempo hábil, nível de detalhamento adequado e relevância. 5.1. Ótica: Contador Versus Usuário O contador nunca deve impor seu ponto de vista da informação que está fornecendo. Sua obrigação é fornecer o que pedem, do jeito que pedem. Se consultado, ele pode opinar, nunca impor. Ele tem que respeitar a posição do usuário e sua forma de enxergar e utilizar a informação contábil. 5.2. Rapidez da Informação e Prazos para Entrega dos Relatórios A força de um sistema de informação contábil está em que tudo seja feito rigorosamente dentro dos prazos estipulados pelos usuários e no menor tempo possível. Mais importante do que a exatidão e veracidade é o cumprimento do prazo das informações. Uma informação aproximada dentro do prazo é muito mais importante de que uma informação precisa atrasada. 5.3. Exatidão

Os dados contábeis devem ser exatos. No entanto, se necessário, devem ser utilizadas as técnicas de provisionamento de despesas ou estimativas de receitas para atendimento aos prazos dos relatórios. 6. PLANOS DE CONTAS CONTÁBEIS NO SISTEMA DE INFORMAÇÃO GERENCIAL

Deverão ser construídos tendo em vista os relatórios futuros que dele se originarão, e a necessidade da integração de todo o sistema de informação contábil, através da navegabilidade dos dados. Há dois aspectos fundamentais na elaboração dos planos de contas gerenciais, partindo do plano de contas fiscal: segmentação dos planos por áreas afins e criação de contas adicionais para integração do sistema. 6.1. Segmentação por Áreas Afins Todas as contas contábeis do balanço patrimonial deverão ser claramente identificadas com as contas que recebem a contrapartida na demonstração de resultados. Tudo o que for relevante deverá ser integrado em contas claramente definidas que façam ligação entre os dois relatórios-chave de todo o processo de informação contábil financeiro. Existe a necessidade da perfeita integração a partir da construção dos planos de contas. O sistema deverá propiciar a movimentação automática das contas e de suas movimentações, possibilitando a criação dos demais relatórios e informações necessárias, de modo a abranger, de forma automática, todos os temas de contabilidade gerencial, e instrumentalizando a informação contábil como ferramenta de administração.

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6.2. Principais Integrações de Contas:

Balanço Patrimonial Demonstração de Resultados

ATIVO Aplicações financeiras Receitas financeiras Clientes Receita operacional bruta Estoques Materiais Consumo de materiais Produção em Processo e Produtos Acabados Variação dos estoques de produção Ativo Não Circulante Investimentos Equivalência patrimonial Imobilizado Intangíveis

Depreciações Amortizações

Baixa de bens Outros Resultados PASSIVO Fornecedores Compras de materiais Salários e encargos Mão-de-obra direta, indireta, comercial e

administrativa Impostos a recolher sobre mercadorias Impostos sobre vendas Impostos sobre compras Impostos sobre o lucro Impostos sobre o lucro Atualização monetária dos impostos sobre

o lucro Distribuição de resultados Distribuição de resultados Financiamentos Despesas financeiras com financiamentos Patrimônio líquido

Resultados do exercício 6.3. Criação de Contas Adicionais para Integração do Sistema As contas adicionais são criadas para possibilitar a feitura automática dos demais relatórios e geração das informações gerenciais. Exemplos: a) Ativo Não Circulante Basicamente, os dados da movimentação do ativo não circulante de aquisições, baixas e depreciações, serão canalizados para os relatórios gerenciais de: 1. Fluxo de caixa; 2. Contabilidade em moeda forte; 4. Fluxo de caixa em moeda estrangeira; 5. Orçamento de capital.

MOVIMENTAÇÃO DE IMOBILIZADO, PROPRIEDADE PARA INVESTIMENTOS E DE INTANGÍVEIS

Contas Adicionais Aquisições do mês Baixas do mês Depreciações/amortizações

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b) Provisões de resultados do ano e obrigações sobre o resultado As provisões terão que ser refeitas todos os meses e só se constituindo obrigações definitiva no último mês do exercício social da empresa. Portanto, mensalmente, temos que utilizar as provisões para o resultado acumulado até o mês dentro do período. As contas de obrigações sobre o resultado serão utilizadas para os valores já definidos. Imposto de Renda e Contribuição Social serão os valores já definidos através de registros mensais auxiliares, LALUR e DIPJ. c) Financiamentos A movimentação tradicional da contabilidade aglutina os dados de entradas e amortizações de empréstimos, do principal e dos juros, e também as atualizações monetárias de curto e longo prazo. A razão disso é a preparação do plano de contas para outros relatórios gerenciais, que exigem evidências de tais informações. Os principais relatórios são os fluxos de caixa, tanto em moeda corrente como em moeda estrangeira.

MOVIMENTAÇÃO Entradas do mês

Contas Adicionais Pagamentos do mês Encargos financeiros Transferências de contas não circulantes para circulantes

d) Patrimônio líquido Temos a movimentação do patrimônio líquido e a quantidade de ações ou cotas em que se divide o capital social.

MOVIMENTAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Integralizações de capital

Contas Adicionais Outros acréscimos do patrimônio líquido CAPITAL SOCIAL Ações do capital-quantidade

e) Consumo de materiais Consumo x Compras de Materiais Em princípio, as compras de materiais, por não serem despesas imediatas devem ser contabilizadas diretamente nos estoques de materiais. A conta de estoques de materiais, porém, não é adequada para fornecer dados cumulativos das compras durante o ano, pois são contas de ativos. Assim, é mister fazer uma Contabilização adicional das compras no grupo de despesas, para auxiliar os relatórios e índices posteriores.

Além disso, é necessário obter o total das compras brutas, com os impostos pagos aos fornecedores, para possibilitar o tratamento adequado para o relatório de fluxo de caixa, demonstração do valor adicionado, etc, além dos indicadores de análise de balanço, enquanto as contas de consumo representam os materiais de consumos líquidos dos impostos creditados. Consumo a Preços Médios x Preços Atuais Fator importante é o tratamento gerencial dos valores atribuídos ao consumo dos materiais. Pela legislação comercial e fiscal, e pelos princípios contábeis, o consumo de materiais pode ser feito a preços de aquisição, médios, primeiros ou últimos. Porém, gerencialmente, tendo em vista os relatórios por responsabilidade, é necessário que a empresa divulgue os gastos com consumo de materiais pelo menos com os preços de última compra corrigidos até a data do consumo. (Contabilização em nível de centros de custos pelos preços corrigidos, ou a preços de reposição, e uma conta para acerto, denominada Diferença para Preços Médios, visando atender aos preceitos legais). Este aspecto informacional do consumo de materiais a preços de última compra, com uma conta redutora para consumo de materiais a preços médios, é vital para o sistema de informação contábil.

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Os aspectos posteriores de gerenciamento contábil setorial e gerenciamento contábil específico se nutrirão a todo momento das informações das aquisições e consumo de materiais a preços atualizados.

DESPESAS DE CONSUMO DE MATERIAIS COMPRAS DO MÊS

Contas Adicionais Compras Brutas IPI ICMS

CONSUMO DE MATERIAIS

Matéria-prima A Componente B Componente C f) Vendas Total faturado no mês, desde o valor bruto cobrado, diminuindo-se os impostos cobrados nas faturas e notas fiscais, para contabilizarmos a receita líquida de vendas.

VENDAS DO MÊS Vendas Brutas

Contas Adicionais IPI ICMS PIS/COFINS Contrapartida