contabilidade gerencial - aula 06

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1 AULA 06 - ANÁLISE ECONÔMICA E FINANCEIRA AULA 06 ANÁLISE ECONÔMICA E FINANCEIRA CONTABILIDADE GERENCIAL

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Contabilidade Gerencial - aula 06

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1AULA 06 - ANÁLISE ECONÔMICA E FINANCEIRA

AULA 06ANÁLISE ECONÔMICA E FINANCEIRA

CONTABILIDADE GERENCIAL

Page 2: Contabilidade Gerencial - aula 06

2 CONTABILIDADE GERENCIAL

ANÁLISE DA GESTÃO DE CAIXA; PRAZOS MÉDIOS; CICLO ECONÔMICO E FINANCEIRO.

ANÁLISE DA GESTÃO DO CAIXA

Aanálisedagestãodocaixaproporcionaoestudodofluxoderecursos(origenseaplicações do dinheiro) num sentido mais amplo, de disponível, em determinado período. A geração de caixa nos padrões desejados pela organização é dependente de uma rentabilidade líquida adequada, pois a quantidade de lucro obtido, em maior ou menor tempo,irárefletir-senocaixa.Existemdoismétodosdeestruturaçãodofluxodecaixa:odireto e o indireto.

O método direto consiste na apuração da variação do saldo de caixa a partir dos encaixes e desencaixes ocorridos num período. Para efeito de análise da geração de caixa,ométodomais indicadoéo indireto.Poressemétodo,utiliza-seo lucrolíquidodoexercício(ajustadoporvaloresquetransitampeloresultado,masnãoafetamocaixa),contemplando-se as variações ocorridas nas contas circulantes e não circulantes querepresentam origens e aplicações de caixa, como o modelo a seguir.

Demonstração do Fluxo de Caixa 2003Lucro LíquidoAjustes-desp/recquenãoafetamocaixa(=) 1. GERAÇÃO BRUTA DE CAIXAAplicações OperacionaisDuplicatas a ReceberEstoquesOutrosSoma (a)

Fontes OperacionaisFornecedoresOutros Passivos OperacionaisSoma(b)2.VariaçãodaNCG(a-b)

(=) 3. GERAÇÃO OPERAC. DE CAIXA (1-2)

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3AULA 06 - ANÁLISE ECONÔMICA E FINANCEIRA

(+) Fontes Não Operac. Curto PrazoObrigações Bancárias

(=) 4. GERAÇÃO CORRENTE DE CAIXA(+) Fontes de Longo Prazo Aumento de CapitalEmpréstimoseFinanciamentosOutrosSoma

(-) Aplicações de Longo Prazo DividendosAquisição de InvestimentosAquisição de ImobilizadoAumento do Ativo DiferidoOutrosSoma(=) 5. GERAÇÃO LÍQUIDA DE CAIXA(+)AtivoCirculanteFinanceiroInicial(=)AtivoCirculanteFinanceiroFinal

Prazos Médios

Antesde iniciarmoso estudodosprazosmédios, é conveniente verificarmosoconceito de ciclo operacional. Na execução de suas atividades operacionais, a empresa persegue sistematicamente a produção e a comercialização de seus produtos. Por meio dessas atividades ela procura obter determinado volume de lucros, que satisfaçam a necessidade de retorno de seus investimentos.

O ciclo operacional se desenvolve nesse processo de forma normal e repetitiva. Então,conformeAssafNeto(2002,p.177),ciclooperacionalpodeserdefinidocomoasfases operacionais existentes que vão desde a aquisição de materiais para a produção (indústria)ouaquisiçãodemercadorias(comércio)atéorecebimentodasvendas.Cadaumadessasfases(compra,estocagem,venda,recebimento)possuideterminadaduração.

Os índices de atividade procuram medir a rapidez com que certos ativos giram em um determinado exercício, dado o volume de operações alcançado.

• Prazo Médio de Renovação de Estoques – representa o tempo médio que asmercadoriasouprodutospermanecemnaempresaatéseremvendidos.Naindústria,considera-seotempodeproduçãoeestocagem.

PMRE=(Estoques/CustodasMercadoriasVendidas)X360.

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4 CONTABILIDADE GERENCIAL

• PrazoMédiodeRecebimentodeVendas–representaotempotranscorridoentrea venda e o seu respectivo recebimento.

PMRV=(DuplicatasaReceber/Vendas)X360

• Prazo Médio de Pagamento de Compra – expressa o prazo concedido pelosfornecedores para pagamento das compras.

PMPC=(Fornecedores/Compras)X360

Para saber quantas vezes ao ano se renovam as duplicatas a receber, os estoques eosfornecedores,bastadividir360(seanual)peloprazomédiodecadaumdositenscitados.

Não devemos nos esquecer da integração que deve haver entre a análise dos índices de liquidez, os índices de prazos médios e o estudo do capital de giro da empresa, poiscomoseafirmounoestudodaliquidez,podeocorrerumindesejadoacúmuloderecebíveis(causadoporumainadimplência)ouestoques(retraçãonasvendas,comprasem volumes superiores ao normal), ocasionando um aumento naqueles índices. Quando estudarmos capital de giro, voltaremos ao assunto.

Graficamentetemos:

Matarazzo(1998,p.325)nosensinaqueociclooperacionalmostraoprazodeinvestimento. Paralelamente ao ciclo operacional, ocorre o financiamento concedidopelos fornecedores a partir do momento da compra. Até o momento do pagamento aos fornecedores,aempresanãoprecisapreocupar-secomofinanciamento,oqualéautomático. O tempo decorrido entre o momento em que a empresa coloca o dinheiro (pagamentoaofornecedor)eomomentoemquerecebepelasvendas(recebimentodocliente)éoperíodoemqueaempresaprecisaarrumarfinanciamento.Éociclodecaixaouciclofinanceiro.

Ciclo operacional

VendaCompra

PMRE PMRV

Recebimento

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5AULA 06 - ANÁLISE ECONÔMICA E FINANCEIRA

Graficamente:

1ªhipótese:osfornecedoresfinanciamtotalmenteosestoqueseumapartedasvendas:

2ªhipótese:osfornecedoresfinanciamapenaspartedoestoque:

Fonte:Matarazzo(1998,p.325).

É desejável que o prazomédio de pagamento das compras supere os prazosmédiosderenovaçãodeestoqueseosprazosmédiosderecebimentodevendas.Sabe-se que na prática isso é bastante difícil, mas a empresa deve constantemente avaliar seu ciclooperacional,comvistasaverificarpossibilidadesdemelhoresnegociações.

Ciclo operacional

VendaCompra

PMRE PMRV

RecebimentoPagamento

Ciclo operacional

VendaCompra

PMRE PMRV

RecebimentoPagamento

Page 6: Contabilidade Gerencial - aula 06

6 CONTABILIDADE GERENCIAL

Análise Econômica e financeira de EmpresasCálculo de indicadores

2002 2003Liquidez

Corrente 0,51 1,34Seca 0,41 1,13Geral 0,56 0,91

Endividamento

Geral 78,70% 56,01%Cmposição do Endividamento 55,42% 48,51%

Rentabilidade

Margem Bruta de Vendas 43,6% 44,5%Margem Líquida de Vendas -8,3% 36,0%Rentabilidade do Capital Pró-prio

-19% 55%

Giro do Ativo 0,50 0,67Rentabilidade do Ativo -4,09% 24,22%

Prazos Médios

Estocagem 58 55Recebimento de Vendas 109 56Pagamento de Compras

A análise dos prazos médios da empresa demonstra que houve sensível melhora nessesindicadores(principalmentenoprazomédioderecebimentodevendas)de2002para 2003. Em 2002, a empresa concedia, emmédia, 109 dias de financiamento aosclientes,passandoesseprazoaserde56diasem2003.

Essa mudança na estratégia de financiamento a clientes possibilitou uma boageraçãodecaixa,comopodemosperceberpelodemonstrativoaseguir:

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7AULA 06 - ANÁLISE ECONÔMICA E FINANCEIRA

Demonstração do Fluxo de Caixa 2003Lucro Liquido 1.000.879Ajustes-desp/recquenãoafetamocaixa 1.111.813(=) 1. GERAÇÃO BRUTA DE CAIXA 2.112.692Aplicações OperacionaisDuplicatas a Receber (328.435)Estoques 4.773Outros 126.183Soma (a) (197.479)

Fontes OperacionaisFornecedores (77.308)Outros Passivos Operacionais 42.231Soma (b) (35.077)2. Variação da NCG (a-b) (162.402)

(=) 3. GERAÇÃO OPERAC. DE CAIXA 1-2 2.275.094(+) Fontes Não Operac. Curto PrazoObrigações Bancárias (1.060.852)

(=) 4. GERAÇÃO CORRENTE DE CAIXA 1.214.242(+) Fontes de Longo PrazoAumento de CapitalEmpréstimoseFinanciamentos 516.400Outros 909.473Soma 1.425.873

(-) Aplicações de Longo PrazoDividendos 0Aquisições de Investimentos 110.029Aquisição de Imobilizado 151.520

Aalta rentabilidadeobtidaem2003proporcionouumageraçãobrutadecaixa,representando o dobro do lucro líquido do exercício. A redução dos prazos médios de estoque e de recebimento de vendas exerceu um efeito positivo sobre a geração operacional de caixa.

Mesmoapósaamortizaçãodeempréstimosbancários(quetemumefeitobenéficosobrea rentabilidade,pelomenor impactodasdespesasfinanceiras)eaaquisiçãodeativos permanentes, ainda persiste uma geração considerável de caixa, representando metade do lucro líquido do exercício.

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8 CONTABILIDADE GERENCIAL

FORMAÇÃO E ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO. DIAGNÓSTICO E CONCLUSÃO: RELATÓRIOS.

ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO

Capitaldegiroéconceituadocomooexcessoderecursosprópriosdaempresadisponibilizadosparaoutrasaplicações.Contabilmente,podemosdemonstrá-locomaseguintefórmula:

CDG = Patrimônio Líquido menos Ativo Permanente

SeaobtençãodavariávelCDG=CapitaldeGiroresultadasubtraçãodoAtivoPermanente do Patrimônio Líquido, implica que todas as operações que resultem em aumento das contas do Ativo Permanente, bem como as que resultem em redução do Patrimônio Líquido, reduzam o Capital de Giro, ao passo que aquelas operações que acarretem diminuição do Ativo Permanente e/ou aumento do Patrimônio Líquido,aumentem o Capital de Giro. Assim, as principais atividades que atuam sobre o padrão destavariável,segundoSantiFilho(1993,p.72),são:

Atividades que reduzem o Capital de Giro (CDG):

• Prejuízos

• AquisiçõesdeitemdoPermanente(Investimentos,imobilizado,diferido)

• Distribuição de lucros

Atividades que aumentam o CDG:

• Lucros

• Venda de itens do Permanente

• Aportedesóciosparaaumentodecapital

• Depreciação, amortização e exaustão.

Quando acrescentamos à fórmula do capital de giro os demais recursos nãocorrentes (Realizável a Longo Prazo e Exigível a Longo Prazo), temos oCCL – CapitalCirculante Líquido, o qual é a diferença do Ativo Circulante menos o Passivo Circulante e representa a parcela dos recursos permanentes aplicada no giro das operações, ou seja, o CCL é o excedente do total dos passivos não circulantes.

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9AULA 06 - ANÁLISE ECONÔMICA E FINANCEIRA

ParaefeitodeanálisedoCapitaldeGiro,éessencialqueoCCL–CapitalCirculanteLíquido (AC-PC) sejadivididode acordo coma suanaturezafinanceira eoperacional,ou seja: AtivoCirculante Financeiro (ACF), AtivoCirculanteOperacional (ACO), PassivoCirculanteFinanceiro (PCF)ePassivoCirculanteOperacional (PCO).Portanto, temosasseguintesestruturas:

ACF + ACO = AC e PCF + PCO = PC

OAtivoCirculanteFinanceiro (ACF)éconstituídoporelementosessencialmentefinanceiros,taiscomo:Caixa,Bancos,AplicaçõesFinanceirasdeLiquidezImediataeTítulose Valores Mobiliários que se realizam no curto prazo. O Ativo Circulante Operacional compreende o saldo das contas relacionadas com as atividade operacionais, como:Estoques, Duplicatas a Receber, Provisão para Devedores Duvidosos, Despesas PagasAntecipadamente, etc.

OPassivoCirculanteFinanceiro(PCF)temumcomportamentoidênticoeécompostopor:Empréstimosacurtoprazo,DuplicatasDescontadaseFinanciamentosBancários,ouseja,sãoasexigibilidadesdecurtoprazoqueprovocamdespesasfinanceiras,enquantoqueoPassivoCirculanteOperacional(PCO)écompostoporpassivosdefuncionamentoquegeralmentesãodecurtoprazo,taiscomo:DuplicatasaPagar,SalárioseEncargosSociaisaPagar,ImpostoseTaxas.

Quando confrontados os valores do Ativo Circulante Financeiro com aqueles componentes do Passivo Circulante Financeiro, temos o que se denomina Saldo de Tesouraria(T).Portanto:

T = ACF - PCF

A Diferença entre os valores operacionais é denominada de Necessidade de Capital deGiro(NCG),assimsendo:

NCG = ACO - PCO

NCG – NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO

A grandiosidade do AC decorre em função do volume dos estoques e do saldo das Duplicatas a Receber, entre outros saldos, sendo que a diferença entre o Ativo Circulante Operacional (ACO) e o Passivo Circulante Operacional (PCO), ou seja, anecessidade de capital de giro, é fundamentalmente determinada pela condição das atividades operacionais da empresa e pelos prazo médios de estocagem, de cobrança e de pagamento dos fornecedores e das demais despesas operacionais.

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10 CONTABILIDADE GERENCIAL

Os valores aplicados nos estoques decorrem, isolada ou simultaneamente, do volumedasoperaçõesdaempresa(compras,produçãoevendas),daduraçãodociclodeprodução e do prazo médio de vendas.

O volume de vendas a prazo e o prazo médio de cobrança determinam os recursos aplicados em Duplicatas a Receber. O Passivo Circulante Operacional decorre do volume de compras conjugado com o prazo médio de pagamento aos fornecedores. As outras contasdoPCO (salários, encargos sociais, impostos, etc.)poderãoapresentar,ounão,saldos expressivos que, em sua maioria, possuem vencimento a curto prazo.

Quandoosrecursospróprios(viaPatrimônioLíquido)superamasaplicaçõesderecursosnoAtivoPermanente,aempresaapresenta-secomcapitaldegiropróprioparafinanciaroutrasaplicações,aumentandoafolgafinanceiraediminuindoanecessidadederecursosdecurtoprazoparafinanciamentodogirodesuasoperações.Asaplicaçõesderecursosemitensdelongoprazo(AtivoRealizávelaLongoPrazoeAtivoPermanente)devem, preferencialmente, ser financiadas com recursos originados dos sócios, viaaporte de capital e/ou capitalização de lucros ou com a obtenção de empréstimos efinanciamentos, comprazode resgatede longoprazo (Exigível a LongoPrazo). Seosrecursosobtidosviafontesdelongoprazo(ExigívelaLongoPrazoePatrimônioLíquido)foremsuperioresàsaplicaçõestambémdelongoprazo(AtivoRealizávelaLongoPrazoeAtivoPermanente),adiferençaservirácomoreforçodefinanciamentodasoperaçõesno curtoprazo.Neste caso, a empresapoderá, entreoutras alternativas, financiar aosclientes,refletindoemumpossívelaumentonovolumedevendas.

Portanto,anecessidadedecapitaldegiro(NCG)advémdosinvestimentosqueaempresaefetuounosativoscirculantesoperacionaisequedemandamfinanciamentospara sua manutenção e renovação.

Saldo de Tesouraria

OsaldodeTesouraria,calculadopeladiferençaentreoAtivoCirculanteFinanceiro(ACF)–oPassivoCirculanteFinancero(PCF),podesertambémvisualizadocomoumvalorresidualobtidodadiferençaentreoCapitalCirculanteLíquido(CCL)eaNecessidadedeCapitaldeGiro.Sendoassim,temos:

T = ACF - PCF ou, ainda, T = CCL - NCG

Autofinanciamento da expansão do investimento operacional em giro

A análise conjugada do Capital Circulante Líquido, da Necessidadede Capital de Giro (NCG)edaTesourariaevidenciaqueumasituaçãofinanceirasólidaimplicanamanutençãode CCL positivo e maior do que a NCG. Desta forma, ocorrendo NCG positiva, o CCL seria suficienteparafinanciá-laeaindagerarumsaldopositivodetesouraria:(CCL>O,NCG>O,CCL>NCGeT>O).

ParaqueaexpansãodaNCG (positiva)nãoprejudiqueasituaçãofinanceiradaempresa, será necessário que o CCL também aumente.

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11AULA 06 - ANÁLISE ECONÔMICA E FINANCEIRA

Oslucrosretidos(lucrolíquido-dividendos)permitirãoexpandiroCCL,desdequetaisrecursosgeradosinternamentenãosejamdesviadosparaofinanciamentodenovosativosnãocirculantes(ANC=RLP+AP).Assim,seaempresacaptarrecursosprópriosourecursosdeterceiros,alongoprazo,emmontantesuficienteparafinanciarasaquisiçõesde ativos fixos e de outros ativos permanentes, os recursos gerados pelas operaçõespoderão ser integralmente reaplicados no capital de giro.

ParadeterminarovalordosfundosincorporadosaoCCL,deve-seadicionaraoslucros retidos as despesas de depreciação, amortização e exaustão que foram recuperadas nas receitas de vendas, mas não representaram utilização de CCL. Na Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos, essas despesas são somadas ao lucro líquido pela mesma razão, e os dividendos aparecem como aplicação de CCL.

Deacordocomessaspremissas,oautofinanciamentodaNCGapresentaoseguintemecanismo:

Podem ocorrer situações em que determinadas empresas expandem significativamente suas condições de atividades sem o correspondente suporte derecursosparafinanciamentodoCapitaldeGiro.

Nesse caso, poderão ocorrer aumentos nos estoques, nas duplicatas a receber e nas duplicatas a pagar aos fornecedores, com o consequente “descasamento” dos prazos médios, no qual os prazos médios de estocagem e de cobrança tornam-se maioresque os prazos médios de pagamentos. Situações como essa provocam um crescimento acentuadonaNCG(positiva),quepoderárapidamenteultrapassaroCCLporinsuficiênciaderecursosprovenientesdoautofinanciamento.Nessascondições,estariaocorrendoo“overtrade”.

Aexpressão“efeitotesoura”correspondeàrepresentaçãográficadaevoluçãodasvendas,daNecessidadedeCapitaldeGiro(NCG),doCapitalCirculanteLíquido(CCL)edaTesouraria(T)emsituaçõesde“overtrade”ousuperexpansão.OefeitotesouraocorrequandoaempresafinanciaamaiorpartedaNCGpormeiodecréditosdecurtoprazonãorenováveisautomaticamente,comosãoasoperaçõesdefinanciamentoqueintegramopassivocirculantefinanceiro.

Nesse caso, ocorre um distanciamento entre o Capital de Giro Próprio e aNecessidadedeCapitaldeGiro,eosaldodetesourariaapresenta–senegativoecomtaxade crescimento superior à da NCG.

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12 CONTABILIDADE GERENCIAL

Estruturaeanálisedocapitaldegiro:

ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO2002 2003

VALOR AV% AH% VALOR AV% AH%ITENSAtivo Circulante Operacional*Clientes 759.336 430.901*Estoques 229.733 234.506*Outros 89.736 215.919Soma 1.078.805 142% 881.326 147% -18%

(-)PassivoCirculanteOperacional*Fornecedores 182.716 105.408*Outros 136.107 178.338Soma 318.823 42% 283.746 47% -11%

(=) Necessidade de Capital de Giro 759.982 100% 597.580 100% -21%

(+) Ativo Circulante Financeiro 56.893 7% 625.311 105% 999%(-)PassivoCirculanteFinanceiro (1.899.913) -250% (8396.061) -140% -56%

(=) Capital Circulante Líquido (1.083.038) -143% 383.830 64% -65%

(-)ExigívelaL/PePart.Minoritárias (1.784.523) -235% (1.191.886) -199% -33%

(=) Capital de Giro Próprio (2.867.561) -377% (808.056) -135% -72%(+)AtivoPermanente+RLP 3.951.127 2.625.757(=)PatrimônioLíquido 1.083.566 1.817.701

Aempresa reduziuem21%,de2002para2003, suanecessidadedecapitaldegiro,pelomenor investimentoemativoscirculantesoperacionais (duplicatasarecebereestoques).EssaboagestãodaNCGcombinadacomumaperformanceadequadadaTesouraria resultou em um aumento do CCL do período, que passa de R$ 1.083.038negativo,em2002,paraR$383.830positivo.

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13AULA 06 - ANÁLISE ECONÔMICA E FINANCEIRA

Análise da Gestão do Lucro

Olucroéamedidaderentabilidade(retorno)dosinvestimentosefetuadospelaempresa.Nadamaisnatural,portanto,quesejaefetuadaumaanálisedessarelaçãoLucro/investimento, a chamada taxa de retorno sobre investimento. No entanto, encontramos na literatura e na prática profissional diversos “tipos” de lucros: lucro bruto, lucrooperacional,lucrolíquido,lucroantesdosefeitosfinanceiros,lucroantesdosimpostos,etc.Damesmaforma,paraos investimentos,temosváriasconfigurações: Investimentototal, investimento médio, investimento operacional, etc.

ParaMatarazzo (1998,p.402),oquadroaseguir resume, simplificadamente,asrelaçõesentreasrendasgeradaseosinvestimentos:

RENDA INVESTIMENTOReceita Líquida de Vendas e Serviços -R Ativo ALucro Bruto LB Ativo ALucro antes das Desp. Financeiras LADF Ativo ADespesas Financeiras DF PassivoGeradordeEncargosFinanceiros PELucro Líquido LL Patrimônio Líquido PL

A rentabilidade é alcançada a partir de três índices:

NOME SÍMBOLO FÓRMULA INTERPRETAÇÃO

Retornos/Ativo RsA LADF/Ax100 Percentual de Lucro sobre Investimentos Operacionais

Custo da Dívida CD DF/PEx100 Percentual de juros pagos sobre as dívidas

Retornos/Patrimônio Líquido RsPL LL/PLx100 Quanto os acionistas ganham

paraR$100investidos

Fonte:Matarazzo,(1998).

Oprimeiroíndice(RsA)mostraoquãoeficientefoiaempresanousodosativos,para efeito de rentabilidade empresarial.

Seaempresautilizacapitaisdeterceirosonerosos(sobreosquaissepagaumaremuneração),incorre-senodenominadocustodadívida–CD.

Seestaremuneraçãopagaaoscapitaisdeterceiros(ocustodadívida)formaiorque o retorno sobre o Ativo, uma parte do lucro pertencente aos acionistas ou até parte do capitalseráconsumidoparacobriressadiferença.AprópriaDemonstraçãodoResultadodoExercício,emsuaestruturaclássica,demonstraquea remuneraçãodoscapitaisdeterceiros (Resultado Financeiro – Despesas Financeiras) precede à remuneração doacionista(LucroLíquidodoExercício).Deoutraforma,casoocustodadívidasejamenorque o retorno sobre o Ativo, os acionistas ganham a diferença.

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14 CONTABILIDADE GERENCIAL

Nesse caso, a taxa de retorno sobre o Patrimônio Líquido será maior que a taxa deretornosobreoAtivo,demonstrandoqueoganhodoacionistaaumentaacadaR$emprestado de terceiros.

Afinal, o que interessamesmo para a empresa é o índice denominado RsPL –Retorno sobre o Patrimônio Líquido. Os dois outros índices são informações gerenciais de como a empresa atingiu o retorno sobre o Patrimônio Líquido, sendo fundamentais para a definição de estratégias empresariais. Esse aumento na remuneração para oacionistadenominamosdealavancagemfinanceira.Matarazzo(1998,p.404)assimdefinealavancagemfinanceiraesuadiferençaparaalavancagemoperacional:

a expressão alavancagem financeira significa o que a empresaconsegue alavancar, ou seja, aumentar o lucro líquido através da estruturadefinanciamento,aopassoquealavancagemoperacionalsignificaoquantoaempresaconsegueaumentaro lucroatravésda atividade operacional, basicamente, em função do aumento da margemdecontribuição(diferençaentrereceitasecustosvariáveis)emanutençãodecustosfixos.

FórmuladoGraudeAlavancagemFinanceira(GAF):

GAF= (RsA + (RsA – CD) X PE/PL) / RsA

GAF= RsPL / RsA

ReclassificaçãodoResultadoparaefeitodeDemonstraçãodaAlavancagemFinanceira:

VENDASLÍQUIDAS(-)CMV/CPVLUCROBRUTO(-)DESPESASOPERACIONAISVendasAdministrativasGerais(+)ResultadodaEquivalênciaPatrimonial(+)ReceitasFinanceiras(+)ResultadoNãoOperacionalLUCRODOSATIVOSANTESDOI.R./CSLLTributossobreLucrosdosAtivos

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15AULA 06 - ANÁLISE ECONÔMICA E FINANCEIRA

LUCROSDOSATIVOS(-)DespesasFinanceirasValor BrutoEconomiacomTributosLUCROLÍQUIDO

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16 CONTABILIDADE GERENCIAL

RELATÓRIOS GERENCIAIS – CONCEITO E OBJETIVO; ATRIBUTOS DA INFORMAÇÃO; FINALIDADES E USUÁRIOS; CARACTERÍSTICAS E ESTRUTURA; MODELOS DE RELATÓRIOS GERENCIAIS.

Relatórios gerenciais são exposições sintéticas e analíticas que servem deinstrumentosparasubsidiarasdecisõesdosgestores.Constituem-seemmodelosquerepresentam dadas realidades, para a condução de uma gestão empresarial adequada. Têmporobjetivoreportarinformaçõesacercadeeventos,adequadamentemensurados,paraqueoprocessodecisóriopossibilite atingir a eficáciaempresarial. Proporcionam,entre outros, a comparação entre o desempenho orçado e o realizado.

Li (1977, p.319) afirma que os relatórios administrativos gerenciais objetivamfornecerpistas úteis para responder às seguintesperguntas:Nossos custos estão sobcontrole?Emcasonegativo,emquepontoocustosaiuda linhaeoquenecessitadeatenção? Quem é o responsável? Como podemos remediar a situação? Quem está trabalhandomelhordoqueoesperadoemerecereconhecimentofinanceirooudeoutraespécie?

Oconteúdodorelatóriogerencial,obviamente,érepresentadopelasinformaçõesgerenciais.E,assimcomoainformaçãogerencial,tambémosrelatóriosgerenciaispossuemcertos requisitos, pois devem ser oportunos e estar disponíveis no momento requerido pelo gestor, para apoiar sua decisão. Igualmente, devem ser comparativos, apresentando os desempenhos reais e os esperados, procurando alertar para áreas ou produtos nos quaisasvariaçõessejammaissignificativaseondesenecessitamaisurgentementedecorreções ou ajustes.

Anthony (1974, p. 284), afirma que o período adequado de controle é omaiscurto período de tempo em que a administração pode intervir utilmente e no qual sejam prováveisasmudançassignificativasnodesempenho.Operíodoédiferente,segundooautor, para centros de responsabilidades diferentes e para itens diferentes nos centros de responsabilidade. Centro de responsabilidade é uma divisão da empresa que tem umresponsávelcomníveldesejadodeautoridade.Osrelatóriossobreaexecuçãototal,especialmente aqueles que se encaminham para os altos níveis da administração, muitas vezes são mensais ou trimestrais, mas, em certos casos, devem ser diários.

Fundamental,também,équeorelatórioadministrativoougerencialsejaanalítico.Fornecendo as causas prováveis das variações, pode mais facilmente chamar a atenção da administração para as deficiências porventura constatadas e relatadas. Deve serpertinente, reportando apenas informações a partir das quais a gestão da empresa possa agir,alémdeserconciso.Aconcisãoimplicaquedeve-sedarênfaseaquestõesrelevantes,economizandotempodeleituraeobtendomelhorcompreensãodoseuconteúdo.

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17AULA 06 - ANÁLISE ECONÔMICA E FINANCEIRA

Osgestoresenvolvem-secomatomadadedecisõescotidianamente,enecessitamconstantemente de informações que possam reduzir a incerteza na escolha da alternativa maisadequadanocontexto.Paraisso,valem-sedosrelatóriosgerenciais,quesãoestruturasinformativas com determinadas características e que, de certa forma, materializam os modelos utilizados para a gestão de valor na empresa.

PodemostransformarumrelatóriocontábiltradicionalcomoaDemonstraçãodoResultadodoExercício,porexemplo,deumformatoestabelecidopelalegislaçãosocietária(Lei6.404/76)paraumformatogerencial,quecontenhainformaçõescomcaracterísticasprópriasparaapoiarogestornoprocessodecisório.Vamosverumexemplo?

EsteéumformatodaDREporumpadrãolegalsocietário.Oconteúdoeoscritériosde alocação e mensuração dos eventos são determinados pelos princípios e normas de contabilidade. Portanto, seguramente, não é o melhor modelo de informação à disposição do gestor!

Exercícios findos em 2002 2003VALOR AV% AH% VALOR AV% AH%

Receita Líquida

Custo dos Produtos Vendidos

Lucro BrutoDespesas OperacionaisOutrasRec/Desp.Operacionais

Resultado Operacional

Page 18: Contabilidade Gerencial - aula 06

18 CONTABILIDADE GERENCIAL

(antesdosefeitosfinanceiros)Receitas FinanceirasDesp. Financeiras

Resultado OperacionalResultado Não OperacionalResultado antes dos impostosProvisãop/ImpostosLucro/Prej. do Exercício

DRE-Gerencial

Exercícios findos em 2002 2003Prod 1 Prod 2 Prod 3 Prod 1 Prod 2 Prod 3

Receita LíquidaPreço UnitárioQuantidade

Custo dos Produtos VendidosMaterial DiretoCusto UnitárioQuantidade consumidaMão de Obra DiretaValor UnitárioQuantidade utilizada

Outros gastos variáveis e diretos

Margem de Contribuição

Despesas e Custos Fixos

Resultado Operacional(antesdosefeitosfinanceiros)

Receitas FinanceirasDesp. Financeiras

Page 19: Contabilidade Gerencial - aula 06

19AULA 06 - ANÁLISE ECONÔMICA E FINANCEIRA

Resultado Operacional

Resultado Não Operacional

Resultado antes dos impostosProvisãop/ImpostosLucro/Prej. do Exercício

Estemodeloémaisanalítico,menosagregadoe,portanto,trarámaissegurançanaanálise do resultado para efeitos de decisão. Apesar de outras informações que contenha, a análise poderá ser feita por área, produto ou divisão até a margem de contribuição, que éatéondepodemosidentificarclaramenteosvalorescomosobjetosdereceitaegastos.

Aolongodotextosobreanáliseeconômicaefinanceira,utilizamosumcasorealpara aplicação dos conceitos estudados. Seu trabalho agora é efetuar um relatório-resumo,condensandotodasasanáliseefetuadas,objetivandochegaraumdiagnósticosobreasituaçãodaempresa.Lembre-sequedevehaverumaintegraçãoentreastécnicasaplicadas! Bom trabalho!

Vimosnestaenaaulaanterioroobjetivoea importânciadaanálisefinanceira.Poucoimportaadenominaçãoquesedê:análisedebalançcos,análisedasdemonstraçõescontábeis, análise econômica e financeira. O que é significativo é o resultado daaplicaçãodeumasériedetécnicasparaverificaçãodaperformancedeumdeterminadoempreendimento. Podemos utilizar essas técnicas como instrumentos gerenciais de controle,poisérecomendávelqueanalisemosperiodicamenteodesempenhofinanceiroda organização. Neste caso, aplicaríamos as mesmas técnicas para avaliação do empreendimento como um todo, bem como em cada uma de suas partes, naquilo que fosse possível.

Na estruturação do orçamento, por exemplo, é importante que façamos uma análise prospectiva para sabermos o impacto dos planos previamente estabelecidos no endividamento, liquidez, rentabilidade, geração de caixa, etc.

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Quando da estruturação de relatórios gerenciais, um aspecto relevante a serconsiderado é relacionado ao tipo de informação que será processada e comunicada. Nesse sentido, a contabilidade gerencial deve produzir e distribuir informações relevantes. Masoqueéinformaçãorelevante?ParaHorngreneoutros(2004,p.4),umainformação,para ser tida como relevante, depende da decisão a ser tomada, o que, essencialmente, envolve escolher entre diversos cursos de ação. Para os autores citados, os contadores têmumpapelimportantenoprocessodetomadadedecisão,nãocomotomadoresdedecisões, mas como coletores e relatores de informação relevante, sendo que, neste caso, opapeldocontadoréodeumtécnicoespecializadoemanálisesfinanceirasqueajudaos gestores a focalizar a informação relevante que conduzirá à melhor decisão.

Portanto, a relevância da informação está relacionada com a capacidade que ela tem de conduzir o gestor à escolha da melhor alternativa, dentre duas ou mais que se apresentam.AindasegundoHorngren(2004,p.8),oscontadoresdevemusardoiscritériosparadeterminarseumainformaçãoérelevante:eladeveserumareceitaoucustofuturoesperado e ter um elemento da diferença entre as alternativas. A informação relevante, portanto, seria o custo ou receita futura, predita, que diferenciará as alternativas.

Logicamente, para influenciar decisões que terão impacto futuro, a informaçãodeve conter elementos que habilitem o gestor a visualizar esses impactos. Isso implica que sedeveutilizardecritériosdemensuração(atribuiçãodevaloresaeventosouobjetos)que se aproximem de um valor futuro. Na medida do possível, deve ser descartado o valorhistóriocomobasedeavaliaçãoparainformaçõesgerenciais.Éovelhoconfronto:contabilidadefinanceiraXcontabilidadegerencial.

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Ográficodemonstraofluxodedecisõescombaseeminformações(quedevemsergerenciais),utilizando-sedeumadequadomodelodedecisão.Modelodedecisãoéqualquermétodoutilizadoparasefazerumaescolhaentrealternativasapresentadas.Talmodelodevecontemplaroreflexoeconômicoefinanceiro(emdecisõesdessanatureza)de cada alternativa que se apresenta.

MarketValueAdded–MVA

Prof. Dr. Fábio Frezatti

(TextoextraídodolivroGestãodevalornaempresa:UmaAbordagemAbrangentedo Voluation a Partir da Contabilidade Gerencial, do prof. Fábio Frezatti, com adaptações).

Analisando o tema valor da empresa, seria ele próprio (apenas ele, o valor daempresa) o melhor instrumento para análise e gestão do valor? Do ponto de vista do acionista minoritário, relativamente mais voltado para o curto prazo, talvez sim e dele decorrem as movimentações da carteira. Sendo o acionista o controlador o foco dessa análise, provavelmente, a visão relativamente mais enfatizada para o longo prazo deveria ser predominante. Para ele, o valor propriamente dito como indicador pode não proporcionaramelhorformadeacompanharaeficiênciadagestãodevalordaentidadenautilizaçãoderecursosemfunçãodagrandeimportânciadatendênciadelongoprazo.Umapropostadeinstrumentoquepermitaampliaracapacidadedegestão,relacionando-acomovalordaentidade,éoMarketValueAdded(MVA®),quecorrespondeàdiferençaentreovalordemercadodaempresaeocapitalinvestido(Stewart,1991,p.741)ou,“amedida de valor que a empresa criou”, aos olhos do investidor, “excedendo os recursos já comprometidosnonegócio”.

AfórmuladecálculodoMVAéaseguinte:Valordemercado–capitalinvestido,emqueocapital investidocorrespondeaAtivosoperacionais–Passivosoperacionais.O conceito de ativos passivos operacionais foi apresentado por vários autores, entre os quais,Stewart,queconsideraquesãorecursosnecessáriosparaodesenvolvimentodasatividadesnoperíodo.Caracteriza-secomoinvestimentolíquidodaentidade,tantoemcapital de giro como em ativos permanentes.

Pode-sedefinirovalordemercadocomoaqueleapartirdoqualaempresapoderiasercomercializadaemdadomomento.Podesercalculadodaseguintemaneira:

QuantidadedeaçõesXpreçodasaçõesemcertadata

Paraefeitosdaanálisedestetexto,ovalorobtidonãosignificaqueuminvestidor

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poderia comprar o controle acionário dessa empresa, mas quanto ela valeria no mercado se todas as ações fossem vendidas em certa data.

Nos ativos operacionais normalmente são incluídos todos os elementos do ativo. Umaspectodediscussãoemquenãoexisteunanimidadedecritériodizrespeitoao recurso aplicado nomercado financeiro, que pode ser ou não considerado comooperacional, dependendo do conceito de gestão da entidade. Por sua vez, nos passivos são incluídos todos os itens, exceto os passivos onerosos, relacionados com os recursos obtidosparafinanciamentodasoperações.

Dessa maneira, temos um indicador híbrido, pois o valor de mercado corresponde à informação que recebe forte impacto de fatores externos à empresa, tratando aqui de maneira simplificada comomercado.Desse valor, édeduzidooCapital Investido, quecorresponde aos elementos da empresa apurados por meio da Contabilidade. Numa situação de não-continuidade de uma entidade, sendo o valor de mercado igual aocapital investido, uma vez liquidado o patrimônio da entidade, o acionista controlador receberiaexclusivamenteovalordosativoslíquidos(ativosmenospassivosoperacionais).Imaginando-sequeosvalorescontábeis sejam iguaisaosvaloresdemercado,ovalorrecebido pelos acionistas proporcionaria provavelmente apenas o ressarcimento do investimento feito anteriormente, sem repor o custo de oportunidade. Numa situação emqueoacionistacontroladorfiquecomumaaçãoduranteumlongoespaçodetempo,o gerenciamento de longo prazo, paulatinamente monitorado, constitui-se em fatorimportante para a percepção de desempenho do investimento.

Nessas condições, seria o MVA, do ponto de vista de acompanhamento dos negóciosparaoacionistacontroladorumindicadorútil?Algunsargumentospodemseroferecidosparaapoiararespostaafirmativa:

1. já que o preço da ação isoladamente não proporciona condições de se avaliar oníveldeeficiênciaqueaorganizaçãopossui,nodesenvolvimentodesuasatividades,ao relacionar o valor de mercado com o valor do investimento existente na empresa, o acionista passa a exigir melhor desempenho em termos de recursos à disposição da empresa,identificadospormeiodafiguradocapitalinvestido.Issoseverificaporqueonível de investimento demanda recursos que, caso não sejam remunerados, irão afetar negativamente o retorno;

2. ogestorpassapreocupar-senãoapenasemsereficiente,mas também,emserpercebidocomoeficiente,perseguindocomunicaçãoadequadadesuasaçõesaomercado,oquepermitemaiortransparênciaeadequadavalorizaçãodaentidade.Dessamaneira,o fator comunicação ganha uma dimensão ainda maior na gestão das entidades em que isso não se constitui em realidade; e

3. nos casos em que não for possível proporcionar o valor da empresa mais favorável, a redução do investimento para liberar recursos para o acionista, com possibilidade de ser aplicados em outras alternativas, constitui-se em abordagem adequada, mais

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transparentemente comunicada aos agentes. Dessa maneira, a metodologia contribui favoravelmente para a prática da teoria da estrutura de capital.

AlgumasdalimitaçõesmaisevidentesequetrazemdificuldadesnautilizaçãodoMVAsãoasseguintes:

1. complexidade no entendimento e na aplicação do conceito, em relação aos quais, nomomento,nãosetemconsolidaçãoclaraedefinitiva;

2. complexidade ao monitorar, haja vista a demanda por informações internas e externas à organização, não necessariamente disponíveis da forma como são requeridas;

3. possívelnão-ligaçãodeseuresultado(sinalpositivoounegativodoMVA)comoresultado econômico no curto prazo. Isso pode ser percebido a partir do momento em queépossível identificarempresascomprejuízoeMVApositivo.Oinversotambémépossívele,emambososcasos,taisfenômenossóseexplicampelapercepçãodelongoprazo dos agentes do mercado.

A utilização do MVA, na gestão do valor, leva em conta algumas considerações em suaestruturação.Stewart(1990),aotratá-lo,propõeumavisãoexternaparaoindicador,ouseja,utilizando-sededemonstrativoscontábeisedasinformaçõesdebolsadevalores(sobreovalordaempresa).Contudo,nestetrabalho,avisãopropostaéaquelaquepodeser desenvolvida com base em informações gerenciais disponíveis para o agente interno à empresa, não existindo limitações referentes à legislação societária, embora sejam respeitadas todas as questões legais referentes a tributação e distribuição de lucros.

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