contabilidade aplicada ao agronegócio

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CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO GRADUAÇÃO AGRONEGÓCIO MARINGÁ-PR 2012 Professor Me. Silvio César de Castro Professor Esp. Robinson Pereira Santos ISBN 978-85-8084-259-3

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Apostila de Contabilidade aplicada ao Agronegocio, curso de graduação Tecnologia em Agronegocio.

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Page 1: Contabilidade Aplicada Ao Agronegócio

CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO

GRADUAÇÃO

AGRONEGÓCIO

MARINGÁ-PR2012

Professor Me. Silvio César de CastroProfessor Esp. Robinson Pereira Santos

ISBN 978-85-8084-259-3

Page 2: Contabilidade Aplicada Ao Agronegócio

Diretoria do NEAD: Willian Victor Kendrick de Matos SilvaCoordenação Pedagógica: Gislene Miotto Catolino RaymundoCoordenação de Polos: Diego Figueiredo DiasCoordenação Comercial: Helder MachadoCoordenação de Tecnologia: Fabrício Ricardo LazilhaCoordenação de Curso: Silvio Silvestre BarczszSupervisora do Núcleo de Produção de Materiais: Nalva Aparecida da Rosa MouraCapa e Editoração: Daniel Fuverki Hey, Fernando Henrique Mendes, Luiz Fernando Rokubuiti e Renata SguissardiSupervisão de Materiais: Nádila de Almeida Toledo Revisão Textual e Normas: Cristiane de Oliveira Alves, Janaína Bicudo Kikuchi, Jaquelina Kutsunugi e Maria Fernanda Canova Vasconcelos

Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.brNEAD - Núcleo de Educação a Distância - bl. 4 sl. 1 e 2 - (44) 3027-6363 - [email protected] - www.ead.cesumar.br

Reitor: Wilson de Matos SilvaVice-Reitor: Wilson de Matos Silva FilhoPró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva FilhoPresidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi

“As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site PHOTOS.COM”.

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a distância: C397 Contabilidade aplicada ao agronegócio/ Silvio César de Cas- tro, Robinson Pereira Santos. Maringá - PR, 2012. 206 p.

“Curso de Graduação em Agronegócio - EaD”.

1. Contabilidade agrícola. 2. Agronegócio. 3.Economia rural. 4. EaD. I.Título.

ISBN 978-85-8084-259-3 CDD - 22 ed. 338.13 CIP - NBR 12899 - AACR/2

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - CESUMAR

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CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO

Professor Me. Silvio César de CastroProfessor Esp. Robinson Pereira Santos

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5CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

APRESENTAÇÃOViver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho.

Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro.

Com essa visão, o Cesumar – Centro Universitário de Maringá – assume o compromisso de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros.

No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade.

Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referên-cia regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de compe-tências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação continuada.

Professor Wilson de Matos SilvaReitor

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6 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Caro aluno, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p. 25). Tenho a certeza de que no Núcleo de Educação a Distância do Cesumar, você terá à sua disposição todas as condições para se fazer um competente profissional e, assim, colaborar efetivamente para o desenvolvimento da realidade social em que está inserido.

Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o seu processo de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação, determinadas pelo Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas necessidades, dispomos de uma equipe de profissionais multidisciplinares para que, independente da distância geográfica que você esteja, possamos interagir e, assim, fazer-se presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento.

Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente, você construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada especialmente no ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do material produzido em linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de estudo, enfim, um mundo de linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para a sua aprendizagem. Assim sendo, todas as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu processo de formação, têm por intuito possibilitar o desenvolvimento de novas competências necessárias para que você se aproprie do conhecimento de forma colaborativa.

Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os textos, fazer anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos fóruns, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados, pois tais atividades lhe possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os desafios na construção de conhecimentos. Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe estendo o convite para que caminhe conosco na Comunidade do Conhecimento e vivencie a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de aprendizagem e membro de uma comunidade mais universal e igualitária.

Um grande abraço e ótimos momentos de construção de aprendizagem!

Professora Gislene Miotto Catolino Raymundo

Coordenadora Pedagógica do NEAD - CESUMAR

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7CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

APRESENTAÇÃOLivro: CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIOProfessor Me. Silvio César de Castro

Professor Esp.Robinson Pereira Santos

Olá, prezado acadêmico! Seja bem-vindo ao livro de Contabilidade Aplicada ao Agronegócio. Pelo fato deste livro ter sido organizado especialmente para o seu estudo, procuro aqui mostrar qual é a melhor maneira para estudá-lo e, desta forma, lhe proporcionar maior aproveitamento.

Eu sou o Professor Robinson Pereira Santos, e fui o co-organizador deste livro juntamente com o Professor Silvio César de Castro. Ele tem 5 unidades.

Agora faço um breve relato para facilitar o entendimento da obra por você acadêmico leitor.

Na Unidade I nós mostraremos o atual cenário do agronegócio a nível de mundo e de Brasil, inclusive acrescentando alguns dados estatísticos, exemplos de empresas referência no agronegócio, assim como os principais setores da agricultura (grãos e cana-de-açúcar), pecuária (carnes) e os setores adjacentes a esses.

Ainda na Unidade I, chamada DA CONTABILIDADE GERAL PARA A CONTABILIDADE RELACIONADA AO AGRONEGÓCIO, procurar-se-á introduzir os aspectos básicos e conceituais da contabilidade geral, focando sua função principal que é evidenciar a informação necessária para a tomada de decisão, ou seja, para a gestão do negócio. Procuraremos nesta primeira unidade relacionar a contabilidade com o agronegócio, proporcionando um melhor direcionamento para o entendimento específico dos alunos que farão uso deste material.

Por isso, iniciamos o assunto com a Contabilidade e seu posicionamento científico, tendo em vista que antes da sua aplicação específica no agronegócio, trata-se de uma ciência social com objeto de estudo e objetivos próprios, assim como mencionamos o seu campo de atuação.

Comentamos também sobre as Atividades relacionadas ao agronegócio e a Classificação das Lavouras, com o propósito de já fazer a ligação entre a contabilidade e o agronegócio.

Por fim, nosso foco foi a Informação Contábil, elencando os usuários e os principais atributos da informação contábil.

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8 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Portanto, nosso propósito nesta unidade é que você compreenda as bases da contabilidade e a sua função de apoio à gestão.

Na unidade II, denominada de DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS, entraremos no assunto que consideramos ser o produto da contabilidade, ou seja, os relatórios gerados pela e por ela, especificamente os 2 principais: Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício.

Dessa forma, iniciaremos primeiramente com a definição e conceitos do Patrimônio Contábil, que se refere logicamente, ao patrimônio da própria empresa, divididos em bens, direitos e obrigações.

A seguir, especificamente, discorreremos sobre o Balanço Patrimonial e seus grupos: Ativo e Passivo. Os prazos de classificação e sua estrutura de apresentação. No que se refere aos prazos, comentar-se-á sobre a atividade agrícola (suas culturas temporárias e permanentes) e pecuária, que possuem um ciclo diferenciado em relação às demais empresas comerciais e industriais.

Também aprofundaremos nos subgrupos que compõem os grupos do Ativo e do Passivo, focando na liquidez e nos prazos.

Utilizaremos também a metodologia de Balanços Sucessivo, com o propósito de evidenciar a você como se forma o Balanço Patrimonial de uma empresa e sua variação após qualquer evento ou fato ocorrido na empresa.

Na segunda parte desta unidade, falaremos sobre a Demonstração do Resultado do Exercício, cuja finalidade principal é demonstrar o Lucro ou Prejuízo que a empresa auferiu em um determinado período. Neste ponto falar-se-á também sobre Receitas, Despesas, Custos e Impostos e a consequente formação do resultado da empresa.

O propósito da apuração do resultado está ligado à eficiência econômica da empresa, por isso, esta demonstração não tem finalidade financeira, ou seja, compor um fluxo de caixa, das entradas e saídas de dinheiro no período.

Desta forma, nosso objetivo é que você compreenda a importância, a estrutura e os itens que compõem estes dois relatórios oferecidos pela contabilidade.

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9CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Na unidade III, chamada de ATIVO PERMANENTE – IMOBILIZADO, iremos nos aprofundar em um dos grupos do Ativo do Balanço Patrimonial, que contém os bens que têm a finalidade de gerar receitas futuras. É o grupo que compõe os bens físicos da empresa: imóveis, veículos, equipamentos, maquinários, benfeitorias e especificamente no agronegócio: cultura permanente, gado matriz e reprodutor, e os implementos.

A finalidade deste aprofundamento é entendermos um pouco dos ajustes que a contabilidade faz ao patrimônio, especificamente, as perdas de valor decorridas por uso, obsolescência ou ação da natureza.

Discorreremos sobre os conceitos da Amortização em geral, os cálculos para chegar a estes valores e os percentuais definidos na legislação fiscal sobre os limites para estas reduções, que tem como contrapartida reduzir o resultado, ou seja, são custos ou despesas.

Citar-se-á exemplos para a depreciação, exaustão, amortização e seus respectivos cálculos.

Atrelado a isto, também investiremos um espaço para falar sobre o controle de bens, que são formulários destinados a descrever a “vida” desses bens, desde sua aquisição, amortização e venda, se for o caso.

A unidade IV tratará de um assunto importantíssimo para a Contabilidade Gerencial, devido à sua respectiva importância para a gestão de um negócio: INTRODUÇÃO À GESTÃO DE CUSTOS.

A grande importância desse assunto está no fato de que custos estão diretamente relacionados a gastos na produção que, por sua vez, influenciam a apuração da margem bruta do produto.

Abordar-se-á nesta unidade, itens como terminologias, classificação e métodos de custeio.

A maior dificuldade quando se fala em acumular custos a um produto é o rateio dos custos indiretos, ou seja, aqueles que não têm uma relação diretamente proporcional à produção. Aí entram os critérios de rateio.

Na sequência dos assuntos relacionados a custos, entraremos no mérito do controle dos estoques e sua respectiva avaliação. Iremos comentar sobre o Custo pela média ponderada móvel, o PEPS e o UEPS (veja os significados desta siglas na unidade em questão).

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10 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Nossa última unidade tratará de TOMADA DE DECISÃO. Na verdade, veremos instrumentos que auxiliarão na tomada de decisão no que se refere à produção e ao produto.

Conheceremos a formação da Margem de Contribuição, isto é, o quanto cada produto contribui para que a empresa possa arcar com os seus gastos fixos.

Na sequência, entenderemos como encontramos o Ponto de Equilíbrio. Você já parou para pensar em qual fase de um mês, ou em qual mês (no caso específico da agricultura e pecuária), o empresário sabe que sua empresa tem condições de pagar seus gastos fixos?

Vamos conhecer também os pontos de equilíbrio contábil, financeiro e econômico que tem o mesmo princípio, mas peculiaridades distintas.

Por fim, vamos conversar sobre a Alavancagem Operacional. Como saber até onde minha empresa pode crescer em vendas sem aumentar os seus gastos fixos?

Vamos te mostrar como calcular e como encontrar o índice Grau de Alavancagem Operacional, que irá dizer quantas vezes crescerá o lucro em decorrência do crescimento das vendas, dentro do mesmo gasto fixo.

Bom, é isso, caro acadêmico! Esperamos que esta iniciação ao conhecimento da contabilidade seja de grande valia para sua vida profissional.

Qualquer dúvida, estaremos à disposição!

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SUMÁRIO

UNIDADE I

DA CONTABILIDADE GERAL PARA A CONTABILIDADE RELACIONADA AO AGRONEGÓCIO

CENÁRIO ECONÔMICO DO AGRONEGÓCIO..............................................................................18

CONTABILIDADE E SEU POSICIONAMENTO CIENTÍFICO.......................................................28

CARACTERÍSTICAS PECULIARES DO SETOR RURAL............................................................29

ATIVIDADES RELACIONADAS AO AGRONEGÓCIO...................................................................36

CLASSIFICAÇÃO DAS LAVOURAS.................................................................................................37

USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL.....................................................................................38

UNIDADE II

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS: BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS

PATRIMÔNIO CONTÁBIL...................................................................................................................50

BALANÇO PATRIMONIAL..................................................................................................................54

ATIVO, PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO...................................................................................56

PRAZOS EM CONTABILIDADE RELACIONADOS AO AGRONEGÓCIO.................................62

FLUXO CONTÁBIL NA ATIVIDADE AGRÍCOLA............................................................................65

NOVOS PROJETOS AGROPECUÁRIOS E OS GASTOS DE MELHORIAS............................69

CONTAS DEDUTIVAS, REDUTORAS OU RETIFICADORAS....................................................79

DRE – DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO...................................................87

CUSTOS DOS PRODUTOS VENDIDOS E DOS SERVIÇOS PRESTADOS............................98

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UNIDADE III

ATIVO PERMANENTE - IMOBILIZADO: DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO

ATIVO PERMANENTE......................................................................................................................112

DEPRECIAÇÃO..................................................................................................................................114

AMORTIZAÇÃO..................................................................................................................................119

EXAUSTÃO..........................................................................................................................................121

DEPRECIAÇÃO X EXAUSTÃO........................................................................................................123

CONSOLIDAÇÃO NO BALANÇO PATRIMONIAL........................................................................123

UNIDADE IV

INTRODUÇÃO À GESTÃO DE CUSTOS: SISTEMAS DE CUSTOS - CONTROLE DE ESTOQUES

TERMINOLOGIAS E NOMENCLATURAS.....................................................................................138

INTRODUÇÃO AO SISTEMA DE CUSTOS...................................................................................139

CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS....................................................................................................142

INFLUENCIA DOS MÉTODOS DE CUSTEIO NA APURAÇÃO DO RESULTADO.................156

CUSTOS NA PECUÁRIA...................................................................................................................157

CONTROLE DE ESTOQUES.............................................................................................................159

OUTRAS FORMAS DE AVALIAÇÃO DE ESTOQUES.................................................................168

UNIDADE V

TOMADA DE DECISÃO, MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO, PONTO DE EQUILÍBRIO E ALAVANCAGEM OPERACIONAL

MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO.......................................................................................................178

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PONTO DE EQUILÍBRIO...................................................................................................................185

UTILIZANDO O PONTO DE EQUILÍBRIO NA PROJEÇÃO DE CENÁRIOS CONTÁBEIS...192

GRAU DE ALAVANCAGEM OPERACIONAL................................................................................195

ESTUDO DE CASO............................................................................................................................199

CONCLUSÃO ........................................................................................................................203

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................205

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Page 15: Contabilidade Aplicada Ao Agronegócio

UNIDADE I

DA CONTABILIDADE GERAL PARA A CONTABILIDADE RELACIONADA AO AGRONEGÓCIOProfessor Me. Silvio César de CastroProfessor Esp. Robinson Pereira Santos

Objetivos de Aprendizagem

• ReconheceraContabilidadecomociênciasocial.

• ConheceroobjetivodaContabilidadeesuaabrangência.

• IdentificarosusuáriosdaContabilidadeeosatributosdainformaçãocontábil.

• Verificarassingularidadesdaatividaderuralemrelaçãoàcontabilidade.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Contabilidadeeseuposicionamentocientífico

• Objetivos,objetoecampodeatuaçãodaContabilidade

• UsuáriosdaContabilidade

• AtributosdaInformaçãoContábil

• ContabilidadeeoAgronegócio

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17CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

INTRODUÇÃO

O conceito de agribusiness ou agronegócio é a soma das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, processamentos e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles. Nesse conceito, a agricultura e a pecuária passam a ser abordadas de maneira associada aos outros agentes responsáveis por todas as atividades, que garantem a produção, transformação, distribuição e consumo de alimentos, considerando assim, a agricultura como parte de uma extensa rede de agentes econômicos. A visão sistêmica passa a ganhar importância, abrangendo todos os envolvidos desde a pesquisa até o consumidor final, desde o que comumente se chama “antes da porteira” até a “pós-porteira”.

Em julho de 2008, a Revista Veja publicou uma reportagem especial sobre as atividades que são motores de desenvolvimento sustentável e que eram responsáveis pelo crescimento do Brasil fora dos grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro. Foram destacadas oito atividades que impulsionam a economia brasileira, dentre elas, as três primeiras colocadas pertencem ao agronegócio, mais especificamente: a soja, a cana-de-açúcar e a carne (destaque para o bovino e o frango).

Não há dúvida de que a maioria dos negócios estão ligados, ou pelo menos são influenciados pelo agronegócio, seja o próprio setor alimentício, seja os seus outros diversos derivados como, por exemplo, o álcool da cana-de-açúcar (sem falar nas pesquisas de extração do produto do milho, da mamona), vestuário (por meio do bicho-da-seda e dos pelos de animais), móveis (que tenham sua composição a madeira), produtos da borracha, além de muitos outros, sem falar nas atividades auxiliares como os serviços de transportes, mão de obra profissional etc. É visível a importância do agronegócio e sua evolução, juntamente com a profissionalização do setor, na economia nacional e mundial, e imprescindível que continue marchando, trazendo a consequente prosperidade ao país.

Fonte

: PHO

TOS.

COM

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O homem, para sua sobrevivência, sempre dependeu e procurou se utilizar da melhor maneira possível dos recursos da natureza, principalmente do mundo vegetal e animal. A própria Bíblia Sagrada já tinha registro da orientação do próprio Criador: “De toda árvore do jardim comerás livremente...” e “com trabalho obterás da terra o sustento por todos os dias de tua vida”. As civilizações, portanto, dependem da exploração da terra e dos animais. Entretanto, é necessário que esta exploração seja feita de maneira responsável e com base nos estudos científicos e tecnológicos para que haja o abastecimento mundial.

Para tanto, a administração do agronegócio é essencial para que haja sustentabilidade do negócio, tanto para o empresário quanto para toda a cadeia produtiva dele dependente. Surge, então, a necessidade da contabilidade gerencial focar este segmento, utilizando-se de seus princípios, conceitos e técnicas já celebradas nos setores comerciais e industriais, com a devida adaptação para contribuir no apoio à gestão das atividades agropecuárias e agroindustriais, fornecendo informações para a tomada de decisão.

CENÁRIO ECONÔMICO DO AGRONEGÓCIO

O agronegócio brasileiro tem vivenciado um período de grande crescimento e abundância; e se destacado como uma das principais molas propulsoras no desenvolvimento do país. O setor tem batido recordes de produção e de exportações graças, principalmente, à demanda de países asiáticos como a China e a Índia. A cadeia de negócio que gira em torno do setor como as indústrias de fertilizantes; de transformação de matérias-primas; as traddings que são responsáveis pela intermediação das exportações, além dos fabricantes de máquinas e equipamentos; tem aderido a este cenário e expandido também suas fronteiras.

Nem as turbulências que o mundo enfrentou, e vários países de ponta ainda enfrentam, foram suficientes para prejudicar o setor em 2008, apesar de ter ocorrido uma desaceleração no segundo semestre. Os dados do fechamento desse ano foram surpreendentes: a maior safra

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de grãos já registrada, R$ 144 milhões de toneladas, um crescimento de quase 9,5%. Só a cana-de-açúcar teve um crescimento de 17%. As exportações atingiram a cifra de US$ 72 milhões e a diferença entre o exportado e importado (balança comercial do setor) foi de US$ 60 milhões. O faturamento anual das 400 maiores empresas do setor, entre elas a Bunge, Cargill e a brasileira JBS-Friboi, chegou a US$ 167 bilhões. O Brasil ainda registrou participação de 7% nas vendas mundiais no agronegócio.

O agronegócio representa aproximadamente 25% do PIB brasileiro e 36% das exportações, além de ser responsável por 16% dos empregos com carteira assinada. Portanto, o agronegócio é fundamental para a economia do país.

O principal destino dos produtos agrícolas e pecuários são os países da União Europeia, que respondem por cerca de 33% das exportações. Em relação a produtos, o complexo soja respondeu por 25% das exportações em 2008. Hoje já exportamos produtos do agronegócio para cerca de 180 países.

A liderança mundial no agronegócio tem sido uma tendência para o Brasil, que já é líder na exportação de soja, de carne vermelha e de frango, e para esta consolidação é preciso ampliar sua competência para atuar de modo eficiente no controle das cadeias de produção agropecuária, de modo a garantir qualidade e segurança dos produtos e das cadeias de produção. A conquista de novos mercados depende de alcançarmos padrões elevados de certificação e qualidade sanitária e fitossanitária, buscando competitividade no mercado.

O governo brasileiro também tem dado atenção ao agronegócio e prova disso é o sucesso alcançado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que é considerada a maior instituição de pesquisa agropecuária tropical do mundo. Fato este demonstrado pelos resultados de trabalhos genéticos obtidos no feijão, e que também tem se preocupado em pesquisar o uso mais produtivo da terra e da água. É um dos poucos organismos estatais que preza por profissionais competentes em detrimento de disputas políticas comuns em órgãos ligados ao governo.

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20 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Além da área de pesquisa pela Embrapa, o governo brasileiro também tem mantido temas de suma importância na sua agenda internacional para melhorar a posição do país no agronegócio mundial como, por exemplo, acordos comerciais bilaterais ou regionais entre países; acordos de temas sanitários e fitossanitários (procedimentos praticados para combater organismos vivos que possam ser de alguma forma nocivos ao meio ambiente e à saúde humana) ; além da própria promoção internacional mediante informação, organização, imagem, eventos e missões internacionais.

Felizmente, temos visto que o Brasil tem caminhado rumo a este propósito de liderança, apesar de toda dificuldade de exigências e barreiras sanitárias e fitossanitárias, além do conhecido protecionismo praticado principalmente na União Europeia, que apesar disso ainda é responsável por mais de 60% das exportações de soja em grão e carne bovina brasileiras.

Para se ter uma ideia do progresso do agronegócio, vamos verificar alguns dados em relação ao mercado da soja onde o Brasil já responde por cerca de 27% do mercado global. O Brasil começou a produzir o grão em escala mundial na década de 60 e graças a pesquisas genéticas surgiram sementes adaptadas ao clima tropical, além de novas técnicas para correção de solo, que permitiu o plantio do grão em diversas regiões, além dos tradicionais estados produtores como Rio Grande do Sul e Paraná. Hoje temos recordes de produtividade no Centro-Oeste e em Estados do Nordeste, como Bahia, Piauí e Maranhão. Consequentemente, a soja enriqueceu o solo nos lugares onde é cultivada, proporcionando também as lavouras de milho e de algodão nos períodos da sua entressafra. Atualmente, as lavouras de soja estão presentes em 21 milhões de hectares em quase 1900 municípios. Veja a seguir gráficos sobre o comportamento da comercialização da soja brasileira:

Em relação ao milho, a produção esperada para a safra 2011/2012 deve ultrapassar 61

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milhões de toneladas, um recorde, superando em 5% o volume da safra passada, informa a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

No ano de 2011, a participação do milho no Valor Bruto da Produção, segundo dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, foi excelente. Dos R$ 206 bilhões totais, cifra recorde, R$ 24 bilhões são do milho, que teve alta de 31% em relação a 2010 e deve crescer 11% em 2012. Segundo previsões da Conab, a área plantada em 2011/2012, deverá atingir 14,7 milhões de hectares, 6% a mais do que em 2010/2011.

As exportações brasileiras de milho totalizaram 8,67 milhões de toneladas até novembro último, 2,3% abaixo em relação a igual período de 2010.

Vide dados desta safra:

Outro setor do agronegócio que tem sido destaque no cenário nacional é o sucroalcooleiro. No século XVIII, foi a força que impulsionou a economia nacional, quando os canaviais sustentavam o comércio do açúcar. Hoje, o destino do processamento da cana-de-açúcar é a produção de combustível, o álcool. Graças ao novo mercado de combustível, ou seja, do biocombustível, impulsionado pelas pressões do preço do petróleo, além do fator ambiental (o etanol é menos poluente que os derivados de petróleo), o cultivo desta cultura voltou. Os empresários deste setor têm acompanhado a evolução que este mercado está exigindo, como

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a mecanização do processo produtivo e a modernização das relações de trabalho, que no passado foi pela mão de obra escrava e em um passado mais recente, pela exploração dos trabalhadores da lavoura. A presença do etanol brasileiro, além do consumo interno, está presente em vários países desenvolvidos. O produto detém 47% do mercado americano e 52% na União Europeia.

Entretanto, nos últimos dois anos temos experimentado uma sequência de aumento do preço nas bombas de combustível, tornando-se inviável o consumo, principalmente para carros biocombustíveis, devido ao custo-benefício se comparado com a gasolina. Isto se deve, principalmente, ao foco dado pelo setor para a exportação de açúcar, devido à baixa oferta do produto no mercado internacional e a demanda, principalmente da China pelo produto.

As exportações de açúcar no ano de 2010 foram de US$ 4,9 bilhões, e o mercado não tem nenhuma razão para sinalizar quedas no açúcar, pelo contrário, há colheita menor esse ano. Os usineiros brasileiros estão aproveitando esse momento para ofertar menos açúcar, na expectativa de comercializá-las em períodos mais estratégicos, ou seja, com preços mais altos, para ampliar a lucratividade.

Não podemos esquecer a pecuária. O Brasil hoje tem sido líder na produção e na exportação em dois setores de carne muito importantes para o mundo: a carne bovina e a carne de frango. Para se ter uma ideia da importância em relação à carne bovina, de cada três bifes vendidos no mundo um é oriundo de alguma fazenda brasileira. Até 2008 o rebanho nacional cresceu 32% e sua população já é quase 9% maior que a população de pessoas. A participação de empresas frigoríficas no mercado internacional, segundo dados de 2007 levantados pela Revista Veja, é expressiva: 70% da carne consumida no Uruguai é brasileira, assim como 60% da Argentina e 57% da Australiana. Já em relação ao frango, em 2007 o Brasil se tornou o maior exportador mundial superando os Estados Unidos. As exportações de frango renderam US$ 5 bilhões e o aumento da demanda duplicou a produção de aves no Centro-Oeste brasileiro que somou também em 2007 570 milhões de frangos. Além do fator exportação, que naquela ocasião foi favorecido pela gripe aviária que praticamente destruiu a produção asiática, o consumo interno

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23CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

cresceu 26% e chegou a 38 quilos per capita por ano.

Ainda no setor de carnes, o Brasil tem vivenciado grandes transformações no campo corporativo no que diz respeito às fusões. Tomemos como exemplo o que aconteceu com o grupo goiano JBS-Friboi, esse detinha até 2007, 34% da capacidade de abate dos Estados Unidos, e recentemente adquiriu o rival brasileiro Frigorífico Bertin, e está em negociação para adquirir a segunda maior empresa americana de processamento de carne de frango a Pilgrim’s Pride. E outra grande expectativa do mercado foi a megafusão da Sadia com a Perdigão, surgindo a maior processadora de carne de frango do mundo e a décima maior do setor de alimentos das Américas e segunda maior do Brasil (ficando atrás da JBS-Friboi), que passa a se chamar de Brasil Foods.

Alguns dados do gado bovino no Brasil:

Todas estas informações levantadas pelos sites do Ministério da Agricultura, portal do Agronegócio e revistas Veja e Exame (anuário 2008), mostraram alguns dados importantes em relação ao agronegócio e focamos, principalmente, as culturas mais relevantes no país (soja, cana-de-açúcar, carne bovina e de aves). Entretanto, o Brasil também tem se destacado em diversas culturas como feijão, milho, trigo, algodão, mandioca, hortigranjeiros, e ainda a criação de ovinos, caprinos, suínos, apicultura etc.

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Entretanto, não só as boas notícias permeiam o cenário do agronegócio no Brasil, principalmente no que diz respeito às exportações. Também foram levantados pelo Ministério da Agricultura alguns fatores que necessitam ser solucionados para que o país possa continuar na liderança em diversos mercados do setor, como já mencionado, e alcançar outros tantos dos quais temos imenso potencial. Alguns destes fatores são internos e dependem da vontade política e do planejamento, porém outros dependem de negociações com os países parceiros em relação às suas políticas protencionistas visando resguardar a sua população produtiva. São eles:

• Logística–transportes.

• Câmbiodesfavorávelàsexportações.

• Jurosmaisaltosquenospaísesconcorrentes.

• Distorçõesnocomérciointernacional–subsídios,“barreiras”àsimportações.

• Imagemnegativadosetor.

• Criseinternacional.

• Escala,ouporte.

• Regularidadeeuniformidadenosprodutosvendidos.

• Tradiçãoexportadora.

• Poucasmarcasfortesinternacionalmente.

• Organizaçãodaprodução,dacomercializaçãoedapolítica.

A atividade relacionada ao agronegócio abrange as atividades de exploração da terra, por meio do cultivo de lavouras e florestas ou a criação de animais, com objetivo de se obter produtos que venham a ser comercializados para uma infinidade de objetivos, tanto alimentares como industriais entre outros.

No Brasil, nos últimos anos, face ao aumento representativo da industrialização, consequentemente houve aumento da população urbana e diminuição da população rural. Mas, apesar disso, a atividade relacionada ao agronegócio continua sendo essencial no

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desenvolvimento do país. Sendo considerada como fundamental, a atividade rural cada vez mais requer melhorias tanto nos processos produtivos, como na administração da atividade. O conhecimento das condições de mercado e dos recursos naturais dá ao produtor rural os elementos básicos para o desenvolvimento de sua atividade econômica, pois permitem saber quais culturas ou criações encontram boas perspectivas de mercado e se adaptam ao clima e ao solo existente em seu estabelecimento rural.

Segundo Crepaldi (2005, p. 160) “a administração rural é, portanto, o conjunto de atividades que facilita aos produtores rurais a tomada de decisões ao nível de sua unidade de produção, o empreendimento agrícola, com o fim de obter o melhor resultado econômico, mantendo a produtividade da terra”.

Neste contexto, o principal papel do administrador rural é planejar, controlar, decidir e avaliar os resultados, visando à maximização dos lucros, à permanente motivação, ao bem-estar social de seus empregados e à satisfação de seus clientes e da comunidade. O conjunto das ações de decidir o que, quando e como produzir, controlar o andamento dos trabalhos e avaliar os resultados constitui o campo de ação do administrador rural. Para que essas decisões sejam eficazes, o administrador deve conhecer os fatores que afetam os resultados econômicos, os quais são de natureza externa e interna.

a) Fatores externos: preços dos produtos, clima, existência de mercado para os produtos, políticadecréditoefinanciamento,transporte,disponibilidadedemãodeobranaregiãoetc.

b) Fatores internos: tamanho do empreendimento agropecuário, rendimentos dos cultivos e criações,seleçãoecombinaçãodasatividadesprodutivas,eficiênciadamãodeobra,efi-ciência do equipamento, condições pessoais do administrador etc.

O Administrador não tem controle sobre os fatores externos. Deve conhecê-los para tomar as decisões que lhe permitam ajustar-se a eles, aproveitando ao máximo as condições favoráveis. Sobre os fatores internos, o administrador tem controle direto. Por isso, deve conhecê-los bem para tirar o maior proveito, acompanhando e analisando-os em relação a sua capacidade de

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prestar serviços. O controle eficiente permite que os resultados globais sejam conhecidos por meio dos resultados parciais. Isto permite agilizar as decisões durante o processo produtivo, de acordo com as etapas ou operações.

O planejamento empresarial tem um papel fundamental na gestão do empreendimento rural, pois traz inúmeros benefícios que podem ser obtidos pela forma organizada de planejar. O mais importante é forçar a administração a pensar no futuro de seus negócios, antecipando os problemas antes que eles aconteçam. O planejamento sistemático leva a administração a elaborar previsões e planos detalhados que facilitam sua análise e acompanhamento das decisões.

A atividade rural será tão mais eficiente, quanto maior for o domínio que o homem venha a ter sobre o processo de produção, que se obterá na medida do conhecimento acerca das técnicas de execução e gerência.

A administração eficiente é fator importante no sucesso de qualquer empreendimento, e é justamente nesse aspecto que o empreendimento Rural brasileiro apresenta uma de suas mais visíveis carências.

Segundo Crepaldi (2005, p. 81), “grosso modo, é possível constatar que a administração rural no Brasil ainda se desenvolve dentro de critérios bastante tradicionais ou com um padrão de desempenho inaceitável”.

A Contabilidade Rural é vista, geralmente, como uma técnica complexa em sua execução, com baixo retorno na prática. E utilizada na maioria das vezes para atendimento a legislação fiscal, sendo pouco utilizada para gestão dos negócios.

Portanto, observa-se que diversos fatores têm contribuído para que haja uma mudança quanto a este aspecto: a retirada de subsídios, incentivos fiscais ao setor e o aumento da tributação da renda agrícola vem provocando uma mudança quanto à importância da Contabilidade.

Nos segmentos mais dinâmicos do setor rural, os empresários estão sentindo a necessidade

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de ferramentas de gestão e de melhores conhecimentos administrativos, entendendo serem necessárias para a própria sobrevivência do empreendimento.

Essa conscientização tem favorecido para o interesse e procura crescente por tecnologias gerenciais que permitam uma administração verdadeiramente eficiente e competitiva. Neste contexto, a Contabilidade Rural destaca-se como principal instrumento de apoio à tomada de decisão durante a execução e o controle das operações do empreendimento Rural.

A contabilidade rural é desenvolvida dentro de um ciclo de coleta e processamento de dados que culmina com a produção e a distribuição de informações de saída, na forma de relatórios contábeis. Os relatórios devem garantir a administração de informações sobre os mais variados aspectos econômicos e financeiros do empreendimento Rural, permitindo a avaliação da situação atual e comparações com o que foi planejado.

É de extrema importância que o empresário adote uma postura bem informada, prudente e crítica na avaliação e escolha o sistema contábil que melhor se adapte à natureza das atividades de sua empresa, e analisando o custo benefício da implantação de um sistema de contabilidade rural e a própria capacidade de compreender e utilizar seus recursos.

A Contabilidade Rural é um dos principais sistemas de controle e informação das Empresas Rurais. Por meio dela é possível verificar a situação do empreendimento, sob os mais diversos enfoques, tais como análise de estrutura, de evolução, de solvência, de garantia de capitais próprios e de terceiros, de retorno de investimentos etc.

A Contabilidade Rural também fornece informações sobre condições de expandir-se, sobre a necessidade de reduzir custos e despesas, necessidades de buscar recursos, ou seja, o planejamento da atividade rural.

Neste sentido, a contabilidade é uma ciência social que tem como objeto de estudo o patrimônio das entidades. Seu objetivo é gerar informações para a tomada de decisões por parte dos usuários, que podem ser internos e externos. E ela não se restringe a um ou outro ramo empresarial. Seus conceitos e aplicações são abrangentes a qualquer que seja a atividade-fim

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do empreendimento, salvo as características típicas, como é o caso das atividades relacionadas ao agronegócio. Entre tais elementos, percebe-se que o conhecimento contábil por parte dos gestores que atuam em empreendimentos relacionados ao agronegócio, é fundamental na maximização dos resultados financeiros esperados. Pensando nesses conceitos e premissas é que esse material foi elaborado. Ele não tem a ambição de tratar de todas as facetas da contabilidade relacionada ao agronegócio, e nenhuma obra literária poderia, mas, tem o compromisso de tratar de assuntos considerados fundamentais àqueles que buscam mais conhecimento a respeito desse assunto.

CONTABILIDADE E SEU POSICIONAMENTO CIENTÍFICO

Tem-se percebido que a maioria das pessoas que nunca tiveram contato com a literatura a respeito da Contabilidade, julgam-na como uma ciência exata. No entanto, tendo a

Contabilidade objeto próprio de estudo – o Patrimônio das “entidades” – que o examina de forma mais intensa qualitativamente, buscando descrever e explicar as mutações patrimoniais, quantitativamente faz com que a mesma seja considerada como uma ciência social.

Para a contabilidade qualquer indivíduo, empresa, grupo de empresas ou entidades, setor ou divisão; desde que efetue atividade econômica e que seja tão importante que justifique um relatório separado individualizado de receitas e despesas, de investimentos e de retornos, de metas e de realizações; pode tornar-se uma entidade contábil. Nesse sentido, as propriedades rurais, independentemente das atividades desenvolvidas (agricultura, pecuária etc) satisfazem essa premissa, consideradas então entidades contábeis.

A Resolução 750/93 do Conselho Federal de Contabilidade, em seu apêndice, descreve que:

Contabilidade possui objeto próprio – o Patrimônio das Entidades – e consiste em conhecimentos obtidos por metodologia racional, com as condições de generalidade, certeza e busca das causas, em nível qualitativo semelhante às demais ciências

Fonte

: PHO

TOS.

COM

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29CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

sociais. A Resolução alicerça-se na premissa de que a Contabilidade é uma Ciência Social com plena fundamentação epistemológica. Por consequência, todas as demais classificações – método, conjunto de procedimentos, técnica, sistema, arte, para citarmos as mais correntes – referem-se a simples facetas ou aspectos da Contabilidade, usualmente concernentes à sua aplicação prática, na solução de questões concretas.

O Patrimônio também é objeto de outras ciências sociais – por exemplo, da Economia, da Administração e do Direito – que, entretanto, o estudam sob ângulos diversos daquele da Contabilidade, que o estuda nos seus aspectos quantitativos e qualitativos. A Contabilidade busca, primordialmente, apreender, no sentido mais amplo possível, e entender as mutações sofridas pelo Patrimônio, tendo em mira, muitas vezes, uma visão prospectiva de possíveis variações. As mutações tanto podem decorrer da ação do homem, quanto, embora quase sempre secundariamente, dos efeitos da natureza sobre o patrimônio.

CARACTERÍSTICAS PECULIARES DO SETOR RURAL

Segundo Crepaldi (2005), a atividade agrícola apresenta algumas características peculiares, que a distinguem das demais dos setores da economia, o qual foram enumeradas a seguir:

1) Dependência do clima: o clima condiciona a maioria das explorações agropecuárias. Determina épocas de plantio, tratos culturais, colheitas, escolhas de variedades, espécies vegetais e animais.

2) Correlação tempo de produção versus tempo de trabalho: na indústria, somente o trabalho modifica a produção de determinado bem.

Na atividade rural, além do trabalho, existe a influência muito grande da natureza no processo produtivo (processo natural).

3) Dependência de condições biológicas: o ciclo de produção da agropecuária está intimamente relacionado às condições biológicas. A sequência da produção é obedecida (não se pode interromper o desenvolvimento de uma lavoura de café para se obter soja, por exemplo).

Embora a pesquisa agropecuária possa conseguir espécies animais e variedades vegetais mais precoces e produtivas, mas ainda assim estão sujeitas às condições biológicas.

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4) Terra como participante da produção: na maioria das explorações agropecuárias, a terra participa diretamente do ciclo produtivo. Assim, é importante conhecê-la e analisá-la em suas condições químicas, físicas, biológicas e topográficas. Fatores importantes: fertilização, rotação de culturas, reflorestamento às margens dos rios.

5) Estacionalidade da produção: na atividade rural, normalmente, não existe fluxo contínuo de produção, como na indústria, podendo ter tarefas independentes uma das outras. Outra característica importante a ser destacada é o trabalho ao ar livre, podendo apresentar aspectos positivos e negativos.

6) Incidência de risco: as explorações podem ser afetadas por problemas causados pelo clima, ataque de pragas, moléstias e flutuações de preços de seus produtos.

7) Sistema de competição econômica

Algumas características:

- existência de um grande número de produtores e consumidores;

- produtos que apresentam pequena diferenciação entre si;

- aentradaeasaídanonegóciopoucoinfluenciamaofertatotal.

Uma consequência desses fatores é que o preço dos produtos é ditado pelo mercado, podendo ser até inferior aos custos de produção.

8) Produtos não uniformes: diferentemente da indústria, na agropecuária há dificuldades em se obter produtos uniformes quanto à forma, ao tamanho e à qualidade.

9) Alto custo de saída e/ou entrada: algumas explorações na atividade agrícola exigem investimentos altos em benfeitorias e máquinas e, consequentemente, condições adversas de preço e mercado devem ser suportadas a curto prazo, pois o prejuízo, ao abandonar a exploração poderá ser superior.

São exemplos de atividades com altos investimentos: cultura de café e pecuária leiteira.

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31CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Objetivos,objetoecampodeatuaçãoda contabilidade

A Contabilidade é considerada um sistema que tem como objetivo fornecer informações a uma gama de usuários. As informações são elaboradas com base no objeto de estudo da Contabilidade, ou seja, o patrimônio das entidades. Em relação ao patrimônio, que será objeto de estudo da próxima unidade, pode-se informar por hora, que são os bens, os direitos e as obrigações de cunho financeiro, ou seja, mesuráveis em moeda corrente das entidades (FIPECAFI, 2000).

Essas informações a respeito do patrimônio são disponibilizadas em forma de relatórios/demonstrações, impressas ou não, podendo ser analisadas pelos usuários sob a ótica financeira, econômica e de produtividade entre outros aspectos da entidade em questão e tem como objetivo a tomada de decisões (FIPECAFI, 2000).

Nesse ponto é importante relatar que a contabilidade, independentemente de sua aplicação e especialização é regida por meio de princípios. Nesse sentido, entre vários princípios, destacou-se dois princípios que são primordiais na contabilidade aplicada às entidades rurais, ou seja, voltadas ao agronegócio.

a) OPrincípiodaENTIDADEreconheceoPatrimôniocomoobjetodaContabilidadeeafirmaa autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa; um conjuntodepessoas;umasociedadeou instituiçãodequalquernaturezaoufinalidade,comousemfinslucrativos.Porconsequência,nestaacepção,opatrimônionãoseconfun-de com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição.

Fonte

: PHO

TOS.

COM

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32 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

A desconsideração da personalidade jurídica faz com que este princípio seja desconsiderado em razão de má-fé dos sócios, pois de acordo com a constituição federal, o direito da maioria sobrepõe o direito individual quando este não tem subterfúgios para sua sustentação.

b) Regime de competência: as receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlaciona-rem, independentemente de recebimento ou pagamento.

c) Regime de caixa é o regime contábil que apropria as receitas e despesas no período de seu recebimento ou pagamento (embolso ou desembolso), respectivamente, independente-mente do momento em que são realizadas.

A despesa só é considerada no regime de caixa, quando for paga, independente do momento em que esta foi realizada. O que se considera aqui é o momento em que foi paga.

A receita só é considerada no regime de caixa quando for recebida, independente do momento que esta foi realizada. O que se considera aqui é o momento em que foi recebida e não o momento em que foi efetuado o negócio e emitido a nota fiscal de venda.

Exemplos:

a) Vamos supor que a assinatura anual de um jornal custou R$ 120,00 e esta quantia foi paga para a editora em 4 vezes sem juros de R$ 30,00. No regime de caixa, respectivamente nofluxodecaixa,osvalorespagosserãoconsideradoseagendadosnomomentoemqueocorrerá seu pagamento, ou seja, R$ 30,00 por mês. Já no regime de competência a des-pesa deverá ser apropria R$ 10,00 por mês perfazendo um total de R$ 120,00 (período de um ano de assinatura), independente de como ela foi paga.

b) Havendo a venda de um bem para pagamento futuro, ou seja, uma venda a prazo: no regi-me de caixa a receita só será considera quando for recebida, ou seja, no dia que a parcela correspondente for quitada pelo cliente. Esse agendamento do recebimento da parcela, seráefetuadojuntoaofluxodecaixa.Jánoregimedecompetênciaareceitaéconsideradareceitaganhanomomentodanegociação,ouseja,ototaldaemissãodanotafiscaldevenda, independente do momento que será paga.

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33CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Independente do Recebimento ou pagamento. Oque interessa é quando for efetuado a negociação.O que é considerado é o quando ocorreu o fatogerador, emissor de notas fiscaisEfetuado pelo DRE-Demonstrativo de Resultado

Independente do fato gerador, ou negociação.Interessa saber quando do recebimento oupagamento (embolso/desembolso).Efetuado pelo fluxo de caixa.

A contabilidade é uma ciência de natureza econômica que tem por objetivo produzir informação para possibilitar o conhecimento do passado, presente e futuro da realidade econômica em termos quantitativos e qualitativos de todos os seus níveis organizativos, mediante a utilização de um método específico apoiado em bases suficientemente testadas, com o fim de adoção das decisões financeiras externas e as de planejamento e controles internos.

Preocupa-se com todos os acontecimentos que possam influenciar o equilíbrio patrimonial e por isso os identifica, seleciona, analisa e promove medidas, processos, avaliação e comunicação de dados, facilitando a tomada de decisão. A contabilidade desempenha um papel essencial na condução da gestão das entidades, no exame da sua eficácia e resultados.

Nesse sentido Neves e Viceconti (2000, p. 2) expõem que o campo de atuação da Contabilidade são as “entidades econômico-administrativas, assim chamadas aquelas que, para atingirem seu objetivo, seja econômico ou social, utilizam bens patrimoniais e necessitam de um órgão administrativo, que pratica atos de natureza econômica necessários aos seus fins”.

Silva (2002, p. 3) esclarece que as entidades econômico-administrativas são assim classificadas:

Fonte

: Rob

inson

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a) Entidadescomfinslucrativos–chamadasempresas,quevisamlucrosparapreservare/ouaumentar o seu patrimônio líquido. Exemplo: empresas comerciais, industriais, de serviços agrícolas etc.

b) Entidadescomfimsocioeconômico–intituladasinstituições,visamatingirsuperávitquere-verterá em benefício de seus integrantes. Exemplo: associações de classe, clubes sociais etc.

c) Entidadescomfinssociais–tambémchamadasinstituições,quetêmporobrigaçãoaten--der às necessidades da coletividade a que pertencem. Exemplo: a União, os Estados e os Municípios.

Diante do exposto pode-se afirmar que os objetivos da contabilidade são:

• procederaoregistrodaestruturasocietáriadaorganização,bemcomoalteraçõesfuturas;

• registrar,analisarecontrolaropatrimôniodasentidades;

• gerarinformaçõesparatomadadedecisãodaadministração;

• gerar informaçõespara terceiroscomvínculode interesseparacomoempreendimento(acionistas, investidores, fornecedores, governo etc.).

Silva (2002, p. 2) afirma que a Contabilidade pode ser estudada de modo geral (para todas as empresas) ou em particular (aplicada em certo ramo de atividade ou setor da economia). Assim, no estudo da Contabilidade pode-se enfocar, dentre outros, os seguintes ramos:

• ContabilidadeComercialedeServiços.

• ContabilidadeIndustrial.

• ContabilidadeBancária.

• ContabilidadeHospitalar.

• ContabilidadePública.

• ContabilidadeAgropecuária.

• ContabilidadeSecuritária.

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• ContabilidadedeTransporte(rodoviário,marítimo,aéreo).

• ContabilidadedasPessoasFísicas-AtividadeRural.

• ContabilidadedeAutônomos.

Em relação à contabilidade aplicada ao agronegócio, é necessário efetuar algumas considerações que são peculiares da atividade rural e possuem certas definições quando trazidas sob a ótica da contabilidade:

- Empresas rurais são aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra (culturas permanentes ou temporárias), da criação de animais (pecuá-ria, suinocultura, avicultura etc.) e da transformação de determinados produtos agrícolas (agroindústria). Qualquer tipo de Empresa Rural, seja familiar ou patronal, é integrada por um conjunto de recursos, denominados fatores de produção. São eles: a terra, o capital e o trabalho.

- O fator mais importante para a agropecuária é a terra, pois na terra se aplicam os capitais e se trabalha para obter a produção.

- O capital representa o conjunto de bens alocados sobre a terra com o objetivo de aumentar sua produção e ainda facilitar e melhorar a qualidade do trabalho humano.

- O trabalho é o conjunto de atividades desempenhadas pelo homem. A tarefa de administrar é também considerada trabalho, assim como lavrar a terra, cuidar de animais, construir cercas etc.

Com relação às atividades das empresas rurais, Marion (2005, p. 24) apresenta três grupos distintos:

• Produçãovegetal–atividadeagrícola.

• Produçãoanimal–atividadezootécnica.

• Indústriasrurais–atividadeagroindustrial.

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ATIVIDADES RELACIONADAS AO AGRONEGÓCIO

Atividade Agrícola

Segundo Marion (2005), agricultura é definida como a arte de cultivar a terra. Arte essa decorrente da ação do homem sobre o processo produtivo à procura da satisfação das suas necessidades básicas.

Atividade Zootécnica

A Zootécnica consiste na criação de animais, para serviços de lavoura, para consumo doméstico ou para fins industriais e comerciais.

Atividade Agroindustrial

Segundo Marion (2005), a atividade agroindustrial compreende o beneficiamento de produtos agrícolas, transformação de produtos zootécnicos e a transformação de produtos agrícolas, (cana-de-açúcar em álcool e aguardente; soja em óleo; uvas em vinho e vinagre; moagem de trigo e milho).

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Em relação às atividades associadas ao agronegócio, segundo Marion (2005) pode ser dividida nos seguintes grupos:

Fonte: Marion (2005).

CLASSIFICAÇÃO DAS LAVOURAS

Lavouras permanentes

Compreende o plantio de culturas de longa duração, que após a colheita não necessitam de novo plantio, produzindo por vários anos sucessivos. Segundo Giustina (1995), culturas permanentes ou duradouras são aquelas que duram mais de um ano e proporcionam mais de uma colheita. É o caso da cana-de-açúcar, da citricultura (laranjeira, limoeira etc.) da cafeicultura, de frutas arbóreas (maçã, pera, uva, goiaba e outros).

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Lavouras temporárias

Culturas cujo plantio de culturas é de curta duração (via de regra, menor que um ano) e que necessitam geralmente, de novo plantio após cada colheita, incluíram-se também nesta categoria as áreas das plantas forrageiras destinadas ao corte. Segundo Crepaldi (1993, p.56) “são consideradas culturas temporárias aquelas sujeitas ao replantio após a colheita com um período de vida curta, normalmente não superior a um ano”.

USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL

Anteriormente, foi abordado que as informações contábeis são destinadas aos usuários para tomada de decisões.

Segundo Silva (2002, p.3), usuários “compreendem todas as pessoas físicas e jurídicas que, direta ou indiretamente tenham interesse na avaliação da situação e do desenvolvimento da entidade, como titulares (empresas individuais), sócios acionistas, administradores, governo (fisco), fornecedores, bancos etc.”.

No entanto, verifica-se que pode existir uma variedade de usuários com necessidades de informações específicas. Nessa variedade, existem dois grupos distintos: internos e externos. A Resolução 750/93 do Conselho Federal de Contabilidade conceitua:

“os usuários internos incluem os administradores de todos os níveis, que usualmente se valem de informações mais aprofundadas e específicas acerca da Entidade, notadamente aquelas relativas ao seu ciclo operacional”.

Segundo Miranda (2002), usuários Internos são todas as pessoas ou grupos de pessoas relacionadas com o empreendimento e que têm facilidade de acesso às informações contábeis, tais como:

• Gerentes:paraatomadadedecisões.

Fonte

: PHO

TOS.

COM

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39CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

• Funcionários:cominteresseempleitearmelhorias.

• Diretoria:paraaexecuçãodeplanejamentosorganizacionais.

O usuário interno principal da informação contábil é a alta administração que pela proximidade à Contabilidade, pode solicitar a elaboração de relatórios e demonstrativos de acordo com suas necessidades específicas, auxiliando-os na gestão do negócio. Os relatórios específicos podem, além de abranger quaisquer áreas de informação (fluxo financeiro, disponibilidades, contas a pagar, contas a receber, aplicações financeiras, compra e vendas no dia ou no período e os gastos gerais de funcionamento), ser elaborados diariamente ou em curtos períodos de tempo (semana, quinzena, mês etc.), de acordo com as necessidades administrativas.

Os usuários externos concentram suas atenções, de forma geral, em aspectos mais genéricos, expressos nas demonstrações contábeis.

Para Miranda (2002), usuários Externos são todas as pessoas ou grupos de pessoas sem facilidade de acesso direto às informações, mas que as recebem de publicações das demonstrações pela entidade, tais como:

• Bancos: interessadosnasdemonstraçõesfinanceirasa fimdeanalisara concessãodefinanciamentosemediracapacidadederetornodocapitalemprestado.

• Concorrentes:interessadosemconhecerasituaçãodoempreendimentoparapoderatuarno mercado.

• Governo:quenecessitaobter informaçõessobreas receitaseasdespesasparapoderatuar sobre o resultado operacional no que concerne a sua parcela de tributação.

• Fornecedores:interessadosemconhecerasituaçãodaentidadeparapodercontinuarounão as transações comerciais com a entidade, além de medir a garantia de recebimento futuro.

• Clientes:interessadosemmediraintegridadedaentidadeeagarantiadequeseupedidoseráatendidonassuasespecificaçõesenotempoacordado.

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Atributos da informação contábil

Como a RESOLUÇÃO Nº 785/95 do Conselho Federal de Contabilidade que aprova a NBC T 1 (Normas Brasileiras de Contabilidade – Técnicas) – Características da Informação Contábil, descreve de forma completa sobre

os seus atributos e características, a mesma encontra-se reproduzida a seguir na íntegra:

1.1 – DO CONCEITO E CONTEÚDO

1.1.1 – A Contabilidade, na sua condição de ciência social, cujo objeto é o patrimônio, busca, por meio da apreensão, da quantificação, da classificação, do registro, da eventual sumarização, da demonstração, da análise e relato das mutações sofridas pelo patrimônio da entidade particularizada, a geração de informações quantitativas e qualitativas sobre ela, expressas tanto em termos físicos, quanto monetários.

1.1.2 – As informações geradas pela Contabilidade devem propiciar, aos seus usuários, base segura às suas decisões, pela compreensão do estado em que se encontra a entidade, seu desempenho, sua evolução, riscos e oportunidades que oferece.

1.1.3 – A informação contábil se expressa por diferentes meios, como demonstrações contábeis, escrituração ou registros permanentes e sistemáticos, documentos, livros, planilhas, listagens, notas explicativas, mapas, pareceres, laudos, diagnósticos, prognósticos, descrições críticas ou quaisquer outros utilizados no exercício profissional ou previstos em legislação.

1.2 – DOS USUÁRIOS

1.2.1 – Os usuários são pessoas físicas ou jurídicas com interesse na entidade, que utilizam as informações contábeis desta para seus próprios fins, de forma permanente ou transitória.

1.2.2 – Os usuários incluem, entre outros, os integrantes do mercado de capitais, investidores, presentes ou potenciais, fornecedores e demais credores, clientes, financiadores de qualquer natureza, autoridades governamentais de diversos níveis, meios de comunicação, entidades que agem em nome de outros, como associações e sindicatos, empregados, controladores, acionistas ou sócios, administradores da própria Entidade, além do público em geral.

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1.3 – DOS ATRIBUTOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL

1.3.1 – A informação contábil deve ser, em geral e antes de tudo, veraz e eqüitativa, de forma a satisfazer as necessidades comuns a um grande número de diferentes usuários, não podendo privilegiar deliberadamente a nenhum deles, considerado o fato de que os interesses destes nem sempre são coincidentes.

1.3.2 – A informação contábil, em especial aquela contida nas demonstrações contábeis, notadamente as previstas em legislação, deve propiciar revelação suficiente sobre a entidade, de modo a facilitar a concretização dos propósitos do usuário, revestindo-se de atributos, entre os quais, são indispensáveis os seguintes:

• confiabilidade;

• tempestividade;

• compreensibilidade;e

• comparabilidade.

1.4 – DA CONFIABILIDADE

1.4.1 – A confiabilidade é atributo que faz com que o usuário aceite a informação contábil e a utilize como base de decisões, configurando, pois, elemento essencial na relação entre aquele e a própria informação.

1.4.2 – A confiabilidade da informação fundamenta-se na veracidade, completeza e pertinência do seu conteúdo.

§ 1º A veracidade exige que as informações contábeis não contenham erros ou vieses, e sejam elaboradas em rigorosa consonância com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade e, na ausência de norma específica, com as técnicas e procedimentos respaldados na ciência da contabilidade, nos limites de certeza e previsão por ela possibilitados.

§ 2º A completeza diz respeito ao fato de a informação compreender todos os elementos relevantes e significativos sobre o que pretende revelar ou divulgar, como transações, previsões, análises, demonstrações, juízos ou outros elementos.

§ 3º A pertinência requer que seu conteúdo esteja de acordo com a respectiva denominação ou título.

1.5 – DA TEMPESTIVIDADE

1.5.1 – A tempestividade refere-se ao fato de que a informação contábil deve chegar ao conhecimento do usuário em tempo hábil, a fim de que este possa utilizá-la para seus fins.

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42 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

1.5.2 – Nas informações preparadas e divulgadas sistematicamente, como as demonstrações contábeis, a periodicidade deve ser mantida . Quando por qualquer motivo, inclusive de natureza legal, a periodicidade for alterada o ato e suas razões devem ser divulgados junto à própria informação.

1.6 – DA COMPREENSIBILIDADE

1.6.1 – A informação contábil deve ser exposta da forma mais compreensível possível ao usuário que se destine.

§ 1º A compreensibilidade presume que o usuário disponha de conhecimentos de Contabilidade e dos negócios e atividades da entidade, em nível que o habilite ao entendimento das informações colocadas à sua disposição, desde que se proponha a analisá-las, pelo tempo e com a profundidade necessários.

§ 2º A eventual dificuldade ou mesmo a impossibilidade de entendimento suficiente das informações contábeis por algum usuário jamais será motivo para a sua não-divulgação.

1.6.2 – A compreensibilidade concerne à clareza e objetividade com que a informação contábil é divulgada, abrangendo desde elementos de natureza formal, como a organização espacial e recursos gráficos empregados, até a redação e técnica de exposição utilizadas.

§ 1º A organização espacial, os recursos gráficos e as técnicas de exposição devem promover o entendimento integral da informação contábil, sobrepondo-se, pois, a quaisquer outros elementos, inclusive de natureza estética.

§ 2º As informações contábeis devem ser expressas no idioma nacional, sendo admitido o uso de palavras em língua estrangeira somente no caso de manifesta inexistência de palavra com significado idêntico na língua portuguesa.

1.7 – DA COMPARABILIDADE

1.7.1 – A comparabilidade deve possibilitar ao usuário o conhecimento da evolução entre determinada informação ao longo do tempo, numa mesma entidade ou em diver-sas Entidades, ou a situação destas num momento dado, com vista a possibilitar-se o conhecimento das suas posições relativas.

1.7.2 – A concretização da comparabilidade depende da conservação dos aspectos substantivos e formais das informações.

Parágrafo único – A manutenção da comparabilidade não deverá constituir elemento impeditivo da evolução qualitativa da informação contábil.

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43CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Resumo da Unidade

Contabilidade é uma ciência social que tem como objeto de estudo o patrimônio das entidades. Seu objetivo é gerar informações para a tomada de decisões por parte dos usuários, que podem ser internos e externos. No que tange à informação gerada essa requer os seguintes atributos: confiabilidade, tempestividade, compreensibilidade e comparabilidade.

A contabilidade é vista no Brasil, de forma geral, como uma ferramenta para tomada de decisões?

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Contabilidade>.<http://www.cfc.org.br/>.<http://www.eac.fea.usp.br/>.<http://www.classecontabil.com.br/>.<http://www.fipecafi.com.br/>.<http://www.bovespa.com.br/pdf/GTD_RelatorioFinal.pdf>.<http://www.agricultura.gov.br/>.<http://www.iz.ufrrj.br/zootecnia_draa/Biblioteca/Victor/Capitulo%201.pdf>.

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44 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma adequada percepção do cenário econômico é fundamental para se entender a necessidade de uma contabilidade preparada para munir os administradores rurais com as devidas informações para análise e decisão. Por isso, nossa proposta nesta unidade foi de trazer informações que posicionam o agronegócio como uma das âncoras econômicas de nosso país e de como a contabilidade, de acordo com seu posicionamento e atuação, contribui para fortalecer os empreendimentos rurais e agrega valor no seu contexto.

Entender alguns princípios básicos da contabilidade, os atributos da informação e a relação destes com o agronegócio já permite que se abra um leque de possibilidades de informação para a tomada de decisão.

ATIVIDADE DE AUTOESTUDO

Responda as seguintes questões:

1. Quais os objetivos da contabilidade?

2. Qual é o objeto de estudo da contabilidade?

3. As informações contábeis são disponibilizadas aos usuários de que forma e podem ser analisadas sob qual ótica?

4. Qual o campo de atuação da contabilidade?

5. Oqueéentidade?Comopodemserclassificadas?

6. Por que a contabilidade é considerada uma Ciência Social?

7. O que são usuários internos e externos?

8. Descreva quais os atributos da informação contábil, segundo a RESOLUÇÃO CFC Nº 785/95.

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45CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

O Manual de Contabilidade por Ações, apresenta no intervalo indicado a estrutura conceitual básica da contabilidade sob a ótica dos objetivos da contabilidade, relacionados com os usuários da informa-ção contábil e a natureza das informações geradas pela contabilidade e do seu relacionamento com outras ciências sociais.

FIPECAFI. Manual de Contabilidade das Sociedade por Ações. São Paulo: Atlas, 2000, pp. 42-44.Biblioteca CESUMAR, chamada: 657.95 F981m 5. ed.

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46 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

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UNIDADE II

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS: BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS

Professor Me. Silvio César de CastroProfessor Esp. Robinson Pereira Santos

Objetivos de Aprendizagem

• Compreenderoselementosquecompõemopatrimôniocontábil.

• Classificarositensentreativo,passivoepatrimôniolíquido.

• Identificarquaisosparâmetrosdeclassificaçãoentreculturastemporáriaseperma-nentes.

• Obteracompreensãosobrereceitasedespesas.

• CompreenderositensquecompõemoDRE.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• ConceitodePatrimônioContábil:bens,direitoseobrigações

• Classificaçãocontábilemrelaçãoàsculturasrurais

• DRE–DemonstrativodeResultadodoExercício:aspectosconceituais

• ReceitaseDespesas

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49CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Fonte

: PHO

TOS.

COM

INTRODUÇÃO

Verificamos, na unidade anterior, que o Patrimônio é o objeto de estudo da contabilidade. Portanto, é necessário discorrermos sobre o que é o Patrimônio para a contabilidade. Em que consiste e quais são as suas características.

No âmbito do agronegócio, o Patrimônio tem uma posição muito significativa devido aos altos valores necessários para que se forme este Patrimônio.

A partir deste conceito, entenderemos como se dá o Fluxo Contábil no agronegócio e iniciamos o estudo das principais demonstrações contábeis: o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício, que são fundamentais para análise e acompanhamento do negócio.

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PATRIMÔNIO CONTÁBIL

ConceitodePatrimônioContábil

Segundo Miranda (2002, p. 19), o patrimônio “é o conjunto de bens, direitos e obrigações vinculados a uma pessoa física ou jurídica, com finalidade definida e mensurável economicamente”. Diante do balanço patrimonial, o lado esquerdo acomoda o conjunto de bens e direitos pertencentes a uma entidade, e o lado direito inclui as obrigações a serem pagas por essa entidade.

Bens

Segundo Ferrari (2001), bens representam tudo o que pode ser avaliado economicamente e que satisfaça as necessidades humanas/corporativas. Exemplo: máquinas, equipamentos, estoque de grãos, implementos agrícolas, armazéns, terras, culturas permentes, animais da propriedade, infraestruturas etc.

Pode-se classificar os bens em:

• tangíveis,corpóreos,concretosoumateriais;

• intangíveis,incorpóreos,abstratosouimateriais.

Bens Tangíveis, Corpóreos, Concretos ou Materiais têm existência física; existem como coisa ou objeto.

Exemplos:

• numerários:dinheiro;

• mercadoriasemestoque,produtos,materiaisdeconsumo;

• fixosou imobilizados (representamosbensduráveis, comvidaútil superioraumano):imóveis, veículos, máquinas, instalações, equipamentos, móveis e utensílios etc.;

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51CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

• derenda:nãodestinadosaosobjetivosdoempreendimento(imóveisdestinadosàrendaou aluguel);

• deconsumo(nãoduráveisouquesãogastosouconsumidosnoprocessoprodutivo);de-poisdeconsumidos,representamdespesas:combustíveiselubrificantes,materialdees-critório, material de limpeza etc.

Bens Intangíveis, Incorpóreos, Abstratos ou Imateriais

Não possuem existência física, porém, representam uma aplicação de recursos imprescindível aos objetivos da entidade, e cujo valor reside em direitos de propriedade que são legalmente conferidos aos seus possuidores, como marcas e patentes, fórmulas ou processos de fabricação, direitos autorais, autorizações ou concessões, ponto comercial, fundo de comércio, benfeitorias em prédios de terceiros, pesquisa e desenvolvimento de produtos, custo de projetos técnicos, despesas pré-operacionais, pré-industriais, de organização, reorganização, reestruturação ou remodelação de empresas etc. (FERRARI, 2001).

Bens Móveis

São os bens que fazem parte do patrimônio das entidades que se move ou pode mover, todos os objetos materiais que se podem transportar, mudar sua localização sem perder suas características e direitos a eles inerentes.

Bens Imóveis

São aqueles bens que fazem parte do patrimônio das entidades que se não movem, são de forma geral inertes, imutáveis. Bem que não é móvel, como terreno, prédio, edifício, casa etc.

Direitos

Valores a serem recebidos de terceiros, por vendas a prazo ou valores de propriedade do empreendimento que se encontra em posse de terceiros. A Tendência é de que os valores correspondentes aos direitos se tornem bens.

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52 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Exemplos:Títulos a receber, clientes, contas a receber, notas promissórias a receber, dinheiro depositado no banco, aplicações financeiras, adiantamento a funcionários, empréstimos a sócios etc.

Propriedade

Favero et al. (1997) esclarecem que para ter propriedade é necessário possuir o legítimo poder de decisão sobre o destino do objeto. Nem sempre ser o proprietário é necessário que se tenha a posse. Um arrendamento mercantil (Leasing) de uma máquina ou veículo, pelo qual o empreendimento pagará aluguel mensal, não se caracteriza como ativo, embora o bem esteja dentro do empreendimento (posse e não propriedade).

Avaliável em Dinheiro

Qualquer bem ou direito dever ser mensurável em dinheiro para poder ser considerado como ativo de um empreendimento. Iudícibus e Marion (2000) colocam que um dos itens mais significativos que normalmente não é contabilizado como ativo, pois não tem um valor objetivo, é o que denominamos de Goodwill (traduzido para o português como Fundo de Comércio, Aviamentos, Mais Valia... traduções essas que não refletem fielmente). Para eles, inicialmente, pode-se dizer que goodwill é o valor a maior, um ágio de um empreendimento em virtude de bons serviços prestados; da imagem/reputação; dos consumidores conquistados ao longo dos anos etc. Esses aspectos considerados positivos, e outros, no momento de se avaliar um empreendimento podem representar montantes algumas vezes maiores de que seu ativo tangível, no entanto, não existe a possibilidade de se realizar uma avaliação precisa dado ao seu subjetivismo. Assim sendo, o goodwill não é demonstrado (FAVERO et al.,1997).

Benefícios Presentes ou Futuros

Favero et al. (1997) afirmam que é necessário também que o bem ou direito tenha a capacidade de trazer benefícios presentes ou futuros para o empreendimento, ou seja, tenha a potencialidade de geração de caixa. Se o empreendimento possuir um “título a receber” de

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um empreendimento falido, não teremos mais um ativo, pois não existe mais a possibilidade de convertê-lo em dinheiro, não trazendo benefício algum para sua portadora.

Obrigações

Segundo Miranda (2002, p. 18), as obrigações “constituem-se em ato da pessoa ou empresa dispor de algum bem ou serviço e que em troca destes originam um compromisso futuro de pagamento, representado por um documento, como as duplicatas a pagar”. São dívidas ou compromissos de qualquer espécie ou natureza assumidos perante terceiros, ou bens de terceiros que se encontram em posse da entidade.

Exemplos: financiamentos, empréstimos bancários, salários a pagar, impostos a pagar etc.

Patrimôniolíquido

O patrimônio líquido é constituído pela soma dos bens mais os direitos menos as obrigações, ou seja, (pl=bens+direitos-obrigações). Como o próprio nome sugere, patrimônio líquido significa a fatia de recursos que é da própria entidade, pois se somar o que ela possui (bens) mais o montante do que tem para receber (direitos) e efetuar a quitação do que ela deve (obrigações) o que resta é o líquido (patrimônio líquido).

Exemplo:

Se um empreendimento possui em bens: R$ 50.000; direitos: R$ 60.000; e em obrigações: R$40.000, seu patrimônio líquido será:

PL = 50.000 + 60.000 – 40.000

PL = 70.000

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54 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Fonte: Robinson

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55CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

BALANÇO PATRIMONIAL

Balanço Patrimonial - Aspectos Introdutórios

A demonstração que expõe, em dado momento, a posição financeira dos elementos que compõem o patrimônio (bens,

direitos, obrigações e patrimônio líquido), devidamente valorados, denomina-se Balanço Patrimonial, se o período corresponder ao exercício social do empreendimento ou Balancete Patrimonial, se for Mensal (MARION, 2004).

O Balanço Patrimonial expõe os seus componentes em agrupamentos de Ativo, Passivo Exigível e Patrimônio Líquido, de forma a permitir o reconhecimento do capital acumulado dos proprietários e de sua variação, de um período para outro. O balanço Patrimonial reflete a posição financeira em determinado momento de um empreendimento (FIPECAFI, 2000).

Ferrari (2001) afirma que obter dados do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido, analisar suas variações durante determinado período de tempo, por meio da verificação direta dos registros contábeis, é tarefa trabalhosa. Mesmo nas pequenas empresas podem ocorrer diariamente, inúmeras operações e seus registros contábeis conterem grande número de particularidades.

Daí a necessidade de resumir e apresentar os dados de forma adequada, que permitam às pessoas interessadas, conhecer a situação patrimonial do empreendimento e as variações ocorridas durante certo período de tempo.

De forma geral, o Balanço Patrimonial é um quadro (mapa, gráfico etc.) onde é demonstrada a situação econômica/financeira do empreendimento na data a que o balanço diz respeito. O balanço avalia a riqueza, isto é, o valor do empreendimento, mas não demonstra o seu resultado, apenas o apresenta em valor total, sendo a sua demonstração feita em um outro documento chamado “demonstração de resultados”. O balanço é composto por duas partes, que se encontram sempre em equilíbrio. O Ativo é igual ao Passivo mais o Patrimônio Líquido.

Fonte

: PHO

TOS.

COM

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56 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

ATIVO,PASSIVOEPATRIMÔNIOLÍQUIDO

Como já foi apresentado anteriormente, o Balanço Patrimonial abriga no seu lado esquerdo, os bens e direitos e do lado direito as obrigações e o patrimônio líquido.

Ativo

De acordo com Miranda (2002, p. 17), “o ativo representa a parte dos valores positivos do patrimônio, tudo aquilo que a entidade possui ou que ela tem a receber de terceiros. Abrange o conjunto de bens e direitos da entidade”.

O Manual de Contabilidade Societária do FIPECAFI define como Ativo os recursos controlados por uma entidade e dos quais se esperam benefícios econômicos futuros.

Passivo

O passivo representa todas as obrigações financeiras que um empreendimento terceiro, proveniente de transações passadas, realizadas na data de vencimento e beneficiário certo e conhecido. Todos passivos representam os valores negativos do patrimônio (FERRARI, 2001).

Compreende as exigibilidades e obrigações de uma entidade.

Patrimôniolíquido

O patrimônio líquido é a diferença entre os valores positivos do ativo (bens e direitos) e os valores negativos do passivo (obrigações) de uma entidade em um determinado momento.

Fonte: Silvio de Castro

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57CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

É a parte do balanço que representa o capital investido pelos sócios e está graficamente localizado no seu lado direito (MARION, 2004).

Silva (2002, p. 6) descreve que o Balanço Patrimonial é uma demonstração que relata os bens e direitos (Ativo), as obrigações e a participação dos acionistas (Passivo) do empreendimento, dando, dessa forma, a posição patrimonial e financeira do empreendimento.

O termo balanço tem a ver com balança, pois os dois lados: ativo e passivo, devem estar em harmonia, ou seja, equilibrados com os mesmos valores totais. Nesse sentido, esse aspecto é chamado de Equilíbrio Patrimonial, de onde resulta a seguinte Equação Patrimonial:

ATIVO=PASSIVOEXIGÍVEL+PATRIMÔNIOLÍQUIDO

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Ao final de um período, quando comparamos os valores do Ativo com os do Passivo, podemos obter três situações:

Pode-se afirmar, então, que a riqueza líquida ou patrimônio líquido do empreendimento pode ser medido pela seguinte equação:

PL=ATIVO–PASSIVOEXIGÍVEL

A entidade pode apresentar três situações patrimoniais:

a) PL > ATIVO - PASSIVO EXIGÍVEL → esta situação nos proporciona uma situação líquida positiva, pois os valores componentes do Ativo permitem solver as obrigações e ainda apresentam saldo.

AtivoPassivo

+ P.L.

Fonte: Os autores

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59CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

b) PL<ATIVO -PASSÍVELEXIGÍVEL →estasituaçãonosproporcionaumasituação lí-quida negativa, pois os valores componentes do Ativo NÃOsãosuficientesparacobrirasobri-gações. Quando ocorre essa situação, contabilmente dizemos que o empreendimento apresenta um Passivo a Descoberto.

c) PL = ATIVO -PASSÍVELEXIGÍVEL →esta situação nos proporciona uma situaçãolíquida nula, pois os valores do Ativo cobrem tão somente o montante das obrigações, não apresentando saldo positivo ou negativo.

Prazos no balanço patrimonial

Iudícibus e Marion (2000) esclarecem que em contabilidade Curto Prazo significa normalmente o período de até um ano.

Para facilitar a interpretação e análise do Balanço existe uma preocupação constante em estabelecer uma adequada distribuição de contas.

Duas regras básicas orientam a distribuição de contas no Balanço Patrimonial:

Prazo: em contabilidade CURTO PRAZO significa normalmente o período de até um ano.

Grau de Liquidez Decrescente: os itens de maior liquidez são classificados em primeiro plano. Os de menor liquidez aparecem em último lugar. Por exemplo, entre três contas: Estoque,

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60 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Disponível e Duplicatas a Receber, o mais líquido é o disponível (1º lugar); em segundo lugar, recebe-se mais rapidamente as duplicatas que os estoques (estes possuem uma liquidez mais lenta – 3º lugar).

Assim, pode-se relacionar tudo aquilo que o empreendimento receberá no Curto Prazo (aquilo que será transformado em dinheiro) confrontando com tudo aquilo que será pago no Curto Prazo:

Como essas contas recebidas e pagas rapidamente se renovam constantemente (estão sempre girando), foi dado o nome de Circulante (corrente), tanto para o Ativo quanto para o Passivo.

O grupo seguinte seria o das contas que o empreendimento espera muito tempo para receber (Ativo), confrontando com as contas que se demora muito para pagar (Passivo). Que são denominados, a princípio, de LONGO PRAZO.

Caso o empreendimento tenha que esperar mais de um ano para receber, pode-se denominar esse grupo de Realizável a Longo Prazo. E, por outro lado, se o período para pagar é superior a um ano, denomina-se um Exigível a Longo Prazo. Assim, no Passivo existem compromissos que se pagam relativamente rápido, (menos de um ano) e compromissos demorarão mais de um ano para se pagar (exigível a longo prazo). E o terceiro grupo será o de contas que não serão pagas enquanto o empreendimento estiver em atividade (IUDÍCIBUS E MARION,

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2000). Esses autores complementam que é o caso do Patrimônio Líquido: enquanto a empresa estiver em um processo de continuidade, não precisa pagar (não exigível) seus donos.

Iudícibus e Marion (2000) afirmam que no Ativo o que se recebe de forma mais rápida, encontra-se em primeiro lugar (circulante) posteriormente, vem o que demorar mais tempo para receber. Nesta sequência, em terceiro lugar vem o grupo dos itens que o empreendimento não receberá, pois não estão à venda, mas destinados ao uso e à renda (permanente). Esses itens permanecem muito tempo dentro do empreendimento, daí serem chamados de Permanente.

Fonte: Os autores

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PRAZOS EM CONTABILIDADE RELACIONADOS AO AGRONEGÓCIO

Um dos questionamentos frequentes em relação à contabilidade aplicada ao agronegócio, é quanto ao término do exercício social. Diferentemente do que ocorre com a maioria das empresas ao fazerem o exercício social coincidir com o ano civil, esta prática não é adequada para os empreendimentos rurais.

Segundo Marion (2005), as empresas comerciais, industriais ou de serviços, de maneira geral, têm sua receita e despesa constantes durante os meses do ano, não havendo dificuldade quanto a fixação do encerramento do exercício social para a apuração de resultado. Qualquer mês escolhido refletirá o resultado distribuído de maneira quase uniforme no decorrer dos últimos doze meses. Como dezembro é o último mês do ano civil e geralmente ocorre interrupção ou redução das atividades por férias coletivas, propicia condições adequadas para o inventário de mercadorias e consequente apuração de resultado.

Para Marion (2005) na atividade rural a concentração da receita normalmente ocorre durante ou logo após a colheita. Devido a sua produção sazonal concentrada em determinado período, muitas vezes em alguns dias do ano nada mais justo que após seu término, proceder em seguida a apuração do resultado, tão importante para a tomada de decisão, sobretudo, a respeito do que fazer no novo ano agrícola (ano agrícola é o período compreendido pela plantação, colheita e normalmente a comercialização da safra agrícola).

Por outro lado, fazer a apuração dos resultados antes da colheita, com a cultura em formação, seria quase impossível determinar com probidade o valor econômico dessa cultura.

Como exemplo, uma cultura de milho com 1 m de altura, há dois meses da colheita ou um pomar de maçãs na floração.

Também na atividade pecuária o período adequado para encerramento do exercício social não é o ano civil. O ideal é realizá-lo logo após o nascimento dos bezerros que, de maneira geral,

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63CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

se concentra em determinado período do ano. Outro critério válido é fixá-lo com base no mês em que se concentra a venda das vezes para o frigorífico.

Nas propriedades rurais em que há atividades diversificadas; agrícolas e pecuárias, o adequado será adotar como término do exercício social o mês seguinte ao da ocorrência da colheita ou receita pecuária de maior representatividade econômica para a propriedade.

Atividade Agrícola

Segundo Marion (2005), para a atividade agrícola, porém, a receita concentra-se normalmente durante ou logo após a colheita. Portanto, ao término da colheita e, quase sempre da comercialização dessa colheita, temos o encerramento do ano agrícola. O ano agrícola é definido como o período em que se planta, colhe e normalmente se comercializa a safra agrícola. Quando as empresas rurais armazenam a safra para obter melhor preço, consideram o ano agrícola o término da colheita.

Para esse autor, não existe melhor momento para medir o resultado do período senão logo após a colheita e sua respectiva comercialização. Não há lógica para esperar sete, oito meses até o final do ano para mensurar o resultado da safra agrícola.

A apuração do resultado, quando realizada logo após a colheita e a comercialização, contribui de forma mais adequada na avaliação do desempenho da safra agrícola.

Produtos agrícolas com colheitas em períodos diferentes

Para esse autor, há empresas que apresentam colheitas em períodos diferentes no ano devido à diversidade de seus produtos. Para essas situações, recomenda-se que o ano agrícola seja fixado em função da cultura que prevaleça economicamente.

Assim, se uma atividade tivesse cultura de milho, soja e cana-de-açúcar, simultaneamente, por exemplo, o ano agrícola seria fixado com base na cultura de maior representatividade econômica.

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64 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Na atividade pecuária

Segundo Marion (2005), o período adequado para o encerramento do exercício social, assim como da atividade agrícola, não é o ano civil. O ideal é realizá-lo logo após o nascimento dos bezerros ou do desmame.

Para esse autor, há empresas que planejam lotes de nascimento para determinados períodos do ano por meio de inseminação artificial ou a estação de monta, aceleração dos “cios” etc.

Havendo a ocorrência do nascimento de bezerros, a contabilidade por intermédio de relatórios contábeis, informará os usuários sobre tal fato. Para tanto, há necessidade do encerramento do exercício social e da confecção do balanço patrimonial.

Segundo Marion (2005), o raciocínio que se deve utilizar aqui é o mesmo utilizado para a colheita agrícola. Nesse caso, o bezerro será o “fruto”, o produto final que valoriza o patrimônio do empreendimento.

As empresas que não planejam períodos de nascimento terão dificuldades na fixação do mês de encerramento, porque os nascimentos se espalham pelo ano inteiro. Mesmo assim, existirá uma concentração de nascimento que determinará o mês de término do exercício social.

Exercício social e o imposto de renda

Segundo Marion (2005), com o advento da Lei nº 7.450/85, o Imposto de Renda tornou-se obrigatório para todas as empresas, o exercício social coincidindo com o ano civil, ou seja, de 01/01 a 31/12. Esta imposição veio trazer sérios prejuízos à contabilidade rural, já que este setor, necessariamente, deveria ter seu exercício social coincidente com o ano agrícola para melhor avaliar o desempenho do empreendimento.

Porém, para fins gerenciais nada impede que as empresas rurais mantenham períodos do ano agrícola para melhor gestão de suas atividades.

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65CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

FLUXO CONTÁBIL NA ATIVIDADE AGRÍCOLA

Culturas Temporárias

Segundo Marion (2005), no que tange à Contabilidade Agrícola, devemos considerar basicamente o tipo de cultura existente, que de acordo com Marion (2005, p.38), “cultura temporária ou cultura permanente (perene)”.

Para esse autor, as culturas temporárias são aquelas sujeitas ao replantio após a colheita. Normalmente, o período de vida é curto, conhecido também como anual. E após a colheita são arrancados do solo para que seja realizado novo plantio. Exemplos: milho, feijão, soja, batata, legumes etc.

Esses produtos são contabilizados no Ativo Circulante como se fossem um “estoque em andamento” em uma indústria. Desta forma, todos os custos serão acumulados em uma subconta com o título específico da cultura em formação da conta “Culturas Temporárias”. São exemplos de custos que compõem esta rubrica: sementes, fertilizantes, mudas, demarcações, mão de obra, encargos sociais, combustível, seguro, inseticidas, depreciação de tratores e outros.

Observe-se que em se tratando de uma única cultura, todos os custos se tornam diretos à cultura, sendo apropriados diretamente. Todavia, existindo várias culturas, fato que ocorre com maior frequência, há a necessidade do rateio dos custos indiretos, proporcionalmente a cada cultura.

Custo x Despesa

Segundo Marion (2005), para facilitar a comunicação deste assunto, consideram-se custo de cultura todos os gastos identificáveis direta ou indiretamente com a cultura (ou produto), como sementes, adubos, mão de obra, combustível, depreciação de máquinas e equipamentos utilizados na cultura, serviços agronômicos, topográficos etc.

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66 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Para esse autor, como despesa do período entende-se todos os gastos não identificáveis com a cultura, não sendo, portanto, acumulados nos estoque (culturas temporárias), mas apropriados como despesa do período. São as despesas de venda (propaganda, comissão dos vendedores etc.), despesas administrativas (honorários dos diretores, pessoal de escritório etc.) e despesas financeiras (juros, correção monetária etc).

Todo o custo da colheita será acumulado na conta “Cultura Temporária” e após o término da colheita, essa conta será baixada pelo seu valor de custo e transferida para uma nova conta, denominada “Produtos agrícolas”, sendo especificado como subconta, o tipo de produto (soja, milho, batata).

Embora não se assemelhe a um estoque em formação, mas a um estoque acabado, recolhido ao depósito ou ao armazém, essa conta também compõe o Ativo Circulante.

Para o autor, a essa conta, “produtos agrícolas”, são somados todos os custos posteriores à colheita (para acabamento do produto ou para deixá-lo em condições de ser vendido, consumido ou reaplicado, tais como beneficiamento, acondicionamento etc.) e todos os custos para manutenção desse estoque: silagem, congelamento etc.

Segundo Marion (2005), à medida que a produção agrícola for vendida, dá-se proporcionalmente baixa na conta “Produtos Agrícolas”, e transfere-se o valor de custo para a conta “Custo do Produto Vendido” (resultado), especificando-se o tipo de produto agrícola vendido (trigo, soja, tomate etc.). Dessa forma, haverá o confronto entre a Receita e o Custo do Produto vendido, podendo-se apurar o Lucro bruto.

Custo de armazenagem

De acordo com Marion (2005), quando o produto agrícola estiver pronto para venda, totalmen-te acabado, não devendo sofrer mais nenhuma alteração, é comum, em alguns casos, armaze-ná-lo no sentido de vendê-lo em momento oportuno, esperando-se o preço oscilar para cima.

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67CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Estes gastos são normalmente tratados como Despesa de Vendas, no grupo Despesa Operacional, e não Custo do Produto. Dessa forma, são considerados custo do período e não do produto.

Para esse autor, todavia, considerando que o produto agrícola pode ficar em estoque para vendas futuras (especulações), algumas vezes ultrapassando um ano, há quem prefira contabilizar o gasto de armazenamento acumulando no custo (estoque), identificando melhor o custo do produto no momento da venda.

Culturas permanentes

De acordo com Marion (2005), são aquelas que permanecem vinculadas ao solo e proporcionam mais de uma colheita ou produção. Normalmente, atribui-se às culturas permanentes uma duração mínima de quatro anos. Porém, entendemos que basta apenas a cultura durar mais de um ano e propiciar mais de uma colheita para ser permanente. São exemplos: a cultura da cana-de-açúcar, a cultura da citricultura, da cafeicultura, da silvicultura, oleicultura, praticamente todas as frutas arbóreas (maçã, pera, jaca, jabuticaba, goiaba, uva...).

Segundo Marion (2005), os custos necessários para a formação da cultura serão considerados Ativo Permanente – Imobilizado. Os principais custos são: adubação, formicidas, forragem, fungicida, herbicidas, mão de obra, encargos sociais, manutenção, arrendamento de equipamentos e terras, seguro da cultura, preparo do solo, serviços de terceiros, sementes, mudas, irrigação, produtos químicos, depreciação de equipamentos utilizados na cultura etc.

Para esse autor, vale ressaltar que as despesas administrativas de vendas e financeiras não compõem o gasto de formação da cultura, mas são apropriadas diretamente como “despesa do período” e não são, portanto, ativadas. Os custos para formação da cultura são acumulados na conta “Cultura Permanente em Formação” da mesma forma como acontece com a conta “Imobilização em andamento” ou em curso em uma indústria.

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Dentro da conta “Cultura Permanente em Formação” há subcontas que indicam especificamente o tipo de cultura: café, pastagem, reflorestamento (araucária, eucaliptos...), guaraná, seringueira etc.

De acordo com Marion (2005), após a formação da cultura, que pode levar vários anos (antes do primeiro ciclo de produção ou maturidade, ou antes, da primeira florada, ou da primeira produção), transfere-se o valor acumulado da conta “Cultura Permanente em Formação” para a conta “Cultura Permanente Formada”, identificando-se uma subconta por tipo de cultura específica.

Segundo Marion (2005), comparando-se tal fato com uma indústria que constrói máquinas para seu próprio uso, estaríamos no estágio em que a máquina está pronta para produzir. Daí por diante, na fase produtiva, os custos já não compõem o imobilizado, mas são tratados como estoque em formação e são acumulados ao produto que está sendo formado.

Há caso em que a cultura permanente não passa do estágio de cultura em formação para cultura formada, pois no momento de se considerar acabada ela é ceifada.

Exemplos: cana-de-açúcar, palmito, eucalipto, pinho e outras.

Colheita ou produção (da cultura permanente)

De acordo com Marion (2005), a partir deste momento a preocupação é com a primeira colheita ou primeira produção, com sua contabilização e apuração do custo.

A colheita caracteriza-se, portanto, como um estoque em andamento, uma produção em formação, destinada à venda. Daí sua classificação no Ativo Circulante. Como o ciclo de floração, formação e maturação do produto normalmente é longo, pode-se criar uma conta de “colheita em andamento”, sempre identificando o tipo de produto que vai ser colhido.

Para esse autor, essa conta é composta de todos os custos necessários para a realização da

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69CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

colheita: mão de obra e respectivos encargos sociais (poda, capina, aplicação de herbicida, desbrota, raleação), produtos químicos (para manutenção da árvore, das flores, dos frutos), custo do combate às formigas e outros insetos, seguro da safra, secagem da colheita, serviços de terceiros etc.

Adiciona-se ao custo da colheita a depreciação (ou exaustão) da “cultura Permanente Formada”, sendo considerada as quotas anuais compatíveis com o tempo de vida útil de cada cultura. A Depreciação/Exaustão, normalmente, é o principal item do cálculo do custo da colheita.

Se durante a colheita ou qualquer momento forem aplicados recursos à cultura permanente para melhorar a produtividade ao longo dos anos ou aumentar a vida útil da cultura, evidentemente não se deve sobrecarregar a safra do ano, mas o imobilizado, e este ativo será diluído às safras por meio da depreciação (ou exaustão).

Segundo Marion (2005), após o término da colheita transfere-se o total acumulado de “colheita em andamento” para “ Produtos Agrícolas”. Nessa conta são acumulados, se houver, custos de beneficiamentos, de acondicionamentos (embalagens), de silagem etc.

À medida que a produção agrícola é vendida, dá-se proporcionalmente baixa na conta “Produtos Agrícolas” e transfere-se o valor do custo para conta “Custo do Produto Vendido” (resultado do exercício). Desta forma, haverá o confronto entre a Receita e o Custo do Produto Vendido, podendo-se apurar o Lucro Bruto.

NOVOS PROJETOS AGROPECUÁRIOS E OS GASTOS DE MELHORIAS

Gastos pré-operacionais

As culturas permanentes, normalmente, têm um período de formação e crescimento, período pré-operacional relativamente longo. Nesse período, caso não haja outra receita operacional, não haverá apuração do resultado.

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No período pré-operacional, os gastos não identificados diretamente com a cultura, como despesas com propagandas administrativas; financeiras, despesas com pesquisas e outras deveriam ser acumuladas em uma conta denominada de “Gastos pré-operacionais” no Ativo Permanente – Diferido. Esta, por sua vez, sofria a amortização proporcional às quantidades de colheitas previstas para aquela cultura.

Entretanto, com as adequações às normas internacionais de contabilidade estes gastos passaram a ser considerados diretamente como despesas operacionais no resultado do exercício em virtude de não atender ao conceito de Ativo, mas sim ao de despesa. A exceção é a possibilidade desses gastos serem integrados a um Ativo Imobilizado, corforme reza o Pronunciamento Técnico CPC 27 – Ativo Imobilizado.

Melhorias

Segundo Marion (2005), os gastos para tornar a terra agricultável, como destocamento, desmatamento, terraplanagem, desvios de leitos de rios ou córregos para irrigação, nivelamento do solo etc., têm recebido dois tratamentos. Uns os tratam como valorização da terra e, portanto, os adicionam ao valor da terra. Outros os consideram como custo ativado, amortizando-os em vários períodos.

Para esse autor, os que seguem esta classificação, tais gastos deverão ser ativados no Ativo Diferido, subconta “melhorias”, sendo esse termo definido como incremento na capacidade produtiva, que envolve reforma significativa no Ativo da propriedade do empreendimento, havendo alterações técnicas e de produtividade naquele ativo. A apropriação desses gastos como custo do período denomina-se amortização que é realizada no período mínimo de cinco anos e no prazo máximo de dez anos.

Os corretivos aplicados ao solo, ao beneficiarem vários períodos, também serão classificados no Ativo Diferido, subconta “corretivos” e serão amortizados de acordo com a quantidade de períodos ou número de culturas que irão beneficiar.

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Origens e aplicações

No desempenho de suas atividades, as pessoas jurídicas podem contar com recursos provenientes de duas origens ou fontes:

1. Recursos próprios: (capital dos sócios + lucro) = (patrimônio líquido).

2. Recursosdeterceiros:(fornecedores,instituiçõesfinanceiras,governo)=(passívelexigí-vel).

De acordo com Iudícibus e Marion (2000, p.35), “o lado do Passivo, tanto Capital de Terceiros (Passível Exigível) como Capital Próprio (Patrimônio Líquido), representa toda a fonte de recursos, toda a origem de capital. Nenhum recurso entra na empresa se não for via Passivo ou Patrimônio Líquido”.

Os resultados positivos apurados nas atividades empresariais também representam recursos próprios, uma vez que não correspondem às obrigações (lucro). Portanto, são recursos próprios os decorrentes de receitas, lucros e ganhos obtidos pela sociedade em transações com terceiros, tais como os rendimentos auferidos com aplicações financeiras, aluguéis de imóveis próprios, lucro na venda de mercadorias, produtos e serviços.

Iudícibus e Marion (2000) relatam que o lado do Ativo é caracterizado pela aplicação dos recursos originados no Passivo e Patrimônio Líquido. Assim sendo, o lado do ativo deve ser igual a do passivo, ou origens igual às aplicações.

O ativo representa as aplicações ou usos dos recursos obtidos. A análise do passivo exigível e do patrimônio líquido possibilita a identificação das origens ou fontes. Já a análise do ativo torna possível saber de que maneira os recursos obtidos estão sendo utilizados. Os recursos podem estar aplicados em estoques de mercadorias, bens de uso, disponibilidades financeiras, contas a receber etc. Desta forma, a pessoa jurídica obtém capital próprio e capital de terceiros e os aplica nos bens e direitos que constituem o ativo.

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Iudícibus e Marion (2000), descrevem que um dos aspectos importantes do passivo é avaliar a estrutura do capital: capital de terceiros e o capital próprio. Quanto maior for o capital de terceiros, mais o empreendimento estará endividado e ao analisar este item pode-se avaliar e pode-se detectar ainda, para quem se deve, qual o prazo (circulante ou longo prazo) desta dívida e o custo da mesma.

Balanço patrimonial: grupo de contas

De acordo com o quadro anterior, o balanço patrimonial possui algumas divisões, em relação a prazos e natureza das contas. O objetivo agora é realizar uma explanação a respeito das principais contas que compõe cada um desses grupos.

Estrutura patrimonial

Enquanto vigorou a lei 6.404/76, que regulamentava as Sociedades por Ações, aplicável às demais sociedades, a estrutura patrimonial era dividida da seguinte forma:

Em 2007, com a publicação da lei 11.638/07, que se converteu na lei 11.941/09, com a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), a contabilidade brasileira vem sofrendo uma grande evolução, com objetivo de convergir suas normas às Normas Internacionais de Contabilidade, emitidas pelo International Accounting Standards (IASB).

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73CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Dessa forma, a nova estrutura patrimonial das entidades ficou definida conforme a seguir:

Ativo

No ativo estão representadas as contas em que se registram os bens e os direitos do empreendimento.

De acordo com a lei das Sociedades por Ações (Lei 6404/76), no Ativo as contas devem ser dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nela registrados.

O Ativo é dividido em:

• AtivoCirculante.

• AtivoNãoCirculante.

Ativo Circulante: Serão classificados aqui todos os bens e direitos já convertidos em dinheiro ou que se transformarão em dinheiro até o término do exercício seguinte.

Os valores numerários disponíveis em caixa e os valores em estabelecimentos bancários com direito a imediata utilização.

Créditos a receber decorrentes de vendas a prazo e outras operações a prazo realizadas pela empresa. Os valores correspondentes a títulos a receber, adiantamentos, impostos a recuperar e outros direitos a receber a curto prazo.

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Os estoques, mercadorias adquiridas para revenda e demais itens adquiridos para o almoxarifado. Nas empresas industriais, teríamos também o estoque de matérias-primas, estoque de produtos em elaboração e estoque de produtos acabados.

Caixa: destina-se a registrar as entradas e saídas de numerário, bem como cheques em mãos, recebidos e ainda não depositados, pagáveis irrestrita e imediatamente.

Bancos Conta Movimento: destina-se a registrar as entradas e saídas de numerários, cheques depósitos, avisos de crédito e de débito relativos às operações do empreendimento.

Aplicações Financeiras de Curto Prazo: destina-se a registrar os valores aplicados pela empresa junto às instituições financeiras.

Clientes ou Duplicatas a Receber de Clientes: destina-se a registrar as vendas a prazo relativas às atividades do empreendimento.

Estoques: representam ativos (insumos) adquiridos, em processo de elaboração e de produtos disponíveis para venda de acordo com a atividade-fim do empreendimento. Geralmente, estão subdivididos em:

• EstoquesdeMatérias-primas.

• EstoquesdeProdutosemElaboração.

• EstoquesdeProdutosAcabados.

• EstoquesdeMateriaisDiversos.

ICMS a Recuperar: destina-se a registrar os valores dos créditos relativos ao ICMS constante nas notas fiscais de entrada (compra) de insumos relacionados com a atividade do empreendimento.

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75CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

ATIVO NÃO CIRCULANTE: neste grupo são contempladas contas de natureza similar ao Ativo Circulante (com exceção absoluta do grupo “Disponibilidades”), mas que serão realizadas após o término do exercício seguinte, ou em um prazo superior a um ano. Além destas, contempla o Ativo Fixo (Investimentos, Imobilizado e Intangível). Portanto, está dividido em dois subgrupos: o “Realizável a Longo Prazo” e o “Permanente”.

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO: são classificáveis no Realizável a Longo Prazo as contas da mesma natureza que as do Ativo Circulante, que tenham a sua realização certa ou provável após o término do exercício seguinte (após 360 dias), bem como os créditos de coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou participantes no lucro originados de transações não usuais ao objeto da companhia, estas transações podem ser decorrentes de:

ICMS a Recuperar: destina-se a registrar os valores dos créditos relativos ao ICMS constante nas notas fiscais de entrada (compra) de insumos relacionados com a atividade do empreendimento que serão, no entanto, recuperadas após 360 dias.

Empréstimos ou adiantamentos: pode ser aos diretores, acionistas ou outros participantes no lucro, o qual o empreendimento receberá após 360 dias.

Clientes ou Duplicatas a Receber de Clientes: destina-se a registrar as vendas a prazo, relativas às atividades do empreendimento, o qual o recebimento se dará após 360 dias.

ATIVO PERMANENTE: serão registrados neste grupo os bens e direitos de caráter permanente na empresa, ou seja, aqueles que o empreendimento não tem interesse de negociar e que são utilizados em processo operacional de geração de caixa.

Investimentos: a característica principal deste subgrupo do Ativo é a condição de permanente, ou seja, não se trata de uma aplicação de recurso de forma temporária ou especulativa, portanto não classificável como realizável, ainda que não se destine à manutenção do empreendimento. Podem ser:

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• Participaçõespermanentesemoutrasempresas.

• Aquisiçãodeimóveis,desdequenãosejampararevendaoudestinadosàmanutençãodasatividades do empreendimento.

• Obrasdearte.

Imobilizado: constituem Ativos Imobilizados os bens e direitos de natureza permanente, destinados à manutenção das atividades do empreendimento que incluem:

Integram ainda o imobilizado os recursos já aplicados em bens de natureza anteriormente citados, mesmo que ainda não estejam em operação, mas que se destinam a essa finalidade como, por exemplo, construções em andamento, importações em andamento etc., e os bens de caráter permanente, não destinados ao uso nas operações e que poderão vir a ser utilizados em futuras expansões, como pode acontecer com terrenos, por exemplo, enquanto

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não for definida sua destinação deverão ser classificados como investimentos. A transferência para o imobilizado dar-se-á quando for definida a sua utilização e iniciada a fase de expansão.

Intangível: este grupo possui o registro de bens incorpóreos (não palpáveis), ativos não monetários. São três pontos fundamentais para se classificar um ativo como intangível: a) identificação; b) controle; e c) geração de benefícios. Este grupo foi criado pela recente reforma na lei das Sociedades por Ações, e é o reconhecimento do chamado fundo de comércio (goodwill), do capital humano entre outros.

Passivo

O Passivo de um empreendimento consiste em obrigações pagáveis em dinheiro, mercadorias ou serviços. Essas obrigações são geralmente provenientes da aquisição de um Ativo, da prestação de um serviço, ou então, surgem de um prejuízo ou despesas incorridos pela empresa.

No Balanço, os elementos do Passivo deverão ser, preferencialmente, validados de acordo com os seguintes critérios:

a) Obrigações, encargos e riscos conhecidos ou calculáveis, inclusive o Imposto de Renda a pagar com base no resultado do exercício, serão computados pelo valor atualizado até a data do balanço.

b) Obrigações em moedas estrangeiras, com cláusula de paridade cambial, serão convertidas em moeda nacional à taxa de câmbio em vigor na data do balanço.

c) Obrigações sujeitas à correção monetária serão atualizadas até a data do balanço, de acordo com o índice de atualização respectivos.

O Passivo é dividido em:

• PassivoCirculante.

• PassivoNãoCirculante.

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• PatrimônioLíquido.

Passivo circulante: neste grupo são escrituradas as obrigações do empreendimento, inclusive financiamento para aquisição de direitos do ativo permanente, quando venceram no exercício seguinte ao do levantamento do Balanço.

No Passivo Circulante encontraremos as seguintes principais contas:

Empréstimos e Financiamentos: destina-se a registrar os valores emprestados de instituições financeiras, tais como contas garantidas, cheques especiais, e empréstimos em geral.

Salários e Ordenados a Pagar: representa os valores relativos aos salários devidos pela empresa aos seus funcionários quando o empreendimento não efetua o pagamento dentro do próprio mês.

ICMS a Recolher: representa os valores relativos às obrigações do empreendimento com o Governo Estadual no que se refere às vendas efetuadas com incidência desse imposto.

Fornecedores: destina-se a registrar as aquisições de matérias-primas, ativo permanente, uso e consumo, serviços adquiridos para pagamentos a prazo.

PASSIVO NÃO CIRCULANTE: neste grupo são escrituradas as obrigações do empreendimento, inclusive financiamento para aquisição de direitos do ativo permanente, que vencerão após o término do exercício seguinte ao do levantamento do Balanço.

Passivo Exigível a Longo Prazo: neste grupo são escrituradas as obrigações do empreendimento vencíveis após o exercício seguinte, inclusive financiamentos para a aquisição de direitos do ativo permanente.

É formado pelos seguintes subgrupos:

• EmpréstimoseFinanciamentos.

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• ProvisãoparaImpostodeRenda.

• Fornecedores.

• ProvisãoparaRiscosFiscaiseOutrosPassivosContingentes.

Patrimôniolíquido

O Patrimônio Líquido é representado basicamente pelos recursos colocados na empresa, na forma de capital, pelos acionistas ou quotistas e pelos lucros que o empreendimento tiver apurado das suas atividades e que não tenham sido retirados como dividendos pelos acionistas ou quotistas.

A conta Capital compreenderá o valor dos recursos investidos pelos proprietários na empresa, e será modificado somente quando houver alteração do contrato social, decisão em assembleias, dependendo do tipo de sociedade.

Na conta Lucros ou Prejuízos Acumulados estarão classificados os resultados acumulados decorrentes das atividades do empreendimento em períodos anteriores, sejam lucros ou prejuízos. Também serão classificados neste subgrupo os resultados obtidos pelas empresas durante o período.

CONTASDEDUTIVAS,REDUTORASOURETIFICADORAS

São contas que são assim denominadas por serem de naturezas inversas aos grupos aos quais pertencem.

As principais contas redutoras de ativo são:

Provisão para devedores duvidosos: destina-se a registrar os valores relativos às possíveis perdas no recebimento de títulos.

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Duplicatas descontadas: utilizada para registrar os valores que são entregues às instituições financeiras nas operações de desconto de recebíveis para captação de recursos para capital de giro.

Depreciação acumulada: registra por meio de metodologia própria a perda do valor dos itens do ativo imobilizado por uso desgaste ou obsolescência (ver unidade IV).

E a principal conta redutora do patrimônio líquido é:

Prejuízos acumulados: resgistra o resultado negativo de um perído de avaliação das receitas versus as despesas de um empreendimento. Para que o resultado da avaliação seja prejuízo, as despesas foram maiores que as despesas no mesmo período.

Exemplos:

No Ativo Circulante ou Realizável a Longo Prazo:

Ativo Permanente, Imobilizado:

Patrimônio Líquido:

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81CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Fonte: Os autores

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Balanço patrimonial: plano de contas simplificado

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83CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Balanços sucessivos

Segundo Silva (2002, p. 85), “a Contabilidade por Balanços Sucessivos é bastante simples: a cada operação realizada pela empresa faz-se a alteração em um novo balanço”.

Diante disso, basta averiguar se as modificações evidenciadas no balanço estão corretas ou não, observando:

• SeototaldoladoAtivoéigualaototaldoladoPassivo+PatrimônioLíquido.

• SeovalordaoperaçãoinseridonobalançonoladodoAtivoéigualaodoladodoPassivo+ PL.

• SeacontrapartidadeumaumentodoladoAtivofoievidenciadanoladoPassivooudimi-nuída do próprio lado do Ativo (no caso de operações permutativas do ativo e passivo).

Silva argumenta que a contabilidade por balanços sucessivos, embora seja correta e facilite a visualização do processo contábil, apresenta uma inconveniência no seu aspecto prático: não é recomendável quando o empreendimento realiza muitas operações (que é o caso de quase todas as empresas). Imaginemos um empreendimento com mil operações diárias: teríamos que fazer mil balanços sucessivos, o que seria impraticável. Dessa forma, sem perder de vista esta metodologia, utiliza-se outro processo mais rápido e prático: o controle individual por contas, registrando-se aumentos e diminuições em cada conta isoladamente. Ao final de um período determinado, relacionam-se todas as contas, de forma resumida e ordenada, e chega--se ao Balanço Patrimonial.

Segundo Favero et al. (1997, p. 71), “o Balanço Patrimonial nada mais é do que o inventário de todos os bens, direitos e obrigações em determinado momento”.

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Para o autor, com a evolução do comércio e dos negócios, há necessidade permanente de se ter em mãos informações sobre a situação econômico-financeira do empreendimento. Por isso é que existem, hoje, sistemas complexos para obtenção dessas informações, procurando registrar as variações ocorridas no patrimônio, visto que não seria viável a cada mês, semana ou mesmo diariamente efetuar um inventário de todos os bens, direitos e obrigações do empreendimento.

No entanto, trata-se de um poderosa ferramente de aprendizagem na Contabilidade, tendo em vista sua facilidade de visualização dos acontecimentos ocorridos no balanço patrimonial.

Apresentação da metodologia

1. Os sócios A e B integralizaram em dinheiro em sua empresa recém-aberta o valor de R$10.000 cada, que foi depositado diretamente na conta corrente bancária da empresa.

O Balanço ficaria assim:

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85CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

2. Compra a prazo de sementes e abudos para o plantio no valor de R$ 7.000, pagamento para 30 dias.

Fica o novo balanço da seguinte forma:

Estoques MatériaPrima

3. Aquisição de um trator para uso na empresa pelo valor de R$ 50.000, financiado pelo Banco.

O Balanço Patrimonial após a contabilização dessa operação apresenta-se da seguinte forma:

Estoques Matéria Prima

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4. Aquisição a prazo de materiais diversos (ferramentas e lubrificantes) no valor de R$ 1.000,00. O pagamento à vista.

Nosso balanço patrimonial, após esta operação, fica estruturada da seguinte forma.

Como mencionamos anteriormente, o objetivo da metodologia dos balanços sucessivos é demonstrar como se forma o balanço patrimonial de uma empresa, visto que cada evento, ou fato administrativo, altera a posição dos elementos da estrutura patrimonial.

Observe que os eventos apresentados neste exemplo não se referiam às operações que influenciam o resultado da empresa, ou seja, que venham a trazer lucro ou prejuízo. Ao estudarmos a Demonstração do Resultado do Exercício trataremos destas operações.

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DRE – DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DOEXERCÍCIO

Aspectos conceituais

Também denominada Demonstração da Dinâmica Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício evidencia, de uma forma estruturada, os componentes que provocaram a alteração na situação líquida patrimonial (patrimônio líquido) em determinado período. Ela é elaborada seguindo o princípio de confrontação das receitas com as despesas. Como o próprio

nome diz, este relatório evidencia (demonstra) o resultado (lucro ou prejuízo) que a empresa obteve em um determinado período (ano, semestre, bimestre, mês). Por isso, trata-se da demonstração que evidencia o lucro ou prejuízo da entidade em questão de um determinado período. Se as despesas forem maior que as receitas, o resultado será prejuízo. Contrariamente, se as receitas forem maior que as despesas, o resultado será lucro no período.

Segundo Iudícibus et al. (2009), a apresentação da DRE é de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas subtraem-se as despesas até que seja encontrado o lucro ou prejuízo.

Receitas

Segundo Ferrari (2001), receita representa a entrada de recursos para o Ativo, sob forma de dinheiro, direitos a receber e outros. Entre outras formas, tem origem nas vendas de mercadorias (empresa comercial), de produtos (empresa industrial) ou serviços (empresa prestadora de serviços). São entradas de elementos para o ativo do empreendimento, na

Fonte

: PHO

TOS.

COM

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forma de bens ou direitos que sempre provocam um aumento da situação líquida.

Na atividade rural, as receitas correspondem ao valor obtido com a venda da produção e a exploração das atividades desenvolvidas pelos estabelecimentos, tais como: venda de produtos vegetais, de flores, plantas ornamentais e gramas, de animais e produtos de origem animal, de rãs e peixes, produtos transformados nos estabelecimentos (indústria rural), serviços industriais ou outros serviços prestados a terceiros, exploração mineral, venda de máquinas, veículos e implementos e outras receitas.

Custos

Gastos com o consumo de um fator de produção, medido em termos monetários para obtenção de um produto, de um serviço, ou de uma atividade que deverá gerar receitas. São considerados custos a remuneração dos fatores de produção (mão de obra, capital, máquinas, instalações, materiais e serviços) utilizados na preparação e execução de um processo produtivo.

Os custos de produção estão subdivididos, contabilmente, em três categorias:

• Matéria-prima.

• Mãodeobradireta.

• Custosindiretosdeprodução.

Devido à grande importância dos custos na apuração do resultado de uma empresa, pois este influencia o preço de venda, assim como a complexidade no seu rateio aos produtos desenvolvidos, vamos aprofundar um pouco mais neste assunto em uma unidade específica.

Despesas

Ferrari (2001, p. 86) conceitua despesas como “variações negativas do patrimônio líquido. Entre outras formas, tem origem no consumo de bens e na utilização de serviços. Visam, direta ou indiretamente, à obtenção de receitas”.

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Favero et al. (1997, p. 95) descrevem que “despesa representa os sacrifícios de recursos com que a entidade se vê obrigada a arcar para a obtenção da receita”. Exemplificando: para que um empreendimento possa comercializar certo produto, vários “esforços” financeiros ocorrem para colocar esse produto em condições de comercialização. São efetuados gastos com a aquisição das mercadorias, transporte, estocagem, mão de obra etc., representam os sacrifícios financeiros efetuados para que o empreendimento possa obter a receita da comercialização das mercadorias. O autor lembra que nunca é tarde lembrar que em condições normais esse sacrifício não deve superar os benefícios esperados, pois nesse caso não valeria a pena tal esforço, ou seja, as despesas seriam superiores às receitas e conclusivamente o resultado seria prejuízo (FAVERO et al., 1997).

A ocorrência de uma despesa se dá quando se consomem ou utilizam bens e serviços no processo de se obter receitas. A contabilidade reconhece a despesa por meio de sua contabilização em contas de natureza específica, aqui denominadas de contas de resultado ou diferenciais.

As despesas representarão:

• UmadiminuiçãodoAtivo,semalteraçõesdosvaloresdopassivo,quandoforempagasàvista.

• UmaumentodoPassivo,semalteraçõesdosvaloresdoAtivo,quandoforemparapaga-mentos posteriores.

• UmadiminuiçãodoAtivosemalteraçõesnoPassivo,quandoforemresultantesdegastosdiferidos apropriados no período, sem função de sua realização.

• UmadiminuiçãodoAtivosemalteraçõesnoPassivo,quandoforemresultantesdedepre-ciação, exaustão, amortização etc.

É importante lembrar que nas colocações acima está implícita a ocorrência do consumo. Pois caso não haja o consumo, a simples compra de materiais para o almoxarifado, tanto à vista como a prazo, não pode ser caracterizada como despesa. Necessário se torna a ocorrência

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do consumo, que é o fato gerador da despesa para caracterizar sua ocorrência (FAVERO et al., 1997).

Dentro do contexto de um empreendimento que produz ou fabrica produtos, despesa é o valor dos insumos não identificados com a produção e que são consumidos para o funcionamento do empreendimento, isto é, refere-se às atividades não produtivas do empreendimento, geralmente sendo separadas em Administrativa, Comercial e Financeira. Portanto, as despesas são diferenciadas dos custos pelo fato de estarem relacionadas com a administração geral do empreendimento, ao passo que os custos estão ligados com a fábrica e a produção.

Segregaçãoentregastos,despesasecustos

Para o levantamento do Balanço Patrimonial as contas de resultado são encerradas debitando-se uma a uma as contas de receitas (natureza credora) e creditando-se uma a uma as contas de custos/despesas (natureza devedora), pelo valor de seus respectivos saldos, tendo como contrapartida, em ambos os casos, uma conta transitória que denominamos “RESULTADO DO EXERCÍCIO”, que está evidenciada no Balanço Patrimonial, no grupo do Patrimônio Líquido.

Do resultado são retirados os valores referentes à provisão para imposto e às participações de debenturistas, empregados, empregadores e partes beneficiárias nos lucros para finalmente, esta conta ser encerrada mediante à transferência de seu saldo para os lucros ou prejuízos acumulados.

Fonte

: Silv

io de

Cas

tro

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91CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

A Demonstração do Resultado do Exercício é, tão somente, a estruturação, ordenação da movimentação desta conta que transitoriamente recebe todas as receitas custos/despesas.

Objetivo

O objetivo da DRE é fornecer aos usuários das demonstrações financeiras do empreendimento os dados básicos e essenciais da formação do resultado do exercício (lucro ou prejuízo).

Obrigatoriedade

É uma demonstração obrigatória, conforme determina o art. 175 da Lei n.º 6.404/76.

Conteúdo

A Lei atual define o conteúdo da Demonstração do Resultado do Exercício, que deverá ser apresentado na forma dedutiva, com os detalhes necessários das receitas, despesas, ganhos e perdas e definindo claramente o lucro ou prejuízo líquido do exercício, e por ação, sem confundir-se com a conta de Lucros Acumulados, onde é feita a distribuição ou alocação do resultado. O art. 187 da Lei das S.A. determina:

A demonstração do resultado do exercício discriminará:

I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos;

II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto;

III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;

IV - o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não operacionais e o saldo da conta de correção monetária (art. 185, § 3o.);

V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre Renda e a provisão para o imposto;

VI - as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, e as contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizam como despesa;

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VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social.

§ 1o. Na determinação do resultado do exercício serão computados:

a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e

b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos.

§ 1o. O aumento do valor de elementos do ativo em virtude de novas avaliações, registrado como reserva de reavaliação (art. 181, § 3o.), somente depois de realizado poderá ser computado como lucro para efeito de distribuição de dividendos ou participações.”

Forma de preparação do DRE

As receitas e as despesas são apropriadas ao período pelo regime de competência, ou seja, em função de sua incorrência e da vinculação da despesa à receita, independentemente dos seus reflexos no caixa. A Lei das S.A. não admite exceções. Algumas praticadas hoje decorrem de legislações normalmente fiscais, ainda divergentes da lei societária.

Resumidamente, a Demonstração pode ser descrita da seguinte forma:

a) é iniciada com o valor total da receita apurada nas suas operações de vendas, da qual é deduzido o custo total correspondente a essas vendas, apurando-se a margem bruta, ou seja, o lucro bruto;

b) são, então, apresentadas as despesas operacionais segregadas por subtotais, conforme sua natureza;

c) deduzindo-se as despesas operacionais totais do lucro bruto, apresenta-se o lucro opera-cional;

d) após o lucro operacional, apresenta-se as receitas e despesas não operacionais;

e) apura-se, então, o resultado antes do imposto de renda;

f) deduz-se a provisão para o imposto de renda e, em seguida, as participações de terceiros não acionistas, calculáveis sobre o lucro;

g) chega-seassim,aolucrolíquidodoexercícioqueéovalorfinaldademonstração.

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A lei exige, ainda, a apresentação do montante do lucro por ação, no caso de Sociedades Anônimas.

Como é uma demonstração de resultados, a sua estrutura vai evidenciar os diversos “resultados” que a empresa foi auferindo na exploração da sua atividade. Vide exemplo abaixo:

RECEITA BRUTA

(–) Deduções

(=) RECEITA LÍQUIDA

(–) Custos dos produtos vendidos

(=) LUCRO BRUTO

(–) Despesas do período

(=) LUCRO OPERACIONAL

(–) Perdas

(=) LUCRO ANTES DA DISTRIBUIÇÃO

(–) Impostos e Participação dos Empregados

(=) LUCRO LÍQUIDO

(–) Dividendos

(=) LUCRO RETIDO PELA EMPRESA

Fica claro, nesta estrutura simples, as informações de como a receita foi sendo “consumida” pelos diversos gastos e distribuições, os resultados após estas deduções e o que restou para sócios e a própria empresa.

Esta riqueza de detalhamento é que propicia o número de informações necessárias para a tomada de decisão, que é o propósito fundamental da contabilidade.

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Forma de apresentação

O resultado é subdividido em alguns tópicos como: lucro bruto, lucro operacional, resultados não operacionais, impostos e participações sobre o lucro e resultado líquido.

Abaixo, são apresentados os títulos dos grupos de contas e demais itens que compõem a DRE:

I. RECEITA BRUTA DE VENDAS

a. De mercadorias.

b. De serviços.

II. DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA

a. Impostos s/ vendas.

b. Devoluções.

c. Abatimentos incondicionais concedidos.

III. RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS

IV. CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS E DOS SERVIÇOS PRESTADOS

V. RESULTADO OPERACIONAL BRUTO

VI. DESPESAS OPERACIONAIS

a. De vendas.

b. Administrativas.

c. Encargosfinanceiroslíquidos.

d. Outras receitas e despesas operacionais.

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VII. LUCRO OPERACIONAL

VIII. RESULTADOS NÃO OPERACIONAIS

a. Ganhos não operacionais

b. Perdas não operacionais

IX. RESULTADO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA

X. PROVISÃO PARA O IMPOSTO SOBRE A RENDA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL

XI. PARTICIPAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES

XII. LUCRO (PREJUÍZO) LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

XIII. LUCRO (PREJUÍZO) POR AÇÃO

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Exemplo:

´

´

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ComentáriossobreositensquecompõemaDRE

Receita Operacional Bruta

A Receita Operacional Bruta do empreendimento é constituída pelo valor bruto faturado. O faturamento representa o ingresso bruto de recursos externos provenientes das operações normais de venda a prazo ou à vista no mercado nacional e exterior de produtos, mercadorias ou serviços. Outras receitas de caráter operacional secundário devem figurar após o Lucro Bruto.

É interessante notar que a legislação tributária define a Receita Bruta como vendas faturadas menos impostos diretos não cumulativos, como o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que, portanto, não se inclui entre os impostos incidentes sobre vendas. Assim, a Receita Bruta é dada pelas vendas faturadas menos esses impostos, enquanto a Receita Líquida é dada pela Receita Bruta menos as deduções de abatimentos e devolução, menos os impostos incidentes sobre vendas, como ICMS, ISS, e menos os encargos diretamente proporcionais às vendas, como PIS e COFINS.

Isso não é exatamente o que prevê a Lei das S.A. que não faz nenhuma distinção entre as citadas categorias de impostos, bem como não se refere a encargos proporcionais às vendas.

Deduções das vendas

Correspondem ao que deve ser deduzido da Receita Operacional Bruta. São deduções os impostos incidentes sobre vendas, as vendas canceladas e os abatimentos concedidos:

a) Impostos incidentes sobre vendas:

• IPI–ImpostosobreProdutosIndustrializados.

• ICMS–ImpostosobreCirculaçãodeMercadoriaseServiçosdeTransportes.

• ISS–ImpostosSobreServiços.

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• PIS–ProgramadeIntegraçãoSocial.

• COFINS–ContribuiçãoparaFinanciamentodaSeguridadeSocial.

b) Vendas canceladas: é a conta devedora que registra o montante das vendas devolvidas pe-losclientes,tendoemvistadefeitosapresentadosounãoatendimentodasespecificaçõesdo pedido.

c) Abatimentos sobre Vendas: compreendem os descontos concedidos a clientes, após a entrega de produtos/mercadorias, por defeitos de qualidade, danos de entrega, não atendi-mentocompletodeespecificaçõesetc.

Como já citado, após estas deduções, temos a Receita Operacional Líquida.

CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS E DOS SERVIÇOS PRESTADOS

Nas empresas industriais, caracterizadas pela transformação de bens e sua comercialização o custo é dado pela seguinte fórmula:

Onde,

CPV = Custo da Produção Vendida.

CPP = Custo de Produção do Período.

EI = Estoque Inicial.

EF = Estoque Final.

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No caso das empresas prestadoras de serviços, o custo corresponde aos valores incorridos para a prestação dos serviços. Os itens componentes do Custo dos Serviços Prestados variam de empresa para empresa, em função do seu próprio ramo de atividade, entretanto o mais comum são os custos com a mão de obra direta (o executante do trabalho) que corresponde a maior parcela dos custos, como também o custo de alguns materiais que porventura tenham sido utilizados na prestação deste. Há porém, casos de empresas prestadoras de serviços que não evidenciam na demonstração do resultado o custo dos serviços prestados, contabilizando-o com as despesas operacionais.

Para as empresas comerciais, caracterizadas pela atividade de compra de mercadorias para serem revendidas no mercado, o custo das mercadorias vendidas apresentam os seguintes componentes:

Onde,

CMV = Custo das Mercadorias Vendidas.

EI = Estoque das mercadorias destinadas à venda no início do exercício.

CL = Compra líquidas.

EF = Estoque das mercadorias destinadas à venda no final do exercício.

Após deduzidos os Custos de Produção, obtemos então o Lucro Bruto.

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Despesas operacionais

As despesas operacionais, segundo a lei societária, compreendem as despesas necessárias para o empreendimento funcionar, isto é, vender, administrar e financiar suas atividades. Não se confundem com as despesas de produção, ou seja, aquela necessárias para transformar a matéria-prima em produto acabado. São elas:

a) Despesas de Vendas: representam as despesas necessárias para as vendas, bem como as de promoção e distribuição dos produtos do empreendimento no mercado, e ainda os riscos assumidos pela venda, como garantias e provisão para devedores duvidosos.

b) Despesas administrativas: compreendem as despesas incorridas para a direção e execu-çãodastarefasadministrativas,bemcomoasdespesasgeraisquebeneficiamosnegóciosdo empreendimento.

c) Despesas Financeiras:representaaremuneraçãopagaaterceirosquefinanciaramoem-preendimento.

d) Receitas Financeiras: representam os ganhos de capitais aplicados em investimentos tem-porários,bemcomooutrosganhosdenaturezafinanceiracomorecebimentodejurosporatraso de recebimento:

• DescontosObtidos:decorremdepagamentosantecipadosdeduplicatasafornece-dores.

• Jurosativos:referem-seaosjuroscobradosdeclientesporatrasodepagamentos,postergação de vencimento de títulos etc.

• Receitadeinvestimentostemporários:aquisãoregistradasasreceitastotaisprove-nientes de aplicações temporárias de caixa.

e) Outras Receitas e Despesas Operacionais: participação nos resultados de coligadas e controladas pelo método de equivalência patrimonial: compreende os acréscimos ou dimi-nuições de investimentos avaliados pela equivalência patrimonial, em função de lucros ou prejuízos nas coligadas ou controladas:

• Dividendoserendimentosdeoutrosinvestimentos:referem-seàsreceitasauferidaspela empresa provenientes de outros investimentos que não os avaliados pelo mé-todo patrimonial.

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101CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

• AmortizaçãodeÁgioouDeságiodeInvestimentos:compreendeosganhosouper-das decorrentes de amortização de ágio ou deságio havido na aquisição de ações e quotas avaliadas pela equivalência patrimonial.

• Receitasdiversas:compreendemreceitasprovenientesdetransaçõeseventuaisousecundárias.

Da mesma maneira, após a dedução das Despesas, temos o Lucro Operacional.

Lucrolíquidodoexercício

É a diferença entre as receitas de vendas e o valor gasto para produzir os produtos e para manter a atividade da empresa.

O lucro apurado é o que se pode chamar de lucro dos acionistas pois, além dos itens normais, já se deduzem como despesas o imposto de renda e as participações sobre os lucros a outros que não os acionistas, de forma que o lucro líquido demonstrado é o valor final a ser adicionado ao patrimônio líquido do empreendimento que, em última análise, pertence aos acionistas, ou é distribuído como dividendo.

Destinação dos Lucros:

• Debêntures:sãojurosdetítulosdelongoprazoemitidosparacaptarrecursos(emprésti-mos) junto ao público em geral.

• Funcionárioseadministradores:complementoàremuneraçãodestes,normalmentedefini-do em estatuto ou contrato social.

• Própriaempresa:retençãodolucroparareinvestimento.

• Doações:parainstituiçõesoufundosdeassistênciaouprevidênciadeempregados.

A destinação dos lucros não compromete a capacidade de operação e geração de riquezas da empresa, visto que há de se obedecer critérios de percentuais previamente estabelecidos para que não se “esgote” ou “estoure” o Lucro Líquido obtido pela empresa.

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102CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Tipos de Lucros:

• LucroOperacional:oriundodaatividadeoperacionaldaempresa.

• LucroNãooperacional:oriundodeeventosnãoligadosàatividade-fim.

• LucroTributável:basedecálculoparaoIReaCSLL.

• LucroCessante:supostolucroqueaempresateriasenãotivessedispostodeumdetermi-nado bem.

Exemplo–ResultadodaatividadeemdeterminadoperíodoeseureflexonoBalançoPatrimonial

Considerando o Balanço Patrimonial levantado na unidade anterior e os fatos abaixo descritos, vamos estruturar uma DRE e observar as alterações consequentes no Balanço Patrimonial.

Para facilitar nosso entendimento didático, vamos considerar que esta empresa é uma empresa comercial, isto é, revende sementes, abudos e insumos. Oportunamente trataremos de empresa com perfil produtor.

Balanço Patrimonial encerrado em 01/2009:

Estoques Matéria DiversosEstoques Matéria Prima

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103CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Fatos Administrativos:

1. Venda de 60% do estoque pelo valor de R$ 15.000,00 (venda total), sendo 40% à vista e 40% a prazo. Impostos na ordem de 12%. Comissão aos vendedores na ordem de 7%. Tanto impostos como comissões serão pagas no próximo mês.

2. Pagamento de fornecedores no valor de R$ 3.300,00.

3. Utilização de 30% dos materiais diversos.

4. Pagamentodeparceladofinanciamentodotrator,valordeR$1.200,00.ConsidereR$370,00 de juros imbutido na parcela.

5. Reconhecimento de depreciação do trator no primeiro mês, valor de R$ 1.040,00.

Impacto no Balanço Patrimonial:

sem

sem

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DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

BALANÇO PATRIMONIAL ENCERRADO EM 02/2009:

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105CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Contabilidade>.<http://www.cfc.org.br/>.<http://www.eac.fea.usp.br/>.<http://www.classecontabil.com.br/>.<http://www.fipecafi.com.br/>.<http://www.portaldecontabilidade.com.br/glossario.htm>.

Desenvolva o Balanço Patrimonial sendo você a entidade contábil.1. Faça uma relação dos seus bens e atribua valores a eles. (Ativo: bens)

2. Faça uma relação do que você tem a receber nos próximos 12 meses. (Ativo: direitos).

3. Descreva suas dívidas e respectivos valores para os próximos 12 meses. (Passivo Exigível, ou obrigações).

Com base nesse levantamento utilize a equação patrimonial e calcule seu Patrimônio Líquido.

O Demonstrativo de Resultado do Exercício é similar a um relatório de receitas e despesas pessoais. Utilizandoesseaspecto,façaumdemonstrativomensaldesuasfinançaspessoais.

1ºVerifiqueovalordeseurecebimentomensal,essaserásuareceitabruta.

2º Deduza os impostos (INSS, IR), corresponderá à dedução da receita bruta.

3ºVerifiquequaissãoseusgastosparadesenvolverseu trabalho(alimentação, transporteeoutros

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106CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

materiais não pagos pelo seu empregador).

4ºIdentifiqueagoraseusoutrosgastos,(aluguel,energia,comunicação,alimentação,lazeretc.),essescorresponderão a seus gastos administrativos.

5ºAgoraésóverificarqualfoioresultadodomêsemquestão.

CON SIDERAÇÕES FINAIS

Esta unidade nos levou a um grande passo: conhecer o produto da contabilidade, que são as demonstrações contábeis. Entender um Balanço Patrimonial e uma Demonstração do Resultado do Exercício é básico e fundamental. Devemos lembrar que a proposta não é formarmos contadores, mas sim críticos das evidências levantadas pela contabilidade.

Patrimônio e Resultado são conceitos empresariais básicos para qualquer atividade. Diz-se que um empreendimento de sucesso é aquele que consegue gerar RESULTADOS com o PATRIMÔNIO disponível, e isto sim é saber alocar recursos que gerem retornos.

O correto entendimento do assunto aqui tratado é fundamental para avançarmos nos próximos assuntos abordados.

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107CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

ATIVIDADE DE AUTOESTUDO

Com base em publicação de jornal (Valor Econômico, Gazeta Mercantil etc.) recorte um Balanço Patrimonial e aponte os grupos que o compõe.

ESCLARECIMENTO SOBRE ALGUNS TERMOS DO BALANÇO PATRIMONIAL:

Obrigações = Capital de Terceiros = Passível Exigível = (Passivo Circulante + Passivo Exigível a Longo Prazo).Capital Próprio = Riqueza Própria = Passível NÃO Exigível = Patrimônio Líquido = (Capital Social + Lucro Acumulado).

1. Descreva 3 fontes de receitas das entidades.

2. Explique o que são Despesas e cite cinco exemplos.

3. OquesignificaoresultadoapuradonoDRE?

Iudícibus e Marion (2000), apresentam no capítulo 5 a Demonstração do Resultado de Exercício – DRE de forma comentada, apresentando os aspectos de sua composição por meio do Lucro Real.

IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Contabilidade para não contadores. 3. ed. São Pau-lo: Atlas, 2000, p. 63-80. Biblioteca CESUMAR, número de chamada: 657 I92c 3. ed. 2000.

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UNIDADE III

ATIVO PERMANENTE - IMOBILIZADO: DEPRECIAÇÃO,AMORTIZAÇÃOEEXAUSTÃOProfessor Me. Silvio César de CastroProfessor Esp. Robinson Pereira Santos

Objetivos de Aprendizagem

• IdentificarositensdoAtivoPermanente

• EstudaroconceitoeaFormadecálculodaDepreciação,AmortizaçãoeExaustão

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• AtivoPermanente.

• Depreciação.

• Amortização.

• Exaustão.

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111CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Fonte

: PHO

TOS.

COM

INTRODUÇÃO

O patrimônio de uma empresa, necessariamente, deve ser consumido, utilizado, investido na atividade operacional. Caso contrário ,será dificultoso entendê-lo como tal.

Nesta unidade trataremos do reconhecimento da perda de valor dos itens do Ativo Permanente. É o que chamamos de “retificação” do Patrimônio. Procuraremos entender os conceitos e cálculos da chamada amortização, depreciação e exaustão. Fatores fundamentais para uma correta expressão patrimonial e mensuração do resultado.

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112 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

ATIVO PERMANENTE

Os recursos aplicados no Ativo Permanente, como o próprio nome sugere, são todas as aplicações de recursos feitas pela empresa de forma permanente (fixa), que são representadas pelos:

• Bensadquiridosparausodoempreendimento.

• Aplicaçõesde recursosna compradeaçõesouquotasdeoutrasempresasde caráterpermanente.

• Bensnãomonetários,semsubstância física,masque temvalorpatrimonial,desdequesejamidentificáveis,controladosegerembenefícios.

Sendo assim, o Ativo Permanente está dividido em três grupos, a saber:

Investimentos - é representado pelos bens e direitos em participações permanentes em outras empresas ou sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no Ativo Circulante, que não se destinem à manutenção da atividade do empreendimento ou sociedade. Exemplo: participação em coligadas, provisões para perdas, obras de arte, imóveis não de uso etc.

Imobilizado - é representado pelos direitos que tenham por objeto os Bens destinados à manutenção das atividades do empreendimento ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedade industrial ou comercial. Exemplo: computadores, imóveis, móveis e utensílios, veículos, instalações etc.

A Lei 6.404 de 76 conceitua que deve ser classificado do Ativo Imobilizado:

“Os direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da companhia e do empreendimento, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedade industrial ou comercial”.

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113CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Conforme a Lei 6.404/76:

A diminuição de valor dos elementos do ativo imobilizado será registrada periodicamente nas contas de:• Depreciação,quandocorresponderàperdadovalordosdireitosquetêmporobjeti-

vo bens físicos sujeitos a desgastes ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência;

• Amortização,quandocorresponderàperdadovalordocapitalaplicadonaaqui-sição de direitos da propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado;

• Exaustão,quandocorresponderàperdadovalor,decorrentedasuaexploração,de direitos cujo objetivo sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração.

Intangível - é composto pelas aplicações de recursos em despesas que contribuirão para a formação do resultado de exercícios futuros. Exemplo: despesas de organização, despesas pré-operacionais etc.

O foco desta unidade é entendermos como e porque ocorrem as chamadas diminuições dos elementos do ativo fixo.

A necessidade do reconhecimento desta diminuição está diretamente relacionada à vida útil limitada que esses bens possuem. Em sentido amplo, é o que chamamos de amortização dos valores históricos em que foram registrados.

Vamos, então, tratar dos três tipos de amortização utilizados na redução de valores do Ativo Permanente – depreciação, exaustão e amortização.

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DEPRECIAÇÃO

A depreciação dos bens do ativo imobilizado corresponde à diminuição parcelada do valor dos elementos ali classificáveis resultantes do desgaste pelo uso, da ação da natureza ou de obsolescência normal. As causas que podem provocar a depreciação podem ser:

• odesgastepelouso(perdemacapacidadedeprodução).

• açãodotempo(sofremdesgastedosol,dachuvaedeoutroselementosdotempo).

• obsolescência(provocadapelaevoluçãotecnológica).

Resumindo, é o fenômeno contábil que expressa a perda de valor que os valores imobilizados de utilização sofrem no tempo, por força de seu emprego na gestão.

Segundo Giustina (1995), a depreciação na atividade rural é a apropriação ao resultado, da perda de eficiência ou da capacidade de produção de bens tangíveis, componentes do Ativo Permanente que servem à produção de vários ciclos de produção e não se destinam à venda. É o caso das culturas permanentes, máquinas e equipamentos, tratores, gados reprodutores, animais de trabalho e outros bens que são de propriedade do empreendimento.

Para se estipular o percentual mensal ou anual desta perda, leva-se em consideração o tempo de vida útil do bem.

Segundo Giustina (1995), agrônomos e veterinários, técnicos agrícolas e outros profissionais da área, são os mais indicados para estimarem a vida útil de culturas permanentes e animais, considerando fatores como solo, clima, raças, qualidade da cultura etc. Máquinas, tratores e outros implementos agrícolas, o próprio fabricante poderá informar a vida produtiva provável.

A legislação fiscal, em especial a do imposto sobre a renda, não fixa taxas de depreciação para bens rurais, deixando livre ao contribuinte a determinação destes prazos, exigindo, no entanto, que explique como estipulou os prazos.

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115CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

O valor da depreciação poderá ser computado como custo ou despesa operacional, conforme o caso. A depreciação dos bens utilizados na produção será custo, enquanto a depreciação dos demais bens há de ser registrada como despesa operacional.

O valor da depreciação acumulada não poderá ultrapassar o custo de aquisição do bem a que se refere corrigido monetariamente. O mesmo se aplica à amortização e à exaustão.

Não é admitido o registro de quota de depreciação em relação aos seguintes bens:

• Terrenos,salvoemrelaçãoaosmelhoramentoseconstruções.

• Prédioseconstruçõesnãoalugadosnemutilizadosporseuproprietárionaproduçãodeseus rendimentos ou imóveis destinados à venda.

• Bensquenormalmenteaumentamdevalorcomotempo,comoobrasdearteouantiguida-des.

O tempo de vida útil de um bem será determinado em função do prazo durante o qual é possível a sua utilização econômica (e a produção de seus rendimentos).

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116 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Segue abaixo a tabela de taxas aplicáveis aos bens de ocorrência mais usual: Taxa de Depreciação

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117CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Fonte: Giustina, 1995.

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118 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Taxa de Depreciação

Fonte: Giustina, 1995.

Vamos exemplificar o cálculo da depreciação.

A empresa Euca & Lipto adquiriu um caminhão em 05/01/2009 pelo valor de R$ 200.000,00, de acordo com a nota fiscal.

De acordo com a tabela acima, a vida útil deste bem é estimada em 5 anos. Portanto, ao término deste período, o caminhão na contabilidade deverá ter acumulado de depreciação o seu próprio valor, isto é, R$ 200.000,00.

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119CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

O lançamento contábil característico deste evento é da seguinte forma:

D – Depreciação (DRE)C – Depreciação Acumulada – Veículos

Isto é, após 1 ano, esse bem terá acumulado depreciação de R$ 40.000,00. No balanço patrimonial levantado em 31/12/2009, este item estará assim registrado:

Portanto, o valor contábil desse bem na data de 31/12/2009, será de R$ 160.000,00. Se a empresa vender este caminhão por R$ 180.000,00, terá um ganho (lucro contábil) de R$ 20.000,00. Entretanto, se vender o mesmo caminhão por R$ 140.000,00, terá de reconhe-cer um prejuízo contábil de R$ 20.000,00.

AMORTIZAÇÃO

A amortização é reservada para reconhecer a redução de valor nos casos de aquisição de direitos sobre empreendimentos de propriedade de terceiros, onde ao longo do período determinado será apropriado o custo desses direitos que foram contratados para a sua exploração.

Amortização é a perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos da propriedade e quaisquer outros com existência ou exercício de duração limitada ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado.

Eliminação gradual e periódica do ativo de um empreendimento, como encargos do exercício, das imobilizações financeiras ou imateriais.

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120 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

É a recuperação econômica do capital aplicado em:

a) Bens intangíveis ou direitos de uso como, por exemplo, patentes de invenção, fórmulas e processos de fabricação.

b) Investimento em bens que nos termos da lei ou contrato que regule a concessão de serviço público,devemreverteraopoderconcedente,aofinaldoprazodeconcessão.

c) Direitos autorais, licenças, autorizações para exploração de determinada atividade econô-mica, concessões para exploração de serviços públicos, bem como o custo de aquisição, prorrogaçãooumodificaçãodecontratosdequalquernatureza.

d) Custo das construções e benfeitorias em bens locados, arrendados ou cedidos por tercei-ros.

e) Valordosdireitoscontratuaisdeexploraçãodeflorestaserecursosnaturais.

A taxa anual de amortização será fixada tendo em vista o número de anos restantes de existência do direito ou o número de exercícios sociais em que deverão ser usufruídos os benefícios das despesas registradas no ativo diferido.

A amortização dos componentes do ativo diferido se sujeita a dois prazos:

a) ummínimodecincoanosparafinsfiscais;

b) um máximo de dez anos, que é aplicável a todas as pessoas jurídicas que possuam escri-turação contábil regular.

O lançamento característico da amortização é:

D – Amortização - DREC – Amortização Acumulada – Balanço Patrimonial

Vamos continuar a aplicar exemplos baseado na empresa Euca & Lipto Ltda. Esta, por sua vez, utiliza um imóvel de terceiro no qual teve que investir R$ 120.000,00 em 01/2008, e este investimento seria explorado em um período de 10 anos.

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121CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Dessa forma, o balanço que a empresa levantará em 31/12/2009 constará esse registro da seguinte forma.

Observe que o saldo acumulado é referente a 2 anos de amortização.

Esta demonstração no Balanço Patrimonial evidencia que, apesar do custo do investimento no imóvel de terceiro ter sido no valor total de R$ 120.000,00, já houve um “aproveitamento” do mesmo, restando ainda R$ 96.000,00 de saldo a amortizar.

Depreciação X Amortização

A depreciação atinge a perda de valor de coisas materiais, como máquinas, móveis, etc., a amortização destina-se apenas a significar perda de valor de coisas imateriais ou de imobilizações financeiras. São objeto de amortização: despesas gerais de instalação, aviamentos, dívidas a longo prazo etc.

EXAUSTÃO

Fenômeno patrimonial que caracteriza a perda de valor que sofrem as imobilizações suscetíveis de exploração e que se esgotam no correr do tempo como, por exemplo, as reservas minerais e vegetais (bosques, florestas, jazidas etc.).

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122 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Corresponde à perda de valor decorrente da exploração de recursos minerais ou florestais ou de bens aplicados nessa exploração.

O cálculo da exaustão é feito nas unidades extraídas ou produzidas relacionadas com o custo do bem, ou seja, deve-se estabelecer a porcentagem extraída de recursos (barris, metros cúbicos, toneladas) em relação ao total conhecida dos recursos naturais.

Giustina (1995) apresenta alguns exemplos de culturas que têm seu custo de formação apropriados ao resultado pelo critério da exaustão, são as florestas artificiais de eucaliptos, de pinos, a cana-de-açúcar, as pastagens artificiais etc. No caso de um canavial, uma vez formado, dependendo da região, poderá proporcionar três a quatro cortes. Admitindo-se que seja de três anos, a cota de exaustão anual será obtida aplicando-se o percentual de 33,33% sobre o valor da cultura formada.

Exemplo:

Empresa Euca & Lipto também é proprietária de uma reserva formada por reflorestamento com 10.000 eucaliptos, cujo custo da cultura formada é de R$ 100.000,00. A previsão é de quatro cortes e, consequentemente, a exaustão será de 25% por corte.

Supondo que na primeira colheita até o final do exercício de 2009 será de 4.800 árvores. Qual será o custo dos recursos florestais extraídos?

Dessa forma, o balanço que a empresa levantará em 31/12/2009 constará esse registro da seguinte forma.

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123CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Esta demonstração no Balanço Patrimonial evidencia que apesar da cultura formada ser avaliada em R$ 100.000,00 (valor contábil histórico), já houve exploração tal que reduziu o valor da reserva para R$ 88.000,00.

DEPRECIAÇÃO x EXAUSTÃO

A depreciação é a perda de valor pelo uso; a exaustão é a perda de valor por exploração; a depreciação é custo indireto de fabricação; a exaustão é custo direto de fabricação.

CONSOLIDAÇÃO NO BALANÇO PATRIMONIAL

Supondo que o Ativo Permanente desta empresa esteja concentrado nos três itens acima exemplificados, vamos observar a posição e classificação no Balanço Patrimonial, consolidando estes itens:

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124 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Palestra CRC - Prof. José Carlos Marion

CONTROLE DE BENS

Um aspecto muito importante na contabilidade é a adoção de Controles Internos, que são o conjunto de procedimentos que tenham por finalidade registrar, quantificar e reportar as ações e/ou atividades desenvolvidas em um setor, departamento ou

)

(

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125CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

organização, os quais servirão para tomadas de decisões ou ações corretivas, com o fim de atingir os objetivos da organização.

Para a Controladoria, assim como para a Auditoria, é de extrema importância conhecer a qualidade e o grau de confiabilidade dos sistemas de controles contábeis e de controles internos, desde o momento em que se inicia o planejamento de seus trabalhos. De acordo com o nível de confiabilidade que apresentar tais controles, é que se vai buscar a adequada identificação dos pontos fracos ou de riscos, ou ainda, que se vai levantar as áreas de risco.

Dentre esses controles internos (que na verdade seria um assunto para uma unidade a parte), temos o Controle de Bens, cuja finalidade é manter o registro detalhado da movimentação de cada item do Ativo Permanente, com o propósito de especificar o bem, registrar o seu valor de aquisição/formação, calcular a perda de valor respectiva e a venda do bem, se isso ocorrer.

Por isso, além das contas de controle do balanço, devem ser mantidos registros e controles individuais para cada unidade de propriedade do imobilizado. Isso se faz necessário para que a Contabilidade possa registrar adequada e precisamente os valores históricos e as respectivas reduções no seu valor.

Abaixo segue um modelo de ficha de Controle de Bem.

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126 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Vide abaixo como ficariam preechidos as fichas de controle de bens dos itens que utilizamos como exemplo que compõem o Ativo Permanente da empresa Euca & Lipto Ltda.:

Fichadecontroledeimbolizado–Veículo

Fichadecontroledeimbolizado–Benfeitoriasemimóveisdeterceiros

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Fichadecontroledeimbolizado–Reservadereflorestamento

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Forma de Apresentação no Balanço:

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129CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Contabilidade>.<http://www.cfc.org.br/>.<http://www.eac.fea.usp.br/>.<http://www.classecontabil.com.br/>.<http://www.fipecafi.com.br/>.<http://www.portaldecontabilidade.com.br/glossario.htm>.<http://www.ibracon.com.br/>.<http://www.portaldecontabilidade.com.br/ibracon/>.

Desenvolva o Balanço Patrimonial tendo você a entidade contábil.1. Faça uma relação dos seus bens e atribua valores a eles. (Ativo: bens)2. Faça uma relação do que você tem a receber nos próximos 12 meses. (Ativo: direitos).3. Descreve suas dívidas e respectivos valores para os próximos 12 meses (Passivo Exigível, ou Obrigações).

Com base nesse levantamento utilize a equação patrimonial e calcule seu Patrimônio Líquido.

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130CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O correto entendimento do conceito e do cálculo das amortizações do Patrimônio, principalmente no agronegócio, é de fundamental importância para apuração dos resultados do negócio. Devemos entender que apesar disso, é um “reconhecimento” de valores, isto é, neste momento não ocorre desembolso financeiro e sim despesa contábil, que reduzirá o lucro na medida da utilização do ativo do empreendimento.

Nossos próximos assuntos tratarão de custos e análise de resultados, que são diretamente influenciados pelas retificações patrimoniais abordadas nesta unidade.

ATIVIDADE DE AUTOESTUDO1. ExemplifiquecincobenssujeitosadepreciaçãoesuasrespectivastaxasaceitaspeloRe-

-gulamento do Imposto de renda.

2. Quais os tipos de bens sujeitos a amortização? Por que não existe uma tabela de taxas para os bens que sofrem amortização?

3. Exemplifiquetrêsbensquesofremexaustão.Porquenãoexisteumatabeladetaxasparaos bens que sofrem exaustão?

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ATIVIDADES

Exercícioresolvido1–Depreciação

De acordo com o Regulamento do Imposto de Renda - RIR os veículos podem ser depreciados em até 60 meses. O Balanço Patrimonial da Cia Mercuri apresentou em 31/12/2003, entre outros, os seguintes saldos:

Conta Saldo R$Veículos 240.000(-) Veículos - Depreciação Acumulada (60.000)

Qual o saldo da conta (-) Veículos - Depreciação Acumulada em 31/03/2004 tendo em vista que foi efetuado a aquisição de um novo veículo em 25/01/2004 no valor de R$ 120.000?

(240.000 / 60) * 3 = 12.000(120.000 / 60) * 3 = 6.000 60.000 + 12.000 + 6.000 = 78.000Resposta: R$ 78.000,00

Exercícioresolvido2–Amortização

O Balanço Patrimonial da Cia Titânio apresentou em 31/12/2003, entre outros, os seguintes saldos:

Conta Saldo R$Benfeitoria em Imóveis de Terceiros 90.000(-) Benf. em Imov. Terc. - Amort. Acuml (42.000)

Tendo em vista que o contrato para utilização do imóvel é de 12 meses, qual o saldo da conta (-) Benf. em Imov. Terc. - Amort. Acumulada em 31/01/2004?

(90.000 / 12) * 1 = 7.50042.000 + 7.500 = 49.500Resposta: R$ 49.500,00

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132CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Exercícioresolvido3–Exaustão

O Balanço Patrimonial da Cia Silício apresentou em 31/12/2003, entre outros, os seguintes saldos:

Conta Saldo R$Reserva Mineral - Prata 12.000.000(-) Res. Mineral - Prata Exaustão Acum. -

Porém, devido a um problema junto ao sistema de controle do Imobilizado do empreendimento, a exaustão não foi evidenciada. Com base nos dados abaixo, calcule a exaustão e informe qual o saldo que deveria ter sido apresentado na conta (-) Res. Mineral - Prata - Exaustão Acumulada em 31/12/2003.

Data de Aquisição: 12/7/22001Quilos previstos da reserva: 3000Quilos retirados da reserva até a data da apresentação do Balanço Patrimonial: 900(12.000.000 / 3.000) * 900 = 3.600.000Resposta: R$ 3.600.000,00

Exercício 4

De acordo com o Regulamento do Imposto de Renda - RIR os veículos podem ser depreciados em até 60 meses. O Balanço Patrimonial da Cia Platina apresentou em 31/12/2003, entre outros, os seguintes saldos:

Conta Saldo R$ Veículos 160.000 (-) Veículos - Depreciação Acumulada (60.000)

Qual o saldo da conta (-) Veículos - Depreciação Acumulada em 31/03/2004, tendo em vista que foi efetuado a aquisição de um novo veículo em 25/01/2004 no valor de R$ 400.000?

Resposta: 88.000

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133CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Exercício 5

O Balanço Patrimonial da Cia Astato apresentou em 31/12/2003, entre outros, os seguintes saldos:

Conta Saldo R$ Benfeitoria em Imóveis de Terceiros 50.000 (-) Benf. em Imov. Terc. - Amort. Acuml (42.000)

Tendo em vista que o contrato para utilização do imóvel é de 12 meses, qual o saldo da conta (-) Benf. em Imov. Terc. - Amort. Acumulada em 31/01/2004?

Resposta: 46.167

Exercício 6

O Balanço Patrimonial da Cia Paládio apresentou em 31/12/2003, entre outros, os seguintes saldos:

Conta Saldo R$ Reserva Mineral - Prata 5.000.000 (-) Res. Mineral - Prata Exaustão Acum. -

Porém, devido a um problema junto ao sistema de controle do Imobilizado do empreendimento, a exaustão não foi evidenciada. Com base nos dados abaixo, calcule a exaustão e informe qual o saldo que deveria ter sido apresentado na conta (-) Res. Mineral - Prata - Exaustão Acumulada em 31/12/2003.

Data de Aquisição: 12/7/2001 Quilos previstos da reserva: 3000 Quilos retirados da reserva até a data da apresentação do Balanço Patrimonial: 830

Resposta: 1.383.

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134CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Marion (2004) apresenta por meio do capítulo 15 vários aspectos relacionados ao imobilizado e a maneira com que a depreciação, amortização e exaustão afeta os itens do ativo permanente. Aborda também questões relacionadas a depreciação acelerada e dos seus efeitos perante Demonstrativo de Resultado do Exercício e o Balanço Patrimonial.

MARION, José Carlos. Contabilidade Básica. 7. Edição. São Paulo: Atlas, 2004, pp. 207-225. Biblioteca CESUMAR, número de chamada: 657 M341c 7. ed. 2004.

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UNIDADE IV

INTRODUÇÃO À GESTÃO DE CUSTOS: SISTEMAS DECUSTOS-CONTROLEDEESTOQUESProfessor Me. Silvio César de CastroProfessor Esp. Robinson Pereira Santos

Objetivos de Aprendizagem

• Conhecerasterminologiasempresariais.

• Compreenderaclassificaçãodoscustos.

• Conhecerosmétodosdecusteio.

• Apresentaroscontrolesligadosaoestoque.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Terminologiaseclassifcações

• Métodosdecusteio:absorçãoevariável

• Controledeestoques

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INTRODUÇÃO

Existe um dilema no mundo dos negócios. Já não há muito espaço para se crescer em receitas, a não ser pelo crescimento e abrangência do mercado pela empresa, isto é, escala. O preço unitário de venda tem sua limitação por aquilo que o mercado trabalha e por aquilo que o consumidor está disposto a pagar pelo produto.

Este dilema, então, se chama CUSTO. Se não podemos aumentar o preço de venda, só nos resta administrar os custos que envolvem o processamento de um produto.

Nesta unidade entraremos no mundo da Gestão de Custos. É impossível trabalhar tudo o que envolve este tema e assim esgotar o assunto, por isso nos limitaremos nos principais fatores que envolvem a gestão de Custos que são: a classificação dos custos, os sistemas e mensuração dos custos e o controle de estoques.

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TERMINOLOGIAS E NOMENCLATURAS

Antes de falarmos especificamente sobre Estoques e Custos, é necessário entendermos o significado de alguns termos que são utilizados não somente na linguagem contábil, mas também na linguagem empresarial.

Por isso, vamos dedicar um espaço para trazermos uma definição aos diversos termos utilizados no ambiente contábil:

• Gastos:consumogenéricodebensouserviços.

Ex.: matéria-prima consumida no processo produtivo. Material de expediente consumido no processo administrativo. Energia elétrica consumida etc.

• Desembolsos:saídasdedinheirodocaixaoucontabancária,geralmenteemvirtudedopa-gamento de compras efetuadas ou obrigações assumidas anteriormente. Podem ocorrer:

Antesdosgastos:aquisiçãoàvistadeinsumosqueficarãoemestoque.

No momento dos gastos: abastecimento à vista de veículo saindo para viagem.

Depois da ocorrência dos gastos: pagamento de título ao fornecedor do material de expe-diente já utilizado no momento da compra.

• Investimentos:gastoscombemouserviço“ativado”emfunçãodasuavidaútiloudebene-fícios atribuíveis a períodos futuros. Tornam-se custos ou despesas com o passar da vida útil (utilização, depreciação, amortização ou exaustão)

Ex.: sementes para plantio futuro, colheitadeira, animal reprodutor etc.

• Custos:gastosrelativosabensouserviçosutilizadonaproduçãodeoutrosbensouservi-ços (na formação do produto rural). São todos os gastos relativos à atividade de PRODU-ÇÃO AGRÍCOLA ou PECUÁRIA.

Ex.: utilização das sementes, dos adubos, consumo de energia elétrica, depreciação de maquinários etc.

• Despesas:gastosrelativosaosbenseserviçosconsumidosnoprocessodegeraçãodere-ceitas ou manutenção dos negócios da empresa. Ocorrem fora da produção. Têm caráter

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administrativo,financeiroecomercial.

Ex.: consumo material de escritório, material de limpeza, de energia elétrica do escritório ou do ponto de venda, comissão de vendas, despesas de marketing etc.

• Perdas:gastosanormaisouinvoluntáriosquenãogeramumnovobemouserviço,nemreceitas.

Ex.: materiais com prazo de validade vencidos; problemas em maquinários; perda de pro-dução por fatores climáticos.

INTRODUÇÃO AO SISTEMA DE CUSTOS

Tendo em mente as definições das terminologias utilizadas na linguagem empresarial, podemos estudar mais especificamente os CUSTOS, que são importantes classificações dos gastos para que se possa:

• Avaliar,oumensurar,osestoques.

• Controlarositensquefiguramnosestoques.

• Decidirsobrequestõesdepreço,produtoevolume.

Fonte

: Rob

inson

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140 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Assim, também precisamos entender duas expressões importantes para se avaliar e entender os custos:

• CustodaProdução:éaapuraçãodocustodetodaaproduçãodoperíodo,tantodosprodu-tosqueforamvendidos,quantodosprodutosqueaindaestãoemestoques.Suafinalidadeé a avaliação dos estoques, ou do que foi produzido.

• CustodosProdutosVendidos:éaapuraçãodocustodosprodutosqueforamcomerciali-zados,ouseja,vendidos.Suafinalidadeprincipaléaapuraçãodosresultadosdaatividadeoperacional.

Observe o quadro abaixo que expressa as definições acima.

A contabilidade de custos tem função gerencial e financeira. A nível de contabilidade financeira, aquela que atende aos requisitos fiscais é societários, a contabilidade de custos visa trazer informações de avaliação de estoques, seguindo os critérios estabelecidos, com o propósito de apurar os resultados obtidos em um determinado período, sobre o qual serão calculados o Imposto de Renda e a Contribuição Social.

A nível gerencial, a contabilidade de custos utiliza-se de controles extracontábeis para fornecer informações para se tomar decisões.

Por isso, a gestão de custos envolve:

• Custosparaavaliaçãodeestoques.

Fonte

: Rob

inson

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141CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

• Custosparacontrole.

• Custosparadecisão.

Especificamente, os objetivos da apuração de custos são:

• Apuraçãodocustodosprodutos.

• Apuraçãodarentabilidadedosprodutos.

• Atendimentoàsexigênciaslegaisecontábeis.

• Controledoscustosdeprodução.

• Controledamovimentaçãodemercadorias.

• Melhoriadeprocessoseeliminaçãodedesperdícios.

• Auxílionatomadadedecisõesgerenciais.

• Otimizaçãoderesultados.

• Atribuiçãoderesponsabilidades.

• Análisededesempenho.

• Estabelecimentodepreçosdevenda.

E por que conhecer o custo de produção?

A contabilidade gerencial aplicada ao agronegócio é um instrumento para fornecer informações para tomada de decisão. O estudo, o conhecimento e a gestão de custos fazem parte da área de trabalho da contabilidade gerencial.

A apuração de custos é vital para a gestão de qualquer empresa, principalmente por dois parâmetros básicos que são estabelecidos por meio desta apuração: estabelecer o preço de venda e apurar o resultado da atividade.

Eis, então, algumas decisões que podem ser tomadas baseadas em informações de custos

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142 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

gerenciais:

• Possuirreprodutorouinseminaçãoartificial.

• Gerarouadquirirbezerro.

• Arrendaroucomprarpasto.

• Arrendaroucompraráreasprodutivas.

• Venderhojeouesperaraumentaropreço.

• Pastagemextensivaouconfinamento.

Para entender os custos no agronegócio é necessário voltar às atividades básicas deste setor e associá-las às etapas do processo onde formam-se os custos:

• Agrícola:gastosassociadosàformaçãoacultura,desdeapreparaçãodosoloatéaco--lheita.

• Pecuária:gastosassociadosàcria,recriaeengordadosanimais.Envolveaaquisiçãooua geração do animal até a disposição para o abate.

• Agroindústria: gastos associados ao processamento e produtos agrícolas ou o abate eprocessamento dos animais.

• Comércio dos produtos relacionados ao agronegócio: empresas que apenas comercia--lizam produtos agropecuários (revenda) tem como custo o preço de aquisição da merca-doria adicionado de despesas de frete e impostos não recuperáveis.

CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS

A classificação de custos envolve basicamente dois aspectos: sua relação com o produto e sua relação com o nível de atividade. Assim, são quatro as possíveis classificações dos gastos relacionados aos custos:

1. Custos diretos: são os custos que podem ser apropriados diretamente ao produto agrícola oupecuário,porqueháumamedidaobjetivaefacilmenteidentificáveldoseuconsumona

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143CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

produção. Ex.: sementes, adubos, mão de obra direta.

2. Custos indiretos: são os custos que para serem incorporados aos produtos agrícolas ou pe-cuários,necessitamdealgumcritérioderateio.Ex.:combustível,lubrificantes,depreciaçãode máquinas, exaustão, serviços de agrônomos e topógrafos.

3. Custosfixos:sãotodososcustoscujovalortotalnãovariaproporcionalmenteaovolumeproduzido, isto é, se a empresa aumentar o seu volume de produção (dentro da sua atual capacidadeprodutiva)nãoiráaumentarovalortotaldosseuscustosfixos.Ex.:deprecia-ção da máquina, aluguel do armazém, energia elétrica.

4. Custosvariáveis:aocontráriodoscustosfixos,sãooscustosquevariamproporcionalmen-te ao volume produzido. Ex.: adubo, inseticida, fertilizantes, mão de obra direta.

É oportuno ressaltar que um gasto pode ser classificado em duas destas categorias. Por exemplo, as sementes utilizadas no plantio são custos diretos e variáveis, isto é, são facilmente identificáveis quanto à quantidade utilizada para determinado tamanho de área e também variam conforme o volume que será plantado.

Para um melhor entendimento, vide abaixo um quadro explicativo da participação dos custos no processo da empresa:

Fonte

: Silv

io de

Cas

tro

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144CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Curiosidade:

Vocêsabiaqueocustofixoévariávelemrelaçãoàproduçãototal?Equeocustovariáveléfixoemrelaçãoàproduçãototal?Quantomaisumaempresaproduz,menosocustofixorepresentaránototalproduzido.Entretanto,ocusto variável será sempre o mesmo em relação à produção.

Na contabilidade de custos, o valor do custo total do produto ou da produção é basicamente dividido em três itens:

1. Material Direto: são insumos diretamente associados aos produtos.

2. Mão de obra Direta: são os gastos com mão de obra diretamente associadas à produção.

3. Custos indiretos de produção: são os insumos e gastos com mão de obra que não estão diretamente associados ao produto/produção.

CUSTO TOTAL

Fonte: Silvio de Castro

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145CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Sistemas de custeio

“Todos os Custos Indiretos só podem ser apropriados, pela sua própria definição, de forma indireta aos produtos, isto é, mediante estimativas, critérios de rateios, previsão de comportamentode custos etc.” (MARTINS, 1995, p.77)

Segundo Oliveira e Perez (2009), existem basicamente dois critérios para se apropriar os diversos custos indiretos à produção: o custeio por absorção e o custeio variável.

Métodos de custeio

O objetivo fundamental dos métodos de custeio é apurar o custo de uma unidade do produto fabricado. É por meio do método de custeio que se busca determinar o custo unitário do produto, ou seja, analisar um dado de custo

de alta utilização pelos administradores. Utilidades do conhecimento do custo unitário do produto pelo administrador:

• Custearinventáriosparademonstrativosfinanceiroseparadeterminarolucrolíquidodoperíodo.

• Assistiragerêncianoplanejamentoecontroledasoperações.

• Assistiragerêncianassituaçõesdetomadasdedecisões(formaçãodepreçodevenda,manter ou eliminar linhas de produtos, fabricar ou comprar componentes, negociar preços especiais etc.).

Custeamento do produto é o processo de identificar o custo unitário de cada produto produzido pela empresa, nas suas diferentes versões ou variações.

Fonte

: PHO

TOS.

COM

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146 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Custeio por Absorção

O custeio por absorção, de acordo com Martins (1992, p. 39), “consiste na apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados, e só os de produção; todos os gastos relativos ao esforço de fabricação são

distribuídos para todos os produtos feitos”, ou seja, vem a ser a apropriação de todos os custos (sejam eles fixos ou variáveis) à produção do período. Os gastos não fabris (despesas) são excluídos. Sendo assim, as despesas são contabilizadas imediatamente enquanto que somente os custos relativos aos produtos vendidos terão idêntico tratamento.

Pode-se, então, concluir que Custeio por Absorção é um processo de apuração de custos, cujo objetivo é ratear todos os seus elementos (fixos ou variáveis) em cada fase da produção. Só é considerada custo a parcela dos materiais que é utilizada na produção.

O Manual de Contabilidade por Ações(1990, p. 510), define custeio por absorção da seguinte forma:

“[...] devem ser adicionados ao custo da produção os custos reais incorridos, obtidos através da contabilidade geral, e pelo sistema por absorção, o que significa a inclusão de todos os gastos relativos à produção, quer diretos, quer indiretos com relação a cada produto”.

Os custos referentes aos produtos em elaboração e aos produtos acabados não vendidos constarão no estoque desses produtos.

O custeio por absorção é o único aceito pela Auditoria Externa, porque atende aos princípios contábeis da Realização da Receita, da Competência e da Confrontação. É o único aceito pelo Imposto de Renda.

O método de apuração dos custos unitários é tão somente o total de custos apurados, dividido pelo volume de produção. Logo, se houver incorreção em distinguir custo de despesa, haverá

Fonte

: PHO

TOS.

COM

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147CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

erro no cálculo do custo unitário.

Exemplo do levantamento do custo de produção, pelo método do custeio por absorção por meio de um caso prático preparado pelos autores com base em artigo jornalístico publicado na Gazeta Mercantil, 23 ago. 2000, Caderno: Por Conta Própria, p. 11.

Com base nas informações disponíveis, apure o custo de industrialização de cada pote, utilizando:

a) o método do custeio por absorção; e

b) o método do custeio variável.

A Boa Pesca Ltda. é uma pequena empresa cearense especializada na industrialização dos resíduos de pescados. Tais resíduos são adquiridos das diversas indústrias que exploram as atividades de pesca na região.

Um de seus principais produtos é um pó produzido com base na cartilagem de tubarão. Está comprovado cientificamente que esse pó é rico em cálcio e fósforo.

A Boa Pesca Ltda. processa anualmente 14 toneladas de cartilagem, sendo que o rendimento é de 10% do peso desses resíduos, ou seja, para cada quilo de cartilagem de tubarão, obtêm-se 100 gramas do pó.

Cada pote de 100 gramas do produto acabado (pó de cartilagem de tubarão) é vendido por $ 85,00. Durante o mês de novembro, foram produzidos 1.200 potes de pó de cartilagem de tubarão, com 100 gramas cada.

Seguem as informações sobre os gastos do mês de novembro da Boa Pesca Ltda.

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Quadro1-Custosdefabricação–custeioporabsorção

Fonte: Silvio, 2007

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149CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

a) Separação dos custos e despesas, fixos e variáveis

Quadro2-Despesasadministrativasecomerciais

Fonte: Silvio,2007.

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150CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Calculando o custo de cada unidade fabricada.

Demonstração do custo unitário – método do custeio por absorção

O resultado do mês pode ser demonstrado da seguinte forma:

Quadro3-Demonstraçãodoresultadopelocusteioporabsorção

Fonte: Silvio, 2007

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151CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

No entanto, acredita-se que o método de custeamento por absorção não possui utilidade relevante como instrumento gerencial, tendo em vista que os critérios de rateio, na maioria das vezes, possui elevado grau de arbitrariedade. Esse aspecto, como já foi mencionado anteriormente, pode simplesmente por uma mudança do critério, afetar o custo e consequentemente a rentabilidade de um produto, sendo que isso é em termos práticos inadmissível, pois uma mudança de critério de rateio não muda a maneira e o processo de fabricação de um produto em questão.

Custeio Variável

O método de custeio variável é uma técnica de apropriação de custos que considera simplesmente os custos diretamente ligados aos produ-tos ou serviços prestados, como sendo custos variáveis. Dessa forma, somente os custos diretos são alocados aos produtos, sendo que os custos indiretos entram na conta de resultados do exercício sem in-terferir com as margens de lucros utilizada como auxílio na tomada de

decisões. Uma das aplicações mais conhecidas dessa técnica é a análise de custo-volume--lucro e está referida principalmente à análise de influência no lucro que as alterações no mix de produção e de vendas podem trazer para a empresa.

O método de Custeio Variável é também conhecido como método de custeamento direto. Segundo Martins (2004, p.178),

No Custeio Direto ou Custeio Variável, só são alocados aos produtos os custos variáveis, ficando os fixos separados e considerados como despesas do período, indo diretamente para o Resultado; para os estoques só vão, como conseqüência, os custos variáveis.

Só são apropriados à produção os custos variáveis, quer diretos, quer indiretos. Os custos fixos são contabilizados diretamente à débito da conta de resultado (juntamente com as despesas) sob a alegação de que esses ocorrerão independentes do volume de produção da empresa. Portanto, os custos fixos não são considerados como custos de produção e

Fonte

: PHO

TOS.

COM

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152 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

sim como despesas. Nesse método, é levado em consideração de que a infraestrutura da empresa não interfere no processo de formação de custos dos produtos, pois uma vez que ela é concebida, os gastos ocorrem independentemente se houver ou não produção.

Esse método fere os princípios contábeis da Realização, Competência e Confrontação porque os custos fixos são reconhecidos como despesas mesmo que todos os produtos fabricados tenham sido vendidos. O método de custeio variável é indicado para tomadas de decisões. É um tipo de custeamento que consiste em considerar como custo de produção do período apenas os custos variáveis incorridos.

Os custos dos produtos vendidos e os estoques finais de produtos em elaboração e produtos acabados só conterão custos variáveis.

Uma outra diferença em relação ao custeio por absorção, esta de natureza formal, reside na maneira de apresentar a Demonstração dos Resultados. No custeio variável, a diferença entre Vendas Líquidas e a soma de CPV (que só contém custos variáveis) e Despesas Variáveis é denominada margem de contribuição. A margem de contribuição propicia a verificação de quais os produtos e serviços que são mais ou menos lucrativos para a empresa, sem lançar mão de formas de rateio discutíveis. Cada produto deve ter um percentual de margem de contribuição que o mercado aceite pagar e não simplesmente, um aumento ou majoração em cima dos custos variáveis. Além de tudo isso, o isolamento dos custos fixos facilita a gestão de sua magnitude em relação à organização do todo.

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153CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Sendo assim, podemos observar como segue abaixo:

Exemplo da utilização do custeio variável

Fonte: Silvio, 2007

Como base no mesmo exemplo utilizado no custeio por absorção, pode-se verificar as diferenças na utilização desses dois métodos.

Demonstração do custo unitário – método do custeio variável

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154 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

O resultado do mês pode ser demonstrado da seguinte forma:

Demonstração do resultado pelo variável

Fonte: Silvio, 2007

O método de Custeio Variável é também conhecido como método de custeamento direto. Segundo Martins (1991, p.178),

No Custeio Direto ou Custeio Variável, só são alocados aos produtos os custos variáveis, ficando os fixos separados e considerados como despesas do período, indo diretamente para o Resultado; para os estoques só vão, como conseqüência, os custos variáveis.

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O custeio direto/variável oferece mais informações úteis e relevantes para a tomada de decisão do que as demais abordagens do método de custeio, principalmente por evidenciar, de forma clara e objetiva, a margem de contribuição que a instituição precisa ter para suportar determinado volume de atividade, de modo a absorver os seus custos fixos e gerar resultados favoráveis.

O objetivo de qualquer informação contábil é sua utilização gerencial e o processo de tomada de decisão, um sistema de custos não é um fim em si mesmo. Em outras palavras, ele é uma ferramenta gerencial, que existe para fornecer ao administrador, dados de custos necessários para dirigir os assuntos de uma organização. Assim, o método de custeio variável/direto é o método conceitualmente adequado para a gestão econômica do sistema empresa, no âmbito da contabilidade de custos, enquanto o método de absorção não é adequado para tomadas de decisão.

Só são apropriados à produção os custos variáveis, quer diretos, quer indiretos. Os custos fixos são contabilizados diretamente à débito da conta de resultado (juntamente com as despesas) sob a alegação de que estes ocorrerão independentes do volume de produção da empresa. Portanto, os custos fixos não são considerados como custos de produção e sim como despesas. Deduzindo as despesas fixas e os custos fixos da margem de contribuição, obtém-se o lucro do exercício.

As principais vantagens deste método, que apesar de ser não aceito pela legislação fiscal proporciona maires subsídios para a tomada de decisões, são:

• Suafáciloperacionalização.

• Identificaçãodosprodutoscommaioroumenormargemdecontribuição.

• Rateiostêmsemprealgumgraudearbitrariedade.

• Evitaavariaçãodocustodoprodutoemfunçãodaquantidadeproduzida.

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156 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

INFLUÊNCIA DOS MÉTODOS DE CUSTEIO NA APURAÇÃO DO RESULTADOConforme verificamos quando aprendemos a entender a Demonstração do Resultado do Exercício, a evidenciação dos custos se apresenta da seguinte forma:

RECEITA BRUTA

(–) Deduções

(=) RECEITA LÍQUIDA

(–)Custosdosprodutosvendidos

(=) LUCRO BRUTO

(–)Despesasdoperíodo

(=) LUCRO OPERACIONAL

(–) Perdas

(=) LUCRO ANTES DA DISTRIBUIÇÃO

(–) Impostos e Participação dos Empregados

(=) LUCRO LÍQUIDO

(–) Dividendos

(=) LUCRO RETIDO PELA EMPRESA

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157CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Observando esta estrutura podemos concluir que, se excluirmos os custos fixos do item “Custo dos produtos vendidos” (custeio variável) teremos um maior lucro bruto, entretanto na linha “Despesas dos período” teremos um acréscimo destes custos fixos, independente da produção vendida e sim da produção do período. Isto fará com que o Resultado do Exercício seja menor em relação ao custeio por absorção.

Além disso, a avaliação dos estoques será bem menor do que a utilização do custeio por absorção.

CUSTOS NA PECUÁRIA

A atividade pecuária tem peculiaridades inerentes a sua atividade que diferem de outros setores. Uma delas é o longo ciclo operacional, que varia de três a cinco anos, desde o nascimento do bezerro até sua venda. Neste caso, o rebanho permanece no Ativo Circulante – Estoque por longo período, até a sua maturação.

Existem três fases distintas na atividade pecuária de corte pelas quais passa o animal que se destina ao abate:

a) Cria: a atividade básica é a produção de bezerros que só serão vendidos após o desmame. Normalmente, a matriz (de boa fertilidade) produz um bezerro por ano.

b) Recria: a atividade básica é a partir do bezerro adquirido, a produção e a venda do novilho magro para engorda.

c) Engorda: a atividade básica é a partir do novilho magro adquirido, a produção e a venda do novilho gordo.

Segundo Marion (2009), o processo de produção na pecuária consiste no crescimento natural do gado e consequente aumento de valor do Ativo da empresa, ou seja, o Estoque.

Existem outras questões que envolvem a apuração de Resultado na pecuária que está ligado

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ao reconhecimento da receita antes da venda. Isso se deve ao fato do valor definido pelo mercado, publicado regularmente em jornais e revista de circulação, no qual mesmo a empresa não tendo ainda realizada a venda, reconhece, para efeito de variação patrimonial, a receita que seria obtida com a venda do rebanho ainda em formação, com a finalidade de verificar a viabilidade da manutenção do rebanho. Entretanto, este é um assunto que deverá ser discutido em outra oportunidade de forma mais específica.

Marion (2009) ainda descreve alguns métodos existentes de cálculo do custo do bezerro:

a) Custo médio do rebanho: divide-se o “custo do rebanho” pelo plantel em estoque mais os bezerros nascidos no mês. A partir deste valor, apropria-se o Custo Médio pelo rebanho destinado ao corte.

b) Custo médio dos reprodutores: divide-se o “custo do rebanho” por todo o plantel (Estoque mais Imobilizado) menos os bezerros nascidos no período. O resultado obtido (custo de manutenção por cabeça) é multiplicado pelas cabeças do imobilizado e esse valor é atribu-ído aos bezerros nascidos. Dessa forma, acha-se o custo por bezerro nascido. O custo de manutenção por cabeça também é distribuido pelo rebanho em estoque.

c) Custo específico: apuram-se todos os custos referentes ao Imobilizado e apropriam-seaos bezerros. Os demais custos seriam distribuídos proporcionalmente ao rebanho em estoque.

d) Custo corrigido considerando os bezerros a nascer: trabalha-se com o valor dos estoques corrigidos monetariamente e considera-se as vacas prenhas, de acordo com o número de meses de gestação.

Entende-se como “Custo do Rebanho” itens como salário, alimentação de gado, exaustão de pastagens, depreciações dos reprodutores, serviços veterinários, manutenção do rebanho reprodutor entre outros.

Comparando-se com a contabilidade de custos em uma indústria, onde o custo de manutenção das máquinas não é somado ao valor das máquinas, o mesmo acontece com a manutenção do rebanho reprodutor, por isso este item soma-se ao custo do rebanho, pois o reprodutor tem função semelhante ao destas máquinas em nossa comparação.

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CONTROLEDEESTOQUES

O que o controle de estoques tem a ver com apuração de custos?

Para grande parte das pessoas o controle de estoques é apenas uma forma de controlar o fluxo do produto no negócio. Entretanto, o controle rigoroso de estoques é a base para se apurar o custo destes produtos. Sem ele, não há como saber quanto se gastou para colocar um produto à disposição para venda.

Portanto, da mesma forma que comentamos na unidade sobre ativo imobilizado, a utilização de controles internos é essencial também na área de estoques.

Além do aspecto de vigilância sobre os itens que compõem o estoque, outro fator importante do controle é a determinação do custo da mercadoria/produto. Saber apurar o custo é vital para qualquer empreendimento, pois se não souber quanto custa uma mercadoria ou produto como é que será possível estabelecer o valor pela qual se pode vendê-la? Por outro lado, se o empreendimento não sabe o custo dos seus produtos ou mercadorias, não saberá qual o resultado da mesma.

Os materiais (matérias-primas, mercadorias, embalagens, componentes adquiridos prontos e outros materiais diretos) utilizados na fabricação e revenda, são considerados como fatores básicos na formação dos custos.

Os materiais por sua característica física não precisam, necessariamente, serem adquiridos na medida em que estão sendo utilizados. Eles podem por uma questão de oportunidade, ser adquiridos em quantidades maiores do que a necessária para o seu consumo imediato, sendo o excedente armazenado no estoque/almoxarifado.

Fonte

: PHO

TOS.

COM

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160 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Os materiais quando ingressam na entidade são ativos que, por sua vez, têm como regra geral de critério de avaliação o custo histórico de aquisição, ou seja, quando a empresa compra certo material, incorporam o valor deste material todos os demais gastos (transporte, seguro, armazenagem etc.) necessários para colocá-lo em condições de uso ou venda.

Os estoques também são classificados de acordo com sua finalidade junto à produção e à atividade da empresa, como abaixo relacionado:

• Matéria-prima:produtosquecompõemacultura.Sementes,abudos,inseticidas.

• Produtosemelaboração:culturatemporáriaemformação;culturapermanenteemanda-mento.

• Produtosacabados:produçãocolhidaeprontaparaavenda.

• Materiaisauxiliares:outrosmateriaisacessóriosàproduçãoeàmanutençãodasativida-des da empresa.

De maneira mais específica, a atividade pecuária também possui classificações de estoques que torna-se interessante mencioná-las, haja vista que temos os animais reprodutores, de corte, de renda e de trabalho:

• Estoquedeanimaisemexperimentação(podemterqualidadesparareprodutores).

• Estoquedeanimaisemformação.

• Estoquedeanimaisprontosparaoabate.

• Materiaisauxiliares:itensqueestãonoalmoxarifadocomoração,feno,sais,medicamen-tos etc.

Na movimentação desses materiais (saídas e entradas) é frequente a incidência simultânea de dois ou mais lotes que foram adquiridos a preços diferentes e em diferentes datas. Sendo que esse fato gera problemas quando da avaliação dos componentes do estoque que, por sua vez, requer a adoção de determinados critérios ou métodos de avaliação adequados a cada circunstância, na qual demonstraremos mais adiante.

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161CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Embora sejam muitas as funções que se realizam dentro do sistema geral de controle dos materiais, de acordo com Campiglia (1993, p. 42) são três os seus objetivos fundamentais:

a) a evidência das quantidades físicas que compõe os inventários do material e do valor que lhes correspondem, determinada em função das operações de entradas e do consumo periódico ou saídas;

b) a coordenação das entradas do material com o respectivo processo de compra;

c) aidentificaçãodassaídasdomaterialeseuentrosamentonoprocessodeformaçãoe evidência contábil dos custos de produção.

Pode-se notar que anteriormente bastante foi abordado sobre “entradas” e “saídas” de materiais no estoque, cabendo agora definir melhor o que significam esses termos para a entidade.

As entradas são operações que aumentam o estoque, na maior parte das vezes, decorrentes de compras e ou transferências internas. As compras se fazem quando do fornecimento externo de materiais adquiridos de terceiros que se destinam ao abastecimento da fábrica, já as transferências internas se dão quando certo material que fora retirado do almoxarifado retorne em forma de entrada.

As saídas compreendem operações que reduzem os estoques e abrangem toda transferência para a fábrica ou para destinatários externos.

Todo material que deixar o almoxarifado e for transferido para a fabricação ou revenda (destinatários externos), deve ser contabilizado pelo seu valor respectivo do custo de aquisição. O custo de aquisição compreende o preço pago na compra do material juntamente com seus impostos não recuperáveis e suas despesas até o local de destino (fretes, carretos, seguros, direitos, despesas alfandegárias etc.).

Inventário Permanente

Este sistema de controle de estoque sugere que as entradas e as saídas constituam em si mesmas, operações que requerem registro e controle permanentes. O efeito desta movimentação, por sua vez, resulta em uma variação constante que requer uma necessidade

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162 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

por parte da administração de se manter um registro permanente dos materiais disponíveis, seja para efeito de inventário, seja para a evidência pronta das disponibilidades de atendimento dos consumos da fábrica no seu processo produtivo.

Segundo Favero (1994, p. 42):

“O inventário permanente, trata-se de um controle de estoque que permite aos usuários da informação contábil obter a qualquer momento, informações precisas sobre a composição e valor dos estoques da empresa”.

O registro e o controle permanente do estoque compreendem pois, tanto a existência física como também o seu valor correspondente.

Cabe ainda ressaltar que com a utilização do sistema de inventário permanente, torna-se desnecessário um maior desdobramento das contas de movimentação de mercadorias, pois todos os lançamentos relativos à compra de mercadorias deverão ser feitas utilizando-se a conta mercadorias.

Inventário Periódico

O inventário periódico é outro sistema de controle de estoque onde as informações sobre as quantidades físicas do estoque, ou seja, a composição (quantidade/valor) do estoque é efetuada por meio de contagem física periódicas.

No entanto, esta sistemática é aconselhável em empresas de pequeno porte, pois um controle permanente pode vir a trazer um gasto muito elevado em relação aos benefícios das informações oferecidas.

Conforme o RIR/80 as empresas no encerramento do ano fiscal devem realizar a contagem física dos estoques.

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163CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Critério de Avaliação dos Materiais

Como já foi dito anteriormente, na movimentação dos materiais (entradas e saídas) é quase sempre frequente a incidência simultânea de dois ou mais lotes do mesmo material serem comprados a preços diferentes e em diferentes datas. Com isto, surgem algumas alternativas de métodos de valorização e controle dos estoques devendo ser adotado o mais adequado a cada circunstância, na qual será demonstrado tais métodos a seguir.

Custo médio ponderado móvel

Vários autores afirmam que este é o critério mais utilizado no Brasil, possibilitando a atualização do preço unitário a cada nova aquisição, consistindo simplesmente em apurar a média ponderada dos preços do custo de aquisição das quantidades de cada lote individual que entram na formação do saldo único do material.

Segundo Giustina (1995), o inventário permanente é atualizado permanentemente a cada operação e reflete a qualquer momento e, sobretudo, na apuração de resultados do exercício social, o valor de cada componente do estoque (cultura em formação, colheita em andamento etc.).

Segundo o autor, é interessante uma analogia devido às semelhanças da Contabilidade Rural com a Industrial, pois ambas têm uma produção em andamento.

Na indústria temos a “Matéria-Prima”, e na agricultura os “lnsumos” (sementes, adubos, inseticidas etc.). “Produtos em Elaboração”, na indústria, equivalem à “Cultura Temporária em Formação” ou à “Colheita em Andamento” da cultura permanente estoque - inventário permanente. Na indústria, “Produtos Acabados”, assemelha-se a “Produtos Agrícolas” na empresa rural.

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164 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

No exemplo a seguir, temos um diário de eventos relacionados à cultura do trigo. No primeiro quadro temos as aquisições e aplicações das sementes. No segundo quadro temos o controle do estoque dessas sementes. Posteriormente, o quadro de controle do custo da produção e o quarto quadro, o controle do estoque da saca colhida.

Desta forma, podemos verificar o comportamento do custo médio e a importância dos controles internos para o acompanhamento e apuração correta dos custos.

Movimentação de Sementes de Trigo

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165CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

FichadeEstoque–SementesdeTrigo

Custos de Produção

Scs de Trigo

Vamos finalizar este exemplo, considerando a venda de 200 sacas de trigo a R$ 120,00/saca.

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166 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Consideraremos, também, ICMS de 7% e comissão de vendas na ordem de 3%.

Demonstração do Resultado do Exercício

Balanço Patrimonial

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167CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Ciclo do custo agrícola

Por meio da ilustração anterior, pode-se perceber que assim como em uma empresa industrial, o processo de formação de custo é basicamente o mesmo em empreendimentos rurais, ou seja, controle dos insumos aplicados, mão de obra e demais custos, formando dessa forma, o custo de um novo produto pronto para ser comercializado.

Fonte: Silvio de Castro

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168 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

OUTRASFORMASDEAVALIAÇÃODEESTOQUES

Além da média ponderada móvel, temos também outros dois métodos: o PEPS (ou FIFO) – primeiro que entra, primeiro que sai; e o método UEPS (ou LIFO) – último que entra, primeiro que sai.

Esses métodos seriam, de forma simplista, como se o estoquista, de acordo com o método convencionado pela empresa, retiraria do estoque o primeiro item estocado (PEPS) ou o último item estocado, no caso do UEPS. Lógico, que isto aconteceria de forma de apuração contábil e não fisicamente, se bem que isto também poderia acontecer.

No caso do PEPS, como o próprio nome indica, consiste no esgotamento dos lotes com preços diferentes, sendo assim, esses lotes devem ter controle separado na ficha de estoque assim, o material utilizado é consequentemente custeado pelos preços mais antigos. Já no caso do UEPS, o material utilizado é custeado pelos preços mais recentes.

Estas formas alterariam a apuração dos custos e dos estoques em virtude da política de preços do produto no mercado. Onde haveria uma tendência de supervalorização ou subvalorização dependendo se o produto tivesse tendência de alta ou queda no seu preço de aquisição.

A título de exemplo puramente didático, vamos considerar uma movimentação de estoque na seguinte forma:

01/03 – entrada de 10 itens no estoque ao preço unitário de R$ 150,00.

10/03 – entrada de 30 itens no estoque ao preço unitário de R$ 120,00.

30/03 – saída de 20 itens do estoque.

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169CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Em primeiro lugar, vamos utilizar o método PEPS para avaliar esta movimentação.

Observe que o Custo do Produto que saiu do estoque foi de R$ 2.700,00 e o estoque final fechou com saldo de R$ 2.400,00.

Desta vez, vamos analisar a movimentação deste estoque por meio do método UEPS:

Observe que o Custo do Produto que saiu do estoque foi de R$ 2.400,00 e o estoque final fechou com saldo de R$ 2.700,00.

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170 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Para comparação, vamos agora utilizar a Média Ponderada Móvel e comparar os valores apurados:

Neste caso, o valor do Custo dos Produtos que saíram do estoque foi de R$ 2.550,00 e o estoque final avaliado em R$ 2.550,00.

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Contabilidade>.<http://www.cfc.org.br/>.<http://www.eac.fea.usp.br/>.<http://www.classecontabil.com.br/>.<http://www.fipecafi.com.br/>.<http://www.portaldecontabilidade.com.br/glossario.htm>.

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171CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Porqueofisconãoaceitaumdoscritériosdeavaliaçãodoestoque?Existe a possibilidade de se obter o resultado contábil de uma entidade sem controle de estoque? Por quê?

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após o estudo desta unidade, a assimilação e os conceitos dos gastos que influenciam a produção, tanto o produto quanto o estoque é a base para avançarmos ao último assunto abordado nesta fase de estudos.

Para se tomar decisão é necessário conhecer o que a informação apresentada quer expressar. A segregação dos custos e despesas, dos custos diretos e indiretos, dos custos fixos e variáveis é fundamental para se analisar e gerir custos. A avaliação de custos é precedida por estes elementos.

ATIVIDADE DE AUTOESTUDO

Qual a solução para o controle de estoque em empresas de grande porte que movimenta milhares de itens do seu estoque todos os dias? Faça uma pesquisa a respeito desse aspecto e apresente algumas sugestões para tal problema.

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172CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

ATIVIDADES

1. EXERCÍCIO RESOLVIDO

Com base nos dados abaixo, preencha a ficha de estoque e calcule o custo na venda de 60 unidades do produto alfa.

a) Usar método da média ponderada móvel. b) PEPS - Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair. c) UEPS - Último a Entrar, Primeiro a Sair.

Descrição R$ Unit Qtdade

Compra 01 327,00 15 Compra 02 360,00 25 Compra 03 385,67 20 Compra 04 408,17 20

a) Custo Médio

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173CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

EXERCÍCIO 2

O empreendimento Univale efetuou a movimentação de estoque abaixo, no mês de maio/2006 da mercadoria X. Com base nessa movimentação, elabore a ficha de estoque pelo MPM e informe o custo da mercadoria vendida.

Favero et al. (1997) expõem no capítulo 10 de sua obra os aspectos relevantes relacionados com empresas e as operações com mercadorias ou matérias-primas. São abordados questões a respeito da contabilização, apuração do ICMS, COFINS, e PIS além do frete e seguro sobre o transporte das mesmas.Porfim,apresentacritériosdeavaliaçãodoestoqueeexemplospráticos.

FAVERO, Hamilton et al. Contabilidade Teoria e Prática. São Paulo: Atlas, 1997, pp. 197-253.Biblioteca CESUMAR, número de chamada: 657 C759 1997.

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UNIDADE V

TOMADADEDECISÃO,MARGEMDECONTRIBUIÇÃO,PONTODEEQUILÍBRIOEALAVANCAGEMOPERACIONALProfessor Me. Silvio César de CastroProfessor Esp. Robinson Pereira Santos

Objetivos de Aprendizagem

• Compreenderoconceitodemargemdecontribuição.

• Encontraropontodeequilíbriodeumaempresa.

• Compreenderoconceitodealavancagemoperacional.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Cálculodamargemdecontribuição

• Cálculodosdiversospontosdeequilíbrio

• Interpretaçãodoíndicedealavancagemoperacional

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Page 177: Contabilidade Aplicada Ao Agronegócio

177CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Fonte

: PHO

TOS.

COM

INTRODUÇÃO

O que mais fica evidente em nossos estudos é a contribuição para a Tomada de Decisão oferecida pela contabilidade.

Dentre os muitos instrumentos de análise, escolhemos três que formam o tripé da análise de custos e resultados: Margem de Contribuição, Ponto de Equilíbrio e Alavancagem Operacional. São instrumentos simples, mas que podem mostrar claramente a direção atual e aquela que poderá ser tomada pela empresa, visando sempre a maximização do resultado com o reconhecimento e tudo que pode consumir o resultado.

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178 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO

A margem de contribuição consiste na diferença entre o preço de venda e a soma das despesas e custos variáveis de um produto ou serviço. Para que se possa chegar à margem de contribuição é de fundamental importância a segregação dos gastos entre variáveis e fixos. A margem de contribuição pode ser apurada da seguinte forma:

Formas de apuração da margem de contribuição

Fonte: Silvio, 2007

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179CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Lunkes (2004, p. 121) entende que “margem de contribuição é a quantia de receita que permanece depois de deduzir os custos e despesas variáveis”, ou seja, o lucro variável por unidade comercializada, isto é, consiste no preço de venda menos os gastos variáveis. Oliveira e Peres (2005, p. 222) afirmam que “entende-se por margem de contribuição a diferença entre o preço de venda e a soma das despesas e custos variáveis de um produto ou serviço”. E será com o conceito desses dois últimos autores que esse assunto será tratado, ou seja:

Margem de contribuição = Preço de venda - custos variáveis - despesas variáveis

Sendo custos variáveis e despesas variáveis = gastos variáveis, pode-se assim simplificar:

Oliveira e Peres (2005, p. 222) afirmam que:

A margem de contribuição é, em outras palavras, a ́ sobra financeira´ de cada produto ou divisão de uma empresa para a recuperação — ou amortização — das despesas e dos custos fixos de uma entidade e para a obtenção do lucro esperado pelos empresários [...]

a) Exemplo de margem do cálculo contribuição unitária, total por produto e global:

Demonstraçãodamargemdecontribuiçãounitária,totalporprodutoeglobal

Fonte: Silvio, 2007

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180 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Por meio do quadro acima, pode-se verificar que o produto por unidade que apresenta a maior margem de contribuição no mês é o produto C, no entanto, o produto que mais contribuiu para amortizar os gastos fixos da empresa foi a A, mesmo possuindo a menor margem de contribuição unitária. Isso foi possível pelo fato do volume de vendas dao produto A ter sido representativamente superior ao produto C. Nesse sentido, é importante verificar que nem sempre o produto que apresenta a maior margem de contribuição por unidade é o mais interessante para a empresa, pois o volume produzido e comercializado é um fato relevante nesse sentido.

b) Exemplo de margem do cálculo de contribuição por filial:

Exemplo de margem de contribuição por filial

Fonte: Silvio, 2007

Da mesma forma como foi demonstrado no quadro 21, pode-se identificar a margem de contribuição por divisão de negócios ou departamentos da empresa.

Oliveira e Peres (2005) ressaltam que por meio da análise da margem de contribuição é possível:

a) Verificarquaisprodutossãomaisrentáveiseosmenosrentáveisoudeficitários.

b) Qualfoioprodutoquemaiscontribuiuparaamortizarosgastosfixosdaempresa.

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181CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Essas informações podem levar a decisões de quais produtos ou linha de produção podem ser fomentados, produtos a serem eliminados etc.

Margem de Contribuição e os Fatores Limitativos de Produção

Por meio da demonstração da margem de contribuição, pode-se a princípio acreditar que o mais interessante, a decisão mais acertada, por parte do administrador, seria fomentar a produção e venda do produto que possui a maior margem de contribuição em relação aos demais produtos. No entanto, essa premissa é verdadeira somente nos seguintes cenários:

a) a organização não possui fatores que limitem sua produção (hora máquina, hora mão de obra, matéria-prima etc.);

b) toda demanda de mercado/venda está sendo atingida pela empresa, não existem clientes que estão sendo atendidos parcialmente face algum limitador de produção.

Caso a empresa possua algum fator que limite sua produção de forma que o mercado está sendo atendido parcialmente, a simples decisão de fomentar o produto que possui a margem de contribuição mais representativa por unidade não tem mais valor. A partir desse momento, a análise da margem de contribuição pelo fator limitativo de produção torna-se crucial.

Fonte

: PHO

TOS.

COM

Page 182: Contabilidade Aplicada Ao Agronegócio

182 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Exemplo Prático:

A Saudável Frigo S.A. é beneficiadora de carne e laticínios. Produziu e vendeu em julho três produtos com a seguinte margem de contribuição para cada unidade:

Margem de contribuição e os fatores limitativos: exemplo prático

Fonte: Silvio, 2007

Os custos e despesas fixas totalizaram $ 600.000 no mês, e a empresa trabalhou em julho com a capacidade máxima de produção das máquinas e equipamentos, ou seja, 34.500 horas máquina, conforme quadro acima.

Em reunião da Diretoria você ficou sabendo que:

A empresa atendeu totalmente a demanda para o produto C, que oferece a maior margem de contribuição, mas não conseguiu atender a toda demanda para os produtos A e B, cujas demandas eram de:

A: 3.000 unidades.

B: 1.400 unidades.

C: 3.000 unidades.

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183CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

O administrador acreditou ter tomado a decisão correta em priorizar a produção e venda do produto que oferecia a maior margem de contribuição em relação aos outros produtos.

1º Passo:

Verificar qual o resultado obtido com a produção e venda realizada de acordo com a decisão dos administradores da empresa, ou seja, a movimentação efetuada no quadro abaixo.

Margem de contribuição e os fatores limitativos: exemplo prático

Fonte: Silvio, 2007

2º Passo:

Calcular a margem de contribuição em relação ao fator limitativo de produção.

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184CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

No entanto, se o administrador tivesse levado em consideração o fator limitativo de produção, o produto que deveria se priorizado para produção e venda seria o produto B com R$ 68,00 seguido pelo produto A com R$ 35,00 e o produto C com R$ 22,50.

No entanto, se fosse efetuado o atendimento à demanda de mercado, o resultado seria:

Margem de contribuição e fatores limitativos de produção: distribuição de horas

Fonte: Silvio, 2007

3º Passo:

Refazer o cálculo do resultado do mês com base no novo mix de produção, levando em consideração o fator limitativo de produção.

Margem de contribuição e fatores limitativos de produção: novo mix de produção

Fonte: Silvio, 2007

Page 185: Contabilidade Aplicada Ao Agronegócio

185CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Pode-se verificar que houve um incremento de R$ 196.000 no resultado da empresa. É importante ressaltar, que isso ocorreu pelo simples fato de ter sido levado em consideração o fator limitativo de produção. Esse exemplo prático demonstra que quando existirem fatores que limitem a produção de uma forma que a demanda de mercado não possa ser atendida, a simples premissa de incentivar a produção e venda do produto que possui a maior margem de contribuição unitária não possui mais validade.

PONTODEEQUILÍBRIO

Para Cogan (1999), ponto de equilíbrio corresponde à quantidade produzida, volume de operações para a qual a receita iguala o custo total, pois é o ponto onde o lucro líquido iguala a zero, podendo ser demonstrada em unidades físicas ou monetárias. O modelo do ponto de equilíbrio tem por objetivo

determinar o nível de produção em termos de quantidade, ou de valor que se traduz pelo equilíbrio entre a totalidade dos custos e das receitas. Para um nível abaixo desse ponto, a empresa estará na zona de prejuízo e acima dele, na zona de lucratividade. Portanto, nesse ponto, o nível de operação é tal que absorve a totalidade dos custos e despesas fixas, e acima dele somente incidem os custos e despesas variáveis.

Fonte

: PHO

TOS.

COM

Page 186: Contabilidade Aplicada Ao Agronegócio

186CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Pontodeequilíbrio

Fonte: Silvio, 2007

Pontodeequilíbriocontábil(PEC)

Possibilita verificar o nível de atividades necessárias para recuperar todas as despesas e custos de uma empresa, facilita a análise da lucratividade dos produtos vendidos. No Ponto de Equilíbrio Contábil, o resultado da empresa é igual a zero.

Quadro4-Fórmulaspontodeequilíbriocontábil

Fórmulas:

Fonte: Silvio, 2007

Page 187: Contabilidade Aplicada Ao Agronegócio

187CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

PontodeEquilíbrioFinanceiro(PEF)

Possibilita identificar o nível de produção e vendas em que o saldo de caixa é igual a zero assim, representa a quantidade de vendas necessária para cobrir os gastos efetuados tanto operacional quanto não operacional. O ponto de equilíbrio financeiro exclui os gastos que não afetam o caixa da empresa, ou seja, não são desembolsáveis,

porém são considerados para efeito do resultado contábil. Os mais comuns são amortizações e depreciações.

Fórmulaspontodeequilíbriofinanceiro

Fonte: Silvio, 2007

PontodeEquilíbrioEconômico(PEE)

Por meio do Ponto de Equilíbrio Econômico é possível projetar os resultados que a empresa

Fonte

: PHO

TOS.

COM

Page 188: Contabilidade Aplicada Ao Agronegócio

188 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

poderá obter em diversos níveis de atividades de produção e de vendas, mantidas constantes às demais variáveis, tais como margem de contribuição, total das despesas e custos fixos etc. O Ponto de Equilíbrio Econômico corresponderá ao nível de atividade necessário para se atingir o resultado esperado ou projetado.

Fórmulapontodeequilíbrioeconômico

Fonte: Silvio, 2007

Ponto de equilíbrio, exemplo numérico.

A indústria de alimentos enlatados Sabor do Campo Ltda., obteve no mês de setembro os seguintes dados de sua produção:

Sabor do Campo Ltda. - Movimentação do mês de setembro

Fonte: Silvio, 2007

1. Qual o volume em quantidade de vendas que fará com que o resultado da empresa seja zero? Ou seja, o ponto de equilíbrio contábil em unidades.

Page 189: Contabilidade Aplicada Ao Agronegócio

189CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Primeiramente, deve-se identificar qual a margem de contribuição e a margem de contribuição %.

Sabor do Campo Ltda. - Margem de contribuição

Fonte: Silvio, 2007

PEC = = 30.000

Isso significa que a empresa apresentará um resultado igual a zero quando produzir e vender 30.000 unidades de enlatado.

SabordoCampoLtda.-Demonstraçãodopontodeequilíbrioemunidades

Fonte: Silvio, 2007

R$180.000R$6,00

Page 190: Contabilidade Aplicada Ao Agronegócio

190CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

2. Qual receita bruta fará com que o resultado da empresa seja zero?

PEC = x100 = R$390.000

SabordoCampoLtda-Demonstraçãodopontodeequilíbrioemreceitabruta

Fonte: Silvio, 2007

3. Tendo em vista que entre os gastos fixos, o valor de R$ 12.000 corresponde à depreciação do mês, quantas unidades do produto farão com que o saldo de caixa seja igual a zero?

PEF = = 28.000 unid

SabordoCampoLtda-Demonstraçãodopontodeequilíbriofinanceiroemunidades

Fonte: Silvio, 2007

R$180.00046,15

R$180.000 - R$12.000R$6,00

Page 191: Contabilidade Aplicada Ao Agronegócio

191CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Percebemos que, no cálculo do ponto de equilíbrio financeiro o saldo de caixa é zero, porém o resultado contábil é negativo (prejuízo). Isso é justificado pelo fato de que os gastos fixos informados no quadro 12 permanecem em sua totalidade, ou seja, não foi deduzido os R$ 12.000 correspondente às depreciações do mês.

4. Tendo em vista que entre os gastos fixos, o valor de R$ 12.000 corresponde à depreciação do mês, a receita bruta fará com que o saldo de caixa seja igual a zero?

PEF = x100 = R$364.000

SabordoCampoLtda-Demonstraçãodopontodeequilíbriofinanceiroemreceitabruta

Fonte: Silvio, 2007

5. Tendo em vista que entre os gastos fixos, o valor de R$ 12.000 corresponde à depreciação do mês, quantas unidades do produto farão com que o saldo de caixa seja igual 18.000?

PEF = = 31.000 unid

6. Tendo em vista que entre os gastos fixos, o valor de R$ 12.000 corresponde à depreciação do mês, a receita bruta fará com que o saldo de caixa seja igual R$ 18.000?

PEF = x100 = R$403.000

R$180.000 - R$12.00046,15

R$180.000 - R$12.000 + R$18.000R$6,00

R$180.000 - R$12.000 + R$18.00046,15

Page 192: Contabilidade Aplicada Ao Agronegócio

192 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

UTILIZANDO O PONTO DE EQUILÍBRIO NAPROJEÇÃO DE CENÁRIOS CONTÁBEIS

O ponto de equilíbrio pode ser utilizado em complemento a outras ferramentas de análise financeira dos negócios, prevendo e projetando possíveis resultados e níveis de atividade com as

mudanças previstas. No objetivo de ilustrar essa utilização, será apresentado um exemplo prático dessa metodologia.

A rede de hotéis Rede Campo Rural Ltda., possui 16 hotéis no interior do Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul para turismo rural. Cada unidade possui 50 quartos, ou seja, ela tem disponível 800 quartos para alugar aos turistas. Levando em consideração em média 30 dias no ano, ela possui então 24.000 (800 x 30) diárias disponíveis por mês.

A taxa média de ocupação é de 70% da capacidade total, ou seja, 16.800 diárias (70% x 24.000).

O preço cobrado por cada diária alugada é de R$ 120,00.

Os gastos variáveis por diária são de R$ 40,00 por diária.

Os gastos fixos mensais com os 16 hotéis da rede são de R$ 1.350.000.

a) Cenário com 16 Unidades

Ponto de equilíbrio nas condições atuais.

Margem de contribuição por diária alugada: R$ 80,00 (R$ 120- R$ 40).

PEC = = 16.875 > diárias/mêsR$1.350.00080

Fonte

: PHO

TOS.

COM

Page 193: Contabilidade Aplicada Ao Agronegócio

193CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Sendo que a taxa média de ocupação é de 16.800 diárias/mês (70%), verificou-se que atualmente a Rede de Hotéis Campo Rural necessita de uma quantidade maior de diárias alugadas mensalmente do que sua média de ocupação.

Média de ocupação: 16.800 diárias/mês.Pondo de Equilíbrio Contábil: 16.875 diárias/mês.Ocupação necessária: 100,44%.

Pensando nisso a Diretoria solicitou um estudo visando a redução da quantidade de unidades, ficando em um primeiro momento com 13 unidades e depois com 10 unidades na rede. Essa escolha foi efetuada estrategicamente, visando principalmente aquelas unidades que tinham um gasto fixo mais elevado em relação as outras.

b) Cenário com 13 Unidades

Com 13 unidades os gastos fixos se manteriam em R$ 850.000 e a capacidade instalada de 19.500 diárias mensais (13 unidades x 50 quartos por diária x média de 30 dias no mês).

No entanto, acredita-se que com essa decisão, a taxa média de ocupação passará para 80%, tendo em vista a migração de turistas para as unidades remanescentes. Nesse sentido, 15.600 diárias seriam alugadas em média por mês (19.500 x 80%).

PEC = = 10.625 > diárias / mês

Com essa decisão a taxa de ocupação necessária para que a rede obtenha o ponto de equilíbrio contábil é de 68,11%, tendo em vista que 10.625 diárias representam esse percentual da taxa média de ocupação que é de 15.600 diárias.

c) Cenário com 10 unidades

Com 10 unidades, os gastos fixos se manteriam em R$ 650.000 e a capacidade instalada de 15.000 diárias mensais (10 unidades x 50 quartos por diária x média de 30 dias no mês).

R$850.00080

Page 194: Contabilidade Aplicada Ao Agronegócio

194 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

No entanto, acredita-se que com essa decisão, a taxa média de ocupação passará para 85%, tendo em vista a migração de turistas para as unidades remanescentes. Nesse sentido, 12.750 diárias seriam alugadas em média por mês (15.000 x 85%).

PEC = = 8.125 > diárias/mês

Com essa decisão, a taxa de ocupação necessária para que a rede obtenha o ponto de equilíbrio contábil é de 63,73%, tendo em vista que 8.125 diárias representam esse percentual da taxa média de ocupação que é de 12.750 diárias.

Agora, resta verificar qual alternativa é a mais viável para a Rede Campo Rural Ltda., em termos de obtenção de resultado.

Cenários contábeis: Hotel Rede Campo Rural Ltda.

Fonte: Silvio, 2007

Diante das demonstrações práticas anteriores, convém ressaltar, ainda, que talvez a principal aplicação da ferramenta Ponto de Equilíbrio seja o seu aspecto de planejamento de cenários, por meio das simulações que o mesmo possibilita. Neste sentido, o administrador tem condições de planejar mais adequadamente suas atividades e até verificar se há necessidade de ampliação (ou ociosidade) na capacidade produtiva instalada.

R$650.00080

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195CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Depois de calculado o Ponto de Equilíbrio é possível conhecer se a empresa está operando com Margem de Segurança ou não. Em relação à Margem de Segurança, Bornia (2002) aduz que consiste no excedente das vendas da empresa sobre as vendas no ponto de equilíbrio. Consequentemente, representa o quanto as vendas podem cair sem que haja prejuízo para a empresa.

GRAU DE ALAVANCAGEM OPERACIONAL

O grau de alavancagem operacional é a forma de medir em que proporção o resultado da empresa é afetado quando o volume de vendas sofre alterações. Tendo em vista que a composição dos gastos das empresas se dividem em fixos e variáveis. Quando o volume de atividades da empresa sofre alterações, o resultado não reage na mesma proporção. Esse aspecto se dá pelo fato dos gastos fixos permanecerem inalterados, enquanto os gastos variáveis oscilam proporcionalmente a essa alteração.

Como se mede o grau de alavancagem operacional:

Grau de Alavancagem Operacional =

As empresas com composição de gastos fixos mais elevada em relação às variáveis, possuem uma alavancagem mais elevada em relação àquelas com gastos fixos menos representativos.

Margem de Contribuição GlobalResultado

Page 196: Contabilidade Aplicada Ao Agronegócio

196 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Exemplo Prático:Grau de Alavancagem Operacional

Fonte: Silvio, 2007

Isso significa afirmar que para cada ponto percentual de variação no volume de vendas, o resultado das empresas aumentará 4, 8 e 20 vezes esse percentual.

Supondo que as empresas A, B e C tiverem um aumento de 10% no seu nível de vendas, ou seja, R$ 50.000, como ficará o resultado:

A = 10% x 4 = 40%B = 10% x 8 = 80%C = 10% x 20 = 200%

Verificando se houve de fato aumento no resultado conforme previsto pelo Grau de Alavancagem Operacional:

Grau de Alavancagem Operacional: verificação do índice

Fonte: Silvio, 2007

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197CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

A alavancagem operacional é definida com a capacidade de “aumentar” o resultado, sem aumentar o consumo dos recursos (custos e despesas fixas), maximizando os recursos disponíveis, possibilitando o acréscimo do lucro total pelo incremento da quantidade produzida e vendida.

Uma outra análise considerável é a simulação de aumento da produção e vendas de acordo com a capacidade operacional da empresa, isto é, sua estrutura de gastos fixos.

Considere a situação atual de uma empresa:

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198 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Considere um incremento de receita na ordem de R$ 10.000,00 e verifique como se comporta a alavancagem desta empresa:

Considere desta vez um decréscimo na receita na ordem de R$ 10.000,00 e verifique como se comporta a alavancagem desta empresa:

Vamos calcular o grau de alavancagem operacional, utilizando dados percentuais, dividindo o percentual de variação do lucro pelo percentual de variação da receita desta empresa e verificar sua interpretação:

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199CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

Grau de Alavancagem Operacional =

Grau de Alavancagem Operacional =

Grau de Alavancagem Operacional =

Grau de Alavancagem Operacional = 1,2046.

Este índice indica que com a estrutura de custos atual, a empresa apresenta uma alavancagem operacional de 1,2046, isto é, o seu lucro cresce 1,2046 vezes mais rápido que as vendas.

ESTUDO DE CASO

Extraído do trabalho de pesquisa de campo no Mato Grosso do Sul.

A viabilidade do segmento avícola no centro-oeste: um estudo de caso sob a ótica do empresário ruralAdriana Regina Redivo (UFSCAR)

Arlete Redivo (UNEMAT)

Eriqueson Pope (UNEMAT)

Geovane Paulo Sornberger (UNEMAT)

Produção integrada de frangoNo sistema de produção integrada de frango ou sistema de integração há uma parceria, tendo de um lado, o complexo agroindustrial ou uma empresa agroindustrial de produtos alimentícios, neste caso específico frango de corte, e de outro lado o produtor. Neste sentido, a empresa procurando uma ampliação do mercado e verticalização de produção, conta com esse tipo de parceria avícola para aumentar sua capacidade produtiva e minimizar os custos de mão de obra. Neste regime de integração cabe à

Margem de Contribuição GlobalResultado

Δ%LucroΔ%Receita

20%17%

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200 CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

empresa fornecer os pintainhos de um dia, a ração e a assistência técnica adequadas para o produtor dono do aviário. Em contrapartida, os produtores comprometem-se com a construção dos aviários, manutenção, a mão de obra necessária e todos os custos e despesas como energia, e outros que ocorrem na criação das aves até o abate.

É interessante saber qual é a quantidade de frango que deve ter no aviário para não incorrer em prejuízos, considerando que tenha as características de produção semelhantes às do lote em estudo. Desta forma, para saber esta quantidade, deve ser calculado o ponto de equilíbrio contábil, econômico e financeiro da atividade tanto em valor quanto em unidade.

Na propriedade, a cada sete lotes de aves é feito a troca da “cama” de frango que é vendida para terceiros como adubo orgânico. Adiciona-se então esses valores, pois são pertinentes à atividade, e assim, fazermos os cálculos pretendidos no estudo.

Para isso, a tabela a seguir trata de uma DRE consolidada, em que estão agregados as receita e gastos do frango e da cama de frango, tendo como função de facilitar a visualização de todos os componentes necessários para os cálculos do ponto de equilíbrio. No que refere à cama, para análise da viabilidade econômica do investimento, é necessário apresentar o retorno oriundo de 7 lotes de produção contemplando os lucros dos respectivos lotes, mais o lucro gerado pela venda da cama de frango. Desta forma, será calculado o ciclo total dos 7 lotes que serão transformados em anos para facilitar a análise o retorno do investimento. Será transcrito o equivalente a 1/7 (um sétimo) dos valores existentes. Para informação, o ciclo de 7 lotes ocorrem no período de 1,19 anos.

DRE com valor agregado (lote frangos mais 1/7 da cama de frangos):

Fonte: Os Autores (2008)

Esta tabela tem os componentes que serão utilizados para os cálculos do ponto de equilíbrio, margem de segurança e o grau de alavancagem operacional. Ela ficou organizada de forma sintética para facilitar a visualização dos componentes necessários para tais cálculos, demonstrando seus valores totais e unitários por meio da divisão do total de receitas, gastos e do lucro pelas 24.800 unidades produzidas, e na última

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201CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

coluna foram transformados em porcentagem.

Outras informações:

Gastos com depreciação: R$ 2.125,22.

Retorno desejável pelo empresário: R$ 5.000,00.

Calcular o ponto de equilíbrio contábil, financeiro e econômico e o grau de avalancagem operacional.

Fonte: Redivo; Redivo; Pope; Sorngerger (2009).

1. Existem autores que fazem crítica a respeito da metodologia do custeio por absorção. Eles ressal-tamqueumdosproblemasparaaadoçãodessecritérioéanecessidadederatearoscustosfixosaos produtos, utilizando critérios inadequados de rateio. Comente essa problemática.

2. Existem autores que fazem crítica a respeito da metodologia do custeio variável, argumentando que oscustosfixosfazempartedocustodosprodutose,portanto,nadajustificasuanãoinclusãonoscustos de produção. Comente essa crítica.

<http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/DowContador?OpenAgent&unid=B83E6E16A0097D3A03257146005A1566>.<http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/DowContador?OpenAgent&unid=2BAEE4783A58055703256D520059B555>.<http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/DowContador?OpenAgent&unid=FECA94438D8ED49383256F6B0062110D>.<http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/DowContador?OpenAgent&unid=3FBBFEA85569F44F832572CA004E51A1>.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao término desta unidade, acreditamos que ficou claro que a demonstração patrimonial e de resultados, o entendimento da retificação patrimonial e os itens de custos são imprescindíveis para se formar uma estrutura que permita a avaliação dos resultados fortemente impactados pelos Custos.

Custos não se corta, mas se racionaliza. Custos não se extinguem, mas se consomem. Sua racionalização e seu consumo, transferindo-os ao patrimônio (na forma de estoques) é de fundamental importância para se obter o resultado econômico mais condizente com os atributos que se espera da contabilidade: confiança, comparação, compreensão e tempo hábil para se tomar as decisões cabíveis.

As obras abaixo apresentam modelos e exemplos dos conceitos utilizados neste módulo, além de argumentação com respaldo de todos os modelos sugeridos. Além de que, trata-se de obras que são amplamente utilizadas no meio acadêmico e empresarial como obras de referências, inclusive para outros autores.

MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 4. ed. São Paulo, 2000.PADOVEZE, Clóvis Luis. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Atlas, 1997.

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203CONTABILIDADE APLICADA AO AGRONEGÓCIO | Educação a Distância

CONCLUSÃO

A Gestão do Agronegócio é o exercício de tomada de decisões para garantir que o agrone-gócio, ao qual o gestor está envolvido, alcance os resultados esperados, que invariavelmente estão relacionados a resultado e rentabilidade.

Impossível alcançar estes resultados sem um sistema de informações que registrem, classifi-quem e organizem os fatos administrativos que posteriormente sejam consolidados em infor-mações. Este é o papel da contabilidade.

Entender o que é contabilidade e sua função no agronegócio foi a nossa ênfase neste material. O posicionamento científico, suas peculiaridades e o uso da informação são elementos funda-mentais para se entender como se estrutura os subsídios para a tomada de decisão.

O entendimento do Patrimônio da empresa do agronegócio, principalmente aquelas voltadas à lavoura e à criação animal, foi o ponto de partida para o estudo da contabilidade, onde conhe-cemos o Ativo, Passivo e o Patrimônio Líquido como elementos fundamentais para a formação do Balanço Patrimonial.

Ao estudarmos a elaboração da Demonstração de Resultados, a principal demonstração de avaliação da atividade do agronegócio, fomos dirigidos ao entendimento de Receitas, Custos e Despesas, Lucro e Prejuízo, que são elementos fundamentais para o conhecimento do Ponto de Equilíbrio e da Alavancagem Operacional, que são ferramentas de análise imprescindíveis para alcançar tal avaliação.

Alguns tópicos também foram necessários abordar, devido à peculiaridade do agronegócio, que é a retificação do Patrimônio que acontece por meio da depreciação, amortização ou exaustão, assim como o controle dos elementos que formam o Ativo Permanente.

A gestão de custos, pelos menos uma pequena introdução neste universo, foi o assunto funda-mental para tomada de decisão em relação ao produto do agronegócio e o seu posicionamento no mercado.

Enfim, reenfatizamos o papel de apoio à gestão que a contabilidade exerce neste âmbito. É impossível a gestão de qualquer negócio sem a posse de informações reais, organizadas e dirigidas.

A contabilidade gerencial é, sem dúvida alguma, uma ferramenta fundamental e elementar

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neste processo de gestão.

Assim, esperamos que o material apresentado, juntamente com as aulas ministradas, seja de grande valia e influência na sua vida profissional e pessoal.

Sucesso!!

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REFERÊNCIAS

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