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SALÁRIO-UTILIDADE

O salário não tem que necessariamente ser pago em dinheiro. Entretanto, a legislação autoriza que ele também seja pago em utilidades, que podem ser bens ou serviços. O fornecimento de utilidades visa satisfazer as necessidades do trabalhador. Vejamos as implicações que ocorrem para os empregadores que efetuam o pagamento de seus empregados com utilidades. SALÁRIO-UTILIDADE O salário-utilidade, também denominado salário in natura, é o pagamento que a empresa faz em bens ou serviços a seus empregados pela contraprestação dos serviços. A legislação determina que se compreende no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, a habitação, ou outras prestações in natura que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Assim, a prestação dos serviços poderá ser paga em dinheiro e em utilidades, sendo que estas devem atender às necessidades individuais do empregado fora do trabalho. A utilidade não poderá ser fornecida através de bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. UTILIDADES QUE NÃO INTEGRAM O SALÁRIO A legislação prevê que certas utilidades concedidas ao empregado não são consideradas como salário. As utilidades previstas são as seguintes: a) vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para prestação do serviço; b) educação em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos à matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; c) transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público; d) assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde; e) seguros de vida e acidentes pessoais; f) previdência privada. BENS PARA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO As utilidades fornecidas através de bens, que tenham por objetivo atender às necessidades do serviço, são instrumentos de trabalho, não se constituindo em salário-utilidade. Podemos citar como exemplo: a) os uniformes e instrumentos fornecidos como EPI – Equipamentos de Proteção Individual; b) a habitação para os que prestam serviços em frentes de trabalho distantes dos centros urbanos;

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c) o transporte fornecido para local não atendido por transporte público regular; d) a alimentação fornecida aos petroleiros embarcados em plataforma. Nestes casos, os bens ou serviços fornecidos não se incorporam ao salário para qualquer efeito. PAGAMENTO EM DINHEIRO Apesar de parte de o salário poder ser pago em utilidades, a legislação assegurou ao trabalhador o direito de receber um percentual mínimo em dinheiro. Desta forma, o legislador determinou que, quando o empregador fornecer in natura uma ou mais parcelas componentes do salário-mínimo, o salário em dinheiro será determinado pela subtração no valor do salário-mínimo dos valores das parcelas fornecidas. O salário pago em dinheiro não poderá ser inferior a 30% do salário-mínimo. SALÁRIO SUPERIOR AO MÍNIMO Entende-se que o percentual de 30% para recebimento do salário em dinheiro também deve prevalecer quando o salário for superior ao salário-mínimo. Portanto, se um empregado foi contratado para receber R$ 1.000,00, sendo que deste valor R$ 200,00 corresponde à alimentação e R$ 350,00 à habitação, as demais utilidades que vier a receber não poderão ultrapassar R$ 150,00, já que em dinheiro ele não poderá receber menos do que R$ 300,00 (R$ 1.000,00 x 30%). – Apuração do valor limite para as Demais Utilidades: R$ 1.000,00 (salário contratual) - R$ 200,00 (alimentação) - R$ 350,00 (habitação) - R$ 300,00 (salário em dinheiro) = R$ 150,00 VALOR DA UTILIDADE Encontrar o valor da utilidade não é fácil. A dificuldade decorre do fato de a legislação não disciplinar a forma de sua obtenção, em face do valor da remuneração do empregado, e ao tipo de utilidade entregue ao mesmo. Para os empregados que recebem salário-mínimo a dificuldade é menor, pois a legislação o fixava em várias parcelas, que deveriam satisfazer as necessidades do trabalhador, como alimentação, habitação, transporte e higiene, sendo estas parcelas estipuladas em determinados percentuais. Após a Constituição Federal de 1988, os referidos percentuais não foram redefinidos nem mais divulgados. Para os empregados com salário acima do salário-mínimo a legislação não dispensou tratamento. Contudo, o TST – Tribunal Superior do Trabalho se pronunciou, através da Súmula 258, no sentido de que os percentuais fixados em lei relativos ao salário in natura apenas se referem às hipóteses em que o empregado percebe salário-mínimo, apurando-se, nas demais, o real valor da utilidade. A tabela existente antes da Constituição Federal de 1988, com os percentuais que compõem o salário-mínimo, é a seguinte:

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REGIÕES UNIDADES DA FEDERAÇÃO

PERCENTAGEM DO SALÁRIO-MÍNIMO PARA EFEITO DE DESCONTO ATÉ A OCORRÊNCIA DE 70% DE QUE TRATA

O ARTIGO 82 DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO, APROVADA

PELO DECRETO-LEI 5.452, DE 1º DE MAIO DE 1943

(%)

Alimentação Habitação Higiene Transporte

1ª Acre 50 29 9 1

.2ª Amazonas, Rondônia e Território Federal de Roraima

43 23 5 6

3ª Pará e Território Federal do Amapá 51 24 5 4

4ª Maranhão 49 29 5 1

5ª Piauí 53 26 6 2

6ª Ceará 51 30 5 3

7ª Rio Grande do Norte 55 27 6 1

8ª Paraíba 55 27 5 1

9ª Pernambuco e Território Federal de Fernando de Noronha

55 27 5 5

10ª Alagoas 56 27 6 1

11ª Sergipe 53 34 4 1

12ª Bahia 54 30 5 1

13ª Minas Gerais 54 28 6 1

14ª Espírito Santo 51 31 5 1

15ª Rio de Janeiro 50 25 6 6

16ª São Paulo 43 33 6 4

17ª Paraná 55 24 6 1

18ª Santa Catarina 57 24 5 1

19ª Rio Grande do Sul 44 24 7 3

20ª Mato Grosso e Mato Grosso do Sul 49 29 7 –

21ª Goiás 51 22 6 –

22ª Distrito Federal 50 25 6 6

Nos itens a seguir estão relacionados as principais utilidades concedidas aos empregados. ALIMENTAÇÃO Das utilidades fornecidas aos empregados, a alimentação foi a mais regulamentada. Quando esta for preparada pelo próprio empregador, o desconto por fornecimento de

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alimentação será apurado na base de até 25% do salário-mínimo, aplicando-se aos trabalhadores em geral. Quando o empregador fornecer alimentação, sem que esta seja preparada no estabelecimento do mesmo, o valor do desconto será de até 20% do salário contratual do empregado. Em qualquer caso, deve ser observado que, se o custo real da alimentação estiver abaixo dos percentuais definidos na legislação, o empregador deverá considerar o custo real para fins de valor da utilidade. Quanto ao fornecimento de vale-refeição, que é um benefício que o empregado pode utilizar para outros fins que não só o de alimentação, pois ele pode se transformar em dinheiro, a jurisprudência entende que o vale-refeição integra o salário do empregado pelo seu valor total, deduzido a parte que venha a ser descontada deste. Programa de Alimentação do Trabalhador O objetivo do PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador é melhorar o estado nutricional dos trabalhadores, promovendo sua saúde e prevenindo as doenças profissionais. Cabe ressaltar que a alimentação fornecida ao empregado através do PAT não se constitui em utilidade, não tendo natureza salarial, não se incorporando à remuneração para qualquer efeito. No caso de adesão ao PAT, o empregador poderá descontar do salário do empregado até 20% do custo da alimentação. HABITAÇÃO A habitação fornecida ao empregado, que não seja indispensável ao trabalho, se constitui em utilidade, sendo seu valor determinado aplicando-se 25% sobre o salário contratual. Se a habitação for coletiva, o valor do salário-utilidade a ela correspondente será obtido mediante divisão do justo valor da mesma pelo número de ocupantes. É proibida, em qualquer hipótese, a utilização da mesma unidade residencial por mais de uma família. Contrato de Locação Se a empresa fornece a habitação, porém, celebra com o empregado contrato de locação, cobrando aluguel, fica descaracterizada a utilidade, salvo se a fiscalização constatar que tal fato se constitui em fraude. Em relação ao assunto, o TST editou a Súmula 367 que tem o seguinte teor: “A habitação, a energia elétrica e veículo fornecidos pelo empregador ao empregado, quando indispensáveis para a realização do trabalho, não têm natureza salarial, ainda que, no caso de veículo, seja ele utilizado pelo empregado também em atividades particulares.” TRANSPORTE O transporte fornecido ao empregado a título gratuito, em localidade servida ou não de transporte público, não se caracteriza como utilidade. Vale-Transporte

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O vale-transporte é o benefício pelo qual o empregador antecipa e custeia parte das despesas de seus empregados realizadas com o deslocamento residência-trabalho e vice-versa. A parcela do vale-transporte custeada pelo empregador, nas condições e limites estabelecidos na legislação, não tem natureza salarial, não se incorporando ao salário do empregado para qualquer efeito. ASSISTÊNCIA MÉDICA A legislação não obriga a empresa a conceder assistência médica a seus empregados. Esta obrigatoriedade pode ocorrer em virtude de cláusula de acordo ou convenção coletiva. Entretanto, quando este benefício for concedido pelo empregador não se caracterizará como salário-utilidade. VEÍCULO O veículo fornecido para a execução do trabalho, utilizado somente para este fim, se constitui instrumento de trabalho, não se caracterizando em utilidade, e, consequentemente, não se incorpora ao salário para nenhum efeito. A título de ilustração, transcrevemos, a seguir, algumas decisões sobre o tema: => “O veículo fornecido para o trabalho não tem natureza salarial; o fato de a empresa autorizar seu uso pelo empregado também em suas folgas, finais de semana e férias não modifica a natureza jurídica do bem assim fornecido. Não constitui salário-utilidade veículo fornecido por liberalidade do empregador, cuja vontade não se dirige à melhor remuneração do empregado, mas permanece voltada a permitir que este desenvolva, de forma mais eficiente, as funções para as quais fora admitido. Recurso de Revista parcialmente conhecido e provido. (TST – 5ª Turma – Recurso de Revista 570.849 – Rel. Min. João Batista Brito Pereira – DJ-U, de 31-5-2002).” =>“Conforme entendimento consubstanciado na Orientação Jurisprudencial nº 246 da colenda Subseção I Especializada em Dissídios Individuais desta Corte, a utilização, pelo empregado, em atividades particulares, de veículo que lhe é fornecido para o trabalho da empresa não caracteriza salário-utilidade. Recurso de Revista conhecido por divergência jurisprudencial, e provido. (TST – 1ª Turma – Recurso de Revista 491.021 – Rel. Min. Altino Pedrozo dos Santos – DJ-U de 28-6-2002).” Ressaltamos que através da Súmula 367, o TST também se pronunciou no sentido de que o veículo fornecido pelo empregador ao empregado, quando indispensável para a realização do trabalho, não tem natureza salarial, ainda que seja ele utilizado pelo empregado também em atividades particulares. Fornecimento de Combustível De acordo com o Decreto 95.247/87 é vedado ao empregador substituir o vale-transporte por antecipação em dinheiro ou qualquer outra forma de pagamento, ressalvada a concessão do transporte por meios próprios ou contratados, em veículos adequados ao transporte coletivo. O fornecimento em pecúnia ou a sua substituição por outra forma de pagamento, tais como o pagamento de combustível, auxílio-combustível ou vale-combustível, integra à remuneração do

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empregado para todos os efeitos legais, quando o veículo utilizado pelo empregado não for necessário para a execução do trabalho. A seguir, transcreveremos algumas decisões dos tribunais trabalhistas sobre a caracterização ou não da referida utilidade como salário: =>“Os valores pagos a título de gasolina ou o fornecimento do combustível em posto de gasolina conveniado à reclamada, representam ressarcimento/indenização de despesas com veículo próprio, haja vista que o automóvel do reclamante era utilizado para deslocamento casa-trabalho e vice-versa, assim como para visitas a fornecedores. Não há como caracterizar o salário in natura. (TRT – 4ª Região – Recurso Ordinário 106200-57.2009.5.04.0332 – Relator Des. Marçal Henri dos Santos Figueiredo)”; =>“Combustível fornecido semanalmente. Salário in natura. Caracterização. É cediço que as vantagens previstas no artigo 458 da CLT só não integram o salário do trabalhador quando restar demonstrado sua indispensabilidade para a realização do trabalho, caso contrário, inegável é a sua integração. É evidente que o combustível fornecido pela Reclamada não representou elemento essencial para o exercício de sua atividade, enquanto advogado da Reclamada. Assim, forçoso concluir que o combustível fornecido se enquadra, perfeitamente, como salário-utilidade e como tal torna-se devido o seu pagamento, na forma como deferido originariamente. Recurso conhecido e improvido, no particular. (TRT – 3ª Região – Recurso Ordinário 0895/2000 – Relator Juiz Nicanor Fávero Filho)”; =>“Salário In Natura – Despesas Com Combustível – Para se caracterizar determinada verba como salário in natura necessário prova de que esta era paga pelo trabalho e não para o trabalho, a primeira tem natureza salarial e a segunda indenizatória. (TRT – 3ª Região – Recurso Ordinário 6134/2000 – Relator Juiz Virgílio Selmi Dei Falci)”. OUTROS BENS A utilidade poderá se constituir de outros bens ou serviços que não os relacionados nos subitens anteriores, pois empregador e empregado poderão ajustar que o salário seja composto de qualquer bem ou serviço, de interesse do empregado. Assim, o empregador poderá assumir, dentre outras, as despesas de táxi que o empregado tenha para o deslocamento de casa para o trabalho, a mensalidade de um clube recreativo ou, ainda, a assinatura de uma revista ou jornal. Nestas situações, em que os bens ou serviços não são instrumentos de trabalho, a empresa deverá apurar o valor real da utilidade fornecida e incorporá-lo ao salário do empregado para todos os efeitos legais. INCORPORAÇÃO AO SALÁRIO A incorporação da utilidade na remuneração do empregado vai repercutir diretamente nos direitos decorrentes do contrato de trabalho. Desta forma, a utilidade deverá compor a remuneração para fins de pagamento dos direitos do empregado, como férias, 13º salário, aviso-prévio, indenização por tempo de serviço, quando for o caso, dentre outros. A incorporação será com base no valor da utilidade.

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A jurisprudência dos Tribunais do Trabalho não é uniforme na caracterização de que toda utilidade se incorpora ao salário. Há decisões que entendem que a utilidade fornecida para suprir deficiências do Estado, como, por exemplo, assistência médica, é um benefício que não se incorpora à remuneração, pois pode assumir o caráter de indenização. A seguir, transcreveremos algumas decisões dos tribunais trabalhistas sobre a incorporação ou não da utilidade ao salário: =>“Salário in natura. Aparelho de Telefone Celular. Na exegese da Orientação Jurisprudencial nº 131 da SDI-I do TST, o fornecimento de telefone celular pela empresa e o pagamento da sua conta, quando feitos para o trabalho, não constituem retribuição pelo serviço prestado. Por conseguinte, não integram o salário e não se incorporam à remuneração do empregado para quaisquer efeitos. (TRT – 12ª Região – RO-V 07509-2003-026-12-00-1 – Juíza Maria do Céo de Avelar, DJ-SC em 13-10-2004)”; =>“Salário-utilidade. Pagamento de Aluguel. A empresa não tinha responsabilidade sobre o pagamento dos aluguéis do Autor. Optando por pagá-los para o empregado, a empresa concedeu-lhe um aumento salarial significativo. De tal forma que, sendo suprimido, há evidente prejuízo salarial para o obreiro, o que é vedado pela legislação em vigor. Está evidenciado, desta forma, o pagamento de salário-utilidade. (TRT – 3ª Região – Recurso Ordinário 15.650/2002 – Relator Juiz Heriberto de Castro, DJ-MG 1-2-2003)”; =>“Salário-utilidade. Supressão. A ajuda-alimentação concedida ao trabalhador por longos anos incorpora-se a seu patrimônio, não podendo ser suprimida, sob pena de violar o direito adquirido constitucionalmente garantido (artigo 5º, inciso XXXVI, da Constituição da República de 1988). (TRT – 3ª Região – Recurso Ordinário 16.104/2001 – Rel. Juiz José Roberto Freire Pimenta, DJ-MG 9-3-2002)”; =>“Salário in natura. Pago ao empregado como ressarcimento pelas despesas decorrentes da utilização de seu próprio veículo, a serviço da empresa, a parcela quilometragem constitui espécie de ajuda de custo, prevista no § 2º do artigo 457 da CLT. Assim, como não representa pagamento pelo serviço prestado, reveste-se de natureza indenizatória, sendo indevida a sua integração ao salário. Recurso parcialmente conhecido e provido. (TST – 3ª Turma – Recurso Revista 508.572/980 – Relatora Ministra Maria Cristina Peduzzi, publicado em 14-6-2002)”; =>“Moradia Gratuita – Compensação Pelo Trabalho – Salário-Utilidade – Tendo o empregador fornecido graciosamente moradia ao trabalhador, a qual não foi concedida para facilitar a execução do trabalho, é inequívoco constituir-se um plus salarial como compensação pelo trabalho havido, que, por ser vantagem habitual, deve integrar a remuneração do reclamante para todos os efeitos legais, consoante regra inserta no artigo 458 da CLT. Recurso conhecido e não provido neste aspecto. (TRT – 15ª Região – Recurso Ordinário 13.568/2000 – Relator Juiz Lorival Ferreira Dos Santos)”. ENCARGOS SOCIAIS Via de regra, o salário-utilidade está sujeito à incidência dos encargos sociais, como contribuição previdenciária, FGTS e incidência do IR/Fonte.

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ALIMENTAÇÃO A alimentação fornecida ao empregado como um benefício, para que ele não tenha tal despesa, tem natureza salarial e se constitui em fato gerador do INSS e FGTS. A referida parcela não tem incidência do IR/Fonte. Já a alimentação fornecida através do PAT ou em frentes de trabalho não gera a incidência das contribuições para o INSS e FGTS, bem como para o IR/Fonte. HABITAÇÃO A habitação fornecida ao empregado de forma graciosa é fato gerador da contribuição para o INSS, FGTS e IR/Fonte. Entretanto, a habitação fornecida em frentes de trabalho ou a que esteja sujeita ao contrato de locação não gera encargos sociais. 6.3. TRANSPORTE O transporte fornecido ao empregado, que não é necessário para execução do serviço, se constitui utilidade, gerando a incidência da contribuição para o INSS e FGTS, não havendo incidência do IR/Fonte. Fornecendo o transporte através do sistema do vale-transporte, ou para local de trabalho servido ou não por transporte público regular, a empresa não estará sujeita ao pagamento de encargos sociais. O combustível fornecido ao empregado de forma graciosa se constitui base de cálculo de contribuição para o INSS, FGTS e IR/Fonte. ASSISTÊNCIA MÉDICA As assistências médica e odontológica fornecidas aos empregados não são fatos geradores da contribuição para o INSS e do IR/Fonte, tampouco de depósito para o FGTS. VEÍCULO O veículo que não seja fornecido como instrumento de trabalho, por se caracterizar como utilidade, gera a incidência da contribuição para o INSS, FGTS e IR/Fonte. Já o veículo cedido exclusivamente para execução dos serviços não sofre incidência de encargos sociais. OUTROS BENS As demais utilidades, constituídas de bens e serviços, fornecidas aos empregados de forma graciosa, por falta de dispositivo que as isentem, sofrerão a incidência de todos os encargos sociais, inclusive do IR/Fonte. SUPRESSÃO DA UTILIDADE O salário-utilidade fornecido habitualmente ao empregado não poderá ser suprimido pelo empregador, já que o mesmo, de forma expressa ou tácita, faz parte do contrato de trabalho. Isto porque a legislação determina que nos contratos individuais de trabalho só é lícita a

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alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e, ainda assim, desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. Apesar de o salário-utilidade dado com habitualidade não poder ser suprimido, entende-se que, se for de interesse das partes, ele poderá ser substituído pelo salário em dinheiro. A legislação e a jurisprudência não definem o período em que se pode caracterizar a habitualidade. A justiça entende que para ser habitual não é necessário que seja diário, basta que seja concedido com frequência. Assim, se durante alguns anos vem sendo fornecida ao empregado a utilidade do transporte de táxi e se a empresa deseja suprimir este benefício, ela terá que incorporar o valor do mesmo à remuneração do empregado. Como o valor da despesa com táxi é variável, a incorporação deve ocorrer pela média dos valores recebidos. E não havendo previsão de como se apura esta média, entendemos que deva ser aplicada, por analogia, a média aritmética dos últimos 12 meses, salvo se houver previsão de período inferior em acordo ou convenção coletiva. Portanto, supondo que a média mensal resultou na importância de R$ 500,00, e que o salário do empregado é de R$ 1.550,00, a sua remuneração depois da incorporação passará a ser de R$ 2.050,00 (R$ 1.550,00 + R$ 500,00).