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PLANO GERAL DO RIO GADANHA - Plano - Consultores para Estudos e Projectos, Lda. 1 CÂMARA MUNICIPAL DE MONÇÃO PLANO GERAL DE ORDENAMENTO DA REDE HIDROGRÁFICA DO RIO GADANHA - PLANO - 1 INTRODUÇÃO A HPN – Consultores para Estudos e Projectos, Lda. apresenta a versão final do Plano Geral de Ordenamento da Rede Hidrográfica do Rio Gadanha, elaborado na sequência do contrato celebrado com a Câmara Municipal de Monção e da apreciação, por esta entidade, do Ante-Plano entregue em Outubro de 2002. No panorama nacional pode-se dizer que o Rio Gadanha se apresenta bem conservado, mas relativamente às linhas de água da região verificam-se alguns focos de poluição, que deverão ser erradicados. O Rio em causa apresenta valores cénicos e paisagísticos com condições naturais elevadas para fins lúdicos e recreativos, pelo que irá constituir um polo de atracção e desenvolvimento de uma região que deverá ser dinamizada. O estudo em causa tem como objectivo último a definição de medidas de conservação e valorização da rede hidrográfica do Rio Gadanha necessárias à promoção da utilização sustentada deste curso de água, valorizando as actividades turístico-recreativas e tradicionais da região, em conformidade com uma estratégia de conservação da natureza e da biodiversidade. De forma a viabilizar e facilitar o posterior desenvolvimento das propostas apresentadas, o presente Plano foi seccionado em dois volumes distintos: - Volume I – Plano: neste documento apresenta-se a análise e diagnóstico da área abrangida pelo estudo e apontam-se as soluções propostas decorrentes. - Caracterização da bacia hidrográfica, em termos de enquadramento, variáveis biofísicas, componente de humanização e sócio economia local; - Diagnóstico da área de intervenção, em termos das respectivas potencialidades e recursos associados à água, património construído e conservação da Natureza, bem como das degradações identificadas e suas causas (processos de erosão, áreas ardidas, povoamentos florestais inadequados, extracção de inertes, lixos e sucatas, entre outros);

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PLANO GERAL DO RIO GADANHA - Plano -

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CÂMARA MUNICIPAL DE MONÇÃO

PLANO GERAL DE ORDENAMENTO DA REDE HIDROGRÁFICA DO RIO GADANHA

- PLANO -

1 INTRODUÇÃO A HPN – Consultores para Estudos e Projectos, Lda. apresenta a versão final do Plano Geral de Ordenamento da Rede Hidrográfica do Rio Gadanha, elaborado na sequência do contrato celebrado com a Câmara Municipal de Monção e da apreciação, por esta entidade, do Ante-Plano entregue em Outubro de 2002.

No panorama nacional pode-se dizer que o Rio Gadanha se apresenta bem

conservado, mas relativamente às linhas de água da região verificam-se alguns focos de poluição, que deverão ser erradicados. O Rio em causa apresenta valores cénicos e paisagísticos com condições naturais elevadas para fins lúdicos e recreativos, pelo que irá constituir um polo de atracção e desenvolvimento de uma região que deverá ser dinamizada.

O estudo em causa tem como objectivo último a definição de medidas de

conservação e valorização da rede hidrográfica do Rio Gadanha necessárias à promoção da utilização sustentada deste curso de água, valorizando as actividades turístico-recreativas e tradicionais da região, em conformidade com uma estratégia de conservação da natureza e da biodiversidade.

De forma a viabilizar e facilitar o posterior desenvolvimento das propostas

apresentadas, o presente Plano foi seccionado em dois volumes distintos: - Volume I – Plano : neste documento apresenta-se a análise e diagnóstico da área abrangida pelo estudo e apontam-se as soluções propostas decorrentes.

- Caracterização da bacia hidrográfica, em termos de enquadramento, variáveis biofísicas, componente de humanização e sócio economia local;

- Diagnóstico da área de intervenção, em termos das respectivas potencialidades e recursos associados à água, património construído e conservação da Natureza, bem como das degradações identificadas e suas causas (processos de erosão, áreas ardidas, povoamentos florestais inadequados, extracção de inertes, lixos e sucatas, entre outros);

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- Análise da área em estudo à luz dos instrumentos de ordenamento e gestão existentes, áreas de suporte do Ciclo da Água, coberto vegetal e usos dominantes do solo, utilização dos recursos hídricos e inventariação do património hidráulico;

- Análise crítica de algumas infraestruturas existentes e em exploração, nomeadamente zonas de banho, com vista à interligação destes com as propostas a desenvolver, avaliando-se a respectiva adequação às linhas de orientação definidas para o Plano em elaboração;

- Soluções Propostas, que se englobam essencialmente em duas temáticas distintas: recuperação de áreas degradadas e rede de áreas de lazer e recreio;

- Regulamentação, onde se pretende a determinação de linhas orientadoras de futuras actuações, definição dos elementos base necessários à apreciação de intervenções futuras, sugestões de medidas para desenvolvimento a médio e longo prazo.

- Volume II - Unidades de Implementação: neste âmbito secciona-se a área de intervenção em unidades de implementação. Em cada unidade são pormenorizadas as diversas soluções, apontam-se medidas de operacionalização e programas financeiros passíveis de candidatura, bem como a respectiva estimativa orçamental.

2 CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GADANHA

2.1 LOCALIZAÇÃO

O Rio Gadanha nasce no lugar de Lameiras, freguesia de Anhões, próximo do limite entre os concelhos de Monção e dos Arcos de Valdevez, aproximadamente a 670 m de altitude, percorrendo cerca de 17,5 km, desaguando no Rio Minho na freguesia de Troporiz, concelho de Monção.

O Rio Gadanha, juntamente com o Rio Mouro e o Rio Coura, constitui um dos

principais afluentes do Rio Minho, no território nacional. A bacia hidrográfica do Rio Gadanha apresenta uma área de 80,9 km2, que

constitui a área de intervenção do Plano a elaborar. O concelho de Monção, cuja Autarquia é a promotora do estudo, tem uma área de

206 km2, confinando a Norte com o Rio Minho e, portanto, a Galiza, a Este com Melgaço, a Sul com Arcos de Valdevez, a Oeste com Valença e a Sudoeste com Paredes de Coura. Caracteriza-se por ser o concelho mais populoso do Vale do Minho, apesar do decréscimo populacional que se tem vindo a verificar nas últimas décadas.

O concelho é constituído por 33 freguesias, mas somente 10 estão directamente

abrangidas pelo presente Plano: Troporiz, Mazedo, Pinheiros, Pias, Moreira, Trute, Barroças e Taias, Portela, Luzio e Anhões.

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SIMBOLOGIA:

Limite da Bacia Hidrográfica do rio Gadanha

Área de intervenção do Plano

Limite da Bacia Hidrográfica do rio Minho

Rio Mouro e Rio Gadanha

Limite de Concelho

Rio Minho

Rio Mouro

Rio Mouro

CAMINHA

VILA NOVA DE CERVEIRA

VALENÇA

MELGAÇO

PAREDES DE COURA

MONÇÃO

Figura 1 – Área de Intervenção

2.2 O MEIO BIOFÍSICO 2.2.1 Morfologia e Relevo

A área em estudo apresenta uma variação altimétrica relevante, onde a zona

montanhosa, alta e declivosa se opõe a uma zona aluvionar plana e extensa. O Rio Gadanha apresenta características diversas nas diferentes áreas, correndo

por uma zona que alterna entre o uso florestal e o uso agrícola com destaque para as pequenas explorações, até o vale aplanado, de veigas e várzeas nas freguesias próximas da foz.

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2.2.2 Clima

O clima da bacia hidrográfica do Rio Gadanha caracteriza-se por ser um clima ameno, de influência atlântica, com humidades relativas na ordem dos 80%, variando no entanto as suas características de forma significativa entre a zona montanhosa e as áreas próximas do Rio Minho.

A variação da temperatura média mensal é gradual, verificando-se as temperaturas

mais elevadas entre Junho e Setembro, enquanto que os valores mínimos se observam nos meses de Dezembro a Fevereiro.

Os valores da temperatura média anual variam entre os 12,5ºC e os 17,5ºC. Relativamente ao regime pluviométrico, tendo em conta os registos disponíveis na

única estação climatológica existente na bacia hidrográfica do Rio Gadanha, estação de Parada – 01G/02, concluiu-se que nos últimos 10 anos o ano hidrológico 1989/1990 foi o mais chuvoso e 1996/1997 foi o ano mais seco.

A análise do regime mensal da precipitação evidencia um período muito chuvoso

nos meses de Inverno, seguido de um período de transição que se verifica nos meses de Primavera (Abril a Junho). O período seco regista-se entre Julho e Agosto.

Os maiores valores de precipitação registaram-se em Dezembro, com 653,9 mm em 1989/1990.

Nos meses de Inverno regista-se a formação de geadas. Apresenta-se na figura seguinte a localização da estação pluviométrica existente no

Rio Gadanha, incluindo-se em anexo os dados respectivos recolhidos.

Figura 2 – Localização da estação climatológica, no Rio Gadanha.

01G/02

Legenda:

● 01G/02 – Parada

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2.2.3 Geologia e Hidrogeologia

O Concelho de Monção localiza-se na parte central da zona Centro-Ibérica do maciço antigo. O granito é o principal componente, predominando os tipos alcalino e calco-alcalino, ocorrendo também granitos sicalinos de duas micas.

Esta presença origina solos ácidos, de texturas e profundidades variáveis. Há que referir a ocorrência de rochas sedimentares xisto-grauváquicas e séries

metamórficas derivadas. Nas zonas fluviais verifica-se a presença de depósitos aluvionares pouco espessos,

areias, cascalheiras e lodos, normalmente pouco consolidados. Os solos originados destes aluviões apresentam uma textura fina e rica em matéria

orgânica, surgindo em vales e algumas encostas, solos estes formados por processos de arrastamento e acumulação.

As boas condições hidrogeológicas que caracterizam o concelho de Monção

devem-se à fracturação e alteração das rochas graníticas e xisto-magmáticas, aliadas às características geomorfológicas e à pluviosidade intensa.

Refere-se a existência, em Caldas de Monção, de uma fonte termo-medicinal, de águas levemente sulfídricas, siliciosas e bicarbonatadas sódicas, num conjunto de potencialidades terapêuticas especialmente indicadas para a pele e reumatismo. 2.2.4 Rede Hidrográfica

O concelho de Monção tem uma rede hidrográfica considerável, ditada grandemente pela geomorfologia da região, apresentando como orientações principais de drenagem os eixos Sul-Norte e Este-Oeste.

Como principais afluentes do Rio Gadanha, na área do concelho de Monção, são de destacar o regato da Veiga do Outeiro, rio do Vale, ribeiro do Cavaleiro, ribeira de Abedim e ribeiro do Extremo, que se representam esquematicamente na figura seguinte e cujas características principais se apresentam no Quadro I:

Quadro I – Principais afluentes do Rio Gadanha (1)

Nome Área da sub-bacia (km2) Comprimento (km)

Regato da Veiga do Outeiro 11,5 7,5

Rio do Vale 8,0 6,5

Ribeiro do Cavaleiro 7,8 7,7

Ribeira de Abedim 7,2 5,7

Ribeiro do Extremo 7,0 3,0

(1) Informação retirada do Índice Hidrográfico e classificação Decimal dos Cursos de Água de Portugal

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Rio

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Rio

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Figura 3 – Principais afluentes do Rio Gadanha

Na bacia hidrográfica do Rio Gadanha não existe nenhuma estação hidrométrica, pelo que não foi possível realizar o estudo dos caudais escoados ao longo do ano.

Sabe-se, no entanto, que o ano hidrológico de 2000/2001 foi de caudais superiores

ao normal, pela elevada pluviosidade ocorrida, tendo sido registados inúmeros danos materiais, nomeadamente em edificações contíguas ao rio, como moinhos e passagens antigas.

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2.2.5 Fauna e Flora

Analisa-se neste ponto a área de intervenção sob o ponto de vista da fauna e flora presentes, já que constituem um potencial relevante a preservar e um dos principais pontos de interesse para as futuras actividades turísticas.

a) Vegetação O concelho de Monção enquadra-se na região natural denominada Noroeste

Cismontano. Classifica-se como zona ecológica de andar fitoclimático basal (< 400 m) a sub-montano (400-700 m) é caracterizado pela presença de Castanea sativa; Pinus pinaster; Pinus pinea; Quercus robur; Quercus suber e nas zonas mais altas encontrámos a Betula celtiberica; o Quercus pyrenaica e Taxus baccata.

Actualmente o coberto vegetal encontra-se profundamente alterado, apresentando

uma estrutura muito complexa e de difícil caracterização. É raro encontrar estruturas vegetais clímax ou pelo menos em estádios relativamente evoluídos.

Os pinhais, eucaliptais e matos constituem as formações dominantes, ocorrendo

frequentemente carvalhais, soutos e matas ribeirinhas. Esta composição resulta das profundas alterações resultantes da intervenção do Homem na paisagem, com corte das florestas primitivas e conversão de áreas para a agricultura, alternando a evolução natural com o pastoreio, o fogo, o corte selectivo e a introdução de espécies de interesse económico.

Assim, os carvalhais foram gradualmente substituídos por soutos e pinhais bravos e mais recentemente por eucaliptais.

A vegetação ripícola, no geral, encontra-se bem conservada, uma vez que ambas

as margens do rio apresentam uma cobertura vegetal desenvolvida e onde se registam os estratos arbóreo e arbustivo.

As florestas aluvionares (matas ribeirinhas ou ripisilvas), pelo interesse agrícola dos

solos que ocupavam, foram drasticamente eliminadas, muito embora se tenham mantido em sebes e junto às linhas de água. De elevada resistência, estas formações rapidamente se reconstituem após o abandono do uso agrícola.

No fundo dos vales, associada aos cursos de águas, é possível encontrar a mata

ripícola dominada por salgueiro (Salix cf. Caprea), amieiro (Alnus glutinosa) e ocorrendo pontualmente o freixo (Fraxinus angustifolia), carvalho-alvarinho (Quercus robur) e com a presença de silvas (Rubus ulmifolius), flor do sanganho (Cistus psilosepalus), esporas-bravas (Linaria triornitophora) e violetas (Viola vulgaris).

A vegetação das zonas húmidas caracteriza-se pela ocorrência de juncais e

canaviais dominados por junco (Juncus maritimus), junquilho-dos-salgados (Scirpus maritimus) e o caniço (Phragmites sp.).

Nas zonas de encosta as formações arbustivas ocorrentes são constituídas por

tojo-arnal (Ulex europaeus) associado a tojo-molar (Genista triacanthos), roselha (Cistus crispus) e o codeço-rasteiro (Adenocarpus complicatus), com ocorrência pontual de queiroga (Erica umbelatta), giesta (Cytisus scoparius), sargaça (Halimium alyssoides) e a urze-irlandesa (Daboecia cantrabica).

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No que respeita às formações arbóreas e arbustivas com um valor assinalável em termos florísticos, há a registar a ocorrência das seguintes formações vegetais: matas de bétula ou vidoeiro (Betula celtiberica) associadas a formações sub húmidas com presença do sanganho (Cistus psilosepalus), tojo-molar (Ulex minor) a queiró (Erica cinérea); carvalhais caducifólios de carvalho-alvarinho ou carvalho-comum (Quercus robur), muitas vezes associado à Betula celtiberica e ao plátano-bastardo (Acer pseudoplatanus); e os Ameais com Alnus glutinosa.

b) Fauna A informação sobre a fauna terrestre compreende essencialmente os grupos dos

anfíbios, répteis, aves e mamíferos das zonas envolventes do meio aquático. Tratam-se de espécies comuns no território nacional e que, de forma mais ou menos regular, recorrem às zonas envolventes ao meio aquático para satisfazerem as suas necessidades alimentares, reprodutivas ou mesmo de descanso.

Embora a grande maioria apresente em Portugal o estatuto de conservação de espécie não ameaçada , há cinco espécies que merecem maior atenção. Trata-se da águia-pesqueira (Pandion haliaetus) e de quatro espécies de morcegos, cujo estatuto de conservação em Portugal é de espécie em perigo de extinção.

De entre as espécies faunísticas com estatuto de protecção (espécies incluídas no

anexo I da Directiva Aves e anexos II e IV da Directiva Habitats), destacam-se: - No grupo dos anfíbios , o Tritão marmorado (Triturus marmoratus), a Salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitanica), a Rã castanha de focinho pontiagudo (Discoglossus pictus) e o Sapo corredor (Bufo calamita laurenti). - Nos répteis , a Víbora de Seoane (Vipera seoanei) e o Lagarto de água (Lacerta schreiberi). - Nos mamíferos , a Toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus), o Morcego rato grande (Myotis myotis), o Lobo (Canis lupus), a Lontra (Lutra lutra) e o Gato bravo (Felis Silvestris). A avifauna é caracterizada pela presença da Garça branca pequena (Egretta

garzetta), Garça pequena (Ixobrychus minutus), Tartaranhão azulado (Circus cyaneus), Tartaranhão caçador (Circus pygargus), Águia-real (Aquila chrysaetos), Gaivina anã (Sterna albifrons), Garajau (Sterna sandvicensis), Bufo real (Bubo bubo), Noitibó da Europa (Caprimulgus europaeus), Cotovia pequena (Lullula arborea), Petinha dos campos (Anthus campestris), Felosa do mato (Sylvia undata), Picanço-de-dorso-vermelho (Lanius collurio), Guarda-rios-comum (Alcedo atthis), Coruja-do-nabal (Asio flammeus), Calhandrinha-comum (Calandrella brachydactyla), Tartaranhão-ruivo-dos-pauis (Circus aeroginosus), Alfaiate (Recurvirostra avosetta), Pisco-de-peito-azul (Luscinia svecica), Falcão peregrino (Falco peregrinus), Águia-cobreira (Circaetus gallicus), Sombria (Emberiza hortulana), Falcão-abelheiro (Pernis apivorus), Milhafre-preto (Milvus migrans) e Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax).

A fauna piscícola compõe-se de espécies que vivem, durante parte ou mesmo

todos os seus ciclos vitais, em águas continentais e ainda de um número considerável de espécies marinhas que sobem irregularmente grandes troços de água doce, (Mugil spp., Platichtys flesus, etc.).

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Grande parte desta comunidade piscícola é constituída por espécies autóctones,

destacando-se a ausência quase total de espécies exóticas, frequentes noutros rios peninsulares. É evidente que existe uma interdependência entre este ecossistema fluvial e o ecossistema do estuário marinho que completam o troço internacional do Rio Minho.

A bacia do Rio Minho conta também com a presença de diversos salmonídeos

como o salmão, a truta e a truta salmonada. Todos eles necessitam de águas claras, oxigenadas e de correntes rápidas e são

anádromas, à excepção da truta que é sedentária e realiza o seu ciclo vital integralmente no rio. Actualmente o salmão é uma espécie rara no rio Minho.

Além do salmão e da truta, é possível encontrar a truta fario (Salmo trutta fario), o

sável (Alosa alosa), a boga (Chondrostoma polypelis), o escalo (Leuciscus cephalus), a solha (Platichthy flesus), tainhas (Mujil sp.), o peixe-rei (Atherina presbiter) e o robalo (Dicertrarchus labrax), bem como Alosa sapidisinus, Alosa pseudoarengus e Alosa fallax.

2.2.6 Habitat’s Prioritários

Como habitat’s prioritários a considerar para efeitos de conservação da natureza e de gestão sustentável, referem-se as matas de folhosas diversas, quer as de fundo de vale – que enformam as galerias ripícolas – quer as de encosta.

São ainda de considerar as pastagens pobres de altitude, os prados e lameiros e

algumas formações específicas especialmente as turfeiras que ocorrem em situações de encharcamento permanente de terrenos.

Esta temática carece de maior pormenorização e de identificação rigorosa da sua

localização, o que, atendendo aos limites temporais de elaboração do Plano e à escassez de informação disponível, não foi possível realizar.

2.3 COMPONENTE DE HUMANIZAÇÃO

Apesar da rede hidrográfica do Rio Gadanha se encontrar relativamente bem conservada, não deixa de constituir um ecossistema inserido numa área que tem sofrido a intervenção humana ao longo dos séculos, afectando áreas essenciais, como é o caso da paisagem e da qualidade da água.

Esta acção humana apresenta diversas variáveis que importa equacionar, já que é

responsável pelas principais pressões, benéficas ou não, verificadas sobre o objecto do estudo.

Desenvolveu-se pois a análise seguinte, em termos do que se considerou como

principais componentes de humanização e que obrigatoriamente constituirão, de forma articulada, a base das medidas e acções a preconizar pelo presente Plano, no balanço entre a preservação desejada e o desenvolvimento económico necessário à fixação da população.

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2.3.1 Património

Pretende-se neste ponto uma caracterização geral do património do território em estudo, não apenas das edificações ou construções, mas também de tradições e costumes, num todo vivo e dinâmico que se julga potenciador de um turismo activo, completo e, por tal, de melhor qualidade e resultados.

O património construído do Concelho de Monção possui diversos monumentos de

interesse, não só pela história que lhes está associada mas também pela beleza e interesse arquitectónico: muralhas, igrejas, casas, capelas, cruzes, pelourinhos e citânias, existindo definidos ao longo do concelho percursos variados de visita.

Deste património destacam-se a Igreja da Misericórdia, situada no centro da Vila de

estilo barroco e que data do séc. XVIII; a Igreja Matriz, de características românicas e classificada como monumento nacional; a Torre da Lapela, parte integrante de uma fortaleza erigida por D. Afonso Henriques (já desaparecida) e todo o centro da Vila de Monção, com um elevado interesse histórico e arquitectónico.

Quanto à área abrangida pela bacia hidrográfica do Rio Gadanha, com base no

reconhecimento local e no Plano Director Municipal (PDM), o património construído consiste, principalmente, em pontes, património religioso (igrejas e capelas) e património hidráulico (moinhos, açudes e levadas).

Do património inventariado e classificado em PDM, bem como do reconhecimento

local efectuado, constam: - Freguesia de Troporiz: Ponte Romana, monumento de interesse local extraordinário, em razoável estado

de conservação. - Freguesia de Mazedo: Ponte de Sendim, de interesse local extraordinário, em bom estado de

conservação; Igreja Paroquial, de interesse local elevado, em bom estado de conservação; Quinta de Serrade, classificada como de interesse local extraordinário e em bom

estado de conservação. - Freguesia de Pinheiros: Igreja, de interesse local elevado e em razoável estado de conservação; Sede da Junta de Freguesia, de interesse local relativo, encontra-se em bom

estado de conservação; Ponte Medieval, classificada como de interesse local extraordinário, em razoável

estado de conservação; Palácio da Brejoeira, classificado como monumento nacional, encontra-se em bom

estado de conservação.

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- Freguesia de Pias: Igreja, de interesse local elevado, encontra-se em bom estado de conservação; Capela Sra. da Lapa, de interesse local relativo e em bom estado de conservação; - Freguesia de Trute: Cruzes, constitui um conjunto interessante em bom estado de conservação. - Freguesia de Barroças e Taias: Capela da Nossa Sra. Da Saúde, de interesse local relativo mas em razoável estado

de conservação; - Freguesia do Luzio: Espigueiros, conjunto de interesse local relativo; Igreja, de interesse local relativo e em bom estado de conservação. - Freguesia de Anhões: Mamoas de Mendoiro, conjunto com interesse local relativo; Castro de Mendoiro que se encontra em pleno estado de abandono; Eira dos Mouros, O reconhecimento local incidiu essencialmente sobre o património hidráulico

existente, sobre o qual a informação é escassa. Constatou-se que o Rio Gadanha é muito rico neste tipo de património,

nomeadamente açudes e levadas de rega antiquíssimas, aos quais se encontram habitualmente associados moinhos com variados fins (moagem de cereais, lagares de azeite, serrações, engenhos de linho, entre outros).

Durante as visitas efectuadas ao local, nos contactos com a população, foi

transmitido que a freguesia de Troporiz era, inclusivamente, a principal abastecedora de farinhas da vila de Monção.

Após o levantamento deste património, verificou-se que alguns açudes e moinhos

existentes na bacia hidrográfica se encontram abandonados e, consequentemente, em avançado estado de degradação. No entanto, em algumas situações, verifica-se a existência dos engenhos de moagem, ainda passíveis de recuperação. É também possível encontrar moinhos em funcionamento, por exemplo, nas freguesias de Troporiz, Anhões e Moreira.

Este património terá interesse especial do ponto de vista educativo, através da

criação de centros de educação ambiental, ludotecas, quintas agrícolas para visita e outro tipo de actividades. Daí a importância de uma recuperação cuidada, com manutenção das suas características originais. Muitos destes moinhos podem ainda ser aproveitados como instalações de apoio às futuras praias fluviais e zonas de lazer.

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Em relação a tradições e costumes de maior interesse, podem referir-se as festividades de cariz religioso, festivais de folclore e de cantares ao desafio, feiras agrícolas e a gastronomia típica, disponíveis para consulta no site da Câmara Municipal de Monção. 2.3.2 Usos de Solo

Na carta de condicionantes que integra o PDM salientam-se as áreas extensas que integram a REN e RAN, verificando-se ainda a presença de baldios sujeitos ao regime florestal.

Relativamente ao ordenamento, o concelho é marcado por uma ocupação do solo

de características rurais, com pequenos aglomerados dispersos, de actividade maioritariamente ligada ao sector primário.

Nos últimos anos tem-se observado um aumento das áreas florestais,

nomeadamente dos espaços ocupados por resinosas, com diminuição das áreas agrícolas.

A carta de ordenamento do mesmo plano prevê ainda espaços de património

natural ao longo dos principais cursos de água e espaços de uso agrícola exclusivo e complementar. Nas proximidades das freguesias de Pias e Trute é possível observar a existência de espaços para uso de extracção de inertes. 2.3.2.1 Ocupação Agrícola

De acordo com o PDM de Monção as áreas consideradas de maior aptidão agrícola correspondem ao conjunto das áreas que, em virtude das suas características pedológicas, climáticas e sociais, demonstram potencialidades para a produção de culturas e bens agrícolas.

Foram incluídas as manchas de solos das classes “A” considerando-se como solos

de utilização agrícola, com capacidade de uso “A”, “B” ou “C”, apresentando a sua máxima expressão ao longo da várzea do Rio Minho e ainda nos vales interiores do concelho.

Salienta-se que as áreas de emparcelamento, Monção I (Pias/Pinheiros) e Monção

II (Moreira/Barroças e Taias), se encontram abrangidas pela RAN. Encaradas como “melhoramento integral” do uso do solo estas acções de emparcelamento visam proporcionar melhorias aos agricultores desta região de minifúndio. Pela impossibilidade de recolha da totalidade dos elementos relativos a estes projectos, em tempo útil, não foi possível a análise das condicionantes e impedimentos impostos.

Tendo por referência os elementos do PDM, a delimitação das manchas foi feita

tendo em conta as vias de comunicação, as divisórias de prédios, os muros de vedação de explorações e eventualmente linhas de água e curvas de nível.

Nos solos contemplados pela carta da Reserva Agrícola Nacional (RAN), não

poderão ser levadas a efeito acções que conduzam à inutilização do solo para fins agrícolas ou efectuar reflorestações, salvaguardando as acções abrangidas pelo Decreto-Lei nº 196/89 (Reserva Agrícola Nacional).

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2.3.2.2 Reserva Ecológica Nacional (REN)

Com a finalidade de garantir a protecção dos ecossistemas, o D. L. 93/90, de 19/03, alterado pelos D. L. nos 316/90 de 13/10, 213/92 de 12/10 e 79/95 de 20/04, institui a Reserva Ecológica Nacional, vulgarmente designada por REN.

Desta forma o PDM de Monção contemplou todas as vertentes da REN, de forma a

acautelar utilizações indevidas que possam provocar riscos de degradação e deterioração do território, protegendo assim os mais valiosos recursos naturais e paisagísticos do concelho.

A REN no concelho de Monção abrange as áreas de infiltração máxima definidas

pela natureza geológica e geomorfológica, os leitos normais dos cursos de água, zonas de galeria e faixas amortecedoras além das suas margens naturais e áreas de risco de erosão.

Sendo assim delimitaram-se as chamadas “Áreas comprometidas”, identificadas

como áreas já integradas dentro dos perímetros urbanos definidos e/ou ocupados com a exploração de pedreiras e as “Áreas a não incluir”, quando coincidentes com áreas de expansão.

A delimitação destas áreas tem como principais objectivos a protecção dos

principais recursos naturais e paisagísticos, salvaguardadas as áreas de alta sensibilidade ecológica, de que depende o equilíbrio ecológico do concelho e a salvaguarda dos seus valores sociais, económicos e culturais. 2.3.3 Usos da Água

Na área de intervenção ressaltam, como principais utilizações da água disponível, as directamente relacionadas com o abastecimento de água e a actividade agrícola.

A segunda surge associada preferencialmente a açudes e levadas para rega dos

campos, bem como a moinhos para moagem de cereais e serrações (actividades em profundo declínio).

Relativamente ao abastecimento de água domiciliário, sabe-se que todas as

freguesias em causa são parcialmente servidas por captação directa, conhecendo-se algumas captações no leito do rio, nas freguesias de Mazedo e Pias.

Quanto à rede de drenagem e tratamento de efluentes domésticos, em 2000 o nível

de atendimento da totalidade do concelho era de 11%, o que indicia que grande parte das águas residuais domésticas produzidas é drenada para a rede hidrográfica sem a qualidade mínima exigida.

Os efluentes industriais ocorrem em situações muito pontuais não parecem

constituir fonte de poluição, pela pouca relevância que a indústria assume na área em estudo.

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Importa realçar que: - A actividade de extracção de inertes já assume alguma importância na região, contribuindo em muito para a poluição das linhas de água, principalmente devido às escorrências que transportam os finos provenientes dessa actividade, especialmente em dias de elevada pluviosidade. Este facto deve-se, essencialmente, à falta de tratamentos e cuidados apropriados a este tipo de resíduos, muito também pelo carácter ilegal da maioria das explorações existentes. - Algumas práticas agrícolas contribuem, de forma indirecta, para a poluição do meio hídrico (poluição difusa), devido à corrente utilização de fertilizantes químicos e pesticidas. Salienta-se que, tanto em termos de abastecimento de água como de drenagem de

águas residuais, a situação actual sofrerá alterações a curto e médio prazo, pela inclusão do concelho de Monção na área de influência da empresa Águas do Minho e Lima, SA, cujo principal objectivo é dotar os concelhos abrangidos de infraestruturas de saneamento básico compatíveis com uma elevada preservação ambiental.

Refere-se que estão já em fase de concurso os sistemas de Monção (ETAR e

interceptores), prevendo-se que as obras se iniciem brevemente. Registam-se ainda outras actividades relacionadas com a rede hidrográfica, de

cariz recreativo e lúdico, nomeadamente a pesca desportiva, uso balnear e a pesca desportiva.

Relativamente à primeira constata-se que os locais preferidos pela população não

apresentam, na maioria, condições adequadas a uma utilização com qualidade, pela inexistência de balneários e outras instalações de apoio. Existem, no entanto, dois locais nas freguesias de Mazedo e Pinheiros que possuem algumas estruturas, a necessitar de beneficiações relevantes.

A pesca desportiva foi apontada, ao longo do período de reconhecimento local,

como uma das actividades que mais atrai praticantes, quer do concelho, quer de concelhos vizinhos.

Refere-se ainda a piscicultura como actividade económica em crescimento em

todo o Alto Minho. 2.3.4 Infraestruturas

Relativamente às infraestruturas, já se referiram, no geral, as carências a nível de sistemas preferencialmente integrados de abastecimento de água e drenagem de águas residuais, bem como das perspectivas da evolução em curso.

Quanto às acessibilidades existentes, de grande relevância para as futuras

intervenções a realizar, referem-se dois eixos principais estruturantes, a EN 101 (Valença/ Monção/ Arcos de Valdevez) e a EN 202 (Monção/ Melgaço). A estrutura viária cobre razoavelmente o concelho, com excepção da parte montanhosa que abrange as freguesias de Luzio e Anhões.

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Igualmente de grande importância, pela articulação com outras zonas, quer do país, quer de Espanha, surgem a auto-estrada – A3 e a Ponte Internacional de Monção, que liga a Salvaterra de Miño, na Galiza. A ligação de ferry-boat a esta localidade galega não deixa também de permitir uma maior mobilidade na área, constituindo por si só um ponto de interesse.

A reduzida oferta de alojamento, tema que será abordado de forma mais pormenorizada, é também uma das carências existentes, que não permite a permanência dos visitantes na região.

Assinalam-se também deficiências no que respeita a algumas infraestruturas

essenciais para apoio às diversas actividades lúdicas a potenciar (recreio e lazer). Entre estas incluem-se, entre outras, a pesca desportiva, a utilização de zonas balneares, os percursos dos valores patrimoniais e roteiros gastronómicos.

Finalmente, uma menção para a linha de caminho-de-ferro, há muito desactivada,

que procedia à ligação Valença/Monção, para a qual existem intenções de reabilitação para funções desportivas, nomeadamente uma ecopista ou circuito pedestre.

2.4 ASPECTOS DA SÓCIO-ECONOMIA LOCAL

O concelho de Monção, localizado na região do Alto Minho, confronta com o Rio Minho onde se verifica a existência de cursos de água ainda pouco intervencionados, como o Rio Gadanha, possuindo assim elevados valores paisagísticos, com grandes potencialidades para o desenvolvimento turístico.

O concelho apresenta, no geral, uma regressão populacional evidente desde a década de 50, de que são responsáveis as fortes correntes migratórias das décadas de 50 e 60, mantendo-se desde então uma tendência permanente para o êxodo populacional, efectivado tanto sob a forma de emigração para o exterior, como de migração para zonas mais urbanas.

Das dez freguesias que se encontram directamente ligadas ao Rio Gadanha,

Mazedo é a que apresenta maior acréscimo populacional, seguida por Troporiz que, apesar do saldo negativo nas últimas três décadas, é uma das freguesias do concelho que tem registado um maior dinamismo. A área com maior tendência para a perda populacional é claramente composta pelas freguesias da zona marginal nascente e sul do concelho, bem como algumas freguesias do interior, Portela, Luzio e Anhões.

Apresentam-se nos Quadros II e III, respectivamente, os resultados dos Censos

relativos ao concelho e uma análise comparativa entre 1991 e 2001 para as freguesias em estudo.

Quadro II – Resultados dos Censos Populacionais (Co ncelho de Monção)

1911

1920

1930

1940

1950

1960

1970

1981

1991

2001

26.503

25.448

24.585

27.069

28.040

27.393

24.600

23.799

21.799

19.957

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Quadro III – Resultados dos Censos Populacionais – População Residente (Concelho de Monção – Freguesias da Bacia Hidrográfica do Rio Ga danha)

Freguesias População 1991 População 2001 Variação N º Variação (%)

Anhões 211 196 -15 -7,11

Barroças e Taias 373 357 -16 -4,29

Luzio 178 151 -27 -15,2

Mazedo 1388 1428 40 2,88

Moreira 750 709 -41 -5,47

Pias 1021 944 -77 -7,54

Pinheiros 394 372 -22 -5,58

Portela 318 213 -105 -33,0

Troporiz 301 297 -4 -1,33

Trute 364 278 -86 -23,6

Actualmente, tal como durante o século anterior, a actividade dominante é a

agricultura, empregando cerca de 46% da população activa. São de salientar a actividade vinícola e as indústrias relacionadas com a agro-pecuária. A agricultura mantém-se do tipo tradicional, com exploração de um grande número de pequenas propriedades.

A indústria transformadora é, neste concelho, praticamente inexpressiva, quer em termos de emprego, quer em termos de valor acrescentado, apenas apresentando crescimento relativo as actividades relacionadas com a construção civil.

O sector terciário é pouco desenvolvido, de base local e onde predomina o comércio tradicional (comércio a retalho).

Todos estes factores, aliados a uma população residente e activa com níveis de instrução e qualificação relativamente baixos (pela dificuldade de fixação dos mais jovens e mais qualificados) resultam num fraco dinamismo económico e num deficit ao nível da capacidade técnica e empresarial, que culminam num decréscimo do emprego e falta de alternativas à actividade agrícola, num círculo vicioso de declínio e regressão.

Deste modo, as potencialidades turísticas e recreativas já referidas surgem como principal meio de alteração deste cenário, pelo que estudos como o presente Plano se revestem de vital importância, já que definirão as directrizes de salvaguarda e desenvolvimento do património existente.

Dada a sua localização fronteiriça e os valores arquitectónicos e cénicos existentes, o concelho de Monção, e consequentemente a área de intervenção, apresentam já movimento turístico relevante, especialmente nos meses de Julho e Agosto e nas épocas festivas do Natal e Páscoa.

Segundo os censos populacionais de 2001, a população flutuante referente à área

em estudo do concelho, com base nos alojamentos ocupados para uso sazonal ou secundário, é a seguinte:

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Quadro IV – Resultados dos Censos Populacionais – P opulação Flutuante (Concelho de Monção – Freguesias da Bacia Hidrográf ica do Rio Gadanha)

Freguesias Alojamentos Ocupados para uso secundário ou sazonal

População Flutuante *

Anhões 25 75

Barroças e Taias 74 222

Luzio 46 138

Mazedo 227 681

Moreira 96 288

Pias 219 657

Pinheiros 58 174

Portela 88 264

Troporiz 46 138

Trute 77 231

* Considerando um número médio de 3 indivíduos por Alojamento

Conclui-se que a população tem acréscimos significativos na maioria das freguesias abrangidas pela área da bacia hidrográfica, principalmente nas épocas que foram referidas anteriormente, meses de Verão e épocas de Natal e Páscoa, a que não é alheia a presença de emigrantes e de pessoas que, sendo oriundas do concelho, se fixaram noutros locais (Braga, Porto, Lisboa), mas verificando-se um incremento de turistas do país vizinho.

No entanto, verifica-se que a oferta de alojamento é deficitária, apenas se registando um cenário promissor na oferta de turismo rural e de habitação:

Quadro V – Alojamentos Hoteleiros no Concelho de Mo nção

(Turismo de Espaço Rural) Nome Tipo Capacidade Quartos Apartamentos Localização

Casa de Rodas

TH (1) 21 9 1 Lugar de Rodas

Solar de Serrade

TH 22 11 0 Mazedo

Quinta de Montes

TH 4 2 0 Troviscoso

Casal do Sobreiro

TR (2) 6 3 0 Ceivães

Quinta de Sto. António

TR 16 8 3 São João de Sá

Casa de Segude

TR 12 6 0 Segude (1) Turismo de Habitação (2) Turismo Rural

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Quadro VI – Alojamentos Hoteleiros no Concelho de M onção

(Empreendimentos Turísticos)

Nome Camas Quartos Localização

Albergaria Atlântico

23

16

Vila de Monção

Pensão Mané

12

8

Vila de Monção

Pensão Esteves

26

22

Vila de Monção

Quanto às infraestruturas de apoio ao turismo, onde se incluem os

empreendimentos de animação turística, as infraestruturas de carácter recreativo e outros equipamentos complementares aos estabelecimentos hoteleiros, Monção é deficitário, o que de alguma forma se vai tornar condicionador da capacidade local de promover um turismo de permanência, na medida em que reduz consideravelmente os factores favoráveis ao prolongamento das estadias dos turistas.

Esta carência tem sido acentuada pela falta de programas locais de animação

turística, situação que tem vindo a mudar e que pode ser facilmente comprovada no site da Câmara Municipal de Monção e agenda cultural inclusa.

Registam-se ainda falhas na divulgação, informação e sinalização do património e

dos recursos turísticos existentes no concelho. Referência à pesca, actualmente uma actividade desportiva, responsável por uma

parte relevante do turismo na região, bem como a piscicultura que se tem vindo a expandir e constitui um sector passível de actividade económica benéfica.

Aliado à pesca desportiva, o turismo gastronómico, de elevada importância para a

economia local, certamente será dinamizado. Salienta-se que os lugares localizados nas margens das linhas de água foram

sempre os mais atractivos e registaram as maiores taxas de crescimento.

3 DIAGNÓSTICO – POTENCIALIDADES E DEGRADAÇÕES

Finalizada a caracterização da área de intervenção, e com vista à definição final das medidas a desenvolver, surge a análise dos dados recolhidos, numa actividade de diagnóstico tanto das situações preferenciais e a potenciar, como das degradações que importa recuperar.

3.1 POTENCIALIDADES – RECURSOS ASSOCIADOS A área de intervenção foi analisada em termos do que se considerou constituírem

os seus recursos potenciadores, que se consideraram os seguintes:

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3.1.1 Recursos Associados à Água

a) Infraestruturas Como recursos associados à água referem-se as infraestruturas inerentes aos

sistemas de aproveitamento das águas, característicos da região, a saber: - moinhos e azenhas; - açudes, poças e levadas de rega; - outros engenhos movidos a água (pisão, serra, lagar de azeite), Estas estruturas surgem associadas a elementos diversificados da paisagem,

como: - os próprios planos de água, resultantes de leitos mais ou menos expressivos; - as margens dos respectivos cursos de água; - a mata ripícola; - a fauna piscícola e associada à margem; - os solos férteis de aluvião e coluviões. Estes factores constituem a base de trabalho a desenvolver e potenciar numa

estratégia de desenvolvimento local, baseada em factores de cultura e de recursos endógenos.

b) Qualidade da água O Rio Gadanha apresenta-se ainda bastante inalterado, o que por si só constitui

uma potencialidade e polo de atracção, atendendo ao panorama de degradação que actualmente atinge a maioria dos ecossistemas ribeirinhos nacionais.

Este curso de água atravessa maioritariamente, ao longo do seu percurso, áreas

agrícolas e florestais, com núcleos populacionais pouco densos, tipicamente rurais. A indústria transformadora é, neste concelho, praticamente inexpressiva, não

originando graves problemas de poluição na rede hidrográfica. No entanto, a qualidade da água deste rio é por vezes afectada pelo funcionamento

de algumas pedreiras/saibreiras, na freguesia de Pias, nomeadamente no que se refere aos sólidos suspensos, que lhe conferem um aspecto desagradável, constituindo ainda uma situação prejudicial à fauna e flora existentes.

Verifica-se também a existência de descargas maioritariamente indirectas dos

efluentes domésticos, que são conduzidos a fossas sépticas de funcionamento questionável. O nível de atendimento do sistema de drenagem e tratamento de águas residuais é baixo.

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Relativamente à poluição difusa, esta encontra-se relacionada com as práticas agrícolas, pelo que as áreas agrícolas que ladeiam o Rio Gadanha constituem uma fonte de contaminação potencial.

Apesar do que foi dito anteriormente, no que se refere à qualidade da água, em termos globais, pode-se afirmar que esta linha de água apresenta boa qualidade. No entanto, as inúmeras saibreiras e pedreiras existentes, na esmagadora maioria ilegais, surgem como um foco de poluição relevante, tanto pela degradação da qualidade da água, como pelo impacte na paisagem.

De modo a avaliar mais correctamente esta componente, recolheram-se informações com base na Rede de Qualidade da Água (RQA), cujos dados se apresentam em anexo, e a respectiva planta de localização das estações de monitorização, na figura seguinte:

Figura 4 – Localização das estações da rede da qual idade da água, no Rio Gadanha.

Nesta rede incluem-se duas estações de monitorização, uma localizada na freguesia de Mazedo (01F/03 – Mazedo) e a outra na freguesia de Pias (01F/04 – Pias).

Na estação de Pias, verifica-se que o valor de sólidos suspensos é bastante superior ao valor obtido na outra estação, embora esteja dentro dos limites admissíveis.

- Qualidade da água para consumo Humano Os valores obtidos para os parâmetros microbiológicos devem-se

fundamentalmente à poluição bacteriológica resultante das descargas de águas residuais domésticas sem tratamento adequado. No entanto, esta água apresenta boa qualidade, em termos globais, para fins lúdicos.

Ao longo do curso de água existem duas captações para abastecimento, uma na freguesia de Mazedo e outra na freguesia de Pias que se encontra monitorizada. Os valores monitorizados nas duas captações, conduzem a uma conclusão semelhante à alcançada a partir das estações da rede de qualidade da água.

01F/03

01F/04

Legenda : 01F/03 – Mazedo 01F/04 – Pias

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Apresenta-se de seguida uma análise da qualidade da água para várias utilizações, feita à luz da legislação em vigor.

- Qualidade da água para fins piscícolas O Rio Gadanha conta com a presença de alguns salmonídeos, como sejam, o

salmão, a truta e a truta salmonada, motivo pelo qual é muito procurado por pescadores. Aliada à pesca surge a piscicultura que face ao elevado padrão de qualidade das águas existentes, potencia a criação de espécies exigentes e de elevado valor económico (salmão e a truta).

Os resultados obtidos nas estações da rede de qualidade de água demonstram o que já foi referido: o Rio Gadanha é um rio de águas limpas onde predominam indivíduos com grandes exigências a nível de qualidade de água.

- Qualidade da água para fins balneares O Rio Gadanha apresenta elevadas potencialidades para a criação de zonas de

recreio e lazer, devido à beleza dos cenários naturais que o envolvem. Relativamente à criação de zonas de banho surgem, não obstante, alguns entraves, devido à pequena expressão que o curso de água apresenta em extensões elevadas do seu percurso.

Relativamente à qualidade da água, os resultados obtidos nas estações já referidas indicam que o rio apresenta condições para fins recreativos.

- Qualidade da água para rega Dado o Rio Gadanha atravessar áreas, na sua maioria, agrícolas, as suas águas

são muitas vezes utilizadas para regar as culturas. Está definido, no D.L. nº 236/98, 01/08, a qualidade mínima que a água destinada a

rega deverá ter. Assim, por comparação dos requisitos mínimos de qualidade com os valores obtidos nas estações, existentes no Rio Gadanha, pode-se afirmar que a água apresenta valores relativos a parâmetros microbiológicos, ligeiramente acima do que é permitido.

Como conclusão, apesar do Rio Gadanha receber algumas descargas de águas

residuais domésticas, com tratamento insuficiente (situação que se espera ser brevemente colmatada) e escorrências dos campos agrícolas, este possui um grande poder de auto-depuração e oxigenação, o que é demonstrado pela boa qualidade da água que apresenta. 3.1.2 Recursos Associados aos Valores da Paisagem

- Qualidade de Construção da Paisagem A qualidade intrínseca desta paisagem fortemente humanizada está relacionada

com os princípios da sua construção pelo homem (diversidade, simplicidade, complexidade, fractibilidade, meandrização, fundo de fertilidade, entre outros), donde resultou, no caso em análise, quase sempre uma relação harmoniosa entre o aproveitamento de recursos que o homem fez e a matriz biofísica do Meio, relação que nos conceitos mais generalizados actualmente se designa de Sustentada.

- Valores Perceptuais

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Inerentes à qualidade da Paisagem surge um conjunto de valores estéticos relacionados com a escala, a harmonia, os ritmos, as texturas, as cores, a luz e as formas.

Constituem ainda valores percepcionáveis os cheiros e sons que se associam e marcam profundamente a ambiência desta Paisagem. 3.1.3 Recursos Associados ao Património Construído

Existem estruturas elementos e/ou conjuntos que constituem testemunhos de

diferentes períodos da história da ocupação deste território cujo modelo actual de desenvolvimento, tornou inviáveis votando ao abandono e à degradação todo um património que urge de forma criativa trazer para os novos contextos entretanto gerados, e que poderão passar pela recuperação, interpretação e/ou reutilização para novas funções sociais, culturais didácticas e científicas.

3.1.4 Recursos Associados à Conservação da Natureza

Como recursos associados à conservação da natureza a potenciar têm-se os

últimos vestígios da mata clímax desta região, dominada pelo carvalho alvarinho e a mata ripícola, dominada por folhosas diversas. Associados aos solos mais férteis das margens têm-se os prados naturais e semi-naturais.

São ainda de referir todas as áreas de suporte do Ciclo da Água, a valorizar e a

preservar, designadamente as principais cabeceiras, as áreas de recarga de aquíferos e/ou favoráveis à infiltração das águas, o leito, as margens e leito de cheia das diversas linhas de água, bem como as áreas de risco de erosão onde deverá ser promovida a formação e conservação do solo.

A fauna associada aos diversos biótopos é ainda um recurso natural de grande

importância, enquanto mais valia ambiental na perspectiva da biodiversidade e no âmbito do aproveitamento cinegético.

3.2 DEGRADAÇÕES

As degradações actuais nos sistemas hidrográficos são consequência de usos e práticas desenvolvidas de forma não adequada à respectiva capacidade de carga dos sistemas.

Entre as principais degradações que se fazem sentir na bacia hidrográfica do Rio Gadanha, destacam-se:

Processos de Erosão em Curso As zonas erodidas constituem áreas onde as condições físicas do meio,

designadamente a declividade, a natureza das rochas e dos solos, a densidade da rede de drenagem, bem como os valores da precipitação, associados a determinados usos e práticas desadequadas determinaram condições de uma grande vulnerabilidade à perda de solo.

Este tipo de situação deve merecer uma grande atenção no sentido de se inverter

este processo, pois é, sem dúvida, um factor de degradação, de perda de

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produtividade e posteriormente de desertificação de um território. Este fenómeno tem como consequência prática o assoreamento de rios, ribeiros, canais e demais sistemas de drenagem, resultado do arrastamento dos solos e consequente “descarnamento” dos terrenos, que desta forma ficam cada vez mais expostos às chuvadas e ventos, o que dificulta a formação de novos solos, e a fixação da vegetação, logo mantendo-se pobres em biomassa.

Áreas Ardidas São áreas que, para além da perda do coberto vegetal, mais ou menos rico, do

ponto de vista dos ecossistemas e/ou dos valores florísticos e faunísticos, são também mais vulneráveis à acção dos agentes erosivos. Estas áreas requerem tanto mais uma intervenção urgente quanto mais limitantes as suas características biofísicas (forte declividade, solos delgados, etc.), repondo o coberto vegetal.

Por contacto com as Juntas de Freguesia e com base em elementos fornecidos

pela Autarquia, foi possível proceder à identificação das áreas recentemente ardidas, não considerando o ano de 2003, as quais deverão ser objecto de recuperação cuidada, de acordo com o anteriormente preconizado.

Povoamentos Florestais As áreas florestais dominadas por resinosas, eucaliptos e acácias são entendidas

como áreas pobres em termos de biodiversidade embora tenham valor produtivo do ponto de vista económico.

Contudo e atendendo ao conceito mais recente de sustentabilidade dos espaços

florestais, como requisito indispensável a um desenvolvimento igualmente sustentado, as áreas florestais a criar deverão evoluir para áreas cuja composição seja simultaneamente potenciadora de produção de bens e de biodiversidade.

Foram identificadas algumas áreas representativas do factor de degradação em

análise, com base nas cartas militares mais antigas que, evidentemente, não oferecem o rigor desejável. Tal facto deve-se a não ter sido possível, em tempo útil, reunir a informação necessária à delimitação precisa das zonas em causa.

Escombreiras, Pedreiras e Saibreiras São considerados espaços degradados aqueles que afectos a escombreiras,

pedreiras e saibreiras, e por isso tendo sido alvo de uma intervenção de grande impacte nas características locais, em particular do relevo, foram desactivados sem que tivesse havido uma recuperação biofísica dos respectivos locais.

São ainda considerados da mesma forma os espaços afectos ao mesmo tipo de

actividade, que decorrem de forma irregular e/ou ilegal. Na área de intervenção do Plano foram identificadas, como já foi referido, com

base em elementos fornecidos pela Autarquia, situações de degradação por saibreiras e pedreiras (essencialmente de granito), na maioria em situação ilegal, que deverão merecer uma atenção especial pelo relevante impacte negativo na área de intervenção.

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Acumulação de Lixos e Sucatas Constituem degradação da paisagem as áreas onde se acumulam indevidamente

lixos e sucatas de qualquer natureza, quer pela destruição directa do coberto vegetal, quer por obstrução da drenagem natural dos terrenos, nalguns casos originando a poluição de solos e águas e o impacte directo, muito significativo, sobre os valores perceptuais da paisagem.

Constitui ainda um indicador de atraso cultural, à luz dos valores civilizacionais

actuais, “a produção de muito lixo e o convívio pacífico no meio dele”. Na área de intervenção, segundo elementos fornecidos pela Autarquia e contactos

realizados com as Juntas de Freguesia, detectaram-se algumas situações de degradação a este nível, na sua maioria sucatas. Também este factor terá que ser alvo de acções particulares, com vista à sua erradicação. 4 ANÁLISE DAS CONDICIONANTES LEGAIS E DE ORDENAMENTO (REN, RAN,

EMPARCELAMENTO )

Para a REN, foram delimitados os seguintes sistemas: Áreas de infiltração Máxima, Leitos Normais dos Cursos de Água, Zonas de Galeria e Faixas Amortecedoras, além das suas Margens Naturais; Cabeceiras dos Cursos de Água; Áreas de Risco de Erosão e Ínsuas.

Foram cartografados os diferentes sistemas previstos para a constituição destas

duas reservas de interesse nacional, contudo destas ficaram desde logo retiradas as áreas previstas como necessárias a usos incompatíveis com estas condicionantes, por exemplo as áreas a afectar à expansão urbana, industrial e à produção florestal de carácter mais produtivo.

As áreas que integram estas duas reservas deverão ser consideradas

conjuntamente com os habitat’s prioritários, ainda não cartografados, a matriz biofísica fundamental do território, a preservar e a valorizar.

Quanto às condicionantes legais e de ordenamento decorrentes dos projectos de

emparcelamento, em elaboração, não foi possível a sua análise pela impossibilidade de reunião dos respectivos elementos. Adverte-se, assim, que as acções propostas pela HPN poderão, eventualmente, entrar em conflito com os projectos de emparcelamento, situação que deverá ser posteriormente avaliada pela Autarquia, entidade que conhece ambos os documentos. 5 ANÁLISE CRÍTICA DE PROJECTOS E ESTUDOS EXISTENTES

Com vista à interligação do Plano com outros estudos existentes foram analisados os elementos recolhidos relativamente às “Praias Fluviais” de Pinheiros e Mazedo.

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Esta análise incidiu, primeiramente, na figura de Praia Fluvial, legalmente um título

atribuído pelas entidades da Água, o INAG, após um processo de apresentação da proposta, cumprindo um conjunto de requisitos e condições já definidas, sujeita à aprovação pela referida entidade.

Pelas razões referidas a designação de Praia Fluvial não deve ser utilizada.

Propõe-se a designação de Zona de Recreio Fluvial, ou Zona de Banhos. Do reconhecimento feito no local entende-se que os locais referidos possuem, à

semelhança de mais alguns locais inventariados, um potencial com interesse para Zona de Recreio ligado à Água, apresentando algumas carências relevantes no modo como propiciam o contacto com o elemento água e sua envolvente.

Decorrente da análise dos elementos obtidos propõem-se os seguintes princípios

orientadores das intervenções nesta zona e outras similares: 1 – Deve ser feita uma proposta de intervenção que equacione a totalidade da área passível de utilização pelas pessoas; 2 – Deverão ser previstas acções de consolidação e valorização da vegetação ribeirinha característica (freixos, choupos, amieiros, salgueiros, carvalhos,...) e a limpeza de vegetação com carácter infestante (acácias mimosas, silvas,...); 3 – Não deverá ser introduzida vegetação exótica, inclusive sob a forma de relvados, devendo fazer-se o aproveitamento do prado natural, aí existente, podendo assegurar-se a sua manutenção com alguns cortes, no início da época balnear; 4 – As estruturas construídas no leito de cheia do rio, do tipo plataformas de madeira, junto ou sobre o plano de água, passadiços, pequenos diques, ou algum tipo de mobiliário, designadamente mesas, caixotes de lixo deverão ser preferencialmente amovíveis (a retirar no fim da época balnear); 5 – Outro tipo de estruturas construídas, designadamente edifícios para bar, sanitários, ou outros, deverão preferencialmente basear-se no aproveitamento de estruturas aí existentes; 6 – As construções novas deverão ser afastadas do leito de cheia do rio e nos casos em que não seja possível fazê-lo, deverão ser assentes sobre estacaria, adequando-a às dinâmicas da água, em particular nos períodos de Inverno (flutuações de nível, correntes e infiltração), garantindo-se desta forma a manutenção das construções.

6 PROPOSTA

As propostas e soluções apresentadas neste estudo foram definidas a dois níveis, de acordo com o seu carácter particular:

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- Rede de Áreas para o Recreio e Lazer, que uma vez concretizadas cumprirão o objectivo de viabilizar o turismo de qualidade e a utilização sustentada dos locais abrangidos; - Recuperação de Áreas Degradadas, que permitirão o tratamento das feridas da paisagem e, consequentemente, a implementação das anteriores com a qualidade desejada. Neste capítulo, apontam-se de forma resumida as diversas propostas, objecto de

desenvolvimento no âmbito do Volume II – Unidades de Implementação.

6.1 REDE DE ÁREAS DE RECREIO E LAZER

A oferta ao nível do Recreio e Lazer deve ser estruturada e integrada, perspectivando o aproveitamento dos diversos recursos e potencialidades disponíveis na região para que constitua efectivamente factor de desenvolvimento local.

Assim, a proposta de um conjunto de Áreas de Lazer e Recreio ligadas à água, um

dos objectivos do presente Plano, deverá ser suportada por uma rede de percursos de diferentes tipo, automóvel e essencialmente pedonais que liguem e articulem as diversas ocorrências/valores a potenciar, para uma oferta qualificada e qualificadora desse território.

Explicitando, deverá ser definida uma Rede de Percursos Pedonais ancorada em

Aglomerados , Percursos de Acesso Automóvel, e a algumas Áreas Infraeestruturadas para o Recreio e Lazer (zona de recreio fluvial, zona de merendas, locais tradicionais de encontro e convívio, espaços de jogos informais,...) devendo a rede de percursos articular os diversos pontos notáveis e/ou Valores do meio , nomeadamente miradouros, elementos e/ou conjuntos do património construído recuperado e/ou reutilizado como equipamento cultural; um lugar ou trecho de paisagem de grande valor, um núcleo museológico; uma boa unidade de restauração e/ou de alojamento turístico, um troço de rio particularmente bem conservado, apto para a pesca, para a observação da natureza, ou simplesmente para a contemplação, etc.

Apontam-se neste âmbito como locais de interesse:

6.1.1 Trechos de Paisagem de Elevada Qualidade

• No Troço montante da Bacia Hidrográfica: - Vale e Encostas do Rio Gadanha: Lugares e respectiva envolvente; - Agro-silvo-pastoril, nas freguesias de Portela, Luzio e Anhões. • No Troço médio da Bacia Hidrográfica: - Troço inferior do rio do Vale e envolvente agrícola dos Lugares de Moreira e Pias.

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• Nos Troços intermédio e jusante da Bacia: - Encosta baixa e todo o Vale do Rio Gadanha, envolvente agrícola dos Lugares de

Troporiz, Mazedo, Pinheiros. 6.1.2 Percursos Pedonais

Os percursos pedonais propostos foram definidos com base no reconhecimento de campo e nas informações recolhidas acerca dos antigos caminhos percorridos, com fins vários.

Salvaguardando o enquadramento mais alargado que é necessário dar à

dinamização de uma rede de percursos pedonais, nomeadamente aos percursos de interesses mais temáticos, ainda assim o desenvolvimento das potencialidades que encerra uma rede de percursos, passa necessariamente pela sua efectiva divulgação, pela sinalização e interpretação dos componentes do meio biofísico e humano que atravessa e também pela boa manutenção destas infraestruturas.

Sugerem-se, assim, alguns percursos pedonais de elevado interesse panorâmico: • Ancorado nos Lugares de Estrica/Portela do Alvito, e Extremo, do concelho de Arcos de Valdevez propõe-se o desenvolvimento de um percurso pedonal ao longo da zona alta de festo que divide as duas bacias do Lima e do Minho, com a variante de descida ao vale do Gadanha e lugares da freguesia de Anhões. O interesse é essencialmente panorâmico, sendo assinalados três pontos notáveis

a equipar como miradouros. O percurso proposto ligará pontos susceptíveis de interpretação, nomeadamente o sítio de Mendoiro, onde ocorrem vestígios de ocupação remota (Mamoas e Castro), sendo ainda de aprofundar a história da ocupação do território “escondida”, em topónimos como o sítio da Anta, Sinos, Castelo, Lugar de Cividade, Vilar, etc.

Este percurso, como já se referiu, desenvolve-se na área montante da bacia

hidrográfica. Na maior parte da sua extensão, ao longo da linha de festo que separa as bacias do Minho e do Lima, permitirá a visualização de uma extensa área destas duas bacias, bem como uma vista global sobre toda a bacia do Rio Gadanha;

• Ancorado nos Lugares de Extremo e Gandrachão/Abedim, propõe-se um percurso pedonal de interesse panorâmico, interligando pontos notáveis do território a equipar como miradouros e alguns aglomerados dispersos, na encosta alta, pertencentes às freguesias de Abedim e Portela. Será ainda incluído neste percurso a passagem por uma zona florestal de resinosas a reconverter para uma zona florestal mista (de folhosas e resinosas, devidamente ordenada e convenientemente infraestruturada) e por uma área de extracção de inertes que deverá ser reconvertida tendo por objectivo a compatibilização dessa exploração (recurso importante para a economia local) com a preservação da qualidade ambiental e da paisagem.

6.1.3 Trilhos dos Pescadores

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A recuperação dos trilhos de pescadores revela-se uma das intervenções de maior interesse, pelo número elevado de pescadores desportivos que procuram diariamente a região.

Estes percursos deverão ser, como já foi referido, interligados com os percursos

de acesso automóvel e caminhos pedonais propostos, o que se traduzirá numa oferta variada.

Uma vez que muitos destes trilhos foram abandonados ou se degradaram, a sua

definição obrigaria a uma pesquisa e recolha de elementos demoradas, não podendo assim serem abrangidos num plano, necessariamente limitado no tempo.

Em sequência, não se definem trilhos de pescadores a nível da solução proposta,

actividade que deverá ser desenvolvida em fases posteriores ao Plano, nomeadamente no âmbito dos projectos de execução para cada unidade de implementação.

6.1.4 Pequenos Trilhos Interpretativos

O conjunto de trilhos interpretados a propor surgirá em ligação estreita com as

áreas infraestruturadas para Recreio e Lazer, devendo constituir-se como ponto de partida e de chegada de percursos de pequena e média duração, que podem ir de uma hora a meio dia de caminhada. 6.1.5 Itinerário automóvel

Os percursos com acesso a veículos automóveis englobam as “Quintas” do Vale do

Rio Gadanha, com significativo Interesse Temático: Este percurso inicia-se e desenvolve-se no troço intermédio e jusante da Bacia

Hidrográfica, ao longo de toda uma extensa área agrícola que ocupa um dos mais expressivos aluviões da região, matriz de uma paisagem humanizada, onde a unidade de produção e de gestão dos recursos naturais é a Quinta e a principal cultura a vinha e o vinho alvarinho.

Referem-se, nomeadamente, as seguintes: Quinta de Serrade; Quinta de Sendim; Quinta e Palácio da Brejoeira; Quinta de

Requezendo; Quinta da Andorinha; Quinta da Torre; Quinta do Mosteiro; Quinta de Real; Quinta da Lomba e Quinta de Brei.

Sugere-se a criação de um itinerário das “Quintas” que seja expressivo das práticas

culturais e da diversidade dessas unidades. As Quintas aderentes serão objecto de um estudo que definirá as medidas a implementar na perspectiva de lhes ser dada uma vertente didáctica e interpretativa do seu valor patrimonial e de mais valia ambiental, no contexto do desenvolvimento local.

Salvaguardando todo o enquadramento necessário à dinamização de percursos a

nível local – por exemplo, articulação com uma eventual estratégia alargada à região –

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do conjunto de medidas a implementar refere-se, num primeiro nível, a divulgação, e num segundo nível, a realização de obras de recuperação, sinalização e interpretação dos elementos, conjuntos e sítios a identificar e que constituam os Valores mais significativos do Património Local.

Estes percursos deverão ser dinamizados numa perspectiva de alargamento da

sua utilização a visitantes da região e a residentes em concelhos limítrofes. Também aqui, e à semelhança do que acontece com outros percursos, torna-se indispensável a divulgação, o melhoramento das condições e a posterior manutenção. 6.1.6 Zonas de Recreio Fluvial

As zonas de recreio fluvial a recuperar e a criar, têm como base as zonas de banho

actualmente com maior utilização. Por apresentarem boas potencialidades, mas parcas condições, existe o risco de alguma degradação, pelo que deverão ser objecto de intervenções no sentido de criar adequadas condições para uso recreativo.

Estas zonas deverão integrar a concepção de um sistema de informação e

interpretação dos Valores Naturais e do Património Construído, que terá como objecto a totalidade da área em estudo. Neste contexto as zonas de recreio fluvial deverão incluir suportes de informação e de interpretação que permitam que os utentes tomem consciência das componentes do meio que usufruem e da sua beleza, bem como da sua fragilidade e sensibilidade.

- Núcleo de Interpretação Temático, sobre a “Dinâmica do Ecossistema Ribeirinho “, da Foz do Gadanha;

- A desenvolver na foz do Rio Gadanha e ao longo da margem esquerda do rio

Minho, com base no aproveitamento da estrutura de um moinho aí existente, a que estarão associados, oficinas/laboratórios com fins didácticos, um percurso de observação dos componentes do sistema rio (leito, margens, leito de cheia, drenagem, erosão e transporte de sedimentos, fertilidade dos solos, vegetação ripícola, etc.), uma mata ripícola identificada, um espaço de encontro e convívio equipado com área de jogos informais e outras eventuais estruturas ligeiras; todas as estruturas a construir terão um carácter ligeiro e amovível e não poderão induzir ou afectar a integridade funcional desta área sensível.

- Os utentes preferenciais deste equipamento serão sobretudo as populações

escolares.

- Zona de Recreio Fluvial da Ponte de Troporiz; - Zona de Recreio Fluvial de Mazedo; - Zona de Recreio Fluvial de Pinheiros;

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- Núcleo de Interpretação temático, ligado aos Sistemas de Aproveitamento do Recurso Água, do Lugar de Pateiro;

- Viabilidade de musealização do conjunto Moinho/Lagar de Azeite/Serra, associando-lhe um percurso pedonal interpretativo das áreas funcionais/utilitárias e componentes significativas dos diversos sistemas:

. De aproveitamento da água para fins agrícolas - captação, condução,

armazenamento e gestão da água; . Área de olival - processo de produção e transformação; . Área de produção florestal - trabalho artesanal da madeira.

- Zona de Recreio Fluvial de Cristelo e Vila Nova, Pias; - Zona de Recreio e Lazer da Valinha, Moreira; - Zona de Recreio Fluvial da Ponte da Naia, Trute/Barroças e Taias; - Centro de Revitalização da cultura do Linho, de Trute e Barroças e Taias;

- Estudo da viabilidade de revitalização da actividade artesanal de produção e

tecelagem do linho no âmbito de uma estratégia a promover conjuntamente entre as freguesias de Trute e Barroças e Taias, donde decorreria a recuperação e revitalização do pisão do linho abandonado em Trute e o reenquadramento do museu do Linho existente em Barroças e Taias;

- Zona de Recreio Fluvial de Cachave, Portela; 6.1.7 Miradouros

São propostos como Miradouros os pontos fisiográficamente notáveis existentes na

área em estudo, alguns já sinalizados como pontos panorâmicos. A maioria desses miradouros só é acessível a pé. Estes locais deverão ser beneficiados ao nível de acessos, espaço do miradouro

propriamente dito, vegetação e de algum equipamento nomeadamente a colocação de leitores de paisagem.

Referem-se, neste contexto, os seguintes:

- Portela do Alvito

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- Estrica / Miradouro da Capela - Mendoiro - S. Brás da Anta - Anta - Fonte dos Tornos - Mangueiro - S. Martinho da Penha

6.1.8 Elementos e/ou conjuntos construídos a recupe rar:

Foram identificados alguns aglomerados onde a coerência, qualidade da arquitectura dos conjuntos e o estado de degradação e abandono requerem uma intervenção, que trave o processo em curso de desaparecimento de valores importantes do nosso património.

Assim propõe-se o estudo de viabilidade da dinamização do Turismo de Aldeia

nos Lugares das freguesias de Anhões, Luzio, Pias e Portela , associado, por um lado, a um programa de apoio técnico e financeiro de incentivo à manutenção e valorização das actividades agro-silvo-pastoris (informação e sensibilização para a implementação de boas práticas agrícolas e protecção integrada); ao desenvolvimento da auto-suficiência na redução, reutilização, reciclagem e valorização dos lixos no meio rural, mediante a produção de compostos orgânicos para venda, a partir dos excedentes de biomassa/matos e subprodutos florestais.

Por outro lado, dever-se-ão implementar planos de recuperação e de salvaguarda para os aglomerados objecto desta estratégia, que deverá merecer o acordo dos proprietários e o enquadramento institucional exigido.

Referem-se, ainda, outros elementos e conjuntos do Património que se encontram

degradados para os quais se propõe a sua recuperação e reutilização: a) Antigas casas florestais e estruturas complementares para criação de

alojamento turístico, na modalidade de casa abrigo e/ou a reactivação de um viveiro de produção de espécies para reflorestação, com uma vertente de acolhimento de públicos diversos que aqui se desloquem com fins didáctico-pedagógicos;

b) Espaços da Envolvente ou que consubstanciem Equipamentos de Uso

Colectivo, como lugares tradicionais de encontro, espaços para jogos informais, entre outros;

c) Espaço envolvente e Mosteiro do Sr. do Bonfim;

d) Projectos e Obras de Recuperação do património, constituído pelo conjunto de pontes de estilos e épocas distintas e que se encontram em mau estado de conservação ao longo do percurso do Rio Gadanha e alguns afluentes;

e) As Quintas: estudo de viabilidade de uma abordagem conjunta a todo o património das Quintas, na perspectiva do desenvolvimento das suas diversas vertentes, designadamente produtiva, didáctica, cultural e turística e desta forma

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encontrar o fundamento para a sobrevivência de um património que se perde a um ritmo acelerado, conforme registo do número de Quintas em estado de abandono por toda a área em estudo;

Deverá ainda ser aprofundada a pesquisa e identificados outros conjuntos ou elementos de valor patrimonial que, encontrando-se em estado de abandono, poderão vir a ser adquiridos, recuperados e reutilizados para novas funções sociais e culturais.

6.2 RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

As medidas de recuperação propostas incidem sobre as áreas degradadas identificadas na área de intervenção durante o reconhecimento local efectuado e a elaboração do Ante-Plano.

As acções a desenvolver para a respectiva recuperação, bem como para outras

que eventualmente venham a ser identificadas ou se degradem no futuro, serão de: . Reconversão de povoamentos puros de resinosas; . Recuperação biofísica de áreas com risco e/ou processo de erosão em curso; . Rearborização e/ou promoção da Regeneração Natural em áreas ardidas; . Valorização das áreas de suporte do ciclo da água; . Recuperação e Valorização das matas e corredores rípicolas; . Recuperação de áreas de extracção de inertes (saibreiras/pedreiras).

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A primeira fase do Plano Geral de Ordenamento da Rede Hidrográfica do Rio

Gadanha, agora concluída, pretendeu definir soluções a implementar para a utilização sustentada deste curso de água, com base na análise e diagnóstico da área de intervenção e posterior definição das bases e directrizes que enformaram as medidas apresentadas.

Para a sua elaboração, procedeu-se a contactos e deslocações aos diversos

locais com os Presidentes das Juntas de Freguesia envolvidas, realizou-se um reconhecimento local exaustivo e recolheu-se informação de proveniência diversa, desde a Internet às conversas com os habitantes locais, a que se adicionou o parecer proferido pelos Serviços Técnicos sobre o Ante-Plano entregue em Outubro de 2002.

Foi igualmente relevante a apresentação do Ante-Plano às entidades envolvidas,

que decorreu em Fevereiro de 2003 e que permitiu auscultar a futura receptividade do documento, esclarecer dúvidas e integrar situações não abrangidas, mas relevantes para a qualidade do documento.

No entanto, numa análise crítica à abrangência do estudo desenvolvido, verifica-se

que a extensão e características da área em estudo, rica em tradições e potencialidades naturais, impõe inevitavelmente um carácter sectorial, e consequentemente limitado a este documento.

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Entende-se, por isso, que a valorização de todo o espaço do Vale do Gadanha

merece um aprofundamento de outros temas, nomeadamente de cariz antropológico-social e histórico, que saem do contexto do Plano Geral de Ordenamento da Rede Hidrográfica do rio Gadanha.

Tal deverá, em nosso entender, ser analisado numa perspectiva integradora de

outros valores que permitam optimizar as propostas sugeridas no âmbito deste Plano, visando sempre o cumprimento dos objectivos que estiveram na base da sua elaboração: a preservação e utilização sustentada de um património único.

Braga, HPN, 12 de Dezembro de 2003

Amílcar Rebelo da Silva, Eng. Civil – Coordenação Geral Rosa Barros, Engª Civil – Direcção Técnica Colaboração Técnica Rita Machado, Engª Civil Alcinda Tavares, Arqtª Paisagísta Carla Antunes, Engª Biológica Filipa Teixeira, Engª do Ambiente e dos Recursos Naturais

HPN Um Gerente

(A. Rebelo da Silva – Eng. Civil)

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- ÍNDICE -

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1 2. CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GADANHA ................. 2

2.1. Localização .................................................................................................... 2 2.2. O Meio Biofísico ............................................................................................. 3

2.2.1. Morfologia e Relevo ................................................................................ 3 2.2.2. Clima ...................................................................................................... 4 2.2.3. Geologia e Hidrogeologia ....................................................................... 5 2.2.4. Rede Hidrográfica ................................................................................... 5 2.2.5. Fauna e Flora ......................................................................................... 7 2.2.6. Habitat’s ................................................................................................. 9

2.3. Componente de Humanização ....................................................................... 9

2.3.1. Património ............................................................................................ 10 2.3.2. Usos de Solo ........................................................................................ 12 2.3.3. Usos da Água ....................................................................................... 13 2.3.4. Infraestruturas ...................................................................................... 14

2.4. Aspectos da Sócio-Economia Local ............................................................. 15

3. DIAGNÓSTICO – POTENCIALIDADES E DEGRADAÇÕES ............................... 18

3.1. Potencialidades – Recursos Associados ...................................................... 18

3.1.1. Recursos Associados à Água ............................................................... 19 3.1.2. Recursos Associados aos Valores da Paisagem .................................. 21 3.1.3. Recursos Associados ao Património Construído .................................. 22 3.1.4. Recursos Associados à Conservação da Natureza .............................. 22

3.2. Degradações ................................................................................................ 22

4. ANÁLISE DAS CONDICIONANTES LEGAIS E DE ORDENAMENTO (REN, RAN, EMPARCELAMENTO) ................................................................................................. 24 5. ANÁLISE CRÍTICA DE PROJECTOS E ESTUDOS EXISTENTES ...................... 24

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6. PROPOSTA ......................................................................................................... 25 6.1. Rede de Áreas de Recreio e Lazer ............................................................... 26

6.1.1. Trechos de Paisagem de Elevada Qualidade ....................................... 26 6.1.2. Percursos Pedonais .............................................................................. 27 6.1.3. Pequenos Trilhos Interpretativos .......................................................... 28 6.1.4. Itinerário automóvel .............................................................................. 28 6.1.5. Zonas de Recreio Fluvial ...................................................................... 29 6.1.6. Miradouros............................................................................................ 30 6.1.7. Elementos e/ou conjuntos construídos a recuperar, numa base de sustentabilidade: .................................................................................................. 31

6.2. Recuperação de Áreas Degradadas ............................................................. 32

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 32 ANEXOS