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Jornal mensal da Igreja Metodista Setembro de 2009 Ano 123 número 9 Palavra Episcopal Missões Educação Cristã Doutrinas Entrevista Cultura Construtores de Paz Em meio a desanimadores índices de violência, a esperança reside na fé e amor que resultam em ações concretas a favor da paz. Conheça projetos da Igreja Metodista que estão contribuindo para a construção de uma cultura de paz. Páginas 8 e 9 Igreja Metodista divulga orientações sobre ecumenismo O Colégio Episcopal da Igreja Metodista lançou o documento “Para que todos sejam um - A perspectiva metodista para a Uni- dade Cristã”. O texto traz orien- tações sobre como a Igreja Metodista deve se relacionar com outras igrejas cristãs, incluindo a Igreja Católica. Página 5 Missão sem férias! A missão não tira férias. Por isso, muitas igrejas aproveitaram o período de recesso es- colar para desenvolver Escolas Bíblicas de Fé- rias e projetos missionários como o “Passa à Macedônia” (foto). Página 7 Gaditas: eles são pela guerra! Mas são bom modelo de espiritualidade para hoje? Página 11 Ser servido ou servir? Um alerta sobre a “síndrome de Si- mão, o mágico”. Página 3 Barco Hospital Visão Mundial doa Barco Hospital à Igreja Metodista Página 10 Escola Dominical O papel dos(as) pas- tores(as) para o êxito da Escola Dominical. Página 12 Cremos no Espírito Santo Para reformar a na- ção e espalhar a san- tidade sobre a terra! Página 13 Moisés da Rocha O samba pede pas- sagem (na Igreja também) Página 14 Música & Arte Designado coordena- dor do novo departa- mento da Igreja Página 15 Divulgação ilustração: Alexander Libonatto

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Jornal mensal da Igreja Metodista • Setembro de 2009 • Ano 123 • número 9

Palavra Episcopal

Missões

Educação Cristã

Doutrinas

Entrevista

Cultura

Construtores de PazEm meio a desanimadores índices de violência, a esperança reside na fé e amor que resultam em ações

concretas a favor da paz. Conheça projetos da Igreja Metodista que estão contribuindo para a construçãode uma cultura de paz. Páginas 8 e 9

Igreja Metodista divulgaorientações sobre

ecumenismoO Colégio Episcopal da Igreja

Metodista lançou o documento“Para que todos sejam um - Aperspectiva metodista para a Uni-dade Cristã”. O texto traz orien-tações sobre como a IgrejaMetodista deve se relacionar comoutras igrejas cristãs, incluindo aIgreja Católica. Página 5

Missão sem férias!A missão não tira férias. Por isso, muitas

igrejas aproveitaram o período de recesso es-colar para desenvolver Escolas Bíblicas de Fé-rias e projetos missionários como o “Passa àMacedônia” (foto). Página 7

Gaditas: eles são pela guerra! Mas são bom modelo deespiritualidade para hoje? Página 11

Ser servidoou servir?

Um alerta sobre a“síndrome de Si-mão, o mágico”.

Página 3

Barco Hospital

Visão Mundial doaBarco Hospital àIgreja Metodista

Página 10

Escola Dominical

O papel dos(as) pas-tores(as) para o êxitoda Escola Dominical.

Página 12

Cremos noEspírito Santo

Para reformar a na-ção e espalhar a san-tidade sobre a terra!

Página 13

Moisés da Rocha

O samba pede pas-sagem (na Igrejatambém)

Página 14

Música & Arte

Designado coordena-dor do novo departa-mento da Igreja

Página 15

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Setembro 20092 Palavra do leitor

Presidente do Colégio Episcopal: Bispo João Carlos LopesConselho Editorial: Magali Cunha, José Aparecido, Elias Colpini, Paulo RobertoSalles Garcia e Zacarias Gonçalves de Oliveira Júnior.Jornalista Responsável: Suzel Tunes (MTb 19311 SP)Estagiário de comunicação: José Geraldo Magalhães JúniorCorrespondência: Avenida Piassanguaba nº 3031 Planalto Paulista - São Paulo - SPCEP 04060-004 - Tel.: (11) 2813-8600 Fax: (11) 2813-8632home: www.metodista.org.br e-mail: [email protected]

A redação é responsável, de acordo com a lei, por toda matéria publicada e, sendoassim, reserva a si a escolha de colaborações para a publicação. As publicações assinadassão responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opiniãodo jornal. Propriedade da Associação da Igreja Metodista.

Órgão oficial da Igreja Metodista, editado mensalmente sob a responsabilidade do Colégio EpiscopalFundado em 1º de janeiro de 1886 pelo missionário Rev. John James Ransom

A produção do Jornal Expositor Cristão é realizada em convênio com oInstituto Metodista de Ensino Superior, que cuida da diagramação edistribuição do periódico. O conteúdo editorial é definido pela Sede Nacionalda Igreja Metodista.Editoração eletrônica: Maria Zélia Firmino de SáProjeto Gráfico: Alexander Libonatto FernandezImpressão: Gráfica e Editora RudcolorAssinaturas e RenovaçõesFone: (11) 4366-5537e-mail: [email protected] do Sacramento n. 230 Rudge Ramos - São Bernardo do Campo - SPCEP 09640-000 www.metodista.br/editora

Editorial

A João Wesley atribui-se afrase: “Dê-me cem pregadoresque nada temam senão o pecadoe nada desejem senão Deus, enão me importo que sejam cléri-gos ou leigos, tais homens sozi-nhos abalarão as portas do in-ferno e estabelecerão o Reino deDeus na Terra”. Eu não duvido.O movimento metodista come-çou muito pequeno, um grupinhode estudantes resolvido a viverintegralmente o cristianismo....e a história registra que a influ-ência metodista sobre a socieda-de inglesa foi marcante.

Em muitos lugares do nossopaís, as portas do inferno estãoabertas. A violência contraria anatureza e o amor de Deus; fa-zendo com que gente jovem mor-ra antes do tempo. Cem homens(e mulheres, pois se o texto nãoé inclusivo, a atuação de Wesleyo foi, incentivando a participaçãofeminina) serão suficientes paramudar esta situação? E cem mil?Só os metodistas no Brasil são,atualmente, 181.507 E os locaisonde nossas igrejas estão insta-ladas sentem essa presença? Fa-zemos diferença?

Nossa matéria de capa falade projetos que, certamente sãosignificativos na vida de muitaspessoas e nos locais onde estãoinstalados. Em setembro come-moramos a Semana da Pátria.Nossa Pátria está doente, emvários aspectos, mas nossa fé éem um Deus que cura e restaura,muitas vezes por intermédio dasmãos humanas disponíveis à Suaação. Afinal, nossa Pátria não éapenas a “Pátria Celestial” comocantamos em alguns de nossoshinos. Enquanto Deus nos conce-de vida nesta terra, somosbrasileiros(as), responsáveistodos(as) pelos rumos do país,por meio de nossas ações, pela

Pátria doenteatuação de nossas igrejas, pelonosso voto consciente.

Por falar em hinos, o Expo-sitor traz este mês uma notíciaaguardada há muito tempo: oDepartamento Nacional de Mú-sica e Arte já é uma realidade;veja na seção Cultura. Umnovo hinário brasileiro ainda ésonho, mas o primeiro passo jáfoi dado. Na entrevista da pá-gina 14, destaque tambémpara um talento musical denossa Igreja: o radialista epesquisador Moisés da Rochaque, sem preconceito, fala so-bre samba, MPB, gospel ... etambém sobre a necessidadede valorizar a arte na Igreja,incentivando diferentes mani-festações artísticas, comomúsica, dança e teatro.

Um espaço privilegiado paraacolher os talentos artísticos éa Escola Dominical. Ela podeser um dinâmico espaço decriatividade e crescimento!Tudo depende da igreja... e,muito especialmente, de seuspastores e pastoras. É o quealerta artigo do bispo Josué, napágina 12, a propósito do Diada Escola Dominical, que come-moramos no terceiro domingodeste mês. Uma Escola Domini-cal dinâmica, que propicie oquestionamento e a maturidadecertamente resultará numaIgreja mais madura, forte erelevante na sociedade. Umaigreja capaz de levar uma men-sagem de paz nos lugares emque a violência impera; capazde levar o bálsamo do amor deCristo às pessoas e sociedadesferidas. É nosso desejo e nossaoração em favor da Escola Do-minical da Igreja Metodista.

Suzel [email protected]

HomenagemAcusamos o recebimento do

Jornal Imagem de Nova Andra-dina, Mato Grosso do Sul, envia-do pelo Rev. Getro da SilvaCamargo que foi homenageado emsua cidade. O prefeito de NovaAndradina homenageou o pastorcomo autor da expressão “Cida-de Sorriso” e primeiro pastor daIgreja Metodista com residênciafixa na cidade.

AniversárioGostaria muito de mandar

uma mensagem de felicitações aomeu querido Bispo Nelson.

Rubem Nei - IgrejaMetodista Central

de Porto Alegre

O Bispo Nelson Luiz CamposLeite, que completou 70 anos nodia 13 de agosto, recebeu essamensagem de felicitações porintermédio do jornal e muitasoutras diretamente. Ele agradecea todos os irmãos e irmãs.

Santa CeiaA Paz de Deus! Primeiramente

gostaria de elogiá-los pela publi-cação dos estudos bíblicos nosite. Com certeza, eles edificama fé e a compreensão da Palavrade Deus, contribuindo com oaperfeiçoamento dos santos. Masfiquei com uma dúvida em rela-ção à Santa Ceia. A Igreja quefreqüento celebra a Santa Ceiauma única vez no ano argumen-tando que a mesma substitui acelebração da Páscoa do AntigoTestamento, que era festejadatambém uma vez por ano. Tal ar-gumento procede?

Edison Carlos, por e-mail

A Bíblia não dá orientaçõesprecisas a respeito da freqüênciacom que a Ceia do Senhor deveser celebrada. Quando Jesus ins-titui a Ceia ele diz “Fazei istoem memória de mim”. Nos pri-meiros tempos do cristianismo,

os/as cristãos/ãs realizavam estememorial com grande freqüência,como você pode ver em At 2.42:“...e perseveravam na doutrinados apóstolos e na comunhão, nopartir do pão e das orações”....João Wesley, fundador da IgrejaMetodista, no século 18, dizia:“Que todo aquele que tem no seucoração algum desejo de servir aDeus, ou algum amor à sua alma,possa servir a Deus e buscar obem do seu coração por meio dacomunhão, toda vez que issofor possível”. A Ceia era, por-tanto, uma parte importante doculto, celebrada em todos os cul-tos se possível. Razões históricastrouxeram algumas mudançasnesta frequência. Quando os pri-meiros missionários protestantesvieram para o Brasil, as igrejasforam se multiplicando e haviapoucos pastores. Um pastor àsvezes precisava atender a váriasigrejas, localizadas em cidadesdistantes umas das outras. Algu-mas igrejas ele só podia visitaruma vez por mês. A celebraçãoda Ceia tornou-se mensal, o que écostume em muitas igrejasmetodistas até o dia de hoje.Assim, nós comemoramos a Pás-coa, com o significado que elatem para os cristãos hoje – cele-bramos a ressurreição de Cristo,data fundamental para o cristia-nismo – e, segundo a orientaçãodos Cânones da Igreja Metodistacelebramos a Ceia “com a fre-qüência que, em conjunto, pastore Concílio Local determinarem,visando sempre à edificação espi-ritual da Igreja” (Cânones daIgreja Metodista, p.64). Em rela-ção à substituição da Páscoa pelaCeia, para nós esta é uma confu-são que algumas igrejas evangéli-cas fazem. A Ceia não substitui aPáscoa, por ser algo novo. Jesuscelebrou a Páscoa com os discípu-los e instituiu a Ceia. Ele fez asduas coisas junto. Na Páscoa nóspodemos fazer isto também. Asfestas do Antigo Testamento ad-quirem um novo significado de-pois da vida, morte e ressurrei-ção de Jesus.

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Setembro 2009 3Palavra Episcopal

Arqu

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que é uma síndro-me? Em termosmédicos é “um con-junto de sintomas

mórbidos ligados a uma doen-ça”. Temos como exemplos,a Síndrome de Down,Síndrome de Pânico, e ou-tras. Aplicado este termo àvida espiritual, diríamos queseria “a alma doentia, domi-nada, especialmente, peloegoísmo.”

Atos 8 começa falandoda primeira grande persegui-ção, quando os cristãos sãodispersos, exceto os após-tolos. Felipe, o evangelista,vai para Samaria, que foimencionada por Jesus comoum dos lugares da expansãomissionária. Samaria era umlugar peculiar por causa doódio entre judeus e sa-maritanos. Os judeus evita-vam passar por Samaria, to-mando o caminho daTransjordânia. Jesus não aevita e não quer que seusdiscípulos a evitem tam-bém. Por isso, Samaria é um dos lugares visados paraa evangelização do mundo.

O que acontece emSamaria com a ida deFelipe? O versículo 6 diz: “Asmultidões atendiam, unâni-mes, as coisas que Felipe di-zia, ouvindo-as e vendo ossinais que ele operava”.

Lucas inclui na sua narra-tiva a figura de um homemchamado Simão, que exercia amagia.. Como ele é apresenta-do no versículo 10? “Este ho-mem é o poder de Deus, cha-mado o Grande Poder,” Naseqüência, diz que ele abraçoua fé cristã. Será que ele seconverteu? Ou será que estavabuscando outra coisa?

Síndrome de Simão, o mágico

Richard Santos CanfieldBispo Honorário

Nesse ínterim, chega a notí-cia a Jerusalém do que estavaacontecendo em Samaria. Pedroe João são enviados para lá.

Vendo que as pessoas erambatizadas com o poder do Espí-rito Santo, Simão, o mágico,tenta algo que revela a suaalma doentia, pois tenta adqui-rir com dinheiro o poder doEspírito Santo, no que é rejei-

tado veementemente porPedro, que diagnostica a sín-drome de Simão: “vejo que es-tás em fel de amargura e laçode iniqüidade”.

A questão do poder é queestá em jogo. Ele tinha um do-entio desejo de possuir poder.Era chamado de “o poder deDeus”.

Quando Jesus se refere aosdiscípulos dizendo que ele re-ceberiam poder ao descer so-bre eles o Espírito Santo, éque não seriam “poderosos”,mas o poder de Deus se mani-festaria através deles paraservir na obra do Reino. En-tretanto, o poder, do ponto devista humano, quase sempreleva o desejo doentio de “do-

mínio” Na segunda tentaçãode Jesus ( Luc. 4:6) o diabooferece a Ele poder e glóriadeste mundo, que a ele foi en-tregue, desde que ele fosseadorado. Na verdade, os pode-res deste mundo podem facil-mente se transformar em ardilde satanás.

“Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, sub-sistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a simesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de ho-mens; e, reconhecido em figura humana...” (Filipenses 2.5-7)

O problema de Simão é queele queria o poder deste mun-do e não poder de Deus. Seráque isto também acontece naigreja? Quando se disputamcargos ou funções com o dese-jo de mandar ou dominar e nãocom o desejo de servir, pode-mos ser vítimas desta “sín-drome de poder”.

Quando pensamos em terdons espirituais, será quepodemos pensar que sãonossos e que podemos usá-los quando e aonde quiser-mos? Os dons espirituaissão bênçãos da graça deDeus e são dados pelo Es-pírito a quem lhe apraz,sempre para servir. Nummundo em que as luzes daglória terrena brilham, fa-cilmente podemos ser con-tagiados a buscar a glóriados homens e não a glóriade Deus. O apóstolo Paulona sua epístola aos Efésiosnos adverte sobre “as for-ças dominadoras destemundo tenebroso” (Ef.6:12). Por isso, ele dizque “precisamos estar for-talecidos na força do Seupoder (poder do EspíritoSanto)”, para não cairmosna tentação do poder.

Vivemos num mundoem que pessoas e nações desejam poder para domi-nar. Temos o domínio dasnações ricas sobre as na-ções pobres. O domíniodas minorias sobre asmaiorias. O domínio dosfortes sobre os fracos.

A maioria dos domi-nadores deste mundosenta-se nos governos eparlamentos e busca osseus próprios interessesem prejuízo de muitos. Aescravatura ainda não aca-bou, pois existem milhõesde pessoas, homens e mu-lheres e, especialmentecrianças vivendo em esta-do de escravidão. Pessoasexploradas pela ganância

dos poderosos de nosso tempo.Jesus, que veio “para servir

e não para ser servido”, nosensina que “maior é aqueleque serve, do que aquele que éservido”. Ser servo e não se-nhor é o espírito do Evangelho.

Servir como Jesus serviu éo antídoto para ‘a síndromedo poder”.

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Setembro 20094 Oficial

Edital de Convocação do 39ºConcílio Regional da Igreja Metodista na

Quarta Região Eclesiástica

O Bispo Presidente do Concílio Regional da Igreja Metodista naQuarta Região Eclesiástica, Revmo. Bispo Roberto Alves de Souza,no uso das atribuições canônicas, de acordo com os termos doArtigo 95, § 1 e § 2, dos Cânones da Igreja Metodista, EditoraCedro, São Paulo, SP, edição 2007, e em consonância com a deci-são de Lei do Revmo. Bispo Nelson Luiz Campos Leite, em 15 deoutubro de 1983, publicado no Expositor Cristão da 2ª quinzenade novembro de 1983, convoca o 39º Concílio Regional Ordinárioda Igreja Metodista na Quarta Região Eclesiástica para reunir-se nos dias 12, 13, 14 e 15 de novembro de 2009, nas dependên-cias do SESC Centro de Turismo de Guarapari, Rodovia do Sol nº01, Muquiçaba, Guarapari, ES.

• Culto de Abertura: dar-se-á no dia 12 de novembro de 2009,quinta-feira, às 14 horas, no auditório do SESC Centro de Turis-mo de Guarapari, Rodovia do Sol nº 01, Muquiçaba, Guarapari, ES.

• Sessão de Instalação: será às 15h30min, após a celebração deabertura, no mesmo local onde acontecerão todas as demais sessões.

• Culto de Encerramento: será realizado no dia 15 de novem-bro de 2009, das 9h às 12h, no auditório do SESC Centro de Turismode Guarapari, Rodovia do Sol nº 01, Muquiçaba, Guarapari, ES.

• Taxa de Inscrição: será de R$ 350,00 [trezentos e cinqüentareais] por delegado ou delegada clérigo/a ou leigo/a e será pagapela igreja local dos/as delegados/as.

• OBSERVAÇÃO:• O/a aspirante ao presbiterado é convidado/a. Suas despe-

sas deverão ser pagas pela igreja local onde está nomeado/a.Notifique-se. Registre-se. Divulgue-se.Belo Horizonte, 17 de julho de 2009.

Revmo. Bispo Roberto Alves de SouzaPresidente da Quarta Região Eclesiástica

De acordo com os Cânones citados, Art. 93, o Concílio Re-gional compõe-se de:

I - presbíteros/as ativos/as;II - pastores/as, com nomeação episcopal;III - diáconos e diaconisas, com nomeação episcopal;IV - pastores/as suplentes, com nomeação episcopal;V - delegados/as eleitos/as pelas Igrejas Locais, na pro-

porção de um/a para 500 membros, e, no máximo, dois(duas) para Igrejas Locais com número de membros superiora este.

VI - Presidente do Conselho Diretor de cada instituição re-gional ou seu substituto legal;

VII - presidentes das Federações de Grupos Societários;VIII- Conselheiro/a Regional de Juvenis e Coordenador/a Re-

gional do Departamento de Crianças;IX - presbíteros/as inativos/as, sem direito a voto;

Ato Episcopal nº 005/09Conforme correspondência enviada e protocolada na Sede

Regional no dia 10 de junho de 2009, o rev. Maurício da CunhaRamaldes Guimarães solicitou desligamento da Ordem Presbiteralda Igreja Metodista. Assim sendo, atendendo ao Artigo 30/II dosCânones de 2007, declaro cancelada e sem efeito a credencial depresbítero do rev. Maurício da Cunha Ramaldes Guimarães e queo mesmo passa, a partir desta data, à categoria de membro lei-go da Igreja Metodista, sendo transferido para igreja local a serdefinida pelo mesmo.

Notifique-se. Registre-se. Divulgue-se.Belo Horizonte, 24 de junho de 2009.

Bispo Roberto Alves de SouzaQuarta Região Eclesiástica

Edital de Convocação do 39º ConcílioRegional da Quinta Região Eclesiástica

Convoco, nos termos do Art. 95, §1 e 2, dos Cânones da IgrejaMetodista, edição 2007, Editora Cedro, São Paulo - SP, e em con-sonância com a decisão de Lei do Revmo. Bispo Nelson Luiz Cam-pos Leite, em 15 de outubro de 1983, publicado no ExpositorCristão da 2ª Quinzena de novembro de 1983, o 39° CONCÍLIOREGIONAL ORDINÁRIO DA IGREJA METODISTA NA QUINTA REGIÃOECLESIÁSTICA, para reunir-se nos dias 25 a 29 de novembro de2009, nas dependências do Ipê Park Hotel, Rod. Washington Luís,km 428 – Cedral/São José do Rio Preto, São Paulo.

Inicio: dar-se-á dia 25 de novembro de 2009, quarta-feira,às 12:00 horas, com almoço.

CULTO DE ABERTURA: dar-se-á no dia 25 de novembro,quarta feira, às 14:30 horas no Salão de Conferências do Ipê ParkHotel, São José do Rio Preto, SP.

SESSÃO DE INSTALAÇÃO: às 16:00 horas do dia 25 de no-vembro de 2009, no Salão de Conferências do Ipê Park Hotel, SãoJosé do Rio Preto, São Paulo.

CULTO DE ENCERRAMENTO: Dar-se-á dia 29 de novembro de2009, domingo, às 10:00 horas no mesmo local.

CELEBRAÇÕES VOLTADAS PARA MISSÕES E DISCIPULADO:Dias 26,27 e 28 de novembro, às 20:00 horas no Salão de Confe-rencias do Ipê Park Hotel.

Obs. Não teremos Conferência Teológica!Solicito, ao povo metodista nos limites da Quinta Região Ecle-

siástica, manter-se em oração ao nosso Deus em favor desteimportante conclave regional, a fim de que ele possa impulsionarnossa Igreja a “Testemunhar a Graça e fazer discípulos/as.”

São José do Rio Preto, 05 de agosto de 2009.

Adonias Pereira do Lago.Bispo-Presidente da Quinta Região Eclesiástica.

X - pastores/as suplentes inativos/as, sem direito a voto;XI - membros da Coordenação Regional de Ação Missionária,

sem direito a voto, salvo se delegados/as eleitos/as.§ 1º Só podem ser eleitos delegados ou delegadas maiores de

16 (dezesseis) anos que estejam arrolados há mais de 2 (dois)anos como membros da Igreja Metodista.

§ 2º Nas votações de matéria regulada pelo Direito Civil, sópodem votar os civilmente capazes e os emancipados, de acordocom a lei vigente.

• O Concílio Regional se instala, ordinária e extraordinaria-mente com a presença mínima de 2/3 (dois terços) de seus mem-bros votantes, cf. § 4 do artigo 92, Cânones 2007.

• Os mandatos dos membros da Coordenação Regional de AçãoMissionária e Comissões Regionais Permanentes têm sua vigênciaaté 31 de dezembro, quando o Concílio Regional for realizado antesdesta data, cf. artigo 233, item III, Cânones 2007.

ErrataNa Convocação do Concílio da Primeira Região Eclesiástica,

publicado na edição de agosto do Expositor Cristão, leia-se:

Os mandatos da COREAM - Coordenação Regional de AçãoMissionária e Comissões Regionais Permanentes têm sua vigên-cia até 31 de dezembro de 2009, quando o Concílio Regional forrealizado antes desta data, conforme artigo 233, item III,Cânones 2007.

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Setembro 2009 5Pela Seara

Igreja Metodista divulgaorientações sobre

ecumenismoO Colégio Episcopal da Igreja Metodista lançou o documento

“Para que todos sejam um - A perspectiva metodista para a UnidadeCristã”. O texto traz orientações sobre como a Igreja Metodista devese relacionar com outras igrejas cristãs, incluindo a Igreja Católica.O texto está disponível para download no site www.metodista.org.br.Mais informações pelo telefone (11) 2813-8600.

A Comunidade Cristã Latino Americana na cidade de Genebra, Suíça, completou8 anos no dia 9 de agosto com muitas bênçãos para contar. Seu primeiro culto, em2001, tinha apenas quatro pessoas. No domingo em que se comemorou o 8º aniver-sário, o templo foi pequeno para acolher as 225 pessoas presentes. Ao longo destes8 anos a semente do Evangelho foi lançada nas cidades de Genebra, Morges,Lausanne, Bienne, Berna, Olten e Zurich. Não se tratou apenas de uma simples co-memoração, mas sim, de um tempo de reflexão e de avaliação da nossa vida comoigreja e, conseqüentemente, de desafios para melhor servirmos ao Senhor, já que so-mos comissionados para a grande missão de fazer discípulos na Suiça, país que nosacolhe com muito amor. Não podemos deixar de expressar a nossa gratidão peloacolhimento e apoio que temos recebido da Eglise Evangélique Méthodiste, na pessoado nosso Bispo Dr. Patrick Streiff.

Rev. Jairo Monteiro – United Methodist Church

Fala, Criança!Uma caixinha de surpresa!

Quando estava grávidasempre ouvia dizer que osfilhos são uma “caixinhade surpresa”. Na verdade,só pude constatar isso de-pois que o Rafael nasceu.Hoje, com três anos, eu emeu marido damos risadasde seus encantos. Certafeita estávamos com amesa preparada para al-moçarmos e, ao darmosnossas mãos para orarmos,fomos surpreendidos peloRafael: “Me deixa orar, pa-pai?”. Ficamos surpresos com a atitude dele; meu maridodisse: “Pode sim, fecha os olhinhos então e pode orar”. Eele fechou-os e começou sua primeira oração: “Papai do céu,obrigado pela minha comidinha, pelo arroz, feijão, carninha,pela salada... pelo meu carrinho, pelo velotrol, pelo meufilminho...” e foi falando tudo aquilo que vinha em suamente. Por fim, resolveu abrir um pouquinho os olhos paradar uma “espiadinha” para ver o que mais encontraria porperto para agradecer e... finalizou: “...e pelo papai, pelamamãe em nome de Jesus amém!”. Essa oração nos deixousuper felizes porque refletimos sobre a importância de dar-mos graça a Deus por tudo. Para o Rafael, seus pertencestambém eram importantes e ele precisava dar graças a Deuspor eles.

Numa outra ocasião fomos visitar a casa dos pais demeu marido em Juiz de Fora. De lá fomos para o interior emuma casa de campo e, como sempre, na casa de campo hámuitos pernilongos à noite. Peguei o inseticida para jogar noquarto e o Rafael percebendo aquela situação disse: “Ma-mãe, me deixa jogar o perfume da barata?”.

E tem mais: outro dia descobri o que tem dentro docoração de meu filho. Perguntei a ele: “Rafael, quem moraem seu coração?” Ele mais que depressa respondeu: “papai,mamãe e minha chupeta”. E, quando eu lhe disse: “Filho,você é lindo! Quem fez esse rostinho lindo?” Sem pensarmuito, ele respondeu logo em seguida: “Papai, mamãe eDeus”. Realmente eles são uma caixinha de surpresa!

Rafael Chagas Magalhães tem 3 anos e é filho de MárciaValéria Chagas Magalhães e do pastor acadêmico José Ge-raldo Magalhães Júnior (4ª Região).

Aniversário na Suíça

Pastor metodista estréiacoluna semanal em

jornal de GoiásO jornal “Diário da Manhã”, que circula no estado de Goiás

com uma tiragem de 21 mil exemplares diários, tem agora umacoluna fixa assinada pelo pastor metodista Edinei Berteli Reolon.Segundo o pastor Reolon, essa conquista é fruto do empenho deuma irmã de sua igreja, a jornalista Honória. A coluna do pastorReolon sai às segundas-feiras e pode ser lida também pelo site dojornal: www.dm.com.br (se tiver alguma dificuldade para localizaros artigos, digite o nome Reolon na área de busca).

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Setembro 20096 Pela Seara

Juvenis, 30 anos depois“Quero trazer à memória o que pode me dar esperança...” Lamentações 3.21

Foi nas montanhas ensolaradas e frias do Acampamento Clay,em Sacra Família do Tinguá, Rio de Janeiro, nos primeiros dias deagosto, que quarenta e quatro ex-juvenis, remanescentes daFederação Metodista Juvenis da 1ª Região, de 1979 a 1982, encon-traram-se 30 anos depois. E não só eles(as), mas também umtotal de 112 participantes, incluindo companheiros(as) e filhos(as).Esse é um encontro que acontece a cada dez anos. O penúltimorealizou-se no Bennett, Rio de Janeiro, RJ.

“Grato Te sou, meu Senhor!Pela oportunidade de aqui poder estar.”(Grato Te Sou, 1979-1981)

Foi um encontro com muita música, reflexão, confraternizaçãoe muitas risadas! E por que o Acampamento Clay? Porque foi no Clayque aconteceram os congressos regionais, que chegaram a reunir 250juvenis, em meio a muito frio, chuva e alegria. Nesses congressoseram lançados os temas, que seriam estudados durante o ano, nosseminários regionais, encontros regionais de conselheiros e federa-ção, distritais de juvenis e estudos em classes na Escola Dominical.

No Encontro “Juvenis 30 Anos Depois”, os(as) participantespuderam conversar, muitas vezes com a voz embargada de emo-ção, sobre as memórias do tempo da federação e destes trintaanos. Conversar sobre o que significou para as suas vidas, estudartemas como “Um Novo Homem na Cidade de Deus”, “Unidos noEspírito Santo por Um Mundo Novo” e “Juvenis, Unidos por Cristona Comunidade”.

“Batei palmas, todos os povosCelebrai a Deus com vozes de júbilo.”(Salmo 47, 1979-1981) As celebrações com a direção de pastores(as), ex-juvenis,

rememoraram não somente os cânticos e leituras do tempo defederação, mas principalmente, oportunizou cultuar ao Senhorhoje e agora, confirmando a Fé de que “nada nos separará doamor de Deus”.

Como uma forma de manifestação de agradecimento,todos(as) os(as) participantes ofertaram R$ 600,00 ao Acampa-mento Clay, espaço concreto da memória que continua a trazeresperança!

Comunicação: Daniel Evangelista e colaboradores(as)

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Setembro 2009 7Pela Seara

Com o tema A aventura de caminhar com Cristo, igrejasmetodistas em todo o país realizaram animadas Escolas Bíblicas deFérias durante o mês de julho. Do norte ao sul do país, não houvefrio ou chuva que diminuísse a participação das crianças e a dedi-cação dos(as) voluntários(as) que se dedicaram a contar histórias,desenvolver diversas atividades artísticas e fazer um lanche gos-toso. Confira as fotos de algumas EBFs metodistas do país:

A Igreja Metodista emParanaíba, Mato Grosso doSul, realizou sua EBF nos dias18, 19 e 20 de Julho de 2009,com cerca de 80 crianças e aparticipação especial do palha-ço “Tiriquinha. (PastorNorberto Rovida Batista)

A EBF da Igreja Metodista em Tucuruvi, São Paulo, ocorreu entre osdias 24 e 26 de julho, com cerca de 50 crianças, muitas delas vi-sitantes. (fonte: Boas Novas informativo - por André Ribas)

Em Ribeirão Pires,São Paulo, o pontomissionário daIgreja Metodistaem Santo André fi-cou colorido decrianças. A EBFaconteceu entre osdias 31 de julho e2 de agosto e foiuma programaçãomarcante na co-munidade que temdois anos de vida.(Inês Miranda)

Escola Bíblica de Férias esquenta o mês de julhoEm Aporá, Bahia,

a EBF aconteceu nosdias 18 e 19 de julho.Várias crianças da co-munidade, com ida-des entre 4 e 11 anos,participaram dos en-contros. A Coordena-dora Jessina e suaequipe (Felipe, Rena-ta, Eugênia, Ester,Eduarda, Simone,Vera, Geórgea) super-visionados pela Prª Lucilia, contribuíram para o sucesso do even-to com brincadeiras, cânticos, jogos e fantoches.

Colaboração Jessina e Wilson

O sábado frio echuvoso chegou apreocupar osorganizadores daEBF da IgrejaMetodista noIpiranga, São Pau-lo, mas não es-pantou as crian-ças. E das 34p a r t i c i p a n t e s ,muitas nunca ha-

viam entrado em uma igreja. Depois de um dia de várias ativida-des todas voltaram felizes, levando uma lembrança da igreja euma cartinha às famílias, agradecendo a confiança e convidandopara uma visita. (Pastor Jônatas Cavalheiro)

A Igreja Metodista do Planalto, em São Bernardo do Campo, SP,recebeu cerca de 70 crianças. O templo ficou lotado: alémdos(as) pequenos(as) visitantes, a EBF mobilizou toda a Igreja,que contou com mais de 30 voluntários para as diversas ativida-des que foram desenvolvidas. (Rosicler Ribeiro)

Quinhentos metodistas realizam verdadeira jornada evangelística e social em São JoãoDel Rey. O programa de TV Tarde com Cristo exibiu, em 25 de julho de 2009, um programaespecial com a cobertura da 12ª edição do projeto Passa à Macedônia, uma importante linhade atuação evangelístico-social da Igreja Metodista em Minas Gerais e Espírito Santo.

Os/as voluntários/as atuaram entre 18 e 25 de julho nos trabalhos com a comunidade dacidade de São João Del Rey. Entre os serviços prestados houve atendimento odontológico, as-sessoria jurídica, palestras e orientações em diversas áreas (fonoaudiologia, fisioterapia, nu-trição, meio ambiente, acolhimento e cuidados de emergência), assistência social e educaci-onal, escola bíblica de férias, visitas, distribuição de exemplares do Novo Testamento ecelebrações.

Assista o primeiro de uma série de vídeo-reportagens sobre o 12º Passa à Macedôniahttp://www.youtube.com/watch?v=nUO9GmJt1E0

Mais informações no blog: www.passamacedonia.wordpress.com

Missão em Minas: Projeto Passa à Macedônia

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Por meio do esporte, um espaço para a açãosocial e abertura para evangelização

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Setembro 20098 Capa

Laboratório de Análise da Violência da Universidade doEstado do Rio de Janeiro, UERJ, avaliou informaçõescoletadas em 267 municípios com mais de 100 mil habi-tantes, no ano de 2006, para elaborar o Índice de Homi-cídios na Adolescência. A análise dos dados, divulgada

em julho, leva a uma terrível conclusão: se nada for feito paraconter a violência, até 2012 mais de 33 mil adolescentes nãochegarão aos 19 anos de idade. Segundo essa projeção, a quan-tidade de jovens que serão assassinados neste período de seteanos equivale à população de uma cidade inteira. Outro dadoassustador revela que quase a metade das mortes de adolescentesno Brasil ocorre por assassinato.

No estado do Rio de Janeiro estão alguns dos municípios commais alto índice de violência, como Duque de Caxias, Itaboraí eCabo Frio, o que motivou o bispo Paulo Lockmann a escrever umacarta às lideranças da Primeira Região Eclesiástica, na qual elepede que os pastores e pastoras das cidades mais atingidas pen-sem em “ações concretas” para o enfrentamento dessa “guerraurbana” que vivemos no Brasil. Diz ele: “Temos o ministério queatua junto a menores infratores, ministério do reforço escolar(Sombra e Água Fresca) e diversas iniciativas de igrejas locais.Com certeza nas demais regiões eclesiásticas também. É poucodiante do desafio!”

Conheça esses projetos citados pelo bispo Paulo Lockmann eoutras ações da Igreja Metodista em favor da paz, em todo opaís. Inspire-se pelos exemplos aqui reunidos e junte-se a eles emações a favor da paz. “A seara é grande, mas os trabalhadores sãopoucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadorespara a sua seara” (Lc 10.2).

Pastoral da Juventude em Conflito com a Lei – coordenada pelapastora Maria do Carmo Moreira Lima, a Kaká, a pastoral prestaassistência a adolescentes que cumpremmedida sócio-educativa de internação naunidade CAI-Belford Roxo, integrante dosistema DEGASE, Departamento Geral deAções Socioeducativas do Estado do Rio deJaneiro. Além do acompanhamento pastoralperiódico, a pastoral promove celebraçõeslitúrgicas, orientação terapêutica com psi-cólogo, encontros de capacitação paraeducadores, parceria com instituições paraprojetos de prevenção ao uso de drogas eatividades artísticas.

A pastora Kaká, coordenadora da Pas-toral diz que, de fato, tem sentido umaespécie de guerra civil não declarada naqual as maiores vítimas são os jovens das periférias. “A expe-riência de alguns anos no Sistema Degase me diz que um núme-

Construtores de PazEm meio a desanimadores índices de violência, a esperança reside

na fé e amor que resulta em ações concretas a favor da paz.

ro considerável destes jovens são filhos de família evangélica,de diferentes igrejas”. Ela conta que teve a oportunidade deacompanhar um jovem neto de uma irmã de Caxias dentro daUnidade de Internação e hoje o rapaz já está em liberdade, etrabalhando fixo numa empresa.

A pastora se ressente que as igrejas, de maneira geral, não seenvolvam com a questão do jovem em conflito com a lei. “Pensoe creio que um dos caminhos possíveis é um modelo de segurançapública baseada nos Direitos Humanos dos empobrecidos e jovense também dos policiais e sociedade em geral.. E nós, IgrejaMetodista, temos como contribuir. Por favor, lembremos tod@s denossa herança wesleyana!

Contato: pastora Maria do Carmo Moreira Lima [email protected]

Projeto Sombra e Água Fresca – o projeto de educação cris-tã para crianças e adolescentes está completando 10 anos de ati-vidades em todo o país. Desenvolvido basicamente com mão deobra voluntária (veja edição do Expositor Cristão de julho de2009) ele tem sido uma alternativa de vida e saúde em regiõesde alto índice de criminalidade das cidades brasileiras. Um bomexemplo é o Sombra e Água Fresca de Palmital, mantido pelaIgreja Metodista Betel em Santa Luzia, Minas Gerais. Ele atendecrianças e adolescentes do bairro Palmital, uma região de assen-tamento de famílias retiradas de favelas de Belo Horizonte.Neste local, que tem alto índice de violência e poucas oportuni-dades de cultura e lazer, a Igreja Metodista está atendendo atu-almente cerca de 60 crianças e adolescentes de 4 a 14 anoscom seis voluntários. Além das atividades próprias do ProgramaSombra e Água Fresca como educação cristã, esportes, recrea-ção, passeios, oficinas de cidadania literatura e artes(musicalização e trabalhos manuais), os voluntários tambémfazem também visitas domiciliares e participam do Conselho deDireito da Criança e do Adolescente.

Contato: Marcos Lourenço BarbosaRua Sanharó, 111, Belo Horizonte - MGTelefones: (031) 3447-0373 / 8756-2973E-mail: [email protected]

SOS Vida: Ligada à Igreja Metodista Central de Cabo Frio,RJ, o Ministério de Prevenção ao uso indevido de drogas SOSVida presta assistência a dependentes químicos (do sexo mas-culino entre 18 e 50 anos) mediante internação em um centrode tratamento instalado em um amplo sítio localizado emAraçá. Neste local, os pacientes internados recebem tratamentomédico e psicológico, além de assistência espiritual. O núcleo

central de atendimento é a IgrejaMetodista Central de Cabo Frio, quemantém quatro salas para os procedimen-tos preliminares, que incluem avaliaçãopsicológica e reuniões de grupo. Quandonecessário, o paciente é encaminhadopara um período de internação de atétrês meses e, na volta, continua a rece-ber assistência neste local.

Contatos: Sede Principal: Rua RaúlVeiga, 150 - Cabo Frio, RJ. Cep 28907-090- Coordenador Geral Pr. Eduardo Tel (022)2643-3816, 2647 6035

Comunidade Terapêutica Araçá 2° Dis-trito de Cabo Frio - Administrador:Jonatas

C. Carvalho Tel: 022 2630 1017 – 9946 52 38 [email protected]

O Grupo de Teatro “Nós do CAI” e a pastora Kaká(ao microfone)

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Conversa com o Pai

Projeto Bóia-Fria – o trabalho de assistência a famílias debóias-frias de Santo Antônio da Platina, Paraná, surgiu como umacreche ligada à Igreja Metodista Central da cidade. Em 1988,constituiu-se como uma ONG com objetivos educacionais, cultu-rais, de assistência social e filantrópica, sem fins lucrativos.Construiu-se um centro comunitário que passou a interagir coma população dos bairros periféricos onde está localizada, cuja po-pulação em sua maior parte é constituída de trabalhadores bóias-frias. Atende, portanto, uma parcela da população sofrida emarcada pela violência: famílias desajustadas, dependência quí-mica, prostituição, roubos, alto índice de evasão escolar e defi-ciência alimentar e baixa auto-estima são alguns dos problemasda região.

Neste ambiente, a instituição procurou oferecer assistência atoda família. Deixou de ser creche e passou a trabalhar no apoioescolar, oferecendo matrícula a 120 crianças e adolescentes de 6a 15 anos de idade, em horário oposto ao do período de aulas. As-sim, antes ou depois da escola, as crianças podem participar dediversas oficinas pedagógicas, como dança hip-hop, coreografias,canto coral, artesanato e sala de leitura. Segundo a educadoraMaria Benedita dos Santos Cardoso, a Nininha, o trabalho se baseiaem dois dos quatro pilares da educação – “aprender a conviver” e“aprender a ser” – buscando a construção de uma cultura de pazcomo caminho para se alcançar melhor qualidade de vida e harmo-nia nas relações familiares e sociais. Com esse mesmo objetivo,vem agindo em rede com as demais instituições sociais de SantoAntônio da Platina e conta com a colaboração de voluntários/as.

Contato: Maria Benedita dos Santos Cardoso (Nininha)(43) 3534 3169 e-mail: [email protected]

Casa Susana Wesley: A Casa Susana Wesley existe desde1994. Nasceu como um abrigo para meninas e adolescentes ví-timas de violência doméstica. Encaminhadas pelo Conselho Tu-telar, as meninas eram abrigadas na casa e ficavam isoladasda família. A partir de 2002, a Casa Susana Wesley mudou suaforma de atuação, passando a fazer um trabalho que integra a

família. Hojeas meninas eadolescentesem situaçãode risco soci-al freqüentama casa duran-te o dia, emhorário inver-so ao da es-cola, para re-c e b e r e ma s s i s t ê n c i amédica, psi-cológica, es-piritual eeducacional.

Grupo de Hip Hop do Projeto Bóia Fria

Aulas de reforço escolar na Casa Susana Wesley.

A família também é assistida: mães, pais ou cuidadores parti-cipam do grupo terapêutico e, se necessário, recebem encami-nhamentos para obtenção de documentos, tratamentos de saú-de e controle de natalidade. Um mutirão para a melhora dascondições de moradia e cursos profissionalizantes para as mãestambém contribuem para aumentar a auto-estima e a qualidadede vida de toda a família, contribuindo com a diminuição da vi-olência. Há cursos de corte de cabelo, manicure, panificação ereciclagem de materiais.

Contato: Mira Zenaide Brum.Rua Pastoral, 407 – Vila São Lucas, Viamão, RSTelefone: (51) 3446-2470. E-mail: [email protected]

Projeto Vivarte: Muito presente na periferia de Manaus, adança tem dado nova perspectiva de vida a jovens carentes, pormeio do projeto Vivarte, desenvolvido pela Igreja Metodista emNovo Israel. Idealizado por Moisés Batista Gomes, o projeto co-meçou em 2005, oferecendo oficinas de danças, como meio deminimizar os problemas que levam jovens, adolescentes e crian-ças a se envolverem com drogas, prostituição e violência. NovoIsrael, bairro da periferia de Manaus, surgiu como um depósitode lixo e até hoje oferece péssimas condições de vida. Apenas10% da água consumida no bairro é tratada; o restante vem depoços que sofrem contaminação do lixo que era jogado no local.O projeto começou atendendo cerca de 70 pessoas. Hoje já as-siste diretamente 150 pessoas, entre adolescentes e crianças.Além disso, a Igreja desenvolve um trabalho de inclusão emuma Escola de Educação Especial Municipal para adolescentes ejovens com várias deficiências (mentais e físicas). No mês dejulho, um fato marcante foi a apresentação de hip hop dos alu-nos surdos. E a igreja também está apoiando o trabalhometodista existente na Comunidade Nossa Senhora de Fátima,povoado ribeirinho localizado do outro lado do Rio Negro. Cercade 40 crianças reúnem-se constantemente para ouvir a palavra deDeus, na casa da missionária Carla.

O pastor Fábio Cachone dos Santos conta que não são apenasos jovens da periferia que estão aprendendo com o projeto:“Para os jovens e igreja tem sido enriquecedor. Pelo fato desermos uma comunidade pobre, achávamos que tínhamos quesomente receber; hoje, sabemos que podemos contribuir e muitopara com os outros”.Contato: Igreja Metodista em Novo Israel.Rua da Ilusão - Bairro Novo Israel - Fone 8106-0800 Coordenador:Moisés Batista Gomes

Para saber mais: Veja o documento Índice de Homicídios na

Adolescência no site do Laboratório de Análise da Violência http://www.lav.uerj.br/equip.html

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Os jovens artistas do Vivarte, de Manaus

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Setembro 200910 Missões

“Um sonho missionário transformado por Deus em uma reali-dade missionária” foi a expressão do bispo Adolfo Evaristo deSouza, na manhã em que a Visão Mundial doou para a IgrejaMetodista o Barco Hospital Manfred Grellert. Na solenidade deentrega, acontecida no Centro de Embarcação do Comando Militarda Amazônia, além do bispo da Região Missionária da Amazôniaestiverem presentes o diretor-geral de Programas da Visão Mun-dial, Maurício Cunha; a gerente de Programas da Visão Mundial noAmazonas, Dorothea Luz; o Superintendente Distrital de Amazo-nas-Roraima, reverendo Deonísio dos Santos; o reverendo coreanoSung Lee; o coordenador do Ministério Barco Saúde Integral,odontólogo Joaquim Neto, e o irmão Erasmo Alves de Melo, daCoordenação Geral de Ação Missionária (Cogeam), e várias outraslideranças e irmãos(ãs) da Igreja Metodista.

A doação do barco, que antes era utilizado pela Igreja emregime de parceria com a Visão Mundial, foi realmente um dia defesta para toda o povo metodista brasileiro.

Nas palavras da gerente da Visão Mundial, Dorothea Luz, “aIgreja Metodista sempre primou pela excelência da parceria e tra-balhou tão bem que Deus agora lhes dá um Barco para a continui-dade das ações evangelizantes junto às comunidades ribeirinhas”.

O Barco possui seis metros de largura por vinte e dois decomprimento, é equipado com dois consultórios médicos e umconsultório dentário e transporta vinte e quatro passageiros. Poderealizar atendimentos de saúde e projetos de educação eevangelização para dezenas de comunidades ribeirinhas apósagendamento prévio.

Voluntários em Missão e barco-hospital

A próxima viagem já está agendada. O Ministério Voluntáriosem Missão da 1ª Região, coordenado pela pastora Selma Antunesda Costa, está recrutando participantes para uma viagemmissionária a Manaus, que ocorrerá de 10 a 17 de outubro. Dentreas 20 pessoas que irão compor o grupo deve haver profissionaisda área de saúde (clínico geral, pediatra, oftalmologista, gineco-logista, nutricionista, enfermeiro, técnicos de enfermagem e delaboratório) e pessoas que trabalham com crianças. As despesascom passagens aéreas são de responsabilidade dos voluntários,bem como a taxa de R$ 800,00 por pessoa, equivalente à alimen-tação e hospedagem no barco-hospital. Mais informações podemser obtidas pelo e-mail [email protected]

Visão Mundial doa BarcoHospital à Igreja Metodista

Projeto Sombra e Água FrescaAmazônia se capacita para a missão

Aconteceu nos dias 14 a 16 de Agosto o Encontro Regional deCapacitação do projeto Sombra e Água Fresca na RegiãoMissionária da Amazônia (REMA). Cerca de 40 pessoas participa-ram deste evento, entre educadores/as de projetos existentes einteressados/as em começar um projeto.

O Encontro iniciou com a devocional com cânticos de boasvindas, palavra de acolhida com a revda Joana D’Arc e uma refle-xão sobre a importância da criança em nossas comunidades peloBispo João Alves.

Teca Greathouse, agente nacional do Projeto Sombra e ÁguaFresca e o educador Cleber de Assis deram um panorama geral efalaram sobre o desenvolvimento de um Projeto Sombra e ÁguaFresca na igreja local.

O encontro forneceu orientações sobre como iniciar o projeto.A expectativa é que as igrejas que já desenvolvem trabalhos comcrianças e adolescentes possam se integrar à Rede Sombra e ÁguaFresca e as igrejas representadas que ainda não os possuem sejammotivados a dar início a tão promissor trabalho para engrandeci-

mento do Reino de Deus. Mais informações pelo tel. (11) 2813-8600 ou e-mail:[email protected]

Bispo Adolfo (o segundo, da direita para a esquerda) com as liderançasdistritais do Amazonas-Roraima e integrantes da Coream e SDs.

Turismo e missão

O Barco Hospital desenvolve, ainda, projeto de “Eco Turismo”,criado para unir turismo ecológico e ação missionária, em vilas epovoados ribeirinhos e indígenas e nas comunidades metodistas dacidade de Manaus. Para participar, é necessário formar um grupode 5 a 15 pessoas, reservar a agenda, definir um objetivo para ogrupo e, a partir desse objetivo, coletar o material necessário naigreja ou comunidade. O grupo deve custear sua própria viagem eo funcionamento do barco. Em contrapartida, tem a hospedagemna igreja e/ou acampamento metodista e o uso do barco com todaa estrutura para desenvolver diversos projetos nas áreas de saúde,educação e evangelização.

Contatos:Pastor Luis Augusto Cárdias Filho – Fone: (92) 3082-3591E-mails: [email protected] [email protected] Deonisio Agnelo dos Santos – Fone (92) 9132-9950/3084-0488Email: [email protected] Dimanei Lisboa – Fone (92) 9142-2216Email: [email protected] informações de: Rev Luiz RB Neto, Assessor de Comunicaçãoda Rema, Jornal Avante (1ª RE) e Rev. Deonísio dos Santos.

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Setembro 2009 11Estudo Bíblico

O adjetivo gadita vem do nome Gad, uma palavra semíticaocidental. No Antigo Testamento, a raiz gd foi usada com doissignificados:

1) Como nome próprio: Gad era um dos filhos de Jacó e Zelfa(Gn 30,10-11), que viria a dar o nome da tribo de Gad, que seestabeleceu a oeste do rio Jordão, cuja extensão ia do rio Arnonaté ao sul do lago Quinerete (Tibérias). Localizada fora de Canaã,essa tribo estava em constante conflito com os povos fronteiriços.Daí as suas qualidades guerreiras, exaltadas nas bênçãos de Jacó(Gn 49,19) e de Moisés (Dt 33,20-21).

2) Gad também tinha o significado de “fortuna” ou “sorte”.Alguns estudiosos sugerem que o termo gad tem seu significadonas palavras de Lia: E disse Lia: Afortunada! E chamou o seunome Gad (Gn 30,11; conforme Is 65,11). O uso da palavra gadcom o sentido de afortunado era, provavelmente, o mais corrente.No âmbito secular, a palavra gad é usada como uma interjeição,ou seja, uma expressão para demonstrar um sentimento, como“Que sorte!”, conforme Gn 30.11. O autor deste texto fornece umvalioso testemunho que pode apontar para o significado maiscorreto e original desta palavra que é sorte. Nesse caso, a palavragad perde toda a força teológica. A sorte, segundo a Bíblia, nãotem muito a ver com a ação de Deus.

Uso religioso da palavra Gad

Gad é um deus cananita. O livro de Isaías menciona o nomegad referindo-se a uma divindade. Mas quanto a vós queabandonais a Javé, que vos esqueceis do meu monte santo, quepreparais uma mesa para gad, que ofereceis misturas em taçascheias a Meni (Is 65,11).

Gad era também o nome de um profeta. Antes de se tornarrei de Israel, um profeta com o nome de Gad atuou condenandoo censo do povo (2Sm 24,10-17; 1Cr 21,7-17), recomendando aconstrução de um altar (2Sm 24,18-25; 1Cr 21,18-32) e partici-pando da organização do culto levita (2Cr 29,25-29).

O significado teológico de Gad

Há, possivelmente, duas possíveis vertentes do significadode gad que passaram para a história bíblica. Provavelmente, apalavra gad ganhou relevância em vista do seu significado, sorte.É sabido que o conceito de prosperidade, como sucesso financei-ro, trouxe preocupação aos profetas bíblicos. Essa idéia exerceuuma forte pressão na teologia bíblica, conforme as preocupaçõesdo profeta Jeremias (12,1-6) e do salmista (Sl 49). Vivendo entrepovos que acreditavam na manipulação dos deuses, para obtersucesso e prosperidade na vida, os líderes israelitas tiveram gran-des dificuldades para instruir o povo sobre a inutilida de dessacrença, entre os israelitas.

Entretanto, o significado de guerreiro é, certamente, a carac-terização que mais exerceu pressão junto ao povo, no período pós-exílico. Essa caracterização tem sua base na “bênção de Jacó” (Gn49,19). Todavia, na “bênção de Moisés”, a fama de tribo “guer-reira” deixa de ser, assim, caracterizada, e passa a ser “forte edestemida” como uma leoa: E para Gad ele diz: Bendito aqueleque dá espaço a Gad! Como uma leoa, ele habitará; E destroçaráo braço e o alto da cabeça. E ele verá as primícias para si. Eisque! Lá estava escondida a porção do legislador, E ele veio a sercabeças do povo, A justiça de Javé ele fará, E os seus julgamen-tos (para) com Israel (Dt 33,20-21). Na “bênção de Moisés”, atribo de Gad perde o nome de guerreira, mas não deixa de ser

Gaditas: eles são pela guerra

valente na defesa dos seus interesses. Sua luta tem a ver com ajustiça do Senhor, isto é, ação de Deus que salva e traz bem-estar para o povo.

A re-significação do nome Gad no período grego

Apesar da tribo de Gad ter desaparecido, a tradição gaditarenasceu no período pós-exílico, na Obra Historiográfica do Cro-nista, que reúne os seguintes livros: 1 e 2 Crônicas, Esdras eNeemias. Esta é uma obra de redação tardia que dá elevado des-taque a Davi. Vivendo num cenário totalmente desfavorável – sejapolítico e econômico ou social e religioso – os judeus concentra-vam os seus sonhos no messias forte e guerreiro para superartodas as adversidades impostas pelos gregos. Davi é “homem deDeus” (2Cr 8,14), modelo de fidelidade (2Cr 7,17).

Carecendo de valores materiais e força espiritual para superaras limitações, o Cronista re-escreveu a história de Israel até osdias de Esdras. É tempo de buscar e valorizar os grandes nomesdo passado: a figura de Aarão é resgatada e transformada emsímbolo dos sacerdotes e Davi é transformado no ideal do homempiedoso. Isso incentivou os defensores da guerra a buscarem, nopassado, a indomável figura dos guerreiros gaditas. Partidáriodessa idéia, o cronista assim escreveu: Eram heróis valorosos,homens de guerra prontos para combater que sabiam manejar oescudo e a lança. Tinham o aspecto de leões e, quanto à agilida-de, pareciam gazelas das montanhas... Esses eram filhos de Gad,chefes de batalhão; um correspondia a cem, se fosse pequeno; amil se fosse grande... (1Cr 12,9-16).

Conclusão

Na literatura do Antigo Testamento (e também no Novo Testa-mento), a tribo de Gad não desempenhou um papel significativo nahistória e na teologia bíblica. Apesar de ser qualificada como umatribo guerreira (Gn 49, 19), Gad foi derrotada pelos amonitas, emmeados do século IX AC, desaparecendo-se do cenário histórico.

A razão pela qual o Historiador Cronista resgatou a figura dosgaditas pode ser vista de vários ângulos. No período pós-exílicotambém foi recuperada a figura de Aarão. Seus descendentes as-sumiram o controle do Segundo Templo. Contudo, é fundamentalque o intérprete da Bíblia leve em consideração pelo menos doisdetalhes esclarecedores: (a) A editoração da Obra Historiográfica doCronista deu-se, provavelmente, no século III aC. (b) Dentro de suahermenêutica, a vitória do povo de Deus viria somente através deuma batalha que incluía, entre outros elementos, a força espiritual.É sabido que Israel não mais se ergueu como nação.

Destaco que nessa mesma época um crente javista escreveuuma poesia que se transformou num hino dos peregrinos que iamperiodicamente às festas, em Jerusalém. Há muito que habitocom o que odeia a paz. Eu sou pela paz.... Eles são pela guerra(Sl 120,6-7). Diante da opção pela volta dos guerreiros, como osgaditas, o livro de Salmos registra esta opinião contrária: Eu soupela paz.... Eles são pela guerra.

A sociedade e parte das comunidades evangélicas estão pro-duzindo nos jovens uma mentalidade de sucesso a todo custo, comforte incentivo à violência. Será que a idéia dos “guerreirosgaditas” é o melhor modelo de espiritualidade para os dias dehoje? Os evangelhos silenciam sobre a opção “gadita”.

Texto adaptado da pesquisa feita pelo pastor Tércio M.Siqueira, professor da área de Bíblia, da Faculdade de Teologia daUniversidade Metodista de São Paulo.

Várias igrejas evangélicas, inclusive algumas metodistas, têm destacado textos bíblicos quecitam a antiga tribo dos gaditas como inspiração para a espiritualidade dos dias de hoje.

É importante, no entanto, conhecer a história da tradição dessa tribo.

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Setembro 200912 Educação Cristã

s Cânones de 2007 da Igreja Metodista definem, no artigo22, que pastores(as) têm o seguinte mandado: “Membroclérigo é pessoa que a Igreja Metodista reconhece chama-da por Deus, dentre os seus membros, homens ou mulhe-res, para a tarefa de edificar, equipar e aperfeiçoar a co-

munidade de fé, capacitando-a para o cumprimento da Missão”. Aopastor e pastora cabem, portanto, instituir fundamentos sólidos emsua comunidade de fé (edificar), prover o que é necessário para queuma atividade ou função possa se realizar (equipar) e, quando algonão estiver correndo bem, propor uma correção na rota, corrigir(aperfeiçoar). Quando o apóstolo Paulo fala do aperfeiçoamento dossantos ele se utiliza de uma palavra que é usada nos evangelhosquando os pescadores estão consertando a rede para a pesca. Apalavra grega katártizo, no sentido primitivo, significa “consertar osossos quebrados”.

Estas ações pastorais visam a capacitar a Igreja para o exer-cício da missão. Neste sentido, a didaquê, o estudo bíblico e a aulana Escola Dominical são atividades que acompanham o mandato eo carisma apostólico do ministério pastoral. O desafio para opastorado hoje é a docência exercida no ambiente da Escola Domi-nical e o desenvolvimento da educação cristã nas ações pastorais.

São vários os aspectos que perfazem o papel do pastor e dapastora na Escola Dominical. Ressaltamos alguns:

a) Que a educação receba por parte de pastores e pastoras adevida atenção e valorização, no sentido de se promover acapacitação e formação dos membros da igreja para que atuemnos diversos dons e ministérios, bem como junto aos grupossocietários e departamentos de crianças e da Escola Dominical.

b) Que o ministério pastoral oriente e capacite professores eprofessoras. Esta é uma função de suma importância para a Es-cola Dominical. Não se deve improvisar para suprir as necessi-dades das classes. Aquele ou aquela que vai dar aulas deve estarpreparado/a e motivado/a para tal ministério. Devem-se tam-bém fazer avaliações periódicas para saber do desempenho dosprofessores e professoras e da participação e aproveitamento dosalunos e alunas. A participação do pastor e pastora neste aspectoé de fundamental importância.

c) Que o pastor e a pastora assumam classes na Escola Domi-nical, a fim de que esta atividade não seja um apêndice do mi-nistério pastoral. A aula aproxima o pastor e a pastora dos alunose alunas e abre oportunidades para a tarefa educativa pastoral.

d) Que o material didático e o currículo sejam promovidos eutilizados pelo pastor e pastora. Quando o membro clérigo faz“campanha” contra o material didático está promovendo umdesserviço e contribuindo para a utilização de outros materiaisque promovem uma compreensão do Evangelho, das Doutrinas eda Missão da Igreja, diferentemente da professada pela Igreja

O papel do(a) pastor(a) na Escola DominicalA pessoa vocacionada para o pastorado é a responsável pelo êxito da Escola Dominical

Metodista. As famílias em geral, na educação dos seus filhos efilhas, seguem princípios da família e não os da vizinhança.

e) Que a Escola Dominical seja o lugar por excelência onde atarefa educativa da igreja aconteça, seja para orientar novosmembros, educar as crianças, jovens e adolescentes, bem comopara educar e capacitar para os diversos ministérios que a igrejanecessita para cumprir com sua missão e com seus objetivos tra-çados no Plano de Ação. Para que isto aconteça, é necessário queo espaço da Escola Dominical seja priorizado, a começar pelopastor e pastora da igreja.

f) Que o pastor e pastora sejam facilitadores no processo deaprendizagem e de desenvolvimento da consciência cristã e críticados membros da Igreja e que, para isto, desenvolvam métodos edinâmicas de integração entre as pessoas e transformação davida na perspectiva de uma vivência do discipulado enquantoestilo de vida.

g) Que o pastor e pastora desenvolvam o modelo apostólico deatividade docente. O principal modelo apostólico é o de Paulo.Encontramos o testemunho apostólico em I Tessalonicenses 2.11-12,por meio das palavras exortar, consolar e admoestar que apresen-tam um sentido de estar junto às pessoas para a orientação, parafortalecimento e para declaração das coisas de Deus. O mesmotestemunho está em Colossenses 1.28 pelos termos anunciar, ad-vertir e ensinar, que indicam instrução, recomendação e educação.

A natureza do ministério pastoral apresenta uma abrangênciaque exige do pastor e da pastora uma postura em favor da edu-cação. Urge, portanto, que pastores e pastoras, bem como a li-derança da Igreja, resgatem o lugar da educação cristã na vidade nossas igrejas locais. O Plano para a Vida e Missão, bem comoas Diretrizes para a Educação na Igreja Metodista indicam o ca-minho a ser seguido na busca por uma educação que forme cris-tãos conscientes e comprometidos. Este caminho é a educaçãonuma perspectiva libertadora e conscientizadora e precisa serseguido pelo pastor e pastora empenhados em cumprir o carismada ordenação que lhes indica a tarefa de edificar, equipar, aper-feiçoar e capacitar.

São várias as questões colocadas hoje acerca da Escola Domini-cal, tanto a favor da relevância da mesma na Igreja hoje comocontra. Mas o fato é que não há espaço como o da Escola Dominicalpara que os objetivos da educação cristã sejam plenamente alcan-çados. Há outros momentos educativos na vida da Igreja, mas ne-nhum deles supera a excelência que o ensino dominical apresenta.Assim, no exercício do pastorado numa perspectiva de mandato daIgreja, o cuidado com a Escola Dominical está presente.

Bispo Josué Adam Lazier

Vigília Nacional deOração pelas Crianças

Dia 3 de outubro de 2009

Veja liturgia no site www.metodista.org.br

Mais informações: (11) 2813-8600

e-mail: [email protected]

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Setembro 2009 13Doutrtinas

“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu paraevangelizar os pobres...” (Lc 4.18).

“O Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, é da mesmasubstância, majestade e glória com o Pai e com Filho, verdadeiroe eterno Deus” [Artigos de Religião n. 4: Do Espírito Santo].

Quando Jesus começou o seu ministério na Galiléia, na sinago-ga de Nazaré, foi-lhe dado o livro do profeta Isaías (61.1), do qualleu a passagem cuja frase inicial se encontra citada acima na formade epígrafe. De acordo com o evangelista, todos o miravam comatenção no momento em que solenemente declarou: “hoje se cum-priu a Escritura que acabais de ouvir”. Ficará mais fácil compreen-der a reação do povo se dirigirmos nosso olhar para o passado.

Afinal, a ação do Espírito de Deus não era propriamente umanovidade; antes, era muito bem conhecida na antiga aliança. Osfiéis letrados poderiam com facilidade encontrar, no livro dasorigens, a afirmação de que, no ato da criação, “o Espírito deDeus pairava por sobre as águas” (Gn 1.2). Certamente por essarazão, desde o princípio, o Espírito esteveassociado à vida e ao poder criador de Deusque renova todas as coisas (cf. Jó 34.14-15;Sl 104.29-30). A propósito, o termohebraico, ruach, ou grego, pneuma, descre-ve o ar em movimento e pode ser traduzido,além de “espírito”, por outras expressões,como vento, brisa, sopro e respiração. Dequalquer modo, relacionada a Deus, essapalavra indica invariavelmente a força vitalque gera mudanças, inspira profetas e capa-cita homens e mulheres a cumprirem papéisdecisivos na história da salvação. No entan-to, a presença do Espírito, no Antigo Testa-mento, possui caráter provisório. Ele age so-bre a natureza e os indivíduos, mas nuncasobre todo o povo e sempre com finalidadeespecífica. Por conta disso, cresceu a expectativa de que chegariaum tempo em que o Espírito seria derramado sobre toda a carne,e que sua manifestação contínua inauguraria uma nova época (cf.Ez 36.26-27; 37.1-14; Jl 2.28-32). A pregação de João Batista fazeco a essa esperança ao vincular o batismo com o Espírito Santoà figura do Messias prometido.

Não há dúvidas! Para os primeiros cristãos, Jesus era bem maisdo que um simples profeta inspirado. Ele se distingue doscarismáticos de todos os tempos, que podem, sim, gozar da dádivado Espírito, mas de forma temporária. Em contraste, o Novo Tes-tamento é unânime em reconhecer que Jesus vive permanentemen-te na plenitude do Espírito. Enviado pelo Pai, Deus não lhe concedeo Espírito “por medida” (Jo 3.34). De acordo com os evangelistas,todo o seu ministério – concepção, batismo, tentação, pregação,milagres, ressurreição – se desenvolve sob o signo do Espírito. Háperfeita sintonia, senão identificação, entre Jesus, enquanto Cristo,e o Espírito (cf. 2Co 3.17). Não causa, pois, surpresa que São Joãorelate que, ao se despedir dos discípulos, o Senhor tenha prometi-do não tirá-los do palco das tensões e conflitos onde o reinado deDeus se estabelece, mas enviar-lhes, da parte do Pai, o Consolador,o Espírito Santo, como o poder para testemunhar o evangelho emtoda a parte (Jo 14.16-26; cf. Lc 24.49; At 1.8).

A efusão do Espírito, por ocasião da celebração de Pentecostes,demarcou as origens da igreja cristã de tal maneira que seriaimpossível dissociar, histórica e teologicamente, a constituição dacomunidade de fé da presença eficaz do Espírito Santo. É na forçado Espírito que as pessoas são despertadas para a fé e crescemna comunhão de Cristo; por sua ação, são chamadas e congregadasem um só corpo; por seus multiformes dons, são edificadas emamor; em função de seu poder, são capacitadas para o exercíciode diferentes ministérios; graças à sua unção, a igreja sai de simesma e se torna sinal da nova criação de Deus. Por volta do ano

Cremos no Espírito Santo O Deus da Vida presente entre nós: na igreja, no mundo e em toda a criação!

180, o bispo Irineu de Lião, acentuou, de formar magistral, o eloentre a igreja e o Espírito na seguinte fórmula: “Onde está aIgreja, aí está o Espírito de Deus, e onde está o Espírito deDeus, ali está a igreja e toda a graça. E o Espírito é a verdade”(Contra as heresias, III, 24, 1).

Apesar da Igreja Primitiva experimentar com intensidade aação do Espírito e viver sob seu influxo, como o ar que se respi-ra, a reflexão sobre a doutrina do Espírito Santo se desenvolveuapenas no século IV, no contexto das controvérsias em torno daTrindade. O principal ponto era se o Espírito deveria ser conside-rado Deus ou não passava de mero atributo divino. Os argumentosforam ponderados com base nas Escrituras. Levou-se em contaque, na Bíblia, não somente os títulos dados a Deus se aplicamigualmente ao Espírito, mas também que as funções que lhe sãoespecificamente assinaladas testificam a sua divindade, semmencionar que, na liturgia do batismo, se invoca o “nome doPai, e do Filho e do Espírito Santo” (cf. Mt 28.19). Ao final, aconclusão não poderia ser diferente da que foi formulada, em

381, no Concílio de Constantinopla, quereafirmou a fé no Espírito Santo como“Senhor e vivificador que procede do Pai;que, juntamente com o Pai e o Filho, éadorado e glorificado; que falou atravésdos profetas”. Como fonte e doador davida, cabia à pessoa do Espírito Santo amesma dignidade e honra reservadas aoDeus Pai e Filho.

A teologia wesleyana se apropria dessaherança (cf. Artigos de Religião nº 4),contudo, não apenas formalmente. Emuma época em que a doutrina do EspíritoSanto (não a sua presença, posto que nãohaveria vida cristã possível sem ela) pare-cia esquecida na Inglaterra, Wesley procu-rou expressá-la de modo visível e existen-

cial. Assim, quando decidiu pregar ao ar livre aos pobres mineirosde Bristol, escolheu precisamente o texto com o qual nosso Senhorinaugurou sua missão em Nazaré, acrescentando em seu Diário aobservação: “É possível que alguém ignore que [esse texto] secumpre em todo verdadeiro ministro de Cristo?”. Ele estava con-vencido de que era o Espírito Santo, ou seja, o próprio Deus,quem agia por meio do movimento metodista, “para reformar anação, particularmente a igreja, e espalhar a santidade bíblicasobre a terra”. A boa vontade com que o povo simples acolhia apregação e o demonstrava pelos frutos se constituía, para Wesley,em evidência irrefutável da aprovação divina. Diante disso, nãodemorou muito para que os metodistas fossem qualificados comoentusiastas, acusação que Wesley prontamente respondeu alegandoque os metodistas não reivindicavam possuir dom algum que nãoestivesse ao alcance de todas as pessoas que crêem em Cristo.“Nenhum de nós pretende ser guiado pelo Espírito Santo mais doque todo cristão pode estar...” [Um novo apelo aos homens de razãoe religião, Parte I, V, 29].Em todo o caso, para ele, os sinais de-cisivos da manifestação do Espírito não eram os dons, que podemvariar conforme a necessidade dos tempos e da missão, e sim apresença dos frutos (Gl 5.22-23), “a mente que houve em Cristo”,a mudança interna e externa, enfim, a santidade de coração e vida– “o que ninguém pode negar que seja essencial a todos os cristãosem todos os tempos” [cf. Sermão 4: Cristianismo Bíblico, § 2-5].

Reafirmar nossa fé no Espírito Santo, por isso mesmo, é abrir-se ao mistério do Deus da vida que se comunica conosco e nosleva a clamar: vem, Santo Espírito, “fogo que tudo vivifica”,renova nosso ser, transforma a igreja e a sociedade, e completatua nova criação.

Rev.José Carlos de Souza, professor da Faculdade de Teolo-gia da Universidade Metodista de São Paulo

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Setembro 200914 Entrevista

Você pertence à Igreja Metodista háquanto tempo?

Nasci num lar metodista, na cidade deOurinhos, na Vila Margarida, em 1942.

Sempre se envolveu com música na Igreja?

Na realidade, fui envolvido pela música,pois meus pais, Benedito e Maria José daRocha (baixo profundo e contralto) semprecantaram no coral da igreja. Na Escola Do-minical sempre cantei em dueto com minhairmã Gilda. Em 1958, já na Igreja Meto-dista da Luz, recebi as primeiras noçõesmusicais com o pianista Orlando Dinelli. Apartir de então, já integrante do Coral daLuz, passei a atuar em quartetos e comosolista, não somente na Igreja, mas tam-bém em casamentos e eventos, nas maisvariadas denominações. Em 1961, já ser-vindo o Exército, juntamente com outrosdois colegas evangélicos, formamos umtrio, que saía fardado, cantando em váriasigrejas. Nós, jovens, achávamos que podí-amos testemunhar que, embora soldados(que tinham má fama de comportamento),podíamos dar testemunho, cantandofardados. Eram os tempos dos inesquecí-veis acampamentos e congressos, das fe-derações de jovens e juvenis, onde secantava muito. Num desses eventos, fuiconvidado pelo pastor Rubens de Souza, aparticipar do Conjunto MasculinoWesleiano, no seu segundo ano de existên-cia, já sob regência do Dr. Roberto Macha-do, na Igreja Metodista no Ipiranga, ondepermaneço até hoje.

Como você iniciou sua carreira profissional? Em 1965, inspirado nos programas

radiofônicos, procurei a Rádio Cometa (pri-meira emissora evangélica de São Paulo,idealizada pelo também metodista Dr.JoelJorge de Melo), tentando conseguir um ho-rário para um programa. O então diretor,Domingos de Lello, me convidou para traba-lhar como locutor. Então, em 1967, inicieimeu ministério “radiofônico” na apresenta-ção do programa “Táxi Música e Notícia”(substituindo o seresteiro Francisco

O samba pede passagem (na Igreja)Um bate-papo com o radialista metodista Moisés da Rocha

Petrônio) e ao mesmo tempo realizandomeu sonho, criando uma série de progra-mas musicais sacros, tais como “Alvoradacom Deus” e “Suave Promessa” (este,com o nosso Quarteto Sinai), lá ficandopor cinco anos. Prossegui meu aprendizadoem muitas outras emissoras de Rádio eTV exercendo as mais variadas funções:tais como repórter, noticiarista, produtor,coordenador, apresentador, redator etc.

Há quantos anos você apresenta o pro-grama “O samba pede passagem”, seutrabalho mais conhecido?

Em 1978, fui convidado para exercerminhas funções na recém inaugurada USPFM 93,7 Mhz, na Cidade Universitária, parafazer a programação musical. Passei entãoa apresentar também vários programas deMPB (sertanejo, sambas canções, instrumen-tal e o de samba). Na realidade a USP FM foia primeira Rádio FM a apresentar músicasertaneja, nordestina e samba no Brasil.

É você que escolhe toda a programação?Como é feita essa escolha?

Eu só aceito trabalhar em uma emisso-ra onde eu tenha plena autonomia na es-colha das músicas que vou apresentar. Aprimeira preocupação que o programadordeve ter é não fazer uma seleção aten-dendo somente o seu gosto pessoal. É aliara qualidade de letras e músicas, de prefe-rência que não contenham duplo sentido,palavrões e, sempre que possível, procurarmúsicas que além de propiciar um confor-to, ainda contenham alguma mensagemde otimismo, de valorização pessoal, deauto-estima. Isso acontece tanto nos pro-gramas na Rádio USP FM 93, 7Mhz, comona Rádio Capital AM 1040Kz.

Hoje já se encontram ritmos brasileirosem cânticos da Igreja, mas nem semprefoi assim; samba era música “do mun-do”... Em algum momento você sentiualguma rejeição ao seu trabalho por par-te da Igreja?

Bem, aprendi desde criança a convivercom o preconceito, social e racial. Então,saber que haviam considerado a minhacarreira no rádio e TV como abandono daIgreja para ingressar no mundo do pecadorealmente não me surpreendeu. Quantosmembros não foram excluídos por denomi-nações que hoje mantêm redes de comu-nicação! Se as ingênuas brincadeiras deroda trazidas pelos missionários america-nos já não eram toleradas em algumasigrejas locais, imagine você apresentandoshows de música popular!

Convivendo no meio artístico, comoeu fiz, tanto no rádio, TV ou teatro,você encontra muita gente, como eu,formada na Escola Dominical e na Igrejae rejeitada por ela. Em que Igreja o jo-vem pode exercer hoje o seu talento ar-

tístico? A maioria das nossas Igrejasabandonou a formação dos coros, pratica-mente baniu o teatro, a poesia e outrasmanifestações artísticas. Onde estão asnossas festas lítero-musicais?

Se no passado muitos músicos da Igrejaforam para a mídia, hoje parece que é amídia que está entrando nas igrejas, pormeio da cultura gospel. Como você avaliaa atual cultura gospel: o que ganhamose o que perdemos?

Essa cultura gospel de fato, invadiu aIgreja. Acaba sendo o outrora caminho largopara conduzir os “pecadores” à salvação.Qualquer ritmo brasileiro, desde que traba-lhado e exercido com aprimoramento, comequilíbrio, terá sempre o mesmo valor queum tradicional. Agora, se você pegar um dosnossos belos hinos, até aqueles clássicos dosgrandes mestres e for interpretado por umcoral desafinado, mal preparado, provocaráo mesmo efeito que um gospel atual, tocadopor guitarras e baterias ensurdecedoras: afuga de qualquer cristão com o mínimo desensibilidade. Vai provocar o mesmo efeitode certos ritmos predominantes nos meios decomunicação (Rádio e TV) que só visam oconsumo, com o merchandising disputando evencendo o show televisivo. O fato de meuirmão pensar diferente, ter outro gostomusical, não o torna meu inimigo. Isso nãoimpede que nossa hinologia seja preservadae que o espaço na liturgia seja distribuídoharmoniosamente pelo dirigente para a pre-gação da palavra.

E o trabalho com o coral Resistência deNegros Evangélicos? Como surgiu esse co-ral e qual é o seu perfil ?

Esse coral foi idealizado pela solistaNilcéia Netto, no ano de 1988 para a par-ticipação num ato cívico religioso, na Igre-ja Metodista em Vila Mariana, por ocasiãoda data oficial da libertação dos escravosno Brasil. Convidado para sua regência,senti que a data exigia também uma refle-xão sobre a situação do negro na atualida-de e os efeitos da Lei Áurea. Com os depo-imentos dos participantes, encontramosinúmeras incompatibilidades entre a histó-ria oficial e o evangelho de Nosso SenhorJesus Cristo, mesmo dentro de nossasIgrejas. Após o evento, os cerca de qua-renta componentes de várias denomina-ções, resolveram continuar as atividades.Com o apoio do Rev. Antonio Olimpio deSantana, que atuava no Cenacora, Comis-são Ecumênica Nacional de Combate aoRacismo, seguimos cantando negrospirituals, hinos tradicionais, folclore emúsica popular nos mais variados eventos,em palestras e encontros inter-religiosos,onde quer que pudéssemos levar a palavrade salvação, na esperança de construir umasociedade mais justa e fraterna para todasas pessoas.

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Setembro 2009 15Cultura

Agenda

No dia 2 de setembro de 1930 a Igreja Metodista conquistou suaautonomia.O segundo domingo de setembro, dia 13, é o Dia do Juvenil.No terceiro domingo de setembro, dia 20, comemoramos o Dia daEscola Dominical.Nos dias 25, 26 e 27 de setembro de 2009, o Departamento Nacionalde Trabalho com Crianças da Igreja Metodista está promovendo o 17ºEncontro Nacional para pessoas que trabalham com Crianças e Ado-lescentes. O objetivo do encontro é trabalhar o tema COMUNICAÇÂOcom as crianças e adolescentes. A programação contará com a par-ticipação do Bispo Assessor do DNTC Luiz Vergilio Batista da Rosa edo Bispo João Carlos Lopes. Mais informações pelo site [email protected] ou entre em contato diretamente na Faculdade de Te-ologia: www.eventosfateo@ metodista.br, telefone (11) 4366.5978.Dia 27 de setembro comemoramos o Dia Nacional do(a) Idoso(a).Valorize a experiência, agradeça os anos de vida!

No dia 3 de outubro, metodistas de todo o país farão a Vigília Na-cional de Oração pela Criança. O material da Vigília, disponível nosite www.metodista.org.br, traz algumas atividades para serem tra-balhadas com as crianças nas aulas de Escola Dominical ou no cultoInfantil. Realize em sua Igreja local e conte pra gente como foi!Escreva para o e-mail [email protected]. Envie fotos e sua ava-liação do material da Vigília para que possamos melhorar o materialpara as crianças.O 3º Concurso Crianças Metodistas Compositoras já tem inscriçõesabertas! O Concurso tem sido realizado para escolher a música temada EBF. Incentive as crianças e tenha a música da sua igreja no ca-derno da EBF. O tema é EBF 2010: Vivendo juntos com a Graça!Versículo bíblico: Assim nós, que somos muito, somos um só corpo emCristo” (Romanos 12.5ª)Acesse o site www.metodista.org.br , leia o regulamento e envie asmúsicas até o dia 05/12/2009

Música e ArteDesignado coordenador do novo

departamento da Igreja MetodistaA necessidade de aprimo-

ramento da área musical daIgreja levou à criação do De-partamento Nacional de Música& Arte, que recebe agora acoordenação do Reverendo Ed-son Mudesto. Músico desdecriança, o pastor Edson conta-rá com a ajuda de uma comis-são composta por representan-tes de todas as regiõeseclesiásticas. O grupo terá aincumbência de concretizar di-versos projetos há muito espe-rados, como a criação do Hiná-rio Metodista Brasileiro;gravações e produção de CDs e

DVDs; e cursos de formação de músicos metodistas. Para entrarem contato com o Rev. Edson, escreva para [email protected] .

Tango evangélicoCiemal lança CD evangélico

em ritmo de tango

Na semana de 17 a 21 deagosto de 2009 a Faculdade deTeologia da Universidade Metodistade São Paulo sediou a Assembléiado Conselho de Igrejas EvangélicasMetodistas da América Latina e doCaribe (CIEMAL) entidade que estácelebrando seus 40 anos de exis-tência. Durante a semana festivahouve o lançamento do CDTenemos Esperanza, com canções

no ritmo do tango e letras do bispo argentino Federico Pagura edo pastor Juan Damian, entre outros. A Revda Inés Simeone, pre-sidente da Igreja Metodista no Uruguai, lembrou que a músicasempre teve um papel significativo no metodismo. “Há dois anos,um grupo de compositores iniciou o projeto de um CD que pudes-

se concentrar composições cristãs em ritmo de tango. Mas, dife-rente dos tangos que falam em tristezas e amores frustrados, emcada palavra destas canções há muita vida e esperança”, disse ela.Mais informações com Joyce Torres Plaça. E-mail: [email protected]; Messenger: [email protected] .

Promoções da EditeoA Editeo está com duas promoções interessantes para a divul-

gação de suas publicações. A primeira é da Caminhando, revistada Faculdade de Teologia da IgrejaMetodista. Quem assinar a Cami-nhando leva também a MosaicoApoio Pastoral que traz em seu con-teúdo várias reflexões teológicaspastorais que podem auxiliar tantoleigos/as como pastores/as em seusrespectivos ministérios.

Outra promoção visa a divulgara revista Sal da Terra e Luz doMundo: 100 anos do Credo SocialMetodista, que traz o ciclo de con-ferências realizado na Faculdade deTeologia no qual se debateu a atua-

lidade e a relevância deste documento para o Brasil do séculoXXI. A Editeo pretende que essa publicação chegue às mãos daslideranças políticas do país, do Palácio do Planalto às prefeitu-ras, pelas mãos das lideranças metodistas, a fim de estimular odiálogo entre Igreja e sociedade. Os pastores e pastoras quequiserem assumir o compromisso de levar um exemplar desta pu-blicação às mãos de uma liderança política de sua cidade ou re-gião devem entrar em contato coma Editora da Faculdade de Teologia,Editeo, por intermédio do e-mailediteo@ metodista.br. A Editora en-viará pelo correio dois exemplaresda publicação — uma para a liderançapolítica indicada e outra para o/apastor/a que se comprometer aentregá-lo em mãos. Aos demais in-teressados o livro será vendido pelaLivraria do Editeo, pelo e-maillivrariaediteo@ metodista.br ou tele-fones tel.:(11) 4366-5982/ (11)4366-5787.

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Setembro 200916 Página da Criança