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CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ S.A. CENTRAIS ELÉTRICAS DO NORTE DO BRASIL S.A. – ELETRONORTE FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A. Aproveitamento Hidrelétrico Colíder Rio Teles Pires – MT. Estudo de Impacto Ambiental – EIA Volume II – Capítulos 6.0 ao 8.0 Janeiro de 2009.

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CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ S.A. CENTRAIS ELÉTRICAS DO NORTE DO BRASIL S.A. – ELETRONORTE FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A. Aproveitamento Hidrelétrico Colíder Rio Teles Pires – MT. Estudo de Impacto Ambiental – EIA Volume II – Capítulos 6.0 ao 8.0 Janeiro de 2009.

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FURNAS

AHE Colíder – 300 MW Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ S.A. CENTRAIS ELÉTRICAS DO NORTE DO BRASIL S.A. – ELETRONORTE FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A. Aproveitamento Hidrelétrico Colíder – 300 MW Rio Teles Pires – MT. Estudo de Impacto Ambiental – EIA

ÍNDICE 6.0 DEFINIÇÃO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO .............................1 7.0 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA ÁREA DE ABRANGÊNCIA REGIONAL......................5 7.1 Aspectos Fisiográficos da Bacia Hidrográfica do rio Teles Pires ......................................................5 7.1.1 Aspectos climatológicos ..................................................................................................................7 7.1.2 Aspectos geológicos ......................................................................................................................12 7.1.3 Aspectos geomorfológicos.............................................................................................................22 7.1.4 Aspectos pedológicos ....................................................................................................................27 7.2 Meio Biótico.....................................................................................................................................29 7.2.1 Domínios na Área de Abrangência Regional (AAR).....................................................................29 7.2.2 Cobertura vegetal da AAR ............................................................................................................34 7.2.3 Fauna silvestre da AAR.................................................................................................................41 7.2.4 Ictiofauna e o ecossistema aquático na AAR ................................................................................44 7.3 Meio Antrópico ................................................................................................................................46 7.3.1 Formação histórica regional ........................................................................................................47 7.3.2 Perfil demográfico e econômico ...................................................................................................57 7.3.3 Hierarquia da rede urbana regional.............................................................................................62 7.3.4 Assentamentos rurais ....................................................................................................................65 7.4 Áreas Protegidas na AAR ................................................................................................................67 7.4.1 Unidades de conservação (UC) ....................................................................................................67 7.4.2 Terras indígenas (TIs) e comunidades tradicionais......................................................................70 7.5 Programas e Projetos Co-localizados ...............................................................................................74 8.0 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA...........................81 8.1 Meio Físico.......................................................................................................................................81 8.1.1 Caracterização climática ..............................................................................................................81 8.1.2 Substrato litoestrutural .................................................................................................................90 8.1.3 Relevo............................................................................................................................................93 8.1.4 Solos ..............................................................................................................................................98 8.1.5 Unidades de terrenos ....................................................................................................................99 8.1.6 Aqüíferos .....................................................................................................................................103 8.1.7 Sismicidade .................................................................................................................................106 8.1.8 Hidrografia e qualidade da água................................................................................................107 8.1.9 Patrimônio paleontológico..........................................................................................................110

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8.2 Meio Biótico...................................................................................................................................111 8.2.1 Cobertura vegetal........................................................................................................................111 8.2.2 Desflorestamento na AII..............................................................................................................118 8.2.3 Fauna terrestre............................................................................................................................119 8.2.4 Ictiofauna e o ecossistema aquático na Área de Influência Indireta ..........................................130 8.3 Meio Antrópico ..............................................................................................................................141 8.3.1 Aspectos Gerais...........................................................................................................................142 8.3.2 Caracterização territorial e demográfica ...................................................................................143 8.3.3 Economia regional ......................................................................................................................161 8.3.4 Finanças públicas .......................................................................................................................185 8.3.5 Infra-estrutura urbana física e social (níveis de atendimento) ...................................................189 8.3.6 Saúde Pública..............................................................................................................................207 8.3.7 Problemas municipais .................................................................................................................210 8.3.8 Sociedade civil ............................................................................................................................211 8.3.9 Estrutura institucional para gestão ambiental............................................................................213 8.3.10 Patrimônio arqueológico, histórico e cultural..........................................................................214

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AHE Colíder – 300 MW 1 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

6.0 Definição das Áreas de Influência do Empreendimento A delimitação das áreas de influência é um aspecto básico na condução dos Estudos de Impacto Ambiental. Na prática, tal procedimento constitui-se na definição das unidades espaciais de análise adotadas nos estudos, norteando não apenas a elaboração do diagnóstico ambiental, mas também a avaliação dos impactos ambientais potencialmente decorrentes do planejamento, da implantação e da operação do empreendimento. O diagnóstico ambiental da região de abrangência do AHE Colíder, desenvolvido nos Capítulos 7.0, 8.0 e 9.0, tem como objetivo viabilizar uma compreensão sistêmica dos diversos componentes dos meios físico, biótico e antrópico, facilitando a identificação de suas inter-relações e a dinâmica dos processos de transformação em curso. Atendendo a essa diretriz geral, o diagnóstico ambiental está estruturado pelo sistema de aproximações sucessivas, ou seja, analisam-se, em primeiro lugar, todos os aspectos de interesse na escala regional (Área de Abrangência Regional – AAR e Área de Influência Indireta - AII), de forma a contextualizar e facilitar, em uma segunda instância, a análise mais detalhada no nível local (Área de Influência Direta – AID e Área Diretamente Afetada - ADA). Em atendimento ao item 4 do Termo de Referência para elaboração do EIA/RIMA do AHE Colíder emitido pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Mato Grosso em janeiro de 2008, foram adotados três níveis ou unidades espaciais de análise, nas quais os componentes ambientais dos meios físico, biótico e antrópico são tratados em escalas diferenciadas. As unidades de análise e os critérios de delimitação são indicados a seguir:

Área de Abrangência Regional (AAR) A Área de Abrangência Regional (AAR) é a unidade de análise mais ampla sob o aspecto geográfico, sendo objeto de caracterização geral e sintética dos componentes ambientais. No EIA, a caracterização da AAR objetiva fornecer elementos para a visualização geral do contexto sócio-ambiental da bacia hidrográfica do rio Teles Pires, na qual o empreendimento é proposto. Nessa perspectiva, para a caracterização dos componentes ambientais dos meios físico e biótico, os limites da AAR coincidem com os limites físicos da bacia hidrográfica do rio Teles Pires, abrangendo desse modo área de 141.905 km2.

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AHE Colíder – 300 MW 2 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

A caracterização dos componentes ambientais do meio sócio-econômico tem também como referência os limites geográficos da bacia. Todavia, as informações de base estatística disponibilizadas pelos órgãos e fontes oficiais encontram-se consolidadas por regiões de planejamento ou por município, cujos limites não coincidem com os contornos da bacia hidrográfica. Tal aspecto justifica, para o diagnóstico do meio antrópico, a delimitação de unidade de análise mais ampla, que engloba o território de 35 municípios dos estados do Mato Grosso e do Pará situados total ou parcialmente na bacia hidrográfica do rio Teles Pires, conforme listado na Tabela 6.0.a. Tabela 6.0.a Área de Abrangência Regional do Meio Sócio-Econômico - Municípios situados na bacia do rio Teles Pires

Estado Municípios

Mato Grosso

Alta Floresta Apiacás Carlinda Cláudia Colíder Guarantã do Norte Ipiranga do Norte* Itaúba Juara Lucas do rio Verde Marcelândia Matupá Nobres Nova Brasilândia Nova Canaã do Norte Nova Guarita Nova Monte Verde

Nova Mutum Nova Santa Helena Nova Ubiratã Novo Mundo Paranaíta Paranatinga Peixoto de Azevedo Planalto da Serra Rosário D'Oeste Santa Rita do Trivelato Sinop Sorriso Tabaporã Tapurah Terra Nova do Norte Vera

Pará Jacareacanga Novo Progresso Nota: *município desmembrado de Tapurah e instalado em 1º de janeiro de 2005. A Figura 6.0.a representa a AAR adotada para caracterização dos meios físico e biótico (limites físicos da bacia hidrográfica do rio Teles Pires) e do meio antrópico (limites políticos dos municípios drenados pelo rio Teles Pires e afluentes). Deve-se registrar que a seleção dos municípios foi efetuada a partir da malha municipal digital dos municípios brasileiros de 20071. Municípios como Porto dos Gaúchos (MT), Primavera do Leste (MT) e Itaituba (PA) possuem porções muito restritas dos seus territórios no interior da bacia hidrográfica do rio Teles Pires, o que justifica e exclusão desses municípios da Área de Abrangência Regional. A representação cartográfica da AAR é efetuada preferencialmente na escala de 1:2.000.000.

1 Disponível em ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapas/malhas_digitais/

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Área de Influência Indireta (AII) A Área de Influência Indireta (AII) é definida em função da susceptibilidade potencial aos impactos indiretos decorrentes de ações de planejamento, implantação e operação do empreendimento, abrangendo os sistemas naturais e o sistema sócio-econômico. O Termo de Referência para elaboração do EIA/RIMA do AHE Colíder estabelece que a AII deve considerar parte da bacia hidrográfica. Considerando tal diretriz, foram definidos diferentes contornos para AII, sendo um para os meios físico e biótico e outro para o meio sócio-econômico. Para os meios físico e biótico foi estabelecido como AII o setor intermediário da bacia do rio Teles Pires limitado a montante pelo eixo do aproveitamento do TPR-775 (AHE Sinop), previsto no Estudo de Inventário aprovado pela ANEEL (ENGEVIX-ELETRONORTE/FURNAS/ELETROBRAS, 2005), e a jusante pela foz do ribeirão Águia no rio Teles Pires. A área total da AII dos meios físico e biótico é de 3.633,03 km2. Em conformidade com as diretrizes constantes no Termo de Referência para elaboração do EIA/RIMA, a AII de meio antrópico compreende o território dos municípios afetados pelo empreendimento, caso de Itaúba, Nova Canaã do Norte, Colíder e Cláudia. Integra também a AII o município de Sinop, que embora não afetado diretamente pelo empreendimento, constitui reconhecido pólo da região norte do estado do Mato Grosso. A área total da AII do meio sócio-econômico é de 9.488,18 km2. A Figura 6.0.b representa os limites das áreas de influência indireta adotadas. A representação cartográfica é efetuada na escala 1:250.000. Área de Influência Direta (AID) e Área Diretamente Afetada (ADA) A Área de Influência Direta (AID) e a Área Diretamente Afetada (ADA) são unidades de análise caracterizadas e analisadas de forma conjunta no Capítulo 9.0 do EIA. A AID constitui o espaço sujeito aos impactos diretos decorrentes da implantação e operação do empreendimento. Engloba para a análise dos componentes dos meios físico, biótico e antrópico, a área de inundação do reservatório, referenciada pela cota do nível d’água máximo maximorum (cota 268,5 m), acrescida de uma largura de 1.000 metros, o que garante o envolvimento da Área Diretamente Afetada (ADA). Esta última constitui o espaço diretamente afetado pelas obras e pelo reservatório, o que inclui, além da área de inundação, o espaço destinado a implantação do canteiro administrativo e industrial e outras áreas de apoio. A AID é composta ainda pelo trecho de 10 quilômetros do rio Teles Pires compreendido entre o eixo do AHE Colíder e a foz do ribeirão da Águia. Nesse setor, a AID envolve faixa de 1.000 metros de largura ao longo de cada uma das margens do rio Teles Pires, o que garante amplamente o envolvimento das áreas marginais e do segmento fluvial imediatamente a jusante do aproveitamento hidrelétrico.

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AHE Colíder – 300 MW 4 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Apresentado no Capítulo 9.0, o diagnóstico ambiental da AID e da ADA tem como referência um amplo conjunto de informações obtidas em levantamentos de campo desenvolvidos entre setembro de 2007 e dezembro de 2008. A área total da AID é de 596,1 km2. Considerando o reservatório, a área do eixo do barramento, bem como as áreas de apoio, a área da ADA totaliza 140,63 km2. A representação cartográfica geral é efetuada na escala 1:50.000. A Figura 6.0.c ilustra a abrangência e configuração espacial da ADA e da AID.

A Tabela 6.0.b resume as abordagens adotadas para cada unidade. Tabela 6.0.a Conteúdos abordados nas unidades de análise, níveis de abrangência e escalas de representação cartográfica do diagnóstico ambiental

Unidades de Análise Meios Abordagem Adotada Escala

cartográfica

Meio físico Fisiografia da bacia do rio Teles Pires; Meio biótico Aspectos biogeográficos;

AAR Meio antrópico

Histórico de ocupação regional, perfil sócio demográfico e econômico e redes urbanas; Terras Indígenas e etnias existentes na bacia do rio Teles Pires;

1:2.000.000

Meio físico

Aspectos climatológicos; Recursos hídricos superficiais; Recursos hídricos subterrâneos; Substrato rochoso; Tipos de relevo e de solos; Tipos de terrenos; Recursos minerais;

Meio biótico Vegetação natural e remanescente; Fauna terrestre; Ictiofauna;

AII

Meio antrópico

Aspectos demográficos; Atividades econômicas; Infra-estrutura física e social; Arqueologia;

1:250.000

Meio físico Tipos de terrenos; Qualidade da água; Características geotécnicas;

Caracterização florística e fitossociológica da vegetação na AID

Meio biótico Cobertura vegetal remanescente; Fauna terrestre; Biota aquática: ictiofauna, plâncton, bentos e macrófitas aquáticas;

AID e ADA

Meio antrópico

Padrão fundiário; População; Infra-estrutura; Uso e ocupação do solo; Atividades produtivas;

1:50.000

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AHE Colíder – 300 MW 5 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

7.0 Diagnóstico Ambiental da Área de Abrangência Regional 7.1 Aspectos Fisiográficos da Bacia Hidrográfica do rio Teles Pires Situada entre 7°10’ e 14°45’ de latitude sul e 53°45’ e 58°10’ de longitude oeste, a bacia hidrográfica do rio Teles Pires abrange setores territoriais dos estados do Pará e principalmente do estado do Mato Grosso, totalizando uma área de drenagem de 141.905 km2. A bacia está situada ainda entre as bacias dos rios Juruena, a oeste, e Xingu, a leste. Em conjunto com o rio Juruena, que também drena importante porção territorial do estado do Mato Grosso, o rio Teles Pires forma o rio Tapajós, um dos principais afluentes da margem direita do rio Amazonas. As cabeceiras do rio Teles Pires estão situadas na porção central do estado do Mato Grosso, na região da localmente denominada Serra Azul, no contexto do conjunto morfoescultural formado pelas unidades de relevo Província Serrana e Depressão de Cuiabá-Paranatinga, conforme individualização geomorfológica do IBGE (Mapa de Unidades de Relevo do Brasil – IBGE, 2006). Trata-se, na prática, de região de planaltos elevados sustentados pelos dobramentos da Faixa Paraguai-Araguaia, com cotas altimétricas de até 800 metros que, além das cabeceiras dos rios formadores do Teles Pires, engloba também as nascentes dos formadores do rio Xingu, do rio Arinos e do rio Cuiabá, este último contribuinte do rio Paraguai. Com base nas características da rede de drenagem e nas variações hipsométricas, a bacia pode ser compartimentada em três setores principais, denominados no presente EIA como o alto, médio e baixo curso (Figura 7.1.a). A partir da região das cabeceiras, o rio desenvolve percurso na direção NNW, por cerca de 1.600 km, até a sua confluência com o rio Juruena, em altitude de 95 metros, onde, conforme registrado anteriormente ocorre a formação do rio Tapajós. A zona denominada Alto Curso estende-se das nascentes até a confluência com o rio Verde, na região do município de Sinop. Nesse trecho de aproximadamente 710 quilômetros, o canal principal da bacia (rio Teles Pires) recebe contribuições dos rios Morocó, Celeste, dos Gaúchos e Caiabi. A área de contribuição é de 34.414 km2 e abrange setor do estado do Mato Grosso caracterizado pela intensa ocupação agrícola, favorecida em parte pela condição topográfica do Planalto dos Parecis, marcado por formas suaves. Assim como o próprio rio Teles Pires, os principais afluentes do seu alto curso desenvolvem também percurso na direção NNW, posicionando-se paralelamente ao canal principal da bacia (Figura 7.1.a).

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Já o Médio Curso compreende o setor da bacia situado entre a foz do rio Verde e a foz do rio São Benedito, cuja confluência com o rio Teles Pires ocorre já em trecho situado no território do Pará. A extensão do canal principal nesse compartimento é de aproximadamente 580 quilômetros e a área de drenagem de 86.743 km2. As principais contribuições ocorrem através dos rios Renato, Tapaiúna, Parado, Peixoto de Azevedo, Nhandu, Cristalino, Paranaíta e Apiacás. Por fim, a zona correspondente ao Baixo Curso estende-se da foz do rio São Benedito até a confluência com o rio Juruena, na divisa entre os estados do Mato Grosso, Pará e Amazonas, na formação do Tapajós. Trata-se de trecho de aproximadamente 270 quilômetros e área de drenagem de 20.292 km2. Além do rio São Benedito, as contribuições provenientes dos rios Anil, Cururuaçu e Cururu são as mais importantes. Conforme ilustrado na Figura 7.1.a, o alto curso da bacia apresenta forma estreita e alongada. Já no setor intermediário, a bacia apresenta maior largura e forma distinta, englobando a bacia de contribuição do rio Peixoto de Azevedo. No baixo curso, novamente se verifica um segmento em que a bacia apresenta-se mais estreita e alongada, com poucas contribuições de drenagens afluentes. Dada a abrangência geográfica da bacia e a variação latitudinal de aproximadamente 7º entre os limites sul (cabeceiras) e norte (baixo curso), o rio Teles Pires e seus afluentes drenam áreas que integram os domínios morfoclimáticos do Cerrado no seu alto curso, e da Amazônia no médio e baixo curso. Entre o alto e médio curso do rio ocorre uma zona de transição entre os dois conjuntos definidos por AB’SABER (1972) para o território brasileiro. A Figura 7.1.b representa esquematicamente a abrangência geográfica dos domínios paisagísticos do Cerrado e da Amazônia na bacia hidrográfica do rio Teles Pires. Em linhas gerais, no âmbito da bacia como um todo, o domínio Morfoclimático dos Chapadões Tropicais recobertos por Cerrados e penetrados por florestas galerias segundo a definição de AB’SABER (1972), compreende as áreas de ocorrência predominante de formações savânicas, que se estendem das nascentes do rio Teles Pires até sua confluência com o rio da Lira, aproximadamente, na altura do paralelo 12° 30’S. A partir desse ponto, o rio atinge a faixa de transição, que se caracteriza pela presença de florestas de transição (transição Savana/Floresta Estacional), se estendendo até a confluência com o rio Renato, nas proximidades de Itaúba. No setor norte da bacia predomina mais efetivamente o domínio Morfoclimático das Terras Baixas Florestadas Equatoriais, caracterizado pela ocorrência de Floresta Ombrófila Aberta e Densa, que ocorre associada aos relevos rebaixados, embora no topo das grandes serras residuais como a dos Caiabis e dos Apiacás ocorram formações savânicas.

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7.1.1 Aspectos climatológicos A variação latitudinal verificada na bacia e refletida na ocorrência de diferentes domínios paisagísticos, somada a outros fatores geográficos como as variações altimétricas e localização da bacia no interior do continente sul americano, é um dos condicionantes das diferenciações climáticas observadas na mesma. Todavia, naturalmente, o perfil climático da bacia não é estabelecido somente pelos fatores geográficos citados, mas também pela atuação de mecanismos de circulação atmosférica de macro-escala e sua interação com os chamados fatores estáticos do clima. Em síntese, de acordo com o modelo de classificação climática de Köppen, ocorrem na bacia do rio Teles Pires duas grandes zonas climáticas definidas pelos tipos climáticos Aw e Am. O tipo climático Aw abrange o setor sul e intermediário da bacia (alto e médio curso), sendo definido como Clima Tropical de Savana (ANDRADE, 1968). Já o tipo climático Am, denominado Clima Tropical Equatorial, ocorre no extremo norte da bacia. De modo geral, as diferenciações climáticas observadas assemelham-se à observada no caso dos domínios paisagísticos ou morfoclimáticos apontados anteriormente, ou seja, o clima do tipo Aw ocorre predominantemente nas áreas de Cerrado e o clima Am nas áreas de transição e no domínio Amazônico, reconhecido não só no norte da bacia hidrográfica do rio Teles Pires, mas também no norte do estado do Mato Grosso. O tipo climático Aw (Tropical chuvoso de savana) é um clima quente com temperatura média superior a 18ºC no mês mais frio. Caracteriza-se, ainda, pela forte sazonalidade quanto ao regime pluviométrico, com chuvas concentradas nos meses de outubro a março e um período seco entre abril a setembro, ou seja, com inverno seco e verão chuvoso. Os totais pluviométricos anuais chegam até 2.500 mm em média. O clima do tipo Am (Tropical chuvoso equatorial ou tropical de monção) é também um clima quente, porém com uma breve estação seca, que pode variar entre 1 e 3 meses. Os totais pluviométricos médios anuais podem alcançar também 2.500 mm. Outra classificação climática é efetuada por NIMER (1977), que para a região drenada pelo rio Teles Pires e para o norte do estado do Mato Grosso, distingue dois tipos climáticos básicos, denominados Clima quente e Clima subquente, ambos subdivididos quanto à duração do período seco. Conforme ilustrado na Figura 7.1.1.a, o período considerado seco é menos pronunciado no extremo norte do estado do Mato Grosso e, por conseguinte, na bacia do rio Teles Pires. As diferenciações climáticas podem ser também observadas no Mapa de Clima do Brasil, produzido pelo IBGE (2006) e reproduzido parcialmente na Figura 7.1.1.b. Em conformidade com as espacializações e classificações apresentadas anteriormente, a classificação do IBGE indica diferenciações climáticas regionais entre o sul e o norte da bacia do rio Teles Pires, com indicação de tipo climático mais úmido no baixo curso, onde os períodos secos são pouco expressivos, e de clima chuvoso no alto curso, porém com estação seca mais claramente definida e pronunciada.

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Figura 7.1.1.a Diferenciações climáticas na Região Centro-Oeste

Fonte: NIMER (1977). Independentemente das classificações e espacializações apresentadas, os limites das zonas climáticas reconhecidas na bacia do Teles Pires e no norte do estado do Mato Grosso como um todo não podem ser precisamente definidos. O aspecto fundamental é que a bacia de fato apresenta um tipo climático típico das áreas de cerrado ao sul e tipos climáticos que são mais quentes e chuvosos no sentido norte da bacia, se aproximando do tipo equatorial no seu extremo norte. Entre as duas zonas em que os tipos climáticos são bem caracterizados há uma grande área de transição.

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A Figura 7.1.1.c registra a precipitação média nos municípios de Paranatinga, no alto Teles Pires, e em Alta Floresta, no setor intermediário da bacia. Os dados indicam menor precipitação no setor sul da bacia, porém há ocorrência de períodos secos bem definidos nas duas regiões. Figura 7.1.1.c Pluviosidade média Paranatinga (alto Teles Pires) e Alta Floresta (médio Teles Pires)

Fonte: Inmet/Agritempo/Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento.

Sob o aspecto da atuação de mecanismos atmosféricos, conforme NIMER (1973), na bacia do rio Teles Pires e parte significativa do norte do estado do Mato Grosso, os sistemas de circulação atmosférica que influenciam as condições de tempo são os seguintes: • Anticiclone subtropical semi-fixo do Atlântico Sul; • Sistema de correntes perturbadas de oeste, de linhas de instabilidade tropicais (IT); • Sistema de correntes perturbadas de norte - da convergência intertropical (CIT); • Sistema de correntes perturbadas de sul - do anticiclone polar e frente polar (FP). Conforme análise de NIMER (1973), o anticiclone subtropical semi-fixo do Atlântico Sul é responsável pelas condições de tempo estável em parte significativa do interior do território brasileiro. Durante todo o ano ocorrem ventos do oceano para o continente, geralmente de NE a E e de Estesudeste (ESE), originados do citado anticiclone subtropical. A atuação desse mecanismo zonal de circulação atmosférica (Figura 7.1.1.d) resulta na estabilidade do tempo em razão da subsidência superior e conseqüente inversão da temperatura.

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Figura 7.1.1.d Anticiclone subtropical marítimo (A)

As modificações na condição tempo estável decorrentes do anticiclone são acarretadas pelos demais sistemas citados, representados na Figura 7.1.1.e, caso específico dos sistemas de correntes perturbadas de oeste (IT), de norte (convergência intertropical – CIT) e de sul (anticiclone polar e frente polar – FP), todos individualizados por NIMER (1973). O sistema de correntes perturbadas de oeste atua sobre a região através de ventos W e NW associados às linhas de instabilidade tropicais (IT). Trata-se de fenômeno comum na região Centro-Oeste como um todo, e que resulta na formação de chuvas, sobretudo no verão. De acordo com NIMER (1973), a origem desse mecanismo modificador das condições de tempo no interior do Brasil pode estar vinculada ao movimento ondulatório que se verifica na Frente Polar Atlântica (FPA) quando em contato com o ar quente da zona tropical. A partir das ondulações, formam-se linhas de instabilidade que se propagam com grande mobilidade de oeste para leste ou mais comumente para sudeste. O sistema de correntes perturbadas de norte resulta em precipitações durante o verão, outono e inverno, com máximo de precipitação verificada no outono (NIMER, 1973), quando a CIT atinge sua penetração máxima no hemisfério sul. Durante a primavera do hemisfério sul, a CIT encontra-se no hemisfério norte, o que praticamente elimina sua atuação no hemisfério sul e na área de interesse durante esta estação.

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Figura 7.1.1.e Sistemas de circulação atmosférica perturbada na região Centro-oeste

Fonte: NIMER (1977). Por fim, o sistema de correntes perturbadas de sul, representado pela atuação do anticiclone polar, resulta na ocorrência de chuvas frontais e pós-frontais. Durante o verão, o aprofundamento e a expansão do centro de baixa pressão do interior do continente, denominado Baixa do Chaco, não permite a passagem da frente polar, provocando, na grande maioria das vezes, a sua dissipação. Desse modo, no verão as chuvas frontais ficam praticamente ausentes do centro ao norte da Região Centro-Oeste. Por outro lado, no inverno, com o deslocamento geográfico da Baixa do Chaco para o Acre, a atuação do anticiclone polar é mais freqüente no estado do Mato Grosso com direção NE ou E, provocando chuvas frontais e pós-frontais em toda região, com duração de um a três dias. Após a passagem da FP, a região fica sob a ação do anticiclone polar, com céu limpo, pouca umidade específica e forte declínio de temperatura com a radiação noturna. Após aproximadamente dois dias, retornam as condições de tempo estável associadas ao anticiclone subtropical.

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Em síntese, com base no padrão de atuação dos mecanismos de circulação atmosférica citados, pode-se concluir que os sistemas que determinam as condições de tempo e o ritmo climático na região norte do estado do Mato Grosso e, por conseguinte, na Área de Abrangência Regional (AAR), são o sistema de circulação estável do anticiclone do Atlântico Sul, o sistema de correntes perturbadas de W e as linhas de instabilidade e as correntes perturbadas de sul e da FP, geralmente sucedida pelo anticiclone polar, com tempo bom, seco e temperaturas amenas. A atuação da convergência intertropical é pouco freqüente, não influenciando significativamente no regime térmico e mesmo pluviométrico regional. No que se refere aos aspectos térmicos, verifica-se, ao longo da AAR, uma variação entre o setor sul e norte da bacia. Assim como observado no regime pluviométrico, observa-se nas temperaturas um progressivo aumento das médias no sentido norte da bacia, ou seja, do alto para o baixo curso do rio Teles Pires. Assim, na zona do alto curso, situada na altura da latitude 14º30’ S e em altitudes médias que chegam aos 600 metros, ocorrem temperaturas médias que variam de 20º C a 22º C. Já no setor inferior da bacia, mais rebaixado topograficamente, cujas cotas variam de 100 a 200 metros e situado a latitudes próximas dos 7º S, as médias anuais são superiores a 24º C. Somam-se a tais fatores as diferentes intensidades da atuação dos mecanismos de circulação atmosférica nos setores da bacia. De modo geral, as temperaturas mínimas ocorrem nos meses de junho, julho e agosto, que compõem o trimestre mais frio. Nesses meses, nas áreas topograficamente mais elevadas, associadas às superfícies cristalinas planálticas do extremo sul da bacia, as temperaturas médias variam de 18ºC a 20ºC no mês mais frio. Nas áreas mais rebaixadas, as médias variam de 22ºC a 24ºC no mês mais frio, entre junho e julho (NIMER, 1973). Nos demais meses do ano, as temperaturas médias se mantêm constantemente elevadas, com médias mais expressivas ao longo da primavera, notadamente nos meses de setembro e outubro, ocasião em que antes do início da estação mais úmida, a radiação solar incide perpendicularmente sobre a superfície regional. As médias nesse mês podem alcançar até 28ºC no extremo norte da bacia e variar entre 24ºC e 26ºC na região do extremo sul da AAR (NIMER, 1973). 7.1.2 Aspectos geológicos A caracterização dos aspectos geológicos tem como referência principal o mapeamento geológico do território brasileiro produzido pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – Serviço Geológico do Brasil (CPRM, 2004) na escala 1:1.000.000. As folhas consultadas foram a Cuiabá (SD.21), Juruena (SC.21) e Tapajós (SB.21), que cobrem toda a bacia hidrográfica do rio Teles Pires. Complementarmente, foram consultadas e utilizadas as informações constantes no Inventário Hidrelétrico da Bacia do rio Teles Pires (ENGEVIX-ELETRONORTE/FURNAS/ELETROBRAS, 2005) e no Projeto de Desenvolvimento Agroambiental do Estado do Mato Grosso – PRODEAGRO (SEPLAN, 2001).

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A bacia hidrográfica do rio Teles Pires possui um arcabouço geológico complexo, composto por diferentes domínios e províncias estruturais integrantes da Plataforma Sul Americana e do Escudo Brasil Central, conforme estabelecido por ALMEIDA (1977), podendo ser dividido em três grandes províncias ou domínios tectono-estruturais, caso do cráton Amazônico, das faixas de dobramento do Ciclo Brasiliano e das coberturas Fanerozóicas. A Tabela 7.1.2.a elaborada com base na análise do mapeamento geológico produzido pela CPRM (CPRM, 2004) consolida as subdivisões dos grandes tectono-estruturais em entidades tectônicas e unidades litoestratigráficas associadas. Na seqüência, as Figuras 7.1.2.a e 7.1.2.b apresentam a distribuição geográfica das entidades tectônicas e das unidades litoestruturais individualizadas nas Folhas Cuiabá (SD.21), Juruena (SC.21) e Tapajós (SB.21) (CPRM, 2004).

Tabela 7.1.2.a Domínios tectono-estruturais (províncias estruturais) e unidades litoestratigráficas associadas

Domínios Tectono – Estruturais

Províncias Estruturais Entidades Tectônicas Unidades Litoestruturais

Depósitos Cenozóicos Cobertura detrito-laterítica

Bacia Alto Xingu Formação Ronuro

Bacia dos Parecis Formação Utiariti Formação Salto das Nuvens

Bacia Alto Tapajós (Cachimbo)

Formação Navalha Formação São Manoel Formação Igarapé Ipixuna Paleozóico indiferenciado Formação Capoeiras

Coberturas Fanerozóicas

Bacia do Paraná Grupo Bauru

Grupo Alto Paraguai

Fm DiamantinoFm Raizama Fm Araras

Faixa de Dobramento do Ciclo Brasiliano (Orógeno Neoproterozóico)

Província Tocantins Faixa Alto Paraguai

Grupo Cuiabá Subunidade 7 Coberturas sedimentares mesoproterozóicas (intracratônicas) Formação Dardanelos

Domínio Roosevelt-Juruena Sistema de Arcos Magmáticos e Bacias sedimentares associadas

Grupo Beneficente Suíte Nova Canaã Suíte Intrusiva Teles Pires Grupo São Marcelo Cabeça Intrusivas Máficas Guadalupe

Magmatismo Plutono – Vulcânico

Granito Nhandu Complexo Nova Monte Verde Granito Apiacás Suíte intrusiva São Romão Grupo Colíder Suíte intrusiva Vitória Suíte intrusiva São Pedro Sienito Cristalino Suíte intrusiva Paranaíba Suíte intrusiva Juruena

Domínio Tapajós Magmatismo Pós–Orogênico a Anorogenético

Suíte Intrusiva Flor da Serra Suíte Intrusiva Matupá

Cráton Amazônico Cráton Amazônico

Domínio Tapajós Magmatismo Orogênico Complexo Bacaeri-Mogno

Fonte: Elaborado com base na CPRM (2004).

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As Tabelas 7.1.2.b e 7.1.2.c consolidam as principais características das unidades litoestratigráficas proterozóicas e fanerozóicas que ocorrem na bacia do rio Teles Pires. Tabela 7.1.2.b Unidades litoestratigráficas proterozóicas que ocorrem na bacia hidrográfica do rio Teles Pires

Unidade Litotipos Idade

NP3di Formação Diamantino

Folhelho, argilito, siltito e arcóseo.

NP3 ra Formação Raizama

Arenito, arcóseos com níveis de conglomeráticos e intercalações de siltito e argilito.

NP3 ars Formação Araras Membro Superior

Dolomito, arenito, argilito, níveis de sílex e concreções silicosas.

NPcu 7 Grupo Cuiabá Subunidade 7

Metaparaconglomerado petromítico, matriz areno-argilosa, clastos de quartzo, quartzito, calcário, rochas máficas e graníticas e raras intercalações de filito.

Neoproterozóico

MP2 d Formação Dardanelos

Subarcóseos, quartzo-arenitos, arcóseo, conglomerado e grauvaca, arenitos feldspáticos médios a grossos. Mesoproterozóico

PP4 b Grupo Beneficiente Conglomerado com seixos de rochas vulcânicas, quartzo-arenito e argilito. Intercalações de tufo, grauvaca, calcarenito, quartzo-arenito, brecha carbonática, calcilutito, e calcário.

PP4γ nc Suíte Nova Canaã Biotita monzogranito, sienogranito, ortoclásio-granito, hornblenda-biotita granito, micromonzogranito, quartzo-monzogranito e granófiro. Enclaves de dioritos quartzo-dioritos, e quartzo-monzodioríticos.

PP4 γ tp Suíte Intrusiva Teles Pires

Sienogranito porfitítico, biotita monzogranito e ortoclásio-granito.

PP4mc Grupo São Marcelo-Cabeça

Metavulcanosedimentar indivisa.

PP4δg Intrusivas Máficas Guadalupe

Gabro, micrograbo, diabásio e diorito.

PP4 γn Granito Nhandu Magnetita-biotita monzogranito e sienogranito com enclaves de diorito a quartzo-monzodioritos.

PP4mv Complexo Nova Monte Verde

Gnaisse tonalitíco a monzogranítico parcialmente migmatizado, gnaisses sienograníticos e enclaves de anfibolitos e dioritos.

PP4 γ a Granito Apiacás Biotita – muscovita –granada leucogranito e biotita granito.

PP4 γ sr Suíte intrusiva São Romão

Monzogranito fino, magnetita micrigranito, granodiorito com estruturas protomilonítica, milonitica e gnáissica.

PP4 c Grupo Colíder Derrame félssico, depósitos piroclásticos, rochas vulcanoclásticas, microgranito porfitítico subvulcânico.

PP4 γ v Suite intrusiva Vitória

Diorito, tonalito, quartzo-diorito e monzodiorito.

PP4 γ sp Suite intrusiva São Pedro

Titanita-hornblenda monzogranito e sienogranito, titanita-biotita monzogranito e granodiorito.

PP3 λ cr Sienito Cristalino Sienito, quartzo-sienito e riebeckita-aergina sienito.

PP3 γ pa Suíte intrusiva Paranaíta

Sienogranito, monzogranito e monzonito.

PP3 γ ju Suíte intrusiva Juruena

Biotita monzogranito, quartzo-monzogranito, granodiorito e monzonitos.

PP3 δ fs Suíte Intrusiva Flor da Serra

Associação de máficas: gabro, monzogabro, diorito, monzodiorito, e quartzo – diorito.

PP3 γ m Suíte Intrusiva Matupá

Biotita monzogranito, clinopiroxênio – hornblenda monzogranito, microgranito e granófiro.

PP 23 bm Complexo Bacaeri-Mogno

Gnaisse calcissilicáticos, quartzito, kinzigito BIF e metachert e intercalações de anfibolito, metagabro, metanorito, metapiroxenio.

Paleoproterozóico

Fonte: Folhas Cuiabá, Juruena e Tapajós. (CPRM, 2004).

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Tabela 7.1.2.c Unidades litoestratigráficas fanerozóicas que ocorrem na bacia hidrográfica do rio Teles Pires

Unidade Litotipos Idade

Q2a Depósitos aluviais Argila, silte, areias, cascalhos e matéria orgânica.

Pleistoceno / Holoceno

NQdl, Cobertura detrito-laterítica

Argilas, conglomerados com seixos angulosos e arredondados, areia siltosa e silte; total ou parcialmente laterizados e que por vezes recobrem horizonte de argila mosqueado.

N1 r Formação Ronuro Areia, silte argila cascalho e laterita pouco consolidados.

Neogeno

K2ut Formação Utiariti Arenito fino a médio, com seixos esparsos, estratificação cruzada de pequeno porte.

K2sn Formação Salto das Nuvens

Conglomerados polimíticos, arenitos finos, arenitos silicificados, pelitos, com estratificação cruzada de grande porte.

Cretáceo (Bacia dos Parecis)

2 b Grupo Bauru

Arenito muito fino a fino, com intercalações de siltito, argilito, arenito conglomerático e conglomerado.

Cretáceo Médio (Bacia do Paraná)

Psm Formação São Manoel

Arenito síltico-argiloso, quartzo-arenito fino, calcário, brecha com clastos de siltito, argilito e calcário.

Permiano (Bacia Alto Tapajós)

Cpii Formação Igarapé Ipixuna

Quartzo arenito fino a médio, bem selecionado, gretas de contração e estratificação cruzada.

PZl =Pij Paleozóico indiferenciado

Arenito com intercalações de siltito, argilito e níveis de conglomerado, arcóseos e grauvacas

Dc Formação Capoeiras

Quartzo arenito fino, bem selecionado com intercalações de siltito, argilitos.

Carbonífero (Bacia Alto Tapajós)

Fonte: Mapa de Geologia, Tectônica e Recursos Minerais do Brasil SIG- 1:1.000.000. Folhas Cuiabá, Juruena e Tapajós. (CPRM, 2004). Conforme ilustrado esquematicamente na Figura 7.1.2.a, o extremo sul da bacia e da AAR é marcado pelo conjunto associado à Faixa de Dobramento Paraguai-Araguaia ou Província Tocantins. Trata-se de cinturão orogênico que ocorre espacialmente na forma de um arco com concavidade voltada para SE e orientando-se na direção NE-SW no seu ramo norte e N-S no seu ramo sul. Forma um conjunto estrutural observado ao longo de toda a região central do estado do Mato Grosso e que divide importantes áreas de cobertura Fanerozóicas, como a bacia sedimentar do Paraná, ao sul, e as rochas do chamado Grupo Parecis, ao norte. A Faixa de dobramentos Paraguai-Araguaia é caracterizada por uma seqüência de rochas metassedimentares e rochas metavulcanossedimentares deformadas entre 550-500 Ma e afetadas por magmatismo granítico pós-orogênico. Compõem os denominados grupos Alto Paraguai e Cuiabá (RADAMBRASIL, 1982; CPRM, 2004), que em conjunto sustentam um conjunto de serras correspondente às unidades geomorfológicas Província Serrana, além de unidades interplanálticas enquadradas como depressões (RADAMBRASIL, 1982; IBGE, 2006; ZEE, 2002.). Os principais atributos das formações geológicas que integram os dois grupos são resumidamente apresentados a seguir:

Formação Diamantino Compreende a porção estratigráfica superior do Grupo Alto Paraguai, sendo constituída por espesso pacote de folhelhos, argilitos, arcóseo e siltitos micáceos (CPRM, 2004).

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Formação Raizama Engloba a base da porção estratigráfica superior do Grupo Alto Paraguai. Trata-se de unidade composta por arenito arcóseo com níveis conglomeráticos e intercalações de siltito e argilito (CPRM, 2004). Formação Araras (membro superior e inferior) O membro superior compreende o topo da porção estratigráfica inferior do Grupo Alto Paraguai e é formado por dolomito, arenito, siltito, argilito e níveis de sílex e concreções silicosas (CPRM, 2004). Já o membro inferior é constituído por marga conglomerática e calcário com intercalações de siltito e argilito. Subunidade 7 (Grupo Cuiabá) Trata-se de unidade pertencente à porção superior do Grupo Cuiabá. De idade Neoproterozóica, é constituída por metaconglomerado petromítico, de matriz areno-argilosa, com clastos de quartzo, quartzito, calcários, rochas máficas e graníticas e raras intercalações de filito (CPRM, 2004).

Ainda no setor sul da bacia hidrográfica do rio Teles Pires, ao sul da faixa Paraguai-Araguaia, ocorre com pequena extensão geográfica, as coberturas Fanerozóicas integrantes do Grupo Bauru da Bacia sedimentar do Paraná (Figura 7.1.2.b), composta por arenitos finos a muito finos com intercalações de siltito, argilito e arenitos conglomeráticos e conglomerados. Por outro lado, ao norte da faixa Paraguai-Araguaia e ao sul do cráton Amazônico, conforme ilustrado na Figura 7.1.2.a, verifica-se uma extensa área de Cobertura sedimentar Fanerozóica, representada por litologias que integram a Bacia dos Parecis, caso das formações Salto das Nuvens e Utiariti, cujos principais atributos constituintes são resumidos a seguir:

Formação Utiariti Associadas à deposição em ambiente continental fluvial, as rochas da Formação Utiariti são compostas basicamente por sedimentos arenosos de granulometria fina a média, predominantemente quartzosos. A espessura é estimada em torno de 210 m (SEPLAN, 2001). Ocorrem em áreas restritas, sobretudo nos compartimentos mais elevados da bacia dos Parecis, sobrepondo-se aos depósitos da Formação Salto das Nuvens, com a qual apresenta contato gradacional e concordante.

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Formação Salto das Nuvens Conforme CPRM (2004) apresenta-se como conglomerado polimítico, conglomerado com seixos de rochas vulcânicas, arenito lítico grosso com estratificação cruzada, arenito fino vermelho, arenito bimodal com estratificação cruzada de grande porte e pelito. Espacialmente, as áreas com afloramento desta formação ocorrem descontinuamente no setor sul da bacia do Teles Pires, sobretudo nos setores mais topograficamente mais baixos e dissecados do relevo da bacia dos Parecis. Em parte significativa desta bacia sedimentar encontra-se sotoposta a coberturas cenozóicas. Destaca-se, conforme Figura 7.1.2.b, a ocorrência ao longo do alto curso do rio Teles Pires e de afluentes como o rio Verde.

Sobre os pacotes sedimentares da bacia sedimentar do Parecis ocorrem importantes coberturas detrito-lateríticas, caracterizadas por concreções ferruginosas, níveis de cascalhos e horizontes mosqueados (CPRM, 2004). De acordo com SEPLAN (2001), tais coberturas apresentam zonas diferenciadas quanto à sua composição. A origem dessas formações superficiais é associada a processos colúvio-aluviais (principalmente fluxos do tipo enxurrada), em ambiente com alternância de climas úmido e semi-árido durante do Terciário Superior. Conforme ilustrado na Figura 7.1.2.b, as coberturas detrito-lateríticas ocorrem nos topos dos interflúvios dos principais rios do setor sul da bacia, ou seja, entre os rios Verde e Teles Pires. Ao norte da cobertura sedimentar Fanerozóica correspondente à bacia dos Parecis, ocorre uma extensa área na qual o arcabouço geológico é definido por um conjunto diverso de formações Pré-Cambrianas pertencentes ao cráton Amazônico (Figuras 7.1.2.a e 7.1.2.b). Geograficamente, esse grande domínio pode ser divido nos conjuntos denominados Província Tapajós, Província Roosevelt-Jurena, um conjunto associados a processos de Magmatismo Plutono-vulcânico e outro a Coberturas sedimentares intracratônicas mesoproterozóicas. A Província ou Domínio Tapajós é constituída por rochas associadas ao magmatismo orogênico e pós-orogênico a anorogênico. As litologias que compõem a Província Tapajós refletem a evolução e os processos citados, reconhecendo-se grandes feições lineagênicas, grabens, altos e baixos estruturais, grandes dobramentos suaves e estruturas dômicas menores. Uma síntese das características das litologias associadas ao magmatismo orogênico e pós-orogênico a anorogênico é apresentada a seguir:

Magmatismo Orogênico Nesse conjunto ocorre o Complexo Cuiú-Cuiú, constituído por gnaisses tonalíticos a monzograníticos, com migmatito e anfibolito subordinados e raros metagranitóides, fracamente gnaissificados (2011 Ma U-Pb), conforme Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo (CPRM, 2004).

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Magmatismo Pós-Orogênico a Anorogênico Na entidade tectônica associada ao magmatismo pós-orogênico a anorogênico destacam-se a Suíte Intrusiva Matupá e a Suíte Intrusiva Flor da Serra. A Suíte Intrusiva Matupá engloba basicamente biotita granito, monzonito e monzogranito porfirítico, contendo eventualmente hornblenda e/ou clinopiroxênio. Já a Suíte Intrusiva Flor da Serra engloba gabro, anfibolito, gabrodiorito, monzogabro e monzonito calci-alcalinos, pouco fracionados (CPRM, 2004). Estas últimas constituem os principais jazimentos de ouro existentes no médio Teles Pires, destacando-se áreas na bacia do rio Peixoto de Azevedo, afluente do rio Teles Pires.

O Magmatismo Pluto-vulcânico é constituído por unidades e litologias associadas a processos magmáticos de idade paleoproterozóica. As unidades incluídas nesta entidade tectônica são resumidamente descritas a seguir. Tais unidades ocorrem na AAR também no setor intermediário da bacia do rio Teles Pires, na forma principalmente de suítes intrusivas.

Suíte Intrusiva Juruena Trata-se de uma série magmática expandida, calci-alcalina, tardi-tectônica, formada por biotita granito, porfirítico a equigranular, secundado por biotita monzonito, quartzo diorito, granodiorito e tonalito. Localmente, apresentam estreitas zonas de cisalhamento rúptil a rúptil-dúctil (largura centimétrica a métrica) com direção preferencial EW a NW-SE. Conforme Lacerda Filho (2001), dados U-Pb e Pb-Pb (evaporação) indicam idades de cristalização de 1816 ± 57 Ma e 1823 ± 35 Ma. (CPRM, 2004). Suíte Intrusiva Paranaíta Engloba granitos tipo I oxidados, calci-alcalinos, porfiríticos, destacando-se biotita granitos, monzogranitos, hornblenda-biotita monzonitos, de cor cinza rosada a cinza arroxeada, às vezes portadores de quartzo azulado e enclaves de diorito. Essa unidade hospeda mineralizações auríferas (CPRM, 2004). Sienito Cristalino Constitui um corpo de quartzo-sienito e riebeckita-aegirina sienito, não mapeável na escala do mapa apresentado, intrusivo nas vulcânicas Colíder (CPRM, 2004). Suíte Intrusiva Vitória Engloba rochas quartzo-feldspáticas ricas em hornblenda e, eventualmente, em ortopiroxênio, pouco deformadas, com composição tonalítica, diorítica e enderbítica. São intrusivas nas rochas dos complexos Bacaeri-Mogno e Nova Monte Verde. Conforme CPRM (2004), a idade é de 1785 Ma (U-Pb).

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AHE Colíder – 300 MW 19 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Suíte Intrusiva São Pedro Trata-se de granito deformado alongado na direção NW-SE a EW. Engloba metabiotita-granada, granito porfirítico, metahornblenda-biotita granito e metagranada granito, geralmente com encraves de metaquartzo diorito, metamicroquartzo monzonito e hornblendito. De acordo CPRM (2004), a idade U-Pb é de 1784 Ma. Grupo Colíder Trata-se de grupo onde predominam rochas como microgranitos, micromonzonitos, riolitos, riodacitos e andesitos, calci-alcalinos. Conforme CPRM (2004), trata-se de derrame félsico e de depósitos piroclásticos de fluxo e de queda intercalados com derrame intermediário. A idade U-Pb é de 1786-1781 Ma (CPRM, 2004). Suíte Intrusiva São Romão Granito fino, deformado, caracterizado por metabiotita monzogranito porfirítico, metamicrogranito com magnetita e metagranada-biotita granito. Idade obtida U-Pb de 1770 Ma (CPRM, 2004). Granito Apiacás Inclui granitos peraluminosos, a duas micas, tipo S, baixo potássio, leucogranitos, granada biotita granitos e biotita granitos com textura porfirítica. Granito Nhandu Engloba granitos calcialcalinos de alto potássio, tipo I oxidado, representados por magnetita-biotita granito vermelho, com enclaves de quartzo diorito. É disposta na forma de batólitos e/ou stocks. Nas bordas dos corpos ocorre granito fino porfirítico e granito subvulcânico, granófiro e aegirina granito. Complexo Nova Monte Verde Ortognaisses tonalíticos a graníticos, migmatitos e rochas supracrustais representadas por granada-biotita gnaisses, sillimanita gnaisses, rochas calci-silicáticas e anfibolitos. De acordo com datações constantes em CPRM (2004) estima-se idade de 1774 Ma (U-Pb).

A Província ou Domínio Roosevelt-Juruena, também integrante do cráton Amazônico, é composta por sistema de arcos magmáticos e bacias sedimentares associadas. As unidades litológicas que compõem este conjunto geológico são listadas e sinteticamente caracterizadas a seguir. No contexto da bacia do rio Teles Pires, as litologias que compõem o Domínio Roosevelt-Juruena são observadas também no setor intermediário da bacia hidrográfica (Figura 7.1.2.b).

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Intrusivas Máficas Guadalupe Trata-se de grupo de corpos básicos, formados por gabro, diabásio, microgabro, hornblendito e diorito pórfiro, na forma de diques/stocks, cortando os granitos Matupá, ou como megaencraves nos granitos da Suíte Paranaíta, exibindo estruturas de mistura de magmas. Grupo São Marcelo/Cabeça Trata-se de unidade metavulcanossedimentar indivisa. Engloba clorita-quartzo xisto, quartzo-sericita-granada xisto, grafita-sericita xisto, biotita-muscovita xisto, metachert, metaconglomerado, metatufos e metavulcânicas ácidas. Suíte Nova Canaã Biotita monzogranito, sienogranito, ortoclásio-granito, hornblenda-biotita granito, micromonzogranito, quartzo-monzonito e granófiro subordinado. Possui enclaves dioríticos, quartzo-dioríticos a quartzo-monzodioríticos. Suíte Intrusiva Teles Pires Constitui unidade composta por granitos pós-orogênicos, dispostos em stocks e batólitos subcirculares a elipsoidais. A fácies mais típica é representada por granito porfirítico vermelho. Ocorre intrusiva nas rochas vulcânicas do Grupo Colíder e nas granitóides da Suíte Matupá. De acordo com CPRM (2004), a idade é de 1757 Ma (U-Pb).

Grupo Beneficente Trata-se de cobertura sedimentar Proterozóica (Paleoproterozóica) integrante do Domínio Roosevelt-Juruena. Ocorre ao norte do conjunto tectônico formado pelas demais unidades do Domínio Roosevelt-Juruena, pelo Magmatismo Pluto-vulcânico e pelas litologias incluídas na Província ou Domínio Tapajós. Apresenta regionalmente disposição em uma faixa de direção WNW-ESE junto à divisa dos estados do Pará e do Mato Grosso. É composto por uma seqüência marinha de sedimentos detríticos representados por arenitos, arcóseos, siltitos e argilitos vermelhos, com intercalações locais de conglomerados polimíticos.

As Coberturas sedimentares Proterozóicas complementam o cráton Amazônico na bacia do rio Teles Pires. Trata-se de cobertura sedimentar intracratônica correspondente à formação Dardanelos, que compõem, por sua vez, a parte basal do Grupo Caiabis. A formação Dardanelos apresenta extensão geográfica significativa na AAR, posicionando-se ao norte das coberturas Fanerozóicas da bacia dos Parecis e ao sul dos demais conjuntos geológicos que compõem o cráton Amazônico na bacia do rio Teles Pires (Figura 7.1.2.b). Constitui uma seqüência de arenitos vermelhos, eventualmente arcoseanos, com estratificações cruzadas e planos paralelos, siltitos e argilitos avermelhados, e conglomerados polimíticos basais e intraformacionais. Em conformidade com CPRM (2004), a idade é inferior a 1383 Ma (U-Pb).

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Sobre o pacote sedimentar correspondente à formação Dardanelos, verifica-se ainda a ocorrência de cobertura terciária correspondente à formação Ronuro, pertencente à bacia Alto Xingu. Trata-se de unidade litológica que aflora continuamente na porção leste da bacia dos Parecis, na região do município de Sinop. No setor norte da bacia, entre o setor intermediário e inferior (médio e baixo curso), as estruturas geológicas predominantes são as coberturas Fanerozóicas que compõem a bacia do Alto Tapajós ou Cachimbo, composta por uma seqüência de rochas sedimentares de idade Paleozóica (Devoniano ao Permiano). A área de abrangência desse conjunto engloba, além do vale do rio Teles Pires propriamente, no seu baixo curso, parte significativa da sub-bacia do rio São Benedito, que área situada no território do estado do Pará. As unidades litológicas que compõem bacia do Alto Tapajós na AAR são sinteticamente caracterizadas a seguir:

Formação Capoeiras Trata-se da unidade intermediária do Grupo Jatuarana, sendo formada por quartzo-arenito fino, avermelhado e esbranquiçado, bem selecionado, localmente com intercalações de siltito e argilito, contendo marcas onduladas assimétricas e gretas de contração. Ocorre no extremo norte da AAR, na bacia do rio São Benedito. Paleozóico Indiferenciado Conforme CPRM (2004) inclui rochas areníticas com intercalações de siltito, argilito e níveis de conglomerado. São ainda rochas sobrepostas ao Grupo Beneficente, as quais não permitem uma divisão precisa. Formação Igarapé Ipixuna Engloba quartzo-arenito fino, avermelhado e esbranquiçado, bem selecionado, localmente com intercalações de siltito e argilito, contendo marcas onduladas assimétricas e gretas de contração (CPRM, 2004). Ocorre também com considerável distribuição geográfica no norte da bacia hidrográfica do rio Teles Pires, mais precisamente na sub-bacia do rio São Benedito, sustentando patamares e elevações como morros e morrotes que compõem a Serra do Cachimbo. Formação São Manoel Compõem conjunto formado por rochas que recobrem os quartzo-arenitos da Formação Igarapé Ipixuna. É composta por arenito síltico-argiloso, quartzo-arenito fino com marcas de onda, calcário, brecha sedimentar com clastos de siltito, argilito e calcário (CPRM, 2004). Formação Navalha Engloba rochas carbonáticas, finamente laminadas, com pronunciado grau de diagênese, representado por arenito rosa com cimento calcítico, siltito calcífero cinza claro e calcário.

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Na AAR, ocorrem com pequena extensão geográfica, mais especificamente no baixo curso do rio Teles Pires, no interflúvio deste com o rio Juruena. Unidades I e J São rochas que ocorrem na margem esquerda do rio Juruena e no interflúvio desse com o rio Teles Pires, no núcleo de amplas anticlinais. São litologias ainda sem estudos que permitam sua caracterização e seu posicionamento frente ao contexto geológico regional. Afloram através de camadas conglomerados e arcóseos, recobrindo outras formações da bacia do Alto Tapajós.

Complementam o quadro geológico da bacia do rio Teles Pires, os depósitos holocênicos, constituídos por sedimentos aluvionares arenosos, sílticos-argilosos e conglomeráticos, que ocorrem junto aos canais fluviais. Embora com ocorrência geral na bacia, poucos são os depósitos mapeáveis na escala 1:1.000.000 adotada no mapeamento efetuado pela CPRM. Todavia, merecem referência os depósitos existentes no baixo e no alto curso do rio Teles Pires, além de afluentes como os rios Celeste, Verde e Peixoto de Azevedo (Figura 7.1.2.b). 7.1.3 Aspectos geomorfológicos Tendo por base o conjunto morfoestrutural caracterizado na seção anterior, verifica-se um conjunto diverso de formas de relevo na bacia hidrográfica do rio Teles Pires. Associados às formas de relevo e ao substrato rochoso encontram-se os tipos de solos, os quais apresentam diferentes graus de desenvolvimento em função da relação morfogênese e pedogênese. A caracterização geomorfológica e dos tipos pedológicos da AAR tem como base principal a compartimentação e classificação do relevo produzida no âmbito do Projeto RADAMBRASIL - Folhas Cuiabá (SD.21), Juruena (SC.21) e Tapajós (SB.21). Complementarmente, foram considerados e verificados os trabalhos do Diagnóstico Ambiental da Amazônia Legal (IBGE, 2003) e do Programa de Desenvolvimento Agroambiental do Estado do Mato Grosso – PRODEAGRO (SEPLAN, 2001). As informações constantes no inventário da bacia hidrográfica do rio Teles Pires (ELETRONORTE/FURNAS/ELETROBRAS, 2005) foram também consideradas e utilizadas. Tais trabalhos, sob perspectivas metodológicas distintas, resultaram em diferentes classificações dos tipos de relevo e de solos na área de interesse. A Tabela 7.1.3.a apresenta a correlação das denominações entre as unidades e compartimentos de relevo levantadas nos mapas geomorfológicos do projeto RADAM (MME, 1982), do IBGE (IBGE, 2006) e do Prodeagro (SEPLAN, 2001). Embora se reconheça os diferentes trabalhos e classificações do relevo da bacia do rio Teles Pires, a caracterização dos aspectos geomorfológicos da AAR tem como referência principal o mapeamento do Projeto RADAM.

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Tabela 7.1.3.a Associação entre unidades geomorfológicas na bacia do rio Teles Pires segundo os mapeamentos de referência

RADAMBRASIL IBGE PRODEAGRO

Planalto dos Guimarães Planalto da Bacia Sedimentar do Paraná Chapada e Planalto dos Guimarães

Depressão do rio Paraguai Depressão do Alto Paraguai – Guaporé Depressão Cuiabana

Província Serrana Planaltos Residuais do Alto Paraguai – Guaporé Província Serrana

Depressão Interplanáltica de Paranatinga Depressão do Alto Paraguai – Guaporé Depressão Interplanáltica de Paranatinga

Chapada e Planalto dos Parecis Planalto dos Parecis Chapada e Planalto dos Parecis

Depressão Interplanáltica da Amazônia Meridional Depressão da Amazônia Meridional Depressão do Norte de Mato Grosso

Planaltos Residuais do Norte do Mato Grosso

Planaltos Residuais da Amazônia Meridional

Chapada do Cachimbo Serra dos Caiabis

Planalto Dissecado Sul da Amazônia-Planalto Dissecado Sul

do Pará

Planaltos Residuais da Amazônia Meridional

Planaltos Residuais do Norte do Mato Grosso

Planalto dos Apiacás - Sucunduri Planaltos Residuais da Amazônia Meridional Planalto dos Apiacás

A Figura 7.1.3.a ilustra a compartimentação geomorfológica na bacia conforme o mapeamento do Projeto RADAMBRASIL. Complementarmente, objetivando subsidiar a análise e o entendimento da compartimentação geomorfológica da bacia do rio Teles Pires, a Figura 7.1.3.b apresenta o mapeamento hipsométrico da bacia, elaborado a partir das imagens do SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) da Agência Espacial Norte Americana (NASA). A Figura 7.1.3.b registra que as altitudes mais significativas, superiores a 500 metros, ocorrem em serras situadas nas cabeceiras do rio Teles Pires e de seus formadores na região central do estado do Mato Grosso (sul da bacia), mas também na região do médio e baixo curso, junto ao limite nordeste com a bacia hidrográfica do rio Xingu. No extremo sul, os terrenos mais elevados ocorrem associados aos dobramentos do cinturão orogênico Paraguai-Araguaia, no contexto da Unidade geomorfológica Província Serrana, localmente conhecida por Serra Azul, entre outras denominações. Já no limite nordeste da bacia, as altitudes mais elevadas ocorrem no contexto da Serra do Cachimbo. Nos demais setores da bacia as altitudes predominantes variam de 200 a 400 metros. Há, no entanto, importantes variações entre os setores alto, médio e baixo da bacia. No alto curso, os interflúvios dos rios Teles Pires e Verde, por exemplo, apresentam altitudes que variam de 400 a 500 metros, compondo o Planalto dos Parecis até as proximidades da cidade de Sorriso. Relevos nesse intervalo de cotas são observados também mais ao sul, no contexto das Depressões Cuiabana e Interplanáltica de Paranatinga. No limite norte da bacia, associada ao conjunto de elevações que formam a Serra do Cachimbo, ocorrem também terrenos com cotas posicionadas entre 400 e 500 metros de altitude.

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Os terrenos com altimetrias entre 200 e 400 metros ocorrem em todo o setor norte do Planalto dos Parecis, especialmente entre Sorriso e a região do município de Itaúba, bem como em amplas áreas do setor intermediário da bacia, já contexto da unidade Depressão Interplanáltica da Amazônia Meridional. Elevações com cotas superiores a 400 metros ocorrem também, embora em setores restritos das áreas com cotas entre 300 e 400 metros, formando serras como a dos Caiabis, Formosa e Apiacás, que compõem os Planaltos Residuais do Norte do Mato Grosso. Altitudes inferiores a 200 metros são observadas no baixo curso do rio Teles Pires e dos afluentes São Benedito e Cururu-Açu. Na confluência do rio Teles Pires com o rio Juruena, as cotas altimétricas são próximas dos 100 metros de altitude. A seguir desenvolve-se a caracterização geomorfológica da bacia, tendo como referência as compartimentação do Projeto RADAMBRASIL (Figura 7.1.3.a). Assim como na caracterização dos aspectos geológicos, as unidades geomorfológicas são descritas a partir do sul da bacia, ou seja, do alto para o médio e baixo curso do rio Teles Pires.

I - Planalto dos Guimarães Trata-se de unidade geomorfológica posicionada no extremo sul da bacia hidrográfica do rio Teles Pires, correspondendo a um trecho divisor de águas entre as bacias Platina e Amazônica. Situada no contexto morfoestrutural da bacia sedimentar do Paraná, engloba subunidades como a Chapada dos Guimarães. Apresenta relevo dissecado em colinas e formas angulosas sustentadas por arenitos finos, siltitos e argilitos do Grupo Bauru. II - Depressão do rio Paraguai A Depressão do Alto Paraguai (IBGE, 1999) é uma unidade de relevo que ocorre no sul da bacia hidrográfica, em altitudes de 400 a 480 m. Essa unidade é constituída por rochas metassedimentares neoproterozóicas do embasamento cristalino (Formação Diamantino), que sustenta relevos de colinas amplas e médias, descritos como formas tabulares e formas colinosas, sobre as quais se desenvolvem Cambissolos Háplicos, Argissolos Vermelho-Amarelos, Neossolos Litólicos e Plintossolos Háplicos. Na bacia do rio Teles Pires, merece referência a subunidade Depressão Cuiabana, que compreende setor com relevo rebaixado no sul da bacia, posicionada entre ao Planalto dos Guimarães ao sul e a Província Serrana, ao norte. III - Província Serrana A Província Serrana (RADAMBRASIL, 1982 e IBGE, 2006) ocorre no extremo sul da Bacia Hidrográfica do rio Teles Pires, abrigando as suas nascentes e de seus formadores, os rios Paranatinga e Piabas.

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Essa unidade de relevo, em altitudes de 650 a 740 m, é caracterizada pela presença de relevos residuais na forma de morros, cristas alongadas (formas de dissecação aguçada), escarpas e morros residuais tabulares sustentados por rochas metassedimentares neoproterozóicas do embasamento cristalino (Formação Raizama), associadas à Faixa de dobramentos Paraguai-Araguaia. Localmente, a morfoestrutura ocorre através de uma sucessão de anticlinais e sinclinais alongadas. Os relevos residuais formados recebem localmente a denominação de serras, entre as quais a Serra Azul e a Serra Dourada. Associados a esses relevos têm-se Neossolos Litólicos, Afloramentos de Rocha, Argissolos Vermelho – Amarelo cascalhentos, Plintossolos Pétricos e Latossolos Vermelho-Amarelos, sendo que os dois últimos ocorrem no topo dos morros tabulares. IV - Depressão Interplanáltica de Paranatinga Trata-se de unidade de relevo situada entre duas unidades planálticas, caso da Província Serrana ao sul e do Planalto dos Parecis, ao norte. Tem como característica um relevo rebaixado, com cotas situadas entre 400 e 500 metros. Predominam formas tabulares pouco dissecadas com pequenas variações topográficas e fraco entalhamento das drenagens. V - Planalto dos Parecis O Planalto dos Parecis, segundo a proposta do RADAMBRASIL (1982) adotada neste estudo, apresenta relevo de grande homogeneidade, evoluído a partir de uma antiga superfície de aplanamento preservada principalmente nos divisores de águas, que corresponde ao relevo Superfície de pediplanada – Ep (Rampas detrito-lateríticas), a qual constitui a chapada, e que vem sendo entalhada pela drenagem atual, dando origem aos relevos dissecados em tabuleiros e colinas, descritos como Colinas e Rampas Onduladas. As partes mais elevadas do Planalto dos Parecis, nesta bacia, têm altitudes de 650 a 550 m, decaindo para norte, no contato com a Depressão da Amazônia Meridional, onde as altitudes atingem de 280 a 350 m. Essa unidade é sustentada por arenitos cretáceos do Grupo Parecis, por coberturas detrito-lateríticas cenozóicas, e pela Formação Ronuro, preservados nos principais interflúvios deste trecho da bacia do rio Teles Pires. Na área de contato com a Depressão da Amazônia Meridional, ocorrem subarcóseos, quartzo-arenitos, arcóseo, conglomerado e grauvaca, arenitos feldspáticos médios a grossos com níveis conglomeráticos (Formação Dardanelos), e derrames félssicos, depósitos piroclásticos, rochas vulcanoclásticas e microgranitos porfitíticos subvulcânicos (Grupo Colíder). Nos vales destes relevos ocorrem associações de Neossolos quartzarênicos, Gleissolos Háplicos e Argissolos Vermelho-Amarelos, predominando, nos topos, Latossolos Vermelho–Amarelos e Latossolos Vermelhos.

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VI - Depressão Interplanáltica da Amazônia Meridional A Depressão da Amazônia Meridional é uma unidade de relevo de grande extensão, que constitui uma superfície de aplanamento com altitudes de 280 a 400 m, ao sul, e caimento para norte, no sentido do baixo curso do rio Teles Pires, onde alcança altitudes de 200 a 220 metros. Associados a essa unidade ocorrem relevos residuais que formam o Planalto Residual do Norte do Mato Grosso. Nessa unidade foram diferenciados, pelo RADAMBRASIL (1980 e 1982), relevos com diferentes índices de dissecação, que correspondem a relevos dissecado em colinas de topo aplanado, e, ainda, remanescentes de superfície pediplanada, caracterizados como Colinas e ressaltos residuais. Esses relevos são sustentados por rochas granitóides, gnaisses, metavulcânicas e coberturas sedimentares proterozóicas do embasamento cristalino, onde predominam associações de Argissolos Vermelho-Amarelos e Latossolos Vermelho-Amarelos, e por sedimentos areno-silto argilosos paleozóicos, onde ocorrem Latossolos Vermelho-Amarelos e Neossolos Quartzarênicos. VII - Planaltos Residuais do Norte de Mato Grosso Correspondente ao Planalto Residual do Sul da Amazônia ou da Amazônia Meridional (IBGE) é uma unidade de relevo constituída por relevos residuais de diferentes dimensões (morrotes, morros, cristas e serras tabulares), com altitudes variáveis de 400 a 640 m, e por amplitudes de 80 a 160 m em relação aos terrenos adjacentes. Por se tratar de relevos residuais, nesse compartimento predominam nascentes de rios e canais de baixa hierarquia, que se caracterizam por canais erosivos em rocha, por um escoamento torrencial, e pela presença de rápidos e cachoeiras. Na bacia do rio Teles Pires, esta unidade engloba dois conjuntos de relevos residuais correspondentes a Serra dos Caiabis, situada no “interior” da Depressão Interplanáltica da Amazônia Meridional, e pelo conjunto formado pelas serras e chapadas do Cachimbo, no norte da bacia. As chapadas e serras do Cachimbo configuram um divisor de águas entre as bacias dos rios Tapajós, Xingu e Teles Pires. Constitui extensa superfície de aplainamento sobre a qual ocorrem também formas residuais, ora com topos aplainados, ora com cristas e colinas dissecadas. A Serra do Cachimbo propriamente dita é constituída por um bloco mais ressaltado e mais recortado. Já o conjunto formador da Serra dos Caiabis configura um alinhamento de relevos predominantemente tabulares dispostos espacialmente em forma de uma elipse, no interflúvio Juruena -Teles Pires. A maioria dos rios com nascentes situadas nesse conjunto geomorfológico integram sub-bacias contribuintes do rio Teles Pires. Todavia, o rio Apiacás, que nasce no setor sul, intercepta as serras formando cânion até desaguar no rio Teles Pires.

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VIII - Planalto Dissecado Sul da Amazônia Situado no médio Teles Pires, ao sul da Serra dos Apiacás, constitui um conjunto de relevos muito dissecados, com altimetrias que variam de 350 a 450 metros esculpidos sobre diferentes tipos de litologias e distribuídos de modo descontínuo na paisagem. As formas predominantes são bem dissecadas, variando de topos convexos a tabulares e aguçados. Embora constitua uma unidade geomorfológica, não apresenta continuidade espacial. IX - Planalto dos Apiacás -Sucunduri Situado ao norte da Serra dos Apiacás, entre o médio e baixo Teles Pires, compreende uma faixa relativamente descontínua de relevos dispostos de sudeste para noroeste que abrange parte da serra dos Apiacás e a do Sucunduri. A unidade se encontra seccionada, transversalmente, por trechos do médio curso do rio Teles Pires. Parte do conjunto correspondente ao Planalto dos Apiacás – Sucunduri configura um divisor de águas entre as bacias dos rios Teles Pires e Juruena. Predominam formas dissecadas e com topos tabulares conservados, com altimetrias de até 450 metros. Nesta unidade, o rio Teles Pires corta os relevos conservados, o que resulta na ocorrência de trechos de quedas concentradas em corredeiras, localmente denominados cachoeiras.

7.1.4 Aspectos pedológicos Os tipos pedológicos que ocorrem na bacia hidrográfica do rio Teles Pires têm relações muito claras com o substrato rochoso e com os relevos, mostrando diferentes graus de desenvolvimento em função da relação entre pedogênese e a morfogênese. Em conformidade com a caracterização dos aspectos pedológicos efetuada no âmbito dos Estudos de Inventário Hidrelétrico da Bacia do Rio Teles Pires (ENGEVIX-ELETRONORTE/FURNAS/ELETROBRAS, 2005), os principais tipos pedológicos identificados na bacia, segundo o mapeamento do Projeto RADAMBRASIL, são indicados na Tabela 7.1.4.a, que considera a nomenclatura atualmente utilizada, definida pelo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS).

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Tabela 7.1.4.a Tipos pedológicos que ocorrem na bacia hidrográfica do rio Teles Pires segundo o mapa de Solos do Projeto RADAM

Zona ou setor da bacia Tipos pedológicos

Mapa de Solos do Projeto RADAM (nomenclatura antiga)

Tipo pedológico (com nomenclatura atual)

Latossolo Vermelho-Amarelo Latossolo vermelho-amarelo Latossolo Vermelho-Escuro Latossolo vermelho Cambissolo Cambissolo Podzólico Vermelho-Amarelo Argissolo vermelho-amarelo Areia Quartzosa Neossolo quartzarênico Plintossolo Plintossolo

Alto curso

Gleissolo Gleissolo Areia Quartzosa Neossolo quartzarênico Areia Quartzosa Hidromórfica Neossolo quartzarênico Terra Roxa Estruturada Nitossolo Podzólico Vermelho-Amarelo Argissolo vermelho-amarelo Solo Petroplíntico Plintossolo pétrico Gleissolo Gleissolo

Médio curso

Solo Aluvial Neossolo flúvico Latossolo Vermelho-Amarelo Latossolo vermelho-amarelo Areia Quartzosa Neossolo quartzarênico Solo Litólico Neossolo litólico Gleissolo Gleissolo Solo Aluvial Neossolo flúvico

Baixo curso

Podzólico Vermelho-Amarelo Argissolo vermelho-amarelo O mapeamento de solos produzido pelo Diagnóstico Ambiental da Amazônia Legal, cuja base de dados é disponibilizada pelo IBGE, também serve à caracterização da distribuição dos tipos pedológicos na bacia do rio Teles Pires, conforme ilustrado na Figura 7.1.4.a, que confirma a distribuição geral consolidada na Tabela 7.1.4.a. Verifica-se que no alto e médio curso há dominância de latossolos e argissolos. Em tais setores, sobretudo ao longo do Planalto dos Parecis, ocorre também um relevo plano a suave. A associação entre solos e relevo proporciona boas condições para a agricultura mecanizada praticada nesse setor da bacia, destacando-se as áreas plantadas nos municípios de Sorriso, Sinop e Lucas do rio Verde.

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De acordo com a Figura 7.1.4.a, do médio para o baixo curso verifica-se maior diversidade de tipos pedológicos, refletindo principalmente a maior complexidade do arcabouço geológico e, por conseguiente, dos materiais de origem. Nesses setores da bacia, associadas às áreas de relevos mais dissecados, há ocorrências de solos litólicos, o que, associado à topografia acidentada em muitos setores, restringe o aproveitamento agrícola intensivo. Destaca-se ainda, no setor norte da bacia, a ocorrência de extensa área com neossolos quartzarênicos (areias quartzosas), que abrange parte das bacias hidrográficas dos rios Cristalino, São Benedito e Cururu-Açu, onde o aproveitamento agrícola também é limitado pela pobreza em nutrientes desses solos. Quanto ao potencial de erosão, com base na abrangência geográfica dos Latossolos e dos Argissolos e sua relação com áreas de relevo com forma tabulares e suaves, pode-se afirmar que predomina na bacia do rio Teles Pires uma condição de erodibilidade moderada a fraca. Todavia, dadas as condições freqüentes de manejo inadequado, o quadro de moderada a fraca erodibilidade se altera profundamente, mesmo em condições de relevo suave a plano. 7.2 Meio Biótico 7.2.1 Domínios na Área de Abrangência Regional (AAR) Os chamados Domínios Morfoclimáticos constituem o quadro de referência da divisão ecológica da paisagem mais adequado às interpretações da distribuição biogeográfica, sendo atualmente mais utilizados do que outras compartimentações anteriormente propostas. No Estado do Mato Grosso e na bacia do rio Teles Pires podem ser diferenciados dois domínios principais: o Domínio dos Cerrados (savânico) e o Domínio Equatorial Amazônico. Na interface dos domínios, áreas de transição ou de tensão ecológica ocupam uma grande parte do Estado de Mato Grosso, concentrando-se, sobretudo, na faixa compreendida entre os paralelos 10° e 15° S, região abrangida pela bacia do rio Teles Pires ou a Área de Abrangência Regional (AAR) do AHE Colíder. Cada área de transição apresenta aspectos peculiares, em maior ou menor grau, de cada um dos Domínios, sendo que em algumas áreas há o predomínio das formas típicas de um deles. Além disso, tal faixa transicional não é estática e diversos autores (e.g. HAFFER, 1969; BROWN et al., 1977 e PRANCE, 1978, 1982), baseados em evidências biogeográficas, sugerem a alternância de fases secas e úmidas na região neotropical durante o período Pleistoceno, o que levou a avanços e reduções da cobertura florestal, com restrição das florestas em pequenas áreas ou refúgios, e à expansão do domínio savânico sobre o Amazônico e vice-versa, ocasionando, na vegetação atual, tanto a ocorrência de encraves de vegetação savânica no Domínio equatorial Amazônico, quanto ilhas de floresta em regiões mais úmidas do domínio savânico (PRANCE, 1973).

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Assim, a AAR engloba uma região de tensão ecológica entre os Domínios Amazônico e dos Cerrados, e apresenta alta diversidade – em termos de riqueza de espécies, variabilidade genética e ecossistêmica -, elevado potencial para presença de endemismos e, por tais motivos, grande importância no contexto da conservação de biodiversidade brasileira. Boa parte dessa biodiversidade presente na AAR foi estudada de modo superficial e ainda existem grandes lacunas de conhecimento, pois se sabe de antemão que uma melhor caracterização florístico-fisionômica e zoológica da área só poderá ser realizada na escala do trabalho de campo e, mesmo assim, com as limitações inerentes aos levantamentos pontuais. A Figura 7.2.1.a, a seguir, revela que apesar da predominância de vegetação de floresta pluvial, a área bacia encontra-se próxima do polígono nuclear dos Cerrados, podendo-se esperar algumas características transicionais. Figura 7.2.1.a Região de interesse do rio Teles Pires, com predominância de Vegetação Florestal Pluvial Perenifólia (verde azulado) ao longo do curso d’água, e extensões de Cerrado (verde pontilhado) ao sul e ao norte. Algumas ilhas de cerrado são visíveis ao longo da bacia

Fonte: Modificado de Hueck & Seibert (1981). Domínio Equatorial Amazônico O Domínio Equatorial Amazônico compreende os baixos platôs e as planícies florestadas da bacia amazônica (e bacia do Orinoco), que ocupam 2/5 da América do Sul e 5% da superfície terrestre. O clima é quente (exotérmico) e úmido (mas não super úmido), com temperaturas médias pouco variáveis, em torno de 26 oC, e precipitação anual entre 2.000 e 3.000 mm. Maior reserva de diversidade biológica do mundo, a Amazônia é também o maior bioma brasileiro em extensão e ocupa quase metade do território nacional (49,29% ou 4.196.943 km2), estendendo-se pela totalidade de cinco unidades da federação (Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima), grande parte de Rondônia (98,8%), mais da metade de Mato Grosso (54%), além de parte do Maranhão (34%) e Tocantins (9%)2. Sua importância mundial

2 http://mma.gov.br, acessado em 11/02/2008

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pode ser observada tanto através de sua rica biodiversidade (cerca de 50.000 espécies conhecidas de plantas, 3.000 de peixes e 2.000 de aves), quanto de seu possível impacto sobre o clima global. A região amazônica é coberta predominantemente por formações florestais, sendo a Floresta Ombrófila Densa a forma dominante. As Florestas Ombrófilas Densas ocorrem em áreas mais úmidas de clima tropical, com precipitação bem distribuída ao longo do ano sem período seco. São formadas por árvores perenifólias, geralmente com brotos de crescimento desprovidos de proteção contra a seca. Possuem normalmente três estratos: o primeiro contendo árvores altas, de até 30 m; o segundo, pouco definido, formado pela regeneração das matrizes próximas, arbustos e ervas; e o terceiro constituído por uma camada de ervas baixas e subarbustos. Pode haver, ainda, um estrato emergente, formados por árvores esparsas que ultrapassam o dossel e atingem até 50 m de altura. Nas planícies de inundação dos grandes cursos d’água ocorrem as chamadas Florestas Ombrófilas Densas Aluviais, também conhecidas como matas de várzea. Além das Florestas Ombrófilas Densas há as Florestas Ombrófilas Abertas, que se diferenciam por apresentar o dossel interrompido por espaços que ressaltam fisionomias típicas. São por vezes consideradas um faceamento das Florestas Ombrófilas Densas. Ocorrem em gradientes climáticos com mais de 60 dias secos por ano, apresentando fisionomias específicas no Estado de Mato Grosso, com palmeiras ou com cipós. Em algumas regiões específicas verifica-se a presença de Florestas Ombrófilas Abertas Aluviais ocupando planícies aluviais. A última grande classe de florestas amazônicas é a das Florestas Estacionais Semideciduais, relacionadas à ocorrência de clima de duas estações, uma seca e outra chuvosa, que determinam a estacionalidade foliar dos elementos arbóreos dominantes. Em geral ocorrem em contatos com a Savana (ou Cerrado). Apresentam em torno de 20 a 50% de árvores caducifólias, sendo compostas por plantas com gemas foliares protegidas da seca por escamas ou pêlos, cujas folhas adultas são coriáceas ou membranáceas e decíduas. Entre vários botânicos e naturalistas que propuseram classificações fitogeográficas, Rizzini (1997) definiu este bioma como uma Província Amazônica, subdividida nas Sub-províncias do Alto Rio Branco, do Jari-Trombetas, do Rio Negro e da Planície Terciária. Os principais tipos vegetacionais da Floresta Amazônica serão descritos de acordo com Veloso e Góes-Filho (1982). O Sistema de Classificação da Vegetação de Veloso e Góes-Filho (1982) foi também utilizado pelo IBGE na terceira edição do Mapa de Vegetação do Brasil (escala 1:5.000.000), no qual foram introduzidas modificações baseadas em interpretação de imagens obtidas pelo satélite Landsat 5-TM, pesquisa bibliográfica e de campo, dando origem a uma provável reconstituição dos tipos fisionômicos que revestiam o território brasileiro na época de seu descobrimento (IBGE, 2004). Ressalta-se que tais descrições devem ser interpretadas como genéricas, sujeitas a inúmeras variações regionais e locais.

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Estudos de paleoecologia apontam que a cobertura florestal Amazônica apresentou variações em função das flutuações climáticas do período Quaternário, associadas às glaciações nas regiões temperadas, corroborando a teoria dos “Refúgios do Pleistoceno”. Em termos de degradação ambiental, 640.000 km2, ou 17%, da cobertura florestal amazônica tinham sido desmatados até 2002, e o ritmo de desmatamento, apesar de ter diminuído, tem mostrado alguns picos, como em 2004 e 2007. Contudo, ao menos um terço da área desmatada está regenerando na forma de capoeiras. Domínio dos Cerrados O Cerrado constitui o segundo maior Domínio brasileiro: ocupa cerca de 2.036.448 km2 (23,92% do território nacional) e estende-se por mais de 20º de latitude na porção central do continente sul-americano, no sentido nordeste-sudeste do Brasil, entre o litoral nordeste do estado do Piauí e o norte do estado do Paraná. Desse modo, ocorre em 14 Estados da Federação, incluindo áreas contínuas e disjuntas, ressaltando-se todo o Distrito Federal, quase toda a área dos estados de Goiás (97%) e Tocantins (91%) e mais da metade dos estados do Maranhão (65%), Mato Grosso do Sul (61%) e Minas Gerais (57%). Está associado ao clima tropical, com duas estações bem definidas: a estação chuvosa, durante os meses de verão, e a estação seca, durante os meses de inverno. A precipitação pluviométrica varia entre 1.300 mm e 2.900 mm anuais, com 4 a 6 meses secos (maio a setembro) e as temperaturas médias entre 21 ºC e 26 ºC (BRASIL, 1981, 1983; SEPLAN, 2004). Ocupa áreas em altitudes variadas, desde o nível do mar até 1.800 m, e grande variedade de solos, em geral lixiviados e aluminizados. O Cerrado é um complexo vegetacional onde ocorrem formações florestais, savânicas e campestres. Apresenta sinúsias de hemicriptófitos, geófitos e fanerófitos oligotróficos de pequeno porte, com ocorrência por toda Zona Neotropical (VELOSO, 1992). Sua principal característica estrutural é a coexistência de dois tipos de forma de vida contrastantes, na qual uma componente vegetal herbácea rasteira, formada principalmente por gramíneas, co-ocorre com árvores e arbustos (KLINK et al., 2.005). Esta característica estrutural dá ao Cerrado típico a fisionomia de um bosque aberto, com estrato arbustivo-arbóreo de árvores contorcidas e grossas de pequena estatura (alturas entre 8 m e 12 m), entremeadas por um estrato herbáceo. A proporção relativa destes dois componentes varia em relação ao tipo de solo e a características edáficas, topográficas e climáticas, propiciando variações fisionômicas na vegetação, refletidas em florestas, savanas e campos (RIBEIRO & WALTER, 1998). Mesmo em áreas com o mesmo tipo de solo, a vegetação do Cerrado pode variar drasticamente em resposta a dois determinantes importantes: disponibilidade de água e freqüência de fogo. As queimadas, que ocorrem por razões naturais ou antrópicas, tendem a alterar a fisionomia da vegetação, gerando altas taxas de mortalidade de plantas de pequeno porte no estrato lenhoso (MOREIRA, 2000; SATO & MIRANDA, 1996) e selecionando espécies resistentes à passagem do fogo. Desse modo, o fogo atua na modificação da composição florística e, quando acontece em baixa freqüência, auxilia na manutenção da alta biodiversidade (ALHO & MARTINS, 1995; KLINK, 1996), além de amplificar variações fisionômicas na vegetação

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(RIBEIRO & WALTER, 1998). Porém, quando se torna mais freqüente, o fogo tende a provocar o raleamento do estrato lenhoso, por sua vez acompanhado por adensamento do estrato herbáceo, no qual as gramíneas formam o componente dominante. O aumento na quantidade de biomassa seca favorece a reincidência de queimadas cada vez mais intensas e a maior perda de nutrientes (KLINK et al., 2005), levando ao empobrecimento da vegetação. O IBGE adotou a classificação de Veloso e Góes-Filho (1982), na qual o Cerrado corresponde à Região Fitoecológica da Savana. Porém, sua área de distribuição abriga, além das formações típicas da Savana, formações de outras Regiões Fitoecológicas, como a Floresta Estacional Semidecidual, a Floresta Estacional e áreas de Ecótonos e Encraves. Devido à extensão e à grande variedade de ambientes, o Bioma Cerrado abriga rico patrimônio de recursos naturais renováveis e biota diversificada, adaptada às condições climáticas, edáficas e ambientais que determinam sua existência (SANO & ALMEIDA, 1998; KLINK et al., 2005). Por sua localização central no território, faz interface com os outros biomas brasileiros, o que amplia a riqueza biológica pelo compartilhamento de espécies e intercâmbio gênico através da extensa malha hidrográfica que liga as três maiores bacias brasileiras: Amazônica, Paraná e São Francisco (DIAS, 1992; RATTER; DARGIE, 1992). Em termos de diversidade biológica, estima-se que o Cerrado abranja cerca de 30% da diversidade do país. É considerado, segundo a Hotspots Earth´s Biologically Richest and Most Endangered Terrestrial Ecoregions (MITTERMIER et al., 1999), como um dos 25 hotspots3 globais, definidos como os locais de maior biodiversidade (que abrangem cerca de 50% da biodiversidade terrestre), e ao mesmo tempo um dos mais ameaçados do planeta (MITTERMIER et al., 1998 e MYERS et al., 2000). Segundo Shepherd (2000), o Cerrado possui cerca de sete mil espécies de angiospermas, e segundo Mendonça et al. (1998), 10% de suas plantas ainda não estão classificadas, sendo que diferentes regiões possuem registros de flora ainda deficientes. Tal lacuna de conhecimento também vale para sua fauna autóctone que, para certos grupos como os répteis, possui taxas de endemismo bastante significativas. Muitos elementos de sua fauna e flora estão em listas de espécies ameaçadas de extinção, e esta listagem tende a aumentar com o incremento de inventários faunísticos e florísticos. Deve-se ressaltar também a grande importância deste bioma para a manutenção de recursos hídricos de importância estratégica para o país, visto que no Cerrado estão as nascentes e cursos d’água das principais bacias hidrográficas da América do Sul, como a dos Rios Paraná e Paraguai (formando a bacia do Rio Prata), Parnaíba, Amazonas, Tocantins e São Francisco. No Mato Grosso, o Cerrado ocupa expressivos 237.403 km2 (40 % da área total do estado), distribuindo-se predominantemente a sudeste, no centro e na parte oriental do Estado, entre o Bioma Amazônia (ao norte) e o Complexo Pantanal, ao sul.

3 Os 25 hotspots abrangem cerca de 2% de toda a superfície do planeta e apresentam pelo menos 75% das espécies de animais terrestres criticamente em perigo e vulneráveis,

segundo critérios definidos pela IUCN para espécies ameaçadas globalmente.

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As principais atividades econômicas da região centro-oeste são as de base agro-pastoris, particularmente a produção de soja e algodão e a carne bovina, e historicamente tem causado o estabelecimento de assentamentos de imigrantes e a ocupação sistemática de espaços outrora recobertos por cerrados. Destaca-se, ainda, que a modernização da atividade agropecuária contribuiu para a abertura de eixos rodoviários, levando à ocupação de novos espaços dentro do bioma. Infelizmente essa expansão agropecuária e o extrativismo do Cerrado são feitos num modelo econômico predatório (KLINK et al., 1993), com sérias conseqüências para a conservação da biodiversidade regional. Apesar do grande potencial econômico de muitas espécies do cerrado, o extrativismo vegetal está voltado principalmente para a produção tradicional de carvão vegetal, e apenas recentemente têm sido tomadas iniciativas para exploração de essências nativas com potencial medicinal e frutífero, entre outras vocações comerciais. As áreas de cerrado mais antropizadas do Mato Grosso correspondem aos municípios que atuam como pólos regionais de produção de grãos, como Sinop e Sorriso, na parte central do estado, e Rondonópolis, na porção sudeste (MMA, 2007), sendo que este último também se destaca pela produção pecuária nos municípios ao seu redor. Nestes pólos regionais a produtividade agrícola é alta, notadamente de soja, milho e algodão. Estas culturas são amplamente difundidas sobre as chapadas, onde os terrenos são planos e mais férteis. As formações naturais concentram-se nas partes mais acidentadas do relevo, com solos mais pobres ou impróprios para o cultivo mecanizado. Embora o Cerrado venha sofrendo nas últimas décadas um processo de degradação acentuada, sua diversidade biológica ainda é muito alta e continua sendo um importante bioma para o país, devendo, por isso, ser objeto de ações que determinem sua manutenção e conservação. Dados publicados recentemente pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2007) indicam que, no Estado de Mato Grosso, 66% da área de cerrado ainda apresenta cobertura vegetal natural, predominando a fisionomia savânica (44%). As fisionomias florestais ocupam 21% das áreas de cerrado e estão localizadas principalmente na porção central do estado, numa região de transição com o Bioma Amazônia. A fisionomia campestre está distribuída em pequenas manchas por todo o estado, porém sua representatividade é baixa. 7.2.2 Cobertura vegetal da AAR Em termos fitogeográficos a bacia do rio Teles Pires abrange áreas pertencentes aos Domínios Equatorial Amazônico, do Cerrado e de Faixas de Transição (AB’SÁBER, 2003). Apresenta-se a seguir a descrição das fitofisionomias que ocorrem na bacia do rio Teles Pires. A descrição segue o sistema de classificação da vegetação proposto por Veloso e Góes-Filho (1982). A Figura 7.2.2.a, produzida a partir de adaptação da base de dados do Diagnóstico Ambiental da Amazônia Legal (IBGE, 2006), representa a distribuição das fitofisionomias na Área de Abrangência Regional. A classificação da vegetação adotada no Diagnóstico Ambiental da Amazônia Legal tem como referência o sistema de Veloso e Góes-Filho (1982). Foram consultados também os mapas e relatórios do Projeto RADAMBRASIL.

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Em conformidade com o Mapa de Vegetação produzido no Diagnóstico Ambiental da Amazônia Legal, a cobertura vegetal da Área de Abrangência Regional é divida em dois conjuntos, sendo o primeiro correspondente às Áreas de Vegetação Natural Dominante e o segundo de áreas de Atividade Antrópica Dominante. Como caracterizado anteriormente, verifica-se na bacia do rio Teles Pires a ocorrência de contato entre os biomas Cerrado e Amazônia, as chamadas áreas de tensão ecológica, na qual os tipos de vegetação se interpenetram, formando um mosaico biológico complexo, ora marcado por ecótonos, ora por encraves. A Figura 7.2.2.a, além da distribuição das fitofisionomias propriamente ditas, representa a ampla abrangência espacial das áreas de tensão ecológica, nas quais se verifica dominância de vegetal natural e também de atividades antrópicas. Floresta Ombrófila Densa Essa região fitoecológica ocorre sob clima ombrófilo, sem período biologicamente seco durante o ano, e, excepcionalmente, com até dois meses de umidade escassa. Assim mesmo, quando isso acontece, há uma grande umidade concentrada nos ambientes dissecados das serras. As temperaturas médias oscilam entre 22 e 25º C. Os solos são de baixa fertilidade, ora álicos ora distróficos, que sustentam grandes árvores nos terraços aluviais e nos tabuleiros terciários. A Floresta é constituída por grandes árvores sempre verdes, geralmente com gemas foliares desprotegidas, sem resistência à seca. As seguintes as espécies arbóreas bem conhecidas são características dessa formação amazônica: seringueira (Hevea brasiliensis), castanheira-do-Brasil (Bertholetia excelsa) e angelim-pedra (Dinizia excelsa). Apresenta quatro grupos de formações: Aluvial, das Terras Baixas, Submontana e Montana. De acordo com a classificação do IBGE (2004), na região da bacia hidrográfica do rio Teles Pires ocorre o grupo Submontana ligado a solos medianamente profundos sobre o qual se desenvolvem fanerófitos com alturas aproximadamente uniformes, podendo alcançar 50 m. Essa formação é caracterizada por ecotipos que variam influenciados pelo posicionamento dos ambientes, de acordo com a latitude e com o tempo de evolução da vegetação. Muitos desses ecotipos migraram para o sul do País, como Hieronima (Euphorbiaceae), Dydimopanax (Araliaceae), Pouteria e Chrysophyllum (Sapotaceae) (VELOSO & GÓES-FILHO, 1982). É uma floresta exuberante, com grande biomassa (BRAGA, 1979), apresentando comunidades puras de indivíduos altos, grossos e bem copados, favorecendo uma submata bem sombreada, e que só permite o desenvolvimento de espécies ombrófilas, como aquelas das famílias Maranthaceae (Marantha sp., Calathea sp.), Piperaceae (Piper sp.), Heliconiaceae (Heliconia psittacorum), Strelitziaceae (Phenakospermum guyanense), Violaceae, entre outras. O estrato dominante é composto pelas espécies maçaranduba (Manilkara huberi), castanheira-do-Brasil (Bertholetia excelsa), seringueira (Hevea brasiliensis), andiroba (Carapa guianensis), ipê-amarelo (Tabebuia sp.), entre outras. Podem ocorrer cipós (Doliocarpus sp., Bauhinia sp.) e palmeiras compondo a estrutura da mata (BRAGA, 1979; BRASIL 1980; RIZZINI, 1997).

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Conforme ilustrado na Figura 7.2.2.a, a Floresta Ombrófila Densa ocorre em áreas situadas no norte da bacia, especialmente junto a Serra dos Apiacás. Floresta Ombrófila Aberta (Faciação da Floresta Densa) Formada por árvores mais espaçadas, com estrato arbustivo pouco denso e caracterizada, ora por fanerófitas rosuladas, ora por lianas lenhosas. Ocorre em clima com mais de dois e menos de quatro meses secos, com temperaturas médias entre 24 e 25º C. Essa associação fitoecológica acontece com quatro fácies florísticas que alteram a fisionomia ecológica da Floresta Ombrófila Densa: Floresta de Palmeiras ou Cocal, caracterizada pela presença das palmeiras babaçu (Attalea phalerata) e inajá (Maximiliana regia); Bambuzal, constituído por bambus do gênero Bambusa; Floresta-de-cipó (Cipoal), com grande ocorrência de lianas; e o Sororocal, formado por agrupamentos de sororoca (Phenacospermum guyanense). A Floresta Ombrófila Aberta pode ocorrer com três grupos de formação: Aluvial, das Terras Baixas e Submontana. De acordo com a classificação do IBGE (2004, 2006), na região da bacia hidrográfica do rio Teles Pires ocorre especificamente a formação Submontana, que se caracteriza por se situar entre 4º de latitude norte e 16º de latitude sul e entre altitudes que variam de 100 a 600 m (IBGE, 2004). É uma floresta com biomassa inferior à da Floresta Ombrófila Densa. Apresenta maior penetração de luz, o que favorece a colonização e crescimento de cipós, palmeiras, bambus e/ou arbustos no sub-bosque. O estrato inferior é adensado pelos indivíduos regenerantes naturais das espécies do estrato arbóreo associado a arbustos e a subarbustos variados, destacando-se Piper sp. (Piperaceae), Heliconia psittacorum (Heliconiaceae), e as palmeiras rosuladas conhecidas como tucumã (Astrocaryum tucuma) e ubim (Geonoma sp.) (BRAGA, 1979; BRASIL, 1980). Conforme Figura 7.2.2.a e segundo as observações realizadas no contexto do “Inventário Hidrelétrico da Bacia do rio Teles Pires” (ENGEVIX-ELETRONORTE/FURNAS/ELETROBRÁS, 2005), essa fisionomia apresenta maior distribuição nas porções norte e noroeste da bacia, fazendo limites com todas as outras fitofisionomias. Algumas espécies bem conhecidas ocorrentes nessas formações são: açaí (Euterpe oleracea), itaúba (Mezilaurus itauba), olho-de-boi (Diospyros sp.), peroba (Aspidosperma sp.), angelim (Dinizia excelsa), seringueira (Hevea brasiliensis) (RADAMBRASIL, 1980). Floresta Estacional (Decidual ou Semidecidual) Também conhecida como Mata Seca, é uma formação florestal que ocorre nos interflúvios e apresenta diversos níveis de caducifólia durante a estação seca. Essa variação é determinada pela variação climática (definida pela altitude ou longitude) e pela variação pedológica do substrato que comporta a Floresta, definindo dois subgrupos de formação: Semidecidual (Floresta Tropical Semicaducifólia) e Decidual (Floresta Tropical Caducifólia). A altura média da vegetação pode variar de 15 a 25 m, com árvores eretas e indivíduos emergentes mais espaçados entre si, podendo conter espécies que apresentam estruturas adaptativas como cascas grossas, troncos retorcidos e esgalhados. O estrato inferior é geralmente ralo. A

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cobertura do dossel da Floresta Estacional pode ser reduzida de 30 a 50% na estação seca. O sub-bosque é pouco desenvolvido, apresentando-se, também, caduco na estação seca (RIZZINI, 1979; BRASIL, 1980; IBGE, 1992; RIBEIRO; WALTER, 1998). Na Amazônia, as Florestas Estacionais ocorrem em manchas por meio do gradiente entre a Floresta Ombrófila e a Savana (SALM, 2004). Por ocorrer em regiões mais elevadas, a caducifolia é mais pronunciada, podendo chegar a 60% dos indivíduos arbóreos. Segundo o Mapa de Vegetação do Diagnóstico Ambiental da Amazônia Legal (IBGE, 2006), parcialmente reproduzido na Figura 7.2.2.a, na bacia do rio Teles Pires a Floresta Estacional Decidual ocorre principalmente em áreas da Serra do Cachimbo, no sul do estado do Pará, entre a Floresta Ombrófila e a Savana. Já a Floresta Estacional Semidecidual ocorre na porção central da bacia, abrangendo setores do alto e médio Teles Pires. Ocorre associadas às áreas de tensão ecológica, conforme representado na Figura 7.2.2.a. Savana Florestada A Savana Florestada, também conhecida por Cerradão ou Floresta Xeromorfa, é considerada uma formação florestal por Eiten (1972) e Ribeiro e Walter (1998) e contém espécies que ocorrem no Cerrado Sentido Restrito (RIBEIRO; WALTER, 1998) ou Cerrado Sensu Stricto (EITEN, 1972) e nas Matas Secas (RIBEIRO; WALTER, 1998). Aparece nos interflúvios, sobre solos profundos bem drenados de média a baixa fertilidade, ligeiramente ácidos, do tipo latossolos e cambissolos distróficos. A altura média do estrato arbóreo é de 8 a 15 m e a cobertura do dossel varia de 50 a 90%. Embora seja uma formação florestal, as condições de luminosidade favorecem o desenvolvimento de estratos arbustivos e herbáceos diferenciados. Quando ocorre sobre solos pobres, o Cerradão é classificado como distrófico, e tem como espécies mais comuns: sobre (Emmotum nitens), maria-preta (Blepharocalyx salicifolius) e canelão (Ocotea spixiana). Quando ocorre em solos com maiores teores de nutrientes, é chamado de Cerradão Mesotrófico, e pode apresentar tingui (Magonia pubescens), gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium) e mutamba (Guazuma ulmifolia) (RIBEIRO; WALTER, 1998). Outras espécies características dos Cerradões são: sucupira-branca (Pterodon emarginatus), mata-barata (Andira paniculata), ucuúba (Virola sebifera), carvoeiro (Sclerolobium paniculatum), pau-bosta (Sclerolobium aureum), cajú (Anacardium sp.), paus-terra (Qualea spp.), pau-doce (Vochysia sp.), pimenta-de-macaco (Xylopia sp.), muripita (Sapium sp.), sobre (Emmotum nitens), abio-casca-fina (Pouteria sp.) e feijão-de-arara (Pera glabrata). Conforme representado na Figura 7.2.2.a, na bacia do rio Teles Pires as áreas de Savana florestada ocorrem áreas no alto curso e em extensas áreas pertencentes ao conjunto geomorfológico da Serra ou Chapada do Cachimbo. Savana Arborizada De modo geral, as fisionomias do Cerrado apresentam árvores baixas (até 6 m de altura), tortuosas, de cascas grossas fendidas e sulcadas, raízes profundas e folhas rígidas e coriáceas, com gemas apicais protegidas por densa pilosidade (RIBEIRO; WALTER, 1998).

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Nessas formações, destacam-se no componente arbóreo o pequi (Caryocar brasiliense), o jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa), o jacarandá-do-cerrado (Dalbergia miscolobium), o faveiro (Dimorphandra mollis), o pau-santo (Kielmeyera coriacea), o paus-terra (Qualea grandiflora, Q. multiflora, Q. parviflora), o barbatimão (Stryphnodendron adstringens), o carvoeiro (Sclerolobium paniculatum), o tingui-bosta (Sclerolobium aureum), a lixeira (Curatella americana) e a bananeira (Salvertia convallariodora). Considerando uma escala de mapeamento pequena, de nível regional, reconhece-se para esta fitofisionomia a associação ou não com florestas de galeria. Estas ocorrem nos fundos de vale, enquanto ao longo dos interflúvios verifica-se a cobertura pela Savana arborizada ou Cerrado Strictu Sensu. A Figura 7.2.2.a indica que esta fisionomia ocorre predominantemente no setor sul da bacia, ou seja, no alto curso do rio Teles Pires, no contexto do domínio dos Cerrados. Todavia, são observadas manchas no setor norte da bacia. Savana Parque São formações campestres que ocorrem em áreas de solo raso ou com excesso de água (EITEN, 1972). Caracterizam-se pela presença de um estrato herbáceo-subarbustivo bem desenvolvido, com formas de vida cespitosas, entremeadas por arbustos e indivíduos arbóreos raros. As formações campestres podem ser: Campo Sujo e Campo Limpo, úmidos ou secos (EITEN, 1972; RIBEIRO; WALTER, 1998). No Campo Sujo ocorre grande número de indivíduos subarbustivos latifoliados (Mimosa sp., Cuphea sp., Crotalaria sp.), entremeados à camada herbácea que é composta, principalmente, por gramíneas. O Campo Limpo é essencialmente herbáceo, com predominância de espécies de gramíneas (Aristida sp., Paspalum sp., Panicum sp., Echinolaena inflexa) e de ciperáceas (Bulbostilys sp., Rhynchospora sp.). Como elementos arbóreos ocorrem: buriti (Mauritia flexuosa), para-pará (Jacarandá sp.), fava-arara (Parkia sp.), ucuúba (Virola sp.). Na bacia do rio Teles Pires essas formações são observadas principalmente na região das cabeceiras e nas planícies aluviais do alto rio Teles Pires. Savana Gramíneo-lenhosa Prevalecem nesta fisionomia, quando natural, os gramados entremeados por plantas lenhosas raquíticas, que ocupam extensas áreas dominadas por hemicriptófitos e que, aos poucos, quando manejados através do fogo ou pastoreio, vão sendo substituídos por geófitos que se distinguem por apresentar colmos subterrâneos, portanto mais resistentes ao pisoteio do gado e ao fogo. A composição florística é bastante diversificada, sendo as plantas lenhosas seus ecotipos mais representativos (EITEN, 1972; RIBEIRO; WALTER, 1998). Na AAR esta formação ocorre no alto Teles Pires, no setor sul da bacia.

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Contato Savana-Floresta Estacional Na parte mais ocidental aparecem áreas com solos do tipo Areias Quartzosas Álicas, onde predominam a Savana Arborizada e a Savana Parque. Nesse domínio, constatou-se a existência de pequenos agrupamentos com substratos melhor estruturados, com encraves de Floresta Estacional, com dossel emergente, sendo comum gregarismo de jatobá (Hymenaea sp.) e peroba (Aspidosperma sp.). Em outras áreas expressivas, melhores condições edáficas propiciaram o estabelecimento da Floresta Estacional onde a Savana ocorre em pequenos encraves, com fisionomia arbórea, ora densa, ora aberta. Segundo a classificação da cobertura vegetal do Projeto RADAMBRASIL (VELOSO & GÓES-FILHO, 1982), na porção meridional da Serra do Cachimbo e na Serra dos Apiacás também há ocorrência desses contatos ocupando porções significativas. A Savana Arborizada é freqüentemente interrompida por encraves de Floresta. Áreas menores apresentam a fisionomia da Floresta Estacional com interpenetração de Savana. Os elementos mais representativos são: mangabarana (Micropholis sp.), sorva (Couma sp.) e jatobás (Hymenaea spp.). Na parte mais ocidental da Serra do Cachimbo essas fitofisionomias prevalecem, ocupando relevos tabulares, com formações arbóreas densas e abertas da savana onde acontecem quarubas (Vochysia spp.), tachi-branco (Sclerolobium sp.), joão-mole (Neea sp.), caqui (Diospyros sp.) e tento (Ormosia sp.). Na porção sudeste da Serra do Cachimbo, na região de topos tabulares e cristas acentuadas ocorrem as Savanas Arborizadas, com porte baixo, enquanto os vales e encostas adjacentes abrigam encraves florestais com características semideciduais, representados pelas espécies amarelão (Apuleia sp.), breu-sucuruba (Trattinickia sp.), parapará (Jacaranda sp.), taperebá (Spondias sp.) e paus-d’arco (Tabebuia spp.). Áreas de Formações Pioneiras São ambientes em que há ocupação por comunidades pioneiras dos substratos instáveis que sofrem constante sedimentação, como as formações aluviais e margens de corpos d’água constituindo um processo sucessional e que compreende várias fases de sucessão hierárquica, desde a submersa até a arbórea. O efeito desse processo de sucessão é o de baixar a mesa de água, melhorar a circulação do solo e, geralmente, criar condições para o estabelecimento da vegetação arbórea de terra-firme. A flora que compõe essas comunidades é constituída por espécies com formas de vida terófita, geófita e hemicriptófitas, que são posteriormente substituídas por caméfitas e microfanerófitas (BRASIL, 1980), dependendo das condições favoráveis à continuidade do processo sucessional. As fisionomias variam em função da duração do período de cheia e da quantidade de água e estão distribuídas em toda a malha hidrográfica, margeando o rio Teles Pires e afluentes. Há ocorrência de lajedos nas margens do rio Teles Pires, favorecendo o estabelecimento de espécies entre as frestas das rochas. Ocorrem, ainda, espécies de porte arbóreo como a embaúba (Cecropia sp.), o buriti (Mauritia flexuosa), entre outras. Buritizais e veredas ocorrem em vários pontos da bacia em estudo, como, por exemplo, nos municípios de Lucas do Rio Verde e Sorriso. A partir do município de Sorriso, na direção sul aparecem áreas úmidas com touceiras de buritirana (Mauritiella armata).

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As lagoas também estão distribuídas por toda a bacia, especialmente ao longo do curso dos rios como, por exemplo, no trecho do Teles Pires, nas proximidades de Sinop e no Rio São Benedito. As lagoas apresentam flora vascular composta por espécies aquáticas submersas, flutuantes, emersas, como Cyperus spp., Eleocharis spp., Echinodorus spp. Limnocharis spp., Mayaca sp., Nimphoides sp., Pontederia sp., Sagittaria sp., Eichhornia sp., alguns representantes da família Lemnaceae e, ainda, as pteridófitas Salvinia sp., Azolla sp. e Marsilea sp. (HOEHNE, 1948). No Parque Estadual do Cristalino ocorrem inúmeros canais de água com vegetação aquática acompanhando o leito principal do Rio Cristalino (BRASIL, 2002). Campinaranas Os termos Campinarana e Campina são sinônimos e significam “falso campo”. Na área de abrangência regional do AHE Colíder concentram-se na região nordeste, no Estado do Pará, no limite com Mato Grosso, margeando os rios Cristalino e Formiga. Estas formações estão localizadas sob áreas de tensão ecológica e circundadas por florestas ombrófilas submontanas (densas e abertas) e savanas florestadas. Em geral, encontram-se em grandes depressões fechadas, suficientemente encharcadas no período chuvoso e com influência dos grandes rios que cortam a região amazônica. Esta classe de vegetação é dividida em três subgrupos de formação: arbórea densa, arbórea aberta ou arborizada e gramíneo-lenhosa. Campinarana Florestada: É um subgrupo de formação que ocorre nos pediplanos tabulares, dominados por nanofanerófitos finos e deciduais na época chuvosa, semelhantes a uma “floresta ripária”. Campinarana Arborizada: Este grupo é dominado por plantas raquíticas, mas das mesmas espécies que ocorrem nos interflúvios tabulares da região, sendo anãs em face dos terrenos capeados por Podzol Hidromórfico, das depressões fechadas. Campinarana Gramíneo-lenhosa: Este subgrupo de formação surge nas planícies encharcadas próximas aos rios e lagos. Estas planícies são capeadas por um tapete de geófitos e hemicriptófitos das famílias Poaceae (gramíneas) e Cyperaceae, ambas de dispersão pantropical. Refúgio vegetacional montano As áreas de refúgios vegetacionais montanos ocorrem no norte da AAR (no Estado do Pará), nas nascentes do rio Cururu-Açú, margeadas por áreas de floresta estacional semidecidual submontana e savana florestada. Áreas Antrópicas Dominantes As áreas de agropecuária, culturas cíclicas e pastagens ocorrem, principalmente, nos eixos centro-oeste (ao longo da MT-208) e centro-sul (ao longo da BR-163) da AAR. Neste eixo as áreas antrópicas dominantes situam-se em regiões de tensão ecológica.

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Floresta Ombrófila Densa Aluvial A formação de Floresta Ombrófila Densa Aluvial ocupa as planícies e terraços inundáveis onde ocorrem solos do tipo areias quartzosas, hidromórficos e podzólicos, nos depósitos aluvionares das Serras dos Apiacás, Caiabis e nos aluviões da rede de drenagem (BRASIL, 1980). Nas áreas alagadas torna-se uma floresta baixa. Apresenta trechos em que ocorre monodominância de embaúba (Cecropia sp.), que caracteriza processo sucessional nas margens, onde também ocorrem outras espécies de rápido crescimento, com troncos em forma de botija, com raízes tabulares e pneumatóforos (BRASIL, 1980). A floresta apresenta ou não dossel com árvores emergentes de sumaúma (Ceiba pentandra), cariperana (Licania membranacea), jacareúba (Calophyllum brasiliense) e, às vezes, grande número de palmeiras, como buriti (Mauritia flexuosa) e açaí (Euterpe oleracea). O sub-bosque pode conter ou não espécies herbáceas de grande porte como sororoca ou pacova (Phenakospermun guyanense) (BRASIL, 1980). Nas áreas ribeirinhas em que ocorrem solo aluvial e blocos de rocha, existem, em abundância, arbustos escandentes de Myrtaceae, como, por exemplo, o camu-camu (Myrciaria dubia), o araçá (Psidium sp.) e uma espécie da família Chrysobalanaceae. Nos trechos em que aparecem lajedos e se acumula água, há Utricularia sp. (Lentibulariaceae) e representantes de Pteridófitas, como Selaginella sp. (Selaginellaceae) e Anetium citrifolium, Antrophium cajenense e Hecistopteris pumila (Vittariaceae). Floresta Ombrófila Aberta Aluvial Esse tipo vegetacional apresenta-se como uma vegetação relativamente baixa para os padrões amazônicos, associada às faixas de solos formados por areias quartzosas. Sua formação aberta permite a penetração de muita luz, facilitando a ocupação por microepífitas sobre pequenos arbustos ou entre as ramificações desses, onde podem ocorrer emaranhados de lianas pouco espessas. É reconhecida a ocorrência relevante de epífitas e trepadeiras recobrindo troncos mortos, em pé, semelhantes a colunas cobertas por plantas. Espécies comuns a essa Floresta Ombrófila Aberta são: breu-manga (Tetragastris altissima), cedro (Cedrella odorata), sumaúma (Ceiba pentandra), castanheira-do-Brasil (Bertholetia excelsa), babaçu (Attalea speciosa), seringueira (Hevea brasiliensis), jatobá (Hymenaea sp.), maçaranduba (Manilkara huberi), muiracatiara (Astronium lecointei), marupá (Simarouba amara), pau d’arco (Tabebuia sp.), pau-formiga (Triplaris sp.), amarelão (Apuleia molaris), entre outras. 7.2.3 Fauna silvestre da AAR Zoogeograficamente valem para o Domínio do Cerrado as considerações de Vanzolini (1963) de que os Cerrados não possuem uma fauna própria. Uma de suas características pode ser a forte insolação durante o dia e a irradiação durante a noite (com variações térmicas muito

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altas), produzindo adaptações similares às do deserto. Já a fauna que ocorre no Domínio Amazônico compõe-se, principalmente, por formas ombrófilas e folívoras, sendo que a maior parte das espécies se distribui por amplos setores. Os setores sul e central da AAR, correspondentes ao alto e médio curso da bacia, apresentam um histórico de ocupação nas últimas décadas que resultou no progressivo e intenso desmatamento destinado a abertura de áreas de pastagem e de agricultura comercial de grãos. Esse processo de desflorestamento ocorreu com maior intensidade ao longo das décadas de 1970 e de 1980. A Figura 7.2.2.a apresentada na seção anterior, relativa ao mapeamento da cobertura vegetal na bacia, ilustra bem a ampla área na qual se verifica dominância de atividades antrópicas em detrimento da cobertura vegetal nativa. É o que se verifica no setor sul da bacia ao longo dos principais interflúvios, da região de Lucas do Rio Verde até Sinop. Contexto semelhante é observado mais ao norte, na região dos municípios de Colíder, Alta Floresta, Paranaíta, Peixoto de Azevedo, Matupá e Guarantã do Norte, que formam um grande espaço marcado pela intensiva substituição da vegetação florestal nativa por pastagens artificiais. Ao norte desse último conjunto citado, no norte da bacia e no seu baixo curso, verifica-se predominância de cobertura vegetal nativa, que recobre áreas correspondentes às Serras do Cachimbo, dos Apiacás e do baixo vale do rio Teles Pires. A breve caracterização desenvolvida na presente seção objetiva registrar um perfil geral do potencial faunístico da bacia hidrográfica como um todo. De modo geral, há uma grande lacuna no conhecimento da fauna da região norte do Mato Grosso e do interflúvio Tapajós/Xingu. Os levantamentos de fauna existentes geralmente são pontuais e realizados em contextos de estudos técnicos relacionados à gestão de Unidades de Conservação, como Avaliações Ecológicas Rápidas e Planos de Manejo. Nesse sentido, a principal fonte utilizada foi trabalho desenvolvido no âmbito dos Estudos de Inventário Hidrelétrico da Bacia do Rio Teles Pires (ENGEVIX-ELETRONORTE/FURNAS/ELETROBRAS, 2005), que consolida resultados de diversos trabalhos realizados na bacia. Avifauna Entre os grupos de vertebrados presentes na bacia do rio Teles Pires - particularmente na sua porção setentrional - a avifauna apresenta uma riqueza específica excepcional, mesmo quando comparada a outras regiões da Bacia Amazônica. A partir da compilação de dados secundários de cinco fontes, Engevix-Eletronorte/Furnas/Eletrobras (2005) obteve uma lista com 600 espécies de aves com ocorrência registrada para a bacia do rio Teles Pires e proximidades, distribuídas nas regiões de Alta Floresta, Cristalino, Peixoto de Azevedo, Apiacás e Serra do Cachimbo. A região de Alta Floresta tem sido apresentada por Ted Parker Mort e Phyllis Isler desde 1989, como uma localidade de alta potencialidade ecoturística, voltada ao público dos observadores de aves (“bird watchers”). Com uma lista de 570 espécies e novas surgindo a cada ano, tem atraído ornitólogos de vários continentes.

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Outra área de grande relevância em termos de riqueza da avifauna é a região do município de Novo Progresso, PA, onde foi observado o dançador-de-coroa-dourada (Pipra vilasboasi)4 após 45 anos sem registros em campo. Esta “redescoberta” reforça a importância do rio Jamunxim como região prioritária para a conservação da biodiversidade amazônica. O Parque Estadual do Cristalino também apresenta importante riqueza, uma vez que ocorrem pelo menos 515 espécies de aves, das quais 50 são endêmicas (além de 43 espécies de répteis, 29 de anfíbios, 26 de mamíferos médios e grandes e 16 de peixes comerciais e esportivos, segundo o MMA, 2000). Quanto às espécies de aves com algum status de conservação ocorrentes na bacia do Teles Pires, verifica-se a ocorrência de quinze, das quais nove ocorrem exclusivamente na região amazônica, duas são compartilhadas entre o bioma Cerrado e a Amazônia e quatro são amplamente distribuídas em ambientes florestais (IUCN, 2004; MMA, 2004 e ENGEVIX, 2005). Mamíferos No trabalho realizado por Engevix-Eletronorte/Furnas/Eletrobras (2005) consta o registro de 141 espécies de mamíferos terrestres, das quais 52 foram registradas no Bioma Amazônico, 47 no Cerrado e 42 em área ecotonal, tanto através de observações diretas como indiretas, informações de moradores locais e bibliografia (Plano de Manejo do Parque Estadual Cristalino e da Reserva Ecológica de Apiacás). Destas 141 espécies, dez apresentam status de ameaça de extinção: o tamanduá bandeira (Myrmecophaga tridactyla), o primata Ateles marginatus, os canídeos Chrysocyon brachyurus, Atelocynus microtis e Speothos venaticus e os felinos Leopardus pardalis, Leopardus tigrinus, Leopardus wiedii e Panthera onça e a ariranha (Pteronura brasiliensis). Ainda segundo a Engevix-Eletronorte/Furnas/Eletrobras (2005), ocorrem duas espécies de mamíferos aquáticos na bacia do rio Teles Pires: o Inia geoffrensis - boto-vermelho - e o Sotalia fluviatilis – tucuxi. Entretanto, há indicação de que os mesmos estão restritos ao trecho entre a sua foz e a cachoeira Rasteira (a jusante dos aproveitamentos), que age como uma barreira geográfica impedindo a passagem e a subida desses animais. Na Reserva Ecológica de Apiacás e área de entorno houve um levantamento de mastofauna que resultou em uma lista com 41 espécies. Um dado interessante deste diagnóstico e que merece ser melhor investigado para posterior confirmação é a ocorrência do primata Alouatta seniculus (guariba ruivo), registro que estaria muito distante do limite meridional de sua distribuição geográfica proposta. Esta unidade de conservação é identificada como de importância biológica extrema para a proteção de mamíferos, devido à alta diversidade de espécies em geral e grande importância para primatas e espécies ameaçadas, endêmicas e raras. É possível encontrar nas margens dos rios Teles Pires e Juruena pelo menos 17 espécies de primatas, pertencentes a 10 gêneros diferentes. A composição da comunidade primatológica altera-se de forma impressionante entre as margens de ambos os rios.

4 www.neotropicalbirdclub.org/articles/20/Pacheco.pdf

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Conforme a fonte citada, outro ponto interessante a ser ressaltado é a indicação, por moradores locais, de pelo menos cinco formas taxonômicas não reconhecidas cientificamente. Na verdade há grande potencial para registro de novos taxa nesta região, mesmo de mamíferos de médio e grande porte, visto a singularidade ecossistêmica – região ecotonal entre a Amazônia meridional e o Cerrado setentrional – e desconhecimento científico da mesma. Neste contexto, destaca-se desconhecida zona do interflúvio dos rios Teles Pires e Juruena, onde também há fortes indícios da existência de espécies novas. Anfíbios e répteis Os dados disponíveis deste grupo podem ser considerados ainda mais restritos e pontuais que os demais grupos de vertebrados. Durante uma expedição de campo ocorrida em dezembro de 2005, realizada no âmbito dos estudos de Engevix-Eletronorte/Furnas/Eletrobras (2005), foram registradas 29 espécies somente de répteis, das quais seis pertencentes à ordem Sauria, treze à Ophidia, três a Crocodilia e sete a Ordem Chelonia. Apesar do desconhecimento sobre a composição da herpetofauna desta região, este número de espécies certamente não reflete a riqueza específica das comunidades de répteis e anfíbios da bacia do rio Teles Pires, visto que somente a bacia Amazônica abriga – de acordo com os conhecimentos zoológicos e taxonômicos atuais - cerca de 163 espécies de anfíbios – em torno de 27% das 600 espécies que existem no Brasil - (CAPOBIANCO, 2001) e 550 de répteis, das quais 62 % são endêmicas da região (DIXON, 1979). 7.2.4 Ictiofauna e o ecossistema aquático na AAR O rio Amazonas contém, em toda sua extensão, uma série de grandes e importantes tributários que contribuem para a riqueza e diversidade da ictiofauna regional, entre os quais o rio Tapajós. Esse rio é um dos afluentes da margem direita do rio Amazonas, cuja bacia de drenagem inclui os rios Teles Pires e o Juruena, considerados seus principais formadores (GIBBS, 1967). Em função da localização geográfica do rio Teles Pires, a bacia de drenagem recebe descargas de inúmeros afluentes que contribuem para a oscilação do nível das águas, que, conseqüentemente, interferem na manutenção dos estoques pesqueiros da região (LEENHEER, 1980). Limnologicamente é um sistema que apresenta altos níveis de cálcio, magnésio, alcalinidade e, ocasionalmente, SO4, o que o classifica regionalmente como um rio de águas brancas (FORSBERG et al, 1988). Ainda sobre este aspecto, Smerman (2007) relata que o rio Teles Pires, assim como o Tapajós, foi um rio impactado devido à ação de garimpeiros entre o final da década de 70 e o início de 90 (SMERMAN, 2007 apud ZAGUI, 2004). Este processo resultou na deposição de mercúrio, cujas interações com o meio são muito complexas e ainda pouco estudadas (BARTHEM & FABRÉ, 2003). O que se sabe até o momento é que o mercúrio resulta num composto chamado metilmercúrio (CH3HG+), que é altamente tóxico para o hábitat aquático. Segundo Barthem & Fabré (2003), este processo é perceptível nos rios de grande porte, mas resulta em conseqüências mais graves em rios e riachos de pequeno porte, que são locais onde habitam espécies endêmicas de peixes, muitas delas ainda desconhecidas localmente.

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Desde 1980 algumas teorias têm sido propostas para explicar a organização espacial dos rios e sua influência na estrutura das comunidades ícticas, sendo que algumas delas sugerem que características como diversidade, produtividade, relações bióticas, hábito alimentar, etc., se alteram de maneira previsível ao longo do curso d’água (VANNOTE et al., 1980; NETO, 1995). A estabilidade do hábitat na determinação da estrutura da comunidade de peixes tem relação com a sazonalidade, composição do hábitat, variação no fluxo do rio (KUSHLAN, 1976; SCHOLOSSER, 1985; BAIN et al., 1998) e, conseqüentemente, com a interação desses fatores. No trecho superior de seu curso (Alto Teles Pires) o leito é encaixado, com predominância de formações rochosas (CARNEIRO DA CUNHA, 1998), e inúmeras corredeiras e tombos d’água. Dentre as corredeiras, a Cachoeira Sete Quedas representa uma barreira biogeográfica intransponível para algumas espécies de peixes, como é o caso de Electrophorus electricus, Leiarius marmoratus, Odontostoechus sp., Peckoltia aff. Snethlegae, que ficam restritas à jusante da barreira (com. pessoal de pescadores da região). Os trechos médio e baixo possuem uma grande área de drenagem, com inúmeras lagoas marginais (ERTEL et al., 1986). Nos sistemas rios/planície de inundação, responsáveis pela formação das lagoas temporárias, o regime hidrológico é a principal força condutora, sendo o pulso de inundação de importância crucial para a manutenção da alta produtividade e diversidade desses ecossistemas complexos e frágeis (JUNK et al., 1989). As lagoas marginais são formadas durante o período de cheia dos rios, quando estes invadem as áreas mais baixas. Essas lagoas são essenciais para reprodução dos peixes, considerando que, durante o período de cheia, milhares de ovos e larvas jovens são carreados para dentro dessas lagoas, que se tornam berçários naturais de peixes. Além dessas áreas serem criadouros naturais de várias espécies de peixes, elas se constituem em ambientes de extrema importância para outras espécies animais co-habitantes, como os invertebrados, anfíbios, répteis, aves e mamíferos (FISCHER et al., 1992; SEVERI, 1997). São relatadas para o rio Teles Pires cerca de cem espécies, distribuídas nas ordens Characiforme, Siluriforme, Perciforme, Gymnotiforme, Synbranchiformes. De acordo com os registros dos trabalhos recentes desenvolvidos neste rio e nos seus afluentes (GODOI, 2004; CAMARGO et al., 2005; IBAMA, 2000; SMERMAN, 2007), a fauna ictiológica de pequeno porte é diversificada, possui espécies potencialmente exploráveis para aqüicultura, porém ainda pouco estudadas. As categorias de pesca encontradas no estado do Mato Grosso (ENGEVIX-ELETRONORTE/FURNAS/ELETROBRAS, 2005) são: pesca profissional artesanal, pesca de subsistência, pesca ocasional ou de lufada e pesca amadora. Ainda que a pesca de subsistência e a profissional sejam recorrentes localmente, Catella & Petrere (1996) sugerem que os estoques pesqueiros encontram-se ainda subexplorados. Isso ocorre porque freqüentemente o esforço de pesca recai principalmente sobre as espécies de médio e grande portes, como é o caso dos surubins, cacharas, piraíbas, jundiás, entre outros. De acordo com Silva (1986) e com relatório de pesca amadora do IBAMA (2000), constatou-se que na região sul do Estado, o número anual de pescadores esportivos oriundos

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principalmente da Região Sudeste do País saltou de 17.000, no período de 1979 a 1981, para 43.921, em 1995. Essa prática esportiva movimenta grandes divisas e é também estimulada pelos órgãos ambientais e pelas empresas de turismo nacionais e internacionais (IBAMA, 2000). Os peixes mais visados pela pesca amadora são: piraíba (Brachyplathystoma filamentosum), pirarara (Phractocephalus hemioliopterus), caparari (Pseudoplatystoma tigrinum), matrinxã (Brycon sp.), cachorra (Hydrolycus scomberoides e Raphiodon vulpinus), piranambu (Pirinampus pirinampu), tambaqui (Colossoma macropomum), caranha (Piaractus mesopotamicus) e jundiá (Rhamdia spp.). Segundo dados inventariados por Engevix-Eletronorte/Furnas/Eletrobras (2005), as capturas efetuadas pela pesca amadora de subsistência não são sistematicamente registradas, da mesma forma que os dados sobre o desembarque do pescado resultante da pesca profissional, também descontínuos e incompletos. Contudo, são essas as informações que possibilitam fazer inferências sobre o aporte pesqueiro da região. Entre as espécies catalogadas pelo IBAMA (2000) junto aos pescadores, pode-se verificar que no rio Teles Pires e nos seus afluentes, a maioria das espécies é nativa. Essa característica favorece altos índices de diversidade e integridade biológica para o sistema, pois, de acordo com Beaumord (1991), Agostinho et al. (1995) e Straškraba & Tundisi (1999), vários são os fatores que influenciam a diversidade das espécies no caso dos grandes rios e dos reservatórios, como a morfologia, o tamanho, a manutenção da cobertura vegetal das margens, a presença de tributários e a introdução de espécies exóticas. 7.3 Meio Antrópico Notas metodológicas O presente diagnóstico da região compreendida como Área de Abrangência Regional – AAR – do Meio Antrópico tem a finalidade de caracterizar o quadro demográfico e econômico da região em que se localiza o empreendimento, a fim de contextualizar as análises posteriores nas demais escaladas (AII e AID) e subsidiar a avaliação dos impactos do empreendimento sobre o Meio Antrópico. A caracterização inicia-se com a apresentação do quadro histórico do espaço geográfico regional em que se situa o empreendimento. Na seqüência, apresentam-se alguns indicadores básicos, demográficos e econômicos, e a hierarquia funcional da rede urbana regional. Deste modo, caracteriza-se o contexto geográfico mais amplo em que se situam os municípios integrantes da Área de Influência Indireta do AHE Colíder, analisados com mais detalhes na Seção 8.3. A AAR do empreendimento foi definida com base na delimitação da bacia hidrográfica do rio Teles Pires, abrangendo 33 municípios da porção centro-norte do Estado de Mato Grosso, mais dois municípios, situados no sudoeste do Estado do Pará, que contêm porções da bacia do rio Teles Pires. Deste modo, os 35 municípios integrantes da AAR do AHE Colíder são:

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• Estado de MT: Paranaíta, Alta Floresta, Novo Mundo, Nova Canaã do Norte, Juara, Apiacás, Tabaporã, Guarantã do Norte, Peixoto de Azevedo, Terra Nova do Norte, Sorriso, Nova Santa Helena, Carlinda, Nova Guarita, Colíder, Marcelândia, Cláudia, Sinop, Itaúba, Matupá, Planalto da Serra, Nova Brasilândia, Nova Ubiratã, Santa Rita do Trivelato, Paranatinga, Vera, Ipiranga do Norte, Tapurah, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Nobres, Rosário D'Oeste e Nova Monte Verde. Os municípios de Porto dos Gaúchos e Primavera do Leste não foram incluídos, pois suas divisas correspondem mais ou menos aos limites das sub-bacias consideradas;

• Estado do PA: Jacareacanga e Novo Progresso. Foram considerados apenas esses dois

municípios paraenses, pois o município de Itaituba/PA tem uma área mínima dentro da bacia do rio Teles Pires, e Altamira/PA está fora da mesma.

Para a caracterização do processo histórico de povoamento e desenvolvimento da região em estudo, consultaram-se fontes secundárias, tais como os diagnósticos dos Zoneamentos Econômicos-Ecológicos de Mato Grosso e Pará, as resenhas históricas sobre os municípios brasileiros, disponíveis na biblioteca virtual do IBGE (“Documentação Territorial do Brasil”), e resumos históricos disponíveis nos sites oficiais das Prefeituras Municipais na Internet e em outros sites, como o da Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral de Mato Grosso (SEPLAN/MT) e da Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento e Finanças do Pará (SEPOF/PA), entre outras fontes. Os dados estatísticos, demográficos e econômicos, foram obtidos mediante consulta às bases dos Censos Demográficos de 1991 e 2000 e da Contagem de População de 2007, do IBGE. Também foi consultado o Informativo Socioeconômico de Mato Grosso de 2005, da SEPLAN/MT. Cumpre registrar que o município de Ipiranga do Norte, desmembrado do município de Tapurah, foi devidamente instalado em 2005. Considerando a instalação recente de Ipiranga do Norte, os dados estatísticos disponíveis ainda não contemplam a emancipação do município, de forma que os dados apresentados nas seções seguintes para Tapurah incorporam os de Ipiranga do Norte. 7.3.1 Formação histórica regional As regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil foram originalmente ocupadas por diferentes etnias indígenas, tais como: Baikairi, Aweti, Juruna, Kalapálo, Kamayurá, Kayabi, Kuikuru, Matupú, Nahukwa, Mehinaku, Suyá, Tapayuirá, Trumai, Txikão, Yawalaplti, Panará (Kreu-akarore), Menkrangnoti, Xavante, Kayabi, Waurá e Kaiapó (Txukahamãe/Mentuktire). Os remanescentes dessas etnias ainda estão presentes nessas regiões, habitando, principalmente, as diversas Terras Indígenas aí estabelecidas.

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Embora muitos dos núcleos urbanos tenham sido instalados desde o século XVIII, as dinâmicas territoriais nessa região começaram a se alterar principalmente no século XVII, que pode ser assinalado como o período em que teve início a ocupação de origem européia nas áreas que hoje compõem os estados de Mato Grosso e Pará. Esse período caracterizou-se pela dinâmica de ocupação impulsionada pelas demandas do capital manufatureiro e comercial mundial, na era colonial brasileira. No século XVII, toda a região envoltória da bacia amazônica foi objeto de penetrações européias, em disputa por sua ocupação, seja pela Coroa portuguesa, seja pela Coroa espanhola. A fundação de vilas e a ampliação dessa presença européia ocorreram por meio de movimentos e incursões, em busca das ‘drogas do sertão’, de grande interesse europeu. Exemplo é a região em que se localiza atualmente o município de Itaituba, desbravada pela primeira expedição do Capitão Pedro Teixeira, em 1626, e depois colonizada pelos jesuítas, que instalaram vários aldeamentos após a construção de um forte na foz do Rio Tapajós, em 1697. No século XVIII, expandiram-se as frentes de penetração e a ocupação de amplas áreas no território, seja em função da busca de ouro, diamantes e índios para escravizar, seja em função da pecuária, chegando ao Centro-oeste e culminando com a fundação de Cuiabá. Os movimentos que integraram as “Entradas e Bandeiras” iniciam-se com as incursões à região a partir do sudeste. A primeira dessas incursões foi promovida pela Bandeira de Raposo Tavares, ao dirigir-se para Corumbá e para as cachoeiras do rio Madeira. Esse movimento resultou na descoberta de ouro na região de Cuiabá, em 1719, iniciando-se o processo efetivo de fixação do povoamento de Mato Grosso. Durante o século XVIII, essas atividades intensificaram-se, mobilizadas principalmente pela mineração de ouro e diamantes, e pela expansão da pecuária, atividade que, juntamente com a agricultura de gêneros de subsistência e o comércio, era necessária para o abastecimento das áreas onde se realizava a mineração. Aspecto importante da ocupação das regiões Centro-Oeste e Norte, em boa parte da sua história, é que, de modo geral, as incursões pelo interior eram realizadas principalmente por via fluvial. Posteriormente, as atividades da mineração e da pecuária propiciaram a abertura de alguns acessos terrestres à região. Em meados do século XVIII, a mineração estendeu-se pelo vale do rio Guaporé. Em 1752, foi fundada Vila Bela da Santíssima Trindade, que se tornou capital da recém criada Capitania de Mato Grosso, expandindo-se a ocupação para além dos limites do Tratado de Tordesilhas. Estabeleceu-se, nessa data, uma nova rota de penetração, nomeada como “Monções do Norte”, representando uma nova conexão vinda de Belém, por meio da Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, com a região cuiabana.

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Como resultado de novos acordos territoriais com a Espanha, intensificou-se a exploração de diamantes por todo esse território e as atividades de abastecimento de gêneros de subsistência, o que levou à abertura de novas frentes de ocupação, mais ao norte de Cuiabá, como o núcleo de Diamantino, fundado em 1728. Outros núcleos urbanos foram fundados nesse período, como a Vila Maria de Paraguai (hoje Cáceres), em 1778, e a Vila de São Pedro D’El Rey (hoje Poconé), em 1781. Núcleos como Rosário Oeste, Alto Paraguai, Nossa Senhora do Livramento, Santo Antônio do Leverger e Barão de Melgaço também resultaram dos movimentos de ocupação associados às atividades de mineração e agricultura no século XVII. Com o esgotamento dos veios auríferos mato-grossenses, operou-se um relativo esvaziamento populacional dos núcleos urbanos, mas, ao mesmo tempo, permaneceram muitas das pessoas que haviam se instalado para produzir gêneros de abastecimento às atividades minerárias, principalmente na região do vale do rio Cuiabá, onde se expandiu a cultura da cana-de-açúcar e a produção de açúcar e de aguardente. Na região dos vales dos rios Paraguai e Guaporé, outra atividade extensiva foi a exploração da poaia (Ipecacuanha) para exportação, da qual resultaram um grande desenvolvimento da cidade de Cáceres, a criação do povoado de Barra do Bugres e, também, a extinção prática dessa árvore na região. Durante o século XIX, no território que viria a constituir o Estado de Mato Grosso, as atividades agropecuárias se expandiram, desenvolvendo-se também atividades industriais junto a alguns dos núcleos urbanos, relacionadas principalmente a bens de consumo interno (tecidos, calçados, vestuário, móveis, entre os principais). No interior do país, sucedeu-se uma relativa estagnação dos núcleos urbanos, com o descenso da mineração. No entanto, na região, a abertura da navegação pelo rio Paraguai, em 1856, veio instaurar uma nova rota comercial na bacia do Prata, estimulando o desenvolvimento econômico. Logo após o término da Guerra do Paraguai, com a retomada da rota de comércio pelo Rio Paraguai, efetivou-se a abertura do porto de Corumbá (hoje pertencente ao Estado de Mato Grosso do Sul) ao comércio internacional, o que tornaria essa cidade um grande centro comercial, importador de produtos manufaturados e exportador de matérias-primas da região. Através desse porto, o Mato Grosso recebia equipamentos para suas primeiras indústrias: indústria açucareira (com a produção e refinação de açúcar e destilação da aguardente e de álcool) e indústria de carne bovina para exportação (charqueadas), instaladas principalmente nas regiões de Cuiabá e do Pantanal. Paralelamente, expandiram-se as áreas urbanas de Cáceres, Cuiabá, Barra do Bugres, Vila Bela, Santo Antônio do Leverger e Barão de Melgaço. O período entre o final do século XIX e o início do século XX é marcado, entre outros ciclos econômicos, pelo da borracha, que teve grande papel no processo de ocupação mais recente da região amazônica. Tal processo foi impulsionado pela demanda mundial de produção de pneus, em plena expansão devido ao desenvolvimento da indústria automobilística, provocando a instalação de um sistema amplo de produção na região amazônica, que envolvia desde os seringueiros (extratores da matéria-prima) até as casas de importação e exportação das principais capitais da região norte, com destaque para Manaus e Belém. Este processo também proporcionou um grande crescimento da migração, principalmente do nordeste (vitimado pela grande seca de 1877), para a região amazônica. Itaituba, que depois viria dar origem aos municípios de Jacareacanga e Novo Progresso, foi elevado a cidade em 1900.

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Nessa época, a ocupação ainda era muito rarefeita. Projetos estratégicos como a instalação de linhas telegráficas (Missão Rondon, em 1900-1906) e a construção de ferrovias iriam aprofundar a incorporação desses territórios ao espaço produtivo nacional. A instalação das linhas telegráficas deu origem a muitos núcleos urbanos, como Rondonópolis, General Carneiro, Acorizal e Porto Esperidião. A construção da ferrovia Noroeste do Brasil (NOB), principalmente, e também da Madeira-Mamoré, promoveu a relativa integração de Mato Grosso ao sistema ferroviário, propiciando o escoamento da produção da região. Essas novas ligações terrestres estimularam e permitiram a circulação de pessoas e mercadorias do Araguaia ao Guaporé e do sul do estado (atualmente o Estado de Mato Grosso do Sul) a Diamantino. Outro eixo de penetração no Mato Grosso estabeleceu-se na região do Araguaia, com a exploração de diamantes. As planícies aí presentes, ao propiciarem extensas pastagens naturais, favoreceram também a implantação da pecuária, dando origem a vários núcleos urbanos, como São Félix do Araguaia e Cocalinho. Tal processo propiciou a exploração e o povoamento de outros rios da região, como os rios das Garças, São Lourenço e das Mortes, em que, na primeira metade do século XX, foram descobertas novas jazidas diamantíferas. Nas primeiras décadas do século XX, o processo de ocupação e desenvolvimento arrefeceu. Tal desaceleração pode ser associada às novas condições relacionadas à inserção da economia da região no sistema concorrencial dos mercados nacional e internacional, bem como à grande Depressão de 1929, resultando daí um período de relativa estagnação econômica e populacional na região, que perduraria até aproximadamente 1950. No contexto de transição do modelo primário exportador para o de substituição de importações, instaurou-se o interesse em promover a integração de diversas áreas do território brasileiro ao processo de reprodução do capital, ensejando políticas de colonização, principalmente para as regiões Centro-Oeste e Norte, com vistas a “(...) legitimar os limites estabelecidos, através de uma ocupação efetiva do território (...)” (ZSEE, 2002). Nessa perspectiva, procurando ampliar a ocupação do território nacional, em Mato Grosso, Pará e outras regiões do país 5, o Governo Federal deflagrou o primeiro movimento promovido com essa finalidade, que ficou conhecido como “Marcha para o Oeste”, idealizado pelo então Presidente da República, Getúlio Vargas, e iniciado na década de 1940. Em 1943, no contexto dessas políticas de colonização (com fomento da pequena propriedade), o governo federal promoveu a Expedição Roncador-Xingu, em direção a Santarém/PA, desbravando e colonizando regiões desconhecidas ao atravessar o Brasil Central e a Amazônia, tendo sua base inicial sido estabelecida em Barra do Garças, a partir da qual se procurava chegar até a confluência dos rios Kuluene e Xingu, indo para além do rio das Mortes.

5 Até 1977, o Estado de Mato Grosso incluía o território hoje correspondente ao Estado de Mato Grosso do Sul.

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Desde a fundação de Brasília, algumas condições básicas para a incorporação dessas novas regiões produtivas à dinâmica econômica nacional (e internacional) se estabeleceram. A partir da década de 1950, as políticas destinadas à ocupação e colonização do Mato Grosso e Pará, entre outras áreas do país, passaram a incorporar explicitamente o objetivo de absorver os excedentes populacionais de outras partes do território brasileiro, mudando também sua estratégia, ao se buscar a associação da colonização pública à colonização privada. No Centro-Oeste propriamente dito, esse processo começou a se desenvolver efetivamente a partir da década de 1970, principalmente ao sul de Goiás e na região do atual Estado de Mato Grosso do Sul, com a expansão da pecuária, em projetos privados de colonização, impulsionados por frigoríficos do Sudeste. O Programa de Integração Nacional – PIN, criado em 1970, resultou na implantação, na porção oeste de Mato Grosso, das principais vias terrestres que hoje servem essa região, como as rodovias BR-010 (Belém-Brasília), BR-364 (Cuiabá-Porto Velho-Rio Branco) e BR-163 (Cuiabá-Santarém). O programa também promoveu a colonização ao longo da rodovia Transamazônica, distribuiu terras públicas e concedeu incentivos fiscais a investimentos na região. Essas obras de infra-estrutura figuram entre alguns dos principais investimentos propostos nos programas estratégicos incluídos no I e II Planos Nacionais de Desenvolvimento (PND), procurando consolidar a ocupação do Centro-Oeste e da Amazônia. O Polonoroeste, criado no início da década de 1980, foi responsável pela implantação de várias obras importantes de infra-estrutura rodoviária e projetos de colonização nas áreas de influência da BR-364. Ações como incentivos fiscais e crédito facilitado para a compra de grandes extensões de terras no Norte do País, a criação de órgãos governamentais de apoio à infra-estrutura básica para o desenvolvimento regional, a formação de empresas particulares de colonização, associadas à modernização da agricultura, incorporaram, finalmente, essas novas áreas ao processo capitalista nacional e internacional. Essas ações e medidas impulsionaram o fluxo migratório para essa região, vindo, principalmente, do Sul do País. Os projetos de colonização oficiais, realizados por intermédio do Instituto Nacional de Reforma Agrária - INCRA, até a década de 1980, bem como os Projetos de Colonização promovidos por empresas particulares (PIAIA, 2003), aprofundaram a ocupação em muitos dos municípios integrantes da AAR, como pode ser visto a seguir:

• Alta Floresta - PAC Carlinda – em conjunto com a Cooperativa Cotia (RS) no sul deste município - oficial;

• Lucas do Rio Verde - PEA – Projeto Especial de Assentamento, ao longo da Cuiabá-Santarém - oficial;

• Nova Canaã do Norte - PAR Canaã - oficial; • Colíder - PAR Teles - oficial; • Colíder – Colíder S.A – particular; • Aripuanã - PAR Sete de Setembro - oficial; • Porto dos Gaúchos –Conomali (fins da década de 1950 e durante a década de 1960) –

particular; • Sorriso – Colonizadora Sorriso, no eixo Cuiabá-Santarém – particular; • Sinop e Vera – Colonizadora Sinop – particular; • Matupá e Guarantã do Norte – Colonizadora Agropecuária Cachimbó – particular;

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• Alta Floresta, Paranaíta e Apiacás – Colonizadora Indeco – particular; • Nova Bandeirantes – Colonizadora Bandeirantes – particular; • Terra Nova do Norte - Copercol – particular; • Juara – particular.

Durante as décadas de 1970 e 1980, empresários da região sul e sudeste investiram em grandes extensões de terras públicas ou de terceiros, através de programas especiais de desenvolvimento regional e da infra-estrutura física construída pelos governos estadual e federal para implantação de projetos que visavam à colonização ou agropecuária. É o período em que se expandem na região as culturas comerciais de soja, milho e arroz, e cresce a utilização dos “insumos modernos”, como a adubação química e a mecanização. A infra-estrutura instalada e a expansão populacional deram ensejo à transformação das estruturas produtivas e, em particular, à ampliação da circulação de mercadorias e à diversificação dos setores produtivos dos núcleos urbanos. Assim surge a modernização agropecuária, responsável pelo salto produtivo e pela resposta exportadora do complexo grãos-carne (IPEA, 2002), que domina a cena atual no Mato Grosso e no sul do Pará. Dentro do quadro de uso e ocupação territorial mencionado, a bacia do Teles Pires teve uma colonização relativamente tardia, iniciada nos anos 1960, com os referidos projetos de colonização público/ privados criados para absorver excedentes populacionais de outras regiões brasileiras. Como aconteceu em todo o norte do Mato Grosso, empresas colonizadoras particulares receberam terras devolutas da União e do governo estadual, organizando assentamentos. A população migrou primeiramente em direção às terras de Cerrado, no sul da bacia, mas diversos projetos de colonização foram implantados em toda a região. Sem qualquer planejamento de assistência à saúde, educação, transporte e escoamento da produção, vários desses projetos, tanto públicos, quanto privados, estiveram inicialmente fadados ao fracasso e estagnação. Porém, ao longo do tempo, com o estabelecimento de novos ciclos econômicos, boa parte dos projetos de colonização provocou uma mudança permanente na paisagem e na divisão regional do Estado de Mato Grosso, bem como na organização sociocultural da região, refletidos no processo de criação de novos municípios. Assim, o processo de municipalização foi gerado pela chegada de grandes fluxos migratórios, que se dirigiram para as áreas de fronteira agrícola. Paralelamente, uma onda garimpeira assolou a região após o término da BR 163, no início da década de 1980, e diversos garimpos se instalaram na região, entre os quais se destacam: Zé Vermelho, Alta Floresta, norte de Apiacás, Cabeça, Nova Canaã do Norte, Peixoto de Azevedo e Matupá. Entre os efeitos mais nocivos associados a essa atividade, destaca-se a proliferação de grande número de focos de malária por toda a região, os danos ambientais consideráveis nos leitos dos rios, o desmonte das encostas marginais e a conseqüente instalação processos de assoreamento e redução do volume dos rios da bacia 6.

6 http://www.canalciencia.ibict.br/pesquisas.

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O garimpo de ouro foi a principal atividade econômica regional entre os anos de 1980 e meados da década de 1990, atraindo grandes contingentes populacionais, que consolidaram a urbanização da sede municipal de Alta Floresta, tornando-a a “capital nortista do ouro”. No decorrer da década de 1990, seguiu-se um rápido esfacelamento da estrutura da cadeia produtiva e comercial aurífera, devido ao esgotamento dos afloramentos de ouro aluvionar, combinado com a queda do preço do mineral no mercado internacional e a imposição de maior controle sobre as terras mineradas. Porém, a atividade ainda é comum no chamado “Nortão” matogrossense. Após a estruturação da base econômica em atividades garimpeiras, ocorreu na região um expressivo desenvolvimento da bovinocultura de corte e de leite. A pecuária, aliás, tem sido a principal forma de uso da terra nos municípios do norte do Mato Grosso, onde as feições topográficas impedem a implantação da agricultura mecanizada. Na bacia do rio Teles Pires, os municípios de Nova Canaã do Norte, Colíder, Terra Nova do Norte, Guarantã do Norte, Juara e Alta Floresta formam um pólo regional de pecuária, que detém cerca de 9% do rebanho bovino estadual. Além da pecuária, a região noroeste do Mato Grosso se destaca pela produção agrícola, contribuindo com mais de 20% do valor da produção estadual. No meio da década de 1980, o agronegócio se estabeleceu na região, com o assentamento de colonos gaúchos. Nas regiões originalmente de floresta, o processo ainda é manual, mas nas áreas planas e chapadas, onde ocorre cerrado, a agricultura é mecanizada e altamente tecnificada, com predomínio das monoculturas de soja (Glicine max) e, mais recentemente, algodão (Gossypium spp). Permeando todos os ciclos econômicos iniciados na região com a abertura de estradas, sempre houve a exploração de madeira, praticada usualmente de modo irregular e predatório. O mesmo processo de desflorestamento e ocupação vem sendo sistematicamente implementado na região, e na fronteira agrícola amazônica como um todo, ao longo das últimas quatro décadas. A ação destrutiva começa com a retirada da madeira, onde os madeireiros trocam o direito de exploração da floresta pela abertura de estradas e, por vezes, pela derrubada total da área (ou parte dela) para os donos da terra. Paralelamente, carvoarias se instalam nas frentes de ocupação, consumindo toda a vegetação lenhosa não aproveitada pelas madeireiras. Findo o estoque de madeira, os madeireiros e carvoeiros partem para uma área nova, e a terra desmatada torna-se pastagem para o gado ou plantações pouco tecnificadas. À medida que a fronteira se solidifica e a agricultura mais tecnificada se implanta numa região, todo o processo avança em direção a novas frentes de floresta. Dentro desse processo, terras devolutas têm sido invadidas e empossadas e áreas indígenas e protegidas ilegalmente exploradas. As nascentes do Teles Pires e de outros rios importantes, como Xingu e Araguaia, estão localizadas nas áreas de expansão do cultivo da soja e algodão - agora, também da cana-de-açúcar -, e o alto índice de desmatamento na região norte de Mato Grosso e ao longo da BR-163 vem se tornando tema de constante preocupação. Sete municípios da bacia estão na lista dos maiores desmatamentos de 2007. As porções média e baixa da bacia do rio Teles Pires ainda são áreas de fronteira agrícola em transformação, caracterizadas pela implantação tímida de monoculturas extensivas e por

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grandes pastos para a pecuária de corte, permeados por madeireiras, que extraem das florestas remanescentes os últimos estoques de valor comercial. Tal quadro é tanto mais acentuado quanto mais se aproxima do Estado do Pará. Em meio às transformações impostas pela chegada de garimpeiros e madeireiras, pela consolidação de núcleos urbanos e pela tecnificação da produção agropecuária, muitos dos primeiros colonos da região terminaram voltando para os estados de origem, no sul do país, vendendo ou abandonando suas propriedades. Isso contribuiu para a concentração das propriedades nas mãos de poucos fazendeiros e para a instalação de uma indústria de grilagem de terras, que perdura até hoje. O aumento na densidade demográfica e a conseqüente pressão antrópica vêm produzindo altas taxas de desmatamento. Há também conflitos fundiários pela posse da terra ou por invasões para retirada de madeira e extração mineral, sobretudo no oeste paraense. Outra área bastante ameaçada, desde a abertura da estrada BR-163, é a região da Serra do Cachimbo, ao longo da margem esquerda do rio Teles Pires, no sul do Pará e norte de Mato Grosso (municípios de Guarantã do Norte, Jacareacanga e Novo Progresso). Na Serra do Cachimbo, a integridade ecológica das paisagens e da biodiversidade associada está severamente ameaçada pelas atividades de exploração madeireira e prospecção mineral e pela ocorrência de queimadas indiscriminadas. A expansão dos núcleos urbanos ao redor da serra impõe a fragmentação ecossistêmica e torna a área ainda mais vulnerável. As intervenções impactantes na região da Serra do Cachimbo tendem a ter reflexos acentuados na bacia do Teles Pires, já que o solo de areias quartzosas é propenso à ocorrência de processos erosivos. Por fim, cabe ressaltar que a história de ocupação do noroeste mato-grossense e do sudoeste paraense caracteriza-se também pela deflagração de conflitos com as populações indígenas. A partir da construção das estradas em meados da década de 1970, muitas áreas, antes ocupadas por tribos indígenas, foram disponibilizadas para projetos colonizadores, extrativismo mineral e vegetal. Vários povos sofreram mudanças no seu padrão tradicional de vida, além de serem vítimas de violência e enfermidades ausentes de seu cotidiano. Muitas tribos locais acabaram sendo transferidas para áreas mais remotas, antes que se adotasse qualquer política de delimitação e implementação de Terras Indígenas. A Tabela 7.3.1.a resume a evolução territorial regional, apresentando os desmembramentos municipais ocorridos e a origem dos municípios integrantes da AAR. Como se pode observar, dos 34 municípios listados, 11 foram criados ou oficialmente instalados depois de 1990, sendo que os demais foram criados entre 1963 e 1988, a partir do desmembramento de outros municípios mais antigos.

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Tabela 7.3.1.a Cronologia dos desmembramentos dos municípios pertencentes à AAR

Municípios Ano de Criação Municípios de origem (datas de criação)

Alta Floresta 1979 Aripuanã (1943) Apiacás 1988 Alta Floresta (1979) Juara 1981 Porto dos Gaúchos (1963) Nova Canaã do Norte 1986 Colíder (1979), Diamantino (1820) Novo Mundo 1995 Guarantã do Norte (1986) Paranaíta 1986 Alta Floresta (1979) Nova Santa Helena 1998 1 Itaúba (1986), Cláudia (1988) Guarantã do Norte 1986 Colíder (1979) Peixoto de Azevedo 1986 Colíder (1979), Sinop (1979) Sorriso 1986 Nobres (1963), Paranatinga (1979), Sinop (1979) Tabaporã 1991 Porto dos Gaúchos (1963) Terra Nova do Norte 1986 1 Colíder (1979) Carlinda 1994 Alta Floresta (1979) Cláudia 1988 Sinop (1979), Itaúba (1986), Marcelândia (1986) Colíder 1979 Chapada dos Guimarães (1953) Itaúba 1986 Colíder (1979), Diamantino (1820), Sinop (1979) Marcelândia 1986 Sinop (1979) Matupá 1988 Guarantã do Norte (1986), Peixoto de Azevedo (1986) Sinop 1979 Chapada dos Guimarães (1953) Nova Guarita 1991 Chapada dos Guimarães (1953), Colíder (1979), Terra Nova do Norte (1986) Santa Rita do Trivelato 1999 1 Nova Mutum (1988) Nova Brasilândia 1979 Chapada dos Guimarães (1953) Nova Ubiratã 1995 Vera (1986), Sorriso (1986) Planalto da Serra 1991 Nova Brasilândia (1979), Paranatinga (1979) Rosário Oeste 1861 Cuiabá (1727) Lucas do RioVerde 1988 Diamantino (1820) Nobres 1963 Rosário Oeste (1861), Chapada dos Guimarães (1953) Nova Mutum 1988 Diamantino (1820) Paranatinga 1979 Chapada dos Guimarães (1953) Tapurah 1988 Diamantino (1820) Vera 1986 Sinop (1979), Paranatinga (1979), Nobres (1963) Nova Monte Verde 1991 Alta Floresta (1979), Apiacás (1988), Juara (1981) Jacareacanga - PA 1991 2 Itaituba (1900) Novo Progresso - PA 1991 2 Itaituba (1900) Ipiranga do Norte 2001 Tapurah (1988)

Fonte: Informativo Socioeconômico de Mato Grosso 2005, SEPLAN/MT. Notas: 1 – Municípios oficialmente instalados a partir de janeiro de 2001. 2 – Instalados oficialmente em 1993. A Figura 7.3.1.a mostra a divisão do Estado de Mato Grosso em Mesorregiões. Os 33 municípios matogrossenses que integram a AAR do empreendimento estão compreendidos na Mesorregião 1 - Norte Matogrossense -, com a única exceção do município de Rosário Oeste, pertencente à Mesorregião 4 – Centro-Sul Matogrossense.

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Figura 7.3.1.a Divisão do Estado de Mato Grosso em Mesorregiões

Fonte: SEPLAN/MT, 2005. Anuário Estatístico de Mato Grosso – 2006. Crédito do Desenho: Recorte do Mapa 1.1.3 – Mesorregiões, Cap. 1, pág. 37. Desenho da Equipe de Cartografia e Infografia da Entrelinhas Editora

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7.3.2 Perfil demográfico e econômico Dinâmica demográfica A Tabela 7.3.2.a mostra o perfil demográfico dos municípios da AAR. Tabela 7.3.2.a Perfil demográfico da Área de Abrangência Regional – 1991, 2000 e 2007

Pop. Residente Total Tx. Urbanização TGCA Município

Ano de Criação 1991 2000 2007 1991 2000 2007 91/00 00/07

MT Alta Floresta 1979 66.926 46.982 49.140 56,04 79,36 85,06 -3,86 0,64Apiacás 1988 7.361 6.665 7.926 62,25 66,99 74,99 -1,10 2,51Carlinda 1994 - 12.296 12.108 - 25,00 39,97 -0,22Cláudia 1988 9.099 10.249 10.670 40,81 76,61 76,59 1,33 0,58Colíder 1979 31.160 28.051 30.695 50,44 69,24 80,11 -1,16 1,30Guarantã do Norte 1986 23.825 28.200 30.754 46,58 68,67 71,60 1,89 1,25Itaúba 1986 7.143 8.565 4.625 28,87 56,93 77,36 2,04 -8,43Juara 1981 21.712 30.748 32.023 69,70 75,08 81,98 3,94 0,58Lucas do Rio Verde 1988 6.693 19.316 30.741 64,72 83,58 91,14 12,50 6,86Marcelândia 1986 8.889 14.448 14.084 47,46 63,41 63,91 5,55 -0,36Matupá 1988 10.221 11.289 14.243 69,54 77,83 73,12 1,11 3,38Nobres 1963 15.174 14.983 14.862 71,22 79,82 79,90 -0,14 -0,12Nova Brasilândia 1979 9.612 5.786 4.891 51,30 69,75 72,95 -5,48 -2,37Nova Canaã do Norte 1986 14.033 11.516 12.652 37,07 42,58 53,36 -2,17 1,35Nova Guarita 1991 - 5.651 4.877 - 34,68 39,12 -2,08Nova Monte Verde 1991 - 6.827 8.133 - 32,18 44,95 2,53Nova Mutum 1988 5.542 14.818 24.368 38,04 70,02 71,58 11,55 7,36Novo Mundo 1995 - 4.997 6.725 - 46,73 39,26 4,33Nova Santa Helena 1 1998 - 3.243 3.347 - 57,07 0,45Nova Ubiratã 1995 - 5.654 7.782 - 28,76 50,64 4,67Paranaíta 1986 12.173 10.254 11.540 54,43 53,69 55,10 -1,89 1,70Paranatinga 1979 18.383 15.342 20.033 52,56 72,23 73,55 -1,99 3,88Peixoto de Azevedo 1986 37.240 26.156 28.987 87,37 77,15 68,17 -3,85 1,48Planalto da Serra 1991 - 2.881 2.734 - 58,04 73,66 -0,75Rosário Oeste 1861 20.050 18.755 18.031 54,06 57,96 57,53 -0,74 -0,56Santa Rita do Trivelato 1 1999 - 1.212 2.478 - 49,76 10,76Sinop 1979 38.374 74.831 105.762 86,66 90,48 88,86 7,70 5,07Sorriso 1986 16.107 35.605 55.134 70,31 88,55 89,85 9,21 6,45Tabaporã 1991 - 10.842 10.484 - 57,31 48,50 -0,48Tapurah 1988 7.323 11.561 10.478 17,07 36,31 61,54 5,20 -1,40Terra Nova do Norte 1986 22.448 14.384 14.584 35,35 40,48 39,64 -4,83 0,20Vera 1986 10.759 9.055 9.188 30,70 91,60 85,26 -1,90 0,21Subtotal 1 (mun. MT) 420.247 521.162 614.079 58,36 70,23 75,15 2,42 2,37PA Jacareacanga 1991 - 22.078 37.073 - 25,68 15,35 - 7,69Novo Progresso 1991 - 24.948 21.598 - 36,68 81,43 - -2,04Subtotal 2 (mun. PA) - 47.026 58.671 - 31,52 39,68 - 3,21Total AAR 420.247 568.188 672.750 58,36 72,46 72,05 3,41 2,44Estado de MT 2.027.231 2.505.245 2.854.642 73,26 79,36 80,76 2,38 1,88Estado do PA 4.950.060 6.195.956 7.065.573 52,45 66,53 70,05 2,53 1,89

Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1991, 2000; Contagem de População 2007. Notas: 1 – Para os municípios mato-grossenses de Nova Santa Helena e Santa Rita do Trivelato, oficialmente instalados a partir de janeiro de 2001, o IBGE não disponibiliza dados populacionais para 1991 e 2000. Para estes municípios, os dados de Pop. Res. Total em 2000 foram fornecidos pela SEPLAN/MT, na publicação “Informativo Socioeconômico de Mato Grosso 2005”, que, no entanto, não traz dados de Pop. Urbana para o ano 2000. Para 2007, o IBGE disponibiliza dados populacionais para todos os municípios listados.

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Conforme os dados da tabela, os 33 municípios mato-grossenses pertencentes à AAR do empreendimento têm uma população residente total de aproximadamente 614 mil habitantes em 2007, o que representa 91,3% da população total da AAR e 21,5% da população do Estado de Mato Grosso. Os dois municípios paraenses incluídos na AAR têm uma população residente total de 58.671 habitantes, o que representa 8,7% da população total da AAR e apenas 0,83% da população do Estado do Pará. Nota-se que, de 2000 para 2007, apesar dos incrementos populacionais, a participação dos conjuntos de municípios listados nos respectivos totais estaduais aumentaram relativamente pouco. A população residente total nos municípios da AAR passou de 420.247 habitantes, em 1991, para 568.188, em 2000, registrando-se um incremento absoluto de 147.941 habitantes em 9 anos, ou de 35,2%. Em 2007, a população contada pelo IBGE foi de 672.750, registrando-se um incremento bruto de 104.562 habitantes em 7 anos, ou de 18,4%. No período 1991/2000, a taxa média de crescimento anual da população da AAR foi de 3,41% ao ano, caindo, no período 2000/2007, para 2,44% ao ano, ou seja, uma redução de quase 1%. Observa-se, porém, que as taxas médias de crescimento na AAR mantiveram-se em patamares bastante superiores às médias dos estados de MT e PA, em ambos os períodos considerados. No conjunto dos municípios mato-grossenses pertencentes à AAR, a taxa de crescimento anual teve uma pequena redução, de 2,42% a.a., entre 1991 e 2000, para 2,37% a.a., entre 2000 e 2007, mantendo-se, portanto, no mesmo patamar. Como os municípios paraenses de Jacareacanga e Novo Progresso ainda não existiam em 1991, não foi possível calcular a taxa para o período intercensitário. No entanto, a taxa de crescimento entre 2000 e 2007 foi de 3,21% ao ano, indicando, à primeira vista, que os municípios paraenses atraíram mais gente do que os municípios mato-grossenses, no período mais recente. Observando-se mais atentamente, contudo, verifica-se que somente Jacareacanga atraiu população, exibindo uma das maiores taxas da AAR (7,69% a.a.), enquanto que Novo Progresso perdeu cerca de 3,3 mil habitantes, registrando taxa negativa (-2,04% a.a.). A taxa de urbanização média no conjunto dos municípios mato-grossenses pertencentes à AAR (Sub-total 1) passou de 58,36%, em 1991, para 70,23% em 2000 e para 75,15% em 2007, demonstrando que a dinâmica de urbanização ocorrida durante os anos 90, bastante intensa, diminuiu seu ritmo nos anos recentes, mas continuou avançando, resultando em redução da população rural em termos absolutos e na elevação da taxa de urbanização a um patamar cada vez mais próximo ao da taxa média do Estado de MT (80,76%). Ou seja, na média, as cidades mato-grossenses dentro da AAR vêm atraindo população em detrimento do esvaziamento do campo, caracterizando uma situação predominante de êxodo rural. Nos municípios paraenses, a leitura das taxas de urbanização no período 2000/2007 revela tendências opostas: a taxa aumentou notavelmente em Novo Progresso, de 36,7% para 81,4%, e caiu de 25,7% para 15,3% em Jacareacanga. Praticamente, não houve aumento da população urbana em Jacareacanga, mas sim, um grande incremento da população rural, de quase 15 mil habitantes em apenas 07 anos. Por outro lado, Novo Progresso, conforme já visto, perdeu população residente total no período, de modo que o incremento abrupto da taxa de urbanização só pode ser explicado pela transferência de grande parte da população rural para a zona urbana do município e para outras localidades vizinhas, como Jacareacanga. Na média,

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a taxa de urbanização na porção paraense da AAR (Sub-total 2) subiu de 31,5% para 39,7%, patamar ainda muito inferior à taxa média do estado, que é de 70%. Comparando-se os municípios da AAR em termos de porte populacional e taxa de urbanização em 2007, verifica-se que:

• Sinop, no Mato Grosso, é o maior pólo urbano, com quase 106 mil habitantes e taxa de urbanização de 88,7%, seguido de Sorriso, com pouco mais de 55 mil habitantes e taxa de urbanização de 89,8%, e de Alta Floresta, com cerca de 49 mil habitantes e 85% de população urbana, este último sendo o mais próximo do empreendimento e sede de microrregião.

• Depois de Alta Floresta, os municípios mais populosos da AAR são:

Jacareacanga/PA, com população total de aproximadamente 37 mil habitantes, sendo, porém, 85% residentes na zona rural; Juara, com cerca de 32 mil habitantes e taxa de urbanização de 81,2%; e os municípios de Guarantã do Norte, Lucas do Rio Verde e Colíder, com respectivas populações da ordem de 30,7 mil habitantes e taxas de urbanização variando entre 70% e 91%.

• No patamar entre 20 e 30 mil habitantes, estão: Peixoto de Azevedo, com cerca de 29

mil habitantes e 68% de população urbana; Nova Mutum, com 24,3 mil e taxa de urbanização de 71,6%; Novo Progresso/PA, com 21,6 mil e 81,5% de população urbana; e Paranatinga, com 20 mil habitantes e taxa de urbanização de 73,5%.

• No patamar entre 10 e 20 mil habitantes, estão: Rosário Oeste, com 18 mil habitantes

e 57,5% de população urbana; Nobres, Terra Nova do Norte, Matupá e Marcelândia, com populações entre 14 e 15 mil habitantes e taxas e urbanização em torno de 70%, exceto Terra Nova do Norte, que é predominantemente rural (39,6% de população urbana); Nova Canaã do Norte, Carlinda, Paranaíta, Cláudia, Tapurah e Tabaporã, com populações entre 10 e 13 mil habitantes e taxas e urbanização muito diferentes entre si, sendo a menor a de Carlinda (menos de 40%).

• Os demais municípios da AAR são de porte muito pequeno, com menos de 10 mil

habitantes: Vera, Nova Monte Verde, Apiacás, Nova Ubiratã e Novo Mundo, com populações entre 5 e 10 mil habitantes; Nova Brasilândia, Nova Guarita, Itaúba, Nova Santa Helena, Planalto da Serra e Santa Rita do Trivelato, com menos de 5 mil habitantes. São municípios com taxas de urbanização muito diferentes, sendo a maior a de Vera (85,3%) e a menor a de Nova Guarita (39%).

Comparando-se os municípios da AAR quanto à taxa de crescimento anual, pode-se observar que, no período 1991/2000, houve perdas populacionais em 12 dos 34 municípios. As taxas anuais de crescimento populacional variaram entre -0,14% a.a. (Nobres) e -5,5% a.a. (Nova Brasilândia). Por outro lado, nesse mesmo período, houve grande crescimento populacional nos municípios de Lucas do Rio Verde (12,5% a.a.), Nova Mutum (11,55% a.a.), Sorriso (9,21% a.a.), Sinop (7,7% a.a.), Matupá (5,5% a.a.) e Tapurah (5,2% a.a.).

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No período 2000/2007, houve perdas populacionais em 11 dos 34 municípios. As taxas anuais de crescimento populacional variaram entre -0,22% a.a. (Carlinda) e -14,77% a.a. (Nova Brasilândia). Por outro lado, houve grande crescimento populacional nos municípios de: Santa Rita do Trivelato (10,76% a.a.), Jacareacanga/PA (7,69% a.a.), Nova Mutum (7,36% a.a.), Lucas do Rio Verde (6,86% a.a.), Sorriso (6,45% a.a.) e Sinop (5,07% a.a.). Como se pode verificar, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso e Sinop configuram-se como os centros mais dinâmicos da região, de modo mais permanente. Entre os municípios que só perderam população, destacam-se Nova Brasilândia e Nobres, ambos configurando-se como centros urbanos em depressão. Além dos municípios com maior crescimento, Apiacás (2,51% a.a.), Novo Mundo (4,33% a.a.), Matupá (3,38% a.a.), Nova Ubiratã (4,67% a.a.), Paranatinga (3,88% a.a.) e Nova Monte Verde (2,51% a.a.) tiveram taxas de crescimento geométrico superiores à média do Estado de Mato Grosso, que foi de 1,89% ao ano. Dos municípios da AAR, as respectivas sedes urbanas localizadas na bacia do rio Teles Pires ou próximo aos seus limites são as seguintes: Apiacás, Nova Monte Verde, Alta Floresta, Carlinda, Tabaporã, Nova Canaã do Norte, Guarantã do Norte, Novo Mundo, Matupá, Peixoto de Azevedo, Nova Guarita, Terra Nova do Norte, Colíder, Itaúba, Sinop, Vera, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Santa Rita do Trivelato, Planalto da Serra e Paranatinga. Os demais centros urbanos estão localizados fora da bacia, como pode ser visto na Figura 7.3.2.a. Atividades econômicas A Tabela 7.3.2.b mostra o perfil econômico dos municípios da AAR, com base no indicador de valor adicionado da produção. O IBGE define Valor Adicionado como “(...) valor que a atividade agrega aos bens e serviços consumidos no seu processo produtivo, obtido pela diferença entre o valor de produção e o consumo intermediário (...)”. É um indicador que permite comparar e avaliar a dimensão das atividades econômicas dos municípios. A tabela mostra, inicialmente, os montantes do Valor Adicionado total e por setor da economia, nos municípios e nos Estados do Mato Grosso e do Pará, em 2004. As participações dos municípios no VA total da AAR e desta em relação aos respectivos totais de VA estaduais também são apresentados, a fim de se permitir uma avaliação comparativa quanto à importância da produção local e regional.

A AAR foi responsável pela geração de um VA total de 6,9 bilhões de reais em 2004, a preço de mercado corrente, sendo 48,36% pelo setor terciário, 37% pelo setor primário e 14,65% pelo setor secundário. Como se pode ver, 97% do VA produzido na AAR em 2004 foi gerado nos municípios mato-grossenses, a participação dos municípios paraenses ficando em apenas 3%. Cerca de 20% do VA total estadual de MT foi gerado nos municípios que pertencem à AAR. No caso do VA da agropecuária, a participação é de 23,4%. Os municípios paraenses dentro da AAR foram responsáveis por menos de 0,5% do VA total do Pará, predominando o setor terciário na geração de valor. Comparando-se os VAs estaduais, verifica-se que a produção agropecuária no Estado de Mato Grosso é muito mais forte do que no Estado do Pará.

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Tabela 7.3.2.b Valor Adicionado total e setorial dos municípios da AAR e participações no VA total da AAR e no VA estadual - 2004

Valor Adicionado (x R$ 1.000 de 2004) Participação Setorial (%) Município Total Agropec. Indústria Serviços

% s/ VA Total (%) Agropec. Ind. Serv.

Alta Floresta 352.005 78.227 75.879 197.899 5,08 22,22 21,56 56,22Apiacás 48.803 24.497 3.840 20.466 0,70 50,2 7,87 41,94Carlinda 61.202 33.815 4.356 23.031 0,88 55,25 7,12 37,63Cláudia 99.441 43.132 15.849 40.460 1,44 43,37 15,94 40,69Colíder 212.609 45.425 54.505 112.679 3,07 21,37 25,64 53,00Guarantã do Norte 171.803 39.592 37.152 95.059 2,48 23,04 21,62 55,33Itaúba 63.854 38.555 5.474 19.825 0,92 60,38 8,57 31,05Juara 238.103 77.197 43.914 116.992 3,44 32,42 18,44 49,14Lucas do RioVerde 752.131 261.815 55.651 434.665 10,86 34,81 7,4 57,79Marcelândia 127.933 58.777 18.977 50.179 1,85 45,94 14,83 39,22Matupá 156.176 53.405 45.293 57.478 2,25 34,2 29 36,80Nobres 117.251 27.124 37.026 53.101 1,69 23,13 31,58 45,29Nova Brasilândia 27.684 12.920 2.017 12.747 0,40 46,67 7,29 46,04Nova Canaã do Norte 75.468 35.343 12.324 27.801 1,09 46,83 16,33 36,84Nova Guarita 33.741 18.625 2.422 12.694 0,49 55,2 7,18 37,62Nova Monte Verde 54.832 27.644 4.077 23.111 0,79 50,42 7,44 42,15Nova Mutum 678.143 341.770 74.922 261.451 9,79 50,4 11,05 38,55Novo Mundo 51.904 32.715 2.485 16.704 0,75 63,03 4,79 32,18Nova Santa Helena 24.020 12.707 1.628 9.685 0,35 52,9 6,78 40,32Nova Ubiratã 215.309 165.849 10.301 39.159 3,11 77,03 4,78 18,19Paranaíta 63.510 30.033 6.316 27.161 0,92 47,29 9,94 42,77Paranatinga 153.093 75.855 12.561 64.677 2,21 49,55 8,2 42,25Peixoto de Azevedo 106.911 36.228 11.206 59.477 1,54 33,89 10,48 55,63Planalto da Serra 23.216 14.064 1.116 8.036 0,34 60,58 4,81 34,61Rosário Oeste 112.830 54.157 11.611 47.062 1,63 48 10,29 41,71Sta. Rita do Trivelato 138.701 108.133 2.891 27.677 2,00 77,96 2,08 19,95Sorriso 1.079.763 356.676 130.381 592.706 15,59 33,03 12,07 54,89Sinop 987.093 114.233 261.460 611.400 14,25 11,57 26,49 61,94Tabaporã 113.050 60.858 12.659 39.533 1,63 53,83 11,2 34,97Tapurah 201.991 121.953 10.300 69.738 2,92 60,38 5,1 34,53Terra Nova do Norte 86.855 39.140 10.123 37.592 1,25 45,06 11,66 43,28Vera 133.182 75.931 14.026 43.225 1,92 57,01 10,53 32,46Subtotal - MT 6.762.607 2.516.395 992.742 3.253.470 97,61 37,21 14,68 48,11Jacareacanga/PA 42.862 5.966 4.837 32.059 0,62 13,92 11,29 74,8N. Progresso/PA 122.370 40.180 17.549 64.641 1,77 32,83 14,34 52,82Subtotal - PA 165.232 46.146 22.386 96.700 2,39 27,93 13,55 58,52

Total AAR 6.927.839 2.562.541 1.015.128 3.350.170 100,00 36,99 14,65 48,36

Estado do MT 33.392.186 10.743.851 6.229.481 16.418.854 32,17 18,66 49,17Estado do PA 35.292.176 3.157.179 11.695.676 20.439.321 8,95 33,14 57,91% Subtotal MT/ Est. MT 20,25 23,42 15,94 19,82 % Subtotal PA/Est. PA 0,47 1,46 0,19 0,47

Fonte: IBGE, Cidades. Legenda: Setor com maior participação no VA Total. Setor com a segunda maior participação no VA Total.

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AHE Colíder – 300 MW 62 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Os municípios com maior Valor Adicionado em 2004 (a preço de mercado corrente) foram: Sorriso, com 1,0 bilhão de reais (15,6% do VA total da AAR); Sinop, com 987 milhões de reais (14,25%); Lucas do Rio Verde, com 752 milhões de reais (10,86%); e Nova Mutum, com 678 milhões de reais (9,79%). Alta Floresta aparece em seguida, com VA total de 352 milhões de reais (5% do VA total da AAR). Outros quatro municípios - Juara, Colíder, Nova Ubiratã e Tapurah - produziram, naquele ano, valores adicionados entre 200 e 240 milhões de reais. A Tabela anterior mostra que em 22 municípios da AAR, todos mato-grossenses, as atividades rurais ou agropecuárias predominavam na geração do VA, em alguns casos, com diferenças muito expressivas em relação à produção do VA terciário, como em Nova Ubiratã, Itaúba, Novo Mundo, Sta. Rita do Trivelato e Tapurah, onde a participação do setor primário representa mais de 60% do respectivo VA total municipal. O setor de serviços predomina na geração do VA total em 11 municípios, incluindo os dois paraenses. Os municípios mais populosos - Sinop, Sorriso, Alta Floresta, Jacareacanga, Juara, Guarantã do Norte, Lucas do Rio Verde, Colíder e Peixoto de Azevedo - são os que apresentam as maiores participações do setor terciário na geração do VA total, que variam de 49% a 75%. Nos municípios de Nobres, Sinop, Colíder, Alta Floresta e Guarantã do Norte, a participação do setor industrial na geração do VA total varia de 20% a 30%. Os maiores VAs da indústria, em termos absolutos, foram gerados em Sinop, Sorriso, Alta Floresta e Nova Mutum, que são os principais pólos industriais da AAR. Exceção feita a Jacareacanga/PA, os municípios com as maiores participações de atividades secundárias e terciárias são os mais urbanizados da região, com 70% ou mais de população urbana. 7.3.3 Hierarquia da rede urbana regional A Figura 7.3.3.a mostra a configuração e a hierarquia da rede urbana no Estado de Mato Grosso, segundo o estudo “Regiões de Influência das Cidades 2007” (IBGE, 2008). A hierarquia apresentada é uma classificação dos níveis de centralidade das cidades e suas áreas de influência, com base na “função de gestão do território”. Considera-se que “centro de gestão do território [...] é aquela cidade onde se localizam, de um lado, os diversos órgãos do Estado, e de outro, as sedes das empresas cujas decisões afetam direta ou indiretamente um dado espaço que passa a ficar sob o controle da cidade através das empresas nelas sediadas” (CORREA, 1995 apud IBGE, 2008).

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AHE Colíder – 300 MW 63 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

A partir de dados de fontes secundárias e registros administrativos, e de pesquisas sobre atividades de comércio e serviços, atividade financeira, serviços de ensino superior e saúde, Internet, televisão aberta e transporte aéreo, foi possível avaliar níveis de centralidade administrativa, jurídica e econômica das cidades, e elaborar matrizes das suas regiões de influência. A matriz para os municípios da AAR é apresentada na Tabela 7.3.3.a. Figura 7.3.3.a Hierarquia dos Centros Urbanos em Mato Grosso – 2007

Fonte: Regiões de Influência das Cidades – 2007. IBGE, 2008.

Sorriso

Alta Floresta

Diamantino

Juína

Tangará da Serra

Mirassol D’Oeste

Primavera do Leste

Água Boa

Colíder

Juara

Peixoto de Azevedo

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AHE Colíder – 300 MW 64 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Tabela 7.3.3.a Matriz de Hierarquia dos Centros Urbanos da AAR – 2008

Centro Local Centro de Zona Centro Subregional Capital Regional Metrópole Metrópole Nacional

Apiacás Carlinda Paranaíta Nova Monte Verde

Alta Floresta (Nível A)

Nova Santa Helena Nova Canaã do Norte

Colíder (Nível B)

Guarantã do Norte Matupá Novo Mundo

Peixoto de Azevedo (Nível B)

Paranatinga Primavera do Leste (Nível A)

Nova Ubiratã Sorriso (Nível A)

Tapurah Lucas do Rio Verde (Nível B)

Santa Rita do Trivelato Nova Mutum (Nível B)

Tabaporã Juara (Nível B)

Cláudia Itaúba Marcelândia Vera

Nova Guarita Terra Nova do Norte (Nível B)

Sinop (Nível A)

Nobres Nova Brasilândia Planalto da Serra Rosário Oeste

Cuiabá

(Nível A)

Brasília

São Paulo

Novo Progresso/PA Jacareacanga/PA

Itaituba (Nível B)

Santarém (Nível C) Belém Brasília

Fonte: Regiões de Influência das Cidades – 2007 (IBGE, 2008). No Centro-Oeste brasileiro, a rede urbana tem como característica principal a concentração populacional em algumas poucas cidades, como Goiânia, Brasília, Cuiabá e Campo Grande. Outros aspectos característicos são: a presença de poucas cidades médias (entre 100.000 e 500.000 habitantes); e um processo intenso de aumento das populações urbanas em algumas sub-regiões, nas últimas décadas. Segundo a Contagem de População 2007, no Estado de Mato Grosso, apenas Cuiabá (526,8 mil habitantes), Várzea Grande (230,3 mil habitantes), Rondonópolis (172,7 mil habitantes) e Sinop (105,7 mil habitantes) tinham populações superiores a 100 mil habitantes. A Região Norte tem em Belém e Manaus seus grandes pólos regionais, tratando-se também de região com grande dispersão dos centros urbanos, notadamente no Estado do Amazonas. No Pará, podem ser considerados centros urbanos de porte médio os seguintes municípios: Ananindeua (484,3 mil habitantes, pertencente à Região Metropolitana de Belém), Santarém (274,3 mil habitantes), Marabá (196,4 mil habitantes), Castanhal (152,1 mil habitantes), Parauapebas (133,3 mil habitantes), Abaetetuba (132,2 mil habitantes), Itaituba (118,2 mil habitantes), Cametá (110,3 mil habitantes) e Bragança (101,7 mil habitantes).

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A exceção de Jacareacanga/PA e Novo Progresso/PA, polarizados regionalmente por Itaituba (Centro Subregional), Santarém (Capital Regional Nível C) e Belém/PA (metrópole), os demais centros urbanos da AAR são polarizados regionalmente por Cuiabá/MT (Capital Regional Nível A). Esta, por sua vez, está localizada dentro da esfera de influência econômica da Grande São Paulo e da esfera de influência político-administrativa de Brasília No Estado de Mato Grosso, o grau máximo de hierarquia urbana é ocupado por Cuiabá, classificado como “Capital Regional A”, grupo que reúne capitais estaduais com populações de até 955 mil habitantes e com capacidade de gestão territorial em um nível imediatamente inferior aos das metrópoles. Em seguida, estão as cidades de Cáceres, Rondonópolis, Barra do Garças e Sinop, na categoria de “Centro Subregional A”, que reúne cidades com atividades de gestão menos complexas e populações de até 95 mil habitantes. O terceiro nível de centralidade em Mato Grosso compreende as cidades de Diamantino, Tangará da Serra, Primavera do Leste, Mirassol D’Oeste, São Félix do Araguaia, Sorriso, Juína e Alta Floresta, pertencentes à categoria “Centro de Zona” (Níveis A ou B), que reúne cidades de menor porte, com área de influência mais restrita e com populações de até 45 mil habitantes. O quarto nível de centralidade em Mato Grosso compreende cidades como Colíder, Juara, Nova Mutum e Peixoto de Azevedo, entre outras pertencentes à categoria “Centro de Zona B”, com populações de até 23 mil habitantes. As demais cidades da AAR são classificadas como “Centro Local”, pois têm influência restrita aos limites de seus respectivos municípios. Nota-se que não há um nível de relacionamento significativo entre as cidades matogrossenses e paraenses no âmbito da AAR, o que se deve, em grande parte, ao caráter radial das relações de centralidade em cada estado e à falta de ligações de transportes entre o norte do MT e o sudoeste do Pará. 7.3.4 Assentamentos rurais A Tabela 7.3.4.a apresenta a relação de projetos de assentamentos rurais criados pelo INCRA e administrados pelo próprio INCRA, pelo INTERMAT/MT ou por prefeitura (“assentamentos-casulo”), dentro da AAR e por município. Não há assentamentos nos dois municípios do Pará pertencentes à AAR.

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Tabela 7.3.4.a Relação de projetos de assentamentos rurais existentes e famílias beneficiadas na AAR - até 2005 Município Denominação do imóvel Área (ha)

No de famílias beneficiadas Ano de criação Administrador

Jacaminho 2.480 77 1997 INTERMATNossa Terra Nossa Gente 250 151 2001 INTERMATAlta Floresta Nossa Sra. Aparecida Não informado 56 2004 INTERMATIgarapé do Bruno 9.843 237 2002 INTERMATVila Rural dos Ipês Não informado 50 2005 INTERMATApiacás José Cândido Melhorança Não informado 102 2005 INTERMAT

Juara Arinos 85 32 1999 Pref. JuaraAnna Paula 25.851 137 2001 INTERMATNova Canaã do Norte Acendino Pego de Moraes Não informado 25 2005 INTERMAT

Novo Mundo Gleba Divisa 336.988 1.852 2001 INTERMATParanaíta Vila Boa Esperança Não informado 49 2004 INTERMAT

Chão do Amanhã 80 25 1999 Pref. SorrisoSorriso Santa Rosa II 18.000 176 1999 INCRA

Tabaporã Pai Herói Não informado 48 2004 INTERMATFica Faca 7.806 107 1995 INCRANova Brasilândia Santa Rosa 6.087 125 1997 INCRA

Planalto da Serra Vinagre Lote 31 948 17 1987 INCRAPraia Rica 4.065 45 1995 INCRAForquilha do Rio Manso 16.787 362 1996 INCRASanta Helena III 1.660 39 1998 INCRARaizama 2.349 85 1999 INCRANossa Sra. da Esperança 6.687 133 2002 INCRAKarajás 2.575 63 2003 INTERMATBororo 6.925 50 2003 INTERMATSocó 1.562 55 2003 INTERMATXororó 2.552 78 2003 INTERMATKadvel 1.148 19 2003 INTERMATXavante I 1.650 17 2003 INTERMATTupinambá 92 14 2003 INTERMATTijuca 2.415 76 2003 INTERMATForquilha do Rio Arruda 12.691 114 2003 INTERMATTucano 115 6 2003 INTERMATMandiocal 2.142 97 2003 INTERMATCanário 722 7 2003 INTERMATBakairi 507 7 2003 INTERMATJoão de Barro I 1.188 29 2003 INTERMATCachoeirinha 2.154 70 2003 INTERMATTamoio 945 17 2003 INTERMATCardeal 719 23 2003 INTERMATBelga 15.665 117 117 INTERMATPavão 497 17 2003 INTERMATCurió 2.934 17 2003 INTERMAT

Rosário Oeste

Chapadão 3.154 72 2003 INTERMATSerragem 1.043 64 1988 INCRACoqueiral Quebo 50.490 705 1990 INCRANovo Horizonte 51 25 2001 INTERMAT

Nobres

Sela Dourada 14.684 128 2002 INTERMATBoa Vista 14.907 117 1997 INCRAColorado 7.896 133 1999 INCRAParanatinga Pontal do Piranha 11.900 76 1996 INTERMAT

Total AAR 603.289 1 6.143 Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1991, 2000; Contagem de População 2007. Notas: 1 – Área total exclui as seis áreas de assentamentos não informadas pelo Intermat.

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Segundo informações do INCRA, na região Centro-Oeste, entre 1995 e 2006, mais de 156 mil famílias foram beneficiadas com a homologação de assentamentos rurais, sendo que deste total, cerca de 100 mil (64%) estão assentadas no Estado de Mato Grosso. No Estado do Pará, foram assentadas, no mesmo período, pouco menos de 87 mil famílias, o que representa aproximadamente 23% do total de famílias assentadas na Região Norte. De acordo com a tabela anterior, existem 50 assentamentos de trabalhadores rurais na AAR, onde vivem pouco mais de 6 mil famílias, distribuídas em mais de 600 mil hectares de terras, em 13 municípios. Sabe-se também que, entre 2003 e 2005, foram demarcadas pelo INTERMAT terras para reforma agrária no município de Marcelândia, totalizando mais 12.125 hectares, aproximadamente. Rosário Oeste é o município da AAR onde há mais assentamentos, 26 ao todo, onde vivem cerca de 1.600 famílias. Novo Mundo é o município com a maior população assentada - aproximadamente 1.850 famílias em um único projeto. Nobres possui a terceira maior população assentada da AAR, com cerca de 920 famílias. 7.4 Áreas Protegidas na AAR 7.4.1 Unidades de conservação (UC) De modo geral, a bacia do rio Teles Pires apresenta relativamente poucas Unidades de Conservação (UCs). Até 2006, só havia onze (11) UCs nessa região de Mato Grosso - sendo duas Áreas de Proteção Ambiental (APA) estaduais, dois Parques (PE) Estaduais, uma Reserva Ecológica (RE) estadual, cinco Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN’s) federais e um Parque Municipal (Tabela 7.4.1.a), sendo criado em junho de 2006 o Parque Nacional Juruena, a primeira UC de Preservação Integral Federal da região, que abrange toda a RESEC Apiacás (100% de sobreposição a esta). Além destas, há também a Rebio Nascente da Serra do Cachimbo, já no estado do Pará. A Figura 7.4.1.a apresenta as UC existentes na área de AAR do AHE Colíder.

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Tabela 7.4.1.a Unidades de conservação da AAR do AHE Colíder

Nome Área (ha) Ato de Criação e Data Município

APA Cabeceiras do Rio Cuiabá 473.411,00 Decreto Nº 2.206 de 23/04/98 Lei Nº 7.161 de 23/08/99

Rosário Oeste, Nobres, Nova Brasilândia, Planalto da Serra,

Nova Mutum

APA do Salto Magessi 7.846,00 Lei Nº 7.871 de 20/12/2002 Santa Rita do Trivelato e Sorriso

Reserva Ecológica de Apiacás 100.000,00 Decreto Nº 1.357 de 27/03/92

Lei Nº 6.464 de 22/06/94 Apiacás

Parque Estadual do Cristalino I 66.900,00 Decreto Nº 1.471 de 09/06/00 Alta Floresta e Novo Mundo

Parque Estadual do Cristalino II 118.000,00 Decreto Nº 2.628 de 30/05/01 Novo Mundo

RPPN Lote Cristalino 670,00 Portaria Nº 28 de 11/04/97 Alta Floresta

RPPN Reserva Ecológica José Gimenes Soares 200 Portaria Nº 108/02 de

08/08/02 Nova Canaã do Norte

RPPN Reserva Ecológica Lourdes Félix Soares 800 Portaria Nº 105/02 de

07/08/02 Nova Canaã do Norte

RPPN Reserva Ecológica América 4.942 Portaria Nº 107/00 de

07/08/02 Apiacás

RPPN Reserva Ecológica Verde Amazônia 10.650 Portaria Nº 106/00 de

07/08/02 Apiacás

Parque do Córrego Lucas 353 Lei Municipal Nº 694/99 de 10/11/99 Lucas do Rio Verde

PARNA Juruena 1.957.000 Decreto de 05/06/06

Apiacás, Nova Bandeirantes e Cotriguaçu no Estado de Mato

Grosso, Apuí e Maués no Estado do Amazonas

ReBio Nascentes da Serra do Cachimbo 342.619,78 S/N de 20/05/2005 Sul do Pará

Fontes: 1) Fema-MT. Divisão de Unidades de Conservação, 2002; 2) Seplan. Diagnóstico do ZSEE do Estado de Mato Grosso. 2002; 3) www.senado.gov.br/legislação. Acessado em 11 de fevereiro de 2008. A seguir são descritas as particularidades das unidades de conservação existentes na Área de Abrangência Regional.

Áreas de Proteção Ambiental As Áreas de Proteção Ambiental (APA) são unidades de uso sustentável. Abrangem, em geral, áreas extensas, constituídas por propriedades públicas ou privadas. São, por conseguinte, criadas sem a desapropriação de propriedades particulares. As APAs destinam-se a proteger e conservar os ecossistemas naturais, disciplinando o processo de ocupação, e assegurar a “sustentabilidade do uso dos recursos naturais” (Lei Federal Nº 9.985/2000, art. 15). As atividades humanas, portanto, podem e devem existir, desde que respeitem as normas de uso estabelecidas no zoneamento “ecológico-econômico” da unidade. Como já foi dito, a AAR apresenta duas APAs, a Cabeceiras do Rio Cuiabá e a Salto Magessi, ambas ao sul da AAR, estando bastante distantes do empreendimento, como mostra a Figura 7.4.1.a.

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Parques Nacionais e Estaduais Esses Parques, em geral, abrangem áreas dotadas de atributos naturais excepcionais e destinam-se à preservação permanente. Têm como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. São de domínio público, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas. A AAR inclui o Parque Estadual do Cristalino, localizado nos municípios de Alta Floresta e Novo Mundo, como mostra a Tabela 7.4.1.a, além do Parque Nacional Juruena, que abrange os municípios de Apiacás, Nova Bandeirantes e Cotriguaçu, no Mato Grosso, e Apuí e Maués, no Amazonas. Dessas duas unidades de conservação, o Parque Estadual do Cristalino é o que mais se aproxima do empreendimento, estando, ainda assim, a 230 quilômetros a jusante do local previsto para implantação do AHE Colíder. Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) De acordo com a Lei No 9.985/00, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) é uma área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica, onde só devem ser permitidas a pesquisa científica e a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais. Na AAR há a RPPN Lote Cristalino, em Alta Floresta, as RPPNs Reserva Ecológica José Gimenes Soares e Reserva Ecológica Lourdes Félix Soares, em Nova Canaã do Norte, e as RPPNs Reserva Ecológica América e Reserva Ecológica Verde Amazônia, ambas em Apiacás. Das 5 RPPNs existentes na AAR, as que mais se aproximam do empreendimento são as localizadas em Nova Canaã do Norte, as RPPNs Reserva Ecológica Lourdes Félix Soares e RPPN Reserva Ecológica José Gimenes Soares, ambas, no entanto, a mais de 30 km do local do barramento (31,45 km a primeira e 33,97 km a segunda). Reserva Biológica A Reserva Biológica, segundo a Lei No 9.985/00, tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais. A Reserva Biológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluída em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. Nesta categoria de unidade de conservação é proibida a visitação pública, exceto aquela com objetivo educacional, de acordo com regulamento específico. Localizada no sul do Pará e com área total de 342.619,78 hectares, a ReBio Nascentes da Serra do Cachimbo está parcialmente situada na bacia do rio Teles Pires, se distanciando significativamente do AHE Colíder.

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Outras unidades de conservação existentes na AAR são a Reserva Ecológica Estadual de Apiacás, em Apiacás (MT) e o Parque do Córrego Lucas, em Lucas do Rio Verde (MT). A Reserva Ecológica Estadual de Apiacás possui área de 100.000 há. Já o Parque do Córrego Lucas constiui unidade de pequeno porte situada na área urbana de Lucas do Rio Verde, município situado a montante do AHE Colíder, na região centro-sul da AAR. A Figura 7.4.1.a representa a distribuição espacial das unidades de conservação citadas na bacia do rio Teles Pires. Das cinco Unidades de Conservação de Proteção Integral localizadas na AAR duas são apoiadas atualmente pelo ARPA – Programa Áreas Protegidas da Amazônia, caso do Parque Nacional do Juruena e do Parque Estadual do Cristalino. 7.4.2 Terras indígenas (TIs) e comunidades tradicionais De acordo com o Anuário Estatístico de Mato Grosso de 2006, o Estado apresentava, nesse ano, uma população de 26.889 indígenas, distribuídos em 55 grupos indígenas, utilizando 73 Terras Indígenas (TIs). Já no Estado do Pará, as 32 TIs existentes contavam com população indígena de 26.002 pessoas, distribuídas em 36 grupos indígenas7. Especificamente na bacia hidrográfica do rio Teles Pires, com uma área de 141.871,35 km2, existem cinco Terras Indígenas demarcadas, cujos territórios encontram-se parcial ou totalmente inseridos na bacia: TIs Kayabi, Munduruku, Bakairi, Santana e Panará. A localização destas TIs na AAR do presente estudo é ilustrada na Figura 7.4.1.a, apresentada na Seção 7.4.1. Cabe destacar que somente as TIs Kayabi e Bakairi têm os seus territórios integralmente inseridos na bacia do rio Teles Pires, uma vez que a TI Munduruku tem a maior parte de seu território na bacia do Rio Cururu, além de pequena parte na bacia do rio Cadariru. A TI Santana, por sua vez, apresenta somente 14% de sua área (ou 50,56 km2) dentro dos limites da bacia, assim como a TI Panará, que possui uma porção ainda menor na bacia, 0,39% de sua área (ou 19,35 km2). Nenhuma destas Terras Indígenas encontra-se na Área de Influência Indireta (AII) ou Direta (AID) da AHE Colíder, como também se observa na Figura 7.4.1.a.

7 http://www.funai.gov.br; http://www.sectam.pa.gov.br; Ferreira, João Carlos Vicente, 1954 – O Pará e seus Municípios. Belém : J.C.V.

Ferreira, 2003.

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A TI Bakairi, com 62.552,28 ha, apresentava população de 571 habitantes em 2005, segundo dados do Anuário Estatístico de Mato Grosso de 2006, e encontra-se próxima às nascente do rio Teles Pires, quase totalmente localizada no município de Paranatinga, à margem direita do rio Teles Pires, sendo que uma parte situa-se no município de Planalto da Serra, na margem esquerda deste rio. Esta TI encontra-se a montante do local proposto para a barragem do AHE Colíder, a uma distância de 371,3 km em linha reta, como indicado na Figura 7.4.1.a. Também a montante do aproveitamento, às margens do Rio Novo, que deságua no Teles Pires, encontra-se a TI Santana, cuja maior parte do território encontra-se na bacia do Rio Arinos. A população Bakairi, de quase 770 pessoas, está dividida entre as TIs Bakairi e Santana, sendo que destas, 571 índios habitam a TI Bakairi, e os 198 índios restantes do grupo ocupam a TI Santana, que possui área de 34.963,79 ha, localizada no município de Nobres, estando cerca de 341,91 km a montante do barramento do AHE Colíder. Na foz do rio Teles Pires, em sua confluência com o Rio Juruena formando o Tapajós, a jusante do local proposto para o AHE Colíder, a distâncias de 237,31 e 306,83 km em linha reta, respectivamente, existem duas Terras Indígenas que formam um bloco contínuo – as TIs Kayabi e Munduruku. Esses territórios acompanham a margem direita do baixo curso do Teles Pires, continuando após a formação do Rio Tapajós. Somente 22% da TI Munduruku encontra-se na bacia do Teles Pires, apresentando a maior parte de seu território na bacia do Cururu, conforme citado anteriormente. A população Kayabi atual soma aproximadamente 1.000 pessoas8 e ocupa três territórios, dos quais apenas um, a TI Kayabi, localiza-se na AAR. A TI Kayabi localiza-se nos municípios de Jacareacanga/PA e Apiacás/MT, e abrange 476.494,76 ha (segundo dados do Anuário Estatístico de Mato Grosso de 2006), estando, como já foi dito, 237,31 km a jusante do local do empreendimento. Na TI Apiaká-Kayabi, que está a 168,86 km do empreendimento em linha reta, no município de Juara, a população Kayabi divide a área de 109.245 ha com remanescentes Apiaká e com índios Munduruku. A TI Batelão, igualmente distante do local do empreendimento e fora da bacia, possui área de 117.050 ha localizada nos territórios de Tabaporã e Juara e Nova Canaã do Norte, ocupada pelo grupo Kayabi. Os Munduruku estão situados em regiões e territórios diferentes nos estados do Pará (sudoeste, calha e afluentes do Rio Tapajós, nos municípios de Santarém, Itaituba, Jacareacanga), Amazonas (leste, Rio Canumã, município de Nova Olinda e próximo à Transamazônica, município de Borba, AM), Mato Grosso (Norte, região do Rio dos Peixes, município de Juara). A população Munduruku concentra-se majoritariamente na TI Munduruku, com a maioria das aldeias localizadas no Rio Cururu, afluente do Tapajós. A TI Munduruku, na qual vivem cerca de 5.057 indígenas, localiza-se no município de Jacarecanga (PA) e tem 2.340.360 hectares9, estando 306,83 km a jusante do local do empreendimento.

8 www.socioambiental.org, acessado em 20/06/2008. 9 http://www.funai.gov.br; http://www.sectam.pa.gov.br; Ferreira, João Carlos Vicente, 1954 – O Pará e seus Municípios. Belém : J.C.V.

Ferreira, 2003.

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AHE Colíder – 300 MW 72 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Cabe mencionar que o grupo indígena Kayabi habita outras duas TIs localizadas fora da bacia do Teles Pires, as TI Apiaká/Kayabi, no Rio dos Peixes, e TI Batelão, dividindo a primeira com os grupos Munduruku e Apiaká. Além de dividir a terra, os Kayabi, os Apiaká e os Munduruku mantém relações de parentesco entre si, tendo sido, portanto, considerados, juntamente com os Bakairi, no detalhamento desta seção. Finalmente, a TI Panará encontra-se quase integralmente na bacia do Rio Iriri, com pequena parte na bacia do Rio Xixé. Esta TI, com área de 494.017 ha, abrangendo territórios dos municípios de Matupá e Guarantã do Norte, no Mato Grosso, e Altamira, no Pará, está a 199,47 km de distância do empreendimento em linha reta. Nesta TI, há 164 índios na porção matogrossense e 300 na porção paraense. A Tabela 7.4.2.a, a seguir, resume os principais dados acerca destas TIs, assim como a sua distância em relação ao AHE Colíder. Tabela 7.4.2.a Terras indígenas com território na AAR

Terra Indígena Povo População

(Habitantes) Área (ha) Situação Localização

Distância do AHE Colíder

(em linha reta)

% na AAR

Bakairi Bakairi 571 (1) 62.552,28 (1) Homologada/ Regularizada (1) Paranatinga (MT) 371,3 100%

Kayabi Kayabi -- 476.494,76 (1) Identificada/ Delimitada (1)

Apiacás (MT) e Jacareacanga (PA) 237,31 100%

Munduruku Munduruku 5.057 (2) 2.340.360 (2) Homologada/ Regularizada (3) Jacareacanga (PA) 306,83 22%

Santana Bakairi 198 (1) 34.963,79 (1) Homologada/ Regularizada (1) Nobres (MT) 341,91 14%

Panará Panará 164 (no MT) (1) e 300 (no PA) (2)

112.977,84 (no MT) (1) e 495.000 (no PA) (2)

Guarantã e Matupá

(MT) e Altamira (PA)

199,47 0,39%

(1) Anuário Estatístico de Mato Grosso – 2006; (2) http://www.funai.gov.br; http://www.sectam.pa.gov.br; Ferreira, João Carlos Vicente, 1954 – O Pará e seus Municípios. Belém : J.C.V. Ferreira, 2003; (3) Eletronorte/Furnas/Eletrobrás (2005). Em cumprimento às diretrizes constantes no Termo de Referência para elaboração do EIA/RIMA do AHE Colíder, em 16 de maio de 2008 os responsáveis pelos estudos de viabilidade solicitaram a manifestação da FUNAI quanto a implantação do AHE Colíder (Anexo 9). Tal manifestação não foi expedida até a conclusão do presente estudo. Complementarmente, foi solicitada manifestação da FUNASA (Fundação Nacional de Saúde) sobre a localização do empreendimento e o desenvolvimento de projetos da fundação na região. A manifestação da FUNASA indica que os projetos desenvolvidos na região do AHE Colíder têm como objeto melhorias em sitemas de abastecimento de água, de destinação de resíduos sólidos e de controle de endemias. Não há registro de projetos relativos à gestão da saúde de comunidades indígenas (Anexo 10).

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AHE Colíder – 300 MW 73 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Comunidades remanescentes de quilombos De acordo com o site da Fundação Cultural Palmares10, a denominação comunidades remanescentes de quilombos, assim como os quilombos, mocambos, terra de preto, comunidades negras rurais e comunidades de terreiro, são expressões que designam grupos sociais afros-descendentes trazidos para o Brasil durante o período colonial, que resistiram ou, manifestamente, se rebelaram contra o sistema colonial e contra sua condição de cativo, formando territórios independentes onde a liberdade e o trabalho comum passaram a constituir símbolos de diferenciação do regime de trabalho adotado pela metrópole. O Decreto No 4.887, de 20 de novembro de 2003, em seu artigo 2º, considera os remanescentes das comunidades dos quilombos, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra, relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida. Conforme registros junto à Fundação Cultural Palmares, estão identificadas oficialmente 1.000 comunidades remanescentes de quilombos. As maiores concentrações destas comunidades estão nos estados da Bahia e Maranhão. De acordo com DOS ANJOS (2.005a e 2.005b), no estado do Mato Grosso há comunidades quilombolas nos municípios de Chapada dos Guimarães, Cuiabá, Acorizal, Nossa Sra. do Livramento, Poconé, Barra do Bugres, Cáceres, Comodoro, Nova Lacerda e Vila Bela da Santíssima Trindade, todas fora da Área de Abrangência Regional (AAR) do AHE Colíder. Para que se assegurasse o atendimento ao Decreto Nº 4.887/2003, foi realizada uma consulta formal à Fundação Cultural Palmares – FCP e ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, visando a conformação da não existência dessas comunidades na AAR do AHE Colíder e, no caso da existência de alguma comunidade, a localização precisa de seu território. Em resposta, a Fundação Palmares informou, por meio do Ofício No 507/DPA/FCP/MinC/2008 (Anexo 11), que não foi identificada, até o momento, a existência de comunidades quilombolas nos municípios afetados pelo empreendimento. O INCRA também se manifestou, por meio do MEMO/INCRA/DTM/ No 333/2008 (Anexo 12), informando que o empreendimento não se sobrepõe a terras de Remanscentes de Quilombolas. A manifestação do INCRA atestou ainda a inexistência de inteferências do empreendimento com projetos de assentamento de reforma agrária.

10 http://www.palmares.gov.br/

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AHE Colíder – 300 MW 74 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

7.5 Programas e Projetos Co-localizados Nesta seção são apontados os planos e projetos públicos ou privados planejados ou em execução na bacia do rio Teles Pires. São indicados os projetos considerados relevantes quanto à potenciais interações com o proposto AHE Colíder, o que inclui outros aproveitamentos hidrelétricos previstos na bacia, projetos de logística e de transportes e planos de organização territorial. A localização dos projetos listados é indicada nas Figuras 7.5.a e 7.5.b. Aproveitamentos Hidrelétricos

Rio Teles Pires

Os Estudos de Inventário Hidrelétrico da Bacia do rio Teles Pires, desenvolvido pela Engevix sob coordenação das empresas Eletronorte, Furnas e Eletrobrás e aprovado pela ANEEL em julho de 2006. Os estudos identificaram um total de 6 aproveitamentos, sendo 5 no rio Teles Pires e 1 no rio Apiacás, que em conjunto representam potencial de 3.597 MW. Dentre os aproveitamentos identificados no rio Teles Pires encontra-se o AHE Colíder. As principais características dos aproveitamentos hidrelétricos identificados nos estudos de inventário da bacia do rio Teles Pires são apresentadas a seguir. A Figura 7.5.a indica a localização dos aproveitamentos no âmbito da Área de Abrangência Regional. AHE Magessi (TPR-1230) Dentre os aproveitamentos propostos nos estudos de inventário hidrelétrico da bacia do rio Teles Pires o AHE Magessi é que está situado mais montante, mais precisamente no km 1230 contado a partir da foz do rio Teles Pires (localização a 550 km do AHE Colíder). Trata-se de aproveitamento concebido para operção no regime a fio d’água, com potência instalada de 53 MW e energia firme de 29,20 MW. O reservatório ocupará área de 60 km2. AHE Sinop (TPR-775) Previsto no km 775, trata-se de aproveitamento hidrelétrico cujo eixo está situado a montante do remanso do reservatório do AHE Colíder. A potência instalada prevista é de 461 MW, com energia firme de 200,2 MW e reservatório com área de 329,6 km2. Conforme estudos de inventário a operação será também a fio d’água. AHE Teles Pires (TPR-329) O AHE Teles Pires, cujo eixo selecionado nos estudos de inventário encontra-se no Km 329, a 351 quilômetros a jusante do eixo do AHE Colíder, constitui o aproveitamento hidrelétrico de maior potencia identificado nos estudos de inventário (ENGEVIX-ELETRONORTE/FURNAS/ELETROBRAS, 2005).

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AHE Colíder – 300 MW 75 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

De acordo com os estudos de inventário a potencia instalada é de 1800 MW para uma energia firme de 1001 MW médios. O reservatório ocupará área de 123 Km2 nos municípios de Paranaíta, no Mato Grosso, e Jacareacanga, no Pará. AHE São Manuel (TPR-287) Assim como o TPR-329, o AHE São Manuel (eixo posicionado no Km 287 do rio Teles Pires) possui eixo e reservatório entre os estados do Mato Grosso e do Pará. No rio Teles Pires constitui o aproveitamento hidrelétrico mais jusante dentre os 6 identificados. Concebido também para operação no regime a fio d’água, a potência instalada calculada é de 746 MW com energia firme de 410 MW. O reservatório projetado ocupa área total de 53 km2. Rio Apiacás AHE Foz do Apiacás Também previsto no Estudo de Inventário Hidrelétrico do rio Teles Pires, o aproveitamento denominado AHE Foz do Apiacás (API-006) tem seu eixo localizado imediatamente a jusante de um extenso trecho de corredeiras levemente encachoeirado e a uma distância aproximada de 6 km a montante da foz do rio Apiacás no rio Teles Pires. Assim como os demais aproveitamentos propostos nos estudos de inventário da bacia, o aproveitamento foi concebido para operação no regime a fio d’água. A potencia instalada é de 275 MW com energia firme de 142,5 MW médios, e reservatório de 59,5 km2. PCH Cabeça de Boi Prevista para ser construída nos rios Apiacás nas coordenadas 10º21’27”S e 56º58’46”W, a PCH Cabeça de Boi tem potência instalada de 21,28 MW. O projeto básico desta PCH, desenvolvido pela Heber Participações Ltda, foi aprovado pela ANEEL através do despacho No 567 de 18 de fevereiro de 2008. PCH da Fazenda Prevista no rio Apiacás nas coordenadas 10º19’52”S e 56º59’08”W, a PCH da Fazenda terá potência instalada de 11 MW. De responsabilidade da Heber Participações Ltda, trata-se de aproveitamento com projeto básico aprovado pela ANEEL através do despacho No 569 de 18 de fevereiro de 2008.

A Figura 7.5.a apresenta a localização dos projetos de geração de energia acima descritos em relação ao aproveitamento AHE Colíder.

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Logística e Transportes

Hidrovia Tapajós – Teles Pires O projeto da hidrovia Teles Pires -Tapajós foi desenvolvido objetivando escoar a produção de grãos do norte do Estado do Mato Grosso, hoje o maior produtor de soja do país, para o porto de Santarém, no Pará, de onde essa mercadoria partiria para o mercado internacional. Atualmente, o escoamento da soja mato-grossense é feito através do Rio Madeira, no Amazonas, e por rodovias federais. A hidrovia Tapajós, com 346 km de extensão, escoa apenas pequenas produções do estado e combustível. Como mostra a Figura 7.5.b, a Hidrovia Tapajós – Teles Pires seria formada por três trechos, sendo o primeiro realizado no baixo Tapajós; o segundo, no médio e alto Tapajós; e o terceiro, no baixo Teles Pires. Segundo a Administração das Hidrovias da Amazônia Oriental (AHIMOR)11, no primeiro trecho da hidrovia, compreendido entre a foz do rio Tapajós, na cidade de Santarém, e as proximidades da vila de São Luís do Tapajós (PA), com cerca de 345 km, o baixo Tapajós é francamente navegável, o que faria com que a implantação da hidrovia não necessitasse da execução de obras de dragagem e de derrocamento, requerendo apenas implantação de balizamento do canal de navegação. Na seqüência, há um trecho de 28 km, entre São Luís e Buburé, em que o rio Tapajós encontra-se encachoeirado, só sendo vencido por embarcações de pequeno porte, e com riscos. Neste segmento, o rio Tapajós atingiria plena navegabilidade através da construção de um canal, onde parte do leito do rio, ao longo do canal das Cruzes, seria aproveitado. Além disso, seriam necessários serviços de derrocamento e de construção de eclusa para transposição do desnível existente nesse trecho. No trecho da hidrovia entre Buburé e a confluência com os Rios Teles Pires e Juruena (médio e alto Tapajós), há quatro segmentos diferenciados. A montante de Bururé, próximo à foz do Rio Jamanxim, principal afluente da margem direita do Tapajós, há um há um trecho de 170 km em boas condições de navegabilidade. Nos 50 km seguintes, há um estirão com várias corredeiras até a cachoeira de Mangabalzinho. Os 147 km seguintes, que incluem a cidade de Jacareacanga, têm condições razoáveis de navegação até a cachoeira de Chacorão, considerado obstáculo de difícil transposição. A montante das corredeiras do Chacorão até a foz do rio Teles Pires há um estirão de 111 km com afloramentos rochosos. Em toda a extensão da hidrovia entre Bururé e a confluência com os rios Teles Pires e Juruena, com 464 km, a navegação será em corrente livre, sendo necessária a execução de obras de dragagem e de derrocamento e, ainda, a implantação do balizamento da via.

11 www.ahimor.gov.br.

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AHE Colíder – 300 MW 77 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

O trecho final da Hidrovia, da confluência com os rios Teles Pires e Juruena até a cachoeira Rasteira (baixo Teles Pires), com cerca de 192 km, não apresenta, também, condições satisfatórias de navegabilidade. Nesse segmento a navegação será também em corrente livre, sendo necessário, apenas, a execução de obras de dragagem e a implantação do balizamento da via. Neste trecho, deverá ser implantado um terminal rodo-hidroviário na região da cachoeira Rasteira para embarque de grãos. Como se observa na Figura 7.5.b, a parte final ou mais a montante da hidrovia está a jusante da confluência do rio São Benedito com o rio Teles Pires, não havendo, portanto, sobreposição com da hidrovia com o eixo ou com o reservatório do AHE Colíder. Dentre os aproveitamentos inventariados na bacia do rio Teles Pires, apenas o AHE São Manuel (TPR-287). O primeiro Estudo de Impacto Ambiental da hidrovia foi apresentado pelo empreendedor ao órgão ambiental licenciador do estado do Pará ainda na década de 1990. No entanto, o empreendimento não conta com Licença Prévia. Há que se ressaltar ainda o curso de discussões conduzidas no âmbito da Agência Nacional de Águas (ANA), com participação de outras instituições, que tem sugerido a ampliação navegável do trecho do rio Teles Pires no sentido de montante, englobando desse modo o segmento em que é previsto o AHE Colíder e outros aproveitamentos inventariados. Tal possibilidade foi oficializada aos responsáveis pelos estudos de viabilidade do AHE Colíder pelo Ofício nº 3649/2008/SGH/ANEEL. Em atendimento ao documento citado, os estudos de viabilidade conduzidos pela PCE demonstram a compatibilidade do arranjo do AHE Colíder com a possibilidade futura de implantação de eclusas (ver arranjo no Anexo 4). Asfaltamento da BR-163 A rodovia BR-163 é uma das grandes obras de infra-estrutura da Amazônia. Com 1756 km de extensão (984 km no Mato Grosso e 772 km no Pará), esta rodovia liga as cidades de Cuiabá (MT) e Santarém, no Pará. De sua extensão total de 1756 km, 800 km encontram-se pavimentados, restando ainda 956 km sem pavimentação. No Mato Grosso, grande parte dessa rodovia encontra-se pavimentada, porém com alguns trechos sem conservação adequada. Atualmente, a rodovia BR-163 é considerada uma solução de transporte para o escoamento da produção de soja da região centro-norte do Mato Grosso. A pavimentação do trecho paraense refletirá em uma considerável economia nos custos de transporte para o escoamento dessa produção. A Figura 7.5.b indica o traçado da BR-163 e sua localização em relação ao AHE Colíder. Observa-se que o trecho não pavimentado tem início em Nova Santa Helena, município próximo à Colíder.

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AHE Colíder – 300 MW 78 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Em decorrência da proposta de pavimentação da BR-163, em 2006 o Governo Federal apresentou o Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável para a Área de Influência da Rodovia BR-163 (Plano BR-163 Sustentável) e o plano de ação, para 2006 e 2007, do Distrito Florestal Sustentável localizado na zona de influência da mesma estrada. O Plano BR-163 Sustentável, elaborado pelo Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) instituído por Decreto em 15 de março de 2004, coordenado pela Casa Civil da Presidência da República, contampla a execução de ações de ordenamento do território, implantação de infra-estrutura, fomento à atividades econômicas sustentáveis, melhoria dos serviços públicos, entre outras ações.

Planos de Ordenamento Territorial e Proteção Ambiental Plano Amazônia Sustentável (PAS) O Plano Amazônia Sustentável (PAS), lançado em maio de 2008 pelo governo federal prevê a implementação de um novo modelo de desenvolvimento na Amazônia brasileira e engloba, ao todo, 16 compromissos assumidos pelo governo para colocar em prática ações emergenciais e estruturantes na região. A abrangência territorial do PAS inclui os nove estados-membros da Amazônia Legal, que são Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e parte do Maranhão, além de partes do estado de Goiás e do Distrito Federal. Os 16 compromissos assumidos pelo governo são os seguintes: • Promover o desenvolvimento sustentável com valorização da diversidade sociocultural e

ecológica e redução das desigualdades regionais; • Ampliar a presença democrática do Estado, com integração das ações dos três níveis de

governo, da sociedade civil e dos setores empresariais; • Fortalecer os fóruns de diálogo intergovernamentais e esferas de governos estaduais para

contribuir para uma maior integração regional, criando o Fórum dos Governadores da Amazônia Leal;

• Garantir a soberania nacional, a integridade territorial e os interesses nacionais; • Fortalecer a integração do Brasil com os países sul-americanos amazônicos, fortalecendo

a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OCTA) e o Foro Consultivo de Municípios, Estados, Províncias e Departamento do Mercosul;

• Combater o desmatamento ilegal, garantir a conservação da biodiversidade, dos recursos hídricos e mitigar as mudanças climáticas;

• Promover a recuperação das áreas já desmatadas, com aumento da produtividade e recuperação florestal;

• Implementar o zoneamento ecológico-econômico e acelerar a regularização fundiária; • Assegurar os direitos territoriais dos povos indígenas e das comunidades tradicionais e

promover a eqüidade social, considerando gênero, geração, raça, classe social e etnia; • Aprimorar e ampliar o crédito e o apoio para as atividades e cadeias produtivas

sustentáveis;

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AHE Colíder – 300 MW 79 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

• Incentivar e apoiar a pesquisa científica e a inovação tecnológica; • Reestruturar, ampliar e modernizar o sistema multimodal de transportes, o sistema de

comunicação e a estrutura de abastecimento; • Promover a utilização sustentável das potencialidades energéticas e a expansão da infra-

estrutura de transmissão e distribuição, com ênfase em energias alternativas limpas e garantindo o acesso das populações locais;

• Assegurar que as obras de infra-estrutura provoquem impactos socioambientais mínimos e promovam a melhoria das condições de governabilidade e da qualidade de vida das populações humanas nas respectivas áreas de influência;

• Melhorar a qualidade e ampliar o acesso aos serviços públicos nas áreas urbanas e rurais; • Garantir políticas públicas de suporte ao desenvolvimento rural com enfoque nas

dimensões da sustentabilidade econômica, social, política, cultural, ambiental e territorial. Zoneamento Sócioeconomico e Ecológico do Mato Grosso - ZSEE De acordo com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Mato Grosso – SEMA12, o ZSEE é um instrumento de planejamento e gestão territorial, sendo o principal instrumento do Projeto de Lei de Políticas de Planejamento e Ordenamento Territorial do Estado de Mato Grosso. Seu objetivo principal é a eficiência e melhoria das condições de vida da população, a partir do desenvolvimento de atividades sustentáveis econômica e ambientalmente. O ZSEE foi criado com base em estudos da realidade matogrossense em seus diversos aspectos – físico, biótico e socioeconômico -, e das potencialidades e vulnerabilidades dos vários ambientes. Sendo o mesmo aprovado, será possível realizar o ordenamento, de forma integrada, das decisões públicas e privadas sobre políticas e investimentos que envolvam a utilização de recursos naturais. Por meio do ZSEE é possível indicar, por exemplo, as diretrizes de fomento e normatização das atividades sociais e econômicas, permitindo também intervenções e ações de ordenamento territorial, de regionalização coordenada de serviços e obras estaduais, e de articulação com os municípios e sociedade. O ZSEE foi elaborado de forma coletiva por técnicos de várias áreas do conhecimento, em parceria com o Consórcio ZEE Brasil, formado pelo IBGE, Embrapa Solos e CPRM, Ministério do Meio Ambiente, SEMA, SEPLAN e Comissão Estadual de Zoneamento. O Zoneamento Socioeconômico Ecológico de Mato Grosso é constituído por quatro categorias de uso. A primeira é formada pelas áreas com estrutura produtiva consolidada ou a consolidar; a segunda, por áreas que requerem readequação dos sistemas de manejo; a terceira, por áreas que requerem manejos específicos; e a quarta e última, por áreas protegidas. As categorias de uso se subdividem em 97 zonas e sub-zonas de uso sustentável, 173 zonas contendo as terras indígenas e unidades de conservação criadas e 15 zonas indicadas para estudos específicos visando à implantação de unidades de conservação. 12 www.sema.mt.gov.br.

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AHE Colíder – 300 MW 80 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

O ZSEE encontra-se em tramitação na Assembléia Legislativa. Após ser discutido com sociedade e aprovado no parlamento, será transformado em lei, passando assim, a ordenar o desenvolvimento econômico e tecnológico do Estado de forma compatível com a preservação, melhorias e recuperação da qualidade ambiental e das condições de vida da sociedade, além de superar as diferenças regionais. O ZSEE de Mato Grosso deverá integrar o zoneamento econômico e ecológico da Amazônia. Os estados do Acre e de Rondônia já têm concluídos os seus zoneamentos. Conforme a proposta do ZSEE-MT, a AID do AHE Colíder está inserida na Região de Planejamento RP XII – Sinop, especialmente na Categoria de Uso 3 / Zona 3.1.9 – Áreas que Requerem Manejos Específicos em Ambientes com Elevado Potencial Florestal, onde Predominam Formações Florestais, na Área de Influência do Pólo Regional de Sinop. Em termos de diretrizes de uso, a Categoria de Uso 3 compreende as áreas que apresentam elevado potencial biótico, especificidade ecológica e paisagística, e elevada fragilidade, requerendo manejos específicos para garantir a manutenção de suas características e a exploração racional e adequada de sua base de recursos naturais. A Zona 3.1.9 é indicada para o incentivo aos estudos de biodiversidade; à implantação de sistemas agroflorestais em pequenos e médios estabelecimentos; e ao manejo florestal sustentável de uso múltiplo em grandes estabelecimentos.

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AHE Colíder – 300 MW 81 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

8.0 Diagnóstico Ambiental da Área de Influência Indireta 8.1 Meio Físico 8.1.1 Caracterização climática De acordo com o sistema de classificação climática de Köppen, a Área de Influência Indireta (AII) apresenta o tipo climático Awi (clima tropical chuvoso)13, que corresponde ao clima tropical chuvoso de floresta, com temperaturas médias anuais extremas oscilando entre 20,6ºC e 40ºC, sendo a média de 24ºC. As precipitações anuais são elevadas, podendo atingir 2.500 mm. Verifica-se também uma sazonalidade bem definida, com a ocorrência de um período chuvoso de outubro a abril e estiagem entre maio e setembro. Conforme registrado no Diagnóstico Ambiental da bacia do rio Teles Pires (Área de Abrangência Regional), um dos principais mecanismos de circulação atmosférica que atuam na bacia é o Anticiclone Semi-fixo do Atlântico, responsável pela manutenção de tempo estável e seco devido ao efeito da subsidência superior. De fato, a passagem lenta e gradativa dos Anticiclones entre o Oceano Atlântico e o continente tendem a intensificar a estabilidade atmosférica, mantendo tempo ensolarado, sem nebulosidade, seco e com ventos de velocidades entre fracas e moderadas durante o dia e fracos e calmos à noite e madrugada. Todavia, outros mecanismos zonais de circulação atmosférica atuam sobre a região, com importantes reflexos nas condições de tempo. Destaca-se nessa perspectiva a atuação da zona de convergência intertropical (ZCIT), que durante a sua oscilação sazonal, contribui de forma significativa para ocorrência dos períodos prolongados de chuvas intensas e de estiagem que caracterizam a região norte do estado do Mato Grosso. Esse mecanismo resulta do encontro dos ventos alísios do hemisfério norte com os alísios do hemisfério sul. A convergência destes dois fluxos resulta na ZCIT, através da qual há a formação de instabilidades associadas a nuvens convectivas (grande desenvolvimento vertical). Tais instabilidades são responsáveis pela formação de nebulosidades do tipo convectivas sobre a região central amazônica, as quais se deslocam geograficamente para região Centro-Oeste, passando assim sobre a região norte do estado do Mato Grosso, onde está situada a AII do AHE Colíder.

13 Peel, M. C. and Finlayson, B. L. and McMahon, T. A. (2007). "Updated world map of the Köppen-Geiger climate classification". Hydrol.

Earth Syst. Sci. 11: 1633-1644.

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AHE Colíder – 300 MW 82 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Complementarmente, a alta produção de calor associada à alta umidade relativa da região, que provoca a formação de nuvens convectivas ao longo da ZCIT, resulta na formação de grandes camadas de nebulosidade e em alta temperatura. A atuação destes fatores é quase constante na região norte, porém durante os meses de verão pode atingir a região Centro-Oeste, parte do Nordeste e Sudeste. Estes sistemas provocam elevados índices de precipitação acumulada, o que por sua vez depende de outros fatores meteorológicos que tendem a intensificar ou enfraquecer o regime pluviométrico. Parâmetros meteorológicos Para a caracterização climática da AII foram levantados os dados meteorológicos disponíveis da rede meteorológica oficial. A estação mais próxima é a que está instalada no município de Sinop, distante 100 km do município de Colíder, estando, portanto, dentro do raio de validação de 150 km estabelecido pela Organização Meteorológica Mundial (OMM). A estação meteorológica é identificada como SINOP–A917, localizada na latitude de 11.98º S e na longitude de 55.56º W, a qual é operada pelo 9º DISME INMET. Como a estação está instalada a 120 km do empreendimento, representa bem o regime climático do local do AHE Colíder e de sua Área de Influência Indireta. A caracterização considera os dados da estação de Sinop e os das Normais Climatológicas, que foram analisados de forma espacial e dispostos em cartogramas climatológicos que ilustram a oscilação do regime climático. Temperatura A Figura 8.1.1.a apresenta o mapa da distribuição espacial das isopletas de temperatura média das Normais Climatológicas elaborado pelo INMET a partir da rede de estações, onde se destacou o trecho referente à área do empreendimento. A Figura 8.1.1.a indica que as variações térmicas observadas entre 1961 a 1990 oscilam entre 24 a 26ºC. Por outro lado, na direção de Alta Floresta (ao norte de Colíder), verifica-se um decréscimo da temperatura, oscilando entre 22ºC e 24ºC. A estação meteorológica SINOP–A917 não dispõe de dados relativos às temperaturas máximas e mínimas mensais, mas apenas da temperatura média, a qual é apresentada na Figura 8.1.1.b.

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AHE Colíder – 300 MW 83 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Figura 8.1.1.a Isotermas

Fonte: INMET. Figura 8.1.1.b Temperaturas médias, máximas e mínimas mensais da região do AHE Colíder

Fonte: INMET.

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AHE Colíder – 300 MW 84 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

A temperatura média anual é de 24,5ºC, a do mês mais frio é 20,6º C (julho) e a do mês mais quente é de 26,4º C (novembro). Em relação à máxima absoluta, esta pode atingir máxima de 32,5ºC e mínima de 18,6ºC. Entre os meses de maio a agosto, o período mais frio coincide também com o período seco, devido ao fato da atmosfera se encontrar na condição de equilíbrio estável. Precipitação A Figura 8.1.1.c apresenta o mapa da distribuição espacial das isopletas de precipitação média das Normais Climatológicas (1961 a 1990), o qual foi elaborado pelo INMET a partir da sua rede de estações. Na Figura foi destacado o local do empreendimento. Figura 8.1.1.c Distribuição espacial da chuva na área do AHE Colíder – MT

Fonte: INMET. A Figura 8.1.1.c indica que o maior total pluviométrico, que varia entre 1.700 a 2.400 mm, se localiza nas imediações do AHE Colíder. Verifica-se, portanto, que o regime pluviométrico no entorno do empreendimento é tipicamente característico de clima quente e úmido. A Figura 8.1.1.d apresenta a precipitação média mensal medida na estação climatológica de SINOP-INMET. Como já registrado, essa estação está situada a 120 km de distância do AHE Colíder, sendo, portanto, representativa do regime de precipitação dominante na região. Observa-se que a média anual acumulada de chuva é de 1.787 mm. Ao longo do ano observa-se que 94% da chuva anual se concentra entre os meses de outubro a abril. O mês de janeiro, com 357 mm, é o mais chuvoso, enquanto o menos chuvoso é julho, cujo total médio é de 4 mm. Portanto, o regime climático da região é definido como apresentando um longo período extremamente úmido e outro de curta duração extremamente seco.

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AHE Colíder – 300 MW 85 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Figura 8.1.1.d Precipitação média mensal nas imediações do AHE Colíder

Fonte: 9º DISME-INMET. Evaporação Com base nos dados de evaporação da estação meteorológica de Sinop e nas Normais Climatológicas da rede de estações do INMET, adaptou-se a distribuição espacial da evaporação, sumarizada nas Figuras 8.1.1.e e 8.1.1.f. A Figura 8.1.1.e indica um limite de distribuição espacial média anual da evaporação sobre a área do empreendimento, composto de dois totais de evaporação, sendo um de 1.500 mm e outro de 1.200 mm. O total anual de precipitação é da ordem de 1.787 mm, sendo superior, portanto, ao total evaporado. Essa diferença para mais de vapor d’água confirma a condição de região úmida, tendo em vista o superávit de vapor d’água dominante na área da bacia. A Figura 8.1.1.e apresenta a evaporação média mensal comparada à precipitação média mensal. A evaporação média anual medida na estação de SINOP é da ordem de 1.565,5 mm. Na Figura observa-se que 94% da chuva anual se concentra entre os meses de outubro a abril e a perda de água por evaporação para atmosfera, nesse mesmo período, é de 73%. Em agosto, a perda de água por evaporação é de 226,7 mm, enquanto o total acumulado de chuva é de 11 mm, o que caracteriza esse mês como o mais crítico em termos de controle hidrológico na área do AHE Colíder.

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AHE Colíder – 300 MW 86 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Figura 8.1.1.e Distribuição espacial da evaporação média anual na área do AHE Colíder

Fonte: INMET. É importante ressaltar que embora os dados analisados representem o regime da chuva e da evaporação, é possível que na área do empreendimento os totais acumulados sejam maiores, conforme mostra a distribuição espacial destes dois parâmetros nas Figuras 8.1.1.e e 8.1.1.f. Figura 8.1.1.f Evaporação média mensal na região do AHE Colíder

Fonte: INMET.

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AHE Colíder – 300 MW 87 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Umidade relativa A Figura 8.1.1.g mostra a distribuição espacial média anual da umidade relativa, registrando uma umidade média anual em torno de 85%. Nota-se também que à medida que ocorre um afastamento no sentido sul a umidade tende a decrescer. Figura 8.1.1.g Distribuição espacial da umidade relativa média anual na área do AHE Colíder

Fonte: INMET. A Figura 8.1.1.h apresenta a média mensal da umidade relativa, elaborada a partir das Normais Climatológicas do INMET da estação meteorológica de SINOP. Observa-se que a média anual de umidade é de 73,3%, que é menor que a observada na área através da distribuição espacial pelas Normais Climatológicas. Apesar da diferença, o regime sazonal da umidade é semelhante ao mostrado na Figura 8.1.1.g. Assim, pode-se inferir que o mês menos úmido é agosto, com 55% de umidade, e os meses mais úmidos são janeiro e fevereiro, com 82%. De modo geral, a umidade relativa segue o ciclo sazonal característico da região, regulado com o balanço hídrico entre a precipitação e a evaporação da região.

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AHE Colíder – 300 MW 88 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Figura 8.1.1.h Umidade relativa média mensal na região do AHE Colíder

Fonte: INMET. Insolação Total A Figura 8.1.1.i apresenta a distribuição espacial anual da insolação (ou o número de horas de brilho solar) dominante no entorno do AHE Colíder. Verifica-se que, no local, a insolação incidente oscila entre 2.200 e 2.500 horas por ano. Esse valor correspondente a mais da metade da insolação total incidente sobre a região nordeste do Brasil. Essa baixa insolação na área da bacia do Teles Pires é um dos fatores climáticos que justificam a baixa evaporação do vapor d’água. Tendo em vista e inexistência de dados mensais de insolação na estação SINOP, não foi possivel efetuar sua caracterização sob a perspectiva sazonal.

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AHE Colíder – 300 MW 89 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Figura 8.1.1.i Distribuição espacial da insolação total média anual na área do AHE Colíder

Através das informações climatológicas ora apresentadas pode-se concluir o seguinte: • Segundo a classificação de Köppen, o clima da região é do tipo Awi, que corresponde ao

clima tropical chuvoso de floresta; • O setor oriental da região é constantemente submetido aos ventos que sopram do oceano

para o continente, de Nordeste (NE) para Este (E) e Estesudeste (ESE); • A temperatura média anual é de 24,5ºC, a do mês mais frio é 20,6ºC (julho) e a do mês

mais quente é 26,4ºC (novembro); • A precipitação média anual é de 1.787 mm. Cerca de 90% da precipitação se concentra

entre os meses de outubro a abril. No mês de janeiro chove 360 mm, o que o caracteriza como o mais chuvoso;

• A região possui uma perda de água por evaporação de 1.565,5 mm, a qual é menor que o ganho pela precipitação acumulada anual de 1.787 mm;

• A umidade relativa média anual na bacia é de 73,3% e a mínima pode atingir 57,3%, detectada no mês de agosto;

• O número médio anual de brilho solar oscila entre 2.200 e 2.500 horas, que corresponde à insolação de 6,5 horas por dia de brilho solar.

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AHE Colíder – 300 MW 90 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

8.1.2 Substrato litoestrutural Os rios do trecho da bacia hidrográfica do rio Teles Pires correspondente à AII cortam rochas proterozóicas do embasamento cristalino e formações sedimentares cenozóicas representadas por extensas coberturas detrito-lateríticas, além de sedimentos aluviais, que formam planícies fluviais largas e contínuas. As unidades litorestratigráficas que ocorrem na AII são apresentadas na Tabela 8.1.2.a e têm sua distribuição mostrada na Figura 8.1.2.a, produzida a partir do Mapeamento Geológico da CPRM (CPRM, 2004) – Folha Juruena. Tabela 8.1.2.a Unidades litoestratigráficas fanerozóicas e proterozóicas que ocorrem na AII do AHE Colíder, na bacia hidrográfica do rio Teles Pires

Unidade Litotipos Idade

Q2a Depósitos Aluviais

Argila, silte, areias, cascalhos e matéria orgânica Pleistoceno / Holoceno

N1 r Formação Ronuro

Areia, silte argila cascalho e laterita pouco consolidados Neogeno

MP2 d Formação Dardanelos

Subarcóseos, quartzo-arenitos, arcóseo, conglomerado e grauvaca, arenitos feldspático médio a grosso Mesoproterozóico

Fonte: Compilado do Mapa Geológico da Folha Juruena, na escala 1:1.000.000 (CPRM, 2004). No trecho estudado da Bacia Hidrográfica do rio Teles Pires, entre a foz do ribeirão da Águia e a Cachoeira Três Corações (sítio do AHE Sinop), predominam arenitos quartzosos e arcoseanos e conglomerados da formação Dardanelos, ocorrendo sedimentos da Formação Ronuro na bacia do rio Renato, afluente da margem direita do rio Teles Pires. Desenvolve-se a seguir a caracterização sintética do substrato litoestrutural da AII.

Arenitos, Arcóseos e Conglomerados A presença de arenitos, arcóseos e conglomerados na bacia contribuinte do AHE Colíder está associada à unidade mesoproterozóica (Formação Dardanelos). Os arenitos comumente ocorrem associados a arcóseos e a conglomerados encontram-se arrasados pelos processos de aplanamento, estando em processo de dissecação, dando origem a formas tabulares e colinosas. Essas rochas sustentam os relevos dissecados do tipo colinas amplas, colinas médias e morrotes. A presença de zonas silicificadas, na Formação Dardanelos, favorece a formação blocos e matacões que ocorrem nos talvegues onde condicionam rápidos e cachoeiras no leito do rio Teles Pires, como é o caso das corredeiras ou cachoeiras que localmente recebem as denominações de Emboscada, Celita e Três Corações. A maior resistência dessas zonas silicificadas sustenta, ainda, pequenas escarpas no relevo de Colinas e Morrotes.

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AHE Colíder – 300 MW 91 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Os solos de alteração e residual dessas rochas têm textura areno-argilosa e argilosa devido a presença de arcóseos, estando a associados a Latossolos Vermelho Amarelos e Latossolos Vermelhos, no relevo mais suave; e a Plintossolos Pétricos concressionários, Neossolos Litólicos e Argissolos Vermelho-Amarelos nos relevos mais dissecados. Cobertura Detrito-Laterítica Dentro desta categoria incluem-se os sedimentos neogênicos da Formação Ronuro (areia, silte argila cascalho e laterita pouco consolidados), que ocorrem de modo mais contínuo nos relevos de Colinas amplas que ocorrem nas cabeceiras do rio Renato. Os sedimentos neogênicos são constituídos por areias inconsolidadas, argilas, concreções ferruginosas e eventuais lentes conglomeráticas; de modo subordinado ocorrem sedimentos argilo-arenosos com blocos e nódulos de concreções lateríticas e níveis de seixos de quartzo, que recobrem o horizonte de argila mosqueado. A constituição argilosa e a alta permeabilidade desses materiais e o relevo colinoso dessas áreas associam-se também a Latossolos Vermelho Amarelos e Latossolos Vermelhos, o que inibe a ocorrência de processos erosivos associados ao escoamento superficial favorecendo a infiltração. A presença de processos erosivos é condicionada pela compactação dos solos, devida á interferência antrópica, sendo, porém, ocasional e de baixa intensidade. Sedimentos Aluviais Os sedimentos aluviais são inconsolidados, com baixa capacidade de suporte, sendo constituídos por: areia fina argilosa, argila orgânica, argila siltosa, e cascalhos. Os sedimentos aluviais têm espessuras de superiores a 3 m, na base ocorrem camadas de areias e cascalhos finos e grossos. Esses depósitos formam planícies fluviais, largas e contínuas, ao longo dos rios maiores. Associados a esses sedimentos ocorrem: Gleissolo Háplico, Neossolo Flúvico, Plintossolo Háplico e Neossolo Quartzarênico Hidromórfico.

Com base nos atributos do embasamento rochoso e dos sedimentos que ocorrem na bacia hidrográfica do rio Teles Pires foi feita uma caracterização dos possíveis problemas e fragilidades associadas a esses materiais (Tabela 8.1.2.b).

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AHE Colíder – 300 MW 92 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Tabela 8.1.2.b Atributos, solos associados, características geotécnicas e medidas preventivas para a ocupação de áreas constituídas por tipos de rocha que ocorrem na AII

Tipos de Materiais Problemas Esperados Recomendações

Sedimentos Aluviais

Areia fina, areia argilosa e

argila siltosa, matéria orgânica e ocasionalmente

cascalhos em planícies fluviais

• Enchentes sazonais; • Presença de áreas alagadiças,

freático elevado e solos moles; • Erosão lateral e vertical do canal e

das margens; • Estabilidade precária das paredes de

escavação; • Recalque de fundações; • Danificação das redes subterrâneas

por recalque; • Danificação do subleito das vias

devido à saturação do solo; • Risco de contaminação do lençol

freático.

• Evitar a ocupação, proteger e recuperar as planícies de inundação, os fundos de vale e as matas ciliares e implantar projetos que evitem a ocupação por residências, industrias e sistema viário e evitem a degradação dos recursos hídricos;

• Promover a estabilidade e proteção contra a erosão das margens dos cursos d’água;

• Adotar medidas que acelerem a estabilização dos recalques e melhorem as condições de suporte e resistência do solo nos projetos de aterros;

• Adotar medidas adequadas para minimizar os recalques e evitar a danificação das tubulações;

• Implantar sistemas de drenagem superficial e subterrânea eficientes, de modo a evitar a saturação do subleito viário.

Coberturas Detrito-Lateríticas

Constituídas por areias inconsolidadas, argilas,

concreções ferruginosas e eventuais lentes

conglomeráticas; sendo subordinados sedimentos

argilo-arenosos com blocos e nódulos de concreções

lateríticas e níveis de seixos de quartzo, que recobrem o

horizonte de argila mosqueado.

• Problemas de trafegabilidade causados pela elevada plasticidade e baixa aderência dos solos argilosos;

• Dificuldade para a abertura de cavas e canais devido a presença de horizontes espessos de laterita;

• Processos erosivos em áreas de solo exposto (jazidas), devido ao uso da laterita como material para agregado de pavimentação.

• Utilizar revestimento granular para melhorar as condições de aderência;

• Os solos argilosos podem ser usados como núcleo de aterro;

• Retaludamento, restauração da cobertura de solo e de vegetação nas áreas de solo exposto das jazidas de laterita (agregado).

Arenitos, Arcóseos e

Conglomerados Rochas sedimentares com porcentagem maior que 80% de areia e quartzo, que podem ocorrer intercalados com outras rochas, porém subordinadas. O solo de alteração pode ser arenoso, areno-argiloso e argilo-arenoso conforme a composição ou rocha associada.

• Podem apresentar instabilidade com quedas de blocos e rupturas clássicas devido ao diaclasamento ou o acamamento desfavorável e a presença de planos de percolação;

• Recalque diferencial devido à baixa densidade do solo de alteração;

• Ocorrência de processo de piping que pode provocar erosão remontante;

• Os Solos de alteração francamente arenosos são muito sensíveis a erosão laminar e em sulcos.

• Drenar os locais com surgência d’água; • Em subleito de vias usar revestimento com argila

para melhorar a capacidade de suporte e a resistência à erosão. Nas rampas, utilizar revestimento granular para melhorar a aderência;

• Adotar cuidados especiais de drenagem (coleta, condução lançamento e dissipação de águas pluviais) e proteção superficial nas obras de terra,

Fonte: Compilado de CAMPOS (1988), SHDU/CSTDE/ EMPLASA/IPT (1990) e NAKAZAWA (1994).

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AHE Colíder – 300 MW 93 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

8.1.3 Relevo A caracterização do relevo na AII do AHE Colíder tem por objetivo levantar os tipos de relevo, bem como os condicionantes associados à dinâmica superficial. Os levantamentos foram realizados com base na compilação e análise de dados bibliográficos e cartográficos, e na interpretação de imagens de sensores remotos, o que permitiu a reinterpretação dos dados que são apresentados nesta Seção. Foram adotados os critérios descritos por Ponçano et al. (1981) e Pires Neto (1992), visando uma aproximação progressiva na caracterização dos atributos do relevo e da rede hidrográfica da bacia. Para isso foram utilizados mapas geomorfológicos, geológicos e pedológicos, nas escalas 1:5.000.000, 1:1.000.000 e 1:250.000, que estão relacionados na Tabela 8.1.3.a, e imagens de satélite na escala 1:100.000. Além das informações cartográficas assinaladas, foram utilizados dados do Inventário Hidrelétrico da Bacia do rio Teles Pires (ENGEVIX-ELETRONORTE/FURNAS/ELETROBRAS, 2005) e dos Diagnósticos e Zoneamento Ambiental elaborados pelo estado do Mato Grosso (CENEC/SEPLAN/MT, 2003). Foram também utilizadas imagens produzidas por meio de composições geradas as informações disponíveis no SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) da Agência Espacial Norte Americana (NASA). Tabela 8.1.3.a Mapas utilizados na caracterização e na avaliação dos atributos e fragilidades dos relevos da AII do AHE Colíder

Tipo de Mapa Escala Referência Geomorfológico do Brasil 1: 5.000.000 IBGE (2006) Geológico da América do Sul 1: 5.000.000 CPRM (2000) Zonas Sismogênicas 1:5.000.000 MIOTO (1993) Estruturas Neotectônicas da Região Amazônica Diversas COSTA (1996) Solos do Brasil 1: 5.000.000 IBGE (2001) Geológico do Brasil 1: 2.500.000 DNPM (1995) Geomorfológico do Estado do Mato Grosso 1: 1.500.000 CNEC/SEPLAN/MT (2001) Geomorfológico e Exploratório de Solos – Folha Juruena. 1: 1.000.000 RADAMBRASIL (1980) Geologia, Tectônica e Recursos Minerais do Brasil (SIG) 1: 1.000.000 CPRM (2004) Geomorfologia e Pedologia 1: 250.000 SIPAN (sem data) Hidrografia 1: 250.000 HIDROWEB (2001) O Mapa de Unidades de Relevo (IBGE, 1993) delimita na AII do AHE Colíder três unidades de relevo: Depressão da Amazônia Meridional, Planalto dos Parecis e Depressão do Xingu, esta última restrita ao setor leste da AII (Figura 8.1.3.a). O Mapa de 2006 apresenta individualização semelhante à do mapa anterior, complementada por outras unidades na região, porém fora dos limites estabelecidos para a AII.

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AHE Colíder – 300 MW 94 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

O mapa geomorfológico produzido no âmbito do Projeto RADAM, de 1983, apresenta individualização distinta da consolidada no Mapa de Unidades de Relevo do IBGE. Conforme mapa do RADAM, o território da AII insere-se no contexto de duas unidades geomorfológicas, caso do Planalto dos Pareceis e da Depressão Interplanáltica da Amazônia Meridional. As Figuras 8.1.3.a e 8.1.3.b reproduzem em diferentes escalas os dois mapas geomorfológicos citados (IBGE, 2006 e RADAM, 1980 – Folha Juruena). As características das unidades de relevo da AII são apresentadas a seguir:

Planalto dos Parecis O Planalto dos Parecis apresenta relevo de grande homogeneidade evoluído a partir de uma antiga superfície de aplanamento preservada principalmente nos divisores de água, que corresponde ao relevo de Superfície pediplanada (chapada), o qual vem sendo entalhado pela drenagem atual, dando origem a relevos pouco dissecados em tabuleiros e colinas. No contexto de toda a bacia hidrográfica, essa unidade de relevo é limitada a sul por uma escarpa, que constitui o limite com a unidade de relevo Depressão do Alto Paraguai, onde as altitudes variam de 500 a 600 m, decaindo para norte onde atingem altitudes de 250 a 340 m, no seu contato com a Depressão da Amazônia Meridional, onde se encontra a AII. Na área de estudo, a unidade é sustentada por subarcóseos, quartzo-arenitos, arcóseo, conglomerado e grauvaca, arenitos feldspáticos médios a grossos, do mesoproterozóico, da Formação Dardanelos, e secundariamente por coberturas detrito-lateríticas cenozóicas da Formação Ronuro, preservadas nos principais interflúvios deste trecho da bacia do rio Teles Pires. A Formação Ronuro constitui unidade litológica associada à Depressão Xingu ou Superfície do Alto Xingu, segundo os mapas de unidades de relevo do IBGE – 1993 e 2006. Na unidade de relevo do Planalto dos Parecis predominam Latossolos Vermelho – Amarelo e Latossolo Vermelho, ocorrendo ao longo das planícies fluviais: Gleissolos Háplicos, Neossolo Flúvico, Plintossolo Háplico e Neossolo Quartzarênico Hidromórfico. Depressão Interplanáltica da Amazônia Meridional Abrangendo o setor central da AII e o trecho do rio Teles Pires no qual é previsto o eixo e o reservatório do AHE Colíder (Figura 8.1.3.a e 8.1.3.b), a Depressão Interplanáltica da Amazônia Meridional (segundo denominação do RADAM) ou Depressão da Amazônia Meridional (denominação do IBGE) é uma unidade de relevo de grande extensão, que constitui uma superfície de aplanamento, com altitudes de 280 a 400 m, a sul, e caimento para norte, apresentando altitudes de 200 a 220, na confluência dos rios Teles Pires e Juruena. Associado a essa unidade ocorrem relevos residuais que formam o Planalto Residual do Sul da Amazônia.

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AHE Colíder – 300 MW 95 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Nessa unidade foram diferenciados pelo RADAMBRASIL (1980) relevos com diferentes índices de dissecação que correspondem a relevos dissecado em colinas de topo aplanado (c 21 e 31), e ainda remanescentes de superfície pediplanada (t 31 e 41). Na área da AII esta unidade de relevo é representada por relevos dissecados, caracterizados como Colinas e Morrotes, no qual se encaixa o vale do rio Teles Pires, que entalha as rochas da formação Dardanelos, que se associa a Plintossolos Pétricos concressionários, Neossolos Litólicos e Argissolos Vermelho-Amarelos.

Tipos de relevo O relevo da bacia contribuinte da AHE Colíder foi caracterizado com base nos mapas geomorfológicos, na escala 1:1.000.000, do RADAMBRASIL (1980) sendo a legenda e a analise complementada com os dados morfométricos e morfográficos dos mapas de campo do CNEC/SEPLAN/MT (2001). Para a análise desses mapas foi utilizado também o Modelo Digital de Terreno Sombreado (NASA –SRTM), com curvas espaçadas de 30 m. Com base nos critérios descritos por Ponçano et al. (1981) e Pires Neto (1992), foram diferenciados na área quatro (4) tipos de relevo que estão caracterizados na Tabela 8.1.3.a. Colinas Amplas Esse relevo, descrito na Tabela 8.1.3.a, caracteriza um estágio mais avançado da dissecação do Planalto dos Parecis, e constitui terrenos suaves ondulados, sustentados por arenitos da Formação Dardanelos e sedimentos da Formação Ronuro. O relevo de Colinas amplas se desenvolve nos interflúvios, têm encostas de baixa inclinação e com amplitudes médias, caracterizando-se pela presença de topos convexos e talvegues entalhados em vales abertos e erosivos, onde predominam solos de textura argilosa e argilo-arenosas. Esses relevos, que ocorrem na AII, constituem trecho da AID, na margem esquerda do rio Teles Pires. Colinas Amplas e Médias O relevo de Colinas amplas e médias, descrito na Tabela 8.1.3.a, representa uma fase de maior dissecação da antiga superfície de aplanamento que nivelava o Planalto dos Parecis, em área sustentada por subarcóseos, quartzo-arenitos, arcóseo, conglomerado e grauvaca, arenitos feldspáticos médios a grossos da Formação Dardanelos. Esse relevo tem topos convexos amplos e encostas de baixa inclinação, com afloramentos rochosos. As Colinas amplas e médias predominam na margem esquerda do rio Teles Pires, e constituem pequeno trecho da AID do empreendimento.

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AHE Colíder – 300 MW 96 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Colinas e Morrotes O relevo de Colinas e Morrotes, descrito na Tabela 8.1.3.a, caracteriza o relevo mais dissecado desse trecho da bacia do rio Teles Pires. Ele ocorre ao longo do rio, a jusante da Corredeira Celita, representando uma fase de entalhamento do rio, possivelmente associado a movimentos neotectônicos. Durante essa fase de entalhamento o rio escavou esse trecho, onde o formou cânion, que hoje está em sua maior parte afeiçoada, por processos de aplanamento, que teriam ocorrido após o período de atividade neotectônica. Os processos de aplanamento teriam originado pedimentos, que ocorrem no sopé das escarpas e ao redor de morrotes e morros residuais, e que caracterizam o relevo de colinas que compõe esse relevo. As Colinas e Morrotes caracterizam a maior parte da AID, sendo um relevo constituído por encostas inclinadas e em alguns locais escarpadas, que deverão constituir margens do futuro reservatório com maior probabilidade de ocorrência de problemas de estabilidade. Planície Fluvial e Terraços Este tipo de relevo, descrito na Tabela 8.1.3.a, ocorre ao longo dos principais cursos d’água da bacia do rio Teles Pires, sendo a sua distribuição condicionada pela presença de soleiras estruturais. Esse relevo compreende a associação de Planícies fluviais alagadiças, que predominam com Baixo Terraços e Terraços, que são mais restritos e só representáveis nos mapas em escala maiores. Na AII ocorrem trechos com deposição fluvial intensa, no rio Renato, a montante da sua confluência com o Teles Pires, possivelmente condicionada por barramento litoestrutural. Essa planície se desenvolve de modo contínuo por mais de 70 km, com larguras de 1.000 a 2.500 m. Esse relevo que ocorre na AII e na AID deverá ser atingido de modo significativo pelo reservatório, que irá afogar esses terrenos ao longo de todo trecho afetado dos rios Teles Pires.

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AHE Colíder – 300 MW 97 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Tabela 8.1.3.a Características gerais dos relevos: planícies fluviais, colinas amplas, colinas amplas e médias, que caracterizam o Planalto dos Parecis, e de colinas e morrotes, que constituem a Depressão da Amazônia Meridional – AII e AID do AHE Colíder

Tipo de Relevo Morfometria Morfografia e Substrato Rochoso Morfodinâmica

Planícies Fluviais e Terraços

Inclinação: < 1%

Altitudes Variáveis

Terrenos planos formados pela planície de inundação que é alagada no período das enchentes, contendo ainda brejos, alagadiços, lagos e baixos terraços e terraços não mais atingidos pelas cheias. Constituídas por níveis de areia fina, argilas e siltes com eventuais camadas de cascalho, de cor bege acinzentada a cinza escuro, rica em matéria orgânica. Por vezes com blocos de arenito silicificado

Inundações periódicas nas planícies e dos alagadiços, deposição de finos e matéria orgânica por decantação durante as cheias. Solapamento e escorregamentos são freqüentes e de baixa intensidade nas margens da planície e dos baixos terraços. No período de estiagem as margens da planície são estáveis. Nos baixos terraços a erosão laminar e em sulcos são processos de baixa intensidade e localizados.

Colinas Amplas

Amplitude: 30 a 90 m

Compr. rampa 1000 a 5000 m

Inclinação 2 a 5%

Altitude: 300 a 360 m

Colinas de topos convexos amplos e perfis de vertentes contínuos retilíneos e longos. Vales erosivos abertos. Canais com rápidos, cachoeiras e de escoamento sazonal. Drenagem de baixa densidade. Sustentados por: arenitos finos, arenitos silicificados, pelitos e conglomerados polimíticos e por restos de cobertura detrito-lateritica: Argilas, conglomerados com seixos angulosos e arredondados, areia siltosa e silte; total ou parcialmente laterizados e que por vezes recobre horizonte de argila mosqueado.

Erosão laminar e em sulcos ocasionais e de baixa intensidade, associam-se processos de drenagem subsuperficiais vertical e lateral.

Colinas Amplas e Médias

Amplitude: 30 a 80 m

Compr. rampa 1000 a 3000 Inclinação:

2 a 10% Altitude:

340 a 320m

Associam-se colinas amplas e médias. As colinas têm topos convexos amplos e estreitos. Vertente de perfil contínuo e retilíneo de baixa inclinação, com afloramentos de rocha. Vales erosivos abertos e bem marcados no relevo, com canais sobre rocha, matacões, blocos, seixos e areia grossa e média. Drenagem de baixa densidade. Sustentados por subarcóseos, quartzo-arenitos, arcóseo, conglomerado e grauvaca, arenitos feldspático médio a grosso.

Erosão laminar e em sulcos generalizadas de intensidade média a alta, sendo ocasionais as boçorocas. Assoreamento de canais e nascentes é freqüente e de média a alta intensidade.

Colinas e Morrotes

Amplitude: 40 a 100 m

Compr. rampa 500 a 1500 m

Inclinação 5 a 30% Altitude:

240 a 320 m

Associam-se colinas pequenas e Morrotes e por vezes encostas escarpadas. Colinas com topos convexos estreitos. Vertente de perfil contínuo e descontínuo, com segmentos retilíneos e convexos. Vales abertos erosivos, canais em rocha. Morrotes com topos convexos e tabulares. Vertentes de perfil descontínuo com segmentos retilíneos, convexos, afloramentos de rocha, corpos de tálus e por vezes escarpados. Elevados em até 60 m acima das colinas. Sustentados por subarcóseos, quartzo-arenitos, arcóseo, conglomerado e grauvaca, arenitos feldspático médio a grosso.

Erosão laminar e em sulcos, rastejo, escorregamentos e queda de blocos freqüentes e de intensidade média a baixa.

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AHE Colíder – 300 MW 98 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

8.1.4 Solos Na área de estudo, os solos identificados pelo RADAMBRASIL (1980) foram descritos segundo o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006), sendo as principais classes de solo descritas na região apresentadas na Tabela 8.1.4.a e mostradas na Figura 8.1.4.a, produzida a partir do Mapa de Solos do Projeto RadamBrasil. Tabela 8.1.4.a Legenda atualizada das unidades de mapeamento de solos da AII do AHE Colíder, segundo o mapa de solos da folha Juruena (RADAMBRASIL, 1980)

Sigla RADAM Legenda Atualizada SBCS Sigla

Atualizada LATOSSOLOS

LVd 4 LATOSSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico, textura argilosa + LATOSSOLO VERMELHO Distrófico, textura argilosa + LATOSSOLO VERMELHO Distrófico, textura média, relevo plano e suave ondulado.

LVAd1

LVd 5

LATOSSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico, textura argilosa + ARGISSOLO VERMELHO AMARELO Distrofico, textura argilosa + PLINTOSSOLO PÉTRICO Concrecionário Distrófico, textura argilosa, relevo suavemente ondulado

LVAd2

LVd6

LATOSSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico, textura argilosa + LATOSSOLO VERMELHO Distrófico, textura argilosa, relevo suavemente ondulado a ondulado + LATOSSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico, textura média, relevo suave ondulado.

LVAd3

LVd 7

LATOSSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico, textura média + LATOSSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico, textura média + NEOSSOLO QUARTZARÊNICO, A moderado, relevo suave ondulado.

LVAd4

Lva 6 LATOSSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico típico, textura média + LATOSSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico típico, plintico, relevo plano suave ondulado.

LVAd5

PLINTOSSOLOS

SCd 2 PLINTOSSOLO PÉTRICO Concrecionário distrófico, textura indiscriminada + NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Distrófico, ambos textura indiscriminada, relevo ondulado.

FF1

SCd 3

PLINTOSSOLO PÉTRICO Concrecionário Distrófico, textura média + ARGISSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico, A moderado, textura média + LATOSSOLO VERMELHO, distrófico, textura média, relevo plano e suave ondulado

FF2

SCd 4

PLINTOSSOLO PÉTRICO Concrecionário distrófico, textura indiscriminada + NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico, textura indiscriminada, relevo escarpado e forte ondulado + LATOSSOLO VERMELHO, distrófico, textura argilosa, relevo suave ondulado a ondulado

FF3

GLEISSOLOS

HGPd GLEISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico, textura indiscriminada + NEOSSOLO FLÚVICO Tb Distrófico, textura indiscriminada, relevo plano. GX1

A distribuição desses solos na AII apresenta relação direta com o relevo e o substrato rochoso, onde se reconhecem as seguintes relações:

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AHE Colíder – 300 MW 99 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

• Latossolos Vermelho-Amarelos, Latossolos Vermelhos e os Plintossolos Concressionários, que se desenvolvem sobre a Sedimentos Detrito-Laterítica da Formação Ronuro e rochas da Formação Dardanelos estão associados aos relevos colinosos e aplanados dos interflúvios, que caracterizam o Planalto dos Parecis;

• Os Plintossolo Pétrico Concrecionário distrófico, textura indiscriminada, Neossolos

Quartzarênicos e Litólicos e os Argissolos Vermelho-Amarelos, ocorrem associados aos relevos mais dissecados da bacia, onde predominam arenitos, arcóseos e conglomerados da Formação Dardanelos e que caracterizam a Depressão da Amazônia Meridional;

• Gleissolo Háplico, Neossolo Flúvico, Plintossolo Háplico e Neossolo Quartzarênico

Hidromórfico, que ocorrem nas planícies fluviais e áreas alagadiças. 8.1.5 Unidades de terrenos A análise integrada do meio físico como subsídio para a caracterização dos terrenos na AII do AHE Colíder foi realizada por meio da compilação de mapas e de dados existentes na bibliografia, interpretação de fotografias aéreas e trabalhos de campo. A caracterização inicial foi feita na escala 1:500.000, utilizando-se informações da folha Juruena (SC.21). Foram utilizados os mapeamentos elaborados pelo Projeto RADAMBRASIL (1980), os dados dos Diagnósticos e Zoneamento Ambiental, elaborado pelo Estado do Mato Grosso (SEPLAN/MT,2001), e dados das Folhas Geológicas ao milionésimo (CPRM, 2004). Para identificar os principais tipos de terrenos que ocorrem na AII, a análise integrada dos atributos do meio físico compreendeu a compilação de informações sobre: o substrato rochoso, seu potencial mineral e seus atributos geotécnicos; o relevo, no que se refere aos seus aspectos morfométricos e a sua dinâmica superficial; e os solos quanto às suas propriedades físico-químicos e aptidão agrícola. A distribuição dos tipos de terrenos, com seus padrões fisiográficos em que se relacionam o relevo, a dinâmica superficial, o substrato rochoso e os solos, ofereceu subsídios importantes para o entendimento das características estruturais e de composição da cobertura vegetal, das condições ecológicas em que estão inseridos os diferentes tipos de vegetação, bem como dos processos geradores e mantedores da biodiversidade. Aspectos metodológicos Para o estudo dos aspectos do meio físico foi adotado o conceito de terreno, sendo os procedimentos metodológicos gerais utilizados descritos a seguir.

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AHE Colíder – 300 MW 100 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

O conceito de terreno O conceito de terreno adotado nesse trabalho agrega as propostas de Mabbutt (1968), Austin & Coocks (1978) e Zonneveld (1992). Assim, considera-se que: • Os terrenos são áreas ou regiões que podem ser facilmente reconhecidas pela sua

fisionomia tanto no campo como por meio de imagens de sensores remotos, sendo caracterizadas com base na forma de relevo, solo e vegetação (ZONNEVELD, 1992);

• São áreas onde seus principais componentes são interdependentes e tendem a ocorrerem

correlacionados; • São áreas relacionadas e uniformes pelo tipo de relevo, solo e vegetação, que podem ser

descritas simultaneamente em relação as suas feições mais significativas e com relação a um propósito prático (AUSTIN & COOCKS, 1978);

• O uso do terreno e os impactos associados dependem das combinações e interações de

efeitos dos seus vários atributos (MABBUTT, 1968); • O conceito de terreno é fundamentado no estudo descritivo e qualitativo dos parâmetros

ambientais: substrato rochoso, relevo, solos, vegetação e de seus recursos. O estudo do terreno classifica o espaço segundo suas condições ambientais predominantes, suas qualidades ecológicas e avalia seu potencial de uso, bem como o de suas várias partes. Tais estudos têm sido utilizados para fornecer uma visão sintética do meio, para estudos científicos e aplicados ao planejamento das atividades antrópicas no meio físico. A abordagem de terrenos tem como pressuposto a realização de estudos multidisciplinares integrados, o que se mostra muito mais eficiente para o planejamento territorial e para a análise ambiental. Esta análise é baseada no relevo, que é o aspecto do meio físico mais facilmente reconhecido pelo leigo e, portanto, pode ser prontamente identificável no campo, facilitando a implantação e a manutenção do zoneamento territorial adotado. O relevo, por sua vez, reflete a síntese histórica e dinâmica das interações entre o substrato rochoso, o clima e os movimentos tectônicos. Os usos do relevo e do solo como fatores determinantes neste tipo de abordagem são de grande importância nas regiões tropicais, uma vez que as propriedades e o controle dos diferentes tipos de rocha na superfície são mascarados por espessos mantos de alteração, bem como pela presença de extensas superfícies de aplanamento. Os parâmetros morfométricos do relevo como comprimento de rampa, amplitude e inclinação das encostas, e as propriedades das texturas e físico-químicas dos solos, refletem-se também na dinâmica superficial e nas características das formas de relevo, que por sua vez determinam as diferentes possibilidades de ocupação e de manejo do terreno.

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AHE Colíder – 300 MW 101 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

A abordagem ainda prevê e incorpora os resultados de estudos de avaliação da aptidão agrícola, de classificação da terra e da capacidade de uso agropecuário, que são usos do meio físico, indispensáveis para o planejamento territorial. A adoção das características do relevo como base para a análise dos terrenos é fundamentada no fato de que a superfície da Terra resulta da interação entre a litosfera, a atmosfera e a hidrosfera, em cuja interface se desenvolvem processos de troca de matéria e energia, que ao longo do tempo e do espaço condicionam a evolução de diferentes feições do relevo. Tais processos, que ocorreram no passado e continuam a ocorrer hoje, resultam das relações históricas e dinâmicas entre as formas de relevo, o substrato rochoso, a cobertura detrítica e os processos erosivos e de deposição atuantes, que estão diretamente relacionados ao clima. O relevo, modelado sobre os diferentes tipos de rocha, controla a distribuição dos diversos tipos de solo e da vegetação, e, em conseqüência dessas interações, controla a freqüência e a intensidade dos processos erosivos e de deposição que ocorrem na superfície do terreno. Esses elementos propiciam a realização de uma análise geoambiental integrada, fornecendo elementos para a compreensão da dinâmica da paisagem e para o entendimento das características estruturais e de composição da vegetação e dos ecossistemas terrestres. Procedimentos Para definir e caracterizar os terrenos foi utilizado o método paramétrico, que é baseado no estudo em separado e na classificação individual dos atributos apresentados nos mapas geológico, geomorfológico, pedológico, de aptidão agrícola, cobertura vegetal e o uso do solo. Na análise do meio físico foram avaliados aspectos do embasamento litoestrutural, do relevo e dos solos que apresentassem maior relevância para a caracterização e definição das potencialidades e fragilidades dos diferentes tipos de terrenos que ocorrem na AII. O substrato rochoso que se refere aos diferentes tipos de rochas que ocorrem na AII foi avaliado com relação aos seguintes aspectos: quanto ao comportamento geotécnico, tendo em vista as diferentes atividades a que estes materiais poderão estar sujeitos, e quanto ao potencial mineral. A análise do relevo compreendeu a caracterização de compartimentos de relevo que foram individualizados com base na sua morfografia, morfometria e morfogênese, bem como com relação ao seu condicionamento litoestrutural e à cobertura pedológica. Estas informações permitiram identificar o grau de estabilidade das encostas, do substrato rochoso e dos solos, apontando áreas de maior fragilidade frente aos processos erosivos potenciais e aos processos de acumulação, avaliando-se também feições específicas relevantes para a caracterização da área. O estudo pedológico foi direcionado para a caracterização das principais associações de solo e relevo e para a avaliação estimativa da aptidão agrícola e florestal dos diferentes terrenos da AII.

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AHE Colíder – 300 MW 102 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Nessa análise, para cada uma das unidades de terreno identificadas foram avaliados os condicionantes lito-estruturais, os solos e os processos de erosão e deposição predominantes, compondo-se, assim, um mapa que identifica áreas com constituintes e atributos semelhantes. Atividades realizadas Para a caracterização dos atributos dos terrenos foram realizadas as seguintes atividades: • Compilação de mapas (geológico, geomorfológico e pedológico) nas escalas 1:1.000.000,

1:500.000 e 1:250.000, correlação de informações, adequação de conteúdos e denominações;

• Interpretação de imagens de Satélite na escala 1:250.000 para elaboração do mapa de

terrenos estabelecidos com base nos seus elementos constituintes. O conceito de terreno utilizado nessa avaliação, refere-se a uma porção da superfície terrestre que é caracterizada pela similaridade do arranjo espacial de seus componentes e atributos, e que pode ser facilmente reconhecida pela sua fisionomia, tanto no campo quanto por meio de imagens de sensores remotos. Os terrenos definem-se por sua forma (relevo), sua constituição (substrato rochoso), sua cobertura detrítica (solos) e por sua dinâmica superficial. Assim, considera-se que os terrenos são áreas relacionadas e uniformes pelo tipo de relevo, solo e vegetação, que podem ser descritas simultaneamente em relação às suas feições mais significativas e com relação a um propósito prático, onde o uso do terreno e os impactos associados dependem das combinações e interações de efeitos dos seus vários atributos. Com base nas características do relevo e dos atributos geológicos e pedológicos foram delimitados, na AII do AHE Colíder, três (3) tipos de terrenos, denominados de: Colinosos argilo-arenosos (I), Colinosos Dissecados (II), e Planícies fluviais (III), cujas principais características são apresentadas a seguir. No trecho estudado, o rio Teles Pires e seus afluentes cortam subarcóseos, quartzo-arenitos, arcóseo, conglomerado e grauvaca, arenitos feldspáticos médios a grossos, mesoproterozóicas, da Formação Dardanelos, e sedimentos neogênicos da Formação Ronuro, constituídos por areia, silte, argila, cascalho e laterita, pouco consolidados. Esse trecho da bacia é caracterizado pela presença de uma antiga superfície de aplanamento, em altitudes de 300 a 360 m, preservada nos divisores de águas, que é caracterizada pela presença de relevo de Colinas amplas e médias que se associam a Latossolos. Essa superfície, que vem sendo dissecada pela erosão remontante do rio Teles Pires, desenvolveu relevos mais dissecados de Colinas e Morrotes e pedimentos, também sustentados por rochas da Formação Dardanelos, em que predominam Plintossolos Pétricos Concrecionários.

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Na análise realizada foram avaliadas, de modo integrado, as informações sobre o substrato rochoso, o relevo, a cobertura detrítica e a dinâmica superficial, e estabelecidas as potencialidades e fragilidades dos diferentes terrenos. Os principais atributos dessas unidades estão sumariados na Tabela 8.1.5.a. A distribuição dos terrenos identificados e mapeados na AII é apresentada na Figura 8.1.5.a, correspondente ao Mapa de Terrenos da AII do AHE Colíder. Tabela 8.1.5.a Unidades de terrenos que ocorrem na AII do AHE Colíder e que constituem o Planalto dos Parecis e a Depressão da Amazônia Meridional

Unidade de Terreno Relevo

Altitude (m)

Substrato Rochoso e Cobertura Detrítica Solos

Colinosos argilo-arenosos

(I) 300 - 360

Subarcóseos, quartzo-arenitos, arcóseo, conglomerado e grauvaca, arenitos feldspático médio a grosso (Fm. Dardanelos), areia, silte, argila, cascalho e laterita pouco consolidados (Fm. Ronuro).

LATOSSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico + LATOSSOLO VERMELHO Distrófico, ambos de textura argilosa e média + ARGISSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico, textura argilosa + PLINTOSSOLO PÉTRICO Concrecionário Distrófico, textura argilosa + NEOSSOLO QUARTZARÊNICO, A moderado, relevo suave ondulado.

Colinosos Dissecados

(II) 240 - 320

Subarcóseos, quartzo-arenitos, arcóseo, conglomerado e grauvaca, arenitos feldspático médio a grosso (Fm. Dardanelos)

PLINTOSSOLO PÉTRICO Concrecionário distrófico, textura indiscriminada + ARGISSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico, A moderado, textura média + LATOSSOLO VERMELHO, distrófico, textura média, relevo plano e suave ondulado + NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Distrófico, ambos textura indiscriminada, relevo ondulado + NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico, textura indiscriminada, relevo escarpado e forte ondulado.

Planícies fluviais (III) Variáveis

Areia fina a grossa, por vezes argilosas, cascalhos e blocos de calcedônia e silexito; de modo subordinado argila orgânica e argila siltosa.

GLEISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico, textura indiscriminada + NEOSSOLO FLÚVICO Tb Distrófico, textura indiscriminada, relevo plano.

8.1.6 Aqüíferos A bacia do rio Teles Pires faz parte da Região Hidrográfica Amazônica, que apresenta dois grandes domínios hidrogeológicos: os sistemas aqüíferos fissurais e os sistemas aqüíferos sedimentares.

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Na área de estudo, os sistemas aqüíferos fissurais estão associados às rochas do embasamento cristalino do Cráton Amazônico. Esses sistemas, em geral, têm baixa produtividade quando aflorantes, mas podem apresentar uma maior produtividade quando recobertos por sedimentos inconsolidados, com espessuras que por vezes ultrapassam os 40 m. Estas áreas das coberturas, de porosidade primária, constituem-se de reservatórios hídricos de boa potencialidade, que permitem a recarga contínua do sistema fissurado subjacente. Nesta região, a produtividade dos poços em aqüíferos fissurais é extremamente variável, com média em torno de 10 m3/h. Os aqüíferos sedimentares associam-se às rochas das bacias do Alto Tapajós (Cachimbo) e dos Parecis, que compreendem rochas paleozóicas e mesozóicas. São incluídas ainda, nesse sistema, rochas metassedimentares proterozóicas e coberturas detríticas cenozóicas. Nas áreas com maior conhecimento hidrogeológico constata-se que esses aqüíferos apresentam bons índices de produtividade, porem com vazões extremamente variáveis (10 a 100 m3/h), tendo muitas vezes, águas que requerem correção de acidez e dos altos teores de ferro. Na área da bacia hidrográfica do rio Teles Pires ocorrem os dois tipos de aqüíferos, o Sistema Aqüífero sedimentar Parecis que predomina a sul, e o Sistema Aqüífero Fissural, que ocorre na parte central da bacia, e que na porção norte associa-se a áreas menores de sistemas aqüíferos sedimentares formados pelas rochas paleozóicas da Bacia do Alto Tapajós. Tendo como referência Nos estudos do CENEC/SEPLAN/MT (2003) foram caracterizados, na AII do AHE Colíder, área da bacia hidrográfica do rio Teles Pires, três (3) unidades hidrológicas, associadas ao sistema sedimentar, como mostra a Tabela 8.1.6.a. A Figura 8.1.6.a representa, com base nas litologias que ocorrem na AII, a distribuição das unidades aqüíferas na AII.

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Tabela 8.1.6.a Unidades hidrogeológicas associadas ao sistema sedimentar, que ocorrem na AII do AHE Colíder, área da bacia hidrográfica do rio Teles Pires

Unidade Aqüífera Características

Depósitos Aluviais

I

Argila, silte, areias, cascalhos e matéria orgânica, nível de água subterrânea raso, subaflorante. Porosidade efetiva e permeabilidade elevada, conexão direta com as águas do rio. Aqüífero heterogêneo, anisotrópico, descontínuo, livre e freático, com boa potencialidade de explotação.

Cobertura Detrito-

Laterítica

II

Sedimentos argilo-arenosos com blocos e nódulos de concreções lateríticas e níveis de seixos de quartzo, que por vezes recobre horizonte de argila mosqueado. Situam-se em divisores de bacia hidrográfica. Ocorrência de nascentes, afloramentos do freático e provavelmente são divisores de bacia hidrogeológica. Aqüífero de permeabilidade relativa média a média-baixa, contínuo, livre, predominantemente inconsolidado, de extensão local. Áreas de recarga do aqüífero Parecis. Formação Ronuro.

Rochas Arenosas III a

Arenitos, arcóseos com níveis de conglomeráticos e intercalações de siltito e argilito. Aqüífero de permeabilidade relativa média a alta, com fluxo contínuo, localmente descontínuo, comportamento predominantemente livre, apresentando-se eventualmente semi-confinado/confinado, com extensão regional e ocasionalmente local. Formação Dardanelos

Fonte: CENEC/SEPLAN/MT (2003). Unidade Aqüífera – Depósitos Aluviais A unidade aqüífera sedimentar Depósitos Aluviais, denominada Unidade Aqüífera G2 (CENEC/SEPLAN/MT, 2003), é representada por um aqüífero de permeabilidade relativa baixa a média, contínuo, livre, composto por sedimentos inconsolidados de extensão local. Esta unidade é representada pelos sedimentos aluviais, que na bacia hidrográfica do rio Teles Pires, tem ocorrências expressivas, porém descontinuas. Essa unidade é constituída por areia, silte, argilas, cascalhos e matéria orgânica, com nível de água subterrânea raso ou subaflorante. Apresenta porosidade efetiva e permeabilidade elevada, conexão direta com as águas do rio. É um aqüífero livre e freático, heterogêneo, anisotrópico, descontínuo, com boa potencialidade de explotação e muito vulnerável a contaminação. Unidade Aqüífera - Cobertura Detrito-Laterítica Essa unidade sedimentar classificada como G3 (CENEC/SEPLAN/MT, 2003) é constituída por sedimentos argilo-arenosos com blocos e nódulos de concreções lateríticas e níveis de seixos de quartzo, que por vezes recobre horizonte de argila mosqueado, tendo espessuras de até uma dezena de metros. Esses materiais constituem um aqüífero de permeabilidade relativa média a média-baixa, contínuo, livre, predominantemente inconsolidado, de extensão local.

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Essa unidade ocorre associada à Formação Ronuro recobrindo os divisores de água nas cabeceiras do rio Renato, comportando-se como área de recarga do Aqüífero Dardanelos. Unidade Aqüífera - Rochas Arenosas Essa unidade aqüífera discriminada como G5 (CENEC/SEPLAN/MT, 2003) é constituído de modo predominante por rochas arenosas, porém com intercalações de siltitos, argilitos e conglomerado. Na área de estudo, esta unidade é representada pelas rochas pouco litificadas proterozóicas da Formação Dardanelos, que constituem aqüífero de permeabilidade relativa média a alta, com fluxo contínuo, localmente descontínuo, comportamento predominante livre, apresentando-se eventualmente semi-confinado/confinado, com extensão regional e ocasionalmente local. O Aqüífero Parecis formado por arenitos finos a médios, feldspáticos, com níveis de arenitos grossos, conglomeráticos e lentes de argilitos e siltitos, constitui um aqüífero contínuo, de porosidade primária e boa permeabilidade, heterogêneo, anisotrópico, com boa potencialidade de explotação. 8.1.7 Sismicidade A atividade sísmica no território brasileiro é, no geral, considerada bastante reduzida. Os Estudos de Inventário Hidrelétrico da Bacia do rio Teles Pires (ENGEVIX-ELETRONORTE/FURNAS/ELETROBRAS, 2005) levantaram junto ao Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), os registros de eventos sísmicos ocorridos na bacia entre os anos de 1744 e 2005. Estes sismos estão em sua maior parte distribuídos na Zona Sismogênica de Aripuanã (MIOTO, 1993) que é condicionada pela presença de grandes estruturas reativadas, que correspondem aos lineamentos: Madeira - 14 de Abril, Juruena e Guaporé (Figura 8.1.7.a). Desses eventos, relacionados no Anexo 13, 943 ocorreram na área de Porto dos Gaúchos, fora da bacia hidrográfica, e 20 em outras localidades. Do total, quatorze sismos não tiveram a magnitude (Mb) calculada e os demais se situaram entre 0,4 Mb (ultramicrotremor) e 6,6 Mb (moderado). A magnitude Mb refere-se a quantidade de energia liberada por um sismo, sendo determinada pela medição da amplitude máxima das ondas registradas nos sismógrafos, corrigidas pela atenuação da distância. Na região de interesse o sismo natural de maior magnitude (6,6 Mb) ocorreu em 1955, na área da Serra do Tombador, cerca de 200 km a sudoeste do AHE Colíder e os sismos naturais mais próximos ocorreram cerca de 90 km a sudoeste do mesmo aproveitamento, com magnitude 3,5 a 4,4 Mb (pequena magnitude).

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A maior parte dos eventos sísmicos identificadas no levantamento do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (OBSIS-UnB) situam-se além dos limites da bacia hidrográfica do rio Teles Pires, destacando-se a região do município de Porto dos Gaúchos, que concentra tanto uma maior quantidade de eventos como os sismos de maior magnitude. Possivelmente tal concentração esteja associada à Faixa de lineamentos Juruena. Embora seja uma região de intensidade sísmica baixa a área de estudo apresenta freqüentemente sismos que devem refletir uma atividade sísmica residual, associada as estrutura de orientação nordeste e leste-oeste. 8.1.8 Hidrografia e qualidade da água Aspectos gerais da hidrografia da AII De acordo com a regionalização hidrológica e hidrográfica adotada pelo estado do Mato Grosso, a Área de Influência Indireta está situada na Unidade de Planejamento e Gestão Médio Teles Pires (A-5). Na AII o rio Teles conta já com as vazões contribuintes provenientes dos rios Verde e Celeste, que juntos drenam áreas extensas do alto Teles Pires. Entre os limites de montante e de jusante da AII, verifica-se um desnível da ordem de 30 metros no rio Teles Pires. Nesse trecho segmentado da sua bacia hidrográfica, o rio apresenta percurso de 110 quilômetros, o que indica uma baixa declividade geral do canal fluvial principal de 0,3 m/km. No limite de montante da AII, junto ao sítio correspondente ao eixo do AHE Sinop (TPR-775) bacia há ocorrência de curto segmento com corredeiras. A jusante, já dentro da AII, não ocorrem trechos significativos com quedas concentradas, embora ocorram pequenas corredeiras. O rio Teles Pires apresenta no trecho da AII largura que varia de 240 a 280 metros, desenvolvendo percurso geral no sentido sul-norte entre o limite de montante da AII e a foz do rio Renato (afluente da margem direita do Teles Pires) e leste-oeste entre a foz do rio Renato e a foz do ribeirão da Águia (limite de jusante da AII). Além do rio Teles Pires e dos citados rio Renato e ribeirão da Águia, outros corpos d’água que compõem a rede de drenagem da AII são o córrego do Pedro e o ribeirão do Maluco, ambos afluentes do rio Teles Pires. A Figura 8.1.8.a representa na escala 1:250.000 a rede de drenagem da AII, ilustrando uma baixa densidade de drenagem na maior parte da área representada, o que reflete a ampla ocorrência de litologias areníticas, com destaque para a Formação Dardanelos.

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Qualidade da água Algumas teorias ecológicas foram desenvolvidas com ênfase na estrutura e no funcionamento de sistemas lóticos e duas delas se destacaram como a teoria do rio contínuo (VANNOTE et al., 1980) e o conceito de pulsos de inundação (JUNK et al., 1981). Ambas têm a característica da unidimensionalidade, que destacam um único fator, lateral ou longitudinal, como a principal força nos sistemas lóticos. Entretanto, Ward (1989) descreveu a dinâmica destes processos em quatro dimensões: lateral (calha do rio – margem - planície aluvial), vertical (superfície - fundo), longitudinal (cabeceira - foz) e temporal. Desta maneira, a análise da qualidade da água, incluindo a concentração de nutrientes totais e dissolvidos, a condutividade elétrica, o pH, o oxigênio dissolvido, a clorofila e os parâmetros hidrometeorológicos são fundamentais para a caracterização e diagnóstico da qualidade ambiental de um corpo hídrico. Complementarmente, Odum (1988) menciona que a velocidade de liberação dos nutrientes a partir dos sólidos, a entrada de energia solar, o ciclo de temperatura, o escoamento superficial, a duração do dia e as condições climáticas (parâmetros hidrometeorológicos) estão entre os processos importantes que regulam diariamente a velocidade de funcionamento de todo o ecossistema. As análises de qualidade da água realizadas na bacia hidrográfica do rio Teles Pires quando dos estudos de inventário (ENGEVIX-ELETRONORTE/FURNAS/ELETROBRÁS, 2005) incluíram dez pontos de amostragem, dos quais nenhum se encontra inserido na delimitação da AII adotada no presente EIA. O ponto mais próximo é o Ponto 4, situado no rio Teles Pires a montante da AII, no município de Sinop (Figura 8.1.8.a). De acordo com os resultados apresentados pelos estudos de inventário hidrelétrico observou-se que a temperatura não apresentou diferenças significativas se comparadas às estações chuvosa e seca. Entretanto, houve maior variação dos valores na época de seca em função das características dos pontos de coleta, que apresentam diferenças na profundidade, velocidade da água, presença de macrófitas, entre outras características que podem interferir nas medições de temperatura. Em geral, os valores de sólidos suspensos, dissolvidos e totais, são mais elevados na época da cheia, em função do maior aporte de material carreado para os corpos d’água pelas enxurradas. Porém, para a coleta realizada no P4, os sólidos totais foram maiores na época da seca, evidenciando que fatores como turbulência local na água, diminuição da mata ciliar e/ou condições de entorno podem ser responsáveis por esta ocorrência. Conforme esperado, os parâmetros turbidez e cor apresentaram valores significativamente maiores na época chuvosa e, conseqüentemente, ocorreu a relação inversa para o parâmetro transparência. Já em relação à turbidez, o ponto P4 esteve abaixo do valor recomendado pelo CONAMA N° 357/05, que é de 100 UNT.

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O oxigênio dissolvido e a demanda bioquímica de oxigênio (DBO) apresentaram concentrações dentro dos limites estabelecidos pela Resolução CONAMA N° 357/05 para rios de classe 2, com valores mais elevados de DBO no P4, quando comparados aos demais pontos amostrados do referido trabalho. Esse fato sugere um maior aporte de carga orgânica neste local de coleta. Dos 16 parâmetros físicos, químicos e biológicos avaliados para as coletas próximas à AII, a amônia foi o que apresentou as maiores variações entre os pontos de coleta, especificamente no período da seca. Os valores registrados, entretanto, não indicam poluição de origem orgânica para os locais amostrados, estando todos abaixo do limite estabelecido pela CONAMA N°357/05. Em geral, o íon amônio (NH4+) aparece em maior concentração se comparado à amônia (NH3). Os valores de nitrato e de fósforo total também estiveram dentro dos limites estabelecidos pela CONAMA N° 357/05. A condutividade, ainda que não indicada pela Resolução, apresentou valores que são encontrados em ambientes sem fontes de poluição (3µS/cm a 34µS/cm). Em relação às concentrações de Ferro Total, observou-se que os valores registrados na época cheia foram significativamente maiores que os do período de seca, sendo superiores também ao limite estabelecido pela CONAMA Nº 357/05. Complementarmente, nos levantamentos de Fonseca (2006) para a bacia hidrográfica do rio Teles Pires, dois pontos de coleta avaliados encontram-se dentro da AII do AHE Colíder, no município de Itaúba (pontos TP-ITAU e RRE) - Figura 8.1.8.a. Foram incluídos, neste estudo, seis parâmetros limnológicos para a avaliação da qualidade de água: condutividade, oxigênio dissolvido, nitrato, amônio, cloreto, pH e turbidez. Os valores obtidos para todos os parâmetros estiveram dentro dos limites estabelecidos pela Resolução CONAMA N°357/05, como mostra a Tabela 8.1.8.a, a seguir. Dentre os pontos avaliados, o ponto TP-ITAU, no rio Teles Pires, foi o que apresentou a maior variabilidade para o parâmetro condutividade, com valores de 6,13µS/cm a 162,42µS/cm, e média de 39,92 µS/cm. Segundo o autor, as maiores leituras de oxigênio dissolvido foram atribuídas às áreas com taxas médias e baixas de desmatamento, ou seja, as áreas que têm uso e ocupação da bacia menos intensos, apresentam baixas cargas de nutrientes e de compostos orgânicos e, conseqüentemente, limitado consumo de oxigênio nos processos de decomposição. Complementarmente, as sub-bacias avaliadas que apresentaram os maiores valores de nitrato foram aquelas com as maiores áreas de drenagem ou aquelas com as maiores áreas desmatadas, situações que se encaixam no ponto TP-ITAU.

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Tabela 8.1.8.a Parâmetros limnológicos avaliados para os pontos TP-ITAU e RRE (FONSECA, 2006)

Parâmetros Valores de referência CONAMA N°357/05 Ponto TP-ITAU Ponto RRE

Condutividade (µS/cm) - 39,92 45,67 Amônio (mg/L) 3,7 mg/L 0,19 0,17 Nitrato (mg/L) 10 mg/L 0,53 0,29 Oxigênio dissolvido (mg/L) Mínimo de 5 mg/L 6,70 6,27 Turbidez (UNT) 100 UNT 47,37 3,23 Cloreto (mg/L) 10 mg/L 1,65 2,52 Fonte: Fonseca (2006). Avaliando-se todas as variáveis limnológicas analisadas para as coletas realizadas nos pontos próximos ou dentro da AII do AHE Colíder, tanto para ENGEVIX-ELETRONORTE/FURNAS/ELETROBRÁS (2005) como para Fonseca (2006), pode-se considerar que não há condições tóxicas evidentes no trecho em estudo, nem características de fontes poluidoras evidentes, seja para a época seca ou para a chuvosa. 8.1.9 Patrimônio paleontológico O diagnóstico do patrimônio paleontológico nas áreas de influência do AHE Colíder foi realizado pela empresa Geopac – Geologia e Paleontologia Consultores, cujo relatório encontra-se apresentado no Anexo 14. O levantamento de ocorrências fossilíferas na AII foi desenvolvido por meio de busca no banco de dados Paleo da Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais (CPRM/Serviço Geológico do Brasil) e Lund da Universidade Federal do rio de Janeiro – UFRJ. Foram consultados também mapas geológicos nas escalas 1:1.000.000 e 1:250.000 da CPRM e em ampla consulta bibliográfica no contexto da região de influência indireta do empreendimento. Conforme caracterização do substrato litoestrutural (Seção 8.1.2), a AII sob o aspecto geológico, tem como característica a ampla distribuição da Formação Dardanelos, que constitui unidade tectono-metamórfica datada do Mesoproterozóico, constituída de seqüência arenosa monótona. A Formação Dardanelos forma platôs preservados em grábens e consiste de cobertura sedimentar horizontalizada, que ocorre na região norte/noroeste de Mato Grosso, sobreposta em discordância angular/erosiva às rochas dos grupos Roosevelt, Colíder, Beneficente e as demais unidades de rochas que constituem o embasamento regional (SANTOS, 2003). Conforme avaliado no relatório constante no Anexo 14, não há, na bibliografia consultada, qualquer registro paleontológico associado à Formação Dardanelos, notadamente nos municípios abrangidos pelo empreendimento, o que permite concluir, com base em fontes secundárias, que a AII do AHE Colíder apresenta baixo potencial à ocorrências fossilíferas.

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8.2 Meio Biótico 8.2.1 Cobertura vegetal A fim de obter um panorama geral e a caracterização dos principais tipos de vegetação que ocorrem na AII do AHE Colíder, foram utilizados os mapeamentos produzidos pelo Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira – PROBIO, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), de 2006 e o Diagnóstico Ambiental da Amazônia Legal (IBGE, 2006) ambos na escala de 1:250.000. As Figuras 8.2.1.a e 8.2.1.b representam a cobertura vegetal da AII segundo os dois mapeamentos citados. A nomenclatura e as convenções cartográficas, tais como as cores utilizadas na classificação da vegetação são as mesmas dos mapeamentos originais. Como contextualizado na caracterização da vegetação da AAR (Seção 7.2.2), prevalece na bacia do Teles Pires o contato do bioma Amazônico com o bioma Cerrado, o que resulta na constituição de um complexo mosaico de formações florestais amazônicas e savânicas de diferentes tipos (ACKERLY et al., 1989). Assim, para caracterizar a AII foram usados os relatórios finais do PROBIO dos biomas Amazônia e Cerrado, intitulados “Uso e Cobertura da Terra na Floresta Amazônica” e “Mapeamento de Cobertura Vegetal do Bioma Cerrado”. No entanto, há que se ressaltar a existência de grandes distinções entre os dois mapeamentos citados com o produzido no âmbito do Projeto RadamBrasil, de 1980. De acordo com o mapeamento do Projeto RadamBrasil, reproduzido na Figura 8.2.1.c, a cobertura vegetal na AII é predominantemente constituída pela Floresta Ombrófila Densa Submontana com dossel emergente (Dse), verificada principalmente na porção centro-oeste da AII, na margem esquerda do rio Teles Pires. Verifica-se também, segundo o citado mapeamento, a ocorrência de áreas de contato entre a Floresta Ombrófila e a Floresta Estacional Semidecidual Submontana com dossel emergente (Fse3), com principal ocorrência na porção leste da AII, na margem direita do rio Teles Pires, e entre a Savana Florestada e a Floresta Ombrófila Densa Submontana com dossel emergente (Dse1), que aparece na porção nordeste da AII, principalmente na margem direita do rio Teles Pires e na altura do futuro barramento, em ambas as margens. Destaca-se também grandes manchas ou polígonos da Floresta Ombrófila Aberta Submontana com cipós (Asc) na porção leste da AII, na margem esquerda do rio Renato, e em manchas isoladas no centro-norte da AII, na margem esquerda do rio Teles Pires. No mapeamento do Diagnóstico Ambiental da Amazônia Legal (IBGE, 2006) – Figura 8.2.1.b, é indicado o predomínio de Vegetação Natural Dominante em Tensão Ecológica, na qual se destaca a presença da Floresta Estacional Semidecidual Submontana com Dossel Emergente (Fse) em Tensão Ecológica na porção centro-leste da AII. Há também significativas áreas de vegetação natural enquadradas como Savana Arborizada sem floresta-de-galeria (Sas) em Tensão Ecológica na porção central AII e de Savana Florestada (Sd) em

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Tensão Ecológica na porção norte da AII. As formações enquadradas como Floresta Ombrófila Densa Aluvial com Dossel Emergente (Dae) encontram-se concentradas no entorno do rio Teles Pires, à montante da confluência com o córrego Esperança. À jusante deste local, sua distribuição é pontual. As áreas antropizadas (Acc e Vss) são bem mais presentes que no mapeamento do Projeto RADAMBRASIL (BRASIL, 1980). Apesar de possuir a mesma data de publicação do mapeamento do Diagnóstico Ambiental da Amazônia Legal (IBGE, 2006), a base utilizada pelo PROBIO (2006) (Figura 8.2.1.a) é mais recente, portanto mais próxima da situação atual encontrada na AII, principalmente no que diz respeito às áreas antropizadas. As semelhanças entre os dois mapeamento é evidente, sobretudo se considerada a disposição das manchas de vegetação. Neste mapeamento, nota-se o predomínio do Contato Floresta Ombrófila/Floresta Estacional (ON) na porção leste da AII, na margem direita do rio Teles Pires; do Contato Savana/Floresta Estacional (SN) na porção oeste da AII, em ambas as margens do rio Teles Pires; e de uma grande mancha de Floresta Estacional Semidecidual Submontana (Fs) na porção leste da AII, na margem esquerda do rio Teles Pires. A Floresta Ombrófila Densa Aluvial (Da) aparece associada à Formação Pioneira com Influencia Fluvial e/ou Lacustre (Pa) concentra-se no entorno do rio Teles Pires, a montante da confluência com o córrego Esperança. Ainda aparecem pequenas manchas de Savana Arborizada (Sa) no nordeste da AII, na margem esquerda do rio Teles Pires; e uma mancha de Savana Florestada (Sd) no norte da AII, também da margem esquerda do rio Teles Pires. As áreas antropizadas (Acc e Vs) têm área pouco superior ao mapeamento do Diagnóstico Ambiental da Amazônia Legal (IBGE, 2006). Caracterização da cobertura vegetal na AII A AII do AHE Colíder está inserida acima do limite setentrional da distribuição da Região Fitoecológica da Savana no Estado de Mato Grosso (IBGE, 2004; 2006) e na porção centro-ocidental da Zona de Tensão Ecológica (ecótono) entre os Biomas Cerrado e Amazônico (Classe 2), de acordo com o mapa da distribuição dos biomas de transição do Brasil, elaborado pela WWF (Figura 8.2.1.d). Esta região se caracteriza pela interpenetração entre o bioma de transição Cerrado-Amazônia e o bioma Amazônico propriamente dito, formando mosaicos vegetacionais complexos. Desta forma, deve-se considerar a ordem de grandeza relativa ao tamanho dessas áreas, que corresponde a milhões de quilômetros quadrados, um dos motivos que torna difícil o estabelecimento de limites precisos para cada bioma, não sendo os biomas de transição (ecótonos) exceção à regra. Áreas de Transição (Tensão Ecológica) Os sistemas de transição (Tensão Ecológica) ocorrem entre duas ou mais regiões ecológicas ou tipos de vegetação. Existem, na maioria das vezes, comunidades indiferenciadas, onde as floras se interpenetram, constituindo as transições florísticas ou contatos edáficos. Grande parte do Estado de Mato Grosso é revestida por áreas de tensão ecológica, que se encontram principalmente entre os paralelos 10o S e 15o S, abrangendo as porções central e meridional da AII.

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Estas áreas são constituídas por comunidades indiferenciadas, ocorrentes na zona de contato entre dois ou mais tipos de vegetação, que podem interpenetrar-se ou confundir-se. O primeiro corresponde aos encraves (mosaico de áreas edáficas), onde a vegetação preserva sua identidade ecológica sem se misturar. O segundo caso é constituído pelos ecótonos (mosaico específico), onde os diferentes tipos de vegetação se misturam e a identidade ecológica é dada pela composição específica resultante. É praticamente inviável descrever áreas de tensão ecológica de forma objetiva, visto que áreas de “transição” ecológica constituem espaços em que duas unidades ecossistêmicas se encontram e têm transformadas suas naturezas, de modo que uma eventualmente deixa de existir e a outra predomina. Entretanto, esta situação pode não ocorrer necessariamente. De forma geral, as áreas de tensão são representadas por mosaicos vegetacionais com composições florísticas, fitossociológicas e edáficas variáveis, tanto em escala local como regional, com características das faciações dos dois biomas em interface. Segundo Philip Fearnside e João Ferraz (2003), de modo geral toda a região de tensão ecológica entre a floresta amazônica e o cerrado está sob grande pressão devido à sua proximidade aos centros populacionais importantes e à procura de madeira e carvão vegetal no Centro-Sul do País14. Os autores indicam à produção de grãos, especialmente a soja, como a principal fonte de pressão que aumentou nos ecótonos da floresta/cerrado nos últimos anos. Estes tipos de vegetação são mais fáceis de desmatar que os tipos florestais mais densos e não têm sido protegidos dos programas de incentivos fiscais, para expansão da pecuária. Na Tabela 8.2.1.a e na Figura 8.2.1.e são indicadas as classes dominantes da vegetação natural na AII do AHE Colíder, segundo dados do IBGE (2006) baseados no Diagnóstico Ambiental da Amazônia Legal. Destaca-se, pela área de ocorrência, a Floresta Estacional Semidecidual Submontana Dossel Emergente – Fse – seguida pela Savana Arborizada sem Floresta-de-galeria - Sas. Cabe salientar que essa vegetação encontra-se em área de tensão ecológica. As áreas de tensão ecológica definidas e caracterizadas pelo IBGE foram reclassificadas, no mapa do PROBIO (Figura 8.2.1.a) (MMA, 2006). Os dados podem ser observados na Tabela 8.2.1.b e na Figura 8.2.1.e. Observa-se que as áreas de contato entre as Florestas Ombrófila e Estacional (ON) e entre Savana e Floresta Estacional (SN) são dominantes, ocupando 64% da AII. As áreas antropizadas (Figura 8.2.1.g) também se localizam, na sua maioria, em sítios de tensão ecológica e ocupam mais de 1.000 km2 da AII (quase 30% da região).

14 http://philip.inpa.gov.br/publ_livres/mss%20and%20in%20press/WSHOP-90-port-inpa-4.pdf

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Figura 8.2.1.d Distribuição dos biomas de transição (ecótonos) no território brasileiro

Fonte: www.wwf.org.br

AII

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Tabela 8.2.1.a Classes de Vegetação Dominante na AII do AHE Colíder

Classes Dominantes Área (Km2)

Asc - Floresta Ombrófila Aberta Submontana 12,91 Dae - Floresta Ombrófila Densa Aluvial Dossel Emergente 62,55 Fs - Floresta Estacional Semidecidual Submontana 177,71 Fse - Floresta Estacional Semidecidual Submontana Dossel Emergente 1.765,50 Sas - Savana Arborizada sem floresta-de-galeria 557,02 Sd - Savana Florestada 240,76 Fonte: Diagnóstico Ambiental da Amazônia Legal (IBGE, 2006). Figura 8.2.1.e Vegetação Natural Dominante na AII

Fonte: Diagnóstico Ambiental da Amazônia Legal (IBGE, 2006). Segundo análise do mapeamento realizado pelo PROBIO (MMA, 2006) (Figura 8.2.1.a), nesta porção da bacia do médio Teles Pires há predominância de formações típicas do Bioma Amazônico, ocorrendo três (3) Regiões Fitoecológicas - Floresta Ombrófila Densa (D), Floresta Ombrófila Aberta (A) e Floresta Estacional Semidecidual (F). A Floresta Ombrófila apresenta quatro subcategorias: Floresta Ombrófila Densa Aluvial (Da), Floresta Ombrófila Densa Submontana (Ds), Floresta Ombrófila Aberta Submontana (As) e Floresta Estacional Semidecidual Submontana (Fs).

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Ainda são reconhecidas, na AII, duas das quatro fisionomias de Savana, que ocorrem na AAR: a Savana Arbórea (Sa) e a Savana Florestada (Sd). Também ocorrem duas fitofisionomias características de áreas de tensão ecológica, como a tipologia do contato Savana/Floresta Ombrófila (SO) e o contato Floresta Ombrófila/Floresta Estacional (ON). Tabela 8.2.1.b Unidades Fitofisionômicas da AII do AHE Colíder

Unidades Fitofisionômicas Área (Km2)Ac+Vs+As (Agricultura, Vegetação Secundária, Floresta Aberta Ombrófila Submontana) 269,42 ON (Floresta Ombrófila, Floresta Estacional) 1.212,39 SN (Savana, Floresta Estacional) 1.072,47 Sd (Savana Florestada) 16,63 Fs (Floresta Estacional Semidecidual Submontana) 166,58 Ag (Agropecuária) 290,55 Da+Pa (Floresta Ombrófila Densa Aluvial, Formação Pioneira com influência fluvial e/ou lacustre) 37,43 Vs (Vegetação Secundária) 96,26 Ac (Agricultura) 185,00 Ap (Pecuária – pastagem) 196,23 As (Floresta Ombrófila Aberta Submontana) 9,71 Sa (Savana Arborizada) 31,57 Ac+Vs (Agricultura, Vegetação Secundária) 9,05 Da (Floresta Ombrófila Densa Aluvial) 6,17 Fonte: PROBIO, 2006.

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Figura 8.2.1.f Unidades Fitofisionômicas da AII do AHE Colíder segundo PROBIO (2006)

Nota: ver legenda na Tabela 8.2.1.b. Fonte: PROBIO, 2006 A Floresta Ombrófila Densa Aluvial (Da) destaca-se como formação que recobre as planícies aluviais, estando diretamente associada à presença e proximidade dos cursos d’água e aos efeitos de cheias anuais dos rios ou de depressões alagáveis. Tabela 8.2.1.c Áreas Antrópicas Dominantes na AII do AHE Colíder, MT Classes Área (Km2) Culturas Cíclicas - Acc 770,85 Vegetação Secundária sem palmeiras - Vss 13,34 Fonte: PROBIO, 2006

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Figura 8.2.1.g Áreas Antrópicas Dominantes na AII

Fonte: PROBIO, 2006 8.2.2 Desflorestamento na AII A Área de Influência Indireta está situada no chamado Arco do Desflorestamento da Amazônia, que engloba os estados do Acre, Rondônia, o sul do Amazonas, o norte do Mato Grosso, sul e leste do Pará, norte de Tocantins e oeste do Maranhão. Trata-se de ampla área no sul da Amazônia e no contato com o Cerrado marcada nas últimas décadas pelo intenso processo de exploração de madeira e de substituição da cobertura vegetal por pastagens e culturas agrícolas. As Figuras 8.2.2.a, 8.2.2.b, 8.2.2.c e 8.2.2.d reproduzem imagens orbitais da AII obtidas pelos satélites Landsat 2-MMS, em 1979, e Landsat 5-TM, em 1990, 1999 e 2007. Em 1979, a principal via de penetração na AII era a rodovia federal BR-163. Assim, as principais áreas desmatadas, principalmente usos agrícolas situavam-se no eixo dessa rodovia e na cabeceira do rio Renato (Figura 8.2.2.a). Já a imagem de 1990 (Figura 8.2.2.b) demonstra a intensificação do processo ao longo da década de 1980 no eixo da BR-163 e ao longo do rio Renato, neste último possivelmente associado à atividade garimpeira. Também entre 1979 e 1990 são observadas vias de penetração perpendiculares, dando início ao padrão “espinha de peixe” verificado em diversas áreas da Amazônia. Nesta data aparecem novas áreas agrícolas no interflúvio do rio Teles Pires e seu afluente pela margem esquerda, o rio Índio Possesso. Nesse período a rodovia MT-479 começa a servir de via de entrada para a região nordeste da AII.

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A imagem de 1999 (Figura 8.2.2.c) ilustra um significativo aumento na substituição da cobertura do solo, continuando com o processo e a dinâmica verificada entre 1979 e 1990. Destaca-se também a intensidade do desflorestamento entre a BR-163 e o rio Teles Pires, nas proximidades da cidade de Itaúba. Em 2007 (Figura 8.2.2.d) quase todos os interflúvios da AII apresentam usos agrícolas ou pastoris, com uma maior dinâmica na margem esquerda do rio Teles Pires. Os dados do Programa de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (PRODES), executado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) através de imagens orbitais, ilustram também a dinâmica do desmatamento na AII. Os dados são apresentados na Tabela 8.2.2.a por município e representam o total acumulado de áreas desmatadas em 2000 e em 2007. Tabela 8.2.2.a Desmatamento nos municípios da AII do AHE Colíder

Município Desmatamento até o ano 2000 (em km2)

Desmatamento até o ano 2007 (em km2)

Nova Canaã do Norte 2.384,2 2.931,1 Colíder 2.367,9 2.488,5 Itaúba 1.135,2 1.581,1 Cláudia 1.095,5 1.503,2 Total 6.982,8 8.503,9 Fonte: PRODES, 2008. Os dados demonstram a que a continuidade do processo na região vem ocorrendo com relativa intensidade nos últimos anos, com incrementos da ordem 22,9% em Nova Canaã do Norte, 5,1% em Colíder, 39,3% em Itaúba e 37,2% em Cláudia. Considerando a ampliação de áreas desmatadas indicada pelos dados do INPE para o conjunto dos municípios listados na Tabela 8.2.2.a, o incremento de áreas desmatadas foi de 21,8% ou 1.521 km2 em 7 anos. 8.2.3 Fauna terrestre Além dos poucos estudos sobre a fauna da região norte do Mato Grosso, é no contexto de redução progressiva da cobertura vegetal nativa apresentado nas seções 8.2.1 e 8.2.2 que se deve analisar os dados relativos à fauna terrestre. Todas as atividades antrópicas responsáveis pelo significativo desflorestamento regional já produziram impactos na fauna silvestre, tanto terrestre como aquática. O grau dos impactos destas atividades depende, por um lado, do grau de sensibilidade dos diferentes grupos às alterações de seus habitats e, por outro, da intensidade dos mesmos. Desta forma, presume-se que a riqueza específica da maioria das comunidades zoológicas já esteja empobrecida e a composição e estrutura destas comunidades alteradas. Neste contexto, as espécies generalistas e com maior capacidade adaptativa e resiliência ecológica tornam-se competidores superiores

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às espécies especialistas, aumentando suas abundâncias relativas, densidades absolutas e até mesmo suas distribuições geográficas. Mastofauna Em geral é possível caracterizar, a priori, a mastofauna de uma determinada região como característica (ou típica) do bioma predominante na mesma, por exemplo, a “mastofauna da Floresta Amazônica” ou “dos Cerrados”. Entretanto, em áreas de tensão ecológica – ou ecótonos, áreas de transição entre dois biomas - esta caracterização é mais difícil, como no caso da AII do AHE Colíder. Essas faunas “complexas” usualmente são agrupadas sob a denominação de “faunas de transição”. Entretanto, é mais pertinente qualificar estas faunas como de “sobreposição” do que de transição. A interface de matas de galeria com vegetação aberta faz com que os componentes da fauna que apresentam preferência de hábitat, como as espécies predominantemente florestais ou as espécies de habitats abertos, como o lobo-guará - Chrysocyon brachyurus -, vivam próximas, na mesma localidade, sem necessariamente interagirem ecologicamente. Desta forma, fazer uma caracterização da fauna de uma região na qual ocorrem tantas áreas de tensão ecológica, com mosaicos complexos de paisagens, baseando-se somente em poucos dados secundários pontuais disponibilizados torna-se um exercício complexo que deve ser interpretado com precaução, atentando para suas limitações. Deve-se destacar ainda o importante papel das matas de galeria na composição e distribuição da rica comunidade de mamíferos do Cerrado, que tem influência das matas Amazônica e Atlântica (JOHNSON et al., 1999). Estes autores fizeram uma revisão da literatura na qual foi demonstrado que a comunidade de mamíferos não voadores das matas de galeria no cerrado é distinta das comunidades de mamíferos de qualquer outro tipo de fisionomia do cerrado. Além disso, as matas de galeria contêm duas vezes mais espécies comuns às matas úmidas que às outras fisionomias do cerrado (latu sensu) reunidas. As matas de galeria parecem fornecer hábitat dentro do cerrado para mamíferos das matas úmidas, aumentando a biodiversidade deste bioma. Assim, as matas de galeria podem funcionar como corredores de dispersão para estas espécies.

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Segundo Marinho-Filho e Gastal (2000), há 155 espécies de mamíferos ocorrentes nas matas de galeria do Brasil Central, reforçando a hipótese da grande importância destas matas para a manutenção da elevada riqueza e diversidade de mamíferos do Cerrado, assim como nas regiões ecotonais entre este e outros biomas. Os dados indicando a alta riqueza de pequenos mamíferos nas matas de galeria são atribuídos, pelo menos em parte, às mudanças sazonais na composição de espécies dentro destas comunidades (MARES & ERNEST, 1995 apud MARINHO-FILHO & GASTAL, 2000). A movimentação dos animais ao longo dos corredores das Matas de Galeria pode contribuir para as mudanças sazonais na riqueza de espécies. Há outra explicação para esta elevada riqueza, não necessariamente excludente à anterior: Kellman et al. (1996) atribuem ao efeito de borda a razão para este aumento da riqueza. Os efeitos de borda, apesar de geralmente ameaçarem a integridade dos fragmentos florestais das Matas de Galeria, promovem um aumento da complexidade ambiental e forma microambientes distintos, possibilitando a coexistência de muitas espécies (empacotamento de nicho). Em relação aos pequenos mamíferos existe uma convergência entre Alho (1981) e Marinho-Filho & Reis (1989) sobre a existência de forte especialização de uso de habitats por este sub-grupo no Cerrado. Desta forma, as espécies de roedores e marsupiais com peso corpóreo até 1.500 g apresentam maior vulnerabilidade à extinção local devido às alterações na estrutura de habitats. A priori, como a AII está localizada em área de transição entre o bioma Cerrado do Brasil Central e a Floresta Pluvial Amazônica, a mastofauna ocorrente na AII provavelmente apresenta elementos típicos de ambos os biomas, podendo ser considerada como uma fauna de sobreposição. As espécies amazônicas ocorrem predominantemente nos ambientes florestais e as típicas do cerrado nos ambientes mais abertos ou cobertos por vegetação savânica. Como exemplo da fauna típica do bioma Amazônico, potencialmente ocorrente na AII, podem-se citar o xenartro Dasypus kappleri (tatu-quinze-quilos), os marsupiais do gênero Marmosops (cuíca ou catita), os primatas Ateles chamek (coatá, macaco-aranha ou macaco-preto), Allouata seniculus (bugiu-vermelho), Callithrix emiliae (soim-branco) e C. melanura, entre outros. Entre os mamíferos tropicais da América do Sul, há um sub-grupo formado por espécies sem fidelidade de hábitat, cujos representantes podem ocorrer na área da AII. Este grupo inclui muitos predadores de topo de médio e grande porte, como a onça-pintada (Panthera onca), a onça-parda (Puma concolor), o furão (Galictis sp.), e muitos dos xenartros, como o tatu-galinha (Dasypus sp) e os tamanduás-bandeira e mirim (Myrmecophaga tridactyla e Tamandua tetradactyla, respectivamente).

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Uma informação relevante, fornecida pelo Diagnóstico Ambiental do Inventário Hidrelétrico da bacia do Rio Teles Pires (ENGEVIX-ELETRONORTE/FURNAS/ELETROBRAS, 2005, 2005) é o relato de moradores locais sobre a existência de algumas espécies aparentemente não conhecidas pela ciência: uma terceira espécie de porco-do-mato, chamado localmente de “porcão”, de uma onça-preta sem as malhas (não seria a forma melânica da onça-pintada – Panthera onca), de uma anta e de um veado de menor porte e de um primata preto de grande porte (diferente do macaco-preto ou coatá, gênero Ateles). Como houve poucos inventários zoológicos na região, há probabilidade de ocorrer descobertas de novos táxons, mesmo de mamíferos de médio e grande porte para a região como um todo. Para a toda a bacia do Teles Pires, foram registradas 62 espécies de mamíferos, das quais 52 foram registradas em fitofisionomias amazônicas, 47 no Cerrado e 42 em áreas ecotonais (ENGEVIX, 2005). Segue abaixo a listagem de mamíferos (Tabela 8.2.3.a) registrados na bacia do rio Teles Pires para o Diagnóstico Ambiental do Inventário Hidrelétrico da bacia (ENGEVIX-ELETRONORTE/FURNAS/ELETROBRAS, 2005). Tabela 8.2.3.a Espécies de mamíferos registrados na bacia do rio Teles Pires

Mammalia

Taxa Nome Comum Tipo de Registro Bioma

Marsupialia (03) Didelphidae (03) Didelphis marsupialis Gambá-de-orelha-preta, mucura OI, IN AM, Ec Didelphis albiventris Gambá-de-orelha-branca, saruê IN CE, Ec Marmosa spp Catita IN AM, CE, Ec

Xenarthra (10) Dasypodidae (06) Dasypus kappleri Tatu-quinze-quilos OD, OI, IN AM, Dasypus novemcinctus Tatu-galinha verdadeiro OI, IN AM, CE, Ec Dasypus septemcinctus Tatu-galinha, OI, IN CE Euphractus sexcinctus Tatupeba IN, OI CE Cabassous unicinctus Tatu-de-rabo-mole IN, BL CE Priodontes maximus * Tatu-canastra IN, BL AM, CE Myrmecophagidae (02) Myrmecophaga tridactyla * Tamanduá-bandeira IN, BL AM, CE, Ec Tamandua tetradactyla Tamanduá-mirim IN, BL AM, CE, Ec Bradypodidae (01) Bradypus variegatus Preguiça-comum IN AM, Ec Megalonychidae (01) Choloepus hoffmanni Preguiça IN, BL AM

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Tabela 8.2.3.a Espécies de mamíferos registrados na bacia do rio Teles Pires

Mammalia

Taxa Nome Comum Tipo de Registro Bioma

Chiroptera (10) Emballonuridae (01) Rhynchonycteris naso OD AM, Ec Phyllostomidae (06) Noctilio leporinas Morcego-pescador OD, IN AM, CE, Ec Desmodus rotundus Morcego-vampiro IN AM, CE, Ec Glossophaga soricna Morcego-beija-flor BL AM, CE, Ec Artibeus lituratus Morcego fruteiro BL AM, CE, Ec Artibeus jamaicensis Morcego fruteiro BL AM, CE, Ec Uroderma bilobatum Morcego BL AM, CE, Ec Vespertilionidae (01) Lasiurus borealis Morcego insetívoro BL AM, CE, Ec Vespertilionidae (02) Molossus ater Morcego insetívoro BL AM, CE, Ec Tadarida brasiliensis Morcego insetívoro BL AM, CE, Ec Primates (11) Callitrichidae (02) Callithrix melanura Mico-branco IN CE Callithrix emiliae Mico-branco IN, BL AM Cebidae (09) Cebus apella Macaco-prego OD, IN AM, CE, Ec Alouatta caraya Guariba, Bugio IN CE Alouatta belzebul Guariba-preto IN, BL AM Alouatta seniculus # Guariba-ruivo OD, IN AM Ateles marginatus * Macaco-aranha-da-cara-branca OD, IN AM Callicebus moloch Guigo BL AM Chiropotes albinasus Cuxiú BL AM Saimiri ustus Macaco-de-cheiro BL AM Aotus infulatus Macaco-da-noite IN, BL AM Carnivora (16) Canidae (04) Cerdocyon thous Cachorro-do-mato OI, IN AM, CE, Ec Lycalopex vetulus Raposas-do-campo IN CE

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Tabela 8.2.3.a Espécies de mamíferos registrados na bacia do rio Teles Pires

Mammalia

Taxa Nome Comum Tipo de Registro Bioma

Chrysocyon brachyurus * Lobo-guará IN CE, Ec Speothos venaticus * Cachorro-vinagre IN AM, CE, Ec Felidae (07) Herpailurus yaguarondi Gato-mourisco, jaguarundi IN, BL AM, CE, Ec Leopardus pardalis * Jaguatirica IN AM, CE, Ec Leopardus tigrinus * Gato-do-mato-pequeno IN AM, CE, Ec Leopardus wiedii * Gato-maracajá IN AM, CE, Ec Puma concolor Suçuarana, onça-parda OI, IN AM, CE, Ec Panthera onca * Onça-pintada IN, BL AM, CE, Ec Mustelidae (03) Eira barbara Irara IN, BL AM, CE, Ec Lontra longicaudis Lontra IN, BL AM, CE, Ec Pteronura brasiliensis * Ariranha OI, IN AM, CE, Ec Procyonidae (02) Nasua nasua Quati IN, BL AM, CE, Ec Procyon cancrivorus Mão-pelada IN, BL AM, CE, Ec Artiodactyla (05) Cervidae (03) Mazama americana Veado-mateiro OI, IN AM, CE, Ec Mazama gouazoupira Veado-catingueiro IN, BL AM, CE, Ec Ozotoceros bezoarticus Veado-campeiro IN CE Tayassuidae (02) Pecari tajacu Caititu, cateto OD, OI, IN AM, CE, Ec Tayassu pecari Queixada, porco-do-mato IN, BL AM, CE, Ec Perissodactyla (01) Tapiridae (01) Tapirus terrestris Anta OI, IN AM, CE, Ec Rodentia (05) Sciuridae (01) Sciurus aestuans Caitipuru, caiticoco, esquilo OD, IN AM, Ec Dasyproctidae (01) Dasyprocta spp. Cutia IN, BL AM, CE, Ec

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Tabela 8.2.3.a Espécies de mamíferos registrados na bacia do rio Teles Pires

Mammalia

Taxa Nome Comum Tipo de Registro Bioma

Agoutidae (01) Agouti paca Paca OI, IN AM, CE, Ec Hydrochaeridae (01) Hydrochaeris hydrochaeris Capivara OD, OI, IN AM, CE, Ec Erethizontidae (01) Coendou prehensilis Porco-espinho, ouriço-cacheiro IN AM, CE, Ec Lagomorpha (01) Leporidae (01) Sylvilagus brasiliensis Tapiti, coelho IN, BL AM, CE, Ec Total de espécies 62

Total de espécies por bioma 52 47 42

AM CE Ec

Tipos de registros: OD = Observação Direta, OI = Observação Indireta, IN = Informação, BL = Bibliografia (Plano de Manejo do Parque Estadual Cristalino e da Reserva Ecológica de Apiacás). Biomas: CE = Cerrado, AM = Floresta Amazônica, Ec = ecótono. (*) = espécie ameaçada de extinção, (#) = espécie a confirmar por estar fora da sua área conhecida de distribuição. Fonte: Diagnóstico Ambiental do Inventário Hidrelétrico da Bacia do Rio Teles Pires (ENGEVIX-ELETRONORTE/FURNAS/ELETROBRAS, 2005) Outra informação importante fornecida pelo Diagnóstico Ambiental do Inventário Hidrelétrico da bacia do Rio Teles Pires (ENGEVIX, 2005) é a indicação da existência de conflitos na região de Alta Floresta entre a comunidade local e as espécies de carnívoros predadores de topo. A espécie citada como a causadora de mais conflitos é a onça-parda ou suçuarana (Puma concolor) – mais resiliente à fragmentação de hábitat que a onça-pintada. Este carnívoro preda rebanhos domésticos devido às baixas densidades (ou mesmo extinções locais) de suas presas naturais. A existência deste tipo de conflito na AII do AHE Colíder poder ter uma explicação na fragmentação da paisagem na região. Avifauna O Estado do Mato Grosso possui cerca de 850 espécies de aves (DSEEN/MT, 2002). Tal riqueza corresponde à enorme diversidade de habitats encontrados no Estado, no qual os biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal estão representados. As regiões norte e noroeste do Estado do Mato Grosso são as menos conhecidas do ponto de vista biológico (DSEE/MT, 2002).

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Apesar da maior parte da área do Cerrado ser originalmente coberta por formações abertas (SILVA, 1995), as formações florestais abrigam a maior parte das espécies de aves presentes no bioma (SILVA, 1997). Silva (1995a) classificou as aves do Cerrado em três grupos: (i) dependentes de floresta, (ii) semi-dependentes e (iii) independentes. A área de Alta Floresta, próxima a região do estudo, figura como a segunda localidade em riqueza de espécies de aves no Brasil (AV059). Esta área foi considerada como prioritária para a conservação de aves, segundo o Workshop de Áreas Prioritárias para Conservação da Amazônia de 2000 (CAPOBIANCO, 2001), considerando especialmente a mistura de taxa dos interflúvios Xingú-Tapajós e Madeira-Tapajós. No Parque Nacional do Tapajós, localizado na mesma bacia hidrográfica, foram encontradas 19 espécies de dendrocalaptídeos considerados indicadores de áreas conservadas. Na região na qual está inserido o Parque Estadual Cristalino, no município de Alta Floresta, localizado ao norte da AII do empreendimento, já foram registradas mais de 500 espécies de aves, e a lista de novas espécies ainda não se esgotou. A primeira lista ornitológica desta UC foi publicada em “Ornithological Monographs” por Kevin Zimmer et al. (1997). Em sua revisão em 2003, Judy Davis e Aaron Lang acrescentaram 57 espécies à lista original, baseada em relatores de observadores de aves que visitam o Cristalino Jungle Lodge & Cristalino Park (www.cristalinolodge.com.br/localizacaop.htm). É provável, ainda, que mais espécies se somem em um futuro próximo. Uma espécie nova para a ciência foi recentemente descrita para a área dos rios Cururu-açu e São Benedito, localidade típica do papagaio-careca Pionopsitta aurantiocephala (GABAN-LIMA et al., 2002). Como os psitacídeos (periquitos, papagaios e araras) constituem a família de aves silvestres que geralmente mais sofre pressão de caça para comercialização ilegal ou mesmo para “pet” – animal de estimação - a preocupação com a conservação desta espécie é pertinente, ainda mais se considerando que não há dados suficientes sobre o status das populações desta espécie. Outras famílias consideradas cinegéticas, ou seja, que sofrem intensa pressão de caça são as famílias Tinamidae (inambus), Cracidae (mutum, jacus, jacutingas) e Anatidae (patos). Estas famílias devem receber especial atenção para eventuais estratégias conservacionistas para a Classe Aves. As espécies ameaçadas de provável ocorrência na região O diagnóstico ambiental do Inventário Hidrelétrico da Bacia do Rio Teles Pires realizado pela Engevix (2005) contabilizou 15 espécies com alguma categoria de ameaça de extinção segundo as listas do IBAMA (2003) e IUCN (2004). Entre essas foi destacada a Clytoctantes atrogularis, considerada criticamente ameaçada de extinção em função da perda de hábitat e um potencial acentuado declínio populacional. Deve-se sempre ter em mente que o médio curso do Teles Pires apresenta elevado grau de fragmentação de hábitat, havendo muitas fazendas de pecuária bovina e grandes extensões de monocultura de soja. Neste cenário, a avifauna remanescente é provavelmente composta por espécies menos sensíveis às alterações ambientais, menos exigentes em termos de qualidade de hábitat (mais generalistas). A expectativa de manutenção de espécies ameaçadas de

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extinção (geralmente especialistas de hábitat) na região, em longo prazo é baixa, o que reforça que se devem envidar esforços para a o desenvolvimento de atividades conservacionistas na região como um todo. Estudos ornitológicos no Estado do Mato Grosso Assim como comentado anteriormente para o grupo dos mamíferos, as aves também apresentam elevada capacidade de dispersão, sendo os registros históricos de representantes da Classe Aves uma valiosa contribuição para a delimitação da distribuição geográfica e potencial ocorrência das diferentes espécies em uma determinada região. Os registros de pesquisas ornitológicas no estado do Mato Grosso iniciam-se em 1824, com a expedição do naturalista austríaco Johann Natterer, que visitou diversas localidades do estado e estruturou considerável coleção de espécimes (PELZEN, 1870). Entre 1882 e 1886, Herbert Smith montou uma coleção de aves provenientes da Chapada dos Guimarães e Cuiabá (ALLEN, 1891; 1892; 1893). Menegaux (1917) relata o material colecionado entre 1909 e 1910 na região de Poconé e Cáceres. Durante a expedição Roosevelt-Rondon, o ornitólogo George Cherrie montou uma coleção de aves entre outubro de 1913 e abril de 1914 (NAUMBURG, 1930). J. Rehn montou coleção de aves provenientes da região de Descalvados em 1931 (STONE e ROBERTS, 1934). Espécimes coletados por W. Garbe em 1937, nas regiões do rio das Mortes e do rio Araguaia, são relacionados por Pinto (1938). Este último realizou coletas de aves nas regiões de Cuiabá e da Chapada dos Guimarães (PINTO, 1940) e Rio das Mortes, próximo a Xavantina (PINTO e CAMARGO, 1948). E. Dente e W. Bokermann coletaram aves no Rio das Mortes em 1949 (PINTO e CAMARGO, 1952). Em 1968, Fry (1970) realizou coletas na Serra do Roncador e Novaes (1976) realizou coletas e observações na região de Aripuanã (Dardanelos e Ilha dos Patos), em 1975. Willis (1976) realizou levantamento nas proximidades de Tangará da Serra e Barra dos Bugres. Em 1986, Silva e Oniki (1988) efetuaram um levantamento de avifauna na Estação Ecológica Serra das Araras, e Cintra e Yamashita (1988) amostraram a região de Poconé. Em 1985 e 1987, Willis e Oniki (1990) realizaram levantamentos na região Sudoeste do estado. Novaes e Lima (1991) relatam coletas realizadas nas proximidades do Rio Peixoto de Azevedo por E. Dente e W. Bokermann durante os anos de 1976 a 1980. Zimmer e colaboradores (1997) realizaram levantamentos na região de Alta Floresta (SEPLAN, 2004). Em 2002, foram divulgados os resultados do Relatório Técnico Consolidado da Fauna Para o Estado de Mato Grosso, parte integrante do Diagnostico Sócio-Econômico Ambiental do Estado (DSEE/MT, 2002). Neste estudo foram compilados todos os registros de aves disponíveis para o Mato grosso, além de terem sido amostradas em campo áreas nunca antes estudadas, como as dos rios Juruena e Apiacás, registrando novas espécies para o estado.

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Herpetofauna O conhecimento sobre a composição da herpetofauna do Cerrado pode ser considerado como ainda incipiente. As regiões melhor estudadas em relação à fauna de répteis e anfíbios em geral estão próximas dos grandes centros urbanos ou provenientes de áreas de construção de hidroelétricas (MOREIRA & BARRETO, 1996; STRÜSSMANN, 2000). Em função da representatividade das fitofisionomias dos biomas Amazônia e Cerrado, é de se esperar que a comunidade de anuros e répteis ocorrentes na AII do AHE Colíder apresente afinidades tanto com as comunidades tipicamente amazônicas como as do Cerrado, além da ocorrência de espécies generalistas que se distribuem através de vários biomas e habitats. O levantamento primário da herpetofauna realizado no contexto do Inventário Hidrelétrico da Bacia do Rio Teles Pires (ENGEVIX-ELETRONORTE/FURNAS/ELETROBRAS, 2005) registrou 29 espécies de répteis distribuídas em 16 famílias, dos quais sete espécies de lagartos (3 famílias), 13 de serpentes (em 4 famílias), três espécies de crocodilianos pertencentes à família Alligatoridae e sete espécies de quelônios pertencentes à quatro famílias (Tabela 8.2.3.b). Tabela 8.2.3.b Espécies de répteis registradas na bacia do Rio Teles Pires

Reptilia

Taxa Nome Comum Tipo de Registro Bioma

Sauria (05) Tropiduridae (01) Tropidurus spp Teidae (03) Ameiva ameiva Cnemidophorus spp Tupinambis spp Gekkonidae (02) Gonatodes humeralis Hemidactylus mabouia ∞

Calango-preto Calango-verde Calanguinho-verde Teiú Lagartixa-do-tronco Lagartixa-de-parede

OD

OD OD IN

OD OD

AM, CE, Ec AM, CE, Ec AM, CE, Ec AM, CE, Ec AM AM, CE, Ec

Ophidia (13) Boiidae (05) Boa constrictor Eunectes murinus Epicrates cenchria Corallus hortulanus Corallus caninus Colubridae (03) Liophis spp Mastigodryas bifossatus Spilotes pullatus Elapidae (01) Micrurus spp Viperidae (04) Bothrops spp Bothriopsis bilineata Crotalus durissus

Jibóia Sucuri Salamanta Suaçubóia Cobra-papagaio Cobra-d’água Jararacuçu-do-brejo Caninana Coral-verdadeira Jararacuçu Jararaca-verde Cascavel

OI IN IN OD IN

IN IN IN

IN

IN IN IN

AM, CE, Ec AM, CE, Ec AM, CE, Ec AM, CE, Ec AM AM, CE, Ec CE, Ec AM, CE, Ec AM, CE, Ec AM, CE, Ec AM CE, Ec

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Tabela 8.2.3.b Espécies de répteis registradas na bacia do Rio Teles Pires

Reptilia

Taxa Nome Comum Tipo de Registro Bioma

Lachesis muta Surucucu IN AM Crocodilia (03)

Alligatoridae (03) Caiman crocodilus Paleosuchus palpebrosus Melanosuchus niger

Jacaretinga Jacaré-coroa Jacaré-açu

OD IN IN

AM, CE, Ec CE AM, Ec

Chelonia (07) Chelidae (02) Phrynops spp Chelus fimbriatus Kinosternidae (01) Kinosternon scorpioides Pelomedusidae (02) Podocnemis unifilis Podocnemis expansa Testudinidae (02) Geochelone carbonaria Geochelone denticulata

Cágado Matámatá Muçuã Tracajá Tartaruga-da-amazônia Jabutipiranga Jabutitinga

IN IN

IN

OD OI

IN OD

AM, CE, Ec AM, Ec AM, CE, Ec AM, CE, Ec AM, Ec AM, CE, Ec AM, CE, Ec

Total Geral: 29 espécies

Tipos de registros: OD = observação direta, OI = Observação indireta, IN = informação, BL = Bibliografia (Plano de Manejo do Parque Estadual Cristalino e da Reserva Ecológica de Apacás). Biomas: CE = Cerrado, AM = Floresta Amazônica, Ec = ecótono. (∞) = espécie exótica (invasora) Fonte: Diagnóstico Ambiental do Inventário Hidrelétrico da bacia do Rio Teles Pires (ENGEVIX, 2005). Das espécies registradas, apenas uma espécie, o jacaré-açu (Caiman niger) está listado no apêndice I da CITES, que inclui as espécies mais ameaçadas de extinção. Em relação às espécies da herpetofauna listadas no Apêndice II da CITES registradas encontram-se:

• seis anfíbios: Colostethus marchesianus, Dendrobates castaneoticus, Dendrobates galactonotus, Dendrobates ventrimaculatus, Epipedobates femoralis e Epipedobates trivittatus;

• dois quelônios: Podocnemis expansa e Podocnemis unifilis; • cinco lagartos Iguana iguana, Crocodilurus amazonicus, Dracaena guianensis,

Tupinambis merianae e Tupinambis teguixin e; • seis serpentes: Boa constrictor, Corallus caninus, Corallus hortulanus, Epicrates

cenchria, Eunectes murinus e Clelia clelia. Histórico das coletas herpetológicas no Mato Grosso Em 1817, Johann Baptist von Spix e Karl Friedrich Philip von Martius integraram a missão austríaca, que chegou ao Brasil, juntamente com a comitiva da arquiduquesa. Estes foram os primeiros naturalistas a cobrir uma porção significativa do Cerrado em itinerário científico. Iniciada a partir de 1817 e com duração de trinta meses, a expedição do zoólogo Spix e do

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botânico Martius atravessou as savanas brasileiras do triângulo mineiro ao Maranhão, passando por Goiás, Bahia e Piauí, rumo à Amazônia em Belém, PA e Barcelos, AM. Executando um roteiro de viagem muito bem idealizado, cobrindo boa parte das paisagens brasileiras, Spix e Martius reuniram um importante acervo de flora e fauna, e forneceram as bases da atual classificação dos domínios morfoclimáticos da região Neotropical. O zoólogo Johann Natterer, assim como Spix e Martius, foi integrante da missão austríaca. Ele permaneceu 18 anos em viagens pelo país, tendo como foco principal coletas na Amazônia (Rio Branco, Manaus, Rio Negro), com amostragens no Cerrado do Mato Grosso, no alto Guaporé (Vila Bela da Santíssima Trindade) e alto Paraguai (Cáceres e Cuiabá). Embora menos abrangentes que os obtidos por Spix e Martius, os resultados de Natterer foram relevantes devido à extensa e bem preparada coleção zoológica resultante. Figuravam nas coleções espécies comuns no Cerrado, tais como a serpente Philodryas nattereri (Serpentes: Colubridae), descrita em sua homenagem. Dentre os estudos e levantamentos realizados, tanto nos cerrados como nas regiões florestadas do Domínio Amazônico, destacam-se a coleção feita por Werner C. A. Bockerman em 1949, no rio das Mortes, como membro da Expedição Butantan; a coleção feita na década de 80 pelo Programa Polonoroeste e a coleção feita por Janalle Caldwell, em 1989, no rio Araguaia, como membro de uma Expedição feita pelo MZUSP/ELETRONORTE. Segundo Silva e Bates (2002) os enclaves podem representar ambientes chaves para a manutenção da biodiversidade, visto que podem manter populações viáveis de espécies tipicamente florestais em um contexto regional de paisagem savânica do Cerrado. Adicionalmente, estas populações, após o isolamento, passaram a experimentar histórias evolutivas únicas, sendo passíveis de diferenciação genética e mesmo de constituírem centros de formação de endemismos. Isto vale para todos os grupos de vertebrados terrestres, como a herpetofauna. 8.2.4 Ictiofauna e o ecossistema aquático na Área de Influência Indireta A ictiofauna do rio Teles Pires, de modo geral, é pouco conhecida cientificamente e, conseqüentemente, pouco caracterizada taxonomicamente. São raros os inventários sistemáticos e os trabalhos realizados com a ictiofauna deste rio (GODOI, 2004; SMERMAN 2007), com exceção dos recentes levantamentos rápidos e pontuais realizados no âmbito da elaboração de estudos de impactos ambientais de outros empreendimentos hidrelétricos previstos no Teles Pires (JGP, 2008). De acordo com os trabalhos citados de Godoi (2004) e Smerman (2007), a ictiofauna existente no médio Teles Pires, trecho no qual está localizado o empreendimento Colíder, contém algumas espécies da ictiofauna do rio Tapajós (formado pela confluência dos rios Teles Pires e Juruena) e até de outras sub-bacias amazônicas, visto que o Tapajós é afluente do rio Amazonas pela sua margem direita. Desta forma, algumas espécies de peixes podem subir o Rio Tapajós e adentrar o baixo curso do rio Teles Pires. Porém, devido à presença de barreiras naturais (particularmente as corredeiras conhecidas por “Sete Quedas”) no curso médio deste

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rio, provavelmente são poucas as espécies capazes de transpô-las e atingir esse trecho. Conseqüentemente, o médio curso do Rio Teles Pires deve conter uma ictiofauna variada e especializada para os diferentes micro-habitats presentes na região. Ressalta-se a importância das corredeiras e cachoeiras, que constituem ambientes que abrigam espécies endêmicas e que sustentam uma grande biomassa de peixes. É consenso que a construção de barragens causa a interrupção do movimento migratório de peixes e a dispersão de espécies, porém sabe-se também que no período que sucede a construção de reservatórios é possível observar um novo processo de colonização do ambiente, onde ocorre depleção de algumas populações e o sucesso reprodutivo de outras, em função da transição de ambiente lótico para lêntico. Esta instabilidade do sistema requer um acompanhamento contínuo e permanente, antes e após a formação do reservatório, objetivando conhecer as alterações ocorridas e as formas mais adequadas de se proceder ao manejo desse novo sistema. No caso particular dos rios da bacia amazônica, cabe ressaltar que a diminuição das áreas de várzea e o desaparecimento de lagoas marginais podem influenciar os padrões reprodutivos de algumas espécies da ictiofauna que utilizam esses habitats como criadouros das fases jovens, bem como sobre populações de espécies de pequeno porte. As pesquisas ictiológicas mais recentes realizadas na região da AII do AHE Colíder consistem em basicamente dois estudos: Um de Smerman (2007), que avaliou dez afluentes do Rio Teles Pires, localizados nos municípios de Alta Floresta e Carlinda, municípios mais próximos da AII do AHE Colíder e outro realizado pela empresa JGP Consultoria e Participações, que avaliou a ictiofauna presente em 43 pontos de coleta distribuídos no rio Teles Pires e afluentes (JGP, 2008). Os peixes coletados por Smerman (2007) totalizaram 1.507 espécimes pertencentes a 82 espécies, distribuídas em 5 ordens, sendo a mais numerosa a ordem Characiformes (45 espécies), seguida por Siluriformes (22 espécies), Perciformes (9 espécies), Gymnotiformes (5 espécies) e uma única espécie capturada de Synbranchiformes (Tabela 8.2.4.a). Complementarmente, os trabalhos de campo realizados pela JGP (2008) contemplaram 209 espécies distribuídas em 8 ordens e 34 famílias.

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Tabela 8.2.4.a Lista de espécies registradas no levantamento de Smerman (2007) e da empresa JGP (2008)

Ordem/Família Nome científico SMERMAN (2007) JGP (2008)

Characiformes Acestrorhynchidae Acestrorhynchus falcatus X X Acestrorhynchus microlepis X X Alestidae Chalceus epakros X Anostomidae Argonectes robertsi X Leporinus brunneus X Leporinus cf. maculatus X Leporinus desmotes X Leporinus friderici X X Leporinus julii X Leporinus fasciatus X Leporinus taeniofasciatus X Leporinus tigrinus X Leporinus vanzoi X Leporinus cf. vanzoi X Leporinus gr. striatus X Sartor sp X Schizodon vittatus X Synaptolaemus cingulatus X Ctenoluciidae Boulengerella cuvieri X Characidae Acestrocephalus sp X Acestrorhynchus microlepis X Acestrocephalus stigmatus X Agoniates halecinus X Aphyocharacidium sp X Aphyocharax sp X Astyanax sp X X Astyanax anterior X Astyanax aff. bimaculatus X Astyanax argyrimarginatus X Astyanax bimaculatus X Astyanax elachylepis X Astyanax maculisquamis X Brachychalcinus copei X Brachychalcinusorbicularis X Brycon falcatus X X Brycon cf. falcatus X Brycon pesu X X Brycon gr. pesu X Brycon sp X Bryconexodon juruenae X Bryconops cf. caudomaculatus X

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Tabela 8.2.4.a Lista de espécies registradas no levantamento de Smerman (2007) e da empresa JGP (2008)

Ordem/Família Nome científico SMERMAN (2007) JGP (2008)

Bryconops gracilis X Bryconops sp X Caiapobrycon sp X Cheirodontinae sp X Creagrutus maxillaris X Creagrutus cf. maxillaris X Creagrutus sp X Cynopotamus juruenae X X Hemigrammus sp X X Hemigrammus cf. levis X Hemigrammus sp "faixa estreita" X Hemigrammus sp "faixa" X Hyphessobrycon heliacus X X Hyphessobrycon sp X Iguanodectes spilurus X Jupiaba acanthogaster X X Jupiaba apenima X X Jupiaba meunieri X Jupiaba polylepis X X Jupiaba aff. zonata X Jupiaba poranga X Jupiaba sp X Knodus heteresthes X Knodus sp X Metynnis argenteus X Metynnis lippincotianus X Microschemobrycon cf. elongatus X Microschemobrycon sp X Moenkhausia sp1 X Moenkhausia sp2 X Moenkhausia sp 3 X Moenkhausia colleti X Moenkhausia cf. colleti X Moenkhausia cotinho X Moenkhausia cf. cotinho X Moenkhausia copei X Moenkhausia gr. grandisquamis X Moenkhausia gr. lepidura X Moenkhausia oligolepis X X Moenkhausia gr. lepidura X Myleus setiger X Myleinae sp X Myloplus asterias X

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Tabela 8.2.4.a Lista de espécies registradas no levantamento de Smerman (2007) e da empresa JGP (2008)

Ordem/Família Nome científico SMERMAN (2007) JGP (2008)

Myloplus cf. rubripinnis X X Myloplus cf. schomburgkii X X Myloplus cf. torquatus X Myloplus sp X Odontostoechus sp X Odontostilbe sp X Phenacogaster sp X Roeboides sp X Serrapinnus cf. gibbus X Serrapinnus maculatus X Serrapinnus micropterus X Serrapinnus sp X Serrasalmus rhombeus X X Serrasalmus sp X Tetragonopterus chalceus X Tetragonopterus sp X Thayeria obliqua X Thayeria sp X

Tometes sp X Thayeria boelkei Chilodontidae Caenotropus labyrynthicus X X Caenotropus sp X Crenuchidae Characidium gr. zebra X Characidium cf. zebra X Characidium cf. hasemani X Characidium sp X Melanocharacidium pectorale X Melanocharacidium cf. dispilomma X Melanocharacidium sp X Ctenoluciidae Boulengerella cuvieri X Curimatidae Curimata inortata X Curimatella dorsalis X Cyphocharax festivus X Cyphocharax gangamon X Cyphocharax gouldingi X Cyphocharax plumbeus X Cyphocharax cf. spilurus X Cyphocharax spilurus X Cyphocharax stilbolepis X Steindachnerina aff. fasciata X X Cynodontidae Hydrolycus armatus X Hydrolycus tatauaia X Erythrinidae Hoplias aimara X Hoplias malabaricus X X

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Tabela 8.2.4.a Lista de espécies registradas no levantamento de Smerman (2007) e da empresa JGP (2008)

Ordem/Família Nome científico SMERMAN (2007) JGP (2008)

Hoplias sp X Hoplerythrinus unitaeniatus X X Hemiodontidae Argonectes robertsi X Bivibranchia notata X Hemiodus argenteus X Hemiodus microlepis X Hemiodus semitaeniatus X Hemiodus sp X X Hemiodus sterni X Hemiodus unimaculatus X Prochilodontidae Prochilodus nigricans X X Prochilodus sp X Prochilodus lineatus X Parodontidae Apareiodon sp X Siluriformes Auchenipteridae Ageneiosus inermis X Ageneiosus ucayalensis X Centromochlus aff. schultzi X Parauchenipterus galeatus X Parauchenipterus cf. porosus X Tatia aulopygia X Tatia aff. musaica X Tatia intermedia X Tatia sp X Tocantinsia piresi X Callichthyidae Aspidoras palciradiatu X Corydoras sp X X Corydoras xinguensis X Callichthys callichthys X Cetopsidae Cetopsis coecutiens X Doradidae Trachydoras microstomus X Nemadoras leporhinus X Heptapteridae Imparfinis hasemanni X X Nannorhamdia stictonota X Nannorhamdia cf. stictonotus X Phenacorhamdia cf. somnians X Phenacorhamdia sp X Pimelodella sp 1 X Pimelodella sp2 ("faixa") X Pimelodella steindachneri X Rhamdella sp X Rhamdia quelen X Rhamdia sp X

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Tabela 8.2.4.a Lista de espécies registradas no levantamento de Smerman (2007) e da empresa JGP (2008)

Ordem/Família Nome científico SMERMAN (2007) JGP (2008)

Loricariidae Ancistrus sp1 X X Ancistrus sp2 ("sutura") X X Ancistrus sp3 X Baryancistrus sp X Hisonotus sp X Harttia sp X Hypostomus gr. cochliodon X Hypostomus emarginatus X Hypostomus sp1 X Hypostomus sp2 X Hypostomus sp3 X Hypostomus sp4 X Farlowella oxyrhyncha X Farlowella cf. oxyrhyncha X Otocincus sp X Panaque cf. nigrolineatus X Parotocinclus sp X Peckoltia sp, X Peckoltia cf. snethlageae X Peckoltia sabaji X Pseudancistrus sp X Rineloricaria cf. hasemani X Scobinancistrus sp X Spatuloricaria sp X Stegophilus panzeri X Spectracanthicus murinus X Hemisorubim platyrhynchus X Pimelodidae Leiarius sp X Leiarius marmoratus X Phractocephalus hemioliopterus X Pimelodus albofasciatus X X Pimelodus ornatus X Pimelodus sp X Pinirampus pirinampu X Platynematichthys notatus X Pseudoplatystoma sp X Pseudoplatystoma fasciatus X Pseudoplatystoma punctifer X Pseudoplatystoma cf. punctifer X Sorubim cf. lima X Sorubim trigonocephalus /Zungaro zungaro X Pseudopimelodidae Microglanis sp X Trichomycteridae Haemomaster venezuelae X

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AHE Colíder – 300 MW 137 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Tabela 8.2.4.a Lista de espécies registradas no levantamento de Smerman (2007) e da empresa JGP (2008)

Ordem/Família Nome científico SMERMAN (2007) JGP (2008)

Ituglanis cf. amazonicus X Paracanthopoma parva X Stegophilus panzeri X Trichomycterus sp X Vandellia sp X Myliobatiformes Potamotrygonidae Potamotrygon sp X Clupeiformes Engraulidae Anchoviella guyanensis X Gymnotiformes Gymnotidae Gymnotus sp X Electrophorus sp X Hypopomidae Brachyhypopomus brevirostris X Hypopygus sp X Microsternarchus sp X Sternopygidae Eigenmannia limbata X Eigenmannia sp X Sternopygus macrurus X Rhamphichthyidae Gymnorhamphychthys rondoni X X Apteronotidae Apteronotus albifrons X Sternarchorhynchus sp X Symbranchiformes Symbranchidae Symbranchus sp X Synbranchus marmoratus X X Perciformes Cichlidae Aequidens epae X Aequidens rondoni X Apistogramma eonotus X Apistogramma sp X Astronotus ocellatus X Cichla mirianae X Cichla pinima X Crenicichla gr. saxatilis X Crenicichla aff. hemera X Crenicichla lugubris X Crenicichla cf. lugubris X Crenicichla sp1 X Crenicichla sp2 X Geophagus sp X Satanoperca acuticeps X Satanoperca jurupari X Satanoperca sp X Teleocichla proselytus X

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AHE Colíder – 300 MW 138 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Tabela 8.2.4.a Lista de espécies registradas no levantamento de Smerman (2007) e da empresa JGP (2008)

Ordem/Família Nome científico SMERMAN (2007) JGP (2008)

Teleocichla cf. proselytus X Sciaenidae Plagioscion squamosissimus X Cyprinodontiformes Poeciliidae Pamphorichthys scalpridens X Pamphorichthys sp X Fonte: Smerman (2007) JGP (2008). Ao comparar as espécies amostradas em ambos os trabalhos é possível observar que apenas 28 delas são comuns entre os dois levantamentos, o que provavelmente se dá em função das diferentes localizações das estações de coleta dos trabalhos. Para complementar a listagem acima também é apresentada uma lista de espécies da bacia do Alto Juruena/MT (Tabela 8.2.4.b) obtida a partir da base de dados da Coleção Ictiológica do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (elaborada no Software Specify), realizada no contexto da Avaliação Ambiental Integrada do Alto Juruena (JGP, 2007). Deve-se relembrar que os Rios Teles Pires e Juruena constituem os formadores do Rio Tapajós, estando inclusos na bacia de drenagem do mesmo (GIBBS, 1967), e que o trecho do alto Rio Juruena – no qual os dados foram coletados - localiza-se a oeste da AII do AHE Colíder, a uma distância de aproximadamente 395 km em linha reta. A ordem de apresentação das espécies registradas no alto Juruena segue, no geral, a classificação de Lauder & Liem (1983) e as famílias e subfamílias de Ostariophsi seguem a ordem apresentada em Britski et al. (1999). Outras referências utilizadas para identificação de peixes foram Santos-Silva et al. (2005) e Melo et al. (2005). As informações ecológicas e da pesca profissional contendo os nomes populares das espécies são de Silimon (1994) apud JGP (2007) e Silimon et al. (1996). As observações ambientais foram fundamentadas no trabalho de campo, em entrevistas com moradores locais e pescadores, e em pesquisa bibliográfica (JGP, 2007). Os dados da atividade de pesca dos índios na bacia do Rio Juruena, por sua vez, foram obtidas em Santos et al. (1995) apud JGP (2007). Como no Rio Juruena há uma cachoeira de 24 m de altura denominada Cachoeirão, existem diferenças marcantes na composição ictiofaunística à montante e jusante da mesma, pois ela constitui uma barreira natural à subida a alguns dos peixes migradores e à dispersão de espécies sedentárias. Conforme citado em JGP (2007), nesse sistema, os chamados peixes de couro (Siluriformes) ocorrem somente à jusante do Cachoeirão (Tabela 8.2.4.c). Por esta razão, somente a ictiofauna registrada à jusante do Cachoeirão será apresentada, uma vez que são os elementos dessa comunidade que apresentam possibilidade de dispersão rio abaixo e de eventual incursão no baixo/médio cursos do Rio Teles Pires.

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AHE Colíder – 300 MW 139 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Tabela 8.2.4.b Lista de espécies registradas em estudos realizados na bacia do alto Juruena/MT (JGP, 2007)

Ordem Characiformes Família Acestrorhynchidae

Acestrorhynchus sp. (peixe cachorro) Família Anostomidae

Leporinus friderici (piau três pintas) Leporinus reticulatus (piau) Leporinus sp. (piau)

Família Characidae Characidae NI Astyanax sp. (lambari) Bryconexodon juruenae Bryconops sp. (lambari) Brycon falcatus (voadeira, matrinchã) Creagrutus sp. Tetragonopterinae NI Hemigrammus lunatus (lambarizinho) Hemigrammus silimoni (lambarizinho) Hemigrammus sp.1 (lambarizinho) Hemigrammus sp.2 (lambarizinho) Hemigrammus sp.3 (lambarizinho) Hemigrammus sp.4 (lambarizinho) Hemigrammus sp.5 (lambarizinho) Hemigrammus sp.6 (lambarizinho) Holoshestes sp. (lambarizinho) Hyphessobrycon hexastichos (lambarizinho) Hyphessobrycon sp. (lambarizinho) Moenkhaisia cosmops (lambarizinho) Moenkhausia cf. phaeonota (lambarizinho) Moenkhausia aff. sanctaefilomenae (lambari olhos de fogo) Moenkhausia sp. (lambarizinho) Moenkhausia sp.1 (lambarizinho) Moenkhausia sp.2 (lambarizinho) Moenkhausia sp.3 (lambarizinho) Myleus sp. (pacu) Serrapinnus sp. (lambarizinho) Utiaritichthys sennaebragai (pacu borracha)

Família Crenuchidae Characidium zebra (piquira) Characidium sp. (piquira) Characidium sp.1 (piquira)

Família Curimatidae Cyphocharax gangamon (curimbatazinho) Cyphocharax gillii (saguiru)

Família Erythrinidae Hoplias malabaricus (traíra) Hoplias sp. (traíra)

Família Lebiasinidae Pyrrhulina sp. (grupo brevis) Pyrrhulina sp.1 Pyrrhulina sp.2

Ordem Gymnotiformes Família Sternopygidae

Eigenmannia sp.( tuvira) Ordem Perciformes Família Cichlidae

Aequidens sp. (acará) Crenicichla aff. saxatilis (joaninha) Cichla ocellaris (tucunaré)

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AHE Colíder – 300 MW 140 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Tabela 8.2.4.c Espécies de peixes identificadas à jusante de Cachoeirão, no Rio Juruena

Acestrorhynchus sp. Aequidens sp. Astyanax sp. Bryconexodon juruenae Brycon falcatus Characidium sp. Characidium sp.1 Characidium zebra Cichla ocellaris Creagrutus sp. Crenicichla aff. saxatilis Cyphocharax gangamon Cyphocharax gillii

Eigenmannia sp. Hemigrammus lunatus Hemigrammus sp.1 Hemigrammus sp.2 Hemigrammus sp.3 Hemigrammus sp.4 Hemigrammus sp.5 Hemigrammus sp.6 Holoshestes sp. Hoplias malabaricus Hoplias sp. Hyphessobrycon sp.1 Leporinus friderici

Leporinus reticulates Leporinus sp. Moenkhausia cf. phaeonota Moenkhausia sp.1 Moenkhausia sp.2 Moenkhausia sp.3 Myleus sp. Pyrrhulina sp. - grupo brevis Pyrrhulina sp.1 Pyrrhulina sp.2 Serrapinnus sp. Tetragonopterinae NI Utiaritichthys sennaebragai

Fonte: JGP, 2007 As características limnológicas do médio Teles Pires refletem, de modo geral, as variações de toda bacia hidrográfica na qual este trecho está inserido. Suas águas percorrem áreas de cerrado, caracteristicamente compostas por rochas com pouca matéria orgânica e cátions trocáveis, cujo solo é ácido e relativamente pobre em nutrientes (particularmente de fósforo e cálcio). Embora os cerrados tenham composição variável no tocante à contribuição em argila e areia, em algumas áreas há predominância de areia, que é o caso da região do Rio Teles Pires. A mata ciliar remanescente nas margens do médio curso do Teles Pires contribui com entrada de matéria orgânica (partes dos arbustos e vegetação arbórea), concomitantemente impedindo o maior aporte de sedimento oriundo do ambiente terrestre. As características hidrométricas do rio Teles Pires, ao longo da AII do AHE Colíder, são de alta velocidade de corrente, vazão e turbulência das águas, características estas que são desfavoráveis ao desenvolvimento da comunidade planctônica – tanto do zooplâncton como do fitoplâncton -, o que conseqüentemente redunda em uma baixa produtividade primária (BOTT, 1983). Somente em pontos e trechos específicos do Teles Pires com predomínio de águas calmas, espera-se encontrar uma comunidade planctônica mais rica.

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AHE Colíder – 300 MW 141 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

8.3 Meio Antrópico Notas metodológicas Conforme descrito no Capítulo 6.0, os municípios que integram a Área de Influência Indireta (AII) do AHE Colíder, para o Meio Antrópico, são aqueles que terão áreas alagadas pelo reservatório - Colíder, Nova Canaã do Norte, Itaúba e Cláudia -, mais o município de Sinop, principal pólo urbano e econômico da região centro-norte mato-grossense, situado relativamente próximo ao local do empreendimento (cerca de 100 km, em linha reta), e que poderá fornecer mão-de-obra, mercadorias e serviços na fase de construção. As análises apresentadas neste capítulo têm como objetivo caracterizar aspectos demográficos, sociais, econômicos e culturais dos municípios da AII, de modo a subsidiar a avaliação dos impactos potenciais do empreendimento sobre o meio antrópico da região. Para tanto, utilizaram-se conceitos e metodologias de diferentes áreas das ciências humanas, como geografia, economia, sociologia, saúde pública, antropologia e arqueologia. Os indicadores selecionados e métodos de análise adotados neste EIA são de larga utilização em pesquisas e estudos demográficos e sócio-econômicos, tais como: Atlas de Desenvolvimento Humano (PNUD / IPEA / FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2003); Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBGE, 2008); Anuário Estatístico de Saúde do Brasil (DATASUS, 2001); Censo Escolar (INEP, 2007); entre outros. Todos os conteúdos encontram-se organizados dentro de uma estrutura temática, que inclui os conteúdos definidos em Termos de Referência emitidos pelo IBAMA e por órgãos estaduais de meio ambiente para a elaboração de EIAs de empreendimentos hidrelétricos no país, especialmente o Termo de Referência elaborado pela SEMA/MT para o empreendimento em foco (Anexo 8). Os principais aspectos do meio antrópico da AII, diagnosticados neste EIA, são os seguintes:

1 Caracterização territorial e demográfica: evolução da população residente, urbana e rural, e das taxas de crescimento anual;

2 Estrutura etária e de sexos: pirâmides etárias, razão de sexos; 3 Grau de ocupação da população residente: razão de dependência, PEA, POC,

desemprego; 4 Desenvolvimento humano, pobreza e desigualdade: indicadores de acesso à saúde,

educação e renda; 5 Economia: valor adicionado, PIB, estabelecimentos, empregos e salários por setor,

produção agrossilvopastoril, mineraria e pesqueira, atividades turísticas; 6 Infra-estrutura e serviços públicos: sistema viário e de transportes, energia elétrica,

condições de habitação, níveis de atendimento dos serviços de saneamento, saúde e educação, indicadores de segurança pública;

7 Saúde pública: internações por grupo de doenças, morbidade e mortalidade, doenças de notificação compulsória;

8 Finanças públicas municipais: receitas e despesas;

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9 Organização social: associações, sindicatos e entidades não-governamentais atuantes na região;

10 Patrimônio cultural, histórico e arqueológico: contextualização regional das heranças etno-culturais.

Os índices foram coletados em fontes secundárias, principalmente as bases de dados de instituições como IBGE (Censos e Contagens), DATASUS, INEP, Secretaria do Tesouro Nacional e Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral do Estado de Mato Grosso. Também foram obtidas informações em entrevistas com autoridades e técnicos municipais, em diagnósticos municipais fornecidos pelas prefeituras e levantamentos de campo, realizados em junho e dezembro de 2008. Sempre que pertinente ou útil, procurou-se caracterizar o porte e a importância dos municípios da AII nos conjuntos da bacia hidrográfica do Teles Pires (AAR) e do Estado de Mato Grosso, comparando-se os índices obtidos para os diferentes recortes geográficos. 8.3.1 Aspectos Gerais Conforme já abordado na Seção 7.3.1, o processo de povoação e desenvolvimento dos municípios da AII é recente, tendo-se iniciado na década de 1970, com a implantação da rodovia BR-163, ligando Cuiabá (MT) a Santarém (PA), e a instalação de projetos de colonização realizados por empreendedores oriundos do Sul do país, como os que deram origem às cidades de Sinop e Colíder. O centro-norte matogrossense (ou “Nortão”, como é vulgarmente conhecido) é uma região cuja economia está baseada na produção agropecuária e no extrativismo. As principais atividades são a pecuária bovina extensiva e a extração de madeira - responsáveis pelos altos índices de desmatamento da Floresta Amazônica dentro do Estado de Mato Grosso -, e o garimpo do ouro, atividade atualmente em declínio, mas que foi muito importante durante as décadas de 1980 e 1990, gerando fluxos migratórios de outras regiões do país. Tais processos viabilizaram-se, em grande parte, mediante as práticas da grilagem e da ocupação ilegal de terras devolutas da União, aproveitando o vácuo da presença do Estado na Amazônia Legal. Trata-se de uma região marcada historicamente por processos predatórios de exploração econômica, onde, apesar do caráter recente da colonização, ainda predominam relações sociais de produção típicas de um Brasil pré-moderno, extrativista, agroexportador, baseado no latifúndio e na precariedade das relações de trabalho. É uma região que tem grande potencial de desenvolvimento, pois guarda muitas riquezas naturais. No entanto, está no centro das atenções relacionadas ao desmatamento da Floresta Amazônica.

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Nesse sentido, conflitos de interesses podem se tornar agudos, uma vez que um processo gradativo de modernização da agropecuária matogrossense está em curso, impulsionado a partir do centro do estado, e induzido pela produção agroindustrial em grandes propriedades. De fato, entre as características marcantes da organização recente do espaço geográfico regional matogrossense (anos 90 em diante), pode-se destacar: a economia baseada predominantemente na produção de soja e carne bovina, para exportação e o mercado interno (agroindústrias, famílias); a existência de grandes áreas pouco ocupadas ou com baixa densidade populacional, associadas à concentração em alguns poucos centros urbanos de maior porte (IPEA, 2002); e um rápido processo de urbanização, motivado pela migração campo-cidade (CUNHA, 2006). É importante destacar, porém, que a cultura da soja não chegou com força nos municípios do vale do Teles Pires, tal como se sucedeu em Sorriso, Nova Mutum, Sapezal e outras localidades da porção central do Mato Grosso. Na região do Nortão, predominam a pecuária extensiva de baixa produtividade e as culturas de milho e arroz. Especialmente em Sinop e Colíder, a instalação de frigoríficos, curtumes, laticínios e madeireiras e, mais recentemente, de fábricas de biocombustíveis (biodiesel), possibilitou o desenvolvimento da agroindústria. A maior atratividade de mão-de-obra constitui a razão para as altas taxas de crescimento registradas em Sinop, bem superiores às do estado e dos demais municípios do “Nortão”. No caso de Colíder, o desenvolvimento agroindustrial mais recente possibilitou ao município reverter o esvaziamento demográfico após o declínio do garimpo, no final dos anos 90. De acordo com o Plano de Desenvolvimento Sustentável para a Área de Influência da BR-163 (GRUPO DE TRABALHO INTERMINISTERIAL / CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2004), as condições de vida da população na área de influência matogrossense da rodovia são ruins, ainda que sejam um pouco melhores do que nos estados do Pará e Amazonas. Os municípios da região apresentam, em geral, escassez de infra-estrutura de saneamento básico, insuficiência ou inexistência dos serviços públicos, falta de pavimentação e de moradias planejadas, e problemas de saúde pública, entre outros. Entretanto, Colíder, na condição de centro microrregional, e Sinop, quarta cidade do estado e principal pólo econômico e urbano do Nortão, apresentam melhores indicadores sociais do que os municípios menores e menos desenvolvidos da região, constituindo-se, também, em pólos de serviços de saúde e educação superior para estas localidades. 8.3.2 Caracterização territorial e demográfica Os municípios da AII pertencem à Mesorregião do Norte Matogrossense e às Microrregiões de Colíder e Sinop, conforme a divisão oficial do IBGE e da SEPLAN/MT (Figura 8.3.2.a).

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AHE Colíder – 300 MW 144 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

A Microrregião de Colíder é composta por 08 municípios: Colíder, Guarantã do Norte, Matupá, Nova Canaã do Norte, Nova Guarita, Novo Mundo, Peixoto de Azevedo e Terra Nova do Norte. A Microrregião de Sinop é composta de 09 municípios: Sinop, Cláudia, Itaúba, Marcelândia, Nova Santa Helena, Vera, Feliz Natal, Santa Carmem e União do Sul. Estes três últimos não pertencem à bacia hidrográfica do Teles Pires (AAR), embora mantenham vínculos econômicos e político-administrativos com Sinop. Neste EIA, as comparações são feitas sempre entre municípios, AII, AAR e Estado de Mato Grosso, de modo que a microrregião não é a unidade territorial preferencial para análise. As relações de centralidade concernentes aos municípios das microrregiões de Colíder e Sinop (ver análise apresentada na Seção 7.3.3.a) devem ser entendidas como parte das relações no âmbito da AAR ou da AII, ou num âmbito mais difuso, do Estado de Mato Grosso ou do país. Os indicadores e análises apresentados a seguir procuram caracterizar a evolução do perfil demográfico e social dos municípios da AII, no período de 1991 a 2007. Embora o conhecimento dos aspectos da formação histórica e social da região, descritos na Seção 7.3.1 (âmbito da AAR), seja indispensável para o entendimento do contexto geográfico atual, uma análise das séries estatísticas de décadas anteriores (anos 70 e 80) fica prejudicada, pois os municípios de Sinop e Colíder foram oficializados somente em 1979, e os municípios de Nova Canaã do Norte, Cláudia e Itaúba foram criados somente em meados dos anos 80, a partir do desmembramento de outros municípios. Considera-se, de qualquer modo, que a caracterização de uma linha-base demográfica e sócio-econômica mais recente (a partir da década de 1990) é totalmente suficiente para o objetivo da avaliação de impactos, que é prever possíveis mudanças nos indicadores atuais em função do empreendimento. É importante observar, também, que a Contagem da População feita pelo IBGE em 2007 compreendeu os municípios com até 170 mil habitantes e mais 21 municípios selecionados acima dessa faixa de população, localizados em estados onde apenas um ou dois municípios possuíam população estimada superior a 170 mil habitantes. É o caso de Mato Grosso, onde todos os municípios foram incluídos na Contagem de 2007. População residente, densidade demográfica e taxa de crescimento anual A Tabela 8.3.2.a mostra os dados de área territorial, população residente total (1991, 2000 e 2007), densidade demográfica (2007) e as taxas de crescimento geométrico anual (TGCA) para os municípios da AII, a AAR e o Estado de Mato Grosso.

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Tabela 8.3.2.a Área Territorial, População Residente, Densidade Demográfica e Taxa Geométrica de Crescimento Anual (TGCA) – Municípios da AII, AAR e MT – 1991, 2000 e 2007

População Residente Total (hab.) 2 TGCA Unidades Territoriais Área (km2)

1991 2000 2007

Dens. Demog. 2007

(hab/km2)

1991/2000 2000/2007

Sinop 3.194,3 38.374 74.831 105.762 33,11 7,70 5,07

Colíder 2.997,9 31.160 28.051 30.695 10,24 -1,16 1,30

Nova Canaã do Norte 5.969,0 14.033 11.516 12.652 2,12 -2,17 1,35

Cláudia 3.904,5 9.099 10.249 10.670 2,73 1,33 0,58

Itaúba 6.465,8 7.143 8.565 4.625 0,72 2,04 -8,43

Total AII 22.531,5 99.809 133.212 164.404 7,30 3,26 3,05

AAR 321.684,11 420.247 568.188 672.750 2,09 3,41 2,44

Estado de Mato Grosso 903.347,97 2.027.231 2.504.353 2.854.642 3,16 2,38 1,89

AII / MT (%) 2,49 4,92 5,32 5,76

AII / AAR (%) 7,00 23,75 23,45 24,44

Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1991 e 2000; Contagem de População 2007; SEPLAN/MT, 2005. Notas: 1 – Dado fornecido pela SEPLAN/MT. 2 – Dados fornecidos pelo IBGE. Legenda: Taxas superiores à média estadual.

A AII representa 7% da área territorial e aproximadamente ¼ da população residente da AAR. Ao mesmo tempo, equivale a 2,49% da área territorial e a 5,76% da população do Estado de Mato Grosso (dados de 2007). A participação da AII no Mato Grosso é crescente. A população da AII (164 mil habitantes) distribui-se da seguinte forma: 64% em Sinop, 19% em Colíder, 8% em Nova Canaã do Norte, 6% em Cláudia e 3% em Itaúba. A densidade demográfica média na AII é baixíssima, em torno de 7 hab/km2. Sinop e Colíder apresentam as maiores densidades (33 e 10 hab/km2, respectivamente, em 2007), mas, ainda assim, muito baixas. A taxa média de crescimento da AII tem sido positiva, ficando em torno de 3% a.a. As Figuras 8.3.2.a e 8.3.2.b ilustram a evolução demográfica nos municípios da AII, conforme os dados da tabela acima.

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Figura 8.3.2.a Evolução da População Residente - Municípios da AII – 1991/2000/2007

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

1991 2000 2007

Pop.

res

iden

te (h

ab.)

Sinop Colíder Nova Canaã do Norte Cláudia Itaúba

Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1991 e 2000; Contagem de População 2007; SEPLAN/MT, 2005. Figura 8.3.2.b Evolução da TGCA - Municípios da AII – 1991/2000 e 2000/2007

5,07

7,7

-1,16

1,3

-2,17

1,35

1,330,58

2,04

-8,43-10

-8

-6-4

-2

0

2

46

8

10

1991/2000 2000/2007

TGCA

(% a

.a.)

Sinop C o líde r N ova C anaã do N orte C láud ia Itaúba

Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1991 e 2000; Contagem de População 2007; SEPLAN/MT, 2005.

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AHE Colíder – 300 MW 147 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

O gráfico da Figura 8.3.2.a mostra que as populações de Sinop e Colíder, apesar de terem partido mais ou menos do mesmo patamar em 1991 (entre 30 e 40 mil hab.), apresentaram trajetórias demográficas muito diferentes. No caso de Sinop, a população cresceu 2,75 vezes entre 1991 e 2007, superando o patamar de 100 mil habitantes. Em Colíder, porém, a população permaneceu na faixa inferior a 40 mil habitantes, tendo havido decréscimo significativo no final dos anos 90, seguido de recuperação em 2007. Semelhante processo ocorreu também em Nova Canaã do Norte, pertencente à microrregião de Colíder, só que em menor patamar. Em ambos os casos, os dados da Contagem de População de 2007 revelam que, em 2007, ainda não haviam sido recuperados os contingentes populacionais registrados em 1991. A população de Claudia, pertencente à microrregião de Sinop, cresceu entre 1991 e 2007, só que com taxas baixas, inferiores às do estado. O município de Itaúba, por sua vez, apesar do crescimento verificado entre 1991 e 2000, perdeu 85% de sua população entre 2000 e 2007, constituindo-se atualmente no município menos populoso da AII, com menos de 5 mil habitantes, só que com a maior área territorial dentre os demais. O gráfico da Figura 8.3.2.b mostra claramente a grande queda na taxa de crescimento anual da população de Itaúba (de 2,04% a.a. para – 8,43% a.a.). Sinop tem apresentado as mais altas taxas de crescimento da AII, superiores às médias estaduais, embora a taxa do período 1991/2000 (7,7% a.a.) tenha sido maior do que a do período 2000/2007 (5,07% a.a.). Em Colíder e Nova Canaã do Norte, o processo de perda populacional, ocorrido entre 1991 e 2000, foi revertido no período mais recente, ambos os municípios apresentando taxas de 1,3% ao ano entre 2000 e 2007, mas ainda inferiores às taxas estaduais. Dessas primeiras comparações, depreende-se que o desenvolvimento de Sinop como centro de importância sub-regional ou meso-regional tem provocado processos de evasão populacional ou freado o crescimento nos municípios da sua região de influência mais direta, como Itaúba e Cláudia, e em menor grau, das microrregiões vizinhas. No caso de Colíder, que também é pólo microrregional, houve perda populacional no final dos anos 90, devido ao declínio dos garimpos, mas a população voltou a crescer no período 2000/2007, devido às atividades agropecuárias, comportamento também verificado no caso de Nova Canaã do Norte. Nota-se que, em Itaúba, o processo foi oposto: crescimento nos anos 90, devido à atividade madeireira, e queda acentuada no período 2000/2007, em função da crise no setor. Assim, a atratividade exercida por Sinop e a natureza temporária dos deslocamentos migratórios intermunicipais gerados pelas atividades garimpeiras e madeireiras, e, em menor grau, pelas atividades agropecuárias, constituem os principais fatores condicionantes da dinâmica demográfica na AII.

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AHE Colíder – 300 MW 148 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

População por situação do domicílio A Tabela 8.3.2.b traz os dados de população residente por situação do domicílio (urbana e rural) e a taxa de urbanização por município da AII, para os anos de 1991, 2000 e 2007. Tabela 8.3.2.b População Residente por Situação do Domicílio (Urbana e Rural) e Taxa de Urbanização - Municípios da AII – 1991, 2000 e 2007

População Urbana População Rural Taxa de Urbanização

1991 2000 2007 1991 2000 2007 1991 2000 2007

Sinop 33.253 67.706 93.977 5.121 7.125 11.785 86,66 90,48 88,86

Colíder 15.716 19.423 24.591 15.444 8.628 6.104 50,44 69,24 80,11

Nova Canaã do Norte 5.202 4.903 6.751 8.831 6.613 5.901 37,07 42,58 53,36

Cláudia 3.713 7.852 8.172 5.386 2.397 2.498 40,81 76,61 76,59

Itaúba 2.062 4.876 3.578 5.081 3.689 1.047 28,87 56,93 77,36

Total AII 59.946 104.760 137.069 39.863 28.452 27.335 60,06 78,64 83,37

AAR 245.244 411.712 484.729 175.003 156.476 188.021 58,36 72,46 72,05

Estado de Mato Grosso 1.485.110 1.987.726 2.305.507 542.121 516.627 549.135 73,26 79,37 80,76

AII / MT (%) 4,04 5,27 5,95 7,35 5,51 4,98 AII / AAR (%) 24,44 25,44 28,28 22,78 18,18 14,54 Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1991 e 2000; Contagem de População 2007; SEPLAN/MT, 2005. Legenda: Taxas superiores à média estadual.

No conjunto da AII, a população rural vem diminuindo. Em 1991, havia quase 40 mil habitantes na zona rural, contingente que caiu para 28 mil em 2000, e para 27 mil em 2007. A taxa de urbanização aumentou de 60%, em 1991, para 78,6%, em 2000, e para 83%, em 2007. Atualmente (2007), a população urbana total dos municípios da AII é de cerca de 137 mil habitantes, contingente este que representa quase 6% da população urbana de Mato Grosso e 28% da população urbana da AAR. O gráfico da Figura 8.3.2.c ilustra a variação da população rural nos municípios da AII, conforme os dados da tabela anterior.

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AHE Colíder – 300 MW 149 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Figura 8.3.2.c Evolução da População Rural - Municípios da AII – 1991, 2000 e 2007

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

1991 2000 2007

Ano

Pop.

rura

l (ha

b.)

Sinop Colíder Nova Canaã do Norte Cláudia Itaúba

Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1991 e 2000; Contagem de População 2007; SEPLAN/MT, 2005. Como se pode ver, a população rural cresceu somente em Sinop. De fato, a taxa de urbanização do município subiu de 1991 para 2000, de 86,66% para 90,48%, mas caiu para 88,86% em 2007, indicando a fixação de um contingente maior de pessoas no campo e uma demanda direta menor sobre a infra-estrutura urbana. A linha evolutiva de Itaúba é o “espelho” exato da linha de Sinop, indicando, em princípio, que houve uma troca de população rural entre estes municípios. Não apenas Itaúba, mas também Colíder e Nova Canaã do Norte parecem ter perdido população rural para Sinop. Cláudia chegou a perder população rural de 1991 para 2000, mas esta se manteve estável até 2007, assim como a taxa de urbanização (76,6%), o que indica que a atração exercida por Sinop sobre Cláudia arrefeceu. O gráfico da Figura 8.3.2.d permite visualizar as proporções entre população urbana, rural e total em cada município da AII, em números absolutos.

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AHE Colíder – 300 MW 150 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Figura 8.3.2.d Proporção entre População Rural e Urbana (em Habitantes) - Municípios da AII – 2007

81726.75124.591

3.578

93977

2498 1.047

11785

6.104

5.901

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

Sinop Colíder Nova Canaã doNorte

Cláudia Itaúba

Pop. Urbana 2007 Pop. Rural 2007

Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1991 e 2000; Contagem de População 2007; SEPLAN/MT, 2005. De acordo com os dados de 2007, em Colíder e Cláudia, as populações rurais representam mais ou menos 1/5 da população residente total. Em Sinop, esta proporção é de aproximadamente 1/9, e em Itaúba, de 1/4. Nova Canaã do Norte, com a menor taxa de urbanização da AII, possui pouco mais da metade da população residente vivendo na cidade. Por meio de pesquisa junto às prefeituras dos municípios da AII, em junho de 2008, foi possível obter algumas informações sobre as tendências de migração na região. A população de Sinop é originária, em sua maioria, dos estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), como acontece com os demais municípios do Norte matogrossense. No entanto, o município tem atraído pessoas de outras localidades vizinhas (como Cláudia e Itaúba) e também de outros estados, em função de seu desenvolvimento. Itaúba já chegou a atrair, no passado, gente proveniente das regiões de Sinop, Sorriso e Colíder. Com a sucessão de crises no setor madeireiro, o índice de desemprego aumentou, o que vem motivando famílias a emigrarem para Sinop ou Marcelândia, ou mesmo para o Estado do Pará, em busca de oportunidades de trabalho no setor. No caso de Colíder e Nova Canaã do Norte, estes municípios atraíram, nas décadas de 1980 e 1990, imigrantes interessados no garimpo, vindos principalmente do Nordeste. Após o término da época garimpeira, o governo federal lançou incentivo à pecuária e ao desenvolvimento rural (PRONAF), atraindo principalmente imigrantes do sul do país. Atualmente, a importância do garimpo é mínima e a população é composta principalmente de ‘sulistas’.

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AHE Colíder – 300 MW 151 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Distribuição da população por grupos de idades A Tabela 8.3.2.c traz a distribuição da população residente nos municípios da AII e no Estado de Mato Grosso por grupos de idade em 2007. A distribuição etária nos conjuntos da AII e do estado está ilustrada nas pirâmides apresentadas nas Figuras 8.3.2.e e 8.3.2.f. Tabela 8.3.2.c População Residente por Grupos de Idade – Municípios da AII e Mato Grosso - 2007

Unidades Territoriais Total ( 1) Menos

de 1 ano 1 a 4 anos

5 a 9 anos

10 a 14 anos

15 a 19 anos

20 a 24 anos

25 a 29 anos

30 a 34 anos

35 a 39 anos

Sinop 105.762 1.718 7.342 10.174 10.668 10.302 10.624 10.738 9.754 8.559

Colíder 30.695 402 1.798 2.515 3.074 2.876 2.830 2.643 2.520 2.476 Nova Canaã do Norte 12.652 192 826 1.152 1.329 1.209 1.172 1.010 1.020 997

Cláudia 10.670 159 748 1.176 1.192 941 934 1.013 958 827

Itaúba 4.625 85 313 454 502 483 427 406 348 336

AII 164.404 2.556 11.027 15.471 16.765 15.811 15.987 15.810 14.600 13.195

Mato Grosso 2.854.642 44.706 191.337 258.760 282.040 276.765 278.737 266.442 237.772 218.166

Unidades Territoriais

40 a 44 anos

45 a 49 anos

50 a 54 anos

55 a 59 anos

60 a 64 anos

65 a 69 anos

70 a 74 anos

75 a 79 anos

80 anos ou mais

Idade ignorada

Sinop 7.839 5.756 4.168 2.748 2.004 1.451 946 564 366 14

Colíder 2.419 1.789 1.380 1.094 907 733 601 358 277 3 Nova Canaã do Norte 884 733 566 458 358 301 180 141 100 2

Cláudia 765 556 434 315 244 173 126 56 41 3

Itaúba 334 263 188 155 127 92 54 30 17 3

AII 12.241 9.097 6.736 4.770 3.640 2.750 1.907 1.149 801 25

Mato Grosso 197.991 158.506 125.586 93.265 69.673 52.314 34.771 22.141 19.604 904 Fonte: IBGE, Contagem da População 2007. Nota: (1) Inclusive a população estimada nos domicílios fechados.

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AHE Colíder – 300 MW 152 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Figura 8.3.2.e População Residente por Grupos de Idade – Estado de Mato Grosso – 2007

0 50 000 100 000 150 000 200 000 250 000 300 000

Menos de 1 ano

1 a 4 anos5 a 9 anos

10 a 14 anos

15 a 19 anos20 a 24 anos

25 a 29 anos30 a 34 anos

35 a 39 anos40 a 44 anos

45 a 49 anos50 a 54 anos

55 a 59 anos

60 a 64 anos65 a 69 anos

70 a 74 anos75 a 79 anos

80 anos ou mais

Fonte: IBGE, Contagem da População 2007. Figura 8.3.2.f População Residente por Grupos de Idade – AII – 2007

0 3.000 6.000 9.000 12.000 15.000 18.000

Menos de 1 ano1 a 4 anos5 a 9 anos

10 a 14 anos15 a 19 anos20 a 24 anos25 a 29 anos30 a 34 anos35 a 39 anos40 a 44 anos45 a 49 anos50 a 54 anos55 a 59 anos60 a 64 anos65 a 69 anos70 a 74 anos75 a 79 anos

80 anos ou mais

Fonte: IBGE, Contagem da População 2007.

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AHE Colíder – 300 MW 153 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Como se pode observar, as pirâmides etárias da AII e do Estado de Mato Grosso são muito semelhantes. Entretanto, na AII, existem proporcionalmente menos pessoas acima de 40 anos do que no estado, assim como menos jovens entre 15 e 24 anos de idade. Razão de sexos A Tabela 8.3.2.d apresenta a população de homens e mulheres nos municípios da AII e no Mato Grosso, e a respectiva razão de sexos (proporção de homens para cada 100 mulheres). Tabela 8.3.2.d População Residente por Grupos de Idade – Municípios da AII e Mato Grosso - 2007

Unidades Territoriais Total de Homens Total de Mulheres Razão de Sexos (%)

Sinop 54.038 51.697 104,5

Colíder 15.653 15.042 104,1

Nova Canaã do Norte 6.904 5.726 120,6

Cláudia 5.577 5.084 109,7

Itaúba 2.449 2.168 112,9

AII 84.621 79.717 106,1

Mato Grosso 1.452.153 1.377.327 105,4 Fonte: IBGE, Contagem da População 2007. Legenda: Taxa superior à estadual.

Segundo os dados do Censo IBGE 2000, no Brasil, existiam aproximadamente 96,9 homens para cada 100 mulheres, havendo, porém, importantes diferenças regionais. Enquanto em Mato Grosso e Rondônia a razão de sexos era superior a 105 homens para cada 100 mulheres, no Distrito Federal e no Rio de Janeiro esta era, respectivamente, de 91,7 e 92,1. De um modo geral, a razão de sexos da população rural mostra-se sempre superior à registrada para a população urbana. É esperado, portanto, que em estados de economia baseada na agropecuária e no extrativismo e em áreas de fronteira agrícola, como Mato Grosso, a população seja predominantemente masculina. Conforme se observa na tabela acima, no âmbito da AII, a razão de sexos é ligeiramente superior à do estado. Três municípios da AII apresentam razão de sexos ainda mais elevada: Nova Canaã do Norte (120,6), Itaúba (112,9) e Cláudia (109,7). Em Sinop e Colíder, a razão de sexos é ligeiramente inferior à do estado. Razão de dependência, população economicamente ativa e população ocupada A Tabela 8.3.2.e mostra os dados do Censo IBGE de 2000 referentes à população economicamente ativa, à população ocupada e à razão de dependência nos municípios da AII.

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AHE Colíder – 300 MW 154 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Tabela 8.3.2.e População Residente Total, População Economicamente Dependente (PED), População Potencialmente Ativa (PPA), Razão de Dependência, População Economicamente Ativa (PEA), População Ocupada (POC) e População Desocupada – Municípios da AII – 2000

Unidades Territoriais Pop. Res.

Total 0-14 anos (crianças)

65 anos e mais

(idosos) PED PPA

Razão de Depend. (em %)

PEA POC 1

PEA -POC =

Pop. Desoc. 1

Nos 74.831 24.904 1.735 26.639 48.192 55,28 35.973 32.997 2.976Sinop

% 100 33,28 2,32 35,60 64,40 48,07 91,73 8,27

Nos 28.051 8.261 1.499 9.760 18.266 53,43 13.001 12.001 1.000Colíder

% 100 29,45 5,34 34,79 65,12 46,35 92,31 7,69

Nos 11.516 3.770 504 4.274 7.239 59,04 5.589 5.360 229Nova Canaã do Norte % 100 32,74 4,38 37,11 62,86 48,53 95,90 4,10

Nos 10.249 3.523 262 3.785 6.464 58,56 5.071 4.661 410Cláudia

% 100 34,37 2,56 36,93 63,07 49,48 91,91 8,09

Nos 8.565 2.991 254 3.245 5.320 61,00 3.850 3.448 402Itaúba

% 100 34,92 2,97 37,89 62,11 44,95 89,56 10,44

Nos 133.212 43.449 4.254 47.703 85.481 55,81 63.484 58.467 5.017Total AII

% 100 32,62 3,19 35,81 64,17 47,66 92,10 7,90Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2000. Notas: 1 – Os percentuais nestas colunas referem-se às relações POC/PEA e PDESOC/PEA. Na tabela acima, informam-se os seguintes dados, por município, para o ano 2000:

• População residente total; • Populações de crianças (0 a 14 anos) e idosos (65 anos e mais), que constituem a

População Economicamente Dependente (PED) ou de inativos; • População potencialmente disponível para as atividades econômicas, ou População

Potencialmente Ativa (PPA), que compreende a população entre 15 e 64 anos de idade;

• Razão de Dependência, que é a relação entre população inativa e população potencialmente ativa (PED/PPA);

• População Economicamente Ativa (PEA), correspondente à força de trabalho efetiva, composta pela população na faixa etária acima de 10 anos de idade, que estava empregada e/ou procurando emprego na semana anterior ao levantamento;

• População Ocupada (POC), que compreende as pessoas que tinham trabalho na semana anterior à da entrevista, ou seja, os indivíduos que tinham um patrão, os que exploravam seu próprio negócio, e os que trabalhavam sem remuneração, em ajuda a membros da família;

• População Desocupada (PDESOC), que compreende as pessoas que não tinham trabalho e aquelas que estavam efetivamente procurando trabalho em um determinado período de referência;

• e as respectivas porcentagens destes grupos em relação à população residente total.

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A População Economicamente Dependente (PED) ou Inativa é composta pelas crianças e pelos idosos, que devem, teoricamente, ser sustentados pela população potencialmente produtiva (PPA). A Razão de Dependência é a relação entre população inativa e população potencialmente ativa (PED/PPA), e é um indicador útil para a avaliação de demandas específicas de políticas públicas, especialmente nas áreas de saúde e educação, assim como do potencial para o desenvolvimento econômico e social de uma dada localidade. Quanto menor for a razão de dependência, maior será a “janela” para o desenvolvimento, ou seja, maior será a quantidade de força de trabalho disponível e de recursos disponíveis para investimento na melhoria do bem estar e na qualificação da mão-de-obra. A força de trabalho (PEA) é a soma da População Ocupada com a População Desocupada (POC+PDESOC). Assim, subtraindo-se da PEA a POC, tem-se a população desocupada. A razão POC/PEA fornece a taxa de ocupação da força de trabalho, enquanto que a razão PDESOC/PEA fornece a taxa de desocupação. A razão da PEA sobre a população residente total informa a parcela da população que constitui força de trabalho efetiva. Analisando-se os dados de 2000 para o conjunto dos municípios que formam a AII, verifica-se que as pessoas economicamente dependentes (PED) representavam 35,8% da população residente total (32,6% de crianças e 3,2% de idosos). A população potencialmente ativa (PPA) representava 64,17% da população total, e a razão de dependência (relação PED/PEA) era de 55,8%, cerca de 1 p.p. superior à do Estado de Mato Grosso (54,9%). A população economicamente ativa (PEA), em torno de 63 mil habitantes, representava 47,7% da população residente total na AII. O contingente de pessoas ocupadas era de aproximadamente 58 mil habitantes, o equivalente a 92% da PEA, e o de desocupados, de cerca de 5 mil habitantes (taxa de desocupação de quase 8%). Comparando-se os municípios da AII, nota-se que a menor carga de dependência era a de Colíder (53,4%), único índice municipal inferior ao do estado, devido à menor participação da população de 0 a 14 anos. Em Sinop, a razão de dependência (55,28%) era ligeiramente inferior à da AII, enquanto que em Cláudia (58,56%), Nova Canaã do Norte (59,04%) e Itaúba (61%), ela era superior. A proporção de pessoas economicamente ativas (PEA) em relação à população total variava de 44,95%, em Itaúba, a 49,48%, em Cláudia. A taxa de ocupação da PEA variava de 89,56%, em Itaúba, a quase 96%, em Nova Canaã do Norte. Considerando que a taxa de ocupação da PEA no Estado de Mato Grosso, em 2000, era de 87,7%, verifica-se que todos os municípios da AII apresentavam percentuais de ocupação superiores ao do estado. A Figura 8.3.2.g ilustra as diferenças entre os municípios da AII quanto aos percentuais de pessoas ocupadas e desocupadas em relação ao total da PEA.

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AHE Colíder – 300 MW 156 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Figura 8.3.2.g População Ocupada (POC) e População Desocupada (PDESOC) - % da População Economicamente Ativa (PEA) – Municípios da AII – 2000

84,00

86,00

88,00

90,00

92,00

94,00

96,00

98,00

100,00

102,00

Sinop Colíder Nova Canaãdo Norte

Cláudia Itaúba

% d

a PE

A

PDESOCPOC

Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2000. A taxa de desocupação da PEA expressa o nível de desemprego e a disponibilidade relativa de excedente de mão-de-obra nos municípios da AII. Como se vê, o maior percentual de pessoas não ocupadas era o de Itaúba (10,4%). Em Sinop, Cláudia e Colíder, a taxa de desocupação ficava entre 7,6% e 8,3%. O menor índice era o de Nova Canaã do Norte, de 4%. Em síntese, pode-se dizer que os municípios da AII que apresentam as condições mais propícias ao desenvolvimento econômico são aqueles onde a razão de dependência e a taxa de desemprego é menor, caso de Colíder e Sinop, municípios sedes de suas respectivas microrregiões. Por outro lado, os municípios onde as condições de dependência e ocupação são menos propícias ao desenvolvimento são os de Itaúba e Cláudia. Em que pese à importância desses fatores, uma avaliação dos municípios da AII em termos de desenvolvimento social deve considerar outros indicadores demográficos, como os de longevidade, mortalidade infantil e fecundidade, e os níveis de educação e renda da população. Mortalidade infantil, longevidade e fecundidade O coeficiente de mortalidade infantil é um dos principais indicadores de saúde pública, expressando as condições de saúde materno-infantil, e, em associação com outros indicadores, como a esperança de vida ao nascer, a situação da saúde em uma dada comunidade. A Tabela 8.3.2.f apresenta os índices de mortalidade infantil, esperança de vida ao nascer (longevidade) e fecundidade nos municípios da AII e no Estado de Mato Grosso, nos anos de 1991 e 2000, segundo os dados do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (PNUD, 2002).

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AHE Colíder – 300 MW 157 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Tabela 8.3.2.f Mortalidade Infantil, Esperança de Vida ao Nascer e Taxa de Fecundidade – Municípios da AII e Mato Grosso – 1991 e 2000

Mortalidade até 1 ano de idade (por mil nascidos vivos)

Esperança de vida ao nascer (anos)

Taxa de Fecundidade Total (filhos por mulher) Unidades Territoriais

1991 2000 1991 2000 1991 2000

Sinop 17,7 17,5 71,8 73,1 3,4 2,7

Colíder 40,1 33,9 61,8 67,1 3,0 2,3

Nova Canaã do Norte 42,5 42,1 61,2 64,7 3,6 3,0

Cláudia 17,7 17,5 71,8 73,1 3,5 2,9

Itaúba 40,6 30,2 61,6 68,3 3,6 3,2

Estado de Mato Grosso 33,1 27,5 64,2 69,4 3,1 2,5

Fonte: PNUD, Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Legenda: Índice igual ou superior ao do estado.

Os coeficientes de mortalidade infantil são classificados em altos (50 ou mais óbitos de menores de 1 ano por 1000 nascidos vivos), médios (20 a 49 por 1000) e baixos (menos de 20 por 1000), em função de patamares alcançados em países desenvolvidos (IDB, 1999). A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera coeficientes superiores a 40 por 1.000 como altos. Nas últimas décadas, o declínio, em todo o mundo, das taxas de mortalidade infantil reflete a cobertura e eficácia de ações de saúde específicas (terapia de re-hidratação oral, imunização, incentivo ao aleitamento materno, etc.), mais do que a melhoria das condições de vida da população. Como se pode observar na tabela anterior, os menores coeficientes de mortalidade infantil da AII eram os de Sinop e Cláudia, em torno de 17,5 óbitos infantis por mil nascidos vivos, considerado um valor baixo. Em Colíder e Itaúba, houve redução dos respectivos coeficientes de 1991 para 2000, mas os valores ainda continuavam médios, superiores a 30 por mil. Nova Canaã do Norte era o município da AII com o maior índice (42 por mil), tendo havido pouca melhora de 1991 para 2000. Nestes três últimos municípios, os coeficientes de mortalidade infantil eram superiores aos do Estado de Mato Grosso. Em termos da esperança de vida ao nascer, os municípios de Sinop e Cláudia também apresentavam os melhores índices, significativamente superiores aos dos demais municípios da AII. Entretanto, de 1991 para 2000, houve melhora significativa da longevidade em Itaúba e Colíder. Os piores índices eram os de Nova Canaã do Norte, inferiores aos do estado em ambos os anos censitários. Quanto à taxa de fecundidade, a tendência geral que se tem verificado no Brasil é de redução. No Estado de Mato Grosso, esta caiu de 3,1 para 2,5 filhos por mulher. Nos municípios da AII, houve redução da taxa de 1991 para 2000, mas os índices continuavam superiores aos do estado, com exceção de Colíder.

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AHE Colíder – 300 MW 158 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Nível educacional da população jovem e adulta A Tabela 8.3.2.g apresenta a evolução das taxas de analfabetismo e de freqüência escolar e o percentual de jovens e adultos com menos de 4 anos de estudo, por faixa etária, para os municípios da AII, segundo os dados do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Tabela 8.3.2.g Taxa de Analfabetismo, % de Pessoas com Menos de 4 Anos de Estudo e Taxa Bruta de Freqüência Escolar por Faixa Etária – Municípios da AII e Mato Grosso – 1991 e 2000

Taxa de Analfabetismo% de Pessoas com

Menos de 4 Anos de Estudo

Taxa de Freqüência Escolar

Média de Anos de Estudo Unidades Territoriais Faixa Etária

1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000

10 a 14 anos 4,8 1,5 58,9 34,0 81,8 95,0 - - Sinop

25 anos e mais 12,7 10,5 38,3 29,6 - - 4,6 5,6

10 a 14 anos 8,5 1,2 60,8 32,3 66,5 95,5 - - Colíder

25 anos e mais 27,4 20,5 58,2 45,2 - - 3,3 4,4

10 a 14 anos 8,4 1,8 72,0 42,0 63,8 84,8 - - Nova Canaã do Norte

25 anos e mais 30,4 21,8 66,7 53,2 - - 2,5 3,5

10 a 14 anos 7,5 0,7 66,3 43,1 68,5 95,0 - - Cláudia

25 anos e mais 17,8 12,9 51,4 41,7 - - 3,5 4,4

10 a 14 anos 9,9 2,0 66,9 48,8 63,0 88,5 - - Itaúba

25 anos e mais 24,1 20,1 56,8 49,5 - - 3,2 3,7

10 a 14 anos 9,5 2,5 63,3 39,4 78,9 93,3 - - Estado de Mato Grosso

25 anos e mais 24,1 15,5 47,4 35,4 - - 4,3 5,5

Fonte: PNUD, Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Legenda: Índice igual ou superior ao do estado.

De acordo com os dados da tabela, a taxa de analfabetismo na faixa etária de 10 a 14 anos diminui bastante de 1991 para 2000. Nos municípios da AII, as taxas variavam de 0,7% (Cláudia) a 2,0% (Itaúba) em 2000, e todos os percentuais municipais ficaram abaixo da taxa estadual (2,5%). No entanto, na faixa adulta (25 anos e mais), verifica-se que, apesar da redução ocorrida de 1991 para 2000, os percentuais de analfabetos ainda eram bastante superiores aos da população jovem, sobretudo em Nova Canaã do Norte (21,8%), Colíder (20,5%) e Itaúba (20,1%), onde eram maiores do que a taxa estadual (15,5%). Sinop e Cláudia exibiam as menores taxas de analfabetismo em 2000.

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AHE Colíder – 300 MW 159 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Quatro anos de estudo correspondem à metade do estipulado legalmente para o ensino fundamental, sendo que 14 anos é a idade considerada ideal para se completar a 8a série do ensino fundamental. Nesse sentido, os dados da tabela mostram que, em quase todos os municípios da AII, os percentuais de pessoas com menos de 4 anos de estudo eram superiores aos do estado, tanto em 1991 quanto em 2000. Excetuam-se, neste caso, Sinop, com percentuais inferiores em ambas as faixas etárias consideradas, e Colíder, na faixa de 10 a 14 anos. Em termos da taxa bruta de freqüência à escola da população de 10 a 14 anos, observa-se que esta aumentou bastante de 1991 para 2000, no estado de Mato Grosso e em todos os municípios da AII. No entanto, em Nova Canaã do Norte (84,8%) e Itaúba (88,5%), a taxa ainda continuava inferior à do estado (93,3%). Em Sinop, Cláudia e Colíder, a taxa de freqüência escolar em 2000 ficou em torno de 95%. Quanto ao número médio de anos de estudo da população adulta, os índices municipais na AII eram inferiores aos do estado, excetuando-se o caso de Sinop. Renda, pobreza e desenvolvimento humano A Tabela 8.3.2.h apresenta alguns indicadores que permitem avaliar o perfil de distribuição da renda e o grau de desenvolvimento humano nos municípios da AII, com base em dados do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Tabela 8.3.2.h Indicadores de renda, pobreza e desenvolvimento humano na AII – 1991 e 2000

Renda per capita média (R$ de 2000) 1

Proporção de Pobres (%) IDHM Índice de Gini

Unidades Territoriais

1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000

Sinop 291,8 340,4 13,1 11,5 0,764 0,807 0,55 0,56

Colíder 128,1 270,5 52,8 28,3 0,622 0,750 0,58 0,64

Nova Canaã do Norte 120,0 201,2 53,3 38,4 0,612 0,702 0,56 0,61

Cláudia 245,4 439,8 12,3 13,8 0,726 0,813 0,50 0,68

Itaúba 179,5 261,6 35,9 23,1 0,635 0,740 0,56 0,60

Estado de Mato Grosso 204,9 288,1 38,0 27,8 0,685 0,773 0,60 0,63

Fonte: PNUD. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Notas: 1 - Razão entre o somatório da renda per capita de todos os indivíduos e o número total desses indivíduos. A renda per capita de cada indivíduo é definida como a razão entre a soma da renda de todos os membros da família e o número de membros dessa família. Difere, portanto, da renda per capita municipal, que corresponde à riqueza produzida pelo município (PIB) dividida pelo número de habitantes. Legenda: Índice igual ou superior ao do estado.

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AHE Colíder – 300 MW 160 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

De acordo com os dados, a renda per capita média cresceu de 1991 para 2000, no Estado de Mato Grosso e em todos os municípios da AII. Os aumentos mais significativos ocorreram em Cláudia (aumento de R$ 194,4) e Colíder (aumento de R$ 142,40). No Estado de Mato Grosso e nos municípios de Nova Canaã do Norte e Itaúba, foram registrados aumentos da ordem de R$ 80,00. O aumento foi proporcionalmente menor em Sinop (R$ 48,6). No entanto, este município, juntamente com Cláudia, apresentavam as maiores rendas per capitã da AII, bastante superiores à média matogrossense. O próximo indicador, na tabela anterior, mostra o perfil municipal quanto à participação das camadas consideradas como mais pobres no total da população, isto é, a proporção de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 75,50, equivalente à metade do salário mínimo vigente em agosto de 2000. Nota-se que a proporção de pobres diminuiu de 1991 para 2000, em quase todos os municípios, menos em Cláudia, onde esta aumentou um pouco. Em Colíder (28,3%) e em Nova Canaã do Norte (38,4%), os percentuais de pobres em 2000 continuavam superiores ao percentual do estado (27,8%). O Índice de Gini mede o grau de desigualdade existente na distribuição de indivíduos segundo a renda per capita. Por definição do PNUD, seu valor varia de 0, quando não há desigualdade (a renda de todos os indivíduos tem o mesmo valor), a 1, quando a desigualdade é máxima (apenas um indivíduo detém toda a renda da sociedade e a renda de todos os outros indivíduos é nula). Assim, na tabela anterior, os valores mais próximos de zero indicam situações de menor desigualdade quanto à renda das famílias residentes na AII. A tabela anterior mostra que houve crescimento da desigualdade em todas as unidades territoriais, de 1991 para 2000. Estudo recente do IPEA (2008), baseado em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2007 (PNAD 2007), mostra que a desigualdade no país diminuiu entre 2001 e 2007, o Índice de Gini passando de 0,593 para 0,552. No entanto, apesar dessa queda, a desigualdade na distribuição da renda per capita no Brasil permanece extremamente elevada: a parcela da renda apropriada pelos 50% mais pobres é apenas ligeiramente maior que a parcela apropriada pelos 1% mais ricos; além disso, a fatia da renda apropriada pelos 10% mais ricos representa mais de 40% da renda total, ao passo que a fatia apropriada pela metade mais pobre da população representa 15%. O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDHM (IPEA / FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO / IBGE / PNUD, 2002), foi desenvolvido com base no IDH, criado pela ONU/PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). O IDH é um indicador que permite a avaliação simultânea de algumas condições básicas de vida da população de uma dada localidade, abrangendo uma síntese dos sub-índices de longevidade, educação e renda. Segundo a metodologia do IDH, as unidades territoriais com índices abaixo de 0,500 são consideradas de baixo desenvolvimento humano; as unidades territoriais que alcançam índices entre 0,500 e 0,800 são consideradas de médio desenvolvimento humano; e aquelas com índices superiores a 0,800, de alto desenvolvimento humano.

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AHE Colíder – 300 MW 161 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Os dados do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal mostram que todos os municípios da AII estavam situados na faixa de médio desenvolvimento humano, tanto em 1991 quanto em 2000. Em 1991, todos os índices municipais da AII ficaram abaixo do IDH estadual. Em 2000, porém, todos os índices aumentaram, sobretudo os de Colíder e de Cláudia. 8.3.3 Economia regional A região correspondente à AII teve o seu povoamento e o seu desenvolvimento nas últimas décadas associados à implantação da rodovia federal BR-163 e à ação das empresas colonizadoras, devida tanto às políticas de Estado como às iniciativas de empresas privadas, a partir da década de 1970. Mas anteriormente, tanto a ocupação indígena, quanto as iniciativas relacionadas ao extrativismo mineral e vegetal, deixaram marcas da ocupação humana na região. Todos os centros urbanos aqui analisados foram criados no processo de ocupação por empresas colonizadora. Na década de 1970, incentivos fiscais e projetos do governo federal, nos quais se insere o estímulo às empresas de colonização, como a Colonizadora Líder (da qual foi extraído o nome do município de Colíder e que também deu origem a Nova Canaã do Norte), a Sociedade Imobiliária do Noroeste do Paraná – SINOP (que implantou Sinop e Cláudia), bem como projetos privados de implantação agropecuária e madeireira, como a empresa dos irmãos Bedin (que deu origem à cidade de Itaúba). Entre os ciclos de desenvolvimento presentes na região, em que também tiveram espaço a atividade garimpeira e as atividades madeireiras, destaca-se, mais recentemente, a expansão da fronteira agropecuária relacionada à implantação da cultura da soja e outros produtos comerciais, e da pecuária de exportação, bem como a continuidade da implantação de assentamentos rurais, processos que deram origem às feições atuais que a região apresenta. Colíder tem, como principal atividade econômica, a pecuária, em que pode ser incluída também a criação de avestruzes, realizada pela cooperativa Cocamat. A agricultura tem como destaque a lavoura mecanizada de arroz, com apenas 6% da área cultivada, segundo a Prefeitura, ocupando a maior parte das áreas cultivadas a agricultura de subsistência. Não há cultivo de soja no município. Como atividades agroindustriais, figuram 02 Frigoríficos (Nova Carne e Quatro Marcos) e a indústria PRIMO Laticínios. O município tem uma área definida por lei com capacidade para hospedar novas indústrias, existindo projetos para uma usina de biodiesel e para uma fábrica de leite em pó (também da Laticínios PRIMO). O município tem também, entre as atividades econômicas de destaque, o Grupo Machado, com 02 supermercados. Outro grande empregador no município é o Hospital Regional de Colíder.

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AHE Colíder – 300 MW 162 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Em Itaúba foram apontadas como mais importantes no município as atividades relacionadas à pecuária de corte no município, com atividades agrícolas em torno da produção de milho, soja e arroz. No município, foi designada ao setor industrial uma área ao longo das margens da BR-163, no sentido rio Renato. As principais empresas são o Grupo Bedin, com atividades agropecuárias; a Madeireira Granoski, com a extração vegetal; Rochemback, laminadora, agropecuária e agricultura; e Fazendas Monte Verde e Fisher, com atividades agropecuárias. Em Nova Canaã do Norte, as principais atividades econômicas são a pecuária de corte, pecuária de leite e o cultivo de soja, arroz e milho (nessa ordem decrescente). Há algumas atividades agroindustriais, o município não tem mineração, e as atividades relacionadas à pesca e ao turismo são pouco desenvolvidas. As indústrias estão localizadas na faixa que segue ao longo da rodovia BR-163, onde está proposta a implantação de um distrito industrial (mas ainda não está definido). Entre os projetos previstos para o município, figuram a ampliação do frigorífico (FRICA), a ampliação do Laticínio e a construção de um curtume (Curtume Tropical). Entre os grandes empregadores estão a Prefeitura Municipal, que emprega 320 pessoas; o SINCRED; o Posto do Banco do Brasil; a Casa Lotérica; o Frigorífico FRICA, que emprega 270 pessoas diretamente e mais de 1000 indiretamente; e o Laticínio, que emprega 180 pessoas diretamente. Cláudia teve, no início da sua ocupação, a predominância de culturas perenes, como o café e o guaraná, posteriormente sendo ampliada a presença da mandioca. Na década de 1990, a pecuária passa a ter maior expressão e, depois, a cultura do arroz. Apesar da predominância das atividades agropecuárias, o extrativismo vegetal sempre esteve presente no município, embora sua importância venha se reduzindo. Sinop, o principal centro urbano da região, embora instalado numa perspectiva de colonização agropecuária, teve como principal ocupação, por muito tempo, a exploração da madeira. Atualmente, a economia municipal assenta-se basicamente na agricultura, com ênfase nas culturas de arroz, algodão, soja e milho, embora o extrativismo vegetal ainda esteja presente. Outras atividades econômicas informadas pelas Prefeituras Municipais (embora nem todas tenham informado sobre todos esses itens) como relativamente significantes nos seus territórios, são apresentadas a seguir. Mineração Não há mais garimpo no município de Colíder, nem mesmo no rio Teles Pires. Existe uma pedreira e duas olarias, bem como a exploração de areia em alguns córregos próximos ao rio 17 de Agosto (comunidade Tapajós). Segundo informações da Prefeitura Municipal, o subsolo já foi estudado por empresas estrangeiras.

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O garimpo e a mineração não apresentam maior significado econômico para o município de Nova Canaã do Norte, mas a substância mineral explorada é o ouro. As áreas de exploração garimpeira estão localizadas próximo à sede, caracterizando-se pelo desmatamento e erosão acentuada. Pesca Segundo a Prefeitura Municipal, a pesca é praticada em Colíder como atividade de lazer por residentes e não residentes, principalmente nos finais de semana. Existem algumas poucas pousadas especializadas em pesca às margens do rio Teles Pires. Os peixes mais freqüentes são Piraíba, Caxará, Matrinxã, Pacu, Piau (nos afluentes), Piranha, Corvina, Jaú e Tucuruné (nas águas quentes das lagoas). Há apenas uma colônia de pescadores, em Sinop, à qual pertencem alguns pescadores de Colíder. De acordo com as informações obtidas nas prefeituras são poucos os profissionais de pesca que atuam na região, com total estimado em 10 pescadores devidamente cadastrados. Há, no entanto, outras modalidades de pesca, o que inclui pescadores artesanais consumidores do pescado e eventualmente vendedores do excedente. O número de pescadores que se enquadram nesta última situação não pode ser precisado. Em Itaúba, predominam as modalidades de pesca artesanal e esportiva, nos rios Teles Pires e Renato, que são os mais ricos em peixes da região, sendo amais freqüentes as espécies Matrinxã, Jaú, Cachara, Pacu, Piau, Piraíba, Tucurané e Trairão. A pesca é realizada apenas para o consumo local, não existindo no município nenhum sindicato ou associação de pescadores. Aproximadamente 40 pescadores sobrevivem da pesca, com uma renda média de um salário mínimo, segundo estimativa da Prefeitura Municipal. Em Nova Canaã do Norte, estima-se que apenas 12 pescadores vivam atualmente da pesca. A pesca amadora tem grande importância nesta localidade já que atrai gente de outros municípios e Estados (SP e GO). São pescados mais ou menos 3000 kg por mês, que são comercializados localmente. Qualquer exportação é clandestina. Estima-se que a renda média mensal das pessoas envolvidas com a pesca profissional seja de até dois salários mínimos nos meses de alta temporada de pesca, conforme informações obtidas em entrevista com pescador no rio Teles Pires, no município de Nova Canaã do Norte. As espécies mais freqüentes de peixes são o Matrinchã, pintado, corvina, piau, trairão, piraíba e jaú. Não há sindicato ou associação local de pescadores. Os poucos pescadores profissionais são filiados à Colônia de Pescadores de Sinop, e recebem salário mínimo na época da Piracema, quando não é possível pescar.

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Turismo Segundo a Prefeitura Municipal de Colíder, o potencial turístico do município, que tem como principais atrativos as pousadas especializadas em pesca, além de algumas cachoeiras (rio do Meio, por exemplo), tem sido pouco explorado. O Festival de Pesca já teve grande importância, mas já não ocorre todo ano. Outros atrativos são: Encontro de Quadrilhas na cachoeira Mercúrio, Festival de Música Sacra, Encontro de Igrejas Evangélicas, Jogos Evangélicos e Jogos do Vale do Teles Pires. As praias já foram também grande atrativo turístico, porém foram desativadas por motivos de segurança. Itaúba informou que há interesse em implantar uma Secretaria Municipal de Turismo, o potencial turístico do município ainda permanecendo inexplorado. Os principais atrativos turísticos do município são os Rios Teles Pires e Renato, que atraem pela pesca e esportes náuticos, e também pelas ilhas e praias formadas na época de seca. O Balneário Barro Preto, às margens do Rio Renato, é o principal local freqüentado por banhistas. O principal atrativo turístico em Nova Canaã do Norte é o rio Teles Pires, que atrai pela pesca e praias na época da seca. Há duas cachoeiras no município. Outros atrativos são o Festival de Pesca (os peixe são soltos); a Cachoeira no rio Perdido (mais freqüentada por gente de fora); a Cachoeira na região de Triângulo; o Balneário. As margens do rio Teles Pires mais próximas à sede são as mais freqüentadas, sendo também bastante freqüentada a Praia da Balsa. Embora muitas praias se formem na época da seca, na região do empreendimento, são áreas não muito freqüentadas por banhistas. Esse é o perfil geral das atividades econômicas nos municípios da AII, segundo as informações das Prefeituras Municipais. As atividades mais expressivas, como se depreende dessas informações, são as relativas à agropecuária, com algumas grandes agroindústrias, além de comércio e serviços, como atividades urbanas principais, existindo ainda, porém, atividade extrativa vegetal expressiva e alguma atividade minerária. Os municípios, embora tenham muitos atrativos naturais de interesse turístico, têm estas atividades pouco desenvolvidas, ainda, segundo essas dclarações. As análises dos dados a seguir apresentados procuram caracterizar um quadro referencial da estrutura produtiva nos municípios da AII, com base em alguns indicadores obtidos nas fontes de âmbito nacional e estadual. Valor Adicionado e PIB A Tabela 8.3.3.a mostra, inicialmente, os montantes do Valor Adicionado por grandes Setores da economia, nos 05 municípios e no Estado do Mato Grosso, em 2006, sua participação no Valor Adicionado total, bem como o PIB municipal, caracterizando o perfil básico da economia em cada unidade territorial. O Valor Adicionado define-se como “... valor que a atividade agrega aos bens e serviços consumidos no seu processo produtivo, obtido pela diferença entre o valor de produção e o consumo intermediário...”, segundo o IBGE. Permite avaliar a dimensão das atividades econômicas dos municípios, por meio de uma comparação entre eles.

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Os municípios componentes da AII foram responsáveis, nesse ano, por quase 1,402 bilhão de reais em Valor Adicionado, representando 4,52% do total estadual nesse ano. A maior participação entre os três grandes setores de atividade foi do setor de Serviços, responsável por 905 milhões de reais de Valor Adicionado, seguindo-se o setor da Indústria, com 303,33 milhões de reais e com a Agropecuária contribuindo com 193,5 milhões de reais. Tabela 8.3.3.a Valor adicionado e o Produto Interno Bruto dos municípios e do Estado de Mato Grosso – 2006

Valor Adicionado nos Setores (Em Mil Reais) Valor Adicionado nos Setores (%) PIB municipal Unidades

Territoriais Agrop. Indústria Serviços VA Total Agrop. Ind. Serv. Em Mil

Reais % da AII

Colíder 38.410 59.061 133.508 230.979 16,63 25,57 57,80 257.541 16,12

Itaúba 24.885 5.697 22.473 53.055 46,90 10,74 42,36 57.077 3,57Nova Canaã do Norte 36.023 20.935 34.545 91.503 39,37 22,88 37,75 97.659 6,11

Cláudia 22.154 16.404 42.449 81.007 27,35 20,25 52,40 88.232 5,52

Sinop 72.008 201.232 672.118 945.358 7,62 21,29 71,10 1.097.368 68,68

Total AII 193.480 303.329 905.093 1.401.902 13,80 21,64 64,56 1.597.877 100,00Estado de Mato Grosso 7.827.000 5634000 17532000 30.993.000 25,25 18,18 56,57 35.284.000 -

% AII no MT 2,47 5,38 5,16 4,52 - - - 4,53 -Fonte: IBGE. Cidades. Grande Setor da economia, com maior Valor Adicionado. Grande Setor da economia, com segundo maior Valor Adicionado.

Como se pode observar, Sinop, o pólo econômico da AII, tinha o setor terciário como o de maior Valor Adicionado, representando 71% do total gerado nesse ano, vindo a seguir o setor secundário, com 21,6% e por fim o primário, com 7,6% do total. O município em segundo lugar na geração de Valor Adicionado (Colíder) tinha nesse ano o setor de Serviços como o de maior geração de valor (57,8% do total gerado) e em segundo lugar, o da Indústria (25,6%). Quanto aos demais municípios, dois deles (Nova Canaã do Norte e Itaúba) tinham a agropecuária como o Setor econômico de maior geração de valor (com 39,4% e 46,9% do total gerado, respectivamente), tendo ambos, como segundo setor em importância na geração de Valor Adicionado, o de Serviços (com uma participação de 37,8% e 42,4% do total gerado, respectivamente). E Cláudia, embora seja um município em que a atividade industrial tem expressão importante, tinha também o setor de serviços como o de maior Valor Adicionado gerado nesse ano, representando 52,4% do total, vindo a seguir o da agropecuária, com 27,4%. Na AII, a maior participação foi também das atividades terciárias, com 64,6% do total do Valor Adicionado gerado nesse ano. A indústria foi responsável por 21,6% do Valor Adicionado Total, representando a agropecuária 13,8% do total regional.

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A Tabela 8.3.3.a mostra também a participação do Produto Interno Bruto de cada um dos municípios no total da AII, possibilitando avaliar a sua dimensão econômica em relação ao porte populacional das mesmas, nesse ano. O PIB dos cinco municípios representava 4,53% do total do Estado, tendo Sinop a maior participação, de 68,7% do total da AII. A Tabela 8.3.3.b mostra o número de estabelecimentos (unidades locais), pessoas ocupadas (com destaque para a participação de assalariados) e massa salarial em 2.005, nos municípios, como também na AII e no Estado, contribuindo para compor o quadro sintético da sua condição quanto a esse aspecto da sua economia. Uma importante ressalva é de que esses dados se referem a empresas com CNPJ, abrangendo apenas o segmento formal da economia. Tabela 8.3.3.b Número de estabelecimentos, pessoal ocupado e massa salarial na AII – 2005 Municípios Número de

unidades locaisPessoal ocupado

total Pessoal ocupado

assalariado % assalariados

no total ocupado Salários (Mil

Reais) Nova Canaã do Norte 239 817 710 86,90 5.483Colíder 1.139 4.769 3.535 74,12 28.119Itaúba 199 931 664 71,32 6.442Cláudia 384 2014 1615 80,19 13724Sinop 4.347 25.072 20.433 81,50 187.749AII Total 6.308 33.603 26.957 80,22 241.517Estado de MT 99.779 544.668 442.761 81,29 4.801.709Fonte: IBGE – Cadastro Central de Empresas. Entre os 05 municípios, o pólo econômico é constituído por Sinop, que representava, nesse ano, 68,9% dos estabelecimentos da AII, 75,8% das pessoas assalariadas e 77,74% da massa salarial. A seguir, o município com maior expressão nessa região era Colíder, com 18% estabelecimentos, 13,11% das pessoas assalariadas e 11,64% da massa salarial. Para a AII como um todo, nesse ano foram registrados 6.308 estabelecimentos, 33.603 pessoas ocupadas, das quais 80,22% eram assalariadas (26.957 pessoas), e 241,5 milhões de reais de massa salarial. Dos 03 municípios, nesse ano, o que apresentou maior participação das pessoas assalariadas, entre as pessoas ocupadas, foi Nova Canaã do Norte, onde essa categoria atingiu quase 87% do total de pessoal ocupado. Os 05 municípios representavam, em 2005, 6,32% dos estabelecimentos do Estado, 6,2% do pessoal ocupado nesses estabelecimentos, 6,9% dos assalariados e apenas 5,03% da massa salarial das empresas com CNPJ no Estado. A seguir, são apresentados, nas Tabelas 8.3.3.c a 8.3.3.g, maiores detalhes da estrutura produtiva e terciária dos cinco municípios componentes da AII, mostrando a distribuição do número de estabelecimentos (unidades locais), pessoas ocupadas (com destaque para a participação de assalariados) e massa salarial, em 2005, entre as Seções da CNAE e segundo o porte das empresas (em número de pessoas ocupadas).

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Os dados, obtidos na página do IBGE (sistematizados do Cadastro Central de Empresas), permitiram a construção de Tabelas, feitas com base na Classificação Nacional das Atividades Econômicas – CNAE. A CNAE 95 classificou o conjunto das atividades econômicas existentes no país em 17 segmentos (nomeados como Seções), abordagem que possibilita algumas inferências acerca da diversificação e especialização da economia local. As Seções P-Serviços Domésticos e Q-Organismos Internacionais e Outras Instituições Extraterritoriais não apresentaram registros nos municípios. Uma limitação observada quanto aos dados apresentados é que estes se referem a empresas com CNPJ, abrangendo apenas a atividade da economia formal. Outro aspecto a se levar em conta é que os dados referentes a Pessoal Ocupado não estão apresentados para muitos dos segmentos devido à desidentificação das empresas com menos de 3 informantes (Seções em que o número de Unidades Locais é menor do que 3), em que o número de pessoas ocupadas está substituído por um X, sendo o total apresentado referente apenas aos dados identificados. Mesmo com essas ressalvas, essas tabelas permitem caracterizar o perfil da estrutura das atividades econômicas nos três municípios e visualizar diferenças básicas entre eles. A economia desses municípios tinha uma dimensão relativamente modesta, em 2005, embora com estrutura produtiva e terciária formal relativamente diversificada, sendo Sinop o principal centro urbano na AII. Sinop (Tabela 8.3.3.c) apresentou estabelecimentos em 14 das 17 Seções de atividades econômicas definidas na Classificação Nacional das Atividades Econômicas – CNAE, e nas 09 categorias de porte de empresas (por número de pessoas ocupadas). Tinha, em 2005, 4.347 estabelecimentos (Unidades Locais) e 25.072 pessoas ocupadas, das quais 74,12% (3.535 pessoas) eram assalariadas. A massa salarial foi de 28,12 milhões de reais, nesse ano. Colíder (Tabela 8.3.3.d) apresentou estabelecimentos em 14 das 17 Seções de atividades econômicas definidas na Classificação Nacional das Atividades Econômicas – CNAE, e em 08 das 09 categorias de porte de empresas (por número de pessoas ocupadas). Tinha, em 2005, 1.139 estabelecimentos (Unidades Locais) e 4.769 pessoas ocupadas, das quais 74,12% (3.535 pessoas) eram assalariadas. A massa salarial foi de 28,12 milhões de reais, nesse ano. Cláudia (Tabela 8.3.3.e) tinha estabelecimentos em 14 das 17 Seções de atividades econômicas definidas na Classificação Nacional das Atividades Econômicas – CNAE, e em 08 das 09 categorias de porte de empresas (por número de pessoas ocupadas). Tinha, em 2005, 1.139 estabelecimentos (Unidades Locais) e 4.769 pessoas ocupadas, das quais 74,12% (3.535 pessoas) eram assalariadas. A massa salarial foi de 28,12 milhões de reais, nesse ano. Nova Canaã do Norte (Tabela 8.3.3.f) e Itaúba (Tabela 8.3.3.g) são os municípios de menor porte econômico. O primeiro apresentou nesse ano estabelecimentos em 12 das 17 Seções de atividades econômicas definidas na Classificação Nacional das Atividades Econômicas – CNAE, e em 06 das 09 categorias de porte de empresas, tendo apenas 239 estabelecimentos, 817 pessoas ocupadas, das quais 86,9% (710 pessoas) eram assalariadas, e com uma massa salarial de 5,48 milhões de reais.

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Itaúba (Tabela 8.3.3.e) tinha uma economia de menor porte e tão diversificada quanto os dois anteriores. Apresentou estabelecimentos em 13 das 17 Seções de atividades econômicas definidas na Classificação Nacional das Atividades Econômicas – CNAE, e em 07 das 09 categorias de porte de empresas, contando com 199 estabelecimentos, 931 pessoas ocupadas, das quais 71,3% (664 pessoas) eram assalariadas, e com uma massa salarial de 6,44 milhões de reais, nesse ano. Maiores detalhes de cada uma dessas economias serão apresentados a seguir. A seguir, será analisada a estrutura das atividades econômicas formais desses municípios, com destaque para seus principais aspectos. A Tabela 8.3.3.c mostra que, em Sinop, a Seção da atividade econômica que apresentou maior número de estabelecimentos (assim como também a que concentra mais pessoal ocupado e massa salarial) foi a G – Comércio; Reparação de Veículos Automotores, Objetos Pessoais e Domésticos, abrangendo 47,64% do total de estabelecimentos do município, 35,2% das pessoas ocupadas e 30,5% da massa salarial no segmento formal da economia. Embora este seja o maior centro urbano da AII, esses dados mostram um predomínio das atividades terciárias, que somam quase 77% dos estabelecimentos, 66,7% do pessoal ocupado e 65,3% da massa salarial do município. A segunda Seção com destaque em Sinop foi a D - Indústrias de Transformação, com 18,8% do total dos estabelecimentos, 28,6% do pessoal ocupado e 29,8% da massa salarial. A Tabela mostra também a distribuição dos estabelecimentos, pessoal ocupado e massa salarial quanto ao porte das empresas (baseado em pessoal ocupado), neste município, representando os estabelecimentos com até 4 pessoas ocupadas 86,7% do total, vindo a seguir o grupo com entre 5 e 9 pessoas ocupadas, com 11,7% do total de estabelecimentos. Também as unidades locais com até 4 pessoas ocupadas representaram a maior participação (18,53%) quanto ao total de pessoas ocupadas, ficando em segundo lugar os estabelecimentos com entre 10 e 19 pessoas ocupadas (16,6%). Quanto à massa salarial, a maior concentração estava no grupo entre 10 e 19 pessoas ocupadas, com 16,8% do total. Os estabelecimentos entre 50 e 99 pessoas apresentaram a segunda maior participação, com 11,7%, vindo a seguir os grupos entre 10 e 19 pessoas, 100 e 249 pessoas e entre 30 e 49 pessoas, somando, estes 05 conjuntos, 60% da massa salarial da atividade econômica formal em Sinop.

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Tabela 8.3.3.c Estrutura das atividades econômicas no município de Sinop – 2005

Diversificação e Porte das Atividades Econômicas

Número de

unidades locais

Particip. (%)

Pessoal ocupado

total

Particip. (%)

Pessoal ocupado

assalariado

Salários (Mil

Reais)

Particip. (%)

Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) Total 4.347 100,00 25.072 100,00 20.433 187.749 100,00 A Agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal

81 1,86 493 1,97 404 3.898 2,08

C Indústrias extrativas 14 0,32 82 0,33 65 580 0,31 D Indústrias de transformação 817 18,79 7.169 28,59 6.167 56.014 29,83 E Produção e distribuição de eletricidade, gás e água 4 0,09 21 0,08 16 672 0,36

F Construção 86 1,98 588 2,35 498 4.003 2,13 G Comércio; reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos

2.071 47,64 8.826 35,20 6.631 57.307 30,52

H Alojamento e alimentação 215 4,95 723 2,88 513 3.036 1,62 I Transporte, armazenagem e comunicações 187 4,30 974 3,88 808 7.160 3,81

J Intermediação financeira, seguros, previdência complementar e serviços relacionados

49 1,13 317 1,26 265 6.360 3,39

K Atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas

413 9,50 1.517 6,05 1.022 7.667 4,08

L Administração pública, defesa e seguridade social 4 0,09 2.263 9,03 2.263 28.547 15,20

M Educação 72 1,66 487 1,94 417 3.609 1,92 N Saúde e serviços sociais 86 1,98 569 2,27 482 3.605 1,92 O Outros serviços coletivos, sociais e pessoais 248 5,71 1.043 4,16 882 5.291 2,82

Porte dos Estabelecimentos (por número de pessoas ocupadas) Total 4.347 100,00 25.072 100,00 20.433 187.749 100,00 0 a 4 3.322 76,42 4.647 18,53 1.435 12.969 6,91 5 a 9 507 11,66 3.315 13,22 2.577 18.996 10,12 10 a 19 314 7,22 4.162 16,60 3.720 31.498 16,78 20 a 29 94 2,16 2.177 8,68 2.061 17.980 9,58 30 a 49 50 1,15 1.821 7,26 1.770 20.198 10,76 50 a 99 38 0,87 2.387 9,52 2.331 21.997 11,72 100 a 249 15 0,35 2.284 9,11 2.265 19.860 10,58 250 a 499 6 0,14 2.074 8,27 2.069 16.587 8,83 500 e mais 1 0,02 X X X X X Total - dados presentes 4.347 100,00 22.867 91,21 18.228 160.085 85,27 Total - dados desidentificados 0 0,00 2.205 8,79 2.205 27.664 14,73 Fonte: IBGE – Cadastro Central de Empresas. Maior participação no município.

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Em Colíder (Tabela 8.3.3.d), a Seção de atividades econômicas que apresentou maior número de estabelecimentos (assim como também o que concentra mais pessoal ocupado e maior massa salarial) foi a G – Comércio; Reparação de Veículos Automotores, Objetos Pessoais e Domésticos, abrangendo 55,14% do total de estabelecimentos do município e 41,7% das pessoas ocupadas. Tabela 8.3.3.d Estrutura das atividades econômicas no município de Colíder – 2005

Diversificação e Porte das Atividades Econômicas

Número de unidades

locais

Particip (%)

Pessoal ocupado

total

Particip Pess Oc

(%)

Pessoal ocupado

assalariado

Salários (Mil

Reais)

Part salários

(%) Classificação das atividades econômicas (segundo a CNAE) Total 1.139 100,00 4.769 100,00 3.535 28.119 100,00 A Agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal 22 1,93 66 1,38 48 440 1,56

C Indústrias extrativas 3 0,26 4 0,08 2 11 0,04 D Indústrias de transformação 143 12,55 1.194 25,04 1.007 7.133 25,37 E Produção e distribuição de eletricidade, gás e água 1 0,09 X X X X X

F Construção 17 1,49 25 0,52 3 38 0,14 G Comércio; reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos

628 55,14 1.987 41,66 1.271 8.444 30,03

H Alojamento e alimentação 52 4,57 122 2,56 68 314 1,12 I Transporte, armazenagem e comunicações 49 4,30 230 4,82 176 1.681 5,98

J Intermediação financeira, seguros, previdência complementar e serviços relacionados

9 0,79 110 2,31 100 2.121 7,54

K Atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas 65 5,71 144 3,02 67 475 1,69 L Administração pública, defesa e seguridade social 3 0,26 603 12,64 603 5.689 20,23 M Educação 22 1,93 55 1,15 31 317 1,13 N Saúde e serviços sociais 19 1,67 116 2,43 90 1.030 3,66 O Outros serviços coletivos, sociais e pessoais 106 9,31 92 1,93 50 241 0,86

Total - dados presentes 1139 100,00 4748 99,56 3516 27934 99,34 Total - dados desidentificados 0 0,00 21 0,44 19 185 0,66 Porte dos estabelecimentos (número de pessoas ocupadas) Total 1.139 100,00 4.769 100,00 3.535 28.119 100,00 0 a 4 988 86,74 1.237 25,94 229 1.486 5,28 5 a 9 83 7,29 562 11,78 436 3.071 10,92 10 a 19 39 3,42 514 10,78 449 2.892 10,28 20 a 29 14 1,23 324 6,79 299 2.527 8,99 30 a 49 7 0,61 260 5,45 256 2.175 7,73 50 a 99 3 0,26 184 3,86 181 2.204 7,84 100 a 249 3 0,26 590 12,37 587 4.889 17,39 500 e mais 2 0,18 X X X X X Total - dados presentes 1139 100,00 3.671 76,98 2.437 19.244 68,44 Total - dados desidentificados 0 0,00 1.098 23,02 1.098 8.875 31,56 Fonte: IBGE – Cadastro Central de Empresas. Maior participação no município.

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Outras Seções com destaque em número de estabelecimentos foram as Seções D - Indústrias de Transformação, com 12,6% do total, O - Outros serviços coletivos, sociais e pessoais, com 9,3% do total, e K - Atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas (grupo de estabelecimentos que, além das atividades imobiliárias, abrange empresas que prestam serviços a empresas, geralmente um setor que indica uma economia com empresas mais modernas), com 5,7% do total. E, em pessoal ocupado, destacaram-se as Seções D - Indústrias de Transformação, com 25% do total, e L - Administração Pública, Defesa e Seguridade Social, com 12,6% do total municipal nesse ano. As Seções com maior número de pessoas assalariadas foram a G – Comércio; Reparação de Veículos Automotores, Objetos Pessoais e Domésticos (com 1.271 pessoas), a D - Indústrias de Transformação (com 1.007 pessoas) e a L - Administração Pública, Defesa e Seguridade Social (com 603 pessoas), perfazendo quase 82% do total de pessoas assalariadas no município. As maiores concentrações quanto à massa salarial, além da Seção G (30% do total), foram as das Seções D - Indústrias de Transformação (com 25,4% dos salários) e L - Administração Pública, Defesa e Seguridade Social (com 20,2% dos salários). Quanto ao porte das empresas (baseado em pessoal ocupado), neste município, 86,7% dos estabelecimentos tinham entre 0 e 4 pessoas ocupadas e 7,3% tinham entre 5 e 9 pessoas ocupadas, somando 94% dos estabelecimentos. A maior concentração de pessoas ocupadas, além desse grupo entre 0 e 4 pessoas ocupadas (quase 26% do total), estava também nos estabelecimentos desidentificados (acima de 500 pessoas ocupadas), com 23% do total. Depois, distribuídos em três grupos, estavam quase 35% das pessoas ocupadas, sendo 12,4% no grupo entre 100 e 249 pessoas ocupadas, 11,8% no grupo entre 5 e 9 pessoas ocupadas e 10,8% no grupo entre 10 e 19 pessoas ocupadas. Também quanto à massa salarial, o montante relacionado aos dois estabelecimentos cujos dados foram desidentificados atingiu 31,6% dos salários nesse ano, vindo depois o grupo entre 100 e 249 pessoas ocupadas, com 17,4% dos salários. Depois destes grupos, com participação entre 10% e 11% cada um, aparecem os grupos entre 5 e 9 pessoas e entre 10 e 19 pessoas. A classe de maior porte neste município foi a acima de 500 pessoas ocupadas, com dois estabelecimentos. Os três municípios restantes tinham uma dimensão econômica muito menor do que Sinop e Colíder.

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AHE Colíder – 300 MW 172 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Em Cláudia (Tabela 8.3.3.e), a Seção da atividade econômica que apresentou maior número de estabelecimentos foi a G – Comércio; Reparação de Veículos Automotores, Objetos Pessoais e Domésticos, abrangendo 46,6% do total de estabelecimentos do município. A Seção com maior número de pessoas ocupadas e com a maior participação no total da massa salarial do trabalho na economia formal foi a D - Indústrias de Transformação, com 59,8% e 61,6%, respectivamente. Esta mesma Seção registrou o segundo maior número de estabelecimentos (perfazendo 31,8% do total), destacando-se entre o conjunto dos estabelecimentos neste município. Outra Seção com destaque em número de estabelecimentos foi a D - Indústrias de Transformação, com 31,8% do total, podendo-se ainda assinalar a Seção O - Outros serviços coletivos, sociais e pessoais, com 5,5% do total. Em número de pessoas ocupadas e massa salarial, nesse ano, destacou-se a Seção D - Indústrias de Transformação, com 59,83% e 61,6% do total, respectivamente. Em segundo lugar em número de pessoas ocupadas encontra-se a Seção G – Comércio; Reparação de Veículos Automotores, Objetos Pessoais e Domésticos, com 21,3% do total, podendo-se mencionar também a Seção L - Administração Pública, Defesa e Seguridade Social, com 10,23% do total municipal. Quanto à massa salarial, depois do segmento industrial, o segmento que apresentou em 2005 a maior participação foi a Seção L - Administração Pública, Defesa e Seguridade Social, com 19,6% do total municipal, vindo a seguir a Seção G – Comércio; Reparação de Veículos Automotores, Objetos Pessoais e Domésticos, com 13,5% do total. Como mostra essa Tabela, o município teve o maior número de estabelecimentos enquadrados como de pequeno porte, concentrando a maior parte na faixa até 4 pessoas ocupadas (75,8% dos estabelecimentos), com 12,5% na faixa seguinte, entre 5 e 9 pessoas ocupadas. Em pessoal ocupado, a maior participação foi também desta primeira faixa, com 18,6%, mas as outras duas faixas seguintes (15,5% e 17,9%) apresentaram também uma relativa concentração, totalizando essas três faixas e a dos estabelecimentos com entre 30 a 49 pessoas, 65,5% do total das pessoas ocupadas em Cláudia. A maior participação em massa salarial, quanto ao porte das empresas, foi a do grupo com entre 10 e 19 pessoas ocupadas, com 17,4% do total. Somando a participação deste grupo com a do grupo que reuniu os estabelecimentos com entre 5 e 9 pessoas ocupadas e a do grupo com entre 30 e 49 pessoas ocupadas, tem-se um total de 45,7% do total da massa salarial neste município.

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AHE Colíder – 300 MW 173 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Tabela 8.3.3.e Estrutura das atividades econômicas no município de Cláudia – 2005

Diversificação e Porte das Atividades Econômicas

Número de

unidades locais

Particip. (%)

Pessoal ocupado

total

Particip. (%)

Pessoal ocupado

assalariado

Salários (Mil

Reais)

Particip. (%)

Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) Total 384 100,00 2.014 100,00 1.615 13.724 100,00A Agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal 6 1,56 10 0,50 9 35 0,26

D Indústrias de transformação 122 31,77 1.205 59,83 1.056 8.449 61,56E Produção e distribuição de eletricidade, gás e água 1 0,26 X X X X X

F Construção 1 0,26 X X X X XG Comércio; reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos

179 46,61 429 21,30 244 1.848 13,47

H Alojamento e alimentação 15 3,91 36 1,79 21 110 0,80I Transporte, armazenagem e comunicações 8 2,08 38 1,89 24 125 0,91

J Intermediação financeira, seguros, previdência complementar e serviços relacionados

6 1,56 12 0,60 8 191 1,39

K Atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas 12 3,13 24 1,19 14 79 0,58

L Administração pública, defesa e seguridade social 3 0,78 206 10,23 206 2.696 19,64

M Educação 8 2,08 5 0,25 0 3 0,02N Saúde e serviços sociais 2 0,52 X X X X X O Outros serviços coletivos, sociais e pessoais 21 5,47 22 1,09 13 58 0,42

Total - dados presentes 384 100,00 1.987 98,66 1.595 13.594 99,05Total - dados desidentificados 0 0 27 1,34 20 130 0,95Porte dos Estabelecimentos (por número de pessoas ocupadas) Total 384 100,00 2.014 100,00 1.615 13.724 100,000 a 4 291 75,78 375 18,62 114 1.068 7,785 a 9 48 12,50 312 15,49 247 2.069 15,0810 a 19 26 6,77 360 17,87 317 2.394 17,4420 a 29 8 2,08 170 8,44 159 1.058 7,7130 a 49 7 1,82 272 13,51 257 1.806 13,1650 a 99 2 0,52 X X X X X100 a 249 2 0,52 X X X X XTotal - dados presentes 384 100,00 1489 73,93 1094 8395 61,17Total - dados desidentificados 0 0,00 525,00 26,07 521,00 5.329,00 38,83Fonte: IBGE – Cadastro Central de Empresas. Maior participação no município. Nova Canaã do Norte (Tabela 8.3.3.f) tinha 239 estabelecimentos com CNPJ, apresentando também uma relativa diversificação, com 12 Seções presentes no município. Este município tinha, em 2005, 48,5% dos seus estabelecimentos no segmento G – Comércio; Reparação de Veículos Automotores, Objetos Pessoais e Domésticos, tendo ainda 18,4% dos estabelecimentos na Seção O - Outros serviços coletivos, sociais e pessoais e 10,5%, na Seção D - Indústrias de Transformação.

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AHE Colíder – 300 MW 174 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Tabela 8.3.3.f Estrutura das atividades econômicas no município de Nova Canaã do Norte – 2005

Diversificação e Porte das Atividades Econômicas

Número de

unidades locais

Particip (%)

Pessoal ocupado

total

Particip Pess Oc (%)

Pessoal ocupado

assalariado

Salários (Mil

Reais)

Part salários

(%)

Classificação das atividades econômicas (segundo a CNAE) Total 239 100,00 817 100,00 710 5.483 100,00 A Agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal 6 2,51 27 3,30 18 165 3,01 D Indústrias de transformação 25 10,46 311 38,07 293 1.250 22,80 F Construção 3 1,26 16 1,96 14 78 1,42 G Comércio; reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos 116 48,54 154 18,85 109 679 12,38 H Alojamento e alimentação 12 5,02 9 1,10 1 7 0,13 I Transporte, armazenagem e comunicações 15 6,28 25 3,06 15 85 1,55 J Intermediação financeira, seguros, previdência complementar e serviços relacionados 1 0,42 X X X X X K Atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas 9 3,77 5 0,61 2 4 0,07 L Administração pública, defesa e seguridade social 3 1,26 248 30,35 248 3.169 57,80 M Educação 3 1,26 0 0,00 0 0 0,00 N Saúde e serviços sociais 2 0,84 X X X X X O Outros serviços coletivos, sociais e pessoais 44 18,41 21 2,57 10 46 0,84 Total - dados desidentificados¹ 0 0,00 1 0,12 0 0 0,00 Porte dos estabelecimentos (número de pessoas ocupadas) Total 239 100,00 817 100,00 710 5.483 100,00 0 a 4 220 92,05 172 21,05 89 590 10,76 5 a 9 10 4,18 55 6,73 47 287 5,23 10 a 19 5 2,09 60 7,34 46 319 5,82 20 a 29 1 0,42 X X X X X 30 a 49 1 0,42 X X X X X 100 a 249 2 0,84 X X X X X Total - dados presentes 239 100,00 287 35,13 182 1.196 21,87 Total - dados desidentificados 0 0,00 530 64,87 528 4.287 78,19 Fonte: IBGE – Cadastro Central de Empresas. Maior participação no município. Nota¹ - foi verificada uma inconsistência nestes dados, pois mesmo com 03 Unidades Locais com dados desidentificados, quase todos os totais dos dados identificados somam o total geral. Nos dados relativos ao porte dos estabelecimentos esse problema não aparece. A maior parte das pessoas ocupadas (38%) pode ser incluída na Seção D - Indústrias de Transformação, tendo ainda uma participação expressiva a Seção L - Administração Pública, Defesa e Seguridade Social, com 30,4% do total e a Seção G – Comércio; Reparação de Veículos Automotores, Objetos Pessoais e Domésticos, com quase 19% das pessoas ocupadas nesse ano. As Seções com maior número de pessoas assalariadas foram a D - Indústrias de Transformação (com 293 pessoas), a L - Administração Pública, Defesa e Seguridade Social (com 248 pessoas) e a G – Comércio; Reparação de Veículos Automotores, Objetos Pessoais e Domésticos (com 109 pessoas), as três perfazendo quase 92% do total de pessoas assalariadas no município.

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AHE Colíder – 300 MW 175 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

As maiores concentrações quanto à massa salarial, além da Seção L - Administração Pública, Defesa e Seguridade Social (57,8% do total), foram as das Seções D - Indústrias de Transformação, com 22,8% dos salários, e mesmo a G – Comércio; Reparação de Veículos Automotores, Objetos Pessoais e Domésticos, com 12,4% dos salários. Como mostra essa Tabela, o município teve o maior número de estabelecimentos enquadrados como de pequeno porte, concentrando a maior parte na faixa até 4 pessoas ocupadas (92% dos estabelecimentos). Apresentou ainda 15 estabelecimentos nas faixas entre 5 e 9 pessoas ocupadas e entre 10 e 19 pessoas ocupadas, representando 6,27% do total de estabelecimentos, além de outras 04 Unidades Locais com entre 20 e 249 pessoas ocupadas, todas elas com dados desidentificados. Estas 04 Unidades Locais abrangiam, porém, 530 das 817 pessoas ocupadas em empresas formais no município (64,9% do total), sendo 528 assalariadas, que representavam, nesse ano, 78,2% da massa salarial total. A classe de maior porte neste município foi a entre 100 e 249 pessoas ocupadas, com dois estabelecimentos. Por fim, a Tabela 8.3.3.g mostra a estrutura das atividades econômicas em Itaúba, também um município com economia relativamente diversificada, embora de porte pequeno. Este município, com uma economia ainda menor do que a de Nova Canaã do Norte, tinha como grupo com maior peso em número de estabelecimentos, nesse ano, a Seção G – Comércio; Reparação de Veículos Automotores, Objetos Pessoais e Domésticos, concentrando 36,7% do total, vindo a seguir a Seção D - Indústrias de Transformação, com 27,6% do total. Também as Seções A - Agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal (com 7% do total dos estabelecimentos com CNPJ), H - Alojamento e alimentação (com 7,5% do total) e O - Outros serviços coletivos, sociais e pessoais (com 9,6% do total) destacaram-se nesse ano. Em número de pessoas ocupadas, assim como em massa salarial, a Seção D - Indústrias de Transformação foi a que apresentou a maior participação (38,8% do total e 42,9% do total, respectivamente), destacando-se, ainda, na primeira dessas variáveis as Seções G – Comércio; Reparação de Veículos Automotores, Objetos Pessoais e Domésticos, com 20,7% do total, e a L - Administração Pública, Defesa e Seguridade Social, com 17,2%.

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AHE Colíder – 300 MW 176 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Tabela 8.3.3.g Estrutura das atividades econômicas no município de Itaúba – 2005 Diversificação e Porte das Atividades Econômicas

Número de unidades

locais

Particip (%)

Pessoal ocupado

total

Particip Pess Oc

(%)

Pessoal ocupado

assalariado

Salários (Mil

Reais)

Part salários

(%) Classificação das atividades econômicas (segundo a CNAE) Total 199 100,00 931 100,00 664 6.442 100,00 A Agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal 14 7,04 108 11,60 94 714 11,08

C Indústrias extrativas 2 1,01 X X X X X D Indústrias de transformação 55 27,64 361 38,78 274 2.765 42,92 E Produção e distribuição de eletricidade, gás e água 1 0,50 X X X X X

F Construção 2 1,01 X X X X X G Comércio; reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos

73 36,68 193 20,73 102 635 9,86

H Alojamento e alimentação 15 7,54 37 3,97 19 107 1,66 I Transporte, armazenagem e comunicações 7 3,52 15 1,61 5 42 0,65

J Intermediação financeira, seguros, previdência complementar e serviços relacionados

1 0,50 X X X X X

K Atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas 4 2,01 6 0,64 1 7 0,11

L Administração pública, defesa e seguridade social 3 1,51 160 17,19 160 2.044 31,73

M Educação 3 1,51 5 0,54 0 0 0,00 O Outros serviços coletivos, sociais e pessoais 19 9,55 34 3,65 3 11 0,17

Total - dados presentes 199 100,00 919 98,71 658 6325 98,18 Total - dados desidentificados 0 0 12 1,29 6 117 1,82 Porte dos estabelecimentos (número de pessoas ocupadas) Total 199 100,00 931 100,00 664 6.442 100,00 0 a 4 165 82,91 257 27,60 55 623 9,67 5 a 9 12 6,03 80 8,59 66 404 6,27 10 a 19 15 7,54 229 24,60 185 1.350 20,96 20 a 29 3 1,51 69 7,41 63 427 6,63 30 a 49 2 1,01 X X X X X 50 a 99 1 0,50 X X X X X 100 a 249 1 0,50 X X X X X Total - dados presentes 199 100,00 635 68,21 369 2804 43,53 Total - dados desidentificados 0 0 296 31,79 295 3638 56,47 Fonte: IBGE – Cadastro Central de Empresas. Maior participação no município.

No que diz respeito à massa salarial, a segunda Seção com maior participação foi a L - Administração Pública, Defesa e Seguridade Social, com 31,7% do total, sendo ainda significativas as participações das Seções A - Agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal (com 11% do total) e G – Comércio; Reparação de Veículos Automotores, Objetos Pessoais e Domésticos, com quase 10% do total.

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AHE Colíder – 300 MW 177 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Quanto ao porte das empresas, 82,9% do total era representado por Unidades Locais com entre 0 e 4 pessoas ocupadas, existindo ainda 6% (12 Unidades Locais) na faixa entre 5 e 9 pessoas e 7,5% (15 Unidades Locais) na faixa entre 10 e 19 pessoas. Porém, nas demais variáveis, a maior participação foi dos estabelecimentos desidentificados, que representaram 31,8% do total em pessoal ocupado e 56,5% do total em massa salarial, sendo 07 unidades locais enquadradas em 04 classes de porte. A classe de maior porte neste município foi a entre 100 e 249 pessoas ocupadas, com um estabelecimento. Outras faixas significativas em pessoal ocupado foram as dos estabelecimentos com até 4 pessoas (27,6% do total) e a entre 10 e 19 pessoas (24,6% do total), e, quanto à massa salarial, outra classe significativa foi a dos estabelecimentos entre 10 e 19 pessoas, com quase 21% do total. Do ponto de vista da diversificação da economia, estes municípios apresentaram atividades mesmo em Seções associadas à economia mais moderna, como empresas de transporte, armazenagem e comunicações, de intermediação financeira e de serviços prestados às empresas. E mostram, de modo geral, estabelecimentos vinculados às atividades agropecuárias, imobiliárias, hospedagem e alimentação, além de serviços sociais como saúde, educação e serviços pessoais. Agropecuária Os aspectos mais significativos da atividade agropecuária da região são apresentados a seguir, iniciando-se com um perfil geral (Tabela 8.3.3.h) da estrutura fundiária em 1996 - distribuição da área total dos estabelecimentos agropecuários quanto aos grupos de área (os mesmos dados do Censo Agropecuário 2006 ainda não foram divulgados, estando prevista sua publicação no início de 2009), como um referencial histórico para situar as informações fornecidas por algumas Prefeituras Municipais durante o levantamento de campo, de junho de 2008. Em seguida, são apresentados dados que caracterizam a dimensão das atividades agropecuária e extrativa vegetal, para os municípios da AII, comparando-as à do Estado de Mato Grosso, para algumas das variáveis. Tabela 8.3.3.h Estrutura fundiária nos municípios – 1996 Estabelecimentos com área total Cláudia Colíder Itaúba Nova Canaã do

Norte Sinop

Até 50 ha 0,38 12,26 0,81 6,20 3,11 De 50 a 2000 ha 24,33 51,82 15,79 36,7 79,3 De 2000 a 10000 ha 75,28 39,91 83,4 57,08 17,61 Fonte: IBGE. Censo Agropecuário. Como se vê, já em 1996 predominavam as grandes propriedades em Cláudia, representando 75,3% da área total as situadas entre 2.000 hectares e 100.000 hectares, situação também existente em Itaúba, em que esse grupo alcançava 83,4% do total.

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AHE Colíder – 300 MW 178 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Sinop tinha 79,3% da área total dos estabelecimentos agropecuários compreendidos entre aqueles com entre 50 ha e 2000 ha, e, numa proporção menor, também Colíder pode ser situado neste grupo, com 51,8% da área total agropecuária neste grupo. Porções ínfimas da área total da agropecuária eram representadas pelos estabelecimentos com até 50 ha, sendo Colíder o município em que este grupo alcançou maior participação, com 12,3% do total da área. Em ordem decrescente, vinham a seguir Nova Canaã do Norte, com 6,2% da área total, Sinop, com 3,11% da área total, Itaúba com 0,8% e Cláudia, com 0,38%. No levantamento de campo, o valor médio da terra informado pelas Prefeituras Municipais de Itaúba e Nova Canaã do Norte variou entre 6 mil reais o alqueire paulista (terras próximas ao rio) a 10 mil reais. As Tabelas 8.3.3.i a 8.3.3.o apresentam um quadro geral da região quanto à atividade e produção agropecuária que, como se viu, constituiu o principal setor da atividade econômica nos municípios da AII. Os dados são do IBGE, para 1996 e 2006. A Tabela 8.3.3.i mostra alguns dados preliminares do novo Censo Agropecuário, recentemente divulgados pelo IBGE, que permitem uma caracterização atual de algumas dimensões da atividade agropecuária nesses municípios. Tabela 8.3.3.i Perfil agropecuário das unidades territoriais – 2006

Unidade da Federação e Município Nº estab. Área (ha) Estab c/

tratores

% no total

estab.

Total de tratores

Pop ocupada

Pop ocupada

s/parentesco

% pop s/parent.

Colíder 2.000 260.459 196 9,80 250 5.065 582 11,49Nova Canaã do Norte 1.859 403.453 176 9,47 248 3.924 657 16,74Cláudia 363 261.810 150 41,32 317 941 187 19,87Itaúba 285 327.305 79 27,72 155 543 153 28,18Sinop 1.401 271.255 302 21,56 666 3.407 605 17,76Total AII 5.908 1.524.282 903 15,28 1.636 13.880 2.184 15,73Fonte: IBGE - Censo Agropecuário. Os resultados preliminares do Censo Agropecuário 2006 já permitem avaliar a quantidade de estabelecimentos dedicados a essas atividades existentes na AII (5.908) e em cada um dos municípios, bem como a área total ocupada pelos mesmos (pouco mais de 1,524 milhão de hectares) e população ocupada nessas atividades – 13,88 mil pessoas, das quais 15,7% (2.184 pessoas) não tinham vínculo de parentesco com os proprietários, o que supõe uma estrutura ocupacional ainda pouco profissionalizada e, por outro lado, expressiva presença da agricultura familiar, além da grande empresa comercial.

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AHE Colíder – 300 MW 179 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

O número de estabelecimentos com tratores era de 15,3% do total de estabelecimentos, representando um baixo grau de mecanização e de investimentos em maquinário agrícola em dois dos municípios (Colíder e Nova Canaã do Norte), mas elevado em outros 03 (Cláudia, Itaúba e Sinop), principalmente no primeiro destes, com 41,3% dos estabelecimentos com tratores, vindo a seguir Itaúba, com quase 28% dos estabelecimentos contando com essas máquinas agrícolas, apesar de ter um número relativamente pequeno de tratores (apenas 79). Estes dois municípios tinham uma alta participação dos estabelecimentos com tratores por causa do seu número pequeno de estabelecimentos, mas eram os mais mecanizados na AII. Também Itaúba é o município com mais alta participação (28,2% do total no município) de pessoas sem parentesco com os produtores entre as pessoas ocupadas na agropecuária, seguindo-se Cláudia, com quase 20%. Associando esses dados já disponíveis do novo Censo Agropecuário aos dados também ainda preliminares da Contagem de População 2007, pode-se avaliar que as pessoas ocupadas na atividade agropecuária destes municípios (13.880 pessoas) representavam mais da metade das 27.335 pessoas residentes na área rural destes municípios. Colíder tinha 5.065 pessoas ocupadas em atividades agropecuárias, Nova Canaã do Norte tinha 3.924 pessoas, Sinop tinha 3.407 pessoas, Cláudia tinha 941 pessoas e Itaúba, 543 pessoas ocupadas nessas atividades. Outros dados preliminares do Censo Agropecuário permitem também avaliar a evolução entre 1996 e 2006 quanto ao número total de estabelecimentos existentes e área total em cada município e na AII, bem como a presença de lavouras temporárias e permanentes, pastagens e matas nesses territórios (Tabela 8.3.3.j). Esta Tabela permite observar que o número de estabelecimentos agropecuários reduziu-se em Colíder e Itaúba, entre 1996 e 2006, tendo crescido nos outros 03 municípios e na AII, em que o número total de estabelecimentos passou de 5.195 em 1996 para 5.908 estabelecimentos, em 2006. A área total dos estabelecimentos agropecuários passou de 1,35 milhão de hectares para 1,52 milhão de hectares, tendo-se reduzido também em Colíder e Itaúba e aumentado nos demais municípios.

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AHE Colíder – 300 MW 180 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Tabela 8.3.3.j Número de estabelecimentos e área dos estabelecimentos agropecuários por utilização das terras – 1996 e 2006

Número de estabelecimentos

agropecuários (Unidade)

Área dos estabelecimentos

agropecuários (Hectare)

Municípios Utilização das terras

1996 2006 1996 2006 Total 2.586 2.000 322.080 260.459Lavouras permanentes 576 147 1.965 650Lavouras temporárias 1.553 383 20.078 4.230Pastagens 2.442 1.981 177.469 179.339

Colíder

Matas e florestas 1.440 1.190 117.237 74.266Total 1.350 1.859 297.591 403.453Lavouras permanentes 163 82 579 239Lavouras temporárias 916 261 9.801 5.171Pastagens 1.192 1.772 113.234 242.255

Nova Canaã do Norte

Matas e florestas 899 928 173.714 151.506Total 207 363 163.019 261.810Lavouras permanentes 52 20 105 73Lavouras temporárias 107 155 2667 41.654Pastagens 204 257 56.106 50.217

Cláudia

Matas e florestas 163 232 98.140 168.386Total 386 285 398.369 327.305Lavouras permanentes 65 15 604 3.751Lavouras temporárias 213 39 23.953 19.940Pastagens 349 238 110.081 99.984

Itaúba

Matas e florestas 266 218 257.170 201.267Total 666 1.401 167.837 271.255Lavouras permanentes 433 184 505 1.955Lavouras temporárias 385 794 15.999 112.462Pastagens 618 691 61.833 48.296

Sinop

Matas e florestas 529 840 88.217 99.557Total 5.195 5.908 1.348.896 1.524.282Lavouras permanentes 1.289 448 3.758 6.668Lavouras temporárias 3.174 1.632 72.498 183.457Pastagens 4.805 4.939 518.723 620.091

AII

Matas e florestas 3.297 3.408 734.478 694.982Fonte: IBGE - Censo Agropecuário. Valores em 2006 em que houve redução em relação a 1996.

As áreas ocupadas com lavouras permanentes reduziram-se também em Colíder (a cerca de um terço da área existente em 1996) e em Nova Canaã do Norte, tendo crescido, porém, cerca de seis vezes em Itaúba, sendo acompanhado neste município por redução de estabelecimentos com esse tipo de lavoura a um quinto do existente em 1996, o que ocorreu também em relação ao número de estabelecimentos com lavouras temporárias (eram 213 estabelecimentos em 1996, passando a apenas 39 em 2006).

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AHE Colíder – 300 MW 181 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

A área ocupada com lavouras temporárias reduziu-se em Colíder (de 20,08 mil ha para 4,2 mil ha), em Nova Canaã do Norte (de 9,8 ha mil para 5,17 mil ha) e em Itaúba (de 23,9 mil ha para 19,9 mil ha), tendo crescido, porém, de 2,67 mil ha para 41,65 mil ha em Cláudia e de 16 mil ha para 112,46 mil ha em Sinop, no período. A área ocupada com pastagens cresceu em Colíder (de 177,5 mil ha para 179,3 mil ha), embora o número de propriedades com pastagens tenha se reduzido neste município, e mais que dobrou em Nova Canaã do Norte (de 113,2 mil ha para 242,3 mil ha). Também se reduziu em Sinop, de 61,8 mil ha para 48,3 mil ha e em Cláudia, de 56,1 mil ha para 50,22 mil ha. O número de estabelecimentos com matas e florestas diminuiu em Colíder (de 1.440 ha para 1.190 ha) e em Itaúba (de 266 ha para 218 ha ), mas cresceu em Nova Canaã do Norte (de 899 ha para 928 ha), em Cláudia (de 163 ha para 232 ha) e em Sinop (de 529 ha para 840 ha). As áreas ocupadas por matas e florestas reduziram-se para 63,4% da área existente em 1996 em Colíder, para 78,3% da área existente em 1996 em Itaúba e para 87,2% da área existente em 1996 em Nova Canaã do Norte, tendo crescido 71,6% em Cláudia e 12,85% em Sinop, no período. Na AII como um todo, as áreas de matas e florestas nos estabelecimentos agropecuários reduziram-se em 2006 para 94,6% do total de áreas existentes em 1996. As Tabelas 8.3.3.k e 8.3.3.l mostram os volumes de produção e extensão da área plantada em culturas temporárias nos municípios (a primeira), e na AII e no Mato Grosso (a segunda), possibilitando avaliar, a título de comparação, a dimensão da AII em relação ao Estado.

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AHE Colíder – 300 MW 182 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Tabela 8.3.3.k Quantidade produzida e área plantada nos municípios da AII - lavouras temporárias – 2006

Colíder N. Canaã do Norte Cláudia Itaúba Sinop

Produtos Quant. Prod. (ton.)

Área plantada

(ha)

Quant. Prod. (ton.)

Área plantada

(ha)

Quant. Prod. (ton.)

Área plantada

(ha)

Quant. Prod. (ton.)

Área plantada

(ha)

Quant. Prod. (ton.)

Área plantada

(ha) Abacaxi (Mil frutos) 100 5 100 5 105 7 0 0 180 10

Algodão herbáceo (em caroço)

0 0 0 0 0 0 0 0 1.730 500

Amendoim (em casca) 0 0 0 0 0 0 0 0 22 8

Arroz (em casca) 1.599 533 10.920 3.500 10.320 4.000 8.045 2.530 40.719 13.730

Cana-de-açúcar 300 20 150 10 0 0 200 10 1.050 70

Feijão (em grão) 0 0 12 20 408 600 22 40 21 35

Mandioca 180 15 2.250 150 900 60 600 40 4.200 350 Melancia 0 0 0 0 300 15 0 0 0 0 Milho (em grão) 1.140 400 4.905 1.650 11.300 3.700 3.220 1.100 64.240 20.000

Soja (em grão) 1.032 400 12.913 4.220 76.950 28.500 51.900 17.300 310.500 115.000

Tomate 0 0 0 0 0 0 0 0 38 7 Fonte: IBGE. Produção Agrícola Municipal. Tabela 8.3.3.l Quantidade produzida e área plantada na AII e no Mato Grosso - lavouras temporárias – 2006

AII Mato Grosso Produtos Quant. Prod.

(ton.) Área plantada (ha) Quant. Prod. (ton.) Área plantada (ha)

Abacaxi (Mil frutos) 485 27 38.087 1.658Algodão herbáceo (em caroço) 1.730 500 1.437.926 392.408Amendoim (em casca) 22 8 3.814 5.107Arroz (em casca) 71.603 24.293 720.834 287.974Cana-de-açúcar 1.700 110 13.552.228 202.182Feijão (em grão) 463 695 46.218 35.466Mandioca 8.130 615 563.653 39.943Melancia 300 15 20.047 791Milho (em grão) 84.805 26.850 4.228.423 1.079.980Soja (em grão) 453.295 165.420 15.594.221 5.822.867Tomate 38 7 2.403 143Fonte: IBGE. Produção Agrícola Municipal. Sinop é o município que apresentou, nesse ano, a maior produção de soja em grão (310,5 mil toneladas), de arroz em casca (40,72 mil toneladas) e de milho em grão (64,2 mil toneladas). Na produção de soja, também Cláudia e Itaúba se destacaram, com 76,95 mil toneladas e 51,9 mil toneladas, bem com na produção de arroz em casca, em que Nova Canaã do Norte produziu 10,9 mil toneladas, Cláudia produziu 10,3 mil toneladas e Itaúba, 8,04 mil toneladas.

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AHE Colíder – 300 MW 183 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Porém, mesmo Sinop tendo, individualmente, importância na produção de soja do Mato Grosso, a produção dos 05 municípios teve pequena participação no Estado (de quase 3% do total estadual), destacando-se mais apenas a produção de arroz, em que a AII contribui com quase 10% da produção estadual. Quanto à área plantada total em lavouras temporárias, os 218.540 ha da AII representaram apenas 2,78% do total de terras cultivadas com esses produtos no Mato Grosso. Os produtos com maiores extensões foram a soja (165,4 mil ha), o milho (26,8 mil ha) e o arroz em casca (24,3 mil ha), somando 99% do total da área plantada na AII. A Tabela 8.3.3.m mostra os volumes de produção e extensão da área plantada nas culturas permanentes nos municípios, na AII e no Estado de Mato Grosso, em 2006. Tabela 8.3.3.m Quantidade produzida e área plantada - lavouras permanentes – 2006

AII Mato Grosso Produtos Quant. Prod. Área plantada (ha) Quant. Prod. Área plantada (ha)

Banana (cacho) 1.252 139 55.470 7.527Borracha (látex coagulado) 51 80 24.002 22.812Café (ton., em grão) 163 205 8.689 16.145Coco-da-baia (mil frutos) 3.560 460 26.323 2.372Goiaba (ton.) 10 2 67 14Guaraná (semente) 47 78 290 613Limão (ton.) 25 5 1.653 124Mamão (ton.) 40 4 7.427 198Manga (ton.) 45 3 4.028 154Maracujá (ton.) 16 2 8.206 422Palmito (ton.) 188 92 2.415 961Pimenta-do-reino (ton.) 2 1 102 132Tangerina (ton.) 35 7 637 49Uva (ton.) 40 10 1.805 151Fonte: IBGE. Produção Agrícola Municipal. A AII teve como produção, em lavouras permanentes, 14 produtos (banana, borracha, café, coco-da-baía, goiaba, guaraná, limão, mamão, manga, maracujá, palmito, pimenta-do-reino, tangerina e uva), dos quais a banana, o café e o coco-da-baía estavam presentes em quase todos os municípios. A borracha estava presente apenas em Colíder, com uma produção total de 51 toneladas de látex coagulado. Frutas como a goiaba, o limão, o mamão, a manga, o maracujá, a tangerina e a uva estavam presentes apenas em Sinop, com uma produção de 211 toneladas de frutas. Palmito estava presente em Cláudia e em Sinop, com uma produção de 188 toneladas. Assim, com exceção do coco-da-baía, em que a produção da AII representou 13,5% do total estadual, os demais produtos tiveram uma participação bastante modesta no total estadual. A Tabela 8.3.3.n, a seguir, mostra os efetivos dos rebanhos nos municípios, na AII e no Mato Grosso.

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AHE Colíder – 300 MW 184 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Tabela 8.3.3.n Efetivos dos rebanhos nos municípios, na AII e no Estado de Mato Grosso – 2006

Unidades Territoriais Bovino Eqüino Bubali

-no Asini-no Muar Suíno Caprin

o Ovino

Galos, frangas, frangos e

pintos

Galinhas

Colíder¹ 345.081 7.343 70 45 1.013 13.576 646 4021 73.865 87.120Nova Canaã do Norte 386.629 4.252 116 102 765 12.144 208 3292 46.817 43.620

Cláudia 43.062 993 - 20 68 7.243 178 633 12.289 11.804Itaúba 124.402 1.340 - 13 475 2.204 199 1248 6.560 43.462Sinop 58.365 1.185 - 21 76 25.264 267 2.393 197.279 41.529AII 957.539 15.113 186 201 2.397 60.431 1.498 11.587 336.810 227.535

Mato Grosso 26.064.332 312.219 20.543 4.589 72.945 1.439.626 43.493 349.383 17.451.063 5.515.154

% AII no MT 3,67 4,84 0,91 4,38 3,29 4,20 3,44 3,32 1,93 4,13Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal. Obs. 1 – apenas Colíder tem registro de codornas, nesse ano, com 747 cabeças. Embora a região tenha uma grande predominância de áreas ocupadas por pastagens (620,1 mil ha), representando 40,7% da área total dos estabelecimentos agropecuários (vide Tabela 8.3.3.j), a produção da pecuária regional representa um contingente cuja participação no Estado alcançou percentuais em torno de 3% a pouco menos de 5%, como valores máximos, para bovinos, eqüinos, asininos, muares, suínos, caprinos, ovinos e galinhas. Colíder e Nova Canaã do Norte tinham, nesse ano, os maiores efetivos em rebanho bovino, com 345 mil e 386,6 mil cabeças, num total de 856 mil cabeças. Os 05 municípios tinham um total de 957,54 mil cabeças de gado bovino, 60,4 mil cabeças de suínos e 564,34 mil cabeças de em galinhas, galos, frangas, frangos e pintos. A Tabela 8.3.3.o, por fim, permite avaliar a dimensão das atividades de extração vegetal nos municípios, na AII e no Mato Grosso, em 20.06, segundo dados do IBGE. Tabela 8.3.3.o Extração vegetal nos municípios, na AII e no Estado de Mato Grosso – 2006

Produtos Municípios Alimentícios

(ton.) Castanha-do-

Pará (ton.) Carvão vegetal

(ton.) Lenha (m3)

Madeira em tora (m3)

Colíder 0 0 0 32.345 1.470N. Canaã do Norte 0 0 19 11.725 6.391Cláudia 6 6 7.897 4.887 20.889Itaúba 12 12 29 6.360 77.101Sinop 1 1 7.487 53.021 11.542AII 19 19 15.432 108.338 117.393Mato Grosso 567 473 41.824 1.808.933 2.109.740Partic.AII (%) no MT 3,35 4,02 36,90 5,99 5,56Fonte: IBGE. Produção Extrativa Vegetal.

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AHE Colíder – 300 MW 185 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

A produção extrativa vegetal da AII registrou 04 produtos (castanha-do-pará, carvão vegetal, lenha e madeira em tora), dos quais apenas o carvão vegetal (principalmente nos municípios de Cláudia e Sinop), com 36,9% da produção estadual, tinha uma representação de destaque em relação ao Mato Grosso. A produção de lenha e de madeira em tora, da AII, representou, nesse ano, 6% e 5,6%, respectivamente, da produção estadual, destacando-se Sinop (com 53 mil m³), Colíder (32,34 mil m³) e Nova Canaã do Norte (11,7 mil m³), na produção de lenha, e Itaúba (77,1 mil m³), Cláudia (20,89 mil m³) e Sinop (11,5 mil m³), na produção de madeira em tora. 8.3.4 Finanças públicas O perfil das finanças municipais constitui uma dimensão significativa das economias locais, na medida em que mostra a estrutura de receitas e despesas em cada município e o grau de importância dos diferentes componentes, tanto das receitas quanto das despesas, completando a avaliação da dinâmica econômica dos municípios da AII. A estrutura das receitas possibilita visualizar a situação (e dependência) dos municípios quanto às transferências federais e/ou estaduais ou, por outro lado, a geração de receitas próprias, provindas de atividades econômicas e/ou da ocupação do solo urbano, bem como da sua eficiência fiscal. O perfil das despesas mostra o grau de comprometimento da administração quanto às principais categorias de despesas. A análise foi realizada com base nos dados constantes das bases de dados da Secretaria do Tesouro Nacional (Balanço Orçamentário Resumido, em Finbra – Finanças do Brasil, 2006), para o ano de 2006, organizados na Tabela 8.3.4.a , que mostra o perfil sintético das finanças dos 05 municípios nesse ano, tendo sido selecionados itens considerados mais expressivos, tanto das Receitas como das Despesas municipais. O montante global, obtido na Secretaria do Tesouro Nacional, das receitas totais geradas nesses 05 municípios em 2006 foi de 160,7 milhões de reais (em reais de 2006), dos quais 64,8% foram geradas em Sinop e 14,6%, em Colíder. Os demais municípios geraram 20,6% do total das receitas da AII nesse ano. A Receita Total é composta por Receitas Correntes (que incluem as Receitas Próprias e as Receitas por Transferência) e Receitas de Capital. As Receitas obtidas por Transferências, por sua vez, são compostas pelas Transferências Federais e Transferências Estaduais, na sua maior parte. As Receitas Correntes alcançaram uma alta participação nesses municípios, representando 99,6% em Cláudia (o município com menor Receita de Capital nesse ano), 94,55% em Sinop, 93,53% em Itaúba, 88,62% da Receita Total em Colíder e 84,7%, em Nova Canaã do Norte.

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AHE Colíder – 300 MW 186 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Tabela 8.3.4.a Perfil das Receitas e Despesas Municipais – 2006 Receitas Municipais Colíder Nova Canaã

do Norte Itaúba Cláudia Sinop

Principais Receitas Receita Total 23.419.999,27 13.078.920,00 7.626.215,06 12.437.558,11 104.158.552,00 1. Receitas Correntes 20.755.479,66 11.078.276,61 7.132.966,19 12.387.558,11 98.484.212,35 % da Receita Total 88,62 84,70 93,53 99,60 94,55 1.1 Receitas Próprias 4.359.200,62 1.488.841,86 742.834,32 1.629.023,74 29.806.733,86 % das Receitas Correntes 21,00 13,44 10,41 13,15 30,27 Receita Tributária 2.269.687,99 637.855,83 427.473,03 693.904,38 12.506.850,09 % das Receitas Correntes 10,94 5,76 5,99 5,60 12,70 IPTU 411.171,99 132.573,18 33.815,07 187.952,55 3.438.100,67 % das Receitas Correntes 1,98 1,20 0,47 1,52 3,49 ISSQN 760.137,55 208.954,91 114.479,56 122.790,68 4.995.911,97 % das Receitas Correntes 3,66 1,89 1,60 0,99 5,07 1.2 Transferências Correntes 16.396.279,04 9.589.434,75 6.390.131,87 10.758.534,37 68.677.478,49 % das Receitas Correntes 79,00 86,56 89,59 86,85 69,73 Transferências da União 7.725.260,23 4.653.498,19 3.423.674,12 4.966.276,37 22.066.340,27 FPM 5.703.813,54 3.300.690,74 2.635.554,24 3.514.072,37 13.175.283,36 % das Receitas Correntes 34,79 34,42 41,24 32,66 19,18 Transferências do Estado 5.814.730,64 2.585.771,40 2.174.466,86 3.613.117,78 32.549.017,97 ICMS 4.266.099,07 2.260.319,37 2.059.595,56 3.008.976,84 24.451.914,50 % das Receitas Correntes 26,02 23,57 32,23 27,97 35,60 2. Receitas de Capital 2.664.519,61 2.000.643,39 493.248,87 50.000,00 5.674.339,65 % da Receita Total 11,38 15,30 6,47 0,40 5,45 Operações de Crédito 122.125,50 0,00 0,00 0,00 0,00 Alienação de Bens Móveis 0,00 0,00 0,00 50.000,00 0,00 Rec. Transf. Capital 2.542.394,11 2.000.643,39 493.248,87 0,00 5.628.758,95 Transf. Capital - Convênios 2.542.394,11 595.000,00 493.248,87 0,00 5.628.758,95 Transferência de Capital Intergovernamental 0,00 1.405.643,39 0,00 0,00 0,00

Principais Despesas Despesas Totais 21413049,48 11618865,65 7034418,16 11.179.526,74 94.486.673,06 Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 3. Despesas Correntes 17385834,35 9409747,06 6255205,35 10.715.076,00 83.187.763,82 % Desp. Totais 81,19 80,99 88,92 95,85 88,04 3.1 Desp. Pessoal e Encargos Soc. 8761840,02 4642280,95 3417007,18 5.402.183,44 43.552.759,23 % Desp. Totais 40,92 39,95 48,58 48,32 46,09 % da Receita Corrente Líquida 46,7 46,6 43,6 44,7 48,6 4. Despesas de Capital 4027215,13 2209118,59 779212,81 464.450,74 11.298.909,24 % Desp. Totais 18,81 19,01 11,08 4,15 11,96 Investimentos 3861399,39 2209118,59 779212,81 402.605,53 10.379.468,20 % Desp. Totais 18,03 19,01 11,08 3,60 10,99 SUPERAVIT 508.551,53 624.273,77 1.296.892,64 1.258.031,37 3.988.843,95 Fonte: FINBRA. Balanço Orçamentário Resumido. A Receita Corrente Líquida (RCL) é um importante indicador relacionado às receitas municipais, pois permite elaborar diversos outros indicadores que podem caracterizar o grau de saúde financeira dos municípios, principalmente em relação aos limites representados pela Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n.101, de 4 de maio de 2000), dos quais um dos mais relevantes é o relativo à participação das despesas com pessoal em relação à Receita Corrente Líquida (RCL). É calculada subtraindo as receitas de contribuições sociais e as deduções da receita corrente da receita corrente.

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AHE Colíder – 300 MW 187 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

O outro indicador que mostra a adequação dos municípios à Lei de Responsabilidade Fiscal é o grau de endividamento, que juntamente com o gasto público com pessoal, tende a gerar déficits persistentes e novos endividamentos, criando situações criticas para as municipalidades, o que não ocorreu em 2006, com os municípios da AII, como se verá. As Receitas de Capital representaram 11,4% em Colíder, 15,3% em Nova Canaã do Norte, 6,5% em Itaúba, menos de 1% em Cláudia e 5,45% em Sinop, tendo, porém, neste município seu maior montante (de 5,63 milhões de reais). As Receitas de Capital estiveram, em 2006, relacionadas principalmente às Transferências de Capital e, essencialmente, pelas Transferências por Convênios, que representaram 95,4% das Receitas de Capital em Colíder, 29,7% das Receitas de Capital em Nova Canaã do Norte (sendo os 70,3% restantes oriundos de Transferência de Capital Intergovernamental, por sua vez vindos, na sua maior parte, do Estado e o restante, da União), 100% em Itaúba e 99,2% em Sinop. O município de Cláudia teve apenas 50 mil reais de Receita de Capital originada pela alienação de bens móveis e Colíder teve também, como Receita de Capital, 122 mil provenientes de operações de crédito. As Receitas Próprias tiveram uma participação de 30,27% em Sinop e 21% em Colíder, municípios com economias de maior porte, tendo os demais municípios variado entre 10,4% (Itaúba) e 13,44% (Nova Canaã do Norte). As Receitas Tributárias representaram 12,7% em Sinop e quase 11% em Colíder, variando entre 5,5% e 6% nos outros 03 municípios. Nesses municípios, as receitas de ISSQN foram de 760.137 reais em Colíder (3,66% das suas Receitas Correntes), de 208.955 reais em Nova Canaã do Norte (1,9% das suas Receitas Correntes), de 114.479 reais em Itaúba (1,6% das suas Receitas Correntes), de 122.790 reais em Cláudia (0,99% das Receitas Correntes) e de 4.995.912 reais em Sinop (3,66% das Receitas Correntes), em reais de 2006. Dentro destas Receitas obtidas por Transferências, merecem destaque o Fundo de Participação dos Municípios – FPM (entre as Transferências oriundas da União) e o ICMS (entre as Transferências oriundas do Estado). Em todos estes municípios, a sua capacidade de geração de receitas próprias esteve bastante baixa nesse ano, predominando no total das Receitas Correntes as Receitas de Transferências Correntes, que representaram 89,6% em Itaúba, 86,85% em Cláudia, 86,6% em Nova Canaã do Norte, e uma participação um pouco mais baixa em Colíder e Sinop, em que representaram 79% e 69,7%, respectivamente.

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AHE Colíder – 300 MW 188 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Entre as Receitas de Transferências Correntes, a maior participação foi das Transferências da União em 04 dos 05 municípios, e entre estas, a do Fundo de Participação dos Municípios, que alcançou 41,24% do total das Receitas Correntes em Itaúba, entre 34% e 35% em Colíder e Nova Canaã do Norte, 32,66% em Cláudia e a menor participação em Sinop, com apenas 19,2% do total das Receitas Correntes. Neste município, as Transferências Correntes do Estado (em que o maior destaque é do ICMS) tiveram uma participação de 35,6% nas suas Receitas Correntes, tendo sido de 24.451.914 reais. Itaúba teve também uma participação elevada das transferências relacionadas ao ICMS, que foi de 2.059.595 reais (32,23% do total das Receitas Correntes), vindo a seguir Cláudia, com 3.008.977 reais (quase 28%), Colíder, com 4.266.099 reais (26%) e, por último, Nova Canaã do Norte, com 2.260.319 reais (23,6%). Esses percentuais quanto à participação do ISSQN e do ICMS permitem visualizar a importância de cada uma dessas receitas no total municipal, participação que será ampliada no caso dos municípios em que o empreendimento se localiza. Esse perfil é completado com o quadro das Despesas Municipais, apresentado também na Tabela 8.3.4.a. O perfil das Despesas Municipais permite avaliar a participação das despesas de gastos governamentais com a manutenção das atividades municipais e seus serviços, em que têm grande participação as despesas com pessoal, e as despesas relacionadas a investimentos, dividindo-se, basicamente, em Despesas Correntes e Despesas de Capital (em que estão incluídos os investimentos), aspectos incluídos na discriminação das Despesas por Categoria. Pode-se, assim, comparar a condição dos municípios quanto à absorção de recursos para manutenção das funções de governo (Despesas Correntes), em comparação à sua capacidade de investimento (Despesas de Capital). No que diz respeito às Despesas Correntes, pode-se verificar que Cláudia teve quase 96% das suas despesas totais nesse ano destinadas à manutenção das atividades de governo, vindo a seguir Itaúba e Sinop, com 88,9% e 88%, respectivamente, das suas despesas totais compreendidas como despesas correntes, e com participações menores os municípios de Colíder e Nova Canaã do Norte, com 81,2% e 81%, respectivamente. As despesas com pessoal e encargos sociais tiveram participações entre 39,95% das despesas totais, em Nova Canaã do Norte (tendo Colíder posição mais próxima, com 40,9%), e em torno de 48,5 em Itaúba e Cláudia (com Sinop situando-se próximo, com 46,1%). O indicador relativo à participação das despesas com pessoal e encargos sociais em relação à Receita Corrente Líquida (RCL) foi calculado para os cinco municípios, obtendo-se percentuais de 43,6% em Itaúba (o município com menor participação), de 44,7% em Cláudia, de 46,6% em Nova Canaã do Norte, de 46,7% em Colíder e de 48,6% em Sinop.

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AHE Colíder – 300 MW 189 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

O limite para esse tipo de despesa é de 60% da Receita Corrente Líquida, para os municípios, devendo ser de até 54% para o Executivo Municipal e de até 6% para o Legislativo Municipal (Lei n. 101/2000), podendo-se verificar que todos os municípios situaram-se bem abaixo desse patamar em 2006, estando, portanto, bem confortáveis em relação à . As Despesas de Capital apresentaram patamar que pode ser considerado ainda bastante baixo, principalmente em Cláudia (de apenas 3,6% das Despesas Totais), mas mesmo em Sinop (10,99%) e Itaúba (11,08%), sendo mais elevadas em Colíder (18%) e em Nova Canaã do Norte (19%), nesse ano. 8.3.5 Infra-estrutura urbana física e social (níveis de atendimento) O atendimento da população quanto a serviços urbanos básicos, nos municípios integrantes da AII, é apresentado a seguir, sendo identificados, inicialmente, os aspectos relativos à infra-estrutura física (sistema viário e de transportes, saneamento, energia e comunicações) e, depois, à infra-estrutura social (saúde, educação e segurança pública). Além dos dados secundários disponíveis, foi realizado levantamento junto às Prefeituras Municipais, sendo apresentadas as informações obtidas, de modo a detalhar e/ou atualizar os dados das fontes secundárias utilizados para traçar aqui o perfil municipal quanto a esses aspectos. Sistema viário regional O sistema viário regional é constituído por algumas rodovias, na sua maioria, estaduais (praticamente todas ainda estando em leito natural ou apenas implantadas), sendo o principal eixo rodoviário constituído pela BR-163 - Cuiabá – Santarém. A rede viária, como parte da infra-estrutura física das condições regionais de logística, identificada a seguir (conforme o Mapa Rodoviário de Mato Grosso, do DNIT, 2004), permite estimar os municípios com maior ou menor grau de isolamento devido às dificuldades de acesso. A estrutura viária regional, onde se insere a AII, é constituída principalmente por uma rodovia federal e algumas estaduais (na sua maior parte, em leito natural, ou apenas implantadas, segundo o Mapa Rodoviário de Mato Grosso, do DNIT, 2002). As principais rodovias existentes na região são: • Rodovia federal BR-163 (Cuiabá - Santarém), é o eixo rodoviário principal da região, em

que estão situadas as cidades de Sinop, Itaúba, Nova Santa Helena, e outras, na direção norte, para o Estado do Pará;

• Rodovia estadual MT-320 – pavimentada no trecho entre a rodovia federal BR-163 e

Colíder, a partir de Nova Santa Helena, liga essas cidades a Alta Floresta, passando por Nova Canaã do Norte e Carlinda;

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AHE Colíder – 300 MW 190 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

• Rodovia estadual MT-220 – próxima a Sinop, liga a rodovia BR-163 a Porto dos Gaúchos

e outros centros urbanos, na direção oeste do Mato Grosso; • Rodovia estadual MT-423 - liga o município de Cláudia a Sinop, tendo uma extensão de

80 quilômetros até o entroncamento com a BR-163. Merece menção a presença da Ferronorte – Ferrovias Norte Brasil, prevista para se estender de Peixoto de Azevedo a Santarém (no Estado do Pará), que deverá desempenhar importante papel no transporte regional de cargas, tendo como objetivo estabelecer a ligação entre as regiões Norte/Centro-Oeste ao Sul/Sudeste e com portos de exportação, como Santos (SP) e Sepetiba (RJ). È uma concessão obtida em 1989, por 90 anos, para construir e operar um sistema ferroviário de carga de 05 mil quilômetros, ligando Cuiabá (MT), Uberlândia (MG), Uberaba (MG), Aparecida do Taboado (MS), Porto Velho (RO) e Santarém (PA) às malhas ferroviárias existentes no Triângulo Mineiro e São Paulo. A ligação com Porto Velho/RO (onde começa a navegação do Rio Madeira) e Santarém/PA (onde deverá integrar-se à navegação de longo curso pelo Rio Amazonas), bem como em Aparecida do Taboado/MS (onde vai se interligar com a hidrovia Tietê-Paraná, servindo de alternativa para se atingir os principais mercados do Sul do País) estenderá o transporte de cargas por todas essas regiões. A Tabela 8.3.5.a mostra os principais aspectos dos sistemas de transporte (principalmente rodoviário) municipais e intermunicipais existentes em 03 dos municípios da AII, identificando a sua ligação com outros centros urbanos na região. Essas informações foram obtidas em publicações e documentos fornecidos pelas Prefeituras Municipais no levantamento de campo (junho de 2008). Tabela 8.3.5.a Sistemas de transportes municipais e intermunicipais na AII – 2007

Sistema de Transporte Municipal Municípios Urbano Rural Transporte Intermunicipal

Colíder Não tem Transporte Escolar e linhas municipais para as comunidades rurais

As seguintes operadoras atuam em linhas para o Brasil inteiro: Integral, Real Norte, Satelite, Medianeira e Eucatur.

Itaúba Não tem Não tem. As seguintes operadoras atuam no município: Real Norte, Medianeira e Satelite.

Nova Canaã do Norte Não tem

Transporte Escolar atende 1200 alunos diariamente. Linhas de ônibus regulares para distritos de Colorado e Ouro Branco.

Alta Floresta Colíder Sinop Cuiaba

SP PR

Sinop Informações não fornecidas Fonte: Informações fornecidas pelas prefeituras municipais.

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AHE Colíder – 300 MW 191 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Como mostra a Tabela 8.3.5.a, nenhum dos 03 municípios que forneceram respostas tem transporte municipal urbano, pelo porte das suas cidades, mas dois deles (Colíder e Nova Canaã do Norte) têm transporte escolar e linhas municipais para as comunidades rurais. Os municípios têm transporte rodoviário intermunicipal, com acesso direto ou indireto a outros Estados do país. Saneamento A Tabela 8.3.5.b sintetiza as informações provenientes do Censo Demográfico 2000 (IBGE), apresentando o grau de atendimento dos domicílios particulares permanentes nos municípios da AII (abrangendo domicílios urbanos e rurais, mas com predominância desses serviços nos domicílios urbanos), quanto ao abastecimento de água, ao esgotamento sanitário (por sistemas de rede e de fossas sépticas, os dois sistemas de maior qualidade) e à coleta de lixo. As tabelas seguintes mostram aspectos qualitativos referentes ao saneamento ambiental, obtidos junto às Prefeituras Municipais dos municípios mais próximos ao empreendimento, complementando os dados secundários. Como se pode observar, o nível de atendimento por serviços de abastecimento de água por rede em 2000 em quase todos os municípios (com exceção de Cláudia, com 74,4% dos domicílios atendidos) era inferior ao estadual, em que 63,7% do total de domicílios particulares permanentes tinham esse atendimento. A participação dos domicílios com abastecimento de água por rede era superior a 50% em Colíder (53%) e Itaúba (58%), sendo de pouco menos de 30% em Nova Canaã do Norte e de apenas 20% em Sinop. A AII como um todo tinha nesse ano 34.817 domicílios particulares permanentes, tendo apenas 34,7% (12.079 domicílios) com esse atendimento. Tabela 8.3.5.b Atendimento dos domicílios particulares permanentes por serviços de saneamento básico – municípios, AII e Estados – 2000

Domicílios Particulares Permanentes

Abastecimento de água por rede

Esgotos sanitários por rede

Esgotos sanitários por fossa séptica

Lixo doméstico coletado por

serviço de limpeza Total

Nº % Nº % Nº % Nº % Colíder 7.666 4.070 53,09 12 0,16 116 1,51 5.038 65,72Nova Canaã do Norte 2.950 855 28,98 1 0,03 17 0,58 1.241 42,07

Cláudia 2.675 1.990 74,39 4 0,15 92 3,44 2.024 75,66Itaúba 2.152 1.249 58,04 4 0,19 20 0,93 1.254 58,27Sinop 19.374 3.915 20,21 45 0,23 1.170 6,04 15.163 78,26AII Total 34.817 12.079 34,69 66 0,19 1.415 4,06 24.720 71,00Estado de MT 645.905 411.233 63,67 101.149 15,66 91.103 14,10 462.989 71,68Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2000.

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AHE Colíder – 300 MW 192 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

O atendimento dos domicílios particulares permanentes por rede de esgotos sanitários, em 2000, era praticamente inexistente nos municípios da AII, como mostra a Tabela, mas mesmo no Estado de Mato Grosso, nesse ano, era muito baixo, com apenas 15,7% dos domicílios particulares permanentes atendidos. Mesmo a participação dos domicílios particulares permanentes com coleta e disposição de esgotos em fossas sépticas era quase inexistente nos municípios da AII nesse ano, abrangendo apenas 4,06% (1.415 domicílios) do total de 34.817 domicílios particulares permanentes. Também neste aspecto, a situação estadual era de muita carência, em 2000, com apenas 14% dos domicílios particulares permanentes com coleta e disposição de esgotos em fossas sépticas. Já a coleta de lixo doméstico tinha uma melhor cobertura na AII, embora ainda em níveis inferiores à média estadual (de 71,7% do total) em 03 dos 05 municípios, sendo Sinop (com 78,3%) e Cláudia (com 75,7%) os municípios com maior cobertura entre os da AII. O atendimento por esses serviços na AII tinha um ligeiramente inferior (71%)à média estadual, que era de 71,7%. As Tabelas 8.3.5.c, 8.3.5.d e 8.3.5.e apresentam informações obtidas no levantamento de campo, possibilitando um pouco mais de detalhamento a respeito dos sistemas de abastecimento de água e saneamento ambiental presentes nos municípios em que o empreendimento deve se situar. A Tabela 8.3.5.c mostra o tipo de captação de água para abastecimento realizado nesses municípios, bem como os organismos responsáveis. Como se pode observar, o abastecimento de água nos municípios da AII é realizado por autarquias municipais em Itaúba e Nova Canaã do Norte, e por empresa terceirizada em Colíder. Tabela 8.3.5.c Tipo das captações de água para abastecimento dos municípios que compõem a AII e concessionária que realiza o abastecimento

Município Concessionária Tipo (superficial ou subterrânea)/ Local da captação

Colíder Empresa terceirizada SANECOLIDER (captação, tratamento e distribuição) Superficial: rio Carapá.

Itaúba Departamento de Água e Esgoto de

Itaúba- DAE (captação e distribuição)

Subterrânea: 4 poços artesianos

Nova Canaã do Norte Departamento de Água e Esgotos de

Nova Canaã do Norte – DAE (captação, tratamento e distribuição)

Superficial: rio Bonito Distrito de Colorado tem captação em córrego

próximo, e captação em poços semiartesianos em PA Veraneio.

Cláudia Empresa Terceirizada Águas de Cláudia

Ltda (captação, tratamento e distribuição)

Subterrâneo: 5 poços tubulares profundos

Sinop SAE Serviço Municipal de Água e

Esgoto (captação, tratamento e distribuição)

Subterrânea: 13 poços de captação de água.

Fonte: Informações fornecidas pelas prefeituras municipais outras fontes.

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AHE Colíder – 300 MW 193 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

A captação de água para abastecimento em Colíder e Nova Canaã do Norte é realizada em rios (Carapá e Bonito, respectivamente), e em Itaúba, Cláudia e Sinop a captação é subterrânea, em 04 poços artesianos, 05 poços tubulares profundos e 13 poços de captação, respectivamente. Em Sinop, o atendimento quanto ao abastecimento de água é realizado pelo SAE, sendo contabilizados até 2008 25.183 ligações domiciliares de água, com 105,5 mil pessoas atendidas, contando o município com 01 reservatório com capacidade de 500 mil litros, 03 reservatórios de um milhão de litros cada um, 01 reservatório de 100 mil litros e 13 poços de captação de água (PREFEITURA MUNICIPAL DE SINOP/MT, 2008). Em Cláudia, os serviços públicos de abastecimento de água e esgotamento sanitário são prestados pela concessionária Águas de Cláudia LTDA, sociedade de propósito específico da qual faz parte a empresa Perenge Construções e Empreendimentos LTDA, vencedora da Concorrência Pública realizada em fevereiro de 2004, para concessão dos serviços de saneamento. A condição dos municípios em relação ao esgotamento sanitário é apresentada na Tabela 8.3.5.d. Tabela 8.3.4.d Coleta e tratamento de esgoto nos municípios que compõem a AII Município Rede de Esgoto Lançamento de esgoto in

natura ETE

Colíder Em construção. Indústrias lançam esgoto no rio Carapá a jusante do local

de tratamento. Em construção.

Itaúba Fossa Seca. Não há. Não possui. Nova Canaã do Norte

Não possui rede. Fossas secas. Não há. Não possui.

Cláudia Possui rede de esgoto em parte do

município. Sumidouros individuais.

Sem informação Sim.

Sinop Não possui sistema de esgoto. Sumidouros individuais. Sem informação Não possui.

Fonte: Informações fornecidas pelas prefeituras municipais e outras fontes. Existe Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) em Cláudia, com rede de esgotos em parte do município (apenas 5%), e em Colíder, a rede de coleta de esgotos e a estação de tratamento de esgotos estão em construção, devendo, quando concluídas, atender a toda a população urbana. Em Nova Canaã do Norte, Itaúba e Sinop prevalece o uso de fossas secas e sumidouros individuais, não existindo rede de coleta nem estações de tratamento de esgotos, mas não há lançamento in natura em cursos d’água, segundo informaram duas dessas três Prefeituras Municipais. A Tabela 8.3.5.e apresenta as informações prestadas pelas Prefeituras Municipais sobre a disposição de resíduos sólidos domésticos.

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AHE Colíder – 300 MW 194 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Tabela 8.3.5.e Infra-estrutura para disposição de resíduos sólidos nos municípios que compõem a AII Municípios Aterro Sanitário Aterro

Controlado Lixão

Colíder Em construção - sim Itaúba - - sim Nova Canaã do Norte - - sim Cláudia - - sim Sinop - sim - Fonte: Informações fornecidas pelas prefeituras municipais. Apenas Colíder tem um Aterro Sanitário em construção e Sinop, um Aterro Controlado, não tendo lixão. Os outros 04 municípios têm lixão. Em Colíder, a coleta de lixo é realizada pela Secretaria de Infra-Estrutura, a cada dois dias, abrangendo 100% da área urbana. Não há coleta de lixo nos distritos e, por enquanto, não há coleta seletiva de lixo, porém já existe projeto de construção de uma usina de segregação no local no novo aterro. O Aterro licenciado, ainda em construção, fica a 15 km da sede, próximo à comunidade de São Mateus. Hoje todo o lixo é despejado em um lixão a céu aberto, localizado a 4 km da sede, na bacia do rio Carapá. Em Nova Canaã do Norte a Prefeitura Municipal realiza a coleta de lixo em toda a área da sede, com a ajuda de tratores. Os distritos de Colorado e Ouro Branco e PA União Flor da Serra também têm coleta de lixo. O lixão atual está localizado a 2 km da sede. A área designada para o novo aterro está localizada ao sul da sede, próxima ao PA Veraneio. Em Itaúba, a coleta de lixo no município é terceirizada e realizada por um caminhão, não havendo coleta seletiva de lixo. Energia e comunicações A Figura 8.3.5.a ilustra esquematicamente os principais sistemas de geração e transmissão de energia elétrica existentes no estado de Mato Grosso.

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AHE Colíder – 300 MW 195 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Figura 8.3.5.a Sistemas de geração e transmissão de energia elétrica no Estado de Mato Grosso (Eletronorte)

Fonte: Eletronorte (http://www.eln.gov.br/opencms/opencms/pilares/transmissao/estados). A energia consumida no Estado de Mato Grosso é gerada no próprio estado por várias usinas hidrelétricas e termelétricas, e o excedente, exportado para o Sistema Interligado Nacional - SIN. Em ocasiões inversas, o estado recebe a energia gerada pelo sistema de Furnas (Subsistema Interligado Sudeste/Centro-Oeste). A Eletronorte implantou, em Mato Grosso, 2.534 quilômetros de linhas de transmissão, com capacidade de transportar até 400 MW nas tensões de 138 kV e 230 kV, além de nove subestações, com capacidade de transformação de 1.384 MVA, e do terceiro circuito da linha de transmissão Cuiabá-Rondonópolis, construída em parceria com a iniciativa privada. O sistema corta a região de sul a norte, desde o Alto Araguaia, Ribeirãozinho, Rondonópolis, passando por Cuiabá e Várzea Grande e chegando até os municípios de Sorriso, Nobres, Nova Mutum e Sinop e Jauru. A implantação dos sistemas de geração e transmissão de energia no Estado de Mato Grosso começou em 1980, com a construção da usina e subestação de Couto Magalhães, na cidade de Alto Araguaia. Até então, não havia geração de energia em Mato Grosso, e a única estrutura de transmissão existente era uma linha de 138 kV, de Rio Verde a Rondonópolis, e de Rondonópolis até a subestação de Barro Duro, da CEMAT, em Cuiabá, totalizando 480 km de extensão. Só havia fornecimento de energia elétrica por linha de transmissão para as cidades de Cuiabá, Rondonópolis, Jaciara, Cáceres, Pedra Preta e Nobres. E mesmo assim, a iluminação oscilava muito e ocorriam “apagões” freqüentes. No resto do estado, a energia era fornecida por geradores a diesel.

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Este quadro começou a mudar quando, no final da década de 1990, começaram a ser construídas novas usinas hidrelétricas e termelétricas e novas linhas de transmissão, que foram imprescindíveis para o desenvolvimento do agronegócio mato-grossense. As Centrais Elétricas Matogrossenses S/A (CEMAT), criada em outubro de 1958, é a concessionária responsável pela distribuição de energia energia elétrica aos 141 municípios do Mato Grosso, atendendo a uma população de 2,8 milhões distribuída numa área de concessão de 903.358 km2. Uma pequena parte é atendida por sistemas isolados (termelétricas). Posteriormente, a CEMAT foi adquirida pelo Grupo Rede Energia, que controla também as concessionárias CELPA (PA) e ENERSUL (MS), entre outras. A tarifa vigente para o consumidor residencial (B1) da CEMAT, para o período de 8 de abril de 2007 a 7 de abril de 2008, foi de R$ 0,32881/kWh. Outras informações quanto à oferta de energia elétrica nos municípios da AII foram prestadas por ocasião da pesquisa realizada junto às Prefeituras Municipais, em junho/2008, que são apresentadas a seguir. Colíder informou que é abastecido de energia elétrica através de Linha de Transmissão da CEMAT, assim como também Itaúba. Em Nova Canaã do Norte, o abastecimento em energia elétrica é realizado por Linha de Transmissão e SE da CEMAT, tendo 90% das áreas rurais atendidas, inclusive próximo ao local do empreendimento. Há dificuldade de atendimento próximo a Itapaiúna, onde prevalecem grandes propriedades (espaçamento grande). Sinop é integrada ao sistema nacional de energia elétrica, através do ‘LINHÃO’(torres de transmissão de energia), que parte de Cuiabá até a estação da ELETRONORTE localizada no bairro Alto da Glória. A energia elétrica é distribuída na cidade pela empresa CEMAT (Centrais Elétricas Matogrossenses S/A). Várias áreas rurais, como chácaras, sítios e fazendas já contam com energia elétrica que também é distribuída pela Cemat. Cláudia recebe energia elétrica por Linha de Transmissão da CEMAT (Centrais Elétricas Matogrossenses S/A). Comunicações Durante a pesquisa de campo, algumas das prefeituras forneceram também informações sobre a disponibilidade de meios de comunicação. Em Colíder, existe uma Rádio FM e uma AM, o município recebe transmissões de TV da Rede TV (tem emissora local), SBT, TV Record e Globo (regional de Cuiabá). A Telefonia é representada pelas operadoras VIVO e Claro, e o município recebe vários jornais semanais, quinzenais e mensais.

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AHE Colíder – 300 MW 197 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Em Nova Canaã do Norte, a telefonia celular é representada pela operadora VIVO; existe uma rádio FM comunitária; o município tem antena de TV da Rede Globo, Rede TV, SBT, Record e Bandeirantes (s/ necessidade de antena parabólica) e recebe um jornal regional de Colíder. Itaúba conta com telefonia fixa e celular e tem também retransmissão de sinal da Rede Globo, TV Record e SBT. Cláudia conta com pelos menos uma emissora de televisão (TV Capital), que é afiliada da Rede Record. Sinop conta com quatro emissoras locais de televisão: TV Regional –canal 02, afiliada SBT; TV Cidade – canal 04, afiliada Rede TV; TV Capital – canal 08, afiliada Rede Record e TV Centro América – canal 11, afiliada da TV Globo. No rádio, Sinop conta com quatro emissoras, também: Rádio Meridional FM, Rádio Hit’s 87,9 FM, Rádio Capital do Norte – AM e Rádio Celeste AM. Sinop, segundo publicação fornecida pela Prefeitura Municipal (PREFEITURA MUNICIPAL DE SINOP/MT, s/d), também tem acesso a linhas telefônicas fixas e de celular, contando o município com as operadoras de celular Claro, Vivo, Brasil Telecom e TIM. Saúde As condições gerais de atendimento à saúde podem ser verificadas por meio de alguns indicadores que permitem avaliar o perfil municipal (e na região como um todo) em relação à existência de recursos básicos para atendimento à saúde, e que são indicativos do grau de desenvolvimento e organização das políticas públicas vigentes nesse setor em cada região. As bases de dados do Sistema Único de Saúde - SUS forneceram as informações aqui apresentadas. As condições de atendimento à saúde nos municípios da AII estão organizadas segundo as normas do Sistema Único de Saúde - SUS, estabelecido para todo o país a partir da Constituição de 1988, tendo sido estruturado com base em diversas normas específicas. A Norma Operacional Básica – NOB/SUS 01/96 estipula que “... a totalidade das ações e de serviços de atenção à saúde, no âmbito do SUS, deve ser desenvolvida em um conjunto de estabelecimentos, organizados em rede regionalizada e hierarquizada e disciplinados segundo os sistemas municipais de saúde – voltados ao atendimento integral de sua própria população e inseridos de forma indissociável no SUS, em suas abrangências estadual e nacional.” (BRASIL, 1999) Os municípios da AII pertencem às Regionais de Saúde de Colíder e de Sinop, conforme mostra Tabela 8.3.5.f.

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AHE Colíder – 300 MW 198 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Tabela 8.3.5.f Regionais de saúde e municípios da AII – 2007

Regional de Saúde Municípios Colíder Itaúba Colíder

Nova Canaã do Norte Sinop Sinop

Cláudia Fonte: Datasus. Caderno de Informações de Saúde. A situação dos municípios, quanto aos recursos físicos básicos destinados à saúde em dezembro de 2008 pode ser avaliada segundo as Tabelas 8.3.5.g e 8.3.5.h, que organizam as informações disponíveis no Ministério da Saúde (Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil – CNES), mostrando as categorias de estabelecimentos de atendimento básico à saúde e sua diversidade, bem como o número de leitos de internação existentes nos municípios. Tabela 8.3.5.g Número de unidades por tipo de estabelecimento, nos municípios da AII - dez/2008

Tipo de unidade Colíder Nova

Canaã do Norte

Cláudia Itaúba Sinop Total AII

Centro de saúde unidade básica de saúde 4 3 5 3 20 35

Centro de atenção hemoterapia e ou hematologia 0 0 0 0 1 1

Centro de atenção psicossocial 1 0 0 0 1 2 Clinica especializada / ambulatório especializado 6 0 1 1 19 27

Consultório isolado 10 0 1 0 75 86 Policlínica 1 0 0 0 1 2 Hospital geral 3 1 1 1 4 10 Posto de saúde 12 2 0 0 1 15 Pronto socorro geral 0 0 0 0 1 1 Unidade de serviço de apoio de diagnose e terapia 4 1 1 0 11 17

Secretaria de saúde 0 1 1 0 1 3 Unidade móvel de nível pré-hosp. – urgência/emergência 0 0 0 0 1 1

Unidade móvel terrestre 1 0 0 0 1 2 Total 42 8 10 5 137 202 Fonte: Ministério da Saúde - Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil – CNES. Como pode ser observado, segundo os dados disponíveis no Ministério da Saúde, em dezembro de 2008 existiam 202 estabelecimentos de saúde nos municípios da AII, dos quais 137 em Sinop e 42 em Colíder, que são os dois pólos regionais de saúde, na AII.

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Estão registrados 10 Hospitais Gerais, sendo 04 em Sinop e 3 em Colíder, estando os outros um em cada um dos demais municípios. Sinop contava também com um pronto-socorro geral, um Centro de Atenção em Hemoterapia/Hematologia e uma Unidade Móvel de Nível Pré-hospitalar (urgência/emergência), e Sinop e Colíder contavam, cada um, com um Centro de Atenção Psicossocial, uma Políclínica e uma Unidade Móvel Terrestre. Há sedes de secretarias de saúde em Nova Canaã do Norte, Cláudia e Sinop, além de 17 unidades de serviços de apoio a diagnose e terapia em todos os municípios, com exceção de Itaúba. A região conta com 35 Centros de Saúde – UBS e 15 Postos de Saúde, além de 27 clínicas especializadas e 86 consultórios isolados. A Tabela 8.3.5.h mostra a quantidade de leitos hospitalares para internação existentes na AII, e a parcela destinada ao SUS, Tabela 8.3.5.h Número de leitos hospitalares de internação e os destinados ao SUS nos municípios da AII – dezembro 2008

Município Total de leitos Total SUS Colíder 115 78 Nova Canaã do Norte 27 21 Cláudia 23 14 Itaúba 16 16 Sinop 292 191 AII 473 320 Fonte: Ministério da Saúde - Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil – CNES. Recursos Físicos Hospitalares. Todos os municípios têm leitos para internação e leitos destinados ao SUS, somando 473 leitos, dos quais 67,65% eram destinados ao SUS. Os dois municípios com a maior participação, evidentemente, são Sinop e Colíder, pólos regionais de saúde. Sinop tem 292 leitos (representando 67,7% dos leitos na AII) dos quais 191 são destinados ao SUS (representando 59,7% do total da AII). Colíder tem 115 leitos, que são 24,3% do total regional, dos quais 78 são destinados ao SUS, numa participação de 24,4%. No levantamento de campo realizado em junho de 2008, as Prefeituras Municipais prestaram as seguintes informações sobre os recursos locais em saúde. Segundo a Prefeitura Municipal, Colíder tem 03 Hospitais Municipais, 01 Hospital Regional (65 leitos, 8 leitos de UTI e 5 leitos de neonatal), completamente equipado, com exceção de equipamento para tomografia, que está a caminho, 01 Centro Municipal de Saúde e conta também com vários postos de atendimento PSF nas áreas urbanas e rurais.

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Nova Canaã do Norte, conta com as seguintes unidades de atendimento, na Sede do município: um Hospital Particular (Bom Jesus), com 16 leitos ao total, 8 dos quais são conveniados com o SUS; 3 unidades de atendimento do Programa de Saúde da Família (PSF); 5 locais de atendimento; e um posto de saúde central (ginecologia). Os Distritos são equipados com várias unidades de PSF. Ademais o PA (projeto de assentamento) de Flor da Serra e de Veraneio também estão equipados com unidades de atendimento PSF. Como Nova Canaã não possui hospital municipal próprio, e o número de leitos conveniados com o hospital privado é reduzido, a grande maioria dos pacientes é transferida para o Hospital Regional de Colíder. O município contribui com uma taxa de administração. Itaúba está equipado com um hospital municipal (Fundação Hospitalar de Saúde), um Posto de Saúde da Família (PSF), um centro de saúde (SESP), um centro de reabilitação, centro odontológico e laboratório para análises clinicas. Sinop tem como destaques o Hospital e Maternidade Dois Pinheiros e o Hospital Santo Antonio, e em Cláudia, destaca-se o Hospital e Maternidade Dona Nilza. Educação As Tabelas 8.3.5.i e 8.3.5.j mostram a estrutura escolar básica existente nos municípios da AII, indicando o número de escolas e matrículas na educação básica por nível de ensino (educação infantil, fundamental e médio) e dependência administrativa (pública e privada), em 2006. Como observação inicial (Tabela 8.3.5.i), verifica-se a ausência de escolas privadas em pré-escola, no ensino fundamental e médio tanto em Nova Canaã do Norte como em Itaúba, somando, no total, 158 escolas, estando 28,48% em Colíder, 10,13% em Nova Canaã do Norte, 9,49% em Itaúba, 3,80% em Cláudia e 48,10% em Sinop. Tabela 8.3.5.i Estrutura de atendimento escolar nos municípios da AII - escolas, em 2006

Escolas Pré-escola Ensino Fundamental Ensino Médio

Pub. Pub. Municípios Pub. Mun.

Pub. Estad. Privada Total Pub.

Mun. Estad.Privada Total

Estad. Pub.

Munic. Privada Total

Colíder 7 0 4 11 15 8 4 27 5 0 2 7 Nova Canaã do Norte 5 0 0 5 7 1 0 8 3 0 0 3

Cláudia 6 0 1 7 4 1 1 6 1 0 1 2 Itaúba 1 0 0 1 3 1 0 4 1 0 0 1 Sinop 8 0 11 19 19 12 8 39 12 0 6 18 AII Total 27 0 16 43 48 23 13 84 22 0 9 31 Fonte: IBGE. Cidades.

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AHE Colíder – 300 MW 201 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Segundo os dados do IBGE (Cidades), das 158 escolas existentes na AII, a participação das unidades de ensino pré-escolar era de 27,22% do total, a participação das escolas de ensino fundamental era de 53,16% do total e das de ensino médio era de 19,62%, indicando a prevalência do ensino fundamental nos 05 municípios e um número relativamente grande de escolas no ensino pré-escolar, maior do que no ensino médio. Segundo o IBGE (Cidades), em 2005, foram identificadas 04 Instituições de Ensino Superior (IES) em Sinop, sendo todas privadas, e 02 em Colíder, sendo uma IES pública municipal e uma IES privada, neste município. A Tabela 8.3.5.j apresenta o número total de matrículas nos três níveis do ensino básico. A AII como um todo apresentou um total de 42.510 matrículas no ensino básico (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio), sendo 17,34% do total em Colíder, 6,94% em Nova Canaã do Norte, 6,96% em Itaúba, 3,31% em Cláudia e 65,45% em Sinop. Nesses 05 municípios, a participação de cada nível de ensino foi de 5,39% do total regional (2.292 matrículas) na educação infantil, 74,09% (31.497 matrículas) no ensino fundamental e 20,52% (8.721 matrículas) no ensino médio. Tabela 8.3.5.j Estrutura de atendimento escolar nos municípios da AII – matrículas, em 2006

Matrículas Pré-escola Ensino Fundamental Ensino Médio

Pub. Pub. Pub. Mun.

Pub. Estad

. Privada Total Pub. Mun. Estad. Privada Total Estad.

Pub. Munic. Privada Total

Colíder 485 0 66 551 2.274 2.079 273 5.256 1.471 0 92 1.563 Nova Canaã do Norte 140 0 0 140 1.693 568 0 2.261 549 0 0 549 Cláudia 242 0 27 269 1.510 725 97 2.332 333 0 26 359 Itaúba 153 0 0 153 751 319 0 1.070 186 0 0 186 Sinop 727 0 452 1.179 10.936 7.617 2.025 20.578 5.220 0 844 6.064 AII Total 1.747 0 545 2.292 17.164 11.308 2.395 31.497 7.759 0 962 8.721 Fonte: IBGE. Cidades. Segundo o IBGE (Cidades), em 2005 foram registradas também 2.944 matrículas nas Instituições de Ensino Superior (IES) de Sinop, e 464 matrículas em Colíder. Em Sinop, 1.476 matrículas estavam em Instituição de Ensino Superior (IES) pública estadual e 227, em Instituição de Ensino Superior (IES) pública federal, somando um total de 1703 matrículas no ensino superior público. O município tinha ainda 383 matrículas no ensino superior privado, totalizando 2.944 matriculas em 2005. Em Colíder, segundo a mesma fonte, 81 matrículas estavam em IES pública e 383 matrículas em IES privada.

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AHE Colíder – 300 MW 202 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

As informações prestadas pelas Prefeituras Municipais, durante o levantamento de campo realizado em junho de 2008, detalham um pouco mais a situação educacional nessa região. Sinop e Colíder podem ser considerados também como pólos regionais na área educacional. Em Sinop, publicação municipal (PREFEITURA MUNICIPAL DE SINOP/MT, 2008), aponta muitos cursos superiores instalados, tais como a UNEMAT, a UNIC, a UFMT, a FASIPE, a UNICEN, a FACENOP e CEPI/AED/CON, com quase 50 cursos de graduação e mais de 10 cursos de pós-graduação, alguns a distância. Na educação básica, o município possui 14 escolas particulares, 12 escolas estaduais, 19 escolas municipais e 12 creches municipais. Colíder informou que tem, na área do ensino fundamental e ensino médio, 09 Escolas Estaduais (03 na Zona Rural e 06 na Zona Urbana), 20 Escolas Municipais (13 na Zona Rural e 07 na Zona Urbana), 03 Escolas Particulares, 03 Creches Municipais, 03 Creches Particulares e 01 Escola Filantrópica – APAE “Escola Especial cantinho Feliz”. Na educação superior, o município conta com NEAD – Núcleo de Educação Aberta à Distância; Universidade Federal do Mato Grosso – UFMT; Universidade de Educação à Distância – EDUCON; Universidade do Estado do Mato Grosso – UNEMAT – campus universitário do Vale do Teles Pires; Sistema Educacional Integrado – SEI/SESUCOL; Universidade do Norte do Paraná – UNOPAR; Universidade de Cuiabá – UNIC; UNIFLOR; FASIP; e ICE/UNIFIC. Segundo o Diagnóstico Sócio-econômico Empresarial (2008), entregue pela Prefeitura, Colíder apresenta, entre suas prioridades de governo, a qualificação profissional, capacitação empresarial e serviços técnicos e tecnológicos, estando incluído no Programa “Indústria em Ação 2007” (lançado pelo Sistema FIEMT – Federação das Indústrias de Mato Grosso e Governo do Estado através da “SICME” – Secretaria de Estado de Indústria, Comércio, Minas e Energia), com o objetivo de fomentar a produtividade e competitividade das indústrias Matogrossense. Em Nova Canaã do Norte, a Prefeitura Municipal mencionou que o crescente número de alunos nas escolas do município é um dos maiores problemas sociais no momento, já que a infra-estrutura não é capaz de comportar o crescimento e a falta de verba e professores capacitados para incrementar o sistema de educação. Segundo a mesma, atualmente o sistema de ensino conta com 1.845 alunos matriculados, com sete escolas municipais, cinco das quais são consideradas pólos (escolas maiores) e duas são menores. A maior delas é a Escola Estadual Nova Canaã, com 1.120 alunos (há outras duas escolas estaduais nos distritos de Colorado e Ouro Branco). Além disso, os distritos de Colorado do Norte e Ouro Branco, assim como os projetos de assentamento de União Flor da Serra e Veraneio, e a Gleba Triângulo e a Gleba Sto. Antonio, também contam com escolas que atendem alunos desde a pré-escola até a 8ª série (algumas multi-seriadas). A sede municipal está equipada com uma creche, que atende crianças de 0 a 5 anos de idade (independentemente dos pais trabalharem ou não).

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AHE Colíder – 300 MW 203 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

Segundo a Prefeitura Municipal de Itaúba, na zona urbana o município tem uma creche que atende crianças de 0 a 3 anos de idade, uma pré-escola para crianças de 4 e 5 anos de idade e uma unidade de ensino fundamental. Na zona rural, o município possui duas escolas de ensino fundamental nas comunidades de Castanhal e Monte Verde, uma escola de ensino fundamental e médio (Papa João Paulo II) e uma escola especial da APAE. Foram mencionadas também duas instituições de ensino superior (UINTEP, EADCOM). E Cláudia possui 4 escolas municipais de ensino fundamental na qual 3 delas são rurais (E. M. Basílio Bastos do Santos, E. M. Catarina Canozo, e E. M. Iracema) e escola para crianças especiais (Escola Pestalozzi). Há alunos freqüentando os cursos superiores à distância, da Universidade Luterana Brasileira (Ulbra). Segurança pública Algumas informações sobre a infra-estrutura de segurança pública na região foram obtidas no levantamento de campo realizado em junho de 2008, quando algumas Prefeituras Municipais forneceram dados. Colíder informou que tem baixo índice de criminalidade e tampouco há conflito por posse de terras. O município tem Corpo de Bombeiros, Polícia Civil e Militar e Tiro de Guerra. Segundo informou a Prefeitura de Nova Canaã do Norte, o município não tem registro de criminalidade. Tem-se conhecimento de alguns casos, porém o município é considerado tranqüilo. Tampouco houve conflitos agrários e disputas por terra. Duas fazendas do município foram autuadas por trabalho escravo no passado porque os trabalhadores estavam acampados em local inadequado. E Itaúba informou sobre a ocorrência de eventos criminais, que indicam a média anual de criminalidade, que foram: 03 Homicídios; 03 Lesões corporais; 12 Furtos; 02 Conflitos agrários; 06 Tentativas de homicídio; e 04 Crimes sexuais. Esta é uma dimensão da realidade social em que existem poucos dados secundários sistematizados e disponíveis para todos os municípios brasileiros, sendo disponíveis, eventualmente, apenas dados e informações dos organismos de segurança pública, nem sempre padronizados. A incidência de criminalidade ou práticas violentas nos municípios da AII foi avaliada com base no estudo “Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros – 2008” (RITLA – Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana, 2008), que apresenta alguns indicadores que permitem avaliar a sua concentração nos municípios brasileiros, abrangendo dados de 2002 até 2006. Publicação anterior (Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, fev/2007), com dados até 2004, mostra um ranking dos Estados e dos Municípios, com base em óbitos por algumas causas externas.

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Este estudo procurou caracterizar os 556 municípios, no universo nacional (10% dos municípios brasileiros), com maior incidência de práticas violentas que resultaram em óbitos. Para produção dos indicadores incluídos nessa publicação, foram utilizadas as taxas médias dos óbitos nos últimos três anos disponíveis (2004, 2005 e 2006) para os municípios com mais de 3.000 habitantes e, para os municípios de menor porte (com menos de 3.000 habitantes), foram utilizados os dados de 2002 a 2006. Para poder comparar municípios de portes diferentes, foram calculadas taxas anuais em 100.000 pessoas. Em estudo publicado anteriormente (Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, fev/2007, da Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura – OEI), quanto às taxas médias de homicídios em relação à população total, o Estado do Mato Grosso estava em 15º lugar no ranking brasileiro em 1994, passando para 7º lugar em 2004, com uma taxa de 32,1 homicídios por 100 mil habitantes neste ano. Em 2006, 36,9% dos municípios do Mato Grosso (52 municípios) estavam incluídos naqueles 556 municípios com maiores taxas de homicídios, tendo representado 74,9% dos homicídios no Estado. A Tabela 8.3.5.k mostra a evolução de cada município da AII quanto ao número de homicídios, de 2002 a 2006, e para este último ano, a taxa média de óbitos por 100 mil habitantes, com base na sua população total estimada para 2006. Tabela 8.3.5.k Número de homicídios nos municípios e na AII – 2002 a 2006

Número de Homicídios Pop. Total

Taxa média1 Municípios

2002 2003 2004 2005 2006 2006 Colíder 4 6 7 3 8 30.243 20,1Nova Canaã do Norte 2 3 3 1 4 12.210 22,6Cláudia 3 2 0 0 2 11.006 6,1Itaúba 0 2 3 0 2 5.281 27,8Sinop 29 16 24 25 20 101.484 23,8Total AII 38 29 37 29 36 160.224 Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros. RITLA, 2008. Nota ¹ - Taxa de homicídios por 100 mil habitantes. Como mostra a Tabela 8.3.5.k, com dados do “Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros – 2008” (RITLA, 2008), os municípios da AII tiveram 38 homicídios em 2002, oscilando entre 29 (em 2003 e 2005) e 37 (em 2004) e 36 homicídios (em 2006), estando a maior parte sempre em Sinop (em que variou de 29 homicídios em 2002 a 20 em 2006) e depois, em Colíder, em que cresceu de 4 em 2002 a 8 homicídios em 2006, que são os municípios mais populosos. Em 2006, com população total estimada na AII de 160.224 pessoas, foram calculadas como taxas médias, para efeito de comparação com outras localidades, 20,1 homicídios por 100 mil habitantes em Colíder, 22,6 homicídios por 100 mil habitantes em Nova Canaã do Norte, 27,8 homicídios por 100 mil habitantes em Itaúba, 6,1 homicídios por 100 mil habitantes em Cláudia e 23,8 homicídios por 100 mil habitantes em Sinop.

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AHE Colíder – 300 MW 205 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

O segundo indicador estabelecido foi a Taxa Média de Homicídios em relação à População Jovem, considerando aqui a população na faixa entre 15 e 24 anos de idade, faixa de idade que abrange “... o processo de preparação para os indivíduos assumirem o papel de adulto na sociedade, tanto no plano familiar quanto no profissional...”, segundo a metodologia adotada nesse estudo, com base nas definições da Organização Pan-Americana da Saúde-OPS e da Organização Mundial da Saúde-OMS. No Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros (fev/2007), o Estado do Mato Grosso estava em 23º lugar no ranking brasileiro em 1994, passando para 13º lugar em 2004, com uma taxa de 44,7 homicídios por 100 mil jovens, neste ano. A Tabela 8.3.5.l mostra a evolução de cada município da AII quanto ao número de homicídios na população jovem, no período entre 2002 e 2006, e para este último ano, a taxa média de óbitos por 100 mil jovens, com base na sua população total estimada para 2006. Tabela 8.3.5.l Número de homicídios na população jovem, nos municípios e AII – 2002 a 2006

Homicídios sobre a População Jovem Total Pop.

Jovem Taxa

Média¹ Municípios 2002 2003 2004 2005 2006 2006

Colíder 1 3 1 0 0 5.882 5,8Nova Canaã do Norte 0 0 0 1 0 2.318 14,9Cláudia 0 0 0 0 1 2.244 14,9Itaúba 0 0 0 0 0 1.123 0,0Sinop 13 4 5 10 13 20.803 46,3Total AII 14 7 6 11 14 32.370 Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros. RITLA, 2008. Nota ¹ - Taxa de homicídios por 100 mil jovens. Pode-se observar, por esta Tabela, que os 04 municípios de menor porte populacional têm pouca incidência neste tipo de violência, pois o número de homicídios vitimando a população jovem nas três localidades é muito baixo em Colíder (com 05 homicídios distribuídos de 2002 a 2004 e nenhum nos dois anos seguintes), menor ainda em Nova Canaã do Norte e Cláudia (apenas um homicídio em um dos anos e nenhum nos outros anos) e inexistente em Itaúba, nesse período. Mas Sinop apresentou um número mais elevado, com 13 homicídios de jovens em 2002 e em 2006, oscilando entre 4 e 10 homicídios entre esses anos, o que resultou numa taxa média de 46,3 homicídios 100 mil jovens em 2006. A população jovem desses 03 municípios representava, segundo a estimativa utilizada no estudo, 19,53% do total populacional da AII em 2006. Outro indicador elaborado na publicação foi a Taxa Média de Óbitos por Acidentes de Transporte. Segundo o Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros (fev/2007), o Estado do Mato Grosso situou-se em 20º lugar no ranking brasileiro em 1994, passando para 2º lugar em 2004, com uma taxa de 35,0 óbitos por 100 mil habitantes neste ano.

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AHE Colíder – 300 MW 206 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

A Tabela 8.3.5.m mostra a evolução de cada município da AII quanto ao número de Óbitos por Acidentes de Transporte, no período entre 2002 e 2006, e para este último ano, a taxa média de óbitos por 100 mil habitantes, com base na sua população total estimada para 2006. Inicialmente, deve-se esclarecer que este indicador inclui quaisquer óbitos por acidentes de transporte, podendo ser atropelamentos, choques de veículos (que podem ser de carros, camionetes, ônibus, veículo de transporte pesado ou de tração animal), podendo ser ainda acidentes marítimos, fluviais ou aéreos. Tabela 8.3.5.m Número de óbitos em acidentes de transporte, nos municípios e AII – 2002 a 2006

Óbitos em acidentes de transporte Pop. Total

Taxa média¹ Municípios

2002 2003 2004 2005 2006 2006 Colíder 4 10 11 7 8 30.243 29,1Nova Canaã do Norte 1 4 1 2 1 12.210 11,4Cláudia 0 1 0 1 1 11.006 6,0Itaúba 3 1 0 1 4 5.281 30,9Sinop 23 10 29 20 24 101.484 25,1Total AII 31 26 41 31 38 160.224 Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros. RITLA, 2008. Nota ¹ - Taxa de óbitos por 100 mil habitantes. Outro aspecto importante é que os valores, neste tipo de óbitos por causas externas, são dos maiores observados, mostrando-se de modo geral superiores aos homicídios, nesta região, como pode ser observado, na Tabela, para os municípios de Colíder, Itaúba e Sinop. Este último município foi o que apresentou o maior número de óbitos em acidentes de transporte, com 10 óbitos em 2003, mas oscilando entre 20 e 29 óbitos nos demais anos, embora Itaúba tenha apresentado a maior taxa em 2006 (30,9 óbitos em acidentes de transporte). A taxa média de Colíder foi de 29,1 óbitos por 100 mil habitantes, causados por acidentes de transporte. As exceções foram as registradas em Nova Canaã do Norte, que teve uma taxa média em 2006 de 11,4 óbitos por 100 mil habitantes por acidentes de transporte, em comparação à sua taxa média de homicídios, de 22,6 óbitos por 100 mil habitantes, ou em Cláudia, em que a taxa média de óbitos por homicídios foi ligeiramente superior à de óbitos em acidentes de transporte. Por fim, a Tabela 8.3.5.n mostra o número de mortes por armas de fogo ocorridas nos municípios da AII entre 2002 e 2006.

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Tabela 8.3.5.n Número de óbitos por armas de fogo, nos municípios e AII – 2002 a 2006

Óbitos por armas de fogo Pop. Total

Taxa média¹ Municípios

2002 2003 2004 2005 2006 2006 Colíder 1 2 0 2 4 30.243 6,6Nova Canaã do Norte 1 2 2 1 2 12.210 14,2Cláudia 2 2 0 0 3 11.006 9,1Itaúba 0 2 1 0 0 5.281 5,1Sinop 20 9 12 11 10 101.484 11,4Total AII 24 17 15 14 19 160.224 Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros. RITLA, 2008. Nota ¹ - Taxa de óbitos por 100 mil habitantes. Em quatro dos cinco municípios, os óbitos por armas de fogo tiveram dois anos com maior número, no período, que foram 2003 e 2006, tendo o maior número sido registrado em Colíder em quase todos os anos, com exceção de 2004, em que Nova Canaã do Norte teve 2 óbitos e Colíder não registrou nenhum. Em Sinop, ao contrário, a evolução teve um padrão diferente, tendo tido um grande número de óbitos por armas de fogo em 2002 (20 óbitos), reduzindo-se, então, nos anos seguintes, para uma faixa em torno de 10 óbitos. As taxas médias por 100 mil habitantes em 2006 na AII podem ser consideradas baixas, sendo a maior a de Nova Canaã do Norte (14,2 óbitos por 100 mil habitantes), vindo depois Sinop (11,4 óbitos por 100 mil habitantes), Cláudia (9,1 óbitos por 100 mil habitantes), Colíder (6,6 óbitos por 100 mil habitantes), e então Itaúba (5,1 óbitos por 100 mil habitantes). 8.3.6 Saúde Pública O perfil da saúde pública da AII pode ser analisado com base nos dados de morbidade hospitalar por grupos de doenças, segundo a Classificação Internacional de Doenças CID-10, de modo a verificar a incidência de doenças infecciosas ou demais grupos aí incluídos, que afetam a saúde da população nos municípios estudados. As doenças são classificadas pelo Ministério da Saúde em Capítulos, de acordo com essa Classificação, sendo os Capítulos e a denominação do grupo de doenças correspondente a cada um apresentados a seguir:

I Algumas doenças infecciosas e parasitárias II Neoplasias [tumores] III Doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos e alguns transtornos imunitários IV Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas V Transtornos mentais e comportamentais VI Doenças do sistema nervoso

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AHE Colíder – 300 MW 208 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Volume II

VII Doenças do olho e anexos VIII Doenças do ouvido e da apófise mastóide IX Doenças do aparelho circulatório X Doenças do aparelho respiratório XI Doenças do aparelho digestivo XII Doenças da pele e do tecido subcutâneo XIII Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo XIV Doenças do aparelho geniturinário XV Gravidez, parto e puerpério XVI Algumas afecções originadas no período perinatal XVII Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas XVIII Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte XIX Lesões, envenenamentos e algumas outras conseqüências de causas externas XX Causas externas de morbidade e de mortalidade XXI Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde

A Tabela 8.3.6.a mostra os dados relativos à morbidade hospitalar, conforme a agregação de doenças estabelecida pelo CID-10, com base nos dados do Datasus para 2007. Esta Tabela inclui também o percentual de internações de cada município, em relação ao total populacional (segundo a Contagem da População 2007), de modo a caracterizar o grau de utilização dos recursos planejados para o município, segundo normas do SUS. Ressalta-se que os dados se referem aos municípios onde residem as pessoas internadas, e não aos hospitais onde elas se internaram Tabela 8.3.6.a Morbidade Hospitalar / SUS na AII, por local de residência e Capítulo CID-10 – 2007

Municípios Capítulos CID-10

Colíder Itaúba Nova Canaã do Norte Cláudia Sinop

AII

Cap 01 - Algumas Doenças Infecciosas e Parasitárias 294 81 134 12 572 1.093Cap 02 - Neoplasias 46 18 38 13 322 437Cap 03 - Doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos e alguns transtornos imunitários 16 6 4 4 42 72

Cap 04 - Doenças endócrinas e metabólicas 53 19 37 11 143 263Cap 05 - Transtornos mentais e comportamentais 5 2 2 1 11 21Cap 06 - Doenças do sistema nervoso 15 1 8 2 41 67Cap 07 - Doenças do olho e anexos 4 3 10 17Cap 08 - Doenças do ouvido e da apófise mastóide 1 2 1 10 14Cap 09 - Doenças do Aparelho Circulatório 164 28 98 90 340 720Cap 10 - Doenças do Aparelho Respiratório 367 95 266 442 898 2.068Cap 11 - Doenças do Aparelho Digestivo 168 22 73 41 655 959Cap 12 - Doenças da pele e do tecido subcutâneo 41 6 5 4 144 200Cap 13 - Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo 54 15 8 22 148 247

Cap 14 - Doenças do Aparelho Geniturinário 182 37 58 54 518 849Cap 15 - Gravidez, Parto e Puerpério 351 58 125 89 1.943 2.566Cap 16 - Algumas afecções originadas no período perinatal 27 5 3 1 219 255

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Municípios Capítulos CID-10 Colíder Itaúba Nova Canaã

do Norte Cláudia Sinop AII

Cap 17 - Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas 5 3 3 56 67

Cap 18 - Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte

32 4 6 1 120 163

Cap 19 - Lesões, Envenenamentos e Algumas Outras Conseqüências de Causas Externas 168 42 52 52 598 912

Cap 21 - Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde 16 1 8 15 144 184

Total de internações 2.009 440 930 861 6.936 11.176% internação da população total 6,55 9,51 7,35 8,07 6,56 6,80_População total 2007 30.695 4.625 12.652 10.670 105.762 164.404Fonte: Datasus. Informações sobre Saúde. IBGE. Contagem da População 2007. Capítulo com maior número de internações nos municípios e AII.

Como se pode observar, o Capítulo 10 - Doenças do Aparelho Respiratório foi o que teve o maior número de internações em quase todos os municípios da AII, com 2068 internações, representando 18,5% do total das 11.176 internações da região. O destaque negativo aqui foi o município de Cláudia, em que 51,34% do total das internações nesse ano estiveram nesse grupo. Sinop, a exceção apontada acima, teve o maior número de internações associadas ao Capítulo 15 – Gravidez, Parto e Puerpério, com 17,4% do total de internações do município, sendo este também o grupo com maior número de internações na AII, com pouco menos de 23% do total de 11.176 internações em 2007. Esse grupo teve também número significativo de internações em Colíder (351, do total de 2.009) e em Nova Canaã do Norte (125, das 930 internações verificadas). Foi também, no Mato Grosso, o grupo com maior número de internações, representando 22,09% do total estadual nesse ano. As doenças do Capítulo 01 – Algumas Doenças Infecciosas e Parasitárias, tiveram também participação expressiva nessa região, sendo o 3° maior número em Colíder (294), e o segundo maior número em Itaúba (com 81 internações), em Nova Canaã do Norte (com 134 internações), e o 4° lugar em Sinop (com 572 internações), estando, porém em 3° lugar na AII como um todo, com 1.093 das 11.176 internações aí verificadas em 2007. Este grupo representou nesse ano 9,8% do total da AII. Por fim, merece destaque o Capítulo 19 – Lesões, Envenenamentos e Algumas Outras Conseqüências de Causas Externas, que teve grande número de internações em Colíder e Sinop, representando uma participação de 8,2% no total da AII. Na Portaria MS/GM Nº 1101, de 12 de junho de 2002, que estabelece os parâmetros de cobertura assistencial no âmbito do Sistema Único de Saúde “... estima-se que de 7 a 9% da população terá necessidade de internações hospitalares durante o ano, em determinada região.”

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Comparando-se o número de internações hospitalares à população total de 2007 para esses municípios, verifica-se que as internações representaram percentuais que variaram de 6,55% da população total em Colíder a 9,5% da população total em Itaúba. Dois dos municípios (Colíder e Sinop) tiveram menos de 7% e os demais variaram entre 7,35%, em Nova Canaã do Norte, a 9,5%, em Itaúba. Todos os municípios e a AII apresentaram percentuais superiores ao de Mato Grosso, que foi de 6,38% da população total, mas com exceção de Itaúba (9,5%), que ficou um pouco acima do patamar superior previsto pela Portaria MS/GM Nº 1101/2002, todos os demais, e a AII, situaram-se dentro da faixa prevista ou abaixo dela, depreendendo-se que o grau de morbidade dos 05 municípios está dentro dessa estimativa de recursos físicos. As Prefeituras Municipais de Itaúba e Nova Canaã do Norte apontaram alguns problemas de saúde nos seus territórios. Os principais problemas de saúde apontados em Itaúba foram doenças infecciosas e parasitárias (dengue, estreptococcia, malária). Em Nova Canaã do Norte, as principais doenças apontadas foram diarréia, dengue e leishmaniose. Foi informado também que, durante a época de seca, aumenta significativamente o número de casos de doenças respiratórias. O município não é afetado pela malária e febre amarela. 8.3.7 Problemas municipais A Tabela 8.3.7.a mostra, para os municípios da AII, as informações fornecidas sobre os principais problemas sociais e ambientais existentes, segundo o levantamento realizado junto às Prefeituras Municipais. As informações foram complementadas com dados obtidos em pesquisa do IBGE (Perfil dos Municípios Brasileiros – 2008) de modo a configurar um quadro das principais questões O primeiro aspecto a ser destacado é que duas das três Prefeituras Municipais apontaram, entre os principais problemas nos seus municípios, principalmente os de caráter sócio-econômico, mas Nova Canaã do Norte incluiu, entre estes, dois problemas que se relacionam às precariedades dos sistemas municipais de saneamento: carências em coleta e tratamento de esgotos e veículos adequados para coleta de lixo. Outros problemas apontados relacionam-se principalmente à falta de emprego e geração de renda (Itaúba e Nova Canaã do Norte), além de pouca diversificação de geração de emprego e renda, que se concentram principalmente no setor da pecuária (Colíder), e dificuldades de acesso e carências na qualificação da mão de obra (Nova Canaã do Norte).

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Tabela 8.3.7.a Principais problemas municipais e ambientais nos municípios da AII - junho de 2008

Municípios Principais problemas do município Principais problemas ambientais

Colíder Renda concentrada no setor pecuário.

Áreas degradadas e passíveis a erosão devido a prática de garimpo; Buracos deixados pela prática do garimpo; Desmatamento; Contaminação de cursos d´água por resíduos industriais.

Itaúba Desemprego. Assoreamento do Córrego Gasperin.

Nova Canaã do Norte

Falta de rede de coleta de esgoto e de sistema de tratamento; Falta de asfaltamento; Uso de veículo inadequado para a coleta de lixo; Falta de mão de obra qualificada; Alto índice de desemprego.

Desmatamento de áreas adjacentes a mananciais e APPs; Assoreamento de rios; Erosão devido à prática de garimpo.

Fonte: Informações fornecidas pelas prefeituras municipais. IBGE. Perfil dos Municípios Brasileiros 2008. Em relação aos principais problemas ambientais, os problemas apontados foram o desmatamento, incidência de erosão e áreas degradadas devidos ao garimpo (Colíder e Nova Canaã do Norte), assoreamento de cursos d’água (Itaúba e Nova Canaã do Norte) e contaminação de cursos d’água por resíduos industriais (dois frigoríficos, um laticínio e um curtume, em Colíder). 8.3.8 Sociedade civil Nas entrevistas realizadas nos municípios que compõem a AII, foram solicitadas informações a respeito das entidades representativas da sociedade civil (associações, sindicatos e cooperativas) existentes e que tivessem representatividade local. As Tabelas 8.3.8.a e 8.3.8.b apresentam o conjunto dessas informações. Tabela 8.3.8.a Entidades da sociedade civil atuantes nos municípios que compõem a AII

Município Entidades da Sociedade Civil

Colíder

Sindicato Patronal; Sindicato dos Trabalhadores Rurais; Associação de Indústria e Comercio Associações de Bairros SINTEP – Associação dos Trabalhadores do Ensino Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e do Adolescente Conselho do Idoso Conselho do Negro 03 Cooperativas (trabalho, criação de avestruz, agrícola)

Itaúba

Associação Moradores do Bairro Cidade Alta; Associação de Pequenos Produtores Rurais (ASPRI); Associação Nova Jerusalém; Rotary Club; Lion Club.

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Tabela 8.3.8.a Entidades da sociedade civil atuantes nos municípios que compõem a AII

Município Entidades da Sociedade Civil

Nova Canaã do Norte

Sindicato dos Trabalhadores Rurais; Sindicato Rural; Sindicato dos Servidores Municipais; Movimento das Mulheres Campesinas (MMC); Associação dos Produtores de Leite; Associação dos Pequenos Agricultores; Associação dos Produtores de Farinha; Associação dos Produtores de Café.

Cláudia

Associação dos Madeireiros de Cláudia; Associação Comunitária Rádio FM Cláudia; Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Construção Civil; Sindicato Rural; Câmara de Dirigentes Lojistas de Cláudia.;

Sinop

SINDUSMAD Sindicado da Indústria Madeireira do Norte de Mato Grosso Sindicato dos Funcionários Públicos; CDL Câmara dos Dirigentes Lojistas; ACIS Associação Comercial de Sinop; Conselho do Juizado de Pequenas Causas; Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Fonte: Informações fornecidas pelas prefeituras municipais. A Tabela 8.3.8.a mostra o conjunto de entidades encontradas nos 05 municípios, ressaltando-se o predomínio quase absoluto das organizações ligadas às atividades agropecuárias em Nova Canaã do Norte, tendo como exceção apenas o Sindicato dos Servidores Municipais. Nos demais municípios, apesar da presença de entidades relacionadas às atividades primárias/rurais, há também um número apreciável de entidades ligadas a atividades e assuntos urbanos, tais como o Sindicato Patronal, a Associação de Indústria e Comercio, a SINTEP – Associação dos Trabalhadores do Ensino, o Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e do Adolescente, o Conselho do Idoso e o Conselho do Negro, em Colíder; o Sindicato dos Funcionários Públicos, a Câmara dos Dirigentes Lojistas – CDL, a Associação Comercial de Sinop – ACIS, o Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e do Adolescente e o Conselho do Juizado de Pequenas Causas, em Sinop; a Associação Moradores do Bairro Cidade Alta, o Rotary Club e o Lions Club, em Itaúba; a Associação Comunitária Rádio FM de Cláudia, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil e a Câmara de Dirigentes Lojistas de Cláudia. A Tabela 8.3.8.b mostra as Organizações Não-Governamentais que atuam na região.

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Tabela 8.3.8.b Relação de ONGs com atuação nos municípios que compõem a AII Município ONGs

Colíder Atuação de ONGs de Alta Floresta (Instituto Centro e Vida, Instituto Floresta e Instituto Ouro Verde).

Itaúba Não possui.

Nova Canaã do Norte Atuação de ONGs de Alta Floresta (Instituto Centro e Vida, Instituto Floresta e Instituto Ouro Verde).

Cláudia Grupo Agroflorestal e de Proteção Ambiental (GAPA) Sinop Associação Ecológica da Amazônia

Fonte: Informações fornecidas pelas prefeituras municipais. Como pode ser visto nessa Tabela, Itaúba não possui entidades desse tipo, nem foi mencionada a atuação de ONGs de outros municípios, mas tanto em Colíder como em Nova Canaã do Norte, foram apontadas 03 entidades de Alta Floresta, que atuam nesses municípios da AII. Além disso, em Cláudia atua o Grupo Agroflorestal e de Proteção Ambiental (GAPA) e em Sinop, a Associação Ecológica da Amazônia. 8.3.9 Estrutura institucional para gestão ambiental De acordo com as determinações da Constituição Federal, os municípios dispõem de competência legal para proceder à gestão ambiental de seus territórios, autorizando intervenções de impacto local e sendo ouvidos no processo de licenciamento de empreendimentos de impacto regional, licenciados em esfera estadual ou federal. Para poderem participar do processo de licenciamento ambiental, os municípios deverão estar organizados de acordo com as exigências da Política Nacional de Meio Ambiente e ter seu órgão consultivo e deliberativo cadastrado no SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente), ou seja, ter um Conselho Municipal de Meio Ambiente ou órgão correspondente. Os municípios deverão ter Secretaria de Meio Ambiente ou, caso contrário, poderão definir um outro órgão, também cadastrado no SISNAMA, para tratar das questões ambientais. Para o empreendimento em questão, foram obtidas, junto às autoridades dos municípios abrangidos pela AII, informações atualizadas quanto à estrutura institucional municipal dedicada à Gestão Ambiental. Estas informações estão descritas na Tabela 8.3.9.a.

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Tabela 8.3.9.a Estrutura institucional municipal para gestão ambiental Município Conselho Municipal de Meio Ambiente

ou órgão correspondente Secretaria de Meio Ambiente ou órgão correspondente

Colíder Não possui Secretaria de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente

Itaúba Não possui Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMRS)

Nova Canaã do Norte Sim Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente Cláudia Não possui Secretaria de Meio Ambiente e Turismo Sinop Sim. Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente Fonte: Informações fornecidas pelas prefeituras municipais. IBGE. MUNIC, 2008. Como pode ser observado pelas informações prestadas pelas Prefeituras Municipais, apenas Nova Canaã do Norte e Sinop contam com Conselho Municipal de Meio Ambiente. Colíder, Itaúba e Cláudia não têm Conselho Municipal de Meio Ambiente, mas Itaúba tem algumas funções exercidas pelo Conselho Municipal de Defesa Civil. Sinop conta também com um Conselho do Desenvolvimento Rural Sustentável para o desenvolvimento de ações na área rural. Nos 05 municípios, os assuntos ambientais estão inseridos em Secretarias de Agricultura (Colíder e Nova Canaã do Norte) ou são tratadas no Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (caso de Itaúba). Em Colíder, o órgão é a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente, em Nova Canaã do Norte, quem trata das questões ambientais é a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente e em Sinop, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente. 8.3.10 Patrimônio arqueológico, histórico e cultural Os estudo relativos ao patrimônio histórico-cultural de âmbito regional e local são consolidados no relatório apresentado no Anexo 15, desenvolvido pela Documento Arqueologia e Antropologia. Além de levantamentos de campo, foram efetuadas entrevistas e amplo levantamento bibliográfico. Conforme demonstrado no estudo, nos municípios da AII há a realização de um conjunto de festividades e práticas que caracterizam o patrimônio imaterial. Destaca-se os seguintes eventos ou festividades: Itaúba - Festa da igreja da Sama - Festa da igreja Cruzeiro do Sul - Festa do Rodeio Nova Canaã do Norte: - Cavalgada até União das Fazendas (peregrinação)

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- Festa do Costelão - Festa do Laço Comprido - Festival da Pesca - Festa do Padroeiro - Folia de Reis - Festa Junina Colíder: - Festa do Padroeiro - Semana Farroupilha - Exposição Agropecuária - Festa do Carneiro - Festa do Arroz - Carnaval de Praça - Festa de São Sebastião - Missa Crioula - Missa do Caminhoneiro - Folia de Reis (não muito expressiva na região) Foi levantada também a existência de coleções arqueológicas particulares. Foram registradas 4 coleções no município de Itaúba. A maioria das peças observadas são machados de pedra polida com tamanhos variados, encontradas durante pescarias ou por garimpeiros que atuavam ou ainda atuam na região. Também como parte do patrimônio material identificado destaca-se a prática do artesanato em palha de tucum/tucumã, cipós e sementes, que servem a produção de cestarias, bolsas, chapéus e outros objetos. Os produtos artesanais produzidos são normalmente comercializados nas margens da BR-163, no município de Itaúba. Sob o aspecto do patrimônio paisagístico, as áreas junto ao rio Teles Pires e suas praias são os principais elementos. Destaca-se em Itaúba e Nova Canaã do Norte as áreas conhecidas como Balneário Barro Preto, às margens do rio Renato, em Itaúba, e as praias às margens do rio Teles Pires (durante a época de seca) em Nova Canaã do Norte.