construindo um sonho -...

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INTERNATIONAL BIOCENTRIC FOUNDATION ESCOLA DE FORMAÇÃO DE FACILITADORES ROLANDO TORO DE PELOTAS CONSTRUINDO UM SONHO IZAURA FAVERO Porto Alegre janeiro/2007

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INTERNATIONAL BIOCENTRIC FOUNDATION

ESCOLA DE FORMAÇÃO DE FACILITADORESROLANDO TORO DE PELOTAS

CONSTRUINDO UM SONHO

IZAURA FAVERO

Porto Alegrejaneiro/2007

IZAURA FAVERO

CONSTRUINDO UM SONHO

Monografia de conclusão do Curso deFormação de Facilitadores da Biodanzaapresentada à Escola de Facilitadores deBiodanza Rolando Toro de Pelotas-RS.

Orientadora: Myrthes Gonzalez

Porto Alegrejaneiro/2007

AGRADECIMENTOS

- Meu profundo agradecimento Myrthes Gonzalez, diretora da Escola de

Pelotas, que durante toda formação mostrou-me outros caminhos para trilhar,

buscando meu crescimento pessoal e ser hoje uma pessoa mais plena e mais feliz.

Também quero agradecê-la por ter-me orientado nesta Monografia. Sua acolhida,

suas sugestões e sua confiança me ajudaram a dar o melhor de mim neste trabalho.

- A todos os colegas da Escola, pelo acolhimento, afeto e aprendizado que

compartilhamos durante os anos de formação e extensivo aos colegas da Frater e

da Rinaci, pela amizade e companheirismo que construímos juntos.

- Agradecimento especial a Lílian, Jorge, Rute, Nara, Maira, pela generosidade

que demonstraram me ajudando com seus depoimentos e fornecendo informações,

documentos, arquivos, fotos da Rinaci, sem os quais não poderia realizar este

trabalho.

- A todos que de uma forma ou de outra ajudaram a construir a Rinaci, com sua

dedicação amorosa aos Projetos Sociais.

Um sonho que se sonha sóé só um sonho.

Mas sonho que se sonha juntoé realidade.

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ......................................................................................................71 O CONTEXTO HISTÓRICO.....................................................................................81.1 O FÓRUM SOCIAL MUNDIAL ....................................................................................112 A BIODANZA.........................................................................................................132.1 O CRIADOR DA BIODANZA .......................................................................................132.2 O QUE É A BIODANZA..............................................................................................132.3 BIODANZA E AÇÃO SOCIAL ......................................................................................152.3.1 A inserção social com Biodanza de alunos em formação pela EFFBRT-Pelotas..................................................................................................................................162.3.2 Nossa participação no Forumzinho ..................................................................203 RINACI: UM SONHO SONHADO JUNTO TORNA-SE REALIDADE ...................273.1 A RINACI .............................................................................................................283.2 ESTRUTURAÇÃO DOS ASPECTOS LEGAIS E DE GESTÃO DA RINACI.............................293.3 PROJETOS DESENVOLVIDOS PELA RINACI ENTRE 2004 E 2005 ................................332.4 CAPACITAÇÕES EM 2004 ........................................................................................393.5 PARTICIPAÇÕES NO EVENTO ABRINDO O CORAÇÃO NESTE VERÃO .............................403.6 PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO DE FACILITADORES NA ÁREA DE BIODANZA E AÇÃO SOCIALEM 2005 .....................................................................................................................413.7 PARTICIPAÇÃO NO EVENTO O CHAMADO DO BEIJA-FLOR ...........................................454 ENCONTROS DE AÇÃO SOCIAL EM BIODANZA ..............................................474.1 BIODANZA E AÇÃO SOCIAL ......................................................................................474.2 PRESSUPOSTOS BÁSICOS .......................................................................................474.3 TEMA CENTRAL: RESGATE DA IDENTIDADE EM SENTIDO AMPLO E PROFUNDO .............484.4 DESAFIO DO FACILITADOR .......................................................................................484.5 BIODANZA NA INSTITUIÇÃO SOCIAL ..........................................................................484.6 AÇÃO SOCIAL ........................................................................................................494.7 O I ENCONTRO DE AÇÃO SOCIAL E BIODANZA ..........................................................495 PARTICIPAÇÃO EM CURSOS .............................................................................516 APRESENTAÇÃO DOS PROJETOS DA RINACI.................................................537 VISITAS .................................................................................................................548 PARTICIPAÇÃO NO V FÓRUM SOCIAL MUNDIAL-2005 ...................................569 PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO DE FACILITADORES EM 2006......................669.1 GRUPOS DE ESTUDOS ............................................................................................66

9.2 OS ENCONTROS ....................................................................................................679.3 SEMINÁRIOS DE EDUCAÇÃO BIOCÊNTRICA E AÇÃO SOCIAL ........................................6810 PROJETOS DESENVOLVIDOS PELA RINACI EM 2006 ...................................7011 PERSPECTIVAS PARA 2007..............................................................................72CONCLUSÃO ...........................................................................................................80REFERÊNCIAS.........................................................................................................82

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APRESENTAÇÃO

A proposta desta monografia nasceu em uma reunião de avaliação da

participação dos alunos da Escola de Biodanza Rolando Toro de Pelotas e

integrantes da ONG RINACI, na quinta edição do Fórum Social Mundial (FSM) em

2005. Na ocasião tive a oportunidade de ler para o grupo um texto que havia escrito

logo após o encerramento do Fórum do qual saí muito mobilizada.

O Grupo gostou do texto e Myrthes, diretora da Escola, sugeriu que realizasse

meu trabalho de conclusão da Escola sobre o FSM. Fiquei feliz com a possibilidade

de escrever sobre este evento, que em minha opinião é o mais importante da

atualidade para todos os que como nós da Biodanza, queremos um construir um

mundo melhor.

Minha primeira intenção era me deter sobre a quinta edição do Fórum, na qual

participamos de forma bastante organizada com 12 Oficinas de Biodanza, um stand

com camisetas e materiais de divulgação da RINACI e da FRATER, que envolveu a

participação de um grande número de pessoas, quer trabalhando como facilitadores

ou dando suporte para estes. Porém, no decorrer do trabalho, me dei conta que, no

período de 2001 a 2005 quando aconteceu o FSM em Porto Alegre,

simultaneamente aconteceu a história da construção da Rede de Integração e

Cidadania (RINACI). Desta forma, esta monografia representa o resgate da história

da Rinaci-Rede de Integração e Cidadania. Este resgate passa pelos primeiros

trabalhos em Ação Social desenvolvidos pelos alunos da Escola de Formação de

Facilitadores Rolando Toro de Pelotas, pela participação com oficinas de biodanza

nas diversas edições do Fórum Social Mundial e do Forumzinho, onde nasceu o

sonho de criar uma ONG, até a concretização desse sonho. Desde a criação da

RINACI em 2004, a mesma está desenvolvendo os Projetos Sociais e outras

atividades administrativas, organizativas e de Ação Social envolvendo uma equipe

de aproximadamente 30 pessoas. É uma história de muitos desafios, de trabalho em

equipe, solidariedade e de muita aprendizagem.

É meu desejo que este trabalho contribua para recuperar essa caminhada e

que não se percam as motivações que nos fizeram sonhar.

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1 O CONTEXTO HISTÓRICO

Vivemos numa época marcada por profundas desigualdades sociais, pela

indiferença, pela violência contra os seres humanos e a natureza em todas as suas

formas de vida. Essa realidade mostra sua face mais cruel a partir do fenômeno da

globalização que começou a processar-se nas últimas décadas do século passado,

sob o comando dos grandes países capitalistas do mundo, aliados com as grandes

empresas e instituições financeiras internacionais. Deste processo nasceu o

capitalismo global cujas características são o predomínio dos interesses financeiros,

a desregulamentação dos mercados, as privatizações das empresas estatais e o

abandono do bem-estar social, intensificando a exclusão social com o aumento do

número de pobres e desempregados. Os governos tornam-se cada vez menos

capazes de controlar a política econômica nacional que fica à mercê das

especulações financeiras das grandes empresas multinacionais. O objetivo final é a

acumulação de capital a qualquer custo se sobrepondo aos direitos humanos, à

democracia, à proteção ambiental e a qualquer outro valor. Estas grandes empresas

e instituições criaram uma grande rede de comunicação, de produção e

comercialização que atende seus interesses auxiliados pelas novas tecnologias da

informática que lhes permite o acesso a todas as informações e operações

simultaneamente, controlando dessa forma o mercado mundial.

Essa nova ordem econômica foi exaltada pela imprensa, porta-voz dos

interesses capitalistas, como uma forma que beneficiaria a todas as nações e cujos

benefícios chegariam até as pessoas mais pobres. No entanto, o que vimos é

exatamente o contrário, essa nova ordem criou conseqüências terríveis, todas

ligadas entre si, como a desintegração social, o fim da democracia, a deterioração

rápida do meio ambiente, o surgimento de novas doenças e o agravamento da

pobreza. O que aconteceu foi a concentração ainda maior da riqueza e a

globalização da pobreza.

Essa dominação econômica vem acompanhada e sustentada pela manipulação

da subjetividade coletiva, que é fabricada, modelada pelo sistema capitalista em

escala internacional. Através dos meios de comunicação e suas instituições, o

sistema apela para a emoção das pessoas para criar um convencimento ideológico a

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favor dos interesses dos poderosos. Eles criam valores, necessidades,

comportamentos e formas de percepção do mundo com o objetivo de manter o

controle social. Estimulam o desejo, mas o que oferecem como possibilidade de

prazer são objetos de consumo provisórios e descartáveis aos quais poucos têm

acesso.

[...] o capitalismo global fez aumentar a pobreza e a desigualdade social nãosó através da transformação das relações entre o capital e o trabalho, mastambém por meio do processo de exclusão social que é uma conseqüênciadireta da estrutura em rede da nova economia (CAPRA, 2002, p. 155).

Para fazer frente a essa nova realidade econômica e social e contrapor outros

valores a esse processo de globalização, a sociedade civil de todo o mundo passou

a repensar sua organização e ao lado das organizações já existentes, como

sindicatos, associações, cooperativas, movimentos, igrejas, partidos políticos,

grêmios estudantis, surgiram milhares de outras organizações não governamentais

(ONGs)1. Com o alcance global da internet, essas organizações da sociedade civil,

hoje também chamadas de Terceiro Setor, também se organizam em redes2

1 ONGs: São entidades às quais as pessoas se vinculam por identificação pessoal com a causa queelas promovem. Expressa genericamente, o conjunto de organizações da sociedade civil sem finslucrativos, em grande medida com trabalho voluntário e, dependentes financeiramente, na maioriadas vezes de doações privadas e/ou estatais.Tem como função pública direcionada a promoção dobem-estar social.2 Quando pessoas ou entidades se associam para realizar determinado objetivo, elas precisam seorganizar. A estrutura de organização vem sendo, no entanto cada vez mais experimentada: aestrutura horizontal em rede. Uma estrutura em rede corresponde também ao que seu próprio nomeindica: seus integrantes se ligam horizontalmente a todos os demais, diretamente ou através dos queos cercam. O conjunto resultante é como uma malha de múltiplos fios, que pode se espalharindefinidamente para todos os lados, as redes encontram seu apoio na observação das estruturas danatureza, em geral horizontais. Na biologia se constata, por exemplo, que as bactérias se multiplicamem rede. Na estrutura organizacional em rede todos têm o mesmo poder de decisão, porque decidemsomente sobre sua própria ação e não sobre a dos outros. Não há dirigentes nem dirigidos, ou os quemandam mais e os que mandam menos. E todos têm o mesmo nível de responsabilidade que setransforma em co-responsabilidade – na realização dos objetivos da rede. Redes e informática. Pode-se dizer que as redes são estruturas que foram se tornando cada vez mais possíveis com o progressotecnológico: do correio e telégrafo ao avião, ao rádio, ao telefone, ao fax e aos meios de comunicaçãode massa, o mundo se transformou numa imensa rede com cada vez menos barreiras à livrecirculação de informações. As atuais possibilidades oferecidas pela informática – na rapidez dacomunicação e na estocagem da informação – podem dar uma extrema eficácia a redes constituídascom objetivos específicos, assim como lhes assegurar efetivamente plena liberdade de circulação deinformações. As redes funcionam melhor se entre seus membros se aprofunda a colaboração, asolidariedade, a ajuda mútua, a transparência e a co-responsabilidade.A própria noção de gratuidadee desinteresse pessoal, essencial para o desenvolvimento da solidariedade, ganha uma dimensão

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trocando informações, criando redes de comunicação e organização que

transcendem as fronteiras nacionais, construindo solidariamente alternativas que se

contrapõem aos valores do capitalismo global.

Em todos os países, a população excluída manifesta sua resistência através de

movimentos de protesto, de reivindicação, defendendo valores como a dignidade

humana, a paz entre os povos, a sustentabilidade ecológica. E, sobretudo

inventando novas formas de vida, e de organização, que embora em escala

micropolítica sejam importantes porque se constituem em novos territórios de vida,

de pulsação de desejos se automodelando, criando seus próprios referenciais,

criando uma nova consciência de mudar o mundo, de circular, de codificar as coisas

de outro modo. Essas novas formas de vida, segundo Guattari (2005), são

revoluções moleculares que produzem uma nova sensibilidade, uma subjetividade,

uma singularização existencial que coincida com um desejo, um gosto de viver, uma

vontade de construir uma sociedade com os nossos valores. A articulação em rede

social mais realista: ela pode ser entendida numa perspectiva de reciprocidade aberta, na troca deinformações feita através da rede. As redes se contrapõem portanto à cultura do "guardar para si" edo "levar vantagem", ao permitir que, pela colocação em comum do que cada um dispõe, todosganhem.A interligação em rede, de pessoas e/ou entidades, se estabelece a partir da identificação deobjetivos comuns e/ou complementares cuja realização melhor se assegurará com a formação darede. Esses objetivos podem ser:a circulação de informações, base comum do funcionamento de todoe qualquer tipo de rede; a formação de seus membros; a criação de laços de solidariedade entre osmembros; a realização de ações em conjunto. Numa organização em rede só pode haver participaçãolivre e consciente de seus membros. Se não existir esse tipo de participação, a rede não se consolidanem se mantém: tende a "lacear" e, pouco a pouco, a se desfazer. Ao contrário, se uma rede for"assumida" por um número crescente de seus membros, que coloquem a serviço da realização dosseus objetivos sua capacidade de iniciativa e de ação, ela se adensa e se fortalece cada vez mais.Uma rede não se move porque uma voz de comando a mobilizou: ela se move quando todos e cadaum de seus membros começam, por decisão própria, a se mover. Uma rede é como um corpo: todosos seus membros a fazem funcionar, todos são a rede, nas suas ligações uns com os outros. Para seconstituir uma rede formal, o primeiro passo será identificar claramente seu objetivo: o que visam osque assim querem se organizar. Se este objetivo for minimamente vital para estes participantes, e sópuder ser alcançado pela sua organização e participação, as condições básicas começam a serpreenchidas.Em uma rede todos são iguais, todos têm iniciativa, todos são sujeitos de sua ação e co-responsáveis pela ação da rede, todos guardam sua liberdade. Mas pode haver uma distribuição defunções. Ora, a circulação de informações – a livre intercomunicação – é o elo básico das redes,como vimos. Mas ela não acontecerá de forma espontânea e desorganizada: ainda que necessária evital, os integrantes de uma rede tem que saber a quem enviar informações e como as enviar, assimcomo a quem pedir informações e como pedi-las. Uma rede está sempre aberta à entrada de novosmembros que aceitem as regras de intercomunicação estabelecidas, ainda que as mesmas possam edevam ser revistas à medida que a rede vá realizando seus objetivos ou definindo novos objetivos.Disponível em <http://www.rits.org.br/redes_teste/rd_estrutalternativa.cfm>. Acesso em setembro2006.

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desses desejos, dessa nova subjetividade, produziu esse fenômeno de mobilização

mundial que foi o FSM.

A Biodanza faz parte deste grande movimento, feito por homens e mulheres de

todas as idades, de todas as etnias, de todos os credos, que em todos os

continentes de forma organizada ou não, anseiam e trabalham para construir um

novo paradigma de sociedade que tenha como base relações não individualistas,

discriminatórias e agressivas, mas de solidariedade, respeito e cuidado com a vida.

Nas palavras de Rolando Toro (1982, p. 93):

[...] repartição mais justa da riqueza, que libertará a humanidade da miséria,só será possível, quando milhares de pessoas tenham adquirido umaprofunda sensibilidade social e humana. Não basta libertar o homem damiséria social e econômica, é necessário liberta-lo de sua miséria afetiva. ABiodanza desenvolve nas pessoas a capacidade afetiva, indispensável parao desenvolvimento comunitário.

Pode-se entender o surgimento da Biodanza como uma expressão dos

movimentos holísticos, ecológicos, de luta pelos direitos humanos, que das mais

variadas formas estão promovendo um salto evolutivo no ser humano.

1.1 O Fórum Social Mundial

O Fórum Social Mundial é um espaço aberto de encontro para o

aprofundamento da reflexão e debate democrático de idéias, formulação de

propostas, troca de experiências e articulação para ações eficazes, de rede,

entidades e movimentos da sociedade civil que se contrapõem às políticas

neoliberais e estão empenhadas na construção de uma sociedade planetária

centrada no ser humano.

O FSM é realizado todos os anos, a partir de 2001, simultaneamente ao Fórum

Econômico Mundial, que ocorre em Davos, Suíça, sempre no final de janeiro. Esse

Fórum Econômico tem cumprido, desde 1971, papel estratégico na formulação do

pensamento dos que promovem e defendem as políticas neoliberais em todo o

mundo. Sua base organizacional é uma fundação suíça que funciona como

consultora da ONU e é financiada por mais de mil empresas multinacionais.

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O FSM se propõe a facilitar a articulação, de forma descentralizada em rede,

de entidades e movimentos engajados em ações concretas, no nível local e

internacional, pela construção de outro mundo possível implementando um novo

sistema de valores universais e a criação de uma consciência de que o serviço à

humanidade é o propósito da vida. O FSM se caracteriza pela pluralidade e pela

diversidade, tendo um caráter não confessional, não governamental e não partidário.

Nesse movimento de mudança, de transformação, de busca de outro mundo

possível pautado em parâmetros de valorização da vida, de mais igualdade, justiça,

de mais amor entre os seres humanos, a Biodanza tem uma grande contribuição a

dar.

Fundamentada no Princípio Biocêntrico e numa rica metodologia, a Biodanza

tem contribuído na construção de relações de respeito às diferenças, no

fortalecimento de identidades pessoais e coletivas, na percepção do cuidado

fraterno, na busca da alegria de viver. Por essas razões ela não poderia estar

ausente deste acontecimento tão rico, tão representativo das diversidades culturais

do nosso planeta que é o Fórum Social Mundial, para onde convergem todos os que

sonham e constroem um mundo melhor.

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2 A BIODANZA

2.1 O criador da Biodanza

Foi Rolando Toro é o criador da Biodanza. Psicólogo, antropólogo nasceu no

Chile em 1924. Trouxe a Biodanza para o Brasil em 1977.

O Sistema Biodanza é um movimento mundial. Hoje está presente em vários

países da América, Europa, Ásia e África coordenadas pela Internacional Biocentric

Foundation, com sede no Chile, sob a orientação do seu idealizador Rolando Toro

Arañeda.

2.2 O que é a Biodanza

A Biodanza tem sua inspiração nas origens mais primitivas da dança. É uma

proposta para resgatar o sentido de integração e união originais e fornecer recursos

contra a solidão e fragmentação do homem contemporâneo. O prefixo “Bio” é

derivado do termo grego “Bios”, que significa vida, e a palavra dança, segundo a

concepção francesa, vem de movimentos seqüenciais plenos de emoção e

significado, que incluem gestos e expressão. Biodanza é, “metaforicamente, a Dança

da Vida”.

A Biodanza é um sistema de integração humana, de renovação orgânica, de

reeducação afetiva e de reaprendizagem das funções originais da vida. A sua

metodologia consiste em induzir vivências integradoras por meio da música, do

canto, do movimento e de situações de encontro em grupo (TORO, 2002, p. 33).

Significa o restabelecimento da unidade perdida entre percepção, motricidade,

afetividade e funções viscerais. Renovação orgânica é o restabelecimento da

harmonia homeostática e reaprendizagem das funções originárias da vida como uma

retro alimentação do comportamento e do estilo de vida com seus instintos básicos

de conservação.

Ainda segundo Rolando Toro, a Biodanza é mais que uma ciência, é a poética

do encontro humano. É uma nova sensibilidade perante a vida. Vai além da

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integração motriz e afetivo-motora, ela trabalha especificamente a integração com os

semelhantes na ação grupal favorecendo a criação de vínculos sinceros. Os

participantes desenvolvem a empatia, solidariedade, a capacidade de abrir sua vida

para outras pessoas num leque cada vez maior integrando as diferenças entre as

pessoas tornando sua vida mais rica compartilhando e ao mesmo tempo respeitando

a identidade de cada um.

Biodanza não é praticável individualmente; ela resulta eficaz dentro de umgrupo efetivamente integrado, que oferece possibilidades diversificadas decomunicação e proporciona um “continente protetor” a cada um dosparticipantes durante a realização das vivências (TORO, 2002, p.33).

A eficácia da Biodanza está na integração entre a música, o movimento e a

vivência. Em um conjunto organizado, em que cada um dos elementos é inseparável

da totalidade.

O conceito de vivência pode ser definido como um instante vivido. Esta

definição se refere a uma temporalidade aqui-agora. É uma força real que

compromete o ser inteiro.

Dançar a vida é descobrir um caminho que ultrapassa crenças e ideologias; é

buscar soluções que se pautem pela via do afeto, do saber cuidar de si mesmo, do

outro e do planeta, do recriar o nosso dia-a-dia, compartilhando e respeitando as

diferenças norteadas pelos vínculos estabelecidos.

A Biodanza tem como base fundamental o Princípio Biocêntrico que concebe o

universo como um sistema vivo e a vida como justificativa e razão de tudo o que

existe.

Rolando Toro apresenta o Princípio Biocêntrico como o novo paradigma das

ciências do futuro, estabelecendo um novo modo de olhar e conceber o universo

como um sistema organizado em função da vida. Toda a vida é sagrada e precisa

ser protegida, cuidada, amada. Quem está conectado com este princípio repensam

todos os aspectos de sua vida, desde as posições políticas, se colocando contra a

exploração, a injustiça, a discriminação e exclusão social e a favor de todos os

movimentos que defendem a vida e a paz no planeta.

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A imagem do ser humano proposta pela Educação Biocêntrica é a do “Ser

Humano Relacional”, o ser humano ecológico, o ser humano cósmico. A matéria da

Educação Biocêntrica é a vida. Ela responde à necessidade urgente da nossa

cultura em recuperar o sentimento de “Sacralidade da Vida” e o gozo de viver. O

desenvolvimento da afetividade, da percepção ampliada e da expansão da

consciência ética deve ter prioridade absoluta. Utiliza como mediação a Biodanza -

Sistema Rolando Toro, através do qual se expressam os potenciais genéticos.

Viver segundo o Principio da Vida é cultivar sentimentos de vínculo profundo

como o ser humano e todas as demais formas de vida do planeta. É contribuir com

uma sociedade melhor, mais justa e amorosa.

O Princípio Biocêntrico é revolucionário, ele subverte os valores do

individualismo, opressão, injustiça e exclusão social porque ele se fundamenta no

respeito pela vida, pelo prazer de viver, pelo altruísmo e fraternidade.

O Principio Biocêntrico pressupõe uma postura dialógica que é ao mesmo

tempo uma atitude de humildade frente a todo o planeta, pois não somos donos de

nada, não podemos nos atribuir o domínio sobre qualquer ser vivo, somos seres

diferentes e complementares de um grande sistema vivo. Por outro lado, supõe uma

atitude de abertura, de diálogo, de escuta, de troca, de aprendizado permanente e

de estar contribuindo com o que temos de melhor em cada um de nós.

2.3 Biodanza e Ação Social

A dimensão sociológica da Biodanza nasce num profundo e comovedor

sentimento de fraternidade e não numa ideologia humanista. É ativação dos núcleos

inatos de vinculação que permitem uma transformação social profunda. As

chamadas mudanças sociais de fundo, baseadas nas lutas políticas, são mudanças

externas, nas quais as pessoas são as grandes ausentes.

A nossa cultura ocidental, é uma cultura antivida. Através dos meios de

comunicação estimula o desenvolvimento de atitudes de segregação, rechaço,

agressão e exploração de outras pessoas. Estimula a guerra, a morte e a indiferença

e nega a sacralidade da vida.

16

É necessário instaurar uma nova cultura centrada sobre o cuidado pela vida,

especialmente a humana. A raiz para essa nova cultura da vida está na vivência do

Princípio Biocêntrico. Conectados com esse princípio os homens encontram o

caminho para a construção de vínculos amorosos consigo mesmo, com o outro e

com o universo. E então sentir-se integrado na teia da vida, fazendo parte dela,

dançando nela, criando novas formas de estar no mundo.

A Biodanza na Ação Social oferece meios de resgate da cidadania a partir do

reforço da identidade individual, grupal, comunitária e cultural, favorecendo a noção

valor intrínseco e de importância dentro da sociedade. Resgata a potência de agir no

mundo e modificar realidades opressoras a partir de uma noção vivencial de

dignidade.

2.3.1 A inserção social com Biodanza de alunos em formação pela EFFBRT-

Pelotas

A Escola de Formação de Facilitadores de Biodanza Rolando Toro de Pelotas

nasceu de um desejo de sua diretora Myrthes Gonzalez, de ser um espaço de

compartilhamento, uma organização em forma de cooperativa onde todos os alunos

pudessem sentir-se sujeitos do processo de formação e da tomada de decisões nos

rumos da Escola. Desse referencial comunitário emana a orientação para a Ação

Social presente em toda a formação dos alunos estimulando a realização de

estágios em instituições sociais com a metodologia da Biodanza.

Assim Jorge dos Santos (foto página seguinte) aluno em formação da 1ª turma

da EFFBRTP, iniciou em 2001 trabalho voluntário com oficinas de argila para as

crianças em situação de risco do CEDEL (Centro Diaconal Evangélico Luterano)3 o

qual mantém o Serviço de Apoio Sócio Educativo em Meio Aberto (SASE).

3 CEDEL-Centro Diaconal Evangélico Luterano, atende a população dos assentamentos irregularesdas Vilas Lupicínio Rodrigues, Planetário, Otto e Zero Hora. Tem o Programa SASE –Serviço Sócio –Educativo do Secretaria de Ação Social e Cidadania (FASC) da Prefeitura de Porto Alegre, acolhecrianças e adolescente entre os 7 e 17 anos em situação de vulnerabilidade social. Desenvolve o

17

No período de julho de 2001 até meados de 2002 surgiu a possibilidade de um

trabalho voluntário em Biodanza na Fazenda Recriar no município de Charqueadas,

RS, cuja finalidade da Instituição é a recuperação de jovens dependentes químicos.

Três alunos da Escola, Jorge dos Santos, Cleusa Miranda e Fernando Pires,

desenvolveram o Projeto Recriando a Vida, com aulas semanais de Biodanza para

um grupo.

Em 2002, Jorge dos Santos continuou no CEDEL, trabalhando com argila, mas

já introduzindo algumas vivências de Biodanza. Neste ano foi criado mais um grupo

de crianças, que passou a se chamar Grupo Beija-Flor. Em virtude dos resultados

positivos alcançados com as crianças, a diretora da Instituição e a equipe mostraram

interesse em conhecer a Biodanza e partir desta demanda, também desenvolvidas

atividades de Biodanza com os profissionais da Instituição pelos alunos da Escola,

Jorge dos Santos e Lílian Rocha.

Neste mesmo ano, Luci, Ângela e Fatimarlei, alunas da Escola de Formação de

Facilitadores de Biodanza Rolando Toro de Pelotas-RS, sob a supervisão da diretora

da referida Escola, Myrthes Gonzalez, iniciaram atividades de estágio social em

Biodanza inseridas no projeto NASF (Núcleo de Apoio Sócio Familiar) da Fundação

de Assistência Social e Cidadania (FASC), trabalhando com as famílias de

Programa Família, atendendo 40 famílias das comunidades através dos Programas PETI (Programade Erradicação do Trabalho Infantil) e NASF (Núcleo de Apoio Sócio-Familiar).

18

comunidades carentes e excluídas no módulo central. Este trabalho tinha como

objetivo o reconhecimento das próprias potencialidades e confiança na capacidade

de superação pessoal.

Ainda em 2002, uma equipe de alunos em formação da Escola formada por

Jorge dos Santos, Fernando Pires e André Simoni realizaram aulas de Biodanza no

Hospital Psiquiátrico São Pedro - Porto Alegre, para adultos internados e equipe

técnica que participaram do Projeto de Reinserção Social do Doente Mental. Este

trabalho teve como motivação a própria história da Biodanza, que teve sua origem

no trabalho de Rolando Toro num hospital Psiquiátrico no Chile.

Também em 2002, a EFBRTP assumiu a coordenação e realização do

Encontro Regional Sul de Biodanza, realizado na cidade de São Lourenço-RS. A

proposta foi de realizar um encontro com uma estrutura mais simples, com baixo

custo, que possibilitasse a participação do maior número possível de pessoas com o

tema: Construindo a Rede do Amor. Toda cidade foi mobilizada para o encontro que

teve uma estrutura horizontal com a descentralização dos locais das atividades,

espalhadas pela orla da Lagoa, clubes, hotéis, permitindo que os participantes

circulassem pela cidade em contato com a população. Todos os alunos da Escola

trabalharam de alguma forma na organização do evento do qual participaram mais

de 500 pessoas. Dentre todas as atividades programadas também se

desenvolveram algumas oficinas de Biodanza para crianças, filhos de nossos

colegas biodanceiros, facilitadas pelos alunos da escola interessados em trabalhar

com crianças.

O resultado do encontro revelou a nossa capacidade organizativa, de trabalho

solidário em equipe, nossa capacidade de mobilização e liderança. O encontro deu

visibilidade à Biodanza, visto que a imprensa falada e escrita noticiou o evento.

Também mostrou que com custos mais acessíveis é possível realizar encontros com

alta qualidade e maior participação.

Em 2001, por ocasião da 1ª edição do FSM, alguns alunos da Escola de

Formação de Facilitadores de Biodanza Rolando Toro de Pelotas, se inscreveram

isoladamente através das Instituições a que estavam ligados profissionalmente. Não

tínhamos ainda como grupo, clareza sobre a amplitude do evento. A imprensa local

boicotou a divulgação do Fórum não divulgando informações sobre a organização,

19

bem como na sua cobertura. Mesmo assim a repercussão foi grande e contagiou de

entusiasmo e esperança não só os que participam diretamente, mas a todos que de

alguma forma circularam pelos espaços da cidade aonde milhares de pessoas

vindas de todos os recantos do mundo trouxeram para Porto Alegre a possibilidade

de pensar o mundo sob outro paradigma.

Na 2ª edição do FSM em 20024, o colega Jorge dos Santos levou para o grupo

da Escola a proposta de fazer uma oficina de Biodanza. A proposta foi aceita e via

site a inscrição da mesma. Organizou-se uma comissão sob a coordenação da

Myrthes Gonzalez, Diretora da Escola de Facilitadores de Biodanza Rolando Toro de

Pelotas, e Diretora da Frater-Espaço Biocêntrico, que passou a organizar a oficina

juntamente com os alunos da Escola e teve como tema: Da vivência da diversidade

à sacralidade do Homem, Iitegrando o Princípio Biocêntrico pela qualificação da

vida, centrada na ética do cotidiano. A mesma foi realizada numa sala da PUCRS.

Oficina de Biodanza no FSM - 2002

Teve a participação de mais de 100 pessoas. A Oficina foi facilitada por

Myrthes Gonzáles com a participação dos alunos da escola. Iniciou com uma

palestra sobre o tema seguindo com vivências que integravam poesia sobre a teia

4 Realizado em Porto Alegre RS nos dias 31 de janeiro a 05 de fevereiro, com a presença aproximadade 50.000.participantes,dos quais 12.274 eram delegados representando 123 países.

20

da vida, música ao vivo, dança, vivências com frutas. Foi uma experiência linda e

emocionante perceber como a metodologia da Biodanza toca as pessoas e desperta

dentro de cada um a beleza do ser humano, os sentimentos de união, solidariedade,

afeto que ficam esquecidos pela vida massacrante do dia-a-dia da sociedade em

que vivemos.

2.3.2 Nossa participação no Forumzinho

A realização do Fórum Social Mundial trouxe a possibilidade de novas formas

de pensar o mundo e as relações humanas, trocarem idéias e conhecimentos,

conviver respeitosamente com diferenças culturais e ideológicas na busca de um

mundo com igualdade de direitos e responsabilidade social, cristalizando a idéia de

que pessoas e entidades no mundo inteiro acreditam que um outro mundo é

possível.

Assim, considerando que os herdeiros dessa nova realidade que se propõe são

as crianças de hoje e que cada vez mais somos chamados a participar da

construção da sociedade em que vivemos, parece oportuno que as crianças sejam

chamadas a dizer o que pensam e o que sentem em relação ao mundo, às relações

humanas, ao ambiente que as cerca, ou seja, sejam chamadas também a participar

da construção do mundo que queremos.

Essa idéia surgiu e se desenvolveu a partir da fala de uma menina de sete

anos, que disse durante o FSM 2001: “Tinha que ter pra criança”.

Um grupo de educadores ligado a Secretaria de Educação municipal e estadual

que desenvolviam trabalhos sociais ligados à educação e meio ambiente se

mobilizaram com essa demanda e propuseram a organização do Forumzinho5 a

5 Forumzinho Social Mundial teve a participação de mais de 2500 crianças inscritas nos cinco dias doevento, transformando o Colégio Estadual Júlio de Castilhos numa festa universal, onde classe social,idioma, etnia, credo, nacionalidade não fizeram a menor diferença para as crianças que conviveramharmoniosamente nas oficinas, mostras, espetáculos e shows oferecidos pelos educadores,oficineiros, monitores e artistas, todos voluntários, trabalhando juntos na construção de um outromundo que – já mostramos – é possível.

21

partir da 2ª edição do FSM. Convidaram outras pessoas que tivessem interesse em

trabalhar como monitorais de oficinas para as crianças. Desta forma o convite

chegou para nosso colega Jorge dos Santos via e-mail.

O convite com a proposta foi levado para os alunos da Escola de Biodanza e

oito pessoas inscreveram-se para o trabalho com as crianças numa oficina. Todos

estavam muito entusiasmados com a possibilidade de estar facilitando aula de

Biodanza e colocar em prática os conhecimentos adquiridos e vivenciados na

Escola, trabalhando com temas e metodologia adequados à faixa etária e aos

interesses das crianças.

Este grupo composto por Ângela H.Teixeira, Artur Almeida, Cleonara Bedin,

Cleuza Maria de. Miranda, Jorge dos Santos, Lílian Rocha, Rosane da C. Gomes e

Rute Rodrigues organizaram e inscreveram a Oficina com o tema: BRINCANDO E

INCLUINDO AS DIFERENÇAS.

A Oficina se desenvolveu a partir do Princípio Biocêntrico que toma a

diversidade, a aceitação e o respeito pela própria identidade e do outro como

condições para relações integradoras. Com objetivo de fortalecer a possibilidade de

vinculações com o diferente, com a diversidade, a partir da aceitação da livre

expressão de si e do outro. Através de exercícios de Biodanza de forma lúdica com

enfoques na afetividade e criatividade. Utilizando argila e tintas como instrumentos

para livre expressão dos sentimentos.

Os facilitadores se apresentaram vestidos com fantasias diversas para realçar

a diferença e potencializar a aproximação de aspectos da fantasia do mundo infantil

criando um canal de comunicação e livre expressão. Foi trabalhado o imaginário das

crianças, a fantasia, o lúdico.

Foi uma grande festa para as crianças e para os adultos que deram vazão à

criatividade e à liberdade permitindo que a sua criança interior também brincasse.

Esta foi a primeira experiência de Biodanza com crianças para o grupo dos alunos

da Escola.

22

Planejando as oficinas do Forumzinho Facilitadores fantasiados para as oficinas

Na cerimônia de encerramento do Forumzinho que se realizou no Parque da

Redenção com o tema Solidariedade entre os Povos, reuniu centenas de crianças,

pais e amigos. Balões foram soltos com mensagens de paz e solidariedade para o

mundo. Nesta ocasião, a coordenadora do Evento convidou Jorge e o grupo a

participarem da organização da ONG NAIA: Núcleo de Amigos da Infância e

Adolescência.

No decorrer do ano de 2002, um grupo da Escola que havia trabalhado no I

Forumzinho, participou das reuniões tanto de organização do NAIA, como de

atividades com capacitações para oficineiros, oficinas preparatórias para o II

Forumzinho de 2003 com a metodologia da Biodanza. Neste sentido, realizaram-se

Oficinas preparatórias na Casa de Cultura Mário Quintana com o tema Criando na

Feira, com objetivo de oportunizar um espaço de proteção e encontro para dançar,

brincar e exercitar a criatividade. Também foi realizada uma oficina no Jardim

Botânico.

Durante o II Forumzinho o grupo ligado ao NAIA realizou uma oficina de

Biodanza para crianças com o tema: Brincando, Amando e Crescendo, com a

proposta de resgatar nas crianças a sacralidade da vida através da Biodanza

aplicada de forma lúdica, ressaltando as brincadeiras, a alegria e o afeto.

E antecedendo o II Forumzinho Social Mundial, durante o II Fórum Mundial de

Educação (FME) este grupo organizou uma mesa redonda com o tema: Fórum

Vivemos Juntos: Conhecer e Viver a Carta da Terra. Para isso o grupo trouxe a

Porto Alegre ilustres educadores como Leonardo Boff e Moacir Gadotti. O salão no

Cais do Porto ficou superlotado com mais mil pessoas, muitos deles educadores

23

populares que certamente levaram para as suas práticas nas escolas e

comunidades onde atuam essa visão sistêmica que tudo o que existe está

interligado e todos os seres mantêm entre si a interdependência solidária e que é

através dessa nova consciência e cuidado que depende a sustentabilidade da teia

da vida.

Neste mesmo ano, no FME, a EFFBRTP trouxe para Porto Alegre o criador da

Biodanza Rolando Toro, para uma conferencia sobre Educação Biocêntrica. Este

tema se constitui num novo paradigma para a educação, pois introduz um inovador

enfoque, uma nova e revolucionária visão de mundo e por isso mesmo de grande

contribuição para superar a visão mecanicista e antropocêntrica da educação

tradicional.

No II Forumzinho de 2003, o grupo da Escola realizou uma oficina de Biodanza

com o tema Criando com Liberdade, Amor e Paz.

OBJETIVO: Através da facilitação de vivências, despertar para a possibilidade

da construção de uma cultura de tolerância, não violência e paz.

Esta oficina foi realizada duas vezes em dias diferentes.

Oficinas no Forumzinho - 2002

Depoimento de Rute Rodrigues:

Algumas oficinas preparatórias ao Forumzinho aconteceram emespaços abertos. As crianças entravam e saiam. Ora o grupoaumentava, ora diminuía. Foram realizadas atividades com pintura,reciclagem, brincadeiras. Nosso grupo não tinha nenhuma

24

experiência de trabalho com crianças. Éramos todos idealistas!Tínhamos o desejo de fazer algo que perpetuasse na memória dessascrianças esse momento ímpar que é o FSM. Foi muito lindo!

Também em 20036 realizamos uma oficina de Biodanza para adultos no FSM,

com o tema: Construindo a rede do Amor, através da Biodanza.

Por problemas de gerenciamento da secretaria do FSM, nossa oficina, como

algumas de outras entidades não constaram na programação do Fórum e

conseqüentemente não havia local previsto para sua realização. Quando a

Organização do Fórum percebeu o equívoco providencia uma sala e os alunos da

escola confeccionaram cartazes os quais foram fixados em locais estratégicos

convidando as pessoas para a oficina de Biodanza. Apesar de todos esses

contratempos a oficina teve a participação de mais de 50 pessoas.

O grupo não se sentia afinado com a metodologia do NAIA. Houve

discordância na condução do trabalho e por isso os alunos da Escola se afastaram

do NAIA. No entanto, toda essa experiência tinha ascendido em cada uma dessas

pessoas uma chama, uma vontade de continuar o trabalho com crianças e

adolescentes, mas num projeto próprio construído pelo grupo, centrado no Princípio

Biocêntrico. Imbuídos deste propósito, o grupo continuou junto com Myrthes, diretora

da Escola, que conhecendo as potencialidades do grupo convidou para trabalhar em

conjunto com a Frater desenvolvendo atividades para as crianças. Assim nascia o

Núcleo da Infância e Adolescência (NIA). Foi criado o Projeto Germinar, através do

qual foram desenvolvidos trabalhos de Biodanza com crianças e adolescentes na

idade entre nove e quatorze anos, tendo como parâmetro norteador o princípio

Biocêntrico na busca de desenvolver e ampliar a consciência ética e o sentimento de

pertencimento à comunidade, seja a familiar, escolar, fraternal ou social.

6 A 3ª edição do FSM foi realizado em Porto Alegre-RS entre os dia 23 e 28 de janeiro, atraiu cercade 100 mil pessoas do mundo inteiro. Destes 20.000 eram delegado(as) de entidades. Participaram123 paises. Além destes teve a participação de aproximadamente 25 mil jovens acampados noAcampamento da Juventude.

25

Oficina do projeto Germinar

Este projeto não teve continuidade por falta de clientela, mas foi a base para o

Projeto piloto “Integrar” desenvolvido posteriormente no CEDEL-SASE com

atividades de Educação Biocêntrica utilizando-se principalmente dinâmicas

proporcionadas pelo Sistema Biodanza, ampliando o trabalho de Ação Social nesta

Instituição. O projeto piloto Integrar foi implantado em março de 2003 atendendo

quatro turmas de crianças com aulas semanais. A nossa orientação é proporcionar

um referencial feminino e masculino para as crianças; assim os grupos são

facilitados por uma mulher e um homem conjuntamente. Nesse sentido, percebe-se

a importância da relação das crianças e adolescentes com os facilitadores que por

vezes fazem um papel estruturante ao proporcionarem continente afetivo.

Trabalharam com as crianças: Jorge Santos e Ângela Teixeira, Artur Almeida e Alice

Belíssimo, Lílian Rocha e André Simoni, Cleonara Bedin e Cleber Ferreira. Com a

equipe técnica trabalharam Jorge Santos e Lílian Rocha.

Recebemos apoio financeiro ao Projeto ONG Moradia e Cidadania, o que nos

possibilitou a compra de material pedagógico como livros, CDs, vídeos, canetas,

tintas, papel, e a compra de um amplificador.

Para dar suporte a Ação Social desenvolvida em 2003, foram realizados

encontros mensais com todos os alunos da escola atuando no CEDEL, coordenados

pela Diretora da Escola e psicóloga, Myrthes Gonzalez. Nestes encontros realizava-

se a supervisão metodológica com trocas entre os facilitadores e aportes

metodológicos que qualificavam o trabalho. Foram trabalhados alguns temas cultura,

adolescência, violência ampliando a consciência do contexto social. Como a

realidade das crianças era muito chocante e, estes encontros também serviam para

elaborar as situações vividas.

26

Constatando os resultados positivos junto às crianças como aumento na

manifestação do afeto, diminuição da agressividade, diminuição da evasão escolar e

aumento do aproveitamento escolar, o Projeto Integrar foi reorganizado e

aprimorado. Em 2004 continuamos trabalhando com quatro turmas de crianças

semanalmente e quinzenalmente com a equipe de funcionários. Também foi prevista

a possibilidade de atendimento também às famílias, o que não foi concretizado neste

ano.

Em 2003 a Rinaci participou do Projeto Escola Aberta, da Secretaria de

Educação e Cultura do RS, com oficinas para adolescentes e adultos em algumas

escolas que solicitaram a nossa participação. O trabalho era voluntário e foi

desenvolvido por equipes de facilitadores e alunos em formação durante alguns

meses. Trabalharam neste projeto: Gaston Andino, Artur Almeida, Marco Fagundes,

Ercília Marrero, Elvio Moroni, Fernando Pires, Carmen Gessinger, Izaura Favero,

Ana Luiza Tolentino.

27

3 RINACI: UM SONHO SONHADO JUNTO TORNA-SE REALIDADE

A experiência do trabalho no FSM junto com o NAIA deu ao grupo o

conhecimento do que é uma ONG e das possibilidades de trabalho em equipe. A

caminhada feita até então com os trabalhos de Ação Social desenvolvidos nas

instituições, como CEDEL, no Programa NASF, no Hospital Psiquiátrico São Pedro,

criou motivações e perspectivas para criar uma organização, que se caracterizasse

por ser biocêntrica, democrática, participativa, que funcionasse em rede. Que

possibilitasse um Campo de trabalho para os futuros facilitadores, alunos da Escola

de PELOTAS e outros facilitadores nas Instituições com Ação Social utilizando a

metodologia da Biodanza e Educação Biocêntrica.

Em 2003 este grupo de alunos da Escola juntamente com a Diretora da Escola

Myrthes Gonzalez constituíram um grupo chamado “Comissão de Projetos. A partir

dos conhecimentos e da experiência no NAIA, esta comissão iniciou a estruturação

de uma Organização Não Governamental (ONG).” Foram muitas reuniões de estudo

e trabalho para entender o que é o Terceiro Setor7, o que é uma ONG e o que é uma

OSCIP, a escolha do nome, do logotipo, a elaboração do Estatuto. Todo grupo da

Escola e da Frater foi envolvido num processo democrático e participativo cujo

resultado foi a criação da RINACI: REDE DE INTEGRAÇÃO E CIDADANIA.

No dia 30/04/2004 realizou-se a Assembléia Geral de fundação da Rinaci com

33 sócios fundadores. Hoje conta com uma rede de 66 sócios contribuintes no Brasil

e exterior e está em permanente ampliação.

Na Assembléia de fundação foi eleita a primeira Diretoria da Rinaci assim

constituída: Diretor Geral: Marco Antonio Guimarães; Diretor Administrativo: Poty

Emilio Ribeiro Silva; Diretor Financeiro: Maira Diogo da Silva; Conselho Fiscal: Ana

Luiza Tolentino de Souza, Izaura Favero, Carmen Helena Gessinger e Adria Daniel.

7 Terceiro Setor: Conjunto de organizações privadas sem fins lucrativos que tem como objetivo atender às finalidades públicasdirecionadas ao bem estar social, tais como associações, cooperativas, fundações, institutos, ONGs, OSCIPs etc.

28

3.1 A RINACI

A RINACI é uma ONG com qualificação de Organização da Sociedade Civil de

Interesse Público (OSCIP) que preza pela transparência e integridade de suas

ações. Congregando e integrando pessoas e instituições em especial facilitadoras e

alunos de Escolas de Formação em Biodanza, visando ao cuidado e á valorização

da vida em todas as suas manifestações, em especial a humana.

A RINACI propõe um processo de transformação social que começa com o

trabalho de promoção da cidadania que auxilia pessoas, grupos e comunidades, na

conquista de melhores condições de vida, direitos humanos, integridade, ética, paz e

outros valores universais ligados ao cuidado com a vida. Nossa fundamentação

filosófica é o Princípio Biocêntrico - a vida como referencial central - e nossa

principal metodologia é a Biodanza – Sistema de integração afetiva, renovação

orgânica e reconexão com as funções essenciais da vida que desenvolve os

potenciais humanos através de vivências integradoras que envolvem música, dança,

canto, expressão artística e poética.

Missão: Oferecer às instituições e indivíduos, meios baseados no Princípio

Biocêntrico, que facilitem o desenvolvimento de potenciais de superação de

situações de exclusão, resgatando a cidadania e o prazer de viver.

Aos parceiros envolvidos, a RINACI proporciona apoio para pesquisa e oferece

formação profissional para capacitação, de acordo com nossa proposta biocêntrica

de atuação que objetiva contribuir para o fortalecimento da capacidade humana de

estabelecer vínculos afetivos saudáveis, base para revitalização pessoal e da

comunidade ou grupo.

O indivíduo ao se sentir como parte integrante de um grupo ou comunidade

recebe o acolhimento necessário para reestruturar sua vida através de ações sociais

voltadas ao resgate da cidadania em situações de exclusão e desagregação. A base

para o resgate profundo da cidadania está no fortalecimento da auto-estima e da

identidade, no reconhecimento das potencialidades e possibilidades de mudança

social individual e conjunta.

29

Visão: Estabelecer até 2008 uma rede afetiva pulsante de referência mundial,

baseada no Princípio Biocêntrico para a prática de ações que viabilizem meios de

inclusão e cidadania.

Valores: Valorizamos o trabalho em equipe e as conquistas em grupo,

norteados pela solidariedade, integridade, coerência, comprometimento, respeito à

diversidade e amorosidade e respeito à diversidade.

3.2 Estruturação dos aspectos legais e de gestão da RINACI

Após sua fundação, implementamos várias ações no sentido de legalizar a

Rinaci como entidade jurídica. Em 23 de outubro de 2004 obtivemos o registro do

CNPJ-Certificado Nacional de Pessoa Jurídica, sob o nº 07.026.991/0001-20 e em

18 de maio de 2005 a inscrição de Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza

(ISSQN), junto a Prefeitura Municipal de Porto Alegre sob nº 2220823.

Procedemos à abertura de uma conta bancária e confecção de bloco de nota

fiscal de prestação de serviço.

A gestão da RINACI, conforme estatuto social se dá através de Assembléia

Geral de sócios, uma Diretoria composta por três diretores (diretor geral, financeiro e

administrativo) e um Conselho Fiscal composto por três membros. Além dessa

estrutura outras instâncias contribuem nas ações da RINACI.

Comissão de Planejamento Estratégico. Este planejamento está em fase de

elaboração final, devendo estar concluído em 2007.

Comissão de Projetos com reuniões semanais que delineia a evolução dos

projetos: estratégias e planejamento de atividades organizam as capacitações, troca

de informações e tomada de ações.

Coordenadores dos Projetos - Cada projeto tem um ou mais coordenadores

que acompanham o desenvolvimento do projeto com reuniões periódicas com os

facilitadores e através da leitura dos relatórios que são elaborados após cada aula,

também tratam das questões ligadas a instituição onde se desenvolvem os projetos.

Comissão de Organização financeira , legal e contábil.

30

Comissões de elaboração de projetos, e captação de recursos.

Comissão de Comunicação /divulgação criou o News Letter com circulação

bimestral com objetivos de informar o desenvolvimento dos projetos e atividades. e a

destinação dos recursos financeiros.

Comissão de atualização dos site.

Encontros periódicos com associados e integrantes dos projetos. Objetivando a

capacitação, a reflexão sobre a prática e as questões dela advinda, avaliação e

planos de ação aos projetos em desenvolvimento.

Reuniões da Diretoria e sócios convidados para elaboração do Planejamento

Estratégico da RINACI – 1ª etapa: Estabelecimento da Visão, Missão e Valores.

O organograma da RINACI foi criado em Reunião de Planejamento em 2005.

Ainda está em fase de desdobramento e revisão, quando será atualizado nas

próximas reuniões de Planejamento Estratégico.

31

Organograma de REDE(março 2005)

COMISSÃO DEORGANIZAÇÃO

FINANCEIRA, LEGAL ECONTÁBIL

COMISSÃO DESISTEMATIZAÇÃO DE

RELATOS

COMISSÃO DEEVENTOS

COMISSÃO DEPLANEJAMENTOESTRATÉGICO

COMISSÃO DECAPACITAÇÃO SOCIAL

COMISSÃO DEQUALIDADE

COMISSÃO DEPROJETOS

ASSEMBLÉIA-GERAL

DIRETORIA-GERAL

DIRE

TORI

AFI

NANC

EIRA

DIRETORIA ADMINISTRATIVACONSELHO FISCAL

COORDENADO-RES DE

PROJETOS

FACILITADOR DESUPERVISÃO

METODOLÓGICA

FACILITADOR DEELABORAÇÃO

VIVENCIAL

EQUIPE DEFACILITADORESDE PROJETOS

COORDENADORDE OBJETIVOS

ESTRATÉGICOS

INTEGRANTESDA RINACI,EQUIPE DE

FACILITADORESE COLABORADO-

RES

Após estudo, entendemos que seria importante nos qualificarmos como

OSCIP8, nos possibilitando buscar recursos junto aos órgãos públicos nas esferas

nacional, estadual e municipal. Em 14 de novembro de 2005 foi publicado no Diário

Oficial da União nossa certificação de OSCIP, através do processo nº

08071.001653/2005-05.

8 OSCIP são Ongs, que obtêm um certificado emitido pelo poder público federal ao comprovar ocumprimento de certos requisitos.

32

Ainda em 2005 encaminhamos documentação junto ao Conselho Municipal da

Criança e do Adolescente9 (CMDCA) com o fim de termos o registro. Em 19 de

outubro de 2005 obtivemos a inscrição nº 897 no CMDCA. Também credenciamos a

Rinaci no Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Em agosto de 2006 encaminhamos ao CMDCA, um Projeto de Ação da

RINACI com a finalidade de obter o Certificado de Autorização para Captação de

Recursos Financeiros do Funcriança10.

Em 30 de abril de 2006, completou-se dois anos de gestão da 1ª diretoria

eleita. De acordo com o Estatuto, e procedermos em Assembléia Geral dos sócios à

eleição da nova Diretoria que irá dirigir a Rinaci nos próximos dois anos.

A nova Diretoria foi assim constituída: Diretor Geral: Marco Antonio Guimarães;

Diretor Administrativo: Lílian Rocha; Diretor Financeiro: Maira Diogo da Silva;

Conselho Fiscal: Carmen Helena Gessinger, Ana Luiza Tolentino, Izaura Favero.

Em 10 de novembro de 2006 realizou-se uma Assembléia Geral dos Sócios

para proceder à alteração do Estatuto no que concerne ao art. 16, parágrafo único

que trata da remuneração dos dirigentes. O artigo foi alterado vedando a

remuneração. Essa alteração se faz necessária para que a RINACI possa cadastrar-

se junto a Secretaria do Trabalho, Ação Social e Cidadania, junto aos Conselhos

Municipal, Estadual e Nacional de Assistência Social e dessa forma requerer junto a

esses órgãos públicos recursos financeiros para a sustentação dos Projetos da

RINACI. Esta alteração também possibilitará a RINACI de requerer a isenção do

pagamento de alguns impostos.

9 A Lei federal nº 8.069/1990 criou o Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA. Porto Alegre foi omunicípio pioneiro no Brasil a implementar o ECA em 1990, través da criação do Conselho Municipaldos Direitos da Criança e do Adolescente-CMDCA, e tem como objetivos: Conhecer, divulgar, discutire aplicar diariamente o ECA construindo políticas, implantando projetos, programas e serviços emparceria com a Sociedade Civil e Órgãos Governamentais. Fórum Municipal dos Direitos da Criança edo Adolescente. São reuniões mensais onde participam todas as entidades com registro no CMDCA.10 O Funcriança é um Fundo Público, de âmbito municipal financiador das políticas de implementaçãoe garantia dos direitos, que recebe doações de pessoa física e/ou jurídica. Os recursos sãodestinados pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente/CMDCA às entidadessociais, sem fins lucrativos, registradas no Conselho.

33

3.3 Projetos desenvolvidos pela RINACI entre 2004 e 2005

Em 2004 a RINACI continuou desenvolvendo o Projeto Integrar no CEDEL com

quatro turmas de crianças semanalmente e quinzenalmente com a equipe de

funcionários. Foi prevista a possibilidade de atendimento também às famílias, o que

não foi concretizado neste ano. Neste ano continuamos com o apoio financeiro ao

Projeto por parte da ONG Moradia e Cidadania.

Em 2005, ampliamos nossa parceria com o CEDEL. O Projeto Integrar foi

desenvolvido com quatro turmas de crianças que foram atendidas pelas duplas de

facilitadores Cleonara Bedin e Antonio Enio Filho, André Simoni e Ana Maria

Geraldes e Gaston Andino e Ana Maria Geraldes, Lorecy Pacheco e Ricardo

Tolentino. Continuamos com o atendimento quinzenal para a equipe dos

funcionários com Carmen Gessinger, André Simoni e Ana Luiza Tolentino. E

iniciamos o atendimento também semanal a um grupo de adolescentes com os

facilitadores Jorge dos Santos e Beatriz Possas e encontros mensais com dois

grupos de famílias com as facilitadoras Rute Rodrigues e Izaura Favero.

Facilitadora Cleonara com grupo de crianças Cedel

A RINACI tem a especificidade de oferecer às Instituições projetos cujo foco

são as relações, propondo o desenvolvimento global à instituição atendida, ou seja,

crianças, adolescente, familiares, funcionários, estagiários e voluntários,

promovendo a integração do ponto de vista relacional. E este envolvimento geral da

Grupo de mulheres com a facilitadoraIzaura, Eloí diretora do Cedel e CíntiaAssistente Social do Cedel

34

instituição que possibilita os avanços e resultados do trabalho que a RINACI tem

desenvolvido até agora.

O Projeto Integrar, desde o seu início, realiza avaliações semestrais com a

equipe de trabalho do CEDEL em conjunto com a equipe de facilitadores da ONG

RINACI, assim como avaliações trimestrais entre coordenação do projeto e seus

facilitadores. Além disso, conta com os relatórios de atividades executados pelos

facilitadores após cada oficina de Biodanza, portanto a partir desses dados podemos

verificar os seguintes resultados:

- Aumento da expressão corporal criativa das crianças e adolescentes;

- Diminuição da agressividade entre os alunos em sala de aula;

- Aumento da auto-estima, do autocuidado e do reforço da identidade;

- Aumento da integração dos grupos;

- Aumento da participação nas atividades;

- Aumento na freqüência das aulas;

- Melhora comportamental das crianças no CEDEL e nas suas escolas;

- Mudança na comunicação dos alunos: da comunicação agressiva para o

diálogo afetivo.

Trabalhar em instituições cuja população vem de uma situação de exclusão

social muito forte, com crianças em situação de vulnerabilidade social expostas a

todo tipo de violência, não é fácil e exige dos facilitadores, muito preparo, paciência,

persistência e muito amor. E a consciência que são esses momentos de profundo

acolhimento e afeto que podem significar momentos estruturantes na vida dessas

pessoas.

Para explicitar melhor os indicadores que revelam a eficácia da Ação Social em

Educação Biocêntrica e Biodanza, registra-se o depoimento de três alunos do

CEDEL que participaram em 2005 do Grupo Jovem Voluntariado, cujos facilitadores

foram Jorge e Beatriz.

35

Com a palavra Samira:

As aulas de biodanza são muito boas . Elas vão marcar a minhavida. Não é em qualquer lugar que se tem uma aula assim. Eu relaxobastante durante as aulas. Os professores são muito bons e euagradeço muito a eles. (Samira Abu Kamal, 18 anos; saiu do Cedel etrabalha numa loja).

Com a palavra William:

As aulas de biodanza são muito legais e eu me sinto muito bem. Éuma atividade relaxante, um momento de reflexão sobre as coisasque estão certas e as que estão erradas na vida (WilliamVottorazzi Rodrigues,16 anos).

Com a palavra Lucas:

Faço biodanza já faz tempo e sempre foi muito legal. Antes eu nãoentendia o que era a biodanza, achava que era só uma dança, masfui aprendendo mais coisas com meus colegas e professores e fuivendo que é muito mais que uma dança. É amizade, aprendizado.(Lucas Bueno Campelo, 16 anos).

Com a palavra também Maritane, educadora do Grupo Jovem Voluntariado -

CEDEL EM 2005:

O que eu percebo é que mesmo com as dificuldades da adolescência,a vergonha de abraçar, eles estão mais afetivos. Agora elespermitem que a gente abrace e beije. Eles estão falando de formamais suave, estão mais tranqüilos e com mais autonomia. Noto quedepois da 3ª feira, que é o dia que eles têm biodanza, a semanaflui melhor, fica mais suave, mais leve mesmo para os educadores.

Desta parceria e do reconhecimento do trabalho, a RINACI através de seus

representantes, foi convidada a realizar um trabalho de qualificação para a equipe

técnica e voluntários da Instituição. No ano de 2005 foram realizadas três

qualificações com os seguintes temas: Momentos estruturantes, Gênero Feminino e

masculino e violência.

A RINACI foi convidada a participar do Encontro de SASES da Região Centro

de Porto Alegre com os Educadores das entidades que trabalham com crianças e

adolescentes da CEPA. Foram desenvolvidos os temas: Sexualidade e sexualidade

e Violência.

Em 2004 e 2005 desenvolveu-se o Projeto Pró-Maria, com regularidade

mensal, que se destinam às mulheres e seus filhos em situação de violência familiar

36

abrigados na casa de passagem Viva Maria, órgão vinculado à Secretaria Municipal

da Saúde de Porto Alegre. Este Projeto tinha como objetivo facilitar meios de

desenvolvimento pessoal para que as mulheres e seus filhos possam reestruturar

suas vidas de forma mais saudável, confiante na sua própria capacidade de

superação, valorizando os potenciais e proporcionando estímulos positivos a quem

está ou já esteve abrigado nessa instituição. Ao longo deste trabalho percebeu-se a

aceitação e participação das mulheres e seus filhos, obtendo-se resultados positivos

quanto à capacidade de superação da situação de violência.

Depoimento de duas mulheres que participaram do Projeto em 2005. (Não

citamos seus nomes e nem o endereço da casa para preservar a sua integridade).

A biodanza mudou a minha vida. Ela influenciou minhas atitudescomigo mesma com os outros e com a vida. A biodanza permitiu darum mergulho dentro de mim. Com a biodanza tu aprende a usar aviolência de maneira diferente. Antes eu vivia chorando, agora euchoro, mas é de alegria (A:após quatro encontros).

Na biodanza não se fala em violência e na forma de como tratar osfilhos. Mas foi na biodanza que eu percebi mudança no meurelacionamento com os meus filhos e também percebi mudança nasoutras mulheres com os filhos delas. A mudança no aumento datolerância, na diminuição da agressividade, especialmente duranteas refeições. Nos outros trabalhos da casa se discute bastante otema da violência, mas não surte tanto efeito como na biodanza.(B: após três encontros).

Oficinas de Biodanza com Crianças-Projeto Pró-Maria 2005

Três equipes de facilitadores e alunos em formação da EFFBRTP

desenvolveram este Projeto. Na equipe que trabalhou com as mulheres participaram

Cleusa Miranda, Ercilia Marrero, Luci de Souza, Vera Fabre, Rejane Peixoto, Nilza

37

Quadros, Lorecy Pacheco (2004) e Carmen Gessinger, Lorecy Pacheco, Letícia

Pacheco e Izaura Favero em 2005. Na equipe das crianças participaram Andréia

Vasques, Adria Daniel, Vilma Lorner, Antonio Filho, Anderson Aires, Elvio Moroni,

Ercília Marrero, André Simoni e Beatriz Possas. Os bebês foram atendidos por Ana

Luiza Tolentino e Nilza Quadros.

Também foram realizadas algumas aulas de Biodanza com a equipe técnica da

Instituição, pela facilitadora Rute Rodrigues. Este projeto teve a coordenação de

Ângela Teixeira em 2004, e de Myrthes Gonzalez em 2005.

No final de 2004 a RINACI passou a compor o Comitê de Planejamento

Familiar (COPLAFAM), que faz parte do programa Fome Zero e é composto pelas

ONGs Moradia e Cidadania, Brasil sem Grades, Compromisso com a Vida, e tem

apoio da Prefeitura de Porto Alegre e da - Serviço de Orientação e Planejamento

Familiar (SERPLAN). Em 2005 e 2006 mantivemos a nossa participação. O Comitê

alterou o nome para Geração Consciente. Este projeto está sendo desenvolvido

pelos facilitadores Gastón Andino e Lílian Rocha.

Em 2004 e 2005 realizou-se o Projeto Resignificando a Vida, com Biodanza

quinzenal para pessoas da terceira idade na Unidade de Saúde do IAPI - Porto

Alegre-RS. A prática da Biodanza para esta fase da vida está vinculada ao

desenvolvimento da auto-estima, a busca de uma vida um vida saudável e digna,

intensificando a capacidade de constituir e manter vínculos afetivos e a alegria de

viver, superando as situações de abandono e solidão características do

envelhecimento nos grandes centros urbanos. Este Projeto foi desenvolvido por

Rejane Peixoto, aluna em formação de Biodanza.

O Projeto Inclusão e Diversidade inscreve-se na RINACI com perspectiva de

atentar à melhoria das condições do exercício pleno da cidadania a Portadores de

Necessidades Especiais.

Em 2003, alunos da Escola de Formação de facilitadores iniciaram como

estagiários, um trabalho de Biodanza com um grupo de mães de alunos da Escola

38

Especial João Alfredo de Azevedo. Esta escola situa-se no bairro Vila Nova, em

Porto Alegre, é mantida pela APAE11.

Passados três meses as mães solicitaram Biodanza para seus filhos

portadores de necessidades especiais.

No mês de junho iniciou-se o trabalho com um grupo de 20 alunos da escola.

No ano de 2004 continuou o trabalho com o grupo de 20 alunos. Além das aulas

foram realizados passeios de integração e confraternização do grupo.

No ano de 2005 a RINACI passa a realizar o Projeto Inclusão e Diversidade,

com um facilitador e um monitor. Participaram em média 23 pessoas, sendo 11

meninas e 12 meninos. A faixa etária do grupo varia de 15 a 43 anos.

No ano de 2006 as atividades reiniciaram em março com sessões de Biodanza

para o grupo de alunos e para o grupo de mães. Pretendia-se neste ano, estender

as ações formando um grupo para os profissionais da instituição. Por questões

internas da instituição não conseguimos concretizar este objetivo.

Trabalharam neste projeto com os alunos o facilitador Jorge dos Santos e

Anderson Aires como monitor. Com as mães: Vera Fabre e Carmen Gessinger

(2004) e Ana Maria Geraldes (2006).

Aula de Biodanza com alunos da Escola Especial João Alfredo- APAE -2006

11 A APAE é uma entidade filantrópica, constituída por um conselho de pais e amigos de pessoasportadoras de deficiência mental. Fundada em 22/08/1962, com representação regional, estadual efederal. A APAE de Porto Alegre é a mantenedora de três unidades de atendimento especial:

39

Para 2007 a proposta é ampliar o Projeto atendendo toda a instituição: duas

turmas de alunos, os profissionais da instituição e as famílias.

O Projeto Inclusão e Diversidade têm como objetivos oferecer aos participantes

da Escola João Alfredo, suas famílias e funcionários - através de sessões de

Biodanza - a oportunidade de romperem com relações que contenham estigmas,

preconceitos e indignidade, a partir da consolidação da ética relacional pautada na

valorização da expressão única e autêntica de si e dos semelhantes; valorização e

aceitação das diferenças, permeadas pelo vínculo afetivo do amor; abolição do

julgamento a partir de parâmetros de normalidade pré-estabelecidas e valorização

da identidade única de todos os ser.

2.4 Capacitações em 2004

Em 2004 as capacitações para os facilitadores envolvidos nos projetos foi

organizada para atender as duas demandas percebidas de questões advindas do

trabalho em Ação Social: a questão Metodológica e Elaboração Vivencial.

A RINACI oferece ao trabalhador em Ação Social encontros em grupo aos

quais se deu o nome de Elaboração Vivencial. O objetivo amplo deste trabalho é

constituir aporte reflexivo sobre a prática profissional de Ação Social em Biodanza

assegurando continuidade da mesma.

O trabalho social requer preparo, persistência e muita dedicação amorosa

frente as seguintes condições:

- Contato com clientela por vezes agressiva;

- Conhecer e conviver com situação de abandono e indignidade humana;

- Ter variáveis inacessíveis pela ação direta do seu trabalho;

- Obter resultados a médio e longo prazo do trabalho realizado

- Tais condições podem conduzir à desesperança, esgotamento, ansiedade e

até levar à desistência e abandono da atividade, esvaziando o campo de trabalho.

40

Como a RINACI engloba a construção de um ambiente sadio ao

desenvolvimento da criança e assim prevê o cuidado com os adultos que trabalham

no CEDEL, também o cuidado com o facilitador é necessário, pois todos são

construtores deste ambiente.

Os encontros de Elaboração Vivencial são coordenados por psicólogos da

RINACI. Constituem-se num momento de troca e acolhimento das emoções e dos

sentimentos advindos da prática, permitindo a elaboração, ou seja, dissolver

fantasias, bloqueios afetivos, congestionamento emocional a partir da partilha e das

considerações do coordenador e do grupo possibilitando um continente afetivo para

assimilação e acomodação das emoções vivenciadas no trabalho de Ação Social

(Projeto da Rinaci para a Fundação Luterana).

- Um encontro mensal de supervisão metodológica do Projeto Pró-Maria,

coordenado por Myrthes Gonzalez.

- Um encontro mensal de Elaboração Vivencial do Projeto Pró-Maria

coordenado por Rute Rodrigues.

- Um encontro mensal de supervisão metodológica, para o Projeto Pró-Maria, e

outro para o Projeto Integrar, coordenados por Myrthes Gonzalez.

Neste mesmo ano, foram realizadas reuniões da Diretoria e sócios convidados

para elaboração do Planejamento Estratégico da RINACI – 1a etapa:

Estabelecimento da Visão, Missão e Valores.

3.5 Participações no evento Abrindo o Coração neste Verão

Promoção Frater Espaço Biocêntrico - Porto Alegre:

21/01/04: RINACI - Princípios de uma Organização Biocêntrica – palestra

Equipe RINACI.

28/01/04: CEDEL - Uma experiência de Biodanza® e Ação Social - palestra

Equipe RINACI.

27/01/05: RINACI – Construindo um mundo solidário - palestra sobre Ação

Social em Biodanza e vivência - Participantes da ONG RINACI.

41

24/02/05: RINACI – Ação Social em Biodanza - palestra seguida de vivência -

participantes da ONG RINACI.

3.6 Programa de capacitação de facilitadores na área de Biodanza e AçãoSocial em 2005

Apresentação

O presente programa é o resultado da reflexão sobre o segundo ano de

trabalho da RINACI no desenvolvimento de ação social baseada no princípio

biocêntrico, com ênfase na educação biocêntrica, tendo como metodologia central a

biodanza.

Trata-se de uma proposta de ação para 2005 no que se refere à capacitação

qualificada e profunda dos facilitadores envolvidos, de acordo com a missão da

própria RINACI.

Justificativa

Refletindo juntamente com a Comissão de Projetos da RINACI chegamos à

conclusão de que seria necessária uma reavaliação da forma de organizar a

capacitação dos facilitadores envolvidos no processo, buscando maior profundidade

de conteúdos da parte da RINACI e um maior comprometimento dos facilitadores

com sua formação e atuação profissional.

Esta proposta foi elaborada a partir do entendimento de que o trabalho social

em Biodanza abrange complexidades no campo metodológico, teórico e filosófico

que o tornam um campo singular na atuação do facilitador de biodanza. Exigindo

preparo e conhecimentos específicos.

Objetivos gerais

Oferecer ao facilitador de Biodanza uma capacitação de alta qualidade que

envolva conteúdo vivencial e teórico que possibilite a sua atuação competente e

responsável no chamado terceiro setor.

42

Gerar condições para um maior comprometimento dos participantes com suas

tarefas e atuação profissional, reforçando auto-estima e confiança dos facilitadores

capacitados.

Objetivos específicos

- Capacitar o facilitador a partir conteúdos específicos, baseados sempre na

construção do conhecimento.

- Oferecer espaço e condições para elaboração e compreensão da realidade

vivida no trabalho de campo.

- Estímulo e metodologia para construção teórica e cientifica baseada na

reflexão da experiência vivida.

- Desenvolver metodologias específicas para a ação social em Biodanza.

- Apoiar amplamente o facilitador em sua prática de ação social.

- Redimensionar a ação social em Biodanza enquanto atuação profissional

remunerada, desenvolvendo uma visão crítica sobre as diferenças entre práticas

assistencialistas e práticas integradoras.

Público alvo

A presente proposta é voltada a profissionais e estudantes de Biodanza que

estejam na pratica da ação social.

Estratégia de ação

Janeiro de 2005:- divulgação da capacitação a facilitadores e alunos de escolas

via e-mail.

Dia 24 de janeiro às 19h00min reunião pautando: a) esclarecimentos do

programa; b) condições para adesão; c) apresentação das reformulações dos

projetos da RINACI.

Fevereiro a dezembro de 2005: encontros mensais de capacitação.

43

Cronograma

Fevereiro: dia 23 - das 19h00min as 22h00min.

Apresentação dos projetos da RINACI, compreensão da estrutura dos projetos.

O que é ONG?

O que é OSCIP?

O que é terceiro setor da economia.

Condução: Lílian Rocha.

Março: dia 18 - das 19h00min às 20h30min.

Metodologia: a aula prevista e a aula possível.

Condução: Jorge Santos

Dia 19 - das 09h00min às 13h00min.

Ação social – princípios básicos.

Condução: Rute Rodrigues.

Abril: dia 15 - das 19h00min às 20h30min.

Metodologia: exercícios e músicas para crianças.

Condução: Lílian Rocha

Dia 16 - das 09h00min às 13h00min.

Diversidade e respeito à diversidade – critica a visão colonialista.

Condução: Myrthes Gonzalez.

Maio: dia 13 - das 18h30min às 22h30min.

Violência - origens e causas. O que é violência?

Condução: Gaston Andino.

Dia 14 - 9h00min a 13h00min.

44

Oficina de sucata.

Condução: Renata Scharamm Lafermann

Junho: dias: 11 e 12 de junho

Encontro de final de semana

Troca de experiências, apresentação de resultados, exposição de trabalhos,

vivencias de integração.

Condução: Poty Silva e Ângela Teixeira.

Julho: dia 9 - das 19h00min às 20h30min.

Metodologia: e agora? O que eu faço?

Procedimentos em situações de emergência.

Condução: Myrthes Gonzalez.

Dia: 10 - das 9h00min às 13h00min.

Educação inclusão e exclusão.

Condução: Myrthes Gonzalez

Agosto: dia 19 - das 19h00min às 20h30min.

Metodologia: identidade, auto-estima e auto imagem. Metodologia de aulas que

abordem este tema.

Condução: Gaston Andino.

Dia 20 - das 9h00min às 13h00min.

Desenvolvimento cognitivo segundo Piaget.

Condução: Teresinha Flores

Setembro: dia 16 - das 19h00min às 20h30min.

Metodologia: adequação profissional à prática de ação social em biodanza.

Condução: Rute Rodrigues.

45

Dia: 17 - das 9h00min às 13h00min.

Hillmann, Daimon e o papel do facilitador.

Condução: Teresinha Flores

Outubro: dia 21 - das 19h00min às 22h00min.

Oficina de conotação de histórias.

Dia 22 - das 9h00min às 13h00min.

Educação Biocêntrica.

Condução: Feliciano Flores.

Novembro: dia 25 - das 19h00min às 22h00min.

Seminário sobre história da arte.

Dia 26 - das 9h00min às 12h00min.

Estética antropológica – ética e estética na valorização da vida.

Dezembro: dias 17 e 18.

Encontro de final de semana.

Troca de experiências, apresentação de resultados, exposição de trabalhos,

vivencias de integração.

Condução: Jorge Santos e Ana Maria Geraldes.

3.7 Participação no evento o Chamado do Beija-Flor

O convite para participar desse evento surgiu no 5º Fórum Social Mundial,

numa das oficinas de Biodanza organizadas pelo RINACI, no acampamento da

juventude em janeiro de 2005, pelos integrantes da comunidade Aldeia da Paz.

O Chamado do Beija-Flor foi um encontro de comunidades e indivíduos que

trabalham em suas Biorregiões em busca da harmonia social, ambiental, integral e

holística para o restabelecimento do equilíbrio de Gaia. Aconteceu de 17 a 29 de

46

setembro de 2005, no município de Alto Paraíso, Estado de Goiás - Chapada dos

Veadeiros, na região central do Brasil, onde passaram aproximadamente 1.500

pessoas de diversas partes do mundo durante os treze dias do evento, com muitas

palestras, oficinas, arte e música [...].

Participaram do Chamado do Beija-Flor oito alunos da Escola de Biodanza de

Pelotas.

A proposta de organização durante o evento era de autogestão, onde as

atividades a serem realizadas eram discutidas nas plenárias com o grande grupo e

todos juntos decidiam os cronogramas. Como a maioria das pessoas não estava

acostumada a esse tipo de organização e havia diversas atividades propostas,

muitas oficinas não aconteceram. Durante a primeira semana do evento mesmo as

oficinas de Biodanza que já estavam no cronograma não aconteceram, e os colegas

da Escola tiveram que retornar para Porto Alegre, isso foi importante para minha

aprendizagem pessoal, pois tive que fazer todo o processo de divulgação da oficina,

através de cartazes, de convites boca a boca e ainda utilizando microfone na hora

da oficina para chamar as pessoas.

Na oficina havia umas 30 pessoas e apenas uma já conhecia Biodanza, além

disso, a maioria não era do Brasil, apesar dos diversos desafios que se

apresentaram à aula foi lindo e muito emocionante ver o brilho nos olhos e ouvir o

retorno das pessoas no final.

Andréia Vasques: sócia da Rinaci, aluna em formação da EFFBRT-Pelotas. Em

2004 e 2005 foi facilitadora no Projeto Pró-Maria.

47

4 ENCONTROS DE AÇÃO SOCIAL EM BIODANZA

RINACI tem promovido a cada dois anos encontros de Ação Social e Biodanza,

objetivando expandir a produção e troca de conhecimentos na área, além de formar

uma rede de troca entre as experiências em diversas partes do planeta.

A Prática de Ação Social utilizando a metodologia de Biodanza é comum entre

facilitadores e alunos de escolas de formação em Biodanza. É crescente o número

de organizações que buscam a Biodanza como proposta eficaz de transformação e

integração.

Atualmente a atenção da sociedade está voltada para o terceiro setor, que vem

exigindo uma postura cada vez mais profissional de quem trabalha em instituições

sociais. O Governo Federal através da criação de novas leis que possibilitam a

remuneração desses profissionais, incentiva a ampliação e o fortalecimento deste

setor da economia, viabilizando ao cidadão dedicar-se integralmente à criação e

execução de Projetos Sociais.

4.1 Biodanza e Ação Social

A Biodanza na Ação Social oferece meios de resgate da cidadania a partir do

reforço da identidade individual, grupal, comunitária e cultural, favorecendo a noção

valor intrínseco e de importância dentro da sociedade. Resgata a potência de agir no

mundo e modificar realidades opressoras a partir de uma noção vivencial de

dignidade.

4.2 Pressupostos básicos

- Resgate da dignidade a partir do reforço da identidade.

- Resgate de valores de cuidado com a vida como: auto-estima, amizade,

solidariedade, vínculo em feedback com o ambiente.

- Estimulação dos potenciais genéticos presentes em cada linha de vivência.

48

4.3 Tema central: Resgate da Identidade em Sentido Amplo e Profundo

- Valor da expressão cultural

- Singularidade

- Dignidade

- Potência

- Capacidade de adaptação e mudança

- Reflexão profunda sobre os próprios valores e lugar no mundo

4.4 Desafio do facilitador

- Compreender a realidade onde está se inserindo a partir da empatia e não do

julgamento e de preconceitos.

- Estabelecer um diálogo constante com seus valores culturais que entrem em

choque com a realidade vivida.

- Diferenciar suas necessidades das necessidades do grupo, buscando

reconhecer demandas invertidas.

- Estar disposto a crescer e transformar-se.

- Reconhecer seus talentos, propósitos colocando-os a serviço do propósito do

grupo de trabalho.

- Reconhecer suas limitações e pedir ajuda, reconhecendo os talentos, a

capacidade e o vinculo afetivo existente na equipe.

- Humildade.

4.5 Biodanza na Instituição Social

- Colabora desenvolvendo novas possibilidades de relação baseadas em

princípios de solidariedade, empatia, vínculo e relação em feedback.

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- Busca atuação em rede, atendendo a totalidade das pessoas envolvidas no

processo, ou seja, público alvo, funcionários, familiares.

Todos são parte de um único todo orgânico, inclusive a equipe de facilitadores.

É um percurso de profilaxia da saúde institucional, colaborando de forma eficaz

com processos de cura.

Tem como mote restabelecer significado e satisfação de estar juntos,

envolvidos com determinado propósito.

4.6 Ação Social

Prática que se desenvolve a partir do despertar da consciência para uma

situação social de exclusão. Com base em uma realidade intuída e um sentimento

de empatia parte-se para o estudo e entendimento da realidade vivida pela

população alvo.

A ação social vem no sentido de uma participação ativa e horizontal onde o

voluntário ou trabalhador social é um facilitador de um processo de valorização de

todos os envolvidos. O grande desafio é a compreensão da realidade e o resgate de

potência de todos os envolvidos em uma relação de construção coletiva.

4.7 O I Encontro de Ação Social e Biodanza

Promovido pela RINACI com o apoio da EFFBRTP e da Frater Espaço

Biocêntrico realizou-se em Porto Alegre nos dias 5, 6 e 7 de agosto de 2005, com a

participação de cerca de cem participantes. Na programação tiveram destaque a

palestra de abertura sobre: Princípios Básicos da Ação Social em Biodanza,

proferida por Myrthes Gonzalez, relatos de diversas experiências em Ação Social e

Biodanza e a apresentação de monografias de sete alunos da Escola e sócios da

RINACI, além de maravilhosas vivências de Biodanza.

A avaliação do Encontro foi muito positiva por parte dos participantes. Os quais

propuseram a continuidade desses Encontros a cada dois anos - objetivando a

partilhas das práticas em Ação Social e Biodanza, aprofundar o conhecimento e a

50

profissionalização dos facilitadores. A proposta da RINACI era de que outra

organização, ONG ou Associação de Biodanza ou Escola organizasse o próximo

encontro. No entanto, os participantes reconhecendo a estrutura e capacidade

organizativa e o significativo trabalho em Ação Social propuseram que o Encontro de

2007 ainda fosse organizado pela RINACI e depois se avaliasse qual a organização

que assumiria o ano de 2009.

Atualmente a RINACI está envolvida com a preparação do II Encontro de Ação

Social e Biodanza que se realizará em Porto Alegre nos dias 12, 13 e 14 de janeiro

de 2007.

Objetivos do Encontro:

- Reunir profissionais e estudantes de Biodanza para troca de experiências na

área de Ação Social e Biodanza.

- Dar visibilidade aos projetos de ação social realizados por facilitadores de

biodanza.

- Informar a comunidade em geral sobre as possibilidades de ação social em

biodanza e seus resultados.

- Tecer diálogos e debates que contribuam para o entendimento da Ação Social

como prática profissional.

- Fomentar produção científica para divulgar e instrumentalizar a prática da

Ação Social em Biodanza.

- Viabilizar o ingresso da biodanza dentro dos projetos do Terceiro Setor.

51

5 PARTICIPAÇÃO EM CURSOS

Representantes da RINACI participam e atuam em seminários, reuniões

administrativas e de avaliação com instituições parceiras com quem são

desenvolvidos os projetos.

Buscando uma qualificação mais aprimorada e preparo técnico para

elaboração de projetos, a Rinaci tem incentivado a participação de seus

representantes em cursos e algumas vezes têm viabilizado essa participação

financiada as inscrições:

- Pelo SENAC Comunidade: Curso/Projetos - participaram três pessoas em

2003.

ü Curso Captação de Recursos - participaram três pessoas em 2005.

ü Cursos Planejamento Organizacional para Entidades do Terceiro Setor -

participou uma pessoa em 2006.

ü Pela Fundação Luterana – Curso Projetos – Participaram três pessoas em

2004

- Pelo Instituto Venturi: Curso Aspectos Jurídicos Fiscais e Captação de

Recursos no Terceiro Setor - participaram duas pessoas em 2005

- Pela Fundação Semear: Feira de Terceiro Setor – participaram duas

pessoas em 2004.

ü I Encontro Gaúcho do 3° Setor - participou uma pessoa em 2006.

- Promoção de um conjunto de Instituições - I Encontro Brasileiro de

Responsabilidade Sócio-Ambiental - participou uma pessoa em 2006.

Há também a participação nas reuniões mensais no Fórum Municipal dos

Direitos da Criança e do Adolescente de Porto Alegre. Nas Conferências municipal e

Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente que acontecem a cada dois

anos.

52

Até o momento a RINACI tem se mantido financeiramente com a mensalidade

dos sócios, com venda de camisetas e algumas doações de colaboradores,

especialmente europeus.

Em 2003 e 2004 tivemos uma doação para compra de material pedagógico

para o Projeto Integrar, por parte da ONG Moradia e Cidadania.

O trabalho de Ação Social desenvolvido através dos facilitadores sem

remuneração, em forma de voluntariado, ou como estágio durante o primeiro ano de

atuação nos projetos. No entanto temos o entendimento da relevância da

profissionalização dos facilitadores com a adequada remuneração para que possam

dar continuidade aos Projetos. Para tanto temos escrito e encaminhado alguns

projetos para instituições financiadoras como a Fundação Junia Rebelo do Banco

Real, Brasil Foundation e a Fundação Luterana. A Fundação Luterana aprovou

nosso projeto e financiará parte dele.

53

6 APRESENTAÇÃO DOS PROJETOS DA RINACI

Na visão da RINACI, que é de estabelecer até 2008 uma rede afetiva pulsante

de referência mundial baseada no Princípio Biocêntrico para a prática de ações que

viabilizem meios de inclusão e cidadania, representantes da RINACI têm

apresentado os Projetos Sociais da RINACI a partir de 2004 e em diversos lugares

na Europa, no Brasil e na Argentina.

Como resposta e como resultado ampliamos a rede e o número de sócios

contribuintes, também recebemos algumas contribuições de colaboradores.

Na Itália, foram realizadas apresentações nas cidades de Nápoles, Bolonha e

Castelfranco (2004) e Roma em 2005.

Na França, cidade de Nice em 2005.

No Brasil, em Búzios (2006) no Congresso Internacional de Biodanza; em São

Paulo e em Porto Alegre no I Encontro de Ação Social e Biodanza (2005) e em

muitas outras eventos da RINACI.

Na Argentina, em 2006, no encontro da Regional sul realizado na Villa Carlos

Paz-Córdoba.

Essa divulgação tem mostrado nosso trabalho e tem dado maior visibilidade

aos nossos Projetos Sociais, viabilizando a possibilidade de tornar essa ferramenta

de transformação das pessoas que é a Biodanza, acessível às populações que não

teriam acesso a ela por outras vias. Sentimos que as pessoas se sensibilizam com

os projetos e com eficácia da nossa ação junto à população que atendemos assim

como em nossas vidas. Muitas pessoas manifestaram o desejo conhecer os Projetos

da RINACI em loco, passando algum tempo em Porto Alegre.

54

7 VISITAS

Tivemos as visitas de Alessandra Bosco, Mara Picini (2005) e Cristina Beraldi,

Lívia e Frederico (2006) da Itália; Débora e Vanessa de São Paulo (2005); Birgith da

Alemanha ( 2006); Sabela e Laura da Espanha (2006); Heléne (diretora da Escola

de Nice) (2005) Emmanuel Rauzier, Cátia, Heléne e Frederique (2006) da França.

Esses companheiros biodanceiros foram convidados a partilhar nossas casas nos

dias que ficaram em Porto Alegre. Participaram de reuniões da RINACI, da equipe

de projetos, visitaram as instituições onde desenvolvemos nossos projetos sociais

como o CEDEL, a Escola João Alfredo, a Casa Viva Maria, dançaram com as

crianças, com as mulheres, com os adultos, enfim os que ficaram mais tempo

puderam conhecer um pouco dos contrastes dessa cidade e do Brasil, onde pobreza

e riqueza convivem lado a lado revelando a face cruel do sistema capitalista, e

entender como a Ação Social em Biodanza se faz tão necessária e através dela que

fazemos a diferença na vida dessas pessoas. E mais que isso, fazer essa rede

pulsar de forma a mobilizar outros facilitadores em muitos outros lugares do país e

do mundo a se sentirem sensibilizados e mobilizados para a ação social.

Entrevista

Emmanuel Rauzier (MANU) respondeu algumas perguntas sobre a sua estadia

em Porto Alegre:

Rinaci: O que representou para vocês conhecerem pessoalmente osprojetos da RINACI?

Manu: Quando Myrthes apresentou na França o seu relato e apossibilidade do estágio em ação social acha muito interessante,nos deu o desejo de conhecer o Brasil. Mas uma coisa é a teoria(palavras misturadas com a nossa imaginação), outra coisa é ver arealidade. Através dos projetos da RINACI vimos concretamente osignificado do reforço da identidade e dignidade, aceitando e seadaptando com as pessoas excluídas ou diferentes. Dois exemplossignificativos: com as crianças das vilas os facilitadores nãogritavam ou ficavam bravos, mas utilizavam a agitação paraatividades criativas: a música Bomba para expressar-se, o aviãode papel para apresentar-se, a capoeira para comunicar-se... Comos especiais vimos como os facilitadores estimulavam acriatividade e a expressão através de desenhos e imitações deanimais e facilitavam o contato com as brincadeiras. Mas de tudoquero dizer que participar de ação social realizada pela RINACIfoi um grande presente. Voltamos para a França com o sorriso dascrianças, com as palavras de boas vindas, com a jóia dos

55

especiais. Voltamos com uma aula de vida: a Ação Social é uma viade dois lados, tanto para o facilitador como para o facilitado.Uma ação social sem prazer de receber e aprender não é eficiente.Eu volto para a França com um enorme presente: flores que recebide uma menina do grupo de adolescentes, um presente que me tocoumais do que tudo.

Rinaci: O que é para vocês Ação Social e Biodanza?

Manu: Ação Social pode ser um reconforto em situações de urgência,ou reformas políticas e materiais, mas só resolvemos os problemasa longo prazo se mudamos o ser interior e o sentimento dedignidade, quando se muda as relações afetivas. Isso é verdadeirotanto para os excluídos ou diferentes quanto para os que queremajudar. A biodanza não é uma técnica única para ação social, ela éuma prática entre outras quando se utiliza a educação biocêntrica.No CEDEL, por exemplo, os adolescentes e as crianças fazem hortacomunitária, olham filmes e depois conversam sobre isso. Abiodanza é uma forma de comunicação. Por exemplo, quando ascrianças fazem uma roda, uma delas recebe um colar vai para ocentro e dança, repassa o colar para o outro colega e assim pordiante. Eles aprendem a dar e receber e mostrar-se ao centro. Issoreforça a identidade e o vínculo social. Nós constatamos que aspessoas excluídas que praticam Biodanza há mais tempo possuem maisconfiança, afetividade e um sentimento de grupo. Isso sãoinstrumentos muito úteis para enfrentar a injustiça e tentar mudaro mundo no qual vivemos.

56

8 PARTICIPAÇÃO NO V FÓRUM SOCIAL MUNDIAL-2005

Em 2005 já com a ONG RINACI em funcionamento com alguns projetos de

Ação Social em Biodanza, trabalhando em conjunto com a Frater Espaço Biocêntrico

e a Escola de Formação de Facilitadores de Biodanza Rolando Toro de Pelotas,

realizamos reuniões para definir a nossa participação no FSM12 e decidimos levar a

Biodanza para o Fórum realizando oficinas. Organizamos as equipes de trabalho.

Decidimos que teríamos um Stand, material para divulgação da Rinaci, das oficinas

de Biodanza, e camisetas da Rinaci com o logotipo da Biodanza e do FSM. Inscrevemos

Stand com material de divulgação da Rinaci e parcerias

12 oficinas de Biodanza para adultos, pois o Forumzinho para crianças não

aconteceu naquele ano. Como participantes de três organizações que são distintas,

mas que trabalham, em rede e se apóiam mutuamente nos eventos e atividades que

12A 5ª Edição do FSM realizou-se em Porto Alegre –RS, entre os dias 26 e 31 de janeiro. Contoucom a participação de.155 mil participantes, dos quais 35 mil integrantes do Acampamento daJuventude. Estiveram presentes 6.872 organizações de 151 países, envolvidos em 2.500 atividadesdistribuídas entre os 11 espaços temáticos do Território Social Mundial. Na marcha de abertura doFSM participaram mais de 200 mil pessoas. E nos dias 29 e 30 (sábado e domingo) circularam noTerritório do Fórum Social Mundial 500 mil pessoas

57

promovem, inscrevemos as oficinas da seguinte forma: quatro em nome da RINACI

quatro pela EFFBRTP e quatro pela FRATER-Espaço Biocêntrico.

A RINACI através dos Projetos apresentados e da metodologia da Biodanza

obteve o reconhecimento e interesse não somente dos profissionais que trabalham

nesta área mas de todos que participaram das oficinas desenvolvidas:

ü A intersubjetividade em violência doméstica;

ü Abordagem biocêntrica-mulheres em situação de violência;

ü Organização biocêntrica para ação em cidadania;

ü Biodanza com crianças em vulnerabilidade social

Facilitadores e alunos em formação da EFFBRTP que desenvolveram as

oficinas no FSM: Rute Rodrigues, Ana Maria Geraldes, Jorge dos Santos, Lílian

Rocha, Marco Guimarães, Carmen Gessinger, Nilza Quadros, Fernando Pires, Poty

R. Silva, Gaston Andino, Agostinho Dalla Vecchia, André Simoni, Izaura Favero,

Andréia Vasques, Letícia Pacheco, Anderson Aires, Elvio Moroni.

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As 12 Oficinas de Biodanza desenvolvidas no FSM- 2005

Organização Proponente Parceiros Título da Oficina

Escola de Formação deFacilitadores de BiodanzaRolando Toro – Pelotas

Frater Espaço Biocêntrico/Rinaci -Rede de integração e cidadania

Educação Biocêntrica

Escola de Formação deFacilitadores de BiodanzaRolando Toro – Pelotas

Frater Espaço Biocêntrico/Rinaci -Rede de Integração e Cidadania

Biodanza e o sentido coletivoda criatividade

Escola de Formação deFacilitadores de BiodanzaRolando Toro – Pelotas

Rinaci - rede de integração ecidadania/Frater Espaço Biocêntrico

Construindo uma novaabordagem sobre as relaçõesde gênero

Frater Espaço Biocêntrico A viagem como caminho detransformação

Frater Espaço Biocêntrico Rinaci-Rede de integração ecidadania/Escola de Formação deFacilitadores de Biodanza RolandoToro – Pelotas/Terna Adoção -Grupo de pais adotivos

Biodanza e adoção

Rede de integração ecidadania

Frater - Espaço biocêntrico/Escolade Facilitadores de BiodanzaRolando Toro de Pelotas

A intersubjetividade emviolência doméstica

Rede de integração ecidadania

Frater - Espaço biocêntrico/Escolade Facilitadores de BiodanzaRolando Toro de Pelotas

Abordagem biocentrica-mulheres em situação deviolência

Rede de integração ecidadania

Frater - Espaço biocêntrico/Escolade Facilitadores de BiodanzaRolando Toro de Pelotas

Organização biocêntrica paraação em cidadania

Rede de integração ecidadania

Frater - Espaço biocêntrico/Escolade Facilitadores de BiodanzaRolando Toro de Pelotas

Biodanza com crianças emvulnerabilidade social

Organização proponente Parceiras Título da OficinaEscola de Formação deFacilitadores de BiodanzaRolando Toro – Pelotas

Rinaci - Rede de integração ecidadania/Frater EspaçoBiocêntrico

Biodanza - resgatando acapacidade de celebrar avida na construção da paz

Frater Espaço Biocêntrico Rinaci -Rede de integração ecidadania/Escola de Formação defacilitadores de Biodanza RolandoToro - Pelotas

Juventude e a criatividadena construção da cidadania

Frater Espaço Biocêntrico Rinaci - Rede de Integração eCidadania/Escola de Formação deFacilitadores de Biodanza RolandoToro de Pelotas

Biodanza como metodologiade contraponto a umasociedade individualista

A motivação para a participação do FSM estava expressa nas atitudes de cada

integrante das equipes, cada um se empenhando na sua tarefa tendo a consciência

que somos uma teia viva e que o movimento de cada um se reflete no todo. Este

pulsar sistêmico se refletiu nos resultados das oficinas com as salas sempre lotadas

de pessoas que buscavam esse algo inédito, surpreendente, luminoso que a

Biodanza contém.

59

Alunos da EFFBRT-Pelotas e Facilitadores dos Projetos Sociais da Rinaci

Janeiro de 2005. A cidade de Porto Alegre viu-se transformada. Toda orla do

Guaíba mudou sua paisagem com a estrutura montada para o Fórum Social

Mundial. Salas, auditórios, espaços para oficinas, conferências e muitas outras

atividades foram construídos com grandes lonas brancas. A margem do Guaíba

transformou-se num grande acampamento mundial dos que lutam pela esperança.

Intelectuais renomados, estadistas, trabalhadores, militantes de partidos de

esquerda, de sindicatos, ONGs e todo tipo de organizações civis, milhares de

jovens. Gente de todos os continentes convivendo junto de forma igual e horizontal,

com um calor de 40ºC.

Todos trouxeram muito mais que bagagens, trouxeram muitas idéias e sonhos

para discutir, trocar, compartilhar. Trouxeram propostas, expectativas e esperanças

para a construção de outro mundo possível.

Marcha de abertura do FSM – 2005 Chegada dos participantes no Anfiteatro Pôr do Sol

60

As Organizações sociais e políticas pautaram nas grandes conferências,

questões como a globalização, a sustentabilidade do planeta, os direitos humanos e

sociais, a democracia e a paz entre os povos. Estes grandes temas foram

desdobrados em questões mais específicas nas centenas de oficinas, onde cada um

dos participantes pode manifestar-se de forma mais direta com suas críticas,

propostas de ação e através de vivências.

A Aldeia da Paz com sua organização comunitária, reunia diariamente milhares

de pessoas para celebrar o nascer e o pôr do sol num ritual de grande beleza e

significado. Foi neste contexto de festa, de revolução, de insurgência, de rebeldia

contra o status quo, que realizamos as oficinas de Biodanza no FSM.

A Biodanza se apresentou como uma possibilidade de experiência, mesmo que

durante algumas horas, o projeto de uma sociedade solidária, fraterna, amorosa, de

compartilhamento e alegria que todos viemos buscar ou ajudar construir no FSM. Foi

uma experiência de comunidade, de estar junto o africano, o hindu, o europeu, o

latino-americano e conseguir se comunicar não pelos diferentes idiomas, mas por

uma linguagem comum: a linguagem do olhar emocionado, do afeto, do abraço. E

sentir que, para além das aparências e da singularidade, somos essencialmente

iguais. Os nossos corações pulsam pelo mesmo desejo de amar e ser amado.

Somos animados pela mesma esperança de construir um mundo melhor celebrando

a alegria e o prazer de viver.

O desejo de viver e ser feliz é mais que uma aspiração de ascensão social, é

um impulso vital de cada ser humano e a razão pela qual ele busca a transformação

de si próprio e do meio em que vive. As transformações sociais pelas quais

trabalhamos não acontecem por decreto, mas sim com homens e mulheres mais

sensíveis, mais solidários, sem preconceitos, mais amorosos, mais compassivos,

mais éticos e mais justos.

A Biodanza propõe a transformação social a partir de uma mudança interna.Não parte de uma ideologia, e sim da transformação dos homens queexecutam as mudanças (TORO,1982, p.105).

Biodanza é um sistema para aflorar a parte maravilhosa que existe em cada

um. E a possibilidade de acessar essa parte iluminada de cada um, essa beleza

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divina e sagrada de cada um que gera esse brilho no olhar, esse êxtase que as

pessoas mesmo fazendo uma só aula ficam na memória, não mental, mas celular da

Biodanza como uma experiência indescritível.

Todo o amor que possamos dar é insuficiente para as necessidades denossa época. Todos os beijos, todas as caricias, todos os sorrisos, todas asseduções, toda paixão, todos os jogos e encantamentos, toda ternura épouca para nossa época violenta e carente de contato (TORO,1982, p. 94).

O amor é um fenômeno cósmico e biológico. Ao chegar ao nível humano,ele se revela como a grande força de agregação, de simpatia, desolidariedade. As pessoas se unem e recriam pela linguagem amorosa osentimento de bem querença e de pertença a um mesmo destino e a umamesma caminhada histórica (BOFF, 1999, p.111).

O FSM colocou para a população mundial a oportunidade única de se reunir e

debater as práticas e as lutas necessárias para a transformação mundial. E mais que

isso, de construir uma rede de organizações e pessoas que articuladas possam

acumular forças individual e coletivamente para a construção de um mundo melhor.

O FSM mostrou que é possível conviver num mesmo espaço geográfico, gente

de todas as raças, de todas as idades, de todas as culturas, respeitando o espaço

de cada manifestação cultural, de cada crença e de cada maneira de viver.

Em cada edição do FSM torna-se mais forte a busca das pessoas por espaços

onde possam vivenciar outras questões que transcendam a discussão política e

econômica. Espaços como os oferecidos pela Biodanza e pela Aldeia da Paz - de

convivência fraterna, de encontros ternos e cheios de calor e risos, de expressão

livre das emoções e sentimentos. Espaços de vivência da espiritualidade, da união

com o cosmos, de transcendência. Ensinando que é possível viver a alegria do

encontro, da festa cultural e social junto com o compromisso revolucionário. E mais

que tudo, ajudando a compreender que o caminho para transformar o mundo passa

pela transformação de si mesmo, pela transformação das relações entre as pessoas,

do perceber-se e perceber o outro, de vincular-se com o outro respeitando as

diversidades. E esse processo não acontece dissociado da transformação da

sociedade materialista, injusta e desigual. Ambas as mudanças precisam caminhar

juntas na construção de homens e mulheres novos convivendo numa sociedade

fraterna, amorosa, justa, solidária e pacífica.

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A participação de 155 mil pessoas no Fórum revelam a dimensão do Evento e

a importância de estarmos presentes pulsando junto na teia da vida, em rede com

todas as organizações do terceiro setor presentes, divulgando os Projetos Sociais da

RINACI, compartilhando experiências, com nossa alegria, com nossa vontade de

mudar o mundo e com essa metodologia tão poderosa e transformadora que é a

Biodanza.

Acreditamos que através da Biodanza, centenas de pessoas puderam

conhecer e vivenciar momentos ímpares em suas vidas quer seja participando de

vivências e ou facilitando vivências.

Registra-se o depoimento de três pessoas que conheceram vivencialmente a

Biodanza nas Oficinas que foram facilitadas pelos facilitadores da Rinaci.

Para mim foi uma grande alegria conhecer a Biodanza no FSM. Minhaprimeira experiência foi em 2002 com uma dinâmica facilitada porMyrthes, e desde então onde encontro pessoas biodançando me enfiono meio. Entendo a Biodanza como uma ferramenta de reeducaçãoafetiva e de autoliberação e acredito que o efeito potencializadoque ocorre no Fórum Social Mundial é em virtude da grandediversidade de pessoas que lutam pelo novo, cada qual com umaparcela de informações e experiências revolucionárias para o novomundo. Com muito amor e trabalho construímos o mundo que queremos.Agradecido por suas intervenções, bom trabalho, tese e continuecom sua bela práxis (Andrey Camargo Piovesan).

Minha interação com a Biodanza se iniciou exatamente num momentoímpar que foi o Fórum Social Mundial. Estava eu aguardando oinício das palestras da tarde,quando encontrei uma amiga (que éfacilitadora de Biodanza - vale dizer, tive o privilégio deconhecê-la no FSM), e ela me disse: vou a um encontro deBiodanza, gostarias de conhecer? Fui, e para mim foi uma vivênciamarcante. Estava ansioso, pois não tinha idéia do que abordariaessa experiência. Nós, um grupo de pessoas que nunca tínhamo-nosencontrado, partilhamos olhares, nos tocamos, nos respeitamos,vivemos! É inimaginável que poucas horas, no final, representavaum tempo completamente diferenciado do relógio. Difícil explicar.Somente participando é possível viver. Palavras não sãosuficientes para explicar a vida! Terminamos o encontro e nosabraçamos como velhos conhecidos. Tínhamos todo um brilho noolhar, felicidade, sorriso para todos.

Lógico, para mim era tudo (tudo é meio forte) o que gostaria deencontrar no meu dia a dia. O contato íntimo e respeitoso com meuirmão de vida. Sempre ansiava por um novo encontro de Biodanza, eassim fiz durante todo o mês de fevereiro na Frater. Lá conheciótimas pessoas, que tinham um objetivo em comum: Ser Feliz, vivera felicidade!

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Tenho apenas uma questão: as pessoas que não conhecem Biodanza seassustam com a intimidade, um abraço forte. Na real parecem Termedo de se abrirem para isto. Compartilhar assim, se faz tambémuma maneira cautelosa do meu agir, tenho de sentir muito a outrapessoa. Entrar com tato [...]. Bom. As pessoas são diferentes. Mas[...] SER FELIZ É MUITO BOM! A Biodanza para mim é uma marca muitoimportante na minha vida (Eduardo Waschburger).

Tive a felicidade de começar a conhecer, ou melhor, descobrir aBiodanza no FSM, em janeiro de 2005 onde participei de uma Oficinana qual estava a maravilhosa facilitadora Lílian Rocha. Quando eucheguei já havia iniciado, foi pela manhã e eu participei até ahora do intervalo do almoço. Mas bastou para despertar meuinteresse e me apaixonar pela Biodanza.

Era um dia de calor intenso. Eu já estava super cansada, pois erajá o terceiro dia do Fórum, mas digo com sinceridade que saí de lárenovada, disposta, alegre, leve. Pedi o telefone e o endereçoonde poderia posteriormente procurar para conhecer melhor, e quemsabe aprender algo, ou melhor, muito para minha vida e para ajudarna missão que realizo em defesa da vida, do fortalecimento do bemestar, de melhorar as relações pessoais, da dignidade humana,enfim semear mais bem estar, amor, alegria, confiança (IrmãGelsemina Pizzato).

Temos plantado algo inusitado e com potência que transgride muitoblábláblá por aí, ou seja, que a RINACI pode trabalhar em muitasfrentes justamente por possuir uma metodologia direta e abrangentecomo a que montamos. Desde a primeira oficina, até a última, o quemais vi foi surpresa no rosto das pessoas!!! (Rute Rodrigues -facilitadora da Rinaci no FSM).

Oficinas Biodanza no FSM - 2005

Brasil lugar de esperança

Este país é assim tão rico com esta gente assim tão pobre. Assiminiciou, com as palavras de um amigo brasileiro, sob o imenso céude Porto Alegre, minha viagem pelo Brasil. Os primeiros cinco diaspassaram com velocidade e entusiasmo do Fórum Social Mundial, esteevento global e profundamente humano, nascido em 2001, para fazer

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ouvir a voz da sociedade civil sobre a justiça social, democracia,ambiente, paz, identidade, cultura, direitos humanos, mulheres,indígenas, o respeito a todas as diversidades e a liberdade decontá-las.

A resistência contra a violação da condição humana e a generosautopia segundo a qual um outro mundo é possível mobilizaram 150mil pessoas de todos os continentes que se encontraram discutindo,confrontando idéias e práticas, constituindo redes, iniciativas,possibilidades. Ou também somente para ser e esperar todos juntosum mundo melhor.

E assim, por quase uma semana de vida em comum, percorrendo abeira da lagoa da cidade como um passeio que conta a beleza domundo e a sua criatividade vista nos numerosos seminários queparticipei, escolhidos entre centenas do programa de diversasdensidades e qualidades que num caos apenas aparente se dispõe aolongo do espaço de alguns quilômetros do fórum.

Esta festa mundial da diversidade traz a mensagem de resistênciaaté mesmo na irredutibilidade de algumas experiências de fórmulafraca e poucos pontos de programa. Ao mesmo tempo, é exatamenteesta irredutibilidade que pode ser considerada um limite de ondese vislumbra uma passagem durante o fórum do tempo do protestopara o tempo da proposta, tendo em vista que o movimento pelajustiça global está mais incisivo em se mostrar ao mundo.

Na realidade o Fórum nasceu como um contraponto à reuniãoeconômica de Davos, que reúne todo ano na estação de esqui, Suíça,os representantes do poder econômico, financeiro e políticomundial. Nestes anos o crescimento constante do fórum mundial edas edições regionais o fórum europeu que aconteceu com sucessoem Florença no ano de 2002 e em Paris e Londres nos anossucessivos - trouxe numerosos comentários sobre a necessidade dese fazer uma passagem para formas mais estruturadas de organizaçãocapaz de estabelecer um confronto e um diálogo direto com osatores econômicos e políticos mundiais.

Esta ultima parece antes de tudo uma exigência européia, de frontea maioria sul americana mais relutante a colocar-se contra o podermundial e que pensa a si mesmo como sociedade em movimento. Porexemplo, através das numerosas experiências de rede de economiasolidária, os sul-americanos se reconhecem capazes de criaremligações espontâneas de solidariedade horizontal, de reconstruíremcomunidades seja rurais ou urbanas em grau de trocar bens eserviços, de reproduzir se e ter sentido autonomamente, até com oreconhecimento, muitas vezes, da esfera pública. É notório oexemplo da sociedade Argentina que esta organizada em 17 redes deeconomia solidária através do tecido econômico e social do país.

Vislumbra-se assim a trama sutil do debate sobre formas antigas,modernas e pós-modernas de fazer sociedade e gerar transformaçãosocial, em confronto com uma diferente articulação entre estado,mercado, e sociedade e uma diferente dramaticidade das questõessociais.

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A atmosfera de Porto Alegre Além deste cenário, o fórum é,sobretudo a extraordinária energia e vitalidade de testemunharcerta forma de estar no mundo, que cuida do mundo dou-me contaenquanto encontro milhares de pessoas, cada final de tardeaplaudindo o por do sol.

É nesta atmosfera de grande vitalidade coletiva e profunda erenovado humanismo que experimentei o primeiro projeto socialbrasileiro de minha viagem, conduzido por uma ONG de Porto Alegre.A RINACI propõe um processo de transformação social através dapromoção da cidadania e integração de valores da paz, da ética edos direitos humanos no âmbito das instituições e grupos sociais.

A metodologia é original porque se baseia sobre a filosofia domovimento internacional de biodanza fundado nos anos sessenta porum antropólogo chileno que fala do princípio biocêntrico - a vidacomo referimento central na conduta individual e coletiva. Abiodanza, nas palavras do fundador Rolando Toro, mais que umaciência, é uma poética do encontro humano, uma nova sensibilidadediante da existência . De fato a biodanza responde a questões demudança social partindo da sede das emoções que é o corpo epropondo uma cultura da vida, de respeito e amorosidade em relaçãoa si mesmo, aos outros e a natureza .

Os rapazes e moças da ONG RINACI fazem a intervenção através dadança, expressão artística e poética, promovendo experiências deintegração afetiva, de solidariedade e de desenvolvimento dopotencial criativo e vital. No fórum a experiência da biodanzareuniu centenas de pessoas. Pegas pelas mãos como uma ciranda ondecada um tem o seu lugar, convidados por belíssimas músicasexperimentamos um mundo melhor celebrando a alegria de viver.

Em passos de dança fiz também o caminho do espaço global do fórumque me levou para dentro do Brasil, entre as ruas antigas e lentasde Porto Alegre, na sede da ONG onde encontro alguns dosfundadores da RINACI.

O grupo que idealizou esta forma de intervenção é unido, compacto,se vê que aplica internamente o principio biocêntrico que originasua atuação social. Respira-se um ar de paz e fluidez entre elesque envolve prazerosamente a mim também. Antropólogos, psicólogos,pedagogos, atuam juntos com paixão e profissionalismo realizando,por exemplo, projetos que envolvem mulheres em situação deviolência e crianças e adolescentes provenientes de famíliascarentes, com o objetivo de não dar o peixe mas ensinar a pescaratravés de um processo de integração.

A integração social esta agregada e refletindo uma dimensão aindamais visionária dentro do projeto, se trabalha também a realizaçãoem rede de troca de bens, serviços trabalho para todos osoperadores, membros e participantes das atividades do RINACI,porque cada atividade humana tem o seu valor dentro da rede decidadania. Lindo, uma pequena cidade que celebra a vida.(Alessandra Bosco-Itália)

(Tradução de Myrthes Gonzalez).

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9 PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO DE FACILITADORES EM 2006

9.1 Grupos de Estudos

Foram organizados quatro grupos de estudos, de acordo com as

características das pessoas atendidas nos Projetos: crianças, adolescentes, adultos

e portadores de necessidades especiais. Cada grupo é coordenado por um

facilitador didata e o funcionamento é em autogestão.

Esta proposta tem como objetivo:

- Aprofundar o estudo da Metodologia de Biodanza em temáticas relacionadas

ao público dos Projetos Sociais pela troca de experiência e estudo teórico;

- Incentivar a investigação e pesquisa de metodologias aplicadas na facilitação

em Ação Social;

- Criar material de cunho científico, literário, artístico ou didático.

Alguns temas trabalhados pelos grupos até o encontro de julho:

Infância: Realizaram encontros mensais de quatro horas de duração.

Estudaram textos que enfocaram a brincadeira e seu significado. Assistiram ao filme

A história sem fim, utilizado como ponto de partida para uma conversa sobre o

papel da fantasia na infância e a reflexão de como se dá este processo quando a

criança vive com privações e violência.Também verificaram a produção gráfica das

crianças do Projeto Integrar, buscando um entendimento mais aprofundado do

mundo interno destas crianças.

Adolescência: Realizaram encontros mensais de três horas de duração. No

primeiro encontro: Estudo das fases da Adolescência: Puberdade, Fase Inicial,

Adolescência, Adolescência Tardia. Reflexão sobre o filme do mês: No Balanço do

Amor. Adaptação, Diversidade, Linguagem Corporal, Empatia, Preconceito e

Relação Inter-racial. No segundo encontro: Aprofundamento no estudo da Fase

Inicial da Adolescência relacionando com a vivência pessoal de cada membro do

grupo.

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Especiais: Realizamos encontros a cada vinte dias com três horas de duração.

Examinamos e selecionamos textos para leitura. Definimos os objetivos do trabalho

em Biodanza com pessoas portadores de necessidades especiais e seus familiares

no presente momento do Projeto Inclusão e Diversidade. Produzimos vídeo em DVD

sobre o Projeto Inclusão e Diversidade. Assistimos ao filme: Uma lição de amor

(recomendados a pais e pessoas sensíveis).

Adultos: Encontros a cada vinte dias com três horas de duração. Foram

estudados textos sobre Grupos e Vínculos. Cuja base são os autores Bion e David

Zimerman (psicanalista Porto Alegrense) - relacionados com observações nos grupo

sobre Biodanza. Num terceiro encontro foi assistido o filme: Colcha de retalhos.

9.2 Os Encontros

O 1º encontro foi realizado nos dias 4 e 5 de março de 2006. Participaram a

diretoria e os facilitadores dos projetos da RINACI. Vivências de integração

marcaram o início de encontro que seguiu com a apresentação do Marco Lógico da

RINACI, relato das atividades de 2005 e perspectivas de trabalho para 2006.

Organizamos a capacitação e planejamento dos grupos de estudo e pesquisa

temáticos.

O 2º Encontro realizou-se nos dias 1º e 2 de julho de 2006. Participaram 25

pessoas entre a diretoria da Rinaci e os facilitadores de projetos. Cada grupo de

estudo apresentou os estudos e atividades realizadas. Foi um momento de vivências

deliciosas facilitadas por cada um dos grupos, de compartilhamento e aprendizagem

para todos que nos possibilitou redesenhar as ações futuras.

O 3º Encontro programado para os dias 9 e 10 de dezembro tem como objetivo

avaliar toda a caminhada realizada em 2006, os projetos, a capacitação, a nossa

relação com as instituições parceiras e construir propostas para a continuidade da

Ação Social da RINACI para 2007.

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9.3 Seminários de Educação Biocêntrica e Ação Social

O I Seminário de Educação Biocêntrica e Ação Social realizou-se nos dias 29 e

30 de abril e 1º de maio, organizado pela EFFBRT-Pelotas em parceria com a Rinaci

e Frater Espaço Biocêntrico. O educador convidado foi Cezar Wagner de Lima Góis,

mestre e doutor em psicologia comunitária, professor da Universidade do Ceará e

facilitador didata de Biodanza. Estiveram presentes 33 pessoas, facilitadores e

alunos de Escolas de formação do RS, SC, PR, MG, SP, RJ e CE. Foi um momento

pleno de construção coletiva do conhecimento, sustentado pelo Método do Dialógico

Vivencial, onde a aprendizagem é facilitar o processo do outro. Todo o encontro

trouxe a teia de saberes dos pensadores Rolando Toro, Merleau Ponty, Vygotski,

Paulo Freire, Martin-Baró e Carl Rogers. Oportunizou-nos interiorizar o conceito

integrado de Ação Social e Educação Biocêntrica, construído entre os trabalhos de

grupo durante o evento.

César Wagner vestindo camiseta da Rinaci ofertada por Marco Guimarães diretor geral da Rinaci

Ação conscientizadora mediada por práticas pedagógicas referenciadas noAMOR e na VIDA.Toma como ponto de partida a convivência e o diálogoproblematizado em busca da construção da autonomia individual/social.

O II Seminário de Educação Biocêntrica e Ação Social realizado nos dias 2, 3,

4 e 5 de novembro de 2006, também organizado pela EFFBRT-Pelotas em parceria

com a Rinaci e Frater. A educadora convidada foi Ruth Cavalcanti, psicopedagoga,

pós-graduada em Educação Biocêntrica e em Psicologia Transpessoal, Diretora

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Pedagógica do Centro de Desenvolvimento Humano (CDH) do Ceará e Facilitadora

Didata de Biodanza. Participaram do seminário 28 pessoas, facilitadores e alunos

em formação do RS, SC e PR. Foram três dias de profunda vivência, reflexão e

construção coletiva sobre as bases as práticas pedagógicas da Educação

Biocêntrica e Ação Social.

Vivenciando CÍrculo de cultura II Seminário de EducaçãoBiocêntrica e Ação Social

70

10 PROJETOS DESENVOLVIDOS PELA RINACI EM 2006

Damos continuidade ao Projeto Integrar no CEDEL, atendendo a quatro turmas

de crianças com as duplas de facilitadores Myrthes Gonzalez e Nasser Hassan,

Gaston Andino e Cândida Stopinski, Cleonara Bedin e Antonio Filho, André Simoni e

Ana Maria Geraldes. O grupo de adolescentes foram atendidos por Jorge dos

Santos e Beatriz Pôssas. Encontros quinzenais para a equipe dos funcionários e

educadores atendidos pelos facilitadores Jorge dos Santos e Carmen Gessinger e

encontros mensais a três grupos de famílias atendidos por Lílian Rocha, Rute

Rodrigues e Izaura Favero.

Dentro da proposta da RINACI de proporcionar aos sócios e parceiros

envolvidos, apoio para pesquisa e aprofundamento das questões da Biodanza no

trabalho de Ação Social, estamos construindo (assinatura de contrato) um Projeto de

Pesquisa sobre Avaliação de Indicadores do Projeto Integrar em parceria com Cepa-

CEDEL e URGS.

Este projeto será implantado a partir de janeiro de 2007 e consiste em

entrevistas e aplicação de testes e estudo de caso com os alunos do Projeto Integrar

do CEDEL com o objetivo de levantar dados que permitam avaliar os resultados e

aportes que a nossa ação através da Educação Biocêntrica e Metodologia da

Biodanza produz nas crianças e adolescentes. Especificamente naqueles

indicadores sobre os quais a Biodanza trabalha, que são os aspectos psicológicos

ligados a emoção, como auto-estima, afetividade, capacidade de vínculo, reforço da

identidade, autonomia.

Estes resultados darão à Rinaci a possibilidade de redesenhar a ação dos

facilitadores sobre as questões que são eficazes e as que necessitem novos rumos.

Acreditamos que no que for confirmada através dos indicadores, a eficácia da

Biodanza na vida das pessoas que participam dos projetos sociais, apontará

possibilidades de aprofundamento e ampliação da ação da RINACI pela

credibilidade e visibilidade que nos possibilitará um projeto com parceria da URGS.

71

O Projeto Inclusão e Diversidade na Escola da APAE João Alfredo, aulas

semanais de biodanza para uma turma de 22 alunos e um grupo semanal para

mulheres, mães de alunos.

Neste ano foi elaborado um vídeo desse Projeto e o mesmo foi apresentado na

cidade de Roma-Itália por Myrthes durante o mês de maio, por ocasião de um

evento para o qual foi convidada a fazer uma palestra sobre o tema para os

educadores da Comarca de Roma. Os organizadores do Evento doaram à RINACI

385 euros provenientes da venda de camisetas, para serem aplicados no Projeto.

Outro projeto (em parceria) que damos continuidade em 2006 foi o Geração

Consciente- planejamento familiar e prevenção de doenças sexualmente

transmissíveis.

72

11 PERSPECTIVAS PARA 2007

São promissoras e ao mesmo tempo desafiadoras as perspectivas da RINACI

para os próximos anos. Vou relacionar as perspectivas para 2007, momento em que

estou escrevendo esta monografia, os mesmos foram programadas pela Diretoria e

equipe de Projetos da RINACI.

Da avaliação dos Projetos e ações da Rinaci em 2006 foram definidas as

metas e Projetos para 2007. Deverão ter prosseguimento os Projetos Integrar da

forma como estruturado, mas com o aprofundamento do trabalho através da

pesquisa dos indicadores. Também está previsto para o próximo ano a escrita e

publicação de um livro sobre este Projeto em parceria com alguma instituição que o

financie.

O Projeto Inclusão e Diversidade têm perspectivas de ser ampliado com o

atendimento de mais uma turma de alunos, encontros quinzenais com a equipe dos

educadores e funcionários com aulas de Biodanza e aulas semanais de biodanza

com um grupo de mães.

Garantida também a continuidade também do Projeto Geração Consciente.

Como reconhecimento do trabalho que vem desenvolvendo, a RINACI foi

indicada pela Diretora do CEDEL para dar aulas de Biodanza num período de cinco

meses (novembro de 2006 a abril de 2007, com um mês de férias), para um grupo

de 30 adolescentes de uma Escola em Viamão, mantida pela Comunidade

Evangélica de Porto Alegre (CEPA). O trabalho está sendo desenvolvido por dois

facilitadores da RINACI. Este é um Projeto financiado pela UNICEF através do

Programa Criança Esperança da Rede Globo.

A partir de julho de 2007 a RINACI estará atuando em mais um projeto em

parceria com a ONG Moradia e Cidadania, desta vez no Projeto Casa Brasil. Entrada

da Cidade-Porto Alegre. Este projeto tem o propósito de implantar, junto às

comunidades carentes da Entrada da Cidade, um espaço destinado à convergência

das ações nas áreas de inclusão digital, social e cultural, geração de trabalho e

renda, ampliação da cidadania, popularização da ciência e da arte. A participação da

73

RINACI no Projeto se dará através de oficinas de Educação Biocêntrica e Biodanza

para grupos da comunidade.

Ampliação da rede de sustentação do trabalho da Ação Social com as

capacitações, encontros metodológicos, grupos de estudo, elaboração vivencial, e

outras atividades. A partir da avaliação das capacitações realizadas está

repensando formas de qualificá-las. Neste sentido avaliamos que os grupos de

estudo foram proveitosos e terão continuidade. Também estão sendo pensados

alguns encontros com todos os facilitadores envolvidos nos projetos para subsidiar o

trabalho com novas metodologias, como os jogos cooperativos e experiências com

que trabalha com portadores de necessidades especiais e outros.

II Encontro de Ação Social em Biodanza a realizar-se em janeiro de 2007, o

qual possibilitará integrar ao nosso processo, as experiências de outros lugares

enriquecendo e qualificando nosso trabalho.

Implementação de ações em vista de captação de recursos financeiros para

financiar os Projetos Sociais da RINACI e criar uma estrutura física administrativa.

Ampliação da rede pulsante no Brasil e no exterior, criando núcleos de Ação

Social da RINACI, com facilitadores desenvolvendo projetos sociais, em outras

cidades. E também aumentando o número de sócios e colaboradores.

Entrevista com Marco Antonio Guimarães - Diretor geral da Rinaci

1) Na visão da Rinaci foi estabelecida uma meta de construir até2008 uma rede pulsante de referencia mundial baseada no princípiobiocêntrico para a prática de ações que viabilizem meios deinclusão e cidadania. Como você avalia que estamos realizando estameta?

Marco: Quando montamos essa Visão em 2004 achávamos que até 2008seria pouco tempo para realizá-la. Agora em 2006 podemos ver queparte dela já está estruturada. A rede pulsante mundial já estáacontecendo há dois anos quando começamos fazendo apresentaçõesdos Projetos da Rinaci em Bolonha, em Castelfranco e em Roma naItália e também na cidade de Nice na França e outras cidadesEuropéias. Essa visibilidade de mostrar a Rinaci ao mundo começouestabelecer noz de contato entre diversos atores destaconcertação, que se fala no 3º setor.

Essa idéia de teia onde cada um vai tocar um instrumento de acordocom o dom que possui.. Trabalhando cada um numa comunidade apartir dessa realidade, sendo ali um braço da Rinaci. Ateiapulsantes nos coloca não só no Brasil, mas no mundo de forma

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correlacionada, de forma capilarizada em varias cidades, em várioslocais.

Não sei se já existe estruturado no campo da Ação Social umtrabalho específico, que capacite as pessoas não para umaprofissão, uma geração de renda, mas algo que está, além disso,mais profundamente, que está permeando a possibilidade que essaspessoas que participam dos projetos sociais que lhe permite seapoderarem dos seus dons, da sua auto-estima, da sua capacidade demudar suas vidas se integrando através do afeto e também mudar omundo. A Rinaci propõe essa conscientização.

Toda a metodologia da Educação Biocêntrica e da Biodanza vai nospossibilitar que em todo o espaço em que estamos trabalhando eacredito que até 2008 estaremos em mais paises e em mais cidades,possa estar se valorizando, construindo seus próprios conceitos ese organizando autonomamente. A forma como vai acontecer nãosabemos. Agente está construindo.

2) Diante da realidade brasileira, com tantas demandas sociais,quais as perspectivas de trabalho de Ação Social em Biodanza parao Terceiro Setor?

Marco: O Terceiro setor está movimentando recursos e ativoscrescentes. Hoje o Terceiro setor não abrange só o voluntariado,mas também viabiliza a profissionalização através de trabalho erenda porque os facilitadores, capacita dores e professores,oficineiros precisam sobreviver. N uma estrutura como a Rinaci emque não só os que participam dos projetos são beneficiados mastambém os que trabalham. Se por um lado as pessoas que trabalhamna Ação Social fazem o que gostam e fazem com prazer, por outrolado é necessário ter um retorno financeiro que lhes permita vivere dar continuidade ao trabalho.Dentro da Rinaci se abre um lequede possibilidades com a Biodanza, a Educação Biocêntrica, aeducação ambiental. São ferramentas que dão certo e que temretorno dentro de um projeto no 3º setor. A Rinaci trabalha comformação, com capacitação e com projetos onde os facilitadorespodem receber uma remuneração pelo trabalho realizado Estamos nosorganizando para isso.

3) Quanto à sustentabilidade financeira da Rinaci, quais as açõesque podem ser implementadas a curto, médio e longo prazo?

Marco: Todos os administradores do 3º setor se fazem essapergunta. Como manter a sustentabilidade e a viabilização deprojetos e como entre um projeto e outro manter a estruturafuncionando. Eu acredito que existem mecanismos internacionais enacionais para os quais se encaminham projetos que tenham graus decontinuidade. Isso dá viabilidade na linha de tempo para ainstituição. Outro tipo de entrada de valores é a contribuiçãotambém dos sócios. A Rinaci tem sócios que contribuem mensalmente.A ampliação do quadro de sócios está ligada à visibilidade quetambém é dada pelo site da Rinaci tem equipes que trabalham paraisso. Os encontros de Ação Social vão colocando a Rinaci navitrine da Ação Social em Biodanza. A visibilidade da Rinaci estádiretamente ligada aos meios de sustentabilidade. Quanto maissócios contribuindo eles seguram a estrutura organizacional. Aestrutura operante precisa ser financiada por projetos,contribuições de sócios e outros eventos. Trabalhamos com totaltransparência na aplicação dos recursos. Por exemplo, quandopromovemos um encontro, os recursos que entram e não são gastos na

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organização do mesmo, são todos destinados aos projetos sociais daRinaci ou na manutenção da estrutura que dá sustentação aosprojetos. Neste momento estamos mudando os estatutos da Rinaci,tirando a possibilidade dos diretores serem remunerados, paraviabilizar algumas vantagens financeiras como a isenção deimpostos federais, estaduais e municipais. E por outro lado tambémviabilizará alguns convênios com o 1º setor (Poder público) quenão poderíamos ter com a possibilidade de remunerar os diretores.

4) De que forma você acha que o trabalho de Ação Social emBiodanza como o da Rinaci, pode contribuir no movimento mundial deBiodanza?

Marco: Contextualizando, as idéias que nascem dentro da ideologiado mercado, nascem influenciadas por ele. O movimento de Biodanza,em minha opinião, passa pela fase de adolescência, pois nestemomento existem dualidades, litígios por marca. Isso mostra o dedodo sistema capitalista dentro do movimento de biodanza que nasceudentro do movimento de esquerda social. É um momento muitodelicado, onde começam ter novos exemplos, novas estruturas. ARinaci está levando a biodanza para quem nunca poderia fazer. Emoutros lugares também está acontecendo isso, no nordeste, naFrança e em outros lugares do mundo. Começa pipocar um contraponto. Cito o exemplo do Encontro de São Lourenço que p ara mimfoi um marco muito forte, pois saímos de um paradigma vertical naforma de organizar o encontro num hotel de luxo e nos orientamospor um paradigma horizontal, organizando um encontro por um preçoaté cinco vezes menor do que comumente acontece. Onde toda acomunidade local esteve inserida gerando emprego e renda para apopulação, desde o seu Zé com seu barquinho atravessando osparticipantes do encontro de um lado para outro do rio, até osrestaurantes, hotéis e pousadas da cidade. Ali quem sabe começou asemente da Rinaci e outras tantas sementes que estão brotando pelomundo, apontando para a ampliação da base. Quanto mais gente fizerbiodanza mais rápido atingiremos a massa crítica necessária parafazer a mudança, que fala Rolando Toro. Através da Rinaci estamoslevando a Biodanza para as camadas da população que não teriamcondições de fazer nem uma aula, muito menos ir num congresso. Porisso acho que o Movimento da Biodanza está passando da fase daadolescência para uma fase mais madura, de maior consciência

Depoimentos de facilitadores que sonharam a RINACI desde o início econtinuam trabalhando nos projetos sociais:

LÍLIAN ROCHA Sócio-fundadora da RINACI, atual diretoraadministrativa e membro da Comissão de Projetos da Rinaci,coordenadora do Projeto Integrar-Cedel, Facilitadora didata,musicista, farmacêutica bioquímica.

Falar da RINACI é compartilhar da materialização de um sonhodesejado em conjunto, pois a RINACI surgiu do anseio de um grupode alunos da Escola de Formação de Pelotas, juntamente com a suadiretora, que almejavam criar um novo paradigma na Biodanza, apossibilidade de criar uma ONG norteada pelo PrincípioBiocêntrico, utilizando a metodologia de Biodanza e práticas

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Biocêntricas na Ação Social, de forma profissional, comprometida,coerente, buscando o resgate e o fortalecimento da cidadania doser humano, independente de credo, raça ou poder sócio-econômico.

Hoje, somos uma realidade, e orgulho-me de fazer parte do grupoque sonhou junto, e achou que era possível uma nova forma deespalhar a Biodanza pelo Mundo, uma teia pulsante, criando redesinterativas de amorosidade, solidariedade, competência ecriatividade.

Acho que estou onde deveria estar, pois pulso com mais intensidadecada vez que estou em uma reunião da comissão de projetos, oufacilitando no Projeto Integrar ou no Geração Consciente, aindasendo diretora administrativa ou ainda na coordenação do grupo deestudo da Adolescência ou ainda coordenando o Projeto Integrar, àsvezes parece que vai faltar pernas e braços para fazer tudo, mas oprazer é tão grande de trabalhar com uma equipe que possui osmesmos valores, objetivos e visão de mundo, que o trabalho setorna extremamente leve.

Por acreditar neste processo criativo, preventivo e otimizador dospotenciais de saúde do ser humano tornei-me Facilitadora TitularDidata, e porque vivencio o poder do trabalho em grupo, aaceitação do diferente, a capacidade de realização de um seríntegro e total, a potencialidade do sentir-se parte de algo (sercidadão), me dá cada dia que passa uma maior convicção que aRINACI nasceu e permanecerá em todo lugar e circunstância ondehouver pessoas dispostas a olhar, a sorrir, a abraçar, a sentir avida pulsar. Só quem vivencia isso, tem a alegria de vermultiplicar-se o "Eu sou"... E é com esta felicidade que eu digo:"Eu sou Lílian Rocha, eu integro a RINACI."

JORGE DOS SANTOS, sócio-fundador da RINACI, membro da Comissão deProjetos da RINACI, Facilitador Didata de Biodanza.

O trabalho que venho realizando em Ação Social nesses últimos seisanos vem transformando minha vida. Sou parte integrante do todo,da vida. Acredito que podemos transformar o Planeta numa sociedadesolidária, afetiva com respeito a todos os seres vivos.Sinto-meresponsável por todos os que fazem parte da minha vida.. Aprendi aperceber o outro com sua diferença, cultura e realidade. Nessemovimento aprendo com as pessoas, todos tem algo para nos ensinar.Tenho a sensação que cada vez mais as portas se abrem para a AçãoSocial e não consigo me perceber longe desse movimento. Omovimento de resgate da cidadania com afeto que passa pelaEducação Biocêntrica e a Biodanza através do desenvolvimento dosPotenciais de cada um, nos dá a possibilidade de avançar naconstrução de um mundo melhor. Esse trabalho que realizamos naRinaci se consolida cada vez mais porque ele é realizado em equipee o tempo todo é revisto a maneira de atuar no processo. Estamos otempo todo em transformação.

RUTE RODRIGUES: aluna em formação de Biodanza, sócia-fundadora daRINACI, membro da Comissão de Projetos, Psicóloga e Terapeutafamiliar.

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Um dia eu sonhei, devolvi ao mundo o sopro que me fez viva. Comopisciana, trago uma ânsia de paz, união e fraternidade entre aspessoas. Na adolescência ouvi e traduzi a música Image do JohnLennon e chorei comovida com a identidade encontrada. Sempre tivedesejo de contribuir para a vida das pessoas, fazer a diferença.Muitas vezes, no meu percurso estive mais no campo das idéias quena ação. Como se fosse o tempo de fermentar: quando fazemos umamistura para fermento ela vai responder conforme as condiçõesideais, que variam, mas que permitirão em tempos variáveis que oresultado possa ocorrer. Nem antes nem depois, no tempo e sóaprende este tempo quem ensaia, experimenta, acerta, equivoca-se,aprende a avaliar as relações entre tudo o que está envolvido eenfim, um dia não erra mais o ponto e seu pão só deixará decrescer se houver distrações.

Penso que a RINACI está assim na minha vida. Ela faz parte de umdesejo, de uma caminhada, de uma preparação e de muitosaprendizados. Um dia falei da minha inquietação em trabalhar paraa paz mundial com uma terapeuta que tive e ela me respondeu: Quemsabe você começa com a paz entre as pessoas que estão tão perto deti e fazem parte dos teus conflitos atuais. E fui, fui cuidar doconflito interno, fiquei um tempo apenas voltada para meusconflitos. Agora, a tempo, menos conflitada, podendo re-aprenderolhar para fora novamente sem perder o referencial interno, aRINACI surge como um passo neste caminho de fazer a diferença e defazer diferente. Um passo que no início não tínhamos idéia queseria parte da construção de um caminho, a consciência destaescolha veio com a determinação do alvo, com o despertar dossonhos guardados, progressivamente.

Quando fizemos a definição da missão, valores e visão começamos anos comprometer para que o caminho tivesse continuidade. Alicomeçamos a vislumbrar que poderíamos ir longe e ir além, nãoobrigatoriamente, mas sonhar junto com outros amigos trouxe oamparo do caminho compartilhado e tem criado confiança para que asações.

Nas oficinas que participei no Fórum Social Mundial de 2005 pudesentir o nosso diferencial, pois as questões que abordamos apartir da Biodanza são as temáticas que mais mobilizam dúvidas nasações do âmbito social, ou seja, como contribuir para ofortalecimento da identidade, o afeto, a comunicação, apacificação das relações e tantos outros temas do relacionamentohumano. Sentimos que as participações foram grandiosas porqueultrapassávamos o discurso com situações práticas de troca eenvolvimento dos próprios participantes. Eu me senti numa rodaviva, numa giratória que rodopiava e mostrava as várias facetas detudo que está envolvido na nossa caminhada.

Lembrar que tudo iniciou do desejo de estar numa roda deabundância, de propiciar a mais e mais pessoas a dádiva de dançarde mãos dadas, de ser visto e reconhecido, ser olhada, devoltarmos parte do nosso tempo às crianças, lá quando ainda nãolembrávamos como é ou foi ser criança, mas desejávamos fazer mais,ser mais. Pelo desejo de um mundo melhor, por saber que outromundo é possível, por ter certeza que as contribuições que aBiodanza fez na minha vida podem atingir mais e mais pessoas, estatal de rede pulsante que insistimos em compor, em tencionar, emmultiplicar. A corrente do bem.

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Temos nossos momentos de dúvidas, perdas, conflitos, insegurançase até desesperança. Mas temos superado dançando, colocando emmovimento a vida, criando saídas, experimentando caminhos novos,inventando moda e transmutando. Cada um que chega traz suacontribuição em todos estes aspectos e vamos aprendendo que a rodagira, passa por situações semelhantes, mas em níveis diferentes,assim lapidamos a paciência. Aprendemos que os que estão cansadosdevem descansar, pois assim, quando voltarem, ainda encontrarão umgrupo. Que tudo isto revela a energia pulsante da roda.

Hoje a RINACI está representando a AÇÃO, a minha ação íntegra. Nãome sinto contemplando e lamentando o horror que se instala nasociedade atual. Sinto-me fazendo algo, bem perto e talvez bempequeno, mas fazendo o que posso hoje. Como o passarinho que levano bico uma gota para apagar o incêndio da floresta.

CLEONARA BEDIN, aluna em formação de Biodanza, sócia fundadora daRINACI, técnica da Secretaria de Saúde RS. Especialista em SaúdePública e Mestre em Medicina Veterinária Preventiva.

A vida íntima e profissional cruza e entrecruza nas motivações quenos fazem ser, estar e fazer: é assim comigo e, creio, com todos-são nossos afetos, desejos, crenças que nos fazer escolher onde ecomo estar presente.

Hoje, em 2006, olhando para traz recordo de um momento especialque vivi junto ao grupo que constituiu a RINACI (nossa organizaçãoque congrega atividades de biodanza, educação biocêntrica e açãosocial): estávamos todos reunidos em círculo, como sempre fazemossentados no chão, conversando sobre nossos sentimentos em relaçãoao trabalho, e um rapaz, novo integrante do grupo, perguntou emsobressalto: Mas o que vocês querem com isto tudo? , o gruporespondeu quase em jogral: queremos um mundo melhor!! e rimos...juntos, em gargalhada. Acredito que rimos pela sintonia, mastambém pela inocência, doçura que continha aquela resposta!

Estávamos motivados pela efervescência do Fórum Social Mundial,pelo exotismo dos grupos estrangeiros na nossa Porto Alegre eunidos pela crença de que o que melhora o mundo são as pessoas comseus potenciais afetivo e ético, assim a biodanza era oinstrumento, nós podíamos participar.

Nos meus sentimentos mais profundos estava a amizade, a parceriamotivando os encontros, os trabalhos de feriados, noites e finaisde semana. Na base, lá no mais íntimo estava presente a sensaçãode coerência da proposta, a crença de que aquele era o caminho aser seguido e que o caminho até então trilhado tinha muitasrespostas, mas este, junto a este grupo, a este trabalho era omais íntegro para mim, naquele momento.

A RINACI foi oficialmente criada em 2004, juntamente veio a minhagravidez. Os padrinhos, tios e tias mais queridos da Sofia fazemparte deste grupo, amado e cultivado em muitos momentos, na Escolade Biodanza, nos grupos regulares de biodanza e nas nossas casas ecorações.

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Sinto que a RINACI segue sua missão, discutida em muitas reuniõesdo grupo. Sinto que as motivações hoje são as mesmas, corre orisco da institucionalização, da burocratização, o risco deassumir os riscos inerentes a sua existência. Entretanto aprofissionalização é necessária e a complexidade administrativatraz maiores demandas. Vivemos um novo momento, porém, sintosaudade da inocência: queremos um mundo melhor .

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CONCLUSÃO

Acredito que a singularidade da nossa experiência que resultou na criação

coletiva de uma organização como a RINACI possa trazer um aporte qualificado,

para o movimento mundial da Biodanza, no sentido de criar uma nova sensibilidade

para a ação social em Biodanza

Essa marca da Ação Social que vamos imprimindo no Movimento de Biodanza,

aqui, no nordeste e em tantos outros lugares, vai criando uma nova consciência de

se abrir para o outro, de olhar para fora de nós mesmos e dar-nos conta de que o

amor, a plenitude, o prazer não podem nos deixar alienados da realidade social que

clama pela nossa ação transformadora. Nós facilitadores sabemos o quanto a

metodologia da Biodanza na Ação Social pode fazer a diferença na vida dessas

pessoas se constituindo muitas vezes como momentos estruturantes de suas vidas.

Estamos construindo um novo caminho. Coletivamente estamos construindo

outras formas de viver dentro do Princípio Biocêntrico. A Educação Biocêntrica e a

Biodanza, são ferramentas, ou melhor metodologias que possibilitam essa

ampliação da base social da Biodanza, viabilizando a ampliação da massa crítica,

que fala Rolando Toro, para a transformação social.

Temos consciência de que somos uma teia e que o que fazemos em Porto

Alegre desencadeia um processo de mudanças em outros lugares, em todo o

movimento, em toda a teia.

Neste pulsar sistêmico recebemos as contribuições em forma de experiências,

de reflexões, de apoios de outros pontos da teia que chegam até a RINACI

enriquecendo e qualificando nosso trabalho.

Através da RINACI estamos abrindo caminhos, conquistando espaços, para a

profissionalização dos facilitadores. Houve um tempo em que as salas de Biodanza

estavam cheias de alunos porque certamente era uma das poucas possibilidades

das pessoas se trabalharem. Hoje os tempos são outros, houve muitas mudanças e

criaram-se muitos movimentos holísticos, terapias alternativas, cursos os mais

diversos. As pessoas que desejam trabalhar seu crescimento pessoal têm muitas

opções, muitos caminhos a escolher.

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Temos hoje uma realidade social que demanda por reflexões e ações que

realmente interfiram e façam à diferença junta às populações excluídas e um Estado

que não consegue dar conta das demandas sociais. Diante desse fato, abrem-se

inúmeras possibilidades para o Terceiro Setor atuar.

Vejo então que temos por um lado, esse compromisso social com a

transformação que está implícita na formação dos facilitadores de Biodanza e, por

outro, uma estrutura organizacional para exercer esse compromisso através da Ação

Social, a qual possibilitará também uma remuneração pelo trabalho realizado.

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REFERÊNCIAS

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GÓIS, Cezar Wagner de Lima. Identidade e vivência. Fortaleza: Expressão Gráfica,2002.

GONZÁLES, Myrthes. Biodanza e Ação Social. Textos sobre Biodanza.

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