constituição da republica de cabo verde

174
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE CABO VERDE 2ª Revisão Ordinária - 2010 ASSEMBLEIA NACIONAL 4ª Edição 2010 Praia Constituição 2010.indd 1 08-10-2010 8:51:06

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cabo verde

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  • CONSTITUIO

    DA

    REPBLICA DE CABO VERDE

    2 Reviso Ordinria - 2010

    ASSEMBLEIA NACIONAL

    4 Edio

    2010

    Praia

    Constituio 2010.indd 1 08-10-2010 8:51:06

  • FICHA TCNICA

    Ttulo: Constituio da Repblica de Cabo Verde

    1 Reviso Extraordinria - 1995

    1 Reviso Ordinria - 1999

    2 Reviso Ordinria - 2010

    Publicao: Boletim Oficial - Suplemento, I Srie - Nmero 17 de 3 de Maio de 2010 (Rectificado pelo BO n 28 de 26 de Julho de 2010, I Serie)

    Coordenao: Direco de Servios Parlamentares

    Editor: Assembleia Nacional - Diviso de Documentao e Informao Parlamentar

    Impresso e acabamento: Grfica da Praia, Lda.

    Tiragem: 3.000 exemplares

    Praia, Assembleia Nacional, 2010

    Constituio 2010.indd 2 08-10-2010 8:51:06

  • NDICE

    Constituio 2010.indd 3 08-10-2010 8:51:06

  • Constituio 2010.indd 4 08-10-2010 8:51:06

  • NDICE

    Prembulo ..... 19

    PARTE I Princpios Fundamentais

    TTULO I - (Da Repblica) ........ 23

    Artigo 1 - (Repblica de Cabo Verde) ......... 23

    Artigo 2 - (Estado de Direito Democrtico) ........ 24

    Artigo 3- (Soberania e Constitucionalidade) .............. 24

    Artigo 4 - (Exerccio do poder poltico) .. 24

    Artigo 5 - (Cidadania). 25

    Artigo 6 - (Territrio) .. 25

    Artigo 7 - (Tarefas do Estado) . 25

    Artigo 8 - (Smbolos nacionais) .. 27

    Artigo 9 - (Lnguas oficiais) 28

    Artigo 10 - (Capital da Repblica) .... 29

    TTULO II - Relaes Internacionais e Direito Internacional ............. 29

    Artigo 11 - (Relaes internacionais) ... 29

    Artigo 12 - (Recepo dos tratados e acordos na ordem jurdica interna) 30Artigo 13 - (Adeso e desvinculao de tratados ou acordos internacionais) 31Artigo 14 - (Acordos em forma simplificada) ... 31

    PARTE II Direitos e Deveres Fundamentais

    TTULO I - Princpios Gerais ............................................................. 31

    Artigo 15 - (Reconhecimento da inviolabilidade dos direitos,

    liberdades e garantias) ................ 31

    Artigo 16 - (Responsabilidade das entidades pblicas).. 32

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  • Artigo 17 - (mbito e sentido dos direitos, liberdade e garantias) .... 32

    Artigo 18 - (Fora jurdica). .. 33

    Artigo 19 - (Direito de resistncia) .... 33

    Artigo 20 - (Tutela dos direitos, liberdades e garantias) .... 33

    Artigo 21 - (Provedor de Justia) ... 34

    Artigo 22 - (Acesso justia) ..... 34

    Artigo 23 - (Princpio da universalidade) ... 35

    Artigo 24 - (Princpio da igualdade) .. 35

    Artigo 25 - (Estrangeiros e aptridas) .... 35

    Artigo 26 - (Regimes dos direitos, liberdades e garantias) .... 36

    Artigo 27 - (Suspenso dos direitos, liberdades e garantias) ...... 36

    TTULO II - Direitos, Liberdades e Garantias .................................... 36

    CAPTULO - I Dos Direitos, Liberdades e Garantias Individuais 36

    Artigo 28 - (Direito vida e integridade fsica e moral) ..... 36

    Artigo 29 - (Direito liberdade) ..... 37

    Artigo 30 - (Direito liberdade e segurana pessoal) ........ 37

    Artigo 31 - (Priso preventiva) ....... 38

    Artigo 32 - (Aplicao da lei penal) ... 39

    Artigo 33 - (Proibio da priso perptua ou de durao ilimitada) .. 40

    Artigo 34 - (Efeitos das penas e medidas de segurana) .... 40

    Artigo 35 - (Princpio do processo penal) .. 40

    Artigo 36 - (Habeas corpus) ........... 41

    Artigo 37 - (Expulso).... 42

    Artigo 38 - (Extradio) ..... 42

    Artigo 39 - (Direito de asilo) ...... 43

    Artigo 40 - (Direito nacionalidade) .............. 43

    Artigo 41 - (Direito identidade, personalidade, ao bom nome,

    imagem e intimidade) .................... 44

    Artigo 42 - (Direito escolha de profisso e de acesso Funo Pblica) 44

    Artigo 43 - (Inviolabilidade do domiclio) .... 44

    Artigo 44 - (Inviolabilidade de correspondncia e de telecomunicaes) 45

    Constituio 2010.indd 6 08-10-2010 8:51:07

  • Artigo 45 - (Utilizao de meios informticos e proteco de dados

    pessoas) ....................... 45

    Artigo 46 - (Habeas data) 46

    Artigo 47 - (Casamento e filiao) ..... 47

    Artigo 48 - (Liberdades de expresso e de informao) 47

    Artigo 49 - (Liberdade de conscincia, de religio e culto) ... 48

    Artigo 50 - (Liberdade de aprender, de educar e de ensinar) ..... 49

    Artigo 51 - (Liberdade de deslocao e de emigrao) ...... 49

    Artigo 52 - (Liberdade de associao) ... 50

    Artigo 53 - (Liberdade de reunio e de manifestao) .. 50

    Artigo 54 - (Liberdade de criao intelectual, artstico e cultural) .... 50

    CAPTULO II Direitos, Liberdades e Garantias de Participao

    Poltica e de Exerccio de Cidadania ... 51

    Artigo 55 - (Participao na vida pblica) ..... 51

    Artigo 56 - (Participao na direco dos assuntos pblicos) ... 51

    Artigo 57 - (Participao na organizao do poder poltico partidos

    polticos) .............................. 51

    Artigo 58 - (Direito de antena, de resposta e de rplica polticas)...... 53

    Artigo 59 - (Direito de petio e de aco popular) .. 53

    Artigo 60 - (Liberdade de imprensa) .. 54

    CAPTULO III Direitos, Liberdades e Garantias dos Trabalhadores. 55

    Artigo 61 - (Direito ao trabalho) .... 55

    Artigo 62 - (Direito retribuio) ...... 55

    Artigo 63 - (Outros direitos) .. 56

    Artigo 64 - (Liberdade de associao profissional e sindical) .. 56

    Artigo 65 - (Liberdade de inscrio em sindicatos) ... 57

    Artigo 66 - (Direitos dos sindicatos e associao profissional) ..... 57

    Artigo 67 - (Direito greve e proibio do lock-out) .... 58

    TTULO III - Direitos e Deveres Econmicos, Sociais e Culturais ...... 58

    Artigo 68 - (Iniciativa privada) ... 58

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  • Artigo 69 - (Direito propriedade privada) ....... 58Artigo70 - (Direito segurana social) ..... 59Artigo 71 - (Direito sade) ...... 59Artigo 72 - (Direito habitao) ............ 60Artigo 73 - (Direito ao ambiente) ....................... 60Artigo 74 - (Direitos das crianas) ......... 61Artigo 75 - (Direitos dos jovens) ....... 61Artigo 76 - (Direitos dos portadores de deficincia) ...... 62Artigo 77 - (Direitos dos idosos) ...... . 63Artigo 78 - (Direito educao) ........ 63Artigo 79 - (Direito cultura) .... 65Artigo 80 - (Direito cultura fsica e ao desporto) .... 66Artigo 81 - (Direitos dos consumidores) . .. 67Artigo 82 - (Direitos da famlia) .... 67

    TTULO IV - Deveres Fundamentais .................................................... 68Artigo 83 - (Deveres gerais) ....... 68Artigo 84 - (Deveres para com o seu semelhante) ......... 68Artigo 85 - (Deveres para com Nao e a comunidade) .... 68Artigo 86 - (Deveres para com as autoridades) ...... 69

    TTULO V - Da Famlia ....................................................................... 69Artigo 87 - (Proteco da sociedade e do Estado) ..... 69Artigo 88 - (Tarefas do Estado) ..... 70Artigo 89 - (Paternidade e maternidade) ... 70Artigo 90 - (Infncia) ..... 70

    PARTE III Organizao Econmica e Financeira

    Artigo 91 - (Principio gerais da organizao econmica) ..... 71Artigo 92 - (Banco de Cabo Verde) ... 73Artigo 93 - (Sistema fiscal) .... 73

    Artigo 94 - (Oramento do Estado) ....... 74

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    INTRUSOHighlight

    Sr.a Dorizet VitteHighlight

  • PARTE IV Do Exerccio do Poder Poltico

    TTULO I - Das Formas de Exerccio do Poder Poltico ..................... 75

    CAPTULO I - Princpios Gerais e Comuns...... 75

    Artigo 95 - (Recenseamento eleitoral) ....... 75

    Artigo 96 - (Comisso Nacional de Eleies) ... 75

    Artigo 97 - (Julgamento do processo eleitoral) .. 75

    Artigo 98 - (Estabilidade da lei eleitoral) ... 76

    Artigo 99 - (Campanha eleitoral) ... 76

    Artigo 100 - (Fiscalizao das operaes eleitorais) .... 76

    Artigo 101 - (Segredo e unicidade do voto) .... 77

    Artigo 102 - (Crculos eleitorais) . 77

    CAPTULO II - Do Referendo . 77

    Artigo 103 - (Princpios gerais e comuns) ... 77

    CAPTULO III - Do Sufrgio .......... 78

    SECO I - Princpios Gerais ............. 78

    Artigo 104 - (Exerccio do poder poltico por sufrgio) . 78

    Artigo 105 - (Converso dos votos) .... 79

    Artigo 106 - (Apresentao de candidaturas) .......... 79

    Artigo 107 - (Imunidades dos candidatos) ...... 79

    Artigo 108 - (Marcao de data de eleies) ........... 80

    SECO II - Da Eleio do Presidente da Repblica ......................... 80

    Artigo 109 - (Modo de eleio) ...... 80

    Artigo 110 - (Elegibilidade) .... 80

    Artigo 111 - (Candidaturas) . 81

    Artigo 112 - (Data da eleio) . 81

    Artigo 113 - (Regime de eleio) ........ 81

    Artigo 114 - (Segundo sufrgio) ......... 82

    SECO III - Da Eleio dos Deputados Assembleia Nacional .. 82

    Constituio 2010.indd 9 08-10-2010 8:51:07

  • Artigo 115 - (Sufrgio por listas) 82Artigo 116- (Distribuio dos mandatos dentro das listas) . 83Artigo 117- (Condies de elegibilidade) ... 83Artigo 118- (Direito de oposio) ... 83

    PARTE V Da Organizao do Poder Poltico

    TTULO I - Princpios Gerais e Comuns ............................................. 84Artigo 119 - (rgos de soberania) ..... 84Artigo 120 - (Publicidade das reunies) ......... 84Artigo 121 - (Qurum e deliberao) .......... 84Artigo 122 - (Principio da renovao) ............ 85Artigo 123 - (Responsabilidade dos titulares de cargos polticos) .. 85Artigo 124 - (Direitos, regalias e imunidade) ..... 85

    TTULO II - Do Presidente da Repblica ............................................ 86CAPTULO I - Definio, Mandato e Posse 86Artigo 125 - (Definio) . 86Artigo 126 - (Mandato) ... 86Artigo 127 - (Posse e juramento) .... 86Artigo 128 - (Renncia ao mandato) . 87

    CAPTULO II - Estatuto .. 87Artigo 129 - (Incompatibilidades) . 87Artigo 130 - (Ausncia do territrio nacional) ....... 87Artigo 131 - (Substituio interina) .... 88Artigo 132 - (Responsabilidade criminal) ...... 88Artigo 133 - (Priso preventiva) .. .. 89Artigo 134 - (No recandidatura) ... 89

    CAPTULO III - Competncia ......... 89

    Artigo 135 - (Competncia do Presidente da Repblica) .. 89

    Artigo 136 - (Competncia do Presidente da Repblica nas Relaes

    Internacionais) ............................ 91

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  • Artigo 137 - (Veto) .. 92

    Artigo 138 - (Promulgao e referenda) 92

    Artigo 139 - (Actos do Presidente da Repblica interino) 93

    TTULO III - Da Assembleia Nacional ............................................... 93

    CAPTULO I - Definio, Composio e Dissoluo.. 93

    Artigo 140 - (Definio) .. 93

    Artigo 141 - (Composio) ..... 93

    Artigo 142 - (Data da eleio) .... 94

    Artigo 143 - (Dissoluo) .. 94

    Artigo 144 - (Proibio de dissoluo) ... 94

    CAPTULO II - Da Organizao.. 95

    Artigo 145 - (Composio de Mesa) ............... 95

    Artigo 146 - (Subsistncia da Mesa) ........... 95

    Artigo 147 - (Comisses) ... 95

    Artigo 148 - (Comisso Permanente) . 96

    Artigo 149 - (Grupos Parlamentares) ..... 97

    CAPTULO III - Do Funcionamento ... 97

    Artigo 150 - (Legislatura) ... 97

    Artigo 151 - (Sesso legislativa) ..... 98

    Artigo 152 - (Reunio por direito prprio) 98

    Artigo 153 - (Primeira reunio aps eleies) 98

    Artigo 154 - (Reunio extraordinria) ............ 99

    Artigo 155 - (Ordem do dia) .. 99

    Artigo 156 - (Participao do Governo) .......... 100

    CAPTULO IV - Formao dos Actos ..... 100

    SECO I Da Iniciativa de Lei e de Referendo.. 100

    Artigo 157 - (Iniciativa de Lei e de Referendo) .. 100

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  • Artigo 158 - (Aprovao e caducidade das propostas de Lei e de Referendo) .................. 101Artigo 159 - (Iniciativa de resolues e de moes) ... 101

    SECCO II Da Discusso e da Votao .. 102Artigo 160 - (Discusso e votao) ..... 102Artigo 161 - (Maiorias especiais) .... 102Artigo 162 - (Processo de urgncia) 103

    CAPTULO V Do Estatuto dos Deputados.. 103Artigo 163 - (Natureza e mbito da representao) 103Artigo 164 - (Incio e termo do mandato) ....... 103Artigo 165 - (Incompatibilidades) .. 104Artigo 166 - (Exerccio da funo de Deputado) .... 104Artigo 167 - (Direitos e regalias dos Deputados) .... 105Artigo 168 - (Poderes dos Deputados) 105Artigo 169 - (Deveres dos Deputados) 105Artigo 170 - (Imunidades) ... 106Artigo 171 - (Perda e renncia do mandato) .. 106

    CAPTULO VI Da Competncia da Assembleia Nacional 107SECO I - Da Competncia para a Prtica de Actos Organizatrios e Funcionais. ........................... 107Artigo 172 - (Competncia interna) 107Artigo 173 - (Competncia do Presidente) . 108Artigo 174 - (Competncia das Comisses e dos Grupos Parlamentares) 108

    SECO II - Competncia Legislativa e Poltica. 108Artigo 175 - (Competncia poltica e legislativa genrica) . 108Artigo 176 - (Competncia legislativa absolutamente reservada) .. 109Artigo 177 - (Competncia legislativa relativamente reservada) 110Artigo 178 - (Competncia em matria financeira) . 112Artigo 179 - (Competncia em matria de Tratados e de Acordos

    Internacionais) .................... 112

    Artigo 180 - (Competncia de fiscalizao poltica) .. 113

    Constituio 2010.indd 12 08-10-2010 8:51:07

  • Artigo 181 - (Competncia em relao a outros rgos) 113Artigo 182 - (Regime das autorizaes legislativas) .. 114Artigo 183 - (Ratificao de decreto legislativo e de decreto-lei de desenvolvimento) ................... 115Artigo 184 - (Reserva da lei) ... 115

    TTULO IV - Do Governo .................................................................... 116CAPTULO I - Funo, Responsabilidade Poltica, Composio e Organizao .................. 116

    SECO I - Funo e Responsabilidade ..... 116Artigo 185 - (Funo) ......... 116Artigo 186 - (Responsabilidade do Governo) . 116SECO II - Composio e Organizao. .. 116Artigo 187 - (Composio e orgnica) ... 116Artigo 188 - (Conselho de Ministros) ......... 117Artigo 189 - (Representao do Governo) .. 117Artigo 190 - (Suplncia) . 118

    CAPTULO II - Incio e Termo das Funes... 118Artigo 191 - (Incio e cessao das funes do Governo) .. 118Artigo 192 - (Incio e cessao de funes dos membros do Governo) 119Artigo 193 - (Governo de gesto) ....... 119

    CAPTULO III - Formao e Subsistncia do Governo... 119SECO I - Formao .... 119Artigo 194 - (Formao) ..... 119Artigo 195 - (Solidariedade dos membros do Governo) 120Artigo 196 - (Elaborao do Programa do Governo) . 120Artigo 197 - (Apreciao do Programa do Governo pela Assembleia Nacional) .. ............................ 120

    SECO II - Responsabilidade Poltica e Criminal dos Membros do

    Governo .......................... 121

    Constituio 2010.indd 13 08-10-2010 8:51:07

  • Artigo 198 - (Responsabilidade poltica dos membros do Governo)... 121Artigo 199 - (Responsabilidade criminal dos membros do Governo).. 121

    SECO III - Moo de Confiana, de Censura e Demisso do Governo 122Artigo 200 - (Moo de confiana) . 122Artigo 201 - (Moo de censura) ..... 122Artigo 202 - (Demisso do Governo) .. 122

    CAPTULO IV - Da Competncia do Governo 123Artigo 203 - (Competncia poltica) 123Artigo 204 - (Competncia legislativa) ........ 124Artigo 205 - (Competncia administrativa) ..... 125Artigo 206 - (Competncia do Conselho de Ministros) ... 125Artigo 207 - (Competncia do Primeiro Ministro) ... 126Artigo 208 - (Competncia dos Ministros e Secretrios de Estado) 127

    TTULO V - Do Poder Judicial ......... 128CAPTULO I - Princpios Gerais .......... 128Artigo 209 - (Administrao da Justia) .. 128Artigo 210 - (rgos de administrao da Justia) . 129Artigo 211 - (Princpios fundamentais da administrao da Justia) ... 129Artigo 212 - (Patrocnio judicirio) . 130Artigo 213 - (Composio no jurisdicional de conflitos) .. 130

    CAPTULO II - Organizao dos Tribunais ..... 130Artigo 214 - (Categorias de tribunais) . 130Artigo 215 - (Tribunal Constitucional) .... 131Artigo 216 - (Supremo Tribunal de Justia) .... 132Artigo 217 - (Tribunais Judicias de Segunda Instncia) .. 132Artigo 218 - (Tribunais Judicias de Primeira Instncia) ...... 133Artigo 219 - (Tribunal de Contas) ........ 133

    Artigo 220 - (Tribunal Militar de Instncia) ........ 133

    Artigo 221 - (Tribunais Fiscais e Aduaneiros) 134

    Constituio 2010.indd 14 08-10-2010 8:51:07

  • CAPTULO III - Estatuto dos Juzes .... 134

    Artigo 222 - (Magistratura Judicial) .... 134

    Artigo 223 - (Conselho Superior da Magistratura Judicial) 135

    Artigo 224 - (Inspeco Judicial) ......... 137

    CAPTULO IV - Do Ministrio Pblico ...... 137

    Artigo 225 - (Funes) . 137

    Artigo 226 - (Organizao do Ministrio Pblico) .. 137

    Artigo 227 - (Magistratura do Ministrio Pblico) .. 139

    Artigo 228 - (Inspeco do Ministrio Pblico) .. 140

    CAPTULO V - Dos Advogados .. 140

    Artigo 229 - (Funes e garantias do Advogado) 140

    TTULO VI - Do Poder Local ............................................................... 141

    Artigo 230 - (Autarquias locais) .. 141

    Artigo 231 - (Categorias de autarquias locais) ... 141

    Artigo 232 - (Solidariedade) ... 142

    Artigo 233 - (Patrimnio e finanas das autarquias) ........ 142

    Artigo 234 - (Organizao das autarquias) .......... 142

    Artigo 235 - (Poder regulamentar) ........... 142

    Artigo 236 - (Tutela) ............ 143

    Artigo 237 - (Pessoal das autarquias locais) .. . 143

    Artigo 238 - (Atribuies e organizao das autarquias locais) .. 143

    Artigo 239 - (Associao de autarquias locais) ... 144

    TTULO VII - Da Administrao Pblica ............................................ 144

    Artigo 240 - (Princpios gerais) ... 144

    Artigo 241 - (Funo Pblica) 144

    Artigo 242 - (Restries ao exerccio de direitos) .. 145

    Artigo 243 - (Responsabilidade dos agentes pblicos) 146

    Artigo 244 - (Polcia) . 146

    Artigo 245 - (Direitos e garantias do particular face Administrao) 147

    Constituio 2010.indd 15 08-10-2010 8:51:07

  • TTULO VIII - Da Defesa Nacional ..................................................... 148Artigo 246 - (Defesa Nacional) 148Artigo 247 - (Foras Armadas) .... 148Artigo 248 - (Misses das Foras Armadas) .... 149Artigo 249 - (Servio militar) ...... 150Artigo 250 - (Restries ao exerccio de direitos) ... 150Artigo 251 - (Garantia dos cidados que prestam servio militar) .. 150Artigo 252 - (Concelho Superior de Defesa Nacional) 150

    TTULO IX - Dos rgos Auxiliares dos rgos do Poder Poltico.... 151CAPTULO I - Do Conselho da Repblica ...... ............... 151Artigo 253 - (Definio e composio) .... 151Artigo 254 - (Competncia e funcionamento) .............. 152Artigo 255 - (Efeito da pronncia do Conselho da Repblica) 152Artigo 256 - (Formas de publicidade das deliberaes) ...... 152

    CAPTULO II Do Conselho Econmico, Social e Ambiental ... 153Artigo 257 - (Definio e composio) ................ 153Artigo 258 - (Concelho das Comunidades) .............. 153

    TTULO X - Da Forma e Hierarquia dos Actos ................................... 154CAPTULO I - Dos Actos do Presidente da Repblica. 154Artigo 259 - (Decretos presidenciais) .............. 154

    CAPTULO II - Da Forma dos Actos Legislativos e Normativos 154Artigo 260 - (Actos legislativos da Assembleia Nacional) . 154Artigo 261 - (Actos legislativos do Governo) .. 155Artigo 262 - (Tipicidade dos actos legislativos) .. 155Artigo 263 - (Regimento) . 155Artigo 264 - (Regulamentos) . . 155Artigo 265 - (Resoluo da Assembleia Nacional e do Governo) ... 156

    CAPTULO III - Das Resolues e das Moes .. 156

    Artigo 266 - (Outras resolues) . 156

    Artigo 267 - (Moo) ... 157

    Constituio 2010.indd 16 08-10-2010 8:51:07

  • CAPTULO IV - Hierarquia e Publicao. 157

    Artigo 268 - (Hierarquias das leis) .. 157

    Artigo 269 - (Publicao) 157

    PARTE VI - Das Garantias de Defesa e da Reviso da Constituio

    TTULO I - Do Estado de Stio e de Emergncia ................................. 158

    Artigo 270 - (Estado de stio) ... 158

    Artigo 271 - (Estado de emergncia) ... 158

    Artigo 272 - (Fundamentao e perodo de durao) .. 159

    Artigo 273 - (Proibio de dissoluo da Assembleia Nacional) . 159

    Artigo 274 - (Subsistncia de certos direitos fundamentais) 159

    Artigo 275 - (Competncia dos rgos de soberania) .. 160

    Artigo 276 - (Prorrogao dos mandatos electivos e proibio de

    realizaes de eleies) ....................... 160

    TTULO II - Da Fiscalizao da Constitucionalidade .......................... 160

    Artigo 277 - (Inconstitucionalidade por aco) .. 160

    Artigo 278 - (Fiscalizao preventiva da constitucionalidade) .... 161

    Artigo 279 - (Efeitos da deciso) . 162

    Artigo 280 - (Fiscalizao abstracta da constitucionalidade)... 162

    Artigo 281 - (Fiscalizao concreta da constitucionalidade).... 163

    Artigo 282 - (Legitimidade para recorrer)..... 163

    Artigo 283 - (Forma das decises do Tribunal Constitucional, em

    matria de fiscalizao da constitucionalidade ou

    de ilegalidade) ......................................... 164

    Artigo 284 - (Efeitos dos Acrdos e dos Pareceres) .. 164

    Artigo 285 - (Efeitos da declarao da inconstitucionalidade) 164

    TTULO III - Da Reviso da Constituio ............................................ 165

    Artigo 286 - (Competncia, tempo e iniciativa de reviso) . 165

    Artigo 287 - (Projectos de reviso) ...... 166

    Artigo 288 - (Aprovao das alteraes) .... 166

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  • Artigo 289 - (Novo texto da Constituio) ..... 166

    Artigo 290 - (Limites matrias da reviso) . 166

    Artigo 291 - (Promulgao) . 167

    Artigo 292 - (Proibio de reviso) ..... 167

    PARTE VII Disposies Finais e Transitrias

    Artigo 293 - (Legislao anterior) ....... 167

    Artigo 294 - (Supremo Tribunal de Justia acumulao de funes

    de Tribunal Constitucional) ............................ 168

    Artigo 295 - (Supremo Tribunal de Justia composio enquanto

    acumular as funes de Tribunal Constitucional) .. 169

    Anexos ...... 173

    Letra do Hino Nacional ..... 173

    Partitura do Hino Nacional 174

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    CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE 2010

    PREMBULO

    A proclamao da Independncia Nacional constituiu-se num dos momentos mais altos da Histria da Nao Cabo-verdiana. Factor de identidade e revitalizao da nossa condio de povo, sujeito s mes-mas vicissitudes do destino, mas comungando da tenaz esperana de criar nestas ilhas as condies de uma existncia digna para todos os seus filhos, a Independncia permitiu ainda que Cabo Verde passasse a membro de pleno direito da comunidade internacional.

    No entanto, a afirmao do Estado independente no coincidiu com a instaurao do regime de democracia pluralista, tendo antes a orga-nizao do poder poltico obedecido filosofia e princpios caracteri-zadores dos regimes de partido nico.

    O exerccio do poder no quadro desse modelo demonstrou, escala universal, a necessidade de introduzir profundas alteraes na organi-zao da vida poltica e social dos Estados. Novas ideias assolaram o mundo fazendo ruir estruturas e concepes que pareciam solidamen-te implantadas, mudando completamente o curso dos acontecimentos polticos internacionais. Em Cabo Verde a abertura poltica foi anun-ciada em mil novecentos e noventa, levando criao das condies institucionais necessrias s primeiras eleies legislativas e presiden-ciais num quadro de concorrncia poltica.

    Foi assim que a 28 de Setembro a Assembleia Nacional Popular aprovou a Lei Constitucional n 2/III/90 que, revogando o artigo 4 da Constituio e institucionalizando o princpio do pluralismo, consubs-tanciou um novo tipo de regime poltico.

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    2010 CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE

    Concebida como instrumento de viabilizao das eleies demo-crticas e de transio para um novo modelo de organizao da vida poltica e social do pas, no deixou contudo de instituir um diferente sistema de governo e uma outra forma de sufrgio, em vspera de eleies para uma nova assembleia legislativa.

    Foi nesse quadro que se realizaram as primeiras eleies legislativas em Janeiro de 1991, seguidas, em Fevereiro, de eleies presidenciais. A expressiva participao das populaes nessas eleies demonstrou claramente a opo do pas no sentido da mudana do regime poltico.

    No entanto, o contexto histrico preciso em que, pela via da revi-so parcial da Constituio, se reconheceu os partidos como principais instrumentos de formao da vontade poltica para a governao, con-duziu a que a democracia pluralista continuasse a conviver com regras e princpios tpicos do regime anterior.

    No obstante, a realidade social e poltica em que vivia, o pas encontrava-se num processo de rpidas e profundas transformaes, com assuno por parte das populaes e foras polticas emergentes de valores que caracterizam um Estado de Direito Democrtico, e que, pelo seu contedo, configuravam j um modelo material ainda no espelhado no texto da Constituio.

    A presente Lei Constitucional pretende, pois, dotar o pas de um quadro normativo que valer, no especialmente pela harmonia im-primida ao texto, mas pelo novo modelo institudo. A opo por uma Constituio de princpios estruturantes de uma democracia pluralista, deixando de fora as opes conjunturais de governao, permitir a necessria estabilidade a um pas de fracos recursos e a alternncia poltica sem sobressaltos.

    Assumindo plenamente o princpio da soberania popular, o presen-te texto da Constituio consagra um Estado de Direito Democrtico com um vasto catlogo de direitos, liberdades e garantias dos cida-dos, a concepo da dignidade da pessoa humana como valor abso-

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    CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE 2010

    luto e sobrepondo-se ao prprio Estado, um sistema de governo de equilbrio de poderes entre os diversos rgos de soberania, um poder judicial forte e independente, um poder local cujos titulares dos rgos so eleitos pelas comunidades e perante elas responsabilizados, uma Administrao Pblica ao servio dos cidados e concebida como ins-trumento do desenvolvimento e um sistema de garantia de defesa da Constituio caracterstico de um regime de democracia pluralista.

    Esta Lei Constitucional vem, assim, formalmente corporizar as profundas mudanas polticas operadas no pas e propiciar as condi-es institucionais para o exerccio do poder e da cidadania num clima de liberdade, de paz e de justia, fundamentos de todo o desenvolvi-mento econmico, social e cultural de Cabo Verde.

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    CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE 2010

    PARTE IPRINCPIOS FUNDAMENTAIS

    TTULO IDA REPBLICA

    Artigo 1(Repblica de Cabo Verde)

    1. Cabo Verde uma Repblica soberana, unitria e democrtica, que garante o respeito pela dignidade da pessoa humana e reconhece a inviolabilidade e inalienabilidade dos direitos humanos como funda-mento de toda a comunidade humana, da paz e da justia.

    2. A Repblica de Cabo Verde reconhece a igualdade de todos os cidados perante a lei, sem distino de origem social ou situao econmica, raa, sexo, religio, convices polticas ou ideolgicas e condio social e assegura o pleno exerccio por todos os cidados das liberdades fundamentais.

    3. A Repblica de Cabo Verde assenta na vontade popular e tem como objectivo fundamental a realizao da democracia econmica, poltica, social e cultural e a construo de uma sociedade livre, justa e solidria.

    4. A Repblica de Cabo Verde criar progressivamente as condi-es indispensveis remoo de todos os obstculos que possam im-pedir o pleno desenvolvimento da pessoa humana e limitar a igualdade dos cidados e a efectiva participao destes na organizao poltica, econmica, social e cultural do Estado e da sociedade cabo-verdiana.

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    2010 CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE

    Artigo 2(Estado de Direito Democrtico)

    1. A Repblica de Cabo Verde organiza-se em Estado de direito de-mocrtico assente nos princpios da soberania popular, no pluralismo de expresso e de organizao poltica democrtica e no respeito pelos direitos e liberdades fundamentais.

    2. A Repblica de Cabo Verde reconhece e respeita, na organizao do poder poltico, a natureza unitria do Estado, a forma republicana de governo, a democracia pluralista, a separao e a interdependncia dos poderes, a separao entre as Igrejas e o Estado, a independncia dos Tribunais, a existncia e a autonomia do poder local e a descentra-lizao democrtica da Administrao Pblica.

    Artigo 3(Soberania e constitucionalidade)

    1. A soberania pertence ao povo, que a exerce pelas formas e nos termos previstos na Constituio.

    2. O Estado subordina-se Constituio e funda-se na legalidade democrtica, devendo respeitar e fazer respeitar as leis.

    3. As leis e os demais actos do Estado, do poder local e dos entes pblicos em geral s sero vlidos se forem conformes com a Cons-tituio.

    Artigo 4(Exerccio do poder poltico)

    1. O poder poltico exercido pelo povo atravs do referendo, do sufrgio e pelas demais formas constitucionalmente estabelecidas.

    2. Para alm da designao por sufrgio dos titulares dos rgos do poder poltico, estes podero ser tambm designados pelos repre-sentantes do povo ou pela forma constitucional ou legalmente estabe-lecida.

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    CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE 2010

    Artigo 5(Cidadania)

    1. So cidados cabo-verdianos todos aqueles que, por lei ou por conveno internacional, sejam considerados como tal.

    2. O Estado poder concluir tratados de dupla nacionalidade. 3. Os Cabo-verdianos podero adquirir a nacionalidade de outro

    pas sem perder a sua nacionalidade de origem. 4. A lei regula a aquisio, a perda e a reaquisio da nacionalida-

    de, bem como o seu registo e prova.

    Artigo 6(Territrio)

    1. O territrio da Repblica de Cabo Verde composto: Pelas ilhas de Santo Anto, So Vicente, Santa Luzia, So a) Nicolau, Sal, Boa Vista, Maio, Santiago, Fogo e Brava, e pelos ilhus e ilhotas que historicamente sempre fizeram parte do arquiplago de Cabo Verde; Pelas guas interiores, as guas arquipelgicas e o mar ter-b) ritorial definidos na lei, assim como os respectivos leitos e subsolos; Pelo espao areo suprajacente aos espaos geogrficos re-c) feridos nas alneas anteriores.

    2. Na sua zona contgua, na sua zona econmica exclusiva e na pla-taforma continental, definidas na lei, o Estado de Cabo Verde tem di-reitos de soberania em matria de conservao, explorao e aprovei-tamento dos recursos naturais, vivos ou no vivos, e exerce jurisdio nos termos do direito interno e das normas do direito internacional.

    3. Nenhuma parte do territrio nacional ou dos direitos de sobera-nia que o Estado sobre ele exerce pode ser alienada pelo Estado.

    Artigo 7(Tarefas do Estado)

    So tarefas fundamentais do Estado:

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    2010 CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE

    Da) efender a independncia, garantir a unidade, preservar, valorizar e promover a identidade da nao cabo-verdiana, favorecendo a criao das condies sociais, culturais, eco-nmicas e polticas necessrias; Garantir o respeito pelos direitos humanos e assegurar o b) pleno exerccio dos direitos e liberdades fundamentais a todos os cidados;Garantir o respeito pela forma republicana do Governo e c) pelos princpios do Estado de Direito Democrtico; Garantir a democracia poltica e a participao democrtica d) dos cidados na organizao do poder poltico e nos demais aspectos da vida poltica e social nacional; Promover o bem estar e a qualidade de vida do povo e) cabo-verdiano, designadamente dos mais carenciados, e remover progressivamente os obstculos de natureza econmica, social, cultural e poltica que impedem a real igualdade de oportunidades entre os cidados, especial-mente os factores de discriminao da mulher na famlia e na sociedade; Incentivar a solidariedade social, a organizao autnoma f) da sociedade civil, o mrito, a iniciativa e a criatividade individual; Apoiar a comunidade cabo-verdiana espalhada pelo mundo g) e promover no seu seio a preservao e o desenvolvimento da cultura cabo-verdiana; Fomentar e promover a educao, a investigao cientfica h) e tecnolgica, o conhecimento e a utilizao de novas tec-nologias, bem como o desenvolvimento cultural da socie-dade cabo-verdiana; Preservar, valorizar e promover a lngua materna e a cultu-i) ra cabo-verdianas;Criar, progressivamente, as condies necessrias para a j) transformao e modernizao das estruturas econmicas e

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    CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE 2010

    sociais por forma a tornar efectivos os direitos econmicos, sociais e culturais dos cidados; Proteger a paisagem, a natureza, os recursos naturais e o k) meio ambiente, bem como o patrimnio histrico - cultural e artstico nacional; Garantir aos estrangeiros que habitem permanente ou tran-l) sitoriamente em Cabo Verde, ou que estejam em trnsito pelo territrio nacional, um tratamento compatvel com as normas internacionais relativas aos direitos humanos e o exerccio dos direitos que no estejam constitucional ou le-galmente reservados aos cidados cabo-verdianos.

    Artigo 8(Smbolos nacionais)

    1. A Bandeira, o Hino e as Armas Nacionais so smbolos da Rep-blica de Cabo Verde e da soberania nacional.

    2. A Bandeira Nacional constituda por cinco rectngulos dispos-tos no sentido do comprimento e sobrepostos.

    Os rectngulos superior e inferior so de cor azul, ocupan-a) do o superior uma superfcie igual a metade da bandeira e o inferior um quarto. Separando os dois rectngulos azuis, existem trs faixas, b) cada uma com a superfcie igual a um duodcimo da rea da Bandeira. As faixas adjacentes aos rectngulos azuis so de cor bran-c) ca e a que fica entre estas de cor vermelha. Sobre os cinco rectngulos, dez estrelas amarelas de d) cinco pontas, com o vrtice superior na posio dos noventa graus, definem um crculo cujo centro se situa na interseco da mediana do segundo quarto vertical a contar da esquerda com a mediana do segundo quarto horizontal a contar do bordo inferior. A estrela mais

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    prxima deste bordo est inscrita numa circunferncia invisvel cujo centro fica sobre a mediana da faixa azul inferior.

    3. O Hino Nacional o Cntico da Liberdade cujas letra e msica se publicam em anexo presente Constituio de que fazem parte in-tegrante.

    4. As Armas da Repblica de Cabo Verde reflectem uma composi-o radial que apresenta, do centro para a periferia, os seguintes ele-mentos:

    Um tringulo equiltero de cor azul sobre o qual se inscre-a) ve um facho de cor branca; Uma circunferncia limitando um espao no qual se inscre-b) ve, a partir do ngulo esquerdo e at o direito do tringulo, as palavras REPBLICA DE CABO VERDE; Trs segmentos de recta de cor azul paralelos base do c) tringulo, limitados pela primeira circunferncia; Uma segunda circunferncia; d) Um prumo de cor amarela, alinhado com o vrtice do trin-e) gulo equiltero, sobreposto s duas circunferncias na sua parte superior; Trs elos de cor amarela ocupando a base da composio, f) seguidos de duas palmas de cor verde e dez estrelas de cin-co pontas de cor amarela dispostas simetricamente em dois grupos de cinco.

    Artigo 9(Lnguas oficiais)

    1. lngua oficial o Portugus. 2. O Estado promove as condies para a oficializao da lngua

    materna cabo-verdiana, em paridade com a lngua portuguesa. 3. Todos os cidados nacionais tm o dever de conhecer as lnguas

    oficiais e o direito de us-las.

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    CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE 2010

    Artigo 10(Capital da Repblica)

    1. A Capital da Repblica de Cabo Verde a cidade da Praia, na ilha de Santiago.

    2. A Capital da Repblica goza de estatuto administrativo especial, nos termos da lei.

    TTULO IIRELAES INTERNACIONAIS E DIREITO INTERNACIONAL

    Artigo 11(Relaes internacionais)

    1. O Estado de Cabo Verde rege-se, nas relaes internacionais, pelos princpios da independncia nacional, do respeito pelo direito internacional e pelos direitos humanos, da igualdade entre os Estados, da no ingerncia nos assuntos internos dos outros Estados, da reci-procidade de vantagens, da cooperao com todos os outros povos e da coexistncia pacfica.

    2. O Estado de Cabo Verde defende o direito dos povos autode-terminao e independncia, apoia a luta dos povos contra qualquer forma de dominao ou opresso poltica ou militar e participa no combate internacional contra o terrorismo e a criminalidade organi-zada transnacional.

    3. O Estado de Cabo Verde preconiza a abolio de todas as formas de dominao, opresso e agresso, o desarmamento e a soluo pa-cfica dos conflitos, bem como a criao de uma ordem internacional justa e capaz de assegurar a paz e a amizade entre os povos.

    4. O Estado de Cabo Verde recusa a instalao de bases militares estrangeiras no seu territrio.

    5. O Estado de Cabo Verde presta s Organizaes Internacionais nomeadamente Organizao das Naes Unidas e Unio Africa-

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    na, a colaborao necessria para a resoluo pacfica dos conflitos e para assegurar a paz e a justia internacionais, bem como o respeito pelos direitos humanos pelas liberdades fundamentais e apoia todos os esforos da comunidade internacional tendentes a garantir o respeito pelos princpios consagrados na Carta das Naes Unidas.

    6. O Estado de Cabo Verde mantm laos especiais de amizade e de cooperao com os pases de lngua oficial portuguesa e com os pases de acolhimento de emigrantes cabo-verdianos.

    7. O Estado de Cabo Verde empenha-se no reforo da identidade, da unidade e da integrao africanas e no fortalecimento das aces de cooperao a favor do desenvolvimento, da democracia, do progresso e bem-estar dos povos, do respeito pelos direitos humanos, da paz e da justia.

    8. O Estado de Cabo Verde pode, tendo em vista a realizao de uma justia internacional que promova o respeito pelos direitos da pessoa humana e dos povos, aceitar a jurisdio do Tribunal Penal Internacional, nas condies de complementaridade e demais termos estabelecidos no Estatuto de Roma.

    Artigo 12(Recepo dos tratados e acordos na ordem jurdica interna)

    1. O direito internacional geral ou comum faz parte integrante da ordem jurdica cabo-verdiana.

    2. Os tratados e acordos internacionais, validamente aprovados ou ratificados, vigoram na ordem jurdica cabo-verdiana aps a sua pu-blicao oficial e entrada em vigor na ordem jurdica internacional e enquanto vincularem internacionalmente o Estado de Cabo Verde.

    3. Os actos jurdicos emanados dos rgos competentes das organi-zaes supranacionais de que Cabo Verde seja parte vigoram directa-mente na ordem jurdica interna, desde que tal esteja estabelecido nas respectivas convenes constitutivas.

    4. As normas e os princpios do direito internacional geral ou co-mum e do direito internacional convencional validamente aprovados ou ratificados tm prevalncia, aps a sua entrada em vigor na ordem

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    jurdica internacional e interna, sobre todos os actos legislativos e nor-mativos internos de valor infraconstitucional.

    Artigo 13(Adeso e desvinculao de tratados ou acordos internacionais)

    1. A adeso do Estado de Cabo Verde a qualquer tratado ou acordo Internacional deve ser previamente aprovada pelo rgo constitucio-nalmente competente para o efeito.

    2. A cessao de vigncia dos tratados ou acordos internacionais por acordo, denncia ou recesso, renncia ou qualquer outra causa permitida internacionalmente, com excepo da caducidade, seguir o processo previsto para a sua aprovao.

    Artigo 14(Acordos em forma simplificada)

    Os Acordos em forma simplificada, que no carecem de ratifica-o, so aprovados pelo Governo mas unicamente versaro matrias compreendidas na competncia administrativa deste rgo.

    PARTE IIDIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS

    TTULO IPRINCPIOS GERAIS

    Artigo 15(Reconhecimento da inviolabilidade dos direitos,

    liberdades e garantias)

    1. O Estado reconhece como inviolveis os direitos e liberdades consignados na Constituio e garante a sua proteco.

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    2. Todas as autoridades pblicas tm o dever de respeitar e de ga-rantir o livre exerccio dos direitos e das liberdades e o cumprimento dos deveres constitucionais ou legais.

    Artigo 16(Responsabilidade das entidades pblicas)

    1. O Estado e as demais entidades pblicas so civilmente respon-sveis por aces ou omisses dos seus agentes praticadas no exerc-cio de funes pblicas ou por causa delas, e que, por qualquer forma, violem os direitos, liberdades e garantias com prejuzo para o titular destes ou de terceiros.

    2. Os agentes do Estado e das demais entidades pblicas so, nos termos da lei, criminal e disciplinarmente responsveis por aces ou omisses de que resulte violao dos direitos, liberdades e ga-rantias.

    Artigo 17(mbito e sentido dos direitos, liberdades e garantias)

    1. As leis ou convenes internacionais podero consagrar direitos, liberdades e garantias no previstos na Constituio.

    2. A extenso e o contedo essencial das normas constitucionais re-lativas aos direitos, liberdades e garantias no podem ser restringidos pela via da interpretao.

    3. As normas constitucionais e legais relativas aos direitos funda-mentais devem ser interpretadas e integradas de harmonia com a De-clarao Universal dos Direitos do Homem.

    4. S nos casos expressamente previstos na Constituio poder a lei restringir os direitos, liberdades e garantias.

    5. As leis restritivas dos direitos, liberdades e garantias sero obri-gatoriamente de carcter geral e abstracto, no tero efeitos retroac-tivos, no podero diminuir a extenso e o contedo essencial das normas constitucionais e devero limitar-se ao necessrio para a sal-vaguarda de outros direitos constitucionalmente protegidos.

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    Artigo 18(Fora jurdica)

    As normas constitucionais relativas aos direitos, liberdades e ga-rantias vinculam todas as entidades pblicas e privadas e so directa-mente aplicveis.

    Artigo 19(Direito de resistncia)

    reconhecido a todos os cidados o direito de no obedecer a qual-quer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela fora qualquer agresso ilcita, quando no seja possvel recorrer autoridade pblica.

    Artigo 20(Tutela dos direitos, liberdades e garantias)

    1. A todos os indivduos reconhecido o direito de requerer ao Tribunal Constitucional, atravs de recurso de amparo, a tutela dos seus direitos, liberdades e garantias fundamentais, constitucionalmen-te reconhecidos, nos termos da lei e com observncia do disposto nas alneas seguintes:

    O recurso de amparo s pode ser interposto contra actos ou a) omisses dos poderes pblicos lesivos dos direitos, liber-dades e garantias fundamentais, depois de esgotadas todas as vias de recurso ordinrio; O recurso de amparo pode ser requerido em simples peti-b) o, tem carcter urgente e o seu processamento deve ser baseado no princpio da sumariedade.

    2. A todos reconhecido o direito de exigir, nos termos da lei, in-demnizao pelos prejuzos causados pela violao dos seus direitos, liberdades e garantias.

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    Artigo 21(Provedor de Justia)

    1. Todos podem apresentar queixas, por aces ou omisses dos poderes pblicos, ao Provedor de Justia que as apreciar sem poder decisrio, dirigindo aos rgos competentes as recomendaes neces-srias para prevenir e reparar ilegalidades ou injustias.

    2. A actividade do Provedor de Justia independente dos meios graciosos e contenciosos previstos na Constituio e nas leis.

    3. O Provedor de Justia um rgo independente, eleito pela As-sembleia Nacional, pelo tempo que a lei determinar.

    4. O Provedor de Justia tem direito cooperao de todos os ci-dados e de todos os rgos e agentes do Estado e demais pessoas colectivas pblicas ou privadas, bem como o direito de tornar pblicas as suas recomendaes pela comunicao social.

    5. A lei regula a competncia do Provedor de Justia e a organiza-o do respectivo servio.

    Artigo 22(Acesso justia)

    1. A todos garantido o direito de acesso justia e de obter, em prazo razovel e mediante processo equitativo, a tutela dos seus direi-tos ou interesses legalmente protegidos.

    2. A todos conferido, pessoalmente ou atravs de associaes de defesa dos interesses em causa, o direito de promover a preveno, a cessao ou a perseguio judicial das infraces contra a sade, o ambiente, a qualidade de vida e o patrimnio cultural.

    3. Todos tm direito de defesa, bem como informao jurdica, ao patrocnio judicirio e a fazer-se acompanhar por advogado perante qualquer autoridade, nos termos da lei.

    4. A justia no pode ser denegada por insuficincia de meios eco-nmicos ou indevida dilao da deciso.

    5. A lei define e assegura a adequada proteco do segredo de justia. 6. Para defesa dos direitos, liberdades e garantias individuais, a

    lei estabelece procedimentos judiciais cleres e prioritrios que asse-

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    CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE 2010

    gurem a tutela efectiva e em tempo til contra ameaas ou violaes desses mesmos direitos, liberdades e garantias.

    Artigo 23(Princpio da universalidade)

    1. Todos os cidados gozam dos direitos, das liberdades e das ga-rantias e esto sujeitos aos deveres estabelecidos na Constituio.

    2. Os cidados cabo-verdianos que residam ou se encontrem no estrangeiro gozam dos direitos, liberdades e garantias e esto sujeitos aos deveres constitucionalmente consagrados que no sejam incompa-tveis com a sua ausncia do territrio nacional.

    3. A lei poder estabelecer restries ao exerccio de direitos po-lticos e ao acesso a certas funes ou cargos pblicos por parte de cidados cabo-verdianos que o no sejam de origem.

    Artigo 24(Princpio da igualdade)

    Todos os cidados tm igual dignidade social e so iguais perante a lei, ningum podendo ser privilegiado, beneficiado ou prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razo de raa, sexo, ascendncia, lngua, origem, religio, condies sociais e econmicas ou convices polticas ou ideolgicas.

    Artigo 25(Estrangeiros e aptridas)

    1. Com excepo dos direitos polticos e dos direitos e deveres reservados constitucional ou legalmente aos cidados nacionais, os es-trangeiros e aptridas que residam ou se encontrem no territrio nacio-nal gozam dos mesmos direitos, liberdades e garantias e esto sujeitos aos mesmos deveres que os cidados cabo-verdianos.

    2. Os estrangeiros e aptridas podem exercer funes pblicas de carcter predominantemente tcnico, nos termos da lei.

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    2010 CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE

    3. Podero ser atribudos aos cidados dos pases de lngua oficial portuguesa direitos no conferidos aos estrangeiros e aptridas, excep-to o acesso titularidade dos rgos de soberania, o servio nas Foras Armadas e a carreira diplomtica.

    4. Aos estrangeiros e aptridas residentes no territrio nacional po-der ser atribuda, por lei, capacidade eleitoral activa e passiva para eleies dos titulares dos rgos das autarquias locais.

    Artigo 26(Regime dos direitos, liberdades e garantias)

    Os princpios enunciados neste ttulo so aplicveis aos direitos, liberdades e garantias individuais e direitos fundamentais de natureza anloga estabelecidos na Constituio ou consagrados por lei ou con-veno internacional.

    Artigo 27(Suspenso dos direitos, liberdades e garantias)

    Os direitos, liberdades e garantias s podero ser suspensos em caso de declarao do estado de stio ou de emergncia, nos termos previstos na Constituio.

    TTULO IIDIREITOS, LIBERDADES E GARANTIAS

    CAPTULO IDOS DIREITOS, LIBERDADES E GARANTIAS

    INDIVIDUAIS

    Artigo 28(Direito vida e integridade fsica e moral)

    1. A vida humana e a integridade fsica e moral das pessoas so inviolveis.

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    CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE 2010

    2. Ningum pode ser submetido a tortura, penas ou tratamentos cruis, degradantes ou desumanos, e em caso algum haver pena de morte.

    Artigo 29(Direito liberdade)

    1. inviolvel o direito liberdade. 2. So garantidas as liberdades pessoal, de pensamento, de expres-

    so e de informao, de associao, de religio, de culto, de criao intelectual, artstica e cultural, de manifestao e as demais consagra-das na Constituio, no direito internacional geral ou convencional, recebido na ordem jurdica interna, e nas leis.

    3. Ningum pode ser obrigado a declarar a sua ideologia, religio ou culto, filiao poltica ou sindical.

    Artigo 30(Direito liberdade e segurana pessoal)

    1. Todos tm direito liberdade e segurana pessoal. 2. Ningum pode ser total ou parcialmente privado da liberdade, a

    no ser em consequncia de sentena judicial condenatria pela prti-ca de actos punveis por lei com pena de priso ou de aplicao judi-cial de medida de segurana prevista na lei.

    3. Exceptua-se do princpio estabelecido no nmero anterior, a pri-vao de liberdade, pelo tempo e nas condies determinadas na lei, num dos casos seguintes:

    Deteno em flagrante delito; a) Deteno ou priso preventiva por fortes indcios da prti-b) ca de crime doloso a que corresponda pena de priso, cujo limite mximo seja superior a trs anos, quando outras me-didas cautelares processuais se mostrem insuficientes ou inadequadas;Deteno por incumprimento das condies impostas ao c) arguido em regime de liberdade provisria;

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    Deteno para assegurar a obedincia a deciso judicial ou d) a comparncia perante autoridade judiciria competente para a prtica ou cumprimento de acto ou deciso judicial; Sujeio de menor a medidas tutelares socio-educativas de-e) cretadas por deciso judicial;Priso, deteno ou outra medida coactiva sujeita a contro-f) lo judicial, de pessoa que tenha penetrado ou permanea irregularmente no territrio nacional ou contra quem esteja em curso processo de extradio ou de expulso; Priso disciplinar imposta a militares, com garantia de re-g) curso para o tribunal competente, nos termos da lei, depois de esgotadas as vias hierrquicas; Deteno de suspeitos, para efeitos de identificao, nos h) casos e pelo tempo mnimo estritamente necessrios, fixa-dos na lei; Internamento de portador de anomalia psquica em estabe-i) lecimento adequado, quando pelo seu comportamento se mostrar perigoso e for decretado ou confirmado por autori-dade judicial competente.

    4. Toda pessoa detida ou presa deve ser imediatamente informada, de for-ma clara e compreensvel, das razes da sua deteno ou priso e dos seus direitos constitucionais e legais, e autorizada a contactar advogado, directa-mente ou por intermdio da sua famlia ou de pessoa da sua confiana.

    5. A pessoa detida ou presa tem o direito identificao dos res-ponsveis pela sua deteno ou priso e pelo seu interrogatrio.

    6. A deteno ou priso de qualquer pessoa e o local preciso onde se encontra so comunicados imediatamente famlia do detido ou preso ou a pessoa por ele indicada, com a descrio sumria das razes que a motivaram.

    Artigo 31(Priso preventiva)

    1. Qualquer pessoa detida deve ser apresentada, no prazo mximo de quarenta e oito horas, ao juiz competente, o qual obrigado a:

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    CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE 2010

    Explicar-lhe claramente os factos que motivaram a sua de-a) teno ou priso; Inform-la de forma clara e compreensvel dos seus direi-b) tos e deveres, enquanto detida ou presa;Interrog-la e ouvi-la sobre os factos alegados para justifi-c) car a sua deteno ou priso, na presena de defensor por ela livremente escolhido, dando-lhe oportunidade de se de-fender; Proferir deciso fundamentada, validando ou no a deten-d) o ou priso.

    2. A deteno ou priso preventiva no se mantm sempre que se mostre adequada ou suficiente aos fins da lei a sua substituio por medida cautelar processual mais favorvel estabelecida na lei.

    3. A deciso judicial que ordene ou mantenha a priso preventiva, bem como o local onde esta vai ser cumprida, devem ser imediatamen-te comunicados a pessoa de famlia do detido ou preso, ou a pessoa de confiana, por ele indicada.

    4. A priso preventiva est sujeita aos prazos estabelecidos na lei, no podendo, em caso algum, ser superior a trinta e seis meses, conta-dos a partir da data da deteno ou captura, nos termos da lei.

    Artigo 32(Aplicao da lei penal)

    1. A responsabilidade penal intransmissvel. 2. proibida a aplicao retroactiva da lei penal, excepto se a lei

    posterior for de contedo mais favorvel ao arguido. 3. proibida a aplicao de medidas de segurana cujos pressupos-

    tos no estejam fixados em lei anterior. 4. No podem ser aplicadas penas ou medidas de segurana que

    no estejam expressamente cominadas em lei anterior. 5. Ningum pode ser julgado mais de uma vez pela prtica do mes-

    mo crime, nem ser punido com pena que no esteja expressamente prevista na lei ou com pena mais grave do que a estabelecida na lei no momento da prtica da conduta delituosa.

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    2010 CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE

    6. As medidas de segurana privativas da liberdade fundadas em grave anomalia psquica de que resulte perigosidade, podem ser suces-sivamente prorrogadas por deciso judicial, enquanto se mantiver esse estado e desde que no seja medicamente possvel ou aconselhvel a adopo de outras medidas no restritivas da liberdade.

    7. O disposto no nmero 2 no impede a punio, nos limites da lei interna, por aco ou omisso que, no momento da sua prtica, seja considerada criminosa segundo os princpios e normas do direito internacional geral ou comum.

    Artigo 33(Proibio da priso perptua ou de durao ilimitada)

    Em caso algum haver pena privativa da liberdade ou medida de segurana com carcter perptuo ou de durao ilimitada ou indefini-da.

    Artigo 34(Efeitos das penas e medidas de segurana)

    Nenhuma pena ou medida de segurana tem, como efeito neces-srio, a perda dos direitos civis, polticos ou profissionais, nem priva o condenado dos seus direitos fundamentais, salvas as limitaes ine-rentes ao sentido da condenao e s exigncias especficas da respec-tiva execuo.

    Artigo 35(Princpios do processo penal)

    1. Todo o arguido presume-se inocente at ao trnsito em julgado de sentena condenatria, devendo ser julgado no mais curto prazo compatvel com as garantias de defesa.

    2. A pessoa detida ou constituda arguida no pode ser obrigada a prestar declaraes sobre os factos que lhe sejam imputados.

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    CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE 2010

    3. O arguido tem o direito de escolher livremente o seu defensor para o assistir em todos os actos do processo.

    4. O defensor deve ser advogado, podendo, o arguido, na falta da-quele, ser assistido por qualquer outra pessoa da sua livre escolha, salvo nos casos em que, por lei, o patrocnio deva ser exercido por advogado.

    5. Aos arguidos que por razes de ordem econmica no possam constituir advogado ser assegurada, atravs de institutos prprios, adequada assistncia judiciria.

    6. O processo penal tem estrutura basicamente acusatria, ficando os actos instrutrios que a lei determinar, a acusao, a audincia de julgamento e o recurso submetidos ao princpio do contraditrio.

    7. Os direitos de audincia e de defesa em processo criminal ou em qualquer processo sancionatrio, incluindo o direito de acesso s provas da acusao, as garantias contra actos ou omisses processu-ais que afectem os seus direitos, liberdades e garantias, bem como o direito de recurso, so inviolveis e sero assegurados a todo o arguido.

    8. So nulas todas as provas obtidas por meio de tortura, coaco, ofensa integridade fsica ou moral, abusiva intromisso na corres-pondncia, nas telecomunicaes, no domiclio ou na vida privada ou por outros meios ilcitos.

    9. As audincias em processo criminal so pblicas, salvo quando a defesa da intimidade pessoal, familiar ou social determinar a excluso ou a restrio da publicidade.

    10. Nenhuma causa pode ser subtrada ao tribunal cuja competn-cia esteja fixada em lei anterior.

    Artigo 36(Habeas corpus)

    1. Qualquer pessoa detida ou presa ilegalmente pode requerer ha-beas corpus ao tribunal competente.

    2. Qualquer cidado no gozo dos seus direitos polticos pode re-querer habeas corpus a favor de pessoa detida ou presa ilegalmente.

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    2010 CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE

    3. O tribunal deve decidir sobre o pedido de habeas corpus no pra-zo mximo de cinco dias.

    4. A lei regula o processo de habeas corpus, conferindo-lhe celeri-dade e mxima prioridade.

    Artigo 37(Expulso)

    1. Nenhum cidado cabo-verdiano pode ser expulso do pas. 2. O estrangeiro ou o aptrida que haja sido autorizado a residir no

    pas ou haja solicitado asilo, s pode ser expulso por deciso judicial, nos termos da lei.

    Artigo 38(Extradio)

    1. Em caso algum admitida a extradio quando requerida:Por motivos polticos, tnicos ou religiosos ou por delito a) de opinio;Por crime a que corresponda no Estado requerente pena de b) morte;Sempre que, fundadamente, se admita que o extraditando c) possa vir a ser sujeito a tortura, tratamento desumano, de-gradante ou cruel.

    2. Tambm no admitida a extradio de cidados cabo-verdianos por crimes a que corresponda, segundo o direito do Estado requerente, pena ou medida de segurana privativa ou restritiva da liberdade com carcter perptuo ou de durao indefinida, salvo quando o mesmo Estado oferea garantias de que tal pena ou medida de segurana no sero executadas.

    3. No ainda admitida a extradio de cidados cabo-verdianos do territrio nacional, salvo quando se verifiquem, cumulativamente, as seguintes circunstncias:

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    CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE 2010

    O Estado requerente admita a extradio de seus nacionais a) para o Estado de Cabo Verde e consagre garantias de um processo justo e equitativo;Nos casos de terrorismo e de criminalidade internacional b) organizada;Tenha o extraditando adquirido ou readquirido a nacionali-c) dade cabo-verdiana aps o cometimento do facto tipificado na lei penal como crime, que tenha dado causa ao pedido de extradio.

    4. Caso a extradio seja recusada, o extraditando responde perante os tribunais cabo-verdianos pelos crimes cometidos no estrangeiro, podendo ser convalidados os actos praticados no processo transmi-tido, como se tivessem sido praticados pelas ou perante autoridades cabo-verdianas, desde que tenham sido asseguradas garantias de defe-sa similares s previstas na ordem jurdica cabo-verdiana.

    5. O disposto neste artigo no impede o exerccio da jurisdio do Tribunal Penal Internacional, nas condies de complementaridade e demais termos estabelecidos no Estatuto de Roma.

    6. A extradio s pode ser decretada por deciso judicial, nos ter-mos da lei.

    Artigo 39(Direito de asilo)

    1. Os estrangeiros ou aptridas perseguidos por motivos polticos ou seriamente ameaados de perseguio em virtude da sua actividade em prol da libertao nacional, da democracia, ou do respeito pelos direitos do homem, tm direito de asilo no territrio nacional.

    2. A lei define o estatuto do refugiado poltico.

    Artigo 40(Direito nacionalidade)

    Nenhum cabo-verdiano de origem poder ser privado da naciona-lidade ou das prerrogativas da cidadania.

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    2010 CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE

    Artigo 41(Direito identidade, personalidade, ao bom nome,

    imagem e intimidade)

    1. A todos so garantidos os direitos identidade pessoal, ao de-senvolvimento da personalidade e capacidade civil, a qual s pode ser limitada por deciso judicial e nos casos e termos estabelecidos na lei.

    2. Todo o cidado tem direito ao bom nome, honra e reputao, imagem e reserva da intimidade da sua vida pessoal e familiar.

    Artigo 42(Direito de escolha de profisso e de acesso Funo Pblica)

    1. Todo o cidado tem o direito de escolher livremente o seu ofcio, trabalho ou profisso ou fazer a sua formao profissional, salvas as restries legais impostas pelo interesse pblico ou inerentes sua prpria capacidade ou qualificao profissional.

    2. Todos os cidados tm direito de acesso funo pblica, em condies de igualdade, nos termos estabelecidos na lei.

    3. Ningum pode ser obrigado a um trabalho determinado, salvo para cumprimento de um servio pblico geral e igual para todos ou em virtude de deciso judicial, nos termos da lei.

    Artigo 43(Inviolabilidade do domiclio)

    1. O domiclio inviolvel. 2. Ningum pode entrar no domiclio de qualquer pessoa ou nele

    fazer busca, revista, ou apreenso contra a sua vontade, salvo quando munido de mandado judicial emitido nos termos da lei ou, ainda, em caso de flagrante delito, de desastre ou para prestar socorro.

    3. A lei tipifica os casos em que pode ser ordenada por autoridade judicial competente a entrada, busca e apreenso de bens, documentos ou outros objectos em domiclio.

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    CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE 2010

    4. No permitida a entrada no domiclio de uma pessoa durante a noite, salvo:

    Com o seu consentimento; a) Para prestar socorro ou em casos de desastre ou outros que b) configurem estado de necessidade nos termos da lei; Em flagrante delito, ou com mandado judicial que expressa-c) mente a autorize, em casos de criminalidade especialmen-te violenta ou organizada, designadamente, de terrorismo, trfico de pessoas, de armas e de estupefacientes.

    5. O despacho judicial que ordenar as buscas domicilirias noc-turnas dever explicitar com clareza os factos e as circunstncias que especialmente as motivam.

    6. As buscas domicilirias nocturnas determinadas nos termos da alnea c) do nmero 4 devero ser presididas por um magistrado do Ministrio Pblico, salvo quando a lei processual penal imponha a presena de magistrado judicial.

    Artigo 44(Inviolabilidade de correspondncia e de telecomunicaes)

    garantido o segredo da correspondncia e das telecomunicaes, salvo nos casos em que por deciso judicial proferida nos termos da lei do processo criminal for permitida a ingerncia das autoridades pblicas na correspondncia ou nas telecomunicaes.

    Artigo 45(Utilizao de meios informticos e proteco

    de dados pessoais)

    1. Todos os cidados tm o direito de acesso aos dados informa-tizados que lhes digam respeito, podendo exigir a sua rectificao e actualizao, bem como o direito de conhecer a finalidade a que se destinam, nos termos da lei.

    2. proibida a utilizao dos meios informticos para registo e tratamento de dados individualmente identificveis relativos s con-

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    vices polticas, filosficas ou ideolgicas, f religiosa, filiao partidria ou sindical ou vida privada salvo:

    Mediante consentimento expresso do titular; a) Mediante autorizao prevista por lei, com garantias de b) no discriminao; Quando se destinem a processamento de dados estatsticos c) no individualmente identificveis.

    3. A lei regula a proteco de dados pessoais constantes dos regis-tos informticos, as condies de acesso aos bancos de dados, de cons-tituio e de utilizao por autoridades pblicas e entidades privadas de tais bancos ou de suportes informticos dos mesmos.

    4. No permitido o acesso a arquivos, ficheiros, registos inform-ticos ou bases de dados para conhecimento de dados pessoais relativos a terceiros, nem a transferncia de dados pessoais de um para outro ficheiro informtico pertencente a distintos servios ou instituies, salvo nos casos estabelecidos na lei ou por deciso judicial.

    5. Em nenhum caso pode ser atribudo um nmero nacional nico aos cidados.

    6. A todos garantido acesso s redes informticas de uso pblico, definindo a lei o regime aplicvel aos fluxos de dados transfronteiras e as formas de proteco de dados pessoais e de outros cuja salvaguarda se justifique por razes de interesse nacional, bem como o regime de limitao do acesso, para defesa dos valores jurdicos tutelados pelo disposto no nmero 4 do artigo 48.

    7. Os dados pessoais constantes de ficheiros manuais gozam de pro-teco idntica prevista nos nmeros anteriores, nos termos da lei.

    Artigo 46(Habeas data)

    1. A todo o cidado concedido habeas data para assegurar o co-nhecimento de informaes constantes de ficheiros, arquivos ou regis-to informtico que lhe digam respeito, bem como para ser informado do fim a que se destinam e para exigir a rectificao ou actualizao dos dados.

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    CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE 2010

    2. A lei regula o processo de habeas data.

    Artigo 47(Casamento e filiao)

    1. Todos tm direito de contrair casamento, sob forma civil ou re-ligiosa.

    2. A lei regula os requisitos e os efeitos civis do casamento e da sua dissoluo, independentemente da forma de celebrao.

    3. Os cnjuges tm iguais direitos e deveres civis e polticos. 4. Os filhos s podem ser separados dos pais, por deciso judicial

    e sempre nos casos previstos na lei, se estes no cumprirem os seus deveres fundamentais para com eles.

    5. No permitida a discriminao dos filhos nascidos fora do ca-samento, nem a utilizao de qualquer designao discriminatria re-lativa filiao.

    6. permitida a adopo, devendo a lei regular as suas formas e condies.

    Artigo 48(Liberdades de expresso e de informao)

    1. Todos tm a liberdade de exprimir e de divulgar as suas ideias pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, ningum po-dendo ser inquietado pelas suas opinies polticas, filosficas, religio-sas ou outras.

    2. Todos tm a liberdade de informar e de serem informados, pro-curando, recebendo e divulgando informaes e ideias, sob qualquer forma, sem limitaes, discriminaes ou impedimentos.

    3. proibida a limitao do exerccio dessas liberdades por qual-quer tipo ou forma de censura.

    4. As liberdades de expresso e de informao tm como limites o direito honra e considerao das pessoas, o direito ao bom-nome, imagem e intimidade da vida pessoal e familiar.

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    5. As liberdades de expresso e de informao so ainda limita-das:

    Pelo dever da proteco da infncia e da juventude;a) Pela proibio da apologia da violncia, da pedofilia, do ra-b) cismo, da xenofobia e de qualquer forma de discriminao, nomeadamente da mulher;Pela interdio da difuso de apelos prtica dos actos re-c) feridos na alnea anterior.

    6. As infraces cometidas no exerccio da liberdade de expresso e informao faro o infractor incorrer em responsabilidade civil, dis-ciplinar e criminal, nos termos da lei.

    7. assegurado a todas as pessoas singulares ou colectivas, em condies de igualdade e eficcia, o direito de resposta e de rectifi-cao, bem como o direito de indemnizao pelos danos sofridos em virtude de infraces cometidas no exerccio da liberdade de expres-so e informao.

    Artigo 49(Liberdade de conscincia, de religio e de culto)

    1. inviolvel a liberdade de conscincia, de religio e de culto, todos tendo o direito de, individual ou colectivamente, professar ou no uma religio, ter uma convico religiosa da sua escolha, partici-par em actos de culto e livremente exprimir a sua f e divulgar a sua doutrina ou convico, contanto que no lese os direitos dos outros e o bem comum.

    2. Ningum pode ser discriminado, perseguido, prejudicado, pri-vado de direitos, beneficiado ou isento de deveres por causa da sua f, convices ou prtica religiosas.

    3. As igrejas e outras comunidades religiosas esto separadas do Estado e so independentes e livres na sua organizao e exerccio das suas actividades prprias, sendo consideradas parceiras na promoo do desenvolvimento social e espiritual do povo cabo-verdiano.

    4. garantida a liberdade de ensino religioso.

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    CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE 2010

    5. garantida a liberdade de assistncia religiosa nos estabeleci-mentos hospitalares, assistenciais, prisionais, bem como no seio das foras armadas, nos termos da lei.

    6. reconhecido s igrejas o direito utilizao de meios de co-municao social para a realizao das suas actividades e fins, nos termos da lei.

    7. assegurada proteco aos locais de culto, bem como aos sm-bolos, distintivos e ritos religiosos, sendo proibida a sua imitao ou ridicularizao.

    8. garantido o direito objeco de conscincia, nos termos da lei.

    Artigo 50(Liberdade de aprender, de educar e de ensinar)

    1. Todos tm a liberdade de aprender, de educar e de ensinar. 2. A liberdade de aprender, de educar e de ensinar compreende:

    O direito de frequentar estabelecimentos de ensino e de a) educao e de neles ensinar sem qualquer discriminao, nos termos da lei; O direito de escolher o ramo de ensino e a formao; b) A proibio de o Estado programar a educao e o ensino c) segundo quaisquer directrizes filosficas, estticas, polti-cas, ideolgicas ou religiosas; A proibio de ensino pblico confessional; d) O reconhecimento s comunidades, s organizaes da so-e) ciedade civil e demais entidades privadas e aos cidados, da liberdade de criar escolas e estabelecimentos de educa-o e de estabelecer outras formas de ensino ou educao privadas, em todos os nveis, nos termos da lei.

    Artigo 51(Liberdade de deslocao e de emigrao)

    1. Todo o cidado tem o direito de sair e de entrar livremente no territrio nacional, bem como o de emigrar.

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    2010 CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE

    2. S por deciso judicial podem ser impostas restries aos direi-tos acima enunciados, sempre com carcter temporrio.

    Artigo 52(Liberdade de associao)

    1. livre, no carecendo de qualquer autorizao administrativa, a constituio de associaes.

    2. As associaes prosseguem os seus fins livremente e sem inter-ferncia das autoridades.

    3. A dissoluo das associaes ou a suspenso das suas actividades s podem ser determinadas por deciso judicial e nos termos da lei.

    4. So proibidas as associaes armadas ou de tipo militar ou pa-ramilitar, e as que se destinam a promover a violncia, o racismo, a xenofobia ou a ditadura ou que prossigam fins contrrios lei penal.

    5. Ningum pode ser obrigado a associar-se ou a permanecer as-sociado.

    Artigo 53(Liberdade de reunio e de manifestao)

    1. Os cidados tm o direito de se reunir, pacificamente e sem ar-mas, mesmo em lugares abertos ao pblico, sem necessidade de qual-quer autorizao.

    2. A todos os cidados reconhecido o direito de manifestao.3. A reunio, quando ocorra em lugares abertos ao pblico, e a ma-

    nifestao devem ser comunicadas previamente s autoridades com-petentes, nos termos da lei.

    Artigo 54(Liberdade de criao intelectual, artstica e cultural)

    1. livre a criao intelectual, cultural e cientfica, bem como a divulgao de obras literrias, artsticas e cientficas.

    2. A lei garante a proteco dos direitos de autor.

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    CONSTITUIO DA REPBLICA DE CABO VERDE 2010

    CAPTULO IIDIREITOS, LIBERDADES E GARANTIAS DE PARTICIPAO

    POLTICA E DE EXERCCIO DE CIDADANIA

    Artigo 55(Participao na vida pblica)

    1. Todos os cidados tm o direito de participar na vida poltica directamente e atravs de representantes livremente eleitos.

    2. So eleitores os cidados maiores, nos termos da lei. 3. O direito de voto no pode ser limitado seno em virtude das

    incapacidades estabelecidas na lei. 4. O Estado incentiva a participao equilibrada de cidados de

    ambos os sexos na vida poltica.

    Artigo 56(Participao na direco dos assuntos pblicos)

    1. Todos os cidados tm o direito de aceder, em condies de igualdade e liberdade, s funes pblicas e aos cargos electivos, nos termos estabelecidos por lei.

    2. Ningum pode ser prejudicado na sua colocao, carreira, em-prego ou actividade pblica ou privada, nem nos benefcios sociais a que tenha direito, por desempenhar cargos pblicos ou exercer os seus direitos polticos.

    3. A lei garante a iseno e a independncia do exerccio dos cargos pblicos s podendo, no acesso aos cargos electivos, estabelecer as inelegibilidades necessrias para garantir a liberdade de escolha dos eleitores e a iseno e independncia do seu exerccio.

    Artigo 57(Participao na organizao do poder poltico - partidos polticos)

    1. Todos os cidados tm o direito de constituir partidos polticos e de neles participar, concorrendo democraticamente para a formao

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    da vontade popular e a organizao do poder poltico, nos termos da Constituio e da lei.

    2. livre, no carecendo de autorizao, a criao de partidos po-lticos, bem como a sua fuso e coligao, nos termos da Constituio e da lei.

    3. Os partidos polticos no podem adoptar denominaes que, di-recta ou indirectamente, se identifiquem com qualquer parcela do ter-ritrio nacional ou com igreja, religio ou confisso religiosa ou que possam evocar nome de pessoa ou de instituio.

    4. Os partidos polticos no podem, ainda, adoptar emblemas, sm-bolos e siglas que sejam iguais ou confundveis com os smbolos na-cionais ou municipais.

    5. proibida a constituio de partidos que: Tenham mbito regional ou local ou se proponham objecti-a) vos programticos do mesmo mbito; Se proponham utilizar meios subversivos ou violentos na b) prossecuo dos seus fins; Tenham fora armada ou natureza para-militar. c)

    6. Os partidos polticos devem respeitar a independncia, a unida-de nacional, a integridade territorial do pas, o regime democrtico, o pluri-partidarismo, os direitos, as liberdades e as garantias fundamen-tais da pessoa humana.

    7. Os partidos polticos regem-se por princpios de organizao e expresso democrticas, devendo a aprovao dos respectivos progra-mas e estatutos e a eleio peridica dos titulares dos rgos nacionais de direco serem feitas directamente pelos seus filiados ou por uma assembleia representativa deles.

    8. Os partidos polticos s podem ser compulsivamente extintos por deciso judicial fundamentada em violao grave do disposto na Constituio ou na lei.

    9. A lei regula a constituio, a organizao, a fuso, a coligao e a extino dos partidos polticos e define, designadamente, o regime do seu financiamento e prestao de contas, bem como os benefcios e facilidades a conceder-lhes pelo Estado e demais poderes pblicos.

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    Artigo 58(Direito de antena, de resposta e de rplica polticas)

    1. Os partidos polticos tm direito a tempo de antena no servio pblico de rdio e de televiso, de acordo com a sua representativida-de e segundo critrios objectivos definidos por lei .

    2. Os partidos polticos representados na Assembleia Nacional e que no faam parte do Governo tm, nos termos da lei, direito de resposta ou de rplica poltica s declaraes polticas do Governo, de durao e relevo, para o conjunto de partidos, iguais aos dos tempos de antena e das declaraes do Governo.

    3. O direito de antena pode tambm ser concedido, por lei, a parcei-ros sociais e s confisses religiosas, legalmente reconhecidos.

    4. Nos perodos eleitorais os concorrentes tm, nos termos da lei, direito a tempos de antena regulares e equitativos em todas as estaes de radiodifuso e televiso, qualquer que seja o mbito destas ou a sua titularidade.

    5. A lei regula os direitos de antena, de resposta e de rplica polti-cas estabelecidos neste artigo.

    Artigo 59(Direito de petio e de aco popular)

    1. Todos os cidados, individual ou colectivamente, tm o direito de apresentar, por escrito, aos rgos de soberania ou do poder local e a quaisquer autoridades, peties, queixas, reclamaes ou represen-taes para defesa dos seus direitos, da Constituio, das leis ou do interesse geral e bem assim o direito de serem informados em prazo razovel sobre os resultados da respectiva apreciao.

    2. As peties apresentadas Assembleia Nacional so submetidas ao Plenrio nas condies previstas na lei.

    3. garantido, nos termos da lei, o direito de aco popular, de-signadamente para defesa do cumprimento do estatuto dos titulares de cargos pblicos e para defesa do patrimnio do Estado e de demais entidades pblicas.

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    Artigo 60(Liberdade de imprensa)

    1. garantida a liberdade de imprensa. 2. liberdade de imprensa aplicvel o disposto no artigo 48. 3. assegurada a liberdade e a independncia dos meios de comu-

    nicao social relativamente ao poder poltico e econmico e a sua no sujeio a censura de qualquer espcie.

    4. Nos meios de comunicao social do sector pblico assegurada a expresso e o confronto de ideias das diversas correntes de opinio.

    5. O Estado garante a iseno dos meios de comunicao do sector pblico, bem como a independncia dos seus jornalistas perante o Go-verno, a Administrao e os demais poderes pblicos.

    6. A criao ou fundao de jornais e outras publicaes no care-ce de autorizao administrativa, nem pode ser condicionada a prvia prestao de cauo ou de qualquer outra garantia.

    7. A criao ou fundao de estaes de radiodifuso ou de tele-viso depende de licena a conferir mediante concurso pblico, nos termos da lei.

    8. Aos jornalistas garantido, nos termos da lei, o acesso s fon-tes de informao e assegurada a proteco da independncia e sigilo profissionais, no podendo nenhum jornalista ser obrigado a revelar as suas fontes de informao.

    9. O Estado assegura a existncia e o funcionamento de um servio pblico de radiodifuso e de televiso.

    10. obrigatria a divulgao da titularidade e dos meios de finan-ciamento dos rgos de comunicao social, nos termos da lei.

    11. A apreenso de jornais ou de outras publicaes s permitida nos casos de infraco lei de imprensa ou quando neles no se indi-que os responsveis pela publicao.

    12. Cabe a uma autoridade administrativa independente assegurar a regulao da comunicao social e garantir, designadamente:

    O direito informao e liberdade de imprensa;a)

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    A independncia dos meios de comunicao social perante b) o poder poltico e o poder econmico;O pluralismo de expresso e o confronto de correntes de c) opinio;O respeito pelos direitos, liberdades e garantias fundamen-d) tais;O estatuto dos jornalistas;e) O exerccio dos direitos de antena, de resposta e de rplica f) polticas.

    13. Os membros da autoridade administrativa independente so eleitos pela Assembleia Nacional.

    14. A lei regula a organizao, a composio, a competncia e o funcionamento da autoridade administrativa independente da comu-nicao social.

    CAPTULO IIIDIREITOS, LIBERDADES E GARANTIAS

    DOS TRABALHADORES

    Artigo 61(Direito ao trabalho)

    1. Todos os cidados tm direito ao trabalho, incumbindo aos pode-res pblicos promover as condies para o seu exerccio efectivo.

    2. O dever de trabalhar inseparvel do direito ao trabalho.

    Artigo 62(Direito retribuio)

    1. Os trabalhadores tm direito a justa retribuio segundo a quan-tidade, natureza e qualidade do trabalho prestado.

    2. Por igual trabalho, o homem e a mulher percebem igual retri-buio.

    3. O Estado cria as condies para o estabelecimento de um salrio mnimo nacional.

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    Artigo 63(Outros direitos)

    1. Os trabalhadores tm, ainda, direito a: Condies de dignidade, higiene, sade e segurana no tra-a) balho; Um limite mximo da jornada de trabalho; b) Descanso semanal; c) Segurana social; d) Repouso e lazer. e)

    2. proibido e nulo o despedimento por motivos polticos ou ide-olgicos.

    3. O despedimento sem justa causa ilegal, constituindo-se a en-tidade empregadora no dever de justa indemnizao ao trabalhador despedido, nos termos da lei.

    4. A lei estabelece especial proteco ao trabalho de menores, de portadores de deficincia e de mulheres durante a gravidez e ps-par-to.

    5. A lei garante mulher condies de trabalho que facilitem o exerccio da sua funo maternal e familiar.

    Artigo 64(Liberdade de associao profissional e sindical)

    1. A todos os trabalhadores reconhecida a liberdade de criao de associaes sindicais ou de associaes profissionais para defesa dos seus interesses e direitos colectivos ou individuais.

    2. A criao de associaes sindicais ou de associaes profissio-nais no carece de autorizao administrativa.

    3. garantido s associaes sindicais e s associaes profissio-nais plena autonomia organizacional, funcional e de regulamentao interna.

    4. As associaes sindicais e as associaes profissionais devero reger-se pelos princpios de organizao e de gesto democrticas,

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    baseados na activa participao dos seus membros em todas as suas actividades e de eleio peridica e por escrutnio secreto dos seus rgos.

    5. As associaes sindicais e as associaes profissionais so inde-pendentes do patronato, do Estado, partidos polticos, Igreja ou con-fisses religiosas.

    6. A lei regular a criao, unio, federao e extino das associa-es sindicais e das associaes profissionais e garantir a sua inde-pendncia e autonomia relativamente ao Estado, patronato, partidos e associaes polticas, Igreja ou confisses religiosas.

    7. A lei assegurar a adequada proteco aos representantes eleitos dos trabalhadores contra quaisquer limitaes ao exerccio das suas funes, perseguies ou ameaas no local onde trabalham.

    Artigo 65(Liberdade de inscrio em sindicatos)

    Ningum obrigado a inscrever-se em sindicato ou em associao profissional, a permanecer sindicalizado ou associado profissional-mente, nem a pagar quotizaes para sindicato ou associao profis-sional em que no se encontre inscrito.

    Artigo 66(Direitos dos sindicatos e associaes profissionais)

    1. Para defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores, reco-nhecido aos sindicatos o direito de, nos termos da lei, participar:

    Nos organismos de concertao social; a) Na definio da poltica de instituies de segurana social b) e de outras instituies que visem a proteco e a defesa dos interesses dos trabalhadores; Na elaborao da legislao laboral. c)

    2. Aos sindicatos compete celebrar os contratos colectivos de tra-balho, nos termos da lei.

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    Artigo 67(Direito greve e proibio do lock-out)

    1. garantido o direito greve, cabendo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de o exercer e sobre os interesses que com ele visam defender.

    2. A lei regula o exerccio do direito greve e define as condies de prestao, durante a greve, de servios necessrios segurana e manuteno de equipamentos e instalaes, bem como de servios m-nimos indispensveis para acorrer satisfao de necessidades sociais impreterveis.

    3. proibido o lock-out.

    TTULO IIIDIREITOS E DEVERES ECONMICOS,

    SOCIAIS E CULTURAIS

    Artigo 68(Iniciativa privada)

    A iniciativa privada exerce-se livremente no quadro definido pela Constituio e pela lei.

    Artigo 69(Direito propriedade privada)

    1. garantido a todos o direito propriedade privada e sua trans-misso em vida ou por morte, nos termos da Constituio e da lei.

    2. garantido o direito herana. 3. A requisio ou expropriao por utilidade pblica s podem ser

    efectuadas com base na lei e sempre mediante o pagamento da justa indemnizao.

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    Artigo 70(Direito segurana social)

    1. Todos tm direito segurana social para sua proteco no de-semprego, doena, invalidez, velhice, orfandade, viuvez e em todas as situaes de falta ou diminuio de meios de subsistncia ou de capacidade para o trabalho.

    2. Incumbe ao Estado criar as condies para o acesso universal dos cidados segurana social, designadamente:

    Garantir a existncia e o funcionamento eficiente de um a) sistema nacional de segurana social, com a participao dos contribuintes e das associaes representativas dos be-neficirios; Apoiar, incentivar, regular e fiscalizar os sistemas privados b) de segurana social.

    3. O Estado incentiva, regula e fiscaliza, nos termos da lei, a activi-dade das instituies particulares de solidariedade social e de outras de reconhecido interesse pblico, com vista prossecuo dos objectivos de solidariedade social consignados na Constituio.

    Artigo 71(Direito sade)

    1. Todos tm direito sade e o dever de a defender e promover, independentemente da sua condio econmica.

    2. O direito sade realizado atravs de uma rede adequada de servios de sade e pela criao das condies econmicas, sociais, culturais e ambientais que promovam e facilitem a melhoria da quali-dade de vida das populaes.

    3. Para garantir o direito sade, incumbe ao Estado criar as con-dies para o acesso universal dos cidados aos cuidados de sade, designadamente:

    Assegurar a existncia e o funcionamento de um sistema a) nacional de sade;

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    Incentivar a participao da comunidade nos diversos n-b) veis dos servios de sade; Assegurar a existncia de cuidados de sade pblica; c) Incentivar e apoiar a iniciativa privada na prestao de cui-d) dados de sade preventiva, curativa e de reabilitao; Promove