const2012 ro cd livrores artigo 3

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    CONGRESSO CDNSTRUAo 2 12

    Coimbra Portugal

    2012

    o CONTEXTO ATUAL DA REABILITAO EN ERGTICA DO PARQUE

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    1: Departamento de Construes Civis e Planeamento

    Instituto Politcnico de Bragana

    5301-857

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    2: Departamento de Construes Civis e Planeamenlo

    Inslituto Politcnico de Bragana

    5301-857

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    Coimbra, Portugal, 2012

    O CONTEXTO ATUAL DA REABILITAO ENERGTICA DO PARQUEEDIFICADO EM PORTUGAL

    Maria Isabel Abreu1*, Rui Oli veira2e Jorge Lopes2

    1: Departamento de Construes Civis e PlaneamentoInstituto Politcnico de Bragana

    5301-857e-mail: [email protected], web: http://www.ipb.pt

    2: Departamento de Construes Civis e PlaneamentoInstituto Politcnico de Bragana

    5301-857e-mail: [email protected], [email protected], web: http://www.ipb.pt

    Palavras-chave: Reabilitao Energtica, Parque Edificado, Polticas energticas

    Resumo . No seu Plano de Ao para a Eficincia Energtica de 2011, a Comisso Europeiarefere que o parque edificado apresenta um grande potencial de poupana energtica. A novaDiretiva Europeia 2010/31/EU, em processo de transposio para legislao portuguesa, veiodesafiar os estados membros a tomarem medidas ainda mais ambiciosas. Concretamente,estabelece que os estados membros elaborem planos peridicos onde constem instrumentos quereduzam as barreiras existentes e encorajem os investimentos na reabilitao do parqueedificado. Esto nesta fase em perodo de discusso pblica as linhas de orientao para areviso do Plano Nacional de Ao para a Eficincia Energtica, permitindo uma apreciaopreliminar das estratgias e intenes do estado portugus para os prximos anos. Embora o

    Sistema de Certificao Energtica, segundo referncias da Agncia para a Energia (ADENE),tenha tido at agora uma boa execuo, investigaes recentes concluram que necessrioincentivar os proprietrios a implementarem mais frequentemente as medidas de melhoriaenergtica propostas pelos peritos qualificados. As mais recentes estatsticas demonstram que areabilitao cada vez mais uma aposta crescente no setor da construo, contudo, outrosestudos revelam que alcanar os objetivos pretendidos para 2020 em matria de poupanasenergticas requer um aumento da taxa e da profundidade atual de reabilitao dos edifcios.

    Este artigo apresenta uma panormica do estado do parque edificado nacional, tendo por baseas mais recentes estatsticas disponveis. Adicionalmente, com base em reviso bibliogrfica eem diversos estudos que monitorizaram as polticas e os programas anteriormenteimplementados, nacionais e internacionais, pretende-se clarificar as condies atuais e opotencial do mercado da reabilitao energtica em Portugal, recorrendo a uma anlise

    comparativa entre Portugal e outros pases com maior tradio de implementao de medidas eprogramas deste tipo.

    Estudos recentes sugerem que os incentivos em vigor tm-se revelado insuficientes para motivaros proprietrios para a reabilitao energtica e que o processo de deciso de reabilitar sempreum processo complexo que envolve uma srie de fatores e atores. Desenvolvimentos futuros emdiferentes reas programticas (enquadramento legal, regime de financiamento, formaoprofissional, poltica de preos) iro contribuir para uma melhor perceo dos drivers econstrangimentos da problemtica de reabilitao energtica em Portugal.

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    1. INTRODUO

    A politica energtica desempenha hoje em qualquer pas um papel vital e transversal a muitossectores de atividade. Melhorar a eficincia energtica tem hoje uma importncia estratgica

    econmica, social e ambiental . A fatia de consumo energtico relacionada com o parque edificado bem conhecida na maior parte dos pases europeus. O entendimento comum, o parque edificadorepresenta um dos maiores potenciais para poupana e considerado um alvo estratgico paraconseguir atingir as metas de baixo carbono a longo prazo. Ser a reabilitao energtica do parqueedificado existente uma misso possvel a mdio prazo? Em que sentido as estratgias levadas acabo at agora em muitos pases conseguiram estimular mais o mercado de reabilitao europeu? Ascaractersticas do parque edificado tm sido na ltima meia dcada objeto de estudo recorrente pordiversos grupos de trabalho e de investigao. A comunidade acadmica concentra a sua ateno nopotencial impacto que intervenes no parque edificado existente podero ter nas poupanasenergticas de um pas. Para isso necessrio inventaria-lo, conhec-lo e estud-lo.Se ainda esto em fase de definio muitas das polticas e estratgias no domnio da energia para osedifcios novos, mais resiliente tem sido a definio das mesmas para o parque existente. AComisso Europeia continua a reforar a sua aposta e estima que renovar os edifcios existentes em

    grande escala poder gerar poupanas de at 1000 euros por ocupante por ano e criar cerca de 2milhes de empregos [1]. A procura energtica nos edifcios mais que duplicar segundo a AgnciaInternacional de Energia, sendo 75% da energia consumida nos edifcios a que consumida nosector residencial europeu, que representa a maioria dos edifcios [1]. At agora a Unio Europeiaconseguiu apenas 9% do seu objetivo de poupana energtica dos 20% pretendidos para 2020 [1].Desta forma, h todo o grande desafio em comear a definir as melhores estratgias para tornar oparque edificado existente mais eficiente energeticamente nos prximos anos e, neste sentido, adefinio de polticas europeias e nacionais tem um papel fundamental. Contudo, o atual contextoeconmico e social na Europa, e particularmente em Portugal, no nada favorvel implementaode medidas, tornando o desafio ainda mais complexo, sendo uma barreira concretizao efetiva eem tempo til das referidas metas.Este artigo apresenta uma breve caraterizao do parque edificado e do mercado de reabilitaonacional, tendo por base os dados e as estatsticas disponveis. Com base em reviso

    bibliogrfica e em resultados de diversos estudos, quer nacionais quer internacionais, finalizadose em curso, pretende-se clarificar em que patamar se encontra o estado do conhecimento sobreo estado da reabilitao energtica no plano internacional e no plano nacional. Recorrendotambm a uma anlise comparativa entre Portugal e outros pases onde a implementao demedidas e programas est mais adiantadas e onde a compreenso das barreiras que tmobviado o crescimento deste mercado mais conhecida. A partir daqui os resultados sodiscutidos numa perspetiva integradora, que aponta algumas diretrizes para desenvolvimentosfuturos para este setor no plano nacional.

    2. REVISO DO CONTEXTO LEGISLATIVO ATUAL

    O Energy Action Plan para 2011-2020 considera os edifcios uma das reas estratgicasfundamentais e prope medidas e polticas mais rgidas que o anterior, com base no facto de que as

    medidas utilizadas at agora no esto a ser suficientes para atingir metas para 2020 [2]. O PlanoNacional para a Eficincia Energtica (PNAEE) foi avaliado em 2010 e esteve em 2012 em fase dediscusso pblica. Neste plano, constavam as medidas renove casa e escritrio, nomeadamentemedida janela eficiente e medida isolamento trmico, e renovveis na hora. Neste novo plano, oEstado aparece na linha da frente, dando o exemplo. A avaliao do PNEE em 2010 [3] revelou que oimpacto na poupana foi maior com as medidas de iluminao eficiente e mudana de equipamentos.tambm De notar, que quanto a champanhas de sensibilizao, os consumidores/proprietriosrecordam as ligadas a mudana de comportamentos e instalao de painis solares e menos reabilitao construtiva.

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    Em relao verso anterior, a reviso da EPBD trouxe algumas alteraes, nomeadamente que em2020 os edifcios novos devero ser Nearly Zero Energy (NZEB), ou seja, de balano energticoquase nulo. Mas o desafio maior conseguir este balano nos edifcios existentes [4]. A transposiopara a legislao nacional encontra-se em processo.

    O Energy Roadmap 2050 [5], vertido no Roteiro Nacional de Baixo Carbono 2050, em consultapblica [6], pretende encorajar a implementao de medidas de desempenho energtico eficiente alongo prazo, quer nos edifcios pblicos e privados. No entanto, reconhece-se que necessria umainterveno mais acelerada at 2020, se os objetivos quiserem ser atingidos em 2050.A verdade que muitos atores ligados ao setor dos edifcios consideram que a ltima verso daDiretiva para o Desempenho Energtico dos Edifcios (EPBD) no encoraja ao crescimento da taxade reabilitao e esperavam que a Diretiva para a Eficincia Energtica (DEE) pudesse vircomplement-la [1]. A nova Diretiva para a Eficincia Energtica (DEE), em fase final de publicao,era vista como um documento legislativo capaz de lanar a renovao do parque existente, noentanto, alguns estados membros e o Conselho Europeu foram resilientes em concordar com algunsobjetivos mais ambiciosos, que constavam nas intenes iniciais. Impe que os Estados Membrosrenovem anualmente 3% da superfcie total dos edifcios que sejam detidos pelo Estado ou estejamocupados pela administrao central [1]. Os edifcios ocupados pelo estado, representam poucapercentagem do parque edificado mas espera-se que funcionem como incentivadores reabilitao.Os pases so obrigados a definir metas para l de 2020 para renovao e mobilizao deinvestimentos no parque edificado, realizando planos de ao de 3 em 3 anos. As empresasfornecedoras tambm tero que reduzir as suas vendas em energia aos consumidores (1,5%/ano)por via de propostas de reabilitao do edificado, cujo pagamento se far depois gradualmente via dafatura de energia. No que se refere ao financiamento, os Estados-Membros so incentivados a utilizaros Fundos Estruturais e os Fundos de Coeso para investir em medidas de eficincia energtica.A abertura de avisos para candidaturas ao Fundo de Eficincia Energtica encontra-se atualmenteem andamento em Portugal.

    3. O POTENCIAL DE REABIL ITAO DO PARQUE EDIFICADO PORTUGUS

    3.1. A q uantidade e a dispo nibil idade de informao

    Estudos recentes [7][8][9] apontam para o facto de haver numa grande maioria dos pases europeus,incluindo Portugal, relativa insuficincia de informao sobre as caractersticas do parque edificado,permitindo a continuao de algum desconhecimento. H trabalho a desenvolver no sentido deestabelecer uma forma de melhorar e gerir a informao sobre o parque, de forma dinmica,estruturada e consistente. prioritrio organizar base de dados ao nvel de cada pas,periodicamente atualizada, harmonizada com outros pases, vocacionada para a recolha deindicadores relacionados com desempenho energtico dos edifcios existentes. Em relao aPortugal, a informao quanto a utilizao, tipologias, idade, tipo de ocupao est patente emrecenseamentos do Instituto Nacional de Estatstica (INE), contudo no que respeita a utilizao daenergia, consumos, solues construtivas e equipamentos, desempenho energtico e renovaesenergticas, os dados existentes so muito reduzidos ou inexistentes. O caso de Portugal no exclusivo, noutros pases cenrio idntico. Embora ainda registem uma modesta quantidade de

    informao, conhece-se a existncia de bases de dados vocacionadas exclusivamente para a recolhade informao sobre reabilitao dos edifcios no Reino Unido e em Frana.

    3.2. Caractersticas gerais

    Os resultados provisrios dos Censos 2011 [10][11] indicam que a populao residente em Portugalaumentou cerca de 2% em relao ltima dcada. O nmero de edifcios destinados habitao erecenseados em 2011 de 3 543 595 sendo o nmero de alojamentos de 5 877 991. Relativamente a2001, verifica-se um elevado crescimento dos alojamentos e dos edifcios, cerca de 16,3% e 12,1%,

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    respetivamente. O nmero de edifcios cresceu mais do que na dcada anterior (+9,6%) mas ocrescimento do nmero de alojamentos (16,3%) foi inferior ao verificado nas dcadas anteriores.Facto registado que o crescimento dos alojamentos bastante superior ao crescimento dapopulao.

    O nmero mdio de alojamentos por edifcio tem vindo a crescer, o que demonstra que a construode habitao se faz cada vez mais em altura. Mesmo assim, o parque habitacional continua a serpredominantemente constitudo por edifcios com apenas um alojamento destinado habitao.(87,2%), sendo superior ao verificado em 2001 (86,9%). Como os edifcios exclusivamenteresidenciais so a esmagadora maioria, (93,3%), sero estes edifcios a representar a maioria doparque a necessitar de reabilitao.O regime de ocupao predominante dos edifcios portugueses continua a ser do tipo ocupado peloproprietrio (73,5%), o que significa que a aposta do mercado da reabilitao tem de se vocacionarpara este pblico. No entanto, verifica-se uma crescente importncia de regimes de ocupao(arrendamento) mais favorveis mobilidade das pessoas.

    3.3. Nvel de envelhecimento

    Segundo o INE, uma parte muito significativa do parque habitacional relativamente jovem, o quedetermina que os ndices de envelhecimento sejam relativamente baixos. Sendo o ndice deenvelhecimento, o nmero de edifcios construdos at 1960 (com mais de 50 anos), dividido pelonmero de edifcios construdos aps 2001, a mdia do ndice de envelhecimento dos edifcios emPortugal de 1,9, o que significa que o nmero de edifcios construdos at 1960 menos do dobrodaqueles que foram construdos aps 2001. No raro o facto de alguns municpios apresentaremndices de envelhecimento inferiores a 1.Considerando os edifcios construdos anteriormente a 1970 e considerando a taxa anual mdia dedemolio dos ltimos anos (3,5%) [10], existiro possivelmente perto de 1 350 000 edifcios comidade superior a 50 anos j a partir de 2020.J quanto aos edifcios mais recentes, o nmero de edifcios construdos nestes ltimos 40 anos(1971 a 2011) representam 60% dos edifcios portugueses existentes atualmente. De salientar, quese construiu quase tanto nas dcadas de 1971 a 1990 como nas dcadas de 1991 a 2011, 1 139 090

    e 1 033 890 edifcios, respetivamente. Haver edifcios destas pocas a caminhar para idadessuperiores a 50 anos depois de 2020.

    3.4. Nveis d e desempenho energtico mnimo

    Se analisarmos luz da primeira data a partir da qual passou a haver exigncias de desempenhotrmico, existem cerca de 2 509 705 edifcios construdos antes de 1990, ano da publicao doprimeiro RCCTE, correspondendo a 70% do total de edifcios existentes atualmente. Sendo assim,existiro em 2020 muitos edifcios com mais de 30 anos e pouco eficientes. Previses apontam paraque os edifcios construdos at 1990 venham a contribuir, em 2050, com mais de 80% dos consumosno setor, caso no sejam intervencionados [1]. semelhana do ndice de envelhecimento calculadoanteriormente, calculando quociente entre o nmero de edifcios construdos at 1990, ano deentrada em vigor do primeiro RCCTE, e o nmero de edifcios construdos aps 1990, resulta num

    ndice de 2,43. O que significa que os edifcios construdos antes de 1990 representam mais de duasvezes os construdos respeitando alguns requisitos trmicos. Assumindo uma taxa de renovao deedifcios anual de 3% e de demolio de 3,5% poderemos vir a ter, aproximadamente, em 2020, 2350 000 edifcios, com menos de trinta anos e desajustados relativamente s metas quanto a nveisde desempenho energtico. Como os ciclos de reabilitao correntes dos edifcios variam entre 30 e40 anos, existem atualmente e nos prximos anos muitos edifcios nas condies de seremreabilitados, quer construtivamente, quer energeticamente. medida que se caminhar para o ano de2050, podero ser cerca de 2 milhes de edifcios energeticamente pouco eficientes em idadesprximas dos 60 anos.

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    De salientar ainda, que construir depois de 1990 e at 2009 (data de incio da aplicao do Sistemade Certificao Energtica a todos edifcios) tambm no garantia de um bom ou razoveldesempenho energtico. Refira-se que nem todos os projetos nesta fase demonstraram a qualidadeconstrutiva e o desempenho energtico coerente com as exigncias regulamentares da altura, muito

    devido ao inexistente controlo dos projetos e das obras.

    4. O ESTADO ATUAL DO MERCADO DE REABILITAO ENERGTICA

    4.1. Caracterizao do mercado de reabilitao em geral

    Comparativamente com outros pases, os nveis de reabilitao em Portugal tm sido dos mais baixos escala europeia. Um estudo de comparao a nvel europeu, constatou que o investimento emreabilitao continua a ser menor do que na construo nova na maioria dos pases, pese embora emalguns pases, o nmero de edifcios reabilitados at possa ser superior [8].Analisando o mercado de reabilitao portugus no seu todo pode-se referir que, segundoestatsticas do INE [10][11], a reabilitao na edificao uma aposta crescente, embora lenta, nosetor da construo em Portugal. Apesar da grande predominncia de edifcios em construes

    novas (75,1% do total de construes), em 2011, cerca de 25% das obras concludas respeitavam reabilitao do edificado. Este facto pode resultar de algum reconhecimento de que existe umasaturao do mercado de novas habitaes. Face ao ano de 2010, registou-se um aumento de 3,1%do nmero de edifcios reabilitados, sendo que a maior parte destes (70,3%) correspondem ainda aobras de ampliao. As obras de reconstruo correspondem mais pequena fatia das obras dereabilitao do edificado (12,5%). A evoluo das obras concludas em edifcios no perodo de 1995 a2011, aponta para duas fases de crescimento distintas. At 2002, assistiu-se, a uma relativaestabilidade das reabilitaes do edificado e, simultaneamente, a um aumento das construesnovas. A partir de 2003 assiste-se a uma ligeira quebra nas obras de reabilitao, associada a umatendncia de diminuio das construes novas. A proporo entre o nmero de edifcios, parahabitao familiar, em que foram realizadas obras de reabilitao e o nmero de edifcios resultantesde construo nova de 21,6% no perodo compreendido entre 2001 e 2011, registando-se umaumento progressivo desta proporo nos ltimos anos (5% ao ano), tendo atingido o seu valor

    mximo em 2011 (28,5%).Quanto aos licenciamentos, a reabilitao do edificado est em crescimento: 45,8 obras dereabilitao por cada 100 construes novas licenciadas em 2011.J o nmero de fogos de habitao social em Portugal registou um aumento de cerca de 2 000 fogos(+1,9%) entre 2009 e 2011 e os municpios e outras entidades executaram obras de conservao em3 000 edifcios (12%) e reabilitaram 9 073 fogos (7,7%) deste segmento.

    4.2. O po tencial e as condies do mercado de reabilit ao energtica

    Estudos apontam para que, na maioria das situaes, a reabilitao energtica oferece uma soluofinal sustentvel [9] e outros referem que o enorme parque existente na maioria dos pases possui umpotencial enorme de conservao de energia, significativamente maior que a fatia dos novos edifciosa construir [8]. A extenso da vida til dos edifcios tambm conduz a menos impactos do que a

    demolio seguida da construo nova, embora o cada vez melhor desempenho dos novos edifciospossa estar a reduzir essa diferena [9]. Alis Kohler [7] sugere que a construo nova devia serfortemente abrandada em detrimento de uma aposta na melhoria do parque construdo. Paraconseguir poupanas de energia efetivas e reais dever haver atuao nos edifcios existentesatravs de incentivos, caso contrario ser difcil conseguir atingir a metas estabelecidas [12]. Apesarde uma ao de reabilitao ser espaada no tempo, antecedida de uma deciso ponderada, poisenvolve custos elevados, estima-se que este mercado tem as condies para se desenvolver emcontnuo, por existirem milhes de edifcios com necessidades de melhorias nos prximos anos.

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    No entanto, o mercado de reabilitao energtica, pela informao disponvel, parece ter ainda umcrescimento lento na maioria dos pases europeus [8]. Os estudos que se conhecem em Portugalsobre as especificidades deste mercado ainda so poucos, de referir estudos da ADENE e estudosligados a projetos internacionais que abrangeram tambm Portugal, referidos seguidamente. O

    conhecimento sobre este mercado carece de mais informao, no havendo ainda uma base dedados suficientemente madura e que abranja de forma integrada os mltiplos atores no processo.

    4.3. O papel do si stema de certifi cao energtica na reabili tao energtic a

    O Sistema de Certificao Energtica (SCE) funciona em pleno desde 2009. A verificao deconformidade da especialidade de comportamento trmico de um projeto de um edifcio agorarealizado por peritos certificados e a emisso de certificados enrgicos tem sido, segundo a ADENE,bem sucedida. Relativamente aos edifcios existentes, o certificado apenas obrigatrio no ato devenda ou aluguer e a posterior reabilitao energtica uma deciso voluntria do proprietrio. Averdade que a Diretiva s ter o efeito desejado de poupana energtica se os proprietriosrealmente investirem em medidas de eficincia efetivas e reais.O projeto Casa+ Building Codes [13], da ADENE foi o primeiro estudo que se debruou sobre os

    primeiros certificados emitidos. Assenta na construo de uma base de dados sobre consumidores eproprietrios, consumos e desempenhos, anlise de viabilidade econmica e de marketinge propostas de implementao, no sentido da melhor implementao de medidas de ao para aeficincia energtica.Os restantes estudos realizados pela ADENE, revelam o estado das fraes em termos dedesempenho energtico e a condies no mercado de reabilitao energtica [14], Em trs anos,foram emitidos 488 000 certificados energticos. Cerca de 74% dos certificados correspondem aedifcios existentes. Nos edifcios existentes, 63,4% esto abaixo da classe energtica B -, sendo amaioria (32,3%) da classe C. O sector residencial representa a maior fatia na certificao realizadaat agora (92%). As necessidades energticas vo diminuindo, dos edifcios mais antigos para osmais recentes [15]. Para a estao climtica de inverno mais rigorosa, os edifcios anteriores a 1990,tm necessidades de aquecimento que rondam os 265 a 334 kWh/m2.ano, em contraponto com osedifcios construdos a partir de 1990 com necessidades abaixo dos 265 kWh/m 2.ano descendo at

    cerca de 112 kWh/m2

    .ano nos edifcios mais recentes. Edifcios da dcada de 70 so os queapresentam o pior desempenho. Em 2020 estes edifcios tero mais de 40 anos. Quanto aosparmetros trmicos, os coeficientes de transmisso trmica dos elementos construtivos tm vindo adiminuir gradualmente, o que significa que os elementos aplicados na envolvente possuem tambmcada vez melhores desempenhos [13]. Os sistemas solares existem ainda em apenas em 7% dosedifcios existentes.A ADENE tambm procedeu a estudos de mercado sobre medidas de melhoria energtica ecomportamento do consumidor [16][17], onde auscultou o pblico em geral e os proprietrios quesolicitaram certificao dos seus imveis/fraes. Dos resultados concluiu que, 69% conhece acertificao energtica e 59% consideram que pode influenciar o valor do imvel. As razes paracertificar prendem-se com: valorizar, melhorar o desempenho e vender. Quanto aos que solicitaram acertificao e que vivem nas habitaes, 77,5% dos inquiridos leram o certificado energtico mas s18,6 % efetuaram obras de melhoria, embora 76% destes ltimos tenham tido em considerao as

    recomendaes. Estes indivduos revelaram que no sentiram necessidade de fazer obras pois aindatoleram bem as condies de conforto interiores. As melhorias mais referidas foram de reabilitao ereparao em simultneo, nos envidraados e paredes e no sistema de aquecimento do ar e dasguas, estes ltimos para modelos mais eficientes. A maior parte dos inquiridos referiram quenotaram melhorias, nomeadamente no consumo de energia e num maior conforto sentido, mas noesto familiarizados com as vantagens das medidas. A razo mais apontada para terem decididoefetuar melhorias tem a ver com a melhoria na qualidade de vida, seguida do tempo de durao daobra, do preo e do retorno do investimento. So 42,9% os inquiridos que referiu que no aproveitoua reabilitao para fazer obras de melhoria energtica porque as solues eram demasiado caras e

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    desconhecia outras solues alternativas. Mas tambm referiram que se lhes garantissem umperodo de retorno inferior a 10 anos, estavam dispostos a investir.Desta forma, segundo este estudo a reabilitao energtica em Portugal parece encontrar aindaalgumas barreiras sua efetivao e os certificados no so garantia que a reabilitao se vai

    consumar [15][16]. Os proprietrios necessitam sentir motivaes para o fazer. Desde ento, houveum esforo por parte da ADENE em incluir nos certificados medidas de melhoria para informao aosproprietrios e os custos associados, obrigando a alteraes na estrutura dos certificados. O SCEpossibilita ao proprietrio um conjunto de solues de melhoria, hierarquizadas de acordo com a suarelevncia. A correo de patologias construtivas seguida da interveno na envolvente vm no topoda prioridades. Em 94% dos certificados foram recomendadas medidas de melhoria em trs grandesreas: aquecimento de guas, energias renovveis e envolvente opaca. Se as medidas fossemimplementadas, 85% dos edifcios estaria acima da classe B-. A emisso de manuais de apoio tcnicocom tipificao de solues tcnicas para apoio ao peritos tambm tem sido uma aposta gradual.Outro estudo, de 2011, inserido no projeto Ideal EPBD, sob a alada do Intelligent Energy EuropeProgramme,[18][19], refere que em Portugal o certificado visto como um mero documento passivoe processual, uma carga adicional para os promotores e penalizador para o mercado imobilirio. Porsua vez, os senhorios tambm no sentem o incentivo necessrio para reabilitar, j que no vobeneficiar diretamente da reduo dos consumos energticos e porque o mercado no permite exigirmaiores rendas. Quanto aos construtores, tambm tm pouco interesse no tipo de medidas "novisveis". As concluses do Projeto Ideal EPBD revelam que embora o sistema esteja em plenofuncionamento, o controlo de qualidade da certificao necessita de ser maior. H que havermelhorias no controlo do trabalho dos peritos e na disseminao das vantagens da certificao. Osproprietrios parecem no compreender ainda pelo que esto a pagar, e nem parece ser o certificadoa motivao para decidir reabilitar. As pessoas comeam a reconhecer a importncia mas ainda noso esto a ser totalmente influenciadas pelas recomendaes anexas ao certificado, refere ainda omesmo estudo.Alguns especialistas portugueses [4], possuem atualmente uma viso menos positiva e consideramque os proprietrios no vo reabilitar se no sentirem uma forte motivao para o fazer. Motivaoessa que ter que ser bem pensada pelos decisores polticos, bem como, por outros intervenientescom interesse neste setor. Como no se gasta muito em energia para climatizar, receia-se que osproprietrios no deem valor a melhorias de eficincia energtica nas suas habitaes. Oconhecimento discriminado dos consumos de energia por parte das famlias poderia ser um passopara sensibilizar os proprietrios para a reabilitao.

    4.4. O estado e a dinmica do conhecimento escala internacional

    Nos ltimos cinco anos observou-se uma forte dinmica de estudos escala internacional que sededicaram monitorizao e avaliao da implementao da EPBD, das polticas e das medidas deeficincia energtica nos edifcios. Estudos preliminares apontam para que a melhor e maispertinente informao no parece estar a chegar aos decisores principais. Em vrios pases doespao europeu, uma combinao de programas e polticas, juntamente com a certificaoenergtica, encontra-se implementada h mais anos e podero ser um interessante caso de estudo.O que se tem constatado que a evoluo nas poupanas energticas nos edifcios, no sentido de

    atingir as metas europeias, tem sido insuficiente. Estes estudos servem tambm para conhecer osefeitos das barreiras ao crescimento do mercado de reabilitao e formular solues no sentido demudar o comportamento dos proprietrios, servindo mais tarde tambm para ajudar a definir polticas.Como alguns incluem Portugal, consegue-se atravs deles uma perspetiva preliminar sobre osconstrangimentos existentes escala nacional. A troca de mtodos, experincias e resultados entrepases tem um papel importante. O projeto Concerted Action - Energy Performance of Buildings, dainiciativa da UE, entre 27 estados membros, tem discutido os parmetros e a metodologia e visapromover o dilogo e troca de experincias entre pases.Os primeiros estudos iniciaram-se em pases, como por exemplo na Alemanha, onde o mercado da

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    eficincia est estabelecido h mais tempo [20], revelaram em 2009 que, mesmo neste pas, hmuitas barreiras a serem ultrapassadas.O programa Request,teve como objetivo promover a efetivao de medidas de melhoria indicadas nocertificado energtico, com o estreitamento da cadeia de valor entre proprietrios, empresas e peritos.

    Desta forma, pretendeu-se criar um inventario de ferramentas para promover a realizao dasmedidas de melhoria e desta forma estimular o mercado de reabilitao. No fim testaram-se, estasferramentas atravs de projetos piloto. Os resultados do projeto foram apresentados muitorecentemente em conferncia.O projeto Ideal EPBD 2008-2011 [21], j referido, que teve como objetivo monitorizar e avaliar ocomportamento e a resposta dos consumidores/proprietrios face certificao energtica deedifcios residenciais em 10 pases do espao europeu, incluindo Portugal, aponta para que no seestejam a conseguir os resultados esperados. Segundo as concluses, em termos de poupanasenergticas, a EPBD traduziu-se, em muitos dos estados europeus, em pouco impacto na efetivaoda tomada de medidas de reabilitao pelos proprietrios. O mesmo estudo apontou ainda asprimeiras barreiras ao crescimento do mercado de reabilitao de edifcios residenciais e destaanlise, resultaram recomendaes para aumentar a efetividade dos certificados energticos.Outro estudo, Europes Buildings under the Microscope, realizado em grande escala pelo BuildingPerformance Institute Europe (BPIE)[22], instituto criado apenas em 2010, avaliou as caractersticase desempenho enrgico do parque edificado europeu, as polticas e o andamento do mercado decertificao energtica. Este estudo aponta as estratgias que se tm traduzido em resultadospositivos e as mltiplas barreiras encontradas. Portugal tambm foi contemplado.O estudo anual, Indicador de Eficincia Energtica 2012 para a Europa [23] publicado pelo Institutefor Building Efficiency, auscultou executivos e empresrios em pases com mais aplicao demedidas, concentrando-se nos constrangimentos que impedem as implementao da eficinciaenergtica. Apontou as poupanas nos custos e os incentivos governamentais como os principaismotivadores e a falta de financiamento como a barreira mais sentida. Segundo este estudo, naEuropa, o interesse pela eficincia energtica entre os empresrios da construo cresceu 15%. Umrelatrio mais aprofundado foi publicado em Junho de 2012 [24].

    4.5. A info rmao e o compor tamento dos propri etrios e consumidores

    H resultados interessantes relativos a outro estudo levado a cabo pela ADENE [17], nomeadamentesobre o comportamento do consumidor face eficincia energtica e quanto ao sucesso de vriasformas de informao e comunicao (campanhas, feiras, brochuras etc). O comportamento eficientedos portugueses tem vindo a aumentar embora existam apenas 9,8% dos inquiridos preocupadoscom a eficincia devido ao preo da energia a subir. Cerca de 43,9% no consideram suficientes ascampanhas de sensibilizao e acham que deviam aumentar, bem como deveria haver maisincentivos compra e instalao de equipamentos.

    5. A IMPORTNCIA DO CONHECIMENTO DAS BARREIRAS REABIL ITAOENERGTICA

    As polticas so aes de compromisso com efeitos a mdio/longo prazo. De facto, importantssimo

    compreender para depois ter argumentos sustentados e saber como agir. E saber como agir fundamental nesta rea, j que com a definio de metas ambiciosas e mdio/longo prazo para aeficincia energtica com foco nos edifcios existentes, h necessidade de polticas fundamentadas ebem direcionadas, o que pressupe clarificao e conhecimento do estado atual da situao.A Comisso Europeia e os estados membros compreenderam que altura certa para identificarconstrangimentos ao crescimento do mercado de reabilitao energtica e para avaliar os impactosdas medidas e polticas at agora implementadas. A obrigatoriedade de realizao de planos de aoperidicos pelos estados membros, obrigar a uma avaliao peridica do estado da situao. Nasmuitas diferenas que existem entre pases, algo comum tem sido encontrado. H janelas de

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    oportunidade no sector da reabilitao energtica que no esto a ser rentabilizadas e o conjuntode medidas implementadas est longe de ser o timo [23]. O potencial da reabilitao energticana maioria dos pases ainda no est suficientemente explorado. Desta forma, a troca de informaoe conhecimentos entre pases continua a ser fundamental.

    Recentemente um inqurito, realizado pela European Alliance of Companies for Energy Efficiency inBuildings(EuroACE) e tambm pelo Institute for Building Efficiency(IBE), durante a Semana Europeiapara a Energia Sustentvel (EUSEW) que se realizou em 2012, revelou que os stakeholdersdo setorda construo europeu tm uma conscincia cada vez maior sobre os desafios e benefcios deimplementar medidas de eficincia energtica nos edifcios. Tambm refora que as poupanasenergticas e os incentivos governamentais desempenham um papel fundamental na motivao dosdecisores, enquanto a falta de financiamento continua a ser apontada como o maior entrave concretizao de medidas. Tambm ao nvel dos pases mais avanados na implementao destetipo de medidas, este mesmo instituto conduziu em Frana, Alemanha e Reino Unido uma srie deentrevistas a responsveis do setor pblico dos edifcios [25]. Apesar de haver experiencias positivase potencial reconhecido, tambm aqui ainda h uma srie de barreiras reabilitao energtica efalhas no mercado identificadas.De uma forma geral, as principais reas onde se registam barreiras so, entre outras: noenquadramento legal e administrativo; no financiamento; na disseminao doconhecimento/informao; na capacidade tcnica do setor construtivo; no papel dos intervenientes ouatores no processo de reabilitao; na qualidade do parque edificado; na estrutura do mercado e emexternalidades [21][22][26]. A barreira relativa ao financiamento sem dvida a mais sentida. Oscustos com a reabilitao so elevados e no estimulam os proprietrios. A falta de informaoentre intervenientes no processo desde logo tambm apontada como umas das principais barreiras.Por vezes, verifica-se uma mal avaliada e no convincente relao custo-benefcio para o investidor,que se traduz em desincentivo tomada de deciso. A falta de experincia dos profissionais e ospoucos exemplos de boas prticas tambm so apontados como razes dissuasoras [8]. Em certosestudos [26], concluiu-se que as pessoas parecem no estar exclusivamente motivadas noprocesso de reabilitao pela poupana energtica, h muitos outros fatores que se interligam.Polticas e esquemas de suporte pblicos tm um papel fundamental, bem como, projetos escala local, tais como organismos locais de aconselhamento no planeamento e consultores emenergia. Outras barreiras so ainda referidas, tais como, a complexidade do comportamentohumano, os fatores externos que o dificultam e o motivam; a tendenciosa e ingnua ideia que ascriao de polticas baseada em racionalidade econmica, os ajustes tecnolgicos, as empresasfuncionando com negcio do tipo "as usual", estimativa de modelos de consumo com base empremissas erradas, dados de procura errados, etc. [27]. Muitas destas barreiras so praticamentecomuns a todos os estados membros.O mais recente projeto, o Refurbishing Europe, de 2012 [27], financiado por fundos europeus, refereque muito do conhecimento j existe mas o que falta ambio poltica e aprendizagem maisacelerada dentro dos limites nacionais de cada estado membro. Dois aspetos importantes somencionados. Primeiro, a reabilitao deve criar valor e segundo, economicamente a reabilitaoenergtica deve realizada aquando de outros trabalhos de reabilitao, aproveitando sinergias.Sabe-se que muitas barreiras apontadas para a falta de aposta na reabilitao energtica e eficinciaenergtica esto a conseguir ser ultrapassadas em alguns pases devido a um maior conhecimentopelos estudos entretanto efetuados [28]. Nos pases mais adiantados na implementao de medidas,os governos adotaram uma combinao de incentivos, visto conduzirem a resultados mais eficazes.Beillan et al. [29] concluiu que aes isoladas no tm os resultados esperados. Estes pases j estoa tomar medidas para estimular o mercado. Compreenderam o que resultou e o que no est aresultar e esto a redefinir novas estratgias e polticas. As polticas so fundamentais, juntamentecom instrumentos financeiros apropriados, ajudando a ultrapassar o efeito negativo dos custos iniciais[30]. Kohler et al. [7] refere que h um crescente reconhecimento que as polticas pblicasnecessitam, para serem bem sucedidas, cada vez mais de evidncia cientfica e posterior avaliao

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    em conformidade com essa evidncia. Mesmo com a informao correta, a conscincia, os valores,as atitudes, a educao e a (relativa) capacidade financeira, os comportamentos de consumo deenergia nem sempre so facilmente previsveis pelos modelos atuais de compreenso [27].Quanto a Portugal, existem os estudos da responsabilidade da ADENE e do Estado Portugus, e que

    apontam as primeiras luzes sobre assunto [12][16][31], tais como: alto investimento, recesso eeconmica, falta de atualizao de profissionais e instaladores e falta de informao dos proprietriose decisores e falta de indicadores sobre o parque edificado. Segundo dados recolhidos, osportugueses tm conscincia do seu impacto na eficincia energtica mas ainda no traduziram issoem aes concretas. H um salto entre a inteno e a ao. Parecem considerar que o investimentoinicial muito alto, que existem falta de incentivos, considerando que o que j realizam suficiente nosentido da eficincia. Existe tambm a ideia que h falta de conhecimento de novas tecnologias ecarncia de profissionais verdadeiramente conhecedores do mercado. O perodo de retorno continuaa ser muito longo para muitos proprietrios e mesmo sendo rentvel a longo prazo, este investimento ainda visto com relutncia. H que apostar num conhecimento ainda mais exaustivo das barreirasno sentido ajudar definio das polticas mais adequadas.

    6. CONCLUSES

    Dos estudos conhecidos, pode referir-se que o parque certificado portugus parece apresentar umrelativamente fraco desempenho energtico, o que significa que h um grande potencial de poupanaenergtica nos edifcios existentes. Em simultneo, existiro a partir de 2020, um grande nmero deedifcios, construdos anteriormente (

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    implementadas. O que se pretende tambm ir no sentido de diminuir o fosso entre umconhecimento cientificamente sustentado sobre estas matrias e a implementao de polticaspblicas.

    REFERNCIAS

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