consÓrcios de pepino e alface em cultivo … · pepino, em duas densidades populacionais, com dois...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA ”JULIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CAMPUS DE JABOTICABAL CONSÓRCIOS DE PEPINO E ALFACE EM CULTIVO PROTEGIDO: VIABILIDADE AGROECONÔMICA Bráulio Luciano Alves Rezende Engenheiro Agrônomo JABOTICABAL - SÃO PAULO - BRASIL Fevereiro de 2008

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Page 1: CONSÓRCIOS DE PEPINO E ALFACE EM CULTIVO … · pepino, em duas densidades populacionais, com dois grupos de alface (crespa e americana), em ambiente protegido, realizados em duas

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA ”JULIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CAMPUS DE JABOTICABAL

CONSÓRCIOS DE PEPINO E ALFACE EM CULTIVO

PROTEGIDO: VIABILIDADE AGROECONÔMICA

Bráulio Luciano Alves Rezende

Engenheiro Agrônomo

JABOTICABAL - SÃO PAULO - BRASIL

Fevereiro de 2008

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CAMPUS DE JABOTICABAL

CONSÓRCIOS DE PEPINO E ALFACE EM CULTIVO

PROTEGIDO: VIABILIDADE AGROECONÔMICA

Bráulio Luciano Alves Rezende Orientador: Prof. Dr. Arthur Bernardes Cecílio Filho

Co-orientador: Prof. Dr. José Carlos Barbosa

Co-orientadora: Profa. Dra. Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins

Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e

Veterinárias – Unesp, Campus de Jaboticabal, como parte

das exigências para obtenção do título de Doutor em

Agronomia (Produção Vegetal).

JABOTICABAL - SÃO PAULO - BRASIL

Fevereiro de 2008

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DADOS CURRICULARES DO AUTOR

BRÁULIO LUCIANO ALVES REZENDE – Filho de Silvio Alves de Rezende e

Terezinha Maria de Rezende, e irmão de Rui César Alves Rezende e Silvio Cristiano

Alves Rezende. O autor nasceu em Ituiutaba, no Estado de Minas Gerais, em 05 de

setembro de 1976. No período de 1984 a 1994, cursou da primeira a quarta série na

Escola Estadual “Presidente Tancredo de Almeida Neves” e o ensino fundamental até o

segundo ano do ensino médio na Escola Estadual “Sergio de Freitas Pacheco”, em

Capinópolis, MG, enquanto o terceiro ano do segundo grau foi concluído no Colégio

Oswaldo Cruz, em Uberlândia, MG. Casou-se com Marilda Custódio dos Reis Rezende,

com quem teve um filho, Guilherme Custódio Rezende. Em março de 1998, iniciou o

curso de graduação em Agronomia, na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,

da Universidade Estadual Paulista, localizada em Jaboticabal, SP, ocasião em que teve

a oportunidade de realizar o trabalho de graduação intitulado “Produtividade das

culturas de tomate e alface em função da época de estabelecimento do cultivo

consorciado”. No período de setembro de 2000 a setembro 2001 foi representante do

corpo discente no conselho do Curso de Graduação em Agronomia e Diretor de

Recursos Humanos da Consultoria Agropecuária Júnior – CAPjr, na Unesp - Campus

de Jaboticabal. Foi Diretor de Marketing da CAPjr, no período de setembro de 2001 a

setembro de 2002, e bolsista de iniciação científica pela Fundação de Amparo à

Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, no período de janeiro de 2001 a outubro

de 2002. Graduou-se em janeiro de 2003. Iniciou, em março de 2003, o Curso de pós-

graduação em Agronomia (Produção Vegetal), curso de Mestrado, na Faculdade de

Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista, com conclusão em

agosto de 2004, após defesa do trabalho de dissertação intitulado “Análise de

produtividade e rentabilidade das culturas de pimentão, repolho, rúcula, alface e

rabanete em cultivo consorciado”. Neste período, realizou o estágio de docência na

disciplina Olericultura. Em Agosto de 2004, iniciou o seu doutoramento na mesma

Instituição e área, tendo obtido o título de Doutor em fevereiro de 2008, após defesa do

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iii

presente trabalho intitulado “Viabilidade agroeconômica de consórcios de pepino

japonês e alface crespa ou americana, em cultivo protegido”. Tendo realizado o estágio

de docência na disciplina Olericultura Especial e publicado vários artigos científicos e

resumos expandido em anais de congressos.

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TODA HISTÓRIA TEM UM FIM, MAS NA

VIDA CADA FIM É UM NOVO COMEÇO.

(sem autoria)

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Aos meus pais,

Sílvio Alves Rezende e Terezinha Maria de RezendeSílvio Alves Rezende e Terezinha Maria de RezendeSílvio Alves Rezende e Terezinha Maria de RezendeSílvio Alves Rezende e Terezinha Maria de Rezende, por todo

ensinamento e pela educação recebida, dedicação, amor, carinho,

incentivo e apoio para que eu pudesse cumprir mais uma etapa

de minha vida, sendo para mim, um exemplo de vida a ser

seguido. Obrigado, mãe e pai, por ter esforçado tanto para minha

formação.

Aos meus irmãos,

Silvio Cristiano Alves de RezSilvio Cristiano Alves de RezSilvio Cristiano Alves de RezSilvio Cristiano Alves de Rezendeendeendeende e Rui César Alves de Rui César Alves de Rui César Alves de Rui César Alves de

RezendeRezendeRezendeRezende, por tudo que representam.

À minha esposa e

meu filho, Marilda Custódio dos Reis Rezende Marilda Custódio dos Reis Rezende Marilda Custódio dos Reis Rezende Marilda Custódio dos Reis Rezende e Guilherme Guilherme Guilherme Guilherme

Custódio RezendeCustódio RezendeCustódio RezendeCustódio Rezende, pelo amor, carinho, dedicação e compreensão

que atribuíram a mim. Além do mais, dividem momentos tão

importantes da minha vida e me apoiar em todas as

circunstâncias.

À Eva Custodio Eva Custodio Eva Custodio Eva Custodio

dos Reis Chelli, Roberto Aparecido Chelli e Vinícidos Reis Chelli, Roberto Aparecido Chelli e Vinícidos Reis Chelli, Roberto Aparecido Chelli e Vinícidos Reis Chelli, Roberto Aparecido Chelli e Viníciusususus carinho,

amizade, companheirismo e apoio durante todos estes anos.

Aos demais

representantes da minha famíliaminha famíliaminha famíliaminha família e da minha eminha eminha eminha esposasposasposasposa sempre tão

presente me apoiando e incentivando em todos os momentos de

dificuldade. A vocês desejo dedicar muitas outras coisas em

minha vida.

DEDICODEDICODEDICODEDICO

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vi

Ao meu Orientador e grande amigo

Arthur Bernardes Cecílio Filho e famíliaArthur Bernardes Cecílio Filho e famíliaArthur Bernardes Cecílio Filho e famíliaArthur Bernardes Cecílio Filho e família, pelas orientações,

confiança e amizade construída durante esses oito anos de

convivência. Obrigado pela oportunidade e confiança à mim

atribuídas.

Aos amigos e companheiros de

trabalho, Aurélio Paes Barros Junior, Diego Resende de Queirós Aurélio Paes Barros Junior, Diego Resende de Queirós Aurélio Paes Barros Junior, Diego Resende de Queirós Aurélio Paes Barros Junior, Diego Resende de Queirós

Pôrto, Gilson Silvério da Silva e AndersPôrto, Gilson Silvério da Silva e AndersPôrto, Gilson Silvério da Silva e AndersPôrto, Gilson Silvério da Silva e Anderson Luiz Feltrim, on Luiz Feltrim, on Luiz Feltrim, on Luiz Feltrim, pela

dedicação dada em conjunto na realização deste trabalho.

Amigos os quais foram fundamentais na realização deste

trabalho e tenho enorme consideração.

Aos amigos Gustavo Henrique Gustavo Henrique Gustavo Henrique Gustavo Henrique

Domingues Canato, Cinthia Vieira Golfi Andriazzi, FabrícDomingues Canato, Cinthia Vieira Golfi Andriazzi, FabrícDomingues Canato, Cinthia Vieira Golfi Andriazzi, FabrícDomingues Canato, Cinthia Vieira Golfi Andriazzi, Fabrício io io io

Ortins Silva, Fabio Catelan, Ronie Richard Nardin, André Luis Ortins Silva, Fabio Catelan, Ronie Richard Nardin, André Luis Ortins Silva, Fabio Catelan, Ronie Richard Nardin, André Luis Ortins Silva, Fabio Catelan, Ronie Richard Nardin, André Luis

Gonçalves, Maria Beatriz Bernardes Soares, Gonçalves, Maria Beatriz Bernardes Soares, Gonçalves, Maria Beatriz Bernardes Soares, Gonçalves, Maria Beatriz Bernardes Soares, Jean Oliveira, Jean Oliveira, Jean Oliveira, Jean Oliveira,

Luis Algusto Gratieri, Luis Algusto Gratieri, Luis Algusto Gratieri, Luis Algusto Gratieri, FernandesFernandesFernandesFernandes, , , , AméliaAméliaAméliaAmélia Lizziane Leite Lizziane Leite Lizziane Leite Lizziane Leite

DuarteDuarteDuarteDuarte e Caciana Cavalcanti Costae Caciana Cavalcanti Costae Caciana Cavalcanti Costae Caciana Cavalcanti Costa pela união, amizade e

companheirismo. Amigos os quais tenho enorme consideração.

À todos, em especial a Profa. Dra.

Leila Trevizan BrazLeila Trevizan BrazLeila Trevizan BrazLeila Trevizan Braz, Dep. Produção Vegetal, e Raul José Silva Raul José Silva Raul José Silva Raul José Silva

do Gíriodo Gíriodo Gíriodo Gírio e Luiz Augusto do AmaralLuiz Augusto do AmaralLuiz Augusto do AmaralLuiz Augusto do Amaral, ambos do Dep. Medicina

Veterinária Preventiva, que participaram da Ação entre

Amigos, realizada no dia 11 de julho de 2007.

OFEREÇOOFEREÇOOFEREÇOOFEREÇO

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AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS

À DEUS, por estar sempre presente e iluminando meus caminhos. À Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” - Faculdade de

Ciências Agrárias e Veterinárias, Campus de Jaboticabal, pela oportunidade concedida para a realização do curso Agronomia, Mestrado e Doutorado.

Aos amigos, Aurélio Paes Barros Junior, Diego Resende de Queirós Pôrto, Gilson

Silvério da Silva e Anderson Luiz Feltrim, pela dedicação dada em conjunto na realização deste trabalho.

Aos amigos (as) que convivi no Setor de Olericultura, Caciana, Roberto Branco,

Leilson Grangeiro e família, Joacir e família, Eduardo Figueiredo, André, Mariana, Joaquim Pádua, Gilmara, Gisele, Adriana Rizzo, Sergio e Mônica Gusmão, Juliana, Marcela, Rodolfo, Rodrigo Cavarianni, Janiceli Rosa, Ruchele Coan, Paulo e Cristina Duda, Hamilton, Pablo, Renata, Sueide, Letícia, pela convivência e troca de experiências.

Ao Prof. Dr. Arthur Bernardes Cecílio Filho, pelas orientações e ensinamentos em

mais uma etapa de minha vida. À Prof. Dra. Durvalina Maria Mathias dos Santos, pelas sugestões para a melhoria

do presente trabalho e por ter disponibilizado o laboratório para que pudéssemos fazer as análises de clorofila.

Ao Prof. Dr. Pedro Luis da Costa Aguiar Alves, pelas orientações e sugestões na

melhoria do presente trabalho, além de disponibilizar o equipamento para fazer a medição da fluorescência.

À Profa. Leila Trevizan Braz, que também contribuiu muito na minha formação,

com seus ensinamentos e apoios. À minha co-orientadora Profa. Dra. Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins, pelas

orientações e valiosas sugestões na área de economia deste trabalho. Ao meu co-orientador Prof. Dr. José Carlos Barbosa, pelo grande auxílio nas análises

estatísticas e sugestões.

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Aos membros da Comissão Examinadora do Exame Geral de Qualificação, Profa. Dra. Leila Trevizan Braz, Prof. Dr. Renato de Mello Prado, Profa. Dra. Maria Madalena Zocoller Borba, Prof. Dr. Antonio Carlos Manduca Ferreira, pelas valiosas sugestões que contribuíram para a melhoria do artigo científico e projeto.

Aos membros da banca examinadora, Prof. Dr. Francisco Bezerra Neto, Prof. Dr.

Leilson Costa Grangeiro, Profa. Dra. Maria Madalena Zocoller Borba e Profa. Dra. Isabel Cristina Leite, pelas oportunas observações e sugestões que resultaram no aperfeiçoamento do presente trabalho.

Aos funcionários do Setor de Olericultura e Plantas Aromático-Medicinais, Srs. João

Mota da Silva, Inauro Santana de Lima, Sílvio Nascimento de Siqueira e Cláudio Oian, pela amizade e auxílio na condução dos trabalhos.

Aos funcionários do Departamento de Produção Vegetal, Nádia Lynn, Wagner

Aparecido Tarina, Sidnéia Aguiar e Marisa Coga, pela disponibilidade em sempre ajudar e pela amizade.

Aos funcionários da Biblioteca, em especial a Tyeko T. Sugahara, pelas orientações e

informações prestadas. Às funcionárias da seção de Pós-Graduação pelo atendimento, auxílio e informações

prestadas ao longo desses anos. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela

concessão de bolsa de estudo. À FAPESP pela concessão de auxílio à pesquisa. Minhas sinceras desculpas a todos que colaboraram nesta etapa da minha vida que

não mencionei e que fazem parte dessa história. Enfim, quero agradecer às pessoas que de algum modo fizeram parte da minha vida e que sem dúvida dividiram comigo momentos bons e momentos ruins, pois são desses momentos que tiro as lições de vida e otimismo que preciso.

A todos, Muito ObrigadoA todos, Muito ObrigadoA todos, Muito ObrigadoA todos, Muito Obrigado.

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ix

SUMÁRIO Página

RESUMO............................................................................................................ x

ABSTRACT........................................................................................................ xii

1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 1

2 REVISSÃO DE LITERATURA........................................................................ 3

2.1 Cultivo consorciado de hortaliças............................................................ 3

2.2 Época de estabelecimento do consórcio................................................. 6

2.3 Avaliação agroeconômica do consórcio.................................................. 10

3 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................ 15

3.1 Localização e caracterização da área experimental................................ 15

3.2 Delineamento experimental e tratamentos.............................................. 15

3.3 Instalação e condução dos experimentos............................................... 18

3.4 Características avaliadas em cada experimento..................................... 24

3.5 Análise estatística.................................................................................... 36

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................... 39

4.1 Cultura do pepino.................................................................................... 39

4.2 Cultura da alface..................................................................................... 46

4.3 Atributos químicos do solo antes, e após a realização dos

experimentos............................................................................................ 97

4.4 Teores de nitrogênio e potássio na folha diagnóstica do pepino e

alface........................................................................................................ 118

4.5 Índice de eficiência no uso da área......................................................... 125

4.6 Análise econômica dos sistemas de cultivo............................................ 131

4.6.1 Custo operacional total das culturas em monocultura e consórcio. 131

4.6.2 Análise da viabilidade econômica dos consórcios........................... 140

5 CONCLUSÕES............................................................................................... 147

6 REFERÊNCIAS............................................................................................... 148

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Consórcios de pepino e alface em cultivo protegido: viabilidade agroeconômica

RESUMO – Com o objetivo de avaliar a produtividade e rentabilidade dos consórcios de

pepino, em duas densidades populacionais, com dois grupos de alface (crespa e

americana), em ambiente protegido, realizados em duas épocas de cultivo, agosto a

novembro de 2005 e fevereiro a maio de 2006, foram realizados oito experimentos na

Unesp, Campus de Jaboticabal-SP. Cada experimento constou de nove tratamentos,

resultante de quatro cultivos consorciados (estabelecidos em quatro épocas de

transplante da alface em relação ao pepino: 0, 10, 20 e 30 dias) e cinco monoculturas,

sendo quatro com alface estabelecida nestas mesmas épocas de transplante e um com

o pepino, instalado sob delineamento experimental de blocos casualizados, com quatro

repetições. As cultivares utilizadas nos experimentos foram o híbrido de pepino japonês

‘Hokushin’, e ‘Lucy Brown’ e ‘Verônica’, respectivamente, para alface americana e

crespa. A determinação do custo de produção do cultivo consorciado foi realizada com

base na metodologia do custo operacional de produção, no mês de agosto de 2006. A

produtividade e a classificação dos frutos de pepino em cultivo consorciado,

independente da cultivar de alface, não diferem das obtidas em monocultura. As

maiores produtividades comerciais e totais de pepino são obtidas nos cultivos

consorciados de alface crespa, sendo indiferente a densidade populacional, e de

americana com 1,11 planta m-2 de pepino, todos em cultivos na segunda época. A

produtividade das plantas de alface é afetada pela época de estabelecimento do

consórcio, definido pelo transplante da alface em relação ao transplante do pepino. As

plantas de alface crespa e americana cultivadas em consórcio, na segunda época de

cultivo, não apresentam qualidade comercial. O índice de eficiência no uso da área é

influenciado pela época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino,

sendo menor o índice à medida que mais atrasado se faz o transplante da alface.

Maiores receitas brutas e lucro operacional são observadas nos cultivos consorciados

estabelecidos com o transplante da alface e do pepino no mesmo dia, independente da

densidade populacional do pepino. Para alface crespa ‘Verônica’, recomenda-se a

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realização do consórcio somente na primeira época de cultivo (27 de agosto a 22 de

novembro), com transplante da alface até 10 dias após o pepino, quando este for

plantado na maior densidade populacional (2,22 plantas/m2), ou com transplantes das

duas espécies no mesmo dia na menor população de pepino (1,11 planta/m2). Para

alface americana ‘Lucy Brown’, recomenda-se a realização do consórcio somente na

primeira época de cultivo (27 de agosto a 22 de novembro), com transplantes das duas

espécies no mesmo dia, independente da população de pepino.

Palavras-chave: Lactuca sativa, Cucumis sativus, densidade de plantio, sistemas de

cultivo, época de plantio e lucratividade

.

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xii

Intercropping of cucumber and lettuce under protected cultivation: agroeconomic

feasibility

ABSTRACT – In order to analyze the yield and profitability of cucumber intercropping, in

two plant population densities, with two groups of lettuce (crisp and crisphead), in a

protected environment, for two cultivation periods, from August to November 2005, and

from February to May 2006, eight experiments were conducted at the Unesp Campus in

Jaboticabal, SP. Each experiment consisted of nine treatments, resultant of four

intercropping cropping (established in four times of transplant of lettuce in relation to the

cucumber: 0, 10, 20 and 30 days) and five monocultures, being four with established

lettuce in these same transplant times and one with the cucumber, and was arranged in

a randomized block design, with four replications. ‘Hokushin’, a hybrid of Japanese

cucumber, ‘Lucy Brown’ and ‘Veronica’, for crisphead and crisp lettuce, respectively,

were the cultivars used in the experiments. The operating cost of production method

was used for calculating the production cost of the intercropping cultivation in August

2006. The yield and grade of cucumber fruits under intercropping cultivation, regardless

of the lettuce cultivar, do not differ from those obtained through single cropping

cultivation. The highest total market yields of cucumber are obtained through the

intercropping cultivation with crisphead lettuce, regardless of the population density, and

with crisphead lettuce at 1.11 plant m-2 of cucumber, all in the second cultivation period.

The yield of lettuce plants is affected by the date the intercropping is established,

establishment which is determined by the transplanting of lettuce in relation to the

transplanting of cucumber. Crisp and crisphead lettuce plants, under intercropping and

grown in the second cultivation period, do not have any market quality. The land

equivalent ratio is affected by the transplanting date of lettuce in relation to the

transplanting of cucumber. The highest rude revenues and operational profit are

observed in the intercropping cultivation established with the transplant of lettuce and of

cucumber on the same day, independent of population density of cucumber. For crisp

lettuce 'Verônica', we recommend the intercropping only in the first cultivation period

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(from August 27 to November 22), with transplanting of lettuce to 10 days after the

cucumber, when this be planted in the highest population density (2,22 plant m-2), or

with transplanting of two species on the same day in the lower cucumber population

(1,11 plant m-2). For crisphead lettuce we recommend the intercropping only in the first

cultivation period (from August 27 to November 22) with the transplanting of both

species on the same day, independent of population density of cucumber.

Keywords: Lactuca sativa, Cucumis sativus, planting density, cropping systems,

planting time and profitability

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1

INTRODUÇÃO

Atualmente, a olericultura se caracteriza por intenso manejo e exposição do solo,

irrigação, dificuldade no controle de plantas daninhas, uso intensivo de defensivos

agrícolas e fertilizantes, que proporcionam considerável impacto ambiental. A busca

pela sustentabilidade na agricultura prima pelo objetivo de fazer uso racional dos

recursos naturais e insumos para a produção de alimentos, de modo a não

comprometer o meio ambiente para as gerações futuras. Para tanto, faz-se necessário

a geração e/ou domínio de tecnologias que diminuam o dano ao ambiente diante da

necessidade de se plantar. Dentre elas, sugere-se o cultivo consorciado de hortaliças.

Entre os segmentos agrícolas, a olericultura é um dos que pode beneficiar-se,

significativamente, do emprego desta prática agronômica, pois a produção de hortaliças

caracteriza-se pelo uso intensivo de recursos renováveis e não renováveis. Além das

vantagens de ordem econômica e agronômica que poderão advir com o emprego desta

tecnologia, o cultivo consorciado de hortaliças poderá contribuir para a olericultura

situar-se dentro do contexto de agricultura de menor impacto ambiental.

A eficiência do consórcio depende diretamente do sistema de cultivo e das

culturas envolvidas, havendo a necessidade da complementação entre estas

(VANDERMEER, 1981; BEZERRA NETO et al., 2003; GLIESSMAN, 2005). O grande

desafio para o sucesso de sistemas consorciados está na capacidade em determinar as

culturas a serem utilizadas e, principalmente, o manejo do consórcio, tendo como meta

a maximização do uso da área e o atendimento aos interesses do produtor (CERETTA,

1986). Assim, a escolha criteriosa das culturas componentes bem como suas épocas de

associação ou estabelecimento é de fundamental importância, para que se possa

propiciar a máxima exploração das vantagens do sistema consorciado (TRENBATH,

1975), haja vista que o período de convivência entre as espécies influencia a

produtividade das culturas (CECÍLIO FILHO & MAY, 2000). Deste modo, a vantagem de

um consórcio será mais evidente quando as culturas envolvidas apresentarem

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diferenças entre as suas exigências frente aos recursos disponíveis, seja em qualidade,

quantidade, época de demanda.

Para a adequada análise da eficiência de um cultivo consorciado, REZENDE et

al. (2005b) ressaltam a necessidade de se realizar a análise econômica do consórcio,

visto que as hortaliças apresentam variações de preço e no custo de produção ao longo

do ano. Tais fatos podem fazer com que a maior quantidade de hortaliça produzida por

unidade de área não seja refletida positivamente em maior rentabilidade do sistema de

cultivo, conforme observado por MUELLER et al. (1998), NEGREIROS et al. (2002);

CECÍLIO FILHO (2005) e REZENDE et al. (2005c). Além disso, o consórcio pode

também afetar negativamente a qualidade (cor, tamanho, formato, entre outras)

comercial do produto, diminuindo a sua classificação e, conseqüentemente, seu valor

comercial.

Objetivou-se avaliar a influência de duas densidades populacionais de pepino,

grupos de alface e épocas de plantio sobre a viabilidade agroeconômica de consórcios

pepino e alface.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Cultivo consorciado de hortaliças

Nas duas últimas décadas, a olericultura tem incorporado várias tecnologias,

principalmente, objetivando o incremento da produtividade e qualidade das culturas e

diminuição da estacionalidade de oferta das hortaliças. Também neste período, cresceu

entre os componentes da cadeia produtiva de hortaliças, a necessidade de oferecer

produtos de melhor qualidade e produzidos com menor impacto sobre o ambiente

(REZENDE et al., 2005b). A ênfase da agricultura moderna está na sustentabilidade da

produção, a qual inclui aspectos como a conservação do solo e da água, maior

diversidade biológica e manejo apropriado assegurando a estabilidade no suprimento

de alimento e uma razoável qualidade de vida, ou seja, um ambiente saudável e seguro

(OLIVEIRA, 2004).

Atualmente, nota-se a preocupação de agricultores em utilizar sistemas

alternativos de produção, que aumentem a rentabilidade e melhorem a qualidade de

vida no meio rural, além de preservar a capacidade produtiva do solo a longo prazo

(EHLERS, 1999). A adoção de práticas alternativas e conservacionistas de produção

agropecuária tende a se tornar um componente de competitividade no mercado

(COSTA & CAMPANHOLA, 1997), uma vez que os consumidores estão cada vez mais

exigentes e preocupados com o aspecto ecológico e social da produção agrícola.

Dentre os sistemas de produção que podem contribuir para esse objetivo está o

cultivo consorciado de hortaliças, no qual se cultivam duas ou mais culturas, de ciclo

e/ou arquitetura diferentes, simultaneamente na mesma área, mas não

necessariamente os produtos são colhidos exatamente ao mesmo tempo, ou seja, elas

coabitam pelo menos uma parte significativa do seu ciclo de cultivo (CHATTERJEE &

MANDAL, 1992).

O consórcio pode apresentar muitas vantagens em relação à monocultura, tais

como: maior densidade de plantas por unidade de área favorecendo melhor cobertura

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do solo, o que reduz a incidência de plantas daninhas (TRENBATH, 1975; WILLEY,

1979a; MUELLER et al., 2004) e melhora a proteção do solo contra a erosão (BEETS,

1975; ZAFFARONI, 1987); melhor uso da mão-de-obra e dos recursos ambientais,

possibilidade de obtenção de outras fontes de renda, poder contribuir para o uso mais

racional de insumos não renováveis, tais como fertilizantes e defensivos (HORWITH,

1985); menores problemas fitossanitários (LIEBMAN, 2002); utilização permanente da

mão-de-obra (PUIATTI et al., 2000) e aumento da produção por unidade de área

(PUIATTI et al., 2000; CECÍLIO FILHO & MAY, 2002; CECÍLIO FILHO et al., 2003;

REZENDE et al., 2003; OLIVEIRA et al., 2004b; BEZERRA NETO et al., 2005).

Também, proporciona diversificação dos produtos colhidos pelo produtor (REZENDE et

al., 2005b); diminuição dos custos de instalação de uma cultura principal,

principalmente em cultivo protegido onde o custo de manutenção da casa de vegetação

é alto (CECÍLIO FILHO, 2005; REZENDE et al., 2005c) e uma maior rentabilidade aos

agricultores (PUIATTI et al., 2000; MUELLER, et al., 2001; CATELAN et al., 2002a,b;

CECÍLIO FILHO & MAY, 2002; PÔRTO et al., 2004 a,b; OLIVEIRA et al., 2004b;

CECÍLIO FILHO, 2005; REZENDE et al., 2005a; COSTA, 2006).

Estas vantagens podem ser aproveitadas no cultivo de hortaliças, o qual é

caracterizado por intenso manejo e exposição do solo, dificuldade no controle de

plantas daninhas, uso intensivo de defensivos agrícolas, fertilizantes e irrigação, entre

outras práticas culturais e de manejo da cultura que proporcionam consideráveis

impactos ambientais (CECÍLIO FILHO et al., 2003).

Em função das vantagens proporcionadas aos produtores, o consórcio pode

constituir-se numa tecnologia bastante aplicável e acessível, vindo a estabelecer-se

como um sistema alternativo de cultivo, possibilitando um maior ganho, seja pelo efeito

sinergístico ou compensatório de uma cultura sobre a outra (REZENDE et al., 2006). Na

olericultura, o consórcio tem potencial para ser utilizado por pequenos produtores,

sendo uma técnica de fácil aprendizagem e implementação (CECÍLIO FILHO, 2005).

Segundo CAMARGO FILHO & MAZZEI (2001), mais de 75% da produção de hortaliças

no Brasil é proveniente de agricultura familiar. No Sul e Sudeste brasileiro,

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principalmente em São Paulo, a produção de hortaliças é realizada pela parceria entre

o proprietário e as famílias de trabalhadores.

O pepino e a alface são duas hortaliças de grande importância na olericultura

mundial. O pepino (Cucumis sativus L.), pertencente à família Cucurbitaceae, é muito

apreciado e consumido em todo Brasil, na forma de fruto imaturo em saladas, curtido

em salmoura ou vinagre e cozido (CARDOSO & SILVA, 2003). No período de 2002 a

2006, o volume total médio comercializado de pepino no Entreposto Terminal São

Paulo da CEAGESP foi 42.522 mil toneladas (AGRIANUAL, 2007). De acordo com

GOTO (2007), o grupo japonês é mais cultivado nos municípios de Pilar do Sul, Capão

Bonito e Piedade, próximos à Região Metropolitana de São Paulo, e tem a preferência

dos consumidores paulistanos. Por outro lado, no mercado do interior paulista e demais

estados brasileiros predomina o grupo caipira.

A alface, segundo COSTA & SALA (2005), é considerada a hortaliça folhosa de

maior importância no Brasil, com 35 mil hectares plantados. No período de 2002 a

2006, o volume comercializado, na CEAGESP, de alfaces dos grupos crespa,

americana, lisa e romana foi de 126.175 t (CEAGESP, 2007). No ano de 2006 foram

comercializadas 25.776 t, das quais 58% do grupo crespa, 27% do grupo americana,

15% do grupo lisa e 1% do grupo mimosa (CEAGESP, 2007). Entre os grupos de

alfaces, a crespa predomina no Brasil, ocupando cerca de 70% do mercado (COSTA &

SALA, 2005).

Além do aspecto econômico e alimentar, o cultivo de pepino e alface tem grande

importância social, na geração de empregos direto e indireto ao logo do ano. O cultivo

da alface é intensivo e, geralmente, praticado como agricultura familiar, a qual é

responsável pela geração de cinco empregos diretos por hectare (COSTA & SALA,

2005). Dentre o cultivo das cucurbitáceas, a cultura do pepino é uma das que mais

demandam mão-de-obra, pela necessidade de tutoramento, desbrotas e colheitas

múltiplas (CAÑIZARES, 1998).

No Brasil, são poucas as pesquisas realizadas sobre consórcio de espécies

oleráceas e muito menos sob condições de cultivo protegido. O pepino e a alface, na

região Sudeste do Brasil, demandam a técnica de cultivo protegido para a obtenção de

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produtos de ótima qualidade comercial, sobretudo no período final da primavera, no

verão e início do outono, quando se tem elevada pluviometria, ou no inverno devido às

baixas temperaturas.

O cultivo protegido soma-se às novas tecnologias empregadas na agricultura,

com a finalidade de buscar respostas ao desafio de produzir alimentos de maneira

competitiva e sustentável, elevando a produtividade e qualidade dos produtos,

aumentando a lucratividade com mínimo de impacto ao meio ambiente e assim

diminuindo os riscos e as incertezas do setor agrícola (DAREZZO et al., 2004).

Também possibilita a produção ao longo do ano, regularizando a oferta (RODRIGUES

et al., 1997).

2.2 Época de estabelecimento do consórcio

As vantagens citadas de um consórcio serão mais evidentes quando as culturas

envolvidas apresentarem diferenças entre as suas exigências frente aos recursos

disponíveis, seja em quantidade, qualidade e época de demanda, seja em espaço físico

(WILLEY, 1979a,b; VANDERMEER, 1981). De acordo com BEZERRA NETO et al.

(2003), a eficiência do consórcio depende diretamente do sistema e das culturas

envolvidas, havendo a necessidade da complementação entre essas para que o

consórcio seja apontado como uma prática mais vantajosa do que a monocultura.

Complementaridade de um cultivo consorciado pode ocorrer quando as culturas

componetes diferem no tempo, de modo que as culturas façam suas melhores

demandas de recursos em diferentes épocas, assim promovendo um melhor uso

temporal dos recursos, e/ou no espaço, onde uma copa combinada pode fazer melhor

uso espacial de luz, especialmente quando as culturas componentes têm diferentes

alturas ou estrutura de copa, ou um sistema radicular pode fazer melhor uso espacial

de nutrientes e água (OLIVEIRA, 2003).

De acordo com WILLEY (1979a), quanto maior for a complementaridade entre as

espécies participantes do consórcio, tanto no contexto temporal quanto no espacial,

melhor será o aproveitamento dos recursos disponíveis. Em termos de competição,

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segundo o autor, as culturas não estão competindo pelos mesmos recursos, e assim a

competição interespecífica é menor do que a intraespecífica.

Desse modo, é importante que sejam escolhidas espécies divergentes quanto a

ciclo, porte, arquitetura, exigência em luz, nutrientes, entre outras características

(TRENBATH, 1976). A utilização de espécies contrastantes, segundo TRENBATH,

(1975) e CECÍLIO FILHO (2005), constitui-se em importante ponto para se maximizar a

complementaridade entre as espécies e minimizar a competição interespecífica,

peculiar a cultivos consorciados.

A semeadura escalonada, no consórcio, propicia um aumento da produtividade e

uma diminuição da competição para com os fatores de crescimento (ANDREWS, 1972;

WILLEY, 1979b). Também, o período de convivência entre as espécies de hortaliças

pode afetar as produtividades das culturas (CECÍLIO FILHO & MAY, 2000; CECÍLIO

FILHO et al., 2003; REZENDE et al. 2003; CECÍLIO FILHO, 2005; REZENDE et al.

2005d; CECÍLIO FILHO et al., 2007; COSTA et al., 2007).

Em cultivo consorciado, as espécies normalmente diferem em altura e em

distribuição das folhas no espaço, entre outras características morfológicas (FLESCH,

2002), que podem levar as plantas a competir por energia luminosa, água e nutrientes.

A divisão da radiação solar incidente sobre as plantas, em um sistema consorciado,

será determinada pela altura e formato das plantas e pela eficiência de intercepção e

absorção. O sombreamento causado pela cultura mais alta reduz a quantidade de

radiação solar à cultura mais baixa (TRENBATH, 1975) e consequentemente o seu

desenvolvimento. Portanto, a escolha do melhor arranjo e da época ideal de semeadura

são fundamentais no desempenho do consórcio, ou seja, na maximização da produção.

A eficiência do consórcio depende de uma multiplicidade de fatores que vêm

sendo trabalhados em pesquisas, tais como: escolha de cultivares adaptadas ao

sistema de cultivo, produção de mudas, arranjo espacial das culturas componentes e

densidade de plantio (OLIVEIRA et al., 2004a). Além desses fatores, as produtividades

das culturas em consórcio são muito dependentes do período de convivência das

espécies em consorciação o qual é determinado pela época de estabelecimento do

consórcio.

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Em Caçador, SC, MUELLER et al. (1998) verificaram que a produtividade, a

percentagem de bulbo na classe comercial e a massa do bulbo não foram influenciadas

pela consorciação do alho com beterraba, independentemente de quando essa foi

semeada (0, 15, 30 e 45 dias após o plantio do alho). Por outro lado, a produtividade de

raízes de beterraba foi decrescente à medida que se realizou a sua semeadura mais

atrasada em relação ao plantio do alho. Ainda com beterraba, mas em consórcio com

rúcula, NARDIN et al. (2002a,b), em Jaboticabal, SP, verificaram que a produtividade da

beterraba em monocultura não diferiu da obtida em cultivo consorciado, independente

do método de estabelecimento da cultura (semeadura direta ou transplante de mudas).

Porém, em cultura de beterraba estabelecida por muda, a produtividade da rúcula em

monocultura (225 g m-1) foi superior à obtida em consórcio (115 g m-1) quando ela foi

semeada 7 dias após o transplante (DAT) da beterraba. Atrasos na semeadura da

rúcula, em relação ao transplante da beterraba, resultaram em reduções acentuadas na

produtividade da rúcula. Quando esta foi semeada aos 14 e 21 DAT da beterraba, a sua

produtividade foi de 20 e 15 g m-1, cerca de 7,5% da obtida em consórcio com a rúcula

semeada no mesmo dia do transplante da beterraba. Os autores observaram resultados

semelhantes para a cultura de beterraba estabelecida por semeadura direta. Também

em Jaboticabal, semelhante efeito da época de estabelecimento do consórcio foi

constatado por CECÍLIO FILHO et al. (2003), quando avaliaram a resposta de beterraba

e rúcula em consórcio, em função de diferentes épocas de estabelecimento do

consórcio.

No cultivo consorciado de alface e rabanete, no período de setembro a

novembro em Jaboticabal, SP, REZENDE et al. (2003) constataram maior produtividade

da cultura do rabanete quando em cultivo consorciado com a alface americana ‘Tainá’,

sendo os melhores resultados obtidos com a semeadura do rabanete até 7 DAT da

alface, enquanto a produtividade da alface em consórcio não diferiu significativamente

da obtida em monocultura. No cultivo de maio a agosto em Jaboticabal, SP, também

consorciando alface ‘Tainá’ com rabanete, CECÍLIO FILHO et al. (2007) observaram

maior produtividade de raízes comerciais de rabanete no consórcio estabelecido aos 14

DAT da alface. Por outro lado, a massa fresca de plantas de alface situadas interna e

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externamente ao canteiro consorciadas com a semeadura do rabanete,

respectivamente, aos 0 DAT e 0 e 14 DAT da alface não diferiram da obtida em

monocultura, porém quanto mais tardio foi a semeadura do rabanete maior foi a

redução da massa fresca de alface, principalmente para as plantas situadas

internamente ao canteiro. CECÍLIO FILHO & MAY (2002), também observaram que a

produtividade do rabanete estabelecido até 7 DAT da alface lisa ‘Carolina’ foi maior do

que em monocultura.

No período de agosto a novembro de 2001, em Dourados, MS, HEREDIA

ZÁRATE et al. (2003) observaram que o consórcio de cebolinha e salsa foi melhor que

as monoculturas, pois proporcionou incrementos monetários de 25,06% e 74,93% sobre

a renda da cebolinha ou da salsa em cultivo solteiro, respectivamente.

Em cultivo protegido, avaliando épocas de transplante da alface crespa ‘Vera’ (0;

14; 28 e 42 DAT) em relação ao tomate ‘Débora Max’, em Jaboticabal, SP, REZENDE

et al. (2005d) observaram que a produtividade e a classificação de frutos do tomate não

foram prejudicadas pela alface em nenhuma das épocas de estabelecimento do cultivo

consorciado em relação à monocultura. Por outro lado, em consórcio com o tomate, os

autores observaram que tanto as alfaces localizadas em linhas externas quanto em

internas do canteiro apresentaram menor massa fresca e seca em relação à

monocultura. Também verificaram que quanto mais tardio foi o transplante da alface em

relação ao tomateiro, maiores foram as reduções na massa fresca e seca de alfaces de

linhas internas. Também em Jaboticabal, CECÍLIO FILHO (2005), avaliando o cultivo

consorciado de tomate ‘Débora Max’ e alface crespa ‘Verônica’, em cultivo protegido,

em duas épocas de cultivo, em função de diferentes épocas de estabelecimento do

consórcio (0, 10, 20 e 30 DAT do tomateiro), verificaram resposta muito semelhante aos

resultados observados por REZENDE et al. (2005d).

COSTA et al. (2007), avaliando épocas de estabelecimento da rúcula (0, 7 e 14

DAT da alface) em consórcio com grupos de alface (crespa, lisa e americana), em duas

épocas de cultivo (outono-inverno e primavera), em Jaboticabal, SP, observaram que a

massa fresca e seca das alfaces não foram afetadas pela rúcula em nenhuma das

épocas de estabelecimento do consórcio. Por outro lado, a massa fresca de rúcula, no

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outono-inverno, consorciada ao 0 DAT com as alfaces crespa e lisa e, aos 7 DAT com

americana não diferiram da obtida em monocultura, enquanto na primavera, a massa

fresca de rúcula estabelecida aos 0 e 7 DAT também não diferiram da obtida em

monocultura, independente do grupo de alface.

No cultivo consorciado de chicória com rúcula, estabelecidas com a semeadura

aos 0, 5, 10, 15 e 20 DAT da chicória, FRANÇA et al. (2004) observaram que a

presença da rúcula não influenciou a produtividade da chicória. Por outro lado, com a

semeadura realizada a partir dos 15 DAT da chicória, a chicória reduziu a massa de

rúcula.

2.3 Avaliação agroeconômica do consórcio

Existem diferentes modos de se avaliar a eficiência dos consórcios culturais. Um

deles, provavelmente o de maior interesse para produtores é a quantidade de alimentos

produzida por unidade de área. Outro método de avaliação é o lucro operacional obtido

pelo sistema, mediante análise econômica (VIEIRA,1998).

Entre os índices utilizados para comparar os cultivos consorciado e monocultura,

a eficiência no uso da área (EUA) é o mais utilizado pelos pesquisadores. Esse índice

foi definido por WILLEY (1979a) como a área relativa da terra sob condição de

monocultura que é requerida para proporcionar a produtividade alcançada no consórcio.

De acordo com CECÍLIO FILHO (2005), o índice expressa a produção de alimentos por

unidade de área e reflete as interações das culturas componentes frente aos recursos

do meio (abaixo e acima da superfície do solo). O mesmo compreende o somatório das

relações entre as produtividades obtidas por cada uma das culturas em consórcio em

relação às suas respectivas produtividades obtidas em monocultura.

Na avaliação de diferentes consórcios, que expressam a capacidade competitiva

das culturas, maior valor do índice caracteriza consórcios com maior sucesso, refletindo

melhor captação dos recursos do meio pelas culturas componentes. O valor do EUA = 1

indica que não há vantagem do consórcio em relação à monocultura; EUA > 1 indica

efeito de cooperação ou de compensação entre as culturas consorciadas, com

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vantagens para consórcio, e EUA < 1 indica casos de inibição mútua com desvantagem

para o consórcio em relação à monocultura (WILLEY, 1979a).

O simples emprego do EUA como índice de comparação entre diferentes

situações de consórcio pode levar a erro, devido ao fato de que este índice é calculado

a partir de uma razão, e valores altos de EUA podem ser obtidos não só devido às altas

produtividades do consórcio, mas também devido às baixas produtividades obtidas na

monocultura (MEAD & WILLEY, 1980). Para BELTRÃO et al. (1984), o EUA fornece

apenas a dimensão física do sistema sem considerar o valor de cada componente do

sistema consorciado.

Em trabalhos realizados com cenoura e alface (BEZERRA NETO et al., 2003;

OLIVEIRA et al., 2004b), cebolinha e salsa (HEREDIA ZÁRATE et al., 2003), cebolinha

e espinafre (HEREDIA ZÁRATE & VIEIRA, 2004), tomate e alface (CECÍLIO FILHO,

2005; REZENDE et al., 2005d), alface e coentro (OLIVEIRA et al., 2005a), repolho e

rabanete OLIVEIRA et al., 2005b), taro e alface (HEREDIA ZÁRATE et al., 2005) e

alface e rúcula (COSTA, 2006) verificaram-se índices EUA maiores que 1,0. Quando

leva em consideração apenas o valor do índice EUA superior a 1, não se pode afirmar

que um determinado consórcio é melhor que outro, pois nem sempre a vantagem

produtiva obtida em consórcio resulta em vantagem econômica.

No entanto, além da avaliação quantitativa (produtividade) realizada pelo EUA,

para recomendar o cultivo consorciado de hortaliças há também que estudar a

viabilidade econômica (ZANATTA et al., 1993), na qual contempla-se a qualidade das

hortaliças produzidas e o preço (sazonalidade), que podem mudar ao longo do ano.

Dessa forma, são considerados todos os aspectos quantitativos e qualitativos de uma

hortaliça em consórcio, aumentando a confiabilidade na recomendação de determinada

combinação. Além disso, conforme REZENDE et al. (2005a,b), a análise econômica

pode ratificar ou não a vantagem do cultivo consorciado constatada no índice de

eficiência no uso da área. Entretanto, fica evidente a importância da análise econômica

em cultivo consorciado de hortaliças, pois não se pode indicar uma técnica de cultivo

baseando-se apenas nos resultados físicos.

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Várias pesquisas recentes demonstraram a viabilidade econômica do cultivo

consorciado de hortaliças. Em Jaboticabal, SP, CECÍLIO FILHO & MAY (2002),

consorciando alface lisa ‘Carolina’ e rabanete, no cultivo de março a maio, constataram

maior EUA (1,60) no consórcio estabelecido com semeadura do rabanete 7 DAT da

alface, no qual o EUA evidenciou a necessidade 60% a mais de área nas monoculturas

para produzirem, igual quantidade à obtida em consórcio. Porém, a maior rentabilidade

do consórcio de alface e rabanete foi obtida com a semeadura do rabanete 0 DAT da

alface, que apresentou maior receita bruta (R$ 26.660,55 ha-1), superior às receitas

auferidas nas culturas de alface (R$ 18.036,29 ha-1) e de rabanete (R$ 11.380,90 ha-1),

em monocultura.

Avaliando o desempenho do cultivo consorciado em fileiras alternadas, em

condições de temperatura e luminosidade elevadas, em Mossoró, RN, NEGREIROS et

al. (2002) não verificaram diferença significativa da produtividade da cenoura entre a

monocultura e quando consorciada com alface Babá de Verão, Elisa, Great Lakes,

Regina e Tainá. O consórcio de alface ‘Regina’ com cenoura foi o que obteve maior

EUA (1,16), porém apresentou uma renda líquida 5,6% inferior a obtida em cultivo

solteiro de cenoura.

No cultivo consorciado de alface e rabanete, em Jaboticabal, SP, CATELAN et

al. (2002a) obtiveram receita líquida superior às monoculturas em 73,13%

considerando-se a alface, e em 11,36% tratando-se da cultura do rabanete. Em outra

análise, CATELAN et al. (2002b) verificaram que a receita líquida do cultivo consorciado

de beterraba e rúcula foi 117% superior à receita líquida da monocultura de beterraba e

72,5% superior à receita líquida da monocultura de rúcula.

Avaliando o desempenho agroeconômico de cultivares de alface do grupo crespa

e lisa, em cultivo consorciado em faixa, com duas cultivares de cenoura, em Mossoró,

OLIVEIRA et al. (2004b) verificaram que os consórcios cenoura ‘Alvorada’ x alface ‘Lucy

Brown’ e cenoura ‘Brasília’ x alface ‘Maravilha das Quatro Estações’ tiveram os

melhores indicadores agroeconômicos, com índices de eficiência no uso da terra de

2,16 e 2,15, receita líquida de R$ 21.272,67 e R$ 23.307,15 por hectare; taxas de

retorno de 2,05 e 2,33 e índices de lucratividade de 53,92% e 59,83%, respectivamente.

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No cultivo consorciado realizado com três grupos de alface e rúcula, em duas

épocas de cultivo, COSTA et al. (2008) verificaram que as maiores receitas líquidas

foram constatadas em consórcios estabelecidos até os 7 DAT da alface. No outono-

inverno, o consórcio proporcionou aumento de 25% e 152% na receita líquida em

relação a monocultura de alface e de rúcula, respectivamente; enquanto na primavera,

os incrementos foram de 97% e 73%. Incrementos semelhantes foram observados por

REZENDE et al. (2004) para o consórcio de chicória e rúcula.

Em Dourados (MS), no período de março a junho, HARDER et al. (2005),

analisando a viabilidade do consórcio rúcula ‘Cultivada’ e almeirão ‘Amarelo’,

observaram que na primeira e segunda colheita os índices EUA foram de 1,87 e 1,76,

no arranjo de três linhas de rúcula com quatro de almeirão e, 1,56 e 1,58 para quatro

linhas de rúcula, com três de almeirão, respectivamente. Por outro lado, a maior renda

bruta foi de R$ 42.633,15 e R$ 35.929,45 para o arranjo de quatro linhas de rúcula para

três de almeirão na primeira e segunda colheita, respectivamente.

Analisando a produtividade e rentabilidade dos cultivos consorciados de

pimentão (P) com repolho (Re), P+rúcula (Ru), P+alface (A), P+rabanete (Ra),

P+Re+Ru, P+Ru+A, P+Ru+Ra e P+A+Ra, em Jaboticabal, REZENDE et al. (2005e)

verificaram que esses cultivos consorciados proporcionaram melhor aproveitamento do

solo, com produção de alimentos entre 93% e 164% superior às monoculturas. O cultivo

consorciado de pimentão e alface foi o que obteve maior índice EUA (2,64) e receita

líquida (R$ 48.847,98 por hectare), superando a monocultura de pimentão e de alface

em, aproximadamente, 61% e 72%, respectivamente.

Em cultivo protegido, consorciando tomate e alface, em duas épocas de cultivo,

REZENDE et al. (2005d), verificaram que o cultivo consorciado apresentou maior

eficiência de uso da área (1,92) e rentabilidade quando as duas culturas foram

transplantadas na mesma época. No entanto, a rentabilidade foi pequena, de apenas

R$ 76,81 por 625 m2 de casa de vegetação e atribuíram ao ocorrido o baixo valor da

alface e, conseqüentemente, de sua participação na composição da receita do cultivo

consorciado. De acordo com os autores, as hortaliças apresentam variações nas

características comerciais, no preço e no custo de produção ao longo do ano, fazendo

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com que nem sempre a maior quantidade de hortaliça produzida por unidade de área

seja refletida em maior rentabilidade do consórcio sobre a monocultura. Conforme

PÔRTO et al. (2004b), dependendo do preço da(s) hortaliça(s) envolvidas no consórcio,

aquela combinação de culturas viável economicamente em determinada época do ano,

poderá não mostrar a mesma rentabilidade, ou até mesmo ser deficitária, em relação

a(s) monocultura(s) em outra época de cultivo.

Também em cultivo protegido, avaliando os consórcios de tomate com

transplante da alface aos 0, 10, 20 e 30 DAT e alface com transplante do tomate aos 0,

10, 20 e 30 DAT, em duas épocas de cultivo (17/04 a 9/09/03 e 30/01 a 27/05/04),

CECÍLIO FILHO (2005) observou em todas as condições de consórcios EUA superior a

1. Porém, nos consórcios com transplante de alface após o tomate, estabelecido 30

DAT, na primeira época, e aos 0, 10, 20 e 30 DAT, na segunda época, os lucro

operacional obtidos foram inferiores ao obtido na monocultura do tomate. Este

resultado, segundo o autor, deve ser atribuído às baixas produtividades da alface,

retratando o efeito depressivo que o tomate teve sobre a alface à medida que esta foi

transplantada mais atrasada em relação ao tomate. Por outro lado, nos consórcios com

transplante do tomate após a alface apenas o consórcio estabelecido 10 DAT da alface,

na segunda época, não apresentou lucro operacional superior ao obtido na monocultura

do tomate. Segundo o autor, além da maior produtividade de tomate e alface nestes

consórcios em relação aos estabelecidos com o transplante da alface, a maior

complementaridade observada entre as espécies proporcionou maiores índices EUA e,

também, maiores retornos financeiros.

Com base no exposto, as produtividades das culturas em consórcio e a

viabilidade econômica deste sistema de cultivo são dependentes do período de

convivência das espécies em consorciação, determinado pela época de estabelecimento

do consórcio, ficando evidente a importância deste trabalho para o desenvolvimento das

pesquisas com cultivo consorciado de hortaliças.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Localização e caracterização da área experimental

Os experimentos foram conduzidos em casas de vegetação de 614,4 e 460,8 m2,

ambas de modelo teto em arco, com pé-direito de 3 m, cobertas com filme de polietileno

de baixa densidade, transparente, de 150 µm de espessura, aditivado contra raios

ultravioleta, localizadas na Unesp, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, no

Setor de Olericultura e Plantas Aromático-Medicinais, em Jaboticabal, SP, situada à

altitude de 575 metros, latitude 21º15'22" S e longitude 48º15'58" W.

O clima de Jaboticabal é classificado como subtropical com chuvas de verão, e

inverno relativamente seco. Apresenta médias anuais de 1.424,6 mm, 22,2ºC, 28,9ºC e

16,8ºC, respectivamente, para precipitação pluvial e temperaturas média, máxima e

mínima (RESENHA..., 2007).

O solo da área, segundo classificação da EMBRAPA (1999), corresponde ao

Latossolo Vermelho Eutroférrico típico de textura muito argilosa, A moderado

caulinítico-oxídico, relevo suave ondulado a ondulado.

As temperaturas e umidades relativas do ar, máximas, mínimas e médias, do

período experimental, nas duas épocas de cultivo, encontram-se nas Figuras 1 e 2.

Foram obtidas em termohigrômetro, instalado em abrigo meteorológico, no centro da

casa de vegetação, a 1,5 m de altura.

3.2 Delineamento experimental e tratamentos

Foram realizados oito experimentos, que diferiram segundo o grupo de alface

(crespa e americana), consorciada com o pepino plantado em uma e duas linhas

logitudinais ao canteiro e época de cultivo (primeira época: 27/08 a 22/11/2005 e

segunda época: 25/02 a 29/05/2006). Os experimentos foram conduzidos em

delineamento de blocos casualizados, com nove tratamentos e quatro repetições.

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Figura 1. Temperaturas do ar máximas (Tmax), médias (Tmed) e mínimas (Tmin) e

umidades relativas máximas (URmax), médias (URmed) e mínimas (URmin) do período experimental, na primeira época de cultivo, obtidas em abrigo meteorológico, situado no centro das casas de vegetação (CV) 1 (614,4 m2) e 2 (460,8 m2).

Em cada experimento foram avaliados nove tratamentos, os quais resultaram da

combinação dos fatores: sistemas de cultivo (consórcio e monocultura) e épocas de

transplante da alface (0, 10, 20 e 30 dias após o transplante do pepino). Os tratamentos

1, 2, 3 e 4 corresponderam aos consórcios do pepino com a alface transplantadas aos

0, 10, 20 e 30 dias após o transplante (DAT) do pepino (Tabela 1). O tratamento 5

correspondeu a monocultura do pepino, enquanto os tratamentes 6, 7, 8 e 9

10

15

20

25

30

35

40

27/8 6/9 16/9 26/9 6/10 16/10 26/10 5/11 15/11

Dias após o transplante (DAT)

Tem

pera

tura

(ºC

) Tmax CV1Tmin CV1Tmed CV1 Tmax CV2Tmin CV2Tmed CV2

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

27/8 6/9 16/9 26/9 6/10 16/10 26/10 5/11 15/11

Dias após o transplante (DAT)

Um

idad

e R

elat

iva

(%)

URmax CV1URmin CV1URmed CV1 URmax CV2URmin CV2URmed CV2

Page 31: CONSÓRCIOS DE PEPINO E ALFACE EM CULTIVO … · pepino, em duas densidades populacionais, com dois grupos de alface (crespa e americana), em ambiente protegido, realizados em duas

17

representaram as monoculturas da alface nas mesmas épocas de estabelecimento dos

consórcios (0, 10, 20 e 30 DAT do pepino), a fim de isolar possível efeito do fator

época de plantio.

5

10

15

20

25

30

35

40

45

25/2 7/3 17/3 27/3 6/4 16/4 26/4 6/5 16/5

Dias após o transplante (DAT)

Tem

pera

tura

(ºC

)

Tmax CV1Tmed CV1Tmin CV1Tmax CV2Tmed CV2Tmin CV2

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

25/2 7/3 17/3 27/3 6/4 16/4 26/4 6/5 16/5

Dias após o transplante (DAT)

Um

idad

e R

elat

iva

(%)

URmax CV1URmed CV1URmin CV1URmax CV2URmed CV2URmin CV2

Figura 2. Temperaturas do ar máximas (Tmax), médias (Tmed) e mínimas (Tmin) e

umidades relativas máximas (URmax), médias (URmed) e mínimas (URmin) do período experimental, na segunda época de cultivo, obtidas em abrigo meteorológico, situado no centro das casas de vegetação (CV) 1 (614,4 m2) e 2 (460,8 m2).

As unidades experimentais para a cultura da alface foram constituídas por 21 e

40 plantas, respectivamente, para os tratamentos com a alface americana e crespa,

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18

independente da forma de plantio do pepino. Para a cultura do pepino, as unidades

experimentais foram constituídas de dez e cinco plantas de pepino, respectivamente,

para o plantio de duas e uma linha de plantas no canteiro. Em todos os tratamentos a

área total de cada unidade experimental foi de 2,75 m2 (1,10 x 2,50 m).

Tabela 1. Caracterização dos tratamentos dos consórcios de pepino (com 1 e 2 linhas) e alface (crespa e americana), nas duas épocas de cultivo.

Tratamentos Pepino Alface (DAT1)

1 – Consórcio Presente 0 2 – Consórcio Presente 10 3 – Consórcio Presente 20 4 – Consórcio Presente 30 5 – Monocultura Presente Ausente 6 – Monocultura Ausente 0 7 – Monocultura Ausente 10 8 – Monocultura Ausente 20 9 – Monocultura Ausente 30

1DAT = dias após o transplante do pepino

A área útil para avaliação das características relativas à alface e pepino

compreendeu todas as plantas excetuando as primeiras e últimas plantas de cada linha

de cultivo (Figuras 3 a 6).

3.3 Instalação e condução dos experimentos

O preparo do solo da área experimental, para todos os experimentos, foi feito

com aração e posterior levantamento de canteiros com o rotoencanteirador.

A amostragem de solo foi feita nas duas casas de vegetação, coletando-se, com

trado, 20 amostras simples na profundidade de 0 a 20 cm. As 20 amostras simples

foram homogeneizadas em um recipiente limpo, formando uma amostra composta,

sendo uma para cada casa de vegetação. De cada amostra composta, retirou-se uma

subamostra de 250 cm3 de solo, que foi enviada ao Laboratório de Análise de Solo e

Planta, na Unesp, Campus de Jaboticabal, para fazer a análise química. As

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19

características químicas do solo das casas de vegetação, nas duas épocas de cultivo,

encontram-se nas Tabelas 2 e 3.

Figura 3. Representação gráfica de uma unidade experimental e disposição das culturas em consórcio, pepino com duas linhas no canteiro (fileira dupla - 1,20 x 0,60 x 0,50 m) e alface americana (0,40 x 0,35 m).

Figura 4. Representação gráfica de uma unidade experimental e disposição das culturas em consórcio, pepino com duas linhas no canteiro (fileira dupla - 1,20 x 0,60 x 0,50 m) e alface crespa (0,25 x 0,25 m).

Área Útil

0,25 m

0,25 m

0,50 m

0,60 m

Pepino Alface Crespa

Área Útil

0.50 m

0.60 m

0.40 m

0.35 m

Alface Americana Pepino

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20

Figura 5. Representação gráfica de uma unidade experimental e disposição das culturas em consórcio, pepino com uma linha no canteiro (1,80 x 0,50 m) e alface americana (0,40 x 0,35 m).

Figura 6. Representação gráfica de uma unidade experimental e disposição das culturas em consórcio, pepino com uma linha no canteiro (1,80 x 0,50 m) e alface crespa (0,25 x 0,25 m).

Em ambas as épocas de cultivo e de acordo com as análises de solo, não

realizou-se a calagem. Na primeira época de cultivo, aplicou-se esterco bovino em área

total das casas de vegetação, na razão de 20 t ha-1, com um mês de antecedência do

transplante do pepino. Para todos os experimentos, a adubação de plantio, para os

tratamentos consórcio e monoculturas, constou da aplicação de 35 g m-2 da formulação

Área Útil Alface Crespa Pepino

0,25 m

0,50 m

Área Útil

0,50 m

0,40 m

0,35 m

Alface Americana

5 cm

Pepino

0,25 m

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12-06-12. As adubações de cobertura foram efetuadas separadamente para cada

cultura, com base na recomendação de TRANI et al. (1997a,b). Para a cultura do

pepino foram realizadas quatro aplicações (15, 25, 35 e 45 DAT do pepino) com cloreto

de potássio e nitrato de amônio. Em cada época foram aplicadas 5 g planta-1 de nitrato

de amônio, enquanto o cloreto de potássio foi fornecido em 2 g planta-1, por vez, na

primeira e segunda parcela, e 2,5 g planta-1 na terceira e quarta adubações. As

adubações de cobertura para a alface americana foram realizadas aos 15, 30 e 40 dias

após o seu transplante (DAT) com a aplicação de 1,5; 2,0 e 2,5 g planta-1 de nitrato de

amônio, nas três épocas. Na cultura da alface crespa, aos 15 e 30 DAT, foram

fornecidas 2 g planta-1 de nitrato de amônio.

Tabela 2. Resultados da análise química do solo das duas casas de vegetação (CV), na primeira época de cultivo.

pH M.O. P resina K Ca Mg H+Al SB T V CaCl2 g/dm3 mg/dm3 ------------------------mmolc/dm3-------------------- %

CV 11 5,7 17,5 121,5 4,0 42,5 16,5 20,0 63,0 83,0 75,5 CV 22 6,2 18,0 173,0 3,4 58,0 25,0 15,5 86,4 101,9 85,0

B Cu Fe Mn Zn S-SO4 Al ----------------------------------------mg/dm3--------------------------------------- mmolc/dm3

CV 1 0,26 4,98 11,5 21,0 3,50 2,5 0,00 CV 2 0,3 5,6 13,5 17,9 2,4 4,0 0,00

1Casa de vegetação com 460,8 m2; 2Casa de vegetação com 614,4 m2

Tabela 3. Resultados da análise química do solo das duas casas de vegetação (CV), na segunda época de cultivo.

pH M.O. P resina K Ca Mg H+Al SB T V CaCl2 g/dm3 mg/dm3 ------------------------mmolc/dm3-------------------- %

CV 11 5,9 22 161 5,6 60,5 18 22 84,1 106,1 79 CV 22 6,2 22 211 5,5 77,0 35 19 117,5 136,5 86

B Cu Fe Mn Zn S-SO4 Al ----------------------------------------mg/dm3--------------------------------------- mmolc/dm3

CV 1 0,24 4,8 19,0 38,5 4,0 - - CV 2 0,22 5,2 17,5 35,7 2,8 - -

1Casa de vegetação com 460,8 m2; 2Casa de vegetação com 614,4 m2

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Na segunda época de cultivo, a adubação de plantio foi a mesma para os

tratamentos consórcios e monoculturas, aplicando-se 9 g m-2 da formulação 12-06-12.

As adubações de cobertura também foram efetuadas separadamente para cada cultura,

com base na recomendação de TRANI et al. (1997a,b). Para a cultura do pepino foi

realizada uma aplicação de nitrato de amônio, 15 DAT do pepino, e quatro aplicações

da fórmula 12-06-12 aos 30, 45, 60 e 75 DAT do pepino. Aplicou-se 3 g planta-1 de

nitrato de amônio, enquanto a formulação foi fornecida em 9 g planta-1, por vez, nas

quatro épocas de aplicação. As adubações de cobertura para a alface americana foram

realizadas aos 10, 25 e 40 DAT com a aplicação de 2 g planta-1 de nitrato de amônio,

em cada época de aplicação. Para a cultura da alface crespa, forneceu-se 2 g planta-1

de nitrato de amônio aos 10 e 25 DAT.

As cultivares utilizadas nos experimentos foram o híbrido de pepino (Cucumis

sativus L.) Hokushin e Lucy Brown e Verônica, respectivamente, para alface (Lactuca

sativa) americana e crespa.

De acordo com FILGUEIRA (2000), a cultivar Lucy Brown pertence ao grupo tipo

repolhuda-crespa (americana), tem folhas crespas, com nervuras destacadas, formando

uma cabeça compacta, além de ser altamente resistente ao transporte e adequada para

integrar sanduíches. A cultivar Verônica pertence ao grupo tipo solta-crespa, tem folhas

soltas e não forma cabeça. O hibrído Hokushin pertence ao grupo japonês. Os frutos

são tipicamente afilados e alongados, com 20 a 30 cm, de coloração verde-escura e

triloculares, com acúleos brancos.

De acordo com as empresas, as cultivares são assim caracterizadas:

A cultivar Verônica é adaptada para plantio o ano todo. Principalmente em

semeaduras de primavera/verão. As plantas apresentam folhas crespas, de coloração

verde clara, tamanho grande, com tolerância ao pendoamento precoce. Pode ser

colhida aos 60-70 dias após a semeadura (SAKATA, 2007).

A cultivar Lucy Brown pode ser cultivada durante as quatro estações do ano,

apresentando excelente desempenho em plantios de verão, seu ciclo varia em torno de

50 a 55 dias após o transplante. As plantas são grandes, com folhas grossas,

apresentando ótima proteção à cabeça, a qual é de tamanho grande, coração muito

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23

pequeno e de coloração verde-clara, com excelente compacidade, apresentando boa

resistência ao pendoamento precoce e tolerante ao apodrecimento causado por Erwinia

spp (SAKATA, 2007).

A cultivar de pepino Hokushin pode ser cultivada o ano todo, devido a sua

rusticidade. As plantas produzem frutos de coloração verde escuro brilhante, com

comprimento e diâmetro variando entre 21 a 22 cm e 2,5 a 3 cm, respectivamente,

apresentando tolerância ao calor alta e média ao frio, e às doenças vírus do mosaico do

pepino (CMV), oídio, antracnose e míldio (TAKII, 2007).

Em ambos os experimentos e épocas de cultivo, as mudas de pepino foram

formadas em bandejas de poliestireno expandido de 128 células. As de alface, em

bandejas de 288 células, foram semeadas em diferentes datas de forma a obter mudas

com quatro folhas, além das cotiledonares, para os transplantes em 0, 10, 20 e 30 DAT

do pepino. As plantas de pepino foram transplantadas em única data, quando estavam

com uma folha expandida além das cotiledonares e início de visualização da segunda

folha. Os espaçamentos para a cultura do pepino com duas e uma linha de plantas no

canteiro foram, respectivamente, 1,20 x 0,60 x 0,50 m e 1,80 x 0,50 m. Para a cultura

da alface, adotaram-se os espaçamentos de 0,40 x 0,35 m e 0,25 x 0,25 m,

respectivamente, para a alface americana e crespa.

Em todos os experimentos, as plantas de pepino foram conduzidas em haste

única, tutorada com fita plástica na vertical, com desbrota das ramificações axilares até

0,40 m de altura. A partir de então, foram deixados os brotos desenvolverem-se, sendo

fixados em fios de arames dispostos paralelamente ao terreno e espaçados entre si em

40 cm. Quando apresentavam dois frutos e três folhas eliminou-se o meristema apical.

A haste principal foi despontada quando a planta atingiu, aproximadamente, a altura de

2 metros, com 19 nós.

As colheitas e os períodos de desenvolvimento, pós-transplante, de plantas de

alface e pepino nos consórcios e monoculturas nas duas épocas de cultivo encontram-

se nas Tabelas 4 e 5.

A irrigação dos experimentos foi realizada por tubogotejamento. O controle das

plantas daninhas foi feito por meio de capina manual. Realizou-se o controle da doença

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24

oídio (Sphaerotheca fuliginea) e das pragas mosca-branca (Bemisia argentifoli),

vaquinha-verde (Diabrotica speciosa), pulgão (Aphis gossypii) e broca-dos-frutos

(Diaphania nitidalis).

Tabela 4. Datas de transplantes, das colheitas e do período de desenvolvimento (PD) de alface (A) crespa e americana e pepino (P) dos experimentos, caracterizados pelos transplantes de alface após o pepino, na primeira época de cultivo.

Alface Crespa

Transplante Colheita PD (dias)4 Sistemas de cultivo A P A2 P3 A P

Consórcio 0 DAT1 27/08 - 06/10 19/11 39 83 Consórcio 10 DAT 06/09 - 16/10 19/11 40 83 Consórcio 20 DAT 16/09 - 26/10 19/11 40 83 Consórcio 30 DAT 26/09 - 05/11 19/11 40 83 Monocultura de pepino - 27/08 - 19/11 - 83 Alface Americana Transplante Colheita PD (dias) A P A P A P Consórcio 0 DAT 27/08 - 26/10 19/11 59 83 Consórcio 10 DAT 06/09 - 07/11 19/11 62 83 Consórcio 20 DAT 16/09 - 10/11 19/11 55 83 Consórcio 30 DAT 26/09 - 22/11 19/11 57 83 Monocultura de pepino - 27/08 - 19/11 - 83

1dias após o transplante do pepino; 2as colheitas de alface para as monoculturas foram as mesmas de seus respectivos consórcios; 3data correspondente à última colheita; 4dias após o transplante.

3.4 Características avaliadas em cada experimento

3.4.1 Produtividade total: obtida pelo somatório das colheitas efetuadas durante o

ciclo, considerando a soma de todas as classificações dos frutos (comerciais + tortos +

não comerciais), e expressa em kg m-2, levando em consideração 2,22 e 1,11 plantas

m-2, respectivamente, para o plantio com duas e uma linha de plantas de pepino. Foram

considerados frutos não comerciais, aqueles com comprimento superior a 30 cm, frutos

tortos com ângulo de inclinação superior a 30º e com danos físicos que prejudicassem o

aspecto visual do fruto.

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Tabela 5. Datas de transplantes, das colheitas e do período de desenvolvimento (PD) de alface (A) crespa e americana e pepino (P) dos experimentos, caracterizados pelos transplantes de alface após o pepino, na segunda época de cultivo.

Alface Crespa

Transplante Colheita PD (dias)4 Sistemas de cultivo A P A2 P3 A P

Consórcio 0 DAT1 25/02 - 04/04 21/05 38 86 Consórcio 10 DAT 07/03 - 11/04 21/05 35 86 Consórcio 20 DAT 17/03 - 21/04 21/05 35 86 Consórcio 30 DAT 27/03 - 08/05 21/05 42 86 Monocultura de pepino - 25/02 - 21/05 - 86 Alface Americana Transplante Colheita PD (dias) A P A P A P Consórcio 0 DAT 25/02 - 21/04 21/05 55 86 Consórcio 10 DAT 07/03 - 05/05 21/05 59 86 Consórcio 20 DAT 17/03 - 14/05 21/05 58 86 Consórcio 30 DAT 27/03 - 29/05 21/05 63 86 Monocultura de pepino - 25/02 - 21/05 - 86

1dias após o transplante do pepino; 2as colheitas de alface para as monoculturas foram as mesmas de seus respectivos consórcios; 3data correspondente à última colheita; 4dias após o transplante.

3.4.2 Produtividade comercial: foram considerados frutos comerciais aqueles que

apresentaram comprimento �15 e >25 cm (classes 15, 20 e 25), de acordo com a

classificação do HORTIBRASIL (2006). Como a classificação tolera uma mistura de

frutos pertencentes às classes imediatamente superior e/ou inferior da específica,

desde que o total fora do especificado não ultrapasse 10% do número total de pepinos

amostrado, fato ocorrido nos experimentos, os frutos da classe 20 (�20 e <25 cm) com

os da classe 15 (�15 e <20 cm) e da classe 25 (�25 cm) foram somados e

apresentados em única classificação, classe 20. As colheitas foram realizadas a cada

dois dias, objetivando colher frutos na classe 20, preferencial do mercado consumidor.

O período de colheita na primeira e segunda época de cultivo foi de 47 e 54 dias,

respectivamente.

3.4.3 Produtividade de frutos tortos (kg m-2): obtida pelo somatório das colheitas

efetuadas durante o ciclo, considerando frutos com ângulo de curvatura superior a 30º,

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26

levando em consideração a população de plantas de pepino, 2,22 e 1,11 plantas m2,

respectivamente para culturas com duas e uma linha no canteiro.

3.4.4 Número total de frutos: obtido pelo somatório de frutos colhidos durante o

ciclo, independente de sua condição (comercial + torto + não comercial). Expresso em

número de frutos por planta.

3.4.5 Número de frutos comerciais: obtido pelo somatório de frutos colhidos

durante o ciclo, pertencentes às classes 15, 20 e 25. Expresso em número de frutos por

planta.

3.4.6 Número de frutos tortos: obtido pelo somatório de frutos colhidos durante o

ciclo, com um ângulo de curvatura superior a 30º. Expresso em número de frutos por

planta.

3.4.7 Classificação percentual das classes em relação à produtividade total de

pepino: os frutos foram classificados nas classes 15+20 e classe 25 (�25 cm), de

acordo com a classificação do HORTIBRASIL (2006), e tortos.

3.4.8 Diâmetro da parte aérea (cm) de plantas de alface crespa e americana:

realizado na colheita em seis plantas úteis com auxílio de uma régua graduada.

3.4.9 Número de folhas: foi realizado em três plantas de alface crespa, ‘Verônica’.

Foram consideradas folhas com comprimento maior que 3 cm. O embricamento das

folhas da cabeça de alface americana não permitiu a separação das folhas e posterior

contagem.

3.4.10 Massa fresca e seca da parte aérea de plantas (g m-2): as plantas de

alface crespa e americana foram pesadas logo após a colheita e, em seguida, foi

procedida a secagem da parte aérea da planta em estufa com circulação de ar foçada,

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a 65o C, por 96 horas, quando então, foram pesadas. As plantas de alface que

pertencem às duas linhas externas da parcela foram avaliadas separadamente das

plantas de alface das duas linhas internas do canteiro. A massa fresca total, expressa

em g m-2, correspondeu às massas frescas de alface das linhas laterais e internas do

canteiro. Para massa seca total, o mesmo procedimento foi adotado. Considerou-se

uma população de 7,14 e 16 plantas m-2 para a alface americana e crespa,

respectivamente.

3.4.11 Atributos químicos do solo: em todos os experimentos, os atributos foram

avaliados em duas épocas: uma, após a adubação de plantio e antes do transplante;

outra, após o término de cada experimento e a eliminação das plantas. Em cada

unidade experimental foram coletadas cinco amostras simples, aleatoriamente, na

profundidade de 0 a 0,20 m, misturadas para formar uma amostra composta. O solo foi

seco ao ar e peneirado. Depois foi enviado ao Laboratório de Fertilidade do Solo, na

Unesp, Campus de Jaboticabal, para obtenção dos valores de pH, MO, K, Ca, Mg,

H+Al, SB, CTC e V.

3.4.12 Teores de nitrogênio e potássio: foram avaliados nas plantas de pepino e

alface, conforme proposto por TRANI & RAIJ (1997). Para a cultura da alface foram

coletadas as folhas recém-desenvolvidas, quando as plantas encontrarem-se com,

aproximadamente, 2/3 do ciclo, enquanto para o pepino retirou-se a quinta folha a partir

da ponta da haste principal, excluindo-se o tufo apical, no início do florescimento. As

folhas foram lavadas e colocadas em estufa com circulação forçada de ar à temperatura

de 65ºC. Após a secagem, o material foi moído e procedido o seu preparo para análise

em laboratório, conforme metodologias propostas por BATAGLIA et al. (1983).

3.4.13 Índice de eficiência no uso da área (EUA)

Foi utilizada a fórmula, proposta por WILLEY (1979a), para cálculo:

Page 42: CONSÓRCIOS DE PEPINO E ALFACE EM CULTIVO … · pepino, em duas densidades populacionais, com dois grupos de alface (crespa e americana), em ambiente protegido, realizados em duas

28

mn

cn

m

c

m

c

YY

YY

YY

EUA ++=2

2

1

1 então �=

n

i

iYmiYc1

,/,

onde: Yc,i = é a produtividade da cultura “i” em consórcio (c),

Ym,i = é a produtividade da cultura “i” em monocultura (m).

A produtividade da cultura da alface utilizada para o cálculo do EUA,

correspondeu ao somatório da massa fresca das plantas de alface localizadas nas

laterais e internamente ao canteiro, expressa em g m-2. Para pepino, utilizou-se a

produtividade total, expressa em g m-2.

3.4.14 Análises econômica dos cultivos consorciados e monoculturas

3.4.14.1 Descrição da estrutura, equipamentos e das atividades envolvidas

nos experimentos.

Para a estimativa do custo de produção, admitiu-se uma casa de vegetação de

614,4 m2 continuamente cultivada que faz parte de um programa de rotação de

culturas. O preparo do solo, para todos os sistemas de cultivo, constou da limpeza do

terreno com aplicação de herbicida (pulverizador costal de 20 litros) para a eliminação

de plantas daninhas e uma aração, utilizando-se um arado de três discos de 26’’.

A adubação orgânica de plantio demandou mão-de-obra para a distribuição de

1,3 tonelada de esterco bovino em 614,4 m2 e rotoencanteirador na incorporação.

O encanteiramento correspondeu ao preparo de seis canteiros de 48 m de

comprimento, com rotoencanteirador de 1,20 m de largura e seis enxadas, onde foram

transplantadas as mudas de alface e pepino, sendo realizado para todos os sistemas

de cultivo.

Na atividade adubação química de plantio e cobertura, considerou-se a demanda

de mão-de-obra para distribuição dos fertilizantes, separadamente para cada cultura.

Nos consórcios, a adubação de plantio foi realizada com base na cultura mais exigente

(Pepino). Para o pepino, independente da população de plantas, alface crespa e

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29

americana foram realizadas quatro, duas e três adubações, respectivamente, de

cobertura em todos os sistemas de cultivo.

O sistema de condução refere-se à estrutura necessária para conduzir as plantas

de pepino na vertical. No sistema de condução, utilizaram-se mourões para cada linha

de cultivo, espaçados12 m entre si, catracas e seis fios de arame nº 12 (um próximo à

superfície do solo e os demais distanciados 0,40 m até 2 m de altura), com o propósito

de sustentar os fitilhos plásticos para tutorar a haste principal e as ramificações

secundárias.

O sistema de irrigação constituiu da montagem da linha principal e das linhas

secundárias de tubogotejadores.

A marcação do local de plantio foi realizada manualmente para o transplante das

mudas de alface e pepino, no espaçamento citado. O custo das mudas de alface e

pepino correspondem os preços unitários das bandejas de 288 e 128 mudas,

respectivamente, adquiridos na região de Jaboticabal.

Foram realizadas capinas manuais dentro e entre canteiros. Para o pepino, em

monocultura, foram realizadas, durante todo período de crescimento, duas e três

capinas, respectivamente, para o cultivo com duas e uma linha de plantas no canteiro.

Na monocultura de alface crespa ‘Verônica’ e americana ‘Lucy Brown’ foram realizadas

duas e três capinas, respectivamente. Nos cultivos consorciados realizaram-se duas

capinas.

Os fungicidas e inseticidas foram aplicados com pulverizador costal (20 L), de

acordo com a necessidade das culturas. Para as monoculturas, foram realizadas três e

quatro aplicações de defensivos para alface crespa e americana, respectivamente, e 24

aplicações para o pepino durante o período de crescimento, independente do número

de linhas no canteiro. Deve-se destacar que no cultivo consorciado não houve diferença

quanto ao número de aplicações de defensivos em relação à monocultura do pepino.

Para ambas as culturas, o sistema de irrigação foi o de gotejamento, com os

gotejadores espaçados 10 cm. Para o pepino cultivado com uma e duas linhas no

canteiro foram utilizadas, respectivamente, uma e duas fitas de tubogotejador, enquanto

para a alface crespa e americana foram utilizadas, respectivamente, quatro e três fitas

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de tubogotejador. No cultivo consorciado, não houve diferença quanto ao número de

fitas de tubogotejador em relação às monoculturas de alface crespa e americana. Este

sistema de irrigação utilizado não necessita da mudança dos tubogotejadores na casa

de vegetação (614,4 m2) e, portanto, na estimativa de mão-de-obra comum foi

considerado somente o tempo requerido para ligar e desligar o sistema, além de alguns

reparos. Considerou-se um tempo médio de irrigação de 30 minutos por dia, durante

todo o período de crescimento das culturas, tanto em monocultura quanto em

consórcio.

As atividades de tutoramento, desbrota e capação, que são tratos culturais

pertinentes à cultura do pepino, foram realizadas durante o período de

desenvolvimento.

Na atividade de pós-colheita foram considerados a lavagem, a classificação e o

acondicionamento dos frutos de pepino e das plantas de alface para a comercialização.

3.4.14.2 Determinação do custo operacional total

Para determinação do custo operacional total (COT), utilizou-se a estrutura do

custo operacional de produção proposta por MATSUNAGA et al. (1976) e usado pelo

Instituto de Economia Agrícola – IEA. Esta estrutura de custo de produção leva em

consideração os desembolsos efetivos realizados pelo produtor durante o ciclo

produtivo englobando despesas com mão-de-obra, reparos e manutenção de

máquinas, implementos e benfeitorias especificas, operações de máquinas e

implementos, insumos e, ainda, o valor da depreciação de máquinas, implementos e

benfeitorias específicas utilizados no processo produtivo.

O custo de produção foi realizado somente para os experimentos e as épocas de

cultivo que produziram plantas de alface crespa ‘Verônica’ e americana ‘Lucy Brown’

comerciais. Por este motivo a análise econômica foi realizada somente para a primeira

época de cutivo, sendo obtidos os custos operacionais totais das culturas em

monocultura e em consorciação, para cada época de transplante da alface (0, 10, 20 e

30 DAT do pepino).

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Os preços nominais de todos os itens de produção foram cotados no mês de

agosto de 2006, exceto para os preços das hortaliças que referem-se ao mês da

colheita, e foram transformados em preços reais utilizando-se o Indice Geral de Preços

- Disponibilidade Interna (IGP-DI), para valores (R$) de agosto de 2007.

Para a análise do custo de produção das culturas, os coeficientes técnicos

referentes à implantação e condução das mesmas foram obtidos durante a realização

dos experimentos. Os coeficientes técnicos estão apresentados na Tabela 6.

Tabela 6. Coeficientes técnicos das operações (horas/614,4 m2) realizadas nas monoculturas e consórcios de pepino ‘Hokushin’ com duas (2 L) e uma linha (1 L) de plantas no canteiro com alface crespa ‘Verônica’ e americana ‘Lucy Brown’, em cultivo protegido (614,4 m2), em reais (R$) de agosto de 2007.

Monoculturas Operações

Pepino 2L Pepino 1L Alface crespa Alface Americana Limpeza do terreno1 1,00 1,00 1,00 1,00 Aração 0,70 0,70 0,70 0,70 Encanteiramento 0,85 0,85 0,85 0,85 Aplicação de esterco2 0,30 0,30 0,30 0,30 Aplicação de defensivos1 60,00 27,00 4,05 5,40 Irrigação 41,50 41,50 20,00 29,00 Colheita manual3 14,50 9,57 20,32 10,88 Total/614,4 m2 118,85 80,92 47,22 48,13

Consórcios Pepino 2L x

Crespa Pepino 2L x Americana

Pepino 1L x Crespa

Pepino 1L x Americana

Limpeza do terreno1 1,00 1,00 1,00 1,00 Aração 0,70 0,70 0,70 0,70 Encanteiramento 0,85 0,85 0,85 0,85 Aplicação de esterco2 0,30 0,30 0,30 0,30 Aplicação de defensivos1 60,00 60,00 27,00 27,00 Irrigação 41,50 41,50 41,50 41,50 Colheita manual3 34,82 25,30 29,89 20,45 Total/614,4 m2 139,17 129,65 101,24 91,80

1 Pulverizador costal (20 L); 2 Incorporação do esterco bovino com trator 275 (77 cv) + Rotoencanteirador; 3Carrinho de mão.

Os valores unitários de cada item, referentes a agosto de 2007, foram calculados

da seguinte forma:

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a) Custo da mão-de-obra

O salário mensal da mão-de-obra, obtido junto ao Sindicato dos Trabalhadores

Rurais de Jaboticabal em agosto de 2006 e atualizado para agosto de 2007 pelo IGP-

DI, foi de R$ 404,97 para mão-de-obra comum e de R$ 465,72 para tratorista, para 200

horas trabalhadas no mês, mais encargos sociais assumidos pelo empregador que

equivaleram a 43% do valor do salário. Os custos-hora determinados foram,

respectivamente, de R$ 2,90 e R$ 3,33 para mão-de-obra comum e para tratorista

(Tabela 7).

Tabela 7. Custo hora da mão-de-obra comum e tratorista empregadas nas monoculturas e consórcios, em valores reais de agosto 2007.

Mão-de-obra Salário (R$) Encargos sociais Total (mês) *Custo h-1 Comum 404,97 174,14 579,11 2,90 Tratorista 465,72 200,26 665,98 3,33

*Considerou-se 200 horas trabalhadas por mês.

b) Preços de insumos

Em geral, os preços foram obtidos na região de Jaboticabal-SP (Tabela 6),

enquanto os preços de trator 275 (77 cv) e arado de 3 disco 26” foram obtidos no banco

de dados do Instituto de Economia Agrícola.

c) Custo e depreciação hora da máquina, implementos e custos das operações

No custo-hora de máquinas (CHM), trator MF 275 (77 cv), foram considerados os

gastos efetuados com combustível (c), mais um valor estimado para reparos (r),

manutenção (m), garagem (g) e uma taxa de seguro (s), da seguinte forma: CHM = s +

g + r + m + c. O seguro, garagem e reparos, foram respectivamente, de 0,75%, 1% e

10%, ao ano, do valor da máquina (Tabela 8), considerando 1.000 horas de uso da

máquina, além dos gastos de manutenção. No cálculo da manutenção do trator 275 (77

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cv), considerou-se o custo relativo aos lubrificantes (óleos e graxas) e itens de

manutenção da máquina (filtros), considerando-se o período de troca sugerido pelo

fabricante (Tabela 9). O custo-hora parcial (sem depreciação) do trator MF-275 (77 cv)

foi de R$ 12,38 (Tabela 8).

Para o custo-hora de implementos (CHI), consideraram-se o consumo de graxa e

reparos representados da seguinte forma: CHI = r + gr; onde r = reparos,

correspondente a 10% ao ano do valor do implemento, e gr = graxa (Tabela 8).

Tabela 8. Custo-hora (CH) parcial do trator MF-275 e implementos, em reais (R$) de agosto de 2007.

CG1 Reparo Manutenção2 Garagem Seguro CH (R$ h-1)

Trator MF-275 0,05 9,30 1,45 0,93 0,70 12,38 Rotoencanteirador 0,06 1,51 - - - 2,06 Pulverizador Costal (20 L) - 0,13 - - - 0,13 Motobomba - 1cv - 0,15 - - - 0,15 Arado de 3 discos de 26" 0,04 0,94 - - - 1,29 Carrinho de mão 0,01 0,05 - - - 0,09 1 CG = consumo de graxa (kg/hora). Preço da graxa = R$ 9,08/kg; 2 Está detalhada na Tabela 9.

Tabela 9. Periodicidade de troca de filtros e lubrificantes na manutenção do trator MF 275 (77 cv), em reais (R$) de agosto de 2007.

Itens Quantidade por troca Número de horas Custo (R$ h-1)

Óleo Rímula-x (L) 8 200 0,2739 Óleo cubos epicíclicos (L) 5 1.000 0,0358 Óleo direção hidráulica (L) 1,5 1.000 0,0137 Filtro ar externo (unid.) 1 1.000 0,0317 Filtro ar interno (unid.) 1 1.000 0,0221 Filtro transmissão (unid.) 1 26.280 0,0021 Filtro motor (unid.) 1 200 0,0873 Filtro diesel (unid.) 1 200 0,0763 Filtro sedimentador (unid.) 1 200 0,0805 Graxa (kg) 0,05 1 0,4655 Filtro direção hidráulica (unid). 1 100 0,2924 Líquido arrefecedor (L) 0,3 100 0,0682

Dados fornecidos pelo fabricante

A depreciação (Tabela 10) foi calculada com base no método linear, onde o bem

é desvalorizado durante sua vida útil a uma cota constante, conforme a seguinte

fórmula: D = (Vi – Vf) /N.H; onde: D = Depreciação em R$/hora ou dia; Vi = valor inicial

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(novo); Vf = valor final; N = vida útil (anos) e H = horas de uso no ano. Considerou-se

um valor final para o trator igual a 20% do valor novo, enquanto para os implementos foi

considerado igual a zero.

No custo-hora das operações, utilizou-se o somatório dos custos-hora com trator,

implementos e combustível gastos em cada operação (Tabela 11).

Tabela 10. Valor, vida útil e depreciação de máquinas, equipamentos por hora de uso, e casa de vegetação por dia, em reais (R$) de agosto de 2007.

Máquinas/Equipamentos Valor novo (R$) Vida Útil

(anos) Horas de uso no

ano Depreciação

(R$ h-1)

Trator 72cv 93.012,19 10 1000 7,44

Rotoencanteirador 7.257,97 8 480 1,89

Pulverizador Costal (20 L) 157,78 5 120 0,26

Motobomba – 1cv 452,31 10 300 0,15

Arado de 3 discos de 26" 4.516,57 7 480 1,34

Carrinho de mão 126,23 4 270 0,12

Valor novo (R$) Vida Útil (anos)

Utilização (dias ano-1)

Depreciação (R$ dia-1)

Casa de vegetação (614,4 m2 ) 10.549,25 10 365 2,89

Tubo gotejado para o pepino com duas linhas (588 m) 435,12 2 304 0,72

Tubo gotejado para o pepino com uma linha (294 m) 217,56 2 304 0,36

Tubo gotejado para a alface americana (882 m) 652,68 2 304 1,07

Tubo gotejado para a alface crespa (1176 m) 870,24 2 304 1,43

Moirões para o pepino com uma linha (24 unid.) 504,96 15 330 0,10

Catracas para o pepino com uma linha (72 unid.) 162,72 8 330 0,06

Moirões para o pepino com duas linhas (48 unid.) 1.009,92 15 330 0,20

Catracas para o pepino com duas linhas (144 unid.) 325,44 8 330 0,12 Arame para o pepino com uma linha (50,4 kg) 336,67 3 330 0,34

Arame para o pepino com duas linhas (100,8 kg) 673,44 3 330 0,68

3.4.14.3 Determinação das Receitas Bruta e Lucro Operacional

A população de alface crespa e americana, em ambos os sistemas de cultivo

(consórcio e monocultura), foram de 4.608 e 2.469 plantas em quatro e três linhas de

cultivo no canteiro, respectivamente, enquanto as populações de pepino foram de 1.152

e 576 plantas, respectivamente, para os cultivos com duas e uma linha de plantas no

canteiro. Ambas as culturas foram transplantadas em seis canteiros com 48 m de

comprimento e 1,20 m de largura, correspondente a uma área útil de 288 m2.

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Tabela 11. Custo-hora da máquina (Chm) e implementos (Chi) utilizados nas operações, em reais (R$) de agosto de 2007.

Operações Consumo de combustível (L h-1)4 Chm Chi1 Custo hora

(R$) Aração 11 34,71 1,29 35,99 Rotoencanteiramento 11 34,71 2,06 36,77 Limpeza do terreno1 - - 0,13 0,13 Aplicação de esterco2 11 34,71 2,06 36,77 Aplicação de Defensivos1 - - 0,13 0,13 Irrigação - - 0,15 0,15 Colheita manual3 - - 0,14 0,14 1 Pulverizador costal (20 L); 2 Incorporação do esterco bovino com rotoencanteirador; 3Carrinho de mão; 4Preço do combustível = R$ 2,03 L-1.

A massa média da alface nas diferentes épocas de transplante (0, 10, 20 e 30

DAT do pepino) foi utilizada para classificar a alface, de acordo com HORTIBRASIL

(2006), em classe 5 (sem limite < 100 g planta-1); classe 10 (100 � a < 150 g planta-1);

classe 15 (150 � a < 200 g planta-1); classe 20 (200 � a < 250 g planta-1); classe 25 (250

� a < 300 g planta-1); classe 30 (300 � a < 350 g planta-1); classe 35 (350 � a < 400 g

planta-1); classe 40 (400 � a < 450 g planta-1) e classe 45 (450 � a < 500 g planta-1). A

classificação adotada para o pepino, que baseia-se no comprimento dos frutos,

segundo HORTIBRASIL (2006), foi: classe 15 (15 � a < 20 cm), classe 20 (20 � a < 25

cm) e classe 25 (�25 cm).

Dado a dificuldade de obtenção do preço recebido pelo produtor de pepino e

alface, na região de Jaboticabal-SP, utilizou-se o preço do setor atacadista (CEAGESP,

2006), deduzindo-se 30% que corresponde às despesas do produtor com embalagem,

frete, carga e descarga, contribuição especial da seguridade social rural (CESSR) e

comissões. Os preços cotados no mês da colheita foram transformados em preços reais

utilizando-se o IGP-DI, para agosto de 2007 (Tabela 12).

Para o pepino, fez-se a média dos preços durante os meses de colheita, outubro

a novembro, enquanto para os cultivos de alface foram usados os preços do produto

nos meses das colheitas dos tratamentos. Para a alface crespa as colheitas foram

realizadas em 6, 16 e 26 outubro e em 5 de novembro, respectivamente, para os

transplantes realizados aos 0, 10, 20 e 30 DAT do pepino, enquanto para alface

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americana foram realizadas em 26 de outubro e em 7, 10 e 22 de novembro,

respectivamente, para os transplantes realizados aos 0, 10, 20 e 30 DAT do pepino.

O lucro operacional (LO) constitui-se na diferença entre a receita bruta e o custo

operacional total (COT). O índice de eficiência no uso da área (EUA) também foi usado

para avaliar a eficiência dos sistemas consorciados.

Tabela 12. Preços reais médios mensais, por quilograma, de alface e pepino, transformados utilizando-se o IGP, para valores (R$) de agosto de 2007.

Preços3 Hortaliças CCC1 IBQH2 Outubro Novembro

Especial Classes 15 e 20 0,56 0,53 Extra Classes ≥ 25 0,76 0,74 Alface crespa Primeira Classe ≤ 10 0,37 0,35 Especial Classes 30 e 40 0,47 0,49 Extra Classes ≥ 45 0,67 0,71 Alface

Americana Primeira Classe ≤ 25 0,26 0,29 Extra Tortos 0,39 0,36 Extra A Classe 25 0,60 0,53 Pepino Extra AA Classes 15+20 0,84 0,73

1Classificação comum de permissionarios na CEAGESP; 2Classificação de acordo com a proposta do Instituto Brasileiro de Qualidade em Horticultura; 3 Preço pago ao produtor estimado com base no preço do atacado (CEAGESP-SP).

3.5 Análise estatística

Em cada experimento, para análise dos dados de características relativas ao

pepino, a análise de variância foi realizada com cinco tratamentos (4 consórcios e 1

monocultura de pepino), sob delineamento de blocos ao acaso, com quatro repetições,

exceto para as características teor de nitrogênio e potássio na massa seca de folhas

que foi realizada com três repetições.

Para as características relativas à alface crespa e americana, exceto os teores

de nitrogênio e potássio, as análises de variância foram realizadas com oito

tratamentos, resultados da combinação de dois fatores avaliados (sistema de cultivo:

consórcio e monocultura e épocas de transplante da alface: 0, 10, 20, 30 dias após o

transplante do pepino), sob delineamento de blocos ao acaso, em esquema fatorial 2 x

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4, com quatro repetições. Para o teor de nitrogênio e potássio na massa seca de folhas,

as análises de variância foram realizadas segundo delineamento de blocos ao acaso,

com cinco tratamentos (4 consórcios e 1 monocultura estabelecida 0 DAT do pepino) e

três repetições.

Para os atributos químicos do solo, cada experimento foi realizado em parcelas

subdivididas, com os fatores: tratamento principal (4 consórcios e 1 monocultura de

pepino ou alface) e duas épocas de amostragem de solo (antes da implantação e

depois do termino do experimento), como tratamento secundário, sob delineamento de

blocos ao acaso.

As análises de variância dos dados do índice de eficiência no uso da área (EUA)

foram realizadas com quatro tratamentos (0, 10, 20 e 30 DAT do pepino), sob

delineamento de blocos ao acaso, com quatro repetições.

Procedeu-se à análise de variância conjunta dos oito experimentos, caracterizados

na Tabela 13, para cada característica, exceto para o número de folhas por planta de

alface e para os atributos químicos do solo. Quando se observou efeito significativo (Teste

F, P<0,05) da interação experimentos x tratamentos, os tratamentos foram discutidos

separadamente para cada experimento. Caso contrário, ateve-se à interpretação do

resultado da análise de variância conjunta.

Tabela 13. Caracterização dos experimentos para análise de variância conjunta.

Experimentos Siglas Caracterização

1 C2L05 Consórcio de alface crespa ‘Verônica’ com 2 linhas de pepino cultivado na primeira época de cultivo (2005).

2 C1L05 Consórcio de alface crespa ‘Verônica’ com 1 linha de pepino cultivado na primeira época de cultivo (2005).

3 C2L06 Consórcio de alface crespa ‘Verônica’ com 2 linhas de pepino cultivado na segunda época de cultivo (2006).

4 C1L06 Consórcio de alface crespa ‘Verônica’ com 1 linha de pepino cultivado na segunda época de cultivo (2006).

5 A2L05 Consórcio de alface americana ‘Lucy Brown’ 2 linhas de pepino cultivado na primeira época de cultivo (2005).

6 A1L05 Consórcio de alface americana ‘Lucy Brown’ com 1 linha de pepino cultivado na primeira época de cultivo (2005).

7 A2L06 Consórcio de alface americana ‘Lucy Brown’ 2 linhas de pepino cultivado na segunda época de cultivo (2006).

8 A1L06 Consórcio de alface americana ‘Lucy Brown’ com 1 linha de pepino cultivado na segunda época de cultivo (2006).

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Foram utilizados os programas SAS e ESTAT para realização das análises. Para

época de transplante da alface e, conseqüentemente, do estabelecimento do consórcio,

foi realizada análise de regressão e definido o melhor ajuste segundo combinação de

significância e maior coeficiente de determinação. Os gráficos foram gerados no

programa Microsoft Excel. Realizou-se o estudo de regressão para o índice de

eficiência no uso da área, em função da época de transplante da alface em relação ao

pepino.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Cultura do pepino

Através da análise conjunta observa-se que não houve interação significativa

entre os experimentos (Tabela 13) e tratamentos (Tabela 1) para todas as

características avaliadas. Foi observado efeito isolado somente dos experimentos, ou

seja, a ausência de efeito do fator tratamento nas características avaliadas significa que

os resultados obtidos em cultivo consorciado com alface não diferem dos obtidos em

monocultura (Tabelas 14 e 15).

Tabela 14. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para produtividade total (PT), comercial (PC) e de frutos tortos (PFT), número de frutos totais (NFT), comerciais (NFC) e tortos (NFTOR) de plantas de pepino ‘Hokushin’, em função dos experimentos e tratamentos.

Causas de Variação PT PC PFT NFT NFC NFTOR

Experimentos (E) 138,58** 187,79** 31,08** 225,62** 520,80** 24,78** Tratamentos (T) 0,33ns 0,41ns 0,78ns 0,22ns 1,04ns 0,08ns

E x T 0,63ns 0,56ns 0,74ns 0,33ns 0,40ns 0,49ns

C.V. (%) 10,88 12,71 41,81 8,93 7,67 36,98 ** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

As produtividades e número total, comercial (classe 15+20) e de frutos tortos de

pepino não foram influenciadas significativamente pelos sistemas de cultivo,

independentemente dos experimentos realizados (Tabela 16), ou seja, as

produtividades total, comercial e de frutos tortos de pepino obtidas em monocultura não

diferiram das obtidas em cultivo consorciado, independente da cultivar. Consorciando

as culturas do tomate e alface, CECÍLIO FILHO (2005) e REZENDE et al. (2005d)

também não constataram influência da alface na produtividade da cultura do tomate e

classificação dos frutos. Quando avaliaram a viabilidade da consorciação de pimentão

com repolho, rúcula, alface e rabanete, REZENDE et al. (2006) também observaram

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que a planta de pimentão, com rápido estabelecimento de seu dossel fotossintético

acima das demais culturas em associação, não teve a produtividade e classificação dos

frutos influenciada significativamente pelo sistema de cultivo (consórcio e monocultura).

Tabela 15. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação para classificação percentual de frutos de pepino na classe 15+20 (C15+20), classe 25 (C25) e de frutos tortos (CFT) de pepino ‘Hokushin’, em função dos experimentos e tratamentos.

Causas de Variação C15+20 C25 CFT Experimentos (E) 95,34** 5,40** 63,72** Tratamentos (T) 0,23ns 1,07ns 0,76ns

E x T 1,90ns 1,50ns 0,65ns

C.V. (%) 6,13 43,70 35,65 ** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

Tabela 16. Produtividade total, comercial (classe 15+20 e 25) e de frutos tortos, e número de frutos totais, comerciais e de frutos tortos de pepino ‘Hokushin’, em função dos sistemas de cultivo.

Produtividade (kg m-2) Número de frutos planta-1 Tratamentos Total Comercial Tortos Total Comercial Tortos

Consórcio – 0 DAT 8,562 A* 7,115 A 0,962 A 25,71 A 22,00 A 0,79 A Consórcio – 10 DAT 8,532 A 7,396 A 0,861 A 25,49 A 21,83 A 0,78 A Consórcio – 20 DAT 8,329 A 7,212 A 0,806 A 25,38 A 21,49 A 0,78 A Consórcio – 30 DAT 8,530 A 7,305 A 0,874 A 25,23 A 21,33 A 0,79 A Monocultura de pepino 8,510 A 7,248 A 0,905 A 25,30 A 21,36 A 0,79 A Média 8,493 7,255 0,882 24,42 21,60 0,79

* Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

As classificações percentuais de frutos de pepino na classe 15+20, classe 25 e

tortos não foram influenciadas pelos sistemas de cultivo, como também observado para

produtividade e número de frutos (Tabela 17).

De acordo com os resultados observados, verifica-se ausência de interferência

das plantas de alface crespa e americana sobre as de pepino, provavelmente seja pela

diferença entre as espécies quanto à arquitetura, porte, velocidade de crescimento e

ocupação do terreno. O crescimento muito lento das plantas de alface, tanto nos planos

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vertical quanto horizontal, nos primeiros 15 dias após o transplante, e ciclo curto,

comparativamente ao crescimento predominantemente na vertical das plantas de

pepino, contribuíram para que não houvesse competição por luminosidade, hídrica e

nutricional entre as espécies.

Tabela 17. Classificação percentual de frutos de pepino na classe 15+20, classe 25 e tortos de pepino ‘Hokushin’, em função dos sistemas de cultivo.

Classificação (%)

Tratamentos Classe 15+20 Classe 25 Tortos

Consórcio – 0 DAT 76,12 A* 7,10 A 12,79 A Consórcio – 10 DAT 76,66 A 8,07 A 11,81 A Consórcio – 20 DAT 76,57 A 7,56 A 11,07 A Consórcio – 30 DAT 76,90 A 6,69 A 11,75 A Monocultura de pepino 75,94 A 6,76 A 12,04 A Média 76,44 7,24 11,89

* Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

De acordo com FLESCH (2002), em um sistema de cultivo consorciado, as

espécies normalmente diferem em altura e em distribuição das folhas no espaço, entre

outras características morfológicas, que podem levar as plantas a competir por energia

luminosa, água e nutrientes. Entretanto, o maior crescimento e posição do dossel da

cultura do pepino superior ao da alface foram determinantes para ausência de

interferência por parte da alface; haja vista que a produtividade da cultura do pepino em

consórcio não diferiu da obtida em monocultura, o que leva a crer que o fornecimento

de água e de fertilizantes não foram fatores limitantes para o seu desenvolvimento.

Entre os experimentos, as maiores produtividades totais e comerciais foram

obtidas no experimento 3, 4 e 8 que não diferem entre si (Tabela 18). A produtividade

total, média destes três experimentos, foi de 10,522 kg m-2, sendo superior a 5,780 kg

m-2 (2,890 kg planta-1) e 9,070 kg m-2 (4,535 kg planta-1), obtida por CARDOSO &

SILVA (2003), respectivamente, no verão e outono-inverno, para o pepino ‘Hokushin’

cultivado em ambiente protegido, em monocultura.

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Tabela 18. Produtividade total, comercial (classes 15+20 e 25) e de frutos tortos de pepino ‘Hokushin’, em função dos experimentos.

Produtividade (kg m-2) Experimentos Total Comercial Tortos

Exp1: C2L05 8,706 C* 6,353 C 1,611 A Exp2: C1L05 4,789 D 3,485 D 0,942 B Exp3: C2L06 10,983 A 10,353 A 0,547 C Exp4: C1L06 10,352 A 9,738 A 0,553 C Exp5: A2L05 8,268 C 5,751 C 1,472 A Exp6: A1L05 4,926 D 3,566 D 1,002 B Exp7: A2L06 9,687 B 9,210 B 0,398 C Exp8: A1L06 10,231 A 10,795 A 0,528 C

* Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

Os experimentos 2 e 6, estabelecidos com o plantio de uma linha de plantas de

pepino consorciado com alface americana, na primeira época de cultivo, foram os que

obtiveram menores produtividades, respectivamente, de 4,789 e 4,926 kg m-2 (Tabela

18). Esses mesmos experimentos, na segunda época de cultivo (4 e 8) produziram,

respectivamente, 10,352 e 10,231 kg m-2, refletindo melhores condições do ambiente

para expressão do potencial produtivo do pepino. Efeito positivo das melhores

condições da segunda época de cultivo também foi percebido nos experimentos 1 para

3; 2 para 4; 5 para 7 e 6 para 8, ou seja, independente da cultivar de alface em

consórcio e da população de plantas de pepino, a segunda época de cultivo

proporcionou melhores produtividades.

Por outro lado, o efeito da população de plantas sobre o aumento da

produtividade do pepino demonstrou ser dependente da época de cultivo. Quando

elevou-se a população de plantas de pepino, consórcios, seja com alface crespa ou

americana, apresentaram incremento na produtividade total e comercial de pepino,

enquanto na segunda época não foi constatada diferença entre produtividade total e

comercial de consórcios de 1 e 2 linhas de pepino com alface crespa e houve redução

de produtividade total e comercial em consórcios com alface americana e pepino menos

adensado para o mais adensado (Tabela 18).

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As maiores produções por planta observadas nos consórcios estabelecidos com

o plantio de uma linha de pepino, além do maior número de frutos por planta,

provavelmente seja pela menor competição intraespecífica, o que proporcionou maior

produção de fotoassimilados e, conseqüentemente, favoreceu maior crescimento dos

frutos, o que possivelmente ocorreu em menor intensidade nos consórcios com maior

densidade populacional. Segundo LARCHER (2000), quando as plantas estão muito

próximas uma das outras, maior densidade populacional, há um intenso auto-

sombreamento das superfícies de assimilação e a radiação que atravessa a folhagem

em muitos pontos não é mais suficiente, tendo como conseqüência a produção

diminuída.

De acordo com FONTES & SILVA (2005), o efeito de baixos valores da radiação

fotossinteticamente ativa, pode ser fator limitante não somente na produção da

estrutura vegetativa da planta, mas, principalmente, no direcionamento de reduzida

quantidade de fotoassimilados para a formação de frutos, uma vez que a maior parte

destes são gastos na respiração.

Por outro lado, de um modo geral, as menores produtividades de plantas de

pepino cultivadas na primeira época de cultivo, seja em consórcio com alface crespa ou

com americana, deve-se, também, à elevada incidência de oídio no final do ciclo da

cultura.

A alta incidência de oídio, Sphaerotheca fuliginea, nas folhas das plantas de

pepino, é determinante na redução da área fotossiteticamente ativa do dossel. Isto

provavelmente favoreceu a redução da produção de fotoassimilados destinados ao

desenvolvimento do fruto. Segundo RÊGO & CARRIJO (2000), em função do grande

potencial de colonização, o fungo reduz a superfície funcional das folhas, causando

perdas na produtividade. O oídio tem sido considerado a doença mais problemática da

cultura do pepino sob cultivo protegido no Brasil e, em outros países, tem causado

desfolha de até 75% (DAMICONE & SUTHERLAND, 1999) e perdas de até 40% na

produção de frutos (Daubeze et al., 1995 citado por BLAT et al., 2005).

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A doença diminuiu o período de colheita na primeira época em relação à da

segunda época (54 dias) em 7 dias, o que resultou em menos três colheitas de pepino

na primeira época de cultivo.

Em relação à temperatura, provavelmente as plantas de pepino cultivadas na

segunda época foram também favorecidas pela ocorrência de temperaturas máximas

próximas a 30ºC, na maior parte do período de desenvolvimento da cultura, situado a

níveis mais próximos às faixas de 20 a 25ºC durante o dia e 18 a 22ºC durante a noite,

por SGANZERLA (1990), consideradas como ideais para o pepino. Segundo

CAN�IZARES (1998), a temperatura ótima para o desenvolvimento do pepino está entre

18 e 24ºC. Na primeira época, a maioria das temperaturas máximas foram superiores a

35ºC. Temperaturas acima de 30oC a planta não se desenvolve adequadamente e há

redução significativa do número de flores femininas e, consequentemente, na produção

de frutos (FONTES & PUIATTI, 2005)

Os experimentos 4 e 8 obtiveram maiores números de frutos totais e comerciais

(Tabela 19), o que explica as maiores produtividades total e comercial destes junto ao

experimento 3, que não deferiram entre si (Tabela 18). Os experimentos 4 e 8 tiveram

quantidades intermediárias de frutos tortos na amplitude observada (Tabela 19) que, por

terem apresentado elevado número total de frutos, foram os de maior número de frutos

comerciais e, conseqüentemente, os mais produtivos.

Tabela 19. Número de frutos totais, comerciais e tortos de pepino ‘Hokushin’, em função dos experimentos.

Número de frutos planta-1

Experimentos Total Comercial Tortos Exp1: C2L05 20,55 C* 14,83 DC 3,78 AB Exp2: C1L05 21,71 CB 16,33 C 3,97 A Exp3: C2L06 22,96 B 21,67 B 1,13 D Exp4: C1L06 37,48 A 34,33 A 2,80 BC Exp5: A2L05 19,57 C 14,34 D 3,45 AB Exp6: A1L05 21,53 CB 16,01 C 3,99 A Exp7: A2L06 21,71 CB 20,33 B 1,23 D Exp8: A1L06 37,85 A 35,01 A 2,41 C

* Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

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Os números de frutos totais obtidos nos diferentes experimentos (Tabela 19)

foram superiores ao encontrado por CARDOSO & SILVA (2003), 19,42 frutos planta-1

com ‘Hokushin’, cultivado no verão, em ambiente protegido, embora o período de

colheita deste (45 dias) tenha sido menor do que os 54 dias observados no cultivo de

verão-outono e muito próximo aos 47 dias constatados no inverno-primavera.

A maior incidência de frutos tortos observados nos Experimentos 1, 2, 5 e 6

(Tabela 19), cultivados na primeira época de cultivo, possivelmente foi favorecida pela

ocorrência de oídio nas folhas de pepino e altas temperaturas, e auxilia na explicação

do motivo pelo qual na segunda época de cultivo foram obtidas maiores produtividades

total e comercial.

O impedimento físico, ocasionado pelas folhas, caule e tutor, algum tipo de

estresse como picada de inseto em um lado do fruto jovem, temperaturas extremas,

umidade excessiva, adubação desbalanceada e polinização irregular dos óvulos, são

outros fatores relatados por FONTES & PUIATTI (2005) como promotores de

entortamento de frutos de pepino.

Kanahama & Saito (1985a) citado por NOMURA & CARDOSO (2000)

observaram que a quantidade de frutos tortos aumentava, assim como reduzia o

crescimento dos frutos, quando havia insuficiência no suprimento de fotoassimilados

devido à redução de área foliar e ao sombreamento. Isto foi constatado por NOMURA &

CARDOSO (2000) quando avaliaram a redução da área foliar e o rendimento do pepino

Japonês. Os autores verificaram que a desfolha de 25% da planta de pepino não afetou

significativamente a produção e a qualidade dos frutos comparativamente ao tratamento

padrão (sem desfolha). Segundo os autores este resultado talvez seja porque as folhas

remanescentes sejam estimuladas a aumentar a taxa fotossintética e compensam uma

pequena perda de área foliar. Em contrapartida, quando fizeram uma desfolha drástica,

redução de 75% das folhas, observaram maior percentagem de frutos tortos, mostrando

a importância da área foliar não só na produção de frutos como também na qualidade

dos mesmos.

Semelhante ao verificado para a produtividade, as maiores percentagens de

frutos na classe 15+20, considerado padrão de comercialização, foram observadas que

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os experimentos 3, 4, 7 e 8, ou seja, relativos aos cultivos da segunda época, não

diferiram entre si e apresentaram (Tabela 20), em média, 85,92% dos frutos. Nestes

experimentos em que houve elevada percentagem de frutos na classe 15+20, foram

observadas as menores percentagens de frutos tortos, que também não diferiram entre

si e corresponderam, em média, a 4,83% da produtividade total (Tabela 20). O contrário

foi observado para os experimentos 1, 2, 5 e 6, que não diferiram entre si, média de

66,96% de frutos na classe 15+20 e apresentaram maior percentagem de frutos tortos,

média de 18,84% (Tabela 20).

Tabela 20. Classificação percentual de frutos de pepino na classe 15+20, classe 25 e tortos de pepino ‘Hokushin’, em função dos experimentos.

Classificação (%)

Experimentos Classe 15+20 Classe 25 Tortos Exp1: C2L05 66,38 B* 6,65 BC 18,41 A Exp2: C1L05 66,31 B 6,62 BC 19,49 A Exp3: C2L06 86,15 A 8,16 AB 4,92 B Exp4: C1L06 85,06 A 9,03 AB 5,34 B Exp5: A2L05 68,28 B 4,90 C 17,55 A Exp6: A1L05 66,85 B 6,02 BC 19,89 A Exp7: A2L06 88,48 A 6,65 BC 4,06 B Exp8: A1L06 83,99 A 9,86 A 5,00 B

* Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

A baixa percentagem de frutos na classe 25 observada em todos os

experimentos, Tabela 20, deve-se à periodicidade de três colheitas na semana. Isto

proporcionou a colheita da maioria dos frutos com comprimento inferior a 25 cm, sendo

este o comprimento preferencial do mercado consumidor de pepino japonês.

4.2 Cultura da alface

De acordo com a análise conjunta, houve diferença significativa (P<0,01) entre

os experimentos, sistemas de cultivo (consórcio e monocultura) e épocas de transplante

da alface em relação ao transplante do pepino, sobre a massa fresca total, de plantas

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internas e externas, massa seca total, de plantas internas e externas do canteiro e

diâmetro da parte aérea de alface (Tabela 21). Por este motivo, realizou-se a análise de

variância para cada experimento, separadamente, para as características avaliadas na

cultura da alface.

Tabela 21. Valores de F, significância e coeficientes de variação (C.V.) para massa fresca total (MFT), de plantas internas (MFPI) e externas (MFPE); massa seca total (MST), de plantas internas (MSPI) e externas (MSPE) do canteiro e diâmetro da parte aérea de plantas de alface, em função dos experimentos (E), sistemas de cultivo (SC) e épocas de transplante da alface (ET) em relação ao transplante do pepino ‘Hokushin’.

Causas de Variação MFT MFPI MFPE MST MSPI MSPE D

E 200,73** 178,44** 90,29** 260,32** 162,26** 146,13** 90,78** SC 4453,52** 3903,71** 1798,82** 2874,63** 2053,29** 1325,77** 527,49** ET 209,24** 122,95** 130,80** 74,88** 31,19** 59,31** 136,24** SC x ET 66,65** 29,97** 54,04** 43,84** 16,19** 40,28** 9,68** E x SC 19,68** 9,27** 20,44** 10,68** 4,51** 15,03** 75,34** E x ET 11,79** 10,11** 7,38** 4,24** 3,00** 3,34** 13,45** E x SC x ET 3,70** 3,71** 3,19** 3,20** 2,85** 3,16** 2,55** C.V. (%) 10,49 13,43 13,51 11,82 16,57 14,45 4,44 ** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.

Para o experimento 1, consórcio de alface crespa com duas linhas de pepino, na

primeira época de cultivo (27/08 a 22/11/05), foi verificado que a interação dos fatores

sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao transplante do

pepino influenciaram significativamente a massa fresca total (MFT) e de plantas de

alface crespa localizadas nas linhas internas (MFPI) e externas (MFPE) do canteiro.

Também, a interação sistemas de cultivo e épocas de transplante da alface foi

significativo para estas características (Tabela 22).

Enfim, constatou-se que MFT, MFPI e MFPE responderam diferentemente à

combinação de sistemas de cultivo e épocas de transplante da alface em relação ao

pepino. As diferenças de respostas das características foram maiores principalmente

entre os sistemas de cultivo, mas também foram observadas dentro de cada sistema de

cultivo (Figura 7). Com o atraso no transplante da alface houve redução na MFT, MFPI

e MFPE até 30 DAT do pepino.

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Tabela 22. Valores de F, significância e coeficientes de variação (C.V.) para massa fresca total (MFT) e de plantas de alface crespa ‘Verônica’ localizadas nas linhas internas (MFPI) e externas (MFPE) do canteiro, em função do sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao do pepino ‘Hokushin’ (Experimento 1).

Causas de Variação MFT MFPI MFPE

Sistema de cultivo (SC) 390,81** 342,72** 83,15** Época de transplante (ET) 78,24** 66,38** 18,01** SC x ET 22,57** 15,35** 6,44** C.V. (%) 10,27 12,47 19,35

** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.

Em monocultura, as plantas sofreram influência significativa da época de

transplante da alface, atingindo valores máximos de MFT e MFPI de alface 0 DAT do

pepino, decrescendo até atingir o valor mínimo quando as plantas de alface foram

transplantadas 18 DAT do pepino, em ambas as características (Figura 7). A partir

deste ponto, as alfaces aumentaram de massa, atingindo aos 30 DAT, praticamente as

mesmas massas (MFT e MFPI) obtidas com 10 DAT do pepino. Para MFPE não houve

diferença significativa entre as épocas e ajuste de equação polinomial, talvez por situar-

se nas laterais do canteiro e não sofrer, tanto quanto as plantas centrais do canteiro,

pelo sombreamento.

A redução na MFT e MFPI de alface transplantadas até 18 DAT do pepino, em

condições de monocultura, provavelmente seja pela maior freqüência de dias com picos

de temperaturas máximas acima de 30ºC, no interior da casa de vegetação. Segundo

CERMEN�O (1996), temperaturas acima de 30ºC interrompem o crescimento da alface e

KNOTT (1962) considera as temperaturas do ar entre 15 e 24ºC com as mais favoráveis

ao crescimento e produção de plantas de alface de boa qualidade.

A MFT obtida pela alface, em monocultura, 0 DAT do pepino (3.772 g m-2), média

de 235,75 g planta-1, foi inferior a 5.039 g m-2 obtida por LIMA et al. (2004), para alface

‘Verônica’ cultivada no espaçamento 0,20 x 0,30 m, em condições de campo e no

período de março a abril de 2002, em Ribeirão Preto, SP. No entanto, foi superior à

obtida em consórcio, também ao 0 DAT, que possibilitou a melhor produtividade neste

sistema, que foi de 2.856 g m-2.

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0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

Mas

sa fr

esca

(g m

- ² )

MFTCon y = 2855,6 - 139,2525x + 1,978750x² R² = 0,99**

MFTMon y = 3772,325 - 129,7675x + 3,62125x² R² = 0,96**

MFPECon y = 2806,975 - 80,0775x R² = 0,98**

MFPEMon y = 3062

MFPICon y = 2799,813 - 167,0688x + 2,911875x² R² = 0,99**

MFPIMon y = 3936,45 - 162,1550x + 4,6275x² R² = 0,96**

Figura 7. Massa fresca total (MFT) e de plantas de alface crespa ‘Verônica’ localizadas

nas linhas internas (MFPI) e externas (MFPE) do canteiro, cultivada em consórcio (Con) e monocultura (Mon), em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ’Hokushin’ (Experimento 1).

Em consórcio, o atraso no transplante da alface em relação ao pepino teve efeito

negativo na MFPI, MFPE e MFT, que tiveram valores máximos quando a alface foi

transplantada no mesmo dia que o pepino, 2.800, 2.807 e 2.856 g m-2, respectivamente

para MFPI, MFPE e MFT (Figura 7). O atraso em apenas 10 dias no transplante da

alface em relação ao pepino acarretou em redução de 49,3; 28,5 e 41,8%,

respectivamente, na MFPI, MFPE e MFT. Com 30 DAT do pepino, as MFPI, MFPE e

MFT corresponderam a somente 14,6; 14,4 e 16,1%.

Essa elevada redução na produtividade de plantas de alface em cultivo

consorciado, seja MFPI, seja MFPE, à medida que se atrasou o transplante da alface

em relação ao transplante do pepino é resultado do grau de competição das plantas de

pepino sobre as de alface, principalmente por luz. O crescimento rápido do pepino,

conduzido verticalmente (tutorado) e, conseqüentemente, rápida formação de área

foliar e interceptação da radiação solar demonstrou intensidades distintas de

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sombreamento às alfaces de diferentes épocas de estabelecimento do consórcio com

interferência na complementaridade temporal das espécies consorciadas. À medida que

se atrasou o transplante da alface, menor foi o grau de complementaridade temporal,

pois a alface teve desde o início de seu desenvolvimento menor intensidade de

radiação solar disponível. Conseqüentemente, a assimilação líquida (produção e

consumo de fotoassimilados) foi continuamente decrescente com transplantes da alface

realizados mais atrasados em relação ao pepino.

De acordo com LARCHER (2000), nas florestas e nas densas copas das árvores,

somente a fotossíntese das folhas situadas nas porções mais externas são saturadas

algumas vezes pela radiação. No interior e abaixo da cobertura da copa (onde a

radiação difusa penetra melhor que a radiação direta dos raios solares), a intensidade

do trabalho fotossintético diminui proporcionalmente ao decaimento da intensidade

luminosa, consequentemente a produção de fotoassimilados. Desta forma, de acordo

com WILLEY (1979b), quando as diferenças temporais entre duas culturas são

reduzidas, as vantagens de rendimento para as culturas diminuem dada a reduzida

complementaridade temporal entre elas. Assim, prejuízos de uma cultura sobre outra

sob ponto de vista de interceptação da radiação podem determinar o fracasso de

cultivos consorciados.

A perda de 68,81 e 83,93% na MFT de plantas de alface transplantadas,

respectivamente, 20 e 30 DAT do pepino, em relação ao transplante realizado no

mesmo dia (0 DAT), refletiu negativamente na produtividade comercial da alface (Figura

7). As plantas de alface produzidas nos consórcios estabelecidos aos 20 e 30 DAT do

pepino apresentaram-se estioladas, com látex e limbo foliar estreito e alongado, sem

características comerciais. Esta desordem fisiológica também foi observada por

CECÍLIO FILHO (2005) e REZENDE et al. (2005d), quando a alface ‘Vera’ foi

consorciada com tomate, respectivamente, aos 30 e a partir dos 28 DAT do tomate.

Quando uma planta está sob outras a quantidade de luz que alcança suas folhas pode

tornar-se limitante, tendo o crescimento de caules e folhas severamente limitados

(GLIESSMAN, 2005)

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51

Somente foram obtidas plantas de alface com características comerciais quando

foram transplantadas 0 e 10 DAT do pepino, apresentando MFT em média de 178,48 e

103,81 g planta-1, respectivamente. REZENDE et al. (2005d), consorciando alface

crespa ‘Vera’ com tomate, no período julho a novembro de 2001, semelhante à época

de cultivo em análise (27/08 a 22/11), obtiveram plantas comerciais localizadas nas

laterais do canteiro com 112,51 e 98,33 g planta-1, respectivamente, aos 0 e 14 DAT do

tomate.

Para massa seca total (MST) e de plantas de alface crespa localizadas nas

linhas internas (MSPI) e externas (MSPE) do canteiro, verificou-se efeito significativo da

interação dos fatores sistema de cultivo e época de transplante da alface somente para

MST e MSPI de alface, enquanto para MSPE houve efeito isolado dos fatores (Tabela

23).

Tabela 23. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para massa seca total (MST) e de plantas de alface crespa ‘Verônica’ localizadas nas linhas internas (MSPI) e externas (MSPE) do canteiro, em função do sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao do pepino ‘Hokushin’ (Experimento 1).

Causas de Variação MST MSPI MSPE

Sistema de cultivo (SC) 157,56** 140,18** 74,11** Época de transplante (ET) 9,55** 4,87** 7,47** SC x ET 5,05** 5,52** 1,87ns

C.V. (%) 17,31 20,64 22,37 ** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

A maior MST de alface, em cultivo consorciado, foi obtida 0 DAT do pepino. Em

monocultura, a MST de plantas de alface não se ajustou à equação polinomial e

apresentou em média 169,83 g m-2 (Figura 8), sendo superior a 137,53 g m-2 obtida por

LIMA et al. (2004) para a alface ‘Verônica’, cultivada em condições de campo no

espaçamento 0,20 x 0,30 m.

A MSPE de alface em monocultura (172,42 g m-2) foi 103,25% superior à obtida

em cultivo consorciado.

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52

A MSPE e MSPI de alface apresentaram comportamento linear decrescente com

o atraso da época de transplante da alface, ou seja, tanto para o cultivo consorciado

quanto para a monocultura, o atraso no transplante da alface em relação ao pepino

proporcionou menores MSPE e MSPI de alface (Figura 8). Maior MSPE de alface,

independente do sistema de cultivo, foi obtido ao 0 DAT do pepino (164,93 g m-2) com

redução de 56% quando a alface foi transplantada 30 DAT do pepino (72,33 g m-2).

De acordo com os resultados obtidos para massa fresca e seca, tem-se que as

maiores produtividades de alface crespa foram obtidas em condições de monocultura,

sendo que as reduções foram mais pronunciadas quanto mais tardio foi o transplante

da alface em consórcio com o pepino. Estes resultados assemelham aos obtidos por

CECÍLIO FILHO (2005), consorciando alface crespa ‘Vera’ e tomate ‘Débora Max’ no

período de 30/01 a 9/09/03, onde a massa fresca e seca de plantas de alface

localizadas interna e externamente no canteiro, em monocultura, foram superiores às

obtidas em cultivo consorciado.

0

40

80

120

160

200

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

Mas

sa s

eca

(g m

- ² )

MSTCon y = 120,666 - 3,0064x R² = 0,96**

MSTMon y = 169,83

MSPE y = 164,932 - 3,0868x R² = 0,92**

MSPICon y = 109,502 - 2,8778x R² = 0,93**

MSPIMon y = 172,5175 - 1,39825x R² = 0,73*

Figura 8. Massa seca total (MST) e de plantas de alface crespa ‘Verônica’ localizadas

nas linhas internas (MSPI) e externas (MSPE) do canteiro, cultivada em consórcio (Con) e monocultura (Mon), em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ’Hokushin’ (Experimento 1).

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53

Assim como observado para MFPE e MFPI de alface, a MSPE e MSPI também

reduziram com o aumento do número de dias para o estabelecimento do consórcio.

Esta redução foi mais pronunciada para as plantas localizadas nas linhas internas

(centrais) do canteiro do que constatado para as plantas localizadas nas laterais do

canteiro. No cultivo consorciado de alface 10 DAT do pepino, houve uma redução de

26,28% no acúmulo de MSPI, enquanto para as plantas externas constatou-se uma

redução de 18,72%. Este resultado pode ser atribuído ao intenso sombreamento

proporcionado pelas plantas de pepino às plantas de alface localizadas nas linhas

internas do canteiro, sendo reduzido com o plantio da alface nas linhas externas do

canteiro, o que proporcionou maior incidência da radiação solar. As maiores reduções

no acúmulo de massa fresca e seca de plantas de alface localizadas nas linhas internas

do canteiro concordam com os observados por REZENDE et al. (2005d).

O diâmetro (D) da parte aérea de plantas de alface crespa foi influenciado

significativamente apenas pela época de transplante da alface em relação ao

transplante do pepino (Tabela 24), ou seja, a época de transplante da alface independe

do sistema de cultivo para o diâmetro de plantas de alface.

O D médio da parte aérea de plantas de alface, em monocultura ou em

consórcio, foi de 33,84 cm. Este resultado discorda do encontrado por CECÍLIO FILHO

(2005) quando consorciou tomate e alface crespa ‘Vera’, no qual obteve-se influência

significativa dos sistemas de cultivo, com pequena superioridade do D obtido em

monocultura (32,8 cm) em relação ao de plantas em consórcio (30,9 cm).

Tabela 24. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para diâmetro (D) da parte aérea e número de folhas (NF) de plantas de alface crespa ‘Verônica’, em função do sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao do pepino ‘Hokushin’ (Experimento 1).

Causas de Variação D NF

Sistema de cultivo (SC) 3,95ns 50,67** Época de transplante (ET) 8,43** 6,63** SC x ET 1,23ns 9,53** C.V. (%) 5,81 10,61

** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

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54

Em relação à época do transplante da alface, quanto mais tardio em relação ao

transplante do pepino, menor foi o D das plantas de alface (Figura 9). Entre 0 DAT e 30

DAT do pepino, houve uma redução de 13% no D da parte aérea de plantas de alface,

independente dos sistemas de cultivo.

O número de folhas (NF) de plantas de alface ‘Verônica’ foi influenciado

significativamente pela interação entre os fatores sistema de cultivo e época de

transplante da alface em relação ao transplante do pepino (Tabela 24).

10

12

14

16

18

20

22

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

Núm

ero

de fo

lhas

pla

nta

-1

31

32

33

34

35

36

37

Diâ

met

ro (c

m)

NFCon y = 19,11285 - 0,263765x R² = 0,98**

NFMon y = 20,45D y = 36,133 - 0,153325x R² = 0,96**

Figura 9. Diâmetro (D) da parte aérea e número de folhas (NF) de plantas de alface

crespa ‘Verônica’, cultivada em consórcio (Com) e monocultura (Mon), em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ’Hokushin’ (Experimento 1).

Em condições de consórcio, o NF por planta de alface apresentou resposta linear

decrescente com o atraso no transplante da alface. O maior NF por planta (19,11) foi

obtido 0 DAT do pepino e reduziu para 11,20 folhas planta-1, aos 30 DAT do pepino. Por

outro lado, em monocultura, o NF por planta de alface não foi influenciado pela época

de transplante da alface, apresentando, em média, 20,45 folhas planta-1 (Figura 9).

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55

Resultado semelhante foi obtido por FIGUEIREDO (2002), que ao avaliar a

interação genótipo e ambiente de cultivares de alface na região de Jaboticabal-SP, no

período de agosto a novembro de 2001, em cultivo protegido, verificou para alface

crespa ‘Verônica’, sem cobertura do solo, 20,40 folhas planta-1.

Nota-se que a acentuada redução na massa de plantas in natura ou seca foi

muito melhor explicada pela redução no NF do que no D, além da menor área foliar,

que não foi quantificada, mas anteriormente já explicado que as folhas ficaram

alongadas, estreitas e estioladas com o atraso no transplante da alface em relação ao

pepino.

No experimento 2, consórcio de alface crespa com uma linha de pepino, na

primeira época de cultivo (27/08 a 22/11/05), a massa fresca total (MFT) e de plantas de

alface crespa localizadas nas linhas internas (MFPI) e externas (MFPE) do canteiro

foram influenciadas significativamente pela interação dos fatores sistema de cultivo e

época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino (Tabela 25).

Tabela 25. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para massa fresca total (MFT) e de plantas de alface crespa ‘Verônica’ localizadas nas linhas internas (MFPI) e externas (MFPE) do canteiro, em função do sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao do pepino ‘Hokushin’ (Experimento 2).

Causas de Variação MFT MFPI MFPE

Sistema de cultivo (SC) 390,95** 581,51** 137,88** Época de transplante (ET) 48,25** 31,11** 47,97** SC x ET 13,95** 4,41* 22,20** C.V. (%) 8,14 8,57 9,58

** e * significativo, respectivamente, a 1% e 5% de probabilidade pelo teste F.

As respostas da alface quanto a MFT, MFPI e MFPE de alface foram

semelhantes dentro de cada sistema de cultivo (Figura 10). Em consórcio, os maiores

acúmulos de MFT (4.479 g m-2), MFPI (4.996 g m-2) e MFPE (4.114 g m-2) de alface

ocorreram com o transplante da alface 0 DAT do pepino. A partir deste momento, a

MFT, MFPI e MFPE de alface decresceram com o atraso do transplante da alface até

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25, 22 e 24 DAT do pepino, respectivamente, quando foram obtidas as menores MFT

(1.528 g m-2), MFPI (1.522 g m-2) e MFPE (1.521 g m-2). Transplantes posteriores até 30

DAT do pepino promoveram incremento de apenas 5, 12 e 11%, respectivamente, na

MFT, MFPI e MFPE de alface, o que demonstra o forte prejuízo do sombreamento do

pepino sobre plantas de alface.

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

5500

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

Mas

sa fr

esca

(g m

- ² )

MFTCon y = 3632,588 - 168,0163x + 3,353125x² R² = 0,96**

MFTMon y = 4474,45 - 24,7175x R² = 0,93**

MFPECon y = 4423,163 - 239,3213x + 4,933125x² R² = 0,94**

MFPEMon y = 4113,85 - 34,165x R = 0,54**

MFPICon y = 3137,025 - 144,5475x + 3,23375x² R² = 0,99**

MFPIMon y = 4995,975 - 40,2775x R² = 0,95**

Figura 10. Massa fresca total (MFT) e de plantas de alface crespa ‘Verônica’ localizadas

nas linhas internas (MFPI) e externas (MFPE) do canteiro, cultivada em consórcio (Con) e monocultura (Mon), em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ’Hokushin’ (Experimento 2).

Embora na monocultura também tenha havido reduções na massa de alface à

medida que o transplante da alface foi realizado mais tardiamente em relação ao

transplante do pepino, estas foram menos severas, constatando-se reduções de 17, 24

e 25%, respectivamente, na MFT, MFPI e MFPE de alface, enquanto em consórcio,

também entre 0 e 30 DAT, alcançaram 65, 70 e 63%, aproximadamente para as

mesmas características.

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Mesmo com as reduções observadas na MFT de plantas de alface em

monocultura, em resposta às épocas de transplante da alface, a produtividade média foi

de 4.104 g m-2. BRANCO (2001), avaliando cultivares de alface em ambiente protegido,

nas condições de Jaboticabal-SP, no período de 25/09 a 5/12/99, obteve para alface

crespa ‘Verônica’ produtividade de 5.653 g m-2.

Diferente do resultado apresentado nos consórcios do experimento 1, em que o

transplante de alfaces 20 e 30 DAT do pepino não permitiu a colheita de alfaces

comerciais, neste experimento, que difere do anterior por apresentar somente uma linha

de pepino no centro do canteiro, todas as plantas de alface apresentaram-se

comerciais; apenas com prejuízo na massa mediante o atraso no transplante que as

classificaram em classes comerciais de valorização inferior. Este fato acarretará na

redução de produtividade e, conseqüentemente, na redução do lucro operacional dos

cultivos consorciados; uma vez que será necessário a junção de várias plantas para

formar um maço ou completar um quilograma de alface.

A presença de somente uma linha de plantas de pepino no canteiro

proporcionou, em relação ao consórcio com duas linhas, melhor interceptação da

radiação solar e, conseqüentemente, maior disponibilidade às alfaces que encontram-

se sob o dossel fotossintético do pepino. Segundo MAJEROWICZ (2004), a

produtividade é intensamente dependente da interceptação de luz, que é, segundo

PORTES (1984), o principal fator de competição entre as plantas em um sistema de

cultivo consorciado.

Houve interação significativa dos fatores sistema de cultivo e época de

transplante da alface após o transplante do pepino para massa seca total (MST) e de

plantas de alfaces crespa ‘Verônica’ localizadas nas linhas externas (MSPE) do canteiro

(Tabela 26).

A MST e MSPE de alface apresentaram comportamento semelhante entre si. Em

cultivo consorciado, houve resposta linear decrescente da MST e MSPE ao atraso no

transplante da alface em relação ao transplante do pepino (Figura 11). Maior acúmulo

de MST (169,6 g m-2) e MSPE (200,6 g m-2) foram obtidos em consórcio estabelecido

com transplante das espécies no mesmo dia (0 DAT). Reduções de 48 e 61% na MST e

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MSTE de alface, respectivamente, foram constatadas para consórcio estabelecido com

transplante da alface 30 DAT do pepino. Por outro lado, em monocultura, não houve

diferença significativa para respostas de MST e MSPE de alface à época de transplante

de alface e não ajustaram-se à equação polinomial, com média de 201,55 e 186,20 g m-

2, respectivamente.

Tabela 26. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para massa seca total (MST) e de plantas de alface crespa ‘Verônica’ localizadas nas linhas internas (MSPI) e externas (MSPE) do canteiro, em função do sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao do pepino ‘Hokushin’(Experimento 2).

Causas de Variação MST MSPI MSPE

Sistema de cultivo (SC) 139,97** 125,76** 48,58** Época de transplante (ET) 7,87** 2,15ns 14,42** SC x ET 9,84** 1,98ns 18,58** C.V. (%) 10,48 14,83 11,55

** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

A MST por planta de alface (12,60 g), em monocultura, foi superior a 11,6 g

planta-1 obtido por FIGUEIREDO (2002), no cultivo de agosto a novembro de 2001, e

inferior a 16,6 g planta-1 obtido por BRANCO (2001) no período de 25/09 a 05/12/99,

ambos para alface ‘Verônica’ cultivada em ambiente protegido, nas condições de

Jaboticabal, SP.

A massa seca de plantas de alface crespa localizadas nas linhas internas (MSPI)

do canteiro somente foi influenciada pelo sistema de cultivo (Tabela 26). A MSPI de

alface em consórcio foi de 118,48 g m-2, enquanto em monocultura foi de 217,13 g m-2.

Resultado diferente do observado por REZENDE et al. (2005d), para o consórcio de

alface ‘Vera’, também do grupo crespa, e tomate, no cultivo de julho a novembro de

2001, em ambiente protegido, onde a massa seca de plantas de alface localizadas nas

linhas internas do canteiro foi influenciada pelas épocas de transplante da alface.

Mesmo não sendo influenciada pela época de transplante (P>0,05), observou-se

um ajuste quadrático para a MSPI de alface em resposta ao fator (Figura 11). A MSPI

de alface foi crescente até o transplante da alface aos 9 DAT do pepino, no qual

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obteve-se 180,28 g m-2. Transplantes posteriores determinaram reduções na produção

de MSPI de alface, apresentando 30 DAT do pepino (133,53 g m-2) redução de 26% ao

máximo estimado.

60

80

100

120

140

160

180

200

220

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

Mas

sa s

eca

(g m

- ² )

MSTCon y = 169,6055 - 2,698075x R² = 0,98**

MSTMon y = 201,65

MSPECon y = 200,64 - 4,057x R = 0,98**

MSPEMon y = 186,20

MSPI y = 170,9635 + 2,01382x - 0,108725x² R = 0,98*

Figura 11. Massa seca total (MST) e de plantas de alface crespa ‘Verônica’ localizadas

nas linhas internas (MSPI) e externas (MSPE) do canteiro, cultivada em consórcio (Con) e monocultura (Mon), em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ’Hokushin’ (Experimento 2).

Em condições de consórcio, foi verificado maior acúmulo de massa fresca e seca

das plantas de alface localizadas nas laterais do canteiro (MFPE e MSPE). Para alface

transplantada 0 DAT do pepino, a MFPE (4.423 g m-2) e MSPE (200,64 g m-2) foi 7 e

14,8% superior a MFPI e MSPI, respectivamente. Este comportamento difere do

observado por CECÍLIO FILHO (2005) quando consorciou tomate e alface no período

de 17/04 a 09/09/03, em ambiente protegido, no qual foram constatados maiores

reduções na massa fresca e seca de plantas de alface ‘Vera’ localizadas nas linhas

externas do canteiro. Por outro lado, quando consorciou tomate e alface no período de

30/01 a 25/05/04, as maiores reduções foram observadas em plantas de alface

localizadas nas linhas internas do canteiro, semelhante ao ocorrido neste experimento.

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Houve efeito isolado dos fatores sistema de cultivo e época de transplante da

alface para as características diâmetro (D) da parte aérea e número de folhas (NF) de

plantas de alface crespa (Tabela 27), verificando que o comportamento do sistema de

cultivo nestas características independe da época de transplante da alface e vice-versa.

Tabela 27. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para diâmetro (D) da parte aérea e número de folhas (NF) de plantas de alface crespa ‘Verônica’, em função do sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao do pepino ‘Hokushin’ (Experimento 2).

Causas de Variação D NF

Sistema de cultivo (SC) 11,76** 49,10** Época de transplante (ET) 99,21** 4,57** SC x ET 1,47ns 2,22ns

C.V. (%) 3,90 6,24 ** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

Para o NF de plantas de alface, a monocultura apresentou maior número de

folhas (22 folhas planta-1) em relação ao cultivo consorciado (18,8 folhas planta-1),

Figura 12. O NF obtido em monocultura foi superior as 20,40 folhas planta-1 de alface

‘Verônica’, encontradas por FIGUEIREDO (2002), no cultivo de agosto a novembro de

2001, em ambiente protegido.

Independente do sistema de cultivo, o NF por planta de alface decresceu

linearmente em função da época de transplante da alface (Figura 12). O maior NF por

planta (21,3 folhas) foi obtido ao 0 DAT do pepino e reduziu para 19,4 folhas planta-1

aos 30 DAT do pepino.

Para todas as características avaliadas no cultivo consorciado, exceto para o

diâmetro da parte aérea de plantas de alface, maiores valores foram observados no

experimento 2 do que no experimento 1. Os maiores diâmetros encontrados no

experimento 1 em relação ao 2 podem ser atribuídos a maior intensidade do

sombreamento do pepino sobre a alface, em razão da maior população (2,22 plantas m-

2) no experimento 1, em relação ao experimento 2 (1,11 planta m-2). A maior

interceptação da radiação pelas folhas de pepino ocasionou um expressivo

estiolamento das plantas de alface, caracterizado por folhas soltas e compridas, o que

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proporcionou maiores diâmetros quando comparado às plantas com arquitetura peculiar

e natural da alface. De acordo com ANDRIOLO (2000), altas temperaturas do ar

combinadas com baixos valores de radiação são prejudiciais às culturas, porque

diminuem a fotossíntese, mantêm elevada a respiração e modificam o balanço

hormonal, favorecendo o estiolamento das plantas.

19

20

21

22

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

Núm

ero

de f

olha

s pl

anta

-1

22

25

28

31

34

37

Diâ

met

ro (

cm)

NF y = 21,3 - 0,0625x R² = 0,66*

D y = 32,31062 + 0,4324375x - 0,02209375 x² R² = 0,99**

Figura 12. Diâmetro (D) da parte aérea e número de folhas (NF) de plantas de alface

crespa ‘Verônica, em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ’Hokushin’ (Experimento 2).

Para o experimento 3, consórcio de alface crespa com duas linhas de pepino, na

segunda época de cultivo (25/02 a 29/05/06), verificou-se influência significativa da

interação entre os fatores sistema de cultivo e época de transplante da alface em

relação ao transplante do pepino sobre as características massa fresca total (MFT) e de

plantas de alface crespa ‘Verônica’ localizadas nas linhas internas (MFPI) e externas

(MFPE) do canteiro (Tabela 28).

Entre os sistemas de cultivo, maiores MFT, MFPI e MFPE foram obtidas em

condições de monocultura (Figura 13). No cultivo consorciado de tomate e alface

crespa ‘Vera’, em ambiente protegido, REZENDE et al. (2005d), também verificaram

maior acúmulo de massa fresca de plantas de alface em monocultura.

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62

Tabela 28. Valores de F, significância e coeficientes de variação (C.V.) para massa fresca total (MFT) e de plantas de alface crespa ‘Verônica’ localizadas nas linhas internas (MFPI) e externas (MFPE) do canteiro, em função do sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ‘Hokushin’ (Experimento 3).

Causas de Variação MFT MFPI MFPE

Sistema de cultivo (SC) 1129,47** 682,21** 358,01** Época de transplante (ET) 25,54** 13,54** 7,48** SC x ET 17,63** 5,12** 9,43** C.V. (%) 10,15 14,58 16,31

** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.

0

400

800

1200

1600

2000

2400

2800

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

Mas

sa fr

esca

(g

m- ²

)

MFTCon y = 1279,063 - 76,78125x + 1,380625x² R² = 0,94**

MFTMon y = 2575,213 - 31,22875x + 1,019375x² R² = 0,99*

MFPECon y = 1155,375 - 32,7x R² = 0,88**

MFPEMon y = 2262

MFPICon y = 1177,675 - 79,22x + 1,5175x² R² = 0,96*

MFPIMon y = 2665

Figura 13. Massa fresca total (MFT) e de plantas de alface crespa ‘Verônica’ localizadas nas linhas internas (MFPI) e externas (MFPE) do canteiro, cultivada em consórcio (Con) e monocultura (Mon), em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ’Hokushin’ (Experimento 3).

Em cultivo consorciado, a MFT, MFPE e MFPI apresentaram o mesmo

desempenho, muito semelhante em resposta ao atraso na época de transplante da

alface (Figura 13). O transplante da alface ao 0 DAT do pepino proporcionou as

maiores MFT, MFPE e MFPI, que foram de 1.279, 1.155 e 1.178 g m-2,

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63

respectivamente. Com o atraso do transplante da alface, a MFT e MFPI decresceram

até 28 e 26 DAT do pepino, respectivamente, quando obtiveram redução de 83 e 88%.

Por outro lado, a MFPE de alface apresentou ajuste linear decrescente e o atraso no

transplante da alface de 0 para 30 DAT do pepino causou redução de,

aproximadamente, 85% na massa.

A MFPI e MFPE, em condição de monocultura, não se ajustaram à equação

polinomial e apresentaram, em média, 2.665 e 2.262 g m-2, respectivamente. Para MFT

de plantas de alface, a resposta às épocas de transplante da alface foi ajustada à

equação quadrática, com máximo acúmulo de MFT ao 0 DAT do pepino (2.575 g m-2) e

mínimo quando a alface foi transplantada aos 15 DAT do pepino (2.336 g m-2),

apresentando uma redução de apenas 9% na MFT (Figura 13).

Avaliando o comportamento de cultivares de alface em ambiente protegido, em

Ilha Solteira-SP, no cultivo de 6/02 a 6/03/1992, FARIA JUNIOR et al. (1993) obtiveram

para alface crespa ‘Verônica’ uma produtividade de 1.289 g m-2.

Plantas de alface em consórcio transplantadas 0 DAT do pepino em relação às

de monocultura, também plantadas na mesma época, tiveram redução de 50,33% na

MFT. Essa grande diferença de produtividade da alface entre os sistemas de cultivo

aumentou em intensidade à medida que mais tardio foi o transplante da alface, o que

refletiu negativamente na qualidade do produto comercial. Plantas de alface estioladas,

com folhas alongadas e estreitas, foram observadas mesmo em consórcios

estabelecidos com o transplante das duas culturas no mesmo dia (0 DAT). Contudo, a

desfiguração comercial da planta se mostrou progressivamente mais acentuada

mediante o atraso no transplante de alface em relação ao pepino.

Neste experimento, o crescimento inicial das plantas de pepino foi mais intenso

quando comparado com o experimento 1, realizado na primeira época de cultivo. A

rápida formação do dossel fotossintético do pepino proporcionou maior restrição da

radiação solar às plantas de alface. Por este motivo, nenhuma planta de alface

produzida em consórcio, nesta segunda época de cultivo, obteve características

comerciais. Comportamento diferente foi observado por CECÍLIO FILHO (2005) e

REZENDE et al. (2005a), quando consorciou tomate com alface no período de janeiro a

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64

junho de 2004 e fevereiro a agosto de 2002, respectivamente, nas mesmas casas de

vegetação. Os autores não observaram efeito restritivo à passagem da radiação tão

forte do tomateiro sobre a alface quando esta foi transplantada até 10 e 14 DAT do

tomateiro, respectivamente, observando-se a desfiguração comercial resultante do

elevado sombreamento somente a partir de então. Embora conduzidos verticalmente e

com mesma população de plantas e na mesma época de cultivo, situação que permite

semelhantes quantidade, qualidade e a duração do período luminoso, verifica-se que o

fator espécie cultivada foi determinante para o sucesso ou não, respectivamente dos

cultivos consorciados de tomateiro e alface (CECÍLIO FILHO, 2005 e REZENDE et al.,

2005d) e o de pepino e alface. A velocidade de formação do dossel fotossintético da

cultura, ou seja, de se atingir o índice de área foliar da cultura; a área foliar, seja pelo

tamanho do limbo foliar, seja pela disposição das folhas (arquitetura foliar) demonstram

ser importantes características intrínsecas da espécie, mas com forte influência de

fatores extrínsecos (ambientais) que modificam a complementaridade temporal das

espécies consorciadas.

De acordo com SINOQUET & CALDWELL (1995), o desigual acesso à luz pela

cultura sombreada, devido à ocupação do espaço pela cultura dominante, pode

acarretar sérios prejuízos à primeira, podendo ser letal.

A massa seca total (MST) e de plantas de alface crespa ‘Verônica’ localizadas

nas linhas externas (MSPE) do canteiro foram influenciadas significativamente pela

interação dos fatores sistema de cultivo e época de transplante da alface após o

transplante do pepino (Tabela 29).

Em cultivo consorciado, a MST e MSPE de alface decresceram linearmente à

medida que mais tardio foi o transplante da alface em relação ao pepino (Figura 14). As

reduções na MST e MSPE foram, respectivamente, de 79 e 65% entre os transplantes

de alface realizados 0 e 30 DAT do pepino. Por outro lado, em monocultura, a MST de

plantas de alface também decresceu linearmente com o transplante da alface em

relação ao transplante do pepino (Figura 14). No entanto, as reduções entre 0 (172,52 g

m-2) e 30 DAT do pepino (130,58 g m-2) foi de 24% na MST, muito menos do que o

observado na MST de plantas de alface em consórcio (79%). Assim, verifica-se que

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65

mesmo as condições de cultivo tendo sido piores para as épocas mais tardias de

transplante de alface, o que é percebido pelo efeito significativo de redução de massa

na monocultura, em cultivo consorciado houve também restrição de radiação solar.

Tabela 29. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para massa

seca total (MST) e de plantas de alface crespa ‘Verônica’ localizadas nas linhas internas (MSPI) e externas (MSPE) do canteiro, em função do sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ‘Hokushin’ (Experimento 3).

Causas de Variação MST MSPI MSPE

Sistema de cultivo (SC) 581,86** 228,80** 325,58** Época de transplante (ET) 8,48** 3,69* 4,78* SC x ET 6,06** 2,53ns 3,28* C.V. (%) 12,99 23,21 15,57

** e * significativo, respectivamente, a 1% e 5% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

0

30

60

90

120

150

180

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

Mas

sa s

eca

(g m

- ² )

MSTCon y = 109,502 - 2,8778x R² = 0,93**

MSTMon y = 172,52 - 1,398x R² = 0,73*

MSPECon y = 55,27575 - 1,204175x R² = 0,99**

MSPEMon y = 110,68

MSPI y = 72,03525 - 0,5476x R² = 0,50*

Figura 14. Massa seca total (MST) e de plantas de alface crespa ‘Verônica’ localizadas

nas linhas internas (MSPI) e externas (MSPE) do canteiro, cultivada em consórcio (Con) e monocultura (Mon), em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ’Hokushin’ (Experimento 3).

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66

A MSPE de alface, em monocultura, não se ajustou à equação polinomial e

apresentou, em média, 110,68 g m-2. Resultado semelhante foi verificado por

REZENDE et al. (2005d) no consórcio de tomate e alface, para o cultivo de fevereiro a

agosto de 2002, no qual, em monocultura, as épocas de transplante da alface não

influenciaram a massa seca de plantas de alface ‘Vera’ localizadas nas linhas centrais

do canteiro. O mesmo, também, foi constatado por CECÍLIO FILHO (2005) no cultivo de

30/01 a 27/05/04.

Para massa seca de plantas de alface localizadas nas linhas internas (MSPI) do

canteiro, não foi verificado efeito significativo da interação dos fatores, mas, sim, efeito

isolado tanto de sistema de cultivo quanto de época de transplante da alface em

relação ao transplante do pepino (Tabela 29).

Em relação às épocas de transplante da alface, verificou-se um ajuste linear

decrescente com máximo acúmulo de MSPI (72,04 g m-2) obtido 0 DAT do pepino e

mínimo (55,61 g m-2) aos 30 DAT do pepino (Figura 14).

Em monocultura, a MSPI (103,32 g m-2) foi 76,6% superior à obtida em cultivo

consorciado. Estes resultados concordam com os observados por CECÍLIO FILHO

(2005), no cultivo de 30/01 a 27/05/04, no qual a massa seca de plantas de alface

‘Vera’ localizadas nas linhas centrais do canteiro apresentou uma superioridade de

69,6% em relação à obtida em consórcio com tomateiro.

Independente da localização das plantas no canteiro, as reduções na massa

fresca e seca de plantas de alface constatadas neste experimento foram mais

acentuadas do que as observadas no experimento 1, realizado na primeira época de

cultivo e também com duas linhas de pepino no canteiro, o que confirma a importância

de se avaliar o mesmo consórcio em diferentes épocas do ano, as quais além da

variação na temperatura e umidade relativa do ar,compreendem diferentes

comprimentos fotoperiódicos, horas de insolação, nebulosidade e intensidade luminosa.

Os principais elementos climáticos que afetam a produção são a radiação solar,

temperatura e umidade (AYOADE, 2004). A radiação solar determina as características

térmicas do ambiente, principalmente as temperaturas do ar e duração do dia. Segundo

o autor, as temperaturas são mais elevadas no verão, quando os volumes de insolação

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são maiores, e mais baixas no inverno quando as recepções de insolação são mais

baixas.

O diâmetro da parte aérea (D) e o número de folhas (NF) de plantas de alface

crespa ‘Verônica’ foram influenciados significativamente pela interação entre os fatores

sistema de cultivo e época de transplante da alface após o transplante do pepino

(Tabela 30).

Tabela 30. Valores de F, significância e coeficientes de variação (C.V.) para diâmetro (D) da parte aérea e número de folhas (NF) de plantas de alface crespa ‘Verônica’, em função do sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao do pepino ‘Hokushin’ (Experimento 3).

Causas de Variação D NF

Sistema de cultivo (SC) 37,94** 108,93** Época de transplante (ET) 61,54** 5,51** SC x ET 6,88** 6,25** C.V. (%) 4,88 13,29

** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.

As médias de diâmetro da parte aérea de plantas de alface, em cultivo

consorciado, em relação às épocas de transplante da alface foram ajustadas à equação

de modelo linear, enquanto em monocultura, houve um ajuste quadrático, com

incremento no D até 7 DAT do pepino e redução a partir de então (Figura 15). Em

consórcio, quando a alface foi transplantada aos 30 DAT do pepino, o D (23,03 cm) da

alface representou 69% do D máximo obtido como transplante das culturas no mesmo

dia, enquanto, em monocultura, o D da alface transplantadas aos 30 DAT do pepino

(26,15 cm) correspondeu a 78%. Este resultado para o D diferiu do observado por

CECÍLIO FILHO (2005), no cultivo de 30/01 a 27/05/04, no qual o D das plantas de

alface ‘Vera’ localizadas nas linhas internas do canteiro não foi influenciado pelos

sistemas de cultivo e épocas de transplante da alface em relação ao transplante do

tomate. O diâmetro médio observado pelo autor foi de 31,5 cm planta-1.

Quanto ao número de folhas (NF) de plantas de alface, em cultivo consorciado, à

medida que o transplante da alface foi realizado mais tardio em relação ao transplante

do pepino menor foi o NF por planta de alface (Figura 16). O maior NF (12,68) foi obtido

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ao 0 DAT do pepino, reduzindo para 6,83 folhas planta-1 aos 30 DAT do pepino. Em

monocultura, observou-se um decréscimo de 14,76% no NF por planta de alface com o

atraso do transplante da alface até 15 DAT do pepino. A partir dos 15 DAT do pepino,

as plantas de alface apresentaram um incremento no NF por planta de alface aos 30

DAT do pepino de 18,15%. O número de folhas de plantas observado em condições de

monocultura foi superior às 14,8 folhas planta-1 encontradas por FARIA JUNIOR et al.

(1993), para alface crespa ‘Verônica’ cultivada em ambiente protegido.

22

25

28

31

34

37

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

Diâ

met

ro (c

m)

DCon y = 33,393 - 0,345325x R² = 0,89**

DMon y = 33,51763 + 0,2167625x - 0,01540625x² R² = 0,95**

Figura 15. Diâmetro (D) da parte aérea de plantas de alface crespa ‘Verônica, cultivada em consórcio (Con) e monocultura (Mon), em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ’Hokushin’ (Experimento 3).

A influência das épocas de transplante da alface em relação ao transplante do

pepino no diâmetro e no número de folhas de plantas de alface, em condições de

monocultura, provavelmente seja pela interferência de picos de temperatura acima de

30oC que comprometeu o desempenho das plantas de alface. De acordo com

SGANZERLA (1990), a temperatura máxima tolerável pela cultura da alface, está em

torno de 30oC e a mínima por volta de 6oC.

Para o experimento 4, consórcio de alface crespa com uma linha de pepino, na

segunda época de cultivo (25/02 a 29/05/06), houve efeito significativo da interação dos

fatores sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao transplante

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do pepino sobre as características massa fresca total (MFT) e de plantas de alface

crespa localizadas nas linhas internas (MFPI) e externas (MFPE) do canteiro (Tabela

31).

4

6

8

10

12

14

16

18

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

Núm

ero

de fo

lhas

pla

nta-1

NFCon y = 12,6752 - 0,19498x R² = 0,93**

NFMon y = 16,93438 - 0,3221875x + 0,01109375x² R² = 0,94*

Figura 16. Número de folhas (NF) de plantas de alface crespa ‘Verônica’, cultivada em consórcio (Con) e monocultura (Mon), em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ’Hokushin’ (Experimento 3).

Tabela 31. Valores de F, significância e coeficientes de variação (C.V.) para massa fresca total (MFT) e de plantas de alface crespa ‘Verônica’ localizadas nas linhas internas (MFPI) e externas (MFPE) do canteiro, em função do sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ‘Hokushin’ (Experimento 4).

Causas de Variação MFT MFPI MFPE

Sistema de cultivo (SC) 835,56** 624,65** 445,36** Época de transplante (ET) 12,96** 5,02** 12,96** SC x ET 16,76** 5,98** 19,5** C.V. (%) 9,45 14,18 9,87

** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.

Houve resposta quadrática da MFT e MFPE, tanto em monocultura quanto em

consórcio, em função da época de transplante da alface (Figura 17). No entanto, assim

como no experimento 3, a massa fresca de alfaces em monocultura foi muito superior à

obtida em consórcios.

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70

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

Mas

sa fr

esca

(g m

- ² )

MFTCon y = 1566,6 - 51,3775x + 0,54875x² R² = 0,99*

MFTMon y = 2919,5 - 41,675x + 1,5425x² R² = 0,99*

MFPECon y = 2081,85 - 73,6275x + 1,02125x² R² = 0,99*

MFPEMon y = 2906,225 - 30,665x + 1,2675x² R² = 100*

MFPICon y = 1034,7 - 26,455x R² = 0,99**

MFPIMon y = 2779

Figura 17. Massa fresca total (MFT) e de plantas de alface crespa ‘Verônica’ localizadas nas linhas internas (MFPI) e externas (MFPE) do canteiro, cultivada em consórcio (Con) e monocultura (Mon), em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ’Hokushin’ (Experimento 4).

Em cultivo consorciado, a MFT e MFPE de alface foram maximizadas com o

transplante da alface 0 DAT do pepino. Transplantes posteriores promoveram reduções

de 67 e 62%, respectivamente, na MFT e MFPE de alface transplantada 30 DAT do

pepino. Por outro lado, em monocultura, as plantas de alface também sofreram

influência da época de transplante da alface, mas tiveram a MFT e MFPE maximizadas

com transplante da alface 30 DAT do pepino. Valores mínimos de MFT e MFPE de

alface foram atingidos, respectivamente, com o transplante da alface aos 13 e 12 DAT

do pepino (Figura 17). Este desempenho da MFT assemelhou-se ao verificado para a

mesma característica no experimento 3, de mesma época de cultivo e grupo de alface,

mas com duas linhas de pepino no canteiro. Naquele experimento, o mínimo de MFT foi

obtido aos 15 DAT do pepino e incremento posterior, atingindo com o transplante da

alface aos 30 DAT, quando correspondem a 99% da MFT do transplante ao 0 DAT.

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A maior MFT de plantas de alface obtida neste experimento, 3.059 g m-2, na

condição de monocultura e transplante aos 30 DAT do pepino, foi superior aos 1.289 g

m-2 observada por FARIA JUNIOR et al. (1993) e inferior aos 5.039 g m-2 observada por

LIMA et al. (2004), ambos cultivaram alface crespa ‘Verônica’ em ambiente protegido,

no período de fevereiro a março e março a abril, respectivamente.

Em cultivo consorciado, as médias da MFPI de alface em resposta às épocas de

transplante da alface foram ajustadas à equação linear decrescente, portanto, quanto

mais tardio o transplante da alface em relação ao transplante do pepino, menor foi a

MFPI de alface (Figura 17). A redução observada na MFPI de alfaces transplantadas

aos 0 e 30 DAT do pepino foi de 76,17% na MFPI de alface. Por outro lado, em

monocultura, a resposta da MFPI diferiu da observada para consórcios e não se ajustou

a equação polinomial. Apresentou, em média, 2.779 g m-2, que foi 33,5% superior à

maior MFPE (2.082 g m-2) obtida com o transplante da alface 0 DAT do pepino.

Com base nos resultados observados para alface crespa constatou-se que para

todos os experimentos as maiores produtividades da alface foram obtidas em condições

de monocultura. Contribuíram para aumentar a diferença de desempenho entre a

monocultura e o consórcio, o cultivo consorciado no verão em relação ao inverno

(experimentos 3 e 4 em relação ao 1 e 2), o atraso do transplante em relação ao do

pepino (experimentos 1, 2, 3 e 4) e o aumento da população de plantas do pepino (1 e

2, respectivamente em relação ao 3 e 4).

Quando se consorciou alface crespa com uma linha de plantas de pepino, na

primeira época de cultivo (Experimento 2), todas as plantas de alface colhidas nos

consórcios estabelecidos aos 0, 10, 20 e 30 DAT do pepino foram consideradas

comerciais. O mesmo não foi observado neste experimento, que difere do experimento

2 quanto à época de cultivo e assemelha-se ao mesmo na população do pepino, onde

as alfaces colhidas de consórcios estabelecidos nas quatro épocas de transplante

avaliadas apresentaram-se sem valor comercial. Foram observados os mesmos

distúrbios fisiológicos constatados no experimento 1, em alfaces transplantadas a partir

de 20 DAT do pepino e no experimento 3, em todos os consórcios; assim como por

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CECÍLIO FILHO (2005) e REZENDE et al. (2005b), respectivamente, quando as plantas

de alface crespa ‘Vera’ foram transplantadas aos 30 e a partir dos 28 DAT do tomateiro.

De acordo com RICKLEFS (2003), quando a competição interespecífica é

intensa, ela pode levar à eliminação de uma espécie pela outra.

A massa seca total (MST) e de plantas de alfaces crespa localizadas nas linhas

internas (MSPI) e externas (MSPE) do canteiro foram influenciadas significativamente

pela interação dos fatores sistema de cultivo e época de transplante da alface após o

transplante do pepino (Tabela 32).

Tabela 32. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para massa seca total (MST) e de plantas de alface crespa ‘Verônica’ localizadas nas linhas internas (MSPI) e externas (MSPE) do canteiro, em função do sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ‘Hokushin’ (Experimento 4).

Causas de Variação MST MSPI MSPE

Sistema de cultivo (SC) 489,46** 415,48** 185,45** Época de transplante (ET) 5,28** 3,18* 3,08* SC x ET 29,33** 10,59** 25,75** C.V. (%) 10,25 13,80 13,10

** e * significativo, respectivamente, a 1% e 5% de probabilidade pelo teste F.

A MST, MSPI e MSPE de alface, assim como observado para MFT, MFPI e

MFPE de alface, apresentaram-se maiores na monocultura (Figura 18).

A MST, MSPE e MSPI de alface, em cultivo consorciado, reduziram linearmente

à medida que mais tardio foi o transplante da alface em relação ao transplante do

pepino (Figura 18). Os maiores acúmulos de MST (85,68 g m-2), MSPE (103,28 g m-2) e

MSPI (68,09 g m-2) foram obtidos com o transplante da alface 0 DAT do pepino e em

consórcios estabelecidos 30 DAT do pepino, essas massas foram, respectivamente,

reduzidas em 32,4; 32,8 e 31,8%. Por outro lado, o atraso do transplante da alface em

relação ao transplante do pepino, em monocultura, proporcionou um aumento linear na

MST e MSPE de alface. No intervalo entre 0 e 30 DAT do pepino, houve um acúmulo

de 22,4 e 35,2%, respectivamente, na MST e MSPE de alface.

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73

0

20

40

60

80

100

120

140

160

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

Mas

sa s

eca

(g m

- ² )

MSTCon y = 85,68525 - 1,930725x R² = 0,99**MSTMon y = 119,3465 + 0,8894x R² =0,70**MSPECon y = 103,2833 - 2,3133x R² = 0,97**MSPEMon y = 112,063 + 1,314425x R² = 0,88**MSPICon y = 68,09 - 1,54825x R² = 0,99**MSPIMon y = 133,64

Figura 18. Massa seca total (MST) e de plantas de alface crespa ‘Verônica’ localizadas

nas linhas internas (MSPI) e externas (MSPE) do canteiro, cultivada em consórcio (Con) e monocultura (Mon), em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ’Hokushin’ (Experimento 4).

A MSPI de alface em monocultura não se ajustou à equação polinomial e

apresentou em média 133,64 g m-2.

Houve efeito significativo da interação dos fatores sistema de cultivo e época de

transplante da alface em relação ao do pepino sobre o diâmetro da parte aérea (D) e

número de folhas (NF) de plantas de alface crespa (Tabela 33).

O atraso no transplante da alface acarretou em menores diâmetros da parte

aérea de plantas de alface em cultivo consorciado, enquanto em monocultura, houve

um aumento de 1,66 cm no D de alface até 11 DAT do pepino e reduziu para 4,31 cm a

menos em plantas transplantadas 30 DAT do pepino em relação às de 0 DAT. (Figura

19).

CECÍLIO FILHO (2005), consorciando tomate e alface ‘Vera’ no cultivo de 30/01

a 27/05/05, constatou que o D de alface localizada nas linhas centrais do canteiro não

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74

foi influenciado pelos sistemas de cultivo e épocas de transplante da alface,

apresentando em média 31,5 cm.

Tabela 33. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para diâmetro (D) da parte aérea e número de folhas (NF) de plantas de alface crespa ‘Verônica’, em função do sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao do pepino ‘Hokushin’ (Experimento 4).

Causas de Variação D NF

Sistema de cultivo (SC) 27,36** 196,45** Época de transplante (ET) 31,36** 19,54** SC x ET 4,69* 15,69** C.V. (%) 3,96 7,44

** e * significativo, respectivamente, a 1% e 5% de probabilidade pelo teste F.

20

22

2426

28

30

32

3436

38

40

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

Diâ

met

ro (c

m)

D Con y = 33,391 - 0,187275x R² = 0,96**

D Mon y = 32,96488 + 0,2901125x - 0,01260625x² R² = 0,64**

Figura 19. Diâmetro (D) da parte aérea de plantas de alface crespa ‘Verônica, cultivada em consórcio (Con) e monocultura (Mon), em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ’Hokushin’ (Experimento 4).

Em relação ao sistema de cultivo, maior NF por planta de alface foi obtido em

monocultura, que não se ajustou à equação polinomial e apresentou média de 17,2

folhas por planta (Figura 20), concordando com os resultados observados nos

experimentos 1 e 3 e também com CECILIO FILHO (2005) e REZENDE et al. (2005d)

quando consorciaram tomate e alface ‘Vera’.

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Nas condições de cultivo protegido, com temperaturas máximas próximas a

40ºC, FARIA JUNIOR et al. (1993) encontraram 14,8 folhas planta-1 de alface crespa

‘Verônica’, em cultivo de verão (06/02 a 06/03/1992).

Também sob cultivo protegido, em Jaboticabal, SP, FIGUEIREDO (2002)

constatou média de 20,17 folhas planta-1 na alface ‘Verônica’ cultivada no período de

abril a junho de 2002.

Em condição de consórcio, o NF por planta de alface apresentou resposta linear

decrescente ao atraso do transplante da alface (Figura 20). O maior NF por planta de

alface foi obtido com 0 DAT do pepino (15,3 folhas), sendo 39% superior ao obtido aos

30 DAT do pepino. Estes resultados assemelham-se ao encontrado por CECÍLIO

FILHO (2005), no cultivo de 30/01 a 27/05/05, para o número de folhas de plantas de

alface crespa ‘Vera’ localizadas nas linhas externas e internas do canteiro. O autor

verificou que o número de folhas foi decrescente à medida que mais tardio foi o

transplante da alface em relação ao do tomateiro, apresentando reduções entre os

transplantes de alface realizados com 0 e 30 DAT do tomateiro de 49 e 50%,

respectivamente, no número de folhas de plantas localizadas nas linhas externas e

internas do canteiro.

8

10

12

14

16

18

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

Núm

ero

de fo

lhas

pla

nta-1

NFCon y = 15,325 - 0,19875x R² = 0,98**

NFMon y = 17,2 Figura 20. Número de folhas (NF) de plantas de alface crespa ‘Verônica’, cultivada em

consórcio (Con) e monocultura (Mon), em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ’Hokushin’ (Experimento 4).

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76

Portanto, a redução mais acentuada do diâmetro e número de folhas de plantas

de alface consorciadas, quando comparada com a monocultura, demonstram a

existência da competição interespecífica por fatores de produção.

Para o experimento 5, consórcio de alface americana com duas linhas de pepino,

na primeira época de cultivo (27/08 a 19/11/05), verificou-se interação significativa dos

fatores sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao transplante

de pepino para massa fresca de plantas de alface americana localizadas nas linhas

externas (MFPE) do canteiro (Tabela 34). Houve ajuste quadrático e linear decrescente

da MFPE em resposta ao aumento do intervalo entre o transplante do pepino e da

alface, em cultivo consorciado e monocultura (Figura 21). Em condição de consórcio, a

máxima MFPE (1.712 g m-2) de alface foi obtida ao 0 DAT do pepino e mínima (668 g

m-2) quando a alface foi transplantada 21 DAT do pepino. No período seguinte (21 a 30

DAT do pepino), houve um incremento de 24,4% na MFPE de alface. Por outro lado,

em monocultura, a MFPE de alface decresceu linearmente à medida que mais tardio foi

o transplante da alface em relação ao do pepino (Figura 21). A MFPE de alfaces

transplantadas 0 DAT do pepino (3.586 g m-2) foi 23,74% superior às transplantas 30

DAT do pepino (2.898 g m-2).

Tabela 34. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para massa fresca total (MFT) e de plantas de alface americana ‘Lucy Brown’ localizadas nas linhas internas (MFPI) e externas (MFPE) do canteiro, em função do sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ‘Hokushin’ (Experimento 5).

Causas de Variação MFT MFPI MFPE

Sistema de cultivo (SC) 521,91** 337,37** 416,02** Época de transplante (ET) 9,35** 4,75* 10,10** SC x ET 3,02ns 1,48ns 4,77* C.V. (%) 14,23 19,60 14,21

** e * significativo, respectivamente, a 1% e 5% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

Entre os sistemas de cultivo, a MFPE de alface foi sempre superior em

monocultura do que em consórcio (Figura 21), independente da época de transplante

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77

da alface. Quando este foi realizado junto com o transplante do pepino, a MFPE de

alface foi 3.586 g m-2, superior em 109,4% à MFPE obtida em consórcio, também 0

DAT. Nas outras épocas de estabelecimento do consórcio, quanto mais tardio o

transplante da alface, maior a diferença entre MFPE de alface obtida nos sistemas de

cultivo.

600

1000

1400

1800

2200

2600

3000

3400

3800

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

Mas

sa fr

esca

(g m

- ² )

MFT y = 2533,1 - 24,8275x R² = 0,93**

MFPECon y = 1712,388 - 97,26125x + 2,263125x² R² = 0,99**

MFPEMon y = 3585,55 - 22,92 R² = 0,67*

MFPI y = 2529,8 - 23,495x R² = 0,85**

Figura 21. Massa fresca total (MFT) e de plantas de alface americana ‘Lucy Brown’

localizadas nas linhas internas (MFPI) e externas (MFPE) do canteiro, cultivada em consórcio (Con) e monocultura (Mon), em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ’Hokushin’ (Experimento 5).

Para massa fresca total (MFT) e de plantas de alface americana localizadas nas

linhas internas (MFPI) do canteiro não houve efeito significativo da interação entre

fatores, mas, sim, efeito significativo isolado tanto dos sistemas de cultivo quanto das

épocas de transplante da alface em relação ao transplante do pepino (Tabela 34).

Entre os sistemas de cultivo, maiores MFT (3.402 g m-2) e MFPI de alface (3.562

g m-2) foram obtidas em condição de monocultura, cerca de 270 e 350% superiores às

obtidas em consórcio, respectivamente. Em relação às épocas de transplante da alface,

a MFT e MFPI de alface apresentaram respostas semelhantes, ajustando-se a equação

polinomial de primeiro grau. Para ambas, o atraso no transplante da alface causou

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prejuízo no acúmulo de massa, com reduções de 29,4 e 27,9%, respectivamente, na

MFT e MFPI de alface quando a alface foi transplantada 0 e 30 DAT do pepino (Figura

21).

REZENDE et al. (2005d), avaliando o cultivo consorciado de alface ‘Vera’ com

tomateiro, no cultivo de julho a novembro de 2001, também verificaram influência

significativa das épocas de transplante da alface sobre a massa fresca de plantas de

alface localizadas nas linhas internas do canteiro, sendo mais pronunciado quando a

alface foi transplantada aos 28 e 42 DAT do tomateiro.

A MFT obtida em monocultura (3.402 g m-2), média de 476,47 g planta-1, foi

superior a produtividade encontrada por BRANCO (2001), de 339,7 g planta-1, no cultivo

de 25/09 a 05/12/99, e por FELTRIM et al., (2005), de 438,29 g planta-1, que cultivaram

alface americana ‘Lucy Brown’ também em Jaboticabal, SP.

A redução de 73% na MFT de plantas de alface americana consorciadas,

quando comparada com a monocultura, demonstrou a existência de elevado grau de

interferência do pepino sobre a planta de alface, sendo mais intensa à medida que mais

tardio foi o transplante da alface em relação ao do pepino. No entanto, em

conseqüência ao forte sombreamento das plantas de pepino, as plantas de alface

consorciadas aos 10, 20 e 30 DAT do pepino não apresentaram características de

comercialização, com ausência de formação de cabeça, folhas retorcidas e pequena

massa fresca. Somente as plantas de alface de consórcio estabelecido com

transplantes do pepino e alface no mesmo dia foram consideradas comerciais.

Este resultado demonstra que a alface americana foi mais influenciada

negativamente do que a alface crespa, pois sob mesma época de cultivo e população

de plantas de pepino, obteve-se plantas comerciais de alface crespa até consórcios

estabelecidos com transplante aos 10 DAT do pepino. Provavelmente, além da possível

diferença na exigência por radiação solar para estabelecer uma assimilação líquida

(fotossíntese líquida) positiva, entre as duas cultivares, tem-se o maior período pós-

transplante requerido pela alface americana do que o da crespa, cerca de 15 a 20 dias,

para atingir a principal característica comercial, ou seja, formação de cabeça. Este

estádio do desenvolvimento da alface americana ocorreu sob forte sombreamento do

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pepino. Atrasos no transplante da alface americana aumentaram o período de

desenvolvimento da alface sob elevado sombreamento, o que acarretou em maior

prejuízo.

A massa seca total (MST) de plantas de alface americana foi influenciada

significativamente pela interação dos fatores sistema de cultivo e época de transplante

da alface em relação ao transplante do pepino (Tabela 35).

Tabela 35. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para massa seca total (MST) e de plantas de alface americana ‘Lucy Brown’ localizadas nas linhas internas (MSPI) e externas (MSPE) do canteiro e diâmetro (D) da parte aérea de plantas de alface, em função do sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ‘Hokushin’ (Experimento 5).

Causas de Variação MST MSPI MSPE D

Sistema de cultivo (SC) 646,41** 330,90** 504,67** 45,14** Época de transplante (ET) 7,42** 2,05ns 10,60** 1,85ns

SC x ET 3,08* 1,34ns 2,94ns 1,08ns

C.V. (%) 12,25 19,47 12,05 4,27 ** e * significativo, respectivamente, a 1% e 5% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

A MST de plantas de alface, em cultivo consorciado, apresentou resposta linear

decrescente ao atraso na época de transplante da alface, enquanto, em monocultura

não se ajustou à equação polinomial e apresentou média de 147,43 g m-2 (20,65 g

planta-1). Em consórcio, maior MST (62,26 g m-2) de plantas de alface foi obtida com o

transplante 0 DAT do pepino, constatando-se uma redução de 62,7% com o atraso no

transplante em 30 dias (Figura 22). Avaliando cultivares de alface americana em

ambiente protegido, em Jaboticabal, SP, BRANCO (2001), FIGUEIREDO (2002) e

FELTRIM et al., (2005) obtiveram, para ‘Lucy Brown’, uma massa seca de 16,6; 14,61 e

19,72 g planta-1, respectivamente.

A MSPI de alface foi influenciada significativamente apenas pelo fator sistema de

cultivo, e a MSPE de alface houve efeito significativo isolado dos fatores sistema de

cultivo e época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino (Tabela

35).

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80

0

20

40

60

80

100

120

140

160

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

Mas

sa s

eca

(g m

- ² )

MSTCon y = 62,25875 - 1,3005x R² = 0,94**

MSTMon y = 147,43

MSPE y = 112,8175 - 1,032875x R² = 0,98**

MSPI y = 92,88

Figura 22. Massa seca total (MST) e de plantas de alface americana ‘Lucy Brown’

localizadas nas linhas internas (MSPI) e externas (MSPE) do canteiro, cultivada em consórcio (Con) e monocultura (Mon), em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ’Hokushin’ (Experimento 5).

Os consórcios produziram apenas 34,74 e 50,76 g m-2, cerca de 23% e 35% do

produzido em monocultura, respectivamente, para MSPI e MSPE (Figura 22). Quanto

ao efeito das épocas de transplante da alface em relação ao transplante do pepino, a

MSPE de alface decresceu linearmente com o atraso da época de transplante da

alface, com redução de 27,5% no período entre 0 e 30 DAT do pepino. A MSPI de

alface não se ajustou à equação polinomial, apresentando média de 92,88 g m-2.

O maior acúmulo de massa fresca e seca apresentado pelas plantas de alface

americana em monocultura, quando comparado com as plantas consorciadas, também,

foi relatado por CECÍLIO FILHO (2005) e REZENDE et al. (2005d) para o consórcio de

alface ‘Vera’ e o tomateiro. Isto demonstra que as plantas de alface foram prejudicadas

pela competição, principalmente por luz, exercida pelas plantas de pepino conduzidas

na vertical. Segundo ANDRIOLO (2000), o primeiro elemento do ambiente a condicionar

o processo de produção é a radiação solar. Neste contexto, FUKAI & TRENBATH

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(1993) relatam que o sombreamento de uma cultura pela de maior porte, no consórcio,

reduz a captação de radiação fotossinteticamente ativa pela cultura sombreada,

resultando em menor crescimento e produtividade.

O diâmetro (D) da parte aérea de plantas de alface americana foi influenciado

significativamente apenas pelo fator sistema de cultivo (Tabela 35). Maior D da parte

aérea de plantas de alface (35,43 cm) foi obtido em monocultura, enquanto, no cultivo

consorciado foi de 32 cm. FELTRIM et al. (2005), avaliando a produção de alface

americana em Jaboticabal, SP, no período de inverno, obtiveram, para ‘Lucy Brown’,

um D de 22,59 e 24,03 cm, respectivamente, para o cultivo protegido em solo e

hidropônico, com espaçamento de 0,25x0,30 m, no solo, e 0,30x0,30 m, na hidroponia.

Mesmo não sendo influenciado pelas épocas de transplante da alface, o D da

parte aérea de plantas de alface ajustou-se a uma equação polinomial de segundo grau

(y = 34,02063 – 0,1439375x + 0,00539375x2 R2=0,82**), obtendo-se máximo D (34,56

cm) com transplante de alface aos 30 DAT do pepino, mas apenas 0,5 cm a mais do

que o obtido com transplante de alface 0 DAT do pepino.

No experimento 6, consórcio de alface americana com uma linha de pepino, na

primeira época de cultivo (27/08 a 22/11/05), houve efeito significativo da interação dos

fatores sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao transplante

do pepino sobre a massa fresca total (MFT) e de plantas de alface americana

localizadas nas linhas internas (MFPI) do canteiro (Tabela 36).

As respostas da alface quanto MFT e MFPI de alface americana foram

semelhantes, apresentando comportamento quadrático em ambos os sistemas de

cultivo (Figura 23), porém sempre com maiores valores das características na

monocultura. Em consórcio, houve um decréscimo na MFT e MFPI de alface americana

em função do atraso do transplante da alface até 20 DAT do pepino, em ambas as

características, quando atingiram valores mínimos de 1.296 e 959 g m-2,

respectivamente. Estes valores representaram, em relação aos obtidos quando o

transplante foi realizado 0 DAT do pepino, reduções de 60,5 e 71,4%, respectivamente,

na MFT e MFPI de alface americana. As plantas cultivadas em monocultura, também

sofreram reduções na MFT e MFPI de alface até 22 e 20 DAT do pepino,

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respectivamente. No entanto, as reduções em relação aos máximos observados de

MFT e MFPI foram menos intensas, 24,4 e 25%, do que aquelas observadas no

consórcio.

Tabela 36. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para massa fresca total (MFT) e de plantas de alface americana ‘Lucy Brown’ localizadas nas linhas internas (MFPI) e externas (MFPE) do canteiro, em função do sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ‘Hokushin’ (Experimento 6).

Causas de Variação MFT MFPI MFPE

Sistema de cultivo (SC) 191,40** 231,40** 72,05** Época de transplante (ET) 39,10** 37,07** 29,21** SC x ET 4,87** 6,36** 1,77ns

C.V. (%) 10,76 12,70 11,99 ** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

Ainda em monocultura, a massa média por planta, considerando-se uma

população de 7,14 plantas m-2, foi de 577,24; 477,83; 437,37 e 455,84 g,

respectivamente para as plantas de alface transplantadas aos 0, 10, 20 e 30 DAT do

pepino. No cultivo de alface americana ‘Lucy Brown’, em ambiente protegido, no solo,

BRANCO (2001), no período de 25/09 a 05/12/1999, e FELTRIM et al. (2005), no

inverno, obtiveram uma produção de 339,7 e 438,3 g planta-1, respectivamente.

Em consórcio, as reduções de 44,73; 60,46 e 47,20% na MFT de plantas de

alface transplantadas, respectivamente, aos 10, 20 e 30 DAT do pepino, em relação às

plantas transplantadas 0 DAT do pepino, não afetaram negativamente as

características comerciais das plantas, além da massa, possibilitando serem

comercializadas (Figura 23). Verifica-se, portanto, que a menor população de pepino

neste experimento (1,11 planta m-2) possibilitou a obtenção de plantas comerciais de

alface americana até mesmo em consórcios estabelecidos com transplante da alface 30

DAT do pepino, diferindo do experimento 5, cuja população de plantas de pepino era de

2,22 plantas m-2 e que somente foram comerciais as alfaces do consórcio estabelecido

com transplantes das duas espécies no mesmo dia. O resultado obtido no experimento

6 para alface americana comercial também foi observado para alface crespa, sob a

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mesma população de pepino e mesma época de cultivo (experimento 2), quando todas

as plantas de alface, independente da época de transplante e, conseqüentemente, do

estabelecimento do consórcio, foram comerciais. Tais resultados demonstram quanto

foi prejudicial à alface o cultivo do pepino em fileira dupla no canteiro.

600

1400

2200

3000

3800

4600

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

Mas

sa fr

esca

(g m

- ² )

MFTCon y = 3277,763 - 194,1238x + 4,751875x² R² = 0,99**

MFTMon y = 4121,513 - 92,02375x + 2,104375x² R² = 0,91*

MFPE y = 3487,125 - 110,8125x + 2,32375x² R² = 0,81**

MFPICon y = 3352,938 - 243,7188x + 6,201875x² R² = 0,91*

MFPIMon y = 4503,375 - 113,5625x + 2,86875x² R² = 0,99**

Figura 23. Massa fresca total (MFT) e de plantas de alface americana ‘Lucy Brown’

localizadas nas linhas internas (MFPI) e externas (MFPE) do canteiro, cultivada em consórcio (Con) e monocultura (Mon), em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ’Hokushin’ (Experimento 6).

Nos consórcios estabelecidos com o plantio de uma linha de pepino, no centro

do canteiro, as plantas de alface americana foram beneficiadas pela maior incidência da

radiação solar, ou seja, menor interceptação da radiação pelas folhas do pepino, o que

resultou em maior acúmulo de massa fresca total quando comparada às plantas

consorciadas com duas linhas de pepino no canteiro. De acordo com GAWROSNSKA &

DWELLE (1989), a luz é um dos mais importantes fatores determinantes da

produtividade fotossintética da planta. SOUZA et al. (1999), avaliando o sombreamento

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e o desenvolvimento e produção de rabanete, observaram que a diminuição da

luminosidade proporcionou redução significativa da massa seca e produção.

Para massa fresca de plantas de alface americana, localizadas nas linhas

externas (MFPE) do canteiro, não foi observado efeito significativo da interação sistema

de cultivo e época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino, mas

houve efeito isolado dos fatores (Tabela 36).

A resposta da MFPE de alface, Figura 23, ajustou-se a equação quadrática, com

máximo (3.487 g m-2) obtido com o transplante da alface 0 DAT do pepino e mínimo

(2.166 g m-2) quando a alface foi transplantada aos 24 DAT do pepino. Entre os

transplantes realizados aos 0 e 24 DAT do pepino, verificou-se redução de 37,9% na

MFPE de alface.

A MFPE de alface em monocultura (3.152 g m-2) foi 43,93% superior à obtida em

cultivo consorciado e, assim, como constato para MFPI, atesta o prejuízo que o

sombreamento, ainda que menor em relação ao de duas linhas, causou ao

desenvolvimento da alface.

A massa seca total (MST) e de plantas de alface americana localizadas nas

linhas internas (MSPI) do canteiro foram influenciadas significativamente pela interação

dos fatores sistema de cultivo e época de transplante da alface após o transplante do

pepino (Tabela 37).

A MST e MSPI de alface apresentaram respostas semelhantes ao atraso no

transplante da alface dentro de cada sistema de cultivo. Assim, como verificado para

MFT e MFPI de alface, maior acúmulo de MST e MSPI de alface ocorreu quando a

alface foi transplantada 0 DAT do pepino (Figura 24). Em ambos os sistemas de cultivo,

a MST e MSPI de alface foram decrescendo à medida que mais tardio foi o transplante

da alface em relação ao transplante do pepino. Para as condições de consórcio,

observou-se ajuste quadrático para as reduções da MST e MSPI de alface, enquanto,

em monocultura, as reduções observadas em ambas as características ajustaram-se ao

modelo linear. As reduções na MST e MSPI de alface, em consórcio, foram,

respectivamente, de 40,65 e 41,24%, entre os transplantes de alface realizados com 0

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e 30 DAT do pepino, em monocultura, as reduções foram, respectivamente, de 22,5 e

23,6%.

Tabela 37. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para massa

seca total (MST) e de plantas de alface americana ‘Lucy Brown’ localizadas nas linhas internas (MSPI) e externas (MSPE) do canteiro e diâmetro (D) da parte aérea de plantas de alface, em função do sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ‘Hokushin’ (Experimento 6).

Causas de Variação MST MSPI MSPE D

Sistema de cultivo (SC) 638,77** 430,52** 210,34** 40,81** Época de transplante (ET) 75,13** 42,72** 33,66** 20,46** SC x ET 6,55** 14,89** 2,24ns 0,38ns

C.V. (%) 6,31 9,67 8,44 2,61 ** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

30

60

90

120

150

180

210

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

Mas

sa s

eca

(g m

- ² )

MSTCon y = 142,6529 - 7,022837x + 0,1687688x² R² = 0,99**

MSTMon y = 193,9085 - 1,4529x R² = 0,81**

MSPE y = 173,3265 - 3,7556x + 0,0689x² R² = 0,90*

MSPICon y = 138,6959 - 10,27666x + 0,2790063x² R² = 0,98**

MSPIMon y = 195,7025 - 1,541875x R² = 0,77**

Figura 24. Massa seca total (MST) e de plantas de alface americana ‘Lucy Brown’

localizadas nas linhas internas (MSPI) e externas (MSPE) do canteiro, cultivada em consórcio (Con) e monocultura (Mon), em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ’Hokushin’ (Experimento 6).

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86

CECÍLIO FILHO (2005), consorciando tomateiro e alface crespa ‘Vera’, no

período de 17/04 a 09/09/03, também verificou que a MSPI de alface, em consórcio,

decresceu à medida que mais tardio foi o seu transplante. Por outro lado, o autor

observou que a massa seca de plantas de alface em monocultura não se ajustou à

equação polinomial.

Verificou-se efeito isolado dos fatores sistema de cultivo e época de transplante

da alface em relação ao transplante do pepino para massa seca de plantas de alface

americana localizadas nas linhas externas (MSPE) do canteiro (Tabela 43).

O maior acúmulo de MSPE de alface foi obtido em monocultura (171,65 g m-2),

enquanto em cultivo consorciado foi de 110,56 g m-2. Na Figura 24, verifica-se que a

MSPE de alface também sofreu influência significativa da época de transplante da

alface, atingindo seu valor máximo 0 DAT do pepino (173,33 g m-2) decrescendo até

atingir o valor mínimo 27 DAT do pepino (122,15 g m-2). Neste período (0 a 27 DAT do

pepino), a MSPE de alface sofreu uma redução de 29,5%.

Para ambos os sistemas de cultivo, tanto a massa fresca quanto a seca de

plantas de alface, independente da localização no canteiro (linhas centrais ou externas),

foram decrescentes com o atraso no transplante da alface, sendo mais intenso nas

plantas consorciadas do que em monocultura.

Em relação à localização das plantas no canteiro, em consórcio, maior massa

fresca e seca foi obtida nas plantas de alface localizadas nas linhas externas do

canteiro. Isto deve ser resultado da menor competição entre as plantas de pepino e as

plantas de alface localizadas nas linhas externas do canteiro, visto que, neste

experimento, o consórcio foi estabelecido com o plantio de uma linha de plantas de

pepino próximo ao centro do canteiro, o que proporcionou maior incidência da radiação

solar sobre as plantas localizadas nas linhas externas. Por outro lado, as plantas

localizadas na linha interna do canteiro mais próximas as plantas de pepino e, portanto,

sob a projeção da copa deste, foram mais prejudicadas pela maior interceptação da

radiação solar pelas folhas de pepino. Em conseqüência disto, a menor captação de

radiação fotossinteticamente ativa pela cultura sombreada, resulta em menor

crescimento e produtividade, conforme salientam CHUI & SHIBLES (1984).

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87

O diâmetro (D) da parte aérea de plantas de alface americana sofreu influência

significativa dos fatores sistema de cultivo e épocas de transplante, isoladamente

(Tabela 37).

O D da alface obtido em monocultura (33,3 cm) foi superior em apenas 1,9 cm do

observado em plantas de alface cultivadas em consórcio. FELTRIM et al. (2005),

avaliando a produção de plantas de alface americana em Jaboticabal, SP, no cultivo de

inverno, obtiveram, para ‘Lucy Brown’, um diâmetro da parte aérea de 22,59 cm.

Em relação às épocas de transplante da alface, o D da parte aérea de plantas de

alface apresentou um comportamento linear decrescente (y = 33,871 – 0,102275x

R2=0,96**). O maior D da parte aérea de plantas de alface, obtido 0 DAT do pepino

(33,87 cm), reduziu para 30,8 cm quando as plantas de alface foram transplantadas 30

DAT do pepino.

No experimento 7, consórcio de alface americana com duas linhas de pepino, na

segunda época de cultivo (25/02 a 29/05/06), verificou-se que a interação significativa

dos fatores sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao do

pepino na massa fresca total (MFT) e de plantas de alface localizadas nas linhas

internas (MFPI) e externas (MFPE) do canteiro (Tabela 38).

Tabela 38. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para massa fresca total (MFT) e de plantas de alface americana ‘Lucy Brown’ localizadas nas linhas internas (MFPI) e externas (MFPE) do canteiro, em função do sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ‘Hokushin’ (Experimento 7).

Causas de Variação MFT MFPI MFPE

Sistema de cultivo (SC) 3515,13** 3057,18** 1432,18** Época de transplante (ET) 8,13** 11,58** 4,53* SC x ET 45,89** 40,09** 21,44** C.V. (%) 6,95 8,38 10,01

** e * significativo, respectivamente, a 1% e 5% de probabilidade pelo teste F.

De acordo com a Figura 25, em condição de consórcio, observou-se ajuste

quadrático para MFT e MFPI de alface e um ajuste linear para MFPE de alface. Com o

atraso no transplante da alface em relação ao transplante do pepino, houve uma

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88

redução de 75,4; 84,26 e 85,74%, respectivamente, na MFT, MFPI e MFPE de alface

entre os transplantes de alface realizados com 0 e 30 DAT do pepino.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

Mas

sa fr

esca

(g m

- ² )

MFTCon y = 825,6125 - 42,67625x + 0,730625x² R² = 0,99**

MFTMon y = 2422,288 + 78,04125x - 2,238125x² R² = 0,93**

MFPECon y = 1032,625 - 29,5125x R² = 0,97**

MFPEMon y = 2649,963 + 61,12125x - 1,663125x² R² = 0,99**

MFPICon y = 559,0875 - 34,27875x + 0,619375x² R² = 0,99**

MFPIMon y = 2193,5 + 95,8875x - 2,84125x² R² = 0,87**

Figura 25. Massa fresca total (MFT) e de plantas de alface americana ‘Lucy Brown’ localizadas nas linhas internas (MFPI) e externas (MFPE) do canteiro, cultivada em consórcio (Con) e monocultura (Mon), em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ’Hokushin’ (Experimento 7).

Quando se fez o transplante da alface 0 DAT do pepino, a MFT de alface em

consórcio (825,61 g m-2) foi 66% inferior à obtida em monocultura (2.422 g m-2). Esta

diferença de produtividade é resultado do elevado grau de interferência do pepino na

cultura da alface, que aumentou em intensidade no cultivo consorciado à medida que

mais tardio foi o transplante da alface em relação ao transplante do pepino. As baixas

MFT obtidas aos 0 (825,6 g m-2), 10 (472,9 g m-2), 20 (264,3 g m-2) e 30 (202,8 g m-2)

DAT do pepino, associada à ausência de formação de cabeça e folhas retorcidas

resultaram na produção plantas de alface completamente desfiguradas, sem

caracterização e, conseqüentemente, sem valor comercial, não permitindo sequer

formar maços de alface mesmo com a junção de várias plantas. Produções de alface

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89

americana não-comerciais foram observadas também no experimento 5 (duas linhas de

pepino e primeira época de cultivo) quando a alface foi transplantada aos 10, 20 e 30

DAT do pepino, e com alface crespa no experimento 1, com transplante da alface aos

20 e 30 DAT do pepino e nos experimentos 3 e 4 em todas as épocas de transplante da

alface.

Essas desordens fisiológicas também foram relatadas por REZENDE et al.

(2005d) para alface crespa ‘Vera’ consorciada a partir dos 14 dias após o transplante do

tomate. Segundo RICKLEFS (2003), a competição interespecífica é um fator importante

na determinação de quais espécies podem coexistir num habitat, principalmente

quando esta pode levar a eliminação de uma espécie pela outra.

Em monocultura, as respostas da alface quanto a MFT, MFPI e MFPE de alface

foram quadráticas (Figura 25). A MFT, MFPI e MFPE de alface foram maximizadas,

respectivamente, aos 17, 18 e 17 DAT do pepino. Transplantes posteriores promoveram

reduções na MFT, MFPI e MFPE de alface, que aos 30 DAT do pepino foram,

respectivamente, de 11,38; 16,29 e 6,98%. Observa-se que as reduções ocorridas na

massa fresca de alface são muito inferiores às constatadas para a condição de cultivo

consorciado.

A média da MFT de plantas de alface americana obtida entre as épocas de

transplante da alface em relação ao transplante do pepino, em monocultura, foi de

2.810 g m-2 ou 393,56 g por planta, sendo superior as 314,08 g por planta obtidas por

FELTRIM et al. (2005), quando cultivou alface americana ‘Lucy Brown’, em ambiente

protegido, no solo, no verão.

Houve efeito significativo da interação dos fatores sistema de cultivo e época de

transplante da alface em relação ao transplante do pepino sobre a massa seca total

(MST) e de plantas de alface americana localizadas nas linhas externas (MSPE) do

canteiro (Tabela 39).

À medida que o transplante foi realizado mais tardiamente em relação ao

transplante do pepino, menores foram os acúmulos de MST e MSPE de alface em

cultivo consorciado (Figura 26), concordando com os resultados obtidos para MFT e

MFPE de alface. A maior MST (34,2 g m-2) e MSPE (37,76 g m-2) de alface ao 0 DAT do

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90

pepino foram, respectivamente, 460,5 e 277,6% superior à obtida no transplante das

plantas de alface aos 30 DAT do pepino. Em monocultura, a MST de alface foi

crescente até o transplante da alface 15 DAT do pepino, quando obteve-se 118,52 g m-

2. Por outro lado, transplantes posteriores determinaram reduções na MST que atingiu

8,3% com o transplante da alface aos 30 DAT do pepino. A MSPE de alface não se

ajustou a equação polinomial e apresentou um acúmulo médio de 118,11 g m-2 (Figura

26).

Tabela 39. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para massa seca total (MST) e de plantas de alface americana ‘Lucy Brown’ localizadas nas linhas internas (MSPI) e externas (MSPE) do canteiro e diâmetro (D) da parte aérea de plantas de alface, em função do sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ‘Hokushin’ (Experimento 7).

Causas de Variação MST MSPI MSPE D

Sistema de cultivo (SC) 3908,55** 1231,92** 1490,43** 415,24** Época de transplante (ET) 20,28** 11,92** 4,32* 5,29** SC x ET 21,56** 2,49ns 15,47** 3,56* C.V. (%) 6,31 10,49 10,87 4,88

** e * significativo, respectivamente, a 1% e 5% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

Avaliando cultivares de alface americana em ambiente protegido, nas condições

de Jaboticabal, SP, BRANCO (2001), FIGUEIREDO (2002) e FELTRIM et al. (2005)

obtiveram, para ‘Lucy Brown’, massa seca de 11,60; 11,25 e 16,07 g planta-1,

respectivamente.

Para massa seca de plantas de alface americana localizadas na linha interna

(MSPI) do canteiro, foi verificado efeito isolado significativo dos fatores sistema de

cultivo e época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino (Tabela

19). No cultivo de 30/01 a 27/05/04, CECÍLIO FILHO (2005) também verificou efeito

significativo isolado dos fatores sistema de cultivo e época de transplante da alface

crespa ‘Vera’ em relação ao transplante do tomate.

O acúmulo de MSPI de alface em cultivo consorciado foi de 22,9 g m-2, enquanto

em monocultura foi de 108,4 g m-2.

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91

0

20

40

60

80

100

120

140

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

Mas

sa s

eca

(g m

- ² )

MSTCon y = 34,2045 - 0,93675x R² = 0,99**

MSTMon y = 109,0763 + 1,273125x - 0,0429125x² R² = 0,63*

MSPECon y = 37,7645 - 0,925425x R² = 0,99**

MSPEMon y = 118,11

MSPI y = 71,926 - 0,641275x R² = 0,94**

Figura 26. Massa seca total (MST) e de plantas de alface americana ‘Lucy Brown’

localizadas nas linhas internas (MSPI) e externas (MSPE) do canteiro, cultivada em consórcio (Con) e monocultura (Mon), em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ’Hokushin’ (Experimento 7).

Em condições de consórcio, a massa fresca e seca, independente da localização

das plantas no canteiro, decresceram com o atraso do transplante da alface. Tal fato

também deve ser atribuído ao sombreamento proporcionado pelas plantas de pepino,

conduzidas na vertical, sobre as plantas de alface. Segundo OFORI & STERN (1987),

quando uma planta sombreia outra, a competição estabelecida causa diminuição no

crescimento e desenvolvimento da planta sombreada.

Em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do

pepino, a MSPI de alface decresceu linearmente com uma redução de 26,75% no

intervalo de 0 a 30 DAT do pepino (Figura 26).

O diâmetro (D) da parte aérea de plantas de alface americana foi influenciado

significativamente pela interação dos fatores sistema de cultivo e época de transplante

da alface (Tabela 39). Em cultivo consorciado, o D da alface apresentou resposta linear

decrescente (y = 26,183 – 0,15215x R2 = 0,95**) ao atraso no transplante da alface,

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92

com maior valor (26,18 cm) obtido ao 0 DAT do pepino, reduzindo 17,43% aos 30 DAT

do pepino. Em monocultura, o D da alface não se ajustou à equação polinomial e

apresentou média de 34,10 cm.

No experimento 8, consórcio de alface americana com uma linha de pepino, na

segunda época de cultivo (25/02 a 29/05/06), a massa fresca total (MFT) e de plantas

de alface americana localizadas nas linhas internas (MFPI) e externas (MFPE) do

canteiro foram influenciadas significativamente pela interação dos fatores sistemas de

cultivo e época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino (Tabela

40).

Tabela 40. Valores de F, significância e coeficientes de variação (C.V.) para massa fresca total (MFT) e de plantas de alface americana ‘Lucy Brown’ localizadas nas linhas internas (MFPI) e externas (MFPE) do canteiro, em função do sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ‘Hokushin’ (Experimento 8).

Causas de Variação MFT MFPI MFPE

Sistema de cultivo (SC) 606,92** 803,75** 142,59** Época de transplante (ET) 53,55** 23,98** 34,10** SC x ET 8,40** 14,71** 9,01** C.V. (%) 10,48 13,25 14,64

** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.

Em cultivo consorciado, observou-se um ajuste quadrático para MFT e MFPI de

alface e linear decrescente para MFPE de alface (Figura 27). Maiores acúmulos de

MFT, MFPI e MFPE de alface foram obtidos com o transplante da alface 0 DAT do

pepino e aos 30 DAT do pepino apresentaram em relação ao transplante conjunta das

espécies reduções de 72,4; 71,3 e 83,2%, respectivamente, na MFT, MFPI e MFPE de

alface.

Maiores MFT, MFPI e MFPE de alface, em monocultura, foram obtidas com

transplante da alface 0 DAT do pepino, respectivamente, de 3.033, 3.096 e 3.261 g m-2

(Figura 27). A massa média por planta (424,79 g planta-1) foi superior aos 268,8 e

314,08 g planta-1 constatados por BRANCO (2001) e FELTRIM et al. (2005),

respectivamente, para alface americana ‘Lucy Brown’, cultivada em solo sob ambiente

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93

protegido, no cultivo de 18/02 a 02/05/00 e no verão, respectivamente, em Jaboticabal,

SP.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

Mas

sa fr

esca

(g m

- ² )

MFTCon y = 1812,475 - 87,34x + 1,4525x² R² = 0,99**

MFTMon y = 3033,288 + 12,20375x -1,454375x² R² = 0,82*

MFPECon y = 2573,25 - 71,3375x R² = 0,93**

MFPEMon y = 3261,0 - 27,5125x R² = 0,68*

MFPICon y = 931,45 - 67,3675x + 1,70625x² R² = 0,93**

MFPIMon y = 3096,15 - 35,3475x R² = 0,66**

Figura 27. Massa fresca total (MFT) e de plantas de alface americana ‘Lucy Brown’ localizadas nas linhas internas (MFPI) e externas (MFPE) do canteiro, cultivada em consórcio (Con) e monocultura (Mon), em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ’Hokushin’ (Experimento 8).

Em monocultura, verificou-se que a MFT apresentou resposta quadrática e

resposta linear decrescente ao atraso no transplante da alface em relação ao

transplante do pepino para MFPI e MFPE de alface (Figura 27). A MFT de alface foi

crescente até o transplante das plantas de alface aos 4 DAT do pepino, no qual obteve-

se 3.059 g m-2. Transplantes realizados após 4 DAT do pepino apresentaram reduções

na MFT de plantas de alface, apresentando aos 30 DAT do pepino (2.090 g m-2)

redução de 31,68%. Por outro lado, maior MFPI e MFPE de alface foram obtidas 0 DAT

do pepino com uma redução de 34,25 e 25,31%, respectivamente, aos 30 DAT do

pepino.

A massa seca de plantas de alface americana localizadas nas linhas internas

(MSPI) e externas (MSPE) do canteiro foram influenciadas significativamente pela

Page 108: CONSÓRCIOS DE PEPINO E ALFACE EM CULTIVO … · pepino, em duas densidades populacionais, com dois grupos de alface (crespa e americana), em ambiente protegido, realizados em duas

94

interação dos fatores sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao

transplante do pepino, enquanto para massa seca total (MFT) houve efeito isolado dos

fatores (Tabela 41).

Entre os sistemas de cultivo, maior MST de plantas de alface foi obtida em

monocultura (109,35 g m-2), em média 15,32 g planta-1, cerca de 130% superior à obtida

em monocultura. Avaliando cultivares de alface americana, nas condições de

Jaboticabal, SP, BRANCO (2001), FIGUEIREDO (2002) e FELTRIM et al. (2005)

obtiveram para ‘Lucy Brown’ uma produção de 11,6; 11,25 e 16,07 g planta-1,

respectivamente.

Tabela 41. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para massa seca total (MST) e de plantas de alface americana ‘Lucy Brown’ localizadas nas linhas internas (MSPI) e externas (MSPE) do canteiro e diâmetro (D) da parte aérea de plantas de alface, em função do sistema de cultivo e época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ‘Hokushin’ (Experimento 8).

Causas de Variação MST MSPI MSPE D

Sistema de cultivo (SC) 766,14** 1324,87** 116,61** 622,40** Época de transplante (ET) 23,95** 19,37** 9,46** 33,71** SC x ET 2,60ns 6,08** 7,95** 9,76** C.V. (%) 8,05 9,63 12,20 4,45

** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

Em relação às épocas de transplantes da alface, à medida que o transplante foi

realizado mais tardiamente em relação ao transplante do pepino, menor foi a MST de

planta de alface. Entre as épocas de transplante da alface 0 e 30 DAT do pepino, houve

uma redução de 26,95% no acúmulo de MST de planta de alface (Figura 28).

Em condição de consórcio, observou-se redução de 55,6% na MSPI de alface

com o atraso do transplante da alface até 22 DAT do pepino (Figura 28). A partir dos 22

DAT do pepino, as plantas de alface apresentaram um incremento na MSPI de alface

aos 30 DAT do pepino de 14,24%. Por outro lado, em monocultura, à medida que o

transplante da alface foi realizado mais tardio em relação ao transplante do pepino

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95

menor foi a MSPI de alface. O maior acúmulo de MSPI de alface foi obtido 0 DAT do

pepino (117,82 g m-2), reduzindo para 93,62 g m-2 aos 30 DAT do pepino.

0

20

40

60

80

100

120

140

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

Mas

sa s

eca

(g m

- ² )

MST y = 90,66925 - 0,813825x R² = 0,92**

MSPECon y = 93,247 - 1,529425x R² = 0,90**

MSPEMon y = 112,98

MSPICon y = 38,6325 - 1,9117x + 0,042725x² R² = 0,98**

MSPIMon y = 117,817 - 0,80655x R² = 0,68**

Figura 28. Massa seca total (MST) e de plantas de alface americana ‘Lucy Brown’

localizadas nas linhas internas (MSPI) e externas (MSPE) do canteiro, cultivada em consórcio (Con) e monocultura (Mon), em função da época de transplante da alface em relação ao transplante do pepino ’Hokushin’ (Experimento 8).

As reduções na MSPE e MSPI de plantas de alface consorciadas foram

intensificadas à medida que mais tardio foi o transplante da alface em relação ao

transplante do pepino. CECÍLIO FILHO (2005), no cultivo de 30/01 a 27/05/04, também

verificou redução na MSPE e MSPI de alface ‘Vera’ à medida que mais tardio foi o

transplante do tomateiro.

Como observado em todos os experimentos, a redução na massa fresca e seca

foi mais acentuada para as plantas de alface localizadas nas linhas internas do

canteiro. Isto deve-se a intensa redução da radiação solar, causada pelas folhas de

pepino, incidente sobre as plantas de alface localizadas nas linhas internas do canteiro,

sendo maior com o atraso no transplante da alface. No entanto, a competição por luz é

aumentada quando uma espécie atinge maior altura que a outra espécie consorciada.

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As espécies mais altas em um consórcio beneficiam-se por terem folhas num extrato

superior à de sua concorrente, onde intensidades luminosas são mais elevadas e onde

não se presencia sombreamento interespecífico (SINOQUET & CALDWELL, 1995).

O diâmetro (D) da parte aérea de plantas de alface americana foi influenciado

significativamente pela interação dos fatores sistema de cultivo e época de transplante

da alface (Tabela 41). O D da alface, em consórcio, ajustou-se a equação quadrática (y

= 23,57838 + 0,2290875x – 0,01476875x² R² = 0,81**), com máximo diâmetro (24,47

cm) obtido 8 DAT do pepino e o mínimo (17,16 cm) foi obtido quando a alface foi

transplantada 30 DAT do pepino. No intervalo entre 8 e 30 DAT, houve uma redução de

29,87% no D da alface. Por outro lado, em monocultura, a resposta do D da alface não

ajustou-se à equação polinomial, apresentando média de 32,39 cm.

FELTRIM et al. (2005), avaliando cultivares de alface americana em cultivo

protegido, no cultivo de verão, obtiveram para ‘Lucy Brown’ um diâmetro da parte aérea

de 29,51 cm.

Na segunda época de cultivo, independente do plantio do pepino com uma ou

duas linhas, as plantas de alface crespa (Experimentos 3 e 4) e americana

(Experimento 7) consorciadas foram intensamente prejudicadas pelo sombreamento

promovido pelo pepino, o que resultou na produção de plantas de alface não-

comerciais. Esta situação também foi observada nesse experimento, produzindo

plantas de alface não comerciais em todas as épocas de transplante avaliadas.

Em cultivo consorciado, as espécies normalmente diferem em altura e em

distribuição das folhas no espaço, entre outras características morfológicas, que podem

levar as plantas a competir por energia luminosa, água e nutrientes (FLESCH, 2002).

Além de possíveis efeitos da competição por nutrientes e água, atribuem-se os

resultados à baixa complementaridade referente ao aproveitamento da radiação

incidente. Tais resultados concordam com MIDMORE (1993), os quais informam que a

alteração na época de plantio de uma das culturas e, conseqüentemente, no

estabelecimento do consórcio, modifica o período de complementaridade e competição

das culturas componentes do consórcio, com reflexo na produtividade. Neste

experimento, as complementaridades espacial e temporal responsáveis pela maior

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eficiência de luz pelo cultivo consorciado do que aquela apresentada pela cultura

solteira (FRANCIS, 1989) não foram percebidas nem mesmo quando as espécies foram

transplantadas em conjunto.

Portanto, mesmo apresentando divergência botânica e agronomicamente, sendo

esta uma das mais importantes características para o sucesso do consórcio

(TRENBATH, 1975), estas não podem conviver juntas sem considerar a época de

estabelecimento do consórcio, sob pena de haver elevada competição interespecífica e

baixíssima complementaridade. Fato este, observado nos experimentos realizados na

segunda época de cultivo.

4.3 Atributos químicos do solo, antes e após a realização dos experimentos

No experimento 1, consórcio de alface crespa com duas linhas de pepino,

realizado em 2005, não houve efeito significativo da interação dos fatores tratamentos e

época de amostragem de solo para os atributos químicos do solo avaliados, exceto

para acidez (pH) e massa orgânica (MO) em áreas de cultivo com alface (Tabela 42).

Somente houve efeito significativo do fator época de amostragem de solo sobre o pH

em áreas de cultivo com pepino e em ambas as áreas de cultivo sobre o teor de

potássio (K), acidez potencial (H+Al) e saturação de bases (V).

O teor de MO em áreas de cultivo com alface crespa, independente da época de

amostragem de solo, não diferiu entre os sistemas de cultivo, mas foi maior no início do

experimento no consórcio estabelecido 10 DAT da alface em relação ao transplante do

pepino, não diferindo significativamente dos demais tratamentos (Tabela 43).

Em relação à acidez do solo, não houve diferença significativa entre os sistemas

de cultivo no início do experimento, enquanto após o término do experimento a maior

acidez foi observada em áreas de cultivo com consórcio estabelecido 10 DAT do

pepino. Entre as épocas de amostragem de solo, a acidez foi menor no início do

experimento nos consórcios estabelecidos aos 0, 10 e 20 DAT da alface em relação ao

pepino e na monocultura de alface (Tabela 43).

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Tabela 42. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg2+), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo, em função dos tratamentos e épocas de amostragem de solo em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ e alface crespa ‘Verônica’ (Experimento 1).

pH CaCl2 MO K Ca Mg H+Al SB CTC V Causas de variação Áreas de cultivo com pepino

Tratamentos (T) 1,63ns 1,12ns 0,81ns 0,93ns 0,55ns 0,90ns 0,96ns 1,24ns 0,43ns

Épocas de amostragem (E) 29,80** 0,82ns 30,19** 2,21ns 0,04ns 30,32** 0,26ns 0,66ns 14,05**

T x E 1,17ns 3,43ns 0,88ns 2,94ns 0,30ns 0,59ns 1,49ns 1,12ns 2,04ns

C.V. da parcela 1,54 8,80 15,76 7,71 6,78 7,48 6,80 5,11 2,33 C.V. da sub-parcela 1,26 5,02 12,03 3,70 5,76 4,83 4,35 3,74 1,44 Áreas de cultivo com alface Tratamentos (T) 1,98ns 0,64ns 1,41ns 0,41ns 0,55ns 1,02ns 0,47ns 0,32ns 0,56ns

Épocas de amostragem (E) 75,57** 0,88ns 46,61** 4,09ns 0,13ns 33,14** 0,01ns 1,51ns 12,76**

T x E 3,19* 3,68* 0,82ns 2,54ns 0,37ns 0,30ns 1,30ns 1,00ns 1,58ns

C.V. da parcela 1,60 9,28 16,15 7,51 7,95 7,57 7,37 5,84 1,46 C.V. da sub-parcela 0,75 4,88 11,15 4,39 6,15 5,19 5,03 4,34 1,58 ** e * significativo, respectivamente, a 1% e 5% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

Tabela 43. Massa orgânica (MO) e acidez (pH em CaCl2) do solo, em função da interação dos tratamentos e das épocas de amostragem de solo realizadas antes da implantação (Época 1) e após o termino (Época 2) do experimento em áreas de cultivo com alface crespa ‘Verônica’ (Experimento 1).

MO (g dm-3) pH Tratamentos Época 1 Época 2 Época 1 Época 2

Consórcio – 0 DAT 23,67 Aa* 22,67 Aa 6,6 Aa 6,4 ABb Consórcio – 10 DAT 26,33 Aa 23,00 Ab 6,6 Aa 6,3 Bb Consórcio – 20 DAT 22,67 Aa 23,63 Aa 6,5 Aa 6,4 ABb Consórcio – 30 DAT 24,00 Aa 25,00 Aa 6,6 Aa 6,5 Aa Monocultura de alface 24,00 Aa 24,33 Aa 6,5 Aa 6,4 ABb * Para cada interação, médias na mesma coluna seguidas por letras maiúsculas e na mesma linha seguidas por letras minúsculas distintas, diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

Na Tabela 44, verifica-se que não houve diferença significativa entre os sistemas

de cultivo para os atributos químicos do solo avaliados, tanto comparados à

monocultura de alface quanto à de pepino.

Quanto ao efeito da época de amostragem de solo, houve diferença entre início

e fim do experimento para pH, K, H+Al e V em áreas de cultivo com pepino e para H+Al

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e V em áreas de cultivo com alface (Tabela 45). Maiores valores foram observados no

início do experimento, exceto para H+Al em áreas de cultivo com pepino.

Tabela 44. Acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca),

magnésio (Mg), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo em áreas de cultivo de pepino ‘Hokushin’ e alface crespa ‘Verônica’, em função dos tratamentos (Experimento 1).

pH MO K Ca Mg H+Al SB CTC V

CaCl2 g dm-3 ------------------------ mmolc dm-3 --------------------------- % Tratamentos Áreas de cultivo com pepino

Consórcio – 0 DAT 6,5 A* 23 A 6,4 A 48 A 17 A 17 A 71 A 88 A 81 A Consórcio – 10 DAT 6,4 A 25 A 6,5 A 50 A 16 A 17 A 72 A 89 A 81 A Consórcio – 20 DAT 6,5 A 23 A 6,6 A 51 A 17 A 17 A 74 A 91 A 82 A Consórcio – 30 DAT 6,6 A 25 A 7,4 A 49 A 17 A 16 A 74 A 90 A 82 A Monocultura de pepino 6,5 A 25 A 6,8 A 52 A 17 A 17 A 76 A 93 A 81 A Média 6,5 24 6,7 50 17 17 73 90 81

Áreas de cultivo com alface K Ca Mg H+Al SB CTC V

------------------------ mmolc dm-3 --------------------------- % Consórcio – 0 DAT 6,4 A* 48 A 17 A 17 A 71 A 88 A 81 A Consórcio – 10 DAT 6,5 A 50 A 16 A 17 A 72 A 89 A 81 A Consórcio – 20 DAT 6,6 A 51 A 17 A 17 A 74 A 91 A 82 A Consórcio – 30 DAT 7,4 A 49 A 17 A 16 A 74 A 90 A 82 A Monocultura de alface 6,0 A 49 A 16 A 17 A 71 A 88 A 81 A Média 6,6 49 17 17 72 89 81 * Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

O teor de MO do solo em área de cultivo com pepino e o teor de Ca+2 e Mg+2, SB

e CTC do solo em ambas áreas de cultivo não foram modificados pelas culturas, seja

em consórcio ou monocultura, apresentando o mesmo valor dos atributos antes e após

o término do experimento (Tabela 45).

No experimento 2, consórcio de alface crespa com uma linha de pepino,

realizado em 2005, houve interação significativa entre os fatores tratamentos e épocas

de amostragem de solo somente para H+Al, em área de cultivo com pepino. Houve

efeito significativo isolado do fator tratamentos sobre o teor de MO do solo, em área de

cultivo com alface crespa, e do fator épocas de amostragem sobre o pH, teor de K,

magnésio (Mg) e V, e também sobre o H+Al e saturação de bases (SB), em áreas de

cultivo com alface crespa (Tabela 46).

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Tabela 45. Acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo, em função das épocas de amostragem de solo realizadas antes da implantação (Época 1) e após o termino (Época 2) do experimento em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ e alface crespa ‘Verônica’ (Experimento 1).

pH MO K Ca Mg H+Al SB CTC V

CaCl2 g dm-3 ------------------------ mmolc dm-3 --------------------------- % Épocas de amostragem Áreas de cultivo com pepino

Época 1 6,6 A* 24 A 7,5 A 44 A 17 A 16 B 73 A 90 A 82 A Época 2 6,4 B 24 A 5,9 B 50 A 17 A 17 A 73 A 91 A 80 B

Áreas de cultivo com alface K Ca Mg H+Al SB CTC V ------------------------ mmolc dm-3 --------------------------- %

Época 1 7,5 A* 50 A 16 A 16 A 72 A 88 A 82 A Época 2 5,6 B 49 A 17 A 17 B 72 A 90 A 80 B * Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

Tabela 46. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo, em função dos tratamentos e épocas de amostragem de solo, em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ e alface crespa ‘Verônica’ (Experimento 2).

Causas de variação pH CaCl2 MO K Ca Mg H+Al SB CTC V Áreas de cultivo com pepino Tratamentos (T) 1,22ns 1,82ns 0,32ns 1,38ns 0,44ns 2,71ns 0,94ns 0,94ns 1,40ns

Épocas de amostragem (E) 80,29** 2,25ns 12,98** 0,22ns 11,17** 64,69** 3,20ns 0,16ns 36,51**

T x E 3,00ns 2,11ns 0,23ns 1,62ns 1,17ns 8,15** 1,12ns 2,02ns 0,24ns

C.V. da parcela 1,88 3,82 14,87 5,64 5,65 5,35 5,79 5,42 1,13 C.V. da sub-parcela 1,36 6,40 17,94 4,40 5,38 3,82 4,97 4,16 1,06 Causas de variação Áreas de cultivo com alface Tratamentos (T) 0,32ns 5,66* 0,53ns 1,69ns 1,68ns 1,20ns 1,57ns 1,78ns 0,99ns

Épocas de amostragem (E) 4,20** 3,25ns 23,35** 0,21ns 12,10** 26,27** 4,98* 0,64ns 6,13*

T x E 2,54ns 2,19ns 2,47ns 1,37ns 2,35ns 1,33ns 2,54ns 2,81ns 1,21ns

C.V. da parcela 1,69 3,69 14,73 4,69 3,95 4,92 4,42 4,10 7,22 C.V. da sub-parcela 1,36 8,64 13,57 4,50 6,34 6,96 5,55 4,70 6,80 ** e * significativo, respectivamente, a 1% e 5% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

Diferente do resultado observado no experimento 1, em que não se verificou

interação entre os fatores tratamentos e épocas de amostragem de solo, a acidez

potencial do solo em áreas de cultivo com pepino não diferiu entre os sistemas de

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cultivo no início do experimento, mas foi maior no final do experimento nos consórcios

estabelecidos aos 10, 20 e 30 DAT da alface em relação ao transplante do pepino

(Tabela 47).

Tabela 47. Acidez potencial (H+Al) do solo, em função da interação dos tratamentos e das épocas de amostragem de solo realizadas antes da implantação (Época 1) e após o termino (Época 2) do experimento, em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ (Experimento 2).

H+Al (mmolc dm-3) Tratamentos

Época 1 Época 2 Consórcio – 0 DAT 17 Aa* 17 Aa Consórcio – 10 DAT 16 Ab 19 Aa Consórcio – 20 DAT 17 Ab 19 Aa Consórcio – 30 DAT 16 Ab 19 Aa Monocultura de pepino 16 Aa 16 Ba * Médias na mesma coluna seguidas por letras maiúsculas e na mesma linha seguidas por letras minúsculas distintas, diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

Na Tabela 48, observa-se que não houve diferença significativa entre os

sistemas de cultivo nos atributos químicos do solo, ou seja, os valores dos atributos do

solo em áreas de cultivo com pepino e alface crespa em consórcio não diferiram do

obtido em monocultura. Resultado semelhante ao observado no experimento 1, onde o

pepino foi cultivado com duas linhas de plantas no canteiro. Tal fato evidencia que o

plantio do pepino com uma e duas linhas não foi determinante na variação dos atributos

químicos.

Somente houve efeito significativo da época de amostragem de solo sobre o pH,

teor de K e Mg e V nas duas áreas de cultivo e sobre SB nas áreas de cultivo com

alface. Em ambas as áreas de cultivo, maiores valores foram observados na primeira

época de amostragem de solo, ou seja, no início do experimento, exceto para H+Al em

área de cultivo com alface crespa (Tabela 49).

No experimento 3, o consórcio da alface crespa com duas linhas de pepino,

realizado em 2006, interação significativa entre os fatores tratamentos e época de

amostragem não foi observada para os atributos avaliados em áreas de cultivo com

pepino e alface crespa (Tabela 50). Somente houve efeito isolado significativo do fator

época de amostragem de solo sobre o teor de K e Mg, SB e CTC.

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Tabela 48. Acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo, em função dos tratamentos em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ e alface crespa ‘Verônica’ (Experimento 2).

pH MO K Ca Mg SB CTC V

CaCl2 G dm-3 ------------------------ mmolc dm-3 --------------------------- % Tratamentos Áreas de cultivo com pepino

Consórcio – 0 DAT 6,4 A* 26 A 7,9 A 51 A 18 A 77 A 94 A 82 A Consórcio – 10 DAT 6,4 A 26 A 8,2 A 53 A 17 A 80 A 97 A 82 A Consórcio – 20 DAT 6,4 A 27 A 8,7 A 55 A 18 A 82 A 100 A 82 A Consórcio – 30 DAT 6,4 A 27 A 8,2 A 54 A 18 A 81 A 98 A 82 A Monocultura de pepino 6,5 A 27 A 8,4 A 55 A 18 A 81 A 98 A 83 A Média 6,4 27 8,3 54 18 80 97 82

Áreas de cultivo com alface pH MO K Ca Mg H+Al SB CTC V

CaCl2 g dm-3 ------------------------ mmolc dm-3 --------------------------- % Consórcio – 0 DAT 6,4 A* 26 A 7,9 A 51 A 18 A 17 A 77 A 94 A 82 A Consórcio – 10 DAT 6,4 A 26 A 8,2 A 53 A 19 A 17 A 80 A 97 A 82 A Consórcio – 20 DAT 6,4 A 27 A 8,7 A 55 A 18 A 18 A 82 A 100 A 83 A Consórcio – 30 DAT 6,4 A 27 A 8,2 A 54 A 18 A 18 A 80 A 98 A 77 A Monocultura de alface 6,5 A 29 A 7,7 A 53 A 18 A 17 A 79 A 96 A 83 A Média 6,4 27 8,1 53 18 17 80 97 81 * Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

Tabela 49. Acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo, em função das épocas de amostragem de solo realizadas antes da implantação (Época 1) e após o termino (Época 2) do experimento em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ e alface crespa ‘Verônica’ (Experimento 2).

pH MO K Ca Mg SB CTC V

CaCl2 G dm-3 ------------------------ mmolc dm-3 --------------------------- % Épocas de amostragem Áreas de cultivo com pepino

Época 1 6,6 A* 27 A 9,2 A 53 A 19 A 82 A 98 A 83 A Época 2 6,3 B 26 A 7,3 B 54 A 18 B 79 A 97 A 81 B

Áreas de cultivo com alface pH MO K Ca Mg H+Al SB CTC V

CaCl2 g dm-3 ------------------------ mmolc dm-3 --------------------------- % Época 1 6,6 A* 28 A 9,5 A 53 A 19 A 16 B 82 A 98 A 84 A Época 2 6,3 B 26 A 6,8 B 54 A 17 B 19 A 78 B 96 A 79 B * Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

De modo semelhante ao experimento 1, realizado em 2005 e com a mesma

população de plantas de pepino, os atributos químicos do solo avaliados em áreas de

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cultivo com pepino e alface crespa não foram influenciados significativamente pelos

sistemas de cultivo, evidenciando que o cultivo dos consórcios estabelecidos com o

transplante da alface aos 0, 10, 20 e 30 DAT do pepino não proporcionou alterações

dos atributos químicos do solo quando comparado com suas respectivas monoculturas

(Tabela 51).

Tabela 50. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para acidez

(pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo, em função dos tratamentos e épocas de amostragem de solo em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ e alface crespa ‘Verônica’ (Experimento 3).

pH CaCl2 MO K Ca Mg H+Al SB CTC V Causas de variação

Áreas de cultivo com pepino Tratamentos (T) 1,12ns 0,47ns 0,03ns 0,36ns 0,19ns 0,90ns 0,24ns 0,54ns 0,14ns

Épocas de amostragem (E) 4,00ns 4,75ns 214,82** 0,41ns 18,15** 2,31ns 22,58** 33,85** 2,52ns

T x E 0,02ns 0,42ns 0,03ns 0,94ns 0,49ns 0,28ns 0,69ns 1,30ns 0,27ns

C.V. da parcela 0,98 9,44 31,19 10,65 21,62 7,85 12,71 9,96 3,45 C.V. da sub-parcela 2,55 6,8 14,46 9,05 18,83 10,06 9,36 6,44 3,53 Áreas de cultivo com alface Tratamentos (T) 0,63ns 0,35ns 0,12ns 0,23ns 0,17ns 0,81ns 0,17ns 0,31ns 0,07ns

Épocas de amostragem (E) 4,75ns 3,42ns 130,89** 0,14ns 17,97** 2,88ns 21,55** 34,99** 2,30ns

T x E 0,01ns 0,35ns 0,02ns 1,29ns 0,55ns 0,38ns 0,82ns 1,05ns 0,40ns

C.V. da parcela 1,34 11,10 25,38 12,04 21,50 7,79 13,9 10,32 3,94 C.V. da sub-parcela 2,47 7,07 18,44 8,56 18,61 9,66 9,19 6,37 3,40 ** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

Em relação aos efeitos de época de amostragem de solo em áreas de cultivo

com pepino e alface crespa (Tabela 52), ressalta-se o teor de K2+, que foi,

respectivamente, cerca de 127 e 125% superior ao obtido após o termino do

experimento. Também, em ambas as áreas de cultivo, o teor de Mg, SB e CTC do solo

foram maiores antes do início do experimento, enquanto os demais atributos químicos

não sofreram variações antes e após o cultivo das culturas.

No experimento 4, pepino com uma linha e alface crespa, realizado em 2006,

independentemente das áreas terem sido cultivadas com pepino e alface, não houve

interação significativa entre os fatores tratamentos e épocas de amostragem de solo

para os atributos avaliados (Tabela 53). Houve efeito significativo do fator tratamentos

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sobre o teor de MO e capacidade de troca de cátions (CTC), em áreas de cultivo com

pepino, e sobre SB em áreas de cultivo com alface, e também do fator épocas de

amostragem sobre o pH, teor de K, cálcio (Ca) e Mg, H+Al, SB e V, em ambas as áreas

de cultivo.

Tabela 51. Acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca),

magnésio (Mg), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo, em função dos tratamentos em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ e alface crespa ‘Verônica’ (Experimento 3).

pH MO K Ca Mg H+Al SB CTC V

CaCl2 g dm-3 ------------------------ mmolc dm-3 --------------------------- % Tratamentos Áreas de cultivo com pepino

Consórcio – 0 DAT 6,4 A* 28 A 8,4 A 52 A 17 A 17 A 77 A 95 A 81 A Consórcio – 10 DAT 6,5 A 27 A 8,1 A 49 A 15 A 16 A 72 A 87 A 82 A Consórcio – 20 DAT 6,5 A 28 A 8,3 A 51 A 16 A 17 A 75 A 92 A 81 A Consórcio – 30 DAT 6,5 A 27 A 8,5 A 51 A 17 A 16 A 76 A 92 A 82 A Monocultura de pepino 6,5 A 27 A 8,6 A 49 A 16 A 17 A 74 A 91 A 81 A Média 6,5 27 8,4 50 16 17 75 91 81 Áreas de cultivo com alface Consórcio – 0 DAT 6,4 A* 28 A 8,4 A 52 A 17 A 17 A 77 A 95 A 81 A Consórcio – 10 DAT 6,5 A 27 A 8,1 A 49 A 16 A 16 A 72 A 89 A 82 A Consórcio – 20 DAT 6,5 A 28 A 8,3 A 51 A 16 A 17 A 75 A 92 A 81 A Consórcio – 30 DAT 6,5 A 27 A 8,5 A 51 A 17 A 16 A 76 A 92 A 82 A Monocultura de alface 6,5 A 29 A 8,9 A 50 A 16 A 17 A 75 A 92 A 81 A Média 6,5 28 8,4 51 16 17 75 92 81 * Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

Tabela 52. Acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo, em função das épocas de amostragem de solo realizadas antes da implantação (Época 1) e após o termino (Época 2) do experimento em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ e alface crespa ‘Verônica’ (Experimento 3).

pH MO K Ca Mg H+Al SB CTC V

CaCl2 g dm-3 ------------------------ mmolc dm-3 --------------------------- % Épocas de amostragem Áreas de cultivo com pepino

Época 1 6,5 A* 28 A 11,60 A 51 A 18 A 17 A 81 A 97 A 82 A Época 2 6,4 A 27 A 5,12 B 50 A 14 B 16 A 69 B 85 B 81 A

Áreas de cultivo com alface Época 1 6,6 A* 29 A 11,7 A 51 A 18 A 17 A 81 A 98 A 82 A Época 2 6,4 A 27 A 5,2 B 50 A 14 B 16 A 69 B 85 B 81 A * Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

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105

Tabela 53. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo, em função dos tratamentos e épocas de amostragem de solo em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ e alface crespa ‘Verônica’ (Experimento 4).

Causas de variação pH CaCl2 MO K Ca Mg H+Al SB CTC V Áreas de cultivo com pepino Tratamentos (T) 0,48ns 4,02* 3,74ns 1,43ns 1,63ns 0,57ns 1,38ns 7,97** 2,03ns

Épocas de amostragem (E) 33,35** 0,63ns 363,95** 12,54** 69,69** 19,18** 32,57** 10,00ns 23,04**

T x E 0,17ns 0,36ns 1,51ns 0,19ns 0,41ns 0,09ns 0,66ns 0,23ns 0,23ns

C.V. da parcela 2,83 5,28 11,53 5,48 8,64 13,37 5,53 1,75 2,95 C.V. da sub-parcela 2,56 6,15 10,34 6,46 7,18 14,62 11,06 8,82 10,29 Áreas de cultivo com alface Tratamentos (T) 0,53ns 1,88ns 0,59ns 1,69ns 1,19ns 0,54ns 4,78* 1,79ns 2,01ns

Épocas de amostragem (E) 30,78* 0,08ns 18,41** 10,38** 100,15** 21,12** 25,69** 2,32ns 22,99**

T x E 0,81ns 0,06ns 0,54ns 0,02ns 0,24ns 0,22ns 0,27ns 0,29ns 0,24ns

C.V. da parcela 3,31 7,8 23,13 5,04 11,43 14,79 4,22 4,35 2,82 C.V. da sub-parcela 2,56 6,35 14,67 6,22 5,52 14,45 12,61 9,81 10,47 ** e * significativo, respectivamente, a 1% e 5% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

Em área de cultivo com pepino, somente foi constatado efeito significativo dos

sistemas de cultivo sobre o teor de MO e CTC do solo (Tabela 54). Maior teor de MO do

solo foi observado quando o pepino cultivado com uma linha foi consorciado com alface

crespa transplantada 0 DAT do pepino, não diferindo significativamente do observado

nos consórcios com alface crespa estabelecidos aos 20 e 30 DAT do pepino e na

monocultura do pepino. Semelhante ao observado para o teor de MO, a maior CTC do

solo também foi observada no consórcio estabelecido com alface crespa 0 DAT do

pepino, sendo superior ao consórcio estabelecido 30 DAT do pepino e a monocultura

de pepino.

Por outro lado, em área de cultivo com alface, apenas a SB foi influenciada

significativamente pelos sistemas de cultivo (Tabela 54). O solo das áreas de cultivo

com alface crespa em monocultura apresentou maior SB, mas não diferiu do observado

para a alface em consórcio estabelecida aos 0, 10 e 20 DAT do pepino.

Assim, como nos experimentos anteriores, o pH, teor de K e Ca, SB e V do solo

avaliados em áreas de cultivo com pepino e alface crespa foram maiores no início do

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que no final do experimento, exceto para H+Al que foi maior no final do experimento

(Tabela 55).

Tabela 54. Acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca),

magnésio (Mg), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo, em função dos tratamentos em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ e alface crespa ‘Verônica’ (Experimento 4).

pH MO K Ca Mg H+Al SB CTC V

CaCl2 g dm-3 ------------------------ mmolc dm-3 --------------------------- % Tratamentos Áreas de cultivo com pepino

Consórcio – 0 DAT 6,3 A* 31 A 9,4 A 54 A 18 A 20 A 82 A 94 A 86 A Consórcio – 10 DAT 6,4 A 28 B 8,6 A 52 A 17 A 18 A 82 A 91 AB 84 A Consórcio – 20 DAT 6,3 A 31 AB 10,1 A 52 A 18 A 19 A 81 A 91 AB 86 A Consórcio – 30 DAT 6,3 A 30 AB 8,5 A 50 A 16 A 19 A 77 A 89 B 83 A Monocultura de pepino 6,3 A 30 AB 10,3 A 52 A 17 A 19 A 83 A 92 AB 84 A Média 6,3 - 9,4 52 17 19 81 - 85 Áreas de cultivo com alface Consórcio – 0 DAT 6,3 A* 31 A 9,4 A 54 A 16 A 20 A 82 AB 94 A 86 A Consórcio – 10 DAT 6,4 A 28 A 8,6 A 52 A 17 A 18 A 82 AB 90 A 84 A Consórcio – 20 DAT 6,2 A 31 A 10,1 A 52 A 18 A 19 A 81 AB 91 A 86 A Consórcio – 30 DAT 6,3 A 30 A 8,5 A 50 A 16 A 19 A 76 B 89 A 83 A Monocultura de alface 6,3 A 31 A 9,3 A 52 A 18 A 20 A 84 A 89 A 85 A Média 6,3 30 9,2 52 19 19 - 91 85 * Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

No experimento 5, consórcio de alface americana com duas linhas de pepino,

realizado em 2005, interação significativa entre os fatores tratamentos e épocas de

amostragem de solo não foi observada para os atributos químicos do solo avaliados em

áreas de cultivo de pepino e alface americana. Somente houve efeito significativo do

fator épocas de amostragem de solo sobre o pH, teor de MO, K2+ e Ca, H+Al, SB, CTC

e V (Tabela 56).

Resposta semelhante aos experimentos anteriores, os atributos químicos do solo

avaliados em áreas de cultivo de pepino e alface não foram influenciados

significativamente pelos sistemas de cultivo (Tabela 57). Quanto ao efeito de épocas de

amostragem do solo, somente o teor de Mg e V em área de cultivo com alface foram

indiferentes, enquanto os demais atributos foram maiores no início do experimento do

que no final (Tabela 58).

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Tabela 55. Acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo, em função das épocas de amostragem de solo realizadas antes da implantação (Época 1) e após o termino (Época 2) do experimento em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ e alface crespa ‘Verônica’ (Experimento 4).

pH MO K Ca Mg H+Al SB CTC V

CaCl2 g dm-3 ------------------------ mmolc dm-3 --------------------------- % Épocas de amostragem Áreas de cultivo com pepino

Época 1 6,5 A* 30 A 12,7 A 54 A 19 A 17 B 90 A 90 A 92 A Época 2 6,1 B 30 A 6,0 B 50 B 15 B 21 A 72 B 93 A 77 B Áreas de cultivo com alface Época 1 6,5 A* 30 A 12,5 A 54 A 19 A 17 B 90 A 88 A 93 A Época 2 6,1 B 30 A 5,8 B 50 B 16 B 22 A 71 B 93 A 77 B * Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

Tabela 56. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo, em função dos tratamentos e épocas de amostragem de solo, em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ e alface americana ‘Lucy Brown’ (Experimento 5).

pH CaCl2 MO K Ca Mg H+Al SB CTC V Causas de variação

Áreas de cultivo com pepino Tratamentos (T) 0,33ns 2,21ns 0,61ns 3,46ns 1,38ns 0,24ns 3,21ns 3,02ns 1,17ns

Épocas de amostragem (E) 12,00** 10,72** 35,56** 9,36* 0,01ns 24,50** 13,66** 5,36* 37,36**

T x E 0,33ns 0,40ns 1,62ns 0,19ns 0,57ns 1,45ns 0,56ns 0,96ns 0,74ns

C.V. da parcela 1,72 5,18 14,94 4,72 8,74 8,98 4,92 3,68 2,41 C.V. da sub-parcela 9,45 9,45 14,88 4,02 5,68 5,36 4,93 3,84 1,56 Áreas de cultivo com alface Tratamentos (T) 0,26ns 1,45ns 0,34ns 3,03ns 2,09ns 0,14ns 3,14ns 2,37ns 0,71ns

Épocas de amostragem (E) 12,64** 8,45* 38,17** 18,01** 0,01ns 25,00** 21,96** 8,53* 25,20**

T x E 1,10ns 0,91ns 1,70ns 1,04ns 0,78ns 1,04ns 1,44ns 1,96ns 0,52ns

C.V. da parcela 3,25 7,23 15,88 5,02 6,91 10,67 4,96 4,25 2,84 C.V. da sub-parcela 2,66 9,14 14,08 3,33 4,87 5,63 4,22 3,25 1,95 ** e * significativo, respectivamente, a 1% e 5% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

No experimento 6, consórcio de alface americana com uma linha de pepino,

realizado em 2005, não foi observado interação significativa entre os fatores

tratamentos e épocas de amostragem de solo em áreas de cultivo com pepino e alface

americana para os atributos químicos avaliados (Tabela 59). Em áreas de cultivo com

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pepino, houve efeito significativo do fator tratamentos sobre o teor de Mg e do fator

épocas de amostragem sobre todos os demais atributos químicos, exceto H+Al,

enquanto em áreas de cultivo com alface americana houve efeito significativo do fator

épocas de amostragem sobre todos os atributos avaliados.

Tabela 57. Acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo, em função dos tratamentos em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ e alface americana ‘Lucy Brown’ (Experimento 5).

pH MO K Ca Mg H+Al SB CTC V

CaCl2 g dm-3 ------------------------ mmolc dm-3 --------------------------- % Tratamentos Áreas de cultivo com pepino

Consórcio – 0 DAT 6,2 A* 27 A 7,7 A 45 A 14 A 20 A 67 A 87 A 78 A Consórcio – 10 DAT 6,3 A 29 A 8,0 A 47 A 15 A 20 A 70 A 90 A 73 A Consórcio – 20 DAT 6,2 A 29 A 8,6 A 50 A 16 A 19 A 74 A 93 A 79 A Consórcio – 30 DAT 6,2 A 28 A 8,0 A 49 A 16 A 19 A 73 A 92 A 79 A Monocultura de pepino 6,2 A 27 A 8,2 A 48 A 15 A 20 A 71 A 91 A 78 A Média 6,2 28 8,1 48 15 20 71 91 77 Áreas de cultivo com alface Consórcio – 0 DAT 6,2 A* 27 A 7,7 A 45 A 14 A 20 A 67 A 87 A 78 A Consórcio – 10 DAT 6,3 A 29 A 8,0 A 47 A 15 A 20 A 70 A 90 A 73 A Consórcio – 20 DAT 6,2 A 29 A 8,6 A 50 A 16 A 19 A 74 A 93 A 79 A Consórcio – 30 DAT 6,2 A 28 A 8,0 A 49 A 16 A 19 A 73 A 92 A 79 A Monocultura de alface 6,2 A 27 A 8,2 A 48 A 15 A 20 A 71 A 91 A 78 A Média 6,2 28 8,1 48 15 20 71 91 77 * Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

Tabela 58. Acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo, em função das épocas de amostragem de solo realizadas antes da implantação (Época 1) e após o termino (Época 2) do experimento, em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ e alface americana ‘Lucy Brown’ (Experimento 5).

pH MO K Ca Mg H+Al SB CTC V

CaCl2 g dm-3 ------------------------ mmolc dm-3 --------------------------- % Épocas de amostragem Áreas de cultivo com pepino

Época 1 6,2 A* 30 A 9,5 A 49 A 15 A 18 B 74 A 92 A 80 A Época 2 6,1 B 27 B 6,9 B 47 B 15 A 20 A 69 B 89 B 77 A Áreas de cultivo com alface Época 1 6,3 A* 30 A 9,3 A 49 A 15 A 19 B 74 A 92 A 80 A Época 2 6,1 B 27 B 6,8 B 47 B 15 A 21 A 69 B 89 B 77 B * Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

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Tabela 59. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo, em função dos tratamentos e épocas de amostragem de solo, em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ e alface americana ‘Lucy Brown’ (Experimento 6).

pH CaCl2 MO K Ca Mg H+Al SB CTC V Causas de variação Áreas de cultivo com pepino

Tratamentos (T) 0,83ns 0,91ns 1,02ns 1,37ns 4,32* 0,60ns 1,55ns 1,14ns 1,20ns

Épocas de amostragem (E) 8,00* 7,89* 15,73** 5,29* 54,00** 2,58ns 13,43** 12,47** 12,80**

T x E 0,08ns 1,79ns 2,44ns 0,20ns 0,56ns 2,18ns 0,37ns 0,46ns 0,63ns

C.V. da parcela 1,28 5,23 18,57 4,54 3,75 6,32 4,05 3,47 1,19 C.V. da sub-parcela 1,15 6,29 14,45 6,27 4,86 5,81 6,20 5,07 1,44 Causas de variação Áreas de cultivo com alface Tratamentos (T) 0,73ns 0,32ns 3,30ns 1,01ns 3,02ns 0,32ns 1,36ns 0,79ns 0,54ns

Épocas de amostragem (E) 16,33** 6,13* 24,20** 7,31* 53,45** 7,64* 20,74** 15,66** 21,43**

T x E 0,29ns 1,39ns 1,44ns 0,54ns 0,95ns 2,50ns 1,70ns 0,73ns 0,54ns

C.V. da parcela 1,37 5,83 11,91 5,17 4,02 8,40 4,96 3,74 1,77 C.V. da sub-parcela 0,94 7,18 15,15 6,49 5,60 4,82 5,57 5,43 1,39 ** e * significativo, respectivamente, a 1% e 5% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

Na Tabela 60, observa-se que todos os atributos químicos do solo avaliados em

áreas de cultivo com pepino e alface americana não foram influenciados pelos sistemas

de cultivo, exceto para o teor de Mg. Maiores teores de Mg do solo, em área de cultivo

com pepino, foram observados nos consórcios de pepino com alface americana

estabelecida entre 0 e 20 DAT do pepino.

Diferença significativa foi observada para épocas de amostragem de solo em

áreas de cultivo com pepino e alface, sendo menores os valores dos atributos químicos

do solo no final do experimento, exceto para H+AL em áreas de cultivo com pepino que

não diferiram entre si e em áreas de cultivo com alface americana que foi maior no final

do experimento (Tabela 61).

No experimento 7, consórcio de alface americana com duas linhas de pepino,

realizado em 2006, não foi observado interação significativa entre os fatores

tratamentos e épocas de amostragem sobre os atributos químicos do solo em área de

cultivo com pepino e alface. O fator épocas de amostragem de solo influenciou

significativamente todos os atributos avaliados, exceto o teor de MO e Ca (Tabela 62).

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Tabela 60. Acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo, em função dos tratamentos, em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ e alface americana ‘Lucy Brown’ (Experimento 6).

pH MO K Ca Mg H+Al SB CTC V

CaCl2 g dm-3 ------------------------ mmolc dm-3 --------------------------- % Tratamentos Áreas de cultivo com pepino

Consórcio – 0 DAT 6,7 A* 24 A 6,4 A 52 A 19 A 14 A 77 A 90 A 85 A Consórcio – 10 DAT 6,7 A 25 A 6,0 A 52 A 19 A 14 A 77 A 90 A 85 A Consórcio – 20 DAT 6,8 A 25 A 6,7 A 54 A 19 A 13 A 80 A 93 A 86 A Consórcio – 30 DAT 6,7 A 25 A 7,3 A 51 A 18 B 14 A 76 A 90 A 85 A Monocultura de pepino 6,7 A 26 A 6,5 A 51 A 18 B 14 A 76 A 90 A 85 A Média 6,7 25 6,6 52 - 14 77 91 85 Áreas de cultivo com alface Consórcio – 0 DAT 6,7 A* 24 A 6,4 A 52 A 19 A 14 A 75 A 90 A 85 A Consórcio – 10 DAT 6,7 A 25 A 6,0 A 52 A 19 A 14 A 77 A 90 A 85 A Consórcio – 20 DAT 6,8 A 25 A 6,7 A 54 A 19 A 13 A 80 A 93 A 86 A Consórcio – 30 DAT 6,7 A 25 A 7,4 A 51 A 19 A 14 A 76 A 90 A 85 A Monocultura de alface 6,7 A 25 A 6,0 A 52 A 19 A 14 A 77 A 91 A 85 A Média 6,7 25 6,5 52 19 14 77 91 85 * Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% pelo teste Tukey. Tabela 61. Acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca),

magnésio (Mg), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo, em função das épocas de amostragem de solo realizadas antes da implantação (Época 1) e após o termino (Época 2) do experimento em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ e alface americana ‘Lucy Brown’ (Experimento 6).

pH MO K Ca Mg H+Al SB CTC V

CaCl2 g dm-3 ------------------------ mmolc dm-3 --------------------------- % Épocas de amostragem Áreas de cultivo com pepino

Época 1 6,8 A 26 A 7,2 A 53 A 20 A 14 A 80 A 94 A 86 A Época 2 6,7 B 24 B 5,9 B 51 B 17 B 14 A 74 B 88 B 84 B Áreas de cultivo com alface Época 1 6,8 A* 26 A 7,4 A 54 A 20 A 13 B 81 A 95 A 86 A Época 2 6,7 B 24 B 5,6 B 50 B 17 B 14 A 73 B 87 B 84 B * Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

Na tabela 63, semelhante aos resultados obtidos no experimento 3, cultivado

com alface crespa na mesma época de cultivo e população de plantas de pepino,

nenhum dos atributos químicos do solo em áreas de cultivo com pepino e alface

americana foram influenciados significativamente pelo sistema de cultivo. Este fato

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111

representa que os atributos químicos do solo em áreas de cultivo com o pepino e alface

americana, em monocultura ou em consorciação, não diferiram significativamente.

Tabela 62. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo, em função dos tratamentos e épocas de amostragem de solo em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ e alface americana ‘Lucy Brown’ (Experimento 7).

pH CaCl2 MO K Ca Mg H+Al SB CTC V Causas de variação Áreas de cultivo com pepino

Tratamentos (T) 0,64ns 1,75ns 1,03ns 1,21ns 0,50ns 0,48ns 1,02ns 1,32ns 0,44ns

Épocas de amostragem (E) 22,35** 1,44ns 103,92** 2,65ns 34,91** 13,25** 19,95** 17,25** 17,16**

T x E 0,20ns 0,76ns 1,89ns 0,79ns 1,12ns 0,12ns 0,93ns 1,19ns 0,21ns

C.V. da parcela 1,89 4,72 14,54 7,49 8,38 9,62 7,00 4,62 2,92 C.V. da sub-parcela 1,92 6,19 15,91 9,28 9,21 7,19 9,25 6,86 3,44 Áreas de cultivo com alface Tratamentos (T) 0,67ns 0,12ns 1,64ns 0,95ns 0,74ns 0,31ns 0,71ns 0,59ns 0,33ns

Épocas de amostragem (E) 15,57** 2,81ns 82,78** 1,67ns 33,62** 10,59** 18,38** 14,24** 14,82**

T x E 0,34ns 0,85ns 1,57ns 0,50ns 1,16ns 0,13ns 0,88ns 1,16ns 0,20ns

C.V. da parcela 2,74 7,18 15,99 7,88 7,02 14,17 7,49 8,32 4,05 C.V. da sub-parcela 2,15 7,64 17,86 9,81 8,93 7,47 9,49 6,84 3,46 ** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

Quanto ao efeito de épocas da amostragem do solo em áreas de cultivo com

pepino e alface americana, houve diferença entre início e fim do experimento para pH,

teor de K e Mg, H+Al, CTC, SB e V, com maiores valores destes atributos no início do

experimento, exceto para H+Al que foi maior na segunda época de amostragem de solo

(Tabela 64).

No experimento 8, consórcio de alface americana com uma linha de pepino,

realizado em 2006, somente foi observado interação significativa entre os fatores

tratamentos e épocas de amostragem para H+Al em áreas de cultivo com pepino,

sendo semelhante ao observado no experimento 2, cultivado com alface crespa na

mesma população de plantas de pepino. Também, observou efeito isolado do fator

época de amostragem sobre todos os demais atributos químicos avaliados, exceto para

CTC em áreas de cultivo com alface (Tabela 65).

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Tabela 63. Acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo em função dos tratamentos, em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ e alface americana ‘Lucy Brown’ (Experimento 7).

pH MO K Ca Mg H+Al SB CTC V

CaCl2 g dm-3 ------------------------ mmolc dm-3 --------------------------- % Tratamentos Áreas de cultivo com pepino

Consórcio – 0 DAT 6,2 A* 33 A 10,1 A 47 A 15 A 19 A 72 A 91 A 79 A Consórcio – 10 DAT 6,2 A 32 A 9,2 A 49 A 15 A 20 A 73 A 93 A 79 A Consórcio – 20 DAT 6,3 A 31 A 10,6 A 48 A 15 A 19 A 74 A 93 A 80 A Consórcio – 30 DAT 6,3 A 31 A 10,7 A 51 A 16 A 18 A 77 A 95 A 80 A Monocultura de pepino 6,3 A 33 A 9,4 A 47 A 15 A 18 A 72 A 90 A 79 A Média 6,3 32 10,0 48 15 19 74 92 79 Áreas de cultivo com alface Consórcio – 0 DAT 6,2 A* 31 A 10,1 A 47 A 15 A 19 A 73 A 91 A 79 A Consórcio – 10 DAT 6,2 A 32 A 9,2 A 49 A 15 A 20 A 72 A 93 A 79 A Consórcio – 20 DAT 6,3 A 31 A 10,6 A 48 A 15 A 19 A 74 A 93 A 80 A Consórcio – 30 DAT 6,3 A 31 A 10,7 A 50 A 16 A 18 A 77 A 95 A 80 A Monocultura de alface 6,3 A 32 A 8,8 A 51 A 15 A 18 A 75 A 93 A 80 A Média 6,3 31 9,9 49 15 19 74 93 80 * Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

Tabela 64. Acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo, em função das épocas de amostragem de solo realizadas antes da implantação (Época 1) e após o termino (Época 2) do experimento em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ e alface americana ‘Lucy Brown’ (Experimento 7).

pH MO K Ca Mg H+Al SB CTC V Épocas de amostragem CaCl2 g dm-3 ------------------------ mmolc dm-3 --------------------------- %

Áreas de cultivo com pepino Época 1 6,3 A* 32 A 13,0 A 50 A 17 A 18 B 79 A 97 A 82 A Época 2 6,1 B 32 A 7,1 B 47 A 14 B 20 A 68 B 88 B 77 B Áreas de cultivo com alface Época 1 6,3 A* 32 A 12,8 A 50 A 17 A 18 B 80 A 98 A 82 A Época 2 6,1 B 31 A 6,9 B 48 A 14 B 20 A 69 B 88 B 78 B * Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

Dentro de cada época de amostragem de solo realizadas em áreas de cultivo

com pepino, a acidez potencial não diferiu entre os sistemas de cultivo, representando

em média 14 e 19 mmolc dm-3, respectivamente, primeira e segunda época de

amostragem de solo. Em relação às épocas de amostragem, maiores valores de acidez

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potencial foram observados sempre no final do experimento, independente se o pepino

foi cultivado em monocultura ou consorciado com alface americana (Tabela 66).

Tabela 65. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo, em função dos tratamentos e épocas de amostragem de solo em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ e alface americana ‘Lucy Brown’ (Experimento 8).

pH CaCl2 MO K Ca Mg H+Al SB CTC V Causas de variação Áreas de cultivo com pepino

Tratamentos (T) 0,73ns 0,89ns 0,53ns 1,37ns 0,87ns 0,86ns 1,50ns 1,82ns 1,30ns

Épocas de amostragem (E) 1.722,25** 10,6** 253,61** 33,73** 87,23** 494,08** 112,12** 44,34** 364,83**

T x E 1,00ns 0,84ns 1,78ns 1,67ns 1,10ns 3,67* 2,02ns 2,42ns 1,11ns

C.V. da parcela 1,23 7,01 15,86 5,37 5,32 7,11 5,11 3,56 2,12 C.V. da sub-parcela 0,26 9,11 14,59 4,60 6,05 3,80 5,06 5,06 1,33 Causas de variação Áreas de cultivo com alface Tratamentos (T) 0,56ns 0,73ns 1,18ns 0,81ns 0,59ns 0,47ns 1,33ns 0,79ns 1,03ns

Épocas de amostragem (E) 705,60** 9,48* 179,75** 21,36** 71,26** 328,05** 80,64** 0,34ns 404,65**

T x E 0,35ns 0,76ns 1,10ns 1,66ns 0,85ns 0,80ns 2,06ns 0,57ns 1,34ns

C.V. da parcela 1,52 7,46 15,81 5,84 5,89 7,78 5,83 28,45 2,38 C.V. da sub-parcela 0,89 9,16 16,91 4,64 6,04 4,87 5,11 24,91 1,25 ** e * significativo, respectivamente, a 1% e 5% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

Tabela 66. Acidez potencial (H+Al) do solo, em função da interação dos tratamentos e das épocas de amostragem de solo realizadas antes da implantação (Época 1) e após o termino (Época 2) do experimento em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ (Experimento 8).

H+Al (mmolc dm-3) Tratamentos Época 1 Época 2

Consórcio – 0 DAT 14 Ab* 19 Aa Consórcio – 10 DAT 14 Ab 20 Aa Consórcio – 20 DAT 14 Ab 19 Aa Consórcio – 30 DAT 14 Ab 20 Aa Monocultura de pepino 14 Ab 18 Aa * Médias na mesma coluna seguidas por letras maiúsculas e na mesma linha seguidas por letras minúsculas distintas, diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

Os atributos químicos do solo avaliados em áreas de cultivo com pepino e alface

não foram influenciados significativamente pelos sistemas de cultivo (Tabela 67).

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Tabela 67. Acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo, em função dos tratamentos em áreas de cultivo com o pepino (Experimento 8).

pH MO K Ca Mg SB CTC V Tratamentos

CaCl2 g dm-3 ------------------------ mmolc dm-3 ------------------------ % Áreas de cultivo com pepino Consórcio – 0 DAT 6,5 A* 29 A 7,6 A 52 A 17 A 77 A 93 A 83 A Consórcio – 10 DAT 6,5 A 27 A 6,9 A 49 A 17 A 73 A 90 A 81 A Consórcio – 20 DAT 6,5 A 28 A 7,5 A 50 A 17 A 75 A 92 A 81 A Consórcio – 30 DAT 6,5 A 27 A 7,0 A 50 A 17 A 73 A 90 A 81 A Monocultura de pepino 6,5 A 27 A 7,0 A 49 A 17 A 72 A 88 A 81 A Média 6,5 28 7,2 50 17 74 91 81

Áreas de cultivo com alface pH MO K Ca Mg H+Al SB CTC V Tratamentos

CaCl2 g dm-3 ------------------------ mmolc dm-3 --------------------------- % Consórcio – 0 DAT 6,5 A* 29 A 7,6 A 52 A 17 A 16 A 77 A 93 A 83 A Consórcio – 10 DAT 6,5 A 27 A 6,9 A 49 A 17 A 17 A 73 A 75 A 81 A Consórcio – 20 DAT 6,5 A 28 A 7,5 A 50 A 17 A 17 A 75 A 76 A 81 A Consórcio – 30 DAT 6,5 A 27 A 7,0 A 50 A 17 A 17 A 72 A 90 A 81 A Monocultura de alface 6,5 A 28 A 6,4 A 50 A 17 A 17 A 74 A 91 A 82 A Média 6,5 28 7,1 50 17 17 74 85 82 * Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

Quanto ao efeito de épocas de amostragem de solo em áreas de cultivo com

pepino e alface americana, houve diferença entre início e fim do experimento para

todos os atributos químicos avaliados (Tabela 68), exceto para CTC do solo em áreas

de cultivo com alface americana. Maiores valores destes atributos, com exceção do

H+Al em áreas de cultivo com alface, também foram observados no início do

experimento.

Os resultados referentes aos atributos químicos do solo na camada de 0 a 0,20

m em áreas de cultivo com pepino foram semelhantes aos observados em áreas de

cultivo com alface crespa ou americana. Em todos os experimentos observou efeito

significativo, principalmente, para época de amostragem de solo, ou seja, início e final

do experimento. Eventualmente, observou interação significativa ou efeito do fator

tratamentos (sistema de cultivo).

O pH do solo encontra-se, sob as condições de cultivo em áreas com pepino e

alfaces, dentro da faixa recomendada para as culturas. As diferenças observadas para

o pH do solo não foram significativas entre os sistemas de cultivo, enquanto para as

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épocas de amostragem foram significativas as pequenas variações. Analisando o efeito

dos sistemas de cultivo sobre o pH do solo, em todos os experimentos, verifica-se uma

faixa de variação de 6,2 a 6,7, sendo classificado como muito baixo dentro dos limites

de interpretação proposto por RAIJ et al. (1997). Por outro lado, a faixa de variação do

pH do solo no início e final do experimento foi maior do que para os sistemas de cultivo,

de 6,1 a 6,8, sendo também classificada com acidez muito baixa. Tal resultado deve-se

a alta acidez do solo observada em áreas de cultivo com os experimentos 4, 5 e 7, na

primeira época de amostragem, e a baixa acidez em áreas de cultivo com os

experimentos 6, 8 e 9, na segunda época de amostragem. Em todos os experimentos, o

solo de ambas as áreas de cultivo da segunda época de amostragem sempre

apresentou uma acidez mais baixa quando comparado com o da primeira época de

amostragem, exceto para o experimento 3, que não houve diferença entre as épocas.

Tabela 68. Acidez (pH em CaCl2), massa orgânica (MO), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca de cátions (CTC) e índice de saturação por bases (V) do solo, em função das épocas de amostragem de solo realizadas antes da implantação (Época 1) e após o termino (Época 2) do experimento em áreas de cultivo com o pepino ‘Hokushin’ e alface americana ‘Lucy Brown’ (Experimento 8).

pH MO K Ca Mg SB CTC V

CaCl2 g dm-3 ----------------------- mmolc dm-3 ------------------------- % Épocas de amostragem Área de cultivo com pepino

Época 1 6,8 A* 29 A 10,2 A 52 A 19 A 81 A 95 A 85 A Época 2 6,2 B 26 B 4,1 B 48 B 15 B 67 B 86 B 78 B

Área de cultivo com alface pH MO K Ca Mg H+Al SB CTC V

CaCl2 g dm-3 ------------------------ mmolc dm-3 --------------------------- % Época 1 6,8 A* 29 A 10,0 A 52 A 18 A 14 B 80 A 83 A 85 A Época 2 6,2 B 26 B 4,1 B 48 B 15 B 20 A 68 B 87 A 78 B * Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

O aumento da acidez do solo observado na segunda época de amostragem

pode ser atribuído ao processo de absorção de nutrientes disponíveis na solução do

solo pela planta. Uma vez que com o maior crescimento e desenvolvimento da planta, é

de se esperar que, com maior absorção de nutrientes como o Ca, Mg e K e etc, para

manter o equilíbrio catiônico interno a planta tenha que liberar uma quantidade

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equivalente de íons H+ na solução do solo, acidificando o meio (OSAKI, 1991;

NASCIMENTO JUNIOR, 1998). Também, o processo de acidificação ocorre devido a

remoção de cátions básicos do solo (K, Ca, Mg e Na) e a entrada de cátions ácidos (H+

e/ou Al+3) em seus lugares, que podem ser provenientes da mineralização da massa

orgânica e/ou da dissolução parcial do gás carbônico do ar com a água da chuva, ou da

aplicação de fertilizantes nitrogenados que possuem reação ácida (TEDESCO e

BISSANI, 2004).

Com relação ao teor de MO do solo em áreas de cultivo com pepino e alface,

também houve maiores variações no seu teor, principalmente, entre as épocas de

amostragem. Analisando o efeito dos sistemas de cultivo, verifica-se que não houve

diferença no teor de MO do solo em todos os experimentos avaliados, exceto para o

experimento 4 em áreas de cultivo com pepino. O teor médio de MO nestes

experimentos variou de 25 a 32 g dm-3 e 24 a 31 g dm-3, respectivamente, em áreas de

cultivo com pepino e alfaces crespa e americana.

Semelhante ao observado para pH e teor de MO do solo, o cultivo em

monocultura ou consorciado das culturas de pepino e alface não influenciou os teores

de K, Ca e Mg do solo, apresentando uma faixa média de variação dos experimentos,

respectivamente, de 6,5 a 10,0; 48 a 54 e 15 a 19 mmolc dm-3. Os teores encontram-se

acima do nível considerado muito alto para potássio e alto para cálcio e magnésio,

citados por RAIJ et al. (1997).

Por outro lado, na maioria dos experimentos, os teores K, Ca e Mg foram

influenciados pelas épocas de amostragem de solo, sendo sempre maiores no início do

experimento do que no final. O teor de K foi o que apresentou maior redução de uma

época de amostragem para outra, que variou de 18,05% a 59,8% em áreas de cultivo

com pepino e 24,32% a 59,0% em áreas de cultivo de alfaces, sendo o menor valor

observado no experimento 6 e o maior no experimento 8. Apesar desta redução

significativa dos teores de K, os valores ao final do experimento ainda são considerados

muito altos.

Interessante destacar que no momento do plantio foi fornecido potássio,

conforme recomendado para a cultura do pepino (adubação de plantio feita para a

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cultura mais exigente no consórcio). Também foram realizadas adubações de cobertura

para a cultura do pepino, com base na recomendação de TRANI et al. (1997a,b),

recomendações estas preconizadas para monoculturas. Mesmo assim, a reposição do

potássio ao solo através das adubações químicas não foi suficiente para manter o teor

no solo. A redução no seu teor, percebida ao final do experimento, tanto em áreas de

cultivo com pepino quanto de alface, se deve provavelmente a absorção em maior

quantidade desse nutriente pelas plantas em relação ao Ca e Mg. Para alface, o

potássio é o nutriente mais acumulado (FAQUIN et al.,1996; LOPES et al., 2003;

GRANGEIRO et al., 2006), enquanto para o pepino, também é o nutriente mais

acumulado na massa seca total (GRATIERI, 2005).

Com relação à acidez potencial, os valores concordam com os resultados

observados para o pH do solo, ou seja, o aumento da acidez potencial observado na

segunda época de amostragem nos experimentos corresponde com a redução da

acidez observada nessa época, exceto o experimento 3 que não houve influência das

épocas. Para a acidez potencial não se tem uma classe de interpretação de seus

resultados para hortaliças, tendo com objetivo o principal a determinação da

capacidade de troca de cátions.

Em áreas de cultivo com pepino e alfaces, a SB do solo nos experimentos

também foi influenciada, principalmente, pelas épocas de amostragem, sendo maior no

início do experimento do que no final, semelhante aos resultados observados para os

teores de K, Ca e Mg do solo. A variação observada na SB está relacionada com a

variação do teor de suas bases, principalmente de K que sofre uma maior redução na

segunda época de amostragem. De acordo com TOMÉ Jr (1997), pode-se esperar que

se os teores de K, Ca e Mg estiverem baixos, o solo estará também com acidez alta e

baixa saturação por bases.

Semelhante ao observado para SB, a CTC e V também foram influenciadas

pelas épocas de amostragem de solo, tendo seus maiores valores observados no início

do experimento. As diferenças observadas para CTC nos experimentos devem-se às

variações nos valores da SB e H+Al, que são as componentes principais no seu cálculo.

O mesmo foi observado para o V do solo, que depende da SB e da própria CTC. Desta

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forma, todos os fatores que proporcionam alterações em suas componentes estarão

influenciando nos resultados de CTC e V.

De acordo com TOMÉ Jr. (1997), o índice de saturação por bases é o atributo

químico mais importante para verificar a fertilidade do solo, sendo essencial na

recomendação da calagem. Segundo o autor, existe uma correlação positiva entre o

valor pH e o índice de saturação por bases, que reflete a concentração de potássio,

cálcio e magnésio, que constituem as principais bases do solo, ou seja, quanto mais

baixo o valor do pH, menor o índice de saturação por bases e, conseqüentemente, a

concentração K, Ca e Mg no solo.

Com base nos limites de interpretação, segundo RAIJ et al. (1997), os valores de

V do solo observados nos sistemas de cultivo e épocas de amostragem, em áreas de

cultivo com pepino e alfaces, são considerados altos na maioria dos experimentos.

Também, em sua maioria, estão acima do recomendado para as culturas de pepino e a

alface (TRANI et al., 1997a,b). Por este motivo a calagem não foi realizada antes do

cultivo da primeira (experimentos 1, 2, 3 e 4) e segunda época (experimentos 3, 4, 7 e

8).

De maneira geral, os resultados dos atributos químicos evidenciam que o nível

de fertilidade do solo, em áreas de cultivo com pepino e alfaces, ficaram acima dos

níveis críticos, sendo suficientes para atenderem às exigências nutricionais das culturas

durante as fases de crescimento e desenvolvimento.

4.4 Teores de nitrogênio e potássio na folha diagnóstica do pepino e da alface

Para o pepino, houve interação significativa entre experimentos e tratamentos

sobre o teor de nitrogênio (N) na massa seca de folha diagnóstica do pepino (Tabela

69) e, portanto, o efeito dos tratamentos será discutido para cada experimento.

No estudo do efeito dos tratamentos sobre teor foliar de N, verificou-se que os

tratamentos influenciaram significativamente os teores na massa seca de folha

diagnóstica de pepino apenas no experimento 2, consórcio de pepino com alface

crespa realizado em 2005, Tabela 70.

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Tabela 69. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para os teores de nitrogênio (N) e de potássio (K) na folha diagnóstica do estado nutricional de plantas de pepino ‘Hokushin’, em função dos experimentos e tratamentos.

Causas de variação N K

Experimentos (E) 15,63** 4,57* Tratamentos (T) 3,44* 1,18ns

E x T 1,98* 1,57ns

C.V. (%) 4,77 12,68 ** e * significativo, respectivamente, a 1% e 5% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

Tabela 70. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para o teor de nitrogênio na folha diagnóstica do estado nutricional de plantas de pepino ‘Hokushin’, em função dos tratamentos.

Experimentos Causas de

variação 1 2 3 4 5 6 7 8 Tratamentos 2,93ns 10,80* 1,94ns 0,84ns 0,93ns 2,57ns 0,30ns 2,30ns

Blocos 9,07** 5,17* 4,27ns 1,20ns 0,95* 0,56ns 0,17ns 1,26ns

C.V. (%) 2,10 2,47 3,80 4,52 3,16 9,79 5,27 3,75 ** e * significativo, respectivamente, a 1% e 5% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

Nos experimentos com consórcios de pepino com alface crespa, não houve

efeito significativo dos sistemas de cultivo sobre o teor de N na massa seca de folhas

de pepino para os experimentos 1, 3 e 4, ou seja, as plantas de pepino em cultivo

consorciado e em monocultura não diferem significativamente quanto ao teor foliar de N

(Tabela 71). Os teores médios de N obtidos na folha diagnóstica do estado nutricional

de plantas de pepino foram de 56,64; 52,71 e 52,05 g kg-1, respectivamente, nos

experimentos 1, 3 e 4.

Tabela 71. Teor médio de nitrogênio (g kg-1) na folha diagnóstica do estado nutricional de pepino ‘Hokushin’, em função dos tratamentos.

Tratamentos Experimento 1 Experimento 2 Experimento 3 Experimento 4

Consórcio – 0 DAT 56,61 A* 52,62 AB 55,07 A 51,99 A Consórcio – 10 DAT 58,36 A 55,88 A 51,73 A 51,29 A Consórcio – 20 DAT 55,81 A 55,63 A 53,57 A 52,78 A Consórcio – 30 DAT 55,35 A 51,62 AB 52,13 A 53,69 A Monocultura de pepino 57,14 A 50,05 B 51,03 A 50,52 A Média 56,64 - 52,71 52,05 * Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

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120

No experimento 2, houve efeito significativo dos tratamentos no teor de N na

massa seca de folha de pepino. O teor foliar de N foi maior em plantas nos consórcios

com estabelecimento da alface crespa aos 10 e 20 DAT do pepino do que em plantas

de monocultura (Tabela 71). No experimento 2, o teor foliar de N foi maior em plantas

de cultivo consorciado do que em plantas de monocultura, sugerindo, a priori, que a

adubação nitrogenada feita para a alface foi parcialmente aproveitada pela planta de

pepino, proporcionado um maior acúmulo de N na folha (Tabela 71).

Nos experimentos 5, 6, 7 e 8, consórcios de pepino com alface americana, o teor

de N não foi influenciado pelos sistemas de cultivo (Tabela 72). Os teores médios de N

na massa seca de folha diagnóstica do estado nutricional de pepino foram de 56,13;

49,79; 52,15 e 49,13 g kg-1, respectivamente, para os experimentos 5, 6, 7 e 8.

Tabela 72. Teor médio de nitrogênio (g kg-1) na folha diagnóstica do estado nutricional

de pepino ‘Hokushin’, em função dos tratamentos.

Tratamentos Experimento 5 Experimento 6 Experimento 7 Experimento 8 Consórcio – 0 DAT 57,27 A* 51,10 A 50,66 A 50,42 A Consórcio – 10 DAT 54,83 A 52,13 A 52,38 A 50,94 A Consórcio – 20 DAT 56,77 A 50,98 A 52,27 A 47,16 A Consórcio – 30 DAT 56,07 A 52,90 A 52,87 A 47,88 A Monocultura de pepino 55,72 A 41,84 A 52,57 A 49,25 A Média 56,13 49,79 52,15 49,13 * Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

Em todos os experimentos, os teores de N na massa seca da folha diagnóstica

encontram-se na faixa de teores considerados adequados, segundo TRANI & RAIJ

(1997), de 45 a 60 g kg-1.

Para o K, observou-se somente efeito significativo do fator experimentos (Tabela

69). Na Tabela 73, tem-se os teores de K de plantas de pepino de cultivos consorciados

e em monocultura.

Na Tabela 74 tem-se os teores de K na folha diagnostica do estado nutricional do

pepino nos oitos experimentos. Observa-se que o teor foliar de K na massa seca de

folha foi maior nos experimentos 4 que não diferiu estatisticamente do experimento 5.

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121

Tabela 73. Teor médio de potássio (K) na folha diagnóstica do estado nutricional de pepino ‘Hokushin’, em função dos tratamentos.

Tratamentos K (g kg-1) Consórcio – 0 DAT 33,43 A* Consórcio – 10 DAT 31,58 A Consórcio – 20 DAT 33,98 A Consórcio – 30 DAT 33,52 A Monocultura de pepino 32,84 A Média 33,07 * Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

Tabela 74. Teor médio de potássio (K) na folha diagnóstica do estado nutricional de pepino ‘Hokushin’, em função dos experimentos.

Experimentos

1 2 3 4 5 6 7 8 K (g kg-1) 32,91 B* 32,33 B 32,65 B 38,01 A 33,71 AB 29,73 B 32,96 B 32,25 B *Médias na linha, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Em geral, os teores médios de K na massa seca de folha diagnóstica encontram-

se próximo da faixa de teores considerados adequados, segundo TRANI & RAIJ (1997),

de 35 a 50 g kg-1.

De maneira geral, para as plantas de pepino, o teor médio de K e N na massa

seca de folha diagnóstica do estado nutricional nos oito experimentos não foram

influenciados pelos sistemas de cultivo, exceto para o teor foliar de N no experimento 2.

Isto evidencia que as adubações potássica e nitrogenada de cobertura aplicadas por

planta de alface não foram aproveitadas pelas plantas de pepino, ou seja, o teor foliar

de N e K em plantas de cultivo consorciado foi o mesmo em plantas de monocultura.

Para alface, na análise de variância conjunta dos oito experimentos verificou-se

interação significativa entre experimentos e tratamentos para o teor foliar de nitrogênio

(Tabela 75).

Nos experimentos com alface crespa, somente houve efeito significativo do fator

tratamentos sobre o teor de N nos experimentos 2 e 3 (Tabela 76).

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122

Tabela 75. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para os teores de nitrogênio (N) e de potássio (K) na folha diagnóstica do estado nutricional de plantas de alface, em função dos experimentos e tratamentos.

Causas de variação N K Experimentos (E) 39,25** 23,59** Tratamentos (T) 3,03* 9,13** E x T 2,64* 3,38** C.V. (%) 7,75 16,15 ** e * significativo, respectivamente, a 1% e 5% de probabilidade pelo teste F.

.

Tabela 76. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para os teores de nitrogênio (N) e de potássio (K) na folha diagnóstica do estado nutricional em plantas de alface crespa ‘Verônica’, em função dos tratamentos.

Experimento 1 Experimento 2 Experimento 3 Experimento 4 Causas de

variação N K N K N K N K Tratamentos 2,98ns 1,62ns 6,90* 2,40ns 4,59* 4,31* 2,09ns 21,34* Blocos 0,46ns 0,72ns 0,03ns 6,67ns 0,60ns 1,07ns 2,73ns 0,22ns

C.V. (%) 9,90 17,12 5,88 12,61 4,13 23,14 8,89 9,27 ** e * significativo, respectivamente, a 1% e 5% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

O teor foliar de N nos experimentos 1 e 4 não foram influenciados

significativamente pelos sistemas de cultivo, apresentando em média 36,70 e 36,03 g

kg-1, respectivamente. No experimento 2, os maiores teores de N foram obtidos nos

consórcios com alface crespa estabelecida aos 10, 20 e 30 DAT do pepino, média de

38,11 g kg-1, não diferindo significativamente de plantas de alface em monocultura

(33,81 g kg-1). Por outro lado, no experimente 3, as plantas de alface estabelecidas 20

DAT do pepino apresentaram maior teor de N na massa seca de folha (39,57 g kg-1),

diferindo significativamente apenas do consórcio com o transplante da alface 30 DAT

do pepino (Tabela 77).

Para o teor de K na alface crespa ‘Verônica’, verificou-se que somente as plantas

dos experimentos 3 e 4 sofreram influência significativa dos tratamentos (Tabela 76)

Nos experimentos 1, 2 e 3, não houve efeito significativo dos tratamentos sobre o

teor de K na massa seca de folha de alface crespa, apresentando em média 67,93,

67,47 e 48,57 g kg-1, respectivamente (Tabela 77). O contrário foi observado no

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experimento 4, no qual o teor de K na massa seca de folha de alface crespa em cultivo

consorciado foi aproximadamente 97% superior ao obtido em plantas de monocultura

(Tabela 77).

Tabela 77. Teor médio de nitrogênio (N) e de potássio (K), em g kg-1, na folha

diagnóstica do estado nutricional de plantas de alface crespa ‘Verônica’, em função dos tratamentos.

Experimento 1 Experimento 2 Experimento 3 Experimento 4 Tratamentos N K N K N K N K

Consórcio – 0 DAT 33,34 A* 59,67 A 31,29 B 57,67 A 38,90 AB 38,23 A 39,64 A 73,00 A Consórcio – 10 DAT 40,16 A 77,67 A 37,64 A 66,33 A 38,10 AB 40,03 A 33,31 A 81,00 A Consórcio – 20 DAT 40,09 A 68,33 A 37,89 A 68,00 A 39,57 A 39,80 A 35,12 A 75,67 A Consórcio – 30 DAT 37,40 A 75,00 A 38,80 A 79,00 A 34,72 B 55,80 A 33,97 A 78,00 A Monocultura de alface 32,55 A 59,00 A 33,81 AB 66,33 A 39,04 AB 69,00 A 38,13 A 39,13 B

Média 36,71 67,93 - 67,47 - 48,57 36,03 - * Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

Nos experimentos com alface americana, houve efeito significativo de

tratamentos sobre o teor foliar de N observados no experimento 5 e sobre o teor foliar

de K no experimento 7 (Tabela 78).

Nos experimentos 5 e 7, resultado diferente do observado para alface crespa nos

experimentos 1 e 3, os maiores teores de N (34,37 g kg-1) e K (75,0 g kg-1) foram

constatados em folha de alface americana consorciada aos 30 DAT do pepino, podendo

este não diferir de outros sistemas de cultivo (Tabela 79).

Tabela 78. Valores de F, significâncias e coeficientes de variação (C.V.) para os teores de nitrogênio (N) e de potássio (K) na folha diagnóstica do estado nutricional de plantas de alface americana ‘Lucy Brown’, em função dos tratamentos.

Experimento 5 Experimento 6 Experimento 7 Experimento 8 Causas de

variação N K N K N K N K Tratamentos 5,91* 0,77ns 1,44ns 0,20ns 1,40ns 21,60** 1,34ns 3,36ns

Blocos 0,99ns 3,43ns 1,97ns 1,01ns 14,88* 1,43ns 0,90ns 0,43ns

C.V. (%) 4,34 10,40 8,16 18,65 7,14 12,45 11,90 28,05 ** e * significativo, respectivamente, a 1% e 5% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

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Tabela 79. Teor médio de nitrogênio (N) e de potássio (K), em g kg-1, na folha diagnóstica do estado nutricional de plantas de alface americana ‘Lucy Brown’, em função dos tratamentos.

Experimento 5 Experimento 6 Experimento 7 Experimento 8 Causas de variação N K N K N K N K

Consórcio – 0 DAT 30,18 B* 79,67 A 27,79 A 67,00 A 30,26 A 36,07 C 26,83 A 34,30 A Consórcio – 10 DAT 31,18 AB 85,17 A 31,27 A 67,33 A 32,41 A 39,50 BC 29,54 A 38,53 A Consórcio – 20 DAT 32,69 AB 78,67 A 28,14 A 67,33 A 34,56 A 38,97 BC 25,18 A 58,40 A Consórcio – 30 DAT 34,37 A 83,33 A 27,79 A 62,67 A 33,47 A 75,00 A 24,00 A 62,00 A Monocultura de alface29,66 B 74,33 A 27,25 A 60,67 A 33,11 A 53,50 B 27,18 A 34,57 A

Média - 80,23 28,45 65,00 32,76 - 26,55 45,56 * Médias na mesma coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

Nos experimentos 6, 7 e 8, semelhante ao observado para alface crespa nos

experimentos 1 e 4, não houve influência significativa dos sistemas de cultivo sobre o

teor de N na massa seca de folha de alface americana (Tabela 79). Em média, os

teores foliares de N encontrados nos experimentos 6, 7 e 8 foram, respectivamente, de

28,46; 32,76 e 26,56 g kg-1.

Para o teor foliar de K em plantas de alface americana avaliado nos

experimentos 5, 6 e 8, não foi observado influência significativa entre os sistemas de

cultivo, apresentando em média 80,23; 65,00 e 45,56 g kg-1, respectivamente (Tabela

79).

Os resultados observados para o teor de K e N na massa seca de folha

diagnóstica do estado nutricional em plantas de alface crespa e americana aproxima-se

ao obtidos na massa seca de folha de pepino. Na maioria dos experimentos, o teor

foliar de K e N em plantas de cultivo consorciado foi o mesmo em plantas de

monocultura, provavelmente a adubação feita para o pepino não foi aproveitada pelas

plantas de alface crespa e americana, exceto para o teor foliar de N nos experimentos

2, 3 e 5 e para o teor foliar de K nos experimentos 4 e 7. Nestes casos, o teor de N e K

na massa seca de folha de alfaces em cultivo consorciado foi maior do que em plantas

de monocultura, sugerindo que a adubação feita para o pepino foi parcialmente

aproveitada pela planta de alface. Os maiores teores de N e K observados na massa

seca de folha de alface americana consorciada aos 30 DAT do pepino podem ser

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devido ao fraco desenvolvimento da planta de alface, o que gerou uma menor demanda

destes nutrientes.

Em geral para os experimentos, os teores médios de N e K na massa seca de

folha diagnóstica do estado nutricional em plantas de alface crespa e americana estão

dentro da faixa ideal, considerado por TRANI & RAIJ (1997), de 30-50 e 50-80 g kg-1,

respectivamente.

4.5 Índice de eficiência no uso da área

De acordo com a análise conjunta, não houve interação significativa entre os

experimentos e tratamentos sobre o índice de eficiência no uso da área (Tabela 80).

Entretanto, foi constatado efeito isolado dos experimentos e dos tratamentos sobre o

índice de eficiência no uso da área (EUA).

Tabela 80. Valores de F, significâncias e coeficiente de variação (C.V.) para o índice de eficiência no uso da área (EUA) do consórcio de pepino ‘Hokushin’ com alface, em função dos experimentos e tratamentos.

Causas de variação EUA Experimentos (EXP) 33,70** Tratamentos (T) 62,51** EXP x T 1,51ns C.V. (%) 9,34

** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

Em todos os experimentos, os índices EUA, médios de todas as épocas de

estabelecimento dos consórcios (0, 10, 20 e 30 DAT do pepino), apresentaram valores

maiores do que 1,0 (Tabela 81), assim como também constatado por CECÍLIO FILHO

(2005) e REZENDE et al. (2005d), consorciando tomate e alface. Os índices EUA

maiores que 1,0 denotam vantagem dos consórcios em relação às monoculturas,

quanto à quantidade produzida de alimento por mesma unidade de área, verificando

que nessas condições houve maior aproveitamento dos recursos disponíveis no

ambiente de cultivo.

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Tabela 81. Índices de eficiência no uso da área (EUA), em função dos experimentos.

Experimentos EUA Exp1: C2L05 1,53 B* Exp2: C1L05 1,46 B Exp3: C2L06 1,25 C Exp4: C1L06 1,34 C Exp5: A2L05 1,27 C Exp6: A1L05 1,68 A Exp7: A2L06 1,08 D Exp8: A1L06 1,38 C

* Médias na coluna, seguidas por letras iguais, não diferem significativamente a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

Independente da época de estabelecimento do consórcio, o maior valor de EUA

(1,68) foi obtido no experimento 6, que corresponde ao consórcio entre a alface

americana com uma linha de plantas de pepino no centro do canteiro, cultivado no

período de agosto a novembro de 2005 (Tabela 81). Sob essa condição de cultivo, para

se obter a mesma quantidade de alimentos produzidos em 1 hectare do consórcio, seria

necessário cultivar 1,68 ha de pepino e alface.

Por outro lado, o menor EUA (1,08) foi obtido no experimento 7, referente ao

consócio entre a alface americana com duas linhas de pepino, cultivado de fevereiro a

maio de 2006 (Tabela 81).

As plantas de alface crespa e americana de consórcios dos experimentos 3, 4, 7

e 8, todos realizados em 2006, independente da época de transplante da alface em

relação ao transplante do pepino, não apresentaram qualidade e valor comercial. As

alfaces americanas apresentaram-se com ausência de formação da cabeça, folhas

retorcidas, limbo foliar estreito e comprido e pequeno acúmulo de massa fresca.

Também, as plantas de alface crespas estavam completamente desfiguradas,

estioladas, presença de látex, com menor número de folhas por planta e limbo foliar

estreito e comprido, não sendo possível formar maços com a junção de várias plantas.

Mesmo assim, os índices EUA dos experimentos 3, 4, 7 e 8 estiveram entre 1,08 a 1,38,

representando incremento na produção das hortaliças em relação à monocultura, pois

no cálculo do índice considera-se apenas a quantidade e não a qualidade.

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127

Este resultado pode ser atribuído às melhores condições de ambiente para o

crescimento das plantas de pepino na segunda época de cultivo, que independente da

densidade de plantio, tiveram maior crescimento inicial quando comparado com a

primeira época de cultivo. Tal fato levou a uma rápida sobreposição das folhas de

pepino sobre as plantas de alface, interceptando a maior parte da radiação solar

incidente e, conseqüentemente, proporcionou maior sombreamento às plantas de

alface. De acordo com FUKAI & TRENBATH (1993), o sombreamento de uma cultura

pela de maior porte, no consórcio, reduz a captação de radiação fotossinteticamente

ativa pela cultura sombreada, resultando em menor crescimento e produtividade,

podendo levar, segundo RICKLEFS (2003), à eliminação de uma espécie pela outra.

Mesmo não havendo interação significativa entre experimentos e tratamentos

(Tabela 80), realizou-se o estudo de regressão para índice de EUA em resposta a

época de transplante da alface em relação ao pepino, para cada experimento. Foram

obtidos ajustes significativos para os índices EUA dos oitos experimentos (Figuras 29 e

30).

Para a alface crespa ‘Verônica’ (Figura 29), foram obtidos ajustes lineares para

os índices EUA dos consórcios desta alface com pepino em maior e menor densidade

de plantio e nas duas épocas de cultivo. Maior EUA (1,81) foi observado no

experimento 1, que corresponde ao consórcio sob 2,22 plantas m-2 de pepino e na

primeira época de cultivo. Este índice representa uma superioridade na produção de

hortaliças (alface + pepino), do consórcio sobre a monocultura, de 81%, ou seja, seria

necessário cultivar 1,81 ha das hortaliças em monocultura para obter a mesma

produção de 1 ha do consórcio. De acordo com GONÇALVES (1982), o consórcio com

EUA maior que 1 indica que houve efeito de cooperação ou compensação entre as

culturas consorciadas.

Para os demais experimentos (2, 3 e 4), ambos com alface crespa, mas que

diferenciaram-se do melhor consórcio seja pela população de plantas de pepino, seja

pela época de cultivo, os melhores índices EUA foram obtidos com o transplante das

espécies no mesmo dia. Para todos os consórcios, o atraso no transplante da alface

acarretou em redução significativa de sua produção e, consequentemente, do índice

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EUA. Como exemplo, quando a alface foi transplantada apenas 10 DAT do pepino, as

reduções nos índices EUA dos experimentos 1, 2, 3 e 4 foram 10,50; 9,36; 10,14 e

6,71%, respectivamente, e atingiram 31,49; 28,66; 30,41 e 20,13% quando a alface foi

transplantada 30 DAT do pepino.

1,00

1,10

1,20

1,30

1,40

1,50

1,60

1,70

1,80

1,90

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

EU

A

EXP 1 y = 1,8105 - 0,01895x R² = 0,88**

EXP 2 y = 1,712 - 0,01655x R² = 0,83**

EXP 3 y = 1,48175 - 0,0152x R² = 0,84**

EXP 4 y = 1,486 - 0,010025x R² = 0,99**

Figura 29. Índice de eficiência no uso da área (EUA) para consórcios entre alface crespa ‘Verônica’ e pepino ‘Hokushin’ com 2,22 plantas m-2 e cultivo de 27/08 a 22/11/05 (EXP 1), com 1,11 plantas m-2 e cultivo de 27/08 a 22/11/05 (EXP 2), com 2,22 plantas m-2 e cultivo de 25/02 a 29/05/06 (EXP 3) e 1,11 plantas m-2 e cultivo de 27/08 a 22/11/05 (EXP 4).

REZENDE et al. (2005d) também observaram maior eficiência no uso da área

nos consórcios de tomate e alface, com melhores índices (1,61 a 1,79) para cultivos

consorciados estabelecidos com o transplante da alface até 14 DAT do tomateiro.

CECÍLIO FILHO (2005) obteve melhor índice para os consórcios instalados até 10 DAT

do tomate (1,85) e ao 0 DAT do tomate (1,44), respectivamente, para primeira (17/04 a

9/09/2003) e segunda época de cultivo (30/01 a 27/05/2004).

Para alface americana ‘Lucy Brown’, exceto para alface americana com pepino

em menor densidade populacional e primeira época de cultivo, que teve ajuste

quadrático, os demais ajustes para os índices EUA em função da época de transplante

da alface em relação ao pepino, foram lineares. De modo semelhante ao constatado

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129

para alface crespa, o atraso no transplante da alface determinou reduções nos índices

EUA (Figura 30).

0,901,001,101,201,301,401,501,601,701,801,902,00

0 10 20 30

Dias após o transplante (DAT)

EU

A

EXP 5 y = 1,4060 - 0,009275x R² = 0,80**

EXP 6 y =1,962625 - 0,0469875x + 0,00121875x² R² = 0,96*

EXP 7 y = 1,228 - 0,0102x R² = 0,84**

EXP 8 y = 1,602705 - 0,0156x R² = 0,93**

Figura 30. Índice de eficiência no uso da área (EUA) para consórcios entre alface americana ‘Lucy Brown’ e pepino ‘Hokushin’ com 2,22 plantas m-2 e cultivo de 27/08 a 22/11/05 (EXP 5), com 1,11 plantas m-2 e cultivo de 27/08 a 22/11/05 (EXP 6), com 2,22 plantas m-2 e cultivo de 25/02 a 29/05/06 (EXP 7) e 1,11 plantas m-2 e cultivo de 27/08 a 22/11/05 (EXP 8).

Na composição do índice de eficiência no uso da área, o pepino foi à cultura que

mais contribuiu para obtenção dos maiores índices, sendo tanto maior esta proporção

quanto mais atrasado foi o transplante da alface em relação ao transplante do pepino,

pois conforme anteriormente explicado, menores massas de alface foram obtidas. No

entanto, dobrar a densidade populacional do pepino, de 1,11 para 2,22 plantas m-2, na

tentativa de incrementar o índice não é estratégia correta. Em análise aos resultados da

Tabela 81 e Figuras 29 e 30, comparando-se os experimentos 5 e 6, que diferem

somente na densidade populacional, o aumento desta possibilitou incremento de

produtividade do pepino (Tabela 18) mas que não compensou a redução acentuada na

produtividade (MFT) de alface americana (Figura 23), resultando em baixa eficiência de

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130

uso da área, 1,27, (Tabela 81). Efeito semelhante é observado entre os experimentos 7

e 8, também de consórcio envolvendo a alface americana.

A pequena eficiência de uso da área no consórcio estabelecido com transplantes

da alface crespa e americana entre 10 e 30 DAT do pepino, independente da época de

cultivo e população de plantas de pepino, Figuras 29 e 30, foi motivada pela acentuada

redução na massa fresca da alface. Este resultado está de acordo com o relatado por

CECÍLIO FILHO (2005), para consórcio de tomate e alface. Segundo o autor, a redução

da eficiência relativa da alface em consórcio, reflexo de sua resposta em produtividade

nesse sistema de cultivo em relação à monocultura, retratou o prejuízo da convivência

da alface em períodos mais avançados do ciclo do tomate, quando esse promoveu

maior sombreamento e comprometeu processos fisiológicos que resultaram em menor

acúmulo de massa.

Nos cultivos consorciados de alface crespa e americana com duas linhas de

pepino, realizados em 2005 (Experimento 1 e 5, respectivamente), apenas os

transplantes das alfaces realizados aos 0 e 10 DAT do pepino, para alface crespa, e ao

0 DAT do pepino, para alface americana, foram obtidas alfaces comerciais.

Transplantes posteriores, acarretaram em plantas de alface sem qualidade comercial,

conforme citado anteriormente. Assim, não se recomenda o consórcio estabelecido a

partir de 10 DAT do pepino, mesmo tendo apresentado índice EUA maior que 1.

Por outro lado, nos cultivos consorciados de alface crespa e americana com uma

linha de pepino, realizados em 2005 (Experimento 2 e 6, respectivamente), todas as

plantas de alface transplantadas aos 0, 10, 20 e 30 DAT do pepino foram comerciais.

Os resultados dos índices EUA observados nas épocas de estabelecimento dos

consórcios evidencia que não se pode afirmar que um determinado consórcio é melhor

que outro, quando leva em consideração apenas o valor do índice EUA superior a 1.

Para BELTRÃO et al. (1984), o EUA fornece apenas a dimensão física do sistema sem

considerar o valor de cada componente do sistema consorciado.

No entanto, embora o índice EUA seja um dos indicadores agronômicos mais

utilizados para avaliar a eficiência do cultivo consorciado, torna-se necessário também

avaliar economicamente os sistemas de cultivo, que leva em consideração a

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131

quantidade e qualidade do produto colhido, a fim de aumentar a confiabilidade na

recomendação do consórcio.

4.6 Análise econômica dos sistemas de cultivo

4.6.1 Custo operacional total das culturas em monocultura e consórcio

Nas Tabelas 82 a 85 estão apresentados detalhadamente os custos de produção

em cultivo protegido de pepino japonês ‘Hokushin’ cultivado com duas e uma linha de

plantas no canteiro, alface crespa ‘Verônica’ e americana ‘Lucy Brown’, em monocultura

e em consórcio.

Os custos operacionais totais (COT) das monoculturas de pepino com duas e

uma linha no canteiro, alface crespa e americana foram estimados, respectivamente,

em R$ 2.263,18; R$ 1.449,05; R$ 708,97 e R$ 705,11/614,4 m2 (Tabelas 82 e 83).

CECÍLIO FILHO (2005) verificou COT muito semelhante para alface crespa em

monocultura, também em cultivo protegido, de R$ 596,56 e R$ 566,66/614,4 m2,

respectivamente, no período de 17/04 a 23/092003 e 30/01 a 24/06/2004.

Os coeficientes técnicos correspondentes à mão-de-obra confirmam que a

olericultura é uma atividade importante na geração de empregos. Nas monoculturas,

utilizaram-se 65,98 (alface americana) a 408,33 horas (pepino com duas linhas) de

mão-de-obra comum (MOC) e tratorista (MOTr). Considerando a mão-de-obra das

monoculturas transformadas em homens-dia (hd), resultaram em 51,04; 29,70; 9,40 e

8,25 hd, respectivamente, para o pepino com duas e uma linha, alface crespa e

americana em 614,4 m2 (Tabelas 82 e 83).

Com base nos componentes do COT nas Tabelas 82 e 83, o grupo de itens com

maior impacto foi relativo às operações, o qual foi estimado em R$ 1.268,66; R$

769,41, R$ 292,91 e R$ 266,35/614,4 m2, respectivamente, para as culturas de pepino

com duas e uma linha, alface crespa e americana. Do total gasto com operações das

monoculturas, em média, 90,94% para o pepino (duas e uma linha) e 71,23% para as

alfaces (crespa e americana) foram destinados à MOC. CECÍLIO FILHO (2005) e

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132

REZENDE et al. (2005a), ambos cultivando alface crespa em cultivo protegido, também

observaram que a utilização da MOC foi o item de maior expressão nos gastos com

operações, representando 75,80% e 82,26%, respectivamente.

Tabela 82. Coeficientes técnicos e custo operacional total, em reais (R$) de agosto de

2007, para a produção de pepino japonês ‘Hokushin’ cultivado em monocultura com duas (2 L) e uma linha (1 L) de plantas no canteiro, em cultivo protegido de 614,4 m2.

Pepino com 2 L Pepino com 1 L

------------------------------- Coeficientes técnicos (horas/614,4 m2) ------------------------------- Operações

MOC1 MOTr2 M+I3 MOC MOTr M+I

Limpeza do terreno 1,00 - 1,00 1,00 - 1,00

Aração - 0,70 0,70 - 0,70 0,70

Encanteiramento - 0,85 0,85 - 0,85 0,85

Adubação de plantio 1,15 - 1,15 - -

Aplicação de adubo orgânico 11,00 0,30 0,30 11,00 0,30 0,30

Montagem do sistema de condução 32,00 - 16,00 - -

Montagem do sistema de irrigação 4,50 - 2,25 - -

Marcação do local de transplante 0,77 - 0,39 - -

Transplante 1,15 - 0,58 - -

Capina manual 10,50 - 12,00 - -

Adubação de cobertura 3,08 - 1,54 - -

Aplicação de defensivos 60,00 - 60,00 27,00 - 27,00

Irrigação 10,38 - 41,50 10,38 - 41,50

Tutoramento/Desbrota/Capação 75,00 - 65,37 - -

Colheita e Pós-colheita 195,95 - 14,504 87,10 - 9,574

Total de Horas 406,48 1,85 118,85 235,76 1,85 80,92

A – Custo das operações 1.178,79 6,16 83,71 683,70 6,16 78,73

Insumos e materiais Quant. Valor (R$) Quant. Valor (R$)

Formulação 12-06-12 (kg) 10,10 9,09 10,10 9,09

Cloreto de Potássio (kg) 10,37 11,10 5,19 5,55

Nitrato de Amônio (kg) 23,04 22,81 11,52 11,40

Esterco de bovino (t) 1,30 34,19 1,30 34,19

Herbicida (L) 0,50 9,47 0,50 9,47

Mudas (unid.) 1.152 182,02 576,00 91,01

Defensivos - 257,08 - 154,25

Fitilho plástico (kg) 7,20 45,43 3,60 22,72

B – Custo dos insumos e materiais 571,19 337,68

Custo operacional efetivo (A + B) 1.839,85 1.106,27

Custo da Depreciação (outras) 183,46 102,91

(Casa de vegetação) 239,87 239,87

Custo operacional total (R$/614,4 m2) 2.263,18 1.449,05 1 MOC – mão-de-obra comum; 2 MOTr- mão-de-obra tratorista; 3 M+I – gastos com máquinas e/ou implementos; 4 Carrinho de mão.

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Tabela 83. Coeficientes técnicos e custo operacional total, em reais (R$) de agosto de 2007, para a produção de alface crespa ‘Verônica’ e americana ‘Lucy Brown’ em monocultura, em cultivo protegido de 614,4 m2.

Alface crespa Alface americana

--------------------------------- Coeficientes técnicos (horas/614,4 m2) --------------------------------- Operações

MOC1 MOTr2 M+I3 MOC MOTr M+I

Limpeza do terreno 1,00 - 1,00 1,00 - 1,00

Aração - 0,70 0,70 - 0,70 0,70

Encanteiramento - 0,85 0,85 - 0,85 0,85

Adubação de plantio 1,15 - - 1,15 - -

Aplicação de adubo orgânico 11,00 0,30 0,30 11,00 0,30 0,30

Montagem de sistema de condução 0,00 - - - - -

Montagem do sistema de irrigação 9,00 - - 6,75 - -

Marcação do local de transplante 3,07 - - 1,65 - -

Transplante 4,60 - - 2,47 - -

Capina manual 7,60 - - 11,40 - -

Adubação de cobertura 6,14 - - 4,94 - -

Aplicação de defensivos 4,05 - 4,05 5,40 - 5,40

Irrigação 5,00 - 20,00 7,25 - 29,00

Tutoramento/Desbrota/Capação - - - - - -

Colheita e Pós-colheita 20,75 - 20,324 11,12 - 10,884

Total de Horas 73,36 1,85 47,22 64,13 1,85 48,13

A – Custo das operações 212,74 6,16 74,00 185,98 6,16 74,22

Insumos e materiais Quant. Valor (R$) Quant. Valor (R$)

Formulação 12-06-12 (kg) 10,10 9,09 10,10 9,09

Nitrato de Amônio (kg) 18,43 18,25 14,82 14,67

Esterco de bovino (t) 1,30 34,19 1,30 34,19

Herbicida (L) 0,50 9,47 0,50 9,47

Mudas (unid.) 4.608 119,81 2.469 79,01

Defensivos - 28,83 - 38,44

Fitilho plástico (kg) - 0,00 - -

B – Custo dos insumos e materiais 219,64 184,87

Custo operacional efetivo (A + B) 512,54 451,23

Custo da Depreciação (outras) 80,83 86,26

(Casa de vegetação) 115,60 167,62

Custo operacional total (R$/614,4 m2) 708,97 705,11 1 MOC – mão-de-obra comum; 2 MOTr- mão-de-obra tratorista; 3 M+I – gastos com máquinas e/ou implementos; 4 Carrinho de mão.

A MOC, além de ser o item mais expressivo no custo com operações, também foi

o que mais onerou o COT, representando 52,09%, 47,18%, 30,01% e 26,38% para o

pepino com duas e uma linha no canteiro, alface crespa e americana, respectivamente.

Em cultivo protegido, CECÍLIO FILHO (2005) também constatou que a MOC

utilizada no cultivo da alface crespa foi a componente de maior peso no COT, 25,58%.

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O mesmo pode ser observado em condição de campo, onde a MOC participa do COT

com 37,11% para alface crespa (COSTA, 2006), e 25% (REZENDE et al., 2005c) e

32,06% (COSTA, 2006) para alface americana.

Para o pepino em cultivo protegido (350 m2), CAÑIZARES (1998) observou que a

participação da MOC no custo operacional foi de 60,42%, próximo ao encontrado para

o pepino cultivado com duas linhas no canteiro (52,09%). Para a monocultura de

pepino, independente da população de plantas, verificou-se maior demanda de MOC

nas operações de colheita e pós-colheita, seguida do tutoramento/desbrota/capação e

aplicação de defensivos (Tabela 82). CAÑIZARES (1998) também observou maior

demanda de MOC nas operações de colheita e pós-colheita (limpeza, seleção e

embalagem), 49,68%, sendo semelhante ao observado para o pepino cultivado com

duas linhas no canteiro (48,21%).

Analisando todos os componentes das operações realizadas para o pepino,

verificou-se que para o pepino cultivado com uma linha no canteiro houve uma redução

de 41,99% da MOC em relação à cultura mais adensada (Tabela 82). A redução de

50% do número de plantas acarretou em diminuição expressiva da MOC demanda nas

atividades de montagem do sistema de condução da planta, aplicação de defensivos,

tutoramento/desbrota/capação e colheita e pós-colheita.

Semelhante à MOC, constatou-se grande redução no total de horas gastas com

máquinas e implementos (M+I) que, em 614,4 m2, foi de 118,85 e 80,92 horas,

respectivamente, para o pepino cultivado com duas e uma linha no canteiro. A redução

de 37,93 horas refere-se à menor população de plantas que implica em diminuição na

necessidade de operações e principalmente aplicação de defensivos, colheita e pós-

colheita.

No cultivo de pepino com uma linha no canteiro, apesar de não ser recomendado

para o plantio em cultivo protegido, ressalta-se que a utilização desse cultivo permitiu

que os frutos ficassem mais expostos à radiação solar e visível. O menor adensamento

facilitou a aplicação de defensivos, tutoramento, desbrota e a colheita dos frutos.

Também, a menor população contribuiu para a redução da MOC demandada na

monocultura do pepino cultivado com uma linha no canteiro.

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135

Semelhante ao observado para o pepino, a maior demanda de MOC para alface

crespa também foi observada nas operações de colheita e pós-colheita (28,29%),

seguida da aplicação de adubo orgânico (14,99%), montagem do sistema de irrigação

(12,27%), capina manual (10,36%), adubação de cobertura (8,37%) e outras (25,72%),

Tabela 83. Para alface americana, a operação de capina manual (17,78%) foi a que

mais demandou MOC, seguida da colheita e pós-colheita (17,34%), aplicação do adubo

orgânico (17,15%) e irrigação (11,31%). O aumento de 14,39% na MOC demandada

pela alface crespa também se deve ao maior número de plantas (4.608 plantas/614,4

m2) apresentado em relação à americana (2.469 plantas/614,4 m2), necessitando

assim, de maior demanda de mão-de-obra comum na realização das atividades de

marcação do local de transplante, transplante, adubação de cobertura e colheita e pós-

colheita. Estes resultados corroboram os encontrados por CECÍLIO FILHO (2005) e

REZENDE et al. (2005a,c), também com alface crespa, em cultivo protegido.

Como as operações mecanizadas de preparo do solo de consórcios foram as

mesmas das realizadas nas monoculturas (Tabelas 82 e 83), não houve variação na

quantidade de MOTr.

A participação dos insumos e materiais no COT foi, em média, de 24,27% para o

pepino e 28,60% para as alfaces (Tabelas 82 e 83). Dentre eles, os defensivos foram

os que mais oneraram o pepino com duas linhas (45,68%) e uma linha (45,01%),

enquanto para a alface crespa e americana foi aquisição de mudas, que representou,

respectivamente, 54,55% e 42,74% do custo com insumos e materiais.

Nas monoculturas, o custo da depreciação variou de R$ 196,43 (alface crespa) a

R$ 423,33 em 614,4 m2 (pepino com duas linhas). Só a depreciação da casa de

vegetação correspondeu a 56,66%, 69,98%, 58,85% e 66,02% do total,

respectivamente, no cultivo de pepino com duas e uma linha no canteiro, alface crespa

e americana (Tabelas 82 e 83).

Os COT do pepino cultivado com duas linhas no canteiro consorciado com alface

crespa e americana foram estimados, respectivamente, em R$ 2.578,73 e R$

2.453,77/614,4 m2, e R$ 1.801,00 e R$ 1.676,07/614,4 m2, respectivamente, para o

pepino cultivado com uma linha no canteiro consorciado com alface crespa e americana

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(Tabelas 84 e 85). Assim como verificado nas monoculturas de pepino, o maior COT

obtido no consórcio estabelecido com duas linhas deve-se ao maior número de plantas,

o que acarretou em maiores gastos com operações, insumos e materiais.

Na estimativa dos COT dos cultivos consorciados, verificou-se um aumento de

mão-de-obra em relação à requerida nas monoculturas para a mesma população de

plantas. Essa maior demanda de mão-de-obra observada nos consórcios foi devida às

operações não-comuns às culturas, tais como montagem do sistema de condução do

pepino, marcação do local de transplante, transplante e adubação de cobertura para as

duas espécies, tutoramento, desbrota e capação para o pepino e colheita e pós-colheita

das hortaliças. Tal fato também foi constatado por CECÍLIO FILHO (2005) e REZENDE

et al. (2005a), quando consorciaram alface crespa com tomate em cultivo protegido.

Embora a MOC seja no consórcio o componente de maior participação no COT,

verificou-se uma menor demanda, 445,54 h (Tabela 84) no consórcio do pepino

cultivado com duas linhas no canteiro e alface crespa, do que o somatório das

necessidades de MOC nas monoculturas que foi 479,84 h (Tabelas 82 e 83). A

economia de 34,30 horas deve-se às operações comuns às duas culturas, ou seja,

operações de limpeza do terreno, aração, encanteiramento, aplicação de adubo

orgânico, montagem do sistema de irrigação, capina manual, aplicação de defensivos e

irrigação realizadas para uma cultura foram aproveitadas pela cultura associada. O

mesmo ocorreu no consórcio com pepino cultivado com uma linha no canteiro, que

apresentou redução no uso de MOC, em média de 32,05 horas. Também, houve

otimização do combustível da máquina, do sistema de irrigação, de máquinas e

implementos, que diminuiu o peso da depreciação no COT das culturas em

consorciação.

Os custos com operações representaram em média, 51,96% do COT, seguido

dos custos com insumos e materiais (26,69%) e depreciação (21,36%), Tabelas 84 e

85.

Consorciando tomate e alface crespa, em cultivo protegido, CECÍLIO FILHO

(2005) e REZENDE et al. (2005a) obtiveram uma economia de MOC, respectivamente,

de 26,22 e 15,40 horas. Em condição de campo, a economia de MOC, em relação às

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monoculturas, também pode ser expressiva, cerca de 480 horas para o consórcio de

pimentão e alface crespa (REZENDE et al., 2005e), 728 horas para o consórcio de

alface crespa e rúcula (COSTA et al., 2008) e 296 horas para o consórcio de alface

americana e rabanete (REZENDE et al., 2005b).

Tabela 84. Coeficientes técnicos e custo operacional total, em reais (R$) de agosto de 2007, para a produção de pepino japonês ‘Hokushin’ cultivado com duas linhas de plantas (2 L) no canteiro consorciado com alface crespa ‘Verônica’ e americana ‘Lucy Brown’, em cultivo protegido de 614,4 m2.

Pepino 2 L x Crespa Pepino 2 L x Americana

--------------------------------- Coeficientes técnicos (horas/614,4 m2) --------------------------------- Operações

MOC1 MOTr2 M+I3 MOC MOTr M+I

Limpeza do terreno 1,00 - 1,00 1,00 - 1,00

Aração - 0,70 0,70 - 0,70 0,70

Encanteiramento - 0,85 0,85 - 0,85 0,85

Adubação de plantio 1,15 - - 1,15 - -

Aplicação de adubo orgânico 11,00 0,30 0,30 11,00 0,30 0,30

Montagem do sistema de condução 32,00 - - 32,00 - -

Montagem do sistema de irrigação 9,00 - - 6,75 - -

Marcação do local de transplante 3,84 - - 2,42 - -

Transplante 5,75 - - 3,62 - -

Capina manual 10,50 - - 10,50 - -

Adubação de cobertura 9,22 - - 8,02 - -

Aplicação de defensivos 60,00 - 60,00 60,00 - 60,00

Irrigação 10,38 - 41,50 10,38 - 41,50

Tutoramento/Desbrota/Capação 75,00 - - 75,00 - -

Colheita e Pós-colheita 216,70 - 34,824 207,07 - 25,304

Total de Horas 445,54 1,85 139,17 428,91 1,85 129,65

A – Custo das operações 1.292,07 6,16 86,55 1.243,84 6,16 85,22

Insumos e materiais Quant. Valor (R$) Quant. Valor (R$)

Formulação 12-06-12 (kg) 10,10 9,09 10,10 9,09

Cloreto de Potássio (kg) 10,37 11,10 10,37 11,10

Nitrato de Amônio (kg) 41,47 41,06 37,86 37,48

Esterco de bovino (t) 1,30 34,19 1,30 34,19

Herbicida (L) 0,50 9,47 0,50 9,47

Mudas (unid.) - 301,83 - 261,03

Defensivos - 257,08 - 257,08

Fitilho plástico (kg) 7,20 45,43 7,20 45,43

B – Custo dos insumos e materiais 709,25 664,87

Custo operacional efetivo (A + B) 2.094,03 2.000,09

Custo da Depreciação (outras) 244,83 213,81

(Casa de vegetação) 239,87 239,87

Custo operacional total (R$/614,4 m2) 2.578,73 2.453,77 1 MOC – mão-de-obra comum; 2 MOTr- mão-de-obra tratorista; 3 M+I – gastos com máquinas e implementos; 4 Carrinho de mão.

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Tabela 85. Coeficientes técnicos e custo operacional total, em reais (R$) de agosto de 2007, para a produção de pepino japonês ‘Hokushin’ cultivado com uma linha de plantas (1 L) no canteiro consorciado com alface crespa ‘Verônica’ e americana ‘Lucy Brown’, em cultivo protegido de 614,4 m2.

Pepino 1 L x Crespa Pepino 1 L x Americana

--------------------------------- Coeficientes técnicos (horas/614,4 m2) --------------------------------- Operações

MOC1 MOTr2 M+I3 MOC MOTr M+I

Limpeza do terreno 1,00 - 1,00 1,00 - 1,00

Aração - 0,70 0,70 - 0,70 0,70

Encanteiramento - 0,85 0,85 - 0,85 0,85

Adubação de plantio 1,15 - - 1,15 - -

Aplicação de adubo orgânico 11,00 0,30 0,30 11,00 0,30 0,30

Montagem do sistema de condução 16,00 - - 16,00 - -

Montagem do sistema de irrigação 9,00 - - 6,75 - -

Marcação do local de transplante 3,46 - - 2,04 - -

Transplante 5,18 - - 3,05 - -

Capina manual 12,00 - - 12,00 - -

Adubação de cobertura 7,68 - - 6,48 - -

Aplicação de defensivos 27,00 - 27,00 27,00 - 27,00

Irrigação 10,38 - 41,50 10,38 - 41,50

Tutoramento/Desbrota/Capação 65,37 - - 65,37 - -

Colheita e Pós-colheita 107,85 - 29,894 98,22 - 20,454

Total de Horas 277,07 1,85 101,24 260,44 1,85 91,80

A – Custo das operações 803,50 6,16 81,57 755,28 6,16 80,25

Insumos e materiais Quant. Valor (R$) Quant. Valor (R$)

Formulação 12-06-12 (kg) 10,10 9,09 10,10 9,09

Cloreto de Potássio (kg) 5,19 5,55 5,19 5,55

Nitrato de Amônio (kg) 29,95 29,65 26,34 26,08

Esterco de bovino (t) 1,30 34,19 1,30 34,19

Herbicida (l) 0,50 9,47 0,50 9,47

Mudas (unid.) - 210,82 - 170,02

Defensivos - 154,25 - 154,25

Fitilho plástico (kg) 3,60 22,72 3,60 22,72

B – Custo dos insumos e materiais 475,74 431,37

Custo operacional efetivo (A + B) 1.366,97 1.273,06

Custo da Depreciação (outras) 194,16 163,14

(Casa de vegetação) 239,87 239,87

Custo operacional total (R$/614,4 m2) 1.801,00 1.676,07 1 MOC – mão-de-obra comum; 2 MOTr- mão-de-obra tratorista; 3 M+I – gastos com máquinas e implementos; 4 Carrinho de mão.

A otimização da mão-de-obra pela cultura consorciada, segundo PUIATTI et al.

(2000) é uma das importantes vantagens desse sistema de cultivo em relação à

monocultura, possibilitando assim uma melhoria da rentabilidade da atividade. Além do

mais, pode contribuir na redução do custo de produção da cultura secundária ou

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139

associada (REZENDE et al., 2005d). Estes autores constataram redução de 39,5% do

COT da alface crespa quando consorciada com tomate em relação à sua monocultura.

De modo geral, a aplicação de defensivos para a cultura da alface crespa

também pode ser considerada comum à do pepino, o que vem a contribuir para

redução do COT dos cultivos consorciados; haja vista que nos estádios iniciais das

culturas a preocupação de controle dos vetores de viroses (Aphis gossypii, pulgão;

Bemisia argentifoli, mosca branca e Trips sp, tripes) é comum para ambas as culturas.

No consórcio de tomate e alface, CECÍLIO FILHO (2005) também relatou uma possível

economia de defensivos aplicados na alface crespa que podem ser comuns ao tomate

nos estádios iniciais das culturas.

Nos cultivos consorciados, os insumos e materiais representaram, em média,

26,69% do COT. Entre os componentes dos insumos e materiais, os maiores custos

foram com aquisição de mudas e defensivos, participando, em média, com 41,39% e

35,78%, respectivamente.

De acordo com COSTA (2006), para reduzir os gastos com defensivos nos

consórcios, poderia ser implantado o uso do manejo integrado de pragas, utilizado

práticas de monitoramento, armadilhas com feromônios, barreira de proteção e

eliminação de possíveis hospedeiros. Segundo o autor, para o manejo das doenças

seria necessário além do manejo dos vetores, o acompanhamento das condições

climáticas se possível usando modelos de precisão e manjo do ambiente (ventilação,

irrigação e drenagem).

Diante da expressiva participação da aquisição de mudas no COT das

monoculturas e consórcios, o olericultor deve ter o cuidado de adquirir as mudas de

empresas especializadas na produção, que atua dentro de normas e cuidados

especiais, como o uso de sementes certificadas e controle rigoroso de patógenos e

vetores de viroses. O emprego de mudas de boa qualidade é um dos principais fatores

que levam ao sucesso de um cultivo.

Semelhante ao observado para as monoculturas, o custo de depreciação da

casa de vegetação nos consórcios representou, em média, 54,29% do total gasto com

depreciação e 11,68% do custo operacional total (Tabelas 84 e 85).

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140

4.6.2 Análise da viabilidade econômica dos consórcios

As produtividades das alfaces crespa de culturas estabelecidas 20 e 30 DAT do

pepino (Tabela 86) e da alface americana a partir dos 10 DAT do pepino cultivado com

duas linhas de plantas no canteiro (Tabela 87), não foram contabilizadas em virtude das

plantas terem apresentado distúrbios fisiológicos (alterações morfológicas), que levaram

a estiolamento, redução de massa, presença de látex, folhas retorcidas e má formação

da cabeça, o que descaracterizava o produto e comprometeu sua comercialização. Isto

retrata a interferência (sombreamento) que as plantas de pepino tiveram sobre as

alfaces à medida que o transplante da alface foi mais tardio. Este efeito também foi

observado para as alfaces consorciadas com pepino cultivado com uma linha no

canteiro, porém em menor intensidade. No entanto, mesmo nesta menor densidade

populacional do pepino, as alfaces colhidas em consórcios estabelecidos aos 10; 20 e

30 DAT do pepino apresentaram-se comercialmente em classe inferior à obtida no

consórcio estabelecido 0 DAT do pepino e na monocultura (Tabelas 86 e 87).

Na cultura do pepino, a redução significativa da produtividade do pepino em

cultivo com uma linha em relação ao de duas linhas no canteiro deve-se a menor

população de plantas do pepino com uma linha (Tabelas 86 e 87). A presença da alface

nas diferentes épocas de estabelecimento do consórcio não influenciou a produtividade

do pepino em relação à obtida em monocultura.

As receitas brutas (RB) dos consórcios foram sempre superiores às obtidas em

monoculturas, mesmo quando não se contabilizou a produtividade da alface, exceto

para o consórcio entre alface americana e pepino cultivado com duas linhas no canteiro

estabelecidos aos 20 e 30 DAT (Tabelas 88 e 89).

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Tabela 86. Produtividade (kg/614 m2) das culturas de alface crespa ‘Verônica’ e pepino japonês ‘Hokushin’ cultivado com duas e uma linha no canteiro em consórcios e monoculturas.

Pepino Alface Crespa

Sistemas de cultivo PC15+202 PC253 PFT4 Especial5 Extra5 Primeira5

Pepino com duas linhas Consórcio a 0 DAT1 2.985 165,89 889,34 824,83 - - Consórcio aos 10 DAT 2.924 468,86 928,51 - - 479,23 Consórcio aos 20 DAT 3.021 150,91 617,47 - - - Consórcio aos 30 DAT 3.298 346,75 928,51 - - - Monocultura de pepino 2.739 387,07 816,77 - - - Monocultura de alface a 0 DAT - - - 1.087,49 - - Monocultura de alface aos 10 DAT - - - 815,62 - - Monocultura de alface aos 20 DAT - - - 755,71 - - Monocultura de alface aos 30 DAT - - - 903,17 - - Pepino com uma linha Consórcio a 0 DAT 1.744 197,57 566,21 1.046 - Consórcio aos 10 DAT 1.714 184,32 486,14 - - 658,94 Consórcio aos 20 DAT 1.499 203,33 423,36 - - 465,41 Consórcio aos 30 DAT 1.583 134,78 398,59 - - 465,41 Monocultura de pepino 1.697 89,28 571,39 - - - Monocultura de alface a 0 DAT - - - - 1.290 - Monocultura de alface aos 10 DAT - - - - 1.217 - Monocultura de alface aos 20 DAT - - - 1.147 - - Monocultura de alface aos 30 DAT - - - 1.074 - - 1Dias após o transplante do pepino; 2Produtividade de frutos de pepino na classe 15 (15 � a < 20 cm) + 20 (20 � a < 25 cm); 3Produtividade de frutos de pepino na classe 25 (�25 cm); 4Produtividade de frutos tortos; 5Classificação comum de permissionarios na CEAGESP.

Os lucros operacionais (LO) obtidos em consórcios estabelecidos com o

transplante da alface crespa aos 0, 10 e 30 DAT do pepino com duas linhas no canteiro

mostraram-se superiores aos obtidos em monoculturas, enquanto nos consórcios com

pepino com uma linha somente foi superior quando estabelecido a 0 DAT (Tabela 88).

Os maiores LO foram obtidos nos consórcios com pepino em duas linhas (R$

673,70/614,4 m2) e uma linha (R$ 489,95/614,4 m2), instalados com o transplantes de

alface e pepino no mesmo dia, superando a monocultura de pepino em 56,00% e

207,14%, respectivamente (Tabela 88). A superioridade da rentabilidade desses

consórcios foi conseqüência da maior produtividade apresentada pelo pepino e alface

em relação aos outros consórcios. O LO do consórcio aos 30 DAT do pepino com duas

linhas foi apenas 14,31% inferior ao cultivado 0 DAT do pepino principalmente pela alta

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produtividade do pepino, situação esta que não se repetiu para o pepino cultivado com

uma linha.

Tabela 87. Produtividade (kg/614 m2) das culturas de alface americana ‘Lucy Brown’ e pepino japonês ‘Hokushin’ cultivado com duas e uma linha no canteiro em consórcios e monoculturas.

Pepino Alface Americana

Sistemas de cultivo PC15+202 PC253 PFT4 Especial5 Extra5 Primeira5

Pepino com duas linhas Consórcio a 0 DAT1 3.056 133,63 725,76 876,50 - - Consórcio aos 10 DAT 2.991 320,26 746,50 - - - Consórcio aos 20 DAT 2.739 237,31 798,34 - - - Consórcio aos 30 DAT 2.849 178,56 806,40 - - - Monocultura de pepino 2.995 167,04 744,19 - - - Monocultura de alface a 0 DAT - - - 876,50 - - Monocultura de alface aos 10 DAT - - - 790,08 - - Monocultura de alface aos 20 DAT - - - - - 703,67 Monocultura de alface aos 30 DAT - - - - - 617,25 Pepino com uma linha Consórcio a 0 DAT 1.763 177,41 583,49 - 1.133 - Consórcio aos 10 DAT 1.661 149,76 561,60 - - 627,13 Consórcio aos 20 DAT 1.752 196,99 476,35 - - 449,36 Consórcio aos 30 DAT 1.621 201,60 596,74 - - 597,50 Monocultura de pepino 1.650 82,94 380,74 - - - Monocultura de alface a 0 DAT - - - - 1.425 - Monocultura de alface aos 10 DAT - - - - 1.180 - Monocultura de alface aos 20 DAT - - - 1.079 - - Monocultura de alface aos 30 DAT - - - - 1.126 - 1Dias após o transplante do pepino; 2Produtividade de frutos de pepino na classe 15 (15 � a < 20 cm) + 20 (20 � a < 25 cm); 3Produtividade de frutos de pepino na classe 25 (�25 cm); 4Produtividade de frutos tortos; 5Classificação comum de permissionarios na CEAGESP.

O contrário foi obtido nos consórcios estabelecidos com alface crespa aos 20 e

30 DAT do pepino com duas linhas e aos 10, 20 e 30 DAT do pepino cultivado com uma

linha no canteiro, que não apresentaram lucros operacionais superiores à monocultura

do pepino (Tabela 88). Nesses consórcios, a redução na produtividade do pepino

juntamente com a da alface, ocasionada pela competição exercida pelas plantas de

pepino sobre a alface, foram responsáveis pelo menor desempenho econômico destas

condições de consórcios. A baixa produtividade refletiu diretamente na classificação

das alfaces e, consequentemente, no preço. Entretanto, nos consórcios estabelecidos

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10, 20 e 30 DAT do pepino cultivado com uma linha o preço do quilograma da alface foi,

em média, 35,71% inferior do obtido 0 DAT (R$ 0,56 kg-1). Por outro lado, no consórcio

estabelecido 20 DAT do pepino com duas linhas, a grande redução na qualidade da

alface proporcionou a sua desqualificação comercial.

Tabela 88. Receita bruta (RB), custo operacional total (COT), lucro operacional (LO) e índice de eficiência no uso da área (EUA) das culturas de alface crespa ‘Verônica’ e pepino japonês ‘Hokushin’ cultivado com duas e uma linha no canteiro em consórcios e monoculturas.

RB COT LO EUA

Sistemas de cultivo --------------- R$/614,4 m2 --------------

Pepino com duas linhas Consórcio a 0 DAT1 3.252,43 2.578,73 673,70 1,81 Consórcio aos 10 DAT 3.107,19 2.578,73 528,46 1,61 Consórcio aos 20 DAT 2.706,89 2.578,73 128,16 1,43 Consórcio aos 30 DAT 3.156,04 2.578,73 577,31 1,24 Monocultura de pepino 2.695,17 2.263,18 431,99 - Monocultura de alface a 0 DAT 608,99 708,97 (99,98) - Monocultura de alface aos 10 DAT 456,74 708,97 (252,23) - Monocultura de alface aos 20 DAT 423,20 708,97 (285,77) - Monocultura de alface aos 30 DAT 478,68 708,97 (230,29) - Pepino com uma linha Consórcio a 0 DAT 2.290,95 1.801,00 489,95 1,71 Consórcio aos 10 DAT 1.887,35 1.801,00 86,35 1,55 Consórcio aos 20 DAT 1.632,99 1.801,00 (168,01) 1,38 Consórcio aos 30 DAT 1.641,63 1.801,00 (159,37) 1,22 Monocultura de pepino 1.608,57 1.449,05 159,52 - Monocultura de alface a 0 DAT 980,58 708,97 271,61 - Monocultura de alface aos 10 DAT 924,55 708,97 215,58 - Monocultura de alface aos 20 DAT 642,54 708,97 (66,43) - Monocultura de alface aos 30 DAT 569,04 708,97 (139,93) - 1Dias após o transplante do pepino.

Nestes casos, a superioridade agronômica destacada pelos índices de eficiência

no uso da área (EUA), que variaram de 1,22 a 1,55, não resultou em vantagem

econômica (Tabela 88). Desse modo, ratifica-se a necessidade de se realizar a análise

econômica dos consórcios, conforme proposta de ZANATTA et al. (1993), a fim de

melhor interpretar os resultados obtidos nos diferentes sistemas de cultivo. O simples

emprego do EUA como índice de comparação entre diferentes situações de consórcio

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pode levar a erro, devido ao fato de que este índice é calculado a partir de uma razão, e

valores altos de EUA podem ser obtidos não só devido às altas produtividades do

consórcio, mas também devido às baixas produtividades obtidas na monocultura

(MEAD & WILLEY, 1980). Para BELTRÃO et al. (1984), o EUA fornece apenas a

dimensão física do sistema sem considerar o valor de cada componente do sistema

consorciado.

No consórcio entre alface americana e pepino cultivado com duas e uma linha no

canteiro, os maiores lucros operacionais foram obtidos em consórcios estabelecidos

com transplante da alface a 0 DAT do pepino, respectivamente, de R$ 724,58 e R$

798,49 (Tabela 89). Semelhante ao observado nos consórcios com alface crespa, a

maior produtividade de pepino e de alface americana também foram responsáveis pela

superioridade econômica desses consórcios.

Por outro lado, os consórcios estabelecidos entre alface americana e pepino com

duas linhas no canteiro a partir dos 10 DAT não produziram alfaces com valor comercial

e, assim, não contribuíram no aumento da RB e LO dos consórcios (Tabela 89). A

amplitude agronômica de 1,13 a 1,31 destacada nesses consórcios pelos índices EUA,

também não resultou em vantagem econômica.

REZENDE et al. (2005a), avaliando consórcios de alface e tomate, verificaram

que, embora os índices de eficiência no uso da área apresentassem elevada

superioridade (até 79%) dos cultivos consorciados sobre as monoculturas, não foi

constatada a mesma amplitude para o lucro operacional. Os autores atribuíram à

observação, o baixo valor da alface recebido na época da colheita, não contribuindo

substancialmente na receita bruta auferida no consórcio, representando apenas 7% na

composição desta. Por outro lado, se os consórcios não obtiveram grande rentabilidade

em relação às monoculturas, os autores constataram que a monocultura da alface não

foi viável economicamente.

De modo geral, apesar do COT do cultivo consorciado ter sido maior que os das

monoculturas, o aumento significativo na quantidade de produto (pepino e alface) por

área, no consórcio, refletiu positivamente sobre a receita bruta, resultando assim, em

maior lucro operacional (Tabelas 88 e 89), concordando com os trabalhos de CATELAN

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et al. (2002a,b), CECÍLIO FILHO & MAY (2002), HEREDIA ZÁRATE et al. (2003),

PORTO et al. (2004a,b), REZENDE et al. (2004a,b,e), OLIVEIRA et al. (2005a),

CECÍLIO FILHO (2005) e COSTA (2006) que afirmam obter melhores retornos

econômicos no consórcio comparativamente à monocultura, sobretudo pela maior

receita bruta gerada neste sistema.

Tabela 89. Receita bruta (RB), custo operacional total (COT), lucro operacional (LO) e índice de eficiência no uso da área (EUA) das culturas de alface americana ‘Lucy Brown’ e pepino japonês ‘Hokushin’ cultivado com duas e uma linha no canteiro em consórcios e monoculturas.

RB COT LO EUA

Sistemas de cultivo --------------- R$/614,4 m2 --------------

Pepino com duas linhas Consórcio a 0 DAT1 3.178,35 2.453,77 724,58 1,41 Consórcio aos 10 DAT 2.828,78 2.453,77 375,01 1,31 Consórcio aos 20 DAT 2.602,81 2.453,77 149,04 1,22 Consórcio aos 30 DAT 2.658,84 2.453,77 205,07 1,13 Monocultura de pepino 2.744,21 2.263,18 481,03 - Monocultura de alface a 0 DAT 411,95 705,11 (293,16) - Monocultura de alface aos 10 DAT 387,14 705,11 (317,97) - Monocultura de alface aos 20 DAT 204,06 705,11 (501,05) - Monocultura de alface aos 30 DAT 179,00 705,11 (526,11) - Pepino com uma linha Consórcio a 0 DAT 2.474,56 1.676,07 798,49 1,96 Consórcio aos 10 DAT 1.792,97 1.676,07 116,90 1,61 Consórcio aos 20 DAT 1.807,39 1.676,07 131,32 1,51 Consórcio aos 30 DAT 1.795,43 1.676,07 119,36 1,65 Monocultura de pepino 1.495,19 1.449,05 46,14 - Monocultura de alface a 0 DAT 954,49 705,11 249,38 - Monocultura de alface aos 10 DAT 837,93 705,11 132,82 - Monocultura de alface aos 20 DAT 528,69 705,11 (176,42) - Monocultura de alface aos 30 DAT 799,36 705,11 94,25 - 1Dias após o transplante do pepino.

De acordo com CECÍLIO FIHO (2005), o benefício obtido com a consorciação de

culturas vai muito além desta calculada pela diferença entre custos operacionais das

monoculturas e consórcios. Tem-se o melhor aproveitamento de água, fertilizantes e

outros insumos empregados, conforme menciona HORWITH (1985), os quais podem

representar um possível maior impacto no ambiente quando mal manejados. Também,

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146

a otimização da área de pequenas propriedades agrícolas, bem como da casa de

vegetação, que é uma estrutura de elevado preço, tanto para sua aquisição e/ou

construção, quanto para a manutenção (troca do filme de polietileno usado na cobertura

do teto), é de grande relevância.

Em todos os cultivos consorciados avaliados, foi constada a grande participação

da cultura do pepino na composição da receita bruta e do lucro operacional dos

consórcios, em virtude da maior produtividade e remuneração dos frutos em relação à

alface.

Mesmo com baixo preço do pepino japonês e da alface crespa no setor

atacadista, no período de agosto a novembro, o cultivo consorciado entre as hortaliças

foi viável economicamente com estabelecimento da alface crespa 0 e 10 DAT do pepino

com duas linhas e ao 0 DAT do pepino cultivado com uma linha no canteiro, enquanto

para alface americana foi ao 0 DAT do pepino, independente do número de linhas

cultivadas no canteiro. Contudo, deve-se ressaltar que as hortaliças apresentam

variações nas características comerciais, no preço e no custo de produção ao longo do

ano. De acordo com PÔRTO et al. (2004b), embora as produtividades das culturas

sejam dependentes da época de cultivo, o estudo da influência da sazonalidade de

preços, ao longo do ano, das hortaliças envolvidas, permite obter informações sobre

como a rentabilidade econômica de determinado cultivo pode sofrer variação. Isto

posto, dependendo do preço da(s) hortaliça(s) envolvidas no consórcio, aquela

combinação de culturas viável economicamente, em determinada época do ano, poderá

não mostrar a mesma rentabilidade ou até mesmo ser deficitária em relação à(s)

monocultura (s).

Em uma outra análise, PÔRTO et al. (2004a) verificaram que a rentabilidade

entre o melhor consórcio (0 DAT) e a receita líquida, calculada da mesma forma do LO,

obtida no monocultivo da beterraba foi de 134%, 70%, 52% e 94% superior,

respectivamente, nas estações de verão, outono, inverno e primavera. Em relação ao

monocultivo de rúcula, a rentabilidade do consórcio estabelecido a 0 DAT foi superior

em 52%, 89%, 113% e 73%, respectivamente, nas estações do verão, outono, inverno

e primavera.

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5 CONCLUSÕES

� A produtividade e a classificação dos frutos de pepino em cultivo consorciado,

independente da cultivar de alface, não diferem das obtidas em monocultura.

� As maiores produtividades comerciais e totais de pepino são obtidas nos cultivos

consorciados de alface crespa, sendo indiferente a densidade populacional, e de

americana com 1,11 planta m-2 de pepino, todos em cultivos na segunda época.

� A produtividade das plantas de alface é afetada pela época de estabelecimento do

consórcio, definida pelo transplante da alface em relação ao transplante do pepino.

� Alfaces crespa e americana cultivadas em consórcio com pepino, na segunda época

de cultivo, não apresentam qualidade comercial.

� O índice de eficiência no uso da área é influenciado pela época de transplante da

alface em relação ao transplante do pepino, sendo menor o índice à medida que mais

atrasado se faz o transplante da alface.

� Maiores receitas brutas e lucro operacional são observadas nos cultivos consorciados

estabelecidos com o transplante da alface e do pepino no mesmo dia, independente

da densidade populacional do pepino.

� Para alface crespa ‘Verônica’, recomenda-se a realização do consórcio somente na

primeira época de cultivo (27 de agosto a 22 de novembro), com transplante da alface

até 10 dias após o pepino, quando este for plantado na maior densidade populacional

(2,22 plantas m-2), ou com transplantes das duas espécies no mesmo dia na menor

população de pepino (1,11 planta m-2).

� Para alface americana ‘Lucy Brown’, recomenda-se a realização do consórcio

somente na primeira época de cultivo (27 de agosto a 22 de novembro), com

transplantes das duas espécies no mesmo dia, independente da população de pepino.

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