consideraÇÕes sobre a nr 29 e nr 30 -...

47
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO M5 D2 HIGIENE DO TRABALHO IV GUIA DE ESTUDO PARTE III AULA 58 CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 PROFESSOR AUTOR: Engº Carlos Roberto Coutinho PROFESSOR TELEPRESENCIAL: Engº Carlos Roberto Coutinho COORDENADOR DE CONTEÚDO: Engº Josevan Ursine Fudoli DIRETORA PEDAGÓGICA: Profa. Maria Umbelina Caiafa Salgado 09 de outubro de 2012

Upload: doanhanh

Post on 27-Feb-2018

217 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA

DE SEGURANÇA DO TRABALHO

M5 D2 – HIGIENE DO TRABALHO IV

GUIA DE ESTUDO PARTE III – AULA 58

CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30

PROFESSOR AUTOR: Engº Carlos Roberto Coutinho

PROFESSOR TELEPRESENCIAL: Engº Carlos Roberto Coutinho

COORDENADOR DE CONTEÚDO: Engº Josevan Ursine Fudoli

DIRETORA PEDAGÓGICA: Profa. Maria Umbelina Caiafa Salgado

09 de outubro de 2012

Page 2: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA: HIGIENE DO TRABALHO IV

O desenvolvimento desta disciplina está organizado em cinco partes, nas quais

serão tratados os seguintes conteúdos:

Parte I: INCÊNDIOS FLORESTAIS E EM SÍTIOS HISTÓRICOS. Introdução. Incêndio florestal. Componentes do incêndio florestal. Tipos de incêndios florestais. Principais causas de incêndios florestais. Impactos dos incêndios florestais. Medidas preventivas. Dinâmica da combustão. Planejando o combate a incêndio. Executando o combate a incêndio. Referências bibliográficas. Parte II: PROGRAMA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA – PPR, Administração do PPR.

Procedimentos Operacionais. Seleção, Limitações e Respiradores. Treinamento. Ensaios de

Vedação. Manutenção, Inspeção e Guarda. Máscaras autônomas e respiradores de linha de ar.

Tipos de Equipamentos de Proteção Respiratória. Conceitos Básicos. Fatores de Proteção.

Referências bibliográficas.

Parte III: NR 29 e NR 30 – Introdução. O problema. Estatísticas. Escopo da NR 29. A NR 29 e

seus vínculos com outras NR´s. O Sesmt da NR 4 e o Sesstp da NR 29. A Cipa da NR 4 e o

CPATP da NR 29. Programas de Segurança, higiene do trabalho e saúde no trabalho portuário.

Medidas de segurança específicas para acesso às embarcações. Medidas de segurança

específicas para convés. . Segurança e saúde no trabalho marítimo. Legislação. Estatísticas de

acidentes. Causas de acidentes. EPI. EPC. Segurança e Saúde no trabalho aquaviário (NR 30).

CIPA. GSSTB. Anexo I e II da NR 30. SESMT da NR 30. Referências bibliográficas.

Parte IV: NR 34

Parte V: Ventilação Industrial

Page 3: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

O Calendário atualizado da Disciplina encontra-se no quadro a seguir.

2012

aulas

Guia de

Estudo Textos Complementares de Leitura Obrigatória

25 set Parte I

Análise de risco de incêndio em edificações em

sítios históricos. Rildo Marcelo Alves e Antônio

Maria Claret de Gouvêia. Acessar:

http://www.propec.ufop.br/index/tese.php?idtese=

63

02 out Parte II

Instrução Normativa 01 SSST/MTB Nº 1, DE 11 DE ABRIL DE 1994. Acessar:

http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816A2E7311D1012EBAE9534169D8/in_19940411_01.pdf

09 out Parte III

Acessar NR 29 pelo portal abaixo:

http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D311909DC013147E76FC20A2A/nr_29.pdf

Acessar NR 30 pelo portal abaixo:

http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BF2F329E13246/nr_30a.pdf

16 out Parte IV

23 out Parte V

Objetivos da aprendizagem

Conceituar os tópicos da NR 29 e NR 30

Conhecer a constituição da CIPA no trabalho portuário e aquaviário

Descrever o programa de segurança e saúde portuário e aquaviário

Comparar o Sesmt da NR 4 com os das NR 29 e NR 30

Classificar as medidas de segurança no trabalho portuário e aquaviário

Page 4: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

CONSIDERAÇÕES SOBRE AS NR`S 29 E 30

ÍNDICE

1.0 – INTRODUÇÃO ........................................................................................ 05

2.0 - O PROBLEMA ............................................................................................ 08

3.0 – ESTATÍSTICAS......................................................................................... 08

4.0 – O ESCOPO DA NR-29 ………................................................................... 09

5.0 - A NR-29 E OS VÍNCULOS COM OUTRAS NR´s .................................10

6.0 PROGRAMAS DE SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO

TRABALHO PORTUÁRIO ................................................................... 20

7. 00 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO MARÍTIMO ............ 26

8. ESTATÍSTICAS DE ACIDENTES ........................................................... 28

9. SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO AQUAVIÁRIO ......................31

10 - ANEXO I NR-30 - PESCA COMERCIAL E INDUSTRIAL .....................36

11. ANEXO II NR-30 - PLATAFORMAS E INSTALAÇÕES DE APOIO......38

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................47

Page 5: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

AULA 58 – CONSIDERAÇÕES SOBRE AS NR`S 29 E 30

1.0 – INTRODUÇÃO

Com a promulgação da CLT em 1943, duas seções (as de nº VIII e IX do Capítulo I do

Título IV) foram destinadas ao trabalho portuário avulso, consolidando o processo de

normatização e intervenção estatal das relações de trabalho nos portos.

Originalmente, marítimos e portuários eram profissões conexas. Tanto é que as

matrículas de ambos eram mantidas pelas Capitanias dos Portos, sendo a fixação das taxas e

salários e a composição dos ternos, com a concordância do CSTM, feitas pela Comissão de

Marinha Mercante (CMM), criada em 1941.

Em 1969, é criada a Superintendência Nacional de Marinha Mercante (SUNAMAM),

sendo-lhe atribuídas as funções da extinta CMM - Comissão de Marinha Mercante. Em 1984, a

SUNAMAM edita a Resolução nº 8.179/84, que regulamenta a remuneração e a composição

das equipes de trabalho. Tal dispositivo continua sendo aplicado em alguns portos como norma

costumeira até os dias atuais, ainda que aquele órgão tenha sido extinto.

Em 1988, com a nova ordem jurídica, Constituição Federal, o Estado afasta-se em

caráter definitivo dos sindicatos. Os principais mecanismos de regulamentação estatal do

trabalho portuário são desativados, não sendo substituídos por outras normas reguladoras,

ocasionando descontrole desta importante atividade para a economia do País.

Com a extinção das DTM - Delegacias do Trabalho Marítimo, em 1989, as DRT

deveriam continuar com as incumbências daquelas. Houve, entretanto, solução de

descontinuidade na participação do Ministério do Trabalho e Emprego na maioria dos portos.

Os principais reflexos gerados foram a ausência de fiscalização do trabalho nos portos, o

descontrole estatal do trabalho (os sindicatos passaram a escalar para o trabalho tanto

trabalhadores com matrícula na DTM quanto trabalhadores sem matrícula, mas integrantes do

seu quadro social), a paralisação da promoção dos candidatos (força supletiva com matrícula

na DTM) a efetivos, o incremento desmesurado do total de trabalhadores avulsos nos portos e

a perda do poder disciplinar.

Em 1993, com a política de modernização dos portos instituída pela Lei nº 8.630/93,

inicia-se nova fase nos portos brasileiros. O novo modelo enfatizou a negociação coletiva no

setor portuário, fortalecendo os sindicatos, mas descartou o caráter administrativo da

intermediação da mão de obra avulsa exercido pelos sindicatos obreiros. É, então, criada a

Page 6: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

figura do Órgão Gestor de Mão-de-Obra (OGMO) nos portos organizados, como sucedâneo da

extinta DTM no controle da matrícula dos portuários, na aplicação de penalidades e na

quantificação do número de trabalhadores necessário, bem como na função de administrar e

fornecer a mão de obra portuária avulsa, controlando o rodízio, efetuando a remuneração,

recolhendo os encargos e zelando pelo cumprimento das normas de segurança e saúde. Tal

órgão possui um conselho de supervisão integrado por empresários e trabalhadores.

Entretanto, os OGMO, nas suas composições e atribuições, seriam, pela própria

evolução da relação entre capital e trabalho nos portos, de difícil implementação – uma vez que

é retirado do Estado o ônus político do “enxugamento trabalhista” nos portos, deixando ao

empresariado esse encargo. Foi natural que decorridos dois anos (1995) nenhum OGMO

operasse conforme a lei. Nesse ano, o governo, sentindo que precisava agilizar o processo,

edita o Decreto nº 1.467, criando o Grupo Executivo para Modernização dos Portos (GEMPO),

integrado pelos Ministérios do Trabalho; Fazenda; Transportes; Indústria e Comércio; e

Marinha, vinculado à Câmara de Políticas de Infra-Estrutura da Casa Civil da Presidência da

República, com a atribuição de coordenar os diversos setores envolvidos, fazer o efetivo

funcionamento dos OGMOs e Conselhos de Autoridade Portuária (CAP) e implementar a

modernização dos portos brasileiros.

Nesse mesmo ano (1995) é promulgada a Convenção nº 137 da OIT referente às

Repercussões Sociais dos Novos Métodos de Processamento de Carga nos Portos (Decreto nº

1.574/95) reforçando os objetivos delineados na nova lei de modernização dos portos.

Em 17/12/1977, através da Portaria SSST N.º 53, publicada no D.O.U. em 29/12/97, foi

editada a NR 29 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário.

A NR 29 veio com o objetivo de regular a proteção obrigatória contra acidentes e doenças

profissionais, facilitar os primeiros socorros a acidentados e alcançar as melhores condições

possíveis de segurança e saúde aos trabalhadores portuários. Sua aplicabilidade esta

direcionada aos trabalhadores portuários em operações tanto a bordo como em terra, assim

como aos demais trabalhadores que exerçam atividades nos portos organizados e instalações

portuárias de uso privativo e retroportuárias, situadas dentro ou fora da área do porto

organizado.

Em 13/07/1999, pela Instrução Normativa Intersecretarial nº 14 (SEFIT/SSST), foram

criadas a coordenação especial de inspeção do trabalho portuário e aquaviário e as

coordenações regionais de inspeção do trabalho portuário e aquaviário, consolidando-se a

Page 7: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

inspeção do trabalho portuário e incorporando a inspeção do trabalho aquaviário (marítimos,

fluviários, pescadores, mergulhadores e trabalhadores em plataformas marítimas).

Neste contexto, a globalização trouxe a modernização dos modelos de produção,

sempre visando ao aperfeiçoamento da atividade produtiva e à maximização dos lucros, com

fortes níveis de concorrência entre os produtores. Para o atendimento da meta, a tecnologia foi

um fator muito importante.

Observamos que o trabalho desenvolvido nos portos não ficou alheio a esta nova

realidade de competição mundial e novas tecnologias foram sendo introduzidas, também no

ambiente portuário, o que acabou por afetar as relações entre capital e trabalho desenvolvidas

nos portos.

Junto com as novas tecnologias acompanharam também os acidente de alta gravidade,

tanto para os negócios como para os trabalhadores.

“Quando depende da produção, para não parar o trabalho, os riscos aumentam.

Trabalhei em um navio de contêineres no qual em certo momento faltou energia elétrica,

ficou muito escuro. Mesmo assim, a operação continuou porque é desse segmento que

obtemos mais de 60% dos nossos ganhos. Eu mesmo caí no espaço entre dois

contêineres, conta um estivador. (Texto retirado da entrevista de um trabalhador à

Revista Proteção em nov/2008).

Para atender a crescente demanda do setor portuário o Ministério do Trabalho e

Emprego – MTE, vem implementando aperfeiçoamentos para o trabalho do Auditor-Fiscal/MTE

nos portos com a busca do cumprimento da nova legislação trabalhista portuária, tanto pelos

empresários quanto pelos trabalhadores portuários.

Page 8: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

2.0 - O PROBLEMA

Alguns estudos demonstram que uma das áreas em que o acidente de trabalho assume

complexidade cada vez mais crescente é na área portuária.

Pela forma de contratação, a busca do ganho por produção, que se acrescenta ao

salário básico, leva os trabalhadores a atuarem com maior esforço e mesmo com maior

insegurança, associado aos componentes precários dos equipamentos, das proteções e da

baixa qualificação.

Existem conflitos entre os trabalhadores avulsos e os contratados; alguns OGMOS são

acusados de corrupção e ineficiência. As principais irregularidades no ambiente de trabalho

estão ligados a iluminação, equipamentos velhos e sucateados, lingas com defeitos e sem

inspeção periódica, empilhadeiras, guindastes e navios em péssimos estados de conservação.

3.0 - ESTATÍSTICAS

No Porto de Santos, por exemplo, os operários de menor nível de escolaridade são as

maiores vítimas de acidentes no trabalho. Em 2008, o OGMO contabilizou 138 acidentes, dos

quais 73 com afastamento do trabalho. Uma sucessão de acidentes fatais no porto, entre 2007

e 2008, com sete vítimas, levou as entidades portuárias a promoverem cursos com o foco em

segurança. Em Vitória (ES) foram 177 acidentes, incluindo os de trajeto. E as apurações feitas

a cada morte não têm resultado em maior segurança para os trabalhadores.

Apresentamos abaixo parte da entrevista de um trabalhador à Revista Proteção em

novembro de 2008:

“O aumento da velocidade das operações, exigência cada vez maior,

relacionadas ao porte cada vez maior dos navios, da demanda de cargas e

da automação de processos implica em treinamento constante da mão de

obra. A melhor preparação dos homens, com treinamento e da

especialização crescente, é derivada da aplicação de recursos das

empresas em profissionais dedicados aos seus equipamentos e

procedimentos. É necessária a vinculação destes homens ás empresas

como em todos os processos fabris e manufatureiros. Já existe escala para

que os Terminais tenham pessoal dedicado aos trabalhos de terra e de

bordo. Vinculação em emprego, dedicação de equipes especializadas,

redução de pessoal empregado em cada operação e treinamento

Page 9: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

permanente são exigências da operação moderna. A fase de utilização de

avulsos carregadores de sacos acabou , como acabaram os telegrafistas de

bordo, os motorneiros de bonde e os saudosos acendedores de lampião a

gás A evolução é inexorável.”

Ainda na mesma reportagem outro técnico experiente descreveu:

“A questão de segurança nos Portos é assunto de EDUCAÇÃO E

CULTURA, primeiramente dos Empresários usuários dos Portos e

posteriormente TREINAMENTO. Assim como no processo escolar brasileiro

(ensino básico e médio) é questão de Qualificação e Padronização do

Professor, a QUALIDADE E SEGURANÇA NOS PORTOS é questão da

falta de Qualidade e Padronização. Padronização e Qualidade - tem que

iniciar no empresariado haja vista que os mesmos, em nosso país optam

pelo barato e o barato não tem qualificação e muito menos padronização; o

resultado é esta calamidade que vemos todos os dias. Sou executivo de

projetos de logística, com cursos e trabalhos especiais no assunto, no Porto

de Barcelona ES.”

4.0 – O ESCOPO DA NR-29

NR-29

TITULO SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO PORTUÁRIO

RESUMO

Regular a proteção obrigatória contra acidentes e doenças profissionais,

facilitar os primeiros socorros a acidentados e alcançar as melhores

condições possíveis de segurança e saúde aos trabalhadores portuários

IMPOSIÇÕES

ENTRE

OUTRAS

Organizar um Serviço Especializado em Segurança e Saúde no Trabalho

Portuário (SESSTP), uma CIPA (CPATP) portuária, desenvolver Planos

(PCE-Plano de Controle de Emergência, PAM-Plano de Ajuda Mútua), e os

Programas das NR-7 (PCMSO) e NR-9 (PPRA) específicos do trabalho

portuário

INFRAÇÕES até 5.000 UFIR

(calculadas para empresas de médio porte - 50/100 trabalhadores)

Segundo especialistas, se a NR-29, que consolida a Convenção 137 da OIT, não

tivesse sido implantada para tratar da segurança e saúde do trabalho dos portuários, a situação

Page 10: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

estaria muito mais difícil nos portos em todo o país. Para alguns técnicos da SRT/MTE, os

acidentes poderiam ser evitados, não só pelo comportamento do trabalhador, mas pela

condição da operação.

Hoje, os portos operam um grande volume de cargas e a rotatividade de navios é

elevada. A quantidade de trabalhadores também aumentou recentemente. Para a

Fundacentro/MTE, o maior entrave na aplicação da NR 29 continua sendo a forma de gestão

da segurança na área portuária. As administrações dos portos estão voltadas para o embarque

e desembarque no menor tempo possível, tornando o trabalho de alto risco.

“A questão da saúde e segurança no trabalho portuário tinha que ser levada

a sério, como acontece em portos europeus onde se for comprovada a

responsabilidade do operador portuário, é feito um processo judicial e põe

os responsáveis pelo acidente na cadeia, além de pagar indenizações. No

Brasil a coisa parecia que iria melhorar com a implantação da NR 29, porém

o que vemos é o descaso com a saúde e segurança no ambiente de

trabalho portuário. Os acidentes continuam acontecendo com mutilações e

mortes e ninguém é responsabilizado. Temos que exigir o cumprimento da

norma regulamentadora e banir dos portos quem não se enquadrar (texto

extraído de uma entrevista de operador portuário à Revista Proteção.

Nov/2008).

5.0 - A NR-29 E OS VÍNCULOS COM OUTRAS NR´s

A NR-29 estabelece várias definições, considerando as áreas físicas e o pessoal

envolvido no trabalho portuário, devendo ser consultado uma espécie de Glossário (29.1.3

Definições) aplicáveis ao trabalho portuário, publicado pelo Ministério do Trabalho.

29.1.3 Definições a) Terminal Retroportuário - É o terminal situado em zona contígua à de porto

organizado ou instalação portuária, compreendida no perímetro de cinco

quilômetros dos limites da zona primária, demarcada pela autoridade aduaneira

local, no qual são executados os serviços de operação, sob controle aduaneiro,

com carga de importação e exportação, embarcados em contêiner, reboque ou

semirreboque.

b) Zona Primária

É a área alfandegada para a movimentação ou armazenagem de cargas

destinadas ou provenientes do transporte aquaviário.

Page 11: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

c) Tomador de Serviço

É toda pessoa jurídica de direito público ou privado que, não sendo operador

portuário ou empregador, requisite trabalhador portuário avulso.

d) Pessoa Responsável

É aquela designada por operadores portuários, empregadores, tomadores de

serviço, comandantes de embarcações, Órgão Gestor de Mão-de-Obra - OGMO,

sindicatos de classe, fornecedores de equipamentos mecânicos e outros,

conforme o caso, para assegurar o cumprimento de uma ou mais tarefas

específicas e que possuam suficientes conhecimentos e experiência, com a

necessária autoridade para o exercício dessas funções.

Da mesma forma que nas NR-4 e NR-5, a NR-29 prevê o dimensionamento do pessoal

técnico (SESSTP) e o dimensionamento da representação dos trabalhadores (CPATP), ambos

encarregados da gestão de riscos no ambiente portuário. Estão previstas instruções para a

sinalização de segurança dos locais de trabalho portuário bem como sobre as condições

sanitárias e de conforto (NR-24). É obrigatório um dispositivo de primeiros socorros.

A NR-29 prevê também a observância de regras restritas para as operações com cargas

perigosas, explosivos, gases inflamáveis, substâncias tóxicas e infectantes, incluindo material

radioativo, definindo as competências dos profissionais envolvidos.

29.1.4 Competências

29.1.4.1 Compete aos operadores portuários, empregadores, tomadores de

serviço e OGMO, conforme o caso:

a) cumprir e fazer cumprir esta NR no que tange à prevenção de riscos de

acidentes do trabalho e doenças profissionais nos serviços portuários;

b) fornecer instalações, equipamentos, maquinários e acessórios em bom estado

e condições de segurança, responsabilizando-se pelo correto uso;

c) zelar pelo cumprimento da norma de segurança e saúde nos trabalhos

portuários e das demais normas regulamentadoras expedidas pela Portaria MTb

no 3.214/78 e alterações posteriores.

29.1.4.2 Compete ao OGMO ou ao empregador:

a) proporcionar a todos os trabalhadores formação sobre segurança, saúde e

higiene ocupacional no trabalho portuário, conforme o previsto nesta NR;

b) responsabilizar-se pela compra, manutenção, distribuição, higienização,

treinamento e zelo pelo uso correto dos equipamentos de proteção individual - EPI

e equipamentos de proteção coletiva - EPC, observado o disposto na NR-6;

Page 12: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

c) elaborar e implementar o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais -

PPRA - no ambiente de trabalho portuário, observado o disposto na NR -9;

d) elaborar e implementar o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

- PCMSO, abrangendo todos os trabalhadores portuários, observado o disposto na

NR-7.

29.1.4.3 Compete aos trabalhadores:

a) cumprir a presente NR bem como as demais disposições legais de segurança e

saúde do trabalhador;

b) informar ao responsável pela operação de que esteja participando as avarias ou

deficiências observadas que possam constituir risco para o trabalhador ou para a

operação;

c) utilizar corretamente os dispositivos de segurança, EPI e EPC, que lhes sejam

fornecidos, bem como as instalações que lhes forem destinadas.

29.1.4.4 Compete às administrações portuárias, dentro dos limites da área do

porto organizado, zelar para que os serviços se realizem com regularidade,

eficiência, segurança e respeito ao meio ambiente.

29.1.5 Instruções Preventivas de Riscos nas Operações Portuárias.

29.1.5.1 Para adequar os equipamentos e acessórios necessários à manipulação

das cargas, os operadores portuários, empregadores ou tomadores de serviço,

deverão obter com a devida antecedência o seguinte:

a) peso dos volumes, unidades de carga e suas dimensões;

b) tipo e classe do carregamento a manipular;

c) características específicas das cargas perigosas a serem movimentadas ou em

trânsito.

Outra característica importante da NR 29 é o controle para que os acidentes não

tenham conseqüências ambientais. Assim, esta prevista a obrigatoriedade de elaboração de

Planos de Emergência para os cenários de acidentes, na seguinte forma:

29.1.6 Plano de Controle de Emergência - PCE e Plano de Ajuda Mútua - PAM.

29.1.6.1 Cabe à administração do porto, ao OGMO e aos empregadores a

elaboração do PCE, contendo ações coordenadas a serem seguidas nas

situações descritas neste subitem e compor com outras organizações o PAM.

29.1.6.2 Devem ser previstos os recursos necessários, bem como linhas de

atuação conjunta e organizada, sendo objeto dos planos as seguintes situações:

a) incêndio ou explosão;

b) vazamento de produtos perigosos;

Page 13: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

c) queda de homem ao mar;

d) condições adversas de tempo que afetem a segurança das operações

portuárias;

e) poluição ou acidente ambiental;

f) socorro a acidentados.

29.1.6.3 No PCE e no PAM, deve constar o estabelecimento de uma

periodicidade de treinamentos simulados, cabendo aos trabalhadores indicados

comporem as equipes e efetiva participação.

Assim, no Plano de Controle de Emergência - PCE e Plano de Ajuda Mútua – PAM

devem ser adotados procedimentos de emergência, primeiros socorros e atendimento médico,

constando para cada classe de risco a respectiva ficha, nos locais de operação, dos produtos

perigosos. Os trabalhadores devem ter treinamento específico em relação às operações com

produtos perigosos e o plano de atendimento às situações de emergência deve ser abrangente,

permitindo o controle dos sinistros potenciais, como explosão, contaminação ambiental por

produto tóxico, corrosivo, radioativo e outros agentes agressivos, incêndio, abalroamento e

colisão de embarcação com o cais. Os PCE e PAM devem prever ações em terra e a bordo, e

deverá ser exibido aos agentes da inspeção do trabalho, quando solicitado.

Estes programas são Planos de Contingência para adoção de medidas internas ou em

colaboração com órgãos externos (Bombeiros) no caso de situações de emergência, como

incêndio e explosão, incluindo socorro a acidentados. Estes Planos estão em consonância com

a Convenção OIT-174 independente de serem considerados ou não Acidentes Industriais

Maiores. Assim, é necessária atualização científica e tecnológica para a implementação desses

planos. Devendo ser lembrado que a elaboração desses planos é obrigatória também em

um processo de Licenciamento ambiental.

Page 14: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

Outra característica de importância que este item da NR 29 assume é a interface com a

Lei no 9966, de 28/04/2000, que estabelece os princípios básicos a serem obedecidos na

movimentação de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em portos organizados,

instalações portuárias, plataformas e navios em águas sob jurisdição nacional.

A Lei no 9966/00 aplica-se:

a) às embarcações nacionais, portos organizados, instalações portuárias, dutos,

plataformas e suas instalações de apoio, em caráter complementar à Marpol

73/78;

b) às embarcações, plataformas e instalações de apoio estrangeiras, cuja

bandeira arvorada seja ou não de país contratante da Marpol 73/78, quando em

águas sob jurisdição nacional;

c) às instalações portuárias especializadas em outras cargas que não óleo e

substâncias nocivas ou perigosas, e aos estaleiros, marinas, clubes náuticos e

outros locais e instalações similares.

E no art. 2º inciso XIX e XX, define o que vem a ser Plano de Emergência e Plano de

Contingência:

XIX – plano de emergência: conjunto de medidas que determinam e

estabelecem as responsabilidades setoriais e as ações a serem

desencadeadas imediatamente após um incidente, bem como definem os

recursos humanos, materiais e equipamentos adequados à prevenção,

controle e combate à poluição das águas;

Page 15: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

XX – plano de contingência: conjunto de procedimentos e ações que visam à

integração dos diversos planos de emergência setoriais, bem como a

definição dos recursos humanos, materiais e equipamentos complementares

para a prevenção, controle e combate da poluição das águas;

5.1 O SESMT da NR 4 e o SESSTP da NR-29

Para a organização da Área de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário deve ser

implementado, conforme previsto no item 29.2 da NR 29, o Serviço Especializado em

Segurança e Saúde do Trabalhador Portuário – SESSTP, na forma que segue:

29.2 Organização da Área de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário.

29.2.1 Serviço Especializado em Segurança e Saúde do Trabalhador Portuário

- SESSTP.

29.2.1.1 Todo porto organizado, instalação portuária de uso privativo e

retroportuária deve dispor de um SESSTP, de acordo com o dimensionamento

mínimo constante do Quadro I, mantido pelo OGMO ou empregadores,

conforme o caso, atendendo a todas as categorias de trabalhadores.

29.2.1.1.1 O custeio do SESSTP será dividido proporcionalmente de acordo

com o número de trabalhadores utilizados pelos operadores portuários,

empregadores, tomadores de serviço e pela administração do porto, por

ocasião da arrecadação dos valores relativos à remuneração dos

trabalhadores.

29.2.1.1.2 Os profissionais integrantes do SESSTP deverão ser empregados

do OGMO ou empregadores, podendo ser firmados convênios entre os

terminais privativos, os operadores portuários e administrações portuárias,

compondo com seus profissionais o SESSTP local, que deverá ficar sob a

coordenação do OGMO.

29.2.1.1.3 Nas situações em que o OGMO não tenha sido constituído, cabe ao

responsável pelas operações portuárias o cumprimento deste subitem, tendo,

de forma análoga, as mesmas atribuições e responsabilidade do OGMO.

29.2.1.2 O SESSTP deve ser dimensionado de acordo com a soma dos

seguintes fatores:

a) média aritmética obtida pela divisão do número de trabalhadores avulsos

tomados no ano civil anterior e pelo número de dias efetivamente trabalhados;

b) média do número de empregados com vínculo empregatício do ano civil

anterior.

Page 16: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

29.2.1.2.1 Nos portos organizados e instalações portuárias de uso privativo

em início de operação, o dimensionamento terá por base o número estimado

de trabalhadores a serem tomados no ano.

QUADRO I - DIMENSIONAMENTO MÍNIMO DO SESSTP

Profissionais

Especializados

Números de Trabalhadores

20 - 250 251 - 750 751 - 2000 2001 - 3500

Engenheiro de Segurança

--

01 02 03

Técnico de Segurança

01 02 04 11

Médico do Trabalho

-- 01* 02 03

Enfermeiro do Trabalho

-- -- 01 03

Auxiliar Enf. do Trabalho

01 01 02 04

* horário parcial 3 horas.

29.2.1.2.2 Acima de 3500 (três mil e quinhentos) trabalhadores para cada

grupo de 2000 (dois mil) trabalhadores, ou fração acima de 500, haverá um

acréscimo de 01 profissional especializado por função, exceto no caso do

Técnico de Segurança do Trabalho, no qual haverá um acréscimo de três

profissionais.

29.2.1.2.3 Os profissionais do SESSTP devem cumprir jornada de trabalho

integral, observada a exceção prevista no Quadro I.

29.2.1.3 Compete aos profissionais integrantes do SESSTP:

a) realizar com acompanhamento de pessoa responsável, a identificação das

condições de segurança nas operações portuária - abordo da embarcação,

nas áreas de atracação, pátios e armazéns - antes do início das mesmas ou

durante a realização conforme o caso, priorizando as operações com maior

vulnerabilidade para ocorrências de acidentes, detectando os agentes de

riscos existentes, demandando medidas de segurança para sua imediata

eliminação ou neutralização, para garantir a integridade do trabalhador;

b) registrar os resultados da identificação em relatório a ser entregue a pessoa

responsável;

c) realizar análise direta e obrigatória - em conjunto com o órgão competente

do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE - dos acidentes em que haja

Page 17: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

morte, perda de membro, função orgânica ou prejuízo de grande monta,

ocorrido nas atividade portuárias;

d) as atribuições previstas na NR-4 (Serviços Especializados em Engenharia

de Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT), observados os modelos

de mapas constantes do anexo I.

5.2 A CIPA da NR 4 e o CPATP da NR 29.

Assim como na NR 4 temos previsto a obrigatoriedade de implementação da CIPA,

para a atividade portuária também temos esta obrigatoriedade de estabelecer a Comissão de

Prevenção de Acidentes no Trabalho Portuário – CPATP, na forma que segue:

29.2.2 Comissão de Prevenção de Acidentes no Trabalho Portuário – CPATP.

29.2.2.1 O OGMO, os empregadores e as instalações portuárias de uso

privativo, ficam obrigados a organizar e manter em funcionamento a CPATP.

29.2.2.2 A CPATP tem como objetivo observar e relatar condições de risco

nos ambientes de trabalho e solicitar medidas para reduzir até eliminar ou

neutralizar os riscos existentes, bem como discutir os acidentes ocorridos,

encaminhando ao SESSTP, ao OGMO ou empregadores, o resultado da

discussão, solicitando medidas que previnam acidentes semelhantes e ainda,

orientar os demais trabalhadores quanto à prevenção de acidentes.

29.2.2.3 A CPATP será constituída de forma paritária, por trabalhadores

portuários com vínculo empregatício por tempo indeterminado e avulso e por

representantes dos operadores portuários, empregadores e/ou OGMO,

dimensionado de acordo com o Quadro II.

Diferente do previsto na NR4 para a CPATP a duração do mandato será de 2 (dois)

anos, (29.2.2.4), permitida uma reeleição e deverá haver tantos suplentes quantos forem os

representantes titulares, (29.2.2.5), sendo a suplência específica de cada titular.

Um ponto importante é que, para a composição da CPATP, deverão ser obedecidos

critérios que garantam a representação das atividades portuárias com maior potencial de

risco e ocorrência de acidentes, respeitado o dimensionamento mínimo do quadro II.

Page 18: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

QUADRO II - DIMENSIONAMENTO DA CPATP

N.º médio de

trabalhadores

20

A

50

51

a

100

101

a

500

501

a

1000

1001

a

2000

2001

a

5000

5001

a

10000

Acima de 10000 a cada

grupo de 2500

acrescentar.

N.º de

Representantes

Titulares do

empregador

01 02 04 06 09 12 15

02

N.º de

representantes

titulares dos

trabalhadores

01 02 04 06 09 12 15

02

A composição da CPATP será proporcional ao número médio do conjunto de

trabalhadores portuários utilizados no ano anterior, devendo os representantes dos

trabalhadores na CPATP, titulares e suplentes, serão eleitos em escrutínio secreto. Assumirão

a condição de membros titulares os candidatos mais votados, observando-se os critérios

constantes do Quadro II.

A eleição deve ser realizada durante o expediente, respeitados os turnos, devendo ter a

participação de, no mínimo, metade mais um do número médio do conjunto dos trabalhadores

portuários utilizados no ano anterior, obtido conforme subitem 29.2.1.4 da NR 29.

Um ponto de atenção é que organizada a CPATP, a mesma deve ser registrada no

órgão regional do Ministério do Trabalho, até 10 (dez) dias após a eleição e o registro da

CPATP deve ser feito mediante requerimento ao Delegado Regional do Trabalho,

acompanhado de cópia das atas de eleição, instalação e posse, contendo o calendário anual

das reuniões ordinárias da CPATP, constando dia, mês, hora e local de realização das

mesmas.

O OGMO, os empregadores e/ou as instalações portuárias de uso privativo designarão

dentre os seus representantes titulares o presidente da CPATP, que assumirá no primeiro ano

de mandato.

Como na NR 4, os trabalhadores titulares da CPATP elegerão, entre seus pares o vice -

presidente, que assumirá a presidência no segundo ano do mandato. Sendo que o

representante dos empregadores ou dos trabalhadores, quando não estiver na presidência,

assumirá as funções do vice-presidente. E no impedimento eventual ou no afastamento

temporário do presidente, assumirá suas funções o vice-presidente. No caso de afastamento

Page 19: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

definitivo, o empregador indicará substituto em 2 (dois) dias úteis, preferencialmente entre os

membros da CPATP.

A CPATP terá as seguintes atribuições:

a) discutir os acidentes ocorridos na área portuária, inclusive a bordo;

b) sugerir medidas de prevenção de acidentes julgadas necessárias, por iniciativa própria ou

indicadas por outros trabalhadores, encaminhando-as ao SESSTP, ao OGMO, empregadores

e/ou as administrações dos terminais de uso privativo;

c) promover a divulgação e zelar pela observância das Normas Regulamentadoras de

Segurança e Saúde no Trabalho;

d) despertar o interesse dos trabalhadores portuários pela prevenção de acidentes e de

doenças ocupacionais e estimulá-los, permanentemente, a adotar comportamento preventivo

durante o trabalho;

e) promover, anualmente, em conjunto com o SESSTP, a Semana Interna de Prevenção de

Acidente no Trabalho Portuário - SIPATP;

f) lavrar as atas das reuniões ordinárias e extraordinárias em livro próprio que deve ser

registrado no órgão regional do MTE, enviando-as mensalmente ao SESSTP, ao OGMO, aos

empregadores e à administração dos terminais portuários de uso privativo;

g) realizar, em conjunto com o SESSTP, quando houver, a investigação de causas e

conseqüências dos acidentes e das doenças ocupacionais, acompanhando a execução das

medidas corretivas;

h) realizar mensalmente e sempre que houver denúncia de risco, mediante prévio aviso ao

OGMO, empregadores, administrações de instalações portuárias de uso privativo e ao

SESSTP, inspeção nas dependências do porto ou instalação portuária de uso privativo, dando-

lhes conhecimento dos riscos encontrados, bem como ao responsável pelo setor;

i) sugerir a realização de cursos, treinamentos e campanhas que julgar necessárias para

melhorar o desempenho dos trabalhadores portuários quanto à segurança e saúde no trabalho;

j) preencher o Anexo II desta NR, mantendo-o arquivado, de maneira a permitir acesso a

qualquer momento, aos interessados, sendo de livre escolha o método de arquivamento;

k) elaborar o Mapa de Risco;

l) convocar pessoas, quando necessário, para tomada de informações, depoimentos e dados

ilustrativos e/ou esclarecedores, por ocasião de investigação dos acidentes do trabalho;

Uma questão interessante esta relacionada com a decisão dos assuntos discutidos na

CPATP, que não havendo consenso para entre os membros da CPATP, deverá ser tomada

pelo menos uma das seguintes providências, visando à solução dos conflitos:

Page 20: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

a) constituir um mediador em comum acordo com os participantes;

b) solicitar no prazo de 8 (oito) dias, através do presidente da CPATP, a mediação do

órgão regional do MTE.

A CPATP se reunirá pelo menos uma vez por mês, em local apropriado e durante o

expediente, obedecendo ao calendário anual e sempre que ocorrer acidente que resulte em

morte, perda de membro ou de função orgânica, ou que cause prejuízo de grande monta.

Nestes casos, a CPATP deverá se reunir em caráter extraordinário no prazo máximo de 48

(quarenta e oito) horas após a ocorrência, podendo ser exigida a presença da pessoa

responsável pela operação portuária conforme definido no subitem 29.1.3 alínea "d" da NR 29.

Uma vez registrada a CPATP no órgão regional do MTE, a mesma não poderá ter o

número de representantes reduzido, bem como não poderá ser desativada pelo OGMO ou

empregadores antes do término do mandato de seus membros, ainda que haja redução do

número de trabalhadores portuários, exceto nos casos em que houver encerramento da

atividade portuária.

No caso de instalações portuárias de uso privativo e os terminais retroportuários que

possuam SESMT e CIPA nos termos do que estabelecem respectivamente as NR-4 e NR-5,

aprovadas pela Portaria n.º 3214/78 do MTE, e não utilizem mão-de-obra de trabalhadores

portuários avulsos, poderão mantê-los, com as atribuições especificadas na NR 29.

6.0 PROGRAMAS DE SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO

PORTUÁRIO

Nas operações de atracação, desatracação e manobras de embarcações devem ser

adotadas medidas de prevenção de acidentes, com cuidados especiais aos riscos de

prensagem, batidas contra e esforços excessivos dos trabalhadores.

A NR 29 estabelece como obrigatório o uso de um sistema de comunicação entre o

prático, na embarcação, e o responsável em terra pela atracação, através de transceptor

portátil, de modo a ser assegurada uma comunicação bilateral. Da mesma forma que todos os

trabalhadores envolvidos nessas operações devem fazer uso de coletes salva-vidas aprovados

pela Diretoria de Portos e Costas - DPC.

Durante as manobras de atracação e desatracação, os guindastes de terra e os de

pórtico devem estar o mais afastado possível das extremidades dos navios.

Page 21: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

6.1 MEDIDAS DE SEGURANÇA ESPECÍFICAS PARA ACESSO ÀS EMBARCAÇÕES

Este é um item que requer ações de prevenção considerando a necessidade de que as

escadas, rampas e demais acessos às embarcações devem ser mantidas em bom estado de

conservação e limpeza, sendo preservadas as características das superfícies antiderrapantes,

observando-se os seguintes pontos:

a) As escadas e rampas de acesso às embarcações devem dispor de balaustrada -

guarda-corpos de proteção contra quedas;

b) O corrimão deve oferecer apoio adequado, possuindo boa resistência em toda a sua

extensão, não permitindo flexões que tirem o equilíbrio do usuário;

c) As escadas de acesso às embarcações ou as estruturas complementares a estas

conforme o previsto no item 29.3.2.10 da NR 29, devendo ficar apoiadas em terra,

tendo em sua base um dispositivo rotativo, devidamente protegido que permita a

compensação dos movimentos da embarcação;

d) As escadas de acesso às embarcações devem possuir largura adequada que permita o

trânsito seguro para um único sentido de circulação, devendo ser guarnecidas com

uma rede protetora, em perfeito estado de conservação. Uma parte lateral da rede deve

ser amarrada ao costado do navio, enquanto a outra, passando sob a escada, deve ser

amarrada no lado superior de sua balaustrada (lado de terra), de modo que, em caso

de queda, o trabalhador não venha a bater contra as estruturas vizinhas;

e) A escada de portaló deve ficar posicionada com aclividade adequada em relação ao

plano horizontal de modo que permita o acesso seguro à embarcação;

f) Os degraus das escadas, em face das variações de nível da embarcação, devem ser

montados de maneira a mantê-los em posição horizontal ou com declive que permita

apoio adequado para os pés;

g) O acesso à embarcação deve ficar fora do alcance do raio da lança do guindaste, pau

de carga ou assemelhado. Quando isso não for possível, o local de acesso deve ser

adequadamente sinalizado;

h) É proibida a colocação de extensões elétricas nas estruturas e corrimões das escadas

e rampas de acesso das embarcações;

i) Os suportes e os cabos de sustentação das escadas ligados ao guincho não podem

criar obstáculos à circulação de pessoas e devem ser mantidos sempre tencionados;

j) Quando necessário o uso de pranchas, rampas ou passarelas de acesso, conjugadas

ou não com as escadas, estas devem seguir as especificações de (i) serem de

concepção rígida; (ii) terem largura mínima de 0,80 m (oitenta centímetros); (iii) estarem

providas de tacos transversais a intervalos de 0,40 m (quarenta centímetros) em toda

Page 22: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

extensão do piso; (iv) possuírem corrimão em ambos os lados de sua extensão dotado

de guarda-corpo duplo com réguas situadas a alturas mínimas de 1,20 m (um meto e

vinte centímetros) e 0,70 m (setenta centímetros) medidas a partir da superfície do piso

e perpendicularmente ao eixo longitudinal da escada; (v) serem dotadas de dispositivos

que permitam fixá-las firmemente à escada da embarcação ou à sua estrutura numa

extremidade; (vi) a extremidade, que se apóia no cais, deve ser dotada de dispositivo

rotativo que permita acompanhar o movimento da embarcação; (vii) estarem

posicionadas no máximo a 30 (trinta) graus de um plano horizontal.

Nas normas e procedimentos de segurança deve ser estabelecido que não é permitido o

acesso à embarcação utilizando-se escadas tipo quebra-peito, salvo em situações

excepcionais, devidamente justificadas, avaliadas e acompanhadas pelo SESSTP e SESMT,

conforme o caso.

Da mesma forma, como deve ser estabelecida a proibição do acesso de trabalhadores à

embarcações em equipamentos de guindar, exceto em operações de resgate e salvamento

ou quando forem utilizados cestos especiais de transporte, desde que os equipamentos de

guindar possuam condições especiais de segurança e existam procedimentos específicos para

tais operações.

Pelas características e o local onde são realizados os serviços portuários devem existir

nestes locais de trabalho próximos à água e pontos de transbordo bóias salva vidas e outros

equipamentos, que sejam aprovados pela DPC, necessários ao resgate de vitimas que caiam

na água. Nos trabalhos noturnos as bóias salva-vidas deverão possuir dispositivo de iluminação

automática aprovadas pela DPC.

6.2 MEDIDAS DE SEGURANÇA ESPECÍFICAS PARA CONVÉS

Page 23: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

Por definição CONVÉS é a parte da cobertura superior de um navio, sendo o convés

principal a estrutura horizontal acima do casco, o qual às vezes o reforça. O convés serve como

superfície principal de trabalho nos navios e embarcações.

O programa de segurança para as atividades portuárias tem que considerar que o

convés deve estar sempre limpo e desobstruído, dispondo de uma área de circulação que

permita o trânsito seguro dos trabalhadores e quaisquer aberturas devem estar protegidas de

forma que impeçam a queda de pessoas ou objetos.

Quando houver perigo de escorregamento nas superfícies em suas imediações, devem

ser empregados dispositivos ou processo que tornem o piso antiderrapante, e a circulação de

pessoal no convés principal deve ser efetuada pelo lado do mar, exceto por impossibilidade

técnica ou operacional comprovada.

O convés deve oferecer boas condições de visibilidade aos operadores dos

equipamentos de içar, sinaleiros e outros, a fim de que não sejam prejudicadas as manobras de

movimentação de carga. As cargas ou objetos que necessariamente tenham que ser estivadas

no convés, devem ser peadas e escoradas imediatamente após a estivagem.

Os equipamentos específicos como olhais, escadas, tubulações, aberturas e cantos

vivos dever ser mantidos sinalizados, a fim de indicar e advertir acerca dos riscos existentes e

nas operações de abertura e fechamento de equipamentos acionados por força motrizes, os

quartéis, tampas de escotilha e aberturas similares, devem possuir dispositivos de segurança

que impeçam sua movimentação acidental. Esses equipamentos só poderão ser abertos ou

fechados por pessoa autorizada, após certificar-se de que não existe risco para os

trabalhadores.

6.3 OUTRAS MEDIDAS DE SEGURANÇA ESPECÍFICAS

Como observado, verificamos que a NR 29 é bem detalhada para o estabelecimento de

medidas de controle para prevenção de acidentes nos acessos as embarcações e trabalhos no

convés. Além destes, o profissional especialista em segurança do trabalho deve também

desenvolver planejamento e medidas de controle específicas para os trabalhos nos seguintes

locais:

Page 24: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

a) Porões;

b) Trabalho com máquinas, equipamentos, aparelhos de içar e acessórios de estivagem,

devendo ser citado que todo equipamento de movimentação de carga deve apresentar,

de forma legível, sua capacidade máxima de carga e seu peso bruto, quando se

deslocar de ou para bordo e que somente pode operar máquinas e equipamentos o

trabalhador habilitado e devidamente identificado, não sendo permitida a operação de

empilhadeiras sobre as cargas estivadas que apresentem piso irregular, ou sobre

quartéis de madeira.

Os equipamentos terrestres de guindar e os acessórios neles utilizados para içamento

de cargas devem ser periodicamente vistoriados e testados por pessoa física ou jurídica

devidamente registrada no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia

- CREA. A vistoria deve ser efetuada pelo menos uma vez a cada doze meses.

c) Lingamento e deslingamento de cargas;

d) Operações com contêineres.

Nas operações com contêineres devem ser adotadas OBRIGATORIAMENTE as

seguintes medidas de segurança: (i) movimentá-los somente após o trabalhador haver

descido do mesmo; (ii) instruir o trabalhador quanto às posturas ergonômicas e seguras

nas operações de estivagem, desestivagem, fixação e movimentação de contêiner; (iii)

obedece r a sinalização e rotulagem dos contêineres quanto aos riscos inerentes a sua

movimentação e (iv) instruir trabalhador sobre o significado das sinalizações e das

rotulagens de risco de contêineres, bem como dos cuidados e medidas de prevenção a

serem observados.

e) Operações com granéis secos;

f) Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais;

g) Segurança nos trabalhos de limpeza e manutenção nos portos e embarcações.

Na limpeza de tanques de carga, óleo ou lastro de embarcações que contenham ou

tenham contido produtos tóxicos, corrosivos e/ou inflamáveis, é obrigatório: (i) a vistoria

antecipada do local por pessoa responsável, com atenção especial no monitoramento

dos percentuais de oxigênio e de explosividade da mistura no ambiente; (ii) o uso de

exaustores, cujos dutos devem prolongar-se até o convés, para a eliminação de

resíduos tóxicos; (iii) o trabalho ser realizado em dupla, portando o observador um cabo

de arrasto conectado ao executante; (iv) o uso de aparelhos de iluminação e acessórios

cujas especificações sejam adequadas à área classificada; (v) não fumar ou portar

objetos que produzam chamas, centelhas ou faíscas; (vi) o uso de equipamentos de ar

mandado ou autônomo em ambientes com ar rarefeito ou impregnados por substâncias

Page 25: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

tóxicas; (vii) depositar em recipientes adequados as estopas e trapos usados, com óleo,

graxa, solventes ou similares para serem retirados de bordo logo após o término do

trabalho;

h) Nas pinturas, raspagens, apicoamento de ferragens e demais reparos em embarcações,

é recomendada onde couber a proteção dos trabalhadores através de: (i) andaimes com

guarda-corpos ou, preferencialmente, com cadeiras suspensas; (ii) uso de cinturão de

segurança do tipo pára-quedista, fixado em cabo paralelo à estrutura do navio; (iii) uso

dos demais EPI necessários; (iv) uso de colete salva-vidas aprovados pela DPC;

(v) interdição quando necessário, da área abaixo desses serviços.

i) Recondicionamento de embalagens;

j) Segurança nos serviços do vigia de portaló;

k) Sinalização de segurança dos locais de trabalho portuários em geral;

l) Iluminação dos locais de trabalho;

m) Transporte de trabalhadores por via aquática;

n) Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho;

As instalações sanitárias, vestiários, refeitórios, locais de repouso e aguardo de serviços

devem ser mantidos pela administração do porto organizado, pelo titular da instalação

portuária de uso privativo e retroportuária, conforme o caso, e observar o disposto na

NR-24 condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho.

o) Primeiros Socorros e outras Providências;

p) Operações com Cargas Perigosas.

Page 26: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

7. 00 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO MARÍTIMO

INTRODUÇÃO

O trabalho marítimo possui características muito particulares, diferenciando-o com

relação a outros tipos de trabalho e demandando uma abordagem específica no que tange a

sua realização. Tais características remetem principalmente ao seu ambiente de trabalho,

inteiramente atípico, em que o local de trabalho muitas vezes se confunde com a própria

residência do trabalhador e no qual este permanece por tempos prolongados.

Conseqüentemente, muitas vezes o trabalhador marítimo é privado do convívio familiar e deve

habituar-se a escalas de trabalho atípicas, que incluem o confinamento de forma permanente e

o deslocamento constante entre diferentes portos nacionais e internacionais. Além disso, o

trabalho em embarcações que fazem trajetos de longa distância expõe o trabalhador a uma

ampla gama de variação climática e cultural, além de submetê-lo a balanços e trepidações.

Devido a este conjunto de características especificas, o trabalhador em atividades

marítimas tem, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), um tratamento especial ao

aprovar convenções e fazer recomendações específicas. Ao todo, são 65 convenções acerca

do trabalho marítimo, que foram consolidadas em um único documento: a Convenção de

Trabalho Marítima (Maritime Labour Convention – MLC, 2006).

7.1 LEGISLAÇÃO NACIONAL

O Brasil conta com um arcabouço legislativo que responde à necessidade de se conferir

tratamento diferenciado aos trabalhadores marítimos. Esta legislação foi complementada mais

recentemente por normas que estabelecem padrões mais exigentes relativos à segurança e

saúde e por instrumentos que garantem maior coordenação entre a inspeção de trabalho e

outros órgãos atuantes no setor:

• A Constituição Federal de 1988 estabelece a competência da União para organizar, manter

e executar a inspeção do trabalho.

• A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é a principal lei no que tange os direitos

trabalhistas. A CLT estabelece direitos diferenciados e específicos para o trabalhador marítimo,

entre os quais direitos relativos ao gozo das férias, à jornada de trabalho, às horas extras e ao

descanso inter e intrajornada, bem como acordos e convenções coletivas.

Page 27: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

• A Lei de Segurança do Tráfego Aquaviário (LESTA), apesar de seu enfoque não ser

estritamente relacionado ao direito do trabalho, pois tem como objetivo a regulamentação das

atividades da Autoridade Marítima (no Brasil exercida pelo Comando da Marinha do Ministério

da Defesa) – a lei estabelece conceitos que são importantes para a inspeção do trabalho, tais

como a definição de aquaviário, embarcação e trabalhador aquaviário.

• As Normas da Autoridade Marítima (NORMAMs), são específicas para a tripulação e as

operações das embarcações brasileiras, no entanto constituem peças jurídicas importantes,

para a inspeção do trabalho, pois esta fiscalização muitas vezes se dá em conjunto com e é

facilitada pela inspeção naval feita pela Marinha.

• As Normas Regulamentadoras são normas referentes à segurança e saúde do trabalho de

observância obrigatória para empresas públicas e privadas e órgãos públicos que possuam

empregados regidos pela CLT. Estas normas são elaboradas através de comissões tripartites,

coordenadas por inspetores (as) do trabalho, e compostas por governo, empregadores e

trabalhadores que estabelecem parâmetros específicos para diferentes setores. No caso do

trabalho marítimo, existe a NR 30, relativa à segurança e saúde no setor aquaviário (com um

anexo específico para a pesca). Na Construção Naval a fonte jurídica mais importante é a

NR 34 que contém os padrões de segurança e saúde para o setor.

• As Resoluções Normativas 72/06 e 81/08 do Conselho Nacional de Imigração (CNIg) são

relevantes tanto para a marinha mercante como para a pesca. Elas estipulam a proporção de

dois terços de brasileiros em navios estrangeiros que em determinados casos podem ser

afretados por empresas brasileiras para operar nestas atividades em águas nacionais.

Na Pesca, a legislação relevante específica inclui:

• A Lei da Pesca (n. 11.959/09), que estabelece as linhas gerais da nova política para a

pesca, encabeçada por um ministério específico.

• Lei n. 9.059/59 e Decreto-Lei 2.302/97. Cada uma dessas normas, respectivamente,

concede e regula a subvenção econômica ao óleo diesel para embarcações pesqueiras.

• A Norma Regulamentadora no. 30, em especial seu Anexo 1, que determina os

padrões de segurança e saúde no trabalho para o setor aquaviário, sendo o Anexo

específico para o setor pesqueiro.

Page 28: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

8. ESTATÍSTICAS DE ACIDENTES

Infelizmente não existem muitos dados facilmente disponíveis, no Brasil, sobre a pesca

industrial. Esta informação está baseada no trabalho Análise Estatística de Acidentes com

Barcos de Pesca (Carneiro, COPPE/UFRJ).

Nos últimos 3 anos, um em cada três acidentes com barcos de pesca aconteceu nos

636 km de costa das águas fluminenses. No período 1995/97, entre Rio de Janeiro e Espírito

Santo, o Primeiro Distrito Naval registrou 545 acidentes. No restante do País, no mesmo

período, ocorreram 952 acidentes, com um total de 677 vítimas (501 mortes e 176 feridos), ou

seja, para cada pessoa ferida em um acidente, outras três perderam a vida. Esta são os dados

que foram reportados.

8.1 CAUSAS DOS ACIDENTES

Segundo o Centro de Ocupação e Formação Marítima de Bamio - COFM (Espanha,

1992), nos acidentes com barcos de pesca a nível mundial, 35% são atribuídos a falha material,

31% devido ao mau tempo, 17% a falha humana e 17% de causas desconhecidas. Dentre os

acidentes causados pelo mau tempo, foram detectadas influências de fatores como a estrutura

do barco, material empregado na sua construção e idade da embarcação

No Brasil, as principais causas dos acidentes na pesca comercial e artesanal são as

seguintes:

a) Condições do mar (ondas, quedas na água, visibilidade);

b) Condições do barco (oscilações, piso escorregadio, ruído);

c) Trabalho excessivo (durante o pico da faina);

Segundo o Estudo de Carneio, a maioria dos

acidentes ocorrem em barcos com menos de 20

toneladas, como o da foto ao lado.

Esses acidentes resultam em elevado número

de mortes e feridos, com média de 10 acidentes

por ano, como ocorre na região pesqueira de

Cabo Frio (entre Cabo Frio-RJ e Saquarema-

RJ).

Page 29: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

d) Equipamentos e máquinas de alto risco.

No trabalho feito sobre a pesca em Cabo Frio, as avarias nas máquinas e/ou

apetrechos de pesca foram as causas mais freqüentes de acidentes, entretanto, com baixo

número de vítimas. Em segundo lugar, dois outros tipos de acidentes: o naufrágio e o

emborcamento, com 19 vítimas fatais e 32 feridos, no período de 1995/98.

Em termos percentuais, esses acidentes assim se distribuíram:

a) Avarias em máquinas e apetrechos (60%);

b) Naufrágio e emborcamento (15%);

c) Deriva e encalhe (10%);

d) Abalroamento (5%);

e) Desaparecimento da embarcação (5%);

f) Queda da tripulação na água (2,5%);

g) Ferimento de tripulante (2,5%)

8.2 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA - EPC E EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO

INDIVIDUAL - EPI

O principal equipamento de proteção coletiva (EPC) é o bote salva-vidas, como o que

vemos na imagem abaixo, a bordo de um navio (vê-se a chaminé, ao fundo). Nos barcos

menores, com porte igual ou inferior a 20 t de arqueamento bruto (AB), como os barcos

pesqueiros, esse bote pode ser menor, de madeira, e vir rebocado por um cabo, atrás do barco

maior, na água.

Page 30: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

Em outros casos, para diminuir o peso e poupar espaço, pode-se lançar mão de um

bote inflável, como o que vemos na imagem aqui ao lado. Ele é comum a bordo de aeronaves,

para o caso de pouso forçado na água.

Outros EPI recomendados para as atividades da pesca e da aquicultura são os

seguintes:

a) chapéu de palha ou boné;

b) protetor solar FS 25 ou superior;

c) luvas grossas (inclusive para manusear peixes e cabos);

d) botas de borracha de cano longo;

Além destes equipamentos e recomendável que as embarcações tenham faca ou facão

com bainha de couro, um pequeno alicate e uma caixa de primeiros socorros, com os itens

básicos, e que um dos tripulantes tenha o Curso de Primeiros Socorros.

O principal equipamento de proteção

individual (EPI) para o pessoal embarcado é

o colete salva-vidas, como o da imagem.

Pode ser inflável ou não. É obrigatório em

qualquer embarcação. Mesmo estando a

bordo de um bote salva-vidas, deve-se usar

o colete, de preferência, no tamanho

adequado ao seu tórax, para não ficar muito

incômodo.

Page 31: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

9. SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO AQUAVIÁRIO

Através da Portaria SIT/MTE n.º 34, de 04/12/2002, foi estabelecida a NR 30 –

SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO AQUAVIÁRIO, com o objetivo de regulamentar a

proteção e as condições de segurança e saúde dos trabalhadores aquaviários.

Para outras categorias de trabalhadores que realizem trabalhos a bordo de

embarcações, a regulamentação das condições de segurança e saúde dos trabalhadores se

dará na forma especificada nos Anexos da NR 30.

A aplicação da NR 30 visa atender aos trabalhadores das embarcações comerciais, de

bandeira nacional, bem como às de bandeiras estrangeiras, no limite do disposto na

Convenção da OIT n.º 147 - Normas Mínimas para Marinha Mercante, utilizadas no transporte

de mercadorias ou de passageiros, inclusive naquelas embarcações utilizadas na prestação de

serviços.

Deve ser ressaltado que a observância da Norma Regulamentadora NR-30 não

desobriga as empresas do cumprimento de outras disposições legais com relação à matéria e

ainda daquelas oriundas de convenções, acordos e contratos coletivos de trabalho.

Outro ponto importante na NR-30 especifica que os armadores e seus prepostos cabem

(30.3.1.1):

a) cumprir e fazer cumprir o disposto nesta NR, bem como a observância do

contido no item 1.7 da NR 01 – Disposições Gerais e das demais disposições

legais de segurança e saúde no trabalho;

b) disponibilizar aos trabalhadores as normas de segurança e saúde no trabalho

vigente, publicações e material instrucional em matéria de segurança e saúde, bem

estar e vida a bordo;

c) responsabilizar-se por todos os custos relacionados a implementação do PCMSO;

d) disponibilizar, sempre que solicitado pelas representações patronais ou de

trabalhadores, as estatísticas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.

Aos trabalhadores também são atribuídas responsabilidades na forma que segue:

Page 32: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

a) cumprir as disposições da presente NR, bem como a observância do contido no

item 1.8 da NR 01 – Disposições Gerais e das demais disposições legais de

segurança e saúde no trabalho;

b) informar ao oficial de serviço ou a qualquer membro do Grupo de Segurança e

Saúde no Trabalho a Bordo das Embarcações - GSSTB1, conforme estabelecido no

item 30.4 da NR-30, as avarias ou deficiências observadas que possam constituir

risco para o trabalhador ou para a embarcação;

c) utilizar corretamente os dispositivos e equipamentos de segurança e estar

familiarizado com as instalações, sistemas de segurança e compartimentos de

bordo.

9.1 FORMAÇÃO DA CIPA

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) das empresas de navegação

marítima/fluvial deve ser constituída pelos empregados envolvidos nas atividades de cada

estabelecimento da empresa e por marítimos empregados, efetivamente trabalhando nas

embarcações da empresa, eleitos na forma estabelecida pela Norma Regulamentadora n.º 5

(NR 5), obedecendo-se as regras abaixo definidas:

a) o total de empregados existentes em cada estabelecimento da empresa deve

determinar o número de seus representantes, de acordo com o Quadro I da NR 5, e

b) os marítimos devem ser representados na CIPA do estabelecimento sede da

empresa, por um membro titular para cada dez embarcações da empresa, ou fração,

e de um suplente para cada vinte embarcações da empresa, ou fração.

9.2 FORMAÇÃO DO GRUPO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO A BORDO DAS

EMBARCAÇÕES – GSSTB

Um dos itens importantes na NR-30 é a constituição do Grupo de Segurança e Saúde

no Trabalho a Bordo das Embarcações - GSSTB, que não gera estabilidade aos seus

membros, e fica sob orientação e apoio técnico dos serviços especializados em engenharia de

segurança e em medicina do trabalho (30.4.3), observando o disposto na NR 04.

1 Conforme previsto na NR-30 (30.4.1) é obrigatório a constituição de GSSTB a bordo das embarcações de bandeira

nacional com, no mínimo, 500 de arqueação bruta (AB).

O GSSTB funciona sob orientação e apoio técnico dos serviços especializados em engenharia de segurança

e em medicina do trabalho (30.4.3), observando o disposto na NR 04.

Page 33: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

Em razão das peculiaridades inerentes à atividade a bordo das embarcações

mercantes, elas devem ficar sob a responsabilidade do comandante da embarcação e ser

constituídas dos seguintes tripulantes:

- Técnico de Segurança do Trabalho (se houver) ou oficial encarregado da segurança;

- Chefe de máquinas;

- Mestre de Cabotagem ou Contramestre;

- Tripulante responsável pela seção de saúde;

- Marinheiro de Máquinas.

O GSSTB tem como finalidade:

a) manter procedimentos que visem à preservação da segurança e saúde no

trabalho e do meio ambiente, procurando atuar de forma preventiva;

b) agregar esforços de toda a tripulação para que a embarcação possa ser

considerada local seguro de trabalho;

c) contribuir para a melhoria das condições de trabalho e de bem-estar a bordo;

d) recomendar modificações e receber sugestões técnicas que visem à garantia de

segurança dos trabalhos realizados a bordo;

e) investigar, analisar e discutir as causas de acidentes do trabalho a bordo,

divulgando o seu resultado;

f) adotar providências para que as empresas mantenham à disposição do GSSTB

informações, normas e recomendações atualizadas em matéria de prevenção de

acidentes, doenças relacionadas ao trabalho, enfermidades infecto-contagiosas e

outras de caráter médico-social;

g) zelar para que todos a bordo recebam e usem equipamentos de proteção

individual e coletiva para controle das condições de risco.

Entre as atribuições e responsabilidades do GSSTB estão: (i) a de zelar pelo

cumprimento a bordo das normas vigentes de segurança, saúde no trabalho e preservação do

meio ambiente; (ii) avaliar se as medidas existentes a bordo para prevenção de acidentes e

doenças relacionadas ao trabalho são satisfatórias; (iii) sugerir procedimentos que contemplem

medidas de segurança do trabalho, especialmente quando se tratar de atividades que

envolvam risco; (iv) verificar o correto funcionamento dos sistemas e equipamentos de

segurança e de salvatagem; (v) investigar, analisar e divulgar os acidentes ocorridos a bordo,

com ou sem afastamento, fazendo as recomendações necessárias para evitar a possível

repetição dos mesmos; (vi) preencher o quadro estatístico de acordo com o modelo constante

Page 34: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

no Quadro I anexo e elaborar relatório encaminhando-os ao empregador; (vii) participar do

planejamento para a execução dos exercícios regulamentares de segurança, tais como

abandono, combate a incêndio, resgate em ambientes confinados, prevenção a poluição e

emergências em geral, avaliando os resultados e propondo medidas corretivas; (viii) promover,

a bordo, palestras e debates de caráter educativo, assim como a distribuição de publicações

e/ou recursos audiovisuais relacionados com os propósitos do grupo; (ix) identificar as

necessidades de treinamento sobre segurança, saúde do trabalho e preservação do meio

ambiente e (x) quando da ocorrência de acidente de trabalho, o GSSTB deve zelar pela

emissão da CAT e escrituração de termo de ocorrência no diário de bordo.

No atendimento das exigências legais previstas na NR-30, consta a questão relativa à

Saúde Ocupacional em que ficam as empresas obrigadas a elaborar Programa de Controle

Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, com o objetivo de promover e preservar a saúde de

seus empregados, conforme disposto na NR 07 e observado o disposto na NR-30 - Quadro II -

Padrões Mínimos dos Exames Médicos.

Com relação ao ASO para cada exame médico realizado, o médico deverá emitir o

Atestado de Saúde Ocupacional – ASO, em três vias, sendo que a primeira via do ASO deve

ser mantida a bordo da embarcação em que o trabalhador estiver prestando serviço, a segunda

via deve ser obrigatoriamente entregue ao trabalhador, mediante recibo nas outras duas vias e

a terceira via do ASO deve ser mantida na empresa em terra.

Outro ponto importante, considerando a especificidade do trabalho aquaviário, é para o

caso em que o prazo de validade do exame médico expire no decorrer de uma travessia: fica

prorrogado até a data da escala da embarcação em porto onde haja as condições necessárias

para realização desses exames, observado o prazo máximo de quarenta e cinco dias.

9.3 OUTROS PONTOS DE IMPORTÂNCIA NA NR-30

Deve ser registrado que a NR-30 prevê que toda embarcação comercial deve atender

aos requisitos específicos nela estabelecidos, de forma a atender aos seguintes pontos:

a) Alimentação;

b) Higiene e Conforto a Bordo, observando que os membros da tripulação devem

dispor de camas individuais, entre outros.

c) Dos Salões de Refeições e Locais de Recreio;

d) Cozinha;

e) Instalações Sanitárias;

f) Locais para Lavagem e Secagem de Roupas e Guarda de Roupas de Trabalho;

Page 35: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

g) Proteção à Saúde;

h) Segurança nos Trabalhos de Limpeza e Manutenção das Embarcações.

9.4 DISPOSIÇÕES COMPLEMENTARES DA NR-30

As normas relativas à segurança e saúde no trabalho são regulamentadas quanto à sua

abrangência, aplicação e condições de trabalho, na forma de anexos a esta norma, nas

seguintes atividades:

a) exploração e produção de petróleo em plataformas e navios-plataforma marítimos;

b) pesca industrial e comercial;

c) pesca artesanal;

d) trabalho submerso;

e) outras atividades realizadas a bordo de embarcações e plataformas.

Page 36: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

10 - ANEXO I DA NR-30 - PESCA COMERCIAL E INDUSTRIAL

Os objetivos e campo de aplicação do Anexo I da NR 30 estabelecem as disposições

mínimas de segurança e saúde no trabalho a bordo das embarcações de pesca comercial e

industrial, inscritas em órgão da autoridade marítima e licenciadas pelo órgão de pesca

competente, e aplica-se a todos os pescadores profissionais e barcos de pesca de

comprimento total igual ou superior a 12,0 m ou Arqueação Bruta igual ou superior a 10 que se

dediquem a operações de pesca comercial e industrial, salvo disposições em contrário.

O Anexo I está composto dos seguintes itens:

a) Objetivo e campo de aplicação

b) Definições

c) Obrigações gerais

d) Disposições de segurança e saúde nas embarcações

e) Exames médicos e primeiros socorros

f) Formação e informação

Apêndice I - Disposições mínimas de segurança e saúde aplicáveis aos barcos de pesca

novos.

Apêndice II - Disposições mínimas de segurança e saúde aplicáveis aos barcos de pesca

existentes.

Apêndice III - Meios de salvamento e sobrevivência

Um item que merece comentário neste Anexo é o da Formação e Informação para os

pescadores profissionais, cabendo ao armador:

a) exigir certificado de formação emitido pela autoridade marítima; e

b) garantir o fornecimento de informações adequadas e compreensíveis sobre

segurança e saúde a bordo, assim como sobre as medidas de prevenção e proteção

adotadas no barco, sem prejuízo da responsabilidade do patrão de pesca.

A formação dos pescadores profissionais deve incluir instruções precisas

compreendendo, em especial: (i) o treinamento para o combate a incêndios; (ii) a utilização de

meios de salvamento e sobrevivência; (iii) o uso adequado dos aparelhos de pesca e dos

equipamentos de tração; e (iv) os diferentes métodos de sinalização, especialmente os de

comunicação por sinais.

Page 37: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

Quando ocorrerem modificações nas atividades do barco, novas informações devem ser

ministradas sempre que necessário, sendo sempre de responsabilidade do armador garantir

que toda pessoa contratada para comandar um barco esteja devidamente habilitada pela

autoridade marítima.

A formação profissional especializada deve incluir, no mínimo, os seguintes tópicos: (i)

prevenção de enfermidades profissionais e acidentes de trabalho a bordo e as providências a

serem adotadas em caso de acidentes; (ii) combate a incêndio e utilização dos meios de

salvamento e sobrevivência; (iii) estabilidade do barco e manutenção da estabilidade em todas

as condições previsíveis de carga e durante as operações de pesca; e (iv) procedimentos de

navegação e comunicação via rádio.

Page 38: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

11. ANEXO II DA NR-30 - PLATAFORMAS E INSTALAÇÕES DE APOIO

O Anexo II da NR-30 - Plataformas e Instalações de Apoio estabelecem os requisitos

mínimos de segurança e saúde no trabalho a bordo de plataformas e instalações de apoio

empregadas com a finalidade de exploração e produção de petróleo e gás do subsolo marinho.

O termo plataforma empregado no texto abrange as plataformas e suas instalações de apoio

conforme definidos no glossário do anexo.

As regras do Anexo II aplicam-se ao trabalho nas plataformas nacionais e estrangeiras,

devidamente autorizadas a operar em águas sob jurisdição nacional e se aplica as plataformas

existentes ou afretadas ou em construção, de qualquer bandeira, onde a aplicação dos itens do

Anexo gere a necessidade de modificações estruturais incompatíveis tecnicamente com as

áreas disponíveis ou que possam influenciar na segurança da plataforma, devendo ser

apresentado, pelo Operador da Instalação, projeto técnico ou solução alternativa, com

justificativa, para análise e manifestação da autoridade competente.

As Plataformas com previsão de operação temporária de até seis meses em águas sob

jurisdição nacional e que não tenham suas instalações adequadas aos requisitos do Anexo II

da NR-30, devem atender a regras estabelecidas em convenções internacionais, certificadas

por sociedade classificadora. Para a aplicação desta exigência nos períodos consecutivos de

operação de uma plataforma, o intervalo entre eles não poderá ser inferior a três meses.

Page 39: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

11.1 DAS OBRIGAÇÕES GERAIS - RESPONSABILIDADES E COMPETÊNCIAS

O Anexo II da NR-30 estabelece que cabe ao Operador da Instalação:

I. cumprir e fazer cumprir o Anexo II da NR-30;

II. interromper todo e qualquer tipo de atividade que exponha os trabalhadores a

condições de risco grave e iminente para a sua saúde e segurança no trabalho;

III. fornecer às empresas contratadas as informações sobre os riscos potenciais

existentes na área da plataforma em que desenvolvem suas atividades;

IV. zelar pela segurança e saúde dos trabalhadores e de terceiros que estejam a bordo.

V. prestar informações solicitadas pelos órgãos fiscalizadores;

VI. informar os trabalhadores sobre os riscos existentes no local de trabalho;

VII. fazer constar no contrato de serviços celebrados com outras empresas a

obrigatoriedade do cumprimento das medidas de segurança e saúde no trabalho

previstas neste Anexo; e

VIII. garantir, pelos meios usuais de transporte e sem ônus para o MTE, o acesso dos

Auditores Fiscais do Trabalho em serviço à plataforma, onde não houver

concessionárias de serviço público.

No caso de uma contratada transferir seus serviços a terceiros, deve fazê-lo somente

com a expressa anuência do Operador da Instalação.

A responsabilidade dos trabalhadores está relacionada com a colaboração com o

Operador da Instalação para o cumprimento das disposições legais e regulamentares, inclusive

nos procedimentos internos sobre segurança e saúde no trabalho, com comunicar

imediatamente ao seu superior hierárquico as situações que considerem representar risco para

sua segurança e saúde ou para a de terceiros; e transportar para bordo os medicamentos, com

prescrição médica, indispensáveis ou de uso contínuo.

O Anexo II da NR-30 estabelece como direito dos trabalhadores (3.1):

I. suspender sua tarefa e informar imediatamente ao seu superior hierárquico para que

sejam tomadas todas as medidas de correção adequadas, quando tiver convicção,

fundamentada em seu treinamento e experiência, de que exista grave e iminente risco

para a sua segurança e saúde ou para a de terceiros; e

II. ser informados sobre os riscos existentes no local de trabalho que possam afetar sua

segurança e saúde.

Page 40: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

11.2 DOS SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO (SESMT).

O Operador de Instalação e as empresas que prestem serviços a bordo de plataformas

devem dimensionar os seus Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho -

SESMT de acordo com o estabelecido na Norma Regulamentadora n.º 4 (NR-4), bem como

devem atender, complementarmente, os seguintes requisitos:

I. em cada plataforma que possua número de trabalhadores embarcados acima

de vinte e cinco, o Operador da Instalação deve garantir a existência, a bordo, de

Técnico de Segurança do Trabalho, na proporção de um por grupo de cinquenta

trabalhadores ou fração, considerando-se o número total de trabalhadores a

bordo; e,

II. as empresas que prestarem serviços em plataformas mantendo a bordo um

número de empregados acima de cinquenta devem possuir no local Técnico de

Segurança do Trabalho, na proporção de um por grupo de cinquenta empregados

embarcados ou fração, durante o período de prestação do serviço.

Os Técnicos de Segurança do Trabalho que prestam serviços a bordo de cada

plataforma serão considerados, para efeito da composição do SESMT, da empresa operadora

de instalação ou prestadora de serviços e serão considerados também, para os efeitos do

cumprimento do inciso do Anexo II da NR-30, que menciona a exigência para sua existência a

bordo.

Page 41: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

No caso de plataformas unidas por meio de pontes de interligação, permanentes ou

provisórias, o conjunto dessas plataformas é considerado, para efeito de dimensionamento do

número de Técnicos de Segurança do Trabalho a bordo, como uma única plataforma.

Sempre que existam operações de risco, independentemente do número de

trabalhadores embarcados, é obrigatória a presença a bordo de, no mínimo, Técnico de

Segurança do Trabalho, sem prejuízo da presença de outros profissionais de segurança do

trabalho que possam ser designados para o serviço. O dimensionamento da quantidade de

Técnicos de Segurança do Trabalho a bordo é baseado na média do número de trabalhadores

embarcados no trimestre que antecede o cálculo.

11.3 - DA COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES (CIPA)- PLATAFORMAS

As empresas responsáveis pela operação de instalação e as empresas prestadoras de

serviço a bordo de plataformas devem dimensionar sua(s) CIPA(s) obedecendo às regras

específicas estabelecidas neste Anexo e, complementarmente, naquilo que couber, ao disposto

na Norma Regulamentadora n.º 5 (NR-5) e nas convenções ou acordos coletivos de trabalho.

Cada operador de instalação deverá constituir uma CIPA a bordo da plataforma pela

qual é o responsável, sempre que o número de empregados nela lotados seja igual ou maior

que vinte e deverá ser composta de acordo com as seguintes regras:

I. a representação dos empregadores deve ser composta por ocupantes dos cargos

ou funções abaixo especificados:

a) gerente da plataforma ou comandante da embarcação, ou denominação

equivalente;

b) empregado que esteja a bordo de maior nível hierárquico da atividade-fim

da instalação (perfuração, produção, apoio); e

c) técnico de segurança do trabalho ou profissional da área de segurança e

saúde no trabalho a bordo.

II. a representação dos empregados embarcados deve ser composta pelos membros

eleitos da operadora da instalação.

A Comissão eleitoral da CIPA da plataforma será constituída pelo Presidente e Vice-

Presidente da CIPA presentes à reunião na qual for iniciado o processo eleitoral.

Page 42: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

11.4 DO PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO NA PLATAFORMA

Cada empresa operadora de instalação e cada uma das empresas prestadoras de

servido a bordo de plataformas deve elaborar seu Programa de Controle Médico de Saúde

Ocupacional - PCMSO, considerando separadamente os riscos previstos no Programa de

Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA de cada plataforma.

Uma cópia do Atestado de Saúde Ocupacional - ASO dos trabalhadores que

permaneçam mais do que três dias a bordo deve ser mantida no serviço de assistência médica

de bordo, admitindo-se que esta esteja acessível em meio eletrônico através de sistema de

consulta médica à distância.

11.5 DO PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS NA PLATAFORMA

As operadoras de instalação e as empresas prestadoras de serviço a bordo de

plataformas devem elaborar seus PPRA, obedecendo à regulamentação prevista na Norma

Regulamentadora n.º 9 (NR-9), devendo atender complementarmente as regras específicas

previstas no Anexo II da NR-30, cabendo ao Operador da Instalação elaborar um PPRA por

Plataforma, de acordo com o que preconiza a NR-9.

O Operador da Instalação deve repassar às empresas prestadoras de serviço a bordo,

as informações oriundas do desenvolvimento do PPRA em cada plataforma, naquilo que disser

respeito à atividade desenvolvida por elas.

Na elaboração do PPRA devem ser consideradas:

I. as disposições da NR-5 quanto à participação dos trabalhadores; e

II. as metodologias para avaliação de riscos ambientais preconizadas na legislação

brasileira, sendo que, na sua ausência, podem ser adotadas outras já consagradas

internacionalmente ou estabelecidas em acordo ou convenção coletiva.

As empresas prestadoras de serviço a bordo devem, com base nos dados recebidos do

Operador da Instalação, complementando com levantamentos e informações específicas do

processo de trabalho que realizam a bordo, elaborar e manter atualizado um PPRA para cada

plataforma onde atuem.

Page 43: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

A empresa prestadora de serviço que, ao desenvolver sua atividade, introduza risco não

previsto no PPRA da plataforma, deve informar a existência de tal risco ao Operador da

Instalação, para que este adote as medidas de controle adequadas.

11.6 OUTROS PONTOS DE IMPORTANCIA DO ANEXO II NA NR-30

O Anexo II da NR-30 - Plataformas e Instalações de Apoio estabelecem, além dos já

mencionados, outros requisitos de segurança e saúde no trabalho a bordo de plataformas e

instalações de apoio, podendo ser destacado:

a) Da sinalização de segurança;

b) Das condições de vivência à bordo;

c) Refeitórios;

d) Cozinha;

e) Camarotes, Camarotes Provisórios e Módulos de Acomodação Temporária;

f) Das instalações Elétricas;

Aplica-se às plataformas a Norma Regulamentadora n.º 10 (NR-10) naquilo que couber,

e, especificamente, em função de particularidades, o que dispõe o Anexo II da NR-30.

Da mesma forma, aplicam-se aos trabalhadores de plataformas todos os treinamentos

previstos na NR-10, exceto o disposto no item 10.7.2 Curso Complementar – “Segurança no

Sistema Elétrico de Potência e em suas Proximidades”.

A documentação prevista na NR-10 pode existir nas plataformas tanto em meio físico,

quanto em meio eletrônico, desde que, neste caso, seja possível o acesso através de sistema de

consulta à distância.

Em plataformas onde a operação dos sistemas elétricos seja feita exclusivamente por

operadores estrangeiros, a documentação técnica prevista na NR-10 deve possuir uma versão

escrita no idioma inglês.

g) Das instalações de Atenção à Saúde a Bordo;

Todas as plataformas devem ser mantidas em condições higiênico-sanitárias

satisfatórias, devendo ser permanentemente adotadas medidas que visem à promoção,

proteção e recuperação da saúde, bem como à prevenção de agravos à saúde de todos os

trabalhadores a bordo. Tais medidas devem garantir:

I. que todos os trabalhadores a bordo tenham sido submetidos a exames médicos

prévios ao embarque previstos no PCMSO;

II. aos trabalhadores uma assistência à saúde tão próxima quanto possível da que

gozariam caso estivessem em terra;

III. que a assistência à saúde prestada aos trabalhadores embarcados seja gratuita; e

Page 44: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

IV. que os trabalhadores sejam incluídos em programas de promoção da saúde e de

educação sanitária, a fim de que também possam contribuir ativamente para a redução

das enfermidades e agravos a que estejam sujeitos.

h) Todas as Plataformas devem dispor de Caixa de Medicamentos e de Guia

Médica Internacional de Bordo.

i) Das atividades de Construção, Manutenção e Reparo;

Aplicam-se às plataformas as disposições da Norma Regulamentadora n.º 34 (NR-34),

naquilo que couber, e, especificamente, em função de particularidades de projeto, instalação e

operação o que dispõem os itens deste capítulo. (Alterado pela Portaria SIT n.º 200, de 20 de

janeiro de 2011)

É obrigatória a comunicação prévia de atividades de construção, manutenção ou reparo

a bordo que impliquem aumento da população da plataforma acima do cartão de lotação

aprovado pela Autoridade Marítima ou aumento acentuado do risco avaliado através de uma

Análise Preliminar de Risco – APR ou metodologia similar de análise de risco.

j) Das Caldeiras e Vasos de Pressão

Aplicam-se às plataformas as disposições da Norma Regulamentadora n.º 13 (NR-13),

naquilo que couber, e, especificamente, em função de particularidades de projeto, instalação

e operação, o que dispõem os itens deste capítulo.

Aos vasos de pressão pertencentes aos sistemas navais e de propulsão de

embarcações convertidas em plataformas não será aplicada a NR-13, desde que:

I. estas embarcações possuam certificado de classe atualizado emitido por Sociedades

Classificadoras reconhecida pelo governo brasileiro; e

II. os vasos sob pressão de que trata o caput não estejam integrados à planta de

processamento da plataforma;

k) Da proteção contra incêndios

Aplicam-se às plataformas as disposições da Norma Regulamentadora n.º 23 (NR-23),

naquilo que couber, e, especificamente, em função de particularidades de projeto, instalação e

operação o que dispõem os itens previstos no Anexo II da NR-30. Sendo que a proteção contra

incêndios nas plataformas deve ser desenvolvida por meio de uma abordagem estruturada,

considerando os riscos existentes para os trabalhadores e com objetivo de:

I. reduzir a possibilidade de ocorrência de incêndio;

II. limitar a possibilidade de propagação de incêndio;

III. proteger a atuação dos trabalhadores envolvidos nas atividades de resposta a

emergências ;

IV. proteger as operações de abandono da plataforma; e

V. controlar e, quando for seguro, extinguir focos de incêndio.

l) Rotas de Fuga e Saídas de Emergência;

Page 45: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

m) Parada de Emergência;

n) Brigadas de Incêndio;

Sistemas de Combate a Incêndio com Água;

Extintores de Incêndio;

Sistema de Alarme de Incêndio;

Segurança na Operação;

o) Da prevenção e Controle de Acidentes Maiores. Análise de Riscos;

O Operador de Instalação deve elaborar e documentar as análises de riscos das

operações ou das atividades nas plataformas. As análises de riscos da plataforma devem ser

estruturadas com base em metodologias apropriadas, escolhidas em função dos propósitos da

análise, das características e da complexidade da instalação.

p) Construção e Montagem;

q) Segurança Operacional;

O Operador da Instalação deve elaborar e implementar os programas de segurança

operacional e do trabalho, em conformidade com as especificações do projeto das instalações

e com as recomendações das análises de riscos das atividades e operações.

Os procedimentos de segurança no trabalho, existentes nos programas acima referidos

devem ser reavaliados no mínimo bienalmente, ou em uma das seguintes situações:

I. recomendações das análises de risco;

II. modificações, ampliações e reformas da instalação;

III. acidentes e incidentes ocorridos na instalação, ou mesmo fora dela que possam ter

afetado as condições normais de operação;

IV. recomendações do SESMT e da CIPA; e

V. notificação das autoridades competentes.

r) Inspeção e Manutenção;

s) Inspeção de Segurança e Saúde no Trabalho;

t) Prevenção e Controle de Vazamentos, Derramamentos, Incêndios e Explosões;

u) Controle das fontes de ignição;

Todas as instalações elétricas e equipamentos elétricos fixos ou móveis, equipamentos

de comunicação, ferramentas e similares utilizadas em áreas classificadas, e os dispositivos de

proteção contra descargas atmosféricas devem estar em conformidade com a NR-10.

v) Plano de Emergência;

O plano de emergência deve ser elaborado considerando as características, bem como

a complexidade da plataforma e conter, no mínimo:

I. identificação da plataforma e responsável legal;

II. descrição dos acessos à plataforma;

Page 46: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

III. cenários acidentais;

IV. sistemas de alerta;

V. comunicação de acidente;

VI. estrutura organizacional de resposta;

VII. procedimentos para resposta;

VIII. equipamentos e materiais de resposta; e

IX. procedimentos para acionamento de recursos e estruturas de resposta

complementares quando aplicável.

x) Comunicações de Ocorrências

O Operador da Instalação deve comunicar ao Órgão Regional do Ministério do Trabalho

e Emprego a ocorrência de vazamento, incêndio ou explosão que implique em grave perigo

para a segurança e saúde dos trabalhadores.

A comunicação deve ser encaminhada até o segundo dia útil após a ocorrência e deve

conter:

I. nome da plataforma e localização, data e hora da ocorrência;

II. descrição da ocorrência;

III. nome e função dos acidentados, se houver;

IV. prováveis causas;

V. conseqüências; e

VI. medidas emergenciais adotadas.

y) Relatório de Segurança

O Operador da Instalação deve manter disponível aos trabalhadores, seus

representantes e autoridades competentes um Relatório de Segurança contendo a descrição

sucinta da plataforma, os possíveis cenários acidentais, o plano de contingência da plataforma

e, complementarmente, indicações de localização específica para o acesso em seus sistemas

de gestão de informações sobre:

I. projeto;

II. análise de riscos;

III. plano de manutenção e inspeção;

IV. procedimentos de segurança e saúde no trabalho;

V. plano de prevenção e controle de incêndios e explosões; e

VI. plano de emergência.

z) Disposições transitórias;

w) Glossário.

Page 47: CONSIDERAÇÕES SOBRE A NR 29 E NR 30 - Loginacademico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · Análise de risco de incêndio em edificações em ... Em 17/12/1977,

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Portaria no 3.214, de 08/06/1978, Normas Regulamentadoras do MTE.

NR 29 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO PORTUÁRIO.

NR 30 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO AQUAVIÁRIO.

ANEXO I - PESCA COMERCIAL E INDUSTRIA.L

ANEXO II - PLATAFORMAS E INSTALAÇÕES DE APOIO(*).

(*) Aprovado pela Portaria SIT n.º 183, de 11 de maio de 2010.