considerações sobre a utilização da monensina na nutrição de ruminantes

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  • 7/29/2019 Consideraes sobre a utilizao da monensina na nutrio de ruminantes

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    FURTADO, F.M.V. et al. Consideraes sobre a utilizao da monensina na nutrio deruminantes PUBVET, Londrina, V. 6, N. 29, Ed. 216, Art. 1439, 2012.

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    PUBVET, Publicaes em Medicina Veterinria e Zootecnia.

    Consideraes sobre a utilizao da monensina na nutrio de

    ruminantes

    Francisca Mirlanda Vasconcelos Furtado1, Maria Socorro de Souza Carneiro2,

    Joo Avelar Magalhes3, Newton de Lucena Costa4,

    talo Cordeiro Silva Lima5, Francisco Jos de Seixas Santos6, Claudio Ramalho

    Townsend7

    1 Zootec., M.Sc., Doutorando em Zootecnia, UFC. Fortaleza, CE.2

    Eng. Agr., D.Sc., Professora do Curso de Doutorado em Zootecnia da UFC.Fortaleza, CE.3Md.Vet., D.Sc., Pesquisador da Embrapa Meio-Norte. Parnaba, PI.

    4Eng. Agr., D.Sc., Pesquisador da Embrapa Roraima. Boa Vista, RR.5 Zootec., M.Sc., UFC. Fortaleza, CE.6 Eng. Agr., D.Sc., Pesquisador da Embrapa Meio-Norte. Parnaba, PI7 Zootec., D.Sc., Pesquisador da Embrapa Rondnia. Porto Velho, RO.

    Resumo

    A monensina sdica o ionforo mais largamente utilizado na nutrio de

    ruminantes, como forma de aumentar o incremento de protena de alto valor

    biolgico, atravs da alterao e manipulao da fermentao ruminal. A

    utilizao da monensina vem sofrendo modificaes e proibies em diversos

    pases devido ao risco de intoxicaes quando no devidamente utilizada. No

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    entanto, quando usada de forma correta, pode melhorar o desempenho

    produtivo dos animais.

    Termos para indexao: intoxicao, ionforo

    Considerations on the use of monensin in ruminant nutrition

    Abstract

    The ionophore monensin is the most widely used in ruminant nutrition as a

    way to increase the increment of protein of high biological value, by modifying

    and manipulating the rumen fermentation. The use of monensin has

    undergone changes and bans in several countries due to risk of poisoning

    when it is not properly used. However, when used correctly, can improve the

    performance productive of animals.

    Index terms: intoxication, ionophore

    Introduo

    A utilizao de aditivos na alimentao animal significa uma forma de

    incrementar a produo de protena de alto valor biolgico para uma populao

    humana em constante crescimento. uma medida eficaz para aumentar a

    produo e rentabilidade das exploraes pecurias. A manipulao e

    modificao da fermentao ruminal, no sentido de melhorar o desempenho

    animal, tem sido objetivo de muitas pesquisas em diversas espcies de

    ruminantes. Dentre os compostos que agem melhorando a qualidade ou aquantidade de nutrientes disponveis para absoro pelo trato gastrintestinal, e

    com isso melhorando o desempenho dos ruminantes, destacam-se os

    ionforos. A monensina sdica o ionforo mais intensivamente utilizado em

    dietas de ruminantes e, portanto, o mais conhecido, at o momento, quanto

    aos seus efeitos sobre o padro de fermentao ruminal e suas conseqncias

    na produo animal (CAMPOS NETO et al., 1995).

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    Monensina

    Existem mais de 70 tipos diferentes de ionforos, sendo os principais a

    monensina, lasalocida, salinomicina, narasina, tetronasina, lisocelina eladilomicina (LANA et al., 2000).

    A monensina um composto biologicamente ativo, produzido por uma

    cepa de Streptomyces cinnamonensis, pertencendo classe geral de

    compostos denominados polisteres, sendo caracterizada como um cido

    monocarboxlico com pKa de 6,65 quando tratada em 66% de

    dimetilfosfamida. A sua forma emprica no cido C36H61O11NaH2O e no sal

    C36H61O11Na (ORSINE et al., 1989), sendo utilizada inicialmente nos Estados

    Unidos no incio da dcada de 1980 como promotor do crescimento e

    coccidiosttico em aves (GELINSKI et al., 2000).

    A monensina um antibitico carboxlico (SOUZA et al., 2008), conhecido

    por prevenir a coccidiose em aves e ruminantes inibindo moderadamente o

    crescimento de organismos gram-positivos in vitro (ORSINE et al., 1989),

    alm de diminuir a produo de metano (RSPOLI et al., 2009), aumentar as

    concentraes plasmticas de glicose (FARIA et al., 2008), melhorando a

    eficincia do metabolismo energtico e proteico, diminuindo a incidncia de

    distrbios digestivos (RODRIGUES et al., 2001) e melhorando o desempenho

    produtivo dos animais.

    Segundo Nussio et al. (2003) a monensina pode ser usada para controlar

    a alta mortalidade de bezerros nos primeiros dias de vida, devido diarria

    que tem levado administrao de coccidiostticos para esses animais emcrescimento, visto que, coccidia um dos agentes causadores de diarria que

    pode levar morte. Alguns dos coccidiostticos utilizados na criao de

    bezerras so a lasalocida e monensina.

    A monensina vem sendo usada como modelo para examinar os

    importantes modos de ao na manipulao da funo ruminal, tais como:

    modificao na produo de cidos graxos, modificao da ingesto alimentar,

    modificaes na produo de gs, modificaes na digestibilidade, mudanas

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    na utilizao de protena, alteraes no enchimento e taxa de passagem no

    rmen (SALLES et al., 2001).

    Atuao da monensina

    A monensina capaz de diminuir a produo de cido ltico, contribuindo

    para a elevao do pH ruminal (LANA et al., 2000),mas consegue manter o pH

    estvel diminuindo a incidncia de acidose subclnica em bovinos de leite e

    corte, devido a inibio das bactrias ruminais produtoras de lactato, enquanto

    as consumidoras de lactato so resistentes a essa substncia (FARIA et al.,

    2008).

    A resistncia de bactrias gram-negativas a monensina est relacionada

    presena de uma membrana externa, de natureza lipopolissacardica. A

    monensina catalisa no apenas trocas de prtons e sdio da membrana

    plasmtica, como tambm permite trocas de prtons e potssio, enquanto a

    lasalocida possui maior afinidade por potssio. A ao do ionforo mensurada

    por meio do potssio perdido pela clula (LEOPOLDINO et al., 2007). Segundo

    Oliveira et al. (2005) as bactrias gram-negativas possuem a habilidade de

    gerar ATP a partir da fosforilao por transporte de eltrons, originados de

    grandes reaes como do fumarato ao succinato, do crotonil CoA a butiril CoA

    e do acrililCoA a propionil CoA, e isso faz com que as bactrias gram-negativas

    sejam resistentes a ao dos ionforos.

    A monensina faz com que a bactria e outros microorganismos percam a

    capacidade de expelir prtons e o meio intracelular passa a ser mais cido queo ambiente externo. Provavelmente, o elevado gasto energtico durante a

    retirada do excesso de H+ para tentar manter o pH intracelular alcalino iniba o

    crescimento bacteriano, causando uma sobrecarga de Ca++ (ROZZA, 2007).

    Quando a monensina liga-se membrana celular dos microrganismos,

    ocorrem duas reaes. Na primeira reao ocorre a rpida sada de K+ e

    entrada de H+ na clula, provocada pela mudana do gradiente inico externo.

    O H+

    acumulado no interior da clula ocasiona diminuio do pH. A clularesponde a esta queda no pH exportando H+ para fora e permitindo a entrada

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    de Na+ para o interior da clula. A segunda reao se caracteriza pelo

    transporte de Na+ para dentro e de H+ para fora da clula, embora esta seja

    menos eficiente que a primeira reao. Outra forma de exportar o H+ pormeio da bomba de prton ATPase. Assim, grande parte da energia produzida

    pela clula utilizada pelas bombas de Na+/K+ e de prton ATPase, na

    tentativa de manter o pH e o balano inico celular. Com o passar do tempo, a

    clula se torna incapaz de continuar metabolizando a glicose, diminuindo a

    capacidade de crescimento e reproduo das bactrias, que acabam morrendo

    ou assumem um nicho microbiano sem expresso ruminal com diminuio da

    concentrao de amnia ruminal, em decorrncia da menor degradao de

    peptdeos e aminocidos no rmen, que posteriormente so digeridos e

    absorvidos no intestino delgado (OLIVEIRA et al., 2005).

    Outra ao da monensina facilitar o transporte inico atravs das

    membranas biolgicas por formar complexos lipossolveis reversveis com

    ctions. Esse efeito pode ser seletivamente prejudicial ao tecido muscular

    devido ao intenso metabolismo de clcio na miofibra, de forma que a

    sobrecarga intracelular de Ca++ pode exceder a capacidade homeosttica e

    provocar as alteraes degenerativas-necrticas na miofibra (ROZZA, 2007).

    A monensina quando adicionada nas raes de ruminantes, modifica a

    fermentao ruminal atuando na proporo molar dos AGVs, promovendo

    aumento na concentrao do cido propinico (C3) em detrimento dos cidos

    actico (C2) e/ ou butrico (C4), normalmente sem causar alteraes que

    possam vir a prejudicar a produo total dos cidos graxos volteis (ORSINEet al., 1989; FARIA et al., 2008). As bactrias gram-positivas, sensveis ao

    ionforo, so produtoras primrias de acetato e butirato, em contrapartida as

    gram-negativas tm como produto principal de sua fermentao o propionato

    (SALLES et al., 2001). J segundo FARIA et al. (2008), a maior produo de

    propionato promovida pela utilizao da monensina poderia estar relacionada

    diferena encontrada entre a produo de gases e a degradabilidade da

    matria seca (MS).

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    Orsine et al. (1989) reportaram que o cido propinico o maior

    precursor de glicose em ruminantes, contribuindo para reserva de protena, j

    que menores quantidades de aminocidos podem ser desviadas para agluconeognese. Os autores sugerem possveis influncias da monensina no

    metabolismo do nitrognio, porm a extenso da influncia ou da interao

    com outros nutrientes no tem sido ainda completamente determinada.

    A utilizao de monensina diminui a ingesto de alimentos, no entanto,

    Rodrigues et al. (2001) no confirmaram esta hiptese quando os animais so

    alimentados com dietas predominantemente concentradas. O consumo pode

    ser incrementado em condies de pastejo, pois a monensina pouco altera o

    consumo na dieta exclusivamente volumosa. Nussio et al. (2003) relataram

    que a reduo no consumo de MS geralmente observada, seria uma das

    desvantagens da monensina na dieta de animais em aleitamento, uma vez que

    poderia atrasar a desmama em sistemas onde se adota o consumo de

    concentrado como critrio para desmama. Arajo et al. (2006) destacaram

    que o consumo voluntrio de alimentos e o pH do lquido ruminal no foram

    influenciados pela adio da monensina sdica na dieta dos ovinos. H vrios

    artigos que divergem quanto os benefcios e/ou malefcios que a monensina

    causam com relao ao consumo voluntrio de MS, mas tais trabalhos no

    informam a idade dos animais e de acordo com Nussio et al. (2003) os

    ruminantes jovens podem fazer uso diferenciado da monensina, em relao a

    animais adultos.

    O efeito maior da monensina se d em dietas base de forrageiras ricasem protenas, pois, sob estas condies, a taxa de degradao de protena

    maior que a taxa de fermentao de carboidratos e os nveis de amnia

    ruminal geralmente so altos (LANA et al., 2000). Bactrias ruminais

    provenientes de animais recebendo dieta exclusiva de forragem so mais

    sensveis monensina que aquelas de animais sob dietas ricas em

    concentrado, indicando que este ionforo pode ter maior benefcio no

    desempenho de bovinos em pastagens ou em dietas contendo elevado nvel de

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    volumoso em comparao quelas ricas em concentrado (LANA e RUSSELL,

    2001).

    Vrios autores, citados por Rodrigueset al. (2001), destacaram que amonensina diminui a digestibilidade da fibra principalmente em dietas com

    altas pores de concentrados, mas aumenta a digestibilidade das fraes

    fibrosas em dietas predominantemente volumosas. Algum tempo depois os

    mesmos autores observaram que a monensina era capaz de aumentar a

    digestibilidade da fibra e protena medida que a proporo de volumoso

    diminua. Em outros trabalhos, entretanto, no foram encontrados efeitos dos

    ionforos sobre a digestibilidade da MS, fibra, protena bruta (PB), matria

    orgnica, amido em qualquer que fosse o nvel de fibra na dieta.

    Monensina associada a outros produtos e alimentos

    Rspoli et al. (2009), em estudo comparando a ao entre prpolis e

    monensina em bovinos de raa holandesa e bubalinos da raa Murrah, em que

    os animais foram submetidos a dietas com tratamento sem aditivo; dieta e

    monensina sdica (Rumensin); e dieta e aditivos base de prpolis,

    constituda de um ncleo para rao e extrato de prpolis, perceberam que a

    incluso da monensina e dos extratos de prpolis mostraram atuar sobre as

    populaes de ciliados no rmen dos bubalinos da raa Murrah. O gnero

    Entodinium o mais representativo tanto em bovinos quanto em bubalinos,

    mas os bubalinos possuem uma populao de ciliados maiores que os bovinos.

    Faria et al. (2008) estudaram o uso da adio de monensina isolada eassociada com polpa ctrica e propilenoglicol. As formas de utilizao no

    promoveram alteraes na velocidade de fermentao dos substratos, pois as

    taxas de produo de gases foram muito prximas entre os tratamentos,

    variando entre 0,09 (polpa ctrica, polpa ctrica + monensina e polpa ctrica +

    propilenoglicol + monensina) e 0,10 ml/g de carboidratos totais (polpa ctrica

    + propilenoglicol). No mesmo estudo os autores concluram que o menor

    potencial de produo de gases foi devido aos altos nveis de ionforos nadieta dos ruminantes. Eifert et al. (2005) avaliaram o efeito da adio

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    simultnea de ionforos e gorduras na alimentao de ruminantes, concluindo

    que a ao no rmen, parece ser dependente da fonte de gordura e do

    ionforo utilizado.Gelinski et al. (2000) associaram uma fonte de nitrognio no proteico de

    degradao lenta, com um poupador de protelise ruminal (Rumensin),

    tentando favorecer a hidrlise da celulose, que degradada por bactrias

    dependentes de nitrognio. Os autores observaram que na rao total

    misturada, a ureia de liberao lenta reduziu o consumo alimentar e prejudicou

    a performance dos animais. No mesmo estudo no houve efeito da monensina

    sobre os parmetros, provavelmente em funo do baixo nvel de PB da dieta

    utilizada no experimento, no ocorrendo interao entre os dois componentes

    testados.

    Segundo Salles et al. (2001), a incluso de monensina na dieta de

    novilhas afetou sua reproduo, levando ao amadurecimento precoce e em

    fermentao ruminal a favor do cido propinico, melhorando a taxa de

    crescimento corporal e produzindo resposta endcrina, que aparentemente

    influi nos mecanismos reguladores da puberdade. Lima et al. (2008)

    ressaltaram que a monensina sdica melhora a converso alimentar e o ganho

    de peso mdio dirio, podendo levar precocidade reprodutiva dos animais,

    pois melhora a eficincia do metabolismo energtico e nitrogenado no rmen.

    Os ionforos proporcionam maior eficincia na utilizao da protena pelos

    animais ruminantes, quando a dieta apresenta alta relao

    protena:carboidrato fermentescvel e o pH ruminal elevado, como no casode animais sob alimentao de volumosos de boa qualidade (LANA et al.,

    2000).

    Salles e Lucci (2000) estudaram o efeito da adio de monesina no

    desempenho de bezerros desaleitados, que seriam descartados em um sistema

    de produo leiteira. Os animais foram submetidos ao emprego de diferentes

    nveis de monensina, visando o aumento de peso e a posterior anlise da

    carcaa. Os autores observaram o ganho de peso at os animais atingirem 120

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    dias, logo aps o abate e verificaram que a carcaa analisada mostrou-se com

    maior quantidade de carne comercializvel com a utilizao do ionforo.

    O processamento de gros beneficia a fermentao ruminal e Nussio et al.

    (2003) relataram que a floculao do milho, apesar de ser comprovadamente

    benfica para bovinos com o rmen plenamente funcional, no melhora o

    desempenho de animais mais jovens, na fase pr-desmama, e durante as

    primeiras semanas ps desmama. Chavira et al. (2010) estudaram os efeitos

    da suplementao de dietas de confinamento com ionforos e da raa do

    animal na taxa de crescimento e nas caractersticas de carcaa de cordeiros

    deslanados e relataram que a taxa de crescimento no foi influenciada pela

    incluso de ionforos na dieta. Cordeiros Pelibuey Dorper podem ter maior

    ganho de peso dirio e melhores caractersticas de carcaa que cordeiros

    Pelibuey Damara.

    Intoxicao por monensina

    A intoxicao acidental por monensina resulta freqentemente de falhas

    na preparao das dietas, tais como alta dosagem, erro na diluio da rao, e

    na identificao de recipientes, uso da substncia em espcies no includas

    nas recomendaes do produto. A concentrao txica de monensina

    varivel e depende da espcie animal, sendo os eqinos os mais sensveis. A

    maior parte dos problemas de intoxicao d-se no perodo inicial de adio de

    ionforo dieta e muitas vezes envolvem erros na mistura e superdosagem.

    Em razo disto, a adoo de novas prticas de manejo tm levado amodificao de hbitos alimentares que podem acarretar no surgimento de

    distrbios fermentativos dos pr-estmagos, como a acidose lctica ruminal,

    doena que tem sido cada vez mais incriminada nos processos patolgicos que

    acometem os ruminantes criados intensivamente (ROZZA, 2007; SOUZA et al.,

    2008; MIRANDA NETO et al., 2009).

    O perodo entre a ingesto e o aparecimento dos sinais clnicos varia entre

    18 horas e quatro dias dependendo, principalmente, da quantidade ingerida.Inicialmente, ocorre anorexia, a seguir diarreia, apatia, tremores, ataxia,

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    fraqueza muscular, andar arrastando as pinas, taquicardia, dispnia,

    distrbios locomotores, mioglobinria, decbito esternal, parada do rmen e

    morte (ROZZA, 2007; FRANA et al., 2009).Frana et al. (2009), observaram em uma intoxicao acidental em ovinos

    ocorrido no estado do Rio de Janeiro que a monensina provocou alteraes no

    miocrdio e nos msculos esquelticos, porm as leses cardacas

    predominaram sobre as da musculatura esqueltica. A incoordenao motora

    observada nessa intoxicao pode ser resultado da interferncia do ionforo na

    neurotransmisso perifrica, no descartando a possibilidade do sintoma ser

    consequncia da incapacitao muscular difusa causada pelas leses

    musculares. Quantidades em torno de 60 g/tonelada em 100 kg de rao,

    podem ser a causa da toxicose em ovinos. Em ovinos afetados, as

    concentraes plasmticas de creatinina fosfoquinase so elevadas e os sinais

    clnicos incluem anorexia, diarria, ataxia, debilidade muscular, perda de peso,

    recumbncia e morte. (SOUZA et al., 2008).

    A monensina rapidamente excretada aps sua ingesto, com mnimo

    acmulo nos tecidos animais. Entretanto, existe a possibilidade que a taxa de

    excreo metablica seja excedida e efeitos txicos surjam em animais

    recebendo dieta com monensina ou em seres humanos consumindo tecidos

    desses animais. O curso clnico da intoxicao varia conforme a intensidade da

    dose e o tempo da ingesto (SOUZA et al., 2008). Os ionforos se distribuem

    amplamente pelo organismo sendo encontrados em tecidos e lquidos

    orgnicos, incluindo soro sanguneo, pulmo, fgado, msculo, gordura, rim,pele e corao (ROZZA, 2007). Os tecidos primariamente afetados so o

    muscular estriado cardaco e o esqueltico (SOUZA et al., 2008).

    Devido toxidade, o uso de ionforos, como a monensina na nutrio de

    animais ruminantes, considerado um risco crescente para a sade humana, e

    os mercados consumidores internacionais tm se mostrado intolerantes aos

    produtos originados de animais que recebem esse tipo de dieta (MORAIS et al.,

    2006), sendo proibido sua utilizao nos Estados Unidos e outros pases(FRANA et al., 2009).

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    A utilizao de monensina sdica de grande beneficio na alimentao

    dos ruminantes, desde que seguidas s recomendaes necessrias para o uso

    correto, sem acarretar possveis intoxicaes nos animais.

    Consideraes finais

    A monensina quando usada de forma correta pode auxiliar o ganho em

    produtividade animal em consequncia do aumento e melhora da sntese

    proteica.

    Referncias Bibliogrficas

    ARAJO, J.S.; PEREZ, J.R.O.; PAIVA, P.C.A.; PEIXOTO, E.C.T.M.; BRAGA, G.C.; OLIVEIRA, V.;VALLE, L.C.D.Efeito da monensina sdica no consumo de alimentos e ph ruminal em ovinos.Archives of Veterinary Science, v. 11, n.1, p.39-43, 2006.

    CAMPOS NETO, O.; RAMOS, A.A.; ESCOBAR, M.J.; DALANESI, J.A.; DE BEM, C.H.W. Avaliaoda monensina sdica em vacas leiteiras. Scientia Agricola, v.52, n.2, p. 268-273, 1995.

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