considerações brasscom aos padrões de auditoria – gt auditoria

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Brasscom - Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação Rua Funchal 263, cj. 151, Vila Olímpia São Paulo, SP, CEP 04551-060 Considerações Brasscom aos padrões de auditoria – GT Auditoria Página 1 de 3 São Paulo, 13 de abril de 2015. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão - MPOG Ao Sr. Dyogo Oliveira Secretário-executivo do Ministério do Planejamento Assunto: Considerações técnicas Brasscom aos padrões de auditabilidade dos serviços de tecnologia da informação e comunicação da administração pública federal Considerações Brasscom aos padrões de auditoria – GT Auditoria A Brasscom parabeniza o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e demais órgãos que compõem o grupo de trabalho, GT Auditoria, pela iniciativa de dialogar com o setor produtivo na busca do melhor entendimento para a implementação das diretrizes traçadas pelo Decreto nº 8135/2013. A Associação entende que o Common Criteria, um padrão de certificação global, é o processo de certificação que melhor atende às questões centrais de segurança da informação no âmbito da Administração Pública Federal, tanto em função da sua generalidade e abertura para acomodar especificidades, quanto do caráter essencialmente descentralizado do ecossistema de entidades certificadoras e da sua aceitação por diversos países. O Common Criteria, está baseado na norma ISO 15.408, definido por órgão internacional, ao qual o Brasil é signatário, e é utilizado em países como França, Alemanha e Índia, dentre outros, como uma alternativa isenta e aceitável de certificação de soluções de tecnologia da informação e comunicação a serem contratadas pelos governos. Na proposta de normas regulamentadoras do e-Ping, ora em debate, verificamos a iniciativa do Governo Brasileiro de incorporar esse padrão como norteador do processo de auditoria a ser adotado pelo País. Acreditamos que este é um importante ponto de convergência com o setor produtivo e neste momento, se faz necessário encaminharmos a operacionalização do Common Criteria, visando atender o processo de homologação e auditabilidade de softwares. Notamos, que no documento em avaliação, disponibilizado em consulta pública, houve o enfoque apenas na incorporação das partes 2 e 3 do Catálogo das Funções de Segurança do padrão ISO 15.408-2, o que poderá levar a uma implementação distorcida e incompleta do padrão ora em vigor. É louvável a utilização deste Catálogo como base; porém, é preciso esclarecer que a reescrita de um padrão em um documento de especificações técnicas não é aconselhável, uma vez que os padrões relacionados a tecnologia da informação e comunicação são, em muitos casos,

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Brasscom - Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação

Rua Funchal 263, cj. 151, Vila Olímpia

São Paulo, SP, CEP 04551-060

Considerações Brasscom aos padrões de auditoria – GT Auditoria Página 1 de 3

São Paulo, 13 de abril de 2015.

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão - MPOG

Ao Sr. Dyogo Oliveira

Secretário-executivo do Ministério do Planejamento

Assunto: Considerações técnicas Brasscom aos padrões de auditabilidade dos

serviços de tecnologia da informação e comunicação da administração pública federal

Considerações Brasscom aos padrões de auditoria – GT Auditoria

A Brasscom parabeniza o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e demais órgãos que

compõem o grupo de trabalho, GT Auditoria, pela iniciativa de dialogar com o setor produtivo na

busca do melhor entendimento para a implementação das diretrizes traçadas pelo Decreto nº

8135/2013.

A Associação entende que o Common Criteria, um padrão de certificação global, é o processo de

certificação que melhor atende às questões centrais de segurança da informação no âmbito da

Administração Pública Federal, tanto em função da sua generalidade e abertura para acomodar

especificidades, quanto do caráter essencialmente descentralizado do ecossistema de entidades

certificadoras e da sua aceitação por diversos países.

O Common Criteria, está baseado na norma ISO 15.408, definido por órgão internacional, ao qual

o Brasil é signatário, e é utilizado em países como França, Alemanha e Índia, dentre outros, como

uma alternativa isenta e aceitável de certificação de soluções de tecnologia da informação e

comunicação a serem contratadas pelos governos.

Na proposta de normas regulamentadoras do e-Ping, ora em debate, verificamos a iniciativa do

Governo Brasileiro de incorporar esse padrão como norteador do processo de auditoria a ser

adotado pelo País. Acreditamos que este é um importante ponto de convergência com o setor

produtivo e neste momento, se faz necessário encaminharmos a operacionalização do Common

Criteria, visando atender o processo de homologação e auditabilidade de softwares.

Notamos, que no documento em avaliação, disponibilizado em consulta pública, houve o enfoque

apenas na incorporação das partes 2 e 3 do Catálogo das Funções de Segurança do padrão ISO

15.408-2, o que poderá levar a uma implementação distorcida e incompleta do padrão ora em

vigor.

É louvável a utilização deste Catálogo como base; porém, é preciso esclarecer que a reescrita de

um padrão em um documento de especificações técnicas não é aconselhável, uma vez que os

padrões relacionados a tecnologia da informação e comunicação são, em muitos casos,

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dinâmicos, sendo objeto de atualizações em face a novos desenvolvimentos e requisitos, o que

pode levar a norma nacional a tornar-se ultrapassada e inconsistente.

Visando atender os requisitos de auditabilidade de software propostos, faz-se necessária a

incorporação, da forma estruturada nas especificações do Common Criteria, dos documentos

denominados “Protection Profile” que venham a ser elaborados pelo órgão do Governo Federal

em busca da contratação de uma determinada solução de tecnologia da informação e

comunicação. Este documento trata de aspectos técnicos das soluções a serem adquiridas por

qualquer órgão da administração pública federal, incluindo também cenários de uso e questões

organizacionais das agências contratantes, livre de qualquer vínculo com agências

governamentais de outras jurisdições, ou seja, plenamente adaptável às necessidades específicas

do contratante.

Dessa forma, sugerimos:

(i) Avaliação da necessidade dos documentos adicionais (requisitos de infraestrutura para

ambientes de correio eletrônico; VoIP; e transferências de arquivos) e;

(ii) Avaliação da incorporação destes nas sessões de definições de arquitetura do Protection

Profile, quando vierem a ser elaborados, caso a caso.

Ao incorporar as especificações do Common Criteria na confecção de seus próprios Protection

Profiles (conforme as necessidades específicas de cada agência contratante de soluções de TIC),

um laboratório de testes poderá ser escolhido para emitir o certificado da solução. Os laboratórios

reconhecidos pelo Comitê do Common Criteria (CCRA) são validados, ou homologados, por um

“certification scheme”, que é o ente responsável por garantir que as avaliações executadas, para

determinado produto, em um cenário de uso específico, sejam realizadas de acordo com a

metodologia de testes do Common Criteria. O “certification scheme” é, portanto, a autoridade

responsável, em cada país, para emitir os certificados do Common Criteria, de maneira a confirmar

a idoneidade do trabalho realizado pelo laboratório escolhido, sem interferência na certificação

realizada.

Como exemplo, nos Estados Unidos, o “certification scheme” é o “National Information Assurance

Partnership” – uma aliança entre a NSA e o NIST. No caso alemão, é o Bundesamt für Sicherheit

in der Informationstechnik (Serviço Federal de Segurança em Tecnologia da Informação,

tradução livre). No Brasil, um possível “certification scheme” seria o ITI - Instituto Nacional de

Tecnologia da Informação, órgão ligado à Casa Civil da Presidência da República, já afeto a

processos de certificação, ou outra agência de natureza similar.

Ressaltamos que a adoção e incorporação de padrões internacionais de auditabilidade e

certificação não apenas atende às necessidades nacionais de segurança como também possibilita

maior competitividade da indústria brasileira de software no mercado global, uma vez que a

certificação emitida nacionalmente, segundo os padrões do Common Criteria, poderá ser

aproveitada em outros mercados em que tais empresas venham a atuar.

Além disso, em prol da economicidade e eficiência do sistema de certificação a característica de

dualidade é necessária, ou seja, utilizada tanto para o mundo civil como para o militar,

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potencializando assim que um maior número de empresas oferte seus produtos para estes dois

mercados, melhorando por conseguinte o ambiente competitivo.

Para tanto, reafirmamos a nossa disponibilidade de colaboração e desenvolvimento conjunto e

propomos a realização de um encontro, na melhor conveniência, a fim de aprofundarmos os itens

expostos neste documento, assim como um entendimento do real significado do Common

Criteria para as necessidades do Governo Federal e de como podemos aproveitar toda a sua

potencialidade.

Por fim, apreciamos a forma com como este Ministério vem conduzindo os diálogos com o setor

produtivo. Nossa percepção é de que estamos realmente escrevendo em conjunto, indústria e

governo, um importante capítulo na estratégia de segurança da informação e comunicação no

Brasil.

Sérgio Sgobbi

Diretor de Relações Institucionais