conservação dos recursos naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e...

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Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da implementação dos Planos Directores Municipais de 1.ª Geração Lídia Alvarez Gama Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia do Ambiente Júri Presidente: Professor António Jorge Gonçalves de Sousa Orientador: Professora Maria do Rosário Almeida Partidário Vogais: Professora Ana Isabel Loupa Ramos Novembro de 2010

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Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da

implementação dos Planos Directores Municipais de

1.ª Geração

Lídia Alvarez Gama

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia do Ambiente

Júri

Presidente: Professor António Jorge Gonçalves de Sousa

Orientador: Professora Maria do Rosário Almeida Partidário

Vogais: Professora Ana Isabel Loupa Ramos

Novembro de 2010

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I

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer à Professora Maria do Rosário Partidário e especialmente à Rita Gomes, que

a dois meses de entregar esta dissertação conseguiu orientar-me e motivar-me como até ao

momento ninguém tinha sido capaz.

A todas as entidades que contribuíram para a realização desta dissertação, nomeadamente Câmara

Municipal de Montalegre, da Figueira da Foz, de Loulé, de Almodôvar e de Odemira, às Comissões

de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Norte, do Centro, de Lisboa e Vale do Tejo, do

Algarve e do Alentejo, às Direcções Regionais de Agricultura e Pesca do Norte, do Centro, do

Algarve, do Alentejo e de Lisboa e Vale do Tejo e à Direcção Geral do Ordenamento do Território e

Desenvolvimento Urbano.

Aos meus amigos e colegas que de algum modo contribuíram para esta dissertação, não podendo

deixar de referir alguns deles: Fábio Marques, Cláudia Silva, Pedro Costa, David Figueiredo, Bruno

Sá, Rita Marçal, André Vale, Vera Silva, Sara Amaral, Isa Colaço, Daniel Martins, Inês Camões,

Daphne Rocha, Ana Rocha, Sara Ferreira, Pedro Rebelo, Andreia Barbosa

À minha família, que apenas com meras e singelas perguntas demonstraram o seu interesse e

preocupação, reflectindo-se na minha satisfação e motivação.

Ao meu irmão e amigo, Sérgio Gama, à minha mãe, Zulmira Gama, por todo o carinho, pela força,

pela coragem e por estarem sempre ao meu lado a relembrar-me de quando queremos somos

capazes de tudo e ao meu pai, Henrique Gama, pelo realismo, pelo amor, pelo sacrifício daqueles

longos meses….mas sobretudo por me fazer encontrar sempre o caminho a seguir.

Por último, mas não menos importante, a ti, Pedro por um dia te ter conhecido, mas principalmente

pelo enorme e importante apoio que me deste desde o primeiro dia que te conheci. Por me fazeres

acreditar que ainda era possível. Por te preocupares. Por te interessares. Simplesmente, por estares

todos os dias ao meu lado.

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II

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III

RESUMO

O tema da presente dissertação está relacionado com a necessidade de conservação dos recursos

naturais e o modo como os Planos Directores Municipais de 1ª Geração em Portugal continental

contribuíram para esta conservação. Para tal foram seleccionados e analisados indicadores e

descritores ambientais com o intuito de averiguar o estado dos recursos naturais em oito municípios

de Portugal continental, escolhidos de modo a traduzirem as diferentes realidades portuguesas. Os

resultados obtidos demonstram uma possível tendência de diminuição das áreas naturais e semi-

naturais, que apontam para uma aparente ineficácia dos Planos Directores Municipais (PDM) para a

conservação dos recursos naturais. Com base na análise efectuada, foi possível determinar medidas

para melhorar a eficácia dos PDM no que se refere à conservação dos recursos naturais:

monitorização e avaliação dos instrumentos inseridos no PDM, cujo objectivo abranja a conservação

dos recursos naturais; apresentação nos relatórios do estado do ordenamento do território dos

resultados provenientes da monitorização e avaliação; medidas de controlo da expansão urbana e da

conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a

―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia, a resolução desta problemática não passa apenas pela aplicação

destas e outras medidas, mas também pela sensibilização e educação da sociedade actual.

PALAVRAS-CHAVE: conservação dos recursos naturais, planos directores municipais, indicadores

ambientais, avaliação e monitorização.

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IV

ABSTRACT

The theme of this dissertation is related to the need for conserving natural resources and how the

Portuguese first generation Municipal Master Plans (MMP) contributed to this conservation. Some

environmental indicators and descriptors were selected and analyzed in order to verify the state of

natural resources in eight Portuguese municipalities, representing different realities in Portugal. The

results show a possible trend of decreasing natural and semi-natural areas, pointing to an apparent

ineffectiveness of MMPs in what conservation of natural resources is concerned. Based on the

analysis, it was possible to determine measures to improve the effectiveness of MMP in this field:

monitoring and assessment of instruments inserted in the MMP, which aim to cover natural resource

conservation; inclusion of results from monitoring and assessment processes in the state of the spatial

territory reports (RSST); measures to control urban sprawl and the connectivity between rural and

urban areas, particularly green belts associated with "greenways" and "blueways" and urban

requalification and rehabilitation. Nevertheless, the resolution of this problem not only depends on the

implementation of these and other measures, but also on the investment in educative measures for

today´s society.

KEYWORD: conservation of natural resources, municipal master plans, environmental indicators,

assessment and monitoring.

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V

ÍNDÍCE

AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................... I

RESUMO ................................................................................................................................................. III

ABSTRACT ............................................................................................................................................... IV

ÍNDÍCE ...................................................................................................................................................... V

ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................................... VII

ÍNDICE DE QUADROS .............................................................................................................................. IX

ACRÓNIMOS E SIGLAS ............................................................................................................................ XI

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1

1.1 Justificação do tema e objectivos ............................................................................................ 1

1.2 Metodologia e estrutura da dissertação ................................................................................. 3

2 CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS .................................................................................... 7

2.1 Conservação e Recursos Naturais ........................................................................................... 7

2.2 Política nacional da conservação da natureza ........................................................................ 8

3 ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO .................................................................................................. 15

3.1 A evolução do ordenamento do território ............................................................................ 15

3.2 Os instrumentos de gestão territorial ................................................................................... 18

3.2.1 As potencialidades do PDM na conservação dos recursos naturais ............................. 28

4 AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DOS PDM DE 1ª GERAÇÃO ................................................................... 31

4.1 Estado de Arte ....................................................................................................................... 31

4.2 Indicadores Ambientais ......................................................................................................... 35

4.3 Estudos-de-caso .................................................................................................................... 39

4.3.1 Município de Montalegre .............................................................................................. 40

4.3.2 Município de Figueira da Foz ......................................................................................... 43

4.3.3 Município de Castelo de Vide ........................................................................................ 46

4.3.4 Município de Oeiras ...................................................................................................... 48

4.3.5 Município de Vila Franca de Xira ................................................................................... 52

4.3.6 Município de Almodôvar ............................................................................................... 56

4.3.7 Município de Odemira ................................................................................................... 58

4.3.8 Município de Loulé ........................................................................................................ 61

5 DISCUSSÃO DE RESULTADOS E RECOMENDAÇÕES ....................................................................... 65

5.1 Discussão dos Resultados ...................................................................................................... 65

5.2 Recomendações .................................................................................................................... 67

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VI

6 CONCLUSÕES E REFLEXÕES FINAIS ................................................................................................ 71

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................. 75

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................ 81

LEGISLAÇÃO CITADA .............................................................................................................................. 85

ANEXO I – Fichas dos Indicadores Ambientais ...................................................................................... 91

ANEXO II – Quadro das classes do Projecto CORINE Land Cover que descrevem os indicadores

ambientais. ............................................................................................................................................ 99

Anexo III – Classes e categorias enunciadas nos PDM de cada estudo-de-caso. ................................ 101

ANEXO IV – Características de cada estudo-de-caso. ......................................................................... 111

ANEXO V – Quadros-resumo dos indicadores ambientais para cada estudo-de-caso. ...................... 113

ANEXO VI – Distribuição espacial das áreas naturais e semi-naturais nos estudos-de-caso nos anos

1990, 2000 e 2006. .............................................................................................................................. 115

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VII

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Esquema da metodologia utilizada. ....................................................................................... 5

Figura 2 – Estrutura organizacional da Rede Fundamental de Conservação da Natureza. ................ 12

Figura 3 – Evolução da elaboração dos PDM em Portugal continental. Fonte: DGOTDU. .................. 22

Figura 4 - Evolução da classificação dos solos. Adaptado de: (Cardeiro, 2009).................................. 24

Figura 5 - Esquema das fases da elaboração/revisão dos PDM. ......................................................... 27

Figura 6 - Distribuição da dinâmica dos PDM em Portugal continental (Imagem sem escala).

Adaptado de: (DGOTDU, 2010). ........................................................................................................... 28

Figura 7 – Localização dos estudos-de-caso em Portugal Continental. ............................................... 39

Figura 8 – Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município

de Montalegre, de 1990 a 2006. ........................................................................................................... 43

Figura 9 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município

de Figueira da Foz, de 1990 a 2006. .................................................................................................... 46

Figura 10 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município

de Castelo de Vide, de 1990 a 2006. .................................................................................................... 48

Figura 11 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município

de Oeiras, de 1990 a 2006. ................................................................................................................... 52

Figura 12 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município

de Vila Franca de Xira, de 1990 a 2006. ............................................................................................... 56

Figura 13 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município

de Almodôvar, de 1990 a 2006. ............................................................................................................ 58

Figura 14 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município

de Odemira, de 1990 a 2006. ................................................................................................................ 61

Figura 15 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município

de Loulé, de 1990 a 2006. ..................................................................................................................... 64

Figura 16 – Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Montalegre, 1990. ..... 115

Figura 17 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Montalegre, 2000. ...... 115

Figura 18 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Montalegre, 2006. ...... 116

Figura 19 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Figueira da Foz, 1990. 116

Figura 20 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Figueira da Foz, 2000. 117

Figura 21 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Figueira da Foz, 2006. 117

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VIII

Figura 22 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Castelo de Vide, 1990.

............................................................................................................................................................. 118

Figura 23 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Castelo de Vide, 2000.

............................................................................................................................................................. 118

Figura 24 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Castelo de Vide, 2006.

............................................................................................................................................................. 119

Figura 25 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Oeiras, 1990. ............. 119

Figura 26 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Oeiras, 2000. ............. 120

Figura 27 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Oeiras, 2006. ............. 120

Figura 28 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Vila Franca de Xira, 1990.

............................................................................................................................................................. 121

Figura 29 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Vila Franca de Xira, 2000.

............................................................................................................................................................. 121

Figura 30 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Vila Franca de Xira, 2006.

............................................................................................................................................................. 122

Figura 31 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Almodôvar, 1990. ............ 122

Figura 32 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Almodôvar, 2000. ............ 123

Figura 33 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Almodôvar, 2006. ............ 123

Figura 34 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Odemira, 1990. ............... 124

Figura 35 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Odemira, 2000. ............... 124

Figura 36 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Odemira, 2006. ............... 125

Figura 37 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Loulé, 1990. .................... 125

Figura 38 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Loulé, 2000. .................... 126

Figura 39 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Loulé, 2006. .................... 126

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IX

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Princípios do ordenamento do território enunciados na Carta Europeia do Ordenamento

do Território Fonte: (SEALOT-MPAT, 1988). ........................................................................................ 16

Quadro 2 – Âmbito nacional, regional e municipal do sistema de gestão territorial Fonte: (Decreto-Lei

n.º 380/99 de 22 de Setembro). ............................................................................................................ 19

Quadro 3 – Organização dos diferentes instrumentos de gestão territorial Fonte: (artigo 2.º do

Decreto-Lei n.º 380/99 de 22 de Setembro). ......................................................................................... 19

Quadro 4 – Indicadores ambientais seleccionados. ............................................................................. 35

Quadro 5 - Classes do Projecto CORINE Land Cover que descrevem os indicadores ambientais. .... 99

Quadro 6 – Classes e categorias do solo utilizadas no PDM de Montalegre. .................................... 101

Quadro 7 - Classes e categorias do solo utilizadas no PDM da Figueira da Foz. .............................. 102

Quadro 8 - Classes e categorias do solo utilizadas no PDM de Castelo de Vide. ............................. 103

Quadro 9 - Classes do solo utilizadas no PDM de Oeiras. ................................................................. 104

Quadro 10 - Classes e categorias do solo utilizadas no PDM de Vila Franca de Xira (2009). ........... 105

Quadro 11 - Classes e categorias do solo utilizadas no PDM de Almodôvar. .................................... 106

Quadro 12 - Classes e categorias do solo utilizadas no PDM de Odemira. ....................................... 107

Quadro 13 – Categorias e subcategorias do solo utilizadas no PDM de Loulé (1994). ..................... 108

Quadro 14 – Classes, categorias e subcategorias do solo utilizadas no PDM de Loulé (2004). ....... 109

Quadro 15 – Características de cada estudo-de-caso. ....................................................................... 111

Quadro 16 - Características de cada estudo-de-caso (continuação). ................................................ 112

Quadro 17 – Percentagem de ocupação das áreas naturais e semi-naturais, artificializadas, florestais

e agrícolas, para 1990, 2000 e 2006, e a percentagem de variação entre 1990 e 2006, para os

estudos-de-caso. ................................................................................................................................. 113

Quadro 18 – Dados relativos aos indicadores ambientais de ocupação de RAN e de REN, e de

fragmentação/conectividade das áreas naturais e semi-naturais. ...................................................... 114

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X

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XI

ACRÓNIMOS E SIGLAS

AML Área Metropolitana de Lisboa

APA Agência Portuguesa do Ambiente

ARH Administração da Região Hidrográfica

CCDR Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional

CEE Comunidade Económica Europeia

CLC CORINE Land Cover

CM Câmara Municipal

COS Carta da Ocuoação do Solo de Portugal

DATAR Délégation à l‘Aménagemente du Territoire et à l‘ Action Regional

DGOTDU Direcção Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano

DPH Domínio Público Hídrico

DPSIR Driving forces-Pressure-State of the environment Impacts of the environment–Responses

EE Estrutura Ecológica

EEA European Environment Agency

EEM Estrutura Ecológica Municipal

ENCNB Estratégia Nacional da Conservação da Natureza e Biodiversidade

ENDS Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável

ICNB Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade

IGT Instrumentos de Gestão Territorial

INAG Instituto Nacional da Água

INE Instituto Nacional de Estatística

IUCN Lei de Base do Ordenamento do Território e do Urbanismo

NUT Nomenclatura de Unidade Territorial

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

PDM Plano Director Municipal

PEOT Plano Especial do Ordenamento do Território

PIMOT Plano Inter-Municipal do Ordenamento do Território

PNPOT Plano Nacional da Política do Ordenamento do Território

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XII

POAAP Plano de Ordenamento das Albufeiras de Água Pública

POAP Plano de Ordenamento de Áreas Protegidas

POOC Plano de Ordenamento da Orla Costeira

PP Plano de Pormenor

PROT Plano Regional de Ordenamento do Território

PSR Pressão-Estado-Resposta

PSRN2000 Plano Sectorial relativo à implementação da Rede Natura 2000

PU Plano de Urbanização

RAN Rede Agrícola Nacional

REA Relatório do Estado do Ambiente

REAOT Relatório do Estado do Ambiente e do Ordenamento do Território

REN Rede Ecológica Nacional

REOT Relatório do Estado do Ordenamento do Território

RFCN Rede Fundamental da Conservação da Natureza

RJIGT Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial

RNAP Rede Nacional de Áreas Protegidas

SNAC Sistema Nacional de Áreas Classificadas

SIC Sítio de Importância Comunitária

SIG Sistemas de Informação Geográfica

UNEP United Nations Environment Programme

UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

WWF World Wildlife Fund

ZPE Zonas de Protecção Especial

ZEC Zonas Especiais de Conservação

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1

1. INTRODUÇÃO

1.1 Justificação do tema e objectivos

Os recursos naturais, para além do valor intrínseco que possuem, são peças fundamentais e

indispensáveis para o ser humano. Imaginemos como seria a nossa vida sem água, sem solo, sem

plantas, sem animais, sem ar. Não haveria vida, pelo menos não do mesmo modo como a

caracterizamos hoje. Contudo o ser humano não tem demonstrado o respeito pelos recursos naturais

que se esperaria e prova disso é a alteração que se tem verificado nos ecossistemas nos últimos 50

anos, que de acordo com Millennium Ecosystem Assessment (2005) é a mais rápida e profunda em

qualquer período comparável da história da humanidade.

Segundo a European Environment Agency (EEA, 2005) as principais forças motrizes do consumo

acelerado de recursos naturais são o crescimento da população, o desenvolvimento económico e o

próprio padrão de produção de consumo que o caracteriza. O funcionamento da economia e a

qualidade de vida actual encontram-se muito dependentes dos recursos naturais, incluindo matérias-

primas como os minerais, a biomassa e os recursos biológicos; os meios ambientais, como o ar, a

água e o solo; os recursos renováveis, como a energia eólica, geotérmica, solar e das marés; e do

próprio espaço físico. O modo como os recursos naturais renováveis e não renováveis são utilizados

e o ritmo a que os recursos não renováveis são explorados estão a afectar rapidamente a capacidade

do planeta para regenerar os recursos e serviços ambientais em que assenta a nossa sociedade.

(Comissão das Comunidades Europeias, 2005).

A utilização e dependência extrema dos recursos naturais e a degradação do meio ambiente colocam

a sociedade actual em risco, assim como o próprio planeta. Futuramente prevê-se um elevado

crescimento da população global aumentando significativamente a pressão sobre o meio ambiente

(EEA, 2005) e a diminuição dos recursos naturais (Comissão das Comunidades Europeias, 2005). A

consciencialização da existência desta problemática traduziu-se na escolha deste tema para o

término do meu Mestrado em Engenharia do Ambiente.

Na verdade existem várias políticas internacionais, europeias e nacionais cujo objectivo é directa ou

indirectamente a conservação dos recursos naturais. A tentativa de resolução de problema mundial

passa por diversos âmbitos e sectores. Na presente dissertação analisa-se especificamente o modo

como o instrumento de planeamento territorial de âmbito municipal, designado por Plano Director

Municipal tem contribuído para a conservação dos recursos naturais em território nacional.

Os Planos Directores Municipais (PDM) foram previstos inicialmente pela Lei n.º 79/77, de 25 de

Outubro, e têm evoluído desde a sua consagração, passando pela sua instituição como figuras

obrigatórias através do Decreto-Lei n.º 208/82, de 26 de Maio, até à última alteração do regime que o

regula, o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de

Setembro). Segundo a Lei de Base do Ordenamento do Território e do Urbanismo (LBOTU) o PDM

deve estabelecer a estratégia de desenvolvimento territorial, a política municipal de ordenamento do

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2

território e de urbanismo e as demais políticas urbanas, integrar e articular as orientações

estabelecidas pelos instrumentos de gestão territorial de âmbito nacional e regional e estabelecer o

modelo de organização espacial do território municipal.

Um dos fins enunciados na LBOTU, e por conseguinte para os planos de ordenamento do território é

assegurar o aproveitamento racional dos recursos naturais. Dada a expansão urbana e o

desordenamento do território que se têm vindo a caracterizar na nossa sociedade, prevê-se relevante

um estudo que avalie a eficácia deste instrumento de planeamento territorial no que diz respeito à

conservação dos recursos naturais.

A avaliação dos instrumentos de gestão territorial constitui uma componente essencial do

planeamento, estando geralmente associada ao estudo retrospectivo de situação, com o intuito de

determinar as melhores decisões (Ferreira & et al., 2003). Geralmente a avaliação pode ocorrer em

diferentes momentos do processo, com funções distintas, identificando-se três tipos: ex-ante, in

continuum e a posteriori. A primeira prende-se com a selecção de alternativas de intervenção e,

quando estas não existem, deve traduzir-se na avaliação da robustez da solução a adoptar,

confrontando a consistência entre objectivos e meios. A avaliação in continuum visa acompanhar a

etapa da execução do plano. A avaliação a posteriori fecha um ciclo e reinicia outro, procurando

conhecer os resultados e os efeitos alcançados com a aplicação do plano, comparando-os com os

desejados e esperados no momento da avaliação (Pereira, 2009), sendo este o tipo de avaliação a

que se recorre na presente dissertação.

Encontra-se actualmente em curso a revisão de muitos PDM, agora enquadrados no novo contexto

definido pela LBOTU e pelo Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT). Face

aos problemas existentes um estudo a este nível permitirá traçar um retrato da aplicação deste

instrumento em Portugal continental, identificar os principais problemas que surgiram até à data, bem

como propor algumas medidas para melhorar a sua eficácia e servir de base a possíveis trabalhos

futuros nesta área.

Como anteriormente referido um dos objectivos apontados para os planos de ordenamento do

território, e consequentemente para os PDM é o aproveitamento racional dos recursos naturais. Neste

sentido, definiram-se como objectivos desta tese:

Avaliar a eficácia dos Planos Directores Municipais de primeira geração na conservação dos

recursos naturais no território nacional continental;

Identificar medidas de orientação para a melhoria de desempenho deste instrumento de

gestão territorial, preconizando eventuais melhorias do sistema.

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3

1.2 Metodologia e estrutura da dissertação

A presente dissertação encontra-se dividida em duas partes referentes, cada uma delas, aos dois

objectivos enunciados anteriormente, aplicando-se a metodologia representada na Figura 1. A fim de

atingir o primeiro objectivo de avaliar a eficácia dos PDM de primeira geração na conservação dos

recursos naturais no território nacional continental foi necessário definir os conceitos que seriam tidos

em conta ao longo deste estudo, nomeadamente de conservação e dos recursos naturais. Assim

como efectuar uma análise da política nacional de conservação da natureza, do ordenamento do

território e, mais pormenorizadamente do objecto de estudo desta dissertação: o Plano Director

Municipal. No que diz respeito a este instrumento de planeamento territorial identificaram-se ainda

quais seriam as potencialidades deste para a conservação dos recursos naturais.

A análise efectuada com o fim de verificar a eficácia dos PDM na conservação dos recursos naturais

em Portugal continental foi realizada com o recurso a indicadores ambientais, visto serem

ferramentas poderosas e eficazes no acompanhamento e monitorização (OCDE, 2002). Neste caso

estes indicadores ambientais tiveram como objectivo verificar os estados dos recursos naturais. A

selecção destes indicadores recaiu sobre a análise de sistemas indicadores nacionais e

internacionais, em áreas como a conservação da natureza e da biodiversidade, a sustentabilidade e a

qualidade de vida, e na determinação de quais se enquadrariam no objectivo em questão. Para além

destes indicadores, achou-se pertinente identificar descritores que contribuíssem para a analisar

algumas das características dos PDM, no que diz respeito à conservação dos recursos naturais.

Tal como indica a Figura 1, após a selecção destes indicadores ambientais e descritores, efectuou-se

a identificação estudos-de-caso que representassem diferentes realidades portuguesas, traduzindo-

se na escolha de oito município de Portugal continental. Inicialmente o objectivo seria analisar os

indicadores ambientais seleccionados para Portugal continental, optando-se posteriormente por

analisar simplesmente alguns municípios, dada a dificuldade em obter dados para alguns indicadores.

Esta opção mais tarde traduziu-se numa boa escolha, já que, sendo os PDM planos de âmbito

municipal, a análise específica dos indicadores ambientais e dos descritores para cada município

tornou-se mais coerente e eficaz.

Em seguida, efectuou-se a análise dos indicadores ambientais e dos descritores efectuando-se uma

caracterização do contexto socioeconómico de cada município. Esta caracterização foi necessária de

modo a englobar estes factores na análise da eficácia dos PDM, pois cada sociedade responde a

determinadas pressões de modo diverso adaptando as suas políticas ambientais, sociais,

económicas e sectoriais.

A análise de cinco dos sete indicadores ambientais seleccionados (Quadro 4) foi efectuada com

recurso a dados do Projecto CORINE Land Cover. Este projecto foi criado em 1985 pela Comunidade

Europeia com o objectivo de desenvolver um sistema de informação sobre o estado do ambiente a

nível europeu, através da criação de cartas de ocupação e/ou uso do solo com base na interpretação

visual da imagens do satélite LANDSTAT. Até à data foram publicadas várias cartas, sendo que três

delas caracterizam três momentos temporais específicos: CLC90R, CLC2000 e CLC2006. Estas

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cartas foram produzidas para toda a extensão de Portugal continental numa escala de 1:100.000

através dos mesmos três níveis hierárquicos que correspondem a 44 classes.

A selecção do Projecto CORINE Land Cover deveu-se em parte à utilização dos mesmos pela

Agência Portuguesa do Ambiente (APA) na realização dos Relatórios de Estado do Ambiente, que

servem de base para a produção de diversas políticas, e à sua disponibilização gratuita no website da

APA. Para além destes factores, estes dados foram utilizados por possibilitarem a análise, em três

momentos temporais (1990, 2000 e 2006), do estado dos recursos naturais em cada município e

permitirem avaliar as transições ocorridas entre classes nestes momentos (Caetano et al., 2005). E,

ainda por possuírem pouco detalhe temático (três níveis hierárquicos), dado que no presente contexto

apenas se pretendia obter uma análise genérica da evolução do estado dos recursos naturais.

Todavia, estes dados apresentam algumas limitações, nomeadamente no que se refere à escala

muito pequena, que impossibilita a análise de alguns detalhes à escala municipal, como é o caso.

De facto, existem diversas tipologias de cartas de ocupação e/ou uso do solo que poderiam ter sido

seleccionadas para a análise dos indicadores ambientais, nomeadamente a Carta de Ocupação do

Solo de Portugal (COS). Esta foi produzida pelo Centro Nacional de Informação Geográfico,

actualmente integrado no Instituto Geográfico Português e, ao contrário da carta CLC, não se

encontra ainda definida para toda a extensão de Portugal continental e apenas existe para dois

momentos temporais (1990 e 2007). Contudo a sua utilização para esta análise poderia ser benéfica

pelo facto de estar definida para uma escala (1:25.000) mais adequada à escala municipal e, no caso

de se o objectivo definido procurasse uma análise mais pormenorizada dos recursos naturais (por

exemplo, o tipo de floresta), visto que esta carta possui um detalhe temático superior ao CLC (cinco

níveis hierárquicos e 193 classes).

Para a análise deste cinco indicadores foi necessário utilizar o software ArcGis, mais especificamente

utilizando a ferramenta intersecção deste software entre os dados de ocupação do solo do projecto

CORINE Land Cover e os dados de delimitação dos perímetros dos municípios, reproduzindo assim a

ocupação do solo de cada município para 1990, 2000 e 2006.

No que se refere ao objectivo de identificar medidas de orientação para a melhoria de desempenho

do PDM, a sua resposta teve como base a análise efectuada no seguimento da avaliação da eficácia

deste instrumento de gestão territorial na conservação dos recursos naturais. Para além disto,

analisaram-se alguns artigos e projectos nacionais e internacionais, que traduziam exactamente

medidas que se implementadas podem contribuir para a conservação dos recursos naturais,

nomeadamente medidas de controlo da expansão urbana e de melhoria da conectividade entre os

espaços urbano e rural.

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Figura 1 – Esquema da metodologia utilizada.

Esta dissertação encontra-se estruturada em seis capítulos principais. No primeiro capítulo é feita

uma breve introdução, onde são definidos os seus principais objectivos, bem como a metodologia

adoptada.

No início do segundo capítulo foi necessário abordar os conceitos de conservação e de recursos

naturais, fulcrais para o enquadramento e desenvolvimento da análise proposta. Em seguida,

procede-se ao enquadramento dos instrumentos de conservação da natureza, nomeadamente às

áreas protegidas, à Reserva Agrícola Nacional, à Reserva Ecológica Nacional e à Rede Natura 2000,

assim como à principal legislação associada, como a Lei de Bases do Ambiente e a Estratégia

Nacional para a Conservação da Natureza e Biodiversidade.

No terceiro capítulo descreve-se a evolução do conceito do ordenamento do território e o

enquadramento dos instrumentos de gestão territorial, efectuando-se uma análise mais aprofundada

ao objecto de estudo da presente dissertação, os planos directores municipais. Com vista a

determinar o modo como os PDM podem influenciar a conservação dos recursos naturais, foram

identificadas e analisadas, num subcapítulo, as potencialidades deste instrumento de planeamento

territorial na conservação dos recursos naturais, nomeadamente as condicionantes ambientais, o

zonamento efectuado através de classes e categorias.

O quarto capítulo encontra-se dividido em três partes, sendo que na primeira é efectuado o estado

de arte da presente temática, nomeadamente da avaliação dos instrumentos de gestão territorial e do

estado dos recursos naturais. Nesta parte são apresentados diversos sistemas de indicadores

ambientais, que serviram de base para a identificação dos indicadores ambientais e descritores

caracterizados na segunda parte deste capítulo.

Na terceira parte do quarto capítulo efectua-se a análise dos indicadores ambientais e descritores

para os oito estudos-de-caso, evidenciando ainda as suas características geográficas, demográficas,

económicas e naturais.

No quinto capítulo efectua-se a discussão dos resultados obtidos e a identificação de

recomendações, nomeadamente medidas de orientação para a melhoria da implementação dos PDM

no que se refere à conservação dos recursos naturais, com base na análise efectuada anteriormente.

No último capítulo são apresentadas as conclusões e reflexões mais relevantes deste estudo.

Selecção de indicadores ambientais e descritores

Identificação dos estudos-de-caso

Análise dos indicadores ambientais e descritores

Identificação de medidas de orientação

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O Anexo I compreende as fichas dos sete indicadores ambientais utilizados na presente dissertação

e o Anexo II apresenta um quadro com as classes dos Projecto CORINE Land Cover que definem

cinco dos setes indicadores ambientais.

No Anexo III encontram-se os quadros das classes, categorias e/ou subcategorias utilizadas nos

PDM de cada município, verificando a diversidade de nomenclatura usada para o mesmo fim.

No Anexo IV é possível encontrar dois quadros relativos aos dados que caracterizam os municípios

alvo de análise.

No Anexo V apresentam-se dois quadros-resumo dos indicadores ambientais, que serviram de base

para a análise efectuado no capítulo 4. O primeiro com os dados dos indicadores das áreas

artificializada, naturais e semi-naturais, agrícola e florestal para cada estudo-de-caso ao longo dos

três momentos temporais analisados. O segundo com os dados relativos aos indicadores de

ocupação RAN e REN e fragmentação/conectividade das áreas naturais e semi-naturais para cada

estudo-de-caso.

O Anexo VI compreende os mapas de distribuição das áreas naturais e semi-naturais nos estudos-

de-caso nos anos 1990, 2000 e 2006, de modo a analisar o indicador ambiental da

fragmentação/conectividade entre estas áreas ao longo do período de análise.

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2 CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS

2.1 Conservação e Recursos Naturais

No presente subcapítulo são abordados os conceitos de conservação e de recursos naturais, fulcrais

para o enquadramento e desenvolvimento da análise proposta.

A conservação é um conceito ambíguo que esteve sempre associado a diversos significados e

percepções, dependendo das circunstâncias em questão (Heywood & Iriondo, 2003). Esta

ambiguidade deriva ainda do facto de lhe estarem associadas duas origens, nomeadamente à gestão

dos recursos naturais e à história natural (Jordan, 1995). A preocupação com a gestão dos recursos

naturais, enunciada pelo norte-americano Giffor Pinchot, baseia-se na boa gestão dos recursos

biológicos, garantindo assim que estes não sejam extintos. A origem do termo conservação que se

baseia na história natural está intimamente ligada à preocupação com a perda de espécies e com a

degradação ou perda das paisagens naturais (Heywood & Iriondo, 2003). Contudo a percepção deste

conceito tem evoluído conforme as circunstâncias a que a sociedade tem sido sujeita ao longo do

tempo.

A definição de conservação geralmente utilizada na literatura da temática é a enunciada na World

Conservation Strategy, definida pela IUCN (International Union for Conservation of Nature), em

cooperação com a UNEP (United Nations Environment Programme) e WWF (World Wildlife Fund):

―the management of human use of the biosphere so that it may yield the greatest sustainable benefit

to present generations while maintaining its potential to meet the needs and aspirations of future

generations (IUCN, 1980).‖

A definição proposta pela IUCN é a que mais se adequa à abordagem pretendida na presente

dissertação, abrangendo conceitos como a ―preservação, manutenção, preservação sustentável,

restauração e valorização‖ (IUCN, 1980) dos recursos naturais. A IUCN define ainda a conservação

como um processo transversal, que deve abranger todos os sectores económicos presentes na

sociedade.

Na legislação portuguesa a conservação é definida como o ―conjunto das medidas necessárias para

manter ou restabelecer os habitats naturais e as populações de espécies da flora e fauna selvagens

num estado favorável‖ (alínea a) do ponto 1 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril,

que transpõe as directivas comunitárias Aves e Habitat). Salienta-se o facto de na legislação

portuguesa este conceito se apresentar frequentemente associado à preservação da biodiversidade,

em vez de à preservação dos recursos naturais na sua globalidade, como é considerado na presente

dissertação.

Segundo a UNEP, os ―recursos naturais são fontes reais ou potenciais de riqueza que ocorrem em

estado natural, tais como madeira, água, terras férteis, fauna, minerais, metais, rochas e

hidrocarbonetos‖. Um recurso natural pode ser considerado renovável, se for reabastecido por

processos naturais a uma taxa comparável à sua taxa de consumo pelos humanos ou outros

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utilizadores, e não renováveis quando existe uma quantia fixa ou quando não pode ser regenerada

numa escala comparativa ao do seu consumo. (UNEP, 2009).

No que respeita à legislação portuguesa, consideram-se os recursos naturais como os ―componentes

ambientais naturais com utilidade para o ser humano e geradores de bens e serviços, incluindo a

fauna, a flora, o ar, a água, os minerais e os solos‖, de acordo com a alínea (p) do artigo 3.º do

Decreto-Lei n.º 142/2008, 24 de Julho (Regime Jurídico da Conservação da Natureza e da

Biodiversidade). Sendo que o diploma de referência para as políticas ambientais, a Lei de Base do

Ambiente (Lei n.º 11/87, de 8 de Abril) não específica em nenhum momento o conceito de recurso

natural, apenas revela a existência de componentes ambientais naturais, o ar, a luz, a água, o solo

vivo e o subsolo, a flora e a fauna, e necessidade de os defender.

Os recursos naturais, de acordo com o seu conteúdo, podem ser classificados como geológicos,

pedológicos, hídricos, biológicos, climáticos ou por sistemas que englobem os recursos referidos

anteriormente, como por exemplo os monumentos naturais (Pereira, Zêzere, & Morgado, s.d.). No

contexto desta dissertação consideraram-se os recursos naturais como um sistema misto, ou seja,

num sistema em que é possível encontrar, por exemplo, recursos biológicos, pedológicos e

geológicos, como é o caso de áreas de floresta e pedreiras. Esta consideração foi efectuada devido à

necessidade de se realizar uma análise que abrangesse os recursos naturais na sua generalidade,

sendo que todos apresentam uma importância relativa na sociedade e uma importância intrínseca.

Em seguida é efectuada uma descrição dos principais momentos da política nacional respeitante à

conservação dos recursos naturais.

2.2 Política nacional da conservação da natureza

A construção da política do ambiente foi sendo feita através de um enriquecimento sucessivo dos

seus objectivos e dos seus instrumentos, como reacção aos sinais derivados da evolução económica

e social dos países (Margalha, 1993).

Inicialmente as medidas ambientais incidiam apenas sobre a protecção dos recursos naturais no que

diz respeito à sua raridade, diversidade ou especificidade paisagística, mas sem implicar qualquer

restrição significativa ao desenvolvimento nacional.

Em Portugal, a criação de parques e reservas naturais teve início na década de 70 através da Lei n.º

9/70, de 19 de Junho. Para além da criação de ―parques nacionais e de outro tipo de reservas‖, esta

lei assumia a necessidade de implantar uma estratégia em prol da conservação da natureza. Esta foi

umas das medidas do Estado Português, de então, que mais transpareceu a actividade governativa

em prol da defesa dos recursos naturais, apesar do seu carácter meramente defensivo.

Durante a vigência da Lei n.º 9/70, de 19 de Junho foram criadas quatro áreas protegidas, sendo a

primeira o Parque Nacional da Peneda-Gerês (Decreto n.º 187/71, de 8 de Maio), o único parque de

âmbito nacional até à data.

No Decreto-Lei n.º 613/76, de 27 de Julho, que substitui na íntegra a Lei n.º 9/70, de 19 de Junho, é

implícito a necessidade de agir preventivamente, através da identificação da urgência de uma gestão

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racional de recursos naturais e da exigência da salvaguarda da sua capacidade de renovação, bem

como a afirmação da integração da componente ambiental no ordenamento do território. Desta

integração surge ainda a formulação obrigatória de planos de ordenamento e seus regulamentos para

parques, reservas e outras áreas classificadas, através do Decreto n.º 4/78, de 11 de Janeiro, que

posteriormente acaba por ser revisto pelo Decreto-Lei n.º 19/93, de 23 de Janeiro.

As áreas protegidas são zonas especiais do território que articulam uma multiplicidade de funções

(conservação, desenvolvimento, educativa, recreativa, científica), que desde o início têm gerado

controvérsias junto dos habitantes e das autoridades, pois, na generalidade, estas foram criadas em

terrenos privados e desprovidas de um acompanhamento de alternativas visíveis para os seus

proprietários e habitantes, induzindo muitas vezes ao abandono destas regiões.

Contudo, é possível combater esta tendência se estas zonas não se resumirem a museus da

natureza e forem integrados no quadro de uma gestão activa, que equilibre no interior do perímetro

de protecção, o nível de vida das populações com os objectivos de preservação biofísica, e de uma

gestão aberta, que esteja em permanente comunicação com as zonas que envolvem a área protegida

(Frade, 1999). Estas não devem ser encaradas como um instrumento do processo de ordenamento

do território, mas como uma componente que ele deverá incluir e promover.

O final da década de 80 e o início da década de 90 foram marcados por uma maior preocupação, por

parte do Estado, com as componentes ambiental e biofísica. A adesão de Portugal à Comunidade

Económica Europeia (1986), a actual, União Europeia, implicou a consideração destas componentes

nas suas políticas de desenvolvimento regional, levando a um conjunto de reformas estruturais.

Implicações desta influência europeia foram as publicações das leis da Reserva Agrícola Nacional

(RAN) e Reserva Ecológica Nacional (REN) e da Lei de Bases do Ambiente.

A Lei de Bases do Ambiente (Lei n.º 11/87, de 8 de Abril) aponta como objectivo geral a existência de

uma ambiente propício à saúde e bem-estar das pessoas e ao desenvolvimento social e cultural das

comunidades, bem como à melhoria da qualidade de vida. Neste diploma são enumerados diversos

conceitos como: ambiente, ordenamento do território, conservação da natureza, continuum naturale,

componentes ambientais naturais e humanas.

De acordo com o objectivo apontado são identificados, na Lei de Bases do Ambiente, os instrumentos

da política de ambiente e do ordenamento do território, de salientar a estratégia nacional de

conservação da natureza, a REN, a RAN, os planos regionais de ordenamento do território, os planos

directores municipais e o inventário dos recursos naturais.

Anteriormente à elaboração da Lei de Bases do Ambiente já era possível verificar uma preocupação

do Estado com os solos agrícolas e rurais e com as áreas indispensáveis à criação de estabilidade

ecológica do meio e à utilização racional dos recursos naturais, através de alguns diplomas, que

antecederam a criação da RAN e da REN. Deste modo, com o intuito de implementar a conservação

de uma reserva mínima de terrenos com condições favoráveis para a agricultura, recurso de

fundamental importância para a sobrevivência e o bem-estar das populações e para a independência

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económica de um país que possui apenas 12% de solos com boa aptidão agrícola, foi criada, através

do Decreto-Lei n.º 451/82, de 16 de Novembro, a RAN.

Em 1989, o diploma anterior é revogado pelo Decreto-Lei n.º 196/89, de 14 de Junho, onde se

identificam como áreas pertencentes à RAN os solos de classe de capacidade de uso A e B, de

acordo com a metodologia utilizada pelo ex-Centro Nacional de Reconhecimento e Ordenamento

Agrário, bem como os solos de baixa aluvionares e coluviares e ainda por solos de outros tipos cuja

integração nas mesmas se mostre conveniente para prossecução dos fins previstos.

O regime geral da RAN fundamenta-se num princípio geral de proibição de todo o tipo de acções que

possam diminuir ou destruir o valor agrícola dos solos, sendo ainda enumeradas as actividades não

agrícolas, que carecem de um prévio parecer.

Em 2009, foi publicado o Decreto-Lei n.º73/2009, de 31 de Março, Regime Jurídico da RAN que

revoga o Decreto-Lei n.º 196/89, de 14 de Junho, definindo a RAN como um ―conjunto de áreas que,

em termos agro-climáticos, geomorfológicos e pedológicos, apresentam maior aptidão para a

actividade agrícola‖, correspondendo a uma ―restrição de utilidade pública de âmbito nacional, inscrita

nos instrumentos de gestão territorial, estando sujeita a um conjunto de condicionamentos à utilização

não agrícola‖.

As alterações mais relevantes deste diploma ao regime da RAN foram a integração da actividade

florestal como actividade agrícola, a introdução e aplicação progressiva de uma nova classificação de

terras assente em parâmetros técnicos completos, mais actuais e dinâmicos da FAO (Organização

das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação ), e introdução de um novo regime de aplicação

e das novas entidades de gestão.

No que diz respeito à REN, esta foi criada pelo Decreto-Lei n.º 321/83, de 5 de Julho, com o intuito de

―salvaguardar, em determinadas áreas, a estrutura biofísica necessária para que se possa realizar a

exploração dos recursos e a utilização do território sem que sejam degradadas determinadas

circunstâncias a estabilidade e fertilidade das regiões, bem como a permanência de muitos dos seus

valores económicos, sociais e culturais‖. A instituição desta figura legal deveu-se não só à tentativa

marcada de salvaguardar os recursos naturais do acelerado crescimento urbano que caracterizava a

época, mas também à criação, em 1982, da figura dos planos directores municipais (Magalhães M.

R., 2007).

Segundo este diploma a REN é constituída pelos ecossistemas costeiros e ecossistemas interiores,

desfrutando de um regime geral de proibição de todas as acções que diminuem ou destruam as

funções e as potencialidades dos terrenos da reserva e de um regime excepcional.

Até 1990, houve um vazio de cerca de sete anos, dada a falta de regulamentação deste diploma, a

ausência de delimitação dos espaços que deveriam integrar a REN e a falta de sensibilidade e

disponibilidade dos agentes públicos e privados para se sujeitarem a conformar os seus

comportamentos com o objectivos de proteger o ambiente e garantir a renovação dos recurso

naturais (Frade, 1999). Contudo, é neste ano que é publicado um dos diplomas que viria a ser o

diploma fundamental da REN – Decreto-Lei n.º 93/90, de 19 de Março, que praticamente recria todo o

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regime jurídico associando a este instrumento (Albergaria, 2006). Entre as alterações introduzidas as

que mais se destacam dizem respeito à criação de órgãos de gestão, à substituição de algumas

figuras e uma redefinição do critério de delimitação.

Este diploma sofre ainda algumas alterações nesta década, salientando-se a alteração efectuada

pelo Decreto-Lei n.º 213/92, de 12 de Outubro, que viabiliza determinados usos dependendo da

decisão da administração central, o que segundo Magalhães (2007), significava que as áreas

incluídas na REN podiam transitar de um regime estritamente não edificável para uma situação de

permissividade total.

Em 2006, procedeu-se a uma revisão através do Decreto-Lei n.º 180/2006, de 6 de Setembro, onde

se ultrapassa uma visão estritamente proibitiva, permitindo o exercício de actividades que não

perturbem o equilíbrio biológico e a protecção dos ecossistemas, ou seja, usos compatíveis com a

REN, de acordo com cada ecossistema e o seu estado.

No ano de 2008, procedeu-se a nova revisão mais profunda do regime jurídico da REN no que diz

respeito à articulação com outros regimes jurídicos, à clarificação de áreas integradas na REN,

estabelecendo critérios para a sua delimitação, indicando as respectivas funções e identificando os

usos e as acções que nelas são permitidas e proibidas (Anexo II do Decreto-Lei n.º 166/2008, 22 de

Agosto), consagram-se regras relativas a eventuais alterações correcções materiais da REN

devidamente justificadas e que se demonstrem imprescindíveis.

Segundo este último diploma, a REN é uma ―estrutura biofísica que integra o conjunto das áreas que,

pelo valor e sensibilidade ecológicos ou pela exposição e susceptibilidade perante riscos naturais,

são objecto de protecção especial‖, ―à qual se aplica um regime territorial especial que estabelece um

conjunto de condicionantes à ocupação, uso e transformação do solo‖. Nesta estão incluídas diversas

áreas que vão ao encontro do objectivo a que esta se propõe, nomeadamente áreas de protecção do

litoral, áreas relevantes para a sustentabilidade do ciclo hidrológico terrestre e de áreas de prevenção

de riscos naturais.

Relativamente às Áreas Protegidas, a Lei de Bases do Ambiente prevê a constituição e

regulamentação de uma ―rede nacional de áreas protegidas, abrangendo áreas terrestres, águas

interiores e marítimas e outras ocorrências naturais distintas que devam ser submetidas a medidas de

classificação, preservação e conservação, em virtude dos seus valores estéticos, raridade,

importância científica, cultural e social ou da sua contribuição para o equilíbrio biológico e estabilidade

ecológica das paisagens‖. Introduzida pelo Decreto-Lei n.º 19/93, de 23 de Janeiro e alterado pelo

Decreto-Lei n.º 213/97, de 6 de Agosto, a Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP), é constituída

pelas diferentes áreas protegidas, que se classificam de interesse nacional, regional ou local,

consoante os interesses que pretendem salvaguardar.

As áreas protegidas de interesse nacional são o parque nacional, a reserva natural, o parque natural

e o monumento natural e as áreas protegidas de interesse regional ou local são designadas

simplesmente por áreas de paisagem protegida. Porém podem ainda ser classificadas por as áreas

protegidas de estatuto privado ou sítios de interesse biológico. Actualmente segundo o ICNB, as

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áreas protegidas perfazem um total de aproximadamente 750.000,00ha, 8,5% de Portugal

continental.

Como anteriormente referido, a Lei de Bases do Ambiente prevê como instrumentos da política do

ambiente a Estratégia Nacional de Conservação do Natureza, que é adoptada em 2001 através da

Resolução do Conselho de Ministros n.º 152/2001, de 11 de Outubro, designando-se por Estratégia

Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ENCNB).

A ENCNB formula dez opções estratégicas para a política de conservação da natureza e da

biodiversidade, entre as quais se realça a constituição da Rede Fundamental de Conservação da

Natureza (RFCN), que integra o Sistema Nacional de Áreas Protegidas (SNAC), a Rede Ecológica

Nacional, a Rede Agrícola Nacional e o Domínio Hídrico Público. Sendo que o SNAC engloba a

RNAP, os sítios da lista nacional de sítios e as zonas de protecção especial integrados na Rede

Natura 2000 e outras áreas ao abrigo de compromissos internacionais (Figura 2).

Figura 2 – Estrutura organizacional da Rede Fundamental de Conservação da Natureza.

Como foi dito anteriormente a SNAC é constituído pela RNAP, pela Rede Natura 2000 e pelas áreas

classificadas ao abrigo de acordos internacionais, nomeadamente, os Sítios Ramsar (Rede de ―Zonas

Húmidas de Importância Internacional‖ classificadas e protegidas ao abrigo da ―Convenção de Zonas

Húmidas‖, realizada em 1971 em Ramsar, no Irão), as ―Reservas da Biosfera da UNESCO‖ (zonas de

ecossistemas terrestres ou marinhos, ou uma combinação dos mesmo, reconhecidas no Plano

Internacional do Programa MaB – Homem e Biosfera – da Unesco) e as reservas biogenéticas.

A Rede Natura 2000 é uma rede ecológica do espaço comunitário resultante da aplicação das

Directivas 19/409/CEE (Directivas Aves) e 92/43/CEE (Directiva Habitats), e tem por objectivo

contribuir para assegurar a biodiversidade através da conservação dos habitats naturais e da fauna e

da flora selvagens do território europeu dos Estados-Membros em que o Tratado da União é

aplicável, devendo no entanto assegurar a compatibilidade das actividades humanas com a

preservação destes valores, visando uma gestão sustentável do ponto de vista ecológico, económico

e social (ICNB, 2005).

A Rede Natura 2000 representa uma importante contribuição na conservação da natureza, permitindo

cumprir o compromisso comunitário relevante à Convenção da Diversidade Biológica. Constitui ainda

um modelo da cooperação internacional no desenvolvimento sustentável e um pilar básico do

desenvolvimento rural.

Rede Fundamental de Conservação da Natureza

REN

RAN

DPH

Sistema Nacional de Áreas Classificadas

RNAPRede Natura

2000

Áreas cassificadas ao abrigo de

acordos internacionais

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Esta rede é formada por:

Zonas de Protecção Especial (ZPE), estabelecidas ao abrigo da Directiva Aves (Directiva

19/409/CEE), que se destinam essencialmente a garantir a conservação das espécies de

aves, e seus habitats (Anexo I) e das espécies de aves migratórias não referidas no Anexo I e

cuja ocorrência seja regular;

Zonas Especiais de Conservação (ZEC), criadas ao abrigo da Directiva Habitats (Directiva

92/43/CEE), com o objectivo expresso de contribuir para assegurar a biodiversidade, através

da conservação dos habitats naturais (Anexo I da Directiva) e dos habitats de espécies da

flora e da fauna selvagens (Anexo II da Directiva), considerados ameaçados no espaço da

União Europeia.

A selecção das áreas da Rede Natura 2000 tem por base critérios exclusivamente científicos. No

caso das áreas designadas a abrigo da Directiva Habitat é da competência de cada Estado-Membro a

elaboração de uma proposta nacional de Sítios de Importância Comunitária (SIC), sob forma de uma

Lista Nacional de Sítios. A partir das várias propostas nacionais, a Comissão, em articulação com os

Estados-membros, selecciona os SIC, que posteriormente serão classificados como ZEC, culminado

um processo faseado de co-decisão entre os Estados-Membros e a União Europeia.

No caso das áreas designadas ao abrigo da Directiva Aves, os Estados-Membros devem classificá-

las como ZPE, as quais, uma vez declaradas como tal à União Europeia, passam desde logo a

integrar a Rede Natura 2000 (ICNB, 2005).

As Directivas Aves e Habitat foram transpostas para o direito nacional pelo Decreto-Lei n.º 140/99, de

24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro, que estabelece os

mecanismos necessários à gestão dos SIC e ZPE.

Posteriormente, através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 115-A/2008, de 21 de Julho, é

aprovado o Plano Sectorial relativo à implementação da Rede Natura 2000 (PSRN2000), previsto

pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 66/2001, consubstanciando um conjunto de medidas e

orientações consideradas adequadas à implementação da Rede Natura 2000 em Portugal,

designadamente no território continental. Actualmente, segundo o ICNB, a área total integrada em

Rede Natura 2000 corresponde a aproximadamente 11,00%.

O domínio público hídrico (DPH) compreende o ―domínio público marítimo, o domínio público lacustre

e fluvial e o domínio público das restantes águas‖ (Artigo 2.º da Lei n.º 54/2005, de 15 de Novembro

que estabelece a titularidade dos recursos hídricos). Neste instrumento o recurso hídrico compreende

as águas públicas e abrange os leitos e margens, zonas adjacentes, zonas de infiltração máxima e

zonas protegidas dos cursos de água. O objectivo definido para este instrumento é garantir que

desempenhem o fim de utilidade pública a que se destinam (INAG, 2004). Este apresenta uma

elevada relevância na adopção de medidas de protecção contra zonas inundáveis ou ameaçadas

pelas cheias (ARH do Centro, 2009).

No entanto as áreas classificadas possuem regulamentos próprios que, supostamente, defendem os

recursos naturais que as compõem, ao contrário das restantes áreas naturais ou semi-naturais, que

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dependem da eficácia da implementação dos instrumentos de ordenamento do território para a sua

conservação. Por conseguinte no presente estudo apenas serão objecto de uma análise mais

pormenorizada as áreas integrada na RAN e na REN, que estão contempladas nos instrumentos de

gestão territorial, nomeadamente no PDM.

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3 ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

3.1 A evolução do ordenamento do território

A integração da vertente de conservação da componente ambiental no ordenamento do território

inicia-se apenas na década de 80, dado que é neste período que se acentua a preocupação com o

estado em que o ambiente se encontrava. Enquadrando-se esta evidência com o descrito por

Catarina Frade (1999): ―o percurso seguido pelo ordenamento do território encontra uma autêntica

ligação umbilical ao desenvolvimento histórico e político das nações e o seu rosto é marcado pelas

opções estratégicas assumidas pelos órgãos de poder nacional‖.

Segundo Catarina Frade (1999) o início do conceito de ordenamento do território decorreu entre 1945

e 1975, sendo este, ao contrário do urbanismo que existia já na antiguidade clássica e mesmo antes

(Amaral, 1993), uma disciplina bastante recente, surgida com o término da Segunda Guerra Mundial,

no seio da política francesa do pós-guerra.

Neste período a Europa foi dominada pela destruição e o caos, iniciando assim os trabalhos de

reconstrução necessários à sua reactivação. No entanto estes trabalhos não se resumiram apenas à

reconstrução dos centros urbanos, em França, englobavam ainda uma ―política de descentralização

das actividades industriais, promovendo a sua localização segundo critérios de diminuição das

disparidades que se registavam entre a região de Paris e as zonas litorais desenvolvidas, por um

lado, e todo o resto do país, rural e empobrecido, por outro‖ (Frade, 1999).

Segundo Fernando dos Reis Condesso (2010), a expressão e o conceito francês de Aménagément

du Territoire parece ter sido utilizada, oficialmente, a primeira vez pelo ministro francês encarregado

da Reconstrução e do Urbanismo, em 1950. Sendo que a noção de ordenamento do território estava

relacionada com a procura, a nível nacional, de uma melhor repartição da população, em função dos

recursos naturais e actividades económicas.

A institucionalização do ordenamento do território atinge o seu ponto mais alto, em 1963, através da

criação da DATAR (Délégation à l’Aménagemente du Territoire et à l’ Action Regional), que

multiplicaram iniciativas de ordenamento e desenvolvimento local, que tiveram grande êxito até à

crise económica da década de setenta (Lacaze, 1995).

Um dos documentos oficiais mais relevantes sobre este tema, a Carta Europeia do Ordenamento do

Território, de 1983, subscrita pelos países representados na Conferência Europeia dos Ministros

Responsáveis pelo Ordenamento do Território considera que o ordenamento do território é ―a

tradução espacial das políticas económica, social, cultural e ecológica da sociedade. (…) É,

simultaneamente, uma disciplina científica, técnica administrativa e uma política que se desenvolve

numa perspectiva interdisciplinar e integrada ao desenvolvimento equilibrado das regiões e à

organização física do espaço segundo uma estratégia de conjunto. (…) O Ordenamento do território

deve ter em consideração a existência de múltiplos poderes de decisão, individuais e institucionais

que influenciam a organização do espaço, o carácter aleatório de todo o estudo prospectivo, os

constrangimentos do mercado, as particularidades dos sistemas administrativos, a diversidade das

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condições socioeconómicas e ambientais. Deve, no entanto, procurar conciliar estes factores da

forma mais harmoniosa possível‖ (SEALOT-MPAT, 1988).

Segundo a Carta Europeia do Ordenamento do Território este tem por base quatro princípios:

Quadro 1 – Princípios do ordenamento do território enunciados na Carta Europeia do Ordenamento do Território Fonte: (SEALOT-MPAT, 1988).

Princípios do Ordenamento do Território

Democrático Deve ser conduzido de modo a assegurar a participação das populações interessadas

e dos seus representantes políticos.

Integrado Deve assegurar a coordenação das diferentes políticas sectoriais e a sua integração

numa abordagem global.

Funcional Deve ter em conta a existência de especificidades regionais, fundamentadas em

valores, cultura e interesses comuns que, por vezes, ultrapassam as fronteiras

administrativas e territoriais, assim como a organização administrativa dos diferentes

países.

Prospectivo Deve analisar e tomar em consideração as tendências e o desenvolvimento a longo

prazo dos fenómenos e intervenções económicas, ecológicas, sociais, culturais e

ambientais.

No que diz respeito aos objectivos gerais do ordenamento do território verifica-se um consenso entre

autores, aceitando os estabelecidos na Carta Europeia do Ambiente, apontando como fundamental

para a gestão dos recursos naturais e protecção do ambiente a promoção de estratégias que

minimizem os conflitos entre a procura crescente de recursos naturais e a necessidade da sua

conservação. O ordenamento do território procura assegurar uma gestão responsável do ambiente,

dos recursos do solo e do subsolo, do ar e das águas, dos recursos energéticos, da fauna e da flora,

prestando atenção particular à paisagem e ao património cultural e arquitectónico.

A aplicação dos objectivos do ordenamento do território varia conforme o território em questão e

também com o nível territorial ou escala, sendo que estes variam ainda com as necessidade e as

prioridades dos Estados.

Nos anos 90, a constatação de que as desigualdades regionais se acentuaram, o que era visível no

fenómeno de desertificação das zonas rurais do interior e na concentração demográfica excessiva

das zonas urbanas do litoral, levou a que o ordenamento do território retomasse a vertente de

planeamento, que basicamente se divide em decisões de opções sobre a melhor alternativa, com

base em diversos instrumentos.

Contudo verificava-se a influência de conceitos em ascensão como o de desenvolvimento sustentável

e da protecção e gestão dos recursos naturais, que dinamizaram o conceito de ordenamento do

território.

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No que diz respeito à realidade nacional verifica-se um relativo atraso face a outros países europeus,

designadamente a pioneira França. No período de apogeu da planificação territorial francesa,

Portugal vivia apenas no quadro dos planos urbanísticos criados nos anos 30 (Frade, 1999), os

designados Planos Gerais de Melhoramento, que deram lugar aos Planos Gerais de Urbanização,

nos anos 40, e aos Planos Directores de Região, nos anos 50.

As preocupações sobre o ordenamento geral do território tiveram início na década de 60, através dos

Planos de Fomento, que definiam as estratégias de desenvolvimento do país. Contudo, é apenas no

III Plano de Fomento (1968 – 1973) que o ordenamento do território vem mencionado: o plano ―referia

expressamente a necessidade de se definir um esquema geral de ordenamento do território, com

vista a proporcionar a melhor repartição dos factores produtivos em função dos recursos

efectivamente utilizáveis.‖

Mas, caberia ao IV Plano de Fomento (1974-1979) dar um conteúdo mais exacto às intenções

enunciadas no plano precedente e apontar as medidas de efectivação de uma política do

ordenamento do território.

A proliferação, na década de 70, de loteamentos e construções ilegais, agravada pela explosão

caótica de bairros degradados na periferia do Porto e de Lisboa, onde viviam os foragidos da pobreza

do interior e os regressados do Ultramar, concentrava todas as atenções na organização e gestão

imediatas dos centros urbanos fortemente pressionados, desvalorizando qualquer programação mais

profunda do conjunto nacional (Frade, 1999).

No entanto as décadas de 70 e 80 foram marcadas por alguma produção legislativa e pela tentativa

de enquadrar legalmente o sistema de ordenamento do território, mas sempre aliado ao urbanismo.

Em 1976 é aprovada a Constituição da República Portuguesa, onde é dado particular ênfase à

reorganização do território em regiões, bem como ao planeamento destas e sua interacção com as

autarquias (Lei n.º 79/77, de 25 de Outubro, que define as atribuições das autarquias e as

competências dos seus órgãos).

Apesar de, na Constituição da República Portuguesa, de 1976, o Estado se comprometer na

promoção e realização do ordenamento do território, apenas através da Lei Constitucional n.º 1/89, de

8 de Julho, consagra o ordenamento do território como umas das tarefas fundamentais do Estado, a

par com os princípios da Independência Nacional, do Estado-de-Direito, da Democracia e do Estado

Social. Neste mesmo diploma identifica como objectivos do ordenamento do território a correcta

localização das actividades, um equilibrado desenvolvimento socioeconómico e paisagens

biologicamente equilibrados (art. 66.º).

No seguimento da responsabilização do Estado pelo ordenamento do território, em 1977, são criados

pela Lei n.º 79/77, de 25 de Outubro, os Planos Directores Municipais, da responsabilidade das

Autarquias. No entanto apenas efectivaram a sua prática no início dos anos 90.

O final da década de 80 e início da década de 90 foram marcados por uma maior preocupação, por

parte do Estado, pelas componentes ambiental e biofísica. A adesão de Portugal à Comunidade

Económica Europeia (1986), a actual, União Europeia, implicou a consideração destas componentes

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nas suas políticas de desenvolvimento regional, levando a um conjunto de reformas estruturais.

Implicações desta influência europeia foram as publicações das Leis da Reserva Agrícola Nacional e

Reserva Ecológica Nacional e da Lei de Bases do Ambiente.

Durante a década de 90 verificou-se uma maior atenção à organização e ao funcionamento dos

sistemas urbanos (renovação e reabilitação urbanas, acessibilidades urbanas e interurbanas, reforço

em equipamentos e infra-estruturas urbanas) e ao aprofundamento da componente ambiental, no

quadro da organização do território e a operacionalização dos regimes de salvaguarda e protecção

dos recursos naturais.

É no final da década de 90, mais exactamente em 1998, que após vários momentos de discussão, é

aprovada a Lei n.º 48/98, de 11 de Agosto, designada como a Lei de Base do Ordenamento do

Território e Urbanismo (LBOTU).

Esta lei enuncia ― (…) os fins, os princípios e os objectivos que o ordenamento do território e

urbanismo deverão prosseguir no território nacional, cria um sistema de gestão territorial que se

organiza num quadro de intervenção coordenada em três âmbitos territoriais e se desenvolve através

de um conjunto de instrumentos de planeamento e gestão territorial‖.

Entre outros a LBOTU, define como objectivos assegurar o aproveitamento racional dos recursos

naturais, a preservação do equilíbrio ambiental, a defesa e valorização do património natural, a

preservação e defesa dos solos com aptidão natural ou aproveitados para actividades agrícolas,

pecuárias ou florestais e a recuperação ou reconversão de áreas degradadas, através de um

conjunto de instrumentos de gestão territorial.

3.2 Os instrumentos de gestão territorial

A LBOTU foi regulamentada através do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, designado por

Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT), alterado pelos Decreto-Lei n.º

310/2003, de 10 de Dezembro, Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro, e Decreto-Lei n.º

46/2009, de 20 de Fevereiro, onde se encontram definidos o regime de coordenação dos âmbitos do

sistema de gestão territorial, o regime geral de uso do solo e o regime de elaboração, aprovação,

execução e avaliação dos instrumentos de gestão territorial. Este determina que os instrumentos de

gestão territorial identifiquem os recursos e valores naturais: orla costeira e zonas ribeirinhas;

albufeiras de águas públicas; áreas protegidas; rede hidrográfica e outros recursos relevantes para a

conservação da natureza e da biodiversidade.

O sistema de gestão territorial concretiza a interacção coordenada dos seus diversos âmbitos,

através de um conjunto de instrumentos de gestão territoriais. Este está organizado num quadro de

interacção coordenada, em três âmbitos:

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Quadro 2 – Âmbito nacional, regional e municipal do sistema de gestão territorial Fonte: (Decreto-Lei n.º 380/99 de 22 de Setembro).

Sistema de Gestão Territorial

Âmbito

Nacional

Define o quadro estratégico para o ordenamento do espaço nacional,

estabelecendo as directrizes a considerar no ordenamento regional e municipal

e a compatibilização entre os diversos instrumentos de política sectorial com

incidência territorial, instituindo, quando necessário, os instrumentos de

natureza especial.

Regional

Define o quadro estratégico para o ordenamento do espaço regional em

estreita articulação com as políticas nacionais de desenvolvimento económico

e social, estabelecendo as directrizes orientadoras do ordenamento municipal.

Municipal

Define, de acordo com as directrizes de âmbito nacional e regional e com

opções próprias de desenvolvimento estratégico, o regime de uso do solo e a

respectiva programação.

Os instrumentos de gestão territorial estão agrupados em quatro diferentes grupos, de acordo com as

suas funcionalidades (Quadro 3).

Quadro 3 – Organização dos diferentes instrumentos de gestão territorial Fonte: (artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 380/99 de 22 de Setembro).

Instrumentos de

desenvolvimento

territorial

Instrumentos de

planeamento

territorial

Instrumentos de

política sectorial

Instrumentos de

natureza especial

Vinculam entidades

púbicas

Vinculam entidades

públicas e privadas

Vinculam entidades

púbicas

Vinculam entidades

púbicas

Âmbito Nacional PNPOT -

Planos sectoriais PEOT

Âmbito Regional PROT -

Âmbito Municipal PIMOT PMOT - -

Os instrumentos de desenvolvimento territorial traduzem as grandes estratégias com relevância para

a organização do território, formando o quadro de referência para a elaboração dos instrumentos de

planeamento territorial. Como é possível observar no Quadro 3 incluem o Programa Nacional de

Ordenamento do Território (PNPOT), os Planos Regionais de Ordenamento do Território (PROT) e os

Planos Intermunicipais de Ordenamento do Território (PIMOT).

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O PNPOT visa fixar os objectivos e metas fundamentais de ordenamento, tendo em conta os grandes

espaços funcionais do território nacional, conforme o disposto nos artigos 26.º a 29.º do Decreto-Lei

n.º 380/99, de 22 de Setembro. Este é constituído pelo Relatório e pelo Programa de Acção,

identificando-se, neste último, o objectivo estratégico de conservar e valorizar a biodiversidade, os

recursos e o património natural, paisagístico e cultural, utilizar de modo sustentável os recursos

energéticos e geológicos.

Os PROT foram criados pelo Decreto-Lei n.º 338/83, de 20 de Julho, no entanto a falta de

regulamentação de algumas normas impediu a sua aplicação. Segundo os artigos 51.º e 52.º do

Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, referente ao RJIGT, estes planos definem a estratégia

regional de desenvolvimento territorial, integrando as opções estratégicas estabelecidas a nível

nacional e considerando as estratégias municipais de desenvolvimento local, visando traduzir, em

termos espaciais, os grandes objectivos de desenvolvimento económico e social sustentável

formulados no plano de desenvolvimento regional e identificar medidas tendentes à atenuação das

assimetrias de desenvolvimento intra-regional.

Os PIMOT asseguram a articulação entre o plano regional e os planos municipais de ordenamento do

território no caso de áreas territoriais comuns a vários municípios, no que diz respeito a determinados

domínios, como a protecção da natureza, racionalização de povoamentos, acesso a equipamentos e

serviços públicos.

Os instrumentos de política sectorial são planos e programas de incidência territorial a cargo dos

diferentes sectores da administração central, enquanto que os instrumentos de natureza especial se

caracterizam por uma natureza complementar, tutelando valores e interesses de carácter nacional de

particular sensibilidade e relevância, sendo que são igualmente da responsabilidade da administração

central. São exemplos de planos sectoriais os planos no domínio dos transportes, das comunicações,

da energia e dos recursos geológicos, da educação e da formação, da cultura, da saúde, da

habitação, do turismo, da agricultura, do comércio, da indústria, das florestas e do ambiente.

Os Planos Especiais do Ordenamento do Território (PEOT) são regulados pelo Decreto-Lei nº 151/95,

de 24 de Junho, alterado pela Lei n.º 5/96, de 29 de Fevereiro e integram os Planos de Ordenamento

do Orla Costeira (POOC), os Planos de Ordenamento de Áreas Protegidas (POAP) e os Planos de

Ordenamento das Albufeiras de Águas Públicas (POAAP).

No que diz respeito aos instrumentos de planeamento territorial, estes são de natureza regulamentar

e são os únicos vinculativos para entidades públicas e privadas, sendo os restantes apenas para

entidades públicas. Estes estabelecem o regime de uso do solo, definindo modelos de evolução da

ocupação humana e da organização de redes e sistemas urbanos e, na escala adequada, parâmetros

de aproveitamento do solo, segundo a LBOTU.

Como é possível observar no Quadro 3 os Planos Municipais de Ordenamento do território (PMOT)

são os únicos instrumentos de planeamento territorial e compreendem os Planos Directores

Municipais (PDM), Planos de Urbanização (PU) e Planos de Pormenor (PP), sendo que estes são

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regidos pelo Decreto-Lei n.º 69/90, de 2 de Março, alterado pelo Decreto-Lei n.º 211/92, de 8 de

Outubro, e pelo Decreto-Lei n.º 155/97, de 24 de Junho.

O Plano de Urbanização, segundo o artigo 87.º do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro,

alterado pelo Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro e pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de

Fevereiro, referente ao RJIGT, concretiza, para uma determinada área do território municipal, a

política de ordenamento do território e de urbanismo, fornecendo o quadro de referência para a

aplicação das políticas urbanas e definindo a estrutura urbana, o regime de uso do solo e os critérios

de transformação do território.

O Plano de Pormenor, segundo o artigo 90.º do mesmo diploma, desenvolve e concretiza propostas

de ocupação de qualquer área do território municipal, estabelecendo regras sobre a implantação das

infra-estruturas e o desenho dos espaços de utilização colectiva, a forma de edificação e a disciplina

da sua integração na paisagem, a localização e inserção urbanística dos equipamentos de utilização

colectiva e a organização espacial das demais actividades de interesse geral.

Os PDM são o objecto de análise do presente estudo.

Com base na estratégia definida por cada município e nas orientações estabelecidas pelos

instrumentos de gestão territorial de âmbito nacional e regional, o PDM deve estabelecer o ―modelo

de organização espacial do território municipal‖ (ponto n.º 1 do artigo 84.º do Decreto-Lei n.º

380/1999, de 22 de Setembro, revisto pelo Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro) e a

―classificação básica do solo, bem como parâmetros de ocupação, considerando a implantação dos

equipamentos sociais, e desenvolver a qualificação dos solos urbano e rural‖ (alínea a) do ponto n.º 2

do artigo 9.º da Lei n.º 48/98 de 11 de Agosto (LBOTU).

Como foi dito anteriormente, o PDM foi previsto pela Lei n.º 79/77, de 25 de Outubro, e tem evoluído

desde a sua consagração, no Decreto-Lei n.º 208/82, de 26 de Maio, como um instrumento de

desenvolvimento económico e social do município, sendo nas suas relações com o ordenamento do

território, um instrumento de planeamento da ocupação, uso e transformação do território. Sob o

Decreto-Lei n.º 69/90, de 2 de Março, este plano perde a sua componente estratégica e passa pelo

eminentemente físico, ao estabelecer a estrutura espacial do território do município, a classificação

dos solos, a delimitação dos perímetros urbanos e a definição de indicadores urbanísticos. No

entanto houve algum progresso na elaboração/aprovação de PDM (Mafra & Silva, 2004) e é neste

mesmo ano que entra em vigor o primeiro PDM de Portugal Continental (Évora), verificando-se nos

anos de 1994 e 1995 uma maior actividade, como é possível verificar através do Figura 3 (tendo

estes dados sido facultados pela DGOTDU).

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Figura 3 – Evolução da elaboração dos PDM em Portugal continental. Fonte: DGOTDU.

Em 2003, procede-se a uma alteração ao regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial,

respeitante à formação dos PDM, através do Decreto-Lei n.º 310/2003, de 10 de Dezembro, que

introduz novos desafios, na medida em que atribui, novamente, um carácter estratégico à figura do

PDM, obrigando a uma mudança de atitude e de mentalidade na forma de encarar este instrumento

de gestão territorial, no que diz respeito à sua revisão, pois segundo o preâmbulo do mesmo diploma

teria sido iniciado o processo generalizado de revisão dos PDM.

A alteração efectuada ao RJIGT, em 2007, através do Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro,

visou reforçar a eficiência do sistema de gestão territorial, através da simplificação de procedimentos,

associada à descentralização e responsabilização municipal, do reforço dos mecanismos de

concertação de interesses públicos e da clarificação e diferenciação de conceitos e instrumentos de

intervenção. Para além destas alterações, procedeu-se à adaptação do regime de avaliação

ambiental estratégica aos IGT, incorporando a análise sistemática dos efeitos ambientais dos planos

territoriais nos respectivos procedimentos de elaboração, alteração e revisão (DGOTDU, 2008).

O PDM procede à caracterização económica, social e biofísica, incluindo a estrutura fundiária da área

de intervenção. Identifica as redes urbanas, viária, de transportes e de equipamentos de educação,

de saúde, de abastecimento público e de segurança, bem como os sistemas de telecomunicações, de

abastecimento de energia, de captação, de tratamento e abastecimento de água, de drenagem e

tratamento de efluente e de recolhas, depósito e tratamento de resíduos. Promove a definição dos

sistemas de protecção de valores e recursos naturais, culturais, agrícolas e florestais, identificando a

estrutura ecológica municipal, estabelecendo os objectivos de desenvolvimento estratégico a

prosseguir e os critérios de sustentabilidade a adoptar, bem como os meios disponíveis e as acções

propostas. Procede à referenciação espacial dos usos e das actividades, através da definição de

classes e categorias de espaços, identificando as áreas com mais apetência para a localização,

distribuição e desenvolvimento das actividades industriais, turísticas, comerciais e de serviços.

Define, ainda, estratégias para o espaço rural, identificando aptidões, potencialidades e referências

aos múltiplos usos permitidos.

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O PDM identifica e delimita os perímetros urbanos, definindo a sua posição na hierarquia do sistema

urbano municipal, procede à definição de programas na área habitacional, especifica qualitativa e

quantitativamente os índices, indicadores e parâmetros de referência urbanísticos e de ordenamento.

Define também as unidades operativas de planeamento de gestão, para efeitos de programação da

execução do plano, assim como os critérios de perequação compensatória de benefícios e encargos

decorrentes da gestão urbanística a concretizar nos instrumentos de planeamento previsto nas

unidades operativas. Determina, ainda, as condições de actuação sobre áreas críticas, situações de

emergência ou de excepção, bem como sobre áreas degradadas em geral e as condições de

reconversão de áreas urbanas de génese ilegal. Promove a identificação das áreas de interesse

público para efeitos de expropriação, bem como as definições das respectivas regras de gestão.

O PDM é constituído por:

a) Regulamento;

b) Planta de Ordenamento – que representa o modelo de organização espacial do território

municipal de acordo com a classificação e a qualificação dos solos, bem como as unidades

operativas de planeamento e gestão definidas;

c) Planta de Condicionantes – que identifica as servidões e restrições de utilidade pública em

vigor que possam constituir limitações ou impedimentos a qualquer forma específica de

aproveitamento.

O PDM é acompanhado por:

a) Estudos de caracterização do território municipal;

b) Relatório que explica e fundamenta os objectivos estratégicos e as opções de base territorial

adoptadas para o modelo de organização espacial, acompanhado da devida fundamentação

técnica suportada na avaliação das diversas variáveis presentes no território municipal;

c) Relatório ambiental no qual são identificados, descritos e avaliados os eventuais efeitos do

plano e suas alternativas razoáveis que tenham em conta os objectivos e o âmbito de aplicação

territorial respectivos;

d) Programa de execução contendo disposições indicativas sobre a execução das intervenções

municipais previstas, bem como sobre os meios de financiamento das mesmas.

O PDM é ainda acompanhado por outros elementos fixados por portaria (n.º 3 do art. 86º do RJIGT):

a) Planta de enquadramento regional;

b) Planta da situação existente;

c) Relatório e ou Planta dos compromissos urbanísticos;

d) Carta da estrutura ecológica municipal;

e) Participações recebidas em sede de discussão pública e respectivo relatório de ponderação;

f) Mapa do Ruído.

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Como referido anteriormente os PMOT, nomeadamente os PDM, estabelecem o regime de uso do

solo no território municipal, regulamentado actualmente pelo Decreto Regulamentar n.º 11/2009, de

29 de Maio. Este diploma, aguardado desde a entrada em vigor do RJIGT, em 1999, define os

critérios de classificação e de reclassificação do solo, assim como os critérios de qualificação do solo

rural e urbano, destinando-se a orientar os procedimentos de elaboração, alteração e revisão dos

planos de ordenamento do território de âmbito municipal (PLMJ, 2009).

Antes da entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro o regime de uso do solo era

regulamentado pelo Decreto-Lei n.º 69/90, de 2 de Março. Esta alteração teve repercussões

importantes nos critérios de classificação e qualificação dos solos. Como é possível observar na

Figura 4, a classificação proposta Decreto-Lei n.º 69/90, de 2 de Março, definia oito classes de solos,

deixando a possibilidade de os municípios adoptarem outras classificações aquando da elaboração

dos planos, sendo que vários municípios optaram por uma classificação mais simplificada,

distinguindo três classes de solos urbanos, urbanizáveis e não urbanizáveis (Cardeiro, 2009).

Figura 4 - Evolução da classificação dos solos. Adaptado de: (Cardeiro, 2009).

A bipolarização da classificação do solo através de solo rural e urbano, que determinam o destino

principal dos terrenos, é introduzida pelo Decreto-Lei n.º 380/99, 22 de Setembro, tendo sido

esclarecida posteriormente pelo Decreto Regulamentar n.º 11/2009. Neste último classifica-se como

solo urbano o destinado à urbanização e edificação urbana, actual ou programável, e a classe de solo

rural aglutina os solos destinados ao aproveitamento agro-pecuário, florestal e de recursos

geológicos, bem como os espaços naturais, de protecção ou lazer, e os solos vocacionados para

qualquer tipo de ocupação humana incompatível com a integração urbana ou com a classificação de

solo urbano. Em relação à bipolarização da classificação do solo, actualmente, existem teses que a

consideram insuficiente para enquadrar satisfatoriamente as novas funções e utilizações do território.

Segundo Cardeiro (2009), esta nova classificação teve como objectivo a diminuição dos perímetros

urbanos, cuja delimitação no âmbito dos PDM de primeira geração era ―exagerada e casuística‖, uma

Decreto-Lei n.º 69/90, 2 de

Março

•Espaços urbanos

•Espaços urbanizáveis

•Espaços industriais

•Espaços para indústrias extractivas

•Espaços agrícolas

•Espaços florestais

•Espaços culturais e naturais

•Espaços canais

Classes assumidas por

alguns municípios

•urbanos

•urbanizáveis

•não urbanizáveis

Decreto-Lei n.º 380/99, 22 de

Setembro

•urbanos

• rurais

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vez que os espaços urbanizáveis eram definidos muito acima do crescimento demográfico e urbano

dos municípios. Pretende-se assim que haja uma redução dos perímetros urbanos através da

eliminação da classe de solo urbanizável. Assim, enquanto que até à publicação do RJIGT se podiam

efectuar operações urbanísticas em solos urbanizáveis, o RJIGT exige que no mínimo o solo seja de

urbanização programada (Oliveira & Cardoso, 2003). Todavia, o conceito de solos de urbanização

programada não se encontrava definido no regulamento, pelo que este tipo de solos acaba por não

diferir muito dos solos urbanizáveis.

Uma das principais inovações introduzidas pelo Decreto Regulamentar n.º 11/2009, de 29 de Maio,

decorre do regime de reclassificação do solo urbano como solo rural e prende-se com a

obrigatoriedade de, em presença de situações determinadas, se proceder a essa reclassificação. Na

reclassificação do solo rural como solo urbano, o Decreto Regulamentar n.º 11/2009, de 29 de Maio,

é concordante com o princípio de excepcionalidade já imposto pelo RJIGT (PLMJ, 2009).

Na regulamentação da qualificação do solo, destaca-se a sistematização de um conjunto de

princípios fundamentais que deverão presidir ao estabelecimento do aproveitamento do solo em

função da utilização dominante, por integração em categorias e subcategorias de solo, rural ou

urbano, nomeadamente os princípios da compatibilidade de usos, da graduação, da preferência de

usos e da estabilidade.

Para além das categorias funcionais (espaços centrais, residenciais, de actividades económicas, de

uso especial e urbanos de baixa densidade), são distinguidos dois tipos de categorias operativas de

solo urbano – Urbanizado e Urbanizável – sendo solo urbanizado, aquele que se encontre dotado de

infra-estruturas urbanas e equipamentos de utilização colectiva e solo urbanizável aquele que se

destine à expansão urbana. Com base nas presentes categorias, os PDM podem estabelecer

subcategorias operativas, diferenciando o solo em função do grau de urbanização e do tipo de

operações urbanísticas previstos.

No que diz respeito à qualificação do solo rural, esta procede-se com base nas categorias

identificadas no RJIGT, nomeadamente em espaços agrícolas ou florestais, espaços afectos à

exploração de recursos geológicos, espaços naturais e espaços afectos a actividades industriais.

Neste regime surge outra inovação relacionada com autonomização das figuras da Estrutura

Ecológica Municipal (EEM) e dos Espaços-canais, tornando-as transversais às diversas categorias de

solo, rural ou urbano.

A elaboração e revisão do PDM são processos regulados pelo Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de

Setembro, com redacção que lhe é conferida pelo Decreto-Lei n.º 310/2003, de 10 de Dezembro, e

pelo Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro. Estes dois processos implicam o cumprimento de

fases, cada uma constituída por um conjunto de procedimentos encadeados (Figura 5), desde a

decisão inicial de elaborar o rever o plano até ao seu depósito na Direcção-Geral do Ordenamento do

Território e Desenvolvimento Urbano (DGOTDU), após a sua publicação (DGOTDU, Guia das

Alterações ao Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, 2007).

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Após a decisão de elaboração/revisão do PDM, a câmara municipal, em reunião obrigatoriamente

pública, delibera a sua elaboração/revisão. Nesta fase estabelece-se o prazo de elaboração,

definindo-se os planos, programas e projectos incidentes na área do município submetida alteração.

A deliberação é publicada na IIª Série do Diário da República, cuja participação preventiva por parte

dos cidadãos em sugerir ou requerer informações relativamente a elaboração da alteração do plano,

é delimitada por um período mínimo de 15 dias.

O acompanhamento da elaboração do PDM é de carácter facultativo. Porém, caso seja necessário, a

câmara municipal poderá solicitar acompanhamento, relativamente a emissão de pareceres sobre a

proposta de alteração ao plano, ou realização de reuniões conjuntas com a CCDR territorialmente

competente. Finalizada a elaboração da proposta de alteração ao plano, a câmara municipal envia a

proposta, pareceres e relatório ambiental à CCDR, que num prazo de 22 dias, realiza uma

conferência de serviços com todas as entidades representativas dos interesses a ponderar. Esta

convocatória deve ocorrer com 15 dias de antecedência e acompanhada pelas propostas de

alteração ao plano e do relatório ambiental. A câmara municipal pode promover reuniões de

concertação, no prazo de 20 dias seguintes à conferência de serviços, com as entidades em

desacordo com as alterações do plano, com a finalidade de obter soluções unânimes para

reformulação da alteração do plano. No caso de se justificar a câmara deve proceder à reformulação

do plano com base no parecer da comissão de acompanhamento e proceder ao anúncio de

discussão pública, com antecedência mínima de 5 dias úteis, através de um aviso publicado na IIª

Série do Diário da República e à publicação na comunicação social e na respectiva página da

Internet.

A câmara municipal deve ponderar as reclamações, observações, sugestões e pedidos de

esclarecimento apresentados pelos particulares e fica obrigada a responder, por escrito,

fundamentadamente, perante aqueles que invoquem a desconformidade com outros IGT eficazes, a

incompatibilidade com planos, programas e projectos que devessem ser ponderados em fase de

elaboração, a desconformidade com disposições legais e regulamentares aplicáveis e a eventual

lesão de direitos subjectivos. Quando terminando o período de discussão pública estipulado, a

câmara deve ponderar e divulgar, através dos mesmo meios de comunicação, os resultados e

elaborar a versão final da proposta para aprovação, e consequentemente remete-la à CCDR para

obtenção de parecer. Este parecer não possui carácter vinculativo e incide sobre a conformidade com

as disposições legais e regulamentares vigentes e a compatibilidade ou conformidade com os IGT

eficazes.

O plano, acompanhado do parecer da comissão de acompanhamento, é sujeito a aprovação, pela

assembleia municipal, em sessão pública, mediante proposta apresentada pela câmara municipal. No

caso de o PDM ser compatível com o PROT e com os planos sectoriais em vigor, a câmara municipal

deve remeter para publicação, na IIª Série do Diário da República, a deliberação municipal que o

aprova, o regulamento, a planta de ordenamento e a planta de condicionantes e proceder ao seu

depósito na DGOTDU. Caso contrário, a câmara deve enviar todo o processo do plano à CCDR, para

efeitos de ratificação. A ratificação do PDM pelo Governo implica a revogação ou alteração das

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disposições presentes dos planos sectoriais ou dos PROT afectados, determinando a correspondente

alteração dos elementos influenciados de forma a traduzirem a actualização da disciplina em vigor,

podendo esta ser parcial ou total.

Após a ratificação do plano, por resolução de concelho de ministros em Diário da República, este

deve ser publicado na Iª Série do Diário da República. No prazo de 15 dias, a câmara municipal deve

enviar à DGOTDU uma colecção completa das peças escritas e gráficas que constituem o conteúdo

documental do PDM, bem como uma cópia autenticada da deliberação da assembleia municipal que

o aprova, o respectivo relatório ambiental, os pareceres ou actas emitidos, o caso de existirem, e o

relatório de ponderação dos resultados da discussão pública. A sua publicação deve ser efectuada na

respectiva página da internet, assim como a sua declaração ambiental, enviando-a ainda à Agência

Portuguesa do Ambiente (APA), para efeitos de divulgação.

Figura 5 - Esquema das fases da elaboração/revisão dos PDM.

Segundo o ponto n.º 3 do artigo 98.º do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro os PDM são

obrigatoriamente revistos decorridos 10 anos da sua entrada em vigor ou após a sua última revisão.

Actualmente, encontram-se 26 PDM revistos (DGOTDU, 2010) e 200 em revisão (DGOTDU, 2010)

dos 278 PDM do território continental, salientando-se ainda que o município de Lagos não possui

PDM. É no momento do início das revisões dos PDM, que importa reflectir acerca da salvaguarda dos

Elaboração

Participação Pública

Acompanhamento

Concertação

Discussão Pública

Parecer Final

Aprovação

Ratificação

Publicação

Depósito e divulgação

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recursos naturais presentes no nosso territórios, que têm vindo a ser sujeito a elevadas pressões

devido à dinâmica populacional que caracteriza Portugal.

Figura 6 - Distribuição da dinâmica dos PDM em Portugal continental (Imagem sem escala). Adaptado de: (DGOTDU, 2010).

3.2.1 As potencialidades do PDM na conservação dos recursos naturais

A conservação dos recursos naturais ao longo do tempo tem sido associada ao estatuto das áreas

naturais classificadas, nomeadamente através das áreas protegidas. No entanto, os restantes

recursos naturais, que não se encontram em território protegido, devem o ser através de outros

instrumentos, nomeadamente através dos PDM.

O PDM é um dos instrumentos de planeamento territorial enunciados na LBOTDU, através do qual se

deve assegurar o aproveitamento racional dos recursos naturais, a preservação do equilíbrio

ambiental, a defesa e valorização do património natural, a preservação e defesa dos solos com

aptidão natural ou aproveitados para actividades agrícolas, pecuárias ou florestais e a recuperação

ou reconversão de áreas degradadas, em suma a conservação, gestão e valorização dos recursos

naturais de um modo geral. No âmbito desta dissertação apenas serão abordadas as potencialidades

deste para a conservação dos mesmos.

Este instrumento regulamenta o modelo de organização de cada município, no que diz respeito

nomeadamente à evolução da ocupação humana, à organização de redes e sistemas urbanos, com

base em estudos de avaliação das condições económicas, sociais, culturais e ambientais. Na

´

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elaboração deste modelo deve-se ter em conta a identificação e definição dos sistemas de protecção

de valores e recursos naturais, culturais, agrícolas e florestais, identificando a estrutura ecológica

municipal (alínea c) do ponto n.º 1 do art. 85.º do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro), de

modo a atingir os objectivos acima descritos.

A equipa que elabora este plano deve identificar os recursos naturais, fazendo-o através do regime

de uso do solo, nomeadamente da classificação do solo rural, já que, em solo urbano não é efectuada

esta identificação, e ainda através da estrutura ecológica municipal e das condicionantes ambientais

identificadas em território municipal.

No contexto do quadro legal português em vigor, o conceito de estrutura ecológica (EE), enquadra-se

no âmbito da Lei de Bases do Ambiente (Lei n.º 11/87, de 8 de Abril), da Lei de Base do

Ordenamento do Território e Urbanismo (Lei n.º 48/98, de 11 de Agosto) e a sua regulamentação no

Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, e da Estratégia Nacional para a Conservação da

Natureza e Biodiversidade (Resolução do Conselho de Ministros n.º 152/2001, de 11 de Outubro).

O Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, com a redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 310/2003,

de 10 de Dezembro, refere no artigo 10.º, que a EE deverá ser identificada nos instrumentos de

gestão territorial, correspondendo (artigo 14.º) às ―áreas, valores e sistemas fundamentais para a

protecção e valorização dos espaços rurais e urbanos, designadamente as áreas reserva ecológica‖,

nomeadamente no PDM (artigo 85.º).

A Estrutura Ecológica Municipal deve ser delimitada nos PDM, em conformidade com os respectivos

PROT e com os planos sectoriais aplicáveis, sendo constituída pelo conjunto de áreas cuja função

principal é a de contribuir para o equilíbrio ecológico e para a protecção, conservação e valorização

ambiental e paisagística dos espaços rurais e urbanos.

Em síntese, a EE é definida na legislação portuguesa como:

Um recurso territorial;

Áreas, valores e sistemas fundamentais para a protecção e valorização ambiental dos

espaços rurais e urbanos;

Sistemas de protecção dos valores e recursos naturais, culturais, agrícolas e florestais.

Para atingir os objectivos a que se propõe, a EE deve estabelecer ―parâmetros de ocupação e de

utilização do solo‖ que compatibilizem as ―funções de protecção, regulação e enquadramento com os

usos produtivos, o recreio e o bem-estar das populações‖.

As áreas, valores e sistemas identificados têm que ser ―fundamentais para a protecção e valorização

ambiental‖, mas não refere o que considera fundamental, referindo apenas que deve incluir

―designadamente as áreas de reserva ecológica‖.

Na legislação portuguesa não se encontra definida a metodologia a utilizar na elaboração e

implementação da EE, no entanto vários autores (Andersen e Magalhães) sugerem várias

metodologias a utilizar, nomeadamente através da análise de factores da paisagem sujeitos a

transformação, consoante o município, ou região em estudo.

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Para além destes instrumentos identificados anteriormente salienta-se ainda um dos conceitos mais

importantes na conservação da natureza, o continuum naturale, também identificado na LBA, que

deve ser aplicado ao longo da estruturação do território. Relativamente aos espaços naturais e semi-

naturais, mais especificamente, à estrutura ecológica municipal e às reservas nacionais, este conceito

pode ser aplicado através dos comummente designados corredores ecológicos.

Segundo a alínea n) do ponto n.º 1 do artigo 85.º do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, o

PDM identifica as condicionantes, designadamente reservas e zonas de protecção, que

posteriormente devem ser representadas e publicadas na planta de condicionantes. As

condicionantes obrigatórias que constituem o PDM com o intuito de salvaguardar os recursos naturais

são a RAN e a REN.

A RAN e REN encontram-se definidas no subcapítulo da política nacional da conservação da

natureza da presente dissertação. Estes dois instrumentos são fundamentais para a preservação dos

recursos naturais, no entanto a sua eficácia depende da metodologia utilizada na delimitação desta,

do modo como se encontra interligada com os outros espaços naturais e semi-naturais e do

acompanhamento que é efectuado por parte das entidades regionais RAN e comissão de

coordenação e desenvolvimento regional.

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4 AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DOS PDM DE 1ª GERAÇÃO

4.1 Estado de Arte

Como foi referido anteriormente, a avaliação dos instrumentos de gestão territorial constitui uma

componente essencial do planeamento, estando geralmente associada ao estudo retrospectivo de

uma situação, com o intuito de determinar as melhores decisões (Ferreira & et al., 2003). Geralmente

a avaliação pode ocorrer em diferentes momentos do processo, com funções distintas, identificando-

se três tipos: ex-ante, a posteriori e in continuum. A primeira prende-se com a selecção de

alternativas de intervenção e, quando estas não existem, deve traduzir-se na avaliação da robustez

da solução a adoptar, confrontando a consistência entre objectivos e meios. A avaliação in continuum

visa acompanhar a etapa da execução do plano. A avaliação a posteriori fecha um ciclo e reinicia

outro, procurando conhecer os resultados e os efeitos alcançados com a aplicação do plano,

comparando-os com os desejados e esperados no momento da avaliação (Pereira, 2009), sendo este

o tipo de avaliação a que se recorre na presente dissertação.

Em Portugal, a prática da avaliação dos instrumentos de gestão territorial é escassa, apesar do

reconhecimento da sua importância. A LBOTU e o RJIGT, no final dos anos 90, deram relevância a

esta componente do processo de planeamento, introduzindo os Relatórios de Estado do

Ordenamento do Território (REOT), às escalas nacional, regional e municipal (da responsabilidade da

DGOTDU, das CCDR e das autarquias, respectivamente), com periodicidade bienal, com o objectivo

de proceder à avaliação dos IGT nessas escalas (Pereira, 2009).

Ao nível municipal as avaliações surgiram associadas ao processo de revisão do PDM, vendo-se

assim surgir alguns REOT neste âmbito, como é o caso, por exemplo, do Relatório de Estado do

Ordenamento do Território do município de Lisboa lançado em 2009, com o objectivo de ―avaliar as

várias políticas que têm sido implementadas na cidade, incluindo a aplicação das regras do PDM de

1994, contribuindo para ajustar os objectivos da Revisão do PDM (face às novas políticas sectoriais)

e iniciar um processo de monitorização a partir desta revisão‖ (Câmara Municipal de Lisboa, 2009).

Contudo, como foi dito anteriormente, é recomendada uma periodicidade bienal, que não tem sido

cumprida por parte dos municípios (Pereira, 2009).

Os REOT de âmbito regional também se encontram previstos no RJIGT, no entanto neste caso são

elaborados com base num sistema de monitorização e avaliação do PROT, através de um sistema de

indicadores definido em cada PROT. Os objectivos deste sistema são contribuir para a melhoria dos

processos decisórios, no que diz respeito a actos da administração pública com impactes no

ordenamento do território regional, e constituir uma plataforma de interlocução com os vários agentes

em matérias de ordenamento do território e do urbanismo, contribuindo para uma adequada

coerência dos vários âmbitos territoriais do sistema nacional de gestão do territorial (CCDRAlentejo,

2010).

No que diz respeito aos REOT de âmbito nacional, estes têm sofrido diversas alterações desde a sua

criação. Inicialmente a análise do estado do ordenamento do território era efectuada juntamente com

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a análise do estado do ambiente designando-se por Relatório do Estado do Ambiente e do

Ordenamento do Território (REAOT), que procurava integrar o diagnóstico sobre o estado do

ambiente com as evoluções verificadas em termos de dinâmica territorial. Contudo, desde 1994 os

Relatórios do Estado do Ambiente e o Relatórios do Estado do Ordenamento do Território passaram

a ser realizados separadamente, com a responsabilidade da actual Agência Portuguesa do Ambiente

(APA) e Direcção-Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano (DGOTDU),

respectivamente (APA, 2008). De 1994 até 2007 foram elaborados quatro REOT (publicados em

1994, 1995, 1997 e 1999). Já em 2007 foi criado o Observatório do Ordenamento do Território e do

Urbanismo junto da DGOTDU que, para além de acompanhar e avaliar a aplicação do PNPOT, ficou

incumbido da preparação bienal do REOT. Todavia, não se conhecem ainda efeitos práticos

significativos até à data. Segundo o PNPOT, os REOT ―devem reflectir as conclusões do trabalho de

acompanhamento, monitorização e avaliação, incidindo sobre as dinâmicas territoriais em curso, as

formas de articulação das políticas sectoriais com incidência territorial e o balanço da sua aplicação,

bem como sobre a concretização e adequação dos instrumentos de gestão territorial em vigor‖

(MAOTDR, 2007). Neste sentido, seria de esperar que os diversos instrumentos de gestão territorial

fossem sujeitos a uma avaliação da sua eficácia bienalmente, facto que não se tem verificado.

Os REA constituem um instrumento informativo fundamental para o apoio à definição, execução e

avaliação da política ambiental, permitindo acompanhar o desenvolvimento de políticas e estratégias

de integração ambiental nas actividades económicas sectoriais. A aplicação deste instrumento

decorre de uma obrigatoriedade estipulada pela Lei de Bases do Ambiente e apresenta como

objectivo geral avaliar e comunicar o estado do ambiente em Portugal (APA, 2008).

Desde 1998 que os REA têm realizado a avaliação do estado do ambiente através de um conjunto

alargado de indicadores ambientais, acompanhando as tendências dos vários países e organizações

que concebem os seus relatórios ambientais de acordo com indicadores. A utilização explícita de

indicadores em relatórios ambientais veio melhorar a eficácia destes instrumentos, tendo contribuído

positivamente para o desempenho geral dos REA, e em particular para a comunicação e

envolvimento com as partes interessadas, tal como já referido (APA, 2008). Relativamente à

utilização de modelos conceptuais para estruturar os indicadores, em Portugal, verifica-se que estes

foram predominantemente adoptados sempre que os relatórios foram estruturados através de

indicadores. Num primeiro período foi adoptado o modelo PSR (Pressão-Estado-Resposta) e a partir

do REA 2003, o modelo DPSIR (Driving forces – Pressures - State of the environment - Impacts of the

environment – Responses).

No contexto dos REA nacionais, a morosidade e complexidade associada aos circuitos de

obtenção/disponibilização de dados, bem como a ainda insuficiente ou inadequada cobertura espacial

e temporal de algumas das redes de monitorização, tem contribuído para um desempenho aquém do

desejável na avaliação e comunicação do estado do ambiente em Portugal.

Os temas focados pelos relatórios do estado do ambiente e do ordenamento do território têm variado

assinalavelmente ao longo dos últimos 20 anos. A diversidade temática contida nestes documentos

revela relatórios com mais de 20 temas e outros com apenas 4 grandes temas tratados em

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profundidade. Destaque-se também que o tema ordenamento do território e respectivos subtemas

associados passou a estar presente apenas nos REOT a partir do momento em que houve separação

do REAOT em REA e REOT. A estrutura adoptada para a organização dos temas tem seguido vários

modelos, designadamente: recursos naturais, compartimentos ambientais, problemas ambientais e

diferentes combinações dos anteriores. Para além deste tipo de organização temática, muitos dos

relatórios têm também procurado avaliar a integração do ambiente nas actividades económicas

sectoriais (e.g. agricultura, pesca; turismo; indústria, energia e transportes); esta tendência é

particularmente visível a partir do REA 1998. Segundo a APA (2007), os REA devem ser articulados

com instrumentos estratégicos e, em particular, com os relatórios de avaliação do estado do ambiente

de diferentes âmbitos e ainda com os REOT, procurando deste modo prever uma melhor orientação

para a defesa do meio ambiente.

No decorrer da presente análise houve a necessidade de analisar os modelos e mais especificamente

os indicadores ambientais que tem vindo a ser utilizados nos REA e noutros trabalhos ligados à

análise do estado do ambiente e à implementação de políticas sectoriais. Todavia, primeiramente à

análise dos diversos sistemas de indicadores ambientais, foi imprescindível fixar o conceito de

indicador ambiental e qual o âmbito de aplicação que se pretende no presente contexto.

Num relatório sobre indicadores ambientais a Organização de Cooperação e Desenvolvimento

Económicos (OCDE), define os indicadores do seguinte modo: ―(...) uma ferramenta de avaliação

entre outras; para captar-se todo o seu sentido, devem ser interpretados de maneira científica e

política. Devem, com a devida frequência, ser completados com outras informações qualitativas e

científicas, sobretudo para explicar factores que se encontram na origem de uma modificação do

valor de um indicador que serve de base a uma avaliação‖ (OCDE, 2002). Ainda no mesmo

documento encontra-se outra definição de indicador: ―(...) parâmetro, ou valor calculado a partir dos

parâmetros, fornecendo indicações sobre ou descrevendo o estado de um fenómeno, do meio

ambiente ou de uma zona geográfica, de uma amplitude superior às informações directamente

ligadas ao valor de um parâmetro‖ (OCDE, 2002).

Também a European Environment Agency (EEA) refere frequentemente os indicadores nos seus

relatórios. Define-os como sendo: ―(...) uma medida, geralmente quantitativa, que pode ser usada

para ilustrar e comunicar um conjunto de fenómenos complexos de uma forma simples, incluindo

tendências e progressos ao longo do tempo‖ (EEA, 2005).

Para a identificação e definição dos indicadores ambientais recorrem-se geralmente a modelos

conceptuais, sendo os mais utilizados, no contexto europeu, o modelo Pressão-Estado-Resposta

(P.E.R.) proposto pela OCDE e o modelo DPSIR proposto pela EEA.

O modelo P.E.R. sistematiza os indicadores ambientais através de três grupos chave de indicadores:

Pressão, Estado e Resposta, tendo por base a ideia de que as actividades humanas exercem

pressões sobre o meio ambiente e afectam a sua qualidade e quantidade dos recursos naturais, mas

que no entanto, a mesma sociedade responsável por estas pressões, responde às alterações

verificadas no estado do meio ambiente tomando consciência das mudanças ocorridas e adaptando

as suas políticas ambientais, económicas e sectoriais a estas.

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No que se refere ao modelo proposto pela AEA este considera que as actividades humanas (D -

―Driving forces‖), por exemplo agricultura, as indústrias e os transportes, produzem pressões (P –

―Pressures‖) no ambiente, tais como emissões de poluentes ou contaminação de solos, as quais vão

degradar o estado do ambiente (S – ―State of the environment‖), que por sua vez poderá originar

impactes (I – ―Impacts of the environment‖) na saúde humana e nos ecossistemas, levando a

adopção de medidas políticas (R – ―Responses‖), tais como normas legais, taxas e produção de

informação (Kraemer, 2006).

No contexto nacional e relacionado com as temáticas ambiental e do planeamento existe um estudo

que se encontra actualmente em execução, que se insere no âmbito do Projecto INTERREG II-C

―Coordenação de Sistemas de Informação Geográfica e de Instrumentos de Observação Territorial

para o Desenvolvimento de Espaços Rurais de Baixa Densidade‖, com o objectivo de produzir um

sistema de indicadores ambientais que incorpore a generalidade dos potenciais indicadores aos

diversos níveis de intervenção ambiental e planeamento, cuja aplicação permitirá realizar um

diagnóstico da situação ambiental e das dinâmicas de mudança em presença e em perspectiva, da

área de aplicação. Este sistemas de indicadores ambientais tem o intuito de fornecer ao processo

planeamento territorial um instrumento de observação territorial, na óptica da sustentabilidade,

disponibilizando técnicas de simulação, de cálculo e de monitorização e tomando o potencial da

quantificação como instrumento de referenciação (Peixeiro & Batista, 2008).

A metodologia utilizada pretende criar uma base para a monitorização do território constituindo um

observatório contínuo do ordenamento territorial apoiado em dois instrumentos: os SIG (Sistemas de

Informação Geográfica) e os indicadores. Estes últimos pretendem contribuir para a avaliação do

estado ambiental e para o desenvolvimento de novas aproximações metodológicas de caracterização

ambiental em planeamento territorial, de forma a incentivar a resolução dos conflitos entre a utilização

dos recursos naturais e a protecção ambiental, assim como diminuir as lacunas existentes no âmbito

da disponibilização de dados ambientais georreferenciados comparáveis e quantificáveis (Peixeiro &

Batista, 2008).

Tanto no contexto nacional como internacional os indicadores ambientais encontram-se muito

associados à temática da sustentabilidade e de avaliação do estado do ambiente, sendo que o único

estudo encontrado que relaciona a temática do planeamento territorial e a preservação do meio

ambiente já foi anteriormente mencionado.

No panorama geral dos indicadores ambientais encontram-se diversos sistemas utilizados por

diferentes organizações. Neste contexto foram analisados os seguintes sistema de indicadores: ECO

XXI (Associação Bandeira Azul da Europa, 2009), European Commom Indicators (Ambiente Italia

Research Institute, 2003), Streamlining European 2010 Biodiversity Indicators (European Centre for

Nature Conservation, 2005), CSD environmental indicators (UNEP, 2006), GEO Year Book indicators

(2003) (UNEP, 2006), Environmental Indicators for North America (UNEP, 2006), Environmental

Indicators by OCDE (UNEP, 2003), Biodiversity Indicators Partnership (2010) (UNEP, 2010), Sistema

de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (APA, 2009), Local Quality of Life Counts

(Environment Protection Statistics and Information Management Division, 2000), Indicadores Urbanos

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Globais (Global City Indicators Facility, 2007), Indicadores da Qualidade Urbana (Partidário, 2000) e

ainda indicadores comummente utilizados na avaliação ambiental estratégica, nos relatórios do

estado do ambiente e do ordenamento do território e nos sistemas de monitorização e avaliação dos

planos regionais de ordenamento do território da região Alentejo, norte e oeste e vale do Tejo.

4.2 Indicadores Ambientais

No intuito de analisar a eficácia da implementação dos PDM no que diz respeito à conservação dos

recursos naturais foram identificados um conjunto de indicadores ambientais, com aplicabilidade à

escala nacional e/ou municipal, pois são ferramentas poderosas e eficazes no acompanhamento e

monitorização (OCDE, 2002) do estado do ambiente. A selecção destes indicadores ambientais

recaiu sobre a análise dos sistemas indicadores apresentados anteriormente e na determinação de

quais se enquadrariam no objectivo em questão, nomeadamente verificar o estado dos recursos

naturais. Tais indicadores encontram-se enunciados no Quadro 4, recorrendo-se, neste caso a um

código de cores que contribui para a facilidade de compreensão durante a apresentação e análise

dos resultados.

Para além destes indicadores, achou-se pertinente, identificar descritores que contribuíssem para a

analisar algumas das características dos PDM, no que diz respeito à conservação dos recursos

naturais, nomeadamente a realização estudos prévios no âmbito dos recursos naturais, os objectivos

referidos no PDM, relativamente aos recursos naturais, as classes/categorias dos usos do solo,

ocupação das áreas naturais classificadas e a situação em que se encontra a estrutura ecológica de

cada município.

Quadro 4 – Indicadores ambientais seleccionados.

Código Indicador

Ocupação das áreas natural e semi-natural

Ocupação da área RAN

Ocupação da área REN

Ocupação da área florestal

Ocupação da área artificializada

Ocupação da área agrícola

Fragmentação/ Conectividade das áreas natural e semi-natural

Os dois modelos anteriormente apresentados (OCDE e DPSIR) propõem a análise de indicadores de

estado, de modo a fornecer uma visão geral do estado do meio ambiente e da sua evolução no

tempo, nomeadamente no que se refere a qualidade e quantidade dos recursos naturais. Este

objectivo proposto pelos dois modelos enunciados anteriormente vai de encontro ao objectivo

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pretendido para os indicadores ambientais seleccionados no âmbito da análise da eficácia da

implementação dos PDM. Deste modo os indicadores ambientais considerados no âmbito deste

trabalho (Quadro 4) são indicadores de estado dos recursos naturais, em Portugal Continental.

No intuito de transmitir a tendência do estado dos recursos naturais num nível mais abrangente

definiu-se o indicador ―Áreas Naturais ou Semi-Naturais‖, pretendendo-se abranger a maioria dos

recursos naturais presentes em Portugal Continental.

A análise deste indicador foi efectuada através da informação disponibilizada pelo projecto CORINE

Land Cover (CLC) que tem vindo a produzir cartografia de ocupação e uso do solo para a Europa,

com base em interpretação visual de imagens de satélite para os estados membros da Agência

Europeia do Ambiente, desde 1985. Desde o início deste projecto, foram já produzidas cartografias

para três momentos temporais: 1990, 2000 e 2006, que definem a tendência da evolução das áreas

naturais ou semi-naturais para Portugal Continental.

A caracterização da ocupação e uso do solo, em Portugal, no projecto CORINE Land Cover, é

efectuada através de classes, agrupadas por três diferentes níveis. No âmbito deste estudo

estabeleceu-se que o indicador ―Áreas Naturais ou Semi-Naturais‖ seria definido pelo somatório das

área das classes de terceiro nível enunciadas no Quadro 5 Anexo II.

Deve-se salientar que os indicadores referentes à ocupação de floresta e de área agrícola encontram-

se abrangidos pelo indicador das áreas naturais e semi-naturais, não correspondendo no entanto ao

seu somatório. Contudo, achou-se pertinente esta diferenciação devido à importância que estes dois

ecossistemas têm em Portugal Continental e ainda, devido à usual utilização como categorias de uso

do solo.

O indicador referente à ocupação da área florestal, tem como objectivo verificar a existência ou a

inexistência de um aumento deste tipo de ecossistema. Como foi dito anteriormente as áreas

florestais encontram-se descriminadas nos PDM, devendo por isso contribuir para a protecção destes

espaços.

Para a análise deste indicador recorreu-se aos dados disponibilizados pelo Projecto CORINE Land

Cover nos diferentes espaços temporais, definindo-se que a área florestal a ser contabilizada

corresponderia ao somatório das classes de terceiro nível enunciadas no Quadro 5 Anexo II. Refira-

se que, este indicador não diferencia nem o estado em que se encontra a floresta nem as espécies

que constituem a floresta.

No caso do indicador da ocupação de área agrícola recorreu-se também aos dados disponibilizados

pelo Projecto CORINE Land Cover, nos mesmos momentos temporais, definindo-se que a área

agrícola a ser contabilizada corresponderia ao somatório das classes de nível três enunciadas no

Quadro 5 Anexo II.

Os instrumentos RAN e REN são figuras obrigatórias dos PDM, com o objectivo fundamental de

protecção dos recursos naturais e do equilíbrio biológico. Por conseguinte, são estas duas figuras de

conservação que, em parte, devem ter um papel fulcral na conservação dos recursos naturais na

implementação deste plano. Por este motivo, considerou-se essencial a análise destes instrumentos

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através destes dois indicadores, dado que estes se encontram sujeitos a regulamentos próprios e

distintos.

No que diz respeito ao indicador referente ao instrumento RAN foram recolhidos, junto das entidades

competentes, os dados relativos às áreas integradas na RAN, que englobam as áreas excluídas

aquando da sua delimitação e as áreas ocupadas por usos sujeitos a parecer favorável.

Similarmente ao que acontece ao indicador anterior, para o indicador referente ao instrumento REN

foi necessário contabilizar as áreas excluídas na sequência de alterações da delimitação da REN e as

áreas respeitantes a ocupações que obtiveram autorização, junto das entidades competentes.

Inicialmente era objectivo deste indicador traçar a evolução das áreas integradas na RAN e na REN,

no entanto a maioria das entidades responsáveis por estas duas condicionantes possuem estes

dados dispersos e em formato papel, o que envolveria uma análise muito mais demorada.

Tal como foi dito anteriormente, um dos indicadores identificados que contribui para a análise da

eficácia da implementação dos PDM é o indicador que pretende traduzir a evolução das áreas

artificializadas. Com este indicador pretende-se verificar a existência ou não de artificialização de

áreas naturais ou semi-naturais.

No presente trabalho considera-se áreas ―artificializadas‖ as áreas sujeitas ao processo de

artificialização do território, que ocorre sempre que o homem transforma o espaço de acordo com as

suas necessidades e disponibilidade de recursos. Segundo Ferreira (2009), a artificialização pode ser

entendida como um processo e como um estado: processo, pois os territórios possuem uma dinâmica

própria e evoluem ao longo do tempo e do espaço, impulsionados pelas mudanças sectoriais e

institucionais que marcam o processo; e, estado, pois a artificialização é caracterizada por um

processo de satisfação das necessidades dos seus habitantes num determinado momento, ou seja,

por motivos sociais, económicos, institucionais, tecnológicos, culturais e ambientais.

Este indicador pretende analisar a evolução das áreas artificializadas utilizando nomenclatura definida

no Projecto CORINE Land Cover, que identifica como áreas artificializadas o somatório das classes

de nível três enunciadas no Quadro 5 Anexo II.

Um dos problemas associados à expansão urbana desordenada é a fragmentação de habitats, que

consiste num processo de divisão de um habitat contínuo em manchas isoladas (Ganem, Drummond,

& Franco, 2008). Segundo Araújo e Souza (2003), a fragmentação torna-se de grande importância

devido a dois efeitos associados aos ecossistemas: efeitos directos na estrutura dos ecossistemas,

que levam à redução da biodiversidade ao longo dos anos e décadas; e os efeitos indirectos

associados ao suporte da biodiversidade, representados principalmente pela desestabilização dos

recursos naturais solo e água, cujo processo evolui no sentido de degradação (NETO, 2008).

Os motivos descritos anteriormente levaram à necessidade de seleccionar como indicador ambiental

a evolução da conectividade das áreas naturais e semi-naturais, que como já foi dito anteriormente,

compreendem a maioria dos recursos naturais do território nacional. Para efectuar a análise deste

indicador seria possível utilizar software específicos para esta temática, no entanto optou-se por uma

análise genérica, baseada na observação da distribuição espacial das áreas naturais e semi-naturais,

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abrangidas pelo indicador acima enunciado, continuando, deste modo, a utilizar os dados do Projecto

CORINE Land Cover para os três diferentes momentos temporais. Esta análise foi efectuada com

base nas representações gráficas, que se encontram no Anexo VI, onde estão identificadas as áreas

naturais e semi-naturais, as áreas ardidas e as outras áreas, que englobam as áreas artificializadas e

planos de água (extensões artificiais ou naturais de água, segundo o Projecto CORINE Land Cover).

O período de análise definido para a análise dos indicadores ambientais está compreendido entre o

início da década de 90 e o ano de 2010, de modo a tornar possível a análise da implementação da

primeira geração de PDM, sendo que este período está dependente da disponibilidade de informação

necessária para a análise dos indicadores.

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39

4.3 Estudos-de-caso

A análise dos indicadores anteriormente

especificados foi efectuada em oito municípios

distintos de Portugal continental, ou seja, neste

trabalho recorreram-se a oito estudos-de-caso,

como foi anteriormente referido. Deste modo,

foram seleccionados como estudos-de-caso os

seguintes municípios (Figura 7):

Montalegre;

Figueira da Foz;

Castelo de Vide;

Oeiras;

Vila Franca de Xira;

Almodôvar;

Odemira;

Loulé.

A selecção destes oito municípios recaiu sobre as diferentes assimetrias regionais existentes em

Portugal continental. Relativamente a estas é possível identificar várias tipologias de acordo com os

vários índices ou indicadores (sociais, económicas, geográficos, políticos, acessibilidades) que

podem caracterizar Portugal. Contudo, no contexto do presente estudo optou-se por utilizar a

descrição comummente utilizada entre ―Portugal Interior‖ e ―Portugal Litoral‖ (Cravidão & Fernandes,

2003 e Ferrão, 2003). Esta dicotomia deriva de realidades passadas, que actualmente ainda são

visíveis, no entanto existe já alguma dificuldade em diferenciá-las e a delimitá-las geograficamente

(Ferrão, 2003).

Segundo os autores referenciados anteriormente, ―Portugal Interior‖ é associado fortemente à

ruralidade, à agricultura, ao subdesenvolvido, ao demograficamente repulsivo e ―Portugal Litoral‖ ao

urbanizado, ao industrializado, ao infra-estruturado e ao demograficamente dinâmico. Para o último

caso, os autores referem ainda uma zona compreendida entre as Área Metropolitana do Porto à Área

Metropolitana de Lisboa (Cravidão & Fernandes, 2003) ou as cidades de Braga e Sines (Ferrão,

2003), incluindo ainda, nos dois casos, a região algarvia.

Deste modo, e com base nos pressuposto assumidos anteriormente, para representar o ―Portugal

Litoral‖ seleccionaram-se aleatoriamente os municípios da Figueira da Foz e de Loulé. Para este

conjunto foi ainda seleccionado o município de Odemira, apesar de não se encontrar no território

definido anteriormente como ―Portugal Litoral‖. No entanto actualmente encontra-se sujeito a uma

Figura 7 – Localização dos estudos-de-caso em Portugal Continental.

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forte pressão turística e por conseguinte urbanística, o que o torna muito interessante como estudo-

de-caso.

No que se refere ao ―Portugal Interior‖ optou-se por seleccionar aleatoriamente três municípios das

regiões geográficas Norte, Centro e Sul, Montalegre, Castelo de Vide e Almodôvar, respectivamente

Para além desta dicotomia, optou-se ainda por incluir neste estudo municípios representantes das

áreas metropolitanas, seleccionando-se os municípios de Oeiras e Vila Franca de Xira. Neste último

caso a selecção não foi aleatória, visto que se optou pelo município de Vila Franca de Xira devido à

forte presença de áreas naturais e se situar na Área Metropolitana de Lisboa, e ainda devido ao facto

do seu PDM se encontrar em fase de revisão.

Nos subcapítulos seguintes é efectuado o enquadramento de cada estudo-de-caso e a respectiva

análise dos descritores e indicadores identificados anteriormente. Salienta-se previamente que os

indicadores ambientais de ocupação das áreas natural e semi-natural, florestal, agrícola e

artificializada serão analisados conjuntamente e através da sua representação gráfica. Ao contrário

dos indicadores de ocupação da área RAN e REN, e da fragmentação/conectividade das áreas

natural e semi-natural, que são analisados separadamente ao longo da análise, com base na

informação disponibilizada no Quadro 18 do Anexo V.

4.3.1 Município de Montalegre

O município de Montalegre situa-se na região Norte (NUT II), inserido na sub-região Alto Trás-os-

Montes (NUT III) de Portugal, contido numa área de 80.550,00ha, dividido em 35 freguesias.

Geograficamente este é limitado a norte pela Espanha (municípios de Lobios, Muíños, Calvos de

Randín, Baltar, Cualedro e Oímbra), a leste por Chaves, a sueste por Boticas, a sul por Cabeceiras

de Basto e Boticas, a sudoeste por Vieira do Minho e a oeste pelas Terras do Bouro.

Actualmente, este município acolhe 11.216 residentes, verificando-se, segundo o Instituto Nacional

de Estatística (INE) uma taxa de crescimento efectivo de -1,81%, concluindo-se que a população

deste município encontra-se em decréscimo. A diminuição da população residente no município de

Montalegre faz-se acompanhar também pela diminuição das famílias clássicas, no entanto tem-se

verificado o considerado aumento de edificação dos alojamentos familiares, indiciando que o sector

da construção está em crescimento, mas que o seu produto consiste, essencialmente, em

alojamentos para uso sazonal ou alojamentos que ficam vagos.

No que se refere aos indicadores económicos mais relevantes, taxa de actividade e taxa de

desemprego, verificou-se que no período de 1991 a 2001 a taxa de actividade diminuiu

consideravelmente (34,91% e 33,00%, respectivamente). No que respeita à taxa de desemprego

constataram-se duas situações distintas, nas zonas central e este, acompanhando a tendência

concelhia, registaram-se aumentos ligeiros, embora relativamente mais significativos nas freguesias a

este da sede de concelho. Nas freguesias a oeste e a sul da vila de Montalegre verificaram-se perdas

algo significativas, no entanto no caso das freguesias a sul estas perdas não são suficientes para se

encontrar abaixo da média do município (9,50%). Estudos mais recentes (2008) do INE referem que

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as taxas de actividade e de desemprego, para a região do Alto Trás-os-Montes, foram 62,70% e

12,50%, respectivamente.

Segundo o INE (2001), neste município o sector terciário albergava o maior número de empregados

(45,50%), sendo que os sectores primário e secundário albergavam aproximadamente 27,00%, cada

um, dos restantes empregados. Porém, o sector primário é o grande impulsionador da economia no

município, não só por se apresentar como o sector de maior peso na estrutura produtiva do concelho,

mas também por centralizar as actividades secundárias e terciárias na transformação e

comercialização dos produtos que resultam das actividades no âmbito do sector. Relativamente às

empresas instaladas no município, em 2008, sabia-se que existiam 0,9 empresas por km2, muito

abaixo da média nacional (11,90).

Relativamente às áreas naturais classificadas o município contém um pouco mais de 17% do Parque

Nacional da Peneda-Gerês (12.128,3ha dos 69.592,50ha do PNPG), abrangendo 11 das 35

freguesias do município. Para além do Parque Nacional criado pelo Decreto-Lei n.º 187/71 de 8 de

Maio, este município, segundo o ICNB (2008) no que diz respeito à Rede Natura 2000 possui um

Sítio de Importância Comunitária (SIC), designado por Serra da Peneda e Gerês que abrange

20.950,55ha (26,00%) do município. E, ainda, uma Zona de Protecção Especial (criada pelo Decreto-

Lei n.º 384-B/99, de 23 de Setembro) designada por Serra do Gerês, que abrange 15.559,85ha

(19,00%) do município.

O município de Montalegre contém um elevado potencial turístico derivado do património natural,

paisagístico e cultural que possui. Contudo, este, não é à partida assumido como um destino turístico

devido às condições que têm sido criadas, nomeadamente ao número reduzido de unidades de

alojamento, como também da sua qualidade e adequação ao meio onde está inserida. É possível

verificar o não aproveitamento deste potencial através do número de hóspedes nos estabelecimentos

hoteleiros, em 2008, em Montalegre, verificaram-se apenas 6.843 hóspedes, contra os 177.587 da

sub-região Alto Trás-os-Montes, e os 2.412.837 da região Norte.

Relativamente ao ordenamento do território, o município de Montalegre possui PDM desde 1995,

através Resolução de Conselho de Ministros n.º 19/95, de 8 de Março, sendo submetido a uma

alteração em 2000 e encontrando-se, desde 2005, em processo de revisão.

O PDM de Montalegre é constituído, para além dos elementos fundamentais (regulamento, plantas de

ordenamento e condicionantes), pelo relatório final, plano de financiamento, programa de execução e

planta de enquadramento, que definem os elementos complementares, e ainda pelos elementos

Anexos constituídos por quatro estudos prévios, que datam de 1992 a 1994. No âmbito dos recursos

naturais foi efectuado um estudo que se intitula de estudo físico-territoriais, que descreve e analisa as

características ambientais e usos e ocupações do solo no contexto municipal. Este tipo de estudos

tem muita importância no processo de elaboração do PDM, pois possibilita o bom conhecimento da

realidade existente sustentando assim a realização de um modelo territorial adequado à realidade e

às estratégias que se pretendem para o município. Salienta-se que nestes estudos, para além da

caracterização climática, geológica, pedológica, faunística, florística e paisagística do município, foi

efectuada uma análise dos usos e ocupações do solo para 1992, contabilizando-se assim as áreas

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referentes a cada tipologia de uso e ocupação, nomeadamente os povoamentos e usos urbanos

(2,00%), a área agrícola (22,70), a área florestal (21,10%) e os incultos (50,10%).

Segundo a alínea c) do artigo 2.º do regulamento do PDM de Montalegre um dos objectivos do

mesmo é a ―promoção de uma gestão criteriosa dos recursos naturais que assenta na salvaguarda

dos seus valores e na melhoria da qualidade de vida das populações‖. No intuito de ver cumprido

este objectivo, assim como os restantes, foram definidas diversas classes e categorias do solo no

regulamento (Quadro 6 do Anexo III). A apresentação destas no regulamento (Título II do mesmo) é

efectuada de forma clara e explícita, sendo que no caso dos espaços urbanos e espaços de

desenvolvimento turístico pode suscitar algumas dúvidas, pois não foi mantido o mesmo método de

apresentação das classes e das categorias. Quando comparadas com as apresentadas nas plantas

de ordenamento que constituem o plano, estas encontram-se concordantes com o estipulado no

regulamento.

No que diz respeito às classes e categorias que podem contribuir directamente para a conservação

dos recursos naturais identificaram-se os espaços agrícolas, os espaços florestais e os espaços

naturais – áreas de protecção natural, sujeitas a regimes próprios definidos no regulamento. Este

zonamento contribui para a identificação dos recursos naturais existentes no município, consagrando-

se assim a possibilidade de uma boa gestão dos mesmos.

No PDM em vigor são impostas as seguintes condicionantes: REN, RAN, perímetros florestais, Rede

Natura 2000, Parque Nacional da Peneda-Gerês e Albufeiras. No município de Montalegre todas as

condicionantes apresentadas possuem um regulamento próprio, sendo que algumas delas são ainda

abrangidas por outros instrumentos de gestão territorial como é o caso dos planos especiais de

ordenamento do território relativamente ao Parque Nacional da Peneda-Gerês (Resolução de

Conselho de Ministros n.º 134/95, de 11 de Novembro) e à Albufeira da Caniçada (Resolução de

Conselho de Ministros n.º 92/2002, de 7 de Maio); o plano regional de ordenamento do território da

região norte; e, ainda, os planos sectoriais das bacias hidrográficas do Douro (Decreto Regulamentar

n.º 19/2001, de 10 de Dezembro) e do Cávado (Decreto Regulamentar n.º 17/2002, de 15 de Março),

e o plano sectorial de ordenamento florestal do Barroso e Padrela (Decreto Regulamentar n.º 3/2007,

de 17 de Janeiro).

A REN e a RAN foram objecto de uma análise mais aprofundada do que as restantes condicionantes,

pois são indicadores ambientais da presente análise. No município de Montalegre a condicionante

ecológica possui uma elevada representatividade, 42,00% do território municipal, e segundo a

câmara municipal, não foi submetida a ocupações sujeitas a autorizações da entidade responsável

pela REN, nomeadamente CCDR da região Norte. A condicionante que protege os solos com melhor

potencial agrícola abrange apenas 7,00% do município e as ocupações não agrícolas a que foi sujeita

não possuem qualquer representatividade no município.

Os indicadores que traduzem a evolução da ocupação das áreas florestais, agrícolas e naturais e

semi-naturais demonstram a diminuição destas, no entanto com pouca representatividade, dado que

as áreas naturais e semi-naturais continuam a predominar o território deste município. Apesar do

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regulamento definir de forma explícita classes, cujo objectivo é de protecção dos recursos naturais,

estas áreas acabaram por diminuir apesar de não ser de forma agravante.

Salienta-se a tendência de crescimento das áreas artificializadas, apesar da taxa de crescimento

efectivo que se tem verificado neste município, sem que no entanto possua uma grande

representatividade no território, na ordem dos 0,40%.

Como é possível verificar, as áreas indicadas no estudo físico-territorias do PDM de Montalegre não

são exactamente iguais às áreas identificadas nos indicadores ambientais através dos dados do

Projecto CORINE Land Cover, o que se deve possivelmente a um método e a condições diversas.

Figura 8 – Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município de Montalegre, de 1990 a 2006.

Da análise da distribuição espacial das áreas naturais e semi-naturais (Figuras 16, 17 e 18 do Anexo

VI) verificou-se uma aparente inexistência de fragmentação das mesmas, revelando-se que as

principais barreiras físicas são as extensões artificiais de água doce (barragens do Alto Rabagão e da

Paradela) existentes no município. No entanto deve salientar-se que os dados utilizados para esta

análise não contabilizam as redes viárias, fontes importantes de fragmentação do território.

4.3.2 Município de Figueira da Foz

O município da Figueira da Foz situa-se na região Centro (NUT II), inserido na sub-região Baixo

Mondego (NUT III) de Portugal, contido numa área de 37.910,00ha, subdividido em 18 freguesias.

Geograficamente este é limitado a norte pelo município de Cantanhede, a leste por Montemor-o-

Velho e Soure, a sul por Pombal e a oeste pelo oceano Atlântico.

Actualmente, este município acolhe 63.023 residentes, verificando-se, segundo o INE uma taxa de

crescimento efectivo de -0,15%, concluindo-se que a população deste município encontra-se em

decréscimo.

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

1990 2000 2006

% n

o m

un

icíp

io

Ano

Área Artificializada

Área Florestal

Área Natural e Semi-Natural

Área Agrícola

53,49 %

- 2,66 %

- 0,39 %

- 0,77 %

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No que se refere aos indicadores económicos mais relevantes, taxa de actividade e taxa de

desemprego, no último período censitário, eram 45,60% e 7,40%, respectivamente, encontrando-se

dois casos próximo da média nacional.

O sector económico que emprega maior número de pessoas no município da Figueira da Foz é o

sector terciário, com aproximadamente 60,00% da população. É de salientar o facto de o sector

agrícola empregar apenas 5,00% da população (INE, 2003).

No que diz respeito ao turismo este apresenta um certo potencial dado do património natural que

possui, nomeadamente as praias, apresentando um número de hóspedes por estabelecimento

superior à média da região do Baixo Mondego e do Centro (106.117,00).

No município da Figueira da Foz existem três áreas naturais classificadas, o monumento natural

Cabo do Mondego (Decreto Regulamentar n.º 82/2007, de 3 Outubro) e os Montes de Santa Olaia e

Ferrestelo, que ocupam 0,10% do território do município, e ainda um SIC da Rede Natura 2000

designado por Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas, que abrande 18,00% do território municipal.

Relativamente ao ordenamento do território, para além do PDM criado em 1994, o município da

Figueira da possui os planos especiais de ordenamento do território relativamente à Orla Costeira de

Ovar – Marinha Grande (Resolução de Conselho de Ministros n.º 142/2000, de 20 de Outubro) e os

planos sectoriais da bacia hidrográfica do Mondego (Decreto Regulamentar n.º 9/2002, de 1 de

Março) e o plano sectorial de ordenamento florestal do Centro Litoral (Decreto Regulamentar n.º

11/2006, 21 de Julho).

O PDM, criado através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 42/94, tem sido sujeito a

alterações, nomeadamente através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 164/99, de 18 de

Junho, que aprovou uma alteração de pormenor do regulamento do PDM e da Deliberação n.º

1597/2009, de 20 de Maio, devido à instalação de Plataforma Logística em Vale de Murta e de uma

zona industrial da Gândara. Antes desta última alteração o PDM foi sujeito a uma suspensão parcial,

definida através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 100/2003, de 27 de Fevereiro, devido a

uma alteração significativa das perspectivas de desenvolvimento económico e social do local, que se

apresentavam incompatíveis com as opções estabelecidas para a área em causa. Actualmente,

encontra-se em processo de revisão.

O PDM da Figueira da Foz é constituído, para além dos elementos fundamentais, por um conjunto de

estudos prévios, que se faz acompanhar pelas respectivas plantas, pela lista de monumentos

nacionais, imóveis de interesse público e sítios a classificar e ainda pela planta dos espaços

periurbanos. No âmbito dos recursos naturais foi efectuado um estudo intitulado de Caracterização do

solo, subsolo e recursos naturais (1989), que abrangeu a morfologia, a climatologia, a caracterização

geológica e geotécnica, os recursos hídricos subterrâneos e superficiais, a caracterização pedológica,

o ambiente e a poluição (qualidade do ar e dos recursos hídricos), o uso actual do solo, o património

natural, construído e arqueológico, os condicionamentos actuais ao uso do solo, as servidões e

restrições administrativas, os condicionamentos ecológicos e os solos agrícolas a defender.

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No regulamento do PDM do município da Figueira da Foz não é definido especificamente o objectivo

que motivou a sua elaboração. Contudo são apontados os objectivos para as ―servidões

administrativas e outras restrições de utilidade pública ao uso dos solos‖, sendo as que possuem uma

influência directa sobre os recursos naturais: a REN, a RAN, a protecção à exploração de pedreiras,

restrições ao uso das áreas do domínio público hídrico, a protecção às áreas florestais e das diversas

espécies e a protecção ao solo arável. Na identificação destas condicionantes são apontados como

objectivos a preservação do meio ambiente e do equilíbrio ecológico, da estrutura da produção

agrícola e do coberto vegetal, e das linhas de água e de drenagem natural.

No município da Figueira da Foz a REN abrange quase 60,00% do território, o que traduz o elevado

potencial do património natural deste município que necessita de ser salvaguardado. No caso da REN

não foi possível identificar as áreas ocupadas por construções sujeitas a autorização, que poderia

transmitir a eficácia deste instrumento na conservação dos recursos naturais. No que diz respeito à

RAN, esta representa 22,00% do município e actualmente apenas 1,00% desta se encontra ocupada

por construções não agrícola sujeitas a autorização.

Segundo o mesmo regulamento, o território classifica-se, para efeitos de ocupação, uso e

transformação, nas classes e categorias enunciadas no Quadro 7 do Anexo III. O zonamento do

território através de áreas especificamente associadas aos recursos naturais favorece a sua

conservação. Com este objectivo foram identificadas os espaços naturais e de protecção I e II, os

espaços agrícolas I e II e os Espaços Florestais, que são sujeitas a usos especificados no próprio

regulamento. Estas classes encontram-se legendadas nas plantas de ordenamento do município da

Figueira da Foz, no entanto algumas das restantes categorias não se encontram representadas e

algumas classes, como é o caso dos espaço urbanos e urbanizáveis de expansão, estão aglutinadas,

podendo dificultar a sua análise e criar espaços para dúvidas.

Apesar de no regulamento estarem definidas classes que têm como objectivo a preservação do

ambiente, os indicadores ambientais de ocupação das áreas agrícolas e naturais e semi-naturais

traduzem uma diminuição na ordem dos 2,00%, ao contrário do espaço florestal que assinala um

aumento, mas pouco significativo. No entanto salienta-se a ainda predominância dos espaços

naturais e semi-naturais neste município. Contrariamente a estas áreas, encontra-se o crescimento

das áreas artificializadas na ordem dos 30,00%, apesar da taxa de crescimento efectivo ser negativa.

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Figura 9 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município de Figueira da Foz, de 1990 a 2006.

Da análise da distribuição espacial das áreas naturais e semi-naturais (Figuras 19, 20 e 21 do Anexo

VI) verificou-se a expansão das áreas artificializadas, sendo que ainda não se verificou o corte da

conectividade entre elas. Neste caso deve-se ainda salientar a dispersão das áreas artificializadas, o

que em certa medida futuramente poderá provocar problemas de fragmentação, se a expansão

urbanística não for controlada. Esta conclusão baseia-se numa análise que não foi tido em conta a

rede viária do município.

4.3.3 Município de Castelo de Vide

O município de Castelo de Vide situa-se na região Alentejo (NUT II), inserido na sub-região Alto

Alentejo (NUT III) de Portugal, contido numa área de 26.490,00ha, subdividido em 4 freguesias.

Geograficamente este é limitado a oeste por Marvão, a sul pelo município de Portalegre, a sudoeste

pelo município do Crato, a oeste e noroeste pelo município de Nisa e a nordeste por Espanha, tendo

o rio Sever como linha de fronteira.

Actualmente, este município acolhe aproximadamente 3.700 residentes, verificando-se, em 2008,

segundo o INE uma taxa de crescimento efectivo de -1,02%, concluindo-se que a população deste

município encontra-se em decréscimo.

Segundo o INE (2001), neste município o sector terciário alberga o maior número de empregados

(69,40%), sendo que os sectores primário e secundário albergam aproximadamente 7,40 e 38,00%,

respectivamente, dos restantes empregados.

No que se refere aos indicadores económicos mais relevantes, taxa de actividade e taxa de

desemprego, no último período censitário, eram 40,80% e 5,80%, respectivamente, encontrando-se

dois casos abaixo da média nacional.

Para além do património cultural e arquitectónico que caracteriza este município, este possui um

património natural muito diversificado. Com o intuito de o proteger foi criado o Parque Natural da

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

1990 2000 2006

% n

o m

un

icíp

io

Ano

Área Artificializada

Área Florestal

Área Natural e Semi-natural

Área Agrícola

31,99 %

- 2,31 %

0,28 %

- 1,55 %

Page 61: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

47

Serra de São Mamede, através do Decreto-Lei n.º 121/89, de 14 Abril, que ocupa 62,40% do

município, e classificado como SIC - Nisa/Lage da Prata uma pequena área do município (0,69ha).

O município de Castelo de Vide devido ao património cultural e natural que possui apresenta um

elevado potencial turístico que tem vindo a ser explorado, apresentando um número de hóspedes por

estabelecimento turístico (24.145,00) muito acima da média do Alto Alentejo e do Alentejo.

Relativamente ao ordenamento do território, o município de Castelo de Vide possui PDM desde 1997,

através Resolução de Conselho de Ministros n.º 126/97, de 30 de Julho, sendo submetido a uma

alteração, em 1999, (Resolução de Conselho de Ministros n.º 108/99, de 25 de Setembro) e a uma

rectificação, em 2010 (Edital n.º 37/2010, de 19 de Janeiro), devido a uma alteração da delimitação

da REN, levando à alteração da planta de condicionantes do PDM. Actualmente, encontra-se na fase

inicial do processo de revisão.

O PDM de Castelo de Vide é constituído, para além dos elementos fundamentais, pelos elementos

complementares, estabelecidos pelo relatório e pela planta de enquadramento e pelos elementos

Anexos que englobam os estudos de caracterização biofísica e urbanística, sócio-demográfica, da

estrutura produtiva e das finanças municipais e das servidões e restrições de utilidade pública, e as

respectivas plantas. Os estudos de caracterização biofísica (1995) incidiram sobre a descrição do

clima, do relevo, da geologia, da pedologia, da geomorfologia, da fisiografia do território, bem como a

descrição detalhada dos constituintes da REN e da RAN e a caracterização resumida do património

natural e paisagístico do município. A juntar a estes estudos foi ainda efectuado um estudo do risco

de incêndio, importante na conservação dos recursos florestais e de todos os recursos a eles

associados.

No regulamento do PDM do município de Castelo de Vide não é definido especificamente o objectivo

que motivou a sua elaboração. Neste são identificadas as ―servidões e restrições de utilidade

pública‖, sendo as que possuem uma influência directa sobre os recursos naturais são o domínio

hídrico público, areias dos rios, pedreiras, REN, RAN, parques e reservas, montados de azinho e de

sobro e eucalipto e pinheiro-bravo. Salienta-se o facto das servidões e restrições de utilidade pública

se encontrarem em parte agrupadas por tipologia de recurso natural, nomeadamente hídrico e

mineral, sem que contudo se tenha continuado com este método ao longo da sua identificação no

regulamento.

No que se refere aos restantes instrumentos de gestão territorial possui os planos especiais de

ordenamento do território relativamente ao Parque Natural da Serra de São Mamede (Resolução de

Conselho de Ministros n.º 77/2005, de 21 de Março) e à Albufeira da Póvoa e Meadas (Resolução de

Conselho de Ministros n.º 37/98, 9 de Março); e os planos sectoriais das bacias hidrográficas do Tejo

(Decreto Regulamentar n.º 18/2001, de 7 de Dezembro) e o plano sectorial de ordenamento florestal

do Alto Alentejo (Decreto Regulamentar n.º 37/2007, de 3 de Abril).

No regulamento a identificação das classes e categorias utilizadas para efeitos de ocupação, uso e

transformação, enunciadas no Quadro 8 do Anexo III, encontram-se claras e explícitas, facilitando a

Page 62: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

48

sua compreensão e percepção. Neste conjunto encontram-se as três classes com objectivos

específicos de protecção dos recursos naturais: os espaços naturais, agrícolas e florestais.

O modelo espacial de Castelo de Vide traduzido nas plantas de ordenamento encontra-se em duas

escalas diferentes, uma mais pormenorizada das áreas urbanas (1:5000), onde se identificam todas

as classes e categorias, e uma menos pormenorizada (1:25.000) de todo o município, onde se

excluem os espaços urbanos e urbanizáveis.

Os indicadores ambientais representados na Figura 10 traduzem a manutenção da representatividade

das áreas artificializadas e naturais e semi-naturais, apesar destas últimas apresentarem uma

pequena tendência de crescimento. Na temática das áreas naturais e semi-naturais salienta-se ainda

o crescimento na ordem dos 5,00% da área florestal e a diminuição na ordem do 1,00% das áreas

agrícolas. Deve-se ainda referir a diminuição das áreas artificializadas, no entanto numa taxa muito

reduzida, e com uma representatividade muito baixa.

Figura 10 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município de Castelo de Vide, de 1990 a 2006.

Com base na distribuição das áreas naturais e semi-naturais (Figuras 22, 23 e 24 do Anexo VI) pode-

se concluir que o município não possui aparentemente problemas de fragmentação em grande

escala, revelando-se que a principal barreira física é extensão artificial de água doce (barragem da

Póvoa e Meadas) existentes no município. Contudo deve-se ter em conta que não foram

consideradas as redes viárias do município.

4.3.4 Município de Oeiras

O município de Oeiras situa-se na região Grande Lisboa (NUT II), inserido na sub-região Lisboa (NUT

III) de Portugal e na Área Metropolitana de Lisboa, contido numa área de 4.580,00ha, subdividido em

10 freguesias. Este situa-se na margem direita do estuário do Tejo e é limitado a norte pelos

municípios de Sintra e Amadora, a leste por Lisboa, a oeste por Cascais e a sul a costa na zona da

foz do rio Tejo, onde o estuário termina e começa o oceano Atlântico.

A sede de concelho é a vila de Oeiras, que com aproximadamente 35.000 habitantes é uma das mais

populosas em Portugal. Este pequeno município, segundo o INE, em 2008, possuía 172.609

0,000%

20,000%

40,000%

60,000%

80,000%

100,000%

1990 2000 2006

% n

o m

un

icíp

io

Ano

Área Artificializada

Área Florestal

Área Natural e Semi-Natural

Área Agrícola

0,53 %

- 1,41

5,41 %

-0,03%

Page 63: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

49

residentes, o que corresponde a uma densidade populacional de 3.758,1 número de habitantes por

km2 e uma taxa de crescimento efectivo de 0,32%, acima da média portuguesa (0,08%).

No município de Oeiras verificou-se, no último período censitário, um aumento de 16,90% dos

alojamentos e um abrandamento deste crescimento até 2007. Em 2001, aproximadamente 99,00%

dos alojamentos eram do tipo familiares clássicos, sendo que 80,00% destes eram residência habitual

e 10,00% alojamento de uso sazonal ou secundário. Contrariamente ao que acontece geralmente em

Portugal, no município de Oeiras existem mais residências habituais e menos residências de usos

sazonal e secundário.

No que diz respeito aos indicadores económicos mais relevantes, o município de Oeiras, em 2001,

apresentava uma taxa de actividade de seis pontos percentuais superior à média nacional (48,10%) e

uma taxa de desemprego semelhante à nacional (7,00%).

Este município, pertencente à Área Metropolitana de Lisboa (AML), emprega no sector terciário a

maioria da população empregada (82,00%), caracterizando-se assim por um município com elevado

dinamismo empresarial, a que corresponde a elevada densidade de empresas no seu município

(501,70 empresas/km2). O sector primário não atinge nem um ponto percentual de população

empregada.

O município de Oeiras insere-se na Costa do Estoril e Sintra, caracterizando-se por um clima

temperado marítimo adequado a actividades ao ar livre e aquáticas, o que juntando ao património

cultural e natural dos municípios da envolvente levam a um elevado potencial turístico, que se traduz

num elevado número de hóspedes em estabelecimentos hoteleiros (115.618,00), relativamente à

média de hóspedes em estabelecimentos hoteleiros nos restantes municípios da Grande Lisboa,

exceptuando a capital (75.474,67).

Apesar de alguns municípios na envolvente do Oeiras possuírem algumas zonas classificadas, este

não apresenta nenhuma, caracterizando-se actualmente por um território de características

marcadamente urbanas, realçando-se entre os restantes municípios portugueses como um pólo de

desenvolvimentos notavelmente próspero.

Relativamente ao ordenamento do território, o município de Oeiras possui PDM desde 1994, através

Resolução de Conselho de Ministros n.º 15/94, de 22 de Março, sendo submetido a uma alteração em

1995 (Resolução de Conselho de Ministros n.º 65/95, de 6 de Julho) e encontrando-se, desde 2004,

em processo de revisão (CM Oeiras, 2004) e, actualmente, na fase de estudos de caracterização do

município (CCDR-LVT, 2010).

O PDM de Oeiras é constituído pelos elementos essenciais ao PDM, que datam de Maio de 1993 e

ainda pelos seguintes elementos complementares: o Relatório, a Planta de Enquadramento Regional,

a Planta da Situação Existente, a Planta de Equipamentos Colectivos, as Plantas da Estrutura Viária

e Infra-Estruturas de Urbanização e a Planta da Estrutura Verde Principal, que datam de Outubro de

1993. Como elementos Anexos que acompanham o PDM foram realizados os estudos de

caracterização e levantamento, que se encontram enumerados no Anexo III do respectivo

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50

regulamento, no entanto nenhum relacionado especificamente com um levantamento e descrição dos

recursos naturais presentes do município.

Segundo as alíneas a) e b) do artigo 8.º do regulamento do PDM de Oeiras dois dos objectivos do

mesmo é a ― ocupação equilibrada do território‖ e a ―protecção do meio ambiente e a salvaguarda do

património paisagístico, histórico e cultural enquanto valores de fruição pelos munícipes e base de

novas actividades económicas‖. As estratégias apontadas no regulamento não passam especifica e

directamente pela conservação dos recursos naturais, mas por situações que a influencia, como

controle do crescimento habitacional, a organização da rede urbana e a criação das infra-estruturas,

equipamentos e áreas verdes necessários à preservação do meio ambiente e à melhoria da

qualidade de vida das populações.

No intuito de ver cumprido o objectivo referido, assim como os restantes não referenciados, foram

definidas diversas classes de espaços referentes aos usos do solo (Quadro 9 do Anexo III). De um

modo geral o zonamento que surge desta classificação e qualificação do solo beneficia a

conservação dos recursos naturais, no entanto o município de Oeiras cria uma classe de espaços

naturais e protecção, cujo objectivo é privilegiar a defesa dos mesmos, e a salvaguarda dos valores

paisagísticos e urbanísticos, visando a contenção da estrutura urbana. Para além desta classe, que

expressa claramente o objectivo de conservar os recursos naturais presentes no município, foram

constituídas as classes do espaço de equilíbrio ambiental e o espaço semi-rural, e ainda a figura da

estrutura verde, sendo que até à data de elaboração do PDM não existia a obrigatoriedade da sua

elaboração, mostrando uma certa preocupação do corpo camarário em relação a estas problemáticas

ambientais.

A estrutura verde é mencionada no regulamento na secção das áreas de intervenções sectoriais,

identificando-se nesta as medidas a efectuar em determinadas áreas suas constituintes,

nomeadamente as linhas de água, os solos desafectados da RAN e as áreas dos espaços naturais e

de protecção. Contudo, não é referenciado em nenhum momento no regulamento as áreas que a

constituem. Estas apenas são possíveis de identificar na Planta da Estrutura Verde e no relatório,

nomeadamente a REN, a RAN, a área de enquadramento e protecção, a estação agronómica

nacional, o parque urbano da serra de Carnaxide, o complexo de Golfe, o complexo desportivo do

vale do Jamor, a estrutura verde urbana, as quintas ou estruturas ambientais e as áreas de protecção

de linhas de águas sujeitas a estudos específicos. Com base nesta planta é possível identificar quatro

corredores verdes axiais, no entanto é de salientar que as áreas de reserva agrícola aparentam estar

isoladas e que o único corredor transversal que existe está associada a uma rede viária. A descrição

dos objectivos e da metodologia de definição da Estrutura Verde é identificada no capítulo Ambiente

do relatório que acompanha o regulamento do PDM.

No mesmo regulamento são identificadas as ―servidões e restrições de utilidade pública‖, sendo que

no caso do município de Oeiras são apenas de influência directa sobre os recursos naturais: o

domínio hídrico público, REN e RAN. No entanto, segundo a CCDR-LVT, a REN de Oeiras não se

encontra publicada, levando a que a REN que se encontra na planta de condicionantes seja apenas

de carácter indicativo.

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51

No regulamento do PDM de Oeiras está prevista uma avaliação deste com o intuito de apreciar o

desenvolvimento do modelo e objectivos nele estabelecidos, compreendendo, entre outras, a recolha

de informação relativa à actuação dos órgãos e serviços municipais, a elaboração do balanço anual

do PDM e a proposta das medidas necessárias à execução e eventual rectificação do processo, bem

como das revisões e alterações deste instrumento. Neste sentido foi efectuada uma avaliação do

PDM, realizada em 2000, e aprovada em Reunião de Câmara em Março de 2003, que como grande

preocupação, em termos ambientais, ―o espaço público, principalmente no que se refere à sua

qualificação, entendendo-se por esta, não só a libertação efectiva de resíduos por processos que

foram evoluindo, como o ordenamento paisagístico, tendo-se atingido 7,40% do território urbano em

espaços verdes de diversos tipos, o que permitiu atingir 21,00m2 por habitante, em 2000‖ (CM Oeiras,

2004).

No que se refere aos restantes instrumentos de gestão territorial possui o plano regional de

ordenamento do território da AML, os planos sectoriais das bacias hidrográficas do Tejo (Decreto

Regulamentar n.º 18/2001, de 7 de Dezembro) e das Ribeiras do Oeste (Decreto Regulamentar n.º

26/2002, de 5 de Abril) e o plano sectorial de ordenamento florestal da AML (Decreto Regulamentar

n.º 15/2006, de 19 de Outubro).

Após a apresentação e análise descritores são abordados os indicadores ambientais, que tentam

traduzir o estado dos recursos naturais, neste caso no município de Oeiras. Como é possível verificar

através do gráfico representado a Figura 11, este município foi sujeito a um crescimento das áreas

artificializadas desde 1990, ao contrário do que objectivado em 1994 através do PDM. Como seria de

esperar o aumento destas áreas artificializadas (67,49%) levou a uma diminuição dos espaços

naturais e semi-naturais do município (-45,15%), nomeadamente das áreas agrícolas (-63,96%), que

anteriormente predominavam esta região. Esta inversão da dominância de áreas agrícolas para áreas

artificializadas sugere a não eficácia dos PDM relativamente a este recurso, dada a impossibilidade

de contenção do crescimento habitacional. Esta facto pode-se dever a não existência de uma classe

específica de solos que protega este tipo de recurso, para além da condicionante RAN. Esta

condicionante também não possui uma elevada representatividade no município (7,00% da área do

município) e foi sujeita a algumas ocupações sujeitas a parecer favorável com uma

representatividade residual.

A área florestal, pelo menos desde 1990, nunca possuiu grande representatividade no município,

apesar da elevada importância que esta constitui para o ambiente, e consequentemente para a

qualidade de vida dos cidadãos.

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52

Figura 11 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município de Oeiras, de 1990 a 2006.

No que diz respeito ao indicador que traduz a evolução da fragmentação no município de Oeiras foi

possível verificar a fragmentação das áreas naturais e semi-naturais provocadas pela expansão das

áreas artificializadas. Para além deste facto é possível verificar, através dos mapas apresentados nas

Figuras 25, 26 e 27 do Anexo VI, dois aspectos que merecem destaque: o aparecimento, em 2000,

de um novo corredor de áreas naturais e semi-naturais junto à costa e o desaparecimento, no mesmo

ano, de um corredor que liga a zona costeira ao interior, sendo que este último encontra-se

representado na estrutura verde principal como seu constituinte.

4.3.5 Município de Vila Franca de Xira

O município de Vila Franca de Xira situa-se na região Grande Lisboa (NUT II), inserido na sub-região

Lisboa (NUT III) de Portugal e na AML, contido numa área de 31.770,0ha, subdividido em 11

freguesias. Geograficamente este é limitado a norte pelos municípios de Alenquer e Azambuja, a

leste por Benavente, a sul pelo estuário do Tejo, a sudoeste por Loures e a noroeste por Arruda dos

Vinhos.

Este município é atravessado longitudinalmente pelo Rio Tejo, que constitui uma importante barreira

natural e condicionante do território. O rio, as lezírias e ou mouchões representam uma importante

unidade paisagística, de relevo praticamente plano e sem edificação. Esta unidade é contrastada a

poente com uma faixa adjacente, atravessada por diversos corredores e com uma densa ocupação

industrial. A oeste desta faixa existe uma importante área serrana, com aglomerados urbanos de

pequena dimensão, quintas e casas. Deste modo, o município de Vila Franca de Xira é

essencialmente um espaço canal de acesso à capital, atravessado por importantes infra-estruturas

rodoviárias e ferroviárias e, ainda, por diversas infra-estruturas de abastecimento a Lisboa.

Actualmente, este município acolhe 114.123 residentes, verificando-se, segundo o INE uma taxa de

crescimento efectivo de 1,47 %, a maior entre os casos de estudo, mantendo-se superior à média

nacional (0,08%).

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

1990 2000 2006

% n

o m

un

icíp

io

Ano

Área Artificializada

Área Florestal

Área Natural e Semi-Natural

67,49 %

- 45,15 %

- 63,96 %

301,11 %

Page 67: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

53

No que se refere aos indicadores económicos mais relevantes, o município de Vila Franca de Xira,

em 2001, apresentava uma taxa de actividade de oito pontos percentuais superior à média nacional

(48,10%) e uma taxa de desemprego semelhante à nacional.

Segundo os últimos dados censitários constatou-se que a maioria da população activa do município

de Vila Franca de Xira esta afecta ao sector terciário (70,00%), face aos sectores primário (1,00%) e

secundário (29,00%). Relativamente ao sector terciário, cerca de 38,00% dos activos estão afectos a

serviços sociais, enquanto que os restantes 62,00% estão afectos a serviços relacionados com as

actividades económicas. Relativamente às empresas sediadas em Vila Franca de Xira verificou-se,

em 2008, 39,60 empresas por km2, muito abaixo da densidade de empresas verificada na região da

grande Lisboa (190,30).

O município de Vila Franca de Xira contém um elevado e diversificado património natural,

arquitectónico e cultural, constituindo uma vantagem para a proliferação do turismo. Contudo, este,

não é à partida assumido como um destino turístico devido às condições que têm sido criadas,

nomeadamente ao número reduzido de unidades de alojamento, como também da sua qualidade e

adequação ao meio onde está inserida.

Relativamente às áreas naturais classificadas o município contém um pouco mais de 52,40% da

Reserva Nacional do Estuário do Tejo (7.443,70ha dos 14.192,40ha da RNET), abrangendo 2 das 11

freguesias do município, ocupando 23,40% do território municipal. Para além da RNET criado pelo

Decreto-Lei n.º 565/76, de 19 de Julho, este município, segundo o ICNB (2008) no que diz respeito à

Rede Natura 2000 possui um Sítio de Importância Comunitária (SIC), designado por Estuário do Tejo

que abrange 40,00% do município. E, ainda, uma Zona de Protecção Especial (criada pelo Decreto-

Lei n.º 280/94, de 5 de Novembro, com revisão dos limites em 1997) designada por Estuário do Tejo,

que abrange 40,00% do município.

Relativamente ao ordenamento do território, o município de Vila Franca de Xira possui PDM desde

1993, através Resolução de Conselho de Ministros n.º 16/93, de 17 de Março, tendo sido alterado por

deliberação da Assembleia Municipal, a 15 de Dezembro de 2000, publicada no Diário da República II

Série, n.º 201, de 30 de Agosto de 2001 e parcialmente suspenso através da Resolução de Conselho

de Ministros n.º 43/2004, publicada no Diário da República, I Série – B, n.º 78, de 1 de Abril de 2004,

no âmbito da construção do Novo Hospital de Vila Franca de Xira. Recentemente foi alvo de nova

suspensão parcial com o estabelecimento de medidas preventivas pela Resolução de Conselho de

Ministros n.º 13/2007, publicada no Diário da República, I Série – n.º 17, de 14 de Janeiro de 2007,

para permitir a implantação da Plataforma Logística de Castanheira do Ribatejo.

Após o processo de revisão a que foi sujeito, o PDM de Vila Franca de Xira foi publicado na 2.ª Série

do Diário da República n.º 224, de 18 de Novembro de 2009.

Segundo o regulamento do PDM de Vila Franca de Xira de 1993 um dos objectivos do mesmo era a

promoção de uma gestão criteriosa dos recursos naturais que assente na salvaguarda dos seus

valores e na melhoria da qualidade de vida das populações. Este era constituído pelos elementos

obrigatórios e ainda pelos estudos prévios, datados do início da década de 90, que abrangiam dez

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54

temáticas diferentes. Entre estes encontra-se o estudo sobre o subsolo, os recursos hídricos o solo e

a paisagem identificando-se e analisando-se alguns dos recursos naturais no município.

No que diz respeito às condicionantes identificadas no PDM de Vila Franca de Xira, com o objectivo

de proteger os diversos recursos naturais, estas encontram-se divididas no condicionamento do

domínio hídrico público, nos condicionamentos ecológicos (REN), nos condicionamentos resultantes

da protecção do solo para fins agrícolas (RAN), nos condicionamentos decorrentes da protecção da

Reserva Natural do Estuário do Tejo e da ZPE para a conservação da avifauna e nas servidões de

exploração de inertes. A memória descritiva que acompanha o PDM clarifica a importância vital para

a região a definição destes condicionamentos, pois eles contribuem para a salvaguarda de bens

naturais e estratégicos.

A nível dos usos do solo apontados, não existiu uma definição específica da classificação e

qualificação do solo, apresentando-se apenas de um modo pouco explícito as seguintes áreas: áreas

urbanas, áreas urbanizáveis, áreas industriais, áreas rurais (constituídas, por áreas destinadas a fins

agrícolas, área agrícola da lezíria norte, área agrícola da lezíria sul, mouchões e margem direita do

Tejo, área de policultura, área de silvo-pastorícias, área florestal e áreas destinadas à indústria

extractiva) e os grandes equipamentos.

Após a revisão, o novo PDM (2009) aponta como objectivo geral ―estabelecer um ordenamento

adequado e equilibrado que seja articulado com os municípios vizinhos evitando descontinuidades

territoriais‖ em ―articulação com instrumentos de gestão territorial hierarquicamente superiores que

abrangem o Município‖. Comparativamente com o PDM anterior, este tem uma menor incidência na

salvaguarda dos recursos naturais, abrangendo temáticas mais relacionadas com actividades

económicas e descontinuidades territoriais que caracterizam o município.

Na preparação deste PDM, o município apostou num estudo aprofundado das diferentes

características do concelho, com início em 2004, abordando-se nove temáticas diferentes. Os

aspectos biofísicos foram abordados no caderno das características biofísicas, nomeadamente a

climatologia, a fisiografia, o uso do solo, a fauna e a flora. Neste caderno, foram também alvo de

abordagem o património natural do município, as unidades de paisagem e as disfunções ambientais,

ou potenciais disfunções ambientais, com o intuito de encontrar estratégias de minoração dos seus

impactos. A recolha e análise desta informação podem tornar-se de grande importância na

conservação dos recursos naturais, fornecendo suporte para a definição de um modelo territorial que

se adeqúe a este objectivo.

Para além destes estudos prévios organizados em nove cadernos diferentes e dos elementos

fundamentais do PDM, este é acompanhado ainda pelo relatório de proposta e as respectivas peças

desenhadas, o programa de execução e plano de financiamento, o mapa de ruído, a carta educativa,

relatório ambiental e o relatório de ponderação da discussão pública.

Ao contrário das classes de solo apresentadas no PDM anterior, esta revisão, assim como a entrada

de nova legislação, levou a uma nova definição das diversas classes e categorias do uso do solo

(Quadro 10 do Anexo III), apresentadas de forma clara e explícita. Neste caso as categorias

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55

directamente relacionadas com a salvaguarda dos recursos naturais são os espaços agrícolas,

florestais e naturais. Para além das categorias enunciadas o PDM identifica a estrutura ecológica

municipal (EEM), que é constituída pelos solos classificados como Espaços Agrícolas de Produção

Tipo I e Tipo II, Espaços Florestais, Espaços Naturais, Espaços de Indústria Extractiva e Solos

Afectos à Estrutura Ecológica Urbana e as restantes áreas integradas na Reserva Ecológica Nacional

que não são abrangidas pelos solos classificados nas categorias mencionadas anteriormente. Para

além da EEM foi realizada a estrutura ecológica urbana, específica da classe de solos urbanos, com

particular incidência nas zonas ribeirinhas, ao longo das linhas de água, zonas inundáveis, áreas de

risco geotécnico desaconselháveis a construção, áreas de protecção a infra-estruturas e espaços

diversos integrados em perímetro urbano.

No que diz respeito às condicionantes identificadas no PDM em vigor deve-se salientar a divisão

efectuada em recursos agrícolas e florestais, recursos ecológicos, recursos hídricos e recursos

geológicos, e outros pontos que não possuem interesse para esta temática. Este modo de

abordagem torna-se interessante, pois evidencia a necessidade de condicionar a utilização destes

recursos. Especificamente as condicionantes definidas neste novo PDM são a RAN, obras de

aproveitamento hidroagrícola, perímetros florestais percorridos por incêndios, árvores e arvoredo de

interesse público, REN, áreas protegidas, Rede Natura 2000, domínio hídrico público, zonas

inundáveis, águas minerais naturais, pedreiras licenciadas em actividade e áreas cativas e de

reserva.

No que se refere aos restantes instrumentos de gestão territorial possui o plano especial de

ordenamento do território relativamente à Reserva Natural do Estuário do Tejo (Resolução de

Conselho de Ministros n.º 177/2008, de 24 de Novembro), o plano regional de ordenamento do

território da AML; e, ainda, os planos sectoriais da bacia hidrográficas do Tejo (Decreto Regulamentar

n.º 18/2001, de 7 de Dezembro) e de ordenamento florestal da AML (Decreto Regulamentar n.º

15/2006, de 19 de Outubro).

Como é possível verificar através dos indicadores representados na Figura 12, houve uma redução

das áreas naturais e semi-naturais, incluindo das áreas florestais e agrícolas. No entanto mantém-se

a predominância das áreas naturais e semi-naturais sobre as áreas artificializadas, que se deve em

parte ao facto de grande parte do território municipal estar classificado como Reserva Natural e

pertencer à Rede Natura 2000.

A grande representatividade de rede ecológica e agrícola nacional (60,00% e 52,00%,

respectivamente) no município aparenta não ter sido suficiente para a manutenção das áreas naturais

e semi-naturais, florestais e agrícolas, relativamente ao aumento das áreas artificializadas. O elevado

crescimento destas áreas deve-se possivelmente ao crescimento populacional que caracteriza este

município, no entanto a sua representatividade é inferior às restantes, excepto no caso das áreas

florestais.

Page 70: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

56

Figura 12 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município de Vila Franca de Xira, de 1990 a 2006.

A fragmentação das áreas naturais e semi-naturais no município de Vila Franca de Xira, segundo as

Figuras 28, 29 e 30 do Anexo VI, aparenta ter sofrido um ligeiro aumento, pelo menos em grande

escala, apesar do aumento das áreas artificializadas, pois este aumento verificou-se em torno de um

eixo já muito artificializado. Contudo deixou de existir conectividade no eixo transversal, que seria de

uma relativa relevância, pois unia dois tipos de habitats diversos.

4.3.6 Município de Almodôvar

O município de Almodôvar situa-se na região Alentejo (NUT II), inserido na sub-região Baixo Alentejo

(NUT III) de Portugal, contido numa área de 77.790,00ha, subdividido em 8 freguesias. Encontra-se

situado entre a Serra do Caldeirão e a planície alentejana e é limitado a norte pelo município de

Castro Verde, a leste por Mértola, a sul por Loulé, a sudoeste por Silves e a oeste e noroeste por

Ourique.

Actualmente, este município acolhe 7.045 residentes, verificando-se, segundo o INE uma taxa de

crescimento efectivo de -2,15 %, a mais baixa entre os casos de estudo, factor típico das zonas rurais

do interior.

No que se refere aos indicadores económicos mais relevantes, o município de Almodôvar, em 2001,

apresentava uma taxa de actividade muito inferior à média nacional (48,10%), na ordem dos dez

pontos percentuais, e uma taxa de desemprego superior à nacional (7,50%).

Segundo os últimos dados censitário constatou-se que 50% da população empregada do município

integra o sector terciário e os outros 50,00% estão divididos entre o sector primário e secundário,

sendo que destes apenas 14,00% da população empregada se encontra no sector primário.

Relativamente às áreas naturais classificadas no município de Almodôvar não se encontra

classificada nenhuma área protegida. Contudo, no que diz respeito à Rede Natura 2000 possui dois

Sítios de Importância Comunitária (SIC), designados por Serra do Caldeirão e Guadiana que

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

1990 2000 2006

% n

o m

un

icíp

io

Ano

Área Artificializada

Área Florestal

Área Natural e Semi-natural

Área Agrícola

- 4,68 %

- 5,53 %

98,03 %

- 4,42 %

Page 71: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

57

abrangem 10.313,52ha e 2.095,94ha do município, respectivamente, 16,00% do território municipal

no total. E, ainda, duas Zona de Protecção Especial designadas por Caldeirão e Piçarras, que

abrangem 10308,16ha e 304,89ha do município, aproximadamente, 14,00% do território municipal no

total.

O município de Almodôvar contém um diversificado património natural e arquitectónico, constituindo

uma vantagem para a proliferação de turismo em espaço rural. Contudo, este, não é à partida

assumido como um destino turístico devido às condições que têm sido criadas.

Relativamente ao ordenamento do território, o município de Almodôvar possui os planos sectoriais

das bacias hidrográficas do Guadiana (Decreto-Lei n.º 16/2001, de 5 de Dezembro), do Mira

(Decreto-Lei n.º 5/2002, de 2 de Fevereiro) e das Ribeiras do Algarve (Decreto-Lei n.º 12/2002, de 9

de Março) e de ordenamento florestal do Baixo Alentejo (Decreto-Lei n.º 18/2006, de 20 de Outubro).

Para além destes instrumentos de gestão territorial, possui PDM desde 1998, através Resolução de

Conselho de Ministros n.º 13/98, de 27 de Janeiro. Este plano é constituído, para além dos elementos

fundamentais, pelos estudos prévios que abrangem oito áreas temáticas e datam do início da década

de 90, e ainda um relatório final, onde são explicitadas as estratégias de desenvolvimento do

município e a justificação do ordenamento municipal. Num dos estudos prévios é efectuada a

caracterização física e do património natural do município, nomeadamente no que se refere à flora,

tendo sido efectuados diversos levantamentos nesta área.

Segundo o regulamento do PDM de Almodôvar um dos objectivos deste é a promoção de uma gestão

criteriosa dos recursos naturais que assente na salvaguarda dos seus valores e na melhoria da

qualidade de vida das populações. No intuito de ver cumprido estes objectivos foram definidas

diversas classes e categorias do uso do solo identificadas no Quadro 11 do ANEXO III, identificando-

se com mais importantes para a preservação dos recursos naturais: os espaços agrícolas, espaços

florestais e espaços de protecção e valorização ambiental.

No regulamento as classes e categorias não são apresentadas de forma explícita e clara, perdendo-

se a noção de quais são as classes e de quais são as categorias. Para além deste facto estas não

são concordantes com a legenda apresentada nas plantas de ordenamento.

No PDM em vigor são identificados ―condicionamentos, servidões e restrições‖, sendo as que

possuem uma influência directa sobre os recursos naturais o domínio hídrico público, a REN, e a

RAN. No que diz respeito ao indicador da área classificada como RAN, este município possui uma

área reduzida na ordem dos 0,12%, que segundo a entidade regional para a RAN nunca foi sujeita a

ocupações não agrícolas. No que se refere à REN, a sua representatividade é muito superior, na

ordem dos 60,00%, tendo sido residualmente ocupada por construções sujeitas a autorização.

No caso do município de Almodôvar os indicadores ambientais referentes, às áreas naturais e semi-

naturais, agrícolas, florestais e artificializadas demonstram a inexistência de alterações significativas

na representatividade das ocupações. Salientando-se apenas o crescimento da área florestal,

possivelmente resultado de políticas de reflorestação e ainda o crescimento das áreas artificializadas,

que possuem uma baixa representatividade neste município, na ordem do 1,00%.

Page 72: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

58

Figura 13 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município de Almodôvar, de 1990 a 2006.

Como é possível verificar através da distribuição das áreas naturais e semi-naturais (Figuras 31, 32 e

33 do Anexo VI) o município de Almodôvar não apresenta qualquer indício de fragmentação,

salientando-se a não representação da rede viária.

4.3.7 Município de Odemira

O município de Odemira situa-se na região Alentejo (NUT II), inserido na sub-região Alentejo Litoral

(NUT III) de Portugal, contido numa área de 172.060,00ha, subdividido em 17 freguesias.

Geograficamente é limitado a norte pelos municípios de Sines e Santiago do Cacém, a leste

por Ourique, a sueste por Silves, a sul por Monchique e Aljezur e a oeste tem litoral no oceano

Atlântico. A faixa atlântica (54,00km) do município e o vale do Rio Mira até à vila de Odemira fazem

parte do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.

Segundo a Câmara Municipal, Odemira é um município eminentemente rural apresentando duas

áreas distintas: uma faixa litoral de vocação turística coexistindo com as melhores áreas de utilização

agrícola, maioritariamente incluídas no parque natural e uma extensa faixa interior, de topografia

difícil e acentuada caracterizada pela desertificação humana, predominando a agricultura de

subsistência e a silvo-pastorícia.

Apesar de ser o maior município de Portugal, acolhe apenas 21.221 residentes, verificando-se,

segundo o INE uma taxa de crescimento efectivo de - 0,57%, evidenciando a diminuição da

população a que este município tem sido sujeito, facto salientado já anteriormente.

A taxa de actividade do município evoluiu entre 1991 e 2001, passando dos 39,30% para os 40,70%.

A taxa de desemprego subiu no município, passando de 6,70% para 8,30%, durante o último período

censitário, embora se tenha mantido abaixo da média regional (9,00%).

Odemira, em 2001, possuía uma economia igualmente dispersa entre os quatro sectores

económicos. No entanto, actualmente, segundo a Câmara Municipal, a economia assenta no sector

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

1990 2000 2006

% n

o m

un

icíp

io

Ano

Área Artificializada

Área Florestal

Área Natural e Semi-natural

Área Agrícola

- 0,15 %

- 4,70 %

11,80%

43,87 %

Page 73: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

59

primário, nomeadamente na agricultura, silvicultura, pecuária e exploração florestal, sendo este o

sector mais empregador no município. O sector secundário é praticamente inexistente e a nível do

terciário destaca-se o comércio a retalho e os serviços. Relativamente às empresas instaladas no

município, em 2008, sabia-se que existiam 1,30 empresas por km2, muito abaixo da média nacional

(11,9).

Um dos sectores que sofreu maiores alterações nas últimas décadas foi o turismo, transformando-se

num dos principais sectores para o desenvolvimento do município. Este crescimento no sector do

turismo deve-se fundamentalmente ao elevado e diversificado património natural, cultural e

arquitectónico, constituindo uma grande vantagem para o município. Contudo é possível verificar o

não aproveitamento deste potencial através do número de hóspedes nos estabelecimentos hoteleiros,

em 2008, pois em Odemira, verificam-se apenas 24.909 hóspedes, contra os 111.897 da sub-região

Alentejo Litoral, e os 664.149 da região Alentejo.

Como foi dito anteriormente, o município de Odemira possui no seu território parte (35,00%) do

Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (Decreto-Lei n.º 241/88, de 7 Julho),

ocupando 18,00% do município. No que diz respeito à Rede Natura 2000 possui dois Sítios de

Importância Comunitária (SIC), designados por Costa Sudoeste e Serra de Monchique que abrangem

56.818,39ha e 18.577,38ha do município, respectivamente, 44,00% do território municipal no total. E,

ainda, duas Zona de Protecção Especial com a mesma designação, que abrangem,

aproximadamente, 23,00% do território municipal no total.

Relativamente ao ordenamento do território, o município de Odemira possui PDM desde 2000,

através Resolução de Conselho de Ministros n.º 114/2000, de 20 de Julho, sendo este um dos últimos

PDM de primeira geração a ser ratificado em Portugal. Em 2007, foi ainda sujeito a uma pequena

alteração, através do Aviso n.º 25224/2007, de 19 de Dezembro. Actualmente encontra-se na fase

preliminar do processo de revisão do PDM.

O PDM de Odemira é constituído pelos elementos fundamentais e por um relatório. No que se refere

aos elementos fundamentais deve-se salientar a boa qualidade visual das 44 plantas de

ordenamento, facilitando a percepção da distribuição e localização das diversas classes de uso do

solo. O número elevado de plantas de ordenamento deve-se à pormenorização da qualificação do

solo nos aglomerados urbanos. No relatório para além da caracterização da situação do município e

da definição das estratégias de ordenamento, são caracterizadas quatro temáticas, incluindo a

caracterização biofísica, que comparativamente com estudos prévios de outros PDM foi abordado

sucintamente, efectuando apenas a identificação dos recursos agrícolas e florestas no município, sem

no entanto especificar as áreas quantitativa e graficamente.

Um dos objectivos apontados para o PDM de Odemira, mencionado no regulamento, é garantir a

conveniente utilização dos recursos naturais, do ambiente e do património cultural, que se traduziu na

definição de diversas classes e categorias do uso do solo enunciada no Quadro 12 do Anexo III. No

âmbito das zonas naturais ou semi-naturais, que englobam a generalidade dos recursos naturais, o

PDM indica como classes de uso do solo os espaços agrícolas, espaços de protecção e valorização

ambiental e espaços agro-silvo-pastoris. Contudo estas classes apenas são identificadas nas plantas

Page 74: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

60

menos pormenorizadas, ou seja, não se encontram espaços de agrícolas, de protecção e valorização

ambiental e agro-silvo-pastoris nas áreas junto aos aglomerados urbanos, sendo a maioria deles de

carácter rural.

Apesar deste PDM (aprovado pela Assembleia Municipal a 30 de Novembro de 1990) ter sido

ratificado pelo Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, indicativo da definição da estrutura

ecológica municipal, a elaboração do referido plano decorreu sob a vigência do Decreto-Lei n.º 69/90,

de 2 de Março, levando que esta não esteja presente no plano de Odemira. Tal facto, levou a que

este município se encontre sem este instrumento importante para o equilíbrio ambiental e

salvaguarda dos recursos naturais, pelo menos durante dez anos. Facto este que poderia ter sido

evitado, se a elaboração do PDM de Odemira tivesse sido orientada pelo novo diploma que regia os

PDM, que estaria a ser efectuado em simultâneo com o plano de Odemira.

No PDM em vigor são identificados os ―condicionamentos aos usos e transformações do solo‖, sendo

as que possuem uma influência directa sobre os recursos naturais o parque natural do sudoeste

alentejano e costa vicentina, lista nacional de sítios (Rede Natura 2000), áreas de montados de

azinho e de sobro, domínio hídrico público, a REN, e a RAN. A identificação de todos estes

condicionamentos demonstra o valor natural que o município de Odemira possui e a necessidade que

as entidades têm de o proteger, no entanto encontra-se sujeito a um elevado e complexo processo

burocrático.

No que diz respeito ao indicador de ocupação da REN e RAN, apenas foi possível verificar a área

definida no PDM para estes dois condicionamentos e a área total ocupada. No caso da RAN, esta

ocupa aproximadamente 17,00% do território e 0,25% destes foram ocupados por construções

autorizadas pela entidade regional para a RAN. No caso da REN esta abrange o dobro da RAN

(34,00%), sendo que as ocupações sujeitas a autorização não possuem qualquer representatividade

no município.

No que se refere aos restantes instrumentos de gestão territorial possui os planos especiais de

ordenamento do território relativamente ao Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina

(Decreto Regulamentar n.º 33/95, de 11 de Dezembro), à orla costeira Sines Burgau (Resolução de

Conselho de Ministros n.º 152/98, de 30 de Dezembro) e à albufeira de Santa Clara (Resolução de

Conselho de Ministros n.º 185/2007, de 21 de Dezembro); o plano regional de ordenamento do

território do Litoral Alentejano (Decreto-Lei n.º 26/93, de 27 de Agosto); e, ainda, os planos sectoriais

das bacia hidrográficas do Mira (Decreto-Lei n.º 5/2002, de 8 de Fevereiro), do Sado (Decreto-Lei n.º

6/2002, de 9 de Março), das ribeiras do Algarve (Decreto-Lei n.º 12/2002, de 9 de Março) e de

ordenamento florestal do Alentejo Litoral (Decreto-Lei n.º 39/2007, de 5 de Abril).

No caso do município de Odemira os indicadores ambientais referentes, às áreas naturais e semi-

naturais não foram objecto de grande diminuição, continuando a predominar neste município. No

entanto, salienta-se a inversão das agrícolas e das florestais, possivelmente resultado de políticas de

reflorestação e ainda o crescimento das áreas artificializadas, que no entanto possuem uma baixa

representatividade neste município, na ordem do 1,00%.

Page 75: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

61

Figura 14 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município de Odemira, de 1990 a 2006.

Da análise da distribuição espacial das áreas naturais e semi-naturais (Figuras 34, 35 e 36 do Anexo

VI) verificou-se uma aparente inexistência de fragmentação das mesmas, revelando-se que a

principal barreira física é a extensão artificial de água doce (barragem de Santa Clara-a-Nova)

existente no município. No entanto deve salientar-se que os dados utilizados para esta análise não

contabilizam as redes viárias, fontes importantes de fragmentação do território.

4.3.8 Município de Loulé

O município de Loulé situa-se na região Algarve (NUT II) contido numa área de 76.420,00ha,

subdividido em 11 freguesias. Geograficamente é limitado a norte pelo município de Almodôvar, a

leste por Alcoutim, Tavira e São Brás de Alportel, a sueste por Faro, a sudoeste por Albufeira, a oeste

por Silves e a sul tem litoral no oceano Atlântico. O município de Loulé engloba duas cidades: Loulé e

Quarteira.

Loulé é o município mais populoso do Algarve acolhendo 66.085 residentes, verificando-se, segundo

o INE, uma taxa de crescimento efectivo de aproximadamente 1,00%, evidenciando o aumento de

população que determinadas freguesias deste município tem sentido.

Segundo o Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve, Loulé caracteriza-se por quatro

unidades territoriais muito diversas: litoral sul, barrocal, serra e baixo Guadiana. Esta diversidade de

territórios é responsável pelo elevado potencial turístico do município, que tem sido intensamente

explorado. A faixa litoral do território, compreendida entre a foz da ribeira de Quarteira e a praia de

Faro, é uma das unidades onde se tem verificado uma ocupação humana mais densificada, devido

não só ao crescimento demográfico que se fez sentir neste município, mas também devido ao

desenvolvimento de infra-estruturas de apoio ao turismo. Esta forte pressão turística em território

louletano é possível verificar através do número de hóspedes por estabelecimento no município de

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

1990 2000 2006

% n

o m

un

icíp

io

Ano

Área Artificializada

Área Florestal

Área Natural e Semi-natural

Área Agrícola

- 0,11 %

23,94 %

- 19,54 %

239,33 %

Page 76: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

62

Loulé (453.586,00), que, no ano de 2008, esteve bem acima da média da região algarvia

(182.988,69).

No último período inter-censitário no município de Loulé, para além de um elevado crescimento dos

alojamentos destinados à habitação habitual, verificou-se um crescimento superior de alojamentos

com uso sazonal ou secundário, passando estes últimos, em 2001, a representar mais de metade do

parque habitacional do município de Loulé. No entanto esta densa ocupação, não é homogénea,

levando a grandes disparidades entre as freguesias do município.

A taxa de desemprego subiu no município, passando de 4,30% para 5,00%, durante o último período

censitário, embora se tenha mantido abaixo da média regional (6,70%). No mesmo período verificou-

se um acentuado decréscimo da representatividade dos trabalhadores do sector primário, situando-se

em 2001 nos 6,14%, uma regressão menos acentuada no sector terciário de cariz económica

(20,00%), em detrimento de um aumento significativo da população ocupada no sector terciário de

âmbito social (50,00%), num contexto de estabilização da população empregue no sector secundário

(23,0%). Relativamente às empresas instaladas no município, em 2008, sabia-se que existiam 13,50

empresas por km2, superior à média nacional (11,90).

O município de Loulé possui em seu território parte (14,10%) do Parque Natural da Ria Formosa

(Decreto-Lei n.º 373/87, de 9 de Dezembro), ocupando 3,30% do município. E, ainda, dois sítios

classificados que se designam por Fonte Benémola e a Rocha da Pena inseridos na totalidade em

território louletano. No que diz respeito à Rede Natura 2000 possui cinco SIC, designados por

Barrocal, Serra do Caldeirão, Guadiana, Ria Formosa/Castro Marim e Ribeira de Quarteira que

abrangem na sua totalidade 53,00% do município. No que diz respeito às ZPE existem duas, a Serra

do Caldeirão e a Ria Formosa, que abrangem, aproximadamente, 28,00% do território municipal.

Relativamente ao ordenamento do território, o município de Loulé possui PDM desde 1995, através

Resolução de Conselho de Ministros n.º 81/95, de 24 de Agosto, alterado posteriormente pela

Resolução de Conselho de Ministros n.º 66/2004, de 26 de Maio e pelos Aviso n.º 5374/2008, de 27

de Fevereiro e Aviso n.º 14022/2010, de 14 de Julho. Em 2007, foi sujeito a uma suspensão parcial

pelo Decreto Regulamentar n.º 40/2007, de 9 de Abril, devido à implementação de um projecto

turístico na freguesia de Almancil.

O PDM de Loulé, para além dos elementos fundamentais, é constituído por um relatório, que

menciona as principais medidas, indicações e disposições adoptadas, pela planta de enquadramento

e por um conjunto de seis relatórios que constituem os elementos Anexos. Estes relatórios abordam

diversas temáticas importantes para o suporte da elaboração deste modelo de desenvolvimento

municipal. Apesar de dois dos objectivos indicados para o PDM serem a ―protecção e gestão dos

recursos naturais e culturais, com vista à melhoria da qualidade de vida das populações‖ e a

―valorização das áreas ecológicas mais sensíveis‖, não foi efectuado nenhum relatório referente à

caracterização do estado dos recursos naturais.

No intuito de ver cumprido os objectivos para o PDM de Loulé foram definidas diversas categorias e

subcategorias do uso do solo identificadas no Quadro 13 do Anexo III. No âmbito das zonas naturais

Page 77: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

63

ou semi-naturais, que englobam a generalidade dos recursos naturais, o PDM indica como classes de

uso do solo os espaços agrícolas, florestais e naturais.

No PDM de 1994 são identificadas as ―servidões administrativas e outras restrições de utilidade

pública‖, sendo as que possuem uma influência directa sobre os recursos naturais o domínio público

hídrico, a REN, a RAN e a protecção à exploração de inertes.

Como foi referido anteriormente, o PDM de Loulé de 1994 foi alterado, em 2004, pela Resolução de

Conselho de Ministros n.º 66/2004, de 26 de Maio, com o objectivo de introduzir alterações devidas à

entrada em vigor de novos planos municipais de ordenamento do território e proceder à alteração da

estrutura formal do regulamento atendendo à entrada em vigor de nova legislação (Decreto-Lei n.º

380/99, de 22 de Setembro). Apesar da alteração não houve acrescentos à sua constituição nem ao

seu objectivo, já apresentados anteriormente.

A alteração mais significativa corresponde à reestruturação da classificação e qualificação do solo e

ao aumento das condicionantes apresentadas no regulamento. A classificação e qualificação do solo

produto desta alteração (Quadro 14 do Anexo III) encontram-se apresentadas de maneira clara e

explícita no regulamento, facilitando a sua compreensão. Contudo não existe qualquer tipo de

alteração na qualificação do solo cujo objectivo passa pela conservação dos recursos naturais,

mantendo-se assim as classes de espaços agrícolas, florestais e naturais.

Esta alteração do PDM levou também à identificação da estrutura ecológica, contudo no regulamento

apenas aparece associada ao solo urbano, com o objectivo de manter o equilíbrio deste sistema, sem

que no entanto se preveja para o solo rural e o envolvimento das suas categorias e subcategorias.

As plantas de ordenamento foram também sujeitas a alterações, devido às modificações a que o

PDM foi sujeito, encontrando-se de acordo com as qualificações propostas pelo regulamento.

No que diz respeito às condicionantes, para além do domínio público hídrico, a REN, a RAN e a

protecção à exploração de inertes, já identificadas no PDM de 1994, acrescenta-se ainda ―servidões e

restrições de utilidade pública florestais‖ — terrenos com povoamentos florestais percorridos por

incêndios, a protecção aos montados de sobro e azinho, a protecção aos habitats naturais, fauna e

flora e os parques e reservas. Relativamente a estes últimos, existem instrumentos de gestão

territorial específicos que já os abrangem como é o caso dos planos especiais de ordenamento do

território relativamente ao Parque Natural da Ria Formosa (Resolução de Conselho de Ministros n.º

78/2009, de 2 de Setembro) e à orla costeira Vilamoura – Vila Real de Santo António (Resolução de

Conselho de Ministros n.º 103/2005, de 27 de Junho) e de ordenamento florestal do Algarve (Decreto

Regulamentar n.º 17/2006, de 20 de Outubro). Para além destes instrumentos de gestão territorial o

município de Loulé possui ainda o plano regional de ordenamento do território do Algarve (Resolução

de Conselho de Ministros n.º 102/2007 de 3 de Agosto), alterado por Resolução de Conselho de

Ministros n.º 188/2007 de 28 de Dezembro) e os planos sectoriais das bacias hidrográficas do

Guadiana (Decreto-Lei n.º 16/2001, de 5 de Dezembro) e das ribeiras do Algarve (Decreto-Lei n.º

12/2002, de 9 de Março).

Page 78: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

64

Após a descrição e caracterização da dinâmica a que o PDM de Loulé foi sujeito, resta analisar os

indicadores ambientais identificados anteriormente, tal como foi efectuado nos restantes estudos-de-

caso. Relativamente à condicionante ecológica, esta abrange 32,00% do território, tendo sido sujeita

a exclusões devido a planos de ordenamento na ordem do 1,00%. A condicionante de protecção dos

solos com potencialidade agrícola tem uma menor expressão no município louletano, na ordem dos

20,00%, tendo sido sujeita a ocupações não agrícola na ordem dos 2,00%.

Os indicadores representados na Figura 15 demonstram a tendência de diminuição das áreas

naturais e semi-naturais, ao contrário do elevado crescimento das áreas artificializadas. Tal facto,

pode dever-se à forte pressão urbanística derivado ao sector turístico do município, apesar de cerca

de metade do território se encontrar abrangido por instrumentos de conservação da natureza.

Figura 15 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município de Loulé, de 1990 a 2006.

Da análise da distribuição espacial das áreas naturais e semi-naturais (Figuras 37, 38 e 39 do Anexo

VI) verificou-se a existência de duas situações, que derivam do próprio contexto socioeconómico de

cada zona. Na zona norte do município, caracterizado por um contexto rural, não existem indícios de

fragmentação, ao contrário da zona sul, fortemente pressionada urbanisticamente, devido à grande

procura turística. No entanto deve salientar-se que os dados utilizados para esta análise não

contabilizam as redes viárias, fontes importantes de fragmentação do território.

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

1990 2000 2006

% n

o m

un

icíp

io

Ano

Área Artificializada

Área Florestal

Área Natural e Semi-natural

Área Agrícola

- 3,51 %

- 3,05 %

0,27 %

116,37%

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65

5 DISCUSSÃO DE RESULTADOS E RECOMENDAÇÕES

No presente capítulo são discutidos os resultados da anterior análise e identificadas recomendações

que visam a melhoria do desempenho dos PDM, no que diz respeito à conservação dos recursos

naturais.

5.1 Discussão dos Resultados

Observando os resultados obtidos para o indicador das áreas naturais e semi-naturais para cada

município (Quadro 17 – Anexo V) verificou-se, excepto para o município de Castelo de Vide, uma

diminuição destas áreas. Todavia, esta redução ocorreu em diferentes escalas, parecendo existir um

possível padrão no agrupamento dos municípios conforme as suas características gerais e a redução

verificada. Neste sentido, verificou-se que os municípios anteriormente englobados no ―Portugal

Interior‖, com características mais rurais, com a excepção de Castelo de Vide (0,53%), foram sujeitos

a uma diminuição das áreas naturais e semi-naturais inferior a -1,00%. Neste grupo encontra-se

ainda o município de Odemira, que apesar de se encontrar em território litoral não possui ainda todas

as características identificadoras do ―Portugal Litoral‖. No grupo com perdas de áreas naturais e semi-

naturais intermédias, entre 1,00 e 6,00%, encontram-se os dois municípios representantes do

―Portugal Litoral‖, Figueira da Foz e Loulé, e ainda o município de Vila Franca de Xira (5,68%),

representante das áreas metropolitanas. O último município, Oeiras, destaca-se pela elevada perda

das áreas naturais e semi-naturais, aproximadamente 50,00%. Neste momento, deve-se salientar o

facto das maiores reduções observadas estarem associadas a municípios inseridos na Área

Metropolitana de Lisboa, sujeita a taxas de crescimento efectivo acima da média portuguesa e a

pressões urbanísticas elevadas.

Para além da evolução das áreas naturais e semi-naturais, é importante salientar que estas

predominam em quase todos os casos de estudo, exceptuando o município de Oeiras, onde se

verificou a conversão de áreas naturais e semi-naturais, possivelmente agrícolas, para áreas

artificializadas. Como já referido, as áreas naturais e semi-naturais englobam as áreas agrícolas e

florestais. Na maioria dos municípios analisados as áreas agrícolas prevalecem às áreas florestais,

exceptuando no caso da Figueira da Foz e de Odemira, onde se verificou uma conversão entre estas.

No que se refere às áreas artificializadas, o único município que não foi submetido ao seu aumento,

foi Castelo de Vide, que por sinal, no mesmo período, obteve um aumento das áreas naturais e semi-

naturais. A maioria dos estudo-de-caso obteve para o período em análise um aumento destas áreas

superior a 50%, sendo que os municípios de Odemira e Loulé obtiveram um crescimento superior a

100%. Salienta-se que apesar destes elevados aumentos de área artificializada que caracterizaram a

maioria dos municípios, a representatividade destas áreas não é muito elevada, excepto no município

de Oeiras, que em 2006 apresentava 66,78% do município já artificializado.

Da análise dos PDM dos oito estudos-de-caso foi possível concluir que existe alguma variedade na

selecção das condicionantes e servidões com o campo de acção directamente relacionado com os

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recursos naturais, identificando-se, para além das condicionantes obrigatórias do PDM (RAN e REN)

os parques e as reservas naturais, o domínio hídrico público, a Rede Natura 2000, alguns habitats de

maior relevância para o município, explorações de inertes, perímetros florestais e albufeiras.

No que diz respeito aos indicadores referentes à RAN e REN (Quadro 18 – Anexo V) não foi possível

traçar a evolução das áreas abrangidas por estes importantes instrumentos, visto que os dados

necessários não foram disponibilizados. Para estes indicadores apenas foi possível identificar a

percentagem de território municipal abrangido e as áreas ocupadas ou excluídas sujeitas a

autorização das entidades responsáveis. A dimensão destes instrumentos depende directamente das

características dos municípios e da metodologia utilizada na sua elaboração. Contudo a sua

excessiva ocupação e exclusão poderia transmitir a ideia que não estaria a funcionar no sentido de

salvaguarda os recursos naturais abrangidos. No entanto este facto não se verificou nos estudos-de-

caso analisados, sendo que na maioria dos casos a percentagem de ocupação e exclusão se

encontrava muito próxima de zero.

Através da análise da fragmentação/conectividade das áreas naturais e semi-naturais efectuada com

base nas representações gráficas presentes no Anexo VI, foi possível constatar que os municípios

que apresentam uma maior tendência para a fragmentação destas áreas são exactamente os

municípios com um maior crescimento das áreas artificializadas no intervalo de estudo (Quadro 18 –

Anexo V). Para estes municípios foi possível verificar a perda de conectividade entre determinadas

zonas, como por exemplo, no caso de Vila Franca de Xira, onde não existe uma ligação transversal

que conecte a zona da serra com as lezírias, ou no caso de Oeiras, onde não se verifica uma ligação

radial entre a zona costeira e a zona interior. Os restantes municípios, ao contrário dos anteriores,

não apresentam esta tendência. Como foi referido ao longo desta análise, este indicador foi estudo

com base nos dados disponibilizados pelo Projecto CORINE Land Cover, que considera apenas a

rede viária com uma largura superior a 100 metros, o que exclui a maioria da rede viária em Portugal

continental.

De um modo geral, os descritores analisados anteriormente revelaram que os PDM examinados têm

em conta a problemática da conservação dos recursos naturais através dos objectivos, referindo-se

quase sempre à salvaguarda dos recursos naturais associada à melhoria da qualidade de vida das

populações. Esta preocupação encontra-se ainda presente na identificação das classes e/ou

categorias associadas à conservação e, mesmo valorização dos recursos naturais, nomeadamente

através dos espaços agrícolas, florestais, de protecção e valorização do ambiente, espaços de

equilíbrio ambiental e espaços naturais, possuindo cada um destes regimes próprios definidos pelos

próprios municípios. Nesta temática do zonamento, muito associado ao planeamento territorial, foi

possível detectar alguns pontos que merecem algum destaque, nomeadamente a falta de clarificação

e rigor na identificação das classes e categorias no regulamento, assim como, em alguns casos, a

falta de concordância com as plantas de ordenamento, que podem influenciar negativamente a

implementação destes mesmos planos.

No que se refere aos estudos prévios, apenas dois dos PDM analisados, designadamente Oeiras e

Loulé, não possuíam nenhum estudo na área dos recursos naturais, sabendo-se à partida que se

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trata de um importante suporte para a adequação da estratégia do município à conservação dos

mesmos. Apesar de não ser possível relacionar estas duas constatações, facto é que estes dois

municípios se encontram entre os três primeiros com maiores perdas de áreas naturais e semi-

naturais.

Os PDM de Oeiras e Loulé são os únicos que prevêem a implementação de um estrutura

verde/ecológica municipal, instrumento com o elevado potencial na salvaguarda de determinados

recursos naturais. Contudo, no presente estudo apenas foi analisado se este instrumento constava

nos PDM, sem que fosse efectuado uma análise da sua implementação em cada município. No

entanto, no que diz respeito ao município de Loulé, esta estrutura apenas se encontra prevista para

solo urbano, perdendo a sua componente de conectividade entre diferentes habitats, e no município

de Oeiras não contribuiu para a preservação de um dos corredores ecológicos, como é possível

observar na evolução da distribuição das áreas naturais e semi-naturais neste município (Figuras 25,

26 e 27 do Anexo VI).

Os resultados obtidos demonstram uma ligeira tendência de diminuição das áreas naturais e semi-

naturais, que apontam para a aparente ineficácia dos PDM para a adequada conservação dos

recursos naturais, sem que contudo seja possível afirmar que esta seja a imagem geral do todo

nacional, visto que, para além dos indicadores não serem totalmente expressivos, os oito estudos-de-

caso procuram ser uma amostra representativa de Portugal, mas não possibilitam a sua extrapolação

directa para o todo do País. Contudo, deve-se salientar a existência desta realidade que pode e deve

ser controlada, nomeadamente através dos planos directores municipais e acompanhada por uma

monitorização e avaliação eficaz e com obrigatoriedade de conhecimento às populações

directamente interessadas.

5.2 Recomendações

A partir da análise efectuada no contexto da presente dissertação foi possível verificar duas questões

que podem contribuir para a melhoria da eficácia deste instrumento de planeamento municipal. A

primeira questão centra-se na carência de monitorização e avaliação dos PDM, não apenas nesta

componente de conservação dos recursos naturais, como também em termos gerais. A segunda

questão recai sobre determinadas medidas que se implementadas podem contribuir para a

conservação dos recursos naturais, nomeadamente medidas de controlo da expansão urbana e de

melhoria da conectividade entre os espaços urbano e rural.

Os REOT foram introduzidos com o intuito de proceder à avaliação dos IGT (Pereira, 2009),

introduzindo consequentemente o processo de avaliação aos PDM. Contudo a 1ª geração de PDM

não foi alvo de monitorização, nem de avaliação, nem foram realizados os REOT bianuais, tendo sido

realizados somente aquando do processo de revisão. Deste modo deve-se salientar a necessidade

de efectuar realmente esta monitorização e avaliação dos PDM, descrita nos REOT, de modo a

verificar a eficácia deste instrumento, nomeadamente, no que diz respeito à conservação dos

recursos naturais. Neste sentido deve-se efectuar, para além, de um acompanhamento periódico do

estado dos recursos naturais, uma análise da dinâmica existente entre estes e o PDM,

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nomeadamente verificar quais os procedimentos efectuados no âmbito deste instrumento que

influenciam, positiva ou negativamente, os recursos naturais. Para isso é necessário um

conhecimento profundo destes, devendo-se não só determinar a sua ocupação espacial, como foi

efectuado no presente estudo, mas ainda aprofundar as suas características, as suas interacções e a

importância para o município. Para além destes estudos seria ainda importante analisar, no âmbito

dos REOT, a evolução das classes, categorias e subcategorias, propostas pelo PDM, cujo objectivo

influencie a conservação dos recursos naturais, tal como foi efectuado na revisão do PDM de Vila

Franca de Xira, em que se comparam as percentagens de cada subcategoria do espaço urbano

(Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Relatório - 1ª Revisão do Plano Director Municipal de Vila

Franca de Xira, 2009).

Os REOT com a componente de avaliação da eficácia da implementação do PDM, no que se refere

os recursos naturais, que se propõe no presente estudo, revela uma importância maior quando

efectuada a nível municipal devido à incidência destes instrumentos. Contudo, o Observatório do

Ordenamento do Território, responsável pela realização dos REOT de âmbito nacional, deve ainda

transmitir o estado em que se encontra esta temática, no contexto nacional, e ainda indicar medidas

que permitam a melhoria da eficácia destes instrumentos, tanto na conservação dos recursos

naturais, como outras temáticas influenciadas pelos mesmos.

A análise efectuada no presente estudo revelou ainda a necessidade de monitorizar e avaliar as

condicionantes RAN e REN e a implementação da Estrutura Ecológica, a nível municipal e nacional,

com o intuito de verificar a eficácia destes instrumentos para a conservação dos recursos naturais.

No que diz respeito à segunda questão, a ENDS propõe claramente como soluções a intervenção no

modo de financiamento das autarquias, na fiscalidade sobre o património, nos instrumentos de

regulação do uso do solo e na dinamização do mercado imobiliário. Refere ainda a importância do

incentivo à requalificação urbana, favorecendo a difusão do arrendamento urbano e as operações

integradas de recuperação de áreas urbanas degradadas, à criação e consolidação dos espaços e

corredores ―verdes‖ nas áreas urbanas e a uma melhor articulação entre urbano e rural nas grandes

Áreas Metropolitanas. Esta articulação envolve um desenvolvimento das diferentes infra-estruturas

ligadas a diversas actividades -- da energia aos resíduos, das telecomunicações à política de

transportes – permitindo um crescimento menos explorador de recursos naturais e menos poluente

(MAOTDR, 2008).

Relativamente à criação e consolidação dos espaços e corredores ―verdes‖ nas áreas urbanas, as

estruturas ecológicas municipais e urbanas que actualmente constituem os PDM, podem ter esta

função de ajudar na contenção da expansão urbana, para além de manter o equilíbrio ambiental, que

é o seu objectivo principal. Contudo, no contexto internacional é possível identificar outras medidas,

para além das estruturas ecológicas, como é o caso da Áustria, da Austrália, da Itália, da Espanha,

do Reino Unido e da Alemanha, que implementaram medidas de controlo à expansão urbana, que

proporcionam directa e indirectamente a conservação dos recursos naturais.

A medida implementada comum a todos os países enunciados anteriormente passa pela

implementação de uma cintura verde (―greenbelt‖, em inglês, ―anella verde‖, em espanhol, ―corona

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verde‖, em italiano), associada a uma requalificação da zona urbana. Em todos os casos, estas foram

planeadas e implementadas com o objectivo de conter a expansão urbana que algumas das suas

principais cidades estavam a ser alvo, para além da preservação das características ambientais

entorno das cidades, da protecção dos espaços e das paisagens naturais presentes nas

proximidades dos grandes centros urbanos, do fornecimento de oportunidade de contacto com a

natureza, lazer, recreio e práticas de desportos ao ar livre em meios urbanos.

A elaboração da cintura verde deve envolver uma metodologia flexível passível de ser adaptada às

diferentes realidades e problemáticas (sociais, geográficas, económicas, ambientais) das áreas

urbanas. No entanto, de um modo geral, estas devem abranger as áreas naturais, agrícolas e

florestais, que se encontram na fronteira das áreas urbanas (área periurbana), e ainda apresentar a

existência de ―open space‖ (City of Viena, 2006) e uma conectividade entre si, e entre as restantes

áreas protegidas (RNAP) que se encontram nas proximidades, quer seja através de ―greenways‖ ou

―blueways‖ - corredores verdes ou cursos de água contínuos (Bertolino, 2008). Segundo Hague

(2007), é imprescindível o recurso aos corredores ecológicos para a eficácia das cinturas verde no

que se refere à contenção da expansão urbana e da conservação e valorização dos recursos naturais

e culturais da paisagem. Caso desta ineficácia, foi a cidade de Londres que não atingiu estes

objectivos (Amati, et al. 2006).

A preparação da cintura verde deve englobar um processo participativo, com o intuito de serem

abordadas todas as alternativas com base nos conhecimentos e interesses dos cidadãos, como foi

efectuado no caso de Leipzig, Alemanha (ICLEI Europe, 2008). Deve ainda ser acompanhada de

políticas sectoriais, designadamente de mobilidade e desenvolvimento económico, que permitam a

criação de condições para a sua melhor implementação.

No caso de Barcelona, revelou-se ainda a problemática existente em torno dos solos classificados

como urbanizáveis, que necessitam de um maior controlo, nomeadamente, no que se refere à sua

localização e quantificação (Paüla & Tontsb, 2010).

Em relação à conectividade entre os espaços rurais e urbanos, existem várias políticas nacionais que

a tratam, incluindo o PNPOT, quando identifica como estratégia de planeamento, o policentrismo.

Contudo, é necessário não esquecer a transposição desta estratégia e da própria conectividade entre

estes dois espaços para o planeamento de âmbito municipal. A diferenciação das classes rural e

urbano pode levar a um planeamento isolado, devendo antes existir um planeamento de articulação

que aproveite as potencialidades destes dois espaços e que se baseie na conservação e valorização

dos recursos naturais do município.

As medidas apontadas visam assegurar a adequada conservação dos recursos naturais através da

melhoria da eficácia dos PDM e de alguns instrumentos que podem ser incluídos em determinadas

situações. No entanto a análise efectuada na presente dissertação demonstrou ainda existirem

algumas questões gerais que se alteradas podem melhorar a implementação dos PDM,

nomeadamente a clareza, a objectividade, o rigor e a coerência com que estes devem ser efectuados

e apresentados, contribuindo para assegurar os seus índices de eficácia e concretização.

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Para além destas características, o PDM deve possuir um carácter dinâmico, flexível e antecipatório,

propondo usos do solo de acordo com as aptidões e potencialidades do território, constituindo uma

forma efectiva de conciliar o desenvolvimento com conservação dos recursos naturais (Ramos,

2007). No mesmo sentido, deve ser introduzida a ‗regulação variável‘, uma vez que a territórios com

níveis diferentes de desenvolvimento, correspondem diferentes tipos de estratégia e de regulação, o

que no entanto pode abrir espaço para irregularidades. Os planos devem conter uma concepção

estratégica, apontando caminhos e traçando rumos, contribuindo, assim, para que os municípios

envolvidos superem a condição de simples ordenadores espaciais das actividades locais, englobando

o planeamento das realidades políticas e sociais da região (Freitas, 2007). A flexibilidade e a

concepção estratégica transmitem uma componente de incerteza ao PDM, de forma a permitir a

integração de oportunidades imprevistas.

Esta última nota, não deriva da análise efectuada, contudo deve-se salientar a importância da

participação pública no processo de elaboração e revisão do PDM. Porém é necessário sensibilizar e

educar a população em geral para a necessidade de conservação dos recursos naturais,

nomeadamente como é possível fazê-lo através da própria dinâmica do PDM e dos instrumentos

abrangidos por este. Nesta temática as autarquias podem e devem assumir um protagonismo de

primeira linha (ANMP, 2004), considerando que a sua presença e proximidade no terreno

vocacionam os serviços municipais e intermunicipais para acções práticas de participação na

conservação, gestão e valorização dos recursos naturais, envolvendo nessas tarefas também as

populações locais. Contudo é necessário alcançar primeiramente a compreensão e o interesse das

populações.

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6 CONCLUSÕES E REFLEXÕES FINAIS

O tema da presente dissertação encontra-se relacionado com a necessidade de uma adequada

conservação e gestão dos recursos naturais e o modo como os Planos Directores Municipais de 1ª

Geração em Portugal continental contribuíram para este desígnio.

Os recursos naturais, para além do valor intrínseco que possuem, são peças fundamentais e

indispensáveis para o ser humano, visto serem fontes reais ou potenciais de riqueza que ocorrem em

estado natural (UNEP, 2009). Todavia, apesar de se saber a sua importância para a nossa

sociedade, o ser humano tem contribuído para o seu consumo acelerado, através do crescimento da

população, do desenvolvimento económico e do próprio padrão de produção de consumo que o

caracteriza (EEA, 2005).

No contexto desta dissertação consideraram-se os recursos naturais como um sistema misto, ou seja,

num sistema em que é possível encontrar, por exemplo, recursos biológicos, pedológicos e

geológicos, como é o caso de áreas de floresta e pedreiras. Esta consideração foi efectuada devido à

necessidade de se realizar uma análise que abrangesse os recursos naturais na sua generalidade,

sendo que todos apresentam uma importância relativa na sociedade e uma importância intrínseca.

Nas últimas décadas, a conservação e a gestão dos recursos naturais assume-se como uma temática

de grande importância na sociedade, tendo-se verificado a elaboração de diversas políticas,

instrumentos e medidas com diferentes incidências sectoriais. Contudo não basta elaborar e

implementar, é necessário avaliar a sua eficácia, de modo a realizar ajustes ou mesmo alterações

profundas nestas políticas, instrumentos e medidas.

Na presente dissertação analisou-se especificamente o modo como o instrumento de planeamento

territorial de âmbito municipal, designado por Plano Director Municipal, tem contribuído para a

conservação dos recursos naturais em território nacional, nomeadamente procurando avaliar a sua

eficácia. Para tal, foram identificados um conjunto de indicadores ambientais, com aplicabilidade à

escala nacional e/ou municipal, visto serem ferramentas poderosas e eficazes no acompanhamento e

monitorização (OCDE, 2002) do estado do ambiente. A selecção destes indicadores ambientais

(Quadro 4) recaiu sobre a análise de alguns sistemas indicadores associados à sustentabilidade e à

avaliação do estado do ambiente, e na determinação de quais se enquadrariam para o objectivo em

questão. Salienta-se que a descrição e a justificação de cada indicador ambiental seleccionado

encontram-se no Anexo I – Fichas dos Indicadores Ambientais. Para além destes indicadores, foi

possível ainda, identificar descritores que contribuíssem para a análise pretendida, nomeadamente a

realização estudos prévios no âmbito dos recursos naturais, os objectivos referidos no PDM,

relativamente aos recursos naturais, as classes/categorias dos usos do solo, ocupação das áreas

naturais classificadas e a situação em que se encontra a estrutura ecológica de cada município.

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A análise destes indicadores foi efectuada em oito municípios distintos de Portugal continental, ou

seja, neste estudo recorreram-se a oito estudos-de-caso, com o intuito de abranger diversas

realidades portuguesas, seleccionando-se: Montalegre, Figueira da Foz, Castelo de Vide, Oeiras, Vila

Franca de Xira, Almodôvar, Odemira e Loulé. Salienta-se que após identificar as diferentes realidades

de Portugal continental (Portugal Litoral, Portugal Interior e Áreas Metropolitanas), a selecção dos

municípios foi aleatória.

Os resultados obtidos reflectem uma redução média das áreas naturais e semi-naturais de

aproximadamente -9,00% entre 1990 e 2006, sendo que a taxa mais elevada é -45,55%, pertencente

ao município de Oeiras. A ligeira tendência de diminuição das áreas naturais e semi-naturais, aponta

para a aparente ineficácia dos PDM para a adequada conservação dos recursos naturais, sem que

contudo seja possível afirmar que esta seja a imagem geral do todo nacional, visto que, para além

dos indicadores não serem totalmente expressivos, os oito estudos-de-caso procuram ser uma

amostra representativa de Portugal, mas não possibilitam a sua extrapolação directa para o todo do

País. Contudo, deve-se salientar a existência desta realidade que pode e deve ser controlada,

nomeadamente através dos planos directores municipais e acompanhada por uma monitorização e

avaliação eficaz e com obrigatoriedade de conhecimento às populações directamente interessadas.

A partir da análise dos indicadores e descritores enunciados anteriormente foi possível verificar duas

questões que podem melhorar o desempenho deste instrumento de gestão territorial, preconizando

eventuais melhorias no que diz respeito à conservação dos recursos naturais. A primeira questão

centra-se na carência de monitorização e avaliação dos PDM, visto que apesar de se encontrar

prevista, na legislação, a realização dos relatórios de estado do ordenamento do território, de dois em

dois anos à escala municipal, não têm sido efectuados, exceptuando durante a fase de revisão. Neste

sentido indica-se como medida cumprir realmente esta monitorização e avaliação dos PDM, através

dos REOT, efectuando-se, para além, de um acompanhamento periódico do estado dos recursos

naturais, uma análise da dinâmica existente entre estes e o PDM, nomeadamente verificando quais

os procedimentos efectuados no âmbito deste instrumento que influenciam, positiva ou

negativamente, os recursos naturais (REN, RAN, Estrutura Ecológica, classes, categorias e

subcategorias, propostas pelo PDM, cujo objectivo influencie a conservação dos recursos naturais).

Enquanto que a segunda questão recai sobre determinadas medidas referentes ao controlo da

expansão urbana e à melhoria da conectividade entre os espaços urbano e rural, nomeadamente a

implementação e manutenção de cinturas verdes nas cidades/vilas associadas a ―greenways‖ e

―blueways‖, a requalificação urbana e a transposição do policentrismo para o planeamento municipal.

Relativamente às limitações encontradas ao longo da elaboração da presente dissertação, estas

incidem na sua maioria na obtenção de dados relativos à evolução da RAN e REN, visto que algumas

das entidades responsáveis por estes instrumentos (Entidade Regional para a RAN e CCDR,

respectivamente) não possuem uma base de dados que possibilite o acompanhamento destes. Esta

limitação afectou o presente estudo, visto que não foi possível efectuar-se nem uma análise à escala

nacional nem uma análise da evolução das áreas excluídas no âmbito de alterações de planos de

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ordenamento e das áreas de ocupação sujeitas a autorização das entidades responsáveis, em todos

os municípios, como inicialmente foi previsto, tendo-se optado por escolher estudos-de-caso.

A outra limitação encontrada envolve os dados disponibilizados pela Projecto CORINE Land Cover,

dado que estes não identificam nem a rede viária nem a totalidade da área ardida nem as áreas de

habitação dispersa, factores importantes na análise da fragmentação do território. Assim como não

distinguem as principais espécies florestais e habitats, importante informação na análise da

conservação dos recursos naturais. Relativamente a este facto, no presente contexto, seria

necessário recolher e compilar toda esta informação que se encontra dispersa pelas diversas

entidades responsáveis, o que despenderia muito tempo, tarefa aliciante e muito necessária, mas

incompatível com o tempo disponível para a preparação desta dissertação.

O presente estudo revelou a existência de uma aparente ineficácia dos PDM de primeira geração na

conservação dos recursos naturais. Contudo é necessário que as entidades responsáveis estejam

sensibilizadas para esta problemática e preparadas para definirem as melhores estratégias e medidas

para inverter esta tendência. Todavia, a resolução desta problemática não passa apenas pela

sensibilização e preparação das entidades responsáveis, mas também e sobretudo pela

sensibilização e educação da sociedade actual. Deve-se ainda distinguir a necessidade de se pensar,

não apenas na conservação, mas também na adequada gestão e valorização dos recursos naturais.

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LEGISLAÇÃO CITADA

Aviso n.º 25224/2007, de 19 de Dezembro, que aprova a proposta de alteração do artigo 28º. do

Regulamento do Plano Director Municipal de Odemira, ratificado pela Resolução do Conselho de

Ministros nº. 114/2000, de 25 de Agosto;

Decreto n.º 187/71, de 8 de Maio, que cria o Parque Nacional da Peneda-Gerês;

Decreto n.º 4/78, de 11 de Janeiro, que define a orgânica dos parques naturais, reservas e património

paisagístico;

Decreto Regulamentar n.º 11/2006, 21 de Julho, que aprova o Plano Regional de Ordenamento

Florestal do Centro Litoral;

Decreto Regulamentar n.º 11/2009, de 29 de Maio, que estabelece os critérios uniformes de

classificação e reclassificação do solo, de definição de utilização dominante, bem como das

categorias relativas ao solo rural e urbano, aplicáveis a todo o território nacional;

Decreto Regulamentar n.º 15/2006, de 19 de Outubro, que aprova do Plano Regional de

Ordenamento Florestal da Área Metropolitana de Lisboa;

Decreto Regulamentar n.º 17/2006, de 20 de Outubro, que aprova o Plano Regional de Ordenamento

Florestal do Algarve;

Decreto Regulamentar n.º 17/2002, de 15 de Março, que aprova o Plano de Bacia Hidrográfica do

Cávado;

Decreto Regulamentar n.º 18/2001, de 7 de Dezembro, que aprova o Plano de Bacia Hidrográfica do

Tejo;

Decreto Regulamentar n.º 19/2001, de 10 de Dezembro, que aprova o Plano de Bacia Hidrográfica do

Douro;

Decreto Regulamentar n.º 26/2002, de 5 de Abril, que aprova o Plano de Bacia Hidrográfica das

Ribeiras do Oeste;

Decreto Regulamentar n.º 3/2007, de 17 de Janeiro, que aprova o Plano Regional de Ordenamento

Florestal do Barroso e Padrela;

Decreto Regulamentar n.º 33/95, de 11 de Dezembro, que aprova o Plano de Ordenamento do

Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina;

Decreto Regulamentar n.º 37/2007, de 3 de Abril, que aprova o Plano Regional de Ordenamento

Florestal do Alto Alentejo (PROF AA);

Decreto Regulamentar n.º 40/2007, de 9 de Abril, que aprova a suspensão dos artigos 42.º, 44.º e

88.º do Regulamento do Plano Director Municipal de Loulé, numa área de 6,30ha, sita na freguesia de

Almancil;

Page 100: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

86

Decreto Regulamentar n.º 9/2002, de 1 de Março, que aprova o Plano de Bacia Hidrográfica do

Mondego;

Decreto-Lei n.º 12/2002, de 9 de Março, que aprova o Plano de Bacia Hidrográfica das Ribeiras do

Algarve;

Decreto-Lei n.º 121/89, de 14 Abril, que cria o Parque Natural da Serra de São Mamede;

Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, revê a transposição para a ordem jurídica interna da Directiva

n.º 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de Abril (relativa à conservação das aves selvagens), e da

Directiva n.º 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio (relativa à preservação dos habitats naturais e

da fauna e da flora selvagens). Revoga os Decretos-Lei n.º 75/91, de 14 de Fevereiro, 224/93, de 18

de Junho, e 226/97, de 27 de Agosto;

Decreto-Lei n.º 142/2008, 24 de Julho, define o Regime Jurídico da Conservação da Natureza e da

Biodiversidade;

Decreto-Lei n.º 155/97, de 24 de Junho, que altera o Decreto-Lei n.º 69/90 de 2 de Março (regime

jurídico dos planos municipais de ordenamento do território);

Decreto-Lei n.º 16/2001, de 5 de Dezembro, que aprova o Plano de Bacia Hidrográfica do Guadiana;

Decreto-Lei n.º 166/2008, 22 de Agosto, que aprova o Regime Jurídico da Reserva Ecológica

Nacional e revoga o Decreto-Lei n.º 93/90 de 19 de Março;

Decreto-Lei n.º 18/2006, de 20 de Outubro, que aprova o Plano Regional de Ordenamento Florestal

do Baixo Alentejo;

Decreto-Lei n.º 180/2006, de 6 de Setembro, quinta alteração ao Decreto-Lei n.º 93/90 de 19 de

Março, que define o regime jurídico da Reserva Ecológica Nacional;

Decreto-Lei n.º 19/93, de 23 de Janeiro, que estabelece normas relativas à Rede Nacional de Áreas

Protegidas;

Decreto-Lei n.º 196/89, de 14 de Junho, que estabelece o novo regime jurídico da Reserva Agrícola

Nacional. Revoga o Decreto-Lei n.º 451/82 de 16 de Novembro;

Decreto-Lei n.º 208/82, de 26 de Maio, define o quadro regulamentar dos planos directores

municipais;

Decreto-Lei n.º 211/92, de 8 de Outubro, que altera o Decreto-Lei n.º 69/90 de 2 de Março (planos

municipais de ordenamento do território);

Decreto-Lei n.º 213/97, de 6 de Agosto, que estabelece normas relativas à Rede Nacional das Áreas

Protegidas;

Decreto-Lei n.º 241/88, de 7 Julho, que cria a Área de Paisagem Protegida do Sudoeste Alentejano e

Costa Vicentina;

Decreto-Lei n.º 26/2002, de 5 de Abril;

Page 101: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

87

Decreto-Lei n.º 26/93, de 27 de Agosto, que aprova o Plano Regional de Ordenamento do Território

do Litoral Alentejano;

Decreto-Lei n.º 280/94, de 5 de Novembro, que cria a Zona de Protecção Especial do Estuário do

Tejo;

Decreto-Lei n.º 310/2003, de 10 de Dezembro, que altera pela segunda vez o regime jurídico dos

instrumentos de gestão territorial, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 380/99 de 22 de Setembro;

Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro, que procede à quinta alteração ao Decreto-Lei n.º

380/99 de 22 de Setembro, que estabelece o regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial;

Decreto-Lei n.º 321/83, de 5 de Julho, que Cria a Reserva Ecológica Nacional;

Decreto-Lei n.º 338/83, de 20 de Julho, que estabelece as normas a que deverá obedecer o plano de

ordenamento do território;

Decreto-Lei n.º 373/87, de 9 de Dezembro, que cria o Parque Natural da Ria Formosa;

Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, define o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão

Territorial;

Decreto-Lei n.º 384-B/99, de 23 de Setembro, que ria diversas zonas de protecção especial e revê a

transposição para a ordem jurídica interna das Directivas n.º 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de Abril,

e 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio;

Decreto-Lei n.º 39/2007, de 5 de Abril, que aprova o Plano Regional de Ordenamento Florestal do

Alentejo Litoral (PROFAL);

Decreto-Lei n.º 451/82, de 16 de Novembro, que institui a reserva agrícola nacional;

Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de Fevereiro, que procede à sexta alteração ao Decreto-Lei n.º

380/99, de 22 de Setembro, que estabelece o regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial;

Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro, primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 140/99 de 24 de

Abril, que procedeu à transposição para a ordem jurídica interna da Directiva n.º 79/409/CEE, do

Conselho, de 2 de Abril, relativa à conservação das aves selvagens (directiva aves) e da Directiva

n.º 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio, relativa à preservação dos habitats naturais e da fauna e

da flora selvagens (directiva habitats);

Decreto-Lei n.º 5/2002, de 2 de Fevereiro, que aprova o Plano de Bacia Hidrográfica do Mira;

Decreto-Lei n.º 5/2002, de 8 de Fevereiro, que aprova o Plano de Bacia Hidrográfica do Mira;

Decreto-Lei n.º 6/2002, de 9 de Março, que aprova o Plano de Bacia Hidrográfica do Sado;

Decreto-Lei n.º 613/76, de 27 de Julho, que Revoga a Lei n.º 9/70 de 19 de Junho, e promulga o novo

regime de protecção à Natureza e criação de parques nacionais;

Decreto-Lei n.º 69/90, de 2 de Março, que disciplina o regime jurídico dos planos municipais de

ordenamento do território;

Page 102: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

88

Decreto-Lei n.º73/2009, de 31 de Março, que Aprova o regime jurídico da Reserva Agrícola Nacional

e revoga o Decreto-Lei n.º 196/89, de 14 de Junho;

Decreto-Lei nº 151/95, de 24 de Junho, que harmoniza o regime jurídico dos planos especiais de

ordenamento do território;

Deliberação n.º 1597/2009, de 20 de Maio, que altera o PDM da Figueira da Foz para a instalação de

Plataforma Logística em Vale de Murta e de uma zona industrial da Gândara;

Drecreto-Lei n.º 565/76, de 19 de Julho, que cria a Reserva Natural do Estuário do Tejo;

Directiva 19/409/CEE, que pretende que cada um dos Estados Membros tome as medidas

necessárias para garantir a protecção das populações selvagens das várias espécies de aves no seu

território da União Europeia (Directiva Aves);

Directiva 92/43/CEE relativa à preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens

(Directiva Habitats);

Edital n.º 37/2010, de 19 de Janeiro, que rectificação à planta de condicionantes do Plano Director

Municipal de Castelo de Vide;

Lei Constitucional n.º 1/89, de 9 de Julho, segunda revisão da Constituição;

Lei n.º 11/87, de 8 de Abril, define a Lei de Base do Ambiente;

Lei n.º 48/98, de 11 de Agosto, que estabelece as base do Ordenamento do Território e Urbanismo;

Lei n.º 5/96, de 29 de Fevereiro, que altera, por ratificação, do Decreto-Lei n.º 151/95 de 24 de Junho,

que harmoniza o regime jurídico dos planos especiais de ordenamento do território;

Lei n.º 5/96, de 29 de Fevereiro;

Lei n.º 54/2005, de 15 de Novembro, que estabelece a titularidade dos recursos hídricos;

Lei n.º 79/77, de 25 de Outubro, define as atribuições das autarquias e competências dos respectivos

órgãos;

Lei n.º 9/70, de 19 de Junho, atribui ao Governo a incumbência de promover a protecção da Natureza

e dos seus recursos em todo o território, de modo especial pela criação de parques nacionais e de

outros tipos de reservas;

Resolução de Conselho de Ministros n.º 102/2007 de 3 de Agosto, que aprova a revisão do Plano

Regional de Ordenamento do Território do Algarve;

Resolução de Conselho de Ministros n.º 103/2005, de 27 de Junho, que aprova o Plano de

Ordenamento da Orla Costeira (POOC) Vilamoura-Vila Real de Santo António;

Resolução de Conselho de Ministros n.º 114/2000, de 20 de Julho, que ratifica parcialmente o Plano

Director Municipal de Odemira;

Resolução de Conselho de Ministros n.º 126/97, de 30 de Julho, que ratifica o Plano Director

Municipal de Castelo de Vide;

Page 103: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

89

Resolução de Conselho de Ministros n.º 13/2007, que ratifica a suspensão parcial do Plano Director

Municipal de Vila Franca de Xira e estabelece medidas preventivas para a mesma área e aprova a

suspensão do Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa para a

mesma área;

Resolução de Conselho de Ministros n.º 13/98, de 27 de Janeiro, que ratifica o Plano Director

Municipal de Almodôvar;

Resolução de Conselho de Ministros n.º 134/95, de 11 de Novembro, que aprova o Plano de

Ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês;

Resolução de Conselho de Ministros n.º 142/2000, de 20 de Outubro, que aprova o Plano de

Ordenamento da Orla Costeira (POOC) de Ovar-Marinha Grande;

Resolução de Conselho de Ministros n.º 15/94, de 22 de Março, que ratifica o Plano Director

Municipal de Oeiras;

Resolução de Conselho de Ministros n.º 152/98, de 30 de Dezembro, que aprova o Plano de

Ordenamento da Orla Costeira Sines-Burgau (POOC);

Resolução de Conselho de Ministros n.º 16/93, de 17 de Março, que ratifica o Plano Director

Municipal de Vila Franca de Xira;

Resolução de Conselho de Ministros n.º 177/2008, de 24 de Novembro, que aprova o Plano de

Ordenamento da Reserva Natural do Estuário do Tejo;

Resolução de Conselho de Ministros n.º 185/2007, de 21 de Dezembro, que aprova o Plano de

Ordenamento da Albufeira de Santa Clara e altera a delimitação da Reserva Ecológica Nacional dos

concelhos de Odemira e de Ourique;

Resolução de Conselho de Ministros n.º 188/2007 de 28 de Dezembro;

Resolução de Conselho de Ministros n.º 19/95, de 8 de Março, que ratifica o Plano Director Municipal

de Montalegre;

Resolução de Conselho de Ministros n.º 37/98, 9 de Março, que ratifica o Plano de Ordenamento da

Albufeira de Póvoa e Meadas;

Resolução de Conselho de Ministros n.º 43/2004, que ratifica a suspensão parcial do Plano Director

Municipal de Vila Franca de Xira;

Resolução de Conselho de Ministros n.º 65/95, de 6 de Julho, que ratifica a alteração ao Plano

Director Municipal de Oeiras;

Resolução de Conselho de Ministros n.º 66/2004, de 26 de Maio, que ratifica parcialmente a alteração

do Plano Director Municipal de Loulé e aprova a alteração da delimitação da Reserva Ecológica

Nacional;

Resolução de Conselho de Ministros n.º 77/2005, de 21 de Março, que aprova o Plano de

Ordenamento do Parque Natural da Serra de São Mamede (POPNSSM);

Page 104: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

90

Resolução de Conselho de Ministros n.º 78/2009, de 2 de Setembro, que aprova o Plano de

Ordenamento do Parque Natural da Ria Formosa;

Resolução de Conselho de Ministros n.º 81/95, de 24 de Agosto, que ratifica o Plano Director

Municipal de Loulé;

Resolução de Conselho de Ministros n.º 92/2002, de 7 de Maio, que Aprova a revisão do Plano de

Ordenamento da Albufeira da Caniçada;

Resolução do Conselho de Ministros n.º 100/2003, de 27 de Fevereiro, que ratifica a suspensão

parcial do Plano Director Municipal da Figueira da Foz e do Plano de Urbanização da Figueira da Foz

e o estabelecimento de medidas preventivas para a mesma área, no município da Figueira da Foz;

Resolução de Conselho de Ministros n.º 108/99, de 25 de Setembro, Ratifica a alteração à planta de

ordenamento do Plano Director Municipal de Castelo de Vide, ratificado pela Resolução do Conselho

de Ministros n.º 126/97 de 30 de Julho;

Resolução do Conselho de Ministros n.º 115-A/2008, de 21 de Julho, que aprova o Plano Sectorial da

Rede Natura 2000 relativo ao território continental;

Resolução do Conselho de Ministros n.º 152/2001, de 11 de Outubro, que adopta a Estratégia

Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade;

Resolução do Conselho de Ministros n.º 164/99, de 18 de Junho, que ratifica o Plano Director

Municipal da Figueira da Foz;

Resolução do Conselho de Ministros n.º 42/94, que ratifica o Plano Director Municipal da Figueira da

Foz;

Resolução do Conselho de Ministros n.º 66/2001, que determina a elaboração do plano sectorial

relativo à implementação da Rede Natura 2000 e constitui a respectiva comissão mista de

coordenação;

Page 105: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

91

ANEXO I – Fichas dos Indicadores Ambientais

Código: 1 Ocupação de áreas naturais e semi-naturais

Período de análise: Unidade Espacial: Unidade(s) de medida: Fonte(s):

1990-2006 Municipal ha ou % Projecto CORINE Land

Cover

Enquadramento:

Optou-se por identificar quais as áreas naturais e semi-naturais, com o intuito de abranger a maior

parte dos recursos naturais, possibilitando assim a análise da sua evolução perante a implementação

dos PDM em território nacional.

Descrição:

O presente indicador é definido pelo somatório das seguintes classes referentes ao nível três do

Projecto CORINE Land Cover: ―florestas de folhosas‖, ―florestas de coníferas‖, ―florestas mistas de

folhosas e coníferas‖, ―prados naturais‖, ―charnecas ou matos‖, ―vegetação esclerófila‖, ―floresta ou

vegetação arbustiva de transição‖, ―praias, dunas ou areais‖, ―zonas de vegetação esparsa‖,

―pântanos ou pauis‖, ―turfeiras‖, ―sapais‖, ―salinas‖, ―zonas intermareais‖, ―lagoas costeiras‖,

―estuários‖, ―terras aráveis não irrigáveis‖, ―terras permanentemente irrigáveis‖, ―arrozais‖, ―vinhas‖,

―pomares de árvore de fruto ou de baga‖, ―olivais‖, ―pastagens‖, ―culturas anuais associadas às

culturas permanentes‖, ―sistemas culturais e parcelares complexos‖, ―zonas principalmente agrícolas

com zonas naturais importantes‖ e ―zonas agro-florestais‖.

O Projecto CORINE Land Cover efectuou os estudos para três espaços temporais diferentes, 1990,

2000 e 2006, sendo que os dois primeiros foram revistos posteriormente. A análise destes três

espaços temporais tem por objectivo traduzir a tendência da situação em que se encontra os espaços

naturais e semi-naturais.

Page 106: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

92

Código: 2 Ocupação da área RAN

Período de análise: Unidade Espacial: Unidade(s) de medida: Fonte(s):

1989 até 2010 Municipal ha ou %

Entidade Regional para a

RAN, DRAP, Câmaras

Municipais

Enquadramento:

A Reserva Agrícola Nacional (RAN) foi criada pelo Decreto-Lei n.º 356/75, de 8 de Julho. Segundo o

Decreto-Lei n.º 451/82, de 16 de Novembro, a RAN foi criada com o intuito de defender as áreas de

maiores potencialidades agrícolas, ou que foram objecto de importantes investimentos destinados a

aumentar a sua capacidade produtiva, tendo como objectivo o progresso e a modernização da

agricultura portuguesa.

No entanto apenas com o Decreto-Lei n.º 196/89, de 14 de Junho, se ―atribui a gestão das áreas

integradas na RAN a órgãos regionais representativos das várias entidades com responsabilidade na

matéria, dotando-os, simultaneamente, dos instrumentos jurídicos que lhes possibilitem, em

conjugação com as direcções regionais de agricultura, uma actuação pronta e eficaz perante as

acções violadoras do regime ora instituído.‖

Descrição:

Este indicador traduz a evolução da conservação das áreas com maior potencialidade de produção

de bens agrícolas, representando em parte a protecção do recurso solo com especificidades

importantes e protegendo os ecossistemas associados à actividade agrícola. Para atingir este

objectivo efectuou-se recolha de dados relativos à evolução das áreas integradas na RAN, que

englobam as áreas excluídas aquando da sua delimitação e as áreas ocupadas por usos sujeitos a

parecer favorável.

Page 107: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

93

Código: 3 Ocupação da área REN

Período de análise: Unidade Espacial: Unidade(s) de medida: Fonte(s):

1983 até 2010 Municipal ha ou % CCDR, Câmaras Municipais

Enquadramento:

A REN foi criada pelo Decreto-Lei n.º 321/83, de 5 de Julho, com o intuito de ―salvaguardar, em

determinadas áreas, a estrutura biofísica necessária para que se possa realizar a exploração dos

recursos e a utilização do território sem que sejam degradadas determinadas circunstâncias e

capacidades de que dependem a estabilidade e fertilidade das regiões, bem como a permanência de

muitos dos seus valores económicos, sociais e culturais‖.

A REN integrava, pois, ―todas as áreas indispensáveis à estabilidade ecológica do meio e à utilização

racional dos recursos naturais, tendo em vista o correcto ordenamento do território‖.

O regime jurídico da REN foi objecto de ajustamentos significativos, sendo a mais profunda a

efectuada pelo Decreto-Lei n.º 180/2006, de 6 de Setembro, o qual veio consagrar a possibilidade de

viabilizar determinados usos e acções que não ponham em causa a permanência dos recursos,

valores e processos ecológicos que a REN pretende preservar. Tendo-se ainda optado por uma outra

revisão, a qual foi concretizada pelo Decreto-Lei n.º 166/2008, de 22 de Agosto, que se encontra em

vigor desde 22 de Setembro de 2008.

Descrição:

O presente indicador pretende traduzir a evolução da área definida como REN, ou seja, áreas com

elevado valor e sensibilidade ecológica, em que um dos intuitos é ―proteger os recursos naturais água

e solo, bem como salvaguardar sistemas e processos biofísicos associados ao litoral e ao ciclo

hidrológico terrestre, que asseguram bens e serviços ambientais indispensáveis ao desenvolvimento

das actividades humanas‖, segundo a alínea 3a), do artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 166/2008, de 22 de

Agosto. Com o intuito de atingir tal objectivo foi necessário contabilizar as áreas excluídas na

sequência de alterações da delimitação da REN, as áreas respeitantes a ocupações que obtiveram

parecer favorável e as áreas desafectas.

Page 108: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

94

Código: 4 Ocupação da área de floresta

Período de análise: Unidade Espacial: Unidade(s) de medida: Fonte(s):

Até 2010 Municipal ha ou %

Projecto CORINE Land

Cover, Relatórios do Estado

do Ambiente

Enquadramento:

A floresta em Portugal tem evoluído conforme as actividades económicas que vigoram em

determinadas ocasiões. Segundo o Relatório do Estado do Ambiente de 2000, nas últimas décadas

tem-se verificado um aumento da ocupação florestal, no entanto este aumento deve-se ao aumento

das plantações de eucalipto que se tem vindo a verificar, devido ao crescimento da indústria de

celulose.

A floresta constituiu só por si um recurso natural com elevado valor e para além deste facto tem uma

elevada importância na preservação do ambiente e dos recursos naturais, tal como a agricultura.

Descrição:

O objectivo deste indicador ambiental é obter a tendência da ocupação florestal em território

continental, analisando deste modo a preservação deste recurso natural e dos recursos naturais

dependentes deste. Para tal, recorreu-se aos dados disponibilizados pelo Projecto CORINE Land

Cover nos diferentes espaços temporais, definindo-se que a área florestal a ser contabilizada

corresponderia ao somatório das seguintes classes referentes ao nível três: ―florestas de folhosas‖,

―florestas de coníferas‖, ―florestas mistas de folhosas e coníferas‖ e ―floresta ou vegetação arbustiva

de transição‖ Error! Reference source not found.. Como é possível verificar, este indicador não

diferencia nem o estado em que se encontra a floresta nem as espécies que constituem a floresta.

Page 109: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

95

Código: 5 Ocupação da área artificializada

Período de análise: Unidade Espacial: Unidade(s) de medida: Fonte(s):

Até 2006 Municipal ha ou %

Projecto CORINE Land

Cover, Relatórios do Estado

do Ambiente

Enquadramento:

A expansão urbana é um dos temas com o qual a sociedade se depara, sendo que comporta não

apenas problemas de cariz ambiental, mas também de cariz de ordem social. Segundo o relatório

intitulado ―Urban sprawl in Europe — the ignored challenge‖ (A expansão urbana na Europa — o

desafio ignorado), mais de um quarto do território da União Europeia encontra-se já urbanizado,

afectando disponibilidade de recursos, tanto a nível de consumo como de ocupação.

Descrição:

O presente indicador pretende analisar a evolução das áreas artificializadas que incluem ―Tecido

urbano contínuo‖, ―Tecido urbano descontínuo‖, ―Unidades industriais ou comerciais‖, ―Rede

rodoviária ou ferroviária e zonas associadas‖, ―Zonas portuárias‖, ―Aeroportos‖, ―Zonas de extracção

mineira‖, ―Zonas de deposição de resíduos industriais ou urbanos‖, ―Zonas de construção‖, ―Zonas

verdes urbanas‖ e ―Equipamentos desportivos ou lazer‖ Error! Reference source not found.,

nomenclatura definida no Projecto CORINE Land Cover.

O estudo deste indicador tem por base a tentativa de analisar a existência de alterações do uso do

solo no que diz respeito ao aumento de áreas artificializadas em declínio de áreas designadas por

áreas naturais e semi-naturais e de áreas classificadas com o intuito de protecção.

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Código: 6 Ocupação da área agrícola

Período de análise: Unidade Espacial: Unidade(s) de medida: Fonte(s):

Até 2010 Municipal ou Nacional ha ou %

Projecto CORINE Land

Cover, Relatórios do Estado

do Ambiente

Enquadramento:

O ecossistema agrícola é muito importante para a preservação dos recursos naturais e apresenta-se

como elo de ligação entre a natureza e o ser humano. Ao criar estas zonas de actividade agrícola de

onde se retira proveitos, criam-se habitats que acolhem diversas espécies e protegem-se alguns

recursos como o solo, se os métodos agrícolas utilizados o permitirem.

Descrição:

No caso do indicador da ocupação de área agrícola recorreu-se também aos dados disponibilizados

pelo Projecto CORINE Land Cover, nos mesmos momentos temporais, definindo-se que a área

agrícola a ser contabilizada corresponderia ao somatório das seguintes classes referentes ao terceiro

nível: ―terras aráveis não irrigadas‖, ―terras permanentemente irrigadas‖, ―arrozais‖, ―vinhas‖,

―pomares de árvore de fruto ou de baga‖, ―olivais‖, ―pastagens‖, ―culturas anuais associadas às

culturas permanentes‖, ―sistemas culturais e parcelares complexos‖, ―zonas principalmente agrícolas

com zonas naturais importantes‖ e ―zonas agro-florestais‖.

Page 111: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

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Código: 7 Conectividade/Fragmentação das áreas naturais e semi-naturais

Período de análise: Unidade Espacial: Unidade(s) de medida: Fonte(s):

Até 2006 Municipal ou Raciona ha ou % Projecto CORINE Land

Cover

Enquadramento:

Um dos problemas associados à expansão urbana desordenada é a fragmentação de habitats, que

consiste num processo de divisão de um habitat contínuo em manchas isoladas Error! Reference

source not found.. Segundo Araújo e Souza (2003), a fragmentação torna-se de grande importância

devido a dois efeitos associados aos ecossistemas: efeitos directos na estrutura dos ecossistemas,

que levam à redução da biodiversidade ao longo dos anos e décadas; e os efeitos indirectos

associados ao suporte da biodiversidade, representados principalmente pela desestabilização dos

recursos naturais solo e água, cujo processo evolui no sentido de degradação Error! Reference

source not found..

Descrição:

No caso deste indicador recorreu-se à análise da existência ou não de ligação entre espaço naturais

e semi-naturais, caracterizados pelo indicador referente à ocupação das áreas natural e semi-natural,

ou seja, através dos mapas disponibilizados pelo Projecto CORINE Land Cover, tentou-se verificar,

ao longo dos três espaços temporais, a existência de uma tendência de conectividade entre as áreas

naturais e semi-naturais de extrema importância para a conservação dos recursos naturais

existentes. Salienta-se que os dados disponibilizados pelo Projecto CORINE Land Cover consideram

apenas a rede viária com uma largura superior a 100 metros, o que exclui a maioria da rede viária em

Portugal continental.

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Page 113: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

99

ANEXO II – Quadro das classes do Projecto CORINE Land Cover que descrevem

os indicadores ambientais.

Quadro 5 - Classes do Projecto CORINE Land Cover que descrevem os indicadores ambientais.

Indicadores Ambientais Classes do Projecto CORINE Land Cover (IGEO, 2007)

Ocupação das áreas natural e semi-

natural

―Florestas de folhosas‖ (311), ―florestas de coníferas‖ (312),

―florestas mistas de folhosas e coníferas‖ (313), ―prados naturais‖

(3219, ―charnecas ou matos‖(322), ―vegetação esclerófila‖ (323),

―floresta ou vegetação arbustiva de transição‖ (324), ―praias, dunas

ou areais‖ (331), ―zonas de vegetação esparsa‖ (333), ―pântanos ou

pauis‖ (411), ―turfeiras‖ (412), ―sapais‖ (421), ―salinas‖ (422), ―zonas

intermareais‖ (423), ―lagoas costeiras‖ (521), ―estuários‖ (522),

―terras aráveis não irrigadas‖ (211), ―terras permanentemente

irrigadas‖ (212), ―arrozais‖ (213), ―vinhas‖ (221), ―pomares de árvore

de fruto ou de baga‖ (222), ―olivais‖ (223), ―pastagens‖ (231),

―culturas anuais associadas às culturas permanentes‖ (241),

―sistemas culturais e parcelares complexos‖ (242), ―zonas

principalmente agrícolas com zonas naturais importantes‖ (243) e

―zonas agro-florestais‖ (244).

Ocupação da área florestal Error!

Reference source not found.

―Florestas de folhosas‖, ―florestas de coníferas‖, ―florestas mistas de

folhosas e coníferas‖ e ―floresta ou vegetação arbustiva de

transição‖.

Ocupação da área artificializada

Error! Reference source not

found.

―Tecido urbano contínuo‖ (111), ―Tecido urbano descontínuo‖ (112),

―Unidades industriais ou comerciais‖ (121), ―Rede rodoviária ou

ferroviária e zonas associadas‖ (122), ―Zonas portuárias‖ (123),

―Aeroportos‖ (124), ―Zonas de extracção mineira‖ (131), ―Zonas de

deposição de resíduos industriais ou urbanos‖ (132), ―Zonas de

construção‖ (133), ―Zonas verdes urbanas‖ (141) e ―Equipamentos

desportivos ou lazer‖ (142).

Ocupação da área agrícola

―Terras aráveis não irrigadas‖ (211), ―terras permanentemente

irrigadas‖ (212), ―arrozais‖ (213), ―vinhas‖ (221), ―pomares de árvore

de fruto ou de baga‖ (222), ―olivais‖ (223), ―pastagens‖ (231),

―culturas anuais associadas às culturas permanentes‖ (241),

―sistemas culturais e parcelares complexos‖ (242), ―zonas

principalmente agrícolas com zonas naturais importantes‖ (243) e

―zonas agro-florestais‖ (244).

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100

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101

Anexo III – Classes e categorias enunciadas nos PDM de cada estudo-de-caso.

Quadro 6 – Classes e categorias do solo utilizadas no PDM de Montalegre.

Classes Categorias

A – Espaço Urbanos

Áreas urbanas

Áreas urbanizáveis

Lugares rurais a estruturar

B – Espaços industriais Áreas industriais

C – Espaços de indústria extractiva

D – Espaços agrícolas

Áreas agrícolas preferenciais

Áreas agrícolas condicionadas

Áreas agrícolas complementares

D – Espaços florestais

Áreas de floresta de produção

Áreas de floresta de uso

condicionado

Áreas agro-florestais

E – Espaços naturais e culturais

Áreas de protecção natural e

paisagística

Áreas de protecção ao património

edificado

F – Espaços canais e de protecção às infra-estruturas

Rede viária

Redes de águas e esgotos

Rede eléctrica

G – Espaços de equipamentos

H – Espaços de desenvolvimento

turístico

Núcleos com interesse turístico

Núcleos de desenvolvimento turístico

Parques de lazer

Parques de campismo

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102

Quadro 7 - Classes e categorias do solo utilizadas no PDM da Figueira da Foz.

Classes Categorias

A – Espaço naturais e de protecção

Espaço naturais e de protecção de grau I

Espaço naturais e de protecção de grau I

B – Espaços agrícolas

Espaços agrícolas de grau I

Espaços agrícolas de grau II ou agrícolas

indiscriminados

C – Espaços florestais

D – Espaços urbanos

Espaços urbanos de grau I

Espaços urbanos de grau II

Espaços urbanos potencialmente reestruturáveis

Núcleos habitacionais

E – Espaços urbanizáveis

Urbanizável de expansão I

Urbanizável de expansão II

Periurbanos I

Periurbanos II

Urbanizável para fins preferencialmente turísticos

Urbanizável para fins industriais

Urbanizável para equipamentos diversos

F – Espaços para indústrias extractivas

Espaço para indústria extractiva consolidada

Espaço para indústria extractiva a reconverter

Espaço para indústria extractiva potencial

G – Espaços culturais

H – Espaços de equipamentos

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103

Quadro 8 - Classes e categorias do solo utilizadas no PDM de Castelo de Vide.

Classes Categorias

A – Espaços urbanos

Tecido urbano histórico

Tecido urbano a consolidar

Verde urbano

B – Espaços urbanizáveis Expansão de aglomerado

C – Espaços Industriais

Área industrial existente

Expansão da área industrial

D – Espaços para indústrias extractivas

E – Espaços agrícolas

Áreas de grande potencialidade agrícola

Outras áreas agrícolas

F – Espaços florestais

Aptidão florestal e silvopastoril

Montados a manter ou melhorar

Soutos e carvalhais a manter

G – Espaços naturais

Protecção por uso florestal e silvopastoril

Protecção por uso florestal e silvopastoril

Protecção por soutos e carvalhais

H – Espaços culturais

Espaços culturais isolados

Conjuntos culturais

I – Espaços-canais

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104

Quadro 9 - Classes do solo utilizadas no PDM de Oeiras.

Classes

A – Espaços urbanos

B – Espaços urbanizáveis

C – Espaços Industriais

D – Espaços de expansão industrial

E – Espaços naturais e de protecção

F – Espaços de equilíbrio ambiental

G – Espaços de multiuso

H – Espaços semi-rurais

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105

Quadro 10 - Classes e categorias do solo utilizadas no PDM de Vila Franca de Xira (2009).

Classes Categorias de Espaço Subcategorias de Espaço

A – Solo rural

Espaços agrícolas

Espaços Agrícolas de Produção

Tipo I

Espaços Agrícolas de Produção

Tipo II

Espaços Agrícolas

Complementares

Espaços florestais

Espaços naturais

Espaços de indústria extractiva

Espaços consolidados

Espaços a recuperar

Áreas de Recursos Geológicos

Potenciais

Aglomerados rurais

Núcleos edificados de quintas

B – Solo urbano

Solos Urbanizados

Espaços Urbanizados

Espaços urbanizados a

reestruturar

Espaços de equipamento

Espaços de Indústria

Espaços Multiusos

Espaços Militares

Solos cuja urbanização seja possível

programar

Espaços a Urbanizar Tipo I

Espaços a Urbanizar Tipo II

Espaços a Urbanizar Tipo III

Espaços a Urbanizar em regime

especial

Espaços para Equipamento

Espaços para Multiusos

Espaços para Turismos

Solos afectos à estrutura ecológica

urbana;

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106

Quadro 11 - Classes e categorias do solo utilizadas no PDM de Almodôvar.

Classes Categorias

A – Espaços urbanos e urbanizáveis

Aglomerados de nível I

Aglomerados de nível II

Aglomerados de nível III

B – Espaços Urbanizáveis

Aglomerados de nível I

Aglomerados de nível II

Áreas Verdes

C – Espaços industriais e de serviços

Espaço Industrial existente

Espaço Industrial proposto

D – Espaços de indústrias extractiva

E – Espaços agrícolas

Áreas que integram os solos da RAN

Outras áreas agrícolas

F – Espaços florestais

Áreas agro-silvo-pastoris

Áreas silvopastoris

G – Espaços de protecção e valorização ambiental

H – Espaços culturais

I – Espaços canais Rede rodoviária

J – Espaços de equipamentos e infra-estruturas

Equipamentos a instalar

Infra-estruturas a instalar

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107

Quadro 12 - Classes e categorias do solo utilizadas no PDM de Odemira.

Classes Categorias

A – Aglomerados populacionais

Aglomerados urbanos de categoria I

Aglomerados urbanos de categoria II

Aglomerados urbanos de categoria III

B – Área de fraccionamento ilegal da propriedade

rústica

C – Áreas para equipamentos e infra-estruturas

D – Áreas afectas às albufeiras de águas públicas

E – Espaços turísticos

F – Espaços agrícolas

G – Espaços de protecção e valorização ambiental

Espaços de Protecção e Valorização Ambiental 1

Espaços de Protecção e Valorização Ambiental 2

Espaços de Protecção e Valorização Ambiental 3

Espaços de Protecção e Valorização Ambiental 4

H – Espaços agro-silvo-pastoris

Categoria I - Define as áreas ocorrentes na Faixa

Litoral do território do Município

Categoria II - Define as áreas ocorrentes nas

Faixas Central e Interior do Município

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108

Quadro 13 – Categorias e subcategorias do solo utilizadas no PDM de Loulé (1994).

Categorias Subcategorias

A – Espaços urbanos

Aglomerados urbanos do tipo A

Aglomerados urbanos do tipo B

Aglomerados urbanos do tipo C

Áreas urbano-turísticas

B – Espaços culturais

C – Espaços urbanizáveis

Espaços urbanizáveis de expansão

Áreas de edificação dispersa a estruturar;

Áreas com função não habitacional

Áreas destinadas à localização de equipamentos

sociais, desportivos, de lazer e serviços

Áreas de reconversão urbanística

D – Espaços industriais

E – Espaços para equipamentos e grande infra-

estruturas

F – Verde urbano

G – Espaços agrícolas

RAN

Áreas de uso predominantemente agrícola

Áreas de agricultura condicionada I

Áreas de agricultura condicionada II

H – Espaços florestais

Espaços florestais de produção-protecção

Espaços florestais de protecção

I – Espaço para indústrias extractivas

Espaços de indústrias extractivas consolidadas

Espaços de indústrias extractivas a reconverter

Espaços para novas indústrias extractivas

G – Espaços naturais

Espaços naturais de grau I (REN)

Espaços naturais de grau II

Espaços naturais de grau III

I – Espaços-canais

Rede ferroviária e rodoviária

Rede geral de transporte de energia eléctrica

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109

Quadro 14 – Classes, categorias e subcategorias do solo utilizadas no PDM de Loulé (2004).

Classes Categorias de Espaço Subcategorias de Espaço

A – Solo rural

Espaços agrícolas

RAN

Áreas de uso predominantemente agrícola

Áreas de agricultura condicionada I

Áreas de agricultura condicionada II

Espaços florestais

Espaços florestais de produção-protecção

Espaços florestais de protecção

Espaços naturais

Espaços naturais de grau I

Espaços naturais de grau II

Espaços naturais de grau III

Espaços para indústria extractiva

Espaços de indústrias extractivas consolidadas

Espaços de indústrias extractivas a reconverter

Espaços para novas indústrias extractivas

Espaços Canais

Rede ferroviária e rodoviária

Rede geral de transporte de energia eléctrica

B – Solo urbano

Espaços Urbanos

Aglomerados urbanos do tipo A

Aglomerados urbanos do tipo B

Aglomerados urbanos do tipo C

Áreas urbano-turísticas

Espaços Urbanizáveis

Espaços urbanizáveis de expansão

Áreas de edificação dispersa a estruturar;

Áreas com função não habitacional

Áreas destinadas à localização de equipamentos sociais, desportivos, de lazer e serviços

Áreas de reconversão urbanística

Solos afectos à estrutura

ecológica

Verde Urbano

Espaços Culturais

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110

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111

ANEXO IV – Características de cada estudo-de-caso.

Quadro 15 – Características de cada estudo-de-caso.

Indicador Montalegre Figueira da

Foz

Castelo de

Vide Oeiras

Vila Franca

de Xira Almodôvar Odemira Loulé

Portugal

Continental

Áreas (2008,ha)1

80.550,00 37.910,00 26.490,00 4.580,00 31.770,00 77.790,00 172.060,00 76.420,00 8.897.130,00

1º PDM1 1995 1994 1997 1994 1993 1998 2000 1995 -

Revisão (2008)1 Sim Sim - Sim Sim - - - -

PEOT (2008)1 2 1 2 0 1 0 3 2 69

% do município com

Área Protegida (2010)3

19,00 0,10 62,40 0,00 23,40 0,00 18,30 4,70 8,50

População Residente

(2009, hab)1

11.216,00 63.023,00 3.677,00 172.609,00 144.123,00 7.045,00 25.221,00 66.085,00 10.144.940,00

Taxa de crescimento

efectivo (2008;%)1

-1,81 -0,15 -1,02 0,32 1,47 -2,15 -0,57 0,99 0,08

Taxa de desemprego

(2001;%)2

9,50 7,40 5,80 7,00 6,60 7,50 8,30 5,00 6,70

Taxa de actividade

(2001 %)2

33,00 45,60 40,80 53,70 54,40 39,40 40,70 48,90 48,10

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112

Quadro 16 - Características de cada estudo-de-caso (continuação).

Indicador Montalegre Figueira da

Foz

Castelo de

Vide Oeiras

Vila Franca

de Xira Almodôvar Odemira Loulé

Portugal

Continental

Ganho médio mensal

(2008;€)1

662,80 980,90 711,70 1617,90 1038,30 674,50 965,20 887,40 965,20

Densidade de Empresas

(N.º/km2)1

0,90 17,60 1,10 501,70 39,60 0,80 1,30 13,50 11,90

Hóspedes nos

estabelecimentos

hoteleiros (2008)1

6.843,00 106.117,00 24.145,00 115.618,00 - - 24.909,00 453.586,00 11.926.456,00

Sector terciário social

(2001, %)2

21,19 3,44 27,47 28,10 31,91 22,56 28,10 50,09 3,44

Sector terciário

económico (2001, %)2

24,36 25,54 41,91 25,06 26,13 27,47 25,06 20,66 25,54

Sector secundário

(2001, %)2

27,34 35,10 23,24 25,33 36,81 35,71 25,33 23,12 35,10

Sector primário

(2001, %)2

27,11 4,98 7,39 21,51 5,16 14,26 21,51 6,14 4,98

Fontes:

1 – Anuários Estatísticos das Regiões 2008, INE (2009).

2 – Censos 2001, INE.

3 – ICNB, 2010.

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113

ANEXO V – Quadros-resumo dos indicadores ambientais para cada estudo-de-caso.

Quadro 17 – Percentagem de ocupação das áreas naturais e semi-naturais, artificializadas, florestais e agrícolas, para 1990, 2000 e 2006, e a percentagem de variação entre 1990 e 2006, para os estudos-de-caso.

Áreas Naturais e

Área Artificializada Área Florestal Área Agrícola

Semi-naturais

1990

(%

)

2000

(%

)

2006

%)

Δ19

90-2

006 (

%)

1990

(%

)

2000

(%

)

2006

(%

)

Δ19

90-2

006 (

%)

1990

(%

)

2000

(%

)

2006

(%

)

Δ19

90-2

006 (

%)

1990

(%

)

2000

(%

)

2006

(%

)

Δ19

90-2

006 (

%)

Estu

do

s-d

e-c

aso

Montalegre 96,02 95,52 95,28 -0,77 0,28 0,40 0,43 53,49 19,96 19,62 19,43 -2,66 28,33 28,29 28,22 -0,38

Figueira da Foz 93,03 91,86 91,59 -1,55 5,95 7,03 7,85 31,99 52,59 52,90 52,74 0,28 33,26 32,60 32,49 -2,31

Castelo de Vide 98,08 98,73 98,59 0,53 0,32 0,32 0,32 -0,03 25,90 26,92 27,30 5,41 42,41 42,01 41,82 -1,41

Oeiras 59,39 27,58 32,57 -45,15 39,87 61,77 66,78 67,49 0,005 0,020 0,020 301,11 58,43 22,80 21,06 -63,96

Vila Franca de Xira 91,12 87,94 86,85 -4,68 5,19 9,15 10,28 98,03 3,04 3,07 2,90 -4,42 69,75 66,54 65,89 - 5,53

Almodôvar 99,68 99,19 99,54 -0,15 0,16 0,23 0,23 43,87 37,61 40,47 42,05 11,80 56,06 53,86 53,42 -4,70

Odemira 98,78 98,67 98,67 -0,11 0,10 0,35 0,35 239,33 43,32 50,36 53,69 23,94 51,44 44,34 41,39 -19,54

Loulé 97,12 94,40 93,72 -3,51 2,80 5,40 6,05 116,37 32,77 32,27 32,86 0,27 43,55 42,27 42,22 -3,05

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114

Quadro 18 – Dados relativos aos indicadores ambientais de ocupação de RAN e de REN, e de fragmentação/conectividade das áreas naturais e semi-naturais.

% RAN

% RAN excluída

% REN

% REN excluída

Fragmentação das áreas naturais e semi-naturais

e ocupada e ocupada

por usos não-agrícolas por usos pretendidos

Estu

do

s-d

e-c

aso

Montalegre 7,00 0,00 42,00 0,00 Aparente inexistência de fragmentação

Figueira da Foz 22,00 1,00 60,00 - Aparente inexistência, mas alguma dispersão

Castelo de Vide

Não obtive resposta do arquitecto responsável

Não obtive resposta do arquitecto responsável Aparente inexistência de fragmentação

Oeiras 7,00 0,06 Não publicada Aumento da fragmentação

Vila Franca de Xira 52,00 1,42 60,00 - Ligeiro aumento da fragmentação

Almodôvar 0,12 0,00 60,00 0,00 Aparente inexistência de fragmentação

Odemira 17,00 0,25 34,00 0,26 Aparente inexistência de fragmentação

Loulé 20,00 2,00 32,00 1,00 Aumento da fragmentação na zona costeira

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115

ANEXO VI – Distribuição espacial das áreas naturais e semi-naturais nos estudos-

de-caso nos anos 1990, 2000 e 2006.

Figura 16 – Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Montalegre, 1990.

Figura 17 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Montalegre, 2000.

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116

Figura 18 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Montalegre, 2006.

Figura 19 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Figueira da Foz, 1990.

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117

Figura 20 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Figueira da Foz, 2000.

Figura 21 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Figueira da Foz, 2006.

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118

Figura 22 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Castelo de Vide, 1990.

Figura 23 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Castelo de Vide, 2000.

Page 133: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

119

Figura 24 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Castelo de Vide, 2006.

Figura 25 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Oeiras, 1990.

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120

Figura 26 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Oeiras, 2000.

Figura 27 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Oeiras, 2006.

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121

Figura 28 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Vila Franca de Xira, 1990.

Figura 29 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Vila Franca de Xira, 2000.

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122

Figura 30 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Vila Franca de Xira, 2006.

Figura 31 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Almodôvar, 1990.

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123

Figura 32 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Almodôvar, 2000.

Figura 33 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Almodôvar, 2006.

Page 138: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

124

Figura 34 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Odemira, 1990.

Figura 35 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Odemira, 2000.

Page 139: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

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Figura 36 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Odemira, 2006.

Figura 37 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Loulé, 1990.

Page 140: Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a ―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia,

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Figura 38 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Loulé, 2000.

Figura 39 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Loulé, 2006.