conservação dos recursos naturais: efeitos da ... · conectividade entre o espaço rural e...
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Conservação dos Recursos Naturais: efeitos da
implementação dos Planos Directores Municipais de
1.ª Geração
Lídia Alvarez Gama
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia do Ambiente
Júri
Presidente: Professor António Jorge Gonçalves de Sousa
Orientador: Professora Maria do Rosário Almeida Partidário
Vogais: Professora Ana Isabel Loupa Ramos
Novembro de 2010
I
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer à Professora Maria do Rosário Partidário e especialmente à Rita Gomes, que
a dois meses de entregar esta dissertação conseguiu orientar-me e motivar-me como até ao
momento ninguém tinha sido capaz.
A todas as entidades que contribuíram para a realização desta dissertação, nomeadamente Câmara
Municipal de Montalegre, da Figueira da Foz, de Loulé, de Almodôvar e de Odemira, às Comissões
de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Norte, do Centro, de Lisboa e Vale do Tejo, do
Algarve e do Alentejo, às Direcções Regionais de Agricultura e Pesca do Norte, do Centro, do
Algarve, do Alentejo e de Lisboa e Vale do Tejo e à Direcção Geral do Ordenamento do Território e
Desenvolvimento Urbano.
Aos meus amigos e colegas que de algum modo contribuíram para esta dissertação, não podendo
deixar de referir alguns deles: Fábio Marques, Cláudia Silva, Pedro Costa, David Figueiredo, Bruno
Sá, Rita Marçal, André Vale, Vera Silva, Sara Amaral, Isa Colaço, Daniel Martins, Inês Camões,
Daphne Rocha, Ana Rocha, Sara Ferreira, Pedro Rebelo, Andreia Barbosa
À minha família, que apenas com meras e singelas perguntas demonstraram o seu interesse e
preocupação, reflectindo-se na minha satisfação e motivação.
Ao meu irmão e amigo, Sérgio Gama, à minha mãe, Zulmira Gama, por todo o carinho, pela força,
pela coragem e por estarem sempre ao meu lado a relembrar-me de quando queremos somos
capazes de tudo e ao meu pai, Henrique Gama, pelo realismo, pelo amor, pelo sacrifício daqueles
longos meses….mas sobretudo por me fazer encontrar sempre o caminho a seguir.
Por último, mas não menos importante, a ti, Pedro por um dia te ter conhecido, mas principalmente
pelo enorme e importante apoio que me deste desde o primeiro dia que te conheci. Por me fazeres
acreditar que ainda era possível. Por te preocupares. Por te interessares. Simplesmente, por estares
todos os dias ao meu lado.
II
III
RESUMO
O tema da presente dissertação está relacionado com a necessidade de conservação dos recursos
naturais e o modo como os Planos Directores Municipais de 1ª Geração em Portugal continental
contribuíram para esta conservação. Para tal foram seleccionados e analisados indicadores e
descritores ambientais com o intuito de averiguar o estado dos recursos naturais em oito municípios
de Portugal continental, escolhidos de modo a traduzirem as diferentes realidades portuguesas. Os
resultados obtidos demonstram uma possível tendência de diminuição das áreas naturais e semi-
naturais, que apontam para uma aparente ineficácia dos Planos Directores Municipais (PDM) para a
conservação dos recursos naturais. Com base na análise efectuada, foi possível determinar medidas
para melhorar a eficácia dos PDM no que se refere à conservação dos recursos naturais:
monitorização e avaliação dos instrumentos inseridos no PDM, cujo objectivo abranja a conservação
dos recursos naturais; apresentação nos relatórios do estado do ordenamento do território dos
resultados provenientes da monitorização e avaliação; medidas de controlo da expansão urbana e da
conectividade entre o espaço rural e urbano, nomeadamente cinturas verdes associadas a
―greenways‖ e ―blueways‖. Todavia, a resolução desta problemática não passa apenas pela aplicação
destas e outras medidas, mas também pela sensibilização e educação da sociedade actual.
PALAVRAS-CHAVE: conservação dos recursos naturais, planos directores municipais, indicadores
ambientais, avaliação e monitorização.
IV
ABSTRACT
The theme of this dissertation is related to the need for conserving natural resources and how the
Portuguese first generation Municipal Master Plans (MMP) contributed to this conservation. Some
environmental indicators and descriptors were selected and analyzed in order to verify the state of
natural resources in eight Portuguese municipalities, representing different realities in Portugal. The
results show a possible trend of decreasing natural and semi-natural areas, pointing to an apparent
ineffectiveness of MMPs in what conservation of natural resources is concerned. Based on the
analysis, it was possible to determine measures to improve the effectiveness of MMP in this field:
monitoring and assessment of instruments inserted in the MMP, which aim to cover natural resource
conservation; inclusion of results from monitoring and assessment processes in the state of the spatial
territory reports (RSST); measures to control urban sprawl and the connectivity between rural and
urban areas, particularly green belts associated with "greenways" and "blueways" and urban
requalification and rehabilitation. Nevertheless, the resolution of this problem not only depends on the
implementation of these and other measures, but also on the investment in educative measures for
today´s society.
KEYWORD: conservation of natural resources, municipal master plans, environmental indicators,
assessment and monitoring.
V
ÍNDÍCE
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................... I
RESUMO ................................................................................................................................................. III
ABSTRACT ............................................................................................................................................... IV
ÍNDÍCE ...................................................................................................................................................... V
ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................................... VII
ÍNDICE DE QUADROS .............................................................................................................................. IX
ACRÓNIMOS E SIGLAS ............................................................................................................................ XI
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1
1.1 Justificação do tema e objectivos ............................................................................................ 1
1.2 Metodologia e estrutura da dissertação ................................................................................. 3
2 CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS .................................................................................... 7
2.1 Conservação e Recursos Naturais ........................................................................................... 7
2.2 Política nacional da conservação da natureza ........................................................................ 8
3 ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO .................................................................................................. 15
3.1 A evolução do ordenamento do território ............................................................................ 15
3.2 Os instrumentos de gestão territorial ................................................................................... 18
3.2.1 As potencialidades do PDM na conservação dos recursos naturais ............................. 28
4 AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DOS PDM DE 1ª GERAÇÃO ................................................................... 31
4.1 Estado de Arte ....................................................................................................................... 31
4.2 Indicadores Ambientais ......................................................................................................... 35
4.3 Estudos-de-caso .................................................................................................................... 39
4.3.1 Município de Montalegre .............................................................................................. 40
4.3.2 Município de Figueira da Foz ......................................................................................... 43
4.3.3 Município de Castelo de Vide ........................................................................................ 46
4.3.4 Município de Oeiras ...................................................................................................... 48
4.3.5 Município de Vila Franca de Xira ................................................................................... 52
4.3.6 Município de Almodôvar ............................................................................................... 56
4.3.7 Município de Odemira ................................................................................................... 58
4.3.8 Município de Loulé ........................................................................................................ 61
5 DISCUSSÃO DE RESULTADOS E RECOMENDAÇÕES ....................................................................... 65
5.1 Discussão dos Resultados ...................................................................................................... 65
5.2 Recomendações .................................................................................................................... 67
VI
6 CONCLUSÕES E REFLEXÕES FINAIS ................................................................................................ 71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................. 75
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................ 81
LEGISLAÇÃO CITADA .............................................................................................................................. 85
ANEXO I – Fichas dos Indicadores Ambientais ...................................................................................... 91
ANEXO II – Quadro das classes do Projecto CORINE Land Cover que descrevem os indicadores
ambientais. ............................................................................................................................................ 99
Anexo III – Classes e categorias enunciadas nos PDM de cada estudo-de-caso. ................................ 101
ANEXO IV – Características de cada estudo-de-caso. ......................................................................... 111
ANEXO V – Quadros-resumo dos indicadores ambientais para cada estudo-de-caso. ...................... 113
ANEXO VI – Distribuição espacial das áreas naturais e semi-naturais nos estudos-de-caso nos anos
1990, 2000 e 2006. .............................................................................................................................. 115
VII
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Esquema da metodologia utilizada. ....................................................................................... 5
Figura 2 – Estrutura organizacional da Rede Fundamental de Conservação da Natureza. ................ 12
Figura 3 – Evolução da elaboração dos PDM em Portugal continental. Fonte: DGOTDU. .................. 22
Figura 4 - Evolução da classificação dos solos. Adaptado de: (Cardeiro, 2009).................................. 24
Figura 5 - Esquema das fases da elaboração/revisão dos PDM. ......................................................... 27
Figura 6 - Distribuição da dinâmica dos PDM em Portugal continental (Imagem sem escala).
Adaptado de: (DGOTDU, 2010). ........................................................................................................... 28
Figura 7 – Localização dos estudos-de-caso em Portugal Continental. ............................................... 39
Figura 8 – Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município
de Montalegre, de 1990 a 2006. ........................................................................................................... 43
Figura 9 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município
de Figueira da Foz, de 1990 a 2006. .................................................................................................... 46
Figura 10 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município
de Castelo de Vide, de 1990 a 2006. .................................................................................................... 48
Figura 11 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município
de Oeiras, de 1990 a 2006. ................................................................................................................... 52
Figura 12 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município
de Vila Franca de Xira, de 1990 a 2006. ............................................................................................... 56
Figura 13 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município
de Almodôvar, de 1990 a 2006. ............................................................................................................ 58
Figura 14 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município
de Odemira, de 1990 a 2006. ................................................................................................................ 61
Figura 15 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município
de Loulé, de 1990 a 2006. ..................................................................................................................... 64
Figura 16 – Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Montalegre, 1990. ..... 115
Figura 17 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Montalegre, 2000. ...... 115
Figura 18 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Montalegre, 2006. ...... 116
Figura 19 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Figueira da Foz, 1990. 116
Figura 20 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Figueira da Foz, 2000. 117
Figura 21 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Figueira da Foz, 2006. 117
VIII
Figura 22 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Castelo de Vide, 1990.
............................................................................................................................................................. 118
Figura 23 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Castelo de Vide, 2000.
............................................................................................................................................................. 118
Figura 24 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Castelo de Vide, 2006.
............................................................................................................................................................. 119
Figura 25 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Oeiras, 1990. ............. 119
Figura 26 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Oeiras, 2000. ............. 120
Figura 27 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Oeiras, 2006. ............. 120
Figura 28 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Vila Franca de Xira, 1990.
............................................................................................................................................................. 121
Figura 29 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Vila Franca de Xira, 2000.
............................................................................................................................................................. 121
Figura 30 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Vila Franca de Xira, 2006.
............................................................................................................................................................. 122
Figura 31 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Almodôvar, 1990. ............ 122
Figura 32 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Almodôvar, 2000. ............ 123
Figura 33 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Almodôvar, 2006. ............ 123
Figura 34 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Odemira, 1990. ............... 124
Figura 35 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Odemira, 2000. ............... 124
Figura 36 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Odemira, 2006. ............... 125
Figura 37 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Loulé, 1990. .................... 125
Figura 38 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Loulé, 2000. .................... 126
Figura 39 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Loulé, 2006. .................... 126
IX
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 – Princípios do ordenamento do território enunciados na Carta Europeia do Ordenamento
do Território Fonte: (SEALOT-MPAT, 1988). ........................................................................................ 16
Quadro 2 – Âmbito nacional, regional e municipal do sistema de gestão territorial Fonte: (Decreto-Lei
n.º 380/99 de 22 de Setembro). ............................................................................................................ 19
Quadro 3 – Organização dos diferentes instrumentos de gestão territorial Fonte: (artigo 2.º do
Decreto-Lei n.º 380/99 de 22 de Setembro). ......................................................................................... 19
Quadro 4 – Indicadores ambientais seleccionados. ............................................................................. 35
Quadro 5 - Classes do Projecto CORINE Land Cover que descrevem os indicadores ambientais. .... 99
Quadro 6 – Classes e categorias do solo utilizadas no PDM de Montalegre. .................................... 101
Quadro 7 - Classes e categorias do solo utilizadas no PDM da Figueira da Foz. .............................. 102
Quadro 8 - Classes e categorias do solo utilizadas no PDM de Castelo de Vide. ............................. 103
Quadro 9 - Classes do solo utilizadas no PDM de Oeiras. ................................................................. 104
Quadro 10 - Classes e categorias do solo utilizadas no PDM de Vila Franca de Xira (2009). ........... 105
Quadro 11 - Classes e categorias do solo utilizadas no PDM de Almodôvar. .................................... 106
Quadro 12 - Classes e categorias do solo utilizadas no PDM de Odemira. ....................................... 107
Quadro 13 – Categorias e subcategorias do solo utilizadas no PDM de Loulé (1994). ..................... 108
Quadro 14 – Classes, categorias e subcategorias do solo utilizadas no PDM de Loulé (2004). ....... 109
Quadro 15 – Características de cada estudo-de-caso. ....................................................................... 111
Quadro 16 - Características de cada estudo-de-caso (continuação). ................................................ 112
Quadro 17 – Percentagem de ocupação das áreas naturais e semi-naturais, artificializadas, florestais
e agrícolas, para 1990, 2000 e 2006, e a percentagem de variação entre 1990 e 2006, para os
estudos-de-caso. ................................................................................................................................. 113
Quadro 18 – Dados relativos aos indicadores ambientais de ocupação de RAN e de REN, e de
fragmentação/conectividade das áreas naturais e semi-naturais. ...................................................... 114
X
XI
ACRÓNIMOS E SIGLAS
AML Área Metropolitana de Lisboa
APA Agência Portuguesa do Ambiente
ARH Administração da Região Hidrográfica
CCDR Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional
CEE Comunidade Económica Europeia
CLC CORINE Land Cover
CM Câmara Municipal
COS Carta da Ocuoação do Solo de Portugal
DATAR Délégation à l‘Aménagemente du Territoire et à l‘ Action Regional
DGOTDU Direcção Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano
DPH Domínio Público Hídrico
DPSIR Driving forces-Pressure-State of the environment Impacts of the environment–Responses
EE Estrutura Ecológica
EEA European Environment Agency
EEM Estrutura Ecológica Municipal
ENCNB Estratégia Nacional da Conservação da Natureza e Biodiversidade
ENDS Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável
ICNB Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade
IGT Instrumentos de Gestão Territorial
INAG Instituto Nacional da Água
INE Instituto Nacional de Estatística
IUCN Lei de Base do Ordenamento do Território e do Urbanismo
NUT Nomenclatura de Unidade Territorial
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
PDM Plano Director Municipal
PEOT Plano Especial do Ordenamento do Território
PIMOT Plano Inter-Municipal do Ordenamento do Território
PNPOT Plano Nacional da Política do Ordenamento do Território
XII
POAAP Plano de Ordenamento das Albufeiras de Água Pública
POAP Plano de Ordenamento de Áreas Protegidas
POOC Plano de Ordenamento da Orla Costeira
PP Plano de Pormenor
PROT Plano Regional de Ordenamento do Território
PSR Pressão-Estado-Resposta
PSRN2000 Plano Sectorial relativo à implementação da Rede Natura 2000
PU Plano de Urbanização
RAN Rede Agrícola Nacional
REA Relatório do Estado do Ambiente
REAOT Relatório do Estado do Ambiente e do Ordenamento do Território
REN Rede Ecológica Nacional
REOT Relatório do Estado do Ordenamento do Território
RFCN Rede Fundamental da Conservação da Natureza
RJIGT Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial
RNAP Rede Nacional de Áreas Protegidas
SNAC Sistema Nacional de Áreas Classificadas
SIC Sítio de Importância Comunitária
SIG Sistemas de Informação Geográfica
UNEP United Nations Environment Programme
UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
WWF World Wildlife Fund
ZPE Zonas de Protecção Especial
ZEC Zonas Especiais de Conservação
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 Justificação do tema e objectivos
Os recursos naturais, para além do valor intrínseco que possuem, são peças fundamentais e
indispensáveis para o ser humano. Imaginemos como seria a nossa vida sem água, sem solo, sem
plantas, sem animais, sem ar. Não haveria vida, pelo menos não do mesmo modo como a
caracterizamos hoje. Contudo o ser humano não tem demonstrado o respeito pelos recursos naturais
que se esperaria e prova disso é a alteração que se tem verificado nos ecossistemas nos últimos 50
anos, que de acordo com Millennium Ecosystem Assessment (2005) é a mais rápida e profunda em
qualquer período comparável da história da humanidade.
Segundo a European Environment Agency (EEA, 2005) as principais forças motrizes do consumo
acelerado de recursos naturais são o crescimento da população, o desenvolvimento económico e o
próprio padrão de produção de consumo que o caracteriza. O funcionamento da economia e a
qualidade de vida actual encontram-se muito dependentes dos recursos naturais, incluindo matérias-
primas como os minerais, a biomassa e os recursos biológicos; os meios ambientais, como o ar, a
água e o solo; os recursos renováveis, como a energia eólica, geotérmica, solar e das marés; e do
próprio espaço físico. O modo como os recursos naturais renováveis e não renováveis são utilizados
e o ritmo a que os recursos não renováveis são explorados estão a afectar rapidamente a capacidade
do planeta para regenerar os recursos e serviços ambientais em que assenta a nossa sociedade.
(Comissão das Comunidades Europeias, 2005).
A utilização e dependência extrema dos recursos naturais e a degradação do meio ambiente colocam
a sociedade actual em risco, assim como o próprio planeta. Futuramente prevê-se um elevado
crescimento da população global aumentando significativamente a pressão sobre o meio ambiente
(EEA, 2005) e a diminuição dos recursos naturais (Comissão das Comunidades Europeias, 2005). A
consciencialização da existência desta problemática traduziu-se na escolha deste tema para o
término do meu Mestrado em Engenharia do Ambiente.
Na verdade existem várias políticas internacionais, europeias e nacionais cujo objectivo é directa ou
indirectamente a conservação dos recursos naturais. A tentativa de resolução de problema mundial
passa por diversos âmbitos e sectores. Na presente dissertação analisa-se especificamente o modo
como o instrumento de planeamento territorial de âmbito municipal, designado por Plano Director
Municipal tem contribuído para a conservação dos recursos naturais em território nacional.
Os Planos Directores Municipais (PDM) foram previstos inicialmente pela Lei n.º 79/77, de 25 de
Outubro, e têm evoluído desde a sua consagração, passando pela sua instituição como figuras
obrigatórias através do Decreto-Lei n.º 208/82, de 26 de Maio, até à última alteração do regime que o
regula, o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de
Setembro). Segundo a Lei de Base do Ordenamento do Território e do Urbanismo (LBOTU) o PDM
deve estabelecer a estratégia de desenvolvimento territorial, a política municipal de ordenamento do
2
território e de urbanismo e as demais políticas urbanas, integrar e articular as orientações
estabelecidas pelos instrumentos de gestão territorial de âmbito nacional e regional e estabelecer o
modelo de organização espacial do território municipal.
Um dos fins enunciados na LBOTU, e por conseguinte para os planos de ordenamento do território é
assegurar o aproveitamento racional dos recursos naturais. Dada a expansão urbana e o
desordenamento do território que se têm vindo a caracterizar na nossa sociedade, prevê-se relevante
um estudo que avalie a eficácia deste instrumento de planeamento territorial no que diz respeito à
conservação dos recursos naturais.
A avaliação dos instrumentos de gestão territorial constitui uma componente essencial do
planeamento, estando geralmente associada ao estudo retrospectivo de situação, com o intuito de
determinar as melhores decisões (Ferreira & et al., 2003). Geralmente a avaliação pode ocorrer em
diferentes momentos do processo, com funções distintas, identificando-se três tipos: ex-ante, in
continuum e a posteriori. A primeira prende-se com a selecção de alternativas de intervenção e,
quando estas não existem, deve traduzir-se na avaliação da robustez da solução a adoptar,
confrontando a consistência entre objectivos e meios. A avaliação in continuum visa acompanhar a
etapa da execução do plano. A avaliação a posteriori fecha um ciclo e reinicia outro, procurando
conhecer os resultados e os efeitos alcançados com a aplicação do plano, comparando-os com os
desejados e esperados no momento da avaliação (Pereira, 2009), sendo este o tipo de avaliação a
que se recorre na presente dissertação.
Encontra-se actualmente em curso a revisão de muitos PDM, agora enquadrados no novo contexto
definido pela LBOTU e pelo Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT). Face
aos problemas existentes um estudo a este nível permitirá traçar um retrato da aplicação deste
instrumento em Portugal continental, identificar os principais problemas que surgiram até à data, bem
como propor algumas medidas para melhorar a sua eficácia e servir de base a possíveis trabalhos
futuros nesta área.
Como anteriormente referido um dos objectivos apontados para os planos de ordenamento do
território, e consequentemente para os PDM é o aproveitamento racional dos recursos naturais. Neste
sentido, definiram-se como objectivos desta tese:
Avaliar a eficácia dos Planos Directores Municipais de primeira geração na conservação dos
recursos naturais no território nacional continental;
Identificar medidas de orientação para a melhoria de desempenho deste instrumento de
gestão territorial, preconizando eventuais melhorias do sistema.
3
1.2 Metodologia e estrutura da dissertação
A presente dissertação encontra-se dividida em duas partes referentes, cada uma delas, aos dois
objectivos enunciados anteriormente, aplicando-se a metodologia representada na Figura 1. A fim de
atingir o primeiro objectivo de avaliar a eficácia dos PDM de primeira geração na conservação dos
recursos naturais no território nacional continental foi necessário definir os conceitos que seriam tidos
em conta ao longo deste estudo, nomeadamente de conservação e dos recursos naturais. Assim
como efectuar uma análise da política nacional de conservação da natureza, do ordenamento do
território e, mais pormenorizadamente do objecto de estudo desta dissertação: o Plano Director
Municipal. No que diz respeito a este instrumento de planeamento territorial identificaram-se ainda
quais seriam as potencialidades deste para a conservação dos recursos naturais.
A análise efectuada com o fim de verificar a eficácia dos PDM na conservação dos recursos naturais
em Portugal continental foi realizada com o recurso a indicadores ambientais, visto serem
ferramentas poderosas e eficazes no acompanhamento e monitorização (OCDE, 2002). Neste caso
estes indicadores ambientais tiveram como objectivo verificar os estados dos recursos naturais. A
selecção destes indicadores recaiu sobre a análise de sistemas indicadores nacionais e
internacionais, em áreas como a conservação da natureza e da biodiversidade, a sustentabilidade e a
qualidade de vida, e na determinação de quais se enquadrariam no objectivo em questão. Para além
destes indicadores, achou-se pertinente identificar descritores que contribuíssem para a analisar
algumas das características dos PDM, no que diz respeito à conservação dos recursos naturais.
Tal como indica a Figura 1, após a selecção destes indicadores ambientais e descritores, efectuou-se
a identificação estudos-de-caso que representassem diferentes realidades portuguesas, traduzindo-
se na escolha de oito município de Portugal continental. Inicialmente o objectivo seria analisar os
indicadores ambientais seleccionados para Portugal continental, optando-se posteriormente por
analisar simplesmente alguns municípios, dada a dificuldade em obter dados para alguns indicadores.
Esta opção mais tarde traduziu-se numa boa escolha, já que, sendo os PDM planos de âmbito
municipal, a análise específica dos indicadores ambientais e dos descritores para cada município
tornou-se mais coerente e eficaz.
Em seguida, efectuou-se a análise dos indicadores ambientais e dos descritores efectuando-se uma
caracterização do contexto socioeconómico de cada município. Esta caracterização foi necessária de
modo a englobar estes factores na análise da eficácia dos PDM, pois cada sociedade responde a
determinadas pressões de modo diverso adaptando as suas políticas ambientais, sociais,
económicas e sectoriais.
A análise de cinco dos sete indicadores ambientais seleccionados (Quadro 4) foi efectuada com
recurso a dados do Projecto CORINE Land Cover. Este projecto foi criado em 1985 pela Comunidade
Europeia com o objectivo de desenvolver um sistema de informação sobre o estado do ambiente a
nível europeu, através da criação de cartas de ocupação e/ou uso do solo com base na interpretação
visual da imagens do satélite LANDSTAT. Até à data foram publicadas várias cartas, sendo que três
delas caracterizam três momentos temporais específicos: CLC90R, CLC2000 e CLC2006. Estas
4
cartas foram produzidas para toda a extensão de Portugal continental numa escala de 1:100.000
através dos mesmos três níveis hierárquicos que correspondem a 44 classes.
A selecção do Projecto CORINE Land Cover deveu-se em parte à utilização dos mesmos pela
Agência Portuguesa do Ambiente (APA) na realização dos Relatórios de Estado do Ambiente, que
servem de base para a produção de diversas políticas, e à sua disponibilização gratuita no website da
APA. Para além destes factores, estes dados foram utilizados por possibilitarem a análise, em três
momentos temporais (1990, 2000 e 2006), do estado dos recursos naturais em cada município e
permitirem avaliar as transições ocorridas entre classes nestes momentos (Caetano et al., 2005). E,
ainda por possuírem pouco detalhe temático (três níveis hierárquicos), dado que no presente contexto
apenas se pretendia obter uma análise genérica da evolução do estado dos recursos naturais.
Todavia, estes dados apresentam algumas limitações, nomeadamente no que se refere à escala
muito pequena, que impossibilita a análise de alguns detalhes à escala municipal, como é o caso.
De facto, existem diversas tipologias de cartas de ocupação e/ou uso do solo que poderiam ter sido
seleccionadas para a análise dos indicadores ambientais, nomeadamente a Carta de Ocupação do
Solo de Portugal (COS). Esta foi produzida pelo Centro Nacional de Informação Geográfico,
actualmente integrado no Instituto Geográfico Português e, ao contrário da carta CLC, não se
encontra ainda definida para toda a extensão de Portugal continental e apenas existe para dois
momentos temporais (1990 e 2007). Contudo a sua utilização para esta análise poderia ser benéfica
pelo facto de estar definida para uma escala (1:25.000) mais adequada à escala municipal e, no caso
de se o objectivo definido procurasse uma análise mais pormenorizada dos recursos naturais (por
exemplo, o tipo de floresta), visto que esta carta possui um detalhe temático superior ao CLC (cinco
níveis hierárquicos e 193 classes).
Para a análise deste cinco indicadores foi necessário utilizar o software ArcGis, mais especificamente
utilizando a ferramenta intersecção deste software entre os dados de ocupação do solo do projecto
CORINE Land Cover e os dados de delimitação dos perímetros dos municípios, reproduzindo assim a
ocupação do solo de cada município para 1990, 2000 e 2006.
No que se refere ao objectivo de identificar medidas de orientação para a melhoria de desempenho
do PDM, a sua resposta teve como base a análise efectuada no seguimento da avaliação da eficácia
deste instrumento de gestão territorial na conservação dos recursos naturais. Para além disto,
analisaram-se alguns artigos e projectos nacionais e internacionais, que traduziam exactamente
medidas que se implementadas podem contribuir para a conservação dos recursos naturais,
nomeadamente medidas de controlo da expansão urbana e de melhoria da conectividade entre os
espaços urbano e rural.
5
Figura 1 – Esquema da metodologia utilizada.
Esta dissertação encontra-se estruturada em seis capítulos principais. No primeiro capítulo é feita
uma breve introdução, onde são definidos os seus principais objectivos, bem como a metodologia
adoptada.
No início do segundo capítulo foi necessário abordar os conceitos de conservação e de recursos
naturais, fulcrais para o enquadramento e desenvolvimento da análise proposta. Em seguida,
procede-se ao enquadramento dos instrumentos de conservação da natureza, nomeadamente às
áreas protegidas, à Reserva Agrícola Nacional, à Reserva Ecológica Nacional e à Rede Natura 2000,
assim como à principal legislação associada, como a Lei de Bases do Ambiente e a Estratégia
Nacional para a Conservação da Natureza e Biodiversidade.
No terceiro capítulo descreve-se a evolução do conceito do ordenamento do território e o
enquadramento dos instrumentos de gestão territorial, efectuando-se uma análise mais aprofundada
ao objecto de estudo da presente dissertação, os planos directores municipais. Com vista a
determinar o modo como os PDM podem influenciar a conservação dos recursos naturais, foram
identificadas e analisadas, num subcapítulo, as potencialidades deste instrumento de planeamento
territorial na conservação dos recursos naturais, nomeadamente as condicionantes ambientais, o
zonamento efectuado através de classes e categorias.
O quarto capítulo encontra-se dividido em três partes, sendo que na primeira é efectuado o estado
de arte da presente temática, nomeadamente da avaliação dos instrumentos de gestão territorial e do
estado dos recursos naturais. Nesta parte são apresentados diversos sistemas de indicadores
ambientais, que serviram de base para a identificação dos indicadores ambientais e descritores
caracterizados na segunda parte deste capítulo.
Na terceira parte do quarto capítulo efectua-se a análise dos indicadores ambientais e descritores
para os oito estudos-de-caso, evidenciando ainda as suas características geográficas, demográficas,
económicas e naturais.
No quinto capítulo efectua-se a discussão dos resultados obtidos e a identificação de
recomendações, nomeadamente medidas de orientação para a melhoria da implementação dos PDM
no que se refere à conservação dos recursos naturais, com base na análise efectuada anteriormente.
No último capítulo são apresentadas as conclusões e reflexões mais relevantes deste estudo.
Selecção de indicadores ambientais e descritores
Identificação dos estudos-de-caso
Análise dos indicadores ambientais e descritores
Identificação de medidas de orientação
6
O Anexo I compreende as fichas dos sete indicadores ambientais utilizados na presente dissertação
e o Anexo II apresenta um quadro com as classes dos Projecto CORINE Land Cover que definem
cinco dos setes indicadores ambientais.
No Anexo III encontram-se os quadros das classes, categorias e/ou subcategorias utilizadas nos
PDM de cada município, verificando a diversidade de nomenclatura usada para o mesmo fim.
No Anexo IV é possível encontrar dois quadros relativos aos dados que caracterizam os municípios
alvo de análise.
No Anexo V apresentam-se dois quadros-resumo dos indicadores ambientais, que serviram de base
para a análise efectuado no capítulo 4. O primeiro com os dados dos indicadores das áreas
artificializada, naturais e semi-naturais, agrícola e florestal para cada estudo-de-caso ao longo dos
três momentos temporais analisados. O segundo com os dados relativos aos indicadores de
ocupação RAN e REN e fragmentação/conectividade das áreas naturais e semi-naturais para cada
estudo-de-caso.
O Anexo VI compreende os mapas de distribuição das áreas naturais e semi-naturais nos estudos-
de-caso nos anos 1990, 2000 e 2006, de modo a analisar o indicador ambiental da
fragmentação/conectividade entre estas áreas ao longo do período de análise.
7
2 CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS
2.1 Conservação e Recursos Naturais
No presente subcapítulo são abordados os conceitos de conservação e de recursos naturais, fulcrais
para o enquadramento e desenvolvimento da análise proposta.
A conservação é um conceito ambíguo que esteve sempre associado a diversos significados e
percepções, dependendo das circunstâncias em questão (Heywood & Iriondo, 2003). Esta
ambiguidade deriva ainda do facto de lhe estarem associadas duas origens, nomeadamente à gestão
dos recursos naturais e à história natural (Jordan, 1995). A preocupação com a gestão dos recursos
naturais, enunciada pelo norte-americano Giffor Pinchot, baseia-se na boa gestão dos recursos
biológicos, garantindo assim que estes não sejam extintos. A origem do termo conservação que se
baseia na história natural está intimamente ligada à preocupação com a perda de espécies e com a
degradação ou perda das paisagens naturais (Heywood & Iriondo, 2003). Contudo a percepção deste
conceito tem evoluído conforme as circunstâncias a que a sociedade tem sido sujeita ao longo do
tempo.
A definição de conservação geralmente utilizada na literatura da temática é a enunciada na World
Conservation Strategy, definida pela IUCN (International Union for Conservation of Nature), em
cooperação com a UNEP (United Nations Environment Programme) e WWF (World Wildlife Fund):
―the management of human use of the biosphere so that it may yield the greatest sustainable benefit
to present generations while maintaining its potential to meet the needs and aspirations of future
generations (IUCN, 1980).‖
A definição proposta pela IUCN é a que mais se adequa à abordagem pretendida na presente
dissertação, abrangendo conceitos como a ―preservação, manutenção, preservação sustentável,
restauração e valorização‖ (IUCN, 1980) dos recursos naturais. A IUCN define ainda a conservação
como um processo transversal, que deve abranger todos os sectores económicos presentes na
sociedade.
Na legislação portuguesa a conservação é definida como o ―conjunto das medidas necessárias para
manter ou restabelecer os habitats naturais e as populações de espécies da flora e fauna selvagens
num estado favorável‖ (alínea a) do ponto 1 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril,
que transpõe as directivas comunitárias Aves e Habitat). Salienta-se o facto de na legislação
portuguesa este conceito se apresentar frequentemente associado à preservação da biodiversidade,
em vez de à preservação dos recursos naturais na sua globalidade, como é considerado na presente
dissertação.
Segundo a UNEP, os ―recursos naturais são fontes reais ou potenciais de riqueza que ocorrem em
estado natural, tais como madeira, água, terras férteis, fauna, minerais, metais, rochas e
hidrocarbonetos‖. Um recurso natural pode ser considerado renovável, se for reabastecido por
processos naturais a uma taxa comparável à sua taxa de consumo pelos humanos ou outros
8
utilizadores, e não renováveis quando existe uma quantia fixa ou quando não pode ser regenerada
numa escala comparativa ao do seu consumo. (UNEP, 2009).
No que respeita à legislação portuguesa, consideram-se os recursos naturais como os ―componentes
ambientais naturais com utilidade para o ser humano e geradores de bens e serviços, incluindo a
fauna, a flora, o ar, a água, os minerais e os solos‖, de acordo com a alínea (p) do artigo 3.º do
Decreto-Lei n.º 142/2008, 24 de Julho (Regime Jurídico da Conservação da Natureza e da
Biodiversidade). Sendo que o diploma de referência para as políticas ambientais, a Lei de Base do
Ambiente (Lei n.º 11/87, de 8 de Abril) não específica em nenhum momento o conceito de recurso
natural, apenas revela a existência de componentes ambientais naturais, o ar, a luz, a água, o solo
vivo e o subsolo, a flora e a fauna, e necessidade de os defender.
Os recursos naturais, de acordo com o seu conteúdo, podem ser classificados como geológicos,
pedológicos, hídricos, biológicos, climáticos ou por sistemas que englobem os recursos referidos
anteriormente, como por exemplo os monumentos naturais (Pereira, Zêzere, & Morgado, s.d.). No
contexto desta dissertação consideraram-se os recursos naturais como um sistema misto, ou seja,
num sistema em que é possível encontrar, por exemplo, recursos biológicos, pedológicos e
geológicos, como é o caso de áreas de floresta e pedreiras. Esta consideração foi efectuada devido à
necessidade de se realizar uma análise que abrangesse os recursos naturais na sua generalidade,
sendo que todos apresentam uma importância relativa na sociedade e uma importância intrínseca.
Em seguida é efectuada uma descrição dos principais momentos da política nacional respeitante à
conservação dos recursos naturais.
2.2 Política nacional da conservação da natureza
A construção da política do ambiente foi sendo feita através de um enriquecimento sucessivo dos
seus objectivos e dos seus instrumentos, como reacção aos sinais derivados da evolução económica
e social dos países (Margalha, 1993).
Inicialmente as medidas ambientais incidiam apenas sobre a protecção dos recursos naturais no que
diz respeito à sua raridade, diversidade ou especificidade paisagística, mas sem implicar qualquer
restrição significativa ao desenvolvimento nacional.
Em Portugal, a criação de parques e reservas naturais teve início na década de 70 através da Lei n.º
9/70, de 19 de Junho. Para além da criação de ―parques nacionais e de outro tipo de reservas‖, esta
lei assumia a necessidade de implantar uma estratégia em prol da conservação da natureza. Esta foi
umas das medidas do Estado Português, de então, que mais transpareceu a actividade governativa
em prol da defesa dos recursos naturais, apesar do seu carácter meramente defensivo.
Durante a vigência da Lei n.º 9/70, de 19 de Junho foram criadas quatro áreas protegidas, sendo a
primeira o Parque Nacional da Peneda-Gerês (Decreto n.º 187/71, de 8 de Maio), o único parque de
âmbito nacional até à data.
No Decreto-Lei n.º 613/76, de 27 de Julho, que substitui na íntegra a Lei n.º 9/70, de 19 de Junho, é
implícito a necessidade de agir preventivamente, através da identificação da urgência de uma gestão
9
racional de recursos naturais e da exigência da salvaguarda da sua capacidade de renovação, bem
como a afirmação da integração da componente ambiental no ordenamento do território. Desta
integração surge ainda a formulação obrigatória de planos de ordenamento e seus regulamentos para
parques, reservas e outras áreas classificadas, através do Decreto n.º 4/78, de 11 de Janeiro, que
posteriormente acaba por ser revisto pelo Decreto-Lei n.º 19/93, de 23 de Janeiro.
As áreas protegidas são zonas especiais do território que articulam uma multiplicidade de funções
(conservação, desenvolvimento, educativa, recreativa, científica), que desde o início têm gerado
controvérsias junto dos habitantes e das autoridades, pois, na generalidade, estas foram criadas em
terrenos privados e desprovidas de um acompanhamento de alternativas visíveis para os seus
proprietários e habitantes, induzindo muitas vezes ao abandono destas regiões.
Contudo, é possível combater esta tendência se estas zonas não se resumirem a museus da
natureza e forem integrados no quadro de uma gestão activa, que equilibre no interior do perímetro
de protecção, o nível de vida das populações com os objectivos de preservação biofísica, e de uma
gestão aberta, que esteja em permanente comunicação com as zonas que envolvem a área protegida
(Frade, 1999). Estas não devem ser encaradas como um instrumento do processo de ordenamento
do território, mas como uma componente que ele deverá incluir e promover.
O final da década de 80 e o início da década de 90 foram marcados por uma maior preocupação, por
parte do Estado, com as componentes ambiental e biofísica. A adesão de Portugal à Comunidade
Económica Europeia (1986), a actual, União Europeia, implicou a consideração destas componentes
nas suas políticas de desenvolvimento regional, levando a um conjunto de reformas estruturais.
Implicações desta influência europeia foram as publicações das leis da Reserva Agrícola Nacional
(RAN) e Reserva Ecológica Nacional (REN) e da Lei de Bases do Ambiente.
A Lei de Bases do Ambiente (Lei n.º 11/87, de 8 de Abril) aponta como objectivo geral a existência de
uma ambiente propício à saúde e bem-estar das pessoas e ao desenvolvimento social e cultural das
comunidades, bem como à melhoria da qualidade de vida. Neste diploma são enumerados diversos
conceitos como: ambiente, ordenamento do território, conservação da natureza, continuum naturale,
componentes ambientais naturais e humanas.
De acordo com o objectivo apontado são identificados, na Lei de Bases do Ambiente, os instrumentos
da política de ambiente e do ordenamento do território, de salientar a estratégia nacional de
conservação da natureza, a REN, a RAN, os planos regionais de ordenamento do território, os planos
directores municipais e o inventário dos recursos naturais.
Anteriormente à elaboração da Lei de Bases do Ambiente já era possível verificar uma preocupação
do Estado com os solos agrícolas e rurais e com as áreas indispensáveis à criação de estabilidade
ecológica do meio e à utilização racional dos recursos naturais, através de alguns diplomas, que
antecederam a criação da RAN e da REN. Deste modo, com o intuito de implementar a conservação
de uma reserva mínima de terrenos com condições favoráveis para a agricultura, recurso de
fundamental importância para a sobrevivência e o bem-estar das populações e para a independência
10
económica de um país que possui apenas 12% de solos com boa aptidão agrícola, foi criada, através
do Decreto-Lei n.º 451/82, de 16 de Novembro, a RAN.
Em 1989, o diploma anterior é revogado pelo Decreto-Lei n.º 196/89, de 14 de Junho, onde se
identificam como áreas pertencentes à RAN os solos de classe de capacidade de uso A e B, de
acordo com a metodologia utilizada pelo ex-Centro Nacional de Reconhecimento e Ordenamento
Agrário, bem como os solos de baixa aluvionares e coluviares e ainda por solos de outros tipos cuja
integração nas mesmas se mostre conveniente para prossecução dos fins previstos.
O regime geral da RAN fundamenta-se num princípio geral de proibição de todo o tipo de acções que
possam diminuir ou destruir o valor agrícola dos solos, sendo ainda enumeradas as actividades não
agrícolas, que carecem de um prévio parecer.
Em 2009, foi publicado o Decreto-Lei n.º73/2009, de 31 de Março, Regime Jurídico da RAN que
revoga o Decreto-Lei n.º 196/89, de 14 de Junho, definindo a RAN como um ―conjunto de áreas que,
em termos agro-climáticos, geomorfológicos e pedológicos, apresentam maior aptidão para a
actividade agrícola‖, correspondendo a uma ―restrição de utilidade pública de âmbito nacional, inscrita
nos instrumentos de gestão territorial, estando sujeita a um conjunto de condicionamentos à utilização
não agrícola‖.
As alterações mais relevantes deste diploma ao regime da RAN foram a integração da actividade
florestal como actividade agrícola, a introdução e aplicação progressiva de uma nova classificação de
terras assente em parâmetros técnicos completos, mais actuais e dinâmicos da FAO (Organização
das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação ), e introdução de um novo regime de aplicação
e das novas entidades de gestão.
No que diz respeito à REN, esta foi criada pelo Decreto-Lei n.º 321/83, de 5 de Julho, com o intuito de
―salvaguardar, em determinadas áreas, a estrutura biofísica necessária para que se possa realizar a
exploração dos recursos e a utilização do território sem que sejam degradadas determinadas
circunstâncias a estabilidade e fertilidade das regiões, bem como a permanência de muitos dos seus
valores económicos, sociais e culturais‖. A instituição desta figura legal deveu-se não só à tentativa
marcada de salvaguardar os recursos naturais do acelerado crescimento urbano que caracterizava a
época, mas também à criação, em 1982, da figura dos planos directores municipais (Magalhães M.
R., 2007).
Segundo este diploma a REN é constituída pelos ecossistemas costeiros e ecossistemas interiores,
desfrutando de um regime geral de proibição de todas as acções que diminuem ou destruam as
funções e as potencialidades dos terrenos da reserva e de um regime excepcional.
Até 1990, houve um vazio de cerca de sete anos, dada a falta de regulamentação deste diploma, a
ausência de delimitação dos espaços que deveriam integrar a REN e a falta de sensibilidade e
disponibilidade dos agentes públicos e privados para se sujeitarem a conformar os seus
comportamentos com o objectivos de proteger o ambiente e garantir a renovação dos recurso
naturais (Frade, 1999). Contudo, é neste ano que é publicado um dos diplomas que viria a ser o
diploma fundamental da REN – Decreto-Lei n.º 93/90, de 19 de Março, que praticamente recria todo o
11
regime jurídico associando a este instrumento (Albergaria, 2006). Entre as alterações introduzidas as
que mais se destacam dizem respeito à criação de órgãos de gestão, à substituição de algumas
figuras e uma redefinição do critério de delimitação.
Este diploma sofre ainda algumas alterações nesta década, salientando-se a alteração efectuada
pelo Decreto-Lei n.º 213/92, de 12 de Outubro, que viabiliza determinados usos dependendo da
decisão da administração central, o que segundo Magalhães (2007), significava que as áreas
incluídas na REN podiam transitar de um regime estritamente não edificável para uma situação de
permissividade total.
Em 2006, procedeu-se a uma revisão através do Decreto-Lei n.º 180/2006, de 6 de Setembro, onde
se ultrapassa uma visão estritamente proibitiva, permitindo o exercício de actividades que não
perturbem o equilíbrio biológico e a protecção dos ecossistemas, ou seja, usos compatíveis com a
REN, de acordo com cada ecossistema e o seu estado.
No ano de 2008, procedeu-se a nova revisão mais profunda do regime jurídico da REN no que diz
respeito à articulação com outros regimes jurídicos, à clarificação de áreas integradas na REN,
estabelecendo critérios para a sua delimitação, indicando as respectivas funções e identificando os
usos e as acções que nelas são permitidas e proibidas (Anexo II do Decreto-Lei n.º 166/2008, 22 de
Agosto), consagram-se regras relativas a eventuais alterações correcções materiais da REN
devidamente justificadas e que se demonstrem imprescindíveis.
Segundo este último diploma, a REN é uma ―estrutura biofísica que integra o conjunto das áreas que,
pelo valor e sensibilidade ecológicos ou pela exposição e susceptibilidade perante riscos naturais,
são objecto de protecção especial‖, ―à qual se aplica um regime territorial especial que estabelece um
conjunto de condicionantes à ocupação, uso e transformação do solo‖. Nesta estão incluídas diversas
áreas que vão ao encontro do objectivo a que esta se propõe, nomeadamente áreas de protecção do
litoral, áreas relevantes para a sustentabilidade do ciclo hidrológico terrestre e de áreas de prevenção
de riscos naturais.
Relativamente às Áreas Protegidas, a Lei de Bases do Ambiente prevê a constituição e
regulamentação de uma ―rede nacional de áreas protegidas, abrangendo áreas terrestres, águas
interiores e marítimas e outras ocorrências naturais distintas que devam ser submetidas a medidas de
classificação, preservação e conservação, em virtude dos seus valores estéticos, raridade,
importância científica, cultural e social ou da sua contribuição para o equilíbrio biológico e estabilidade
ecológica das paisagens‖. Introduzida pelo Decreto-Lei n.º 19/93, de 23 de Janeiro e alterado pelo
Decreto-Lei n.º 213/97, de 6 de Agosto, a Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP), é constituída
pelas diferentes áreas protegidas, que se classificam de interesse nacional, regional ou local,
consoante os interesses que pretendem salvaguardar.
As áreas protegidas de interesse nacional são o parque nacional, a reserva natural, o parque natural
e o monumento natural e as áreas protegidas de interesse regional ou local são designadas
simplesmente por áreas de paisagem protegida. Porém podem ainda ser classificadas por as áreas
protegidas de estatuto privado ou sítios de interesse biológico. Actualmente segundo o ICNB, as
12
áreas protegidas perfazem um total de aproximadamente 750.000,00ha, 8,5% de Portugal
continental.
Como anteriormente referido, a Lei de Bases do Ambiente prevê como instrumentos da política do
ambiente a Estratégia Nacional de Conservação do Natureza, que é adoptada em 2001 através da
Resolução do Conselho de Ministros n.º 152/2001, de 11 de Outubro, designando-se por Estratégia
Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ENCNB).
A ENCNB formula dez opções estratégicas para a política de conservação da natureza e da
biodiversidade, entre as quais se realça a constituição da Rede Fundamental de Conservação da
Natureza (RFCN), que integra o Sistema Nacional de Áreas Protegidas (SNAC), a Rede Ecológica
Nacional, a Rede Agrícola Nacional e o Domínio Hídrico Público. Sendo que o SNAC engloba a
RNAP, os sítios da lista nacional de sítios e as zonas de protecção especial integrados na Rede
Natura 2000 e outras áreas ao abrigo de compromissos internacionais (Figura 2).
Figura 2 – Estrutura organizacional da Rede Fundamental de Conservação da Natureza.
Como foi dito anteriormente a SNAC é constituído pela RNAP, pela Rede Natura 2000 e pelas áreas
classificadas ao abrigo de acordos internacionais, nomeadamente, os Sítios Ramsar (Rede de ―Zonas
Húmidas de Importância Internacional‖ classificadas e protegidas ao abrigo da ―Convenção de Zonas
Húmidas‖, realizada em 1971 em Ramsar, no Irão), as ―Reservas da Biosfera da UNESCO‖ (zonas de
ecossistemas terrestres ou marinhos, ou uma combinação dos mesmo, reconhecidas no Plano
Internacional do Programa MaB – Homem e Biosfera – da Unesco) e as reservas biogenéticas.
A Rede Natura 2000 é uma rede ecológica do espaço comunitário resultante da aplicação das
Directivas 19/409/CEE (Directivas Aves) e 92/43/CEE (Directiva Habitats), e tem por objectivo
contribuir para assegurar a biodiversidade através da conservação dos habitats naturais e da fauna e
da flora selvagens do território europeu dos Estados-Membros em que o Tratado da União é
aplicável, devendo no entanto assegurar a compatibilidade das actividades humanas com a
preservação destes valores, visando uma gestão sustentável do ponto de vista ecológico, económico
e social (ICNB, 2005).
A Rede Natura 2000 representa uma importante contribuição na conservação da natureza, permitindo
cumprir o compromisso comunitário relevante à Convenção da Diversidade Biológica. Constitui ainda
um modelo da cooperação internacional no desenvolvimento sustentável e um pilar básico do
desenvolvimento rural.
Rede Fundamental de Conservação da Natureza
REN
RAN
DPH
Sistema Nacional de Áreas Classificadas
RNAPRede Natura
2000
Áreas cassificadas ao abrigo de
acordos internacionais
13
Esta rede é formada por:
Zonas de Protecção Especial (ZPE), estabelecidas ao abrigo da Directiva Aves (Directiva
19/409/CEE), que se destinam essencialmente a garantir a conservação das espécies de
aves, e seus habitats (Anexo I) e das espécies de aves migratórias não referidas no Anexo I e
cuja ocorrência seja regular;
Zonas Especiais de Conservação (ZEC), criadas ao abrigo da Directiva Habitats (Directiva
92/43/CEE), com o objectivo expresso de contribuir para assegurar a biodiversidade, através
da conservação dos habitats naturais (Anexo I da Directiva) e dos habitats de espécies da
flora e da fauna selvagens (Anexo II da Directiva), considerados ameaçados no espaço da
União Europeia.
A selecção das áreas da Rede Natura 2000 tem por base critérios exclusivamente científicos. No
caso das áreas designadas a abrigo da Directiva Habitat é da competência de cada Estado-Membro a
elaboração de uma proposta nacional de Sítios de Importância Comunitária (SIC), sob forma de uma
Lista Nacional de Sítios. A partir das várias propostas nacionais, a Comissão, em articulação com os
Estados-membros, selecciona os SIC, que posteriormente serão classificados como ZEC, culminado
um processo faseado de co-decisão entre os Estados-Membros e a União Europeia.
No caso das áreas designadas ao abrigo da Directiva Aves, os Estados-Membros devem classificá-
las como ZPE, as quais, uma vez declaradas como tal à União Europeia, passam desde logo a
integrar a Rede Natura 2000 (ICNB, 2005).
As Directivas Aves e Habitat foram transpostas para o direito nacional pelo Decreto-Lei n.º 140/99, de
24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro, que estabelece os
mecanismos necessários à gestão dos SIC e ZPE.
Posteriormente, através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 115-A/2008, de 21 de Julho, é
aprovado o Plano Sectorial relativo à implementação da Rede Natura 2000 (PSRN2000), previsto
pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 66/2001, consubstanciando um conjunto de medidas e
orientações consideradas adequadas à implementação da Rede Natura 2000 em Portugal,
designadamente no território continental. Actualmente, segundo o ICNB, a área total integrada em
Rede Natura 2000 corresponde a aproximadamente 11,00%.
O domínio público hídrico (DPH) compreende o ―domínio público marítimo, o domínio público lacustre
e fluvial e o domínio público das restantes águas‖ (Artigo 2.º da Lei n.º 54/2005, de 15 de Novembro
que estabelece a titularidade dos recursos hídricos). Neste instrumento o recurso hídrico compreende
as águas públicas e abrange os leitos e margens, zonas adjacentes, zonas de infiltração máxima e
zonas protegidas dos cursos de água. O objectivo definido para este instrumento é garantir que
desempenhem o fim de utilidade pública a que se destinam (INAG, 2004). Este apresenta uma
elevada relevância na adopção de medidas de protecção contra zonas inundáveis ou ameaçadas
pelas cheias (ARH do Centro, 2009).
No entanto as áreas classificadas possuem regulamentos próprios que, supostamente, defendem os
recursos naturais que as compõem, ao contrário das restantes áreas naturais ou semi-naturais, que
14
dependem da eficácia da implementação dos instrumentos de ordenamento do território para a sua
conservação. Por conseguinte no presente estudo apenas serão objecto de uma análise mais
pormenorizada as áreas integrada na RAN e na REN, que estão contempladas nos instrumentos de
gestão territorial, nomeadamente no PDM.
15
3 ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO
3.1 A evolução do ordenamento do território
A integração da vertente de conservação da componente ambiental no ordenamento do território
inicia-se apenas na década de 80, dado que é neste período que se acentua a preocupação com o
estado em que o ambiente se encontrava. Enquadrando-se esta evidência com o descrito por
Catarina Frade (1999): ―o percurso seguido pelo ordenamento do território encontra uma autêntica
ligação umbilical ao desenvolvimento histórico e político das nações e o seu rosto é marcado pelas
opções estratégicas assumidas pelos órgãos de poder nacional‖.
Segundo Catarina Frade (1999) o início do conceito de ordenamento do território decorreu entre 1945
e 1975, sendo este, ao contrário do urbanismo que existia já na antiguidade clássica e mesmo antes
(Amaral, 1993), uma disciplina bastante recente, surgida com o término da Segunda Guerra Mundial,
no seio da política francesa do pós-guerra.
Neste período a Europa foi dominada pela destruição e o caos, iniciando assim os trabalhos de
reconstrução necessários à sua reactivação. No entanto estes trabalhos não se resumiram apenas à
reconstrução dos centros urbanos, em França, englobavam ainda uma ―política de descentralização
das actividades industriais, promovendo a sua localização segundo critérios de diminuição das
disparidades que se registavam entre a região de Paris e as zonas litorais desenvolvidas, por um
lado, e todo o resto do país, rural e empobrecido, por outro‖ (Frade, 1999).
Segundo Fernando dos Reis Condesso (2010), a expressão e o conceito francês de Aménagément
du Territoire parece ter sido utilizada, oficialmente, a primeira vez pelo ministro francês encarregado
da Reconstrução e do Urbanismo, em 1950. Sendo que a noção de ordenamento do território estava
relacionada com a procura, a nível nacional, de uma melhor repartição da população, em função dos
recursos naturais e actividades económicas.
A institucionalização do ordenamento do território atinge o seu ponto mais alto, em 1963, através da
criação da DATAR (Délégation à l’Aménagemente du Territoire et à l’ Action Regional), que
multiplicaram iniciativas de ordenamento e desenvolvimento local, que tiveram grande êxito até à
crise económica da década de setenta (Lacaze, 1995).
Um dos documentos oficiais mais relevantes sobre este tema, a Carta Europeia do Ordenamento do
Território, de 1983, subscrita pelos países representados na Conferência Europeia dos Ministros
Responsáveis pelo Ordenamento do Território considera que o ordenamento do território é ―a
tradução espacial das políticas económica, social, cultural e ecológica da sociedade. (…) É,
simultaneamente, uma disciplina científica, técnica administrativa e uma política que se desenvolve
numa perspectiva interdisciplinar e integrada ao desenvolvimento equilibrado das regiões e à
organização física do espaço segundo uma estratégia de conjunto. (…) O Ordenamento do território
deve ter em consideração a existência de múltiplos poderes de decisão, individuais e institucionais
que influenciam a organização do espaço, o carácter aleatório de todo o estudo prospectivo, os
constrangimentos do mercado, as particularidades dos sistemas administrativos, a diversidade das
16
condições socioeconómicas e ambientais. Deve, no entanto, procurar conciliar estes factores da
forma mais harmoniosa possível‖ (SEALOT-MPAT, 1988).
Segundo a Carta Europeia do Ordenamento do Território este tem por base quatro princípios:
Quadro 1 – Princípios do ordenamento do território enunciados na Carta Europeia do Ordenamento do Território Fonte: (SEALOT-MPAT, 1988).
Princípios do Ordenamento do Território
Democrático Deve ser conduzido de modo a assegurar a participação das populações interessadas
e dos seus representantes políticos.
Integrado Deve assegurar a coordenação das diferentes políticas sectoriais e a sua integração
numa abordagem global.
Funcional Deve ter em conta a existência de especificidades regionais, fundamentadas em
valores, cultura e interesses comuns que, por vezes, ultrapassam as fronteiras
administrativas e territoriais, assim como a organização administrativa dos diferentes
países.
Prospectivo Deve analisar e tomar em consideração as tendências e o desenvolvimento a longo
prazo dos fenómenos e intervenções económicas, ecológicas, sociais, culturais e
ambientais.
No que diz respeito aos objectivos gerais do ordenamento do território verifica-se um consenso entre
autores, aceitando os estabelecidos na Carta Europeia do Ambiente, apontando como fundamental
para a gestão dos recursos naturais e protecção do ambiente a promoção de estratégias que
minimizem os conflitos entre a procura crescente de recursos naturais e a necessidade da sua
conservação. O ordenamento do território procura assegurar uma gestão responsável do ambiente,
dos recursos do solo e do subsolo, do ar e das águas, dos recursos energéticos, da fauna e da flora,
prestando atenção particular à paisagem e ao património cultural e arquitectónico.
A aplicação dos objectivos do ordenamento do território varia conforme o território em questão e
também com o nível territorial ou escala, sendo que estes variam ainda com as necessidade e as
prioridades dos Estados.
Nos anos 90, a constatação de que as desigualdades regionais se acentuaram, o que era visível no
fenómeno de desertificação das zonas rurais do interior e na concentração demográfica excessiva
das zonas urbanas do litoral, levou a que o ordenamento do território retomasse a vertente de
planeamento, que basicamente se divide em decisões de opções sobre a melhor alternativa, com
base em diversos instrumentos.
Contudo verificava-se a influência de conceitos em ascensão como o de desenvolvimento sustentável
e da protecção e gestão dos recursos naturais, que dinamizaram o conceito de ordenamento do
território.
17
No que diz respeito à realidade nacional verifica-se um relativo atraso face a outros países europeus,
designadamente a pioneira França. No período de apogeu da planificação territorial francesa,
Portugal vivia apenas no quadro dos planos urbanísticos criados nos anos 30 (Frade, 1999), os
designados Planos Gerais de Melhoramento, que deram lugar aos Planos Gerais de Urbanização,
nos anos 40, e aos Planos Directores de Região, nos anos 50.
As preocupações sobre o ordenamento geral do território tiveram início na década de 60, através dos
Planos de Fomento, que definiam as estratégias de desenvolvimento do país. Contudo, é apenas no
III Plano de Fomento (1968 – 1973) que o ordenamento do território vem mencionado: o plano ―referia
expressamente a necessidade de se definir um esquema geral de ordenamento do território, com
vista a proporcionar a melhor repartição dos factores produtivos em função dos recursos
efectivamente utilizáveis.‖
Mas, caberia ao IV Plano de Fomento (1974-1979) dar um conteúdo mais exacto às intenções
enunciadas no plano precedente e apontar as medidas de efectivação de uma política do
ordenamento do território.
A proliferação, na década de 70, de loteamentos e construções ilegais, agravada pela explosão
caótica de bairros degradados na periferia do Porto e de Lisboa, onde viviam os foragidos da pobreza
do interior e os regressados do Ultramar, concentrava todas as atenções na organização e gestão
imediatas dos centros urbanos fortemente pressionados, desvalorizando qualquer programação mais
profunda do conjunto nacional (Frade, 1999).
No entanto as décadas de 70 e 80 foram marcadas por alguma produção legislativa e pela tentativa
de enquadrar legalmente o sistema de ordenamento do território, mas sempre aliado ao urbanismo.
Em 1976 é aprovada a Constituição da República Portuguesa, onde é dado particular ênfase à
reorganização do território em regiões, bem como ao planeamento destas e sua interacção com as
autarquias (Lei n.º 79/77, de 25 de Outubro, que define as atribuições das autarquias e as
competências dos seus órgãos).
Apesar de, na Constituição da República Portuguesa, de 1976, o Estado se comprometer na
promoção e realização do ordenamento do território, apenas através da Lei Constitucional n.º 1/89, de
8 de Julho, consagra o ordenamento do território como umas das tarefas fundamentais do Estado, a
par com os princípios da Independência Nacional, do Estado-de-Direito, da Democracia e do Estado
Social. Neste mesmo diploma identifica como objectivos do ordenamento do território a correcta
localização das actividades, um equilibrado desenvolvimento socioeconómico e paisagens
biologicamente equilibrados (art. 66.º).
No seguimento da responsabilização do Estado pelo ordenamento do território, em 1977, são criados
pela Lei n.º 79/77, de 25 de Outubro, os Planos Directores Municipais, da responsabilidade das
Autarquias. No entanto apenas efectivaram a sua prática no início dos anos 90.
O final da década de 80 e início da década de 90 foram marcados por uma maior preocupação, por
parte do Estado, pelas componentes ambiental e biofísica. A adesão de Portugal à Comunidade
Económica Europeia (1986), a actual, União Europeia, implicou a consideração destas componentes
18
nas suas políticas de desenvolvimento regional, levando a um conjunto de reformas estruturais.
Implicações desta influência europeia foram as publicações das Leis da Reserva Agrícola Nacional e
Reserva Ecológica Nacional e da Lei de Bases do Ambiente.
Durante a década de 90 verificou-se uma maior atenção à organização e ao funcionamento dos
sistemas urbanos (renovação e reabilitação urbanas, acessibilidades urbanas e interurbanas, reforço
em equipamentos e infra-estruturas urbanas) e ao aprofundamento da componente ambiental, no
quadro da organização do território e a operacionalização dos regimes de salvaguarda e protecção
dos recursos naturais.
É no final da década de 90, mais exactamente em 1998, que após vários momentos de discussão, é
aprovada a Lei n.º 48/98, de 11 de Agosto, designada como a Lei de Base do Ordenamento do
Território e Urbanismo (LBOTU).
Esta lei enuncia ― (…) os fins, os princípios e os objectivos que o ordenamento do território e
urbanismo deverão prosseguir no território nacional, cria um sistema de gestão territorial que se
organiza num quadro de intervenção coordenada em três âmbitos territoriais e se desenvolve através
de um conjunto de instrumentos de planeamento e gestão territorial‖.
Entre outros a LBOTU, define como objectivos assegurar o aproveitamento racional dos recursos
naturais, a preservação do equilíbrio ambiental, a defesa e valorização do património natural, a
preservação e defesa dos solos com aptidão natural ou aproveitados para actividades agrícolas,
pecuárias ou florestais e a recuperação ou reconversão de áreas degradadas, através de um
conjunto de instrumentos de gestão territorial.
3.2 Os instrumentos de gestão territorial
A LBOTU foi regulamentada através do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, designado por
Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT), alterado pelos Decreto-Lei n.º
310/2003, de 10 de Dezembro, Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro, e Decreto-Lei n.º
46/2009, de 20 de Fevereiro, onde se encontram definidos o regime de coordenação dos âmbitos do
sistema de gestão territorial, o regime geral de uso do solo e o regime de elaboração, aprovação,
execução e avaliação dos instrumentos de gestão territorial. Este determina que os instrumentos de
gestão territorial identifiquem os recursos e valores naturais: orla costeira e zonas ribeirinhas;
albufeiras de águas públicas; áreas protegidas; rede hidrográfica e outros recursos relevantes para a
conservação da natureza e da biodiversidade.
O sistema de gestão territorial concretiza a interacção coordenada dos seus diversos âmbitos,
através de um conjunto de instrumentos de gestão territoriais. Este está organizado num quadro de
interacção coordenada, em três âmbitos:
19
Quadro 2 – Âmbito nacional, regional e municipal do sistema de gestão territorial Fonte: (Decreto-Lei n.º 380/99 de 22 de Setembro).
Sistema de Gestão Territorial
Âmbito
Nacional
Define o quadro estratégico para o ordenamento do espaço nacional,
estabelecendo as directrizes a considerar no ordenamento regional e municipal
e a compatibilização entre os diversos instrumentos de política sectorial com
incidência territorial, instituindo, quando necessário, os instrumentos de
natureza especial.
Regional
Define o quadro estratégico para o ordenamento do espaço regional em
estreita articulação com as políticas nacionais de desenvolvimento económico
e social, estabelecendo as directrizes orientadoras do ordenamento municipal.
Municipal
Define, de acordo com as directrizes de âmbito nacional e regional e com
opções próprias de desenvolvimento estratégico, o regime de uso do solo e a
respectiva programação.
Os instrumentos de gestão territorial estão agrupados em quatro diferentes grupos, de acordo com as
suas funcionalidades (Quadro 3).
Quadro 3 – Organização dos diferentes instrumentos de gestão territorial Fonte: (artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 380/99 de 22 de Setembro).
Instrumentos de
desenvolvimento
territorial
Instrumentos de
planeamento
territorial
Instrumentos de
política sectorial
Instrumentos de
natureza especial
Vinculam entidades
púbicas
Vinculam entidades
públicas e privadas
Vinculam entidades
púbicas
Vinculam entidades
púbicas
Âmbito Nacional PNPOT -
Planos sectoriais PEOT
Âmbito Regional PROT -
Âmbito Municipal PIMOT PMOT - -
Os instrumentos de desenvolvimento territorial traduzem as grandes estratégias com relevância para
a organização do território, formando o quadro de referência para a elaboração dos instrumentos de
planeamento territorial. Como é possível observar no Quadro 3 incluem o Programa Nacional de
Ordenamento do Território (PNPOT), os Planos Regionais de Ordenamento do Território (PROT) e os
Planos Intermunicipais de Ordenamento do Território (PIMOT).
20
O PNPOT visa fixar os objectivos e metas fundamentais de ordenamento, tendo em conta os grandes
espaços funcionais do território nacional, conforme o disposto nos artigos 26.º a 29.º do Decreto-Lei
n.º 380/99, de 22 de Setembro. Este é constituído pelo Relatório e pelo Programa de Acção,
identificando-se, neste último, o objectivo estratégico de conservar e valorizar a biodiversidade, os
recursos e o património natural, paisagístico e cultural, utilizar de modo sustentável os recursos
energéticos e geológicos.
Os PROT foram criados pelo Decreto-Lei n.º 338/83, de 20 de Julho, no entanto a falta de
regulamentação de algumas normas impediu a sua aplicação. Segundo os artigos 51.º e 52.º do
Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, referente ao RJIGT, estes planos definem a estratégia
regional de desenvolvimento territorial, integrando as opções estratégicas estabelecidas a nível
nacional e considerando as estratégias municipais de desenvolvimento local, visando traduzir, em
termos espaciais, os grandes objectivos de desenvolvimento económico e social sustentável
formulados no plano de desenvolvimento regional e identificar medidas tendentes à atenuação das
assimetrias de desenvolvimento intra-regional.
Os PIMOT asseguram a articulação entre o plano regional e os planos municipais de ordenamento do
território no caso de áreas territoriais comuns a vários municípios, no que diz respeito a determinados
domínios, como a protecção da natureza, racionalização de povoamentos, acesso a equipamentos e
serviços públicos.
Os instrumentos de política sectorial são planos e programas de incidência territorial a cargo dos
diferentes sectores da administração central, enquanto que os instrumentos de natureza especial se
caracterizam por uma natureza complementar, tutelando valores e interesses de carácter nacional de
particular sensibilidade e relevância, sendo que são igualmente da responsabilidade da administração
central. São exemplos de planos sectoriais os planos no domínio dos transportes, das comunicações,
da energia e dos recursos geológicos, da educação e da formação, da cultura, da saúde, da
habitação, do turismo, da agricultura, do comércio, da indústria, das florestas e do ambiente.
Os Planos Especiais do Ordenamento do Território (PEOT) são regulados pelo Decreto-Lei nº 151/95,
de 24 de Junho, alterado pela Lei n.º 5/96, de 29 de Fevereiro e integram os Planos de Ordenamento
do Orla Costeira (POOC), os Planos de Ordenamento de Áreas Protegidas (POAP) e os Planos de
Ordenamento das Albufeiras de Águas Públicas (POAAP).
No que diz respeito aos instrumentos de planeamento territorial, estes são de natureza regulamentar
e são os únicos vinculativos para entidades públicas e privadas, sendo os restantes apenas para
entidades públicas. Estes estabelecem o regime de uso do solo, definindo modelos de evolução da
ocupação humana e da organização de redes e sistemas urbanos e, na escala adequada, parâmetros
de aproveitamento do solo, segundo a LBOTU.
Como é possível observar no Quadro 3 os Planos Municipais de Ordenamento do território (PMOT)
são os únicos instrumentos de planeamento territorial e compreendem os Planos Directores
Municipais (PDM), Planos de Urbanização (PU) e Planos de Pormenor (PP), sendo que estes são
21
regidos pelo Decreto-Lei n.º 69/90, de 2 de Março, alterado pelo Decreto-Lei n.º 211/92, de 8 de
Outubro, e pelo Decreto-Lei n.º 155/97, de 24 de Junho.
O Plano de Urbanização, segundo o artigo 87.º do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro,
alterado pelo Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro e pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de
Fevereiro, referente ao RJIGT, concretiza, para uma determinada área do território municipal, a
política de ordenamento do território e de urbanismo, fornecendo o quadro de referência para a
aplicação das políticas urbanas e definindo a estrutura urbana, o regime de uso do solo e os critérios
de transformação do território.
O Plano de Pormenor, segundo o artigo 90.º do mesmo diploma, desenvolve e concretiza propostas
de ocupação de qualquer área do território municipal, estabelecendo regras sobre a implantação das
infra-estruturas e o desenho dos espaços de utilização colectiva, a forma de edificação e a disciplina
da sua integração na paisagem, a localização e inserção urbanística dos equipamentos de utilização
colectiva e a organização espacial das demais actividades de interesse geral.
Os PDM são o objecto de análise do presente estudo.
Com base na estratégia definida por cada município e nas orientações estabelecidas pelos
instrumentos de gestão territorial de âmbito nacional e regional, o PDM deve estabelecer o ―modelo
de organização espacial do território municipal‖ (ponto n.º 1 do artigo 84.º do Decreto-Lei n.º
380/1999, de 22 de Setembro, revisto pelo Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro) e a
―classificação básica do solo, bem como parâmetros de ocupação, considerando a implantação dos
equipamentos sociais, e desenvolver a qualificação dos solos urbano e rural‖ (alínea a) do ponto n.º 2
do artigo 9.º da Lei n.º 48/98 de 11 de Agosto (LBOTU).
Como foi dito anteriormente, o PDM foi previsto pela Lei n.º 79/77, de 25 de Outubro, e tem evoluído
desde a sua consagração, no Decreto-Lei n.º 208/82, de 26 de Maio, como um instrumento de
desenvolvimento económico e social do município, sendo nas suas relações com o ordenamento do
território, um instrumento de planeamento da ocupação, uso e transformação do território. Sob o
Decreto-Lei n.º 69/90, de 2 de Março, este plano perde a sua componente estratégica e passa pelo
eminentemente físico, ao estabelecer a estrutura espacial do território do município, a classificação
dos solos, a delimitação dos perímetros urbanos e a definição de indicadores urbanísticos. No
entanto houve algum progresso na elaboração/aprovação de PDM (Mafra & Silva, 2004) e é neste
mesmo ano que entra em vigor o primeiro PDM de Portugal Continental (Évora), verificando-se nos
anos de 1994 e 1995 uma maior actividade, como é possível verificar através do Figura 3 (tendo
estes dados sido facultados pela DGOTDU).
22
Figura 3 – Evolução da elaboração dos PDM em Portugal continental. Fonte: DGOTDU.
Em 2003, procede-se a uma alteração ao regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial,
respeitante à formação dos PDM, através do Decreto-Lei n.º 310/2003, de 10 de Dezembro, que
introduz novos desafios, na medida em que atribui, novamente, um carácter estratégico à figura do
PDM, obrigando a uma mudança de atitude e de mentalidade na forma de encarar este instrumento
de gestão territorial, no que diz respeito à sua revisão, pois segundo o preâmbulo do mesmo diploma
teria sido iniciado o processo generalizado de revisão dos PDM.
A alteração efectuada ao RJIGT, em 2007, através do Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro,
visou reforçar a eficiência do sistema de gestão territorial, através da simplificação de procedimentos,
associada à descentralização e responsabilização municipal, do reforço dos mecanismos de
concertação de interesses públicos e da clarificação e diferenciação de conceitos e instrumentos de
intervenção. Para além destas alterações, procedeu-se à adaptação do regime de avaliação
ambiental estratégica aos IGT, incorporando a análise sistemática dos efeitos ambientais dos planos
territoriais nos respectivos procedimentos de elaboração, alteração e revisão (DGOTDU, 2008).
O PDM procede à caracterização económica, social e biofísica, incluindo a estrutura fundiária da área
de intervenção. Identifica as redes urbanas, viária, de transportes e de equipamentos de educação,
de saúde, de abastecimento público e de segurança, bem como os sistemas de telecomunicações, de
abastecimento de energia, de captação, de tratamento e abastecimento de água, de drenagem e
tratamento de efluente e de recolhas, depósito e tratamento de resíduos. Promove a definição dos
sistemas de protecção de valores e recursos naturais, culturais, agrícolas e florestais, identificando a
estrutura ecológica municipal, estabelecendo os objectivos de desenvolvimento estratégico a
prosseguir e os critérios de sustentabilidade a adoptar, bem como os meios disponíveis e as acções
propostas. Procede à referenciação espacial dos usos e das actividades, através da definição de
classes e categorias de espaços, identificando as áreas com mais apetência para a localização,
distribuição e desenvolvimento das actividades industriais, turísticas, comerciais e de serviços.
Define, ainda, estratégias para o espaço rural, identificando aptidões, potencialidades e referências
aos múltiplos usos permitidos.
0
10
20
30
40
50
60
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20
01
20
02
20
03
Nú
me
ro d
e P
DM
Ano
23
O PDM identifica e delimita os perímetros urbanos, definindo a sua posição na hierarquia do sistema
urbano municipal, procede à definição de programas na área habitacional, especifica qualitativa e
quantitativamente os índices, indicadores e parâmetros de referência urbanísticos e de ordenamento.
Define também as unidades operativas de planeamento de gestão, para efeitos de programação da
execução do plano, assim como os critérios de perequação compensatória de benefícios e encargos
decorrentes da gestão urbanística a concretizar nos instrumentos de planeamento previsto nas
unidades operativas. Determina, ainda, as condições de actuação sobre áreas críticas, situações de
emergência ou de excepção, bem como sobre áreas degradadas em geral e as condições de
reconversão de áreas urbanas de génese ilegal. Promove a identificação das áreas de interesse
público para efeitos de expropriação, bem como as definições das respectivas regras de gestão.
O PDM é constituído por:
a) Regulamento;
b) Planta de Ordenamento – que representa o modelo de organização espacial do território
municipal de acordo com a classificação e a qualificação dos solos, bem como as unidades
operativas de planeamento e gestão definidas;
c) Planta de Condicionantes – que identifica as servidões e restrições de utilidade pública em
vigor que possam constituir limitações ou impedimentos a qualquer forma específica de
aproveitamento.
O PDM é acompanhado por:
a) Estudos de caracterização do território municipal;
b) Relatório que explica e fundamenta os objectivos estratégicos e as opções de base territorial
adoptadas para o modelo de organização espacial, acompanhado da devida fundamentação
técnica suportada na avaliação das diversas variáveis presentes no território municipal;
c) Relatório ambiental no qual são identificados, descritos e avaliados os eventuais efeitos do
plano e suas alternativas razoáveis que tenham em conta os objectivos e o âmbito de aplicação
territorial respectivos;
d) Programa de execução contendo disposições indicativas sobre a execução das intervenções
municipais previstas, bem como sobre os meios de financiamento das mesmas.
O PDM é ainda acompanhado por outros elementos fixados por portaria (n.º 3 do art. 86º do RJIGT):
a) Planta de enquadramento regional;
b) Planta da situação existente;
c) Relatório e ou Planta dos compromissos urbanísticos;
d) Carta da estrutura ecológica municipal;
e) Participações recebidas em sede de discussão pública e respectivo relatório de ponderação;
f) Mapa do Ruído.
24
Como referido anteriormente os PMOT, nomeadamente os PDM, estabelecem o regime de uso do
solo no território municipal, regulamentado actualmente pelo Decreto Regulamentar n.º 11/2009, de
29 de Maio. Este diploma, aguardado desde a entrada em vigor do RJIGT, em 1999, define os
critérios de classificação e de reclassificação do solo, assim como os critérios de qualificação do solo
rural e urbano, destinando-se a orientar os procedimentos de elaboração, alteração e revisão dos
planos de ordenamento do território de âmbito municipal (PLMJ, 2009).
Antes da entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro o regime de uso do solo era
regulamentado pelo Decreto-Lei n.º 69/90, de 2 de Março. Esta alteração teve repercussões
importantes nos critérios de classificação e qualificação dos solos. Como é possível observar na
Figura 4, a classificação proposta Decreto-Lei n.º 69/90, de 2 de Março, definia oito classes de solos,
deixando a possibilidade de os municípios adoptarem outras classificações aquando da elaboração
dos planos, sendo que vários municípios optaram por uma classificação mais simplificada,
distinguindo três classes de solos urbanos, urbanizáveis e não urbanizáveis (Cardeiro, 2009).
Figura 4 - Evolução da classificação dos solos. Adaptado de: (Cardeiro, 2009).
A bipolarização da classificação do solo através de solo rural e urbano, que determinam o destino
principal dos terrenos, é introduzida pelo Decreto-Lei n.º 380/99, 22 de Setembro, tendo sido
esclarecida posteriormente pelo Decreto Regulamentar n.º 11/2009. Neste último classifica-se como
solo urbano o destinado à urbanização e edificação urbana, actual ou programável, e a classe de solo
rural aglutina os solos destinados ao aproveitamento agro-pecuário, florestal e de recursos
geológicos, bem como os espaços naturais, de protecção ou lazer, e os solos vocacionados para
qualquer tipo de ocupação humana incompatível com a integração urbana ou com a classificação de
solo urbano. Em relação à bipolarização da classificação do solo, actualmente, existem teses que a
consideram insuficiente para enquadrar satisfatoriamente as novas funções e utilizações do território.
Segundo Cardeiro (2009), esta nova classificação teve como objectivo a diminuição dos perímetros
urbanos, cuja delimitação no âmbito dos PDM de primeira geração era ―exagerada e casuística‖, uma
Decreto-Lei n.º 69/90, 2 de
Março
•Espaços urbanos
•Espaços urbanizáveis
•Espaços industriais
•Espaços para indústrias extractivas
•Espaços agrícolas
•Espaços florestais
•Espaços culturais e naturais
•Espaços canais
Classes assumidas por
alguns municípios
•urbanos
•urbanizáveis
•não urbanizáveis
Decreto-Lei n.º 380/99, 22 de
Setembro
•urbanos
• rurais
25
vez que os espaços urbanizáveis eram definidos muito acima do crescimento demográfico e urbano
dos municípios. Pretende-se assim que haja uma redução dos perímetros urbanos através da
eliminação da classe de solo urbanizável. Assim, enquanto que até à publicação do RJIGT se podiam
efectuar operações urbanísticas em solos urbanizáveis, o RJIGT exige que no mínimo o solo seja de
urbanização programada (Oliveira & Cardoso, 2003). Todavia, o conceito de solos de urbanização
programada não se encontrava definido no regulamento, pelo que este tipo de solos acaba por não
diferir muito dos solos urbanizáveis.
Uma das principais inovações introduzidas pelo Decreto Regulamentar n.º 11/2009, de 29 de Maio,
decorre do regime de reclassificação do solo urbano como solo rural e prende-se com a
obrigatoriedade de, em presença de situações determinadas, se proceder a essa reclassificação. Na
reclassificação do solo rural como solo urbano, o Decreto Regulamentar n.º 11/2009, de 29 de Maio,
é concordante com o princípio de excepcionalidade já imposto pelo RJIGT (PLMJ, 2009).
Na regulamentação da qualificação do solo, destaca-se a sistematização de um conjunto de
princípios fundamentais que deverão presidir ao estabelecimento do aproveitamento do solo em
função da utilização dominante, por integração em categorias e subcategorias de solo, rural ou
urbano, nomeadamente os princípios da compatibilidade de usos, da graduação, da preferência de
usos e da estabilidade.
Para além das categorias funcionais (espaços centrais, residenciais, de actividades económicas, de
uso especial e urbanos de baixa densidade), são distinguidos dois tipos de categorias operativas de
solo urbano – Urbanizado e Urbanizável – sendo solo urbanizado, aquele que se encontre dotado de
infra-estruturas urbanas e equipamentos de utilização colectiva e solo urbanizável aquele que se
destine à expansão urbana. Com base nas presentes categorias, os PDM podem estabelecer
subcategorias operativas, diferenciando o solo em função do grau de urbanização e do tipo de
operações urbanísticas previstos.
No que diz respeito à qualificação do solo rural, esta procede-se com base nas categorias
identificadas no RJIGT, nomeadamente em espaços agrícolas ou florestais, espaços afectos à
exploração de recursos geológicos, espaços naturais e espaços afectos a actividades industriais.
Neste regime surge outra inovação relacionada com autonomização das figuras da Estrutura
Ecológica Municipal (EEM) e dos Espaços-canais, tornando-as transversais às diversas categorias de
solo, rural ou urbano.
A elaboração e revisão do PDM são processos regulados pelo Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de
Setembro, com redacção que lhe é conferida pelo Decreto-Lei n.º 310/2003, de 10 de Dezembro, e
pelo Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro. Estes dois processos implicam o cumprimento de
fases, cada uma constituída por um conjunto de procedimentos encadeados (Figura 5), desde a
decisão inicial de elaborar o rever o plano até ao seu depósito na Direcção-Geral do Ordenamento do
Território e Desenvolvimento Urbano (DGOTDU), após a sua publicação (DGOTDU, Guia das
Alterações ao Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, 2007).
26
Após a decisão de elaboração/revisão do PDM, a câmara municipal, em reunião obrigatoriamente
pública, delibera a sua elaboração/revisão. Nesta fase estabelece-se o prazo de elaboração,
definindo-se os planos, programas e projectos incidentes na área do município submetida alteração.
A deliberação é publicada na IIª Série do Diário da República, cuja participação preventiva por parte
dos cidadãos em sugerir ou requerer informações relativamente a elaboração da alteração do plano,
é delimitada por um período mínimo de 15 dias.
O acompanhamento da elaboração do PDM é de carácter facultativo. Porém, caso seja necessário, a
câmara municipal poderá solicitar acompanhamento, relativamente a emissão de pareceres sobre a
proposta de alteração ao plano, ou realização de reuniões conjuntas com a CCDR territorialmente
competente. Finalizada a elaboração da proposta de alteração ao plano, a câmara municipal envia a
proposta, pareceres e relatório ambiental à CCDR, que num prazo de 22 dias, realiza uma
conferência de serviços com todas as entidades representativas dos interesses a ponderar. Esta
convocatória deve ocorrer com 15 dias de antecedência e acompanhada pelas propostas de
alteração ao plano e do relatório ambiental. A câmara municipal pode promover reuniões de
concertação, no prazo de 20 dias seguintes à conferência de serviços, com as entidades em
desacordo com as alterações do plano, com a finalidade de obter soluções unânimes para
reformulação da alteração do plano. No caso de se justificar a câmara deve proceder à reformulação
do plano com base no parecer da comissão de acompanhamento e proceder ao anúncio de
discussão pública, com antecedência mínima de 5 dias úteis, através de um aviso publicado na IIª
Série do Diário da República e à publicação na comunicação social e na respectiva página da
Internet.
A câmara municipal deve ponderar as reclamações, observações, sugestões e pedidos de
esclarecimento apresentados pelos particulares e fica obrigada a responder, por escrito,
fundamentadamente, perante aqueles que invoquem a desconformidade com outros IGT eficazes, a
incompatibilidade com planos, programas e projectos que devessem ser ponderados em fase de
elaboração, a desconformidade com disposições legais e regulamentares aplicáveis e a eventual
lesão de direitos subjectivos. Quando terminando o período de discussão pública estipulado, a
câmara deve ponderar e divulgar, através dos mesmo meios de comunicação, os resultados e
elaborar a versão final da proposta para aprovação, e consequentemente remete-la à CCDR para
obtenção de parecer. Este parecer não possui carácter vinculativo e incide sobre a conformidade com
as disposições legais e regulamentares vigentes e a compatibilidade ou conformidade com os IGT
eficazes.
O plano, acompanhado do parecer da comissão de acompanhamento, é sujeito a aprovação, pela
assembleia municipal, em sessão pública, mediante proposta apresentada pela câmara municipal. No
caso de o PDM ser compatível com o PROT e com os planos sectoriais em vigor, a câmara municipal
deve remeter para publicação, na IIª Série do Diário da República, a deliberação municipal que o
aprova, o regulamento, a planta de ordenamento e a planta de condicionantes e proceder ao seu
depósito na DGOTDU. Caso contrário, a câmara deve enviar todo o processo do plano à CCDR, para
efeitos de ratificação. A ratificação do PDM pelo Governo implica a revogação ou alteração das
27
disposições presentes dos planos sectoriais ou dos PROT afectados, determinando a correspondente
alteração dos elementos influenciados de forma a traduzirem a actualização da disciplina em vigor,
podendo esta ser parcial ou total.
Após a ratificação do plano, por resolução de concelho de ministros em Diário da República, este
deve ser publicado na Iª Série do Diário da República. No prazo de 15 dias, a câmara municipal deve
enviar à DGOTDU uma colecção completa das peças escritas e gráficas que constituem o conteúdo
documental do PDM, bem como uma cópia autenticada da deliberação da assembleia municipal que
o aprova, o respectivo relatório ambiental, os pareceres ou actas emitidos, o caso de existirem, e o
relatório de ponderação dos resultados da discussão pública. A sua publicação deve ser efectuada na
respectiva página da internet, assim como a sua declaração ambiental, enviando-a ainda à Agência
Portuguesa do Ambiente (APA), para efeitos de divulgação.
Figura 5 - Esquema das fases da elaboração/revisão dos PDM.
Segundo o ponto n.º 3 do artigo 98.º do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro os PDM são
obrigatoriamente revistos decorridos 10 anos da sua entrada em vigor ou após a sua última revisão.
Actualmente, encontram-se 26 PDM revistos (DGOTDU, 2010) e 200 em revisão (DGOTDU, 2010)
dos 278 PDM do território continental, salientando-se ainda que o município de Lagos não possui
PDM. É no momento do início das revisões dos PDM, que importa reflectir acerca da salvaguarda dos
Elaboração
Participação Pública
Acompanhamento
Concertação
Discussão Pública
Parecer Final
Aprovação
Ratificação
Publicação
Depósito e divulgação
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recursos naturais presentes no nosso territórios, que têm vindo a ser sujeito a elevadas pressões
devido à dinâmica populacional que caracteriza Portugal.
Figura 6 - Distribuição da dinâmica dos PDM em Portugal continental (Imagem sem escala). Adaptado de: (DGOTDU, 2010).
3.2.1 As potencialidades do PDM na conservação dos recursos naturais
A conservação dos recursos naturais ao longo do tempo tem sido associada ao estatuto das áreas
naturais classificadas, nomeadamente através das áreas protegidas. No entanto, os restantes
recursos naturais, que não se encontram em território protegido, devem o ser através de outros
instrumentos, nomeadamente através dos PDM.
O PDM é um dos instrumentos de planeamento territorial enunciados na LBOTDU, através do qual se
deve assegurar o aproveitamento racional dos recursos naturais, a preservação do equilíbrio
ambiental, a defesa e valorização do património natural, a preservação e defesa dos solos com
aptidão natural ou aproveitados para actividades agrícolas, pecuárias ou florestais e a recuperação
ou reconversão de áreas degradadas, em suma a conservação, gestão e valorização dos recursos
naturais de um modo geral. No âmbito desta dissertação apenas serão abordadas as potencialidades
deste para a conservação dos mesmos.
Este instrumento regulamenta o modelo de organização de cada município, no que diz respeito
nomeadamente à evolução da ocupação humana, à organização de redes e sistemas urbanos, com
base em estudos de avaliação das condições económicas, sociais, culturais e ambientais. Na
´
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elaboração deste modelo deve-se ter em conta a identificação e definição dos sistemas de protecção
de valores e recursos naturais, culturais, agrícolas e florestais, identificando a estrutura ecológica
municipal (alínea c) do ponto n.º 1 do art. 85.º do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro), de
modo a atingir os objectivos acima descritos.
A equipa que elabora este plano deve identificar os recursos naturais, fazendo-o através do regime
de uso do solo, nomeadamente da classificação do solo rural, já que, em solo urbano não é efectuada
esta identificação, e ainda através da estrutura ecológica municipal e das condicionantes ambientais
identificadas em território municipal.
No contexto do quadro legal português em vigor, o conceito de estrutura ecológica (EE), enquadra-se
no âmbito da Lei de Bases do Ambiente (Lei n.º 11/87, de 8 de Abril), da Lei de Base do
Ordenamento do Território e Urbanismo (Lei n.º 48/98, de 11 de Agosto) e a sua regulamentação no
Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, e da Estratégia Nacional para a Conservação da
Natureza e Biodiversidade (Resolução do Conselho de Ministros n.º 152/2001, de 11 de Outubro).
O Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, com a redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 310/2003,
de 10 de Dezembro, refere no artigo 10.º, que a EE deverá ser identificada nos instrumentos de
gestão territorial, correspondendo (artigo 14.º) às ―áreas, valores e sistemas fundamentais para a
protecção e valorização dos espaços rurais e urbanos, designadamente as áreas reserva ecológica‖,
nomeadamente no PDM (artigo 85.º).
A Estrutura Ecológica Municipal deve ser delimitada nos PDM, em conformidade com os respectivos
PROT e com os planos sectoriais aplicáveis, sendo constituída pelo conjunto de áreas cuja função
principal é a de contribuir para o equilíbrio ecológico e para a protecção, conservação e valorização
ambiental e paisagística dos espaços rurais e urbanos.
Em síntese, a EE é definida na legislação portuguesa como:
Um recurso territorial;
Áreas, valores e sistemas fundamentais para a protecção e valorização ambiental dos
espaços rurais e urbanos;
Sistemas de protecção dos valores e recursos naturais, culturais, agrícolas e florestais.
Para atingir os objectivos a que se propõe, a EE deve estabelecer ―parâmetros de ocupação e de
utilização do solo‖ que compatibilizem as ―funções de protecção, regulação e enquadramento com os
usos produtivos, o recreio e o bem-estar das populações‖.
As áreas, valores e sistemas identificados têm que ser ―fundamentais para a protecção e valorização
ambiental‖, mas não refere o que considera fundamental, referindo apenas que deve incluir
―designadamente as áreas de reserva ecológica‖.
Na legislação portuguesa não se encontra definida a metodologia a utilizar na elaboração e
implementação da EE, no entanto vários autores (Andersen e Magalhães) sugerem várias
metodologias a utilizar, nomeadamente através da análise de factores da paisagem sujeitos a
transformação, consoante o município, ou região em estudo.
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Para além destes instrumentos identificados anteriormente salienta-se ainda um dos conceitos mais
importantes na conservação da natureza, o continuum naturale, também identificado na LBA, que
deve ser aplicado ao longo da estruturação do território. Relativamente aos espaços naturais e semi-
naturais, mais especificamente, à estrutura ecológica municipal e às reservas nacionais, este conceito
pode ser aplicado através dos comummente designados corredores ecológicos.
Segundo a alínea n) do ponto n.º 1 do artigo 85.º do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, o
PDM identifica as condicionantes, designadamente reservas e zonas de protecção, que
posteriormente devem ser representadas e publicadas na planta de condicionantes. As
condicionantes obrigatórias que constituem o PDM com o intuito de salvaguardar os recursos naturais
são a RAN e a REN.
A RAN e REN encontram-se definidas no subcapítulo da política nacional da conservação da
natureza da presente dissertação. Estes dois instrumentos são fundamentais para a preservação dos
recursos naturais, no entanto a sua eficácia depende da metodologia utilizada na delimitação desta,
do modo como se encontra interligada com os outros espaços naturais e semi-naturais e do
acompanhamento que é efectuado por parte das entidades regionais RAN e comissão de
coordenação e desenvolvimento regional.
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4 AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DOS PDM DE 1ª GERAÇÃO
4.1 Estado de Arte
Como foi referido anteriormente, a avaliação dos instrumentos de gestão territorial constitui uma
componente essencial do planeamento, estando geralmente associada ao estudo retrospectivo de
uma situação, com o intuito de determinar as melhores decisões (Ferreira & et al., 2003). Geralmente
a avaliação pode ocorrer em diferentes momentos do processo, com funções distintas, identificando-
se três tipos: ex-ante, a posteriori e in continuum. A primeira prende-se com a selecção de
alternativas de intervenção e, quando estas não existem, deve traduzir-se na avaliação da robustez
da solução a adoptar, confrontando a consistência entre objectivos e meios. A avaliação in continuum
visa acompanhar a etapa da execução do plano. A avaliação a posteriori fecha um ciclo e reinicia
outro, procurando conhecer os resultados e os efeitos alcançados com a aplicação do plano,
comparando-os com os desejados e esperados no momento da avaliação (Pereira, 2009), sendo este
o tipo de avaliação a que se recorre na presente dissertação.
Em Portugal, a prática da avaliação dos instrumentos de gestão territorial é escassa, apesar do
reconhecimento da sua importância. A LBOTU e o RJIGT, no final dos anos 90, deram relevância a
esta componente do processo de planeamento, introduzindo os Relatórios de Estado do
Ordenamento do Território (REOT), às escalas nacional, regional e municipal (da responsabilidade da
DGOTDU, das CCDR e das autarquias, respectivamente), com periodicidade bienal, com o objectivo
de proceder à avaliação dos IGT nessas escalas (Pereira, 2009).
Ao nível municipal as avaliações surgiram associadas ao processo de revisão do PDM, vendo-se
assim surgir alguns REOT neste âmbito, como é o caso, por exemplo, do Relatório de Estado do
Ordenamento do Território do município de Lisboa lançado em 2009, com o objectivo de ―avaliar as
várias políticas que têm sido implementadas na cidade, incluindo a aplicação das regras do PDM de
1994, contribuindo para ajustar os objectivos da Revisão do PDM (face às novas políticas sectoriais)
e iniciar um processo de monitorização a partir desta revisão‖ (Câmara Municipal de Lisboa, 2009).
Contudo, como foi dito anteriormente, é recomendada uma periodicidade bienal, que não tem sido
cumprida por parte dos municípios (Pereira, 2009).
Os REOT de âmbito regional também se encontram previstos no RJIGT, no entanto neste caso são
elaborados com base num sistema de monitorização e avaliação do PROT, através de um sistema de
indicadores definido em cada PROT. Os objectivos deste sistema são contribuir para a melhoria dos
processos decisórios, no que diz respeito a actos da administração pública com impactes no
ordenamento do território regional, e constituir uma plataforma de interlocução com os vários agentes
em matérias de ordenamento do território e do urbanismo, contribuindo para uma adequada
coerência dos vários âmbitos territoriais do sistema nacional de gestão do territorial (CCDRAlentejo,
2010).
No que diz respeito aos REOT de âmbito nacional, estes têm sofrido diversas alterações desde a sua
criação. Inicialmente a análise do estado do ordenamento do território era efectuada juntamente com
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a análise do estado do ambiente designando-se por Relatório do Estado do Ambiente e do
Ordenamento do Território (REAOT), que procurava integrar o diagnóstico sobre o estado do
ambiente com as evoluções verificadas em termos de dinâmica territorial. Contudo, desde 1994 os
Relatórios do Estado do Ambiente e o Relatórios do Estado do Ordenamento do Território passaram
a ser realizados separadamente, com a responsabilidade da actual Agência Portuguesa do Ambiente
(APA) e Direcção-Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano (DGOTDU),
respectivamente (APA, 2008). De 1994 até 2007 foram elaborados quatro REOT (publicados em
1994, 1995, 1997 e 1999). Já em 2007 foi criado o Observatório do Ordenamento do Território e do
Urbanismo junto da DGOTDU que, para além de acompanhar e avaliar a aplicação do PNPOT, ficou
incumbido da preparação bienal do REOT. Todavia, não se conhecem ainda efeitos práticos
significativos até à data. Segundo o PNPOT, os REOT ―devem reflectir as conclusões do trabalho de
acompanhamento, monitorização e avaliação, incidindo sobre as dinâmicas territoriais em curso, as
formas de articulação das políticas sectoriais com incidência territorial e o balanço da sua aplicação,
bem como sobre a concretização e adequação dos instrumentos de gestão territorial em vigor‖
(MAOTDR, 2007). Neste sentido, seria de esperar que os diversos instrumentos de gestão territorial
fossem sujeitos a uma avaliação da sua eficácia bienalmente, facto que não se tem verificado.
Os REA constituem um instrumento informativo fundamental para o apoio à definição, execução e
avaliação da política ambiental, permitindo acompanhar o desenvolvimento de políticas e estratégias
de integração ambiental nas actividades económicas sectoriais. A aplicação deste instrumento
decorre de uma obrigatoriedade estipulada pela Lei de Bases do Ambiente e apresenta como
objectivo geral avaliar e comunicar o estado do ambiente em Portugal (APA, 2008).
Desde 1998 que os REA têm realizado a avaliação do estado do ambiente através de um conjunto
alargado de indicadores ambientais, acompanhando as tendências dos vários países e organizações
que concebem os seus relatórios ambientais de acordo com indicadores. A utilização explícita de
indicadores em relatórios ambientais veio melhorar a eficácia destes instrumentos, tendo contribuído
positivamente para o desempenho geral dos REA, e em particular para a comunicação e
envolvimento com as partes interessadas, tal como já referido (APA, 2008). Relativamente à
utilização de modelos conceptuais para estruturar os indicadores, em Portugal, verifica-se que estes
foram predominantemente adoptados sempre que os relatórios foram estruturados através de
indicadores. Num primeiro período foi adoptado o modelo PSR (Pressão-Estado-Resposta) e a partir
do REA 2003, o modelo DPSIR (Driving forces – Pressures - State of the environment - Impacts of the
environment – Responses).
No contexto dos REA nacionais, a morosidade e complexidade associada aos circuitos de
obtenção/disponibilização de dados, bem como a ainda insuficiente ou inadequada cobertura espacial
e temporal de algumas das redes de monitorização, tem contribuído para um desempenho aquém do
desejável na avaliação e comunicação do estado do ambiente em Portugal.
Os temas focados pelos relatórios do estado do ambiente e do ordenamento do território têm variado
assinalavelmente ao longo dos últimos 20 anos. A diversidade temática contida nestes documentos
revela relatórios com mais de 20 temas e outros com apenas 4 grandes temas tratados em
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profundidade. Destaque-se também que o tema ordenamento do território e respectivos subtemas
associados passou a estar presente apenas nos REOT a partir do momento em que houve separação
do REAOT em REA e REOT. A estrutura adoptada para a organização dos temas tem seguido vários
modelos, designadamente: recursos naturais, compartimentos ambientais, problemas ambientais e
diferentes combinações dos anteriores. Para além deste tipo de organização temática, muitos dos
relatórios têm também procurado avaliar a integração do ambiente nas actividades económicas
sectoriais (e.g. agricultura, pesca; turismo; indústria, energia e transportes); esta tendência é
particularmente visível a partir do REA 1998. Segundo a APA (2007), os REA devem ser articulados
com instrumentos estratégicos e, em particular, com os relatórios de avaliação do estado do ambiente
de diferentes âmbitos e ainda com os REOT, procurando deste modo prever uma melhor orientação
para a defesa do meio ambiente.
No decorrer da presente análise houve a necessidade de analisar os modelos e mais especificamente
os indicadores ambientais que tem vindo a ser utilizados nos REA e noutros trabalhos ligados à
análise do estado do ambiente e à implementação de políticas sectoriais. Todavia, primeiramente à
análise dos diversos sistemas de indicadores ambientais, foi imprescindível fixar o conceito de
indicador ambiental e qual o âmbito de aplicação que se pretende no presente contexto.
Num relatório sobre indicadores ambientais a Organização de Cooperação e Desenvolvimento
Económicos (OCDE), define os indicadores do seguinte modo: ―(...) uma ferramenta de avaliação
entre outras; para captar-se todo o seu sentido, devem ser interpretados de maneira científica e
política. Devem, com a devida frequência, ser completados com outras informações qualitativas e
científicas, sobretudo para explicar factores que se encontram na origem de uma modificação do
valor de um indicador que serve de base a uma avaliação‖ (OCDE, 2002). Ainda no mesmo
documento encontra-se outra definição de indicador: ―(...) parâmetro, ou valor calculado a partir dos
parâmetros, fornecendo indicações sobre ou descrevendo o estado de um fenómeno, do meio
ambiente ou de uma zona geográfica, de uma amplitude superior às informações directamente
ligadas ao valor de um parâmetro‖ (OCDE, 2002).
Também a European Environment Agency (EEA) refere frequentemente os indicadores nos seus
relatórios. Define-os como sendo: ―(...) uma medida, geralmente quantitativa, que pode ser usada
para ilustrar e comunicar um conjunto de fenómenos complexos de uma forma simples, incluindo
tendências e progressos ao longo do tempo‖ (EEA, 2005).
Para a identificação e definição dos indicadores ambientais recorrem-se geralmente a modelos
conceptuais, sendo os mais utilizados, no contexto europeu, o modelo Pressão-Estado-Resposta
(P.E.R.) proposto pela OCDE e o modelo DPSIR proposto pela EEA.
O modelo P.E.R. sistematiza os indicadores ambientais através de três grupos chave de indicadores:
Pressão, Estado e Resposta, tendo por base a ideia de que as actividades humanas exercem
pressões sobre o meio ambiente e afectam a sua qualidade e quantidade dos recursos naturais, mas
que no entanto, a mesma sociedade responsável por estas pressões, responde às alterações
verificadas no estado do meio ambiente tomando consciência das mudanças ocorridas e adaptando
as suas políticas ambientais, económicas e sectoriais a estas.
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No que se refere ao modelo proposto pela AEA este considera que as actividades humanas (D -
―Driving forces‖), por exemplo agricultura, as indústrias e os transportes, produzem pressões (P –
―Pressures‖) no ambiente, tais como emissões de poluentes ou contaminação de solos, as quais vão
degradar o estado do ambiente (S – ―State of the environment‖), que por sua vez poderá originar
impactes (I – ―Impacts of the environment‖) na saúde humana e nos ecossistemas, levando a
adopção de medidas políticas (R – ―Responses‖), tais como normas legais, taxas e produção de
informação (Kraemer, 2006).
No contexto nacional e relacionado com as temáticas ambiental e do planeamento existe um estudo
que se encontra actualmente em execução, que se insere no âmbito do Projecto INTERREG II-C
―Coordenação de Sistemas de Informação Geográfica e de Instrumentos de Observação Territorial
para o Desenvolvimento de Espaços Rurais de Baixa Densidade‖, com o objectivo de produzir um
sistema de indicadores ambientais que incorpore a generalidade dos potenciais indicadores aos
diversos níveis de intervenção ambiental e planeamento, cuja aplicação permitirá realizar um
diagnóstico da situação ambiental e das dinâmicas de mudança em presença e em perspectiva, da
área de aplicação. Este sistemas de indicadores ambientais tem o intuito de fornecer ao processo
planeamento territorial um instrumento de observação territorial, na óptica da sustentabilidade,
disponibilizando técnicas de simulação, de cálculo e de monitorização e tomando o potencial da
quantificação como instrumento de referenciação (Peixeiro & Batista, 2008).
A metodologia utilizada pretende criar uma base para a monitorização do território constituindo um
observatório contínuo do ordenamento territorial apoiado em dois instrumentos: os SIG (Sistemas de
Informação Geográfica) e os indicadores. Estes últimos pretendem contribuir para a avaliação do
estado ambiental e para o desenvolvimento de novas aproximações metodológicas de caracterização
ambiental em planeamento territorial, de forma a incentivar a resolução dos conflitos entre a utilização
dos recursos naturais e a protecção ambiental, assim como diminuir as lacunas existentes no âmbito
da disponibilização de dados ambientais georreferenciados comparáveis e quantificáveis (Peixeiro &
Batista, 2008).
Tanto no contexto nacional como internacional os indicadores ambientais encontram-se muito
associados à temática da sustentabilidade e de avaliação do estado do ambiente, sendo que o único
estudo encontrado que relaciona a temática do planeamento territorial e a preservação do meio
ambiente já foi anteriormente mencionado.
No panorama geral dos indicadores ambientais encontram-se diversos sistemas utilizados por
diferentes organizações. Neste contexto foram analisados os seguintes sistema de indicadores: ECO
XXI (Associação Bandeira Azul da Europa, 2009), European Commom Indicators (Ambiente Italia
Research Institute, 2003), Streamlining European 2010 Biodiversity Indicators (European Centre for
Nature Conservation, 2005), CSD environmental indicators (UNEP, 2006), GEO Year Book indicators
(2003) (UNEP, 2006), Environmental Indicators for North America (UNEP, 2006), Environmental
Indicators by OCDE (UNEP, 2003), Biodiversity Indicators Partnership (2010) (UNEP, 2010), Sistema
de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (APA, 2009), Local Quality of Life Counts
(Environment Protection Statistics and Information Management Division, 2000), Indicadores Urbanos
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Globais (Global City Indicators Facility, 2007), Indicadores da Qualidade Urbana (Partidário, 2000) e
ainda indicadores comummente utilizados na avaliação ambiental estratégica, nos relatórios do
estado do ambiente e do ordenamento do território e nos sistemas de monitorização e avaliação dos
planos regionais de ordenamento do território da região Alentejo, norte e oeste e vale do Tejo.
4.2 Indicadores Ambientais
No intuito de analisar a eficácia da implementação dos PDM no que diz respeito à conservação dos
recursos naturais foram identificados um conjunto de indicadores ambientais, com aplicabilidade à
escala nacional e/ou municipal, pois são ferramentas poderosas e eficazes no acompanhamento e
monitorização (OCDE, 2002) do estado do ambiente. A selecção destes indicadores ambientais
recaiu sobre a análise dos sistemas indicadores apresentados anteriormente e na determinação de
quais se enquadrariam no objectivo em questão, nomeadamente verificar o estado dos recursos
naturais. Tais indicadores encontram-se enunciados no Quadro 4, recorrendo-se, neste caso a um
código de cores que contribui para a facilidade de compreensão durante a apresentação e análise
dos resultados.
Para além destes indicadores, achou-se pertinente, identificar descritores que contribuíssem para a
analisar algumas das características dos PDM, no que diz respeito à conservação dos recursos
naturais, nomeadamente a realização estudos prévios no âmbito dos recursos naturais, os objectivos
referidos no PDM, relativamente aos recursos naturais, as classes/categorias dos usos do solo,
ocupação das áreas naturais classificadas e a situação em que se encontra a estrutura ecológica de
cada município.
Quadro 4 – Indicadores ambientais seleccionados.
Código Indicador
Ocupação das áreas natural e semi-natural
Ocupação da área RAN
Ocupação da área REN
Ocupação da área florestal
Ocupação da área artificializada
Ocupação da área agrícola
Fragmentação/ Conectividade das áreas natural e semi-natural
Os dois modelos anteriormente apresentados (OCDE e DPSIR) propõem a análise de indicadores de
estado, de modo a fornecer uma visão geral do estado do meio ambiente e da sua evolução no
tempo, nomeadamente no que se refere a qualidade e quantidade dos recursos naturais. Este
objectivo proposto pelos dois modelos enunciados anteriormente vai de encontro ao objectivo
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pretendido para os indicadores ambientais seleccionados no âmbito da análise da eficácia da
implementação dos PDM. Deste modo os indicadores ambientais considerados no âmbito deste
trabalho (Quadro 4) são indicadores de estado dos recursos naturais, em Portugal Continental.
No intuito de transmitir a tendência do estado dos recursos naturais num nível mais abrangente
definiu-se o indicador ―Áreas Naturais ou Semi-Naturais‖, pretendendo-se abranger a maioria dos
recursos naturais presentes em Portugal Continental.
A análise deste indicador foi efectuada através da informação disponibilizada pelo projecto CORINE
Land Cover (CLC) que tem vindo a produzir cartografia de ocupação e uso do solo para a Europa,
com base em interpretação visual de imagens de satélite para os estados membros da Agência
Europeia do Ambiente, desde 1985. Desde o início deste projecto, foram já produzidas cartografias
para três momentos temporais: 1990, 2000 e 2006, que definem a tendência da evolução das áreas
naturais ou semi-naturais para Portugal Continental.
A caracterização da ocupação e uso do solo, em Portugal, no projecto CORINE Land Cover, é
efectuada através de classes, agrupadas por três diferentes níveis. No âmbito deste estudo
estabeleceu-se que o indicador ―Áreas Naturais ou Semi-Naturais‖ seria definido pelo somatório das
área das classes de terceiro nível enunciadas no Quadro 5 Anexo II.
Deve-se salientar que os indicadores referentes à ocupação de floresta e de área agrícola encontram-
se abrangidos pelo indicador das áreas naturais e semi-naturais, não correspondendo no entanto ao
seu somatório. Contudo, achou-se pertinente esta diferenciação devido à importância que estes dois
ecossistemas têm em Portugal Continental e ainda, devido à usual utilização como categorias de uso
do solo.
O indicador referente à ocupação da área florestal, tem como objectivo verificar a existência ou a
inexistência de um aumento deste tipo de ecossistema. Como foi dito anteriormente as áreas
florestais encontram-se descriminadas nos PDM, devendo por isso contribuir para a protecção destes
espaços.
Para a análise deste indicador recorreu-se aos dados disponibilizados pelo Projecto CORINE Land
Cover nos diferentes espaços temporais, definindo-se que a área florestal a ser contabilizada
corresponderia ao somatório das classes de terceiro nível enunciadas no Quadro 5 Anexo II. Refira-
se que, este indicador não diferencia nem o estado em que se encontra a floresta nem as espécies
que constituem a floresta.
No caso do indicador da ocupação de área agrícola recorreu-se também aos dados disponibilizados
pelo Projecto CORINE Land Cover, nos mesmos momentos temporais, definindo-se que a área
agrícola a ser contabilizada corresponderia ao somatório das classes de nível três enunciadas no
Quadro 5 Anexo II.
Os instrumentos RAN e REN são figuras obrigatórias dos PDM, com o objectivo fundamental de
protecção dos recursos naturais e do equilíbrio biológico. Por conseguinte, são estas duas figuras de
conservação que, em parte, devem ter um papel fulcral na conservação dos recursos naturais na
implementação deste plano. Por este motivo, considerou-se essencial a análise destes instrumentos
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através destes dois indicadores, dado que estes se encontram sujeitos a regulamentos próprios e
distintos.
No que diz respeito ao indicador referente ao instrumento RAN foram recolhidos, junto das entidades
competentes, os dados relativos às áreas integradas na RAN, que englobam as áreas excluídas
aquando da sua delimitação e as áreas ocupadas por usos sujeitos a parecer favorável.
Similarmente ao que acontece ao indicador anterior, para o indicador referente ao instrumento REN
foi necessário contabilizar as áreas excluídas na sequência de alterações da delimitação da REN e as
áreas respeitantes a ocupações que obtiveram autorização, junto das entidades competentes.
Inicialmente era objectivo deste indicador traçar a evolução das áreas integradas na RAN e na REN,
no entanto a maioria das entidades responsáveis por estas duas condicionantes possuem estes
dados dispersos e em formato papel, o que envolveria uma análise muito mais demorada.
Tal como foi dito anteriormente, um dos indicadores identificados que contribui para a análise da
eficácia da implementação dos PDM é o indicador que pretende traduzir a evolução das áreas
artificializadas. Com este indicador pretende-se verificar a existência ou não de artificialização de
áreas naturais ou semi-naturais.
No presente trabalho considera-se áreas ―artificializadas‖ as áreas sujeitas ao processo de
artificialização do território, que ocorre sempre que o homem transforma o espaço de acordo com as
suas necessidades e disponibilidade de recursos. Segundo Ferreira (2009), a artificialização pode ser
entendida como um processo e como um estado: processo, pois os territórios possuem uma dinâmica
própria e evoluem ao longo do tempo e do espaço, impulsionados pelas mudanças sectoriais e
institucionais que marcam o processo; e, estado, pois a artificialização é caracterizada por um
processo de satisfação das necessidades dos seus habitantes num determinado momento, ou seja,
por motivos sociais, económicos, institucionais, tecnológicos, culturais e ambientais.
Este indicador pretende analisar a evolução das áreas artificializadas utilizando nomenclatura definida
no Projecto CORINE Land Cover, que identifica como áreas artificializadas o somatório das classes
de nível três enunciadas no Quadro 5 Anexo II.
Um dos problemas associados à expansão urbana desordenada é a fragmentação de habitats, que
consiste num processo de divisão de um habitat contínuo em manchas isoladas (Ganem, Drummond,
& Franco, 2008). Segundo Araújo e Souza (2003), a fragmentação torna-se de grande importância
devido a dois efeitos associados aos ecossistemas: efeitos directos na estrutura dos ecossistemas,
que levam à redução da biodiversidade ao longo dos anos e décadas; e os efeitos indirectos
associados ao suporte da biodiversidade, representados principalmente pela desestabilização dos
recursos naturais solo e água, cujo processo evolui no sentido de degradação (NETO, 2008).
Os motivos descritos anteriormente levaram à necessidade de seleccionar como indicador ambiental
a evolução da conectividade das áreas naturais e semi-naturais, que como já foi dito anteriormente,
compreendem a maioria dos recursos naturais do território nacional. Para efectuar a análise deste
indicador seria possível utilizar software específicos para esta temática, no entanto optou-se por uma
análise genérica, baseada na observação da distribuição espacial das áreas naturais e semi-naturais,
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abrangidas pelo indicador acima enunciado, continuando, deste modo, a utilizar os dados do Projecto
CORINE Land Cover para os três diferentes momentos temporais. Esta análise foi efectuada com
base nas representações gráficas, que se encontram no Anexo VI, onde estão identificadas as áreas
naturais e semi-naturais, as áreas ardidas e as outras áreas, que englobam as áreas artificializadas e
planos de água (extensões artificiais ou naturais de água, segundo o Projecto CORINE Land Cover).
O período de análise definido para a análise dos indicadores ambientais está compreendido entre o
início da década de 90 e o ano de 2010, de modo a tornar possível a análise da implementação da
primeira geração de PDM, sendo que este período está dependente da disponibilidade de informação
necessária para a análise dos indicadores.
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4.3 Estudos-de-caso
A análise dos indicadores anteriormente
especificados foi efectuada em oito municípios
distintos de Portugal continental, ou seja, neste
trabalho recorreram-se a oito estudos-de-caso,
como foi anteriormente referido. Deste modo,
foram seleccionados como estudos-de-caso os
seguintes municípios (Figura 7):
Montalegre;
Figueira da Foz;
Castelo de Vide;
Oeiras;
Vila Franca de Xira;
Almodôvar;
Odemira;
Loulé.
A selecção destes oito municípios recaiu sobre as diferentes assimetrias regionais existentes em
Portugal continental. Relativamente a estas é possível identificar várias tipologias de acordo com os
vários índices ou indicadores (sociais, económicas, geográficos, políticos, acessibilidades) que
podem caracterizar Portugal. Contudo, no contexto do presente estudo optou-se por utilizar a
descrição comummente utilizada entre ―Portugal Interior‖ e ―Portugal Litoral‖ (Cravidão & Fernandes,
2003 e Ferrão, 2003). Esta dicotomia deriva de realidades passadas, que actualmente ainda são
visíveis, no entanto existe já alguma dificuldade em diferenciá-las e a delimitá-las geograficamente
(Ferrão, 2003).
Segundo os autores referenciados anteriormente, ―Portugal Interior‖ é associado fortemente à
ruralidade, à agricultura, ao subdesenvolvido, ao demograficamente repulsivo e ―Portugal Litoral‖ ao
urbanizado, ao industrializado, ao infra-estruturado e ao demograficamente dinâmico. Para o último
caso, os autores referem ainda uma zona compreendida entre as Área Metropolitana do Porto à Área
Metropolitana de Lisboa (Cravidão & Fernandes, 2003) ou as cidades de Braga e Sines (Ferrão,
2003), incluindo ainda, nos dois casos, a região algarvia.
Deste modo, e com base nos pressuposto assumidos anteriormente, para representar o ―Portugal
Litoral‖ seleccionaram-se aleatoriamente os municípios da Figueira da Foz e de Loulé. Para este
conjunto foi ainda seleccionado o município de Odemira, apesar de não se encontrar no território
definido anteriormente como ―Portugal Litoral‖. No entanto actualmente encontra-se sujeito a uma
Figura 7 – Localização dos estudos-de-caso em Portugal Continental.
40
forte pressão turística e por conseguinte urbanística, o que o torna muito interessante como estudo-
de-caso.
No que se refere ao ―Portugal Interior‖ optou-se por seleccionar aleatoriamente três municípios das
regiões geográficas Norte, Centro e Sul, Montalegre, Castelo de Vide e Almodôvar, respectivamente
Para além desta dicotomia, optou-se ainda por incluir neste estudo municípios representantes das
áreas metropolitanas, seleccionando-se os municípios de Oeiras e Vila Franca de Xira. Neste último
caso a selecção não foi aleatória, visto que se optou pelo município de Vila Franca de Xira devido à
forte presença de áreas naturais e se situar na Área Metropolitana de Lisboa, e ainda devido ao facto
do seu PDM se encontrar em fase de revisão.
Nos subcapítulos seguintes é efectuado o enquadramento de cada estudo-de-caso e a respectiva
análise dos descritores e indicadores identificados anteriormente. Salienta-se previamente que os
indicadores ambientais de ocupação das áreas natural e semi-natural, florestal, agrícola e
artificializada serão analisados conjuntamente e através da sua representação gráfica. Ao contrário
dos indicadores de ocupação da área RAN e REN, e da fragmentação/conectividade das áreas
natural e semi-natural, que são analisados separadamente ao longo da análise, com base na
informação disponibilizada no Quadro 18 do Anexo V.
4.3.1 Município de Montalegre
O município de Montalegre situa-se na região Norte (NUT II), inserido na sub-região Alto Trás-os-
Montes (NUT III) de Portugal, contido numa área de 80.550,00ha, dividido em 35 freguesias.
Geograficamente este é limitado a norte pela Espanha (municípios de Lobios, Muíños, Calvos de
Randín, Baltar, Cualedro e Oímbra), a leste por Chaves, a sueste por Boticas, a sul por Cabeceiras
de Basto e Boticas, a sudoeste por Vieira do Minho e a oeste pelas Terras do Bouro.
Actualmente, este município acolhe 11.216 residentes, verificando-se, segundo o Instituto Nacional
de Estatística (INE) uma taxa de crescimento efectivo de -1,81%, concluindo-se que a população
deste município encontra-se em decréscimo. A diminuição da população residente no município de
Montalegre faz-se acompanhar também pela diminuição das famílias clássicas, no entanto tem-se
verificado o considerado aumento de edificação dos alojamentos familiares, indiciando que o sector
da construção está em crescimento, mas que o seu produto consiste, essencialmente, em
alojamentos para uso sazonal ou alojamentos que ficam vagos.
No que se refere aos indicadores económicos mais relevantes, taxa de actividade e taxa de
desemprego, verificou-se que no período de 1991 a 2001 a taxa de actividade diminuiu
consideravelmente (34,91% e 33,00%, respectivamente). No que respeita à taxa de desemprego
constataram-se duas situações distintas, nas zonas central e este, acompanhando a tendência
concelhia, registaram-se aumentos ligeiros, embora relativamente mais significativos nas freguesias a
este da sede de concelho. Nas freguesias a oeste e a sul da vila de Montalegre verificaram-se perdas
algo significativas, no entanto no caso das freguesias a sul estas perdas não são suficientes para se
encontrar abaixo da média do município (9,50%). Estudos mais recentes (2008) do INE referem que
41
as taxas de actividade e de desemprego, para a região do Alto Trás-os-Montes, foram 62,70% e
12,50%, respectivamente.
Segundo o INE (2001), neste município o sector terciário albergava o maior número de empregados
(45,50%), sendo que os sectores primário e secundário albergavam aproximadamente 27,00%, cada
um, dos restantes empregados. Porém, o sector primário é o grande impulsionador da economia no
município, não só por se apresentar como o sector de maior peso na estrutura produtiva do concelho,
mas também por centralizar as actividades secundárias e terciárias na transformação e
comercialização dos produtos que resultam das actividades no âmbito do sector. Relativamente às
empresas instaladas no município, em 2008, sabia-se que existiam 0,9 empresas por km2, muito
abaixo da média nacional (11,90).
Relativamente às áreas naturais classificadas o município contém um pouco mais de 17% do Parque
Nacional da Peneda-Gerês (12.128,3ha dos 69.592,50ha do PNPG), abrangendo 11 das 35
freguesias do município. Para além do Parque Nacional criado pelo Decreto-Lei n.º 187/71 de 8 de
Maio, este município, segundo o ICNB (2008) no que diz respeito à Rede Natura 2000 possui um
Sítio de Importância Comunitária (SIC), designado por Serra da Peneda e Gerês que abrange
20.950,55ha (26,00%) do município. E, ainda, uma Zona de Protecção Especial (criada pelo Decreto-
Lei n.º 384-B/99, de 23 de Setembro) designada por Serra do Gerês, que abrange 15.559,85ha
(19,00%) do município.
O município de Montalegre contém um elevado potencial turístico derivado do património natural,
paisagístico e cultural que possui. Contudo, este, não é à partida assumido como um destino turístico
devido às condições que têm sido criadas, nomeadamente ao número reduzido de unidades de
alojamento, como também da sua qualidade e adequação ao meio onde está inserida. É possível
verificar o não aproveitamento deste potencial através do número de hóspedes nos estabelecimentos
hoteleiros, em 2008, em Montalegre, verificaram-se apenas 6.843 hóspedes, contra os 177.587 da
sub-região Alto Trás-os-Montes, e os 2.412.837 da região Norte.
Relativamente ao ordenamento do território, o município de Montalegre possui PDM desde 1995,
através Resolução de Conselho de Ministros n.º 19/95, de 8 de Março, sendo submetido a uma
alteração em 2000 e encontrando-se, desde 2005, em processo de revisão.
O PDM de Montalegre é constituído, para além dos elementos fundamentais (regulamento, plantas de
ordenamento e condicionantes), pelo relatório final, plano de financiamento, programa de execução e
planta de enquadramento, que definem os elementos complementares, e ainda pelos elementos
Anexos constituídos por quatro estudos prévios, que datam de 1992 a 1994. No âmbito dos recursos
naturais foi efectuado um estudo que se intitula de estudo físico-territoriais, que descreve e analisa as
características ambientais e usos e ocupações do solo no contexto municipal. Este tipo de estudos
tem muita importância no processo de elaboração do PDM, pois possibilita o bom conhecimento da
realidade existente sustentando assim a realização de um modelo territorial adequado à realidade e
às estratégias que se pretendem para o município. Salienta-se que nestes estudos, para além da
caracterização climática, geológica, pedológica, faunística, florística e paisagística do município, foi
efectuada uma análise dos usos e ocupações do solo para 1992, contabilizando-se assim as áreas
42
referentes a cada tipologia de uso e ocupação, nomeadamente os povoamentos e usos urbanos
(2,00%), a área agrícola (22,70), a área florestal (21,10%) e os incultos (50,10%).
Segundo a alínea c) do artigo 2.º do regulamento do PDM de Montalegre um dos objectivos do
mesmo é a ―promoção de uma gestão criteriosa dos recursos naturais que assenta na salvaguarda
dos seus valores e na melhoria da qualidade de vida das populações‖. No intuito de ver cumprido
este objectivo, assim como os restantes, foram definidas diversas classes e categorias do solo no
regulamento (Quadro 6 do Anexo III). A apresentação destas no regulamento (Título II do mesmo) é
efectuada de forma clara e explícita, sendo que no caso dos espaços urbanos e espaços de
desenvolvimento turístico pode suscitar algumas dúvidas, pois não foi mantido o mesmo método de
apresentação das classes e das categorias. Quando comparadas com as apresentadas nas plantas
de ordenamento que constituem o plano, estas encontram-se concordantes com o estipulado no
regulamento.
No que diz respeito às classes e categorias que podem contribuir directamente para a conservação
dos recursos naturais identificaram-se os espaços agrícolas, os espaços florestais e os espaços
naturais – áreas de protecção natural, sujeitas a regimes próprios definidos no regulamento. Este
zonamento contribui para a identificação dos recursos naturais existentes no município, consagrando-
se assim a possibilidade de uma boa gestão dos mesmos.
No PDM em vigor são impostas as seguintes condicionantes: REN, RAN, perímetros florestais, Rede
Natura 2000, Parque Nacional da Peneda-Gerês e Albufeiras. No município de Montalegre todas as
condicionantes apresentadas possuem um regulamento próprio, sendo que algumas delas são ainda
abrangidas por outros instrumentos de gestão territorial como é o caso dos planos especiais de
ordenamento do território relativamente ao Parque Nacional da Peneda-Gerês (Resolução de
Conselho de Ministros n.º 134/95, de 11 de Novembro) e à Albufeira da Caniçada (Resolução de
Conselho de Ministros n.º 92/2002, de 7 de Maio); o plano regional de ordenamento do território da
região norte; e, ainda, os planos sectoriais das bacias hidrográficas do Douro (Decreto Regulamentar
n.º 19/2001, de 10 de Dezembro) e do Cávado (Decreto Regulamentar n.º 17/2002, de 15 de Março),
e o plano sectorial de ordenamento florestal do Barroso e Padrela (Decreto Regulamentar n.º 3/2007,
de 17 de Janeiro).
A REN e a RAN foram objecto de uma análise mais aprofundada do que as restantes condicionantes,
pois são indicadores ambientais da presente análise. No município de Montalegre a condicionante
ecológica possui uma elevada representatividade, 42,00% do território municipal, e segundo a
câmara municipal, não foi submetida a ocupações sujeitas a autorizações da entidade responsável
pela REN, nomeadamente CCDR da região Norte. A condicionante que protege os solos com melhor
potencial agrícola abrange apenas 7,00% do município e as ocupações não agrícolas a que foi sujeita
não possuem qualquer representatividade no município.
Os indicadores que traduzem a evolução da ocupação das áreas florestais, agrícolas e naturais e
semi-naturais demonstram a diminuição destas, no entanto com pouca representatividade, dado que
as áreas naturais e semi-naturais continuam a predominar o território deste município. Apesar do
43
regulamento definir de forma explícita classes, cujo objectivo é de protecção dos recursos naturais,
estas áreas acabaram por diminuir apesar de não ser de forma agravante.
Salienta-se a tendência de crescimento das áreas artificializadas, apesar da taxa de crescimento
efectivo que se tem verificado neste município, sem que no entanto possua uma grande
representatividade no território, na ordem dos 0,40%.
Como é possível verificar, as áreas indicadas no estudo físico-territorias do PDM de Montalegre não
são exactamente iguais às áreas identificadas nos indicadores ambientais através dos dados do
Projecto CORINE Land Cover, o que se deve possivelmente a um método e a condições diversas.
Figura 8 – Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município de Montalegre, de 1990 a 2006.
Da análise da distribuição espacial das áreas naturais e semi-naturais (Figuras 16, 17 e 18 do Anexo
VI) verificou-se uma aparente inexistência de fragmentação das mesmas, revelando-se que as
principais barreiras físicas são as extensões artificiais de água doce (barragens do Alto Rabagão e da
Paradela) existentes no município. No entanto deve salientar-se que os dados utilizados para esta
análise não contabilizam as redes viárias, fontes importantes de fragmentação do território.
4.3.2 Município de Figueira da Foz
O município da Figueira da Foz situa-se na região Centro (NUT II), inserido na sub-região Baixo
Mondego (NUT III) de Portugal, contido numa área de 37.910,00ha, subdividido em 18 freguesias.
Geograficamente este é limitado a norte pelo município de Cantanhede, a leste por Montemor-o-
Velho e Soure, a sul por Pombal e a oeste pelo oceano Atlântico.
Actualmente, este município acolhe 63.023 residentes, verificando-se, segundo o INE uma taxa de
crescimento efectivo de -0,15%, concluindo-se que a população deste município encontra-se em
decréscimo.
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
1990 2000 2006
% n
o m
un
icíp
io
Ano
Área Artificializada
Área Florestal
Área Natural e Semi-Natural
Área Agrícola
53,49 %
- 2,66 %
- 0,39 %
- 0,77 %
44
No que se refere aos indicadores económicos mais relevantes, taxa de actividade e taxa de
desemprego, no último período censitário, eram 45,60% e 7,40%, respectivamente, encontrando-se
dois casos próximo da média nacional.
O sector económico que emprega maior número de pessoas no município da Figueira da Foz é o
sector terciário, com aproximadamente 60,00% da população. É de salientar o facto de o sector
agrícola empregar apenas 5,00% da população (INE, 2003).
No que diz respeito ao turismo este apresenta um certo potencial dado do património natural que
possui, nomeadamente as praias, apresentando um número de hóspedes por estabelecimento
superior à média da região do Baixo Mondego e do Centro (106.117,00).
No município da Figueira da Foz existem três áreas naturais classificadas, o monumento natural
Cabo do Mondego (Decreto Regulamentar n.º 82/2007, de 3 Outubro) e os Montes de Santa Olaia e
Ferrestelo, que ocupam 0,10% do território do município, e ainda um SIC da Rede Natura 2000
designado por Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas, que abrande 18,00% do território municipal.
Relativamente ao ordenamento do território, para além do PDM criado em 1994, o município da
Figueira da possui os planos especiais de ordenamento do território relativamente à Orla Costeira de
Ovar – Marinha Grande (Resolução de Conselho de Ministros n.º 142/2000, de 20 de Outubro) e os
planos sectoriais da bacia hidrográfica do Mondego (Decreto Regulamentar n.º 9/2002, de 1 de
Março) e o plano sectorial de ordenamento florestal do Centro Litoral (Decreto Regulamentar n.º
11/2006, 21 de Julho).
O PDM, criado através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 42/94, tem sido sujeito a
alterações, nomeadamente através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 164/99, de 18 de
Junho, que aprovou uma alteração de pormenor do regulamento do PDM e da Deliberação n.º
1597/2009, de 20 de Maio, devido à instalação de Plataforma Logística em Vale de Murta e de uma
zona industrial da Gândara. Antes desta última alteração o PDM foi sujeito a uma suspensão parcial,
definida através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 100/2003, de 27 de Fevereiro, devido a
uma alteração significativa das perspectivas de desenvolvimento económico e social do local, que se
apresentavam incompatíveis com as opções estabelecidas para a área em causa. Actualmente,
encontra-se em processo de revisão.
O PDM da Figueira da Foz é constituído, para além dos elementos fundamentais, por um conjunto de
estudos prévios, que se faz acompanhar pelas respectivas plantas, pela lista de monumentos
nacionais, imóveis de interesse público e sítios a classificar e ainda pela planta dos espaços
periurbanos. No âmbito dos recursos naturais foi efectuado um estudo intitulado de Caracterização do
solo, subsolo e recursos naturais (1989), que abrangeu a morfologia, a climatologia, a caracterização
geológica e geotécnica, os recursos hídricos subterrâneos e superficiais, a caracterização pedológica,
o ambiente e a poluição (qualidade do ar e dos recursos hídricos), o uso actual do solo, o património
natural, construído e arqueológico, os condicionamentos actuais ao uso do solo, as servidões e
restrições administrativas, os condicionamentos ecológicos e os solos agrícolas a defender.
45
No regulamento do PDM do município da Figueira da Foz não é definido especificamente o objectivo
que motivou a sua elaboração. Contudo são apontados os objectivos para as ―servidões
administrativas e outras restrições de utilidade pública ao uso dos solos‖, sendo as que possuem uma
influência directa sobre os recursos naturais: a REN, a RAN, a protecção à exploração de pedreiras,
restrições ao uso das áreas do domínio público hídrico, a protecção às áreas florestais e das diversas
espécies e a protecção ao solo arável. Na identificação destas condicionantes são apontados como
objectivos a preservação do meio ambiente e do equilíbrio ecológico, da estrutura da produção
agrícola e do coberto vegetal, e das linhas de água e de drenagem natural.
No município da Figueira da Foz a REN abrange quase 60,00% do território, o que traduz o elevado
potencial do património natural deste município que necessita de ser salvaguardado. No caso da REN
não foi possível identificar as áreas ocupadas por construções sujeitas a autorização, que poderia
transmitir a eficácia deste instrumento na conservação dos recursos naturais. No que diz respeito à
RAN, esta representa 22,00% do município e actualmente apenas 1,00% desta se encontra ocupada
por construções não agrícola sujeitas a autorização.
Segundo o mesmo regulamento, o território classifica-se, para efeitos de ocupação, uso e
transformação, nas classes e categorias enunciadas no Quadro 7 do Anexo III. O zonamento do
território através de áreas especificamente associadas aos recursos naturais favorece a sua
conservação. Com este objectivo foram identificadas os espaços naturais e de protecção I e II, os
espaços agrícolas I e II e os Espaços Florestais, que são sujeitas a usos especificados no próprio
regulamento. Estas classes encontram-se legendadas nas plantas de ordenamento do município da
Figueira da Foz, no entanto algumas das restantes categorias não se encontram representadas e
algumas classes, como é o caso dos espaço urbanos e urbanizáveis de expansão, estão aglutinadas,
podendo dificultar a sua análise e criar espaços para dúvidas.
Apesar de no regulamento estarem definidas classes que têm como objectivo a preservação do
ambiente, os indicadores ambientais de ocupação das áreas agrícolas e naturais e semi-naturais
traduzem uma diminuição na ordem dos 2,00%, ao contrário do espaço florestal que assinala um
aumento, mas pouco significativo. No entanto salienta-se a ainda predominância dos espaços
naturais e semi-naturais neste município. Contrariamente a estas áreas, encontra-se o crescimento
das áreas artificializadas na ordem dos 30,00%, apesar da taxa de crescimento efectivo ser negativa.
46
Figura 9 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município de Figueira da Foz, de 1990 a 2006.
Da análise da distribuição espacial das áreas naturais e semi-naturais (Figuras 19, 20 e 21 do Anexo
VI) verificou-se a expansão das áreas artificializadas, sendo que ainda não se verificou o corte da
conectividade entre elas. Neste caso deve-se ainda salientar a dispersão das áreas artificializadas, o
que em certa medida futuramente poderá provocar problemas de fragmentação, se a expansão
urbanística não for controlada. Esta conclusão baseia-se numa análise que não foi tido em conta a
rede viária do município.
4.3.3 Município de Castelo de Vide
O município de Castelo de Vide situa-se na região Alentejo (NUT II), inserido na sub-região Alto
Alentejo (NUT III) de Portugal, contido numa área de 26.490,00ha, subdividido em 4 freguesias.
Geograficamente este é limitado a oeste por Marvão, a sul pelo município de Portalegre, a sudoeste
pelo município do Crato, a oeste e noroeste pelo município de Nisa e a nordeste por Espanha, tendo
o rio Sever como linha de fronteira.
Actualmente, este município acolhe aproximadamente 3.700 residentes, verificando-se, em 2008,
segundo o INE uma taxa de crescimento efectivo de -1,02%, concluindo-se que a população deste
município encontra-se em decréscimo.
Segundo o INE (2001), neste município o sector terciário alberga o maior número de empregados
(69,40%), sendo que os sectores primário e secundário albergam aproximadamente 7,40 e 38,00%,
respectivamente, dos restantes empregados.
No que se refere aos indicadores económicos mais relevantes, taxa de actividade e taxa de
desemprego, no último período censitário, eram 40,80% e 5,80%, respectivamente, encontrando-se
dois casos abaixo da média nacional.
Para além do património cultural e arquitectónico que caracteriza este município, este possui um
património natural muito diversificado. Com o intuito de o proteger foi criado o Parque Natural da
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
1990 2000 2006
% n
o m
un
icíp
io
Ano
Área Artificializada
Área Florestal
Área Natural e Semi-natural
Área Agrícola
31,99 %
- 2,31 %
0,28 %
- 1,55 %
47
Serra de São Mamede, através do Decreto-Lei n.º 121/89, de 14 Abril, que ocupa 62,40% do
município, e classificado como SIC - Nisa/Lage da Prata uma pequena área do município (0,69ha).
O município de Castelo de Vide devido ao património cultural e natural que possui apresenta um
elevado potencial turístico que tem vindo a ser explorado, apresentando um número de hóspedes por
estabelecimento turístico (24.145,00) muito acima da média do Alto Alentejo e do Alentejo.
Relativamente ao ordenamento do território, o município de Castelo de Vide possui PDM desde 1997,
através Resolução de Conselho de Ministros n.º 126/97, de 30 de Julho, sendo submetido a uma
alteração, em 1999, (Resolução de Conselho de Ministros n.º 108/99, de 25 de Setembro) e a uma
rectificação, em 2010 (Edital n.º 37/2010, de 19 de Janeiro), devido a uma alteração da delimitação
da REN, levando à alteração da planta de condicionantes do PDM. Actualmente, encontra-se na fase
inicial do processo de revisão.
O PDM de Castelo de Vide é constituído, para além dos elementos fundamentais, pelos elementos
complementares, estabelecidos pelo relatório e pela planta de enquadramento e pelos elementos
Anexos que englobam os estudos de caracterização biofísica e urbanística, sócio-demográfica, da
estrutura produtiva e das finanças municipais e das servidões e restrições de utilidade pública, e as
respectivas plantas. Os estudos de caracterização biofísica (1995) incidiram sobre a descrição do
clima, do relevo, da geologia, da pedologia, da geomorfologia, da fisiografia do território, bem como a
descrição detalhada dos constituintes da REN e da RAN e a caracterização resumida do património
natural e paisagístico do município. A juntar a estes estudos foi ainda efectuado um estudo do risco
de incêndio, importante na conservação dos recursos florestais e de todos os recursos a eles
associados.
No regulamento do PDM do município de Castelo de Vide não é definido especificamente o objectivo
que motivou a sua elaboração. Neste são identificadas as ―servidões e restrições de utilidade
pública‖, sendo as que possuem uma influência directa sobre os recursos naturais são o domínio
hídrico público, areias dos rios, pedreiras, REN, RAN, parques e reservas, montados de azinho e de
sobro e eucalipto e pinheiro-bravo. Salienta-se o facto das servidões e restrições de utilidade pública
se encontrarem em parte agrupadas por tipologia de recurso natural, nomeadamente hídrico e
mineral, sem que contudo se tenha continuado com este método ao longo da sua identificação no
regulamento.
No que se refere aos restantes instrumentos de gestão territorial possui os planos especiais de
ordenamento do território relativamente ao Parque Natural da Serra de São Mamede (Resolução de
Conselho de Ministros n.º 77/2005, de 21 de Março) e à Albufeira da Póvoa e Meadas (Resolução de
Conselho de Ministros n.º 37/98, 9 de Março); e os planos sectoriais das bacias hidrográficas do Tejo
(Decreto Regulamentar n.º 18/2001, de 7 de Dezembro) e o plano sectorial de ordenamento florestal
do Alto Alentejo (Decreto Regulamentar n.º 37/2007, de 3 de Abril).
No regulamento a identificação das classes e categorias utilizadas para efeitos de ocupação, uso e
transformação, enunciadas no Quadro 8 do Anexo III, encontram-se claras e explícitas, facilitando a
48
sua compreensão e percepção. Neste conjunto encontram-se as três classes com objectivos
específicos de protecção dos recursos naturais: os espaços naturais, agrícolas e florestais.
O modelo espacial de Castelo de Vide traduzido nas plantas de ordenamento encontra-se em duas
escalas diferentes, uma mais pormenorizada das áreas urbanas (1:5000), onde se identificam todas
as classes e categorias, e uma menos pormenorizada (1:25.000) de todo o município, onde se
excluem os espaços urbanos e urbanizáveis.
Os indicadores ambientais representados na Figura 10 traduzem a manutenção da representatividade
das áreas artificializadas e naturais e semi-naturais, apesar destas últimas apresentarem uma
pequena tendência de crescimento. Na temática das áreas naturais e semi-naturais salienta-se ainda
o crescimento na ordem dos 5,00% da área florestal e a diminuição na ordem do 1,00% das áreas
agrícolas. Deve-se ainda referir a diminuição das áreas artificializadas, no entanto numa taxa muito
reduzida, e com uma representatividade muito baixa.
Figura 10 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município de Castelo de Vide, de 1990 a 2006.
Com base na distribuição das áreas naturais e semi-naturais (Figuras 22, 23 e 24 do Anexo VI) pode-
se concluir que o município não possui aparentemente problemas de fragmentação em grande
escala, revelando-se que a principal barreira física é extensão artificial de água doce (barragem da
Póvoa e Meadas) existentes no município. Contudo deve-se ter em conta que não foram
consideradas as redes viárias do município.
4.3.4 Município de Oeiras
O município de Oeiras situa-se na região Grande Lisboa (NUT II), inserido na sub-região Lisboa (NUT
III) de Portugal e na Área Metropolitana de Lisboa, contido numa área de 4.580,00ha, subdividido em
10 freguesias. Este situa-se na margem direita do estuário do Tejo e é limitado a norte pelos
municípios de Sintra e Amadora, a leste por Lisboa, a oeste por Cascais e a sul a costa na zona da
foz do rio Tejo, onde o estuário termina e começa o oceano Atlântico.
A sede de concelho é a vila de Oeiras, que com aproximadamente 35.000 habitantes é uma das mais
populosas em Portugal. Este pequeno município, segundo o INE, em 2008, possuía 172.609
0,000%
20,000%
40,000%
60,000%
80,000%
100,000%
1990 2000 2006
% n
o m
un
icíp
io
Ano
Área Artificializada
Área Florestal
Área Natural e Semi-Natural
Área Agrícola
0,53 %
- 1,41
5,41 %
-0,03%
49
residentes, o que corresponde a uma densidade populacional de 3.758,1 número de habitantes por
km2 e uma taxa de crescimento efectivo de 0,32%, acima da média portuguesa (0,08%).
No município de Oeiras verificou-se, no último período censitário, um aumento de 16,90% dos
alojamentos e um abrandamento deste crescimento até 2007. Em 2001, aproximadamente 99,00%
dos alojamentos eram do tipo familiares clássicos, sendo que 80,00% destes eram residência habitual
e 10,00% alojamento de uso sazonal ou secundário. Contrariamente ao que acontece geralmente em
Portugal, no município de Oeiras existem mais residências habituais e menos residências de usos
sazonal e secundário.
No que diz respeito aos indicadores económicos mais relevantes, o município de Oeiras, em 2001,
apresentava uma taxa de actividade de seis pontos percentuais superior à média nacional (48,10%) e
uma taxa de desemprego semelhante à nacional (7,00%).
Este município, pertencente à Área Metropolitana de Lisboa (AML), emprega no sector terciário a
maioria da população empregada (82,00%), caracterizando-se assim por um município com elevado
dinamismo empresarial, a que corresponde a elevada densidade de empresas no seu município
(501,70 empresas/km2). O sector primário não atinge nem um ponto percentual de população
empregada.
O município de Oeiras insere-se na Costa do Estoril e Sintra, caracterizando-se por um clima
temperado marítimo adequado a actividades ao ar livre e aquáticas, o que juntando ao património
cultural e natural dos municípios da envolvente levam a um elevado potencial turístico, que se traduz
num elevado número de hóspedes em estabelecimentos hoteleiros (115.618,00), relativamente à
média de hóspedes em estabelecimentos hoteleiros nos restantes municípios da Grande Lisboa,
exceptuando a capital (75.474,67).
Apesar de alguns municípios na envolvente do Oeiras possuírem algumas zonas classificadas, este
não apresenta nenhuma, caracterizando-se actualmente por um território de características
marcadamente urbanas, realçando-se entre os restantes municípios portugueses como um pólo de
desenvolvimentos notavelmente próspero.
Relativamente ao ordenamento do território, o município de Oeiras possui PDM desde 1994, através
Resolução de Conselho de Ministros n.º 15/94, de 22 de Março, sendo submetido a uma alteração em
1995 (Resolução de Conselho de Ministros n.º 65/95, de 6 de Julho) e encontrando-se, desde 2004,
em processo de revisão (CM Oeiras, 2004) e, actualmente, na fase de estudos de caracterização do
município (CCDR-LVT, 2010).
O PDM de Oeiras é constituído pelos elementos essenciais ao PDM, que datam de Maio de 1993 e
ainda pelos seguintes elementos complementares: o Relatório, a Planta de Enquadramento Regional,
a Planta da Situação Existente, a Planta de Equipamentos Colectivos, as Plantas da Estrutura Viária
e Infra-Estruturas de Urbanização e a Planta da Estrutura Verde Principal, que datam de Outubro de
1993. Como elementos Anexos que acompanham o PDM foram realizados os estudos de
caracterização e levantamento, que se encontram enumerados no Anexo III do respectivo
50
regulamento, no entanto nenhum relacionado especificamente com um levantamento e descrição dos
recursos naturais presentes do município.
Segundo as alíneas a) e b) do artigo 8.º do regulamento do PDM de Oeiras dois dos objectivos do
mesmo é a ― ocupação equilibrada do território‖ e a ―protecção do meio ambiente e a salvaguarda do
património paisagístico, histórico e cultural enquanto valores de fruição pelos munícipes e base de
novas actividades económicas‖. As estratégias apontadas no regulamento não passam especifica e
directamente pela conservação dos recursos naturais, mas por situações que a influencia, como
controle do crescimento habitacional, a organização da rede urbana e a criação das infra-estruturas,
equipamentos e áreas verdes necessários à preservação do meio ambiente e à melhoria da
qualidade de vida das populações.
No intuito de ver cumprido o objectivo referido, assim como os restantes não referenciados, foram
definidas diversas classes de espaços referentes aos usos do solo (Quadro 9 do Anexo III). De um
modo geral o zonamento que surge desta classificação e qualificação do solo beneficia a
conservação dos recursos naturais, no entanto o município de Oeiras cria uma classe de espaços
naturais e protecção, cujo objectivo é privilegiar a defesa dos mesmos, e a salvaguarda dos valores
paisagísticos e urbanísticos, visando a contenção da estrutura urbana. Para além desta classe, que
expressa claramente o objectivo de conservar os recursos naturais presentes no município, foram
constituídas as classes do espaço de equilíbrio ambiental e o espaço semi-rural, e ainda a figura da
estrutura verde, sendo que até à data de elaboração do PDM não existia a obrigatoriedade da sua
elaboração, mostrando uma certa preocupação do corpo camarário em relação a estas problemáticas
ambientais.
A estrutura verde é mencionada no regulamento na secção das áreas de intervenções sectoriais,
identificando-se nesta as medidas a efectuar em determinadas áreas suas constituintes,
nomeadamente as linhas de água, os solos desafectados da RAN e as áreas dos espaços naturais e
de protecção. Contudo, não é referenciado em nenhum momento no regulamento as áreas que a
constituem. Estas apenas são possíveis de identificar na Planta da Estrutura Verde e no relatório,
nomeadamente a REN, a RAN, a área de enquadramento e protecção, a estação agronómica
nacional, o parque urbano da serra de Carnaxide, o complexo de Golfe, o complexo desportivo do
vale do Jamor, a estrutura verde urbana, as quintas ou estruturas ambientais e as áreas de protecção
de linhas de águas sujeitas a estudos específicos. Com base nesta planta é possível identificar quatro
corredores verdes axiais, no entanto é de salientar que as áreas de reserva agrícola aparentam estar
isoladas e que o único corredor transversal que existe está associada a uma rede viária. A descrição
dos objectivos e da metodologia de definição da Estrutura Verde é identificada no capítulo Ambiente
do relatório que acompanha o regulamento do PDM.
No mesmo regulamento são identificadas as ―servidões e restrições de utilidade pública‖, sendo que
no caso do município de Oeiras são apenas de influência directa sobre os recursos naturais: o
domínio hídrico público, REN e RAN. No entanto, segundo a CCDR-LVT, a REN de Oeiras não se
encontra publicada, levando a que a REN que se encontra na planta de condicionantes seja apenas
de carácter indicativo.
51
No regulamento do PDM de Oeiras está prevista uma avaliação deste com o intuito de apreciar o
desenvolvimento do modelo e objectivos nele estabelecidos, compreendendo, entre outras, a recolha
de informação relativa à actuação dos órgãos e serviços municipais, a elaboração do balanço anual
do PDM e a proposta das medidas necessárias à execução e eventual rectificação do processo, bem
como das revisões e alterações deste instrumento. Neste sentido foi efectuada uma avaliação do
PDM, realizada em 2000, e aprovada em Reunião de Câmara em Março de 2003, que como grande
preocupação, em termos ambientais, ―o espaço público, principalmente no que se refere à sua
qualificação, entendendo-se por esta, não só a libertação efectiva de resíduos por processos que
foram evoluindo, como o ordenamento paisagístico, tendo-se atingido 7,40% do território urbano em
espaços verdes de diversos tipos, o que permitiu atingir 21,00m2 por habitante, em 2000‖ (CM Oeiras,
2004).
No que se refere aos restantes instrumentos de gestão territorial possui o plano regional de
ordenamento do território da AML, os planos sectoriais das bacias hidrográficas do Tejo (Decreto
Regulamentar n.º 18/2001, de 7 de Dezembro) e das Ribeiras do Oeste (Decreto Regulamentar n.º
26/2002, de 5 de Abril) e o plano sectorial de ordenamento florestal da AML (Decreto Regulamentar
n.º 15/2006, de 19 de Outubro).
Após a apresentação e análise descritores são abordados os indicadores ambientais, que tentam
traduzir o estado dos recursos naturais, neste caso no município de Oeiras. Como é possível verificar
através do gráfico representado a Figura 11, este município foi sujeito a um crescimento das áreas
artificializadas desde 1990, ao contrário do que objectivado em 1994 através do PDM. Como seria de
esperar o aumento destas áreas artificializadas (67,49%) levou a uma diminuição dos espaços
naturais e semi-naturais do município (-45,15%), nomeadamente das áreas agrícolas (-63,96%), que
anteriormente predominavam esta região. Esta inversão da dominância de áreas agrícolas para áreas
artificializadas sugere a não eficácia dos PDM relativamente a este recurso, dada a impossibilidade
de contenção do crescimento habitacional. Esta facto pode-se dever a não existência de uma classe
específica de solos que protega este tipo de recurso, para além da condicionante RAN. Esta
condicionante também não possui uma elevada representatividade no município (7,00% da área do
município) e foi sujeita a algumas ocupações sujeitas a parecer favorável com uma
representatividade residual.
A área florestal, pelo menos desde 1990, nunca possuiu grande representatividade no município,
apesar da elevada importância que esta constitui para o ambiente, e consequentemente para a
qualidade de vida dos cidadãos.
52
Figura 11 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município de Oeiras, de 1990 a 2006.
No que diz respeito ao indicador que traduz a evolução da fragmentação no município de Oeiras foi
possível verificar a fragmentação das áreas naturais e semi-naturais provocadas pela expansão das
áreas artificializadas. Para além deste facto é possível verificar, através dos mapas apresentados nas
Figuras 25, 26 e 27 do Anexo VI, dois aspectos que merecem destaque: o aparecimento, em 2000,
de um novo corredor de áreas naturais e semi-naturais junto à costa e o desaparecimento, no mesmo
ano, de um corredor que liga a zona costeira ao interior, sendo que este último encontra-se
representado na estrutura verde principal como seu constituinte.
4.3.5 Município de Vila Franca de Xira
O município de Vila Franca de Xira situa-se na região Grande Lisboa (NUT II), inserido na sub-região
Lisboa (NUT III) de Portugal e na AML, contido numa área de 31.770,0ha, subdividido em 11
freguesias. Geograficamente este é limitado a norte pelos municípios de Alenquer e Azambuja, a
leste por Benavente, a sul pelo estuário do Tejo, a sudoeste por Loures e a noroeste por Arruda dos
Vinhos.
Este município é atravessado longitudinalmente pelo Rio Tejo, que constitui uma importante barreira
natural e condicionante do território. O rio, as lezírias e ou mouchões representam uma importante
unidade paisagística, de relevo praticamente plano e sem edificação. Esta unidade é contrastada a
poente com uma faixa adjacente, atravessada por diversos corredores e com uma densa ocupação
industrial. A oeste desta faixa existe uma importante área serrana, com aglomerados urbanos de
pequena dimensão, quintas e casas. Deste modo, o município de Vila Franca de Xira é
essencialmente um espaço canal de acesso à capital, atravessado por importantes infra-estruturas
rodoviárias e ferroviárias e, ainda, por diversas infra-estruturas de abastecimento a Lisboa.
Actualmente, este município acolhe 114.123 residentes, verificando-se, segundo o INE uma taxa de
crescimento efectivo de 1,47 %, a maior entre os casos de estudo, mantendo-se superior à média
nacional (0,08%).
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
1990 2000 2006
% n
o m
un
icíp
io
Ano
Área Artificializada
Área Florestal
Área Natural e Semi-Natural
67,49 %
- 45,15 %
- 63,96 %
301,11 %
53
No que se refere aos indicadores económicos mais relevantes, o município de Vila Franca de Xira,
em 2001, apresentava uma taxa de actividade de oito pontos percentuais superior à média nacional
(48,10%) e uma taxa de desemprego semelhante à nacional.
Segundo os últimos dados censitários constatou-se que a maioria da população activa do município
de Vila Franca de Xira esta afecta ao sector terciário (70,00%), face aos sectores primário (1,00%) e
secundário (29,00%). Relativamente ao sector terciário, cerca de 38,00% dos activos estão afectos a
serviços sociais, enquanto que os restantes 62,00% estão afectos a serviços relacionados com as
actividades económicas. Relativamente às empresas sediadas em Vila Franca de Xira verificou-se,
em 2008, 39,60 empresas por km2, muito abaixo da densidade de empresas verificada na região da
grande Lisboa (190,30).
O município de Vila Franca de Xira contém um elevado e diversificado património natural,
arquitectónico e cultural, constituindo uma vantagem para a proliferação do turismo. Contudo, este,
não é à partida assumido como um destino turístico devido às condições que têm sido criadas,
nomeadamente ao número reduzido de unidades de alojamento, como também da sua qualidade e
adequação ao meio onde está inserida.
Relativamente às áreas naturais classificadas o município contém um pouco mais de 52,40% da
Reserva Nacional do Estuário do Tejo (7.443,70ha dos 14.192,40ha da RNET), abrangendo 2 das 11
freguesias do município, ocupando 23,40% do território municipal. Para além da RNET criado pelo
Decreto-Lei n.º 565/76, de 19 de Julho, este município, segundo o ICNB (2008) no que diz respeito à
Rede Natura 2000 possui um Sítio de Importância Comunitária (SIC), designado por Estuário do Tejo
que abrange 40,00% do município. E, ainda, uma Zona de Protecção Especial (criada pelo Decreto-
Lei n.º 280/94, de 5 de Novembro, com revisão dos limites em 1997) designada por Estuário do Tejo,
que abrange 40,00% do município.
Relativamente ao ordenamento do território, o município de Vila Franca de Xira possui PDM desde
1993, através Resolução de Conselho de Ministros n.º 16/93, de 17 de Março, tendo sido alterado por
deliberação da Assembleia Municipal, a 15 de Dezembro de 2000, publicada no Diário da República II
Série, n.º 201, de 30 de Agosto de 2001 e parcialmente suspenso através da Resolução de Conselho
de Ministros n.º 43/2004, publicada no Diário da República, I Série – B, n.º 78, de 1 de Abril de 2004,
no âmbito da construção do Novo Hospital de Vila Franca de Xira. Recentemente foi alvo de nova
suspensão parcial com o estabelecimento de medidas preventivas pela Resolução de Conselho de
Ministros n.º 13/2007, publicada no Diário da República, I Série – n.º 17, de 14 de Janeiro de 2007,
para permitir a implantação da Plataforma Logística de Castanheira do Ribatejo.
Após o processo de revisão a que foi sujeito, o PDM de Vila Franca de Xira foi publicado na 2.ª Série
do Diário da República n.º 224, de 18 de Novembro de 2009.
Segundo o regulamento do PDM de Vila Franca de Xira de 1993 um dos objectivos do mesmo era a
promoção de uma gestão criteriosa dos recursos naturais que assente na salvaguarda dos seus
valores e na melhoria da qualidade de vida das populações. Este era constituído pelos elementos
obrigatórios e ainda pelos estudos prévios, datados do início da década de 90, que abrangiam dez
54
temáticas diferentes. Entre estes encontra-se o estudo sobre o subsolo, os recursos hídricos o solo e
a paisagem identificando-se e analisando-se alguns dos recursos naturais no município.
No que diz respeito às condicionantes identificadas no PDM de Vila Franca de Xira, com o objectivo
de proteger os diversos recursos naturais, estas encontram-se divididas no condicionamento do
domínio hídrico público, nos condicionamentos ecológicos (REN), nos condicionamentos resultantes
da protecção do solo para fins agrícolas (RAN), nos condicionamentos decorrentes da protecção da
Reserva Natural do Estuário do Tejo e da ZPE para a conservação da avifauna e nas servidões de
exploração de inertes. A memória descritiva que acompanha o PDM clarifica a importância vital para
a região a definição destes condicionamentos, pois eles contribuem para a salvaguarda de bens
naturais e estratégicos.
A nível dos usos do solo apontados, não existiu uma definição específica da classificação e
qualificação do solo, apresentando-se apenas de um modo pouco explícito as seguintes áreas: áreas
urbanas, áreas urbanizáveis, áreas industriais, áreas rurais (constituídas, por áreas destinadas a fins
agrícolas, área agrícola da lezíria norte, área agrícola da lezíria sul, mouchões e margem direita do
Tejo, área de policultura, área de silvo-pastorícias, área florestal e áreas destinadas à indústria
extractiva) e os grandes equipamentos.
Após a revisão, o novo PDM (2009) aponta como objectivo geral ―estabelecer um ordenamento
adequado e equilibrado que seja articulado com os municípios vizinhos evitando descontinuidades
territoriais‖ em ―articulação com instrumentos de gestão territorial hierarquicamente superiores que
abrangem o Município‖. Comparativamente com o PDM anterior, este tem uma menor incidência na
salvaguarda dos recursos naturais, abrangendo temáticas mais relacionadas com actividades
económicas e descontinuidades territoriais que caracterizam o município.
Na preparação deste PDM, o município apostou num estudo aprofundado das diferentes
características do concelho, com início em 2004, abordando-se nove temáticas diferentes. Os
aspectos biofísicos foram abordados no caderno das características biofísicas, nomeadamente a
climatologia, a fisiografia, o uso do solo, a fauna e a flora. Neste caderno, foram também alvo de
abordagem o património natural do município, as unidades de paisagem e as disfunções ambientais,
ou potenciais disfunções ambientais, com o intuito de encontrar estratégias de minoração dos seus
impactos. A recolha e análise desta informação podem tornar-se de grande importância na
conservação dos recursos naturais, fornecendo suporte para a definição de um modelo territorial que
se adeqúe a este objectivo.
Para além destes estudos prévios organizados em nove cadernos diferentes e dos elementos
fundamentais do PDM, este é acompanhado ainda pelo relatório de proposta e as respectivas peças
desenhadas, o programa de execução e plano de financiamento, o mapa de ruído, a carta educativa,
relatório ambiental e o relatório de ponderação da discussão pública.
Ao contrário das classes de solo apresentadas no PDM anterior, esta revisão, assim como a entrada
de nova legislação, levou a uma nova definição das diversas classes e categorias do uso do solo
(Quadro 10 do Anexo III), apresentadas de forma clara e explícita. Neste caso as categorias
55
directamente relacionadas com a salvaguarda dos recursos naturais são os espaços agrícolas,
florestais e naturais. Para além das categorias enunciadas o PDM identifica a estrutura ecológica
municipal (EEM), que é constituída pelos solos classificados como Espaços Agrícolas de Produção
Tipo I e Tipo II, Espaços Florestais, Espaços Naturais, Espaços de Indústria Extractiva e Solos
Afectos à Estrutura Ecológica Urbana e as restantes áreas integradas na Reserva Ecológica Nacional
que não são abrangidas pelos solos classificados nas categorias mencionadas anteriormente. Para
além da EEM foi realizada a estrutura ecológica urbana, específica da classe de solos urbanos, com
particular incidência nas zonas ribeirinhas, ao longo das linhas de água, zonas inundáveis, áreas de
risco geotécnico desaconselháveis a construção, áreas de protecção a infra-estruturas e espaços
diversos integrados em perímetro urbano.
No que diz respeito às condicionantes identificadas no PDM em vigor deve-se salientar a divisão
efectuada em recursos agrícolas e florestais, recursos ecológicos, recursos hídricos e recursos
geológicos, e outros pontos que não possuem interesse para esta temática. Este modo de
abordagem torna-se interessante, pois evidencia a necessidade de condicionar a utilização destes
recursos. Especificamente as condicionantes definidas neste novo PDM são a RAN, obras de
aproveitamento hidroagrícola, perímetros florestais percorridos por incêndios, árvores e arvoredo de
interesse público, REN, áreas protegidas, Rede Natura 2000, domínio hídrico público, zonas
inundáveis, águas minerais naturais, pedreiras licenciadas em actividade e áreas cativas e de
reserva.
No que se refere aos restantes instrumentos de gestão territorial possui o plano especial de
ordenamento do território relativamente à Reserva Natural do Estuário do Tejo (Resolução de
Conselho de Ministros n.º 177/2008, de 24 de Novembro), o plano regional de ordenamento do
território da AML; e, ainda, os planos sectoriais da bacia hidrográficas do Tejo (Decreto Regulamentar
n.º 18/2001, de 7 de Dezembro) e de ordenamento florestal da AML (Decreto Regulamentar n.º
15/2006, de 19 de Outubro).
Como é possível verificar através dos indicadores representados na Figura 12, houve uma redução
das áreas naturais e semi-naturais, incluindo das áreas florestais e agrícolas. No entanto mantém-se
a predominância das áreas naturais e semi-naturais sobre as áreas artificializadas, que se deve em
parte ao facto de grande parte do território municipal estar classificado como Reserva Natural e
pertencer à Rede Natura 2000.
A grande representatividade de rede ecológica e agrícola nacional (60,00% e 52,00%,
respectivamente) no município aparenta não ter sido suficiente para a manutenção das áreas naturais
e semi-naturais, florestais e agrícolas, relativamente ao aumento das áreas artificializadas. O elevado
crescimento destas áreas deve-se possivelmente ao crescimento populacional que caracteriza este
município, no entanto a sua representatividade é inferior às restantes, excepto no caso das áreas
florestais.
56
Figura 12 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município de Vila Franca de Xira, de 1990 a 2006.
A fragmentação das áreas naturais e semi-naturais no município de Vila Franca de Xira, segundo as
Figuras 28, 29 e 30 do Anexo VI, aparenta ter sofrido um ligeiro aumento, pelo menos em grande
escala, apesar do aumento das áreas artificializadas, pois este aumento verificou-se em torno de um
eixo já muito artificializado. Contudo deixou de existir conectividade no eixo transversal, que seria de
uma relativa relevância, pois unia dois tipos de habitats diversos.
4.3.6 Município de Almodôvar
O município de Almodôvar situa-se na região Alentejo (NUT II), inserido na sub-região Baixo Alentejo
(NUT III) de Portugal, contido numa área de 77.790,00ha, subdividido em 8 freguesias. Encontra-se
situado entre a Serra do Caldeirão e a planície alentejana e é limitado a norte pelo município de
Castro Verde, a leste por Mértola, a sul por Loulé, a sudoeste por Silves e a oeste e noroeste por
Ourique.
Actualmente, este município acolhe 7.045 residentes, verificando-se, segundo o INE uma taxa de
crescimento efectivo de -2,15 %, a mais baixa entre os casos de estudo, factor típico das zonas rurais
do interior.
No que se refere aos indicadores económicos mais relevantes, o município de Almodôvar, em 2001,
apresentava uma taxa de actividade muito inferior à média nacional (48,10%), na ordem dos dez
pontos percentuais, e uma taxa de desemprego superior à nacional (7,50%).
Segundo os últimos dados censitário constatou-se que 50% da população empregada do município
integra o sector terciário e os outros 50,00% estão divididos entre o sector primário e secundário,
sendo que destes apenas 14,00% da população empregada se encontra no sector primário.
Relativamente às áreas naturais classificadas no município de Almodôvar não se encontra
classificada nenhuma área protegida. Contudo, no que diz respeito à Rede Natura 2000 possui dois
Sítios de Importância Comunitária (SIC), designados por Serra do Caldeirão e Guadiana que
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
1990 2000 2006
% n
o m
un
icíp
io
Ano
Área Artificializada
Área Florestal
Área Natural e Semi-natural
Área Agrícola
- 4,68 %
- 5,53 %
98,03 %
- 4,42 %
57
abrangem 10.313,52ha e 2.095,94ha do município, respectivamente, 16,00% do território municipal
no total. E, ainda, duas Zona de Protecção Especial designadas por Caldeirão e Piçarras, que
abrangem 10308,16ha e 304,89ha do município, aproximadamente, 14,00% do território municipal no
total.
O município de Almodôvar contém um diversificado património natural e arquitectónico, constituindo
uma vantagem para a proliferação de turismo em espaço rural. Contudo, este, não é à partida
assumido como um destino turístico devido às condições que têm sido criadas.
Relativamente ao ordenamento do território, o município de Almodôvar possui os planos sectoriais
das bacias hidrográficas do Guadiana (Decreto-Lei n.º 16/2001, de 5 de Dezembro), do Mira
(Decreto-Lei n.º 5/2002, de 2 de Fevereiro) e das Ribeiras do Algarve (Decreto-Lei n.º 12/2002, de 9
de Março) e de ordenamento florestal do Baixo Alentejo (Decreto-Lei n.º 18/2006, de 20 de Outubro).
Para além destes instrumentos de gestão territorial, possui PDM desde 1998, através Resolução de
Conselho de Ministros n.º 13/98, de 27 de Janeiro. Este plano é constituído, para além dos elementos
fundamentais, pelos estudos prévios que abrangem oito áreas temáticas e datam do início da década
de 90, e ainda um relatório final, onde são explicitadas as estratégias de desenvolvimento do
município e a justificação do ordenamento municipal. Num dos estudos prévios é efectuada a
caracterização física e do património natural do município, nomeadamente no que se refere à flora,
tendo sido efectuados diversos levantamentos nesta área.
Segundo o regulamento do PDM de Almodôvar um dos objectivos deste é a promoção de uma gestão
criteriosa dos recursos naturais que assente na salvaguarda dos seus valores e na melhoria da
qualidade de vida das populações. No intuito de ver cumprido estes objectivos foram definidas
diversas classes e categorias do uso do solo identificadas no Quadro 11 do ANEXO III, identificando-
se com mais importantes para a preservação dos recursos naturais: os espaços agrícolas, espaços
florestais e espaços de protecção e valorização ambiental.
No regulamento as classes e categorias não são apresentadas de forma explícita e clara, perdendo-
se a noção de quais são as classes e de quais são as categorias. Para além deste facto estas não
são concordantes com a legenda apresentada nas plantas de ordenamento.
No PDM em vigor são identificados ―condicionamentos, servidões e restrições‖, sendo as que
possuem uma influência directa sobre os recursos naturais o domínio hídrico público, a REN, e a
RAN. No que diz respeito ao indicador da área classificada como RAN, este município possui uma
área reduzida na ordem dos 0,12%, que segundo a entidade regional para a RAN nunca foi sujeita a
ocupações não agrícolas. No que se refere à REN, a sua representatividade é muito superior, na
ordem dos 60,00%, tendo sido residualmente ocupada por construções sujeitas a autorização.
No caso do município de Almodôvar os indicadores ambientais referentes, às áreas naturais e semi-
naturais, agrícolas, florestais e artificializadas demonstram a inexistência de alterações significativas
na representatividade das ocupações. Salientando-se apenas o crescimento da área florestal,
possivelmente resultado de políticas de reflorestação e ainda o crescimento das áreas artificializadas,
que possuem uma baixa representatividade neste município, na ordem do 1,00%.
58
Figura 13 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município de Almodôvar, de 1990 a 2006.
Como é possível verificar através da distribuição das áreas naturais e semi-naturais (Figuras 31, 32 e
33 do Anexo VI) o município de Almodôvar não apresenta qualquer indício de fragmentação,
salientando-se a não representação da rede viária.
4.3.7 Município de Odemira
O município de Odemira situa-se na região Alentejo (NUT II), inserido na sub-região Alentejo Litoral
(NUT III) de Portugal, contido numa área de 172.060,00ha, subdividido em 17 freguesias.
Geograficamente é limitado a norte pelos municípios de Sines e Santiago do Cacém, a leste
por Ourique, a sueste por Silves, a sul por Monchique e Aljezur e a oeste tem litoral no oceano
Atlântico. A faixa atlântica (54,00km) do município e o vale do Rio Mira até à vila de Odemira fazem
parte do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.
Segundo a Câmara Municipal, Odemira é um município eminentemente rural apresentando duas
áreas distintas: uma faixa litoral de vocação turística coexistindo com as melhores áreas de utilização
agrícola, maioritariamente incluídas no parque natural e uma extensa faixa interior, de topografia
difícil e acentuada caracterizada pela desertificação humana, predominando a agricultura de
subsistência e a silvo-pastorícia.
Apesar de ser o maior município de Portugal, acolhe apenas 21.221 residentes, verificando-se,
segundo o INE uma taxa de crescimento efectivo de - 0,57%, evidenciando a diminuição da
população a que este município tem sido sujeito, facto salientado já anteriormente.
A taxa de actividade do município evoluiu entre 1991 e 2001, passando dos 39,30% para os 40,70%.
A taxa de desemprego subiu no município, passando de 6,70% para 8,30%, durante o último período
censitário, embora se tenha mantido abaixo da média regional (9,00%).
Odemira, em 2001, possuía uma economia igualmente dispersa entre os quatro sectores
económicos. No entanto, actualmente, segundo a Câmara Municipal, a economia assenta no sector
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
1990 2000 2006
% n
o m
un
icíp
io
Ano
Área Artificializada
Área Florestal
Área Natural e Semi-natural
Área Agrícola
- 0,15 %
- 4,70 %
11,80%
43,87 %
59
primário, nomeadamente na agricultura, silvicultura, pecuária e exploração florestal, sendo este o
sector mais empregador no município. O sector secundário é praticamente inexistente e a nível do
terciário destaca-se o comércio a retalho e os serviços. Relativamente às empresas instaladas no
município, em 2008, sabia-se que existiam 1,30 empresas por km2, muito abaixo da média nacional
(11,9).
Um dos sectores que sofreu maiores alterações nas últimas décadas foi o turismo, transformando-se
num dos principais sectores para o desenvolvimento do município. Este crescimento no sector do
turismo deve-se fundamentalmente ao elevado e diversificado património natural, cultural e
arquitectónico, constituindo uma grande vantagem para o município. Contudo é possível verificar o
não aproveitamento deste potencial através do número de hóspedes nos estabelecimentos hoteleiros,
em 2008, pois em Odemira, verificam-se apenas 24.909 hóspedes, contra os 111.897 da sub-região
Alentejo Litoral, e os 664.149 da região Alentejo.
Como foi dito anteriormente, o município de Odemira possui no seu território parte (35,00%) do
Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (Decreto-Lei n.º 241/88, de 7 Julho),
ocupando 18,00% do município. No que diz respeito à Rede Natura 2000 possui dois Sítios de
Importância Comunitária (SIC), designados por Costa Sudoeste e Serra de Monchique que abrangem
56.818,39ha e 18.577,38ha do município, respectivamente, 44,00% do território municipal no total. E,
ainda, duas Zona de Protecção Especial com a mesma designação, que abrangem,
aproximadamente, 23,00% do território municipal no total.
Relativamente ao ordenamento do território, o município de Odemira possui PDM desde 2000,
através Resolução de Conselho de Ministros n.º 114/2000, de 20 de Julho, sendo este um dos últimos
PDM de primeira geração a ser ratificado em Portugal. Em 2007, foi ainda sujeito a uma pequena
alteração, através do Aviso n.º 25224/2007, de 19 de Dezembro. Actualmente encontra-se na fase
preliminar do processo de revisão do PDM.
O PDM de Odemira é constituído pelos elementos fundamentais e por um relatório. No que se refere
aos elementos fundamentais deve-se salientar a boa qualidade visual das 44 plantas de
ordenamento, facilitando a percepção da distribuição e localização das diversas classes de uso do
solo. O número elevado de plantas de ordenamento deve-se à pormenorização da qualificação do
solo nos aglomerados urbanos. No relatório para além da caracterização da situação do município e
da definição das estratégias de ordenamento, são caracterizadas quatro temáticas, incluindo a
caracterização biofísica, que comparativamente com estudos prévios de outros PDM foi abordado
sucintamente, efectuando apenas a identificação dos recursos agrícolas e florestas no município, sem
no entanto especificar as áreas quantitativa e graficamente.
Um dos objectivos apontados para o PDM de Odemira, mencionado no regulamento, é garantir a
conveniente utilização dos recursos naturais, do ambiente e do património cultural, que se traduziu na
definição de diversas classes e categorias do uso do solo enunciada no Quadro 12 do Anexo III. No
âmbito das zonas naturais ou semi-naturais, que englobam a generalidade dos recursos naturais, o
PDM indica como classes de uso do solo os espaços agrícolas, espaços de protecção e valorização
ambiental e espaços agro-silvo-pastoris. Contudo estas classes apenas são identificadas nas plantas
60
menos pormenorizadas, ou seja, não se encontram espaços de agrícolas, de protecção e valorização
ambiental e agro-silvo-pastoris nas áreas junto aos aglomerados urbanos, sendo a maioria deles de
carácter rural.
Apesar deste PDM (aprovado pela Assembleia Municipal a 30 de Novembro de 1990) ter sido
ratificado pelo Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, indicativo da definição da estrutura
ecológica municipal, a elaboração do referido plano decorreu sob a vigência do Decreto-Lei n.º 69/90,
de 2 de Março, levando que esta não esteja presente no plano de Odemira. Tal facto, levou a que
este município se encontre sem este instrumento importante para o equilíbrio ambiental e
salvaguarda dos recursos naturais, pelo menos durante dez anos. Facto este que poderia ter sido
evitado, se a elaboração do PDM de Odemira tivesse sido orientada pelo novo diploma que regia os
PDM, que estaria a ser efectuado em simultâneo com o plano de Odemira.
No PDM em vigor são identificados os ―condicionamentos aos usos e transformações do solo‖, sendo
as que possuem uma influência directa sobre os recursos naturais o parque natural do sudoeste
alentejano e costa vicentina, lista nacional de sítios (Rede Natura 2000), áreas de montados de
azinho e de sobro, domínio hídrico público, a REN, e a RAN. A identificação de todos estes
condicionamentos demonstra o valor natural que o município de Odemira possui e a necessidade que
as entidades têm de o proteger, no entanto encontra-se sujeito a um elevado e complexo processo
burocrático.
No que diz respeito ao indicador de ocupação da REN e RAN, apenas foi possível verificar a área
definida no PDM para estes dois condicionamentos e a área total ocupada. No caso da RAN, esta
ocupa aproximadamente 17,00% do território e 0,25% destes foram ocupados por construções
autorizadas pela entidade regional para a RAN. No caso da REN esta abrange o dobro da RAN
(34,00%), sendo que as ocupações sujeitas a autorização não possuem qualquer representatividade
no município.
No que se refere aos restantes instrumentos de gestão territorial possui os planos especiais de
ordenamento do território relativamente ao Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina
(Decreto Regulamentar n.º 33/95, de 11 de Dezembro), à orla costeira Sines Burgau (Resolução de
Conselho de Ministros n.º 152/98, de 30 de Dezembro) e à albufeira de Santa Clara (Resolução de
Conselho de Ministros n.º 185/2007, de 21 de Dezembro); o plano regional de ordenamento do
território do Litoral Alentejano (Decreto-Lei n.º 26/93, de 27 de Agosto); e, ainda, os planos sectoriais
das bacia hidrográficas do Mira (Decreto-Lei n.º 5/2002, de 8 de Fevereiro), do Sado (Decreto-Lei n.º
6/2002, de 9 de Março), das ribeiras do Algarve (Decreto-Lei n.º 12/2002, de 9 de Março) e de
ordenamento florestal do Alentejo Litoral (Decreto-Lei n.º 39/2007, de 5 de Abril).
No caso do município de Odemira os indicadores ambientais referentes, às áreas naturais e semi-
naturais não foram objecto de grande diminuição, continuando a predominar neste município. No
entanto, salienta-se a inversão das agrícolas e das florestais, possivelmente resultado de políticas de
reflorestação e ainda o crescimento das áreas artificializadas, que no entanto possuem uma baixa
representatividade neste município, na ordem do 1,00%.
61
Figura 14 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município de Odemira, de 1990 a 2006.
Da análise da distribuição espacial das áreas naturais e semi-naturais (Figuras 34, 35 e 36 do Anexo
VI) verificou-se uma aparente inexistência de fragmentação das mesmas, revelando-se que a
principal barreira física é a extensão artificial de água doce (barragem de Santa Clara-a-Nova)
existente no município. No entanto deve salientar-se que os dados utilizados para esta análise não
contabilizam as redes viárias, fontes importantes de fragmentação do território.
4.3.8 Município de Loulé
O município de Loulé situa-se na região Algarve (NUT II) contido numa área de 76.420,00ha,
subdividido em 11 freguesias. Geograficamente é limitado a norte pelo município de Almodôvar, a
leste por Alcoutim, Tavira e São Brás de Alportel, a sueste por Faro, a sudoeste por Albufeira, a oeste
por Silves e a sul tem litoral no oceano Atlântico. O município de Loulé engloba duas cidades: Loulé e
Quarteira.
Loulé é o município mais populoso do Algarve acolhendo 66.085 residentes, verificando-se, segundo
o INE, uma taxa de crescimento efectivo de aproximadamente 1,00%, evidenciando o aumento de
população que determinadas freguesias deste município tem sentido.
Segundo o Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve, Loulé caracteriza-se por quatro
unidades territoriais muito diversas: litoral sul, barrocal, serra e baixo Guadiana. Esta diversidade de
territórios é responsável pelo elevado potencial turístico do município, que tem sido intensamente
explorado. A faixa litoral do território, compreendida entre a foz da ribeira de Quarteira e a praia de
Faro, é uma das unidades onde se tem verificado uma ocupação humana mais densificada, devido
não só ao crescimento demográfico que se fez sentir neste município, mas também devido ao
desenvolvimento de infra-estruturas de apoio ao turismo. Esta forte pressão turística em território
louletano é possível verificar através do número de hóspedes por estabelecimento no município de
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
1990 2000 2006
% n
o m
un
icíp
io
Ano
Área Artificializada
Área Florestal
Área Natural e Semi-natural
Área Agrícola
- 0,11 %
23,94 %
- 19,54 %
239,33 %
62
Loulé (453.586,00), que, no ano de 2008, esteve bem acima da média da região algarvia
(182.988,69).
No último período inter-censitário no município de Loulé, para além de um elevado crescimento dos
alojamentos destinados à habitação habitual, verificou-se um crescimento superior de alojamentos
com uso sazonal ou secundário, passando estes últimos, em 2001, a representar mais de metade do
parque habitacional do município de Loulé. No entanto esta densa ocupação, não é homogénea,
levando a grandes disparidades entre as freguesias do município.
A taxa de desemprego subiu no município, passando de 4,30% para 5,00%, durante o último período
censitário, embora se tenha mantido abaixo da média regional (6,70%). No mesmo período verificou-
se um acentuado decréscimo da representatividade dos trabalhadores do sector primário, situando-se
em 2001 nos 6,14%, uma regressão menos acentuada no sector terciário de cariz económica
(20,00%), em detrimento de um aumento significativo da população ocupada no sector terciário de
âmbito social (50,00%), num contexto de estabilização da população empregue no sector secundário
(23,0%). Relativamente às empresas instaladas no município, em 2008, sabia-se que existiam 13,50
empresas por km2, superior à média nacional (11,90).
O município de Loulé possui em seu território parte (14,10%) do Parque Natural da Ria Formosa
(Decreto-Lei n.º 373/87, de 9 de Dezembro), ocupando 3,30% do município. E, ainda, dois sítios
classificados que se designam por Fonte Benémola e a Rocha da Pena inseridos na totalidade em
território louletano. No que diz respeito à Rede Natura 2000 possui cinco SIC, designados por
Barrocal, Serra do Caldeirão, Guadiana, Ria Formosa/Castro Marim e Ribeira de Quarteira que
abrangem na sua totalidade 53,00% do município. No que diz respeito às ZPE existem duas, a Serra
do Caldeirão e a Ria Formosa, que abrangem, aproximadamente, 28,00% do território municipal.
Relativamente ao ordenamento do território, o município de Loulé possui PDM desde 1995, através
Resolução de Conselho de Ministros n.º 81/95, de 24 de Agosto, alterado posteriormente pela
Resolução de Conselho de Ministros n.º 66/2004, de 26 de Maio e pelos Aviso n.º 5374/2008, de 27
de Fevereiro e Aviso n.º 14022/2010, de 14 de Julho. Em 2007, foi sujeito a uma suspensão parcial
pelo Decreto Regulamentar n.º 40/2007, de 9 de Abril, devido à implementação de um projecto
turístico na freguesia de Almancil.
O PDM de Loulé, para além dos elementos fundamentais, é constituído por um relatório, que
menciona as principais medidas, indicações e disposições adoptadas, pela planta de enquadramento
e por um conjunto de seis relatórios que constituem os elementos Anexos. Estes relatórios abordam
diversas temáticas importantes para o suporte da elaboração deste modelo de desenvolvimento
municipal. Apesar de dois dos objectivos indicados para o PDM serem a ―protecção e gestão dos
recursos naturais e culturais, com vista à melhoria da qualidade de vida das populações‖ e a
―valorização das áreas ecológicas mais sensíveis‖, não foi efectuado nenhum relatório referente à
caracterização do estado dos recursos naturais.
No intuito de ver cumprido os objectivos para o PDM de Loulé foram definidas diversas categorias e
subcategorias do uso do solo identificadas no Quadro 13 do Anexo III. No âmbito das zonas naturais
63
ou semi-naturais, que englobam a generalidade dos recursos naturais, o PDM indica como classes de
uso do solo os espaços agrícolas, florestais e naturais.
No PDM de 1994 são identificadas as ―servidões administrativas e outras restrições de utilidade
pública‖, sendo as que possuem uma influência directa sobre os recursos naturais o domínio público
hídrico, a REN, a RAN e a protecção à exploração de inertes.
Como foi referido anteriormente, o PDM de Loulé de 1994 foi alterado, em 2004, pela Resolução de
Conselho de Ministros n.º 66/2004, de 26 de Maio, com o objectivo de introduzir alterações devidas à
entrada em vigor de novos planos municipais de ordenamento do território e proceder à alteração da
estrutura formal do regulamento atendendo à entrada em vigor de nova legislação (Decreto-Lei n.º
380/99, de 22 de Setembro). Apesar da alteração não houve acrescentos à sua constituição nem ao
seu objectivo, já apresentados anteriormente.
A alteração mais significativa corresponde à reestruturação da classificação e qualificação do solo e
ao aumento das condicionantes apresentadas no regulamento. A classificação e qualificação do solo
produto desta alteração (Quadro 14 do Anexo III) encontram-se apresentadas de maneira clara e
explícita no regulamento, facilitando a sua compreensão. Contudo não existe qualquer tipo de
alteração na qualificação do solo cujo objectivo passa pela conservação dos recursos naturais,
mantendo-se assim as classes de espaços agrícolas, florestais e naturais.
Esta alteração do PDM levou também à identificação da estrutura ecológica, contudo no regulamento
apenas aparece associada ao solo urbano, com o objectivo de manter o equilíbrio deste sistema, sem
que no entanto se preveja para o solo rural e o envolvimento das suas categorias e subcategorias.
As plantas de ordenamento foram também sujeitas a alterações, devido às modificações a que o
PDM foi sujeito, encontrando-se de acordo com as qualificações propostas pelo regulamento.
No que diz respeito às condicionantes, para além do domínio público hídrico, a REN, a RAN e a
protecção à exploração de inertes, já identificadas no PDM de 1994, acrescenta-se ainda ―servidões e
restrições de utilidade pública florestais‖ — terrenos com povoamentos florestais percorridos por
incêndios, a protecção aos montados de sobro e azinho, a protecção aos habitats naturais, fauna e
flora e os parques e reservas. Relativamente a estes últimos, existem instrumentos de gestão
territorial específicos que já os abrangem como é o caso dos planos especiais de ordenamento do
território relativamente ao Parque Natural da Ria Formosa (Resolução de Conselho de Ministros n.º
78/2009, de 2 de Setembro) e à orla costeira Vilamoura – Vila Real de Santo António (Resolução de
Conselho de Ministros n.º 103/2005, de 27 de Junho) e de ordenamento florestal do Algarve (Decreto
Regulamentar n.º 17/2006, de 20 de Outubro). Para além destes instrumentos de gestão territorial o
município de Loulé possui ainda o plano regional de ordenamento do território do Algarve (Resolução
de Conselho de Ministros n.º 102/2007 de 3 de Agosto), alterado por Resolução de Conselho de
Ministros n.º 188/2007 de 28 de Dezembro) e os planos sectoriais das bacias hidrográficas do
Guadiana (Decreto-Lei n.º 16/2001, de 5 de Dezembro) e das ribeiras do Algarve (Decreto-Lei n.º
12/2002, de 9 de Março).
64
Após a descrição e caracterização da dinâmica a que o PDM de Loulé foi sujeito, resta analisar os
indicadores ambientais identificados anteriormente, tal como foi efectuado nos restantes estudos-de-
caso. Relativamente à condicionante ecológica, esta abrange 32,00% do território, tendo sido sujeita
a exclusões devido a planos de ordenamento na ordem do 1,00%. A condicionante de protecção dos
solos com potencialidade agrícola tem uma menor expressão no município louletano, na ordem dos
20,00%, tendo sido sujeita a ocupações não agrícola na ordem dos 2,00%.
Os indicadores representados na Figura 15 demonstram a tendência de diminuição das áreas
naturais e semi-naturais, ao contrário do elevado crescimento das áreas artificializadas. Tal facto,
pode dever-se à forte pressão urbanística derivado ao sector turístico do município, apesar de cerca
de metade do território se encontrar abrangido por instrumentos de conservação da natureza.
Figura 15 - Evolução das áreas artificializada, florestal, natural e semi-natural e agrícola no município de Loulé, de 1990 a 2006.
Da análise da distribuição espacial das áreas naturais e semi-naturais (Figuras 37, 38 e 39 do Anexo
VI) verificou-se a existência de duas situações, que derivam do próprio contexto socioeconómico de
cada zona. Na zona norte do município, caracterizado por um contexto rural, não existem indícios de
fragmentação, ao contrário da zona sul, fortemente pressionada urbanisticamente, devido à grande
procura turística. No entanto deve salientar-se que os dados utilizados para esta análise não
contabilizam as redes viárias, fontes importantes de fragmentação do território.
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
1990 2000 2006
% n
o m
un
icíp
io
Ano
Área Artificializada
Área Florestal
Área Natural e Semi-natural
Área Agrícola
- 3,51 %
- 3,05 %
0,27 %
116,37%
65
5 DISCUSSÃO DE RESULTADOS E RECOMENDAÇÕES
No presente capítulo são discutidos os resultados da anterior análise e identificadas recomendações
que visam a melhoria do desempenho dos PDM, no que diz respeito à conservação dos recursos
naturais.
5.1 Discussão dos Resultados
Observando os resultados obtidos para o indicador das áreas naturais e semi-naturais para cada
município (Quadro 17 – Anexo V) verificou-se, excepto para o município de Castelo de Vide, uma
diminuição destas áreas. Todavia, esta redução ocorreu em diferentes escalas, parecendo existir um
possível padrão no agrupamento dos municípios conforme as suas características gerais e a redução
verificada. Neste sentido, verificou-se que os municípios anteriormente englobados no ―Portugal
Interior‖, com características mais rurais, com a excepção de Castelo de Vide (0,53%), foram sujeitos
a uma diminuição das áreas naturais e semi-naturais inferior a -1,00%. Neste grupo encontra-se
ainda o município de Odemira, que apesar de se encontrar em território litoral não possui ainda todas
as características identificadoras do ―Portugal Litoral‖. No grupo com perdas de áreas naturais e semi-
naturais intermédias, entre 1,00 e 6,00%, encontram-se os dois municípios representantes do
―Portugal Litoral‖, Figueira da Foz e Loulé, e ainda o município de Vila Franca de Xira (5,68%),
representante das áreas metropolitanas. O último município, Oeiras, destaca-se pela elevada perda
das áreas naturais e semi-naturais, aproximadamente 50,00%. Neste momento, deve-se salientar o
facto das maiores reduções observadas estarem associadas a municípios inseridos na Área
Metropolitana de Lisboa, sujeita a taxas de crescimento efectivo acima da média portuguesa e a
pressões urbanísticas elevadas.
Para além da evolução das áreas naturais e semi-naturais, é importante salientar que estas
predominam em quase todos os casos de estudo, exceptuando o município de Oeiras, onde se
verificou a conversão de áreas naturais e semi-naturais, possivelmente agrícolas, para áreas
artificializadas. Como já referido, as áreas naturais e semi-naturais englobam as áreas agrícolas e
florestais. Na maioria dos municípios analisados as áreas agrícolas prevalecem às áreas florestais,
exceptuando no caso da Figueira da Foz e de Odemira, onde se verificou uma conversão entre estas.
No que se refere às áreas artificializadas, o único município que não foi submetido ao seu aumento,
foi Castelo de Vide, que por sinal, no mesmo período, obteve um aumento das áreas naturais e semi-
naturais. A maioria dos estudo-de-caso obteve para o período em análise um aumento destas áreas
superior a 50%, sendo que os municípios de Odemira e Loulé obtiveram um crescimento superior a
100%. Salienta-se que apesar destes elevados aumentos de área artificializada que caracterizaram a
maioria dos municípios, a representatividade destas áreas não é muito elevada, excepto no município
de Oeiras, que em 2006 apresentava 66,78% do município já artificializado.
Da análise dos PDM dos oito estudos-de-caso foi possível concluir que existe alguma variedade na
selecção das condicionantes e servidões com o campo de acção directamente relacionado com os
66
recursos naturais, identificando-se, para além das condicionantes obrigatórias do PDM (RAN e REN)
os parques e as reservas naturais, o domínio hídrico público, a Rede Natura 2000, alguns habitats de
maior relevância para o município, explorações de inertes, perímetros florestais e albufeiras.
No que diz respeito aos indicadores referentes à RAN e REN (Quadro 18 – Anexo V) não foi possível
traçar a evolução das áreas abrangidas por estes importantes instrumentos, visto que os dados
necessários não foram disponibilizados. Para estes indicadores apenas foi possível identificar a
percentagem de território municipal abrangido e as áreas ocupadas ou excluídas sujeitas a
autorização das entidades responsáveis. A dimensão destes instrumentos depende directamente das
características dos municípios e da metodologia utilizada na sua elaboração. Contudo a sua
excessiva ocupação e exclusão poderia transmitir a ideia que não estaria a funcionar no sentido de
salvaguarda os recursos naturais abrangidos. No entanto este facto não se verificou nos estudos-de-
caso analisados, sendo que na maioria dos casos a percentagem de ocupação e exclusão se
encontrava muito próxima de zero.
Através da análise da fragmentação/conectividade das áreas naturais e semi-naturais efectuada com
base nas representações gráficas presentes no Anexo VI, foi possível constatar que os municípios
que apresentam uma maior tendência para a fragmentação destas áreas são exactamente os
municípios com um maior crescimento das áreas artificializadas no intervalo de estudo (Quadro 18 –
Anexo V). Para estes municípios foi possível verificar a perda de conectividade entre determinadas
zonas, como por exemplo, no caso de Vila Franca de Xira, onde não existe uma ligação transversal
que conecte a zona da serra com as lezírias, ou no caso de Oeiras, onde não se verifica uma ligação
radial entre a zona costeira e a zona interior. Os restantes municípios, ao contrário dos anteriores,
não apresentam esta tendência. Como foi referido ao longo desta análise, este indicador foi estudo
com base nos dados disponibilizados pelo Projecto CORINE Land Cover, que considera apenas a
rede viária com uma largura superior a 100 metros, o que exclui a maioria da rede viária em Portugal
continental.
De um modo geral, os descritores analisados anteriormente revelaram que os PDM examinados têm
em conta a problemática da conservação dos recursos naturais através dos objectivos, referindo-se
quase sempre à salvaguarda dos recursos naturais associada à melhoria da qualidade de vida das
populações. Esta preocupação encontra-se ainda presente na identificação das classes e/ou
categorias associadas à conservação e, mesmo valorização dos recursos naturais, nomeadamente
através dos espaços agrícolas, florestais, de protecção e valorização do ambiente, espaços de
equilíbrio ambiental e espaços naturais, possuindo cada um destes regimes próprios definidos pelos
próprios municípios. Nesta temática do zonamento, muito associado ao planeamento territorial, foi
possível detectar alguns pontos que merecem algum destaque, nomeadamente a falta de clarificação
e rigor na identificação das classes e categorias no regulamento, assim como, em alguns casos, a
falta de concordância com as plantas de ordenamento, que podem influenciar negativamente a
implementação destes mesmos planos.
No que se refere aos estudos prévios, apenas dois dos PDM analisados, designadamente Oeiras e
Loulé, não possuíam nenhum estudo na área dos recursos naturais, sabendo-se à partida que se
67
trata de um importante suporte para a adequação da estratégia do município à conservação dos
mesmos. Apesar de não ser possível relacionar estas duas constatações, facto é que estes dois
municípios se encontram entre os três primeiros com maiores perdas de áreas naturais e semi-
naturais.
Os PDM de Oeiras e Loulé são os únicos que prevêem a implementação de um estrutura
verde/ecológica municipal, instrumento com o elevado potencial na salvaguarda de determinados
recursos naturais. Contudo, no presente estudo apenas foi analisado se este instrumento constava
nos PDM, sem que fosse efectuado uma análise da sua implementação em cada município. No
entanto, no que diz respeito ao município de Loulé, esta estrutura apenas se encontra prevista para
solo urbano, perdendo a sua componente de conectividade entre diferentes habitats, e no município
de Oeiras não contribuiu para a preservação de um dos corredores ecológicos, como é possível
observar na evolução da distribuição das áreas naturais e semi-naturais neste município (Figuras 25,
26 e 27 do Anexo VI).
Os resultados obtidos demonstram uma ligeira tendência de diminuição das áreas naturais e semi-
naturais, que apontam para a aparente ineficácia dos PDM para a adequada conservação dos
recursos naturais, sem que contudo seja possível afirmar que esta seja a imagem geral do todo
nacional, visto que, para além dos indicadores não serem totalmente expressivos, os oito estudos-de-
caso procuram ser uma amostra representativa de Portugal, mas não possibilitam a sua extrapolação
directa para o todo do País. Contudo, deve-se salientar a existência desta realidade que pode e deve
ser controlada, nomeadamente através dos planos directores municipais e acompanhada por uma
monitorização e avaliação eficaz e com obrigatoriedade de conhecimento às populações
directamente interessadas.
5.2 Recomendações
A partir da análise efectuada no contexto da presente dissertação foi possível verificar duas questões
que podem contribuir para a melhoria da eficácia deste instrumento de planeamento municipal. A
primeira questão centra-se na carência de monitorização e avaliação dos PDM, não apenas nesta
componente de conservação dos recursos naturais, como também em termos gerais. A segunda
questão recai sobre determinadas medidas que se implementadas podem contribuir para a
conservação dos recursos naturais, nomeadamente medidas de controlo da expansão urbana e de
melhoria da conectividade entre os espaços urbano e rural.
Os REOT foram introduzidos com o intuito de proceder à avaliação dos IGT (Pereira, 2009),
introduzindo consequentemente o processo de avaliação aos PDM. Contudo a 1ª geração de PDM
não foi alvo de monitorização, nem de avaliação, nem foram realizados os REOT bianuais, tendo sido
realizados somente aquando do processo de revisão. Deste modo deve-se salientar a necessidade
de efectuar realmente esta monitorização e avaliação dos PDM, descrita nos REOT, de modo a
verificar a eficácia deste instrumento, nomeadamente, no que diz respeito à conservação dos
recursos naturais. Neste sentido deve-se efectuar, para além, de um acompanhamento periódico do
estado dos recursos naturais, uma análise da dinâmica existente entre estes e o PDM,
68
nomeadamente verificar quais os procedimentos efectuados no âmbito deste instrumento que
influenciam, positiva ou negativamente, os recursos naturais. Para isso é necessário um
conhecimento profundo destes, devendo-se não só determinar a sua ocupação espacial, como foi
efectuado no presente estudo, mas ainda aprofundar as suas características, as suas interacções e a
importância para o município. Para além destes estudos seria ainda importante analisar, no âmbito
dos REOT, a evolução das classes, categorias e subcategorias, propostas pelo PDM, cujo objectivo
influencie a conservação dos recursos naturais, tal como foi efectuado na revisão do PDM de Vila
Franca de Xira, em que se comparam as percentagens de cada subcategoria do espaço urbano
(Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Relatório - 1ª Revisão do Plano Director Municipal de Vila
Franca de Xira, 2009).
Os REOT com a componente de avaliação da eficácia da implementação do PDM, no que se refere
os recursos naturais, que se propõe no presente estudo, revela uma importância maior quando
efectuada a nível municipal devido à incidência destes instrumentos. Contudo, o Observatório do
Ordenamento do Território, responsável pela realização dos REOT de âmbito nacional, deve ainda
transmitir o estado em que se encontra esta temática, no contexto nacional, e ainda indicar medidas
que permitam a melhoria da eficácia destes instrumentos, tanto na conservação dos recursos
naturais, como outras temáticas influenciadas pelos mesmos.
A análise efectuada no presente estudo revelou ainda a necessidade de monitorizar e avaliar as
condicionantes RAN e REN e a implementação da Estrutura Ecológica, a nível municipal e nacional,
com o intuito de verificar a eficácia destes instrumentos para a conservação dos recursos naturais.
No que diz respeito à segunda questão, a ENDS propõe claramente como soluções a intervenção no
modo de financiamento das autarquias, na fiscalidade sobre o património, nos instrumentos de
regulação do uso do solo e na dinamização do mercado imobiliário. Refere ainda a importância do
incentivo à requalificação urbana, favorecendo a difusão do arrendamento urbano e as operações
integradas de recuperação de áreas urbanas degradadas, à criação e consolidação dos espaços e
corredores ―verdes‖ nas áreas urbanas e a uma melhor articulação entre urbano e rural nas grandes
Áreas Metropolitanas. Esta articulação envolve um desenvolvimento das diferentes infra-estruturas
ligadas a diversas actividades -- da energia aos resíduos, das telecomunicações à política de
transportes – permitindo um crescimento menos explorador de recursos naturais e menos poluente
(MAOTDR, 2008).
Relativamente à criação e consolidação dos espaços e corredores ―verdes‖ nas áreas urbanas, as
estruturas ecológicas municipais e urbanas que actualmente constituem os PDM, podem ter esta
função de ajudar na contenção da expansão urbana, para além de manter o equilíbrio ambiental, que
é o seu objectivo principal. Contudo, no contexto internacional é possível identificar outras medidas,
para além das estruturas ecológicas, como é o caso da Áustria, da Austrália, da Itália, da Espanha,
do Reino Unido e da Alemanha, que implementaram medidas de controlo à expansão urbana, que
proporcionam directa e indirectamente a conservação dos recursos naturais.
A medida implementada comum a todos os países enunciados anteriormente passa pela
implementação de uma cintura verde (―greenbelt‖, em inglês, ―anella verde‖, em espanhol, ―corona
69
verde‖, em italiano), associada a uma requalificação da zona urbana. Em todos os casos, estas foram
planeadas e implementadas com o objectivo de conter a expansão urbana que algumas das suas
principais cidades estavam a ser alvo, para além da preservação das características ambientais
entorno das cidades, da protecção dos espaços e das paisagens naturais presentes nas
proximidades dos grandes centros urbanos, do fornecimento de oportunidade de contacto com a
natureza, lazer, recreio e práticas de desportos ao ar livre em meios urbanos.
A elaboração da cintura verde deve envolver uma metodologia flexível passível de ser adaptada às
diferentes realidades e problemáticas (sociais, geográficas, económicas, ambientais) das áreas
urbanas. No entanto, de um modo geral, estas devem abranger as áreas naturais, agrícolas e
florestais, que se encontram na fronteira das áreas urbanas (área periurbana), e ainda apresentar a
existência de ―open space‖ (City of Viena, 2006) e uma conectividade entre si, e entre as restantes
áreas protegidas (RNAP) que se encontram nas proximidades, quer seja através de ―greenways‖ ou
―blueways‖ - corredores verdes ou cursos de água contínuos (Bertolino, 2008). Segundo Hague
(2007), é imprescindível o recurso aos corredores ecológicos para a eficácia das cinturas verde no
que se refere à contenção da expansão urbana e da conservação e valorização dos recursos naturais
e culturais da paisagem. Caso desta ineficácia, foi a cidade de Londres que não atingiu estes
objectivos (Amati, et al. 2006).
A preparação da cintura verde deve englobar um processo participativo, com o intuito de serem
abordadas todas as alternativas com base nos conhecimentos e interesses dos cidadãos, como foi
efectuado no caso de Leipzig, Alemanha (ICLEI Europe, 2008). Deve ainda ser acompanhada de
políticas sectoriais, designadamente de mobilidade e desenvolvimento económico, que permitam a
criação de condições para a sua melhor implementação.
No caso de Barcelona, revelou-se ainda a problemática existente em torno dos solos classificados
como urbanizáveis, que necessitam de um maior controlo, nomeadamente, no que se refere à sua
localização e quantificação (Paüla & Tontsb, 2010).
Em relação à conectividade entre os espaços rurais e urbanos, existem várias políticas nacionais que
a tratam, incluindo o PNPOT, quando identifica como estratégia de planeamento, o policentrismo.
Contudo, é necessário não esquecer a transposição desta estratégia e da própria conectividade entre
estes dois espaços para o planeamento de âmbito municipal. A diferenciação das classes rural e
urbano pode levar a um planeamento isolado, devendo antes existir um planeamento de articulação
que aproveite as potencialidades destes dois espaços e que se baseie na conservação e valorização
dos recursos naturais do município.
As medidas apontadas visam assegurar a adequada conservação dos recursos naturais através da
melhoria da eficácia dos PDM e de alguns instrumentos que podem ser incluídos em determinadas
situações. No entanto a análise efectuada na presente dissertação demonstrou ainda existirem
algumas questões gerais que se alteradas podem melhorar a implementação dos PDM,
nomeadamente a clareza, a objectividade, o rigor e a coerência com que estes devem ser efectuados
e apresentados, contribuindo para assegurar os seus índices de eficácia e concretização.
70
Para além destas características, o PDM deve possuir um carácter dinâmico, flexível e antecipatório,
propondo usos do solo de acordo com as aptidões e potencialidades do território, constituindo uma
forma efectiva de conciliar o desenvolvimento com conservação dos recursos naturais (Ramos,
2007). No mesmo sentido, deve ser introduzida a ‗regulação variável‘, uma vez que a territórios com
níveis diferentes de desenvolvimento, correspondem diferentes tipos de estratégia e de regulação, o
que no entanto pode abrir espaço para irregularidades. Os planos devem conter uma concepção
estratégica, apontando caminhos e traçando rumos, contribuindo, assim, para que os municípios
envolvidos superem a condição de simples ordenadores espaciais das actividades locais, englobando
o planeamento das realidades políticas e sociais da região (Freitas, 2007). A flexibilidade e a
concepção estratégica transmitem uma componente de incerteza ao PDM, de forma a permitir a
integração de oportunidades imprevistas.
Esta última nota, não deriva da análise efectuada, contudo deve-se salientar a importância da
participação pública no processo de elaboração e revisão do PDM. Porém é necessário sensibilizar e
educar a população em geral para a necessidade de conservação dos recursos naturais,
nomeadamente como é possível fazê-lo através da própria dinâmica do PDM e dos instrumentos
abrangidos por este. Nesta temática as autarquias podem e devem assumir um protagonismo de
primeira linha (ANMP, 2004), considerando que a sua presença e proximidade no terreno
vocacionam os serviços municipais e intermunicipais para acções práticas de participação na
conservação, gestão e valorização dos recursos naturais, envolvendo nessas tarefas também as
populações locais. Contudo é necessário alcançar primeiramente a compreensão e o interesse das
populações.
71
6 CONCLUSÕES E REFLEXÕES FINAIS
O tema da presente dissertação encontra-se relacionado com a necessidade de uma adequada
conservação e gestão dos recursos naturais e o modo como os Planos Directores Municipais de 1ª
Geração em Portugal continental contribuíram para este desígnio.
Os recursos naturais, para além do valor intrínseco que possuem, são peças fundamentais e
indispensáveis para o ser humano, visto serem fontes reais ou potenciais de riqueza que ocorrem em
estado natural (UNEP, 2009). Todavia, apesar de se saber a sua importância para a nossa
sociedade, o ser humano tem contribuído para o seu consumo acelerado, através do crescimento da
população, do desenvolvimento económico e do próprio padrão de produção de consumo que o
caracteriza (EEA, 2005).
No contexto desta dissertação consideraram-se os recursos naturais como um sistema misto, ou seja,
num sistema em que é possível encontrar, por exemplo, recursos biológicos, pedológicos e
geológicos, como é o caso de áreas de floresta e pedreiras. Esta consideração foi efectuada devido à
necessidade de se realizar uma análise que abrangesse os recursos naturais na sua generalidade,
sendo que todos apresentam uma importância relativa na sociedade e uma importância intrínseca.
Nas últimas décadas, a conservação e a gestão dos recursos naturais assume-se como uma temática
de grande importância na sociedade, tendo-se verificado a elaboração de diversas políticas,
instrumentos e medidas com diferentes incidências sectoriais. Contudo não basta elaborar e
implementar, é necessário avaliar a sua eficácia, de modo a realizar ajustes ou mesmo alterações
profundas nestas políticas, instrumentos e medidas.
Na presente dissertação analisou-se especificamente o modo como o instrumento de planeamento
territorial de âmbito municipal, designado por Plano Director Municipal, tem contribuído para a
conservação dos recursos naturais em território nacional, nomeadamente procurando avaliar a sua
eficácia. Para tal, foram identificados um conjunto de indicadores ambientais, com aplicabilidade à
escala nacional e/ou municipal, visto serem ferramentas poderosas e eficazes no acompanhamento e
monitorização (OCDE, 2002) do estado do ambiente. A selecção destes indicadores ambientais
(Quadro 4) recaiu sobre a análise de alguns sistemas indicadores associados à sustentabilidade e à
avaliação do estado do ambiente, e na determinação de quais se enquadrariam para o objectivo em
questão. Salienta-se que a descrição e a justificação de cada indicador ambiental seleccionado
encontram-se no Anexo I – Fichas dos Indicadores Ambientais. Para além destes indicadores, foi
possível ainda, identificar descritores que contribuíssem para a análise pretendida, nomeadamente a
realização estudos prévios no âmbito dos recursos naturais, os objectivos referidos no PDM,
relativamente aos recursos naturais, as classes/categorias dos usos do solo, ocupação das áreas
naturais classificadas e a situação em que se encontra a estrutura ecológica de cada município.
72
A análise destes indicadores foi efectuada em oito municípios distintos de Portugal continental, ou
seja, neste estudo recorreram-se a oito estudos-de-caso, com o intuito de abranger diversas
realidades portuguesas, seleccionando-se: Montalegre, Figueira da Foz, Castelo de Vide, Oeiras, Vila
Franca de Xira, Almodôvar, Odemira e Loulé. Salienta-se que após identificar as diferentes realidades
de Portugal continental (Portugal Litoral, Portugal Interior e Áreas Metropolitanas), a selecção dos
municípios foi aleatória.
Os resultados obtidos reflectem uma redução média das áreas naturais e semi-naturais de
aproximadamente -9,00% entre 1990 e 2006, sendo que a taxa mais elevada é -45,55%, pertencente
ao município de Oeiras. A ligeira tendência de diminuição das áreas naturais e semi-naturais, aponta
para a aparente ineficácia dos PDM para a adequada conservação dos recursos naturais, sem que
contudo seja possível afirmar que esta seja a imagem geral do todo nacional, visto que, para além
dos indicadores não serem totalmente expressivos, os oito estudos-de-caso procuram ser uma
amostra representativa de Portugal, mas não possibilitam a sua extrapolação directa para o todo do
País. Contudo, deve-se salientar a existência desta realidade que pode e deve ser controlada,
nomeadamente através dos planos directores municipais e acompanhada por uma monitorização e
avaliação eficaz e com obrigatoriedade de conhecimento às populações directamente interessadas.
A partir da análise dos indicadores e descritores enunciados anteriormente foi possível verificar duas
questões que podem melhorar o desempenho deste instrumento de gestão territorial, preconizando
eventuais melhorias no que diz respeito à conservação dos recursos naturais. A primeira questão
centra-se na carência de monitorização e avaliação dos PDM, visto que apesar de se encontrar
prevista, na legislação, a realização dos relatórios de estado do ordenamento do território, de dois em
dois anos à escala municipal, não têm sido efectuados, exceptuando durante a fase de revisão. Neste
sentido indica-se como medida cumprir realmente esta monitorização e avaliação dos PDM, através
dos REOT, efectuando-se, para além, de um acompanhamento periódico do estado dos recursos
naturais, uma análise da dinâmica existente entre estes e o PDM, nomeadamente verificando quais
os procedimentos efectuados no âmbito deste instrumento que influenciam, positiva ou
negativamente, os recursos naturais (REN, RAN, Estrutura Ecológica, classes, categorias e
subcategorias, propostas pelo PDM, cujo objectivo influencie a conservação dos recursos naturais).
Enquanto que a segunda questão recai sobre determinadas medidas referentes ao controlo da
expansão urbana e à melhoria da conectividade entre os espaços urbano e rural, nomeadamente a
implementação e manutenção de cinturas verdes nas cidades/vilas associadas a ―greenways‖ e
―blueways‖, a requalificação urbana e a transposição do policentrismo para o planeamento municipal.
Relativamente às limitações encontradas ao longo da elaboração da presente dissertação, estas
incidem na sua maioria na obtenção de dados relativos à evolução da RAN e REN, visto que algumas
das entidades responsáveis por estes instrumentos (Entidade Regional para a RAN e CCDR,
respectivamente) não possuem uma base de dados que possibilite o acompanhamento destes. Esta
limitação afectou o presente estudo, visto que não foi possível efectuar-se nem uma análise à escala
nacional nem uma análise da evolução das áreas excluídas no âmbito de alterações de planos de
73
ordenamento e das áreas de ocupação sujeitas a autorização das entidades responsáveis, em todos
os municípios, como inicialmente foi previsto, tendo-se optado por escolher estudos-de-caso.
A outra limitação encontrada envolve os dados disponibilizados pela Projecto CORINE Land Cover,
dado que estes não identificam nem a rede viária nem a totalidade da área ardida nem as áreas de
habitação dispersa, factores importantes na análise da fragmentação do território. Assim como não
distinguem as principais espécies florestais e habitats, importante informação na análise da
conservação dos recursos naturais. Relativamente a este facto, no presente contexto, seria
necessário recolher e compilar toda esta informação que se encontra dispersa pelas diversas
entidades responsáveis, o que despenderia muito tempo, tarefa aliciante e muito necessária, mas
incompatível com o tempo disponível para a preparação desta dissertação.
O presente estudo revelou a existência de uma aparente ineficácia dos PDM de primeira geração na
conservação dos recursos naturais. Contudo é necessário que as entidades responsáveis estejam
sensibilizadas para esta problemática e preparadas para definirem as melhores estratégias e medidas
para inverter esta tendência. Todavia, a resolução desta problemática não passa apenas pela
sensibilização e preparação das entidades responsáveis, mas também e sobretudo pela
sensibilização e educação da sociedade actual. Deve-se ainda distinguir a necessidade de se pensar,
não apenas na conservação, mas também na adequada gestão e valorização dos recursos naturais.
74
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85
LEGISLAÇÃO CITADA
Aviso n.º 25224/2007, de 19 de Dezembro, que aprova a proposta de alteração do artigo 28º. do
Regulamento do Plano Director Municipal de Odemira, ratificado pela Resolução do Conselho de
Ministros nº. 114/2000, de 25 de Agosto;
Decreto n.º 187/71, de 8 de Maio, que cria o Parque Nacional da Peneda-Gerês;
Decreto n.º 4/78, de 11 de Janeiro, que define a orgânica dos parques naturais, reservas e património
paisagístico;
Decreto Regulamentar n.º 11/2006, 21 de Julho, que aprova o Plano Regional de Ordenamento
Florestal do Centro Litoral;
Decreto Regulamentar n.º 11/2009, de 29 de Maio, que estabelece os critérios uniformes de
classificação e reclassificação do solo, de definição de utilização dominante, bem como das
categorias relativas ao solo rural e urbano, aplicáveis a todo o território nacional;
Decreto Regulamentar n.º 15/2006, de 19 de Outubro, que aprova do Plano Regional de
Ordenamento Florestal da Área Metropolitana de Lisboa;
Decreto Regulamentar n.º 17/2006, de 20 de Outubro, que aprova o Plano Regional de Ordenamento
Florestal do Algarve;
Decreto Regulamentar n.º 17/2002, de 15 de Março, que aprova o Plano de Bacia Hidrográfica do
Cávado;
Decreto Regulamentar n.º 18/2001, de 7 de Dezembro, que aprova o Plano de Bacia Hidrográfica do
Tejo;
Decreto Regulamentar n.º 19/2001, de 10 de Dezembro, que aprova o Plano de Bacia Hidrográfica do
Douro;
Decreto Regulamentar n.º 26/2002, de 5 de Abril, que aprova o Plano de Bacia Hidrográfica das
Ribeiras do Oeste;
Decreto Regulamentar n.º 3/2007, de 17 de Janeiro, que aprova o Plano Regional de Ordenamento
Florestal do Barroso e Padrela;
Decreto Regulamentar n.º 33/95, de 11 de Dezembro, que aprova o Plano de Ordenamento do
Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina;
Decreto Regulamentar n.º 37/2007, de 3 de Abril, que aprova o Plano Regional de Ordenamento
Florestal do Alto Alentejo (PROF AA);
Decreto Regulamentar n.º 40/2007, de 9 de Abril, que aprova a suspensão dos artigos 42.º, 44.º e
88.º do Regulamento do Plano Director Municipal de Loulé, numa área de 6,30ha, sita na freguesia de
Almancil;
86
Decreto Regulamentar n.º 9/2002, de 1 de Março, que aprova o Plano de Bacia Hidrográfica do
Mondego;
Decreto-Lei n.º 12/2002, de 9 de Março, que aprova o Plano de Bacia Hidrográfica das Ribeiras do
Algarve;
Decreto-Lei n.º 121/89, de 14 Abril, que cria o Parque Natural da Serra de São Mamede;
Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, revê a transposição para a ordem jurídica interna da Directiva
n.º 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de Abril (relativa à conservação das aves selvagens), e da
Directiva n.º 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio (relativa à preservação dos habitats naturais e
da fauna e da flora selvagens). Revoga os Decretos-Lei n.º 75/91, de 14 de Fevereiro, 224/93, de 18
de Junho, e 226/97, de 27 de Agosto;
Decreto-Lei n.º 142/2008, 24 de Julho, define o Regime Jurídico da Conservação da Natureza e da
Biodiversidade;
Decreto-Lei n.º 155/97, de 24 de Junho, que altera o Decreto-Lei n.º 69/90 de 2 de Março (regime
jurídico dos planos municipais de ordenamento do território);
Decreto-Lei n.º 16/2001, de 5 de Dezembro, que aprova o Plano de Bacia Hidrográfica do Guadiana;
Decreto-Lei n.º 166/2008, 22 de Agosto, que aprova o Regime Jurídico da Reserva Ecológica
Nacional e revoga o Decreto-Lei n.º 93/90 de 19 de Março;
Decreto-Lei n.º 18/2006, de 20 de Outubro, que aprova o Plano Regional de Ordenamento Florestal
do Baixo Alentejo;
Decreto-Lei n.º 180/2006, de 6 de Setembro, quinta alteração ao Decreto-Lei n.º 93/90 de 19 de
Março, que define o regime jurídico da Reserva Ecológica Nacional;
Decreto-Lei n.º 19/93, de 23 de Janeiro, que estabelece normas relativas à Rede Nacional de Áreas
Protegidas;
Decreto-Lei n.º 196/89, de 14 de Junho, que estabelece o novo regime jurídico da Reserva Agrícola
Nacional. Revoga o Decreto-Lei n.º 451/82 de 16 de Novembro;
Decreto-Lei n.º 208/82, de 26 de Maio, define o quadro regulamentar dos planos directores
municipais;
Decreto-Lei n.º 211/92, de 8 de Outubro, que altera o Decreto-Lei n.º 69/90 de 2 de Março (planos
municipais de ordenamento do território);
Decreto-Lei n.º 213/97, de 6 de Agosto, que estabelece normas relativas à Rede Nacional das Áreas
Protegidas;
Decreto-Lei n.º 241/88, de 7 Julho, que cria a Área de Paisagem Protegida do Sudoeste Alentejano e
Costa Vicentina;
Decreto-Lei n.º 26/2002, de 5 de Abril;
87
Decreto-Lei n.º 26/93, de 27 de Agosto, que aprova o Plano Regional de Ordenamento do Território
do Litoral Alentejano;
Decreto-Lei n.º 280/94, de 5 de Novembro, que cria a Zona de Protecção Especial do Estuário do
Tejo;
Decreto-Lei n.º 310/2003, de 10 de Dezembro, que altera pela segunda vez o regime jurídico dos
instrumentos de gestão territorial, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 380/99 de 22 de Setembro;
Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro, que procede à quinta alteração ao Decreto-Lei n.º
380/99 de 22 de Setembro, que estabelece o regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial;
Decreto-Lei n.º 321/83, de 5 de Julho, que Cria a Reserva Ecológica Nacional;
Decreto-Lei n.º 338/83, de 20 de Julho, que estabelece as normas a que deverá obedecer o plano de
ordenamento do território;
Decreto-Lei n.º 373/87, de 9 de Dezembro, que cria o Parque Natural da Ria Formosa;
Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, define o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão
Territorial;
Decreto-Lei n.º 384-B/99, de 23 de Setembro, que ria diversas zonas de protecção especial e revê a
transposição para a ordem jurídica interna das Directivas n.º 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de Abril,
e 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio;
Decreto-Lei n.º 39/2007, de 5 de Abril, que aprova o Plano Regional de Ordenamento Florestal do
Alentejo Litoral (PROFAL);
Decreto-Lei n.º 451/82, de 16 de Novembro, que institui a reserva agrícola nacional;
Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de Fevereiro, que procede à sexta alteração ao Decreto-Lei n.º
380/99, de 22 de Setembro, que estabelece o regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial;
Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro, primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 140/99 de 24 de
Abril, que procedeu à transposição para a ordem jurídica interna da Directiva n.º 79/409/CEE, do
Conselho, de 2 de Abril, relativa à conservação das aves selvagens (directiva aves) e da Directiva
n.º 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio, relativa à preservação dos habitats naturais e da fauna e
da flora selvagens (directiva habitats);
Decreto-Lei n.º 5/2002, de 2 de Fevereiro, que aprova o Plano de Bacia Hidrográfica do Mira;
Decreto-Lei n.º 5/2002, de 8 de Fevereiro, que aprova o Plano de Bacia Hidrográfica do Mira;
Decreto-Lei n.º 6/2002, de 9 de Março, que aprova o Plano de Bacia Hidrográfica do Sado;
Decreto-Lei n.º 613/76, de 27 de Julho, que Revoga a Lei n.º 9/70 de 19 de Junho, e promulga o novo
regime de protecção à Natureza e criação de parques nacionais;
Decreto-Lei n.º 69/90, de 2 de Março, que disciplina o regime jurídico dos planos municipais de
ordenamento do território;
88
Decreto-Lei n.º73/2009, de 31 de Março, que Aprova o regime jurídico da Reserva Agrícola Nacional
e revoga o Decreto-Lei n.º 196/89, de 14 de Junho;
Decreto-Lei nº 151/95, de 24 de Junho, que harmoniza o regime jurídico dos planos especiais de
ordenamento do território;
Deliberação n.º 1597/2009, de 20 de Maio, que altera o PDM da Figueira da Foz para a instalação de
Plataforma Logística em Vale de Murta e de uma zona industrial da Gândara;
Drecreto-Lei n.º 565/76, de 19 de Julho, que cria a Reserva Natural do Estuário do Tejo;
Directiva 19/409/CEE, que pretende que cada um dos Estados Membros tome as medidas
necessárias para garantir a protecção das populações selvagens das várias espécies de aves no seu
território da União Europeia (Directiva Aves);
Directiva 92/43/CEE relativa à preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens
(Directiva Habitats);
Edital n.º 37/2010, de 19 de Janeiro, que rectificação à planta de condicionantes do Plano Director
Municipal de Castelo de Vide;
Lei Constitucional n.º 1/89, de 9 de Julho, segunda revisão da Constituição;
Lei n.º 11/87, de 8 de Abril, define a Lei de Base do Ambiente;
Lei n.º 48/98, de 11 de Agosto, que estabelece as base do Ordenamento do Território e Urbanismo;
Lei n.º 5/96, de 29 de Fevereiro, que altera, por ratificação, do Decreto-Lei n.º 151/95 de 24 de Junho,
que harmoniza o regime jurídico dos planos especiais de ordenamento do território;
Lei n.º 5/96, de 29 de Fevereiro;
Lei n.º 54/2005, de 15 de Novembro, que estabelece a titularidade dos recursos hídricos;
Lei n.º 79/77, de 25 de Outubro, define as atribuições das autarquias e competências dos respectivos
órgãos;
Lei n.º 9/70, de 19 de Junho, atribui ao Governo a incumbência de promover a protecção da Natureza
e dos seus recursos em todo o território, de modo especial pela criação de parques nacionais e de
outros tipos de reservas;
Resolução de Conselho de Ministros n.º 102/2007 de 3 de Agosto, que aprova a revisão do Plano
Regional de Ordenamento do Território do Algarve;
Resolução de Conselho de Ministros n.º 103/2005, de 27 de Junho, que aprova o Plano de
Ordenamento da Orla Costeira (POOC) Vilamoura-Vila Real de Santo António;
Resolução de Conselho de Ministros n.º 114/2000, de 20 de Julho, que ratifica parcialmente o Plano
Director Municipal de Odemira;
Resolução de Conselho de Ministros n.º 126/97, de 30 de Julho, que ratifica o Plano Director
Municipal de Castelo de Vide;
89
Resolução de Conselho de Ministros n.º 13/2007, que ratifica a suspensão parcial do Plano Director
Municipal de Vila Franca de Xira e estabelece medidas preventivas para a mesma área e aprova a
suspensão do Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa para a
mesma área;
Resolução de Conselho de Ministros n.º 13/98, de 27 de Janeiro, que ratifica o Plano Director
Municipal de Almodôvar;
Resolução de Conselho de Ministros n.º 134/95, de 11 de Novembro, que aprova o Plano de
Ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês;
Resolução de Conselho de Ministros n.º 142/2000, de 20 de Outubro, que aprova o Plano de
Ordenamento da Orla Costeira (POOC) de Ovar-Marinha Grande;
Resolução de Conselho de Ministros n.º 15/94, de 22 de Março, que ratifica o Plano Director
Municipal de Oeiras;
Resolução de Conselho de Ministros n.º 152/98, de 30 de Dezembro, que aprova o Plano de
Ordenamento da Orla Costeira Sines-Burgau (POOC);
Resolução de Conselho de Ministros n.º 16/93, de 17 de Março, que ratifica o Plano Director
Municipal de Vila Franca de Xira;
Resolução de Conselho de Ministros n.º 177/2008, de 24 de Novembro, que aprova o Plano de
Ordenamento da Reserva Natural do Estuário do Tejo;
Resolução de Conselho de Ministros n.º 185/2007, de 21 de Dezembro, que aprova o Plano de
Ordenamento da Albufeira de Santa Clara e altera a delimitação da Reserva Ecológica Nacional dos
concelhos de Odemira e de Ourique;
Resolução de Conselho de Ministros n.º 188/2007 de 28 de Dezembro;
Resolução de Conselho de Ministros n.º 19/95, de 8 de Março, que ratifica o Plano Director Municipal
de Montalegre;
Resolução de Conselho de Ministros n.º 37/98, 9 de Março, que ratifica o Plano de Ordenamento da
Albufeira de Póvoa e Meadas;
Resolução de Conselho de Ministros n.º 43/2004, que ratifica a suspensão parcial do Plano Director
Municipal de Vila Franca de Xira;
Resolução de Conselho de Ministros n.º 65/95, de 6 de Julho, que ratifica a alteração ao Plano
Director Municipal de Oeiras;
Resolução de Conselho de Ministros n.º 66/2004, de 26 de Maio, que ratifica parcialmente a alteração
do Plano Director Municipal de Loulé e aprova a alteração da delimitação da Reserva Ecológica
Nacional;
Resolução de Conselho de Ministros n.º 77/2005, de 21 de Março, que aprova o Plano de
Ordenamento do Parque Natural da Serra de São Mamede (POPNSSM);
90
Resolução de Conselho de Ministros n.º 78/2009, de 2 de Setembro, que aprova o Plano de
Ordenamento do Parque Natural da Ria Formosa;
Resolução de Conselho de Ministros n.º 81/95, de 24 de Agosto, que ratifica o Plano Director
Municipal de Loulé;
Resolução de Conselho de Ministros n.º 92/2002, de 7 de Maio, que Aprova a revisão do Plano de
Ordenamento da Albufeira da Caniçada;
Resolução do Conselho de Ministros n.º 100/2003, de 27 de Fevereiro, que ratifica a suspensão
parcial do Plano Director Municipal da Figueira da Foz e do Plano de Urbanização da Figueira da Foz
e o estabelecimento de medidas preventivas para a mesma área, no município da Figueira da Foz;
Resolução de Conselho de Ministros n.º 108/99, de 25 de Setembro, Ratifica a alteração à planta de
ordenamento do Plano Director Municipal de Castelo de Vide, ratificado pela Resolução do Conselho
de Ministros n.º 126/97 de 30 de Julho;
Resolução do Conselho de Ministros n.º 115-A/2008, de 21 de Julho, que aprova o Plano Sectorial da
Rede Natura 2000 relativo ao território continental;
Resolução do Conselho de Ministros n.º 152/2001, de 11 de Outubro, que adopta a Estratégia
Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade;
Resolução do Conselho de Ministros n.º 164/99, de 18 de Junho, que ratifica o Plano Director
Municipal da Figueira da Foz;
Resolução do Conselho de Ministros n.º 42/94, que ratifica o Plano Director Municipal da Figueira da
Foz;
Resolução do Conselho de Ministros n.º 66/2001, que determina a elaboração do plano sectorial
relativo à implementação da Rede Natura 2000 e constitui a respectiva comissão mista de
coordenação;
91
ANEXO I – Fichas dos Indicadores Ambientais
Código: 1 Ocupação de áreas naturais e semi-naturais
Período de análise: Unidade Espacial: Unidade(s) de medida: Fonte(s):
1990-2006 Municipal ha ou % Projecto CORINE Land
Cover
Enquadramento:
Optou-se por identificar quais as áreas naturais e semi-naturais, com o intuito de abranger a maior
parte dos recursos naturais, possibilitando assim a análise da sua evolução perante a implementação
dos PDM em território nacional.
Descrição:
O presente indicador é definido pelo somatório das seguintes classes referentes ao nível três do
Projecto CORINE Land Cover: ―florestas de folhosas‖, ―florestas de coníferas‖, ―florestas mistas de
folhosas e coníferas‖, ―prados naturais‖, ―charnecas ou matos‖, ―vegetação esclerófila‖, ―floresta ou
vegetação arbustiva de transição‖, ―praias, dunas ou areais‖, ―zonas de vegetação esparsa‖,
―pântanos ou pauis‖, ―turfeiras‖, ―sapais‖, ―salinas‖, ―zonas intermareais‖, ―lagoas costeiras‖,
―estuários‖, ―terras aráveis não irrigáveis‖, ―terras permanentemente irrigáveis‖, ―arrozais‖, ―vinhas‖,
―pomares de árvore de fruto ou de baga‖, ―olivais‖, ―pastagens‖, ―culturas anuais associadas às
culturas permanentes‖, ―sistemas culturais e parcelares complexos‖, ―zonas principalmente agrícolas
com zonas naturais importantes‖ e ―zonas agro-florestais‖.
O Projecto CORINE Land Cover efectuou os estudos para três espaços temporais diferentes, 1990,
2000 e 2006, sendo que os dois primeiros foram revistos posteriormente. A análise destes três
espaços temporais tem por objectivo traduzir a tendência da situação em que se encontra os espaços
naturais e semi-naturais.
92
Código: 2 Ocupação da área RAN
Período de análise: Unidade Espacial: Unidade(s) de medida: Fonte(s):
1989 até 2010 Municipal ha ou %
Entidade Regional para a
RAN, DRAP, Câmaras
Municipais
Enquadramento:
A Reserva Agrícola Nacional (RAN) foi criada pelo Decreto-Lei n.º 356/75, de 8 de Julho. Segundo o
Decreto-Lei n.º 451/82, de 16 de Novembro, a RAN foi criada com o intuito de defender as áreas de
maiores potencialidades agrícolas, ou que foram objecto de importantes investimentos destinados a
aumentar a sua capacidade produtiva, tendo como objectivo o progresso e a modernização da
agricultura portuguesa.
No entanto apenas com o Decreto-Lei n.º 196/89, de 14 de Junho, se ―atribui a gestão das áreas
integradas na RAN a órgãos regionais representativos das várias entidades com responsabilidade na
matéria, dotando-os, simultaneamente, dos instrumentos jurídicos que lhes possibilitem, em
conjugação com as direcções regionais de agricultura, uma actuação pronta e eficaz perante as
acções violadoras do regime ora instituído.‖
Descrição:
Este indicador traduz a evolução da conservação das áreas com maior potencialidade de produção
de bens agrícolas, representando em parte a protecção do recurso solo com especificidades
importantes e protegendo os ecossistemas associados à actividade agrícola. Para atingir este
objectivo efectuou-se recolha de dados relativos à evolução das áreas integradas na RAN, que
englobam as áreas excluídas aquando da sua delimitação e as áreas ocupadas por usos sujeitos a
parecer favorável.
93
Código: 3 Ocupação da área REN
Período de análise: Unidade Espacial: Unidade(s) de medida: Fonte(s):
1983 até 2010 Municipal ha ou % CCDR, Câmaras Municipais
Enquadramento:
A REN foi criada pelo Decreto-Lei n.º 321/83, de 5 de Julho, com o intuito de ―salvaguardar, em
determinadas áreas, a estrutura biofísica necessária para que se possa realizar a exploração dos
recursos e a utilização do território sem que sejam degradadas determinadas circunstâncias e
capacidades de que dependem a estabilidade e fertilidade das regiões, bem como a permanência de
muitos dos seus valores económicos, sociais e culturais‖.
A REN integrava, pois, ―todas as áreas indispensáveis à estabilidade ecológica do meio e à utilização
racional dos recursos naturais, tendo em vista o correcto ordenamento do território‖.
O regime jurídico da REN foi objecto de ajustamentos significativos, sendo a mais profunda a
efectuada pelo Decreto-Lei n.º 180/2006, de 6 de Setembro, o qual veio consagrar a possibilidade de
viabilizar determinados usos e acções que não ponham em causa a permanência dos recursos,
valores e processos ecológicos que a REN pretende preservar. Tendo-se ainda optado por uma outra
revisão, a qual foi concretizada pelo Decreto-Lei n.º 166/2008, de 22 de Agosto, que se encontra em
vigor desde 22 de Setembro de 2008.
Descrição:
O presente indicador pretende traduzir a evolução da área definida como REN, ou seja, áreas com
elevado valor e sensibilidade ecológica, em que um dos intuitos é ―proteger os recursos naturais água
e solo, bem como salvaguardar sistemas e processos biofísicos associados ao litoral e ao ciclo
hidrológico terrestre, que asseguram bens e serviços ambientais indispensáveis ao desenvolvimento
das actividades humanas‖, segundo a alínea 3a), do artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 166/2008, de 22 de
Agosto. Com o intuito de atingir tal objectivo foi necessário contabilizar as áreas excluídas na
sequência de alterações da delimitação da REN, as áreas respeitantes a ocupações que obtiveram
parecer favorável e as áreas desafectas.
94
Código: 4 Ocupação da área de floresta
Período de análise: Unidade Espacial: Unidade(s) de medida: Fonte(s):
Até 2010 Municipal ha ou %
Projecto CORINE Land
Cover, Relatórios do Estado
do Ambiente
Enquadramento:
A floresta em Portugal tem evoluído conforme as actividades económicas que vigoram em
determinadas ocasiões. Segundo o Relatório do Estado do Ambiente de 2000, nas últimas décadas
tem-se verificado um aumento da ocupação florestal, no entanto este aumento deve-se ao aumento
das plantações de eucalipto que se tem vindo a verificar, devido ao crescimento da indústria de
celulose.
A floresta constituiu só por si um recurso natural com elevado valor e para além deste facto tem uma
elevada importância na preservação do ambiente e dos recursos naturais, tal como a agricultura.
Descrição:
O objectivo deste indicador ambiental é obter a tendência da ocupação florestal em território
continental, analisando deste modo a preservação deste recurso natural e dos recursos naturais
dependentes deste. Para tal, recorreu-se aos dados disponibilizados pelo Projecto CORINE Land
Cover nos diferentes espaços temporais, definindo-se que a área florestal a ser contabilizada
corresponderia ao somatório das seguintes classes referentes ao nível três: ―florestas de folhosas‖,
―florestas de coníferas‖, ―florestas mistas de folhosas e coníferas‖ e ―floresta ou vegetação arbustiva
de transição‖ Error! Reference source not found.. Como é possível verificar, este indicador não
diferencia nem o estado em que se encontra a floresta nem as espécies que constituem a floresta.
95
Código: 5 Ocupação da área artificializada
Período de análise: Unidade Espacial: Unidade(s) de medida: Fonte(s):
Até 2006 Municipal ha ou %
Projecto CORINE Land
Cover, Relatórios do Estado
do Ambiente
Enquadramento:
A expansão urbana é um dos temas com o qual a sociedade se depara, sendo que comporta não
apenas problemas de cariz ambiental, mas também de cariz de ordem social. Segundo o relatório
intitulado ―Urban sprawl in Europe — the ignored challenge‖ (A expansão urbana na Europa — o
desafio ignorado), mais de um quarto do território da União Europeia encontra-se já urbanizado,
afectando disponibilidade de recursos, tanto a nível de consumo como de ocupação.
Descrição:
O presente indicador pretende analisar a evolução das áreas artificializadas que incluem ―Tecido
urbano contínuo‖, ―Tecido urbano descontínuo‖, ―Unidades industriais ou comerciais‖, ―Rede
rodoviária ou ferroviária e zonas associadas‖, ―Zonas portuárias‖, ―Aeroportos‖, ―Zonas de extracção
mineira‖, ―Zonas de deposição de resíduos industriais ou urbanos‖, ―Zonas de construção‖, ―Zonas
verdes urbanas‖ e ―Equipamentos desportivos ou lazer‖ Error! Reference source not found.,
nomenclatura definida no Projecto CORINE Land Cover.
O estudo deste indicador tem por base a tentativa de analisar a existência de alterações do uso do
solo no que diz respeito ao aumento de áreas artificializadas em declínio de áreas designadas por
áreas naturais e semi-naturais e de áreas classificadas com o intuito de protecção.
96
Código: 6 Ocupação da área agrícola
Período de análise: Unidade Espacial: Unidade(s) de medida: Fonte(s):
Até 2010 Municipal ou Nacional ha ou %
Projecto CORINE Land
Cover, Relatórios do Estado
do Ambiente
Enquadramento:
O ecossistema agrícola é muito importante para a preservação dos recursos naturais e apresenta-se
como elo de ligação entre a natureza e o ser humano. Ao criar estas zonas de actividade agrícola de
onde se retira proveitos, criam-se habitats que acolhem diversas espécies e protegem-se alguns
recursos como o solo, se os métodos agrícolas utilizados o permitirem.
Descrição:
No caso do indicador da ocupação de área agrícola recorreu-se também aos dados disponibilizados
pelo Projecto CORINE Land Cover, nos mesmos momentos temporais, definindo-se que a área
agrícola a ser contabilizada corresponderia ao somatório das seguintes classes referentes ao terceiro
nível: ―terras aráveis não irrigadas‖, ―terras permanentemente irrigadas‖, ―arrozais‖, ―vinhas‖,
―pomares de árvore de fruto ou de baga‖, ―olivais‖, ―pastagens‖, ―culturas anuais associadas às
culturas permanentes‖, ―sistemas culturais e parcelares complexos‖, ―zonas principalmente agrícolas
com zonas naturais importantes‖ e ―zonas agro-florestais‖.
97
Código: 7 Conectividade/Fragmentação das áreas naturais e semi-naturais
Período de análise: Unidade Espacial: Unidade(s) de medida: Fonte(s):
Até 2006 Municipal ou Raciona ha ou % Projecto CORINE Land
Cover
Enquadramento:
Um dos problemas associados à expansão urbana desordenada é a fragmentação de habitats, que
consiste num processo de divisão de um habitat contínuo em manchas isoladas Error! Reference
source not found.. Segundo Araújo e Souza (2003), a fragmentação torna-se de grande importância
devido a dois efeitos associados aos ecossistemas: efeitos directos na estrutura dos ecossistemas,
que levam à redução da biodiversidade ao longo dos anos e décadas; e os efeitos indirectos
associados ao suporte da biodiversidade, representados principalmente pela desestabilização dos
recursos naturais solo e água, cujo processo evolui no sentido de degradação Error! Reference
source not found..
Descrição:
No caso deste indicador recorreu-se à análise da existência ou não de ligação entre espaço naturais
e semi-naturais, caracterizados pelo indicador referente à ocupação das áreas natural e semi-natural,
ou seja, através dos mapas disponibilizados pelo Projecto CORINE Land Cover, tentou-se verificar,
ao longo dos três espaços temporais, a existência de uma tendência de conectividade entre as áreas
naturais e semi-naturais de extrema importância para a conservação dos recursos naturais
existentes. Salienta-se que os dados disponibilizados pelo Projecto CORINE Land Cover consideram
apenas a rede viária com uma largura superior a 100 metros, o que exclui a maioria da rede viária em
Portugal continental.
98
99
ANEXO II – Quadro das classes do Projecto CORINE Land Cover que descrevem
os indicadores ambientais.
Quadro 5 - Classes do Projecto CORINE Land Cover que descrevem os indicadores ambientais.
Indicadores Ambientais Classes do Projecto CORINE Land Cover (IGEO, 2007)
Ocupação das áreas natural e semi-
natural
―Florestas de folhosas‖ (311), ―florestas de coníferas‖ (312),
―florestas mistas de folhosas e coníferas‖ (313), ―prados naturais‖
(3219, ―charnecas ou matos‖(322), ―vegetação esclerófila‖ (323),
―floresta ou vegetação arbustiva de transição‖ (324), ―praias, dunas
ou areais‖ (331), ―zonas de vegetação esparsa‖ (333), ―pântanos ou
pauis‖ (411), ―turfeiras‖ (412), ―sapais‖ (421), ―salinas‖ (422), ―zonas
intermareais‖ (423), ―lagoas costeiras‖ (521), ―estuários‖ (522),
―terras aráveis não irrigadas‖ (211), ―terras permanentemente
irrigadas‖ (212), ―arrozais‖ (213), ―vinhas‖ (221), ―pomares de árvore
de fruto ou de baga‖ (222), ―olivais‖ (223), ―pastagens‖ (231),
―culturas anuais associadas às culturas permanentes‖ (241),
―sistemas culturais e parcelares complexos‖ (242), ―zonas
principalmente agrícolas com zonas naturais importantes‖ (243) e
―zonas agro-florestais‖ (244).
Ocupação da área florestal Error!
Reference source not found.
―Florestas de folhosas‖, ―florestas de coníferas‖, ―florestas mistas de
folhosas e coníferas‖ e ―floresta ou vegetação arbustiva de
transição‖.
Ocupação da área artificializada
Error! Reference source not
found.
―Tecido urbano contínuo‖ (111), ―Tecido urbano descontínuo‖ (112),
―Unidades industriais ou comerciais‖ (121), ―Rede rodoviária ou
ferroviária e zonas associadas‖ (122), ―Zonas portuárias‖ (123),
―Aeroportos‖ (124), ―Zonas de extracção mineira‖ (131), ―Zonas de
deposição de resíduos industriais ou urbanos‖ (132), ―Zonas de
construção‖ (133), ―Zonas verdes urbanas‖ (141) e ―Equipamentos
desportivos ou lazer‖ (142).
Ocupação da área agrícola
―Terras aráveis não irrigadas‖ (211), ―terras permanentemente
irrigadas‖ (212), ―arrozais‖ (213), ―vinhas‖ (221), ―pomares de árvore
de fruto ou de baga‖ (222), ―olivais‖ (223), ―pastagens‖ (231),
―culturas anuais associadas às culturas permanentes‖ (241),
―sistemas culturais e parcelares complexos‖ (242), ―zonas
principalmente agrícolas com zonas naturais importantes‖ (243) e
―zonas agro-florestais‖ (244).
100
101
Anexo III – Classes e categorias enunciadas nos PDM de cada estudo-de-caso.
Quadro 6 – Classes e categorias do solo utilizadas no PDM de Montalegre.
Classes Categorias
A – Espaço Urbanos
Áreas urbanas
Áreas urbanizáveis
Lugares rurais a estruturar
B – Espaços industriais Áreas industriais
C – Espaços de indústria extractiva
D – Espaços agrícolas
Áreas agrícolas preferenciais
Áreas agrícolas condicionadas
Áreas agrícolas complementares
D – Espaços florestais
Áreas de floresta de produção
Áreas de floresta de uso
condicionado
Áreas agro-florestais
E – Espaços naturais e culturais
Áreas de protecção natural e
paisagística
Áreas de protecção ao património
edificado
F – Espaços canais e de protecção às infra-estruturas
Rede viária
Redes de águas e esgotos
Rede eléctrica
G – Espaços de equipamentos
H – Espaços de desenvolvimento
turístico
Núcleos com interesse turístico
Núcleos de desenvolvimento turístico
Parques de lazer
Parques de campismo
102
Quadro 7 - Classes e categorias do solo utilizadas no PDM da Figueira da Foz.
Classes Categorias
A – Espaço naturais e de protecção
Espaço naturais e de protecção de grau I
Espaço naturais e de protecção de grau I
B – Espaços agrícolas
Espaços agrícolas de grau I
Espaços agrícolas de grau II ou agrícolas
indiscriminados
C – Espaços florestais
D – Espaços urbanos
Espaços urbanos de grau I
Espaços urbanos de grau II
Espaços urbanos potencialmente reestruturáveis
Núcleos habitacionais
E – Espaços urbanizáveis
Urbanizável de expansão I
Urbanizável de expansão II
Periurbanos I
Periurbanos II
Urbanizável para fins preferencialmente turísticos
Urbanizável para fins industriais
Urbanizável para equipamentos diversos
F – Espaços para indústrias extractivas
Espaço para indústria extractiva consolidada
Espaço para indústria extractiva a reconverter
Espaço para indústria extractiva potencial
G – Espaços culturais
H – Espaços de equipamentos
103
Quadro 8 - Classes e categorias do solo utilizadas no PDM de Castelo de Vide.
Classes Categorias
A – Espaços urbanos
Tecido urbano histórico
Tecido urbano a consolidar
Verde urbano
B – Espaços urbanizáveis Expansão de aglomerado
C – Espaços Industriais
Área industrial existente
Expansão da área industrial
D – Espaços para indústrias extractivas
E – Espaços agrícolas
Áreas de grande potencialidade agrícola
Outras áreas agrícolas
F – Espaços florestais
Aptidão florestal e silvopastoril
Montados a manter ou melhorar
Soutos e carvalhais a manter
G – Espaços naturais
Protecção por uso florestal e silvopastoril
Protecção por uso florestal e silvopastoril
Protecção por soutos e carvalhais
H – Espaços culturais
Espaços culturais isolados
Conjuntos culturais
I – Espaços-canais
104
Quadro 9 - Classes do solo utilizadas no PDM de Oeiras.
Classes
A – Espaços urbanos
B – Espaços urbanizáveis
C – Espaços Industriais
D – Espaços de expansão industrial
E – Espaços naturais e de protecção
F – Espaços de equilíbrio ambiental
G – Espaços de multiuso
H – Espaços semi-rurais
105
Quadro 10 - Classes e categorias do solo utilizadas no PDM de Vila Franca de Xira (2009).
Classes Categorias de Espaço Subcategorias de Espaço
A – Solo rural
Espaços agrícolas
Espaços Agrícolas de Produção
Tipo I
Espaços Agrícolas de Produção
Tipo II
Espaços Agrícolas
Complementares
Espaços florestais
Espaços naturais
Espaços de indústria extractiva
Espaços consolidados
Espaços a recuperar
Áreas de Recursos Geológicos
Potenciais
Aglomerados rurais
Núcleos edificados de quintas
B – Solo urbano
Solos Urbanizados
Espaços Urbanizados
Espaços urbanizados a
reestruturar
Espaços de equipamento
Espaços de Indústria
Espaços Multiusos
Espaços Militares
Solos cuja urbanização seja possível
programar
Espaços a Urbanizar Tipo I
Espaços a Urbanizar Tipo II
Espaços a Urbanizar Tipo III
Espaços a Urbanizar em regime
especial
Espaços para Equipamento
Espaços para Multiusos
Espaços para Turismos
Solos afectos à estrutura ecológica
urbana;
106
Quadro 11 - Classes e categorias do solo utilizadas no PDM de Almodôvar.
Classes Categorias
A – Espaços urbanos e urbanizáveis
Aglomerados de nível I
Aglomerados de nível II
Aglomerados de nível III
B – Espaços Urbanizáveis
Aglomerados de nível I
Aglomerados de nível II
Áreas Verdes
C – Espaços industriais e de serviços
Espaço Industrial existente
Espaço Industrial proposto
D – Espaços de indústrias extractiva
E – Espaços agrícolas
Áreas que integram os solos da RAN
Outras áreas agrícolas
F – Espaços florestais
Áreas agro-silvo-pastoris
Áreas silvopastoris
G – Espaços de protecção e valorização ambiental
H – Espaços culturais
I – Espaços canais Rede rodoviária
J – Espaços de equipamentos e infra-estruturas
Equipamentos a instalar
Infra-estruturas a instalar
107
Quadro 12 - Classes e categorias do solo utilizadas no PDM de Odemira.
Classes Categorias
A – Aglomerados populacionais
Aglomerados urbanos de categoria I
Aglomerados urbanos de categoria II
Aglomerados urbanos de categoria III
B – Área de fraccionamento ilegal da propriedade
rústica
C – Áreas para equipamentos e infra-estruturas
D – Áreas afectas às albufeiras de águas públicas
E – Espaços turísticos
F – Espaços agrícolas
G – Espaços de protecção e valorização ambiental
Espaços de Protecção e Valorização Ambiental 1
Espaços de Protecção e Valorização Ambiental 2
Espaços de Protecção e Valorização Ambiental 3
Espaços de Protecção e Valorização Ambiental 4
H – Espaços agro-silvo-pastoris
Categoria I - Define as áreas ocorrentes na Faixa
Litoral do território do Município
Categoria II - Define as áreas ocorrentes nas
Faixas Central e Interior do Município
108
Quadro 13 – Categorias e subcategorias do solo utilizadas no PDM de Loulé (1994).
Categorias Subcategorias
A – Espaços urbanos
Aglomerados urbanos do tipo A
Aglomerados urbanos do tipo B
Aglomerados urbanos do tipo C
Áreas urbano-turísticas
B – Espaços culturais
C – Espaços urbanizáveis
Espaços urbanizáveis de expansão
Áreas de edificação dispersa a estruturar;
Áreas com função não habitacional
Áreas destinadas à localização de equipamentos
sociais, desportivos, de lazer e serviços
Áreas de reconversão urbanística
D – Espaços industriais
E – Espaços para equipamentos e grande infra-
estruturas
F – Verde urbano
G – Espaços agrícolas
RAN
Áreas de uso predominantemente agrícola
Áreas de agricultura condicionada I
Áreas de agricultura condicionada II
H – Espaços florestais
Espaços florestais de produção-protecção
Espaços florestais de protecção
I – Espaço para indústrias extractivas
Espaços de indústrias extractivas consolidadas
Espaços de indústrias extractivas a reconverter
Espaços para novas indústrias extractivas
G – Espaços naturais
Espaços naturais de grau I (REN)
Espaços naturais de grau II
Espaços naturais de grau III
I – Espaços-canais
Rede ferroviária e rodoviária
Rede geral de transporte de energia eléctrica
109
Quadro 14 – Classes, categorias e subcategorias do solo utilizadas no PDM de Loulé (2004).
Classes Categorias de Espaço Subcategorias de Espaço
A – Solo rural
Espaços agrícolas
RAN
Áreas de uso predominantemente agrícola
Áreas de agricultura condicionada I
Áreas de agricultura condicionada II
Espaços florestais
Espaços florestais de produção-protecção
Espaços florestais de protecção
Espaços naturais
Espaços naturais de grau I
Espaços naturais de grau II
Espaços naturais de grau III
Espaços para indústria extractiva
Espaços de indústrias extractivas consolidadas
Espaços de indústrias extractivas a reconverter
Espaços para novas indústrias extractivas
Espaços Canais
Rede ferroviária e rodoviária
Rede geral de transporte de energia eléctrica
B – Solo urbano
Espaços Urbanos
Aglomerados urbanos do tipo A
Aglomerados urbanos do tipo B
Aglomerados urbanos do tipo C
Áreas urbano-turísticas
Espaços Urbanizáveis
Espaços urbanizáveis de expansão
Áreas de edificação dispersa a estruturar;
Áreas com função não habitacional
Áreas destinadas à localização de equipamentos sociais, desportivos, de lazer e serviços
Áreas de reconversão urbanística
Solos afectos à estrutura
ecológica
Verde Urbano
Espaços Culturais
110
111
ANEXO IV – Características de cada estudo-de-caso.
Quadro 15 – Características de cada estudo-de-caso.
Indicador Montalegre Figueira da
Foz
Castelo de
Vide Oeiras
Vila Franca
de Xira Almodôvar Odemira Loulé
Portugal
Continental
Áreas (2008,ha)1
80.550,00 37.910,00 26.490,00 4.580,00 31.770,00 77.790,00 172.060,00 76.420,00 8.897.130,00
1º PDM1 1995 1994 1997 1994 1993 1998 2000 1995 -
Revisão (2008)1 Sim Sim - Sim Sim - - - -
PEOT (2008)1 2 1 2 0 1 0 3 2 69
% do município com
Área Protegida (2010)3
19,00 0,10 62,40 0,00 23,40 0,00 18,30 4,70 8,50
População Residente
(2009, hab)1
11.216,00 63.023,00 3.677,00 172.609,00 144.123,00 7.045,00 25.221,00 66.085,00 10.144.940,00
Taxa de crescimento
efectivo (2008;%)1
-1,81 -0,15 -1,02 0,32 1,47 -2,15 -0,57 0,99 0,08
Taxa de desemprego
(2001;%)2
9,50 7,40 5,80 7,00 6,60 7,50 8,30 5,00 6,70
Taxa de actividade
(2001 %)2
33,00 45,60 40,80 53,70 54,40 39,40 40,70 48,90 48,10
112
Quadro 16 - Características de cada estudo-de-caso (continuação).
Indicador Montalegre Figueira da
Foz
Castelo de
Vide Oeiras
Vila Franca
de Xira Almodôvar Odemira Loulé
Portugal
Continental
Ganho médio mensal
(2008;€)1
662,80 980,90 711,70 1617,90 1038,30 674,50 965,20 887,40 965,20
Densidade de Empresas
(N.º/km2)1
0,90 17,60 1,10 501,70 39,60 0,80 1,30 13,50 11,90
Hóspedes nos
estabelecimentos
hoteleiros (2008)1
6.843,00 106.117,00 24.145,00 115.618,00 - - 24.909,00 453.586,00 11.926.456,00
Sector terciário social
(2001, %)2
21,19 3,44 27,47 28,10 31,91 22,56 28,10 50,09 3,44
Sector terciário
económico (2001, %)2
24,36 25,54 41,91 25,06 26,13 27,47 25,06 20,66 25,54
Sector secundário
(2001, %)2
27,34 35,10 23,24 25,33 36,81 35,71 25,33 23,12 35,10
Sector primário
(2001, %)2
27,11 4,98 7,39 21,51 5,16 14,26 21,51 6,14 4,98
Fontes:
1 – Anuários Estatísticos das Regiões 2008, INE (2009).
2 – Censos 2001, INE.
3 – ICNB, 2010.
113
ANEXO V – Quadros-resumo dos indicadores ambientais para cada estudo-de-caso.
Quadro 17 – Percentagem de ocupação das áreas naturais e semi-naturais, artificializadas, florestais e agrícolas, para 1990, 2000 e 2006, e a percentagem de variação entre 1990 e 2006, para os estudos-de-caso.
Áreas Naturais e
Área Artificializada Área Florestal Área Agrícola
Semi-naturais
1990
(%
)
2000
(%
)
2006
%)
Δ19
90-2
006 (
%)
1990
(%
)
2000
(%
)
2006
(%
)
Δ19
90-2
006 (
%)
1990
(%
)
2000
(%
)
2006
(%
)
Δ19
90-2
006 (
%)
1990
(%
)
2000
(%
)
2006
(%
)
Δ19
90-2
006 (
%)
Estu
do
s-d
e-c
aso
Montalegre 96,02 95,52 95,28 -0,77 0,28 0,40 0,43 53,49 19,96 19,62 19,43 -2,66 28,33 28,29 28,22 -0,38
Figueira da Foz 93,03 91,86 91,59 -1,55 5,95 7,03 7,85 31,99 52,59 52,90 52,74 0,28 33,26 32,60 32,49 -2,31
Castelo de Vide 98,08 98,73 98,59 0,53 0,32 0,32 0,32 -0,03 25,90 26,92 27,30 5,41 42,41 42,01 41,82 -1,41
Oeiras 59,39 27,58 32,57 -45,15 39,87 61,77 66,78 67,49 0,005 0,020 0,020 301,11 58,43 22,80 21,06 -63,96
Vila Franca de Xira 91,12 87,94 86,85 -4,68 5,19 9,15 10,28 98,03 3,04 3,07 2,90 -4,42 69,75 66,54 65,89 - 5,53
Almodôvar 99,68 99,19 99,54 -0,15 0,16 0,23 0,23 43,87 37,61 40,47 42,05 11,80 56,06 53,86 53,42 -4,70
Odemira 98,78 98,67 98,67 -0,11 0,10 0,35 0,35 239,33 43,32 50,36 53,69 23,94 51,44 44,34 41,39 -19,54
Loulé 97,12 94,40 93,72 -3,51 2,80 5,40 6,05 116,37 32,77 32,27 32,86 0,27 43,55 42,27 42,22 -3,05
114
Quadro 18 – Dados relativos aos indicadores ambientais de ocupação de RAN e de REN, e de fragmentação/conectividade das áreas naturais e semi-naturais.
% RAN
% RAN excluída
% REN
% REN excluída
Fragmentação das áreas naturais e semi-naturais
e ocupada e ocupada
por usos não-agrícolas por usos pretendidos
Estu
do
s-d
e-c
aso
Montalegre 7,00 0,00 42,00 0,00 Aparente inexistência de fragmentação
Figueira da Foz 22,00 1,00 60,00 - Aparente inexistência, mas alguma dispersão
Castelo de Vide
Não obtive resposta do arquitecto responsável
Não obtive resposta do arquitecto responsável Aparente inexistência de fragmentação
Oeiras 7,00 0,06 Não publicada Aumento da fragmentação
Vila Franca de Xira 52,00 1,42 60,00 - Ligeiro aumento da fragmentação
Almodôvar 0,12 0,00 60,00 0,00 Aparente inexistência de fragmentação
Odemira 17,00 0,25 34,00 0,26 Aparente inexistência de fragmentação
Loulé 20,00 2,00 32,00 1,00 Aumento da fragmentação na zona costeira
115
ANEXO VI – Distribuição espacial das áreas naturais e semi-naturais nos estudos-
de-caso nos anos 1990, 2000 e 2006.
Figura 16 – Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Montalegre, 1990.
Figura 17 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Montalegre, 2000.
116
Figura 18 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Montalegre, 2006.
Figura 19 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Figueira da Foz, 1990.
117
Figura 20 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Figueira da Foz, 2000.
Figura 21 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Figueira da Foz, 2006.
118
Figura 22 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Castelo de Vide, 1990.
Figura 23 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Castelo de Vide, 2000.
119
Figura 24 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Castelo de Vide, 2006.
Figura 25 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Oeiras, 1990.
120
Figura 26 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Oeiras, 2000.
Figura 27 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município de Oeiras, 2006.
121
Figura 28 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Vila Franca de Xira, 1990.
Figura 29 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Vila Franca de Xira, 2000.
122
Figura 30 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Vila Franca de Xira, 2006.
Figura 31 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Almodôvar, 1990.
123
Figura 32 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Almodôvar, 2000.
Figura 33 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Almodôvar, 2006.
124
Figura 34 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Odemira, 1990.
Figura 35 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Odemira, 2000.
125
Figura 36 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Odemira, 2006.
Figura 37 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Loulé, 1990.
126
Figura 38 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Loulé, 2000.
Figura 39 - Distribuição das áreas naturais e semi-naturais no município Loulé, 2006.