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Conselho Regional de Química – IV Rua Oscar Freire, 2.039 – Pinheiros – SP/SP – CEP 05409-011 www.crq4.org.br 1 PARECER TÉCNICO EMENTA: PARECER REFUTANDO AS ALEGAÇÕES APRESENTADAS PELO CREA-SP AO IMPETRAR AÇÃO DECLARATÓRIA CUMULADA COM AÇÃO COMINATÓRIA COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA CONTRA ESTE CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA-4ª REGIÃO .

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P ARECER T ÉCNI CO

EM ENTA: PARECER

REFUTANDO AS ALEGAÇÕES

APRESENTADAS PELO CREA-SP

AO I MPETRAR AÇÃO DECLARATÓRIA CUMULADA

COM AÇÃO COMI NATÓRIA COM

PEDI DO DE ANTECI PAÇÃO DE TUTELA CONTRA ESTE

CONSELHO REGIONAL DE

QUÍMI CA-4ª REGI ÃO.

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O Conse lho Regiona l de Qu ímica – 4 ª Região,

de acordo com o dis posto na Lei n º 2 .800 , de 18 de junho de 1956 , e

dem a is no rmas vigentes exped idas pelo Cons elho Federal de

Qu ím ica , é a en tidade com pe ten te pa ra fis ca li za r o exe rcíc io das

ati vidades pro fissiona is na área da Química nos Es tados de São

Pau lo e Ma to Gross o do Su l .

Com o é de sua compe tência , o CRQ-IV

man tém o regis tro de empresas e p ro fiss ionais da qu ím ica , zelando pe lo cumprim en to do cód igo de é ti ca e a tuando na de fesa dos

inte ress es da sociedade nas ques tões que envo lvem o exe rcício de

ati vidades p ro fissiona is na á rea da qu ímica .

Das inves tidas do CREA con tra em pres as da área da Qu ímica

Há algum tem po , es te CRQ vem observando inves tida do Cons elho Reg iona l de Engenharia e Arqu i te tura do

Es tado de São Paulo con tra empres as que desenvo lvem a tividades

na á rea da Qu ímica e que es tão regis tradas no CRQ-IV. Agora , chega

ao nosso conhecim ento que o CREA-SP p ropôs um a ação

decla rató r ia cumulada com ação comina tó ria com ped ido de

an tecipação de tute la con tra es te Conse lho Reg iona l de Quím ica,

onde , em outras palavras , p retende que em pres as que a tuam no s e tor de trans fo rmação de plás ti cos s ejam desobrigadas de registro no

CRQ-IV.

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A ten tati va do CREA-SP de faze r o judic iá rio acred i ta r que es te Conse lho Regional de Qu ímica esta ria invadindo o

campo de a tuação daquele ó rgão mas cara a verdadei ra intenção que,

no m eu en tender, é a de faze r com que as em presas do seto r de

plás ti cos passem a se r c lass ifi cadas como empres as de engenharia e

sejam obrigadas ao reg is tro naquele ó rgão .

Des taco que o se to r de p lás ti cos é um dos

segm entos indus tria is que mais emprega p ro fissionais da qu ím ica em

noss o Es tado , exis tindo a tualm en te mais de 1 .500 p ro fiss ionais da qu ímica traba lhando nas ma is de 800 em presas dess a á rea

reg is tradas no CRQ-IV.

A re lação en tre número de empresas /p ro fiss iona is mos tra , de uma fo rma inequ ívoca , que o

pro fissiona l da quím ica tem um cons ide ráve l mercado de traba lho nas

empresas do s e tor de plás ti cos , sendo que alguns es tabelecimen tos chegam a man ter m ais de um pro fissiona l da qu ímica em seus

quadros . Fica , dess a form a , di fíc i l de acred i tar nas cons ide rações do

rep res en tan te do CREA quando alega que não há a ti vidade química

nas indús tr ias de trans formação de p lás ticos .

O equívoco cometido pe lo rep res entan te

daque le ó rgão quando ele ten ta classi fi ca r a indús tr ia de trans formação de p lásti cos como empresa de engenharia se rá

evidenciado m a is ad ian te .

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Das fina lidades dos Cons elhos

Os Conse lhos de Fisca li zação são órgãos

púb li cos que fo ram criados para con tro lar o exe rcíc io p ro fissiona l nas

dive rs as áreas : Qu ímica , Med icina, Engenharia , Fa rmácia,

Con tabi l idade , e tc.

Cada Conselho , em s ua á rea de atuação , tem

como a tr ibuição fis cal i za r a ti vidades p rofiss iona is e reg is trar pro fissiona is e em presas , ze lando pe la éti ca em de fes a dos

inte ress es da s ociedade. Assim sendo , os CRQs fis ca l i zam a tividades

na á rea da Qu ímica ; aos CREAs compe te fis cal i za r a ti vidades de

Engenharia , Arqu i te tu ra e Agronomia .

Das a firm ações e a legações do CREA-SP

Em sua p ropos i tu ra , o rep res en tan te do CREA-

SP ress a l ta a importância da indústr ia de transfo rm ação de plásti cos,

sob re tudo na p rodução de emba lagens. Destaca a im portância da

co rre ta fab ricação e ap l i cação das em ba lagens , e con fi rma s er

ind is cutíve l a necess idade de que aquele se to r s eja fis ca l i zado , no

inte ress e de toda a s ociedade, quan to à pe rfeição técn ica com que é

conduzido . Afi rm a, en tão , que a ci tada fis ca l i zação com pe te aos cons e lhos pro fissionais. Pross egue ci tando a l inha de b r inquedos

como exem plo de p rodu tos plás ti cos de importância , os qua is têm

con ta to d i re to e diá r io com as cr ianças b ras ile iras .

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O p ropos i tor a firm a , a inda, que a noss a

leg is lação impõe que as empresas que s e ded icam a a ti vidades

indus tria is es pecia li zadas devam s e regis tra r em um cons e lho

pro fissiona l e ind ica r um respons áve l técn ico a s er ano tado , o qual

responderá pe la pe rfe ição técn ica da p rodução da em pres a , pe ran te

o Conse lho e pe ran te a s ociedade. De fende que a Le i n º 6 .839 /80

es tabelece que o regis tro deve rá s e da r em apenas um dos conse lhos exis tentes , ma is exa tamen te naque le que melho r co rres ponder à

ati vidade básica , ou preponderante , da empres a . Concluiu , en tão,

que ati vidades indus triais se r iam a tividades de engenharia e que, po rtan to , s er iam cam po de fis ca li zação dos Conse lhos Reg iona is de

Engenharia , Arqu ite tu ra e Agronomia . Esta r ia inclu ído ness e cam po,

segundo o CREA, o s e tor de trans formação de p lás ticos .

Na tenta ti va desen freada de te r s eu p le i to

ap rovado , quando requer que as empresas trans fo rmadoras de

plás ti cos se jam des obrigadas de reg is tro no Conse lho Reg ional de Qu ím ica , o rep res en tan te do CREA-SP acaba se pe rdendo e

cometendo dive rs os equívocos , por exemp lo , ao a firm ar que química

é uma d iscip lina s em bas e cien tífica pa ra prove r todos os

conhecim en tos de que uma em presa necess i ta pa ra s ob revive r,

igno rando que a qu ím ica é uma ciência e das mais importan tes pa ra o

des envo lvimen to mund ial ; não um a s imples discipl ina , como a fi rm a o

advogado . Afi rm a , ma is ad iante , que não havendo reações químicas não há a ti vidade fis cal izáve l pe lo CRQ, des conhecendo que o papel

do p rofiss ional da qu ím ica não s e res tr inge a provocar reações

qu ímicas , mas a con trolá - las e m esm o a in ib i -las quando necessário.

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Em outro pon to de s ua tes e , ao se re fe ri r à engenharia qu ímica , ele reco rre a d ic ioná rios e ten ta transfo rm ar “quím ica” em ad je tivo de

“engenharia ”.

Da contes tação pelo CRQ-IV às a legações do rep resen tante do CREA

An tes de aborda r alguns aspectos técn icos que

mos tram s e r inacei tável a p re tensão do CREA-SP, quero concordar com o represen tante daque le ó rgão quando e le a fi rma que o s eto r de

trans formação de p lásti cos tem g rande importância den tro do

segm ento indus tr ial . Sem dúvidas , ess e tipo de indústr ia requer que o process o produ tivo se ja conduzido po r pess oal tecn icamen te

capacitado e l ega lmente habi l i tado e que, a inda , exe rça s uas

ati vidades em obed iência aos p recei tos da é ti ca p ro fiss iona l . Também

concordo que a p ro fiss ionali zação nas em pres as requer traba lho mul tid is cip lina r, exig indo o envo lvimen to de pess oas com fo rmação

em dive rs as á reas. Minha concordância, no en tan to , ence rra -se por

aqu i .

Ao con trár io daqu ilo que acusa o

rep res en tan te do CREA não é o Cons e lho Regional de Química quem

ten ta regis tra r todo e qualquer tipo de indús tria . Al iás , são inúmeros

os casos de em pres as reg is tradas no CRQ-IV que já fo ram au tuadas

adm inistra ti vam ente pelo CREA-SP sob a a legação que es tas

deve riam esta r reg is tradas naque le ó rgão . Entendo, inclus ive , que o CREA-SP des e ja que “indús tr ia ” e “engenharia” se jam conside radas a

“mesma co isa ” pe lo jud iciá r io .

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De uma fo rma bas tan te s im plis ta o CREA-SP ten ta encon tra r nos d icioná rios um a liado à sua tes e. Es quece-se , no

en tan to, que o m undo evo lu i e novos te rmos /ati vidades vão su rg indo,

como: engenharia econôm ica , reengenharia , engenharia gené tica .

Po r exem plo, o termo “engenharia econômica”

é es trei tam en te ligado à a tuação de econom istas e adm inis trado res e

não pode s er c lassi fi cada como atividade fisca l i zada pelo CREA. A técn ica de “reengenharia ”, bas tante di fundida na década passada,

preconiza uma m udança rad ical em p rocessos de negócios,

independen temen te do tipo de empres a, envo lvendo a a tuação de pro fissiona is de vá rias á reas, especia lmen te , os departamen tos de

recu rs os humanos, o rgan ização indus tr ial e finance iro . A “engenharia

gené tica ”, por sua vez, é defin ida, s egundo o D icioná rio “Auré l io ”,

como “o conjun to de técnicas de al te ração arti fi cial de genes e da rep rodução de o rgan ismos, e que pe rmi te , p . ex., a produção de

se res transgên icos e de clones ” . Es ta ú l tima a ti vidade envolve a

atuação de p rofiss ionais de dive rs as á reas , com o: Méd icos, Biom édicos , Bió logos , Qu ímicos , Farmacêu ticos , Ag rônomos , e tc.

É importan te ressa l tar que os cu rsos de

engenharia não são como os cu rsos de D i re ito , onde o p ro fissional

gradua-s e como bachare l em d i re ito , s endo as especia l izações nas

dive rs as á reas (trabalh is ta, cr imina l , e tc.) desenvo lvidas pelo

pro fissiona l após o final do curs o .

O a luno m atr i cu lado num cu rs o de engenharia

qu ímica , por exemp lo, cumpre com ponen tes curr i cu la res mu i to

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di fe rentes daque les cumpridos po r um estudante de engenharia c ivi l. São curs os com es tru turas que não s e con fundem , po is se tra tam de

pro fissões dis tin tas .

As s im s endo, a idéia de que “quím ica ” s e ria

ad je ti vo pa ra qua li fi ca r a palavra “engenharia” não pode p revalece r.

Lem bro que a engenharia química ap res en ta ca racte rís ti cas

pa rti cula res , tendo os p r ime i ros cu rs os em noss o Pa ís s ido des envo lvidos a pa rti r da es tru tu ra de cursos de quím ica industr ia l já

exis tentes .

Ao classi fi car a quím ica com o um a “d is cip lina ”,

o CREA ten ta igno ra r e des res pe i ta a exis tência de um a im portan te

pro fissão , cujo reconhecim en to em noss o Pa ís se deu pelo Decre to n º

24 .693, de 12 de ju lho de 1934 , quando fi cou estabelecido se rem cons iderados p ro fissiona is da qu ímica , os po rtado res de d ip loma de

qu ímico , químico indus tr ia l, químico indus tr ia l ag ríco la e de

engenhei ro qu ím ico . Já a regu lamen tação da p ro fissão de químico oco rreu pelo Decreto - lei n º 5 .452 , de 01 /05 /43 , C .L .T. – Cons o lidação

das Leis do Trabalho .

Quando a fi rma que na época da pub li cação do

Decre to - le i nº 5 .452 /43 nossa a ti vidade industr ia l era “pra ti camen te

semi -artes ana l ” e que as pess oas que dominavam de te rminado

conhecim en to p rocu ravam explo rá -lo comercialm en te , o advogado do CREA, m a is um a vez, des res pe i ta a pro fiss ão de qu ímico e ten ta

min im iza r sua im portância na a tualidade. Es quece-se e le que mu i to

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do desenvo lvim ento da indústr ia nacional e m undia l es tá d i re tamen te l igado à evo lução da quím ica .

Ness es s essen ta anos que s e passa ram desde

a pub l icação da CLT mui tos novos cu rs os da á rea da quím ica fo ram

cr iados. Atua lmente , são m ais de 100 (cem) d i feren tes títu los de

pro fissiona is da qu ímica de n íve l s uperio r e de n íve l técn ico.

Pro fi ssiona is es tes que s ão p reparados po r facu ldades e es colas técn icas para a tua rem nas ma is va r iadas áreas , dependendo do

respectivo campo de concen tração de estudos .

No âmbi to do ensino técn ico, in icia lm ente foi

cr iado o cu rs o técn ico em qu ím ica , que, m ais ta rde , deu o r igem a

cu rsos de fo rm ação concentrada em s e to res específicos , com o:

ce râm ica , al im entos , cu rtume, açúcar e á lcool , petroquím ica , plás ti cos , b ioqu ímica , labo ra tór io , me io am b iente , entre outros .

Em se tra tando do ens ino s uperio r, inic ia lmen te exis tiam os curs os de engenharia qu ím ica , química

indus tria l e qu ím ica . Depo is , fo ram cr iados os cu rs os de bachare lado ,

de tecno log ia e de l i cencia tu ra em qu ím ica . Da mesma fo rma que

oco rreu no ens ino técn ico , ma is ad ian te , os curs os de química

superior de ram o rigem a cu rsos de fo rmação concen trada em á reas

específi cas , como: pol ím eros , ce râm ica , me ta lurg ia , a limen tos,

açúca r e á lcoo l , têxti l , saneamento , m e io am b ien te , laborató r io , e tc.

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Do campo de a tuação dos p rofissiona is da Qu ímica

Os rep res en tan tes do CREA ins is tem em

associar a figu ra do p ro fiss iona l da Qu ím ica exclus ivam ente ao

labo ra tó r io , com o se esta foss e a ún ica a ti vidade compreendida na

pro fissão de Qu ímico .

De fato , as a ti vidades labo rato r ia is são importan tíssim as pa ra o des envo lvimen to de novos produtos da á rea

da Química , bem como pa ra execução do con trole de qualidade

qu ímico , fís ico -quím ico e /ou microbiológ ico de ma tér ias -pr im as, produ tos in termediá r ios e p rodu tos acabados . Con tudo , não se pode

afi rmar que a a ti vidade Qu ímica s e res tr inge ao labora tó r io.

Des de m inha g raduação com o Engenhei ro Indus tria l – m odal idade Qu ímica , no ano de 1965 pe la Es cola de

Engenharia da Unive rs idade Mackenzie , sem pre desem penhei minhas

ati vidades como p ro fiss ional da Qu ímica , atuando como ge ren te indus tria l em indús tr ia qu ímica e como pro fess o r ti tula r da d iscip l ina

qu ímica indus tr ia l em cu rs os de Engenharia Quím ica e Química

Indus tria l . Des taco que es tas duas a ti vidades p ro fiss ionais poderiam

se r, p lenamente , des empenhadas po r um Químico Indus tr ial, m as

jam a is po r pro fissiona l de ou tra modal idade de Engenharia , com o:

Civi l , Mecân ica ou Elé tri ca .

Logo , não poss o concorda r com a a fi rma tiva

do advogado do CREA-SP quando alega que ati vidade indus tr ial s e ria

ati vidade de engenharia.

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A a ti vidade industr ia l requer o emprego de

tecno log ia e, es peci fi cam en te na área da qu ímica , requer o emprego

de tecnologia qu ímica. A engenharia quím ica tem im portan te

pa rti c ipação na otimização da tecnologia qu ím ica , m as da í afi rm ar

que uma indús tr ia qu ím ica te ria como a tividade p reponderan te a

engenharia qu ím ica há um a enorm e dis tância .

Pa ra um m elho r en tendim en to s ob re o assun to

en tendo se r opo rtuno es cla rece r alguns aspectos s ob re

process amento quím ico e a abrangência da p rofiss ão de Qu ím ico .

O p rocessam ento qu ímico pode s er

ca racter izado pela oco rrência de conversões qu ímicas e /ou

operações un i tá r ias que trans fo rmam maté rias -p rimas em p rodu tos fina is .

As conversões qu ímicas consis tem num sis tema de um a ou m ais reações qu ímicas , c ien tífi ca e tecn icamen te

viáve is em es cala pi lo to e econom icam ente viáve is em es cala

indus tria l .

As operações uni tá rias s ão operações onde

oco rrem trans fo rmações fís icas e /ou fís ico -quím icas , real i zadas em

equ ipam en tos es pecífi cos , tanto em es cala p iloto como indus tr ial , que po r m eio da ap licação dos fenômenos de trans porte pe rmitem e

comp lemen tam :

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a) a o tim ização e in teração de conversões qu ímicas nos p rocess os indus tria is ;

b ) a p reparação das ma té rias -p rim as a s e rem p rocessadas ;

c) a o timização e a racionali zação energé tica dos p rocess os ;

d ) a separação e /ou pu ri fi cação de produ tos inte rm ediá r ios e /ou

fina is dos p rocessos ;

e ) con tro le e tratam ento de e fluen tes só lidos, l íquidos e gasos os .

A indústr ia de p rocessos qu ímicos é o ram o de

ati vidade que u ti liza , preponderantem ente , p rocessam ento indus tr ial

cons ti tu ído po r um con jun to de convers ões químicas e /ou operações un i tá r ias s eqüencia is de caus a e e feito , onde es tá envo lvida a

tecno log ia qu ím ica, com a fina lidade de transfo rm ar m a térias -prim as

em p rodu tos industr iais. Des taque nes te s egmento indus tr ial pa ra os

segu intes tipos de indús tr ia: qu ímica , pe troqu ímica , de açúcar e álcool , a l im en tos , bebidas , cosm éticos , sanean tes domiss anitá r ios,

tin tas , de fens ivos ag rícolas , fe rti li zan tes , combus tíveis e

lub r i fi can tes, p lás ti cos , bo rrachas , ce lu los e e pape l , en tre ou tras .

Nas indús tr ias de p rocessamento qu ímico , o

pro fissiona l da Quím ica tem sua atuação destacada, p r incipalmen te,

nos se to res de p rodução e me io am b ien te , de pes quis a e

des envo lvimen to , con trole de qua l idade e ass istência técnica .

Cons ide rando que a p ropos i tu ra do CREA-SP teve com o foco a indús tr ia de trans fo rm ação de plásti cos,

concentra re i a d iscuss ão nes te se tor da ati vidade química.

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Dos p lás ti cos e da s ua indús tr ia de transfo rm ação

Plás ti co é a denominação de um a numeros a e

pro l ífi ca famíl ia de ma ter iais fo rmados por g randes mo léculas .

Os p lás ti cos podem s e r c lass ifi cados de

dive rs as m ane i ras. De aco rdo com a s ua o r igem , podem se r d ivid idos

em derivados de produ tos na tu ra is e em resinas s in té ti cas.

As d ivers as fo rmas de ob tenção dos p lás ti cos

não s erão dis cu tidas nes te mom ento , po is , independentem ente de sua o rigem , não há dúvidas que fab ricação de p lás ticos é um a

ati vidade básica da á rea da qu ím ica. Inclusive , i s to nem chegou a s er

ques tionado pe lo proposi to r da ação .

Quan to à apl i cação ge ra l , os p lás ti cos podem

se r ag rupados como: te rm op lás ti cos e te rmoestáve is (ou term o fixos ).

Os te rm oplás ti cos s ão os po l ím eros linea res

ou rami fi cados , que permi tem fus ão po r aquecim ento e so l id i fi cação

po r res fr iamen to . Quando subm etidos à p ress ão e ao calo r, eles

pass am por um a trans formação fís ico -qu ímica sem so fre r mu tação em

sua estru tu ra mo lecu lar, pe rm i tindo o seu reaprove i tamen to . Es tão

inclusos nesta categoria p lás ti cos como o pol ietileno , pol iamida,

po l ies ti reno , PVC e os po l i ca rbona tos .

Os te rmo fixos são os po lím eros que, por

aquecimen to ou ou tra fo rma de tratam en to ass um em uma es tru tu ra

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trid im ensional , re ti cu lada , com l igações qu ímicas cruzadas , to rnando-se ins olúve is e in fus íve is . Em razão de sua estru tu ra m o lecu la r, ess e

tipo de ma ter ial não pode se r reap rovei tado. Es tão inclus os nes ta

ca tegoria , p lás ti cos como os fenó li cos , u ré icos e me lam ínicos .

Os p rocessos de transfo rmação de p lás ti cos

são os m ais var iados: extrus ão, s opro , injeção, ro tomo ldagem,

compress ão , lam inação , e tc.

A es colha do tipo de processamento depende

não apenas das ca racte rís ticas e p ropriedades do p rodu to a s e r fab r icado , mas , também, do tipo de resina u til i zada . Al iás , a lgum as

prop riedades que s e des eja pa ra o p roduto fina l s omen te s ão ob tidas

pe las empresas trans fo rmadoras med ian te a inco rporação de adi ti vos,

como: p las ti fi can tes , pigm entos , lub r i fi can tes, desl i zan tes , cargas , refo rços , agen tes de cu ra , ca ta l isadores , en tre ou tros .

De te rminados m a te r ia is p lás ti cos , com o já foi expos to , são p rocess ados m ed ian te a ocorrência de reações químicas

i rreve rsíve is; ou tros requerem con tro le apurado do processo de

trans formação para que não oco rram reações qu ím icas que

provoquem a degradação do m a teria l . Des conhece o advogado do

CREA que a fo rm ação tecno lóg ica do p rofiss ional da qu ímica con fe re -

lhe a tribu ições não apenas pa ra prop icia r a oco rrência de reações

qu ímicas , mas , também, con tro lá -las e inib i -las quando for o caso . É importan te ressa lta r que as condições de p rocess amento de um

po l iés te r, po r exem p lo, s ão d i fe ren tes das requeridas pa ra o

po l ies ti reno , nylon ou PVC.

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Da a tuação do p rofissiona l da qu ímica no s e to r de p lás ti cos

No labo ra tór io de pesqu is a , po r exemplo , o

pro fissiona l da Quím ica bus ca , incess antemente , o des envo lvimen to

de novos p rodu tos e m ate ria is . Is to não oco rre s omen te na indús tr ia

qu ímica onde a res ina es tá sendo p roduzida , mas , em m ui tos cas os,

nos labo ra tór ios das empres as trans fo rm adoras . Pa ra i lustra r o expos to , pode-se ci ta r o caso do PVC (po l i c lo re to de vini la ), que é

uma resina te rm oplás tica com g rande leque de ap li cações : fi lm es,

fras cos, bom bonas , lam inados , tubos , conexões , b r inquedos, plas tisóis , e tc.

As empres as transfo rm adoras de plás ti cos que

empregam o PVC, como maté r ia -p r im a, têm a s ua d ispos ição no mercado , uma enorm e va riedade de resinas . Po rém, pa ra cada tipo

de p rodu to a s e r fab ricado , a lém da escolha da resina bas e ma is

adequada , o trans fo rmador deverá desenvolve r uma fo rmulação pa rti cula r, m edian te a inco rporação de ou tros ing redien tes

específi cos , como: p las ti fi cantes , cargas , lub r ifi can tes , estab i li zan tes,

pigm entos , etc. Um fabrican te de b r inquedos emprega , ce rtamen te,

form ulações bas tan te dis tintas na p rodução de bonecas e na

produção de bo las, embora ambas s ejam fab ricadas a parti r do PVC.

Um fab rican te de condu to res e lé tr i cos, dependendo das

ca racterís ti cas do p rodu to final , pode recorre r a aditi vos com o reta rdan tes de cham a, es tab ili zan tes , ou ou tros . A escolha da resina e

adi ti vos mais adequados implicará a ob tenção de p rodu tos com maior ou

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menor custo , melho res condições de processamento , menor liberação de gases e fumaça , maio r resistência à de formação sob a ação do ca lor.

En fim , s e ja qual fo r o produ to final , é

importan te na fas e de pesqu isa e desenvo lvimen to que o p ro fissional

tenha o p leno conhecimen to das ca racte rís ticas e p ropriedades de

cada um a das m a té r ias -p r imas, bem como do grau de compa tib ilidade

en tre e las . São exig idos, conseqüen temen te , conhecimen tos pro fissiona is na á rea da qu ímica .

Passando do labora tó rio de des envo lvimen to pa ra o labo ra tó r io qu ímico de controle de qua l idade , a pa rti c ipação

do p ro fiss ional da qu ímica con tinua sendo de fundamental

importância . Nesse tipo de labo ra tór io onde são rea l izadas,

preponderantem ente , aná l ises qu ímicas , fís icas e fís ico -qu ím icas , é necessário que o p ro fissiona l tenha o dom ín io das técn icas anal íti cas

adqui r idas em d iscip l inas como qu ímica ana l íti ca qua l i ta tiva , química

ana l íti ca quan ti ta ti va e anál ise ins trum enta l . O mesmo oco rre quando se trata de desenvo lvim ento das técnicas anal íti cas a se rem

empregadas no labo rató r io . Um fab rican te de em balagens, por

exem plo , que dese ja fo rnece r p rodu tos pa ra indús tr ia a l imen tíc ia

deve ter a garan tia que os pigm en tos u tili zados , s eja na co lo ração da

emba lagem ou na im press ão de ró tulos , não i rão m igra r pa ra o

al im ento . Um fab rican te de br inquedos , po r sua vez, de ve m an te r o

con tro le pa ra que s eus p rodu tos não s ejam e laborados com a pres ença de m e tais pesados , que são a l tamente p rejud iciais à saúde.

O labo ra tó rio , ness es cas os , é o grande a l iado da empres a

trans formadora e o pro fiss iona l da qu ímica , a pessoa que deverá s e

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responsab il i za r pela tare fa de con tro lar a qua l idade de m até rias -pr im as e p rodu tos.

No s e to r p rodu tivo , o pro fissiona l da química

tem a tuação destacada tan to na transfo rmação de te rmop lás ti cos

como de te rm o fixos . É eviden te que o conhecim ento técn ico que o

pro fissiona l da química possui s obre os d ive rsos tipos de pol ímeros

lhe permi te conduzi r e con tro lar os m ais va riados p rocess os produ tivos de trans fo rmação de plás ti cos.

Com o expus an te r iormen te , em alguns process os de trans fo rmação oco rrem som en te modi fi cações fís icas.

Os p rocess os de in jeção , s op ro e extrusão s ão exem p los típ icos . O

rep res en tan te do CREA-SP se u til i za desse fa to pa ra ten ta r

des ca racte riza r a pa rti c ipação do p rofissiona l da qu ímica ness e process amento , sob alegação de que não ocorre riam reações

qu ímicas .

Lem bro, no en tan to, que du rante o

process amento que ocorre nas máqu inas extrus o ras , sop radoras e

inje to ras , as tem pera tu ras devem se r r igorosamen te con troladas a fim

de d i fi cu l ta r a ocorrência de reações qu ímicas, como, po r exemplo , a

deg radação oxidativa do pol ímero , ou a té a sua decompos ição

térm ica com a form ação de ou tros compos tos quím icos, al terando

sens ivelm ente as ca racte rís ticas do p rodu to fina l . Fica evidenciado, en tão , que se o p rocess o fo r devidamen te con trolado as reações

qu ímicas indes ejáve is não i rão ocorre r.

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As s im s endo, s em conhecimen to de química fica inviab ili zada a poss ib ilidade de um pro fissional ass umi r a

responsab il idade técn ica pe lo p rocess o , con tra r iando a tes e

de fendida pelo CREA-SP.

Em bora o CREA-SP não tenha fei to menção

aos term o fixos , não s e pode igno ra- los quando s e d is cu te a

trans formação de p lás ti cos .

Tom emos com o exem plo a resina pol iés ter. Ela

cons ti tu i uma fam íl ia de po l ímeros de a l to peso m o lecu la r res ultan tes da condensação de ácidos carboxíl i cos com gl i cóis, c lass i fi cando-s e

como res inas s a turadas ou ins a tu radas , dependendo es peci fi camen te

dos tipos de ácidos u til izados, que i rão ca racte r iza r o tipo de ligação

qu ímica en tre os átomos de ca rbono de sua cade ia mo lecula r.

As resinas sa tu radas são obtidas pela reação

en tre um b iálcool e um biácido , res ul tando num produ to term oplás ti co, cu ja cadeia m olecu lar é composta apenas po r s im ples

l igação en tre os átom os de ca rbono, o que caracte riza a flexib ilidade

dos p rodu tos ob tidos com o po liés ter s a turado .

No caso das resinas insa tu radas , s ua ob tenção

dá -s e pela reação en tre um ácido ins a tu rado , um ácido s atu rado e um

biá lcool , resul tando num p rodu to te rm o fixo , cu ja cade ia m olecula r é composta por s im ples e dup las l igações en tre os á tom os de carbono,

ap res en tando-s e di lu ídos num monômero vin íl ico inib ido pa ra facil i tar

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sua u til i zação . Após a incorpo ração de ad iti vos trans fo rma-s e no es tado s ó lido, ap res en tando uma estru tu ra te rmo fixa e i rreve rs íve l .

Elas podem se r u ti li zadas com ou sem refo rço,

se bem que um a vez re fo rçadas s e trans form am em plás ti cos de

engenharia com exce lentes prop riedades fís icas , s ubs ti tuindo mu i tas

ve zes m a te ria is com o aço , fe rro e concre to e apl i cadas nos ma is

dive rs os s egmentos indus tr ia is , des de a indús tria de móve is à au tom obi l ís tica , pass ando pela náutica , cons trução civi l , br inquedos e

ou tras . O te rm o “plás ti co de engenharia ” não s ign i fi ca , portan to , que

os p rodu tos p lás ticos tenham s ido fab ricados po r engenhe i ros, m as pa ra s erem util i zados em apl icações de engenharia .

Na fo rmu lação das resinas pol iés te res são

empregados dive rsos coad juvan tes.

Os m onôm eros s ão u tili zados pa ra agi rem na

copo limerização dos pon tos de ins a turação p resen tes na cadeia l inea r do pol iés ter, fo rmando um a pon te en tre as m esmas , po rém,

an tes dessa in te rligação ou cu ra , o m onôm ero age como s olven te,

fato r que de te rmina a redução da vis cos idade . Po r razões

econômicas , o mais u ti lizado é o monômero de es ti reno .

Os in ibido res são subs tâncias que reagem com

os radica is li vres pres entes na s o lução , neu tral i zando-os e im ped indo a ge li fi cação p rematu ra da res ina rea tiva . Após o in ib ido r é que é

acres cen tado o esti reno.

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A po l imerização da resina pol iés te r s e in icia na p resença de radica is li vres . O mecanism o de pro teção de

inibidores cons is te na absorção dess es rad icais l i vres , imped indo a

propagação da reação de cu ra, pois todo rad ical li vre se rá

neu tra li zado pelo in ibido r. Quando são ad ic ionados ca talis adores na

resina e s endo o núm ero de rad icais inibido res g rande , o ca ta lis ador

i rá “cons umi r” o in ib ido r, pe rm i tindo que a reação de cura s e

process e no rm a lmen te .

Após o p reparo da resina , efe tua -se a ad ição

de adi ti vos qu ímicos que s e rão u ti l i zados pa ra que o plás ti co resu l tan te des ta ap l icação ob tenha as ca racte rís ticas fís icas

des e jadas , den tre os qua is des tacam os os agen tes u l travio leta , os

agen tes ti xo tróp icos e agen tes de cu ra (pol im erização).

Os agen tes u l travio le ta, como o próp rio nom e

diz, são compostos qu ím icos cuja p rop riedade é de abs orve r as

rad iações u ltra -viole tas , d issipando s ua energ ia de fo rm a inócua, s em amare la r a res ina. As l igações es ti reno -es ti reno são sens íveis às

rad iações ele tromagnéticas . In ic ia lm ente os ra ios UV “a tacam”

pa rcialm en te as ins a turações p res en tes no pol ímero caus ando o

amare lam ento da peça e pos te rio rm en te es te “a taque” con tinua

rompendo as ligações or iginando pe rdas das prop riedades

mecânicas .

Os agen tes ti xo tróp icos s ão compos tos

qu ímicos cujas prop riedades são de evi ta r que a res ina poliés ter

quando ap li cada sob re s uperfíc ies ve rti ca is não s ofra esco rrimen to.

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Gera lmen te são compos tos qu ímicos de o rigem na tu ral de grande área superfi cia l e baixa densidade aparente que aum en tam a

vis cos idade , enquan to a res ina esti ve r es tá tica e re torna à

vis cos idade no rma l após agi tação, facil i tando assim uti l i zação de

resinas de ba ixa vis cos idade pa ra g randes peças (ex.: ba rcos de

grande d im ens ão).

Os agen tes de cu ra s ão aqueles que p rop iciam à resina po liés te r a capacidade de passa r do es tado l íquido pa ra o

es tado s ó lido através de uma reação qu ímica denominada

po l imerização . Trata -s e de uma reação qu ím ica de ad ição, onde há a l ibe ração de ma té rias volá te is combinadas na mis tu ra .

Po r exem p lo, o m onôm ero de es ti reno que agia

como di luente da res ina po l iés te r pass a a parti c ipar como e lemen to essencia l ness a reação, s endo o responsável pe la in te rl igação das

dup las l igações . O in ibido r i rá l ibera r os rad ica is li vres de ixando-os

pron tos pa ra ag ir . Es te m ecan ismo se in icia por duas manei ras dis tin tas : a tividade té rmica e decompos ição de ca talis adores .

• Ati vidade Térmica – Quando a res ina é aquecida, o ca lo r ge rado

des ativa o agen te inib idor e es te libe ra os rad icais l i vres do

es tireno que s e l igarão as ins atu rações p roven ien tes dos ácidos

ins atu rados , dando or igem à po lim erização . Ta l processo se dá por

exemp lo , s e deixa rmos um tambor de res ina pol iés ter expos to a a l tas tempera turas .

• Decom posição de Ca talis adores – Quando s ão ad ic ionados

ca tal is adores à res ina , sob ação do calo r – p rovocada por um a reação exo té rmica – e le se decom põe o r ig inando “rad ica is li vres ”.

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Es tes radica is s e unem a insa turação da res ina l ibe rando ou tros rad icais e ass im s ucess ivamen te i rão s e decom pondo a té que não

existam ma is insa tu rações. Des ta m ane i ra a ve locidade da reação

de po l imerização aumen ta com a ad ição de ca tal isadores , s endo

m ui to m ais ráp ida que o p rocess o da a ti vidade té rmica . O

ca tal is ador ma is comum u til i zado no fab rico de a rte fa tos de fib ra é

o pe róxido de me ti l -e til -cetona , substância qu ímica de rivada da

água oxigenada, onde os hid rogênios p resen tes na mo lécula são s ubsti tu ídos por rad icais o rgân icos .

Com o já expl i cado , devido a res ina poliés ter ap res en ta r alguns inconven ien tes em s ua apl i cação , onde se exige

fortes ca racte rís ticas fís icas, cos tum a-se u tili zá - la jun tam en te com

alguns tipos de ma te riais que s e rvi rão de re forço pa ra a res ina , ta is

como: a lgodão , fibras sin té ticas , ca rgas m inera is , fib ra de carbono, fib ra de vid ro e fibra de Kevlar.

Den tre es tas , as três ú l timas s ão as ma is conhecidas . A fib ra de Kevla r é ma is u ti l i zada na indús tr ia

ae roespacia l, a fib ra de ca rbono po r s er de elevado custo é pouco

uti l i zada , e a fib ra de vidro é unive rs alm en te util i zada .

Va le ress al tar, que no fab rico dess es p rodu tos,

ou tros fa to res devem s e r con trolados como: índ ice de acidez da

resina , densidade, “gel -tim e” ( tempo de ge li ficação da resina ), pico exo té rmico (tempera tu ra m áxima de exote rmia alcançada du ran te a

reação de po limerização), in te rva lo de reação, viscos idade e

es tab i lidade da resina , além do teor de oxigên io a ti vo no ca ta l isador.

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Pe lo exposto acima, fi ca evidente a

necessidade da p resença pe rm anen te de p ro fiss ionais da qu ímica na

condução do p rocesso de fabricação de a rte fa tos plás ti cos , que r na

seleção de m a té rias -p rim as , que r na condução do p rocess o fab ri l,

que r no contro le de qual idade das maté r ias-p r imas , produ tos em

process o e produ to fina l.

Já expus que exis tem , a tualmen te , m ais de

1.500 pro fissiona is da qu ím ica a tuando em empres as transfo rm adoras

de plás ti cos na ju ris d ição do CRQ-IV. Es sa demanda ce rtamen te mo tivou a criação de curs os de fo rmação de pro fissiona is da química

com especial i zação na trans form ação de po l ímeros . São exemplos : o

cu rso técn ico em plásti cos , o curso de engenharia de m ate r ia is

po l iméricos e o cu rso s uperio r de comp lem en tação de es tudos em tecno log ia de ma ter iais po lim éricos.

Um dos ci tados ante r io rmen te, o curso Técnico em Plás ti cos tem en tre s eus componen tes cu rr i cula res: c iência e

tecno log ia dos po l ím eros ; adi ti vos e compos tos; p rocess os de

trans formação ; tecno logia da trans fo rmação de plás ti cos ; ens aios

fís ico -qu ímicos ; moldagem e concepção de peças , en tre ou tros . Ou tro

exem plo apon tado, o curs o Superior de Complementação de Estudos

em Tecno log ia de Ma te r iais Pol iméricos ap resen ta en tre suas

dis cipl inas : qu ímica o rgânica apl icada ; in trodução à tecno logia de po l ím eros ; ca racte r ização de pol ímeros: especi fi cações e norm as;

process os de trans form ação de pol ím eros ; m a té ria -p rima e

form ulação de po l ímeros ; ge renciamen to de re je i tos só l idos

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po l iméricos . O curs o de engenharia de ma te r iais po liméricos tem en tre suas dis cip linas : qu ímica ge ral e ino rgân ica , qu ím ica anal íti ca,

fís ico -qu ímica , ope rações un i tá r ias , tecno log ia de fabricação de

po l ím eros , en te outras .

O m ercado de trabalho dos pro fissiona is

form ados pelos ci tados cu rs os é , sem som bra de dúvidas, a indús tr ia

de trans formação de plás ti cos . Com pete - lhes ass umi r a responsab il idade técn ica pelos p rocessos de trans form ação de

plás ti cos e , con fo rm e es tabe lece a legis lação vigen te, cabe ao

Cons elho Reg ional de Qu ím ica fis ca li za r o exercíc io p ro fissiona l nas empresas onde a tuam ess es pro fissiona is.

Da im procedência do p lei to do CREA-SP

De fin i ti vam en te , não há em bas am ento técnico

ou lega l para que s e concre ti ze o dese jo do CREA, ou s e ja,

class i fica r a trans fo rmação de plásti cos como a tividade de engenharia .

Se ria in te ress an te que os repres entan tes

daque le ó rgão res pondess em em qual m odal idade de engenharia

es ta ria incluída a transfo rm ação de p lás ti cos. Engenharia Elétr i ca?

Mecân ica? Ele trônica? A res pos ta é s im ples : em nenhum a delas.

Lem bro que as empresas trans fo rm adoras de

plás ti cos não fab ricam maqu iná rio . O fa to de a lgumas das indús tr ias

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trans formadoras util i za rem -s e de inje to ras , s op radoras ou extruso ras pa ra execução de s eus s e rviços não as ob riga a man te rem em seus

quadros engenhei ros mecânicos , e lé tr icos , ele trônicos , ou ou tros.

Pio r se ria ob rigá- las a m ante rem um desses p ro fissiona is com o

responsáve l técn ico pela transfo rm ação de plásti cos.

O m aquinário util i zado nas indús tr ias de

trans formação de p lás ti cos é adquir ido de em pres as consti tu ídas com a fina lidade es pecífi ca de produzi rem ta is equ ipam en tos . Entendo

que no cas o desses fabrican tes de m aquiná rios, uma dis cuss ão s ob re

poss ível víncu lo com a engenharia s e r ia adm iss íve l . No entan to, ess e é um assun to que não cabe s er abordado nes te m omento .

A u ti l i zação de maqu iná rio na p rodução não

pode se r cons ide rada com o jus ti fi cati va pa ra a ten tati va de classi fi ca r a indústr ia com o atividade de engenharia, po is s e ass im o foss e, um a

indús tria quím ica, um a indús tr ia fa rmacêu tica e a té mesmo um

hos p i tal poderiam se r class i fi cados como a tividades de engenharia, po is em todos esses estabelecimentos há o emprego de maquiná rios

e equ ipam entos mecânicos , elé tr i cos e e le trôn icos .

Do ponto de vis ta legal , também o p lei to do

CREA-SP não p rocede , po is a transfo rm ação de p lásti cos figu ra en tre

as a ti vidades compreend idas no exe rcício da p ro fiss ão de quím ico,

con fo rme estabe lece o Decreto n º 85 .877 /81 , que es tabelece no rm as pa ra execução da Le i n º 2 .800/56 :

• o des envolvim en to e a fo rm u lação de novos p rodu tos é a tividade enquadrada no a rtigo 1 º ( incisos II e I II) do ci tado decreto ;

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• a pad ron ização e contro le de qua lidade , bem como a execução de ens aios qu ímicos , físicos e fís ico-qu ímicos , é a ti vidade p revis ta no

a rtigo 1 º (inciso IV) e no a rtigo 2º ( incis o IV);

• a fab r icação de p rodu tos indus tr iais , se ja com emprego de operações un i tárias ou de reações químicas di r igidas , é a ti vidade

p r ivati va dos pro fissiona is da qu ím ica, compreend ida nos artigos

1 º ( incis o V) e 2º ( incis o II) do Decre to n º 85.877 /81 .

Pe lo expos to, es pero ter evidenciado que não

há o menor fundam ento legal na impensada pre tensão do CREA de diss ocia r a a ti vidade qu ím ica da indús tr ia de trans form ação de

plás ti cos , dem ons trando total des conhecimen to da a tuação e

conhecim en tos técn icos dos p ro fiss ionais da qu ímica nes ta á rea. Acred i to te r fi cado eviden te , tam bém, o caos que se ria um a

de te rminação judic ial para que todas as em presas regis tradas nes te

CRQ-IV demi tiss em s eus p rofiss ionais da qu ím ica que atuam com o

responsáve is técnicos e os s ubs ti tu íssem por engenhe i ros de ca tegoria que s equer se s abe qual s e ria , obrigando ta is empres as,

tam bém, a se regis tra rem no CREA-SP, s ob a es tranha jus ti fica ti va

de que a trans fo rm ação de plás tico ser ia uma a tividade básica da engenharia .

Es te é o m eu pa rece r.

Manlio de Augusti nis En g enh e ir o In du stri a l – mod. Qu ími ca

C RQ-I V 04301062 Pr esi d en te d o CR Q- I V

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