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CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO Alameda Ribeirão Preto, 82 – Bela Vista www.coren-sp.gov.br CEP 01331-000 – São Paulo – SP Fone: (11) 3225-6300 PARECER COREN SP Nº 008 /CAT/2009 1. Do fato Recebido questionamento de enfermeiro sobre capacitação para passagem de cateter venoso central de inserção periférica – PICC, por meio de curso oferecido por empresa. 2. Da fundamentação e análise A terapia intravenosa evoluiu com o desenvolvimento de novas tecnologias, tornando-se indispensável na área da saúde. O estabelecimento efetivo do acesso intravenoso periférico para a implementação de variadas terapêuticas, obtido por meio do uso de cateteres intravenosos periféricos (CIP), ou periféricos centrais (PICC - da sigla em inglês Peripherally Inserted Central Catheter), caracteriza-se como uma das intervenções de enfermagem realizada com maior frequência na prática clínica, e consequentemente o procedimento invasivo mais executado na assistência ao paciente hospitalizado. 1 De acordo com a Lei n o . 7498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e dá outras providências, no Art. 11, Inciso I, alínea “m”, cabe privativamente ao enfermeiro os cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões imediatas. 2 Ainda, segundo a Resolução RDC 45, de 12 de março de 2003, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Assunto: Habilitação de enfermeiros para passagem de PICC por empresa.

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CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO

Alameda Ribeirão Preto, 82 – Bela Vista www.coren-sp.gov.br CEP 01331-000 – São Paulo – SP Fone: (11) 3225-6300

PARECER COREN SP Nº 008 /CAT/2009

1. Do fato

Recebido questionamento de enfermeiro sobre capacitação para passagem de

cateter venoso central de inserção periférica – PICC, por meio de curso oferecido por

empresa.

2. Da fundamentação e análise

A terapia intravenosa evoluiu com o desenvolvimento de novas tecnologias,

tornando-se indispensável na área da saúde. O estabelecimento efetivo do acesso

intravenoso periférico para a implementação de variadas terapêuticas, obtido por meio do

uso de cateteres intravenosos periféricos (CIP), ou periféricos centrais (PICC - da sigla em

inglês Peripherally Inserted Central Catheter), caracteriza-se como uma das intervenções

de enfermagem realizada com maior frequência na prática clínica, e consequentemente o

procedimento invasivo mais executado na assistência ao paciente hospitalizado.1

De acordo com a Lei no. 7498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre a

regulamentação do exercício da Enfermagem e dá outras providências, no Art. 11, Inciso I,

alínea “m”, cabe privativamente ao enfermeiro os cuidados de Enfermagem de maior

complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tomar

decisões imediatas.2

Ainda, segundo a Resolução RDC 45, de 12 de março de 2003, da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, que dispõe sobre o Regulamento Técnico de

Assunto: Habilitação de enfermeiros para passagem de PICC por empresa.

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO

Alameda Ribeirão Preto, 82 – Bela Vista www.coren-sp.gov.br CEP 01331-000 – São Paulo – SP Fone: (11) 3225-6300

Boas Práticas de Utilização das Soluções Parenterais (SP) em Serviços de Saúde, Anexo II,

Item 3.2. Administração, subitem 3.2.19., “é responsabilidade do enfermeiro estabelecer o

acesso venoso periférico, incluindo o Cateter Central de Inserção Periférica (PICC)”, e de

acordo com a Resolução COFEN 258/2001, nos artigos 1º e 2º, é lícito ao enfermeiro a

inserção do cateter periférico central, devendo este ter se submetido a qualificação e ou

capacitação profissional.3-4

Assim, para assumir a atribuição privativa, dentro da equipe de enfermagem, de

inserção, bem como indicação, manutenção e retirada de cateteres centrais de inserção

periférica, o enfermeiro necessita ter conhecimento científico, experiência clínica e

desenvolver capacidade técnica que permita implementar, com competência, os variados

aspectos de cuidados necessários para o sucesso no uso deste tipo de cateter durante a

terapia intravenosa.

Temos a ressaltar que, mais do que ensino referente a inserção do PICC, os cursos

formadores devem ministrar conteúdos que tornem o enfermeiro capaz de realizar a terapia

intravenosa com uso de PICC de modo qualificado e seguro, sabendo identificar os

resultados de sua prática e transformá-los com vistas a desenvolver a prática de

enfermagem e promover a satisfação do paciente e família.

O COREN-SP em atividade de parceria junto a Academia Brasileira de

Especialistas em Enfermagem - ABESE e as sociedades de especialistas em enfermagem

que ministram cursos de capacitação para enfermeiros para a passagem deste tipo de

cateter, estão em fase de elaboração de uma diretriz referente as recomendações

concernentes a carga horária e conteúdos mínimos que devem ser ministrados nesses cursos

de capacitação, sendo acordado que temas referentes a anatomia e fisiologia do sistema

vascular, microbiologia, radiologia, farmacologia e cuidados de enfermagem na terapia

intravenosa, incluindo o preparo e educação do paciente e família, devem compor uma

programação mínima.

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Alameda Ribeirão Preto, 82 – Bela Vista www.coren-sp.gov.br CEP 01331-000 – São Paulo – SP Fone: (11) 3225-6300

Também houve discussões referentes a necessidade de validar conhecimentos e

habilidades adquiridas pelos participantes e a responsabilidade que as instituições de ensino

e de pesquisa, bem como, as sociedade de especialistas tem sobre os resultados de

formação dos participantes de seus cursos.

Tão logo essa diretriz esteja pronta, deverá ser disponibilizada aos enfermeiros do

Estado de São Paulo.

3. Da conclusão**

Houveram discussões realizadas entre o COREN-SP e as Sociedades de

Especialistas que culminarão em recomendações para um bom curso de

capacitação/habilitação do Enfermeiro nas atividades de inserção do cateter central de

inserção periférica, são lícitos os cursos oferecidos pela indústria de insumos tecnológicos

na área da terapia intravenosa, inclusive de inserção de PICC, que promovam o

aprimoramento/capacitação dos enfermeiros nessa área e possibilitem conhecer as novas

tecnologias disponíveis no mercado para que, frente ao seu julgamento clínico e conduta

ético-profisisonal, determinem os melhores insumos para a prestação de uma assistência de

enfermagem ética e segura.

O COREN-SP recomenda que o curso de capacitação em inserção de PICC

oferecido pelas Empresas de Insumos possa estar ligado a uma Sociedade de Especialistas

ou uma Instituição de Ensino e que esta Empresa englobe a parte teórica e prática do

procedimento para garantir melhor habilitação do Enfermeiro no procedimento, também

que o Enfermeiro que ministre o curso seja profissional já habilitado anteriormente.

É o nosso parecer.

São Paulo, 05 de agosto de 2010.

Membros da Câmara de Apoio Técnico

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO

Alameda Ribeirão Preto, 82 – Bela Vista www.coren-sp.gov.br CEP 01331-000 – São Paulo – SP Fone: (11) 3225-6300

Profª. Drª Mavilde L.G. Pedreira COREN-SP 46.737

Drª. Ariane Ferreira Machado Avelar

COREN-SP 86.722

Profª. Drª. Maria de Jesus de Castro Harada COREN-SP 34.855

Coordenadora

** Conclusão revisada e alterada em 18/03/2011 por

Dr. Claudio Alves Porto

Presidente COREN-SP 2.286

Enfª. Regiane Fernandes

Fiscal COREN-SP 68.316

Referências Bibliográficas

1. Pedreira MLG, Peterlini MAS, Pettengill MAM. Ultra-sonografia na punção

intravenosa periférica: inovando a prática de enfermagem para promover a

segurança do paciente. Acta Paul Enferm 2008; 21(4):667-9.

2. Brasil. Lei no. 7498, de 25 de junho de 1986, dispõe sobre a regulamentação do

exercício da Enfermagem e dá outras providências.

3. ANVISA. Resolução RDC nº 45, de 12 de março de 2003. Dispõe sobre o

Regulamento Técnico de Boas Práticas de Utilização das Soluções Parenterais

(SP) em Serviços de Saúde.[citado 15 jan 2008]. Disponível em: URL:

http://elegis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=9951

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4. COFEN. Resolução 258/2001. [citado 13 ago 2009]. Disponível em: URL:

http://www.portalcofen.gov.br/2007/materias.asp?ArticleID=7082&sectionID=3

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