CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA

CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA - 7ª Região

Av. Protásio Alves, 2854 - Sala 301 - Fone: (51) 3334.6799 - Porto Alegre/RS

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Esclarecimento da Comissão de Orientação e Fiscalização do CRPRS

O Conselho Regional de Psicologia do RS vem por meio de sua Comissão de Orientação e Fiscalização, esclarecer e orientar os profissionais psicólogos e demais interessados sobre as condutas éticas e técnicas a serem adotas pelos psicólogos quando da suspensão dos efeitos da Resolução CFP nº 012/2011, em âmbito nacional, por decisão de primeira instância da Justiça Federal do Rio Grande do Sul.

A Resolução CFP nº 12/2011 objetiva regulamentar a atuação da(o) psicóloga(o) no âmbito

do sistema prisional, em especial em relação à elaboração de documentos escritos para subsidiar a decisão judicial na execução das penas e das medidas de segurança. Veda ao psicólogo que atua nos estabelecimentos prisionais realizar exame criminológico e participar de ações e decisões que envolvam práticas de caráter punitivo e disciplinar.

Assim temos que com a suspensão da referida resolução, restou necessária a elaboração de

orientações quanto a conduta profissional a ser adotada pelo psicólogo quando da solicitação de avaliação e pericia psicológica neste contexto. Ora, a prática profissional deve estar baseada nos pressupostos éticos estabelecidos pela profissão, sendo contemplados pelas determinações contidas no Código de Ética Profissional do Psicólogo - CEPP (Resolução CFP 010/2005).

Assim temos que o CEPP, estabelece como dever fundamental, entre muitos, a obrigação

dos psicólogos, independente da atividade a ser realizada, de prestar serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho dignas e apropriadas à natureza desses serviços, utilizando princípios, conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na ética e na legislação.

A situação dos profissionais psicólogos no sistema prisional está para além da mera aplicação de técnicas psicológicas, mas articula, em seu fazer, o reconhecimento e garantia de direitos humanos na população carcerária, bem como atua nos processos de construção de cidadania, em oposição à cultura da criminalização, encarceramento e da vingança social.

Pois o CEPP, veda ao psicólogo, em qualquer contexto de trabalho, emitir documentos sem

fundamentação e qualidade técnico/científica. Assim, quando de solicitações, o psicólogo que está realizando o acompanhamento do apenado, não poderá realizar pericia ou avaliação psicológica do mesmo, pois a relação profissional estabelecida está alicerçada no tratamento penal.

Assim, os profissionais que não estão envolvidos com o tratamento penal, e estão lotados em espaços de avaliação, poderão fazê-las desde que atendam as recomendações estabelecidas pela profissão sobre a emissão de documentos escritos decorrentes da avaliação psicológica, bem como atendam ao regrado pelo CEPP, em seus princípios fundamentais e artigos. Lembrando que a ciência psicológica não possui fundamentação técnica ou procedimental que estabeleça a possiblidade de determinar prognóstico de reincidência em qualquer situação.

Ainda em conformidade com o estabelecido pelo CEPP, é vedado ao psicólogo, em sua atividade profissional, ser perito, avaliador ou parecerista em situações nas quais seus vínculos

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pessoais ou profissionais, atuais ou anteriores, possam afetar a qualidade do trabalho a ser realizado ou a fidelidade aos resultados da avaliação.

Nesse raciocínio, o CEPP em seus princípios fundamentais, discorre que o psicólogo

considerará as relações de poder nos contextos em que atua e os impactos dessas relações sobre as atividades profissionais, posicionando-se de forma crítica e em consonância com os ditames éticos estabelecidos pelo mesmo.

Cabe a cada profissional estar munida(o) de postura crítica e avaliar as demandas feitas em seu trabalho, de modo a encontrar os caminhos que garantam o bom exercício da Psicologia, com fundamentação teórica e técnica, com respeito à(ao) atendido, de modo a promover-lhe liberdade, dignidade, igualdade e integridade, apoiando sua prática nos valores que embasam, inclusive, a Declaração Universal dos Direitos Humanos. (NT, CFP/2011)