conselho administrativo de recursos fiscais · processo nº 10983.721188/201393 acórdão n.º...

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CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10983.721188/201393 Recurso nº Especial do Procurador e do Contribuinte Acórdão nº 9303006.107 – 3ª Turma Sessão de 12 de dezembro de 2017 Matéria PISCOFINS NÃO CUMULATIVOS CRÉDITOS CONCEITO INSUMO Recorrentes FAZENDA NACIONAL BRF S.A. ASSUNTO:CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2009 REGISTRO DE CRÉDITOS BÁSICOS. CONCEITO DE INSUMOS. Considerase como insumo, para fins de registro de créditos básicos, observados os limites impostos pelas Leis n° 10.637/02 e 10.833/03, aquele (bem ou serviço) que tem relação direta e imediata com o bem em produção ou o serviço em prestação, na medida em que a lei exige que o bem ou serviço seja aplicado e consumido diretamente no processo produtivo do bem destinado a venda ou no serviço prestado, dependendo, para sua identificação, das especificidades de cada processo produtivo. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2008 a 31/12/2009 REGISTRO DE CRÉDITOS BÁSICOS. CONCEITO DE INSUMOS. Considerase como insumo, para fins de registro de créditos básicos, observados os limites impostos pelas Leis n° 10.637/02 e 10.833/03, aquele (bem ou serviço) que tem relação direta e imediata com o bem em produção ou o serviço em prestação, na medida em que a lei exige que o bem ou serviço seja aplicado e consumido diretamente no processo produtivo do bem destinado a venda ou no serviço prestado, dependendo, para sua identificação, das especificidades de cada processo produtivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. No mérito, (i) quanto à industrialização de produtos lácteos, por unaninimade de votos, acordam em negar provimento ao recurso. A conselheira Tatiana Midori Migiyama acompanhou o relator pelas conclusões; (ii) quanto às embalagens ACÓRDÃO GERADO NO PGD-CARF PROCESSO 10983.721188/2013-93 Fl. 4476 DF CARF MF

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CSRFT3Fl.2

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CSRFT3 MINISTRIODAFAZENDACONSELHOADMINISTRATIVODERECURSOSFISCAISCMARASUPERIORDERECURSOSFISCAIS

Processon 10983.721188/201393

Recurson EspecialdoProcuradoredoContribuinte

Acrdon 9303006.1073TurmaSessode 12dedezembrode2017

Matria PISCOFINSNOCUMULATIVOSCRDITOSCONCEITOINSUMO

Recorrentes FAZENDANACIONAL

BRFS.A.

ASSUNTO:CONTRIBUIOPARAOPIS/PASEPPerododeapurao:01/10/2008a31/12/2009

REGISTRODECRDITOSBSICOS.CONCEITODEINSUMOS.

Considerase como insumo, para fins de registro de crditos bsicos,observadososlimites impostospelasLeisn10.637/02e10.833/03,aquele(bemouservio)quetemrelaodiretaeimediatacomobememproduoou o servio em prestao, na medida em que a lei exige que o bem ouserviosejaaplicadoeconsumidodiretamentenoprocessoprodutivodobemdestinado a venda ou no servio prestado, dependendo, para suaidentificao,dasespecificidadesdecadaprocessoprodutivo.

ASSUNTO: CONTRIBUIO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADESOCIALCOFINSPerododeapurao:01/10/2008a31/12/2009

REGISTRODECRDITOSBSICOS.CONCEITODEINSUMOS.

Considerase como insumo, para fins de registro de crditos bsicos,observadososlimites impostospelasLeisn10.637/02e10.833/03,aquele(bemouservio)quetemrelaodiretaeimediatacomobememproduoou o servio em prestao, na medida em que a lei exige que o bem ouserviosejaaplicadoeconsumidodiretamentenoprocessoprodutivodobemdestinado a venda ou no servio prestado, dependendo, para suaidentificao,dasespecificidadesdecadaprocessoprodutivo.

Vistos,relatadosediscutidosospresentesautos.

Acordamosmembrosdocolegiado,porunanimidadedevotos,emconhecerdoRecursoEspecialdaFazendaNacional.Nomrito,(i)quantoindustrializaodeprodutoslcteos, porunaninimadedevotos, acordamemnegarprovimento ao recurso.AconselheiraTatianaMidoriMigiyamaacompanhouo relatorpelasconcluses (ii)quantosembalagens

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10983.721188/2013-93 9303-006.107 CMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Especial do Procurador e do Contribuinte Acrdo 3 Turma 12/12/2017 PIS-COFINS NO CUMULATIVOS - CRDITOS - CONCEITO INSUMO FAZENDA NACIONAL BRF S.A. REP Provido em Parte e REC Negado Direito Creditrio Reconhecido em Parte CARF Relator 2.0.4 93030061072017CARF9303ACC Assunto: Contribuio para o PIS/Pasep Perodo de apurao: 01/10/2008 a 31/12/2009 REGISTRO DE CRDITOS BSICOS. CONCEITO DE INSUMOS. Considera-se como insumo, para fins de registro de crditos bsicos, observados os limites impostos pelas Leis n 10.637/02 e 10.833/03, aquele (bem ou servio) que tem relao direta e imediata com o bem em produo ou o servio em prestao, na medida em que a lei exige que o bem ou servio seja aplicado e consumido diretamente no processo produtivo do bem destinado a venda ou no servio prestado, dependendo, para sua identificao, das especificidades de cada processo produtivo. Assunto: Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Perodo de apurao: 01/10/2008 a 31/12/2009 REGISTRO DE CRDITOS BSICOS. CONCEITO DE INSUMOS. Considera-se como insumo, para fins de registro de crditos bsicos, observados os limites impostos pelas Leis n 10.637/02 e 10.833/03, aquele (bem ou servio) que tem relao direta e imediata com o bem em produo ou o servio em prestao, na medida em que a lei exige que o bem ou servio seja aplicado e consumido diretamente no processo produtivo do bem destinado a venda ou no servio prestado, dependendo, para sua identificao, das especificidades de cada processo produtivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. No mrito, (i) quanto industrializao de produtos lcteos, por unaninimade de votos, acordam em negar provimento ao recurso. A conselheira Tatiana Midori Migiyama acompanhou o relator pelas concluses; (ii) quanto s embalagens para transporte, por maioria de votos, acordam em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Valcir Gassen (suplente convocado em substituio conselheira rika Costa Camargos Autran) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento; (iii) quanto ao pagamento de fretes na aquisio de insumos, por maioria de votos, acordam em negar-lhe provimento, vencido o conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), que lhe deu provimento; (iv) quanto aos pallets de madeira, por maioria de votos, acordam em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migyama, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento; (v) quanto s despesas com operador logstico, por maioria de votos, acordam em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migyama, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento; (vi) quanto s anlises laboratoriais, por maioria de votos, acordam em negar-lhe provimento, vencido o conselheiro Jorge Olmiro Locke Freire, que lhe deu provimento e (vii) quanto repaletizao, por maioria de votos, acordam em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Valcir Gassen (suplente convocado em substituio conselheira rika Costa Camargos Autran) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento e (viii) quanto s tintas para carimbo, por unanimidade de votos, acordam em negar-lhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mrito, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Declarou-se impedido de participar do julgamento o conselheiro Demes Brito. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pssas - Presidente em exerccio (assinado digitalmente) Andrada Mrcio Canuto Natal - Relator Participaram da sesso de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pssas, Andrada Mrcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello. Trata-se de recursos especiais de divergncia apresentados pela Fazenda Nacional e sujeito passivo, com fundamento no art. 67 do antigo Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n 256/2009, em face do Acrdo n 3301-002.999, de 21/06/2016, o qual possui a seguinte ementa:ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAO TRIBUTRIAPerodo de apurao: 01/10/2008 a 31/12/2009 AFRONTA AO PRINCPIO DA VERDADE MATERIAL E FALTA DE MOTIVAO Da leitura dos Auto de Infrao e Relatrio Fiscal e seus Anexos I ao XXVI, constata-se que a atuao foi devidamente fundamentada, estando a motivao do lanamento, a fundamentao legal e as infraes claramente descritas em seu corpo.Assim, foi plenamente atendido o art. 50 da Lei n 9.784/99, que dispe sobre a motivao dos atos administrativos. Portanto, no h que se falar em nulidade do auto de infrao.ASSUNTO: CONTRIBUIO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Perodo de apurao: 01/10/2008 a 31/12/2009 REGISTRO DE CRDITOS BSICOS. CONCEITO DE INSUMOS.Considera-se como insumo, para fins de registro de crditos bsicos, observados os limites impostos pelas Leis n 10.637/02 e 10.833/03, todo custo, despesa ou encargo comprovadamente incorrido na prestao de servios ou na produo ou fabricao de produto destinado venda, e que tenha relao com as receitas tributadas, dependendo, para sua identificao, das especificidades de cada processo produtivo e cuja subtrao obsta a atividade da empresa ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou servio da resultantes Nesta linha, deve ser reconhecido o direito ao registro de crditos relativos a custos com industrializao por encomenda, embalagens para transporte, fretes nas compras de insumos e no seu transporte entre estabelecimentos da Recorrente, pallets de madeira, operador logstico, anlises laboratoriais, repalletizao e tintas para carimbo.COMPRA DE PRODUTOS DE PESSOAS FSICAS OU BENEFICIADOS COM SUSPENSO OU ALQUOTA ZERO. VEDAO AO REGISTRO DE CRDITOS As aquisies de produtos que no sofreram tributao pelo PIS e COFINS, por terem sido adquiridos de no contribuintes (pessoas fsicas), gozarem de suspenso ou terem a alquota reduzida a zero, no geram direito a crdito, conforme o disposto nos inc. II do 2 do art. 3 das Leis n 10.637/02 e 10.833/03. Neste caso, encontram-se as compras de leite in natura e pasteurizado ou industrializado e vacinas, pintos e ovos.DIRIAS E HORA-MQUINA DE TRATORES. FALTA DE PREVISO LEGAL PARA A TOMADA DE CRDITOS O dispositivo legal que trata especificamente de despesas com aluguel (inc. IV do art. 3 Leis n 10.637/02 e 10.833/03) no prev gastos com aluguel de tratores. Portanto, no deve ser reconhecido o crdito.GASTOS SEM COMPROVANTE. VEDAO TOMADA DE CRDITOS No devem ser admitidos crditos sobre gastos, cuja documentao comprobatria no foi apresentada, tais como com compras de recortes de congelados de aves e aluguis de prdios.CRDITO PRESUMIDO. INDUSTRIALIZAO EFETUADA POR TERCEIROS Regra que trata de benefcio fiscal deve ser interpretada de forma estrita. Assim, o benefcio fiscal do registro de crdito presumido no deve ser estendido aos casos de compra de leite in natura, cuja industrializao foi efetuada por terceiros.CRDITO PRESUMIDO. PERCENTUAL DETERMINADO COM BASE NO PRODUTO EM QUE O INSUMO FOR APLICADO Com a edio da Lei n 12.865/13, que acresceu o 10 ao art. 8 da Lei n 10.925/04, ps-se fim controvrsia em torno da determinao do percentual a ser aplicado sobre os insumos, para fins de clculo do crdito presumido. O percentual determinado de acordo com classificao na TIPI do produto em que o insumo aplicado. Isto posto, os crditos presumidos sobre aquisies de frangos vivos, milho, sorgo, soja e outros insumos, aplicados na produo de carnes e miudezas comestveis, classificadas no Captulo 2 da TIPI, devem ser calculados razo de 60% das alquotas de PIS e COFINS previstas nos arts. 2 das Leis n 10.633/02 e 10.833/03.VENDAS COM O FIM ESPECFICO DE EXPORTAO. INOBSERVNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS PARA FRUIO DO BENEFCIO FISCAL A no incidncia do PIS e da COFINS prevista nos inc. III do art. 5 da Lei n 10.637/02 e inc. II do art. 6 da Lei n 10.833/03 somente se aplica a vendas, cuja mercadoria entregue no porto de embarque ou em recinto alfandegado. A Recorrente no faz jus ao beneficio fiscal, porque no atendeu aos requisitos legais.MULTA QUALIFICADA. FALTA DE PROVA CABAL No se sustenta a qualificao da multa, quando no h nos autos prova cabal de ato doloso, porm, simplesmente, divergncias entre as interpretaes do Fisco e do contribuinte e falta de comprovao de gastos.ASSUNTO: CONTRIBUIO PARA O PIS/PASEP Perodo de apurao: 01/10/2008 a 31/12/2009 REGISTRO DE CRDITOS BSICOS. CONCEITO DE INSUMOS.Considera-se como insumo, para fins de registro de crditos bsicos, observados os limites impostos pelas Leis n 10.637/02 e 10.833/03, todo custo, despesa ou encargo comprovadamente incorrido na prestao de servios ou na produo ou fabricao de produto destinado venda, e que tenha relao com as receitas tributadas, dependendo, para sua identificao, das especificidades de cada processo produtivo e cuja subtrao obsta a atividade da empresa ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou servio da resultantes Nesta linha, deve ser reconhecido o direito ao registro de crditos relativos a custos com industrializao por encomenda, embalagens para transporte, fretes nas compras de insumos e no seu transporte entre estabelecimentos da Recorrente, pallets de madeira, operador logstico, anlises laboratoriais, repalletizao e tintas para carimbo.COMPRA DE PRODUTOS DE PESSOAS FSICAS OU BENFICIADOS COM SUSPENSO OU ALQUOTA ZERO. VEDAO AO REGISTRO DE CRDITOS As aquisies de produtos que no sofreram tributao pelo PIS e COFINS, por terem sido adquiridos de no contribuintes (pessoas fsicas), gozarem de suspenso ou terem a alquota reduzida a zero, no geram direito a crdito, conforme o disposto nos inc. II do 2 do art. 3 das Leis n 10.637/02 e 10.833/03. Neste caso, encontramse as compras de leite in natura e pasteurizado ou industrializado e vacinas, pintos e ovos.DIRIAS E HORAMQUINA DE TRATORES. FALTA DE PREVISO LEGAL PARA A TOMADA DE CRDITOS O dispositivo legal que trata especificamente de despesas com aluguel (inc. IV do art. 3 Leis n 10.637/02 e 10.833/03) no prev gastos com aluguel de tratores. Portanto, no deve ser reconhecido o crdito.GASTOS SEM COMPROVANTE. VEDAO TOMADA DE CRDITOS No devem ser admitidos crditos sobre gastos, cuja documentao comprobatria no foi apresentada, tais como com compras de recortes de congelados de aves e aluguis de prdios.CRDITO PRESUMIDO. INDUSTRIALIZAO EFETUADA POR TERCEIROS Regra que trata de benefcio fiscal deve ser interpretada de forma estrita. Assim, o benefcio fiscal do registro de crdito presumido no deve ser estendido aos casos de compra de leite in natura, cuja industrializao foi efetuada por terceiros.CRDITO PRESUMIDO. PERCENTUAL DETERMINADO COM BASE NO PRODUTO EM QUE O INSUMO FOR APLICADO Com a edio da Lei n 12.865/13, que acresceu o 10 ao art. 8 da Lei n 10.925/04, ps-se fim controvrsia em torno da determinao do percentual a ser aplicado sobre os insumos, para fins de clculo do crdito presumido. O percentual determinado de acordo com classificao na TIPI do produto em que o insumo aplicado. Isto posto, os crditos presumidos sobre aquisies de frangos vivos, milho, sorgo, soja e outros insumos, aplicados na produo de carnes e miudezas comestveis, classificadas no Captulo 2 da TIPI, devem ser calculados razo de 60% das alquotas de PIS e COFINS previstas nos arts. 2 das Leis n 10.633/02 e 10.833/03.VENDAS COM O FIM ESPECFICO DE EXPORTAO. INOBSERVNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS PARA FRUIO DO BENEFCIO FISCAL A no incidncia do PIS e da COFINS prevista nos inc. III do art. 5 da Lei n 10.637/02 e inc. III do art. 6 da Lei n 10.833/03 somente se aplica a vendas, cuja mercadoria entregue no porto de embarque ou em recinto alfandegado. A Recorrente no faz jus ao beneficio fiscal, porque no atendeu aos requisitos legais.MULTA QUALIFICADA. FALTA DE PROVA CABAL No se sustenta a qualificao da multa, quando no h nos autos prova cabal de ato doloso, porm, simplesmente, divergncias entre as interpretaes do Fisco e do contribuinte e falta de comprovao de gastos.Trata o presente processo de lanamentos das contribuies para o Programa de Integrao Social (PIS) e para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), ambas com incidncia no cumulativa, referentes ao perodo de apurao 01/10/2008 a 31/12/2009. Os lanamentos decorreram da falta e/ou insuficincia de declarao/pagamento das contribuies devidas, apuradas com base na contabilidade da contribuinte, bem como nos PER/Dcomp apresentados, e concluindo pela falta de tributao de algumas receitas e da utilizao indevida de crditos daquelas contribuies.A Fazenda Nacional suscitou divergncia com relao ao conceito de insumos para fins de creditamento das contribuies no cumulativas.O recurso especial foi admitido pelo Presidente da 3 Cmara da 3 Seo de Julgamento.O contribuinte foi cientificado do acrdo recorrido, bem como do recurso especial da PFN e do despacho de admissibilidade. Alm de apresentar contrarrazes, interps recurso especial no qual suscitou divergncia com relao a duas matrias: 1) possibilidade de tomada de crditos sobre a locao de tratores utilizados na atividade agroindustrial; e 2) no incidncia de pis/cofins sobre receitas de exportao e respectiva forma de comprovar.O recurso especial do sujeito passivo foi admitido tambm.A PFN tambm apresentou contrarrazes. o relatrio.

Conselheiro Andrada Mrcio Canuto Natal, Relator.Ambos os recursos interpostos, pela PGFN e pelo sujeito passivo, so tempestivos e devem ser conhecidos, por cumprir com os requisitos essenciais admissibilidade ditados pelo Regimento Interno da Cmara Superior de Recursos Fiscais, consoante demonstra-se a seguir.Quanto ao recurso especial da Unio, nenhuma dvida pairou quanto sua admissibilidade, tanto que no houve qualquer manifestao do sujeito passivo em contrrio. Vale reprisar trecho do despacho de admissibilidade que resume a divergncia:(...) Como visto, cinge-se a controvrsia principal em torno da discusso de qual o critrio adequado a ser utilizado para anlise do conceito de insumos nos termos da legislao das contribuies no cumulativas. De um lado, ambos acrdos paradigmas adotam o entendimento restritivo dado pela normativa da RFB, que utiliza a concepo prevista na legislao do IPI. De outro, o acrdo recorrido especificamente afasta a aplicao deste critrio e adota posio mais flexvel, vinculada a essencialidade ao processo produtivo.No que se refere ao mrito do recurso da PFN, em que pese concordar que a deduo dos crditos, no clculo das contribuies para o PIS e Cofins no cumulativos, taxativa e exaustivamente relacionada nas normas instituidoras, penso que o conceito de insumo advindo da legislao do IPI no legitimamente aplicvel ao PIS/PASEP e COFINS.A discusso gira em torno do conceito de insumos para fins do creditamento do PIS e Cofins no regime da no-cumulatividade. Como visto, o acrdo recorrido adotou como critrio o entendimento, bastante comum no mbito do CARF, de que para dar direito ao crdito basta que o bem ou o servio adquirido tenha uma relao de pertinncia entre os bens e servios adquiridos e a atividade desenvolvida pela pessoa jurdica. uma interpretao bastante tentadora do ponto de vista lgico, porm, na minha opinio no tem respaldo na legislao que trata do assunto.Confesso que j compartilhei em parte deste entendimento, adotando uma posio intermediria quanto ao conceito de insumos. Porm, refleti melhor, e hoje entendo que a legislao do PIS/Cofins traz uma espcie de numerus clausus em relao aos bens e servios considerados como insumos para fins de creditamento, ou seja, fora daqueles itens expressamente admitidos pela lei, no h possibilidade de aceit-los dentro do conceito de insumo. Fosse para atingir todos os gastos essenciais obteno da receita no necessitaria a lei ter sido elaborada com tanto detalhamento, bastava um nico artigo ou inciso.Retornando ao conceito de insumo advindo da legislao do IPI, a prpria Receita Federal do Brasil j afastou a necessidade de que para ser insumo e ter direito ao crdito do PIS e da Cofins, haja necessidade do desgaste do bem consumido, pelo contato fsico com o bem em produo. Tal fato pode ser constatado pelo que foi disposto na Soluo de Divergncia Cosit n 7, de 23/08/2016. E na sequncia, a Soluo de Consulta Cosit n 99018, de 20/01/2017, tratou do valor do transporte pago na aquisio do insumo:ASSUNTO: Contribuio para o PIS/Pasep EMENTA: INCIDNCIA NO-CUMULATIVA. CRDITOS. DESPESAS COM FRETES.Por no integrarem o conceito de insumo utilizado na produo de bens destinados venda e nem se referirem operao de venda de mercadorias, as despesas efetuadas com fretes contratados para o transporte de insumos entre estabelecimentos industriais da mesma pessoa jurdica no geram direito apurao de crditos a serem descontados da Contribuio para o PIS/Pasep.Inexiste hiptese legal prevendo a apurao de crditos da no cumulatividade da Contribuio para o PIS/Pasep sobre o frete pago na aquisio de bens. No entanto, caso seja possvel a apurao de crditos em relao ao bem adquirido, por se tratar de insumo, o valor do transporte pago na aquisio poder, em regra, integrar o custo de aquisio do bem e servir, indiretamente, de base de clculo do valor do crdito das contribuies a ser apurado.DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei n 10.637, de 2002, art. 3, II; Lei n 10.833, de 2003, art.15; IN SRF n 247, de 2002, art. 60.(VINCULADA SOLUO DE DIVERGNCIA COSIT N 7, DE 23 DE AGOSTO DE 2016, PUBLICADA NO DIRIO OFICIAL DA UNIO DE 11 DE OUTUBRO DE 2016.) (...)Por outro giro, noto que o i. relator do acrdo recorrido elasteceu demais o entendimento do conceito de insumo para fins do creditamento do PIS e Cofins no regime da no-cumulatividade:(...) Em suma, repisando as palavras do Conselheiro Rodrigo C. Miranda e trecho da citada deciso do STJ, observados os limites impostos pelas Leis n 10.637/02 e 10.833/03, considero como insumo " (...) todo custo, despesa ou encargo comprovadamente incorrido na prestao de servio ou na produo ou fabricao de bem ou produto que seja destinado venda, e que tenha relao e vnculo com as receitas tributadas (critrio relacional), dependendo, para sua identificao, das especificidades de cada processo produtivo (...)" e "(...) cuja subtrao importa na impossibilidade mesma da prestao do servio ou da produo, isto , cuja subtrao obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou servio da resultantes."

Nesse sentido, importante transcrever o art. 3 da Lei n 10.833/2003, que trata das possibilidades de creditamento da Cofins (e que valem tambm para o PIS - Lei n 10.632/2002):Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurdica poder descontar crditos calculados em relao a: I - bens adquiridos para revenda, exceto em relao s mercadorias e aos produtos referidos: (...)II - bens e servios, utilizados como insumo na prestao de servios e na produo ou fabricao de bens ou produtos destinados venda, inclusive combustveis e lubrificantes, exceto em relao ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionrio, pela intermediao ou entrega dos veculos classificados nas posies 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redao dada pela Lei n 10.865, de 2004)III - energia eltrica e energia trmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurdica; IV - aluguis de prdios, mquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurdica, utilizados nas atividades da empresa; V - valor das contraprestaes de operaes de arrendamento mercantil de pessoa jurdica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuies das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - SIMPLES; VI - mquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locao a terceiros, ou para utilizao na produo de bens destinados venda ou na prestao de servios; (Redao dada pela Lei n 11.196, de 2005)VII - edificaes e benfeitorias em imveis prprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa;VIII - bens recebidos em devoluo cuja receita de venda tenha integrado faturamento do ms ou de ms anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei;IX - armazenagem de mercadoria e frete na operao de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o nus for suportado pelo vendedor.X - vale-transporte, vale-refeio ou vale-alimentao, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurdica que explore as atividades de prestao de servios de limpeza, conservao e manuteno. (Includo pela Lei n 11.898, de 2009)XI - bens incorporados ao ativo intangvel, adquiridos para utilizao na produo de bens destinados a venda ou na prestao de servios. (Includo pela Lei n 12.973, de 2014) 1o Observado o disposto no 15 deste artigo, o crdito ser determinado mediante a aplicao da alquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o valor: (Redao dada pela Lei n 11.727, de 2008) I - dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no ms; II - dos itens mencionados nos incisos III a V e IX do caput, incorridos no ms; III - dos encargos de depreciao e amortizao dos bens mencionados nos incisos VI, VII e XI do caput, incorridos no ms; (Redao dada pela Lei n 12.973, de 2014) IV - dos bens mencionados no inciso VIII do caput, devolvidos no ms. 2o No dar direito a crdito o valor: (Redao dada pela Lei n 10.865, de 2004) I - de mo-de-obra paga a pessoa fsica; e (Includo pela Lei n 10.865, de 2004) II - da aquisio de bens ou servios no sujeitos ao pagamento da contribuio, inclusive no caso de iseno, esse ltimo quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou servios sujeitos alquota 0 (zero), isentos ou no alcanados pela contribuio. (Includo pela Lei n 10.865, de 2004) 3o O direito ao crdito aplica-se, exclusivamente, em relao: I - aos bens e servios adquiridos de pessoa jurdica domiciliada no Pas; II - aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurdica domiciliada no Pas; III - aos bens e servios adquiridos e aos custos e despesas incorridos a partir do ms em que se iniciar a aplicao do disposto nesta Lei. 4o O crdito no aproveitado em determinado ms poder s-lo nos meses subseqentes. (...)

Penso que a interpretao mais coerente do disposto no inc. II do art. 3 da Lei n 10.833/2003, a de que para ser insumo (bem ou servio) h que ter relao direta e imediata entre esses e o bem em produo ou o servio em prestao, na medida em que a lei exige que o bem ou servio seja aplicado e consumido diretamente no processo produtivo do bem destinado a venda ou no servio prestado. Assim que no h espao para estender para outros bens ou servios utilizados na etapa pr-industrial (pr-prestacional) ou em perodo posterior ao encerramento do processo produtivo (prestativo).Por isso oriento meu voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao RE da Fazenda Nacional, para substituir o conceito de insumo declarado no acrdo recorrido, pelo exposto nos pargrafos precedentes, porquanto nem o conceito do acrdo recorrido nem o defendido pela Unio esto corretos ao meu sentir.Assim, luz do conceito explicitado anteriormente, passa-se a analisar os crditos conferidos pelo acrdo recorrido ao contribuinte:1) Industrializao de produtos lcteos - nego provimento ao RE da PFN nesse itm. Na mesma forma do acrdo recorrido, reconheo o direito ao registro de crditos sobre os gastos com industrializao realizada por terceiros e os correspondentes insumos, exceto quanto aos relacionados a compras de leite in natura e pasteurizado ou industrializado: a exceo (leite in natura e pasteurizado ou industrializado) foi por conta de que aquisies de produtos que no sofreram tributao pelo PIS e COFINS, por terem sido adquiridos de no contribuintes (pessoas fsicas), gozarem de suspenso ou terem a alquota reduzida a zero, no geram direito a crdito, conforme o disposto nos inc. II do 2 do art. 3 das Leis n 10.637/02 e 10.833/03. Os gastos com industrializao realizada por terceiros e os correspondentes insumos esto de acordo com o conceito de insumo (servio) que tem relao direta e imediata com o bem em produo, dessarte, concordo com o reconhecimento do crdito exatamente como foi feito no acrdo recorrido.2) Embalagens para transporte - Dou provimento ao RE da PFN neste item: tais gastos tem a ver com perodo posterior ao encerramento do processo produtivo, portanto no esto de acordo com o conceito de insumo (bens) que tenham relao direta e imediata com o bem em produo, por isso no concordo com o reconhecimento do crdito. Evidentemente que o provimento aqui concedido refere-se exclusivamente s embalagens utilizadas com o fim especficio ao transporte das mercadorias.3) Pagamento de fretes na aquisio de insumos - nego provimento ao RE da PFN. Reconheo o direito a crditos relacionados a fretes nas compras de insumos e na movimentao dos insumos entre estabelecimentos da Recorrente, mantendo a glosa das rubricas tituladas como frete, para as quais, todavia, no foi apresentada comprovao, na mesma forma que o acrdo recorrido decidiu: concordo com o reconhecimento do crdito.4) Pallets de madeira - Dou provimento ao RE da PFN neste item: no concordo com o reconhecimento do crdito, pelos mesmos motivos declinados no item 2 acima.5) Despesas com operador logstico - Dou provimento ao RE da PFN neste item: no concordo com o reconhecimento do crdito. O acrdo recorrido assim delineou estas atividades:- movimentao de entrada e sada de mercadorias: descarregamento de caminhes e empilhamento nas cmaras frigorficas e depsitos; e carregamento de caminhes, de acordo com as ordens de carga de cada veculo.- expedio "picking": separao das caixas dos produtos, localizados nos pallets de armazenamento; de acordo com as datas de entrega e quantidades solicitadas pelos clientes.- expedio palletizada: o mesmo servio citado no item anterior, porm com manuseio de pallets fechados.Indubitavelmente, so atividades conexas s atividades da empresa, porm so servios que no so utilizados diretamente no processo produtivo e pelas mesmas razes expostas no item 2, no concordo com o deferimento do crdito. 6) Anlises laboratoriais - nego provimento ao RE da PFN. Levando em considerao que a contribuinte produz alimentos para consumo humano, tais gastos, alm de necessrios preservao da qualidade e integridade de seus produtos, so consumidos diretamente no seu processo produtivo. Concordo com o reconhecimento do crdito. 8) Repaletizao - Dou provimento ao RE da PFN. O reparo de pallets merece a mesma sorte do item 4 acima. No concordo com o reconhecimento do crdito.9) Tintas para carimbo - nego provimento ao RE da PFN. Assumindo que so tintas para o carimbo que aposto nas embalagens dos produtos da contribuinte, concordo com o reconhecimento do crdito.Quanto ao recurso especial do sujeito passivo, admitido em relao s duas matrias ventiladas - 1) possibilidade de tomada de crditos sobre a locao de tratores utilizados na atividade agroindustrial; e 2) no incidncia de pis/cofins sobre receitas de exportao e respectiva forma de comprovar, tambm nenhuma dvida pairou quanto sua admissibilidade, tanto que no houve qualquer manifestao da Unio nesse sentido.No que tange ao mrito do recurso do sujeito passivo, penso que andou bem a deciso recorrida ao negar provimento ao recurso voluntrio. Neste sentido concordo com as concluses constantes do acrdo recorrido, as quais transcrevo para melhor ilustrar o seu entendimento:Dirias e hora-mquina de tratores Foram glosados crditos calculados sobre aluguel de tratores, por no se tratar de insumo. Na deciso recorrida, consta a Soluo de Consulta COSIT n 1/2014, que inadmite crditos sobre aluguel de veculos.A Recorrente explica que os tratores so utilizados para movimentar animais e outros materiais essenciais ao processo produtivo. Menciona os Acrdos CARF n 3301-00.653, de 26/8/2010, e 3301-001.635, de 23/10/2012, que reconhecem crditos sobre a locao de veculos vinculados ao processo de produo.Mais uma vez, vejo gastos necessrios ao processo produtivo. Contudo, neste caso, h um dispositivo legal que trata especificamente de despesas com aluguel, qual seja, o inc. IV do art. 3 Leis n 10.637/02 e 10.833/03, cuja redao a seguinte:"(...) IV aluguis de prdios, mquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurdica, utilizados nas atividades da empresa; (...)"Nota-se que o dispositivo legal traz enumerao exaustiva e no exemplificativa. Assim, no obstante reconhecer que h grande imperfeio no texto legal, no posso decidir frontalmente contra as leis de regncia.E no o caso de recorrer ao inc. II do art. 3 das Leis n 10.637/02 e 10.833/03, pois este somente ampara os insumos que no se encontram expressamente previstos nos demais dispositivos daqueles diplomas legais.

Apurao dos dbitos dos tributos A Fiscalizao lanou PIS e COFINS sobre receitas de venda, que a Recorrente alegou, porm no comprovou, terem sido amparadas pela no incidncia das contribuies prevista no inc. III do art. 5 das Leis n 10.637/02 e 10.833/03.Na deciso recorrida, o relator colaciona a legislao aplicvel e os conceitos de "empresa comercial exportadora" e "fim especfico de exportao". E, por fim, mantm o lanamento de ofcio, em razo de a Recorrente no ter comprovado que as vendas foram com fim especfico de exportao.Em sua defesa, a Recorrente alega que no tem obrigao de provar que as mercadorias vendidas teriam sido efetivamente exportadas. Que este nus da Fiscalizao.Consta dos autos que a Recorrente inseriu informao nas planilhas de clculo do PIS e da COFINS que efetuou vendas beneficiadas pela no incidncia das contribuies, prevista no inc. III do art. 5 da Lei n 10.637/02 e inc. III do art. 6 da Lei n 10.833/03:Lei n 10.637/02 "Art. 5 A contribuio para o PIS/Pasep no incidir sobre as receitas decorrentes das operaes de: (...) III vendas a empresa comercial exportadora com o fim especfico de exportao (...)"Lei n 10.833/03 "Art. 6 A contribuio para o PIS/Pasep no incidir sobre as receitas decorrentes das operaes de: (...)III vendas a empresa comercial exportadora com o fim especfico de exportao (...)"Considera-se venda com fim especfico de exportao:Decreto n 4.524/ 2002:"Art. 45. So isentas do PIS/Pasep e da Cofins as receitas (Medida Provisria n 2.15835, de 2001, art. 14, Lei n 9.532, de 1997, art. 39, 2 , e Lei n 10.560,de 2002, art. 3 , e Medida Provisria n 75, de 2002, art. 7 ): (...)VIII de vendas realizadas pelo produtor-vendedor s empresas comerciais exportadoras nos termos do Decreto-lei n 1.248, de 29 de novembro de 1972, e alteraes posteriores, desde que destinadas ao fim especfico de exportao para o exterior. (...) 1 Consideram-se adquiridos com o fim especfico de exportao os produtos remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportao ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. (...)"Da leitura do Decreto n 4.524/02, acima transcrito, resta claro que o beneficio est condicionado comprovao de que as mercadorias foram remetidas diretamente para embarque ou recinto alfandegado. Ao contrrio do que alegou a Recorrente, exigiu-se a comprovao do envio da mercadoria queles locais e a no de que foram exportadas.Assim sendo, em razo de a Recorrente no ter comprovado que as mercadorias foram remetidas diretamente para embarque ou recinto alfandegado, nego provimento s alegaes.Nota-se que aluguel de tratores tem a ver com etapa anterior ao processo industrial do produto final da contribuinte. E quanto comprovao das exportaes, ante falta de sua comprovao, nada mais precisa ser dito. Ante o exposto, voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso especial da Fazenda Nacional, para restabelecer as glosas relativas s embalagens para transporte; pallets de madeira; despesas com operador logstico e repaletizao; e NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial do sujeito passivo.

(assinado digitalmente)Andrada Mrcio Canuto Natal

Processon10983.721188/201393Acrdon.9303006.107

CSRFT3Fl.3

2

para transporte, por maioria de votos, acordam em darlhe provimento, vencidos osconselheirosTatianaMidoriMigiyama,ValcirGassen(suplenteconvocadoemsubstituioconselheira rika Costa Camargos Autran) e VanessaMarini Cecconello, que lhe negaramprovimento(iii)quantoaopagamentodefretesnaaquisiodeinsumos,pormaioriadevotos,acordamemnegarlheprovimento,vencidooconselheiroJorgeOlmiroLockFreire(suplenteconvocado),quelhedeuprovimento(iv)quantoaospalletsdemadeira,pormaioriadevotos,acordam em darlhe provimento, vencidos os conselheiros TatianaMidoriMigyama, ValcirGassen e VanessaMarini Cecconello, que lhe negaram provimento (v) quanto s despesascom operador logstico, pormaioria de votos, acordam em darlhe provimento, vencidos osconselheirosTatianaMidoriMigyama,ValcirGassen eVanessaMariniCecconello, que lhenegaramprovimento(vi)quantosanlises laboratoriais,pormaioriadevotos,acordamemnegarlhe provimento, vencido o conselheiro Jorge Olmiro Locke Freire, que lhe deuprovimento e (vii) quanto repaletizao, por maioria de votos, acordam em darlheprovimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Valcir Gassen (suplenteconvocado em substituio conselheira rika Costa Camargos Autran) e Vanessa MariniCecconello, que lhe negaram provimento e (viii) quanto s tintas para carimbo, porunanimidadedevotos,acordamemnegarlheprovimento.Acordam,ainda,porunanimidadede votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mrito, em negarlheprovimento,vencidasasconselheirasTatianaMidoriMigiyamaeVanessaMariniCecconello,que lhe deram provimento.Declarouse impedido de participar do julgamento o conselheiroDemesBrito.

(assinadodigitalmente)RodrigodaCostaPssasPresidenteemexerccio(assinadodigitalmente)AndradaMrcioCanutoNatalRelator

Participaram da sesso de julgamento os conselheiros: Rodrigo da CostaPssas,AndradaMrcioCanutoNatal, TatianaMidoriMigiyama, CharlesMayer deCastroSouza,JorgeOlmiroLockFreire,ValcirGasseneVanessaMariniCecconello.

Fl. 4477DF CARF MF

Processon10983.721188/201393Acrdon.9303006.107

CSRFT3Fl.4

3

Relatrio

Tratase de recursos especiais de divergncia apresentados pela Fazenda

Nacionalesujeitopassivo,comfundamentonoart.67doantigoRegimentoInternodoCARF,

aprovadopelaPortariaMFn256/2009,emfacedoAcrdon3301002.999,de21/06/2016,

oqualpossuiaseguinteementa:

ASSUNTO:NORMASDEADMINISTRAOTRIBUTRIA

Perododeapurao:01/10/2008a31/12/2009

AFRONTA AO PRINCPIO DA VERDADE MATERIAL EFALTADEMOTIVAO

DaleituradosAutodeInfraoeRelatrioFiscaleseusAnexosI ao XXVI, constatase que a atuao foi devidamentefundamentada, estando a motivao do lanamento, afundamentaolegaleasinfraesclaramentedescritasemseucorpo.

Assim,foiplenamenteatendidooart.50daLein9.784/99,quedispe sobre a motivao dos atos administrativos. Portanto,nohquesefalaremnulidadedoautodeinfrao.

ASSUNTO: CONTRIBUIO PARAO FINANCIAMENTODASEGURIDADESOCIALCOFINS

Perododeapurao:01/10/2008a31/12/2009

REGISTRO DE CRDITOS BSICOS. CONCEITO DEINSUMOS.

Considerase como insumo, para fins de registro de crditosbsicos,observadososlimitesimpostospelasLeisn10.637/02e10.833/03, todocusto, despesaou encargocomprovadamenteincorrido na prestao de servios ou na produo oufabricao de produto destinado venda, e que tenha relaocomasreceitastributadas,dependendo,parasuaidentificao,dasespecificidadesdecadaprocessoprodutivoecujasubtraoobstaaatividadedaempresaouimplicaemsubstancialperdadequalidade do produto ou servio da resultantes Nesta linha,deveserreconhecidoodireitoaoregistrodecrditosrelativosacustos com industrializao por encomenda, embalagens paratransporte, fretes nas compras de insumos e no seu transporteentre estabelecimentos da Recorrente, pallets de madeira,operadorlogstico,anliseslaboratoriais,repalletizaoetintasparacarimbo.

Fl. 4478DF CARF MF

Processon10983.721188/201393Acrdon.9303006.107

CSRFT3Fl.5

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COMPRA DE PRODUTOS DE PESSOAS FSICAS OUBENEFICIADOS COM SUSPENSO OU ALQUOTA ZERO.VEDAOAOREGISTRODECRDITOS

AsaquisiesdeprodutosquenosofreramtributaopeloPISe COFINS, por terem sido adquiridos de no contribuintes(pessoas fsicas), gozarem de suspenso ou terem a alquotareduzida a zero, no geram direito a crdito, conforme odisposto nos inc. II do 2 doart. 3 dasLeisn 10.637/02e10.833/03. Neste caso, encontramse as compras de leite innaturaepasteurizadoouindustrializadoevacinas,pintoseovos.

DIRIAS E HORAMQUINA DE TRATORES. FALTA DEPREVISOLEGALPARAATOMADADECRDITOS

O dispositivo legal que trata especificamente de despesas comaluguel (inc. IV do art. 3 Leis n 10.637/02 e 10.833/03) noprev gastos com aluguel de tratores. Portanto, no deve serreconhecidoocrdito.

GASTOS SEM COMPROVANTE. VEDAO TOMADA DECRDITOS

No devem ser admitidos crditos sobre gastos, cujadocumentao comprobatria no foi apresentada, tais comocom compras de recortes de congelados de aves e aluguis deprdios.

CRDITO PRESUMIDO. INDUSTRIALIZAO EFETUADAPORTERCEIROS

Regra que trata de benefcio fiscal deve ser interpretada deforma estrita. Assim, o benefcio fiscal do registro de crditopresumidonodeveserestendidoaoscasosdecompradeleiteinnatura,cujaindustrializaofoiefetuadaporterceiros.

CRDITO PRESUMIDO. PERCENTUAL DETERMINADOCOM BASE NO PRODUTO EM QUE O INSUMO FORAPLICADO

ComaediodaLein12.865/13,queacresceuo10aoart.8 daLei n 10.925/04, psse fim controvrsia em torno dadeterminao do percentual a ser aplicado sobre os insumos,para fins de clculo do crdito presumido. O percentual determinadodeacordocomclassificaonaTIPIdoprodutoemque o insumo aplicado. Isto posto, os crditos presumidossobre aquisies de frangos vivos, milho, sorgo, soja e outrosinsumos, aplicados na produo de carnes e miudezascomestveis, classificadas no Captulo 2 da TIPI, devem sercalculados razo de 60% das alquotas de PIS e COFINSprevistasnosarts.2dasLeisn10.633/02e10.833/03.

VENDAS COM O FIM ESPECFICO DE EXPORTAO.INOBSERVNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS PARAFRUIODOBENEFCIOFISCAL

Fl. 4479DF CARF MF

Processon10983.721188/201393Acrdon.9303006.107

CSRFT3Fl.6

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Ano incidnciadoPIS edaCOFINSprevista nos inc. III doart. 5 da Lei n 10.637/02 e inc. II do art. 6 da Lei n10.833/03 somente se aplica a vendas, cuja mercadoria entregue no porto de embarque ou em recinto alfandegado. ARecorrente no faz jusao beneficio fiscal, porque no atendeuaosrequisitoslegais.

MULTAQUALIFICADA.FALTADEPROVACABAL

No se sustenta a qualificao da multa, quando no h nosautos prova cabal de ato doloso, porm, simplesmente,divergnciasentreasinterpretaesdoFiscoedocontribuinteefaltadecomprovaodegastos.

ASSUNTO:CONTRIBUIOPARAOPIS/PASEP

Perododeapurao:01/10/2008a31/12/2009

REGISTRO DE CRDITOS BSICOS. CONCEITO DEINSUMOS.

Considerase como insumo, para fins de registro de crditosbsicos,observadososlimitesimpostospelasLeisn10.637/02e10.833/03, todocusto, despesaou encargocomprovadamenteincorrido na prestao de servios ou na produo oufabricao de produto destinado venda, e que tenha relaocomasreceitastributadas,dependendo,parasuaidentificao,dasespecificidadesdecadaprocessoprodutivoecujasubtraoobstaaatividadedaempresaouimplicaemsubstancialperdadequalidade do produto ou servio da resultantes Nesta linha,deveserreconhecidoodireitoaoregistrodecrditosrelativosacustos com industrializao por encomenda, embalagens paratransporte, fretes nas compras de insumos e no seu transporteentre estabelecimentos da Recorrente, pallets de madeira,operadorlogstico,anliseslaboratoriais,repalletizaoetintasparacarimbo.

COMPRA DE PRODUTOS DE PESSOAS FSICAS OUBENFICIADOS COM SUSPENSO OU ALQUOTA ZERO.VEDAOAOREGISTRODECRDITOS

AsaquisiesdeprodutosquenosofreramtributaopeloPISe COFINS, por terem sido adquiridos de no contribuintes(pessoas fsicas), gozarem de suspenso ou terem a alquotareduzida a zero, no geram direito a crdito, conforme odisposto nos inc. II do 2 doart. 3 dasLeisn 10.637/02e10.833/03.Nestecaso,encontramseascomprasdeleiteinnaturaepasteurizadoouindustrializadoevacinas,pintoseovos.

DIRIAS E HORAMQUINA DE TRATORES. FALTA DEPREVISOLEGALPARAATOMADADECRDITOS

O dispositivo legal que trata especificamente de despesas comaluguel (inc. IV do art. 3 Leis n 10.637/02 e 10.833/03) noprev gastos com aluguel de tratores. Portanto, no deve serreconhecidoocrdito.

Fl. 4480DF CARF MF

Processon10983.721188/201393Acrdon.9303006.107

CSRFT3Fl.7

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GASTOS SEM COMPROVANTE. VEDAO TOMADA DECRDITOS

No devem ser admitidos crditos sobre gastos, cujadocumentao comprobatria no foi apresentada, tais comocom compras de recortes de congelados de aves e aluguis deprdios.

CRDITO PRESUMIDO. INDUSTRIALIZAO EFETUADAPORTERCEIROS

Regra que trata de benefcio fiscal deve ser interpretada deforma estrita. Assim, o benefcio fiscal do registro de crditopresumidonodeveserestendidoaoscasosdecompradeleiteinnatura,cujaindustrializaofoiefetuadaporterceiros.

CRDITO PRESUMIDO. PERCENTUAL DETERMINADOCOM BASE NO PRODUTO EM QUE O INSUMO FORAPLICADO

ComaediodaLein12.865/13,queacresceuo10aoart.8 daLei n 10.925/04, psse fim controvrsia em torno dadeterminao do percentual a ser aplicado sobre os insumos,para fins de clculo do crdito presumido. O percentual determinadodeacordocomclassificaonaTIPIdoprodutoemque o insumo aplicado. Isto posto, os crditos presumidossobre aquisies de frangos vivos, milho, sorgo, soja e outrosinsumos, aplicados na produo de carnes e miudezascomestveis, classificadas no Captulo 2 da TIPI, devem sercalculados razo de 60% das alquotas de PIS e COFINSprevistasnosarts.2dasLeisn10.633/02e10.833/03.

VENDAS COM O FIM ESPECFICO DE EXPORTAO.INOBSERVNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS PARAFRUIODOBENEFCIOFISCAL

A no incidnciadoPIS edaCOFINSprevista nos inc. III doart. 5 da Lei n 10.637/02 e inc. III do art. 6 da Lei n10.833/03 somente se aplica a vendas, cuja mercadoria entregue no porto de embarque ou em recinto alfandegado. ARecorrente no faz jusao beneficio fiscal, porque no atendeuaosrequisitoslegais.

MULTAQUALIFICADA.FALTADEPROVACABAL

No se sustenta a qualificao da multa, quando no h nosautos prova cabal de ato doloso, porm, simplesmente,divergnciasentreasinterpretaesdoFiscoedocontribuinteefaltadecomprovaodegastos.

TrataopresenteprocessodelanamentosdascontribuiesparaoPrograma

deIntegraoSocial(PIS)eparaoFinanciamentodaSeguridadeSocial(Cofins),ambascom

incidncia no cumulativa, referentes ao perodo de apurao 01/10/2008 a 31/12/2009. Os

lanamentosdecorreramdafaltae/ouinsuficinciadedeclarao/pagamentodascontribuies

Fl. 4481DF CARF MF

Processon10983.721188/201393Acrdon.9303006.107

CSRFT3Fl.8

7

devidas, apuradas com base na contabilidade da contribuinte, bem como nos PER/Dcomp

apresentados,econcluindopelafaltadetributaodealgumasreceitasedautilizaoindevida

decrditosdaquelascontribuies.

A Fazenda Nacional suscitou divergncia com relao ao conceito de

insumosparafinsdecreditamentodascontribuiesnocumulativas.

OrecursoespecialfoiadmitidopeloPresidenteda3Cmarada3Seode

Julgamento.

O contribuinte foi cientificado do acrdo recorrido, bemcomodo recurso

especialdaPFNedodespachodeadmissibilidade.Almdeapresentarcontrarrazes,interps

recursoespecialnoqualsuscitoudivergnciacomrelaoaduasmatrias:1)possibilidadede

tomadadecrditossobrealocaodetratoresutilizadosnaatividadeagroindustriale2)no

incidnciadepis/cofinssobrereceitasdeexportaoerespectivaformadecomprovar.

Orecursoespecialdosujeitopassivofoiadmitidotambm.

APFNtambmapresentoucontrarrazes.

orelatrio.

Voto

ConselheiroAndradaMrcioCanutoNatal,Relator.

Ambos os recursos interpostos, pela PGFN e pelo sujeito passivo, so

tempestivos e devem ser conhecidos, por cumprir com os requisitos essenciais

admissibilidade ditados pelo Regimento Interno da Cmara Superior de Recursos Fiscais,

consoantedemonstraseaseguir.

QuantoaorecursoespecialdaUnio,nenhumadvidapairouquantosua

admissibilidade, tantoquenohouvequalquermanifestaodosujeitopassivoemcontrrio.

Valereprisartrechododespachodeadmissibilidadequeresumeadivergncia:

(...)Como visto, cingesea controvrsia principal em torno dadiscusso de qual o critrio adequado a ser utilizado para

Fl. 4482DF CARF MF

Processon10983.721188/201393Acrdon.9303006.107

CSRFT3Fl.9

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anlise do conceito de insumos nos termos da legislao dascontribuiesnocumulativas.

De um lado, ambos acrdos paradigmas adotam oentendimentorestritivodadopelanormativadaRFB,queutilizaaconcepoprevistanalegislaodoIPI.Deoutro,oacrdorecorrido especificamente afasta a aplicao deste critrio eadota posio mais flexvel, vinculada a essencialidade aoprocessoprodutivo.

NoqueserefereaomritodorecursodaPFN,emquepeseconcordarque

adeduodoscrditos,noclculodascontribuiesparaoPISeCofinsnocumulativos,

taxativa e exaustivamente relacionada nas normas instituidoras, penso que o conceito de

insumo advindo da legislao do IPI no legitimamente aplicvel ao PIS/PASEP e

COFINS.

Adiscussogiraemtornodoconceitodeinsumosparafinsdocreditamento

do PIS eCofins no regime da nocumulatividade.Como visto, o acrdo recorrido adotou

comocritriooentendimento,bastantecomumnombitodoCARF,dequeparadardireitoao

crditobastaqueobemouoservioadquiridotenhaumarelaodepertinnciaentreosbens

e servios adquiridos e a atividade desenvolvida pela pessoa jurdica. uma interpretao

bastante tentadora do ponto de vista lgico, porm, na minha opinio no tem respaldo na

legislaoquetratadoassunto.

Confesso que j compartilhei em parte deste entendimento, adotando uma

posio intermediria quanto ao conceito de insumos. Porm, refletimelhor, e hoje entendo

que a legislao doPIS/Cofins traz uma espcie denumerus clausus em relao aos bens e

servios considerados como insumos para fins de creditamento, ou seja, fora daqueles itens

expressamente admitidos pela lei, no h possibilidade de aceitlos dentro do conceito de

insumo.Fosseparaatingir todososgastosessenciaisobtenodareceitanonecessitariaa

leitersidoelaboradacomtantodetalhamento,bastavaumnicoartigoouinciso.

Retornando ao conceito de insumo advindo da legislao do IPI, a prpria

Receita Federal do Brasil j afastou a necessidade de que para ser insumo e ter direito ao

crdito do PIS e da Cofins, haja necessidade do desgaste do bem consumido, pelo contato

fsicocomobememproduo.TalfatopodeserconstatadopeloquefoidispostonaSoluo

de Divergncia Cosit n 7, de 23/08/2016. E na sequncia, a Soluo de Consulta Cosit n

99018,de20/01/2017,tratoudovalordotransportepagonaaquisiodoinsumo:

Fl. 4483DF CARF MF

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ASSUNTO:ContribuioparaoPIS/Pasep

EMENTA: INCIDNCIA NOCUMULATIVA. CRDITOS.DESPESASCOMFRETES.

Pornointegraremoconceitodeinsumoutilizadonaproduode bens destinados venda e nem se referirem operao devenda de mercadorias, as despesas efetuadas com fretescontratadosparaotransportedeinsumosentreestabelecimentosindustriais da mesma pessoa jurdica no geram direito apuraodecrditosaseremdescontadosdaContribuioparaoPIS/Pasep.

Inexistehiptese legalprevendoaapuraodecrditosdanocumulatividadedaContribuioparaoPIS/Pasepsobreofretepago na aquisio de bens. No entanto, caso seja possvel aapurao de crditos em relao ao bem adquirido, por setratar de insumo, o valor do transporte pago na aquisiopoder, em regra, integrar o custo de aquisio do bem eservir, indiretamente, de base de clculo do valor do crditodascontribuiesaserapurado.

DISPOSITIVOSLEGAIS:Lein10.637,de2002,art.3,IILein10.833,de2003,art.15INSRFn247,de2002,art.60.

(VINCULADA SOLUODE DIVERGNCIA COSIT N 7,DE 23 DE AGOSTO DE 2016, PUBLICADA NO DIRIOOFICIALDAUNIODE11DEOUTUBRODE2016.)(...)

Poroutrogiro,notoqueoi.relatordoacrdorecorridoelasteceudemaiso

entendimentodoconceitodeinsumoparafinsdocreditamentodoPISeCofinsnoregimeda

nocumulatividade:

(...)Emsuma,repisandoaspalavrasdoConselheiroRodrigoC.Miranda e trecho da citada deciso do STJ, observados oslimitesimpostospelasLeisn10.637/02e10.833/03,considerocomo insumo " (...) todo custo, despesa ou encargocomprovadamente incorrido na prestao de servio ou naproduooufabricaodebemouprodutoquesejadestinadovenda,equetenharelaoevnculocomasreceitastributadas(critrio relacional), dependendo, para sua identificao, dasespecificidades de cada processo produtivo (...)" e "(...) cujasubtrao importa na impossibilidade mesma da prestao doserviooudaproduo,isto,cujasubtraoobstaaatividadeda empresa, ou implica em substancial perda de qualidade doprodutoouserviodaresultantes."

Nesse sentido, importante transcrever o art. 3 da Lei n 10.833/2003, que

tratadaspossibilidadesdecreditamentodaCofins (equevalem tambmparaoPIS Lein

10.632/2002):

Fl. 4484DF CARF MF

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Art.3oDovalorapuradonaformadoart.2oapessoa jurdicapoderdescontarcrditoscalculadosemrelaoa:

I bens adquiridos para revenda, exceto em relao smercadoriaseaosprodutosreferidos:(...)

II bens e servios, utilizados como insumo na prestao deservios e na produo ou fabricao de bens ou produtosdestinados venda, inclusive combustveis e lubrificantes,excetoemrelaoaopagamentodequetrataoart.2odaLeino10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ouimportador, ao concessionrio, pela intermediao ou entregados veculos classificados nas posies 87.03 e 87.04 da Tipi(RedaodadapelaLein10.865,de2004)

IIIenergiaeltricaeenergiatrmica,inclusivesobaformadevapor,consumidasnosestabelecimentosdapessoajurdica

IV aluguis de prdios, mquinas e equipamentos, pagos apessoajurdica,utilizadosnasatividadesdaempresa

V valordas contraprestaesde operaes de arrendamentomercantil de pessoa jurdica, exceto de optante pelo SistemaIntegrado de Pagamento de Impostos e Contribuies dasMicroempresasedasEmpresasdePequenoPorteSIMPLES

VI mquinas, equipamentos e outros bens incorporados aoativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locao aterceiros,ouparautilizaonaproduodebensdestinadosvendaouna prestao de servios (RedaodadapelaLei n11.196,de2005)

VII edificaes e benfeitorias em imveis prprios ou deterceiros,utilizadosnasatividadesdaempresa

VIIIbensrecebidosemdevoluocujareceitadevendatenhaintegrado faturamento doms ou de ms anterior, e tributadaconformeodispostonestaLei

IXarmazenagemdemercadoriaefretenaoperaodevenda,nos casosdos incisos I e II, quandoonus for suportadopelovendedor.

X valetransporte, valerefeio ou valealimentao,fardamentoouuniformefornecidosaosempregadosporpessoajurdica que explore as atividades de prestao de servios delimpeza, conservao e manuteno. (Includo pela Lei n11.898,de2009)

XI bens incorporados ao ativo intangvel, adquiridos parautilizao na produo de bens destinados a venda ou naprestaodeservios.(IncludopelaLein12.973,de2014)

1oObservadoodispostono15desteartigo,ocrdito serdeterminadomedianteaaplicaodaalquotaprevistanocaputdoart.2odestaLeisobreovalor: (RedaodadapelaLein11.727,de2008)

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CSRFT3Fl.12

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I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput,adquiridosnoms

II dositensmencionadosnos incisos IIIaVe IXdocaput,incorridosnoms

III dos encargos de depreciao e amortizao dos bensmencionados nos incisos VI, VII e XI do caput, incorridos noms(RedaodadapelaLein12.973,de2014)

IVdosbensmencionadosnoincisoVIIIdocaput,devolvidosnoms.

2oNodardireitoacrditoovalor:(RedaodadapelaLein10.865,de2004)

Idemodeobrapagaapessoafsicae(IncludopelaLein10.865,de2004)

II da aquisio de bens ou servios no sujeitos aopagamento da contribuio, inclusive no caso de iseno, esseltimo quando revendidos ou utilizados como insumo emprodutosouserviossujeitosalquota0(zero),isentosounoalcanadospelacontribuio.(IncludopelaLein10.865,de2004)

3o O direito ao crdito aplicase, exclusivamente, emrelao:

I aos bens e servios adquiridos de pessoa jurdicadomiciliadanoPas

II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados apessoajurdicadomiciliadanoPas

III aos bens e servios adquiridos e aos custos e despesasincorridos a partir do ms em que se iniciar a aplicao dodispostonestaLei.

4oO crdito no aproveitado emdeterminadoms poderslonosmesessubseqentes.(...)

Pensoqueainterpretaomaiscoerentedodispostono inc. IIdoart.3da

Lein10.833/2003,adequeparaserinsumo(bemouservio)hqueterrelaodiretae

imediataentreesseseobememproduoouoservioemprestao,namedidaemquea

leiexigequeobemouserviosejaaplicadoeconsumidodiretamentenoprocessoprodutivo

dobemdestinadoavendaounoservioprestado.Assimquenoh espaoparaestender

paraoutrosbensouserviosutilizadosnaetapaprindustrial(prprestacional)ouemperodo

posterioraoencerramentodoprocessoprodutivo(prestativo).

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CSRFT3Fl.13

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Por isso orientomeu voto por DAR PROVIMENTOPARCIAL ao RE da

FazendaNacional,para substituiroconceitodeinsumodeclaradonoacrdorecorrido,pelo

exposto nos pargrafos precedentes, porquanto nem o conceito do acrdo recorrido nem o

defendidopelaUnioestocorretosaomeusentir.

Assim, luz do conceito explicitado anteriormente, passase a analisar os

crditosconferidospeloacrdorecorridoaocontribuinte:

1)Industrializaodeprodutos lcteos negoprovimentoaoREdaPFN

nesseitm.Namesmaformadoacrdorecorrido,reconheoodireitoaoregistrodecrditos

sobre os gastos com industrializao realizada por terceiros e os correspondentes insumos,

excetoquantoaosrelacionadosacomprasdeleiteinnaturaepasteurizadoouindustrializado:

aexceo(leiteinnaturaepasteurizadoouindustrializado)foiporcontadequeaquisiesde

produtosquenosofreram tributaopeloPISeCOFINS,por teremsidoadquiridosdeno

contribuintes(pessoasfsicas),gozaremdesuspensoouteremaalquotareduzidaazero,no

geramdireitoacrdito,conformeodispostonosinc.IIdo2doart.3dasLeisn10.637/02

e 10.833/03. Os gastos com industrializao realizada por terceiros e os correspondentes

insumosestodeacordocomoconceitodeinsumo(servio)quetemrelaodiretaeimediata

comobememproduo,dessarte,concordocomoreconhecimentodocrditoexatamente

comofoifeitonoacrdorecorrido.

2) Embalagens para transporte Dou provimento ao RE da PFN neste

item: tais gastos tem a ver com perodo posterior ao encerramento do processo produtivo,

portanto no esto de acordo com o conceito de insumo (bens) que tenham relao direta e

imediatacomobememproduo,porissonoconcordocomoreconhecimentodocrdito.

Evidentemente que o provimento aqui concedido referese exclusivamente s embalagens

utilizadascomofimespecficioaotransportedasmercadorias.

3)PagamentodefretesnaaquisiodeinsumosnegoprovimentoaoRE

da PFN.Reconheo o direito a crditos relacionados a fretes nas compras de insumos e na

movimentao dos insumos entre estabelecimentos da Recorrente, mantendo a glosa das

rubricas tituladas como frete, para as quais, todavia, no foi apresentada comprovao, na

mesmaformaqueoacrdorecorridodecidiu:concordocomoreconhecimentodocrdito.

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Processon10983.721188/201393Acrdon.9303006.107

CSRFT3Fl.14

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4) Pallets de madeira Dou provimento ao RE da PFN neste item: no

concordo com o reconhecimento do crdito, pelosmesmosmotivos declinados no item 2

acima.

5)DespesascomoperadorlogsticoDouprovimentoaoREdaPFNneste

item:noconcordocomoreconhecimentodocrdito.Oacrdorecorridoassimdelineou

estasatividades:

movimentao de entrada e sada de mercadorias: descarregamento decaminheseempilhamentonascmarasfrigorficasedepsitosecarregamentodecaminhes,deacordocomasordensdecargadecadaveculo.

expedio "picking": separao das caixas dos produtos, localizados nospallets de armazenamento de acordo com as datas de entrega e quantidadessolicitadaspelosclientes.

expediopalletizada:omesmoserviocitadonoitemanterior,pormcommanuseiodepalletsfechados.

Indubitavelmente, so atividades conexas s atividades da empresa, porm

soserviosquenosoutilizadosdiretamentenoprocessoprodutivoepelasmesmasrazes

expostasnoitem2,noconcordocomodeferimentodocrdito.

6)Anlises laboratoriais nego provimento aoREdaPFN.Levando em

consideraoqueacontribuinteproduzalimentosparaconsumohumano,taisgastos,almde

necessrios preservao da qualidade e integridade de seus produtos, so consumidos

diretamentenoseuprocessoprodutivo.Concordocomoreconhecimentodocrdito.

8) Repaletizao Dou provimento ao RE da PFN. O reparo de pallets

mereceamesmasortedoitem4acima.Noconcordocomoreconhecimentodocrdito.

9)TintasparacarimbonegoprovimentoaoREdaPFN.Assumindoque

sotintasparaocarimboqueapostonasembalagensdosprodutosdacontribuinte,concordo

comoreconhecimentodocrdito.

Quantoaorecursoespecialdosujeitopassivo,admitidoemrelaosduas

matrias ventiladas 1) possibilidade de tomada de crditos sobre a locao de tratores

utilizados na atividade agroindustrial e 2) no incidncia de pis/cofins sobre receitas de

exportao e respectiva forma de comprovar, tambm nenhuma dvida pairou quanto sua

admissibilidade,tantoquenohouvequalquermanifestaodaUnionessesentido.

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Noque tangeaomritodorecursodo sujeitopassivo,pensoque andou

bemadeciso recorrida ao negarprovimento ao recurso voluntrio.Neste sentido concordo

comasconclusesconstantesdoacrdorecorrido,asquaistranscrevoparamelhorilustraro

seuentendimento:

Diriasehoramquinadetratores

Foram glosados crditos calculados sobre aluguel de tratores,por no se tratar de insumo. Na deciso recorrida, consta aSoluo de Consulta COSIT n 1/2014, que inadmite crditossobrealugueldeveculos.

A Recorrente explica que os tratores so utilizados paramovimentar animais e outros materiais essenciais ao processoprodutivo. Menciona os Acrdos CARF n 330100.653, de26/8/2010, e 3301001.635, de 23/10/2012, que reconhecemcrditossobrealocaodeveculosvinculadosaoprocessodeproduo.

Mais uma vez, vejo gastos necessrios ao processo produtivo.Contudo, neste caso, h um dispositivo legal que trataespecificamentededespesascomaluguel,qualseja,oinc.IVdoart.3Leisn10.637/02e10.833/03,cujaredaoaseguinte:

"(...)IValuguisdeprdios,mquinaseequipamentos,pagosapessoajurdica,utilizadosnasatividadesdaempresa(...)"

Notasequeodispositivolegaltrazenumeraoexaustivaenoexemplificativa.Assim,noobstante reconhecerquehgrandeimperfeio no texto legal, no posso decidir frontalmentecontraasleisderegncia.

E no o caso de recorrer ao inc. II do art. 3 das Leis n10.637/02e10.833/03,poisestesomenteamparaosinsumosqueno se encontram expressamente previstos nos demaisdispositivosdaquelesdiplomaslegais.

Apuraodosdbitosdostributos

AFiscalizao lanouPIS eCOFINS sobre receitas de venda,que a Recorrente alegou, porm no comprovou, terem sidoamparadas pela no incidncia das contribuies prevista noinc.IIIdoart.5dasLeisn10.637/02e10.833/03.

Nadecisorecorrida,orelatorcolacionaalegislaoaplicvele os conceitos de "empresa comercial exportadora" e "fimespecficodeexportao".E,porfim,mantmolanamentodeofcio, em razo de aRecorrente no ter comprovado que asvendasforamcomfimespecficodeexportao.

Fl. 4489DF CARF MF

Processon10983.721188/201393Acrdon.9303006.107

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Em sua defesa, a Recorrente alega que no tem obrigao deprovar que as mercadorias vendidas teriam sido efetivamenteexportadas.QueestenusdaFiscalizao.

Consta dos autos que a Recorrente inseriu informao nasplanilhas de clculo do PIS e da COFINS que efetuou vendasbeneficiadaspelano incidnciadascontribuies,previstanoinc.IIIdoart.5daLein10.637/02einc.IIIdoart.6daLein10.833/03:

Lein10.637/02

"Art.5AcontribuioparaoPIS/Pasepnoincidirsobreasreceitasdecorrentesdasoperaesde:(...)

III vendas a empresa comercial exportadora como fim especfico deexportao(...)"

Lein10.833/03

"Art.6AcontribuioparaoPIS/Pasepnoincidirsobreasreceitasdecorrentesdasoperaesde:(...)

III vendas a empresa comercial exportadora com o fim especfico deexportao(...)"

Considerasevendacomfimespecficodeexportao:

Decreton4.524/2002:

"Art. 45. So isentas do PIS/Pasep e da Cofins as receitas (MedidaProvisrian2.15835,de2001,art.14,Lein9.532,de1997,art.39,2 , e Lei n 10.560,de 2002, art. 3 , eMedida Provisria n 75, de2002,art.7):(...)

VIII de vendas realizadas pelo produtorvendedor s empresascomerciaisexportadorasnos termosdoDecretolei n1.248,de29denovembro de 1972, e alteraes posteriores, desde que destinadas aofimespecficodeexportaoparaoexterior.(...)

1Consideramseadquiridoscomo fimespecficodeexportaoosprodutos remetidos diretamente do estabelecimento industrial paraembarque de exportao ou para recintos alfandegados, por conta eordemdaempresacomercialexportadora.(...)"

DaleituradoDecreton4.524/02,acimatranscrito,restaclaroque o beneficio est condicionado comprovao de que asmercadorias foram remetidas diretamente para embarque ourecintoalfandegado.AocontrriodoquealegouaRecorrente,exigiuseacomprovaodoenviodamercadoriaqueleslocaiseanodequeforamexportadas.

Assimsendo,emrazodeaRecorrentenotercomprovadoqueasmercadoriasforamremetidasdiretamenteparaembarqueourecintoalfandegado,negoprovimentosalegaes.

Fl. 4490DF CARF MF

Processon10983.721188/201393Acrdon.9303006.107

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Notase que aluguel de tratores tem a ver com etapa anterior ao processo

industrial do produto final da contribuinte.E quanto comprovao das exportaes, ante

faltadesuacomprovao,nadamaisprecisaserdito.

Ante o exposto, voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso

especial da Fazenda Nacional, para restabelecer as glosas relativas s embalagens para

transporte pallets de madeira despesas com operador logstico e repaletizao e NEGAR

PROVIMENTOaorecursoespecialdosujeitopassivo.

(assinadodigitalmente)AndradaMrcioCanutoNatal

Fl. 4491DF CARF MF