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EMENTA: AÇÃO ANULATÓRIA - COBRANÇA - CONSÓRCIO - RESTITUIÇÃO DE PARCELAS PAGAS AO CONSORCIADO DESISTENTE - CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS - SÚMULA 35 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Como o enunciado pela Súmula 35 do STJ, ao consorciado desistente devem ser restituídas as prestações pagas, com juros e correção monetária, desde a data de cada pagamento, menos as taxas de administração e de seguro. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível n. 315.003-0, da Comarca de UBERLÂNDIA, sendo Apelante (s): CONSÓRCIO NACIONAL HONDA LTDA. e Apelado (a) (os) (as): WEMERSON CARLOS BORGES, ACORDA, em Turma, a Quarta Câmara Civil do Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais, DAR PARCIAL PROVIMENTO. Presidiu o julgamento o Juiz FERREIRA ESTEVES (Relator) e dele participaram os Juízes JARBAS LADEIRA (Revisor) e MARIA ELZA (Vogal). O voto proferido pelo Juiz Relator foi acompanhado na íntegra pelos demais componentes da Turma Julgadora. Belo Horizonte, 07 de março de 2001. JUIZ FERREIRA ESTEVES Relator

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Page 1: CONS RCIO - RESTITUI O - PRESTA O · ementa: aÇÃo anulatÓria - cobranÇa - consÓrcio - restituiÇÃo de parcelas pagas ao consorciado desistente - correÇÃo monetÁria e juros

EMENTA: AÇÃO ANULATÓRIA - COBRANÇA - CONSÓRCIO - RESTITUIÇÃO DE PARCELAS PAGAS AO CONSORCIADO DESISTENTE - CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS - SÚMULA 35 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Como o enunciado pela Súmula 35 do STJ, ao consorciado desistente devem ser restituídas as prestações pagas, com juros e correção monetária, desde a data de cada pagamento, menos as taxas de administração e de seguro.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível n. 315.003-0, da Comarca de UBERLÂNDIA, sendo Apelante (s): CONSÓRCIO NACIONAL HONDA LTDA. e Apelado (a) (os) (as): WEMERSON CARLOS BORGES,

ACORDA, em Turma, a Quarta Câmara Civil do

Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais, DAR PARCIAL PROVIMENTO.

Presidiu o julgamento o Juiz FERREIRA ESTEVES

(Relator) e dele participaram os Juízes JARBAS LADEIRA (Revisor) e MARIA ELZA (Vogal).

O voto proferido pelo Juiz Relator foi

acompanhado na íntegra pelos demais componentes da Turma Julgadora.

Belo Horizonte, 07 de março de 2001.

JUIZ FERREIRA ESTEVES Relator

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APELAÇÃO CÍVEL Nº 315.003-0 - UBERLÂNDIA - 07.03.01 -2-

V O T O

O SR. JUIZ FERREIRA ESTEVES:

Wemerson Carlos Borges ajuizou ação

anulatória de contrato, cumulada com pedido de rest i tuição de parcelas pagas, em face de Consórcio Nacional Honda Ltda. que foi ju lgada parcialmente procedente, sendo declarado extinto o contrato e nulas as cláusulas que f ixam decotações exorbitantes, sendo a ré condenada à devolução imediata e em parcela única, dos valores pagos pelo autor, com correção monetária a parti r dos efetivos desembolsos, e juros de 6% ao ano, contados a parti r da citação, devendo ser decotado o percentual de 10% a t í tulo reparatório, em face da inadimplência do autor.

A ré foi condenada, ainda, ao pagamento

das custas processuais e honorários advocatícios, f ixados em 10% sobre o valor da condenação.

Nas razões recursais a sustentação de que o

consorciado excluído ou desistente faz jus à devolução no percentual estabelecido no contrato e informado quando da exclusão, pagos 60 (sessenta) dias após o encerramento do grupo. Alega, também, ser infundada a cobrança de juros de mora e a incidência de correção monetária, visto não se tratar de negócio f inanceiro e s im de uma obrigação de valor.

Pretende a reforma da sentença para que

seja determinada a devolução após 60 dias do encerramento do grupo, no percentual informado, com dedução da importância correspondente a 15% do valor apurado, taxa de adesão, taxa de administração e seguro.

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APELAÇÃO CÍVEL Nº 315.003-0 - UBERLÂNDIA - 07.03.01 -3-

Foram apresentadas as contra–razões às f .

50/62. Conheço do recurso, pois presentes seus

pressupostos de admiss ibi l idade. Ao que se veri f ica dos autos, versa a ação

sobre o ressarcimento de três prestações de consórcio, pagas pelo autor, além da taxa de adesão antes que fosse excluída do grupo.

Sem razão o apelante, no que se refere à

correção monetária. A súmula 35 do egrégio Superior Tr ibunal de

Justiça veio cri stal i zar a matéria já pacif icada há muito. Não se pode falar em cláusula penal, pois a

correção monetária é mera atual ização do valor do dinheiro que, se não for apl icada, em época de inf lação alta gera o enriquecimento sem causa.

Segundo orientação atual, com base em

norma de ordem públ ica, Código de Defesa do Consumidor (art. 51, IV, XV e §1º e 53), o afastamento do grupo de consórcio, por desistência, não consti tui infração contratual, devendo ser reconhecido o di rei to do consorciado desistente à devolução dos valores pagos com os acréscimos legais, conforme orientação uniforme dos tr ibunais, valendo transcrever:

“Ao consorciado desistente é conferido o

di rei to ao recebimento das parcelas pagas, devidamente corr igidas, não havendo de se condicionar sua resti tuição ao encerramento do grupo, uma vez que, em face da substi tuição

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APELAÇÃO CÍVEL Nº 315.003-0 - UBERLÂNDIA - 07.03.01 -4-

daquele nenhum prejuízo acarreta ao credor.” (RJTAMG 50/208)

“É devida a devolução das parcelas pagas

pelo consorciado que não conseguiu suportar todos os pagamentos até o f inal de seu grupo, atual izadas monetariamente, desde a data do efetivo desembolso de cada prestação evitando-se o enriquecimento i l íci to da administradora de consórcio (Apelação 223.443-7 Relator Juiz A lmeida Melo, 2ª Câm. Cível, j . 17/9/96)

A devolução das prestações pagas,

devidamente atual izadas a parti r de cada desembolso, consti tui a forma efetiva de reembolso da importância despendida para o grupo de consórcio.

A impossibi l idade financeira do consorciado

cumpri r com as obrigações assumidas decorrentes da adesão ao grupo de consórcio não o obriga a permanecer no grupo em face do pacta sunta servanda , sendo-lhe assegurado, como já ressaltado rescindi r o contrato com a devolução das quantias pagas.

Tal or ientação, al iás, é emanada de

jur i sprudência pacíf ica do colendo Superior Tr ibunal de Justiça, inclus ive através de súmula, e este Tr ibunal de Alçada já vem decidindo com igual entendimento, há muitos anos, por todas suas câmaras cíveis.

A devolução das prestações pagas

devidamente atual izada a parti r de cada desembolso consti tui a forma efetiva de reembolso da importância despendida para o grupo de consórcio.

A taxa de administração, no entanto, e

deduzida por ocasião da devolução por pertencer à administradora de consórcio remunerando seus serviços,

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APELAÇÃO CÍVEL Nº 315.003-0 - UBERLÂNDIA - 07.03.01 -5-

apenas durante a vigência do contrato, quando foram prestados os serviços a serem remunerados. Com a exclusão do apelado do grupo, tais serviços cessaram, não sendo mais devidos.

Com estes fundamentos, dou parcial

provimento ao apelo, apenas para inclui r nos descontos a serem feitos as parcelas referentes à taxa de administração e seguro, e que a devolução se faça 30 dias após o encerramento do grupo consorcial.

Custas recursais, na forma da lei .

JUIZ FERREIRA ESTEVES

ACF