conjuntura e análise de cenário para o primeiro semestre de 2015
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ANÁLISE DE CONJUNTURA E CENÁRIO ECONÔMICO
Março de 2015
“O futuro tem por ofício ser incerto”
Pedro Malan
No final de 2013, o economista Delfim Netto
usou a expressão “Tempestade Perfeita” para
descrever o cenário de 2014:
- Rebaixamento do rating soberano
- Aceleração da inflação
- Possível crise cambial
A Tempestade Perfeita parece ter sido adiada
para 2015, turbinada pela falta de confiança,
risco de apagão e uma grave crise política
SUMÁRIO EXECUTIVO
O cenário projetado para 2015 é de agravamento
da crise, combinando fatores conjunturais e
estruturais que exigirão mais efetividade das
ações de políticas públicas.
O resultado provável será queda da atividade
econômica, aumento do desemprego, crescimento
da inflação, piora das condições sociais, escassez
de crédito e redução dos investimentos.
SUMÁRIO EXECUTIVO
“ O otimista é um tolo. O pessimista,
um chato. Bom mesmo é ser um
realista esperançoso
Ariano Suassuna
O cenário precificado
INDICADORES BÁSICOS
Medianas das expectativas do mercado
Boletim Focus, 13/03/15
Fonte: Boletim Focus/BCB
Indicador 2014 2015 E 2016 E
IPCA acumulado (%) 6,40 7,93 5,60
Taxa de câmbio fim do período (R$/US$) 2,65 3,06 3,11
SELIC fim do período (%) 11,75 13,00 11,50
Dívida líquida do Setor Público (% PIB) 36,70 38,00 38,90
Taxa de crescimento do PIB (%) -0,20 -0,78 +1,30
Conta corrente (US$ bilhões) -90,9 -79,5 -70,0
INDICADORES BÁSICOS
Brasil: inflação anual
1996/2015 – em % ao ano
9,56
5,22
1,66
8,94
5,97
7,67
12,53
9,30
7,60
5,69
3,14
4,45
5,90
4,31
5,90 6,50
5,83 5,91 6,40
7,27
-
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 E
Média estimada 2010/15: 6,30% a.a.
Fontes: IBGE e projeção Boletim Focus/BCB
INDICADORES BÁSICOS
Taxa de câmbio – países selecionados
2000 a mar/2015 – paridade com o dólar americano
R$/USD Rúpia/USD
Euro/USDRublo/USD
Fonte: Google Finance
INDICADORES BÁSICOS
Brasil: projeção de juros futuros
Evolução das expectativas e curva zero, em jan/15
Fonte: ANBIMA in Boletim de Renda Fixa
INDICADORES BÁSICOS
-5
-3
-1
1
3
5
7
9
11
13
15
19
48
19
50
19
52
19
54
19
56
19
58
19
60
19
62
19
64
19
66
19
68
19
70
19
72
19
74
19
76
19
78
19
80
19
82
19
84
19
86
19
88
19
90
19
92
19
94
19
96
19
98
20
00
20
02
20
04
20
06
20
08
20
10
20
12
20
14
Crise cambial 1º choque do
petróleo
2º choque do
petróleo
Crise cambial
Crise
cambial
Crise
mundial
Crise cambial
Apagão
Brasil: crescimento do PIB
1948/2014 – em % ao ano
1948/80 – 7,5% 1981/2014 – 2,5%
Fontes: IBGE e projeção Boletim Focus/BCB
Folha de São Paulo, 18/03/15
A queda na popularidade da Presidente reflete a
fragilidade dos fundamentos econômicos, a crise de
confiança dos agentes e o clima de enfrentamento
político, destacando:
- A piora na expectativa de crescimento
- A insegurança no mercado de trabalho
- A inflação nos preços administrados
- A crise da Petrobras
- O distanciamento do discurso de campanha
- A falta de ação do Governo
A CRISE EM RESTROSPECTIVA
A CRISE EM RESTROSPECTIVA
2000 2008Aceleração do processo de urbanização
Aumento da escolaridade média
Transição demográfica
Bolsa Família
Boom de commodities
Crise do subprime
Excesso de alavancagem de crédito
Crises Irlanda, Grécia, Irlanda e Espanha
A CRISE EM RESTROSPECTIVA
2008 2014
Estímulos ao consumo interno
Estratégia dos Campeões Nacionais
Pré-sal
Controle de preços/quebra de contratos
Seca
Discursos de campanha
2013
Recuperação dos EUA
Redução do crescimento da China
Queda do preço do petróleo
2015
Endividamento das famílias
Crescimento do déficit público, contabilidade criativa
Operação Lava Jato
Redução dos investimentos em infraestrutura
Desvalorização do câmbio
Aumento dos juros básicos
Redução das exportações
Queda dos preços das commodiites
Crise de água e energia
Crise política
Queda na confiança
A combinação de fatores conjunturais e estruturais, com a incapacidade de planejamento a
longo prazo e o custo de políticas intervencionistas criaram as condições da tempestade perfeita
Evolução dos indicadores do endividamentoFortaleza, 2010/2014 – em %
Fonte: FECOMERCIO/CE IPDC
56,5
61,2 62,1 64,6
66,5
20,0 19,5 17,6 16,7
19,2
26,1 27,1 27,3 28,2 28,3
-
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
2010 2011 2012 2013 2014
Taxa de Endividamento % Dívidas em atraso Comprometimento da renda
Evolução do emprego formalVariação % – Brasil e Ceará, 2014 a jun/2014
Fonte: MTE, Caged
7,7
6,2
5,8
6,9
5,7
4,4
7,9
5,7
3,6
2,9
1,5
6,4 6,5
6,3
6,8
5,9
9,5 9,6
6,0
3,9
4,5
0,9
0
2
4
6
8
10
12
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Brasil Ceará
Evolução do ICC Fortaleza, 2010/2014 – em pontos
Fonte: FECOMERCIO/CE IPDC
2012
2011
2013
2010
2014
115,0
120,0
125,0
130,0
135,0
140,0
145,0
150,0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
2010 2011 2012 2013 2014
A confiança do consumidor tem caído, em decorrência da
pressão da inflação e das dívidas sobre a renda e com a
percepção de piora da economia:
� Endividamento permanece alto
� Comprometimento da renda com dívidas
aumentou
� Contas em atraso caíram
� Pretensão de compra em queda
� O consumidor busca promoções e liquidações
� ICC apresentou, em fevereiro, o pior resultado
mensal desde o início da pesquisa em 2009
� O consumo se volta para itens de consumo
imediato e semiduráveis
O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
O sucesso da equipe econômica� Joaquim Levy, Fazenda + Alexandre Tombini, Bacen + Nelson
Barbosa, Planejamento
� Desafios:
� Reequilibrar o orçamento público
� Conter a inflação
� Estancar perdas do balanço de pagamentos
� Metas:
� Inflação de 4,5% em 2016
� Superávit primário de 1,2% do PIB em 2015
� Superávit primário de 2,0% do PIB em 2016
� Obstáculos:
� Alinhamento do discurso com o resto do governo
� Resistências no Congresso
� Orçamento de 2015 com emendas parlamentares
vinculadas
VARIÁVEIS CRÍTICAS
A economia internacional� O aumento dos juros americanos irá provocar uma corrida
para o dólar e a fuga de capitais especulativos, criando
condições para uma nova crise cambial
� A ascensão de partidos de esquerda na Europa (Syriza na
Grécia, Podemos na Espanha e Sinn Pein na Irlanda) ameaça
a unidade monetária e cria novas pressões sociais sobre o
plano de salvamento do Euro
� China cresceu abaixo da meta em 2014, com PIB de +7,4% e
volta-se para o mercado interno. A meta para 2015 deverá
ser ajustada para 7,0%
� A queda do preço do petróleo trouxe novos riscos para os
países dependentes da exportação da commodity, em
especial para a Rússia
VARIÁVEIS CRÍTICAS
Mercado de trabalho� Ocupação na indústria caiu 3,2% em 2014
� Salários caíram 1,1%
� Foi o pior ano para indústria desde 2009
� As vendas no varejo tiveram pior resultado em 11 anos
(+2,2%), reduzindo o número e a permanência de empregos
temporários (CE +5,6%)
� A taxa de desemprego caiu de 7,1%, em 2013, para 6,8%, em
2014 (PNAD Contínua), mas as contratações perderam fôlego
� Um eventual aumento no desemprego trará enormes
dificuldades para o equilíbrio orçamentário dos
consumidores, dado o nível atual de comprometimento da
renda com dívidas
VARIÁVEIS CRÍTICAS
Crises de água e energia� Uso excessivo do sistema de reserva trará aumentos da
ordem de 40% nas tarifas de energia em 2015
� O aumento de energia irá aumentar o IPCA em cerca de 1
p.p. neste ano
� Um eventual racionamento poderia aumentar o potencial de
queda do PIB em até um ponto percentual
� A falta de água já afeta a economia de SP (agricultura,
indústria de alimentos e farmacêutica), RJ (agricultura e
pecuária) e MG (mineração e siderurgia)
� A Agrícola Famosa (CE) teve que paralisar 1.500 hectares de
melão e melancia por falta de água para a irrigação, afetando
1.500 trabalhadores
VARIÁVEIS CRÍTICAS
Petrobras e a Operação Lava Jato� Dívida bruta de R$ 331,7 bilhões
� De 2010 até o início de 2015 perdeu US$ 160 bilhões de valor
de mercado
� Perdas com desvios são estimados em US$ 20 bilhões
� Nova diretoria tem a difícil missão de levar confiança ao
mercado e conduzir os ajustes contábeis
� A venda de ativos deverá ser utilizada como estratégia de
capitalização
� Efeitos da queda do preço do petróleo são ambíguos
� Choque no câmbio poderá causar novos prejuízos
� Estudo do Prof. Damoran mostra que a empresa fez
investimentos sem avaliação adequada, priorizou o crescimento
em detrimento da rentabilidade, pagou dividendos em excesso
e usou o endividamento de forma exagerada
VARIÁVEIS CRÍTICAS
� Maior dificuldade de leitura do cenário
� O pessimismo prepondera sobre o otimismo
� Medidas de ajuste econômico provocarão recessão
� Desemprego tende a aumentar
� A inflação permanecerá pressionada
� O racionamento de energia piora PIB e inflação
� Crédito ficará mais caro e escasso
� Fracasso da equipe econômica poderá provocar
downgrade
� Há riscos de uma crise cambial
TENDÊNCIAS PARA 2015
� Saneamento das contas públicas deverá manter o
“grau de investimento”
� Retomada das concessões
� Fortalecimento da atividade exportadora
� Oportunidades no turismo por conta da alta do dólar
� Simplificação tributária
� Criação de novos estímulos à poupança
� Oportunidades com energia renovável se concentram
no Nordeste
� Câmbio deixou ativos nacionais 25% mais baratos
A AGENDA POSITIVA
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