conjuntura demográfica da população portuguesa no período de...

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J. Manuel Nazareth Análise Social, vol. x x (81-82), 1984-2.º-3.º, 237-262 Conjuntura demográfica da população portuguesa no período de 1970-80: aspectos globais 1 INTRODUÇÃO O interesse pela demografia tem aumentado consideravelmente nos últimos anos no nosso país. Esse aumento de interesse provém não só de uma exigência cada vez maior dos habituais utilizadores dos dados demo- gráficos, como também do facto de outros campos terem descoberto a utilidade deste tipo de informação. Pensamos que a Análise Social tem contribuído com uma parte impor- tante para esta situação através da publicação, nos últimos anos, de vários artigos nesta área das ciências sociais. Esta procura, porém, obrigou-nos a repensar um pouco o nosso programa de investigação. Até ao momento, a grande maioria dos trabalhos têm-se concentrado em caracterizar aspec- tos particulares da demografia portuguesa, ou então em adaptar algumas novas técnicas de análise aos nossos dados. É, sem dúvida, uma tarefa fundamental que não queremos de modo nenhum deixar para segundo plano. Porém, estamos conscientes de que se- melhante tipo de trabalhos se dirige a um público necessariamente reduzido, devido à aridez da linguagem técnica e ao constante recurso a métodos de análise estatístico-matemáticos. Deixamos pois de fora todos aqueles que se interessam por problemas populacionais em geral e pela evolução da população portuguesa em particular. O seu tipo de formação por vezes dificilmente consegue acompanhar as análises sofisticadas da metodologia demográfica. E, mesmo que a sua formação o permita, existe frequente- mente um certo desinteresse por semelhante tipo de trabalhos. Foi pensando nestas situações, ou seja, na existência de pessoas que precisam ou se interessam pela demografia, sem no entanto se interessa- rem pelas suas técnicas, que resolvemos iniciar uma nova série de artigos intitulados «Conjuntura demográfica». O primeiro diz respeito aos aspectos globais da população portuguesa no período de 1970-80. Seguir-se-ão os aspectos regionais no mesmo período. Depois, na medida em que os dados vão estando disponíveis, iremos apresentando outras conjunturas para períodos mais curtos, poste- riores a 1980, integrando simultaneamente os aspectos globais e regionais. Neste contexto, as primeiras duas conjunturas demográficas terão uma estrutura diferente das que se seguirão. Várias razões motivaram esta nossa escolha: em primeiro lugar, porque, tendo-se a maior parte dos nossos trabalhos concentrado no período de 1930-70, era importante actua- lizar a informação para o decénio de 1970-80; em segundo lugar, a falta de dados disponíveis, de que falaremos no ponto seguinte, obrigou-nos a 257

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J . M a n u e l N a z a r e t h Análise Social, vol. xx (81-82), 1984-2.º-3.º, 237-262

Conjuntura demográfica da populaçãoportuguesa no período de 1970-80:aspectos globais

1 INTRODUÇÃO

O interesse pela demografia tem aumentado consideravelmente nosúltimos anos no nosso país. Esse aumento de interesse provém não só deuma exigência cada vez maior dos habituais utilizadores dos dados demo-gráficos, como também do facto de outros campos terem descoberto autilidade deste tipo de informação.

Pensamos que a Análise Social tem contribuído com uma parte impor-tante para esta situação através da publicação, nos últimos anos, de váriosartigos nesta área das ciências sociais. Esta procura, porém, obrigou-nosa repensar um pouco o nosso programa de investigação. Até ao momento,a grande maioria dos trabalhos têm-se concentrado em caracterizar aspec-tos particulares da demografia portuguesa, ou então em adaptar algumasnovas técnicas de análise aos nossos dados.

É, sem dúvida, uma tarefa fundamental que não queremos de modonenhum deixar para segundo plano. Porém, estamos conscientes de que se-melhante tipo de trabalhos se dirige a um público necessariamente reduzido,devido à aridez da linguagem técnica e ao constante recurso a métodosde análise estatístico-matemáticos. Deixamos pois de fora todos aquelesque se interessam por problemas populacionais em geral e pela evoluçãoda população portuguesa em particular. O seu tipo de formação por vezesdificilmente consegue acompanhar as análises sofisticadas da metodologiademográfica. E, mesmo que a sua formação o permita, existe frequente-mente um certo desinteresse por semelhante tipo de trabalhos.

Foi pensando nestas situações, ou seja, na existência de pessoas queprecisam ou se interessam pela demografia, sem no entanto se interessa-rem pelas suas técnicas, que resolvemos iniciar uma nova série de artigosintitulados «Conjuntura demográfica».

O primeiro diz respeito aos aspectos globais da população portuguesano período de 1970-80. Seguir-se-ão os aspectos regionais no mesmoperíodo. Depois, na medida em que os dados vão estando disponíveis,iremos apresentando outras conjunturas para períodos mais curtos, poste-riores a 1980, integrando simultaneamente os aspectos globais e regionais.

Neste contexto, as primeiras duas conjunturas demográficas terão umaestrutura diferente das que se seguirão. Várias razões motivaram estanossa escolha: em primeiro lugar, porque, tendo-se a maior parte dosnossos trabalhos concentrado no período de 1930-70, era importante actua-lizar a informação para o decénio de 1970-80; em segundo lugar, a faltade dados disponíveis, de que falaremos no ponto seguinte, obrigou-nos a 257

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adiar o início destas conjunturas; em terceiro lugar, o volume dos dadose a extensão do período indicaram-nos que seria mais prudente separara análise global da análise regional, para não tornar este trabalho muitoextenso e perder assim o efeito de facilidade de comunicação que sepretende obter. .

Finalmente, resta-nos salientar que, em princípio, cada conjunturademográfica será composta por cinco partes fundamentais. Na primeirafar-se-á o ponto da situação das fontes para o período em análise. Nasegunda parte apresentar-se-ão os dados globais respeitantes ao movimentoda população. Seguir-se-á a análise da evolução das estruturas e a evoluçãodas variáveis microdemográficas. Finalmente, o último ponto será reser-vado à comparação dos dados portugueses com os da Europa.

2. AS FONTES

Comecemos em primeiro lugar pelas estatísticas do movimento da popu-lação. Apesar de estarmos em 1983, as últimas Estatísticas Demográficaspublicadas pelo INE são as de 1975. Foi-nos dito que durante o ano de1982 sairiam as de 1976 e 1977, mas foi em vão que esperámos... naaltura em que redigimos o presente trabalho continua tudo na mesma.Tal significa que só existe uma informação completa e pormenorizadapara o período de 1970-75. A partir desta última data apenas podemosdispor da informação constante no Anuário Estatístico (o último que saiufoi de 1980) ou em folhetos de informação da INE. São, como não podedeixar de ser, dados globais que apenas nos possibilitam o cálculo dealgumas medidas elementares. Deste facto resulta que esta primeira con-juntura demográfica não é tão rica como desejaríamos em instrumentosde análise, visto que, a partir de 1975, a informação é bastante incompleta.

É certo que podíamos ter elaborado uma análise mais sofisticada noperíodo de 1970-75 e mais rudimentar no período seguinte. Preferimosporém aguardar. Talvez em ulteriores conjunturas retomemos a análisedeste período se entretanto os dados tiverem saído...

No que diz respeito às estruturas, a situação é tão grave ou ainda maisdo que as estatísticas do movimento da população.

Na realidade, os dados respeitantes ao 11.° Recenseamento da Popu-lação (1970) apenas estão publicados com estimativa a 20 % É nessa esti-mativa que nós podemos encontrar as estruturas populacionais e em maisnenhum lado. É certo que já depois de 1980 saíram os resultados defini-tivos respeitantes ao recenseamento de 1970, mas a pobreza dos dadosapresentados é confrangedora! Apenas dispomos do número de alojamen-tos, das famílias e da população presente e residente.

Quanto ao 12.° Recenseamento da População (Março de 1981), existe,publicada pelo INE, uma versão com os resultados preliminares onde,para além da população presente, se dispõe do número de famílias e dealojamentos. Recentemente começaram a sair, por distritos, cadernos comos resultados definitivos. O tipo de informação publicada é sensivelmenteidêntica à da versão preliminar.

Resta-nos, pois, o recurso, mais uma vez, aos Anuários Estatísticos,onde nos aparecem as estruturas estimadas. Como não podia deixar deser, tivemos de utilizar estas estruturas, uma vez que não dispomos de

238 outras.

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Eis, pois, os dados que utilizámos nesta primeira conjuntura demográ-fica: dados incompletos combinados com estruturas estimadas. Conse-quentemente, a nossa conjuntura também é «estimada»... é preciso mili-tância para se investigar em demografia no nosso país!

3. MOVIMENTO DA POPULAÇÃO, MEDIDAS ELEMENTARESE RITMOS DE CRESCIMENTO

No quadro n.° 1 apresentamos o movimento da população portuguesano período de 1970-80, bem como as principais medidas elementares refe-rentes a este período.

Comecemos pela análise dos efectivos globais da população. Antes,porém, de os analisarmos convém tecer algumas considerações acerca danatureza dos dados. Assim, a população em 31 de Dezembro de 1980 éa referente ao censo de Março de 1981. Preferimos introduzir um errode três meses do que estar a trabalhar com mais populações estimadas.Quanto à população de 1970, também não é a do censo de 1970 (8 629 338),mas uma população ajustada pelo INE, visto este organismo estar cons-ciente do censo que se fez em 1970...

Assim, tudo indica que em dez anos a população portuguesa cresceucerca de 800 000 habitantes. Conforme se pode verificar, esse crescimentonão está igualmente repartido por todos os anos. Pelo contrário, existemtrês períodos distintos:

Um período, 1970-73, de relativa estabilização no crescimento ou atéde um pequeno decréscimo (é difícil ser-se rigoroso devido a estar-mos a lidar com populações estimadas);

Um período, 1974-76, de grande crescimento, onde a populaçãoaumenta cerca de 700 000 habitantes;

Um período, 1977-80, onde se regressa à estabilidade e até a um even-tual decréscimo (tal como no primeiro período, também é difícilo rigor devido a termos utilizado populações estimadas).

Quanto aos nascimentos, no início da década eram 172 891 e no fimdesta década eram 160 957. Ou seja, cerca de 800 000 pessoas a mais nãoimpediram que os nascimentos diminuíssem cerca de 12 000, Essa dimi-nuição também não foi constante: até 1974 o seu valor é estável e ron-dando os 172 000 (saliente-se, no entanto, que em 1971 houve um anormalvolume de nascimentos para o qual não encontramos explicação; não nosparece que as flutuações aleatórias justifiquem uma tal ocorrência, incli-nando-nos, pelo contrário, para uma má qualidade dos dados ou em1971 ou em 1970; pensamos ser mais provável ter havido uma perturbaçãona qualidade em 1970, visto os nascimentos em 1969 serem 189 739);aumenta bastante no período de 1975-76 e começa a diminuir no períodoseguinte. No conjunto do decénio houve um total de 1744 189 nasci-mentos.

Os óbitos, ao contrário dos nascimentos, aumentaram no período emanálise quase 5000. É normal, tendo em conta o aumento da população.Não se observa, no entanto, a existência de períodos marcados e distintos.Na realidade, se excluirmos o ano de 1971 (onde, tal como nos nasci-mentos, o valor nos aparece empolado em relação a 1970 e onde confir- 239

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Movimento da população e medidas demográficas elementares em Portugal no período de 1970-80

[QUADRO 1*

Anos

197019711972197319741975197619771978197919801970/80

População em31 de Dezembrofa)

9013 7008 967 2008 973 7008 978 2009 218 4009 633 1009698 8009 773 0009819 6009 862 7009 806 3009 410000

Nascimentos(6)

172 891189042174 685172 324171979179 648186 712181064167 467160311160 975

1 744 189

Óbitos(6)

93 09398 68890 31595 43597 03497 936

102 02796 11196 19492 73297 698

964 170

Casamentos(ò)

8146183 43877 32584 33481724

103 125101 8859140381 11177 99373 290

855 628

Emigrantesoficiais(/j)

66 36050 40054 08379 51743 39724 81119 46919 54322 11226 31825 207

364 857

Taxabruta da

natalidade(permila-gem )(c)

19,1221,0319,4719,2018,9019,0619,3218,6017,0916,2916,3718,54

Taxabruta da

mortalidade(permilagem)

10,2910,9810,0710,6310,6710̂ 3910,569,879,819,429,93

10,25

Taxabruta da

nupcialidade(permila-gemXc)

9,019,288,629,409,98

10,9410,549,398,287,937,459,09

Taxabruta da

emigração(permila-

gem)(c)

7,345,616,038,864,772,632,012,012,262,672,563,88

(a) Ponte: Anuário Estatístico de 1980, p. 29, para os anos de 1970 a 1979 (os dados de 1970 são ajustados pelo INE); para 1980, Censo de 1981 — «Resultadospreliminares» (embora os dados sejam referentes a Março de 1981).

(b) Fonte: Estatísticas Demográficas de 1970, p. 2; Anuário Estatístico de 1980, p. 33. Nota — Os nascimentos e os casamentos são no local do facto, o s óbitos eos emigrantes são no local de residência, conforme refere a fonte; existe um erro na fonte no ano de 1971, onde os nascimentos nos aparecem 181243, contradizendoinformações anteriores, nomeadamente as do Anuário Estatístico de 1979 e das Estatísticas Demográficas de 1971.

(c) As taxas brutas foram calculadas com base na população a meio do ano, ou seja, somando a população de dois anos consecutivos c dividindo por dois; apopulação em 1979 era de 9 074 700, segundo o Anuário Estatístico de 1980, p. 29. As taxas brutas globais para o período de 1970-80 foram calculadas dividindo osacontecimentos médios pelia população a meio do período (9 01$7<00 4- 9 806 300:2 = 9 410 000).

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mámos a tendência anterior, ou seja, havendo 101088 óbitos em 1969,tudo indica que houve acontecimentos ocorridos em 1970 que foramregistados em 1971) e o ano de 1976 (ano terminal de um período curtode grande aumento populacional), as variações encontradas são mais alea-tórias do que a indicação de uma tendência. No conjunto do decéniohouve um total de 964 170 óbitos.

Nos casamentos encontramos uma evolução idêntica à dos nascimentos,embora globalmente tenham diminuído menos que estes últimos. Na reali-dade, se, no decénio de 1970-80, os nascimentos diminuíram cerca de12 000, os casamentos diminuíram cerca de 8000. Encontramos igual-mente três períodos distintos: até 1974, o seu valor é estável (embora comflutuações), aumenta sensivelmente no período de 1975-76 e começa adiminuir no período seguinte. No conjunto do decénio houve um totalde 855 628 casamentos.

Quanto à série dos emigrantes, é mais difícil de interpretar devido aofacto de ela apenas se referir aos emigrantes oficiais. Ora, sabendo nósque paralelamente à emigração oficial existe um outro fenómeno que sechama emigração clandestina, pode acontecer, por exemplo, que uma dimi-nuição da emigração oficial não signifique um declínio dos acontecimentos,uma vez que pode ter aumentado a clandestinidade. Em todo o caso, paraalém das flutuações aleatórias e da interferência do fenómeno da clandes-tinidade, parece ser incontestável que também aqui encontramos três pe-ríodos distintos: até 1974, onde os valores são sensivelmente idênticos aosobservados em anos anteriores; o período de 1975-77, onde a emigraçãonitidamente declina; e o período de 1978-80, onde lentamente a emigraçãovolta a crescer, embora sem atingir os valores do início do decénio. Noconjunto do decénio houve um total de 364 857 emigrantes oficiais.

Após esta análise da evolução dos acontecimentos vejamos agora aevolução das principais taxas brutas. Embora sendo medidas muito gros-seiras que isolam muito rudimentarmente os efeitos de estrutura, algumaslinhas de força são visíveis: uma certa estabilidade dos valores até 1974e uma alteração dessa estabilidade no período de 1975-76, devido aofenómeno do retorno (aumento de natalidade e nupcialidade e diminui-ção da emigração).

No período de 1977-80, a natalidade e a nupcialidade diminuem, aemigração continua com baixos níveis e a mortalidade mantêm-se estável.

Tal não quer dizer, no entanto, que esta tenha sido a evolução dosdiversos fenómenos em análise. A evolução descrita é apenas aquela quetransparece dos indicadores utilizados, que são, como já dissemos, bastantegrosseiros e que, devido aos efeitos de estrutura, podem induzir em erroa nossa análise. Aguardemos pois o ponto de vista da análise das variáveismicrodemográficas para nos aproximarmos da real evolução dessas variá-veis.

Finalmente, com base nos dados do quadro n.° 1, elaborámos o quadron.° 2, onde se apresentam os ritmos de crescimento, calculados ano a anopara o período em análise.

Calculámos em primeiro lugar os ritmos de crescimento natural, ouseja, aqueles ritmos de crescimento que a população teria se não existis-sem movimentos migratórios de nenhuma espécie (hipótese de populaçãofechada). Em seguida calculámos os ritmos de crescimento total com basenas populações estimadas (hipótese de população aberta), É o nosso ritmo 241

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Crescimento natural, crescimento migratório e crescimentototal anual médio em Portugal no período de 1970-80,

em percentagem

[QUADRO N.° 2]

Períodos

1969-701970-711971-721972-731973-741974-751975-761976-771977-781978-791979-801970-80

Crescimentonatural(a)

+ 0,8»+ 1,01+ 0,94+ 0,86+ 0,82+ 0,87+ 0,88+ 0,87+ 0,73+ 0,69+ 0,64+ 0,83

Crescimentomigratório(f>)

- 1,55-1 ,53-0 ,87-0 ,81+ 1,82+ 3,53-0 ,20-0 ,11-0 ,25-0 ,25-1 ,21+ 0,01

CrescimentototaKc)

-0 ,67-0 ,52+ 0,07+ 0,05+ 2,64+ 4,40+ 0,6»+ 0,76+ 0,48+ 0,44-0 ,57+ 0,84

(a) Crescimento natural = TBN — TBM.(b) Crescimento migratório = crescimento total — crescimento natural.

P —Px + 1 x

(c) Crescimento total =P + P

x x + 1

242

Nota — Uma outra forma de fazer estes cálculos é através de:

Px 4- n

]og = n jOg (i -f- a)Px

Fonte: os dados do quadro n.° 1.

real de crescimento. Finalmente, subtraindo do crescimento total o cresci-mento natural, encontrámos o crescimento migratório. Este processo per-mite-nos lidar não só com a emigração oficial, como também com a emi-gração clandestina e a imigração. Os resultados são, como não podiadeixar de ser, obtidos em termos de saldo.

Comecemos por analisar o crescimento natural. Até 1977, os ritmosde crescimento são positivos e sensivelmente idênticos nos diversos perío-dos. A partir desta data, embora continuando positivos, começa a mani-festar-se um acentuado declínio que cada vez mais aproxima o nossoritmo de crescimento natural do chamado «crescimento zero»? No con-junto do decénio, o ritmo de crescimento natural é de + 0,83 %.

Quanto ao crescimento migratório, encontramos três períodos distin-tos: o período até 1973, onde o saldo é francamente negativo (maisemigração do que imigração); o período de 1974-75, onde o saldo éfrancamente positivo (mais imigração do que emigração); e o período apartir de 1975, onde os saldos voltam de novo a ser negativos, mas comvalores bastante inferiores aos do início da década em análise, O valorencontrado no último período pode induzir em erro, ou seja, julgar-seque a emigração tomou os ritmos antigos. Tal não é verdade, conformese pode verificar no quadro n.° 1. Os valores da emigração em 1980 nãosão substancialmente diferentes dos dos três anos anteriores. A discrepância

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provém do facto de em 1979 se ter utilizado uma população estimada eem 1980 uma população real obtida através do recenseamento. No con-junto do decénio, o ritmo de crescimento migratório é de + 0,01 %.

A conjugação destes dois ritmos de crescimento permite-nos, comoé óbvio, compreender a evolução do crescimento total. Assim:

No período de 1970-73, os ritmos do crescimento total são ligeira-mente negativos numa primeira fase e depois ligeiramente positivos(neste último caso são praticamente iguais a zero); tal deve-se aofacto de o crescimento migratório negativo contrabalançar em linhasgerais o crescimento natural positivo; em termos de movimento dapopulação, o excedente francamente positivo dos nascimentos (prati-camente estáveis no período) em relação aos óbitos (também estáveis)é anulado, ou quase que anulado, pela importância da emigração:

Nos períodos de 1973-74 e 1974-75, os ritmos de crescimento totalapresentam valores positivos e muito elevados, em particular nosegundo período; tal deriva do facto de os ritmos de crescimentomigratório terem passado de valores negativos a positivos muitoelevados, enquanto o ritmo de crescimento natural não difere subs-tancialmente do período anterior; em termos de movimento dapopulação, a revolução de 25 de Abril teve como consequênciao aparecimento do fenómeno do retorno (centenas de milhares depessoas regressaram ao nosso país, sobretudo de África), o que,conjugado com a crise de emprego no mundo desenvolvido, feztambém com que diminuísse a emigração; é certo que tambémobservamos alguma perturbação no movimento natural, mas não sóé insignificante quando comparado com o movimento migratório,como também um pequeno aumento dos nascimentos foi compen-sado com um pequeno aumento nos óbitos;

Finalmente, nos restantes períodos, devido a o crescimento naturalcomeçar a diminuir e o crescimento migratório retomar as tendên-cias do início da década (embora com valores mais baixos), ocrescimento total volta a ser positivo, embora com valores cadavez mais próximos de zero; no último período, até já nos apareceum crescimento total negativo, mas, devido às razões anteriormenteapontadas, este valor tem de ser interpretado com sérias reservas;em termos de movimento da população, temos que, tal como noinício da década, o excedente dos emigrantes em relação aos imi-grantes «consomem» o excesso dos nascimentos em relação aosóbitos; é certo que o crescimento total não se torna negativo(excepto no último período) ou próximo de zero, mas tal deve-seao facto de a emigração se ter reduzido a sensivelmente 1/3 da doinício do período em análise; a tendência para zero justifica-sepela diminuição dos nascimentos observada nos últimos anos;

No conjunto do decénio, o crescimento total foi de + 0,84 %.

4. AS ESTRUTURAS

No quadro n.° 3 apresentamos as estruturas populacionais e as rela-ções de masculinidade estimadas para 31 de Dezembro de 1980, No grá-fico I apresentamos a pirâmide de idades referente a essas estruturas. 243

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Em ordem a melhor nos apercebermos da evolução das nossas estruturas,também apresentamos a pirâmide de idades referente às estruturas de 1970.Finalmente, no gráfico n representamos a evolução das relações de mas-culinidade ao longo dos diversos grupos de idades. Tal como fizemospara as pirâmides, também apresentamos a evolução das relações demasculinidade de 1970, em ordem a facilitar as comparações.

Estruturas populacionais e relações de masculinidade de Portugalestimadas para 31 de Dezembro de 1980

[QUADRO N.« 3]

Gruposde idades

0-45-9

10-1415-1920-2425-2930-3435-3940-4445-4950-5455-5960-6465-6970-74

75 e +Total

Homens

Númerosabsolutos

432 500432 500449 700463 900416 400370 700303 700242 000245 400256100247 600226 800184 900168 800129 800123 000

4 693 800

Percen-tagem

4,374,374,544,684,203,743,072,442,482,592,502,291,871,701,311,24

47,39

Mulheres

Númerosabsolutos

420400417 500431900448700411 300386 600352 300304 600308 100314 300304 600274 600225 400212 800181 200216 800

5 211 100

Percen-tagem

4,244,224,364,584,153,903,563,083,113,173,082,772,282,151,832,19

52,62

Relações demasculini-

dade(X 100)

103104104103101968679808181838279725790

Fonte: Anuário Estatístico de 1980, INE, p. 3*0.

Comecemos pela análise das pirâmides de idades. Em 1980, a pirâmidede idades obtida para o conjunto do País não se diferencia substancial-mente da pirâmide obtida para 1970. Na realidade, nem é uma pirâmidedo «tipo acento circunflexo» (típica dos países com grande crescimentodemográfico), nem é uma pirâmide do «tipo urna» (típica dos países comtaxas de crescimento próximas de zero). A nosso ver, encontra-se numafase de transição entre o primeiro tipo e o segundo, embora esteja incon-testavelmente já muito próxima do «tipo urna». É pois uma pirâmidemoderadamente envelhecida.

Conforme já explicámos em trabalho anterior \ o envelhecimento daspopulações é fundamentalmente determinado pelo declínio da fecundi-dade, e não pelo declínio da mortalidade. Ora, conforme iremos ver noponto seguinte, o declínio da fecundidade foi particularmente acentuadona década de 1970-80. Seria pois de esperar um grande envelhecimento

1 J. Manuel Nazareth, O Envelhecimento da População Portuguesa, Lisboa,244 Ed. Presença, 1979.

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ÍGRÁFICO I]

Pirâmides de idades de Portugal em 1970 e 1980 (a)

1970

M

908580757065605550454035302520151050

M

1980

H

V

mm

mmmmm

mmmmdmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm.

1

908580757065605550454035302520151050

M

Y,-Y-,Y, y,y.- .v f ••••••••

(a) Fontes: 11.° Recenseamento da População (1970) e Anuário Estatístico de 1980.

quer na base (diminuição da importância dos jovens), quer no topo dapirâmide (aumento da importância dos velhos). Tal não aconteceu, con-forme facilmente se pode verificar.

A que será devida esta aparente contradição? Aos movimentos migra-tórios. Na realidade, se a fecundidade é a variável-chave na compreensãodo processo natural do envelhecimento, este pode ser profundamentealterado quando existem movimentos migratórios intensos. Se um paísé dominantemente de emigração, a população activa diminui e, conse-quentemente, os outros dois grupos aumentam (envelhecimento no topo 245

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e rejuvenescimento na base). Se, pelo contrário, um país é dominantementede imigração, é o inverso que se observa.

Ora acontece que este período é particularmente diferente das décadasanteriores. O nosso país, que ao longo da história tem sido dominante-mente de emigração (emigração essa que foi particularmente intensa nadécada de 1960-70), aparece-nos no período de 1970-80 na situação inversa,ou seja, dominantemente de emigração. Com efeito, apesar de, nos últimosanos do período em análise, a emigração ter diminuído a sua importância(devido ao acentuar da crise europeia em particular e do mundo desenvol-vido em geral), tal não impediu que oficialmente tivessem saído do País431 217 emigrantes. Aconteceu, porém, que, com o fim do Império Colonial,várias centenas de milhares de portugueses regressaram a Portugal (o núme-ro exacto é difícil de precisar, mas estima-se que não se afastará muito dos700 000). Este saldo, positivo em várias centenas de milhares, acrescido aofacto de vários emigrantes europeus terem sido obrigados a regressar aonosso país, tornou este decénio como dominantemente de imigração.

Neste contexto, se a imigração provoca um rejuvenescimento no topoe um envelhecimento da base, seria de esperar que a nossa pirâmide deidades reflectisse essa situação. Tal não aconteceu. Mas tudo tem umaexplicação. No topo da pirâmide de idades, o rejuvenescimento provocadopela emigração foi compensado praticamente pelo envelhecimento provo-cado pelo declínio da fecundidade. Na base, quer a imigração quer odeclínio da fecundidade deveriam conjuntamente ter provocado um grandeenvelhecimento. Tal não se verificou pelo facto de esta imigração ter tidocaracterísticas muito particulares: não foi só a população activa queregressou, mas famílias inteiras. As crianças vindas dominantemente dasnossas ex-colónias africanas quase que compensaram a diminuição dasua importância relativa no conjunto do País.

É também devido ao facto de este fenómeno de retorno ter sido cons-tituído majoritariamente por famílias inteiras que nós não observamosas grandes distorções que em princípio seriam de esperar no aspecto geralda pirâmide de 1980, quando comparada com a de 1970.

Com efeito, uma pirâmide, em princípio, nunca é simétrica. A parteesquerda começa por ser maior do que a parte direita, devido ao fenó-meno da sobremasculinidade dos nascimentos. Em seguida, à medida quecaminhamos para os grupos de idades mais avançados, a importânciarelativa do sexo masculino em relação ao sexo feminino começa a diminuir,chegando-se aos grupos terminais com o dobro ou o triplo dos efectivosfemininos em relação aos masculinos. Tal facto é devido ao fenómenoda sobremortalidade masculina.

Para melhor se visualizar o efeito destes dois fenómenos é usual repre-sentar-se graficamente a evolução das diversas relações de masculinidadeao longo dos diversos grupos de idades. Foi o que fizemos no gráfico n,sobrepondo a informação de 1980 com a de 1970.

Pondo por ora de lado a grande concavidade nos grupos 35-40 anos,verificamos que a tendência geral reflecte o efeito da sobremasculinidadedos nascimentos e óbitos. Porém, não deixa de ser particularmente visível,sobretudo se compararmos com 1970, que só a partir do grupo 25-29 anoso peso relativo do sexo masculino começa a ser inferior ao do sexo femi-nino. Tal é devido à imigração, que nos indica assim ter sido maior no

246 sexo masculino do que no sexo feminino.

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Relações de masculinidade da população portuguesa em 1970 e 1980 (a)

[GRÁFICO II]

VI0-

oo

X

— •

oT3

•o

as

cu

lii

c

"O

õe

sR

ei

100

9 0

8 0

70

6 0

5 0

4 0

30-

20-

10-

c'•a

V Vi

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1

1

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o•

--

&

19

19

s

7 0

8 0

• m

0 10 20 30 40Grupos de Idades

ia) Fontes: ver gráfico I.

50 60 70 80 90 100

Finalmente, resta-nos fazer um pequeno comentário à concavidadeencontrada nos grupos 35-40 e 40-45 anos. Não é mais do que a conse-quência da concavidade encontrada 10 anos antes nos grupos 25-30 e30-35 anos. É o resultado da grande emigração da década de 60.

Embora uma análise feita através das pirâmides de idades e das rela-ções de masculinidade seja incontestavelmente a mais completa, é usual,em ordem a facilitar as comparações no tempo e no espaço, agrupar ainformação em grandes grupos de idades. É certo que, nesta conjuntura,onde comparamos apenas dois períodos, o interesse desta análise é rela-tivo. Porém, como tencionamos, num próximo artigo, elaborar uma análiseregional por distritos, o seu interesse residirá fundamentalmente na exis-tência de um padrão de referência em ordem a detectar-se a existênciae o sentido das assimetrias contidas no espaço português. A fim defacilitar as comparações internacionais, utilizámos dois critérios de repar-tição dos grupos funcionais (0-19, 20-59 e 60 e + anos; 0-14, 15-64,65 e + anos) e separámos os sexos para observar a evolução do envelhe-cimento diferencial. 247

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Tudo quanto dissemos anteriormente pode facilmente ser observadono quadro n.° 4. No entanto, pensamos que ficam mais claras as trêscaracterísticas fundamentais do envelhecimento da população portuguesano período de 1970-80:

A continuidade do processo de envelhecimento da população portu-guesa, embora a um ritmo particularmente lento neste períodopelas razões expostas anteriormente;

O envelhecimento observado foi maior na base (diminuição do pesodos jovens) do que no topo (aumento dos idosos);

O aumento desse envelhecimento foi praticamente igual nos dois sexos,fazendo assim com que a sua diferença relativa se mantivesse sen-sivelmente constante; por outras palavras, o sexo feminino continuaa estar muito mais envelhecido do que o sexo masculino, tantona base como no topo.

A evolução dos índices-resumos, como é lógico, reflecte essa evolução.Assim:

O índice de vitalidade indica-nos que por cada 100 jovens existiam39 idosos em 1970 e 41 em 1980 (pelo primeiro critério de agru-pamento) ou 37 idosos em 1970 e 40 em 1980 (pelo segundo cri-tério de agrupamento); este índice de vitalidade é muito maiorno sexo feminino do que no sexo masculino;

A ratio de dependência dos jovens indica-nos que por cada 100 «pes-soas activas» existiam 76 jovens em 1970 e 70 em 1980 (pelo pri-meiro critério de agrupamento) ou 46 jovens em 1970 e 41 em1980 (pelo segundo critério de agrupamento); este índice é muitomaior no sexo masculino do que no sexo feminino;

A ratio de dependência dos velhos indica-nos que por cada 100 «pes-soas activas» existiam cerca de 29 idosos tanto em 1970 comoem 1980 (pelo primeiro critério de agrupamento) e cerca de 16idosos (pelo segundo critério de agrupamento); esta ratio de depen-dência é maior no sexo feminino do que no sexo masculino;

Finalmente, a ratio de dependência total é o resultado do efeito com-binado dos outros dois; segundo o primeiro critério de agrupa-mento, por cada 100 «pessoas activas» existiam 106 «não activas»em 1970 (76 jovens e 30 velhos) e 99 em 1980 (70 jovens e 29velhos); pelo segundo critério de agrupamento, por cada 100 «pes-soas activas» existiam 62 «não activas» em 1970 (46 jovens e 16velhos) e 58 em 1980 (41 jovens e 17 velhos); esta ratio de depen-dência é maior no sexo masculino do que no sexo feminino.

5. AS VARIÁVEIS MICRODEMOGRÁFICAS

a) A MORTALIDADE

No ponto 3 do presente trabalho já nos tínhamos referido à evoluçãoda mortalidade através de um indicador sumário — a taxa bruta de morta-lidade. Também dissemos que, por se tratar de um indicador muito gros-

248 seiro, devido a isolar de uma forma muito insatisfatória os efeitos de

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[QUADRO N.° 4]Grupos funcionais e índices-resumos das estruturas populacionais de 1970 e 1980 em Portugal

População no grupo de 0-19 anos ...População no grupo de 20-59 anos ...População no grupo de 60 e + anos

Total ...

0-19 anos (percentagem) ..2(X-59 anos (percentagem) .60 e + anos (percentagem).

Total

Sexos reunidos

1970

3 182 7504 1854651 242 9108 611 125

36,9648,6114,43

100,00

1980

3 497 1004 965 1001 442 7009 904 900

35,3150,1314,57100,00

Sexo mascuíimo

1970

1 600 9701 971 595516 600

4 089165

39,1548,2212,63100,00

1980

1778 6002 308 700606 500

4 693 800

37,8949;1912,92

100,00

Sexo feminino

1970

1 581 7802 213 870726 310

4 521 960

34,9848,9616,06100,00

1980

1718 5002 656 400836 200

5 211 100

32,9850,9816,05100,00

Índice de vitalidade (a) .RDJ(&)RDV(c)

• •

39,0576,0429,70

105,74

41,2570,4329,0699,49

32,2780,2026,20

107,40

34,1077,0426,27

103,31

45,9271,4532,81

104,26

48,6664,6931,4896,17

População no grupo de Ò-14 anos ...População no grupo de 15-64 anos ...População no grupo de 65 e + anos

Total ...

2 451 8505 326 515

832 760

2 584 5006 288 0001032400

1 245 4802 511 140

332 545

1 314 7002 957 5001

421 600

1 206 3702 815 375

500 2158 611 125 9904 900 4 089 165 4 693 800 4 521 960

1 269 8003 330 500

610 8005 211 100

0-14 anos (percentagem) .15-64 anos (percentagem) .65 e -f anos (percentagem).

28,4761,86

9,67

26,0963,4810,42

30,4661,418,13

28,0163,018,98

26,6862,2611,06

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

24,3763,9111,72

100,00

Índice de vitalidade (a) .RDJ(ò) ...RDV(c) ...

36,%46,0315,6361,66

39,9541,1016,4257,52

26,7049,7013,2462,84

32,0744,4514,2658,71

41,4642,8517,7760,62

48,1038,1318,3456,47

65 + anos 60 +' anos(a) índice de vitalidade = X 100 ou — X

0-14 anos

(b) Ratio de dependência dos jovens =

0-19 anos0-14 anos

X 100 ou15-64 anos65 + anos

(c) Ratio de dependência dos velhos = X 1O0 ou15-64 anos

(d) Ratio de dependência total = RDJ + RDV.

100.

0-19 anos

20-59 anos60 + anos

20-59 anos

-X 100.

-X 100.

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estrutura, pode introduzir grandes distorções na análise do fenómenomortalidade. Deste facto resulta que, embora seja usual começar qualqueranálise de mortalidade pelas taxas brutas, rapidamente se passa para aconstrução de índices mais sofisticados, obtidos pela aplicação dos prin-cípios da translação e da estandardização.

Mas, conforme vimos no ponto 2, a exiguidade e o aspecto provisóriodas nossas fontes no período em análise não nos permitem sofisticar anossa análise tanto quanto desejávamos.

Assim, em relação aos tipos particulares de mortalidade limitámo-nosa calcular a taxa de mortalidade infantil, a taxa de mortinatalidade, a taxade mortalidade feto-infantil, a taxa de mortalidade perinatal e a taxa demortalidade neonatal (ver quadro n.° 5). Completámos a nossa análisecom a mortalidade por causas (ver quadros n.os 6 e 7). Em relação à mor-

Principais indicadores de mortalidade em Portugal no período de 1970-80

[QUADRO N.° 5]

Anos

19701971197219731974197519761977197819791980

Variação(percen-tagem)

(a)Taxa

bruta demorta-lidade

(permila-gem)

10,2910,9810,0710,6310,6710,3910,569,879,819,429,93

- 3,50

(i>)Taxa

de morta-TiAttAfiJ-UrtUC

infantilclássica

(permila-gem)

58,0049,7741,4144,8337,8938,9133,4430,2929,1326,02

(/) 25,44

- 56,14

(c)Taxa

de morta»iHUwUV

infantil pon-derada

(permila-gem)

56,8950,6340,7444,7137,8739,2533,6330,1528,7825,85

(/) 25,45

- 55,26

(d)Mortina-talidade

(permila-gem)

22,1222,2121,0619,2617,2215,4814,6514,8113,8513,4513,61

- 38,47

(e)Taxa

de mortaíE-dade feto-

-infantil(permila-

gem)

80,1271,9862,4764,0955,1154,3948,0945,1042,9839,4739,05

- 51,26

<*)Taxa

de mortali-dade peri-

natal(permila-

gem)

37,8039,0034,5033,1032,20*l,3029,3028,9026,9025,50—

- 32,54

(/i)

Taxade mortali-dade neo-

natal(permila-

gem)

24,3023,5019,7021,2020,9022,0019,9019,1017,4015,70—

- 35,39

(a) Fonte: os dados do quadro n.° 1.(b) Fonte: Anuário Estatístico de 1979, p. 33, c Anuário Estatístico de 1980, p. 33; o seu cálculo

foi feito pela fórmulaóbitos com menos de 1 ano

(c) A fórmula ponderada utilizada foi:

Nascimentosóbitos com menos d« 1 ano

K'Na + K"N0

Fetos mortos com 28 e + semanas

250

(d) Ou taxa de mortalidade fetal tardia é igual a:Nascimentos

(e) TMFI = TMIC 4- mortinatalidade.(/) Valores estimados.

óbitos fetais tardios + óbitos neonatais precoces(g) TM = — X 1000.

NascimentosEstas taxas não foram calculadas por não dispormos de elementos na fonte, mas tirados dos

Anuários Estatísticos de 1979 e 1980.óbitos com menos de 28 dias

(h) TMN = X 1000.Nascimentos

Estas taxas não foram calculadas por não dispormos de elementos na fonte, mas tiradas dosAnuários Estatísticos de 1979 e 1980.

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talidade geral limitámo-nos a apresentar, para além das taxas brutas demortalidade, a evolução da esperança de vida à nascença. Também apli-cámos, com os dados que temos, o método da população-tipo.

Comecemos a nossa análise pela evolução da mortalidade infantil.Houve uma diminuição de 57 °/00 (em? 1970) para 26 °/.oo (em 1980), o quecorresponde a um declínio de 55 %. Esse declínio, conforme se podeobservar no quadro n.° 5, foi em geral constante. Trata-se, pois, de umaevolução que nos parece bastante conforme com outros indicadores sociais.Por outras palavras, atendendo a que o nosso nível de mortalidade aindaera muito elevado em 1970 (sobretudo quando o comparamos com os dosoutros países europeus), a melhoria das condições sociais e do equipa-mento médico-sanitário fizeram com que a mortalidade infantil se redu-zisse a praticamente metade. O indicador utilizado, quer o clássico quer ocorrigido pelo método da média ponderada, sendo liberto dos efeitosde estrutura, reflecte a evolução real da nossa mortalidade. O mesmo nãoacontece com as taxas brutas, que, devido a serem muito grosseiras, nosindicam um declínio de 4 %.

Também a mortinatalidade, a mortalidade feto-infantil, a mortalidadeperinatal e a mortalidade neonatal apresentam no período em análiseum considerável declínio. A primeira declina cerca de 38 %, a segunda51 %, a terceira 33 % e, finalmente, a neonatal 35 %.

Quanto à mortalidade por causas, apresentamos no quadro n.° 6 a suacomposição em 1970 e em 1979, sexos separados. O agrupamento diz res-peito às grandes rubricas de causas de morte. A designação dessas rubricas,bem como a sua composição, têm variado ao longo do tempo, tornandoassim difíceis as comparações.

Para ultrapassar este problema partimos da nomenclatura apresentadaem 1979 e corrigimos a de 1970 para tornar possível as comparações.

A causa de morte mais importante, tanto em 1970 como em 1979, sãoas doenças do aparelho circulatório. Apesar de, no início do período emanálise, o peso relativo desta causa de morte, em relação ao conjunto dosóbitos, já ser bastante elevado (32 % nos homens e 39 % nas mulhe-res), em 1979 esse peso relativo ainda aumenta mais (40 % nos homense 47 % nas mulheres). A diferença entre os sexos mantêm-se no entantoconstante.

As causas de morte que se seguem em importância são os «sintomase estados mórbidos mal definidos» e os tumores.

Vejamos o primeiro destes tipos de causas de morte. Quer no inícioquer no fim do período em análise, a sua importância relativa mantêm-seconstante (12 % no sexo masculino e 19 % no sexo feminino) e, logica-mente, também se mantém a diferença relativa entre os sexos.

Pelo contrário, os tumores, que em 1970 representavam 12% dosóbitos, tanto num sexo como no outro, aumentam ligeiramente a suaimportância em 1979 (15 % no sexo masculino e 14 % no sexo femi-nino).

Quanto às doenças do aparelho respiratório, que em 1970 tinhamuma importância sensivelmente idêntica aos tumores (13% nos homense 11 % nas mulheres), diminuem consideravelmente de importância nofim do período em análise (9 % nos homens e 7 % nas mulheres). Igualtendência também se pode observar nas doenças do aparelho digestivo,embora com valores bastante mais baixos. 251

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Mortalidade por causas em Portugal em 1970 e 1979 (a)

[QUADRO N.o 6]

Causas

1970

Número Percentagem

M

Número Percentagem

1979

Número Percentagem

M

Número Percentagem

I Doenças infecciosas e parasitáriasII Tumores

III Doenças das glândulas endócrinas, da nutri-ção e do metabolismo ... .,

IV Doenças do sangue e dos órgãos hemato-poéticos

V Perturbações mentaisVI Doenças do sistema nervoso e dos órgãos

dos sentidos ,VII Doenças do aparelho circulatório

VIII Doenças do aparelho respiratório ..IX Doenças do aparelho digestivo .X Doenças do aparelho geniturinário ... ...

XI Complicações da gravidez, do parto e dopuerpério

XII Doenças da pele e do tecido celular sub-cutâneo

XIII Doenças do sistema osteomuscular e do te-cido conjuntivo ...

XIV Malformações congénitasXV Certas causas de morbilidade e mortalidade

perinatalXVI Sintomas e estados mórbidos mal definidos

XVII Acidentes, envenenamentos e violências ...

Total

16385 626

446

12938

63015 234615141911098

49

38353

2 1875 7593 797

47 364

3,511,9

0,9

0,30,1

1,332,213,08,82,3

0,0

0,1

0,10,7

4,612,28,0

100,0

7635 309

614

10418

48417 8415 0502 794

718

127

6846

301

16828 5071303

1,711,6

1,3

0,20,0

1,139,011,06,1

1,6

0,3

0,10,10,7

3,718,62,8

9777 270

408

11285

45118 9734 1872 732

714

27

49451

8955 7494 816

2,015,2

0,9

0,20,2

0,939,68,75,71,5

0,0

0,1

0,10,9

1,912,010,1

6026 147

575

12779

321210652 9911322

499

49

37

75321

5848 3261716

45 729 100,0 47 896 100,0 44 836

1,313,7

1,3

0,30,2

0,747,0

6,72,91,1

0,1

0,1

0,20<7

1,318,63,8

100,0

(a) Fonte: Estatísticas da Saúde de 1970, INE, Lisboa, e Anuário Estatístico de 1979, INE, Lisboa.

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Os «acidentes, envenenamentos e violências», pelo contrário, manifes-tam uma pequena subida no período de 1970-79, sem que esse acréscimotenha alterado a posição relativa dos dois sexos.

As restantes causas são, em geral, de pouco peso e a tendência obser-vada no período foi no sentido de uma certa estabilidade da importânciarelativa. Uma excepção é, no entanto, de salientar: o declínio da impor-tância de «certas causas de morbilidade e mortalidade perinatal».

No quadro n.° 7 resolvemos apresentar a distribuição de certas causasde morte por grupos de idades. Escolhemos apenas aquelas quatro causasque nos pareceram ser as mais interessantes de analiar: as doenças doaparelho circulatório e os tumores (porque são as causas de maior e decrescente importância), os acidentes, envenenamentos e violências (por seruma causa de morte com grande crescimento nos últimos anos, sobretudono sexo masculino) e as doenças do aparelho respiratório (por ser a causade morte com uma maior diminuição nos últimos anos, tanto num sexocomo no outro).

Algumas causas de morte em Portugal (1970-79) por grupos de idades (a)

[QUADRO N.° 7]

Grupos de idades

Sexo masculino— 1 ano1-4 anos5-19 anos. ...20-59 anos ...60 e -f anos ...

Total ...

Sexo feminino

— 1 ano1-4 anos5-19 anos. ...20-59 anos ...60 e 4- anos ...

Total ...

Doenças doaparelho

circulatório

19710

0,050,020,30

14,5685,03

100,00

0,020,020,258,06

91,61100,00

1979

0,090,050,19

13,9785,70

100,00

0,070,040,217,42

92,26100,00

Tumores

19(70

0,050,711,78

30,1867,18

100,00

0,110,751,51

31,9565,68

100,00

1979

0,060,361,69

28,4569,45

100,00

0,100,411,35

30,7367,41

100,00

Acidentes,envenenamentos

e violências

19(70

0,504,21

14,2055,6825,05

100,00

1,3010,5112,8229,0946,12

100,00

1979

1,314,22

14,5156,1923,77

100,00

2,338,22

12,8234,5642,07

100,00

Doenças doaparelho

respiratório

1970

19,906,802,00

14,6856,56

100,00

20,367,722,148,55

61,15100,00

1979

9,841,821,55

15,1971,60

100,00

11,432,571,648,96

75,39100,00

(a) Fonte: ver quadro n.° 6; em 1970, a soma das percentagens nem sempre é igual a 100,devido a erros na fonte.

Em relação às primeiras duas causas de morte, podemos facilmenteobservar que elas ocorrem majoritariamente nos grupos de idade mais avan-çada, em particular a partir dos 60 anos. Apesar de algumas oscilações,não nos pareceu que o aumento da sua importância relativa tivesse modi-ficado a sua repartição por idades, tanto num sexo como no outro.

O mesmo se pode dizer em relação aos acidentes, envenenamentos eviolências. No entanto, é interessante salientar que existe uma maiorrepartição desta causa de morte pelos diferentes grupos de idades. 253

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Finalmente, nas doenças do aparelho respiratório, o declínio geraldesta doença no período de 1970-79 fez-se sobretudo nos primeiros gruposde idade, tanto num sexo como no outro.

Quanto à mortalidade geral, as taxas brutas apresentam um declíniode 3,5 % no período em análise. É um indicador muito grosseiro, con-forme já o dissemos, e que não permite apreciar a real evolução damortalidade geral. Existem dois princípios de análise que permitem supe-rar esta limitação: o da estandardização e o da translação.

Em relação à aplicação do primeiro princípio escolhemos o métododa estandardização directa ou método da população-tipo. Escolhemoscomo tipo a população de 1970 (ver quadro n.° 8) e verificámos que em1979, se a população portuguesa tivesse a estrutura de 1970, a taxa seriade 9,38 °/oo, em vez de 9,42 °/00. A diferença é pois mínima. Não seriade esperar outra coisa, atendendo ao facto de as estruturas terem envelhe-cido muito pouco no período de 1970-79.

Estimação da evolução da mortalidade geral no período de 1970-79através do método da população-tipo

[QUADRO N.o 8]

1970

PopulaçãoÓbitospx

tx (X1000)ps tx

7979

PopulaçãoÓbitospx

tx (X1000)n, tr

1979 (população-tipo)

1970px

1979tx .

p 1 9 7 0 t 1 9 7 9

X X

0-19

3 182 75013 272

0,369 64,171,541 2

3 516 3006 938

0,357,31,970,703 9

0,369 6

1,97

0,728 1

20-59

4 185 46514 942

0,486 13,571,735 4

4 898 20016 289

0,497 73,331,657 3

0,486 1

3,33

1,618 7

60 +

1 242 91064 879

0,144 352,207,532 5

1 426 70069 505

0,145 048,72

7,064 4

0,144 3

48,72

7,030 3

Total

8 611 12593 093

1,000 0010,8110,81

9 841 20092 732

1,000 09,429,42

1,000 0

9,42

9,38

254

Quanto à aplicação do princípio da translação, a natureza dos dadosnão nos permite calcular directamente uma tábua de mortalidade. Resol-vemos contornar esta dificuldade, servindo-nos das tábuas-tipo de Prin-ceton. A entrada nas tábuas foi feita através da proporção dos óbitosinfantis no conjunto dos óbitos. Obtivemos assim para 1979 uma espe-rança de vida à nascença de 75 anos para o sexo feminino e de 71 anospara o sexo masculino. No conjunto dos dois sexos, a esperança de vidaestimada ronda os 73 anos, o que, comparado com o valor de 1970 (cercade 68 anos), nos dá um ganho de cinco anos no período de 1970-79.

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b) NATALIDADE E NUPCIALIDADE

Como é lógico, encontrámos as mesmas dificuldades na análise destasduas variáveis. Começámos por calcular as taxas brutas de natalidade ede nupcialidade. Como também dispúnhamos de informação relativa aonúmero de divórcios, calculámos igualmente a evolução das taxas brutasde divórcio.

Em relação à nupcialidade e ao divórcio nada mais podemos fazer,visto não dispormos de elementos que nos permitam construir outrosíndices libertos dos efeitos de estrutura. Quanto à natalidade, felizmenteque a situação é um pouco diferente. O facto de dispormos das estruturasestimadas por sexos e grupos de idades, bem como do número de nasci-mentos por grupos de idades, permitiu-nos calcular a taxa de fecundidadegeral, a descendência média e a taxa bruta de reprodução.

Comecemos a nossa análise pela evolução da natalidade. Já anterior-mente tínhamos comentado a evolução das taxas brutas e dissemos queno período em análise declinou 14 %. Já dissemos que se trata de umíndice grosseiro. Porém, atendendo a que as estruturas globais da populaçãoportuguesa não se modificaram substancialmente de 1970 para 1980,dá-nos uma visão aproximada da evolução. Não nos admirou, pois, que,quando passámos a utilizar um indicador já menos grosseiro — a taxade fecundidade geral—, o sentido da evolução não se tenha alterado:o declínio foi de 13 % (ver quadro n.° 9).

Evolução das taxas brutas de natalidade» nupcialidade e divórcioe da taxa de fecundidade geral de Portugal no período de 1970-80

[QUADRO 9]

AnosTaxa bruta de

natalidade(permilagem)

Taxa de fecun-didade geral(permilagem)

Taxa bruta denupcialidade(permilagem)

Taxa brutade divórcio

(permilagem)

19701971197219731974197519761977197819791980Variação (percentagem)

19,1221,0319,4719,2018,9019,0619,3218,6017,0916,2916,37

-14,38

73,6384,0582,8481,2278,2476,1576,5673,5667,4764,1563,96

-13,13

9,019,288,629,408,98

10,9410,549,398,287,937,45

-17,31

0,060,060,070,070,090,160,500,800,710,60

Com este último indicador eliminámos, como é sabido, o efeitoperturbador da parte da população onde não ocorrem nascimentos. Poroutras palavras, apenas tivemos em consideração as mulheres no períodofértil (dos 15 aos 50 anos). Porém, pode acontecer duas populações teremo mesmo modelo de fecundidade, as proporções de mulheres seremidênticas, e, no entanto, as taxas serem diferentes. Basta para tal queexista uma diferente repartição das mulheres no interior desse períodofértil. 255

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Quer a descendência média (número médio de filhos por mulher), quera taxa bruta de reprodução (número médio de filhas por mulher), permitemsuperar essa limitação. Gomo felizmente dispomos de dados que nos permi-tem calcular esses indicadores, escolhemos três momentos diferentes do pe-ríodo em análise para observar a sua evolução: 1969-72, 1976 e 1979. Nãocalculámos a taxa líquida de reprodução (número médio de filhos pormulher, tendo em conta os efeitos da mortalidade) por não nos ter sidopossível calcular a tábua de mortalidade para 1979. Também não cal-culámos a descendência média e a taxa bruta de reprodução (emboraexistam algumas estimativas feitas por extrapolação) para 1980 por nãoexistirem ainda os nascimentos por grupos de idades para essa data.

Se observarmos com atenção a evolução apresentada no quadro n.° 10,a primeira impressão que imediatamente salta à vista é que as taxasde fecundidade diminuíram em todos os grupos de idades, excepto noprimeiro, onde aumentou. Existe, pois, um princípio, uma tendência paraa concentração da fecundidade nas idades mais jovens. No entanto, estatendência não é tão linear como parece à primeira vista. Na realidade,se a partir dos 25 anos se observa um declínio regular, o mesmo não

Taxas de fecundidade por grupos de idades, descendência médiae taxa bruta de reprodução de Portugal em 1969-72, 1976 e 1979

LQUADRO N.° 10]

Grupos de idades

Taxas de fecundidade

15-19 anos20-24 anos ...25-29 anos30-34 anos35-39 anos40-44 anos45-49 anos

Descendência médiaTaxa bruta de reprodução ...Ma2

1969-72 .

0,031 510,151580,182 360,123 320,079 960,033 490,003 31

3,031,48

29,0142,10

1976

0,047 670,160 230,141130,088 010,052 670,022 550,002 35

2,571,26

27,6443,22

. 1979

0,041 320,137 950,123 260,077 980,036 120^015 190,001 98

2,171,06

27,3139,96

Variação(percentagem)

+ 31,13- 8,99- 32,41- 36,77- 54,83- 54,64-40,18

- 28,38- 28,38- 5,86- 5,08

256

acontece no grupo anterior. Especificando um pouco mais, temos umaumento das taxas de fecundidade no grupo 20-24 anos no período de1969/72-76, seguido de um enorme declínio no período de 1976-79. Como,neste último período, o declínio é muito maior do que o aumento noperíodo anterior, globalmente observa-se um ligeiro declínio (bastanteinferior aos restantes grupos). No grupo 15-19 anos observa-se o mesmo,ou seja, um grande aumento das taxas no período de 1969/72-76, seguidode um pequeno declínio no período de 1976-79. Como o aumento noprimeiro período é muito maior do que o declínio no segundo período,globalmente houve um grande aumento.

Como interpretar esta evolução? Pensamos que os valores encontradosem 1976 reflectem a grande perturbação causada pelo retorno. Essa

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perturbação não invalida o que dissemos, ou seja, a tendência para umamaior concentração da fecundidade nas idades mais jovens. Como provado que afirmamos basta observar a evolução de M (idade média dafecundidade), que diminui de 29,01 para 27,31, e de ^ (variância dastaxas de fecundidade), que diminui de 42,10 para 39,96. Estamos, pois,perante um país com um comportamento cada vez mais malthusiano,

Consequentemente, a descendência média e a taxa bruta de reproduçãodiminuíram de 3,03 para 2,17 e de 1,48 para 1,06 respectivamente. Saben-do-se que a substituição das gerações é assegurada com uma descendênciamédia de 2,1, o nosso país, em 1979, encontra-se praticamente em cimadesse limite. A continuar a tendência, tudo indica pois que o nosso paísdeixou de renovar as suas gerações a partir de 1980.

Quanto à nupcialidade, declinou globalmente 17% no período emanálise. Esse declínio não foi, no entanto, uniforme: é relativamenteestável até 1974 (apesar da existência de algumas flutuações aleatórias),aumenta nos anos de 1975 e 1976 (devido ao efeito do retorno) e declinanos anos seguintes. Existe, pois, a partir de 1976, uma manifesta tendênciapara uma baixa da nupcialidade. É certo que se trata de um índicegrosseiro e que os dados de que dispomos não nos permitem construiríndices mais sofisticados. Mas, atendendo a que as estruturas no fim e noprincípio do período em análise são sensivelmente idênticas, julgamosque se trata de uma evolução muito próxima do real em termos de declínio.O mesmo não podemos afirmar para as flutuações encontradas nos diversosanos, pois pode tratar-se de simples efeitos de estrutura.

Ao invés, o divórcio apresenta-nos um considerável aumento. Esseaumento é muito lento até 1975, muito grande no período de 1976-77,para começar a diminuir nos dois anos seguintes. Estes dados parecem-nosbastante conformes com o que sabemos da evolução da realidade socialportuguesa.

c) OS MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS

Este tipo de variável é incontestavelmente o mais difícil de analisar.Em primeiro lugar, porque se trata de uma variável complexa que englobatrês aspectos distintos: a emigração, a imigração e as migrações internas.Em segundo lugar, a existência de um processo de clandestinidade nonosso país desde longa data torna as nossas estatísticas mais incompletasdo que nas outras variáveis microdemográficas.

Ao nível global do País, não temos migrações internas, ficando assimreduzida a nossa análise apenas à emigração e à imigração.

Vejamos, em primeiro lugar, a emigração oficial. Como é lógico, osdados a que se refere o quadro n.° 1 dizem apenas respeito à emigraçãooficial. Consequentemente, a evolução das taxas brutas de emigraçãotambém dizem respeito apenas à emigração oficial. A tendência parece-noscorrecta, tendo em conta aquilo que sabemos da realidade social portu-guesa: uma certa estabilidade dos valores até 1973 e um declínio a partirde 1974, se bem que com um ligeiro aumento nos últimos três anos.Este pequeno aumento, no entanto, fica muito aquém dos valores encon-trados no início do período.

Compreende-se que assim seja; a crise económica que se instalousobretudo na Europa ocidental, acompanhada de uma crise de emprego, 257

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fez com que os países que a integram tenham deixado de ser um pólode atracção.

No entanto, devido ao facto de nem sempre a emigração ser feitaoficialmente, é bem possível que as taxas de emigração estejam subesti-madas, sobretudo até 1974. Em trabalho anterior 2 estimámos a importânciada clandestinidade nos vários decénios anteriores a este. Apesar de nãopassar de uma estimação, o trabalho estava relativamente facilitado.Conhecendo-se a população nos recenseamentos, o movimento natural,a imigração e a qualidade dos dados pela equação de concordância,tornou-se possível essa estimação. Porém, neste período algo de invulgaraconteceu: o fenómeno do retorno, cuja exacta importância não seconhece, visto não ter sido convenientemente registado.

É certo que as nossas estatísticas registam com um certo detalhe osestrangeiros que fixaram residência no nosso país. Mas essa informaçãoé insignificante quando comparada com as centenas de milhares depessoas que regressaram de África.

Se observarmos o quadro n.° 2, rapidamente nos damos conta da suaimportância. O crescimento migratório anual médio, negativo até 1973,torna-se francamente positivo nos períodos de 1973-74 e 1974-75, paradepois voltar a ser negativo. Ora, se nos anos de 1974-75 houve 68 208 emi-grantes oficiais, o grande aumento observado só pode ter sido consequênciado retorno.

Tentemos estimar a importância do retorno através da equação deconcordância para o conjunto do período em análise:

População em 1970 9 013 700Nascimentos (1970-80) 1744 189Óbitos (1970-80) 964 170Emigrantes (1970-80) 364 857População esperada em 1980 9 428 862População recenseada em 1980 9 806 300População recenseada-população esperada + 377 438

Houve portanto um total de cerca de 400 000 pessoas a mais emrelação ao esperado. Se tivermos em conta ainda o facto de (sobretudoaté 1974) muitos emigrantes não terem sido contados devido ao fenómenoda clandestinidade, a diferença entre a população recenseada e a populaçãoesperada está subavaliada.

Qual será a importância dessa subavaliação? Não o podemos saberao certo, mas, dado que foi possível estimar para o decénio de 1960-70que a clandestinidade representa 75 % dos emigrantes oficiais, admitindoa constância do fenómeno, temos cerca de 273 000 clandestinos.

Neste contexto, com as precauções inerentes ao método de estimaçãoutilizado, pensamos que a importância real do retorno deve rondaros 650 000.

Finalmente, um outro aspecto interessante de analisar é a evoluçãodo destino da nossa emigração oficial (ver quadro n.° 11).

Em 1970, a Europa era o destino de 66 % da nossa emigração,seguida da América do Norte (24,9 %) e da América do Sul (7,1 %).

258 2 J. Manuel Nazareth, op. cit.

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Emigrantes oficiais segundo os países de destino, período de 1970-80 (a)

[QUADRO N.° 11]

Anos

19701971197219731974197519761977197819791980

África

Númerosabso-lutos

959767476489591267318408869

1 1171204

Percen-tagem

1,41,50,90,61.41,11.62,13,94,24,8

América do Norte

Númerosabso-lutos

16 50716 00O14 57715 7262128814 892112579 238

10118110688 455

Percen-tagem

24,931,727,019,849,160,057,847,345,842,133,5

América do Sul

Númerosabso-lutos

4 7234 75948185 2043 3003 5152 6994 2583 9464 2033 054

Percen-tagem

7,19,48,96,57,6

14,213,921,817,816,012,1

Ásia

Númerosabso-lutos

112

374277481874918

2411

Percen-tagem

0,00,00,00,00,01,51,42,54,03,59,6

Eunopa

Númerosabso-lutos

43 70128 43833 96257 42617 5755 5074 7054 7175 8058 7819 763

Percen-tagem

66,056,462,872,240,522,224,224,126,333,438,7

Oceania

Númerosabso-lutos

360435249672643256213441500231320

Percen-tagem

0,50,90,50,81,51,01,12,32,30,91,3

Totatí(b)

Númerosabso-lutos

66 2515040054 08479 51743 39724 81119 46919 54322 11226 31825 207

Percen-tagem

100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,0100,010090

(a) Fonte: Anuário Estatístico de 1979, p. 43, para 1970, e Anuário Estatístico de 1980, p . 42, para os restantes anos.(b) Em 1970 e em li9H2, os dados não coincidem com os do quadro n.° 1 devido a erro na fonte.

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A África recebia apenas. 1,4 %,. a Oceania 0,5 % e a Ásia não tinhanenhuma atracção.

Até 1973, esta situação não se altera e o peso dá Europa aumenta deimportância, em detrimento dos outros continentes.

A partir de; 1974, a situação alterou-se completamente:

A Europa, que até essa data era de longe o continente mais importante,perde grande parte da sua importância, sendo ultrapassada pelaAmérica, do Norte. Em 1978 começa a recuperar a sua importância,voltando de novo, em 1980, a ser o continente que exerce umamaior atracção. No entanto, ainda está muito longe de ter o pesoque tinha no início do decénio.

A América do Norte, que a partir de 1574 começa a ser o continentede maior atracção e triplica a sua importância no período de1973-75, começa a diminuir o seu peso relativo a partir destaúltima data, sendo de novo ultrapassada pela Europa em 1980.

A América do Sul começa a ganhar em capacidade de atracção, atin-gindo em 1977 o seu maior peso relativo (21,8 %). A partir destadata começa a diminuir a sua importância, sendo a tendência nosentido de retomar os valores do início da década.

Quanto à África, que tinha uma atracção diminuta até 1973, começaa aumentar a sua importância relativa a partir desta última data,embora com flutuações.

A Ásia tem uma evolução idêntica à da África,A Oceania, embora tenha aumentado, em relação ao início da década,

a sua importância relativa, tem muito menor atracção do que aÁsia e a África.

6. COMPARAÇÃO DOS DADOS DE PORTUGAL COM OS DOSRESTANTES PAÍSES EUROPEUS

No quadro n.° 12 apresentamos os principais indicadores demográficosdo continente europeu.

Quanto ao crescimento natural, podemos observar que o nosso paístem um crescimento ligeiramente superior à média do continente e épraticamente idêntico ao da Europa do Sul e da Europa oriental.

No que diz respeito aos indicadores de estrutura, Portugal tem umenvelhecimento,; tanto na base como no topo, menor que a média docontinente. O seu nível de envelhecimento, no entanto, é praticamenteidêntico ao da Europa do Sul.

Quanto à mortalidade, temos três indicadores que nos permitem pro-ceder a comparações: a taxa bruta de mortalidade, a taxa de mortalidadeinfantil e a esperança de vida à nascença. O primeiro indicador não nosindica grandes assimetrias, tendo em conta o facto de se tratar de uminstrumento de análise bastante grosseiro. Na mortalidade infantil, Portu-gal, embora tendo um valor muito próximo do nível da Europa do Sul eda Europa oriental, está muito longe dos níveis encontrados para a Europaocidental e do Norte. Na esperança de vida também não encontramos

260 grandes assimetrias.

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Indicadores demográficos do continente europeu em 1980[QUADRO N.° 12]

Populaçãoem 1980(milhões)

EUROPA

EUROPA DO NORTE.

DinamarcaFinlândiaIslândiaIrlandaNoruegaSuéciaReino Unido

EUROPA OCIDENTALÁustriaBélgicaFrançaRepública Federal da Ale-

manhaLuxemburgoHolandaSuíça

EUROPA ORIENTAL

BulgáriaChecoslováquiaRepública Democrática da

AlemanhaHungriaPolóniaRoménia

EUROPA DO SUL

AlbâniaGréciaItáliaMaltaPortugalEspanhaJugoslávia

48482

5,14,80,23,34,18,3

55,81537,59,9

53,6

61,10,4

14,16,31108,9

15,4

16,710,835,522,31402,79,6

57,20,39,8

37,822,4

Taxa brutade

natalidade(permilagem'

14131214192213111212111214

9111311181618

141619201530161217161717

Taxa brutade

mortalidade0 (permilagem:

101110961010111211121210

121289111012

14139109899101088

Taxa de i ,crescimento T a * a d e ,

natural ' mortalidade(percen- !, i n f a n t i l

tagem) 'Permilagem)

0,40,10,20,41,21,10,30,00,10,10,10,10,3

0,20,00,40,20,70,50,7

0,00,31,01,00,72,20,70,30,80,60,90,9

1913991116981412151211

15111010232219

132422312487191816251634

Descendên-cia médiia

2,01,81,71,72,33,41,8,7,7,6,6,7,9

,4,5,6

1,52,32,32,4

1,82,22,32,62,34,22,31,92,02,12,62,2

Esperançade vida

à nascença

Populaçãocom menosde 15 anos

(percen-tagem)

População |com mais Populaçãode 65 anos j no ano 2000

(percen- (milhões)tagem)

72727472767175757272727173

72707573717170

727071707169737271737268

2423

303124212322232224

21202522232223

212124252637242425262826

1214141191114151414151414

15131113111112

161310101151212910109

i521845,35,10,34.04,48,6

56,5 :1587,610,757,5 •

59,80,415,56,41219,517,2

16,6:11,2-40,925,7157 :

mi10,661,30,411,643,925,7

Produto :

nacionalbruto

per capita' ($US);:

5,650,6,140

i 9,920J6,820~8,3203,470--9,510

10,2105,0308,9707,0309̂,070

l «,270

9,60010,4108,390

12,1003,6703,2004,720

. 5,6603,4503,660

:l,750;

."' ; 3,290:-.' Í40\,3,270 ;

'3,8402,1602,0203,5202,390

Fonte: World Population Data Sheet — 1980; os dados para Portugal foram corrigidos.

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Finalmente, os indicadores de natalidade apontam-nos para uma situa-ção de relativa homogeneidade nas taxas brutas (apesar das flutuações,provavelmente devidas aos efeitos de estrutura). A descendência média donosso país indica-nos uma situação em que as gerações apenas se renovam.

Apesar de o índice ser ligeiramente inferior ao da Europa do Sul eoriental, é bastante superior ao valor da Europa ocidental e do Norte.

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