conhecimento específicos (iii)

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VESTIBULAR 2009 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS E REDAÇÃO CURSOS: Licenciatura em Matemática, Licenciatura em Física, Licenciatura em Informática, Engenharia, Meteorologia, Tecnologia em Manutenção Mecânica, Tecnologia em Automação Industrial e Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. CADERNO DE QUESTÕES Verifique se sua folha de respostas pertence ao mesmo grupo de cursos que este caderno. Preencha com seu nome e número da carteira os espaços indicados na capa e na última folha deste caderno. Esta prova contém 36 questões objetivas e uma proposta para redação, e terá duração total de 4 horas. Para cada questão, existe somente uma alternativa correta. Anotar no rascunho a alternativa que julgar certa. Depois de assinaladas todas as respostas no rascunho, transcreva-as para a folha de respostas com caneta de tinta azul ou preta. O candidato somente poderá sair do prédio depois de transcorridas 3 horas, contadas a partir do início da prova. Nome do candidato Número da carteira 08.12.2009

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  • Vestibular 2009

    Prova de ConheCimentos esPeCfiCos e redaoCursos: Licenciatura em Matemtica, Licenciatura em Fsica, Licenciatura em Informtica, Engenharia, Meteorologia, Tecnologia em Manuteno Mecnica, Tecnologia em Automao Industrial e Tecnologia

    em Anlise e Desenvolvimento de Sistemas.

    Caderno de Questes

    Verifique se sua folha de respostas pertence ao mesmo grupo de cursos que este caderno.

    Preencha com seu nome e nmero da carteira os espaos indicados na capa e na ltima folha deste caderno.

    Esta prova contm 36 questes objetivas e uma proposta para redao, e ter durao total de 4 horas.

    Para cada questo, existe somente uma alternativa correta. Anotar no rascunho a alternativa que julgar certa.

    Depois de assinaladas todas as respostas no rascunho, transcreva-as para a folha de respostas com caneta de tinta azul ou preta.

    O candidato somente poder sair do prdio depois de transcorridas 3 horas, contadas a partir do incio da prova.

    Nome do candidato Nmero da carteira

    08.12.2009

  • 2UEAM0901/CE-G3

    Vestibular 2009

    rasCUnho

  • 3 UEAM0901/CE-G3

    MATEMTICA

    01. Num laboratrio desenvolve-se uma experincia relativa ao aquecimento de uma pequena placa de metal. O estgio inicial da experincia consiste na preparao das condies de segurana. Esse estgio dura uma hora. O aquecimento da placa, efetivamente, comea imediatamente aps esses procedimentos, quando a temperatura de 0 C. A placa aquecida lentamente at atingir a temperatura mxima de 1 C, a partir do que comea a ser resfriada at atingir 3 C no momento em que a experincia termina. Sabe-se que a temperatura T da placa no instante t medido em horas dada por T(t) = t2 + 4t 3. O intervalo de tempo, em horas, desde o incio do aquecimento da placa at o final da experincia :

    (A) [1, 3].

    (B) [0,3[.

    (C) [0,4[.

    (D) ]1,[.

    (E) [1, 4].

    02. O domnio da funo :

    (A) o conjunto vazio.

    (B) o conjunto dos nmeros estritamente positivos.

    (C) o conjunto dos nmeros reais.

    (D) o conjunto dos nmeros reais maiores ou iguais a 2.

    (E) o conjunto dos nmeros reais maiores ou iguais a 1.

    03. A soma de todos os nmeros de trs algarismos, no repeti-dos, que podem ser formados com os algarismos 1, 3 e 5 :

    (A) 734.

    (B) 1 017.

    (C) 1 998.

    (D) 3 994.

    (E) 5 322.

    RASCUNHO

  • 4UEAM0901/CE-G3

    RASCUNHO04. A representao grfica mais adequada para os primeiros termos de uma progresso aritmtica de razo r > 0 e a1 > 0 :

    (A)

    (B)

    (C)

    (D)

    (E)

  • 5 UEAM0901/CE-G3

    05. Seja a equao matricial AX = B em que e

    . Nestas condies:

    (A) .

    (B) .

    (C) .

    (D) a equao no tem soluo, uma vez que A tem ordem 2x3 e B tem ordem 2x1.

    (E) a equao no tem soluo, uma vez que A1 no admite inversa.

    06. Na equao cos2 x + cos x = 2 o valor de x :

    (A) {2k, k Z}.

    (B) {k, k Z}.

    (C) {0, , 2}.

    (D) {0, }.

    (E) {0, }.

    07. Considere trs pontos A, B e C em uma circunferncia de raio r, de tal modo que AB um dimetro dessa circunferncia, med(BC) = 1 cm e med(AC) = . Nessas condies,o comprimento da circunferncia, em centmetros, :

    (A) .

    (B) .

    (C) .

    (D) 3.

    (E) 6.

    08. Dados e , pode-se afirmar que:

    (A) .

    (B) .

    (C) .

    (D) .

    (E) .

    RASCUNHO

  • 6UEAM0901/CE-G3

    09. Se um slido geomtrico pode ser obtido a partir da rotao de um polgono em torno de um de seus lados, ele chamado slido de revoluo. Supondo r e h positivos, e r h, pode-se afirmar que um cone circular reto, cuja altura mede h e cujo raio da base mede r,

    (A) pode ser gerado a partir de um tringulo qualquer, gi-rando em torno de qualquer um de seus lados.

    (B) pode ser gerado a partir de um tringulo retngulo de catetos medindo h e r, girando em torno do cateto de medida r.

    (C) pode ser gerado a partir de um tringulo equiltero de lados medindo h, girando em torno de qualquer um de seus lados.

    (D) pode ser gerado a partir de um tringulo retngulo de catetos medindo h e r, girando em torno do cateto de medida h.

    (E) no um slido de revoluo.

    10. Deseja-se planificar uma lata fechada cujo formato o de um cilindro circular reto de altura h e raio da base r. Essa pla-nificao, consideradas as tampas superior e inferior, gera uma regio plana, cuja rea total dada pela expresso:

    (A) 2 r (h + 1).

    (B) r (2h + r).

    (C) r (1 + 2rh).

    (D) r (h + 2r).

    (E) 2 r (h + r).

    11. A expresso x.|x| resultar em valores positivos:

    (A) para qualquer x real.

    (B) para qualquer x positivo.

    (C) para nenhum x real.

    (D) para qualquer x negativo.

    (E) para valores de x maiores que 1.

    12. A imagem da funo o conjunto:

    (A) [1, 1[.

    (B) [1, 1].

    (C) ]0, 1[.

    (D) [0, 1].

    (E) [1, 0[.

    RASCUNHO

  • 7 UEAM0901/CE-G3

    FSICA

    13. Um ciclista parte do repouso e gasta 100 segundos para per-correr 600 metros em uma pista retilnea. Se sua bicicleta se desloca com acelerao constante, chegar ao final do per-curso com velocidade, em m/s, igual a

    (A) 8.

    (B) 10.

    (C) 12.

    (D) 14.

    (E) 16.

    14. Um garoto sentado no cho lana uma bolinha de gude na direo de um buraco situado a 2 metros de distncia, em um terreno horizontal. A bolinha parte do solo em uma direo que faz um ngulo de 45 acima da horizontal. Despreze a resistncia do ar. Para que a bolinha caia dentro do buraco, o mdulo da velocidade inicial de lanamento, em m/s, deve ser

    (A) . Dados: g = 10 m/s2

    (B) . sen 40 = cos 45 =

    (C) .

    (D) .

    (E) .

    15. Uma criana empurra uma caixa de 2 kg sobre um piso hori-zontal, sem atrito. Ela exerce uma fora constante, de intensi-dade igual a 30 N, para baixo, como mostra a figura, fazendo um ngulo de 30 com a horizontal, e comprime o bloco con-tra o piso. Nessa situao, a fora normal que o piso exerce sobre o bloco ter mdulo, em N, igual a

    (A) 15. Dado: g = 10 m/s2

    (B) 20.

    (C) 25.

    (D) 30.

    (E) 35.

    16. Uma bolinha de borracha de massa igual a 100 g arremes-sada frontalmente contra uma parede. A bolinha atinge a pa-rede perpendicularmente a ela com velocidade de 10 m/s. Aps o choque, a bolinha retorna na mesma direo com mdulo de velocidade igual a 8 m/s. Considerando positivo o sentido da velocidade da bolinha no instante em que atinge a parede, o impulso da fora exercida pela parede sobre a bolinha, em kg m/s,

    (A) 5,0.

    (B) 3,8.

    (C) 2,5.

    (D) 1,8.

    (E) 1,0.

    RASCUNHO

  • 8UEAM0901/CE-G3

    17. Dois tanques cilndricos, A e B, que tm a parte superior aberta, esto preenchidos com gua, ambos at a altura de 2 metros. A rea da base do cilindro B igual ao dobro da rea da base do cilindro A. A presso exercida pela gua so-bre a base do tanque A denotada por PA e a presso exerci-da pela gua sobre a base do cilindro B denotada por PB. Considere a presso atmosfrica igual a 1 x 105 Pa. Sobre PA e PB correto afirmar que

    Dados: Densidade da gua = 103 kg/m3; g = 10 m/s2

    (A) PA = 1,2 x 105 Pa e PA = PB.

    (B) PA = 1,2 x 105 Pa e PA = PB/4.

    (C) PA = 2 x 105 Pa e PA = PB/2.

    (D) PA = 2 x 105 Pa e PA = PB.

    (E) PA = 5 x 105 Pa e PA = PB/2.

    18. Um garom coloca 2 cubos de gelo, que esto a 0 C, para refrescar um suco de fruta que est inicialmente a 25 C. A massa de cada cubo de gelo 10 gramas, e o volume do suco 0,5 litro. Suponha que o copo de suco esteja dentro de um recipiente de isopor de forma que no ocorra troca de calor com o ambiente. A quantidade de calor cedida pelo suco suficiente para derreter o gelo. Aps ter sido atingido o equilbrio trmico entre a massa original de gelo e o suco, a temperatura final da mistura , em C, aproximadamente,

    Dados:Densidade do suco = 1 g/cm3; 1 litro = 103 cm3Calor especfico do suco = Calor especfico da gua = 1 cal/(g .C)Calor latente de fuso do gelo = 80 cal/g

    (A) 10.

    (B) 15.

    (C) 21.

    (D) 26.

    (E) 32.

    19. Certa quantidade de um gs ideal est contida em um reci-piente fechado que tem um mbolo mvel e pode deslizar sem atrito. O gs sofre uma expanso isotrmica, e tem seu volume duplicado. Tomando como base o que ocorreu nesse processo, pode-se afirmar que,

    (A) O gs no trocou calor durante a expanso isotrmica.

    (B) O trabalho realizado pelo gs igual ao calor absorvido por ele.

    (C) A variao da energia interna do gs igual ao calor absorvido por ele.

    (D) A energia interna do gs aumenta durante a expanso isotrmica.

    (E) O gs cede calor durante a expanso isotrmica.

    RASCUNHO

  • 9 UEAM0901/CE-G3

    20. Um giz de cera de 4 cm de altura est situado a 20 cm de uma lente gaussiana convergente, disposto perpendicular-mente ao eixo principal da lente. A imagem formada pela lente virtual, direita e possui 6 cm de altura. A distncia focal da lente , em cm, aproximadamente,

    (A) 40.

    (B) 50.

    (C) 60.

    (D) 70.

    (E) 80.

    21. Uma onda transversal senoidal se propaga ao longo de uma corda. O grfico representa o deslocamento transversal y(t) de um determinado ponto de uma corda, como funo do tempo. A velocidade de propagao da onda na corda igual a 2 m/s.

    Observando o grfico, possvel encontrar o comprimento de onda, em metros, que de

    (A) 0,5.

    (B) 1,0.

    (C) 1,5.

    (D) 2,0.

    (E) 2,5.

    22. Uma esfera condutora, de raio R, e isolada, tem carga posi-tiva distribuda uniformemente em sua superfcie. correto afirmar que o

    (A) campo eltrico constante e diferente de zero no inte-rior da esfera.

    (B) vetor campo eltrico nulo no interior da esfera e aponta para o centro da esfera a distncias maiores do que R.

    (C) vetor campo eltrico est na direo radial e aponta para o centro da esfera.

    (D) campo eltrico nulo no interior da esfera, e aponta na direo radial para fora da esfera a distncias maiores do que R.

    (E) campo eltrico nulo em qualquer ponto nas vizinhan-as da esfera.

    RASCUNHO

  • 10UEAM0901/CE-G3

    23. Uma bateria de fora eletromotriz 6 V e resistncia interna1 ligada a um fio de resistncia 2 . A potncia dissipada pelo fio tem valor

    (A) 4 W.

    (B) 6 W.

    (C) 8 W.

    (D) 10 W.

    (E) 16 W.

    24. Dois fios condutores retilneos e de comprimento muito longo esto dispostos paralelamente e separados por uma distncia d. Os fios so percorridos por correntes eltricas. Assinale a alternativa correta sobre a fora magntica de in-terao entre eles.

    (A) A fora magntica de atrao quando as correntes tm sentidos opostos, e seu mdulo inversamente propor-cional a d.

    (B) A fora magntica entre os condutores sempre repul-siva, qualquer que seja o sentido das correntes.

    (C) A fora magntica entre os condutores no depende da distncia entre os fios.

    (D) A fora magntica repulsiva quando as correntes tm sentidos opostos, e sua intensidade inversamente pro-porcional a d.

    (E) A fora magntica de repulso quando os fios so per-corridos por correntes de mesmo sentido.

    LNGUA PORTUGUESA

    Instruo: As questes de nmeros 25 e 26 tomam por base trs estrofes do poema Meus oito anos, de autoria de Casimiro de Abreu (1839-1860).

    Oh! Que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infncia querida Que os anos no trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais!

    Como so belos os dias Do despontar da existncia! Respira a alma inocncia Como perfumes a flor; O mar lago sereno, O cu um manto azulado, O mundo um sonho dourado, A vida um hino damor!

    (...)

    Oh! dias da minha infncia! Oh! meu cu de primavera! Que doce a vida no era Nessa risonha manh! Em vez das mgoas de agora, Eu tinha nessas delcias De minha me as carcias E beijos de minha irm!

    (Casimiro de Abreu, As Primaveras.)

    25. Para tratar do tema da infncia, Casimiro de Abreu emprega algumas palavras e expresses que, no contexto do poema, remetem ideia de comeo, de fase inicial, de primeiraetapa de um processo. Assinale a alternativa em que os ter-mos apresentados possuem, no texto, essa conotao.

    (A) Aurora; tardes; dias; manh.

    (B) Aurora; despontar da existncia; primavera; manh.

    (C) Saudades; amor; sonhos; carcias.

    (D) Flores; mar; cu; primavera.

    (E) Aurora; anos; despontar da existncia; dias.

  • 11 UEAM0901/CE-G3

    26. Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente: o mo-vimento literrio ao qual est associado o autor do poema e o conjunto de sua obra; caractersticas comuns dessa ten-dncia literria observveis no texto; um aspecto tematizado pelo poema.

    (A) Romantismo; nfase na viso subjetiva da vida e no escapismo; a serenidade e o bem-estar propiciados pela vida adulta.

    (B) Simbolismo; predomnio dos sentimentos sobre a razo e valorizao do apuro formal; a importncia da famlia.

    (C) Romantismo; tendncia fuga da realidade e refgio num passado idealizado; desencanto em relao ao tempo presente.

    (D) Simbolismo; tendncia fuga da realidade e refgio num passado idealizado; tristeza com as dificuldades da vida adulta.

    (E) Romantismo; adeso aos modelos poticos da Antigui-dade Clssica; valorizao das relaes familiares.

    Instruo: As questes de nmeros 27 a 29 tomam por base um fragmento do livro Dom Casmurro, escrito por Machado de Assis (1839-1908).

    Um coqueiro, vendo-me inquieto e adivinhando a causa, murmurou de cima de si que no era feio que os meninos de quinze anos andassem nos cantos com as meninas de quatorze; ao contrrio, os adolescentes daquela idade no tinham outro ofcio, nem os cantos outra utilidade. Era um coqueiro velho, e eu cria nos coqueiros velhos, mais ainda que nos velhos livros. Pssaros, borboletas, uma cigarra que ensaiava o estilo, toda a gente viva do ar era da mesma opinio.

    Com que ento eu amava Capitu, e Capitu a mim? Real-mente, andava cosido s saias dela, mas no me ocorria nada entre ns que fosse deveras secreto. Antes dela ir para o colgio, eram tudo travessuras de crianas; depois que saiu do colgio, certo que no estabelecemos logo a antiga intimidade, mas esta voltou pouco a pouco, e no ltimo ano era completa. Entretanto, a matria das nossas conversaes era a de sempre. Capitu cha-mava-me s vezes bonito, moceto, uma flor; outras pegava-me nas mos para contar-me os dedos. E comecei a recordar esses e outros gestos e palavras, o prazer que sentia quando ela me passava a mo pelos cabelos, dizendo que os achava lindssimos. Eu, sem fazer o mesmo aos dela, dizia que os dela eram muito mais lindos que os meus. Ento Capitu abanava a cabea com uma grande expresso de desengano e melancolia, tanto mais de espantar quanto que tinha os cabelos realmente admirveis; mas eu retorquia chamando-lhe maluca. Quando me perguntava se sonhara com ela na vspera, e eu dizia que no, ouvia-lhe contar que sonhara comigo, e eram aventuras extraordinrias, que subamos ao Corcovado pelo ar, que danvamos na lua, ou ento que os anjos vinham perguntar-nos pelos nomes, a fim de os dar a outros anjos que acabavam de nascer. Em todos esses sonhos andvamos unidinhos. Os que eu tinha com ela no eram assim, apenas reproduziam a nossa familiaridade, e muita vez no passavam da simples repetio do dia, alguma frase, algum gesto. Tambm eu os contava. Capitu um dia notou a diferena, dizendo que os dela eram mais bonitos que os meus; eu, depois de certa hesitao, disse-lhe que eram como a pessoa que sonhava... Fez-se cor de pitanga.

    (Machado de Assis, Dom Casmurro.)

    27. Assinale a alternativa em que, no fragmento selecionado do texto, se verifica a figura de linguagem conhecida como prosopopeia ou personificao.

    (A) Um coqueiro, vendo-me inquieto e adivinhando a causa (...)

    (B) (...) andava cosido s saias dela (...)

    (C) Capitu chamava-me s vezes bonito, moceto, uma flor (...)

    (D) (...) subamos ao Corcovado pelo ar (...)

    (E) (...) os anjos vinham perguntar-nos pelos nomes (...)

    28. No fragmento selecionado do romance de Machado de Assis, o narrador rememora algumas de suas aes e palavras, bem como as de Capitu, que permitem perceber traos da perso-nalidade de cada um. Com base nas informaes do texto, assinale a alternativa que aponta caractersticas coerentes com o modo de ser dos dois adolescentes.

    (A) Capitu mais tmida do que o narrador, bastante atirado e capaz de expor claramente garota suas emoes.

    (B) O narrador caracteriza-se como uma pessoa de ao, que persegue tenazmente seus objetivos, ao passo que Capitu se deixa levar pelos acontecimentos.

    (C) Capitu uma garota melanclica e cheia de dvidas, que hesita em expor suas emoes ao decidido narrador.

    (D) O narrador mais contido para expressar seus senti-mentos do que Capitu, direta e intensa, nos gestos e nas palavras.

    (E) Capitu a tpica garota dissimulada, cuja personalidade se ope natureza objetiva, destemida e arrojada do narrador.

    29. Quando me perguntava se sonhara com ela na vspera, e eu dizia que no, ouvia-lhe contar que sonhara comigo (...). Em todos esses sonhos andvamos unidinhos. Os que eu tinha com ela no eram assim, apenas reproduziam a nossa fami-liaridade, e muita vez no passavam da simples repetio do dia, alguma frase, algum gesto. Tambm eu os contava.

    No trecho selecionado, as palavras sublinhadas correspon-dem a usos da lngua portuguesa segundo a norma padro do final sculo XIX, na modalidade escrita e num registro formal. Se esse fragmento fosse reproduzido conforme a modalidade oral e o registro coloquial dos dias de hoje, os trs termos poderiam ser substitudos, respectivamente, por

    (A) sonhou; a; contava-lhes.

    (B) sonharia; ela; contava os sonhos.

    (C) tinha sonhado; o; contava eles.

    (D) sonhou; ela; contava-os.

    (E) tinha sonhado; ela; contava os sonhos.

  • 12UEAM0901/CE-G3

    Instruo: As questes de nmeros 30 a 32 tomam por base o trecho inicial da obra Macunama, de autoria de Mrio deAndrade (1893-1945).

    No fundo do mato-virgem nasceu Macunama, heri de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um mo-mento em que o silncio foi to grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a ndia tapanhumas pariu uma criana feia. Essa criana que chamaram de Macunama.

    J na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos no falando. Si o incitavam a falar exclamava:

    Ai! que preguia!...e no dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado

    no jirau de paxiba, espiando o trabalho dos outros e principal-mente os dois manos que tinha, Maanape j velhinho e Jigu na fora do homem. O divertimento dele era decepar cabea de sava. Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macu-nama dandava pra ganhar vintm. E tambm espertava quando a famlia ia tomar banho no rio, todos juntos e nus. Passava o tempo do banho dando mergulho, e as mulheres soltavam gritos gozados por causa dos guaimuns diz-que habitando a gua-doce por l. No mucambo si alguma cunhat se aproximava dele pra fazer festinha, Macunama punha a mo nas graas dela, cunhat se afastava. Nos machos guspia na cara. Porm respeitava os ve-lhos e frequentava com aplicao a murua a porac o bacoroc a cucuicogue, todas essas danas religiosas da tribo.

    Quando era pra dormir trepava no macuru pequeninho sem-pre se esquecendo de mijar. Como a rede da me estava por de-baixo do bero, o heri mijava quente na velha, espantando os mosquitos bem. Ento adormecia sonhando palavras feias, imo-ralidades estramblicas e dava patadas no ar.

    Nas conversas das mulheres no pino do dia o assunto eram sempre as peraltagens do heri. As mulheres se riam muito sim-patizadas, falando que espinho que pinica, de pequeno j traz ponta, e numa pajelana Rei Nag fez um discurso e avisou que o heri era inteligente.

    Nem bem teve seis anos deram gua num chocalho pra ele e Macunama principiou falando como todos. (...)

    (Mrio de Andrade, Macunama.)

    30. Macunama: o heri sem nenhum carter (1928) consi-derada por grande parte da crtica literria como a primeira obra de flego de nosso Modernismo e uma das mais trans-gressoras no contexto da poca em que foi lanada. Assinale a alternativa que apresenta aspectos inovadores valorizados pelos modernistas e observveis no fragmento.

    (A) Emprego do nonsense e do absurdo; rebuscamento for-mal; valorizao dos estrangeirismos.

    (B) Destruio da sintaxe; desprezo aos adjetivos e advr-bios; presena de anticoloquialismo.

    (C) Aproveitamento dos mitos da Antiguidade Clssica; pesquisa da palavra rara; apuro formal exacerbado.

    (D) Valorizao do cotidiano e do elemento nacional; utili-zao do verso livre; criao de neologismos;

    (E) Incorporao de traos da oralidade no discurso; ruptura com as regras da gramtica; coloquialismo.

    31. A infncia frequentemente representada na literatura de uma forma idealizada, com a criana sendo mostrada como um ser cercado de uma aura de inocncia e pureza, ao qual se costuma associar todo tipo de qualidades: bondade, obe-dincia, beleza, inteligncia, altrusmo, entre outras. No en-foque modernista de Mrio de Andrade, o menino Macuna-ma subverte enfaticamente esse padro. Indique a alternativa que apresenta traos de Macunama sugeridos pelo texto que to somente endossem essa ideia.

    (A) Mau-caratismo; raiva; egocentrismo; inveja; falsidade.

    (B) Feiura, preguia, interesse, malcia, peraltice.

    (C) Pacincia; generosidade; perseverana; solidariedade; amizade.

    (D) Cupidez; egosmo; dio; competitividade; avareza.

    (E) Alegria; tenacidade; humildade; tolerncia; passividade.

    32. No texto, a expresso espinho que pinica, de pequeno j traz ponta corresponde ideia de que

    (A) quem causa o mal quando pequeno tambm ser objeto da maldade.

    (B) mesmo as pequenas armas so capazes de causar dor e sofrimento.

    (C) pouco veneno suficiente para causar dano aos outros.

    (D) na infncia j existem, em grmen, caractersticas que se acentuaro na idade adulta.

    (E) os espinhos grandes no machucam tanto quanto os pe-quenos.

    Instruo: As questes de nmeros 33 e 34 tomam por base um fragmento do livro Dois irmos, escrito por Milton Hatoum (1952).

    Os barcos, a correria na praia quando o rio secava, os pas-seios at o Careiro, no outro lado do rio Negro, de onde volta-vam com cestas cheias de frutas e peixes. Ele e o irmo entra-vam correndo na casa, ziguezagueavam pelo quintal, caavam calangos com uma baladeira. Quando chovia, os dois trepavam na seringueira do quintal da casa, e o Caula trepava mais alto, se arriscava, mangava do irmo, que se equilibrava no meio da rvore, escondido na folhagem, agarrado ao galho mais grosso, tremendo de medo, temendo perder o equilbrio. A voz de Omar, o Caula: Daqui de cima eu posso enxergar tudo, sobe, sobe. Yaqub no se mexia, nem olhava para o alto: descia com gestos meticulosos e esperava o irmo, sempre o esperava, no gostava de ser repreendido sozinho. Detestava os ralhos de Zana, quando fugiam nas manhs de chuva torrencial e o Caula, s de calo, enlameado, se atirava no igarap, perto do presdio. Eles viam as mos e as silhuetas dos detentos, e ele ouvia o irmo xingar e vaiar, sem saber quem eram os insultados: se os detentos ou os curumins que ajudavam as mes, tias ou avs a retirar as roupas de um tranado de fios nas estacas das palafitas.

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    No, flego ele no tinha para acompanhar o irmo. Nem coragem. Sentia raiva de si prprio e do outro, quando via o brao do Caula enroscado no pescoo de um curumim do cortio que havia nos fundos da casa. Sentia raiva da sua impotncia e tremia de medo, acovardado, ao ver o Caula desafiar trs ou quatro moleques parrudos, aguentar o cerco e os socos deles e revidar com frias e palavres. Yaqub se escondia, mas no deixava de admirar a coragem de Omar. Queria brigar como ele, sentir o rosto inchado, o gosto de sangue na boca, a ardncia no lbio estriado, na testa e na cabea cheia de calombos; queria correr descalo, sem medo de queimar os ps nas ruas de macadame aquecidas pelo sol forte da tarde, e saltar para pegar a linha ou a rabiola de um papagaio que planava lentamente, em crculos, solto no espao. O Caula tomava impulso, pulava, rodopiava no ar como um acrobata e caa de p, soltando um grito de guerra e mostrando as mos estriadas. Yaqub recuava ao ver as mos do irmo cheias de sangue, cortadas pelo vidro do cerol.

    (Milton Hatoum, Dois irmos.)

    33. Com base nas informaes fornecidas pelo narrador, poss-vel afirmar que:

    (A) Omar manifesta um cime doentio de Yaqub, alm de praticar diversas aes reprovveis, que mereceriam castigo severo.

    (B) Yaqub nutre um sentimento ambguo em relao a Omar, que tanto pode ser de camaradagem e admirao quanto de animosidade e inveja.

    (C) O Caula tem dvidas quanto ao que sente por Yaqub, ainda que no abra mo de ter o irmo presente nas suas brincadeiras mais ousadas.

    (D) Yaqub tem clareza do que sente e de como deve se com-portar quando sai para brincar com o Caula, mesmo que nem sempre tenha coragem de fazer o que este faz.

    (E) O narrador manifesta um ponto de vista bastante par-cial, deixando clara sua preferncia pelo comportamento arriscado de Yaqub.

    34. Indique a alternativa que apresenta, respectivamente, o tempo verbal mais utilizado pelo narrador no fragmento de Dois irmos e a ideia bsica que expressa.

    (A) Pretrito imperfeito do indicativo; habitualidade.

    (B) Pretrito perfeito do indicativo; casualidade.

    (C) Pretrito imperfeito do indicativo; incerteza.

    (D) Pretrito mais-que-perfeito do indicativo; casualidade.

    (E) Pretrito imperfeito do subjuntivo; habitualidade.

    Instruo: As questes de nmeros 35 e 36 tomam por base um poema do escritor Mrio Quintana (1906-1994).

    Recordo ainda... E nada mais me importa... Aqueles dias de uma luz to mansa Que me deixavam, sempre, de lembrana, Algum brinquedo novo minha porta...

    Mas veio um vento de Desesperana Soprando cinzas pela noite morta! E eu pendurei na galharia torta Todos os meus brinquedos de criana...

    Estrada afora aps segui... Mas, ai, Embora idade e senso eu aparente, No vos iluda o velho que aqui vai:

    Eu quero meus brinquedos novamente! Sou um pobre menino... acreditai... Que envelheceu, um dia, de repente!...

    (Mrio Quintana, A rua dos cataventos.)

    35. Para que menos se alterassem os sentidos do poema de MrioQuintana, a palavra Desesperana somente poderia ser substituda por

    (A) Desespero.

    (B) Covardia.

    (C) Desconforto.

    (D) Temeridade.

    (E) Desiluso.

    36. No poema de Mrio Quintana a expresso brinquedo novo assume, entre outros, o sentido figurado de

    (A) uma razo para mergulhar na dura realidade da vida.

    (B) velhas manias que a vida ensinou a desprezar.

    (C) sentimentos estranhos que foi inevitvel deixar para trs.

    (D) novas alegrias que, na infncia, sempre se faziam pre-sentes.

    (E) um alento para uma infncia de menino pobre e triste.

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    REDAO

    Instruo: Leia atentamente os textos seguintes.

    Crianas de Maraj se prostitueM por hot dog

    No grupo h mais de dez meninas. Elas andam sozinhas, depois da meia-noite, pelas ruas vazias de Breves, a maior cidade da Ilha de Maraj, um arquiplago de 104 mil km2 no norte do Par.

    Elas gritam e do pulinhos, animadas pela festa logo ao lado, prxima zona porturia, num galpo com mais de sete metros de p-direito, todo feito de madeira como boa parte das construes na cidade.

    No parecem ter mais do que 15 anos. Mas, como comum em Breves, vestem roupas de adultas: shorts que no chegam me-tade das coxas, blusas minsculas. Na festa, diz uma placa, menores no entram, mas ningum pede seus RGs.

    Dentro, na semiescurido, elas se mesclam s centenas de pessoas, a maioria delas mais velhas, atingidas pela potncia de uma caixa de som do tamanho de uma parede, que toca os hits recentes do melody, uma variao do tecnobrega, msica que mistura bati-das eletrnicas com ritmos caribenhos.

    O reprter est prximo de duas meninas do grupo. Afirmam ter 17 anos e pedem uma cerveja. Pouco depois, sem constrangi-mento aparente, dizem de maneira seca que, se ele pagar a bebida, poder escolher uma para sair dali.

    A prostituio de adolescentes e crianas na Ilha de Maraj foi formalmente denunciada ao governo federal em abril de 2006 pelo bispo local, mas a fiscalizao, que aumentou, no brecou uma situao j enraizada.

    A reportagem passou cinco dias na regio e viu que crianas e adolescentes se prostituem por dinheiro suficiente para se divertir noite ou consumir artigos como roupas, celulares ou um simples hot dog.

    Em cidades com alguns dos piores IDHs (ndices de Desenvolvimento Humano) do pas, o dinheiro parece corromper mesmo quem, primeira vista, no tem nada a ver com o negcio do sexo.

    Dependendo do valor, um taxista pode se tornar agenciador de adolescentes, e um vigilante de rua pode tentar arranjar um local para o encontro ocorrer.

    No h exatamente prostbulos em Breves ou em Portel, outra cidade visitada pela Folha. As meninas so arranjadas por ter-ceiros ou esto pelas ruas, por vezes abordando o cliente em potencial, sempre como se pedissem dinheiro.

    Logo aps a festa, quando voltava para o hotel, em cujas portas h o aviso de que proibido entrar com menores, o reprter encontrou Maria (nome fictcio) sentada numa calada.

    Pelo rosto, ningum diria que ela tinha os 17 anos que afirmou ter, e sim que mal havia completado 14. Imediatamente, pediu R$ 10. Com a recusa, pediu R$ 2. Para qu? Queria ir at ali comprar um cachorro-quente. Em troca, afirmou, aceitava fazer um programa. (...)

    (Joo Carlos Magalhes. Folha de S.Paulo, 22.06.2009.)

    nativos da gerao digital

    O crculo de amizades de Lucas da Costa Moura, estudante paulistano de 17 anos, formado por meio milho de pessoas. Lucas coordena um frum no Orkut que rene 70 000 fs da banda de rock Panic! At the Disco. Ele tambm frequenta outras cinquenta comunidades na internet. Uma delas tem mais de 250 000 participantes. Como se v, a atividade de Lucas na rede mundial de compu-tadores intensa. Diariamente, confere uma centena de recados postados por integrantes do f-clube on-line, cuja maioria tem entre 13 e 18 anos. Responsvel pela pgina, tem o dever de vigiar o comportamento alheio. No permitimos ofensas contra a banda ou contra algum membro da comunidade, explica. Para completar, ainda precisa ser ativo na militncia roqueira. Recentemente, ele e alguns amigos lanaram um ataque ciberntico para abarrotar as caixas de e-mail de gravadoras e rgos de imprensa. Os milhares de mensagens exigiam a vinda do Panic! ao Brasil. Para dar conta de toda essa atividade, Lucas passa cinco horas dirias diante do computador. Acho que num dia tenho contato com mais gente do que meus pais tiveram a vida toda, diz.

    A rotina on-line de Lucas condizente com hbitos de sua gerao. A antroploga americana Anne Kirah, que trabalhou naMicrosoft e hoje est num centro de estudos da inovao, na Dinamarca, cunhou a expresso nativos da gerao digital para definir os jovens que no conheceram o mundo antes do e-mail. Os nativos dedicam bastante tempo aos sites de relacionamento, nos quais podem compartilhar conhecimento, msicas, fotos, filmes e muita conversa furada. (...)

    (rica Chaves e Lia Luz. Veja Tecnologia, agosto de 2007.)

    Os dois textos que voc acabou de ler, bem como os demais que servem de base para as questes que compem esta prova, abordam questes ligadas infncia e juventude de diversas pocas e lugares, referentes a diferentes grupos scio-econmico-culturais e abordadas segundo perspectivas variadas (jornalstica, potica, ficcional). O que leva a pensar que, embora essas etapas da vida humana costumem ser frequentemente idealizadas e concebidas como conceitos fechados, homogneos e unvocos geralmente de conotao positiva , so, na verdade, conceitos bastante relativos e marcados simultaneamente por traos de universalidade e por um alto grau de especificidade, que aponta para a diversidade de experincias. Com base nessas consideraes, nos textos lidos ou mesmo na sua histria pessoal, elabore um texto dissertativo sobre o tema

    InfncIa, InfncIas.

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    RASCUNHOOs rascunhos no sero considerados na correo.

  • Nome do candidato Nmero da carteira