conheça o plano de emergência da região

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Page 1: Conheça o plano de emergência da região
Page 2: Conheça o plano de emergência da região

SUMÁRIO

SOBRE A ELETRONUCLEAR

01

BREVE HISTÓRICO DA GERAÇÃO NUCLEAR NO BRASIL

02

A ENERGIA NUCLEAR E NO BRASIL

Qual o papel e a importância da energia nuclear como alternativa energética para

o Brasil? 03

A energia nuclear é uma tecnologia viável e sustentável no Brasil? 04

Em comparação com outras formas de geração de energia, a fonte nuclear é

competitiva? 05

Quanto representa a produção de Angra 1 e Angra 2? 05

Qual foi a participação de Angra 1 e Angra 2 na matriz elétrica brasileira em

2008?

06

Quando Angra 1 e Angra 2 atingiram 150 milhões de MWh? 06

Como podemos medir a importância da geração de energia das usinas nucleares

durante o racionamento de energia elétrica, no período de janeiro a setembro de

2001, ano em que o país sofreu racionamento de energia?

07

Quando a CNAAA atingiu, pela primeira vez, a geração de 2.000 MW? 07

ANGRA 1

1) DESEMPENHO / PRODUÇÃO 07

Qual a potência nominal da Usina Angra 1? 08

De abril de 2005 até a substituição dos seus Geradores de Vapor, em 2009,

Angra 1 não operou a plena carga. Por quê?

08

Quando a construção de Angra 1 foi iniciada? 08

Quando a Usina atingiu a primeira criticalidade (momento em que o reator entra

numa reação em cadeia)?

08

Quando se deu a primeira sincronização na rede? 08

Quando Angra 1 começou a operar comercialmente? 08

Qual é a área construída de Angra 1? 08

Quantos habitantes Angra 1 foi capaz de abastecer de energia elétrica em 2008? 09

Qual é o histórico de operação de Angra 1? 09

• Qual foi o fator de disponibilidade (tempo em que a Usina esteve disponível para 10

Page 3: Conheça o plano de emergência da região

gerar 100% de sua capacidade) de Angra 1, de 2000 a 2008?

Quais as principais causas dos baixos valores de fator de disponibilidade de

Angra 1, de 2005 para cá?

11

Qual é a previsão de geração de energia para os próximos anos? 11

Qual é o fator de confiabilidade de Angra 1? 11

Qual é a potência de consumo próprio de Angra 1? 12

Que investimentos poderão melhorar a disponibilidade de Angra 1? 12

Angra 1 deixou de merecer o apelido de "vaga-lume"? 12

Qual a média de geração da Usina Angra 1 em relação ao seu potencial máximo? 12

Quando foi o primeiro reabastecimento de Angra 1? 13

Quando foi o último e quando será o próximo reabastecimento de Angra 1? 13

Quantos reabastecimentos já foram realizados? 13

2) CUSTOS 13

Quanto custou a instalação de Angra 1? 13

Qual o custo de produção de Angra 1? 13

Qual o valor gasto com a compra de equipamentos de Angra 1? 13

3) PROGRAMA DE MELHORIAS DE ANGRA 1 14

Que providências estão sendo tomadas para ampliar a vida útil de Angra 1, que

já está há mais tempo em funcionamento?

14

Qual a importância dos Geradores de Vapor? 14

Por que foi necessário trocar os dois Geradores de Vapor de Angra 1? 14

Quais são os benefícios da troca? 15

Quando se iniciou o processo e quando foi concluído? 15

Quais foram os fornecedores? 15

Quanto tempo levou a fabricação dos Geradores de Vapor? 15

Como foi o transporte dos equipamentos até a CNAAA? 16

Quanto tempo levou a troca propriamente dita? 16

Como foi feita a substituição? 16

Onde serão armazenados os geradores antigos? 16

Qual o investimento total do projeto? 16

Outras usinas já realizaram operações semelhantes? 17

Que outras renovações estão sendo introduzidas em Angra 1? 17

Com novos geradores e combustível avançado, os outros componentes da Usina

Angra 1 precisarão ser atualizados?

17

A tampa do vaso do reator precisará ser trocada? 17

Page 4: Conheça o plano de emergência da região

A instrumentação e o controle informatizado de Angra 1, criados há mais de 20

anos, ainda atendem às demandas da operação?

18

ANGRA 2

1) DESEMPENHO / OPERAÇÃO 18

Qual a potência nominal da Usina Angra 2? 18

Quando a construção de Angra 2 foi iniciada? 18

Quando a Usina atingiu a primeira criticalidade (momento em que o reator entra

numa reação em cadeia)?

19

Quando se deu a primeira sincronização na rede? 19

Quando Angra 2 começou a operar comercialmente? 19

Qual é a área construída de Angra 2? 19

Quantos habitantes Angra 2 foi capaz de abastecer de energia elétrica em 2008? 19

Qual o histórico de operação de Angra 2? 19

Qual foi o fator de disponibilidade (tempo em que a Usina esteve disponível para

gerar 100% de sua capacidade) de Angra 2, de 2001 a 2008?

20

Quais as principais causas dos baixos valores de fator de disponibilidade de

Angra 2, em 2004 e 2005?

20

Qual é a previsão de geração de energia para os próximos anos? 21

Qual é o fator de confiabilidade de Angra 2? 21

Que investimentos poderão melhorar a disponibilidade de Angra 2? 21

Qual a média de geração da Usina Angra 2 em relação ao seu potencial máximo? 21

Qual é a potência de consumo próprio de Angra 2? 22

A Usina Angra 2 conseguiu um superávit de geração de 50 MW sem alterar o

projeto original. Quais foram as ações práticas adotadas para que a Eletronuclear

alcançasse esse desempenho?

22

O desempenho de Angra 2 é comparável a outras usinas do tipo PWR do resto

do mundo?

22

Angra 2 bate recorde de produção em 2008. 22

Quando Angra 2 atingiu 80 milhões de MWh? 23

Quando foi o primeiro reabastecimento de Angra 2? 23

Quando será o próximo reabastecimento? 23

Quantos reabastecimentos já foram realizados? 23

Angra 2 continuará operando em sua potência máxima (1.350 MW)? 24

2) CUSTOS 24

De quanto foi o custo das instalações de Angra 2? 24

Page 5: Conheça o plano de emergência da região

Analise o custo/benefício da conclusão de Angra 2. 24

Qual o custo de produção de Angra 2? 25

Qual o valor gasto com a compra de equipamentos de Angra 2? 25

ANGRA 3

1) POR QUE ANGRA 3? 25

Angra 3, depois de mais de 20 anos, terá suas obras reiniciadas. Como foi essa

decisão governamental?

25

Quais os argumentos técnicos que referendaram a decisão do CNPE de concluir

Angra 3?

26

E o processo de licenciamento ambiental, como se deu? 27

Além da licença do IBAMA, que outras autorizações são necessárias para a

efetiva retomada das obras de Angra 3?

29

A decisão sobre Angra 3 não deveria ter sido apreciada pelo Congresso

Nacional?

31

Por que as obras de Angra 3 foram paralisadas? 32

O preço da energia gerada por Angra 3 não será alto demais, na comparação

com as demais fontes? 33

Que benefícios Angra 3 trará para o setor elétrico brasileiro? 33

Qual o progresso físico atual de Angra 3? 37

Qual o cronograma para conclusão de Angra 3? 37

Que serviços estão contemplados na 1ª Ordem de Execução de Serviços do

contrato de obras civis?

38

Qual é a previsão para o reinício das obras? 39

2) DADOS TÉCNICOS 39

Angra 3 é uma usina de última geração? 39

Qual será o tipo de reator de Angra 3? 39

Quais são as diferenças entre Angra 2 e Angra 3? 39

Como será o Sistema de Instrumentação e Controle de Angra 3? 40

3) CUSTOS E INVESTIMENTOS 41

Quanto é gasto para a preservação de Angra 3? 41

Quanto já foi investido, até hoje, em compra de equipamentos e na construção da

Usina Angra 3? Quanto será necessário investir para a conclusão da Usina? 42

Quem fará o investimento para a construção de Angra 3, o grupo Eletrobrás ou

algum agente privado? 43

Esses financiamentos já foram solicitados? 44

Page 6: Conheça o plano de emergência da região

A indústria brasileira pode cobrir a montagem de Angra 3? 44

Qual é o grau de nacionalização previsto para Angra 3? 44

4) MÃO DE OBRA 44

Das pessoas que trabalharam na construção de Angra 1 e Angra 2, quantas eram

da região e quantas vieram de fora? A Eletronuclear vai priorizar a contratação de

trabalhadores dos municípios vizinhos à Central Nuclear durante a construção de

Angra 3?

44

Qual será o perfil da mão de obra requerida para Angra 3? 46

5) ACORDO 47

Angra 3 está prevista no acordo bilateral Brasil-Alemanha? 47

O governo alemão apoia a manutenção do acordo? 47

6) CONTRATOS E LICITAÇÕES 47

Quando foi assinado o contrato de obras civis de Angra 3 com a construtora

Andrade Gutierrez?

47

Qual é o valor do contrato de obras civis com a construtora Andrade Gutierrez? 48

A Andrade Gutierrez tinha de ser obrigatoriamente a empreiteira encarregada da

execução de Angra 3? Não se cogitou fazer outra licitação?

48

Estava prevista multa em caso de rescisão unilateral? 49

O que diz o acordo com a Areva? A Areva fornecerá os equipamentos e

financiará o projeto?

49

Que contratos já foram assinados para Angra 3 e que precisam ser revistos? 49

Para que serviços precisarão ser feitos novos contratos através de processo de

licitação?

50

Quais são os valores estimados dos contratos de serviço e quando serão

publicados os editais de licitações?

50

7) EQUIPAMENTOS 51

Os equipamentos de Angra 3 estão em condições de operação confiável e

segura?

51

Como é feita a proteção dos equipamentos? 51

Como funciona o programa de manutenção e preservação? 51

Os equipamentos já comprados são os principais ou não? 51

Esses equipamentos comprados não estão obsoletos? 52

Quando foram comprados? 52

Que tipo de equipamento ainda será comprado? 52

Qual o valor destinado para a compra dos equipamentos que faltam? 52

Page 7: Conheça o plano de emergência da região

NOVAS USINAS NUCLEARES

O Brasil planeja expandir sua capacidade de geração nucleoelétrica além de

Angra 3?

53

Em que estágio se encontra o programa das novas centrais nucleares? 54

Qual o cronograma previsto para a seleção / implantação / início de operação

dessas usinas?

55

Quais aspectos serão analisados para escolher a localização das novas centrais

nucleares?

56

Qual seria o investimento previsto para a implantação dessas novas usinas? 57

Quais serão as alternativas tecnológicas para as novas usinas? 57

Qual a participação e a importância da indústria brasileira nesse processo? 57

A Eletronuclear acaba de inaugurar um escritório no Nordeste. Por que foi

escolhida a capital de Pernambuco?

58

Como está o interesse dos estados nordestinos na implantação de usinas

nucleares na região?

58

Os estudos preliminares já apontam alguma região do Nordeste como favorita? 59

Quem está à frente do escritório da Eletronuclear, no Recife? 59

Que tipo de benefício a região Nordeste terá? 60

A disputa entre estados do Nordeste pelas usinas nucleares não se repete no

Sudeste. Por quê?

60

A construção das novas centrais está vinculada ao crescimento da economia do

país e, por consequência, da demanda por energia. A crise internacional deve

reduzir significativamente a taxa de crescimento econômico por um período que o

governo considera médio. O programa sofrerá alterações?

61

A cadência de uma nova usina por ano é factível? Como? 61

TEMAS GERAIS

1) TARIFA 61

Atualmente, qual é o valor da tarifa da energia elétrica gerada pelas usinas Angra

1 e Angra 2?

61

2) BALANÇO FINANCEIRO 62

De quanto foi o resultado da Eletronuclear em 2008? 62

Quais as mudanças feitas que contribuíram para a melhora do Resultado do

Serviço e para neutralizar os sucessivos prejuízos da Eletronuclear? 62

Qual o investimento realizado da Eletronuclear no ano 2008? 62

O orçamento da Eletronuclear foi aprovado pelo Programa de Dispêndios 63

Page 8: Conheça o plano de emergência da região

Globais?

3) PESSOAL E VILAS RESIDENCIAIS 64

Quantos funcionários tem a Eletronuclear? 64

Há um número suficiente de técnicos para as três usinas ou haverá necessidade

de contratação?

64

Quantas vilas residenciais a Eletronuclear possui? Quantas residências existem

em cada uma dessas vilas? Que outras instalações há nas vilas?

64

4) LOCALIZAÇÃO 66

Por que o município de Angra dos Reis foi escolhido para abrigar a CNAAA? 66

5) FUNCIONAMENTO E SEGURANÇA DAS USINAS 66

Qual é a vida útil das usinas nucleares? 66

Como é o funcionamento de uma usina nuclear? 66

Qual o grau de segurança das usinas nucleares? 67

Os padrões de segurança nuclear adotados no Brasil são eficientes? 69

O que é um prédio de contenção? 70

De que é formada a estrutura externa das usinas Angra 1 e Angra 2? 70

E a estrutura interna das usinas nucleares, como é formada? 70

Quais são as principais diferenças entre a central de Chernobyl e as usinas de

Angra?

71

Quantos acidentes aconteceram nos últimos dez anos? 74

Que tipo de acidente seria mais provável de acontecer nas usinas nucleares de

Angra?

74

Nos dosímetros aparece a medida de radiação. Como se chama essa medida? 75

Quanto um funcionário pode receber de radiação? A taxa é mensal? 75

O que acontece quando se ultrapassa o limite? 75

O que aconteceria se um avião caísse na Central Nuclear? 75

O projeto estrutural leva em consideração a possível ocorrência de um abalo

sísmico?

76

E o terremoto que atingiu o litoral paulista? 76

Existe um monitoramento sísmico nas usinas? 77

Existe no local um sistema de segurança adequado para impedir uma possível

ocorrência de invasão indesejada? Quais as medidas existentes para se detectar,

impedir e combater tal fato?

78

6) EVENTOS OPERACIONAIS E PLANO DE EMERGÊNCIA 78

Como é feita a classificação dos eventos? 78

Page 9: Conheça o plano de emergência da região

Qual o objetivo da Escala Internacional de Eventos Nucleares (INES)? 78

Como são classificados os eventos dentro da Escala INES? 79

A partir de que nível, na Escala Internacional de Eventos Nucleares, os riscos

devem preocupar a população?

81

Existe um plano de emergência? É feito algum tipo de treinamento com a

população local? 81

No âmbito do Plano de Emergência, como são classificados os eventos e a partir

de que nível devem preocupar a população? 82

Como funciona o Plano de Emergência Externo? 83

Como funciona o Plano de Emergência Local? 84

Em caso de um acidente grave, que área poderia ser atingida? 85

Há quantas pessoas aproximadamente nas ZPEs 3 e 5? 85

Houve um ENU em Angra 2 no dia 15 de maio de 2009 que causou repercussão,

preocupando as autoridades municipais e a opinião pública. O que de fato

ocorreu?

86

Como esse incidente foi classificado na Escala INES? 87

Esses incidentes são divulgados? 87

Houve risco para a saúde dos trabalhadores envolvidos com o incidente? 88

O que representa a dose a que os trabalhadores estiveram expostos? 89

O que aconteceu com o empregado envolvido no incidente? 89

É comum ocorrer eventos com contaminação de trabalhadores nas usinas? 89

7) REJEITOS 90

Como são classificados os rejeitos radioativos? 90

Como a Eletronuclear vem conduzindo as ações relacionadas aos rejeitos de

Angra 1 e Angra 2 e como pretende resolver a questão para Angra 3?

90

Qual o grau de perigo que eles oferecem para as pessoas e o meio ambiente? 92

Quando, exatamente, são produzidos rejeitos de média e alta atividades? 92

Onde estão sendo armazenados os rejeitos de Angra 1 e Angra 2? E onde serão

armazenados os rejeitos de Angra 3?

92

Os projetos de construção de depósitos na Europa são do mesmo nível que os

nossos?

93

Por que os Depósitos 2 e 3 foram construídos com paredes de concreto, e o

Depósito 1 é de alvenaria?

93

As obras do Depósito 3 já foram concluídas? Quantos empregos esse

empreendimento gerou?

93

Page 10: Conheça o plano de emergência da região

Qual foi o custo de construção do Depósito 3? 94

Por que a obra do módulo B do Depósito 2 foi embargada em 2003? Como está o

licenciamento do empreendimento atualmente? 94

Qual é a capacidade do Depósito 2B e quanto foi investido para sua conclusão? 95

Para que servirá o Prédio de Monitoração? Qual é o custo do empreendimento? 95

Como se deve resolver o problema do armazenamento dos rejeitos que se

encontram em depósitos iniciais?

95

Qual a capacidade de armazenamento dos Depósitos Iniciais de Rejeitos? Qual o

percentual ocupado? Qual a previsão no tempo para esgotamento do espaço? 96

Qual é a área dos Depósitos Iniciais de Rejeitos? 96

Como é feita a ocupação desses depósitos? 96

A Eletronuclear vem tomando medidas para otimizar a capacidade de

armazenamento dos Depósitos Iniciais de Rejeitos?

97

Qual a produção de rejeitos de Angra 1 e Angra 2? 97

Quantas toneladas de rejeitos existem armazenadas na Central Nuclear de Angra

dos Reis? E nos Estados Unidos?

97

Qual é a quantidade de elementos combustíveis (rejeitos de alta atividade)

armazenados nas piscinas de combustível usado?

98

Qual é a massa dos elementos combustíveis de Angra 1 e de Angra 2? 98

Qual a capacidade das piscinas que guardam os elementos combustíveis usados

nas usinas?

98

O espaço ainda disponível nas piscinas é suficiente para mais quanto tempo de

operação?

98

Como os rejeitos de baixa e média atividades são manuseados e armazenados? 98

Como é feito o transporte dos rejeitos de baixa e média atividades de dentro das

usinas até os Depósitos Iniciais?

99

O que aconteceria se o caminhão que transporta os rejeitos caísse na encosta? 99

No caso de deslizamento de encosta, o que acontecerá com os rejeitos? 99

Qual a compensação que o município de Angra dos Reis recebe para arcar com

o armazenamento temporário dos rejeitos radioativos?

99

Como a população da região pode fiscalizar a segurança do armazenamento dos

rejeitos?

99

Qual o atual estágio de desenvolvimento do depósito definitivo de rejeitos

radioativos?

99

Quais as metas que a CNEN traçou para o início da construção e da operação do

Repositório Nacional de Rejeitos de Baixa e Média Atividades e do Depósito

101

Page 11: Conheça o plano de emergência da região

Intermediário de Longa Duração para Combustíveis Usados?

Qual a lei que dispõe sobre a seleção de locais para a construção dos depósitos

finais de rejeitos radioativos?

102

Como seria o transporte dos rejeitos caso o depósito definitivo fosse fora do sítio

das usinas?

103

O que é reprocessamento dos elementos combustíveis e qual o seu objetivo? 103

O país estuda a possibilidade de fazer o reprocessamento dos combustíveis

usados?

104

Por que os rejeitos não são incinerados? 104

Quanto tempo os rejeitos precisam ficar armazenados para deixar de causar

ameaça à população?

104

O que é a meia-vida dos radionuclídeos? 104

8) COMBUSTÍVEL 107

Qual é o custo do combustível nuclear? Se comparado a outras fontes

energéticas, é competitivo?

107

No caso do aumento do preço do urânio, qual é a consequência nos custos de

geração de energia nuclear?

107

Que quantidade de urânio é necessária para produzir 1 kWh? 107

Como estão nossas reservas de urânio? O que temos hoje e qual sua vida útil?

Há perspectivas de crescimento?

108

Qual a expectativa para que Angra 3 receba o urânio vindo da jazida de Itataia,

em Santa Quitéria, no Ceará, que deve começar a ser explorada em 2011 numa

parceria da Galvani com a INB?

109

O Brasil enriquece urânio? 109

Como o combustível chega a Angra? 109

Quais são as etapas do ciclo do combustível nuclear? 110

9) PARADAS 112

Como é feito o reabastecimento das usinas? 112

Qual o impacto das paradas de reabastecimento no Sistema Integrado Nacional? 112

Qual é o custo por dia das usinas Angra 1 e Angra 2 quando paralisadas por

incidentes ou para recarga e manutenção técnica? 113

O que acontece com o combustível usado? 113

Há necessidade de licenciamento? 114

Quais os órgãos envolvidos nessa operação? 114

Page 12: Conheça o plano de emergência da região

10) FUNDO DE DESCOMISSIONAMENTO E SEGURO DAS USINAS 114

O que é descomissionamento de uma usina nuclear? 114

O que é o fundo de descomissionamento das usinas? 114

Qual será o custo do descomissionamento de Angra 1 e Angra 2? 115

De onde provêm os recursos para o fundo de descomissionamento das usinas

Angra 1 e Angra 2?

115

Como funciona o seguro das usinas nucleares? Qual o valor das apólices? 115

Quais riscos são cobertos pelo seguro? 116

De quanto em quanto tempo as usinas são vistoriadas pelas seguradoras? 116

11) VANTAGENS AMBIENTAIS 116

Quais as vantagens ambientais de uma usina nuclear sobre as usinas térmicas

convencionais?

116

Como é monitorado o meio ambiente para saber se não há risco? 119

Qual a posição da empresa em relação aos protestos dos ambientalistas? 120

12) RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 121

Como a empresa atua na área de responsabilidade socioambiental? 121

Qual a importância para a empresa em agir de forma socialmente responsável? 121

A empresa apoia parcerias com o poder público? 122

Como é avaliado o retorno desses projetos para a empresa? 122

Quais os projetos de voluntariado que a empresa desenvolve? 123

Quais os projetos desenvolvidos pela Eletronuclear na área de saúde? 123

Como a Eletronuclear está investindo na área de educação? 124

Quais são os projetos da Eletronuclear para o meio ambiente? 125

A criação da Estação Ecológica de Tamoios, em janeiro de 1990, é uma das

medidas compensatórias decorrentes da instalação de Angra 2?

126

E o Parque Nacional da Serra da Bocaina? Qual é o envolvimento da

Eletronuclear?

127

A Eletronuclear dá suporte às comunidades indígenas vizinhas às suas

instalações?

127

Que tipo de investimento cultural a empresa promove? 127

Que outros investimentos a Eletronuclear vem fazendo para melhorar a qualidade

de vida nos municípios de Paraty, Rio Claro e Angra dos Reis?

128

O complexo é aberto ao público para visitação? Para a Eletronuclear, qual a

importância de políticas de comunicação como a do Centro de Informações de

Itaorna, onde há uma exposição de filmes e folhetos educativos, e os cuidados da

129

Page 13: Conheça o plano de emergência da região

empresa com o meio ambiente e a população?

Quanto a Eletronuclear investiu em ações sociais em 2008? 129

Qual a meta de investimento para 2009? 130

13) PANORAMA DA ENERGIA NUCLEAR NO MUNDO 130

Qual a participação da energia nuclear no mercado mundial? 130

Qual é a capacidade instalada mundial por fonte nuclear? 130

Como estão distribuídos, no mundo, os reatores nucleares? 130

Como estão distribuídos, no mundo, os reatores do tipo PWR utilizados nas

Usinas Angra 1 e Angra 2?

130

Quantos reatores nucleares estão em construção no mundo? 131

Dos reatores em construção, quantos são do tipo PWR? 132

Quais os países que mais dependem da energia nuclear dentro de sua matriz

energética?

132

Quais os países que mais contribuíram com energia nuclear na matriz energética

mundial? E o Brasil, com quanto contribui?

132

Qual a situação atual da energia nuclear em alguns países? 133

Quais são as projeções da AIEA quanto ao crescimento da energia nuclear? 150

Produção e edição: Coordenação de Imprensa da Eletronuclear

Page 14: Conheça o plano de emergência da região

SOBRE A ELETRONUCLEAR

A Eletrobrás Termonuclear – Eletronuclear é uma sociedade anômima de

economia mista com a finalidade de operar e construir as usinas termonucleares

do país. Subsidiária da Eletrobrás, foi criada em 1997 a partir da fusão entre a

antiga Diretoria Nuclear de Furnas e Nuclebrás Engenharia (NUCLEN). A

Eletronuclear opera as duas usinas nucleares da Central Nuclear Almirante

Álvaro Alberto (CNAAA), no município de Angra dos Reis, com a capacidade

instalada total de 1.990 MW. Pelo sistema elétrico interligado, essa energia

chega aos principais centros consumidores do país e corresponde a

aproximadamente 3% da energia elétrica consumida no Brasil e a um terço no

Estado do Rio de Janeiro, proporções que se ampliarão quando estiver

concluída a terceira usina da Central.

Atualmente, estão em operação as usinas Angra 1, com capacidade para

geração de 640 megawatts elétricos, e Angra 2, com potência de 1.350

megawatts elétricos. Angra 3, que será praticamente uma réplica de Angra 2

(incorporando os avanços tecnológicos ocorridos desde a construção desta

Usina), está prevista para gerar 1.405 megawatts.

A CNAAA, situada em Itaorna, município de Angra dos Reis, foi assim

denominada em justa homenagem ao pesquisador pioneiro da tecnologia

nuclear no Brasil e principal articulador de uma política nacional para o setor.

Embora a construção da primeira usina tenha sido sua inspiração, o almirante,

nascido em 1889, não chegou a ver Angra 1 gerando energia, pois faleceu em

1976. Mas sua obra persiste na competência e na capacitação dos técnicos que

fazem o Brasil ter hoje usinas nucleares classificadas entre as mais eficientes do

mundo.

1

Page 15: Conheça o plano de emergência da região

BREVE HISTÓRICO DA GERAÇÃO NUCLEAR NO BRASIL

•1968 – O governo brasileiro decide construir a primeira usina nuclear.

•1972 – Começa a construção de Angra 1.

•1975 – O Brasil assina um acordo de cooperação com a Alemanha para ter

acesso ao ciclo completo de abastecimento. Inicia uma forte indústria de

equipamentos, produção de combustível nuclear e um protocolo de compra de

oito usinas nucleares.

•1975 – Os dois primeiros reatores de 1.300 MW Siemens/KWU são

encomendados, e a construção começa.

•1982 – Angra 1 é conectada à rede pela primeira vez.

• As atividades de construção de Angra 2 se desenvolvem vagarosamente nos

anos 80.

•1984 – As obras civis de Angra 3 são iniciadas.

•1985 – Início da operação comercial de Angra 1.

•1986 – As obras de Angra 3 são paralisadas.

•1996 – É contratada a montagem eletromecânica de Angra 2.

•1997 – É criada a Eletronuclear.

•2001 – Início da operação comercial de Angra 2.

•2007 – O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) autoriza, no dia

25/06/07, a retomada de Angra 3.

•2008 – O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA)

concede, no dia 23/07/08, a Licença Prévia Ambiental da Usina Angra 3.

•04/03/09 – O IBAMA emite a Licença de Instalação que autoriza o início das

obras de Angra 3.

•09/03/09 – A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) concede a

Licença Parcial de Construção para Angra 3.

2

Page 16: Conheça o plano de emergência da região

•24/06/09 – A Prefeitura de Angra dos Reis emite o Alvará de Licença para

construção de Angra 3.

•22/07/09 – O Tribunal de Contas da União revisa a minuta do termo aditivo ao

contrato de obras civis e autoriza a retomada de Angra 3.

•14/09/09 – A Eletronuclear e a construtora Andrade Gutierrez assinam o aditivo

contratual para retomada da construção civil de Angra 3.

•02/10/09 – Assinatura da 1ª Ordem de Execução de Serviços (OS) do contrato

de obras civis de Angra 3.

A ENERGIA NUCLEAR NO BRASIL

Qual o papel e a importância da energia nuclear como alternativa

energética para o Brasil?

De complementaridade. Não deve existir competição entre as fontes energéticas

disponíveis. Dificilmente haverá uma fonte de energia que represente solução

única de forma sustentável para um país. O próprio exemplo brasileiro, cujo

sistema elétrico integrado foi por muito tempo baseado essencialmente na fonte

hídrica e que hoje passa por uma transformação no sentido de se tornar um

sistema hidrotérmico, reforça essa tese.

O caráter largamente majoritário da hidroeletricidade torna o Brasil um caso

único, com uma importante vantagem competitiva em nível global. A operação

do sistema, entretanto, irá depender de quanto e onde chove no país, ou seja,

da Natureza.

A vazão dos rios varia nas estações do ano, e anos secos ocorrem em ciclos de

cinco a dez anos. Um sistema hídrico que se autorregule para enfrentar um ano

seco como, por exemplo, o de 2001, necessita, no mínimo, de cinco meses de

energia hídrica armazenada. No entanto, as usinas hidroelétricas que deverão

entrar em operação, de agora em diante, tenderão a apresentar uma razão entre

a capacidade de armazenamento de água e a produção de energia elétrica da

ordem de dois meses. Há uma tendência que essa razão continue a diminuir.

Grandes reservatórios na Amazônia, região onde se encontra a maior parte do

3

Page 17: Conheça o plano de emergência da região

potencial hidroelétrico disponível para aproveitamento, são inviáveis do ponto de

vista social e ambiental.

Portanto, a geração de eletricidade no Brasil através de centrais térmicas, a

médio prazo, não é motivada pelo esgotamento do potencial hídrico, mas para

fazer frente aos riscos hidrológicos. Nesse contexto, as usinas termoelétricas

passam a ser provenientes da necessidade de regulação do sistema.

A expansão da contribuição de outras fontes renováveis – eólica, solar,

biomassa – deverá ser a máxima possível. Porém elas não reduzirão a

necessidade da complementação térmica. Todas as fontes renováveis

dependem dos ciclos da Natureza e requerem complementação térmica para os

períodos em que não estão plenamente disponíveis.

O país está passando por um “divisor de águas”: a situação atual de virtual

“monopólio” da hidroeletricidade no sistema integrado nacional apresenta

tendência de evolução para uma situação em que a componente hidroelétrica

continuará a predominar e ter precedência, porém ao lado de uma importante

componente termoelétrica necessária para garantir o funcionamento seguro do

sistema.

Nesse contexto, o Brasil dispõe de uma situação privilegiada, pois possui, em

seu território, diversas alternativas de geração térmicas: urânio, carvão,

biomassa, gás natural e petróleo. Cada uma com suas especificidades de uso.

Fator de utilização, abundância em território nacional, segurança de

abastecimento, logística de aprovisionamento, volatilidade de preço, impacto

ambiental e outros usos (transporte, indústria) determinarão a contribuição

relativa de cada uma para a imprescindível complementação térmica.

Deve-se ressaltar que, diferentemente dos combustíveis fósseis, o combustível

nuclear – urânio –, do qual o Brasil possui uma das maiores reservas mundiais,

não tem atualmente qualquer outro uso industrial corrente que não seja a

geração de energia elétrica. Essa importância torna-se ainda mais realçada

agora, quando o país passou a dominar o conhecimento do ciclo completo de

fabricação do combustível nuclear.

A energia nuclear é uma tecnologia viável e sustentável no Brasil?

Sim, por vários aspectos. Primeiro porque a opção nuclear permite a geração

confiável de uma energia ambientalmente limpa, que não contribui para o efeito

estufa, e não é afetada pelas variações climáticas. Além disso, a energia nuclear

4

Page 18: Conheça o plano de emergência da região

faz uso de um combustível de origem nacional, o que permite minimizar

vulnerabilidades no abastecimento e proteção contra a volatilidade dos preços,

não estando sujeito a flutuações no mercado internacional. Ocupando uma área

pequena, quando comparada com outras formas de geração de energia, as

usinas nucleares podem ficar próximas aos grandes centros consumidores,

eliminando a necessidade de longas linhas de transmissão.

Em comparação com outras formas de geração de energia, a fonte nuclear

é competitiva?

Sob o aspecto de competitividade econômica, destacamos que no último leilão

A-5 de “energia nova” realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE),

em 30/09/2008, o preço médio de venda de energia alcançado pelas usinas

térmicas foi de R$ 145,23 por MWh, evidenciando a viabilidade econômica da

opção nuclear.

Quanto representa a produção de Angra 1 e Angra 2?

Como o parque elétrico brasileiro tem mais de 90% da sua geração de origem

hidráulica, com longas linhas de transmissão até os grandes centros

consumidores, a importância de Angra 1 e Angra 2 para a estabilização do

sistema elétrico no eixo Rio-São Paulo é muito grande. Desde que a Usina

Angra 2 entrou em operação comercial, em fevereiro de 2001, a CNAAA passou

a ter capacidade para atender a cerca de 50% do consumo de energia elétrica

do Estado do Rio de Janeiro. São 640 MW de Angra 1 e 1.350 MW de Angra 2,

fundamentais para a melhoria da confiabilidade no fornecimento de energia

elétrica para o sistema da Região Sudeste. Particularmente, no que diz respeito

ao Estado do Rio de Janeiro, a energia nuclear respondeu, em 2008, por cerca

de 26,6% da capacidade instalada e a um terço do consumo total de energia

elétrica.

Angra 3 acrescentará outro bloco de energia similar ao de Angra 2. Com as três

usinas em operação, o complexo nuclear de Angra dos Reis terá uma

capacidade semelhante ao potencial de geração total da CEMIG

(aproximadamente 26 milhões de MWh por ano), sendo capaz de atender a

cerca de 58% da demanda energética do Estado do Rio de Janeiro, se

considerarmos os dados de 2008.

5

Page 19: Conheça o plano de emergência da região

Qual foi a participação de Angra 1 e Angra 2 na matriz elétrica brasileira em

2008?

Em 2008, a produção de energia elétrica de Angra 1 e Angra 2 juntas foi de

14.003.775 MWh, o que representa 3,12% do mercado de energia elétrica

nacional.

Segundo dados divulgados pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) e pela

Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a energia nuclear foi a terceira

maior fonte de geração elétrica, só ficando atrás das hidroelétricas e do gás,

conforme mostrado no gráfico abaixo.

Vale destacar que, nos anos de 2006 e 2007, a produção nuclear foi a segunda

maior fonte, liderando a geração térmica no Brasil.

Matriz de Geração Elétrica no BrasilSituação em 2008: NUCLEAR FOI A 3a MAIOR FONTE GERADORA

33oo lugarlugar

GeraçãoTérmica

(GWh) (%) (%)

Hidráulica (1) 397.701,682 88,70 -Nuclear 14.003,775 3,12 27,64

Gás 27.098,076 6,04 53,49Carvão 6.269,921 1,40 12,38

Óleo 1.899,507 0,42 3,75Biomassa 1.390,573 0,31 2,74

Total térmicas 50.661,852 11,29 100,0Total do SIN 448.363,534 100,0 -

(1) Inclui a parcela de Itaipu-ParaguaiFonte: EPE/ONS

Geração do Sistema Interligado Nacional (SIN)Período: Janeiro/2008 a Dezembro/2008

Tipo de Usina Geração Total

Geração Total Geração Térmica

Hidráulica Nuclear Gás Carvão Óleo Biomassa

Quando Angra 1 e Angra 2 atingiram 150 milhões de MWh?

No dia 7 de novembro de 2009, as usinas nucleares atingiram a produção total

de 150 milhões de MWh. Angra 1 está em operação comercial desde abril de

1985 e Angra 2, desde fevereiro de 2001. Os 150 milhões de MWh dariam

dariam para atender ao consumo das seguintes cidades:

Curitiba por 41 anos

Belo Horizonte por 31 anos

Rio de Janeiro por 12 anos

São Paulo por sete anos

6

Page 20: Conheça o plano de emergência da região

Como podemos medir a importância da geração de energia das usinas

nucleares durante o racionamento de energia elétrica, no período de

janeiro a setembro de 2001, ano em que o país sofreu racionamento de

energia?

No dia 18 de setembro de 2001, os reservatórios do Sudeste estavam operando

com 22% de sua capacidade. Se as usinas nucleares de Angra dos Reis não

tivessem suprido o Sistema Elétrico Brasileiro com 9.887.163 MWh – de janeiro

a setembro de 2001 –, o nível médio desses reservatórios estaria 8% abaixo e

poderia ter ocorrido o apagão.

Quando a CNAAA atingiu, pela primeira vez, a geração de 2.000 MW?

No dia 18 de junho de 2009, às 9h30, pela primeira vez, a Central Nuclear

Almirante Álvaro Alberto atingiu 2.000 MW. A Usina Angra 1 gerava 646 MW,

quase 100% de sua geração elétrica bruta, e Angra 2 pouco acima de sua

potência, com 1.354 MW.

ANGRA 1

1. DESEMPENHO / PRODUÇÃO

Em 1968, o governo brasileiro decidiu ingressar no campo da produção da

energia nucleoelétrica, com o objetivo primordial de propiciar ao setor elétrico a

oportunidade de conhecer essa moderna tecnologia e adquirir experiência para

fazer frente às possíveis necessidades futuras. Como àquela época já estava

prevista uma complementação termoelétrica na área do Rio de Janeiro, foi

decidido que esse aumento se fizesse mediante a construção de uma usina

nuclear de cerca de 600 MW. Essa incumbência foi, então, confiada pela

Eletrobrás a Furnas, que realizou uma concorrência internacional, vencida pela

empresa americana Westinghouse. Angra 1 foi adquirida sob a forma de turn

key, como um pacote fechado, que não previa transferência de tecnologia por

parte do fornecedor. No entanto, a experiência acumulada pela Eletronuclear em

todos esses anos de operação comercial, com indicadores de eficiência que

superam o de muitas usinas similares, permite que a empresa tenha, hoje, a

7

Page 21: Conheça o plano de emergência da região

capacidade de realizar um programa contínuo de melhoria tecnológica em Angra

1, incorporarando os mais recentes avanços da indústria nuclear.

Qual a potência nominal da Usina Angra 1?

A potência elétrica (bruta) de Angra 1 é 640 MW.

De abril de 2005 até a substituição dos seus Geradores de Vapor, em 2009,

Angra 1 não operou a plena carga. Por quê?

Para preservar a vida útil dos antigos Geradores de Vapor, à época, foi tomada

decisão estratégica, de limitar a potência a 83% do reator, ou seja, 520 MW, de

forma a limitar a temperatura da água entrando nos tubos dos geradores de

vapor a 330ºC, minimizando o ataque da corrosão sob tensão aos mesmos.

Com a substituição dos geradores de vapor, a Usina tem operado a plena carga,

exceto quando solicitado pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) sua

redução, para atender às necessidades do Sistema Elétrico Interligado.

Quando a construção de Angra 1 foi iniciada?

A construção de Angra 1 foi iniciada em março de 1972 com a concretagem da

laje do prédio do reator.

Quando a Usina atingiu a primeira criticalidade (momento em que o reator

entra numa reação em cadeia)?

A primeira reação em cadeia foi estabelecida às 20h23 do dia 13/03/1982.

Quando se deu a primeira sincronização na rede?

Às 15h26 do dia 01/04/1982.

Quando Angra 1 começou a operar comercialmente?

A Usina Angra 1 começou a operar no dia 01/01/1985.

Qual é a área construída de Angra 1?

Angra 1 ocupa 33.646,51 m2.

8

Page 22: Conheça o plano de emergência da região

Quantos habitantes Angra 1 foi capaz de abastecer de energia elétrica em

2008?

Angra 1 gera energia equivalente ao consumo contínuo de uma cidade com um

milhão de habitantes. Considerando-se o consumo médio do Estado do Rio de

Janeiro (2.000 kWh/hab/ano), Angra 1 atendeu cerca de 1,7 milhão de

habitantes em 2008 (8,23% do consumo de eletricidade do Estado do Rio de

Janeiro).

Qual é o histórico de operação de Angra 1?

A geração bruta, desde o início da operação comercial até julho de 2009, é a

seguinte:

ANO GERAÇÃO BRUTA DE ANGRA 1 (MWh)

FASE 1 APARECIMENTO E SOLUÇÃO DE

GRANDES PROBLEMAS

1985 3.412.087,3

1986 145.597,2

1987 973.301,9

1988 613.961,3

1989 1.845.373,8

1990 2.258.049,0

1991 1.441.597,1

1992 1.752.277,1

1993 441.769,9

FASE 2 APÓS A SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS

1994 54.960,4

1995 2.520.684,7

9

Page 23: Conheça o plano de emergência da região

1996 2.428.936,2

FASE 3 APÓS A CISÃO DE FURNAS E A FUSÃO

COM A NUCLEN

1997 3.161.440,0

1998 3.265.251,5

1999 3.976.943,2

2000 3.423.307,6

2001 3.853.499,2

2002 3.995.104,0

2003 3.326.101,3

2004 4.124.759,2

2005 3.731.189,7

2006 3.399.426,4

2007 2.708.723,5

2008 3.515.485,9

2009 (*) 975.257,6

TOTAL 61.345.085,0

(*) Até 31/07/2009

Qual foi o fator de disponibilidade (tempo em que a Usina esteve disponível

para gerar 100% de sua capacidade) de Angra 1, de 2000 a 2008?

Angra 1 ANO

(%)

2000 80,81

2001 82,90

2002 86,35

2003 73,30

10

Page 24: Conheça o plano de emergência da região

2004 90,05

2005 81,61

2006 74,88

2007 61,45

2008 78,90

Quais as principais causas dos baixos valores de fator de disponibilidade

de Angra 1, de 2005 para cá?

AnoFator de Disponibilidade(%)

Principais causas

2005 81,61Execução de reparos nosGeradores de Vapor

2006 74,88Substituição do rotor de uma das Turbinas de Baixa Pressão

2007 61,45Problemas na excitatriz do Gerador Elétrico

2008 78,90Preservação dos Geradores de Vapor

Qual é a previsão de geração de energia para os próximos anos?

Os dados abaixo se referem à geração bruta de Angra 1, descontando os dias

de parada para reabastecimento de combustível e manutenção periódica:

2009: Em torno 3.324.698 MWh

2010: Em torno de 5.144.960 MWh

2011: 5.144.000 MWh

Qual é o fator de confiabilidade de Angra 1?

A Eletronuclear utiliza 3% de TEIF (taxa de equivalente de indisponibilidade

forçada). Ou seja, após abater as paradas programadas, ainda existe a taxa da

11

Page 25: Conheça o plano de emergência da região

incidência de paradas não programadas. Portanto, o fator de confiabilidade das

usinas é de 97%. Os valores de geração bruta listados acima já estão levando

em conta as paradas programadas.

Qual é a potência de consumo próprio de Angra 1?

30 MW.

Que investimentos poderão melhorar a disponibilidade de Angra 1?

Além da substituição dos dois Geradores de Vapor realizada de março a junho

de 2009, as seguintes modificações estão planejadas e acarretarão em

melhorias na disponibilidade de Angra 1: substituição das válvulas de controle e

de isolamento da água de alimentação dos Geradores de Vapor, válvulas de

isolamento de vapor principal; substituição da tampa do vaso de pressão do

reator; substituição dos controladores Foxboro e outros que se encontram

igualmente obsoletos, por controladores digitais; entre outras.

Angra 1 deixou de merecer o apelido de "vaga-lume"?

Nos primeiros anos de sua operação, Angra 1 enfrentou problemas com alguns

equipamentos que foram substituídos ou modificados: os 48.000 tubos dos

condensadores foram trocados por tubos de titânio; alguns transformadores e os

inversores estáticos foram substituídos e dois novos geradores a diesel de

emergência foram instalados. Também foram implementadas ações

administrativas e técnicas que culminaram com uma melhoria muito grande no

desempenho operacional da Usina. Esses problemas foram sanados de forma

adequada há vários anos, fazendo com que hoje a Usina opere em padrões de

desempenho compatíveis com a prática internacional.

Em média, nos dois últimos anos, Angra 1 atendeu a 7,2% do consumo de

eletricidade do Estado do Rio de Janeiro.

Qual a média de geração da Usina Angra 1 em relação ao seu potencial

máximo?

A média de geração em relação ao potencial máximo, desde o início da

operação comercial até 31/12/2008, é de 62,81%.

12

Page 26: Conheça o plano de emergência da região

Quando foi o primeiro reabastecimento de Angra 1?

A primeira parada para reabastecimento de combustível de Angra 1 foi realizada

de 04/01/1986 a 31/07/1986, simultaneamente, com outros serviços técnicos na

Usina.

Quando foi o último e quando será o próximo reabastecimento de Angra 1?

A última parada para reabastecimento de parte do combustível foi concluída no

dia 04 de junho de 2009, e o próximo reabastecimento está previsto para maio

de 2010.

Quantos reabastecimentos já foram realizados?

Desde o início da operação já foram realizados 16 recarregamentos de

combustível em Angra 1.

2. CUSTOS

Quanto custou a instalação de Angra 1?

Segundo o Balanço Anual (2008) da Eletronuclear, publicado no dia 13/04/2009,

no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, o custo bruto de construção das

instalações de Angra 1, atribuído à Eletronuclear, foi de R$ 1.630.309.000,00 (1

bilhão 630 milhões 309 mil reais), realizado até 31 de dezembro de 2008.

Qual o custo de produção de Angra 1?

O custo de produção de uma usina é constituído pelo seu custo de O&M

(Operação e Manutenção) e do combustível. O custo de produção de Angra 1

(em 31/12/2008) foi de R$ 97,33/MWh, sendo R$ 77,18/MWh de O&M, e R$

20,15/MWh de combustível.

Qual o valor gasto com a compra de equipamentos de Angra 1?

Os equipamentos de Angra 1 estão registrados pelo valor de R$ 864.516 mil

(864 milhões e 516 mil reais). Cabe ressaltar que, como a correção monetária

dos ativos foi suspensa em dezembro de 1995, os valores se reportam àquela

data. (Obs.: Os custos ocorridos após dezembro de 1995 estão registrados pelo

13

Page 27: Conheça o plano de emergência da região

valor histórico, ou seja, valor sem correção monetária, da data em que

ocorreram.)

3. PROGRAMA DE MELHORIAS DE ANGRA 1

Que providências estão sendo tomadas para ampliar a vida útil de Angra 1,

que já está há mais tempo em funcionamento?

A Usina Angra 1 comemorou o 24º aniversário do início de sua operação

comercial, em janeiro de 2009, no auge do desenvolvimento de ações que

otimizarão seu desempenho, o que, por sua vez, ampliará a vida útil da usina por

mais 20 anos. A troca dos Geradores de Vapor (GVs) foi uma dessas medidas.

Para a Eletronuclear, essas ações são prioritárias e resultam de um amplo

estudo das condições de operação da Usina e de suas necessidades a longo

prazo, a exemplo do que vem ocorrendo em várias plantas do mundo.

Qual a importância dos Geradores de Vapor?

Os Geradores de Vapor são equipamentos instalados no sistema primário da

Usina e fazem a interface entre os sistemas nucleares e não nucleares. Eles

são responsáveis pela produção do vapor saturado seco para movimentar as

turbinas e o gerador de energia elétrica. Cada um tem 4,5 m de diâmetro

superior do casco, 20,6 m de comprimento e pesam, em operação normal,

413 t (o peso de cada equipamento vazio é de aproximadamente 330 t). Ainda

há 5.428 tubos por onde passa a água a uma temperatura de 303º C.

Por que foi necessário trocar os dois Geradores de Vapor de Angra 1?

Embora a troca não estivesse prevista no projeto inicial de Angra 1, foi uma

decisão tomada pela Eletronuclear, depois da identificação da predisposição

para desgaste da liga metálica utilizada nos tubos dos equipamentos.

Esses tubos estão sujeitos a processos de degradação decorrentes da

sensibilidade do material do qual são constituídos (liga do tipo Inconel 600) e às

condições (mecânicas e ambientais) sob as quais operam, o que exigia

frequentes testes de sua integridade.

Materiais mais resistentes, não susceptíveis à corrosão sob tensão, foram

utilizados na fabricação dos novos geradores. O casco dos novos geradores

14

Page 28: Conheça o plano de emergência da região

foram confeccionados com aço de baixa liga tipo manganês-molibdênio-níquel, e

a sua parte inferior é integralmente revestida, por solda, com aço inoxidável e

inconel. Na parte interna, foram soldados 5.428 tubos em U de liga de níquel

(inconel 690), por onde circula a água proveniente do reator nuclear.

Quais são os benefícios da troca?

A substituição dos GVs eliminará a necessidade da inspeção em 100% dos

tubos, em cada parada, passando a adotar-se uma inspeção por amostragem,

tal como é realizado em Angra 2. Haverá, assim, uma redução de até 10 dias no

tempo de parada para o recarregamento de combustível nuclear, devido à

redução do escopo de trabalho. Além disso, os custos de preservação/reparos

serão praticamente eliminados. O custo, considerando-se todas as tarefas dos

GVs, é em torno de EUR 7,5 milhões. Após a troca, deverá cair para EUR 1

milhão.

Portanto, a substituição foi uma medida necessária para a continuação da

operação de Angra 1, o que viabilizará também a extensão da vida operacional

da Usina.

Quando se iniciou o processo e quando foi concluído?

O processo começou em maio de 2004, com o início da fabricação dos novos

geradores, e foi concluído em junho de 2009.

De 24/01/2009 a 04/06/2009, Angra 1 ficou fora do Sistema Elétrico Nacional

para realização de parada programada para a troca dos GVs e manutenções

diversas.

Quais foram os fornecedores?

A Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. – NUCLEP foi responsável pela

fabricação dos GVs. Coube à empresa francesa Areva NP a engenharia, a

aquisição dos materiais e a assistência técnica na fabricação. A Westinghouse

foi a empresa contratada pela Eletronuclear, mediante licitação, para realizar os

serviços de substituição.

Quanto tempo levou a fabricação dos Geradores de Vapor?

A fabricação levou aproximadamente 39 meses.

15

Page 29: Conheça o plano de emergência da região

Como foi o transporte dos equipamentos até a CNAAA?

Os equipamentos chegaram à CNAAA, em Angra dos Reis, no dia 07 de abril de

2008. O transporte foi uma operação complexa, por terra e mar, que durou sete

dias. Uma carreta especial com 12 eixos e 12 rodas em cada eixo foi utilizada

para transporte terrestre, e uma balsa de 50m de comprimento x 16m de largura,

no transporte marítimo até a Central Nuclear.

Quanto tempo levou a troca propriamente dita?

A parada teve duração de mais de 120 dias de trabalho ininterrupto, dos quais

cerca de 90 dias ficaram reservados para as atividades de substituição dos

geradores.

Como foi feita a substituição?

A obra mobilizou mais de 2.000 trabalhadores, em regime de 24 horas. Com a

Usina desligada, foi feita uma abertura provisória de 36 metros quadrados na

parede do edifício do reator, por onde saíram os antigos geradores e entraram

os novos. Dispositivos especiais foram utilizados para o içamento e transporte

dos equipamentos, de quase 400 toneladas e 20 metros de comprimento.

Onde serão armazenados os geradores antigos?

Os antigos GVs foram armazenados, de maneira segura, no Depósito Inicial dos

Geradores de Vapor – DIGV, no próprio sítio da Central Nuclear, em Angra dos

Reis.

O depósito está localizado numa área denominada Ponta Fina, situada a

aproximadamente 800 metros de Angra 1. O local reúne condições ambientais

adequadas e, por estar próximo da Usina, ofereceu facilidade e segurança para

o transporte. O depósito, integrado ao sistema de proteção física e de

monitoração radiológica da Central Nuclear, atende às normas nacionais e

internacionais aplicáveis.

Qual o investimento total do projeto?

O valor total do investimento é de R$ 724.000.000,00 (724 milhões de reais),

englobando aquisição, análise de segurança, licenciamento, substituição e

armazenamento. Os recursos foram provenientes da Eletrobrás, garantidos por

contratos de financiamento.

16

Page 30: Conheça o plano de emergência da região

Outras usinas já realizaram operações semelhantes?

Em escala mundial, todas as usinas que utilizam esse tipo de gerador têm

apresentado problemas relativos à gradual degradação do feixe tubular.

Em todo o mundo, 89 usinas nucleares já realizaram substituições semelhantes,

num total de 258 Geradores de Vapor. Até 2011, outras 16 usinas planejam

substituir tais equipamentos.

Que outras renovações estão sendo introduzidas em Angra 1?

A Eletronuclear, hoje, tem um programa de gerenciamento de Angra 1 que

consiste na coordenação de ações de longo prazo de operação, manutenção e

engenharia que asseguram o controle da integridade e da capacidade funcional

de sistemas, estruturas e equipamentos. Vale a pena destacar a adoção do

combustível nuclear avançado. Trata-se de uma modernização no projeto dos

elementos combustíveis nucleares que permitirá uma economia sensível nos

custos de geração de Angra 1. Com esse avanço tecnológico haverá uma

significativa economia de urânio (até 12%), redução do número de elementos

combustíveis novos a serem adquiridos em cada reabastecimento e aumento

das margens de segurança. O reabastecimento da Usina, com o combustível

avançado, será estendido de 12 meses, como é hoje, para 18 meses.

Com novos geradores e combustível avançado, os outros componentes da

Usina Angra 1 precisarão ser atualizados?

Associada a outras modificações (como um upgrade da turbina), a substituição

permite que, no futuro, seja estendida a vida útil de Angra 1 e que haja um

aumento da oferta de sua energia térmica em 6,3%, o que significa um

acréscimo de 47 MW em sua potência.

A tampa do vaso do reator precisará ser trocada?

No restante da indústria nuclear, a troca dessa peça, em plantas semelhantes à

de Angra 1, tem sido prática comum. No nosso caso, sua troca é a alternativa

que melhor combina requisitos de segurança e economia para a operação da

Usina. A Eletronuclear está realizando estudos para determinar a melhor

estratégia de substituição desse equipamento e, também, a data mais adequada

para esse serviço.

17

Page 31: Conheça o plano de emergência da região

A instrumentação e o controle informatizado de Angra 1, criados há mais

de 20 anos, ainda atendem às demandas da operação?

A Eletronuclear hoje tem algumas dificuldades para adquirir equipamentos ou

componentes para reposição dessa instrumentação porque boa parte de seus

módulos informatizados é analógica e não digitalizada, conforme os projetos

mais avançados. A modernização da instrumentação e do controle caracteriza-

se por altos custos e longo período de desenvolvimento e implementação (de 5 a

7 anos) e deverá ser realizada a partir de 2010.

ANGRA 2

1. DESEMPENHO / OPERAÇÃO

Fruto de um acordo nuclear Brasil-Alemanha, a construção e a operação de

Angra 2 ocorreram conjuntamente à transferência de tecnologia para o país, o

que levou também o Brasil a um desenvolvimento tecnológico próprio, do qual

resultou o domínio sobre praticamente todas as etapas de fabricação do

combustível nuclear. Desse modo, a Eletronuclear e a indústria nuclear nacional

reúnem, hoje, profissionais qualificados e sintonizados com o estado da arte do

setor.

Qual a potência nominal da Usina Angra 2?

Angra 2 opera com um reator alemão Siemens/KWU (atual AREVA NP) cuja

potência elétrica (bruta) é de 1.350 MW.

Quando a construção de Angra 2 foi iniciada?

As obras civis de Angra 2 foram contratadas à Construtora Norberto Odebrecht e

iniciadas em 1976 com o estaqueamento. O início da construção propriamente

dita se deu em setembro de 1981, com a concretagem da laje do prédio do

reator. Entretanto, a partir de 1983, o empreendimento teve o seu ritmo

progressivamente desacelerado devido à redução dos recursos financeiros

disponíveis.

Em 1991, o governo decidiu retomar as obras de Angra 2, e a composição dos

recursos financeiros necessários à conclusão do empreendimento foi definida ao

final de 1994, sendo então realizada em 1995 a concorrência para a contratação

18

Page 32: Conheça o plano de emergência da região

da montagem eletromecânica da Usina. As empresas vencedoras se associaram

formando o consórcio UNAMON, o qual iniciou as suas atividades no canteiro

em janeiro de 1996.

Quando a Usina atingiu a primeira criticalidade (momento em que o reator

entra numa reação em cadeia)?

A primeira reação em cadeia foi estabelecida no dia 14/07/2000.

Quando se deu a primeira sincronização na rede?

Às 22h18 do dia 21/07/2000.

Quando Angra 2 começou a operar comercialmente?

Angra 2 começou a operar comercialmente no dia 01/02/2001.

Qual é a área construída de Angra 2?

Angra 2 ocupa 93.802,74 m2.

Quantos habitantes Angra 2 foi capaz de abastecer de energia elétrica em

2008?

Angra 2, sozinha, poderia atender ao consumo de uma região metropolitana do

tamanho de Curitiba, com dois milhões de habitantes. Como tem o maior

gerador elétrico do Hemisfério Sul, Angra 2 contribui decisivamente com sua

energia para que os reservatórios de água que abastecem as hidroelétricas

sejam mantidos em níveis que não comprometam o fornecimento de eletricidade

da região economicamente mais importante do país, o Sudeste.

Considerando-se o consumo médio do Estado do Rio de Janeiro (2.000

kWh/hab/ano), Angra 2 atendeu a cerca de 5,2 milhões de habitantes em 2008

(25% do consumo de eletricidade do Estado do Rio de Janeiro).

Qual o histórico de operação de Angra 2?

A geração bruta, desde o início da operação comercial até julho de 2009, é a

seguinte:

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Page 33: Conheça o plano de emergência da região

Ano Geração Bruta Angra 2 (MWh)

2001 9.835.527,2

2002 9.841.746,2

2003 10.009.936,1

2004 7.427.332,2

2005 6.121.765,3

2006 10.369.983,8

2007 9.656.675,3

2008 10.488.288,9

2009 (*) 6.760.942,5

Total 80.512.197,5

(*) Até 31/07/2009

Qual foi o fator de disponibilidade (tempo em que a Usina esteve disponível

para gerar 100% de sua capacidade) de Angra 2, de 2001 a 2008?

Angra 2 ANO

(%)

2001 93,90

2002 91,50

2003 91,30

2004 74,60

2005 64,50

2006 89,00

2007 85,73

2008 90,10

Quais as principais causas dos baixos valores de fator de disponibilidade

de Angra 2, em 2004 e 2005?

Ano Angra 2

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Page 34: Conheça o plano de emergência da região

Fator de Disponibilidade(%)

Principais causas

2004 74,60 Defeito no Gerador Elétrico

2005 64,50Defeitos no Gerador Elétrico e num dos transformadores de saída

Qual é a previsão de geração de energia para os próximos anos?

Os dados, abaixo, referem-se à geração bruta de Angra 2, descontando os dias

de parada para reabastecimento de combustível e manutenção periódica.

2009: em torno de 10.744.792 MWh

2010 e 2011: em torno de 10.854.000 MWh

Qual é o fator de confiabilidade de Angra 2?

A Eletronuclear utiliza 3% de TEIF (taxa de equivalente de indisponibilidade

forçada). Ou seja, após abater as paradas programadas, ainda existe a taxa da

incidência de paradas não programadas. Portanto, o fator de confiabilidade das

usinas é de 97%. Os valores de geração bruta listados acima já estão levando

em conta as paradas programadas.

Que investimentos poderão melhorar a disponibilidade de Angra 2?

– Manutenção da disponibilidade de um transformador elevador como

sobressalente;

– Modernização dos conjuntos Motor x Bomba do Sistema de Água de

Refrigeração Principal;

– Nacionalização de equipamentos;

– Modernização dos sistemas de Instrumentação e Controle.

Qual a média de geração da Usina Angra 2 em relação ao seu potencial

máximo?

A média de geração em relação ao potencial máximo, desde o início da

operação comercial (01/02/2001) até 31/12/2008, é de 78,60%.

21

Page 35: Conheça o plano de emergência da região

Qual é a potência de consumo próprio de Angra 2?

75 MW.

A Usina Angra 2 conseguiu um superávit de geração de 50 MW sem alterar

o projeto original. Quais foram as ações práticas adotadas para que a

Eletronuclear alcançasse esse desempenho?

Angra 2 opera há 8 anos com desempenho comparável ao das mais modernas

usinas nucleares existentes no mundo. Projetada para produzir 1.309 MW,

Angra 2 vem gerando mais 41MW – excedente suficiente para abastecer de

energia elétrica estados como Acre ou Roraima. Angra 2 passou a gerar a

potência de 1.350 MW a partir de 28 de setembro de 2000, quando foi atingido,

pela primeira vez, o patamar de 100% de potência no reator. Tal padrão de

geração pode ser atribuído à excelente performance da planta como um todo e,

sobretudo, à constante atualização de seu projeto, incorporando os principais

avanços da indústria nuclear alemã. Tais modificações do projeto foram e

continuarão sendo introduzidas em Angra 2, ao longo das fases de implantação

e de operação da Usina.

O desempenho de Angra 2 é comparável a outras usinas do tipo PWR do

resto do mundo?

A Wano (World Association of Nuclear Operators) divulgou em 2008 um ranking

em que Angra 2 apresentou uma performance de destaque, estando acima da

média em oito dos 13 parâmetros usados para comparar o desempenho de

usinas do tipo PWR – Pressurized Water Reactor (Reator de Água Pressurizada)

– Siemens/KWU, que, além das alemãs, inclui Borselle, na Holanda; Göesgen,

na Suíça; e Trillo, na Espanha. Em três dos índices, a Usina brasileira

apresentou a melhor performance em sua categoria.

Angra 2 bate recorde de produção em 2008.

A Usina Nuclear Angra 2 fechou o ano de 2008, gerando 10.488.289 MWh. A

energia gerada seria suficiente para abastecer Brasília e Belo Horizonte por um

ano inteiro. A performance se torna ainda mais significativa quando levamos em

conta que essa produção foi obtida apesar de interrompida por 35 dias, tempo

de duração da parada para reabastecimento de combustível. O valor supera os

10.369.983 MWh gerados em 2006, ficando atrás apenas da produção de 2001

22

Page 36: Conheça o plano de emergência da região

(10.498.432 MWh) – ano de entrada em operação comercial da Usina, quando

não houve parada para troca de combustível.

O resultado põe a Usina entre as maiores do mundo. A Nucleonics Week,

publicação americana especializada na área nuclear, acabou de divulgar que,

das 436 usinas em operação no mundo, somente 38 produziram mais de 10

milhões de MWh no ano passado.

De acordo com o ranking publicado, a Usina brasileira ocupa o 21º lugar em

produção mundial. Entre as 38 usinas que mais geraram em 2008, 13 delas têm

potência entre 1.300 MW e 1.400 MW (a potência de Angra 2 é de 1.350 MW).

Nesse grupo, a Usina brasileira ficou na 7ª colocação. Vale acrescentar que

Angra 2 utilizou somente 88,44% de sua capacidade de produção, embora

estivesse disponível em 90,11%.

Quando Angra 2 atingiu 80 milhões de MWh?

No dia 02 de abril de 2009, às 17h45, Angra 2 atingiu a produção total de 80

milhões de MWh, o suficiente para atender ao consumo de energia elétrica de

uma cidade como Belo Horizonte, com 2.412.937 habitantes (*), durante 16

anos.

(*Dados de 2007, site IBGE)

Quando foi o primeiro reabastecimento de Angra 2?

Angra 2 foi desligada pela primeira vez no dia 9 de março de 2002, como

programado. No dia 5 de abril foi sincronizada ao sistema, atingindo 100% de

potência aos 25 minutos do dia 7 de abril de 2002.

Quando será o próximo reabastecimento?

A última parada para reabastecimento de parte do combustível foi concluída no

dia 28 de agosto de 2009, e o próximo reabastecimento está previsto para se

iniciar em outubro de 2010.

Quantos reabastecimentos já foram realizados?

Em Angra 2 tivemos o abastecimento inicial e 7 reabastecimentos.

23

Page 37: Conheça o plano de emergência da região

Angra 2 continuará operando em sua potência máxima (1.350 MW)?

A expectativa da Eletronuclear é operar Angra 2 à potência máxima,

continuamente, como nas usinas alemãs. O fator de capacidade previsto é em

torno de 90%. Somente as usinas na França não operam a 100%

continuamente, porque 75% da produção de energia elétrica francesa são de

origem nuclear e, à noite, a carga é reduzida. No Brasil, não é a Eletronuclear

que determina o nível de geração e sim o ONS. O nível de operação depende

das condições hidrológicas e da demanda do sistema.

2. CUSTOS

De quanto foi o custo das instalações de Angra 2?

Segundo o Balanço Anual (2008) da Eletronuclear, publicado no dia 13/04/2009,

no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, o custo bruto de construção das

instalações de Angra 2, atribuído à Eletronuclear, foi de R$ 5.118.813.000,00 (5

bilhões 118 milhões 813 mil reais), realizado até 31 de dezembro de 2008.

Analise o custo/benefício da conclusão de Angra 2.

Setenta por cento dos investimentos totais da Usina haviam sido realizados

quando a montagem de Angra 2 foi retomada. Os custos para concluí-la eram

menores do que qualquer outra alternativa de construção de usina que viesse a

gerar 1.350 MW, sendo que os 1.350 MW de Angra 2 equivalem a uma potência

nominal de uma hidroelétrica de 2.000 MW, porque oferece, ao longo do ano,

maior quantidade de energia “firme”, isto é, não sujeita a condições hidrológicas

desfavoráveis. Desse modo, o investimento para o término de Angra 2 foi uma

decisão correta e proporcionará retorno tanto do ponto de vista energético

quanto financeiro.

A montagem e o comissionamento foram realizados em tempos compatíveis

com os prazos praticados em usinas alemãs similares e mais recentes. Ou seja,

quando a empresa contou com recursos assegurados para as obras, a Usina

Angra 2 foi concluída em um prazo compatível com o tempo gasto em usinas do

mesmo porte. A fase de comissionamento foi menor que a das usinas alemãs

similares a Angra 2.

24

Page 38: Conheça o plano de emergência da região

Qual o custo de produção de Angra 2?

O custo de produção de uma usina é constituído pelo seu custo de O&M

(Operação e Manutenção) e do combustível. O custo de produção de Angra 2

(em 31/12/2008) foi de R$ 54,82/MWh, sendo R$ 37,30/MWh de O&M e R$

17,52/MWh de combustível.

Qual o valor gasto com a compra de equipamentos de Angra 2?

Os equipamentos de Angra 2 estão registrados pelo valor de R$ 3.950.091 mil (3

bilhões, 950 milhões e 91 mil reais). Cabe ressaltar que, como a correção

monetária dos ativos foi suspensa em dezembro de 1995, os valores se

reportam àquela data. (Obs.: Os custos ocorridos após dezembro de 1995 estão

registrados pelo valor histórico, ou seja, valor sem correção monetária, da data

em que ocorreram.)

ANGRA 3

1. POR QUE ANGRA 3?

Angra 3, depois de mais de 20 anos, terá suas obras reiniciadas. Como foi

essa decisão governamental?

O governo, por intermédio do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE),

aprovou, no dia 25 de junho de 2007, a retomada de Angra 3 e determinou que a

Eletrobrás e a Eletronuclear conduzissem a retomada da construção da Usina. A

mesma resolução estabeleceu que o MME providenciasse, por meio de

consultoria independente, uma avaliação da estrutura e dos componentes dos

custos de operação de Angra 3, visando à definição da tarifa de geração de

energia elétrica. Tais diretivas ensejaram as seguintes linhas de ações:

1) Reavaliação dos custos para a conclusão do empreendimento: o MME

contratou a consultora suíça Colenco Power Engineering AG., cujo relatório

final foi emitido no mês de dezembro de 2007. A Colenco, em sua

conclusão, chegou a valores bem próximos – cerca de 1% de diferença –

em relação à avaliação da Eletronuclear.

2) Revisão do Estudo de Viabilidade para Angra 3: foi criado um Grupo de

Trabalho Eletrobrás/Eletronuclear, com acompanhamento da Casa Civil da

Presidência da República e do MME, com o intuito de revisar os cálculos

25

Page 39: Conheça o plano de emergência da região

estimativos da tarifa de equilíbrio para a energia a ser gerada por Angra 3.

As conclusões do Grupo de Trabalho basicamente corroboraram os

resultados anteriormente apresentados pela Eletronuclear no tocante ao

valor da tarifa de venda da energia a ser gerada pela Usina, ao tempo de

recuperação do capital a investir e à rentabilidade do projeto.

3) Apreciação legal dos contratos existentes para Angra 3: A Eletronuclear

elaborou um relatório gerencial abordando os pontos relevantes de cada

contrato e encaminhou ao Grupo de Trabalho composto por representantes

da Casa Civil, do MME e da Eletrobrás. O Grupo de Trabalho concluiu que

os contratos são válidos, devendo, no entanto, serem renegociados

respeitando os atuais aspectos legais, comerciais e de mercado. Nesse

tocante, a Eletronuclear:

– já renegociou o contrato de obras civis com a Construtora Andrade

Gutierrez;

– está finalizando as renegociações para o fornecimento dos

condensadores e acumuladores com a Nuclep;

– está bem adiantada nas negociações com a Areva para a

execução dos serviços de engenharia estrangeira e fornecimento de

componentes importados;

– e já iniciou uma série de tratativas com diversos fornecedores

nacionais de equipamentos e materiais.

Quais os argumentos técnicos que referendaram a decisão do CNPE de

concluir Angra 3?

O consumo de energia elétrica no Brasil continua apresentando elevada taxa

anual de crescimento, em geral superior ao crescimento do PIB, caracterizando

elevada elasticidade. Tal fato se intensifica à medida que se melhora a renda

das populações mais pobres e o país alcança maturidade no seu

desenvolvimento econômico e social.

A análise do horizonte de 2007/2016, conforme os estudos do Plano Decenal,

indica que a opção nuclear será necessária para o atendimento do mercado de

energia elétrica nacional a partir do ano 2014. A sua retirada do programa, no

horizonte decenal, exigiria a inclusão de usinas térmicas a gás natural, que não

seria uma solução adequada devido às dificuldades da garantia do suprimento

26

Page 40: Conheça o plano de emergência da região

do combustível, à perspectiva de elevação do seu custo e à dependência

energética do país da importação do gás natural.

Para o atendimento do mercado do Sistema Interligado Nacional (SIN), uma das

vantagens da Usina Nuclear Angra 3 é o fato de esta gerar toda a sua

disponibilidade desde o início de sua operação, ao contrário das usinas

hidroelétricas, que levam um longo tempo na fase de motorização quando o

número de unidades geradoras é elevado.

O estudo mencionado considera crescimento do PIB de 4%, enquanto que o

atual esforço do governo, com o Programa de Acelaração do Crescimento

(PAC), prevê um PIB crescendo à taxa média de 5% ao ano, o que acarretará

um acréscimo adicional do mercado de energia elétrica e, em consequência,

maior oferta de geração para fazer face a essa nova demanda.

E o processo de licenciamento ambiental, como se deu?

No que se refere aos aspectos ambientais, a Usina já obteve todas as

autorizações necessárias. No dia 23 de julho de 2008, o Instituto Brasileiro do

Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu a

Licença Prévia da Usina Angra 3 e, no dia 04 de março de 2009, o órgão emitiu

a Licença de Instalação nº 591/2009 que autoriza o início das obras da Usina

Termonuclear (UTN) Angra 3. A licença é válida por um período de seis anos,

observadas as 6 condições gerais e as 45 específicas discriminadas no

documento.

Entenda o processo – De acordo com a legislação ambiental estabelecida em

1986 pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, a construção, a

instalação, a ampliação e o funcionamento de estabelecimentos e atividades que

utilizem recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores,

ou ainda capazes de causar degradação ambiental, dependem de licenciamento

ambiental, que tem três fases distintas:

I - Licença Prévia (LP) – concedida na fase preliminar do planejamento do

empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando

a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a

serem atendidos nas próximas fases de sua implementação.

27

Page 41: Conheça o plano de emergência da região

II - Licença de Instalação (LI) – autoriza a instalação do empreendimento ou da

atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e

projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais

condicionantes, da qual constituem motivo determinante.

III- Licença de Operação (LO) – autoriza a operação da atividade ou do

empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das

licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes

determinados para a operação.

Tais licenças são emitidas pelo IBAMA, que é o órgão do governo federal

responsável pelo licenciamento ambiental de empreendimentos industriais de

grande porte.

O licenciamento ambiental de um empreendimento tem por base um amplo

Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o respectivo Relatório de Impacto no Meio

Ambiente (Rima). Os dois documentos identificam os possíveis impactos

ambientais, socioculturais e econômicos que possam resultar da instalação do

empreendimento, e propõem medidas mitigadoras, bem como compensatórias, na

forma de benefícios para a comunidade.

O EIA e o Rima de Angra 3 foram submetidos ao IBAMA em maio de 2005. No dia

27 de abril de 2007, o IBAMA divulgou no Diário Oficial da União o seu

recebimento. Cópias dos dois documentos foram disponibilizadas para consulta

em diversas localidades. Após análise do EIA/Rima, o IBAMA promoveu

audiências públicas sobre o empreendimento nos municípios de Angra dos Reis,

Paraty e Rio Claro – cidades dentro da área de influência do empreendimento –,

nos dias 19, 20 e 21 de junho de 2007, respectivamente, e, em complementação

às anteriores, convocou uma quarta audiência pública no município do Rio de

Janeiro, realizada no dia 26 de novembro de 2007. O empreendimento de Angra 3

foi também discutido em 17 reuniões prévias, realizadas pela Eletronuclear,

nesses municípios.

No entanto, o processo de licenciamento de Angra 3 foi paralisado por uma

decisão liminar da 1ª Vara Federal de Angra dos Reis (RJ) à ação civil pública

promovida pelo Ministério Público Federal (MPF). A ação, proposta pelo

procurador da República André de Vasconcelos Dias, pedia a nulidade das

audiências públicas já realizadas. A ação alegava que não houve observância a

28

Page 42: Conheça o plano de emergência da região

todas as formalidades legais na condução das audiências, como, por exemplo, o

descumprimento do prazo regulamentar para a realização do evento, ferindo os

princípios legais de publicidade e transparência.

A Eletronuclear, na ocasião, recorreu da decisão por entender que foi atingido o

objetivo de dar publicidade e conhecimento das audiências ao público, pela

distribuição de cópias do EIA e do Rima e pela realização de uma ampla

campanha de divulgação por ocasião das mesmas. Entretanto, a empresa

decidiu participar do novo ciclo de debates por entender que seria uma nova

oportunidade de a empresa expor seu empreendimento e tirar possíveis dúvidas

da população. No dia 25 de janeiro de 2008 foi publicado, no Diário Oficial da

União, edital do Ibama informando que, em atendimento à legislação vigente e à

decisão liminar do Juízo da 1ª Vara Federal de Angra dos Reis, promoveria novas

audiências públicas relativas ao licenciamento ambiental do empreendimento nos

municípios de Angra dos Reis, Paraty e Rio Claro. Essas audiências foram

realizadas nos dias 25, 26 e 27 de março de 2008, respectivamente. Em

atendimento à solicitação do Conselho Estadual de Meio Ambiente do Estado de

São Paulo – CONSEMA, o IBAMA promoveu também, no dia 28 de março, uma

audiência suplementar em Ubatuba (SP).

Todas as audiências públicas foram consideradas válidas pelo IBAMA. Foram

redigidas atas dos encontros, que fazem parte de um Relatório Final, emitido para

cada audiência, e encaminhado para o IBAMA e demais entidades envolvidas.

Além da licença do IBAMA, que outras autorizações são necessárias para a

efetiva retomada das obras de Angra 3?

– Licenciamento nuclear: Para a retomada das obras da Usina, também é

necessária a autorização da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). No

dia 9 de março de 2009, a autarquia concedeu a Licença Parcial de Construção

para Angra 3. No fim de agosto de 2008, a autarquia já havia autorizado a

instalação do canteiro e pequenas obras preparatórias que antecedem o reinício

formal das obras de Angra 3. A licença mais recente permite à empresa realizar

os serviços de reconstituição (concretagem complementar) da área destinada à

construção das edificações de segurança nuclear da instalação e de

impermeabilização nas regiões do edifício do reator e do edifício auxiliar do reator.

Trata-se de uma licença parcial (que teve validade até novembro de 2009), mas,

29

Page 43: Conheça o plano de emergência da região

segundo o órgão regulador do setor, as novas licenças serão emitidas à medida

que a Eletronuclear for avançando nas obras.

– Alvará de Licença para Construção (“licença de uso de solo”) – A Eletronuclear

recebeu, no dia 30 de junho de 2009, o Alvará da Prefeitura de Angra dos Reis

que concede a licença municipal para a construção da Usina Angra 3. A licença

foi expedida pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento

Urbano de Angra dos Reis e havia sido requerida pela empresa no dia 06 de

agosto de 2008. Tal licença estava condicionada às negociações com a

Prefeitura sobre as compensações socioambientais a serem aplicadas em

contrapartida à instalação da Usina. No dia 5 de outubro de 2009, a empresa e a

administração municipal assinaram um termo de compromisso, formalizando o

acordo. Foram definidos os diversos projetos que comporão o Programa de

Compensações Socioambientais, condicionante determinada pelo Licenciamento

Ambiental do empreendimento. O Programa prevê investimentos da ordem de

R$ 150 milhões, em seis anos, a serem aplicados em Angra dos Reis nas áreas

de educação, saúde, defesa civil, ação social, obras e serviços públicos,

atividades econômicas, água e esgoto, cultura e meio ambiente. Os técnicos da

Prefeitura estão trabalhando, agora, na elaboração dos projetos que serão

apresentados à Eletronuclear. Serão abertos convênios com a estatal para cada

projeto específico.

– Parecer do TCU sobre o aditivo do contrato de construção civil: O Tribunal de

Contas da União (TCU) revisou a minuta do termo aditivo ao contrato de obras

civis (encaminhado ao órgão no início de março de 2009) e autorizou, no dia 22

de julho de 2009, a continuação das obras para a conclusão da Usina contanto

que o valor pactuado entre a Eletronuclear e a construtora Andrade Gutierrez

fosse reduzido em aproximadamente R$ 120 milhões. No dia 14 de setembro de

2009, atendendo às determinações do TCU, a Eletronuclear e a construtora

Andrade Gutierrez assinaram o aditivo contratual para a retomada da construção

civil de Angra 3.

30

Page 44: Conheça o plano de emergência da região

A decisão sobre Angra 3 não deveria ter sido apreciada pelo Congresso

Nacional?

A obra para a construção de Angra 3, que começou em 1984, foi autorizada

pelo Decreto Presidencial n.º 75.870/75, procedimento legal em vigor à época.

Portanto, não seria aplicável a Angra 3 a exigência prevista no artigo 225, § 6º,

da Constituição federal de 1988.

O MPF defende a tese de que o IBAMA não poderia prosseguir no processo de

licenciamento ambiental sem que houvesse, previamente, a lei específica

autorizando a localização do empreendimento, de acordo com a Constituição

federal.

Independentemente dessa controvérsia legal, o fato é que os trabalhos

desenvolvidos pelo IBAMA quanto ao licenciamento ambiental são

imprescindíveis como medida preliminar para que sejam analisados os aspectos

relativos ao impacto ambiental. Sua conclusão positiva resultará em elemento

decisivo, até mesmo, ad argumentandum, para um exame pelo próprio Poder

Legislativo, que terá elementos para aprovar a localização de Angra 3, caso

entenda-se aplicável o regramento nascido com a nova Constituição em 1988.

Seria, portanto, ilógico o Congresso aprovar uma lei que autorize a localização

de uma usina nuclear sem ter garantia da viabilidade ambiental do local onde ela

será instalada. Garantia essa que somente pode ser dada pela Licença Prévia,

após o IBAMA ter analisado o EIA/Rima do empreendimento e realizado as

audiências públicas previstas na legislação aplicável. Nesse sentido, já decidiu o

TRF da 2ª Região, a saber:

“De fato, a CRFB/88 exige a autorização do Congresso Nacional para a instalação de usinas nucleares. Estabelece, também, que lei federal deverá determinar o local em que as mesmas deverãoser instaladas. IV – Cumpre registrar, todavia, que o planejamento para aefetivação do empreendimento Angra 3 se iniciou muito antes daordem constitucional atual. Registre-se, também, que consoantea CRFB/67, emendada em 1969, a autorização para instalaçõesnucleares se dava sob a forma de decreto presidencial. Dessamaneira, no ano de 1975, nos exatos termos constitucionais, o então presidente da República, por meio do Decreto n.º 75.870, autorizou a estruturação de uma terceira unidade de usinanuclear (fl. 85). V – Verifica-se, assim, que o empreendimento em testilha foi iniciado ao tempo da Constituição anterior, que dispensava asexigências de autorização do Congresso Nacional para a

31

Page 45: Conheça o plano de emergência da região

construção de usinas nucleares, bem como a disposição sobre a localização das mesmas. VI – Deve-se afirmar, dessa maneira, que não há que se falar em caducidade do Decreto n.º 75.870/75 em confronto aos preceitosda nova ordem constitucional. E isso porque, analisando ajurisprudência do Pretório Excelso, quando o texto constitucional pretender assumir efeito retrospectivo, deve assim se manifestar expressamente.VII – Outrossim, ainda que se admita a imprescindibilidade de cumprimento de tais requisitos, entende-se que os mesmos nãodevem vincular o início do procedimento de licenciamentoambiental. E isso porque é nesse procedimento no qual serãorealizados todos os estudos necessários para a efetivação deempreendimento considerado poluidor, estudos esses imprescindíveis ao Congresso Nacional no momento em que for avaliar se deve ou não autorizar o funcionamento do referidoempreendimento.VIII – Caso contrário, o Congresso Nacional estaria sem qualquerreferencial para emitir sua decisão, seja sobre a aprovação da construção da usina, seja sobre o local onde a mesma deverá serconstruída.IX – Agravo de Instrumento provido.” (Des. Reis Friede, 7ª TurmaEspecializada da 2ª região, Agravo de Instrumento n.º2006.02.01.013487-4, decisão de 11/04/2007)

O próprio texto da Constituição diz:

“As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida

em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.” Logo, a lei específica de

que trata a Constituição, se aplicável ao caso de Angra 3, refere-se à instalação

da Usina e não ao estudo de sua viabilidade ambiental. Certo é que, no

processo de licenciamento ambiental conduzido pelo IBAMA, existe a previsão

de três licenças (prévia, de instalação e de construção), todas obtidas a partir de

uma lógica procedimental específica e legalmente instituída.

Por que as obras de Angra 3 foram paralisadas?

Uma série de fatores contribuíram para a desaceleração do Programa Nuclear

Brasileiro (PNB): falta de recursos públicos, custo alto e dúvidas quanto à

conveniência para a matriz energética e sobre os riscos de acidentes e

ambientais.

Um dos fatores que mais influenciaram os governos de todo o mundo foram os

dois acidentes ocorridos em usinas nucleares. O primeiro ocorreu em 1979, na

usina americana de Three Mile Island (TMI). Mesmo não havendo vítimas, o

acidente reanimou, quase instantaneamente, a oposição popular ao uso nuclear,

32

Page 46: Conheça o plano de emergência da região

dando origem a concepções errôneas sobre uma das maiores fontes de

eletricidade nos Estados Unidos. O segundo acidente teve proporções maiores.

O acontecimento foi em 1986, na cidade de Chernobyl. O fato trouxe espanto e

medo à questão da energia nuclear. Os acidentes haviam mobilizado uma força

contra o movimento nuclear, não só brasileiro, mas em todo o planeta, e com

isso ficou inviável levar adiante, naquele momento, o Programa Nuclear Brasileiro.

O preço da energia gerada por Angra 3 não será alto demais, na comparação

com as demais fontes?

A Usina Nuclear Angra 3 necessita, para sua implantação, de um investimento

adicional de R$ 8,4 bilhões. Com esse montante de investimento, o custo da

energia elétrica produzida pela Usina será da ordem de R$ 140,00/MWh, o que

torna o empreendimento de Angra 3 competitivo com as demais opções de

geração do SIN, conforme os resultados dos leilões de geração recentemente

realizados. Esse valor é fruto de vários estudos, amplamente debatidos pelo

governo e por especialistas do setor. Além disso, os cálculos referentes ao custo

de construção e de geração de Angra 3 foram objeto de análises independentes

realizadas pela Fundação de Apoio da Universidade de São Paulo (FUSP), pelo

Electric Power Research Institute (EPRI), dos Estados Unidos, pela empresa de

consultoria Colenco, da Suíça, e pelas empresas de energia elétrica Iberdrola,

da Espanha, e EDF, da França – e todas chegaram a números parecidos. Todos

os custos de construção, operação, manutenção, combustível nuclear,

financiamento, seguro e fundo de descomissionamento serão pagos com a

energia produzida. Não existe qualquer tipo de subsídio, como os que foram

dados aos empreendimentos do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas

de Energia Elétrica (PROINFA) – eólica, biomassa e PCHs – diretamente pela

Eletrobrás.

A título de comparação, no último leilão A-5 de “energia nova” realizado pela

Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em 30/09/2008, o preço médio de

venda de energia alcançado pelas usinas térmicas foi de R$ 145,23 por MWh,

evidenciando a viabilidade econômica da opção nuclear.

Que benefícios Angra 3 trará para o setor elétrico brasileiro?

O projeto Angra 3 tem várias vantagens, que o tornam um dos mais importantes

investimentos do setor elétrico brasileiro.

33

Page 47: Conheça o plano de emergência da região

Aspectos energéticos e elétricos:

Alta taxa de geração de energia elétrica com confiabilidade:

aproximadamente 10 TWh/ano;

Aumento da base térmica do sistema elétrico interligado, contribuindo

para a diversificação da matriz energética nacional e reduzindo riscos de

déficit de energia elétrica, principalmente por ocasião de regimes

hidrológicos menos favoráveis;

Ampliação da capacidade de geração do Sudeste, uma região

historicamente importadora de energia elétrica, com consequente redução

da necessidade de investimentos em transmissão;

Melhor desempenho do sistema interligado de transmissão de energia

elétrica, com a redução do seu carregamento, devido ao aumento do

porte do parque gerador local;

Localização privilegiada, próxima a grandes centros consumidores

(cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte);

Melhoria da confiabilidade do suprimento para as regiões do Rio de

Janeiro e do Espírito Santo.

Desde o início de sua operação, gerar toda a sua disponibilidade, ao

contrário das usinas hidroelétricas, que levam um longo tempo na fase de

instalação das turbinas, quando o número de unidades geradoras é

elevado.

Aspectos ambientais:

Não emissão de gases ou partículas causadores do efeito estufa, de

chuva ácida, de poluição urbana ou de alteração na camada de ozônio;

Não emissão de materiais particulados e metais cancerígenos e

mutagênicos (arsênio, mercúrio, chumbo, cádmio etc.);

Não há impactos ambientais decorrentes do alagamento de grandes

áreas.

Propicia o incremento do conjunto de medidas compensatórias

socioeconômicas, que já vêm sendo realizadas na região de Angra dos

34

Page 48: Conheça o plano de emergência da região

Reis, a serem definidas no processo de aprovação do Licenciamento

Ambiental.

Aspectos econômicos:

Aumento de encomendas de componentes na NUCLEP (fábrica de

equipamentos pesados, especializada nos grandes componentes da

chamada “ilha nuclear”, localizada em Itaguaí, RJ);

Aumento de encomendas em fabricantes e fornecedores de bens e

serviços nacionais, com a consequente criação de empregos;

Custos de geração compatíveis com as demais opções de geração;

A sua retirada do programa, no horizonte decenal, exigiria a inclusão de

usinas térmicas a gás natural, carvão ou óleo. As três soluções não

seriam adequadas. O gás natural, devido às dificuldades da garantia do

suprimento do combustível, à perspectiva de elevação do seu custo e à

dependência energética do país da importação. A queima de carvão e de

óleo, como já foi destacado, é nociva ao meio ambiente.

Aspectos do ciclo do combustível nuclear:

Aumento da receita proveniente da venda de combustível nuclear,

contribuindo para a economia de escala da Indústrias Nucleares do Brasil

(INB), fabricante do combustível nuclear;

Completa nacionalização do combustível nuclear, com a utilização do

processo industrial de enriquecimento isotópico por ultracentrifugação,

desenvolvido de forma pioneira pela Marinha do Brasil;

Utilização de combustível nacional – urânio, existente e beneficiado no

país, fazendo uso de suas reservas que são a 6ª maior do mundo, sem as

implicações de necessitar de suprimento externo.

Aspectos industriais e tecnológicos:

Consolidação de uma tecnologia de ponta, com elevado conteúdo

estratégico;

35

Page 49: Conheça o plano de emergência da região

Aproveitamento e não dispersão de valioso capital humano, altamente

especializado e formado durante a implantação do Programa Nuclear

Brasileiro;

Fortalecimento do sistema de ciência e tecnologia existente, através de

programas conjuntos e consultorias específicas em universidades e

centros de pesquisas, com criação de demanda para a formação e a

qualificação profissional com um programa de tecnologia multidisciplinar;

Fortalecimento da indústria nacional como fornecedora de equipamentos

de alta tecnologia, aumentando o seu poder de competição no mercado

internacional;

Aumento da massa crítica de conhecimentos no setor nuclear brasileiro,

permitindo futuras propostas de programas de centrais de menor porte

para regiões que não disponham de potencial hidráulico competitivo;

Geração e consolidação de empregos qualificados na indústria, em

empresas projetistas e centros de pesquisas.

Aspectos regionais na área de influência da CNAAA:

Incremento na arrecadação de impostos e nas atividades econômicas

regionais;

Investimento de 2% do valor do empreendimento na adoção de Unidades

de Conservação Ambiental;

Desenvolvimento e melhoria da infraestrutura local e regional, através da

implementação dos programas compensatórios acordados

especificamente para a implantação do empreendimento, incluindo a

melhoria da rede rodoviária, a implantação de hospital regional e o

treinamento de pessoal das administrações municipais;

Oportunidade de criação de cerca de 9.000 postos diretos e 15.000

indiretos de trabalho no período de maior movimentação no canteiro de

obras da Usina. Já na fase de operação de Angra 3, estima-se que serão

criados cerca de 500 empregos diretos permanentes;

Consolidação da política de implementação de parcerias regionais entre a

Eletronuclear e os municípios vizinhos, nas áreas de saúde, educação,

36

Page 50: Conheça o plano de emergência da região

saneamento, infraestrutura, preservação ambiental, cultura e patrimônio

histórico.

Preservação e melhoria do meio ambiente local e regional através do

apoio a implantação de projetos ambientais associados à manutenção de

áreas de preservação e geração de renda.

Qual o progresso físico atual de Angra 3?

Como Angra 3 será uma usina quase gêmea de Angra 2, grande parte do projeto

de engenharia de Angra 2 será utilizada para Angra 3, havendo, assim, um

enorme aproveitamento dos documentos técnicos já desenvolvidos.

Em relação à obra civil, as atividades ocorreram por cerca de dois anos, entre

1984 e 1986, período no qual foram realizados cortes de rocha, aberturas de

cavas para blocos de fundação, preparação parcial do sítio e executadas as

instalações parciais de infraestrutura do canteiro de obras.

O material oriundo do desmonte foi utilizado para a construção do molhe de

proteção marinha da Baía de Itaorna, local onde se encontra a Central Nuclear.

No tocante a equipamentos já adquiridos, destacam-se os componentes de

grande porte da chamada “Ilha Nuclear”, tais como: vaso do reator, Gerador de

Vapor, pressurizador, bombas principais de refrigeração, suportes de

componentes do circuito primário e, ainda, os principais componentes do

chamado circuito secundário, como, por exemplo: turbinas de alta e baixa

pressão, bombas principais de água de alimentação e de condensado, além de

diversos equipamentos gerais, tipo: estação de válvulas, trocadores de calor,

vasos de pressão etc. Tais equipamentos vêm sendo mantidos sob rigoroso

esquema de preservação em almoxarifados no próprio sítio da Usina e nas

instalações da NUCLEP.

O conjunto de atividades já realizadas representa, de forma ponderada, o

progresso de 30% do total requerido para a implantação do empreendimento.

Qual o cronograma para conclusão de Angra 3?

O cronograma executivo de Angra 3 prevê 66 meses para a sua implantação,

englobando as atividades de engenharia, suprimento, construção civil,

montagem eletromecânica, comissionamento e testes pré-operacionais. Esse

37

Page 51: Conheça o plano de emergência da região

prazo se inicia com os trabalhos de concretagem da laje de fundo do Edifício do

Reator e se encerra com o fim dos testes de operação e potência da planta.

Antes do início da concretagem da laje de fundo do Edifício do Reator está

programado um período de cinco meses em atividades preliminares, tais como:

execução dos serviços preparatórios de engenharia, instalação da infraestrutura

do canteiro de obras e os procedimentos relativos ao processo licenciatório.

No momento, além do término da aplicação do concreto de regularização da

cava de fundações para as diversas edificações, estão sendo concluídas as

atividades de impermeabilização das lajes de fundação do prédio do reator e

prédio auxiliar do reator. Em 01 de dezembro, teve início a execução das lajes

de fundação do edifício do reator e do edifício da turbina. Antecedendo à fase de

concretagem dessas lajes, já se iniciou a etapa que se caracteriza pela

instalação da armação (ferragens).

ANGRA 3 – CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO

1 9 17 32 46 56 63 66ses

Início do Comissionamento dos Sistemas no EdifíciodoReator

Início do Comissionamento doSistemaElétricoAuxiliar

nício da Concretagem daLajede Fundodo Edifício do Reator

IníciodaMontagem da Esfera de Contenção

Início da MontagemElétrica

1a. Criticalidade

Início da 1a. OperaçãoàQuente

67

Início de Operação ComercialMe

I

Que serviços estão contemplados na 1ª Ordem de Execução de Serviços

do contrato de obras civis?

A 1ª Ordem de Execução de Serviços (OS) do contrato de obras civis de Angra

3, assinada no dia 02/10/09, determina o escopo de trabalho para os meses de

outubro, novembro e dezembro Segue, abaixo, a descrição dos principais

serviços previstos na 1ª OS do contrato com a Andrade Gutierrez:

1- Mobilização de mão de obra e equipamentos.

2- Adequações e Instalações do Canteiro de Obras.

2.1- Edificações Administrativas

2.2- Informática

2.3- Centrais de Produção/Manutenção

2.4- Estação de Tratamento de Água e Estação de Tratamento de Esgotos

38

Page 52: Conheça o plano de emergência da região

2.5- Infraestrutura e redes das centrais

2.6- Subestações provisórias

3- Preparação, corte e dobra de armação das lajes de embasamento dos prédios UJB e UMA.

4- Preparação e fabricação de fôrmas das lajes de embasamento dos prédios UJB e UMA.

5- Preparação e fabricação de peças embutidas nas lajes de embasamento dos prédiosUJB e UMA.

Qual é a previsão para o reinício das obras?

O cronograma para a Usina Angra 3 prevê para fevereiro de 2010 o “marco zero”

da obra – início da concretagem da laje de fundação do edifício do reator. A

previsão de conclusão da obra é maio de 2015.

2. DADOS TÉCNICOS

Angra 3 é uma usina de última geração?

Não. A usina de última geração similar a Angra 3 é Olkiluoto 3, na Finlândia.

Ocorre que, ao longo da construção de Angra 2 e do projeto de Angra 3,

diversas melhorias técnicas foram introduzidas no projeto, notadamente aquelas

oriundas do design das usinas alemãs da série Konvoy, que são as mais

recentes usinas construídas e em operação na Alemanha. Dessa forma, Angra 2

e Angra 3 refletem, hoje, o atual estado da técnica em termos de centrais

nucleares PWR de sua geração, todas com mais de vinte anos de operação.

Qual será o tipo de reator de Angra 3?

O reator de Angra 3 será idêntico ao de Angra 2, do tipo PWR, com potência de

1.405 MW, e com projeto da Siemens/KWU, atual Areva NP.

Quais são as diferenças entre Angra 2 e Angra 3?

As diferenças entre os projetos se referem, principalmente, à necessidade de

adequações, determinadas por diferenças específicas entre as duas plantas,

como, por exemplo:

Terreno: Angra 2 foi construída sobre estacas e Angra 3 o será sobre

rocha. Angra 2 foi construída sobre estacas devido às características do

lugar onde foi edificada. Naquele local não seria viável outra solução.

39

Page 53: Conheça o plano de emergência da região

Devido à experiência da construção de Angra 2 sobre estacas, concluiu-

se ser melhor transferir Angra 3 para onde a mesma pudesse ser apoiada

diretamente sobre a rocha.

Sistema de Instrumentação e Controle: Angra 2 utiliza sistema analógico

e Angra 3 usará as técnicas digitais de última geração.

Como será o Sistema de Instrumentação e Controle de Angra 3?

Os sistemas de Instrumentação e Controle (I&C) a serem usados em Angra 3

manterão os mesmos princípios funcionais do projeto básico de Angra 2. Com o

avanço tecnológico, os sistemas de I&C a serem utilizados na nova usina serão

baseados no estado da arte da tecnologia digital e em softwares qualificados, já

em uso em várias outras usinas nucleares no mundo, tais como Tianwan, na

China (em operação), e Olkiluoto 3, na Finlândia (em construção). Para a

realização das mesmas funções do projeto de Angra 2, de uma forma geral, a

I&C utilizará menos equipamentos, haverá a redução da quantidade de armários

eletrônicos no prédio de controle, assim como uma menor quantidade de cabos

será necessária, graças à utilização intensa de softwares para a realização de

monitoração, supervisão e controle da Usina. Na Sala de Controle, onde será

feito uso intenso de computadores, os painéis de controle também terão sua

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Page 54: Conheça o plano de emergência da região

quantidade reduzida em relação a Angra 2. A adoção da Sala de Controle Digital

irá melhorar a comunicação e o nível de informação para os operadores, sendo

mais concisa e mais facilmente acessível. A visualização em telões, bastante

flexíveis e podendo apresentar diferentes diagramas e detalhes, permite, dessa

forma, uma resposta mais rápida do operador. Apesar de muitos equipamentos

mecânicos já estarem disponíveis, toda a I&C ainda será fornecida pela

Alemanha com a última geração de equipamentos, o que a colocará entre as

mais modernas do mundo.

Devido a essa nova tecnologia, o treinamento dos operadores será realizado em

um novo simulador baseado na própria Sala de Controle Digital de Angra 3.

Cabe ressaltar que o treinamento de um operador, licenciado pela CNEN, dura

em média quatro anos e o mesmo já deve estar preparado para a fase de

comissionamento da Usina.

A obra de Angra 3 tem os seguintes quantitativos:

- Área do Sítio de Angra 3 - 80.563 m2

- Perímetro do Sítio de Angra 3 - 1.141 m- Concreto - 200.000 m3

- Aço - 30.800 t- Embutidos - 4500 t- Pintura - 370.000 m2

- Equipamentos - 17.000 t- Documentos para fabricação de spools/suportes - 71.100 un- Tubulação pré-fabricada - 4.300 t - Tubulação montada no campo - 6.300 t - Dutos de ventilação - 32.000 m - Componentes de ventilação - 4.421 un - Isolamento térmico aplicado - 32.000 m2

- Cabos de força lançados - 800 km - Cabos de Instrumentação e controle - 1.700 km - Conexões - 1.100.000 un- Bandejas de cabos montadas - 1.100 t - Disjuntores instalados - 1.300 un

3. CUSTOS e INVESTIMENTOS

Quanto é gasto para a preservação de Angra 3?

A manutenção da condição de obra paralisada, incluindo estocagem e

preservação dos equipamentos, seguros, inspeções periódicas, manutenção do

41

Page 55: Conheça o plano de emergência da região

canteiro e estrutura empresarial voltada para essas atividades e perspectiva de

retomada, monta a aproximadamente US$ 20 milhões/ano.

A experiência com Angra 2, cujos componentes, analogamente a Angra 3,

também estiveram armazenados por longo período, demonstrou que as

unidades de preservação e a inspeção final nos equipamentos, previamente à

sua montagem, proporcionam a manutenção de elevado padrão de performance

dos equipamentos.

Quanto já foi investido, até hoje, em compra de equipamentos e na

construção da Usina Angra 3? Quanto será necessário investir para a

conclusão da Usina?

A valoração dos equipamentos já adquiridos para Angra 3 monta a cerca de

EUR 600 milhões (equivalentes a US$ 750 milhões na base de preços de janeiro

de 1999). Para a conclusão do empreendimento, são estimados investimentos

adicionais da ordem de R$ 9,9 bilhões (na base de preços de junho de 2010),

sendo 70% desses gastos a serem efetuados no Brasil. A tabela abaixo mostra

de que forma esse investimento será distribuído. A implantação de Angra 3 não

implica comprometimento de recursos do Orçamento Fiscal da União.

O orçamento de R$ 9,9 bilhões tem como base junho de 2010, fazendo-se a

atualização monetária (inflação) e o incremento do valor real em razão do

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Page 56: Conheça o plano de emergência da região

aquecimento do mercado. O valor referido anteriormente, de R$ 8,4 bilhões,

tinha como base junho de 2009.

Engenharia Nacional:Projetos de engenharia civil; Projetos de engenharia eletromecânica; Especificações técnicas de materiais, equipamentos e componentes(elétricos, eletrônicos e mecânicos); Projetos de flexibilidade de tubulações; Cálculos estruturais civis e mecânicos; Projetos de análises dinâmicas (terremoto / ondas de pressão / etc.); Projetos de urbanização;Projetos de galerias externas.

Engenharia Estrangeira:Revisões de cálculos e de especificações; Execução de cálculos do escopo do contrato com a Areva; Supervisão da montagem eletromecânica, do comissionamento e dostestes de aceitabilidade da Usina;Participação no treinamento dos operadores da Usina.

Equipamentos Nacionais: Tanques; Válvulas;

Trocadores de calor (aquecedores, resfriadores, condensadores etc.); Tubulações;

Equipamentos de processo; Suportes de tubulação; Cabos elétricos e de sistemas de instrumentação e controle.

Equipamentos Estrangeiros:Sistema de instrumentação e controle;

Hardware e software computacionais;Equipamentos remanescentes do escopo do contrato com a Areva.

Construção Civil:Todas as atividades de obra civil da Usina e construção civil,englobando a construção de prédios nucleares e convencionais,superestruturas de concreto, fundações, lajes, arruamentos, obras deacabamento final (pinturas, revestimentos, instalações sanitárias e elétricas etc.)

Montagem Eletromecânica:Montagem (mecânica, elétrica e eletrônica) de todos os equipamentos:componentes, sistemas, tubulações e seus acessórios, bandejas de cabos, sistemas de cabeamento, estruturas metálicas, vasos, tanques, válvulas, trocadores de calor etc.

43

Page 57: Conheça o plano de emergência da região

Comissionamento:Testes de todos os equipamentos, componentes e sistemas da Usina,visando a garantir a performance e a segurança individual e sistêmicados equipamentos e sistemas de Angra 3.

Outros:Treinamento de Operadores: programa de treinamento que tem iníciocerca de 4 anos antes do começo de operação da planta, incluindoaulas teóricas e práticas em simuladores, visando a assegurar ascondições de segurança e performance operacional da Usina,incluindo manutenção e operação.

Quem fará o investimento para a construção de Angra 3, o grupo

Eletrobrás ou algum agente privado?

O projeto financeiro de Angra 3 considera que parte do investimento virá de

empréstimos com bancos estrangeiros, que já manifestaram sua disposição em

financiar o empreendimento; o restante em empréstimo no Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para bens e serviços nacionais e

com recursos próprios e financiamentos captados.

Esses financiamentos já foram solicitados?

Sim, a Eletrobrás e o Ministério de Minas e Energia estão conduzindo o assunto

referente à estruturação do financiamento para o empreendimento.

A Eletronuclear já submeteu ao BNDES a “Consulta Prévia”, primeiro documento

do processo de obtenção de financiamento desse agente. No momento, o

documento está sendo analisado, com vistas ao enquadramento do

empreendimento na carteira de empréstimo do banco.

A indústria brasileira pode cobrir a montagem de Angra 3?

A recente experiência com a montagem eletromecânica de Angra 2 vem

demonstrar a capacidade brasileira na montagem de empreendimentos dessa

natureza. Todas as atividades foram executadas por empresas brasileiras, sob a

supervisão e o controle técnico da própria Eletronuclear, sendo a participação

estrangeira voltada apenas para atividades nas quais aspectos contratuais assim

o determinavam.

Quanto ao suprimento de equipamentos para Angra 3, a indústria nacional terá

participação ativa, através da colocação de encomendas no valor de cerca de

44

Page 58: Conheça o plano de emergência da região

R$ 1,4 bilhão. A maior participação de estrangeiros se dará principalmente na

fase de comissionamento de equipamentos e sistemas da Usina, cabendo à

empresa franco-alemã Areva a complementação do fornecimento de parte dos

equipamentos, não disponível no mercado nacional, e o suporte técnico de

alguns serviços específicos de supervisão de montagem e de engenharia.

Qual é o grau de nacionalização previsto para Angra 3?

Em Angra 2, foi de 50,4%. Para Angra 3 a previsão é que seja um pouco mais,

algo em torno de 54%. Já para as usinas nucleares pós-Angra 3 a meta é de 70%.

4. MÃO DE OBRA

Das pessoas que trabalharam na construção de Angra 1 e Angra 2, quantas

eram da região e quantas vieram de fora? A Eletronuclear vai priorizar a

contratação de trabalhadores dos municípios vizinhos à Central Nuclear

durante a construção de Angra 3?

A Eletronuclear não possui informações precisas quanto aos números de

trabalhadores contratados durante a construção de Angra 1, já que os

apontamentos dessa época ficaram sob responsabilidade de Furnas. Pode-se

afirmar que foi muito pequeno o número de pessoas da região de Angra dos

Reis e arredores trabalhando na obra, perante o fato de que no ano em que foi

construída não havia disponibilidade de mão de obra qualificada local para

atender aos requisitos inerentes à implantação de uma usina nuclear. Em

momentos de pico a empresa chegou a ter cerca de 5 mil pessoas em seus

alojamentos.

No caso de Angra 2, a situação já foi diferente. Devido às contratações locais

para as atividades de paradas de Angra 1, já havia uma qualificação da mão de

obra regional, razão pela qual foi possível a contratação de pessoal dos

municípios circunvizinhos à Central Nuclear (vide tabela abaixo). Na época da

construção de Angra 2, inclusive, a Eletronuclear não forneceu alojamento para

os trabalhadores cuja qualificação existisse na região.

Em geral, estima-se que para Angra 3 o índice de participação de mão de obra

da região será superior ao utilizado em Angra 2. A política da empresa será dar

prioridade à mão de obra local. Para isso, não oferecerá qualquer benefício ou

45

Page 59: Conheça o plano de emergência da região

concessão (alojamento, transporte etc.) para os trabalhadores de fora, visando a

incentivar, assim, a contratação de trabalhadores da região. Caso as empresas

empreiteiras queiram contratar gente de fora, elas terão de arcar com o ônus de

alimentação, transporte e alojamento desse pessoal.

Geração de Empregos

• Até 9.000 empregos diretos e 15.000 indiretos durante a construção.• Cerca de 500 empregos diretos na fase de operação.

CNOConstrutoraNorberto Odebrecht

UNAMONConsórcio deMontagem Nuclear

Geração de e mpre gos na c ons truçã o civil e montage m de Angra 2

Angra................................................63%Paraty................................... ...............2%Rio Claro/Lídice .................................8%Volta Redonda/Barra Mansa..............7%Outras..............................................20%Total

Angra................................................44,5%Paraty..................................................1,5%Rio Claro/Lídice ................................4%Volta Redonda/Barra Mansa...........13%Outras.............................................37%Total

344

29 105 91274

1.343 3.754

1.671

53 138 486

1.406

Qual será o perfil da mão de obra requerida para Angra 3?

As obras da Usina, ao longo de 5,5 anos de construção, mobilizarão, em média,

5.000 trabalhadores diretos. No pico das atividades, esse número pode chegar a

9.000 trabalhadores.

As fases de viabilização da construção de um empreendimento nuclear como

Angra 3 passam por projeto, construção civil, suprimento de materiais e

equipamentos, montagem eletromecânica, comissionamento (testes) e, por fim,

a operação da Usina.

A construção de Angra 3 e a montagem dos equipamentos serão executadas

com participação preponderante de técnicos e profissionais brasileiros. Em um

primeiro momento, a demanda é por carpinteiros de fôrma, pedreiros,

montadores de andaime, armadores e ajudantes. Acredita-se que esse tipo de

mão de obra já exista na região, até porque a Eletronuclear tem mantido um

volume considerável de obras civis na Central Nuclear, como, por exemplo, a

construção dos novos depósitos de rejeitos e do depósito para abrigar os

Geradores de Vapor antigos. Hoje, existem aproximadamente 500 pessoas com

46

Page 60: Conheça o plano de emergência da região

esse perfil contratadas pela construtora. Estão sendo realizadas obras

preparatórias no terreno onde será construída Angra 3. Nos próximos meses,

com o reinício das obras propriamente ditas, haverá um aumento considerável

desse efetivo. Estima-se que, em média, serão necessárias 2.500 pessoas nos

quatro primeiros anos da obra, podendo chegar a 4 mil nos momentos de pico

(entre o segundo e o terceiro ano).

A responsabilidade da contratação de mão de obra é da construtora. No entanto,

a Eletronuclear está apoiando iniciativas das prefeituras de municípios

circunvizinhos e de entidades sindicais para cadastramento prévio de

profissionais para obras civis de Angra 3. Todas as inscrições serão

encaminhadas às empresas contratadas de forma a garantir o compromisso de

priorizar a contratação de moradores da região.

Os serviços de instalação e de montagem dos equipamentos eletromecânicos

serão objeto de futura licitação. As principais categorias profissionais requeridas

durante essa fase (segundo ano após o início das obras) serão: eletricistas,

montadores, instrumentistas, encanadores, ajudantes, pintores etc. A mesma

política de priorização da mão de obra local será adotada, somente buscando

profissionais fora da região quando comprovadamente não houver

disponibilidade local.

Normalmente, as empresas contratadas para a execução das obras civis e

montagem eletromecânica fazem um mixing entre pessoal experiente, advindos

do envolvimento prévio na execução de obras similares, e pessoal inexperiente,

que é submetido a treinamento pelas próprias empresas contratadas.

Já para a fase de operação, a Eletronuclear promoverá concurso público para

seleção do pessoal (cerca de 500 empregos diretos permanentes) que fará parte

da equipe de operação e manutenção. As principais categorias que virão a ser

contratadas são: operadores, mecânicos, eletricistas, instrumentistas, químicos,

engenheiros e físicos. Esse pessoal, ao ser admitido na Eletronuclear, é

submetido a longo período de treinamento que pode, em alguns casos, durar até

cinco anos. Esses treinamentos são desenvolvidos pela Eletronuclear no seu

Centro de Treinamento situado na Vila de Mambucaba, próximo à Central

Nuclear.

5. ACORDO

47

Page 61: Conheça o plano de emergência da região

Angra 3 está prevista no acordo bilateral Brasil-Alemanha?

Sim. A Eletrobrás estabeleceu, em 1974, um programa para construção de oito

usinas nucleares. Com base nesse programa foi assinado, em 1975, o acordo

nuclear entre os dois governos. Nos anexos desse acordo foram citadas

nominalmente Angra 2 e Angra 3.

O governo alemão apoia a manutenção do acordo?

Comercialmente, o apoio do governo alemão deverá ser concretizado com

autorização à agência governamental alemã de seguro ao crédito de exportação,

Hermes, para que esta dê o suporte necessário às linhas de financiamento

alemãs ao empreendimento Angra 3.

6. CONTRATOS E LICITAÇÕES

Quando foi assinado o contrato de obras civis de Angra 3 com a

Construtora Andrade Gutierrez ?

As obras civis de Angra 3 foram licitadas e adjudicadas à construtora Andrade

Gutierrez através de contrato assinado em 16 de junho de 1983. A construtora

contratada foi mobilizada em junho de 1984, dando-se início às obras.

Os serviços já executados consistiram em mobilização, instalação do contratado

no canteiro de obras e intervenções no local das edificações, com cortes de

rocha e abertura de cavas para blocos de fundação. Em abril de 1986 as obras

foram paralisadas, tendo ocorrido a desmobilização da contratada. Mas o

contrato continuou em vigor, aguardando decisão governamental sobre a

retomada das obras. Para mantimento do mesmo, o valor pago anualmente à

Andrade Gutierrez para a manutenção de suas instalações, preservação das

instalações do canteiro de obras e pelo uso de casas de sua propriedade pela

Eletronuclear era da ordem de R$ 5 milhões.

Recentemente, o documento foi revisto, adequando-se às condições atuais de

mercado, aos quantitativos reais advindos da experiência com Angra 2 e ao

estabelecimento do escopo que atenda a todas as necessidades das obras. De

modo a subsidiar as negociações, foram elaborados e estabelecidos

cronogramas e historiogramas para as principais atividades de obras civis de

Angra 3, considerando 66 meses para a conclusão do empreendimento (a partir

do início da concretagem da laje de fundação do prédio do reator), tendo sido

48

Page 62: Conheça o plano de emergência da região

identificados todos os serviços necessários com os respectivos quantitativos.

Tanto a Eletronuclear como a construtora Andrade Gutierrez elaboraram, para

todos os serviços, composições de preços unitários. O TCU analisou esse

aditivo e liberou a continuação das obras para a conclusão da Usina.

Qual é o valor do contrato de obras civis com a construtora Andrade

Gutierrez?

A oferta da construtora, após algumas rodadas de negociações, foi de R$

1.368.600 mil (1 bilhão 368 milhões e 600 mil). Considerando a redução

estabelecida pelo TCU de R$ 120.100 mil (120 milhões 100 mil), o valor final do

contrato ficou em R$ 1.248.500 mil (1 bilhão 248 milhões e 500 mil), conforme o

seguinte:

R$ 1.368.600 mil – R$ 120.100 mil = R$ 1.248.500 mil

A Andrade Gutierrez tinha de ser obrigatoriamente a empreiteira

encarregada da execução de Angra 3? Não se cogitou fazer outra licitação?

Foi do interesse da Eletronuclear manter o contrato com a construtora Andrade

Gutierrez, uma vez que o mesmo continuou em vigor desde a paralisação das

obras e, no âmbito legal, o TCU também deu parecer favorável sobre a

possibilidade jurídica de manutenção do mesmo.

Estava prevista multa em caso de rescisão unilateral?

No caso de rescisão unilateral, estava previsto o pagamento de custos

pertinentes à desmobilização e ainda 10% dos saldos a haver do valor do

contrato.

O que diz o acordo com a Areva? A Areva fornecerá os equipamentos e

financiará o projeto?

A Areva, resultante da fusão da empresa alemã Siemens KWU com a francesa

Framatome, tem um contrato comercial válido para sua participação na

construção de Angra 3, através do fornecimento de bens de serviços importados.

Como esses contratos são muito antigos, encontram-se em andamento

negociações para atualização dos mesmos.

49

Page 63: Conheça o plano de emergência da região

O financiamento para esse escopo importado de bens e serviços – cerca de

EUR 770 milhões – deverá vir de empréstimos de bancos europeus, alguns dos

quais, reiteradas vezes, vêm confirmando o interesse em participar do

financiamento do empreendimento.

Que contratos já foram assinados para Angra 3 e que precisam ser

revistos?

As renegociações contratuais já foram iniciadas com as diversas empresas:

1. BARDELLA S/A – INDÚSTRIAS MECÂNICAS: 05 contratos –

equipamentos nacionais (pontes rolantes)

2. CONFAB INDUSTRIAL S/A: 08 contratos – equipamentos nacionais

(comportas, tanques de processo, eclusas, trocadores de calor e vasos de

pressão)

3. EMPRESA BRASILEIRA DE SOLDA ELÉTRICA S/A – EBSE: 01 contrato

– equipamentos nacionais (tubos de aço-carbono)

4. NUCLEBRÁS EQUIPAMENTOS PESADOS S/A – NUCLEP: 02 cartas de

intenção – equipamentos nacionais (condensadores e acumuladores)

5. AREVA NP: 03 contratos – sendo: 01 de fornecimento de equipamentos

importados diversos (mecânicos, elétricos, instrumentação e controle), 01

de serviços de engenharia e 01 de garantias de fornecimentos e serviços.

Para que serviços precisarão ser feitos novos contratos através de

processo de licitação?

A licitar no mercado nacional:

1. Montagem eletromecânica.

2. Serviços de engenharia.

3. Suprimentos diversos (equipamentos mecânicos e elétricos).

Quais são os valores estimados dos contratos de serviço e quando serão

publicados os editais de licitações?

A fim de divulgar as licitações para contratação de serviços para a implantação

de Angra 3, a Eletronuclear realizou uma audiência pública no dia 21 de agosto

de 2009.

50

Page 64: Conheça o plano de emergência da região

Essa Audiência foi feita em obediência aos preceitos estabelecidos na Lei no.

8.666, no seu artigo 39, e a intenção era apresentar os principais aspectos

associados a esses processos licitatórios, promovendo a máxima participação

de empresas com experiência comprovada no fornecimento de serviços de

engenharia, montagem e gerenciamento.

As premissas adotadas pela Eletronuclear na definição dos escopos e requisitos

associados a cada pacote contemplam uma percepção do mercado e buscam

incentivar e consolidar capacitação nesse setor.

Estão sendo licitados serviços de engenharia civil e eletromecânica, com valores

estimados (base maio de 2009) de R$ 21 milhões e R$ 283 milhões,

respectivamente. Já os serviços de montagem eletromecânica têm um valor total

calculado (base maio de 2009) em R$ 1 bilhão 261 milhões.

E os serviços de suporte ao gerenciamento se referem a atividades da própria

Eletronuclear como: apoio à fiscalização e controle dos serviços de engenharia,

diligenciamento dos suprimentos, suporte ao planejamento e à fiscalização das

obras civis e da montagem. Esses serviços têm valor estimado (base maio de

2009) de R$ 223 milhões.

A publicação dos editais das licitações deverá se iniciar nos próximos meses.

7. EQUIPAMENTOS

Os equipamentos de Angra 3 estão em condições de operação confiável e

segura?

Sim. A experiência com Angra 2 demonstrou que as unidades de preservação e

a inspeção final nos equipamentos, previamente à sua montagem,

proporcionaram a manutenção de elevado padrão de performance dos

equipamentos.

Como é feita a proteção dos equipamentos?

Os equipamentos vêm sendo mantidos sob rigoroso esquema de preservação

em almoxarifados no próprio sítio da Usina e nas instalações da Nuclep. Eles

são embalados em folhas de alumínio, selados a vácuo e com controle de

umidade. Tanques e vasos de pressão são preservados com gás inerte. E os

materiais estocados ao tempo estão revestidos com película protetora.

51

Page 65: Conheça o plano de emergência da região

Como funciona o programa de manutenção e preservação?

Inspeção mensal e de 24 meses.

Tarefas de manutenção: substituição de proteções, de desumidificadores e de

graxas e óleos quando se mostrem necessário etc. E mais: manutenção da

documentação, segurança industrial, proteção contra incêndio, meios materiais e

humanos para a realização das tarefas de manutenção, inspeção e controle dos

equipamentos e inspeções e auditorias independentes.

Os equipamentos já comprados são os principais ou não?

Sim. Aqueles já adquiridos se classificam como os principais componentes

mecânicos da Usina, tais como os mais importantes da chamada “ilha nuclear”:

vaso de pressão do reator; geradores de vapor; pressurizador; bombas

principais de refrigeraçã do reator; suportes de componentes e outros;

equipamentos do grupo turbo-gerador e importantes componentes mecânicos; e

equipamentos de processo do circuito convencional.

Esses equipamentos comprados não estão obsoletos?

Não, encontram-se em ótimas condições para uma operação confiável e segura

da planta. Os equipamentos já adquiridos apresentam os mesmos projetos de

engenharia e os mesmos métodos fabris e construtivos que aqueles ora em

operação nas usinas alemãs mais recentemente construídas – as usinas da

série Konvoi, que, desde o início de operação comercial, vêm se colocando entre

as usinas nucleares de melhor desempenho operacional no mundo.

Quando foram comprados?

As ordens de compra dos equipamentos de Angra 3 foram dadas entre os anos

1977 e 1979. A maioria dos equipamentos foi recebida em 1984, e transferida

para a CNAAA em 1986 e 1987.

Que tipo de equipamento ainda será comprado?

No mercado internacional serão adquiridos, entre outros, a máquina de recarga

de combustível, as barras de controle para o reator, cabos especiais de

instrumentação e controle, material de tubulação e tanques para o grupo turbo-

gerador, equipamentos de processo e, principalmente, o novo sistema de

instrumentação e controle digital.

52

Page 66: Conheça o plano de emergência da região

No mercado nacional serão adquiridos componentes mecânicos, tais como:

vasos e tanques, trocadores de calor e equipamentos de processo; pontes

rolantes, pórticos e guindastes, suportes especiais e revestimentos,

equipamentos rotativos, bombas e válvulas, tubos e peças especiais ferríticas,

isolamento térmico, sistemas de ventilação e de proteção contra incêndio;

equipamentos elétricos, tais como: transformadores, painéis elétricos, bandejas

de cabos e suportes de montagem, cabos elétricos de força, baterias e materiais

diversos.

Qual o valor destinado para a compra dos equipamentos que faltam?

Em valores atualizados para 2007, são estimados os montantes de

EUR 362 milhões e R$ 1,4 bilhão para as aquisições de equipamentos e

materiais, respectivamente, nos mercados internacional e nacional.

NOVAS USINAS NUCLEARES

O Brasil planeja expandir sua capacidade de geração nucleoelétrica além

de Angra 3?

O Plano Nacional de Energia PNE-2030, que subsidia o governo na formulação

de sua estratégia para a expansão da oferta de energia até 2030, no seu cenário

de referência, aponta a necessidade da implantação de 4.000 MW nucleares

adicionais no período após a implantação de Angra 3 (2015-2030), sendo 2.000

MW no Nordeste e 2.000 MW no Sudeste. Outros cenários analisados pelo PNE-

2030 consideram necessidades de 6.000 MW e 8.000 MW para o mesmo

período.

Segundo o estudo, em 2015, o parque nuclear passaria a ter 3,3 mil MW com a

entrada de Angra 3. Já com as outras quatro usinas a capacidade de geração de

energia nuclear, em 2030, chegaria a 7,3 mil MW. Para fazer os cálculos, o

estudo considerou um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,1% ao ano e

um crescimento de demanda por energia de 3,5% ao ano até 2030

Em julho de 2008, o governo federal criou o Comitê de Desenvolvimento do

Programa Nuclear Brasileiro (CDPNB). A função do Comitê é fixar diretrizes e

metas para o desenvolvimento do Programa e supervisionar sua execução. A

ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, coordena as atividades do comitê,

e os ministérios de Minas e Energia, da Ciência e Tecnologia, do Meio Ambiente,

53

Page 67: Conheça o plano de emergência da região

da Defesa e da Fazenda também estão representados. Na ocasião de sua

criação, foi apresentado o planejamento de 4.000 MW adicionais até 2025,

guardando a possibilidade, a ser confirmada por estudos futuros, de expansão

até 6.000 MW adicionais, tendo essa proposta sido aprovada.

Em que estágio se encontra o programa das novas centrais nucleares?

Em 18 de setembro de 2008, o presidente Lula, em reunião com CDPNB,

determinou que os estudos preliminares para a seleção de local da Central

Nuclear do Nordeste fossem iniciados. Esses estudos, de natureza técnica, são

coordenados pela Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do

Ministério de Minas e Energia. Somente os resultados desses estudos poderão

indicar os locais candidatos a receberem a central (note-se que uma central

nuclear é um conjunto de usinas nucleares). Os locais selecionados deverão ter

condições de abrigar até seis usinas nucleares – duas até 2030 e mais quatro

posteriormente –, a fim de otimizar custos e operação das mesmas.

O efetivo início das atividades de campo depende da autorização do MME para

financiamento das atividades através do fundo RGR (Reserva Global de

Reversão), gerido pela Eletrobrás, que, por sua vez, já solicitou essa

autorização. O valor estimado de todo o processo de escolha é de R$ 20

milhões, e a Eletronuclear tem a expectativa de concluir o processo em 20

meses.

54

Page 68: Conheça o plano de emergência da região

ETAPA 1 2 3 4

Início de Processo

Região de Interesse

ÁreasCandidatas

Sítios Potenciais Sítios Candidatos

Processo Discriminaçãode Áreas

Discriminaçãode Candidatos

Discriminação de Sítios

Seleção de Sítios:Análise item a

itemCritériosE – ExclusãoEV – Evitação A - Adequação

E&EV E&EV Principalmente A e alguma redefinição

de limites E&EV

Principalmente A

Resultado ÁreasCandidatas

SítiosPotenciais

Sítios Candidatos Sítios aceitáveisou preferidos

Fontes de Dados Escala

Geográfica1:250.000

EscalaGeográfica1:125.000

Escala Geográfica e Reconhecimento

Aéreo1:24.000

Avaliaçãodetalhada “on

site”. Escala de1:24.000 ou maior

DURAÇÃO 4 meses 6 meses 6 meses 8 meses

Qual o cronograma previsto para seleção / implantação / início de operação

dessas usinas?

Os estudos de localização foram iniciados no final de 2008 e têm duração

prevista de 24 meses para conclusão, visando ao início de operação da primeira

usina do Nordeste no ano de 2019.

55

Page 69: Conheça o plano de emergência da região

NOVAS USINASNOVAS USINAS

METASMETAS• Seleção de locais para

2 novas CENTRAIS NUCLEARES

até 6 USINAS POR CENTRAL

½ ITAIPU

–– NORDESTENORDESTE

–– SUDESTESUDESTE

• Locais selecionados para

– Cada central equivalendo a

CronogramaCronograma1. OUT/08

2. 2010

3. 2019

4. 2021

5. 2023

6. 2025

: Início da seleção de local para a

Central Nuclear do NordesteCentral Nuclear do Nordeste

: Início da seleção de local para a

Central Nuclear do SudesteCentral Nuclear do Sudeste

: Início da operação da primeiraprimeira usina

Central Nuclear do NordesteCentral Nuclear do Nordeste

: Início da operação da segundasegunda usina

Central Nuclear do NordesteCentral Nuclear do Nordeste

: Início da operação da primeiraprimeira usina

Central Nuclear do SudesteCentral Nuclear do Sudeste

: Início da operação da segundasegunda usina

Central Nuclear do SudesteCentral Nuclear do SudesteAngraSUDESTESUDESTE

NORDESTENORDESTE

Quais aspectos serão analisados para escolher a localização das novas

centrais nucleares?

A escolha do sítio para a instalação da Central Nuclear do Nordeste obedecerá à

legislação vigente e às normas estabelecidas pela Comissão Nacional de

Energia Nuclear – CNEN. Os estudos também se basearão em princípios

estabelecidos pela Agência Internacional de Energia Atômica – AIEA e pelo

Electric Power Research Institute – EPRI (EUA).

Nesses estudos serão considerados aspectos geográficos, demográficos,

meteorológicos, hidrológicos, geológicos, sismológicos e geotécnicos dos sítios

potenciais candidatos à instalação da Central Nuclear do Nordeste.

O processo de seleção, além dos aspectos acima, considera fundamental a

promoção do envolvimento do público em geral (cidadania, autoridades e

outros).

56

Page 70: Conheça o plano de emergência da região

PROCESSO DE SELEÇÃO:

Uma seleção adequada de sítio é o primeiro passo para a viabilização

empresarial da nova central e para a sustentabilidade do empreendimento.

Considerando-se que a primeira região de interesse é o Nordeste, o processo de

seleção terá quatro etapas, a saber:

Etapa 1 - Exclusão

Através de 12 critérios de exclusão como impedimentos regulatórios,

institucionais, de projeto, ambientais e outros, serão eliminadas áreas onde a

instalação de usinas nucleares é inviável.

Etapa 2 – Evitação

Essa etapa eliminará vastas extensões de terras onde, apesar da viabilidade, a

instalação de uma central nuclear não seria desejável, como, por exemplo, áreas

com altos índices populacionais; com maior impacto ambiental; consideradas de

significativo valor histórico, cultural e estético.

Ao fim dessas etapas, nas regiões remanescentes serão escolhidas de 15 a 20

áreas candidatas a partir de critérios técnicos.

Etapa 3 – Adequação

Nessa etapa o foco do processo se altera. Agora, serão comparados os atributos

das áreas candidatas identificadas para selecionar aquelas que reúnem os

conjuntos de condições mais favoráveis para a instalação da central.

Nesse estudo serão utilizados cerca de 50 critérios, divididos em quatro grandes

grupos de interesse (saúde e segurança; meio-ambiente; socioeconômico e

engenharia; e custos relativos). As áreas consideradas menos aptas serão

progressivamente eliminadas.

Etapa 4 – Determinação

O objetivo dessa fase é selecionar os quatro sítios mais adequados e submetê-

los à avaliação política para que se escolha o sítio preferido.

57

Page 71: Conheça o plano de emergência da região

Nessa etapa, estudos ainda mais detalhados, dos critérios avaliados na terceira

etapa, serão necessários para assegurar a efetividade do processo de seleção.

Qual seria o investimento previsto para a implantação dessas novas

usinas?

A previsão mais realista no momento é de US$ 4.000/KWe instalado, ou seja,

aproximadamente US$ 4 bilhões para uma unidade de 1.000 MWe. Esse valor é

overnight, ou seja, seria o montante a ser pago se a usina fosse quitada de uma

única vez. Entretanto, o pagamento se dará ao longo de 15 anos e será

acrescido de juros. E o investimento poderá ser amortizado durante o período a

partir da geração de caixa da própria usina.

Como a vida útil do empreendimento supera os 60 anos, a nova usina nuclear

produzirá eletricidade e se apropriará de significativos montantes de lucro

durante quase meio século após a amortização do investimento inicial.

Quais serão as alternativas tecnológicas para as novas usinas?

Para as usinas pós-Angra 3 deverão surgir três concorrentes internacionais:

Areva/Mitsubishi, que recentemente estabeleceram um acordo;

Westinghouse/Toshiba; e a Rosenergoatom, empresa russa.

Qual a participação e a importância da indústria brasileira nesse processo?

A participação da indústria nacional nos empreendimentos de geração nuclear

no país tem aumentado gradativamente. Para Angra 2, o grau de nacionalização

foi de 50,4% e, no caso de Angra 3, a previsão é que seja ainda maior (54%),

principalmente após sua retomada, quando a maior parte dos componentes e

equipamentos complementares será colocada no mercado nacional. No caso de

usinas nucleares pós-Angra 3, a meta é de participação de cerca de 70%.

A Eletronuclear acaba de inaugurar um escritório no Nordeste. Por que foi

escolhida a capital de Pernambuco?

Para marcar o início desse processo de expansão do Programa Nuclear, a

Eletronuclear inaugurou em agosto de 2009 um escritório em Recife para facilitar

o envolvimento com as organizações públicas e regulatórias, requisito

fundamental no processo de seleção do sítio da central nuclear do Nordeste.

58

Page 72: Conheça o plano de emergência da região

Recife foi escolhida por ser uma cidade com infraestrutura e dotada de

instituições públicas e privadas expressivas, o que a coloca na dimensão

necessária para dar suporte adequado a projetos dessa magnitude.

Como está o interesse dos estados nordestinos na implantação de usinas

nucleares na região?

Energia é um recurso fundamental para o desenvolvimento econômico. Hoje,

mais do que nunca, todos sabem da importância da energia elétrica. O Nordeste

iniciou um período de maior crescimento com a entrada em operação da Usina

de Paulo Afonso I. Esse crescimento se sustentou pelo desenvolvimento

contínuo do potencial hidroelétrico do Rio São Francisco. Após a construção da

Usina Hidroelétrica de Xingó, último grande aproveitamento do Rio São

Francisco, o Nordeste passou a ser importador de energia elétrica. Os estados

nordestinos veem na energia nuclear grandes oportunidades, tanto em relação à

independência energética quanto aos efeitos multiplicadores da construção e

operação dessas usinas.

Três unidades federativas localizadas na área considerada de interesse já se

manifestaram a favor da construção de novas usinas nucleares em seus

estados.

A Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco – AD Diper, entidade

ligada ao governo estadual, emitiu Nota Técnica – encaminhada ao governador

Eduardo Campos – sobre a implantação de usinas nucleares em Pernambuco.

Entende que o Estado “deve criar os meios necessários para se habilitar como

interessado em abrigar o investimento na implantação de usinas nucleares”.

Por sua vez, o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho, encaminhou ofício

ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, solicitando que uma das usinas

nucleares destinadas ao Nordeste seja instalada no estado.

E o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico, da Ciência e

Tecnologia e do Turismo de Sergipe, Jorge Santana de Oliveira, também

encaminhou ofício à Presidência da Eletronuclear, reiterando o interesse de que

a Central Nuclear prevista para o Nordeste tenha sua instalação no estado e

indicando, como seu interlocutor técnico, o Sergipe Parque Tecnológico

(SERGIPETEC).

59

Page 73: Conheça o plano de emergência da região

Os estudos preliminares já apontam alguma região do Nordeste como

favorita?

A faixa litorânea entre Salvador e Recife é considerada “de interesse” para a

construção de duas usinas.

Quem está à frente do escritório da Eletronuclear, no Recife?

Carlos Henrique da Costa Mariz, carioca radicado em Pernambuco desde a

infância, 62 anos, engenheiro elétrico, formado pela Universidade Federal de

Pernambuco – UFPE, com pós-graduação em Engenharia de Sistemas na

COPPE/UFRJ (Master of Sciences) e na Universidade de Toulouse – França

(1970-1973). Foi engenheiro de Energia da Companhia Hidroelétrica do São

Francisco por 15 anos (1975-1990), onde estruturou e dirigiu o setor de

planejamento energético. Na época, também coordenou trabalhos como:

estudos de dimensionamento energético e viabilidade econômica da

Hidroelétrica de Xingó; usos múltiplos das águas do Rio São Francisco; ações

de meio ambiente na área dos reservatórios de Itaparica (PE) e Sobradinho

(BA); e estudos para implantação, no Nordeste, da quarta usina nuclear do

acordo Brasil-Alemanha. De 1990 a 2009, passou a prestar serviços de

consultoria, atuar em direção de cargos públicos e a desenvolver trabalhos na

iniciativa privada como empreendedor. É professor do Departamento de

Engenharia Elétrica da UFPE, desde 1970, onde leciona, atualmente, a

disciplina de Produção de Energia Elétrica. Recentemente, assumiu o cargo de

Assistente da Presidência da Eletronuclear para atuar em estudos e articulações

para o desenvolvimento das usinas nucleares a serem implantadas no Nordeste.

60

Page 74: Conheça o plano de emergência da região

Que tipo de benefício a região Nordeste terá?

Vários são os benefícios: disponibilidade de energia interna própria e limpa;

possibilidade de desenvolvimento de projeto integrado com usina nuclear para

dessalinização da água do mar em volume compatível com as necessidades

hídricas da região, caso a usina venha a ser implantada no litoral; volume de

recursos envolvidos na construção, operação e manutenção, com consequente

geração de empregos; fortalecimento do núcleo básico de recursos humanos na

área de energia nuclear e das demais especialidades envolvidas nessa

tecnologia e a possibilidade de obtenção de royalties para o município que

abrigar a usina.

A disputa entre estados do Nordeste pelas usinas nucleares não se repete

no Sudeste. Por quê?

Diferentemente da Central Nuclear do Nordeste, a discussão da localização da

Central Nuclear do Sudeste ainda não se iniciou, não tendo ainda sido escolhida

a respectiva região de interesse.

O governo do Estado do Rio de Janeiro dá todo o apoio à implantação de Angra

3. Não vemos razão para que o mesmo não se repita em momento oportuno. A

mídia já noticiou posições favoráveis vindas do Espírito Santo. Algumas

manifestações negativas vieram do interior de São Paulo sobre a possibilidade

de a Central Nuclear do Sudeste ser localizada na região do Baixo Tietê. Mas

também houve algumas manifestações positivas dessa mesma região. O litoral

de São Paulo é densamente ocupado – as regiões de baixa população sendo

reservas ambientais –, o que torna as possibilidades de localização nessa região

limitadas. As potenciais regiões de interesse no Sudeste, sem intenção de ser

exaustivo, seriam o litoral norte do Rio de Janeiro, o litoral do Espírito Santo e o

Vale do Rio Doce e dos grandes rios da Bacia do Paraná, na região.

A construção das novas centrais está vinculada ao crescimento da

economia do país e, por consequência, da demanda por energia. A crise

internacional deve reduzir significativamente a taxa de crescimento

econômico por um período que o governo considera médio. O programa

sofrerá alterações?

61

Page 75: Conheça o plano de emergência da região

Não. A taxa de crescimento econômico de referência para os estudos do PNE-

2030 é de 4,3%, inferior àquelas que vinham sendo obtidas nos últimos anos e

possivelmente inferior à eventual redução causada pela crise internacional atual.

A cadência de uma nova usina por ano é factível? Como?

Não existe planejamento da expansão do parque nuclear para o período

posterior a 2030. O que se pode afirmar é que certamente essa expansão terá

de ser acelerada, na medida do progressivo aproveitamento, e consequente

redução, do potencial hidroelétrico nacional disponível. Quanto à factibilidade

técnica de uma “cadência” de uma nova usina por ano, ela é demonstrada pelos

programas nucleares da França (60.000 MW em cerca de 30 anos), dos EUA

(100.000 MW também em cerca de 30 anos) e do Japão.

TEMAS GERAIS

1 . TARIFA

Atualmente, qual é o valor da tarifa da energia elétrica gerada pelas usinas

Angra 1 e Angra 2?

O valor aplicado pela Eletronuclear, no contrato de compra e venda de energia

elétrica celebrado com Furnas, é de R$ 135,63 por MWh, conforme a Resolução

da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) nº. 916, de 08/12/2009. Essa

tarifa é válida até 4 de dezembro de 2010.

2 . BALANÇO FINANCEIRO

De quanto foi o resultado da Eletronuclear em 2008?

Ao final do exercício de 2008, a Eletronuclear apresentou um prejuízo líquido de

R$ 282.070.000 (282 milhões e 70 mil reais), enquanto que, no exercício de

2007, o resultado registrou um lucro líquido de R$ 117.668.000 (117 milhões e

668 mil reais). As despesas de variação cambial ocorridas em 2008 explicam o

prejuízo do exercício, pois, em razão da desvalorização do real frente ao euro de

62

Page 76: Conheça o plano de emergência da região

7% e frente ao dólar americano de 17%, os passivos da companhia registrados

em moeda estrangeira cresceram.

Entretanto, o Resultado do Serviço, também entendido como Lucro antes do

Resultado Financeiro, registrou um lucro de R$ 386.713.000 (386 milhões e 713

mil reais), 158% superior ao Resultado do Serviço de 2007, quando apurou um

lucro de R$ 179.656.000 (179 milhões e 656 mil reais), e 36% superior ao

Resultado do Serviço de 2006, quando apurou um lucro de R$ 283.549.000 (283

milhões e 549 mil reais).

Outros dados financeiros:

Receita bruta – 2008: R$ 1.570.028 mil

Receita líquida– 2008: R$ 1.471.755 mil

Lucro líquido– 2008: Prejuízo de R$ 282.070 mil

Ebtda– 2008: R$ 572.166

Quais as mudanças feitas que contribuíram para a melhora do Resultado

do Serviço e para neutralizar os sucessivos prejuízos da Eletronuclear?

O desempenho pode ser explicado pelo aumento da receita devido à nova

política tarifária de energia gerada pela empresa, e pela estabilização dos

custos. Pesou também a renegociação das dívidas com a controladora.

Qual o investimento realizado da Eletronuclear no ano 2008?

No exercício de 2008 foram investidos R$ 299 milhões, assim distribuídos:

– Angra 1 e Angra 2 = R$ 110 milhões

Investimento direto em Angra 1 e Angra 2 – R$ 56 milhões.

Administração Capitalizada – R$ 54 milhões.

– Manutenção do Parque de Obras e Equipamentos de Angra 3 = R$ 68 milhões

– Implantação da Usina Termonuclear Angra 3 = R$ 5 milhões

– Geradores de Vapor de Angra 1 = R$ 105 milhões

– Infraestrutura = R$ 11 milhões

63

Page 77: Conheça o plano de emergência da região

O orçamento da Eletronuclear foi aprovado pelo Programa de Dispêndios

Globais?

Em 2008, a Eletronuclear teve seu orçamento aprovado, no contexto do

Programa de Dispêndios Globais – PDG, através do Decreto nº. 6.251, de 06 de

novembro de 2007, revisado pelo Decreto nº. 6.646, de 18 de novembro de

2008, e remanejamentos de valores entre rubricas aprovados conforme Ofício

nº. 730/2008/MP/SE/DEST.

Para os dispêndios econômicos, foi fixado o limite de R$ 2.246.000.000,00 (2

bilhões, 246 milhões de reais), distribuídos em R$ 707 milhões para

investimentos, R$ 211 milhões para outros dispêndios de capital (amortizações e

dividendos) e R$ 1 bilhão e 328 milhões para dispêndios correntes. Em termos

de realizações, foram gastos R$ 299 milhões em investimentos, R$ 160 milhões

em outros dispêndios de capital e R$ 1 bilhão e 415 milhões em dispêndios

correntes, totalizando R$ 1.874.000.000,00 (1 bilhão e 874 milhões de reais).

Os dispêndios com investimentos se concentraram em cinco programas:

Manutenção do Sistema de Geração – Angra 1 e Angra 2 (R$ 110milhões);

Manutenção do parque de obras e equipamentos da Usina Angra 3 (R$ 68

milhões); Substituição dos Geradores de Vapor de Angra 1 (R$ 105 milhões);

Implantação da Usina Angra 3 (R$ 5 milhões); e Infraestrutura de apoio (R$ 11

milhões).

Os dispêndios correntes se concentraram na manutenção das usinas em

operação, destacando-se serviços de terceiros (R$ 216 milhões); combustível

nuclear (R$ 239 milhões); pessoal próprio e encargos (R$ 238 milhões);

impostos/contribuições (R$ 205 milhões); utilidades e serviços (R$ 10 milhões);

encargos de uso da rede e de conexão (R$ 45 milhões); juros e outros (R$ 316

milhões); materiais de consumo (R$ 45 milhões); e outros dispêndios (R$ 101

milhões).

Os recursos econômicos realizados foram de R$ 1.989.000.000,00 (1 bilhão e

989 milhões de reais), originados de receitas de venda de energia de R$

1.570.000.000 (1 bilhão e 570 milhões de reais), demais receitas operacionais

da ordem de R$ 3 milhões, receitas não operacionais de R$ 124 milhões e de

outros recursos da ordem de R$ 292 milhões.

3. PESSOAL E VILAS RESIDENCIAIS

64

Page 78: Conheça o plano de emergência da região

Quantos funcionários tem a Eletronuclear?

O quadro de pessoal (diretores e empregados) da Eletronuclear, em

30/09/2009, era composto por 2.305 empregados, sendo: 729 no Rio (sede da

empresa), 1.571 nas usinas de Angra, 4 no escritório de Brasília e 1 no escritório

de Recife.

Há um número suficiente de técnicos para as três usinas ou haverá

necessidade de contratação?

O contingente atual de empregados da Eletronuclear não engloba a quantidade

de técnicos suficiente para operar três usinas nucleares, pelo que necessitarão

ser contratados novos profissionais em todas as carreiras da empresa.

Quantas vilas residenciais a Eletronuclear possui? Quantas residências

existem em cada uma dessas vilas? Que outras instalações há nas vilas?

Vila Residencial de Praia Brava:

540 Residências;

02 Hotéis:

Hospedagem I - 06 suítes e 48 apartamentos;

Hospedagem II - 21 apartamentos e 32 quartos;

01 Hospital;

01 Escola;

01 Creche;

02 Clubes;

01 Cine Teatro;

01 Centro Comercial;

01 Centro Ecumênico.

Vila Residencial de Mambucaba:

481 Residências;

72 Flats;

01 Laboratório de Monitoração Ambiental;

01 Centro de Treinamento com Simulador;

03 Escolas;

02 Creches;

65

Page 79: Conheça o plano de emergência da região

01 Clube e 3 Centros Comerciais;

01 Unidade Médica da FEAM;

01 Campo de Futebol;

03 Quadras Poliesportivas.

Vila Operária:

200 Residências;

01 Hospedagem (5 Blocos) – 155 quartos;

08 Blocos de Alojamento – 202 Quartos;

12 Repúblicas – 42 leitos para empregados;

01 Centro de Medicina de Radiações Ionizantes;

01 Restaurante;

01 Destacamento do Corpo de Bombeiros;

01 Centro Ecumênico;

01 Campo de Futebol.

Vila Consag (propriedade da Construtora Andrade Gutierrez):

150 residências;

01 Churrasqueira;

01 Centro Comercial;

01 Restaurante.

4. LOCALIZAÇÃO

Por que o município de Angra dos Reis foi escolhido para abrigar a

CNAAA?

A CNAAA está instalada num dos pontos mais bonitos do litoral do país, na Praia

de Itaorna. Um dos fatores determinantes para escolha do local foi a

proximidade quase equidistante de três grandes centros consumidores

brasileiros: Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, evitando perdas de

66

Page 80: Conheça o plano de emergência da região

energia em longas linhas de transmissão. Outro fator importante foi a

proximidade do mar. Embora o urânio seja o combustível, é a água que

movimenta e refrigera uma usina nuclear. Por isso ela precisa ser construída

próxima a um rio ou mar, onde exista água em abundância.

5. FUNCIONAMENTO E SEGURANÇA DAS USINAS

Qual é a vida útil das usinas nucleares?

A vida útil das usinas nucleares é em média de 40 anos. Entretanto, a robustez

do projeto das usinas similares a Angra 1 e Angra 2 permite prorrogar suas vidas

úteis, a exemplo de dezenas de usinas americanas com projeto igual ao das

brasileiras. A extensão de vida útil das usinas nucleares é uma estratégia

adotada em diversos países como alternativa à construção de novas usinas.

Normalmente, a renovação de licença prolonga a vida da usina em mais 20

anos, representando, para a operadora, um período de receita com o

investimento inicial já amortizado.

Como é o funcionamento de uma usina nuclear?

Uma usina nuclear funciona como uma usina térmica convencional; só que, para

gerar o calor, não usa combustão de carvão, óleo ou gás. A matéria-prima da

usina é o urânio, que é extraído no Brasil, em sua maioria da mina de Caetité, na

Bahia. Os elementos combustíveis das usinas são compostos por varetas

cheias de pequenas pastilhas cerâmicas de dióxido de urânio.

A geração de energia começa com a fissão dos átomos de urânio dentro do

núcleo do reator. Essa fissão gera calor e aquece a água do sistema primário.

No Gerador de Vapor, essa água aquece a do sistema secundário,

transformando-a em vapor. Após movimentar a turbina, esse vapor passa pelo

condensador, onde é resfriado pela água do mar (sistema terciário) e retorna ao

Gerador de Vapor. O gerador elétrico acoplado ao eixo da turbina produz a

eletricidade que abastece a rede de energia elétrica. É importante salientar que

todos os sistemas de circulação de água são independentes, não havendo

contato direto entre eles.

67

Page 81: Conheça o plano de emergência da região

RREEAATTOORREESS AA ÁÁGGUUAA PPRREESSSSUURRIIZZAADDAA ((PPWWRR))

Qual o grau de segurança das usinas nucleares?

De todas as atividades industriais, a geração de energia elétrica em usinas

nucleares é uma das que oferecem menos risco. O pensamento dominante é

que, num ambiente de tolerância zero, sempre é possível melhorar a segurança.

As usinas nucleares possuem sistemas de segurança redundantes,

independentes e fisicamente separados, em condições de prevenir acidentes e,

também, de resfriar o núcleo do reator e os Geradores de Vapor em situações

normais ou de emergência. Na situação improvável de perda de controle do

reator em operação normal, esses sistemas independentes de segurança entram

automaticamente em ação para impedir condições operacionais inadmissíveis.

Além de todos esses sistemas, as usinas nucleares de Angra têm sistemas de

segurança passivos, que funcionam sem que precisem ser acionados por

dispositivos elétricos. Esses sistemas são as numerosas barreiras protetoras de

concreto e aço, que protegem as usinas contra impactos externos (terremotos,

maremotos, inundações e explosões) ou aumento da pressão no interior da

usina.

Cerca de 95% das substâncias radioativas de uma usina nuclear são geradas no

núcleo do reator durante o funcionamento deste, quando da fissão nuclear do

68

Page 82: Conheça o plano de emergência da região

combustível. O próprio combustível funciona como barreira interna, pois a maior

parte dos produtos que se originam da fissão dos núcleos de urânio fica retida

nas posições vazias da estrutura cristalina da matriz cerâmica do UO2. Apenas

uma pequena fração dos segmentos de fissão voláteis e gasosos consegue

escapar da estrutura do combustível. Para reter essa fração, as pastilhas de

dióxido de urânio são colocadas no interior de tubos revestidos por uma liga

especial, chamada zircaloy. Os tubos são selados com solda estanque a gás. Na

eventualidade de microfissuras em algumas varetas do elemento combustível,

existem sistemas de purificação e desgaseificação dimensionados para o reator

continuar operando com segurança. O sistema de refrigeração do reator

funciona como uma barreira estanque, evitando a liberação de substâncias

radioativas.

Angra 1 e Angra 2 operam com um reator do tipo PWR (água pressurizada),

que é o mais utilizado no mundo. O reator PWR é projetado para ter

características de autorregulação, isto é, com o aumento de temperatura há uma

diminuição de potência, exatamente para funcionar como freio automático contra

aumentos repentinos de potência.

Ainda assim, para a remota possibilidade de o sistema de refrigeração permitir a

liberação não controlada de substâncias radioativas, o reator é envolvido por um

edifício de aço estanque, de formato esférico, com 3 centímetros de espessura e

56 metros de diâmetro denominado Prédio de Contenção. Tal barreira é

projetada para evitar qualquer liberação de radioatividade no caso do mais sério

acidente de falha da refrigeração do núcleo do reator, em que se assume a

ruptura total da tubulação do sistema de refrigeração do reator, com toda a água

de refrigeração sendo descarregada e contida dentro do Prédio de Contenção.

Essa esfera de contenção de aço especial está protegida de impactos externos

por um edifício de paredes de concreto armado, com 60 centímetros de

espessura. Durante a operação normal da usina, a pressão no lado de dentro do

edifício do reator é mantida abaixo da pressão atmosférica externa, exatamente

para impedir que produtos radioativos possam escapar do interior da usina para

o meio ambiente. Todas essas barreiras são devidamente testadas durante a

construção e a montagem da usina e suas integridades verificadas ao decorrer

da operação da mesma.

Grande parte das ações que visam a neutralizar ocorrências anormais na usina

é automática. Mesmo assim, os operadores de uma usina nuclear são altamente

69

Page 83: Conheça o plano de emergência da região

treinados e precisam ser necessariamente licenciados pela CNEN. Os

operadores de Angra 1 passam por um rigoroso treinamento realizado nos

Estados Unidos e na Europa, onde utilizam simuladores compatíveis com a Sala

de Controle de Angra 1. A Eletronuclear possui em Mambucaba (município de

Paraty) um simulador que é uma réplica da sala de controle de Angra 2. Lá,

todos os operadores da Usina Angra 2 são treinados, podendo-se reproduzir

todas as situações que ocorrem durante o funcionamento normal da usina ou em

situações anormais e emergenciais. Operadores de diversos países têm sido

treinados nesse simulador nos últimos anos.

Ainda assim, há um plano de emergência que abrange uma área com raio de

quinze quilômetros em torno da CNAAA. Esse plano, que envolve além da

Eletronuclear, o Exército, o Corpo de Bombeiros e os órgãos da Defesa Civil,

contempla todas as medidas para proteção da população da vizinhança das

usinas no caso de um acidente nuclear, inclusive até a necessidade de

evacuação ordenada e, por isso, periodicamente são feitos exercícios simulados

para que se possa testar o seu funcionamento.

As usinas que constituem a CNAAA foram projetadas e construídas dentro dos

mais rigorosos critérios de segurança adotados internacionalmente. Seu

licenciamento nuclear está a cargo da CNEN, obedecendo ainda de forma

rigorosa à legislação ambiental vigente no país. As usinas são também

periodicamente avaliadas por organismos internacionais como IAEA

(International Atomic Energy Agency), WANO (World Association of Nuclear

Operators) e INPO (Institute of Nuclear Power Operators).

Os padrões de segurança nuclear adotados no Brasil são eficientes?

O Brasil é signatário da Convenção Internacional de Segurança Nuclear e da

Convenção Internacional para Gerenciamento Seguro de Combustível Usado e

Rejeitos Radioativos. Bianualmente, o país envia relatórios a esses organismos

que são rigorosamente escrutinados.

Além disso, a Eletornuclear é membro da WANO, que congrega as principais

operadoras de usinas nucleares do mundo. Essa associação tem um papel de

autorregulamentação do setor, adicional à regulamentação nacional e

internacional, garantindo padrões uniformes entre todos os seus associados. As

usinas de Angra são inspecionadas regularmente por técnicos da associação, e

técnicos das nossas usinas compõem regularmente equipes de inspeção em

70

Page 84: Conheça o plano de emergência da região

outras usinas no mundo.

O que é um prédio de contenção?

São envoltórios de contenção dos reatores compostos de duas

estruturas/barreiras, de acordo com o conceito de defesa em profundidade que é

a base de projeto das usinas nucleares.

De que é formada a estrutura externa das usinas Angra 1 e Angra 2?

Angra 1 – A estrutura externa de concreto do envoltório de contenção de Angra

1 está assentada diretamente na rocha, a uma profundidade aproximada de 10m

abaixo do nível do mar. Sua forma é cilíndrica com tampo em calota esférica e

com as seguintes características: altura de 58m acima do nível do solo, diâmetro

interno de 35m e espessura de parede de 75cm.

Angra 2 – A estrutura de concreto do envoltório de contenção de Angra 2 é de

forma cilíndrica com uma cúpula hemisférica, com as seguintes dimensões

aproximadas: diâmetro interno de 60m, espessura de 60cm e altura de 60m.

Essa estrutura está assentada em cerca de 200 estacas, atingindo até uma

profundidade de 40m abaixo do nível do mar.

E a estrutura interna das usinas nucleares, como é formada?

Angra 1 – A forma da estrutura interna do envoltório de contenção de Angra 1 é

cilíndrica com tampo em calota esférica e com as seguintes características: a

parte cilíndrica tem uma espessura média de 38mm, diâmetro de 32 metros e

altura da estrutura de 70 metros.

Angra 2 – A estrutura de aço em Angra 2 é uma esfera que envolve o reator

nuclear e as piscinas de elementos combustíveis. As dimensões do envoltório de

contenção, de estrutura metálica, são as seguintes: diâmetro interno de 56m,

espessura de 30mm e peso de 2.600 toneladas.

Quais são as principais diferenças entre a central de Chernobyl e as usinas

de Angra?

O reator acidentado na central de Chernobyl (tipo RBMK1000) difere dos

reatores construídos no Brasil (PWR) não apenas no seu princípio físico de

funcionamento, mas, também, nas principais características construtivas.

71

Page 85: Conheça o plano de emergência da região

RBMK

Chernobyl

O reator RBMK1000 é do tipo água fervente circulando em tubos de pressão utilizando

grafite como moderador de nêutrons. O combustível consiste de pastilhas de dióxido de

urânio enriquecido entre 1,1% e 2% encamisadas em varetas de liga de zircônio.

Os elementos combustíveis estão inseridos nos tubos de pressão, que, por sua vez,

estão inseridos nos blocos de grafite. A água de refrigeração circula pelos tubos de

pressão e passa ao estado de vapor à medida que remove o calor produzido no núcleo

do reator.

O vapor gerado é separado da fase líquida e levado às turbinas. A água resultante da

condensação do vapor expandido nas turbinas retorna e é novamente distribuída pelos

tubos de pressão, fechando o ciclo – fig 1.

PWR

Angra 1 e Angra

2

Nos reatores PWR, a água pressurizada é utilizada como refrigerante e moderador em

um circuito fechado (circuito primário), separado do circuito secundário pelos tubos dos

Geradores de Vapor. O calor removido do núcleo é transferido ao circuito secundário

nos Geradores de Vapor – fig 2.

Estabilidade – Comparação RBMK / PWR

No ciclo direto de vapor nos reatores RBMK se estabelece uma única barreira

entre o refrigerante em contato com o combustível e o meio ambiente; essa

barreira é o condensador da turbina, em contraposição aos PWR, em que os

geradores de vapor constituem uma segunda barreira.

O grafite nos reatores RBMK, ao contrário da água nos PWR, apresenta

características de absorção de calor que favorecem o surgimento, em

determinadas condições de operação, de instabilidades que podem

comprometer a integridade do combustível. Em casos extremos de falta de

resfriamento do núcleo, a temperatura do grafite pode elevar-se a ponto de este

incendiar-se em contato com o ar.

De fato, as investigações mostraram que, contrariando os procedimentos, o

reator de Chernobyl operava em um nível de potência não recomendado. Em

consequência dessa instabilidade, houve um aumento rápido de potência

levando os elementos combustíveis ao superaquecimento e causando uma

explosão de vapor de grandes proporções, destruindo o núcleo e incendiando o

grafite. As características de projeto dos reatores PWR asseguram condições de

estabilidade em toda a faixa de operação.

Liberação de Radiação – Comparação RBMK / PWR

As principais diferenças em termos de características construtivas referentes à

segurança em relação aos reatores construídos no Brasil advêm da filosofia

adotada originalmente para os reatores RBMK, de não levar em consideração

72

Page 86: Conheça o plano de emergência da região

acidentes muito improváveis. Como exemplo típico pode-se citar a não

construção de envoltório de contenção, existente em Angra 1 e Angra 2, que

minimizaria a liberação de elementos radioativos para o meio ambiente.

Com respeito ao acidente de Chernobyl, cabe destacar que a total diversidade

de critérios de projeto, de filosofia de segurança e de condições de operação

existentes entre usinas soviéticas do tipo RBMK na época do acidente, e as

nossas do tipo PWR, que integram a Central Nuclear de Angra dos Reis,

desqualificaria qualquer comparação em termos de riscos de acidentes e efeitos

consequenciais.

Análise da AIEA

Após o acidente, foi estabelecido um amplo programa internacional, liderado

pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), de análise dos projetos

dos reatores do Leste da Europa, resultando na proposição de modificações

importantes, como modernização dos sistemas de instrumentação e controle e

implementação de sistemas de segurança adicionais, visando a elevar o nível de

segurança dessas usinas a patamares comparáveis às usinas do Ocidente como

Angra 1 e Angra 2. Grande parte dessas medidas já foi implementada.

Em verdade, devido a características construtivas da Usina de Chernobyl,

aconteceu um incêndio no grafite usado como elemento moderador (elemento

que é colocado para possibilitar a fissão controlada do urânio baixamente

enriquecido). Sem esse elemento moderador, não acontece fissão no átomo do

urânio baixamente enriquecido. Em Angra e outras usinas que utilizam a água

como elemento moderador, esse tipo de acidente seria impossível.

No caso da bomba atômica, uma comparação muitas vezes erroneamente feita

com as usinas nucleoelétricas, requer urânio altamente enriquecido ou plutônio,

e não é usado elemento moderador: é uma tecnologia bastante diferente. Seria

quase como comparar gasolina ou óleo combustível com a dinamite, já que

esses materiais envolvem igualmente possibilidade de reações químicas com

liberação de energia.

A título de conhecimento, para quem não está envolvido com a tecnologia

nuclear: o urânio como sai das minas, chamado de minério de urânio, que

necessita de mineração e atividades de metalurgia, em parte semelhantes a

outros metais, como o ferro, irá formar, após diversas etapas de depuração de

outros elementos, o que chamamos de urânio natural. Esse urânio natural é

73

Page 87: Conheça o plano de emergência da região

composto de um isótopo não físsil (não se divide naturalmente com o choque de

um nêutron), estável, não radioativo, chamado Urânio 238 (U238 – o peso

atômico dele é de 238 "unidades"), e o urânio físsil, instável, fracamente

radioativo, que se divide formando dois átomos diferentes, de peso menor, e que

libera energia durante essa divisão. Esse isótopo é chamado de Urânio 235

(U235): é o isótopo que nos interessa. Seu núcleo atômico pode ser dividido,

liberando uma grande quantidade de energia, lançando-se um nêutron contra

ele. Ele está em concentração muito pequena no urânio natural e é usado

apenas em alguns tipos de reatores especiais que necessitam de água pesada

(composta de oxigênio e hidrogênio pesado – um próton e dois nêutrons no

núcleo).

Nos reatores das usinas de Angra utilizam-se água comum, desmineralizada, e

urânio baixamente enriquecido. O que chamamos de urânio enriquecido é o

urânio no qual aumentamos artificialmente, através de um processo, a proporção

de Urânio 235 em relação ao U238. Esse processo é chamado de

enriquecimento isotópico.

Poucos países detêm a tecnologia para conseguir esse processo de forma

comercial ou em grande escala. Os que detêm, dificultam de todas as maneiras

as possibilidades dos que não têm, de consegui-la. O Brasil, graças à pesquisa e

ao desenvolvimento da Marinha, e a instalações da INB, iniciou, a partir de 2004,

a produção comercial de urânio enriquecido. Tentou-se adquirir uma tecnologia

para enriquecimento do urânio na Alemanha, por ocasião do Acordo Nuclear

entre o Brasil e a Alemanha, mas não foi possível, pois os Estados Unidos

bloquearam a transferência de tecnologia do sistema de difusão gasosa, da

Alemanha para o Brasil.

O sistema, que foi desenvolvido por nós, brasileiros, é o de ultracentrifugação.

Um gás composto de urânio é centrifugado em uma máquina.

Como o U238 é mais pesado que o U235, uma concentração maior de U238 se

localiza na parte distante do eixo da centrifugadora, e o U235 se concentra no

centro. São necessárias muitas centrifugadoras para se conseguir algum

enriquecimento.

Quem consegue realizar um enriquecimento isotópico baixo, teoricamente está

habilitado a realizar um enriquecimento alto e entrar para o seleto grupo que

possui bombas atômicas. Esse é o receio do grupo formado por Estados Unidos,

Inglaterra, França e mais alguns outros, que desejam manter isolado esse poder

74

Page 88: Conheça o plano de emergência da região

de destruição. Quem consegue essa tecnologia também se torna mais um

fornecedor em potencial de urânio enriquecido comercial no mundo, dividindo o

mercado.

Quantos acidentes aconteceram nos últimos dez anos?

Em mais de vinte anos de geração de energia nuclear em Angra, nunca houve

um acidente ou evento que pusesse em risco os trabalhadores das usinas, a

população ou o meio ambiente da região. A Eletronuclear foi uma das primeiras

companhias brasileiras a adotar um programa de cultura de segurança, na qual

todos os funcionários estão individualmente comprometidos. Essa determinação

levou à adoção de uma Política de Gestão Integrada de Segurança que privilegia

a segurança nuclear e abrange a garantia da qualidade, a proteção do meio

ambiente, a segurança do trabalho, a saúde ocupacional e a proteção física.

O programa de cultura de segurança desenvolvido pela Eletronuclear, pioneiro

na indústria mundial, contou com a consultoria da Agência Internacional de

Energia Atômica e se tornou uma referência na área de segurança para

empresas que operam usinas nucleares em todo o mundo.

Que tipo de acidente seria mais provável de acontecer nas usinas

nucleares de Angra?

Na realidade, um acidente nas usinas da CNAAA com consequências

radiológicas, isto é, com liberação de material radioativo, é muito pouco provável

de acontecer.

O pior acidente que pode ocorrer nas usinas Angra 1 ou Angra 2 é uma fusão do

núcleo do reator, motivada por perda de refrigeração associada à perda das

barreiras físicas de contenção. Esse foi o caso da usina americana de Three

Mile Island (TMI-2), onde houve um acidente com danos ao núcleo e escape do

circuito primário de grande quantidade de materiais radioativos que, entretanto,

ficaram retidos dentro do envoltório de contenção. Assim como TMI-2, os

reatores de Angra 1 e Angra 2 são do tipo PWR, que utilizam água pressurizada

como refrigerante e também como moderador.

Nos dosímetros aparece a medida de radiação. Como se chama essa

medida?

75

Page 89: Conheça o plano de emergência da região

A unidade do sistema internacional de unidades é o Sievert (Sv). Na rotina

operacional, as doses envolvidas são muito baixas. Os dosímetros eletrônicos

mostram os submúltiplos automaticamente. As doses registradas aparecem em

micro-Sievert (mSv), ou seja, 1/1.000.000 do Sv.

Quanto um funcionário pode receber de radiação? A taxa é mensal?

A Norma CNEN-NN-3.01 (Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica) determina

os limites para o indivíduo ocupacionalmente exposto e para o público. Os

limites são de 50.000 Sv/ano, desde que a média dos últimos 5 anos não

ultrapasse 20.000 Sv/ano.

A Eletronuclear adota limites operacionais trimestrais e por atividade, de forma a

garantir o cumprimento dos limites da Norma.

O que acontece quando se ultrapassa o limite?

Os limites sempre foram cumpridos, nunca ocorreu de um empregado superá-

los. Procedimentos administrativos proíbem o acesso dos empregados quando

as doses acumuladas atingem 80% do limite trimestral. O crédito de 20% do

limite trimestral somente será utilizado caso o empregado tenha crédito anual,

a tarefa justifique sua participação e com a autorização do gerente direto do

empregado e do superintendente da unidade. Como o limite é anual, pode

ocorrer que, para o gerenciamento do crédito de dose, o empregado seja

afastado das atividades em área controlada por determinados períodos.

O que aconteceria se um avião caísse na Central Nuclear?

As usinas nucleares de Angra dos Reis foram projetadas para resistir a vários

tipos de acidentes. Entre os acidentes externos postulados consideram-se o

maior terremoto que poderia ocorrer no sítio e o efeito da explosão de um

caminhão carregado de TNT em estrada próxima. O prédio onde fica o reator

nuclear tem barreiras de concreto e de aço dimensionadas para resistir a esses

tipos de evento. Pode-se verificar que, mesmo não sendo necessária a

consideração de queda de avião no projeto por causa da baixa probabilidade de

ocorrência desse evento, as usinas poderiam resistir até ao impacto de um

grande avião em velocidade de pouso ou decolagem, sem que as barreiras de

segurança fossem inteiramente rompidas. Um impacto dessa natureza teria uma

76

Page 90: Conheça o plano de emergência da região

probabilidade muito pequena de comprometer a segurança da Usina, da

população e do meio ambiente.

O projeto estrutural leva em consideração a possível ocorrência de um

abalo sísmico?

Sim. Apesar de não ser exigido pelas normas, a Eletronuclear considerou a

possibilidade da ocorrência de um terremoto e dimensionou a estrutura de

concreto armado para esse esforço.

E o terremoto que atingiu o litoral paulista?

O terremoto da noite do dia 22 de abril de 2008 atingiu 5,2 graus na escala

Richter e teve seu epicentro no Oceano Atlântico, a 215 km da cidade de São

Vicente, no litoral paulista; e a 315 km da CNAAA. Construídas numa região com

probabilidade muito baixa de ocorrência de eventos sísmicos, as usinas de

Angra, como já dissemos, foram projetadas para resistir a terremotos. Diversos

sistemas garantem, de forma segura, o desligamento das usinas após qualquer

abalo que atinja as especificações consideradas no seu projeto.

Localização do epicentro do terremoto em relação à Central Nuclear

Esse projeto se baseia em normas de segurança internacionais, que consideram

uma aceleração horizontal na rocha de 0.10 g. Especialistas da PUC/RJ e do

Instituto de Astronomia e Geofísica da USP (IAG/USP) estimam que a

probabilidade de ocorrência de um abalo dessa proporção nas proximidades da

Central Nuclear é de uma a cada 50 mil anos.

77

Page 91: Conheça o plano de emergência da região

No dia 22, o nível das acelerações registrado na Estação Sismográfica de Angra

dos Reis foi de 0,0017 g, (2% do valor de projeto), e inferior ao nível mínimo

acima do qual passaria a ser registrado na instrumentação sísmica das próprias

usinas (0,01 g). Três fatores são determinantes para medir a intensidade local de

um evento sísmico: a magnitude do terremoto, a distância em relação ao

epicentro e a profundidade em que ocorre o abalo. Por exemplo, um terremoto

de magnitude 4 na escala Richter, com o epicentro no local das usinas, não

provocaria acelerações superiores às previstas no projeto. Para tanto, seria

necessário que ocorresse um abalo de magnitude 5 a menos de 12 km; ou um

terremoto de magnitude 6 a menos de 37 km da Central Nuclear.

Existe um monitoramento sísmico nas usinas?

A CNAAA possui uma Estação Sismográfica equipada com aparelhos modernos

que monitoram, identificam e analisam os eventos sísmicos locais e regionais.

Essa Estação é operada, desde 2002, pelo pessoal do IAG-USP e monitora

continuamente qualquer vibração no sítio das usinas e registra todos os eventos.

Ela permite determinar o epicentro, a magnitude e demais características de

qualquer evento sísmico, além de indicar o nível de aceleração na região da

Central Nuclear. Esses registros, aliados aos catálogos sísmicos disponíveis,

confirmam a baixa sismicidade da região de Angra.

Além disso, cada usina possui instrumentação sísmica própria e independente

para monitoramento dessas acelerações. Caso ocorra um abalo, que ultrapasse

10% das acelerações estimadas no projeto, um alarme é disparado na sala de

controle onde sua intensidade pode ser identificada imediatamente. Nesse caso,

os valores de aceleração são analisados para calcular seu impacto na usina. Se

as acelerações atingirem 50% dos valores de projeto, a Usina deve ser

inspecionada para verificar a existência de algum dano.

Existe no local um sistema de segurança adequado para impedir uma

possível ocorrência de invasão indesejada? Quais as medidas existentes

para se detectar, impedir e combater tal fato?

O conceito de proteção física do local das usinas (sítio) envolve medidas de

proteção de fora para dentro, medidas estas que vão se tornando mais

78

Page 92: Conheça o plano de emergência da região

rigorosas quanto mais próximas das usinas.

O local é dotado de medidas para proteção física, quais sejam:

existência de cercas concêntricas monitoradas, a externa cercando o

sítio e a interna (dupla), as usinas;

corpo de guarda;

guaritas em sequência (externa e interna e de acesso às usinas)

sistema de circuito fechado de televisão e sistema de alarme para

abertura das portas dos depósitos.

6. EVENTOS OPERACIONAIS E PLANO DE EMERGÊNCIA

Como é feita a classificação dos eventos?

A severidade de acidentes nucleares pode ser avaliada usando a Escala

Internacional de Eventos Nucleares (International Nuclear Event Scale – INES) a

Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A INES é um mecanismo para

pronta e consistente comunicação dos eventos ocorridos em quaisquer

instalações que lidem ou transportem materiais radioativos, facilitando uma

compreensão mútua entre a comunidade nuclear, os meios de comunicação e o

público em geral. Mas essa classificação não deve ser confundida com a

sequência de etapas do planejamento de resposta à emergência utilizada para a

comunicação às autoridades regulatórias e ao poder público.

Qual o objetivo da Escala Internacional de Eventos Nucleares (INES)?

Tal como os furacões são classificados por sua severidade e os terremotos têm

sua Escala Richter, a AIEA comunica a gravidade de eventos relacionados ao

uso ou transporte de materiais radioativos através de um protocolo numérico. A

INES é o mecanismo usado para facilitar o entendimento com os meios de

comunicação e a população.

A INES foi aplicada, inicialmente, durante um período de teste, para classificar

os eventos ocorridos em centrais nucleares, com envolvimento de 32 países.

Organismos internacionais e países usuários controlaram essa aplicação. A

escala funcionou com êxito e foi posta à disposição para a adoção formal no

mundo inteiro. Também foi ampliada e adaptada para permitir a sua aplicação a

todas as instalações nucleares relacionadas com a indústria nuclear civil, bem

como o transporte, o armazenamento e o uso de fontes radioativas.

79

Page 93: Conheça o plano de emergência da região

A Edição 2008 do Manual da INES foi desenvolvida para facilitar a tarefa

daqueles que devem taxar a significação de segurança de eventos que usam a

escala. O documento inclui orientação adicional e fornece exemplos e

comentários no uso contínuo da INES. O manual pode ser acessado em:

http://www-pub.iaea.org/MTCD/publications/PDF/INES-2009_web.pdf

Como são classificados os eventos dentro da Escala INES?

Os eventos se classificam na escala segundo 8 níveis:

Desvio (0) – abaixo da escala. Nenhuma importância com relação à

segurança.

Anomalia (1) – pode ocorrer devido a uma falha de equipamento, a um

erro humano ou a procedimentos inadequados. Essas situações são

consideradas tipicamente “abaixo da escala”.

Incidente (2) – incidente com falha importante dos dispositivos de

segurança, mas nos quais subsiste defesa em profundidade suficiente

para fazer frente a falhas adicionais. Evento resultante de uma dose

recebida por um trabalhador acima do limite de dose anual estabelecida

e/ou evento que implique a presença de quantidades significativas de

radioatividade em áreas da instalação para as quais, de acordo com o

projeto, tal fato não seria justificável, e que exija medidas corretivas.

Incidente Sério (3) – liberação externa acima dos limites autorizados,

resultando, para o indivíduo mais exposto fora da área da instalação,

numa dose da ordem de décimos de milisieverts (as doses são expressas

em termos de dose equivalente efetiva; dose de corpo inteiro). Quando for

conveniente, esses critérios podem ser expressos em termos dos limites

anuais de descarga de efluentes correspondentes, permitidos pelas

autoridades nacionais. Provavelmente, medidas de proteção fora da área

de instalação não seriam necessárias. Eventos na área da instalação,

implicando doses recebidas pelos trabalhadores suficientes para causar

efeitos agudos à saúde e/ou eventos que provoquem uma grave

contaminação, como, por exemplo, a liberação de alguns milhares de

terabequeréis de atividade em uma contenção secundária de onde o

material pode ser retornado a uma área de armazenamento satisfatória.

Incidentes nos quais uma falha suplementar dos sistemas de segurança

poderia conduzir a condições de acidente ou a uma situação em que,

80

Page 94: Conheça o plano de emergência da região

caso ocorresse em certos eventos iniciadores, os sistemas de segurança

seriam incapazes de impedir um acidente.

Acidente Sem Risco Importante Fora da Área da Instalação (4) –

liberação externa de radioatividade que resulte, para o indivíduo mais

exposto fora da área da instalação, numa dose da ordem de alguns

milisieverts. Com essa liberação, seria pouco provável a necessidade da

aplicação de medidas de proteção fora da área de instalação,

executando-se, talvez, um controle dos alimentos locais. Um acidente

desse tipo poderia resultar em danos à central nuclear, tais como a fusão

parcial do núcleo de um reator de potência, ou eventos comparáveis em

instalações que não sejam reatores, criando problemas graves de retorno

à normalidade na área da instalação. Irradiação de um ou mais

trabalhadores que implique uma superexposição com alta probabilidade

de morte precoce.

Acidente com Risco Fora da Área da Instalação (5) – liberação externa de

materiais radioativos. Essa liberação resultaria, provavelmente, na

aplicação parcial das contramedidas previstas nos planos para casos de

emergência, com o objetivo de reduzir a probabilidade de efeitos sobre a

saúde. Pode incluir danos graves a uma grande parte do núcleo de um

reator de potência, um acidente de criticalidade importante ou um

incêndio ou explosão importantes, que liberem grande quantidade de

radioatividade dentro da instalação.

Acidente Sério (6) – liberação externa de materiais radioativos. Essa

liberação resultaria, provavelmente, na aplicação integral das

contramedidas previstas nos planos locais para casos de emergência,

visando a limitar os efeitos graves sobre a saúde.

Acidente Grave (7) – liberação externa de uma fração importante de

material radioativo de uma instalação grande. Seria constituída,

tipicamente, de uma mistura de produtos de fissão radioativos de vidas

curta e longa. Essa liberação poderia ocasionar efeitos tardios para a

saúde da população de uma vasta região, possivelmente, mais de um

país e consequências a longo prazo para o meio ambiente. Um exemplo

desse nível é o acidente de Chernobyl, na Ucrânia (1986).

A partir de que nível, na Escala Internacional de Eventos Nucleares, os

81

Page 95: Conheça o plano de emergência da região

riscos devem preocupar a população?

No que diz respeito à população, um evento de nível 5 (o máximo da escala é 7),

que corresponde a uma liberação externa limitada de material radioativo, mas

requerendo a implementação parcial de contramedidas planejadas de

segurança, é considerado acidente com risco moderado para a área externa da

Usina. Somente para os eventos de nível 6 (acidente sério) e nível 7 (acidente

grave), medidas amplas e irrestritas deverão ser tomadas para evitar riscos para

a população próxima das usinas.

Existe um plano de emergência? É feito algum tipo de treinamento com a

população local?

Usinas como Angra 1 e Angra 2 foram projetadas e construídas com barreiras

de proteção sucessivas e preparadas para resistir a um acidente mais sério. No

entanto, como é comum e recomendável nos locais onde existem instalações

industriais, um plano de emergência foi elaborado para orientar a população que

mora nas proximidades da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto.

Para atender aos requisitos de licenciamento da Usina Nuclear Angra 1, foi

elaborada, em 1978, a primeira versão do Plano de Emergência Externo. Desde

então, o plano sofreu diversas alterações de formatação e responsabilidades

pela sua execução, sendo que, em 1994, então sob a coordenação da

Subsecretaria de Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro e já intitulado Plano

de Emergência Externo do Estado do Rio de Janeiro (PEE/RJ), esse Plano

82

Page 96: Conheça o plano de emergência da região

passou a considerar, de forma plena, a atuação de órgãos sediados

efetivamente na região de Angra dos Reis, principalmente a Defesa Civil desse

município.

No PEE/RJ constam ações específicas a serem implementadas nas Zonas de

Planejamento de Emergência, que são áreas vizinhas à CNAAA, delimitadas por

círculos, com raios, respectivamente, de 3, 5, 10 e 15km, centrados no Edifício

do Reator de Angra 1.

No âmbito do Plano de Emergência, como são classificados os eventos e a

partir de que nível devem preocupar a população?

Existe um modelo internacional de classificação e comunicação de emergências

ao órgão regulador e às demais autoridades, que prevê ações sempre

preventivas e antecipatórias. O modelo prevê quatro etapas possíveis de

evolução dos eventos em função do possível grau de impacto. Vão desde as

mais simples, sem nenhum reflexo sobre a saúde e a segurança da população,

até as mais sérias, que podem ter como consequência a liberação de material

radioativo para o meio ambiente.

O PEE/RJ da CNAAA é acionado gradativamente, conforme as etapas descritas

a seguir:

1) Evento Não Usual (ENU) – é uma condição anormal na Usina sem nenhuma

possibilidade de liberação de material radioativo para o meio ambiente.

2) Alerta – indicação de real ou provável degradação nos níveis de segurança.

São ativados os Centros de Emergência internos das usinas e os externos, em

Angra dos Reis, Rio de Janeiro e Brasília, sem a necessidade de ações de

evacuação dos trabalhadores nem da população. Em casos de Alerta e ENU não

está prevista qualquer ação junto à população.

3) Emergência de Área – indicação de real ou possível falha nas funções de

segurança; não há indicação de falha iminente do núcleo do reator. Os

trabalhadores não envolvidos com a emergência são retirados das usinas,

conforme estabelece o Plano de Emergência Local (PEL).

4) Emergência Geral – indicação de real ou possível liberação de material

radioativo; indicação de degradação iminente ou real do núcleo do reator. A

população da ZPE-3 será evacuada para a ZPE-5 e, no caso de um

agravamento, a população da ZPE-5 será evacuada para a ZPE-10. A

83

Page 97: Conheça o plano de emergência da região

população será orientada pela Defesa Civil, que tem destacamentos a leste e

oeste da CNAAA, através das 8 sirenes instaladas nas ZPEs 3 e 5.

O Plano de Emergência Externo do Estado do Rio de Janeiro (PEE/RJ)

estabelece a remoção da população terrestre que não possui meios próprios, por

meio de ônibus da Eletronuclear e das empresas concessionárias de transporte

da região. Os abrigos serão escolas municipais e estaduais predefinidas no

plano. Os ilhéus serão removidos pelo 1 Distrito Naval e serão abrigados no

Colégio Naval de Angra dos Reis.

A cada dois anos são realizados exercícios simulados com a participação

voluntária de parte da população e de todos os órgãos envolvidos na resposta a

uma situação de emergência na CNAAA.

Como funciona o Plano de Emergência Externo?

O planejamento prevê ações em uma área de até 5 km em torno da Central

Nuclear, que conta com um sistema de som capaz de transmitir alertas e

informações. As estações locais de rádio e TV também fazem parte do plano e

estão preparadas para divulgar instruções em caso de necessidade.

Campanhas de esclarecimento também são realizadas, incluindo a distribuição

anual de 40 mil calendários, de casa em casa, com instruções sobre como os

moradores devem agir em situações de emergência. O calendário chama a

atenção, também, para o teste mensal do sistema de som nas localidades

próximas às usinas. O teste acontece todo dia 10, às 10 horas da manhã, para

não confundir os moradores.

As ações especificadas nesse plano, coordenadas pela Defesa Civil do Estado

do Rio de Janeiro, sob a supervisão geral do Gabinete de Segurança

Institucional da Presidência da República (GSI/PR), que é o órgão central do

Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (Sipron), e a supervisão

técnica da CNEN, envolvem, também, a participação das seguintes

organizações: Exército, Marinha, Aeronáutica, Agência Brasileira de Inteligência

(Abin), Departamento Nacional de Infraestrutura (DNIT), Polícia Rodoviária

Federal (PRF), Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, Defesa Civil de

Angra dos Reis, Defesa Civil de Paraty, empresas de eletricidade, de telefonia,

de abastecimento de água e empresas de transporte urbano da região, além de

outras secretarias estaduais e municipais.

84

Page 98: Conheça o plano de emergência da região

Visando a manter esse plano sempre em condições de acionamento, são

realizados, anualmente, nos anos pares, os Exercícios de Emergência – Parcial,

quando são testadas, entre outras ações previstas no PEE/RJ, a eficácia da

cadeia de comunicações e a eficiência da ativação dos Centros de Emergência,

e, nos anos ímpares, os Exercícios de Emergência – Geral, quando são postas

em prática e testadas todas as ações revistas no plano, inclusive a capacidade

de mobilização de meios em pessoal e material; a disseminação de informações

ao público e à imprensa; a ativação de alguns abrigos e até mesmo a simulação

de evacuação de voluntários residentes na ZPE-3 e na ZPE-5, embora a

possibilidade de remoção da população circunvizinha à Central Nuclear seja

uma hipótese muito pouco provável.

Como funciona o Plano de Emergência Local?

O Plano de Emergência Local – PEL tem como objetivo proteger a saúde e

garantir a segurança dos trabalhadores das usinas e do público em geral

presente na Área de Propriedade da Eletronuclear em qualquer situação de

emergência radiológica em Angra 1 e/ou Angra 2. O PEL abrange toda a área

da CNAAA, a Vila Residencial de Praia Brava e a região de Piraquara de Fora.

Esse Plano contempla, ainda, o apoio a ser prestado à Defesa Civil do Estado

do Rio de Janeiro e à CNEN na ZPE-3 e na ZPE-5.

Para testar e aprimorar a eficiência das equipes que, vinte e quatro horas por

dia, sete dias por semana, respondem pela atuação inicial nas usinas dos

Grupos e das Equipes de Emergência, previstas no PEL, a Eletronuclear realiza

dez exercícios anuais, sendo cinco por usina. Além desses exercícios

simulados, os Grupos e as Equipes de Emergência participam, ainda, dos

Exercícios de Emergência – Parcial e dos Exercícios de Emergência – Geral em

conjunto com os diversos órgãos dos diferentes níveis de governo diretamente

envolvidos no PEE/RJ.

Em caso de um acidente grave, que área poderia ser atingida?

Com base nos critérios estabelecidos pela CNEN, as ações para a proteção da

população, em situações de emergência na Central Nuclear de Angra, são

esquematizadas segundo as Zonas de Planejamento de Emergência – ZPEs,

85

Page 99: Conheça o plano de emergência da região

com graus de planejamento de resposta que variam de acordo com a distância

da Central Nuclear.

A ZPE-3 está compreendida num raio de 3 km ao redor de Angra 1, a ZPE-5

num raio de 5 km e as ZPEs 10 e 15 em raios de 10 Km e 15 km,

respectivamente.

O Plano de Emergência Externo prevê as ações preventivas e urgentes de

remoção da população num raio de 3 km e, em caso de agravamento do

acidente, também num raio de 5 km. Nessas zonas é que estão instaladas as

sirenes para notificação da população.

As ZPEs 10 e 15 são consideradas zonas de controle ambiental, onde não são

previstas medidas de proteção urgentes e preventivas e sim medidas baseadas

numa monitoração do meio ambiente.

Há quantas pessoas aproximadamente nas ZPEs 3 e 5?

A Defesa Civil Municipal de Angra trabalha, na ZPE-3, com uma estimativa de

300 pessoas e, na ZPE-5, com 14.640 pessoas.

Houve um ENU em Angra 2 no dia 15 de maio de 2009 que causou

repercussão, preocupando as autoridades municipais e a opinião pública.

O que de fato ocorreu?

86

Page 100: Conheça o plano de emergência da região

Às 16h15 de 15/05/2009, em virtude da ocorrência de alarme de radiação na

ventilação da Usina, foi deflagrado preventivamente ENU em Angra 2. O alarme

foi normalizado imediatamente após sua ocorrência.

O sinal atuou devido à falha no procedimento da descontaminação (remoção de

material radioativo) de uma peça metálica dentro de uma oficina localizada no

interior da Usina Angra 2 que causou a liberação de material radiativo na sala

onde o trabalho estava sendo executado.

Existem alguns equipamentos que, por estarem em contato com a radioatividade

e a água radioativa, adquirem uma camada – uma espécie de tártaro – sólida em

eixos de bombas e equipamentos rotativos que forma uma crosta em torno do

metal que só pode ser removida por meios mecânicos.

Em algumas situações, uma simples lavagem química consegue retirar essa

contaminação. O líquido que retira o material radioativo é coletado e tratado

como rejeito líquido nos sistemas adequados. Em outros casos, é preciso lixar e

esmerilhar a peça para remover o material radioativo encontrado na sua

superfície. Com a remoção mecânica, são geradas partículas – uma espécie de

poeira –, que precisam ser filtradas. Os filtros, posteriormente, são tratados

como rejeitos sólidos, colocados em tambores e imobilizados.

Esse trabalho é normalmente executado dentro de um compartimento lacrado,

com ventilação especial, localizado no interior de uma sala também

especialmente vedada. Esse dispositivo garante o recolhimento e a segregação

dos particulados, evitando sua dispersão. O empregado que executa esse tipo

de tarefa usa vestimentas especiais, com máscaras de face inteira dotada de

filtragem para protegê-lo da possibilidade de inalação dessas partículas que

contêm material radioativo.

Ocorre que o empregado que estava conduzindo a operação descumpriu alguns

procedimentos, executando a tarefa com a porta da sala aberta, sem a

obrigatória vedação, e com o sistema especial de ventilação desligado. Com

isso, as partículas geradas por lixagem e esmerilhamento da peça se

dispersaram na sala onde estava sendo realizada a operação e para outros

ambientes internos da Usina, provocando uma leve contaminação em outros

trabalhadores.

Essa dispersão de pó contendo material radioativo no interior da Usina provocou

disparo do alarme de aumento de radiação. O sinal indica que algo não

planejado está acontecendo dentro de um ambiente interno da Usina e provoca

87

Page 101: Conheça o plano de emergência da região

a imediata mobilização de equipe para investigação da causa do ocorrido.

Após avaliação das condições radiológicas da Usina e consequências do evento,

constatou-se que não houve impacto para o meio ambiente, para os

trabalhadores da Usina e para o público em geral.

Análises e verificações dos monitores de radiação também indicaram que as

liberações pela ventilação estiveram dentro da normalidade durante todo o

tempo. Ainda no mesmo dia do evento, foram efetuadas monitorações na

chaminé da Usina e no seu entorno, tendo sido constatado que nenhum material

radioativo chegou ao meio ambiente. Amostras de grama, terra e água foram

colhidas sem que nada de anormal fosse detectado.

Portanto, o impacto fora da Usina foi nulo. O acidente tem certa importância para

a indústria nuclear, mas, sobretudo, para a melhoria das práticas internas de

trabalho. O ENU foi encerrado às 18h15 do mesmo dia.

Como esse incidente foi classificado na Escala INES?

Na avaliação da Eletronuclear, o evento foi classificado na INES como nível 0

(abaixo da escala; nenhuma importância com relação à segurança).

Esses incidentes são divulgados?

Existe toda uma metodologia de relato interno. Alguns casos precisam ser

comunicados à CNEN e outros são apenas para ações internas da empresa.

A CNEN mantém plantões para recebimento dessas comunicações e para

pronto atendimento, com responsabilidade de transmitir informações à

Prefeitura, à Câmara de Vereadores, à Secretaria de Defesa Civil Municipal e a

outros órgãos municipais e federais. No ENU do dia 15 de maio de 2009, as

comunicações obrigatórias da Eletronuclear e da CNEN foram feitas em tempo

hábil, dentro das normas e de procedimentos aplicáveis e com transparência.

Note-se que os inspetores da CNEN residentes na Central Nuclear

imediatamente analisaram o evento no local.

O nível de detalhamento e a linguagem da informação contidos no aviso da

ocorrência de um ENU são considerados adequados por se tratar de uma etapa

interna à Eletronuclear e antecipatória do Plano de Emergência. Entretanto, a

forma e o conteúdo utilizados estão sendo analisados para que se possa

melhorar o processo de comunicação.

88

Page 102: Conheça o plano de emergência da região

Houve risco para a saúde dos trabalhadores envolvidos com o incidente?

Cinco outros trabalhadores se encontravam próximos da sala onde o empregado

realizava a tarefa de descontaminação de forma inapropriada. Todos os seis

empregados foram monitorados, descontaminados com água e sabão e

submetidos à detecção individual de radiação. Os exames feitos indicaram que

os níveis de radiação a que estiveram submetidos foram muito abaixo dos limites

estabelecidos nos procedimentos operacionais da empresa, que são bem mais

rigorosos do que aqueles estabelecidos pelas normas regulatórias.

Entretanto, quatro dos seis empregados submetidos à detecção apresentaram

ligeira indicação de pó nas narinas, o que poderia ter dado ensejo à inalação de

material radioativo. Esses quatro foram então encaminhados ao Centro de

Medicina das Radiações Ionizantes – CMRI da Eletronuclear para exames

complementares num equipamento apropriado denominado Contador de Corpo

Inteiro. Esse encaminhamento se deu no mesmo dia do evento.

Os resultados dos exames feitos nesses quatro empregados no referido

equipamento mostraram valores muitíssimo mais baixos que os valores máximos

admissíveis por procedimentos e normas aplicáveis. O trabalhador que

apresentou a maior contagem indicou 60 unidades de medida, quando o limite

para que exames mais aprofundados sejam obrigatórios é de 1.000 (mil

unidades de medida). O limite máximo anual estabelecido pelas normas a que

um trabalhador pode ser exposto é de 20.000 (vinte mil unidades de medida).

Em 28 de maio de 2009, por medida de cautela, os quatro trabalhadores foram

novamente submetidos ao Contador de Corpo Inteiro, indicando valores ainda

menores daqueles verificados em 15/05/2009, praticamente não detectáveis.

Foi ainda providenciado o encaminhamento dos quatro trabalhadores para

exame de Contador de Corpo Inteiro numa organização independente para que

não paire a mais longínqua dúvida sobre o monitoramento efetuado nas

instalações do CMRI da Eletronuclear.

O que representa a dose a que os trabalhadores estiveram expostos?

89

Page 103: Conheça o plano de emergência da região

Os trabalhadores envolvidos no evento receberam doses de 1 Sv, 17 Sv, 237

Sv. A título de comparação, seguem alguns dados do Escritório de Ciências do

Departamento de Energia dos Estados Unidos (US DOE/Office of Science):

Radiação Natural: ~ 2.400 Sv/ano(Nota: Existem lugares com valores de até 10.000 Sv/ano, como na Costa de Kerala, na Índia).

Tripulação de vôos comerciais: 2.000 – 4.000 Sv/ano

Exames Médicos:- 1 radiografia de tórax: ~100 Sv- 1 radiografia dentária: ~1.600 Sv- 1 mamografia: ~2.500 Sv- 1 cintilografia do miocárdio (Tc-99): ~4.400 Sv- 1 cintilografia óssea (Tc-99): ~10.000 Sv

O limite da CNEN é 50.000 Sv/ano, desde que a média dos últimos 5 anos não

ultrapasse 20.000 Sv/ano. E o da Eletronuclear, 20.000 Sv/ano.

O que aconteceu com o empregado envolvido no incidente?

Houve uma advertência formal ao empregado que descumpriu o procedimento

de trabalho, na qual foi reforçado que os procedimentos de segurança precisam

ser cumpridos.

É comum ocorrer eventos com contaminação de trabalhadores nas

usinas?

Não é incomum ocorrerem eventos com contaminação de trabalhadores, seja de

suas roupas, luvas ou sapatilhas, durante os trabalhos normais de operação e

manutenção das usinas. Nesses casos, os trabalhadores são prontamente

descontaminados por procedimentos simples, na maioria das vezes utilizando-se

apenas água e sabão.

Durante as operações de paradas das usinas para reabastecimento e

manutenção, devido ao aumento do número de trabalhadores dentro das

instalações e por causa da natureza dos trabalhos efetuados, a probabilidade

aumenta. No entanto, é importante esclarecer que a contaminação, dentro dos

limites regulamentares, é inerente ao processo de trabalho em área radioativa.

Não se declara qualquer situação de emergência por esse tipo de contaminação.

90

Page 104: Conheça o plano de emergência da região

7. REJEITOS

Como são classificados os rejeitos radioativos?

Os rejeitos gerados por uma usina nuclear são organizados em três classes,

segundo o nível de radioatividade que apresentam: os de baixa, média e alta

atividades. São classificados também em função da meia-vida dos elementos

radioativos nos mesmos, como rejeitos de longa e de baixa duração.

Os rejeitos de baixa atividade (“Low Level Waste – LLW”) compreendem,

principalmente, substâncias ligeiramente contaminadas, tais como: papéis,

plásticos, vestimentas, ferramentas e a maior parte dos gases e dos líquidos

ativados ou contaminados produzidos durante a operação da Usina. Com a

finalidade de redução de seus volumes, esses rejeitos são usualmente

compactados antes da deposição final.

Os rejeitos de média atividade (“Intermediate Level Waste – ILW”)

compreendem: filtros, resinas, concentrado do evaporador e outros materiais

que sofreram contaminação. Os rejeitos do tipo ILW são solidificados ou

imobilizados em materiais inertes, tal como o concreto ou o betume.

O combustível nuclear irradiado na Usina se constitui na única fonte de material

radioativo de alta atividade e longa duração, quando visto sob a ótica de rejeitos,

pois, se pensado no ciclo completo do combustível, ainda existe a possibilidade

de reprocessamento e reutilização do mesmo para gerar maiores quantidades

de energia. Os rejeitos de alta atividade (“High Level Waste – HLW”) têm

atividade de vida longa e, como geram quantidades consideráveis de calor,

necessitam de resfriamento por no mínimo 10 anos. Durante esse período, os

rejeitos HLW são mantidos em instalações de armazenamento inicial (piscinas

de resfriamento de combustível usado) junto às centrais nucleares que os

produziram.

Como a Eletronuclear vem conduzindo as ações relacionadas aos rejeitos

de Angra 1 e Angra 2 e como pretende resolver a questão para Angra 3?

A Eletronuclear tem como missão estatutária o projeto, a construção e a

operação de usinas nucleoelétricas, cujas responsabilidades incluem a guarda

segura dos materiais radioativos gerados em suas instalações, protegendo os

trabalhadores, o público e o meio ambiente dos efeitos da radiação, até a sua

disposição final em instalações projetadas para o armazenamento de longo

91

Page 105: Conheça o plano de emergência da região

prazo ou definitivo, cuja responsabilidade legal de implantação e operação é da

CNEN.

Atualmente existem tecnologias seguras para o gerenciamento de rejeitos de

média e baixa atividades, desde sua coleta até o armazenamento nos depósitos

iniciais. Os rejeitos sólidos de baixa e média atividades são acondicionados em

embalagens metálicas, testadas e qualificadas pela CNEN e transferidos para o

depósito inicial, construído no próprio sítio da CNAAA. Esse depósito é

permanentemente controlado e fiscalizado por técnicos em proteção radiológica

e especialistas em segurança da Eletronuclear. Já os elementos combustíveis

de alta atividade são colocados dentro de uma piscina no interior das usinas, um

depósito intermediário de longa duração, cercado de todos os requisitos de

segurança exigidos internacionalmente.

O Brasil é signatário da Convenção Internacional para Gerenciamento Seguro de

Rejeitos Radioativos e Combustível Usado, sendo periodicamente auditado pela

Agência Internacional de Energia Atômica – AIEA com base em relatório que

bianualmente é encaminhado a essa organização. Recentemente essa

Convenção se reuniu em Viena para análise dos Relatórios 2009 dos Países

Membros. Portanto, toda indústria nuclear brasileira age de modo coerente com

o que é praticado no mundo inteiro, como não poderia deixar de ser, já que o

país é signatário dessa Convenção Internacional.

REJEITOS RADIOATIVOS

BAIXA E MÉDIA COMBUSTÍVEL USADO

DEPÓSITO INICIALNA CENTRAL NUCLEAR

DEPÓSITO FINAL(REPOSITÓRIO NACIONAL)

DEPÓSITO INICIAL“PISCINA” DENTRO DA USINA

ISOLADA DO AMBIENTE EXTERNO

DEPÓSITO INTERMEDIÁRIODE LONGA DURAÇÃO (500 ANOS)

RECICLAGEM(REPROCESSAMENTO)

DEPÓSITO FINALALTA ATIVIDADE

Até 2020 Mandatório 10 anos (mínimo)

92

Page 106: Conheça o plano de emergência da região

Qual o grau de perigo que eles oferecem para as pessoas e o meio

ambiente?

Não há risco. O nível de radiação é mantido abaixo dos padrões nacionais e

internacionais que garantem a proteção dos trabalhadores, da população e do

meio ambiente. Para tanto, a Eletronuclear faz medições constantes no local e

os resultados são avaliados periodicamente pela CNEN e por organismos

internacionais. Dessa forma, a probabilidade de ocorrência de um acidente é

muito remota, devido, primeiramente, à maneira de acondicionamento do rejeito.

O rejeito é sólido ou solidificado e armazenado em recipientes qualificados pela

CNEN. Além disso, as embalagens contendo rejeitos são estocadas em depósito

confinado, impedindo sua dispersão para o meio ambiente.

Todavia, há um plano de emergência a ser executado para assegurar a proteção

da população que vive próximo às usinas, em caso de qualquer situação que

ofereça risco radiológico.

Quando, exatamente, são produzidos rejeitos de média e alta atividades?

Todos os resíduos são produzidos durante o processo normal de operação das

usinas nucleares, com ênfase nas paradas, e os rejeitos de alta radioatividade

(combustível usado, que só se torna rejeito quando desmontado ou se torna

inexplorável), quando há troca de elementos combustíveis.

Onde estão sendo armazenados os rejeitos de Angra 1 e Angra 2? E onde

serão armazenados os rejeitos de Angra 3?

A CNAAA possui quatro depósitos iniciais de rejeitos de baixa e média

atividades (Depósitos 1, 2A, 2B e 3), devidamente licenciados pelo IBAMA e pela

CNEN, que compõem seu Centro de Gerenciamento de Rejeitos – CGR,

localizado no próprio sítio da Central Nuclear. Esses depósitos têm capacidade

suficiente para armazenar de forma segura, ou seja, isolados do público e do

meio ambiente, todos os rejeitos de baixa e média atividades produzidos pela

operação e manutenção das usinas Angra 1, Angra 2 e Angra 3 até 2020. Os

custos associados ao gerenciamento inicial desses rejeitos estão incluídos nos

de Operação e Manutenção (O&M) das três usinas.

Angra 1 – O combustível usado é armazenado numa piscina que está localizada

no edifício do reator na própria Usina. Os rejeitos radioativos de média e baixa

atividades estão sendo armazenados nos Depósitos Iniciais do CGR.

93

Page 107: Conheça o plano de emergência da região

Angra 2 – O combustível usado é armazenado numa piscina que está localizada

no edifício do reator na própria Usina. Atualmente, os rejeitos de média e baixa

atividades gerados por Angra 2 estão armazenados em local específico no

interior da Usina. Devido ao pequeno volume gerado por Angra 2, ainda não há

necessidade da remoção desses rejeitos para as unidades do CGR.

Angra 3 – O gerenciamento inicial dos rejeitos radioativos gerados pela Usina

Angra 3 será da mesma forma que Angra 2, devido à similaridade do projeto

conceitual existente entre ambas. O processo utilizado para o seu tratamento

será a solidificação com a utilização de betume, com prévia estocagem dentro

da própria Usina nos primeiros anos de operação e posterior transferência para

o CGR e, no futuro, para um depósito definitivo.

Os projetos de construção de depósitos na Europa são do mesmo nível

que os nossos?

Nossos depósitos foram projetados e construídos dentro da mais atual

tecnologia existente para esse tipo de instalação. Os técnicos de entidades

internacionais que nos inspecionam periodicamente classificam nossos

depósitos como dos melhores em termos internacionais.

Por que os Depósitos 2 e 3 foram construídos com paredes de concreto,

e o Depósito 1 é de alvenaria?

Os Depósitos 2 e 3 foram projetados para receberem embalados contendo

rejeitos de média atividade, podendo obviamente receber embalados de baixa

atividade também. O Depósito 1 foi projetado tendo metade de concreto, para

receber rejeitos de média atividade, e metade de alvenaria, para receber

apenas rejeitos de baixa atividade. O projeto dos Depósitos 2 e 3 permite uma

maior flexibilidade para estocagem de embalados, já que não necessita de

segregação dos embalados em média e baixa atividades.

As obras do Depósito 3 já foram concluídas? Quantos empregos esse

empreendimento gerou?

Sim. As obras começaram em julho de 2006 – após o IBAMA e a CNEN terem

concedido a licença para a instalação do Depósito 3 – e foram concluídas em

abril de 2008. A CNEN e o IBAMA também já deram a autorização de operação

do Depósito.

94

Page 108: Conheça o plano de emergência da região

Na fase de construção, a obra gerou, em média, 200 empregos pelo período de

aproximadamente 12 meses. Após a conclusão, devido às características de

segurança e utilização apenas como armazenagem, serão utilizadas cerca de

sete pessoas durante as operações para a guarda de novos embalados.

O Depósito está localizado na área da antiga pedreira, ao lado dos Depósitos 1 e

2, no sítio da Central Nuclear, e tem a capacidade de armazenar 1.700

embalados de 200 litros de Angra 2; 300 caixas metálicas de 1m³ de rejeitos não

compactados de Angra 1; e 3.892 embalados de 200 litros gerados por Angra 1.

Qual foi o custo de construção do Depósito 3?

R$ 15.874.977 (15 milhões, 874 mil e 977 reais).

Por que a obra do módulo B do Depósito 2 foi embargada em 2003? Como

está o licenciamento do empreendimento atualmente?

A ampliação do módulo B do Depósito 2 foi embargada em 03/02/2003 através

do auto nº 7.667/2003, emitido pela Prefeitura Municipal de Angra dos Reis.

Logo após esse embargo, que teve como base questões administrativas, houve

um outro efetuado pelo MP, o qual entendeu que o licenciamento da referida

obra não contemplava a apresentação de um EIA/RIMA, apesar de o mesmo

não ter sido solicitado pelo IBAMA em suas condicionantes quando da emissão

da licença.

A Eletronuclear providenciou a elaboração do documento solicitado (EIA/RIMA)

e conseguiu uma licença prévia. Uma das exigências do processo de

licenciamento foi a realização de uma Audiência Pública. A empresa, atendendo

à convocação do IBAMA, participou no dia 31 de agosto de 2006, em Angra dos

Reis, de Audiência Pública para a ampliação do segundo depósito de rejeitos

(Depósito 2B) e para a construção do Prédio de Monitoração da Central Nuclear,

também objeto de licenciamento.

Na Audiência, foram apresentados os detalhes desses empreendimentos e o

EIA/RIMA, encomendado pela Eletronuclear à empresa MRS Estudos

Ambientais. A conclusão do estudo foi que a implantação do Depósito 2B e do

Prédio de Monitoração não acrescentava risco significativo. Segundo a MRS,

não se tratava de novas estruturas físicas que pudessem alterar o meio

ambiente, mas sim de estruturas complementares. Além disso, os possíveis

95

Page 109: Conheça o plano de emergência da região

impactos são passíveis de controle dentro dos programas já em prática na

empresa.

As obras recomeçaram em julho de 2007 e foram concluídas em janeiro de

2008. A CNEN e o IBAMA já autorizaram sua operação.

Qual é a capacidade do Depósito 2B e quanto foi investido para sua

conclusão?

O módulo B tem capacidade de armazenar até 3.744 tambores de 200 litros de

rejeitos. O orçamento da obra foi de R$ 1.602.236,00 (1 milhão, 602 mil e 236

reais).

Para que servirá o Prédio de Monitoração? Qual é o custo do

empreendimento?

O Prédio de Monitoração tem por finalidade realizar a contabilização isotópica

dos embalados de rejeitos radioativos de baixa e média radioatividades.

Funcionará como uma espécie de laboratório de análises, onde poderão ser

realizadas as caracterizações dos materiais radioativos e efetuado o manuseio

dos embalados de rejeitos. A edificação, ainda em fase de projeto, terá 785,5m2

e sua construção levará cerca de 14 meses. O custo do empreendimento será

de R$ 29.000.000,00 (29 milhões de reais).

Como se deve resolver o problema do armazenamento dos rejeitos que se

encontram em depósitos iniciais?

Os rejeitos de baixo nível de radiação, constituídos de luvas, sapatilhas,

vestimentas, máscaras e ferramentas contaminadas, podem, após o

decaimento, ser liberados como resíduos industriais ou lixo comum, pois já não

apresentam qualquer risco. Na maioria dos casos, materiais em bom estado, tais

como vestimentas, em vez de serem descartados, são lavados e reutilizados. Os

rejeitos que não podem ser descartados são acondicionados em recipientes

específicos, de acordo com o tipo, e estocados nos Depósitos Iniciais. Os

rejeitos deverão ficar sob guarda da Eletronuclear até que seja construído um

depósito de longo prazo ou definitivo, cuja responsabilidade de implantação é da

CNEN.

96

Page 110: Conheça o plano de emergência da região

Qual a capacidade de armazenamento dos Depósitos Iniciais de Rejeitos?

Qual o percentual ocupado? Qual a previsão no tempo para esgotamento

do espaço?

O CGR apresenta os seguintes dados em termos de capacidade de

armazenamento:

UNIDADE CAPACIDADE DE

ARMAZENAMENTO

PERCENTUAL DE

OCUPAÇÃO

(Julho/2009)

1 Tambores de 200 litros

Caixas de 1,2m3 e 2,5m3

82%

2A Liners de 1m3

Caixas de 1,2m3

98%

2B Tambores de 200 litros

Liners de 1m3

0%

3A Tambores de 200 litros

Caixas de 1,2m3

Liners de 1m3

5%

3B Tambores de 200 litros /

Angra 2

0%

O esgotamento da capacidade de armazenamento do CGR se dará em 2020,

quando, segundo planejamento da CNEN e da Eletronuclear, o depósito

definitivo de rejeitos radioativos já estará implantado.

Qual é a área dos Depósitos Iniciais de Rejeitos?

Depósito 1: 949 m2 (Áreas de estocagem + Área Intermediária)

Depósito 2: 1.178 m2 (Áreas de estocagem + Área de Descarregamento)

Depósito 3: 917 m2 (Áreas de estocagem + Área de Descarregamento)

Como é feita a ocupação desses depósitos?

A ocupação dos Depósitos Iniciais não pode ser considerada apenas com a

lógica da ocupação atual versus área disponível. O armazenamento é feito

mediante um plano de remanejamento. Este considera o rearranjo, os tipos de

embalados e de licenciamento de cada depósito.

97

Page 111: Conheça o plano de emergência da região

A Eletronuclear vem tomando medidas para otimizar a capacidade de

armazenamento dos Depósitos Iniciais de Rejeitos?

Para gerenciar melhor o espaço ocupado dos depósitos, a Eletronuclear

concluiu, em maio de 2006, um trabalho pioneiro de supercompactação dos

embalados de rejeitos sólidos de baixa atividade. Tal medida foi necessária

porque se identificou que o Depósito 1 estava perto de sua exaustão – cerca de

94% ocupado –, não tendo condições de receber os rejeitos da 14ª parada de

Angra 1, que ocorreu em maio e junho de 2006.

O serviço de compactação começou em março de 2006 e foi executado pela

empresa americana DTS/INET. Foi utilizada uma prensa com uma força de

2.200 toneladas para compactar 2.027 tambores. As tortas geradas (tambor

prensado) foram colocadas em 128 caixas.

Houve um ganho muito grande em termos de volume, já que foram recuperadas

78 células (espaço equivalente a 1.248 tambores), aumentando em 26% o

espaço livre do Depósito.

A supercompactação garantiu uma sobrevida para o Depósito 1 de pelo menos

cinco anos. De agora em diante, será feito um trabalho para otimizar o máximo

possível a utilização dos tambores, melhorando naturalmente a compactação do

rejeito de baixa atividade.

Qual a produção de rejeitos de Angra 1 e Angra 2?

Nos últimos cinco anos, em média, Angra 1 produziu, por ano, 100m3 de rejeitos.

E Angra 2, no mesmo período, produziu em média 8m3 por ano.

Quantas toneladas de rejeitos existem armazenadas na Central Nuclear de

Angra dos Reis? E nos Estados Unidos?

Na Central Nuclear de Angra dos Reis está armazenado, em caráter provisório,

todo o resíduo produzido pelas usinas Angra 1, desde 1982, e Angra 2, desde

2001. São, ao todo, 6.335 embalados que abrigam cerca de 2.466 m3 de rejeitos

de Angra 1. De Angra 2, são 345 embalados, que ocupam 69 m3 .

Nos EUA, são cerca de 70 mil toneladas de combustível nuclear usado,

atualmente armazenado em 131 lugares de 31 estados do país.

98

Page 112: Conheça o plano de emergência da região

Qual é a quantidade de elementos combustíveis (rejeitos de alta atividade)

armazenados nas piscinas de combustível usado?

Em julho de 2009:

Angra 1 – 691 elementos combustíveis.

Angra 2 – 328 elementos combustíveis.

Qual é a massa dos elementos combustíveis de Angra 1 e de Angra 2?

Angra 1 – 411 kg.

Angra 2 – 545 kg.

Levando em conta o número total de elementos combustíveis armazenados nas

piscinas de combustível usado, a massa total dos elementos de Angra 1 é de

267.150 kg e de Angra 2, 178.760 kg. A massa se refere apenas ao urânio, não

estando incluído os materiais estruturais como tubos-guia, bocais etc.

Qual a capacidade das piscinas que guardam os elementos combustíveis

usados nas usinas?

Angra 1: 1.252 elementos combustíveis.

Angra 2: 1.084 elementos combustíveis.

Angra 3: 1.084 elementos combustíveis.

O espaço ainda disponível nas piscinas é suficiente para mais quanto

tempo de operação?

Para os elementos combustíveis usados (rejeitos de alta atividade) a capacidade

das piscinas existentes é até 2021.

Como os rejeitos de baixa e média atividades são manuseados e

armazenados?

Os rejeitos, ao serem gerados, passam por um processo de solidificação, após o

que são acondicionados em embalados especiais (tambores de aço, liners,

caixas metálicas ou de concreto) no interior das usinas. Esses embalados são

manuseados por meio de empilhadeiras, talhas e pontes rolantes. O

armazenamento se dá por empilhamento dessas embalagens conforme

estabelecido em projeto. No caso dos tambores metálicos, os mesmos são

colocados sobre pallets para o acondicionamento. Atualmente a Eletronuclear

está adotando o uso de pallets metálicos e substituindo os antigos de madeira

99

Page 113: Conheça o plano de emergência da região

por esse novo modelo. Toda a operação com os embalados contendo rejeitos

radioativos é monitorada pela divisão de proteção radiológica da Usina.

Como é feito o transporte dos rejeitos de baixa e média atividades de

dentro das usinas até os Depósitos Iniciais?

É feito por meio de caminhão, sendo este escoltado pela segurança física e

proteção radiológica. Note-se que o transporte ocorre no interior da área vigiada

das usinas, com um percurso máximo de 2.000m.

O que aconteceria se o caminhão que transporta os rejeitos caísse na

encosta?

Nada. Os embalados seriam transferidos para outro caminhão e levados aos

depósitos. Porém, vale observar que a análise de risco considerou como sendo

um acidente de baixíssima probabilidade.

No caso de deslizamento de encosta, o que acontecerá com os rejeitos?

Foram tomadas medidas de engenharia que garantem a estabilidade da encosta

acima dos depósitos. Não há possibilidade de cair pedras sobre os depósitos.

Qual a compensação que o município de Angra dos Reis recebe para arcar

com o armazenamento temporário dos rejeitos radioativos?

É previsto na Lei 10.308 que o município fará jus a uma compensação financeira

por abrigar esse material, ficando também estabelecido que a CNEN é a

responsável pela definição de tal valor.

Como a população da região pode fiscalizar a segurança do

armazenamento dos rejeitos?

A fiscalização de material radioativo é atribuição da CNEN, a qual realiza

inspeções periódicas. A cada inspeção é emitido um documento atestando a

condição de armazenagem.

Qual o atual estágio de desenvolvimento do depósito definitivo de rejeitos

radioativos?

Conforme a legislação em vigor, compete à CNEN, como delegada da União,

dar destino final aos rejeitos radioativos em território nacional. Compete ao

100

Page 114: Conheça o plano de emergência da região

gerador dos rejeitos (à Eletronuclear, no caso da CNAAA), a armazenagem

inicial desse material até a sua transferência para a CNEN. Para os rejeitos

nucleares da CNAAA, a armazenagem inicial, intermediária e final está sendo

equacionada de forma tecnicamente consistente e segura pela CNEN em

parceria com a Eletronuclear.

O destino final dos rejeitos de baixa e média atividades (materiais cuja

contaminação não é removível, como luvas, peças de vestuário, filtros, resinas

etc.) há muito tempo não constitui um desafio tecnológico apreciável, estando

tecnicamente resolvido nos diversos países que possuem parques de geração

nucleoelétrica bem maiores que o brasileiro e utilizam a energia nuclear na

medicina, na agricultura e na indústria.

Até o presente momento, já estão elaboradas as bases conceituais para a

implantação de um Repositório Nacional de Rejeitos Radioativos de Média e

Baixa Atividades gerados pela CNAAA e outros geradores. Estudos sobre as

condições geológicas favoráveis à localização desses depósitos de média e

baixa atividades estão em realização pela CNEN.

Para os rejeitos de alta atividade, que estão contidos nos elementos

combustíveis “queimados” (usados) nos reatores das usinas nucleares, está

sendo concebida pela CNEN, em colaboração com a Eletronuclear, uma

moderna sistemática de encapsulamento, transporte e armazenamento desse

material em um Depósito Intermediário de Longa Duração. Essa concepção, que

permite a armazenagem com opção de recuperação posterior do combustível,

permite esperar responsavelmente a melhor solução técnica e econômica para o

destino final dos rejeitos de alta atividade, ou a decisão de reciclagem do

combustível usado para a geração de energia elétrica, solução que já é

praticada por diversos países. Os brasileiros terão assim a tranquilidade de, nos

próximos séculos, não sofrerem qualquer efeito negativo decorrente desses

rejeitos, guardando para as futuras gerações a possibilidade de utilizar esse

material como uma fonte de energia adicional.

A Eletronuclear, em consonância com a CNEN, está planejando construir uma

instalação piloto de armazenamento intermediário de longa duração de

elementos combustíveis usados, para demonstrar que essa solução é

tecnicamente adequada e fundamentada nos princípios de segurança. Esse

projeto terá total transparência para a comunidade científica e o público em

geral.

101

Page 115: Conheça o plano de emergência da região

A seleção do local para a implantação do depósito intermediário de longa

duração para elementos combustíveis usados deverá atender a todos os

requisitos técnicos e de segurança estabelecidos por normas e de acordo com

as mais modernas técnicas nacionais e internacionais existentes para execução

de trabalhos similares. Adicionalmente, considerando que essa instalação piloto

garantirá a segurança das populações locais, a escolha da localização do

depósito intermediário de longa duração para elementos combustíveis usados

será feita com a participação e concordância dos municípios candidatos cujo

escolhido deverá receber uma compensação financeira de acordo com as

resoluções da CNEN em cumprimento dos requisitos legais.

Quais as metas que a CNEN traçou para o início da construção e da

operação do Repositório Nacional de Rejeitos de Baixa e Média Atividades

e do Depósito Intermediário de Longa Duração para Combustíveis Usados?

O Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro – CDPNB, criado

em julho de 2008 por decreto do Presidente da República, estabeleceu como

meta que o Depósito Final de Rejeitos Radioativos de Baixa e Média Atividades

(Repositório Nacional) entre em operação em 2018 e que o Depósito

Intermediário de Longa Duração para combustível usado, em 2026. Essas metas

são compatíveis com as condicionantes do processo de licenciamento ambiental

da Usina Angra 3. Note-se que a responsabilidade legal pela implantação de

depósitos intermediários e finais de rejeitos radioativos é da Comissão Nacional

de Energia Nuclear – CNEN, tendo o operador da instalação geradora de rejeitos

a responsabilidade limitada aos depósitos iniciais.

A partir da entrada em operação do Depósito Final de Rejeitos Radioativos de

Baixa e Média Atividades (Repositório Nacional), os rejeitos armazenados nos

depósitos iniciais da CNAAA serão paulatinamente transferidos para essa

instalação, abrindo espaços, no local, para armazenagem inicial após aquela

data. A lei 10.308 estabelece que o “poluidor” é responsável pelos custos da

deposição final dos rejeitos por ele gerados. A CNEN será indenizada pela

Eletronuclear para prestar esse serviço de armazenagem final.

Repositório Nacional de Rejeitos de Baixa e Média atividades:

2014: Início da construção

2018: Início da operação

102

Page 116: Conheça o plano de emergência da região

Depósito Intermediário de Longa Duração para Combustíveis Usados

2009-10: Definição do conceito do depósito.

2014: Planta de Demonstração.

2015: Revisão do Projeto conceitual

2016: Seleção de local

2021: Início da construção

2026: Início da operação

OBJETIVOSOBJETIVOS

• REPOSITÓRIO NACIONAL* DE

REJEITOS DE BAIXA E MÉDIA

ATIVIDADES em 2018

(500 anos)

em 2026

• DEPÓSITO INTERMEDIÁRIO DE

LONGA DURAÇÃO

PARA COMBUSTÍVEIS USADOS

das usinas nucleares

REJEITOS

Abadia de Goiás - GO

El Cabril - Espanha

PiscinaANGRA 2

DILD

* Rejeitos das instala* Rejeitos das instalaçções de ENERGIA, COMBUSTões de ENERGIA, COMBUSTÍÍVEL, DEFESA E APLICAVEL, DEFESA E APLICAÇÇÕESÕES

Qual a lei que dispõe sobre a seleção de locais para a construção dos

depósitos finais de rejeitos radioativos?

A Lei nº 10.308, de 20 de novembro de 2001, publicada no Diário Oficial de 21

de novembro de 2001, está em vigor desde então e dispõe sobre a seleção de

locais, a construção, o licenciamento, a operação, a fiscalização, os custos, a

indenização, a responsabilidade civil e as garantias referentes aos depósitos de

rejeitos radioativos. Sendo a CNEN a responsável por critérios, procedimentos e

normas a serem adotados na seleção, na construção, no licenciamento, na

administração e na remoção de rejeitos no país. A lei estabelece que os

municípios que vierem a abrigar os depósitos de rejeitos “receberão

mensalmente compensação financeira” e proíbe a importação de rejeitos.

103

Page 117: Conheça o plano de emergência da região

Como seria o transporte dos rejeitos caso o depósito definitivo fosse fora

do sítio das usinas?

Seria de acordo com a norma CNEN NE 5.01 – Transporte de Material

Radioativo, que estabelece, entre outras disposições, o transporte de material

radioativo.

Os rejeitos são armazenados em estado sólido. Portanto, em caso de qualquer

eventual acidente, os rejeitos continuarão confinados no interior do prédio

através da manutenção de uma subpressão interna e serão retidos nos filtros

High Efficiency Particulate Air - HEPA do sistema de ventilação em circuito

fechado.

O que é reprocessamento dos elementos combustíveis e qual o seu

objetivo?

O reprocessamento dos elementos combustíveis descarregados do reator

(rejeitos radioativos de alta atividade) visa à separação do material físsil e fértil,

principalmente plutônio e urânio, dos produtos de fissão, para eventual uso

posterior como combustível. O objetivo principal do reprocessamento é reduzir o

volume de rejeitos. Sua política é, também, uma ação ecológica que visa a

preservar os recursos naturais (jazidas de urânio).

No entanto, vale esclarecer que os elementos combustíveis usados, em que

pese o fato de conterem em seu seio rejeitos nucleares, não podem ser de per

se considerados nem técnica nem legalmente como “rejeitos de alta atividade”.

Essencialmente, 95% do combustível usado nada mais é do que urânio, material

físsil e, portanto, combustível passível de reciclagem. Nada impede,

tecnicamente, que esse urânio venha a ser futuramente utilizado em reatores

brasileiros, como de fato já é feito em escala industrial em países como França,

Reino Unido e Japão. Dos restantes 5%, cerca de 3% são elementos radioativos

que decaem rapidamente e, após um ou dois anos, representam ameaça

insignificante. Portanto, apenas 2% do material que sai do reator, após

transformar massa em energia por cerca de três anos, constitui rejeito radioativo

de alta atividade e longo prazo de decaimento. Portanto, soluções definitivas

(repositórios eternos) ainda não existem porque ainda não são imediatamente

necessários. Sob a ótica de tecnologia e custos, eles já são viáveis há longo

tempo. São razões de ordem política e perspectivas de uso futuro dos elementos

combustíveis usados que têm postergado sua efetiva implantação no mundo.

104

Page 118: Conheça o plano de emergência da região

Considerando que a reciclagem de elementos combustíveis usados no Brasil

hoje não é viável nem técnica nem economicamente e que é uma decisão que

deverá ser tomada pelas gerações futuras, o Comitê de Desenvolvimento do

Programa Nuclear Brasileiro estabeleceu a meta que o Depósito Intermediário

de Longa Duração – DILD para elementos combustíveis usados seja implantado

no país até 2026. O DILD será projetado, construído e operado de forma a

garantir tecnicamente o armazenamento seguro, isto é, isolado do público e do

meio ambiente, do combustível usado pelas usinas nucleares nacionais

existentes e a serem implantadas, por período não inferior a 500 anos.

O país estuda a possibilidade de fazer o reprocessamento dos

combustíveis usados?

No Brasil, a decisão de reprocessar ou não o combustível usado levará em conta

os aspectos políticos e econômicos da época em que for tomada, o que deverá

ocorrer até o término da vida útil das usinas, ou seja, num horizonte de 20 a 50

anos.

Por que os rejeitos não são incinerados?

O processo de incineração resulta na presença de elementos radioativos na

fumaça da combustão, o que obriga a adoção de filtros para sua retenção. Tais

filtros devem ser então encapsulados e guardados como rejeito. Esse processo

é utilizado ainda de forma restrita em outros países e poderá vir a ser utilizado,

como forma de reduzir o volume de rejeitos armazenados, após estudos mais

aprofundados.

Quanto tempo os rejeitos precisam ficar armazenados para deixar de

causar ameaça à população?

A atividade dos vários elementos radioativos guardados varia de segundos até

vários anos. Durante todo esse período os rejeitos estarão adequadamente

acondicionados e monitorados.

O que é a meia-vida dos radionuclídeos?

É o tempo necessário para que a metade de uma dada quantidade de um

elemento radioativo decaia, transformando-se em outro (Figura 2.3).

105

Page 119: Conheça o plano de emergência da região

Por exemplo, um isótopo do césio, o Cs137, tem uma meia-vida de

aproximadamente 30 anos e, quando decai, transforma-se em um isótopo do

bário, o Ba137, que é estável. Então, se em um dado instante existem 100g de

Cs137, trinta anos depois existirão apenas 50g. Os outros 50g terão se

transformado em Ba137.

A tabela abaixo apresenta a meia-vida de alguns radionuclídeos (Fig. 2.4). Deve-

se considerar a meia-vida biológica e a meia-vida efetiva, que utilizam fatores de

multiplicação.

As figuras a seguir apresentam tabelas de unidades de radiação, que podem

servir como informação.

106

Page 120: Conheça o plano de emergência da região

107

Page 121: Conheça o plano de emergência da região

8. COMBUSTÍVEL

Qual é o custo do combustível nuclear? Se comparado a outras fontes

energéticas, é competitivo?

A matéria-prima para produção do combustível nuclear apresenta uma baixa

incidência no custo final de geração de energia elétrica, se comparada com as

demais fontes de origem térmica. Sua competitividade, no Brasil, pode ser

demonstrada pela tabela abaixo, que faz uma comparação entre os custos de

combustível das usinas nucleares e das térmicas convencionais, efetivamente

despachadas pelo ONS, para gerar a mesma quantidade de energia, em um

ano.

UsinaTipo de

combustível

Geraçãobruta

(MWmed)

Geraçãobruta

(MWh)

Custo docombustível

(R$/MWh)

Custo dageração

(R$)

Angra 1 Nuclear 309,22 2.708.724 20,98 56.829.019,03Angra 2 Nuclear 1.102,36 9.656.675 16,26 157.017.540,05

1.411,58 12.365.399 17,29 213.846.559,08

Sol Biomassa 66,81 585.256 0,01 5.852,56Cuiabá Gás 115,95 1.015.722 6,27 6.368.576,94No.Fluminense Gás 412,01 3.609.208 10,50 37.896.679,80Jaime Belttão Biomassa 5,59 48.968 32,87 1.609.591,31Pernambuco Gás 10,01 87.688 70,16 6.152.162,02Uruguaiana Gás 93,32 817.483 76,63 62.643.737,62Fortaleza Gás 1,67 14.629 80,65 1.179.844,98S.C.Jereisati Gás 0,72 6.307 82,72 521.731,58J.Lacerda-C Carvão 217,38 1.904.249 92,76 176.638.118,69CST Gás 98,60 863.736 94,00 81.191.184,00Celso Furtado Gás 48,16 421.882 100,95 42.588.947,52Romulo Almeida Gás 35,94 314.834 105,78 33.303.182,83Luiz Carlos Prestes Gás 35,59 311.768 108,80 33.920.401,92J.Lacerda-B Carvão 191,54 1.677.890 113,91 191.128.495,46J.Lacerda-A Carvão 107,77 685.779 114,31 78.391.397,49

12.365.399 60,94 753.539.904,71

Total Nuclear

Total Térmicas Convencionais

FFoonnttee OONNSS

No caso do aumento do preço do urânio, qual é a consequência nos custos

de geração de energia nuclear?

Não é significativa, pois a matéria-prima urânio tem pequena influência no custo

final da geração. Por exemplo, na eventualidade de ocorrer uma duplicação no

preço da matéria-prima urânio, a consequência desse reajuste seria um aumento

de cerca de 4% (quatro por cento) no custo final de geração de energia elétrica.

Apresenta diferenças em relação a uma usina térmica movida por gás, em que a

duplicação em seu preço acarretaria um custo final de geração 65% (sessenta e

cinco por cento) maior.

108

Page 122: Conheça o plano de emergência da região

Que quantidade de urânio é necessária para produzir 1 kWh?

A geração termonuclear produz muito mais energia por quantidade de

combustível utilizado ou queimado do que as outras formas de produção de

energia elétrica. Uma simples pastilha de combustível nuclear com pequenas

dimensões – um centímetro e meio de altura (ou espessura) e menos de um

centímetro de diâmetro (valores de referência) – tem a mesma quantidade de

energia que 450m3 de gás natural ou uma tonelada de carvão. Uma usina

termoelétrica moderna, a carvão, com potência de 1.300 MW, utilizaria por ano

uma quantidade de carvão de boa qualidade 90.000 vezes superior, em peso, ao

urânio contido nos elementos combustíveis de uma usina nuclear de mesmo

porte, como Angra 2. Exemplificando, pode-se dizer que uma usina do porte de

Angra 2 (1.350 MW) consumiria durante um ano de operação normal (6.500

horas anuais equivalentes a plena carga) cerca de 30 toneladas de urânio

enriquecido (aproximadamente 245 toneladas de urânio natural), o que

corresponderia à proporção de algo entre 0,001g e 0,002g de urânio enriquecido

para a geração de 1 kWh de energia elétrica. A usina equivalente a carvão

consumiria aproximadamente 3 milhões de toneladas.

Como estão nossas reservas de urânio? O que temos hoje e qual sua vida

útil? Há perspectivas de crescimento?

O Brasil possui a sexta maior reserva de urânio do mundo, com 5,9% da

disponibilidade mundial, o que corresponde a 309.370 toneladas de U3O8, de

acordo com o Balanço Energético Nacional 2005, do MME. Considerando-se

que apenas um terço do território nacional já foi prospectado, é de se esperar

que esse nível de reservas aumente, ao longo do tempo, com a retomada das

atividades de prospecção. Ainda há 50% do território nacional como área

geologicamente promissora remanescente. Só na Região Norte do país, o

potencial estimado é de 500 mil toneladas. Sendo assim, as potenciais reservas

nacionais poderão alcançar 800 mil toneladas, o que levará o Brasil a ocupar a

2ª ou a 3ª posição nesse ranking. Vale ressaltar que somente as cerca de

250.000 toneladas das jazidas de Lagoa Real (BA) e Santa Quitéria (CE)

correspondem ao dobro de todas as reservas de gás da Bolívia ou a 40 anos de

operação do gasoduto Venezuela-Brasil.

109

Page 123: Conheça o plano de emergência da região

Qual a expectativa para que Angra 3 receba o urânio vindo da jazida de

Itataia, em Santa Quitéria, no Ceará, que deve começar a ser explorada em

2011 numa parceria da Galvani com a INB?

Uma parte da carga inicial de combustível para Angra 3 será, provavelmente,

fabricada com urânio proveniente de Santa Quitéria. As recargas posteriores,

feitas a cada 12 meses, certamente terão urânio cearense na sua composição.

O Brasil enriquece urânio?

Apenas nove países, incluindo o Brasil, executam essa atividade. Existem dois

processos de enriquecimento utilizados em escala industrial: a difusão gasosa e

a ultracentrifugação. A difusão gasosa é utilizada por Estados Unidos e França.

As plantas de ultracentrifugação operam em Japão, Rússia, Alemanha,

Inglaterra, Holanda – esses três últimos países numa única empresa, a Urenco.

A China utiliza os dois processos de enriquecimento de urânio.

O processo utilizado na INB é o de ultracentrifugação, considerado o mais

econômico entre os existentes. Essa tecnologia foi desenvolvida em parceria

pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) com o Instituto de

Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN).

Essa atividade está em implantação na INB e, após completada a sua primeira

etapa, irá atender a 60% da demanda das usinas de Angra 1 e Angra 2.

Como o combustível chega a Angra?

No Brasil, a empresa responsável pela produção do combustível nuclear é a

INB, sendo a mineração e o seu beneficiamento inicial realizados na INB Caetité,

situada no Sudoeste do Estado da Bahia. As etapas de enriquecimento (ainda

parcialmente), reconversão, produção de pastilhas e montagem do elemento

combustível são realizadas no parque industrial da INB, localizado no município

de Resende (RJ), e que é denominado Fábrica de Combustível Nuclear – FCN.

Na sua entrega, ainda na Fábrica de Combustível Nuclear – FCN, os elementos

combustíveis são embalados em contêineres especiais, projetados e construídos

para resistir a uma queda livre de uma altura de cerca de nove metros, a uma

temperatura de 800ºC durante duas horas, e à pressão de uma coluna de água

de 30 metros, sem provocar qualquer dano ao produto.

Os contêineres são fabricados segundo normas internacionais de embalagem

para transporte de materiais radioativos e equipados também com registradores

110

Page 124: Conheça o plano de emergência da região

de impacto e de desaceleração que indicam qualquer alteração durante o

transporte.

Presos com firmeza no interior da embalagem denominada berço, os elementos

combustíveis, já na posição horizontal, recebem dois lacres de inspeção final

das áreas de Fabricação, Radioproteção e de Controle da Qualidade da INB.

Dá-se início ao transporte – minuciosamente planejado pela Eletronuclear e

licenciado pela CNEN e pelo IBAMA.

O comboio rodoviário, que conta com o apoio logístico do Corpo de Bombeiros e

das Polícias Rodoviárias Federal e Estadual, é acompanhado por batedores

dessas corporações.

O percurso de 175 quilômetros é cumprido com toda a segurança a uma

velocidade máxima estabelecida de sessenta quilômetros por hora. Em sua rota

passa por várias cidades em direção ao município de Angra dos Reis.

O destino final dessa segura e planejada operação de transporte é a CNAAA,

onde o elemento combustível irá possibilitar a geração de energia elétrica de

forma segura e confiável.

Quais são as etapas do ciclo do combustível nuclear?

Esquematicamente, o ciclo do combustível nuclear envolve as seguintes etapas,

cujas atividades industriais no Brasil são realizadas pelas Indústrias Nucleares

do Brasil (INB):

1. Mineração e Beneficiamento: após a descoberta da jazida e feita sua

avaliação econômica (prospecção e pesquisa), inicia-se a mineração. Na usina

de beneficiamento, o urânio é extraído do minério, purificado e concentrado

numa torta de cor amarela, chamada yellowcake. No Brasil, essas etapas são

realizadas pela INB na Unidade de Caetité (BA), com capacidade nominal de

produção de 400t/ano de concentrado de urânio (U3O8). O teor e a dimensão de

suas reservas são suficientes para o suprimento de Angra 1, Angra 2 e Angra 3

por 100 anos.

2. Conversão: após ter sido dissolvido e purificado, o yellowcake é convertido em

hexafluoreto de urânio (UF6), um sal que tem como propriedade passar ao

estado gasoso a baixas temperaturas (da ordem de 60oC). Atualmente, a INB

contrata a etapa de conversão no Canadá (empresa CAMECO) devido a

questões relacionadas à economia de escala. Entretanto, o Brasil domina essa

tecnologia em escala laboratorial e piloto, e a Marinha está implantando, em

111

Page 125: Conheça o plano de emergência da região

avançado estágio, uma unidade de demonstração industrial denominada

USEXA, no Centro Experimental de Aramar.

3. Enriquecimento: tem por objetivo aumentar a concentração do isótopo 235 do

urânio (U-235) no UF6 natural sob forma gasosa, de apenas 0,7%, para valores

da ordem de 3% a 5%, necessários ao uso como combustível em reatores

nucleares do tipo PWR. A INB realiza o enriquecimento no exterior, contratando

o consórcio Urenco (Alemanha, Holanda e Grã-Bretanha), utilizando a tecnologia

de ultracentrifugação, que fornece anualmente cerca de 267 toneladas de UTS

(unidade de trabalho separativo), a um custo da ordem de R$ 120 milhões

anuais. Essa etapa será gradativamente realizada no país com o andamento da

implantação dessa Unidade da Fábrica de Combustível Nuclear – FCN, em

Resende (RJ), cujo projeto atual prevê uma capacidade equivalente a 100% das

necessidades de Angra 1 e 20% de Angra 2, a um custo inicial da ordem de R$

490 milhões. Essa unidade utiliza a tecnologia de ultracentrifugação

desenvolvida pela Marinha, com reduzidos custos de operação em comparação

com as tecnologias existentes no reduzido mercado mundial de combustível

nuclear.

4. Reconversão e Fabricação das Pastilhas: o UF6 enriquecido é transformado

em dióxido de urânio (UO2) sob a forma de pó e, em seguida, sinterizado em

pequenas pastilhas; essas etapas são realizadas pela INB desde 1999 na FCN

Pó e Pastilhas, da INB Resende.

5. Fabricação de Elementos Combustíveis: as pastilhas são montadas em

varetas de uma liga metálica especial, o zircaloy, e são instaladas em conjuntos

mecânicos denominados elementos combustíveis que compõem o núcleo dos

reatores nucleares. Essa etapa é realizada pela INB desde 1996 na FCN-

Componentes e Montagem, da INB Resende.

Resumindo: As recargas de elementos combustíveis para Angra 1 e Angra 2 são

feitas com yellowcake produzido em Caetité – BA, que depois é convertido em

hexafluoreto pela empresa Cameco no Canadá. Posteriormente, o hexafluoreto

de urânio é enriquecido pela empresa Urenco na Europa (Holanda, Grã-

Bretanha e Alemanha). O hexafluoreto enriquecido volta, então, ao Brasil para

ser reconvertido, moldado em pastilhas e montado nos elementos combustíveis

– e isso é feito em Resende – RJ.

112

Page 126: Conheça o plano de emergência da região

6

COMBUSTÍVEL NUCLEAR

yellowcake

9. PARADAS

Como é feito o reabastecimento das usinas?

As paradas programadas para reabastecimento de combustível ocorrem a cada

12 meses, aproximadamente, devido à duração do combustível nuclear. Além do

reabastecimento, em cada parada programada, executam-se as tarefas de

manutenção que não podem ser realizadas durante a fase de operação da

Usina. O reabastecimento é feito através da troca de parte dos elementos

combustíveis do reator nuclear.

Angra 1, por exemplo, tem 121 elementos combustíveis (as varetas). Em cada

recarga são colocadas 40, e removidos os elementos combustíveis

descarregados. Figurativamente, seria como uma lanterna que está com suas

pilhas descarregadas e precisam ser trocadas para que ilumine novamente.

Inicialmente, o reator e o conjunto turbogerador são desligados. Os elementos

combustíveis usados são retirados e substituídos por novos. Durante a recarga,

os equipamentos que necessitam estar em funcionamento durante a operação

da Usina são submetidos a inspeção e manutenção.

Qual o impacto das paradas de reabastecimento no Sistema Integrado

Nacional?

O impacto é muito pouco, pois as usinas, mesmo parando por 45 dias, têm um

113

Page 127: Conheça o plano de emergência da região

fator de carga maior que 85%. Uma usina hidráulica, por exemplo, tem um fator

de carga de 55%, em média. Fator de carga é a relação entre a energia

efetivamente produzida por uma usina, durante um determinado período, e a

energia que teria sido produzida se esta tivesse operado com sua potência

nominal durante o mesmo período.

Qual é o custo por dia das usinas Angra 1 e Angra 2 quando paralisadas

por incidentes ou para recarga e manutenção técnica?

Nas paradas programadas executadas dentro de um dado período não há perda

de faturamento, uma vez que, na sazonalização mensal da Energia Contratada

Anual, é feita a devida compensação para o restante do período em que as

usinas permanecem em operação.

Nas paradas programadas que ultrapassam o período planejado haverá perda

correspondente à diferença entre a Energia não Suprida e a Energia Contratada,

valorada pelo respectivo Preço de Curto Prazo (PCP), que é o menor valor entre

o Preço de Liquidação de Diferencas (PLD) e a Tarifa Contratual da

Eletronuclear. O PCP varia de um mínimo de R$16,31/MWh até a atual Tarifa de

Energia Contratada da Eletronuclear (atualmente R$130,79/MWh).

Nas paralisações não programadas haverá perda correspondente à diferença

entre a Energia não Suprida e a Energia Contratada, valorada pelo respectivo

Preço de Curto Prazo (PCP), que é o menor valor entre o Preço de Liquidação

de Diferencas (PLD) e a Tarifa Contratual da Eletronuclear. O PCP varia de um

mínimo de R$16,31/MWh até a Tarifa de Energia Contratada da Eletronuclear

(atualmente R$130,79/MWh).

O custo das paradas das Usinas Angra 1 e Angra 2, correspondente às

despesas com pessoal, serviços contratados, equipamentos substituídos e

número de dias de paralisação, varia dependendo dos serviços específicos

programados para cada uma delas. Os valores das cinco (5) últimas paradas

foram da ordem de R$ 30 milhões a R$ 40 milhões para Angra 1 e de R$ 40

milhões a R$ 70 milhões para Angra 2. Note-se que esses custos não incluem a

recarga de combustível.

O que acontece com o combustível usado?

O combustível novo é guardado no poço de combustível novo, onde fica até ser

carregado no núcleo do reator. Já o usado é guardado na piscina de combustível

114

Page 128: Conheça o plano de emergência da região

usado. Tanto o poço quanto a piscina estão localizados no edifício do reator.

Há necessidade de licenciamento?

Sim. Para o transporte do combustível são necessárias licenças da CNEN, do

IBAMA e da Fundação Estadual de Engenharia de Meio Ambiente (FEEMA).

Quais os órgãos envolvidos nessa operação?

A proteção física é feita pela Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio

de Janeiro, que convoca a Polícia Militar. Também há o apoio da Polícia

Rodoviária Federal. O Comando Militar do Leste fica de sobreaviso. A Casa

Militar e a Polícia Federal (no Rio de Janeiro) são informadas.

Que tipo de combustível é usado na recarga?

O combustível usado nos reatores de Angra 1 e Angra 2 é o urânio enriquecido a

3,6%, em média (U-235). Em cada recarga, troca-se cerca de 1/3 dos elementos

combustíveis do vaso do reator.

10. FUNDO DE DESCOMISSIONAMENTO E SEGURO DAS USINAS

O que é descomissionamento de uma usina nuclear?

O descomissionamento de uma usina nuclear é uma fase pós-operacional

normal e necessária, que pode ser entendido como um conjunto de medidas

tomadas para retirar de serviço, com segurança, uma instalação nuclear –

incluindo dependências, terreno, edifícios e equipamento –, reduzindo a

radioatividade residual a níveis que permitam liberar o local para uso restrito ou

irrestrito.

O proprietário/operador da instalação nuclear é o responsável por todos os

aspectos do descomissionamento.

O que é o fundo de descomissionamento das usinas?

O fundo de descomissionamento de usinas nucleares se refere à obrigação para

desmobilização dos ativos das usinas nucleares, para fazer face aos custos a

serem incorridos ao final da vida útil econômica das mesmas.

115

Page 129: Conheça o plano de emergência da região

A formação dessa obrigação é constituída de um passivo formado em quotas

mensais, fixadas com base em estudos técnicos elaborados pelo operador da

usina.

É premissa fundamental, para a formação desse passivo, que o valor estimado

para a sua realização deva ser atualizado ao longo da vida útil econômica das

usinas e considerando os avanços tecnológicos, com o objetivo de alocar ao

respectivo período de competência da operação os custos a serem incorridos

com a desativação técnico-operacional das usinas.

Qual será o custo do descomissionamento de Angra 1 e Angra 2?

O valor presente estimado do custo de descomissionamento da Usina Angra 1 é

de R$ 192.504.748,47, base de setembro de 2009, equivalente a US$

83,226,678.85, e o valor futuro do passivo a ser constituído, corrigido para o fim

da vida econômica depreciável da Usina (dezembro de 2024) é de US$

307,000,000.00. O valor presente estimado do custo de descomissionamento da

Usina Angra 2 é de R$ 33.969.387,47, base de setembro de 2009, equivalente a

US$ 79,386,458.45, e o valor futuro do passivo a ser constituído, corrigido para o

fim da vida econômica depreciável da Usina (agosto de 2040), é de US$

426,000,000.00.

De onde provêm os recursos para o fundo de descomissionamento das

usinas Angra 1 e Angra 2?

Para atender a esses custos futuros, a Eletrobrás criou uma reserva financeira

em conta específica no Banco do Brasil. Essa reserva é constituída por

recolhimentos periódicos feitos pela Eletronuclear. Os custos de

descomissionamento a serem cobertos por esses fundos são compatíveis com o

faturamento bruto na venda da energia produzida pelas usinas nucleares Angra

1 e Angra 2, cuja tarifa atual é R$ 130,79 / MWh para um contrato de

fornecimento anual de 1.475 MW médios. As cotas anuais transferidas pela

Eletronuclear à Eletrobrás, para compor essa reserva financeira, correspondem

a cerca de 2,27% do faturamento bruto, base setembro de 2009, como é prática

normal em outros países.

116

Page 130: Conheça o plano de emergência da região

Como funciona o seguro das usinas nucleares? Qual o valor das apólices?

A Eletronuclear mantém uma política de seguros tida pela administração como

suficiente para cobrir eventuais perdas considerando os principais ativos, bem

como a responsabilidade civil inerente a suas atividades.

O seguro das usinas nucleares engloba duas apólices emitidas, apesar de a

contratação ser em um só pacote. Uma cobre danos materiais de propriedade da

Eletronuclear (limite de cobertura de US$ 500 milhões por Usina) e a outra cobre

responsabilidade civil diante de terceiros: US$ 140.000.000 para acidente

nuclear (valor estabelecido pela CNEN em consonância com a legislação

brasileira pertinente); US$ 14.000.000 para acidentes não nucleares; e US$

14.000.000 como empregadora.

Quais riscos são cobertos pelo seguro?

Os riscos são divididos em quatro áreas diferentes. O risco de responsabilidade

civil, que determina indenizações em casos de terceiros que se sintam lesados;

risco nuclear causado por acidente nuclear; o risco de incêndio na planta; e

ainda outros riscos para os bens e equipamentos da Central Nuclear Almirante

Álvaro Alberto (Unidades 1 e 2).

De quanto em quanto tempo as usinas são vistoriadas pelas seguradoras?

O trabalho de análise de risco deve ser contínuo, e o tempo de vistoria varia

entre quatro e seis anos. A periodicidade é determinada pelo estado de

conservação das usinas e a ocorrência de sinistros. A última visita à Central

Nuclear foi em 2008. Devido à falta de acidentes graves, não haverá

necessidade de uma nova visita em um curto prazo.

11. VANTAGENS AMBIENTAIS

Quais as vantagens ambientais de uma usina nuclear sobre as usinas

térmicas convencionais?

Os aspectos ambientais da indústria nuclear como um todo, incluindo a

produção de energia elétrica e toda a indústria do ciclo de combustível

associada, comparam-se, favoravelmente, com as alternativas existentes para a

produção de energia elétrica em grandes quantidades.

117

Page 131: Conheça o plano de emergência da região

No Brasil, como também em outros países, as hidroelétricas já tiveram grande

parte do seu potencial economicamente aproveitável esgotada. A construção de

novas usinas ocasionaria inundação de grandes áreas, arruinando-as e

destituindo o local da flora e da fauna originais, o que causaria a perda da

biodiversidade e de terras cultiváveis, provocando danos ambientais irreparáveis

e influenciando diretamente o clima da região. No caso das usinas térmicas

convencionais, como o carvão, o óleo (petróleo) e o gás, a emissão de muitas

toneladas de gases tóxicos na atmosfera altera o clima do globo terrestre,

causando o efeito estufa e as chuvas ácidas.

Em apenas 30 anos, a participação da energia nuclear na produção de energia

elétrica chegou a 17%, tornando-se a 3ª fonte mais utilizada do mundo.

Vantagens:

Não emite gases que contribuem para a chuva ácida (óxidos de enxofre e

nitrogênio);

Não emite gases que contribuem para o efeito estufa (CO2, metano etc...);

Não emite metais cancerígenos, mutagênicos e teratogênicos (arsênio,

mercúrio, chumbo, cádmio etc...);

Não emite material particulado poluente;

Não produz cinzas;

Não produz escória e gesso (rejeitos sólidos produzidos em usinas a carvão

mineral);

É uma forma de energia barata, já que requer uma pequena área para

sua construção, podendo ser instalada próximo aos grandes centros, com

água em abundância para sua refrigeração, além de ser capaz de extrair

uma enorme quantidade de energia de um volume pequeno de

combustível.

A utilização de combustíveis fósseis no mundo tem provocado impactos

ambientais negativos, entre os quais o aumento do efeito estufa – causado pela

emissão de dióxido de carbono ou gás carbônico, metano e óxido nitroso – e a

chuva ácida, originada pelas emissões de dióxido e trióxido de enxofre e de

óxidos de nitrogênio. O fato de as usinas nucleares não emitirem qualquer

118

Page 132: Conheça o plano de emergência da região

desses gases é importante na comparação com outras fontes térmicas de

energia.

Em relação às usinas termoelétricas a carvão, a fonte de geração de energia

elétrica mais utilizada no mundo e responsável por cerca de 40% de toda a

energia elétrica gerada no planeta, as vantagens das usinas nucleares em

termos ambientais são significativas. Em comparação com uma usina

termoelétrica moderna, que utiliza carvão pulverizado e técnicas avançadas de

redução de emissão de poluentes, uma usina nuclear do porte de Angra 3

evitaria a emissão anual para a atmosfera de cerca de 2,3 mil toneladas de

material particulado, 14 mil toneladas de dióxido de enxofre, 7 mil toneladas de

óxidos de nitrogênio e 10 milhões de toneladas de dióxido de carbono (figura 1).

Em comparação com uma usina termoelétrica a gás, as emissões evitadas por

uma usina nuclear do porte de Angra 3 seriam de cerca de 30 toneladas de

dióxido de enxofre, 12,7 mil toneladas de óxidos de nitrogênio e 5 milhões de

toneladas de dióxido de carbono (figura 2).

Figura 1 – Comparação de usina nuclear com usina a carvão

USINA TERMELÉTRICA A CARVÃO DE 1.300 MW

3,3 milhões t / anoANTRACITA

(1,8% de enxofre)

M R

MP

50 mg / m

2.300 t / ano

3

SO

400 mg / m

14.000 t / ano

32 NO

200 mg / m

7.000 t / ano

3x

RADIOATIVOSEFLUENTES

CO

10.000.000 t / ano

2

M R

CINZAS250.000 t / ano

GESSO DO SISTEMA150.000 t / ano

DE DESSULFURIZAÇÃO

R = RADIOATIVIDADE (9 µSv / ano)M = METAIS (450 t / ano)

USINA NUCLEAR PWR DE 1.300 MW

REJEITOS RADIOATIVIDADE

531 m / ano47 m / ano4,8 m / anoCOM

REPROCESSAMENTO

ALTO NÍVEL DERADIOATIVIDADEMÉDIO NÍVEL DE

RADIOATIVIDADEBAIXO NÍVEL DE

3 3 3

32 t / anoURÂNIO ENRIQUECIDO

170 t / anoURÂNIO NATURAL

EFLUENTES RADIOATIVOS(QUANTIDADES DESPREZÍVEIS)

R

R = 1,3 µSv / ano

(*)

Fonte: SIEMENS (*) MP = material particulado

119

Page 133: Conheça o plano de emergência da região

Figura 2 – Comparação de usina nuclear com usina a gás.

USINA NUCLEAR PWR DE 1.300 MW USINA TERMELÉTRICA A GÁS

REJEITOS RADIOATIVIDADE

531 m / ano47 m / ano4,8 m / anoCOM

REPROCESSAMENTO

ALTO NÍVEL DERADIOATIVIDADEMÉDIO NÍVEL DE

RADIOATIVIDADEBAIXO NÍVEL DE

3 3 3

32 t / anoURÂNIO ENRIQUECIDO

170 t / anoURÂNIO NATURAL

EFLUENTES RADIOATIVOS(QUANTIDADES DESPREZÍVEIS)

R

R = 1,3 µSv / ano

CONSUMO DE GÁS:1,9 bilhões de m /ano

(5,2 milhões de m /dia)

CO2.000 t / ano

SO30 t / ano

2 CH12.700 t / ano

4

(CICLO COMBINADO) DE 1.300 MW

CO5.000.000 t / ano

2

3

3

POLUENTES

Fonte: International Nuclear Societies Council

Outro aspecto a ser considerado é a área necessária para a

implantação de cada tipo de usina. Para efeito de comparação, a

Tabela 1 apresenta as áreas requeridas para a implantação de

usinas que utilizam fontes de geração renováveis e não

renováveis, com 1.000 MWe de capacidade, verificando-se que as

primeiras exigem áreas muito maiores que as segundas,

acarretando, conforme o caso, gastos com desapropriações e com

indenização de benfeitorias, deslocamento de população,

alagamento de áreas naturais ou produtivas e descaracterização

da flora e da fauna, com impactos sociais e biológicos

significativos.

Quanto a esses aspectos, as usinas que utilizam fontes não renováveis são mais

favoráveis, pois ocupam áreas muito menores, que podem ser implantadas em

locais onde esses impactos sejam menores ou não ocorram, além da

proximidade aos centros de consumo, com economia em termos de linhas de

transmissão.

Tabela 1 – Áreas necessárias para a implantação de usinas com 1.000 MWe de capacidade

Fonte de energia

Tipo de usina Área necessária (ha)

120

Page 134: Conheça o plano de emergência da região

Fonte de energia

Tipo de usina Área necessária (ha)

Hidroelétrica. 25.000

Solar fotovoltaica, em local muito ensolarado.

5.000

Eólica, em local com muito vento. 10.000

Renovável (*)

Biomassa plantada. 400.000

Óleo e carvão, incluindo estocagem de combustível.

100Nãorenovável

Nuclear e gás natural. 50

Fonte: International Nuclear Societies Council(*) Valores indicativos, visto que a área depende da topografia do local deimpantação.

Como é monitorado o meio ambiente para saber se não há risco?

Antes da entrada em operação da primeira usina nuclear brasileira, em 1985, o

Laboratório de Monitoração Ambiental da Eletronuclear mediu os níveis de

radioatividade natural (a Natureza nos submete a um inevitável grau de

radiação) e realizou estudos populacionais dos organismos marinhos – flora e

fauna – na área de influência da CNAAA. Os resultados desses estudos

permitem a comparação com dados obtidos, hoje, em amostras regularmente

coletadas de água do mar, da chuva e de superfície, de areia da praia, algas,

peixes, leite, pasto e do ar. Esse trabalho constatou que o funcionamento das

usinas de Angra, em mais de vinte anos, não causou um impacto significativo

no meio ambiente.

Uma equipe de biólogos, químicos e técnicos altamente especializada executa

programas contínuos de monitoração ambiental e envia os resultados para os

órgãos fiscalizadores nacionais. O controle de qualidade das análises é

realizado através de programas de intercomparação mantidos pela Agência

Internacional de Energia Atômica e pelo Instituto de Radioproteção e

Dosimetria, da CNEN.

São realizadas, também, medidas diretas dos níveis de radiação ambiental

através de dosímetros termoluminescentes instalados na área dos depósitos do

CGR, em todas as áreas de propriedade da Eletronuclear e em vários pontos de

Angra a Paraty. Esses dosímetros utilizados nas medições são verificados

periodicamente conforme procedimentos da Eletronuclear e da CNEN. Os

121

Page 135: Conheça o plano de emergência da região

resultados obtidos ao longo desses anos confirmam as doses preconizadas

pelas normas da CNEN.

A equipe do Laboratório de Monitoração Ambiental também realiza observações

diretas, através de mergulhos, além da coleta de amostras da fauna e da flora

marinhas. O objetivo é verificar se a elevação da temperatura da água do mar na

área do lançamento do efluente térmico provoca alguma alteração considerável

no ecossistema marinho na área do entorno da CNAAA. Ao longo dos anos, não

se observou redução quantitativa ou qualitativa das espécies estudadas na

região. A elevação da temperatura pode contribuir para o aumento da

produtividade de algum tipo de vida marinha dada a grande oferta de

organismos provenientes de outras áreas da região costeira. A área onde é

lançado o efluente térmico permanece sendo um criatório de peixes e de outros

organismos da cadeia alimentar.

Qual a posição da empresa em relação aos protestos dos ambientalistas?

A posição da Eletronuclear em relação ao público em geral, incluindo os

ambientalistas, é a de agir com transparência, sempre disponibilizando

informações e também ressaltando a importância da geração de energia elétrica

a partir de fonte nuclear para o desenvolvimento do país. Além disso,

destacamos que a energia nuclear tem primado por sofisticados métodos

operacionais, que garantem a completa preservação do meio ambiente e a total

segurança da população. É a forma de geração que melhor monitora e controla

seus processos em todas as fases, sem liberar produtos que afetem o meio

ambiente. O fato de a geração de energia nuclear não contribuir para o efeito

estufa, que vem provocando o aquecimento do planeta e severas alterações

climáticas, tem levado organizações e líderes de movimentos ambientalistas –

antes ferrenhos críticos à construção de usinas nucleares – a reverem suas

posições, hoje as defendendo.

12. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

Como a empresa atua na área de responsabilidade socioambiental?

A atuação da empresa na área de responsabilidade socioambiental com a

comunidade em torno da CNAAA abrange convênios de cooperação para o

desenvolvimento de atividades voltadas para saúde, educação, meio ambiente e

122

Page 136: Conheça o plano de emergência da região

infraestrutura com as prefeituras municipais de Angra dos Reis, Paraty e Rio

Claro. A empresa promove, ainda, projetos e ações direcionados para a

promoção da inserção regional em entidades, associações comunitárias e outros

segmentos da sociedade da região. A Eletronuclear mantém uma política formal

de relacionamento com a comunidade, reafirmando o seu comprometimento

socioambiental com a população dos municípios circunvizinhos à Central

Nuclear.

Qual a importância para a empresa em agir de forma socialmente

responsável?

A empresa exerce seu papel de empresa cidadã, cumprindo não só os

compromissos oficiais assumidos no EIA/RIMA de seus empreendimentos, como

executa adicionalmente várias outras ações socioambientais.

As diretrizes traçadas pela Eletronuclear para alcançar resultados positivos na

melhoria da qualidade de vida da população são baseadas em parâmetros do

ambiente socioeconômico das áreas de influência da Central Nuclear. São

levadas em consideração taxas de analfabetismo, desemprego, população

economicamente ativa, faixa etária, entre outras, que dão subsídios importantes

para o desenvolvimento de projetos sociais. Seja através de convênios,

atividades ou apoio a projetos de entidades, órgãos públicos e organizações não

governamentais, a empresa implementa ações próprias e realiza parcerias

ligadas à cultura, ao meio ambiente, à educação, à saúde e à área social,

principalmente no setor de geração de emprego e renda.

A empresa apoia parcerias com o poder público?

Desde 2000, estão sendo firmados pela Eletronuclear diversos convênios, sendo

a maioria deles de cooperação com as prefeituras de Angra dos Reis, Paraty e

Rio Claro, visando a ações de combate à fome e à miséria, geração de trabalho

e renda e melhoria da infraestrutura dos três municípios. Os investimentos são

aplicados em diversos campos: saúde, educação, cultura e meio ambiente,

buscando contribuir para o desenvolvimento humano e a equidade social da

população da região. Esses convênios firmados com as prefeituras locais

possibilitam investimentos contínuos nos municípios, provendo recursos em

diversas áreas, desde a construção de creches, melhorias na qualidade de

123

Page 137: Conheça o plano de emergência da região

ensino, compra de remédios e equipamentos hospitalares, à valorização da

cultura regional.

Em 2008, além da continuação de sua política de responsabilidade

socioambiental, a Eletronuclear desenvolveu diversas ações de voluntariado. Em

parceria com a Rede Mobiliza - Fome Zero, por exemplo, promoveu festas para

crianças das comunidades do Parque Perequê e do Frade, incentivando a

participação voluntária de empregados e da população residente em torno do

empreendimento, com o propósito de arrecadar alimentos não perecíveis para

serem doados posteriormente a instituições filantrópicas.

Como é avaliado o retorno desses projetos para a empresa?

Constantemente é feita uma fiscalização oficial, em que se verificam o

andamento dos projetos e a sua conclusão e a extensão dos resultados no setor

da comunidade envolvida.

Além disso, a Eletronuclear recebeu, em 2005, o Selo de Responsabilidade

Social do CREA/RJ com o projeto Gravação de Livros para Cegos e, em 2007,

com o projeto POMAR – Povoamento Marinho da Baía da Ilha Grande. Em

2008, a área de Responsabilidade Socioambiental foi premiada com Moção de

Aplauso e Louvor pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

(ALERJ).

Quais os projetos de voluntariado que a empresa desenvolve?

Desde 2004, a Eletronuclear desenvolve o projeto Gravação de Livros para

Cegos. Trata-se de uma iniciativa da Audioteca Sal e Luz, que visa a

proporcionar a deficientes visuais acesso à cultura, à educação e à informação.

A Eletronuclear, através do trabalho voluntário de seus empregados e

disponibilizando uma cabine para gravação de textos, contribui para o

desenvolvimento desse programa. Os funcionários voluntários são treinados

para a produção dos livros falados que a audioteca disponibiliza para deficientes

visuais de todo o Brasil.

Em abril de 2007, terminou o curso teórico da primeira turma da Brigada de

Voluntários da Eletronuclear. Sob o comando da Defesa Civil de Angra dos

Reis, o objetivo da Brigada é dar apoio em situações de emergência causadas

por chuvas e ventos fortes nas localidades próximas à Central Nuclear. A turma,

que é capacitada periodicamente, não atua apenas em situações de

124

Page 138: Conheça o plano de emergência da região

emergência; age também nas comunidades, realizando campanhas de

esclarecimentos nas localidades próximas às usinas. A intenção da

Eletronuclear é ampliar a Brigada abrindo novas turmas.

A empresa também está desenvolvendo um projeto de empreendedorismo

voltado para os empregados das usinas em conjunto com as escolas das vilas

residenciais. Em 2008, destacam-se os cursos noturnos, ministrados por

empregados da empresa, oferecidos aos moradores que vivem nas regiões do

entorno da Central Nuclear. A intenção é contribuir para a capacitação de mão

de obra local, oferecendo oportunidade de emprego aos pretendentes.

Quais os projetos desenvolvidos pela Eletronuclear na área de saúde?

Através de convênios firmados com as prefeituras, a Eletronuclear

constantemente faz investimentos que são aplicados na compra de

medicamentos e equipamentos para as redes municipais de saúde, incluindo

recursos voltados para os hospitais de Angra dos Reis, Paraty e Rio Claro.

Em 2008, a Eletronuclear investiu R$ 211.333,20 na área da saúde.

Além disso, a empresa também investiu, em 2008, mais de R$ 18 milhões na

Fundação Eletronuclear de Assistência Médica (FEAM), administradora do

Hospital de Praia Brava, que desenvolve ações preventivas e trabalhos de

assistência ambulatorial e hospitalar, realizando anualmente mais de 100 mil

atendimentos (incluindo emergência, internação, ambulatorial, ocupacional e

eletivo), entre pacientes do SUS, convênios e particulares. A FEAM também é

responsável pelo Ambulatório Médico de Itaorna (AMIR), o Ambulatório Médico

de Mambucaba (AMM) e o Centro de Medicina das Radiações Ionizantes

(CMRI).

Em 2008, com a entrada, como observadora, no REMPAN (Radiation

Emergency Medical Preparedeness and Assistence Network) – órgão ligado

diretamente à Organização Mundial da Saúde (OMS) –, a FEAM passou

formalmente a fazer parte das instituições que são referência em resposta a

acidentes envolvendo radiações ionizantes. Em 2009, completou dez anos e

inaugurou o Centro de Informações em Câncer e Anomalias Congênitas, que

possibilitará fazer um acompanhamento sistemático sobre a incidência de câncer

e anomalias congênitas na região através de comparações nacionais e

internacionais, trazendo, assim, maior segurança para a população que vive no

entorno da Central Nuclear.

125

Page 139: Conheça o plano de emergência da região

Como a Eletronuclear está investindo na área de educação?

Em 2008, com investimentos de R$ 3.286.719,69 na área de educação, a

Eletronuclear financiou a reforma de escolas de Angra dos Reis e Paraty e

expandiu os programas de alfabetização e inclusão digital.

Nos últimos anos, através de convênios, a empresa vem constantemente

aplicando recursos na melhoria educacional e estrutural dos colégios estaduais

localizados nas vilas residenciais de Praia Brava e Mambucaba. A Eletronuclear

já investiu quase R$ 9 milhões nos últimos anos em equipamentos, obras de

manutenção, material e treinamento de professores. Com esse financiamento, a

empresa vem contribuindo para um ensino de excelência aos quase 3.000

alunos dos colégios Roberto Montenegro e Almirante Álvaro Alberto, que, de

2005 a 2008, se destacaram entre as instituições de ensino público brasileiras

por meio do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Ambos obtiveram notas

superiores à média nacional. No Enem/2008, o Roberto Montenegro alcançou a

5ª colocação entre os colégios de Angra, enquanto o Almirante Álvaro Alberto

ficou em 2º lugar entre os educandários de Paraty, atrás apenas de um

estabelecimento particular.

Outras iniciativas apoiadas pela Eletronuclear são os programas de

alfabetização de jovens e adultos no município de Angra dos Reis, por

intermédio do projeto Jovem Aprendiz, e, em Rio Claro, com a parceria da

Confederação das Mulheres do Brasil (CMB). A empresa também foi

responsável pela construção de uma creche comunitária para mais de 100

crianças no bairro do Frade, em Angra. Além disso, jovens, adultos e idosos dos

municípios de Angra dos Reis e Paraty foram beneficiados com o projeto Malê,

um curso de alfabetização e qualificação em artesanato e costura voltado para o

turismo, implementado pela ONG Semear e patrocinado pela Eletronuclear.

Em 2008, a empresa investiu R$ 3.286.719,69 na área da educação.

Quais são os projetos da Eletronuclear para o meio ambiente?

Em 2008, a Eletronuclear investiu R$ 232.873,02 em ações ambientais. O

convênio com o Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía da Ilha Grande (IED-

BIG), que compreende o Projeto Pomar – Repovoamento Marinho da Baía da

Ilha Grande, visa a fortalecer a maricultura e preservar o ecossistema da região

por meio da produção de sementes de vieiras (coquilles Saint-Jacques) e de

126

Page 140: Conheça o plano de emergência da região

ações técnicas e educativas. Em 2006, o projeto foi redimensionado para

atender ao programa de geração de emprego e renda da população, obtendo

excelentes resultados. Em setembro de 2007, a Eletronuclear inaugurou sua

própria fazenda marinha, localizada na Ilha Comprida, em frente às usinas Angra

1 e Angra 2, e já abriga mais de 20 mil sementes de coquille. Em maio de 2008,

a empresa foi contemplada com o Selo CREA-RJ de Responsabilidade Social

em reconhecimento ao Projeto Pomar.

A Trilha Ecológica Porã – que na língua guarani significa trilha bonita – está

localizada na Rodovia Rio-Santos Km 526, entre Itaorna e Praia Brava, em

Angra dos Reis. Tem uma extensão de 2.600 metros, em área de Mata Atlântica,

e inúmeras espécies de plantas e animais. Desde que foi aberto à visitação em

junho de 2004, o local tem sido uma grande opção de lazer ecológico, seja para

crianças e adolescentes de escolas da região, como também para grupos

fechados de entidades e associações que agendam visitas à trilha. Em 2008, a

Trilha Porã recebeu mais de 700 visitantes.

Em junho de 2009, por ocasião da Semana do Meio Ambiente, a Eletronuclear

inaugurou um sítio-museu, em Piraquara de Fora, Angra dos Reis. Vinculado ao

licenciamento ambiental da Usina Angra 2, o sítio fica localizado em terreno

pertencente à Eletronuclear, numa região com vestígios da ocupação pré-

colonial com sambaquis e polidores amoladores, ruínas de um forte do século

XVIII e outras construções do século XIX. Trata-se de trabalho pioneiro no

município na área de arqueologia, coordenado pela professora Nanci Vieira de

Oliveira, do Instituto de Filosofia da UERJ. O sítio-museu será aberto à visitação

pública até o final de 2009. No momento, réplicas de algumas peças indígenas

encontradas (como machados, flechas e fragmentos de cerâmica) estão em

processo de finalização. A ideia é que as peças originais sejam preservadas.

Também estão sendo feitos os últimos ajustes para a implantação de uma trilha

arqueológica, onde o visitante terá acesso a alguns dos locais com estruturas

históricas preservadas, como as ruínas de fortificações que serviam para

guardar a Vila de Angra do ataque dos piratas. O custo do projeto foi de R$

150.541,00.

A criação da Estação Ecológica de Tamoios, em janeiro de 1990, é uma das

medidas compensatórias decorrentes da instalação de Angra 2?

127

Page 141: Conheça o plano de emergência da região

O compromisso da Eletronuclear com a preservação do meio ambiente também

está presente no apoio da empresa a diversos projetos, como a construção e o

aparelhamento da sede da Estação Ecológica de Tamoios, terreno na região de

Mambucaba, cedido em comodato pela Eletronuclear. Tecnicamente

denominada “unidade de conservação”, a Estação tem como finalidade

pesquisar e preservar o ecossistema de 29 ilhas – incluindo ilhotas, lajes e

rochedos distribuídos nas baías da Ribeira e da Ilha Grande.

A sede, com 390 m2 , dispõe de salas de reunião, um pequeno auditório, espaço

para exposição e alojamento para pesquisadores. Serve de apoio terrestre à

equipe que supervisionará os 84,5 km2 onde estão as ilhas.

A criação da Estação Ecológica de Tamoios, em janeiro de 1990, é uma das

medidas compensatórias decorrentes da instalação de Angra 2 e obedece às

determinações da legislação que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação – SNUC.

A estação ecológica é uma área de proteção integral, sendo permitida a sua

visitação apenas com objetivos educacionais e de pesquisa. Entretanto, no caso

da Estação de Tamoios, algumas das ilhas estão habitadas. Daí a necessidade

do Plano de Manejo para a preservação da diversidade biológica das espécies.

Quem coordena a Estação é o Instituto Chico Mendes, autarquia vinculada ao

Ministério do Meio Ambiente e que integra o Sistema Nacional do Meio Ambiente

(Sisnama). Ao todo, gerencia 130 Unidades de Conservação de Proteção

Integral e 170 Unidades de Conservação de Uso Sustentável, num total de 300

UCs. O instituto tem também a função de executar as políticas de uso

sustentável dos recursos naturais renováveis e de apoio ao extrativismo e às

populações tradicionais nas unidades de conservação federais de uso

sustentável.

E o Parque Nacional da Serra da Bocaina? Qual é o envolvimento da

Eletronuclear?

O Parque Nacional da Serra da Bocaina abrange uma área de 104 mil hectares,

sendo 60% localizados no Estado do Rio e 40% em São Paulo. O ponto em que

o Parque da Bocaina se encontra com o Parque Estadual da Serra do Mar, em

Ubatuba, é considerado ambientalmente estratégico por ser o local onde as

reservas ecológicas atingem a orla marítima. O Parque também foi criado para

128

Page 142: Conheça o plano de emergência da região

preservar parte da Mata Atlântica e desenvolver projetos de educação ambiental,

ecoturismo e pesquisas.

A Eletronuclear participa do grupo de trabalho para diagnosticar e montar

planejamento para desenvolver as atividades importantes nessa área.

A Eletronuclear dá suporte às comunidades indígenas vizinhas às suas

instalações?

Através de convênio firmado entre a empresa e a Funai – Fundação Nacional do

Índio –, a Eletronuclear dá atenção contínua aos índios da região. Além de

desenvolver ações para preservar costumes e tradições das populações

indígenas de Angra dos Reis e Paraty, o convênio tem promovido obras de

infraestrutura, valorização cultural, fomento econômico e educação ambiental,

que viabilizam a melhoria da qualidade de vida dessas comunidades indígenas.

No total, quatro aldeias são atendidas pelo convênio: Sapukai, no Bracuí, em

Angra dos Reis; Rio Pequeno; Araponga; e Itatiim, em Paraty.

Que tipo de investimento cultural a empresa promove?

A Eletronuclear investe regularmente em projetos culturais que apresentam

contrapartidas ou desdobramentos sociais de capacitação e geração de renda.

Em 2008, destinou R$ 339.102,41 à área da cultura.

A empresa patrocina e apoia programas de revitalização e preservação do

patrimônio histórico e artístico; publicações de livros que resgatam e reavivam os

costumes, a religiosidade e as tradições das comunidades da região; e eventos

culturais locais e de grande porte como a FLIP – Festa Literária Internacional de

Paraty –, que anualmente reúne grandes personalidades da literatura mundial.

Além disso, o Espaço Cultural Eletronuclear, localizado no Centro de Angra dos

Reis, abriga, o ano todo, exposições e lançamentos, além de informações sobre

as usinas nucleares. Só no ano passado, o Espaço recebeu 15.718 visitantes. A

fim de ampliar ainda mais a difusão cultural na região foi inaugurado o Espaço

Cultural Eletronuclear de Lídice/Rio Claro, onde também estão sendo

promovidos exposições e eventos apoiados pela empresa. Em Paraty, também

apoia a Casa da Cultura de Paraty, que foi recuperada e revitalizada graças a

uma parceria da Fundação Roberto Marinho com a Eletronuclear, a Rede Globo

e a Prefeitura de Paraty. A Eletronuclear investiu R$ 690 mil e continua sendo

parceira do projeto através de uma contribuição anual de R$ 24 mil.

129

Page 143: Conheça o plano de emergência da região

Que outros investimentos a Eletronuclear vem fazendo para melhorar a

qualidade de vida nos municípios de Paraty, Rio Claro e Angra dos Reis?

Em 2008, para o programa Fome Zero, do governo federal, por exemplo, foram

investidos diretamente R$ 73.400,00 através de doação de cestas de alimento e

celebrações, como a Semana da Cidadania Infantil e o Natal sem Fome. Já os

investimentos realizados para garantir geração de empregos e renda chegaram

a R$ 42.900,00.

Já em convênios firmados com as prefeituras, a Eletronuclear promoveu um

aporte de R$ 3.900.000,00 de forma a atender ao Plano de Ação para

Atendimento das Condicionantes da Licença Prévia nº 279 do IBAMA. Entre eles

estavam vigorando, em 2008, os seguintes convênios para beneficiar a

comunidade:

• Implantação e manutenção do Centro de Informação sobre Câncer e

Anomalias Congênitas na região;

• Implantação do projeto Desenvolvendo o Espírito Empreendedor, com a

Associação Junior Achievement do Rio de Janeiro;

• Mútua colaboração com as secretarias estaduais de Saúde e de Defesa Civil;

• Reforma e obras de ampliação para implantar uma UTI neonatal no Hospital

Municipal São Pedro de Alcântara, em Paraty;

• Reforma e ampliação do Posto de Saúde de Tarituba, em Paraty.

A empresa também apoiou uma série de comemorações regionais, entre as

quais se destacam os 35 anos do Clube Náutico de Praia Brava e o 5º Jogos

Estudantis de Mambucaba. Datas históricas também tiveram o incentivo da

empresa, entre elas o Dia da Consciência Negra e festas locais e tradicionais,

como a Festa do Divino Espírito Santo, a Festa Junina da Vila Histórica de

Mambucaba e a FLIP 2008. No ano passado, a CNAAA recebeu visitas de

comitivas internacionais de Rússia, Coreia, Índia e Inglaterra, assim como

diplomatas sul-americanos, empresários de Barra Mansa e professores de

universidades do Rio de Janeiro. Entre as autoridades brasileiras que estiveram

no sítio destacam-se o deputado federal José Genoino e o ministro de Minas e

Energia, Edison Lobão. O Espaço Cultural Eletronuclear, localizado no Centro de

Angra dos Reis, abrigou exposições e lançamentos tais como: a do Calendário

2008 e do Livro Olhares, com apresentação do Grupo de Danças Folclóricas de

130

Page 144: Conheça o plano de emergência da região

Tarituba, e a II Exposição “PINTURAS DO CAIS”, projeto que nasceu da

necessidade de divulgar a produção de pinturas feitas por portadores de

deficiência mental.

O complexo é aberto ao público para visitação? Para a Eletronuclear, qual

a importância de políticas de comunicação como a do Centro de

Informações de Itaorna, onde há uma exposição de filmes e folhetos

educativos, e os cuidados da empresa com o meio ambiente e a

população?

Em todo o mundo, a grande desinformação sobre o funcionamento e a

segurança das usinas nucleares alimenta muitos mitos sobre o assunto. Ciente

desse fato, a Eletronuclear adotou, desde a implantação da Central Nuclear

Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), uma política transparente de esclarecimento

das comunidades vizinhas sobre o funcionamento das usinas nucleares. Essa

política está materializada nos centros de informações que a empresa mantém

em Itaorna e no Centro de Angra dos Reis. Visitas guiadas podem ser

agendadas pelo endereço eletrônico: [email protected].

Quanto a Eletronuclear investiu em ações sociais em 2008?

A Eletronuclear investiu R$ 5.048.144,81 em projetos sociais, no ano de 2008.

Qual a meta de investimento para 2009?

A empresa tem como objetivo investir mais de R$ 50.000.000,00 em ações

sociais, no ano de 2009.

13. PANORAMA DA ENERGIA NUCLEAR NO MUNDO

Qual a participação da energia nuclear no mercado mundial?

De acordo com o relatório International Status and Prospects of Nuclear Power,

de dezembro de 2008 elaborado pela AIEA, os reatores nucleares são

responsáveis atualmente por 14% da produção de energia elétrica no mundo.

Isso coloca a energia nuclear como a terceira maior fonte, atrás do carvão e do

gás natural.

Qual é a capacidade instalada mundial por fonte nuclear?

370.260 MW(e)

131

Page 145: Conheça o plano de emergência da região

(Fonte: AIEA – Pris, Power Reactor Information System – Oct 2009)

Como estão distribuídos, no mundo, os reatores nucleares?

Conforme dados da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), existem

atualmente em operação 436 reatores comerciais em 31 países. Entre os

maiores parques geradores, destacam-se os Estados Unidos com 104 unidades,

a França com 59 reatores e o Japão com 53.

Como estão distribuídos, no mundo, os reatores do tipo PWR utilizados

nas Usinas Angra 1 e Angra 2?

Segundo dados da AIEA, existem atualmente 264 reatores em operação do tipo

PWR com capacidade total de 243.051 MW, o que corresponde a 61% da

capacidade instalada mundial por fonte nuclear.

Quantos reatores nucleares estão em construção no mundo?

Entre os maiores parques geradores, destacam-se os Estados Unidos com 104

unidades, a França com 59 reatores e o Japão com 53. No ano de 2008, dez

novas usinas tiveram suas obras iniciadas, na Coreia do Sul, na Rússia, na

França e na China, mas nenhuma nova usina entrou em operação. Em 2009, até

setembro, foi iniciada a construção de nove usinas, distribuídas conforme a

132

Page 146: Conheça o plano de emergência da região

seguir:

5 (cinco) na China: Hongyanhe 3 (1.000 MW(e), PWR em 07/03/09; Sanmen 1, (1.000

MW(e), PWR AP-1.000) em 19/04/09; Yangjiang 2 (1.000 MW(e), PWR, China) em

04/06/09; Fuqing 2, (1.000 MW(e), PWR,) – em 17/06/09; e Fangjiashan 2 (1.000

MW(e), PWR em 17/07/09

2 (duas) na Eslováquia: Mochovce 3 e 4, (2x405 MW(e), PWR-VVER) – 11/06/09

1 (uma) na Rússia: Novovoronezh 2-2 (1.85 MW(e), PWR-VVER em 12/07/09

1 (uma) na Coreia do Sul: Shin-Kori 4 (1.340 MW(e), PWR-APR 1.400 em 15/09/09

Foi também reativada a construção da central nuclear flutuante da Rússia –

Akademik Lomonosov 1 e 2, (2x30 MW(e), PWR-KLT40 que se localizará perto

de Vilyuchinsk.

Dos reatores em construção, quantos são do tipo PWR?

Dos 53 reatores em construção, 43 são do tipo PWR.

Quais os países que mais dependem da energia nuclear dentro de sua

matriz energética?

França 76,80% Alemanha 25,90%LBituânia 64,40% EUA 19,40%élgica 54,00% Espanha 17,40%crânia 48,10% Rússia 16,00%uécia 46,10% Canadá 16,00%slovênia 41,60% Reino Unido 15,10%uíça 40,00% Argentina 6,20%ungria 36,80% México 4,60%reia 35,30% Brasil 2,80%

inlândia 28,90% Índia 2,50%Japão 27,50% China 1,90%

USESHCoF

133

Page 147: Conheça o plano de emergência da região

Fonte: IAEA – PRIS – Abril de 2008

Quais os países que mais contribuem com energia nuclear na matriz

energética mundial? E o Brasil, com quanto contribui?

Em 2008, os Estados Unidos foram o país que mais gerou energia por fonte

nuclear, sendo responsável por 32% da produção total desse tipo de energia no

mundo. Também se destacaram: França (17%), Japão (9%), Alemanha (6%),

Rússia (6%), Coreia do Sul (6%), Canadá (3%), Ucrânia (3%) e China (1,85%).

O Brasil foi responsável por 0,52% da geração de energia por fonte nuclear no

mundo, em 2008.

Qual a situação atual da energia nuclear em alguns países?

Estados Unidos

Os Estados Unidos são o proprietário do maior parque nuclear do mundo, com

104 usinas em operação (69 PWRs e 35 BWRs), que correspondem a uma

capacidade instalada de 106.476 MW e produziram, em 2008, 842.360 GWh(e).

Esse valor é quase o dobro do que foi produzido no Brasil por todas as fontes

disponíveis no mesmo período. Houve nos últimos anos um grande aumento de

capacidade instalada nos EUA devido à ampliação da capacidade das usinas,

134

Page 148: Conheça o plano de emergência da região

ainda que nenhuma nova unidade tivesse sido construída. Outro fato relevante a

ser citado é o aumento da vida útil das usinas que está sendo estendida para 60

anos. Nesse caso já são 50 unidades com vida útil ampliada, equivalente a cerca

de 43.500 MW funcionando por mais vinte anos, sem os custos de capital para a

construção. Existem ainda 17 usinas em processo de ampliação de vida no NRC

– Nuclear Regulatory Commission, e outras 22 que já iniciaram o processo, mas

ainda não concluíram o envio de toda a documentação necessária.

Canadá

O Canadá tem 18 usinas nucleares em operação que produziram 94,05 TWh ou

14,8% da energia elétrica do país em 2008. Atualmente está em estudo o

processo de licenciamento de uma nova central com 4 usinas, na região de Lake

Cardinal, no estado de Alberta. As usinas de Ontário estão em processo de

estudos ambientais e preparo do EIA/RIMA pertinente, conforme informação do

órgão ambiental canadense. A empresa Bruce Power suspendeu o

desenvolvimento de novos reatores na região de Lake Huron, devido à alta dos

preços dos fornecedores (Areva, Westinghouse e AECL) e à reduzida

disponibilidade para investimento na empresa, e está se concentrando na

reforma de reatores existentes. Os contratos para reforma das usinas 1 e 2

(PHWR 900MW cada) da central Bruce A para posterior reconexão à rede foram

assinados em março de 2009. Essas usinas estavam fechadas desde 1995.

México

O México possui uma central nuclear com 2 usinas em operação (Laguna Verde

1- BWR, 655 MW e Laguna Verde 2 BWR, 655 MW) localizadas em Vera Cruz,

cuja produção de eletricidade, em 2008, foi de 9,35 TWh ou 4,04% da energia

elétrica do país. O proprietário e operador da central é a empresa estatal

Comision Federal de Electricidad (CFE) que tem o domínio (cerca de 2/3) da

capacidade instalada no sistema elétrico mexicano, inclusive a transmissão e

135

Page 149: Conheça o plano de emergência da região

parte da distribuição. A matriz elétrica é essencialmente baseada em petróleo,

uma vez que o país é o sétimo maior exportador do produto.

Argentina

A Argentina possui 2 usinas nucleares em operação (Atucha 1- PHWR, 335 MW

e Embalse PHWR, 600 MW), cuja produção de eletricidade, em 2008, foi de 6,8

TWh ou 6,2 % da energia elétrica do país. No mesmo sítio de Atucha 1, próximo

a Buenos Aires, está em construção Atucha 2 - PHWR, 692 MW com previsão

de entrada em operação comercial em 2010. O PHWR Embalse é fornecido pelo

Canadá (reator CANDU) e os Atucha 1 e Atucha 2 são produzidos pela

Alemanha (KWU/Siemens e sucessoras). As obras de Atucha 2 começaram em

1981, foram paralisadas e retomadas em 2006, com status atual

de finalização de 81%. A política de diversificação energética empreendida pelo

país reduziu fortemente a dependência de petróleo que existia nos anos de

1970, caindo de 93% para 42% em 1994 e estando atualmente em cerca de

52%. O intercâmbio energético, principalmente com o Brasil, ocorre conforme a

disponibilidade de cada país fornecer o insumo. Os operadores de Atucha 1

recebem treinamento no simulador da Eletronuclear em Mambucaba, Angra dos

Reis, e os de Embalse são treinados no simulador da Hidro-Quebec na Central

Nuclear de Gentille-2, no Canadá.

Brasil

O Brasil tem duas usinas nucleares (Angra 1 – PWR, 657 MW, e Angra 2 –

PWR, 1.350 MW) em operação cuja produção de eletricidade, em 2008, foi de

14 TWh ou 3,12% da energia elétrica do país, e uma usina (Angra 3 – PWR,

1.405 MW) com obras aguardando para serem reiniciadas a qualquer momento.

Os planos de diversificação da matriz elétrica brasileira (conforme dados da

Empresa de Pesquisa Energética – EPE) preveem, além da construção de

usinas com outras fontes de combustível, a construção de 4 a 8 usinas

nucleares num horizonte até 2030, localizadas no Nordeste e no Sudeste do

136

Page 150: Conheça o plano de emergência da região

país. Escolhas de sítios, tipos de reator e outras questões estão em estudos

preliminares.

Alemanha

A decisão existente para o desligamento das 17 usinas alemãs, até 2020 (ao fim

de sua vida útil), encontra-se sob forte pressão para que seja revogada. Dessas

17 usinas, 11 estão entre as que mais geraram energia elétrica em 2008. Foram

gerados por fonte nuclear 148,66 TWh em 2008, o que representou 28,3% da

energia gerada no país. O custo para substituir a energia elétrica gerada pelas

usinas nucleares alemãs em funcionamento por energia renovável seria alto,

necessitando de subsídios do governo da maior economia da Europa.

Bélgica

A Bélgica tem duas centrais nucleares, Doel com 4 usinas (PWR, 2963 MW) e

Tihange com 3 unidades (PWR, 3129 MW). As usinas têm entre 25 e 35 anos de

atividade, e a licença de operação na Bélgica vale por 40 anos. Foram gerados

por fonte nuclear 43,358 TWh em 2008, o que representou 54,76% da energia

gerada no país, que aprovou em outubro de 2009 a extensão da vida útil das 3

mais antigas usinas – Doel-1 (412-MW), Doel-2(454-MW) e Tihange-1 (1.009

MW) por mais 10 anos, ou seja, até 2025. A atual regra de desligamento de

todos os reatores até 2025 está sendo muito questionada porque as

circunstâncias mudaram muito desde a votação da lei. Os custos serão

enormes, com prejuízos à segurança de suprimento, dependência de fontes

internacionais, aumento de emissões, que diminuiriam a competitividade do país,

conforme assinalado no relatório Belgium’s Energy Challenges Towards 2030,

no qual é fortemente recomendado o retorno à geração nuclear.

Bulgária

137

Page 151: Conheça o plano de emergência da região

A Bulgária tem 2 usinas nucleares (KOZLODUY 5 e 6 – VVER-PWR 953 MW,

cada) em operação comercial, que produziram 14,7 TWh, cerca de 33% da

geração elétrica em 2008. Duas usinas se encontram em construção (Belene 1 e

2 VVER PWR 1.000 MW) e 4 estão fechadas (KOZLODUY 1 a 4 – VVER 440

MW) para atender a acordo com a União Europeia. Na Bulgária, o governo já

demonstrou interesse em substituir as centrais nucleares antigas por novas. A

NEK - National Electric Company da Bulgária detém 51% da construção da

Central Nuclear de Belene (2x 1.000 MW – VVER) e assinou contrato com a

russa Atomstroyexport para projeto, construção e comissionamento das usinas

da central. Como subcontratado está o consórcio CARSIB (Consortium Areva

NP-Siemens for Belene), que fornecerá sistemas elétricos e de instrumentação e

controle (I&C systems). A Bulgária tem contrato em andamento (no valor de 2,6

milhões de euros) para a seleção de sítio e projeto de depósito de rejeitos de

baixa e média atividades no país em área superficial.

Espanha

A Espanha tem 8 reatores nucleares (6 PWR e 2 BWR) em operação, com um

total de 7.728 MW de capacidade instalada. Em 2008, foram produzidos

58.997,7 GWh de energia elétrica, que corresponderam a 18,3% de toda

geração elétrica no país, apesar de a capacidade instalada ser equivalente a

8,14% desse total. Essa produção foi 6,6% maior que no ano anterior e evitou a

emissão de cerca de 40 milhões de toneladas métricas (mt) de CO2. A Espanha

tem como política, no momento, o fechamento das usinas nucleares ao término

de sua vida útil, sem reposição da capacidade instalada por outras nucleares.

França

138

Page 152: Conheça o plano de emergência da região

A França possui 59 usinas nucleares em operação e 11 desligadas (por término

de vida útil) que produziram 438,6 TWh, o que representa cerca de 76,3% do

total de energia elétrica gerada no país em 2008. A Areva, fornecedora francesa

de bens e serviços nucleares, está construindo junto com a EDF (empresa

francesa de energia que opera todos os reatores nucleares do país) o reator

Flamanville-3 tipo EPR de 1.600 MW, localizado ao norte da França, na região

de Manche. Os demais fornecedores de equipamentos e serviços também foram

escolhidos e contratados, e o início da construção foi no final de 2007. O

governo francês declarou, em junho de 2008, que fará mais um reator EPR

1600, provavelmente no sítio de Penly (Seine-Maritime) no Nordeste do país,

onde já existem 2 reatores em operação, anunciando que o início da construção

será em 2012. Desse mesmo modelo de reator EPR, de fabricação Areva, já

existem outras 4 unidades em construção (Olkiluoto 3 na Finlândia, Flammanvile

3 na França e Taishan-1 e 2 na China).

Finlândia

A Finlândia possui outras quatro usinas que, juntas, correspondem à produção

de 22,9 TWh de energia elétrica ou 29,7% da total produzida em 2008 no país.

O país, ao decidir em 2002 pela construção de uma quinta unidade nuclear,

quebrou a situação vigente na Europa Ocidental, onde a construção de uma

usina nuclear não havia sido iniciada há muito tempo. A importância da decisão

finlandesa reside no fato de que ela foi precedida de análises detalhadas com

participação pública e discussões políticas intensas. A decisão foi baseada em

aspectos ambientais (menores impactos ao meio ambiente), político-

diplomáticos (atendimento aos compromissos internacionais decorrentes do

Protocolo de Kyoto) e estratégicos (diminuição da dependência de outras fontes

energéticas externas, principalmente da Rússia, e a estabilidade a longo prazo

do custo da energia nuclear). A usina Olkiluoto 3 (1.600 MW, EPR) está prevista

para ser sincronizada em 2012. Essa será a primeira usina com reator do

modelo EPR, produzido pela francesa Areva.

Atualmente está em discussão a construção do 6º reator da Finlândia. As três

empresas que submeteram os estudos de impacto ambiental às autoridades do

país são a Fennovoima Oy (34% pertencente à empresa E.On, da Alemanha)

para 2 reatores Areva (EPR 1700 MW) e um Toshiba design (SWR 1.250 MW –

BWR) com 4 possibilidades de sítios; Teollisuuden Voima Oy para mais uma

139

Page 153: Conheça o plano de emergência da região

unidade no sítio de Olkiluoto e a Fortum para o sítio da Central de Loviisa, que já

submeteu também a documentação para licença de uma possível construção em

fevereiro de 2009. No caso da Fortum, o reator seria projetado para uma vida útil

de 60 anos, teria capacidade entre 1.000 e 1.800 MW e deveria estar em

operação em 2020. Foram previstos custos entre 4 bilhões e 6 bilhões de euros.

Holanda

A Holanda possui apenas uma usina nuclear em operação (Borssele PWR 482

MW) que produziu em 2008 3,9 TWh, cerca de 3,8% da energia do país. O

governo holandês informou que está iniciando o processo de licenciamento da

sua segunda usina nuclear no sítio de Borssele, onde já existe a primeira usina

do país, que teve sua vida útil ampliada em mais 20 anos em 2006 e deverá

continuar a operar até 2033. Não foi escolhido o projeto nem o fornecedor, mas

a unidade deverá ter entre 1.000 e 1.600 MW e com entrada em operação em

2018, ainda em tempo para atingir as metas de redução das emissões de gases

do efeito estufa em pelo menos 15% até 2020. O custo estimado é de 5 bilhões

a 7 bilhões de dólares.

Hungria

A Hungria tem 4 usinas nucleares (Paks 1 a 4 – VVER-PWR 460 MW) cuja

operação comercial começou entre 1982 e 1987 e que geraram 14 TWh, ou

seja, cerca de 37% da geração elétrica do país em 2008. Essa é a energia

elétrica mais barata gerada no país e, segundo fontes governamentais, o índice

de aprovação à energia nuclear pela população da Hungria é de 73%.

Em 2004 as usinas receberam a autorização para operar por mais 20 anos e em

2009 o parlamento do país aprovou a autorização para o governo começar o

140

Page 154: Conheça o plano de emergência da região

projeto para ampliar a capacidade no sítio existente, através da construção de

mais uma ou duas unidades nucleares no mesmo local da central Paks. Os

estudos para a escolha do tipo e tamanho do reator ainda estão em execução.

Inglaterra e Irlanda do Norte

O Reino Unido tem 75% da sua energia elétrica produzida por óleo e carvão e

como forma de reduzir suas emissões de gases do efeito estufa lançou, em

15/07/09, seu Plano de Transição para uma Economia de Baixo Carbono. O

Plano concentra ações em transformar o setor de energia, expandindo o uso de

fontes renováveis, além de aumentar a eficiência energética de prédios, casas e

do setor de transportes do país. Com isso o país deverá alcançar as metas

domésticas de corte de 34% nas emissões de gases do efeito estufa até 2020,

quando 40% da eletricidade consumida no Reino Unido deverão vir de fontes de

baixo carbono, com as tecnologias de energia renovável, nuclear e captura e

sequestro de carbono. A Inglaterra possui 19 reatores nucleares em operação

(15.367 MW de capacidade instalada) cuja produção chegou a 52,5 TWh, que

correspondeu a 13,5% da energia do país.

As pesquisas de opinião na Inglaterra são favoráveis à energia nuclear (65% a

favor) no mix de energia do país e também na reposição da capacidade

existente por novas centrais nucleares. Não há ainda decisão sobre a

construção de reatores, mas várias empresas estão com estudos adiantados e o

governo, por intermédio do seu Departamento de Energia e Mudanças

Climáticas, identificou 11 sítios possíveis para a locação de novas usinas

nucleares. A construção de usinas nucleares faz parte da política de redução de

emissões de carbono vigente no país e elas devem começar a operar até 2017,

substituindo as usinas nucleares antigas (a última a entrar em operação data de

1989) e as já fechadas (26 – são reatores da década de 1950 e 1960) por

término de vida útil.

Itália

A Itália, conforme declarou o premier Silvio Berlusconi em julho de 2008, decidiu

retomar seu programa nuclear paralisado na década de 1980, libertando-se da

dependência do petróleo através de um rápido desenvolvimento da energia

141

Page 155: Conheça o plano de emergência da região

nuclear. Segundo o ministro da Economia e Desenvolvimento, Claudio Scajola, o

custo da paralisação do programa nuclear italiano para a economia do país foi

de 50 bilhões de dólares e todo o arcabouço legal para a retomada da fonte

nuclear está sendo adotado no novo plano nacional de energia. A criação de um

órgão regulador independente além da infraestrutura e incentivos às

comunidades são fatores indispensáveis para a construção do primeiro de uma

série de grandes reatores que é previsto para 2013.

Em 9 de julho de 2009 o Senado italiano aprovou um pacote legislativo que deu

luz verde ao retorno do uso da energia nuclear no país e que em até 6 (seis)

meses serão selecionados sítios potenciais para a instalação de novas usinas.

O modelo de reator a ser adotado deverá ser um que já seja licenciado na

Europa, o que permitiria ganhar tempo de licenciamento, uma vez que o plano é

construir de 8 a 10 reatores até 2030, atingindo 25% da geração elétrica italiana.

Atualmente o custo da energia elétrica na Itália (um mix de 60% em gás

importado) é 30% mais alto que a média europeia e 60% maior que o francês.

A Itália, por meio da sua empresa de energia, ENEL, que possui 66% da SE-

SLOVENSKE ELEKTRARNE da Eslováquia, constrói, desde novembro de 2008,

as usinas Mochovce 3 e 4 (VVER-440 MW cada) que devem estar em operação

comercial em 2012 e 2013, respectivamente. O investimento previsto é de 2,77

bilhões de euros. Quando em operação, a produção dessas usinas representará

22% do total de energia elétrica consumido na Eslováquia.

Noruega

Apesar de a Noruega não ter um programa de geração nuclear, o comitê criado

pelo governo norueguês para estudar energia sustentável recomendou, em seu

relatório, o reconhecimento da contribuição da energia nuclear para um futuro

energético sustentável.

República Checa

A República Checa tem 6 usinas (Dukovany 1 a 4 e Temelin 1 e 2, todos VVER)

operadas pela empresa CEZ que produziram 25 TWh em 2008, o que

representou 32,4% da energia elétrica do país. Existe a previsão (com estudos

de impacto ambiental em andamento) de se adicionar mais dois reatores à

142

Page 156: Conheça o plano de emergência da região

Central de Temelin, que originalmente foi prevista para 4 reatores, mas onde

somente 2 foram construídos por motivos políticos. Foi solicitado também a

extensão de vida útil dos 4 reatores da central Dukovany, que já tem mais de 20

anos de operação, de forma que possam gerar até 2025-2028. Estão previstos

grande quantidade de trabalhos e muito investimento para permitir a ampliação

de vida útil. As atividades devem começar em 2015 e contemplarão também o

aumento de potência em até 500MW(e)

Romênia

A Romênia tem 2 usinas nucleares (Cernavoda 1 e 2 – PHWR 650 MW) em

operação comercial com 17,5% da geração elétrica suprida por reatores

nucleares em 2008. As duas usinas são operadas pela SNN – Societatea

Nationala Nuclearelectrica. A AIEA não considera as usinas 3 e 4 como estando

“em construção”, mas, como se vê na foto, o processo está adiantado. Um

acordo entre seis companhias investidoras – ENEL (9,15%), CEZ (9,15%), GDF

Suez (9,15%), RWE Power (9,15%), Iberdrola (6,2%), and ArcelorMittal Galati

(6,2%) – e a SNN – Societatea Nationala Nuclearelectrica (51%) da Romênia –

foi assinado em 20 de novembro de 2008 para a conclusão dos reatores de

Cernavoda-3 e 4 (PHWR Candu – 750 MW cada), no mesmo sítio das usinas 1 e

2 em operação. Pelo acordo a empresa S.C. EnergoNuclear S.A. iniciará a

construção das usinas em março de 2009 a um custo estimado de 4 bilhões de

euros, estando as usinas previstas para entrar em operação comercial dentro de

seis anos.

Suécia

A Suécia possui 10 reatores nucleares em operação que produziram 63,9 TWh

de energia em 2008 e 3 fechados, sendo 1 por término de vida útil (Agesta) e 2

(Barsebäck) por decisão política. O aumento de capacidade dos reatores

existentes no país atingiu cerca de 1.150 MW e conseguiu praticamente

equivaler à capacidade dos 2 reatores Barsebäck-1 (BWR-600MW) e 2 (BWR-

143

Page 157: Conheça o plano de emergência da região

615 MW), fechados prematuramente em 2004 e 2005. A produção de energia

elétrica na Suécia é dominada por duas formas de geração – a hidroelétrica, com

cerca de 50% da capacidade, e a nuclear, com 45%. A expansão dessas

produções era limitada por legislações que protegiam os rios e proibiam a

construção de novos reatores. Em março de 2009, a legislação que bania a

construção de novos reatores foi oficialmente abolida pelas autoridades do país

e novos reatores poderão ser construídos para substituir os mais antigos quando

do término de vida útil ou para aumentar a capacidade de geração. Com um

parque gerador nuclear em que todos os reatores têm entre 20 e 38 anos de

operação, esse fato é muito importante no sentido de garantir a segurança de

suprimento de eletricidade ao país.

A Companhia de Gerenciamento de Combustível e Rejeitos – SKB, uma

empresa independente de propriedade dos operadores de usinas nucleares da

Suécia, escolheu, em junho de 2009, um sítio (Östhammar) localizado próximo à

Central Forsmark para sediar o depósito final de combustível irradiado do país. A

operação do depósito final pode ser possível em 2023 se for cumprido o

cronograma proposto.

Suíça

A Suíça possui 5 reatores nucleares em operação (3.352 MW de capacidade

instalada distribuída em reatores tipo PWR e BWR) que produziram 27,54 TWh

de energia em 2008, o que representa cerca de 39% da eletricidade gerada no

país. Essas usinas foram projetadas para operar por 50 anos, e só precisarão

ser substituídas a partir de 2020 (Mühleberg e Beznau I e II). Gösgen tem vida

útil até 2040, e Leibstadt até 2045.

A Suíça procura há tempos um local adequado para construir um depósito final

dos rejeitos atômicos. Por enquanto, ele é transportado para depósitos

intermediários em Sellafied (Inglaterra) e La Hague (França), mas deverá

retornar ao país quando houver essa determinação. A previsão da entrada em

operação dos depósitos para rejeitos é até 2024.

As autoridades federais suíças analisam três pedidos de construção de novas

usinas nucleares. De acordo com os pedidos das empresas BKW e Axpo, duas

novas usinas, com capacidade máxima de 1.600 MW cada uma, seriam

construídas perto de duas já existentes, em Beznau, no estado de Aarau (norte),

e Mühleberg (14 km a oeste de Berna, no centro do país). A terceira, da

144

Page 158: Conheça o plano de emergência da região

empresa Atel, seria na região de Gösgen / Solothurn (centro), com capacidade

instalada entre 1.100 e 1.600 megawatts. Se todas as três usinas forem

construídas, a partir de 2030 a Suíça disporá de 55 TWh de energia nuclear,

mais do que o dobro da produção atual.

Países Bálticos (Lituânia, Estônia, Bielorrússia e Latvia)

Por serem muito pequenos para assumir os custos da construção de uma usina

nuclear, os países bálticos querem se consorciar para a sua construção. Em

conjunto também podem se beneficiar de linhas de crédito a que têm direito no

Nordic Investment Bank. O projeto pode incluir também a Polônia. Já existe a

proposta para um reator (Visaginas) na Lituânia, em consórcio com a Estônia,

que os governos classificam como de implementação imediata para garantir

segurança energética e aliviar a dependência do gás importado da Rússia, além

de ajudar no cumprimento de metas europeias de redução de emissões de

gases do efeito estufa.

A Lituânia vem tentando manter em funcionamento até 2012 sua única usina

nuclear em operação, Ignalia 2 (1.300-MW RBMK), cujo fechamento irá provocar

um racionamento de energia, além da redução do PIB – Produto Interno Bruto –

em até 3% conforme estudo do Swedish Bank – SEB. A previsão de

desligamento da usina é no final de 2009, conforme o termo de adesão do país à

União Europeia. A Bielorrússia assinou, em março de 2009, acordo com a

Rússia, por intermédio da sua Atomstroyexport, para a construção da primeira

usina nuclear do país. Segundo o governo, se não ocorrerem contratempos as

obras começarão em 2010 e a usina será comissionada em 2016.

Polônia

A Polônia já acena com a possibilidade de construir sua primeira central até

2020, tentando dessa forma iniciar a alteração de sua matriz elétrica, hoje

calcada em carvão (94%), para reduzir suas emissões de CO2.

África / Oriente Médio / Países Árabes

O excepcional interesse em todo o Oriente Médio fez com que o Egito e a

Turquia desenvolvessem ou reativassem seus programas. A Arábia Saudita e os

Emirados Árabes, além do Iêmen, também estão em conversações com diversos

países fornecedores de tecnologia nuclear, objetivando desenvolver as bases de

conhecimentos e preparar sua indústria para as futuras usinas. Outros países

(Arábia Saudita, Marrocos, Tunísia, Argélia) anunciaram a intenção de

desenvolver tecnologia e construir suas próprias usinas. Além destes, também o

145

Page 159: Conheça o plano de emergência da região

Iêmen e a Jordânia manifestaram seu interesse em construir suas primeiras

usinas nucleares.

China

A China tem 11 usinas nucleares em operação (9.608 MW), e o governo chinês

prevê a construção de 54 plantas nos próximos 30 anos. De acordo com a

empresa SNPTC – State Nuclear Power Technology Corporation, existem

atualmente 25 usinas em construção (com capacidade total de 26.020 MW), 9

reatores (10.000 MW) serão construídos até 2010 e 16 novos encontram-se

aprovados para início de construção. Todos os grandes fornecedores já fizeram

suas ofertas ao governo chinês, uma vez que esse é o maior negócio mundial

em geração nuclear da atualidade. Só para a Areva a China irá pagar 12 bilhões

de dólares por 2 EPR já contratados. A China, em 2008, produziu 65 TWh de

energia elétrica de fonte nuclear, o que significa que cerca de 2,15% de sua

energia elétrica vêm de reatores nucleares. O país pretende atingir 35 GW de

capacidade instalada nuclear em 2015, 55 GW em 2020 e 70 GW em 2025. Com

tal capacidade a China deverá chegar a 5% de geração por fonte nuclear em

2030. Em abril de 2009, em Zhejiang, iniciaram-se as obras do primeiro AP1000

no mundo, a usina Sanmen 1 (PWR 1.000 MW).

A opção chinesa pela energia nuclear está associada à grande demanda por

energia e à estratégia do governo de diversificar ao máximo sua matriz

energética para evitar colapsos no fornecimento. A matriz energética da China é

baseada, hoje, essencialmente, em carvão. O consumo per capita do país é

cerca de metade do brasileiro, mas a população é quase 7 vezes maior.

Coreia do Sul

A Coreia do Sul tem 20 reatores em operação (18.393 MW de capacidade

instalada). Em 2008 essas usinas nucleares produziram 150,95 TWh, que

representa cerca de 35,6% da energia consumida no país. São 5 as usinas em

construção, com a previsão de um incremento de 30 GW até 2015, sendo que

146

Page 160: Conheça o plano de emergência da região

cerca de 4.000 MW se encontram em obras e mais 3.000 MW têm seus

contratos assinados para o início da construção. Até 2020, segundo o governo

coreano, deverão ser construídas mais 8 centrais além das atualmente em

execução. O consumo de eletricidade per capita é cerca de 3 vezes maior que o

brasileiro. A política energética do país privilegia as iniciativas nucleares,

levando em consideração a segurança e a confiabilidade de suprimento de

energia, uma vez que a Coreia do Sul não dispõe de fontes energéticas em seu

território.

Índia

A Índia tem 17 reatores nucleares em operação (3.600 MW) que produziram em

2008 cerca de 2% da energia do país, que correspondeu a 13,17 TWh. Existem

atualmente 6 usinas sendo construídas (2.900 MW) e mais 8 PHWR de 700 MW

e 10 LWR de 1.000 MW estão planejadas oficialmente, com previsão de iniciar

suas obras até 2012. O mercado de fornecedores nucleares espera que até

2020 sejam encomendados 25 novos reatores (cerca de 20 GW) para fazer

frente às gigantescas necessidades de energia de um país com mais de 1,15

bilhão de habitantes e cujo consumo é apenas 4% da energia per capita dos

Estados Unidos ou 25% do consumo per capita do Brasil. A Índia desenvolve um

programa próprio de geração nuclear com ênfase em reatores PHWR (15

unidades), a maioria com 220MW de capacidade. Contudo, também possui 2

reatores BWR (150 MW cada).

A Índia não é signatária do TNP – Tratado de Não Proliferação de Armas

Nucleares, e vinha enfrentando problemas de fornecimento de combustível

nuclear para as suas usinas. Dos reatores em operação e em construção,

somente 6 estão abertos a inspeções pela AIEA. Em outubro de 2008, o Senado

americano suspendeu as restrições, que já duravam mais de 30 anos, ao

fornecimento de material sensível à Índia. Com isso as empresas americanas

estão autorizadas a fornecer implementos, equipamento e tecnologia nuclear ao

país. Em setembro de 2008 a organização Nuclear Suppliers Group – NSG

composta por 45 países fornecedores de material sensível e combustível nuclear

– modificou suas diretrizes de modo a permitir o atendimento do mercado

indiano. Espera-se que o país se torne grande comprador de urânio, uma vez

que importa 70% das suas necessidades em energia, o que equivale a comprar

90% da demanda nacional por combustível.

147

Page 161: Conheça o plano de emergência da região

Em setembro de 2009 o país anunciou suas intenções de se tornar um

exportador de reatores de potência de tecnologia própria – Advanced Heavy

Water Reactor (AHWR), que usaria urânio com baixo enriquecimento como

combustível, vindo a concorrer com outros fornecedores. Um sistema para

reprocessamento dos rejeitos nucleares está adiantado e ajudará muito a mitigar

o problema de escassez de energia do país

Irã

O Irã tem uma usina em construção (Bushehr, PWR 1.000 MW) desde 1975,

mas cujas obras foram paralisadas em 1980, após a revolução islâmica.

Recentemente, com o auxílio da Rússia, o empreendimento foi retomado,

estando em testes finais para a entrada em operação comercial.

O país planeja construir outros 5 reatores nucleares, para atingir cerca de 10%

da sua energia, conforme informa o governo, fazendo assim frente aos

racionamentos que têm ocorrido na região. O Irã tem um programa nuclear que

contempla beneficiamento e enriquecimento de urânio que, conforme a AIEA, é

inferior a 5%, mas que tem trazido grandes problemas ao país em relação à

comunidade internacional que o acusa de ter intenções bélicas no processo e de

já ter material suficiente para a construção de uma bomba nuclear. O país nega

essas intenções, uma vez que o enriquecimento para a fabricação de arma

nuclear deve ser em torno de 90%, e que todo o seu urânio se destina à geração

futura de energia elétrica. A Agência Internacional de Energia Atômica está

propondo um acordo no qual o Irã enviaria cerca de 75% de seu estoque de

cerca de 1,5 tonelada de urânio de baixo enriquecimento (LEU) para conversão

no exterior (provavelmente na Rússia), onde seria transformado em combustível

para alimentar um reator de pesquisas em Teerã.

Japão

O Japão tem 53 reatores em operação que, em 2008, produziram 251,75 TWh, o

que representa cerca de 25% da energia do país, que conta ainda 8 reatores em

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Page 162: Conheça o plano de emergência da região

manutenção e 2 usinas em construção, além de planos para ampliações de vida

útil e potência. Em maio de 2006, o Instituto Japonês de Economia (IEEJ) liberou

relatório informando que a energia elétrica no Japão até 2030 deverá ser 40% de

fonte nuclear e que, para isso, as usinas existentes deverão operar por 60 anos,

além de ser necessário construir pelo menos mais 10 unidades.

A queda de produção em 2008 deveu-se às paradas mais longas que o

planejado e à paralisação para realização de testes sísmicos da sua maior

central – Kashiwasaki-Kariwa, com 7 reatores com capacidade total de 8.212

MW – após o grande terremoto em julho de 2007, e também ao longo processo

de manutenção das usinas Hamaoka 1 e 2 (1.380 MW) que poderá durar até

2011. Em maio de 2009 a unidade 7 de Kashiwasaki-Kariwa retomou a operação

e, em setembro, a unidade 6 também o fez.

Paquistão

O Paquistão tem duas usinas nucleares em operação (Chasnupp 1, PWR 300

MW e Kanupp, PHWR – 125 MW) e uma em construção (Chasnupp 2, PWR 300

MW) na região do Punjab. Em 2008 foi gerado 1,7 TWh de eletricidade de fonte

nuclear , cerca de 2% do total do país no ano.

Em abril de 2009 foi noticiado que o governo paquistanês aprovou a construção

de mais dois reatores nucleares que se localizarão no Complexo de Chashma e

terão 340 MW de capacidade instalada cada um, sendo fornecidos pela China.

Uma vez que o Paquistão é detentor de armas nucleares, a China não revelou

detalhes da negociação para evitar ainda mais controvérsias nesse assunto.

Rússia

A Rússia tem 31 usinas em operação (sendo 15 delas com reator RBMK – o

mesmo modelo da usina ucraniana Chernobyl), 8 em construção (1 RBMK e 7

VVER) e 4 planejadas. Em julho de 2008 o diretor-geral da Rosatom – empresa

estatal nuclear russa –, Sr. Sergei Kiriyenko, declarou que o governo russo prevê

a construção de 42 usinas nucleares até 2020, o que corresponderá a cerca de

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Page 163: Conheça o plano de emergência da região

42 GW. Em 2008, o país produziu 152,05 TWh de eletricidade por fonte nuclear,

o que representou cerca de 17% de sua energia elétrica. O país pretende chegar

a 25% ou 30% até 2020. O consumo per capita do país é quase 3 vezes maior

que o brasileiro.

A eficiência da geração nuclear cresceu fortemente na última década (o fator de

disponibilidade passou de 56% para 76%), e toda a matriz energética está

tentando acompanhar o crescimento do consumo, que se tem mantido em níveis

bastante expressivos. O foco em geração nuclear pela política energética russa

visa a permitir a exportação de seu gás natural para a Europa – mais lucrativa do

que seu uso para a geração doméstica de eletricidade – e a substituição de seu

parque gerador, já no fim de sua vida útil.

A Rússia vem firmando uma série de acordos comerciais e de cooperação com

diversos países para construção de reatores, desenvolvimento e exploração de

combustíveis nucleares e pesquisa em geral na área nuclear, formando uma

grande rede de influência mundo afora, que, segundo seus dirigentes, permitirá

ao país ser fornecedor de 30% dos novos negócios na área nuclear. A crise

econômico-financeira do final de 2008 atingiu fortemente a economia russa com

a produção industrial caindo mais de 7% e, consequentemente, diminuindo o

consumo de energia. Apesar disso, seus dirigentes afirmam que os planos

nucleares serão apenas “alongados” no tempo, permitindo que as novas usinas

sejam conectadas mais tarde, em 2020.

Ucrânia

A Ucrânia tem 15 reatores em operação com capacidade instalada de 13.880

MW (13 VVER 1.000MW e 2 VVER 400 MW) e 4 unidades fechadas (a central

de Chenobyl – 3 RBMK 925 MW e 1 RBMK 725 MW). A central nuclear de

Zaporozhe, no Leste da Ucrânia, é a maior da Europa com 6 reatores tipo VVER

de 950 MW cada um. Em 2008 as usinas nucleares ucranianas produziram

89,84 TWh que representaram 47,40% da energia elétrica do país. As fontes

primárias de energia da Ucrânia são o urânio e o carvão, sendo que petróleo e

gás são importados da Rússia, que também fornece o combustível nuclear.

Em 2004 a Ucrânia completou, comissionou e pôs em operação comercial a

unidade 2 da central Khmelnitski (1.000MW – VVER), também a unidade 4

(1.000MW – VVER) da central Rovno foi comissionada e entrou em operação. A

empresa russa Atomstroyexport irá terminar a construção das unidades 3 e 4 da

central Khmelnitski (1.000MW – VVER, cada), conforme aprovado em outubro

de 2008. A construção havia sido suspensa em 1990. A usina 3 está com 75%

dos trabalhos concluídos e a usina 4 com 28%.

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Page 164: Conheça o plano de emergência da região

Vietnã

O ministro da Indústria e Comércio do Vietnã anunciou que o governo pretende

construir 2 centrais nucleares, com dois reatores cada uma, na província de Ninh

Thuan, que deverão estar em operação entre 2020 e 2022. A central 1 (Ninh

Thuan Nuclear Power Plant 1, com dois reatores) se localizará em Phuoc Dinh

Commune, no distrito de Ninh Phuoc, e a central 2 (Ninh Thuan Plant 2, com

dois reatores) em Vinh Hai Commune, distrito de Ninh Hai. A AIEA afirmou que o

Vietnã está bem preparado para começar a desenvolver um parque nuclear e

que apoiará o país no desenvolvimento de procedimentos de segurança e de

resposta a emergências. Atualmente já existe uma equipe de mais de 800

pessoas trabalhando nos institutos de energia, radiologia e segurança nuclear no

país. Um estudo de pré-viabilidade das usinas, preparado com a assessoria do

Japão (Japan Atomic Industrial Fórum-JAIF), será entregue ao Congresso

Nacional vietnamita até novembro de 2009 para as providências da construção,

se aprovado.

Ásia – Outros

As Filipinas, a Indonésia e a Malásia estão em processo de reavivamento de

seus antigos programas nucleares. No caso das Filipinas, inicialmente um grupo

de especialistas da AIEA foi convidado para organizar um processo

multidisciplinar e independente para verificar se a antiga usina nuclear Bataan

Nuclear Power Plant, que, apesar de pronta, nunca operou, pode ser ligada com

segurança, tornando-se uma alternativa local para a geração de energia.

Atualmente, está em vigor o contrato com a empresa coreana Kepco para a

execução desses mesmos estudos. A Malásia já tem luz verde de sua

população, que apoia a construção de usinas nucleares e está em processo de

reconstrução do conhecimento técnico necessário através de programas de

visitas técnicas e de treinamento para projeto, construção e operação de

centrais. A Armênia tem uma usina em operação (Armênia 2, VVER 400MW)

que é responsável por cerca de 40% da energia elétrica do país. Uma nova

usina já foi contratada e deverá ser construída até 2016 para substituir a

existente, que é muito antiga e enfrenta problemas quanto à sua segurança,

sendo que os países próximos têm demandado providências da AIEA.

Quais são as projeções da AIEA quanto ao crescimento da energia

nuclear?

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Page 165: Conheça o plano de emergência da região

As projeções da AIEA – Agência Internacional de Energia Atômica – mais

recentes quanto ao futuro da energia nuclear em qualquer cenário são

superiores às dos anos anteriores (cerca de 8% maiores), com a previsão de

510 GW de capacidade instalada total em 2030, no caso de menor crescimento,

e de até 810 GW para um alto crescimento, ou seja, mais que o dobro da

capacidade instalada atual.

A AIEA adotou a resolução de encorajar e dar suporte ao desenvolvimento de

aplicações nucleares em países em desenvolvimento com o intuito de reduzir a

imensa distância existente entre o consumo médio anual dos países

desenvolvidos (cerca de 8.600 kwh por habitante na OECD) e, por exemplo, o do

continente africano, que é 170 vezes menor, uma vez que a melhoria desse

indicador é a mola propulsora do progresso e do bem-estar da população mais

pobre.

Atualmente cerca de 50 países visam a ter fontes energéticas nucleares, e as

potências em expansão querem multiplicar o número de usinas em seu território.

Muitos governos consideram a ampliação internacional da energia nuclear uma

opção à mudança climática e uma alternativa às oscilações do preço dos

produtos energéticos, além de ser uma proteção à incerteza sobre os

combustíveis fósseis, mas a iminente expansão da energia nuclear em todo o

mundo requer que os governos atuem com responsabilidade nessa empreitada.

(EL-Baradei -28.10.2008 – United Nations General Assembly.)

As usinas, individualmente, estão produzindo mais devido ao aumento da

disponibilidade e/ou ampliação da capacidade instalada através das “Power

uprates”. Assim estão suprindo mais energia, substituindo as unidades velhas

que estão sendo fechadas com o término de suas vidas úteis. O Brasil, a Rússia,

a Hungria, a República Checa, a Eslovênia e Taiwan bateram recordes de

geração. Várias usinas tiveram seus melhores desempenhos em 2008.

As principais barreiras à opção nuclear dizem respeito à segurança das plantas,

à disposição dos rejeitos radioativos e à proliferação de armas nucleares, além

dos custos de construção e manutenção. O International Energy Outlook-2009

do Departamento de Energia dos Estados Unidos – DoE – prevê um aumento de

40% na geração nuclear até 2030, como forma a fazer frente às preocupações

dos países quanto ao aumento de preço dos combustíveis fósseis, à segurança

energética e à redução das emissões de gases do efeito estufa. China, Índia e

Estados Unidos são os três países que devem ter grande crescimento de seu

parque gerador nuclear devido, no caso americano, à necessária substituição

das usinas em final de vida útil e, na Índia e na China, para atender ao crescente

aumento de consumo da sua enorme população.

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Page 166: Conheça o plano de emergência da região

Para exemplificar apresentamos a seguir um gráfico da expansão projetada da

energia nuclear (2005-2030) nos três maiores consumidores de carvão –

Estados Unidos, China e Índia.

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