congresso parasitologia

4
XVI Congresso Brasileiro de Parasitologia Veterinária, Campo Grande, MS. LEMOS, T. D. 1 ; SILVA, A. V. 2 ; CORRÊA, R. G. B. 2 ; PINHO, M. C. 2 ; ALMOSNY, N. R. P. 3 1 Bolsista de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Clínica e Reprodução Animal, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil. 2 Vet Lab Análises Clínicas, Itaipava, Petrópolis, RJ, Brasil. 3 Professor Associado. Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil. E-mail: [email protected]

Upload: vetlab

Post on 24-Jul-2015

485 views

Category:

Health & Medicine


3 download

TRANSCRIPT

Page 1: Congresso parasitologia

XVI Congresso Brasileiro de Parasitologia Veterinária, Campo Grande, MS.

LEMOS, T. D. 1; SILVA, A. V. 2; CORRÊA, R. G. B. 2; PINHO, M. C. 2; ALMOSNY, N. R. P.3

1 Bolsista de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Clínica e Reprodução Animal, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil.2 Vet Lab Análises Clínicas, Itaipava, Petrópolis, RJ, Brasil.3 Professor Associado. Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil.

E-mail: [email protected]

Page 2: Congresso parasitologia

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1 HARRUS, S; WANER, T.; ELDOR, A.; ZWANG, E.; BARK, H. Platelet dysfunction associated with experimental acute canine ehrlichiosis. Veterinary Record, v.139,p. 290-293, 1996.2 INOKUMA, H.; BEPPU, T.; OKUDA, M.; SHIMADA, Y.; SAKATA, Y. Epidemiological survey of Anaplasma platys and Ehrlichia canis using ticks collected from dogs in Japan. Veterinary Parasitology, v. 115, p. 343-348, 2003.3 VARELA, A. S. Tick-borne ehrlichiae and rickettsiae of dogs. In: BOWMAN, D. D. Companion and Exotic Animal Parasitology. International Veterinary Information Service (www.ivis.org), May, 2003.4 BREITSCHWERDT, E. B. As riquetsioses. In: ETTINGER, S. J. & FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. 4ª ed. São Paulo. Ed. Manole LTDA.v. 1, p.543-553, 1997.5 FERREIRA, R. F.; CERQUEIRA, A. M. F.; PEREIRA, A. M.; GUIMARÃES, C. M.; SÁ, A. G.; ABREU, F. S.; MASSARD, C. L.; ALMOSNY, N. R. P. Anaplasma platys diagnosis in dogs: comparison between morphological and molecular tests. Intern J Appl Res Vet Med. v.5, n.3, p.113-118, 2007.6 BAKER, D.C.; GAUNT, S.D.; BABIN, S.S. Anemia of inflammation in dogs infected with Ehrlichia platys. American Journal of Veterinary Research.v.49, n. 7, 1988.7 BREITSCHWERDT, E. B. Infectious thrombocytopenia in dogs. Compedium on Continuing Education for the Practicing Veterinarian. V.10, n. 10, p.1177-1184, 1988.8 WANER, T.; HARRUS, S.; WEISS, D. J.; BARK, H.; KEYSARY, A. Demonstration of serum antiplatelets in experimental acute canine ehrlichiosis. Veterinary Imunology and Immunopathology. V. 48,p. 177-182, 1995.9 MACIEIRA, D. B.; MESSICK, J. B.; CERQUEIRA, A. M. F.; FREIRE, I. M. A.; LINHARES, G. F. C.; ALMEIDA, N. K. O.; ALMOSNY, N. R. P. Prevalence of Ehrlichia canis infection in thrombocytopenic dogs from Rio de Janeiro, Brazil. Veterinary Clinical Pathology. v. 34, n.1, p. 44-8, 2005.10 DAGNONE, A. S.; MORAIS, H. S.; VIDOTTO, M. C., JOJIMA, F. S.; VIDOTTO, O. Ehrlichiosis in anemic, thrombocytopenic, or tick-infested dogs from a hospital population in South Brazil. Veterinary Parasitology. v. 117, p. 285-290, 2003.11 BUSH, B. M. Interpretação de resultados laboratoriais para clínicos de pequenos animais. 1 ed. Roca: São Paulo, 2004.

Avaliação das alterações hematológicas de cães naturalmente infectados por Anaplasma platys no município de Petrópolis, RJ.

LEMOS, T. D. 1; SILVA, A. V. 2; CORRÊA, R. G. B. 2; PINHO, M. C. 2; ALMOSNY, N. R. P.3

1 Bolsista de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Clínica e Reprodução Animal, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil.2 Vet Lab Análises Clínicas, Itaipava, Petrópolis, RJ, Brasil.3 Professor Associado. Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil. E-mail: [email protected]

INTRODUÇÃOAnaplasma platys é uma Rickettsia que infecta cães de todas as idades e raças, sendo encontrada em várias regiões do Brasil e do mundo1,2. Este microorganismo é observado no interior de plaquetas e é o agente causador da Trombocitopenia Cíclica Canina3. O diagnóstico de A. platys pode ser realizado através de microscopia óptica, detecção de anticorpos por imunofluorescência indireta e amplificação de DNA por meio da Reação em Cadeia da Polimerase. Embora a visualização de mórulas em plaquetas seja descrito como sendo de baixa sensibilidade, pois o parasitismo, principalmente em animais trombocitopênicos, é baixo, o encontro de formas parasitárias é de alta especificidade e um método rápido e de baixo custo4,5. As principais alterações laboratoriais incluem trombocitopenia, plaquetas gigantes, anemia, leucopenia e monocitose. O objetivo deste trabalho foi avaliar as alterações hematológicas de cães naturalmente infectados por Anaplasma platys no município de Petrópolis, região serrana do estado do Rio de Janeiro.

MÉTODOSForam analisados hemogramas e capa leucocitária de 40 cães positivos para Anaplasma platys no período de Novembro de 2008 a Junho de 2010. Os hemogramas foram realizados utilizando aparelho automático modelo ABC Vet, fabricante ABX-s. Os esfregaços sanguíneos foram corados utilizando o método “Diff-Quick”. Após as contagens, as lâminas coradas foram avaliadas em microscopia de imersão, para realização da pesquisa de hemoparasitas em capa leucocitária. O diagnóstico de anaplasmose foi realizado através de microscopia óptica pela visualização do parasita em plaquetas (Figura 1). Os resultados dos hemogramas foram avaliados de acordo com os valores de referência do quadro 1.

RESULTADOS E DISCUSSÃODentre as alterações encontradas no eritrograma a anemia foi o achado mais consistente (62,5%) nos animais infectados. Analisando a contagem de reticulócitos, observa-se que 73,91% dos animais, apresentaram anemia arregenerativa, enquanto em 26,09% dos animais observou-se anemia regenerativa. A anemia que ocorre durante a doença clínica é classificada como normocítica normocrômica, semelhante à descrita na anemia da doença inflamatória, sendo a sua ocorrência multifatorial e mediada por citocinas secretadas durante a inflamação6,7,8.Trombocitopenia foi observada em 87,5% dos hemogramas avaliados. A trombocitopenia é um achado frequente em cães com anaplasmose5,9. A diminuição do número de plaquetas pode ser justificada pela multiplicação do parasito, que, após a repetição de sucessivos ciclos, passa a ocorrer por mecanismos imunomediados10. Os parâmetros hematológicos (série vermelha e plaquetas) aferidos no presente trabalho estão representados na tabela 1.

HEMOGRAMAParâmetros Valores de referência *

Hemácias (cels / µL) 5.500.000 a 8.500.000Hematócrito (%) 37 a 55Hemoglobina (g / dL)  12,0 a 18,0VGM (fentolitros)  60,0 a 77,0CHGM (%)  31,0 a 37,0 Reticulócitos Absolutos (cels / µL) 27.500 a 55.000Leucometria global (cels / µL) 6.000 a 17.000Basófilos (cels / µL) 0Eosinófilos (cels / µL) 100 a 1.200Neutrófilos bastonetes (cels / µL) 0 a 500Neutrófilos segmentados (cels / µL) 3.000 a 11.000Linfócitos (cels / µL) 1.000 a 5.000Monócitos (cels / µL) 100 a 1.300Plaquetas (cels / µL) 150.000 a 700.000

No leucograma, as alterações encontradas foram: eosinopenia (72,5%), monocitose (45%), leucocitose (27,5%), neutrofilia (27,5%), linfopenia (25%), leucopenia (17,5%), linfocitose (7,5%) e neutropenia (5%). Leucocitose com desvio nuclear à esquerda foi observada em 5% dos caninos. Eosinopenia pode ocorrer em animais submetidos a estresse agudo ou prolongado e infecções agudas, incluindo Anaplasma platys11. Os parâmetros hematológicos (série branca) aferidos no presente trabalho estão representados na tabela 2. As alterações encontradas na microscopia óptica foram: monócitos ativados (32,5%), anisocitose (15%), policromasia (10%), linfócitos reativos (10%) e macroplaquetas (2,5%).

Tabela 2: Parâmetros hematológicos (série branca), médias e desvio padrão dos animais utilizados no presente estudo.

Quadro 1: Valores de referência para parâmetros hematológicos de cães.

* VetLab Análises Clínicas Veterinárias Ltda

Legenda: Leuc: Leucócitos; Bast: Neutrófilos Bastonetes; Seg: Neutrófilos Segmentados; Linf: Linfócitos; Mon: Monócitos; Eos: Eosinófilos; Ref: Referência.

Figura 1: Anaplasma platys em plaqueta de cão(seta). Microscopia de imersão (1000x). Coloração: Instant-Prov, NewProv.

CONCLUSÃOEste estudo permitiu concluir que Anaplasma platys pode causar diversas alterações hematológicas, sendo anemia arregenerativa, eosinopenia, monocitose e trombocitopenia os achados mais consistentes.

Parâmetros Leuc(cels/µL)

Bast (cels/µL)

Seg(cels/µL)

Linf(cels/µL)

Mon(cels/µL)

Eos(cels/µL)

Média

Total 15098 270,55 11074,52 2121,8 1542,52 129,35Acima Ref 31636 3902 24705 5844 2746 0Abaixo Ref 4357,14 0 2370 499,7 0 7,24Dentro Ref 10245,45 201,2 6166,15 2309,04 557,81 451,27

Valor Máximo 78000 4680 65520 6804 7718 1164Valor Mínimo 3000 0 2340 135 148 0% Acima Ref 27,5 5 27,5 7,5 45 0% Abaixo Ref 17,5 0 5 25 0 72,5% Dentro Ref 55 95 67,5 67,5 55 27,5

Desvio Padrão 14002,92 872,66 11928,58 1586,01 1595,88 288,50

Tabela 1: Parâmetros hematológicos (série vermelha e plaquetas), médias e desvio padrão dos animais avaliados no presente estudo.

Legenda: He: Hemácias; Ht: Hematócrito; Hb: Hemoglobina; VGM: Volume Globular Médio; CHGM: Concentração de Hemoglobina Globular Média; Retic Abs: Reticulócitos Absolutos; Ref: Referência.* Número de animais avaliados = 23

Parâmetros He(cels/µL)

Ht (%)

Hb(g/dL)

VGM (fL)

CHGM(%)

Retic Abs

Plaquetas

Média

Total 4,97 33,10 11,25 66,7 33,82 33555 98250Acima Ref 0 0 0 0 0 73415 0Abaixo Ref 3,90 26,48 8,66 46 30 9001 79514,28Dentro Ref 6,30 44,13 14,01 67,23 34,03 34465,71 229400

Valor Máximo 7,87 53 17,4 77 37 104470 370000Valor Mínimo 1,15 8 2,5 46 30 4860 31000% Acima Ref 0 0 0 0 0 26,09 * 0% Abaixo Ref 57,5 62,5 57,5 2,5 5 43,48 * 87,5% Dentro Ref 42,5 37,5 42,5 97,5 95 30,43 * 12,5

Desvio Padrão 1,54 10,63 3,75 5,23 1,87 28705,68 65636,82

Page 3: Congresso parasitologia

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1 O´DWYER, L. H. & MASSARD, C. L. Babesiose em pequenos animais domésticos e como zoonose. In: ALMOSNY, N. R. P. Hemoparasitoses em pequenos animais domésticos e como zoonoses. 1ª ed. Rio de Janeiro. L. F. Livros de Veterinária LTDA. p. 57-67, 2002.2 DUH, D.; TOZON, N.; PETROVEC, M.; STRASEK, K.; AVSIC-ZUPANC, T. Canine babesiosis in Slovenia: molecular evidence of Babesia canis canis and Babesia canis vogeli. Veterinary Research. v.35, p. 363-368, 2004.3 UILENBERG, G.; FRANSSEN, F. F.; PERIE, N. M.; SPANJER A. A. Three groups of Babesia canis distinguished and a proposal for nomenclature. The Veterinary Quarterly. v.11, n.1, p. 33-40, 1989.4 ZAHLER, M., RINDER, H., SCHEIN, E., GOTHE, R. Detection of a new pathogenic Babesia microti-like species in dogs. Veterinary Parasitology, v. 89, p. 241-248, 2000.5 BIRKENHEUER, A. J.; NEEL, J.; RUSLANDER, D.; LEVY, M. G.; BREITSCHWERDT, E. B. Detection and molecular characterization of a novel large Babesia species in a dog. Veterinary Parasitology. v.124,p.151-160, 2004. 6 KJEMTRUP, A. M. & CONRAD, P. A. A review of the small canine piroplasms from California: Babesia conradae in the literature. Veterinary Parasitology, v. 138, p. 112-117, 2006.7 SOLLANO-GALLEGO, L; TROTTA, M.; CARLI, E.; CARCY, B.; CALDIN, M.; FURLANELLO, T. Babesia canis canis and Babesia canis vogeli clinicopathological findings and DNA detection by means of PCR-RFLP in blood from Italian dogs suspected of tick-borne disease. Veterinay Parasitology, v. 157, p. 211-221, 2008.8 MATHE, A.; VOROS, K.; PAPP, L.; REICZIGEL, J. Clinical manifestations of canine babesiosis in Hungary (63 cases). Acta Veterinaria Hungarica. v. 54, n.3, p. 367-85, 2006.9 ABDULLAHI, S. U.; MOHAMMED, A. A.; TRIMNELL, A. S.; ALAFIATAYO, R. Clinical and haematological findings in 70 naturally occurring cases of canine babesiosis. Journal of Small Animal Practice. v.31, p.145-147, 1990.10 BUSH, B. M. Interpretação de resultados laboratoriais para clínicos de pequenos animais. 1 ed. Roca: São Paulo, 2004.

Avaliação das alterações hematológicas de cães naturalmente infectados por Babesia spp. no Município de Petrópolis, RJ.

LEMOS, T. D. 1; SILVA, A. V. 2; CORRÊA, R. G. B. 2; PINHO, M. C. 2; ALMOSNY, N. R. P.3

1Bolsista de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Clínica e Reprodução Animal, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil.2 Vet Lab Análises Clínicas, Itaipava, Petrópolis, RJ, Brasil.3 Professor Associado. Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil. E-mail: [email protected]

INTRODUÇÃOBabesiose canina é uma doença causada pelo protozoário Babesia spp. São parasitas intraeritrocitários, tem como vetor o carrapato e acometem cães de todo mundo1,2. Os agentes etiológicos responsáveis pela babesiose canina já descritos são: Babesia canis, B. gibsoni, B. conradae, Theileria annae e uma nova espécie de Babesia identificada na Carolina do Norte, Estados Unidos3,4,5,6. O protocolo diagnóstico da babesiose canina inclui os achados clínicos, o diagnóstico parasitológico, testes sorológicos e moleculares. O diagnóstico parasitológico é realizado observando-se o parasito no exame do esfregaço sanguíneo, pela coloração de Giemsa. A possibilidade de se encontrar o parasito se eleva muito nos casos agudos, quando o animal encontra-se febril1,7. Os achados laboratoriais mais comumente observados são: trombocitopenia leve a grave, linfopenia, neutropenia e anemia. Anemia regenerativa, com presença de reticulócitos, anisocitose e policromasia, é o achado mais consistente1,2,8. O objetivo deste trabalho foi avaliar as alterações hematológicas de cães naturalmente infectados por Babesia spp. no município de Petrópolis, região serrana do estado do Rio de Janeiro.

MÉTODOSForam analisados hemogramas e capa leucocitária de 140 cães positivos para Babesia spp. no período de Novembro de 2008 a Junho de 2010. Os hemogramas foram realizados utilizando aparelho automático modelo ABC Vet, fabricante ABX-s. Os esfregaços sanguíneos foram corados utilizando o método “Diff-Quick”. Após as contagens, as lâminas coradas foram avaliadas em microscopia de imersão, para realização da pesquisa de hemoparasitas em capa leucocitária. O diagnóstico de babesiose foi realizado através de microscopia óptica pela visualização do parasita em eritrócitos (Figura 1). Os resultados dos hemogramas foram avaliados de acordo com os valores de referência do quadro 1.

RESULTADOS E DISCUSSÃODentre as alterações encontradas no eritrograma, a anemia foi o achado mais consistente (92,14%) nos animais infectados. Analisando a contagem de reticulócitos, observa-se que 57,36% dos animais apresentaram anemia regenerativa, enquanto em 42,64% dos animais observou-se anemia arregenerativa. Na babesiose canina, o achado mais consistente do hemograma é a ocorrência de anemia regenerativa, com presença de reticulócitos, anisocitose e policromasia1,9, coerente com o quadro hemolítico causado pelo parasito. No presente trabalho, a observação de anemia arregenerativa em animais infectados por Babesia spp. pode estar relacionada a imunocompetência do hospedeiro e/ou à subespécie envolvida1,3. Trombocitopenia foi observada em 95,71% dos hemogramas avaliados A trombocitopenia é um achado muito comum na babesiose canina8. Os mecanismos da trombocitopenia na babesiose canina não são suficientemente claros, mas acredita-se que ocorra o aumento da destruição ou do consumo plaquetário devido ao dano direto às plaquetas, coagulação intravascular disseminada, ligação das plaquetas ao endotélio vascular, destruição plaquetária imunomediada ou seqüestro plaquetário esplênico10. Os parâmetros hematológicos (série vermelha e plaquetas) aferidos no presente trabalho estão representados na tabela 1.

HEMOGRAMAParâmetros Valores de referência *

Hemácias (cels / µL) 5.500.000 a 8.500.000Hematócrito (%) 37 a 55Hemoglobina (g / dL)  12,0 a 18,0VGM (fentolitros)  60,0 a 77,0CHGM (%)  31,0 a 37,0 Reticulócitos Absolutos (cels / µL) 27.500 a 55.000Leucometria global (cels / µL) 6.000 a 17.000Basófilos (cels / µL) 0Eosinófilos (cels / µL) 100 a 1.200Neutrófilos bastonetes (cels / µL) 0 a 500Neutrófilos segmentados (cels / µL) 3.000 a 11.000Linfócitos (cels / µL) 1.000 a 5.000Monócitos (cels / µL) 100 a 1.300Plaquetas (cels / µL) 150.000 a 700.000

No leucograma, as alterações encontradas foram: eosinopenia (74,29%), leucopenia (27,14%), linfopenia (26,43%), neutropenia (22,14%), monocitose (15%), neutrofilia (10%), leucocitose (7,14%), linfocitose (4,28%) e monocitopenia (3,57%). Leucocitose com desvio nuclear à esquerda foi observada em 16,43% dos caninos. Eosinopenia pode ocorrer em animais submetidos a estresse agudo ou prolongado e infecções agudas, incluindo Babesia sp.10. Os parâmetros hematológicos (série branca) aferidos no presente trabalho estão representados na tabela 2. As alterações encontradas na microscopia óptica foram: monócitos ativados (75%), policromasia (40%), anisocitose (39,28%) e linfócitos reativos (27,85%).

Tabela 1: Parâmetros hematológicos (série vermelha e plaquetas), médias e desvio padrão dos animais avaliados no presente estudo.

Tabela 2: Parâmetros hematológicos (série branca), médias e desvio padrão dos animais utilizados no presente estudo.

Quadro 1: Valores de referência para parâmetros hematológicos de cães.

* VetLab Análises Clínicas Veterinárias Ltda

Legenda: He: Hemácias; Ht: Hematócrito; Hb: Hemoglobina; VGM: Volume Globular Médio; CHGM: Concentração de Hemoglobina Globular Média; Retic Abs: Reticulócitos Absolutos; Ref: Referência.* Número de animais avaliados = 129

Legenda: Leuc: Leucócitos; Bast: Neutrófilos Bastonetes; Seg: Neutrófilos Segmentados; Linf: Linfócitos; Mon: Monócitos; Eos: Eosinófilos; Ref: Referência.

CONCLUSÃOAtravés deste estudo, foi possível concluir que Babesia spp. pode causar diversas alterações hematológicas nos cães, notadamente os do município de Petrópolis, sendo anemia, eosinopenia e trombocitopenia os achados mais comuns.

Parâmetros He(cels/µL)

Ht (%)

Hb(g/dL)

VGM (fL)

CHGM(%)

Retic Abs

Plaquetas

Média

Total 3,44 23,72 7,89 69,63 33,09 71763,33 61892,86Acima Ref 0 0 0 80,58 0 101315 0Abaixo Ref 3,27 22,45 7,41 0 26,17 13049,47 55223,88Dentro Ref 6,20 40,3 12,56 97,90 33,40 42006,11 210833,33

Valor Máximo 6,97 42 15,1 89 37 396600 272000Valor Mínimo 0,83 6 2 60 15 3500 13000% Acima Ref 0 0 0 13,57 0 57,36 * 0% Abaixo Ref 94,28 92,86 92,14 0 4,28 14,73 * 95,71% Dentro Ref 5,71 7,14 7,86 86,43 95,72 27,91 * 4,29

Desvio Padrão 1,22 7,88 2,74 5,86 2,43 56702,75 40934,88

Parâmetros Leuc(cels/µL)

Bast (cels/µL)

Seg(cels/µL)

Linf(cels/µL)

Mon(cels/µL)

Eos(cels/µL)

Média

Total 8977,14 319,96 5801,45 1982,44 815,62 77,91Acima Ref 23320 1353,43 14638,42 5599,83 2784,33 0Abaixo Ref 4057,89 0 2223,06 605,43 67,4 11,19Dentro Ref 9450 184,67 5666,84 2283,93 485,78 270,64

Valor Máximo 35900 8970 30515 6944 8901 1120Valor Mínimo 500 0 150 50 30 0% Acima Ref 7,14 16,43 10 4,28 15 0% Abaixo Ref 27,14 0 22,14 26,43 3,57 74,29% Dentro Ref 65,72 83,57 67,86 69,28 81,43 25,71

Desvio Padrão 5408,80 836,64 3976,72 1303,97 1088,76 148,94

Figura 1: Babesia spp. parasitando hemácias. Microscopia de imersão (1000x). Coloração: Instant-Prov, NewProv.

Page 4: Congresso parasitologia

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1 SCOTARCZAC, B. Canine ehrlichiosis. Annals of Agricultural and Environmental Medicine. v.10, n.2, p.137-41, 2003.2 VARELA, A. S. Tick-borne ehrlichiae and rickettsiae of dogs. In: BOWMAN, D. D. Companion and Exotic Animal Parasitology. International Veterinary Information Service, May, 2003.3 COUTO, C.G. Doenças Rickettsiais. In: BIRCHARD, S.J. & SHERDING R. G. Manual Sauders. Clínica de Pequenos Animais. 4a ed. São Paulo. Ed. Roca LTDA.p.139-140,1998.4 WANER, T. & HARRUS, S. Canine monocytic ehrlichiosis (CME). In: CARMICHAEL, L. E. Recent Advances in Canine Infectious Diseases. International Veterinary Information Service, Apr, 2000.5 SANTARÉM, V. A. Achados epidemiológicos, clínicos e hematológicos comparação de técnicas para diagnóstico de Ehrlichia canis. 2003. 130 f. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2003.6 BROWN, G.; CANFIELD,P.; DUNSTAN, R.; ROBERTS, T.; MARTIN, A.; BROWN, C.; IRVING, R. Detection of Anaplasma platys and Babesia canis vogeli and their impact on platelet numbers in free-roaming dogs associated with remote aboriginal communities in Australia. Australian Veterinary Journal.v. 84, n.9, p. 321-5, 2006.7 ALMOSNY, N. R. P. & MASSARD, C. L. Erliquiose em pequenos animais domésticos e como zoonose. In: ALMOSNY, N. R. P. Hemoparasitoses em pequenos animais domésticos e como zoonoses. 1ª ed. Rio de Janeiro. L. F. Livros de Veterinária LTDA. p. 13-56, 2002.8 BUSH, B. M. Interpretação de resultados laboratoriais para clínicos de pequenos animais. 1 ed. Roca: São Paulo, 20049 BULLA, C.; TAKAHIRA, R. K.; ARAUJO, J. P. Jr; TRINCA, L.A.; LOPES, R.S.; WIEDMEYER, C.E. The relationship between the degree of thrombocytopenia and infection with Ehrlichia canis in an endemic area. Veterinary Research. v. 35, n.1, p.141-6, 2004.

Parâmetros Leuc(cels/µL)

Bast (cels/µL)

Seg(cels/µL)

Linf(cels/µL)

Mon(cels/µL)

Eos(cels/µL)

Média

Total 8015 149 5109,13 1815,61 871,19 70,05Acima Ref 23533,33 683,17 16094 14171 2305,45 0Abaixo Ref 4443,47 0 2123,63 578,89 0 10,82Dentro Ref 9093,94 181,08 5345,46 2157,59 542,5 260,43

Valor Máximo 29300 1172 19608 22854 3720 625Valor Mínimo 1800 0 1062 115 103 0% Acima Ref 5,08 10,17 3,39 3,39 18,64 0% Abaixo Ref 38,98 0 18,64 47,46 0 76,27% Dentro Ref 55,93 89,83 77,97 49,15 81,36 23,73

Desvio Padrão 4704,39 230,81 2872,98 3033,22 804,96 136,45

Avaliação das alterações hematológicas de cães naturalmente infectados por Ehrlichia sp. no município de Petrópolis, RJ.

LEMOS, T. D. 1; SILVA, A. V. 2; CORRÊA, R. G. B. 2; PINHO, M. C. 2; ALMOSNY, N. R. P.3

1 Bolsista de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Clínica e Reprodução Animal, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil.2 Vet Lab Análises Clínicas, Itaipava, Petrópolis, RJ, Brasil.3 Professor Associado. Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil. E-mail: [email protected]

INTRODUÇÃOEhrlichiose é uma moléstia que acomete cães de todas as idades e raças, sendo distribuída em várias regiões do Brasil e do mundo. São bactérias intracelulares obrigatórias, gram-negativas, com tropismo pelas células hematopoiéticas1. As espécies de Ehrlichia que infectam cães compreendem E. ewingii, que é o agente da Ehrlichiose Granulocítica Canina e invade neutrófilos. Ehrlichia canis e E. chaffensis invadem células mononucleares e causam a Ehrlichiose Monocítica Canina2. O diagnóstico de Ehrlichia spp. pode ser realizado pelos achados hematológicos, sinais clínicos, citologia, testes sorológicos e moleculares2,3. A análise do sangue periférico a partir de preparações da capa leucocitária pela demonstração direta de mórulas em células mononucleares é uma técnica de fácil realização, de baixo custo e com maior sensibilidade na fase aguda4,5. As alterações laboratoriais incluem trombocitopenia, anemia, leucopenia ou leucocitose e monocitose6. O objetivo deste trabalho foi avaliar as alterações hematológicas de cães naturalmente infectados por Ehrlichia sp. no município de Petrópolis, região serrana do estado do Rio de Janeiro.

MÉTODOSForam analisados hemogramas e capa leucocitária de 59 cães positivos para Ehrlichia sp. no período de Novembro de 2008 a Junho de 2010. Os hemogramas foram realizados utilizando aparelho automático modelo ABC Vet, fabricante ABX-s. Os esfregaços sanguíneos foram corados utilizando o método “Diff-Quick”. Após as contagens, as lâminas coradas foram avaliadas em microscopia de imersão, para realização da pesquisa de hemoparasitas em capa leucocitária. O diagnóstico de ehrlichiose foi realizado pela visualização de mórula(s) do parasita em monócitos (Figura 1). Os resultados do hemograma foram avaliados de acordo com os valores de referência do quadro 1.

RESULTADOS E DISCUSSÃODentre as alterações encontradas no eritrograma, a anemia foi o achado mais consistente (83,05%). Nos animais que apresentaram anemia, 78 % apresentaram anemia arregenerativa, enquanto 22 % dos animais apresentaram anemia regenerativa.. Anemia arregenerativa ocorre devido a ausência ou diminuição de reticulócitos na circulação devido a distúrbios medulares causados pela infecção por Ehrlichia sp.7,8. Trombocitopenia foi observada em 98,3% dos hemogramas avaliados. Trombocitopenia é um achado marcante em infecções por Ehrlichia sp.3,8. Os mecanismos da trombocitopenia podem envolver destruição imune (principalmente na fase aguda), decréscimo na produção (fase crônica), aumento do consumo plaquetário, decréscimo da meia-vida das plaquetas, seqüestro esplênico, ou secundário ao aumento do fator de inibição da migração plaquetária9. Os parâmetros hematológicos (série vermelha e plaquetas) aferidos no presente trabalho estão representados na tabela 1.

HEMOGRAMAParâmetros Valores de referência *

Hemácias (cels / µL) 5.500.000 a 8.500.000Hematócrito (%) 37 a 55Hemoglobina (g / dL)  12,0 a 18,0VGM (fentolitros)  60,0 a 77,0CHGM (%)  31,0 a 37,0 Reticulócitos Absolutos (cels / µL) 27.500 a 55.000Leucometria global (cels / µL) 6.000 a 17.000Basófilos (cels / µL) 0Eosinófilos (cels / µL) 100 a 1.200Neutrófilos bastonetes (cels / µL) 0 a 500Neutrófilos segmentados (cels / µL) 3.000 a 11.000Linfócitos (cels / µL) 1.000 a 5.000Monócitos (cels / µL) 100 a 1.300Plaquetas (cels / µL) 150.000 a 700.000

No leucograma, as alterações encontradas foram: eosinopenia (76,27%), linfopenia (47,46%), leucopenia (38,98%), monocitose (18,64%), neutropenia (18,64%), leucocitose (5,08%), neutrofilia (3,39%) e linfocitose (3,39%). Leucocitose com desvio nuclear à esquerda foi observada em 10,17% dos caninos. Eosinopenia e linfopenia podem ocorrer em animais submetidos a estresse agudo ou prolongado e infecções agudas, incluindo Ehlichia sp.8. Os parâmetros hematológicos (série branca) aferidos no presente trabalho estão representados na tabela 2. As alterações encontradas na microscopia óptica foram: monócitos ativados (83,05%), linfócitos reativos (27,11%), policromasia (3,38%) e anisocitose (3,38%).

Tabela 2: Parâmetros hematológicos (série branca), médias e desvio padrão dos animais utilizados no presente estudo.Quadro 1: Valores de referência para parâmetros hematológicos de cães.

* VetLab Análises Clínicas Veterinárias Ltda

Legenda: Leuc: Leucócitos; Bast: Neutrófilos Bastonetes; Seg: Neutrófilos Segmentados; Linf: Linfócitos; Mon: Monócitos; Eos: Eosinófilos; Ref: Referência.

Figura 1: Mórula de Ehrlichia sp. em monócito (seta).Microscopia de imersão (1000x). Coloração: Instant-Prov, NewProv.

CONCLUSÃOAtravés deste estudo, foi possível concluir que Ehrlichia spp. pode causar diversas alterações hematológicas, sendo anemia, eosinopenia, linfopenia e trombocitopenia os achados mais observados. Embora a monocitose tenha sido observada em apenas 18,64% dos cães, a vacuolização dos monócitos, na maioria dos animais positivos, foi considerada relevante.

Parâmetros He(cels/µL)

Ht (%)

Hb(g/dL)

VGM (fL)

CHGM (%)

Retic Abs

Plaquetas

Média

Total 4,56 30,30 10,17 66,42 33,73 34639 63288,13Acima Ref 0 0 0 0 0 89727,27 0Abaixo Ref 4,10 27,55 9,04 0 29 10368,52 61396,55Dentro Ref 6,28 43,80 13,38 66,42 33,81 38749,17 173000

Valor Máximo 7,19 50 16,5 76 37 157560 173000Valor Mínimo 2,27 14 3,6 60 29 3780 21000% Acima Ref 0 0 0 0 0 22 * 0% Abaixo Ref 79,66 83,05 77,97 0 1,70 54 * 98,30% Dentro Ref 20,34 16,95 22,03 100 98,30 24 * 1,69

Desvio Padrão 1,18 8,13 2,84 4,07 1,90 28990,08 31282,39

Tabela 1: Parâmetros hematológicos (série vermelha e plaquetas), médias e desvio padrão dos animais utilizados no presente estudo.

Legenda: He: Hemácias; Ht: Hematócrito; Hb: Hemoglobina; VGM: Volume Globular Médio; CHGM: Concentração de Hemoglobina Globular Média; Retic Abs: Reticulócitos Absolutos; Ref: Referência.* Número de animais avaliados= 50