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CONGRESSO NACIONAL Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização 6 O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Há número regimental para abertura dos trabalhos. Declaro iniciada a primeira reunião da 5ª Sessão Legislativa Extraordinária da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, destinada à apreciação das matérias constantes nas Pautas nºs 38 e 39. quorum para deliberação nas duas Casas. Passa-se à leitura do expediente: A correspondência recebida pela Secretaria da Comissão foi enviada aos membros e lideranças partidárias via correio eletrônico em 27 de dezembro de 2005, e está disponível sobre a mesa de trabalhos. Solicito ao Departamento de Taquigrafia que inclua o expediente nas notas taquigráficas, neste momento da reunião. I) Correspondência recebida interna: 1) Ofício nº 3.008, de 20 de dezembro, do Presidente do Senado Federal, Senador Renan Calheiros, encaminhando decisão proferida ao recurso interposto pelos Coordenadores das Bancadas Estaduais da Região Sudeste. 2) Ofício nº 1, de 21 de dezembro, do Deputado Chicão Brígido, solicitando que sejam aceitas e consignadas suas emendas ao PLOA/2006. - Expedientes encaminhando justificativas de falta às reuniões da Comissões: 1) Ofício 780, de 15 de dezembro do Gabinete do Senador Mozarildo Cavalcanti. Ausência no período de 13 a 15 de dezembro. 2) Ofício 124, de 21 de dezembro do Deputado Luiz Bittencourt. Ausência no dia 14 de dezembro. - Expediente solicitando a alteração da modalidade de aplicação em emendas dos seguintes parlamentares, que foram encaminhados à Consultoria de Orçamento, e Fiscalização Financeira para análise e posterior encaminhamento à Comissão: 1) Ofícios s/nº, de 15 de dezembro, do Deputado Guilherme Menezes. 2) Ofício s/nº, de 15 de dezembro, do Deputado Miro Teixeira. 3) Ofício nº 208, de 19 de dezembro, do Deputado Jovino Cândido. 4) Expedientes s/nºs, de 15 de dezembro, do Deputado Miro Teixeira. 5) Ofício nº 149, de 21 de dezembro, do Senador José Jorge. 6) Ofício nº 33, de 20 de dezembro, da Deputada Kelly Moraes. 7) Ofício nº 132, de 21 de dezembro, do Deputado José Múcio Monteiro. 8) Ofício nº 575, de 21 de dezembro, do Deputado Renato Casagrande. 9) Ofício nº 535, de 21 de dezembro, do ex-Deputado Anderson Adauto. 10) Ofício nº 158, de 22 de dezembro, da Bancada do Rio Grande do Norte. 11) Ofício nº 153, de 21 de dezembro, do Deputado André de Paula. - Expediente solicitando a retificação de emendas apresentadas ao Projeto de Lei Orçamentária para 2006 dos seguintes parlamentares, que foram encaminhados à Consultoria de Orçamento, e Fiscalização Financeira para análise e posterior encaminhamento à Comissão: 1) Ofícios nºs 311 e 307, de 6 de dezembro, do Deputado Paulo lima. 2) Ofício nº 368, de 8 de dezembro, da Bancada de São Paulo. 3) Ofício nº 82, de 9 de dezembro, da Deputada Maria do Carmo Lara. 4) Ofício nº 59, de 14 de dezembro, da Bancada de São Paulo. 5) Ofício nº 6.458, de 15 de dezembro, do Deputado Hermes Parcianello. 6) Ofício nº 304, de 13 de dezembro, do Deputado Luiz Couto. 7) Ofício nº 783, de 14 de dezembro, do Deputado Dilceu Sperafico. 8) Ofício nº 97, de 15 de dezembro, do Deputado César Medeiros. 9) Ofícios nºs 273, 276 e 277, de 15 de dezembro, da Deputada Laura Carneiro. 10) Ofício nº 894, de 15 de dezembro, do Deputado Leonardo Monteiro. 11) Ofício nº 128, de 15 de dezembro, do Deputado Marcelo Castro. 12) Ofício nº 408, de 15 de dezembro, do Deputado Pompeo de Mattos. 13) Ofício nº 108, de de dezembro, do Deputado Professor Luizinho.

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Page 1: €¦ · CONGRESSO NACIONAL Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização 6 O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Há número regimental para abertura

CONGRESSO NACIONALComissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização

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O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Há número regimental paraabertura dos trabalhos.

Declaro iniciada a primeira reunião da 5ª Sessão Legislativa Extraordinária daComissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, destinada à apreciação dasmatérias constantes nas Pautas nºs 38 e 39.

Há quorum para deliberação nas duas Casas.Passa-se à leitura do expediente:A correspondência recebida pela Secretaria da Comissão foi enviada aos membros e

lideranças partidárias via correio eletrônico em 27 de dezembro de 2005, e está disponívelsobre a mesa de trabalhos. Solicito ao Departamento de Taquigrafia que inclua o expedientenas notas taquigráficas, neste momento da reunião.

I) Correspondência recebida interna:1) Ofício nº 3.008, de 20 de dezembro, do Presidente do Senado Federal, Senador Renan

Calheiros, encaminhando decisão proferida ao recurso interposto pelos Coordenadores dasBancadas Estaduais da Região Sudeste.

2) Ofício nº 1, de 21 de dezembro, do Deputado Chicão Brígido, solicitando que sejamaceitas e consignadas suas emendas ao PLOA/2006.

- Expedientes encaminhando justificativas de falta às reuniões da Comissões:1) Ofício 780, de 15 de dezembro do Gabinete do Senador Mozarildo Cavalcanti.

Ausência no período de 13 a 15 de dezembro.2) Ofício 124, de 21 de dezembro do Deputado Luiz Bittencourt. Ausência no dia 14 de

dezembro.- Expediente solicitando a alteração da modalidade de aplicação em emendas dos

seguintes parlamentares, que foram encaminhados à Consultoria de Orçamento, eFiscalização Financeira para análise e posterior encaminhamento à Comissão:

1) Ofícios s/nº, de 15 de dezembro, do Deputado Guilherme Menezes.2) Ofício s/nº, de 15 de dezembro, do Deputado Miro Teixeira.3) Ofício nº 208, de 19 de dezembro, do Deputado Jovino Cândido.4) Expedientes s/nºs, de 15 de dezembro, do Deputado Miro Teixeira.5) Ofício nº 149, de 21 de dezembro, do Senador José Jorge.6) Ofício nº 33, de 20 de dezembro, da Deputada Kelly Moraes.7) Ofício nº 132, de 21 de dezembro, do Deputado José Múcio Monteiro.8) Ofício nº 575, de 21 de dezembro, do Deputado Renato Casagrande.9) Ofício nº 535, de 21 de dezembro, do ex-Deputado Anderson Adauto.10) Ofício nº 158, de 22 de dezembro, da Bancada do Rio Grande do Norte.11) Ofício nº 153, de 21 de dezembro, do Deputado André de Paula.- Expediente solicitando a retificação de emendas apresentadas ao Projeto de Lei

Orçamentária para 2006 dos seguintes parlamentares, que foram encaminhados àConsultoria de Orçamento, e Fiscalização Financeira para análise e posteriorencaminhamento à Comissão:

1) Ofícios nºs 311 e 307, de 6 de dezembro, do Deputado Paulo lima.2) Ofício nº 368, de 8 de dezembro, da Bancada de São Paulo.3) Ofício nº 82, de 9 de dezembro, da Deputada Maria do Carmo Lara.4) Ofício nº 59, de 14 de dezembro, da Bancada de São Paulo.5) Ofício nº 6.458, de 15 de dezembro, do Deputado Hermes Parcianello.6) Ofício nº 304, de 13 de dezembro, do Deputado Luiz Couto.7) Ofício nº 783, de 14 de dezembro, do Deputado Dilceu Sperafico.8) Ofício nº 97, de 15 de dezembro, do Deputado César Medeiros.9) Ofícios nºs 273, 276 e 277, de 15 de dezembro, da Deputada Laura Carneiro.10) Ofício nº 894, de 15 de dezembro, do Deputado Leonardo Monteiro.11) Ofício nº 128, de 15 de dezembro, do Deputado Marcelo Castro.12) Ofício nº 408, de 15 de dezembro, do Deputado Pompeo de Mattos.13) Ofício nº 108, de de dezembro, do Deputado Professor Luizinho.

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14) Ofício nº 722, de 15 de dezembro, do Deputado Robson Tuma.15) Ofício nº 240, de 16 de dezembro, da Mariângela Duarte.16) Ofício nº 173, de 16 de dezembro, do Deputado Roberto Magalhães.17) Ofício nº 157, de 7 de dezembro, do Deputado Jefferson Campos.18) Ofício nº 267, de 15 de dezembro, da Bancada do Paraná.19) Ofício nº 761, de 19 de dezembro, da Bancada do Goiás.20) Ofício nº 145, de 19 de dezembro, do Deputado Wanderval Santos.21) Ofício nº 126, de 20 de dezembro, do Deputado Chico da Princesa.22) Ofício nº 13, de 20 de dezembro, do Deputado Márcio Fortes.23) Ofício nº 177, de 20 de dezembro, do Deputado Raul Jungmann.24) Ofícios nºs 257 e 259, de 20 de dezembro, do Deputado Marcelo Barbieri.25) Ofícios nºs 88 e 89, de 21 de dezembro, do Deputado Júnior Betão.26) Ofício nº 280, de 21 de dezembro, da Deputada Laura Carneiro.27) Ofício nº 115, de 22 de dezembro, do Deputado Dr. Rodolfo Pereira.28) Ofícios s/nº, de 19 de dezembro, do Deputado César Medeiros.29) Ofício nº 109, de 23 de dezembro, do Deputado Marcos de Jesus.- Expediente indicando membro ao Colegiado de Representantes das Lideranças

Partidárias com assento na Comissão:1) Ofício 460, de 13 de dezembro, do Líder do PDT, Deputado Severiano Alves,

indicando o Deputado Álvaro Dias em substituição ao Deputado Luiz Piauhylino.

II) Correspondência recebida externa:

1) Ofício 881, de 5 de dezembro, da Procuradoria da República no Município de SantaMaria no Rio Grande do Sul, solicita histórico das legislações para subsidiar RepresentaçãoCível.

2) Ofício 293, de 15 de dezembro, da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural eBiocombustíveis, solicitando inclusão de emenda ao PLOA/2006.

3) Ofício 2.717, de 15 de dezembro, do Ministério do Trabalho e Emprego, solicitandoelevação de valores relativos a alguns programas do Ministério.

4) Ofício 176, de 20 de dezembro, do Ministério da Ciência e Tecnologia, encaminhandocarta do Secretário da SECIRM, solicitando recursos orçamentários para o Programa AntárticoBrasileiro – PROANTAR.

5) Ofício 220, de 20 de dezembro, do Governo do Distrito Federal, solicita liberação derecursos para obra de implantação do metrô do Distrito Federal.

6) Ofício 178, de 22 de dezembro, do Ministério da Educação, encaminhando solicitaçãode autorização para alteração da Lei Orçamentária de 2005 do Ministério.

7) Ofício 595, de 14 de dezembro, da Câmara Municipal de Lagoa Vermelha, no Estadodo Rio Grande do Sul, solicita emissão do parecer e posterior votação dos Avisos nºs 1.898 e2.342-SGS-TCU.

8) Ofício nº 1.009, de 15 de dezembro, do Ministério da Educação, solicitandoautorização para alteração da Lei Orçamentária para 2005 do MEC.

- Avisos encaminhados pelo Presidente do Tribunal de Contas da União, MinistroAdylson Motta:

Avisos-SGS de 13 de dezembro de 2005:

1) Aviso nº 2.388/2005 (Acórdão nº 2.265/2005): Melhoramento de infra-estruturaPortuária do Porto de Suape no Estado de Pernambuco.

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2) Aviso nº 2.393/2005 (Acórdão nº 2.259/2005): Conservação Preventiva, Rotineira eEmergencial de Rodovias no Estado do Maranhão.

3) Aviso nº 2.437/2005 (Acórdão nº 2.284/2005): Construção da adutora do Italuís, noEstado do Maranhão.

4) Aviso nº 2.476/2005 (Acórdão nº 2.281/2005): Expansão do Sistema de transmissãoassociado à UHE Tucuruí no Estado do Maranhão.

Antes de iniciarmos a leitura dos relatórios, comunico que foi recebido o seguinte ofíciodo Deputado Chicão Brígido:

“Com os meus cumprimentos, dirijo-me a V.Exa. parasolicitar que sejam aceitas e consignadas as emendas individuaisde minha autoria, endereçadas à Lei Orçamentária Anual para oano de 2006, conforme relação anexa, tendo em vista que a minhaposse nesta Câmara de Deputados se deu na data de hoje(21/12/2005), em substituição ao Deputado Ronivon Santiago, PP-AC, a exemplo de recente decisão desta Comissão que beneficiou aDeputada Mariângela Duarte e outro Deputado também.

Cabe destacar que a minha titulação de Deputado Federalpelo Tribunal Regional Eleitoral data de 21/07/2004.

Na certeza de contar com a atenção de V.Exa, apresento-lheexpressões de apreço e consideração.”

Submeto a pretensão do Deputado Chicão Brígido à apreciação do Plenário.O SR. DEPUTADO WALTER PINHEIRO - É a questão do Deputado Chicão Brígido que

V.Exa. está levantando? O Deputado Ronivon apresentou emendas?O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Apresentou emendas.O SR. DEPUTADO WALTER PINHEIRO - Portanto, é um caso diferente do caso da

Deputada Mariângela Duarte, de que tratamos aqui, porque no caso da Deputada MariângelaDuarte o Deputado José Dirceu não havia apresentado emendas.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Mas o caso do Deputado Ronivonera o mesmo do Deputado Chicão Brígido, e o Plenário decidiu pela aprovação.

O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Mas as emendas, Senador...O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Para que se aceite...O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Senador, por favor.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Ouço o Deputado Dimas.O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - As emendas do ex-Deputado Ronivon vão valer

ou serão canceladas?O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Serão inadmitidas.O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Serão inadmitidas e as do Deputado Chicão

Brígido entrarão no lugar delas?O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Então, vamos submeter ao Plenário

a inadmissão das emendas do Deputado Ronivon e a aceitação das emendas do DeputadoChicão Brígido.

Os Srs. Deputados que concordam permaneçam como estão. (Pausa.)Aprovado, contra o voto do Deputado Ricardo Barros.Os Senadores que concordam permaneçam como estão. (Pausa.)Aprovado no Senado.A matéria foi aprovada na Câmara e no Senado.Passaremos à Ordem do Dia.O SR. SENADOR JOÃO RIBEIRO - Sr. Presidente, peço um minuto de sua atenção

para fazer a seguinte argumentação: tenho visto a imprensa nacional bater de forma exageradano Congresso Nacional, sobretudo nos Parlamentares, e porque respeito muito a imprensa,embora nunca tenha vivido essa questão, e acho que a liberdade de imprensa tem de existir,quero apenas dizer que passei o Natal em Brasília trabalhando. Na sexta-feira saí do meu

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gabinete às 8h da noite. Então, gostaria que os Parlamentares fossem respeitados. Que não secoloque todo o mundo na vala comum. É o pedido que faço.

Espero que este registro sirva para muitos dos companheiros. Não aceito certasafirmações que a imprensa tem feito, muitas delas inclusive mentirosas, cheias de inverdades.Dizem até que os Parlamentares vão receber R$ 100 mil de salário extra. Li isso na imprensa,parece-me, hoje mesmo. É preciso que se respeitem pelos Parlamentares. Estou aqui todos osdias para trabalhar. Todo dia, se for preciso. Portanto, não aceito ser colocado na vala comum.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Senador Bezerra.O SR. SENADOR FERNANDO BEZERRA - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, Sras.

e Srs. Deputados, a melhor resposta que devemos dar ao País é trabalhar. Os que aqui vieramestão aqui para cumprir o dever de votar aquilo que nos foi dado decidir. Votar contra ou votara favor é uma decisão pessoal motivada por circunstâncias ideológicas e um direito decorrenteda liberdade de voto que cada um de nós tem por força da representação que o povo nos deu.Creio que temos quorum suficiente para decidir, e espero que cada Deputado, cada Senadorcumpra com o dever de votar, não limitando a quantidade de projetos. Vamos votar os projetosque tivemos tempo de apreciar, e sobretudo vamos buscar qualidade no que vamos fazer, e nãoposições políticas, porque o Orçamento é uma peça técnica, Sr. Presidente. Se houver, nosrelatórios setoriais, preocupação com a qualidade daquilo que se destina dos recursos daNação, cada um de nós tem a mais absoluta liberdade de votar contra ou a favor.

Na condição de Líder do Governo, vou defender os interesses do Governo e doOrçamento, mas jamais vou defender aqui algo que seja espúrio. Vou respeitar o voto contráriodaqueles que estão votando conscientemente naquilo em que acreditam, mas é nosso devervotar. Temos essa obrigação, e a resposta que temos de dar à sociedade é estarmos aqui hoje,amanhã e depois, votando aquilo que for posto na pauta para decidirmos.

É o apelo que faço aos Srs. Parlamentares.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado

Pauderney Avelino.O SR. DEPUTADO PAUDERNEY AVELINO - Sr. Presidente, esta autoconvocação no

mês de dezembro foi um equívoco, e foi mal explicada para a população brasileira. Pelo que aimprensa está divulgando, o Congresso Nacional teria sido convocado para que as CPIspudessem funcionar juntamente com o Conselho de Ética. Mas o Presidente do Conselho nasemana passada deu férias aos membros daquele colegiado. Já as CPIs estão realizando ummagnífico trabalho, apresentando excelentes resultados para a população brasileira, sobretudoa dos Correios, sem invalidar o trabalho que a CPI dos Bingos vem realizando, e que aplaudo,porque está esclarecendo à opinião pública brasileira, à população brasileira como um todo, osdesmandos e os desvios dos recursos públicos que são objeto da investigação.

Tenho a absoluta certeza de que esse trabalho será esclarecedor, a despeito de muitosestarem duvidando da eficácia do relatório parcial. Tenho a absoluta certeza não só de que orelatório parcial está exprimindo a realidade como também de que muito ainda virá à tona.

A Comissão de Orçamento não estava convocada até a última quarta-feira, mas entrouna pauta desta convocação na semana passada.

A imprensa, a bem da verdade, tem de fazer seu trabalho. Todos têm de fazer seutrabalho. O Poder Legislativo é um poder desarmado, que não permite o cerceamento dainformação, seja de que nível for. Temos de louvar o trabalho da imprensa. Mas temos deadmitir que houve um equívoco nesta convocação no mês de dezembro, porque o Plenário daCâmara dos Deputados e do Senado Federal não foram convocados. Ou seja, foi uma meiaconvocação, uma convocação meia-sola. Temos de reconhecer nossa culpa também.

Vamos trabalhar para valer mesmo, com o Congresso Nacional convocado, com asComissões trabalhando, com os Plenários da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e doCongresso Nacional funcionando, a partir do dia 16. Portanto, é bom que se diga e se esclareçade uma vez por todas que houve, sim, um equívoco, e temos de admitir isso.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Concedo a palavra ao Sr. SenadorNey Suassuna.

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O SR. SENADOR NEY SUASSUNA - Sr. Presidente, sobre a convocação, inicialmentefizemos de tudo para que ela não acontecesse, e depois procuramos todas as formas para quenão houvesse pagamento. Finalmente encontramos a solução, que seria a de encurtar daquipara adiante as férias parlamentares, não dando mais chance a que haja convocação. Essedeverá ser o primeiro projeto a ser votado na convocação, após o dia 16 de janeiro, mas nãovemos isso ser divulgado pela imprensa. O que se vê todo dia é muita pichação, muitareclamação sobre o Congresso.

Hoje fui ao Comitê de Imprensa no Senado e não havia ninguém lá. Então, até degozação, chamei o fotógrafo e pedi-lhe que tirasse uma foto do local. Vou guardá-la para quequando disserem que não há ninguém no plenário eu possa, de brincadeira, responder que nocomitê dos jornalistas também não.

Sabemos que a partir do dia 16 estaremos aqui votando uma agenda pesada. Esperoque o Congresso em peso, assim como está ocorrendo agora na Comissão de Orçamento,também esteja aqui a partir do dia 16, no plenário, cumprindo a pauta, cujo primeiro item éexatamente a revogação daqui por diante de uma parcela substancial das férias parlamentares,o que evitará as convocações extraordinárias.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Eu acho que a observação doParlamentar foi perfeita. Efetivamente, o que se percebe é que existe um movimento com ointeresse de depreciar o Congresso Nacional. Nota-se isso todos os dias. E essa depreciação émuitas vezes conseqüência da má informação. Não estamos recebendo nada por estar aquihoje, a não ser o salário normal. A convocação do Congresso é a partir do dia 16 do próximomês. Só aí é que haverá pagamento. Por enquanto não há. No entanto, a Comissão está quasecompleta aqui no plenário, trabalhando naquilo que é sua obrigação. Nesse período, osRelatores trabalharam com muito afinco e cuidado, e já estão quase todos os relatóriostemáticos em cima da mesa para serem votados. Isso é fruto de um trabalho gigantesco, não sódos Relatores como também das assessorias do Senado e da Câmara. A assessoria técnica temtrabalhado muito. Ninguém diz que ela trabalha dia e noite, e que os Relatores, além dapressão que recebem, fazem um grande trabalho.

A Comissão de Orçamento não se resume às reuniões. Há o trabalho de cada um derelatar projetos, analisar emendas etc. Há uma série de obrigações. Seria interessante que osserviços de comunicação da Câmara e do Senado dessem explicações claras sobre os nossostrabalhos, mas isso não acontece. Essa é a maior causa da deturpação que está havendo porparte da imprensa, porque ela não é informada da realidade que existe aqui.

O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - Sr. Presidente, quero apenas fazer umaretificação. Nossa convocação extraordinária é a partir de 16 de dezembro. O Congresso foiconvocado de 16 de dezembro a 14 de fevereiro. Portanto, é por isso que estamos aquitrabalhando. Sei que o combinado não era isso, mas foi esta a leitura: a convocação é de 16 dedezembro a 14 de fevereiro. Por isso estamos aqui, com muita alegria, trabalhando para votaros relatórios setoriais do Orçamento.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Exatamente isso não foi explicado.O que dizem é que houve uma convocação a partir do dia de 16 de dezembro mas elaefetivamente só começa em 16 de janeiro. Não foi dito que nesse período trabalhariam oConselho de Ética, as CPIs e a Comissão de Orçamento. Isso não foi explicado. Então, aimpressão é de que estamos convocados, recebendo o salário extraordinário da convocaçãodesde dezembro, quando só vamos trabalhar em janeiro.

Passamos à Ordem do Dia.Invertemos a pauta para apreciar o Item nº 5 da Pauta nº 39, referente ao recurso

contra a recusa de recebimento de emendas ao Projeto de Lei Orçamentária para 2006 peloPresidente da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização.

Não foi aceito o pedido do Deputado Luiz Bittencourt.Concedo a palavra ao nobre Deputado.O SR. DEPUTADO LUIZ BITTENCOURT - Sr. Presidente, esse recurso foi apresentado

porque V.Exa. considerou inadmissíveis as emendas individuais de quem se encontrava de

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licença médica. Eu encontrava-me afastado em função de uma cirurgia realizada no joelho.Elaborei o recurso inclusive apresentando outros casos ocorridos nesta Comissão em anosanteriores. Peço a V.Exa. que, a exemplo dos Deputados que estão assumindo o mandato,reconsidere a decisão, para que as emendas possam beneficiar os Municípios querepresentamos. Faço um apelo no sentido de que os Srs. Deputados nos ajudem na aprovaçãodesse recurso.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Em discussão.Quem vota “sim” vota a favor do recurso contra a decisão da Presidência.Em votação na Câmara dos Deputados.Os Srs. Deputados que concordam permaneçam como estão. (Pausa.)Aprovado.Em votação no Senado.Os Srs. Senadores que aprovam permaneçam como estão. (Pausa.)Aprovado.O Deputado Luiz Bittencourt e todos os demais na mesma condição terão o mesmo

direito.Passamos à Pauta nº 38 de 2005.O SR. DEPUTADO RODRIGO MAIA - Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão

de ordem.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Tem V.Exa. a palavra.O SR. DEPUTADO RODRIGO MAIA - Sr. Presidente, gostaria de apresentar uma

questão de ordem à Mesa do Congresso Nacional, mas, como a Comissão está funcionando,apresento-a a V.Exa.

Na semana passada votamos na Comissão Representativa vários créditos, por umamanobra regimental inteligente do Senador Renan Calheiros, que remeteu ao RegimentoComum, a partir do momento em que a Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos eFiscalização não estava convocada. Só que o art. 58, § 4º da Constituição Federal não permiteessa opção, na minha interpretação. Ele determina que a Comissão Representativa só funcioneno recesso. Não que se queira que sejam canceladas as votações da semana passada, mas eugostaria que tanto a Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização quanto aMesa da Casa respondessem a minha questão de ordem, ou seja, digam se a votação dasemana passada foi legal.

Leio aqui o que estabelece o § 4º do art. 58: “Durante o recesso, haverá uma ComissãoRepresentativa do Congresso Nacional (...)”. Como bem lembrou o Deputado Ricardo Barros,não estávamos de recesso na semana passada. Essa é uma questão importante, porque oRegimento da Casa não pode passar por cima da Constituição Federal. Se tivermos ferido aConstituição, precisamos avaliar a decisão que esta Casa tomará. De fato, na minha avaliação,analisando o que está na Constituição Federal, o que fizemos na semana passada foidescumpri-la.

Sr. Presidente, era essa a questão de ordem que tinha a apresentar a V.Exa.O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - O Deputado Rodrigo Maia tem razão. Levantei

essa questão na sessão do Congresso. Verifiquei que o Regimento Interno, Deputado RodrigoMaia, estabelece que a Comissão Representativa mantém seus poderes mesmo em caso deconvocação extraordinária. Peço que alguém nos informe sobre isso, com base no Regimento. OSecretário da Mesa, o Sr. Raimundo Carreiro, mostrou-me o Regimento, até porque nãoiríamos deixar acontecer a sessão, mas ele convenceu-me de que regimentalmente tudo estavacorreto, Deputado Rodrigo Maia. Está no Regimento.

O SR. DEPUTADO RODRIGO MAIA - Sr. Presidente, o Regimento da Casa ou dasCasas não está acima da Constituição. Não quero aqui de forma alguma cancelar as decisõesda semana passada, mas sobre essa questão tem de haver uma interpretação. O Regimentonão está acima da Constituição Federal.

O SR. DEPUTADO MÁRCIO REINALDO MOREIRA - Sr. Presidente, vamos à votaçãodo que interessa. Deixemos esse assunto para outra hora. Não podemos perder tempo.

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O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Vou responder à questão de ordem.Deputado Rodrigo Maia, trata-se de questão atinente ao Congresso Nacional. A

Comissão aprovou por acordo todos aqueles créditos. A Comissão Representativa votou eaprovou a matéria. Se houve alguma irregularidade, deu-se no âmbito do Congresso Nacional,e não no da Comissão de Orçamento. Peço, portanto, que a questão seja entendida dessaforma, a fim de passarmos à votação dos relatórios.

O SR. DEPUTADO MÁRCIO REINALDO MOREIRA - Muito bem, Sr. Presidente, vamosacabar com essa intempestividade.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Área Temática IV, Agricultura eDesenvolvimento Urbano.

O Relator é o Senador Romero Jucá. Peço silêncio ao Plenário para que possamos ouvi-lo. Solicito que as discussões extrapauta sejam feitas no corredor aqui ao lado.

Com a palavra o Relator Senador Romero Jucá.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, fui

incumbido de relatar a Área Temática IV, que engloba os Ministérios da Agricultura e doDesenvolvimento Agrário, tarefa extremamente difícil, tendo em vista que, por um lado, o Brasilé um grande exportador e capitaneia o agronegócio no mundo, junto com mais alguns países, eportanto a agricultura e a agroindústria formam o pilar fundamental para a nossa economia,inclusive para o equilíbrio e o superávit da balança de pagamentos, mas, de outro lado, areforma agrária enfoca questões fundamentais, como a justiça social no campo e aextraordinária demanda da atividade.

Ao relatar a matéria referente aos 2 Ministérios, tive o cuidado de procurar enfocar,ante os parcos recursos disponíveis, algumas questões fundamentais.

O valor total dos créditos propostos nessa área temática alcança R$ 8,3 bilhões.O SR. DEPUTADO PAUDERNEY AVELINO - Sr. Presidente, pela ordem.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado

Pauderney Avelino.O SR. DEPUTADO PAUDERNEY AVELINO - Sr. Presidente, gostaria que o Relator

Senador Romero Jucá lesse seu relatório, e não apenas citasse partes dele, pois temosimportantes indagações a fazer.

O SR. PRESIDENTE (Senador Romero Jucá) - Apesar de o relatório ter sido distribuído,o Relator, em observância ao Regimento, terá de lê-lo.

O SR. DEPUTADO PROFESSOR LUIZINHO - Sr. Presidente, peço a palavra para umaquestão de ordem.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o DeputadoProfessor Luizinho.

O SR. DEPUTADO PROFESSOR LUIZINHO - Sr. Presidente, tendo sido distribuídopreviamente, deveria ser dispensada a leitura do relatório. Isso é regimental e é de praxe.

O SR. DEPUTADO RODRIGO MAIA - Não é verdade.O SR. DEPUTADO PROFESSOR LUIZINHO - Tendo sido distribuído o relatório

previamente, isenta-se o Relator de sua leitura.O SR. DEPUTADO RODRIGO MAIA - Leia o Regimento, Deputado.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Não havendo consenso...O SR. DEPUTADO PROFESSOR LUIZINHO - Sr. Presidente, como o relatório foi

previamente distribuído, peço que seja votada a dispensa da leitura.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Solicito aos assessores que

desocupem as bancadas, pois há Deputados e Senadores sem assento.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Sr. Presidente, esclareço ao Deputado Pauderney

Avelino que, como o relatório já havia sido distribuído, eu pretendia fazer alguns comentários.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Um momento. Peço à segurança

que desloque as pessoas sentadas nas bancadas, que não são Parlamentares, para dar lugaraos Senadores e Deputados.

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O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Sr. Presidente, estão faltando relatórios paranosso manuseio.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Solicito não sejam feitos apartes nafase de leitura do relatório. O Sr. Senador Romero Jucá procederá à leitura do relatório.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Sr. Presidente, gostaria de ponderar ao DeputadoPauderney Avelino e aos Líderes que, como o relatório foi distribuído, minha idéia inicial erafazer um comentário sobre os assuntos mais importantes e ficar à disposição de V.Exas. pararesponder a qualquer questionamento. Não estou furtando-me a dar qualquer tipo deinformação. Apenas evitaria a leitura burocrática de um documento que tem uma série deinformações complementares e quadros comparativos.

O SR. DEPUTADO PEDRO NOVAIS - Sr. Presidente, é costume, nesta Comissão, nãose ler integralmente o relatório e o parecer, mas o Relator tem obrigação de ler as partes maisimportantes e de dar explicações, e em seguida acontece o questionamento, na discussão.Excluindo-se esses pontos, não devemos prescindir da leitura. Nós da bancada do PMDBqueremos ouvir o Relator fazer a leitura das partes principais do seu relatório e do voto.Obrigado, Sr. Presidente.

O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Sr. Presidente, o posicionamento do PSDB é nosentido de ouvirmos a leitura integral do Relator, e não somente a parcial, mesmo porque jáforam distribuídos 7 relatórios e é impossível lê-los todos com a antecedência devida, porquetemos apenas 48 horas de prazo. Hoje recebemos 3. Por isso, gostaríamos que o relatório fosseintegralmente lido.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Regimentalmente, havendo opedido, a leitura terá de ser feita. No entanto, para que isso aconteça, é preciso que o Plenáriose acomode e ouça, caso contrário vamos ficar falando e ninguém ouvirá nada.

Concedo a palavra ao Deputado Luiz Carreira.O SR. DEPUTADO LUIZ CARREIRA - É preciso que pelo menos os pontos principais do

relatório sejam discutidos, até a definição de critérios.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Deputado Pauderney Avelino,

V.Exa. concorda com o Deputado Luiz Carreira?O SR. DEPUTADO PAUDERNEY AVELINO - Sr. Presidente, desculpe-me, mas não

estou conseguindo ouvi-lo.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - O Deputado Luiz Carreira propôs a

leitura dos pontos principais.O SR. DEPUTADO LUIZ CARREIRA - Entendo que deveria haver pelo menos uma

definição de critérios.O SR. DEPUTADO PAUDERNEY AVELINO - Sr. Presidente, a exemplo do que disse o

Líder do PSDB, é importante que tenhamos conhecimento do relatório. Raramente ele é lidointegralmente. Não podem acusar-nos de estar ajudando o Governo, porque na maioria dasvezes detectamos alguns problemas nessa leitura detalhada do relatório. Estamos contribuindopara que a peça orçamentária seja o mais realista possível. Para isso, não estamos fazendoobstrução; queremos aprovar os relatórios setoriais, porém queremos que pelo menos o Relatorproceda à leitura, a fim de que tomemos conhecimento de alguns detalhes. O problema são osdetalhes, mas parece que o Congresso Nacional não se preocupa com eles.

Sr. Presidente, qual é o relatório da Infra-Estrutura, que está esmiuçado, para saberefetivamente se os R$ 41 bilhões para investimento das estatais são efetivamente parainvestimentos necessários para o País?

Precisamos acabar com essa história aqui de empurrarmos tudo com a barriga.Ninguém está querendo obstruir nada. Queremos, sim, ajudar o País.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Então, permitam-me fazer a leitura. O SR.PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Regimentalmente, passo a palavra ao Relator,para fazer a leitura do relatório.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Sr. Presidente, atendendo aos pedidos, passo a lerintegralmente o relatório. Espero que os Parlamentares acompanhem.

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Em cumprimento a dispositivo constitucional, constante do art. 84, inciso XXIII, daCarta Magna, combinado com o art. 35, § 2º, inciso III, do Ato das Disposições ConstitucionaisTransitórias — ADCT, o Presidente da República submeteu à apreciação do Congresso Nacionalo projeto de lei orçamentária, PL nº 40, de 2005-CN, que “estima a receita e fixa a despesa daUnião para o exercício financeiro de 2006”, compreendendo o Orçamento Fiscal, o Orçamentoda Seguridade Social e o Orçamento de Investimento das empresas estatais.

Encaminhado para apreciação da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos eFiscalização (CMO), nos termos do art. 166 da Constituição Federal, coube-nos, por designaçãode seu Presidente, na forma do art. 9º da Resolução nº 1, de 2001-CN, a honrosa missão deexaminar e relatar as peças orçamentárias concernentes à Área Temática IV: Agricultura eDesenvolvimento Agrário, do referido Projeto de Lei. Esta área contempla as matérias relativasao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e ao Ministério doDesenvolvimento Agrário (MDA), seus órgãos, entidades e fundos.

Considerações gerais:O valor total dos créditos propostos para esta área temática alcança R$ 8.374 milhões,

sendo R$ 7.434 milhões referentes ao Orçamento Fiscal, R$ 8,4 milhões ao Orçamento daSeguridade Social e R$ 10,5 milhões relativos a investimentos das empresas estatais CEASA-MG, CASEMG e CEAGESP. Observe-se que 65 % das dotações da Área Temática estãoconsignadas ao MAPA (R$ 5,4 bilhões) e 35% com o MDA (R$ 3 bilhões).

O SR. DEPUTADO PAUDERNEY AVELINO - Sr. Presidente, peça silêncio ao Plenário,por favor.

(O Sr. Presidente faz soarem as campainhas.)O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Segue o quadro do projeto de lei de Orçamento que

fixa a despesa para a Área Temática IV.Em valores correntes, a proposta para 2006 para esta Área Temática (R$ 8,4 bilhões) é

superior em 12% ao valor proposto em 2005 (R$ 7,5 bilhões). Ainda assim, é inferior à propostaapresentada em 2004 (R$ 8,8 bilhões).

Note-se, ainda, que apenas 2,9% (R$ 217 milhões) do valor total da despesa desta ÁreaTemática (R$ 7,5 bilhões) se encontram regionalizados, ou seja, R$ 7,3 bilhões dos créditosconsignados ao MAPA e ao MDA estão classificados na localização “nacional”. Observe-se,também, que a programação do MAPA tem apenas R$ 1 milhão fora da rubrica “nacional”.

Acredita-se que as propostas desses órgãos poderiam ser melhor analisadas,principalmente quanto ao mandamento constitucional de redução das disparidades regionais (§7º do art. 165 da Constituição Federal), se houvesse maior detalhamento em termos delocalização do gasto.

A execução orçamentária:Em razão da determinação contida na Lei de Diretrizes Orçamentárias — LDO 2005, o

Governo Central deverá produzir, em 2005, um resultado primário da ordem de 2,45% do PIB— cerca de R$ 44,5 bilhões. Para assegurar o cumprimento dessa meta, os programas detrabalho aprovados na lei orçamentária, inclusive dos órgãos que compõem esta Área Temática,ficaram vulneráveis ao contingenciamento. Os níveis de execução orçamentária do MAPA e doMDA, em conseqüência, apresentam-se bastante baixos.

Como o contingenciamento é feito sobre despesas primárias, onde se encontra atotalidade das emendas apresentadas a esta Área Temática, o nível de execução orçamentáriadas mesmas revela-se bastante baixo, como pode ser verificado na tabela a seguir. Em ambosesses órgãos o indicador da execução orçamentária da programação derivada de despesasprimárias discricionárias é significativamente inferior à programação das despesas primáriasobrigatórias. O MDA, entretanto, apresenta uma execução bem superior à do MAPA, deixandotransparecer maiores facilidades de trânsito daquele Órgão junto ao Tesouro Nacional.

Então temos: Ministério da Agricultura e Abastecimento, 52% do índice de execução;Ministério do Desenvolvimento Agrário, 53% do índice de execução.

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Considerados os aspectos gerais da proposta orçamentária para a Área Temática IV,passaremos, a seguir, para a análise dos orçamentos dos órgãos que se encontram sob aresponsabilidade desta Relatoria.

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.Análise das Despesas.A despesa orçamentária fixada para o Ministério da Agricultura e do Abastecimento

para o ano 2006 é de R$ 5.419 milhões. Esses créditos abrangem todas as unidadesorçamentárias e fundos que compõem a estrutura organizacional daquele Ministério, inclusiveo orçamento de investimento da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo —CEAGESP (UO 22212), com dispêndios de R$ 7,5 milhões; da Centrais de Abastecimento deMinas Gerais, S.A. — CEASA/MG (UO 22208), com R$ 2 milhões; e da Companhia deArmazéns e Silos do Estado de Minas Gerais — CASEMG (UO 22209), com gastos previstos daordem de R$ 1 milhão. As despesas dessas empresas estatais são provenientes de recursos degeração própria e integram este Relatório.

A preços correntes, a proposta orçamentária e fiscal do orçamento fiscal e daseguridade para o Ministério da Agricultura (R$ 5.408 milhões) é 7% superior ao valor propostoem 2004 (R$ 5.037 milhões).

Como pode ser observado na tabela acima, o aumento nas dotações orçamentárias doMinistério da Agricultura se deve, quase que exclusivamente, ao aumento de R$ 353 milhõesnas dotações da função Agricultura. Esta função, entretanto, contabiliza, além das despesascom atividades finalísticas, as despesas totais com o Programa Apoio Administrativo, onde seencontram as despesas com pagamento de pessoal e com a contribuição da União para ocusteio do Regime de Previdência dos servidores públicos federais. Essas despesas sãoresponsáveis por metade do aumento verificado na função Agricultura.

Vale a pena, outrossim, atentar para a configuração mostrada no Gráfico a seguir, ondese cotejam as dotações propostas com as dotações autorizadas nas leis orçamentárias anuaissancionadas para os exercícios de 1995 a 2005. Note-se que a diferença entre o valor propostoe o valor autorizado foi bem pequena no período 1998-2000. Isso indica que a atuação doCongresso Nacional, nesse período, ficou restrita, praticamente, aos remanejamentos, ou seja,não houve, no período, entrada significativa de recursos novos para aquele órgão.

Novamente, o estreitamento das duas curvas do gráfico, observado a partir de 2001,indicava a aproximação de um período com características semelhantes ao mencionado acima.Felizmente, a situação observada no exercício de 2005 revela uma mudança de tendência queesperamos se perpetue em 2006 e em exercícios futuros.

Despesas por unidade orçamentária:Cerca de quatro unidades orçamentárias são responsabilizadas pela execução do

orçamento fiscal e da seguridade social do MAPA no exercício de 2006: o Ministério daAgricultura e Abastecimento, a Administração Central, com R$ 1.796 milhões; EMBRAPA, comR$ 972 milhões; CONAB, com R$ 2.599 milhões; e Fundo de Defesa da Economia Cafeeira,com R$ 41 milhões.

Veja-se, no quadro acima, que dois terços do aumento verificado na proposta deorçamento do MAPA para 2006, em relação a 2005, estão localizados na CONAB. O Orçamentoda EMBRAPA recebe R$ 94 milhões adicionais em relação a 2005 e se aproxima da casa dos 10dígitos (R$ 1 bilhão), significando, em 10 anos, um aumento de 100% sobre o orçamento dessaempresa.

Entretanto, em termos relativos, a proposta orçamentária para o FUNCAFÉ foi amaisexpressiva. O acréscimo de R$ 8 milhões significa um aumento de quase 20 pontospercentuais.

Despesas da CONAB:A proposta orçamentária para 2005 da CONAB aumentou 9,5% em relação a 2005,

passando de R$ 2.352 milhões para R$ 2.599 milhões. Esse aumento é reflexo direto dadotação proposta para o programa “0352 — Abastecimento Agroalimentar”. As despesas desseprograma, quando classificadas no Grupo “Inversões Financeiras”, se destinam a financiar a

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aquisição de produtos agrícolas para comercialização (Ação 2138) e formação dos estoquespúblicos (Ação 2130), tiveram um aumento de R$ 248 milhões.

Observe-se, outrossim, que a média anual de despesas executadas, ou seja, liquidadas,da CONAB gira em torno de R$ 1,2 bilhão. Essa média é menor que a metade da média dosvalores autorizados no período 1995-2005 — o que indica a existência de um viés positivo epermanente na fixação da despesa desta Unidade Orçamentária.

Observe-se que nos créditos consignados junto à CONAB não estão incluídos os valoresde R$ 5,2 milhões destinados à equalização de juros em operações de empréstimos do GovernoFederal — EGF (Ação 0298), R$ 350 milhões para “Garantia e sustentação de preços nacomercialização de produtos agropecuários (Ação 0300)”, nem o valor de R$ 300 milhões para“Equalização de Preços nas Aquisições do Governo Federal e na Formação de EstoquesReguladores e Estratégicos — AGF” (Ação 0299), correspondentes a outras despesas correntesvoltadas para a garantia de renda e de preço dos produtos agrícolas e para formação deestoques públicos. Tais créditos constam da Unidade Orçamentária nº 74101 - OperaçõesOficiais de Crédito - Recursos sob Supervisão da Secretaria do Tesouro Nacional/MF.

Despesas da EMBRAPA:A despesa anual da EMBRAPA, a preços correntes, no período 1995-2005, está ao redor

do patamar de R$ 583 milhões. Nos últimos três anos, entretanto, essa média alcançou R$ 704milhões, revelando um tratamento especial da atual Administração Pública Federal comrelação à pesquisa tecnológica para a agropecuária brasileira.

Por outro lado, lamenta-se que os níveis de execução de seu orçamento em 2004 e 2005tenham alcançado os mais baixos patamares da história dessa Empresa. Espera-se que aressalva constante do anexo II da Lei nº 11.178, de 2005 (LDO 2006), possa, efetivamente,evitar o contingenciamento nessa Empresa, evitando que as despesas primárias a seu encargosejam utilizadas para a realização do superávit primário previsto para o exercício.

FUNCAFÉ:Na Tabela a seguir, vê-se que a proposta orçamentária do FUNCAFÉ para 2006 (R$ 41,3

milhões) é 25% superior à apresentada em 2005.MAPA - Administração Central:Em relação à Unidade Orçamentária 22101 - Administração Central do mapa,

observam-se, no período 2001 a 2006, contínuos acréscimos nos valores das propostasapresentadas, destacando-se os valores propostos para os dois últimos exercícios que seaproximaram de R$ 1,8 bilhão.

Observa-se, a respeito, que o crescimento das despesas da Administração Central doMAPA está estreitamente relacionado ao crescimento das despesas com pessoal e encargossociais. Essas, a propósito, perfazem, em média, 70% das despesas totais desta UnidadeOrçamentária, ou seja, em cada despesa de R$ 10,00, R$ 7,00 são para pagamento de pessoale encargos. Esse percentual é relativamente alto quando comparado com o da AdministraçãoPública Federal (25%) e está mais relacionado com a estrutura de órgãos estritamentefuncionais do que com órgãos executores de políticas públicas. (...) Isso é decorrência,principalmente, da redução dos gastos com outros grupos de natureza de despesa noMinistério da Agricultura — o que é conseqüência direta da evasão de atribuições daquelaPasta verificada em passado recente, como, por exemplo, com colonização e reforma agrária,agricultura familiar, irrigação, pesca, aqüicultura, entre outros.

Os principais grupos de natureza da despesa:A observação feita em relação à Administração Central do MAPA permanece a mesma

quando da análise dos valores propostos para o Órgão como um todo. As despesas de pessoal eencargos sociais apresentam um crescimento contínuo no período analisado e se tornam umfator de peso considerável na evolução das despesas totais daquela Pasta.

Considerando-se apenas as despesas primárias, a proposta para gastos com pessoal eencargos sociais cresce R$ 297 milhões em relação a 2005, elevando sua participação nasdespesas primárias de 68% para 72%.

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Por outro lado, verifica-se uma redução expressiva na dotação com Outras DespesasCorrentes e um tímido aumento nos gastos com investimentos (+ R$ 24 milhões). Ou seja, maisuma vez, a lacuna deixada pelo Governo na proposta orçamentária em relação aosinvestimentos no setor agrícola deverá ser, precariamente, preenchida pelo CongressoNacional, de forma a permitir o fomento a projetos de geração de emprego e renda no agrobrasileiro.

Finalmente, quanto à execução, há que se enfatizar, como usualmente se tem feito nasavaliações de final de exercício, o baixo nível de cumprimento do estabelecido nas leisorçamentárias aprovadas. Assim, ao finalizar o mês de novembro, poder-se-ia esperar que pelomenos 90% do orçamento estivesse executado. Entretanto, observa-se que os empenhosliquidados pelo Ministério da Agricultura, até essa data, totalizaram R$ 2,9 bilhões, ou seja,apenas 53% do valor autorizado

Dos 27 programas finalísticos de sua pauta, apenas quatro tiveram execução superior a50%, ou seja, 23 programas não chegaram a alcançar 50% de execução. Dentre esses,destacam-se, em razão da difícil conjuntura vivida pelo setor agropecuário brasileiro durante oano de 2005, o Programa Desenvolvimento da Bovideocultura. Neste programa encontram-seas principais ações do Governo Federal para apoiar o combate às doenças que afetam orebanho nacional, principalmente a febre aftosa. Constata-se, infelizmente, que apenas 8,6%(R$ 10 milhões) das dotações autorizadas pelo Congresso Nacional (R$ 112 milhões) foramliquidadas até o final do mês de novembro. Ou seja, a conclusão é óbvia: o programa detrabalho previsto para o exercício de 2005 não foi executado.

Ao final de novembro, pouco mais de 5% dos investimentos autorizados (R$ 365milhões) foram liquidados (R$ 19 milhões). Como mais de dois terços dos investimentosautorizados para o Ministério da Agricultura estão localizados no Programa Apoio aoDesenvolvimento do Setor Agropecuário e como o contingenciamento das despesas primáriasdiscricionárias afeta particularmente esse grupo de despesa, o resultado da execuçãoorçamentária apresenta-se desastroso. Esse Programa, onde se concentra a maioria dasemendas parlamentares, chegou a novembro deste ano com apenas 5% de suas dotaçõesempenhadas e liquidadas.

É interessante observar que, apesar dos baixos índices de execução verificados, os Srs.Parlamentares continuam respondendo efetivamente aos pleitos de suas bases, acreditando econfiando que, no próximo exercício, suas propostas possam ser viabilizadas com mais rapideze efetividade. Prova disso está nos Gráficos a seguir. Esses mostram estabilidade no volume eum crescimento considerável no valor das emendas individuais apresentadas a esta ÁreaTemática nos dois últimos exercícios. O valor total das emendas individuais passou de R$ 64milhões, em 2004, para R$ 131 milhões, em 2005, atingindo R$ 156 milhões em 2006.

Embora tenha ocorrido um aumento no limite permitido para as emendasparlamentares, o crescimento no valor total das emendas individuais apresentadas indica umsaudável reconhecimento do Congresso Nacional à importância que pequenos investimentos nosetor agropecuário podem causar nas comunidades rurais.

Os principais programas do MAPA:Embora com valor simbólico, na ação “Fiscalização de Contratos de Repasse”, o

programa “Apoio ao Desenvolvimento do Setor Agropecuário” foi, pela primeira vez, desde suacriação em 1999 pelo Congresso Nacional, incluído na proposta orçamentária para 2006. Esseprograma abriga ações importantes como “Apoio a projetos de Desenvolvimento do SetorAgropecuário” e “Mecanização Agrícola”, ações essas que vêm recebendo atenção e interessedos Parlamentares pois atendem efetivamente às demandas e pleitos de pequenos Municípios ecomunidades rurais.

A responsabilidade pela execução da programação:Embora apenas R$ 15 milhões das dotações do Ministério da Agricultura para 2006

estejam comprometidos regionalmente (com o Sudeste), pode-se observar, pela Tabela a seguir,que cerca de R$ 45 milhões da programação daquela Pasta deverão ser executados por meio deDistrito Federal; R$ 3 milhões aos Municípios; R$ 135 mil a entidades privadas; e R$ 40

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milhões deverão ser transferidos ao exterior, ficando o próprio ao Ministério com aresponsabilidade de, diretamente, executar o restante, ou seja, R$ 5,3 bilhões — 98,38% dototal. Esse padrão é modal no período de 2002 a 2006, conforme pode ser observado no quadroa seguir.

Análise das receitas:No que tange às fontes de recursos, note-se que, a partir de 2005, o Tesouro Nacional

volta a ser o principal financiador das despesas do Ministério da Agricultura. Sua participaçãopassa de 33%, em 2004, para 96% em 2005, e 95,6% em 2006.

Ministério de Desenvolvimento Agrário —Aspectos gerais:A proposta orçamentária, para o exercício de 2006, do órgão 49.000 — Ministério de

Desenvolvimento Agrário engloba duas unidades orçamentárias: o Ministério deDesenvolvimento Agrário e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.

O valor proposto para a área é de R$ 2.955,5 milhões, superior em 20,4% ao valor daproposta de 2005, sendo R$ 648,8 milhões para a unidade orçamentária MDA e R$ 2.306,7milhões para o INCRA.

Análise das despesas.MDA: A alocação dos recursos ao programa do MDA para o exercício de 2006,

apresentada na tabela a seguir, mostra que os programas PRONAF, Abastecimento Alimentar,Crédito Fundiário e Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais, juntos, receberão77,1% dos recursos. Ressalte-se que o Programa de Aquisição de Alimentos, parte integrantedo Programa Fome Zero, passou a fazer parte do Ministério somente em 2006. Não foramincluídos, na análise dos dados os valores referentes aos pagamentos previdenciários.

Pelos dados observa-se que os valores são muito próximos aos autorizados para ocorrente exercício, conforme demonstrado na tabela a seguir, onde se verifica que foramempenhados 59,5% do valor total autorizado (...).

A tabela a seguir mostra a destinação de recursos programados no PLO/2006 para oINCRA. O Programa Assentamentos Sustentáveis para os Trabalhadores Rurais receberá 51%dos recursos da unidade orçamentária, sendo que 80% dos recursos do Programa serãodestinados à ação Obtenção de Imóveis Rurais para Reforma Agrária. O Programa deDesenvolvimento Sustentável e Reforma Agrária receberá 10,3% dos recursos. (...)

Análise das emendas.Considerações gerais:O Projeto de Lei Orçamentária para o ano de 2006 recebeu 8.550 emendas à despesa,

totalizando cerca de R$ 77 bilhões. À Área Temática IV - Agricultura e Desenvolvimento Agrárioforam apresentadas 486 emendas...

O SR. DEPUTADO RODRIGO MAIA - Sr. Presidente, não é possível ouvir. O Relator jápulou 2 páginas. Não conseguimos ouvi-lo. É melhor interromper a leitura, pois não háatenção, Sr. Presidente.

(Não identificado) - Estou acompanhando a leitura. S.Exa. não pulou um parágrafo.Estou acompanhando a leitura, repito.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - A análise, tudo bem.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Análise das Emendas.O Projeto de Lei Orçamentária para 2006 recebeu 8.550 emendas à despesa, totalizando

cerca de R$ 77 bilhões. À Área Temática IV, Agricultura e Desenvolvimento Agrário, foramapresentadas 486 emendas, sendo 447 individuais e 39 coletivas. Destas, 26 foram debancadas estaduais, seis de Comissão Permanentes da Câmara dos Deputados e seis deComissões Permanentes do Senado Federal. Somente uma emenda de bancada regional foiapresentada.

Após os primeiros ajustes, depois de se referir a despesas de outros setores, trêsemendas foram redirecionadas para outras áreas temáticas, a saber: Emenda nº 20510018,Emenda nº 71020009, Emenda nº 90370007.

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Além disso, para viabilizar o atendimento das emendas coletivas apresentadas a estaÁrea Temática, por meio da emenda de Relator nº 80040001, efetuamos, na UO 49201 (INCRA)a troca da fonte 100 do seqüencial 004420 pela fonte 176, no valor de R$ 25.376.523,00. Osrecursos da fonte 176 são originados dos cancelamentos efetuados nos itens 17.1, Parte B, doparecer preliminar.

Com exceção da Emenda de Relator acima citada, o total das emendas dessa ÁreaTemática somaram R$ 5,1 bilhões. Apenas 3,1% desse valor (R$ 156 milhões) correspondem aemendas individuais dos Srs. Parlamentares, sendo 380 de Deputados e 65 de Senadores. Ovalor médio do exercício anterior foi 275 mil, valor esse também superior ao verificado em2004, 195 mil. O valor das emendas individuais ficou em torno atual de R$ 351 mil (...). Essaescalada reflete bem a preferência dos Srs. Parlamentares por apresentar emendas genéricas,onde a identificação da localidade e do objeto do gasto fica para ser definida posteriormente,por meio de entendimento com autoridades dos respectivos órgãos executores.

As 25 emendas das bancadas estaduais somaram R$ 1,5 bilhão e as emendas dasComissões totalizaram R$ 3,2 bilhões. A proposta da bancada regional atingiu R$ 200 milhões.Não foram apresentadas emendas à programação de investimentos das estatais desta ÁreaTemática.

Do valor total das emendas apresentadas a esta Relatoria (R$ 5,1 bilhões), R$ 3,6bilhões, ou seja, 71%, se referem a programas do Ministério da Agricultura. O Ministério doDesenvolvimento Agrário ficou com R$ 1,5 bilhão (29%).

Ajustes e adequações nas emendas:Considerando-se limitações constitucionais, bem como as estabelecidas no Parecer

Preliminar e na Resolução nº 1, e conhecendo as imensas dificuldades para viabilizar aexecução das emendas propostas junto ao Executivo, procuramos, dentro das normas legais eorçamentárias que regem nosso trabalho, minimizar as dificuldades e incorreções técnicaseventualmente encontradas nas emendas apresentadas. Assim, na análise do mérito,procuramos, dentro do exíguo prazo disponível, ajustar e adequar as propostas das emendasàs normas estabelecidas para a sua apresentação e ao programa de trabalho proposto noreferido projeto de lei. As alterações mais significativas foram autorizadas pelos respectivosautores e estão disponíveis para consulta junto a esta Relatoria e se referem a um ou mais dosseguintes itens:

1. Grupo de natureza de despesa: para ajustar a despesa ao tipo de gasto pretendido;2. Modalidade de aplicação: para adequar a responsabilidade à execução da emenda

(...);3. Funcional e programática: para acomodar o subtítulo dentro da programação (...);4. Subtítulo da emenda: principalmente para melhorar a indicação da localidade (...);5. Metas e quantidades: para adequar os padrões sistematizados (...);6. Unidades orçamentárias: para adequar a ação proposta do subtítulo (...);7. Localidade: para ajustar a região à proposta apresentada.No caso das Comissões Permanentes, observamos que as emendas apresentadas

estavam em conformidade com as determinações do inciso I, do art. 25, da Resolução nº 1, de2001-CN, ou seja, tratam de matérias a elas afetas regimentalmente, com caráter nacional ouinstitucional.

As emendas das bancadas estaduais também estavam todas de acordo com o dispostono inciso II do artigo 25 da Resolução nº 1, de 2001-CN, ou seja, são relativas a matérias deinteresse do respectivo Estado.

Padrões de custos unitários médios:Na medida do possível procuramos aproximar os valores unitários das metas das

emendas apresentadas aos custos unitários implícitos no projeto encaminhado pelo PoderExecutivo. No caso das emendas em ações não contempladas na programação de trabalhoincluída na proposta, como por exemplo aquelas que propõem a aquisição de patrulhamecanizada, sugerimos o valor médio de R$ 80 mil reais, que corresponde ao preço de umtrator de rodas 4x2 de 90 CV.

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Solicitamos, entretanto, aos senhores assessores e secretários parlamentares queconsultassem os prováveis usuários sobre suas reais necessidades, em virtude da grandevariabilidade em termos de potência, marcas, utilização e qualidade das máquinas eequipamentos para uso na agricultura.

Os subtítulos propondo projetos de eletrificação rural deveriam observar o custo médioconstante da Proposta Orçamentária para a ação “Energização Rural”, ou seja, R$ 110 mil porquilômetro de linha de distribuição implantada. Encontramos, entretanto, em pesquisarealizada junto à uma importante distribuidora de energia rural, o custo médio de R$15.800,00 por quilômetro para a corrente monofásica e R$ 57 mil por quilômetro para acorrente trifásica.

No caso de projetos de desenvolvimento rural para localidades ou atividadesagropecuárias, propomos o valor mínimo de R$ 80 mil por Município apoiado. O custo médiodas ações relacionadas com assentamentos rurais consideram o valor do empreendimentoproposto dividido pelo número de famílias beneficiadas.

Critérios para apreciação das emendas:Consoante o que determina o parágrafo único do art. 25 da Resolução nº 1 de 2001-CN,

as emendas coletivas e prioritárias, por se constituírem em instrumento de inegável valor parao aperfeiçoamento da ação do Estado, proporcionando o atendimento a Unidades da Federaçãoou a políticas públicas de caráter nacional ou regional nem sempre tratadas com a necessáriaatenção pelo Poder Central, mereceram nossa atenção especial. Consideramos principalmenteaquelas emendas das Comissões Permanentes destinadas a dar sustentação a ações derelevância para o setor agrícola e para o desenvolvimento agrário, geradoras de bens e serviçospúblicos, e que não estavam devidamente contempladas na programação encaminhada paranossa apreciação.

Igualmente importantes são as emendas de bancada que permitem a realização deinvestimentos em regiões com vocação especial para o agronegócio. São pequenas somas derecursos públicos que impactam positivamente a geração de emprego e renda agrícolas. Essasemendas mereceram nossa especial atenção. Pelo inegável mérito, acolhemos todas,parcialmente, distribuindo os recursos disponíveis de forma equilibrada.

As emendas individuais foram consideradas meritórias em sua totalidade.Fontes de recursos:Na fase que compete a esta Relatoria foram efetuadas alterações na proposta no

montante de R$ 410.228.108,00, do qual R$ 64.950.045,00 (Ver tabela a seguir) sãoprovenientes dos cortes de 15% efetuados pelo Relator Geral (item 17.1, Parte B, do ParecerPreliminar) nas rubricas de investimento com dotações superiores a R$ 3 mil e com fontespossíveis de serem utilizadas, e R$ 25.376.523,00 se referem à Emenda de Relator quepossibilitou a troca da Fonte 100 pela Fonte 176.

A alocação do valor R$ 384.851.585,00, disponível a esta Área Temática, entre osdiversos tipos de autores, foi feita da seguinte forma: R$ 156.201.540,00, em emendasindividuais; R$ 91.857.082,00, em emendas de bancadas estaduais; R$ 124.269.641,00, ememendas de Comissões; R$ 12.523.322,00, em emenda de bancada regional; R$384.851.585,00, total da área temática.

Portanto, a proposta inicial do Governo foi acrescida, nesta fase setorial, em cerca de R$319.901.540,00.

Recursos para as emendas individuais:O valor total, de R$ 156.201.540,00, que está sendo acrescido à programação desta

área por meio das emendas individuais.Recursos para as emendas coletivas:Esta Área Temática contou com um aporte de recursos para atender as emendas

coletivas da ordem de R$ 228,7 milhões. Desse total, utilizamos R$ 104,4 milhões para atenderas emendas de bancadas e R$ 124,3 milhões para atender as emendas das ComissõesPermanentes (...).

Parecer às emendas:

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Verificamos, inicialmente, que, nos termos do inciso I do art. 30 da Resolução nº1/2001-CN, as emendas apresentadas a esta Relatoria atendem às normas constitucionais (...).

Parecer em relação às emendas individuais:Considerando o que foi exposto e após minucioso exame em relação ao mérito e às

normas para apresentação das emendas contidas na Seção III da Resolução nº 1, de 2001, doCongresso Nacional, e na Parte 2 do Parecer Preliminar, somos pela aprovação de todas asemendas individuais apresentadas, somando R$ 156.201.540,00.

Parecer em relação às emendas coletivasAs emendas coletivas somaram R$ 4,9 bilhões. Esse valor é mais de 16 vezes maior que

o valor disponível para atendê-las (R$ 228,7 milhões), configurando-se, pois, a evidenteimpossibilidade de um acolhimento razoável dos pleitos.

Decidimos, assim, após criterioso exame em relação ao mérito e às normas paraapresentação das emendas, contidas na Seção III da Resolução nº 1 de 2001 do CongressoNacional e na Parte B do Parecer Preliminar, acolher parcialmente a todas as emendasapresentadas.

Ressalvamos, entretanto, das considerações do parágrafo anterior, a emenda nº50170005, da Comissão de Finanças e Tributação, destinando recursos para a programação daEMBRAPA. Essa emenda foi considerada “inadmitida” por esta Relatoria, pois não atende aodisposto no inciso I do art. 25 da Resolução nº 1 de 2001-CN.

Emendas do relator setorial:Este relatório incorpora uma emenda desta Relatoria, no valor de R$ 25.376.523,00.

Essa emenda foi apresentada com a intenção de viabilizar o atendimento de emendas coletivasapresentadas a esta Área Temática. Para isso, efetuamos, na UO 49201 (INCRA), a troca daFonte 100 do seqüencial 004420 pela Fonte 176 (...)

Obras com indícios de irregularidades graves:Dedicamos especial atenção à análise das informações levantadas pelo Tribunal de

Contas da União — TCU no que se refere a obras com pendências junto àquela Corte.Observamos que, até esta data, nenhuma obra constante da programação desta Área Temáticafoi incluída na relação do TCU, não havendo, assim, restrições para alocação de dotações naProposta Orçamentária para 2006.

Recomendações à Relatoria Geral:Nesta etapa, gostaríamos de contar, mais uma vez, com a elevada sensibilidade do

Senhor Relator Geral para as emendas listadas a seguir, que consideramos de fundamentalimportância para o setor agropecuário e para o desenvolvimento agrário:

1. Emenda nº 50100004;2. Emenda nº 50100001;3. Emenda nº 50100002;4. Emenda nº 60050003;Destacamos, especialmente, a Emenda nº 50100004. Embora tenhamos atendido ao

mesmo subtítulo na Emenda nº 60120004, com o valor de R$ 16,6 milhões, consideramos quea programação inicial proposta não apresenta dotações suficientes para o atendimento deações relacionadas com a prevenção, controle e erradicação de doenças do rebanho bovino. Porisso, a suplementação, nesta fase de apreciação da peça orçamentária, torna-se umaresponsabilidade e uma obrigação de parte desta Casa, em razão, principalmente, da volta dafebre aftosa. Espera-se que as conseqüências do contingenciamento de dotações em atividadesfundamentais para assegurar o exercício das funções do Estado em relação à nossa agriculturae pecuária tenham se transformado em lições aprendidas e justifiquem, doravante, umaprogramação financeira mais adequada e compatível com a importância do setor no cenárionacional.

Pleiteamos, ainda, especial atenção do Senhor Relator Geral para a solicitaçãoencaminhada por meio do Aviso nº 565/GM-MAPA ao Presidente da Comissão Mista de Planos,Orçamentos Públicos e Fiscalização pelo Senhor Ministro da Agricultura, Pecuária eAbastecimento em 1º de dezembro do corrente. Na referida correspondência, o Senhor Ministro

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Roberto Rodrigues, expõe a necessidade de incorporar, à proposta orçamentária do Programa0350 — Desenvolvimento da Economia Cafeeira, receitas adicionais previstas no âmbito doFUNCAFÉ, da ordem de R$ 529 milhões.

Caso o acréscimo de receita proposto seja aprovado pelo Comitê de Receitas edevidamente apropriado pelo Senhor Relator Geral, nos termos do parágrafo único do art. 10da Resolução nº 1, de 2001, propomos o atendimento prioritário do pleito referente à alocaçãode recursos da ordem de R$ 160 milhões para possibilitar a “eqüalização de juros emoperações de empréstimos” no âmbito do FUNCAFÉ. (...)

Finalmente, submetemos à elevada consideração do Senhor Relator Geral a proposta deinclusão de despesa no valor de R$ 253.538.537,98 relativa à concessão da Gratificação deDesempenho de Atividade Técnico-Administrativa Agropecuária (GDATAA), aos servidores doquadro de pessoal permanente daquela Pasta, encaminhada a esta Relatoria pelo SenhorMinistro Interino da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (...).

Considerações finais:Diante dos parâmetros citados na parte inicial, procuramos trabalhar a proposta de

Orçamento 2005 para esta Área Temática enfatizando, dentro das limitações desta Relatoria,os programas que agreguem mais recursos para investimentos de base na agricultura, quepossam estimular a produção agropecuária e organizar ou facilitar o abastecimento alimentar.Esses programas são executados por meio de inúmeros projetos que, pontualmente, se revelamcomo solução para problemas locais ou para a superação de pontos de estrangulamentoidentificados nas justificações das emendas apresentadas a esta proposta orçamentária.Igualmente, concentramos nossa atenção especial nas ações de sustentação da assistênciatécnica e extensão rural, da pesquisa agropecuária e de apoio ao segmento da agriculturafamiliar.

Como resultado de nosso trabalho e do apoio do Relator Geral à agricultura e aodesenvolvimento agrário do País, ampliamos a proposta orçamentária desta Área Temática emcerca de R$ 320 milhões, sendo R$ 265 milhões no Ministério da Agricultura e R$ 55 milhõeslíquidos no Ministério do Desenvolvimento Agrário. Em relação à apreciação da proposta em2005, o aumento líquido obtido para o setor é de R$ 36 milhões. Destaca-se, neste contexto, aproposta para a EMBRAPA que, em razão do acréscimo líquido de dotações da ordem de R$ 44milhões, ultrapassa, pela primeira vez, a cifra orçamentária R$ 1 bilhão.

As propostas aprovadas representaram um aumento líquido nas dotações para gastosem despesas correntes no valor de R$ 71 milhões e em investimentos da ordem de R$ 249milhões.

Ressaltamos ainda que, para abrigar as proposições relacionadas com a mecanizaçãoagrícola e outras ações fundamentais de apoio e fomento à produção agropecuária, decidimosprestigiar as decisões do Congresso Nacional verificadas em exercícios anteriores e incluirrotina no sistema de apresentação de emendas que pudesse recepcionar as proposições dosSrs. Parlamentares nos segmentos acima mencionados. Essa decisão que tomamos teveexcelente acolhida nas duas Casas do Congresso Nacional.

O Programa 6003, “Apoio ao Desenvolvimento do Setor Agropecuário”, que abriga essasações, foi objeto de emendas aprovadas no valor total de R$ 214,2 milhões. Isso eqüivale a 56%do valor de todas as emendas desta Área Temática. Ou seja, do ponto de vista do CongressoNacional é o programa mais importante no orçamento deste setor.

O Programa para a Agricultura Familiar — PRONAF obteve um aporte líquido derecursos da ordem de R$ 40,7 milhões. São recursos consideráveis, pois correspondem a quase30% dos créditos propostos. Da mesma forma, o Programa para o “DesenvolvimentoSustentável de Territórios Rurais” teve emendas aprovadas no montante líquido de R$ 47milhões, elevando os créditos originais de R$ 108,5 milhões para R$ 155,6 milhões.

Voto do Relator:Pelo exposto no presente parecer, somos pela aprovação da proposta orçamentária para

o ano 2005, no que concerne aos órgãos e entidades albergados pela Área Temática IV(Agricultura e Desenvolvimento Agrário), nos termos apresentados pelo Poder Executivo na

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forma da Mensagem nº 151, de 2004-CN, com as alterações decorrentes das emendas de quepropomos a aprovação e com a Emenda nº 50170005 da Comissão de Finanças e Tributaçãosendo indicada como “inadmitida” ao Presidente desta Comissão.

Sala da Comissão Mista, de dezembro de 2005Senador Romero Jucá, Relator Setorial.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - É o relatório.O SR. DEPUTADO PAUDERNEY AVELINO - Peço a palavra para um esclarecimento,

Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Conforme estabelecido no art. 8º,

alínea “o”, do Regulamento Interno desta Comissão, declaro inadmitida a Emenda nº 50170005da Comissão de Finanças e Tributação, como sugerido pelo Relator.

Passaremos agora à discussão.Está aberto o prazo para destaques, que será encerrado ao final da discussão.Está inscrito em primeiro lugar o Deputado Jovair Arantes.O SR. DEPUTADO PAUDERNEY AVELINO - Peço a palavra pela ordem, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Tem V.Exa. a palavra.O SR. DEPUTADO PAUDERNEY AVELINO - A título de esclarecimento, Sr. Presidente,

gostaria de saber do ilustre Relator se esses recursos de eletrificação rural estão incluídos noPrograma Luz para Todos. Em segundo lugar...

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Deputado Pauderney Avelino,vamos aguardar a parte da discussão, para V.Exa. se inscrever.

O SR. DEPUTADO PAUDERNEY AVELINO - É para esclarecer, Sr. Presidente. Aindanão é para discutir a matéria. Somente para esclarecer.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - O Programa de Eletrificação Rural é do Ministério,o Programa Luz para Todos é recurso da ELETROBRÁS, sob a coordenação do Ministério deMinas e Energia. É outro nome.

O SR. DEPUTADO PAUDERNEY AVELINO - Eu gostaria também, Sr. Presidente, queS.Exa. nos informasse o valor total, já que o ilustre Relator não atendeu uma emenda paraprevenção, controle e erradicação de doenças — acredito — da “bovinocultura”, em vez da“bovideocultura”, como está escrito aqui. Mas atendeu aqui também a uma emenda no valor deR$ 16,6 milhões para o mesmo fim, e gostaria de saber do Relator qual o valor total paraprevenção, controle e erradicação de doenças da bovinocultura, ou seja, aftosa e tudo que serelaciona à prevenção, inclusive da gripe aviária.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Quero dizer ao Deputado Pauderney Avelino queestamos acrescendo R$ 16 milhões e um quebrado e mais R$ 1 milhão. Portanto, estamosacrescendo à proposta original para a febre aftosa mais de R$ 17 milhões.

O SR. DEPUTADO PAUDERNEY AVELINO - Quanto ficou no total?O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Estamos procurando o valor original.O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Para esclarecimento, Sr. Relator. Vou tentar

ajudar. O número não está fechando.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Peço aos nobres Parlamentares que

anotem suas observações e se inscrevam, para haver ordem no trabalho. Em face disso,convoco o primeiro inscrito, o Deputado Jovair Arantes.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Apenas para prestar informação ao DeputadoPauderney Avelino, vamos ficar com um total de R$ 67 milhões e 452 mil reais para o combateà febre aftosa.

O SR. DEPUTADO PAUDERNEY AVELINO - Muito obrigado, Senador.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado Jovair

Arantes.O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Queria muito a atenção do Sr. Relator, nosso

colega e Senador Romero Jucá, que tem emprestado a sua experiência a esta Comissão.Estou sem entender alguns pontos que levantei em relação ao relatório de V.Exa. Por

exemplo, no tratamento dado à Câmara dos Deputados em relação ao Senado, do seu valor

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total de recursos do Orçamento, V.Exa. aloca para o Senado 40% dos recursos, e para aCâmara dos Deputados apenas 14,5%; e 45% para os Deputados, sem levar em consideraçãoque há uma discrepância também na distribuição por Estados. Nada contra o Estado do Acre,aliás, tudo a favor, mas o Acre, numa emenda de bancada, leva R$ 10 milhões. O Estado deGoiás...

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Posso esclarecer, Sr. Deputado?O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Pode. Eu estou atrás desse esclarecimento.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Para o Estado do Acre existem 3 emendas de

bancada. Para essas emendas foram R$ 3 milhões e um quebrado, ou R$ 4 milhões e umquebrado. Tentei dar um tratamento igual a todos. São poucos recursos. Efetivamente, nãopude contemplar mais, por conta da necessidade de entregar o relatório.

Sobre as emendas de bancada de Comissão da Câmara e do Senado, existem emendasiguais nas duas Casas. Então, optei pelas emendas do Senado. Coloquei R$ 1 milhão em cadauma das emendas da Câmara, que são iguais, e abri a possibilidade de o Relator Carlito Merss,que é Deputado, de poder atender também às mesmas emendas porque o programa é omesmo.

Temos aqui descentralização agrícola na Câmara e no Senado, bem comodesenvolvimento agropecuário na Câmara e no Senado. Portanto, não houve nenhumadiscriminação, mesmo porque o programa está sendo atendido.

O SR. DEPUTADO RODRIGO MAIA - Pela ordem, Sr. Presidente.O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Sr. Presidente, gostaria de ter a minha palavra

garantida.O SR. DEPUTADO RODRIGO MAIA - Somente um minuto, Deputado Jovair Arantes.

V.Exa. vai entender que não estou querendo atrapalhar, não. É uma observação relevante. Novoto do Sub-Relator, está-se votando o Orçamento de 2005.

(Intervenções simultâneas fora do microfone. Ininteligíveis.)O SR. DEPUTADO RODRIGO MAIA - Nós estamos votando o relatório para trás, não

para a frente.O SR. DEPUTADO LUIZ CARREIRA - Não se teve nem o cuidado de observar a

proposta.O SR. DEPUTADO RODRIGO MAIA - Parece ter copiado o voto do ano passado.O SR. DEPUTADO LUIZ CARREIRA - Estamos votando relatório antigo?O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - É um erro de digitação, pelo amor de Deus!O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Sr. Presidente, está impossível trabalhar desta

forma, com este barulho que estamos fazendo, com esta zoeira. Está parecendo a Feira deCaruaru. Com todo respeito ao povo de Caruaru, mas está parecendo uma feira livre. Não épossível trabalhar assim. É preciso pedir silêncio no plenário. Do contrário, não vou entender oque o Relator está dizendo.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Deputado Jovair, parece mais umninho de araponga.

O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Preciso que V.Exa. me garanta a palavra paraeu poder concluir meu raciocínio.

Sr. Relator, minha preocupação não é na direção de que a Câmara dos Deputados, comtodas as suas emendas de Comissão, com todas, dá 14,5% do seu Orçamento.

Eu não vou falar enquanto não parar o barulho. Não tem jeito.(O Presidente faz soarem as campainhas.)O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - São 14,5% do Orçamento, Relator, com todas

as emendas de Comissão da Câmara dos Deputados. Quarenta por cento do seu Orçamentovão para o Senado.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Porque são idênticas as emendas. Não estoudiscutindo o que é emenda da Câmara e o que é emenda do Senado; discuto o que é programade investimento, e os programas são iguais. Poderia ter inadmitido as emendas da Câmara dos

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Deputados e ter aceito as do Senado, ou ter inadmitido as do Senado, ou aglutinado com as daCâmara, mas não fiz isso.

Deixei em aberto exatamente para o Relator-Geral poder colocar mais recursos nasemendas da Câmara dos Deputados, que estão minoradas.

O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - V.Exa. vai deixar para o Relator-Geral resolverisso?

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - É a mesma coisa. É mecanização agrícola, domesmo jeito.

O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Desculpe-me, V.Exa., mas mesma coisa é umcaminhão cheio de japonês.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Na sua opinião é, mas na minha, não.O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Veja bem, não dá para termos esse tratamento

diferenciado desta forma, Senador Jucá: um terço para a Câmara e o resto para o Senado?O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - O correto seria os programas ficarem aglutinados

— nem da Câmara, nem do Senado, mas juntar os dois. É o mesmo programa, a mesmafuncional programática. Deixei em aberto exatamente para poder crescer os programas.

O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Sr. Presidente, eu me reservo o direito de fazeralguns destaques. Não dá para trabalhar assim. Eu solicito às assessorias que não impeçam anossa visão à frente. Nós não conseguimos falar. Assim não tem cabimento.

Sr. Presidente, tem que pôr o mínimo de ordem nesta Casa. Tentamos falar com oRelator, mas os assessores ficam na frente, atravessando a nossa frente, conversando alto. Nãohá como trabalhar assim.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Nobre Deputado, somos todos demaior idade. Se não fôssemos, não estaríamos aqui, já que a Lei Eleitoral não o permite. Assim,cada um tem a sua responsabilidade.

O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - V.Exa. tem a responsabilidade de pôr ordem naCasa. O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - E nós também não podemosobrigar o Deputado a fechar a boca, e não falar. Isso não seria elegante. Seria autoritário.

O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Olhe como ficou bom agora.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Eu tenho pedido silêncio ao

Plenário. Trata-se de uma matéria da maior importância; acho que todos nós devemos estarinteressados; acho que devemos acompanhar atentamente o que está sendo votado. Observeidaqui esses 3. Não vou citar os nomes, para não beneficiar ninguém, mas somente 3 estavamacompanhando.

É preciso compreender que temos responsabilidades. V.Exa. tem o direito de falar e serouvido. Então, continua com a palavra.

O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - É claro. Peço ao Relator que verifique apossibilidade dessa análise por meio de destaque. Vou destacar essa matéria que questiono:40% para o Senado, 14,5% para...

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Vou propor outra solução. Vou aglutinar as duasemendas e deixar um programa só.

O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Acho que é melhor. Assim V.Exa. não cometeráuma discriminação contra esta Casa. Temos de chegar a uma conclusão.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Fica feita a ressalva. O programa é o mesmo e noOrçamento vai aparecer uma coisa só. Quando for consolidado o Orçamento, vão seraglutinadas as duas emendas numa só. Para não haver discussão e não parecer que houvediscriminação, o que não é verdade...

O SR. SENADOR SÉRGIO GUERRA - É razoável a ponderação do Deputado Jovair,mas o princípio é equivocado. S.Exa. está dizendo que as emendas de Comissão do Senadoaprovadas somam 40% e as emendas de Comissão aprovadas para a Câmara somam 12% ou14%. Primeiro esclarecimento: as propostas e os programas citados são, na maioria, se nãotodos, iguais.

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O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Senador Sérgio...O SR. SENADOR SÉRGIO GUERRA - Vou terminar meu raciocínio. São os mesmos

programas.A segunda consideração é esta: há muito tempo perdemos de vista o essencial. Vejam, o

essencial são os programas, e não quem apresenta as emendas. Ou essas emendas têmcertidão de propriedade? Elas por acaso são de alguém? Elas vão ser distribuídas entrealguns? Se vão, nada tenho a ver com isso. Sou Presidente da Comissão de Agricultura doSenado, e lá ninguém distribui nada.

O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Nem aqui.O SR. SENADOR SÉRGIO GUERRA - Pois é. Então, ela não tem dono. O que conta são

os programas. Se a Comissão de Agricultura da Câmara aprovar uma emenda de R$ 50milhões para a defesa sanitária animal, a Comissão de Agricultura do Senado vai achar muitobom. O que nós queremos é que a defesa sanitária animal tenha os R$ 50 milhões, poucoimporta se a assinatura abaixo é de uma Comissão ou de outra. Se formos contabilizar o queaprova o Senado e o que aprova a Câmara, podem ficar certos de que não se vota Orçamentonunca mais...

O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Sr. Presidente, retorne a mim a palavra.O SR. SENADOR SÉRGIO GUERRA - ...porque o Senado sai até humilhado dessa

estatística.O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Sr. Presidente, devolva-me a palavra.O SR. SENADOR SÉRGIO GUERRA - É simplesmente humilhado, reduzido a uma

parcela mínima de participação. Mas nada disso cabe aqui. As emendas não são nem dosDeputados nem dos Senadores. As emendas são para os programas, e são os programas quetemos de discutir, o que, aliás, que não estamos fazendo.

Fui Relator desta Comissão uma única vez, e durante 2 dias discuti o relatório queapresentei, emenda por emenda. Tive de explicar todas as emendas que aprovei. Nunca fiz acontabilidade para saber se era mais para um lado ou mais para o outro porque isso fere oprincípio, o essencial do que fazemos, que é aprovar o bom projeto.

Cabe-nos aprovar o bom projeto. Não tem sentido algum esta discussão. Ela éabsolutamente equivocada. Se prosseguirmos nesta discussão, não funcionaremos mais comoComissão Mista, porque o Senado terá um resultado ridículo.

O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Sr. Presidente, se não tem cabimento fazer adiscussão, não sei por que o Senador está argumentando nessa direção.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - O Deputado Jovair Arantes estácom a palavra, e durante a discussão não é permitido aparte.

O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Certo, Sr. Presidente.Lembro a V.Exa., Senador Romero Jucá, que as Comissões estão com 55% dos recursos

de emendas e as bancadas com 45%. V.Exa. está valorizando muito mais as Comissões, e aquino Congresso — isso inclui o Senado Federal — as emendas de Comissão servem para osMinistros, e não para os Estados, ou para atender os interesses dos Deputados e dosSenadores. V.Exa. está separando 55% dos recursos para as emendas de Comissão e 45% paraas emendas de bancada. Isso não reflete o atendimento dos Parlamentares e dos Estados. Oque atende é ao interesse dos Governadores nos Estados.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Posso explicar?O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Pode.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Por que isso ocorre na área da agricultura? Ocorre

porque existem alguns programas nacionais que são importantes e são priorizados por meio derecursos de emendas de Comissão, como, por exemplo, o fortalecimento da EMBRAPA e ocombate à febre aftosa. Não há emenda de bancada para o combate à febre aftosa; essaemenda é nacional, e tem de ser uma emenda com um valor maior. E o mesmo ocorre para oinvestimento de pesquisa da EMBRAPA, para a agricultura familiar, para equalização de preçoe para compra de estoque. É tudo a mesma coisa.

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Estamos discutindo programas. Procuramos equilibrar, mas, sem dúvida alguma,vários programas nacionais, até por força da atual conjuntura, como o ressurgimento da febreaftosa, receberam um pouco mais de recursos. Entendi que essa decisão era a melhor para sertomada no relatório.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Não há mais...O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - V.Exa. destina R$ 25 milhões para a

mecanização agrícola. Isso não é programa nacional. V.Exa. há de convir que isso pode seratendido por bancada. Mecanização agrícola. O maior valor está numa emenda nacional, doSenado, e são R$ 25 milhões de reais.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Não, não.O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Está aqui: mecanização agrícola, nacional, R$

25 milhões. É o maior valor que V.Exa. tem aqui. Isso não é programa nacional. É umprograma que pode ser atendido pelas bancadas, e as bancadas, todas elas...

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Mas é um programa nacional.O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - É um programa nacional, mas...O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - O Ministério tem um programa nacional... O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - ...de bancada estadual. V.Exa. está dando

preferência às Comissões.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Há duas emendas, tanto na Câmara quanto no

Senado, sobre essa matéria. Na verdade, R$ 24 milhões equivalem a uma emenda de...O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Deputado Jovair Arantes, seu

tempo está encerrado. V.Exa. poderá apresentar destaques.Vamos dar continuidade...O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Vou encerrar, Sr. Presidente. Quero lembrar ao

Senador que a emenda para mecanização agrícola, nacional, na Câmara dos Deputados, ficoucom R$ 1 mil; a emenda para mecanização agrícola no Senado ficou com R$ 25 milhões. É umdisparate, Sr. Senador! Isso está errado.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Eu já expliquei essa questão. V.Exa. apresente umdestaque. Agora, essa soma, na verdade, de R$ 25 milhões, é para um programa demecanização agrícola do Ministério da Agricultura. Não é emenda do Senado ou da Câmara.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o segundo inscrito,o Deputado Narcio Rodrigues.

O SR. DEPUTADO NARCIO RODRIGUES - Sr. Presidente, quero cumprimentar oRelator pelo relatório produzido, e, ainda na linha de raciocínio já desenvolvida pelo DeputadoJovair Arantes, quero destacar que os relatórios tradicionalmente não seguem a norma determos 55% dos recursos destinados às emendas de Comissão, até porque isso acaba porprejudicar as emendas de bancada, igualmente importantes na iniciativa parlamentar. Assimcomo as emendas de Comissão têm o caráter de patrocinar programas nacionais, como jádestacado pelo Senador Sérgio Guerra, as emendas de bancada têm a característica depatrocinar programas estaduais. E vejo que, com a adoção desse critério pelo Relator, quevários programas estaduais ficaram absolutamente comprometidos.

Cito aqui, como coordenador da bancada de Minas, o caso do Programa Minas SemFome. Há uma emenda que aloca para o Ministério do Desenvolvimento Agrário R$ 3,451milhões, para patrocínio do Programa Minas Sem Fome — é o Fome Zero de Minas Gerais, queestá sendo contemplado com essa emenda. Quero dizer ao Senador Romero Jucá que esseprograma, que hoje atende 640 Municípios mineiros, vem sendo implementado pela EMATERdaquele Estado. Como essa emenda ficou com R$ 3,451 milhões, a outra emenda patrocinadapela bancada de Minas Gerais, também de apoio a assentamentos rurais, só atingiu R$ 780mil. Dessa forma, há uma deformação que fará com que, no fechamento desse relatório, oPrograma Minas Sem Fome, que conta com 50% de contrapartida do Governo de Minas eprecisa de no mínimo R$ 20 milhões para atingir R$ 30 milhões, com os R$ 10 milhões doGoverno de Minas, jamais alcance esse número.

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O critério de distribuição está errado. Tradicionalmente, o Relator distribui 70% dosrecursos para as bancadas e 30% para as emendas de Comissão. Eu até entenderia essadisparidade se tivesse assistido aqui a uma concentração de recursos, sobretudo para ocombate à aftosa. E ainda corremos o risco de ter a volta da febre aftosa em algumas regiões doPaís. Isso impõe-nos a necessidade de alocar mais do que R$ 16 milhões para esse setor.

O critério poderia ser justificado se o Relator houvesse disponibilizado pelo menos R$30 milhões para o combate à febre aftosa, às doenças da bovinocultura, doenças que inclusiveameaçam o nosso crescimento econômico, atingindo um setor para o qual temos uma vocaçãojá consolidada, especialmente na região central do Brasil. Por isso, Sr. Relator, mesmocompreendendo os motivos que levaram V.Exa. a tomar essas decisões, solicito-lhe queconsidere o destaque que recai sobre as emendas da bancada de Minas, especialmente no quediz respeito ao programa Minas sem Fome, que deverá alcançar, no próximo ano, os 856Municípios do Estado, para que possamos chegar, nesta fase do relatório setorial, a pelo menosR$ 10 milhões, de forma a permitir o atendimento das necessidades básicas para acontinuação do programa, naturalmente com o compromisso do Governo de Minas dedisponibilizar esse valor.

Além disso, peço-lhe que a outra emenda da bancada de Minas fique pelo menos com omesmo nível de recursos das outras emendas, em vez de com apenas R$ 780 mil. Essa é umadisparidade injustificável, que pune Minas Gerais.

Muito obrigado, Sr. Presidente. Gostaria de ouvir o Relator.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Chamaremos 3 Parlamentares. O

Relator está anotando e vai responder a todos.Com a palavra Deputado Claudio Cajado.O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - Sr. Presidente, eminente Relator, Senador

Romero Jucá, Sras e Srs. Deputados, Sras. e Srs. Senadores, farei aqui uma observação sobreo relatório apresentado: no que se refere aos gastos com pessoal, se analisarmos o que foiexposto pelo Relator, poderemos perceber que de 2003 para 2005, e ainda considerando aprevisão para 2006, quase dobrou o número de funcionários do Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento — MAPA. Isso significa que vai haver um incremento de 70% dosgastos com pessoal e encargos sociais.

Não entendo a prioridade do Governo. Não há dinheiro para reajustar o salário dosfuncionários públicos federais, mas há dinheiro para dobrar o número de funcionários? Issovai ocasionar um problema sério quando se tiver de decidir quanto se concederá de aumentoao funcionalismo público federal. Não é possível que os servidores federais fiquem 3 anos semqualquer reajuste, havendo ainda a possibilidade de não serem reajustados nem no próximoano.

Sei que isso é de interesse do Governo, porque o próximo é um ano eleitoral, masquando analisamos o primeiro relatório setorial constatamos que dobrou o número defuncionários, o que configura uma contradição diante do que alega o Governo, que afirma nãohá recursos para aumentar o salário dos servidores. E quero, Sr. Presidente, chamar atençãopara esse dado porque, sinceramente, podemos constatar que os gastos com pessoal eencargos sociais — uma despesa contínua — estão em crescimento, e tornam-se um fator depeso considerável no Orçamento do Ministério, comprometendo inclusive os investimentos. Adiferença entre o custeio e o investimento do Ministério já está enorme.

Outro item para o qual chamo a atenção de todos é referente ao Programa deDesenvolvimento Sustentável na Reforma Agrária. Veja V.Exa., Sr. Presidente: paraassentamentos, o Governo está disponibilizando recursos no valor de R$ 1,176 bilhão, maspara ações de desenvolvimento e apoio aos assentados apenas R$ 237 milhões, o que equivalea dizer que, para fugir dos movimentos dos trabalhadores sem terra, prioriza-se oassentamento e nega-se apoio aos assentados. Ora, essa equação não entra na minha cabeça.Isso não é racional. Não adianta disponibilizar recursos para assentamentos e jogar ostrabalhadores rurais lá, sem um mínimo de tecnologia agregada, sem um mínimo de infra-estrutura.

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Essa parte, Sr. Presidente, não pode continuar no relatório. Se priorizarmos apenas osassentamentos, estaremos livrando o Governo da pressão dos trabalhadores sem terra, masdepois de receberem a terra eles não terão condições de produzir. Temos de acabar com essaforma de se conduzirem os assentamentos neste País, isto é, apenas, via desapropriação porparte do Governo, dá-se a terra, no afã de assentar as famílias que fazem parte dosmovimentos, que recebem aquela terra e depois ficam sem ter como produzir, sem ter como sesustentar, e assim o próprio Governo contribui para aumentar seu passivo social. É por issoque o Bolsa Família está sendo cada vez mais ampliado, para atender a esses trabalhadoresrurais que não conseguem produzir. Na peça orçamentária apresentada, apenas 20% dosrecursos disponibilizados são para apoio aos assentados. Isso é um absurdo!

Não é possível que esta Casa mantenha essa regra do jeito que está. Seria comoassinarmos um atestado de incompetência, Sr. Presidente, e não quero estar incluído nesse rol.

Por último, quero chamar atenção para um aspecto mencionado pelo eminenteDeputado Narcio, de Minas Gerais, relativo à falta de recursos para problemas graves como oda febre aftosa, que o próprio Relator expôs em seu voto. A suplementação nesta fase deapresentação da peça orçamentária torna-se uma responsabilidade e uma obrigação destaCasa, em razão principalmente da volta dessa doença.

Espera-se que as conseqüências do contingenciamento das dotações para atividadesfundamentais para assegurar o exercício da função de Estado em relação à nossa agricultura eà nossa pecuária tenham servido como lições bem aprendidas e garantam doravante umaprogramação financeira mais adequada. Lembro que o próprio Relator, o Senador RomeroJucá, informou que os recursos previstos para o cuidado com a saúde do rebanho brasileironão são suficientes. Ou seja, no próximo ano poderemos assistir esse filme novamente.

Outro ponto importante para deliberação por parte desta Casa são os recursosnecessários ao FUNCAFÉ, que segundo S.Exa. chegam perto dos R$ 529 milhões. Essas sãoalgumas questões que teremos de discutir. Espero que o Relator possa dar-nos não apenas asinformações mas a solução. Só assim poderemos trilhar o caminho traçado por S.Exa.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado RonaldoDimas.

O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Obrigado, Sr. Presidente.Primeiro, o relatório, como bem disseram aqui 2 companheiros, serve de alerta e mostra

por que o Brasil vivencia, neste momento, uma crise em relação ao seu rebanho bovino. Asaplicações feitas pelo Governo Federal ao longo do ano de 2005 foram insignificantes, emboraestivessem lá, à disposição.

Tenho receio de estarmos disponibilizando, Senador Romero Jucá, muito mais recursosdo que efetivamente o Governo haverá de aplicar em 2006, deixando de atender programasprioritários no âmbito estadual, como se constata nas emendas de bancada apresentadas, paracolocar à disposição do Governo Federal recursos para fazer algo que para ele e para oMinistério da Agricultura e Ministério da Fazenda parece não ser uma prioridade: a defesaanimal neste País.

Temos perdido bilhões e bilhões de reais. Mato Grosso, especificamente, vem sendomuito prejudicado, apesar de haver recursos para esse tipo de ação. Temos brigado muito,temos destinado recursos para a defesa animal, mas o Governo contingencia todos eles, não osaplica, e deixa a pecuária vivenciar essa triste situação.

Ao mesmo tempo, Senador, quero fazer coro com os que apontam a diferença nadistribuição de recursos entre as emendas de bancada e as emendas de Comissão, que ficaramcom 57,7%, enquanto as bancada ficaram com 42,3%. Principalmente para mecanizaçãoagrícola aloca-se um valor muito grande em uma emenda nacional, sendo que várias bancadasapresentaram a mesma emenda, inclusive o meu Estado de Tocantins. Só para V.Exa. ter umanoção, no ano passado a bancada de Tocantins também apresentou uma emenda paramecanização agrícola e foi contemplada com R$ 10 milhões. Este ano vamos regredir. Isso éum disparate! O Orçamento é maior mas vão menos recursos para o Estado! E vários Estadosencontram-se nessa situação. Portanto, solicito a V.Exa. que reveja o critério de distribuição.

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Quanto à alocação de recursos para projetos de desenvolvimento rural, em que seestabeleceu um mínimo de R$ 80 mil, também não considero isso adequado. Não entendi bemo critério, porque há projetos, principalmente nos assentamentos rurais e na agriculturafamiliar, que podem, sim, ser feitos com valores bem menores. Então, não considero adequadoque o relatório estipule um valor mínimo de R$ 80 mil para projetos de agropecuária.

Faço uma última observação, Senador Gilberto Mestrinho, porque já vou concluir. Ésobre a abertura de janelas. Algumas janelas estão sendo abertas, e não concordo muito comisso. Especificamente as Emendas de nº 5010.0004, 5010.0001 e 5010.0002 são claramentejanelas abertas no Orçamento, e não acho que isso seja muito adequado.

Eram essas as observações, Sr. Presidente, e gostaria de ouvir o Relator.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Relator para

responder as perguntas formuladas.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Sr. Presidente, vou responder rapidamente.Deputado Narcio Rodrigues, quero dizer que nessa segunda emenda de Minas Gerais

houve um equívoco. Era para constarem cerca de R$ 3 milhões, no mesmo patamar dasoutras. Portanto, essa é uma correção que vamos efetuar. Realmente, isso está errado.

O programa de alimentação de que V.Exa. fala é extremamente meritório, mas nãoteremos recursos disponíveis de acordo com as necessidades de todos Estados. Então, estamospartindo para uma média de R$ 4 milhões por emenda de bancada.

Foi dito pelo Deputado Ronaldo Cunha Lima que no ano passado Tocantins recebeu R$10 milhões. Eu fui o Relator-Geral no ano passado. Foram R$ 10 milhões no final. Neste anoestamos começando com R$ 4 milhões; na verdade, vamos chegar a esse valor. Com certezavamos reavaliar a receita, vamos analisar os destaques. O Relator-Geral é sensível à área deagricultura e vai ajudar-nos.

Por que saiu assim o relatório? Porque ou eu demoraria para entregá-lo e então nãopoderíamos votá-lo, ou o entregaria com os poucos recursos de que dispúnhamos e depoisfaríamos...

O SR. DEPUTADO NARCIO RODRIGUES - Mas a emenda do Programa de Minas semFome ficou com R$ 3,4 milhões. É por isso que espero uma reconsideração por parte de V.Exa.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - V.Exa. apresente o destaque.O SR. DEPUTADO NARCIO RODRIGUES - Já o apresentamos, e vamos colocá-lo nas

mãos de V.Exa.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - O Deputado Claudio Cajado referiu-se ao gasto com

pessoal. Quero apenas registrar que o acréscimo que houve ao longo do tempo nos gastos compessoal não é devido apenas a um incremento do número de servidores, mas também àmelhora dos salários do quadro da Agricultura, notadamente os fiscais e os técnicosagropecuários, segmentos que nos últimos 2 anos obtiveram uma melhora bastantesignificativa da remuneração, o que é justo, porque, se o Brasil é o país que é e tem a condiçãode produção agrícola que tem, não é possível que os fiscais, os técnicos, enfim, os que dãosuporte técnico para que tenhamos a condição de produzir e exportar que temos sejam malpagos. É realmente muito alto o valor, e fiz questão de frisar isso no relatório, mas não se deveà duplicação do número de servidores, e sim à melhora salarial, algo que é importante fazer.

Quanto aos recursos para o combate à febre aftosa, efetivamente é preciso reforçá-losainda mais. Estamos alocando R$ 67 milhões, somadas as duas emendas com o que já vem doPoder Executivo; no entanto, é necessário não apenas que se aloque mais, mas, como disse oDeputado Ronaldo Dimas, que se gaste o recurso, porque o fator que levou a febre aftosa arecrudescer no País neste final de ano foi exatamente a não aplicação de recursos por parte doMinistério. Os recursos para o combate à febre aftosa foram em grande parte contingenciados epor isso ficamos à mercê dessa questão.

O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - Sr. Relator, o problema foi não haver aliberação dos recursos para o Ministério gastar.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - A não liberação.

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O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - Não é o mesmo que dizer que o Ministério nãogastou.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Não houve liberação. O recurso foi contingenciado.O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - Não os liberaram para o Ministério gastar.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - O Governo não gastou.O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - Isso.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Deputado Ronaldo Dimas, isso de

contingenciamento, de pressão da conjuntura, essa questão da febre aftosa, tudo isso asociedade vai ter de reclamar. O Ministro Roberto Rodrigues tem estado atento, e mostrou quetrata o assunto com prioridade. Tenho certeza de que a conjuntura vai ser maior do que apressão da área econômica de contingenciar recursos para a febre aftosa.

Quanto ao Estado de Tocantins, tenho certeza de que no final vamos chegar a um valorque, como V.Exa. verá, será próximo ao do ano passado. E quanto à distribuição das emendade bancada, houve isso. Recebemos algumas emendas nacionais que eram importantes. Porexemplo, estamos pela primeira vez colocando no Orçamento a EMBRAPA, que vai receber maisde R$ 1 bilhão, o que é fundamental. Recebi vários pesquisadores da EMBRAPA, que memostraram o seguinte: paga-se o profissional, paga-se o cientista, concede-se a bolsa, faz-setudo isso e às vezes não há dinheiro para custeio, para manter a pesquisa. Há casos depesquisas de 4 ou 5 anos que se perderam por falta de um trocado. Então, reforçamos aEMBRAPA porque se trata de uma entidade que merece todo o respeito dos brasileiros.

Quanto aos parâmetros da mecanização agrícola, eu fiz o registro dos R$ 80 mil apenaspara contabilizar o universo da meta, que tem de constar no Orçamento. É claro que cadaprojeto vai mostrar que equipamentos serão comprados, e os valores serão diferentes;entretanto, para quantificar uma meta no Orçamento — pois é preciso haver um número —,levamos em conta o parâmetro de R$ 80 mil. Trata-se apenas de um parâmetro. Não é umaobrigação, nada que vá criar qualquer tipo de embaraço à execução.

Quanto à abertura de janelas, trata-se das emendas que seriam aglutinadas e que eupreferi não aglutinar e atender simbolicamente para que o Relator-Geral possa acrescer aindamais recursos para os programas já atendidos.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Senador SérgioGuerra.

O SR. SENADOR SÉRGIO GUERRA - Sr. Presidente, o Relator está ausente. Éimpossível discutirmos com o Relator ausente. Relator ausente é um problema mais grave doque Relator secreto.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Peço paciência ao Plenário, porqueo Relator é um ser humano igual a nós. (Pausa.)

Senador Sérgio Guerra, o Relator está presente.O SR. SENADOR SÉRGIO GUERRA - Sr. Presidente, primeiro, quero registrar meu

reconhecimento pelo trabalho do Senador Romero Jucá, uma das boas inteligências desteCongresso. Segundo, quero dizer que está certo, numa área específica como a da agricultura,da qual tomei mais conhecimento este ano do que tomava antes, haver um esforço paradesenvolver programas nacionais, prioridades que não são definidas por nenhum Parlamentar,nenhum partido, nenhuma Comissão, e sim pelos fatos, como, por exemplo, essa questão dadefesa sanitária animal.

Ao longo deste ano assistimos na Comissão de Agricultura do Senado e da Câmara aum drama contundente. Houve um grande esforço de toda a área rural brasileira, à qual seassociou muitas vezes o próprio Ministro da Agricultura, para fazer valerem minimamente aspossibilidades de atendimento ao campo. Ao longo deste ano, portanto, tive a clara percepçãodo problema que causa no Brasil a falta de prioridade para o campo, de maneira especial paraa agricultura. Temos um Ministro forte, mas um Ministério fraco. Os recursos sãocontigenciados de maneira brutal.

Quero reconhecer o esforço da Comissão de Agricultura da Câmara, ao qual nosagregamos muitas vezes, na defesa quase solitária das demandas de mais de um terço dos

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brasileiros, de uma estrutura rural que não tem como se expressar. Somos um paísurbanamente ocupado e dominado, na perspectiva do campo, apesar de o campo contribuircom mais de um terço dos empregos, das exportações e importações e da contribuição fiscal.

As emendas adotadas na Comissão de Agricultura do Senado nada mais são do que areprodução das emendas adotadas na Comissão de Agricultura da Câmara. Pouco importapara nós — peço que o companheiro e amigo Jovair Arantes preste atenção — que essesrecursos sejam alocados pela Comissão do Senado ou da Câmara, ou que sejam divididos, outransferidos para a Câmara. Nada temos contra isso, Deputado. Queremos, sim, que essesrecursos sejam rigorosamente alocados à agricultura brasileira. E fizemos o seguinte: não nosfurtamos, em nenhum momento, a atender as demandas que vieram do Ministério daAgricultura e da EMBRAPA, porque entendemos que o Brasil precisa de um Ministério daAgricultura com outra dimensão econômica e financeira e que a EMBRAPA precisa ser muitomais valorizada do que tem sido até agora.

Nossa critica ao relatório do Senador Romero Jucá diz respeito à falta, e não àabundância de recursos. Nada contra R$ 10 milhões, R$ 15 milhões, R$ 20 milhões. Se estãona Comissão no Senado, então que vão para a Câmara. O importante é chegarem aosagricultores do Brasil.

Não é contraditório alocar mais recursos para emendas de Comissão do que parabancadas, desde que não se pleiteie uma espécie de propriedade das emendas. Não se tratadisso, mas de aprovar os programas que têm valor e relevância. Não podemos transformaremendas de Comissão em grandes “rachadinhas”. Não tenho participação nisso. Desconheçoessa prática, e se depender de mim ela não se dará.

Quero, com muita clareza, dizer que valorizar as emendas de Comissão, os programasnacionais, como fez o Senador Romero Jucá, é uma medida politicamente correta, naperspectiva do desenvolvimento brasileiro, e merece o nosso elogio. Não quero contestar,porque esse é um falso problema, Deputados e Senadores. Não é por aí, não iremos a lugarnenhum com esse tipo de problematização. Temos de contestar a não liberação de recursospostos à disposição dos programas que combaterão problemas que afligem a agriculturabrasileira e a pecuária, em especial. Foi a luta das Comissões de Agricultura da Câmara dosDeputados e do Senado Federal que comandou o esforço para que esses recursos fossemliberados, embora com atraso.

Não podemos afirmar que o problema da aftosa foi causado pela não liberação dosrecursos alocados para defesa sanitária animal, mas podemos dizer que a falta de umaprioridade permanente para programas como esses é a causa da grave crise que hoje castiga demaneira brutal o sistema de produção pecuária do Brasil.

Senador Romero Jucá, por sua inteligência, seu valor, sua independência e suacapacidade de liderança, V.Exa. merece o nosso apoio. Seguramente, V.Exa. fez um bomrelatório.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Concedo a palavra ao nobreDeputado Waldemir Moka.

O SR. DEPUTADO WALDEMIR MOKA - Sr. Presidente, Sr. Relator, quase me sintocontemplado pela argumentação do Senador Sérgio Guerra.

Inicialmente, cumprimento o eminente Senador Romero Jucá pelo trabalho feito.Concordo com o Senador Sérgio Guerra; o que temos de discutir é a falta de recursos e a faltade prioridade para um Ministério tão importante como o da Agricultura. Essa é a verdade.V.Exa. não tem como multiplicar esses recursos.

Chamo a atenção, primeiramente, para a questão da febre aftosa. Mesmo com esse sérioproblema, V.Exa. disse que agora, depois do relatório, estamos com R$ 67 milhões. Sr.Presidente, a exportação de carne bovina envolve mais de R$ 6 bilhões. Será que o Governo nãopode destinar R$ 200 milhões, um valor razoável, para atender aos Estados que não têm comofazer vigilância sanitária sem o apoio do Governo Federal? Digo isso para lembrar que aresponsabilidade da fiscalização é do Governo Federal, que apenas faz convênios com osGovernos Estaduais e utiliza a estrutura das agências de vigilância fitossanitária. Isso é um

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absurdo! Vejam a prioridade: depois do relatório setorial — e invoco a atenção do Relator-Geral, o Deputado Carlito Merss —, são R$ 67 milhões!

Chamo a atenção para um detalhe do Ministério da Agricultura: por se tratar de umórgão de pesquisa, o orçamento da EMBRAPA, que faz parte daquele Ministério, não pode sercontingenciado. Quando se faz um contingenciamento linear, como tem ocorrido, e como partedesses recursos tem de ser liberada para a EMBRAPA, o Ministério da Agricultura fica commenos de 20% de seu orçamento. Dos 67 milhões, novamente o Ministro Roberto Rodriguescontará com menos de 20 milhões para atender a todos os Estados em relação a essa questãosanitária. Vejam como a situação é grave e séria.

Senador Romero Jucá, quero me ater a esse ponto. Eu e o Deputado João Grandão, naqualidade de representantes da Comissão de Agricultura, já protocolamos os destaques e asemendas da Comissão de Agricultura.

Eu concordo com V.Exa. Não importa se a iniciativa é do Senado ou da Câmara; oimportante é que os programas nacionais sejam atendidos.

Quero chamar a atenção dos colegas para esses aspectos. Poucos recursos estão sendodestinados para a vigilância sanitária, animal e vegetal. Quando falamos em vigilânciasanitária, estamos nos referindo à febre aftosa. Precisamos também combater a ferrugem dasoja, o cancro cítrico e um monte de outras doenças.

O programa merece mais atenção, até porque, Sr. Presidente, se é verdade quequeremos ser os primeiros exportadores principalmente dos nossos produtos primários, daquipara a frente, ao aumentar a competitividade do Brasil, além da proteção dos subsídios dosoutros países, teremos os obstáculos criados exatamente nesse campo, aos quais chamamos deobstáculos fitossanitários.

Sr. Presidente, os destaques estão feitos.Mais uma vez, renovo a estima e a grande consideração que tenho pelo eminente

Relator, Senador Romero Jucá.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado João

Grandão.O SR. DEPUTADO JOÃO GRANDÃO - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, nobre

Relator Setorial, Senador Romero Jucá, já falei com V.Exa. sobre uma emenda de bancada deMato Grosso do Sul que diz respeito especificamente à área da agricultura familiar, dosassentados da reforma agrária. Chamo atenção também ao Relator-Geral, mesmo que játenhamos apresentado o destaque, para que procure melhorar a situação.

Sr. Presidente, eu talvez tenha sido um dos Deputados que acompanharamintegralmente a leitura do relatório. Percebo que muitas críticas são feitas por pessoas que nãotêm conhecimento de causa. Isso ocorreu quando se falou de algumas ações do INCRA, porexemplo. Observei que, no relatório, o INCRA foi um dos órgãos que mais teve a sua execuçãoorçamentária atendida. É o caso de um programa sobre aquisição de terras. Tenho de chamara atenção desta Comissão para essa questão. É muito importante a obtenção de verba paraaquisição de terras, porque na reforma agrária há a burocracia institucional diante da situaçãoem que alguns estão protegidos. Portanto, a possibilidade de conseguir recursos para aquisiçãode terras por meio do programa é de fundamental importância.

Percebo também que o Ministério do Desenvolvimento Agrário está recebendo dotaçãoorçamentária melhor do que outros órgãos. Falo isso porque, no Orçamento do ano passado, abancada de Mato Grosso do Sul apresentou emenda, que foi totalmente atendida, nopercentual próximo ao que está estabelecido nesta execução.

Sr. Presidente, peço que sejam levados em consideração — e chamo a atenção doRelator-Geral — 3 programas que considero de fundamental importância: o crédito fundiário; odesenvolvimento sustentável de territórios rurais, um programa criado por este Governo quetenho a convicção de que está, sem sombra de dúvida, atendendo a todas as necessidadescolocadas; e a aquisição de produtos pela CONAB, pela da Lei nº 10.696. Com muita modéstia,digo que fui o Relator dessa lei, que construímos junto com todo os movimentos sociais; e o seuart. 19 dá a possibilidade de fazer aquisição, por parte da CONAB, com base inclusive na Lei nº

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8.666 (Lei de Licitações), com dispensa de licitação e com preços regionais. Isso, Sr. Presidente,é de substancial importância com relação à agricultura familiar.

Faço este registro e este apelo ao nobre Relator, evidentemente elogiando o seurelatório.

E ainda, Sr. Presidente, com relação ao assunto debatido com o Deputado Moka,quanto à febre aftosa particularmente, quero registrar, que, mesmo com todos os percalços eproblemas que houve, houve a atuação da Comissão de Agricultura, que esteve in loco no MatoGrosso do Sul, Estado ao qual pertencemos. Desprovida de qualquer atuação política, aComissão foi lá para efetivamente constatar a situação. Mas quero registrar também o apoioque obtivemos do Governo do Estado, através do IAGRO, instituto que tem responsabilidadesobre essa questão. Claro que temos muitos problemas. O Deputado Moka relatou isso aquicom razão e, de forma inteligente, solicitou ao Relator que trate desse assunto com muitocarinho. É o apelo que também faço, pois 67 milhões é pouco para essa questão.

Era o que queria deixar registrado, Sr. Presidente, além de, mais uma vez, elogiar orelatório do nobre Senador Romero Jucá.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Sr. Relator.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Agradeço ao Senador Sérgio Guerra as palavras.

Concordo com S.Exa. ao registrar que é importante fortalecermos as políticas públicas e osprogramas nacionais. Venho defendendo uma nova metodologia de confecção do Orçamentoexatamente para que tenhamos condição de discutir políticas públicas.

Concordo também com a crítica que fazem os Deputados João Grandão e WaldemirMoka, exatamente sobre a falta de recursos. Para se ter uma idéia, o Deputado Moka disse queseriam necessários pelo menos 200 milhões para que a febre aftosa pudesse ser combatida,assim como outros males. Mas 200 milhões de reais foi o que tive para fazer o Orçamento tododos 2 Ministérios a mais. Realmente, é muito pouco recurso.

O SR. DEPUTADO WALDEMIR MOKA - Quando falamos em vigilância sanitária, fala-se em febre aftosa, mas é muito mais amplo do que isso. Muito mais.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - É mais amplo, claro.Concordo quanto à falta de recursos e também que os recursos para a defesa animal e

vegetal devem ser melhorados. Faço essa indicação ao Relator-Geral porque entendo ser umaquestão de sobrevivência econômica do País. Temos de ter a responsabilidade de darinstrumentos para que o setor econômico, que hoje, em grande parte, carrega este País, possater sustentabilidade e qualidade.

Concordo também com o Deputado João Grandão quanto à melhoria de recursos para areforma agrária e quando diz que é preciso que algumas questões fiquem fora do famigeradocontingenciamento. Não dá para a reforma agrária ficar, não dá para a EMBRAPA ficar. Ocombate a essas questões vitais também não dá para ficar sendo contingenciado. Temos decomeçar a mudar o formato do Orçamento para que parte dele seja impositivo. Programasdefinidos como prioritários pelo Congresso Nacional não deveriam ser contingenciados porquesão a explicitação política de uma prioridade dada pelas 2 Casas. Assim, concordo com todosos Deputados.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado DevanirRibeiro.

O SR. DEPUTADO DEVANIR RIBEIRO - Sr. Presidente, cumprimento o Relator, porémquero pedir desculpas a V.Exa. Não tem quem consiga fazer algo, da forma que trabalhamos oOrçamento, seja setorial ou geral, com o método que usamos até hoje. Acho que ele estásuperado. No discurso de todos aqui, um fala de São Paulo, que é o meu caso; outro, de MinasGerais; outro do Piauí; outro do Maranhão. Há uma composição complicada. Precisamosbuscar outra forma de programa para que sejamos co-responsáveis. Para se ter uma idéia, oCongresso Nacional está em recesso, e hoje estamos aqui porque temos a responsabilidade deaprovar o Orçamento da União, a peça mais importante do Parlamentar. No entanto, às vezesnão nos damos conta disso; ficamos discutindo picuinhas e miudezas e, às vezes, política pura.Ouço muitos discursos.

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Estou de acordo com o Deputado Jovair Arantes, de Goiás. Não tenho afinidade políticaalguma com S.Exa. Embora lhe tenha muita amizade, estamos em campos opostos. Porém,infelizmente, no Congresso Nacional, temos uma divergência entre o Senado e a Câmara. É porisso que o Orçamento também leva essa carga. Não pode ser uma Comissão Mista de 513Deputados e 81 Senadores, com todas as responsabilidades que tenhamos. Esse é um sérioproblema; temos de divergir. Quando V.Exa. — e até entendo o porquê — joga aresponsabilidade para o Relator-Geral, faz uma saída à francesa; manda para o Relator-Geral.Mas isso não é o correto. Então há uma certa picuinha entre nós, e esta Casa é política.

Concordo com o relatório de V.Exa., porque seria humanamente impossível apresentaroutro. Temos de fazer um acordo e votar logo para que esse relatório chegue rapidamente aoRelator-Geral. Temos o Mestrinho na qualidade de Presidente, o João Leão, Vice-Líder doGoverno, V.Exa., que foi Relator-Geral numa outra vez e que hoje é Relator Setorial, e váriosoutros companheiros desta Comissão que têm clareza quanto à grandeza do assunto, bemcomo da responsabilidade que ele nos merece. Mas entendo que deveríamos buscar outraforma de entendimento. Esse método de fazer o Orçamento não dá certo.

Quando se fala da aftosa, meu companheiro João Grandão, do Mato Grosso do Sul, dizque seu Estado não tem condições de fazer a fiscalização determinada. Posso dizer por SãoPaulo, que tem o segundo maior Orçamento da União, que o seu Governador tem dinheiro parafazer a fiscalização da febre aftosa e de outras várias doenças. Só que é mais fácil jogar para oGoverno Federal. Muitos fazem isso.

Vejam o caso das rodovias. No seu último ano de governo, o Presidente FernandoHenrique Cardoso repassou recursos aos Governadores para recuperação das rodovias. Comesse dinheiro eles pagaram o 13º salário e os salários atrasados, não recuperaram as estradase hoje estamos com o pepino na mão. O mesmo acontece com o caso da febre aftosa. Ou é só oGoverno Federal que tem de arcar com as despesas?! Acho que o empresário também deveriaarcar com isso, assim como o Governo do Estado. Todos temos de assumir responsabilidade.

Parabenizo V.Exa., Senador Romero Jucá, mas quero sugerir que busquemos outraforma de entendimento. Sei que V.Exa. é competente, assim como Gilberto Mestrinho é umgrande Presidente. Poderíamos ter uma saída melhor do que essa torre de Babel quediscutimos e que poucos entendem.

Muito obrigado, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Deputada Rose de Freitas.A SRA. DEPUTADA ROSE DE FREITAS - Sr. Presidente, se V.Exa. me permitir, antes

de me dirigir ao Relator...O SR. DEPUTADO PEDRO NOVAIS - Sr. Presidente, pela ordem. Parece que estou

inscrito antes da Deputada, não?O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Não. O nobre Deputado é o 13º

inscrito e a Deputada Rose de Freitas é a 10ª.A SRA. DEPUTADA ROSE DE FREITAS - Sr. Presidente, antes de me dirigir ao Relator,

quero dizer a V.Exa. que, desde quinta-feira, por intermédio dos Líderes, ouvimos falar dofamigerado modelo de votação da Comissão de Orçamento ou da modalidade de votação destaCasa, que passa até por aquela cabina com uma fila quilométrica e faz durar 4 ou 5 horas umavotação secreta. Mas quero dizer a V.Exa. que, a despeito de todos os dissabores que aquipassamos por termos de concorrer com a fala dos assessores, com os celulares, chegou aminha mão — com toda essa briga que o Parlamentar enfrenta para liberar emenda para o seuEstado, e a briga com o Relator para que um Estado como o meu, 90% agrícola, sejacontemplado com uma verba de 3 milhões de reais, fazendo jus à luta dos agricultores quesalvaram este País por 2 anos seguidos; e não recebemos nenhum tostão até agora, nesses 3anos de Governo, seja para a integração, seja para a agricultura, seja para a saúde — umanota de empenho estarrecedora, referente a obras de construção do Trecho 4 (AçudePacajus/Açude Gavião), da Estação de Tratamento de Água localizada no Trecho 5 (oeste) e aparte da terraplenagem do Trecho 3, do Açude Pacajus, no valor de 168 milhões de reais para o

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Estado do Ceará. E ainda para ampliação do sistema de abastecimento de água do Rio Pratagy,Maceió, Estado de Alagoas.

E nós aqui, Sr. Presidente, Sr. Relator, Sras. e Srs. Parlamentares, dia e noite brigando,a exemplo do Deputado Waldemir Moka, indignados, esperando há várias semanas veratendidas nossas emendas individuais, que não se referem a nenhum evento turístico ou delazer, mas, sim, à agricultura. Deputados pleiteiam para a agricultura da sua cidade cerca de50 mil, 100 mil reais, e 168 milhões, 70 milhões, no dia 23 de dezembro...

Quero dizer ao Relator, ao meu querido amigo Senador Romero Jucá, que não possoconcordar, apesar de todas as agruras pelas quais S.Exa. esteja passando para elaborar seurelatório — e sei disso porque pela mesma situação passa o Relator da área de infra-estrutura,que também não tem como fechar seu relatório atendendo às demandas estaduais —, com otratamento dispensado aos Estados essencialmente agrícolas. Para o Estado do Espírito Santoforam alocados, num um único item — mecanização agrícola —, 3 milhões e 313 mil reais.

Sr. Relator, a agricultura não foi contemplada com recursos de emendas individuaisnem de emendas de bancada; não foram alocados recursos para a agricultura. A agriculturanão recebeu nada, mas trabalhou. Os agricultores trabalharam, lutaram por este País.

Vou apresentar destaque de emenda e vou continuar brigando, até o final da reunião,para que V.Exa. reconheça que, na política, nem que seja com cobertor, muito curto aliás, osEstados agrícolas têm de ser levados em consideração. Se é para dividir o pão entre poucos,que se divida com aqueles que trabalham na agricultura, que ajudam o País a sair de criseseconômicas. A meu ver, V.Exa. não deveria ter entregue o relatório, e sim ter feito como muitosRelatores estão fazendo. Exijo recursos para a agricultura!

Por fim, espero, e apelo para a sensibilidade do Relator-Geral, que o problema daCâmara seja resolvido antes. Não votarei a favor do relatório enquanto não vir contempladas,com justeza, as prioridades da Câmara e da agricultura do meu Estado.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado RicardoBarros.

O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - Sr. Presidente, Sr. Relator, estouapresentando destaque para emenda da bancada do Paraná, que foi atendido com apenas 4milhões, 142 mil. Eu sei que o Relator procurou atender de forma boa, até porque oatendimento é igual ao do seu Estado. Mas é pouco. Não podemos concordar com a fórmulaadotada pelo Relator de destinar 70% dos recursos para as emendas de Comissão. Se oMinistro não tem condições de ser atendido pelo Ministério do Planejamento, pela Secretaria deOrçamento e Finanças, não será aqui que resolverá o problema. Se S.Exa. não convence oGoverno de que precisa dos recursos, não será na Comissão que vai sanar o problema.

Sr. Relator, estou apresentando vários destaques para que 50% dos atendimentos dasemendas de Comissão, da mecanização agrícola ou outros, todos os da Comissão daAgricultura, à exceção da EMBRAPA, que eu vou ressalvar, porque a EMBRAPA de fato é umainstituição que merece recursos significativos desta Comissão... É para suprimir 50% daemenda da bancada da Região Norte, que está com 12 milhões, enquanto as demais que estãocom 16 milhões, à exceção dessa de mecanização agrícola, que dispõe de 24 milhões. Assim,teremos cerca de 70 milhões de reais para serem redistribuídos entre as bancadas queprecisam de melhor atendimento. Beneficiaremos inclusive o Estado de Roraima, que ficouapenas com 4 milhões, 142 mil, Sr. Relator.

É a observação que faço. As emendas da Comissão de Agricultura são fundamentais. OEstado do Paraná produz 25% dos grãos produzidos no País, e queremos que a nossaagricultura disponha de mais estrutura.

Sr. Relator, estou propondo, por meio desses destaques supressivos, na verdade, umareconstrução do seu relatório. Que V.Exa. pudesse rever a distribuição. Não está correto fazercom que 70% dos recursos de um relatório sirvam para as Comissões e apenas 30% para oatendimento das bancadas. Essa prática foi reprovada aqui anteriormente. Inclusive o Relatorera o Relator-Geral, Deputado Carlito Merss. S.Exa. fez um relatório com muitos recursos para

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as Comissões e depois, conversando com as bancadas, concordou em redistribuí-los. ORelator-Geral se lembra desse episódio, pois então era Relator Setorial.

Quero insistir com o Sr. Relator, Senador Romero Jucá, para que sejam redistribuídosesses recursos, atendendo-se melhor às bancadas e menos às Comissões, porque emenda deComissão é lobby de Ministro, e Ministro tem que se acertar no Executivo e não aqui naComissão do Orçamento.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado SérgioMiranda.

O SR. DEPUTADO SÉRGIO MIRANDA - Sr. Presidente, Sr. Relator, caros colegas, eunão vou apresentar destaque; vou pedir esclarecimentos. V.Exas. conhecem, dentro do jargãoorçamentário, a expressão “rachadinha”, aquela emenda de bancada repartida pelosDeputados. Talvez V.Exas. não conheçam a “rachadona”, emenda genérica distribuída peloMinistro. Chama-me a atenção, nesse processo que estamos vivendo, de preparo para o anoeleitoral de 2006, a figura das emendas “rachadonas”, as emendas genéricas dos Ministros,que foram extremamente bem aquinhoados. Se V.Exas. prestarem atenção, irão observar que amaior parte das emendas de Deputados tratam de mecanização agrícola, em apoio a projetosde infra-estrutura e serviços em territórios rurais; são típicas emendas de Parlamentares com afinalidade de colocar uma patrulha mecanizada num pequeno lugarejo. Mas aí se trata deemendas individuais. Eu defendo emenda de Comissão. Não sou contra emenda de Comissão,desde que seja aplicada numa ação cujo mérito seja reconhecido.

É impressionante isso! A forma mais importante de aparecer as “rachadonas” é pelasemendas de Comissão, quando o Relator destina para mecanização agrícola recursos da ordemde 24 milhões de reais. V.Exas., ano que vem, vão prestar atenção na execução orçamentária evão descobrir que há Deputados de primeira categoria e Deputados de segunda categoria, ouaté de quarta. Vai aparecer na execução orçamentária com uma característica típica deemenda individual a distribuição desses recursos, da mecanização agrícola. Isso não é projetonacional, isso não é combate à febre aftosa, não é emenda para a EMBRAPA — é uma“rachadona”!

Essa outra emenda aqui também é típica: apoio a projetos de desenvolvimento do setoragropecuário. Prestem atenção às emendas dos Deputados. A maior parte dos Deputados quecolocaram emendas para essa área teve por objetivo a mecanização agrícola e o apoio a projetosde infra-estrutura e serviços em territórios rurais. Por quê? Porque são emendas cujas marcassão para serem emendas individuais, que até têm seus méritos. Posso citar alguns exemplospara V.Exas.: apoio a projetos de desenvolvimento do setor agropecuário em Municípios;construção e reforma do mercado para produtos agropecuários no Município de MarcioniloSouza. Essa é uma típica emenda individual para a Bahia, que tem seu mérito. Eu faço apenaseste comentário para não ficar parecendo que todos nós somos bobos. Não somos bobos;estamos alertas, sabemos o que está acontecendo. Fiquem conscientes de que não somosbobos! Podemos mudar essa cultura? Não. É muito difícil. Mas nós não somos bobos; estamossabendo o que está acontecendo.

Sr. Relator, queria perguntar a V.Exa. duas coisas bem objetivas. V.Exa. cortou daerradicação da febre aftosa R$1.958.000,00 (pág. 100 do relatório de V.Exa).

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Houve um corte linear de 15% acima de 3 mil reais,que foi reposto junto com as emendas. A febre aftosa saiu de 40 milhões para 67 milhões.

O SR. DEPUTADO SÉRGIO MIRANDA - Deixe-me explicar. A febre aftosa aparece emprevenção, controle, erradicação das doenças da bovideocultura. De fato, passou de 7 bilhõespara 16 bilhões. Acresceram-se 16 bilhões; foi para 23 bilhões. A erradicação da febre aftosa,V.Exa. poderia tê-la cortado ou não. Esse é outro aspecto que me chama a atenção no relatóriode V.Exa.

O Ministério da Agricultura teve acréscimo de R$271.444.780,00 e um corte, umaconcessão, uma decisão do Relator-Setorial, de 6 milhões. O Ministério do DesenvolvimentoAgrário, que tem a marca do social, teve um acréscimo de R$138.783.000,00 e um corte de 85

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milhões. Essa é a marca do social na Casa do povo. A marca do social na Casa do povo é:ampliar bastante na agricultura e cortar profundamente no social.

Sr. Presidente, apenas queria fazer esses comentários rápidos. Depois, podemos voltar aesse tema, com a possibilidade de o Relator-Geral corrigir essas distorções.

Muito obrigado.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado Pedro Novais.O SR. DEPUTADO PEDRO NOVAIS - Sr. Relator, diz a Resolução nº 1 que V.Exa. não

pode fazer emenda de Relator, a não ser para corrigir erro material ou de fato. V.Exa., noentanto, apresentou uma emenda de Relator, dizendo que era para corrigir, fazer umatransposição de fontes, mas não usou a expressão “erro de fato”; poderia tê-la usado, o quefacilitaria o entendimento de muitos incautos, como eu.

Todo mundo tem medo da palavra “erro”, mas, na verdade, dá para entender que V.Exa.não tinha recursos para atender às emendas e fez a correção de um erro de fato para atendê-las, mas não usou a expressão “de fato” — e isso nos leva a fazer esta observação.

Outra observação, Sr. Relator: gostaria de adivinhar que critério V.Exa. utilizou para oatendimento das emendas, tanto de bancada quanto de Comissão. V.Exa. chegou a sugerir queutilizou algum método, porque chegou ao requinte, por exemplo, de, na emenda Fomento aProjetos de Diversificação Econômica e Agregação a Valor Familiar em Município do Rio Grandedo Sul, colocar o valor de R$2.071.105,00. Qual o critério? Como este critério se coaduna como atendimento da emenda Mecanização Agrícola Nacional, no valor de R$24.853.129,00?

Esta Comissão, Sr. Presidente, Sr. Relator, está cansada de saber da minha oposição àexistência das emendas de Comissão. As emendas de Comissão podem até se referir aprogramas, e se referem — mecanização agrícola é um programa; prevenção e controle eerradicação das doenças da bovinocultura é outro —, mas quem é o pai da emenda deComissão? Não existe. A emenda de Comissão é a do Espírito Santo, que chega ao ouvido dosRelatores e buzina o valor que desejam ver aprovado.

Não posso entender como para a emenda da mecanização agrícola existem 24 milhões epara a prevenção, controle e erradicação das doenças da bovinocultura, existem 16 milhões.Por que na emenda da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e DesenvolvimentoRural existem apenas os valores simbólicos de 357? Por que a maldade da fração 57? Se V.Exa.queria apenas justificar o atendimento da emenda, para que o Relator-Geral pudessecomplementá-la. Não precisava nos iludir com o valor de 357, 643 etc.; deveria pôr 300, 500 ou1 milhão.

As emendas de Comissão, Sr. Relator, às quais V.Exa. deu tanta importância, são umaexcrescência do Orçamento da República. Elas beneficiam, como disse o Deputado SérgioMiranda, uma meia dúzia de apaniguados, que têm relações pessoais nos Ministérios, queconseguem, antes da aprovação do relatório, acordo nesses Ministérios para a aprovação desuas pretensões para o próximo ano. Só assim se justifica a disparidade dos valoresapresentados por V.Exa.

Existe alguém nesta Comissão que defenda a Comissão de Agricultura e ReformaAgrária? Não existe. Quem defende a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, conforme dizo Regimento da Câmara, é o Presidente da Comissão. Mas S.Exa. não está aqui, para defenderas emendas ou, pelo menos, justificá-las.

Eram essas as minhas críticas ao relatório, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Antes de passar a palavra ao

próximo Parlamentar, comunico que, para a facilidade dos trabalhos, as reuniões de amanhã eseguintes, às 10h, 14h e 18h, serão realizadas no plenário do Senado Federal. É melhor, maiscômodo e dá mais liberdade aos Parlamentares.

O SR. DEPUTADO PEDRO NOVAIS - E vai nos acostumando a ser Senadoresfuturamente, se Deus quiser. (Risos.)

O SR. DEPUTADO PROFESSOR LUIZINHO - Pelo menos, a liberação das emendas(ininteligível)...

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O SR. DEPUTADO JOÃO GRANDÃO - Sr. Presidente, queria só fazer um registro.Como membro da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento

Rural há 6 anos, quero deixar registrado que não aceito e não acato nenhuma das críticasfeitas pelo nobre Parlamentar agora há pouco, principalmente quando se trata de apaniguados.

Gostaria de deixar muito claro isso, para não haver nenhum problema. Acredito que opensamento do Deputado Waldemir Moka é o mesmo.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Está registrado, Deputado.Com a palavra o Deputado Luiz Carreira.O SR. DEPUTADO LUIZ CARREIRA - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, muitas

das questões que pretendia formular, inclusive em relação à Comissão, já foram formuladas.Mas eu queria fazer 2 observações básicas.

Primeiro, é preciso fazer uma correção global nesse relatório. E pergunto até se nãoseria o caso de republicá-lo, porque faz referência ao Orçamento de 2005/2004. É precisoverificar a legalidade desse relatório, em razão dessas imprecisões, que contêm inclusive o votodo Relator, no final.

Digo isso apenas a título de sugestão.Gostaria de perguntar ao Relator por que efetivamente esses acréscimos tão

significativos, inclusive na despesa de publicidade, que passaria de R$5.560.000,00 para cercade R$20.000.000,00.

Estas são sugestões para o Relator-Geral.Está na página 27: conservação de estoque sai de R$7.600.000,00 para

R$8.000.000,00. Publicidade: R$5.560.000,00 para cerca de R$20.000.000,00. Trata-se de umaumento de 359%. Pesquisa e desenvolvimento: sai de R$7.560.000,00 para R$11.000.000,00— razoável. Remuneração a instituições, financiamento do custeio, cresce 17%. O que mechama a atenção é essa proposição de acréscimo de cerca de 3 vezes na verba de publicidade,talvez para a febre aftosa, não sei, enfim, é preciso explicar direito o que é isso.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado JoséRocha.

O SR. DEPUTADO JOSÉ ROCHA - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, querocumprimentar o Relator-Geral, Deputado Carlito Merss, e o ilustre Relator Senador RomeroJucá.

Inicialmente, como coordenador da bancada da Bahia, quero dizer a V.Exa. que estouapresentando destaque à emenda da nossa bancada, tendo em vista a desconsideração porparte dessa Relatoria em relação ao meu Estado, grande produtor não só na agricultura, mastambém na pecuária. No relatório do ano passado, nesse mesmo relatório preliminar, a Bahiafoi contemplada com R$8.500.000,00. E essa Relatoria contempla a Bahia com apenasR$3.313.000,00, portanto, com o menor número de todas as bancadas em matéria derecursos. A Bahia, nesse relatório, é o Estado de menor valor dentre todos os contempladospela Relatoria. É inadmissível que isso aconteça com um Estado que tem uma área agrícolaimensa, com índices dos mais positivos não só na pecuária, mas também na agricultura, quetem feito seu dever de casa em relação ao controle fitossanitário nos 2 setores.

Estamos apresentando esse destaque e esperamos contar com a boa vontade do Sr.Relator para corrigir esse equívoco, que entendemos ser muito grave para o nosso Estado.

Também tive oportunidade de detectar as “rachadonas”, aqui mencionadas pelo ilustreDeputado Sérgio Miranda. As “rachadonas” na Comissão de Agricultura da Câmara têm apenas2 milhões de reais, no Senado, mais de 60 milhões de reais. Trata-se de desproporção muitogrande. Certamente, são projetos que poderiam ser mais bem distribuídos não só na prevençãocontra a erradicação das doenças da bovinocultura, como também na pesquisa agropecuáriabrasileira.

São as observações, Sr. Sub-Relator, que faço em relação à discriminação ao nossoEstado.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o DeputadoBismarck Maia.

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O SR. DEPUTADO BISMARCK MAIA - Sr. Presidente, não quero ser repetitivo, já quesou o último inscrito para falar, mas quero corroborar algumas palavras dos Parlamentaresque me antecederam, principalmente o Deputado Sérgio Miranda e o Senador Sérgio Guerra,quando disseram que o processo de construção do Orçamento — e já estamos sendorepetitivos, mas é preciso que cada Deputado se comprometa em verbalizar este pensamento —deixa claro para a sociedade que está absolutamente falido.

Não é à toa que estamos aqui, ainda no final do ano, quando já deveríamos ter votado,Deputado Professor Luizinho, há muito tempo, a peça orçamentária para o ano de 2006. Nãosó algumas partes dessa construção, mas todo o ritmo está falido no tocante à apresentaçãodas emendas, dos requerimentos. Enfim, repito: todo o processo de construção da peçaorçamentária se encontra completamente falido.

Sr. Presidente, quero abordar outro assunto. O Estado do Ceará procura, ao longo dos últimos 20 anos, soluções alternativas para

as dificuldades centenárias que enfrenta, principalmente, no tocante às chuvas e às questõesagrícola e pecuária.

No que se refere ao setor de serviços, o turismo hoje tem sido alternativa para odesenvolvimento do Ceará. O processo de industrialização já é realidade no interior do Estado,mas um projeto tem sido buscado de forma intensa: a reengenharia das águas das baciashídricas através de canais que estão recebendo recursos, ao longo desses últimos anos, eagora, pela implementação da nova siderúrgica no Porto de Pecém.

Agora mesmo foi citado pela Deputada Rose de Freitas o empenho do Ministério daIntegração para fazer parte da reengenharia de bacias hídricas, que conta com o apoio doGoverno Federal e do Governo do Estado, que tem feito esforços gigantescos para ajudar aspessoas extremamente pobres, cumprindo sua parte na redistribuição das águas das baciashídricas que, antigamente, só serviam à população ribeirinha.

Hoje temos um projeto em curso que precisa ser concluído, e esses recursos têm de serrecebidos, junto aos do Estado, que já são poucos, para complementar essa obra deredistribuição de bacias hídricas.

No caso sobre o qual acabei de falar com V.Exa, também nesse processo, temos aagricultura irrigada, outro esforço do Ceará, juntamente com a distribuição de água por todo oEstado. V.Exa. se comprometeu, de forma informal, atendendo ao nosso destaque, acontemplar o Estado do Ceará com maiores recursos.

Muito obrigado.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado Walter

Pinheiro.O SR. DEPUTADO WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares,

antes de qualquer coisa, quero realçar que o esforço de qualquer Relatoria-Setorial ésobre-humano. Todos reclamamos do método, das práticas e, inclusive, da forma. Entra ano,sai ano, choramingamos aqui sobre esses métodos de funcionamento da peça orçamentária.

Se analisarmos bem — sem colocar culpa em ninguém especificamente, mas em todosnós —, a partir de setembro, já poderíamos estar debruçados no debate amiúde, inclusivepreparatório, para não fazer uma argüição ao Relator-Setorial com caráter de inquisição epassarmos a efetivamente disputar os programas. Embora façamos crítica às “rachadinhas”,depois, vamos para um jogo de emendas e destaques que se distanciam de um projetoestruturante.

Quando se defende, por exemplo, a EMBRAPA como um dos setores que não deveriamestar submetidos a contingenciamento, deveríamos priorizar a discussão, nas Comissões deAgricultura e de Ciência e Tecnologia, de projetos enquadrados em estrutura de planejamento,o que não fazemos. Às vezes, fazemos muito mais. Como se fortalece a EMBRAPA de Cruz dasAlmas, na Bahia, como se fortalece a EMBRAPA de Campina Grande? Assim, vai-se para odebate setorizado.

É lícito e justo as bancadas defenderem seus interesses estaduais. É mais que lícito. Noentanto, estamos nos distanciando cada vez mais de proposta ou de intervenção caracterizada

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como estruturante ao debatermos a emenda de Comissão, pelo fato de que se distancia doaspecto individualizado, localizado. Ela tende a ter uma característica nacional, até porqueultrapassa o âmbito das bancadas. O debate se faz a partir de projetos apresentados por essesórgãos, instituições ou Ministérios, às vezes até empresas, levando-se em consideração que éprojeto nacional. Porém, se lamentavelmente, na execução ou na forma de trabalhar, se namanipulação — uso aqui o termo no bom sentido — dos recursos do Ministério a idéia sofredesvio, competirá à Comissão de Orçamento cumprir outra tarefa sua, a de acompanhar aexecução, para que não fique gente choramingando que Ciro Gomes, com intervençãonotadamente ligada a seu Estado, privilegia lá o seu açude — o que é, na minha opinião, lícito.Não estou colocando nenhuma impureza nessa água. No entanto, obviamente, há um reclamea partir da ausência de recursos para outros projetos que também têm característica nacionalestruturante.

Essas emendas de Comissão são corretas, na minha opinião. Talvez até mais que as debancada, porque, queiramos ou não, estas terminam caminhando para um processo de divisãoper capita, por Parlamentares, o que gera distorção.

Por exemplo, a Bahia tem 39 Deputados. Se dividirmos uma emenda liberada entre os39, se o recurso for dividido na “rachadinha”, é impossível fazer qualquer projeto estruturante,pois são 200 mil réis de mel coados para cada Deputado. É óbvio que com o recurso podem-seaté fazer obras importantes, mas não estruturantes para o Estado. Ao passo que, num Estadomenor, se essa regra valer e os recursos forem divididos entre 8 Deputados, seria possíveladotar postura estruturante muito melhor para os pequenos Estados do que para os grandes.Portanto, esse é um debate importante.

Na minha opinião, o Relator fez o possível com os instrumentos à sua disposição. Nãopodemos abrir uma querela entre Câmara e Senado. Não vamos entrar numa luta desleal como Senado, numa proporção de 513 contra 81. Então, se o per capita for aplicado, de longe oSenado estará, literalmente, prejudicado. Em tese, o Senado tem a prerrogativa da defesa dosEstados, portanto, teria que se considerar esse tipo de intervenção como ação estruturante.

Sr. Relator, na minha opinião, cresce pouco o recurso do MDA, mesmo que analisemosna ordem de 20,4% o orçamento. Mas há um ponto positivo nesse relatório: a necessidade deatender à cultura do café, que passa por dificuldades no Brasil. O relatório aporta 25% a maisde recursos a uma lavoura que tem enfrentado dificuldades, do ponto de vista do preço, nahora da comercialização.

No entanto — quero ser muito sincero com V.Exa. —, adota uma postura um poucotímida quanto à compra de alimentos. O orçamento da CONAB cresce somente 9,5%. E essa éuma das áreas mais importantes, já que V.Exa., no relatório, usa 77% dos recursos naagricultura familiar. Portanto, são destinados exatamente ao gasto do PRONAF com outraintervenção, ou seja, prevalece a técnica da média e pequena agricultura. Nessa direção, meucaro Relator, o correto seria que o orçamento da CONAB crescesse um pouco para estar emconsonância com o incentivo e o estímulo à agricultura familiar, até porque a CONAB vaicomprar esse alimento. Portanto, aumentar esses recursos seria importante para atendermosisso.

Fechando, Sr. Relator, ouvi uma crítica em relação aos gastos. Quero chamar a atençãode V.Exa. para a questão da CONAB na agricultura. Acho importante pensar na possibilidadede aumentar um pouco os recursos utilizados pela CONAB, porque estarão em consonânciacom a agricultura familiar. É justo aplicar mais recursos para o financiamento da agricultura ena compra antecipada da farinha, do milho e do feijão.

Foi muito criticada a questão dos recursos para assentamento. Mas se olharmos direitoo descritivo, verificaremos que várias rubricas têm a ver com assentamento. Não pode sersomente lido. Tive a preocupação de somar. Se analisarmos bem, vamos aplicar 360 milhõespara os assentados e 160 milhões para estímulo ao assentamento. É natural que a aquisiçãode terras seja mais elevada, pelo valor da terra. Nesse caso, acho que V.Exa. faz a distribuiçãocorreta. A assistência técnica é recurso aplicável à melhoria do assentamento. Ele tem duplaaplicação: para os que serão assentados e para os que já estão.

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O relatório de V.Exa. está em consonância com os elementos disponíveis. Mas querofazer coro à reclamação dos baianos, porque em nossa emenda de bancada este ano, porexemplo, o Orçamento contemplou com quase 9 milhões a da agricultura familiar. É verdadeque V.Exa. contempla com pouco mais de 3 milhões. Levando-se em consideração que essesrecursos têm sido prioritariamente utilizados nos territórios — na mesma linha de que faleicom V.Exa —, seria importante que fossem ampliados, porque não têm sido gastos de formadividida. Na Bahia, têm sido gastos para atender à estrutura territorial implantada, e é um dosEstados que mais adotou a prática de assentamentos no ano de 2005. Talvez tenha sido o querecebeu o maior valor de recursos para a desapropriação de terras com vistas aoassentamento. Portanto, aumentar a emenda de bancada para atender aos territórios ajudariasobremaneira a agricultura familiar e em geral, a partir desses assentamentos implantados.

Parabenizo V.Exa. pelo trabalho realizado.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Sr. Relator,

Senador Romero Jucá.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, vou tecer

alguns comentários sobre as ponderações feitas pelas Sras. e Srs. Parlamentares.Concordo com o que disse o Deputado Devanir Ribeiro e outros Parlamentares. O

método de confecção do Orçamento é superado, porque não privilegia a discussão de políticaspúblicas. Privilegia a discussão do localizado, do específico, e num país do tamanho do Brasilisso é difícil. Se estivéssemos na Suíça, seria mais fácil. Mas, numa área geográfica como anossa, com problemas tão diferentes, não se têm condições de discutir especificamente cadaaspecto.

Concordo com isso. Nas Comissões técnicas, tenho proposta estruturada para discutirpolítica pública com os Ministérios. Espero, um dia, termos nova oportunidade de discutir isso.Não chego a dizer que o modelo é falido, porque todos os anos conseguimos lhe dar sobrevida,mas não está à altura das necessidades de formulação de um novo tipo de orçamento compolíticas públicas no País.

Há divergências entre Câmara e Senado. Na verdade, se analisarmos sob todos osaspectos, veremos que há preponderância da Câmara. A Câmara tem 7 Relatores Setoriais, oSenado apenas 3. A Câmara tem muito mais Comissões e, portanto, muito mais emendas deComissão que o Senado. Essa não deve ser a discussão. Tenho sido Relator Setorial e Geral hámuito tempo, e a minha visão é a de que deveria ser uma Casa congressual só, uma ComissãoMista, e, portanto, todos com o mesmo peso e com a mesma forma de colaboração.

Concordo com a Deputada Rose de Freitas: não há recurso. Mas procurei distribuir opouco de que eu dispunha visando a políticas públicas e igualdade no tratamento em relaçãoaos Estados. Não houve discriminação a nenhum Estado. Eu é que me senti discriminado,porque recebi poucos recursos do Relator-Geral e, assim, não pude atender bem aos Estados.Mas o Estado do Ceará, do Deputado Bismarck Maia, recebeu 3,3 milhões, o mesmo querecebeu o Estado do Deputado José Rocha ou do Deputado Walter Pinheiro, a Bahia. Querdizer, chegou-se no ano passado a 9 milhões porque tivemos condição para tanto.

Ano passado, fui Relator-Geral. Este ano tenho defendido correção no que foi feito naLDO deste ano, ou seja, criar limitações para a criação de receitas. O segredo do fechamento doOrçamento não é o que se define de despesas, mas o que se cria com responsabilidade dereceita para se ter contrapartida e autorizar a despesa, senão o Orçamento não fecha.

Na minha visão, a Comissão de Orçamento colocou uma trava burra na LDO deste ano,porque sabemos que o Governo é conservador, qualquer área econômica de qualquer Governomanda um relatório subestimado na receita e na despesa, porque joga na garantia.Historicamente, o Congresso tem estipulado novas receitas, e há 10 anos se arrecada mais doque as receitas estipuladas. Ano passado fiz uma aposta com o Ministro Palocci: criei 21bilhões de receita, e S.Exa. disse que a receita não ia se configurar. Apostamos uma garrafa devinho. Ganhei a aposta: arrecadou-se mais. S.Exa. não pagou ainda, mas vou cobrar.

Quero dizer ao Deputado Ricardo Barros que 46% das emendas foram de bancada.Portanto, não é esse número todo — 70%. Repito: fiz isso conscientemente, porque aqui estava

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em jogo o fortalecimento da EMBRAPA, o que tem de ser um compromisso de todos osbrasileiros. Além disso, há a agricultura familiar, o combate à aftosa e a fiscalização vegetal.Então, são várias questões que envolvem políticas públicas nacionais e que nós colocamos.

Ao Deputado Sérgio Miranda, ressalto que não vejo nas emendas rachadinha ourachadona. Respeito as emendas que vieram das Comissões como emendas de políticaspúblicas. A mecanização agrícola na Amazônia, por exemplo, tinha de ser uma política pública,porque senão se queima e se devasta o meio ambiente. Tinha de ser uma ação do Governocomo política nacional e, por isso, não podia depender de emenda individual de umaParlamentar para dar trator a um Prefeito, porque isso não muda a realidade da produçãoagrícola da Amazônia.

Vejo em cada medida dessa uma política pública, e é assim que estou aprovando osrecursos. Tenho certeza de que nem os autores das emendas nas Comissões nem os Ministrosvão promiscuir qualquer tipo de emenda com qualquer tipo de ação que não seja essa a queestou me referindo.

O Deputado Pedro Novais questionou os cortes. Por que o 047? Fiz um relatóriocontando com determinados recursos, e infelizmente o Relator-Geral não os conseguiu. Tive,então, de fazer um corte linear. E, quando fiz esse corte, não ficou número fechado, tanto que aemenda da Bahia e do Ceará é de 3 milhões, 313 mil reais. Por que isso? Por que o número écabalístico? Não, mas porque o corte linear levou a esse tipo de posição.

Aproveito para dizer ao Deputado Pedro Novais que a emenda do Rio Grande do Sul é de4 milhões de reais. Não é de 2 milhões e pouco, como disse S.Exa.

Portanto, a fração está explicada.Ao Deputado Luiz Carreira digo que o quadro que apresentei trata de uma proposta do

FUNCAFÉ. Na verdade, o Ministro Roberto Rodrigues encaminhou correspondência dizendoque os recursos para o FUNCAFÉ estavam subestimados em 500 milhões, e pedia que eucriasse receita de 500 milhões, que desse essa distribuição. Como não posso criar receita,indiquei ao Relator-Geral tanto o pleito da receita quanto o pleito da despesa. Vai ficar acritério do Deputado Carlito Merss a decisão. Se fosse eu, não faria dinheiro para publicidade.Agora, como a mim cabe colocar o que foi encaminhado, coloquei da forma como recebi.

Ao Deputado José Rocha quero dizer novamente que não estamos discriminando aBahia. Pelo contrário, espero que a Bahia possa melhorar. Tenho certeza de que, com oRelator-Geral, vamos fazer um estudo e criar um critério que permita termos a receitanecessária para fechar o orçamento. Essa é uma questão fundamental. Espero que as emendasde bancada e de Comissão sejam fortalecidas.

Deputado Bismarck Maia, quanto à confecção do Orçamento, temos de mudar a forma.O Ceará também recebeu 3,3 milhões. Espero que seja melhorado.

O Deputado Walter Pinheiro falou acerca do MDA. Realmente, é necessáriomelhorarmos os recursos. E procuramos fazer isso. Quanto ao café, estamos propondo maisrecursos para o FUNCAFÉ. É importante que a política cafeeira brasileira seja fortalecida.

Em relação aos recursos para a CONAB, ela já tem para estoques reguladores 2,1bilhões. Acontece que qualquer acréscimo de recursos para a CONAB envolve um valor grande.Tive 200 milhões para tratar dos 2 orçamentos, dos 2 relatórios. Isso representa 10% deacréscimo no valor da compra de estoque regulador. Então, apontei também ao Relator-Geral atentativa de buscar recursos. Quero dizer que sou ex-funcionário da CONAB e, portanto, vejocom boa vontade os recursos para seu crescimento, embora ela não tenha crescido da formacomo gostaríamos, exatamente pelo volume da necessidade.

Sr. Presidente, feitos esses comentários, solicito a V.Exa. seja colocado em votação orelatório, ressalvados todos os destaques apresentados pelos Srs. Deputados.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - A discussão está encerrada.O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - Sr. Presidente, peço a palavra para uma

questão de ordem.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Tem V.Exa. a palavra.

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O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - Quero pedir a retirada do Destaque nº 4.827,elaborado de forma equivocada. Portanto, peço a retirada para que não haja parecer do Relatorsobre o Destaque nº 4.827.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - V.Exa. será atendido.Em votação o relatório setorial referente à Área Temática nº 4 — Agricultura e

Desenvolvimento Agrário, ressalvados os destaques.O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Sr. Presidente, pelo a palavra para orientar a

bancada do PSDB na Câmara.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Tem V.Exa. a palavra.O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Os investimentos realizados no Governo do

PSDB foram fundamentais para alavancar a agricultura e a pecuária brasileiras.Vivemos a total incapacidade do Governo Federal de realizar o Orçamento que

aprovamos anualmente, prejudicando sobremaneira a pecuária — vide a defesa animal no casoda aftosa — e a agricultura, por intermédio de uma política econômica que tem deixado o dólarem patamar muito baixo. Isso, literalmente, vem quebrando a agricultura brasileira e está bemclaro nos adesivos “Lula, a praga da agricultura nacional”, que encontramos em veículos defazendas, o que reflete bem a situação da agricultura neste momento.

O Presidente parece continuar em campanha, parece não ter saído do palanque atéhoje, e se esquece de cumprir as suas promessas. Até promessas feitas ao MST, seu antigocompanheiro, não estão sendo cumpridas. Os números de assentados são inferiores àquelesprometidos na campanha.

A distribuição das emendas feitas pelo Relator, com a concentração clara dos valoresnas emendas de Comissão em detrimento das emendas de bancada, faz com que, para o anoque vem, que é um ano eleitoral, essas emendas tenham caráter eleitoreiro. E os Ministériosficam com um poder muito superior àquele que desejaríamos, ou seja, o critério de distribuiçãodessas emendas, do ponto de vista do PSDB, não está adequado.

Sendo assim, vamos encaminhar contrariamente ao relatório, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Não havendo mais quem queira se

manifestar, em votação na Câmara.Os Srs. Deputados que aprovam o relatório, ressalvados os destaques, permaneçam

como estão. (Pausa.)Aprovado na Câmara.Em votação no Senado.Os Srs. Senadores que aprovam...O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Peço verificação, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Senador Heráclito Fortes, é preciso

que haja um apoiador.O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - Sr. Presidente, a questão não é de

apoiamento, porque são 3 Senadores do PFL no plenário. A questão é de entendimento. Queriaque V.Exa., seguindo o que foi acordado, conversasse com o Senador Heráclito Fortes para quesuspendêssemos a reunião por 5 minutos.

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Não, quero suspensão até amanhã demanhã.

O SR. DEPUTADO PROFESSOR LUIZINHO - Não é possível. Por que a Oposição nãoquer votar o orçamento?

O SR. DEPUTADO GILMAR MACHADO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Tem V.Exa. a palavra.O SR. DEPUTADO GILMAR MACHADO - É necessário tentarmos fazer o entendimento.

Já o tínhamos construído, mas novos entendimentos são necessários. Peço, portanto, asuspensão dos trabalhos por 10 minutos para tentarmos esse entendimento com os Senadorese continuarmos os trabalhos.

É o apelo que faço a V.Exa.

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O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Sr. Presidente, há um pedido de verificaçãoque é regimental. Gostaria que V.Exa. o considerasse.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Verificação.O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - Sr. Presidente, o Senador Heráclito havia

concordado em suspender até amanhã cedo. Acho que é a melhor solução. Amanhãreiniciaremos com o livro de hoje.

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Voltamos amanhã às 9h ou às 10h, comoV.Exa. quiser.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Então, a reunião está suspensa econvocada sua continuidade para amanhã às 10h, no plenário do Senado.

Suspensa a reunião.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Declaro reiniciada a 1ª reunião daSessão Legislativa Extraordinária da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos eFiscalização, destinada à apreciação das matérias constantes das Pautas nºs 38 e 39, de 2005.

Esta reunião tem o objetivo de finalizar a votação da Área Temática IV, Agricultura eDesenvolvimento Agrário.

Em votação o relatório na representação do Senado.Os Srs. Senadores que o aprovam permaneçam como estão. (Pausa.)Aprovado.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Sr. Presidente, peço verificação.O SR. DEPUTADO EDUARDO VALVERDE - Endosso o pedido, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - V.Exa. pediu verificação ontem, e a

reunião foi suspensa. Esta é a continuação daquela reunião.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - É a continuação, Sr. Presidente, mas, se é

outra reunião, o livro de presença de ontem não vale.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - V.Exa. não concordou com a

suspensão?O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Com a suspensão. No entanto, estamos

reabrindo e continuamos obstruindo. Queremos a verificação.O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - É um pedido novo, Senador Heráclito.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Senador Fernando

Bezerra.O SR. SENADOR FERNANDO BEZERRA - Faço um apelo a V.Exa. No Senado, quando

há um pedido de verificação de quorum, os Senadores que estão acompanhando a sessão dosseus gabinetes se deslocam para o plenário. Solicito, então, a V.Exa. que nos dê um prazo de 5ou 10 minutos, porque ontem — tenho certeza absoluta — os Senadores se encontravam naCasa. Não se encontravam presentes à discussão. A documentação é distribuída comantecedência, e entendo que essa é a razão do acompanhamento.

Peço a V.Exa., então, se possível, que nos dê mais um tempo e solicite aos Srs.Senadores que compareçam ao plenário.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado ColbertMartins.

O SR. DEPUTADO COLBERT MARTINS - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sras.e Srs. Senadores, há um ponto importante na discussão relativa ao relatório que envolve oMinistério da Agricultura: os recursos para o combate à febre aftosa — e este ano vimos asdificuldades e os problemas decorrentes dessa doença.

É absolutamente normal o posicionamento do PFL, mas devemos votar essa matéria. OPFL também deve entender que, se não houver recursos para combater a febre aftosa,novamente haverá problemas — e não só para o rebanho, mas para a própria política externabrasileira, no que diz respeito às exportações. Neste momento, devemos ter sensibilidade.

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O PPS também faz oposição ao Governo, mas queremos votar essa questão doOrçamento. É importante dispormos de instrumentos como este, que não devem comoprecisam ser apreciados.

A exemplo do Senador Fernando Bezerra, solicito a V.Exa., Sr. Presidente, a suspensãodas atividades das CPIs, para que possamos votar essa matéria.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado GilmarMachado.

O SR. SENADOR FERNANDO BEZERRA - Sr. Presidente, informo a V.Exa. que háSenadores no plenário em número suficiente. O quorum mínimo são 12 Senadores, e creio quetemos esse número.

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Se há número, vamos votar.O SR. DEPUTADO GILMAR MACHADO - Sr. Presidente, quero reforçar o que o Líder

Fernando Bezerra e o Deputado Colbert Martins disseram. Estamos votando o Orçamento, quenão pode ser entendido apenas como uma peça do Governo. Em todas as AssembléiasLegislativas e Câmaras Municipais do País, o orçamento já foi aprovado.

Deputada Laura Carneiro, não é questão do PFL, mas o Senador Heráclito Fortes, que édo PFL, tem de entender que o instrumento de que está se utilizando pode ser regimental, masqueremos votar. É o apelo que faço a V.Exas.: vamos votar. O PFL no Senado está tentandoinviabilizar o Orçamento da União e não vamos aceitar essa pressão, essa chantagem.

Estamos em período de convocação extraordinária, vamos receber, inclusive em dobro,e não vamos trabalhar? Não podemos fazer isso!

Sr. Presidente, vamos deixar clara a nossa posição: estamos aqui e queremos votar. Senão houver quorum, aqueles que não vieram terão de responder por isso. Muitos Senadores eDeputados estão aqui e, portanto, podemos votar o Orçamento, algo fundamental para o País,não para este ou aquele Governo.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - A discussão está encerrada.Faremos agora a verificação de votos no Senado.

A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Pela ordem, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra a Deputada Laura

Carneiro.A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Sr. Presidente, primeiro, quero deixar claro

que os Deputados e os Senadores, independentemente de partido político, estão trabalhando,sim. Votar ou não votar não significa que não estamos trabalhando. Estamos todos aqui e,repito, não necessariamente votar significa trabalhar. Isso aqui não é uma fábrica, como bemdisse o Deputado Walter, onde fazemos as coisas sem pensar. Não é assim! Parlamentares detodos os partidos estão aqui trabalhando. Além disso, não fomos nós que convocamos oCongresso extraordinariamente, Sr. Presidente. Não nos culpem pela incompetência doGoverno de não ter aprovado o Orçamento antes.

Segundo: temos um problema, sim, no Senado Federal com o PFL. E vou dizer a V.Exa.qual é esse problema, Sr. Presidente. Todos sabem que cada Senador representa seu Estado.Vou dar apenas um exemplo — o Deputado Claudio Cajado dará outros — para V.Exa. ter umanoção do porquê de Senadores estarem obstruindo a votação do Orçamento. Como disse, osSenadores representam seus Estados, e não o povo, como nós, Deputados. Para o setor deturismo, por exemplo, foi empenhado para a Bahia 1 milhão, Sr. Presidente, 1 milhão. SabeV.Exa. quanto foi destinado ao Estado do Ceará? Cento e sessenta e oito milhões. É em defesado seu Estado que o Senador Heráclito Fortes obstrui neste momento a votação. S.Exa.defende mais recursos para o Piauí.

Sr. Presidente, não aceito que se diga que a culpa é do PFL ou do partido “a” ou “b”.Promover a discussão é um direito de cada Parlamentar. Quero deixar isso bem claro. ODeputado Gilmar Machado tem de aprender que aqui todos somos Parlamentares, da base doGoverno ou não, e todos estamos trabalhando.

O SR. DEPUTADO JOÃO LEÃO - Pela ordem, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilmar Machado) - Com a palavra o Deputado João Leão.

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O SR. DEPUTADO JOÃO LEÃO - Sr. Presidente, apelo para o espírito público doSenador Heráclito Fortes, que, por sinal, é enorme, no intuito de continuarmos a votar asmatérias. Estamos diante da primeira pauta do Orçamento para discutir, para apreciar. Querodizer aos companheiros que os empenhos estão sendo determinados. Já foram alocadosrecursos para os Estados do Ceará e da Bahia. Isso pode ser feito até o dia 30. As coisas estãoacontecendo. Fiquei sabendo inclusive que hoje serão destinados recursos para o Piauí, Estadodo Senador Heráclito Fortes. O Governo funciona até o dia 30. Não tem sentido discutirmosagora se até o momento só foi empenhado tanto para esse ou aquele Estado. Precisamostrabalhar; viemos aqui para votar!

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Pela ordem, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Senador Heráclito

Fortes.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Sr. Presidente, como se não bastassem os

argumentos anteriores, o Deputado João Leão acaba de dar mais motivos para obstruirmos avotação em nome do Estado do Piauí. Com todo o respeito ao Deputado João Leão, é umabsurdo que S.Exa., Parlamentar da Bahia, saiba o que está sendo liberado para o Piauíenquanto nós, piauienses, não. O Deputado Marcelo Castro, que é da base do Governo,desmente a informação.

É um absurdo que essas emendas, que são de interesse do Piauí, estejam sendoliberadas sem que a bancada piauiense tenha conhecimento.

O SR. DEPUTADO JOÃO LEÃO - Caro Senador, concede-me V.Exa. um aparte? Querodizer a V.Exa. que, em função do que aconteceu ontem, eu, na qualidade de Vice-Líder doGoverno...

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Não cabe aparte.O SR. DEPUTADO JOÃO LEÃO - ... com o Senador Fernando Bezerra, que é o nosso

Líder do Governo, procurei me inteirar da questão, a fim de saber por que V.Exa. pediu....O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Nobre Deputado, não cabe aparte

agora.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Sr. Presidente, continuando, quero dizer, em

segundo lugar, que não me move nenhum sentimento individual. A questão da febre aftosa égrave, é primordial. Não vamos travar a sua votação, de maneira nenhuma. Portanto, sequiserem fazer um acordo para se votar agora somente a questão da febre aftosa, estaremosinteiramente a favor.

Quero também dizer aos Parlamentares que o que causou a ocorrência de casos deaftosa não foi falta de liberação no Orçamento, mas, sim, o contingenciamento desseOrçamento. Temos de nos voltar contra o contingenciamento. Há insatisfação no Plenário,independentemente de partido. Parlamentares do próprio PT e da base do Governo estão tãorevoltados como nós pelo tratamento diferenciado que se dá aos Estados do Nordeste e do Sul.

A revolta, portanto, não é individual. Talvez eu, por audácia, esteja interpretando osentimento do Senador Mestrinho, que é coletivo nesta Casa. Não adianta o Governo querernos jogar contra a opinião pública. Se estamos aqui no dia de hoje, foi o Governo que quis,Deputado Gilmar. Se estamos aqui hoje, foi porque o Governo não cuidou do Orçamentodiligentemente, como era sua obrigação. De forma que não vamos aceitar essa pecha — e jápagamos um preço incalculável por participarmos desta autoconvocação. Essa convocaçãotinha de ser de responsabilidade do Governo. Como o Governo não assume suasresponsabilidades, nem diante da calamidade das estradas brasileiras, nem do que ocorre nasCPIs, não podemos esperar aqui outro posicionamento.

De forma que a nossa posição é esta: se querem votar a questão relativa à febre aftosa,estamos à disposição. E só.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Encerrado o encaminhamento davotação, passamos à votação.

Há quorum.Em votação no Senado.

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Os Srs. Senadores que aprovam o relatório do Relator Romero Jucá permaneçam comoestão. (Pausa.)

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Sr. Presidente, peço a contagem de votos.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Passemos à contagem de votos, à

chamada nominal.Verificação de votos somente no Senado Federal.O SR. SENADOR FLEXA RIBEIRO - Verificação de votos no Senado Federal.Bloco PP/PSB/PTB e PL.Titulares.Senador Fernando Bezerra.O SR. SENADOR FERNANDO BEZERRA - Sim.O SR. SENADOR FLEXA RIBEIRO - Senador João Ribeiro.Senador Magno Malta. (Pausa.)Senador Mozarildo Cavalcanti. (Pausa.)Senadora Serys Slhessarenko?A SRA. SENADORA SERYS SLHESSARENKO - Sim.O SR. SENADOR FLEXA RIBEIRO - Senador Sibá Machado. (Pausa.)Senador Augusto Botelho.O SR. SENADOR AUGUSTO BOTELHO - Sim.O SR. SENADOR FLEXA RIBEIRO - Senadora Heloísa Helena. (Pausa.)Bloco da Minoria, PFL/PSDB.Senador Efraim Morais. (Pausa.) Senador Flexa Ribeiro. (Pausa.)Senador Heráclito Fortes. (Pausa.)O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Não.O SR. SENADOR FLEXA RIBEIRO - Senador Leonel Pavan. (Pausa.)Senadora Lúcia Vânia. (Pausa.)Senador Paulo Octávio. (Pausa.)Senador Romeu Tuma.O SR. SENADOR ROMEU TUMA - Sim. Sr. Presidente, gostaria de destacar a parte do

relatório do Senador Romero Jucá em que S.Exa. concorda com o Senador Heráclito Fortes noque se refere à desastrosa aplicação de verbas no caso da febre aftosa. As críticas estãoescritas e assinadas pelo Senador Romero Jucá — e isso não pode se repetir. Além disso, fala oSenador também do Orçamento de 2004 e 2005, o que tem de ser corrigido, pois estamosanalisando o Orçamento de 2006. Se for cópia, tem de ser anulada; caso contrário, vamosvotar.

O SR. SENADOR FLEXA RIBEIRO - Senador Sérgio Guerra. (Pausa.)PMDB:Senador Amir Lando. (Pausa.)Senador Garibaldi Alves Filho. (Pausa.)Senador Gilberto Mestrinho. (Pausa.)Senador Romero Jucá.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Sim.O SR. SENADOR FLEXA RIBEIRO - Senador Valdir Raupp.O SR. SENADOR VALDIR RAUPP - Sim.O SR. SENADOR FLEXA RIBEIRO - Senador Wellington Salgado de Oliveira.O SR. SENADOR WELLINGTON SALGADO DE OLIVEIRA - Sim.O SR. SENADOR FLEXA RIBEIRO - Suplentes:Senadora Ideli Salvatti. (Pausa.)Senador João Capiberibe. (Pausa.)Senador Antero Paes de Barros. (Pausa.)Senador Demostenes Torres. (Pausa.)Senador Jonas Pinheiro. (Pausa.)

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Senador José Jorge. (Pausa.)Senador Antônio Leite. (Pausa.)Senador João Batista Motta. (Pausa.)Senador Leomar Quintanilha.O SR. SENADOR LEOMAR QUINTANILHA - Sim.O SR. SENADOR FLEXA RIBEIRO - Senador Ney Suassuna. (Pausa.)Há quorum no Senado Federal.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Quantas presenças, Sr. Secretário?O SR. SENADOR FLEXA RIBEIRO - São 13.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Muito obrigado.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - São 13 votos favoráveis, 1 contra e

1 condicional, do Senador Romeu Tuma.Aprovado o relatório no Senado Federal. Os destaques ficarão para outra reunião.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Sr. Presidente, pela ordem.Quero deixar bem claro, Senador Romero Jucá, que não tenho nada especificamente

contra o relatório de V.Exa. Muito pelo contrário; entendo que esse seu alerta com relação aodescaso do Governo Federal no que diz respeito à política de combate à febre aftosa e outrasendemias é muito corajoso, sabendo-se que V.Exa. é um homem umbilicalmente ligado aoGoverno. Entendo ser esse um ato de coragem. Louvo-o por essa atitude. Estamos contra aforma como está sendo tratado o processo orçamentário.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Na condição de Relator, gostaria de fazer umagradecimento a V.Exas. pela aprovação do relatório.

Quero também propor que os destaques apresentados — uma vez que não há recursospara atendimento, como já foi constatado nos debates — sejam encaminhados ao Relator-Geral. Dessa forma, queimaríamos etapas. O mesmo procedimento poderia ser adotado para ospróximos relatórios. Faríamos apenas uma discussão.

O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - Pedi a palavra anteriormente a V.Exa., Sr.Presidente, porque, quando o Senador Heráclito Fortes pediu verificação, nós ficamos quase 20minutos discutindo. E V.Exa. tomou a decisão de efetivamente verificar.

Eu tinha solicitado questão de ordem anteriormente justamente para solicitar à Mesaque procedesse à verificação. É regimental, qualquer membro do Congresso, com apoiamento,pode pedir a verificação de presença, ou, na votação, pode pedir a verificação de votação.

Quero chamar a atenção de V.Exas. para 2 situações. Primeiro, a Deputada LauraCarneiro se referiu a uma questão do Ministério da Integração Nacional. Estou de posse daseguinte informação: a Bahia teve 300 mil reais empenhados no Ministério da IntegraçãoNacional. Alagoas teve 162 milhões e o Ceará teve 168 milhões. Já não basta o dinheiro dascuecas que foi para o Ceará? E ainda empenham essa fortuna, em detrimento de Estados comoa Bahia? Quer dizer, o transporte feito recentemente por um membro do PT, na cueca, dariapara cobrir muitas despesas.

Sr. Presidente, indago à Mesa qual será o próximo item da pauta a ser discutido.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado Jovair

Arantes.O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Sr. Presidente, em nome do PTB, quero

organizar os trabalhos. Ontem fizemos uma série de questionamentos sobre o relatório doSenador Romero Jucá, principalmente no que diz respeito à questão dos recursos de 65% parao Senado e 14% para a Câmara. Apresentamos destaques e gostaríamos de saber se não vamosvotar os destaques agora, se vai ficar para um momento oportuno.

Acho que tínhamos de votar imediatamente o destaque. Isso é praxe na Comissão deOrçamento. Historicamente vota-se o relatório, ressalvando-se os destaques, como o que foifeito agora. Imediatamente observa-se a votação dos destaques, um por um, tendo em vista anecessidade de discussão e o acordo, no caso do Relator.

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Ontem, o Relator disse, com todas as letras, que faria a organização dos recursosdistribuídos tanto para a Câmara quanto para o Senado. Estamos esperando isso, mas até opresente momento não vimos essa sensibilidade por parte do Relator.

O SR. DEPUTADO EDUARDO VALVERDE - Sr. Presidente, com relação ao que disse oSenador Heráclito Fortes, não posso deixar de registrar que, de fato, a distribuição dosrecursos orçamentários perante os entes federados não é igual. Há um desequilíbrio federativoque o Orçamento aprofunda. Apesar de não concordar com o método, também não possodeixar de ressaltar a maneira pouco elogiosa que o Deputado da Bahia se referiu ao Partido dosTrabalhadores.

Sei que muitos daqui vão tentar fazer pressão e chantagem para tentar barganharemendas. Não podemos permitir que esta Casa e esta Comissão façam isso. Temos o intuitorepublicano de aprovar o Orçamento da República do Brasil. Para questões paroquiais,principalmente de interesses minoritários, muitas vezes corporativos, que se vestem de uminteresse maior, não podemos utilizar o Regimento Interno para tentar fazer barganha echantagem política.

Há que se verificar essa diferença. O que é interesse legítimo a ser defendido? Adistribuição isonômica dos recursos federativos? E o que é chantagem política?

Não posso ouvir calado o que o Deputado da Bahia disse a respeito do Partido dosTrabalhadores. Não é dessa forma que se vai obrigar o Governo a ceder às pressões nesta Casa.

O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - Sr. Presidente, constatei fatos. Não adiantaquerer desfazer dos fatos que a Nação inteira conhece. E o que eu disse, repito. O DeputadoEduardo Valverde não citou meu nome, mas quem fez referência ao Partido dos Trabalhadores:eu.

É um fato público, que não foi desmentido; o dinheiro transportado nas cuecas domembro do Partido dos Trabalhadores foi para o Estado do Ceará. Em detrimento disso, fizuma comparação no sentido de que justamente a Bahia recebeu apenas 300 mil reais, quandoo Ceará recebeu 168 milhões. Isso não é justo. Quero saber qual foi o critério utilizado.

Não venham portanto argumentar em cima de minha fala, mas com os fatos, como fiz.Não aceito as colocações de V.Exa. Cada um de nós tem sua participação e seu voto nestaComissão. Se V.Exa. quer se desfazer dos fatos, alegue por que o dinheiro foi encontrado nacueca.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Concedo a palavra ao DeputadoWaldemir Moka.

O SR. DEPUTADO WALDEMIR MOKA - Sr. Presidente, parece-me haver uma questãoque precisa ser decidida agora. São os destaques. Acabamos de aprovar o relatório setorial doMinistério da Agricultura. Quero dizer que aprovamos o relatório, em que pese o esforço doSenador Romero Jucá em relação, por exemplo, à febre aftosa. Todos falam em febre aftosa,mas, na verdade, trata-se de um recurso para a vigilância sanitária, o que é muito mais amplo.Temos apenas, e tão-somente, 67 milhões. Um dos destaques da Comissão de Agriculturarefere-se exatamente aos recursos para a vigilância sanitária. Como é que vamos fazer? Vamosdiscutir os destaques agora ou haverá encaminhamento para eles sejam discutidos quando daapreciação pelo Relator-Geral?

Entendo que essa questão é um pré-requisito para a continuidade desta reunião.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Deputado Waldemir Moka, o

problema é que o Relator ainda não analisou os destaques. Portanto, os mesmos, segundo medisse, serão posteriormente encaminhados ao Relator-Geral.

Vamos, então, procurar votar os relatórios iniciais, ressalvando os destaques.O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Sr. Presidente, peço a palavra pelo PSDB.Não concordamos nesse sentido, mesmo porque não são necessários novos recursos. De

acordo com o relatório apresentado, o Sr. Relator, Senador Romero Jucá, pode muito bempromover remanejamentos. Não há necessidade de novos recursos aportados imediatamentepela Comissão de Receita ou pelo Relator-Geral. Há muitos questionamentos nesse sentidocom relação ao relatório de S.Exa., ou seja, de remanejar recursos de acordo com o que está

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disponível. É fundamental que analisemos os destaques agora, porque isso pode ser feito peloRelator.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Deputado, foram apresentados 58destaques e o Relator ainda não deu seu parecer. Sua idéia é submeter esses destaques aoRelator-Geral.

O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - O PTB não concorda com o posicionamento doRelator, Sr. Presidente.

O SR. DEPUTADO GILMAR MACHADO - Quero fazer um apelo a todos os Líderes paraque resolvamos a questão dos destaques deste relatório e dos demais, pois nenhum Relator-Setorial terá condições de atender a destaques; não há recursos. Temos de ser claros.

Proponho, então, que todos os destaques sejam remetidos e que o Comitê de Emendasjá comece a trabalhar e fazer a adequação desses relatórios, quando houver problema. OComitê de Emendas faz os ajustes necessários e já os apresenta ao Relator-Geral. Assim, nãoteríamos de acertar isso a cada relatório. Creio ser esta a melhor forma.

Os Relatores-Setoriais, junto com o comitê de emendas, fariam as adequações, inclusivepara ajudar na elaboração do relatório final.

Sr. Presidente, essa é a proposta que gostaria de fazer aos Líderes, a fim de agilizarmosos trabalhos e resolvermos de uma vez por todas a questão dos destaques.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra a Deputada Rose deFreitas.

A SRA. DEPUTADA ROSE DE FREITAS - Sr. Presidente, nunca agimos dessa maneira.Todos os relatórios são votados, o Relator permanece na Comissão, discute os destaques e dáseu parecer, contrário ou a favor. Depois os remete ao Plenário, que tem de discutir essasquestões. Não deveríamos ir em frente, votar outro relatório setorial, deixando acumular osdestaques para o final e aí chegar a um imbróglio sem tamanho. Até agora o comitê deemendas não se reuniu. Não sabemos se há recursos disponíveis para acatar ou não osdestaques. É preciso que o Sr. Relator exponha sua posição.

Lamento muito, Sr. Presidente, mas não podemos votar dessa maneira.A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela Liderança

do PFL na Câmara.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra a Deputada Laura

Carneiro.A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Sr. Presidente, em nome do PFL, quero dizer

o seguinte: é um direito de cada Parlamentar apresentar e discutir seu destaque. Se não hárecursos, que o Relator diga a cada Parlamentar que infelizmente não pode atender a seudestaque. Agora, não se pode impedir que o Parlamentar tenha o direito de defender seudestaque. Afinal, os destaque são para os Estados, Sr. Presidente. Aqui representamos o povo.Eu, por acaso, não apresentei destaque na área da agricultura, mas o farei em outras. E querodefender todos os destaques, um a um, da bancada do Rio de Janeiro.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Relator.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Sr. Presidente, buscamos um procedimento que dê

economicidade ao processo. Mas parece que os Parlamentares não entendem ou não querementender. Como todos são experientes, acho que não querem entender. O relatório estáaprovado, ressalvado os destaques. Portanto, não posso mais mexer no que já foi aprovado.Preciso dispor de mais recursos para aprovar destaque. Todos sabem disso.

(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Claro. Não posso remanejar o que já está aprovado.(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Esse não foi o acordo, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - A palavra está com o Relator.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Sr. Presidente, neste momento, apresento parecer

contrário a todos os destaques por não dispor de recursos.

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O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - Sr. Presidente, apresentei vários destaquessupressivos...

O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Não foi esse o acordo, Sr. Presidente. Aposição agora é essa?

O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - ... referentes a emendas de Comissão. Háexagero, 55% dos recursos referem-se a emendas de Comissão. Apresentei destaques paracorrigir isso. Evidentemente, se o Plenário aprovar um destaque para suprimir os 16 milhõesou os 24 milhões das emendas de bancada atendidas, o Relator poderá redistribuir osrecursos. Portanto, o Plenário tem de discutir a matéria. Repito: se aprovarmos destaques parasuprimir algumas emendas de Comissão — e em geral todos entendemos que há exageros —, oRelator-Setorial poderá distribuir melhor os recursos. Devemos discutir então os destaques.Tenho certeza, Sr. Presidente, que a Comissão aprovará os destaques supressivos.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado JoãoLeão.

O SR. DEPUTADO JOÃO LEÃO - Sr. Presidente, gostaria que o Plenário me ouvisse. Aprimeira coisa...

A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Deputado João Leão, estamos trabalhando naComissão.

O SR. DEPUTADO JOÃO LEÃO - Sei disso. Gostaria que os companheiros no plenárioda Comissão me ouvissem.

O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - Sr. Presidente, é V.Exa. quem faculta apalavra.

O SR. DEPUTADO JOÃO LEÃO - Deputado Claudio Cajado, o Senador GilbertoMestrinho concedeu-me a palavra. Gostaria que os companheiros respeitassem. Estou com apalavra.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, por tradição, na votação de 4 Orçamentosconsecutivos, inclusive o último do Governo Fernando Henrique Cardoso, aprovamos osrelatórios setoriais excluindo os destaques. Discutíamos os destaques no relatório final,quando o Relator, dispondo de recursos, os aprovava ou não. Já fizemos isso ene vezes. Nãotem sentido ficarmos aqui nos digladiando em função de recursos para um destaque, quandosabemos que o Senador Romero Jucá não tem absolutamente nada. Vamos perder horas aqui enão vamos chegar a lugar nenhum.

O SR. DEPUTADO JOÃO LEÃO - Então, peço aos membros desta Comissão queaceitem que os destaques sejam relevados neste momento e levados ao relatório geral. Há 4anos fazemos isso.

O SR. DEPUTADO BETINHO ROSADO - Sr. Presidente, pela ordem.A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Sr. Presidente, pela ordem.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Peço aos Senadores e Deputados

que prestem mais atenção para que a reunião possa se desenrolar naturalmente.Com a palavra a Senadora Heloísa Helena.A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Sr. Presidente, minha questão é sobre o

andamento dos trabalhos. Não estou apresentando nenhuma questão de ordem, não vouapresentar nenhum artigo do Regimento. Esta reunião vira um inferno: um pede a palavra pelaordem, outro, para uma questão da ordem. E é tudo sobre o andamento dos trabalhos, éapenas para dizer alguma coisa.

Estamos aqui para trabalhar o dia todo, a manhã toda, a noite toda. O CongressoNacional já está desmoralizado perante a opinião pública por conta da convocação. Então, façoum apelo ao meu querido Senador Romero Jucá. Todo mundo sabe que existem mecanismosdentro da própria relatoria, ou de remanejamento, ou de debate, ou junto ao Relator-Geral, quetambém está na Mesa, para discutir os destaques. Mas não podemos fazer de conta que nãoacontece nada, porque ocorrem até mais de 100 empenhos em 2 minutos no Governo Federal.

É importante então que possamos fazer o debate, com todo detalhamento, com todapaciência. Temos muito tempo. Somos muito bem remunerado para isso.

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O apelo que faço é para preservarmos o debate dos destaques dos Parlamentares. Nãoestou legislando em causa própria porque não tenho destaque nesse item. Se não existenenhuma possibilidade de aprovar os destaques, depois, faremos os mesmos destaques. A vidaé o Parlamento com dinheiro e com muito tempo para trabalhar e cumprir nossas obrigações.

Não sei por que tanta confusão, se podemos fazer tudo na Comissão, todos osdestaques da Comissão e, depois, todos os destaques, todo o debate, toda problematizaçãotambém na discussão do relatório geral.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado IberêFerreira.

O SR. DEPUTADO BETINHO ROSADO - Sr. Presidente, pela ordem.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Eu me enganei. Com a palavra o

Deputado Pedro Novais.O SR. DEPUTADO PEDRO NOVAIS - Sr. Presidente, pela Resolução nº 1, e suas

alterações subsequentes, devemos examinar os destaques.Quero testemunhar que, anteriormente, algumas vezes, concordamos que o Relator

enviasse os destaques para o Relator-Geral, antes da apreciação do relatório. Depois daapreciação do relatório e de sua aprovação, não podemos concordar com isso, porque nãosabemos o que consta dos destaques. Muitos daqueles destaques, sabemos, ajustam valores jáaprovados pelo Relator, que poderão ser adequados para aprovação de outros destaques.

Por essa razão, Sr. Presidente, nós do PMDB gostaríamos de examinar os destaques uma um, conforme determina a Resolução nº 1.

O SR. DEPUTADO BETINHO ROSADO - Sr. Presidente, uma questão de ordem.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - V.Exa. tem a palavra.O SR. DEPUTADO BETINHO ROSADO - Sr. Presidente, aprovamos o relatório do

Senador Romero Jucá, ressalvados os destaques, obviamente continuamos o processo devotação.

A questão de ordem é se podemos suspender esse processo de votação, e iniciar umnovo processo, que seria o relatório seguinte. No meu entender, e faço este questionamento aV.Exa., temos que encerrar este processo de votação para passarmos para o segundo.

Essa a minha questão de ordem.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Deputado Mussa Demes.O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES - Sr. Presidente, na mesma linha dos

pronunciamentos do Deputado Pedro Novais, da Senadora Heloísa Helena e do DeputadoBetinho Rosado, acrescentando ainda que o Senador Romero Jucá, ontem, por ocasião dadiscussão, assegurou que retiraria recursos das emendas de Comissão para trazer para asemendas de ...

(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES - Fez isso, sim, senhor: Assegurou. Está gravado,

Senador. S.Exa. disse que retiraria das Comissões para as emendas coletivas, de forma apoder atender aos Estados. Então, é dever de S.Exa. examinar, se quiser negar agora amodificá-lo. Mesmo assim, não se pode deixar de ter a votação desse destaque.

O SR. DEPUTADO NARCIO RODRIGUES - Sr. Presidente, pela ordem.O SR. SENADOR FERNANDO BEZERRA - Sr. Presidente, eu havia pedido a palavra

pela ordem há um longo tempo.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Tem V.Exa. a palavra.O SR. SENADOR FERNANDO BEZERRA - Sr. Presidente, quero sugerir a V.Exa. que,

enquanto aguardamos o parecer do Senador Romero Jucá sobre os destaques, iniciemos adiscussão do próximo relatório setorial.

É o apelo que faço, e renovo o apelo que fiz ontem a todos os membros desta Comissão.Estamos aqui para discutir a matéria, e não é correto dizer que não vamos votar. Vamos votarcontra ou a favor, mas vamos discutir exaustivamente. Estamos aqui para trabalhar e votar asmatérias.

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Sr. Presidente, também apelo para V.Exa. a fim de que não permita as discussõesparalelas.

É o apelo que faço a V.Exa. e aos demais Parlamentares.O SR. DEPUTADO NARCIO RODRIGUES - Sr. Presidente, pela ordem.O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Sr. Presidente, pela ordem.O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Sr. Presidente, pela ordem.O SR. PRESIDENTE ( Senador Gilberto Mestrinho) - Tem V.Exa. a palavra.O SR. DEPUTADO FERNANDO DE FABINHO - Sr. Presidente, queria aproveitar esta

oportunidade para relatar o seguinte. Primeiro, é preciso que sejam recuperados os acordosfeitos na Comissão no dia de ontem. O Senador fez alguns acordos, principalmente com osParlamentares da Oposição, e é preciso, para o bom andamento dos trabalhos da Casa, queesses acordos sejam cumpridos.

O Relator chegou aqui dizendo que não tem recursos para nada e que o relatório estavafechado. Não estamos aceitando, de maneira nenhuma, que essa seja a posição definitiva donosso querido Senador Romero Jucá. Precisamos, sim, que ele pare para analisar as matérias.Queremos ter o direito de discutir os destaques, mesmo que não haja recursos. É importantetermos a oportunidade de destacar e discutir. Estamos aqui representando nossos Estados eMunicípios. Que fique claro isso.

O SR. DEPUTADO NARCIO RODRIGUES - Sr. Presidente, estamos num impasse. Orelatório produzido pelo Senador Romero Jucá é uma afronta às bancadas estaduais. Então,não há nenhum prejuízo de procedimento, que a Mesa envie o seu relatório para o Comitê deEmendas, para que se inaugure a discussão sobre remanejamento.

É impossível aceitar um relatório com 55% dos recursos destinados à Comissão eapenas 45% destinados às bancadas.

Proponho à Mesa, portanto, como regra de procedimento, que se constitua o Comitê deEmendas para se iniciar a discussão do remanejamento. Isso já ocorreu em episódiosanteriores. Não há prejuízo nenhum, é uma forma de avançarmos as votações. Nãoconseguiremos votar este Orçamento sem estabelecer algum critério.

É preciso dizer que o relatório do Senador Romero Jucá — depois de dizer que não hárecurso nenhum para atendimento dos compromissos que S.Exa. fez ontem — não pode seraprovado pelo Plenário, senão estaríamos ontem exercitando apenas uma farsa ao discuti-lo.

A discussão foi marcada por compromissos do Relator em relação à reposição derecursos. É preciso remanejar os recursos para permitir maior justiça na distribuição dosvalores ali aplicados por S.Exa.

Tenho certeza de que o Plenário concorda com isso.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Srs. Parlamentares, estamos há 47

minutos discutindo praticamente uma coisa que já foi aprovada, que é o relatório.Segundo, a idéia de encaminhar os destaques ou de fazer novos destaques para serem

examinados pelo Comitê de Emendas só poderá ser concretizada quando todas as emendastiverem os respectivos relatórios setoriais aprovados. Isso será feito naturalmente. É quandotambém haverá a reavaliação da receita, para ver que recursos a mais o Relator-Geral vaiconseguir.

Peço então um pouco de paciência. O Relator-Setorial já disse que não há recursos nascondições normais, mas que pode depois discutir com o Comitê de Emendas a correção de umfator ou de outro. Esse é um aspecto.

O segundo aspecto é que não será produtivo discutir destaques que ainda não tenhamparecer. O Relator dará esses pareceres todos. Peço que votemos o outro relatório e deixemosos destaques para uma sessão à noite ou para a sessão de amanhã, ocasião em que votaríamosou não os destaques.

Essa é a proposta que faço ao Plenário.O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Sr. Presidente, com todo o respeito...O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Sr. Presidente, peço a palavra para uma

questão de ordem do PTB.

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O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado IberêFerreira.

O SR. DEPUTADO IBERÊ FERREIRA - Sr. Presidente, gostaria de lembrar...O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Sr. Presidente, estou pedindo a palavra há

muito tempo. Se não pudermos seguir uma seqüência mínima de discussão, fica complicado.A minha questão de ordem vai na direção do que ocorreu aqui: o Senador Romero Jucá

veio ao microfone e considerou inadmissíveis todos os destaques. Se S.Exa. não voltar atrás,não há como continuar a discussão. Estão inadmitidos os destaques.

Sugerimos que o Senador Romero Jucá volte atrás nessa posição e que votemos opróximo relatório. Enquanto o Relator analisa a redistribuição sobre o que foi acordado eestuda todas as outras emendas, podemos ler e discutir outro relatório. Se ele não fizer isso,não temos como continuar a discussão.

Diante da posição de considerar inadmissíveis todas as emendas, se o Relator nãovoltar atrás, não é possível dar prosseguimento aos trabalhos.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Sr. Presidente, eu não considerei inadmissívelemenda nenhuma. Isso seria desconhecer a emenda. Dei parecer contrário às emendas porfalta de recursos.

Conversei com o Relator-Geral agora. Há possibilidade de S.Exa., ao receber o relatório,ampliar as emendas de bancada. Estamos negociando um valor para ampliar todas asemendas, mas não posso dar parecer favorável sem possuir fonte de recursos. Desculpe-me.Não vou tirar recursos destinados para o combate à febre aftosa, recursos da EMBRAPA, parafavorecer emendas individuais.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra a Deputada LauraCarneiro.

A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Sr. Presidente, em nome do PFL da Câmara,quero dizer que a questão é muito clara. O Deputado Jovair Arantes lembrou bem: é muitosimples. O nobre Senador aprovou a emenda da Comissão do Senado Federal com 24 milhões,e a emenda igualzinha da Câmara dos Deputados, com mil reais. Isso significa dizer que, se oSenador quiser, pode, desses 24 milhões, destinar recursos para as bancadas ou para aCâmara dos Deputados. O que não faz sentido, Sr. Presidente, é duas emendas iguais teremtratamento diferentes. Afinal, somos 513 Deputados.

Por outro lado, existem destaques de todas as matérias. Portanto, por meio dessesdispositivos, essas pequenas distorções podem ser consertadas. Não é necessário ir ao Comitêde Emendas, que será consultado em outro momento. O Comitê é a tentativa de ajuste finalpara que todas as bancadas, por Estado, não fiquem com tanta diferença. Um exemplo é aintegração regional.

Sr. Presidente, este é, portanto, o momento. Não estamos no plenário do Senado, masno da Comissão, que discute as matérias. Os Srs. Deputados e Senadores apresentaram seusdestaques. Neste momento, temos de corrigir — perdoe-me o Senador, por quem tenho o maiorapreço — as distorções desse relatório. Daqui a pouco vamos corrigir as dos outros, um a um.

Estou nesta Comissão há 11 anos, e há 11 anos se faz assim. Não estou entendendo.Estamos há mais tempo discutindo abobrinha do que votando, Sr. Presidente. Se V.Exa.submeter à votação os destaques, um a um, apreciaremos mais rapidamente.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Senador RomeroJucá.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Essa questão da emenda da Câmara e do Senado jáfoi explicada na reunião de ontem. Existem emendas iguais na Câmara e no Senado. Atendi emvolume maior às emendas do Senado. As emendas da Câmara não foram juntadas, foramseparadas, exatamente para que o Relator-Geral pudesse aumentar também o seu valor. Notexto final do relatório, isso será consolidado.

Não sairá o mesmo programa duas vezes no Orçamento. O item sai uma vez só. Peloamor de Deus! Não há emenda da Câmara e do Senado. No final, na consolidação do

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Orçamento, fica um programa único de combate à febre aftosa, de mecanização agrícola e tudoo mais.

Alguns Deputados e Senadores estão preocupados com o fato de sair separado o que éda Câmara e o que é do Senado. Se formos falar aqui das diferenças entre a Câmara e oSenado, vamos ver que o Senado é muito mais prejudicado do que a Câmara. A Câmara tem 7Relatores-Setoriais; e o Senado, só 3; a Câmara escolhe primeiro as relatorias; e o Senado, porúltimo. Então, não vamos falar de igualdade, senão vamos separar e fazer o processobicameral: votar o Orçamento na Câmara, e depois, no Senado, meio a meio. É uma propostaque pode ser discutida.

O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Sr. Presidente, peço a palavra pelo PSDB.Queremos manter a mesma posição, discutir destaque por destaque, com o parecer do

Sr. Relator. Não se trata apenas de acréscimo, há destaques supressivos também. Inclusive,sobre os recursos dessa emenda de 24 milhões, que o Relator estabelece como mecanizaçãoagrícola, a famosa “rachadona do Ministro”, queremos discutir e transferir para as emendas deComissão e de bancada.

A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Sr. Presidente, pela ordem.O SR. DEPUTADO IBERÊ FERREIRA - Sr. Presidente, já estou aqui há bastante

tempo. Alguns assuntos que queria tratar já foram, inclusive, tratados. Quero sugerir a V.Exa.que mande fazer as anotações, para que não cometamos injustiça com os Parlamentares quequerem falar.

Quero lembrar, na mesma linha do Deputado Narcio Rodrigues, que está aquiconversando paralelamente, que podemos fortalecer as emendas de bancada. Ora, sedirigirmos todos os destaques para o Relator-Geral, S.Exa. não poderá mais fazerremanejamento, só poderá trazer dinheiro novo.

Acabei de conversar com o próprio Relator. S.Exa. não vai poder fazer retiradas. Porexemplo, a emenda para mecanização agrícola tem 24 milhões na Comissão do Senado, e 6Estados também apresentaram emenda para esse fim.

Sr. Presidente, acho que, daqui a pouco, será necessário que as fábricas de tratorestrabalhem 2 turnos para atender tudo isso, quando, na realidade, sabemos também que,depois de aprovado o Orçamento, a Comissão, muitas vezes — nem todas —, reúne-se e divideisso com os seus membros. A Comissão da Câmara foi beneficiada com mil reais, e a Comissãoda Senado, com 25 milhões.

Quero lembrar ao Senador Romero Jucá que a hora de fazer esse remanejamento eraagora, e não passando as emendas para o Relator-Geral, que não vai poder mais diminuir osvalores.

A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Sr. Presidente, pela ordem.O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - Sr. Presidente, estou pedindo a palavra há

quase 10 minutos. É uma questão de esclarecimento importante.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - O Relator tem de dar sua

explicação. Logo depois V.Exa. terá a palavra.O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - É uma questão importante, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - É que o Relator tem que dar uma

explicação.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Sr. Presidente, acho que não fui muito claro. As

emendas da Câmara e do Senado já foram juntadas. A partir do relatório é uma coisa só,porque é o mesmo texto, é o mesmo programa do Ministério. Então, só vai sair desenvolvimentoagrícola ou fortalecimento da EMBRAPA; não vai sair o que é da Câmara ou o que é do Senado.Vai sair apenas um programa.

Quero deixar registrado que, para a economia geral, 50% é da Câmara e 50% doSenado.

O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - Sr. Presidente, posso falar agora? Permite-meV.Exa.?

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O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Deputado Claudio Cajado, peçoapenas que seja rápido. Tenho de responder às questões de ordem da Senadora HeloísaHelena, do Deputado Ricardo Barros e de Deputada Rose de Freitas.

O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - O que eu queria dizer, Sr. Presidente, e há 5minutos venho pedindo a palavra, o Relator acabou de expor. Acaba S.Exa. de acatar a junçãodas duas emendas de Comissão, uma da Câmara e outra do Senado.

Discutia-se se essa emenda não iria retirar dinheiro para o combate à febre aftosa nemrecursos da EMBRAPA, como o nobre Relator disse anteriormente. O seu destino é amecanização agrícola. E o que mais se deseja é que esse recurso alocado na emenda deComissão do Senado Federal seja transferido para as emendas de bancadas.

Foram apresentados destaques. Solicito à Mesa que informe o número de destaques aserem votados.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - São 58.O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - Cinqüenta e oito.Peço a V.Exa., tendo em vista que o Plenário não aceita a sugestão da Presidência de

votar todos os relatórios setoriais, que os destaques sejam votados em bloco, ouvindo oRelator-Geral. O Plenário não quer acatar a sugestão de V.Exa. Além disso, faz-se confusãosobre se o Comitê de Emendas pode ou não acatar os destaques. A meu ver, não compete aoComitê de Emendas fazer isso. O Comitê remaneja e equilibra a distribuição dos relatóriossetoriais para discussão com as bancadas estaduais, e isso não tem nada a ver com destaques.

Por isso solicito a V.Exa., Sr. Presidente, até para acelerar o andamento dos trabalhos,que se vote imediatamente os destaques apresentados nos relatórios setoriais, iniciando com odo MAPA — Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e, posteriormente, seguindo aordem, o segundo relatório, ressalvados os destaques. Por último, votaríamos os destaques.Seria muito mais célere o processo, até porque o Relator já manifestou que não tem recursospara poder acatar todos os destaques.

Seria muito mais racional liquidar essa discussão e passar à votação de cada relatóriosetorial, em vez de ficar jogando a responsabilidade para o Relator, que, para mim, tenho essaconvicção, não poderá resolver nada.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Questão de ordem da SenadoraHeloísa Helena.

A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - De fato, é pela ordem, sobre o andamento dostrabalhos, Sr. Presidente.

Senador Mestrinho, é o mesmo apelo de todos os Parlamentares, até porque sabeV.Exa., — inclusive acabei aceitando a indicação do meu nome para a Comissão — que aminha preferência é continuar trabalhando na CPI, mas aqui estou até para compor o quorum,que V.Exa. ontem, com tanta angústia, tentava manter na Casa.

No debate do Orçamento, sabe V.Exa. e sabemos todos nós, como fica a imagem doCongresso Nacional perante a sociedade de uma forma geral, especialmente quando se trata deuma convocação extraordinária. Ou seja, vê-se o Congresso como um sepulcro caiado,bonitinho por fora e podre por dentro.

Assim, vale ressaltar, no debate do Orçamento, onde discutimos receita, arrecadação edestinação de verbas, nos programas a serem apresentados, o direito de o Parlamentardestacar, como se destaca numa Comissão qualquer e depois quando não aceito na Comissãovem ao Plenário, numa votação final, para receber novo destaque. Faz parte da vidaparlamentar, contribui para a transparência do debate. Por mais que o Relator tenha ajustificativa técnica, outro Parlamentar pode ter outra justificativa técnica, outro interessesocial, outro interesse público. Daí a importância de se trabalhar a semana toda, até sexta-feira, na primeira semana de janeiro, na segunda semana de janeiro, sábados e domingos até odia 16.

Cada vez que um Parlamentar fala, tem ainda o povo brasileiro o direito de desligar atelevisão, ou o rádio, mas ele pode acompanhar, saber o que será destinado para determinadaárea, se o discurso do Parlamentar é verdadeiro ou não, se o Orçamento zela pelo interesse

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público, se é bom para o Parlamento e, principalmente, se é bom para a sociedade; sabertambém que o Parlamentar apresenta suas idéias para áreas do seu interesse, que depois sãovotadas e quem tem a maioria ganha. Mesmo, às vezes, quando a maioria é conquistada deforma fraudulenta e à luz de mensalões e balcões de negócios sujos, mesmo assim, aquelaidéia inicial é votada, ou seja, é submetida a uma decisão ou não.

O apelo que faço a V.Exa. e ao Senador Romero Jucá, então, é para preservar o direitodo Parlamentar, no âmbito da Comissão, de apresentar suas idéias. Não adianta ter em menteaqui apenas a economia processual, quando teremos até sexta-feira para trabalhar, além daprimeira e segunda semanas de janeiro para votação nesta Comissão.

Entendo a intenção de fazer valer a economia processual, mas pela transparência e pelodireito de cada Parlamentar apresentar seu destaque e disputar suas idéias, que sejapreservada também essa metodologia das Comissões, antes de se repetir tudo isso no Plenário.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra Deputado RicardoBarros.

O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - Sr. Presidente, minha sugestão é seguir apraxe desta Comissão. Há anos temos vindo aqui nesse período, entre o Natal e o Ano Novo,votar o Orçamento, mas votá-lo no Plenário do Congresso Nacional! Este ano estamos bastanteatrasados.

Evidentemente precisamos seguir o rito. E ele determina que os Relatores-Setoriaispubliquem, vamos dizer assim, seus votos sobre as emendas. É tradição nesta Comissão.Votamos o relatório ressalvados os destaques. Abrimos discussão para outro relatório, até quecada Relator publique seu voto, ou rejeitando, ou aprovando, e até parcialmente, os destaques.Depois de publicado, faz-se a votação. Aí, cada Parlamentar tem o direito de apresentar votoem separado para o seu destaque. Sempre foi assim nesta Comissão.

Entendo o sentido da proposta, é salutar, mas peço aos colegas compreensão para quepossamos iniciar a discussão do próximo relatório. O Senador Romero Jucá precisa dar pareceraos destaques, publicá-los, para então o votarmos, já com o parecer publicado.

Sr. Presidente, sempre foi assim. É um processo pouco rápido, não é possível de serfeito imediatamente. É preciso tempo para análise. O Senador Romero Jucá, certamente, nãofará o que S.Exa. diz aqui: “Rejeito todos os destaques”.

É evidente que S.Exa. sabe que vários destaques têm mérito e precisam ser analisados.Meu apelo é para seguir o rito processual da Comissão, a praxe da Comissão. Vamos

abrir a discussão de um novo relatório, enquanto aguardamos a publicação do parecer aosdestaques do Senador Romero Jucá. Sem publicação, não votaremos os destaques. Sempublicação do parecer, é o que estabelece a norma regimental, não se vota destaques.

O SR. DEPUTADO JOÃO LEÃO - Sr. Presidente, seria esta a minha sugestão a V.Exa.:começar a leitura do segundo relatório.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Srs. Parlamentares, graças àgenerosidade dos companheiros do PMDB e dos demais membros desta Comissão, pela terceiravez presido esses trabalhos. Trata-se de fato inédito na história do Congresso Nacional —permitam-me essa vaidade.

Várias vezes, durante a votação de um relatório parcial, mesmo porque, sendo temático,o Relator não poderia imediatamente dar seu parecer, iniciávamos a leitura de outro relatório,para que S.Exa. tivesse tempo para emitir parecer sobre o anterior.

Adotamos sempre essa praxe, porque é impossível ler um relatório às 4h ou 6h datarde, e, às 7h ou 7h30min, o Relator ter parecer pronto para todos os destaques a seremvotados.

Jamais evitei cercear a palavra de qualquer Parlamentar. Sou essencialmente umdemocrata, não sou um democrata de fachada. Tenho demonstrado isso nesta Comissão. Aquinão tenho partido. No Parlamento, sou do PMDB, mas, na Comissão, sou seu Presidente.Todos nós, Deputados e Senadores, somos iguais nesta Comissão.

Nós, Senadores, representamos os Estados, e os Deputados representam o povo, mas,no conjunto, somos representantes da Nação.

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Mais importante aqui é chegarmos a uma conclusão. Terminamos a sessão ontem maisou menos às 18h30min, quando a Secretaria recebeu 58 destaques. Ontem, durante quasequatro horas, aqui ficamos e não limitei o tempo de V.Exas., como seria regimental. Muitosfalaram além do tempo para que expressassem seus sentimentos. Entendo perfeitamente quehouve desigualdade no tratamento da proposta orçamentária. Ela contém erros terríveis quedevem ser corrigidos, alguns propositadamente feitos para beneficiar determinadas regiões,Estados ou até figuras da República. Em relação a isso estamos fora. Esses erros tanto quantopossível devem ser corrigidos. O Congresso Nacional foi criado para elaborar o Orçamento,controlar a despesa e a receita do rei, para que o rei não explorasse demais seus súditos. Porisso o rei João Sem-Terra criou o Orçamento e o Congresso.

A razão maior de estarmos aqui, portanto, é fazer um documento que represente omínimo de aspirações da sociedade brasileira, já que não podemos fazer aquilo que realmenteseria direito, isto é, uma programação efetiva de serviços; não podemos fazer um orçamentomisto — parte impositivo, parte semi-impositivo e parte a critério do Executivo. Elaboramosaqui um orçamento, com todo nosso esforço, para, depois, o Ministro da Fazenda dizer que nãoé bem assim. Resultado: 80% das verbas do orçamento são contingenciadas. Para quê? Para oGoverno, com esse dinheiro, honrar juros das dívidas. Agora mesmo, foi tomada uma grandemedida: livramo-nos do FMI, ao qual pagávamos 4% de juros, mas vamos continuar a pagar18%, 19% aos banqueiros nacionais. Mas viva a República! Republicanos — e eu sourepublicano — no bom sentido, porque a palavra republicano não significa mais nada nestePaís. A República seria um governo do povo para o povo, mas, infelizmente, não é assim.Acabamos de ouvir o Deputado Claudio Cajado, que mostrou a diferença de tratamento entreAlagoas e Ceará. Ela é gritante. Quer dizer, nenhum brasileiro, acredito que nem os cearensesverdadeiros, entende uma coisa dessa. Se o País luta para reduzir diferenças regionais, nãopode privilegiar determinadas áreas, determinados Estados por integrarem uma região.

Como o Senador Romero Jucá não tem condições ainda de relatar cada um dosdestaques, nossa proposta seria ler o segundo relatório, que é pequeno. Em seguida, na sessãoda tarde, depois de lido esse relatório, faríamos a votação do destaque do primeiro; naseqüência, a leitura do terceiro e a votação do destaque do segundo.

É a proposta que faço ao Plenário.Os Srs. Deputados que concordam permaneçam como se encontram. (Pausa.) (Palmas.)Aprovado.Os Srs. Senadores que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)Aprovada.Concedo a palavra ao Sr. Deputado José Rocha.O SR. DEPUTADO JOSÉ ROCHA - Sr. Presidente, somente uma informação do Sub-

Relator, Senador Romero Jucá: se S.Exa. vai acatar os destaques apresentados ao seurelatório, no tocante às emendas de bancada, caso levantado ontem por mim, em relação àbancada da Bahia, que levou grande desvantagem de recursos se comparada a outros Estados.

Solicito essa informação ao Senador Romero Jucá.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Sr. Presidente, devo registrar que recebemos 58

destaques. Desses, 33 dizem respeito a aumento de emendas de bancada estadual e 25 aaumento de emendas de Comissão, que uma parte aqui já se manifestou contra.

Vamos apresentar nosso relatório, mas dependo de recursos do Relator-Geral para fazerqualquer tipo de suplementação. Na minha opinião, a prioridade agora deve ser as bancadasestaduais. Disse, e volto a dizer, houve emenda de bancada de 3 milhões e 100 mil reais a 4milhões e 100 mil reais. A diferença não foi gritante, mas é apenas o início do processo.Sabemos que depois, com o fechamento do Relator-Geral e do Comitê de Emendas, pode haverum entendimento com as bancadas para esse aumento. Agora, se for possível aumentar asemendas de bancada, o parecer será favorável, mas isso vai depender se houver um poucomais de recursos.

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O SR. DEPUTADO JOSÉ ROCHA - Sr. Presidente, acredito que o momento é da sub-relatoria. Querer jogar a responsabilidade para o Relator-Geral é uma maneira de não quererresolver o problema.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - A matéria será discutida porocasião da votação dos destaques.

A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra para mostrarcomo é difícil trabalhar aqui.

Tenho a honra de auxiliar na Coordenação da bancada do Rio de Janeiro, onde analiseiaqui uma emenda de bancada para a Região Centro-Sul, emenda sobre turismo, e não é queme deparei com o Estado do Amazonas? Empenharam 800 mil reais para o AMAZONASTURnuma emenda da bancada do Rio de Janeiro.

Cada vez mais chego a essa conclusão. Não sei se é um problema com o Rio de Janeiro,ou se estamos muito perto do Amazonas, ou se é um prestígio excepcional do Amazonas, ou seo do Rio de Janeiro que está muito ruim, ou se, efetivamente, e aí falo muito seriamente, somostodos grandes palhaços. Não é desrespeito. Não somos, nos fazem de. Só pode ser isso. Ospalhaços também merecem respeito. Fazem-nos de idiotas — é melhor assim — porque nãopode ser, e digo isso independentemente de partido político. Não vou nem discutir que nãofizeram a listagem do Coordenador da bancada do Rio de Janeiro, que é do PT, não obedecerama listagem do Coordenador. Não vou discutir isso, porque pelo menos o rei do dinheiro era oRio. Mas para o Amazonas? Isso significa total desrespeito pelas bancadas. Não sei se vale apena votar, se o ideal é votar destaques sem destaque, porque na hora de cumprir nãocumprem nada, não tem nenhum respeito pelo Parlamento. É isso que me entristece. V.Exa.deve sorrir.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Deputada Laura Carneiro, sequerconversei com um Relator-Setorial.

A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Sr. Presidente, não tem nada a ver comV.Exa., até esqueci que V.Exa. é do Amazonas. Isso é 2005.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Também acho um absurdo. Masaté o Maradona disse que tem idiota no Brasil. Também...! (Risos.)

A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Mas tem muita gente sabida também. Esse éo problema. Temos de pegar os espertinhos, os ratinhos, que são muito rápidos e silenciosos. Épor isso que é muito importante a decisão tomada agora por V.Exa. e aceita pelo SenadorRomero Jucá, para que, à tarde, possamos discutir todos os destaques.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Passamos à Área temática VIII -Trabalho, Previdência e Assistência Social. Relator, Senador João Ribeiro a quem convido paraler o relatório.

O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Sr. Presidente, onde estão as cópias dosrelatórios?

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Após a leitura do relatório, osdestaques serão recebidos numa mesa ao fundo.

Tem a palavra o Sr. Relator.O SR. SENADOR JOÃO RIBEIRO - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, Sras. e Srs.

Deputados, lerei a parte mais interessante do meu relatório. Se algum Parlamentar considerarnecessário ler a outra, poderei fazê-lo.

Área Temática VIII - Trabalho, Previdência e Assistência Social, sobre o Projeto de Lei nº40/2005, do Congresso Nacional, encaminhado por meio da Mensagem nº 104/2005,Congresso Nacional, nº 560/2005, na origem...

O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - Sr. Presidente, as bancadas estão sem orelatório.

O SR. SENADOR JOÃO RIBEIRO - ... que estima receita e fixa despesa da União parao exercício financeiro de 2006, relativamente à programação do Ministério do Trabalho eEmprego, da Previdência Social e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Relatório.

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O Excelentíssimo Senhor Presidente da República, em cumprimento às disposiçõesconstitucionais consubstanciadas no art. 84, XXIII, combinado com o art. 35, III, este do Atodas Disposições Constitucionais Transitórias, submeteu à apreciação do Congresso Nacional oProjeto de Lei nº 40, de 2005/CN, que “estima a receita e fixa a despesa da União para oexercício financeiro de 2006”.

Nos termos do art. 9º, I, da Resolução nº 01, de 2001/CN, o ilustre Presidente daComissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização confiou-nos a honrosa tarefa deanalisar e avaliar a programação orçamentária do referido Projeto de Lei afeta à Área TemáticaVIII – Trabalho, Previdência e Assistência Social.

Para desincumbirmo-nos a contento dessa tarefa, empreendemos análises minuciosasacerca das políticas públicas mais importantes desenvolvidas pelos órgãos componentes daÁrea Temática, examinamos as execuções orçamentárias recentes e avaliamos detidamente asproposições e demandas que nos foram encaminhadas por colegas Parlamentares e titularesdos respectivos órgãos.

A Área Temática VIII, tal como definida no Anexo da Parte B — Especial do ParecerPreliminar aprovado pela CMO, compõe-se das matérias relativas aos seguintes Ministérios:

- Ministério do Trabalho e Emprego, que formula e executa políticas de geração deemprego e renda, tais como qualificação profissional, abono salarial e seguro-desemprego;

- Ministério da Previdência Social, que desenvolve a política previdenciária,incumbindo-lhe o pagamento de aposentadorias, pensões e demais benefíciosprevidenciários;

- Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, responsável por gastoscom transferência de renda, segurança alimentar e nutricional, benefícios da LeiOrgânica da Assistência Social e demais políticas assistenciais, abrangendo oatendimento à criança, ao adolescente, ao portador de deficiência e ao idoso, dentreoutros.

Neste relatório, inicialmente, faremos uma análise individual das programações de cadaum dos órgãos integrantes da Área Temática, tecendo comentários acerca de pontos específicosrelacionados às principais políticas públicas desenvolvidas.

Em seguida, elencaremos considerações sobre as emendas apresentadas à PropostaOrçamentária, os critérios utilizados para seu atendimento e os valores manejados por estarelatoria.

Examinamos, ainda, aspectos obrigatórios definidos pelos normativos vigentes(Resolução nº 01, de 2001-CN, Regulamento Interno da CMO e Parecer Preliminar), a exemplodos créditos especiais e extraordinários abertos nos últimos quatro meses do exercício de 2005,e formulamos algumas recomendações à relatoria geral, visando à continuidade do processoorçamentário para o exercício financeiro de 2006.

Salientamos, desde logo, que não foram identificadas obras com indícios deirregularidades na programação desta Área Temática, nas informações encaminhadas peloTribunal de Contas da União, razão pela qual deixamos de fazer menção a essa questão aolongo deste relatório.

3. Salário Mínimo3.1 Política de ReajustePreliminarmente, queremos destacar a necessidade da existência de regras claras e

permanentes para a revisão do salário mínimo. Desta forma, foi instalada recentementeComissão Mista Especial com a finalidade de propor política de reajuste do salário mínimo quegaranta a recuperação do seu poder de compra.

As discussões sobre a política de reajuste do salário mínimo deverão levar em conta osimpactos econômicos decorrentes do reajuste, desde a quantificação do número detrabalhadores, que são diretamente por ele impactados, a avaliação de sua influência sobre osníveis de emprego/desemprego e formalidade/informalidade, até a sua influência nas taxas de

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inflação, bem como seu impacto nas contas públicas, tanto da União, quanto de Estados eMunicípios.

Deve-se enfatizar outro aspecto importante na definição das regras de reajuste dosalário mínimo. A partir do momento em que for definida uma regra permanente de reajustegradual do salário mínimo, as discussões, durante a elaboração do Orçamento, sobredisponibilidade de recursos para atender às despesas decorrentes desse aumento cessarão.

Nos anos recentes, na ausência dessa regra permanente, o debate sobre o aumento dosalário mínimo começa no âmbito da apreciação do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentáriase prossegue quando da discussão da proposta orçamentária, que é elaborada tomando-se comoreferência valor menor para o salário mínimo do aquele que será pretendido, e defendido, pordiversos Parlamentares e partidos políticos.

O efeito do conhecimento prévio do valor do salário mínimo e de seu impacto nasdespesas públicas, a partir da aplicação de uma regra permanente de reajuste, seráequivalente ao da definição do superávit primário.

Ao elaborar a proposta orçamentária, tanto o superávit primário, quanto o aumento dedespesas derivado do reajuste do salário mínimo, assim como as demais despesas obrigatórias,constituirão condicionantes da alocação de recursos às demais ações e programas.

A proposta orçamentária, então, será encaminhada ao Congresso Nacional já ajustadaao impacto na despesa provocada pelo aumento do salário mínimo e não mais caberá discutir aidentificação de recursos para financiar o aumento de despesa, tal como vem ocorrendo. Se foro caso, a discussão será deslocada para outro fórum, no qual poderão ser propostas eventuaismodificações da lei, que define regras de reajuste gradual do salário mínimo.

Já trabalhando no sentido de se ter regras permanentes para o reajuste do saláriomínimo, na LDO/2006, foi aprovada regra que garante para o ano de 2006, além da reposiçãoda inflação, aumento real mínimo igual à variação real do PIB per capita do ano de 2005,mesmo dispositivo constante da LDO/2005.

Entretanto, a regra estabelecida pela LDO/2005 e pela LDO/2006 não foi suficientepara evitar a repetição das discussões, tanto que na LOA/2005 foi garantido aumento superiorao da regra da LDO, mesma situação vivida hoje.

3.2 Impactos OrçamentáriosO Projeto de Lei orçamentária para 2006 utilizou, na definição do valor do salário

mínimo, regra prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2006, que garante, além dareposição das perdas inflacionárias calculadas pelo INPC, aumento real equivalente aocrescimento real do PIB per capita em 2005.

Com base na projeção do crescimento real do PIB per capita para 2005, constante daproposta orçamentária, o salário mínimo será reajustado para 321 reais e 21 centavos,correspondendo a aumento de 7,07%, sendo 5,03% equivalente à variação do INPC e 1,94% aocrescimento real do PIB per capita.

A concessão de aumento do salário mínimo acima do valor de 321 reais e 21 centavosacarretará, para cada 1 real a mais, acréscimo de 163,1 milhões de reais nas despesas, e paracada 1% a mais de aumento, acréscimo de 489,4 milhões de reais. Em relação às receitas, oaumento de 1 real provocará crescimento de 5,8 milhões de reais na arrecadação dascontribuições previdenciárias, e o aumento de 1% elevará essas contribuições em 17,5 milhõesde reais.

Considerando-se unicamente os efeitos do aumento do salário mínimo sobre o déficit doRegime Geral de Previdência Social, verifica-se que o aumento de 1 real provoca o aumento de107,5 milhões e reais no déficit previdenciário, enquanto que o aumento de 1% do saláriomínimo resulta no crescimento do déficit em cerca de 322,6 milhões de reais.

Foi apresentada a Emenda nº 50220003, da Comissão de Trabalho, Administração eServiço Público da Câmara dos Deputados, propondo a destinação de 3,4 milhões de reais parafazer frente ao reajuste do salário mínimo. Permitiria que o salário mínimo alcançasse o valorde 342 reais, ou seja, saindo de 300 para 342 reais, a partir de maio de 2006.

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Tendo em vista o valor expressivo da emenda e que a distribuição dos recursos para osRelatores-Setoriais leva em conta a quantidade de emendas por setor, não será possível a estarelatoria atender plenamente ao pleito, de forma que, além de disponibilizarmos 100 mil reais,ou seja, para abrir apenas a rubrica para o atendimento da emenda, recomendamos aoRelator-Geral que viabilize recursos para garantir que em 2006 o salário mínimo seja de, nomínimo, 340 reais.

Portanto, este é o nosso desejo: 340 reais. Pelo fato de termos apenas essa emenda de 3bilhões e 400 milhões é que fazemos essa indicação.

7. Das EmendasEsta relatoria recebeu, inicialmente, 574 emendas representando uma demanda total

de 1.299,7 milhões de reais.Consideradas as peculiaridades das propostas, transferimos para a análise das

relatorias setoriais competentes as seguintes emendas:Autor: Eduardo Valverde — valor: 100 mil reais — destino: Poderes do Estado e

representação;Autor: Iriny Lopes — valor: 50 mil — destino: Poderes do Estado e representação;Autor: Thelma de Oliveira — valor: 20 mil — destino: Educação;Autor:André Costa — valor: 100 mil — destino: Poderes do Estado e representação;Autor: Givaldo Carimbão — valor: 100 mil — destino: Poderes do Estado e

representação.Por outro lado, recebemos de outros setores as seguintes emendas:Autor: Ricardo Fiuza, que não está mais em nosso meio — valor: 50 mil — origem:

Saúde;Autor: Neucimar Fraga — valor: 120 mil — origem: Saúde;Autor: Ildeu Araújo — valor: 100 mil — origem: Saúde;Autor: Ricardo Barros — valor: 300 mil — origem: não setorizada;Autor: Telma de Souza — valor: 50 mil — origem: não setorizada;Autor: Helenildo Ribeiro — valor: 45 mil — origem: Saúde;Autor: Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público — valor: 3 bilhões e 400

— origem: não setorizada;Autor: Mauro Benevides — valor: 50 mil — origem: Saúde.Assim sendo, a relatoria analisou e propôs parecer sobre 577 emendas, cujo valor global

solicitado atinge R$ 4.700 milhões. Nesse particular, cabe esclarecer que a Emenda nº5022001, que busca carrear recursos para o aumento do salário mínimo, distorce o montanteglobal pleiteado já que, por si só, representa demanda de R$ 3.400 milhões.

Portanto, referida emenda merece tratamento diferenciado. Excetuando-se essaemenda, a demanda alcança R$1.300 milhões, envolvendo emendas individuais e coletivas.Para o atendimento desses pleitos, esta relatoria contou com recursos da ordem de R$170,1milhões.

Especialmente para as emendas coletivas, o valor solicitado alcançou R$1.181,6milhões, excluindo-se a emenda do salário mínimo, ao passo que os recursos disponíveislimitam-se a R$ 51,7 milhões, aproximadamente 4,4% do total solicitado. Esse dado revelanossa limitação para o atendimento das justas reivindicações presentes nas emendas coletivas.

Como é de costume, as emendas concentram-se no Ministério do DesenvolvimentoSocial e Combate à Fome, que recebeu um total de 566 pleitos. Grande parte delas, 531emendas, destinadas ao Fundo Nacional de Assistência Social. A Ação 2B30 — Estruturaçãoda Rede de Serviços de Proteção Social Básica, que tem por objetivo o atendimento acomunidades com vulnerabilidade decorrente de pobreza, privação ou vínculos afetivosfragilizados (discriminações étnicas, de gênero, deficiência etc.), foi objeto de maior preferênciaparlamentar, com 319 emendas.

Verifica-se ainda grande demanda parlamentar pela Ação 2B31 — Estruturação daRede de Serviços de Proteção Social Especial, que acolheu um total de 170 emendas. Essa ação

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destina-se a aportar recursos para indivíduos e grupos sociais que tiveram direitos violados,buscando o resgate social e a redução das situações de risco efetivamente verificadas.

Registramos ainda a apresentação de 24 emendas para a devida codificaçãoorçamentária (programações atípicas), fato que exigiu adequação das emendas aos programasde trabalho existentes nos órgãos componentes da Área Temática.

Outras adequações de emenda fizeram-se necessárias, como forma de compatibilizá-lasaos normativos vigentes, notadamente aos arts. 31 a 35 da LDO/2006 (transferência derecursos a entidades privadas), evitando a inadmissão dessas proposições.

Foram também efetuados reajustes nos Grupos de Natureza de Despesa — GND enas modalidades de aplicação. Destacam-se os seguintes ajustes:

- adequação do GND à programação indicada pelo autor. Situações nas quaisconsignam-se programas de trabalho que não admitem gastos com outras despesascorrentes (GND 3) ou investimentos (GND 4), embora na emenda tenham sido indicadosesses grupos. Ou, ao revés, quando as programações indicadas exigem dotação paraoutras despesas...O SR. DEPUTADO JÚLIO CESAR - Senador João Ribeiro, pediria que V.Exa. indicasse

o número da página para acompanharmos.O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Página 42....correntes, ou investimento, a qual não havia sido indicada;- adequação da classificação funcional e programática ao objetivo pretendido pelo

Parlamentar.- ajuste da modalidade de aplicação no âmbito do Fundo Nacional de Assistência

Social, que exige execução mediante transferência de recursos para Estados ouMunicípios, e do indicador de resultado primário, de modo a classificar as despesasoriundas de emendas parlamentares como gastos primários discricionários — RP 2;

- adequação do GND, da funcional programática ou da modalidade de aplicação, emobediência ao art. 33 da LDO/2006, que não permite destinação de recursos parainvestimentos a entidades privadas na área de assistência social, ressalvado o caso da OSCIPcom termo de parceria firmado com a Administração Pública e participante da execução deprogramas do PPA.

Constatamos ainda impropriedade na definição do produto da Ação 4963 -Promoção da Inclusão Produtiva, atualmente pessoa capacitada. Ocorre que a ação envolve,além da capacitação, o financiamento de empreendimentos geradores de renda e emprego.

Assim, indicamos à relatoria geral, com fundamento no Item 32.1 da Parte B —Especial do Parecer Preliminar, a necessidade de elaboração de emenda de Relator, com vistasa alterar o produto da referida ação para pessoa beneficiada. A alteração em comento implicarámudança no produto tanto das programações oriundas de emendas quanto daquelasapresentadas no projeto de lei.

Os recursos para atendimento das emendas foram provenientes de transferênciasefetuadas pela relatoria geral, totalizando R$170,1 milhões.

Ressalte-se que o Item 17.1 da Parte B — Especial do Parecer Preliminar determinou ocancelamento linear, no percentual de 15%, das despesas com investimentos das dotaçõessuperiores a R$ 3 milhões. Em nossa Área Temática, esse corte atingiria R$42,4 milhões, eoneraria, em especial, o INSS. As ações mais afetadas envolveriam a Modernização e Expansãoda Capacidade de Tecnologia e Informação da Previdência Social e a Reformulação dasAgências de Atendimento da Previdência Social. Outras ações importantes do Ministério doTrabalho e Emprego e do MDS também seriam afetadas. Trata-se de ação de inegávelimportância para o aprimoramento do sistema previdenciário, inclusive para asseguraratendimento mais digno aos segurados, e para a garantia de recursos mínimos parainvestimento no Ministério do Trabalho e Emprego e no MDS, razão pela qual optamos por nãoutilizar qualquer parcela desses cortes. Ou seja, não utilizamos o corte, Sr. Presidente.

Cientes do prejuízo que sofreriam os órgãos caso os mencionados recursos fossemutilizados nas fases subseqüentes do processo orçamentário, fomos além, elaborando emendas

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de Relator-Setorial (nºs 80080001 a 80080013) para recompor os cortes de 15%. A aprovaçãodessas emendas evita que as dotações para investimentos alocadas na proposta orçamentáriasejam reduzidas em órgãos importantes da área social.

As emendas individuais tiveram seus valores integralmente aprovados, com recursosprovenientes do cancelamento da reserva de contingência, totalizando R$118,4 milhões.

No atendimento das emendas coletivas, optamos, inicialmente, por dividir os recursosdisponíveis igualmente entre o conjunto de emendas de Comissão e o conjunto de emendas debancada.

Quero ressaltar, Sr. Presidente, que procurei priorizar a questão das emendas debancada, porque as considero mais forte do que as de Comissão. É uma forma dereconhecermos os trabalhos dos Parlamentares desta Casa.

A fim de garantir maior justiça no acolhimento dos pleitos, realizamos, após a aplicaçãodo primeiro critério, alguns refinamentos:

- em atenção ao pleito do Item 11.1.1 da Parte B — Especial do Parecer Preliminar, queconfere à relatoria geral a competência para alocar recursos para um reajuste superior dosalário mínimo, e devido à total falta de recursos para atender ao pleito, aprovamosparcialmente a Emenda nº 50220001 com valor simbólico. Assim, caberá ao Relator-Geral ––combinamos com S.Exa. –– a função de alocar recursos suficientes para assegurar um reajustesatisfatório do salário mínimo;

- no atendimento das emendas de Comissão, foram priorizadas as relacionadas a açõesfinalísticas, as quais receberam valores análogos;

- quanto às emendas de bancada estadual, considerando a alta relevância de todas asemendas, decidimos alocar o mesmo valor para todas as emendas, assegurando tratamentoisonômico às Unidades da Federação, ou seja, aos Estados.

Ressalva-se a situação da Emenda nº 71120008, que mereceu tratamento peculiar.Assim agimos pelo fato de o Estado do Mato Grosso apresentar indicadores de vulnerabilidadefamiliar, relativos a crianças, adolescentes e idosos, menos satisfatórios, em relação aos demaisEstados contemplados com emendas. Alicerçamos nossa análise em dados públicos no Atlas deDesenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento — PNUD,de 2000.

Em razão do mérito das propostas parlamentares, não houve casos de rejeição deemendas. Da mesma forma, não tendo sido verificadas situações de desconformidade com aforma constitucional ou legal, esta relatoria não opina pela inadmissão de quaisquer pleitos.

Indicações e RecomendaçõesMinistério do Trabalho e EmpregoAcusamos o recebimento do Ofício nº2.540/GM/MTE, por meio do qual o Ministro do

Trabalho e Emprego solicita o acréscimo de dotações em determinadasprogramações/unidades e referido órgão:

Destino: Programa 1º Emprego — valor: 120 milhões e 630 mil;Destino: Qualificação Social e Profissional — valor: 141 milhões, 20 mil e 315;Destino: SINE — valor: 27 milhões, 557 mil e 207.Destino: Economia Solidária — valor: 10 milhões e 500 mil.Destino: FUNDACENTRO — valor: 2 milhões e 570 mil.Total: 302 milhões, 277 mil e 522.Constatamos que o único desses itens contemplado com emendas coletivas foi o

Programa Economia Solidária em Desenvolvimento (Emenda nº 60050002), a qual foi atendidano valor de R$3,8 milhões.

O referido Ofício foi complementado pelo Ofício nº 2717/GM/MTE, que solicitaacréscimos nas seguintes ações: Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo, Inspeçãoem Segurança e Saúde no Trabalho, Fiscalização para Erradicação do Trabalho Infantil, Gestãoe Administração do Programa, Fiscalização das Obrigações Trabalhistas e Arrecadação doFGTS, Combate à Discriminação no Trabalho e Fiscalização do Trabalho no Campo. Anenhuma delas foi oferecida emenda parlamentar.

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Em face da limitação de recursos transferidos a essa Área Temática, bem como dasrestrições contidas no parecer preliminar e na Resolução nº 01, de 2001–CN, acerca daelaboração de emendas de Relator-Setorial, repassamos a presente solicitação do Exmo. SrMinistro de Estado do Trabalho e Emprego à consideração da relatoria geral, para asprovidências pertinentes.

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à FomeO Ministro de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, por meio do Ofício

nº 244 GM/ASPAR/2005/MDS, vem requerer a inclusão, no Projeto de Lei Orçamentária 2006,de recursos oriundos de ingressos de operação de crédito contratada junto ao Banco Mundial eao Banco Interamericano de Desenvolvimento — BID, no valor de R$15,1 milhões. Envolverecursos para o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil — PETI, para o Bolsa Família epara outros programas de assistência social.

Por tratar-se de pleito que redunda em modificação do resultado primário, talprovidência não pode ser efetuada na fase setorial, motivo por que repassamos a análise de talquestão à relatoria geral do PLOA 2006.

Alteração do produto da Ação 4963-Promoção da Inclusão ProdutivaIndicamos à relatoria geral, com fundamento no item 32.1 da Parte B — Especial do

Parecer Preliminar, a necessidade de alteração do produto da Ação 4963-Promoção da InclusãoProdutiva, atualmente “pessoa capacitada”, para “pessoa beneficiada”. Referida ação envolve,além da capacitação, o financiamento de empreendimentos geradores de renda e emprego.Assim sendo, existe a necessidade de elaboração de emenda de Relator, de modo a adequar oproduto tanto das programações oriundas de emendas quanto daquelas apresentadas noprojeto de lei.

Administração de receitas previdenciárias Em razão da não-aprovação da Medida Provisória Nº 258/05, recomendamos aoRelator-Geral a transferência dos recursos destinados ao programa Administração de ReceitasPrevidenciárias, na proposta orçamentária vinculados à Receita Federal do Brasil, para aunidade orçamentária Ministério da Previdência Social — Administração Direta (UO — 33101).

Salário MínimoTendo em vista a impossibilidade, por falta de recursos, de atender plenamente ao

pleito de reajuste do salário mínimo por esta relatoria setorial, constante da Emenda nº50220001, recomendamos ao Relator-Geral que viabilize recursos para garantir que em 2006 osalário mínimo seja de, no mínimo, R$ 340,00 (trezentos e quarenta reais), embora, o nossodesejo fosse de R$ 350,00 (trezentos e cinqüenta reais).

II - VotoFace à exposição, somos pela aprovação do Projeto de Lei nº 40, de 2005-CN,

relativamente aos órgãos da Área Temática “Trabalho, Previdência e Assistência Social”, nostermos apresentados pelo Poder Executivo e com as alterações decorrentes das emendasapresentadas e aprovadas.

Sala da Comissão, em de dezembro de 2005.Senador João Ribeiro, Relator.É o relatório.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado José Carlos.O SR. DEPUTADO JOSÉ CARLOS ARAÚJO - Sr. Presidente, primeiramente, quero

parabenizar o Senador João Ribeiro pelo relatório.Em segundo lugar, em face de estarmos com o plenário esvaziado, peço a V.Exa. a

suspensão dos trabalhos para que possamos voltar às 14h ou às 14h30min para que todos osDeputados e Senadores estejam aqui para votar o relatório do eminente Relator.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Caro Deputado, a Mesa já haviadiscutido a suspensão da reunião às 12h30min para que pudéssemos voltar na sessão das14h.

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O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - Sr. Presidente, como sugestão, V.Exa.iniciaria a discussão, em seguida suspenderia. Dessa forma, o prazo de destaque ficaria abertoe os Parlamentares que quisessem já apresentariam seus destaques.

A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Pela ordem, Sr. Presidente.O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - Concordo com isso, Sr. Presidente, mas não a

suspensão, queremos o encerramento e nova reunião.A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Sem encerrar a discussão. A proposta do

Deputado, a meu entender, é o certo, porque eu quero discutir, mas entendo que V.Exa. jáhavia comunicado ao Plenário que às 12h30min suspenderia os trabalhos e os retomaríamosàs 14h. No caso da CPI é até bom, porque temos a audiência da CPI, depoimentos da sub-relatoria da CPI dos Correios de 1 hora. Para nós está bom. Agora, o que não entendi é se vaiiniciar a discussão. Suspender para retomar, tudo bem, desde que não encerre a discussão.Não encerrando a discussão, está tudo bem para mim.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado JoséRocha.

O SR. DEPUTADO JOSÉ ROCHA - Sr. Presidente, concordo com a proposta doDeputado Ricardo Barros, ou seja, que seja aberta a discussão para que possamos apresentaros destaques até o término da discussão que será no retorno da reunião.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado ColbertMartins.

O SR. DEPUTADO COLBERT MARTINS - Nós, do PPS, entendemos que é necessárioredicutirmos, que a discussão comece imediatamente. Acreditamos que o Senador RomeroJucá já pode estar, a esta altura, com o seu relatório pronto. É uma atitude do PSDB deobstrução da discussão querendo que reabra nova reunião. Estou inscrito para discutir, prontopara começar a discussão dessa matéria agora, e como estamos querendo a produção e que otrabalho avance, queremos iniciar a discussão e logo em seguida discutirmos, aprovarmos ourejeitarmos, evidentemente, os destaques da área de agricultura.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado RonaldoDimas.

O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Sr. Presidente, é evidente a falta de quorum.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Nobre Deputado, não estamos

votando...O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Concordamos em iniciar a discussão, encerrar

esta reunião, marcando outra. Já temos a nova reunião marcada, se eu não estiver enganado,para as 16 horas, não é isso?

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - A reunião está convocada para as14h e para as 18h.

O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Para as 14h e para as18h. Então, encerraremosesta...

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Amanhã para as 10h, 14h e 18h.O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Concordamos em abrir a discussão, encerrar

imediatamente, aí partiremos para as novas reuniões.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Suspender. Vamos abrir a

discussão e encerrar.O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Não, a posição nossa é de encerrar.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Vamos abrir a discussão e encerrá-

la. Encerrar a discussão não, suspender a discussão e suspender a reunião.O SR. DEPUTADO COLBERT MARTINS - Suspender a discussão, Sr. Presidente. Muito

bem, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Retomaremos às 14h30min.O SR. DEPUTADO COLBERT MARTINS - Essa é a nossa proposta.O SR. DEPUTADO RAFAEL GUERRA - Sem encerrar a reunião, não é Sr. Presidente?

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O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Suspender a discussão e encerrar a reunião,não a discussão.

O SR. DEPUTADO COLBERT MARTINS - Não, Sr. Presidente, nós não concordamos.O SR. DEPUTADO RAFAEL GUERRA - Abrir a discussão e suspender a reunião.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - É, exatamente. Aqui se apresentam

os destaques.O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - Sr. Presidente, há quantos inscritos para

discutir a matéria?O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Cinco.O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - Cinco?O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Seis com a Senadora.O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - Então, a decisão que V.Exa. toma é abrir a

discussão e suspender a reunião para contar o prazo para os destaques e voltarmos às14h30min, é isso? É isso. E a reunião convocada para as 14h fica automaticamentedesconvocada?

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - A reunião será reiniciada às 14h,quando também será iniciada com a discussão.

O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - Pois não.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Então, está suspensa a reunião e

reconvocada para as 14h...O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Não concordamos, Sr. Presidente, que se

suspenda a reunião.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) -...para a discussão, ao mesmo

tempo que está aberto o prazo para apresentação dos destaques.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Sr. Presidente, para uma questão de ordem.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Tem V.Exa. a palavra para uma

questão de ordem.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Queria fazer uma pergunta ao Relator-Geral.

É para apressar os nossos trabalhos.Sr. Relator, virá do Governo, da Casa Civil, sei lá da onde, a segunda parcela do acordo

firmado entre o Brasil e o FMI? V.Exa. não sabe? O famoso plano-piloto.Então, Sr. Presidente, quero que fique registrado nos Anais desta Casa que o Relator-

Geral do Orçamento, no dia de hoje, não sabe se tem o cumprimento da segunda parcela doacordo do FMI com o Governo brasileiro, o famoso plano-piloto. Porque ano passado, Sr.Relator, recebemos aqui, no dia da votação, faltando horas para essa aprovação. Eu querodeixar bem claro isso, Sr. Presidente, para que essa matéria não chegue de última hora e oGoverno vá querer boa vontade para sua aprovação.

Chamo atenção para isso, porque o que foi aprovado ano passado aqui, num crédito deconfiança que foi dado, não foram sequer executados 50%. Alocou-se recursos, inclusive, paraa obra da eclusa de Tucuruí tão bem defendida pelo Senador Flexa Ribeiro, para onde nãohavia sequer projeto e o dinheiro foi perdido. Houve um desgaste internacional muito grandedo Brasil com relação a esse acordo não cumprido e não vamos aceitar, nobre Relator, que essefato se repita.

Muito obrigado.O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Sr. Presidente, não há concordância nossa, do

PSDB, para que suspendamos a reunião. Queremos o encerramento desta reunião, abrindooutra às 14 horas como está convocado.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - V.Exa. tem dito isso, mas a maioriase manifestou favorável à suspensão.

O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Então, pedirei verificação dessa maioria. Pelaproposta, se há uma votação, então, pediremos verificação.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Antes disso, o prazo passou.O SR. DEPUTADO JOÃO LEÃO - Não há como pedir verificação.

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O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Pela ordem, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Pela ordem, o Deputado Jovair

Arantes.O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - O nosso partido, o PTB, concorda com a

suspensão. V.Exa. está conduzindo com muita competência a reunião. Acho que é umaquestão de entendimento global, não cabe votação, até porque V.Exa. não colocou em votação.É uma decisão, inclusive, de V.Exa. suspender ad hoc. É uma decisão presidencial.

Acho que V.Exa. tomou a decisão de suspender os trabalhos. Voltaremos às 14 horas econtinuaremos a discussão.

O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Qual o artigo do Regimento, Deputado? Só sehouver concordância de todo o Plenário e não há.

A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Pela ordem, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra a Senadora Heloísa

Helena.A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Só para deixar absolutamente claro que para

nós, embora sejamos bem pequenos aqui, quase que partícula na dimensão do universo, nãotem problema a decisão de V.Exa., do Plenário, das Lideranças. Estamos aqui para trabalharaté meia-noite, 3 horas da manhã, até sexta-feira, não tem nenhum problema.

O SR. DEPUTADO JOÃO LEÃO - Há alguns que não querem trabalhar, Senadora.A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Todos têm obrigação de trabalhar. Só para

deixar claro que, no nosso caso, que certamente é o caso do Senador Heráclito Fortes, dosSenadores que são membros da CPI dos Correios, às 13h, ou seja, daqui a 20 minutos,estaremos lá na CPI. Agora, se quiserem continuar, não há problema algum. Eu fico. Sequiserem parar...

O único apelo que faço a V.Exa., com o qual V.Exa. já concordou, é que não encerre adiscussão, porque queremos discutir. Como ninguém está propondo isso, para nós, se quisercontinuar, não há problema. Se quiser suspender provisoriamente para retomar às 14h, nãohá problema. Repito: estamos aqui para trabalhar. Só tenho que dizer a V.Exa. queprovisoriamente terei de ir à CPI dos Correios, porque Deus me deu muitas bênçãos, mas nãome deu ainda a da onipresença de estar em dois lugares ao mesmo tempo.

Então, qualquer proposta acordada no plenário, concordamos. Não tem problemaalgum.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado JoãoLeão.

O SR. DEPUTADO JOÃO LEÃO - Sr. Presidente, é uma norma desta Comissãosuspender as discussões e continuarmos trabalhando no horário marcado previamente porV.Exa. Acabou. A norma da Comissão é essa. Temos de seguir a norma da Comissão.

O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Qual o artigo do Regimento que dá essedireito?

O SR. DEPUTADO JOÃO LEÃO - O Regimento inteiro segue a norma e o Presidenteestá aí para seguir as normas. O Senador Gilberto Mestrinho já foi três vezes Presidente destaComissão e nunca quebrou uma norma.

O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Desde que haja concordância, Deputado.O SR. DEPUTADO JOÃO LEÃO - Precisamos seguir as normas e V.Exa. está querendo

suspender baseado em que norma?O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - É isso o que quero saber. Em que norma estão

se baseando para suspender a reunião, porque, se não há quorum evidente...O SR. DEPUTADO JOÃO LEÃO - V.Exa. é que está querendo encerrar. O Presidente

quer suspender.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Nobre Deputado Ronaldo Dimas,

todos nós temos uma norma: a norma do estômago e está na hora do almoço. Como vamosficar muitas horas aqui, baseado na norma biológica do estômago, necessária à sobrevivência,

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somos seres humanos, além de Deputados e Senadores, então, a reunião está suspensa ereconvocada para as 14h, observada a tolerância regimental de 30 minutos.

(A reunião é suspensa.)

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Está reaberta a 1ª reunião da 5ªSessão Legislativa Extraordinária da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos eFiscalização para apreciação das matérias constantes das Pautas nºs 38 e 39, de 2005.

De manhã foi feita a leitura do relatório setorial da Área Temática VIII — Trabalho,Previdência e Assistência Social — pelo Relator, Senador João Ribeiro.

Passaremos à discussão.Ao mesmo tempo, abrimos prazo para apresentação de emendas dos Estados. Os

destaques serão apresentados na mesa que se encontra ao fundo do auditório.Com a palavra o primeiro inscrito, Deputado Ricardo Barros. (Pausa.) Ausente.A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - V.Exa. pode me inscrever, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado Claudio

Cajado, o segundo inscrito.S.Exa. dispõe de 5 minutos.O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares,

tentarei ser o mais breve possível, para não fugir da fatalidade do prazo.Tenho algumas observações a fazer sobre o relatório, em especial, porque sou Relator

Setorial da Área VII — Saúde. Um dos problemas graves que estamos enfrentando no setor éjustamente a burla que está existindo dentro da peça orçamentária: o desvio dos recursos daSaúde estão sendo direcionados para o Ministério do Desenvolvimento Social.

Sr. Presidente, na página 28, o número está no alto, e na 26, embaixo. Lembro osrelógios do plenário da Comissão de Orçamento: nas costas do Presidente é um horário; nafrente, é outro. No relatório acontece a mesma coisa: o número 28 está no alto, e o 26,embaixo.

Pois bem. À pág. 28, no alto, verificamos que havia 818 milhões de reais, no ano de2004, direcionados para o Ministério de Desenvolvimento Social, com recursos oriundos doMinistério da Saúde. No ano de 2005, esses recursos pularam para 2,3 bilhões, sendo que,desse valor, 1,2 bilhão foi direcionado pela Medida Provisória nº 261. Esta Casa mudou a fonte— não aceitou votar a MP 261 neste ano — salvo engano, em agosto ou setembro, para a fontecorreta do Ministério do Desenvolvimento Social.

O Congresso já se posicionou contra essa burla contida no Orçamento e, de novo,estamos aqui constatando que 2,1 bilhões de reais estão sendo desviados, Deputado SérgioMiranda, da Saúde para o Bolsa Família.

Quero dizer que concordamos com o Bolsa Família. Aliás, é claro, o Relator estabeleceuaqui o aumento percentualmente em relação ao PIB: em 2002, era 0,17%; no ano de 2003,pulou para 0,22%; em 2004, para 0,30%; no ano de 2005, 034%; e no ano de 2006 a previsão éque o Bolsa Escola represente um gasto de 0,36% do PIB. Concordamos com isso. O BolsaFamília é a junção daqueles antigos programas de transferência de renda do Governo FernandoHenrique — Bolsa Família, Bolsa Escola, Bolsa Alimentação. O Governo juntou e denominouBolsa Família. Não é nada novo; só tem aumentado o número de famílias.

E mais: queremos defender esse programa, mas não podemos concordar que sejautilizada a fonte da Saúde para os gastos com assistência social. Não podemos aceitar, Sr.Presidente. Temos de mudar esse relatório. No relatório setorial da Saúde, que apresentei àComissão, na segunda-feira, está claro que isso trará conseqüências nefastas para a Saúdebrasileira, haja vista que veremos no próximo ano o mesmo filme a que estamos assistindohoje, com pessoas sem atendimento nos corredores dos hospitais, morrendo nas portas doshospitais, porque os recursos da Saúde estão sendo direcionados para o Bolsa Família, para oMinistério do Desenvolvimento Social.

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Em função da Emenda Constitucional nº 29, temos um piso mínimo de aplicação, queno caso da Saúde ficou em torno de 42 bilhões de reais. E não podemos aumentar, porque opiso virou teto. Se aumentássemos o recurso da Saúde, tudo bem, mas o piso da EmendaConstitucional nº 29 virou teto e, com isso, se não tirarmos os recursos previstos que estãoaqui da fonte da Saúde, teremos graves conseqüências para o pagamento das verbas da Saúde,da média e alta complexidades, não teremos medicamentos excepcionais. Neste ano, votamosuma medida provisória de seiscentos e tantos milhões de reais de suplementação orçamentáriapois quem fez transplante de medula e não tem dinheiro para comprar o remédio, se nãorecebê-lo do Governo Federal, morre. Não tivemos os recursos dos medicamentos excepcionais,que tiveram de ser suplementados pelo Governo Federal no Ministério da Saúde. Por quê?Porque a verba foi direcionada incorretamente ao Ministério do Desenvolvimento Social.

Chamo a atenção do nobre Relator para esta questão, porque é gravíssima.Sei que o Relator Geral, Deputado Carlito Merss, que infelizmente não está presente,

tem-se sensibilizado com essa discussão, mas se não fizermos uma emenda aqui, Sr.Presidente, agora, retirando a transferência desses recursos para a fonte correta, que é doMDS.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Deputado Claudio Cajado, V.Exa.terá mais 1 minuto para concluir.

O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - Esta é uma questão de tamanha gravidade, Sr.Presidente, que pediria a V.Exa. um pouco mais de tolerância com a explanação que estoufazendo, para que a Comissão tome conhecimento da gravidade do fato que estou expondo.

Nós, relatores setoriais, não temos condições de mexer no Orçamento, apenas o RelatorGeral, mas podemos apresentar emenda, já que o relatório a ser votado é o que está tomandoindevidamente os recursos da fonte da Saúde.

Chamo a atenção do Plenário. Votarei favoravelmente tirando essa parte. Manifesto-mecontrariamente a essa parte e espero que o Congresso Nacional, na sua Comissão Mista deOrçamento, possa resolver essa grave questão.

A outra questão para a qual chamo a atenção diz respeito aos parcos recursos doPrograma Primeiro Emprego, que não sai do papel. Esse programa teve um marketing muitobonito, mas infelizmente foi relegado a segundo plano pelo Governo Federal. Temos milhares dejovens pelo Brasil afora que não conseguiram sequer ter...

(O microfone do orador é desligado.)O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Lamentavelmente, o tempo de

V.Exa. esgotou e há 15 oradores inscritos.Com a palavra o Deputado Rafael Guerra.O SR. DEPUTADO RAFAEL GUERRA - Sr. Presidente, Srs. Parlamentares desta

Comissão de Orçamento, minhas palavras serão no mesmo sentido do que disse o DeputadoClaudio Cajado. Já constatamos nesse relatório a impossibilidade de votarmos a favorprincipalmente em relação à questão que está prejudicando o setor da Saúde.

Na verdade, Sr. Presidente, para esclarecer aos Parlamentares, vimos tendo problemascom a tentativa do Governo de utilizar recursos da Saúde no Bolsa Família desde 2003.

Quando votamos o Orçamento de 2004, depois de longa negociação com o Relator, queera o Deputado Jorge Bittar, nós concordamos em deixar, na fonte da Emenda nº 29, 818milhões de reais da Saúde para o Programa de Suplementação Alimentar e Nutricional. Trata-se de recursos, então, para a desnutrição materno-infantil e para saneamento em pequenascidades. Eram 818 milhões. E o Governo insistentemente tenta aumentar esse recurso.

Como bem disse o Deputado Claudio Cajado, no Orçamento deste ano, foi previsto emum primeiro momento 1,1 bilhão, que nós aceitamos, considerando reajuste, inflação etc.Então, em março deste ano, o Governo enviou um projeto de crédito suplementar quetransferia 1,2 bilhão para o Programa Bolsa Família, em que se retira a fonte do Ministério daSaúde para ser aplicada no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

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A Comissão Mista, portanto a Câmara e o Senado, recusaram-se a votar esse projeto,que ficou 6 meses na Comissão e não foi votado. Fomos, então, surpreendidos por uma medidaprovisória de 1,2 bilhão. Trata-se exatamente do mesmo valor com a transferência do recurso.

E o Governo vem fazendo isso repetidas vezes, quando se utiliza do instrumento damedida provisória. Gasta o dinheiro e, depois que a medida provisória é rejeitada, o dinheiro jáfoi embora. Esse é que é o grande problema. O Governo editou uma medida provisória e retirouda Saúde, em 2005, 1,1 bilhão.

O Relator setorial cita isso no seu relatório. Um bilhão e 100 mil reais estavam noOrçamento, mais 1,2 bilhão da medida provisória. Só que essa medida provisória foi rejeitadapor unanimidade na Câmara dos Deputados e no Senado. Por votação simbólica, por acordo deLíderes, por unanimidade, repito, a medida foi rejeitada. E o Senado ainda acrescentou umartigo, que determinava que os efeitos financeiros do projeto de lei de conversão deveriamretroagir a 30 de setembro. O Governo fez ouvidos de mercador. Simplesmente não tomounenhuma providência. O dinheiro foi embora, não foi devolvido para a Saúde.

Agora, então, já no Orçamento, vem essa tentativa. É evidente que nós temos de corrigiro Relatório Setorial do Trabalho, Previdência e Assistência Social e, depois, o Relatório Setorialda Saúde.

Não podemos aceitar isso, porque essa perda de 2,1 bilhões, somada à de 1,2 bilhão damedida provisória, dá um total de 3,3 bilhões. E há outras perdas adicionais, que estãocontempladas, já analisadas, pelo Relator Setorial da Saúde, Deputado Claudio Cajado.

Na verdade, os Parlamentares sabem das dificuldades pelas quais a área da Saúde vempassando. Não estamos falando de novidade. Há 2 semanas, o Ministro da Saúde cancelou umprograma de cirurgia bariátrica. Todas as cirurgias bariátricas no Brasil foram suspensas porfalta de dinheiro. O Programa de Planejamento Familiar foi suspenso por falta de recursos. Issoalém do programa da odontologia, afora o que já foi citado, como a questão dos medicamentosexcepcionais; do reajuste das tabelas, que este ano foi de 0%, simplesmente zero durante todoo ano.

Então, não há a menor possibilidade de nós aceitarmos isso. Portanto solicitamos aoRelator que contemple isso. Refiro-me tanto ao Relator Setorial quanto ao Relator da ComissãoMista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização. Que analisem e contemplem isso.

Estamos apresentando um destaque para corrigir essa falha do Orçamento.Aproveito a oportunidade para lamentar o fato de o Ministro da Fazenda estar de férias

no momento em que nós estamos discutindo a principal peça no Congresso Nacional — e queinteressa a S.Exa. Nós estamos sempre sendo citados na mídia. Mas estamos aquitrabalhando, lutando para melhorar o Orçamento do País. Gostaríamos que o Ministro daFazenda, que é médico, estivesse presente aqui em Brasília e nos ajudasse a defender a Saúde.Não podemos ter essa perda que já está ultrapassando 4 bilhões.

Muito obrigado.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado Sérgio

Miranda.O SR. DEPUTADO SÉRGIO MIRANDA - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero

fazer um elogio ao Senador João Ribeiro pelo conteúdo de seu relatório, pela abrangência dostemas que trata e pela forma esclarecedora com que aborda a questão social brasileira.

Este é o principal relatório em debate, Srs. Parlamentares. Aqui tratamos do saláriomínimo, e há o compromisso assumido pelo Senador de que vamos partir do patamar de 340reais. Vamos discutir com o Relator-Geral e vamos discutir quando chegar o momento dedebate do salário mínimo. Ficou evidenciado pelos dados da PNAD que foram o salário mínimoe os programas de transferência de renda os principais responsáveis pela pequena diminuiçãoda pobreza. São os 2 instrumentos fundamentais tratados no relatório do Senador JoãoRibeiro.

Discute-se aqui também os sistemas previdenciários, o regime geral e os regimespróprios da Previdência. No regime geral é feita uma observação extremamente correta e

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importante. Para se divulgar o déficit da Previdência, aqueles dados supostamente oficiais nãolevam em conta a parte do fundo contra a pobreza destinado à Previdência.

Dessa forma, 8 bilhões no próximo ano são recursos vinculados à Previdência. Do pontode vista do regime próprio, observamos, pela série histórica aqui traçada, que mesmo que hajaum crescimento nominal do déficit, o que nos chama a atenção é que na proporção do PIB vemcaindo as despesas com a previdência dos servidores públicos.

Por último, Sr. Presidente, chama-nos a atenção os recursos do FAT. Ora, vai-setransferir para o BNDES R$7.363 bilhões. Vai-se transferir para o pagamento do seguro-desemprego e do abono salarial R$11 milhões. E com recursos do FAT vai-se fazer superávitprimário na ordem de R$8 bilhões. Isso, sinceramente, é tirar da área social para esterilizaresse dinheiro.

Por último, Sr. Presidente, refiro-me à questão dos recursos da Saúde. Chamo aatenção de V.Exas. para o que está escrito no relatório do Senador João Ribeiro: na Ação,transferência de renda com outra ação constante do orçamento do Ministério da Saúde, muitoembora seja executada pelo próprio MDS. Há recursos do Bolsa Família no Ministério da Saúdeque não são executados pelo Ministério da Saúde, porque o cadastro é unificado no Ministériode Desenvolvimento Social. Não se pode diferenciar o beneficiário daquele programa daquelesque recebem pelo MDS, porque todo recurso é pago, é executado pelo Ministério deDesenvolvimento Social. É pura e simplesmente uma manobra contábil para diminuir osvalores da Saúde.

Esta Comissão não pode aceitar isso. Manifesto minha inteira solidariedade aoDeputado Rafael Guerra, Presidente da Frente Parlamentar pela Saúde, que colocou esseobjetivo fundamental para não diminuir agora, e no futuro, os recursos da Saúde, bem comoao Relator Claudio Cajado, que, na minha opinião, vai corrigir esse erro no Orçamento doMinistério da Saúde.

Muito obrigado, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado Colbert

Martins.O SR. DEPUTADO COLBERT MARTINS - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sras.

e Srs. Senadores, começo elogiando o Senador João Ribeiro pelo seu relatório. Entendo, damesma forma como o Deputado que me antecedeu, que S.Exa. produziu uma peçaextremamente equilibrada, com análises extremamente pertinentes a este momento.

Reitero aqui essa mesma posição na condição de médico. Não é possível retirar nenhumcentavo da Saúde, a qualquer título, até porque houve e vai haver grandes superávits no País.Recursos como este podem ser retirados de qualquer área, menos da Saúde.

Lutamos muito com o Governo que aí está para conquistarmos o que temos hoje, quesão recursos para milhares de pessoas. Centenas de milhares de Municípios brasileirosrecebem recursos públicos, que são vinculados. Se não fossem, estaríamos no atraso detempos atrás, quando, de forma continuada, faltavam recursos para o mínimo. Hoje, com asvárias ações do Ministério da Saúde, na maioria dos Municípios brasileiros há recursosaplicados diretamente em benefício da população.

Ao elogiar, Senador João Ribeiro, o seu relatório, espero também que V.Exa. estejaconosco nesta luta para que encontremos condições e recursos a fim de que o Ministério doDesenvolvimento Social possa fazer os pagamentos, extremamente necessários e importantes.

Como disse o nosso antecessor, a redução de pobreza no Brasil deu-se por meio detransferência de recursos do Governo para as populações mais pobres.

Quero também relatar que, em termos de benefícios de prestações continuadas, oGoverno tem tido um avanço extremamente importante. Em termos de recursos, em 2003,havia R$4.505 milhões; em 2004, R$5.729 milhões; em 2005, foram autorizados R$6.692milhões, em 2005, R$7.519 milhões. E em 2006 contamos com a proposta de R$8.934 milhões.São recursos que estão aumentando para as populações que deles efetivamente necessitam.

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Entendemos que há avanços importantes neste relatório. O PPS está presente e vaivotar, Sr. Presidente, favoravelmente a avanços como este. Com relação à Saúde, votaremoscontra.

Nós, do PPS, temos discutido e já propusemos discussões mais consistentes sobre osalário mínimo. Acreditamos que o Governo Lula avança com relação ao salário mínimo. EV.Exa., Sr. Relator, estabelece como piso mínimo 340 reais. Acreditamos que possamos ir maisalém.

Sou de Feira de Santana, com mais de 516 mil habitantes, com um orçamento mensalde R$20 milhões. Somente o INSS, na minha cidade, injeta por mês R$24 milhões debenefícios. A minha cidade vive de benefícios, basicamente, e não dos recursos que aPrefeitura, sozinha, consegue arrecadar.

Portanto, investimentos em salário mínimo são investimentos e não gastos; sãoinvestimentos e não despesas. Não sei de onde há reações. Algumas Prefeituras têm ou podemter dificuldades com o pagamento desses valores. Então é necessário que venhamos a fazer,sim, uma grande reforma no País com relação à Previdência.

Precisamos fazer com que os encargos sociais sejam diminuídos, a fim de que possamosempregar mais. No entanto, alegarem que 340 reais é muito, e fazerem ameaças — como tenhoouvido — de que esse tipo de salário pode provocar o descumprimento de leis, como a Lei deResponsabilidade Fiscal, não se pode admitir.

Vamos apresentar emendas para que o salário seja majorado, respeitando-se ascondições atuais. Entendemos que as pessoas aposentadas e mesmo aqueles que ganhamsalário mínimo precisam ganhar um pouco mais. O Governo Lula avançou nessa área epoderemos avançar mais ainda.

Muito obrigado.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Tem a palavra o Senador Heráclito

Fortes.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Sr. Presidente, em homenagem ao que o

Deputado Colbert Martins disse e ao trabalho fantástico feito pelo nosso companheiro, SenadorJoão Ribeiro, é que, baseado no art. 29, do Regimento Comum, §2º, solicito a V.Exa. queencerre os trabalhos por falta de número nesta reunião.

Passo a ler o que diz o § 2º: “No curso da sessão, verificada a presença de Senadores ede Deputados em número inferior ao mínimo fixado no art. 28, o Presidente encerrará ostrabalhos ex-officio ou por provocação de qualquer Congressista”.

Era esta a minha questão de ordem.Espero o acatamento de V.Exa.O SR. DEPUTADO COLBERT MARTINS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Tem V.Exa. a palavra.O SR. DEPUTADO COLBERT MARTINS - Sr. Presidente, está em funcionamento, neste

momento, a CPMI dos Correios. Com a vinda desses Deputados e Senadores para estaComissão, com certeza, alcançaremos o quorum.

Sr. Presidente, se houver decisão de V.Exa. em cumprir a solicitação do nobre Senador,que V.Exa. determine a suspensão das atividades da CPMI dos Correios para que possamos tero quorum necessário na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização. Seique há quorum porque temos várias atividades simultâneas.

O SR. DEPUTADO GILMAR MACHADO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Tem V.Exa. a palavra.O SR. DEPUTADO GILMAR MACHADO - Sr. Presidente, gostaria de fazer um apelo ao

Senador Heráclito Fortes, porque havíamos tentado construir um acordo, para concluir avotação deste relatório, cuja leitura já foi realizada. Estamos realizando o debate.

Sr. Presidente, concluiríamos no dia de hoje apenas este relatório e a votação dosdestaques do outro que já votamos.

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Faço esta solicitação para que haja entendimento, a fim de concluirmos esses 2relatórios no dia hoje. Marcaríamos reunião para o próximo dia 10, para retomarmos avotação.

Sr. Presidente, faço este apelo a V.Exa., ao Senador Heráclito Fortes e aos demaisParlamentares, para que possamos construir um entendimento. Para nós, que já estivemosaqui ontem e estamos hoje, é fundamental concluir esta votação. Convidamos os demaisSenadores que estão na Casa para virem a esta reunião. Pela manhã, havia quorum, e votamos.

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Sr. Presidente, formulada a questão deordem, gostaria de ouvir V.Exa.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - O Regimento exige a presença de28 Deputados, um terço da composição da Comissão, e há 30 Parlamentares presentes.

A questão de ordem de V.Exa. está indeferida.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - V.Exa. me desculpe, mas temos de verificar a

presença em plenário.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Em plenário.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Não temos número suficiente de Senadores

em plenário.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Há 30 Parlamentares.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Em cada uma das Casas.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Não, nãoO SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Está estabelecido no art. 28.A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Sr. Presidente, é o Senador Heráclito Fortes

que está pedindo verificação de quorum.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - No curso da reunião, o quorum

exigido é de um terço. Quando começarmos a votação, será necessário esse diferencial.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - No curso da sessão, verificada a presença de

Senadores e de Deputados em número inferior ao fixado no art. 28, o Presidente encerrará ostrabalhos ex-officio ou por provocação de um dos membros.

As sessões somente serão abertas com a presença mínima de um terço de composiçãoem cada Casa do Congresso.

A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Pela ordem, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Para se iniciar, são necessários um

terço da Comissão e um terço do Plenário. Quando houver votação, em cada Casa, é queV.Exa. poderá...

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Em qualquer momento da sessão, Sr.Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Não. Em qualquer momento, se nãohouvesse os 30 Deputados. Para a abertura e início dos trabalhos, são necessários 28.

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Em qualquer momento, Sr. Presidente. ORegimento é claro. Não há 12 Senadores na Casa.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Vamos aguardar.Com a palavra a Senadora Heloísa Helena.A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Sr. Presidente, tem razão V.Exa. quando

atribui ao Senador Heráclito Fortes a questão da verificação de quorum, mas, de fato, S.Exa.não está tratando da verificação de quorum. S.Exa. está dizendo que, para iniciar uma reuniãoda Comissão de Orçamento, objetivamente, não apenas para iniciar, mas para manter, épreciso um quorum específico de Senadores, que o Senador Heráclito Fortes não estáidentificando. É isso que S.Exa. está questionando.

Claro que não conseguimos ainda o dom da onipresença. Eu também estava na CPI dosCorreios. Vim para cá, aliás, quem não está deveria até ter corte de salário. Estamos aqui, euestou para trabalhar hoje, amanhã, depois, sábado e domingo. Não há problema. Acho até quepodia convocar para amanhã, depois de amanhã, depois de amanhã, para não desmoralizarmais ainda o já desmoralizado Congresso Nacional. O que o Senador Heráclito Fortes está

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solicitando é apenas que se faça a chamada dos Senadores da Comissão para identificar seestão presentes no Senado, e não estão.

O SR. DEPUTADO WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, peça a palavra pela ordem.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - O Regimento determina que, para o

início da sessão, é necessária a presença de um terço da Comissão e um terço da Comissão são28. E existe um terço da composição, que dizer, Senado e Câmara.

A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Eu até acho que já deu agora.O SR. DEPUTADO WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, se V.Exa. indeferiu a questão,

conceda a palavra aos oradores inscritos para discutir a matéria.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Não está havendo deliberação.A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Sr. Presidente, quero prestar 2

esclarecimentos.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado Ricardo

Barros, depois o Deputado Walter Pinheiro.O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - Sr. Presidente, o art. 29, § 2º, que é objeto da

questão de ordem do Senador Heráclito Fortes, refere-se às sessões do Congresso. As sessõesdo Congresso precisam realmente de um sexto de Deputados e Senadores a qualquer momentoda sessão. Aliás, esse artigo é o que mais tem suscitado polêmicas e nós alteramos essaquestão, exigindo apoiamento para o cumprimento do Regimento naquela resolução quefizemos da reforma orçamentária.

Aproveito a oportunidade, Sr. Presidente, para corroborar aqui as críticas feitas porinúmeros Senadores e Deputados quanto ao processo de votação do Orçamento. Mas já fizemosuma nova resolução, criando comissões permanentes de acompanhamento para não sermossurpreendidos por esses empenhos que estão agora assustando a Comissão. Criamos aparticipação das comissões permanentes com os relatores setoriais, e deverão todos osrelatores serem nomeados em março, portanto, acompanharão a execução orçamentária noExecutivo, acompanharão a execução orçamentária posteriormente. Então, há solução paraessas questões. A solução será submetida à apreciação das Mesas da Câmara e do Senado. AMesa do Senado deve apreciar o voto do Relator, Senador Eduardo Siqueira Campos, sobreessa resolução, e a Mesa da Câmara deverá apreciar o voto do Deputado Eduardo Gomes,também sobre a resolução para que votemos a nova resolução, antes de votarmos o Orçamentode 2006.

Portanto, reafirmo minha intenção de exigir a votação e a apreciação desta resoluçãoantes do Orçamento. Farei, evidentemente, as questões regimentais que me couberem e umadessas questões é justamente o art. 29, § 2º, que exige nas sessões do Congresso um sexto dosSenadores e Deputados presentes. Na Comissão, quando da verificação, é preciso apoiamentode um décimo para que a sessão tenha verificação.

Então, essa é a regra, Sr. Presidente, e devemos continuar os debates.O SR. DEPUTADO WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, a questão levantada pelo

Senador Heráclito Fortes, na minha opinião, tem amparo regimental.Há quorum, portanto seria importante retomarmos o processo de inscrição até para não

interromper a discussão da matéria. Neste momento, repito, há em plenário número regimentalexigido para o funcionamento e continuidade da reunião.

A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Sr. Presidente, primeiro quero deixarregistrado, em nome do PFL — entendi o posicionamento de V.Exa. —, que os Senadores estãoem plenário neste momento, mas é bom que não se crie um precedente regimental. Nós, volto ainsistir, estamos no espaço físico do plenário do Senado, mas os trabalhos são da Comissão deOrçamento. Na Comissão de Orçamento, quando não há quorum na Câmara e no Senado,V.Exa. sempre encerra a reunião, e não gostaria que fosse criado um precedente.

Sr. Presidente, acho que já está resolvido. Todos nós temos ciência de que V.Exa.esperou um pouco para que pudesse funcionar a Comissão. Não vou mais discutir esteassunto, mas queria apenas deixar registrado.

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Sr. Presidente, de alguma maneira todos nós queremos votar o Orçamento. Hádivergências quanto aos temas, mas queremos votar o Orçamento. Não sei se esqueceram depropósito, mas este ano — V.Exa. há de convir — deveríamos estar apreciando também o PPA.Deveríamos estar discutindo ao mesmo tempo o relatório do PPA e a LOA. Não estamos fazendoisso, Sr. Presidente. Já lemos 2 relatórios. Sem ler o PPA não adianta nada. Sem PPA não valeo Orçamento.

Ora, meu Deus do céu! Ou eu estou falando alguma mentira, Deputado Gilmar? Então,Sr. Presidente, estamos votando o Orçamento sem votar o PPA, o que significa dizer que vamosdiscutir de forma inócua. Tínhamos de ter começado pelo PPA, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado VirgílioGuimarães.

A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Sr. Presidente, minha questão de ordem épara saber de V.Exa. qual será o procedimento com relação ao PPA, visto que estão todosdizendo: "Os Deputados e Senadores não votam o Orçamento." Não adianta votar o Orçamentosem PPA, Sr. Presidente.

O SR. SENADOR SIBÁ MACHADO - Sr. Presidente, permita-me um esclarecimento.Sou Relator do PPA.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Um momentinho só.Com a palavra o Deputado Virgílio Guimarães.O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES - Deputada Laura, estamos discutindo a

revisão do PPA. Enquanto o Plano Plurianual não é revisto, o que vale é a lei em vigor. Entãotemos condições regimentais para discutir o Orçamento, até porque nada nos obriga a aprovaro relatório ou qualquer tipo de revisão. Podemos rejeitar tudo. Existe o PPA em vigor. Eutambém acho que deveríamos discutir a revisão, mas do ponto de vista regimental não háobstáculo.

Sr. Presidente, gostaria que se evitasse o constrangimento da eterna discussão se háquorum ou não. Portanto, Sr. Presidente, peço a V.Exa. que comunique aos Parlamentares,sejam Senadores ou Deputados, que tenham ultrapassado o limite de faltas não justificadas,que são três. Talvez possa V.Exa. dar-lhes um prazo para que justifiquem a ausência e paraque aqui compareçam. E que passemos a aplicar, principalmente nas convocaçõesextraordinárias, esse dispositivo tão salutar.

Há grande disputa por um espaço nesta Comissão. Entendo que se deva propor asubstituição de quem é aquinhoado com essa indicação, mas aqui não comparece. V.Exa.poderá fazê-lo. Pelo menos alerte aos membros da Comissão de que isso poderá vir a serpraticado.

O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Sr. Presidente, peço a palavra para umaquestão de ordem.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Tem V.Exa. a palavra.O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Estamos discutindo o relatório do Senador

João Ribeiro. Há oradores inscritos, mas V.Exa. deixou que se iniciasse outra discussão quenão tem nada a ver com a do relatório do Senador.

Peço a V.Exa. que retomemos as inscrições e continuemos com a discussão do relatóriodo Senador João Ribeiro. A questão apresentada pelo Senador Heráclito Fortes foi correta, masagora é outra situação. Há quorum.

Diante disso, solicito a V.Exa. que retome a discussão do relatório do Senador JoãoRibeiro.

O SR. SENADOR EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS - Sr. Presidente, peço a palavra pelaordem.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Tem V.Exa. a palavra.O SR. SENADOR EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS - Sr. Presidente, minha situação é

peculiar: estou presente, mas não sou membro da Comissão Mista de Orçamento.

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Diante disso, quero relembrar o que disse o Deputado Ricardo Barros. Fui o Relator damatéria que regulamenta toda tramitação orçamentária nesta Casa. Se já tivéssemos votado,certamente não estaríamos vivendo esta situação. Portanto, estou presente.

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra Senador Heráclito

Fortes.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Respeito o pensamento e a posição de cada

um aqui, mas quero deixar bem claro que segui exatamente o que o Regimento manda —aquele que temos seguido aqui até agora.

Estamos diante de um impasse. É claro que neste exato momento o Senado Federalatingiu o quorum. A questão do quorum, agora, é da Câmara dos Deputados, assim nãocompete a mim pedir verificação. Estou fazendo isso cumprindo meu dever de Senador daOposição.

Quero pedir desculpas, inclusive, pelos constrangimentos e incômodos que criei paraalguns companheiros. O Senador Wellington Salgado se queixa de que estava em meio a umademanda pessoal, no banheiro aqui atrás, e teve de ser interrompido. (Risos.)Lamentavelmente, eu lhe peço desculpas, mas não tenho o dom da adivinhação. S.Exa,inclusive, está liberado para retornar o interrompido. O que não posso fazer é descumprir omeu papel de oposicionista. Devo mostrar que a Oposição obstrui e o Governo envia para oplenário os seus liderados.

O que está acontecendo — é bom que fique claro — é que o Governo não tem número.Essa questão está se agravando. O Líder, Deputado Gilmar Machado, aqui triunfantementeestá me mostrando que tem. Eu quero mostrar a V.Exa. que, na próxima votação, não terá.Então, esse seu ufanismo é temporário, e V.Exa. está tendo o gozo com aquilo que não possui,utilizando-se do instrumento do outro, que é a presença de Parlamentares da Oposição aqui.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Vamos continuar com a discussão.Com a palavra a Senadora Heloísa Helena.A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Sr. Presidente, gostaria de permutar até que

chegue um dado de que estou precisando. Falo em seguida, se for possível.Obrigada.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - V.Exa. será atendida.Com a palavra o Relator, para responder as primeiras perguntas.O SR. SENADOR JOÃO RIBEIRO - Sr. Presidente, é importante que eu responda a

alguns questionamentos, sobretudo ao que compete ao meu relatório.Conversei com o Relator-Geral, inclusive 4 Srs. Parlamentares usaram a palavra:

Deputados Claudio Cajado, Rafael Guerra, Sérgio Miranda e Colbert Martins.Há uma única questão aparentemente polêmica no meu relatório, uma vez que não

tenho recursos para atender a todos os pleitos.Há uma emenda de 3,4 bilhões para atender à questão do salário mínimo. Eu só

poderia, em razão do impacto, atender até 340. Mas tive uma conversa com o Relator-Geral,que está fazendo um grande esforço para chegar a 350 ou, quem sabe, até um pouco mais. Vaidepender da reestimativa de receitas, enfim, dos recursos que S.Exa. tiver em mãos para a oatendimento.

Com referência à questão que o Deputado Claudio Cajado suscitou, já vinha levantandoisso.

Eu vou ler o que ficou acertado com o Relator, no tocante à indicação que estamosfazendo:

Adendo ao item 9 do meu relatório:Indicamos ao Relator-Geral que promova a transferência do valor alocado no Ministério

da Saúde, vinculado à Ação 099-A — Bolsa-Família, para o Ministério do DesenvolvimentoSocial e Combate à Fome.

Eu gostaria de saber se isso atende ao Plenário, aos Parlamentares que fizeram oquestionamento.

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A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Ajuda, Senador.O SR. SENADOR JOÃO RIBEIRO - Até porque o Relator-Geral é que vai resolver a

questão. E já disse que vai resolver.Se for necessário ouvir a palavra do Relator-Geral, S.Exa. está aqui e pode confirmar o

que acertou comigo. Portanto, eu faço aqui este adendo.Acho que, com essa explicação, nós tiramos as dúvidas com referência à questão desses

recursos.O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - V.Exa. me permite uma tréplica?O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado Claudio

Cajado.O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - Senador, a área de atuação e competência de

V.Exa. é muito restrita no tocante à alteração da emenda, para poder acatá-la e transferir essamodificação da fonte.

Mas é importante que deixemos claro — refiro-me a toda a Comissão Mista de Planos,Orçamentos Públicos e Fiscalização e, no futuro, ao Plenário do Congresso Nacional — que nósnão iremos aprovar o Orçamento se essa fonte continuar indevidamente na área da Saúde. Ébom isso ficar claro. Porque, começou-se com 800 milhões. Neste ano, os recursos foram deR$2,3 bilhões. Mas o Congresso rejeitou a Medida Provisória nº 261. Tirou-se na fonte. Ficou 1bilhão, o que ocasionou todas essas dificuldades a que estamos assistindo, principalmente noshospitais credenciados da rede SUS.

As Santas Casas de Misericórdia pararam durante o mês passado em advertência.Porque, senão, vão paralisar suas atividades completamente.

Então é preciso fazer alguma coisa.Eu tenho convicção de que o Relator-Geral, Deputado Carlito Merss, tem sensibilidade

para com essa questão. Mas é preciso que essa indicação de V.Exa., que irá se somar a minhaindicação no setorial da Saúde, possa ser absorvida, grave que é, e ser acatada. Porque, se nósnão retirarmos esses R$2,1 bilhões dessa fonte, incorretamente utilizando-se a Saúde, haveráum grave problema no País. Os Prefeitos não terão recursos para ampliar programasimportantes, como o dos Agentes Comunitários de Saúde, como o Programa Saúde da Família.Haverá problemas com os medicamentos excepcionais.

O estouro de teto continuará acontecendo pelo País afora, porque a EmendaConstitucional nº 29 não está sendo cumprida.

Tudo se deve a esse fato. A Emenda Constitucional nº 29 está sendo burlada, ao secolocarem recursos alienígenas, que não são da Saúde, que são do Ministério doDesenvolvimento Social e Combate à Fome, e ao se retirarem recursos importantes para que osgastos com a Saúde possam ser feitos. Os recursos deveriam ser maiores do que o que aEmenda Constitucional estabelece como piso, que, infelizmente, virou teto, Sr. Presidente.Porque não se coloca 1 centavo a mais do que os recursos previstos como piso para a Saúde.

Então, eu chamo a atenção do Plenário para esse fato.Acho que a V.Exa., Senador João Ribeiro, age corretamente. Não há outra alternativa.

Mas precisa ficar claro que o Plenário do Congresso Nacional não irá aprovar o Orçamento. Sedepender de mim, eu irei obstruir — assumo aqui a responsabilidade — se esses recursoscontinuarem sendo indevidamente colocados na fonte da Saúde.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Relator.O SR. SENADOR JOÃO RIBEIRO - Deputado Claudio Cajado, quero dizer que eu só

posso fazer isso, não tem mais o que eu possa fazer. A indicação eu fiz, está aqui assinada pormim, e o Relator já disse que vai resolver. Agora compete ao Relator-Geral definir essasituação. O que eu posso fazer é isto aqui, nada além.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado RafaelGuerra.

O SR. DEPUTADO RAFAEL GUERRA - Sr. Presidente, quero cumprimentar o Relator,Senador João Ribeiro, pela boa vontade ao apresentar essa indicação. Fica registrada a posição

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de V.Exa., foi encaminhado ao Relator-Geral. E gostaria de ouvir a manifestação do Relator-Geral a respeito do relatório setorial da Saúde, do qual S.Exa. já está ciente.

Quero dizer ao nobre Relator que vou manter a posição, porque penso que é um avançoimportante. Mas temos ainda problemas em relação ao Programa Bolsa-Família. Não sei seV.Exa. incluiria na indicação a consideração relativa à medida provisória, que foi rejeitada nasduas Casas do Congresso. Ela representa um valor de R$1.200 bilhão, de onde o Governoretirou R$1.100. Não sei se poderíamos incluir, na verdade, o prejuízo da Saúde somariaR$2.100 bilhões mais a medida provisória.

De toda forma, cumprimento V.Exa. Considero uma sinalização importante para aComissão de Orçamento em relação à opção aqui manifestada, e a de V.Exa., em relação àSaúde.

Muito obrigado, Sr. Presidente.A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela Liderança

do PFL.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Relator.O SR. SENADOR JOÃO RIBEIRO - Sr. Presidente, quero dizer ao Deputado Rafael

Guerra — aos outros eu já respondi — que fui informado pela assessoria que não posso fazer aindicação em função da medida provisória ser de 2005 e estarmos tratando do Orçamento para2006. Então, não poderia fazer essa indicação. É a informação que a assessoria técnica me dá.

Se eu pudesse fazer, eu faria, com todo prazer, sem nenhum problema. Se tem alguémque defende a Saúde no País sou eu. Sou de um Estado que hoje atravessa problemasgravíssimos na área da Saúde, sei da dificuldade dos pequenos Municípios para manter umposto de saúde funcionando, manter uma ambulância, oferecer os primeiros socorros. Tudoque pudermos fazer para resolver essa questão, nós faremos. É grande a minha disposição.Temos de saber do Relator-Geral o que pode ou não fazer.

Gostaria, inclusive, de ouvir o Relator-Geral, como foi pedido pelo Deputado RafaelGuerra. Com referência à questão que o Deputado Claudio Cajado levantou, fiz a indicação,nós acertamos.

O SR. DEPUTADO CARLITO MERSS - Sr. Presidente, Sr. Relator, Senador JoãoRibeiro, quero explicar aos meus colegas Senadores e Deputados que usarei essa formadurante toda discussão dos relatórios setoriais, até para entender melhor todas asdificuldades.

Especificamente em relação a essa polêmica, que não é de agora, de um programanutricional de criança de zero a 6 anos ser da área da Saúde ou não, não quero entrar nessemérito. Aliás, mereceria uma grande discussão, não é, Deputada Laura Carneiro? A mesmadiscussão de saneamento versus saúde. Mas, tudo bem, há um precedente de que isso não éda área da Saúde, mas, sim, do Ministério do Desenvolvimento Social. Nem imaginei quefaríamos essa discussão agora. Tive um diálogo intenso com o Deputado Claudio Cajado, quesabe da minha vontade de resolver essa situação. Sei que a grande angústia do DeputadoClaudio Cajado no relatório da Saúde são, principalmente, as demandas dos ConselhosMunicipais e Estaduais, no sentido de aumentar os valores dos procedimentos de média e altacomplexidades. Esse é o grande problema, talvez o maior que o Deputado Claudio Cajado temno seu relatório setorial.

Sendo assim, já apresentei saídas. Por exemplo, há 2 anos o Deputado Jorge Bittarapresentou também. Tenho estudado junto à assessoria a forma de resolver isso. Terãotambém em mim um parceiro na solução disso. Parte pode ficar, mas eventualmente a Saúdedeterminando. Teremos uma boa saída. Já tenho avançado muito. No momento da discussãodo relatório do Deputado Claudio Cajado, estaremos, talvez, com uma solução definitiva.

O que o Senador João Ribeiro fez no seu relatório foi uma constatação. S.Exa. nãodecidiu nada. O que disse na página 26? Que há um item nessa área, que é transferência derenda e que R$2.100 bilhões, que seriam do Ministério da Saúde, iriam para o Ministério doDesenvolvimento Social. Dessa forma, não fez mudança alguma, mas apenas constatação norelatório.

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Com certeza, Deputado Claudio Cajado, acharemos, no momento oportuno, uma saída.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra a Senadora Lúcia

Vânia. A SRA. SENADORA LÚCIA VÂNIA - Sr. Presidente, em primeiro lugar, gostaria de

cumprimentar o Sr. Relator pelo trabalho e de me associar às palavras dos Deputados ClaudioCajado e Rafael Guerra em relação à Emenda nº 29. Acredito que, sem essa solução, torna-seimpossível votar o Orçamento.

Gostaria também de apresentar o posicionamento do PSDB em relação à erradicação dotrabalho infantil. Não sei se está correto: os recursos que vieram do Executivo, na ordem deR$900 milhões para o PETI, foram transferidos para a Bolsa-Família?

Quero dizer ao Sr. Relator-Geral que a transposição de recursos do PETI para oBolsa-Família é inaceitável, porque o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil cumpre asconvenções que o País assinou com vários países no sentido de erradicar o trabalho infantil. OPrograma de Combate ao Trabalho Infantil visa retirar a criança do trabalho penoso, dotrabalho degradante e jamais pode ser misturado com o Bolsa-Família, que não exigecontrapartida. Retirar recursos do PETI significa desestimular o programa e fazer com que elese reduza a um mero programa assistencialista.

Portanto, gostaria de dizer ao Sr. Relator-Geral que, com a transposição dos recursos doPETI para o Bolsa-Família, o PSDB não vota o Orçamento. Acredito que vou ter também asolidariedade dos outros partidos, comprometidos que são com a erradicação do trabalhoinfantil, com o sucesso desse programa, que não é um programa do Governo passado –– é bomfrisar ––, mas é um programa para o País e voltado para as nossas crianças.

Sr. Relator, gostaria que me dissesse qual é o procedimento que V.Exa. utilizou quandotratou dessa questão.

A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Sra. Senadora, V.Exa. me concede umaparte?

A SRA. SENADORA LÚCIA VÂNIA - Pois não, Deputada.A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Quero apenas aduzir alguns dados ao que diz

a Senadora, com o brilhantismo que lhe é peculiar. No Projeto de Lei Orçamentária de 2005tínhamos R$540 milhões, e se manteve na LOA 2005. Este ano, no projeto, temos R$375milhões só, o que significa um decréscimo, Senadora, de 70% nos valores designados em 2006para a erradicação do trabalho infantil. Não consigo entender qual a lógica disso. Há retrocessona ação social, nos programas sociais, Senadora.

A SRA. SENADORA LÚCIA VÂNIA - Deputada Laura Carneiro, esse recurso que está aíé para a jornada ampliada. O recurso...

A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Ele acaba.A SRA. SENADORA LÚCIA VÂNIA - Separaram a Jornada Ampliada da Bolsa. Então, o

recurso que era da Bolsa foi todo para o Bolsa-Família e ficaram os 350 da Jornada Ampliada.A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Trezentos e setenta e cinco.A SRA. SENADORA LÚCIA VÂNIA - Exatamente, o que V.Exa. disse. Eu gostaria, Sr.

Relator, de saber qual o procedimento que V.Exa. utilizou ao relatar esse fato.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado Miguel

de Souza.(Pausa.) Desistiu.Com a palavra o Deputado Ricardo Barros.O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - Sr. Presidente, gostaria de destacar alguns

pontos importantes. Primeiro, quero elogiar o Relator pela atenção dispensada às emendas debancada. O Relator, Senador João Ribeiro, atendeu de forma adequada às bancadas, àsemendas coletivas, com R$6.250 milhões, em média, e às emendas de Comissão com valoresmenores, em torno de 50%. É este o raciocínio da Comissão: 70% para as bancadas, 30% paraas Comissões. Lobby de Ministro, que é emenda de Comissão, é crédito suplementar. OGoverno manda bilhões e bilhões de créditos suplementares para apreciarmos.

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Então, os Ministros devem, com os créditos suplementares, procurar resolver asquestões de seus Ministérios e devem deixar que a Comissão atenda às prioridades dosEstados que são definidas pelas bancadas.

Quero também dizer que a discussão, Sr. Relator, da Saúde, da Ação Social, a Emendanº 29, que está muito clara para toda a sociedade, é a mesma discussão Previdência-LOAS.Incluíram os aposentados rurais para serem pagos pela Previdência. A Previdência Social noBrasil é um regime de contribuição e repartição, as pessoas contribuem e depois repartem.Quando se decidiu que todos aqueles que não contribuíram iriam repartir também, criou-se odéficit de 80 bilhões da Previdência.

Por quê? Porque o conceito está errado. Como devíamos ter atendido aos aposentadosrurais? Pela LOAS, como renda mínima. Pessoas ajudaram a construir o País, mas não haviamse preparado, não tinham se inscrito, não contribuíram para a Previdência.

Então o Governo, de forma acertada, dá uma renda mínima para essas famílias. Noentanto, mandar a Previdência pagar essa renda mínima é o erro. Da mesma forma quemandar a Saúde pagar o Bolsa-Família é um erro. Aliás, o Bolsa-Família é um erro. Todos osprogramas do Governo Federal deveriam ter contrapartida, como tinha o Bolsa-Escola, comotinha a erradicação infantil. Quer dizer, se o Governo vai dar algo a uma família, vai exigir emtroca a presença do filho na escola, a presença da mãe nas palestras do posto de saúde, juntoà estrutura que o Governo dispõe para promover a saúde.

O que é isso? Evitar que as pessoas fiquem doentes. Então, isso é fundamental.É muito importante discutirmos a questão do salário mínimo. O Relator já colocou aqui

R$3.400 bilhões, quero parabenizá-lo por isso, porque geralmente isso tudo fica para últimahora.

De modo que o Relator-Geral tem agora a tarefa de atender apenas às reivindicações daCUT e da Força Sindical para chegar aos R$ 400,00. Aliás, o Deputado Carlito Merss , que é doPT, Relator-Geral, conhece bem a força das centrais sindicais, sempre as teve como aliadas. OPT sempre teve as centrais sindicais como aliadas nessa luta de aumentar o salário mínimo.Esperamos que, sem prejuízo ao equilíbrio e à responsabilidade fiscal das Prefeituras, nóspossamos chegar ao melhor salário mínimo possível.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Relator, parabenizando-o pelo seu relatório.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Deputado Betinho Rosado. (Pausa.)

Ausente.Com a palavra a Deputada Laura Carneiro.A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Sr. Presidente, em primeiro lugar, parabenizo

o Senador João Ribeiro pelo trabalho que desenvolveu: criou um critério e, em função dessecritério, pôde atender às bancadas regionais de forma equânime.

Não há nada para o Rio de Janeiro, mas S.Exa. deu valores iguais, inclusive comnúmeros, como tivemos ensejo de perceber e, ao mesmo tempo, teve a oportunidade deaumentar pelo menos nessa primeira fase, onde não adianta muito discutir, até porque nãoexistem emendas que ampliam a mais de R$ 342,00. S.Exa. estabeleceu o valor de R$ 340,00para o salário mínimo, embora seja um desafio para todos nós o aumento, quem sabe, até R$400,00. O nosso Relator está tentando. S.Exa. me disse, outro dia, que se pudesse iria aos R$400,00. Ele e nós, da Oposição. Quem sabe conseguiremos?

Por outro lado, Senador, V.Exa. deixou clara a dificuldade que teve especificamente naquestão dos valores da Saúde. Esse é um problema grave. V.Exa. disse que quase resolveuisso.

Temos de nos acostumar, Senador João Ribeiro, com a importância da existência dossub-relatores. Fazemos isso há 2 anos e pergunto: qual é o sentido de haver sub-relatores, sena hora da solução jogamos o problema para o Relator-Geral?

São 2 momentos da Comissão, e este, Senador, infelizmente não está sendo resolvido namedida em que V.Exa. deveria resolver especificamente a questão da utilização da PEC nº 29,ou seja, de recursos da Saúde para a Assistência.

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Não tenho dúvida da importância da Assistência. Ao contrário. Vários valores foramampliados, menos o do PETI, que foi diminuído. Mas, nobre Relator, não é justo que caiba nãoa essa Relatoria, e, sim, à Relatoria Geral, a decisão sobre Assistência. Quando V.Exa. perde osrecursos da Assistência para a Saúde ou a Saúde perde para V.Exa. — os 2 perdem de maneirageral — ao mesmo tempo V.Exa. está deixando de colocar na sua relatoria os recursosnecessários para a Assistência Social. Na verdade, os recursos não deveriam ser repassados àSaúde. Recursos da Assistência são da Assistência; recursos da Saúde são da Saúde. A PEC nº29 é um problema; Assistência é outro.

Por isso, nobre Relator, se Deus quiser, no ano que vem, o Senado Federal e a Câmarados Deputados poderão votar a PEC da Assistência, que é a mesma coisa da PEC da Saúde,mas para a Assistência. E nesse momento quero ver se teremos solução para os problemassociais do País. Não mais vai ter discussão. Na medida em que houver recursos carimbadospara Assistência, não haverá mais o que dizer. Será exatamente como é na Saúde, hoje.

Sr. Relator, fui Secretária de Ação Social na cidade do Rio de Janeiro e quero dizer oseguinte: fico preocupada porque a esperança do povo brasileiro hoje é o tal Bolsa-Família. Sóque Bolsa-Família deveria ser um programa, Senadora Serys, emergencial e não um programade Governo. Programa de Governo não é dar 50 reais para ninguém. Tem de ser:emergencialmente, dar 50 reais, mas ao mesmo tempo preparar uma ação de Governo quepermita a esse cidadão não precisar dos 50 reais.

Embora alguns sejam do Governo — a maioria aqui hoje acho que é de oposição, ounesta matéria é de oposição —, não consigo entender como um Governo que se apresentousocialista apresenta à Nação brasileira, como projeto social, apenas uma Bolsa que nãotransforma o cidadão, mas, ao contrário, o faz dependente. Essa é a preocupação que tenho,Senador, mas infelizmente seu relatório não pode consertar os erros do Governo Lula.

Deixo aqui registrada a minha posição, embora tenha certeza de que o partido concordacom isso.

Não há que se fazer assistência neste País enquanto se imagina que programas como oBolsa-Família resolvem o problema social e propiciam o desenvolvimento do cidadão.

Sr. Presidente, deixo aqui o meu repúdio a essa política, no meu entendimento,retrógrada. Falo na condição de alguém que, de alguma maneira, trabalhou e trabalha nessaárea há muito tempo. Não há que se falar em assistência social, se continuarmos pensandoque a única forma de assistência é o paternalismo do Bolsa-Família.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - O último orador desta lista é oDeputado Pedro Novais. A seguir o Relator contestará.

O SR. DEPUTADO PEDRO NOVAIS - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sras. eSrs. Senadores, Sr. Relator, congratulo-me com V.Exa. pelo detalhado, minucioso e criteriosorelatório. Afinal, V.Exa. não incorreu no erro de privilegiar as indefensáveis emendas deComissão; pelo contrário, distribuiu eqüitativamente os recursos entre as emendas debancada. Digo isso muito à vontade porque o meu Estado não apresentou emenda de bancadanem ninguém da minha bancada nem do meu Estado patrocinou ou patrocina emenda deComissão.

Mas há alguns aspectos que gostaria de observar, Sr. Relator. Vou à página 21. Achoestranho algo que aqui encontro. Pode até parecer bobagem, mas nem no Acordo OrtográficoLuso-Brasileiro de 1943 nem no adendo a ele feito em 1971 consta que se admita, na LínguaPortuguesa, redação iniciada pelo ponto de interrogação. Isso está nas páginas 21 e 24. Existetal possibilidade na Língua Espanhola, mas, ainda assim, naquele idioma, quando se queranunciar com a primeira interrogação a entonação da frase, põe-se no fim outro sinal idêntico,o que também não é o caso do que está aqui escrito.

Na página 25, Sr. Presidente e Sr. Relator, chama-me atenção a redução nos valoresdestinados aos programas sociais. Se este é um Governo que diz primar pelo desenvolvimentosocial, então nós estamos indo na contramão do seu desejo. O Programa de Erradicação doTrabalho Infantil sofre redução de 40%; para a qualificação social e profissional, a redução é de36%; no que diz respeito à gestão de políticas de trabalho, emprego e renda, 15%; isso, sem

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falar na destinação de recursos a atividades pesqueiras sustentáveis, que sofreu redução de16%.

Não sei se V.Exa., Sr. Relator, tem como justificar tais anomalias, mas elas chamam aminha atenção, e realmente preciso fazer tal observação, porque me parece que o Governoprima pelo social mais nas palavras do que nas ações.

A verdade se confirma com o que está no primeiro quadro da página 29: o ProgramaBolsa-Família é a esmola dos pobres, é o mensalão dos pobres.

A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - É o mensalinho.O SR. DEPUTADO PEDRO NOVAIS - Pois bem, o mensalinho, como diz a Senadora

Heloísa Helena, salta de 1 milhão e 150 mil famílias atendidas em 2003 para 11 milhões defamílias a serem beneficiadas em 2006.

Sabemos qual é o real motivo desse acréscimo: em vez de cavar poços nos Municípiosdo Brasil, distribuir água, fazer mercados, calçar ruas, o Governo dá esmolas para os pobres.Assim, o número de famílias atendidas pelo programa salta de 1 milhão e 180 mil para 11milhões. Para quê? Para ganhar as próximas eleições, o que espero não venha a ocorrer, Sr.Presidente. E trabalharei para que não ocorra.

O quadro seguinte é uma confirmação do que diz a Bíblia: “ao que tem, mais se lhe daráe terá em demasia; ao que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado”. Veja, por exemplo, SSr. Presidente, que a Região Sul tem uma estimativa de 1 milhão e 98 mil famílias pobres, 81%das quais foram atendidas pelo Bolsa Família. No entanto, o nosso miserável Nordeste, que tem5 milhões, 259 mil, 839 famílias pobres, só teve atendidas 76% delas. Sem falar no caso daRegião Norte, na qual se insere o Estado de V.Exa. e onde apenas 57% das famílias pobresforam atendidas pelo programa.

Não tenho nenhuma emenda e, conforme disse, nenhum destaque, Sr. Relator. Apenasdesejo fazer essas observações em benefício da verdade orçamentária — que, infelizmente,estamos longe de alcançar.

Muito obrigado.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Concedo a palavra ao Sr. Relator.O SR. SENADOR JOÃO RIBEIRO - Sr. Presidente, iniciarei minha intervenção

respondendo às indagações e observações do Deputado Pedro Novais, o último a fazerquestionamentos.

S.Exa. já foi Relator várias vezes e, pela experiência que tem de Orçamento, sabe que oquadro a que se referiu já veio desse jeito. Como a ele não foram apresentadas emendas, nãotenho como alterá-lo, embora acredite que S.Exa. tem razão. Infelizmente, o quadro veio doExecutivo nesta situação. O Relator não pode alterar o que vem daquele Poder, repito, se nãohouver emendas. E, como não houve emendas, não pude fazer alterações.

Num parecer como este, podemos fazer muito pouco. Pelo que constatei durante adiscussão deste Orçamento e com a ajuda da Assessoria Técnica, o Relator tem certa liberdade— o Deputado Pedro Novais bem sabe — no que diz respeito aos recursos de que dispõe paradistribuir entre as emendas de bancada, de Comissão e individuais, que têm valores definidos enormalmente são todas atendidas.

Infelizmente, não tive como fazer nenhuma alteração nesse sentido. Não sei se oRelator-Geral poderá fazê-lo. Mas fica feita a observação, que foi anotada. O Relator-Geral,também está fazendo anotações e, se puder modificar alguma coisa com referência a essa área,espero que o faça.

Ainda estou aguardando um esclarecimento da Assessoria Técnica para responder àSenadora Lúcia Vânia, que está conversando com uma das assessoras para ver se chegamos aum entendimento.

Os Deputados Ricardo Barros e Laura Carneiro apenas me cumprimentaram pelotrabalho e reclamaram do salário mínimo. Fizemos a emenda dentro das possibilidades quetínhamos. Eu não poderia propor um valor superior aos recursos de que dispunha, mesmopara fazer a indicação. Conversei muito com o Relator a esse respeito. Estivemos no Ministério

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do Trabalho, com cujo Ministro conversamos, e discutimos o tema com a área técnica daquelaPasta.

Fica, portanto, este apelo ao ilustre Relator-Geral: se for possível, façamos um esforçoconjunto para alterar a situação. Até a aprovação final deste parecer, estarei com V.Exa. equero lutar muito para que o salário mínimo chegue pelo menos a 350 reais, comoconversamos anteriormente — e estamos empreendendo esforços nesse sentido.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Concedo a palavra ao DeputadoWalter Pinheiro. (Pausa.)

S.Exa. desiste de usar da palavra.Concedo a palavra ao Deputado Gilmar Machado. (Pausa.)S.Exa. também desiste.Concedo a palavra ao Deputado Jovair Arantes.O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Sr. Presidente, primeiro gostaria de elogiar o

Senador João Ribeiro pelo excelente trabalho que fez. Notamos que S.Exa. deixou de mexerapenas nos pontos acerca dos quais não existe emenda.

Ainda agora estava discutindo com a Assessoria a esse respeito. Notamos certasdiscrepâncias no mínimo perigosas para um País que quer gerar empregos e renda, além deerradicar o trabalho infantil e o trabalho escravo. Estamos vendo, por exemplo, que odecréscimo de recursos do ano passado para este é significativamente importante no que dizrespeito à seqüência desses trabalhos, apesar de os empenhos feitos pelo Governo Federalserem muito aquém do aprovado nesta Comissão.

No que diz respeito à erradicação do trabalho infantil, por exemplo, programa quemanteve o mesmo nível de recursos, a Senadora Lúcia Vânia aborda a situação das famíliascujas crianças foram retiradas do programa. É necessário que o Governo tenha sensibilidadepara voltar a pagar essa bolsa, porque ele usa outros programas com fins muito maiseleitoreiros do que estruturantes, como é o caso do Programa de Erradicação do TrabalhoInfantil, tão bem implantado pela Senadora Lúcia Vânia quando Secretária Nacional deAssistência Social, ainda no Governo Fernando Henrique.

Estamos vendo que esses recursos foram retirados do Programa de Erradicação doTrabalho Infantil e, de forma escamoteada, destinados ao Bolsa Família, programa criado peloatual Governo Federal. Esse programa, no entanto, não nos dá a certeza de que as criançasque estão em recuperação e em saída do trabalho infantil — que não deve ser permitido noBrasil — não acabarão a ele retornando.

Estamos vendo isso também na geração de empregos e renda e na erradicação dotrabalho escravo. Os recursos destinados à erradicação do trabalho escravo caem de 3 milhõese 360 mil reais, no ano passado, para 2 milhões e 845 mil reais neste ano, o que representa15% de redução.

E o que me assusta mais é o Programa Primeiro Emprego, pelo qual todos nós, noBrasil, temos lutado. Para milhões de jovens está chegando a hora de procurar emprego — eessa é a hora fatal, pois é quando o adolescente que está se tornando adulto precisa deassistência e amparo do Governo Federal. Estamos vendo que os recursos destinados a esseprograma foram reduzidos de 139 milhões para 60 milhões de reais. Portanto, houve 57% deredução do ano passado para este ano, sendo que no ano passado foi feito o empenho deapenas 50 milhões de reais. Não é possível que o Governo Federal, que tanto prega o trabalhosocial, a recuperação da renda do trabalhador e das pessoas de poucas posses, reduza tanto oorçamento vinculado ao Ministério do Trabalho.

Há 11 anos sou membro da Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados e nuncavi tão drástica redução como a deste ano. As reduções chegam a 54% na rede de proteção dotrabalho; a 45% na gestão da política de trabalho, emprego e renda; a 15% na erradicação dotrabalho escravo; a 28% nas operações especiais e outros encargos especiais; a 19% nademocratização das relações de trabalho; a 27% na economia solidária e desenvolvimento; a57% no Programa Primeiro Emprego. E veja só, Sr. Presidente: a 68% no tratamento dosresíduos sólidos urbanos.

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O que vem a ser isso? São cooperativas criadas por pessoas de poucas posses,principalmente dos grandes centros brasileiros. Em Goiânia, na Vila Pedroso, há umacooperativa dessas, criada quando a Senadora Lúcia Vânia foi Secretária Nacional do ServiçoSocial. O trabalho dessa cooperativa rende e tem sido importantíssimo modelo para todo oBrasil no que diz respeito ao tratamento de resíduos sólidos urbanos.

O Ministério do Trabalho deveria aplicar com maior presteza os recursos destinados àárea. Neste ano, vemos que a maior redução vai nessa direção: 68,22%. Eram 629 milhões dereais e agora serão 200 milhões de reais.

Ao mesmo tempo em que elogio o Senador João Ribeiro pelo excelente trabalho, critico oGoverno de forma absolutamente veemente, no que diz respeito ao abandono a que, nesteimportante momento, relega o trabalho de geração de empregos e renda, e, mais ainda, acaptação dos trabalhadores brasileiros.

Além dessas observações, quero dizer que o PTB certamente votará com o Senador JoãoRibeiro em homenagem ao excelente trabalho realizado. E, para que seja registrado nos Anaisda Casa, deixo o seguinte comentário: a redução apresentada neste ano pelo Governo Federal,o de Lula, é a maior de todos os anos durante os quais integrei a Comissão Mista de Planos,Orçamentos Públicos e Fiscalização e a Comissão de Trabalho, Administração e ServiçoPúblico.

Sr. Presidente, o PTB está pronto para votar com o Senador João Ribeiro.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Concedo a palavra, pela ordem, ao

Líder do PSDB, Senador Arthur Virgílio.O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO - Sr. Presidente, o que quero dizer está

relacionado com a matéria em discussão.Estamos observando a retirada — que é, na verdade, marqueteira — de recursos do

Programa de Erradicação do Trabalho Infantil para o Bolsa Família. Ou seja, retira-se de algomeritório para algo, sem dúvida alguma, meritório também, mas se despe um santo para cobriro outro.

Digo que é marqueteira a medida porque a menina dos olhos do Governo é o ProgramaBolsa Família, que é a reunificação de programas já existentes anteriormente a este Governo.

Agora, não é justo se desfalcar o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil —repito: meritório, humano, justo e cristão — para se reforçar o chamado Bolsa Família. Essecusteio teria de sair de outra rubrica, de preferência alguma que dissesse respeito a gastossupérfluos, com algo que não interessasse à vida das pessoas mais pobres do País. Não estoude acordo com essa forma de remanejamento de recursos. Sei que toco na sensibilidade deV.Exa, que honra nosso Estado na condição de Presidente da Comissão Mista de Planos,Orçamentos Públicos e Fiscalização.

Tenho a firme disposição de não permitir a votação do Orçamento, quando chegar omomento próprio, caso não se restituam ao Estado do Amazonas os 110 milhões que lhesforam retirados da rubrica do gasoduto Coari—Manaus. Diziam que esse gasoduto era umaprioridade do Governo Lula. Lá, a impressão que temos é a de que podemos até nos intoxicarcom o gás. Ou seja, se brincarmos e dormirmos com o gás ligado, morreremos, porque é umsuicídio inconsciente. No entanto, não há nada de concreto que viabilize a obra, nem mesmo odinheiro no Orçamento. Não há nada de sério e de concreto para o gasoduto. Portanto, vemosque ele não é prioridade.

O fato é que eu não me conformarei com a aprovação do Orçamento, caso essa situaçãonão seja alterada. Isso já foi dito com toda a tranqüilidade para gregos, troianos, viajantesaéreos e terrestres, caminheiros; enfim, foi avisado para todo o mundo que, seguramente, nãopodem contar comigo para aprovar o Orçamento, se não derem um jeito — e jeitos se dão aquineste Plenário — de restituir o que retiraram do Amazonas. Isso está fora de dúvida.

Não vim aqui para cumprir outro que não este papel. Neste momento estouprecisamente cumprindo o meu papel de representante do meu Estado.

E explodiram reivindicações de outros Estados. Vi o Piauí se queixando, assim comooutros Estados, todos de maneira justa, porque as reuniões da semana passada foram todas

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na base do “despir um santo para vestir outro”, do “tira daqui, põe acolá”. Eu olhava epensava: “Saneamento é meritório, mas estão tirando da água? E tirando da água do nossoAmazonas e de outros Estados periféricos?” Saneamento, água; água, saneamento.

Tenho a impressão de que deveria haver uma forma mais criteriosa de tocarmos issoadiante, porque não estamos de acordo. A Senadora Lúcia Vânia é quem nos coordena noepisódio das políticas sociais, e não estamos de acordo em que se tire um tostão da erradicaçãodo trabalho infantil. E, sem dúvida alguma, queremos reforçar tudo o que for possível para oBolsa Família. Não concordamos em retirar da erradicação do trabalho infantil para jogar noBolsa Família, porque estaremos favorecendo uma mera jogada de marketing e interrompendoum programa sério que deu muitos frutos. Portanto, não estamos de acordo. Se vamos ou nãoaprovar será uma deliberação que vamos tomar agora.

Governo que é governo tem de ter maioria para aprovar suas coisas aqui e não ficar nospedindo nada. Por que não põe a maioria para votar? E, enfim, não ficar como na história damúsica do Cazuza, ou seja, “vivendo da caridade de quem o detesta”. Cazuza é imortal!

Chamo a atenção com toda a clareza: não aceitamos que se tire dinheiro da erradicaçãodo trabalho infantil. E ponto. Queremos dinheiro para o Bolsa Família. Ponto de novo. Então,vamos ver de onde é que se tira para colocar no Bolsa Família, mas o PSDB não concorda emque seja retirado sequer um tostão do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil.

E o aviso aos navegantes já está dado em relação ao Orçamento e ao Estado doAmazonas: não vai ser mantida essa tunga — sim, é tunga. Prometeram mais de 140 milhões edeixaram 31 milhões, tiraram 110 milhões de reais do Gasoduto Coari—Manaus. Não vousegurar, não vou tolerar isso, não me elegi para tolerar isso.

Portanto, os avisos todos estão dados. Aqui está a nossa posição em relação ao trabalhoinfantil, Sr. Presidente.

Muito obrigado.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra a Senadora Heloísa

Helena.A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srs.

Deputados, primeiro, compartilho inteiramente da justíssima preocupação aqui levantada pelaSenadora Lúcia Vânia.

Não tenho dúvida de que a Senadora Lúcia Vânia, que tanto tempo e trabalho dedicou aessa área, monitora o assunto com competência e sensibilidade e nada mais poderia fazer doque exigir a adequação orçamentária para uma área tão especial como essa. Do mesmo jeito,as Senadoras Patrícia Saboya e Iris de Araújo também nos ligaram, angustiadas com todos osproblemas relacionados aos pobres, aos excluídos, aos marginalizados, especialmente oschamados menores da sociedade, que sequer a possibilidade de aqui estar para fazer lobbytêm.

É importante deixar claro que a área relatada pelo Senador João Ribeiro é muitoespecial, porque se refere tanto ao trabalho, às ações necessárias para o combate àprecarização das relações do trabalho, ao trabalho escravo, como à área de assistência social.Portanto, é tudo aquilo, Senadora Lúcia Vânia, que alguns anos atrás comemoramos no País.O Brasil todo, Senador Augusto Botelho, comemorou quando conseguimos aprovar a LeiOrgânica da Assistência Social, a mais bela declaração de amor aos pobres, oprimidos emarginalizados do Planeta Terra. Do mesmo jeito, o brasileiro comemorou quando foi aprovadoo Sistema Único de Saúde.

Por isso que digo sempre que o Congresso Nacional faz pose. Claro que todos nósconhecemos os cínicos, esnobes e mentirosos rituais, supostamente competentes do CongressoNacional, e sabemos de fato o que estamos votando.

O que é o Orçamento encaminhado pelo Governo? Hoje mesmo, o Senador GilbertoMestrinho fez críticas necessárias. Imaginem o significado disso. Trata-se de um Orçamento de1 trilhão e 676 bilhões. É um negócio muito grande: 1 trilhão e 676 bilhões! De fato, 834bilhões é para legitimar a verborragia da patifaria neoliberal com juros e serviços da dívida,com essas coisas que alguns apresentam como se fosse uma demonstração de racionalidade

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administrativa e de responsabilidade fiscal. Uma grande mentira, uma grande farsa contábil,financeira e econômica!

O Orçamento efetivo que discutimos é de 842 bilhões e, quando o discutimos, fazemosgarimpagem orçamentária: para colocar dinheiro em uma área, retiramos de outra, até naconstrução do Orçamento. Vimos isso claramente na semana passada quando a ComissãoRepresentativa aprovava os créditos complementares, especiais ou suplementares. Era só o quefazíamos. Tiramos de uma área importante em que não houve a execução orçamentária, devidoà irresponsabilidade fiscal, social e administrativa do Governo, para colocar em outras áreasimportantes.

Para se ter uma idéia, Senador Gilberto Mestrinho — e, em debate na Rádio Senado,V.Exa. concordou inteiramente com isso —, só mexemos com 842 bilhões. São só 842 bilhões.E o mais grave é que esse valor é para toda a área da Seguridade Social, incluindo aPrevidência Pública. E eles fazem toda aquela velha cantilena enfadonha e mentirosa do déficitda Previdência, da quebradeira da Previdência. Volto a repetir: cantilena enfadonha ementirosa, porque existe a Desvinculação de Receitas da União — DRU. Se não se saqueasseoficialmente dos cofres da Seguridade Social o que se saqueia, de fato, haveria superávit naPrevidência e não déficit.

De todo o orçamento da Seguridade Social, incluímos, Senador Augusto Botelho, aSaúde. E V.Exa. sabe o significado disso para um país de dimensões continentais como oBrasil. Saúde, Previdência Pública, Assistência Social são só para atender pobres, miseráveis,marginalizados, os mais pobres de todos: a mulher na hora do parto; o menininho que caiu daárvore e cujo atendimento no hospital sua mãe conseguiu e, por isso, ele morreu; o senhor queestá em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, que manda uma carta dizendo que, na fila parafazer uma cirurgia de varizes, há 300 pessoas na frente da sua mulher. E não é uma cirurgiaestética para ficar com as pernas bonitas — não é nada disso —, é algo que incomoda, queimpede a pessoa de trabalhar.

De tudo isso, para toda essa área mais pobre, nem 16% é o que cai das migalhas dofarto banquete do poder, da promiscuidade com o Congresso Nacional, da promiscuidade como setor hegemônico do capital financeiro, que são os parasitas sem Pátria.

É o que estamos discutindo aqui. Objetivamente é isso. Não é uma coisa simples, não éuma coisa qualquer, mas o valor do salário mínimo. E o Senador disse claramente como ele vaiser discutido ainda com o Governo. Se fôssemos garantir que o Presidente Lula cumprisse oseu compromisso de campanha de dobrar o poder de compra do salário mínimo, ele tinha deser de 570 reais. Não era para cumprir a Constituição, não era para fazer de conta com o queelaborou o DIEESE, não, mas para cumprir o compromisso de campanha, de em 4 anos dobraro poder de compra do salário mínimo, ele já seria de 570 reais. Se fosse para possibilitar queuma família brasileira de 4 pessoas tivesse como alimentação de manhã, ao meio-dia e de noiteum pão francês pequeno e uma xícara de café, só para isso o salário teria de ser 392 reais.Repito: 392 reais para uma família de 4 pessoas ter no café da manhã, no almoço e no jantarum cafezinho e um pãozinho francês. Só isso, 3 vezes ao dia!

Eu só queria ver que Senador ou Deputado se submeteria a esses pratos de pobre!Vejam que o salário mínimo teria de ser de 392 reais para possibilitar que uma famíliabrasileira tivesse, de manhã, ao meio-dia e à noite, um pãozinho francês e um cafezinho. É issoque discutimos aqui, objetivamente, neste momento.

No debate dos 15% da Seguridade Social, está incluído o dinheiro da Saúde, que, defato, aumenta mais, porque tem um piso — embora hoje, como aqui já foi dito, esse piso tenhavirado teto em função das articulações, das manobras técnicas para recompor aquilo que épiso.

Por isso, estou aqui para trabalhar até a meia-noite, amanhã, depois, sexta-feira,sábado, domingo. O Deputado Wasny de Roure está dizendo que também pode fazer isso. Nãotem problema. Nós estamos aqui para trabalhar. E eu vou discutir cada um dos pontos,trabalhando e cumprindo minha obrigação.

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Esse relatório não é um problema do Sub-Relator. Essa proposta de Orçamento, eu nãovoto. Estou aqui para dar presença, para cumprir minha obrigação, para dar quorum e cumprirminha obrigação constitucional, não para aprovar farsas contábeis, financeiras, orçamentárias,rituais do faz-de-conta, propostas orçamentárias apresentadas como a panacéia que vairesolver todos os males, quando, de fato, não resolve aquilo que é referência de pobre — não énem classe média. Só o pobre precisa de Seguridade Social.

Temos de agüentar esses saques oficiais para botar dinheiro no superávit e encher apança dos banqueiros. E ainda temos de agüentar que, aos pobres do País, sejam entreguesapenas as migalhas que caem do banquete farto do Poder, ora da promiscuidade do mensalão,ora da entrega do dinheiro aos parasitas sem pátria do capital financeiro.

São as minhas considerações. Concordo inteiramente ao menos com a recomposição doque estava previsto para o trabalho infantil, para a fiscalização do Ministério do Trabalho, paratudo aquilo que é mínimo e essencial.

Sr. Presidente, apenas para deixar registrada minha posição.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra Deputado Ronaldo

Dimas.O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Sr. Presidente, em primeiro lugar, parabenizo o

Senador João Ribeiro, que fez um trabalho muito bom. Dentro dos limites do RegimentoInterno e da Constituição Federal, S.Exa. atendeu, com satisfação, as bancadas e asComissões, segundo pronunciamento de diversos Parlamentares.

Ao mesmo tempo, registro minha preocupação com alguns itens do relatório. Primeiro,o salário mínimo. Vai ser impossível o Presidente Lula cumprir o compromisso de campanha dedobrar o salário mínimo. Até agora, estão garantidos recursos para um salário mínimo de 321reais. E todos da Comissão desejam ver elevado esse valor para 340 reais.

Outro ponto que me chama bastante a atenção é a área da saúde. Estão retirandodinheiro da Saúde e colocando na Assistência Social.

Mas um ponto que me preocupa muito é o desprezo deste Governo para com aqualificação profissional. Desde o início do Governo Lula, ano após ano, os recursos paraqualificação profissional vêm sendo diminuídos. Neste ano, aprovamos para a qualificaçãoprofissional 130 milhões de reais, Sr. Presidente, dos quais apenas 62 milhões foramexecutados. A previsão para 2006 é de 82 milhões de reais, ou seja, inferior ao volume derecursos previstos no Orçamento de 2005.

Aí vem a questão: será que a única prioridade deste Governo é dar esmola ao nossopovo? Precisamos qualificar, principalmente de forma profissional, a população, para quepossamos fazer o inverso da proposta que o Governo manda para cá. Quanto mais recursospara a qualificação profissional, menor será a necessidade de dar auxílio para que essapopulação sobreviva — e ela precisa hoje de auxílio porque não sabe desenvolver praticamentenada. Então, fica muito clara a forma como o Governo Lula utiliza os recursos públicos:diminuindo a necessidade básica e primária da população, mantendo-a dependente dessesrecursos que não levam a ações que tragam dignidade. É um absurdo diminuirmos os recursospara a qualificação profissional. E é o que este Governo vem fazendo ano a ano.

Ao fazer este registro, quero solicitar ao Relator — e não somente ao Relator Setorial,mas também ao Relator-Geral — que atente para esse detalhe, que é importantíssimo. Sequeremos ver o País diminuir a necessidade da Bolsa Família ou da “Bolsa Esmola”, como bemdisse o Deputado Pedro Chaves, precisamos aumentar significativamente os recursos dequalificação profissional, que são feitos em parceria com o Sistema S e as Secretarias deTrabalho e Ação Social dos Estados e Municípios.

É o registro que faço, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Senador Romeu

Tuma.O SR. SENADOR ROMEU TUMA - Sr. Presidente, apenas quero concordar com a

Senadora Heloísa Helena no que diz respeito ao corte de recursos para o combate ao trabalho

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infantil e outros procedimentos que estão nesse quadro de Fundo de Amparo ao Trabalhador —Comparação das Despesas do Programa.

Sr. Relator, o que é Desenvolvimento Centrado na Geração de Emprego, Trabalho eRenda? Tinha 500 mil no ano passado, nada foi autorizado, e hoje V.Exa. repete os 500 mil. Eunão sei se isso está incorporado a algum outro tipo de programa. Temos aqui: Gestão dePolítica de Trabalho, Emprego e Renda. Quero saber se tem alguma coisa a ver com o item0103 do Código.

Outra coisa que me preocupa, Deputado estudioso do Orçamento que sou, são algunsdados sobre transferência de renda com condicionalidades, Bolsa Família. Tivemos umaumento bastante grande nessa área e uma queda assustadora nos recursos destinados àerradicação do trabalho infantil, de 40%. Sei da preocupação de V.Exa., conheço seu trabalho,Senador João Ribeiro, e fico bastante preocupado a redução orçamentária de programassociais importantíssimos, que não poderíamos desprezar apenas para nos dedicar ao BolsaFamília.

A propósito, hoje mesmo, Senador, a Folha de S.Paulo publica matéria de altagravidade, indicando que há falcatruas no Bolsa Família.

Temos de analisar sempre esse assunto. Trata-se de um projeto centralizado naDireção-Geral do Governo, é um dos principais programas da eleição do Presidente Lula.Então, se não há a cautela de fiscalizar, meu Líder, temos de ficar um pouco assustados.Porque é grande o valor que se transfere para o Bolsa Família. Ninguém é contra o BolsaFamília, pelo amor de Deus! O Senador Flexa Ribeiro sabe o quanto nos propomos para queisso realmente tenha um efeito bastante grande. Com a suspeita sobre os Prefeitos,centralizando tudo isso na mão do Governo, com as falcatruas denunciadas hoje pela Folha,não pode ser um programa eleitoral, tem de ser um programa de distribuição de renda,realmente, para atender às famílias necessitadas, que não estão conseguindo emprego. Se nãoconseguem emprego, não dá para pagar o cafezinho e o pãozinho que a Senadora mencionou.

Sr. Presidente, agradeço a V.Exa. a oportunidade.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Senador Heráclito

Fortes.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, nada

mais desgastante do que o que estamos vivendo aqui. O desgaste começou no exato momentoem que o Congresso Nacional caminhou, enveredou pelo errado caminho destaautoconvocação.

Participamos de uma autoconvocação sem nenhuma matéria de interesse do CongressoNacional. Apenas os Presidentes das 2 Casas, para atender à pressão do Governo, fizeram aautoconvocação. O Governo lavou as mãos, e o Congresso Nacional ficou enxovalhado perantea opinião pública.

O que perderia a Câmara e o Senado se estivéssemos hoje cumprindo o recessoregimental? Absolutamente nada. O Executivo, sim. Mas é bom que se lembrem todos que ocalendário legislativo emperrou pelo excesso de medidas provisórias enviadas pelo Governo. Eagora quer o Governo, quer o Governo, não, Senador Arthur Virgílio, parte do Governo, que, atoque de caixa, a Oposição vote o que eles não querem votar. Essa é a grande verdade, é averdade cristalina. É preciso que sejam a opinião pública e a imprensa alertadas para este fato.

É engano dizer que o Governo é devotado, Senadora Serys Slhessarenko, senãovejamos: onde está o Líder do Governo na Câmara? Onde está o Líder do Governo no Senado?Onde está o Presidente do PT? Não é matéria de interesse do Governo? Não há ninguém maispoderoso nesta Casa do que o Senador Mercadante. E S.Exa. não foi visto aqui defendendo oGoverno. O Líder na Câmara também não foi visto aqui defendendo o Governo em matéria deseu interesse.

O SR. SENADOR FERNANDO BEZERRA - Permite-me V.Exa. um aparte?O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - V.Exa. não seja apressado, porque vai tirar

todo o brilho do elogio que vou lhe fazer. V.Exa. está muito avexado. Joga fora o mérito daminha boa intenção.

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(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Não entendi, não entendi.O SR. SENADOR FERNANDO BEZERRA - Eu ia dizer apenas que o Senador

Mercadante não é membro desta Comissão e está se recuperando de uma cirurgia em SãoPaulo.

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - A cirurgia de correção estética de S.Exa., quejá circula pelas ruas de São Paulo, não justifica sua ausência.

A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Nobre Senador, não é não. Sabe V.Exa. queeu não gosto do Senador Aloizio Mercadante e faço tudo para falar mal do Governo. Mas, defato, é uma cirurgia bem delicada e não é estética. Se fosse, eu ia esculhambar S.Exa. aqui.Sabe V.Exa. como eu gosto de esculhambar, mas até por saber qual é a cirurgia, eu me sintona obrigação de dizer isso. E se V.Exa. soubesse, iria fazer do mesmo jeito. Senador HeráclitoFortes, não tenho dúvidas quanto a isso porque conheço a sua sensibilidade.

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - V.Exa. não precisa explicar. Tem de minhaparte fé de ofício. Então, retiro que disse e espero que essa operação seja bem-sucedida e que oSenador retorne a esta Casa totalmente recuperado.

Mas, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, o que nós vemos aqui é um esforçodesesperado do Senador Fernando Bezerra, Líder do Governo, para aprovar as matérias,tentando fazer com que o trabalho ande. Mas S.Exa. paga o preço de não ser do núcleo duro dopoder, e fica mendigando telefonemas do primeiro e do segundo escalão de assessores deMinistros, que sequer lhes respondem.

Eu sou testemunha — sentamos próximos — do drama que vive o Senador paradefender o Governo. Mas, Senador Fernando Bezerra, quando me refiro ao fato de não haverinteresse real, sincero do Governo, não tiro o brilho de V.Exa. ou do Deputado João Leão.Existe, porém, falta de sinceridade e de propostas do Governo. Agora mesmo a imprensa mechamava a atenção para o fato de que metade do Ministério está no Caribe, na Amazônia ou naEuropa. São Ministros importantes para atender às demandas de V.Exa. E o problema ficaentregue ao segundo e ao terceiro escalão.

Concedo-lhe o aparte com muito prazer.O SR. SENADOR FERNANDO BEZERRA - Senador Heráclito Fortes, quero agradecer a

V.Exa. a gentileza e as referências elogiosas, certamente devidas à amizade que nos une e aorespeito mútuo que temos.

O meu dever aqui, como o de todos nós, é votar o Orçamento. Essa é a nossa obrigação.Estamos aqui, inclusive numa convocação extraordinária, para atender à expectativa que tem opovo brasileiro de que votemos o Orçamento. O que eu gostaria muito é que discutíssemos aqualidade do Orçamento. Se o Orçamento é bom, votamos a favor, se o Orçamento é ruim,votamos contra. Vamos discutir cada uma das coisas.

Todos sabemos que o cobertor é curto. Não temos recursos suficientes para asdemandas da Nação. Eu cumpro aqui o meu papel. As emendas ao Orçamento tornam-se lei, ea lei deve ser cumprida. Infelizmente nós, Parlamentares, cometemos o grave erro de fazerdeste Orçamento uma peça de ficção. Todos nós colocamos no papel recursos além dacapacidade de o País pagar. Vi projetos que propõem que o Orçamento seja uma peçaimpositiva. Não se precisaria disso se ele fosse real. O Orçamento é uma expectativa de receitae de despesa. Eu compreendo perfeitamente. Há uma distribuição injusta dos pagamentos dasemendas. Todas elas, sem exceção, pessoais, individuais, de bancada, de Comissões, sãojustas e visam beneficiar o povo brasileiro. Infelizmente, não há recursos disponíveis.

Nada mais do que cumprindo o meu papel, procuro harmonizar tudo isso e ver oOrçamento aprovado, Senador Heráclito Fortes, porque essa é a expectativa do povo brasileiro.Temos um dever com o povo, que é votar o Orçamento. Esse é o dever com a Nação e é o apeloque faço a cada hora nesta Casa.

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Senador Fernando Bezerra, louvo sua boaintenção. Aliás de bem-intencionados as catacumbas estão cheias.

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Quero lembrar a V.Exa. que esse seu argumento cai por terra numa declaração, hojepublicada nos grandes jornais, do Ministro do Planejamento no sentido de que vai gastar 13bilhões de Restos a Pagar. Evidentemente, são os recursos acumulados dos 2 ou 3 últimosanos.

Esse é um argumento que cai por terra e mostra o desprezo e o desapreço que esteGoverno tem pelo Parlamento. O que este Governo quer é jogar o Parlamento contra o povo. Oque este Governo quer é desgastar o Parlamento, não só pela maneira como fez aautoconvocação, como também nessas discussões orçamentárias.

O SR. SENADOR FERNANDO BEZERRA - Permita-me V.Exa., mais uma vez, umapequena observação.

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Quero dizer a V.Exa. que não estoudiscutindo aqui a questão da liberação ou não de emendas. Não é essa a questão, mas comoessa peça orçamentária vem sendo tratada.

Esse é um modelo esgotado, Sr. Presidente, que fatigou. E não podemos mais convivercom ele. Louvo também que tivemos neste ano um esforço muito grande para tentar modificá-lo. Infelizmente, não conseguimos. Agora, não vamos dizer que o Governo tem interesse emresolver essas questões. V.Exa. sabe muito bem que não é verdade.

Concedo outro aparte a V.Exa.O SR. SENADOR FERNANDO BEZERRA - Está claríssimo que não vamos votar o

Orçamento este ano. Vamos votar aqui 2 ou 3 relatórios setoriais. Aliás essa conta não deveriaser aritmética — 2 ou 3 —, vamos votar quanto nós pudermos ao longo da discussão para aqual fomos convocados.

Veja bem: se o Governo sabe que vamos votar apenas 2 ou 3 relatórios setoriais,quando são 12, essa discussão vai se alongar aos 15 dias de janeiro e a alguns dias defevereiro. Vem o Carnaval, e esse Orçamento não estará aprovado antes de março. Como oGoverno pode cumprir os compromissos e os deveres que tem com o povo? Por exemplo: asestradas do Brasil estão acabadas. Como alocar alguns recursos que não foram liquidados nasestradas nos últimos 3 anos? É um acúmulo ao longo ...

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Contingenciamento do Governo.O SR. SENADOR FERNANDO BEZERRA - Senador, vamos ser racionais. Está certo.

V.Exa. é um homem muito inteligente. Não podemos imputar ao Governo Lula a destruição dasestradas brasileiras em apenas 3 anos. São 10, 15, e por motivos que não são açõesdeliberadas de qualquer Governo. Qualquer Governo gostaria de ver este País com as melhoresestradas do mundo. Mas nós não as temos. Ou o Governo empenha esses recursos para lhesdar a capacidade (falha na gravação) no ano, e foi isso que o Ministro Paulo Bernardo disse, ouvamos passar por vexames maiores do que passamos hoje diante da dificuldade em que nosencontramos.

Essa é a razão pela qual o Governo vai empenhar os recursos para serem liberados. Nãosão razões eleitoreiras. Não é justo que se diga isso. São razões das demandas do País.

Eram as observações que tinha a fazer. Não quero polemizar com V.Exa. Aliás, não levovantagem nenhuma em polemizar com um homem da competência, da inteligência, dadimensão de V.Exa., dimensão inclusive física, não levo vantagem nenhuma sobre isso. Porisso, Senador, mais uma vez, presto minha homenagem ao grande Senador da República queV.Exa. é, mas me permita discordar desses pontos que V.Exa. traz ao debate nesta Casa.

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Veja V.Exa. como as coisas são: cheguei noCongresso Nacional tendo V.Exa. como meu ídolo. V.Exa. é nome de um auditório em Teresina,no prédio da Federação Nacional das Indústrias. Então, quando chegou aqui, V.Exa. já tinhanome feito pelo Brasil afora na iniciativa privada. E eu só tenho que aprender com V.Exa.

Agora, não podemos, Senador Fernando Bezerra, deixar de reconhecer que o Governotem sido um péssimo pai para seus aliados e um ótimo padrasto.

O SR. DEPUTADO WASNY DE ROURE - E um excelente pai para os adversários.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Não entendi.O SR. DEPUTADO WASNY DE ROURE - Excelente pai para os adversários.

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O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Está vendo? É a base do Governo que sequeixa do tratamento que vem recebendo. (Palmas.)

Quero que conste nos Anais da Casa esse depoimento de um homem sério, que defendeo Distrito Federal e que vem se queixando ano a ano — e o Deputado Wasny de Roure étambém o Relator da peça que diz respeito à Educação.

Diante do que disse o Deputado Wasny de Roure, nada mais tenho a dizer. Esseexemplo para mim basta. A insatisfação é geral, Sr. Presidente. E essa insatisfação não éapenas da Oposição. Também estão insatisfeitos os membros da base. Senão, vejamos: todavez que se começa aqui um processo de votação, a Oposição fica, mas a base sai, daí não háquorum. Essa é uma matemática à qual é preciso prestar atenção: a Oposição está aquicumprindo o seu papel, mas o seu papel é limitado a uma pequena quantidade de votos. Quemmanda e desmanda é a base do Governo, que, quando quer, é poderosa e prepotente. Agora,está insatisfeita e não se une. E são por meio de reações sinceras como a do Deputado doDistrito Federal que entendemos a atual rebeldia registrada no plenário do Congresso.

Portanto, Sr. Presidente, encerro fazendo um apelo a esta Casa no sentido de quemodifique de uma vez por todas esta Lei Orçamentária. Essa peça traz (falha na gravação). Elanão desgasta o Legislativo, ela não desgasta o Executivo, ela está acabando com o Brasil!

Muito obrigado.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Líder do PFL, o

Senador José Agripino.O SR. SENADOR JOSÉ AGRIPINO - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, não

sou membro da Comissão. Estou aqui hoje, dia 28 de dezembro, por dever de ofício, até porqueestamos convocados. Vim como Líder do meu partido, mas vim fundamentalmente parafiscalizar.

Por que fiscalizar, Sr. Presidente? De uma semana para cá, a notícia no País são osburacos nas estradas. TVs, jornais e rádios só falam desse assunto, que é quase caso depolícia. Um número recorde de pessoas foi vitimado no feriado de Natal em razão dos buracosnas estradas. Esse problema sempre existiu, mas desta vez a situação é inédita: o Brasil nãotem mais estrada, é só buraco.

Por que as estradas estão mais esburacadas do que sempre? Por incúria administrativa,por incompetência administrativa do Governo. Querer do Governo brasileiro que as estradasestejam em absoluto e perfeito estado de conservação talvez seja querer o que não foi feito nopassado, mas permitir que estejam como estão é inaceitável. Tanto é que está aí o clamor geral.Por quê? Porque o Governo não foi capaz de gastar o dinheiro alocado no Orçamento ao longodo ano para tapar buracos, construir ou recuperar estradas, por incompetência administrativa.O Governo não tem capacidade de gasto. Resultado: chega ao final do ano e baixa um decretode emergência, de calamidade pública, para, sem concorrência — o que agora é alertado pelosmeios de comunicação, denunciando o Governo —, fazer de uma vez só o que não fez ao longodo ano.

Veja V.Exa.: estamos votando o Orçamento de um Governo que literalmente brinca comele, porque dinheiro para as estradas existe. Há conflito entre a União e os Estados eMunicípios. Governo é feito para buscar entendimento, confluência. Há desentendimento comrelação à aplicação da verba da CIDE? Cabe ao Governo Federal se entender com os Estados eMunicípios e aplicar a verba e governar, porque a responsabilidade é fundamentalmente sua.

Sr. Presidente, trata-se de Governo que apresenta um Orçamento que tem de servigiado. Por quê? Depois a Senadora Heloísa Helena e a Deputada Laura Carneiro vão fazeruma constatação dura, pesada, do que acabou de acontecer. O Brasil acabou de pagar 15,5bilhões de dólares ao FMI. Pagava quanto de juros por esse dinheiro? Entre 4% e 6%. Econtinua a dever perto de um trilhão de reais de dívida interna. E paga quanto? Dezoito porcento — 18% de um trilhão. E resolve pagar para fazer graça para o FMI, a quem antes dizia“Fora, FMI.”, paga de uma vez só — cash — 15,5 bilhões de dólares a quem pagava entre 4% e6% de juros.

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Não dá para entender. Agora, dá para entender por que o lucro fantástico, recorde, darede bancária brasileira — isso dá para entender.

Por isso tudo, Sr. Presidente, estamos sendo governados por um Governo que tem,neste momento, 17 Ministros fora — eu estou aqui, os Parlamentares estão presentes, dia 28de dezembro, mas há 17 Ministros fora —, enquanto estamos votando o Orçamento. Estamosdiscutindo a verba social do Governo.

Para sairmos do macro a que me referi e focarmos o micro, estamos embrulhados, eupessoalmente estou embrulhado numa dúvida. Vamos votar um relatório setorial que tiradinheiro do PETI, do combate ao trabalho infantil, e coloca no Bolsa Família. Será que é justo?Justo é não anunciar, como o Governo está fazendo, 16 bilhões para investimento no próximoano. Justo é não cortar recursos destinados às crianças que estão no trabalho infantil, é nãocortar nada desse programa, e deixar de investir naquilo em que não sabe nem investir — daíos buracos nas estradas.

O questionamento que estamos fazendo é obrigação, é dever de ofício. Não é mávontade: “Ah, não se construiu um acordo”. É difícil fazer acordo para votar com racionalidade eresponsabilidade neste Governo. Por essa razão, estamos discutindo e debatendo, e vamosdiscutir e debater. Se for preciso votar, se for imperativo nacional, o PFL vai concordar emvotar, mas depois de debater, denunciar e fazer todas as advertências que este Governo, que éincompetente, merece ouvir.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado JoséRocha.

O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO - Pela ordem, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Pela ordem, concedo a palavra ao

Senador Arthur Virgílio.O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO - Sr. Presidente, antes de mais nada, quero

registrar a presença em plenário de um ex-Secretário seu, hoje o competente Prefeito da cidadede Maringá. O Prefeito Sílvio Barros muito nos honra e alegra com sua visita.

Mas, Sr. Presidente, quero me dirigir ao Relator-Geral, Deputado Carlito Merss, arespeito da proposta que o PSDB fez no sentido de devolver os 900 milhões de reais tirados doPrograma de Erradicação do Trabalho Infantil, para o Bolsa Família, e, então, examinamos apossibilidade de colaborarmos com a votação. Ou, seguindo a orientação da Senadora LúciaVânia, que é a especialista da nossa bancada em políticas sociais, teremos de meditar sobre oque fazer neste momento.

Em outras palavras, não aceitamos que se tire um tostão sequer do Programa deErradicação do Trabalho Infantil e, sem termos nada contra se acrescentar ao Programa BolsaFamília o que se possa, desde que tirado do supérfluo, tirado do custeio, estamos tendo umapinimba nessa questão.

Portanto, gostaria de ouvir o Relator, porque vejo que está chegando a hora deafunilarmos a decisão.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Sr. Relator.O SR. SENADOR JOÃO RIBEIRO - Sr. Presidente, tomei a seguinte decisão: diante de

tantas reclamações, e diante do fato de que não pude alterar, porque a proposta veio doGoverno assim, não houve emendas, quero pedir à Mesa mais um prazo para refazer meurelatório.

Retiro o relatório neste momento e vou rediscuti-lo. Coloque outro relatório, vou retirarmeu relatório e refazê-lo. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - O Relator tem direito de retirarantes da votação. Como não foi votado ainda, S.Exa. pode fazê-lo.

O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Sr. Presidente, eu gostaria de fazer umasugestão ao Plenário. Estamos nesse impasse. Há os destaques do outro relatório quepoderiam ser votados. Acho que o Relator já tem uma posição a respeito disso. Mas, em funçãode uma tendência de acordo que estamos buscando, proponho que se suspendam os trabalhose que amanhã de manhã retomemos a sessão para votar os destaques. Não vamos encerrar,

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mas suspender a reunião, para amanhã de manhã votar os destaques e o relatório da ÁreaTemática da Educação, se for possível.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Não há mais discussão do relatório,porque o mesmo foi retirado. Portanto, não há mais condições de discuti-lo.

O SR. DEPUTADO JOSÉ ROCHA - Sr. Presidente, pela ordem.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Pela ordem, concedo a palavra ao

Deputado José Rocha.O SR. DEPUTADO JOSÉ ROCHA - Sr. Presidente, eu estava inscrito, seria o próximo

orador, mas, como o Sub-Relator acaba de retirar o seu relatório da discussão, querocumprimentar o Sr. Relator, Senador João Ribeiro, pela sua compreensão e, sobretudo, porsua sensibilidade e espírito público, atendendo às observações feitas por todos os Srs.Parlamentares. S.Exa. retira o seu relatório da discussão e, com isso, pode equacioná-lo deacordo com os interesses expostos pelos representantes dos diversos partidos. É louvável aatitude do Sr. Relator, a quem cumprimento.

Não poderia também deixar de cumprimentar o Líder do PFL no Senado, o Senador JoséAgripino, pelo que aqui disse. Realmente, pela incompetência deste Governo em não sabergastar os recursos públicos de maneira criteriosa, de maneira a promover o desenvolvimentodo País, estamos com esses recursos represados para poder aplicar no próximo ano.

Precisamos, portanto, de mais competência e agilidade por parte do Governo, para quea infra-estrutura do País possa ser recuperada o mais rápido possível. São 4 anos de estradasesburacadas, sem nenhum investimento, com recursos represados nos cofres da União. Etemos de ouvir os reclamos da sociedade: o número de acidentes nas estradas, os custos dosprodutos sendo onerados pelo transporte rodoviário, enfim, realmente uma incompetênciageneralizada. O Governo precisa repensar sua maneira de agir e governar. E nós, da Oposição,estamos aqui para alertá-lo e ensiná-lo como gastar melhor os recursos da União.

Era isso, Sr. Presidente. Agradeço a sua boa vontade.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Pela ordem, com a palavra a

Deputada Rose de Freitas.O SR. SENADOR SIBÁ MACHADO - Nobre Presidente, peço a palavra pela ordem.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Depois da Deputada Rose, pela

ordem, falará V.Exa.A SRA. DEPUTADA ROSE DE FREITAS - Sr. Presidente, V.Exa., que já foi por 3 vezes

Presidente desta Comissão, uma honra para nós, com certeza está sentindo o que estáacontecendo no Plenário desta Casa.

Nós, do PMDB, estamos aqui em todas as sessões convocadas por V.Exa. para votar oOrçamento. V.Exa. aponta alguns pontos que, neste exato momento, são quase um divisor deáguas na nossa convivência, uma luta fratricida que acontece entre nós e o Governo, osRelatores e o Relator-Geral, jamais entre nós e V.Exa., que toma sempre o pulso do Plenário esabe fazê-lo.

Observe V.Exa. que quem está votando este Orçamento é muito mais a Oposição e oPMDB do que o próprio Governo. Fico na dúvida se o Governo quer que vote. Não chamo esteOrçamento de peça de ficção em momento nenhum, porque chegamos ao final do ano semgastar o dinheiro do Orçamento do ano passado, mesmo com a estradas na situação comoestão, mesmo com os hospitais como estão, mesmo com as escolas como estão.

Eu só gostaria de dizer que o Senador João Ribeiro nos deu um exemplo. Como acreditoque V.Exa. vai ser eleito novamente Presidente desta Comissão, gostaria de dizer-lhe que essadiscussão que fazemos aqui como colcha de retalhos a cada momento, lamentando os corteserrôneos, as atitudes míopes tomadas em relação às políticas sociais do Governo, deveriacomeçar antes. Os Srs. Relatores, com todos os méritos que têm ao exercer esse trabalho,deveriam iniciar a discussão com as bancadas antes.

O que pedem as bancadas, por meio das emendas dos Parlamentares, não é nenhumabsurdo. Nunca vi um Governo que tripudiasse tanto quanto o fez este Governo em cima dabancada dos Parlamentares. Constantemente estamos ouvindo isso aqui, e tenho citado o

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Deputado Moka, um dos mais constantes e assíduos Parlamentares desta Casa, como quemnão viu as suas emendas sendo liberadas com qualquer capricho de algum secretário, dealgum Ministério.

Solicito a V.Exa. que entenda o que vai acontecer daqui para a frente nesta Casa. OPMDB não está disposto a continuar com essa farsa que está sendo montada aqui. O Governonão tem interesse em votar o Orçamento. Estamos convocados, antes de mais nada, por V.Exa.e pela nossa consciência parlamentar. Por isso a atitude do Senador João Ribeiro nos chama aatenção. Atento ao que aconteceu, às discussões, às reivindicações e observações feitas portodos, inclusive pelo Senador Arthur Virgílio, dispôs-se a retirar o relatório. Assim gostaríamosque outros o fizessem, mas não temos tempo para isso.

Muitas perguntas estão sendo feitas pelas bancadas. V.Exa. e a Nação são testemunhasde que votamos todos os PLs, os créditos suplementares, extraordinários e especiais, de formaatabalhoada, correndo para atender o Governo, para que ele tenha dinheiro nos cofres parapagar as emendas estaduais, de Parlamentares, ou para fazer jus às emergências que estãoacontecendo no País inteiro, inclusive as estradas.

O que estamos vendo agora é um deboche, o descaso do Governo para com esta peçaorçamentária.

Se o PMDB vier a se retirar deste Plenário, V.Exa. tenha certeza de que o estará fazendoem protesto jamais ao trabalho conduzido por V.Exa., mas pelo escárnio do Governo para como próprio Orçamento da União.

Muito obrigada.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Senador Sibá

Machado.O SR. SENADOR SIBÁ MACHADO - Sr. Presidente, a minha experiência nesta Casa é

pequena, afinal sou um dos recém-chegados — estou aqui há 3 anos. Nunca fui Parlamentarantes. Mas devo dizer a V.Exa. que fico bastante bem impressionado pela forma como V.Exa.tem conduzido — por duas vezes, nas quais estive presente — a Presidência desta Comissão.Nesses 3 anos que aqui estou, no período de Natal temos tido dificuldades, sim, de obterquorum por conta do calor das festas de final de ano, e assim por diante.

Faço aqui um apelo para que se proceda à retirada do relatório do Senador JoãoRibeiro. Isso não apenas porque houve, Relator, interesse do Ministro do Planejamento depriorizar um tipo de programa em detrimento de outro. Acontece que há o interesse do Governoem unificar todos os cadastros dos programas sociais do Governo em um só. Portanto, é claroque há a prioridade, inclusive financeira, também para que determinado tipo de programapossa assumir os demais cadastros de Ministérios distintos determinados para programasafins.

Assim sendo, peço que coloquemos, Sr. Presidente, de imediato em votação o relatóriodo Senador Romero Jucá, e que se consulte o Plenário quanto a se proceder à votação de umsegundo relatório. No meu entendimento, poderíamos iniciar o debate e avançar na votação dorelatório da Educação, que já está pronto e é do conhecimento de todos.

Há quorum e entendimento no sentido de que poderíamos proceder a 2 relatórios. Jáestamos no segundo dia de debate, amanhã é quinta-feira, há pessoas que com certezagostariam de passar o reveillon em suas casas, há o problema de passagens. Há tudo isso.Acho que poderíamos ganhar tempo se procedêssemos dessa forma, Sr. Presidente.

Só queria fazer mais um apelo no sentido de que o Senador João Ribeiro não ficasseconstrangido com essa fórmula, porque há o entendimento do Governo de unificar, sim, todosos programas sociais em um cadastro único. E não é uma questão de apenas ficar aqui dizendoque o programa “a” ou o programa “b” é ou não meritório de atendimento.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado RafaelGuerra.

O SR. DEPUTADO RAFAEL GUERRA - Sr. Presidente, o Senador Sibá Machado équase aqui uma voz que clama no deserto, porque não há quase ninguém da base do Governono plenário. Mas acho que ele está fazendo um esforço meritório. É meritório o seu esforço.

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Mas quero me associar ao que disse a Deputado Rose de Freitas exatamente no sentido de queo Governo não faz nenhuma força para aprovar este Orçamento e quer transferir a culpa para oCongresso Nacional.

Aqui estamos à disposição para trabalhar, à disposição para discutir e avançar.Cumprimento também o Senador João Ribeiro pela atitude corretíssima que teve de se

dispor a rever o relatório que apresentou, considerando as ponderações que recebeu doPlenário. Gostaria que este cumprimento fosse registrado na ata da nossa reunião.

Muito obrigado, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado Ricardo

Barros.O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - Sr. Presidente, gostaria de ouvir o Relator

Romero Jucá, porque houve grande reação do Plenário ao volume de recursos aplicados nasComissões. Caso o Senador Romero Jucá tenha revisto essas questões, poderíamoseventualmente avançar na votação. Se não as reviu, é melhor abrir a leitura de outro relatório,porque vamos perder tempo aqui. Se não reviu o seu relatório, não temos quorum paradeliberar no voto, e vai cair a sessão.

Faço esta observação preliminar para que não iniciemos uma matéria sem que apossamos resolver com a votação.

A Senadora Lúcia Vânia está presente, e outros companheiros que aqui estão poderiampelo menos ler seus relatórios ainda hoje.

O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO - Pela ordem, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Pela ordem, tem a palavra o

Senador Arthur Virgílio.O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO - Sr. Presidente, o Deputado Rafael Guerra foi

extremamente oportuno — e aliás é esta a praxe do exercício do seu mandato parlamentar —primeiro ao reconhecer o valor do Senador Sibá Machado, que não é o único representante dabase do Governo aqui presente, pois pelo Senado está a Senadora Serys e o Vice-Líder doGoverno, Senador Romero Jucá. Tem muita gente cumprindo o seu dever. O fato é que oGoverno não tem maioria para aprovar coisa alguma aqui.

Segundo, tem sido comum, tem sido recorrente na imprensa a tentativa do Governo,pelas vias que tem e conhece, de tentar jogar a Oposição contra a opinião pública, dando aentender que a Oposição não quer aprovar o Orçamento, quando estamos vendo que osrelatórios setoriais não estavam prontos para ser aprovados. E isso não é culpa de ninguém daOposição, e sim da desarticulação do Governo.

Desfeito esse “mal-entendido”, entre aspas, porque na verdade há má-fé na história,vemos um Governo desinteressado ou incapaz de se articular para aprovar o Orçamento. Essaé a verdade. Desinteressado de aprovar o Orçamento, o que seria o cúmulo dairresponsabilidade, ou, por outro lado, incapacitado para aprová-lo de maneira condigna.Enfim, desfeito tudo isso, esse mal-entendido, ou má-fé, gostaria aqui de pontuar odescontentamento da Oposição.

Estamos aqui carregando piano, colaborando, ajudando e ainda por cima sendo vítimasde futricas. Não pense a Ministra Dilma Rousseff, que parece um elefante transitando por umacasa de louça — é exatamente assim que a vejo quando fala de política — que vai fazerguerrilha contra a Oposição. Não é hora disso. É hora de se fazer política com cuidado. AMinistra disse que é um absurdo a Oposição não ter permitido a votação do Orçamento. S.Exa.não está lá para mentir. Está lá para cumprir o papel de controle de um Governo que não temobras para apresentar à sociedade. Isso é fato. Não está lá para fazer jogo de intrigas com aOposição.

Sentimos no ar um quadro de desarticulação. O Senador José Agripino contou-mesobre seus contatos com o Executivo. O quadro é de desarticulação. Tem-se a impressão deque todos, ao falarem com qualquer pessoa da Oposição, querem se desobrigar. Prometemqualquer coisa, mundos e fundos, e não têm compromisso de fazer as coisas acontecerem paravaler. Parece uma casa fantasma. Tenho a impressão de que se um menino for hoje ao Palácio

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do Planalto tomará um susto. Aparecerá um fantasma puxando sua perna. É algo muitocomplicado.

A situação é grave. O quadro é de acefalia, falta de comando, de liderança. E isso sereflete aqui. A bravura do Senador Sibá Machado não me surpreende. S.Exa. é assim o tempotodo. A coerência da Senadora Serys Slhessarenko também não me surpreende, assim como aaplicação do Senador Romero Jucá. Estou surpreso é com a ausência de uma articulação quedê a tão valorosos colegas, e tão valiosos para um Governo que não sabe aproveitá-los, osinstrumentos necessários para que aqui possam trabalhar. Tem de haver presença maciça dabase de apoio.

Chega dessa menoridade eterna, Sr. Presidente. Chega de dizerem que a Oposição nãoestá ajudando. A Oposição tem a obrigação de cobrir os erros do Governo? Este Governo temde completar 18, 21 anos. Tem de saber que não se pode dirigir automóvel embriagado. Tem deter a absoluta noção de que é maior de idade. Senão, não estaria governando o País. Foi eleitopara governar a Nação com maturidade. Não foi eleito para se colocar sob as asas da Oposição,que supostamente teria a obrigação de, em nome da governabilidade, fazer tudo pelo Governo,inclusive aprovar as peças orçamentárias, os relatórios setoriais sem lê-los, fazendo das tripascoração para perdoar um erro aqui e outro mais grave acolá.

Sr. Presidente, a Nação está nos observando. É hora de vermos quem está cumprindocom seu dever e quem não está. Estamos aqui discutindo questões técnicas. Ainda há poucoabordei o Deputado Carlito Merss, que prontamente me acudiu. Estamos estudandotecnicamente uma forma de não inflar um programa, que pode virar eleitoreiro e prejudicar oque precisa dar certo, como, por exemplo, a erradicação do trabalho infantil. Colocamos issocomo clara condição para se votar o Orçamento. Isso foi exposto com toda clareza.

Ao lermos os demais relatórios, constataremos problemas. E quando alguém solicita aleitura do relatório por inteiro, parece tratar-se de absurda exigência, parece que estamosquerendo impedir a votação do Orçamento. Só falta nos pedirem que não leiamos o relatório efaçamos aquele senta e levanta automático. Isso não é possível!

O Governo não está cumprindo com o seu dever de zelar pela principal peça deelaboração legislativa, o Orçamento. Os ingleses dizem que podem votar o orçamento e fechar acasa. Na América do Sul, não podemos arriscar. Votamos e mantemos a Casa aberta, apesar dealguns desejarem vê-la fechada. Mas não queremos isso. Queremos a Casa aberta, sim.

Sr. Presidente, se o Orçamento, que é a principal peça do Legislativo, é tratado dessaforma pelo Governo, imaginem então como não devem tratar os detalhes. E dizem que o diabomora nos detalhes, não nas coisas grandes. Repito: se para o Orçamento, questãofundamental, essencial para o êxito do próprio Governo, o tratamento dispensado é esse,desinteresse e incompetência — o Governo é competente para plantar notinhas, mas não paracuidar de votar o Orçamento, manter conversa mais coerente conosco, e desampara os seus —,imaginem como não estão sendo tratados os detalhes da administração, que é feita depequenas obras. São as pequenas obras, dizia Franco Montoro, que fazem um grande Governo.Não é só a grandiloqüência.

Sr. Presidente, gostaria, então, de me associar às palavras do Deputado Rafael Guerra edizer que estamos atentos, sem gostar nem um pouco do que estamos vendo. Entendemos quea cada dia há um quadro mais confuso; nem o Dr. Pangloss seria capaz de ver com otimismoesse quadro que estamos vendo.

O Ministro Palocci, meu prezado amigo, saca 5% — não sei de onde tirou. E oPresidente Lula garante que o próximo ano será de alto crescimento; não sei em que se estriba.Inclusive, já o lancei para o Prêmio Nobel de Economia. Quem sou eu para dizer que nãocrescerá tanto, se o Presidente Lula diz que isso acontecerá? Quem sou eu? Quem é o IPEA, dopróprio Ministério da Fazenda, que diz que não haverá esse crescimento, se o Presidente Luladiz que o País crescerá?

Ou seja, está hora de pensarmos menos nessa tal reeleição e mais nos fatossubstantivos desse dia-a-dia da gestão da máquina pública e de tocar as coisas do Brasil comresponsabilidade. Estamos fazendo nossa parte e nos ressentimos de ver um deserto nas

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hostes do Governo. Repito Cazuza: “Termino vivendo sempre da caridade de quem me detesta”.Essa frase está ficando imortal.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Temos de votar os destaques.O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que limite o

tempo. Não é possível ficarmos aqui ouvindo as mesmas coisas a tarde toda, sem uma decisão.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Concederei a palavra por apenas 3

minutos.Concedo a palavra à Deputada Laura Carneiro.A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Sr. Presidente, quero registrar que, para

mim, é absolutamente nítido que o Governo não tem interesse em votar o Orçamento.(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Base, onde? V.Exa. deve estar vendo a base

errada, porque não estou vendo. Há 3 Deputados do PT.O SR. DEPUTADO WASNY DE ROURE - Deputada Laura Carneiro, o Relator da

Educação está aqui para ler o relatório.A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Não estou debatendo. Deixe-me terminar de

falar, por favor, Deputado Wasny de Roure. É simples. Não vamos verificar voto, porquequeremos votar os destaques. Se fôssemos verificar o quorum, a reunião cairia agora. Quando oGoverno quer votar, vem. Basta para deixar claro que o Governo não quer votar o Orçamento.

V.Exa. precisa responder a minha questão de ordem, porque estou no seguinte dilema:não posso deixar de votar alguns relatórios. Como posso apresentar uma emenda a umprograma de PPA que não existe? Quando apresentei as emendas da bancada do Rio deJaneiro, tive de também apresentar emendas ao PPA. Ora, sem o PPA, não posso apresentaremendas ao Orçamento, se não posso votá-las. Se não posso votá-las, não posso votar orelatório setorial, antes de votar o PPA.

Sr. Presidente, sugiro, então, que o Senador Sibá, que é afinal o nosso Relator do PPA,apresente seu relatório, quem sabe hoje à noite, logo depois da votação dos nossos destaquesna Agricultura. Quem sabe, poderíamos, depois disso, votar o PPA, porque é absolutamenteabsurdo votarmos o Orçamento antes de votar as modificações do PPA. Não consigo imaginarcomo alguém pode emendar algo que não existe.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Logo depois dos destaques,votaremos o PPA.

O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Sr. Presidente, o PTB está convocado a estaraqui como todos os outros Deputados. Falamos em nome do nosso partido, que está prontopara votar. No entanto, há uma clara nitidez nesse processo no sentido de que realmente oGoverno não quer votar. O Governo não se faz presente, não coloca os Deputados para votar.

Gostaria, portanto, de fazer uma sugestão de encaminhamento: se possível, emhomenagem ao nosso Senador Romero Jucá, que fez todo o esforço para votar seu relatório — oque já fizemos, faltando apenas os destaques —, se os presentes quiserem votar essesdestaques, que o façamos. Posteriormente, V.Exa. pode marcar outro dia para voltarmos aqui,dia 10 ou dia 16.

A SRA. DEPUTADA LAURA CARNEIRO - Pelo menos dia 10.O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Desculpem-me, mas não é possível que

continuemos fazendo papel de palhaço. Estamos aqui fazendo um papel que não convém.Aliás, de palhaço, não, de idiotas, porque a profissão do palhaço é nobre. Estamos fazendopapel de idiotas: meia dúzia de Deputados e Senadores fingindo que estão trabalhando,participam de um debate absolutamente improdutivo, em que não se vê nenhumapossibilidade de resolver a questão mais importante, que é a votação do Orçamento.

Solicito a V.Exa., Sr. Presidente, que decida o que faremos agora. Se é para votarmosos destaques do relatório do Senador Romero Jucá, até em homenagem a S.Exa., que assimfaçamos e que depois V.Exa. encerre esta reunião e convoque outra para 10, 15 de janeiro ou odia que achar necessário. V.Exa. é o Presidente, estamos prontos para atendê-lo. Por que não

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atender ao anseio do Governo? O Executivo não quer que votemos. Então, vamos terminar aapreciação deste relatório e ir embora.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Deputado Jovair Arantes,votaremos os destaque tão logo o Deputado Roberto Freire faça uso da palavra.

O SR. DEPUTADO ROBERTO FREIRE - Sr. Presidente, serei breve. Quero apenas fazeralgumas considerações para que não fiquem imaginando que estamos aqui fazendo jogo decena.

Há, politicamente, clara decisão do Governo de que a peça orçamentária édesnecessária. O Governo já resolveu seu problema de gastos, por sinal completamentealeatórios, à vontade, obedecendo aos critérios da sua incompetência e de eleitoralismo. Hásuperávit. A arrecadação foi maior do que a esperada. Restos a pagar vão resolver o problemado Governo, pelo menos no primeiro semestre de 2006. Isto aqui pode continuar sendo umapeça de fixação.

O mais grave é que estamos vendo operações de emergência para livrar um Governo quenão investiu, por conta de sua política, de sua incompetência, em obras de infra-estrutura, quecomprovadamente frauda licitações, para que não precise nem mais fraudar — é desnecessáriofazer licitações. Pode fazer investimento com os recursos disponíveis sem nenhuma licitação.

Vemos aqui dignos representantes do Governo, mas, politicamente, este entende que avotação do Orçamento é completamente desnecessária.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Senador FlexaRibeiro. Solicito a S.Exa. que seja breve.

O SR. SENADOR FLEXA RIBEIRO - Sr. Presidente, estou solicitando a palavra aV.Exa. já há algum tempo para dizer o que o Deputado Roberto Freire acaba de expor. Estamosaqui para trabalhar. O Congresso foi convocado para votar, a Oposição está presente, e oGoverno não se empenha para colocar aqui seus Deputados e Senadores para aprovar aquiloque não quer que seja aprovado. Por quê? Porque já foi atendido com créditos suplementarespara fazer frente às suas necessidades. Os jornais de hoje dizem isso. O Ministro PauloBernardo disse que já dispõe de recursos para gastar nos 6 próximos meses os 13 bilhões queforam empenhados. Portanto, estamos aqui encenando uma peça sem fim, pelo menos nospróximos meses.

Parabenizo o Senador João Ribeiro e a Senadora Lúcia Vânia. Aquele, por ter retiradoseu relatório para revisá-lo, e a Senadora, por defender programa da maior importância.

Diferentemente do que disse o Senador Sibá Machado, a intenção do Governo não éunificar as ações sociais. Segundo a Senadora Lúcia Vânia, as famílias atendidas peloPrograma Bolsa-Família podem não ser atendidas pelo Programa de Erradicação do TrabalhoInfantil. São 2 programas completamente distintos, como aqui foi dito. O segundo atua nalinha do desenvolvimento humano, e o primeiro é apenas eleitoreiro. O que o Governo quer éusar o Bolsa-Família ao longo do processo eleitoral do ano que vem.

É bom que se diga que não somos contra o Bolsa-Família, e sim, a custo de nada, denenhum esforço da família, dar recursos para que esta sobreviva, e não meios para que possaprogredir como ser humano. Temos de dar recursos de forma emergencial, mas tambémdevemos incentivar a geração de emprego e renda e a qualificação profissional, para que oschefe de família, ou as chefes, possam sustentar os seus.

Sr. Presidente, decida, como Presidente, que votemos o destaque amanhã ou sexta-feira, para que possamos realmente discutir com profundidade a aprovação deste Orçamento,que para nós, lamentavelmente, é uma peça de ficção.

Quero que fique registrado também, Sr. Presidente, que, como disse o Senador ArthurVirgílio, que não votará o Orçamento se não for atendido o Estado do Amazonas, eu também,regimentalmente, não votarei o Orçamento se não for atendido o Estado do Pará. O Presidentediz que o seu Governo não discrimina Municípios, mas discrimina, sim. Discrimina Municípiose Estados, porque o meu Estado do Pará há 3 anos não recebe recursos federais.

A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Sr. Presidente, brevemente, até para ajudar,quero mais uma vez deixar registrado tudo o que eu queria discutir em relação a esse relatório,

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que diz respeito à política de arrocho fiscal, à política de libertinagem financeira eleitoralista.Isso é o que se está discutindo. São 3 anos de arrocho, portanto de irresponsabilidade fiscal, deirresponsabilidade social, de irresponsabilidade administrativa. O Governo, claramente,aprofundou a política de direita iniciada pelo Governo Fernando Henrique.

Quero deixar absolutamente claro que estou aqui para votar. Todos sabem que vouvotar “não” a essa proposta orçamentária, que legitima a verborragia da patifaria neoliberal,joga praticamente quase 900 bilhões de reais para fazer o jogo dos parasitas sem pátria com arolagem da dívida. Estou aqui hoje e estarei amanhã e depois de amanhã obrigatoriamentecumprindo a minha obrigação constitucional. Se quiserem votar hoje até meia-noite ou 2h damanhã, não há problema. Vou estar aqui para votar hoje, amanhã, sexta-feira. Pode ser nosábado também.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Vamos votar agora os destaques.O SR. DEPUTADO WASNY DE ROURE - Sr. Presidente, permita-me fazer um rápido

registro. Estou há mais ou menos meia hora tentando falar. Ouvi a todos atentamente.Vejam bem, se o Orçamento é obra de ficção, não haveria tantas emendas como houve

este ano. Não haveria também apoio absoluto nas sessões, que têm tido quorum e estãofuncionando. Não é porque em determinado momento ausentou-se esse ou aquele Parlamentarque vamos ter os interesses do País, que são maiores que o Presidente Lula, absolutamentedesconhecidos: salário mínimo, tabela de Imposto de Renda, todo o custeio da máquina eprincipalmente a proposta de política de reajuste do servidor público.

Não adianta querermos defender servidor público sem o novo Orçamento. São homens emulheres da maior experiência, pessoas da maior respeitabilidade em quem o País confiou etem confiado. Não podemos, apesar dessa ou daquela divergência, comprometer a peçafundamental do funcionamento do Estado.

Sr. Presidente, que sou Relator da Área da Educação e quero ler o segundo relatórioapresentado à Comissão. Espero que seja respeitado o nosso esforço e o da ConsultoriaLegislativa, que é bastante competente.

Faço um apelo aos nobres colegas Parlamentares, que tanto honram o País, que de fatosaiam do discurso e viabilizem a aprovação do Orçamento.

Muito obrigado.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Relator, Senador

Romero Jucá.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, a área

de agricultura e reforma agrária recebeu 59 destaques: 27, para ampliar as emendas deComissão; 28, para ampliar as emendas de bancada — 2 destaques foram prejudicados porquenão diziam respeito ao meu relatório setorial, e portanto, eu não podia dar-lhes parecer.

O que fizemos, Sr. Presidente? Tendo em vista os reclamos dos Parlamentares e dasbancadas, em reunião com o Relator-Setorial, montamos uma estratégia que visa fortalecer asemendas de bancada. Posteriormente, quando houver mais recursos, o Relator-Setorial iráatender as emendas de Comissão, as emendas de políticas nacionais.

O que fiz então? Apresentei 6 destaques supressivos para diminuir recursos dasComissões e os acresci em quase todas as emendas, exceto 7 delas, porque não houvedestaques a essas emendas de bancada. Mesmo assim, estou fazendo indicação ao Relator-Geral para a supressão. Vamos ampliar as emendas de bancada em mais 3 milhões de reais,representando um total de 57 milhões reais, retirados das emendas de Comissão. Como retireiesses recursos? Diminuí em 24 milhões a verba de mecanização, mas não mexemos nosrecursos da defesa animal. No restante das emendas de Comissão, cortamosproporcionalmente para ampliar as emendas de bancada.

É a proposição que apresentamos por escrito. Quero alertar os colegas Parlamentarespara destaques que receberam menos de 3 milhões de reais. Neste caso, para a mesmaemenda, apareceram dois ou mais destaques. Em vez de atender apenas um e rejeitar o outro,dividi os 3 milhões de reais pelo número de emendas. Há casos de emendas de bancada comquatro destaques. Então, para ser equânime, cada destaque vai ser atendido em 750 mil reais.

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Na minha proposta, rejeito os destaques que ampliam os recursos das emendas deComissão. São os Destaques nºs 55, 8, 40, 39, 9, 10, 38, 22, 43, 37, 11, 56, 41, 21, 17, 12, 30,18, 31, 26, 54, 16, 52, 58, 42, 19 e 53; aprovo parcialmente os Destaques nºs 5, 6, 7, 36, 50,20, 13, 32, 4, 23, 25, 14, 1, 24, 57, 15, 33, 34, 28, 29, 48, 49, 51, 3, 2, 47, 46 e 35; econsidero inadmitidos, por se tratar de destaques a emendas que não fazem parte do meurelatório, os Destaques nºs 45 e 44.

É o relatório, Sr. Presidente.O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - Sr. Presidente, solicito a distribuição do voto

do Relator. Sem o voto de S.Exa. não teremos condições de avaliar o que foi rejeitado.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Já pedi para ser distribuído.Com a palavra o Deputado Pedro Novais.O SR. DEPUTADO PEDRO NOVAIS - Sr. Presidente, a alteração que o Senador Romero

Jucá está propondo pode ser aceita pela Comissão independentemente de serem analisadosum a um os destaques, desde que S.Exa. distribuía ao Plenário a errata do que acabou de ler.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - É o parecer sobre os destaques.O SR. DEPUTADO PEDRO NOVAIS - Errata ou adendo, parecer não pode ser.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Parecer sobre os destaques.O SR. DEPUTADO PEDRO NOVAIS - Não pode ser. Pode ser uma correção, tendo em

vista os pareceres, os destaques, mas essa nomenclatura de parecer sobre o destaque em globodessa forma não pode ser aceita.

Sr. Presidente, desde que seja distribuída, V.Exa. poderá colocar em votação a alteraçãoproposta pelo Relator. Passaríamos a votação, onde os destaques ficariam prejudicados.

É a minha sugestão.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Deputado Pedro Novais, assim será

feito. Aguardo apenas o término da impressão para distribuir à Comissão.Com a palavra o Deputado José Rocha.O SR. DEPUTADO JOSÉ ROCHA - Sr. Presidente, quero discordar do ilustre Relator

Senador Romero Jucá quando faz a equalização de maneira horizontal. Faz S.Exa. umremanejamento igualitário para todas as bancadas, como, por exemplo, a bancada de Roraimaficar com 7 milhões de reais e a da Bahia, com 6 milhões. Não consigo entender o porquê dessadistribuição horizontalizada para as bancadas. Penso que a Bahia merece pelo menos o mesmovalor obtido no Orçamento passado.

Ademais, Sr. Presidente, discutimos um Orçamento que, na verdade, é aprovado emdois tempos. Estamos no primeiro tempo; no segundo tempo, o Governo, a ser disputado nofinal de 2006, não irá gastar naquilo que não tem interesse e, de outro lado, gastar naquilo quetem interesse. No final do ano de 2006, enviará a esta Casa os créditos suplementaresespeciais, na verdade, um novo Orçamento, que iremos aprovar nos últimos dias do próximoano a fim de satisfazer os interesses do próprio Governo.

Desde já quero registrar minha discordância em relação ao remanejamento propostopelo Sr. Relator, o ilustre Senador Romero Jucá.

O SR. DEPUTADO MILTON MONTI - Sr. Presidente, primeiramente, querocumprimentar o Relator Senador Romero Jucá, a quem peço um esclarecimento. Não sei seentendi bem sobre a origem dos recursos a serem adicionados nas emendas de bancada. Faloaqui como coordenador da bancada de São Paulo. As bancadas, de acordo com o que ouvi norelatório inicial, receberiam algo perto de 4 milhões de reais. Mencionou S.Exa. a quantidadede destaques.

Como não entendi bem, solicito ao Relator esclarecimentos.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Houve dois tipos de destaques: primeiro, para

aumentar recursos das bancadas estaduais, que estão sendo atendidos parcialmente, commais 3 milhões de reais para cada emenda; segundo, destaques para aumentar recursos dasemendas de Comissão, que estão sendo rejeitados.

Tive, realmente, de retirar recursos de emendas de Comissão para atender destaques deemendas de bancada.

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O SR. DEPUTADO MILTON MONTI - Significa dizer que os destaques às emendas debancada serão atendidos no valor de 3 milhões?

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Três milhões para cada emenda.O SR. DEPUTADO MILTON MONTI - Para cada bancada?O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Para cada emenda.O SR. DEPUTADO MILTON MONTI - Para cada emenda?O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Para cada emenda de cada bancada.O SR. DEPUTADO MILTON MONTI - Muito obrigado.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado Gilmar

Machado.O SR. DEPUTADO BETINHO ROSADO - Sr. Presidente, somente para pedir um

esclarecimento ao Relator.Pelo que entendi, respondendo à pergunta do Deputado que me antecedeu, o Relator

disse que havia cancelado as emendas de Comissão.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Cancelado não, diminuído.O SR. DEPUTADO BETINHO ROSADO - Diminuído. Poderíamos saber quais emendas

de Comissão diminuíram de valor para que se aumentasse o valor das emendas de bancadasestaduais?

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Nobre Deputado, logo mais seráexplicitado, quando começarmos a discutir os destaques.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Mas posso rapidamente explicar ao Deputado.Fizemos o seguinte para criar o banco de fontes da necessidade de 57 milhões: retiramos 24milhões da emenda de mecanização agrícola, porque das políticas públicas era a mais dispersa,vamos dizer assim. Não mexemos nos recursos para erradicação da febre aftosa; não fizemosnenhum corte na verba para defesa animal. Nas outras emendas, fizemos um corteproporcional para completar os 57 milhões a fim de atender as bancadas, para que nãohouvesse nenhum tipo de prejuízo. Na verdade, uma foi muito prejudicada, a de mecanização.As outras tiveram cortes de 22%, mas a de defesa animal não sofreu nenhum corte porlevarmos em conta a situação emergencial do País.

Foi o critério utilizado.O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Sr. Presidente, pela ordem.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado Ronaldo

Dimas.O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Sr. Relator, antes havia uma emenda que

atendia a EMBRAPA com 30 milhões de reais. É isso?O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - A emenda da EMBRAPA foi reduzida em 22%.

Como não houve aporte de recursos e não existe mágica, solicitei ao Relator-Geral queassumisse o compromisso de recompor no relatório geral as emendas relacionadas compolíticas públicas prioritárias. A EMBRAPA é um desses casos. Ela está explicitamente citada.

O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Estamos de acordo.O SR. DEPUTADO WALDEMIR MOKA - Sr. Presidente, concordo com o critério

utilizado pelo Senador Romero Jucá. Ao retirar recursos da motomecanização, ou patrulhamotomecanizada, para atender as bancadas estaduais, evidentemente S.Exa. irá atendertambém as bancadas estaduais quando reivindicarem a patrulha mecanizada. Isto sim é umprograma nacional, e o Relator-Geral, mais na frente, poderá ampliar esse atendimento. Nãotenho dúvida disso.

Em relação à EMBRAPA, empresa prestadora de serviços, posso afirmar que o Brasil sódeu um salto no agronegócio em função da dedicação e do avanço dessa empresa, sobretudoem pesquisa. A meu ver, é fundamental não só rever os recursos da EMBRAPA como aumentá-los.

Insisto, mais uma vez, Sr. Presidente, em relação à emenda da Comissão da Agriculturaque pede mais recursos, indeferida agora pelo Relator, a quem respeito, que a vigilância

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sanitária é um problema muito sério — 67 milhões de reais é muito pouco, é irrisório, aindamais se esse valor for dividido por 27 Estados.

A responsabilidade da vigilância sanitária é do Governo Federal. Temos que ficaratentos. Por isso o Brasil teve enorme prejuízo com o ataque violento à soja pela ferrugem, semesquecer da febre aftosa. Há necessidade de estruturar melhor esse serviço de fiscalização, erecursos da ordem de 67 milhões de reais não serão suficientes. Ouso dizer que cerca de 200milhões de reais seria o mínimo que se pode ter para garantir um programa eficiente defiscalização.

Chamo atenção para essa necessidade. Estou preocupado, sim, com um segmentoimportante que traz muitos dividendos para este País. Represento a Comissão de Agriculturada Câmara dos Deputados e falo com autoridade de quem, mesmo não sendo produtor rural,sempre defendeu esse segmento de fundamental importância para o País.

O SR. DEPUTADO JOVAIR ARANTES - Quero ainda lembrar, Sr. Presidente,avançando na direção do que foi acordado pelo Senador Romero Jucá, que continua adistorção quanto àquela questão do Senado e da Câmara. Ou seja, mesmo retirando, Senador,os 24 milhões da patrulha mecanizável, para redistribuí-los entre os Estados, o que considerouma atitude absolutamente coerente, ainda assim restam 67 milhões de reais destinados àsemendas apresentadas pelo Senado e R$33 milhões pela Câmara, mais que o dobro deatendimento ao Senado em relação à Câmara.

Quero fazer este registro, apesar da alteração proposta por V.Exa. no que diz respeito àpatrulha mecanizável, e que, em momento algum, considerei como algo ilícito; ao contrário,fiquei sim, durante todo esse período, vigilante, buscando um certo equilíbrio entre o SenadoFederal e a Câmara dos Deputados. Não concordo com o valor de 67 milhões de reais para asemendas do Senado e 33 milhões para as da Câmara.

V.Exa. há de convir que houve um desequilíbrio de mais de 50% a favor do Senado.Ainda não recebi o relatório — pedi uma cópia, mas até agora não chegou às minhas mãos —,mas, de plano, digo que o PTB vai votar com V.Exa. Quero parabenizá-lo pela atitude nobre aofazer essa correção, mesmo fazendo o registro da diferença que ainda permanece entre Senadoe Câmara.

O SR. DEPUTADO ZONTA - Sr. Presidente, Sr. Relator, gostaria apenas de memanifestar sobre a emenda da Comissão de Agricultura, já discutida e defendida peloDeputado Waldemir Moka, naquilo que se refere à defesa agropecuária, à vigilância sanitáriaanimal e vegetal.

Aqui, aliás, nossa credibilidade internacional foi para o espaço, e não foi por falta deavisos, mas por falta de estrutura e de definição de prioridades. Apenas nós, na Câmara,fizemos 18 pronunciamentos sobre o assunto, além de 11 requerimentos de convocação deMinistros em 2003, 2004 e 2005.

Não se faz defesa sem dinheiro e sem recursos técnicos. E faltaram recursos técnicos edinheiro. Deu no que deu: focos de febre aftosa no Rio Grande do Sul, suspeitas no Paraná e 8Estados brasileiros não podem exportar, um prejuízo vultoso.

Atingimos o ápice da crise agora, a ponto de a Rússia, que compra 80% das carnessuínas brasileiras, dizer à Comissão Técnica do Ministério da Agricultura que lá esteve que nãodá mais para acreditar na Defesa Sanitária Animal e Vegetal do Brasil.

Se formos aprovar um Orçamento que já veio debilitado do Governo Federal e não oaumentarmos de acordo com a emenda, mais uma vez iremos ratificar o testemunho de que adefesa sanitária animal e vegetal não é prioridade no Brasil. A importância do agronegócio éfundamentada em números, e é o agronegócio que tem mantido o superávit da nossa balançacomercial.

O Brasil não cresceu este ano porque 21 bilhões de reais deixaram de ser faturados peloagronegócio. Isso ocorreu fruto de diversas conseqüências, e uma delas foi a queda daexportação de carnes. Vamos perder a liderança da exportação de carnes.

Por isso faço um apelo veemente ao Sr. Relator: que S.Exa. aceite a emenda daComissão de Agricultura da Câmara dos Deputados que prevê 200 milhões de reais para essa

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atividade. Temos de direcionar tudo o que pudermos de recursos, Senador Jucá, parasuplementar a Defesa Sanitária Animal e Vegetal. É uma questão de soberania nacional, umaquestão de sobrevivência do agronegócio, setor importantíssimo para o País.

Obrigado.O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO - Sr. Presidente, levando em conta a falta de

consenso e o que determinam os arts. 28 e 29, § 2º, do Regimento Comum, peço, amparadoainda na proposta do Senadores Heráclito Fortes, Lúcia Vânia e Romeu Tuma, a suspensão dareunião. Se V.Exa. nos convocar para vir aqui amanhã, poderemos continuar a votação demaneira mais coerente com os interesses do País.

O SR. DEPUTADO GILMAR MACHADO - Pela ordem, Sr. PresidenteO SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO - Solicito o encerramento desta reunião.O SENADOR HERÁCLITO FORTES - Sr. Presidente, pela Liderança do PFL.O SR. DEPUTADO GILMAR MACHADO - Pela ordem, Sr. Presidente. Mais uma vez,

quero fazer um apelo ao Senador Arthur Virgílio. Sabe S.Exa. muito bem que fizemos umentendimento sobre o procedimento dos trabalhos desta semana e que estamos tentandocumprir o que foi acordado.

O Orçamento vem sendo discutido e os relatórios foram entregues dentro do prazo.Todos têm cópia do relatório desde a semana passada. Os relatórios parciais já tinham sidoentregues. Durante toda esta semana debatemos o Orçamento. Foi pedida a leitura integral, eassim foi feito. O Senador Arthur Virgílio já foi Líder do Governo no Congresso e sabe como sãodiscutidos os Orçamentos. Nós, quando integrávamos a Oposição, nunca pedimos a leituraintegral, nem obstruímos a votação do Orçamento da forma como vem sendo feita aqui.

É bom que o País saiba a forma como trabalhamos. Não tem problema. Não há nenhumproblema em relação a isso. Estamos aqui e queremos votar. Se não for possível votar agora,não há problema. Tem que ter quorum para que isso ocorra. O Senador Arthur Virgílio já foiLíder e sabe como se comportar, mas se S.Exa. quer dessa forma, se esta é a forma de o PSDBe o PFL tratarem a questão não há nenhuma dificuldade.

Queremos votar e estamos prontos para votar. V.Exa. diz que vai seguir o Regimento,mas, em momento algum, nós, da base, pedimos que o Regimento fosse modificado. Semprecontribuímos e o Orçamento sempre foi votado. No Governo anterior, inclusive sem quorum,mas estávamos aqui, votamos porque era importante para o País. O Senador Arthur Virgíliosabe muito bem disso. Mas não vamos aqui, em momento algum e em hipótese alguma, pedirque o Regimento não seja cumprido. Nunca fizemos isso e não vai ser agora que iremos fazer.

A base do Governo está aqui. Se o Presidente quiser pode colocar em votação; agora, senão quiser votar, não haverá dificuldade, cada um assuma a sua responsabilidade no processo.

Quero dizer, Sr. Presidente, mais uma vez, que iremos cumprir integralmente o queestabelece o Regimento. No nosso entendimento, há quorum. Temos de continuar. Se não há,que V.Exa. cumpra o Regimento e faça exatamente aquilo que deve ser feito.

Nós, em nenhum momento, vamos pedir para que o Regimento não seja cumprido.Nunca fizemos isso. No Governo anterior, ajudamos, sim, muitas vezes. Votamos inclusive semquorum. Neste Governo, a Comissão Representativa funciona com quorum, como temos feitoaqui, tudo vem sendo votado com quorum. Queremos trabalhar porque temos responsabilidadecom o País. O Orçamento, quero lembrar, não é uma peça para este ou para qualquer Governo,ele é uma peça de Estado. Temos que ser responsáveis, para que, depois, não cobremtransferências de Estados e Municípios, que, todos sabem, dependem do Orçamento, assimcomo os vencimentos dos servidores públicos, o salário mínimo e tudo mais.

Estamos aqui, vamos continuar discutindo e cumprindo o Regimento. Não vamos pedirnada fora do Regimento, pode ter certeza, Senador Arthur Virgílio. Hoje, o País vê a forma comoa Oposição trabalha e como trabalhava anteriormente.

Estamos, Sr. Presidente, à disposição, e o que V.Exa. determinar vamos seguir.O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO - Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Senador Arthur Virgílio.

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O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO - Sr. Presidente, o País está vendo mesmo 3pessoas do PT apenas representando a bancada senatorial. O País está vendo mesmo. O Paísestá vendo desde a fraude no Bolsa-Família até se tirar dinheiro da erradicação do trabalhoinfantil para o tal Bolsa-Família, o carro-chefe eleitoreiro deste Governo. O País está vendo odesinteresse do Governo, que talvez ache que tendo feito bastante empenho não precise deOrçamento nenhum, que possa viver de duodécimo.

O Governo não sabe o que é viver sem Orçamento. Do modo como o PT fala parece queera um anjo de candura no Governo passado. Tenho o maior apreço e o maior carinho peloDeputado Gilmar Machado, mas já estou pedindo ao futuro Presidente, se for do meu partido,que não venha com a história de me nomear líder de governo nenhum. Já dei a minha cota,chega!

Agradeço, mas recuso essa nomeação antecipada para liderança de governo — a não serque seja a Senadora Heloísa Helena. (Risos.)

Sr. Presidente, o que tem de verdade aqui: o Senador Heráclito, o Deputado RobertoFreire e eu computamos as presenças da Senadora Serys, do Senador Sibá e do SenadorRomero Jucá, 3 pessoas.

(Não Identificado) - Não, tem mais.O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO - É da base do Governo, é Vice-Líder e está aqui

cumprindo seu dever. Assim, chegamos à conclusão de que seria ilegítimo isso. Portanto, não cabe, Deputado Gilmar, não cabe mesmo, a não ser que a gente queira

sair para o jogo da chicana, que não é do seu feitio, nem é do meu, mas não cabe dizer a Naçãoestá vendo. A Nação está vendo, sim, o absenteísmo de uma bancada; está vendo, sim, odesinteresse do Governo; a Nação está vendo, sim, um Orçamento votado às pressas, umOrçamento votado às escuras, votado sem que conheçamos dele os detalhes; o País está vendo,sim, o esforço que alguns estão fazendo às vésperas do Ano-Novo contra as conveniências deuns tantos que dizem assim: amanhã é dia de vôo.

Que problema tem a Nação com o vôo do senhor fulano ou do senhor beltrano, queproblema tem a Nação? Aqui em Brasília tem muito bar para passar o Ano-Novo; aqui emBrasília tem muito hotel, tem muito lugar, não tem por que essa correria toda. Agora, o fato éque se, com todo o realismo, não se pode votar amanhã, que V.Exa., Sr. Presidente, nosconvoque para depois das festas. Se V.Exa. acha que dá para convocar amanhã, teremos o diade hoje para negociar. E até concordo com o Deputado Walter Pinheiro pela consideração quelhe devo, nada de encerramento, suspensão, sim; concordo com a suspensão da reunião eV.Exa. convoca outra para quando puder. Como está, com esse quorum e ainda por cima comesse jargão, com essa conversa de a Nação está vendo; sim, a Nação está vendo essaperplexidade que nos ameaça, a Nação está vendo, sim, todas essas demonstrações de desleixoem relação à principal peça da elaboração legislativa de um País, uma democracia consolidadacomo o Brasil, um País com instituições maduras, a Nação está vendo, sim, essa balbúrdia nahora da votação do seu Orçamento.

Estamos aqui com consenso? Há consenso sobre essa matéria? Acabamos de ver 2relatórios sendo retirados ainda há pouco. Cada relatório que chega aqui alguém pede pararetirar e é retirado para posterior análise.

Por que esse não e por que o outro também não? Será que veremos algum consensohoje do jeito que as coisas estão postas, com a pressa com que estão sendo trabalhados osrelatórios setoriais? Nós, portanto, não estaríamos aqui pedindo a suspensão da sessão se osSenadores do PT estivessem presentes. Eles sozinhos representariam — os 12 do PT, é preciso12.

(Não identificado) - São só 3, a base...O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO - São três, muito bem. Quantos estão, Senador?

Estão os três. Pois é, vocês têm quorum para segurar? Têm quorum? Então, está bem. Peço aV.Exa. que verifique o quorum e nós nos retiramos. Então, muito bem, vamos ver.

Vamos proceder à verificação.

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O SR. DEPUTADO PEDRO NOVAIS - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Senadores,queremos o cumprimento do Regimento. Nós, do PMDB, fizemos reivindicações no relatório doSenador Jucá. Essas reivindicações foram aceitas e o seu relatório foi consertado. Portanto,estamos decididos a votar, caso os destaques sejam colocados em votação, de acordo com oparecer distribuído.

Somos contra os jogos que, por vezes, se tentam fazer aqui para apressar a decisão, ojulgamento deste Plenário. Desde que seja cumprido o Regimento e a Resolução nº 1, estamosdispostos a votar, embora tenhamos muitas restrições e críticas ao Governo.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Senador Heráclito Fortes.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Sr. Presidente Gilberto Mestrinho, espero que

essa admirável figura de Parlamentar, o Deputado Gilmar Machado, entenda a intenção doSenador Arthur Virgílio, qual seja a de evitar que o seu partido, o partido do Deputado GilmarMachado, passe mais um vexame. A grande verdade é que não existe na base do Governodisposição para votar, Senador Romero. Não existe. Quem está sustentando aquiaparentemente esse quorum é a Oposição.

Então, não se pode jogar na cara da Oposição que só se vota aqui regimentalmente comnúmero. Temos votado com acordo, mas acordo tem limite. Minutos atrás, vimos um Relatorconvicto de alguns erros retirar o seu relatório.

Temos os destaques apresentados pelo Senador Romero, um dos homens maisentendidos, mas categorizados aqui em peça orçamentária. Esses 2 argumentos são suficientespara sustentar o pedido do Senador Arthur Virgílio de adiamento. Precisamos de pelos menosuma noite para conhecer as modificações e fazer as adequações. Esperamos o ano inteiro. Nãoé possível que entre o Natal e o Ano-Novo se queira fazer o que não se fez no período normallegislativo.

Faço a V.Exa. um apelo, e sou solidário a V.Exa. pela falta de companheirismo de seuscolegas que não estão presentes, quando deveriam estar a seu lado. São 3 ou 4 bravoscompanheiros — acaba de chegar o Deputado João Grandão.

O SR. DEPUTADO JOÃO GRANDÃO - Eu estava aqui.O SR. HERÁCLITO FORTES - Digo no plenário, Deputado João Grandão. Mas não tem

número. O que a Oposição quer fazer mais uma vez é ajudar o Governo. Apelo para o DeputadoGilmar Machado. Não nos force a esse vexame e adie, atendendo ao pedido do Senador ArthurVirgílio, para amanhã a votação, no caso, a discussão e a votação da matéria.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Senador SibáMachado.

O SR. SENADOR SIBÁ MACHADO - Sr. Presidente, Srs. Senadores Heráclito Fortes eArthur Virgílio, é claro que os relatórios apresentados têm diversos pontos críticos, o que temlevado os Relatores a fazerem reavaliações. Embora considere as reavaliações desse últimomuito positivas e construtivas, no caso dos relatórios do Senador João Ribeiro considero atédesnecessários, mas acatamos o que a maioria decidir.

O que pode acontecer? O relatório apresentado pelo Senador Romero Jucá, no meuentendimento, já foi reavaliado e as emendas analisadas reapresentadas. Portanto, o relatórioestá pronto para votação. O relatório do Senador João Ribeiro, inevitavelmente, só poderá servotado amanhã. Poderíamos votar agora o relatório que está concluído e iniciar a leitura doterceiro relatório, somente a leitura, porque teríamos espaço para mais uma reavaliação, sepossível for.

Sugiro a leitura do relatório concernente ao Ministério da Educação, ou da Infra-Estrutura. Esses 2 relatórios, no meu entendimento, são os que apresentaram maior volumede emendas. Eles poderão inevitavelmente passar pelo novo crivo.

Então, nesse procedimento — e faço aqui um apelo ao meu colega que muito respeito,lá do Piauí, o Senador Heráclito Fortes, e ao colega da Amazônia, o Senador Arthur Virgílio —,podemos concluir o primeiro relatório e ler o terceiro relatório, e, amanhã, no meuentendimento, teríamos 2 relatórios para serem, digamos assim, concluídos.

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É o apelo que faço, e é claro que, sem a presença da Oposição, o quorum irá cair —sabemos disso —, e a reunião estaria interrompida.

O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - Sr. Presidente, apenas para restabelecer osfatos. Não é verdade que o PT permitia que os trabalhos acontecessem sem quorum o tempotodo nas votações. Fui Líder do Governo na Comissão de Orçamento e acordávamos, nareunião de Líderes: nominal para o salário mínimo, nominal para o superávit, nominal para aSaúde. Era praxe, e nossa base estava lá nas votações da Comissão e algumas vezes aconteceutambém de fazermos votações no plenário. É praxe também votarmos entre o Natal e oAno-Novo o relatório no Congresso Nacional, mas com as diferenças resolvidas na Comissão deOrçamento.

Não vejo por que devamos prosperar nesse debate. Queremos votar o relatório, porque oSenador teve condições de refazê-lo dentro daqueles padrões. Em média, as emendas debancadas estão em 7,5 milhões de reais, de comissão em 7 e 8 milhões. Se estão mais oumenos equilibradas, as bancadas deveriam ser melhor atendidas que as Comissões. Mesmoassim, estamos em condições de votar o relatório.

Agora, os Senadores Arthur Virgílio e Heráclito Fortes têm razão, e o PartidoProgressista apóia a posição de S.Exas. Porém, entende que devemos votar, põe-se a voto — oDeputado Gilmar Machado diz que a base está aqui, então vamos votar.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Deputado Cajado.O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - Sr. Presidente, quero apenas dizer, pedindo a

atenção de V.Exa. — e não é por outro motivo que, pela terceira vez, V.Exa. é Presidente daComissão de Orçamento, um democrata por excelência —, que, a meu ver, V.Exa. está sendoexcessivamente democrata, porque não é possível que toda vez que um Parlamentar solicita averificação do quorum, fiquemos 40 minutos, 1 hora discutindo se deve ou não ser concedida.Tem V.Exa. o poder de deliberar, aceita a verificação ou não. Agora, ficarmos aqui, 10, 15Parlamentares discutindo o óbvio, se vamos ou não cumprir o Regimento...

Sei que V.Exa. tenta sempre acordar por ser democrata, mas, por outro lado, desvia ocurso da discussão, e o que deveríamos estar discutindo agora é o relatório do Senador RomeroJucá.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Nobre Deputado Claudio Cajado, oSenador Arthur Virgílio não pediu verificação de quorum. S.Exa. pediu o adiamento da reunião.

O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO - Sr. Presidente, do encerramento eu evoluí paraa suspensão da reunião, atendendo à solicitação do Deputado Walter Pinheiro, porque era e éevidente a falta de quorum na Câmara dos Deputados, excluindo a Oposição. Está mais do queevidente. O Senador Heráclito Fortes está credenciado para negociar com V.Exa. Queremoschegar a um meio termo que nos possibilite encerrar este ano bem; não queremos prosseguirindefinidamente com leituras intermináveis de relatórios e com votações em cima do laço comjabutis passando pela nossa goela.

É evidente a falta de quorum na Câmara dos Deputados e quem tem sustentado oquorum, no próprio Senado, é a Oposição. Portanto, se se fizer a verificação de quorum noSenado, tenho certeza de que na Câmara esboroaremos na falta de quorum de maneiraabsoluta.

O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - Para concluir, Sr. Presidente. Então, a cadavez que se pede verificação, V.Exa. tem sido um Presidente exemplar. V.Exa. procura sempre oconsenso, procura fazer com que a Comissão avance.

Porém, Sr. Presidente, estou aqui desde manhã, e V.Exa. marcou a primeira reuniãopara as 10 horas da manhã. Toda vez que se pede verificação, passamos 40, 50 minutosdiscutindo se se vai ou não verificar.

Solicito a V.Exa. mais celeridade. Pode ser pedida a verificação; o que não se pode éprocrastinar as discussões e desviar o andamento dos trabalhos. Quero discutir o relatório doSenador Romero Jucá que efetivamente o melhorou. Do jeito que estava não teria a aprovaçãodo plenário, tenho convicção disso, em que pese a competência do nobre Senador. Com ascorreções, não vejo dificuldade.

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Como foi pedida a verificação, poderíamos antes colocar o relatório em votação;votaríamos e resolveríamos o problema.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - O Senador Arthur Virgílio pediu asuspensão da reunião, com o compromisso de, amanhã, votarmos os destaques. Não hánúmero efetivamente para a continuidade desta reunião. Então, mais como medida deproteção, suspendo a reunião e convoco seu reinício para, amanhã, às 10 horas, mantendo oquorum de hoje.

(A reunião é suspensa.)

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Está reiniciada a reunião daComissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, destinada a apreciação dematérias constantes nas Pautas de nºs 38 e 39, de 2005.

A pauta de hoje será a discussão dos destaques da Área Temática IV — Agricultura eDesenvolvimento Agrário.

O Relator, Senador Romero Jucá, estava no Palácio do Planalto e está vindo para cá.Enquanto S.Exa. chega, concederemos a palavra a quem quiser usá-la sobre matérias deOrçamento.

O SR. SENADOR ROMEU TUMA - Sr. Presidente, V.Exa. comunicou o que à Casa?O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Comuniquei que está reiniciada a

sessão e, como o Senador Romero Jucá, que estava no Palácio do Planalto, está vindo para cá,vamos esperar 10 ou 15 minutos. A palavra está franqueada durante esse período a quemquiser se manifestar.

O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Deputado Claudio Cajado.Daremos 3 minutos a quem quiser se manifestar. O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - Sr. Presidente, efetivamente estamos aqui

para, salvo engano, concluir a votação do primeiro relatório setorial apresentado: o daagricultura, abastecimento e pecuária. Assim, pergunto a V.Exa. se estão pautadas outrasmatérias ou se iremos apenas discutir os destaques do Relator-Setorial, Senador Romero Jucá.(Pausa.)

Sr. Presidente, estou fazendo uma indagação.Pergunto a V.Exa. se vamos votar os destaques do relatório do Senador Romero Jucá e

se haverá outras matérias pautadas.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Exclusivamente os destaques.O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - Apenas os destaques?O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Sim.O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - Muito obrigado.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Como há dificuldade muito grande

de aviões e passagens aéreas, vamos deixar a tarde e a noite livres para os Parlamentares irempara os seus Estados.

Concedo a palavra ao Deputado Ricardo Barros. (Pausa.)O SR. DEPUTADO JOÃO LEÃO - Sr. Presidente, é sobre o assunto que V.Exa. estava

falando.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Tem V.Exa. a palavra.O SR. DEPUTADO JOÃO LEÃO - Por intermédio da Liderança do Governo, informamos

àqueles Parlamentares que estejam sem passagem que procurem a Dra. Ana Márcia. Jámarcamos vôos para diversos Parlamentares para o final da tarde e para a noite. Estamostentando arrumar as passagens.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Agradeço a V.Exa. a comunicação.Com a palavra o Deputado Ricardo Barros e, em seguida, o Senador Sibá Machado.

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O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - Sr. Presidente, volto a insistir, pois estamosno final do ano, 29 de dezembro, votando o Orçamento. Em todos os últimos anos fizemos isso:entre o Natal e o Ano Novo estivemos aqui votando o Orçamento, mas já na fase de plenário doCongresso Nacional. Desta vez, estamos ainda no primeiro relatório setorial. Assim, Sr.Presidente, insisto na aprovação da resolução que altera o trâmite das matérias orçamentáriasno Congresso Nacional.

Foi instalada uma Comissão Especial, presidida pelo Senador Fernando Bezerra, daqual fui Relator. Vários companheiros contribuíram e o trabalho produzido ajudará no sentidode não termos mais situações como esta.

Todos os Relatores serão nomeados em março juntamente com a instalação daComissão. Poderão, portanto, acompanhar a confecção do Orçamento no Poder Executivo.Cada Relator-Setorial e o Relator-Geral terão oportunidade de, quando a peça chegar aqui,conhecer profundamente o que está sendo feito. Eles terão de ir às Comissões TemáticasPermanentes para debater o relatório. Portanto, o Relator de infra-estrutura vai à Comissão deServiços de Infra-Estrutura do Senado, à Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, àComissão de Viação e Transportes da Câmara para, com a peça orçamentária referente àquelaárea, discutir com profundidade e atenção a alocação dos recursos.

A participação desses Parlamentares e dos técnicos em cada área que participam dasComissões Técnicas resultará em grande contribuição para que o Orçamento reflitaefetivamente o melhor atendimento às necessidades do Brasil.

É também prevista a criação de comitês permanentes de acompanhamento efiscalização da execução orçamentária.

O Comitê de Receitas vai funcionar o tempo todo para saber como está indo aarrecadação e teremos ainda o Comitê de Acompanhamento das Informações do TCU. Dessemodo, todo o Congresso Nacional acompanhará permanentemente a execução orçamentária.Esse é um passo importante até para que façamos o orçamento impositivo porque o Congressoestará mais afinado com a arrecadação e com tudo o que acontece nas aplicações dos recursosaprovados. E não teremos mais, Sr. Presidente, esse enorme número de créditos suplementaresespeciais e extraordinários. Neste ano especialmente há grande quantidade de medidasprovisórias de crédito para alterar aquilo que foi decidido pelo Congresso Nacional. O queacontece de fato é isso: aprovamos a peça orçamentária, o Governo não a executa durante todoo ano e, ao final do ano, manda créditos para alterar tudo aquilo que foi decidido: cancelaemendas de bancada e de Comissão e reprograma os investimentos. Enfim, isso tudo éaprovado como aconteceu na última semana, sem termos tido a oportunidade deimplementação desses créditos.

O que queremos? Queremos votar o Orçamento com tranqüilidade e acompanhar a suaexecução. Teremos o Comitê de Acompanhamento da Receita que dará tranqüilidade aoGoverno de ir executando parte da despesa. Também não faz sentido o Governo esperar aténovembro para autorizar toda a despesa do ano. Ele pode ir fazendo os investimentos conformea arrecadação venha acontecendo.

Inclusive, apresentei proposta de alteração da Lei de Responsabilidade Fiscal parapermitir que no último quadrimestre a previsão da arrecadação, se aprovada evidentementepelo Poder Legislativo, seja aquela que contará para o cumprimento da Lei de ResponsabilidadeFiscal. Evidente, não podemos criticar o Poder Executivo na medida em que os Prefeitos, osGovernadores e o Presidente da República são prejudicados. Se acontecer queda dearrecadação no último quadrimestre e eles já tiverem ordenado a despesa, gastarão mais doque foi arrecadado e serão prejudicados. Assim, temos de alterar a lei no sentido de permitirque no último quadrimestre a meta de despesas seja feita por estimativa aprovada pelo PoderLegislativo, de modo que, se houver queda de arrecadação por outras razões, o Executivo ficapreservado. Isso permitirá que o Orçamento seja executado durante todo o exercício fiscal, Sr.Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Nobre Deputado, V.Exa. tem razão.É preciso modificar a sistemática de elaboração e execução do Orçamento. No entanto, é

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preciso haver mudança na cultura existente. O Governo tem a cultura de que ele é o dono doPaís. Sei do caso de um Deputado que ontem passou horas e horas em gabinete de Ministro.Depois, o Ministro saiu pela porta dos fundos e o Deputado ficou esperando. Após 4 horas,disseram: “O Ministro foi embora”.

Sei de casos acontecidos em gabinetes de Ministros. Vou contar um como exemplo. UmPrefeito de um Município do Estado de São Paulo — ele era maior do que o Deputado JoãoGrandão — foi ao gabinete de um Ministro e ficou esperando para ser atendido por muitashoras — de meio-dia às 17h. Como o Ministro não o atendia, ele meteu o pé na porta e quebrouo gabinete. Se não mudar essa cultura, podemos ter uma Comissão de Fiscalização e ExecuçãoOrçamentária, a qual existe em todos os países do mundo, que não funcionará, pois osMinistros não nos atendem. Alguns Ministros não atendem ninguém. A verdade é essa. E não éde agora. Isso acontece há muito tempo. Felizmente, os que procuro têm me atendido, masporque vou muito pouco a Ministério. Vou a 2 ou 3 Ministérios quando tenho pedido deManaus para ir ou falo por telefone. Não vou a gabinete de Ministro porque estou sabendocomo é que nos tratam. Não fui eleito para ficar esperando em gabinete de Ministro, mas paraoutra coisa.

É fundamental que se aprove isso na primeira sessão do Congresso, pois é decisão doCongresso Nacional aprovarmos essa resolução.

Com a palavra o Deputado Gilmar Machado.O SR. SENADOR SIBÁ MACHADO - Sr. Presidente, pedi inscrição para falar um

pouquinho.O SR. DEPUTADO GILMAR MACHADO - Sr. Presidente, quero concordar com o que foi

dito. Essa é uma determinação, uma mudança que temos de fazer, porque é uma mudança nosRegimentos de funcionamento das Casas — Câmara e do Senado — e no Regimento Comum,para que possamos ter maior agilidade e tranqüilidade nesse debate essencial e fundamentalpara o País.

Ontem, assistindo à cerimônia de assinatura das expansões realizadas nasuniversidades, ficamos felizes. Isso é exatamente fruto do debate que estamos fazendo sobremudanças na área da educação. Estamos fazendo um processo de universalização da educaçãobrasileira, iniciando na educação fundamental. Hoje há necessidade de expansão para o ensinomédio. Com o FUNDEB vamos conseguir ajudar nisso. O Governo Federal vai ser parceiro dosEstados para que eles atendam a essa demanda crescente e ajudem na expansão no setorpúblico. Estávamos paralisados há muitos anos na expansão das nossas universidadespúblicas. Agora, neste Governo, além das 5 universidades criadas e da transformação defaculdades isoladas em universidades, houve a expansão de campi inclusive no Amazonas, queganhou 2 novas extensões para o interior, o que é fundamental.

A chegada de uma universidade não é apenas mais um estabelecimento de ensino, masé uma mudança de visão. A minha cidade, Uberlândia, em 1980, era menor do que Uberaba.Com a criação da Universidade Federal de Uberlândia, hoje somos a maior cidade do TriânguloMineiro, com quase 600 mil habitantes, e um pólo importante de desenvolvimento ecrescimento. Uma universidade muda o enfoque da região, muda o foco de desenvolvimento.Por isso, é fundamental o que este Governo vem fazendo no processo de expansão e agoratambém na área técnica. Serão 25 novas escolas agrotécnicas e centros tecnológicos pelo País.Aquelas que receberam campi universitários não receberão as agrotécnicas. Vão ser espalhadasexatamente para permitir que mais regiões possam ter um processo de desenvolvimento.

O que permite isso é o debate do Orçamento, que é fundamental. Não concordo quandoalguns vêm aqui dizer que o Orçamento é peça de ficção, que não existe nada. Nos o estamosdesenvolvendo. Apenas não vê isso quem não acompanha as execuções e as mudanças queestamos fazendo no País. Por isso quero mais uma vez ressaltar o importante trabalho quetodos temos de discutir com profundidade e votar um Orçamento que possibilite o País decrescer, de desenvolver-se e de fazer sua interiorização. Eu, que sou um homem do interior, seida importância de o Brasil se interiorizar. Se o Brasil hoje está como está, é exatamente porque

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seu interior está mudando. Infelizmente, muita gente apenas conhece o litoral do Brasil. Essagente precisa andar um pouco mais para o interior para ver o que o País hoje está realizando.

Muito obrigado.O SR. SENADOR SIBÁ MACHADO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Tem V.Exa. a palavra.O SR. SENADOR SIBÁ MACHADO - Em primeiro lugar, preciso esclarecer a

preocupação apresentada ontem pela Deputada Laura Carneiro. Sou Relator da revisão do PPAe tenho a consciência de que tudo o que aprovarmos no Orçamento, que não estiver contido narevisão do PPA, ficará prejudicado.

A metodologia utilizada é a seguinte. Adotaríamos o espelho do que sair dos relatóriossetoriais e, baseados nesses relatórios setoriais, adotaríamos como medida dentro da revisãodo PPA. Daí, acatamos 100% do que vier a ser aprovado para 2006 e fazemos, a partir disso, aprojeção para 2007.

Apenas pediria ao Relator-Geral do Orçamento, Deputado Carlito, talvez para facilitar otrabalho, que tão logo todos os relatórios setoriais estejam aprovados, pudéssemos fazer umcasamento das idéias. Aí, não sei se no mesmo dia, mas um pouco antes do relatório doOrçamento, aprovaríamos a revisão do PPA.

Esse era o encaminhamento que queria fazer.Já que estamos falando de universidades, acabei de inscrever-me para a prova de

seleção para o mestrado. A minha prova é no dia 13 de janeiro. A minha segunda preocupaçãoé qual a programação que V.Exa. vai ter conosco. Qual é a agenda de trabalho nesses dias dejaneiro? Não quero ser culpado por não estar aqui em nenhum dos dias de votação, pois nãoposso assumir essa responsabilidade, mas também gostaria de ter uns dias para me prepararpara essa prova. Queria saber um pouco da agenda.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Em homenagem ao exemplo queV.Exa. está dando ao Brasil de que nunca é tarde para se estudar e que todos devemosprocurar o conhecimento a cada dia e a cada hora, apenas voltaremos a trabalhar no dia 16.

O SR. SENADOR SIBÁ MACHADO - Obrigado, Sr. Presidente. Espero já vir aprovadona seleção.

Quero agradecer bastante o Ministro Fernando Haddad pelo empenho e fazer umtributo ao Governador Jorge Viana e ao Reitor Jonas Filho, da Universidade do Acre. Estamosmuito empenhados em fortalecer a nossa universidade, que é a única do Estado. Um dosbenefícios dessa programação com as universidades foi acatar que teremos um campoespecializado no estudo da biodiversidade amazônica, que é a chamada Universidade daFloresta. Isso é um trabalho do Deputado Henrique Afonso, filho de Cruzeiro do Sul, cidadeque vai ser no nosso entendimento o epicentro desse estudo da biodiversidade da nossafloresta. Preciso nesse final de ano fazer um agradecimento muito grande ao Ministro, aoGovernador e ao Deputado Henrique Afonso.

Apresentei emenda ao Ministério da Educação para criarmos diversos núcleos dauniversidade em todos os Municípios do Estado. O Acre possui apenas 22 Municípios.Colocaremos, com a emenda, universidade em todos eles.

Sr. Presidente, fico muito feliz de ouvir um pronunciamento como o do DeputadoGilmar Machado. No momento em que estávamos discutindo a interiorização nos semináriosfeitos, alguns Prefeitos daqueles Municípios, aonde apenas se chega via barco ou avião,estavam bastante emocionados de saber que a sua juventude poderá fazer curso superior numMunicípio tão distante e tão desassistido.

Assim sendo, de maneira emocionada com esse esforço para melhorar o ensino noBrasil, principalmente o superior, sinto-me muito feliz de saber que meu Estado, o Acre, estásendo contemplado dentro do programa do Governo Federal.

Era o que tinha a dizer. Obrigado pela atenção que V.Exa. tem dado a esta Comissão.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Tem a palavra o Senador Tuma.O SR. DEPUTADO WALDEMIR MOKA - Sr. Presidente, estou inscrito. Há uma

inscrição.

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O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - V.Exa. vai ter tempo de falar.O SR. DEPUTADO MILTON MONTI - Sr. Presidente, peço que me inscreva.O SR. SENADOR ROMEU TUMA - Se o Deputado quiser falar antes de mim, fique à

vontade.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Estamos fazendo um aquecimento

para os trabalhos, vamos dizer assim. Logo a seguir, entrarei na listagem aqui.Com a palavra o Senador Tuma.O SR. SENADOR ROMEU TUMA - Sr. Presidente, estava conversando com o Líder José

Agripino e com a Senadora Heloísa Helena. O Deputado Gilmar tem sido muito gentil e amávelnas suas considerações, mas ontem fiquei muito amargurado e provavelmente meu sono nãofoi repousante. Qualquer um de nós tem muito amor às crianças, principalmente nós quetemos filhos e netos. Tenho 9 netos, e para todos eles temos o sonho de que consigamcompletar sua carreira, seu curso e tenham oportunidade de estudar.

Falando de extensão universitária, cumprimento o Senador de Uberlândia, que é umacidade de que gosto muito. O Governador Aécio e o Prefeito de Uberlândia também merecemelogios por terem colaborado com o seu progresso.

Gostaria de dizer que fiquei muito triste, Senadora Heloísa Helena, quando oPresidente, no meio da sua fala, jogou uma responsabilidade terrível sobre o Congresso. Talvezeu não reproduza por completo as palavras da sua exposição, mas o sentido que o Presidentedeu foi frustrante para qualquer um de nós, e nos dá uma amargura muito grande. Disse oPresidente que o FUNDEB é importante. Quem aqui acha que não é? Ninguém. É uma luta demuito tempo. Há muito tempo estamos discutindo isso. O Presidente disse que se o Congressonão votar o FUNDEB e não colocá-lo no Orçamento, ele não poderá providenciar as verbas paraque os Municípios matriculem as crianças. Isso ficará para 2007. Pelo amor de Deus,Presidente! Por que isso não foi feito com mais antecedência?!

Perguntei sobre o assunto ao Deputado Carlito Merss, que é um grande Relator, eS.Exa. respondeu que está aproveitando as emendas para as creches e educação, tentandoformar um bolo. Se forem aprovadas, o bolo será aproveitado. Por que não fazermos isso jádirecionando nesse sentido?

Desculpe-me, Deputado, se o Governo realmente estivesse interessado em que issofosse aprovado — e acho que é o desejo de todos os Parlamentares — ele teria se empenhado.Todos nós rezamos para que isso aconteça. Fiquei triste. Apelo ao Governo Lula para queprocure os caminhos mais rápidos. A Senadora Heloísa Helena vai falar sobre o assunto, pois oestudou mais aprofundadamente e tem mais dedicação a essa causa.

Ontem, a Senadora Lúcia Vânia foi contundente quando disse que se retirou dinheiropara erradicação do trabalho do menor, o que foi objeto de profunda discussão que se fez aqui.O Deputado Carlito Merss deve ter uma explicação para isso. Mas isso está escrito, Deputado.Não estou criticando a forma a ser encontrada para que isso seja evitado. Quando votamos asuplementação, vi que retiraram do combate à violência ao menor. Não sei qual é o jogo quepode advir disso, mas estou lendo o que está escrito. Não sei qual é o programa que está portrás disso, se ele vai se incorporar ou não em outro programa. Centralizando todos osprogramas sociais, ficamos com dificuldade de saber qual o direcionamento que se vai dar.

Deputado Carlos Melles, gostaria que V.Exa. desse uma olhada no relatório do SenadorJoão Ribeiro.

Senadora Heloísa, fiquei um pouco preocupado, porque toda a discussão que se deu foisobre o contingenciamento de programas. O Deputado sabe mais do que eu, pois acompanhaperfeitamente o Orçamento. Lá, 8 bilhões estão contingenciados e há a autorização de mais3,25 milhões no relatório do Senador João Ribeiro. Se os senhores o lerem, poderão verificar oque estou dizendo. O contingenciamento está destacado com o aumento da possibilidade de oGoverno contingenciar mais algum tostão.

V.Exa. está dirigindo esta Comissão com amabilidade, simpatia e uma liberdadeincrível. Então, agradeço a V.Exa.

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O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Deputado João Grandão, V.Exa.tem a palavra.

O SR. DEPUTADO JOÃO GRANDÃO - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares,evidentemente o FUNDEB é assunto polêmico, até pela sua simbologia. Temos de admitir queas discussões sobre o FUNDEB foram seriíssimas, foi montada Comissão Especial, todos osprocedimentos que tinham de ser feitos foram feitos. Foi votado por unanimidade, foi feito umgrande acordo com participação efetiva de todos os partidos. Agora, querer criar toda umasituação em função de o Presidente ter dito que temos de votar essa questão é muito simples,porque dá impressão de que este Governo não está preocupado com o FUNDEB, dá impressãode que não houve a discussão que ocorreu. Vou repetir: foi votado por unanimidade naComissão. Temos de rever essa situação. Temos que conversar.

Se a Comissão de Orçamento não andou e teve problemas não foi por causa doGoverno. Dentro desse contexto, posso dizer isso porque estou participando ativamente daComissão de Orçamento. Em algumas situações foi pedida verificação de votos e foram feitosalguns procedimentos os quais temos de rever. Esse é um momento de reflexão. A forma comofoi encaminhado o FUNDEB é para que dê certo. Todo mundo quer que ele dê certo, como disseo Senador Tuma há pouco. Não dá para alguém imaginar que queremos criar problemas emvez de arrumarmos soluções para a votação do FUNDEB.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - V.Exa. está se referindo aoPresidente? Está acusando o Congresso?

O SR. DEPUTADO JOÃO GRANDÃO - Não! Absolutamente! Pelo contrário, Sr.Presidente. V.Exa. conduz esta Comissão de maneira tão democrática que é de se tirar ochapéu. Com certeza, em outras situações, com outros Presidentes que já passaram por estaComissão, já se teria encaminhado a coisa de outra forma.

Estou dizendo que não se pode imputar ao Presidente da República, como está sendofeito, a questão do FUNDEB. Esta Casa discutiu e fez o que tinha de ser feito. O Presidente, nocomando desta Nação, fez o que tinha de ser feito e encaminhou para cá. E fizemos adiscussão. Este então é o momento de reflexão. Repito: dentro da Comissão foi votado porunanimidade. Portanto, há o compromisso de todos os partidos. Esse debate não pode ser feitode forma unilateral.

Era essa a minha consideração, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Gostaria de dizer alguma coisa a

respeito do assunto. É elogiável que o Governo procure se voltar para o ensino médio. Ninguémtem dúvida disso. Todos apóiam a idéia do FUNDEB, desde que seja votado efetivamente paramelhorar a qualidade do ensino médio e o acesso à escola no ensino médio. O ensino médio épara o jovem já na faixa de ingresso no mercado de trabalho.

Antes de tudo, temos de reformar uma lei que desorganizou totalmente a educação noBrasil: a tal Lei de Diretrizes criada pelo saudoso e brilhante Darcy Ribeiro, mas queinfelizmente não serve para o Brasil nem para País algum. Por quê? Porque acabou com aobrigatoriedade de o estudante adquirir conhecimento. O estudante não precisa adquirirconhecimento, basta ter freqüência na escola. O professor nunca pode reclamar com oestudante. O estudante sempre tem razão. Não pode ser assim. Enquanto não se fizer isso, aeducação brasileira vai continuar ruim, mesmo com todo o esforço do Governo em alocarrecursos.

Nós, que somos mais velhos, se conversarmos com os jovens formandos dauniversidade de hoje, vamos ver que o nível de conhecimento deles é menor do que tínhamosno curso secundário. O próprio curso superior ficou assim. Ficamos com a idéia de colocartodo o mundo na universidade, não pelo conhecimento, mas pela cor, pela etnia.

O ensino universitário apenas terá valor efetivamente quando o ensino médio fordesenvolvido, quando tivermos um bom ensino médio. O FUNDEB objetiva isso. Temos desaber se isso vai ser cumprido, se vai ser realizado. Com isso teremos um Brasil diferente.Dentro dos quadros atuais, isso não ocorrerá.

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Não há nenhum interesse do Senado em ser contra. O Senador Tuma não fez nenhumacrítica. S.Exa. disse muito acertadamente que o Presidente declarou que o FUNDEB teria deser colocado no Orçamento.

Todos nós da Comissão de Orçamento sabemos que o Relator do Orçamento não podeemendar. Não podemos emendar. Não podemos colocar no Orçamento uma lei que não existe.

O Relator inteligentemente aproveitou emendas referentes ao ensino médio e à escola efoi aproveitando emendas para somar, fazer um bolo, para quando for aprovado o ensino médioo Governo utilizar esse recurso. Com isso, o Governo poderá cumprir sua obrigação. Issoapenas acontecerá se a política de contingenciamento for banida, afastada. Não adiantabotarmos dinheiro para isso, para aquilo e para aquilo outro e depois o Ministério da Fazendacontingenciar tudo, contingenciar 70%, 50%, 40%. Não adianta. Lamentavelmente, essa é arealidade.

Apóio o Governo Lula. Todos sabem disso. Nunca votei contra ele, porque acreditei nelecomo muitos. Na minha opinião, embora não tenha votado nele, o melhor candidato era oPresidente Lula.

Na condição de Presidente do PMDB, declarei que votaria no candidato do PMDB porquestão partidária, mas achava que o melhor candidato para a Amazônia era o candidato Lula.Efetivamente tem sido, o Amazonas não se queixa do Presidente Lula. S.Exa. tem atendidotodos os pleitos do Amazonas. Se já existe um Estado brasileiro em que não há queixa contra oGoverno Lula é o Amazonas. Por isso, nas pesquisas do Amazonas, S.Exa. é o único compercentual de aprovação elevado. O que estou dizendo aqui digo em toda a parte: apóio oGoverno Lula. O meu partido o apóia também. Não jogo com metades. Jogo com o todo.

Sugiro continuarmos a sessão agora. Concederei a palavra de acordo com a inscrição.Vamos debater os destaques do Senador Jucá.

Com a palavra o Deputado Virgílio Guimarães. (Pausa.)Com a palavra a Senadora Heloísa Helena.A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Sr. Presidente, Srs. Parlamentares, é evidente

que qualquer pessoa de bom senso entendeu exatamente o que quis dizer o Senador RomeuTuma. Tenho dito várias vezes nesta Casa que o povo brasileiro é quem de fato decide oprocesso eleitoral. Assim sendo, tem todo o direito de reeleger o Presidente Lula, de até solicitara convocação de um plebiscito para voltar a Monarquia e ele ser eleito imperador. Enfim, opovo brasileiro pode tudo.

Objetivamente, não podemos escamotear que como o Presidente Lula é um homembrilhante, é por isso que digo sempre que é impossível a ele ser delegado uma incapacidadeintelectual a tal ponto que nada soubesse do esquema de corrupção governamental. OPresidente Lula é um homem brilhante, profundo conhecedor da máquina partidária, dasrelações políticas estabelecidas entre Governo e Congresso Nacional. É um homem brilhante.Como está em campanha eleitoral, usa tática diversionista, sofisticada e muito inteligente.Embora seja uma manobra fraudulenta e desprezível, ela é muito sofisticada e inteligente, poisbusca determinados assuntos que tocam o coração do povo brasileiro, os bons e honestoscorações de todos os brasileiros naquilo que se relaciona ao combate à forme, à educação ou àsaúde. É por isso que ele de uma forma muito inteligente traz um debate emocionante como oda educação para jogar a responsabilidade no Congresso Nacional. Todos sabem, inclusiveV.Exa., o que acho deste Congresso Nacional.

Embora eu seja democrata de carteirinha, socialista por convicção, sei exatamente oque é o Congresso Nacional: um medíocre anexo arquitetônico dos interesses do Palácio doPlanalto, esteja lá Fernando Henrique Cardoso, Lula ou quem quer que seja. Infelizmente éassim. É por isso que não há execução orçamentária; é por isso que se faz o que quer. Por quê?Porque o Congresso Nacional aceita ser um medíocre anexo arquitetônico dos interesses doPalácio do Planalto.

Sabemos todos nós que vivemos num sistema presidencialista. O presidencialismoconfere poder imperial ao Presidente da República. O mandatário desta Nação pode, por meio

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de medida provisória, crédito especial, suplementar ou o que quer que seja, destinar recursosgigantescos e maravilhosos para a educação, mas não o faz.

Todos se lembram da verdadeira guerra instalada pelo Governo e por sua base noplenário do Senado para impedir a aprovação da proposta de emenda constitucional, de minhaautoria, que tratava da educação infantil de crianças de zero a 6 anos.

O Senador Romero Jucá, que à época nem estava aqui, estava no Ministério, tentou nosauxiliar. O Senador Cristovam Buarque, que ainda estava no PT, e outros Senadores daprópria base do Governo rebelaram-se para tentar aprovar a matéria. Quem analisa a execuçãoorçamentária na área de educação sabe que a atitude do Presidente foi demagógica eeleitoreira. Não enxergar isso é demais!

Basta vermos o que é arrancado de recursos da educação, inclusive com desvinculaçãode receita da União. Trata-se da maior covardia contábil, financeira e administrativa criadapelo Governo Fernando Henrique Cardoso para 4 anos, a qual o Governo Lula, para sersubserviente às instituições de financiamento multilaterais, decidiu mantê-la por mais 4 anos.Apenas quanto aos recursos relacionados à educação, já seriam cerca de 4 bilhões a mais,portanto valor até maior do que o previsto para ser disponibilizado em 4 anos para o FUNDEB.

Trata-se, portanto, de tática diversionista, eleitoralista, inteligente e sofisticada, masque claramente qualquer pessoa de bom senso sabe o que está por trás. Alguém imagina queS.Exa. diria qual é o consumo diário do Palácio do Planalto e da Granja do Torto — 58 quilosde açúcar; 22 quilos de arroz; 13 latas de azeite; 120 pacotes de biscoito; 50 barras dechocolate, que são 6 mil barras de chocolate ao ano; 600 quilos de bombom; 11 latas de leite;610 garrafas de vinho; duas mil latas de cerveja; e ainda licitação para 960 taças de cristal? Éevidente que não.

O Presidente Lula é um homem brilhante e muito inteligente. Ninguém chegaria àcondição de S.Exa., a maior liderança popular da América Latina, se não fosse assim. Paramim ele traiu a esquerda socialista democrática, mas é um homem brilhante. E vai para osmeios de comunicação dizer isso. Não é à toa que há essa falsa polêmica no Governo, que nãotem nada a ver com a polêmica entre monetaristas e desenvolvimentistas. Trata-se de umdebate meramente eleitoralista: três anos de arrocho fiscal e agora vamos para a libertinagemfinanceira e eleitoralista para viabilizar recursos e assim fazer campanha eleitoral. Igualzinhoao que Fernando Henrique Cardoso fazia, infelizmente.

Talvez seja o meu destino. Por isso o trauma é maior. Alguns aqui até são bastantecoerentes, sempre foram Governo. Minha tragédia é que sempre acabo fazendo oposição.

Enfim, no sistema presidencialista pode-se tudo, especialmente quando os CongressosNacionais prestam-se à condição de medíocres anexos arquitetônicos, como infelizmente é anossa situação. Nem vou mencionar o que se aprova, até de madrugada, para retirar direitosdos trabalhadores, com balcão de negócios sujos para comprar mercadorias parlamentares àcusta de mensalão.

Se quisessem investir em educação — infantil, creche, pré-escola, ensino fundamental,médio, de jovens e adultos , ensino profissionalizante —, investiriam.

O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Sr. Presidente, pela ordem.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado Ronaldo

Dimas.O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Sr. Presidente, como o Relator já se encontra

presente, gostaríamos que fosse iniciada a discussão dos destaques.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - O Relator está terminando de

conferir alguns dados. Tão logo S.Exa. diga que está pronto, passaremos a apreciar osdestaques.

Com a palavra o Deputado Waldemir Moka.O SR. DEPUTADO WALDEMIR MOKA - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, fiz

parte da Comissão Especial do FUNDEB. Houve enorme esforço, a proposta foi aprovada porunanimidade, porém no final do período legislativo. Todos sabemos que a matéria sempre foipolêmica. Até os últimos momentos, não sabíamos sequer se o Governo comprometer-se-ia a

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garantir recursos para o FUNDEB. Isso só aconteceu porque o Presidente, a Relatora, que fezum belíssimo trabalho, enfim, a Comissão, em audiência pública, fizeram com que os Ministrosda Fazenda, do Planejamento e da Educação se comprometessem nesse sentido.

O assunto, portanto, sempre foi polêmico, e o resultado só apareceu em função daComissão Especial, mas no final do período legislativo. E aí tentou-se incluir a proposta doFUNDEB na pauta sem que o Congresso Nacional como um todo — essa é a verdade — delatomasse conhecimento. Houve muitas modificações.

Entendo a preocupação do Presidente Lula. Agora, ficaria muito melhor se ontem, emvez de tentar jogar a população contra o Congresso Nacional, S.Exa. dissesse: “O FUNDEB foiaprovado na Comissão, sei das dificuldades, mas gostaríamos que o Congresso se empenhassepara aprovar o FUNDEB, em plenário, antes de votar o Orçamento”. E admitisse que houveesforço, sim, do Congresso, particularmente da Comissão Especial. Essa seria a atitude dequem realmente quer contribuir. No entanto, a forma como Presidente Lula, ontem, mencionouo FUNDEB foi, sim, no sentido de tentar pressionar o Congresso.

Sr. Presidente, esta Comissão de Orçamento sempre trabalhou, independentemente deconvocação extraordinária, de recebermos ou não por isso — estou aqui há 7 anos —, até o dia30. A maioria dos Deputados e Senadores está aqui. A meu juízo, houve uma convocaçãodesnecessária. E o que é pior: não vejo nenhum esforço da assessoria de comunicação da Casapara, pelo menos, tentar explicar. Onde está a assessoria de comunicação do CongressoNacional? Por que temos de ser julgados dessa forma? Ora, sempre fui contra isso.

E aí, desculpem-me, alguns companheiros dizem: “Não, eu vou devolver, vou dar parauma instituição”. Nunca fiz isso, não é agora que farei. Agora, é preciso, sim, em janeiro,votarmos a diminuição do recesso e determinar que nunca mais o Congresso será convocado.Ou melhor, se for convocado, não haverá remuneração extra. Temos de acabar com essahistória. Essa é a melhor forma. É muito fácil para alguns fazer demagogia. Não farei. Se tiverde ficar aqui até o dia 31 de dezembro, 1º de janeiro, aqui estarei.

É preciso que os Presidentes do Senado e da Câmara defendam o Congresso Nacionalnos órgãos de comunicação. Se existe erro, que se corrija, mas não quero ser colocado na valacomum. Exijo respeito com minha pessoa, com meu mandato.

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Pela ordem, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Senador Heráclito

Fortes.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Sr. Presidente, solicito a atenção de todos,

em especial do Relator-Geral, Deputado Carlito Merss, e do Sub-Relator.Há cerca de 20 dias, votou-se aqui, por meio da Comissão Representativa, alguns

créditos de interesse do Governo.Naquele momento, como piauiense e representante do Estado do Piauí nesta Casa,

questionei a não-liberação — fato este que já vinha se desenrolando há algum tempo — derecursos para aquisição por parte do Governo do Estado do Piauí, através da Secretaria deSegurança Pública, de equipamento antiincêndio, conhecido comumente como escada Magirusou equivalente.

Criou-se um impasse. Com a participação do Presidente Renildo Calheiros, do SenadorFernando Bezerra e de alguns outros Senadores da base do Governo que estavam aqui,acordou-se e ouvimos a palavra do Deputado Gilmar Machado, responsável pela relatoria doscréditos, que acataria a reivindicação por mim feita e que imediatamente oficiaria ao Ministérioda Justiça o que foi acordado por esta Casa com apoio de todos os Líderes, ou seja, aaprovação do crédito de 8 milhões para a aquisição do referido material. Até o dia de hojenenhuma providência foi tomada, o que representa uma quebra de acordo inadmissível, Sr.Presidente.

Não estou reivindicando nenhuma questão pessoal, mas de interesse da minha cidade,que se verticalizou, que não tem nenhum instrumento de defesa contra incêndio. Vejam ossenhores que em Brasília, Capital da República, ontem um prédio público foi incendiado. O

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incêndio tomou proporções maiores por falta de equipamentos apropriados e impossibilidadede acesso.

Venho insistindo esses dias todos com o Deputado Gilmar Machado, a fim de queprovidências sejam tomadas. Informou-me S.Exa. que recomendou ao Ministro da Justiça, masos fatos não conferem. Portanto, gostaria que, com toda clareza, o Sr. Relator dos Créditosdissesse aqui quais foram as providências tomadas, caso contrário vou permanecer emobstrução. Não quero crer que isso seja uma questão política pelo fato de eu ser do PFL e estarquerendo ajudar o PT no Piauí. Aliás, me deixou de orelha em pé, porque na data o próprioDeputado Gilmar Machado — não tenho nenhum problema com relação a isso — dividiu omérito do trabalho com um colega meu de bancada, de representação federal, o nobreDeputado Nazareno Fonteles.

O que é preciso nesta Casa é que os compromissos sejam honrados. Senadora HeloísaHelena, Eclesiastes diz que o homem é dono da palavra guardada, mas é escravo da palavraanunciada. Não estou defendendo nada, Sr. Presidente, de interesse pessoal. Defendo umcompromisso assumido em nome de Teresina. Gostaria de ouvir com clareza o responsávelpelos créditos, Deputado Gilmar Machado.

Quero comunicar que avisei ao Líder do meu partido e aos meus colegas de bancada —peço apoio daqueles que concordarem com meu protesto — e que, caso essa providência nãoseja tomada em tempo hábil para que sejam adotadas medidas legais no Ministério, vamosfazer obstrução hoje, amanhã e sempre.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Peço ao Senador Heráclito Fortesque, por ocasião da discussão do relatório parcial referente a esse tema, volte a tratar doassunto.

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Sr. Presidente, gostaria de decidir a questãoagora, porque, ato contínuo, tomarei a minha posição com relação à votação aqui.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - A solução terá de ser dada norelatório referente a essa matéria.

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - V. Exa. não entendeu, trata-se de crédito.Quero ouvir a posição do Relator dos Créditos. Não tem nada a ver com o Deputado CarlitoMerss, S.Exa. está fora disso. O compromisso dele é com a segunda parte do mesmoequipamento no ano que vem. O Deputado está fora disso.

O SR. DEPUTADO GILMAR MACHADO - Sr. Presidente, isso não tem 20 dias, foi nasemana passada. Houve o entendimento de que faríamos um crédito do fundo. Quem cuida dofundo — o Senador está fazendo certa confusão — é o Ministro da Justiça. O Ministério temuma série de hierarquias e o Fundo tem gestão própria. Os recursos desse fundo, destinados àárea de segurança, poderiam também ser utilizados para compra de equipamentos nessa área.Nesse sentido, já fizemos contato com o dirigente do fundo, o Dr. Luís Paulo — o Senador oconhece muito bem —, para que, de fato, isso possa ser consumado.

Isso não constava do crédito, não havia emenda. No entanto, assumimos ocompromisso de, por solicitação do Senador Heráclito Fortes e do Deputado Nazareno Fonteles,pedir que incluíssem também a cidade de Teresina nesse processo.

E é exatamente o que estão fazendo. Contudo, o fundo só pode disponibilizar recursosquando houver reunião, o que acontecerá no mês de janeiro, porque não está prevista outrareunião. O Senador Romeu Tuma poderia me ajudar a esclarecer como é que funciona areunião do fundo, porque apenas a minha palavra parece que não é o suficiente. O fundo temde se reunir para exatamente definir isso. Nós já fizemos esse encaminhamento.

Quero deixar claro também que o acordo que fizemos na sala do Senador RenanCalheiros, nesta semana — o Senador José Agripino pode confirmar —, foi no sentido de quevotaríamos 3 relatórios, podendo chegar a 4. Esse foi um compromisso assumido por todos ospartidos, inclusive o PFL. Infelizmente, o Brasil está vendo que não foi honrado. A nossa partefoi cumprida, e vamos honrar nossa palavra.

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O Brasil está ciente disso. Os pedidos de verificação solicitados aqui inviabilizaram esseacordo. Mas nós, do PT, nós, do Governo, vamos honrar até o fim nossa palavra. Infelizmente,outros não vão poder fazer a mesma coisa.

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Acredito piamente no que o Deputado GilmarMachado diz. Só quero que S.Exa. remeta imediatamente para este Senador a cópia doexpediente que fez para o Ministério da Justiça.

O Deputado Gilmar Machado está ao celular, naturalmente falando com o PresidenteLula. S.Exa. está atento ao que acontece na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos eFiscalização. Então, vamos esperar.

Sr. Presidente, vou tomar as providências regimentais imediatamente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Senador Heráclito Fortes, por favor.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Gostaria apenas que S.Exa. mandasse sua

assessoria trazer agora o expediente que encaminhou para o Ministério da Justiça, baseado noacordo aqui firmado.

O SR. DEPUTADO GILMAR MACHADO - Sr. Presidente, farei isso imediatamente.Gostaria que o Senador Heráclito Fortes e o Senador José Agripino, do PFL, dissessem se foiacertado ou não que votaríamos 3 relatórios nesta semana, o que, infelizmente, não vai serpossível.

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - V.Exa. há de convir que um dos relatóriosnão poderá ser votado porque o Relator, por vontade própria, o retirou.

O SR. DEPUTADO GILMAR MACHADO - Pode ser outro.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Então, V.Exa. já começa a ver que não é bem

assim, certo? E V.Exa. há de convir também que a própria base do Governo está se ausentado.Onde é que estão os Líderes?

Essa história de querer jogar para a platéia, Deputado Gilmar Machado, não funciona.Sr. Presidente, se não houver garantia de que será cumprido o acordo firmado com o

aval do Presidente Renan Calheiros e dos Senadores que estavam presentes, tais como SenadorRomeu Tuma e Senadora Heloísa Helena, vou obstruir a sessão, porque isso é um deboche, éum desrespeito. Esta Casa precisa ser respeitada. Para acordo feito aqui não é preciso dartelefonema para assessor e depender de plano coisa nenhuma!

O crédito é uma soberania desta Casa. Se o Relator não tinha condições nemautoridade para assumir compromisso, que não o fizesse. Não é admissível assumircompromisso aqui e não dar continuidade a ele.

A data do empenho se esgota hoje. Se nada for feito, serão prejudicados minha cidade emeu Estado. E não faço nenhum compromisso — já disse isso mais de uma vez — queprejudique minha terra.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Senador JoséAgripino.

O SR. SENADOR JOSÉ AGRIPINO - Gostaria inicialmente de esclarecer fato que reputoda maior importância. O PFL está aqui presente, e com certeza é o partido que mais se fazpresente nesta reunião da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização.

Senadores do PFL presentes: Romeu Tuma, Jonas Pinheiro, Heráclito Fortes e JoséAgripino. Só do PFL, há 4 Senadores.

Há também a Senadora Heloísa Helena, do PSOL, da Oposição; e o Senador AugustoBotelho, do PDT, também Oposição.

Conclusão: a Oposição, que não tem obrigação nenhuma de dar quorum, é quem o estágarantindo com sua presença.

O Deputado Gilmar Machado referiu-se ao entendimento que tivemos — que éverdadeiro —, no gabinete da Presidência, na presença do Senador Renan Calheiros, para sevotar o elenco de créditos suplementares que votamos na semana passada. Houveentendimento no sentido de votar nesta semana 2 ou 3 relatórios setoriais, e o Governo pediaaté 4 deles.

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O primeiro deles, o relatório setorial voltado para a política social do Governo, foi objetode debate. Discutiu-se evidentemente aquilo que tinha de ser discutido. E a que levou essadiscussão? O Relator, Senador João Ribeiro, do PL, da base do Governo, reconheceuvoluntariamente, que seu relatório era inconsistente. Nem S.Exa. estava convencido de queaquele relatório estava em condições de ser votado.

Como é que nós, da Oposição, vamos insistir em votar relatório sem o devido debate,sem o estabelecimento do contraditório?

O Orçamento é a peça mais importante dos trabalhos congressuais. Como é que se vaivotar diante do recado dado ontem pelo Relator, Senador João Ribeiro? Ouvido o debate,S.Exa. resolveu, voluntariamente, retirar seu relatório por entender que não estava pronto paraser votado. E qualquer outro relatório que seja discutido hoje, amanhã, ou semana que entravai estar eivado das mesmas suspeitas de que foi preparado de forma açodada. A melhor formade reparar isso é pela via do debate, do esclarecimento, para que se vote a coisa certa. Porque apior coisa do mundo é se votar um Orçamento errado, incorreto.

Sr. Presidente, estou absolutamente solidário com a manifestação aqui apresentadapelo Senador Heráclito Fortes, que defendeu com espírito público o interesse de sua Capital,Teresina. O que S.Exa. deseja é apenas — esse é o interesse do Governo do Estado do Piauí,com titulares do Partido dos Trabalhadores — escadas Magirus para apagar incêndios queeventualmente possam acontecer na cidade.

Essa solicitação foi objeto de um compromisso. O compromisso não foi honrado. ES.Exa. tem todo direito de exigir — não é chantagem, longe disso, é uma atividade políticalegítima exigir a verificação de quorum — o cumprimento dos compromissos. E o partido doDeputado Heráclito Fortes, que eu lidero nesta Casa, está absolutamente solidário com S.Exa.Inclusive S.Exa. passa a comandar, em nome do PFL, nesta Comissão, o encaminhamento dasvotações, com os acordos que têm de ser mantidos. S.Exa. tem todo direito de exigir ocumprimento do acordo, porque compromisso existe para ser honrado, Deputado GilmarMachado.

Ontem, li, com enorme preocupação, o artigo do jornalista Elio Gaspari sobre o episódioda cassação ou não do Deputado José Guimarães, irmão do ex-Presidente do PT, JoséGenoíno. Eu fiquei alarmado com o que S.Sa. escreveu.

E quero me referir a compromisso honrado. Elio Gaspari escreveu, mas pelo fato de oEstado do Ceará se localizar no Nordeste — não em Brasília, no Centro-Oeste; ou em São Pauloou Rio de Janeiro; no Sudeste — talvez o episódio tenha passado despercebido do grandepúblico do Brasil. Mas se aconteceu como ele escreveu, é a maior das vergonhas nacionais.

Deixem-me explicar rapidamente — se é que eu entendi bem — o que Elio Gaspariescreveu. S.Sa. é o jornalista responsável e é muito bem informado.

Disse o seguinte: a Assembléia Legislativa do Estado do Ceará dispõe de 39 titulares; abancada tucana tem 17. O escore da votação da cassação do Deputado José Guimarães foi de16 favoráveis e 23 contrários à perda do mandato. O primeiro fato a estranhar é que ostucanos, que têm 17 votos, não honraram, em sua totalidade, a cassação que o País inteiroesperava que acontecesse: a do homem que patrocinou que seu chefe de gabinete fosse a SãoPaulo e voltasse carregado de dinheiro, inclusive com 100 mil dólares na cueca — o famosocaso da cueca. Esse homem, que foi apanhado com 100 mil dólares na cueca, é chefe degabinete do Deputado José Guimarães. Na minha opinião, foi uma vergonha nacional. Oprocesso de cassação foi votado na Assembléia Legislativa. E o Deputado saiu vitorioso porqueteve 23 votos favoráveis à preservação do seu mandato, contra 16. Os tucanos, portanto,falharam em um voto. É esse o primeiro fato que o jornalista Elio Gaspari estranha.

Segundo, o cirismo, facção que segue o Ministro Ciro Gomes e que tem expressãoeleitoral no Ceará. Esse grupo é representado na Assembléia por 8 Deputados. Segundo ojornalista, se os 17 tucanos e os 8 ciristas tivessem votado pela cassação, satisfazendo aopinião pública brasileira e cearense, José Guimarães teria sido cassado. Nem a totalidade dosmembros do PSDB nem os 8 ciristas, porém, votaram pela cassação. Quase todos os tucanos

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votaram pela cassação, mas o cirismo, integralmente, votou contra. Vem, então, o pior de tudo,Sr. Presidente: a história do compromisso honrado.

Veja V.Exa., Senadora Heloísa Helena, o que é compromisso. Elio Gaspari diz que paraa Assembléia Legislativa do Estado do Ceará foram o Presidente do Banco do Nordeste e oDiretor-Geral do DNOCS. V.Exa. viu a fotografia do Deputado José Guimarães sendo carregadonos ombros, após a proclamação do resultado? Viu a fotografia dele se abraçando com oPresidente do Banco do Nordeste e com o Diretor-Geral do DNOCS? Viu-o agradecendo aosaltos companheiros? Quem são os altos companheiros? Os que garantiram a liberação doprocesso de cassação? Aí, sim, houve compromisso honrado para salvar o mandato de umhomem que é uma vergonha nacional.

Então, Senador Heráclito Fortes e Deputado Gilmar Machado, vamos colocar ordem nascoisas.

Gostaria, em nome da amizade que tenho pelo ex-Governador Ciro Gomes, que foiGovernador quando eu também era — fomos bons amigos e continuamos a sê-lo —, que S.Exa.explicasse publicamente por que o cirismo votou a favor da preservação do mandato doDeputado José Guimarães. Gostaria também que o Deputado José Guimarães dissesse quemsão os altos companheiros a que se referiu. São os que ele abraçou? São o Presidente do Bancodo Nordeste e o Diretor-Geral do DNOCS? Qual a moeda usada para garantir os 25 votos? ANação aguarda as respostas.

O SR. DEPUTADO GILMAR MACHADO - Sr. Presidente, o Senador Heráclito Fortesacabou de falar com o Dr. João Bernardo, Secretário-Executivo do Ministério do Planejamentoe com o Dr. Luís Paulo, do Fundo de Segurança Nacional. Estamos honrando o que dissemos.Nós, do Governo, cumprimos o que proclamamos. Deixo claro, portanto, que a nossa parte estásendo cumprida.

S.Exa. poderá esperar 20 ou 30 minutos, para receber a informação por escrito. Nãotemos o que esconder.

Solicito que o PFL também honre o acordo que fez.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Sr. Presidente, mais uma vez, parabenizo o

autor da feliz idéia de criar a TV Senado. Essa TV possibilita ao Brasil ver como o Governo ficaatento ao que acontece neste plenário quando estamos tratando de matérias do seu interesse.

Hoje, estamos discutindo o Orçamento. O Governo está ligado. Recebi um telefonema doSr. João Bernardo, Secretário-Executivo. Aliás, S.Sa. foi o homem mais solícito e prestativo quevi em todo o Governo Lula. Perguntou-me o que estava acontecendo e o que ele precisava fazerpara resolver o impasse. O telefone me foi trazido pelo Líder Gilmar Machado. Expliquei, eS.Sa., então, pediu-me o documento original, o pedido, cuja cópia, no dia da discussão, foientregue ao Líder Gilmar Machado. Se, naquela data, S.Exa. tivesse dado prosseguimento aosentendimentos realizados, não estaríamos hoje passando por esse vexame. Se o Líder tivesseencaminhado o acordo para o Ministro da Justiça, para o Ministro do Planejamento ou paraquem quer que seja, não estaríamos hoje, Líder Gilmar Machado — V.Exa. há de convir —passando por esse episódio.

Deputado Gilmar Machado, sinta-se na minha posição. Não posso ficar tranqüilo vendoa situação em que se encontra a minha Capital. Fui Prefeito de Teresina. A cidade verticalizou-se. Não temos escadas Magirus nem estrutura para combater incêndio.

Vejam a responsabilidade de um representante do Estado em questões como esta.Venho lutando contra isso desde a época do Governo Mão Santa. Esse problema não nasceu noatual Governo. Todos os anos o dinheiro é deslocado, desviado, contingenciado, e ocompromisso não é honrado, Senador Romeu Tuma.

As cenas do incêndio no prédio do INSS, que vi ontem, motivaram-me a tomar essaatitude. Não quero, por omissão, ser responsável por alguma coisa que amanhã venha aacontecer na minha Capital. O PT que assuma a responsabilidade pela negligência e por nãohonrar os compromissos. Porém, dei um crédito de confiança ao Dr. João Bernardo. E S.Sa.ficou de tomar as providências e de me ligar ainda no decorrer desta reunião. Aguardo, na

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certeza de que a sensibilidade de um técnico resolverá esse impasse que não é pessoal, mas doEstado que represento.

Espero que durante a leitura do relatório do brilhante Senador Romero Jucá, que oBrasil todo admira, o Ministro responda e, finalmente, tenhamos essa questão solucionada.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Passaremos agora a debater osdestaques. São 11h44min, teremos tempo para falar sobre os destaques.

O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Muito bem, Sr. Presidente, porque esta não éuma reunião de debates, mas de discussão do Orçamento. Respeito todos, mas viemos aquipara discutir o Orçamento.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Estávamos debatendodemocraticamente, em razão também do fato de que o Relator não estava presente e de que,posteriormente, teve de organizar o trabalho.

A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Tem V.Exa. a palavra.A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Desculpe-me, Senador Romero Jucá.Sr. Presidente, V.Exa. tem sido democrático ao conceder a palavra para que os

trabalhos tenham prosseguimento e para que não se desmoralize ainda mais o CongressoNacional. Depois do diálogo telefônico aqui mencionado, porém, eu não poderia deixar de fazerum brevíssimo registro, para que conste da ata desta reunião.

Que modelo de administração pública estamos fazendo? Que modelo de administraçãopública, de debate orçamentário, de responsabilidade do Estado é este, em que umParlamentar diz: “Eu agora vou obstaculizar, então votem lá a minha emenda”. Esta realmente éuma situação que eu não poderia deixar de registrar.

Esse é o atual modelo de planejamento de administração pública — que ora é opatrimonialismo, o fisiologismo, o clintelismo ou qualquer outro que dê lugar à prática dechantagem política.

Então, esse modelo de administração pública, de debate orçamentário e deplanejamento de serviços públicos é vergonhoso, desprezível e abominável. Desculpem-meV.Exas., Sr. Presidente e Sr. Relator, mas eu não poderia deixar de fazer esta reflexão.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Proponho a votação dos destaquesde acordo com o parecer do Relator.

Em votação na Câmara dos Deputados.Os Srs. Deputados que aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)Aprovado na Câmara dos Deputados.Em votação no Senado Federal.Os Srs. Senadores que aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)Aprovado no Senado Federal.O SR. SENADOR JOÃO RIBEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão de

ordem.O SR. SENADOR ROMEU TUMA - V.Exa. já aprovou os destaques?O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Não, propus a votação em bloco.O SR. SENADOR JOÃO RIBEIRO - Sr. Presidente, pedi a palavra, primeiro, para

cumprimentar o Senador Romero Jucá, embora já tenha sido aprovado seu relatório.Quero também dar uma explicação à Casa e à Comissão Mista de Planos, Orçamentos

Públicos e Fiscalização. Ontem, disse claramente por que estava retirando meu relatório, masparece que alguns não entenderam.

Há pouco, conversei prolongadamente com o Ministro Patrus Ananias, e S.Exa. disseque havia conversado com a Senadora Lúcia Vânia e dela obtido o sinal verde. Disse tambémque conversara com representantes de organismos internacionais dos direitos humanos, alémde fazer referência a uma série de outras questões que aqui não vou relatar.

Combinei com o Ministro Patrus Ananias — e vou acertar com o Relator-Geral — arealização de uma mesa-redonda no início da próxima reunião da Comissão Mista de Planos,Orçamentos Públicos e Fiscalização, para que possamos encontrar um denominador comum.

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Não quero posar de bonzinho nem de malvado, quero ser justo. O político não pode serbonzinho nem cruel, mas justo. E o que quero, em meu relatório, é ser justo

Não fiz cortes exatamente para atender ao Governo, que dizia para não mexer nosprogramas. Não usei os 15% que poderia ter usado. Um Parlamentar me disse: “Senador,V.Exa. poderia ter usado os 15%”. Podia, mas essa questão não tinha sido observadaanteriormente.

Então, quero apenas dar essa explicação à Comissão. Sei que foi uma atitude, até certoponto, surpreendente, porque sou daqueles que vão até o final, para ganhar ou para perder.Mas não é isso, esta Casa não é de levar as coisas a ferro e fogo, de qualquer forma. Temos deresolver da melhor maneira possível para contemplar a Casa e, sobretudo, o País.

A minha atitude foi exatamente esta. É esta a explicação que eu estava devendo nestemomento. Estou pronto para voltar com o meu relatório. Assim que estiver pronto, vamoschamar a Senadora Lúcia Vânia e os Líderes, para que tudo fique elucidado. E acredito quevamos elucidar, sim, porque o Ministro até conseguiu me convencer. E eu disse: “Mas V.Exa.tem de convencer a Comissão, Sr. Ministro”.

Portanto, temos de acertar para que eu possa voltar com o relatório posteriormente. Ahora que for preciso, estarei pronto. Não tem dia, não tem hora.

Na sexta-feira, eu estava aqui às 8h da noite trabalhando, Sr. Presidente. Sou daquelesParlamentares que ficam de plantão nesta Casa. E não é o primeiro ano, não. Nos 12 anos emque sou Parlamentar nesta Casa, nos 10 anos de Comissão Mista de Planos, OrçamentosPúblicos e Fiscalização, já ocorreu de eu ter ficado 36 horas participando de uma reunião daComissão. Saía só para ir ao banheiro. Eu me alimentava ali mesmo. E V.Exa. sabe que isso éverdade.

Portanto, reclamei do fato de que setores da imprensa estavam sendo injustos comalguns Parlamentares, pois diziam que a Casa não estava trabalhando. o que não é verdade.Muitos Parlamentares estavam aqui trabalhando. Eu estou aqui trabalhando. Passei o Natalem Brasília — a minha residência oficial é no Tocantins, meu Estado.

Sr. Presidente, faço isso com maior prazer do mundo, porque sou pago pelo povo paratanto e para exercitar bem o meu mandato. Não discuto essa questão de salário, mesmoporque sou daqueles que depende de salário para sobreviver. Quem está trabalhando tem odireito de receber. O salário mínimo está ruim? Então, vamos melhorar. Mas não vamos fazercomparação de uma coisa com outra.

Portanto, não vou entrar em outros temas, até para não polemizar.Sr. Presidente, repito: tenho o maior prazer do mundo de estar aqui. Represento meu

povo com orgulho. No dia em que eu tiver — se um dia isso vier a acontecer — qualquerimpedimento, qualquer questão pessoal que me impeça de estar aqui, dedicando-me 24 horas,deixo meu mandato e volto para minhas atividades particulares. Não vou misturar as coisas.

Cada Parlamentar que aqui está não deve ter dia nem hora para cumprir sua obrigaçãoe seu dever com o povo. Não faço discurso demagógico, não faço discurso para a imprensa,para a mídia. Sou daqueles que não falam muito, mas, quando o faço, digo o que sinto, o quevem do coração e da alma.

Portanto, Sr. Presidente, quero cumprimentar esta Casa pelo trabalho que realizou,aqueles que honraram os seus compromissos. Os que não honraram, que se expliquem. Eunão tenho de dar explicação, porque honro meu compromisso com aqueles que votaram emmim e com o País.

No dia e na hora em que V.Exa. convocar, o Senador João Ribeiro estará presente naComissão da qual é titular.

Obrigado, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Relator.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Sr. Presidente, como V.Exa. já propôs a votação em

globo conforme o parecer do Relator, gostaria de registrar que recebemos 59 destaques, 2foram inadmitidos por serem de emendas equivocadas, não fazendo parte da nossa ÁreaTemática, e 28 emendas foram rejeitas. São as Emendas nºs 55, 8, 40, 39, 9, 10, 38, 22, 43,

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37, 11, 56, 41, 21, 17,12, 30, 18, 31, 26, 54, 16, 52, 58, 42, 19, 53 e 49, porque se tratavamde emenda de Comissão, ou seja, emendas equivocadas.

Há 28 destaques aprovados parcialmente, exatamente os que acrescentam 3 milhões dereais a cada emenda de bancada acolhida no relatório. São os Destaques nºs 5, 6, 7, 36, 50,23, 32, 4, 23, 25, 14, 1, 24, 57, 15, 33, 34, 28, 29, 48, 49, 51, 2, 47, 46 e 35.

Portanto, solicito a aprovação em bloco, tanto dos destaques rejeitados, quanto dosaprovados parcialmente.

O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - Sr. Relator, o Destaque nº 48 foi retirado.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Registro que apresentei 6 destaques que

remanejam recursos das Comissões exatamente para fazer frente a esse atendimento. Essesdestaques também têm parecer favorável.

O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - Sr. Relator, o Destaque nº 48 foi retirado, e oDestaque nº 49... V.Exa. leu agora os Destaques nºs 48 e o 49. É o destaque do DeputadoNelson Meurer, que pede a rejeição da emenda que V.Exa. aprovou.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Exatamente.O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - E o meu, o Destaque nº 48, que eu retirei logo

que V.Exa. terminou de ler.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - É que eles foram retirados. E o Destaque nº 51

ganha mais 2 milhões de reais, para que a emenda do Paraná fique com 3 milhões de reais.O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - V.Exa. está remanejando os 2 para o Destaque

nº 51?O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Exatamente.O SR. DEPUTADO RICARDO BARROS - É que V.Exa. leu agora os 2, por isso que

estou pedindo a retificação.O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Sr. Presidente, peço a palavra pelo PSDB.O SR. DEPUTADO WASNY DE ROURE - Sr. Presidente, peço a palavra para

encaminhar pelo PT.O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - O Relator fez uma correção bastante acertada.

Não chegou ainda àquilo que as bancadas estaduais gostariam, mas evoluiu bastante. Maispara a frente, no relatório geral, poderá haver um melhoramento disso.

Estamos trabalhando sob violentíssima pressão por parte da imprensa. Toda horaanunciam que, por esta convocação extraordinária, 100 mil reais vão entrar nas nossas contashoje, que os Deputados não trabalham, que os Senadores não trabalham. E não percebe queestá fazendo exatamente o jogo do Palácio do Planalto, que forçou a realização destaconvocação para contar os prazos das CPIs e para que se chegasse mais perto da campanhaeleitoral sem as CPIs funcionando. A não-convocação seria um desastre ainda maior, porquenestes 2 meses toda a imprensa do País estaria à procura dos mensaleiros, do caixa 2, do caixa3, dos recursos não contabilizados — e se procurar vai achar mesmo, como está achandodiariamente. E, no retorno, teríamos um governo mais enfraquecido ainda e com 3 meses,praticamente, de CPIs pela frente.

Esta convocação se dá exclusivamente por interesse do Governo Federal. Não sei se coma concordância e total submissão de sua base — não vou chegar a tanto, mas está mais do queclaro que o Governo Federal provocou, sim, esta convocação. Agora, a imprensa nacional entrano jogo do Governo, que quer imputar todas as mazelas a esta Casa.

Infelizmente, Sr. Presidente, estamos vivendo isso. Mas o PSDB, como Oposição, estápresente, sim, nesta Comissão com praticamente todos os seus Deputados e Senadores.

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Os Ministros sumiram de Brasília, DeputadoDimas.

O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Os Ministros sumiram, estão de férias.Dificilmente se encontra alguém no Palácio para responder por algo. No entanto, nós estamosaqui trabalhando. A nossa obrigação, como Oposição, é estar aqui mesmo, e estaremos emtodas as convocações que houver. Estou muito satisfeito com o papel desempenhado pela

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Oposição, especialmente pelo PSDB. E temos a convicção de que estamos no caminho certo,cumprindo os deveres constitucionais e regimentais do Congresso Nacional.

Gostaria apenas que a imprensa acordasse um pouquinho, porque está fazendo o jogodo Sr. Presidente Lula, o jogo do Governo Federal.

O SR. DEPUTADO WALDEMIR MOKA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem peloPFL.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Tem V.Exa. a palavra.O SR. DEPUTADO WALDEMIR MOKA - Sr. Presidente, quero apenas e tão-somente

dizer que votaremos a favor do relatório do eminente Senador Romero Jucá, a quem eu tenhoum apreço muito grande — e S.Exa. sabe disso.

Em nome da Comissão de Agricultura, peço, mais uma vez, ao Relator Setorial e,principalmente, ao Relator-Geral que atendam as emendas de bancada. Na verdade, paraatender às emendas de bancada, o Relator Setorial retirou recursos destinados à patrulhamecanizada. No meu entendimento, essa é uma questão menor, mas foram retirados recursos,por exemplo, da EMBRAPA e de várias emendas de Comissão.

Sr. Presidente, insisto em que é preciso haver maior preocupação principalmente com aárea de fiscalização, porque, apesar do desastre da febre aftosa, estamos vendo novamente queforam aprovados apenas 67 milhões para programas de fiscalização. Ora, Sr. Presidente, nãose trata apenas de febre aftosa. O problema é muito mais amplo, envolve o cancro cítrico, asigatoka negra, a ferrugem, a vassoura-de-bruxa, enfim, várias doenças. Toda a problemáticana área animal ou vegetal exige fiscalização, pessoal, recursos.

Uma conta rápida: 67 milhões dividido por 27 Estados dará um desastre.O compromisso, ao votar o relatório final, é o de que esses valores sejam resgatados

para a EMBRAPA e, principalmente, para a fiscalização. É a observação que faço pela Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado Claudio

Cajado.O SR. DEPUTADO CLAUDIO CAJADO - Sr. Presidente, o Partido da Frente Liberal na

Câmara dos Deputados, diante das melhorias feitas pelo nobre Relator, Senador Romero Jucá,encaminha o voto favorável à aprovação dos destaques, apesar de entender que ainda ficaramalgumas desigualdades entre os recursos pleiteados pelas Comissões da Câmara e do Senado.Há prevalência muito maior na parte do Senado, mas não procrastinaremos a aprovação doprimeiro relatório setorial, até porque esse não é nem nunca foi o nosso objetivo.

Estamos dando quorum, estamos sempre presentes às sessões convocadas por V.Exa.,Sr. Presidente, e o Regimento tem de ser cumprido integralmente. Se a base do Governo, poressa ou outra razão, não tem interesse em dar presença, temos de ser vigilantes e fazer comque o Regimento seja cumprido. A Oposição, porém, está presente na sua inteireza. E, nestemomento, falo pela Liderança do PFL. Portanto, as alterações serão feitas no Comitê deEmendas e, posteriormente, encaminhadas ao Relator-Geral.

Sr. Presidente, aproveito também este momento para parabenizar V.Exa. por seudiscernimento, compreensão, tolerância e, principalmente, pela determinação de fazer com quea Comissão, mesmo diante das críticas infundadas, continue atuando em benefício do Brasil.

Muito obrigado.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado Pedro

Chaves e, em seguida, a Deputada Rose de Freitas.O SR. DEPUTADO PEDRO CHAVES - Sr. Presidente, o relatório do nobre Senador

Romero Jucá, atendendo a um pedido nosso, contemplou a BR-020, trecho que liga a CapitalFederal à divisa com o Estado da Bahia, com 22 milhões de reais dentro do Programa deRecuperação de Rodovias Federais. Anteontem, dia 27 de dezembro, foi editada a MedidaProvisória nº 273, mediante a qual o Presidente da República faz remanejamento de recursos.Para minha surpresa, foram cancelados os 22 milhões de reais destinados à recuperação dessarodovia.

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Sr. Presidente, a BR-020 é a única rodovia federal que liga a Capital Federal, Brasília, àquase totalidade dos Estados do Nordeste brasileiro e também do nordeste goiano. Tiveoportunidade de trafegar por ela agora, às vésperas do Natal, e vi vários veículos parados, compneus estourados justamente em função da grande quantidade de buracos nela existentes.

Por isso, apelo para o próximo Relator Setorial, Deputado José Priante, e ao Relator-Geral, Deputado Carlito Merss, no sentido de que recomponham os recursos destinados àrecuperação dessa rodovia, porque ela está quase intransitável, o que tem ocasionado váriosacidentes. Ela precisa ser recuperada o mais urgente possível.

É o meu apelo, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra a Deputada Rose de

Freitas.O SR. SENADOR ROMEU TUMA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem, pelo PFL

do Senado.O SR. DEPUTADO ALEX CANZIANI - Pelo PTB, Sr. Presidente.O SR. DEPUTADO WASNY DE ROURE - Pelo PT, Sr. Presidente, há meia hora.A SRA. DEPUTADA ROSE DE FREITAS - Pelo PMDB, Sr. Presidente.Nobre Relator, Senador do PMDB, sua sensibilidade de tentar contornar os problemas e

suas limitações, obviamente, são os motivos pelos quais aprovaremos o seu relatório. Aliás, nãoé a primeira vez que vemos o esforço de V.Exa., Senador Romero Jucá, para atender asdemandas do Congresso e desta Comissão.

Sr. Presidente, deixo registrados 2 fatos que considero de extrema gravidade: primeiro,a discriminação, o descaso e o deboche com que o Governo Federal trata as emendas dosParlamentares, emendas que se destinam a socorrer os Municípios e os Estados. Parece que oDeputado Osmar Serraglio está proibido de ver atendida qualquer uma de suas emendasindividuais. Consideramos isso um abuso. Este Governo virou as costas para o CongressoNacional. Não é dessa maneira que se administra um país. Tem de haver senso democrático,saber que esta Casa é um Poder independente, embora não tão independente como eu gostariaque fosse.

Em nome da bancada, faço esse protesto em defesa do companheiro Deputado OsmarSerraglio, que exerce tão-somente o papel de Relator de uma CPI com responsabilidade ecaráter.

Sr. Presidente, também tomamos conhecimento de que o Governo Federal está enviandovárias medidas provisórias a esta Casa.

Deixo registrada a minha apreensão pela maneira com que o Governo está encarando oOrçamento com que pretende trabalhar, pois os jornais enfatizam que o Governo estácogitando uma reserva de mais ou menos 13 bilhões de reais para serem aplicados a seu bel-prazer — e não nos esqueçamos de que o Governo atende a Parlamentares e, logo em seguida,retira os recursos, como no caso aqui mencionado da BR-020.

Ontem, protestei contra a peça de ficção em que se transformou o Orçamento. Já foi otempo em que se fazia um Orçamento cujo número correspondia às propostas dos RelatoresSetoriais. Não é mais assim. O que o Governo está fazendo é uma brincadeira.

Sr. Presidente, atendendo à convocação de V.Exa., a bancada do PMDB está presenteneste plenário para votar o Orçamento, que é importante para este País. Mas não dessamaneira, com esse deboche e com esse descaso para com esta Casa. Medidas provisórias estãosendo editadas em caráter de urgência, para tratar de coisas que estão rolando há 3 anos nestePaís, como as estradas esburacadas, já denunciadas há muito tempo e que viraram objeto dedecreto de calamidade. Não dá para entender com que base, com que princípio, com que normatécnica o Governo está enviando essas medidas provisórias a esta Casa.

Dizem que o homem é o homem e suas circunstâncias. Mas também o homem é ohomem e suas histórias. V.Exa. empresta sempre a esta Comissão seriedade e dignidade. Nãome surpreenderia se soubesse que as emendas que V.Exa. tem para seu Estado não foramatendidas até hoje pelo Governo Federal. Quando um Parlamentar briga pelo seu Estado, peloseu Município, está brigando pelo desenvolvimento da sua região. Isso não é brincadeira nem

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deboche, como alguns querem fazer crer, muitas vezes, em algumas linhas de jornais,insinuando que se apresentam emendas por personalismo, por individualismo ou fisiologismo.Não. No meu Estado, quando uma escola cai, cai mesmo; quando uma ponte cai, cai mesmo;quando falta uma máquina, falta mesmo. Toda aquela cultura, toda aquela produção doagricultor fica perdida no meio de uma estrada, por falta de investimentos.

Por isso, estamos aqui brigando por um Orçamento mais digno para o País.Sr. Presidente, peço a V.Exa. que apóie a luta das mulheres e da Frente da Saúde, para

que sejam alocados recursos para a compra de mamógrafos, tão importantes para o tratamentoda saúde e prevenção do câncer de mama.

Comunico também a V.Exa. que a partir do dia 16 a bancada do PMDB discutirá sevotará ou não o Orçamento proposto nesta Casa.

Por fim, parabenizo V.Exa. e desejo-lhe um bom ano-novo.Era o que queria dizer.Muito obrigada.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Obrigado.Com a palavra o Deputado Wasny de Roure, pelo PT.O SR. DEPUTADO WASNY DE ROURE - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nesta

semana vivemos dias de muita perplexidade, até porque nenhum Parlamentar tem a intençãode levar à sociedade brasileira qualquer tentativa real de obstrução no que diz respeito àquiloque é o cerne e o centro da administração pública.

Concordo com a posição do Senador Heráclito Fortes, reafirmada pelo Senador JoséAgripino, relativamente ao embate com o Governo para o empenho das emendas e da execuçãodaquilo que é absolutamente público. Uma vez sendo público, não há por que tergiversar,principalmente por se tratarem de matérias incorporadas ao Orçamento Geral da União.

Por isso, quero aqui cumprimentar o Relator, Senador Romero Jucá, que temdemonstrado ser um homem identificado com as questões públicas.

Quero reafirmar 3 aspectos que considero da maior importância neste relatório. ODeputado Waldemir Moka apontou a questão sanitária. S.Exa. reafirmou em váriospronunciamentos que aqui fez e que considero da maior relevância que o país pretendeincrementar sua pauta de exportação, principalmente de produtos avícolas, bovinos e suínos.Portanto, não há dúvida de que se trata, a despeito de não contemplar o montante necessário,de algo prioritário para este País.

Mas quero me referir ao programa desenvolvido pela EMBRAPA. Se hoje a EMBRAPA é amaior empresa pública de pesquisas de produtos da agricultura tropical, isso, sem dúvidanenhuma, é o resultado daquilo que esta Casa e o Governo têm feito ao longo dos anos. AEMBRAPA é uma empresa que coloca o País não somente na ponta da exportação agrícola,como também na ponta da exportação de tecnologia na área da produção tropical.

Em segundo lugar, Sr. Presidente, trata-se da disponibilidade para o trabalho realizadopela Companhia Nacional de Abastecimento na aquisição e no financiamento de produtosagrícolas, principalmente nas regiões de difícil acesso ao transporte e aos benefícios que oGoverno pode oferecer.

São 2 empresas da maior importância para a sociedade brasileira. Sinto-me orgulhosoporque sou funcionário, a exemplo do Senador Romero Jucá, da Companhia Nacional deAbastecimento. Ainda sou funcionário, Senador, e parece-me que V.Exa. já foi.

Por último, Sr. Presidente, quero registrar a disponibilidade orçamentária para oprograma da reforma agrária.

O Governo do Presidente Lula, sem dúvida nenhuma, herdou uma política de reformaagrária que pensou tão-somente nas desapropriações, e não nas políticas colaterais para poderdar ao assentado reais condições de permanência no campo.

Portanto, quero aqui reconhecer, no relatório do Senador Romero Jucá, uma proposiçãoextremamente positiva do Governo Lula, reafirmada pelo Congresso Nacional, no sentido deque a reforma agrária não seja vista apenas como objeto de disputa ideológica, mas, sim, deafirmação do desenvolvimento rural brasileiro.

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Não é possível que, com a pauta de exportação que possui, de ponta, além de suaagricultura dinâmica, o Brasil ter negligenciado a sua população maior, a dos trabalhadoressem-terra.

Por isso, essa proposta que teremos a oportunidade de votar traz consigo a reafirmaçãodo projeto da reforma agrária, não apenas na desapropriação de terra, mas no conjunto deproposições necessárias para proporcionar, de fato, reais condições de fixação do homem nocampo.

O PRONAF, sem dúvida nenhuma, é a maior expressão dessa conquista.Concluo minhas palavras corroborando aquilo que os outros colegas disseram,

principalmente o Deputado Claudio Cajado, no que se refere a S.Exa.Tive o privilégio de participar de duas de suas gestões à frente desta Comissão, por isso,

o meu mais absoluto reconhecimento à sua postura e seu compromisso com a coisa pública.Parabéns, Senador Gilberto Mestrinho! Parabéns, Senador Romero Jucá! Que possamos

honrar este País!Deixo os meus votos a todo o País de que o ano de 2006 não repita os lamentáveis

episódios que tivemos neste doloroso ano de 2005.Muito obrigado.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Para encaminhar pelo PTB,

Deputado Alex Canziani.O SR. DEPUTADO ALEX CANZIANI - Sr. Presidente, nobres pares, quero

cumprimentar o Relator pelo brilhante texto que fez. Dentro daquilo que foi possível, S.Exa.atendeu aos pleitos da bancada do Paraná, assim como de vários outros segmentos do País.

Todos sabemos o que a agricultura tem representado para a economia brasileira.Gostaria de falar acerca da EMBRAPA, tema levantado por alguns Deputados há pouco.Esta semana vimos uma matéria do Presidente da EMBRAPA dizendo que, em relação a

outros países do mundo, o Brasil investe pouco. Se investirmos cada vez mais em tecnologia,se investirmos mais em pesquisa, com certeza, isso será revertido em prol do desenvolvimentodo País.

Temos, Sr. Presidente, o privilégio de ter em nossa cidade, Londrina, no Estado doParaná, a EMBRAPA Soja, que tem exercido papel da maior importância para que o Brasiltenha ganhos de produtividade nessa área.

Hoje, a soja é também produzida em alguma áreas que, poucos anos atrás, não tinhamcondições de receber essa cultura. Graças à pesquisa e, muito especialmente, à EMBRAPASoja, conseguiu-se aumentar a área plantada em nosso País.

Espero que o Relator-Geral, Deputado Carlito Merss, possa dar uma contribuição aindamaior para a EMBRAPA, destinando mais recursos para que mais pesquisas possam ser feitase, acima de tudo, a agricultura continue a ter papel tão importante na economia do nosso País.

Quero agradecer ao Relator pelo empenho em atender ao Paraná. Espero que, norelatório geral, mais recursos possam ir para o nosso Estado. Mas, acima de tudo, acho que,dentro do que foi possível, conseguimos atender às demandas da sociedade brasileira.

Parabéns, Relator! Parabéns, Presidente! E que consigamos, nos outros relatórios, ter amesma qualidade do trabalho produzido pelo Senador Romero Jucá.

Sr. Presidente, obrigado.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Para encaminhar a votação pelo

PFL, com a palavra o Senador Romeu Tuma.O SR. SENADOR ROMEU TUMA - Sr. Presidente, por delegação do Senador Heráclito

Fortes, vou encaminhar pelo PFL.Mas, preliminarmente, gostaria de recordar uma visita que, conjuntamente, fiz com

V.Exa. à Amazônia, a convite da área militar. (Pausa.)Gostaria que o Senador Mestrinho, se possível, ouvisse o que tenho a dizer. Vou

aguardar a secretária fazer a comunicação. Sem reclamar, Senador. Não estoureclamando, porque sei da importância da comunicação da secretária. (Pausa.)

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Senador Mestrinho, estou lembrando a visita que fizemos à Amazônia a convitedas Forças Armadas. Sou um apaixonado por aquela região. Lá não nasci, mas achoque, nas minhas veias, corre um pouco do sangue amazônida.E quando, com toda a delicadeza, eu falava com V.Exa., V.Exa. dizia: “Não se preocupe,

porque eu sou descendente de índio”. Então V.Exa. afirmava que tem a origem dos primeirosmoradores desta terra brasileira.

Sinto imenso orgulho por V.Exa. presidir a mais importante Comissão desta Casa, a doOrçamento. Então, alguém de origem indígena, Senadora Heloísa Helena, preside estaComissão com elegância, com cultura e obstinação, procurando não ferir nenhumParlamentar, dando direito a todos de fazer uso da palavra.

Esta é a homenagem que presto a V.Exa., porque V.Exa. é um amazônida que,realmente, representa seu Estado e o território brasileiro.

Sei que o Deputado Carlito Merss vai melhorar o montante destinado à exploração daAmazônia no que respeita à floresta.

Conheço o Senador Romero Jucá desde quando foi Presidente da FUNAI. Tivemosoportunidade de fazer vários trabalhos delicadíssimos, respeitando as comunidades indígenas,sem prejudicar os brasileiros que estavam investindo em determinadas regiões, cujo progressoaté hoje se arrasta — e o Romero sabe disso. Desculpe-me por chamá-lo de Romero e não deSenador.

Mas pressinto a angústia de cada Sub-Relator, Senador Sibá Machado, ao ver umSenador ou um Deputado reivindicar uma emenda para o seu Estado. Essas emendas sãoimportantes nacionalmente, porque todo cidadão mora em uma cidade e precisa de progresso eda atenção do Poder Público, e S.Exa., não podendo atendê-la por falta de recursos, teve ahabilidade de dividir algumas emendas para equacionar as dificuldades existente para votar oseu relatório. E é uma votação que o PFL vai apoiar.

Concordamos com a votação em bloco. Por quê? Porque S.Exa. foi claro na sua análisedos destaques, procurando retirar recursos que menos falta fariam, para atenderprincipalmente às emendas de bancadas.

Quero também dar uma pequena explicação ao Senador Heráclito Fortes.S.Exa. chamou-me a atenção, assim como o Deputado Gilmar Machado, homem

educado, claro, que tem procurado atender às reivindicações dos Parlamentares.Vamos discutir o Fundo de Segurança quando a Sub-Relatoria trouxer o programa das

Forças Armadas, da Polícia Federal e das Polícias Estaduais, porque realmente há grandedefasagem e profunda angústia na área de segurança.

A segurança está sendo relegada a segundo plano: construção de presídios e tantasoutras coisas. Os projetos que passam pelo Fundo realmente têm de fazer parte do programado Governador ou do Prefeito, quando há guarda municipal. Então, não dá para atendê-lossem que esse programa seja apreciado.

Fiz um ofício que está para ser assinado e enviado ao Ministro da Justiça, a quemmuito respeito, Dr. Márcio Thomaz Bastos, pedindo a relação dos programas atendidos peloMinistério através da Secretaria Nacional de Segurança. Porque tenho recebido algumascomunicações no sentido de que o maior programa atendido é o do aparelho de grampotelefônico, que está sendo financiado metade pelo Fundo e metade pelo Estado.

Não podemos desconsiderar problemas de escada Magirus e outras coisas. A propósito,quanto ao incêndio ocorrido aqui em Brasília, é claro que respeito o Comandante da PM quedisse não ter descoberto nada que indicasse tratar-se de incêndio criminoso. Mas quem fazum incêndio criminoso provoca um curto-circuito através de técnica que só bandidosconhecem. Mas, se é assim, por que o fogo atingiu apenas processos que identificavam oscriminosos que lesaram a Previdência Social?

Não dá para falar por antecipação.Peço desculpas aos bombeiros, que sei heróis e que trabalham com afinco nesse

sentido, mas a perícia tem de trabalhar tranqüilamente e descobrir se foi ou não criminoso,

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porque, do meu ponto de vista, cheira a crime, uma vez que atingiu objetivamente o que elesqueriam.

E sei que o Dr. Rachid tem feito um bom trabalho, tanto é que há sobra de arrecadaçãopermanentemente durante o ano, e o Orçamento está se referindo a isso. Talvez a SuperReceita tenha também provocado alguma coisa nesse sentido. Mas o bandido, que já nãopagava a Previdência Social, agora terá mais tempo, porque reconstituir um processo não éfácil, isso se não sumirem documentos durante a reconstituição.

Então, Senador Heráclito Fortes, todas as cidades em que há prédios grandes deveriamter escadas Magirus, além de outros equipamentos. Sei quão relevante é o trabalho paraconseguir estabelecer um programa eficiente na área de combate a incêndios.

Nos Estados Unidos, há pessoas com psicose devido a grandes incêndios de que foramvítimas. E vimos aqui um problema comum nesses casos: a falta de acesso ao local doincêndio. O bombeiro tinha carro, mas não podia chegar perto do fogo.

A construção de qualquer prédio não pode ser aprovada sem a garantia de segurançada população e principalmente de preservação do patrimônio público.

Peço desculpas a V.Exa., pois sei que não é hora de discutir isso. Vamos discutir temasque venham realmente ao encontro desse programa. Mas é que o Deputado Gilmar Machadopediu-me que colaborasse, e vou encaminhar ofício ao Ministro da Justiça, a fim de que S.Exa.relacione para nosso conhecimento tudo aquilo que foi atendido nos últimos anos no que dizrespeito a programas apresentados pelos Governadores e Prefeitos de cidades onde a guardamunicipal está estruturada.

Obrigado, Presidente, e parabéns.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - O último orador inscrito é o

Deputado Virgílio Guimarães.(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Sr. Presidente, só uma sugestão, por favor...O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Nós temos de votar o Orçamento...O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Quero apenas fazer uma sugestão, porque sei

que V.Exa. vai encerrar logo em seguida, para podermos evitar esse tipo de acontecimento como Senador Heráclito Fortes e o Líder do Governo. Seria importante — é só uma sugestão — naspróximas discussões dos relatórios setoriais trazermos os Ministros aqui para explicarem essesprogramas e, também, buscarem soluções para aquilo que o Governo não tem conseguido.

Seria igualmente importante que, no relatório setorial da educação e da ciência etecnologia, tivéssemos aqui os Ministros acompanhando os trabalhos, dirimindo dúvidas eexpondo seus pontos de vistas.

É a sugestão do PMDB. Acho que seria bastante importante se conseguíssemos trazê-los.

Ao mesmo tempo, quero agradecer ao Relator por ter acatado o nosso destaque acercada patrulha mecanizada do Tocantins, meu e do Senador João Ribeiro, e também o doDeputado Bismarck Maia, do Ceará, que teve seu destaque acatado.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Deputado Ronaldo Dimas, oCongresso Nacional é autônomo, segundo a Constituição. E a elaboração do Orçamento écompetência do Congresso Nacional, dos nobres Deputados e Senadores.

Então, não podemos ficar sujeitos à presença de um Ministro. Se fizermos isso, amanhãvem um fulano do terceiro escalão do Ministério, representar o Ministro, como estáacontecendo na liberação das emendas. Os Ministros não estão aí, mas apenas funcionários deterceira categoria negociando a liberação de emendas.

É melhor não aceitarmos a proposta de V.Exa., que tem a melhor das intenções, masnão podemos concordar porque isso seria retirar a independência da Casa.

Deputado Virgílio Guimarães, V.Exa. está com a palavra.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Sr. Presidente, sobre a questão...

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O SR. DEPUTADO RONALDO DIMAS - Mas é a título de informação e para retirarnossas dúvidas. Vários programas, como, por exemplo, o que retira dinheiro da Saúde paracolocar no Bolsa Família, podem ser melhor explicados por eles.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Deputado VirgílioGuimarães.

O SR. DEPUTADO VIRGÍLIO GUIMARÃES - Sr. Presidente, serei breve, até porque háSenadores inscritos ainda para encaminhar.

Quero chamar a atenção do Plenário para um aspecto: estamos fazendo, ao mesmotempo, coisas contraditórias. Estamos votando o relatório apresentado, com todo o esforço ecompetência, pelo Senador Romero Jucá. Mas, neste mesmo momento, estamos querendo fazerempenhos, para que Ministérios inscrevam como Restos a Pagar uma série de ações nãorealizadas. Ao mesmo tempo em que aprovamos o novo Orçamento, já estamos estiolando onovo Orçamento. E, depois, reclamamos que o Orçamento não é cumprido.

Neste final de ano, aprovamos uma bateria de projetos de lei com créditosextraordinários, créditos especiais e suplementares, que também desfiguram a lei orçamentáriaanual.

Então, Sr. Presidente, quem sabe é este o momento de, em vez de fazer essa corrida porbuscar empenhos para serem executados no ano que vem, desfigurando o Orçamento,fazermos um pacto para cancelar tudo? Restos a Pagar é aquilo que foi realizado e comprovadono ano e que não houve tempo para ser pago. Isso é o verdadeiro Restos a Pagar; o resto érestos a fazer.

Estamos pendurando nos vários Municípios restos a fazer para serem pagos depois,realizados e pagos o ano que vem. O recurso sai de algum lugar. E, depois, nós mesmosreclamamos que o Orçamento não é impositivo. O Orçamento só é impositivo se ele forverdadeiro. Então, para ser verdadeiro, ele tem de parar de ser desfigurado por essas 2 bombasque causam impacto ao Orçamento: a execução de altíssimo volume de Restos a Pagar e,depois, no fim do ano, altíssimo número de projetos de lei de créditos suplementares.

Gostamos de escrever, na lei orçamentária anual, “investimentos” e gostamos deaprovar, nos PLs, “custeio”. Aí tiramos os investimentos e aprovamos custeios porque o setortal precisa, a Educação precisa, a Saúde precisa...

Portanto, neste final de ano, estamos fazendo coisas contraditórias: aprovando oOrçamento e fazendo enorme esforço para aprová-lo, mas, ao mesmo tempo, infelizmente,mantemos vícios que o desfiguram.

Sr. Presidente, quero apelar para os Parlamentares no sentido de que — quem sabe? —começarmos a praticar o realismo orçamentário, chegarmos à aplicação absoluta da leiorçamentária anual, tão bem construída pelo esforço de alguns, como o Senador Jucá, a quemcumprimento pelo belo relatório.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Eu gostaria de pedir aosintervenientes que fossem econômicos em suas palavras, para podermos votar.

Concedo a palavra ao Senador Heráclito Fortes.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - A recomendação de V.Exa. para mim tem a

força da pororoca, e eu a temo.Sr. Presidente, quero justificar e entender a intenção do Deputado Dimas. É a melhor

de todas. O que S.Exa. quer?O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Pelo amor de Deus!O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Eu não entendi a irritação do Senador

Romero.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Quero votar.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - V.Exa. quer ser dono do meu pensamento, da

minha palavra, Sr. Relator?O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Não, mas esse é um assunto que não tem nada a

ver com o que estamos discutindo.

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O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Mas V.Exa., como censor, não me conheciaassim, um democrata.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Mas paciência tem limite.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Sua paciência tem limite, mas V.Exa. não

tem o monopólio da paciência dos outros. Que coisa feia, Sr. Relator! Eu o conheci maisdemocrata, um Ministro da Previdência brilhante, homem que teve a paciência de ouvir oBrasil inteiro. Não faça isso com seus colegas. Aqui, somos iguais.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Iguais, não. A Oposição é mais que os outros.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - V.Exa. não pode dizer isso, porque nunca foi

oposição. O gosto de ser oposição V.Exa. nunca provou.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Nunca provei, não. Fui oposição nesta Casa no

início do ano passado e V.Exa. não tem autoridade moral para questionar qualquerposicionamento político que eu tenha, por favor.

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Sobre autoridade moral, discuto com V.Exa.em qualquer um dos casos.

O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Também discuto com V.Exa. Mas V.Exa. não temautoridade para vir me falar de posicionamento político nenhum.

(O microfone é desligado.)O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Cortei o som, porque estamos em

uma reunião da Comissão Mista de Orçamento destinada a votar os destaques. Somos todospessoas educadas, razão pela qual estamos aqui; do contrário, cá não estaríamos. Então, peçoaos companheiros controle — e todos somos iguais aqui — para que a reunião possaprosseguir e para que consigamos proceder à votação sem agressões. No ardor do debate, aspessoas às vezes se excedam, mas não é justo que isso prejudique os trabalhos.

Continua com a palavra o Senador Heráclito Fortes.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Gostaria que o Senador Romero Jucá

esclarecesse ao Brasil onde me falta autoridade moral para eu dizer o que disse aqui.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Não vamos continuar com isso.O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Não, não. Vou continuar. Apenas fica S.Exa.

devedor, porque é grave fazer esse tipo de acusação.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Não. Autoridade moral para comigo. V.Exa. não

tem autoridade para isso. Quem tem autoridade para cobrar meu posicionamento político é opovo de Roraima, que me elegeu com 63% dos votos, e não V.Exa. Não me venha dar lição depolítica.

O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES - Não, V.Exa. quis dar lição de comportamentoà Oposição, e esse direito V.Exa. não tem. V.Exa. inclusive, pertenceu ao meu partido e sabeque ele tem compromisso e posições, e disso não abro mão. Mas, tudo bem. O episódio estáencerrado. V.Exa. é um Senador brilhante. Sei que V.Exa. está cansado e nervoso, não de hoje,mas desde ontem. Compreendo a responsabilidade de V.Exa., e, pelo apreço e amizade que lhetenho, não quero que isso prossiga. Apenas não levo para casa insinuações desse tipo.

O que quero é justificar a sugestão do Deputado Dimas. Naturalmente, se no correr dadiscussão orçamentária, alguns Ministros prestassem alguns esclarecimentos, isso ajudaria.Por exemplo, na questão dos créditos que discutimos, se o Ministro da Justiça ou o doPlanejamento tivessem vindo à Casa para discutir o assunto, teríamos evitado episódios comoesse.

Mas há um porém: para mudar o mecanismo de discussão, temos se mexer nocalendário. O PT impôs uma prática ao País, no fim de ano. Hoje temos 17 Ministros fora deBrasília; então, é preciso mudar o calendário. Não se vota Orçamento entre as comemoraçõesde Natal e Ano-Novo. Temos 17 Ministros fora de Brasília. Precisamos então mudar ocalendário. Não se vota Orçamento entre Natal e Ano-Novo. Deixem o Ministro passear.

Sr. Presidente, com exceção de 2 ou 3 Ministros que realmente trabalharam durante oano e que fazem jus a esse tipo de descanso, o restante ninguém sabe por que está passeando.A grande preocupação dos colegas, Senadora Serys, é que se houver, pelo mundo afora, um

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tsunami, um furacão, um terremoto, algum Ministro brasileiro poderá desaparecer, afinal estãotodos viajando. Ninguém sabe onde estão. O Governo fica entregue a representantes dosegundo ou terceiro escalão, com raras exceções. Sei que o Ministro Paulo Bernardo e outrosestão em seus gabinetes trabalhando, mas a grande maioria está passeando. E o Orçamento,considerado peça importante, fundamental para o Governo, está sendo discutido sem aparticipação de todos. Vi agora há pouco o desespero do Deputado Gilmar Machado paraencontrar uma solução. Felizmente, o Dr. Paulo Bernardo estava no Ministério e o socorreu.Não é justo que o último Orçamento do Governo Lula seja discutido dessa maneira.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Senadora Lúcia Vânia.A SRA. SENADORA LÚCIA VÂNIA - Sr. Presidente, Sr. Relator, gostaria, em primeiro

lugar, de cumprimentar o Relator Parcial, Senador Romero Jucá, pelo trabalho, dinamismo,compreensão e paciência. Enfim, nós, que trabalhamos no Orçamento, sabemos que o fim dequalquer relatório é estressante.

Sr. Presidente, o Senador João Ribeiro, Relator do Desenvolvimento Social, afirmou queesteve com o Ministro, que lhe teria dito que havia conversado comigo sobre a transposição doPETI para o Bolsa-Família e que eu teria dado o aval para que isso fosse feito. Ora, causa-mesurpresa eu ter dado esse aval, mesmo porque sou uma Parlamentar da Oposição. Dificilmenteesse aval seria buscado comigo.

Tenho profundo respeito pelo Ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, peloseu competente trabalho. Quero, porém, dizer-lhe que na ocasião em que estive lá defendendoemendas para o meu Estado, S.Exa. sondou-me sobre o PETI e eu disse que era um programaimportante, de sucesso e que era preciso haver continuidade no repasse de recursos. S.Exa.falou-me a respeito do Bolsa-Família. Entendi naquela ocasião que S.Exa. estaria dizendo quea jornada ampliada seria estendida ao PETI, em vez de se ampliá-lo. Disse-lhe que não viadificuldades nisso. Seria uma forma de experimentar se ele poderia dar certo. Essa foi a minhaposição na ocasião.

Disse isso para comprovar minha indignação. Não se trata de motivação política. Tenhousado a tribuna desde o dia em que chegou a peça orçamentária para cá para criticar e pedirapoio para que isso não aconteça. Procurei o Senador Suplicy para explicar a questão, fui àComissão de Desenvolvimento Social, discuti o assunto com técnicos do Ministério, e noentanto isso não foi visto. Portanto, quero deixar clara a minha posição, bem como o respeitoque tenho pelo Ministro Patrus Ananias, e dizer que talvez tenha havido da minha parte ummal-entendido em relação ao que disse S.Exa.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra a Senadora HeloísaHelena.

A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Quero encaminhar, mas como o DeputadoGilmar Machado quer falar sobre o PETI...

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Vários do PT já encaminharam.A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Vou falar depois sobre a questão de

Orçamento.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Pode falar agora, Senadora Heloísa

Helena.A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Para o povo brasileiro é tudo a mesma

porcaria, infelizmente.Sr. Presidente, Srs. Senadores e Srs. Deputados, já disse anteriormente como será o

meu voto em relação ao Orçamento e aos relatórios de todas as Áreas Temáticas: eu vou votar“não”.

Estou cumprindo minha obrigação, até porque nenhum Deputado ou Senador está aquipor ato heróico pessoal, mas está cumprindo sua obrigação constitucional. Estou nestaComissão atendendo a delicado apelo do Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - O partido de V.Exa. não poderiaficar sem representante na Comissão.

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A SRA. SENADORA HELOÍSA HELENA - Já tive a oportunidade, ontem, como hoje, dedeixar clara a minha posição não apenas em relação à metodologia da construção doOrçamento, dos pareceres das relatorias, como também ao desempenho medíocre do CongressoNacional em relação à fiscalização, ao controle e ao monitoramento da execução orçamentária.

O Congresso Nacional desempenha papel medíocre, subserviente, subordinado não aoaspecto regimental, legal, constitucional, mas às relações promíscuas estabelecidas com oPalácio do Planalto. No Governo Fernando Henrique era assim. O Governo Lula copia emantém a mesma política de direita: patrimonialista, clientelista e fisiológica na relação documprimento e da execução orçamentária. É a mesma coisa. É o mesmo balcão de negóciossujos, onde se libera emenda não pelo interesse público, mas conforme a conveniência doParlamentar — em sua condição de mercadoria parlamentar. Isso é muito triste, muitodoloroso.

Não tenho coragem de fazer esse tipo de chantagem. Não tenho essa coragem, emborasaibamos todos nós que um único Parlamentar pode, numa sessão esvaziada como esta,paralisar a discussão e a votação. Não faço esse tipo de coisa, por mais que eu fique triste porcausa de determinados comportamentos promíscuos, deploráveis e desprezíveis do Governo emrelação à não-liberação de emendas de minha autoria para áreas absolutamente preciosas,como educação, saúde, segurança, dinamização da economia local, levando à geração deemprego e renda, para minimizar a dor e o sofrimento das populações pobres em Alagoas ou norestante do Brasil. Não tenho esse estilo. Se assim agisse me sentiria meio mercadoriaparlamentar. Essas coisas têm de ser ditas. Estamos votando, e o problema não é da relatoriado Senador Romero Jucá ou de qualquer outro Deputado ou Senador na função de Relator. Oproblema é esse modelo de gestão do Estado brasileiro, é esse modelo de administração pública— volto a repetir — abominável, deplorável, desprezível.

A agricultura e o desenvolvimento agrário representam uma área muito importante empaíses de dimensões continentais como o Brasil. Essa área vai desde a produção de pesquisa,conhecimento, ciência e tecnologia até a comercialização e as condições de abastecimento doalimento produzido. Portanto, é muito importante, mas representará de fato apenas 2% douniverso orçamentário. Já imaginaram o que é isso?

Outro problema é a gestão do aparelho de Estado — uma gestão de irresponsabilidadefiscal, porque destina 1 trilhão, 676 bilhões e 890 milhões de reais para viabilizar os interessesdos piratas do capital financeiro, dos parasitas sem pátria do capital financeiro. Objetivamenteé isso.

Estamos garimpando recursos. O Congresso Nacional pode estar sendo movimentadopelos rituais cínicos, esnobes, seja lá o que for, mas não mexe no Orçamento. Fazemosgarimpagem orçamentária.

Sr. Presidente, V.Exa. mesmo disse várias vezes que dos cerca de 1 trilhão e 676bilhões de reais, 900 bilhões vão para o pagamento dos juros e dos serviços da dívida. OGoverno é incapaz, é um Governo incapaz sequer de alongar o perfil da dívida pública internabrasileira. Diminuir o impacto nas receitas líquidas reais dos Estados e Municípiospotencializaria os investimentos, dinamizaria a economia local e geraria emprego e renda. Háainda as políticas sociais, essenciais para os pobres — para os pobres! Então, não crioobstáculos para a votação; cumpro minha obrigação constitucional com rigor técnico e ético,mas deixo registrado o meu voto “não” em função dessas considerações técnicas que tive aoportunidade de apresentar.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Submeto ao Plenário o adendo doRelator Setorial da Área IV, para possibilitar o remanejamento de recursos de emendas deComissão para emendas de bancada: Seqüencial 004369, retira R$6 milhões; Seqüencial019240, retira R$7 milhões; Seqüencial 19570, retira R$ 23.853.129,00; Seqüencial 001381,retira R$ 6.656.503,00; Seqüencial 04404, retira R$7 milhões; Seqüencial 001335, retira R$6milhões; no total de R$56.409.632,00.

Em votação na Câmara dos Deputados.Os Srs. Deputados que o aprovam permaneçam como estão. (Pausa.)

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Aprovado na Câmara dos Deputados.Em votação no Senado Federal.Os Srs. Senadores que o aprovam permaneçam como estão. (Pausa.)Aprovado no Senado.Voto contra: da Senadora Heloísa Helena. O SR. SENADOR JOÃO RIBEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra por um minuto

apenas para dizer à Senadora Lúcia Vânia que eu não quis jamais dizer que S.Exa. haviaconcordado; eu disse apenas que o Ministro pensou que estivesse tudo bem. Esse assunto, Sr.Presidente, será resolvido no dia 10 ou no dia 16, quando V.Exa. convocar a reunião daComissão de Orçamento. Nessa ocasião, vamos nos reunir com o Relator-Geral, com os Líderesdesta Comissão, inclusive com a Senadora Lúcia Vânia, cuja presença é extremamenteimportante, pois S.Exa. é madrinha desse programa e isso ninguém lhe pode tirar. Foi aSenadora Lúcia Vânia que lutou na época para que o PETI fosse implantado.

O Ministro entende que da forma como ficou é melhor. Então vamos nos reunir, porquede repente podemos nos convencer disso. Não vejo nenhuma dificuldade nisso. Longe de mimfazer acusação a quem quer que seja. É apenas um esclarecimento, Sr. Presidente, para deixara Senadora tranqüila. Sei que S.Exa. está tranqüila e jamais quis acusá-la de já ter concordadocom esse assunto.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Com a palavra o Senador SibáMachado, para que proceda à leitura dos destaques.

O SR. SENADOR SIBÁ MACHADO - Destaques com voto do Relator pela aprovaçãoparcial.

Destaque nº 01. Autor: Deputado Jovair Arantes — R$ 3.000.000,00.Destaque nº 02. Autor: Senador Augusto Botelho — R$ 3.000.000,00.Destaque nº 03. Autor: Iberê Ferreira — R$ 3.000.000,00.Destaque nº 04. Autor: Deputado José Gerardo — R$ 750.000,00.Destaque nº 05. Autor: Senador Sibá Machado — R$ 3.000.000,00.Destaque nº 06. Autor: Senador Sibá Machado — R$ 3.000.000,00.Destaque nº 07. Autor: Senador Sibá Machado — R$ 3.000.000,00.Destaque nº 13. Autor: Deputado Luiz Carreira — R$ 750.000,00.Destaque nº 14. Autor: Deputada Rose de Freitas — R$ 3.000.000,00.Destaque nº 15. Autor: Deputado João Grandão — R$ 1.500.000,00.Destaque nº 20. Autor: Deputado José Rocha — R$ 750.000,00.Destaque nº 23. Autor: Deputado José Pimentel — R$ 750.000,00.Destaque nº 24. Autor: Senador Jonas Pinheiro — R$ 3.000.000,00.Destaque nº 25. Autor: Deputado Bismarck Maia — R$ 750.000,00.Destaque nº 29. Autor: Deputado Ronaldo Dimas — R$ 3.000.000,00.Destaque nº 32. Autor: Deputado José Pimentel — R$ 750.000,00.Destaque nº 33. Autor: Deputado Narcio Rodrigues — R$ 3.000.000,00.Destaque nº 34. Autor: Deputado Narcio Rodrigues — R$ 5.409.632,00.Destaque nº 35. Autor: Senador João Ribeiro — R$1.500.000,00.Destaque nº 36. Autor: Deputado Walter Pinheiro — R$ 750.000,00.Destaque nº 46. Autor: Deputado Ronaldo Dimas — R$ 1.500.000,00.Destaque nº 47. Autor: Deputado Milton Monti — R$ 3.000.000,00.Destaque nº 50. Autor: Deputado Colbert Martins — R$ 750.000,00.Destaque nº 51. Autor: Deputado Ricardo Barros — R$ 3.000.000,00.Destaque nº 57. Autor: Deputado João Grandão — R$ 1.500.000,00.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Em votação os destaques lidos.O voto do Relator é pela aprovação parcial.Os Srs. Deputados que os aprovam permaneçam como estão. (Pausa.)Aprovados na Câmara.Os Srs. Senadores que os aprovam permaneçam como estão. (Pausa.)Aprovados no Senado.

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Passaremos aos destaques seguintes.O SR. SENADOR SIBÁ MACHADO - Destaques considerados rejeitados:nº 10, Waldemir Moka;nº 11, Waldemir Moka; nº 12, Waldemir Moka; nº 16, João Grandão; nº 17, João Grandão; nº 18, Sérgio Guerra; nº 19, Sérgio Guerra; nº 21, João Grandão; nº 22, João Grandão; nº 26, João Grandão; nº 28, Ronaldo Dimas; nº 30, Jonas Pinheiro; nº 31, Jonas Pinheiro;nº 37, Jovair Arantes; nº 38, Jovair Arantes; nº 39, Jovair Arantes; nº 40, Jovair Arantes; nº 41, Jovair Arantes; nº 42, Luiz Carreira; nº 43, Luiz Carreira;nº 49, Deputado Nelson Meurer;nº 52, Ricardo Barros; nº 53, Ricardo Barros; nº 54, Ricardo Barros; nº 55, Ricardo Barros; nº 56, Ricardo Barros; nº 58, João Grandão;O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Em votação na Câmara a rejeição

dos destaques lidos.Os Srs. Deputados que os rejeitam permaneçam como estão. (Pausa.)Rejeitados na Câmara, não vão ao Senado.Declaro prejudicados os destaques 44 e 45, do Deputado Álvaro Dias.Com a palavra o Sr. Relator.O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ - Sr. Presidente, gostaria também de submeter a

indicação no relatório de 7 emendas de bancada que não tiveram destaque, portanto, nãopuderam ser acrescidas em 3 milhões. Sete emendas de bancada não foram destacadas. Então,eu as estou colocando no texto do meu relatório e quero deixar isso como adendo para fazerindicação ao Relator-Geral para que também reforce essas emendas a fim de que os Estadosnão fiquem prejudicados, já que tivemos um posicionamento geral para atendimento de todasas bancadas.

O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Senador Jonas Pinheiro.O SR. SENADOR JONAS PINHEIRO - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares,

gostaria de aproveitar a presença do Relator-Geral para comentar a rejeição de um dosdestaques que apresentei, que trata do aumento dos recursos para comercialização de produtoagrícola.

No ano passado, tentamos aprovar emenda de 2 bilhões de reais, mas estava previstoque iríamos precisar de 2 bilhões de reais para garantia de preço mínimo. O Governo entendeuque essa aprovação não era necessária porque seria um assunto de Governo, oportuno naépoca da colheita. O Relator-Geral, na época, o eminente Senador Romero Jucá, assimjustificou nesta Casa.

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Pois bem, hoje os preços mínimos dos produtos agrícolas — quase todos sem exceção —estão menores do que os de 5 anos atrás, principalmente o arroz que ainda continuadepositado nos armazéns do sul e do norte do País, sem a devida comercialização, porque nãohá o dinheiro para fazer o estoque regulador do Governo, nem para fazer a equalização nasaquisições dos produtos agrícolas brasileiros.

Por isso, Sr. Presidente, Sr. Relator Setorial e, principalmente, Sr. Relator-Geral, vamoscontinuar nessa luta por meio de destaques para conseguirmos recursos necessários parasuportar a produção, sobretudo do pequeno produtor brasileiro, que não tem dinheiro paragarantir a política de preço mínimo. Ora, apenas no algodão, vamos ter um decréscimo de 30%na área plantada neste ano e estamos com 160 mil desempregos porque o Governo não teverecurso para bancar a equalização na venda dos produtos agrícolas no Brasil.

Eis aí a minha intervenção no sentido de que esta Comissão continue lutando para quetenhamos recursos, caso contrário faltará um dos esteios da política agrícola do Brasil, que é orecurso suficiente para sua comercialização.

Por isso, faço meu apelo a toda a Comissão. Vamos continuar lutando para que issoaconteça.

Muito obrigado.O SR. PRESIDENTE (Senador Gilberto Mestrinho) - Desejamos a todos os

Parlamentares que vão disputar as eleições do próximo ano muita alegria e sucesso.Certamente, S.Exas. vão levar o desenvolvimento para seus Estados, felicidade para seu povo.

Agradeço aos Parlamentares o esforço, o trabalho, a dedicação na elaboração dorelatório e no trabalho da Comissão de Orçamento.

Antes de encerrar, convoco nova reunião para o dia 17 de janeiro, terça-feira, às14h30min.Declaro encerrada a reunião.