Confrontos [ideias e práticas urbanísticas] Profs: Hugo Serra e Pedro Vada

Aula 1: Frank Lloyd Wright (Broadacre City) VS Le Corbusier (Cité Radieuse) – 25/04 No início do movimento moderno, dois grandes mestres chegaram a conclusões diametralmente opostas sobre o

mesmo desafio: desenhar uma cidade para o contexto da industrialização acelerada e crescimento demográfico das

cidades. Ambas as utopias serviram de inspiração para o desenvolvimento de duas tipologias marcantes nas cidades

modernas: os subúrbios, e a habitação em torre. Esta aula deve introduzir três conceitos fundamentais que serão

aprofundados nas demais aulas do curso: (1) teorias conversam entre si. Elas podem ser complementares, opostas,

paralelas etc.; cabe ao arquiteto buscar conhecimentos/ instrumentos para captar os diálogos que se estabelecem

entre duas ou mais propostas e seu contexto histórico; (2) por se tratarem de duas utopias, e quase todas as utopias

são críticas implícitas às sociedades onde se enquadram, o esforço será revelar em seus projetos – nestes e nos

menos utópicos - as potencialidades ignoradas pelas instituições ou soterradas por decisões políticas, sociais ou

culturais da época (3) o desenvolvimento da arquitetura e urbanismo modernistas marca também o

desenvolvimento do diagrama como ferramenta de projeto. Tanto Broadacre City, como Cité Radieuse, jamais foram

projetos com fins de execução, são diagramas. Ambos representam a sistematização de ideias por meio de

elementos de arquitetura e urbanismo, a ponto de serem replicáveis em distintos terrenos, distintas cidades ou

distintos contextos. É fundamental aos alunos visualizarem que um diagrama é um desenho preciso, propositivo,

mas que se mantêm aberto. As torres no parque de Le Corbusier, ou as parcelas de terra de Frank Lloyd Wright, são

diretrizes urbanas, capazes de reinterpretação e adequação por outros arquitetos sem perderem sua essência.

Aula 2: Jane Jacob Vs. Robert Moses – 25/04 O mais emblemático embate urbanístico do Séc. XX. De um lado Robert Moses, entranhado no contexto

desenvolvimentista que permeou esse século, tinha poderes quase que absolutos na municipalidade decidindo

sobre questões urbanas de Nova York. De outro a jornalista e ativista política Jane Jacobs preocupada com este

pensamento e seus impactos nas comunidades locais. Um ponto importante desta aula será o choque constante de

pensamentos exclusivamente orientados por duas abordagens completamente opostas. Uma sob a ótica do

planejamento global e unificado da cidade, e a outra buscando valorizar as práticas sociais e as identidades locais, a

escala do lugar. Ainda assim, estes dois pensadores influenciaram diversas cidades como São Paulo, seja nos planos

rodoviaristas aqui projetados por Prestes Maia ou ainda nas recentes ações de cidadãos comuns reivindicando uma

cidade mais prazerosa e menos agressiva.

Aula 3: Prestes Maia x Ulhôa Cintra x Saturnino de Brito – 09/05 O ponto de partida deste Confronto será o processo de retificação do Rio Tietê. Durante os estudos para este projeto

e o desenvolvimento do plano de avenidas, estes urbanistas se encontraram diversas vezes dentro do poder público.

De um lado Saturnino de Brito, engenheiro sanitarista formado pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro,

desenvolveu estratégias para diversas cidades mirando os termos de sua formação através de soluções ambientais.

De outro Prestes Maia e Ulhôa Cintra, engenheiros politécnicos formados pela Escola de São Paulo, engajaram-se na

disseminação do urbanismo moderno preocupados com a circulação. Tanto o carioca quanto os paulistas foram

diretamente influenciados por preceitos europeus e americanos. Nesta aula, será proposto que o aluno veja a

diferença entre os resultados das cidades desenhadas através das premissas viária e sanitarista reconhecendo suas

influências.

Aula 4: Workshop de Desenho em Campo – 09/05 Local: Barra Funda – Área do Concurso Bairro Novo

Tema: Morfologia Urbana, Parcelamento do Solo, Infraestrutura Urbana.

Este exercício será o encaminhamento das discussões e debates colocados em aula. Nestas três aulas, foram

abordados teorias do urbanismo moderno em diversos aspectos. Assim, propomos que os alunos façam a leitura e

analise, através de desenhos, buscando soluções aos problemas e potencialidades identificados. A área escolhida,

destinada anteriormente ao concurso Bairro Novo, hoje passa por intervenções diferentes das propostas e parte

dela é objeto do concurso de urbanização proposto pela PMSP.

Aula 5: Rossi Vs. Koolhaas – 23/05 Em “A Arquitetura da Cidade” (1966), Aldo Rossi argumenta que a cidade é formada por uma estrutura física que

persiste ao longo do tempo e que esta estrutura é acessível pela arquitetura da cidade. Apesar do constante diálogo

com geógrafos, sociólogos, economistas e políticos, a obra de Rossi claramente chama os arquitetos a retomarem a

responsabilidade sobre o espaço, via arquitetura. Para tanto, a cidade de Rossi está acessível pelo estudo do tipo, e

da forma; em outras palavras, tipologia e morfologia, complementadas por conceitos como artefato urbano,

elementos primários, locus e áreas de estudo.

Em Delirious New York (1978), Rem Koolhaas chama a atenção para o desenvolvimento da cidade de Nova Iorque

como um paralelo ao desenvolvimento da tipologia do Arranha-céu. Assim como em Rossi, tipologia e morfologia

são os principais ingredientes do livro, porém a evolução do Arranha-céu é demonstrada como uma evolução da

arquitetura autônoma – a multiplicação massiva de espaços interiores independentes entre si e independentes à

cidade. Em busca desta arquitetura autônoma, Koolhaas discute a condição de NY para além da grelha ortogonal, ou

do skyline, mas através da extensão de espaços urbanos para o interior de artefatos urbanos como o Rockefeller

Center ou da tipologia do Hotel.

Por um lado Koolhaas complementa a obra de Rossi ao introduzir a organização vertical destes artefatos como a

organização da NY contemporânea. Por outro lado, o holandês põe em xeque a condição de monumentos via a

possibilidade de uma arquitetura genérica; a cidade genérica. O debate desta aula será em torno desta condição

dialética, em que Koolhaas complementa e questiona Rossi levando adiante o discurso da arquitetura da cidade.

Aula 6: Oswald M. Ungers VS. Colin Rowe – 23/05 Durante a década de 70, Colin Rowe e Oswald M. Ungers travaram um interessante debate na universidade

Cornwell, em NY. Ambos buscavam no estudo da forma uma “terceira via” para a crise instaurada no período da

arquitetura pós-moderna, porém com resultados bem diferentes.

Em Collage City (1978) Rowe montará um discurso baseado no embate, na sobreposição, na justaposição de

elementos arquitetônicos na estrutura da cidade, literalmente como uma composição em colagem. Para ele, tanto a

cidade antiga como a cidade moderna são aceitáveis do ponto de vista conceitual não sendo necessário escolher

esta ou aquela. Rowe sugere a possibilidade de uma arquitetura retrospectiva, mas ao mesmo tempo profética na

composição da cidade.

Similarmente, Oswald Matias Ungers também desenvolve sua linha de pesquisa sobre a forma e arquitetura, mas

não se prende ás referências históricas de Rowe. Ao invés disto, Ungers desenvolve seu trabalho com foco no

desenvolvimento tipológico da cidade, em certos momentos reivindicando total autonomia do edifício em relação ao

entorno como na proposta para Berlin Green Archipelago (junto com Rem Koolhass).

Em primeiro momento, a linha de Rowe e Ungers parece a mesma, pois ambas partem de análises formais da cidade;

porém, um olhar mais atento demonstra sua enorme diferença. O objetivo desta aula será esclarecer estes conceitos

e sua utilidade de para o debate do urbanismo contemporâneo.

Aula 7: a definir (confronto brasileiro) – 13/06

Aula 8: Workshop de Projeto em Campo – 13/06 Local: Avenida Faria Lima

Tema: Mobilidade, corredor e desenvolvimento urbano (ou humano)

Ao analisar recentes transformações no eixo da Avenida Faria Lima, os alunos farão uso de desenhos para criticar e

apontar soluções sobre o desenvolvimento da região, fazer analogia aos temas debatidos em sala de aula, bem como

a outros projetos que possam estabelecer um dialogo com o contexto. As críticas deverão levantar argumentação

clara, onde o aluno defenda sua posição de maneira consistente.

Aula 9: Apresentação dos projetos – 20/06 Os alunos apresentarão a compilação dos dois exercícios de desenho, em formato de painel. Cada prancha deverá

defender um argumento claro e consistente, por meio de desenhos e textos.

PRÓXIMOS MÓDULOS Lewis Munford, Otilia Arantes, Bernardo Secchi, Psicogeofrafia e Situacionistas, Edgar Morin, Milton Santos, Aziz

AbSaber, Archigram, Bernard Tschumi, Superstudio, Otto Wagner, Camillo Sitte, Nestor Goulart, David Harvey,

Manuel de Solà-Morales, New Urbanism, Henri Lefebvre, Desurbanismo (experiência soviética).