conflitos no continente americano: haiti, nicarágua, venezuela€¦ · a inflação nas alturas...

9
1 INTRODUÇÃO Alguns países latino americanos pas- sam por crises econômicas e políti- cas que geram instabilidade interna, acarretando diversas consequências não só internas, mas também, no âmbito internacional. Na América do Sul, a Venezuela passa por uma de suas piores crises, agravada, prin- cipalmente, pela queda do Petróleo a partir de 2014. A ausência de abas- tecimento de alimentos básicos, falta de fornecimento de energia e água e a inflação nas alturas levaram um dos gigantes da América do Sul à maior crise migratória desde a guerra síria. Na América Central, o Haiti e a Ni- carágua enfrentam crises semelhan- tes pautadas na corrupção e autorita- rismo de seus representantes, assim como a insatisfação popular por conta dos problemas econômicos. Os três países têm um histórico de colonização e intervenções externas mas, os motivos das recentes instabi- lidades estão centrados no processo político interno contemporâneo. A CRISE NO HAITI O Haiti, país mais pobre do conti- nente americano foi a primeira na- ção negra independente da Améri- ca Latina, fruto de uma revolução bem-sucedida de escravos. Durante o regime de escravidão e o domí- nio francês, o Haiti era reconhecido como “pérola das Antilhas”, fonte de extração de diversos cultivos que ga- rantiam a riqueza da França. Entre- tanto, os escravos se rebelaram con- tra as péssimas condições que eram submetidos, travaram batalha com exército de Napoleão e declararam sua independência, em 1804. Em 1915, os Estados Unidos ocupa- ram militarmente o Haiti, alegando intervenção humanitária, mas com o verdadeiro interesse de obter a he- gemonia nos mares do Caribe e do Pacífico. Criaram a Gendarmerie d’Haiti, uma espécie de polícia civil militarizada que controlava a popu- lação e reprimia revoltas, exercendo o monopólio da violência. Essa me- dida provocou numerosas detenções políticas de haitianos que buscavam se libertar da ocupação formando grupos de resistência. A presença dos Estados Unidos durou até 1934 e aumentou a dependência econômica do Haiti, pois ao assumir o controle de suas finanças, levou o país a con- trair dívidas com a potência norte-a- mericana, além de agravar proble- mas estruturais. Em 1957, François Duvalier (apeli- dado de Papa Doc) ascendeu ao po- der e instituiu um regime ditatorial CONFLITOS NO CONTINENTE AMERICANO: HAITI, NICARÁGUA, VENEZUELA Lívia Maria Rosa da Silva João Pedro de Paschoal Maria Fernanda Pavani Moreira Meluci Pedro Mazziero Oliveira 1

Upload: others

Post on 30-May-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Conflitos no Continente AmeriCAno: HAiti, niCAráguA, VenezuelA€¦ · a inflação nas alturas levaram um dos gigantes da América do Sul à maior crise migratória desde a guerra

1

V. 6, n. 3 - Junho de 2019

INTRODUÇÃO

Alguns países latino americanos pas-sam por crises econômicas e políti-cas que geram instabilidade interna, acarretando diversas consequências não só internas, mas também, no âmbito internacional. Na América do Sul, a Venezuela passa por uma de suas piores crises, agravada, prin-cipalmente, pela queda do Petróleo a partir de 2014. A ausência de abas-tecimento de alimentos básicos, falta de fornecimento de energia e água e a inflação nas alturas levaram um dos gigantes da América do Sul à maior crise migratória desde a guerra síria. Na América Central, o Haiti e a Ni-carágua enfrentam crises semelhan-tes pautadas na corrupção e autorita-rismo de seus representantes, assim como a insatisfação popular por conta dos problemas econômicos. Os três países têm um histórico de

colonização e intervenções externas mas, os motivos das recentes instabi-lidades estão centrados no processo político interno contemporâneo.

A CRISE NO HAITI

O Haiti, país mais pobre do conti-nente americano foi a primeira na-ção negra independente da Améri-ca Latina, fruto de uma revolução bem-sucedida de escravos. Durante o regime de escravidão e o domí-nio francês, o Haiti era reconhecido como “pérola das Antilhas”, fonte de extração de diversos cultivos que ga-rantiam a riqueza da França. Entre-tanto, os escravos se rebelaram con-tra as péssimas condições que eram submetidos, travaram batalha com exército de Napoleão e declararam sua independência, em 1804.

Em 1915, os Estados Unidos ocupa-

ram militarmente o Haiti, alegando intervenção humanitária, mas com o verdadeiro interesse de obter a he-gemonia nos mares do Caribe e do Pacífico. Criaram a Gendarmerie d’Haiti, uma espécie de polícia civil militarizada que controlava a popu-lação e reprimia revoltas, exercendo o monopólio da violência. Essa me-dida provocou numerosas detenções políticas de haitianos que buscavam se libertar da ocupação formando grupos de resistência. A presença dos Estados Unidos durou até 1934 e aumentou a dependência econômica do Haiti, pois ao assumir o controle de suas finanças, levou o país a con-trair dívidas com a potência norte-a-mericana, além de agravar proble-mas estruturais.

Em 1957, François Duvalier (apeli-dado de Papa Doc) ascendeu ao po-der e instituiu um regime ditatorial

Conflitos no Continente AmeriCAno:HAiti, niCAráguA, VenezuelALívia Maria Rosa da Silva

João Pedro de Paschoal

Maria Fernanda Pavani Moreira Meluci

Pedro Mazziero Oliveira1

Page 2: Conflitos no Continente AmeriCAno: HAiti, niCAráguA, VenezuelA€¦ · a inflação nas alturas levaram um dos gigantes da América do Sul à maior crise migratória desde a guerra

2

OCI • Série Conflitos Internacionais

que durou 29 anos. De 1986 a 1990, houve no Haiti uma sucessão de gol-pes militares. A primeira eleição de-mocrática só ocorreu em 1990, com uma missão de observação eleitoral da OEA e da ONU, quando foi eleito o sacerdote Jean-Bertrand Aristide.

Aristide foi deposto depois de as-sumir a presidência por um golpe de Estado em 1991, e exilou-se nos Estados Unidos. Um regime mi-litar se instalou durante três anos e estima-se que cerca de 100.000 pessoas fugiram do Haiti, princi-palmente para os EUA. Em 1994, o presidente eleito foi reconduzi-do ao cargo, com significativa in-fluência externa, já que os EUA, a ONU e a Comunidade Econômica Europeia aplicaram sanções econô-micas exigindo a volta do governo legítimo.2 Em vista desse cenário, a ONU criou a Missão das Nações Unidas no Haiti (UNMIH, 1994-1996), com o intuito de garantir a democracia, segurança, e eleições justas3, seguida da Missão de Apoio das Nações Unidas no Haiti (UNS-MIH, 1996-1997) e da Missão da Polícia Civil das Nações Unidas no Haiti (MIPONUH, 1997-2000), que pretendiam auxiliar o governo hai-tiano e profissionalizar a polícia.4

Em 2004, o Haiti passou por outra crise, que resultou na deposição de Aristide.5 6 A presidência interina foi assumida por Boniface Alexandre. O Conselho de Segurança da ONU (CSNU) autorizou a criação da Mis-são das Nações Unidas para a Esta-bilização do Haiti (MINUSTAH)7, da qual o Brasil assumiu o comando mi-litar, com o objetivo de organizar o país, promover a paz e garantir os di-reitos humanos. Em junho de 2004, as tropas chegaram ao país.8

Em 2017, a MINUSTAH foi substi-tuída pela Missão das Nações Unidas

de Apoio à Justiça no Haiti (MINU-JUSTH). Em junho de 2019, o CSNU aprovou uma resolução que determi-nou a criação de um escritório inte-grado da ONU no Haiti. O organismo vai substituir a MINUJUSTH, com a previsão de encerrar a presença das forças de paz em outubro deste ano.9

No ano de 2018, violentas manifes-tações tiveram início após um au-mento nos preços do combustível provocado pelo fim dos subsídios aos produtos derivados do petróleo pelo governo. Devido às reações po-pulares, o presidente haitiano Jove-nel Moïse reverteu sua decisão. No entanto, os protestos prosseguiram, resultando na renúncia do então Pri-meiro-Ministro Jack Guy Lafontant, devido à pressão popular.10

O descontentamento da população cresceu da mesma forma que a opo-sição à gestão do presidente Moïse, por conta de um suposto desvio de fundos do Petrocaribe.11 Uma audi-toria mostrou irregularidades nesse programa entre 2008 e 2016, envol-vendo ex-Ministros e funcionários atuais, além de uma empresa que Moïse dirigia antes de ser presiden-te. Os haitianos saíram novamente às ruas para demandar esclarecimentos sobre a situação, pedir a renúncia do

Presidente e exigir o fortalecimento das instituições do Estado.

A economia haitiana, que já era pre-cária, foi afetada por uma inflação superior a 15% e uma forte desvalo-rização da moeda nacional, o Gour-de, o que fez os preços dos produtos de primeira necessidade, predomi-nantemente importados, aumentar. Uma das consequências foi a crise de energia devido à falta de gasolina.

Desde 7 de fevereiro de 2019, oito pessoas morreram nos protestos que paralisaram as principais cidades haitianas, com grupos armados blo-queando estradas e impedindo a dis-tribuição de produtos básicos, como medicamentos e água potável. Os protestos pela renúncia de Moïse são respaldados por líderes de partidos opositores e grupos populares (estu-dantes e outros segmentos sociais), agrupados no Movimento Democrá-tico Popular, além do Grupo Petro Challenger, originado em 2018, que exige justiça sobre as acusações de corrupção no programa Petrocaribe. A resposta do Presidente até então havia sido inexistente, mas em 14 de fevereiro, Moïse quebrou o silêncio e declarou que não deixaria o poder, em um discurso divulgado pela tele-visão estatal.12

Protestos em Hinche, no centro do Haiti, fevereiro de 2019

VO

A/C

C

Page 3: Conflitos no Continente AmeriCAno: HAiti, niCAráguA, VenezuelA€¦ · a inflação nas alturas levaram um dos gigantes da América do Sul à maior crise migratória desde a guerra

3

V. 6, n. 3 - Junho de 2019

A posição da comunidade inter-nacional em relação à crise é hete-rogênea. O Core Group, composto pela chefe da MINUJUSTH e pelos embaixadores do Brasil, Canadá, França, Alemanha, Espanha, União Europeia e Estados Unidos, além do representante especial da Organiza-ção dos Estados Americanos (OEA), pediu para os atores políticos se en-gajarem em diálogos construtivos e inclusivos para buscar uma solução para a crise. Já o governo dos Estados Unidos anunciou retirada de funcio-nários do país e o Canadá ordenou o fechamento temporário de sua em-baixada.13

Em junho de 2019 milhares de hai-tianos manifestaram-se novamente contra Moïse que enfrenta novas acusações do Tribunal Superior de Contas por estar no centro de um es-quema de “malversação de fundos”. Na segunda parte da investigação sobre a Petrocaribe, foi descoberto que milhões de dólares destinados para as vítimas do terremoto em 2010 acabaram financiando projetos questionáveis, como hotéis e pré-dios ministeriais. Ocorreram violen-tos confrontos, dois edifícios foram queimados e uma pessoa morreu ba-leada.14 Vale lembrar que essa onda de violência política já foi vivenciada pelo Haiti e usada como justificativa para intervenções no passado. Dessa forma, a crise merece uma atenção maior da comunidade internacional.

A CRISE NA NICARÁGUA

A situação política nicaraguense não é boa e o regime de Daniel Ortega se posta diferente daquilo pelo qual lu-tou para derrubar a ditadura décadas atrás. Augusto Sandino, o patrono da revolução nicaraguense da década de 1960, foi um combatente campesino que lutou para expulsar os fuzileiros navais estadunidenses de sua pátria. Vindo de origem humilde, Sandi-no trabalhou como minerador em diversos países da América Latina, tendo breve contato com a Revolu-ção Mexicana e a ocupação da Nica-rágua por parte dos Estados Unidos era, para ele, algo inaceitável. San-dino foi executado por soldados da Guarda Nacional, dirigida por Anas-tasio Somoza, em meados da década de 1930.16

Em 1936, Somoza forçou o presiden-te eleito a renunciar com considerá-vel apoio da população e se elegeu presidente. Após quase duas décadas no poder, foi assassinado durante uma festa de campanha eleitoral e seu filho mais velho, Luis Somoza Debayle, foi imediatamente coloca-do no seu lugar. Em 1959, quando os insurgentes se fizeram vitoriosos em Cuba, surgiram figuras importan-tes para o início do que viria a ser a Frente Sandinista de Libertação Na-cional (FSLN). Uma junção de líde-res estudantis, trabalhadores rurais e membros de partidos políticos le-

vou à criação, em 1961, da organi-zação revolucionária: o Movimento Nova Nicarágua (MNN), cujo nome foi alterado para FSLN pouco tempo depois. A ideia central do movimen-to era a luta armada para derrubar o governo Somoza.

No decorrer das décadas de 60 e 70, a FSLN foi, aos poucos, ganhando apoio dos campesinos, que provi-denciavam esconderijo, informações e mantimentos para os combatentes. Concomitantemente, a organização se fazia presente na política, através do envio de delegações e publicação de manifestos. Levantes populares eclodiram em diversas partes da Ni-carágua, em total apoio às ideias da FSLN. No ano de 1979, Somoza bom-bardeava bairros pobres e a Guarda Nacional matava qualquer um que entrasse no caminho. O governo es-tadunidense de Jimmy Carter enviou auxílio militar, além das tropas is-raelenses que apoiavam Somoza. No entanto, no dia 17 de julho, Somoza abandonou seu governo e fugiu para Miami. Dois dias depois as colunas da FSLN entraram marchando vito-riosas em Manágua.

O processo decorrente da ascensão de Somoza até sua derrubada des-truiu quase por completo a economia da Nicarágua. A FSLN estatizou to-das as antigas propriedades do gover-no, além de empresas e companhias, contando com auxílio de Cuba. O governo também foi responsável por assumir o controle das exportações de produtos como café, algodão e açúcar. Nesse contexto, os Estados Unidos financiaram os “Contras”, forças contrarrevolucionárias ar-quitetadas pela inteligência estadu-nidense, a CIA. Em 1987, a FSLN e os contras acordaram um plano para desmobilização.

A Nicarágua hoje é governada por

Quadro 1 - Dados sobre o Haiti

Prod

uzid

o pe

lo au

tor

Page 4: Conflitos no Continente AmeriCAno: HAiti, niCAráguA, VenezuelA€¦ · a inflação nas alturas levaram um dos gigantes da América do Sul à maior crise migratória desde a guerra

4

OCI • Série Conflitos Internacionais

Daniel Ortega, membro da FSLN desde seus primórdios e que está em seu terceiro mandato, tendo os outros dois ocorridos em 1980 e 2006.17 Contudo, o mesmo ho-mem que combateu a hegemonia da família Somoza, hoje é acusado de se igualar aos tiranos por se re-cusar a abrir mão do poder. Ortega já completou mais de duas décadas no comando da Nicarágua e é acu-sado pela oposição de versatilidade ideológica18, enriquecimento absur-do e manutenção de seu clã no po-der, usando o partido para perseguir apenas os próprios interesses.

A Nicarágua é o segundo país mais pobre da América Central19, embo-ra tenha, nos últimos anos, cresci-do economicamente devido à ajuda dos Estados Unidos, país responsável por quase 50% do comércio nicara-guense. A situação deprimente em que se encontram diversos setores fundamentais do país é um dos mo-tivos para diversas greves, bem como bloqueios em estradas e barricadas, que dificultam a movimentação das tropas do governo. Estudantes uni-versitários, trabalhadores e indíge-nas são os que compõem as colunas de manifestantes contra Ortega e seu governo.20

A repressão contra os levantes po-pulares é dura. As tropas do governo são acusadas de reprimir e executar opositores, universidades foram si-tiadas, pois serviam de abrigos para estudantes e trabalhadores insatisfei-tos. As alterações nas divulgações de dados são cada vez mais frequentes, visando à manipulação dos ânimos da população e uma falsa ameniza-ção da gravidade da crise. Ortega é acusado de manipular eleições e fi-guras políticas, por meio da corrup-ção. A situação política da Nicarágua resultou em reações internacionais. No começo de 2019, foi incluída pela Comissão Interamericana de Direi-

tos Humanos (CIDH) na lista de paí-ses que violam os direitos humanos, ao lado de Venezuela e Cuba.21 O Secretário Geral da OEA, Luis Alma-gro, durante uma sessão do Conselho Permanente, se declarou “obrigado” a implementar um documento jurí-dico que visaria a remoção da Nica-rágua da Organização.

No final de fevereiro de 2019, inicia-ram-se os diálogos em busca de um possível acordo entre o governo de Ortega e os opositores para o fim da crise política no país. As partes che-garam a decidir um caminho para as negociações, colocando representan-tes religiosos como testemunhas.22 Entretanto, as negociações foram encerradas apenas dois meses depois, em abril do mesmo ano. Ao final do prazo estabelecido, as partes não chegaram em acordos sobre temas cruciais como a justiça para as víti-mas da repressão do governo duran-te os protestos de 2018 e as reformas democráticas.23 O direito à mobiliza-ção e a libertação de detidos duran-te os protestos foram alguns acordos estabelecidos entre as partes durante as negociações. A oposição ainda não descarta a retomada das negociações, dessa vez, com a presença de media-dores internacionais.24

Prod

uzid

o pe

lo au

tor

Quadro 2 - Dados da Nicarágua

Protestos na Nicarágua em 2018

LLs/CC

Page 5: Conflitos no Continente AmeriCAno: HAiti, niCAráguA, VenezuelA€¦ · a inflação nas alturas levaram um dos gigantes da América do Sul à maior crise migratória desde a guerra

5

V. 6, n. 3 - Junho de 2019

A CRISE NA VENEZUELA

A República Bolivariana da Vene-zuela passa por uma das maiores cri-ses político-econômicas que já asso-laram um país latino-americano. No entanto, a atual situação crítica pos-sui raízes profundas que vêm desde décadas passadas. Em 1989, Carlos Andrés Pérez, então Presidente do país, tomou medidas que revolta-ram a população, como o aumento do preço dos combustíveis e das pas-sagens, levando o povo às ruas para manifestar. Essa revolta ficou conhe-cida como Caracazo, resultando em 276 mortes (de acordo com o Gover-no venezuelano) e 150 milhões de dólares foram perdidos, marcando o início do fim daquele governo.

Em fevereiro de 1992, um grupo militar de esquerda, contando com o apoio popular, investiu contra o Governo. Entre os envolvidos esta-va o paraquedista do Exército, Hugo Rafael Chávez Frías, um dos respon-sáveis por encabeçar o ato. As forças leais ao Presidente Pérez reagiram e Hugo Chávez acabou sendo preso. Em novembro daquele mesmo ano, os companheiros de Chávez tenta-ram um novo golpe que falhou. Ao final, as duas rebeliões deixaram cerca de 300 mortos na Venezuela. Em 1993, por meio de um processo de impeachment, Pérez deixou o comando venezuelano. Ocorreram eleições diretas naquele mesmo ano, vencidas por Rafael Caldera. Foi durante seu governo que Hugo Chávez saiu da prisão e, cinco anos depois, em 1998, venceu sua pri-meira eleição presidencial, com 56% dos votos.28

Hugo Chávez assumiu um país asso-lado pela corrupção, desigualdade e altos índices de pobreza e que ain-da processava os traumas vividos no Caracazo. Dessa forma, Chávez apre-

sentava-se como “uma nova esperan-ça”, prometendo desvincular-se da velha política, entregar uma repú-blica refundada e promover a tão so-nhada justiça social.29 Hugo Chávez governou a Venezuela por 14 anos, entre 1999 e 2013, sendo reeleito nos anos de 2000, 2006 e 2012. Seu Go-verno é compreendido pela utiliza-ção de dois termos fundamentais: o Chavismo30 e o Bolivarianismo31.

Em 1999, Chávez convocou um refe-rendo nacional. Com a participação popular e aprovação de 72%, uma nova Constituição entrou em vigor, com o Parlamento se transforman-do em uma instância unicameral, surgindo a Assembleia Nacional. Chávez exerceu forte influência na Assembleia Nacional, no Tribunal Superior de Justiça e na Promotoria Pública. Tentou também unificar to-das as correntes políticas esquerdis-tas em um único partido político, o Partido Socialista Unido (PSUV), do qual foi presidente. A política exter-na foi baseada em uma retórica anti-imperialista, resultando em inúme-ras críticas aos Estados Unidos, além de discutir veementemente com os países vizinhos comandados por governos de direita. Paralelamente, utilizando de ofertas de petróleo a preços mais baixos, obteve o apoio de diversos países, como Bolívia, Cuba, Equador e os gigantes China e Rússia, que se estabeleceriam como grandes aliados estratégicos.32 O Pre-sidente também emitiu decretos, estatizou terras e empresas e acele-rou a aprovação de leis na Assem-bleia Nacional. Perante as medidas de Chávez, grupos de empresários e sindicatos reagiram com greves ge-rais e protestos. Em 11 de abril de 2002, uma marcha chavista e outra da oposição se encontraram em Ca-racas, resultando em um confronto que deixou 19 mortos e mais de 100 pessoas feridas. No dia seguinte, um

grupo formado por líderes políticos, empresários e militares da oposição tiraram Chávez do poder a força, as-sumindo como Presidente de fato o presidente da Federação Venezuela-na de Câmaras do Comércio, Pedro Carmona. No entanto, o golpe foi breve e três dias depois Chávez vol-tou ao poder. No ano de 2004, a opo-sição convocou um referendo para tentar tirar Chávez do poder, sendo derrotada. Embalado pela vitória nas eleições de 2006, Chávez pro-pôs mais uma reforma constitucio-nal, que dava ao presidente o poder de concorrer a reeleições ilimitadas, mas acabou perdendo por uma dife-rença mínima.33

Chávez aumentou a interferência do Estado na economia, principalmente sobre o petróleo, principal produto venezuelano. Os recursos arrecada-dos com a exportação de petróleo foram investidos no projeto político de Chávez, fazendo com que a estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) re-duzisse seus rendimentos e aumen-tasse o endividamento.

No contexto social, Chávez foi con-siderado um líder com um imenso carisma, possuindo a capacidade de elaborar discursos improvisados que duravam horas. Durante seu gover-no, os índices de desigualdade e po-breza foram reduzidos. Entretanto, Chávez era acusado de autoritaris-mo, de controlar poderes que deve-riam ser independentes, como a Jus-tiça, indicando chavistas para cargos importantes, e de limitar a liberdade de imprensa. Durante sua gestão os níveis de violência se tornaram alar-mantes no território venezuelano. Em Caracas, em 2009, a taxa era de 122 assassinatos para cada 100 mil habitantes.34 Hugo Chávez reali-zou uma série de reformas estatais e avanços sociais, inaugurando um modelo político que foi chamado de

Page 6: Conflitos no Continente AmeriCAno: HAiti, niCAráguA, VenezuelA€¦ · a inflação nas alturas levaram um dos gigantes da América do Sul à maior crise migratória desde a guerra

6

OCI • Série Conflitos Internacionais

bolivariano35. Com sua morte, em 5 de março de 2013, vítima de um câncer, seu vice e afilhado político, Nicolás Maduro, assumiu as funções presidenciais. Como Chávez havia morrido antes de assumir seu quar-to mandato, eleições ocorreram. Em abril de 2013, Maduro saiu vitorioso, com 50,62% dos votos, derrotando o opositor Henrique Capriles.36

O governo de Nicolás Maduro, foi marcado por diversos acontecimen-tos que levariam à atual crise vene-zuelana. Em 2014, manifestações pediram a saída de Maduro. Os atos foram comandados por Leopoldo López e resultaram em 43 mortos. Naquele mesmo ano, os preços do petróleo, produto que correspondia a 96% da renda do país, caiu para menos da metade, gerando escassez de alimentos e remédios. Em 2015, a oposição, mais fortalecida, venceu as eleições legislativas, assumindo a maioria dos assentos na Assembleia Nacional, algo que não acontecia desde o início do Chavismo. Em março, os Estados Unidos impuseram sanções contra a Venezuela, acusada de ferir os direitos humanos. Duran-te todo ano de 2016, a oposição ten-tou revogar o mandato de Maduro, que era de seis anos, por meio de um

referendo, sem sucesso. Em janeiro de 2018, a Assembleia Constituinte optou por adiantar as eleições presi-denciais para o dia 20 de maio, nas quais Maduro seria candidato. Uma tentativa de diálogo entre oposição e governo para tratar sobre as garan-tias eleitorais foi proposta, mas aca-bou fracassando.

Nicolás Maduro foi reeleito para mais um mandato de seis anos, em uma eleição que contou com boico-tes, denúncias de fraude, abstenção de 54% da população e o não re-conhecimento por elevada parcela da comunidade internacional. De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral, Maduro teria vencido com 67,7% dos votos válidos. A partir da reeleição de Maduro, a Venezue-la foi tomada por um clima de total instabilidade e incerteza. O princi-pal acontecimento foi a autodeclara-ção de Juan Guaidó como presiden-te interino da Venezuela. Guaidó é presidente da Assembleia Nacional venezuelana e líder da oposição. Seu pronunciamento aconteceu no dia 23 de janeiro de 2019, durante uma manifestação de opositores ao go-verno de Maduro. Mais de 50 países, entre eles o Brasil, Estados Unidos, Canadá, Chile e a OEA reconhecem

Guaidó como presidente legítimo da Venezuela, enquanto que México, Rússia, China e Bolívia continuam apoiando Maduro, que se nega a dei-xar o poder.37

A posição de Guaidó se apoia no fato das eleições em que Maduro fora reeleito terem sido boicotadas por partidos oposicionistas e sua lisura contestada por diversos observado-res internacionais, além de não ter sido reconhecida pela Assembleia Nacional. Guaidó utiliza como base os artigos 233 e 333 da Constituição venezuelana, que dizem que em ca-sos como este, o líder da Assembleia Nacional pode atuar como presiden-te do país. Uma das principais forças no atual impasse existente entre Ma-duro e Guaidó são os militares. Até o momento, as forças armadas se man-tiveram leais a Maduro, que recom-pensa os militares com aumentos sa-lariais e cargos no alto escalão. Como resposta, Guaidó prometeu anistia a todos agentes das forças de seguran-ça que lutarem ao seu lado.38

Guaidó pediu ajuda humanitária a diversos países em fevereiro de 2019, que acataram o pedido, mas Ma-duro proibiu a entrada de doações, fechando as fronteiras com Brasil e Colômbia. No mesmo mês, Guai-dó iniciou uma caravana visitando vários países na América do Sul, incluindo Brasil e Argentina. Em março, apagões em muitos estados venezuelanos começaram a se tor-nar constantes, promovendo o caos e afetando o fornecimento de água, transporte e serviços telefônicos e de internet. Os recorrentes blecautes e o anúncio de um plano de raciona-mento de energia por Maduro que duraria 30 dias, fizeram a população voltar às ruas para protestar. Segun-do a ONU, aproximadamente um quarto do povo venezuelano precisa de ajuda, fato que colaborou para um

Prod

uzid

o pe

lo au

tor

Quadro 3 - Dados sobre a Venezuela

Page 7: Conflitos no Continente AmeriCAno: HAiti, niCAráguA, VenezuelA€¦ · a inflação nas alturas levaram um dos gigantes da América do Sul à maior crise migratória desde a guerra

7

V. 6, n. 3 - Junho de 2019

acordo entre Maduro e Guaidó refe-rente à ajuda humanitária vinda da Cruz Vermelha. Em abril de 2019, Guaidó disse possuir apoio militar suficiente para “pôr fim à usurpa-ção” e convocou novamente o povo às ruas para apoiá-lo, iniciando a fase final da chamada “Operação Li-berdade”.39

A atual crise venezuelana é resultado de uma combinação de fatores. Basi-camente, as causas que culminaram no colapso da Venezuela foram a cri-se do petróleo, a crise política, a con-testável atuação do poder militar em determinados momentos, o controle da imprensa, a extrema dependência de importações, a situação em que se encontra o controle cambial, di-versas sanções internacionais, além da hiperinflação. A taxa de inflação anual chegou a 1.300.000% em no-vembro de 2018, com os preços de produtos básicos, como comida e remédios, dobrando a cada 19 dias, em média.

Como consequência, a fome assolou grande parcela da sociedade vene-zuelana, a violência esvazia as ruas dos grandes centros, houve um êxo-do em massa da população, que busca melhores condições de vida em ou-tros países. De acordo com a ONU, desde 2014, com o agravamento da crise econômica, cerca de três mi-lhões de venezuelanos já deixaram o país, seguindo, geralmente, para o Brasil, Colômbia e Peru.

CONCLUSÃO

Os três países têm um histórico de influência/interferência dos Esta-dos Unidos da América e suas crises encontram aspectos em comum. No caso da Venezuela e da Nicarágua, há um autoritarismo por parte dos presidentes, ambos causaram ruptu-ras democráticas significativas com a eliminação dos mecanismos de freios e contrapesos.43 Em ambos os países, houve o enfraquecimento da oposi-ção e das instituições do Estado, ao

mesmo tempo que os seus presiden-tes foram expandindo sua esfera de influência no poder, além da repres-são violenta contra os manifestan-tes. Pode ser mencionado também, o número de refugiados que au-menta a cada passo com a crise. No caso do Haiti, a raiva da sociedade, acumulada pela desigualdade social e pela miséria, é a base dos protes-tos. A desigualdade é consequência de um sistema corrupto que inclui principalmente a maioria dos parla-mentares e tem o presidente como eixo. A comunidade internacional influencia tanto a geração de recur-sos, como o escândalo de desvio de dinheiro enviado pela Venezuela à empresa estatal Petrocaribe, quanto a legitimação das práticas governa-mentais. Porém, o maior problema é a intervenção externa no processo político. Atualmente, a tentativa de resolução das crises buscada pelos três países provou-se pouco efetiva e não alterou o quadro interno ex-tremamente negativo.

Marcha de protesto contra Maduro - 02 fev. 2019

Ale

xcoc

opro

/CC

Page 8: Conflitos no Continente AmeriCAno: HAiti, niCAráguA, VenezuelA€¦ · a inflação nas alturas levaram um dos gigantes da América do Sul à maior crise migratória desde a guerra

8

OCI • Série Conflitos Internacionais

1 Discentes do Curso de Relações Internacionais da UNESP – Campus de Marília/SP e membros do Observatório de Conflitos Internacionais (OCI).

2 ANDRADE, Everaldo De Oliveira. A primeira ocupação militar dos EUA no Haiti e as origens do totalitarismo haitiano. Revista Eletrônica da ANPHLAC, [S.L], v. ISSN 1679-1061, n. 20, p. 173-196, jan. /jun. 2016. Disponível em: <http://revistas.fflch.usp.br/anphlac/article/view/2492/2248>. Acesso em: 03 mai. 2019. UOL. Jean-Bertrand Aristide. 17 ago. 2015. Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/biografias/jean-bertrand-aristide.htm>. Acesso em: 03 mai. 2019. LINA DA SILVA, Carlos Eduardo. Haiti: a ilha do medo. Super Interessante, 31 out. 2016. Disponível em: <https://super.abril.com.br/historia/haiti-a-ilha-do-medo/?paywall=offer>. Acesso em: 03 mai. 2019.

3 ANDRADE, Everaldo De Oliveira. A primeira ocupação militar dos EUA no Haiti e as origens do totalitarismo haitiano. Revista Eletrônica da ANPHLAC, [S.L], v. ISSN 1679-1061, n. 20, p. 173-196, jan. /jun. 2016. Disponível em: <http://revistas.fflch.usp.br/anphlac/article/view/2492/2248>. Acesso em: 03 mai. 2019

4 UN. The United Nations mission in Haiti. Disponível em: <https://www.un.org/depts/dpko/missions/unmih_b.htm>. Acesso em: 03 mai. 2019 e UN. United Nations support mission in Haiti. Disponível em: <https://www.un.org/depts/dpko/missions/unsmih.htm>. Acesso em: 03 mai. 2019.

5 BBC BRASIL. Entenda a atual crise no Haiti. 12 fev. 2004. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/noticias/story/2004/02/040212_haitiqams.shtml>. Acesso em: 03 mai. 2019.

6 O GLOBO. Duas vezes presidente do Haiti, René Preval morre aos 74 anos. 03 mar. 2017. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/mundo/duas-vezes-presidente-do-haiti-rene-preval-morre-aos-74-anos-21008740 >. Acesso em: 03 mai. 2019.

7 Uma das promessas da Minustah foi promover boa governança e o processo democrático, porém essa democracia liberal que as operações da paz disseminam tem uma tendência a conservar a manutenção do poder pelas elites políticas, inviabilizando modelos favoráveis aos interesses populares.

8 Mantendo a Paz no Haiti? Uma avaliação da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti usando o cumprimento de seu Mandato como Parâmetro de Sucesso. Harvard Law Student Advocates for Human Rights & Centro de Justiça Global. Rio de Janeiro e São Paulo, Brasil, mar. 2005. Disponível em: <http://www.global.org.br/wp-content/uploads/2015/09/r_jg_haiti_2005.pdf>.

9 BRASIL. ITAMARATY. República do Haiti. Disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/pt-br/ficha-pais/5221-republica-do-haiti>. Acesso em: 07 mai. 2019. NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Conselho de Segurança aprova criação de escritório no Haiti para encerrar missão de paz. 02 jul. 2019. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/conselho-de-seguranca-aprova-criacao-de-escritorio-no-haiti-para-encerrar-missao-de-paz/>. Acesso em: 11 jul. 2019.

10 Crise no Haiti expõe fracasso da “ajuda humanitária” dos EUA ao país caribenho. BRASIL DE FATO. 11 jul. 2018. Disponível em: <https://www.brasildefato.com.br/2018/07/11/crise-no-haiti-expoe-fracasso-da-ajuda-humanitaria-dos-eua-ao-pais-caribenho/>. Acesso em: 07 mai. 2019.

11 Acordo no qual a Venezuela fornecia petróleo em condições favoráveis a diversos países caribenhos.

12 MAISONNAVE, Fabiano. Haiti volta a mergulhar em onda de protestos violentos e crise política. Folha de S. Paulo, 17 fev. 2019. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2019/02/haiti-volta-a-mergulhar-em-onda-de-protestos-violentos-e-crise-politica.shtml>. Acesso em: 07 mai. 2019.

13 Presidente do Haiti rompe silêncio após semana de protestos violentos. G1. 15 fev. 2019. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/02/15/presidente-do-haiti-rompe-silencio-apos-semana-de-protestos-violentoss.ghtml>. Acesso em: 07 mai. 2019. Entenda as razões dos protestos que paralisam o Haiti. UOL. 12 fev. 2019. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2019/02/12/entenda-as-razoes-dos-protestos-que-paralisam-o-haiti.htm>. Acesso em: 07 mai. 2019. NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Protestos e violência no Haiti geram pedido internacional de soluções duradoras à crise. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/protestos-e-violencia-no-haiti-geram-pedido-internacional-de-solucoes-duradouras-a-crise/>. Acesso em: 07 mai. 2019. Deputados haitianos aprovam moção de censura contra primeiro-ministro. EXAME. 18 mar. 2019. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/mundo/deputados-haitianos-aprovam-mocao-de-censura-contra-primeiro-ministro/>. Acesso em: 07 mai. 2019.

14 Milhares de manifestantes exigem renúncia do presidente no Haiti. UOL. 09 jun. 2019. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2019/06/09/milhares-de-manifestantes-exigem-renuncia-do-presidente-no-haiti.htm>. Acesso em: 11 jul. 2019. Haiti gasta dinheiro de habitações para vítimas do terremoto com projetos polêmicos. UOL. 03 jun. 2019. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2019/06/03/haiti-gasta-dinheiro-de-habitacoes-para-vitimas-do-terremoto-com-projetos-polemicos.htm>. Acesso em: 11 jul. 2019.

15 THE WORLD BANK. GDP (current US$) - Data. Disponível em: https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.MKTP.CD. Acesso em: 5 ago. 2019; IBGE. IBGE: Haiti. Disponível em: https://paises.ibge.gov.br/dados/haiti. Acesso em: 11 jul. 2019; NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Haiti tem novo presidente eleito; ONU elogia anúncio. 04 jan. 2017. Disponível em: https://nacoesunidas.org/haiti-tem-novo-presidente-eleito-onu-elogia-anuncio/. Acesso em: 11 jul. 2019.

16 NAVARRO-GÉNIE, Marco Aurelio. Augusto “César” Sandino: Messiah of ligh and truth. 1 ed. Syracuse, NY: Syracuse University Press, 2002.

17 DUTERME, Bernard. Nicarágua: o que resta do sandinismo? Le Monde Diplomatique, 31 ago. 2016. Disponível em: <https://diplomatique.org.br/nicaragua-o-que-resta-do-sandinismo/>. Acesso em: 07 mai. 2019.

18 Visa somente manter a presidência.

19 PÉREZ ROQUE, Wilder. Nicarágua, o segundo país mais pobre da América Latina, é modelo em segurança. UOL, 08 jun. 2014. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2014/06/08/nicaragua-o-segundo-pais-mais-pobre-da-america-latina-e-modelo-em-seguranca.htm>. Acesso em: 07 mai. 2019.

20 BBC NEWS. Como a Nicarágua chegou ao caos que deixou centenas de mortos, incluindo uma brasileira. 24 jul. 2018. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-44947506>. Acesso em: 07 mai. 2019.

21 ISTOÉ. Nicarágua entra na lista de países que violam os direitos humanos. 21 mar. 2019. Disponível em: <https://istoe.com.br/nicaragua-entra-na-lista-de-paises-que-violam-os-direitos-humanos/>. Acesso em: 07 mai. 2019.

22 FOLHA DE S. PAULO. Governo da Nicarágua e oposição definem rota para diálogos de paz. 06 mar. 2019. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2019/03/governo-da-nicaragua-e-oposicao-rompem-impasse-e-iniciam-dialogos-de-paz.shtml>. Acesso em: 16 jul. 2019.

23 O sistema eleitoral da Nicarágua passava por modificações e a oposição tentava negociar a antecipação das eleições para 2021.

24 G1. Governo da Nicarágua e oposição encerram negociações sem acordo. 04 abr. 2019. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/04/04/governo-da-nicaragua-e-oposicao-encerram-negociacoes-sem-acordo.ghtml>. Acesso em: 16 jul. 2019.

25 THE WORLD BANK. GDP (current US$) - Data. Disponível em: <https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.MKTP.CD>. Acesso em: 5 ago. 2019; UOL. IDH 2018: Brasil ocupa a 79ª posição. Veja a lista completa. 14 set. 2018. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2018/09/14/idh-2018-brasil-ocupa-a-79-posicao-veja-a-lista-completa.htm>. Acesso em: 10 jul. 2019; SALINAS, Carlos. Daniel Ortega é reeleito presidente na Nicarágua. El País, 07 nov. 2019. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2016/11/07/internacional/1478498299_310594.html>. Acesso em: 10 jul. 2019; IBGE. IBGE: Nicarágua. Disponível em: <https://paises.ibge.gov.br/dados/nicaragua>. Acesso em: 10 jul. 2019; DATOSMACRO. Nicaragua - Emigrantes totales. Disponível em: <https://datosmacro.expansion.com/demografia/migracion/emigracion/nicaragua>. Acesso em: 16 jul. 2019 e ONTIVEROS, Eva. Daniel Ortega, o revolucionário que libertou a Nicarágua e é acusado de virar um tirano. BBC News Brasil, 19 jul. 2018. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-44892144>. Acesso em: 16 jul. 2019.

26 Menor economia da América Central.

27 A população clama pela renúncia de Ortega e eleições antecipadas.

28 NEXO. As origens da crise na Venezuela. 12 out. 2017. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/video/video/As-origens-da-crise-na-Venezuela>. Acesso em: 07 mai. 2019.

29 D. OLMO, Guillermo. O que mudou na Venezuela 20 anos após triunfo de

Page 9: Conflitos no Continente AmeriCAno: HAiti, niCAráguA, VenezuelA€¦ · a inflação nas alturas levaram um dos gigantes da América do Sul à maior crise migratória desde a guerra

9

V. 6, n. 3 - Junho de 2019

Hugo Chávez. BBC News, 08 dez. 2018. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-46483717>. Acesso em: 07 mai. 2019.

30 Um culto à personalidade carismática de Chávez, além do apoio à uma agenda econômica estatizante e centralizadora, chamada pelo próprio presidente de “Socialismo do século XXI”.

31 Tratava-se de um “pano de fundo” para o governo de Chávez. A expressão vem do nome de Simón Bolívar, líder que lutou contra a colonização espanhola no século XIX. Assim, Chávez dizia ser um herdeiro de Bolívar, capturando uma forte e influente figura do imaginário popular.

32 TERRA. Os 14 anos do governo socialista de Chávez na Venezuela. 06 mar. 2013. Disponível em: <https://www.terra.com.br/noticias/mundo/america-latina/os-14-anos-do-governo-socialista-de-chavez-na-venezuela,7b0c2812d904d310vgncld2000000dc6eb0arcrd.html>. Acesso em: 07 mai. 2019.

33 51% votou contra

34 O legado de Chávez: os prós e os contras. BBC NEWS. 07 mar. 2013. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/03/130306_chavez_argumentos_pro_contra_rw.shtml>. Acesso em: 07 mai. 2019.

35 RODRIGUES, Fania. BRASIL DE FATO. Hugo Chávez: o homem que mudou a história da Venezuela. Disponível em: <https://www.brasildefato.com.br/2018/03/05/hugo-chavez>. Acesso em: 07 mai. 2019.

36 Cronologia: relembre os fatos mais importantes da crise venezuelana. G1. 30 abr. 2019. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/04/30/cronologia-relembre-os-fatos-mais-importantes-na-crise-venezuelana.ghtml>. Acesso em: 07 mai. 2019.

37 G1. Juan Guaidó se declara presidente interino da Venezuela e é reconhecido por Brasil e EUA. 23 jan. 2019. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/01/23/juan-guaido-presta-juramento-como-presidente-interino-da-venezuela.ghtml>. Acesso em: 07 mai. 2019.

38 G1. Crise na Venezuela: 8 perguntas para entender a escalada da tensão no país. 01 mai. 2019. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/05/01/crise-na-venezuela-8-perguntas-para-entender-a-escalada-da-tensao-no-pais.ghtml>. Acesso em: 07 mai. 2019.

39 G1. Guaidó diz ter apoio de militares para pôr ‘fim à usurpação’ na Venezuela e convoca povo às ruas. 30 abr. 2019. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/04/30/juan-guaido-diz-que-tem-apoio-de-principais-unidades-militares-e-pede-para-que-venezuelanos-tomem-as-ruas.ghtml>. Acesso em: 07 mai. 2019.

40 IBGE: Países. Disponível em: <https://paises.ibge.gov.br/mapa/venezuela>. Acesso em: 13 jul. 2019; Maduro vence eleição em meio a acusações de manipulação do pleito e boicote da oposição. BBC NEWS BRASIL. 21 mai. 2018. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-44192653>. Acesso em: 13 jul. 2019; CORAZZA, Felipe e MESQUITA, Lígia. Crise na Venezuela: o que levou o país ao colapso econômico e à maior crise de sua história. BBC News Brasil, 30 abr. 2019. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-45909515>. Acesso em: 13 jul. 2019; Cinco problemas da crise na Venezuela. O GLOBO MUNDO. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/mundo/cinco-problemas-da-crise-na-venezuela-21135204>. Acesso em: 13 jul. 2019; Crise na Venezuela: o que levou o país vizinho ao colapso econômico e à maior crise de sua história. G1. 24 jan. 2019. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/01/24/crise-na-venezuela-o-que-levou-o-pais-vizinho-ao-colapso-economico-e-a-maior-crise-de-sua-historia.ghtml>. Acesso em: 13 jul. 2019; Venezuela: 1557 pessoas morreram por falta de materiais médicos. EXAME. 21 fev. 2019. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/mundo/venezuela-1557-pessoas-morreram-por-falta-de-materiais-medicos/>. Acesso em: 13 jul. 2019 e VÊNETO, Francisco. Em 2 anos, Venezuela matou 15 vezes mais que o Estado brasileiro em 42 anos. Aleteia, 21 set. 2018.Disponível em: <https://pt.aleteia.org/2018/09/21/em-2-anos-venezuela-matou-15-vezes-mais-que-o-estado-brasileiro-em-42-anos/>. Acesso em: 13 jul. 2019.

41 Nessa estimativa encontram-se vítimas da atual situação do país, somando-se mortes ocasionadas pelas forças do Estado, pela falta de medicamentos, protestos contra o governo, entre outros fatores.

42 Vale ressaltar que a computação desses dados é de difícil acesso, visto que o próprio governo venezuelano dificulta a divulgação de estatísticas.

43 Separação e independência das instituições públicas, de modo que uma exerce a função de prevenir abusos das demais.

Série Conflitos Internacionais é editada pelo Observatório de Conflitos Internacionais da Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (UNESP) - Campus de Marília – SP

As opiniões, hipóteses e conclusões ou recomendações expressas nesse material são de responsabilidade do autor e não necessariamente refletem as visões do OCI ou da UNESP.

Editor: Prof. Dr. Sérgio L. C. AguilarLayout: Paula Schwambach MoizesISSN: 2359-5809Comentários para: [email protected]ível em: www.marilia.unesp.br/#oci

Série Conflitos Internacionais mais recentes:

O conflito na Costa do Marfim e as missões de paz da ONU V. 4, n. 3Afeganistão: a continuidade do grande jogo V. 4, n. 4Mali: a operação de paz da ONU e a situação de segurança no país V. 5, n. 2

O conflituoso Cinturão do Sahel V. 5, n. 3Ucrânia: conflito como herança da “cortina de ferro” na Rússia contemporânea V. 5, n. 4A limpeza étnica em Mianmar e o êxodo do povo Rohingya V. 5, n. 5Abuso e exploração sexual nas operações de paz da ONU V. 5, n. 6 As disputas marítimas no mar do sul da China: antecedentes e ações militares no século XXI V. 6, n. 1A agressão militar da Federação Russa na Ucrânia V. 6, n. 2