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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES AMANDA CESPEDE PROETTI VIRAÇÃO: EXPERIÊNCIA EPISTEMOLÓGICA DA EDUCOMUNICAÇÃO SÃO PAULO 2011

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Page 1: Confira a tese

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES

AMANDA CESPEDE PROETTI

VIRAÇÃO: EXPERIÊNCIA EPISTEMOLÓGICA DA

EDUCOMUNICAÇÃO

SÃO PAULO

2011

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AMANDA CESPEDE PROETTI

VIRAÇÃO: EXPERIÊNCIA EPISTEMOLÓGICA DA

EDUCOMUNICAÇÃO

Trabalho de conclusão desenvolvido sob a orientação do Prof.° Dr.° Ismar de

Oliveira Soares e apresentado como instrumento pré-requisitado para obtenção do

título de especialista em Gestcom - Gestão da Comunicação: Políticas, Educação e

Cultura.

1 VOLUME

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES

ORIENTADOR: PROF.° DR.° ISMAR DE OLIVEIRA SOARES

SÃO PAULO

2011

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BANCA EXAMINADORA

MEMBROS:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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2

RESUMO

Desenvolvida junto à organização não governamental Viração Educomunicação, a

pesquisa acadêmica a seguir se propõe a analisar as práticas fomentadas pela ONG sob o viés

do campo de intervenção sócio-educativa denominado Educomunicação, apontando

fragilidades no que se atém à gestão de tais práticas, assim como possíveis caminhos de

resolução. Para tanto, nos valemos de pesquisa qualitativa composta de observação-

participativa, entrevistas, além de pesquisa bibliográfica e documental.

Palavras-chave: Educomunicação, Epistemologia, Gestão, Produção Participativa,

Comunicação.

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3

ABSTRACT

Developed with the non-governmental organization Viração Educomunicação, this issue

proposes to examine the practices promoted by the NGO from the point of socio-educational

intervention called Educommunication, pointing out management‟s weaknesses of such

practices, as well as possible resolutions. Thus, we make use of qualitative research, consisted

of observation-participation, interviews, literature research and documents.

Key words: Educommunication, Epistemology, Management, Participatory Production,

Communication.

Page 6: Confira a tese

4

DEDICATÓRIA

Em meio a tantos agradecimentos, eu não poderia dedicar essa conquista a outra

pessoa que não à minha mãe, Marli Cespede Proetti, inspiradora do maior amor de que sou

capaz. A mulher que fez de mim o que eu sou hoje e a responsável por quem eu serei sempre.

Bem certo como ela já não está entre nós é que o Gestcom foi a primeira de outras pseudo-

recompensas que se insinuam à dor da partida e à perda significativa da pessoa mais

importante da minha vida, indubitavelmente.

Page 7: Confira a tese

5

AGRADECIMENTOS

À coordenação do Gestcom pelo voto de confiança que se traduziu na bolsa de estudos

que me propiciou integrar a Turma 26 do curso.

Ao professor Ismar de Oliveira Soares, não só pela orientação, pela referência, pelo

brilhantismo e pelo legado literário quando o assunto é Educomunicação, mas também pela

militância incansável pelo reconhecimento do campo que resultou em tantos frutos sendo eu

mesma um deles.

À Viração por ter mudado o curso da minha história profissional, pra não dizer da

pessoal, sendo a responsável pela constituição de valores e ideologias que fazem de mim um

ser humano um pouquinho mais bonito. Sem contar ainda o despontar da vida acadêmica que

também se deu por meio deste encontro “iluminado” e os amigos de alma que eu fiz ali.

Meus amorosos agradecimentos a Vicente de Paulo Lima, uma das maiores referências

de ser humano pra mim e uma das cabeças mais brilhantes que já tive a oportunidade de

conhecer. Desta admiração faço um guia prático pessoal.

À Máquina da Notícia, empresa da qual sou colaboradora, e que desenhou, nos últimos

quatro anos, o cenário propício para a realização desta especialização. Em especial, meus

agradecimentos à pessoa de Marcelo Diego, meu diretor e grande apoiador no que tange aos

arranjos práticos necessários para o desenvolvimento deste trabalho conciliado às minhas

atividades profissionais.

Agradecimentos especiais a Camila Caringe, revisora e inspiradora deste trabalho, e a

Ana Paula Marques, pela colaboração na parte visual e também na articulação necessária para

o alcance de contribuições finais.

À minha família, nas pessoas de meu pai, Milton Roberto Proetti, de minha irmã,

Aline Cespede Proetti, e de minha tia, Marcia Cespede Silva e família. Pelo amor, pelo muito

incentivo e credibilidade e pelo sempre presente porto seguro. Amo vocês!

Ao meu namorado, Jeomark Roberto, maior inspirador e parceiro em todas as coisas

que aconteciam, concomitantemente, na minha vida durante o último semestre do Gestcom,

período de desenvolvimento da etapa final deste trabalho.

Aos meus amigos e às minhas amigas pelo carinho que se faz sempre suporte

imprescindível e insubstituível.

Page 8: Confira a tese

6

SUMÁRIO

Apresentação .............................................................................................. Pág. 7

Introdução .............................................................................................. Pág. 8

1. Viração: História e Identidade .......................................................... Pág. 12

1.1 Os Conselhos Jovens (Virajovens) ............................................... Pág. 14

2. Educomunicação: Referencial Teórico ............................................... Pág. 23

3. Viração: Fenômeno Epistemológico da Educomunicação ........... Pág. 29

3.1 Os Projetos .................................................................................. Pág. 29

3.2 A Prática Social .................................................................................. Pág. 41

4. Problema: Gestão Educomunicativa ............................................... Pág. 44

5. Pesquisa .............................................................................................. Pág. 50

6. Proposta de Intervenção ...................................................................... Pág. 72

7. Considerações Finais ...................................................................... Pág. 74

Referências Bibliográficas ...................................................................... Pág. 77

Anexos .............................................................................................. Pág. 78

Page 9: Confira a tese

7

APRESENTAÇÃO

Nas páginas a seguir, o leitor encontrará o desenrolar de uma pesquisa acadêmica que,

como o próprio título diz, se propõe a uma experiência epistemológica da Educomunicação,

tomada esta como campo de intervenção sócio-educativa ressemantizado e referendado pelo

Núcleo de Comunicação e Educação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de

São Paulo (NCE/ECA/USP).

A introdução ao referido objeto se atém a apresentar e referenciar a missão do

trabalho, bem como esboçar o problema de gestão da comunicação a ser apontado por meio

de diagnóstico indiciário embasado por pesquisa de campo, documental e bibliográfica.

O primeiro capítulo, por sua vez, assume a função apresentar o cenário onde se dão as

práticas estudadas, ou seja, o objeto da pesquisa, a saber, a organização não governamental

Viração Educomunicação.

O capítulo seguinte tem por objetivo referenciar a experiência epistemológica com

conteúdo teórico acerca do campo da Educomunicação, fazendo um breve passeio por sua

história e desdobramentos contemporâneos, sua natureza e aplicação prática.

O terceiro capítulo retoma a ONG apresentando, efetivamente, seus projetos e práticas,

além de dar início à trajetória narrativa que se encaminhará ao problema a ser trabalhado a

seguir.

O quarto e o quinto capítulo são destinados ao problema, especificamente, sendo o

primeiro o responsável por destrinchá-lo, e o último, por atestá-lo por meio de relatos dos

atores envolvidos no cenário traçado pela pesquisa, público este escolhido para a última etapa

da presente pesquisa, constituída de aplicação de questionário.

Os capítulos finais se dedicam à proposta interventiva a fim de propor caminhos de

resolução para o problema em questão e considerações finais, inclusive acerca do papel que

cumpre o gestor da comunicação.

Page 10: Confira a tese

8

INTRODUÇÃO

Maria Immacolata Vassallo de Lopes afirma, em Pesquisa em Comunicação, que a

instância epistemológica da pesquisa propõe regras de compreensão e legitimidade conceitual,

uma vez que avalia a consistência lógica da teoria e sua coesão factual. “[...] A reflexão

epistemológica desenvolve-se internamente à prática da pesquisa, encarregando-se de renovar

continuamente uma série de operações que asseguram a cientificidade dessa prática.” (2005,

p. 121).

Em linha com o pensamento da autora, o intuito do presente trabalho é apresentar a

organização não governamental (ONG) Viração Educomunicação como legitimadora do

conceito teórico dado ao campo da Educomunicação pelo Núcleo de Comunicação e

Educação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo

(NCE/ECA/USP)1, apontando-a como fenômeno prático referencial. Além disso, este

instrumento também se propõe a apontar caminhos para possível solução do problema de

gestão da comunicação diagnosticado por meio de pesquisa bibliográfica e documental, bem

como de pesquisa qualitativa composta de observação-participativa de processos e práticas,

além de entrevistas.

A Viração Educomunicação nasceu com a proposta de uma revista que não fosse

apenas voltada para o público adolescente e juvenil - fórmula corriqueira no mercado editorial

- mas que fosse produzida por eles2 próprios, sob a diretriz do campo de intervenção social

denominado Educomunicação, que propõe a construção de “ecossistemas comunicativos”3

que levem em conta todos os sujeitos envolvidos nas práticas educativas, tomando-os,

simultaneamente, enquanto produtores, emissores, receptores e gestores de uma comunicação

1 A palavra “Educomunicação” se refere aqui a um conceito novo, ressignificado, em 1999, pelo Núcleo de

Comunicação e Educação da USP, a partir da conclusão de pesquisa patrocinada pela FAPESP em torno dos fenômenos que ocorrem na relação comunicação/educação na América Latina. Diz respeito à sistematização de práticas sociais com uma perspectiva alternativa às que ocorrem nos âmbitos da comunicação e da educação tradicionais (SOARES, Ismar de Oliveira. “Comunicação/educação: a emergência de um novo campo e o perfil de seus profissionais”, In: Contato: revista brasileira de comunicação, arte e educação. Brasília, Ano 1 (jan. / mar. 1999), n. 2. p. 19-74.). A palavra “educomunicação” se refere somente à união das práticas comunicativas e educativas e, como ambas são grafadas com letra minúscula, será também com letra minúscula a palavra que delas deriva como interface somente, não enquanto conceito maior academicamente firmado. 2 Para garantir a igualdade entre os gêneros na linguagem do presente instrumento, onde se lê “eles” ou “ele”, leia-se

também “elas” ou “ela”, assim como em outros casos de pronomes e substantivos sujeitos a variação de masculino e feminino. 3 Aferimos a expressão “ecossistema comunicativo” do conceito que define o equilíbrio entre os elementos que constituem um

determinado espaço físico em permanente mutação, analogia que nos permite entender a natureza relacional e dialética do convívio humano em determinado espaço. Os relacionamentos interpessoais numa escola, num centro de cultura, ou no mesmo espaço cibernético, se deparam com moldes de ecossistemas. Passam, então, a conviver sob regras que se estabelecem, conformando uma dada cultura comunicativa. No meio físico, existem tanto sistemas áridos e fechados, quanto sistemas abertos e ricos de vitalidade. A Educomunicação faz sua opção pela construção de uma modalidade aberta e criativa de relacionamento, contribuindo para que as normas que regem o convívio passem a reconhecer a legitimidade do diálogo como metodologia para a aprendizagem e convivência. (SOARES, 2009, p. 23).

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9

participativa, construtiva e efetiva, onde não só o indivíduo seja protagonista, mas o grupo

como um todo, fortalecido em suas demandas e atuações. Para tanto, o conteúdo da Revista

Viração e da Agência Jovem de Notícias4 é produzido a partir dos Conselhos Jovens,

denominados Virajovens5, espalhados por todo o território nacional, em torno de uma

metodologia de participação de adolescentes e jovens por meio da comunicação.

A partir do momento em que esses adolescentes e jovens discutem e aprofundam um

determinado assunto e depois escrevem, entrevistam pessoas, fotografam ou

produzem vídeo ou áudio sobre o assunto, eles se apropriam dos temas e, enquanto

se apropriam, se transformam.6

Fundador da Viração, o jornalista Paulo Lima ilustra tal observação com o exemplo

clássico do menino que, enquanto faz um vídeo ou uma matéria sobre Reciclagem, toma

consciência do quão importante é o cuidado com a natureza, a despeito de já ter lido muito

sobre o assunto, ou mesmo ter visto propagandas na TV e no Rádio. A tomada de consciência

dele se torna muito maior ao produzir comunicação sobre determinado assunto. E o processo

de produção da notícia, que vai para a revista ou para a agência on-line ou para qualquer outra

plataforma é um processo acompanhado de uma formação crítica da opinião. Segundo Paulo

Lima, a prática da Viração ao longo desses oito anos propiciou tal atestação: “A ideia é que

todo esse modelo de produção de comunicação e de mobilização a partir da comunicação se

torne ação social, política, na última página. É a ideia do „saber fazer‟.”

À luz de Paulo Freire, que nos convidava a ler o mundo com outros olhos, criando

assim um novo mundo7, o jornalista constata: “O que a gente quer é a formação de sujeitos

autônomos, conscientes dos seus direitos e críticos. E a gente não quer só que eles opinem,

mas que eles decidam. Sujeitos produtores de muito mais que o feedback. Queremos que o

outro polo seja também produtor, emissor, num movimento dialético, não linear.”

Esse processo participativo da produção da notícia, no entanto, encontra embates e

incongruências em relação à própria natureza do conceito norteador das práticas da ONG - a

Educomunicação - que propõe um ecossistema comunicativo aberto, participativo, anti- 4 http://www.agenciajovem.org/wp/

5 Diferenciaremos o termo “Virajovem” do similar “virajovem”, usando o primeiro, com letra maiúscula, quando nos

referirmos ao “Conselho Jovem”, e o segundo, quando estivermos falando dos jovens participantes. 6 Em entrevista concedida à autora para o presente trabalho.

7 FREIRE, 1992.

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10

hierárquico, desverticalizado, inclusivo, democrático e dialógico. Observa-se, por exemplo,

um gargalo no cotidiano de tais práticas que opõe o modo de produção de conteúdo com

vistas aos moldes industriais (cumprimento de prazos e metas) - já que a revista funciona sob

os padrões operacionais de qualquer outro veículo de comunicação - à “participação” dos

adolescentes a partir dos Virajovens em linha com preceitos educomunicativos no que se

refere a uma participação aberta, criativa e democrática, preceitos estes, norteadores das

práticas a que se propõe a própria organização.

Soma-se a isso a nova etapa do processo de expansão vivenciado pela Viração, que

passou a abarcar uma série de projetos, ao longo dos últimos anos, incluindo a articulação de

uma Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadores (RNAJC), que visa garantir o

direito fundamental à expressão. A ideia é ampliar o viés da mobilização social juvenil para

além das paredes da Viração e dos próprios Virajovens, promovendo assim uma disseminação

da temática e dos processos da Educomunicação e uma maior articulação política com as

demais redes de juventudes.

Como garantir os preceitos educomunicativos como os anteriormente citados sem

impor aos virajovens o molde de “produção industrial” próprio da prática editorial

tradicional? Olhando para o movimento juvenil que começa a se esboçar a partir desta

plataforma, ou melhor, desta rede formada pelos Conselhos Jovens, perguntamos: um

adolescente não poderia, por ventura, integrar um Virajovem sem ter que se comprometer

com a produção de conteúdo para a revista e a agência on-line, atendo-se, desta forma,

somente à militância? Se isso é plausível, como garantir a manutenção destes veículos, que

necessitam cumprir pautas e prazos, além de uma série de outros compromissos inerentes a

qualquer processo de produção massificada?

A partir do exemplo relatado, é possível visualizar um problema de fundo que

presumivelmente estaria opondo o discurso e a prática da organização em mais de um nível. A

hipótese que levantamos é a de que tais incongruências poderiam estar configurando

fragilidades no que concerne à gestão da instituição, já que estamos falando de práticas de

uma organização que se propõe a salvaguardar preceitos da Educomunicação, a partir do

significado que lhe foi emprestado pelo NCE-USP. É nosso objetivo trazer tais questões à

consciência da ONG por meio de uma dissertação embasada por elementos indiciários, para

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11

então, traçar uma proposta interventiva no sentido de buscar caminhos que nos levem a

possível solução para os problemas e incoerências apontados.

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1

VIRAÇÃO: HISTÓRIA E IDENTIDADE

É costume dizer que as árvores nascem das sementes. Mas como poderia uma

sementezinha gerar uma árvore enorme, uma mangueira, por exemplo? As sementes

não contêm os recursos necessários ao crescimento de uma árvore. Esses recursos

devem vir do ambiente onde ela nasce. O ambiente em que foi gerada a Viração foi

muito fecundo. Estávamos embalados pela grande novidade que representou o

Fórum Social Mundial. Estávamos embalados pelo primeiro governo Lula. Era

março de 2003. Três de três. Note bem: o três ou seu múltiplo acompanham a

caminhada da Viração desde o princípio. O ambiente em que nasceu a Viração era

propício. (Trecho de histórico da ONG composto por seu fundador, Paulo

Lima).

A Revista Viração nasceu, em 2003, sob a guarda jurídica da Associação de Apoio às

Meninas e Meninos da Região Sé (AAMM), permanecendo assim até o final de 2009 quando,

então, se tornou uma organização judicialmente autônoma sem fins lucrativos. À época, Paulo

Lima era diretor de redação da revista Sem Fronteiras, de propriedade dos Missionários

Combonianos, detentores também da Alô Mundo, publicação católica e missionária voltada ao

público infanto-juvenil. A Viração surgiu da ideia de elaborar um projeto editorial de

relançamento da Alô Mundo - numa versão mais laica e voltada para o público das escolas –

que, em meio a intempéries financeiras, foi encerrada aos 16 anos de existência. Estimulado

pelo título de “Jornalista Amigo da Criança”8, Paulo Lima resolveu fazer daquele projeto

editorial um ponto de partida para um projeto maior de Educomunicação, com base nos

pressupostos defendidos pelo NEC-USP que, além de pesquisar o conceito, desenvolvia,

naquele momento, um projeto pioneiro para levar a comunicação participativa, através da

linguagem radiofônica, a todas as escolas da rede municipal de educação de São Paulo.9

Desde então, a Revista Viração passou a ser produzida a partir de grupos de

adolescentes e jovens espalhados pelo território nacional - capitais e outros municípios -

denominados “Conselhos Jovens” ou “Virajovens”, ampliando, desta forma, os objetivos da

8 Título concedido pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi), pelo Fundo das Nações Unidas para a

Infância (Unicef) e pela Fundação Abrinq, em novembro de 2002, pela trabalho desenvolvido, na época, na revista Sem Fronteiras. 9 O projeto Educom.rádio - Educomunicação pelas Ondas do Rádio, eleito pela Prefeitura de São Paulo para dar

sustentação a um vasto programa de combate à violência, foi desenvolvido de 2001 a 2004 pela Secretaria Municipal de Educação e pelo NCE/ECA/USP e capacitou cerca de 12 mil pessoas, entre estudantes, professores e membros da comunidade escolar, levando a linguagem radiofônica a 455 escolas públicas de Ensino Fundamental.

Page 15: Confira a tese

13

missão de colaborar para a formação das juventudes por meio de um processo de educação

não formal centrada no conceito de gestão colaborativa da expressão comunicativa grupal.

A participação das pessoas na produção e transmissão das mensagens, nos

mecanismos de planejamento e na gestão do veículo de comunicação comunitária

contribui para que elas se tornem sujeitos, se sintam capazes de fazer aquilo que

estão acostumadas a receber pronto, se tornam protagonistas da comunicação e não

somente receptores.10

Como resultado deste trabalho articulado a ONG produz, mensalmente, para

distribuição nacional, tanto a revista impressa como o conteúdo online veiculado pela

Agência Jovem de Notícias, que está hoje em pleno processo de reestruturação. Para tanto,

conta com a participação de mais de 300 adolescentes e jovens, integrantes dos 42 Conselhos

Jovens atuais presentes em 22 Estados e no Distrito Federal.

10

http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/revista13/artigos%2013-3.htm

Page 16: Confira a tese

14

Legenda: Novo layout da Agência Jovem de Notícias. Fonte: Acervo Viração

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15

Acreditando-se inerente ao conceito da educomunicação a prática de parcerias com

instituições que mantêm as mesmas perspectivas de ação, a Viração desenvolve projetos

colaborativos com mais de 20 entidades não governamentais. Esses projetos colaborativos

permanentes apresentam-se como a base de sustentação para o funcionamento dos Conselhos

Jovens. Em São Paulo, por exemplo, uma parceria com o Fundo das Nações Unidas para a

Infância (Unicef) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

(Unesco) permitem o desenvolvimento de projetos formativos em educomunicação junto a 40

comunidades populares e 12 escolas do Ensino Médio da capital paulista.

1.1 Os Conselhos Jovens (Virajovens)

Estruturados em diferentes fases, os 42 Virajovens encontram-se presentes nas

seguintes cidades:

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16

Legenda: Distribuição dos Conselhos Jovens por Estado. Fonte: Ana Paula Marques

Legenda: Distribuição dos Conselhos Jovens pelo território brasileiro. Fonte: Ana Paula Marques

Page 19: Confira a tese

17

Formado por jovens que participam de ONGs, centros culturais, movimentos sociais,

bem como por estudantes de escolas públicas e particulares, o Virajovem é instituído à base

do voluntariado com o apoio de uma organização não-governamental parceira que cede seu

espaço - preferencialmente com localização central na cidade, para o fácil acesso - e

infraestrutura para as reuniões mensais (alguns Virajovens se reúnem até mais de uma vez por

mês). Os adolescentes e jovens participam com sugestões de pautas, apuração de matérias,

redação de textos e produção de imagens e dão sugestões quanto à gestão, diagramação,

vendas e publicidade da revista. Em geral, durante a reunião presencial do Virajovem, há

oficinas de redação, discussão sobre temas ligados ao editorial da revista ou mesmo debate,

palestra de aprofundamento sobre assuntos específicos e/ou organização de alguma ação de

mobilização. A ideia é que os participantes colaborem para que se redesenhe um novo

discurso jornalístico sobre e para as juventudes.

Cada Virajovem possui um facilitador, chamado “midiador”11

, que, em muitos casos

casos, é um jornalista ou estudante de jornalismo, ou ainda um agente ou educador da

organização de apoio. Este agente é orientado e acompanhado pela equipe da sede da Viração,

em São Paulo, por meio de contatos telefônicos, virtuais e, periodicamente, pessoalmente, por

meio do Encontro Nacional dos Virajovens, quando, então, os midiadores de todos os

Conselhos se reúnem para um momento de avaliação e formação para fins de reciclagem e

estruturação das próximas ações de cada Virajovem.

Além dos encontros presenciais, os integrantes de cada Virajovem participam de uma

lista de discussão, onde podem opinar, sugerir e avaliar o andamento da edição do mês, entre

outros assuntos. Até mesmo a capa da revista, enviada a todos em baixa resolução, é avaliada

por meio de tal lista. As pautas de cada edição são discutidas por meio de chat nacional,

promovidos no início de cada mês, e desenvolvidas, colaborativamente, por mais de um

Virajovem, muitas vezes de diferentes regiões do Brasil. Para tanto, a discussão acontece via

troca de mensagens instantâneas, e-mails ou lista de discussão na internet.

11

O termo sofreu variação proposital oriunda da miscigenação entre as palavras “mediador” - aquele que possui o papel de mediar - e “mídia” - suporte de difusão de informações -, dando origem ao neologismo que define a figura responsável pela mobilização e/ou facilitação de cada Conselho Jovem.

Page 20: Confira a tese

18

São essas as instituições parceiras nos respectivos Estados de constituição dos

Conselhos Jovens:

● Agência de Notícias dos Direitos da Criança e do Adolescentes Matraca/ Rede Sou de

Atitude – São Luís (MA);

● Agência de Notícias dos Direitos dos Adolescentes - Alice – Porto Alegre (RS);

● Agência Uga-Uga – Manaus (AM);

● Associação Imagem Comunitária (AIC) e Grupo Interfaces – Belo Horizonte (MG);

● Bemfam – Recife (PE);

● Casa da Juventude Padre Burnier (CAJU) – Goiânia (GO);

● Catavento Comunicação e Educação Ambiental – Fortaleza (CE);

● Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência (Ciranda) – Curitiba (PR);

● Centro Acadêmico da Universidade Federal de Alagoas – Maceió (AL);

● Centro Cultural Bájò Ayò – João Pessoa (PB);

● Centro de Referência da Juventude/ Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos – Vitória

(ES);

● Cipó Comunicação Interativa e Centro de Referência Integral de adolescentes (Cria) –

Salvador (BA);

● Companhia Terramar – Natal (RN);

● Cuca/ UNE – Teresina (PI)

● Cufa – Cuiabá (MT);

● Fundação Athos Bulcão – Brasília (DF);

● Girassolidário - Agência em Defesa da Infância e Adolescência – Campo Grande (MS);

● Jornal Cidadão – Rio de Janeiro (RJ);

● Tv Comunitária Floripa e Centro Cultural Escrava Anastácia – Florianópolis (SC);

Legenda: Capas das últimas edições da Revista Viração. Fonte: Acervo Viração

Page 21: Confira a tese

19

“Contação da Viração

Dizia o pintor Pablo Picasso que o difícil era o primeiro ponto. Um ponto,

um desenho, uma obra de arte. No caso da Viração: uma palavra, uma página, uma

revista. Tudo começou por aqui, por um projeto social impresso. Uma proposta de

revista feita para, com e a partir de adolescentes e jovens de todo o Brasil, e não

apenas do eixo Rio-São Paulo. E essas primeiras palavras encarnadas no projeto

ganharam vida em março de 2003 a partir do slogan: mudança, atitude e ousadia

jovem. Outro Paulo, desta vez brasileiro, dizia que “primeiro a gente faz, depois dá o

nome”. Sim, Paulo Freire, uma das fontes de nossa inspiração, tinha razão. Fomos

fazendo, sem saber ao certo onde chegar. Viração nasceu como minha iniciativa

pessoal e, aos poucos e logo logo, foi se tornando obra coletiva. Primeiro, como

revista, com o apoio jurídico dos Missionários Combonianos e da Associação de

Apoio às Meninas e Meninos da Região Sé. Depois, o projeto foi crescendo, várias

organizações foram pedindo para gente ir irradiando nosso jeito de fazer

educomunicação em outras paradas: consórcio social da juventude, escolas, ONGs,

Igrejas, secretarias de governos e ministérios. Os “Virajovens” foram se espalhando

como “Maria-Sem-Vergonha” num jardim. Nesse processo, sempre acreditamos na

força do “colaborativo” e do “cooperativo”. Por isso, fomos tecendo parcerias com

outras organizações que também assumiam a causa de uma comunicação livre.

Podemos melhor entender os primeiros momentos da Vira com uma

analogia do ambiente vegetal. É costume dizer que as árvores nascem das sementes.

Mas como poderia uma sementinha gerar uma árvore enorme, uma mangueira, por

exemplo? Pois bem, as sementes não contêm os recursos necessários ao crescimento

de uma árvore. Esses recursos devem vir do ambiente onde ela nasce. O ambiente

em que foi gerada Viração foi muito fecundo. Estávamos embalados pela grande

novidade que representou o Fórum Social Mundial. Estávamos embalados pelo

primeiro governo Lula. Era março de 2003. O ambiente em que nasceu Viração era

propício.

Mas não foi nada fácil chegar até aqui. Ouvimos muitos “nãos”. Foram

muitos os tempos de vacas magras. Lembro que apresentava a Viração para

potenciais financiadores e inscrevia projetos de sustentabilidade em diversos editais.

A cada negativa, comprava um vaso de plantas ou flores para amenizar a frustração

e transmutar o sentimento deixado pela porta fechada. Mas, as portas e janelas, aos

poucos, foram se abrindo. A gente foi sendo conhecido e reconhecido, no Brasil e no

exterior; no ambiente acadêmico e no movimento social que defende a

democratização da cultura e da comunicação.

Essa pequena história de vida faz jus à própria palavra “Viração, que quer

dizer, entre tantos significados, justamente: “vira ação”, “sobreviver de forma

aguerrida”, “dar certo”.

E vale ressaltar que, depois de quase oito anos, continuamos sendo um

processo indefinido, inacabado, em constante movimento de renovação e inovação.

Paulo Lima”

O texto acima faz parte da apostila produzida para o IV Encontro Nacional dos

Virajovens, realizado em 2010, e resume, em poucas linhas, a história de vida da Viração,

hoje com oito anos de idade.

Page 22: Confira a tese

20

É interessante perceber, no breve relato do jornalista, a característica auto referencial

da organização, explicitada por meio de auto-conceitos, palavras-chave e neologismos como

“projeto social impresso”, “revista feita para, com e a partir de adolescentes e jovens”,

“mudança, atitude e ousadia jovem”, “primeiro a gente faz, depois dá o nome (Paulo Freire)”,

“nosso jeito de fazer educomunicação”, e outros. Juntamente com os documentos da ONG, a

começar pela razão social - Viração Educomunicação -, tais expressões vão construindo a

identidade particular de uma instituição que, para militar pela transformação social no bojo de

uma comunicação mais livre, de forma confessa por meio de carta de princípios e valores,

assume o referencial teórico da Educomunicação referendado pelo NCE.

Page 23: Confira a tese

21

Legenda: IV Encontro Nacional dos Virajovens (out/2010). Fonte: Acervo Viração

Page 24: Confira a tese

22

Ao nos debruçar sobre os referidos documentos, nos deparamos com a

“autoconsciência” da Viração Educomunicação, que ao mesmo tempo em que se preocupa o

tempo todo em justificar cada escolha, seja por conceito, prática ou referencial teórico,

também se intitula e se coloca como fenômeno epistemológico reconhecido do conceito de

Educomunicação, como no trecho a seguir: “A gente foi sendo conhecido e reconhecido, no

Brasil e no exterior; no ambiente acadêmico e no movimento social que defende a

democratização da cultura e da comunicação.”

Registrada em carta de princípios e valores, a missão da Viração contempla, pois, o

caráter aberto e prático do referencial teórico da Educomunicação: “fomentar e divulgar

processos e práticas de educomunicação e mobilização entre jovens, adolescentes e

educadores para a efetivação do direito humano à comunicação e para a transformação

socioambiental”.

Mas, afinal, o que é Educomunicação?

Page 25: Confira a tese

23

Legenda: Assembleia da Viração Educomunicação (ago/2009). Fonte: Acervo Viração

Page 26: Confira a tese

24

2

EDUCOMUNICAÇÃO: REFERENCIAL TEÓRICO

“[...] a comunicação é um ato pedagógico e a educação é um ato comunicativo [...]”

Paulo Freire

A massificação da comunicação com a proliferação e o abrangente crescimento do

papel dos meios de comunicação na atual sociedade se configura como ponto de partida dos

estudos acadêmicos em torno do binômio Comunicação e Educação, binômio este que se atém

a pensar os processos e os sistemas comunicacionais e de conhecimento nos últimos anos e

seus desdobramentos práticos no que tange ao papel que exerce a Comunicação sobre este

processo social denominado Educação.

Nome reconhecidamente notável dentro deste processo, Paulo Freire, visionariamente,

observou: “Educação é Comunicação”12

. E ao fazer tal apontamento, é claro, o professor não

se limitava a tratar a comunicação massiva, midiática, tão somente. Assim também,

concordamos com o entendimento de que “a Educomunicação é compatível com todas as

modalidades da educação: a formal (escolar, curricular), a não formal (popular, não

sistemática) e a informal (midiática, esporádica)”.13

Por espaço educativo entende-se,

portanto, todo ambiente onde existe intencionalidade de promover a formação humana, como

a família, a escola, um centro cultural, uma emissora de TV ou de rádio, um centro produtor

de materiais educativos analógicos e digitais, um núcleo promotor de educação à distância ou

mediados por tecnologias, entre outros.14

Transformar, mudar, deslocar, empoderar-se de,

trazer para si, fazer com que algo que me era estranho passe a fazer parte do meu universo,

das minhas relações, das minhas necessidades, da minha consciência. O termo „educare‟,

conceito central da pedagogia freiriana, sintetiza tal amplitude. Pensar a Educação e a

Comunicação juntas faz-se, então, uma demanda social.

Falar em Comunicação ao remeter Educação é refletir sobre os processos de

conhecimento que foram se alterando frente a uma reorganização dos circuitos de cultura.

Neste contexto, a mídia se coloca como mediadora que dialoga com tal reorganização do

conhecimento que promove então outras expectativas de cultura. Sendo assim, falar em

Comunicação é falar em processo, em dispositivos comunicacionais. 12

FREIRE, 1979, p. 69. 13

SOARES, 2009, p. 162. 14

SOARES, 2009, p. 169 e 171.

Page 27: Confira a tese

25

Ao manipular os instrumentos de produção, imediatamente, alteram-se as relações de

produção e, consequentemente, as relações sociais. É nesta linha de raciocínio que se inserem

tais dispositivos (TV, Rádio, Internet, etc.). E os estudos acadêmicos têm avançado em

descobrir as muitas possibilidades do ponto de vista da Comunicação por meio destes

instrumentos de produção.

De autoria do NCE, o conceito de Educomunicação como sendo o “conjunto das ações

inerentes ao planejamento, implementação e avaliação de processos, programas e produtos

destinados a criar e a fortalecer ecossistemas comunicativos abertos, democráticos e

participativos, e a ampliar os espaços de expressão na sociedade através de uma gestão

democrática dos recursos da comunicação” chega para romper com uma prática de

comunicação unidirecional em prol do circuito dialógico, propondo, em lugar da comunicação

massiva, uma contra hegemonia. Trata-se de um ecossistema comunicativo que leva em conta

todos os sujeitos como produtores, emissores e receptores e gestores de uma comunicação

participativa, construtiva e efetiva, onde não só o indivíduo seja protagonista, mas o grupo,

especialmente, se fortaleça nas suas demandas e atuação, “sob a perspectiva da gestão

compartilhada e democrática dos recursos da informação.” (SOARES, 2009, p. 162).

Aferimos a expressão “ecossistema comunicativo” do conceito que define o equilíbrio

entre os elementos que constituem um determinado espaço físico em permanente mutação.15

“Tomando a ideia proveniente do esforço que vem sendo feito, hoje em dia, para

manter uma relação equilibrada entre o homem e a natureza, a Educomunicação

entende ser necessário a criação de "ecossistemas comunicativos" nos espaços

educativos, que cuide da saúde e do bom fluxo das relações entre as pessoas e os

grupos humanos, bem como do acesso de todos ao uso adequado das tecnologias da

informação.”16

Tal analogia nos permite entender a natureza relacional e dialética do convívio humano em

determinado espaço. Os relacionamentos interpessoais numa escola, num centro de cultura ou

no mesmo espaço cibernético, se deparam com moldes de ecossistemas. Passam, então, a

conviver sob regras que se estabelecem, conformando uma dada cultura comunicativa. No

15

SOARES, 2009, p. 23. 16

http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/28.pdf

Page 28: Confira a tese

26

meio físico, existem tanto sistemas áridos e fechados, quanto sistemas abertos e ricos de

vitalidade. A Educomunicação faz sua opção pela construção de uma modalidade aberta e

criativa de relacionamento, contribuindo para que as normas que regem o convívio passem a

reconhecer a legitimidade do diálogo como metodologia para a aprendizagem e convivência.17

“Aqui, a comunicação é feita para socializar e criar consensos.”18

Assim, num contexto dialético do exercício do diálogo com o outro – pessoal e

institucional – propõe-se que o conceito da Educomunicação seja usado para

promover articulações coletivas, multiculturais e midiáticas em função do uso dos

processos e ferramentas da comunicação em proveito da construção tanto dos

indivíduos como das comunidades. (SOARES, 2009, p. 24).

Usualmente empregado, de forma restrita, pela Unesco e por pesquisadores como

Mario Kaplún, para designar a prática da educação ante os efeitos da mídia, o termo foi, como

já adiantamos, ressemantizado ao final de um trabalho de pesquisa realizado pelo

NCE/ECA/USP, entre 1997 e 1999, junto a especialistas de doze países da América Latina,

bem como países da Península Ibérica, para saber o que pensavam os coordenadores de

projetos na área e qual o perfil dos profissionais que trabalham nesta inter-relação.19

A prática

que originou o conceito surgiu nas décadas de 1960 e 1970, em ambientes não formais

(“educação popular” e “comunicação alternativa”), nos embates da luta social por novos e

mais franqueados espaços de comunicação e expressão.

Nos anos 1980, o procedimento chegou à esfera pública e começou a ser notado no

ambiente escolar.20

Em novembro de 1999, após tomar conhecimento dos resultados da

pesquisa do NCE/ECA/USP, o Ministério da Educação (MEC) incorporou-os ao documento

final do encontro Mídia e Educação - que reunira, em São Paulo, 150 empresários, produtores

e autoridades dos campos da Comunicação Social e da Educação de todo o país - afirmando:

“Reconhecemos a inter-relação entre Comunicação e Educação como um novo campo de

intervenção social e de atuação profissional, considerando que a informação é um fator

fundamental para a Educação.” (SOARES, 2009, p. 163).

17

SOARES, 2009, p. 23. 18

http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/28.pdf 19

SOARES, 2009, p. 165. 20

Idem.

Page 29: Confira a tese

27

Ao longo dos anos posteriores, o NCE/ECA/USP protagonizou diretamente algumas

ações, tais como o Educom.rádio, anteriormente mencionado; o Educom.TV, projeto

vinculado à proposta da Secretaria de Educação a Distância do MEC que tinha o objetivo de

discutir o uso da linguagem audiovisual na prática didática a partir de uma perspectiva da

ação educomunicativa e que alcançou 1.024 escolas (2002); o Educom.rádio Centro-Oeste,

que levou a Educomunicação para os Estados do Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul

(2005-2006), a implementação da Educomunicação na Fundação Helio Augusto de Souza

(Fundhas) (2006-2001), bem como ações com o Ministério do Trabalho e Emprego, por meio

do projeto Geração Cidadã (2006), com o Ministério do Meio Ambiente, através do Programa

de Educação Socioambiental, e com o MEC, com o programa de educação continuada Mídias

na Educação (a partir de 2006). A adoção do conceito como política pública, contudo, envolve

um número significativo de instituições pelo Brasil afora.21

A sistematização dessas experiências por pesquisas independentes, possíveis graças à

academia e seus programas de pós-graduação, é o que vem permitindo, finalmente, que estas

práticas deixem o espaço restrito das ONGs para transformar-se em políticas públicas de

Educomunicação. Diante de tal cenário, a resposta da academia foi o desenho de uma

Licenciatura em Educomunicação, inaugurada neste ano de 2011, passando a figurar entre os

cursos oferecidos pela ECA/USP.22

Como bem observa o coordenador-geral do

NCE/ECA/USP, Prof. Dr. Ismar de Oliveira Soares, “[...] a definição fala em “conjunto de

ações” e não de ações isoladas, o que faz lembrar um sistema articulado de intenções e de

práticas de formação. Uma articulação comunicativa (“ecossistema”) [...]”. (SOARES, 2010).

“A Educomunicação vai além de ações pontuais; ela trabalha com políticas públicas, para não

beneficiar apenas uma minoria e, sim, atingir a população, criando verdadeiros ecossistemas.

O objetivo é mudar o processo.”23

Durante o desenvolvimento deste trabalho, minha irmã, Aline Proetti, desenvolvia

também um trabalho de conclusão de curso por ocasião do término de sua graduação em

Design e me relatou o projeto que estava sendo elaborado por seu grupo: desenvolver,

para/junto a uma ONG que realiza um trabalho com crianças, adolescentes e jovens, produtos

de marketing com, inclusive, a criação da logomarca. Para tanto, o grupo pensou que seria

interessante envolver a participação das próprias crianças, adolescentes e jovens. Resolveram,

21

SOARES, 2009, p. 165. 22

SOARES, 2009, p. 169 e 171. 23

http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/148.pdf

Page 30: Confira a tese

28

então, abrir espaço para que eles criassem a logo da instituição. Assim, o trabalho do designer

seria feito com base nas sugestões deste público, que teria espaço para expressar suas ideias.

Ao ouvir o relato acima, identifiquei ali uma prática educomunicativa. A promoção de

ecossistemas comunicativos abertos começa com a abertura à participação. Neste caso, ainda,

as crianças, adolescentes e jovens estavam sendo colocadas em nível igualitário, assumindo

até mesmo o papel do próprio designer que estaria cedendo seu poder de escolha a elas. A

desverticalização também fazia parte do cenário que eu enxergava naquela experiência.

Perguntei a minha irmã se alguém do grupo conhecia o conceito de Educomunicação e ela me

disse que não. Sugeri a ela que lessem a respeito, indiquei textos e livros e acrescentei

elementos à proposta.

[...] é possível visualizar que a Educomunicação se apresenta como abordagem

fundamental, num contexto em que a aprendizagem, a interação social, a

participação na sociedade e, portanto, a cidadania, dependem essencialmente de

capacidades de comunicação e de diálogo bem desenvolvidas pelas pessoas.

(ISMAR, 2010, p. 16).

O relato desta minha experiência pessoal reafirma a presença da Educomunicação no

dia a dia. E, assim como o olhar apurado de um jornalista que enxerga histórias, de um

cineasta que vê cenas ou de um fotógrafo que detecta imagens e cores, o olhar do

educomunicador pode identificar essa presença em qualquer lugar, já que a comunicação

permeia todos os espaços e todas as relações, e pode ser mais livre e democrática, bastando

para isso, que o processo seja pensado para o protagonismo coletivo, e não o individual.

Reflexões acerca dos fundamentos epistemológicos do campo da Educomunicação nos

estimula a pensar sobre a complexidade no que concerne às condições para a “preparação das

novas gerações para a vida num cenário representado por uma sociedade em mudanças

mediada pelo fenômeno da comunicação e as tecnologias da informação”.24

A proposta da

Educomunicação se atém a princípios e valores muito bem delimitados, ao contrário de suas

práticas que, por se configurarem em “processos”, mantêm uma natureza aberta e não

cronológica, ou seja, sem começo, meio e fim. Em outras palavras, para garantir um

“ecossistema comunicativo aberto, democrático e participativo”, muitas vezes, para não dizer

24

SOARES, 2009, p. 2.

Page 31: Confira a tese

29

sempre, as ações desenvolvidas sob as diretrizes do campo educomunicativo não cabem

dentro de cronogramas e/ou fórmulas fechadas.

Alia-se a isso a definição associada por Ismar Soares a tal conjunto de ações: “sistema

articulado de intenções e práticas”, que traduz a natureza “em construção”, infinita e mutável

de tais processos e práticas. “Entendemos o “ecossistema comunicativo” não como algo dado

(igual a um fenômeno que aparece estratégico e preexiste ao indivíduo, tal qual o próprio

ecossistema verde, ambiental), mas como um espaço social a ser construído (ou que pode ser

construído), intencionalmente, a partir da vontade política das pessoas nele envolvidas”.25

“O

conceito de ecossistema comunicativo paira, portanto, como uma meta conceitual e prática,

iluminando as ações que vão sendo planejadas e revisadas, envolvendo todo o cotidiano

escolar” (SOARES, 2010).

De autoria do professor Ismar de Oliveira Soares, o artigo acadêmico intitulado

“Caminhos da gestão comunicativa como prática da Educomunicação” 26

nos oferece

subsídios para compreender a natureza da “gestão comunicativa enquanto uma das áreas de

intervenção do campo da Educomunicação”. “O profissional direcionado a formar esses

ecossistemas é o gestor, que deve saber negociar e conhecer os limites, para evitar rejeições,

pois a prática educomunicativa deve ser feita dentro dos limites possíveis.27

“Em outras

palavras, a comunicação precisa ser planejada, administrada e avaliada, permanentemente.”28

A missão do campo de intervenção sócio-educativa no que se atém a “ampliar os

espaços de expressão na sociedade através de uma gestão democrática dos recursos da

comunicação” vai ao encontro também da missão do presente trabalho que se resume em

apontar um problema de gestão da comunicação. O ecossistema comunicativo escolhido,

neste caso, é a ONG Viração Educomunicação, e o referido problema está, justamente,

atrelado à gestão educomunicativa de um de seus processos mais centrais: a metodologia de

produção de conteúdo participativo-colaborativa entre adolescentes e jovens para seu

principal canal: a Revista Viração.

25

SOARES, 2009, p. 174. 26

SOARES, 2009, P. 161 A 188. 27

http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/148.pdf 28

http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/28.pdf

Page 32: Confira a tese

30

3

VIRAÇÃO: FENÔMENO EPISTEMOLÓGICO DA EDUCOMUNICAÇÃO

“Mas foi tudo crescendo. Desta semente e árvore chamada Revista Viração foram

nascendo, aos poucos, diversos frutos chamados, depois, de projetos. Tudo em

Movimento”. (Trecho de histórico da ONG composto por seu fundador, Paulo

Lima).

Em sua mais recente publicação, Ismar Soares observa:

[...] a Educomunicação não emerge espontaneamente num dado ambiente, levando

em conta, por um lado, a tradição hierarquizante dos processos tradicionais de

ensino e, por outro, a hegemônica verticalidade dos processos comunicativos. A

construção deste novo ecossistema educomunicativo requer, portanto, uma

racionalidade estruturante: exige clareza conceitual, planejamento, acompanhamento

e avaliação. No caso, exige, sobretudo, uma pedagogia específica para sua própria

disseminação: uma pedagogia de projetos que permita a experimentação”

(SOARES, 2010).

Paradigma que se afirma na prática e que tem na ONG Viração um fenômeno neste

sentido.

3.1 Os Projetos

Ao longo dos últimos anos, a Revista Viração deixou de ser a única prática

educomunicativa da organização, que passou a abarcar uma série de projetos que hoje

compõem um encarte de produtos e mais do que isso: configuram a ONG como espaço de

práticas educomunicativas diversas e articuladas. Foram 29 projetos desde a fundação, em

2003. São eles:

● Projeto Geração Cidadã

Como projeto, de novembro de 2005 a abril de 2006, a Viração coordenou a comunicação

do Consórcio Social da Juventude de “Geração Cidadã”, que abrange os municípios de

Embu das Artes, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Juquitiba, São Lourenço da Serra e

Taboão da Serra (sudoeste de São Paulo). Todo o projeto foi orçado em R$ 97.000,00

Page 33: Confira a tese

31

(agosto de 2006 a abril de 2007) e para realizá-lo, a organização contou com o trabalho de

mais de 10 profissionais, entre jornalistas, oficineiros, designers gráficos e ilustradores. O

Geração Cidadã era um dos 26 consórcios espalhados pelo Brasil, iniciativa do Programa

Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)

que tem por objetivo inserir o jovem no mundo do trabalho. Cerca de 30 dos 2 mil jovens

atendidos pelo Geração Cidadã participaram da Oficina-Escola de Comunicação, fruto da

parceria com o Projeto/Revista Viração. Eles foram responsáveis pela produção de um

jornal impresso mensal (tiragem média de 5 mil exemplares), um jornal mural (com

atualização diária), uma revista de conclusão do curso, com 36 páginas e uma tiragem de 4

mil exemplares, e produção de conteúdo para a página na internet, além de criar formas

alternativas de participação de todos os jovens do consórcio. Estavam com uma equipe

remunerada formada por três jornalistas.

● Projeto Revista Viração e Jornal Mural na Escola

Desde janeiro de 2007, por meio do Projeto Jornal Mural na Escola, a Viração capacitou

mais de 500 estudantes e professores de 170 escolas públicas estaduais do Ensino Médio

da cidade de São Paulo a criar, de forma coletiva, seus próprios meios de comunicação, a

partir de uma proposta básica de jornal mural que ajuda a divulgar ações sociais e

culturais de suas comunidades escolares e locais. Os jornais murais têm uma

periodicidade quinzenal nas escolas, totalizando um público leitor de aproximadamente

255 mil pessoas, entre estudantes, professores, funcionários e familiares. Em 2009, o

Projeto Jornal Mural na Escola atuou em 12 escolas da região do Jaraguá, zona oeste de

São Paulo. Por meio dos Conselhos Jovens da Viração e entidades parceiras, o Projeto

Jornal Mural na Escola está sendo implementado em outras capitais, como Campo

Grande, Maceió e Curitiba.

● Projeto Jornal Mural Literário

Projeto realizado em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo com 12

escolas públicas de São Paulo. Após um percurso de 28 horas de oficinas de produção de

jornal mural com foco em textos literários, foram elaborados dois jornais murais

impressos em formato pôster com uma tiragem de 5 mil exemplares cada.

● Projeto Jornal Mural pelo Ambiente

Page 34: Confira a tese

32

Projeto realizado em parceria com Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário e

a Secretaria Municipal do Ambiente do município de São Paulo. Após formação de

produção de jornal mural a partir de temáticas relacionadas às questões ambientais, jovens

de escolas públicas de Parelheiros realizaram um jornal mural impresso em formato pôster

que teve uma tiragem de 5 mil exemplares.

● Projeto Comunicação para a Vida – Revista Escuta Soh!

Desenvolvido em parceira com o Unicef desde maio de 2007, o Projeto Comunicação para

a Vida pretende contribuir para o empoderamento de adolescentes e jovens vivendo com

HIV/aids por meio de práticas de Educomunicação. Um grupo formado por cerca de 30

jovens de diversas regiões do Brasil produz a Escuta Soh!, revista especial do Encontro

Nacional de Jovens Vivendo com HIV/aids, e o conteúdo de um site homônimo

(http://www.escutasoh.org/). Atualmente, a revista está indo para a sua terceira edição

com uma tiragem de cinco mil exemplares em português, inglês e espanhol.

● Projeto Galera em Movimento

O livro Galera em Movimento – Uma Turma que Agita a Transformação do Brasil é

fruto de uma parceria entre Projeto/Revista Viração, Programa Aprendiz Comgás (PAC) e

Ministério da Cultura (Minc), em 2007. De autoria das jornalistas Daniele Próspero e

Laura Giannecchini, teve uma tiragem de 3 mil exemplares e distribuição gratuita para as

escolas públicas de São Paulo, o livro conta as histórias de vida de 11 adolescentes

engajados em movimentos juvenis que têm modificado significativamente a vida de

muitos jovens em situação conflituosa.

● Projeto Jornal Mural 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos

Projeto realizado em parceria com o Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário,

em 2008. Foram 20 oficinas de produção de jornal mural com 60 jovens e adolescentes da

região de Sapopemba e Parelheiros da cidade de São Paulo. O resultado final é um jornal

mural impresso em formato pôster com uma tiragem de 5 mil exemplares que foram

distribuídos para as escolas públicas e associações de bairro.

● Projeto Voz Ativa

Projeto de Comunicação Voz Ativa é uma parceria entre Projeto/Revista Viração e a

Identitá. Colégio Emilie de Villeneuve apostou na criação e desenvolvimento de um

Page 35: Confira a tese

33

projeto que coloca as alunas e alunos como protagonistas da comunicação de sua escola.

O maior objetivo é que os educandos aprendam por meio da comunicação e se tornem

cidadãos comunicativos e comunicadores, criativos e criadores, atuantes no meio em que

vivem, construtores de sua própria história. Vai além de oficinas e produtos de

comunicação. A ideia não é trabalhar uma oficina ou um produto de comunicação, mas

ajudar a escola a trabalhar a comunicação de forma mais estratégica e sistêmica. É toda a

escola respirando comunicação. Com três frentes de atuação (Impresso, Assessoria de

Comunicação e Portal), o projeto tem por objetivo envolver toda a comunidade escolar na

construção de uma nova comunicação da escola.

● Projeto Mudando sua escola e comunidade, melhorando o mundo

Projeto em parceria com a Rede Comunicação Educação e Participação e UNICEF com apoio

da British Telecom por meio do Comitê Britânico do UNICEF. Foi desenvolvido entre 2008 e

2010 em escolas públicas de cinco diferentes grandes cidades brasileiras. Em São Paulo,

atuamos em parceria com a Associação Cidade Escola Aprendiz nas escolas dos bairros de

Grajaú, Heliópolis e Barra Funda. Os estudantes experimentaram a utilização de vários

instrumentos de comunicação durante as oficinas de mobilização e elaboraram projetos como

jornal mural, boletins, vídeos, fanzines, fotografia e outros.

● Projeto Movimento Nossa São Paulo

Desde março de 2008, em parceria com o Unicef, a Viração mobiliza crianças e

adolescentes para que criem propostas para o desenvolvimento sustentável e participem da

vida pública da cidade. As propostas criadas pelo público infanto- juvenil, relativas a

temas como meio-ambiente, educação, saúde, segurança, transporte, entre outros, foram

apresentadas a todos os candidatos às eleições municipais e posteriormente ao prefeito

eleito. Para aprofundar as estratégias de expansão da participação das crianças e

adolescentes, no 2° semestre de 2008, foram realizados fóruns de adolescentes em

diversas regiões da cidade a fim de desenvolver a proposta dos “cidadelos”, espaços de

encontro para jovens discutirem a cidade, criarem intervenções para melhorias em suas

regiões e trabalharem em rede com as redes juvenis de São Paulo. Um guia sobre “Como

montar um “cidadelo” foi desenvolvido divulgado pela cidade.

● Projeto Congresso de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e

Adolescentes

Page 36: Confira a tese

34

Fruto da parceira entre a Viração e o Unicef de Brasília e de Nova Iorque, o Stop

Explotation é uma plataforma virtual (http://www.stopx.org/) que reúne jovens e

adolescentes de todo o mundo que atuam no combate à exploração sexual de crianças e

adolescentes em seus respectivos países. Foi lançada durante o III Congresso Mundial de

Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em novembro de 2008,

no Rio de Janeiro. Durante o Congresso, a Viração organizou e coordenou o Espaço

Adolescente, área multimídia de 600 metros quadrados, onde foram realizadas oficinas de

rádio, produção de vídeos, notícias, jornal mural e jogos cooperativos. Participaram da

iniciativa cerca de 300 adolescentes brasileiros e estrangeiros. Atualmente participam da

plataforma virtual mais de 120 jovens e adolescentes de 50 países.

● Projeto Cartilhas Temáticas da I Conferência Nacional da Juventude

Em parceria com a Secretaria Nacional da Juventude e Instituo Paulo Freire, o projeto

consistiu na produção de conteúdo da 13 cartilhas temáticas que alimentaram o processo

nacional da I Conferência Nacional de Juventude nos Estados, em 2008. As cartilhas

tiveram uma tiragem de aproximadamente 1 milhão de cópias.

● Projeto de Assessoria em Comunicação para o Conselho Nacional da Juventude e a

Secretaria Nacional da Juventude

Em parceria com a Secretaria Nacional da Juventude e o Conselho Nacional da Juventude,

o projeto consistiu na assessoria para a criação do site juventude.gov, produção de press-

releases, reportagens e clippings relacionados à juventude, durante 2008 e 2009..

● Projeto Guia dos Direitos Sexuais e Reprodutivos dos Adolescentes

Em parceria com Projeto Tecer o Futuro da Associação Nossa Senhora do Bom Parto e o

Unicef, o projeto consistiu na elaboração do projeto gráfico e na produção de textos para 4

cartilhas temáticas, em 2008.

● Projeto de diagramação do Guia de Formação do Saúde Prevenção na Escola para

Educação entre Pares

Em parceria com o Ministério da Saúde e Unicef, o projeto consistiu na assessoria e

produção gráfica do Guia de Formação do Saúde Prevenção na Escola para Educação

entre Pares, em 2008.

Page 37: Confira a tese

35

● Projeto Mostra Mídia e Religião

Projeto realizado em 2009 em parceria com a Mostra Internacional de Cinema e Religião

de São Paulo, Festival Internazionale di Cinema delle Religioni Religion Today e

Associazione Jangada, ambas de Trento, norte da Itália. O projeto consistiu em oficinas de

produção de vídeo de 3 minutos e concurso envolvendo Conselhos Jovens da Viração em

22 Estados e Distrito Federal.

● Projeto de assessoria para produção de revista da ONG Ação Comunitária

Projeto que consistiu em oficinas para adolescentes, jovens e educadores da ONG Ação

Comunitária e parceiros para a produção de uma revista da organização a partir de uma

metodologia educomunicativa, em 2010.

Atualmente estão em andamento 12 projetos:

● Projeto Revista Viração

Carro-chefe da instituição, a Revista Viração é mensal, com uma tiragem média de 8 mil

exemplares e distribuição nacional. Seu conteúdo é produzido pelos Conselhos Jovens

(Virajovens) com uma metodologia de participação inovadora que procura aglutinar e

favorecer a comunicação entre outras experiências do mesmo tipo, até então muito

localizadas na comunidade, no bairro, na cidade.

● Projeto Quarto Mundo

Projeto em parceria com a TV USP, o Quarto Mundo é um programa de TV diferente na

frente e atrás das câmeras. Sua equipe é composta por 12 jovens, de 14 a 18 anos, com

origens variadas e um objetivo em comum: mostrar que a juventude não está perdida. Em

2008, eles passaram por 27 oficinas e gravações, que incluíram assuntos como operação

de câmeras, produção, pesquisa, roteiro, iluminação, áudio, reportagem e apresentação.

Também foram feitos debates sobre a história da TV, papel das TVs públicas e comerciais

e análises críticas dos conteúdos (jornalísticos ou não) veiculados nas emissoras em geral.

Os programas foram gravados no estúdio da TV USP, onde cinco dos jovens

entrevistaram pessoas capazes de provocar mudanças na sociedade. Outros integrantes do

grupo fizeram câmeras, switcher e assistência. Rodízios nas equipes permitiram que todos

experimentassem diferentes funções em TV. Cada temporada de gravação trouxe

novidades e desafios, aumentando a gama de experiências dos adolescentes e contribuindo

Page 38: Confira a tese

36

para a diversidade do programa. Em 2008, os jovens fizeram gravações de reportagens em

externa, encerrando o ciclo de aprendizado proposto para aquele ano. Na última

temporada, os adolescentes e jovens decidiram criar uma série de ficção que trata de

assuntos da vida cotidiana da escola pública, gravada por eles, encenada por eles e com

um roteiro criado por eles. Com a cara jovem, marca registrada do Quarto Mundo!, a série

conta com cinco episódios e a cada exibição os participantes voltam para o estúdio a fim

de debater como a surgiu a ideia do episódio, curiosidades, a origem dos temas e muito

mais. Os programas vão ao ar no Canal Universitário e IPTV USP, nos horários: segunda-

feira, às 19h30; quarta-feira, às 12h30, quinta-feira, às 6h30 (Canal Universitário – 11 da

NET, 71 da TVA ou 187 da TVA Digital). Em 2009, estamos com uma nova turma de 13

adolescentes. As experiências estão sendo relatadas e sistematizadas no blog:

http://www.quartomundotvusp.blogspot.com/.

● Projeto Agência Jovem de Notícias

A Agência Jovem de Notícias é uma iniciativa colaborativa da Viração Educomunicação e

parceiros e se constituiu numa articulação de núcleos de adolescentes e jovens de

organizações sociais e escolas do Ensino Fundamental e Médio que produzem e

disseminam informação de interesse comunitário, por meio de formatos da web 2.0,

utilizando os princípios e técnicas do jornalismo social, comunitário e colaborativo. A

iniciativa teve origem no V Fórum Social Mundial, em janeiro de 2005, em Porto Alegre

(RS), quando a Revista Viração e o Projeto Agente Jovem, do Ministério do

Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), promoveram a cobertura jovem do

evento. Consiste em uma equipe de adolescentes e jovens interessados em aprender as

práticas da Educomunicação, e produzir notícias, diariamente, sobre os diversos temas

ligados aos jovens e adolescentes e o interesse público que esses jovens enxergam e que

está em pauta ao longo dos acontecimentos de um determinado evento. O conteúdo

multimídia (textos, rádioweb, vídeo, fotos) é publicado em tempo real num site criado

especialmente para o evento e hospedado no portal Viração. A equipe preparada pela

Viração promove, diariamente, oficinas de Educomunicação entre os grupos de

participantes para que adolescentes e jovens façam uma cobertura de qualidade e

inovadora, protagonista dos acontecimentos que eles mesmos estão presenciando. De

janeiro de 2005 até fevereiro de 2009, a Agência Jovem de Notícias atuou em 40 eventos

nacionais e internacionais; numa média de 10 eventos por ano, totalizando uma média de

1200 jovens e adolescentes participantes diretamente.

Page 39: Confira a tese

37

● Projeto Pontão de Cultura Outras Palavras

O projeto Outras Palavras é desenvolvido em parceria com a Associação Outras Palavras

e financiado pelo Ministério da Cultura. Prevê formação e pesquisa em mídias livres em

nível nacional de 2010 a 2013.

● Projeto Plataforma dos Centros Urbanos

A Viração é parceira técnica do Unicef para a implementação da Plataforma dos Centros

Urbanos em São Paulo e Itaquaquecetuba. A ONG está desenvolvendo a formação em

Educomunicação de 126 adolescentes comunicadores e dos educadores sociais de 63

comunidades. Para a realização do projeto, estão sendo feitas parcerias com organizações

da sociedade civil organizada; escolas públicas de Ensino Fundamental; Conselho

Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, movimentos, ONGs, meios de

comunicação e associações comunitárias. A proposta de trabalho, em última instância, é

influenciar a discussão e implementação de políticas públicas para a garantia dos direitos

de crianças e adolescentes a partir de processos, ações e produtos de comunicação e

mobilização.

● Projeto Movimento Virajovem/ Rede Nacional de Adolescentes e Jovens

Comunicadoras e Comunicadores

A criação de uma Rede de Jovens e Adolescentes Comunicadoras e Comunicadores é uma

iniciativa que está sendo promovida pela Viração desde abril de 2008, quando em

Brasília, houve um primeiro encontro reunindo cerca de 60 representantes de 30

organizações juvenis que atuam com comunicação popular juvenil em todos os Estados do

Brasil. A Rede está num processo de articulação e definição de sua missão, objetivos e

ações. Uma delas é a mobilização de jovens para uma participação qualificada no

processo da Conferência Nacional da Comunicação.

● Projeto de assessoria em comunicação Jovens Urbanos – CENPEC

Projeto realizado em parceria com a ONG Cenpec de São Paulo desde 2008. Atuamos

com formação em educomunicação jovem e mobilização social para jovens participantes

do Programa Jovens Urbanos realizado na região de Guaianazes, em São Paulo.

● Projeto Ponto de Leitura

Page 40: Confira a tese

38

Em parceria com o Ministério da Cultura, o projeto funciona desde 2009 como uma

biblioteca comunitária que dispõe ao público atendido pela Viração ou não cerca de 1 mil

títulos de livros ligados à mobilização juvenil, educomunicação e literatura.

● Projeto Segurança Humana

Projeto realizado em parceria com a Unesco, o Unicef e outras agências das Nações

Unidas desde 2009 em escolas do município de São Paulo. Tem como objetivo promover

a cultura de paz e reduzir a violência por meio de ações integradas nas áreas da educação,

ação comunitária e saúde.

● Projeto Plataforma virtual Phyrtual

Em novembro de 2010, Viração firmou um Termo de Cooperação Internacional com a

Fundazione Mondo Digitale, de Roma. Uma das principais iniciativa em comum é o

desenvolvimento, manutenção e expansão do Phyrtual, plataforma virtual para inovadores

sociais. Em resumo, trata-se de um ambiente de inovação virtual que se integra a

ambientes de inovação físicos (físico & virtual= Phyrtual), dando impulso aos

movimentos do Phyrtual dedicados a projetos sociais de inovação, programas e iniciativas

para um mundo melhor. Phyrtual busca ser um ambiente que favoreça o crescimento

individual e coletivo de traços humanos positivos para o fortalecimento de uma sociedade

baseada na justiça, na igualdade de direitos e na fraternidade. É um ambiente para

empoderamento e unidade na ação. A Viração se encarrega da tradução de todo o

conteúdo das ferramentas para o português e será ponto focal no Brasil para a expansão

da plataforma seja por meio de parcerias que por meio do desenvolvimento de novas

ferramentas virtuais para potencializar a plataforma.

● Projeto Conferência Internacional Vamos Cuidar do Planeta na Itália

Como contrapartida ao financiamento do projeto Agência Jovem de Notícias, o governo

da Província de Trento solicitou uma intervenção local por parte da Viração. Estamos

desenvolvendo um projeto de educomunicação ambiental no Liceu Bertrand Russel, de

Cles, região do Trentino. Aqui, um grupo de 20 estudantes com no máximo 15 anos e 4

professores de diversas disciplinas estão desenvolvendo um projeto na escola e se

constituiu como Grupo Green Team. O grupo começou suas atividades em setembro de

2010, dando continuidade às atividades locais que foram realizadas no âmbito da

Conferência Internacional Vamos Cuidar do Planeta, promovida pelo governo brasileiro e

Page 41: Confira a tese

39

realizada em Brasília em junho de 2010. O principal objetivo de Green Team é

sensibilizar o maior número possível de jovens na escola e na comunidade, sobretudo por

meio de duas grandes campanhas de mobilização para que os jovens e suas famílias

possam usar produtos com menos embalagens e fazerem coletiva seletiva. Também

pensam em colocar uma máquina de distribuição de merenda com produtos biológicos no

pátio da escola. A iniciativa ganhou o Prêmio Euregio Ambiente 2010, como melhor

projeto ambiental entre as escolas da região, entre quase cem inscritos. O prêmio é

promovido pelos governos das regiões do Trentino, Alto Adige e Tirolo. As experiências e

os relatórios mensais do projeto estão disponíveis no blog: www.greenteam.tk).

● Projeto Empreendedorismo Virajovens - Geração MudaMundo

Projeto em parceria com o Programa Geração MudaMundo da Ashoka Empreendedores

Sociais. Iniciado em 2010, o projeto integra o Programa Geração MudaMundo para um

Futuro Ideal, que prevê investimento nos Conselhos Jovens da Viração por meio de um

concurso de projetos de empreendedorismo no campo da comunicação.

Page 42: Confira a tese

40

Legenda: Ação do projeto Plataforma dos Centros Urbanos. Fonte: Acervo Viração

Page 43: Confira a tese

41

Hoje, compõem a equipe 22 profissionais de diferentes áreas do conhecimento

(Comunicação, Ciências Sociais, Psicologia, Pedagogia).

Legenda: Organograma organizacional. Fonte: Acervo Viração

Page 44: Confira a tese

42

3.2 A Prática Social

A prática social da Viração Educomunicação supõe uma teoria da ação comunicativa

que privilegie o conceito de comunicação dialógica; uma ética de responsabilidade social por

parte de seus produtores culturais; a promoção de uma recepção ativa e criativa por parte das

audiências; a implementação de uma política de uso dos recursos da informação de acordo

com os interesses dos polos envolvidos no processo de comunicação, especialmente o

adolescente e o jovem29

, e, finalmente, uma política de educação e de formação dos membros

da sociedade, notadamente os professores, gestores públicos e os estudantes das escolas

brasileiras, para o exercício de seus direitos de produção de mensagens através de todos os

recursos e tecnologias disponíveis.

As pessoas, ao participarem de uma práxis cotidiana voltada para os interesses e as

necessidades dos próprios grupos a que pertencem ou ao participarem de

organizações e movimentos comprometidos com interesses sociais mais amplos,

acabam inseridas num processo de educação informal que contribui para a

elaboração-reelaboração das culturas populares e a formação para a cidadania.30

Nesse sentido, a organização - resultado do esforço conjunto de um grupo de

instituições e de profissionais do jornalismo preocupados em ampliar os espaços de expressão

das novas gerações -, tem em seu destinatário, o adolescente e o jovem, sua principal fonte de

inspiração, abrindo-se, em conseqüência, para o exercício comunicativo de suas lideranças,

através da formação de núcleos de comunicação jovem, que se constituem, simultaneamente,

em espaços de aprendizagem e de exercício da comunicação solidária e cidadã, em linha com

o pensamento de Cicilia Peruzzo:

A participação na comunicação é um mecanismo facilitador da ampliação da

cidadania, uma vez que possibilita a pessoa tornar-se sujeito de atividades de ação

comunitária e dos meios de comunicação ali forjados, o que resulta num processo

educativo, sem se estar nos bancos escolares. A pessoa inserida nesse processo tende

a mudar o seu modo de ver o mundo e de relacionar-se com ele. Tende a agregar

novos elementos à sua cultura.31

29

Para garantir a igualdade entre os gêneros na linguagem do presente instrumento, onde se lê “o jovem” ou “os jovens”, leia-se também “a jovem” ou “as jovens”, assim como em outros casos de substantivos sujeitos a variação de masculino e feminino. 30

http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/revista13/artigos%2013-3.htm 31

http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/revista13/artigos%2013-3.htm

Page 45: Confira a tese

43

Legenda: Ação do projeto Quarto Mundo. Fonte: Acervo Viração

Page 46: Confira a tese

44

A Viração não se apoia na hierarquia, mas promove e se beneficia das relações

horizontais, começando por sua própria organicidade interna. Assim, a ONG não só prega este

valor, como o põe em prática, primeiramente, experimentando todos os prós e contras deste

método de relacionamento interpessoal e institucional. Tomadas de decisões, elaboração e

execução de planos de ações, prestação de contas e outros momentos do dia-a-dia são

inseridos dentro de uma política participativa e coletiva, privilegiando, desta forma - como

bem disse Eric Silva, integrante da equipe de educomunicadores da ONG -, o protagonismo

do grupo, que está além do protagonismo individual.32

No desenvolvimento de suas atividades, a Viração Educomunicação não faz qualquer

discriminação de idade, orientação sexual, deficiência, raça/etnia, idioma, gênero, condição social,

nacionalidade, profissão, crença, política ou de qualquer natureza. Princípios como a defesa dos

direitos humanos, a educação para a paz e a solidariedade entre os povos permeiam a política

promovida e vivenciada interinamente pela Viração e seus colaboradores. Tal política agrega alguns

outros valores como informalidade, espontaneidade, pluralidade.

É claro que administrar estes processos e ideologias na vida cotidiana esbarra muitas

vezes em dificuldades de alinhamento entre discurso e prática, e fatores como tempo,

sustentabilidade, prazos, etc., podem interferir. Ressaltamos, no entanto, que isso não tira o

mérito da construção coletiva de uma ideologia, de processos e práticas e de fluxos e

ecossistemas comunicacionais que querem contemplar tais valores.

É por isso que o presente objeto pretende pensar um ecossistema educomunicativo que

contemple a reestruturação ou a criação de uma plataforma que atenda à necessidade dos

Virajovens de subsidiar novos formatos de participação e integração de adolescentes, jovens e

organizações sociais nos diferentes Estados brasileiros, fortalecendo e garantindo a

diversidade, ação política, articulação e diálogo dos Conselhos com outras redes de

comunicação e outros movimentos das adolescências e juventudes.

32

Durante entrevista concedida à autora, em maio de 2010.

Page 47: Confira a tese

45

4

PROBLEMA: GESTÃO EDUCOMUNICATIVA

“Me lembro de uma reunião que tive com o Mario Volpi, do Unicef, em

Brasília, em junho de 2009. Discutíamos pela enésima vez o fato de que o

Unicef não poderia apoiar a Viração porque era uma revista. Pela enésima

vez expliquei a ele que a Viração não era uma revista, mas um projeto e,

agora, uma organização social que desenvolve diversos projetos. Expliquei a

ele que estávamos com núcleos em 28 Estados e que estávamos funcionando

como uma rede, um grande movimento de voluntários jovens que trabalham

nas duas pontas: comunicação e mobilização social. Daí o Mario Volpi me

jogou na cara: “Pronto, se é movimento, o Unicef pode apoiar”. Ele analisou

e disse que ajudaria para que pudéssemos sistematizar o que viemos fazendo

até hoje para, quem sabe, lançar as bases de um movimento social de

adolescentes comunicadores. Compartilhei tudo isso com a equipe e todo

mundo ficou ainda mais entusiasta e com um grande desafio à frente: passar

da revista ao movimento, passar do projeto à organização, e um novo tipo de

organização.”

Paulo Lima

O trecho acima faz parte de uma das entrevistas que fizemos com o fundador da

Viração. A conversa com o gerente de projetos do Fundo das Nações Unidas para a Infância

(Unicef), Mario Volpi, a que se refere Paulo Lima, foi abordada também pela coordenadora

executiva da ONG, Lilian Romão, em conversa informal, e parece ter sido o “tiro de largada”

para um projeto que contempla demandas e teorizações que são produtos de oito anos de

trajetória.

A criação de uma Rede de Adolescentes e Jovens Comunicadores é uma iniciativa que

estava sendo promovida pela Viração desde a Conferência Nacional de Juventude, em abril de

2008, em Brasília, quando houve um primeiro encontro reunindo cerca de 60 representantes

de 30 organizações juvenis que atuam com comunicação popular juvenil em todos os Estados

do Brasil. E neste aspecto, os Virajovens deram partida nesse processo por meio de sua

atuação em conferências de juventude livres, locais, municipais, estaduais, etc.

A Rede está em processo de articulação e definição de sua missão, objetivos e ações,

tendo sido a mobilização de adolescentes e jovens para uma participação qualificada no

processo da Conferência Nacional da Comunicação, que aconteceu em dezembro de 2009, seu

primeiro grande desafio.

Page 48: Confira a tese

46

Ao lado da percepção da necessidade de envolvimento dessas práticas com a

articulação política por meio da construção de políticas públicas mais definidas no campo da

juventude, esses processos contribuíram para que a Viração fosse a fomentadora e grande

incentivadora desta Rede, cujo principal objetivo é fazer o monitoramento de políticas

públicas no campo da juventude e da comunicação. Para isso, a ONG busca, desde o começo,

se unir a entidades que atuam diretamente com comunicação, com criação e monitoramento

de políticas públicas de comunicação aportando nessa relação o foco com juventudes e

adolescências, como é o caso do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, uma

organização que trabalha pela efetivação do direito humano à comunicação.

Em reunião de avaliação do primeiro semestre do projeto Viração: Movimento de

Adolescentes e Jovens Comunicadores, em 28/07/2010, o professor Mário Volpi, Oficial de

Projetos do Unicef Brasil, defendeu de maneira contundente o viés político da proposta.

Enaltecendo a necessidade do fortalecimento dos direitos da criança e do adolescente na

sociedade brasileira, Volpi destacou a importância da mobilização no Congresso para a

construção de uma política pública que de fato garanta o direito de participação destes

adolescentes e jovens e cunhou essa árdua tarefa a esse movimento nacional que se articula

por meio da Viração com o apoio do Unicef e que prevê uma reestruturação das práticas

promovidas pela ONG em algumas frentes, tais como, articulação entre os Virajovens, bem

como formação em Educomunicação.

O Oficial enfatizou ali a não formalidade desse direito, ou seja, a participação dos

adolescentes, o direito de se expressar, não é algo formalmente reconhecido, não possui cunho

jurídico como o direito à saúde ou à educação. E a rede oferece um campo para a construção

desse marco legal. Para Volpi, uma rede desse tipo deve ser financiada pelo poder público e,

por isso, a necessidade da construção da política pública.

“A mobilização e articulação política de adolescentes e jovens necessita de uma

agenda exclusiva que contemple aquilo que diz respeito as suas demandas, as sua realidades.

É um erro manipular o movimento social adolescente para fortalecer uma agenda adulta”.

Este foi outro apontamento feito pelo Oficial de Projetos do Unicef. Todas as iniciativas hoje

existentes no sentido desse movimento são frágeis justamente porque elas dependem do

financiamento de algum apoiador para terem começo, meio e fim, enquanto que as crianças de

Page 49: Confira a tese

47

hoje se tornarão os adolescentes e jovens de amanhã. Trata, portanto, de uma demanda

permanente.

Com base no conhecimento prático e cotidiano que tenho da ONG33

, é possível

observar que o projeto Viração: Movimento de Adolescentes e Jovens Comunicadores vem a

atender a uma demanda que tem se pronunciado já há algum tempo. Especialmente no que se

atém à criação de uma nova plataforma em razão da necessidade de uma reestruturação que se

pronuncia no dia-a-dia da dinâmica que envolve a participação e a atuação dos Conselhos

Jovens (Virajovens) de modo efetivo, participativo e protagonista.

Nosso desafio é, portanto, pensar uma reestruturação dos Conselhos Jovens

(Virajovens) por meio da criação de uma plataforma organizativa que fomente uma

participação mais efetivamente horizontal e protagonista que aporte soluções para a

independência da produção de conteúdo por parte dos Virajovens e de sua articulação como

movimento nacional de adolescentes e jovens comunicadores.

Sendo assim, podemos dizer que a parte que nos cabe de toda esta proposta se atém a

“pensar a comunicação” que se faz necessária a este novo desenho da organização e de seus

novos objetivos, mais especificamente no que diz respeito ao diferencial deste ecossistema

comunicativo, que são os Virajovens, a fim de lhe dar subsídios para esta transição de projeto

a movimento, haja vista sua complexidade.

Endossamos, portanto, a ideia construída por Paulo Lima:

O desafio agora é como criar um sistema educomunicativo que possa responder às

novas demandas postas por um movimento, que por essência é de comunicação e

participação. O movimento, como a organização Viração Educomunicação, é um

ecossistema comunicativo. Se crescemos, temos que desenvolver novas ferramentas

e mecanismos de comunicação para que este crescimento seja integral.34

33

A autora atuou como colaboradora formal da ONG no período entre dezembro de 2006 e dezembro de 2008, além de atuar como colaborada voluntária, permanentemente. Também desenvolveu junto à instituição processo indiciário proposto para a construção de um diagnóstico, requisitado no primeiro módulo do Gestcom, por meio de entrevistas e conversas informais. 34

Em entrevista concedida à autora para o presente trabalho.

Page 50: Confira a tese

48

A partir desta análise, é possível elencar alguns pontos problemáticos nos fluxos

comunicacionais entre Virajovens e Virajovens, entre Virajovens e Viração Educomunicação,

e ainda entre Virajovens, Viração Educomunicação e adolescentes, jovens e educadores. São

eles:

● Déficit do nível de consciência dos sujeitos envolvidos nos fluxos de comunicação

no que diz respeito à essência da proposta educomunicativa para a transformação

social da ONG. Para Paulo Lima, o aprofundamento deste nível de consciência é um

processo gradual que necessariamente deve contemplar os diferentes graus de

“compreensão a respeito de alguns assuntos, como o da sustentabilidade econômica”,

por exemplo;

● Relação/comunicação entre os Virajovens e a equipe responsável pela gestão da

produção de conteúdo para a Revista Viração (autoritarismo, moldes operacionais com

vistas aos industriais (cobrança de prazos e metas), etc.;

● Extensão do primeiro e do segundo pontos que resulta na comunicação emitida pela

ONG por meios dos Virajovens, especialmente o Virajovem São Paulo, no sentido de

adolescentes e jovens que não fazem parte dos Conselhos, ou seja, uma comunicação

externa equivocada;

● Conceito de “protagonismo”, falhas no processo de “empoderamento” (disputa,

“hierarquização”, etc.) entre os virajovens;

● Questão financeira, sustentabilidade dos Virajovens;

● Articulação política e mobilização.

Podemos atribuir estes vários pontos problemáticos a uma questão mais genérica que

se refere justamente a falhas na gestão das práticas educomunicativas a que se propõe a ONG.

Percebe-se, portanto, incoerências entre discurso e prática.

Page 51: Confira a tese

49

Eric Silva, 20 anos, midiador do Virajovem São Paulo durante o ano de 2008 e

integrante da equipe atual de educomunicadores da ONG, apontou uma destas incoerências.35

Na contramão da proposta educomunicativa que circunda a formação e a atuação dos

Conselhos Jovens, o que se percebe, muitas vezes, é uma disputa por cargo dentro do próprio

Conselho, opinião compartilhada por Douglas Lima, 22 anos, educomunicador e um dos

primeiros virajovens. Eric ressalta a falta de apego do próprio fundador a despeito do apego

dos midiadores por tal colocação. “O Paulo nunca teve isso. O cara que construiu a ideia, que

seria um líder, não tinha esse apego, essa coisa “minha”, “a viração é minha”, “o Virajovem é

meu”, “a Revista é minha”, “o que eu não gosto não vai entrar”...”.

Eric alerta ainda para uma segunda incoerência que se dá entre a essência fundamental

do papel do Conselho Jovem, instituído com o intuito de mobilizar adolescentes e jovens em

torno da participação social por meio da comunicação, e sua real participação, como fonte de

produção de conteúdo pura e simplesmente. Para ele, isso ocorre por conta da falta de

consciência das origens e da essência da proposta educomunicativa que deveria permear a

todos os envolvidos. “O processo educomunicativo, de construção coletiva, se perde porque

as pessoas não têm essa essência no nível de consciência”. Podemos aferir do ponto de vista

de Eric uma primeira medida que merece atenção: formação destes adolescentes no que

concerne ao conceito de Educomunicação e gestão da multiplicação de tal referencial teórico

como diretriz.

Hábitos do cotidiano, até mesmo como a forma de identificar-se ao telefone - “Revista

Viração” ou “Redação” ou, ainda, “Editor” - também são pontuados pelo jovem como forma

de demonstrar as incongruências impostas ao dia-a-dia das práticas sustentadas pela

organização. Eric chega a relatar experiências envolvendo falta de informação dentro da

própria equipe e critica a pretensão de se querer replicar para fora o que não se pratica

internamente.

Um dos pontos do projeto Movimento de Adolescentes e Jovens Comunicadores é

criar uma plataforma para dar organicidade aos Conselhos Jovens. Um projeto que prevê uma

reestruturação parte do princípio de que há algo a ser reestruturado, modificado, repensado

porque não está obtendo total êxito. Mesmo assim, com base em inúmeros documentos da

35

Durante entrevista concedida à autora, em maio de 2010.

Page 52: Confira a tese

50

ONG a que tivemos acesso36

, é possível perceber que até hoje não há um planejamento neste

sentido, a despeito de tantos outros que se atêm a pensar estratégias em prol de outras metas.

Exemplo disso é a reestruturação do conselho pedagógico pensada para este ano e que já

contabiliza uma das quatro reuniões previstas ao longo de 2011. Falaremos mais

detalhadamente adiante.

O jovem atribui ainda ao grande índice de rotatividade verificado entre os integrantes

dos Conselhos um processo de “deslumbramento” que “cai na rotina” e então “vira cobrança”

por cumprimento de pautas e prazos. Sobre este cenário, Eric chega a fazer a seguinte

analogia: “a Viração como pauteira e um monte de repórteres pelo Brasil.”

As fragilidades apontadas pelo educomunicador foram atestadas pelo próprios

virajovens na última edição do Encontro Nacional dos Virajovens, realizada em outubro de

2010.37

Questões como falhas na articulação e no monitoramento dos Conselhos, o que sugere

problemas com a plataforma atual, bem como a questão financeira, que remete aos problemas

de sustentabilidade do negócio enfrentados pela ONG, foram apontados pelos participantes

durante o evento. Os adolescentes e jovens também sintetizaram em uma lista denominada

pela expressão “O que queremos” os objetivos dos virajovens:

● fortalecimento e articulação política entre redes de juventudes;

● liberdade de expressão e participação;

● protagonismo/conscientização;

● mudança de realidade local;

● articulação/intercâmbio/troca entre os Conselhos/maior participação;

● formação em produção jornalística;

● “revolução comunicativa”;

● militância por sonhos e ideais;

● atrair mais jovens.

36

Ver anexos. 37

O IV Encontro Nacional dos Virajovens se propôs a construir, por meio da Educomunicação, as bases de um movimento nacional de adolescentes e jovens, para promover a participação política das adolescências e juventudes para a transformação socioambiental e a efetivação do direito humano à Comunicação.

Page 53: Confira a tese

51

5

PESQUISA

A fim de reunir elementos capazes de referendar o problema de gestão apontado no

capítulo anterior, além das conversas informais e entrevistas realizadas junto a atores que

compõem o cenário traçado até aqui, nos propomos à sistematização de pesquisa qualitativa

realizada por meio de questionários pensados para avaliar de que forma é feita a gestão das

práticas educomunicativas da Viração. As quatro categorias distintas em que foram divididas

as fontes são contempladas da seguinte maneira: 4 gestores, 4 educomunicadores, 5

integrantes do núcleo de conteúdo e 11 virajovens. Entrevistamos membros atuais e ex-

integrantes das referidas categorias, procurando mapear as ações recorrentes nos últimos

quatro anos, aproximadamente. Esta pesquisa assume um compromisso de sigilo e

confidencialidade e, para tanto, sempre que mencionadas, as fontes, que não terão seus nomes

revelados - com exceção dos gestores - serão identificadas pela categoria a que correspondem

seguida do número de ordem. Ex.: Educomunicador 4, Conteúdo 3, Midiador 2, etc. Os

membros que já não configuram o elenco atual serão designados por “ex”. Ex.: Ex-Midiador

1.

A Educomunicação é o fio condutor de nossa reflexão acerca do problema de gestão

da comunicação apontado por esta pesquisa, assim como da busca por possíveis soluções para

tal problema. Isso fica claro se organizarmos pontos de observação em eixos de trabalho. O

primeiro deles seria a “Gestão Educomunicativa” em si. Integram este eixo: a análise de como

e por quem se dá tal gestão; o levantamento de indicadores capazes de avaliar os impactos ou

resultados alcançados e, ainda, a detecção de fragilidades e êxitos da mesma.

Um segundo eixo seria a “Produção Educomunicativa”. Acerca deste, nossa proposta é

avaliar os embates entre moldes operacionais e preceitos educomunicativos travados em razão

de incoerências ideológicas e práticas, além de incongruências que se esboçam diante do

nascedouro de uma rede nacional de adolescentes e jovens comunicadores a partir de uma

rede já existente que se configura nos próprios Conselhos Jovens. O simples fato de ambas se

objetivarem a fins distintos pode ser tomado como tensão que pede a reestruturação da

plataforma por meio da qual a agenda dos Virajovens se concretiza. Concluímos que ambos

os eixos cabem dentro de um tema central bastante genérico: incongruências entre discurso e

prática.

Page 54: Confira a tese

52

Uma sistematização rápida nos mune de fragilidades e êxitos apontados pelo público-

alvo da referida pesquisa na gestão dos processos adotados no dia a dia da Viração. São eles:

FRAGILIDADES

● Centralização das decisões na figura do fundador Paulo Lima (2)38

;

● Distinção quanto a salário e carga horária em ocasião de mesma função executada (1);

● Ações pontuais por interesse puramente político (1);

● Relacionamento/Vínculo pouco fortalecido da Viração com os Conselhos Jovens/Relação

de cobrança de produção, apenas (3);

● Sustentabilidade financeira (4);

● Gestão compartilhada (1);

● Atividades afetadas por decisões de ordem administrativa (1);

● Expansão do número de Conselhos (1);

● “Idolatria” ao fundador, Paulo Lima (1);

● Sobrecarga de tarefas/impossibilidade de uma atuação mais ampla, em outros projetos da

própria Viração (2);

● Centralização em SP (1);

● Baixo foco e investimento na equipe de conteúdo (2);

● Baixa infraestrutura (equipamentos audiovisuais) (1);

● Rotatividade da equipe por motivo de baixos salários (2);

● Processos educomunicativos orgânicos/em construção/questões ideológicas/paradoxos (2);

● Mobilização e sustentabilidade financeira dos Conselhos (1);

● Posturas conservadoras a despeito da diretriz educomunicativa (1);

● Pouco cuidado com e espaço e o equipamento de trabalho (1);

● Pouca propriedade individual com o controle de despesas;

ÊXITOS

● Despertar de senso crítico de adolescentes e jovens (1);

● Profissionais comprometidos e alinhados com a missão da Viração (3);

● Qualidade na execução de projetos (1); 38

Os números entre parêntese pontuam o número de respostas similares.

Page 55: Confira a tese

53

● Gestão compartilhada (2);

● Autonomia das equipes e colaboradores (2);

● Processos horizontais/construção coletiva (2);

● Espaço para criatividade (1);

● Projetos e produtos consistentes e com impacto no dia a dia do público alcançado (1);

● Mobilização juvenil (1);

● Processos educomunicativos orgânicos/em construção/questões ideológicas/paradoxos (2);

● Ampla atuação da ONG a despeito dos pontos frágeis (1);

● Fortalecimento da dimensão multidisciplinar (1);

● Compartilhamento de uma comunicação horizontal, buscando aumentar com qualidade o

fluxo de informações (1);

● Realização de um plano de trabalho pessoal e coletivo de acordo com o plano estratégico e

participativo anual (1);

● Ações integrantes e interconexas entre os vários projetos (1);

É interessante, em um primeiro momento, denotar a presença de apontamentos em

ambas as listas. Desta forma, fica fácil perceber que a Educomunicação impõe desafios

ideológicos a ambas as práticas em análise, seja à gestão em diversos níveis (global, de

projetos, da produção de conteúdo participativa ou dos Conselhos Jovens), seja à produção,

em si, no que se refere à plataforma ou aos moldes operacionais por meio dos quais ela

acontece, ou mesmo à missão dos Virajovens – verdadeiras unidades que, juntas, são a

própria Viração – que se confunde entre a mobilização/militância juvenil e a proposta de uma

prática comunicativa participativa.

O questionário aplicado na etapa final da pesquisa instituída por este trabalho se

propôs à avaliação da gestão das práticas educomunicativas da Viração em quatro níveis

(gestão institucional, gestão de projetos, gestão da produção de conteúdo participativa e

gestão dos Virajovens). De acordo com o fundador da ONG, Paulo Lima, “a gestão das

práticas educomunicativas se dá por meio da gestão das próprias atividades, ações, processos,

áreas e programas que a Viração realiza. Por isso, os responsáveis pela gestão são os

respectivos coordenadores de projetos junto às suas respectivas equipes”. Explicação

compartilhada pela maioria dos entrevistados.

Page 56: Confira a tese

54

Educomunicadora da equipe da Viração, Gisella Hiche menciona a coordenação

colegiada, composta por ela mesma ao lado de Paulo Lima e da coordenadora executiva Lilian

Romão - integrantes da diretoria executiva da ONG -, como responsável pelos momentos de

planejamento coletivo aos quais ela atribui a gestão das práticas educomunicativas angariadas

pela organização. “Menos que uma hierarquia, essas funções atuam como responsabilidades

diferentes que se complementam”, explica ex-integrante da equipe de educomunicadores.

Um destes momentos são as chamadas reuniões de equipe. Uma das pessoas

entrevistadas dentro da categoria dos educomunicadores, atuais e ex-integrantes, do

Laboratório de Educação Comunitária (LEC)39

, o Ex-Educomunicador 3 o menciona como

exemplo de processo que tem sua gestão feita por todas as pessoas que dele participam. É

assim que ela relata ser feita a gestão das práticas educomunicativas da ONG, “de maneira

responsável e coletiva”:

Faço questão de ressaltar este exemplo para mostrar que as práticas

educomunicativas na Viração não se restringem ao trabalho realizado diretamente

com os jovens. Essa gestão educomunicativa é desempenhada por todos aqueles que

integram aquele ecossistema comunicativo na realização das mais diversas

atividades. No entanto, é preciso ponderar que, como estamos inseridos em uma

sociedade que não está acostumada com este tipo de modelo de gestão, os processos

podem levar mais tempo que o normal. Muitos questionamentos surgem, pois há a

participação de diferentes pessoas, com diferentes olhares e perfis.

Gisella Hiche elenca as ferramentas por meio das quais a gestão se dá, segundo ela,

via “organização e planejamento das atividades que serão desenvolvidas ao longo do ano”:

● Planejamento estratégico, gestado pela Ashoka em parceria com voluntários da Mckinsey

(através desta ferramenta foi possível elaborar o texto para a missão e visão da Viração, bem

como um plano de metas para o período de 2009 a 2013);

● Planejamento estratégico anual feito com mediação externa, oferecida pela FES (nesses

momentos internamente chamados de "imersão", toda equipe desenha os resultados,

operações necessárias, prazos e equipes responsáveis por tudo aquilo que será feito na

organização);

39

Assim é denominado o núcleo responsável pelas práticas educomunicativas promovidas pela organização, bem como por seus projetos.

Page 57: Confira a tese

55

● Avaliação do planejamento anual (realizada na metade do ano, para adaptações de prazos,

operações, etc., a fim de garantir que o planejamento dialogue com a realidade);

● Avaliação em dois planos: pessoal e coletivo (realizado no final do ano em vários níveis -

individual, por projeto, por núcleo e global - a atividade serve como pano de fundo para o

planejamento estratégico anual).

E reflete: “Ao usar metodologias de avaliação e planejamento coletivos, é muito mais

fácil gerar entre todos comprometimento, motivação e uma capacidade de saber o quanto

daremos conta.”

Um dos ex-integrantes do núcleo de conteúdo - responsável pela produção da revista e

da agência on-line -, Ex-Conteúdo 4 reforça a coletividade impregnada ao processo de gestão:

“Não creio que seja „responsabilidade‟ de apenas uma equipe, já que a essência da Viração é a

Educomunicação. Ela está presente em todas as áreas da Viração, desde as atividades

realizadas na sede até no que recomendamos aos Conselhos de todo o Brasil.”

Outro ex-integrante do núcleo de conteúdo, por sua vez, Ex-Conteúdo 2 afirma que “a

Vira passou a se preocupar com a gestão das práticas educomunicativas no início da

Plataforma dos Centros Urbanos” - projeto desenvolvido em parceria com o Unicef. Ele

explica que o projeto contava com uma figura da área pedagógica, como forma de garantir a

inserção educacional nas atividades realizadas, já que a equipe era formada somente por

comunicadores. “A partir disso, a organização incluiu em suas pautas um olhar mais

cuidadoso, no sentido multidisciplinar, em todas as ações realizadas dali em diante”, afirma.

A fonte refere-se ao pedagogo e primeiro-secretário da ONG, Eduardo Peterle, que assinala a

necessidade de “destacar que os principais responsáveis por tal gestão são os próprios

educomunicadores que, necessariamente fazem esse percurso de planejar, agir, refletir e

registrar.”

Assim como muitas outras, a fonte também menciona o Planejamento Estratégico

realizado pela equipe da ONG anualmente. Ao contrário de seus colegas, que elencam o

evento como uma das ferramentas da gestão das práticas educomunicativas, ele afirma:

Page 58: Confira a tese

56

Em 2010, durante o Planejamento Estratégico da equipe da Viração, foi pensada

uma forma de sistematizar as práticas educomunicativas já realizadas pela

organização desde 2003, e as que viriam a seguir, pois não existia, até então, uma

gestão dessas práticas. Essa ação também foi compartilhada no IV Encontro

Nacional dos Virajovens, onde eles puderam incluir suas contribuições.

Para a presidente da organização, a jornalista Juliana Rocha Barroso:

[...] esse processo de sistematização das práticas educomunicativas foi se

incorporando como rotina, especialmente com a integração da educomunicadora

Gisella Hiche à equipe, e passou a ser um processo institucional com a constituição

do que chamamos de LEC - Laboratório de Educomunicação Comunitária, área

responsável por essas sistematizações e por trabalhar com a equipe o

desenvolvimento da competência de sistematização, de forma que todos registrem as

práticas. Acho fundamental esse trabalho que vai para além do registro de

atividades, criando a memória social dos processos educomunicativos gerados na

Viração, sempre vivos e em constante desenvolvimento.”

Relatos de dois ex-integrantes da equipe, no entanto, dão conta de uma realidade

diferente desta, retratada com vistas às práticas mais atuais. Ex-Educomunicador 1 afirma,

com base em sua vivência passada, que tal gestão “é realizada a partir das diretrizes traçadas

pelo Paulo Lima”. “Simplificando. Paulo Lima tem ideias e manda, mesmo que de maneira a

induzir que o processo é participativo e coletivo”. Opinião similar é expressada por Ex-

Conteúdo 3 por meio de uma das fragilidades no processo de gestão apontada pela mesma:

“não descentralizar as decisões, deixando tudo a cargo do diretor, Paulo Lima.”

Ambos têm o mesmo posicionamento também no que se refere à política de captações

e parcerias instituída pela ONG. “O que mais me irritava na política da Viração era todo o

discurso educativo, colaborativo, comunicativo, de vestir a camisa, acreditar, ter ideologia ser

propagado centenas de vezes em reuniões intermináveis e acabar em pizza após um

telefonema de um cliente (eufemisticamente chamado de parceiro) ao Paulo Lima”, afirma

Ex-Conteúdo 3. Ao que se assemelha o seguinte relato:

Não poucas vezes ocorreu também de o processo de preparação e realização das

práticas ser alterado devido a fatores externos, ou seja, a política do “quem paga

manda” que, mesmo sendo velada, era uma das características marcantes da Viração,

Page 59: Confira a tese

57

principalmente na gestão Paulo Lima, relata Ex-Educomunicador 1. Ao que

acrescenta: “A Viração sempre caminhou no fio da espada, tentando se equilibrar

entre suas verdades ideológicas e a sustentabilidade financeira. Muitas vezes a grana

venceu. Algumas vezes a ideologia foi mais forte. Quando isso acontecia, era

transformado em propaganda, vide a “famosa” situação da recusa do apoio do

Instituto Votorantim, com carta aberta e tudo mais”. Para um dos ex-integrantes do

núcleo de conteúdo que responderam ao questionário, “tudo, no fim, pode ser

resumido por incompatibilidade entre discurso e prática.

Ex-Midiador 4 também atesta o fenômeno: “Os educomunicadores e virajovens

possuem suas atividades afetadas por decisões de ordem administrativa com fundamentação

política”. Ele explica que:

A Viração possui uma forte articulação estabelecida com outras organizações de

renome mundial e nacional e, por isso, como em toda e qualquer sociedade regida

por interesses, suas ações, em alguns momentos, se adequam às expectativas de

algumas organizações parceiras, no intuito de estabelecer uma articulação mais forte

entre elas.

A mesma fonte entende como as ações que resumem as prioridades tidas pela gestão

das práticas da ONG e as ações decorrentes de tais prioridades:

[...] fortalecer uma articulação nacional entre movimentos sociais para uma gestão

democrática da comunicação no país com participação de jovens e adolescentes,

garantir o espaço para participação de jovens e adolescentes na mídia por intermédio

da revista impressa e dos meios digitais e levar até este público práticas

educomunicativas autônomas para que eles possam produzir livremente conteúdo e

utilizá-lo para transformar realidades.

Ex-Educomunicador 2, por sua vez, acredita que existe “a busca por uma gestão

democrática e participativa, ou seja, educomunicativa”. “Como é algo que não aprendemos e

estamos co-criando, existem escorregões, conquistas, aprendizados e celebrações. Existe o

compromisso claro em viver uma gestão educomunicativa”, afirma.

Há uma preocupação forte com a compreensão de quais são os reais objetivos de

uma iniciativa educomunicativa. Percebo que a intenção de quantificar e também

qualificar essas iniciativas, é uma necessidade quase que invariavelmente de pessoas

Page 60: Confira a tese

58

e profissionais que muitas vezes não se predispõem a concluir suas visões á partir de

vivências que os envolvam no processo de descoberta e constatação, partindo de sua

própria inclusão no processo. O que quero dizer é que, estabelecer um

relacionamento verticalizado com a educomunicação, pressupõe uma postura

dogmática, onde aquele que questiona o processo, muitas vezes não se permite

envolver por ele, e faz leituras precipitadas, infundadas ou superficiais como tantas

que li, e com frequência ouço. Acho lamentável que posturas corporativistas,

mercadológicas, posicionamentos restritos e estruturas de trabalho não

questionáveis, sejam a porta principal de validação e avaliação da funcionalidade

dessas e de outras metodologias. (Relato de um dos primeiros virajovens e

integrante da equipe Viração até os dias atuais).

O trecho acima faz parte da resposta dada a uma das questões que compõem o

questionário da pesquisa qualitativa a que nos empreitamos que se propõe a monitorar

indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da Viração, bem

como sua confiabilidade. Algumas vezes, nos deparamos com respostas que negam ou não

detêm certeza com relação à existência de tais indicadores. Muitas outras, no entanto, as

fontes atribuem a mensuração do impacto social destas práticas às histórias individuais de

adolescentes, jovens e, consequentemente, familiares e comunidades alcançadas pelos

projetos e atividades promovidas pela ONG. É o caso de Ex-Educomunicador 3, para quem “é

muito gratificante ler nas Redes Sociais os diferentes depoimentos de jovens que agradecem à

Viração e seus projetos por terem "aberto" seu olhar para um outro mundo.”

Muitos destes jovens que viviam em situação de extrema vulnerabilidade social,

hoje ingressaram em uma universidade, ou estão empregados e até envolvidos em

diferentes iniciativas do Movimento Social. Em vez de somarem pontos para as

estatísticas de delinquência, crime, eles contribuem diretamente para a melhoria da

qualidade de vida de muitas outras crianças, jovens e pessoas de suas comunidades.

A fonte acrescenta ainda “a credibilidade da Viração junto aos espaços de participação

política como conferências, eventos do Governo e da Sociedade Civil em que a Viração é

apontada e convidada como referência.”

Membro da equipe responsável pela coordenação colegiada da instituição, Gisella

Hiche também menciona tal reconhecimento. Para ela, no entanto, “ainda não há nenhum

indicador cem por cento confiável”, “mesmo porque estamos trabalhando com processos que

lidam com pessoas e com como essas pessoas estão envolvidas em processos políticos

relacionados com a luta pela transformação socioambiental”, justifica.

Page 61: Confira a tese

59

Creio que o impacto social, se tomarmos como referência nossos sonhos de justiça

social para todos, é baixo, mas eu aposto na micropolítica e vejo que a Viração, com

a estrutura que tem e princípios que segue, tem feito um trabalho muito potente, com

alta capacidade de multiplicação e com capilaridade em diversas dimensões: na vida

de cada um que se envolve com a Vira, nas escolas, em comunidades e grupos

espalhados por cerca de 24 Estados do país.

Ex-Midiador 1 referenda tal posicionamento: “Quando vejo aqueles jovens, no início

tão calados e apáticos, fazendo mobilização e exigindo seus direitos, isso é o que me faz

perceber que estamos no caminho certo.”

“Esse reconhecimento é algo que se repete nas falas em nossos encontros presenciais,

afirma Ex-Midiador 5. Apesar de julgar que “seria interessante ver sistematizadas todas as

coisas que conseguimos fazer em formas quantitativas e qualitativas”, para a fonte, são

também indicadores capazes de denotar o impacto das práticas promovidas pela Viração:

[...] o envolvimento de adolescentes, jovens, profissionais da comunicação e

organizações espalhadas por mais de 20 Estados brasileiros, bem como as produções

coletivas que surgem a partir desse envolvimento, além da organização, intervenção

e participação em eventos importantes na formulação de políticas públicas em

comunicação e juventudes.

Paulo Lima aposta nas avaliações coletiva e individual realizadas a cada atividade

como forma de sistematizar tais indicadores. Entretanto, juntamente com o relato de

experiências pessoais para medir transformações de caráter comportamental, o fundador da

organização elenca ainda outros: número de adolescentes e jovens que participam das

atividades, frequência, número de ações, processos e produtos educomunicativos elaborados e

disseminados, trabalho em equipe, grau de envolvimento nas atividades, grau de

conhecimento sobre determinados conteúdos temáticos, antes e depois das atividades,

observações do percurso coletivo do grupo, graus de dificuldade e de facilidade para com os

conteúdos temáticos abordados, teóricos e práticos.

Para Eduardo Peterle:

Page 62: Confira a tese

60

Não existem indicadores seguros. O que existe é a prática de avaliação sistemática

dos processos e produtos realizados, mas sempre com caráter interno. A Viração e a

Revista não sabem qual é o seu impacto social de médio e longo prazo. Existem

apenas avaliações de meio e final de processos específicos que fornecem elementos

para novos projetos/matérias. Este é o maior desafio da Viração e da Revista para os

próximos anos: Quem lê?, Por que lê?, Pensa o quê?, Faz o quê com a Revista?,

Chega a quem?, etc.

“A Viração construiu vários processos no decorrer dos oito anos em que foi

se desenvolvendo ao lado da Educomunicação. Desde o início do projeto, ainda sem

independência institucional, houve a preocupação de fazer com que todos os espaços

físicos e virtuais fossem parcialmente auto-gestionados, no sentido de que não havia

necessidade de formatar uma metodologia de mediação engessada, imutável, mas

que compreendesse as reais necessidades, inclusive do processo de adaptação das

ações diante das tecnologias, processos educativos, comunicativos e também

administrativos. A gestão, por si, é parte deste ambiente educomunicativo, mais que

uma mera representação da realidade esperada por uma organização, como

geralmente é colocado por empresas e outras instituições com diferentes métodos de

gestão”. (Relato de um dos primeiros virajovens e integrante da equipe Viração até

os dias atuais).

No que concerne aos Conselhos Jovens, essa gestão é “feita de forma intuitiva e

dissociada da equipe”. O relato é de autoria de Ex-Conteúdo 1. A fonte relata que no período

em que atuou junto à ONG, “a gestão de um Conselho era responsabilidade dele próprio,

cabendo à equipe da revista somente inspirar pautas e assuntos para debate e posterior

material jornalístico”. Tendo atuado junto à equipe de conteúdo há mais de dois anos, a fonte

atesta:

O contato com os Conselhos servia somente para garantir a participação de todos os

Estados na produção da Revista, o que era de sucesso duvidoso, uma vez que a

relação que se estabelecia com os jovens era de cobrança e prazos. O processo de

produção, via de regra, não era acompanhado nem valorizado e a prioridade era que

a Revista saísse, não que o jovem entendesse sua própria prática educomunicativa.

Tanto assim que, em algumas oportunidades, perguntei a jovens integrantes do

Conselho de São Paulo sobre suas práticas educomunicativas e eles não se

reconheceram nelas. Isto porque, mais do que uma explicação teórica, faltava-lhes o

básico sobre a proposta do projeto.

A mesma pessoa também afirma que esteve de acordo com as prioridades teóricas da

equipe de gestão da ONG, que giravam em torno de processos educomunicativos, à época em

que atuou junto ao núcleo de conteúdo.

Page 63: Confira a tese

61

Na prática, interferências de ordem administrativa e/ou financeira redirecionavam as

prioridades cotidianas e, embora não ferissem necessariamente o ideal maior do

projeto, comprometiam bastante o desenvolvimento de processos de qualidade no

que concerne ao conteúdo.

Ex-Educomunicador 1 relata dinâmica similar à época de sua atuação junto à equipe:

Basicamente, a pessoa responsável pelo contato com os Conselhos é pressionada

para que a matéria saia. Esse responsável pressiona a pessoa responsável pelo

Virajovem, no caso, o midiador. Se por algum motivo a matéria não for produzida a

tempo, parte-se para opções emergenciais: o midiador procura outra pessoa para

fazer a matéria; o midiador escreve a matéria; a matéria é passada para outro

Conselho; e por fim, se nada disso der certo, alguém da própria equipe de conteúdo

escreve a matéria, às vezes, com apoio de um jovem, ou sozinho mesmo. Tudo isso

em prazos para lá de vencidos.

Para a fonte, “os Virajovens atuavam como executores das ações apenas”. “Essa

situação pode ou não mudar, depende do interesse político e financeiro da diretoria da

Viração. Eu penso que vai continuar essa bagunça até que um “parceiro/apoiador financeiro”

forte (cheio da grana) defina que isso é a principal prioridade.”

A problemática atestada pelas falas anteriores se confirma no relato de um dos

integrantes da equipe que facilita atualmente a produção de conteúdo participativa feita pelos

adolescentes e jovens dos Conselhos. A proposta de Conteúdo 1 para sanar tal dificuldade é a

escalação de uma pessoa para trabalhar especificamente com a mobilização dos Virajovens.

“Atualmente, os Conselhos são compostos por poucas pessoas e se este leque estivesse mais

aberto, certamente, além de pessoas focadas na participação política, também teríamos mais

jovens interessados em contribuir com conteúdo”, explica.

A colocação traz à tona o segundo eixo que compõe o problema de gestão da

comunicação diagnosticado por este instrumento: como garantir a metodologia de produção

participativa feita a partir dos Virajovens em detrimento da Rede de Adolescentes e Jovens

Comunicadores, que se esboça também a partir dos Conselhos, sem ferir preceitos

educomunicativos como a livre forma de participação e expressão?

Page 64: Confira a tese

62

A mesma fonte referenda a permanência da fragilidade - detectada, inicialmente, com

vistas ao período de atuação da autora que vos fala junto à equipe, há cerca de dois anos -, ao

elencar as prioridades da equipe atual: “estar sempre em contato com os Conselhos

Virajovens” para discussão de pautas, acompanhamento do processo de desenvolvimento das

matérias e monitoramento para o cumprimento de prazos”. De acordo com a fonte, “a

prioridade está na qualidade do produto final, sem que se perca o processo educomunicativo”.

A pergunta que fica é: como se evita tal perda?

Atual midiador de um dos Virajovens, Midiador 1 relata que os componentes do

Conselho recebem todas as informações e são convidados a participar de todos os chats e

discussões.

Desta maneira, eu tento motivar uma gestão horizontal e participativa do Conselho,

o que nem sempre é possível, pois há um nível bem alto de passividade, onde o

pessoal não se manifesta nem dá nenhuma opinião sem que seja expressamente

exigido por mim, o que torna tudo um tanto cansativo.

O midiador acrescenta ainda que “o índice de participação nas reuniões nem sempre é

o esperado ou o necessário”. O relato denota um dos desafios pontuados pelos próprios

integrantes dos Conselhos nas edições do Encontro Nacional dos Virajovens: a mobilização

para atrair os adolescentes.

No período em que estive na Viração, pude presenciar jovens que centralizavam o

processo de trabalho de alguns Conselhos. Esse envolvimento grande é muito rico,

mas para potencializar esse trabalho, a Viração precisa investir em formação em

Educomunicação para tornar esses jovens aptos a realizarem uma mediação dos

Conselhos priorizando a busca de mais jovens para integrar todo esse rico processo.

Mostrar a eles que, assim como a Viração, a partir da educomunicação, despertou

neles esse envolvimento, é preciso democratizar esse direito à comunicação para um

número maior de jovens.

O relato acima, de autoria de Ex-Educomunicador 3, expõe um desafio anteriormente

abordado pelo educomunicador Eric Silva: a disputa hierárquica dentro do próprio Conselho

Jovem. Questionada acerca dos moldes operacionais de produção - semelhantes, como

Page 65: Confira a tese

63

percebemos a partir dos inúmeros relatos, aos moldes do processo industrial -, a fonte

personifica o desafio:

Imagine que o midiador não conseguiu formar um grupo para produzir a matéria.

Ele tem que trabalhar, estudar e o pessoal do núcleo de conteúdo, em São Paulo,

reservou duas páginas para a história deste determinado Estado. Caso o processo

falhe, o jovem vai ser pressionado para escrever sozinho e mandar a notícia. Ou São

Paulo pode dizer que, se é educomunicativo, não há necessidade desta pressão e

esforço. Porém, haverá uma corrida para o preenchimento das duas páginas. Isso

dificilmente ocorreria, se o Conselho fosse de fato composto por um grupo de jovens

bem mediado localmente. Sei que são diversos os fatores que impactam no processo

produtivo, mas ainda acredito e ressalto que a formação em Educomunicação é

fundamental para o bom funcionamento dos Conselhos.

A conclusão vai ao encontro da intervenção a que este estudo se propõe. Ou se

configura em, pelo menos, um dos caminhos que a presente pesquisa vislumbra apontar para a

reconfiguração de uma plataforma por meio da qual se dá a atuação de adolescentes e jovens

em torno de uma metodologia de produção de conteúdo participativa.

O educador Eduardo Peterle discorda do apontamento feito por esta pesquisa acerca

dos referidos moldes operacionais de produção de conteúdo.

Não acho que ocorre nos moldes do processo industrial. Aliás, longe disso! As

etapas podem até ter o mesmo nome, mas o sentido é totalmente outro, pois se cobra

o prazo para envio da matéria de maneira solidária, com compromisso social,

responsabilidade para com as ações assumidas coletivamente visando a garantia da

qualidade de processo, ou seja, a cobrança não é autoritária, mas uma ação

necessária de autoridade ao interesse coletivo.

Gisella Hiche compartilha da opinião de Peterle:

Acho complicado dizer que o processo é semelhante ao processo industrial, pois na

indústria, as pessoas estão ali por uma questão de sobrevivência, trabalhando por

necessidade, sem, muitas vezes, se importarem com o produto de seu trabalho, entre

outros componentes. No caso dos adolescentes que colaboram com a Viração, a

relação que se estabelece é de colaboração, de parceria, de militância. Trata-se de

um elo que surge por afinidade com os propósitos da Vira. Nada é obrigatório, mas

quem resolve participar vai trilhar junto um caminho em que acordos são feitos,

prazos ajudam a organizar a trilha que está sendo construída. Ou seja,

Page 66: Confira a tese

64

procedimentos, ou "moldes operacionais" são necessários para que exista

movimento, principalmente se estamos atuando em conjunto.

Conteúdo 1, no entanto, relata: “Trabalhamos focados para que isso não aconteça, mas

temos prazos a cumprir e responsabilidade com parceiros e apoiadores. Assim, quando o

prazo começa a ficar comprometido, acionamos o “plano B” e isso infelizmente afeta na

garantia do processo educomunicativo”. De acordo com a fonte, “quando falta conteúdo para

a Revista, é produzido na Redação de acordo com as pautas sugeridas em chat”. “Isso tem

acontecido com freqüência, mas pensamos não ser o ideal. Ainda não foi discutida uma forma

de sustentar a metodologia participativa, caso a maioria dos jovens decidam não mais

contribuir com produção de conteúdo. Acredito que é urgente esse estudo”, defende.

Para o fundador e atual diretor executivo, a questão “é dialética, ou seja em contínua

relação de forças e de atenção”. Ele defende a busca contínua pelo respeito aos preceitos

educomunicativos e pela criação de “mecanismos, metodologias de participação, que

respeitem os tempos de um trabalho totalmente voluntário dos Virajovens e ao mesmo tempo

em que respeitem um calendário criado e acordado de forma responsável pelos próprios

Virajovens”. “Não existe uma fórmula mágica para isso. É um contínuo processo de

construção, de ação, reflexão, avaliação e re-ação que requer muita atenção, concentração e

intenção para casar essas duas dimensões.”

Ex-Conteúdo 2 afirma crer “que seja muito difícil garantir um processo

educomunicativo completo com prazos tão curtos para execução e entrega de reportagens”. “É

claro que perseguimos isso, buscando mobilizá-los para que tenham um tempo maior, que

planejem as pautas com dois meses de antecedência, por exemplo, mas nem sempre isso

acontece, por dificuldades inerentes a cada Conselho (falta de equipamentos ou infraestrutura

básica (gravadores e máquinas fotográficas, acesso à internet, etc.)”, explica.

Para a coordenadora executiva da organização, trata-se de algo “comum quando se

atua com grupos que têm interesses similares e divergentes”. “Os conceitos educomunicativos

da Viração procuram respeitar formatos e tempos, mas também consideram aspectos de

planejamento em conjunto, de produção de conteúdos e de publicação que são fundamentais

para os objetivos a serem alcançados”, observa.

Page 67: Confira a tese

65

Integrante da equipe atual de educomunicadores da ONG, Educomunicador 1

reconhece que “existem limitações”, mas defende que “o processo continua sendo

educomunicativo”. “A operação dentro dos moldes industriais acontece apenas em parte, uma

vez que o fato de os próprios jovens produzirem a Revista já é um diferencial em relação ao

processo convencional.”

Três midiadores atuais que participaram da pesquisa demonstraram satisfação em

relação aos moldes em discussão. Dois deles defendem com veemência a existência de prazos

e metas a cumprir, num movimento contrário à orientação da reflexão proposta. “Os prazos

são fundamentais, pois temos que estar com a Revista pronta todo mês nas mãos dos leitores

e, com isso, aprendemos que temos que ter responsabilidade. Não é por sermos jovens que

temos que ser irresponsáveis, afirma Midiador 4”

O terceiro componente do referido grupo, Midiador 1 acredita que “da maneira como

acontece hoje é a única forma viável de se operacionalizar a publicação da Revista impressa”.

Com uma equipe fixa em São Paulo, a Redação é que “segura a peteca”. Isso porque

São Paulo tem uma estrutura que ninguém mais tem. Eles têm uma sede com pessoal

qualificado e pago exclusivamente para fazer a Viração acontecer, ao passo que nos

outros Estados ou são organizações que direcionam parte de seus esforços (em geral

uma parte pequena) para contribuir com a Vira ou são grupos de pessoas sem

nenhuma estrutura ou apoio mas que mesmo assim fazem o Virajovem acontecer.

Uma das dificuldades fundamentais é a sustentabilidade dos Conselhos, pois há

muitos custos envolvidos que acabam sendo arcados pessoalmente por cada

participante e isso prejudica, pois os membros precisam descobrir formas de se

sustentar e acabam não tendo tempo para a Viração.

O público alvo da presente pesquisa foi questionado acerca do grau de importância

ocupado pela proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos

adolescentes e jovens para a Revista e a agência de notícias on-line em relação aos outros

projetos desenvolvidos pela Viração. A intenção da pergunta foi perceber a existência da

possibilidade de tal proposta ser desvinculada das práticas dos Conselhos Jovens garantindo-

lhes autonomia para o exercício da livre participação expressão.

De acordo com Paulo Lima:

Page 68: Confira a tese

66

A produção de conteúdo é tão importante quanto a promoção e o monitoramento de

políticas públicas de juventude e comunicação”, prioridade conferida à Rede de

Adolescentes e Jovens Comunicadores. Questionado se um adolescente, hoje, pode

integrar um dos Virajovens apenas politicamente, participando no âmbito da

mobilização, sem a necessidade do compromisso com a produção de conteúdo para

a Revista e a agência, e, sendo assim, como a Viração garante, operacionalmente

falando, a manutenção de tais veículos sob a mesma metodologia de produção

participativa de adolescentes e jovens, o fundador da ONG constata que o assunto

ainda não foi pensado e cogita “uma reestruturação dos Conselhos Jovens”. “Alguns

podem se dedicar apenas à produção de conteúdo por um determinado período de

tempo; outros a ações de mobilização por meio da comunicação. O que vem

ocorrendo é que todos fazem tudo. Inclusive, implementam também ações de

promoção e monitoramento de políticas de juventude e comunicação em suas

respectivas cidades e Estados.

A percepção se assemelha à do Ex-Midiador 4: “Acredito que o ideal é que os

Virajovens fizessem uma reflexão de caráter existencial a fim de se auto classificarem como

Conselhos de produção, Conselhos de mobilização social ou Conselhos mistos”, opina. Para o

jovem, “não é possível desvincular a produção de conteúdo de todos os Conselhos, já que o

diferencial da organização é exatamente esse”. “Entretanto, nem todos os Conselhos possuem

interesse por essa ação”, defende.

“Não sei se é possível que alguns façam só produção de conteúdo, outros apenas

mobilização e outros ainda somente monitoramento de políticas públicas. O que propomos é

que sejamos todos por inteiro, implementando essas três dimensões do movimento ao mesmo

tempo”, argumenta Paulo Lima. Ao que a fonte contrapõe:

Sei que na teoria é característico dos Conselhos fazerem as duas atividades e que

elas se complementam, no entanto, a realidade sentida é outra. Os Conselhos

possuem expertises, desejos e atividades completamente diferentes uns dos outros.

Logo, eles, mais do que ninguém, devem conhecer o próprio perfil.

Para o Ex-Midiador 4, “a partir deste mapeamento, a organização poderia ter em mãos

grupos mais engajados em determinadas áreas por não precisarem se comprometer com outras

ações que não fazem parte de seu perfil”. “Existem grupos que não fazem mais parte dos

Conselhos, mas a organização insiste em manter tais vínculos que desperdiçam tempo e

Page 69: Confira a tese

67

esforços. A partir do momento em que se enxergar a realidade sem a pressão do ideal, os

processos poderão ser repensados pelos Conselhos e pela própria organização.”

Ex-Conteúdo 2 reforça o posicionamento:

O meu trabalho era justamente o de tentar fortalecer a ideia de que a comunicação é

uma ferramenta fundamental como ação política. Cabia a mim, ou a quem estivesse

cuidando da Revista, fazer contato com essas pessoas e trabalhar formas de garantir,

ainda que uma pequena nota, informações para os produtos editoriais. Por isso a

importância de o Conselho ser formado por pessoas com diferentes afinidades.

Assim, podemos garantir a participação de uma delas na Revista, enquanto a outra

atua na militância.

Paulo defende, no entanto, que a mobilização “vira pauta de conteúdo seja para a

revista impressa que para a agência jovem de noticias e também gera ação de promoção e

monitoramento de política pública.”

Para Lilian Romão, “a produção de notícias, informação e conteúdos pelos

adolescentes e jovens é também uma forma de intervenção política”. “Por isso dizemos que

tão importante quanto o produto, é o processo pelo qual ele é desenvolvido”. A coordenadora

executiva da ONG defende que “a Viração facilita, mas não estipula formatos de ação”.

A proposta do Movimento é incentivar todas as formas possíveis de participação dos

adolescentes. Contudo, é importante enfatizar que a ação da Viração está

diretamente relacionada ao processo de construção das políticas públicas de

comunicação e o acesso e exercício, pela juventude, do direito humano à

comunicação.

Para Gisella Hiche, “a produção de conteúdo é uma das experiências mais

desafiadoras para experimentarmos as possibilidades de ação em rede”. “Acredito que se a

Vira quiser manter a Revista, ela terá que investir cada vez mais em mobilização, formação e

redes.”

Ex-Conteúdo 1, por sua vez, defende que a forma de gerir a participação dos

Conselhos está equivocada.

Page 70: Confira a tese

68

É bonito colocar na contracapa que a Revista está presente em x Estados, quando na

prática, seis ou oito Conselhos funcionam adequadamente (produzem conteúdo). O

ideal seria que a equipe visitasse os Conselhos de tempos em tempos, criasse

materiais (folders, vídeos) que versassem sobre a forma educomunicativa de

interferência social, que desse explicações básicas aos jovens sobre o conceitos que

norteiam essas práticas e que fomentassem neles o interesse e a consciência do

processo ao qual estão se propondo. Há quem defenda que não é necessário saber

sobre conceitos para atuar. Mas Paulo Freire nos lembra de que reflexão sem prática

é palavrório, mas prática sem reflexão é ativismo. Há, sim, que se educar e dar

suporte aos jovens dos Conselhos para que eles entendam porque, inclusive, devem

cumprir prazos. Isso faz parte de um compromisso assumido, não de uma cobrança

sistemática vazia.

Exemplo utilizado por um Midiador 1 reforça a necessidade de atenção para com a

plataforma que sustenta a produção participativa promovida pela organização: “É frequente

acontecer de Estados que estão escalados para uma pauta sumirem, não atenderem ao

telefone, não responderem e-mails, “furar” com sua parte, o que gera estresse para os

demais”. A mesma fonte expressa visão que privilegia “a produção das matérias e a

participação na Revista como a porta de entrada para a Viração, o lado mais atraente e

chamativo, a partir do qual, o adolescente e o jovem se integra às dinâmicas, percebendo

outras possibilidades e se apropriando das ações, iniciativas e processos.”

Para Ex-Midiador 2:

Essa proposta [rede de adolescentes e jovens comunicadores] tem muito que mudar,

se adaptar e desenvolver novas iniciativas, que eventualmente substituam ou, ao

menos complementem a força que os Virajovens dão para a produção da Revista e

da agência. Se essa configuração for alterada, é necessário e de extrema importância

ter um plano “B”, que ainda não existe. A visão muito otimista de grande parte das

pessoas faz com que elas não pensem e ajam, em termos práticos, de maneira

objetiva, específica e focada. Levando em consideração o fato de estarmos

vivenciando a gestação de um novo formato de intervenção, que lentamente toma

corpo, soa um tanto quanto vago dizer que desvincularíamos a Viração desse

Movimento, quando na verdade ela usaria a mesma proposta trazida pela Vira em

todos os processos.

Além das ações e ferramentas pontuadas pelas fontes da presente pesquisa no

que se refere à gestão das práticas educomunicativas da ONG, o jornalista Paulo Lima elenca

ação mencionada também por um dos ex-integrantes do núcleo de conteúdo: a reformulação

Page 71: Confira a tese

69

do Conselho Pedagógico, com novos e antigos integrantes. Segundo o diretor executivo da

organização, trata-se de uma das três prioridades definidas no planejamento estratégico para o

ano de 2011 e geridas pela coordenação colegiada, juntamente com outras duas propostas:

reelaboração de um plano de sustentabilidade financeira e econômica e elaboração de projeto

para nova sede.

Nos ateremos à primeira pelo fato de ser esta uma proposta de ação relacionada

à metodologia de produção de conteúdo participativa feita por adolescentes e jovens que

norteia a proposta pedagógica da Viração, sendo as demais inerentes à sustentabilidade

financeira da ONG. No que concerne ao objetivo do presente estudo de refletir acerca de

fragilidades no âmbito da gestão da comunicação das práticas promovidas pela Viração, é

importante notar que a proposta de reformulação do Conselho Pedagógico não prevê nenhuma

ação que vise à busca de soluções para tais pontos frágeis, o que denota a necessidade de

trazer à consciência da ONG as referidas problemáticas, referendadas pelos relatos coletados

pela pesquisa desenvolvida.

De acordo com documento memorial da ONG, o Conselho Pedagógico “faz parte do

próprio DNA da Viração”, que desde o começo se configura como um projeto multi e

transdisciplinar, reunindo profissionais de diversas áreas do saber, da pedagogia à

comunicação, da sociologia à economia. A primeira grande contribuição deste Conselho foi a

realização de um trabalho com grupos focais para avaliação da necessidade de se criar uma

revista produzida com jovens e pelos jovens, e, posteriormente, para avaliar o número zero da

publicação.

Inicialmente, o grupo era formado por duas pedagogas, duas sociólogas e alguns

integrantes do conselho editorial da Revista Viração. As reuniões aconteciam a cada três ou

quatro meses. Entretanto, em razão das agendas dos conselheiros, a dinâmica funcionava mais

efetivamente à base de troca de mensagens eletrônicas ou consultas por telefone. O grupo tem

por funções:

● sugerir fontes e abordagens para a produção editorial da Revista e de edições

especiais;

Page 72: Confira a tese

70

● contribuir para a reflexão de temas polêmicos no que diz respeito à própria

sustentabilidade institucional;

● assessorar a equipe da Viração na elaboração de projetos educomunicacionais;

● assessorar equipes dos projetos da Viração na elaboração de

laboratórios/cursos/oficinas/ Rodas de conversa de educomunicação;

● contribuir para criar canais inovadores de participação, seja de estudantes, seja de

educadores, na Revista e na organização como um todo.

Na explicação dada por um ex-integrante do núcleo de conteúdo, tal reformulação

“objetiva acompanhar e orientar as atividades dos projetos da Vira e o processo de produção

da revista e da agência on-line”. Com base em análise feita a partir de documentos e

resultados oriundos da primeira de quatro reuniões previstas para o ano de 2011,

disponibilizados por Paulo Lima nos remete a conclusão um pouco distinta.

O norte da ação é a elaboração de proposta pedagógica de mediação de leitura a ser

utilizada por seus leitores/prossumidores (estudantes, professores, educadores sociais), dentro

e fora da escola. Tal diretriz presume a existência de um processo pedagógico para a produção

da Revista Viração, que é exatamente a metodologia educomunicativa com a proposta de uma

produção participativa. Quatro eixos estratégicos denotam o alvo principal da ação: o

professor. São eles:

● promoção de espaços de formação abertos a educadores para que conheçam a proposta

editorial da publicação, seus principais compromissos e se apropriem de seus conteúdos e

estrutura;

● promoção de uma relação próxima entre educadores e a produção, de forma que possam

dialogar com os editores sobre pautas e se colocar também como co-produtores;

● promoção de uma relação próxima com adolescentes e jovens, a partir de estratégias

específicas de distribuição da Revista e por meio dos canais de participação nos espaços em

que estes adolescentes e jovens efetivamente estão, incluindo a escola;

Page 73: Confira a tese

71

● criação de um espaço direcionado para educadores no site da Viração, para que estes

possam acessar metodologias educomunicativas, documentos, além de trocar experiências

sobre o uso da revista por meio de fórum de discussão.

Na primeira reunião do grupo, realizada em março deste ano, o debate principal se

concentrou no levantamento de estratégias para aproximar a Revista Viração dos professores

e educadores, sem descaracterizá-la, sendo a mesma uma revista feita por, com e para

adolescentes e jovens.

Outro ponto destacado pela documentação é a postura defendida pelos conselheiros

com relação à não criação de manuais com instruções de como utilizar a Viração em sala de

aula ou em encontros com jovens. Ao contrário disso, defende-se a ideia de dar visibilidade às

experiências enviadas pelos educadores, adultos e jovens. A reformulação do grupo, no

entanto, abre espaço para uma reflexão acerca do assunto, considerando a possibilidade de

que tal posição seja revista.

Vale ressaltar posicionamento defendido por um dos integrantes da nova formação do

Conselho Pedagógico da Viração no que se atém ao objetivo central do grupo que é articular a

formação de uma rede de mediadores de leitura entre educadores do sistema educacional

municipal de São Paulo que atuam com adolescentes e jovens, através de uma proposta

pedagógica para fins de aproximar educador e publicação, consequentemente, promovendo

também uma maior aproximação com os próprios adolescentes e jovens. Alexsandro Santos

pensa que:

A aproximação com a Escola e com as instâncias gestoras do sistema pressupõe,

sim, a construção de um discurso específico de convencimento e de rompimento da

„censura‟ (seja ela explícita ou camuflada) em relação à compra e à circulação da

revista pela e na Escola. Isso não significa colocar a revista “a serviço” dos

discursos das políticas educacionais oficiais nem transformá-la em „manual didático‟

ou „guia de uso‟ para aulas. É possível construir essa aproximação defendendo um

projeto editorial progressista feito por e para jovens, com foco na construção de uma

educação crítica para as mídias e encontrar espaços específicos para que sua

circulação possa ser estimulada ou mesmo começar pela Escola.

Santos afirma ainda que:

Page 74: Confira a tese

72

Essa aproximação tem encontrado sucesso em três estratégias básicas: a) a

promoção de espaços de formação abertos a educadores para que conheçam a

proposta editorial da publicação, seus principais compromissos e se apropriem de

seus conteúdos e estrutura; b) a promoção de uma relação próxima entre esses

educadores e a produção, em que possam dialogar com os editores sobre as pautas e

em que possam se colocar também como co-produtores; c) a promoção de uma

relação próxima com os jovens e adolescentes, a partir de estratégias específicas de

distribuição das revistas e dos canais de participação nos espaços em que os jovens e

adolescentes efetivamente estão, incluindo a escola.

O que nos cabe inferir do cenário construído a partir da contextualização anterior é que

a necessidade de um fortalecimento do vínculo entre Viração e Virajovens não está previsto e

nem se quer é mencionado pela abrangente proposta do Conselho em sua nova forma de

atuação. E denotando-se o âmbito pedagógico de tal ação, não identificamos um momento ou

lugar melhor para a criação, reconfiguração, reestruturação, reforma, ou seja lá qual palavra

melhor defina tal necessidade, da plataforma por meio da qual se dá a produção de conteúdo

participativa pelo adolescentes e jovens, sendo esta a espinha dorsal da proposta pedagógica e

do diferencial da Revista Viração. Tal constatação reforça o propósito desta pesquisa que se

resume na sistematização dos diversos olhares comportados pelo processo educomunicativo

na direção de identificar fragilidades, e, coletivamente, achar caminhos para contorná-las.

Page 75: Confira a tese

73

6

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Os princípios que norteiam as práticas educomunicativas podem ser respostas à

necessidade de se gerar espaços em que a juventude de fato se reconheça e alveje

promover mudanças. (ISMAR, 2010, p. 38).

Podemos aferir dos relatos apresentados no capítulo anterior a existência de pontos de

vistas conflitantes no que diz respeito aos preceitos educomunicativos essenciais norteadores

da proposta ideológica e metodológica da Viração Educomunicação. Uma possível fragilidade

no que concerne à consciência ou à apreensão de tais preceitos por parte dos virajovens e até

mesmo de membros da equipe, muitas vezes, parece ser um dos pontos mais latentes dentro

do problema de gestão da comunicação apontado pelo presente instrumento. O que nos remete

a um dos eixos de nossa proposta de intervenção: o fortalecimento das ações de formação

com foco nos virajovens, na equipe e em outras pessoas que participam das ações propostas e

fomentadas pela Viração, ou seja, que constituem este amplo “ecossistema comunicativo”.

Um segundo eixo a ser trabalhado seria a plataforma por meio da qual se dá, hoje, a

dinâmica dos Conselhos Jovens. Assim sendo, propomos a criação, ou mesmo a

reestruturação desta plataforma, no bojo da necessidade avistada de alinhar paralelamente ou

integrar produção de conteúdo e mobilização política, no intuito de encontrar um caminho

consensual que permita a convivência entre o fazer comunicação e as ações de mobilização

juvenil no âmbito coletivo e democrático que é a Rede, configuração máxima das práticas

promovidas pela organização.

Endossamos a ideia que se desenhou nas falas de alguns dos atores participantes deste

processo indiciário acerca da necessidade de uma figura que represente uma espécie de

“articulador dos midiadores” e que desenvolva um trabalho mais próximo, para não dizer

mais íntimo, dos Conselhos Jovens. Trabalhando junto ao núcleo de conteúdo, “colado” à

equipe, tal agente - claramente um educomunicador que personifique os preceitos inerentes ao

referencial teórico - assumiria a responsabilidade pela gestão da metodologia participativa de

produção, com direito a todas as etapas e demandas inerentes a tal gestão (planejamento,

avaliação, sistematização e registro). Sob o norte de trabalhar uma mobilização mais pungente

Page 76: Confira a tese

74

em torno da plataforma que hoje orienta a participação dos Virajovens na produção de

conteúdo para a Revista Viração e para a Agência Jovem de Notícias, este novo ator

demandaria uma agenda que possa abraçar mais comunicação, ou seja, mais encontros

presenciais, mais contato via meios de comunicação eletrônicos e virtuais, etc., e,

consequentemente, um projeto que abarque sustentabilidade financeira. A despeito de sua

função soar um tanto quanto centralizadora, a ideia é que esta pessoa seja uma espécie de

“cuidador” e de “animador” dos Conselhos e que, consequentemente, seja aquele que irá

proporcionar condições para a atuação dos mesmos junto à organização.

O primeiro eixo de nossa proposta interventiva, com vistas à formação em

Educomunicação, entraria na alça de responsabilidade desta figura. No entanto, as ações de

formação pedem uma gestão paralela já que abarcam um público mais amplo que não

somente os virajovens. Há que se reforçar a ampliação e exteriorização dos momentos de

formação que já acontecem na dinâmica da ONG, permeando, inclusive, a agenda do novo

agente responsável pela plataforma dos Conselhos, que poderia, por exemplo, promover

imersões, planejamentos estratégicos e reuniões de equipe, na figura de facilitador, junto aos

Virajovens.

Um terceiro criou vida na trajetória desta pesquisa e refere-se à sustentabilidade

financeira dos Conselhos Virajovens. Optamos, no entanto, por não destrinchá-lo por não

considerarmos viável do ponto de vista da pesquisa acadêmica alinhar à gestão da

comunicação uma estratégia de negócio.

É de extrema importância, contudo, ressaltar o papel de tal proposta, que imersa no universo

teórico e epistemológico do campo da Educomunicação, jamais poderia apontar um ou mais

caminhos ideais de maneira unidirecional. Em vez disso, ela se presta ao papel de apresentar

elementos que podem, ou não, ser utilizados em debate aberto, criativo e democrático que

angarie ainda outros novos. “Todo planejamento deve ser participativo envolvendo todas as

pessoas envolvidas como agentes ou beneficiárias das ações.”40

40

http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/27.pdf

Page 77: Confira a tese

75

7

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ismar Soares nos lembra que:

“cabe ao gestor de comunicação, compromissado com o direito que a sociedade tem

a um bom serviço na área, subverter a norma vigente em pelo menos dois aspectos:

primeiro, que, ao planejar, tenha como referência a própria sociedade e suas

necessidades à luz daquilo que o debate público em torno da realidade permite

perceber; e, segundo, que crie mecanismos que lhe permitam ouvir as audiências,

garantindo uma maior participação possível dos interessados tanto na produção

quanto na recepção das mensagens ou dos resultados de seu trabalho.” (SOARES,

2009, p. 37 e 38).

Com base no pensamento do autor, julgamos conveniente agregar à etapa conclusiva

da presente pesquisa acadêmica uma reflexão acerca do papel da mesma e de sua autora, que

se atém a, nada mais, nada menos, do que a sistematização de diversos pontos de vista sob o

intuito de oferecer à consciência da ONG Viração Educomunicação elementos que refletem

os ecos de suas próprias práticas. “Estamos falando a partir de uma concepção que admite a

importância e a necessidade de ampliar as mediações sociais no ato de comunicar.”

(SOARES, 2009, p. 37 e 38).

Dito isso, optamos por apresentar a seguir material oriundo deste trabalho de coleta e

sistematização de dados, de fatos, de olhares e de sonhos. Nossa intenção é aplaudir uma

iniciativa que consideramos louvável a despeito de fragilidades, vulnerabilidades, ou apenas

indefinições.

“Acredito que a revista tenha sua razão de ser e acredito nessa importância, sinceramente.”

Ex-Conteúdo 1

“[...] a Viração é mais do que o espaço da ONG, em São Paulo, e se estende por todo o Brasil

pela sensação de pertencimento que todos/as têm.”

Page 78: Confira a tese

76

Ex-Midiador 5

“São poucas as organizações que ousam em quase tudo, como se propõe ousar a Viração [...]”

Ex-Midiador 2

“[...] a Viração me permite sonhar com uma comunicação diferente aqui e agora, como algo

possível, concreto e já acontecendo. Essa articulação nacional engrandece os nossos braços

[...]”

Midiador 1

“As matérias feitas pelos jovens e adolescentes e publicadas na Viração possuem um poder

transformador, recuperam a dignidade, acentuam o aprendizado da língua portuguesa e de

conhecimentos gerais e jornalísticos, e abrem percepções de mundo que provavelmente

seriam negadas ou dificultadas para esses jovens e adolescentes.”

Ex-Midiador 4

“E toda essa diversidade, esse conhecimento de pessoas das mais variadas origens, jeitos,

formas e personalidades também amplia meu horizonte pessoal, pois é uma experiência muito

rica.”

Midiador 1

“Aos poucos vamos vendo os resultados quando fazemos parte de um grupo que está de

alguma forma mudando a realidade, seja pela comunicação ou por ações mais diretas nas

nossas comunidades. Sem falar dos resultados diretos em nossa vida, como as questões do

fortalecimento daquilo que acreditamos e promovidas para as mudanças sociais e culturais das

juventudes. Minha reflexão é que não é preciso muito para mudar o mundo ou as pessoas, mas

o pouco que você faz é muito diante do nada. Portanto, não é preciso querer mudar o mundo

sozinho, basta querer mudá-lo para melhor, isso já significa muito.”

Ex-Midiador 6

“[...] a comunicação que fazemos se estende muito além dos muros de nossa cidade e estado,

ela tem um impacto muito maior do que imaginamos, de que estamos conectados com uma

quantidade imensa de pessoas incríveis que acreditam e sonham o mesmo que nós e que

estamos juntos.”

Page 79: Confira a tese

77

Midiador 1

“[...] temos muito que fazer e caminhar. O importante é não deixar de dar pequenos passos,

basta acreditar em seus sonhos e lutar para que o mesmo se torne realidade, pois sozinha não

pode se mudar nada. Deixo de ser só, pra ser o todo!!! Vocês são a minha força para

continuar...”

Midiador 2

“[...] são oito anos de lutas para que os jovens estejam presentes 100% na Viração. Mesmo

estando a quilômetros de distância da sede, nos sentimos muito importantes e presentes.

Mesmo estando tão longe nos sentimos tão perto.”

Midiador 3

“[...] aos poucos estamos sendo conhecidos, estamos dando pequenos passos, caminhando

bem devagar.”

Midiador 2

“[...] somos o presente construindo o futuro.”

Midiador 1

Neste ponto, atingimos o justo diferencial do ideário educomunicativo frente às

demais visões que esclarecem a natureza da relação Comunicação/Educação:

entendemos que é na gestão – em sua qualidade integralizada de envolver

conhecimento, emoção e vontade (e não hegemonicamente inteligência e

conhecimento) – que se faz presente a totalidade da proposta educomunicativa.

(SOARES, 2009, p. 24).

Page 80: Confira a tese

78

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. In. A importância do ato de ler. São Paulo.

Cortez, 1992, pp. 11-24.

FREIRE, Paulo. (1979). Educação como prática da liberdade. 17.ed. Rio de Janeiro, Paz e

Terra.

SOARES, Ismar de Oliveira. Educomunicação, o conceito, o profissional, a aplicação. São

Paulo, Editora Paulinas, 2011.

SOARES, Ismar de Oliveira. “Caminhos da gestão comunicativa como prática da

Educomunicação”, in BACCEGA, Maria Aparecida e COSTA, Maria Cristina. Gestão da

Comunicação: Epistemologia e Pesquisa Teórica, São Paulo, Paulinas, 2009, pg. 161 a 188.

SOARES, Ismar de Oliveira. “Comunicação/educação: a emergência de um novo campo e o

perfil de seus profissionais”, In: Contato: revista brasileira de comunicação, arte e educação.

Brasília, Ano 1 (jan. / mar. 1999), n. 2. p. 19-74

TEXTOS ON-LINE

PERUZZO, Cicilia. Comunicação comunitária e educação para a cidadania (Publicado na

Revista do Pensamento Comunicacional Latino-Americano - PCLA. São Bernardo do

Campo: Cátedra UNESCO de Comunicação da UMESP/ALAIC, vl. 4, n. 1, out./nov./dez.

2002. Versão on-line disponível em:

http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/revista13/artigos%2013-3.htm).

RODRIGUES, Gabriela F. É Educomunicação? A descoberta do termo e de elementos

educomunicativos. Versão on-line disponível em:

http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/148.pdf.

SOARES, Ismar de Oliveira. Mas, afinal, o que é Educomunicação? Versão on-line

disponível em: http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/27.pdf.

SOARES, Ismar de Oliveira. Ecossistemas Comunicativos. Versão on-line disponível em:

http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/28.pdf.

Page 81: Confira a tese

79

ANEXOS

I - DOCUMENTOS VIRAÇÃO EDUCOMUNICAÇÃO

● Estatuto Social

● Carta de Princípios e Valores

● Regimento Interno

● Planejamento Estratégico McKinsey

● Projeto Viração: Movimento de Adolescentes e Jovens Comunicadores

II - ENTREVISTAS

● Paulo Lima (21.05.2010)

● Eric Silva (05.2010) - em áudio

III – PESQUISA/QUESTIONÁRIO

GESTORES

● Paulo Lima

● Lilian Romão

● Gisella Riche

● Juliana Rocha

● Eduardo Peterle

EDUCOMUNICADORES

● Educomunicador 1

● Ex-Educomunicador 1

● Ex-Educomunicador 2

● Ex-Educomunicador 3

MIDIADORES

● Midiador 1

● Midiador 2

● Midiador 3

● Midiador 4

● Ex-Midiador 1

● Ex-Midiador 2

● Ex-Midiador 3

● Ex-Midiador 4

● Ex-Midiador 5

● Ex-Midiador 6

● Ex-Midiador 7

CONTEÚDO

Page 82: Confira a tese

80

● Conteúdo 1

● Ex-Conteúdo 1

● Ex-Conteúdo 2

● Ex-Conteúdo 3

● Ex-Conteúdo 4

Page 83: Confira a tese

81

ESTATUTO SOCIAL DA VIRAÇÃO

CAPÍTULO I

DENOMINAÇÃO, SEDE, FINALIDADE E DURAÇÃO

Artigo 1° A VIRAÇÃO é uma pessoa jurídica de direito

privado, sob a forma de associação sem fins lucrativos e econômicos, regida por

este estatuto social, regimento interno e a legislação pertinente

Parágrafo Único Poderá a VIRAÇÃO, adotar um

Regimento Interno, aprovado pela Assembléia Geral, com a finalidade de regular

e detalhar as disposições contidas neste Estatuto.

Artigo 2° A VIRAÇÃO tem sede na Rua Augusta, 1239,

conj. 11, Consolação, São Paulo, Estado de São Paulo, CEP: 01305-100.

Artigo 3° A VIRAÇÃO tem como finalidades fomentar e

divulgar processos e práticas de educomunicação e mobilização entre jovens,

adolescentes e educadores para o efetivo cumprimento do direito humano à

comunicação e transformação social, tendo em vista:

8. Promover e realizar publicações, pesquisas, fóruns, conferências,

editorações, seminários, cursos e ciclos de debates, objetivando a

prevenção, educação e comunicação, inclusive em convênio com outras

entidades, visando a defesa de direitos da pessoa e do exercício do

direito humano à comunicação;

9. Trabalhar para que a Comunicação seja um direito exercido por todos e

se transforme em instrumento indispensável à construção de uma

verdadeira ordem democrática;

10. Instituir e manter órgãos e veículos de comunicação impressa,

radiofônica, televisiva, cinematográfica, literária, de dados e eletrônica,

bem como de produção e publicação de periódicos, produção teatral,

fotográfica, cultural, esportiva, ambiental, social e de lazer;

11. Apoiar, estimular, desenvolver, sistematizar e divulgar atividades de

promoção humana, social, cultural e educacional, em especial junto a

crianças, adolescentes e jovens;

12. Desenvolver mecanismos e formas de difusão das experiências dos que

atuam junto aos movimentos de defesa dos direitos de crianças,

adolescentes e jovens, ou ainda daqueles que possam contribuir com

seu conhecimento àqueles movimentos;

13. Articular-se ou filiar-se a entidades ou organizações nacionais e/ou

internacionais com objetivos afins;

14. Implantar e manter unidades que desenvolvam projetos e ações

educomunicativas junto a crianças, adolescentes e jovens.

15. Contribuir para a formação política dos cidadãos, disseminando valores

da democracia, dos direitos sociais, da educação à paz e não violência,

da solidariedade entre os povos, do respeito à diversidade étnico/racial,

de gênero, sexual, cultural, ambiental e religiosa.

16. Contribuir com a promoção do saber intelectual, técnico e científico,

em todas as áreas do conhecimento humano;

Page 84: Confira a tese

82

17. Realizar a propositura de ações e intervenções civis públicas e demais

ações coletivas;

18. Idealizar, conceber, instituir, organizar e incrementar sob sua égide

prêmios, ordens honoríficas, medalhas, troféus, comendas, colares e

láureas, certificados territorial nacional ou internacional, oficializando-

as ou não perante os poderes e órgãos constituídos e outorgando aos

agraciados em solenidades cívicas;

19. Promover o desenvolvimento de empreendimentos voltados à

divulgação dos valores de uma mídia livre, colaborativa, libertadora e

cidadã, inclusive utilizando-se da legislação federal, estadual, distrital e

municipal para financiamento dessas atividades.

Parágrafo Primeiro Para cumprir suas finalidades sociais, a

VIRAÇÃO organizar-se-á em tantas unidades quantas se fizerem necessárias, em

todo o território nacional ou no exterior, temporária ou permanentemente,

mediante decisão da Diretoria, e se regerão pelas disposições contidas neste

estatuto.

Parágrafo Segundo No desenvolvimento de suas atividades, a

VIRAÇÃO não fará qualquer discriminação de idade, orientação sexual,

deficiência, raça/etnia, idioma, gênero, condição social, nacionalidade, profissão,

crença, política ou de qualquer natureza.

Parágrafo Terceiro A VIRAÇÃO não distribui ou distribuirá,

entre seus associados, conselheiros, diretores, colaboradores, voluntários ou

doadores eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos,

bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o

exercício de suas atividades, e os aplica integralmente na consecução de seu

objetivo social.

Artigo 4° São princípios da VIRAÇÃO:

a. Participação efetiva e qualificada de adolescentes e jovens;

b. Valorização das potencialidades e habilidades de adolescentes e

jovens;

c. Respeito às diversidades humanas;

d. Fomento da dignidade do ser humano;

e. Defesa da justiça social;

f. Respeito ao ambiente em defesa de um desenvolvimento integral, justo

e solidário;

g. Promoção de ações e projetos colaborativos e cooperativos;

h. Defesa e valorização da esfera pública;

i. Autodeterminação dos povos;

j. Percepção de uma comunicação integral e integradora;

k. Valorização de uma cultura institucional holística e sinérgica e do

desenvolvimento integral de seus colaboradores e públicos envolvidos.

Artigo 5º A existência da VIRAÇÃO é indeterminada, podendo ser

dissolvida a qualquer tempo, observadas as disposições deste Estatuto e da

legislação vigente.

Page 85: Confira a tese

83

Artigo 6º A critério da Diretoria, a Organização poderá firmar

convênios, intercâmbios, promover iniciativas conjuntas com outras associações,

fundações e entidades públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras.

CAPÍTULO II

DO PATRIMÔNIO SOCIAL E DAS RECEITAS

Artigo 7° O patrimônio da organização será constituído por

bens móveis, imóveis, veículos, semoventes, ações e títulos da dívida pública e

todos os bens que vierem ser acrescidos ao patrimônio da VIRAÇÃO.

Artigo 8° As fontes de recursos da VIRAÇÃO serão

constituídas por:

5 Doações, dotações, heranças, subsídios, bens,

direitos e créditos oriundos de qualquer pessoa física ou jurídica,

pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os rendimentos

produzidos por esses bens;

6 Receitas provenientes dos serviços prestados, da

venda de publicações, da venda de anúncios veiculados em suas

publicações e as receitas patrimoniais;

7 Acordos, contratos, convênios, termo de

cooperação celebrado com pessoas físicas, jurídicas, públicas ou

privadas;

8 Valores obtidos pela realização de eventos e

atividades, desde que revertidos totalmente em beneficio da associação;

9 Rendimentos financeiros e outras rendas

eventuais;

10 Quaisquer outros atos lícitos e compatíveis com

o objeto social da VIRAÇÃO e com os termos deste Estatuto.

Parágrafo Primeiro Será integralmente empregado, no território

nacional, e na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais, o

patrimônio, as rendas, os recursos e eventual resultado operacional da

VIRAÇÃO.

Parágrafo Segundo Todas as despesas da

VIRAÇÃO deverão estar estritamente relacionadas com seu objeto social.

CAPÍTULO III

DA ADMISSÃO, EXCLUSÃO, DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS

ASSOCIADOS

Artigo 9° Os associados da VIRAÇÃO são pessoas físicas

que se identificam e contribuem para a consecução de suas finalidades e

satisfaçam as condições de admissão estabelecidas neste Estatuto.

Parágrafo Único A VIRAÇÃO é constituída

por número ilimitado de associados que compartilham os objetivos e princípios

Page 86: Confira a tese

84

da Organização.

Artigo 10 Os associados são divididos em duas categorias:

1. Fundadores: são os que estiveram presentes na assembléia de

fundação da VIRAÇÃO, assinando a respectiva ata e

comprometendo-se com suas finalidades;

2. Efetivos: são aqueles que desejam colaborar com a finalidade da

VIRAÇÃO, incorporados pela aprovação da Assembléia Geral.

Parágrafo Primeiro Os novos associados farão parte da

Viração por indicação de associados fundadores ou efetivos ou por pedido

enviado por carta formal solicitando filiação e dirigida à Diretoria.

Parágrafo Segundo Os associados não responderão, nem

mesmo subsidiariamente, pelos encargos da VIRAÇÃO, não podendo falar em

seu nome, salvo se expressamente autorizados pela Diretoria.

Artigo 11 São deveres dos associados:

a. Cumprir e fazer cumprir este estatuto social e o

regimento interno;

b. Respeitar e cumprir as decisões da Assembléia

Geral;

c. Zelar pelo bom nome e pelo fiel cumprimento

dos objetivos da VIRAÇÃO;

d. Auxiliar na formação e conservação do

patrimônio e interesses da VIRAÇÃO; e

e. Não utilizar o nome da VIRAÇÃO para fins

alheios.

Artigo 12 São direitos dos associados:

a. Comparecer e participar, com direito a voz e

voto, de toda Assembléia Geral;

b. Votar e ser votado para os cargos eletivos da

VIRAÇÃO, na forma prevista neste estatuto;

c. Propor modificações no Estatuto da VIRAÇÃO;

d. Propor diretrizes de ação para a VIRAÇÃO;

e. Participar de todas as atividades organizadas;

f. Frequentar a sede social da VIRAÇÃO; e

g. Desligar-se do quadro social, enviando o seu

pedido a Diretoria Executiva, quando não seja mais de seu interesse

participar da VIRAÇÃO.

Artigo 13 A perda da qualidade de associado determinada

pela Diretoria, será admissível somente havendo justa causa, assim reconhecida

Page 87: Confira a tese

85

em procedimento disciplinar, em que fique assegurado o direito da ampla defesa,

quando ficar comprovada a ocorrência de:

a. Violação do estatuto social;

b. Difamação da VIRAÇÃO, de seus membros ou

de seus associados;

c. Atividades contrárias às decisões das assembléias

gerais;

d. Prática de atos incompatíveis com os princípios

defendidos pela VIRAÇÃO.

Parágrafo Primeiro A decisão de exclusão de

associado será tomada pela maioria dos membros da Diretoria.

Parágrafo Segundo Da decisão da Diretoria, de exclusão de associado,

caberá recurso à Assembléia Geral.

CAPÍTULO IV

DA ASSEMBLÉIA GERAL

Artigo 14 A Assembléia Geral, o órgão supremo da

VIRAÇÃO, será constituída pela totalidade dos associados.

Parágrafo Primeiro A Assembléia Geral reunir-se-á, ordinariamente,

uma vez por ano, até o quarto mês de cada exercício da Organização, e,

extraordinariamente, a qualquer tempo.

Parágrafo Segundo A Assembléia Geral poderá ser convocada pelo

Presidente da Diretoria, ou igualmente mediante solicitação formulada por dois

integrantes do Conselho Fiscal ou por requerimento de 1/5 (um quinto), no

mínimo, dos associados. Nas duas últimas situações, o Presidente deverá

providenciar a convocação, na forma prevista neste estatuto, no prazo de 15

(quinze) dias, a partir do recebimento da solicitação.

Artigo 15 Compete à Assembléia Geral:

a. Indicar e eleger e os membros da Diretoria,;

b. Destituir os membros da Diretoria;

c. Indicar e eleger os membros do Conselho

Fiscal;

d. Destituir os membros do Conselho Fiscal;

e. Apreciar e aprovar, anualmente, as contas dos

administradores, examinar e deliberar sobre as demonstrações

financeiras, bem como os relatórios e pareceres apresentados pela

Diretoria e pelo Conselho Fiscal;

f. Alterar o Estatuto Social;

g. Aprovar o Regimento Interno, quando

elaborado;

h. Ratificar a admissão de associados;

Page 88: Confira a tese

86

i. Deliberar sobre recurso contra a exclusão de

associado, nos termos do artigo 13, supra;

j. Aprovar a dissolução da VIRAÇÃO e deliberar

sobre a liquidação de seus ativos;

k. Autorizar a aquisição, compra, venda, permuta,

transferência ou qualquer forma de alienação de bens imóveis da

VIRAÇÃO;

l. Apreciar qualquer matéria requerida por

associado, ainda que não expressamente prevista neste Estatuto.

Artigo 16 A Assembléia Geral deverá ser convocada por meio

de edital, afixado na sede da VIRAÇÃO ou por correspondência, correio

eletrônico, ou por qualquer outro meio eficiente, enviado a todos os associados,

com antecedência mínima de (10) dez dias, e deverá incluir a data, hora, o local

de realização e a ordem do dia.

Artigo 17 A Assembléia Geral deverá ser instalada em

primeira convocação, com a presença de pelo menos a maioria absoluta dos

associados e, em segunda convocação, meia hora depois, com qualquer número.

Parágrafo Primeiro A Assembléia Geral será presidida pelo presidente

da Diretoria.

Parágrafo Segundo O Presidente da Assembléia Geral deverá convocar

um associado presente para secretariar a mesa de trabalho, na ausência do

Secretário.

Parágrafo Terceiro As decisões serão aprovadas pela maioria simples

dos votos dos associados presentes, salvo as exceções previstas no presente

estatuto. Em caso de empate, caberá ao Presidente da Assembléia Geral o voto de

qualidade.

Parágrafo Quarto Para as deliberações

referentes a alterações estatutárias, destituição de membros da Diretoria e do

Conselho Fiscal e dissolução da VIRAÇÃO, exigir-se-á o voto de 2/3 (dois

terços) dos presentes à Assembléia Geral, que deverá ser especialmente

convocada para esse fim. A Assembléia instalar-se-á, em primeira convocação,

com a presença da maioria absoluta dos associados da Organização, e em segunda

convocação, com pelo menos 50% (cinquenta por cento) dos associados da

VIRAÇÃO.

Parágrafo Quinto As deliberações da

Assembléia Geral deverão constar de atas que serão registradas em livro próprio a

ser mantido na sede social da VIRAÇÃO.

CAPÍTULO V

DOS ORGÃOS ADMINISTRATIVOS DA ORGANIZAÇÃO

Artigo 18 São órgãos administrativos da Organização:

Page 89: Confira a tese

87

Diretoria;

Conselho Consultivo; e

Conselho Fiscal.

Parágrafo Único Não percebem seus diretores, conselheiros, associados,

instituidores, benfeitores ou equivalentes remuneração, vantagens ou benefícios,

direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título, em razão das competências,

funções ou atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos

constitutivos.

Os integrantes dos órgãos administrativos da VIRAÇÃO desempenharão suas

funções e atribuições sem remuneração, podendo, no entanto, receber reembolso

de despesas realizadas no exercício de suas funções, mediante comprovação.

excluir

Artigo 19 A Diretoria da VIRAÇÃO será constituída por 03

(três) diretores, os quais ocuparão os cargos de Presidente, Vice-presidente e

Secretário, com mandato de 4 (quatro) anos, admitindo-se a reeleição para o

mesmo cargo.

Seção I

DIRETORIA

Artigo 20 Compete à Diretoria:

a. Elaborar programa anual de atividades da

VIRAÇÃO e acompanhar sua execução;

b. Apresentar ao Conselho Consultivo o relatório

anual das atividades, bem como encaminhá-lo aos órgãos competentes;

c. Resolver questões relativas à admissão e

demissão de colaboradores;

d. Apreciar e aprovar as previsões orçamentárias da

Organização;

e. Zelar pelo patrimônio da Organização;

f. Autorizar a compra, venda ou doação de bens

móveis e imóveis;

g. Decidir sobre a criação e extinção de filiais ou

projetos de atendimento, comunicando oportunamente aos órgãos

competentes;

h. Nomear o coordenador das filiais ou projetos de

atendimento;

i. Resolver os casos omissos no presente Estatuto

"ad referendum" da Assembléia Geral.

Parágrafo Único A Diretoria reunir-se-á sempre que for

necessário, por convocação do Presidente.

Artigo 21 Compete ao Presidente:

Page 90: Confira a tese

88

1. Convocar e presidir as reuniões da Diretoria e as Assembléias Gerais;

2. Representar a VIRAÇÃO, ativa, passiva, judicial e extrajudicialmente

e, em geral, em suas relações com terceiros, podendo delegar

procuração, caso por caso, a outro integrante da Diretoria ou a

integrante da Coordenação Executiva da Organização;

3. Realizar superintendência das atividades da Secretaria;

4. Delegar poderes a terceiros, em nome da VIRAÇÃO, mediante

outorga de procurações para fins específicos e por prazos

determinados;

5. Resolver os negócios urgentes, dando ciência à Diretoria ou ao

Conselho Consultivo na primeira reunião que houver;

6. Autorizar pagamentos, mantendo e movimentando contas bancárias,

sacando e endossando cheques e títulos de crédito em geral;

7. Ouvida a Diretoria, firmar convênios com órgãos dos poderes públicos

federais, estaduais e municipais, e também com entidades particulares;

e

8. Receber doações ou legados de particulares e subvenções dos poderes

públicos.

Artigo 22 Compete ao Vice-Presidente auxiliar o Presidente em suas

atribuições e substituí-lo em suas faltas e impedimentos temporários.

Parágrafo Único Em caso de substituição, terá todos os

poderes do Presidente, expressos no artigo 21.

Artigo 23 Compete ao Secretário:

2 Redigir e manter, em dia, transcrição das atas das Assembléias Gerais e

das reuniões da Diretoria Executiva;

3 Redigir e providenciar correspondência dos órgãos Administrativos da

VIRAÇÃO; e

4 Manter e ter sob sua guarda o arquivo da Organização.

Artigo 24 A eleição da Diretoria será realizada a cada 04 (quatro) anos,

mediante proposta de chapas apresentadas pela diretoria anterior ao Conselho

Consultivo, que deverá ser eleita, por maioria absoluta de seus membros,

presentes em Assembléia Geral especialmente convocada.

Parágrafo Único No caso de rejeição, a Diretoria deverá

apresentar novas chapas de composição, quantas vezes forem necessárias para sua

aprovação.

Artigo 25 A Diretoria ou qualquer de seus membros poderá a qualquer

tempo ser destituída por decisão de dois terços (2/3) dos associados em

Assembléia Geral Extraordinária, especialmente convocada para esse fim, de

acordo com a previsão estatutária.

Parágrafo Único Em caso de destituição da Diretoria ou de

algum de seus membros, a Assembléia Geral indicará os diretores interinos,

Page 91: Confira a tese

89

sendo vedado o acúmulo de cargos, para o restante do mandato do (s) destituído

(s).

Artigo 26 Em caso de vacância do cargo de presidente, assume em seu

lugar o vice-presidente. Em caso de vacância de qualquer outro cargo, será ele

preenchido por indicação da Diretoria remanescente, após aprovação pelos

associados presentes na Assembléia Geral, no prazo máximo de 60 (sessenta)

dias.

Seção II

DO CONSELHO CONSULTIVO

Artigo 27 O Conselho Consultivo será composto por um

número indeterminado de associados fundadores ou/e efetivos ou pessoas

reconhecidas e que realizem serviços relevantes que possam contribuir com as

finalidades da VIRAÇÃO, respeitando a proporção de que pelo menos 30%

(trinta por cento) dos seus integrantes deverão ser adolescentes e/ou jovens na

faixa etária de 16 (dezesseis) a 29 (vinte e nove) anos e que não exerçam

atividades e/ou componham a equipe de trabalho da Viração.

Parágrafo Primeiro O Conselho Consultivo será constituído

por meio de indicação da Diretoria ou pelos seus integrantes e deverão ser

aprovados, pela maioria simples, pelo próprio Conselho.

Parágrafo Segundo O integrante do Conselho Consultivo

poderá pedir desligamento da função mediante comunicação escrita endereça ao

Conselho Consultivo.

Artigo 28 Compete ao Conselho Consultivo:

a. Subsidiar e propor meios e indicativos para a consecução de seus

objetivos; e

b. Contribuir para a construção e sistematização de metodologias

das atividades;

Parágrafo Único Qualquer um dos integrantes do Conselho

Consultivo poderá ser consultado, a qualquer momento, para auxílio no

desenvolvimento das atividades da organização.

Artigo 29 O Conselho Consultivo reunir-se-á ordinariamente uma vez por

ano, em data consensualmente determinada, com o objetivo de cumprir o descrito

no artigo 28 supra.

Parágrafo Único As reuniões do Conselho Consultivo, que serão

presididas pelo Presidente da Diretoria, serão realizadas com qualquer número de

conselheiros presentes.

Seção III

DO CONSELHO FISCAL

Page 92: Confira a tese

90

Artigo 30 O Conselho Fiscal será composto de três membros, eleitos por

Assembléia Geral, com mandato de 4 (quatro) anos, coincidindo com o da

Diretoria, podendo ser reeleitos para o cargo.

Parágrafo Único As atividades dos integrantes do Conselho Fiscal

serão exercidas gratuitamente, sendo-lhes vedado o recebimento de qualquer

remuneração, bonificação ou vantagem.

Artigo 31 Compete ao Conselho Fiscal:

4 Examinar os livros de escrituração da VIRAÇÃO;

5 Analisar anualmente os balanços e relatórios de desempenho financeiro

e contábil e as operações patrimoniais realizadas, emitindo pareceres

para os organismos superiores da VIRAÇÃO;

6 Oferecer representação para a Assembléia Geral sobre qualquer

irregularidade verificada nas contas da VIRAÇÃO;

7 Requisitar à Diretoria, a qualquer tempo, documentação comprobatória

das operações econômico-financeiras realizadas pela VIRAÇÃO;

8 Zelar pela aplicação adequada dos recursos orçamentários da

VIRAÇÃO.

Artigo 32 O Conselho Fiscal ou qualquer de seus membros poderá a

qualquer tempo ser destituída por decisão de dois terços (2/3) dos associados em

Assembléia Geral Extraordinária, especialmente convocada para esse fim, de

acordo com a previsão estatutária.

Parágrafo Único Em caso de destituição do Conselho

Fiscal ou de algum de seus membros, a Assembléia Geral indicará os substitutos

para o restante do mandato do (s) destituído (s).

Artigo 33 Em caso de vacância de qualquer outro cargo, será ele

preenchido por indicação da Diretoria remanescente, após aprovação pelos

associados presentes na Assembléia Geral, no prazo máximo de 60 (sessenta)

dias.

CAPÍTULO VI

DA ADMINISTRAÇÃO DAS FILIAIS E PROJETOS

Artigo 34 Em época determinada pelo Presidente, cada filial ou projeto

apresentará a previsão orçamentária, submetendo-a à aprovação da diretoria.

Parágrafo Primeiro A contratação de colaboradores,

assessoria especial ou qualquer iniciativa que implique em despesas exigirá

prévia consulta à diretoria da Viração e dependerá de sua aprovação.

Parágrafo Segundo Todas as reformas ou aquisições devem

ser solicitadas por escrito à diretoria da Viração.

Page 93: Confira a tese

91

Parágrafo Terceiro As determinações contidas nos parágrafos

1º e 2º aplicam-se a matriz, todas as filiais e projetos.

Artigo 35 O pedido de subvenção ou outro tipo de recurso financeiro para

qualquer filial ou projeto será feito para o Presidente.

Artigo 36 Mensalmente, cada filial ou projeto de atendimento enviará à

Diretoria a relação das despesas e receitas, acompanhada dos respectivos

comprovantes, para confecção dos balancetes e do balanço anual consolidado.

Artigo 37 Anualmente cada filial ou projeto enviará à Diretoria da

VIRAÇÃO relatório de suas atividades.

CAPÍTULO VII

DO EXERCÍCIO SOCIAL, DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E DE

PRESTAÇÃO DE CONTAS

Artigo 38 O exercício social terá início em 1º de janeiro e

encerrar-se-á em 31 de dezembro de cada ano.

Artigo 39 Ao fim de cada exercício será levantado o Balanço

Geral, serão elaboradas as demonstrações financeiras e preparados os relatórios

da Diretoria, inclusive o relatório anual de execução de atividades, referente às

importâncias recebidas e despendidas no decorrer do exercício, a serem

submetidos à apreciação da Assembléia Geral Ordinária e do Conselho Fiscal.

Parágrafo Primeiro As demonstrações financeiras e os relatórios de

atividades referentes a cada exercício social observarão plenamente os princípios

fundamentais de contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade.

Parágrafo Segundo Será dada publicidade por qualquer meio eficaz às

demonstrações financeiras, aos relatórios de atividades da VIRAÇÃO referentes

a cada exercício social e às certidões negativas de débito perante o Instituto

Nacional de Seguridade Social – INSS e o Fundo de Garantia por Tempo de

Serviço - FGTS, colocando-os também a disposição para exame de qualquer

cidadão.

Parágrafo Terceiro As demonstrações financeiras da VIRAÇÃO

poderão ser auditadas – inclusive por auditores externos independentes, se for o

caso.

Artigo 40 A prestação de contas da VIRAÇÃO será realizada

sobre a totalidade de suas operações patrimoniais e de seus resultados,

observando-se o disposto na legislação aplicável.

CAPíTULO VIII

DA DISSOLUÇÃO E DA LIQUIDAÇÃO

Artigo 41 A VIRAÇÃO poderá ser dissolvido, a qualquer

tempo, uma vez constatada a impossibilidade de sua sobrevivência, face à

Page 94: Confira a tese

92

impossibilidade da manutenção de seus objetivos sociais, ou desvirtuamento de

suas finalidades estatutárias ou, ainda, por carência de recursos financeiros e

humanos, mediante deliberação de Assembléia Geral Extraordinária,

especialmente convocada para este fim.

Artigo 42 Em caso de dissolução ou extinção da

VIRAÇÃO, seu patrimônio será destinado, em Assembléia Geral, nos termos

deste estatuto, a entidade congênere registrada no Conselho Nacional Assistência

Social – CNAS ou a entidade pública.

CAPÍTULO IX

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

Artigo 43 O associado que se retirar ou for excluído da

Organização não fará jus a qualquer restituição ou reembolso de contribuições ou

doações que tenha feito à entidade, de cujo patrimônio não participam os

associados.

São Paulo, 31 de agosto de 2009

___________________________

_______________________________

Vicente de Paulo Pereira Lima Lilian Cristina Ribeiro Romão

Presidente da Assembléia Secretária da Assembléia

Advogada

Ana Lopez Prieto

OAB/SP 120.272

Page 95: Confira a tese

93

Carta de Princípios e Valores da Viração Educomunicação

Viração tem como missão fomentar e divulgar processos e práticas de educomunicação e

mobilização entre jovens, adolescentes e educadores para a efetivação do direito humano à

comunicação e para a transformação socio-ambiental.

Viração adota o referencial teórico do campo de intervenção sócio-educativa denominado

“educomunicação”, definida pelo Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de

São Paulo como o conjunto das ações inerentes ao planejamento, implementação e avaliação

de processos, programas e produtos destinados a criar e a fortalecer ecossistemas

comunicativos abertos, democráticos e participativos, e a ampliar os espaços de expressão na

sociedade através de uma gestão democrática dos recursos da comunicação.

Viração promove, por meio de suas ações, projetos e processos de educomunicação, um

espaço aberto de encontro para o aprofundamento da reflexão, o debate democrático de ideias,

a formulação de propostas, a troca livre de experiências e a articulação para ações eficazes, de

adolescentes e jovens organizados ou não institucionalmente.

Viração trabalha para desenvolver metodologias para que adolescentes e jovens possam

participar e coordenar, com o apoio de outros jovens e adultos facilitadores e por meio da

Educação entre Pares, projetos de comunicação nas escolas e nas suas comunidades;

contribuir para o monitoramento e a incidência política nas políticas públicas de comunicação

em uma perspectiva dos adolescentes e jovens; contribuir com processos de participação

sustentáveis e continuados de adolescentes e jovens nas instâncias de decisão, na família, na

comunidade, nas escolas e nas políticas públicas, por meio de processos, ações e produtos de

educomunicação.

Viração acredita que adolescentes e jovens são ricos em criatividade e em desenvolver

mecanismos para a defesa da própria cultura, o que se comprova nos modos de convivência,

nas linguagens desenvolvidas, nos códigos de valores éticos e morais, nas redes de

solidariedade e manifestações culturais e artísticas que compõem a diversidade das

adolescências e das juventudes brasileiras.

Viração trabalha para que a Comunicação seja um direito exercido por todos e se transforme

em instrumento indispensável à construção de uma verdadeira ordem democrática.

Viração promove o desenvolvimento de empreendimentos voltados à divulgação dos valores

de uma mídia livre, colaborativa, libertadora e cidadã, inclusive utilizando-se da legislação

federal, estadual, distrital e municipal para financiamento dessas atividades.

Viração apóia, estimula, desenvolve, sistematiza e divulga atividades de promoção humana,

social, cultural e educacional, em especial junto a crianças, adolescentes e jovens.

Viração desenvolve mecanismos e formas de difusão das experiências dos que atuam junto

aos movimentos de defesa dos direitos de crianças, adolescentes e jovens, ou ainda daqueles

que possam contribuir com seu conhecimento àqueles movimentos.

Viração contribui para a formação política dos cidadãos, disseminando valores da

democracia, dos direitos sociais, da educação à paz e não violência, da solidariedade entre os

Page 96: Confira a tese

94

povos, do respeito à diversidade étnico/racial, de gênero, sexual, cultural, ambiental e

religiosa.

No desenvolvimento de nossas atividades, Viração não faz qualquer discriminação de idade,

orientação sexual, deficiência, raça/etnia, idioma, gênero, condição social, nacionalidade,

profissão, crença, política ou de qualquer natureza.

Viração é apartidária e areligiosa. O trabalho está disponível para o público

independentemente de qualquer filiação partidária ou seguimento de qualquer religião.

Viração não aceita contribuições que impliquem posicionamento predeterminado diante de

qualquer tema ou outro procedimento que de alguma forma comprometa a integridade moral e

intelectual de seus trabalhos. Sua agenda não é ditada ou comprometida com qualquer fonte

financiadora, que a torne representante de qualquer interesse de doador ou empresa.

Viração, por meio de sua diretoria executiva, fará alianças, parcerias e buscará fontes

financiadoras junto a governos e instituições que respeitam os direitos humanos, as leis

trabalhistas, os direitos de crianças, adolescentes e jovens garantidos no Estatuto da Criança e

do Adolescentes e na Convenção Internacional dos Direitos da Infância, e o ecossistema

socio-ambiental.

Page 97: Confira a tese

95

REGIMENTO INTERNO DA VIRAÇÃO EDUCOMUNICAÇÃO

Art. 1º. BASE CONCEITUAL

Trata-se de um conjunto de normas, procedimentos práticos e aspectos do dia a dia da Viração

Educomunicação para regulamentar o seu funcionamento. Para efeito de transparência e

participação ativa e responsável de todas e todos, uma cópia desse regulamento interno será

entregue a cada um dos/as colaboradores/as da Viração mediante recibo, ou seja, mediante um

comprovante de seu recebimento e de sua leitura, como sinal de reconhecimento, tomada de

consciência e aprovação acerca desses acordos compartilhados.

Art. 2º PREMISSA

Este Regimento Interno é fruto de um processo iniciado em março de 2003, quando da criação

da Viração Educomunicação, e se apresenta como uma tentativa de criar condições reais,

práticas e concretas para que a entidade desenvolva suas atividades de acordo com seus

objetivos e princípios buscando ampla participação democrática com qualidade e

representatividade, debate aberto, transparência e definição de propostas e encaminhamentos

concretos.

Art. 3º DOS TIPOS DE COLABORAÇÃO NA VIRAÇÃO

Existem três formas de colaborar individualmente com a Viração Educomunicação: como

colaborador/a voluntário/a, colaborador/a estagiário/a e colaborador/a remunerado/a.

1) Colaborador/a Voluntario/a

A Viração Educomunicação aceitará a prestação de serviços voluntários, não remunerados, de

acordo com suas demandas, necessidades e conforme dispõe a lei do Voluntariado n.º

9.608/1998.

O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de termo de adesão entre a Viração

e o colaborador/a voluntário/a, constanto, necessariamente, os detalhes da atividade a serem

desenvolvidas na sede ou à distância, por meio das novas tecnologias da informação e da

comunicação, bem como o período da atividade.

O/a colaborador/a voluntário poderá ser ressarcido/a pelas despesas de transporte e refeição

que comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias. As despesas a

serem ressarcidas deverão estar expressamente autorizadas pela diretoria executiva da Viração

Educomunicação, pagas pelo departamento de pessoal e serão previstas no orçamento de

acordo com as possibilidades da entidade. As demais despesas serão analisadas previamente

caso a caso pela diretoria executiva da Viração Educomunicação e pelo departamento de

pessoal.

Também está previsto para o colaborador/a voluntário/a uma formação de 4 horas sobre

histórico, valores, princípios e os projetos desenvolvidos pela Viração. Esta formação será

realizada durante o primeiro dia de atividade do/a voluntário/a sob responsabilidade de

integrantes da diretoria executiva e/ou coordenadores de área de projetos, por meio de

palestra/ conversa e leitura de documentos (Estatuto, Regimento Interno e Revista) da Viração

Educomunicação.

O termo de voluntariado deve ser assinado por todos/as os/as colaboradores/as voluntários/as

e presidente da Viração Educomunicação.

Page 98: Confira a tese

96

2) Colaborador/a Estagiário/a

Em comum acordo com a diretoria da Viração Educomunicação, cada projeto da Viração

Educomunicação deve avaliar a necessidade e a oportunidade de contar com a colaboração de

estagiários/as, até porque desde o seu início, a entidade busca valorizar o estágio como

oportunidade e espaço de formação profissional e de crescimento individual e coletivo.

De acordo com a lei do estágio nº 11.788/2008, seguem requisitos que devem ser respeitados

pela Viração para a contratação de estagiários:

11 Celebrar Termo de Compromisso entre o estagiário, a Viração Educomunicação e a

instituição de ensino, prevendo as condições de adequação do estágio à proposta

pedagógica do curso, à etapa e modalidade da forma escolar do estudante e ao horário

e calendário escolar;

12 Ofertar instalações que tenham condições de proporcionar ao estagiário atividades de

aprendizagem social, profissional e cultural, observando o estabelecido na legislação

relacionada à saude e segurança no trabalho;

13 Indicar funcionário do quadro de pessoal, com formação ou experiência profissional

na área de conhecimento desenvolvida no curso do estagiário, para orientar e

supervisionar até 10 estagiários simultaneamente, que será o responsável pelo Projeto

no qual o estagiário fará parte;

14 Contratar em favor do estagiário seguro contra acidentes pessoais, cuja apólice seja

compatível com valores de mercado;

15 Enviar à instituição de ensino de 6 em 6 meses, relatório de atividades, com vista

obrigatória do estagiário;

16 A duração da jornada diária de estágio, deverá ser compatível com as atividades

escolares e respeitar os seguintes limites:

20. 4 horas diárias e 20 horas semanais, no caso de estudantes de educação

especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional

de educação de jovens e adultos;

21. 6 horas diárias e 30 horas semanais, no caso de estudantes do ensino

superior, da educação profissional de nível médio e do ensino medio regular;

22. 8 horas diárias e 40 horas semanais, no caso de cursos que alternam

teoria e prática, nos períodos em que não estão programadas aulas presenciais,

desde que esteja prevista no projeto pedagógico do curso e da instituição de

ensino.

17 O prazo de duração do estágio, será de até 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de

estagiário portador de deficiência;

18 Para o estágio não obrigatório é compulsória a concessão de bolsa ou outra forma de

contraprestação que venha a ser acordada, bem como o auxilio- transporte,porém

para o estágio obrigatório, a concessão de bolsa ou outra forma de contraprestação e

auxílio transporte é facultativa. A remuneração do/a estagiário/a será definida

anualmente, pela Diretoria Executiva, com base em dois patamares, um de

estagiários do Ensino Médio e outro do Ensino Superior.

19 Dentro de cada período de 12 meses o estagiário deverá ter um recesso de 30 dias,

que poderá ser concedido em período contínuo ou fracionado, conforme estabelecido

no termo de compromisso;

20 Quando se tratar de estudantes de ensino médio não profissionalizante, de escolas

especiais e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da

Page 99: Confira a tese

97

educação de jovens e adultos, o número máximo de estagiários por estabelecimento

concedente será calculado em relação ao quadro de pessoal da Viração

Educomunicação nas seguintes proporções:

5 De 1 a 5 empregados: um estagiário;

6 De 6 a 10 empregados: ate 2 estagiários;

7 De 11 a 25 empregados: ate 5 estagiários; e

8 Acima de 25 empregados, ate 20% de estagiários.

Para a seleção de novos estagiários, a Diretoria Executiva da Viração Educomunicação junto

com os responsáveis pelos projetos deverão lançar um edital público postado no site

institucional da Viração Educomunicação e demais sites da instituição e de parcerios. Tal

edital deve conter uma breve apresentação da Viração, requisitos básicos, habilidades, carga

horária, remuneração prevista e prazo de inscrição de no mínimo 15 dias.

3) Colaboradores/as remunerados/as

O/A colaborador/a remunerado/a que integra a equipe é registrado/a em regime de CLT e

adquire aumento salarial de acordo com o dissídio estipulado anualmente pelo Sindicato dos

Empregados em Instituições Beneficentes, Religiosas e Filantrópicas de São Paulo ao qual

Viração Educomunicação está filiada. Outros aumentos salariais serão realizados de acordo

com as possibilidades financeiras da entidade. Tal decisão deverá passar por um processo de

discussão durante as reuniões de equipe e reuniões das diretorias executiva e institucional.

O/A colaborador/a remunerado/a será incentivado/a a realizar ação voluntária quando

necessário, ficando a seu critério a decisão e em comum acordo com toda a equipe.

O pagamento do salário será efetuado, como previsto por Lei, até o quinto dia útil do mês

imediatamente posterior aos serviços prestados, por meio de cheque nominal.

Cada equipe se compromete a cumprir as metas estabelecidas para a semana, conforme

acordado com suas/seus coordenadoras/es previamente.

9. A Viração Educomunicação adota procedimentos pré-demissionais e demissionais

definidos com base em seu estatuto e às leis trabalhistas. São advertidos colaboradores

que:

10. não justificam faltas, atrasos e mudanças de horários: a terceira ocorrência deve ser

comunicada ao Administrativo, para descontos proporcionais na folha de pagamento;

11. não cumprem acordos e planos de trabalhos conjuntos e não apresentam justificativas

aos seus gestores, estabelecidos com as equipes executoras dos projetos e atividades

da Viração Educomunicação;

12. mantêm posturas, interna e externamente, não compatíveis com a missão, valores e

princípios estabelecidos no Estatuto de Viração Educomunicação.

A Viração Educomunicação, em cada situação, adotará três etapas de sinalização para a

responsabilidade do/a colaborador/a: a primeira representa uma conversa inicial para acertar

procedimentos. A segunda consiste em um momento de advertência sobre a continuidade do

comportamento. A terceira é a última sinalização antes do procedimento de demissão.

Cada colaborador/a cumprirá suas horas de trabalho conforme acordado, no ato da admissão,

com a diretoria executiva e responsáveis pelos projetos. Avisar um dia antes se for chegar

mais tarde ou sair mais cedo do previsto. A tolerância da flexibilidade do horário é de no

máximo 1 (uma) hora. Caso o/a colaborador/a não cumprir o acordado, será advertido pela

diretoria executiva. A repetição por mais de 3 (três) vezes do não cumprimento de tal acordo

pode levar à demissão por justa causa.

Page 100: Confira a tese

98

O horário de funcionamento da Viração Educomunicação é das 09h às 18h, de segunda-feira

a quinta-feira e das 09h as 13h de sexta-feira, somando 36 horas semanais. Qualquer alteração

deverá ser acordada com a equipe e diretoria executiva.

4) Acordo de Compensação de Horas

De acordo o parágrafo 2º do artigo 59 da CLT, poderá ser dispensado o acréscimo de salário

(hora extra) se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em

um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não

exceda, no período máximo de cento e vinte dias, à soma das jornadas semanais de trabalho

previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias. Sendo analisado caso a

caso de acordo com a função exercida pelo colaborador contratado e seu respectivo sindicato.

Quando de cobertura/ trabalho fora do horário de trabalho, seguiremos os seguintes

procedimentos:

3. Em caso de (horas extras) saída à noite, o/a colaborador/a pode chegar mais tarde ou

sair mais cedo no dia seguinte ao local de trabalho, cobrindo as horas extras que

passou no evento, em comum acordo com a diretoria executiva e os coordenadores do

projeto em que o/a colaborador/a está inserido/a.

4. Em caso de participação integral na cobertura de evento que acontece no sábado e no

domingo ou em feriado, a pessoa folga dois dias alternados ao longo do mês em que se

realizou o evento. Quando evento durar um dia ou menos, a pessoa folga um dia ou o

equivalente de horas. Cada coordenador/a se responsabiliza em enviar um e-mail para

a diretoria executiva, informando sobre as datas de folga dos integrantes de suas

equipes.

Situações especiais poderão ser acordadas com as equipes dos projetos, equipe geral e

diretoria executiva da Viração Educomunicação. Comunicados prévios deverão ser

feitos à diretoria executiva e ao departamento de pessoal.

5) Férias

Todos os/as colaboradores/as da Viração Educomunicação seguem seus respectivos acordos

garantidos pelas leis vigentes (Lei do Voluntariado, Lei do Estágio e CLT) e de comum

acordo com a diretoria da Viração.

9 Viração Educomunicação não compra férias de seus colaboradores porque considera

importante o descanso.

Os assuntos referentes a férias deverão ser tratados previamente com os/as coordenadores dos

projetos e aprovados pela diretoria executiva e departamento de pessoal.

Art. 4º DA ORGANIZAÇÃO DA EQUIPE DE COLABORADORES/AS

1) Reunião de Equipe

A equipe de colaboradores/as (voluntários/as, estagiários/as e remunerados/as) que atua na

sede da Viração Educomunicação fará reunião mensal com data e horários de duração a ser

combinados por todos e todas, sendo que a reunião de equipe deverá ter um/a facilitador/a e

um/a secretário/a, escolhidos pela equipe e com função de mobilizar, coordenar a atividade e

redigir a ata.

Page 101: Confira a tese

99

A pauta de cada reunião de equipe será definida por todas e todos 2 dias antes e compartilhada

via e-mail ou outra tecnologia da informação e comunicação. Em caso de discordância com a

pauta, o/a integrante da equipe deve expor sua motivação e seus argumentos via e-mail a toda

equipe.

Quando não for possível a presença de todos os integrantes das equipes de projetos, será

necessário, pelo menos, um representante por projeto na reunião de equipe;

A reunião acontecerá sempre por um período mínimo de 3 horas, ou de acordo com a

necessidade da equipe. E deverá ocorrer sempre no período de horário de trabalho, com

preferência pela tarde.

A reunião de equipe terá três momentos principais:

Momento sonhalista, dedicado à leitura de um texto significativo ou uma dinâmica

participativa ou uma dança; enfim algo envolvente para trabalhar a percepção e a

emoção do grupo como um todo. Este momento será coordenado pelo/a facilitador/a e

secretário/a da reunião de equipe e participação de outros integrantes da equipe.

Momento de discussão e resolução de assuntos relacionados ao dia-a-dia da Viração

que constarão na pauta decidida antecipadamente;

Momento de compartilhamento de informações sobre os projetos em andamento.

2) Formação continuada da Equipe

Viração Educomunicação acredita na importância de investir no processo de formação

permanente de seus/suas colaboradores/as. Por isso, proporcionará momentos de formação de

toda a equipe com carga horária a ser definida em reunião de equipe. O principal objetivo è

aprofundar conceitos e práticas de educomunicação e temas afins aos objetivos e princípios da

entidade. O calendário, a periodicidade e o formato dos dias de formação serão definidos

durante o planejamento estratégico anual ou durante a avaliação semestral deste.

O Planejamento estratégico terá a seguinte metodologia: avaliação das atividades realizadas

no ano anterior, elaboração de um plano de projetos e ações concretas a serem realizadas para

cada área da entidade, com prazos e responsáveis. Após seis meses, tal planejamento deve

passar por uma avaliação e redefinição de ações e cronogramas.

Art. 5º DO USO DO ESPAÇO E DOS EQUIPAMENTOS

1) Para os/ as colaboradores/as

Os integrantes de cada projeto devem se responsabilizar pela limpeza e ordem do espaço e o

bom funcionamento dos equipamentos utilizados durante as atividades realizadas dentro e

fora da sede, como computadores de mesa e portáteis, tela e projetor, máquinas fotográficas e

de vídeo, gravadores etc.

Outras recomendações importantes:

- Ao deixar a redação, lavar xícaras e copos que utilizou;

- O último a sair da redação deve deixar as janelas abertas, fechar todas as portas, desligar

todas as luzes;

- Todos que saem depois das 18h são responsáveis por descer com o lixo;

- O almoço deve durar 1 hora – sem horário fixo, mas deve ocorrer um rodízio para garantir a

presença na sede.

- É função dos/as colaboradores/as cuidar da manutenção dos equipamentos e materiais de

trabalho, exceto computadores, que exigem manutenção especifica.

Page 102: Confira a tese

100

2) Para os/as parceiros/as

O/a parceiro/a que estiver interessado/a em usar o espaço, ou os equipamentos da Viração

Educomunicação só poderá fazê-lo quando os mesmo forem utilizados na sede da Viração

Educomunicação. A solicitação deverá ser feita por escrito e enviada por e-mail para a

diretoria da entidade: [email protected]. Em caso de avaria de equipamentos, o/a

parceiro/a deverá providenciar o conserto ou ressarcimento em no máximo 15 dias. Este e

outros procedimentos constarão em um contrato para o uso do espaço e equipamentos da

Viração Educomunicação, assinado pelos representantes legais de ambas as entidades.

Quanto ao uso do espaço, o/a parceiro/a deve deixá-lo nas condições de limpeza e ordem que

encontrou antes do uso. Em se tratando de um curso, será cobrada uma taxa a ser calculada

pela diretoria executiva da Viração, previamente a ser acordada com o/a parceiro/a para cobrir

despesas de administração. O pagamento da taxa deverá ser efetuado 2 (dois) dias após a

realização da atividade.

Art. 6º DA RESPONSABILIDADE FINANCEIRA E FISCAL

Cada colaborador/a da Viração Educomunicação deve solicitar pelo menos três orçamentos

antes de realizar qualquer compra ou pedir serviço para seus respectivos projetos. Também

deve exigir nota fiscal na compra de quaisquer bens ou serviços para seus respectivos

projetos, tendo à mão dados fiscais da Viração Educomunicação. Só através de tais

procedimentos é que a entidade realizará prestação de contas e ressarcimento de despesas.

Em casos excepcionais, tais como: ter que cubrir algum custo extra do próprio bolso

(gasolina, transporte, alimentação etc) em saídas, o/a colaborador/a deve pedir a autorização

da diretoria executiva por telefone e apresentar um relatório com descritivos das despesas e

valores e cupons/ notas fiscais anexas na última semana do mês para a equipe de

departamento pessoal.

Viração Educomunicação não reembolsa despesas apresentadas sem cupons/ notas fiscais,

sendo que toda compra deverá ser autorizada por escrito previamente pela diretoria executiva

e administrativo. Tal reembolso ao/à colaborador/a deve ocorrer até no máximo 5 (sete) dias

úteis e efetuado pelo departamento de pessoal.

Art. 7º SOBRE O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA

COMUNICAÇÃO

Os/As colaboradores/as devem olhar com frequência diária as mensagens enviadas ao e-mail

da equipe. Cada colaborador/a deve ser ético e responsável com relação ao uso pessoal do

MSN, Skype e outras ferramentas de comunicação instantânea via internet em horário de

trabalho. A Viração Educomunicação não limita a utilização dessas ferramentas para fins de

trabalho. Caso o/a colaborador/a sentir necessidade de usar essas tecnologias para uso pessoal

(ex.: atualização de blogs ou páginas pessoais de redes sociais, deverá pedir a autorização da

diretoria executiva em comum acordo com os/as coordenadores/as do projeto em que está

inserido/a.

Art. 8º DAS DOAÇÕES, PATROCÍNIO, ALIANÇAS E PARCERIAS

Viração Educomunicação adota princípios claros para receber doação, patrocínio ou instaurar

parcerias e alianças estratégicas com o governo em todas as suas esferas, empresas e entidades

Page 103: Confira a tese

101

da sociedade civil organizada. São esses os princípios e valores contemplados em nossa Carta

de Princípios e Valores:

Page 104: Confira a tese

102

Projeto/ Revista

Mudança, Atitude e Ousadia Jovem

CNPJ: 74121880/0003-52

Inscrição Estadual: 116.773.830.119

Inscrição Municipal: 3.308.838-1

Razão Social: ASSOCIAÇÃO DE APOIO A MENINAS E MENINOS DA REGIÃO SÉ

Rua Augusta, 1239, conj. 11 – Consolação – 01305-100 São Paulo (SP)

Tel.: (11) 3237-4091/ 9946-6073

PLANO ESTRATÉGICO 2009 - 2013

1. SUMÁRIO EXECUTIVO

Viração é um projeto social de comunicação, educação e mobilização social entre

adolescentes, jovens e educadores, filiado juridicamente à Associação de Apoio às Meninas e

Meninos da Região Sé. Criado em março de 2003, o Projeto impactou na vida de mais de 3,5

milhões de pessoas no Brasil, seja por meio de seu carro-chefe, a Revista Viração, ou por

meio dos vinte projetos especiais desenvolvidos ao longo de seis anos.

O Projeto Viração possui metodologia própria de trabalho e experiência comprovada em

processos, projetos e produtos de educomunicação e de mobilização social juvenil; habilidade

para trabalho em escolas e com grupos de diferentes naturezas; experiência em planejamento,

gestão e habilidade de trabalho em grupo, em parcerias e redes, na implantação e

implementação de projetos sociais na área da infância e juventude; experiência no

desenvolvimento de materiais de comunicação e cobertura jornalística a partir do olhar de

crianças, adolescentes e jovens; e histórico de compromisso com os Direitos da Criança e do

Adolescente.

O carro-chefe é a Revista Viração, uma idéia inovadora que procura aglutinar e favorecer a

comunicação entre outras experiências do mesmo tipo, até então muito localizadas na

comunidade, no bairro, na cidade. A inovação vem de uma metodologia de participação social

de adolescentes e jovens por meio de tradicionais e novas tecnologias da informação e da

comunicação de forma independente, colaborativa, desterritorializada e respeitando a

diversidade regional e cultural do País. A idéia surgiu para unir jovens de todo o Brasil em

torno de alguns princípios como a defesa dos direitos humanos, a educação para a paz e a

solidariedade entre os povos e o empoderamento juvenil também no campo da comunicação.

Para os próximos cinco anos, o Projeto Viração definiu como opção estratégica o

fortalecimento da Revista tanto sob o ponto de vista editorial e gráfico quanto de sua

sustentabilidade financeira. Tal escolha se deve, antes de tudo, à percepção do enorme

potencial de mercado. Existem 180 mil escolas de Ensino Fundamental e Médio, freqüentadas

por 40 milhões de adolescentes e jovens e por 1,7 milhões de professores. A publicação tem

um grande potencial de venda visto a atual conjuntura educacional e cultural. Ministérios e

secretarias de Educação e Cultura estão investindo na compra de materiais pedagógicos para

as mais de 20 mil escolas públicas do Ensino Médio e cerca de 10 mil Pontos de Cultura.

Também se deve ao fato de que os governos, nas mais variadas esferas, estão solicitando

material de apoio para a formação e informação de jovens e criando secretarias,

coordenadorias e outros órgãos e iniciativas voltadas às juventudes.

Page 105: Confira a tese

103

Diante deste contexto, definimos como objetivo principal de nosso planejamento estratégico

passar dos 2 mil assinantes atuais (a maioria cortesia) para 10 mil assinantes pagantes até

2013 distribuídos em todo pais. Isso vai garantir a sustentabilidade financeira da própria

Revista e de eventuais projetos especiais que poderão ser desenvolvidos. Para isso, vamos nos

valer de diversas estratégias de captação e fortalecimento da carteira de assinantes, que vão

desde venda de assinaturas avulsas e venda de pacotes de assinaturas para instituições

governamentais até venda de anúncios com previsão de parte dos recursos serem revertidos

para assinaturas para empresas que desenvolvem ações sociais, até incorporação da assinatura

da Revista nos custos de projetos especiais que venham a ser desenvolvidos pelo Projeto

Viração.

Para atingir esse objetivo, o Projeto Viração elegeu como prioridades as seguintes macro-

iniciativas, visto que entre os principais desafios enfrentados está o da fragilidade econômica,

falta de uma organização forte sob o ponto de vista administrativo e a demanda de um novo

modelo de governança e identidade jurídica própria:

21 desenvolvimento de um plano de marketing para vendas de anúncios e assinaturas e

construção de parcerias;

22 reformulação editorial e gráfica da Revista Viração e do Portal Viração na internet;

23 fortalecimento institucional, incorporando novos colaboradores em sua equipe e

adquirindo uma identidade jurídica própria;

24 consolidação de uma agência de notícias permanente, a Agência Jovem de Notícias.

Page 106: Confira a tese

104

2. ORGANIZAÇÃO

O Projeto Viração é uma organização não-governamental, filial da ONG matriz Associação de

Apoio às Meninas e Meninos da Região Sé. Possui atuação local e nacional e sua situação

jurídica está plenamente regularizada, em conformidade com as leis brasileiras e todos os 20

colaboradores fixos estão em regime de CLT

O Projeto Viração tem a chancela e conta com o apoio institucional de importantes

organismos nacionais e internacionais:

Ashoka Empreendedores Sociais.

9 Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)

10 Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

(UNESCO)

11 Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi)

12 Agência Internacional pela Paz (IPAZ)

13 Núcleo de Educação e Comunicação da Universidade de São Paulo (USP).

No seu atual estágio, o projeto viração conta com mais de 10 projetos sendo incubados, e

acreditando no valor do desenvolvimento de iniciativas sociais e educativas por meio de

parcerias, a Viração desenvolve projetos colaborativos atualmente com mais de 20 entidades

não-governamentais em 21 Estados. Esses projetos colaborativos permanentes são a base para

o funcionamento dos Conselhos Jovens da Revista Viração. Por meio de um Termo de

Cooperação, essas colocam à disposição da Viração um educador social ou estagiário de

Comunicação, responsável pela mobilização dos integrantes do Conselho Jovem da Revista.

Além dessas parcerias permanentes, o Projeto Viração desenvolve projetos temporários, com

duração de até 1 ano, como por exemplo, o Programa de TV Quarto Mundo, em parceria com

a TV USP e ações de mobilização por meio do site A Voz dos Adolescentes

(www.vozdosadolescentes.org.br), em parceria com o Instituto Internacional para o

Desenvolvimento da Cidadania (IIDAC).

Missão

Fomentar e divulgar processos e práticas de educomunicação e mobilização entre jovens,

adolescentes e educadores para a efetivação do direito humano à comunicação e para a

transformação social.

Visão: Tornar-se um referencial nacional em mídia jovem, conquistando novos espaços e

públicos e ampliando a nossa área de abrangência para toda a sociedade.

3. LINHAS DE ATUAÇÃO

Para realizar sua missão e alcançar sua visão, o Projeto Viração combina diferentes linhas de

atuação:

13. Produção da Revista Viração,

De jovem para jovem, com planos de marketing, de divulgação, de captação de assinaturas e

de distribuição nacional bem definidos para passar dos atuais 2 mil assinantes a 10 mil em

cinco anos; com ação local e experimentação educomunicadora; formação e capacitação de

adolescentes, jovens e educadores; fomento à manifestações artísticas e culturais de grupos,

articulação e participação em redes e fóruns em âmbito local, regional e nacional; promoção

de campanhas de sensibilização e mobilização; difusão de informações e conhecimentos;

promoção de debates e intercâmbio e produção de materiais educomunicativos

Page 107: Confira a tese

105

14. Produção da Agência Jovem de Notícias, Iniciativa itinerante que capacita jovens de

diferentes realidades para a produção de materiais jornalísticos, como notícias e

entrevistas com jovens e especialistas, durante toda a duração do evento.

15. Desenvolvimento de Projetos Especiais de Educomunicação:

1. Prestação de serviços nas áreas de produção editorial, educação e mobilização

de escolas e grupos juvenis e comunidades;

2. fomento à manifestações artísticas e culturais de grupos, articulação e

participação em redes e fóruns em âmbito local, regional e nacional;

3. promoção de campanhas de sensibilização e mobilização;

4. assessoria a órgãos públicos, advocacy junto aos poderes executivo, legislativo

e judiciário.

Page 108: Confira a tese

106

4 – ESTRATÉGIAS

O maior desafio da Viração é garantir sua sustentabilidade financeira a partir do negócio

principal, a Revista Viração. O objetivo é conseguir 10.000 assinaturas pagantes, e para isso,

segmentarmos os possíveis públicos-alvos da Viração, e estabelecemos as seguintes

estratégias para cada um deles:

23. Assinaturas para o governo:

30% (3 mil assinaturas) captadas via editais junto aos ministérios da

Educação e da Cultura e campanha de assinaturas coletivas para secretarias

de Educação, de Cultura e de Juventude dos Estados e Municípios.

24. Assinaturas via projetos

20% (2 mil assinaturas) incluídas dentro dos custos dos projetos, pois a

Revista Viração será utilizada como subsídio pedagógico nas atividades de

formação em educomunicação e mobilização social

25. Assinaturas via anúncios:

30% (4 mil assinaturas) serão obtidas via patrocínio de anunciantes

(empresas, governo, ONGs)

26. Assinaturas avulsas:

10% (1 mil assinaturas) serão obtidas por meio de campanhas de

mobilização junto a ex-assinantes, atuais assinantes e novos assinantes

27. Doação de colaboradores:

Page 109: Confira a tese

107

10% (1 mil assinaturas) serão obtidas por meio de campanhas de doação

para assinantes sem condições financeiras de pagar uma assinatura anual

Page 110: Confira a tese

108

5. PÚBLICO

A faixa etária média dos jovens e adolescentes participantes diretos do Projeto Viração está

entre 14 e 22 anos. O Projeto também desenvolve atividades junto a educadores e professores,

que atuam em escolas públicas. Esses jovens, adolescentes e educadores, na maioria das

vezes, vivem em centros urbanos, que passa por uma aceleração do processo de urbanização e

de concentração populacional, o que contribui para a precarização dos serviços públicos, a

insuficiência de oportunidades de inserção social e produtiva, o aumento do desemprego e

subemprego, a degradação do meio ambiente e a queda significativa nos níveis de qualidade

de vida.

Eles são vítimas do crescimento das desigualdades socioeconômicas, que se manifesta de

forma clara na lógica de ocupação espacial dos territórios urbanos. Pressionadas pela

crescente especulação imobiliária e pelo processo de exclusão social, as populações

empobrecidas se concentraram nas comunidades populares afetadas pela falta de estruturas

básicas, como saneamento, pavimentação, iluminação pública, áreas de lazer e limpeza

urbana, bem como pela baixa qualidade de serviços essenciais, como segurança, cultura,

educação e saúde. Tal segregação resulta em dramática fragmentação social e territorial da

urbe, gerando tensões, preconceitos e novas violências contra jovens e adolescentes.

A discriminação desse público com que o Projeto/ Revista Viração trabalha e o fortalecimento

de uma cultura de massa, cada vez mais influenciada pelo processo de globalização, geram a

perda de raízes identitárias, de vínculos sociais e de senso de pertencimento.

Por outro lado, esses jovens, adolescentes e educadores populares têm energia, vitalidade,

criatividade, produtividade e cultura próprias, que são elementos dinamizadores da vida e da

sociedade nas cidades. A riqueza por elas produzida vai de novas arquiteturas, a modos de

convivência, linguagens, códigos de valores éticos e morais, redes de solidariedade e

manifestações culturais e artísticas, que compõem o patrimônio e a identidade brasileira.

O Brasil tem 21 milhões de adolescentes com idade entre 12 e 17 anos. De cada 100

estudantes que entram no ensino fundamental, apenas 40 terminam o ensino médio. A evasão

escolar e a falta às aulas ocorrem por diferentes razões, incluindo violência e gravidez na

adolescência. Em 2003, 340 mil adolescentes tornaram-se mães.

6. EQUIPE RESPONSÁVEL (GOVERNANÇA)

A equipe do Projeto Viração é multidisciplinar, formada por profissionais das áreas de

Comunicação, Educação, Sociologia, Psicologia e Assistência Social.

Há a figura de um coordenador geral da Revista, responsável pela captação de recursos,

representação legal e facilitação de decisões do cotidiano, tomadas em reuniões de equipe

semanais com participação do pessoal das áreas (Administração, Marketing, Conteúdo,

Conselhos Jovens, Escola e Comunidade). Há a instância para tomadas de decisões

estratégicas e de planejamento da organização: o Conselho de Administração, com reuniões

quadrimestrais, formado por um representantes de cada área. Também contamos com o

Conselho Editorial, formado por profissionais que atuam nas áreas de Comunicação e

Educação Social, que ajudam na tomada de decisões editoriais estratégicas e na manutenção

da proposta editorial; e o Conselho Pedagógico, multidisciplinar, que colabora na construção

de propostas pedagógicas para o conteúdo e as oficinas de produção de conteúdo. O Conselho

Jovem tem tanta importância - ou mais - para a revista do que o Conselho Editorial tradicional

porque tem poder de decisão e para sugerir mudanças. Para mais detalhes, ver anexo 02.

7. GESTÃO FINANCEIRA

A gestão financeira é feita pelo coordenador geral, os responsáveis pela administração e

contabilidade e o coordenador de cada área, sendo a captação de recursos sob a

responsabilidade do coordenador geral da organização.

Page 111: Confira a tese

109

A captação de recursos financeiros se dá por meio de assinaturas anuais da revista impressa,

venda de anúncios publicitários institucionais e projetos especiais de prestação de serviço,

desenvolvidos em parceria com instituições nacionais e internacionais, como o UNICEF, ou

por meio de convênios com órgãos governamentais, como a Secretaria de Direitos Humanos

da Presidência da República e o Ministério da Educação.

Para a organização ter sustentabilidade financeira em 5 anos, é preciso fazer com que a revista

gere receita por meio do aumento do número de assinantes pagantes e venda de anúncios.

(Veja planilha anexa)

8. RISCOS E OPORTUNIDADES

Riscos

Entre os riscos que antevemos, destacamos a possível mudança de gestores públicos, visto

que o plano de assinaturas prevê, entre outras ações, venda de revistas para secretarias de

governos e ministérios, nas áreas de juventude, educação e cultura.

Também ressaltamos as dificuldades de distribuição das revistas via correios, uma vez que os

atrasos nas entregas e extravio são freqüentes.

A crise financeira é outra preocupação, já que vem afetando também o setor de publicações

editoriais, seja pela diminuição de anunciantes seja pelo aumento dos custos de papel e

insumos gráficos.

Com relação ao conteúdo, ele pode não ser adequado aos compradores, uma vez que o novo

projeto editorial e gráfico buscará focar mais em assuntos ligados à educação e

comportamento, tornando a revista mais acessível a jovens e adolescentes que não atuam em

projetos e movimentos sociais.

Corremos o risco de depender de apenas uma única fonte para a captação de recursos, como

por exemplo, via assinaturas ou via prestação de serviço.

Quanto à concorrência da Revista Viração, a maioria é editada por grandes empresas de

comunicação, que dispõem de maiores possibilidades de investimento e produtos

diferenciados.

Oportunidades

Uma grande oportunidade será ampliar parcerias com entidades governamentais nas diversas

instâncias, sobretudo ligadas às áreas de juventude, educação e cultura e redes, uma vez que a

revista já construiu uma trajetória de sucesso ao longo de seis anos.

Também destaca-se a inserção da educomunicação na agenda das principais organizações. A

metodologia da Viração está despertando crescente interesse em diversas áreas do

conhecimento e de atuação social, por parte do setor privado, da sociedade civil organizada e

de governos.

A presença na mídia deve aumentar por meio de parcerias de conteúdo com TVs comunitárias

e grandes portais de informação na internet.

Outra oportunidade é aumentar a visibilidade internacional, favorecida pela participação e o

trabalho da Viração em fóruns internacionais, como o Congresso Mundial de Enfrentamento

da Violência Sexual de Crianças e Adolescentes.

A chance de ganhar concursos e prêmios, que contribuem para aumentar o grau de satisfação

e a própria consolidação da equipe, para a visibilidade e, em alguns casos, para a

sustentabilidade financeira da organização. Em seis anos, ganhamos 9 prêmios nacionais e

internacionais.

O projeto terá potencial de sustentabilidade da ação pela própria ação. A temática do direito à

comunicação e a própria realização de uma Conferência Nacional de Comunicação em 2009,

Page 112: Confira a tese

110

estão contribuindo para a consolidação de projetos especiais de comunicação, como a

Viração.

9. Resultados e Fortalezas

Pesquisas de opinião com os públicos atingidos diretamente, realizada em duas ocasiões ao

longo dos seis anos, revela que a revista contribui para elevar a auto-estima de jovens e

adolescentes, a pensar os problemas e suas soluções de forma global, a desenvolver e

valorizar o trabalho em equipe, a buscar respostas em mutirão.

amanda, infelizmente não temos essas pesquisas sistematizadas

foram fruto de avaliações em finais de oficinas, encontros, seminários

A participação dos adolescentes e jovens nos conselhos jovens tem levado eles a sentir

orgulho de suas comunidades e de suas vidas, à compreensão crítica e maior competência de

mídia, ao fortalecimento da curiosidade; a um desenvolvimento de um sentimento de maior

justiça social; ao interesse por uma sociedade mais democrática. Isso porque a participação

levou ao maior conhecimento e um maior interesse pela comunidade local, inspirando ações

coletivas.

Eles dizem ainda ter ampliado o seu vocabulário e repertório cultural, aumentado suas

habilidades de comunicação. Dizem ter desenvolvido competências em trabalho em grupo,

negociação de conflitos e planejamento de projetos, melhorado o desempenho escolar, entre

outros ganhos. Além disso, a partir dessa participação surgem grêmios estudantis, novas

ONGs (Organizações Não-Governamentais), cooperativas de trabalho, grupos juvenis de

intervenção comunitária e produção de periódicos.

Ao longo de seis anos, conquistamos os seguintes prêmios:

5. Maio de 2009, Prêmio Huellas América Latina e Caribe, concedido pelo Unicef

América Latina

6. Maio de 2009, Prêmio Mídia Livre Nacional, concedido pelo Ministério da

CulturaJaneiro de 2009, Prêmio Ponto de Leitura, concedido pelo Ministério da

Cultura.

7. Agosto de 2008, Prêmio de Investigação Jornalística TIM Lopes, concedido pela

Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi).

8. Junho de 2008, Prêmio Visibilidade em Políticas Sociais, concedido pelo Conselho

Regional de Serviço Social do Rio de Janeiro.

9. Dezembro de 2007, Prêmio Projeto de Incentivo à Literatura (PAC), concedido

pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.

10. Dezembro de 2005, ganhou o Prêmio Cidadania Mundial, concedido pela

Comunidade Bahá‟í do Brasil.

11. Junho de 2005, segundo Relatório Mídia Jovem, da Agência de Notícias dos Direitos

da Infância (Andi), Viração é a primeira no ranking entre as revistas voltadas para

jovens, seguida da MTV, Capricho, Todateen e Atrevida.

12. Junho de 2004, ganhou o Prêmio Don Mario Pasini Comunicatore, em Roma,

concedido pela Associazione Cuore Amico e a Agência de Notícias Misna.

13. Abril de 2004, foi semifinalista do Grande Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo,

concorrendo com gigantes do mercado editorial voltado para jovens, como a

Capricho, Revista da MTV e encartes juvenis do jornal Folha de São Paulo e Correio

Braziliense.

14. Janeiro de 2004, Viração ganhou o Prêmio de valorização de Iniciativas Culturais,

da Secretaria de Cultura do Município de São Paulo, entre mais de 600 projetos

concorrentes.

Page 113: Confira a tese

111

10. PLANO DE IMPLEMENTAÇÃO - PRINCIPAIS INICIATIVAS

10 As 4 macro-iniciativas abaixo citadas levarão o Projeto/ Revista Viração a alcançar a

visão almejada porque a sustentabilidade (tanto em termos de potencial financeiro

quanto potencial humano) é o principal desafio de nosa organização. Portanto, para

atingi-la precisamos de um plano estruturado de marketing e vendas para captar mais

assinaturas por diferentes canais, de um produto atrativo (reformulação editorial da

revista impresaa e do portal na internet), e de uma organização forte (menos

dependente de seu líder e criador) e de uma agência de notícias que tanto pode

alimentar o conteúdo editorial da revista impressa e do portal de notícias quando pode

gerar receitas via projetos de cobertura jornalística. (ver detalhamento anexo)

10.1. Reposicionamento da Revista Viração

Ação Data

Reformulação editorial e gráfica Abril de 2009

Reformulação portal na internet Setembro de 2009

Produção de newsletter Setembro de 2009

Cartilha Mão na Roda Fevereiro de 2010

Expansão países América do Sul, África e

Europa

Julho de 2012

10.2. Plano de Marketing

Ação Data

Elaboração Plano de Marketing Maio de 2009

Venda de anúncios Maio de 2009

Plano de assinaturas Junho de 2009

Plano de mídia Agosto de 2009

Pesquisa qualitativa Abril de 2010

10.3. Fortalecimento Institucional

Ação Data

Criação fundo de reserva Maio de 2009

Elaboração plano de governança Agosto de 2009

Sistematização metodologia Projeto/

Revista Viração

Janeiro de 2011

10.4. Agência Jovem de Notícias

Ação Data

Page 114: Confira a tese

112

Sistematização metodologia Agosto de 2009

Plano editorial e de funcionamento Maio de 2011

Plano de sustentabilidade Maio de 2011

Page 115: Confira a tese

113

ROTEIRO DE PROJETO

Título do projeto Viração: Movimento de Adolescentes e Jovens Comunicadores Número

1. Dados sobre a instituição

Nome completo

(conforme CNPJ) Viração Educomunicação

Nome Fantasia

(conforme CNPJ)

Viração

Ano de fundação 2003 CNPJ 11.228.471/0001-78 Registro no CMDCA-

Data

Endereço Rua Augusta , 1239, conj. 11

Cidade São Paulo UF SP CEP 01305-100

Telefone (11) 3237-4091 Fax 3237-4091 (11) 3237-4091

e-mail [email protected]

Página web www.revistaviracao.org.br

Tipo de instituição

(Org

governamental,

Org não

governamental,

Universidade, etc.)

Organização Não Governamental

2. Descrição da instituição

Breve Histórico

Viração é um projeto social de comunicação, educação e mobilização social entre adolescentes, jovens e

educadores. Até agosto de 2009, era filiado juridicamente à Associação de Apoio às Meninas e Meninos da Região

Sé. Criado em março de 2003, Viração impactou na vida de mais de 3,5 milhões de pessoas no Brasil, seja por

meio de seu carro-chefe, a Revista Viração, ou por meio dos vinte projetos especiais desenvolvidos ao longo de

seis anos.

Viração possui metodologia própria de trabalho e experiência comprovada em processos, projetos e produtos de

educomunicação e de mobilização social juvenil; habilidade para trabalho em escolas e com grupos de diferentes

naturezas; experiência em planejamento, gestão e habilidade de trabalho em grupo, em parcerias e redes, na

implantação e implementação de projetos sociais na área da infância e juventude; experiência no desenvolvimento

de materiais de comunicação e cobertura jornalística a partir do olhar de crianças, adolescentes e jovens; e

histórico de compromisso com os Direitos da Criança e do Adolescente.

A base desta visão é o entendimento de que o adolescente é um sujeito de direitos que precisa ser considerado em

sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, com potencialidades e vulnerabilidades específicas, mas

que representa uma grande oportunidade de desenvolvimento para sua família, comunidade, escola, governo e para

si próprios. Além de trabalhar para o desenvolvimento integral dos adolescentes, Viração também atua na

implementação de uma comunicação integral e integradora, não entendida apenas sob o ponto de vista tecnológico

e instrumental.

Até então, o carro-chefe da organização era a Revista e o Portal de notícias homônimos, produzidos a partir dos

Conselhos Jovens (Virajovens) com uma metodologia de participação de adolescentes e jovens por meio da

comunicação. Uma idéia inovadora que procura aglutinar e favorecer a comunicação entre outras experiências do

mesmo tipo, até então muito localizadas na comunidade, no bairro, na cidade.

Page 116: Confira a tese

114

A idéia surgiu para unir jovens de todo o Brasil em torno de alguns princípios como a defesa dos direitos humanos,

a educação para a paz e a solidariedade entre os povos e o empoderamento juvenil também no campo da

comunicação e mobilização social.

Cada Virajovem é montado à base do voluntariado, possui um mobilizador que recebe uma formação específica e

acompanhamento. Esta formação e este acompanhamento acontecem por meio de encontro pessoal com a equipe

da Viração, com sede em São Paulo, frequentes contatos telefônicos e via internet (correio eletrônico ou troca de

mensagens simultâneas). Para ajudar nesse processo de formação e consolidação de um Virajovem, existe um guia

com um passo-a-passo.

O Virajovem conta com o apoio de uma organização não-governamental e tem reuniões presenciais (alguns até

mais de uma vez por mês) em espaços cedidos por alguma instituição que tenha localização central na cidade para

o fácil acesso. Nessas reuniões fica claro o caráter comunitário de produção. Nelas, há participação constante dos

adolescentes e jovens na sugestão de pautas, apuração de matérias e redação de textos e produção de imagens; bem

como sugestões quanto à administração, diagramação, vendas e publicidade da revista. Os participantes colaboram

para que se redesenhe um novo discurso jornalístico sobre a juventude e para a juventude.

Em geral, durante a reunião presencial do Virajovem, há oficinas de redação, discussão sobre temas ligados ao

editorial da revista ou mesmo debate, palestra de aprofundamento sobre assuntos específicos e organização de

alguma ação de mobilização.

Os Virajovens dispõem de plena autonomia para o seu funcionamento e reaplicam uma proposta básica de reunião

oferecida pela Viração:

1. Dinâmica de integração: leitura de uma poesia, um texto sagrado, uma música cantada ou recitada, seguido

de um momento de partilha. A idéia é nutrir os sonhos por meio de um ritual simples, envolvente.

2. Avaliação da revista e das iniciativas de mobilização: os mobilizadores apresentam as novidades em

relação ao dia-a-dia da revista (editorial, administrativa, projetos, campanhas de mobilização etc); avaliação

do visual, conteúdo e linguagem da edição do mês anterior, para apontar os erros, sugerir soluções.

Momento para sugestões de pautas e distribuição de tarefas por duplas, trios ou em grupo, para estimular o

trabalho em equipe.

3. Formação: Momento para discutir um assunto com especialistas, seguido de trabalho em grupo e plenária.

Os temas de aprofundamento são relacionados com a produção jornalística comunitária, leitura crítica da

comunicação, democratização da comunicação, mobilização, cidadania, adolescência e juventude, cultura,

política da atualidade.

O Virajovem é formado por jovens que participam de ONGs, centros culturais, movimentos sociais, estudantes de

escolas públicas e particulares. Em alguns Virajovens, há participação efetiva de adolescentes em medida sócio-

educativa ou jovens com deficiência. Também colaboram para o funcionamento do Virajovem profissionais de

educação e comunicação na qualidade de mediadores, facilitadores (geralmente é integrante dos quadros da

organização parceira).

A Viração utiliza os aparatos próprios da globalização como a internet para promover a integração entre jovens

participantes dos Conselhos Jovens e o acesso democrático às informações. Além das reuniões presenciais, os

integrantes de cada Virajovem participam de uma lista de discussão, onde podem opinar, sugerir e avaliar o

Page 117: Confira a tese

115

andamento da edição do mês, entre outros assuntos. Até a capa da revista, enviada a todos em baixa resolução, é

avaliada por meio dessa lista de discussão. As pautas de cada edição são discutidas em um chat nacional, no início

de cada mês, e desenvolvidas por mais de um Virajovem, muitas vezes de diferentes regiões do Brasil. Para isso, a

discussão acontece via troca de mensagens instantâneas, e-mails ou lista de discussão na internet.

Entre os principais objetivos do Virajovem, estão:

– Promover o acesso democrático dos cidadãos à produção e difusão da informação e do conhecimento;

– Identificar como o mundo é editado nos meios;

– Facilitar o processo de ensino-aprendizagem através do uso criativo dos meios de comunicação;

– Promover o intercâmbio entre jovens e adolescentes que desenvolvem atividades de comunicação nas escolas e

comunidades.

Para o funcionamento do Virajovem, a Viração conta com o apoio de uma entidade parceira em cada Estado, que

coloca à disposição um jovem educador ou estagiário de Comunicação, responsável pela mobilização dos

integrantes do Virajovem. Com essa entidade, Viração assina um Termo de Cooperação que prevê, entre outras

coisas: oferecimento por parte da Viração de suporte teórico e técnico para as organizações parceiras viabilizarem

o funcionamento dos conselhos jovens (cartilhas, manual de comunicação, cartazes, folders, adesivos, 30

exemplares gratuitos de 10 edições durante um ano), como também acompanhamento semanal à distância via

novas tecnologias de comunicação (mensagens instantâneas, lista de discussão, telefonemas via sistema voip),

permuta de espaços nas publicações para dar visibilidade aos parceiros; no caso de captação de assinaturas, 20%

do preço total permanecem para as entidades parceiras para ajudar a cobrir os custos de funcionamento dos

conselhos jovens.

São essas as instituições parceiras atualmente: Associação Imagem Comunitária (AIC) e Grupo Entreface – Belo

Horizonte (MG); Fundação Athos Bulcão – Brasília (DF); Girassolidário - Agência em Defesa da Infância e

Adolescência – Campo Grande (MS); Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência (Ciranda) –

Curitiba ((PR); TV Comunitária Floripa e Centro Cultural Escrava Anastácia – Florianópolis (SC); Catavento

Comunicação e Educação Ambiental – Fortaleza (CE); Casa da Juventude Padre Burnier (CAJU) – Goiânia (GO);

ONG Amazona – João Pessoa (PB); Centro Acadêmico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Natal

(RN); Cipó Comunicação Interativa e Centro de Referência Integral de adolescentes (Cria) – Salvador (BA);

Centro Acadêmico da Universidade Federal de Alagoas – Maceió (AL); Grupo de Jovens Vivendo e Convivendo

con HIV/Aids – Aracaju/SE; Agência de Notícias dos Direitos dos Adolescentes - Alice – Porto Alegre (RS);

Jornal Cidadão – Rio de Janeiro (RJ); Agência de Notícias dos Direitos da Criança e do Adolescentes Matraca e

Rede Sou de Atitude – São Luís (MA); Centro de Referência da Juventude – Vitória (ES); Bemfam – Recife (PE);

Cufa – Cuiabá (MT); Escola de Lutheria da Amazônia – Manaus (AM); Grupo de Jovens do Projeto Saúde e

Prevenção nas Escolas – Teresina (PI); Grupo de Jovens do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas – Rio Branco

(AC); Grupo de Jovens do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas – Porto Velho (RO); Grupo Makunaima – Boa

Vista (RR); Coordenadoria da Juventude – Serra do Navio (AP)

Produção e edição de textos e imagens: Para a produção de textos e fotos, o Virajovem procura incentivar o

trabalho em duplas, trios ou mesmo em grupo ao longo do mês, com o acompanhamento do mobilizador da

entidade parceira da Viração no Estado. Já no momento da discussão da pauta, o mobilizador vê juntamente com

os virajovens sugestões sobre como deve ser feita a diagramação de seu texto.

Uma vez finalizado o texto, o mobilizador faz uma primeira edição juntamente com os autores do texto e das

imagens, e envia uma primeira versão para a sede da revista, com as dicas de uso de imagens e de diagramação. Os

textos passarão por mais uma edição final na Redação. Depois disso, é enviado de volta para o mobilizador, para

que veja e aprove as mudanças.

Quando aprovado pelo Virajovem, o texto é passa por uma revisão final e é enviado para a diagramação. Cada

Page 118: Confira a tese

116

produção diagramada é enviada de volta para o respectivo Virajovem responsável em forma de arquivo em PDF,

para revisão e aprovação.

Iniciativas Realizadas:

Agência Jovem de Notícias

A iniciativa tem origem no V Fórum Social Mundial, em janeiro de 2005, em Porto Alegre (RS), quando a Revista

Viração e o Projeto Agente Jovem, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS),

promoveram a cobertura jovem do evento.

A idéia é uma equipe de adolescentes e jovens interessados em aprender as práticas da Educomunicação produzir

notícias diariamente sobre os diversos temas ligados aos jovens e adolescentes e o interesse público que esses

jovens enxergam e que está em pauta ao longo dos acontecimentos de um determinado evento. O conteúdo

multimídia (textos, rádioweb, vídeo, fotos) é publicado em tempo real num site criado especialmente para o evento

e hospedado no portal Viração.

A equipe preparada pela Viração promove, diariamente, oficinas de educomunicação entre os grupos de

participantes para que adolescentes e jovens façam uma cobertura de qualidade e inovadora, protagonista dos

acontecimentos que eles mesmos estão presenciando.

De janeiro de 2005 até fevereiro de 2009, a Agência Jovem de Notícias atuou em 40 eventos nacionais e

internacionais; numa média de 10 eventos por ano, totalizando uma média de 1200 jovens e adolescentes

participantes diretamente.

Geração Cidadã

Como projeto, de novembro de 2005 a abril de 2006, coordenamos a comunicação do Consórcio Social da

Juventude de “Geração Cidadã”, que abrange os municípios de Embu das Artes, Embu-Guaçu, Itapecerica da

Serra, Juquitiba, São Lourenço da Serra e Taboão da Serra (sudoeste de São Paulo). Todo o projeto foi orçado em

R$ 97.000,00 (agosto de 2006 a abril de 2007) e para realizá-lo, contamos com o trabalho de mais de 10

profissionais, entre jornalistas, oficineiros, designers gráficos e ilustradores.

O Geração Cidadã era um dos 26 consórcios espalhados pelo Brasil, iniciativa do Programa Nacional de Estímulo

ao Primeiro Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que tem por objetivo inserir o jovem no mundo

do trabalho.

Cerca de 30 dos 2 mil jovens atendidos pelo Geração Cidadã participaram da Oficina-Escola de Comunicação,

fruto da parceria com o Projeto/Revista Viração. Eles foram responsáveis pela produção de um jornal impresso

mensal (tiragem média de 5 mil exemplares), um jornal mural (com atualização diária), uma revista de conclusão

do curso, com 36 páginas e uma tiragem de 4 mil exemplares, e produção de conteúdo para a página na internet,

além de criar formas alternativas de participação de todos os jovens do consórcio. Estávamos com uma equipe

remunerada formada por três jornalistas.

Edições especiais

Ao longo de seis anos, produzimos também edições especiais temáticas da Viração com diversos parceiros e com

distribuição para escolas públicas do Ensino Médio: Edição especial sobre Aids e Juventude, em parceria com o

UNICEF e o Ministério da Saúde, com uma tiragem de 60 mil exemplares e distribuição; Edição especial

Educação em Direitos Humanos, com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República,

com tiragem de 40 mil exemplares; Edição especial sobre Sexualidade, em parceria com o Ministério da Educação,

com tiragem de 20 mil exemplares; Edição especial sobre Empreendedorismo Social Juvenil, em parceira com o

Programa Geração MudaMundo, da Ashoka Empreendedores Sociais, com tiragem de 30 mil exemplares; Edição

especial sobre Racismo, em parceria com o UNICEF, com uma tiragem de 40 mil exemplares.

Projeto Comunicação para a Vida – Revista Escuta Soh!

Desenvolvido em parceira com o UNICEF desde maio de 2007, o Projeto Comunicação para a Vida pretende

Page 119: Confira a tese

117

contribuir para o empoderamento de adolescentes e jovens vivendo com HIV por meio de práticas de

educomunicação. Um grupo formado por cerca de 30 jovens de diversas regiões do Brasil produzem a Escuta Soh!,

revista especial do Encontro Nacional de Jovens Vivendo com HIV, e o conteúdo de um site homônimo

(www.escutasoh.org). Atualmente, a revista está indo para a sua terceira edição um tiragem de 5 mil exemplares

em português, inglês e espanhol.

Projeto Jornal Mural na Escola

Desde janeiro de 2007, por meio do Projeto Jornal Mural na Escola, a Viração capacitou mais de 500 estudantes e

professores de 170 escolas públicas estaduais do Ensino Médio da cidade de São Paulo a criar, de forma coletiva,

seus próprios meios de comunicação, a partir de uma proposta básica de jornal mural que ajuda a divulgar ações

sociais e culturais de suas comunidades escolares e locais. Os jornais murais têm uma periodicidade quinzenal nas

escolas, totalizando um público leitor de aproximadamente 255 mil pessoas, entre estudantes, professores,

funcionários e familiares).

Em 2009, o Projeto Jornal Mural na Escola está atuando em 12 escolas da região do Jaraguá, zona oeste de São

Paulo. Por meio dos Conselhos Jovens da Viração e entidades parceiras, o Projeto Jornal Mural na Escola está

sendo implementado em outras capitais, como Campo Grande, Maceió e Curitiba.

Rede de Jovens e Adolescentes Comunicadoras e Comunicadores

A criação de uma Rede de Jovens e Adolescentes Comunicadoras e Comunicadores é uma iniciativa que está

sendo promovida pela Viração desde abril de 2008, quando em Brasília, houve um primeiro encontro reunindo

cerca de 60 representantes de 30 organizações juvenis que atuam com comunicação popular juvenil em todos os

Estados do Brasil. A Rede está num processo de articulação e definição de sua missão, objetivos e ações. Uma

delas é a mobilização de jovens para uma participação qualificada no processo da Conferência Nacional da

Comunicação.

Stop X

Fruto da parceira entre a Viração e o UNICEF de Brasília e de Nova Iorque, o Stop Explotation é uma plataforma

virtual (www.stopx.org) que reúne jovens e adolescentes de todo o mundo que atuam no combate à exploração

sexual de crianças e adolescentes em seus respectivos países. Foi lançada durante o III Congresso Mundial de

Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em novembro de 2008, no Rio de Janeiro.

Durante o Congresso, a Viração organizou e coordenou o Espaço Adolescente, área multimídia de 600 metros

quadrados, onde foram realizadas oficinas de rádio, produção de vídeo, notícias, jornal mural e jogos cooperativos.

Participaram da iniciativa cerca de 300 adolescentes brasileiros e estrangeiros. Atualmente participam da

plataforma virtual mais de 120 jovens e adolescentes de 50 países.

Programa de TV Quarto Mundo

Projeto em parceria com a TV USP, o Quarto Mundo é um programa diferente na frente e atrás das câmeras. Sua

equipe é composta por 12 jovens, de 14 a 18 anos, com origens variadas e um objetivo em comum: mostrar que a

juventude não está perdida.

Em 2008, eles passaram por 27 oficinas e gravações, que incluíram assuntos como operação de câmeras, produção,

pesquisa, roteiro, iluminação, áudio, reportagem e apresentação. Também foram feitos debates sobre a história da

TV, papel das TVs públicas e comerciais e análises críticas dos conteúdos (jornalísticos ou não) veiculados nas

emissoras em geral.

Os programas foram gravados no estúdio da TV USP, onde cinco dos jovens entrevistaram pessoas capazes de

provocar mudanças na sociedade. Outros integrantes do grupo fizeram câmeras, switcher e assistência. Rodízios

nas equipes permitiram que todos experimentassem diferentes funções em TV.

Cada temporada de gravação trouxe novidades e desafios, aumentando a gama de experiências dos adolescentes e

contribuindo para a diversidade do programa. Na última temporada, os jovens fizeram gravações de reportagens

em externa, encerrando o ciclo de aprendizado proposto para 2008. Até agora foram produzidos 8 programas com

duração de 28 minutos cada, que vão ao ar no Canal Universitário e IPTV USP, nos horários: segunda-feira, às

Page 120: Confira a tese

118

19h30; quarta-feira, às 12h30, quinta-feira, às 6h30 (Canal Universitário – 11 da NET, 71 da TVA ou 187 da TVA

Digital). Em 2009, estamos com uma nova turma de 13 adolescentes. As experiências estão sendo relatadas e

sistematizadas no blog: www.quartomundotvusp.blogspot.com.

Plataforma dos Centros Urbanos

Somos parceiros técnicos do UNICEF para a implementação da Plataforma dos Centros Urbanos em São Paulo e

Itaquaquecetuba. Viração está desenvolvendo a formação em educomunicação de 126 adolescentes comunicadores

e dos educadores sociais de 63 comunidades.

Para realização do projeto, estão sendo feitas parcerias com organizações da sociedade civil organizada; escolas

públicas de Ensino Fundamental; Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescentes, movimentos,

ONGs, meios de comunicação e associações comunitárias.

A proposta do trabalho, em última instância, é influenciar a discussão e implementação de políticas públicas para a

garantia dos direitos de crianças e adolescentes a partir de processos, ações e produtos de comunicação e

mobilização.

Redes e articulação política

A Viração participa das seguintes redes e articulações políticas: Rede de Empreendedores Sociais da Ashoka, Rede

Paulista pela Democratização da Comunicação e da Cultura; Rede Juventude e Trabalho; Pacto pelo Semi-Árido;

Pacto pela Juventude, do Conselho Nacional de Juventude e da Secretaria Nacional de Juventude; Articulação de

Defesa do Ensino Médio; Comitê Pró-Conferência Nacional da Comunicação; Fórum Mundial de Mídia Livre.

Políticas públicas

Além do mais, é preciso ressaltar mudanças já ocorridas a partir da intervenção do projeto ao longo desses seis

anos de existência. Isso se dá de forma clara na promoção de políticas públicas na cidade de São Paulo e em

articulações políticas, construídas a partir da influência da Viração.

Por iniciativa da vereadora do Partido dos Trabalhadores Tita Dias, foi aprovado pela Câmara dos Vereadores de

São Paulo a Lei 13.795, que institui 31 de outubro como o Dia do Saci na cidade de São Paulo. A vereadora se

engajou e tomou conhecimento da campanha em defesa do Saci pelas páginas da Viração, que trouxe a reportagem

“A Vez do Saci” como capa da edição 6, em outubro de 2004. Colocamos a vereadora em contato com os

organizadores de uma campanha nacional e a organização Sosaci.

Outra lei municipal criada a partir de experiências de educomunicação e com o apoio da Viração é a Lei 556/02,

apresentada pelo vereador do PT Carlos Neder. O projeto foi aprovado em primeira votação, pela Câmara dos

Vereadores de São Paulo. A lei institui o programa Educomunicação pelas Ondas do Rádio e também a promoção

de práticas de educação e comunicação no âmbito da administração municipal, tudo sendo a cargo da Prefeitura de

São Paulo.

Movimento Nossa São Paulo Desde março de 2008, a Viração, em parceria com o UNICEF, mobiliza crianças e adolescentes para que criem

propostas para o desenvolvimento sustentável e participem da vida pública da cidade. As propostas criadas pelo

público infanto- juvenil, relativas a temas como meio-ambiente, educação, saúde, segurança, transporte entre

outros, foram apresentados a todos candidatos às eleições municipais e posteriormente ao prefeito eleito. Para

aprofundar as estratégias de expansão da participação das crianças e adolescentes, no 2° semestre de 2008, foram

realizados fóruns de adolescentes em diversas regiões da cidade a fim de desenvolver a proposta dos “cidadelos”,

espaços de encontro para jovens discutirem a cidade, criarem intervenções para melhorias em suas regiões e

trabalharem em rede com as redes juvenis de São Paulo. Em2009, a Viração segue com o trabalho de mobilização,

no âmbito da Plataforma dos Centros Urbanos, do UNICEF. Um guia sobre “Como montar um cidadelo” foi

desenvolvido e será divulgado pela cidade.

Projeto Voz Ativa

Projeto de Comunicação Voz Ativa é uma parceria entre Projeto/Revista Viração e Identitá. Colégio Emilie de

Page 121: Confira a tese

119

Villeneuve apostou na criação e desenvolvimento de um projeto que coloca as alunas e alunos como protagonistas

da comunicação de sua escola. O maior objetivo é que os educandos aprendam por meio da comunicação e se

tornem cidadãos comunicativos e comunicadores, criativos e criadores, atuantes no meio em que vivem,

construtores de sua própria história. Vai além de oficinas e produtos de comunicação. A idéia não é trabalhar uma

oficina ou um produto de comunicação, mas ajudar a escola a trabalhar a comunicação de forma mais estratégica e

sistêmica. É toda a escola respirando comunicação. Com três frentes de atuação (Impresso, Assessoria de

Comunicação e Portal), o projeto tem por objetivo envolver toda a comunidade escolar na construção de uma nova

comunicação da escola.

3. Responsáveis pelo Projeto

Nome do

representante legal

da instituição

Juliana Rocha Barroso Cargo Presidente

Data da última

eleição e posse da

Diretoria

Agosto/2009 Período de vigência da

Diretoria eleita

04 anos

Responsável pela

coordenação do

projeto

Lilian Romão Cargo Coordenador executivo

Principal

responsável pela

elaboração do

projeto

Vicente de Paulo Pereira Lima Cargo Coordenador executivo

Oficial do UNICEF

responsável

Mario Volpi

Escritório do

UNICEF

responsável

Brasília

4. Dados sobre o Projeto

Duração do projeto

12 meses (dezembro de 2009 a dezembro de 2010)

Financiador do

projeto

UNICEF

O UNICEF já vem

apoiando o projeto

sem repasse de

fundos?

Tipo de apoio, desde quando?

Sim, indiretamente, por meio do Projeto Comunicação para a Vida, voltado para

jovens e adolescentes vivendo com o HIV/Aids, e da Plataforma dos Centros

Page 122: Confira a tese

120

Urbanos

Área geográfica de

abrangência do

projeto

Nacional

5. Classificação do Projeto (Campos a serem preenchidos pelo Oficial Responsável do UNICEF)

Documentação

mantida no arquivo

do Oficial

Responsável

Cópia do Estatuto da Instituição X

Cópia da última ata nomeando o responsável legal pela instituição X

Cópia do CNPJ atualizado X

Anexos Orçamento total do projeto por fonte de financiamento X

Cronograma de desembolso com memória de cálculo X

Relação de equipamentos duráveis, caso previsto no projeto

Quais são os

Objetivos do

Milênio (ODM)

para os quais o

Projeto contribui?

1. Erradicar a Pobreza Extrema e a Fome

20%

2. Inclusão Universal à Educação Básica 40%

3. Promover a Igualdade de Gênero 30%

4. Reduzir a Mortalidade Infantil 10%

5. Melhorar a Saúde Materna

6. Combater HIV/AIDS, Malária e Outras

Doenças

30%

7. Assegurar Sustentabilidade Ambiental 20%

8. Desenvolver Alianças Globais para o

Desenvolvimento

10%

Outras formas de

violações dos

direitos das crianças

e adolescentes

contra as quais o

projeto contribui.

1. Exploração Econômica e Trabalho Infantil

20%

2. Exploração Sexual 20%

3. Privação de Liberdade

4. Abuso e Maus Tratos 10%

5. Seqüestro, Venda e Tráfico de Crianças 10%

6. Emergência e Ajuda Humanitária

7. Outra

Prioridades Temáticas %

1. Sobrevivência e desenvolvimento infantil

Page 123: Confira a tese

121

2. Alfabetização e inclusão escolar 60%

3. HIV-AIDS 10%

4. Crescer sem Violência 20%

5. Raça e Etnia 10%

Eixos Transversais %

1. Sistema de Garantia de Direito 30%

2. Gênero 10%

3. Raça e Etnia 10%

4. Jovens/Adolescentes 40%

5. Selo UNICEF Município Aprovado – Semi-árido

6. Planejamento, Monitoramento e Avaliação

7. Comunicação Institucional 10%

Fases do ciclo de vida que o projeto aborda %

1. Primeira infância

2. Idade escolar

3. Adolescência 100%

Prioridades de meio termo que o projeto aborda (MTSP) %

1. Sobrevivência e desenvolvimento infantil

2. Educação básica e igualdade de gênero 70%

3. Crianças e HIV-AIDS 10%

4. Proteção: prevenção e resposta à violência, exploração e abuso 10%

5. As Crianças nas Políticas, Legislação e Orçamento 10%

Área geográfica prioritária %

Amazônia 25%

Centros Urbanos 50%

Semi-Árido 25%

Fronteiras

Outros:

Endereço no ProMS

PBAs (Project Budget Allotment)

6. Cobertura do Projeto e Atores Principais

Quadro resumo dos

Sujeitos e

Responsáveis

Previsto

(número)

Características predominantes

(socioeconômicas, gênero, raça,

etc).

Sujeitos Crianças de 0–1

ano

-- --

Crianças de 0-6

anos

-- --

Crianças de 7 – 11

anos

-- --

Adolescentes de

12 – 18 anos

incompletos

240 Estudantes do ensino

fundamental e médio de escolas

públicas, que participam ou não

de projetos sociais e culturais de

empoderamento no campo da

comunicação e da mobilização

social

Page 124: Confira a tese

122

Responsáveis Famílias 240 vivem nas capitais

Gestores 240 são gestores municipais, estaduais

e federais

Educadores 240 equipe das áreas da educação,

comunicação, direitos humanos

Atores

(instituições,

agências,

associações,

conselhos, líderes,

redes, etc) que

atuam no projeto

desenvolvendo

atividades ou

apoiando de

diversas formas o

projeto

Atores

Papel principal destes atores

Adolescentes e Jovens de escolas

públicas

Oferta de espaço para participação, produção de

conteúdo e mobilização social

UNICEF Suporte técnico, político e financeiro nas ações

propostas pelo projeto

Grupos e organizações da sociedade

civil que atuam na defesa do direito

humano à comunicação

Acompanhamento e proposição de políticas públicas

voltadas para adolescentes e jovens

7. Resumo Executivo do Projeto

O projeto “Viração: Movimento de Adolescentes e Jovens Comunicadores” pretende criar uma plataforma

estrutural e organizativa para o pleno funcionamento dos Conselhos Jovens (Virajovens) para atuar como

movimento social.

Estes são os principais objetivos do projeto:

Promover uma reestruturação organizativa dos Virajovens de forma a favorecer uma participação ativa

e efetiva em todas as instâncias e tomadas de decisão, por meio de encontros presenciais, troca de

mensagens eletrônicas, telefonemas, newsletters e vídeo-conferências;

Contribuir para tornar as escolas do Ensino Médio ecossisistemas educomunicativos, por meio de ações

de mobilização de estudantes e educadores para a formação de Virajovens;

Desenvolver uma metodologia para que adolescentes participem e coordenem, com apoio de jovens

monitores, projetos de comunicação para seu engajamento e de outros adolescentes e para informação e

mobilização de suas escolas e comunidades;

Ampliar a participação de jovens e adolescentes no processo da democratização da comunicação no

Brasil;

Page 125: Confira a tese

123

Incentivar e fortalecer a produção e difusão da comunicação feita por jovens e adolescentes;

Contribuir com o monitoramento e incidência política nas políticas públicas de comunicação numa

perspectiva de adolescentes e jovens;

Facilitar a comunicação entre diferentes adolescentes ou grupos de adolescentes para compartilhar

experiências, produtos de comunicação (vídeos, música, textos, blogs) e outros produtos de

comunicação desenvolvidos por eles, por meio de ferramentas colaborativas presentes em uma

plataforma virtual que permitirá a publicação por parte dos próprios adolescentes;

Favorecer a participação dos Virajovens na Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadoras e

Comunicadores, que tem como objetivo geral ampliar a participação de jovens e adolescentes no

processo da democratização da comunicação no Brasil por meio da incidência política e de espaços de

diálogo e atuação em torno das políticas públicas de comunicação para adolescentes e jovens;

Desconstruir a imagem negativa dos adolescentes na sociedade em geral e na mídia, e promover a

adolescência com uma fase essencialmente de oportunidades;

Contribuir com processos de participação sustentáveis e continuados de adolescentes nas instâncias de

decisão, na família, na comunidade, nas escolas e nas políticas públicas;

Promover o direito à identidade étnico-racial dos adolescentes e a sua comunicação entre pares visando

sua conectividade com as redes de participação existentes;

8. Antecedentes e justificativa do projeto

Ao analisar o cenário de meios de comunicação (institucionais ou não) voltados para adolescentes e jovens

constata-se a falta de um canal de comunicação não apenas para o adolescente e o jovem, mas sobretudo feito com

eles e a partir deles, sendo um processo de construção coletiva e participativa. Em geral, os produtos de

comunicação voltados para este público exercem uma comunicação verticalizada, não horizontal, com base na

participação. Daí surge a necessidade de produtos de mídia que falem diretamente e tratem, de fato, dos problemas

por que passam os adolescentes e jovens. Além disso, há ainda a constatação de que o domínio das linguagens e da

língua é condição para a tão desejada vivência plena e participação social.

A sociedade brasileira reconhece a educação como promotora dos valores humanos universais e demanda um

ensino de qualidade que “garanta as aprendizagens essenciais para a formação de cidadãos autônomos, críticos e

participativos, capazes de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem e na

qual esperam verem atendidas suas necessidades individuais, sociais, políticas e econômicas”, conforme as

diretrizes gerais do Ministério da Educação (MEC).

Normalmente tem mais voz na mídia voltada à educação, de maneira hierárquica, o diretor da escola, depois os

professores e poucas vezes outros profissionais. Mais grave é a ausência das opiniões dos estudantes. De acordo

com pesquisa realizada em 2001 pela Agência Cidade Futura, de Florianópolis (SC), crianças estudantes são

ouvidas em 0,9% das vezes e alunos adolescentes em somente 0,3%. Importante destacar que os números são

praticamente os mesmo em todo o país, segundo outras pesquisas realizadas pela Agência de Notícias dos Direitos

da Infância (Andi) junto aos jornais e revistas do território.

A faixa etária média dos jovens e adolescentes participantes diretos dos Virajovens está entre 15 e 22 anos. Eles

vivem em centros urbanos, que passa por uma aceleração do processo de urbanização e de concentração

populacional, o que contribui para a precarização dos serviços públicos, a insuficiência de oportunidades de

inserção social e produtiva, o aumento do desemprego e subemprego, a degradação do meio ambiente e a queda

significativa nos níveis de qualidade de vida.

Eles são vítimas do crescimento das desigualdades socioeconômicas, que se manifesta de forma clara na lógica de

Page 126: Confira a tese

124

ocupação espacial dos territórios urbanos. Pressionadas pela crescente especulação imobiliária e pelo processo de

exclusão social, as populações empobrecidas se concentraram nas comunidades populares afetadas pela falta de

estruturas básicas, como saneamento, pavimentação, iluminação pública, áreas de lazer e limpeza urbana, bem

como pela baixa qualidade de serviços essenciais, como segurança, cultura, educação e saúde. Tal segregação

resulta em dramática fragmentação social e territorial da urbe, gerando tensões, preconceitos e novas violências

contra jovens e adolescentes.

A discriminação desse público e o fortalecimento de uma cultura de massa, cada vez mais influenciada pelo

processo de globalização, geram a perda de raízes identitárias, de vínculos sociais e de senso de pertencimento.

Por outro lado, esses adolescentes e jovens têm energia, vitalidade, criatividade, produtividade e cultura próprias,

que são elementos dinamizadores da vida e da sociedade nas cidades. A riqueza por elas produzida vai de novas

arquiteturas, a modos de convivência, linguagens, códigos de valores éticos e morais, redes de solidariedade e

manifestações culturais e artísticas, que compõem o patrimônio e a identidade brasileira.

O Brasil tem 21 milhões de adolescentes com idade entre 12 e 17 anos. De cada 100 estudantes que entram no

ensino fundamental, apenas 40 terminam o ensino médio. A evasão escolar e a falta às aulas ocorrem por

diferentes razões, incluindo falta de espaço para desenvolver as competências e habilidades dos estudantes,

violência e gravidez não planejada na adolescência.

Diante dessa análise, o projeto Virajovens: Movimento de Adolescentes e Jovens Comunicadores a que se

apresenta quer justamente levar os adolescentes e jovens a assumirem a dianteira do processo de

ensinamento, da comunicação juvenil e de sua cidadania ativa. Pesquisas de opinião e avaliação com os mobilizadores dos Virajovens, realizadas em várias ocasiões ao longo dos

seis anos, revela que a Revista Viração, produzida por eles por meio de uma metodologia colaborativa, contribui

para elevar a auto-estima não só de quem a produz, mas também de outros adolescentes e jovens leitores, a pensar

os problemas e suas soluções de forma global, a desenvolver e valorizar o trabalho em equipe, a buscar respostas

em grupos.

A experiência nos Virajovens tem levado esse os adolescentes e jovens produtores a sentir orgulho de suas

comunidades e de suas vidas, à compreensão crítica e maior competência de mídia, ao fortalecimento da

curiosidade; a um desenvolvimento de um sentimento de maior justiça social; ao interesse por uma sociedade mais

democrática. Isso porque a participação levou ao maior conhecimento e um maior interesse pela escola e

comunidade local, inspirando ações coletivas.

Eles dizem ainda ter ampliado o seu vocabulário e repertório cultural, aumentado suas habilidades de

comunicação, desenvolvido competências colaborativas, negociação de conflitos e planejamento de projetos,

melhorado o desempenho escolar, entre outros ganhos. Além disso, a partir dessa participação por meio da

comunicação surgem grêmios estudantis, novas ONGs (Organizações Não-Governamentais), cooperativas de

trabalho, grupos juvenis de intervenção comunitária e produção de periódicos.

Portanto, trata-se de uma experiência a ser expandida e consolidada porque porta não só à elaboração de ações,

processos e produtos de comunicação, mas também de ações de mobilização social por meio da comunicação.

Adolescentes e jovens dos Conselhos da Viração

9. Resultados esperados: impacto e efeitos

Qual é a

contribuição que o

projeto espera fazer

na vida das

crianças e

adolescentes que

têm seus direitos

violados ou não

realizados?

Impacto

Page 127: Confira a tese

125

Fortelecer a ação política da adolescência e juventude frente à conquista ao direito humano à

comunicação, intensificando e qualificando o debate, desenvolvendo estruturas e aprimorando

propostas de participação real da juventude diante de temas relevantes na busca da cidadania.

Com que mudanças

o Projeto pretende

contribuir para o

impacto desejado

na realização dos

direitos das

crianças e

adolescentes?

Efeito - Mudança 1

Organicidade ao Movimento Viração, como forma de aprimorar as ações articuladas da

adolescência e juventudes brasileiras referente ao direito humano à comunicação, reforçando

ações de avaliação e gestão.

Efeito - Mudança 2

Virajovens formados em educomunicação e cidadania participativa para produção de conteúdo

e ações de mobilização social.

Efeito - Mudança 3

Desenvolvimento de novos formatos de participação e integração de adolescentes, jovens e

organizações sociais nos diferentes estados brasileiros, fortalecendo e garantindo a

diversidade, ação política, articulação e diálogo dos conselhos Virajovens com outras redes de

comunicação e outros movimentos das adolescências e juventudes, com reforço específico na

temática de ensino médio.

10. Resultados esperados: Produtos

Quais serviços ou

produtos o projeto

tem que produzir

para alcançar as

mudanças ou

efeitos desejados e

assim contribuir da

melhor forma para

a proteção, respeito

e garantia dos

direitos das

crianças e

adolescentes

(impacto)?

Produtos necessários e suficientes para o Efeito 1

Efeito 1: Organicidade ao Movimento Viração, como forma de aprimorar as ações articuladas

da adolescência e juventudes brasileiras referente ao direito humano à comunicação,

reforçando ações de avaliação e gestão.

Produto 1.1 Elaboração de um projeto de reestruturação dos Virajovens

Produto 1.2

Desenvolvimento de experiência-piloto de atuação em 3 Estados do país (São

Paulo, Ceará e Pará) para criação de novos Virajovens

Produtos necessários e suficientes para o Efeito 2

Page 128: Confira a tese

126

Efeito 2: Aprimoramento da capacidade técnica e estrutural dos Virajovens por meio da

formação em educomunciação e temas relacionados diretamente ao direito humano à

comunicação, como forma de sensibilizar e mobilizar a participação da adolescência e

juventude em atividades e ações de comunicação por, pelo, para e com a adolescência e

juventude.

Produto 2.1

Ações de formação em educomunicação implementadas localmente,

regionalmente e nacionalmente, por meio de ferramentas educomunicativas

presenciais e de educação à distância, com conteúdos definidos e planejados

pelos integrantes dos Conselhos.

Produto 2.2 Promoção de um canal de chat na internet com especialistas e adolescentes

Produtos necessários e suficientes para o Efeito

Efeito 3: Desenvolvimento de novos formatos de participação e integração de adolescentes,

jovens e organizações sociais nos diferentes estados brasileiros, fortalecendo e garantindo a

diversidade, ação política, articulação e diálogo dos conselhos Virajovens com outras redes de

comunicação e outros movimentos das adolescências e juventudes, com reforço específico na

temática de ensino médio.

Produto 3.1

Virajovens e adolescentes comunicadores integrando redes de ação política e

fortalecendo o debate sobre comunicação nesses espaços e o diálogo entre redes e

articulações que atuam com comunicação e a adolescência e juventude, com

parcerias locais e regionais fortalecidas e novos modelos de sustentabilidade

institucional.

11. Estratégias do Projeto

O projeto estabeleceu uma linha de ação focada no fortalecimento de ações já desenvolvidas ao longo dos anos

pela Revista Viração em todo o país. Dessa forma, o projeto estabeleceu três eixos estratégicos prioritários, que em

alguns momentos do projeto irão delimitar inclusive cronologicamente as ações. É importante ressaltar que os

eixos aqui apresentados são frutos de debates, primeiramente, com parceiros que vêm acompanhando a trajetória

da Viração, como o próprio Unicef. Também há contribuições da equipe da Viração em São Paulo e de Virajovens

que ao longo dos anos vêm acompanhando o envolvimento da juventude e adolescência em ações de

educomunicação. Algumas perguntas funcionaram como geradoras das propostas e estratégias de ação como: como

ir além dos mobilizadores de Virajovens e envolver os adolescentes e jovens da comunidade?, como pensaremos a

renovação da rede virajovens?, como construírmos a acolhida dos novos adolescentes que chegam e querem

formar Virajovens?, como garantir a formação em educomunicação?, como aprimorar o papel das organizações

parceiras nos Estados?, como garantir a diversidade nos e dos conselhos?, onde está a demanda de formação de

movimento? o que envolve a gestão de uma rede? Como garantir organicidade também dentro da equipe?, como

garantir coletivos temáticos para lidar com os diversos temas da adolescência e juventude?

O primeiro eixo estratégico construído diz respeito à avaliação e gestão dos Virajovens. A proposta consiste em

desenvolver uma pesquisa junto a esses Conselhos (adolescentes, jovens, organizações e parceiros) para levantar

suas vulnerabilidades e fortalezas relacionados à ação política da adolescência e juventude na, com e pela

comunicação. Essa pesquisa tem a proposta de retratar a realidade dos Conselhos, suas ações, suas estruturas e

planejar ações conjuntas e articuladas para serem implementadas durante 2010. A idéia é que a pesquisa tenha

como produto uma publicação sobre a história, mas que também direcione ações de fortalecimento da ação política

da juventude em comunicação por meio do movimento Viração. O lançamento dessa pesquisa caracterizaria o

Encontro Nacional dos Virajovens, nos quais seriam apresentados resultados e já planejadas ações seguintes. Para

esse encontro, os Virajovens já devem ter desenvolvido propostas de ação local de fortalecimento da ação da

juventude (em comunicação, nas comunidades, e na temática do Ensino Médio). A meta é que o projeto apóie

Page 129: Confira a tese

127

planos de ação local. Nesse primeiro evento serão apresentadas essas propostas e planejadas as ações. Esse plano

de ação deverá incluir metas conjuntas relacionadas à gestão dos Conselhos, no sentido de garantir “organicidade à

ação”.

O segundo eixo estratégico está relacionado à formação, e pretende especificamente qualificar a participação do

adolescentes e do jovens, tanto no que diz respeito à sua ação política no debate sobre direitos, como também

favorecer a própria ação em comunicação e educomunicação. As perguntas geradoras descrevem dúvidas dos

integrantes da equipe com a relação a: como qualificar a cobertura, como aprofundar o debate dos temas junto aos

jovens, como garantir a participação efetiva da adolescência e juventude em espaços de construção de políticas

públicas?. E mais, uma das principais necessidades diz respeito à: como garantir a participação e constante

formação de outros adolescenste e jovens e novas lideranças com formação política. Assim, a meta desse eixo

estratégico é garantir ação de formação aos mobilizadores dos Virajovens, mas também, incentivar propostas de

formação em comunicação junto a outros adolescentes, efetivando e garantindo a participação da adolescência e

juventude pelo, com e para o direito humano à comunicação. A perspectiva é o marco da comunicação para o

desenvolvimento.

O terceiro e último eixo estratégico é integralmente direcionado à articulação. Nele, os principais pontos

levantados no debate estavam relacionados à: como garantir a articulação com outras organizações? como

fortalecer os diálogos entre os diferentes temas da adolescência e juventude por meio da comunicação?, como

garantir uma agenda comum de adolescentes e jovens comunicadoras e comunicadores brasileiras relacionada

comunicação?, como ampliar parcerias estratégicas localmente com impactos nacionais (e internacionais)? Assim,

esse eixo tem a meta de garantir o diálogo constante e estratégico da Viração e dos Conselhos localmente junto ao

poder público, outras redes e alianças, em possíveis parcerias estratégicas. Isso também está relacionado a toda a

sustentabilidade política do Movimento Viração de ação política pelo direito humano da adolescência e juventude

à Comunicação.

Para alcançar os resultados traçados neste projeto, Viração e seus parceiros utilizarão as seguintes estratégias:

Reorganização da Viração como instituição no âmbito do Movimento dos Virajovens, de modo a ter

uma só estrutura organizacional que atue como movimento social prevendo diversas instâncias de

participação para tomadas de decisão.

Criação de oportunidades para que com os atuais mobilizadores dos Virajovens e coordenadores das

organizações parceiras possam contribuir ativamente para a reestruturação dos Virajovens.

Elaboração de um planejamento estratégico e plano de ação para os próximos 5 anos.

Criação de canais privilegiados de comunicação com os mobilizadores dos Virajovens e o uso de novas

tecnologias e de meios tradicionais de comunicação em vista da sua participação ativa: lista de

discussão fechada na Internet, ambiente colaborativo, intercâmbio de mensagens eletrônicas,

telefonemas. Essas ferramentas vão agilizar o processo de consulta e decisão para a reestruturação.

Desenvolvimento de formação básica de educomunicação para Virajovens para garantir o

aprofundamento do conceito da educomunicação, o entendimento do Movimento e a realização de

laboratórios de linguagens midiáticas.

Monitoramento e avaliação permanente do funcionamento dos Virajovens, a partir de metas indutoras e

indicadores de impacto, gestão e participação social previamente definidos.

Desenvolvimento de experiência-piloto de atuação em 3 Estados do país (São Paulo, Ceará e Pará) para

Page 130: Confira a tese

128

criação de novos núcleos Virajovens. Esses núcleos serão formados em escolas do Ensino Médio (2 de

São Paulo, 2 de um município de pequeno porte do Ceará e 2 de Belém). Esses grupos seriam

selecionados a partir da apresentação, por parte do grupo, da proposta de um projeto comunitário que

trabalhasse com tecnologias digitais, envolvesse a escola, desenvolvesse processos formativos e visasse

à construção de cidadania em seu município. Uma das ações básicas da proposta apresentada pelo

núcleo de estudantes deve ser a realização de campanhas de mobilização comunitária, como, por

exemplo, o combate à exploração sexual de crianças e adolescentes. Os grupos selecionados passariam

por uma formação semipresencial em educomunicação, jornalismo social e tecnologias digitais. O

conteúdo produzido será publicado na Revista Viração e na Agência Jovem de Notícias.

12. Metodologia – Marco Conceitual

Princípios Metodológicos

O projeto trabalhará com seguintes princípios metodológicos:

Cidade educomunicadora: Articulação com agentes/ oficineiros das mais variadas redes e instituições, incluindo

universidades, que lidam em algum grau com os temas relacionados aos direitos de adolescentes e jovens, para que

contribuam no processo de formação permanente dos Virajovens, com saberes e materiais pedagógicos

específicos;

Educomunicação entre pares: Os adolescentes são ao mesmo tempo aprendizes e educadores. Eles serão

responsáveis por multiplicar o que aprenderem na formação para outros jovens de sua escola e comunidade;

Multimídia: Serão usadas as mais diferentes formas de comunicação. O importante é gerar diálogo. Por isso vale

desde a mídia primária (o corpo) e suas extensões: voz, gesto etc até equipamentos da era digital como máquinas

fotográficas e filmadoras digitais. Cabe destacar que também será estimulado expressões artísticas como poesia,

música, cordel e outros.

Intervenção urbana: Serão estimuladas algumas metodologias de ação no espaço público utilizando linguagem

artística a fim de trabalhar a subjetividade de forma mais direta.

Enredamento: Os adolescentes atuarão não apenas em sua cidade, mas com todas as envolvidas pelo Movimento

Virajovens, via redes de produção de conteúdo e mobilização social.

Produção de conteúdo: Durante toda formação, os Virajovens produzirão conteúdo para Revista Viração, Agência

Jovem de Notícias, portais de informação das mais diversas naturezas, peças locais de comunicação.

Educação Democrática: Durante a formação, serão usadas estratégias da educação democrática, como realização

de assembléias para definição de termos de convivência, resolução de conflitos, avaliação participativa etc. Além

disso, conforme o avanço do programa de formação dos Virajovens, os adolescentes serão estimulados a ter uma

participação cada vez mais ativa na elaboração e definição dos conteúdos e das atividades a serem trabalhadas.

Multidisciplinaridade: A metodologia de formação do Virajovem como grupo de adolescentes comunicadores

busca sempre interrelacionar conceitos, disciplinas, e atores, na sua convicção de que a construção de um

conhecimento emancipador deve reconhecer e fortalecer-se na diversidade e integração.

Cultura organizacional holística, baseada no conceito de comunicação integral desenvolvida pela Viração e que

Page 131: Confira a tese

129

prevê a organização como organismo vivo em constante movimento, calcada em valores, costumes e conhecimento

ligados a uma visão não fragmentada.

13. O papel e o valor agregado do UNICEF

14. Plano de atividades

Efeito –

Mudança 1

Organicidade ao Movimento Viração, como forma de

aprimorar as ações articuladas da adolescência e juventudes

brasileiras referente ao direito humano à comunicação,

reforçando ações de avaliação e gestão.

Produto 1.1

Elaboração de um projeto de reestruturação dos Virajovens

Código Atividades para o produto 1.1 Duração Responsável – Quem participa

1 Articulação junto aos adolescentes e jovens mobilizadores

dos Virajovens

Início

1º mês

Término

12º mês

Responsável: Equipe do Projeto

Quem Participa: Adolescentes, jovens, educadores,

organizações parceiras

2

Construção de um processo de pesquisa/avaliação e

sistematização, indicadores, ferramentas, estratégias, formato

para o movimento

Início

1º mês

Término

5º mês

Responsável: Equipe do Projeto

Quem Participa: Adolescentes, jovens, educadores,

organizações parceiras e Unicef

3 Encontro Nacional dos Mobilizadores de Virajovens

Início

3º mês

Término

3º mês

Responsável: Equipe do Projeto

Quem Participa: Adolescentes, jovens, educadores,

organizações parceiras e Unicef

Efeito –

Mudança 1

Virajovens fortalecidos em uma nova estrutura

organizacional e em processos de participação sustentáveis e

continuados nas instâncias de decisão.

Produto 1.2 Desenvolvimento de experiência-piloto de atuação em 3

Estados do país (São Paulo, Ceará e Pará) para criação de

novos Virajovens

Código Atividades para o produto 1.2 Duração Responsável Quem participa

Início Término

1

Formação presencial e à distância em linguagens

multimídias e cidadania participativa para novos

núcleos Virajovens formado por até 5 estudantes em

2 escolas do Ensino Médio de São Paulo, 2 de um

município de pequeno porte do Ceará e 2 de Belém

3º mês 12º mês Equipe do Projeto e Núcleo

de Comunicação e Educação

da USP

Estudantes de escolas do

Ensino Médio

2 Cobertura eventos sociais e culturais de escolas e

comunidade

3º mês 12º mês Estudantes de escolas do

Ensino Médio

Estudantes de escolas do

Ensino Médio

3 Encontro de avaliação da experiência e

sistematização

11º mês 12º mês Equipe do Projeto e Unicef

Estudantes de escolas do

Ensino Médio

Efeito –

Mudança 2

Aprimoramento da capacidade técnica e estrutural dos

Virajovens por meio da formação em educomunciação e

temas relacionados diretamente ao direito humano à

comunicação, como forma de sensibilizar e mobilizar a

participação da adolescência e juventude em atividades e

ações de comunicação por, pelo, para e com a adolescência e

juventude.

Produto 2.1 Ações de formação em educomunicação implementadas

localmente, regionalmente e nacionalmente, por meio de

ferramentas educomunicativas presenciais e de educação à

distância, com conteúdos definidos e planejados pelos

integrantes dos Conselhos.

Page 132: Confira a tese

130

Código Atividades para o produto 2.1 Duração Responsável Quem participa

Início Término

1 Formação presencial e à distância em linguagens

multimídias e cidadania ativa 3º mês 12º mês

Equipe do Projeto e Núcleo

de Comunicação e Educação

da USP

Virajovens

2 Criação e manutenção do site da Agência Jovem de

Notícias para hospedar conteúdo dos Virajovens 1º mês 6º mês

Equipe do Projeto

Virajovens

3 Cobertura eventos sociais e culturais ligados aos

adolescentes e jovens 3º mês 12º mês Virajovens Virajovens

4

Elaborar uma proposta educomunicativa do uso

pedagógico da Revista Viração (em escolas,

organizações, grupos de jovens)

6º mês 9º mês

Equipe do Projeto e

Virajovens

Virajovens

Efeito –

Mudança 2

Aprimoramento da capacidade técnica e estrutural dos

Virajovens por meio da formação em educomunciação e

temas relacionados diretamente ao direito humano à

comunicação, como forma de sensibilizar e mobilizar a

participação da adolescência e juventude em atividades e

ações de comunicação por, pelo, para e com a adolescência e

juventude.

Produto 2.2 Temática do ensino médio fortalecido e debate qualificado

juntos aos conselhos Virajovens e seus integrantes, com

ações específicas planejadas e implementadas junto a escolas

públicas e gratuitas nos estados em que há conselhos

Virajovens.

Código Atividades para o produto 2.2 Duração Responsável Quem participa

Início Término

1

Animação do canal de chat e mobilização para a

participação

3º mês 12º mês Equipe do Projeto

Virajovens

2 Produção uma edição especial da Revista Viração

sobre o Ensino Médio. 8º mês 10º mês Equipe Projeto e Virajovens

Virajovens e Estudantes do

Ensino Médio

Efeito –

Mudança 3

Desenvolvimento de novos formatos de participação e

integração de adolescentes, jovens e organizações sociais nos

diferentes estados brasileiros, fortalecendo e garantindo a

diversidade, ação política, articulação e diálogo dos

conselhos Virajovens com outras redes de comunicação e

outros movimentos das adolescências e juventudes, com

reforço específico na temática de ensino médio.

Produto 3.1 Virajovens e adolescentes comunicadores integrando redes

de ação política e fortalecendo o debate sobre comunicação

nesses espaços e o diálogo entre redes e articulações que

atuam com comunicação e a adolescência e juventude, com

parcerias locais e regionais fortalecidas e novos modelos de

sustentabilidade institucional.

Código Atividades para o produto 3.1 Duração Responsável Quem participa

Início Término

1

Participação em encontros regionais e nacional da

Rede de Adolescentes e Jovens Comunicadoras e

Comunicadores e iniciativas de articulação com

outras redes locais

1º mês 12º mês

Virajovens e organizações

parceiras

Virajovens

2

Desenvolvimento de espaços de compartilhamento

das ações dos conselhos em articulações políticas

relacionadas ao direito humano da comunicação.

1º mês 12º mês

Virajovens e organizações

parceiras

Virajovens

Page 133: Confira a tese

131

3

Acompanhamento das ações dos Conselhos

Estaduais de Comunicação, de outros conselhos e

fóruns relacionados a ação política da adolescência e

juventude, para aproximar essas instâncias da

temática da comunicação e contribuir, por meio da

comunicação, com a ação política de outros

movimentos.

1º mês 12º mês

Virajovens e organizações

parceiras

Virajovens

4

Articulação de ações e parcerias locais com outras

organizações interessadas em integrar os conselhos

Virajovens e fortalecimento da ação política pelo

direito humano da comunicação pela juventude em

outras organizações.

1º mês 12º mês

Virajovens e organizações

parceiras

Virajovens

5

Fortalecer o diálogo com outras redes que atuam

pela democratização da comunicação e direitos da

infância e adolescência, realizando o primeiro

Encontro Nacional de Redes, Adolscência,

Juventudes e Comunicação (em conjunto com outras

redes como - Rede ANDI, REDE CEP, Pontos de

Cultura, Sou de Atitude, Rede MAB)

1º mês 12º mês

Virajovens e organizações

parceiras e Unicef

Virajovens

15. Sistema de Medição de Desempenho - Marco Lógico

Hierarquia de

Resultados

(transcrever das

seções 8 e 9)

Indicadores Linha de

Base Meta

Meios de

Verificação

IMPACTO Fortelecer a ação

política da

adolescência e

juventude frente à

conquista ao direito

humano à

comunicação,

intensificando e

qualificando o

debate,

desenvolvendo

estruturas e

aprimorando

propostas de

participação real da

juventude diante de

temas relevantes na

busca da cidadania.

Número de

adolescentes e

jovens

produtores de

mídia e

promotores de

ações de

mobilização

social de

forma

sistemática e

organizada

Virajovens

atuando em

24 Estados

sem infra-

estrutura

organizativa

e formação

sistemática e

continuada

Produção de

conteúdo

para

veículos de

comunicaçã

o (Viração,

Agência

Jovem de

Notícias,

blogs...) e

ações

sociais em

escolas e

comunidade

s

Relatório do

projeto,

número de

produtos e

iniciativas

realizados

Page 134: Confira a tese

132

Efeito –

Mudança 1

Organicidade ao

Movimento

Viração, como

forma de aprimorar

as ações articuladas

da adolescência e

juventudes

brasileiras referente

ao direito humano à

comunicação,

reforçando ações de

avaliação e gestão.

Número de

adolescentes e

jovens

envolvidos no

processo de

reestruturação

de forma

efetiva e

qualificada

Virajovens

atuando em

24 Estados

sem infra-

estrutura

organizativa

24

Virajovens

organizados

em um

movimento

social

Relatório do

projeto

Produto 1

Elaboração de um

projeto de

reestruturação dos

Virajovens

Plano de ações

definido para 5

anos

Nova estrutura

organizativa

funcionando

com

participação

qualificada dos

virajovens

adolescentes

Virajovens

atuando em

24 Estados

em conexão

com a sede

da Viração

240

adolescente

s de 24

Estados

participando

de várias

instâncias

do

movimento

Registro blog

do projeto

Produto 2

Desenvolvimento de

experiência-piloto

de atuação em 3

Estados do país (São

Paulo, Ceará e Pará)

para criação de

novos Virajovens

Número de

adolescentes

envolvidos

diretamente

Não existe

30

estudantes

de 6 escolas

públicas do

Ensino

Média

Relatório do

projeto,

número de

produtos e

iniciativas

realizados

Efeito –

Mudança 2

Aprimoramento da

capacidade técnica e

estrutural dos

Virajovens por meio

da formação em

educomunciação e

temas relacionados

diretamente ao

direito humano à

comunicação, como

forma de

sensibilizar e

mobilizar a

participação da

adolescência e

juventude em

atividades e ações

de comunicação por,

Número de

adolescentes e

jovens

envolvidos nas

atividades de

formação e

educomunicati

va e de

mobilização

240

adolescentes

de 24

Estados

240

adolescente

s de 24

Estados

participante

s ativamente

da formação

e

promovend

o ações

sociais

Relatório do

projeto,

documento

fotográfico

Page 135: Confira a tese

133

pelo, para e com a

adolescência e

juventude.

Produto 1 Ações de formação

em educomunicação

implementadas

localmente,

regionalmente e

nacionalmente, por

meio de ferramentas

educomunicativas

presenciais e de

educação à

distância, com

conteúdos definidos

e planejados pelos

integrantes dos

Conselhos.

Número de

matérias,

vídeos,

documentos

fotográficos,

áudios

produzidos

1 chat

mensal para

discussão de

pautas

1 reportagem

por

Virajovem

por mês

Reportagens

semanais

produzidas

por

Virajovens

em 24

Estados

Conteúdo

publicado na

Revista

Viração e no

site da Agência

Jovem de

Notícias e

outros veículos

de

comunicação

Produto 2 Temática do ensino

médio fortalecido e

debate qualificado

juntos aos

Virajovens e seus

integrantes, com

ações específicas

planejadas e

implementadas

junto a escolas

públicas e gratuitas

nos estados em que

há conselhos

Virajovens.

Número de

adolescentes,

jovens e

educadores

participantes

24

mobilizadore

s de

Virajovens

participantes

240

adolescente

s e jovens

participante

s da

produção de

coneúdo

sobre

Ensino

Médio

Relatório do

projeto e

produção de

edição especial

da Revista

Viração

Efeito –

Mudança 3

Desenvolvimento de

novos formatos de

participação e

integração de

adolescentes, jovens

e organizações

sociais nos

diferentes Estados

brasileiros,

fortalecendo e

garantindo a

diversidade, ação

política, articulação

e diálogo dos

conselhos

Virajovens com

outras redes de

comunicação e

Número de

organizações

parceiras e

articulações

políticas e

projetos

colaborativos

realizados

24

mobilizadore

s de

Virajovens

participantes

240

adolescente

s e jovens

participante

s

Relatório do

projeto

Page 136: Confira a tese

134

outros movimentos

das adolescências e

juventudes, com

reforço específico

na temática de

ensino médio.

Produto 1 Virajovens e

adolescentes

comunicadores

integrando redes de

ação política e

fortalecendo o

debate sobre

comunicação nesses

espaços e o diálogo

entre redes e

articulações que

atuam com

comunicação e a

adolescência e

juventude, com

parcerias locais e

regionais

fortalecidas e novos

modelos de

sustentabilidade

institucional.

Número de

encontro

locais,

regionais e

nacional

24

mobilizadore

s de

Virajovens

participantes

240

adolescente

s e jovens

participante

s

Relatório dos

encontros,

registro

fotográfico

16. Plano de Monitoramento e Avaliação

Período (trimestral, semestral)

ATIVIDADES Mês/trimestre

/etc

Mês/trimestre/etc Mês/trimestre/etc Mês/trimestre/etc

Articulação junto aos

adolescentes e jovens

mobilizadores dos

Virajovens

1º ao 12º mês

Construção de um

processo de

pesquisa/avaliação e

sistematização,

indicadores,

ferramentas,

estratégias, formato

para o movimento

1º ao 5º mês

Encontro Nacional

dos Mobilizadores de

Virajovens

3º mês

Formação presencial

e à distância em

linguagens

3º ao 12º mês

Page 137: Confira a tese

135

multimídias e

cidadania

participativa

Cobertura eventos

sociais e culturais de

escolas e

comunidade

3º ao 12º mês

Encontro de

avaliação da

experiência e

sistematização

11º a 12º mês

Formação presencial

e à distância em

linguagens

multimídias e

cidadania ativa

3º ao 12º mês

Criação do site da

Agência Jovem de

Notícias para

hospedar conteúdo

dos Virajovens

1º ao 6º mês

Cobertura eventos

sociais e culturais

ligados aos

adolescentes e jovens

3º ao 12º mês

Elaborar uma

proposta

educomunicativa do

uso pedagógico da

Revista Viração (em

escolas,

organizações, grupos

de jovens)

7º mês ao 9º

mês

Animação do canal e

mobilização para a

participação

Buscar ser um canal

de aprofundamento

3º ao 12º mês

Produção uma edição

especial da Revista

Viração sobre o

Ensino Médio

8º ao 10º mês

Participação em

encontros regionais e

nacional da Rede de

Adolescentes e

Jovens

Comunicadoras e

Comunicadores e

1º ao 12º mês

Page 138: Confira a tese

136

iniciativas de

articulação com

outras redes locais

Desenvolvimento de

espaços de

compartilhamento

das ações dos

conselhos em

articulações políticas

relacionadas ao

direito humano da

comunicação.

1º ao 12º mês

Acompanhamento

das ações dos

Conselhos Estaduais

de Comunicação, de

de outros conselhos e

fóruns relacionados a

ação política da

adolescência e

juventude, para

aproximar essas

instâncias da

temática da

comunicação e

contribuir, por meio

da comunicação,

com a ação política

de outros

movimentos.

1º ao 12º mês

Articulação de ações

e parcerias locais

com outras

organizações

interessadas em

integrar os conselhos

Virajovens e

fortalecimento da

ação política pelo

direito humano da

comunicação pela

juventude em outras

organizações.

1º ao 12º mês

Fortalecer o diálogo

com outras redes que

atuam pela

democratização da

comunicação e

direitos da infância e

adolescência,

1º ao 12º mês

Page 139: Confira a tese

137

realizando o primeiro

Encontro Nacional

de Redes,

Adolscência,

Juventudes e

Comunicação (em

conjunto com outras

redes como - Rede

ANDI, REDE CEP,

Pontos de Cultura,

Sou de Atitude, Rede

MAB)

17. Orçamento por Fonte de Recursos e Cronograma de Desembolso

Em anexo

18. Avaliação do Oficial Responsável

19. Assinatura do Oficial Responsável/Coordenador e Parceiro

UNICEF Parceiro

Oficial Responsável: Mario Volpi

Coordenador (EZ, Programa): GT Adolescent

Page 140: Confira a tese

138

O que vc chama de projeto social impresso. Desenvolver o conceito.

Projeto social impresso. Na verdade essa expressão veio só depois. Primeiro veio a prática. É

como dizia Paulo Freire: “Primeiro a gente faz, depois dá um nome”. E foi assim com a

Viração. Fomos formalizando e idealizando os processos aos poucos. No começo, um muito

de idealização, sobretudo em relação à participação dos adolescentes e jovens. Pensávamos

que seriam algo batido, que bastava chamar e o pessoal vinha. E não foi bem assim. Tivemos

que ir acertando o passo aos poucos no sentido de ir criando, inovando espaços e mecanismos

de participação para que de fato esta fosse efetiva e não idealizada.

Projeto porque se tratava de uma iniciativa com objetivos, metodologias e metas bem

definidas. A dimensão de projeto também prevê experimentação, desobediência mental, como

bem diz o professor Evandro Ouriques, para fugir aos esquemas tradicionais de se fazer

revista apenas por profissionais de comunicação e adultos.

Social porque nossa meta é fazer com que a participação leve a uma transformação social da

realidade de seus sujeitos. Transformação em diversos níveis: local, regionalm nacional e

internacional. Não é por acaso que a última seção da Revista Viração, desde o começo, foi

nessa linha. No começo se chamava “Viração Social”, depois passou a ser “Parada Social”.

Nossa proposta é de discutir e levar a cidadania pela revista.

Impresso: Porque iniciamos como um projeto de incentivo à leitura. Claro, no começo nossa

proposta é iniciar com a leitura de produtos impressos, mas pouco a pouco fomos alargando o

leque e entrando no mundo do audiovisual e também artístico com intervenções urbanas,

como a que realizamos no 1 de Maio de 2005.

No Brasil dos dias atuais, onde se lê menos de dois livros por ano por habitante, cada vez

mais a leitura é essa espécie de senha para que os que têm acesso a ela consigam galgar outras

posições na vida, transformar suas vidas, garantindo a efetivação de seus direitos

fundamentais.

Fale um pouco a respeito desta transição que abrange de projeto a movimento (como se

originou esse processo, de onde partiu a ideia/necessidade/demanda, como foi construído

o projeto, que fatores demandaram essa transição).

Estamos no bojo dessa transição, sem certezas ou definições. Aliás, é assim que eu gosto: de

coisas in-definidas, em movimento, em discussão. Esse momento de transição está nos

ajudando a consolidar conceitos a partir das práticas desses 7 anos. Me lembro de uma

reunião que tive com o Mario Volpi, do Unicef, em Brasília, em junho de 2009. Discutíamos

pela enésima vez o fato que o Unicef não poderia apoiar a Viração porque era uma revista.

Pela enésima vez expliquei a ele que a Viração não era uma revista mas um projeto e agora

uma organização social que desenvolve diversos projetos. Expliquei a ele que estávamos com

núcleos em 24 Estados e que estávamos funcionando como uma rede, um grande movimento

de voluntários jovens que trabalham nas duas pontas: comunicação e mobilização social. Daí

o Mario Volpi me jogou na cara: pronto, se é movimento, o Unicef pode apoiar. Eles analisou

e me disse que ajudaria para que pudéssemos sistematizar o que vimos fazendo até hoje para

quem sabe lançar as bases de um movimento social de adolescentes comunicadores.

Compartilhei tudo isso com a equipe e todo mundo ficou ainda mais entusiasta e com um

grande desafio à frente: passar da revista ao movimento, passar do projeto à organização e um

novo tipo de organização. Acredito que temos agora que sistematizar tudo a partir de outras

palavras geradoras concentradas na palavra AMA (Atuação – Monitoramento – Avaliação).

Page 141: Confira a tese

139

Essas três palavras mágicas daqui para frente nos ajudaram a clarear as ideias quanto à atual

fase de Processo – Organização – Movimento.

Como vc avalia o seu afastamento (físico e administrativo) dentro desse processo sendo a

sua figura não raras vezes e facilmente confundida com a Viração.

Avalio como muito positivo. Costumo brincar que quando a gente começa a criar barriga é

porque é hora de mudar e se mudar. Eu me me identifico muito com a imagem de semeador.

Foi feita a semeadura ao longo de 7 anos e agora a colheita vem sendo realizada por outros

também semeadores. Mas continuo na eterna atividade de semeadura. Claro, se trata de um

processo com base no slogan: A gente sumindo e o povo assumindo. E por ser processo,

estamos ensaiando formas novas de governança e liderança, que vão desde a relação entre as

equipes de trabalho até às relações entre a diretoria executiva e a diretoria institucional e todos

os demais associados. Mesmo quando eu estava à frente da Viração, sempre procurei criar

novas lideranças, potencializar os colaboradores fixos e voluntários para que assumissem suas

responsabilidades e também as da organização. O resultado é o que vemos agora: equipe

comprometida cem por cento com a missão, os objetivos e a visão da Viração. Isso cria um

campo fértil para que eu possa cuidar mais da parte de sistematização de toda essa história de

acúmulos e também ir criando possibilidades para expandir o conceito Viração na Europa e

outras partes do mundo. Inclusive, estou dedicando parte do tempo ao estudo do inglês para

facilitar os intercâmbios internacionais, parte do tempo também para construção de parcerias

com organizações européias afins.

Como se configura hj a sustentabilidade econômica da Viração e como isso está

contemplado no projeto do Movimento?

A sustentabilidade econômica da Viração está baseada em um tripé (ou muitos outros pés)

básico: captação via projetos, captação via assinaturas e captação via anúncios. Nosso desafio

atual é como criar ou experimentar essa fórmula no âmbito do Movimento com todos os

virajovens, de forma que eles se tornem ativos também em relação à sustentabilidade do

movimento. Temos experiências-piloto nesse sentido que deram certo. É o caso do Virajovem

de João Pessoa que conseguiu captar um pacote de 300 assinaturas anuais junto à Secretaria

de Educação do Município, sendo que um percentual foi destinado ao fortalecimento do

Virajovem e utilizado para compra de equipamentos e custeio de despesas várias.

A dimensão desse processo de transição pelo qual passa a Viração está no nível de

consciência de todos os envolvidos com a Vira, inclusive os Virajovens?

Diria que aqui também se trata de um processo que tem que ser gradual. A tomada de

consciência está se dando de forma gradual, seja pela equipe de colaboradores fixos e

voluntários que pelos Virajovens. Primeiro, o projeto aprovado junto ao Unicef foi

compartilhado por todos os mobilizadores jovens de cada Virajovem; depois eles estão

seguindo o assunto e discutindo no Ning. Mas reafirmo que se estamos apenas iniciando o

processo de compartilhamento de assuntos delicados e complexos. Nem todos possuem o

mesmo grau de compreensão a respeito de alguns assuntos, como o da sustentabilidade

econômica, e temos que levar isso em conta.

Além disso, parte da equipe está envolvida com a sistematização de nossas metodologias e

isso gera muita energia que entusiasma os demais. A cada descoberta há um sorriso, um

aplauso, um “estamos no caminho certo!”.

Page 142: Confira a tese

140

Como vc avalia a Comunicação q permeia tds as relações da Viração até aqui? Esse

modelo de comunicação cabe nesse novo momento da Viração ou esse processo pede

tbém uma nova comunicação?

A Viração sempre foi vista como um processo e um grande laboratório vivencial. Quem entra

aporta sempre algo novo na forma de olha, trabalhar e se entusiasmar. Quem já estava tem

muito a compartilhar o que aprendeu e a transmitir o vivenciado e experimentado. Nem

sempre há harmonia entre quem estava e quem entra, entre o velho e o novo. Mas vivemos

tudo de forma dialética e é aqui que nos damos conta da importância de sistemas de

informação e comunicação para facilitar todo o processo. Processo dialógico e dialético. Essas

são outras duas palavras mágicas que sempre acompanharam a Viração. Ternura e

corresponsabilidade por todas e todos e que vão desde ao cuidado com a pia (o que eu chamo

da Pedagogia da Pia) até com o cuidado com os adolescentes e jovens que participam de

nossas iniciativas. A partir do momento que já não somos apenas um projeto, mas uma

organização que desenvolve diversos projetos e com um maior número de colaboradores e

beneficiários, não podemos perder de vista a relação e o grau de informação e comunicação

compartilhadas. Teremos que continuar investindo para que o coeficiente comunicativo de

todas e todos os que atuam na Viração possa ser elevado. Estou tranquilo em relação a isso

porque estamos atentos e cuidando muito bem disso. E podemos aumentar o coeficientie

comunicativo da equipe, por xemplo, com momentos informais e descontraídos, que vão

desde um happy-hour (ou melhor nossa “Sexta à Toa) até um cineminha ou uma balada

juntos.

Que importância/papel tem a Comunicação no âmbito da reestruturação/consolidação

dos Conselhos Virajovens e da articulação da Viração junto às redes de juventude?

É de fundamental importância porque a comunicação é o que move tudo. É movimento e

perpassa todas as relações, desde as interpessoais às institucionais. Se crescemos, temos que

desenvolver novas ferramentas e mecanismos de comunicação para que este crescimento seja

integral. O desafio agora é como criar um sistema de educomunicação que possa responder às

novas demandas postas por um movimento, que por essência é de comunicação e

participação. O movimento, como a organização Viração Educomunicação, é um ecossistema

comunicativo.

Page 143: Confira a tese

141

Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito?

Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa

equipe?

A gestão das práticas educomunicativas acontecem por meio da gestão das atividades, ações,

processos, áreas e programas que a Viração realiza. Por isso, os responsáveis pela gestão são

os respectivos coordenadores de projetos junto com suas respectivas equipes. Na maioria dos

casos, cada projeto possui um blog de sistematização e monitoramento de suas atividades.

Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração?

Temos uma coordenação colegiada formada atualmente por: Lilian Romão, Gisella Hiche e

Paulo Lima. As suas funções são as seguintes:

1. Coordenação Colegiada realizará reuniões, presenciais ou virtuais, ordinárias e

extraordinárias, quando a diretoria executiva julgar necessário, ou quando, algum

membro da Coordenação o solicitar.

2. Cabe à Coordenação Colegiada:

3. Animar a equipe de colaboradores, dando apoio moral, emocional e profissional

quando solicitado o considerar necessário;

4. Mediar e buscar soluções para conflitos internos da equipe;

5. Promover a apropriação da missão, carta de valores e princípios e regimento

interno por parte da equipe de colaboradores ;

6. Elaborar projetos de sustentabilidade financeira e institucional;

7. Avaliar e acompanhar projetos e ações previstos no planejamento estratégico

anual;

8. Preparar editais de contratação de novos colaboradores, realizar entrevistas e

contratações;

9. Representar a Viração Educomunicação em quaisquer atos, solenidades e

reuniões com parceiros.

Prioridades: São definidas no planejamento estratégico e participativo realizado por toda a

equipe no começo de cada ano e revisado no final do segundo semestre. Para 2011, são essas

as prioridades:

Prioridade 1: Realaboração de um plano de sustentabilidade financeira e econômica:

O ponto de partida e uma das principais ações desta reelaboração é o Plano de Assinaturas.

O maior desafio da Viração Educomunicação é garantir sua sustentabilidade financeira e o

funcionamento dos Virajovens a partir de dois negócios principais: a Revista Viração, que

está em processo de consolidação; e a Agência Jovem de Notícias, que está em processo de

reformulação e para a qual também devemos pensar um Plano de Negócios em um segundo

momento, junto com parceiros.

Page 144: Confira a tese

142

Quanto ao primeiro produto, a Revista, o objetivo que tínhamos definido no planejamento

estratégico para os próximos cinco anos, a partir de 2009, era atingir 10.000 assinaturas

pagantes em 2013. No entanto, este volume já está sendo alcançado em novembro de 2010,

por meio da compra de um lote de 7 mil assinaturas para todos os atuais Pontos de Cultura do

país por parte do Ministério da Cultura. Somando aos cerca de 3 mil atuais chegamos a 10

mil.

Para fidelizar esses assinantes e conquistar outros novos 2 mil em 2011, segmentamos os

possíveis públicos-alvos da Revista Viração e estabelecemos as seguintes estratégias para

cada um deles. Veja anexo.

Prioridade 2: Reformulação do Conselho Pedagógico, com novos e antigos integrantes,

reuniões quadrimestrais e plano de ação:

São esses os documentos e resultados de uma primeira das quatro reuniões ao ano realizada

pelo Conselho Pedagógico, que tem uma lista de discussão fechada na internet:

DOCUMENTO 1: Proposta de Pauta

Reunião do Conselho Pedagógico da Revista Viração

Data: 15 de março 2011, às 19hs.

Loca: Sede da Viração Educomunicação

1) Breve apresentação dos participantes

2) Breve apresentação da Viração em números e metodologias

Qual a tiragem atual?

Qual o perfil dos assinantes?

Quantos conselhos participam da produção e difusão da Revista?

Como se dá o processo de produção da Revista, da construção e realização de pautas à

gráfica?

3) Reflexão e definição sobre uma proposta pedagógica da Revista Viração

Existe um processo pedagógico para a produção da Revista, mas não uma proposta

pedagógica de mediação de leitura a ser utilizada por seus leitores/prossumidores (estudantes,

professores, educadores sociais), dentro e fora da escola.

Algumas estratégias básica sugeridas pelo Alexsandro Santos e Virajovens:

a) a promoção de espaços de formação abertos a educadores para que conheçam a proposta

editorial da publicação, seus principais compromissos e se apropriem de seus conteúdos e

estrutura;

b) a promoção de uma relação próxima entre esses educadores e a produção, em que possam

dialogar com os editores sobre as pautas e em que possam se colocar também como co-

produtores;

Page 145: Confira a tese

143

c) a promoção de uma relação próxima com os jovens e adolescentes, a partir de estratégias

específicas de distribuição das revistas e dos canais de participação nos espaços em que os

jovens e adolescentes efetivamente estão, incluindo a escola.

d) criação de um espaço direcionado para educadores no site da Viração, para que possam

acessar metodologias educomunicativas, acessar documentos e trocar experiências sobre o uso

da revista, com fórum de discussão.

4)Reestruturação do Conselho Pedagógico

Quem participa, como participa e quando participa?

5) Encaminhamentos

DOCUMENTO 2: Memória da 1ª reunião do Conselho Pedagógico da Vira de 2011

Presentes:

Cida Jurado

Leandro Nonato

Bel Santos

Alexsandro Santos

Equipe Vira:

Paulo Lima

Ana Paula Marques

Eduardo Peterle

Douglas Lima

Gisella Giche

Rafael Stemberg

O debate principal foi como aproximar a revista Viração dos professores e educadores, sem

descaracterizá-la como uam revista feita por, com e para jovens.

Foram levantadas algumas estratégias possíveis dentro do município de São Paulo como:

16. Escrever um edital para convidar professores, diretores e coordenadores para uma

formação de 2 horas aqui na Vira;

17. Aproximar o corpo docente das 8 escolas de Sampa que têm ensino fundamental e

médio (Alex tem contato);

18. Dialogar com Carlos Lima do educom.radio para ver como eles podem nos ajudar

nesta divulgação;

19. Aproximar-se da rede de escdolas técnicas (ETECs), ligadas a Secretaria de Ciência e

Tecnologia

20. Doação de 20 a 30 revistas por mês para professores ligados à Vira;

21. Apresentação da Vira em congressos e outras reuniões dos sindicatos de professores

(alex tem contato);

22. Apresentação da Vira nas reuniões mensais das Diretorias regionais de ensino

Abaixo seguem algumas sugestões relativas a uma aproximação mais direta com os

adolescentes das escolas do Ensino Médio:

Dialogar com rede de grêmios da cidade;

Dialogar com bolsistas monitores da Escola da Família

Estratégias nacionais:

Page 146: Confira a tese

144

- criar um mailing de educadores

Edu resumiu as propostas em 3 eixos:

eixo 1- criação de um canal institucional para troca de experiências e contribuições. Bel

Santos nos apresentou o site www.unidadenadiversidade.com.br que possui um canal de

diálogo com educadores;

eixo 2- espaços de apresentações institucionais da Vira. Houve a proposta de que cada

conselho Virajovem leve a revista para professores que actreditam que podem fazer um

trabalho interessante em sala de aula.

Foi decidido que teremos um e-group do conselho a ser usado com parcimônia.

Próxima reunião: 07 de junho (terça), às 19h.

DOCUMENTO 3 : Conselho Pedagógico da Viração, um pouco de memória

Paulo Lima

O Conselho Pedagógico faz parte do próprio DNA da Viração, pois desde o começo surgimos

como um projeto multi e transdisciplinar, reunindo profissionais de diversas áreas do saber,

da pedagogia à comunicação, da sociologia à economia. A primeira grande contribuição do

conselho foi propor o trabalho com grupos focais que iriam avaliar a necessidade de se criar

uma revista produzida com jovens e pelos jovens, e também para avaliar o número zero.

O conselho inicialmente reunia a coordenadora pedagógica Aparecida Jurado, a pedagoga

Isabel Santos, as sociólogas Vera Lion e Márcia Cunha. Alguns integrantes do conselho

editorial da Viração também contribuíam com o pedagógico, como o professor Ismar de

Oliveira e as jornalistas Immaculada Lopez e a Izabel Leão.

No começo houve reuniões mais ou menos periódicas, a cada 3, 4 meses. No entanto, o

conselho funcionou mesmo à base da troca de mensagens eletrônicas ou consultas por

telefone. As dificuldades de termos reuniões presenciais com periodicidade foi devido

sobretudo às agendas supercarregadas dos conselheiros.

Sempre que podíamos nas reuniões presenciais participavam alguém da Redação e também do

Virajovem.

Entre as funções que vem exercendo o conselho, estão:

sugerir fontes e abordagens para a produção editorial da revista e de edições especiais;

contribuir para a reflexão de temas polêmicos no que diz respeito à própria

sustentabilidade institucional;

assessorar a equipe da Viração na elaboração de projetos educomunicacionais;

assessorar equipes dos projetos da Viração na elaboração de

laboratórios/cursos/oficinas/ Rodas de conversa de educomunicação;

contribuir para criar canais inovadores de participação seja de estudantes que de

educadores na revista e na organização como um todo.

Uma preocupação que os conselheiros sempre tiveram foi a de que não deveríamos criar

esquemas de como utilizar a Viração em sala de aula ou em encontros com jovens, mas de dar

visibilidade às experiências enviadas pelos educadores, adultos e jovens. Por isso, foi criada

uma chamada na página 3 da revista, nas edições de 2005, se eu não me engano, convidando

os educadores a compartilharem suas experiências dentro e fora da escola, que a Viração

publicaria. Pena que não houve retorno, ficando só em alguns casos. Mas sabemos que muitos

professores e educadores sociais utilizam a Viração como subsídio pedagógico. Temos é que

estudar uma nova propostas para divulgar essas experiências. Quem sabe seja o caso de aqui e

diante rever nossa posição de não dar tudo pronto pro educador. Ou seja, poderíamos

imaginar um esquema de trabalho em sala de aula ou em grupo de jovem a partir da

Page 147: Confira a tese

145

reportagem de capa, por exemplo; ou mesmo da HQ do Rap Dez e a Turma da Vira; ou de

uma foto publicada na revista; ou ainda de um vídeo da seção Fazedores de Vídeo.

Outra possibilidade, para não descaracterizar a revista é criar um encarte de 4 páginas para os

educadores com esses esquemas de uso da Vira como subsídio pedagógico. Essa é uma ideia

antiga que tem boa receptividade junto ao Instituto Paulo Freire (IPF). Em conversas com a

Salete Gamboa, do IPF, ficamos de aprofundar o assunto, que teve ponta-pé inicial com a

parceria que produziu a edição especial sobre analfabetismo juvenil.

DOCUMENTO 4: Produção e Circulação de Impressos entre Educadores como

Estratégia Cultural: contribuições ao debate

Alexandro Santos

“Não existe nenhum texto fora do suporte que o dá a ler,

não há compreensão de um escrito, qualquer que seja, que não dependa

das formas através das quais ele chega ao seu leitor”

(Roger Chartier, 1990, p. 123)

Inicio esse breve escrito colocando em relevo alguns trechos da Ata da Reunião de

2010 e do registro da memória do Conselho Pedagógico, enviados por Paulo para nós, por

email, como subsídio para esse nosso encontro. E faço isso, especialmente, porque muitas das

questões que identifiquei lendo esses documentos estão em sintonia fina com muitas das

reflexões que venho fazendo, do ponto de vista da história cultural e das políticas de

comunicação. A epígrafe que escolhi delineia em que termos as preocupações do Conselho

Pedagógico e dos jovens produtores da Viração são altamente relevantes para o avanço nas

discussões sobre produção e circulação cultural, dentro e fora da escola, na

contemporaneidade.

Existem modelos de Revista voltadas para o auxílio ao educador em sala de

aula. A Viração tem uma outra proposta.

É mais voltada para educadores com perfil mais progressista (...)

Como o professor terá acesso à Viração?

Questão do monopólio da distribuição.

É necessário considerar o “mediador” de forma mais nítida. Relatos de

experiências de uso capazes de facilitar a ação pedagógica do educador.

(Viração. Ata de Reunião do Conselho Pedagógico, s/d)

Uma preocupação que os conselheiros sempre tiveram foi a de que não

deveríamos criar esquemas de como utilizar a Viração em sala de aula ou

em encontros com jovens, mas de dar visibilidade às experiências enviadas

pelos educadores, adultos e jovens. Por isso, foi criada uma chamada na

página 3 da revista, nas edições de 2005, se eu não me engano, convidando

os educadores a compartilharem suas experiências dentro e fora da escola,

que a Viração publicaria.

(Paulo Lima. Memória do Conselho Pedagógico da Viração, 2011)

Nos idos de 1980, alguns pesquisadores da área da História e da Sociologia da

Educação no Brasil, sintonizados com algumas reflexões da História Cultural de orientação

francesa e que vinha pesquisando intensivamente a da produção e circulação cultural dentro e

fora das políticas educacionais construíram amplos projetos de pesquisa para mapear quais

Page 148: Confira a tese

146

foram/eram os impressos que circulavam na Escola ou ao redor dela e quais eram as

estratégias que tornavam essa produção e circulação possíveis.

Um dos mais significativos projetos desse tipo esteve sob a coordenação das

professoras Miriam Warde e Marta Chagas de Carvalho e envolveu professores da

Universidade de São Paulo e da Pontíficia Universidade Católica de São Paulo. Na segunda

instituição, esses estudos estiveram sob o guarda-chuva dos programas de Mestrado e

Doutorado em Educação: História, Política, Sociedade.

Mas, porque trago essa informação?

Porque as questões que esses programas e projetos de pesquisa pretenderam esclarecer

são muito próximas das questões que este Conselho Pedagógico se colocou em relação ao

Projeto de Produção e Circulação Cultural que Viração coloca na rua.

No que diz respeito à produção e circulação de revistas na Escola, o que essas

pesquisas demonstraram pode ser resumido (de maneira bem esquemática) em quatro pontos

essenciais:

1 – Tanto a produção quanto a circulação de revistas na Escola brasileira, desde o final

do século XIX até os dias atuais esteve ancorada em financiamento público direto ou indireto,

por parte dos órgãos mantenedores do sistema escolar.

No primeiro caso (financiamento direto), trata-se da produção própria ou da

contratação de editoras para a produção de revistas dirigidas pelos próprios órgãos. É o caso,

por exemplo, das “Revista Pedagógica” (publicada ainda no século XIX pela Diretoria de

Instrução Pública do Distrito Federal) e “Revista do Ensino” (publicada pelo Liceu Mineiro,

também no século XIX) ou, para sermos próximos no tempo, da Revista Brasileira de Estudos

Pedagógicos (INEP, desde meados dos anos 1940).

No segundo caso (financiamento indireto), trata-se de programas amplos de compra e

distribuição de revistas que também circulam fora da escola e que encontram no Estado

(especialmente, nos órgãos oficiais do ensino) o seu maior consumidor. Nesta seara, estamos

falando de publicações como a Revista Nova Escola, ou a Revista Pateo, publicadas e

comercializadas por editoras e vendidas tanto para o público direto quanto para os sistemas de

ensino.

2 – A produção e circulação de revistas na Escola tem, historicamente, como público

desejado o professor e essas publicações, de maneira geral, pretendem apresentar ao professor

informações e conteúdos de ordem teórica, didático-metodológica e instrucional, combinando

discursos de legitimação das políticas educacionais, discursos acadêmicos e discursos

prescritivos sobre „como ensinar‟, priorizando de forma mais incisiva os primeiros e os

últimos.

A estratégia de produção e circulação dessas revistas é um braço bastante sério das

políticas educacionais porque esses impressos dão materialidade e legitimidade ás decisões de

ordem política da gestão educacional e aos ensinamentos das chamadas ciências pedagógicas

que os professores devem compreender e seguir. Segundo Bastos (2004), é através da

prescrição de valores, normas e padrões de comportamento que os impressos geram práticas

concretas e submetem o leitor (no caso, o professor), sua consciência e sua conduta, ao

mesmo tempo que consegue controlar o acesso que esse leitor terá em relação ao

conhecimento que o impresso pretende (ou não) disseminar.

Seja quando são produzidos e postos em circulação pelos órgãos de ensino, seja

quando são „escolhidos‟ por esses órgãos para serem comprados e postos em circulação na

escola, os impressos que chegam ao professor por meio dessa estratégia confirmam escolhas

ideológicas, modos de agir e pensar o ensino, a escola e a ação docente e instruções explicitas

a respeito de seu fazer profissional.

Nesse sentido, muitos educadores e estudiosos posicionam-se contrariamente a essas

estratégias de construção e disseminação de hegemonias discursivas; pontuando que, desta

Page 149: Confira a tese

147

forma, há um intenso controle da subjetividade e da prática profissional do professor.

Todavia, é importante assinalar que o que Chartier chama de „ilusão logocêntrica‟; ou seja:

tanto os estudiosos e técnicos conservadores quanto os estudiosos e técnicos progressistas

terminam por associar à produção e circulação de impressos um poder excessivamente maior

do que efetivamente possuem e desconsideram que este professor não é capturado de maneira

absoluta pelas estratégias discursivas e culturais agenciadas para controlá-lo. Também o

professor, por seu turno, tem papel ativo na atribuição (ou não) de sentidos sobre o que lê e

sobre os discursos que pretendem conformá-lo.

3 – Impressos que pretendem, em seus projetos editoriais, chegar às mãos dos

estudantes, nas escolas, passam pelo crivo e precisam convencer os educadores de sua

„pertinência‟ às finalidades e às características da cultura escolar. Há uma censura explicita

operada pelos educadores em relação à disseminação de materiais de leitura para os

estudantes, dentro da escola.

As revistas voltadas às crianças ou aos adolescentes e jovens também entendem ser a

Escola sua principal estratégia de mediação com o leitor. Assim, essas revistas constroem

um forte discurso pedagógico que pretende convencer os educadores de que as crianças e

jovens devem acessá-las e de que esse acesso contribui para a construção e apropriação de

valores considerados positivos pelos educadores e também para incrementar as atividades

dirigidas de ensino. Exemplos de publicações como estas são a “Ciência Hoje para crianças” e

a “Revista Recreio”. Esta segunda, ainda que também circulando fora da escola, tem os

órgãos oficiais de ensino como seu principal consumidor.

Quanto aos adolescentes e jovens, as estratégias editoriais para acessá-lo têm se

concentrado sobretudo fora da escola. Esse desenho de distribuição está intimamente ligado

ao crivo e à censura pedagógica prévios dos educadores e dos técnicos dos órgãos de ensino

que consideram que tais publicações não estão em sintonia com as finalidades e com a cultura

escolar.

Essa censura prévia, em si, já é bastante problemática e mesmo condenável; todavia,

pode-se justificar que os recursos públicos devem se concentrar na consecução dos objetivos

do ensino e, nesse sentido, adquirir e colocar em circulação revistas que, aos olhos dos

educadores, não se enquadram nessa categoria, é defensável. Porém, há uma segunda

dimensão mais nociva no que diz respeito à negativa da escola em permitir a circulação de

impressos voltados aos adolescentes e jovens: ao „fingir‟ que tais impressos não existem

porque não estão na escola, a escola se furta a ajudar os adolescentes e jovens na construção

de estratégias e procedimentos críticos de leitura dessas mídias, abandonando-os à própria

sorte.

4 – As estratégias de produção e circulação de impressos para a juventude se

consolidou sobretudo fora da escola, no âmbito das relações ostensivas de compra e venda de

produtos e na produção/fabricação de uma subjetividade jovem como fatia de mercado.

As mídias impressas para adolescentes e jovens foram se constituindo no âmbito das

estratégias editoriais de mercado na confluência dos discursos de produção/fabricação de uma

subjetividade jovem, estabelecendo modelos, práticas e normas de conduta que definiriam

esse período da vida com uma identidade específica. Tais modelos, práticas e normas de

conduta estão, no discurso hegemônico dessas revistas, articulados aos mecanismos de

compra e venda de produtos (roupas, acessórios, CDs, maquiagem, etc) que funcionariam

como marcas de pertencimento específicas e códigos de representação social.

Embora – como afirmamos acima – a escola estabeleça censuras formais aos produtos

midiáticos para jovens, não opera da mesma maneira quanto aos padrões de subjetivação que

esses produtos midiáticos estabelecem e prescrevem. Assim, mesmo que não permita ou

estimule a circulação das revistas comerciais para jovens na escola, os educadores também

não possibilitam aos jovens oportunidades para discutir e por em xeque os padrões de

Page 150: Confira a tese

148

consumo e comportamento que esses produtos ordenam. Por outro lado, produtos midiáticos

de orientação contra-hegemônica e que poderiam permitir outras formas e caminhos para

compreender a experiência de juventude e possibilitar outros caminhos para a subjetivação e

identificação terminam por não chegar às mãos dos jovens e adolescentes. Nesse aspecto, as

pesquisas demonstram que tanto no que diz respeito a uma educação crítica para as mídias

quanto no que diz respeito a produção e circulação de produtos midiáticos contra-

hegemônicos, a aproximação da Escola com propostas editoriais menos conservadoras seria

de grande valia.

Algumas proposições

Desta contextualização, gostaria de apresentar algumas proposições a partir das

questões que Paulo recortou e das discussões que pude identificar nessa minha „chegada‟ à

Vira:

É muito recomendável a aproximação com a Escola e com as instâncias gestoras dos

sistemas de ensino como estratégia específica para a produção e circulação da Revista. Esse é

um caminho muito eficaz, do ponto de vista das dinâmicas sociais, para publicações que

pretendem: a) auxiliar mediadores (educadores) na construção de propostas para uma

educação crítica para as mídias ou b) chegar às mãos dos adolescentes e jovens rompendo o

monopólio hegemônico das revistas comerciais.

A aproximação com a Escola e com as instâncias gestoras do sistema pressupõe, sim,

a construção de um discurso específico de convencimento e de rompimento da „censura‟ (seja

ela explícita ou camuflada) em relação à compra e à circulação da revista pela e na Escola.

Isso não significa colocar a revista “a serviço” dos discursos das políticas educacionais

oficiais nem transformá-la em „manual didático‟ ou „guia de uso‟ para aulas. É possível

construir essa aproximação defendendo um projeto editorial progressista feito por e para

jovens, com foco na construção de uma educação crítica para as mídias e encontrar espaços

específicos para que sua circulação possa ser estimulada ou mesmo começar pela Escola.

Essa aproximação tem encontrado sucesso em três estratégias básicas: a) a promoção

de espaços de formação abertos a educadores para que conheçam a proposta editorial da

publicação, seus principais compromissos e se apropriem de seus conteúdos e estrutura; b) a

promoção de uma relação próxima entre esses educadores e a produção, em que possam

dialogar com os editores sobre as pautas e em que possam se colocar também como co-

produtores; c) a promoção de uma relação próxima com os jovens e adolescentes, a partir de

estratégias específicas de distribuição das revistas e dos canais de participação nos espaços em

que os jovens e adolescentes efetivamente estão, incluindo a escola.

A proposta de pesquisa que emergiu na reunião do ano passado sobre a circulação da

revista nas escolas (por um lado) e entre os jovens (mesmo que fora da escola) por outro é

essencial e, creio, encontra espaço para o debate sobre seu financiamento e parceria em

intelectuais que estão trabalhando com a temática. Indico o Grupo de Pesquisas “Um dia, Sete

Dias”, sob coordenação do Prof. Dr. José Luis Aidar Prado, no PEPG Comunicação e

Semiótica da PUCSP e o grupo de pesquisas sobre Impressos Pedagógicos: Produção e

Circulação, sob coordenação da Profa. Dra. Maria Rita de Almeida Toledo, do PEPG em

Educação da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-Guarulhos).

DOCUMENTO 5: Seminário Educomunicação, Juventudes e Escola

Conselho Pedagógico

1) Apresentação

Page 151: Confira a tese

149

Viração Educomunicação é uma organização social de comunicação, educação e mobilização

social entre adolescentes, jovens e educadores que tem como missão fomentar e divulgar

processos e práticas de educomunicação e mobilização entre jovens, adolescentes e

educadores para a efetivação do direito humano à comunicação e para a transformação

social. Criado em março de 2003, impactou na vida de mais de 3,5 milhões de pessoas no

Brasil, seja por meio de seu carro-chefe, a Revista Viração, seja por meio dos vinte projetos

especiais desenvolvidos ao longo de seis anos.

Viração possui metodologia própria de trabalho e experiência comprovada em processos,

projetos e produtos de educomunicação e de mobilização social juvenil; habilidade para

trabalho em escolas e com grupos de diferentes naturezas; experiência em planejamento,

gestão, parcerias e redes, na implantação e implementação de projetos sociais na área da

infância e juventude; experiência no desenvolvimento de materiais de comunicação e

cobertura jornalística a partir do olhar de crianças, adolescentes e jovens; e histórico de

compromisso com os Direitos da Criança e do Adolescente.

Em São Paulo, Viração desenvolve vários projetos que partilham da experiência de

articulação de redes e empoderamento de adolescentes e jovens no campo da educação e

comunicação em 40 comunidades populares e 12 escolas do Ensino Médio da capital paulista.

Entre os parceiros em São Paulo estão O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)

e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Em nível nacional, produz mensalmente uma revista colaborativa e o conteúdo de um portal

(www.viracao.org) com a participação de mais de 300 adolescentes e jovens, chamados

Virajovens, que integram os Conselhos Jovens, presentes em 22 Estados e Distrito Federal.

Acreditando no valor do desenvolvimento de iniciativas sociais e educativas por meio de

parcerias, a Viração desenvolve projetos colaborativos atualmente com mais de 20 entidades

não-governamentais. Esses projetos colaborativos permanentes são a base para o

funcionamento dos Conselhos Jovens da Revista Viração.

2) Justificativas

Considerando que:

- As gestoras (es) escolares, os Professoras (es) Orientadoras (es) de Sala de Leitura (POSLs)

e os Professoras (es) Orientadoras (es) de Informática Educativa (POIEs) da Rede Municipal

de São Paulo são importantes sujeitos nos processos decisórios sobre a compra de acervos e

sobre a condução de projetos didáticos na área de leitura e de comunicação;

- A rede municipal conta com 08 (oito) Escolas Municipais de Ensino Fundamental e Médio

(EMEFM), atendendo cerca de 10 mil estudantes, dos quais quase metade está concentrado na

faixa etária de 12 a 18 anos.

Propomos esta ação para articular e reforçar a formação de uma rede de mediadores de leitura

entre educadoras (es) da Rede Municipal de São Paulo que atuam com adolescentes e jovens.

3) Objetivos

- Identificar e reconhecer educadoras (es) parceiras (os) para as propostas de mediação de

leitura da Revista Viração entre jovens estudantes da Rede Municipal de São Paulo;

- Apresentar a proposta de Educomunicação da Viração, sobretudo a Revista Viração (e seu

processo de produção).

- Levantar as expectativas e necessidades entre os educadoras (es) no que tange ao acesso e a

circulação da Revista Viração na escola, entre os jovens.

Page 152: Confira a tese

150

4) Estratégias

Preparação do Encontro

Elaboração de uma apresentação (em power point, com cópia para todos os

educadoras (es) presentes), com linguagem e formato voltado aos educadoras (es) da rede

municipal, em que estejam explicitas as: a) diretrizes editoriais da Revista Viração; b)

desenho pedagógico subjacente à proposta de Educomunicação da Revista Viração; c) o

processo de produção da Revista; d) exemplos de matérias produzidas; e) a importância do

trabalho com mídias na Escola e a contribuição que a Viração pode oferecer; uma

demonstração do Site/Portal.

Elaboração de um material (aproximadamente 3 pgs), com características de texto de

formação de professoras (es), que discuta o conceito de Educomunicação, apresente a

experiência da Viração e indique diretrizes pedagógicas para o trabalho com mídias na

Escola.

Convite/Escolha de um convidado para conversar com os professoras (es) sobre o

tema, além da equipe da Viração.

Preparação do café da manhã propriamente dito (alimentação)

Envio de carta-convite para as 8 escolas de Ensino Médio da Rede Municipal de São

Paulo, explicitando a proposta do encontro e encaminhando um ou dois exemplares da revista,

com antecedência de 30 dias.

Envio de e-mail-convite para as 8 escolas de Ensino Médio da Rede Municipal e para

suas Diretorias Regionais de Educação indicando o número de educadoras (es) que a escola

pode trazer/mobilizar e fornecendo informações adicionais de contato; com antecedência de

20 dias, repetir o e-mail quando faltarem 10 dias e repetir o email quando faltarem 5 dias para

o encontro.

Telefonar para a Diretora Pedagógica (ou Diretor Pedagógico) da DRE e para todas as

escolas, falando com a Diretora (ou Diretor) escolar e com a Coordenadora Pedagógica (ou

Coordenador), confirmando o recebimento do email na semana anterior ao encontro e

perguntando quais são os educadoras (es) que participarão.

Telefonar para todas as escolas, falando também com a Professora (ou professor) de

Sala de Leitura e com a Professora (ou professor) de Informática Educativa (se possível).

Divulgação do encontro nos sites dos Sindicatos (SIMPEEN, SINESP, APROFEM)

Elaboração dos Certificados de participação, com carga horária e avaliação (para

contar na evolução funcional)

Pauta do Encontro (no dia)

Abertura: 9h30 (agendar com os educadoras (es) às 9h)

9h30 – 9h50: Atividade cultural (verificar qual e reservar tempo máximo de 20 min)

9h50 – 10h10: Rodada de Apresentações

10h10 – 11h00: Palestra do Convidado

11h00 – 11h30: Apresentação da Vira

11h30 – 12h00: Atividade de Levantamento de Expectativas e Necessidades

12h00 – 12h30: Atividade de encerramento (cultural)

Após o encontro:

- Agendar, com as oito escolas, um dia para ir até o Horário Coletivo (JEIF) dos

professoras (es) que atuam com os adolescentes e jovens apresentar a VIRA

Page 153: Confira a tese

151

- Elaborar, para esse encontro com os professoras (es), uma apresentação semelhante à

que será desenvolvida no Café.

- Verificar se as escolas possuem Grêmio ativo e agendar encontros (na Sede da Vira) com

os Grêmios das escolas.

VERIFICAR

1 – Seria importante realizar esse encontro ainda no primeiro semestre. Considerando o

planejamento necessário, sugiro que ele aconteça, no mais tardar, em maio.

2 – A escolha do palestrante deve ser cuidadosa, para que os educadoras (es) se sintam

“dialogando” com alguém que conhece sua linguagem e seus espaços de trabalho.

3 – Poderíamos reunir até quantos educadoras (es)? Pergunto isso porque pensei de

chamarmos, de cada EMEFM:

- Supervisor Escolar

- Diretor e Assistente (provavelmente virá apenas um dos dois)

- Coordenador Pedagógico (são até 3, mas provavelmente, viria apenas um)

- POIE (um ou dois)

- POSL (um ou dois)

- Seria, aproximadamente, entre 4 e 5 pessoas por escola. Recebemos bem esse número?

DOCUMENTO 6: CARTA AOS PROFESSORES

São Paulo, 08 de abril de 2011

Prezada/o professora/or,

A/o senhora/or está recebendo um kit com as três últimas edições da Revista Viração.

A Revista Viração é uma iniciativa da organização não-governamental Viração

Educomunicação. Ela é produzida mensalmente com a participação de mais de 300

adolescentes e jovens, chamados Virajovens, que integram os Conselhos Jovens,

presentes em 22 Estados e Distrito Federal. São os jovens que coletivamente decidem os

temas, fazem as reportagens, entrevistas e fotos de 70% do conteúdo total da publicação.

Desta forma, a Revista Viração tem a cara da juventude brasileira.

Nós da equipe da Viração acreditamos que esta publicação pode ser usada diretamente

em sala de aula, contribuindo com o trabalho de professoras/es ao dar um panorama

atual da juventude em uma linguagem acessível, trazendo temas de interesse do

adolescente como mundo do trabalho, educação formal e informal, participação social,

cultura, sexualidade e comportamento, entre outros assuntos que podem dialogar com as

diversas disciplinas do Ensino Médio e cotidiano do adolescente.

Em 2011, estamos inaugurando o site da Agência Jovem de Notícias

(www.agenciajovem.org), que também estará aberto para que qualquer adolescente e

jovem comprometido com a transformação social de nosso país possa publicar notícias,

fotos, vídeos, conectando-se com outros jovens do Brasil e acessando conteúdos

produzidos por outras pessoas. Ao realizar uma atividade em sala de aula com a Revista

Viração, a/o professora/or poderá estimular os estudantes a publicar no site da Agência,

alargando os espaços de diálogo do adolescente e expandindo seus contatos junto a

outros adolescentes do país.

A Viração Educomunicação tem um Conselho Pedagógico formado por professores,

educadores sociais, coordenadores de projetos educacionais de educação informal,

educomunicadores e outros especialistas que nos ajudam a pensar na revista como

material pedagógico. A Revista Viração está aberta aos comentários das/dos professoras/

Page 154: Confira a tese

152

es para que possamos melhorar nosso trabalho a cada dia

Se você gostou da Revista, há duas formas para recebê-la:

− Por meio de uma assinatura individual em seu nome, que será entregue em sua

residência mensalmente;

− Por meio de uma ou mais assinaturas da escola em que trabalha, que será

entregue no endereço da instituição.

O valor anual da assinatura nova é R$ 58,00. Para fazê-la é só seguir as instruções no

cupom dentro da Revista (última página).

Grata pela atenção,

Lilian Romão

diretora executiva

Razão Social: Viração Educomunicação

CNPJ 11.228.471/0001-78

Inscrição Municipal: 3.975.955-5

Rua Augusta, 1.239 – Cj. 11 – CEP 01305-100 – São Paulo (SP) – Brasil – Tel 00 55 11

3237-4091

Prioridade 3: Elaboração de um projeto para uma nova sede. Segue abaixo o projeto:

Introdução

Viração é uma organização de comunicação, educação e mobilização social entre

adolescentes, jovens e educadores. Até agosto de 2009, era filiada juridicamente à

Associação de Apoio às Meninas e Meninos da Região Sé. Criada em março de 2003, a

Viração impactou na vida de mais de 3,5 milhões de pessoas no Brasil, seja por meio de seu

carro-chefe, a Revista Viração, ou por meio dos vinte projetos especiais desenvolvidos ao

longo de seis anos. Recebe apoio institucional do UNICEF, UNESCO, ANDI, USP e

Ashoka Empreendedores Sociais.

Tem como missão fomentar e divulgar processos e práticas de educomunicação e

mobilização entre jovens, adolescentes e educadores para a efetivação do direito humano à

comunicação e para a transformação socio-ambiental.

Viração possui metodologia própria de trabalho e experiência comprovada em

processos, projetos e produtos de educomunicação e de mobilização social juvenil;

habilidade para trabalho em escolas e com grupos de diferentes naturezas; experiência em

planejamento, gestão e habilidade de trabalho em grupo, em parcerias e redes, na

implantação e implementação de projetos sociais na área da infância e juventude;

experiência no desenvolvimento de materiais de comunicação e cobertura jornalística a

partir do olhar de crianças, adolescentes e jovens; e histórico de compromisso com os

Direitos da Criança e do Adolescente.

A base desta visão é o entendimento de que o adolescente é um sujeito de direitos que

precisa ser considerado em sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, com

potencialidades e vulnerabilidades específicas, mas que representa uma grande oportunidade

de desenvolvimento para sua família, comunidade, escola, governo e para si próprios. Além

de trabalhar para o desenvolvimento integral dos adolescentes, Viração também atua na

Page 155: Confira a tese

153

implementação de uma comunicação integral e integradora, não entendida apenas sob o

ponto de vista tecnológico e instrumental.

Objetivo geral

Garantir um sede com infra-estrutura adequada para o pleno e eficaz desenvolvimento das

atividades da Viração Educomunicação.

Objetivos específicos

Garantir um novo espaço com acessibilidade para pessoas com deficiência;

Oferecer um ambiente de trabalho em condições que não afetem a saúde dos colaboradores

e dos beneficiários dos projetos;

Promover um ambiente de trabalho seguro seja sob o ponto de vista arquitetônico que da

infra-estrutura e instalações elétricas e sonoras;

Reservar um espaço comum para recolhimento, descanso e meditação;

Projetar um espaço misto sob o punto de vista arquitetônico: aberto - sem paredes ou

divisórias, permitindo um maior nível de integração entre os colaboradores, facilitando o

fluxo rápido das informações, gerando economia de espaços de circulação interna, com o

potencial de ser utilizado para grandes encontros e reuniões ampliadas; panorâmico – alguns

ambientes com divisórias baixas e semi-abertos, permitindo certo nível de privacidade,

organização individualizada do trabalho e segmentação espacial das atividades, sobretudo

para equipe do financeiro e para favorecer o bom andamento de pequenas reuniões de

equipes; Celular – alguns ambientes fechados, com uma ou duas salas individuais,

propiciando alto nível de individualidade, favorecendo o trabalho intelectual isolado, que

pode ajudar, por exemplo, na fase de ideação, projetação e elaboração de projetos.

Promover um ambiente de trabalho acolhedor, confortável e informal;

Ter uma localização central, próxima a estação de metrô e/ ou vias de fácil acesso de linhas

de ônibus.

Justificativa

Acreditamos que o projeto arquitetônico e a ambientação da nova sede influenciam

diretamente o bem-estar físico, mental e social e na produtividade dos colaboradores e

beneficiários da Viração bem como no grau de satisfaçao de toda a equipe.

De acordo com estudo conduzido pela empresa de desgin Gensler com 2.013 funcionários

de todos os escalões em oito setores da economia estadunidense, em 2007, 90% dos

funcionários acreditam que o design do escritório influencia seu humor e sua produtividade,

21% dos entrevistados disseram que seriam mais produtivos num ambiente melhor de

trabalho. Outras conclusões do levantamento:

• 58% dizem ter vergonha de mostrar o local de trabalho a clientes e fornecedores.

• 48% trabalhariam uma hora a mais por dia, com satisfação, se o escritório fosse mais

acolhedor.

• 46% não acreditam que a criação de um ambiente mais produtivo seja prioridade da

empresa.

• 40% dizem que a contenção de gastos é o motivo do layout corrente do escritório.

• 66% crêem no aumento de eficiência no trabalho se os colegas estão mais próximos

fisicamente.

• 30%, contudo, afirmam que o ambiente não propicia a integração.

Page 156: Confira a tese

154

• 20% classificam seu escritório como "razoável" ou "precário".

• 33% responderam que o ambiente de trabalho não favorece a saúde e o bem-estar, apesar de

os dois fatores serem vitais para a produtividade.

E o que dizem os executivos?

• 90% acham que melhorias no ambiente de trabalho teriam impacto positivo no resultado da

empresa.

• Apesar disso, apenas 20% dizem haver planos para melhoria do layout dos escritórios.

• 80% dos entrevistados defendem salas de diretoria separadas do resto da equipe. Essa

posição contraria a opinião de 62% dos funcionários, que admiram mais o líder que trabalha

em ambiente aberto.

Plano de captação

Existem atualmente quatro possibilidades de captação para uma nova sede. São elas: por

aquisição, por aluguel, por parceria e por criação de um fundo imobiliário.

Para a aquisiçao de uma nova sede, convém inscrever-se em editais nacionais e

internacionais que prevêem o assim chamado fortalecimento institucional. A Diretoria

Executiva buscará essas oportunidades junto a parceiros como a Ashoka Empreendedores

Sociais e outras organizações que conseguiram uma nova sede por este caminho.

Para o aluguel de uma nova sede, é preciso fazer uma pesquisa junto a imobiliárias

próximas à atual sede, na Rua Augusta; bem como percorrer os entornos da atual sede em

busca de oportunidades para aluguel.

Para uma parceira que prevê cessão de espaço para a nova sede junto a uma empresa, uma

secretaria de governo ou outra organização social sem fins lucrativos, a Diretoria Executiva

se encarrega de fazer um inventário de potenciais apoiadores para esta iniciativa, como por

exemplo, a Secretaria de Participação Social do Município de São Paulo, che cedeu espaço

para a realização do Programa NET Comunidade.

A partir do mês de maio, a Viração cria um fundo para doações para a compra da nova sede.

Também colocará à parte mensalmente um valor a ser estabelecido pelas Diretorias

Institucional e Executivas após avaliação da saúde financeira da Viração.

Prazos

Seguiremos os prazos estabelecidos em nosso Plano Estratégico de 2011, de acordo com o

quadro abaixo:

Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da

Viração? Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não,

como a Viração verifica o impacto social de suas práticas?

30/08/11

a partir de agosto

30/03/11 Lilian + Paulo + TIC

30/03/11 TICGaran

tir

um

a s

ed

e c

om

infra-e

stru

tu

ra a

de

qu

ad

a

Projeto da nova sede

elaborado

pesquisar parceiros e

procedimentos

Lilian + Diretoria

Institucional

Realizar reuniões com

potenciais parceiros e

financiadores

Lilian + Diretoria

Institucional

Patrimônio tecnológico

atualizado e bem cuidado

Planejar a

captação/mobilização de

recursos ou doações

(projetos/parcerias)

Levantar equipamentos

existentes e necessidades

da equipe

Page 157: Confira a tese

155

Sim. Os indicadores de avaliação são particularmente contemplados e de acordo com cada

projeto.

A cada atividade, os participantes fazem uma avaliação coletiva do encontro (no formato “que

bom, que pena, que tal” ou Virou, não virou, deu pra virar, virou total,). No final do projeto,

os adolescentes fazem uma avaliação individual, contrastando os resultados finais com as

aspectativas levantadas no primeiro encontro. No encontro nacional dos virajovens, em

outubro de 2010, desenvolvemos uma metodologia própria para avaliação de encontros. Veja

documento anexo.

Eis alguns indicadores de avaliação utilizados pela Viração: número de adolescentes e jovens

que participam das atividades, frequência, número de ações, processoe e produtos de

educomunicativos elaborados e disseminados, trabalho em equipe, grau de envolvimento nas

atividades, grau de conhecimento sobre determinados conteúdos temáticos, antes e depois das

atividades, relato de experiências pessoais para medir transformações de caráter

comportamental, observações do percurso coletivo do grupo, graus de dificuldade e de

facilidade para com os conteúdos temáticos abordados, teóricos e práticos.

Além disso, a própria equipe da Viração faz todo final de ano uma avaliação em dois planos:

pessoal e coletivo. Seguem os processos dessa avaliação integral que dura 3 dias, segue várias

etapas e são o pano de fundo do planejamento estratégico e participativo para o ano seguinte:

Avaliação da Vira 2010

Dia 20 (avaliação pessoal e dos projetos)

MANHÃ

Avaliação pessoal-

Responder avaliação pessoal

Organizar sua área de trabalho física e virtual (faxinão)

Aqui o importante é avaliar sua ação/ contribuição

Descreva sucintamente qual é seu papel principal na Viração.

Descreva sucintamente outras tarefas que realiza na instituição.

2 principais aspectos que te motivam a trabalhar na Viração

2 principais aspectos que te desanimam

2 principais aspectos que ajudaram na sua organização de trabalho

2 principais dificuldades para sua organização de trabalho

Como foi sua relação com seu plano de trabalho? Faça uma avaliação e indique propostas de

como

melhorar este instrumento?

2 principais aprendizados durante 2010 na Vira

2 principais dificuldades/ desafios e sua proposta de solução

2 principais conquistas

2 principais ações/ eventos que fortaleceram sua relação com as pessoas da Viração

2 principais aspectos que dificultaram a relação com as pessoas da Viração

2 principais pontos positivos nas condições/ contrato de trabalho da Viração

2 principais pontos a serem melhorados nas condições/ contrato de trabalho da Viração

2 ações/desejos que tem a ver com sua trajetória (interesses pessoais, profissionais, pesquisas)

e

você gostaria de desenvolver na Vira

Page 158: Confira a tese

156

O que sente falta na Viração? Especifique. (equipamentos, espaço, processos, vivências,

formações)

Como foi sua relação com o planejamento feito na imersão de Monteiro Lobato? Faça uma

avaliação de como este instrumento te ajudou (ou não) durante o ano.

Avalie a incidência de suas opiniõesmento e posicionamentos sobre o caminhar geral da

Viração,

incluindo sua visão sobre você no coletivo.

Sobre sua ação na Vira em 2011, o que gostaria de manter (2 aspectos)?

E o que vai mudar (2 aspectos)?

Outros comentários e/ou aspectos de sua avaliação.

TARDE

Avaliação dos projetos

geral

2 principais aprendizados da equipe no desenvolvimento do projeto

2 principais dificuldades/ desafios no desenvolvimento do projeto

2 principais conquistas

Como seu projeto atualiza a missão da Viração?

Que ações/ articulações/ metodologias deram certo e devem ser mantidas?

O que deve se transformar?

Relação com o administrativo

2 pontos positivos

2 pontos a serem melhorados

Equipe do projeto

2 pontos positivos

2 pontos a serem melhorados

Organização do trabalho

2 pontos positivos

2 pontos a serem melhorados

Coordenação

2 pontos positivos

2 pontos a serem melhorados

Planejamento das ações

2 pontos positivos

2 pontos a serem melhorados

Sistematização

Como foi feita?

2 pontos positivos

2 pontos a serem melhorados

Formação/ reflexão

Cite uma espaço ou momento importante de formação/ reflexão

Sugira uma forma para tornar essa ação mais contínua

Diálogo com outros projetos/ áreas/ núcleos

2 pontos positivos

2 pontos a serem melhorados

Parcerias

2 pontos positivos da relação com parceiros/ financiadores

2 pontos a serem melhorados

Page 159: Confira a tese

157

Faça um balanço sobre as metas estipuladas no planejamento de Monteiro Lobato e a

contribuição

de seu projeto.

Para 2011, você espera que o projeto em que está envolvido possa alcançar os seguintes 3

resultados principais:

Deixe o aprendizado principal deste projeto para o futuro da Viração:

Outras avaliações e comentários de seu projeto:

Dia 21

MANHÃ

Apresentação das avaliações pessoais + debates e comentários sobre

Início da apresentação por projeto + debates e comentários sobre

TARDE

Seguir com apresentação por projeto + debates e comentários sobre

Dia 22

MANHA

Avaliação geral da Viração Educomunicação

Em grupos de 4, avalie:

1- Planejamento Monteiro Lobato

Como foi organizar as ações da Vira, levando o planejamento em conta?

Que aspectos do processo e produto final do planejamento você transformaria?

Avalie a avaliação do 2º semestre em cima do planejamento.

Outras sugestões:

2- Reuniões de Equipe

2 pontos positivos

2 pontos a serem melhorados

3- Relação entre instâncias decisórias (coordenação por projeto, por núcleo, coordenação

colegiada e diretoria)

2 pontos positivos

2 pontos a serem melhorados

4- Comunicação interna

2 pontos positivos

2 pontos a serem melhorados

5- Comunicação/ relação com parceiros

2 pontos positivos

2 pontos a serem melhorados

6- Relação geral com público/ adolescentes e jovens

2 pontos positivos

2 pontos a serem melhorados

7- Participação em eventos

2 pontos positivos

2 pontos a serem melhorados

8- Posicionamento político

2 pontos positivos

2 pontos a serem melhorados

9-Descreva sua visão sobre o tempo das ações da Viração. (cronogramas, prazos, relação

Page 160: Confira a tese

158

tempo e qualidade)

10- Escolha um dos conceitos-chave da Vira e faça uma pequena avaliação, sugerindo

mudanças para sua melhoria.

11- Para seguir de bem com a Vira em 2011, deixe duas sugestões:

TARDE

Apresentação das avaliações + debates e comentários sobre

Encerramento da avaliação: avaliação da avaliação e expectativas gerais de como cuidaremos

do resultado desse processo em 2011.

A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes

para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos

desenvolvidos pela Viração? É possível desvincular tal proposta das práticas dos

Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes

Comunicadores, tal desvinculação?

Com o processo de discussão e definições iniciado em 2009, estamos percebendo que stamos

criando uma espécie de Movimento de Adolescentes e Jovens Comunicadores, formado por

duas grandes iniciativas: a Rede (agora Articulação) Nacional de Adolescentes e Jovens

Comunicadoras e Comunicadores e a Rede de Virajovens. A primeira iniciativa se propõe

especificamente a promover e monitorar políticas públicas de juventude e comunicação; a

segunda iniciativa se propõe a disseminar práticas de produção de conteúdo por adolescentes

e jovens de forma colaborativa e educomunicativa e mobilização social por meio de ações,

processos e produtos de comunicação. A Viração, como instituição, tem assumido um papel

de animação dessas duas iniciativas.

Seja a produção de conteúdo para a revista impressa que para a agência jovem de notícias (e

não mais para o portal da Viração) são tão importantes quanto a promoção e o

monitoramento de políticas públicas de juventude e comunicação.

No último encontro da Rede (Articulação), realizado durante o encontro nacional dos

virajovens, em outubro de 2010, por exemplo, foi decidia uma atuação mais articulada para a

defesa dos Conselhos de Comunicação nos Estados e no nível federal, o acompanhamento do

Conselho Nacional de Juventude no qual a Viração será titular e integra a comissão de

comunicação em 2011 e da participação mais efetiva para garantir as políticas de

comunicação na Conferência Nacional de Juventude, em dezembro de 2011.

Em relação às principais ações da Rede (Articulação) para 2011:

1. Promover formação em incidência política (curso online e encontro presencial com

parceiros da própria rede, como a Caju), com ajuda de outras organizações, como o SEBRAE

e FIEP, e com suporte da Viração e Descolad@s, com a finalidade de construir o guia de

incidência política em comunicação e juventude no Brasil;

2. Criação de estratégia política para intervenção direta no CNJ

3. Articulação com os movimentos de comunicação (regionais, estaduais e nacional), para

intervir na discussão sobre a concessão de TV (utilizando Flash Mob e/ou outras estratégias) e

plano nacional;

4. Realizar o mapeamento da rede, como está o acompanhamento e como fortalecer (criar um

documento para estruturar a ação)

5. Planejar, propor e avaliar a política de comunicação do CONJUVE, intervir para deixar a

pauta da comunicação viva.

Page 161: Confira a tese

159

Um adolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas

politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com

a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende

garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma

metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em

algum momento?

Isso ainda não foi pensado, mas pode ocorrer com uma reestruturação dos conselhos jovens

da Viração. Ou seja, alguns do conselho podem se dedicar apenas à produção de conteúdo por

um determinado período de tempo; outros a ações de mobilização por meio da comunicação.

O que vem ocorrendo é que todos fazem tudo. Inclusive, implementam também ações de

promoção e monitoramento de políticas de juventude e comunicação em suas respectivas

cidades e Estados. Não sei se é possível que alguns façam só produção de conteúdo, outros

apenas mobilização e outros ainda somente monitoramento de políticas públicas. O que

propomos é que sejamos todos por inteiro, implementando essas três dimensões do

movimento ao mesmo tempo. Em alguns períodos ou mês do ano ou mesmo em algum ano,

certamente algumas dessas dimensões não serão tão marcantes quanto outras. Por exemplo:

este ano temos todo o processo da Conferência Nacional da Juventude, que será marcante para

os Virajovens. Outro exemplo é a semana de democratização da comunicação e da cultura em

outubro, que requer esforços pessoais e coletivos de todos os Virajovens em termos de

mobilização social.

No entanto, isso vira pauta de conteúdo seja para a revista impressa que para a agência jovem

de noticias e também gera ação de promoção e monitoramento de política pública.

Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas,

prazos e uma série de outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos

educomunicativos?

Eu diria que é dialético, ou seja em contínua relação de forças e de atenção. Às vezes

interfere; outras não. O que está se buscando, desde quando a revista impressa foi criada, é de

respeitar os preceitos educomunicativos e criar mecanismos, metodologias de participação

que respeitem os tempos de um trabalho totalmente voluntário dos Virajovens e ao mesmo

tempo que respeite um calendário criado e acordado de forma responsável pelos próprios

Virajovens. Não existe uma fórmula mágica para isso. É um contínuo processo de construção,

de ação, reflexão, avaliação e re-ação que requer muita atenção, concentração e intenção para

que casar essas duas dimensões do produto que há prazos a serem cumpridos.

Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da

Viração? Se sim, quais?

Fragilidades:

Falta de um maior cuidado do espaço e dos equipamentos;

Falta de uma maior propriedade com o controle de despesas em geral;

Êxitos:

Trabalho em sintonia realizado pela diretoria institucional e coordenação colegiada;

Resolução de problemas de ordem pessoal e coletiva;

Page 162: Confira a tese

160

Comunhão de pensamentos e visão de mundo para a defesa dos direitos de crianças,

adolescentes e jovens;

Dimensão empreendedora muito presente em toda a equipe;

Compartilhamento com a carta de princípios e valores e regimento interno;

O fortalecimento da dimensão multidisciplinar;

Compartilhamento de uma visão de educação democrática: todo mundo ensina, todo mundo

aprende; somos educadores e educando ao mesmo tempo, seguindo a linha paulofreiriana;

Compartilhamento de uma comunicação horizontal, buscando aumentar com qualidade o

fluxo de informações para evitar fofocas e desgaste de equipe;

Toda a equipe se espelha e monitora pessoalmente e coletivamente o plano estratégico e

participativo anual;

Realização de um plano de trabalho pessoal e coletivo de acordo com o plano estratético e

participativo anual;

Ações integrantes e interconessas entre os vários projetos;

Page 163: Confira a tese

161

Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito?

SIM, E ESSA GESTÃO ACONTECE POR MEIO DOS PLANEJAMENTOS ANUAIS DA

EQUIPE, NA REALIZAÇÃO DE REUNIÕES SEMANAIS DE PLANEJAMENTO DAS

ATIVIDADES, NA SISTEMATIZAÇÃO PERIÓDICA NOS BLOGS E AVALIAÇÕES

TANTO COM AS/OS ADOLESCENTES E JOVENS, COMO TAMBÉM COM

PARCEIROS E COM A PRÓPRIA EQUIPE.

Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa

equipe?

CHAMAMOS DE EQUIPE PEDAGÓGICA. MAS CONSIDERAMOS QUE A EQUIPE DE

FORMA GERAL É RESPONSÁVEL POR DESENVOLVER PRÁTICAS

EDUCOMUNICATIVAS NO SEU DIA-A-DIA E EM SUAS FUNÇÕES. A VIRAÇÃO

PROCURA ENTENDER A EDUCOMUNICAÇÃO COM UM PROCESSO A SER

DESENVOLVIDO EM TODAS AS SUAS ATIVIDADES, ÁREAS E AÇÕES. OPTAMOS

INCLUSIVE EM REGISTRAR TODOS OS COLABORADORES COMO

EDUCOMUNICADORES. POR EXEMPLO, EDUCOMUNICADOR ADMINISTRATIVO-

FINANCEIRO, EDUCOMUNICADOR DE ARTES, ETC. AINDA ASSIM, PARA

AS PRÁTICAS EDUCOMUNICATIVAS DESENVOLVIDAS COM ADOLESCENTES E

JOVENS EXISTE UMA EQUIPE E UM COORDENADOR, QUE ACOMPANHA

TODAS ESSAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DIRETAMENTE COM O PÚBLICO.

Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração?

SÃO PRIORIDADES ESTABELECIDAS DURANTE O PLANEJAMENTO

ESTRATÉGICO DA VIRAÇÃO. ESTÃO RELACIONADAS À CONSTRUÇÃO DE

PROCESSOS DE DECISÃO DEMOCRÁTICOS E COLABORATIVOS, COM A

PARTICIPAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA EQUIPE, ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES

DE FORMA INTEGRADA, EM QUE CADA AÇÃO NÃO SEJA ISOLADA. NA GESTÃO

TAMBÉM A VIRAÇÃO TEM REALIZADO TODO INÍCIO DE ANO SEU

PLANEJAMENTO ANUAL, QUE DEFINE CONJUNTAMENTE OS RUMOS E AÇÕES A

SEREM IMPLEMENTADAS.

Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da

Viração? Se sim, quais são eles?

INTERNAMENTE, OS INDICADORES ESTÃO RELACIONADOS ÀS METAS

ESTABELECIDAS DURANTE O PLANEJAMENTO. NESSE CASO, CADA AÇÃO TEM

O SEU INDICADOR DEFINIDO DURANTE O PRÓPRIO PLANEJAMENTO. A FORMA

DE AVALIAR ESSE INDICADORES É POR MEIO DE MOMENTOS DE

MONITORAMENTO DAS AÇÕES. HÁ UM MOMENTO NA METADE DO ANO

DEDICADO AO MONITORAMENTO E OUTRO NO FINAL DO ANO DE AVALIAÇÃO

E MONITORAMENTO. A AVALIAÇÃO ACONTECE EM DIFERENTES INSTÂNCIAS:

COM OS PÚBLICOS COM OS QUAIS A VIRAÇÃO ATUA (ADOLESCENTES E

COMUNIDADES, PARCEIROS) E INTERNAMENTE COM A EQUIPE DA VIRAÇÃO.

Podem ser considerados indicadores seguros? Se não, como a Viração verifica o impacto

social de suas práticas?

Page 164: Confira a tese

162

OS INDICADORES DA VIRAÇÃO SÃ INDICADORES SOCIAIS HUMANOS, ESTÃO

MUITO RELACIONADOS ÀS FALAS E DIZERES DOS INTEGRANTES DAS

ATIVIDADES DESENOLVIDAS. AS PERGUNTAS DE AVALIAÇÃO GERALMENTE

SÃO PERGUNTAS ABERTAS PARA INDICAR MUDANÇAS NOS

RELACIONAMENTOS, NAS PRÁTICAS DIÁRIAS. MAS EXISTEM MEDIDORES

NUMÉRICOS, PRINCIPALMENTE QUANDO RELACIONADOS AO NÚMERO DE

ADOLESCENTES INTEGRANTES, NÚMEROS DE CONSELHOS, NÚMEROS DE

REVISTAS PÚBLICADAS, ASSUNTOS PUBLICADOS, NÚMEROS DE PARCEIROS

QUE DESENVOLVEM ATIVIDADES CONJUNTAS, NÚMERO DE VISITANTES NO

SITE DA VIRA, NÚMERO DE ASSINANTES DA REVISTA, ENTRE OUTROS.

A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes

para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos

desenvolvidos pela Viração? É possível desvincular tal proposta das práticas dos

Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes

Comunicadores, tal desvinculação?

NÃO, POIS A PRODUÇÃO DE NOTÍCIAS, INFORMAÇÃO E CONTEÚDOS PELOS

ADOLESCENTS E JOVENS TAMBÉM É UMA FORMA DE INTERVENÇÃO

POLÍTICA. pOR ISSO DIZEMOS QUE PARA A REVISTA, TÃO IMPORTANTE QUATO

O PRODUTO TAMBÉM ´O PROCESSO PELO QUAL ELA É DESENVOLVIDA. OS

CONSELHOS VIRAJOVENS AO LONGO DOS ANOS FORAM SE TORNANDO

ESPAÇO DE PRODUÇÃO E DEBATE QUALIFICADO DE ASSUNTOS DIVERSOS,

ELENCADOS PELOS PRÓPRIOS ADOLESCENTES COMO IMPORTANTES EM SUA

REALIDADE. APROPOSTA DO MOVIMENTO É INCENTIVAR TODAS AS FORMAS

POSSÍVEIS DE PARTICIPAÇÃO DOS ADOLESCENTES PELA COMUNICAÇÃO E

TAMBÉM EM SUA PRODUÇÃO. CONTUDO, É IMPORTANTE ENFATIZAR QUE A

AÇÃO DA VIRAÇÃO ESTÁ DIRETAMENTE RELACIONADA AO PROCSSO DE

CONSTRUÇÃO DAS POLÍTICAS DE COMUNICAÇÃO E O ACESSO E EXERCÍCIO,

PELA JUVENTUDE, DO DIREITO HUMANO À COMUNICAÇÃO. AO LONGO DOS

ANOS, OS ADOLESCENTES PASSARAM A DEBATER ESSE DIREITO HUMANO E

DE CERTA FORMA INCLUIR E FORTALECE-LO EM SEUS ESPAÇOS DE AÇÃO. O

MOVIMENTO SURGE A PARTIR DESSA PERSPECTIVA DE JOVENS QUE

PRODUZEM, DEBATEM, EXERCITAM, INTERAGEM DENTRO DE DIVERSOS

ASPECTOS COM A COMUNICAÇÃO.

Um adolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas

politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com

a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende

garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma

metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum

momento?

A VIRAÇÃO FACILITA, MAS NÃO ESTIPULA FORMATOS DE

AÇÃO. ATUALMENTE, Á CONSELHOS QUE EXERCEM APENAS UMA DAS

POSSÍVEIS AÇÕES. A PROPOSTA, INCLUSIVE COM O ENCONTRO DOS

VIRAJOVENS, É DE AUXILIAR PARA QUE CADA VEZ MAIS AS AÇÕES E

POSSÍBILIDADES POSSAM SER AMPLICADAS. AGORA, POR

EXEMPLO, EXISTEM JOVENS E CONSELHOS QUE POSSUEM UMA GRANDE

CAPACIDADE DE FORMAÇÃO, DE MULTIPLICAR SEUS CONHECIMENTOS, DE

Page 165: Confira a tese

163

DIALOGAR COM OUTROS JOVENS. nAS PRÁTICAS FORMATIVAS NA VIRAÇÃO,

A EDUCAÇÃO ENTRE PARES TEM SIDO UM OBJETIVO CONSTANTE. A

PROPOSTA É QU CADA VEZ MIS, COM MAIS AUTONOMIA, ESSE JOVEM SEJA

CAPAZ DE MOVIMENTAR, DE CRIAR MOVIMENTO, DEINCENTIVAR AÇÕES. MAS

É IMPORTANTE DIZER QUE AÇÃO PARA A REVISTA É UMA AÇÃO COM A QUAL

OS JOVENS SE IDENTIFICAM E TEM MUITA PROXIMIDADE. É LEGAL ESCREVER

PARA UMA REVISTA QUE CIRCULA NO MEIO DE JOVENS E PARA JOVENS. O

FATO DE TER MUITOS CONSELHOS E ACOMPANHAR AS NOVAS DEMANDAS

DOS CONSELHOS (AO FORTALECER A AGENCIA JOVEM DE NOTÍCIAS, POR

EXEMPLO) TAMBÉM É UMA META CONSTANTEDA VIRAÇÃO.

Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas,

prazos e uma série de outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos

educomunicativos?

ACHO QUE REPRESENTAM TAMBÉM FORMAS DE AÇÃO EM CONJUNTO,

ARTICULADA. É ALGO COMUM QUANDO SE ATUA COM GRUPOS, COM

INTERESSES COMUNS E DIVERGENTES. OS CONCEITOS EDUCOMUNICATIVOS

DA VIRAÇÃO PROCURAM RESPEITAR FORMATOS E TEMPOS, MAS TAMBÉM

CONSIDERAM ASPECTOS DE PLANEJAMENTO EM CONJUNTO, DE PRODUÇÃO

DE CONTEÚDOS, DE PUBLICAÇÃO QUE SÃO FUNDAMENTAIS PARA OS

OBJETIVOS A SEREM ALCANÇADOS. PRAZOS, MODELOS E FORMATOS SEMPRE

SÃO DEBATIDOS COM OS GRUPOS E CONSELHOS. E ISSO É O PRINCIPAL GAHO

COMO PROCESSO EDUCOMUNICATIVOS DE COMUNICAÇÃO COLABORATIVA E

DEMOCRÁTICA.

Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da

Viração? Se sim, quais?

ADAPTABILIDADE, CAPACIDADE DE OUVIR, ARTICULAR, DEBATER, DECIDIR

COJUNTAMENTE, POTENCIAL DIALÓGICO SÃO CARACTERÍSTICAS QUE

FORTALECEMAS AÇÕES. FRAGLIDADES É A DIFICULDADE EM DESENVOLVER

NVOS MODELOS DE SUSTENTABILIDADE DAS AÇÕES, RODÍZIO CONSTANTE DE

PROFISSIONAIS, NÍVEL SALARIAL DOS COLABORADORES. MUITAS PRATICAS

ESTÃO EM DESENVOLVIMENTO, A ORGANIZAÇÃO COM CNPJ É RECENTE, E HÁ

MUITAS QUESTÕES BUROCRÁTICAS QUE AINDA ESTÃO EM ANDAMENTO.

O que a figura de Paulo Lima representa para a ONG? Como é entendido o afastamento

presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na

sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura

de autogestão?

PAULO LIMA É UM LÍDER, UMA PESSOA E UM PROFISSIONAL INDISPENSÁVEIS

NA HISTÓRIA E NOS PROCESSOS DA VIRAÇÃO. É FUNDADOR DA VIRAÇÃO

JUNTO COM VÁRIAS OUTRAS PERSONALIDADES QUE CONSTRUIRAM

DIFERENTES PROCESSOS E TROUXERAM DIFERENTES RIQUEZAS PARA A

VIRAÇÃO. NnÃO VEJO PAULO AFASTADO, MAS COM UMA ATUAÇÃO POSSÍVEL

EM UM MUNDO DE TECNOLOGIAS, EM QUE AS CONVESAS SÃO DIARIAS,

PRÓXIMAS, FACILITADAS. O PÓPRIO MODELO DE RECONFIGURAÇÃO TEM

FACILITADO OS PROCEDIMENTOS E MUDANÇAS. É CLARO QUE PAULO LIMA

Page 166: Confira a tese

164

FOI PARA A ITÁLIA NO PROCESSO DE CRIAÇÃO DO NOVO CNPJ, MAS VÁRIAS

PRÁTICAS DA VIRAÇÃO ESTÃO FORTALECIDAS JUNTO AOS ADOLESCENTES,

AO MOVIMENTO DA COMUNICAÇÃO. MAS É COMUM A VÁRIAS ORGANIZAÇÃO

QUE O MODELO DE GESTÃO DE SEU LÍDER É FUNDAMENTAL PARA A

SOBREVIVÊNCIA SADIA DE QUALQUER ORGANIZAÇÃO. E PAULO TEM

EXERCIDO UMA LDERANÇA DEMOCRATICA E EDUCOMUNICATIVA.

Page 167: Confira a tese

165

Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito?

Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa

equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria?

Sim, ela acontece em várias frentes. Uma delas é a organização e planejamento para as

atividades que serão desenvolvidas ao longo do ano. Esse planejamento tem se tornado cada

vez mais consistente com algumas ações feitas nos últimos anos:

- Elaboraçaõ de um planejamento estratégico para a Viração, gestado pela Ashoka em

parceria com voluntários da Mckinsey. Durante este processo 4 integrantes da equipe

participarão de uma série de encontros em que foi possível elaborar o texto para a missão e

visão da Viração, bem como um plano de metas para os próximos anos. Entre um encontro e

outro, os 4 colaboradores ficavam responsáveis por apresentar o que já havia sido desenhado

para toda equipe, fazendo as devidas modificações sugeridas pelo coletivo;

- Planejamento anual para a Viração feito com mediação externa, oferecida pela FES. Nesses

momentos internamente chamados de "imersão", toda equipe desenha os resultados,

operações necessárias, prazos e equipes responsáveis por tudo aquilo que será feito na

organização. Este planejamento se refina a cada ano a partir de avaliações coletivas do

processo. O fato deste planejamento ser coletivo propicia, entre outras coisas, uma visão

global sobre a organização e seus rumos para todos os colaboradores, que também são

convidados a desenhar ações sobre como dialogar e cooperar com as equipes de outros

núcleos...

- No meio do ano, costumamos fazer uma avaliação do planejamento anual para adaptarmos

prazos, operações etc, pois a ideia é que o planejamento dialogue com a realidade.

- No final do ano fazemos uma avaliação que se desdobra em 3 frentes: uma individual, outra

por projeto, outra por núcleo e outra da instituição Viração como um todo. Essas avaliações

são compartilhadas em uma grande roda e seus resultados são sistematizados a fim de gerar

subsídios para o planejamento do ano seguinte.

As ações descritas acima dão conta de relatar parte da gestão das práticas educomunicativas

da Viração no que diz respeito à gestão da própria organização. Ao usar metodologias de

avaliação e planejamento coletivos, é muito mais fácil gerar entre todos comprometimento,

motivação e uma capacidade de saber o quanto daremos conta. Em 2011, por exemplo,

escolhemos que para este ano gostaríamos de fazer as coisas com mais calma e isso faz parte

do como nos organizaremos.

As funções desta equipe é pensar nas etapas para este planejamento, apresentá-la à equipe

para possíveis sugestões e acompanhar o processo como um todo, sistematizá-lo, organizar as

datas, prazos limites etc.

Esta equipe é a coordenação colegiada e outras pessoas que tenham tempo disponível e se

habilitem a ajudar com o processo.

Quanto às prioridades, acredito que elas são decididas a partir de necessidades da

organização, que surgem em reuniões de equipe, avaliações, conversas informais etc.

Entretando, pode ser que outros gestores percebessem junto à equipe outras prioridades...

Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da

Viração? Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não,

como a Viração verifica o impacto social de suas práticas?

Existem alguns indicadores que surgem nas avaliações dos projetos e da instituição (descritos

acima). Também calculamos quantas pessoas a Viração já atingiu, somando o números de

participantes em projetos diversos (desde agências de notícias em eventos, até os projetos de

Page 168: Confira a tese

166

formação e número de revistas distribuídas). Eu pessoalmente gosto muito de usar as

entrevistas que mando em anexo como um tipo de avaliação de impacto social. Eu acredito

que ainda não temos nenhum indicador 100% confiável, mesmo porque estamos trabalhando

com processos que lidam com pessoas e com como essas pessoas estão envolvidas em

processos políticos relacionados com a luta pela transformação socio- ambiental etc. Creio

que o impacto social, se tomarmos como referência nossos sonhos de justiça social para todos,

é baixo, mas eu aposto na micro- política e vejo que a Viração, com a estrutura que tem e

princípios que segue, tem feito um trabalho muito potente, com alta capacidade de

multiplicação e com capilaridade em diversas dimensões: na vida de cada um que se envolve

com a Vira, com escolas, em comunidades, em grupos espalhadpos em cerca de 24 estados do

país. Temos uma atuação também em esferas mais representacionais como no Conselho

Nacional da Juventude, acompanhando conferências nacionais de diversos setores.

A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelosadolescentes

para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos

desenvolvidos pela Viração? É possível desvincular tal proposta das práticas dos

Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes

Comunicadores, tal desvinculação? Tal vínculo interfere/interferia na sua atuação

enquanto educomunicador?

Acredito que as ações ganham seu grau de importância não uma em relação a outra, mas

somadas, no conjunto... Cada vez mais temos feito uma tentativa de integrar as ações da Vira.

Para mim, a produção de conteúdo é uma das experiências mais desafiadoras para

experimentarmos as possibilidades de ação em rede. Creio que nos últimos anos, as

formações em educomunicação com os adolescentes mais a longo prazo ganharam espaço,

mas a revista ainda tem uma centralidade.

Um adolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas

politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com

a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende

garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma

metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum

momento?

No meu entendimento sim, isto é totalmente possível, embora não tenhamos uma figura na

sede da Vira que esteja mais concentrada em animar mais politicamente a rede, o que me

parece necessário. Eu acredito que se a Vira quiser manter a revista, ela terá que investir cada

vez mais em mobilização, formação e redes, pois tenho certeza que há muitos adolescentes e

jovens que soubessem que existe este espaço, eles iam querer participar. Isto está sempre

sendo pensado.

Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas,

prazos e uma série de outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos

educomunicativos?

Acho que às vezes sim, mas, ao mesmo tempo, acho complicado dizer que o processo é

semelhante ao processo industrial, pois, na indústria, as pessoas estão ali por uma questão de

sobrevivência, trabalhando por necessidade, sem, muitas vezes, se importarem com o produto

de seu trabalho, entre outros componentes. No caso dos adolescentes que colaboram com a

Viração, a relação que se estabelece é de colaboração, de parceria, de militância. Trata-se de

Page 169: Confira a tese

167

um elo que surge por afinidade com os propósitos da Vira. Nada é obrigatório, mas quem

resolve participar vai trilhar junto um caminho emq ue acordos são feitos, prazos ajudam a

organizar a trilha que está sendo construída. Ou seja, procedimentos, ou como você escreveu

"moldes operacionais" são necessários para que exista movimento, principalmente se estamos

atuando em conjunto. Mas é uma linha tênue que merece ser cuidada. Mas eu acho que a

figura do Rafael Stemberg e agora do Bruno Ferreira garantem que os preceitos da

educomunicação sejam cultivados na relação com cada um dos conselhos.

Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da

Viração? Se sim, quais?

Mais um paradoxo da vida: uma das maiores fragilidades da Viração é também uma de suas

maiores forças. trata-se do fato da Vira ser uma organização em construção e coletiva. São

vertentes que exigem de todos que se envolvem com ela muitas mudanças culturais, muita

responsabilidade e compromisso. O caminho certo não existe, existem os caminhos que

vamos criando juntos. O) fato da Viração ser aberta as vezes causa um desconforto na equipe.

Também acho que muitas vezes o fato de sermos simultaneamente uma organização com um

perfil político e de militância, mas também termos um esquema de trabalho, gera

desentendimentos e graus de compromisso variados. Alguns assumem mais o papel de

"funcionário" outros o de educomunicador... Neste mesmo contexto, aparece a questão

salarial que para o mercado (para um jornalista) é baixo, mas para um militante a relação com

o salário é diferente.

O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como é entendido o afastamento

presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na

sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura

de autogestão?

Para mim o Paulo é uma das pessoas que criou e apostou na Viração e segue acreditando e

construindo este projeto. Ele representa uma pessoa que acredita na humanidade, que quer

transformar as coisas para melhor, para outros mundos possíveis, que tem um faro aguçado

para iniciativas e articulações que potencializam a Viração e as parcerias. Outra coisa que me

chama atenção no Paulo é sua disposição para resolver conflitos com uma generosidade

bastante incomum. Eu acredito que a Viração não é do Paulo, é de todos que se envolvem

com ela e que cada um que se envolve com ela é livre para cultivar este projeto no grau e na

distância que lhe for mais possível e desejável naquele momento. entendo que a ida do paulo

à itália tem a ver com um desenho de sua vida, que não é só a Viração, é também sua família,

suas filhas, o fato da Elda ser italiana... Sinto o Paulo muito presente, mas de outro jeito, em

um frente que é bem importante e que tem a ver com articulações internacionais, captações de

recursos, possibilidade de levar a educomunicação para Europa e África. Não entendi o que

quis dizer com "estrutura de autogestão". de qualquer forma, a equipe que está no Brasil tem

toda autonomia para encaminhar o projeto.

Page 170: Confira a tese

168

Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito?

Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa

equipe?

Sim! Esse processo de sistematização das práticas educomunicativas foi se incorporando

como rotina especialmente com a integração da educomunicadora Gisella Hiche à equipe e

passou a ser um processo institucional com a constituição do que chamamos de LEC -

Laboratório de Educomunicação Comunitária, área responsável por essas sistematizações e

por trabalhar com a equipe o desenvolvimento da competência de sistematização, de forma

que todos registrem as práticas. Acho fundamental esse trabalho que vai para além do registro

de atividades, criando a memória social dos processos educomunicativos gerados na Viração,

sempre vivos e em constante desenvolvimento.

Page 171: Confira a tese

169

Existeuma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito?

Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa

equipe?

Bem, não sei se entendodireito o que quer dizer com gestão das práticas educomunicativas.

Entendendocomo gestão, uma coordenação que sistematiza, organiza, cuida da realização

daspráticas educomunicativas, eu acho que existe sim. A gestão é feita pelacoordenação

colegiada, composta por coordenação de área, direção e diretoria.Além disso, há um processo

de sistematização das ações da Vira, dos materiaisproduzidos, dos processos vividos, etc. que

tem sido tocado pela Gisella.

Quais são as funções e asprioridades da equipe de gestão da Viração? Existem

indicadores de avaliaçãoque retratem os resultados obtidos pelas práticas da Viração?

Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não, como a

Viração verifica o impacto social de suas práticas?

Os indicadores normalmenteestão relacionados ao alcance dos objetivos dos projetos

realizados. Eles sãoavaliados ao final dos ciclos de cada projeto, junto ao público atendido.

Podemser considerados seguros porque são feitos junto com as pessoas queparticiparam do

projeto, com a metodologia mais adequada pra cada público e projeto,assim é possível medir

com alguma segurança os impactos das ações realizadas.

Aproposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes

para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos

desenvolvidos pela Viração? É possível desvincular tal proposta das práticas dos

Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes

Comunicadores, tal desvinculação?

A revista é resultado de umou vários processos educomunicativos, além disso ela é o carro-

chefe daViração, pois é por onde é possível dar maior visibilidade para as ações eproduções

dos virajovens. Nesse sentido ela ocupa um lugar muito especial naVira. Mas ela não é,

necessariamente, mais importante que outros projetos, umavez que as ações desenvolvidas no

âmbito de outros projetos podem e devem secruzar com a produção da revista, para que nela

também apareça, de certa forma,as diversas experiências educomunicativas vividas e

promovidas pela Viração.Não acho que a proposta do movimento seja desvincular os

conselhos da produção deconteúdo, mas reforçar a ideia de que a ação deles transcende isso.

Eles podeme devem fazer muito mais que isso, se inserindo na mobilização para a

pautapolítica da juventude e comunicação e entendendo que a própria produção darevista é

uma ação política.

Umadolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas

politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com

a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende

garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma

metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum

momento?

Sinceramente não acho queessa seja uma questão definida, no sentido de estar totalmente

encerrada. Achoque questões como essa vão aparecendo e sendo refletidas nos

momentosoportunos. Pelo que vejo hoje temos adolescentes que se interessam mais por

Page 172: Confira a tese

170

umaparticipação via produção de conteúdo, o que não deixa de ser uma participaçãopolítica

(afinal produção de comunicação é um dos jeitos da Vira fazerpolítica), mas aqueles que tem

uma atuação política mais incisiva tambémproduzem conteúdo. Não vejo virajovens que só

participem politicamente e não daprodução de conteúdo. Penso que a produção de conteúdo

também acaba fluindonaturalmente da participação política, por isso, acho que é possível

conciliaressas duas vertentes nos conselhos: produção de conteúdo eparticipação/mobilização

política.

Osmoldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas,

prazos e uma série de outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos

educomunicativos?

Existem limitações, mas oprocesso da revista continua sendo educomunicativo. A operação

dentro dosmoldes industriais acontece apenas em parte, uma vez que desde o fato de

ospróprios jovens produzirem a revista, já é um diferencial do processo convencional.As

pautas são levantadas, discutidas e distribuídas de forma colaborativa e oprocesso de

produção e edição da revista também, com as limitações do tempo erecursos, claro.

Principalmente pensando na distância física entre a redação (ondeo conteúdo é editado) e os

conselhos.

O que a figura de Paulo Limarepresenta para a ONG? Como é entendido o afastamento

presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na

sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura

de autogestão?

Bem,o Paulo é, sem dúvida, uma figura importantíssima pra Vira. O idealizador e ogrande

animador de todo esse trabalho. Nesse sentido ele é uma referência paraos profissionais da

Vira. Apesar oafastamento físico, ele é extremamente presente na Vira. Seja por

email,lembrança, telefonema, conferências, enfim... Ele ainda está muito inserido nadinâmica

diária da Vira, pelo menos do lado de cá. Não sei se ele sente assim,mas aqui eu percebo isso.

Agora,sem dúvida, o afastamento físico dele fortalece a autogestão. Acho que isso,inclusive

colaborou para o amadurecimento da equipe, fazendo com que todosestivessem mais

responsáveis pelos rumos da Viração e do seu trabalhoindividual.

Page 173: Confira a tese

171

Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito?

Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa

equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria?

Existe uma gestão das práticas realizadas pela Viração. Ela é realizada a partir das diretrizes

traçadas pelo Paulo Lima e passadas para os gestores e deles para o restante da equipe,

(educadores, educomunicadores e profissionais ligados à produção da revista e outros

produtos de mídia). Simplificando. Paulo Lima tem ideias e manda, mesmo que de maneira a

induzir que o processo é participativo e coletivo). Os gestores tentam organizar as ordens

recebidas, os educadores executam as ações junto ao público alvo. Na quase totalidade das

vezes as práticas eram executadas com escassez de recursos e tempo, e conseqüentemente de

planejamento, o que reverberava de maneiras positivas e negativas.

Posivitamente: as equipes tinham muita liberdade para elaborar as atividades.

Negativamente: Esses processos eram muito cansativos, tanto físico quanto intelectualmente,

e por não serem sistematizados, esses processos, muitas vezes, repetiam etapas já realizadas

em momentos anteriores.

Não poucas vezes ocorreu também de o processo de preparação e realização das práticas ser

alterado devido a fatores externos, ou seja, a política do “quem paga manda” que mesmo

sendo velada era uma das características marcantes da Viração, principalmente na gestão

Paulo Lima.

A Viração sempre caminhou no fio da espada, tentando se equilibrar entre suas verdades

ideológicas e a sustentabilidade financeira. Muitas vezes a grana venceu. Algumas vezes a

ideologia foi mais forte, às vezes, quando isso acontecia era transformado em propaganda,

vide a “famosa” situação da recusa do apoio do Instituto Votorantim, com carta aberta e tudo

mais. Mas, no final das contas, quem tinha a palavra final era o Paulo Lima, de acordo com

seus próprios interesses e visões para a Vira.

Discordo das prioridades da Vira. Optaria por realizar trabalho mais focado e com menos

grupos de jovens, para que se pudesse ter uma ação mais efetiva e atenciosa.

Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da

Viração? Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não,

como a Viração verifica o impacto social de suas práticas?

Não existem indicadores de verificação dos conselhos, pois, não existe uma sistematização

para isso. A Vira verifica o “impacto social” de suas práticas por meio das matérias

publicadas, basicamente. Quando de interesse (imediato) da organização (Vira) são feitos

contatos com pessoas responsáveis pelos conselhos, muitas vezes funcionárias das

organizações responsáveis pelos conselhos, para alguma ação pontual, como para produzir

algum material específico. Normalmente, depois de obtido o resultado, informação ou produto

de interesse da Vira, não é feita uma continuidade ou retorno dessas ações junto aos

conselhos. Não raramente dentro desse processo os (vira)jovens atuam apenas como

executores das ações.

A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes

para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos

Page 174: Confira a tese

172

desenvolvidos ela Viração? E em relação a outras atividades desenvolvidas pelo

Virajovem? É possível desvincular tal proposta das práticas dos Conselhos Jovens

(Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes Comunicadores, tal

desvinculação? Na sua opinião, tal vínculo interfere na atuação do educomunicador? E

na atuação do integrante da equipe de conteúdo da revista e do portal?

O vínculo “educomunicador/educomunicando” é parte do processo educomunicativo. Se ele

faz parte ele não pode interferir. Porém ele pode se refletir de forma negativa ou prejudicial

para o “educomunicando” se o educomunicador for despreparado e/ou não tiver um suporte

técnico, pedagógico da instituição (Viração).

Um adolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas

politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com

a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende

garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma

metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum

momento?

Um adolescente pode participar de um conselho sem escrever uma linha. O controle da

participação fica por conta de cada entidade. E como a supervisão (responsabilidade) da Vira

tem como objetivo, basicamente, tentar que as matérias sejam entregues no prazo, cada

conselho faz o que quiser com quantos jovens puder. Basicamente, a pessoa responsável pelo

contato com os conselhos é pressionada para que a matéria saia, esse responsável pressiona a

pessoa responsável pelo conselho, o mediador ou alguém da organização parceira, para que a

matéria saia. Se por algum motivo a matéria não for produzida parte-se para outras opções

emergenciais: O mediador procura outra pessoa para fazer a matéria; o mediador escreve a

matéria; a matéria passada para outro conselho; e por fim, se nada disso der certo, alguém da

própria revista escreve a matéria, as vazes com apoio (pro-forma) de um jovem, ou sozinho

mesmo. Tudo isso em prazos pra lá de vencidos. Essa situação pode ou não mudar, depende

do interesse político e financeiro da diretoria da Viração. Eu penso que vai continuar nessa

bagunça até que um “parceiro/apoiador financeiro” forte (cheio da grana) defina que isso é a

principal prioridade.

Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas,

prazos e outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos educomunicativos?

Você concorda com tais moldes? Se não, como deveria ser, na sua opinião?

Se cumprir acordos, compromissos e contratos fazem parte dos preceitos educomunicativos -

como penso que devem ser - os moldes operacionais de produção da revista e do portal que,

em teoria, levam em conta esses fatores bem como a situação particular de cada conselho não

são impecilhos para o desenvolvimento do processo. É preciso realizar contratos

(prioritariamente escritos) que efetivamente levem em conta a situação das partes (Viração,

Organização parceira, jovens) e a capacidade de cada um de cumpri-los. Considerando isso, o

descumprimento dos acordos só deve acontecer em último caso e mesmo assim muito bem

marcado e registrado.

Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da

Viração? Se sim, quais?

Já respondi nas outras perguntas.

Page 175: Confira a tese

173

A equipe de educomunicadores ou os Virajovens tem suas atividades afetadas por

decisões de ordem administrativa? De que maneira?

Já respondi nas outras perguntas.

Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem? Em quais

momentos? Qual a sua reflexão sobre isso?

Minhas práticas como virajovem foram importantes para minha formação pessoal e

profissional. Encaro como uma fase de aprendizagem, onde aprendi muito sobre educação,

relacionamentos humanos, comunicação, educomunicação e como funciona o mundo e as

relações de poder.

O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como é entendido o afastamento

presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na

sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura

de autogestão?

Não tenho acompanhado a Viração nessa etapa “pós Paulo Lima”. Sendo assim: Paulo Lima

sempre foi o DONO da Viração. Relação que muitos outros empreendedores tem com seus

empreendimentos. Enquanto existir uma idolatria ao Paulo Lima e ele se colocar na posição

de indispensável (mesmo que não admitindo isso) para a Vira não vai existir autogestão na

Viração. Buscar autogestão e tentar manter essa idolatria é um contra-senso (mais um pra lista

da Viração) principalmente em se tratando de uma organização que se pretende ser

incentivadora da autonomia e de uma transformação positiva para jovens.

Mas nada disso é novidade. E chovendo no molhado (de novo), só não vê isso quem não quer

ou quem se beneficia com essa situação.

Page 176: Confira a tese

174

Existe uma gestãodas práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito?

Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa

equipe?

Acredito queexiste a busca por uma gestão democrática e participativa, ou

seja,educomunicativa. Como é algo que não aprendemos e estamos co-criando,

existemescorregões, conquistas, aprendizados e celebrações. Existe o compromisso claroem

viver uma gestão educomunicativa.

- no momento, porestar mais distante não sei como está sendo feito. O que conheço é que tem

a diretoria que acompanha, a direçãoexecutiva, a coordenação dos projetos e as equipes dos

projetos. Menos que umaherarquia essas funções atuam como responsabilidades diferentes

que secomplementam.

Quais são asfunções e as prioridades da equipe de gestão da Viração?

Existemindicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da

Viração? Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não,

como a Viração verifica o impacto social de suas práticas?

Manter opropósito, missão e valores da Vira. Cuidar da equipe. Avaliar parcerias emedir

resultados. Avaliação dos peojetos. Na Pcu e no JM, por exemplo, tínhamosalguns materiais

de avaliação durante e após as formações. Os indicadores sãomais qualitativos do que

quantitativos ( apesar de hoje termos mediçãoquantitativa também – ver material PCU com

Vânia). Acredito que são seguros.Uma avaliação externa seria interessante. Não temos isso.

A proposta deprodução de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes

para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos

desenvolvidos pela Viração? É possível desvincular tal proposta das práticas dos

Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes

Comunicadores, tal desvinculação?

Acho que nomomento os projetos ganham mais energia na Vira do que a produção de

conteúdo.Acredito que merece mais destaque e cuidados. Acho que já éfeito. Tem jovens que

escrevem que não fazem parte dos conselhos. Mas osconslehos são o cerne. Não consigo ver

desvinculado. Não vejo o Movimento comouma desvinculação. Um consleho editorial jovem

é importante para ter unidade,coerência com a missão, propósti, valores da Vira. Mas um

movimento de jovens émais amplo e têm ações para além da revista que precisam ser

valorizadas eestimuladas. Revista abarca e podecontinuar abarcando tudo que é feito....mas

coisas mais amplas podem ser feitasalém da revista. Transformações sociais incisivs no dia a

dia dos jovens que arevista pode mostrar, contar histórias, conectar.

Um adolescentepode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas

politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com

a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende

garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma

metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum

momento?

Acredito que sim.Não sei como está este ponto.

Page 177: Confira a tese

175

Os moldesoperacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas,

prazos e uma série de outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos

educomunicativos?

Sim.

Você pode apontarfragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da

Viração? Se sim, quais?

Êxitos: conversade igual para igual. Construção coletiva. Espaço para criatividade. Produção

dematerial e projetos consistentes com impacto no dia a dia das pessoas. Ações devanguarda.

Viver, experiênciar o que se fala.

Fragilidades:pouco foco e investimento na equipe que cuida da revista. Centralização em

SP.Dificuldade de financiar a parte administrativa e a revista. Muita coisa parase fazer, pouca

equipe = pouco tempo para olhar, refletir, conversar...

O que a figura dePaulo Lima representa para a ONG? Como é entendido o afastamento

presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na

sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura

de autogestão?

O criador de toda esta maravilhosa loucura e incentivadorpermanente. Tranquila. Autogestão

significa cada um gestiona a si próprio? Comoa ONG se autogestionaria sem uma pessoa ou

várias? Esta pergunta está confusapara mim. Se significa sem a presença do Paulo, acredito

que sim pq isso jáesta acontecendo..agora precisa de pessoas responsáveis e comprometidas

com opropósito, missão e valores da Vira para gerir...além de rsponsáveis por si próprias.

Para que exista uma auto-gestçao de cadapessoa/integrante/colaborador da Vira e uma gestão

educomunicativa as pessoasprecisam se trabalhar e mudar suas culturas de parternalismo, de

esperar ordense isso tem a ver com um trabalho profundo de cada integrante da ONG – que

circulam– acho que esse é um ponto chave que precisa de atenção. Como as pessoas vão

seauto-gerir se nunca fizeram isso, se por mais que concordam com os conceitos,

nãovivenciam isso no dia a dia? Para ser uma gestão compartilhada é necessárioaprender a

compartilhar, a se responsabilizar, a se conhecer e isso é umtrabalho – repito: profundo- para

cada ser humano. Como a Vira garante isso?

Page 178: Confira a tese

176

Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito?

Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa

equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria?

Sim. Na verdade a gestão das praticas educomunicativas da Viração é feita por todos

integrantes dos determinados processos. Um exemplo. Se estamos em uma reunião de equipe,

a qual era realizada mensalmente no periodo em que trabalhei na Viração, todos que

participavam daquela reuniao eram responsavel por gerir educomunicativamente aquele

momento. Mesmo em questoes ligadas aos recursos financeiros, ou ao espaço fisico, por

exemplo, a gestão era feita de forma educomunicativa. A comunicação era dialogica e por se

tratar de um ecossistema comunicativo, todos ali tinha papel fundamental, seja na questao de

levantar os problemas ou até mesmo na realização de comentarios construtivos. Faço questão

de ressaltar este exmplo para mostrar que as praticas educomunicativas na Viraçao nao se

restringem ao trabalho realizado diretamente com os jovens. Essa gestao educomunicativa

desempenhada por todos aqueles que integram aquele ecossistema comunicativo da uma

segurança na realização das mais diversas actividades. No entanto, é preciso ponderar, que

como estamos inseridos em uma sociedade que nao esta acostumada com este tipo de modelo

de gestao, os processos podem levar mais tempo que o normal, muitos questionamentos

surgem, pois ha muita participação de diferentes pessoas, com diferentes olhares e perfis.

Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração? Você está de

acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria?

Sabe que talvez ao ter respondido a primeira questao sem ter lido esta segunda, agora me

recordo da existencia de toda uma diretoria e coordenação, no entanto, por ter vivenciado

processos extremamente participativos, sempre acreditei que a gestao da Viração é sim feita

por todos os integrantes daquele ecossistema comunicativo. No entanto, acredito ser

importante existir essa equipe composta por pessoas que nao necessariamente estao no dia-a-

dia para contribuir com uma visao do todo. Vou destacar o exemplo do educomunicador. Por

exemplo, eu atuava diretamente com a iniciativa Plataforma dos Centros Urbanos, o

envolvimento com o trabalho formativo daqueles jovens e toda a atuaçao direta com as

comunidades por muitas vezes me fazia me distrair do todo. Muitas vezes olhava ao meu

redor e via inumeras reunioes as quais nao fazia ideia da tematica que estava sendo abordada.

Nesse sentido, a equipe de gestao faz-se fundamental para garantir a integraçao entre todos

que integram aquele ecossistema. Mas é muito importante destacar que na Viraçao nao havia

hierarquia de cargos, mas sim pessoas que ocupavam diferentes funçoes que se completavam

no todo. Prova disso na pratica é que qualquer integrante da equipe era muito bem preparado

e tinha total aval para falar em nome da Viraçao Educomunicaçao. Seja em uma reuniao com

o Prefeito, seja em uma roda de jovens.

Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da

Viração? Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não,

como a Viração verifica o impacto social de suas práticas?

Eu estou distante da Viração ha exatos seis meses. E muito gratificante ler nas redes sociais os

diferentes depoimentos de jovens que agradecem a Viraçao e seus projetos por terem "aberto"

seu olhar para um outro mundo, para o olhar ao proximo. Este tipo de depoimento é comum

em se obter dos diferentes jovens, de diferentes culturas, que participaram de diferentes

projetos educomunicativos da Viraçao. Essa unanimidade de resultados encontrada nos

depoimentos de centenas de jovem para mim é o indicador mais forte. Muitos destes jovens

Page 179: Confira a tese

177

que viviam em situaçao de extrema vulnerabilidade social, hoje ingressaram em uma

universidade, ou estao empregados e ate envolvidos em diferentes iniciativas do Movimento

Social. Em vez de somarem pontos para as estatisticas de deliquencia, crime, contribuem

diretamente para a melhoria da qualidade de vida de muitos outras crianças, jovens e pessoas

das suas comunidade. Porém, ha muitos outros indicadores. Por exemplo, a credibilidade da

Viraçao junto aos espaços de participaçao politica. As conferencias, os eventos do Governo,

da Sociedade Civil, sempre a Viraçao é apontada e convidada como referencia. Mas nao

poderia deixar de destacar que esses resultados tem relaçao direta com a coerencia teorica

adotada pela Viraçao. E justamente esse embasamento que da segurança para que o

ecossistema comunicativo da Viraçao se mantenha ativo e produtivo nas suas mais diferentes

formas de existencia.

A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes

para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos

desenvolvidos pela Viração? É possível desvincular tal proposta das práticas dos

Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes

Comunicadores, tal desvinculação? Tal vínculo interfere/interferia na sua atuação

enquanto educomunicador?

Vou ressaltar novamente. Se estou afirmando que a Viraçao é um ecossistema comunicativo e

que existe sim uma gestao educomunicativa de todas as suas praticas educomunicativas, nao é

possivel mensurar um grau de importancia. Obviamente que no dia-a-dia, se eu -

educomunicador - estou envolvido com um projeto comunitario, talvez eu possa estar um

pouco distante do processo de producao da Revista. Mas de forma alguma ha um grau de

importancia, pois na verdade, o Movimento de Adolescentes Comunicadores inclui todos.

Aqueles que estao desenvolvendo a comunicaçao comunitaria nos mais diferentes cantos do

Brasil, aqueles que produzem textos para a Revista, aqueles que em sua rua estao integrando

outros jovens em diferentes inicitivas. Aproveito para destacar que é preciso cuidado ao se

usar o termo grau de importancia. Se estamos de fato trabalhando com o conceito de

ecossistema comunicativo, 'apostando' em uma comunicaçao dialogica, todos do todo sao

fundamentais. Defendo que a Revista é a cara, o corpo e a alma da Viraçao Educomunicaçao.

Assim como o Jornal Mural também, assim como as diferentes "oficinas de um dia". O

despertar dos jovens a partir dos processos educomunicativos da Viraçao é o mesmo. E esse

despertar, quando o direito à comunicaçao é garantido, que consiste na vida do Movimento

de Adolescentes Comunicadores.

Um adolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas

politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com

a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende

garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma

metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum

momento?

Sim. Pois da mesma forma que um adolescente pode integrar o ambito politico. Um outro

jovem pode integrar apenas o proceso produtivo. O importante é que todos tenham a

consciencia do todo, porem, na minha opiniao, é preciso respeitar as vontades e habilidades

de todos. Por isso que a proposta consiste na criaçao de um Conselho e nao de um

Educomunicador por Estado. No periodo que estive na Viraçao eu pude presenciar que em

alguns Estados alguns jovens centralizavam o processo de trabalho do Conselho. Neste casos,

esse envolvimento grande é muito rico, mas para potencializar esse trabalho, a Viraçao

Page 180: Confira a tese

178

precisa investir em formaçao em Educomunicaçao para tornar esses jovens aptos a realizarem

uma mediaçao dos Conselhos, a priorizar a busca de mais jovens para integrar todo esse rico

processo. Mostrar a eles que assim como a Viraçao a partir da educomunicaçao despertou

neles esse envolvimento, é preciso democratizar esse direito à comunicaçao para um numero

maior de jovens.

Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas,

prazos e uma série de outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos

educomunicativos?

O molde operacional nao é o problema, mas sim a sobrecarga de alguns membros da equipe

ou até mesmo pressao por prazo ou distancia geografica sao fatores que influenciavam o

processo produtivo, nao era tao qualitativo. Mas volto a dizer que se estamoa falando de um

ecossistema comunicativo, nao é apenas o processo operacional. Mas sim o simples fato de o

jovem do Conselho esta bem formado para mediar processos educomunicativos e garantir a

participaçao de um grupo de jovens na produçao dos conteudos ja resolvesse o problema.

Quando eu digo sobrecarga de alguns membros da equipe me refiro a processos como:

imagine o jovem nao consegiu formar ul grupo para produzir a materia, ele tem de trabalhar,

estudar e o pessoal da Viraçao em Sao Paulo reservou duas paginas para a historia deste

determinado Estado. Caso o processo falhe, o menino vai se pressionar para escrever sozinho

e mandar a noticia. Ou Sao Paulo pode dizer que se nao é educomunicativo nao ha

necessidade desta pressao e esforço. Porem, havera uma corrida para o preenchimento das

duas paginas. Isso dificilmente ocorreria, se o Conselho fosse de fato composto por um grupo

de jovens bem mediado localmente. Sei que sao diversos os fatores que impactam no processo

produtivo, mas ainda acredito e ressalto que a formaçao em educomunicaçao é fundamental

para o bom funcionamento dos conselhos.

Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da

Viração? Se sim, quais?

Fragilidades. Sobrecarga de tarefas e falta de espaços para a troca de experiencia coletiva com

enfase na Educomunicaçao. Todos querem participar das inumeras atividades, mas pelo

menos na epoca que eu estive por la, viviamos o desafio de participar das atividades dos

projetos que estavamos envolvidos, mas nao restava tempo para acompanhar as outras

iniciativas. E quando digo esse espaço para a troca de experiencia. Digo isso com um tom de

criar um grupo de estudos voltados para a educomunicaçao. Essa ideia ja foi colocada em

pratica, mas nao com frequencia, entao as vezes me via refletindo sobre um processo quando

talvez a Lilian Romao teria experiencia semelhante com a Ciranda para compartilhar, da

mesma forma que a Elis com o abrigo. Nao sei, trago esses exemplos porque quando

tinhamos as reunioes de equipe essa troca era muito rica, mas nao havia tempo para

aprofundamento.

O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como é entendido o afastamento

presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na

sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura

de autogestão?

A figura do Paulo Lima é fundamental porque ele é o educomunicador referencia o qual

sempre priorizou a gestao educomunicativa da Viraçao. O que incluia esse olhar em todos os

processos desde o administraivo ate às atividades com jovens. O afastamento so foi

Page 181: Confira a tese

179

presencial, pois Paulo esteve sempre muito presente em todas as tomadas de decisao e a

estrtutura de autogestao so veio a somar nos esforços desta aposta no ecossistema

comunicativo como gestor de seu todo. Agora o que é muito importante garantir que as

decisoes tomadas pela equipe de gestao sempre sejam claras e cheguem a todos da equipe

para garantir a participaçao de todos.

A equipe de educomunicadores tem suas atividades afetadas por decisões de ordem

administrativa? De que maneira?

Sim, pois se ha uma necessidade de corte de custo as atividades sao afetadas, porem, o grande

diferencial da Viraçao é que mesmo nesses momentos mais dificieis as principais decisoes

contavam com a participaçao de todos. Logico que haviam alguns conflitos no dia a dia, pois

por se tratar de uma estrutura tao complexas, as vezes um educomunicador estava fora em

atividade e quando voltava tinha acesso a alguma informaçao com a qual nao teve

oportunidade de participar. Porem eram casos raros e completamente compreensiveis devido a

complexidade e grande numero de atividades.

Page 182: Confira a tese

180

Existe uma gestão das práticas educomunicativas do Conselho Jovem (Virajovem)? Se

sim, como isso é feito? Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por

tal gestão? Quem é essa equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por

quais você

primaria?

Falando a respeito do Núcleo da Revista Viração em Natal, que existe desde 2007, mas cujo

grupo atual está trabalhando desde 2010 (já passaram vários grupos diferentes pelo núcleo), é

difícil se falar em uma "gestão das práticas educomunicativas". Eu costumo chamar de

"dinâmicas" do Núcleo que estão abertas a todos os participantes, de maneira a estimular a

participação e a apropriação de cada membro dos processos, informações e decisões do

Núcleo. Atualmente temos três "dinâmicas", a do nosso projeto de educomunicação, o grupo

de Comunicadores e Comunicadores Adolescentes e Jovens da Vila de Ponta Negra (RN), a

organização do I ENFORMAE e a dinâmica de produção de matérias para a revista.

Contextualizando, eu coordeno o Núcleo desde 2009. A partir desse período é que as

informações e decisões passaram a acontecer de forma aberta e transparente para todos. Antes

o Núcleo era ligado à uma Ong, na qual havia uma jornalista responsável e um outro

jornalista que realizava reuniões com o grupo. O que acontecia é que nós não sabíamos nem

recebíamos informações claras sobre o que era a Viração, nem como acontecia, nem o que

estava acontecendo. Atualmente, apesar de eu ser considerado o viramidiador, todos recebem

todas as informações, sejam os e-mails dos viramidiadores, sejam os e-mails da Articulação

Viração Nordeste, seja qualquer outra informação, todos são convidados a participar de todos

os chats e discussões. Dessa maneira, eu tento motivar uma gestão horizontal e participativa

do Núcleo, o que nem sempre é possível, pois há um nível bem alto de passividade, onde o

pessoal não se manifesta nem dá nenhuma opinião sem que seja expressamente exigido por

mim, o que torna tudo um tanto cansativo. Mas, vamos tentando aumentar a iniciativa e a

proativiadde de cada um das mais variadas formas...

Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração? Você está de

acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria?

Dentro da equipe não nos dividimos em funções. A priori, todos estão aptos a desenvolverem

todas as funções e o que fazemos é dividir tarefas para cada membro para cada atividade ou

dinâmica. Então, se temos uma pauta, fazemos uma reunião onde dividimos a pauta em

tarefas para cada um, etc. Tudo que é preciso, tentamos distribuir da melhor maneira em

reuniões, o que nem sempre dá certo porque o índice de participação nas reuniões nem sempre

é o esperado ou o necessário. Quanto às prioridades, elas variam conforme as circunstâncias.

Por exemplo, atualmente nossa prioridade número 1 é o ENFORMAE e a número 2 é o Vir-a-

Vila, ou seja, estamos dando um tempo na produção de matérias, porque não temos perna

suficiente para fazer tudo ao mesmo tempo. De maneira geral, em termos de gestão, a

prioridade é promover a maior participação possível de todos os membros, para que as

decisões sejam o mais compartilhadas possível e a percepção do todo e do contexto da

Viração aconteça, de modo que todos entendam quem somos e o que fazemos, para que

possamos pensar o que queremos a cada dia, os novos planos, projetos, etc.

Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas dos

Conselhos Jovens (Virajovens)? Se sim, quais são eles? Se não, como cada Virajovem

verifica o impacto social de suas práticas?

Page 183: Confira a tese

181

Bem, um dos indicadores é a mensuração da nossa participação em nível nacional, em relação

à rede dos núcleos da Viração. Em 2009 até o primeiro semestre, o nosso núcleo era o de

maior produção e participação, perdendo apenas para São Paulo. Esse ano, produzimos 6

matérias, sendo 2 delas matérias de capa, ou seja, maiores e mais complexas, e estamos na

pauta da capa da edição de junho e com mais outra pauta nessa edição, somando 8 matérias ao

total. Acredito que esse é um número bastante elevado, considerando a média de participação

dos demais núcleos. Além do mais, estamos encabeçando, juntamente com a Viração do

Alagoas e do Ceará, a construção do I Encontro Regional da Viração, a partir de uma

iniciativa nossa de mobilizar os núcleos do NE no último Encontro Nacional dos Virajovens e

criar uma rede regional que hoje chamamos de Articulação Viração Nordeste. E, para não

falar que tudo são flores, nesse final de semestre estamos sofrendo novamente (porque em

2009 tivemos esse mesmo problema) sérias dificuldades com evasão do grupo, pois muitos

participantes acabam se sobrecarregando com outras atividades e deixando a Viração em

segundo plano, o que deixa o grupo muito enfraquecido.

A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes

para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação a outras atividades

desenvolvidas pelo Virajovem?

Então, como afirmei anteriormente, nesse momento específico, a produção de matérias não é

nossa prioridade por estarmos direcionando esforços para a organização do Encontro, que

exige muito trabalho e esforço. Mas, de modo geral, nós somos muito participativos, tanto no

chat, com proposição de pautas, produção de matérias, sugestão para capas, chamadas, etc.

Inclusive, já participamos de algumas pautas em parceria com outros estados. Esse trabalho,

no entando, das pautas colaborativas entre vários estados, ainda precisa ser aperfeiçoado de

maneira geral da Viração, pois é frequente acontecer de estados que estão em uma pauta

sumirem, não atenderem telefone, responderem e-mail, nada, e a parte deles na pauta furar e

isso gerar um estresse dos demais. Mas, certamente essa é uma situação que todos os dias o

coletivo de todos os núcleos e a Redação tentam resolver e melhorar. Inclusive, a iniciativa de

articular as regiões visa o fortalecimento de todos os núcleos, de modo que a rede cresça a

partir do apoio mútuo entre os estados próximos uns dos outros.

Um adolescente pode integrar o Virajovem apenas politicamente, participando de

atividades no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com a produção de

conteúdo para a revista e o portal?

Poder, pode tudo, não temos nenhuma restrição para nada. Mas, na nossa situação específica,

me parece difícil isso acontecer. Eu vejo a produção das matérias e a participação na revista,

ou produções comunicativas de forma geral como a porta de entrada para a Viração, como o

lado mais atraente e chamativo, a partir do qual, o adolescente e jovem vai se integrando com

as dinâmicas, percebendo as outras possibilidades e se apropriando das ações, iniciativas e

processos. Por exemplo, no nosso Núcleo temos o grupo principal, formado por

universitários, que responsável pela gestão das atividades como um todo, e temos o grupo

recém formado do Vir-a-Vila, composto principalmente por adolescentes entre 11 e 15 anos.

Esse grupo não está inserido na dinâmica de produção da revista. No grupo realizamos

reuniões semanais com oficinas de produção das diversas mídias, zine, jornal, blog, rádio,

vídeo, de modo que eles produzam conteúdos os mais diversos, de acordo com os interesses

deles e assim criem formas de comunicação alternativa no bairro em que estão. Com o tempo

é que veremos se eles terão interesse de integrar o Núcleo mais amplo da Viração Natal.

Page 184: Confira a tese

182

Você concorda com os moldes operacionais de produção da revista e do portal

(cumprimento de pautas, prazos e outros compromissos)? Se não, como deveria ser, na

sua opinião?

Acredito que da maneira que acontece hoje é a única forma viável de se operacionalizar a

publicação da revista impressa e os demais projetos da Viração atualmente, com uma equipe

fixa em São Paulo, a Redação, que, em última instância, segura a peteca de todo o resto. Isso

porque São Paulo tem uma estrutura que ninguém mais tem, ou seja, eles tem uma sede, um

pessoal qualificado e pago exclusivamente para fazer a Viração acontecer, ao passo que nos

outros estados ou são organizações que direcionam parte de suas esforços (em geral uma parte

pequena) para contribuir com a Vira ou são grupos de pessoas sem nenhuma estrutura ou

apoio mas que mesmo assim fazer o núcleo da Viração acontecer, como é o nosso caso no

RN. Então, o que se busca ano a ano e isso foi um ponto muito forte no último encontro

nacional é pensar formas de fortalecer os núcleos em cada estado para aumentar a

participação e a partir daí se compartilhar a responsabilidade de forma mais horizontal. Uma

das dificuldades fundamentais é a sustentabilidade dos núcleos, pois há muitos custos

envolvidos que acabam sendo arcados pessoalmente por cada participante. Por exemplo, aqui

todos os custos de telefone, transporte, tempo dispendido com o núcleo, é pago do nosso

bolso e não temos nenhum retorno e isso é muito prejudicial para a continuação da equipe,

pois os membros precisam descobrir formas de se sustentar e acabam não tendo tempo para a

Viração.

Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da

Viração? Se sim, quais?

Como já apontei em algumas outras respostas, as fragilidades fundamentais são a mobilização

dos grupos nos estados e a sustentabilidade dos núcleos. Isso leva à diversas desarticulações e

dificuldades em todas as iniciativas e processos, pois muitos sujeitos importantes acabam se

ausentando por diversas razões ligadas a essas fragilidades. Quanto aos êxitos, eu acredito que

é conseguir realizar tudo o que a Viração realiza, seus avanços, os novos projetos, os êxitos de

cada núcleo nos estados, apesar dessas fragilidades. A Viração consegue ser um sujeito

importante e marcante como movimento social em âmbito nacional, tendo reconhecimento da

Conjuve, Unicef e diversas outras instituições nacionais e internacionais, além de se destacar

em diversos estados também.

O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como você entende o afastamento

presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG?

Eu tive a oportunidade de conhecer Paulo Lima em 2008, no Encontro Nacional que houve

em Brasília. Acredito que possa essa razão, ele tenha um significado de alguém que provou

que é possível realizar aquilo que acreditamos se tivermos desejo (tesão, nos termos de

Paulo), persistência e trabalho. No caso dos demais participantes do núcleo, que não o

conhecem, não posso dizer o mesmo. Quanto ao afastamento presencial, eu não vejo isso

como um problema, pois acredito que a equipe que garante a operacionalização de tudo não

depende exclusivamente de Paulo, nem de Lilian, da Direção como um todo, pelo menos é

essa imagem que me chega. Nós temos mais contato com Bruno (que está substituindo

Rafael), Eric, Sâmia, Douglas, que são responsáveis pelos processos gerais.

Os Virajovens têm suas atividades afetadas por decisões de ordem administrativa da

Viração? De que maneira?

Page 185: Confira a tese

183

Não consigo me lembrar de nenhuma situação em que tenhamos sido "afetados" por alguma

decisão administrativa, além da questão dos deadlines, dos prazos a serem cumpridos, dos

Encontros Nacionais que demandam dos estados quem serão os participantes, coisas assim...

Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem? Em quais

momentos? Qual a sua reflexão sobre isso?

Bem, individualmente falando, a Viração me dá uma percepção de que a mídia alternativa,

colaborativa, organizada em rede, tem uma amplitude muito maior do que eu jamais poderia

conceber se não tivesse contato com a Vira, o que, para mim, enquanto (edu)comunicador

(futuro jornalista formado) é algo muito importante, pois me permite sonhar com uma

comunicação diferente aqui e agora, como algo possível, concreto e já acontecendo. Além

disso, essa articulação nacional que existe engrandece os nossos braços, pois dentro da rede,

as possibilidades de ação são muito maiores. Exemplo disso são os muitos contatos em todos

os estados que temos acesso graças a Vira, como exemplo, o caso do prof. Ismar Soares,

coordenador do NEC-USP, que virá pra Natal pro ENFORMAE graças à parceria da ECA-

USP com a Viração. E, toda essa diversidade, esse conhecimento de pessoas das mais

variadas origens, jeitos, formas e personalidades também amplia meu horizonte pessoal, pois

é uma experiência muito rica. E tudo isso eu tento passar para os demais participantes do

Núcleo, mostrando para eles que a comunicação que fazemos se estende muito além dos

muros de nossa cidade e estado, que ela tem um impacto muito maior do que imaginamos, de

que estamos conectados com uma quantidade imensa de pessoas incríveis que acreditam e

sonham o mesmo que nós e que estamos juntos.

Page 186: Confira a tese

184

1º) Existe uma gestão das práticas educomunicativas do Conselho Jovem (Virajovem)?

Se sim, como isso é feito? Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável

por tal gestão? Quem é essa equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não,

por quais você primaria?

R= Em relaçaõ ao nosso conselho, naõ temos um profissional que nós oriente, que nós ensine,

somosss nós mesmos...

2) Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração?Você está de

acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria?

R= As prioridades da equipe viração estão relacionadas á construção de processos de decisão

democratico e colaborativo, com a participação de toda a equipe. E todo incio do ano é

realizado o planejamento anual, onde se define em conjunto os rumos e as açoes a serem

implementadas.

3) Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas

dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Se sim, quais são eles? Se não, como cada

Virajovem verifica o impacto social de suas práticas?

R= O nosso coselho sempre se reune todo final de semana, para fazer uma pequena avaliação

sobre as nossas atividades.Contamos as cartas que recebemos, os convites para participar das

reuniões e vemos quem poderá ir, telefonemas, fazemos pesquizas, enquetes, enfim...

4º) A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos

adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação a

outras atividades desenvolvidas pelo Virajovem?

R= Ocupa um grau bem elevado para o nosso conselho. O conselho se empenha bastante para

colaborar com á vira em relação as matérias é á onde todos nós se unimos para fazemos á

matéria.

5º) Um adolescente pode integrar o Virajovem apenas politicamente, participando de

atividades no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com a produção de

conteúdo para a revista e o portal?

R= Na minha opinião o jovem tem que participar de tudo que é importante em relação a ele,

tanto politicamente ou em mobilizações. Ele tem que está por dentro de tudo o que acontece

pois á informação é muito importante.

6º) Você concorda com os moldes operacionais de produção da revista e do portal

(cumprimento de pautas, prazos e outros compromissos)? Se não, como deveria ser, na

sua opinião?

R= Concordamos!!! Prá mim está bom. Agora em relação aos chats que acontecem para falar

sobre as matérias onde é divido as seções, essa não participamos por causa do horário é que

nessa hora estou no trabalho e os adolescentes nas escolas. Mas, depois se reunimos para ver

o e-mail prá ver o que foi falado e como ficou divido as seções, sempre damos o jeito de ficar

por dentro do acontece.

Page 187: Confira a tese

185

7º) Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a

dia da Viração? Se sim, quais?

R= Talvez nas mudanças de profissionais da Ong.

8º) O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como você entende o

afastamento presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto

à ONG?

R= Prá mim em particular é a minha fonte de inspiração! Ele á peça chave da Ong, uma figura

muito importante, o fundador, um sonhador, lutador, enfim... A pessoa que fez á vira virar

realidade, que viu o seu sonho tornar real. E junto com ele surgiram pessoas que acreditaram

nele e assim surgindo as sementes da viração se espalhnado pelo Brasil, vidas que se

encontram, caminhos que se cruzam, com uma missão, com o mesmo objetivo de mudar

alguma coisa, quem sabe o mundo! Como vivemos no mundo cheio de tecnologias não vejo o

Paulo Lima afastado ele sempre está por perto e por dentro de tudo o que acontece graças á

esse grande meio de comunicação que é a internet. Ele sempre está nós ensinando e assim ele

também está aprendendo muito, pois somos eternos aprendizes, vivendo e aprendendo.

9º) Os Virajovens têm suas atividades afetadas por decisões de ordem administrativa da

Viração? De que maneira?

R= Não os nossos virajovens daqui não tem suas atividades afetadas. Digo em relação ao

nosso conselho aqui, agora de um modo geral não sei dizer.As nossas atividades são bem

divididas, assim todos podem participar.

10º) Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem? Em

quais momentos? Qual a sua reflexão sobre isso?

R= Quando recebemos cartas, convintes para particpar de reuniões importantes em relação

aos mesmos, ai o pessoal pedem que a gente particpe, digamos prá fazer uma pequena

cobertura, uma matéria para divugarmos no nosso programa de rádio. Ficamos alegres quando

eles nós procuram especialmente os adloescentes e os jovens! E á minha reflexão sobre isso é

que aos poucos estamos sendo conhecidos, estamos dando pequenos passos, caminhando bem

devagar. É o que costumo dizer quando estou com eles, temos muito que fazer e caminhar. O

importante é não deixar de dar pequenos passos, basta acreditar em seus sonhos e lutar para

que o mesmo se torne realidade. Pois sozinha não pode se mudar nada, deixo de ser só, prá ser

um todo!!! Vocês são á minha força para continuar... Essa é a minha reflexão...

Page 188: Confira a tese

186

1. Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos

pelas práticas dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Se sim, quais são

eles? Se não, como cada Vira-jovem verifica o impacto social de suas

práticas?

Sim, o principal indicador e as participação na revista, outros são as atividades que os

vira-jovens participam junto os as secretarias do nosso município.

Ex: representante adolescente do selo unicef

jovens protagonistas de oficina e articulação jovens no município.

e temos com os impactos sociais jovens mais articulados com as questões politicas voltada

para a juventude, jovens com opiniões formada, visando o melhor para a classe num todo.

2. A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelo

adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância

em relação a outras atividades desenvolvidas pelo Virajovem?

Tem um grau muito importante, onde temos a oportunidade de mostra a todo o Brasil

e agora ao mundo que nos jovens do interior também temo opinião, uma visão de

mundo, que devemos também te voz e voto.

já as outras atividades realizadas por nos também tem importância onde a visibilidade

já e menos mas não menos importante.

essa proposta de participação dos núcleos na revista e fundamental, onde e uma

maneira de que nos temos de fala para o mundo estamos aqui e participando, somos

jovens e queremos um mundo melhor

3. O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como você entende o

afastamento presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua

atuação junto à ONG?

Representa um Sonhalista e idealizador de seus sonhos, um jovens de esperito que

acredita nos jovens, uma pessoa que tenho como espelho, que com as grandes

dificuldades encontradas nunca pensou em para, assim a figura do Paulo sempre vem

na minha cabeça nos momentos que acho que não vai dar mais, que penso em desistir,

ao pensar nele as minha forças ser fortalece e volta com todas as forças e começo a

lutar novamente. O afastamento do Paulo e sim sentida, mas e uma afastamento

relativo, pois sempre que ele poder esta lá nas redes sociais no email nos ajudando e

nos dando aquela força, Que nesse momentos me sinto cada vez mais presente na

viração, pelo fato do fundador da viração esta em contado com nos meros virajovens

de um cidadezinha do interior, percebo que tanto para ele quanto para os demais

diretores da viração, somo importante, isso nos motiva de uma maneira que não tem

como explicar.

4. Os Vira-jovens têm suas atividades afetadas por decisões de ordem

administrativa da Viração? De que maneira?

Temos nossa atividades melhoradas por ajuda da administração. A administração da

viração esta sempre disposta a nos ajuda, nos atividades são desenvolvidas com mais

qualidade pelo fato deles estarem presente junto a nos em nossos movimentos. Agora

atividades afetadas de maneira negativa não têm a relata.

Page 189: Confira a tese

187

5. Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem? Em

quais momentos? Qual a sua reflexão sobre isso?

Percebo quando jovens chega ate a mim e fala quero participa posso ?

deixa eu ser um vira-jovem? Parabéns estamos juntos com você!

São e vários momentos que os nosso resultados são visualizados, em reuniões e praça

publica, em eventos que participamos, em oportunidades de mostra nosso trabalho

para a sociedade.

Reflexão: os jovens podem muito basta ter uma oportunidade e um apoio moral, pois o apoio

financeiro coremos atrás todos juntos depois. Que podemos sim mudar o futuro, mas temos

que transforma o nosso presente. Temos uma força que ninguém conseguir explicar, SOMOS

JOVENS, voz , e que nos escuta, ser não nos escuta gritamos assim mesmo ate nos dar

atenção.

Page 190: Confira a tese

188

Existe uma gestão das práticas educomunicativas do Conselho Jovem

(Virajovem)? Se sim, como isso é feito? Quais são as funções e as

prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa equipe?

Sim existe, temos um grupo formado por jovens de diferentes escolas, entidades, ong‟s entre

outros que se reúnem quinzenalmente para discutir os rumos do conselho virajove do Acre,

matérias a serem escritas, bem como atividades regionais. Este grupo não tem função definida

a cada um, somente o Leonardo e a Victória que são os cordenadores do núcleo. A equipe é

formada por: Leonardo Nora, Victória Sales, Hanna Chystina, Everton Nogueira, Ramon

Castelo, Joedson Reis, Magliel de Moura e Raiclin Vasconcelos.

Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você

primaria?

Sim

Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração?

São de coordenação e planejamento estratégico das atividades a serem realizadas em certo

período, trabalhando conjuntamente com os virajovens de cada estado.

Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você

primaria?

Sim, até porque estas prioridades são tiradas em conjunto com os demais conselhos.

Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos

pelas práticas dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Se sim, quais são

eles? Se não, como cada Virajovem verifica o impacto social de suas

práticas?

Sim,esses levantamentos são feitos regionalmente após cada atividade realizada pelo

conselho, com reuniões ordinárias entre os membros, e também pelo encontro nacional da

viração.

A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos

adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância

em relação a outras atividades desenvolvidas pelo Virajovem?

50%, pois estas matérias são de extrema relevância, mais outras atividades como cursos,

oficinas, palestras e fóruns também são importantes para o crescimento.

Um adolescente pode integrar o Virajovem apenas politicamente,

participando de atividades no âmbito da mobilização, sem ter que se

comprometer com a produção de conteúdo para a revista e o portal?

Sim, não devemos fechar e priorizar o grupo com apenas um enfoque, considerando que o

conselho deva realizar outras atividades.

Page 191: Confira a tese

189

Você concorda com os moldes operacionais de produção da revista e do

portal (cumprimento de pautas, prazos e outros compromissos)? Se não,

como deveria ser, na sua opinião?

Sim, deve-se ter prazos e metas a cumprir.

Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos

adotados no dia a dia da Viração? Se sim, quais?

Bom há vários êxitos e fragilidades, mais das quais não consigo identificar de perto pela não

contato pessoal com a gestão da viração.

O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como você entende o

afastamento presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de

sua atuação junto à ONG?

Paulo Lima foi o grande fundador, idealizador deste projeto, foi o cara de grande construção

da viração, não tivemos muito contato, pois logo que o Virajovem Acre foi criado ele teve de

ir para a Itália. Acho importante seu novo foco na vira, não seria bom o idealizador deixar de

participar de seu grande projeto, apesar d estar longe.

Os Virajovens têm suas atividades afetadas por decisões de ordem

administrativa da Viração? De que maneira?

Não, o conselho te total autonomia para fazer suas atividades, desde que sempre informe a

vira.

Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem?

Em quais momentos? Qual a sua reflexão sobre isso?

Quando os jovens passam a discutir e participar deste grande movimento, quando começam a

discutir essas mídias marrons que não trazem conteúdos interessantes aos jovens. Acho que

devemos sempre continuar conscientizando nossos jovens, pois somos o presente construindo

o futuro.

Page 192: Confira a tese

190

Existe uma gestão das práticaseducomunicativas do Conselho Jovem (Virajovem)? Se

sim, como isso é feito? Quais sãoas funções e as prioridades da equipe responsável por

tal gestão?Quem é essa equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não,por

quais você primaria?

Então, nós anualmente elaboramos um projeto para inscrição nosprojetos de extensão da

universidade. Independentemente de aprovação ou nãoeste projeto nos guia durante o ano. As

nossas prioridades são a realização de oficinas de educomunicação e produção de

conteúdopara a Vira. A equipe tem um número variável de componentes, mas quatro

sãoresponsáveis pro puxar as reuniões que são: Eu (Alan), Jhonathan, Avanny e

Roberta.Estou de acordo com nossas prioridades.

Quais são as funções e as prioridades da equipe degestão da Viração? Você está de

acordo com tais prioridades? Se não,por quais você primaria?

Bom, como disse estou de acordo com nossas prioridades. Até porquenem teríamos tempo

para assumir outras.

Existem indicadores de avaliação que retratem osresultados obtidos pelas práticas dos

Conselhos Jovens (Virajovens)?Se sim, quais são eles? Se não, como cada Virajovem

verifica oimpacto social de suas práticas?

Não existem indicadores. O que fazemos é discutir individualmentecom eles sobre a

influência do projeto em suas vidas.

A proposta de produção de conteúdo feita demaneira colaborativa pelos adolescentes

para a revista e o portal ocupa quegrau de importância em relação a outras atividades

desenvolvidas peloVirajovem?

O mesmo grau. Compreendemos a participação dos adolescentes naVira tão importante

quanto a participação nas oficinas. Na verdade uma coisainfluencia a outra. Já que muitas

oficinas visam facilitar a produção deconteúdo para a Vira.

Um adolescente pode integrar o Virajovem apenaspoliticamente, participando de

atividades no âmbito damobilização, sem ter que se comprometer com a produção de

conteúdo para arevista e o portal?

Sim. Nós tentamos estimular essaparticipação, mas não como obrigação.

Você concorda com os moldes operacionais deprodução da revista e do portal

(cumprimento de pautas, prazos e outroscompromissos)? Se não, como deveria ser, na

sua opinião?

Concordo.Acho os chat um pouco tumultuado, mas não consigovisualizar outra opção.

Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestãodos processos adotados no dia a dia da

Viração? Se sim, quais?

Olha, até o momento não.

Page 193: Confira a tese

191

O que a figura de Paulo Lima representa para você?Como você entende o afastamento

presencial do fundador da Viração e areconfiguração de sua atuação junto à ONG?

O Paulo é uma verdadeirareferência para nós. A Vira já é uma entidade consolidada. Paulo

percebeu issoe decidiu que podia se dedicar a outros projetos tão importantes quanto a

Vira.Acho bacana como mesmo afastado presencialmente ele sempre se faz presente

emmuitas discussões.

Os Virajovens têm suas atividades afetadas pordecisões de ordem administrativa da

Viração? De que maneira?

Não. Pelo menos não me lembro denada agora.

Como você percebe o resultado das suas práticasenquanto um virajovem?

Em quais momentos? Qual a sua reflexão sobre isso?

O nosso principal objetivo é o deestimular os jovens do projeto a perceber a mídia de maneira

mais crítica. Etambém que seja mais atuante em suas comunidades, que façam a diferença e

quese tornem multiplicadores desses valores. Quando vejo que aqueles jovens, noinício eram

tão calados e apáticos, fazendo mobilização e exigindo seusdireitos é que me faz perceber que

estamos no caminho certo.

Page 194: Confira a tese

192

Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito?

Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa

equipe?

A Viração construiu vários processos no decorrer dos oito anos em que foi se desenvolvendo

ao lado da educomunicação. Desde o início do projeto, ainda sem independência institucional,

houve a preocupação de fazer com que todos os espaços físicos e virtuais fossem parcialmente

auto-gestionados, no sentido de que não havia necessidade de formatar uma metodologia de

mediação engessada, imutável, mas que compreendesse as reais necessidades, inclusive do

processo de adaptação das ações diante das tecnologias, processos educativos, comunicativos

e também administrativos. Quando então surge a proposta de idealizar um ambiente em que o

indivíduo é parte do todo, as pessoas que estão inseridas em seus diversos âmbito, assumem

funções de forma interdependente, e começa a ser formatada uma conduta institucional,

orientada por esses parâmetros, e por acordos coletivos abertos, questionáveis e aplicáveis aos

processos do dia-a-dia, como forma de garantir a imagem da instituição, seu caráter, suas

prioridades, interesses, realidade, necessidades e compromissos. A gestão por sí é parte deste

ambiente educomunicativo, mais que uma mera representação da realidade esperada para uma

organização, como geralmente é colocado por empresas e outras instrituições com

difeferentes métodos de gestão. As funções são definidas também em uma sistemática

construtivista, em que todas as metas aguardadas para o crescimento e manutenção do projeto,

são conservadas dentro de um planejamento institucional estratégico, desenvolvido em meio a

debates e apontamentos da equipe, a serem executados nas metas então estabelecidas.

Os planos de trabalho individuais são desenhados á partir desse macro planejamento, onde se

avalia o estabelecimento de novas práticas, tecnologias a serem implementadas, metologias a

serem estudadas, e novos caminhos a serem adotados pelo projeto durante a sua execução,

configurando-o como algo mutável, pungente... que sofre alterações e adaptações a todo

momento, e pelas mais variáveis razões. Basicamente entendemos equipe Viração, como o

conjunto de colaboradores, fixos ou esporádicos, voluntários, parceiros e profissionais mais

próximos, que atuam em diversos segmentos, e associados-fundadores, conselhos consultivo,

fiscal e diretoria. Em segundo vem uma estrutura maior, que é formada pelos jovens

participantes dos projetos da organização, que atuam local/globalmente, para mobilizar,

produzir conteúdo, estabelecer parcerias, garantir presença física da Viração em espaços

alternativos aos da redação, essencialmente colaborando com sua divulgação e difusão de seus

conceitos e práticas.

Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração? Existem

indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da Viração?

Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não, como a

Viração verifica o impacto social de suas práticas?

Tenho total liberdade para responder esse tópico de duas maneiras. Primeiro como um jovem,

que iniciou nesse processo aos 13 anos e meio de idade, e entre a Viração e outras iniciativas

ligadas á comunicação e educação, definiu o início da própria carreira profissional, dentro de

um ambiente ainda sem formato. Dez anos atrás, já hazia uma centena de iniciativas e práticas

educomunicativas, ainda não sistematizadas àquela época. Hoje com poucos cliques na

internet é possível encontrar informações compiladas, consistentes e reais, construídas e

assinadas por profissionais que estão na dianteira e também na retaguarda desses processos

em vários níveis de participação, que registram, personificam e significam a validez dessas

práticas como funcionais e efetivas dentro dos espaços educativos. Além desses profissionais,

dezenas de milhares de histórias de vida de pessoas como eu, podem ser facilmente

Page 195: Confira a tese

193

encontradas em qualquer um desses espaços. Histórias que contam realidades amplamente

pungentes. Que apresentam à sociedade, os diversos aspectos e âmbitos do relacionamento em

realidades diferentes, contrastando pontos de vista, ideias e objetivos, defronte á suas

realidades paupáveis, seus recursos humanos, financeiros, políticos, familiares, educacionais e

sociais. Como associado-fundador, membro da atual equipe e profissional de educomunicação

com passagens em vários projetos com grande alcance, posso observar uma característica

muito específica desses organismos. Há uma preocupação forte com a compreensão de quais

são os reais objetivos de uma iniciativa educomunicativa. Percebo que a intenção de

quantificar e também qualificar essas iniciativas, é uma necessidade quase que

invariavelmente de pessoas e profissionais que muitas vezes não se predispõem a concluir

suas visões á partir de vivências que os envolvam no processo de descoberta e constatação,

partindo de sua própria inclusão no processo. O que quero dizer é que, estabelecer um

relacionamento verticalizado com a educomunicação, pressupõe uma postura dogmática, onde

aquele que questiona o processo, muitas vezes não se permite envolver por ele, e faz leituras

precipitadas, infundadas ou superficiais como tantas que lí, e com frequência ouço. Acho

lamentável que posturas corporativistas, mercadológicas, posicionamentos restritos e

estruturas de trabalho não questionáveis, sejam a porta principal de validação e avaliação da

funcionalidade dessas e de outras metodologias. São poucas as organizações que ousam em

quase tudo, como se propõe ousar a Viração, embora não consume o fato em sua totalidade.

A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes

para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos

desenvolvidos pela Viração? É possível desvincular tal proposta das práticas dos

Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes

Comunicadores, tal desvinculação?

A revista impressa, sempre foi considerada o “carro-chefe” da Viração. Apesar de exercer

uma força menos intensa que a implementação do conceito educomunicação como atividade

principal no dia-a-dia, ela está diretamente ligada ao funcionamento interdependente de outras

iniciativas locais, e possibilitam o intercâmbio cultural entre adolesdesnces e jovens.

Considero a proposta do Movimento uma ideia ampla, que viria significar os esforços,

sobretudo políticos e ideológicos, de adolescentes e jovens que estão inseridas nesse

ambiente. Já nasceram desse movimento, uma série de ações práticas, que são encaminhadas á

partir dos processos de produção compartilhada e participativa. Não restritos á intervenções

na parte mais técnica do jornalismo, onde a equipe orienta e coordena a participação dos

jovens de várias maneiras, mas também dando a eles a possibilidade de interagir com outros

jovens, de outras localidades, realidades, pontos de vista, opiniões e sensibilidade. Diante da

proposta de articular a juventude envolvida nesse processo direta e indiretamente, surge a

necessidade de seguir promovendo o empoderamento dela por meio da ampliação dos

conhecimentos e mais recentemente, utilizando uma das metodologias utilizadas pelos

educomunicadores da Viração, que chama-se educação entre pares. Imagino que o processo

de criação, produção, gestão e desenvolvimento de uma rede orgânica como essa precise ter

autonomia, para pautar suas agendas em paralelo às da própria Viração, uma vez que nós

representamos a voz dos jovens que estão articulados ao nosso redor. Entretanto essa rede só

vem crescendo de forma muito controlada, para garantir que a quantidade de participantes

e/ou quantidade de grupos, não sobreponha a qualidade do que será produzido. Se realmente

isso acontecer em algum momento, e a juventude brasileira se organizar diante de uma

necessidade de pautar políticamente, e participar das intervenções de todas as maneiras

possíveis. Ainda acredito que essa proposta tem muito o que mudar, se adaptar e desenvolver

novas iniciativas, que eventualmente substituam ou ao menos complementem a força que os

Page 196: Confira a tese

194

virajovens (núcleos) dão para a produção da revista e da Agência. Se essa configuração for

alterada, é necessário, de extrema importância ter um plano “B”, que ainda não existe. A visão

muito otimista de grande parte das pessoas faz com que elas não pensem e ajam, em termos

práticos, de maneira objetiva, específica e focada. Levando em consideração o fato de

estarmos vivenciando a gestação de um novo formato de intervenção, que lentamente toma

corpo, soa um tanto quanto vago dizer que desvincularíamos a Viração desse movimento,

quando na verdade ela usaria a mesma proposta trazida pela Vira em todos os processos. Eu

calculo que a interferência e apontamento de fatores externos, como resultados paupáveis

necessários, e intermediação com outras redes e organizações, impute á Viração, praticamente

a obrigatoriedade de concentrar o máximo de energia para fazer a rede acontecer, mas não

desfrutar integralmente dela ao final das contas.

Um adolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas

politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com

a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende

garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma

metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum

momento?

Sinto que isso é sempre pensado. Desde quando sequer tínhamos recursos suficientes para

executar os projetos mais básicos que tínhamos. Em diversos momentos, ainda quando

coordenador do conselho editorial jovem, primeiro nome que foi dado a esse grupo de

virajovens, nós percebíamos que alguns jovens tinham muita facilidade e disponibilidade de

estar nos lugares, e participar através da garantia de presença em momentos importantes.

Muitos desses jovens, apresentam interessantíssimos argumentos de contestação, na

particularidade de cada um, dentro do âmbito de seus conhecimentos, mas sem serem técnicos

ou metódicos... Mas trazendo á luz do debate, questionamentos simples, com palavras

compreensíveis à qualquer pessoa, de forma direta e objetiva, como poucos conseguem fazer.

Chamamos isso também de atuação política, mas que não necessariamente estão inseridos no

contexto político partidário

Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas,

prazos e uma série de outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos

educomunicativos?

Interferem sim. Mas não necessariamente de forma negativa. Entendemos que alguns

processos são necessários e acaba ficando fora do alcance mexer muito em algumas estruturas

como essa. O relacionamento com as empresas que atendem institucionalmente a Viração,

como prestadores de serviços, gráfica, transportes e tecnologias de web, por exemplo, devem

ter seu espaço criteriosamente respeitado e seus tempos compreendidos e adaptados aos

nossos processos. Como lidamos com várias frentes de trabalho diferentes, é necessário que a

gestão seja compartilhada e colegiada como é feito na Viração. Os integrantes da equipe

integram diversos momentos e com diferentes tipos de participação, sendo que todas as

decisões são disponibilizadas para acompanhamento e observação da equipe. Processo que

muitas vezes não funciona bem, pois algumas pessoas não estão plenamente ambientadas ao

trabalho em equipe e sob demanda, acompanhando com eficiencia discussões online e/ou não

tem pleno domínio de ferramentas eletrônicas de comunicação.

Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da

Viração? Se sim, quais?

Page 197: Confira a tese

195

Algumas decisões são compartilhadas com a equipe, porém, como citei antes, as pessoas não

dominam as ferramentas que temos. Então muitas vezes fica complicado contar com os

tempos limite para executar determinadas ações. Ocorre com frequencia, a resposta de emails

com muito atraso, e consequentemente o tempo perdido. Percebo que embora a Viração seja

uma organização disposta a lidar com as dificuldades do relacionamento coletivo de forma

dialógica, participativa, construtiva e integradora, ainda há determinados posicionamentos e

posturas que são conservadoras. Sob todos os aspectos. Isso é triste. Saber que a Viração seja

talvez a única organização não governamental, a se desenvolver em meio ao surgimento de

dois fenômenos chamados Geração X e Geração Y, cujos perfis exigem cada vez mais

autonomia, ousadia, liberdade, confiança, flexibilidade e integração, é realmente estranho.

Determinados aspectos que são verdadeiros exemplos de que é possível assumir outras

posturas mais abertas sem que seja instaurado o caos. Aos poucos percebe-se que muitas

definições são colocadas como necessidade, mas estão apoiadas no fato de que algumas

pessoas tem dinâmicas diferentes, tempos diferentes e participações no dia a dia, que também

são diferentes. Isso é bom e ruim. Bom pois eu acho que esse é o modelo em voga, e quem

não se atualizar vai ficar pra trás.

O que a figura de Paulo Lima representa para a ONG? Como é entendido o afastamento

presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na

sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura

de autogestão?

Paulo é aquele que não se pode chamar de gestor. Gestores são aqueles que garantem o

andamento dos processos estabelecidos, e buscam alternativas para sua manutenção enquanto

da execução. Mais que um gestor, Paulo é o empreendedor da Viração. Aquele que pensa,

cria, evoca, desenvolve, propõe e puxa a carroça do piano pra que a banda toque. Hoje com

um membro para cada área na equipe, a gestão ainda que por parte dos empreendedores se

torna simplificada. Desde que a gestão seja efetivamente compartilhada e todos os processos

mantenham-se no campo da transparência, sem decisões individuais, ainda que em função de

ganhar tempo... Não haveria justificativa para tal. Há muito observamos que a presença física

de Paulo Lima na equipe, trazia muita energia e fôlego que são fortes características dele. Mas

que em determinados momentos, os excessos de sua energia sufocavam algumas pessoas que

não conseguem acompanhá-lo. A reconfiguração permitiu que ele mudasse bastante por

conviver, inclusive, com a dificuldade de se relacionar com uma equipe inteira do outro lado

mundo, com outro outro fuso-horário, outra realidade e outras ideias. A ansiedade que havia

antes por ter todos os recursos ao alcance das mãos, fazia com que tudo se transformasse em

urgência, o que não procede.

Page 198: Confira a tese

196

Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração? Você está de

acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria?

Vejo que a Viração como um todo tem como prioridade máxima a participação em nível

nacional de adolescentes e jovens de em suas práticas educomunicativas em diversificados

âmbitos, como: na elaboração de metodologias educomunicativas, revista, site, debates sobre

políticas públicas em diversas temáticas (ex: juventude, comunicação, meio ambiente, etc), e

eu concordo plenamente com essa prioridade. Acredito que essa equipe de gestão tem como

principais funções pensar na sustentabilidade da organização e para que os princípios e

valores da Viração sejam sempre preservados e utilizados no dia a dia da organização.

Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas,

prazos e outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos educomunicativos?

Você concorda com tais moldes? Se não, como deveria ser, na sua opinião?

Sempre tive essa preocupação de que os prazos atrapalhassem o processo educomunicativo

dos produtos, mas vejo hoje em dia que isso não acontece. Os conselhos se comprometeram

com os prazos e o mais importante, que as pautas são feitas colaborativamente e pensadas

entre os próprios virajovens. Portanto, concordo com os moldes porque os virajovens

participam na construção dos mesmos tanto virtualmente pelo grupo de e-mail dos virajovens,

quanto presencialmente nos encontros nacionais.

Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da

Viração? Se sim, quais?

Vejo que êxitos são muitos, mas os essenciais são: a vontade da equipe em todos os seus

níveis, de voluntários a diretoria. O segundo ponto seria a própria participação dos jovens e

adolescentes dos projetos e dos conselhos que acreditam no trabalho e prioridades da

organização. Já a questão de fragilidades acredito que as principais são: A rotatividade da

equipe por conta dos baixos salários e a estrutura de materiais de trabalho (ex: câmeras,

gravadores, etc).

A equipe de educomunicadores ou os Virajovens tem suas atividades afetadas por

decisões de ordem administrativa? De que maneira?

Na questão dos virajovens vejo que não tem tanta diferença, já a equipe é bem afetada por

perda de profissionais inesperadas, dificultando os processos cotidianos dos projetos da

organização. Não intendo essas perdas como de ordem administrativa, mas de possibilidades

financeiras da própria Viração.

O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como é entendido o afastamento

presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na

sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura

de autogestão?

Ele pra mim representa um tipico ser visionário e que acreditou, apostou na sua vontade de

transformação tirando essas coisas do mundo das ideias e colocando em prática. Acho que o

afastamento presencial não influi tanto no cotidiano, porque sempre estamos em contato por

e-mail e telefone, vejo que a atuação do Paulo continua bem presente e cuidadora como

Page 199: Confira a tese

197

sempre foi. Essa reconfiguração vejo também não tem grandes diferenças, o Paulo sempre

será importante para Viração na questão

da gestão, claro que ela se tornou mais compartilhada por conta da distância e da legalização

da organização, onde se configura uma nova forma de gestão, presidente, vice-presidente, etc.

Page 200: Confira a tese

198

Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração? Você está de

acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria?

Acredito que as maiores funções sejam: fortalecer uma articulação nacional em movimentos

sociais para uma gestão democrática da comunicação no país com participação de jovens e

adolescentes, garantir o espaço para participação de jovens e adolescentes na mídia por

intermédio da revista impressa e dos meios digitais e levar até este público práticas

educomunicativas autônomas para que eles possam produzir livremente conteúdo e utilizá-lo

para transformar realidades. Dentre estas primaria a articulação com outros movimentos

sociais para uma gestão democrática da comunicação com participação de jovens e

adolescentes, pois é ela que abre as portas para as demais.

Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas dos

Conselhos Jovens (Virajovens)? Se sim, quais são eles? Se não, como cada Virajovem

verifica o impacto social de suas práticas?

Não há uma forma unificada realizada pelos conselhos de qualificar ou quantificar as práticas.

No Conselho Virajovem de São Paulo, por exemplo, nos anos de 2008 e 2009, foram

adotados questionários que eram aplicados para que fosse mapeada as práticas e seus efeitos.

Também nas reuniões do Conselho eram discutidas as ações para que se pudesse chegar a

algum consenso sobre as atividades e a qualidade delas.

A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes

para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos

desenvolvidos pela Viração? E em relação a outras atividades desenvolvidas pelo

Virajovem? É possível desvincular tal proposta das práticas dos Conselhos Jovens

(Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes Comunicadores, tal

desvinculação? Na sua opinião, tal vínculo interfere na atuação do educomunicador? E

na atuação do integrante da equipe de conteúdo da revista e do portal?

A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos

adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância

em relação aos outros projetos. A revista é o “carro-chefe” da organização, o cartão de visitas,

o projeto mais antigo e com maior visibilidade e que dá visibilidade aos outros projetos. Não

é possível desvincular a produção de conteúdo de todos os conselhos, o diferencial dessa

produção é exatamente este, esse processo feito por jovens e adolescentes. Entretanto, nem

todos os conselhos virajovens possuem interesse por essa ação. Não, essa não é a proposta do

Movimento, o Movimento quer fortalecer a participação politica e mobilização social, mas

sem desvincular-se da produção. Na medida que a produção de conteúdo e as ações de

mobilização acontecem de maneira desorganizada tende a prejudicar o educomunicador e o

colaborador que trabalha com a mediação de conteúdo. Quando feita de forma organizada,

não atrapalha como também potencializa ambas ações.

Um adolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas

politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com

a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende

garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma

metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum

Page 201: Confira a tese

199

momento?

Acredito que o ideal é que os conselhos virajovens devessem fazer uma reflexão sobre suas

atividades. Após essa reflexão de caráter bem existencial, os conselhos deveriam se classificar

como conselhos de produção de matéria, conselhos de mobilização social ou conselhos

mistos. Sei que na teoria é característico dos conselhos fazerem as duas atividades e que elas

se complementam na execução de ambas, no entanto a realidade sentida é outra, os conselhos

possuem expertises e desejos e atividades completamente diferentes um dos outros, logo, eles

mais do que ninguém devem conhecer o próprio perfil. A partir deste mapeamento a

organização poderia ter em mãos grupos mais engajados em determinadas áreas por que não

precisam se comprometer com outras ações que não fazem parte do perfil do grupo. Isso não

proibiria de um conselho que atua apenas numa area atuasse na outra, entretanto daria maior

confortabilidade aos virajovens e maior confiabilidade da organização nos conselhos. No

entanto prefere-se manter a teoria de conselhos que façam ambas atividades. Existem grupos

que não fazem mais parte dos conselhos, mas a organização insisti em manter vínculos que

despedição tempo e esforços, a partir do momento em que se enxergue mais a realidade sem

uma pressão do ideal que deveria ser, os processos podem ser repensados pelos conselhos e

pela própria organização.

Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas,

prazos e outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos educomunicativos?

Você concorda com tais moldes? Se não, como deveria ser, na sua opinião?

Acredito que seja o contrário, os moldes das práticas educomunicativas atrapalham a

produção da revista e do portal. Por ser um movimento social as pessoas integram os

conselhos virajovens de forma voluntária e dispõe do tempo livre para produzir de forma

educomunicativa, o que quase sempre não é no mesmo tempo da produção dos meios

comunicativos. Acredito que os métodos educomunicativos precisam ser trabalhados com um

pouco mais de objetividade, precisam ser estipulados processos fixos que cada conselho deve

percorrer para garantir as práticas educomunicativas, mas também dentro dos prazos

necessários para a confecção do produtos. Mas para isso haveria de contar com um nível de

compromisso muito maior que muitos virajovens não conseguem disponibilizar.

Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da

Viração? Se sim, quais?

O ponto frágil é exatamente o maior êxito. O processo educomunicativo na Viração é feito de

forma muito orgânica, ao tentar explicar, entender ou modificar este processo surge

problemáticas de todos os tipos, pois fora da Viração se está acostumado com práticas,

hierarquias e processos internos muito mecânicos. O grande diferencial da Viração é essa

forma quase com vida própria que rege as relações e as práticas dentro da organização. Mas

até mesmo esse processo tão orgânico e tão sensitivo que dispensa modificações ou correções

fica muito aéreo, solto, sem um pulso firme, dando a sensação de que nada está sendo feito, o

que gera insegurança para quem o assisti. Este defeito também impera quando observamos

novos colaboradores integrando o quadro de funcionários, até eles se acostumarem com a

forma interna é uma sucessão de construções e remodelações de conceitos e ideias que nem

sempre é feita de forma pacifica.

A equipe de educomunicadores ou os Virajovens tem suas atividades afetadas por

decisões de ordem administrativa? De que maneira?

Page 202: Confira a tese

200

Sim, os educomunicadores e virajovens possuem suas atividades afetadas por decisões de

ordem administrativas com fundamentação politica. A Viração possui uma forte articulação

estabelecida com outras organizações de renome mundial e nacional, por isso, como toda e

qualquer sociedade regida por interesses, suas ações em alguns momentos se adequam às

expectativas de algumas organizações parceiras, no intuito de estabelecer uma articulação

mais forte entre elas.

Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem? Em quais

momentos? Qual a sua reflexão sobre isso?

Acredito que seja perceptível os resultados das práticas do virajovem em dois momentos, em

meio a alguma ação de mobilização em uma das reuniões do conselho onde o jovem e o

adolescente sente na pele a ação, e quando alguém que produziu uma matéria para a Revista

Viração segura a revista pronta em suas mãos e possui o orgulho de dizer que aquela

produção é de sua autoria. No entanto, para se chegar a esse resultado muitas vezes o caminho

é mais árduo e complicado do que o esperado. O que desmotiva não só o participante como

aquele que facilita o processo. Contudo, a sensação final de orgulho e realização compensa, é

uma sensação que não tem preço. As matérias feitas pelos jovens e adolescentes e publicadas

na Viração possuem um poder transformador, recupera a dignidade, acentua o aprendizado da

língua portuguesa e de conhecimentos gerais e jornalísticos, e abre percepções de mundo que

provavelmente seriam negadas ou dificultadas para esses jovens e adolescentes.

O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como é entendido o afastamento

presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na

sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura

de autogestão?

Paulo Lima é uma figura muito forte, ele exerce muita influência sobre a equipe da Viração,

não só por ser o fundador como por ter exercido papel de liderança do projetos durante anos.

Além disso, ele é muito reconhecido no meio social pela sua experiência na área, tornando a

presença dele muito enriquecedora para quem trabalha diretamente com ele. Recentemente ele

se afastou presencialmente das atividades administrativas da organização, esse processo

garantiu a equipe integrante um aprendizado quanto às formas de organizar as práticas

cotidianas, de trabalhar a relação interpessoal dentro da instituição e também na questão da

autonomia do grupo. No entanto, ainda há uma forte presença dele, seja por telefone ou

tecnologias alternativas, logo, toda e qualquer decisão importante ainda passa por avaliação

dele. É compreensível pelo fato dele ter muita experiência no meio, e conhecer a organização

melhor do que ninguém, mas ele estando distante não possui o olhar interno de como o

cenário se desenha, logo, sua opinião ou decisões muitas vezes tornam se equivocadas ou fora

de contexto, dando a equipe local integrante da organização o trabalho de adequar a realidade

a opinião externa.

Page 203: Confira a tese

201

Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito?

Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa

equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria?

Sim. Na "Vira" existe formal e consensualmente algumas instâncias de gestão. Existe aquela

formal no Estatuto que dá corpo a pessoa jurídica, existe o núcleo/equipe que trabalha naquilo

que podemos nomear de sede (compreendendo aqui que a Viração é mais do que o espaço da

ONG em São paulo e se estende por todo Brasil pela sensação de pertencimento que todos/as

tem), existe a mais ampla que seria a equipe e participantes dos núcleos virajovens por todo

país, e uma quarta que tem surgido mais recentemente que seriam os "facilitadores" (jovens

mais antigos nessa Rede que é a Vira, que são mais ativos nas questões políticas,etc). Neste

sentido, vejo que o grupo formal que assina a Viração Educomunicação tem essa função de

legitimar formalmente as coisas mesmo, nada mais. Já o segundo, a equipe, costuma gerir

mais os projetos, os recursos, executam a maioria das tarefas. A terceira, a Rede, costuma

tomar decisões mais políticas, e pontuais. Digo pontuais, não no sentido de menosprezar isso

por ser uma intervenção que ocorre menos vezes, mas por que a equipe costuma

pensar/debater/refinar as pautas antes de lançar alguns pontos, assim torna mais fácil essa

liberação e gestão. Até por que, não existem tantas possibilidades de executarmos as tarefas

com a mesma agilidade que a redação. Os facilitadores, como disse, tratam de questões mais

políticas, ou conduzem/facilitam uma ou outra discussão, tarefa. Estou de acordo com as

prioridades da Vira por que penso que, embora as falhas que eventualmente ocorre, o que a

Vira se propõe a fazer é muito maior que isso. Não é fácil gerir uma Rede tão grande e tão

densa, em que existem elementos institucionais, políticos e humanos envolvidos. Então você

estáludando tanto com o projeto político de mais de 20 organizações, como também está

lidando com pessoas que gostam de produzir e participar da Vira. E aí vem as motivações

pessoais, etc.

Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da

Viração? Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não,

como a Viração verifica o impacto social de suas práticas?

Certamente existem indicadores para os projetos da Vira, principalmente por que isso é

exigido por financiadores. Estes indicadores devem estar mais visíveis para a equipe em São

Paulo - SP. contudo, claramente consigo vislumbrar alguns, bem como os outros, porque esse

reconhecimento da importância desse espaço é algo que se repete nas falas em nossos

encontros presenciais. Vejamos, o envolvimento de adolescentes, jovens, profissionais da

comunicação e organizações espalhados por mais de 20 Estados brasileiros; As produções

coletivas que surgem a partir desse envolvimento, no geral as matérias reúne mais de um

núcleo; a organização, intervenção e participação em eventos importantes na formulação de

políticas públicas em comunicação e juventudes... Enfim, muita coisa. Mas, e isso é uma dica,

seria interessante ver sistematizado todas as coisas que conseguimos fazer em formas

quantitativas e qualitativas, e isso a Vira ainda não consegue fazer.

A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes

para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos

desenvolvidos pela Viração? E em relação a outras atividades desenvolvidas pelo

Virajovem? É possível desvincular tal proposta das práticas dos Conselhos Jovens

(Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes Comunicadores, tal

Page 204: Confira a tese

202

desvinculação? Na sua opinião, tal vínculo interfere na atuação do educomunicador? E

na atuação do integrante da equipe de conteúdo da revista e do portal?

Acho que para a Vira a produção para Revista e o Portal é a principal prioridade. Do

contrário, a Vira não seria o que é. Seria como qualquer outra organização que faz parte dessa

Rede de Virajovens, não que as nossas organizações sejam qualquer uma (hehe), mas essa

difusão pelo Brasil e a proposta colaborativa de produção é o grande e mais importante

desafio para Viração Educomunicação. Para os Virajovens, acho que a produção para revist e

o Portal é a mais importante, mais até que a parte política que acaba sendo transversal à essa

produção. Ocorre que, já para as organizações, não poderia afirmar que os Virajovens sejam

prioridade para elas - tomando como exemplo a BEMFAM de PE que saiu há pouco tempo

por desinteresse. É impossível desvincular a prática colaborativa dos conselhos, e torná-los

exclusivamente políticos, por exemplo. Neste sentido, a Rede de Virajovens e a Rede de

Adolescentes e JOvens Comunicadores/as são complementares. Veja, não é que a rede de

Virajovens não tenha uma atividade política. Tem, e como tem. Mas a Vira tem uma estrutura

de gestão que, embora difusa como demonstrei na resposta anterior, tem uma estrutura de

ONG. Estrutura essa que é dispensada quando pensamos numa Rede Política. Numa rede de

militância. A política está em tudo, está nesse seu trabalho acadêmico,por exemplo. Mas esta

pesquisa não é uma rede,mesmo que envolva diversos atores ligados de alguma forma à ela.

Um Rede, formada por pessoas e organizações, que tem uma relação horizontal, de alguma

forma. A Vira, embora colaborativa, possui formas de gestão que não é horizontal a todo

tempo. Então, na RAJCC a Vira é uma participante importante, mas é uma participante. A

ideia é que as demais organizações, com o tempo, possam estar mais fortalecidas e assumirem

papel e projetos tão importantes politicamente quanto a Vira assume. No Nordeste, por

exemplo, está ocorrendo uma movimentação regional que se organiza enquanto Rede dentro

da RAJCC. Pra isso, não precisamos da atuação das pessoas da Equipe da Vira, ou de

qualquer outra organização que não seja do NE. Não se trata, portanto, da atuação do

educomunicador, mas sim de uma especificidade política que a Vira não daria conta enquanto

ong. Produzir o conteúdo da Revista interfere em toda e qualquer atuação de qualquer

participante da Vira. desde o adolescente do Acre até a coordenadora da equipe em SP. É a

razão de ser da Vira. principal projeto como já tinha dito.

Page 205: Confira a tese

203

Existe uma gestão das práticas educomunicativas do Conselho Jovem (Virajovem)? Se

sim, como isso é feito? Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por

tal gestão? Quem é essa equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por

quais você primaria?

Não que haja uma gestão, mas nos organizamos de acordo com cada ação que queremos

desenvolver, além das produções para a revista. Cada integrante, uns 10 no total, participa

como pode. Ex.: Se vai rolar uma cobertura, nos organizamos na preparação do material,

equipementos, comunicação com os realizadores e convite a outros jovens a participarem da

cobertura. A nossa prioridade é sempre questões que envolvam o mundo das juventudes de

Fortaleza e do Ceará.

Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas dos

Conselhos Jovens (Virajovens)? Se sim, quais são eles? Se não, como cada Virajovem

verifica o impacto social de suas práticas?

Concretamente, não. O que fazemos é observar a participação dos jovens e comentários sobre

a cobertura e outras ações que desenvolvemos, como o Seminário que realização ano passado,

sobre a juventude nos meios de comunicação, em Fortaleza.

A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes

para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação a outras atividades

desenvolvidas pelo Virajovem?

Priorizamos sempre a produção de conteúdo para a revista e para o site. Tendo sempre a

revista como um meio de reproduzir nossas realizações, além da visão dos jovens sobre

determinado assunto.

Um adolescente pode integrar o Virajovem apenas politicamente, participando de

atividades no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com a produção de

conteúdo para a revista e o portal?

Com certeza. Priorizamos a participação dos jovens de qualquer forma. Ele/ela não precisa

estar preso a nada. Afinal, defendemos a liberdade e participar como queira já é um começo

para conseguirmos sua participação mais ativamente, uma outra forma de participar. Escrever

para a revista/portal a cada se tornando consequência. Uma otima consequência.

Você concorda com os moldes operacionais de produção da revista e do portal

(cumprimento de pautas, prazos e outros compromissos)? Se não, como deveria ser, na

sua opinião?

Acho que estar organizado ou não organizado, demanda questões organizacionais. Para

muitos jovens/adolescentes ter que cumprir prazos não é algo legal. Mas, quando você faz o

que gosta e o que quer, esses princípios de organização nos deixa mais comprometido com a

causa. Assim, cada um sabe o que fazer e até quando. Se está ali para participar é preciso ter

um pouco de compromisso e responsabilidade. Duas coisas asvessas aos ouvidos e olhos dos

adultos em relação a juventude.

Page 206: Confira a tese

204

Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da

Viração? Se sim, quais?

Sim. Por mais que seja uma ferramenta, como todo os meios de comunicação tem lá suas

fragilidades. A questão de estarmos conectados pela revista, não quer dizer que estes jovens

estão realmente participando e em rede. Por que digo isso? Muito simples: Mesmo estando

produzindo as matérias, esses jovens acabam muitas vezes ficando somente no seu cantinho.

Quando vc começa a estimular outras formas de produção de conteúdo que não precisa ser só

a revista, você faz com quer esses jovens possam fazer isso, independente da revista. Ex.:

Realização de oficinas de Fazine, jornal mural, audiovisual. Oficinas nacionais fariam com

que a revista pudesse ser realmente além de papel preenchida de conteúdo. Intercâmbios de

experiências. Enfim, possibilitar e não só estimular. Digo isso por questões como tivemos no

Encontro Nacional de 2010: Fizemos várias atividades, mas muitas só foram legais ali, falta

algo a mais para que elas possam acontecer na real. Muitos jovens querem começar algo

novo, legal. Mas como e por onde começar é a grande questão.

O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como você entende o afastamento

presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG?

Quando vim do interior do Ceará para Fortaleza, por meio de um projeto da ONG Catavento,

vim em busca de meus sonhos ou de novos. Cheguei aqui como todo menino do interior, sem

saber de muita coisa e nem por onde começar a construir as bases para os meus sonhos. Mas,

comecei a buscar e a construir. É aí que chego ao Paulo, um meninão, um sonhador e um cara.

Um cara que saiu do Ceará para correr atraz dos seus sonhos. Saiu do Brasil, para novamente

realizar seus desejos. Enfim, ele representa que, se sonhamos, não podemos ficar sentados,

esperando e nem sonhar sozinho. É preciso lutar, correr e até brigar se for preciso para

conseguir aquilo que queremos. Acho que a Viração perdeu muito com o seu afastamento.

Não digo que a revista perdeu seu teor, sua base. Mas, sentimos muito com a sua saída do

país. Se renovar é preciso, isso demora, mas vamos aprendendo com isso. Espero que a

Viração não deixe de ser um sonho, para se tornar somente uma revista.

Os Virajovens têm suas atividades afetadas por decisões de ordem administrativa da

Viração? De que maneira?

Até hoje nunca observi e nem senti isso em nível local. Friso, que não podemos fazer da

revista, deste espaço, algo como as revistas comerciais que somente fazem reuniões de pauta e

as cumpre.

Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem? Em quais

momentos? Qual a sua reflexão sobre isso?

Aos poucos vamos vendo os resultados quando fazemos parte de um grupo que está de

alguma forma mudando a realidade, seja pela comunicação ou por ações mais diretas nas

nossas comunidades. Sem falar, dos resultados diretos em nossa vida, como as questões do

fortalecimento daquilo que acreditamos e promovidas para as mudanças sociais e culturais das

juventudes. Minha é reflexão que não é preciso muito para mudar o mundo ou as pessoas,

mas o pouco que você faz é muito diante do nada. Portanto, não é preciso querer mudar o

mundo sozinho, basta querer muda-lo para melhor, isso já significa muito.

Page 207: Confira a tese

205

Existe uma gestão das práticas educomunicativas do Conselho Jovem (Virajovem)? Se

sim, como isso é feito? Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por

tal gestão? Quem é essa equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por

quais você primaria?

Resp.: Eu considero que existe sim uma gestão das práticas educomunicativas. Ela é

desenvolivada com a participação de jovens voluntários que se propõe a contribuir com a

revista, mas que desenvolve o papel de coordenador seria uma das pessoas que editam os

artigos e matérias desenvolvidas, que no caso seria um dos redatores da revista. Como a

revista é voltada para jovens, então a prioridade é que suas opiniões e vontades sejam

expostas mais que tudo. Por isso, eu estou de acordo com prioridades desenvolvidas na

“gestão” da Vira (como é chamada carinhosamente) rs.

Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração? Você está de

acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria?

Resp.: As funções e prioridades da equipe de gestão da Viração está voltada por traduzir o

olhar e a vontade dos jovens para um artigo, uma matéria que fale sobre os acontecimentos

sociais e mundiais e de como eles estão inseridos em tal contexto. E eu estou de acordo com a

forma com que são desenvolvidas as prioridades e acredito que não há o que mudar de fato,

mas sim, pontos de melhoria como tudo na vida tem.

Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas dos

Conselhos Jovens (Virajovens)? Se sim, quais são eles? Se não, como cada Virajovem

verifica o impacto social de suas práticas?

Resp.: Existem resultados dos Virajovens que se relacionam entre si, ou seja, em

comparativos. De forma que são analisados se deu certo em tal estado, será que daria certo

aqui e assim por diante.

A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes

para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação a outras atividades

desenvolvidas pelo Virajovem?

Resp.: Acredito que não, porque elas agem em conjunto.

Um adolescente pode integrar o Virajovem apenas politicamente, participando de

atividades no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com a produção de

conteúdo para a revista e o portal?

Resp.: Sim pode. Até porque tem jovens independentes que partiiparm da Vira, sem ser

vinculados a um Virajvem especifico.

Você concorda com os moldes operacionais de produção da revista e do portal

(cumprimento de pautas, prazos e outros compromissos)? Se não, como deveria ser, na

sua opinião?

Page 208: Confira a tese

206

Resp.: Em partes. Hoje eu creio que a revista poderia investir um pouco mais em marketing

para ser um pouco mais conhecida e divulgada na mídia. Mas isso, exige “grana” e tempo.

Porém, de forma geral, acredito que forma como as coisas são elaboradas e realizadas para o

padrão da revista, está satisfatório.

Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da

Viração? Se sim, quais?]

Resp.: Hoje não mais porque não estou acompanhando assiduamente a Vira, porém, no tempo

em que participava de forma efetiva uma das fragilidades maiores era, a falta de capital para

desenvolvimento de alguns projetos e os maiores êxitos foram as premiações que a revista

recebeu.

O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como você entende o afastamento

presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG?

Resp.: Eu encaro como sendo lamentável, pois ninguém terá a mesma dedicação que ele teve

com revista, por mais empenhado que possa ser o novo gestor, foi o Paulo quem correu atrás

de tudo para que ela pudesse exitir. De qalquer forma, não é um afastamento total. Mas fazer

o quê? A vida é composta de ciclos.

Os Virajovens têm suas atividades afetadas por decisões de ordem administrativa da

Viração? De que maneira?

Resp.: Acredito que só são impedidas quando se trata de dinheiro, pois aí tem que ser feito um

orçamento dos custos e/ou quando não condiz com a proposta de determinado projeto.

Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem?

Em quais momentos? Qual a sua reflexão sobre isso?

Resp.: O resultado das minhas práticas enquanto Virajovem, são sempre refletidos nas minha

atuação enquanto cidadã e da minha percepção de mundo. Por crer que sempre em equipe

podemos mais do que sozinhos e não centralizar em mim as tomadas de decisões quando em

algum momento sou líder de algum evento.