conduÇÃo e poda de plantas frutÍferas

9
Condução e poda de Plantas Frutíferas MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA “ELISEU MACIEL” CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO FRUTICULTURA DE CLIMA TEMPERADO Curso de Fruticultura Módulo I CONDUÇÃO E PODA DE PLANTAS FRUTÍFERAS Instrutores: Adriana Graciela Desiré Zecca Clevison Luiz Giacobbo Fernando Rogério Costa Gomes PELOTAS RIO GRANDE DO SUL 2001

Upload: moacir-antonio-coiado

Post on 05-Jul-2015

1.321 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: CONDUÇÃO E PODA DE PLANTAS FRUTÍFERAS

Condução e poda de Plantas Frutíferas

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA “ELISEU MACIEL” CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO FRUTICULTURA DE CLIMA TEMPERADO

Curso de Fruticultura Módulo I

CONDUÇÃO E PODA DE PLANTAS FRUTÍFERAS

Instrutores: Adriana Graciela Desiré Zecca Clevison Luiz Giacobbo

Fernando Rogério Costa Gomes

PELOTAS

RIO GRANDE DO SUL 2001

Page 2: CONDUÇÃO E PODA DE PLANTAS FRUTÍFERAS

Condução e poda de Plantas Frutíferas

SISTEMAS DE CODUÇÃO E PODA

A técnica de condução e poda é fundamental num pomar, por influenciar

diretamente no crescimento e na produtividade das plantas. Esta prática visa o

direcionamento dos ramos no sentido de melhorar sua distribuição ao longo do

prolongamento do tronco, para formar uma estrutura sólida que possa sustentar

sua frutificação durante a fase produtiva da planta.

A meta da prática de condução associada à poda é estabelecer um

equilíbrio fisiológico entre o crescimento vegetativo e reprodutivo por toda a

extensão da copa. A abertura dos ramos laterais objetiva maior insolação no

interior da copa e maior facilidade para realização das técnicas de cultivo (controle

fitossanitários, raleio, colheita, etc.).

O sistema de condução está diretamente relacionado com densidade

de plantio, porta-enxerto, cultivar, fertilidade do solo, hábito de crescimento da

cultivar. Com o objetivo de promover a maximização da superfície produtiva num

mínimo período de tempo, tem se trabalhado com um maior adensamento de

plantas, resultando numa maior utilização dos sistemas de condução em formas

livres. Em função do espaçamento escolhido deverá variar o tipo de condução e

poda, além de, a densidade de plantio determinar juntamente com a formação da

copa, a capacidade de produção que é um fator fundamental para a produtividade

de um pomar.

PRINCIPAIS SISTEMAS DE FORMAÇÃO DE PLANTAS FRUTÍFERAS

Vários são os sistemas e suas derivações empregados na formação de plantas

frutíferas em função de sua fisiologia, necessidades práticas ou de ambas, sendo

atualmente os mais utilizados;

Page 3: CONDUÇÃO E PODA DE PLANTAS FRUTÍFERAS

Condução e poda de Plantas Frutíferas

1. Sistema em Formas Piramidais ou fuso

Consiste basicamente no crescimento de um eixo principal (tronco) como

estrutura única de sustentação da planta, sobre este eixo se distribuem os ramos

principais e a partir destes os ramos secundários, ambos com vigor decrescente

até o ápice da planta, de maneira que esta adquire uma aparência piramidal.

Dentre estes, destacam-se; pirâmides tradicionais, McKenzi, líder modificado, líder

central delgado, áxis vertical, fuso arbustivo e solaxe (Fig. 1). Para os sistemas

descritos de acordo com a espécie e/ou cultivar, utilizam-se diferentes densidades,

forma de condução e espaçamento entre plantas e entre filas, (Tab. 1).

Considerações sobre o sistema:

1. Permite o aproveitamento do hábito de crescimento natural da espécie e/ou

cultivar;

2. Permite na maioria das vezes uma rápida entrada em produção;

3. Permite obter qualidade e uniformidade de produção;

4. Por serem utilizados normalmente em alta densidade, requerem mão de

obra intensiva, oportuna e semi-especializada na formação e condução da

planta;

5. Em solos de alta fertilidade e inexistência de porta-enxerto ananizante,

torna-se difícil manter o equilíbrio e controle do vigor da planta, podendo

ocorrer sombreamento da parte inferior e interna.

Fig. Pg . 264 e 265.( 10.1, 10.2)

2. Sistema em Formas de vaso

Sistema de formação muito antigo e de ampla utilização para quase todas

as espécies especialmente para frutas de caroço, constituído normalmente de 3 a

5 pernadas de acordo com a condição e o propósito, dispostas radialmente com

ângulo de 30 a 60º em relação ao prolongamento do tronco.

Page 4: CONDUÇÃO E PODA DE PLANTAS FRUTÍFERAS

Condução e poda de Plantas Frutíferas

O interior da copa deve ser mantido livre de ramos para facilitar a aeração e

insolação (Fig..Fachinello.).

Este sistema é mais utilizado para a implantação de pomares em baixa e

média densidade.

Existem algumas alterações no sistema, como o vaso retardado

desenvolvido na Itália com o objetivo de obter uma rápida iniciação da produção

com médias densidades e copa aberta, busca-se um desenvolvimento rápido e

livre nos primeiros anos e promove-se o rebaixamento do eixo até a primeira

camada de 4 ramos que possuem um ângulo de inserção aberto, isto no momento

em que a planta está em produção e seu vigor controlado (Fig. .Fachinello).

Considerações sobre o sistema:

1. Maior facilidade na formação das plantas;

2. Qualidade e uniformidade da fruta depende da localização na planta;

3. Maior longevidade do pomar;

4. Menor densidade de plantio e maior demora da entrada em produção;

5. Maior custo de mão de obra devido ao vigor das plantas.

3. Sistema em Formas de Y ou V

Possibilita o aumento da densidade de plantio permitindo obter boas

produções e qualidade de frutos já nos primeiros anos de implantação. A planta é

conduzida com dois ramos principais a partir de 40 a 60 cm do solo, com ângulo

de 45 a 60º orientado de forma transversal a entre fila em forma de Y ou V, sobre

estes ramos principais se distribuem os ramos secundários, produtivos e

espaçados entre si evitando a sobreposição.

Este tipo de condução se formado adequadamente facilita a mecanização

por tratar-se de forma semiplana. O maior inconveniente do sistema pode ser o

sombreamento dos ramos basais.

Considerações sobre o sistema:

1. Permite maior densidade de plantio;

2. Permite precocidade e aumento de produção;

Page 5: CONDUÇÃO E PODA DE PLANTAS FRUTÍFERAS

Condução e poda de Plantas Frutíferas

3. Abertura excessiva entre as pernadas aumenta o aparecimento dos

ramos ladrões, reduzindo o desenvolvimento dos ramos principais;

4. Abertura insuficiente dificulta a penetração da luz, diminui os ramos

basais, produção e qualidade do fruto;

5. vigor excessivo dos ramos secundários competem com os principais;

4. Sistema em Forma “Y” duplo

É usado em pomares de média densidade apresenta facilidade de formação

da copa e permite eventualmente chegar a um Y perpendicular. É muito utilizado

em pomares da Califórnia/USA com bons resultados. A planta é conduzida com 4

pernadas com volume mais plano sobre a fila.

5. Sistema em Formas apoiadas (Espaldeira ou Palmeta e latada)

Constitui o sistema de condução mais representativo das formas planas de

árvores frutíferas, as plantas são apoiadas sobre um tutor ou armação de arame.

Sendo utilizado principalmente para a produção de uva e Quivi.

O sistema de espaldeira ou palmeta, caracteriza-se pela condução de um líder

central até a altura desejada para a emissão dos ramos secundários no sentido da

fileira e eliminação ou inibição dos brotos e ramos na entre fila, as plantas são

conduzidas na forma vertical de condução simples, utiliza 3 a 4 fios de arames,

sendo o primeiro colocado a 1,0 metro do solo e os demais distanciados entre 30

a 40 cm. Sustentados mediante a utilização de postes distantes entre si com 6

metros. O sistema normalmente é menos produtivo que o latado, devido a menor

área de copa, no entanto facilita a realização dos tratos culturais, aumenta a

insolação e ventilação produzindo frutas de melhor qualidade. É recomendado

para produção de uvas finas. As formas mais conhecidas são: T Kauwhata; Y

transversal ou Tatura trellis e U ou lira (Fig. 10.8 pg273, 10.9, 10.10 e)

O sistema de latada, também conhecido como caramanchão ou pérgula, a copa

das plantas desenvolve-se num plano horizontal, apoiada numa rede de fios de

Page 6: CONDUÇÃO E PODA DE PLANTAS FRUTÍFERAS

Condução e poda de Plantas Frutíferas

arame sustentada por postes ou moirões. Proporciona uma maior produtividade,

porém dificulta a realização dos tratos culturais, os frutos são mais sombreados

favorecendo a ocorrência de doenças fúngicas. As formas mais conhecidas são:

Latada, Pérgula ou caramanchão continua; Latada descontínua, Parreiral ou T

Bar; (Fig. 93, pg 303 Uvas, 10.13 pg 278).

Poda

A qualidade e regularidade na produção de frutas dependem entre outras

tecnologias de uma poda adequada que atenda aos objetivos propostos. Esta

requer conhecimentos inerentes a espécie e a cultivar, não existindo regra pré-

definida, sendo necessário considerar o hábito de crescimento e frutificação da

planta, sua biologia e a melhor época de realização, requerendo conhecimentos

específicos e bom senso.

A poda e o sistema de condução corretamente realizados, permitem

formação adequada das plantas e equilíbrio de produção, com maior

aproveitamento da luz, aeração e realização das práticas culturais.

Objetivos

- Formar ramos primários fortes e bem distribuídos;

- Manter equilíbrio entre crescimento e produção;

- Promover a formação de novos ramos produtivos;

- Remover ramos fracos, danificados, atacados por pragas ou doenças e

“ladrões”;

- Controlar o vigor da planta facilitando a realização dos tratos culturais;

- Favorecer a entrada de ar e luz no interior da planta;

- Facilitar a ação dos insetos polinizadores e maior eficácia dos

tratamentos fitossanitários.

Page 7: CONDUÇÃO E PODA DE PLANTAS FRUTÍFERAS

Condução e poda de Plantas Frutíferas

TIPOS DE PODA

Poda de Formação

Tem por finalidade proporcionar a planta uma adequada altura de tronco,

estrutura e distribuição dos ramos principais e secundários, de otimizar o manejo

(sistema de condução) e a produção. É realizada nos primeiros anos de

implantação do pomar, variando de acordo com a espécie e cultivar. Durante esta

etapa não se busca a produção e sim uma correta arquitetura da planta, que

propicie uma ótima aeração e aproveitamento da radiação solar.

Poda de Frutificação

É iniciada após a formação da planta. Para a sua realização é necessário

conhecer os seus diferentes órgãos para determinar o que, por que e quando

podar. Conforme a natureza dos ramos que possuem, as plantas frutíferas podem

ser divididas em três grupos:

- Plantas com ramos especializados ou terminais

Produzem Somente nestes ramos, geralmente curtos e denominados

esporões, com as seguintes denominações; dardos, lamburda, bolsa, Brindilas e

Botão floral). Os demais ramos destas plantas produzem brotos vegetativos e

folhas. Ex.: macieiras e pereiras.

- Plantas com ramos mistos

Frutificam sobre esporões e ramos do ano anterior (de ano). Apresentam

simultaneamente crescimento vegetativo e produção de flores, uma vez que os

seus ramos possuem gemas vegetativas e floríferas. Ex.: ameixeira, pessegueiro.

Page 8: CONDUÇÃO E PODA DE PLANTAS FRUTÍFERAS

Condução e poda de Plantas Frutíferas

- Plantas com produção em ramos do ano

Frutificam em ramos formados na primavera (ramos novos). Ex.: Plantas

cítricas, caquizeiro, figueira, goiabeira, quivi e algumas variedade de videiras.

Isto demonstra que a poda de frutificação está diretamente relacionada com

o hábito de frutificação da planta, sendo mais importante para aquelas espécies

que produzem em ramos novos ou do ano.

A poda de frutificação também determina o equilíbrio entre a parte

vegetativa e a parte produtiva da planta, podendo evitar alternância de produção e

propiciando melhor qualidade de frutos.

A intensidade da poda depende da espécie, cultivar, idade, vigor, número

de pernadas e do sistema de condução da planta. Podas drásticas quando

realizadas no inverno provocam excesso de crescimento vegetativo, em

detrimento da produção. No entanto uma poda leve, pode acarretar excesso de

frutificação, com menor qualidade de frutos.

PODA DE REJUVENESCIMENTO

Trata-se de uma poda de frutificação efetuada em plantas debilitadas ou

envelhecidas, com o objetivo de conferir vigor, através da eliminação de ramos

doentes ou com pragas ou ainda para a renovação da copa, mediante corte total

da mesma, deixando-se apenas os ramos principais. Também é recomendada

para pomares abandonados ou mal conduzidos, que apresentem potencial

produtivo. Normalmente cortam-se as pernadas principais a 45 cm do solo,

reiniciando-se a formação da planta mediante a seleção dos ramos através da

poda verde e conduzindo-os em conformidade com o sistema de produção

adotado. Recomendada para o período de inverno e no local dos cortes aplicar

pasta fúngica, para facilitar a cicatrização e evitar o ataque de fungos.

Page 9: CONDUÇÃO E PODA DE PLANTAS FRUTÍFERAS

Condução e poda de Plantas Frutíferas

Poda de limpeza

Realizada em plantas frutíferas pouco exigentes em poda, como as cítricas,

jaboticabeiras, caquizeiros, nespereiras dentre outras. Deve ser efetuada em

períodos de baixa atividade fisiológica da planta, durante o inverno. Trata-se de

poda leve, mediante a eliminação de ramos mal localizados, injuriados, ou

atacados por doenças e/ou pragas.

Época da poda Segundo a época de realização pode ser classificada em;

Poda hibernal, de inverno ou também conhecida como poda seca, realizada em

plantas frutíferas de folhas caducas (caducifólias) como pessegueiro, macieira,

ameixeira, figueira dentre outras. Sendo mais utilizada nos sistemas tradicionais

de produção e condução. Para os sistemas de Produção Integrada e Orgânica é

realizada com menor intensidade, visando despontar e desbastar os ramos,

retirando os doentes e mal posicionados. Deve ser evitada a poda drástica, que

favoreça um forte crescimento vegetativo e reduza o número de gemas floríferas.

Poda verde, de verão, outono ou primavera, é realizada quando a planta está em

pleno desenvolvimento vegetativo e destina-se a melhorar a insolação, aeração,

coloração dos frutos e reduzir a intensidade da poda de inverno. Nos sistemas de

Produção Integrada ou Orgânica, deverá assumir um papel extremamente

importante para a melhoria da qualidade dos frutos. Elimina-se os ramos ladrões,

mal posicionados ou vegetação excessiva, favorecendo a luminosidade, aeração e

a realização dos tratos culturais. No outono, pode ser realizado o rebaixamento

das plantas com a finalidade de dar forma e paralisar o crescimento das mesmas,

obtendo um maior equilíbrio entre desenvolvimento vegetativo e produtivo.