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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE TECNOLOGIA VIII Workshop da Pós-Graduação da FT CONCRETO LEVE AUTOADENSÁVEL COM POLIESTIRENO EXPANDIDO – DESEMPENHOS FÍSICOS, MECÂNICOS E ACÚSTICOS ARAUJO, Guilherme da Silva 1 ; GACHET-BARBOSA, Luísa Andréia 2 1 Mestrando em Tecnologia, FT/UNICAMP, Limeira, São Paulo - [email protected] 2 Doutorado em Engenharia Civil, USP, São Paulo, [email protected] RESUMO - O presente projeto pretende caracterizar o concreto com Poliestireno Expandido como agregado e determinar seu coeficiente de absorção sonora. Espera-se que a combinação do concreto com poliestireno expandido (EPS) aumente o coeficiente de absorção sonora do concreto, comprovando ser um material bastante eficiente para a construção civil, uma vez que poderá ser utilizado em sistemas de vedação. O uso do EPS como no concreto vem se desenvolvendo ao longo de anos; o material que é facilmente encontrado em aterro sanitário, passou a ser visto como agregado do concreto após vários estudos confirmarem o seu desempenho. Inicialmente, avaliou-se a necessidade do tratamento do EPS buscando evitar sua segregação. Para isso produziu-se dois traços, com e sem tratamento do EPS. Pode-se verificar que a correta dosagem é suficiente para evitar a segregação do material e que a resina para tratamento do EPS influencia no modo de ruptura do concreto, deixando-o mais frágil. Palvaras-chave: Baixa Massa Específica; Desempenho Acústico; Resistência Mecânica; sistemas de vedações. INTRODUÇÃO Misturas de concretos convencionais sofrem certas deficiências como, baixa resistência à tração, fragilidade e peso próprio elevado (MEHTA e MONTEIRO, 2008). O concreto leve estrutural se torna mais vantajoso quando substitui o concreto convencional em estruturas de elevado peso próprio como edificações de múltiplos pavimentos e sistemas pré-fabricados (ROSSIGNOLO, 2009). O concreto leve com poliestireno expandido (EPS) é obtido com parte ou totalidade do agregado sendo EPS, água, areia e cimento Portland, (ABRAPEX, 2016). A produção desse concreto implica não somente no caráter ambiental, mas também econômico, pelo baixo preço do EPS (CATOIA, 2012). Neste cenário, essa pesquisa se propõe a caracterizar o concreto leve auto adensável com adição de EPS, a fim de produzir um material com potencial para ser usado em sistemas de vedações e que melhore o desempenho acústico do concreto. METODOLOGIA Para o desenvolvimento da pesquisa será adotada uma metodologia experimental. Buscando conhecer melhor o comportamento do concreto com EPS, foram moldados quatro tipos de concreto, a fim de analisar qual substituição traria maior resistência mecânica e analisar a necessidade do tratamento do EPS para adiciona-lo ao concreto. Produção do Concreto Para fabricação do concreto utilizou o cimento Portland CP V ARI (Alta Resistência Inicial) com massa específica de 3,15 Kg/dm³, a sílica ativa utilizada apresenta massa

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE TECNOLOGIA VIII Workshop da Pós-Graduação da FT

CONCRETO LEVE AUTOADENSÁVEL COM POLIESTIRENO EXPANDIDO – DESEMPENHOS FÍSICOS, MECÂNICOS E ACÚSTICOS

ARAUJO, Guilherme da Silva1; GACHET-BARBOSA, Luísa Andréia2 1 Mestrando em Tecnologia, FT/UNICAMP, Limeira, São Paulo - [email protected] 2 Doutorado em Engenharia Civil, USP, São Paulo, [email protected] RESUMO - O presente projeto pretende caracterizar o concreto com Poliestireno Expandido como agregado e determinar seu coeficiente de absorção sonora. Espera-se que a combinação do concreto com poliestireno expandido (EPS) aumente o coeficiente de absorção sonora do concreto, comprovando ser um material bastante eficiente para a construção civil, uma vez que poderá ser utilizado em sistemas de vedação. O uso do EPS como no concreto vem se desenvolvendo ao longo de anos; o material que é facilmente encontrado em aterro sanitário, passou a ser visto como agregado do concreto após vários estudos confirmarem o seu desempenho. Inicialmente, avaliou-se a necessidade do tratamento do EPS buscando evitar sua segregação. Para isso produziu-se dois traços, com e sem tratamento do EPS. Pode-se verificar que a correta dosagem é suficiente para evitar a segregação do material e que a resina para tratamento do EPS influencia no modo de ruptura do concreto, deixando-o mais frágil. Palvaras-chave: Baixa Massa Específica; Desempenho Acústico; Resistência Mecânica; sistemas de

vedações. INTRODUÇÃO

Misturas de concretos convencionais sofrem certas deficiências como, baixa

resistência à tração, fragilidade e peso próprio elevado (MEHTA e MONTEIRO, 2008).

O concreto leve estrutural se torna mais vantajoso quando substitui o concreto

convencional em estruturas de elevado peso próprio como edificações de múltiplos

pavimentos e sistemas pré-fabricados (ROSSIGNOLO, 2009). O concreto leve com

poliestireno expandido (EPS) é obtido com parte ou totalidade do agregado sendo EPS, água, areia e

cimento Portland, (ABRAPEX, 2016). A produção desse concreto implica não somente no caráter

ambiental, mas também econômico, pelo baixo preço do EPS (CATOIA, 2012).

Neste cenário, essa pesquisa se propõe a caracterizar o concreto leve auto adensável

com adição de EPS, a fim de produzir um material com potencial para ser usado em sistemas

de vedações e que melhore o desempenho acústico do concreto.

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento da pesquisa será adotada uma metodologia experimental.

Buscando conhecer melhor o comportamento do concreto com EPS, foram moldados quatro

tipos de concreto, a fim de analisar qual substituição traria maior resistência mecânica e

analisar a necessidade do tratamento do EPS para adiciona-lo ao concreto.

Produção do Concreto

Para fabricação do concreto utilizou o cimento Portland CP V ARI (Alta Resistência

Inicial) com massa específica de 3,15 Kg/dm³, a sílica ativa utilizada apresenta massa

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específica de 2,20 Kg/dm³ e os agregados graúdos utilizados, C15 com massa específica de

1,15 Kg/dm³ e o tipo C05 com massa específica de 1,51 Kg/dm² (Angelin, 2014). A areia

utilizada foi proveniente do município de Limeira e o EPS doado pela empresa Styroterm. O

aditivo superplastificante utilizado foi o Tecnoflow e a resina utilizada foi à base de PVC. Os

concretos foram produzidos no Laboratório de Materiais da Faculdade de Tecnologia da

Unicamp e os corpos-de-prova permaneceram em cura até a realização dos ensaios.

Trabalhabilidade

É a propriedade que determina a facilidade e a homogeneidade com a qual o material

pode ser misturado, lançado, adensado e acabado. Para determinação da trabalhabilidade foi

realizado o ensaio de espalhamento segundo a norma ABNT NBR 15823-2:2010.

Resistência à compressão

A resistência à compressão é a relação da carga de ruptura do corpo de prova (CP)

pela área da seção transversal do CP. O ensaio foi realizado segundo a ABNT NBR

5739:1994 (Concreto – Ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos).

Resistência à tração

Na dificuldade de realizar um ensaio de tração direta (axial) no concreto, foi realizado

o ensaio de compressão diametral prescritos na norma brasileira ABNT NBR 7222:2011.

RESULTADOS OBTIDOS

Pode-se perceber que a resina influenciou o modo de ruptura do concreto deixando-o mais frágil, como pode ser verificado na Figura 1 (a e b), essa mudança não é benéfica uma vez que uma das deficiências do concreto é sua fragilidade. A resina trouxe um acréscimo à resistência à compressão do concreto como pode ser visto no gráfico da Figura 2, porém mesmo aqueles traços que não foram tratados com resina apresentaram resistência maior que 20 MPa, o mínimo para ser considerado concreto estrutural. Figura 1 – Comparação de ruptura - À esquerda o traço com resina, a direta o traço sem resina. a) Traço I; b) Traço II

Fonte: Autor

Figura 2 – Gráfico de Resistência à compressão aos 28 dias do concreto

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados mostraram que a resina acrescentada para o tratamento do EPS mudou o

modo de fratura do concreto deixando o concreto mais frágil e que o acréscimo na resistência

à compressão dos traços com resina não são significativos. Portanto pode-se concluir que com

a devida dosagem não é necessário à adição de resina, sendo assim essa pesquisa não usará

resinas para o tratamento de EPS.

REFERÊNCIAS

ANGELIN, A. F.; BARBOSA, L. A. G.; LINTZ, R. C.C. Concreto leve estrutural – Desempenhos físicos, térmicos, mecânico e microestruturais, Dissertação (Mestrado), Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 2014. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE POLIESTIRENO EXPANDIDO (ABRAPEX). O que é EPS. Disponível em <http://www.abrapex.com.br/01OqueeEPS.html>. Acesso em: 27/05/2016. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5738: Concreto – Procedimento para moldagem e cura de corpos-de-prova. Rio de Janeiro, 2015. ______. NBR 5739: Concreto – Ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 2007. ______.NBR 7222: Argamassa e concreto – Determinação da resistência à tração por compressão diametral de corpos-de-prova. Rio de Janeiro, 2011. ______. NBR 15823-2: Concreto auto-adensável. Determinação do espalhamento e do tempo de escoamento - Método do cone de Abrams, Rio de Janeiro, 2010. CATOIA, T. Concreto Ultraleve Estrutural com pérolas de EPS: Caracterização do material e estudo de sua aplicação em lajes. Tese (Doutorado) – Escola de Engenharia de São Carlos - Universidade de São Paulo, 2012. MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: Microestrutura, Propriedades e Materiais.1ª Edição, São Paulo, IBRACON, 2008. ROSSIGNOLO, J.A. Concreto leve estrutural: produção, propriedades, microestrutura e aplicações. São Paulo, PINI, 2009.