conceptualizacao e organizacao pratica de exercicios de treino do futebol

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CONCEPTUALIZAO E ORGANIZAO PRTICA DE EXERCCIOS DE TREINO DO FUTEBOLAutor: Jorge Castelo O problema da conceptualizao e seleco do exerccio de treino (em funo das capacidades momentneas dos jogadores, da lgica interna do jogo de futebol e dos objectivos que se pretendem atingir) exige pressupostos orientadores, tais como: (1) o modelo de jogador, em funo da misso tctica a desempenhar dentro da organizao da equipa, (2) o modelo de jogo da equipa, em funo das capacidades e aptides dos jogadores que esto intregrados no plantel e as suas margens de progresso e, (3) programas de aco, por forma a conciliar o modelo ptimo e evoludo a atingir no futuro, com o nvel momentneo da prpria equipa nessa realidade. Estes pressupostos orientadores determinam a necessidade de haver uma relao lgica entre aquilo que exequvel daquilo que impraticvel devido aos constrangimentos do tempo, das condies estruturais disponveis e do grupo de jogadores de que se dispe. So estes os problemas bsicos que iro consubstanciar a distribuio adequada de vrios patamares de desenvolvimento a atingir, a sua sequncia, as condies atravs das quais possvel atingi-los, expondo assim condies mais favorveis e apropriadas de aplicao e de interrelao dos efeitos que podem produzir.

1. CRIAR UMA TAXONOMIA PARA OS EXERCCIOS DE TREINO DO FUTEBOL Ao pretendermos taxonomizar toda uma panplia de exerccios existentes no treino de futebol, procuramos num primeiro momento, assegurar com preciso as suas interrelaes, por forma a estimular a nossa compreenso sobre os meios de treino de prendizagem, aperfeioamento e desenvolvimento, atravs dos quais os jogadores modificam as suas atitudes, decises e comportamentos tcnico-tcticos numa direco especfica. Assim, contrariamente ao que se poderia pensar, a taxonomia dos exerccios de treino do futebol, no classifica metodologias ou progresses didcticas de ensino/aprendizagem do jogo, mas sim contedos dos exerccios de treino, possibilitando ao treinador seleccion-los em funo das capacidades momentneas dos jogadores, da lgica interna do jogo de futebol e dos objectivos pretendidos, minimizando assim distores, devido a uma compreenso mais clara de localizao de um objectivo particular, relativamente aos outros. Partindo deste enquadramento, consubstancia-se a necessidade de um estado particular e detalhado do contedo de cada exerccio de treino, o qual dever estabelecer formulaes explictas dos seus efeitos (adaptaes) especficos, que se esperam (hipoteticamente), permitindo uma delimitao clara e profunda dos mesmos, atravs dos quais, os jogadores produzem pensamentos, sentimentos, decises e comportamentos de resposta perante a situao-problema, potenciando mltiplas possibilidades de variao e mudana, as quais, devido s sua limitaes, s algumas se concretizam objectivamente.

A. Taxonomizar classificar contedos dos exerccios de treino Uma taxonomia ordena o contedo do exerccio de treino, segundo uma complexidade comportamental, ou em funo de um contexto situacional, do menos ao mais complexo, do mais concreto e perceptvel, ao mais abstracto e intangvel. Em cada momento, quase impossvel apresentar aos jogadores uma situao-problema (exerccio de treino) que inclua os mesmos estmulos, sinais ou indicaes que estavam presentes aquando da situao original de aprendizagem, durante o processo de formao ou mesmo durante o processo anual de treino. Assim, a aplicao e repetio do exerccio de treino necessita sempre de reestruturaes da situao-problema o qual determina uma conexo entre a capacidade do jogador e os efeitos adaptativos especficos que o treinador prope. Todo o exerccio de treino deve ainda ser dirigido a todo um poten-

cial desenvolvido, acumulado e disponvel para ser estimulado para a resoluo de uma situao-problema do exerccio de treino. Por outras palavras, o jogador ao aprender e ao desenvolver-se, aumenta a sua capacidade de adaptao e de interaco com as situaes que evoluem sua volta. Todavia, a forma de resoluo programtica da situao no absoluta e vlida para todas as circunstncias do jogo. Importa ter em mente que, se a capacidade de resposta motora do jogador, adquirida num certo momento de desenvolvimento, no fosse precisa ou suficientemente aplicvel num outro estruturalmente similar, haveria pouca vantagem para o jogador em aprender, aplicar e repetir. Sendo assim provvel, que a sua automatizao determina uma estabilidade de execuo e resoluo dando liberdade a outros centros de deciso que tornam o comportamento tcnico-tctico mais adaptvel e flexivel contextualizao situacional em que este se encontra. O conhecimento e comportamento motores do jogador devem ser considerados, adequados e precisos, no no sentido de que ser eternamente comprovada a sua eficincia/eficcia, mas como base de interpretao de outras formas de resolver o mesmo problema. Todo o exerccio de treino deve estabelecer compromissos de forma a que os jogadores possam utilizar os seus conhecimentos, aptides e capacidades nas situaes concretas e na resoluo de outras situaes estruturalmente similares. Deste modo, quando o jogador est perante um novo problema ou situao, dever ser capaz de seleccionar comportamentos de resposta adequados de abordagem do problema, e de descobrir e aplicar resposta ajustveis e eficazes, buscando nas suas experincias anteriores, conhecimentos e comportamentos apropriados para percepcionar e solucionar novos problemas. Todavia, evidente que para o treinador e jogador no existe uma organizao coincidente, inerente aos contedos dos exerccios de treino. Assim, estes contedos devem estar ajustados s capacidades dos jogadores e no quilo que o treinador pensa que a sua organizao. Logo, a aplicao do exerccio de treino deve ter em vista as necessidades imediatas dos jogadores, pois s estas criam as condies cognitivas, energticas e afectivas que os jogadores podem aplicar numa situao prxima. O treinador ter sempre grandes dificuldades em aplicar exerccios de treino, atravs dos quais os jogadores no vm qualquer tipo de aplicabilidade imediata.

B. Princpios orientadores de uma taxonomia dos exerccios de treino do futebol Uma taxonomia dos exerccios do jogo de futebol dever apresentar os seguintes quatro princpios orientadores: 1. Determinar classes do exerccio de treino, por forma a reflectir diferenas essenciais, aliceradas numa identidade prpria. 2. Ser lgico e internamente coerente, determinado pelo nvel de concordncia com a realidade do quadro competitivo do jogo de futebol. Neste domnio, cada classe deve permitir categorias claramente definidas e passveis de estabelecer outras subdivises, na medida em que isso seja necessrio e til para a prtica. 3. Ser compatvel com a nossa compreenso dos fenmenos. Nesta perspectiva, ao melhorarmos os conhecimentos, aumentamos a capacidade de interagir com esses fenmenos. Assim, podemos estabelecer um sistema explicativo, embora de forma provisria, na procura de incluir o mximo de exerccios observados e classificados dentro do domnio da realidade que lhe prpria. 4. Ser unicamente um esquema descritivo, no qual estabelecemos as linhas gerais para as quais convergem os pontos de partida, que pretendem indicar o caminho para uma eficiente organizao dos contedos dos exerccios de treino,.tendo como referencial o seu nvel de especificidade.

2. QUADRO TAXONMICO DOS EXERCCIOS DE TREINO DO FUTEBOL Partindo dos quatro pressupostos orientadores referidos, estabelecemos o seguinte edifcio taxonmico dos exerccios de treino do jogo de futebol, consubstanciando partida, trs nveis fundamentais: (1) os exerccios de preparao geral, (2) os exerccios especficos de preparao geral e, (3) os exerccios especficos de preparao.

Figura 1. Sistematizao de uma taxonomia de base dos exerccios de treino para os jogos desportivos colectivos

OS EXERCCIOS DE PREPARAO GERAL

Os exerccios de preparao geral so conceptualizados e operacionalizados sem ter em conta, nem os contextos situacionais, nem as condicionantes estruturais objectivas em que se realiza a competio do jogo de futebol. Na prtica, so todos os exerccios que no incluem a utilizao da bola como centro de deciso mental e aco motora do jogador. Com efeito, as diferentes aces motoras de resposta aos diferentes contextos situacionais da actividade competitiva, requerem sempre a mobilizao de um conjunto de capacidades condicionais de suporte eficaz/eficiente execuo. Neste sentido, cada resposta motora requer diferentes nveis de exigncia de fora, de velocidade, de resistncia e de flexibilidade. Importa ter presente que qualquer aco tcnico-tctica, menos ou mais complexa, resulta inevitavelmente de dois aspectos essenciais: (1) do resultado interdependente de mltiplas formas de combinao de capacidades condicionais com os elementos crticos que constituem cada aco motora e, (2) do resultado da combinao em diferentes propores de todas as capacidades ou formas especficas de manifestao, pois nenhuma aco motora, por mais simples que possa ser, suportada por uma s capacidade condicional. 1. As caractersticas dos exerccios gerais de preparao As capacidades condicionais (velocidade, fora, resistncia e flexibilidade) apresentam no mesmo momento dois aspectos fundamentais: 1. Uma autonomia ou independncia elementar entre elas Isto significa que podero ser estudadas e potenciadas de forma isolada, atravs de meios de treino. Neste domnio, podemos constatar as seguintes caractersticas: (1) so determinadas e influenciadas de forma predominante por um sistema funcional especfico, (2) so transferveis (de forma positiva) entre aces motoras estruturalmente semelhantes, (3) tm significado para todas as aces motoras, estando assim contidas em todas elas, embora com predominncias diferenciadas, (4) dentro de certos limites, o seu grau de expresso no influenciado pelo grau de expresso de outros pressupostos do rendimento, ainda que surja a eles associada no movimento e com eles estabelea relaes ou interrelaes, (5) em rendimentos desportivos de alto nvel no so compensveis, isto , um grau de expresso insuficiente de uma capacidade no compensvel por um outro pressuposto do rendimento desenvolvido acima da mdia e, (6) necessitam para o seu desenvolvimento de um sistema prprio, de meios e mtodos de treino coerentes e sistematizados. 2. Uma interrelao complexa A potencializao de uma das capacidades ao mais alto nvel poder aumentar (transferncia positiva, por exemplo: o treino da fora rpida na velocidade de acelerao), ou diminuir (transferncia negativa, por exemplo: o treino da fora mxima na flexibilidade) o rendimento das diferentes formas de manifestao das capacidades condicionais. 2. Exemplos de exerccios de preparao geral No perdendo de vista os pressupostos fundamentais referidos anteriormente podemos estabelecer alguns exemplos de exerccios condicionais numa perspectiva individualizada: 1. Exerccios de corrida continua ou varivel (para melhoramento da resistncia de base) Estes exerccios so construdos na base dos diferentes sistemas de produo de energia e no respeito das componentes estruturais de volume, de intensidade, de densidade e frequncia referenciados ou no pela observao da realidade competitiva que o jogo de futebol em si encerra. Isto traduz, a possibilidade destes exerccios serem elaborados a partir das observaes e anlises dos deslocamentos dinmicos dos jogadores, quando em situao competitiva. Partindo destes dados, poder-se- tentar reproduzir esses ndices nos exerccios de treino, com o objectivo de melhorar as capacidades de resistncia geral dos jogadores, tendo mesmo em conta a discriminao das suas misses tcticas (defesa, avanado, guarda-redes, pivot, base, poste, etc.,) dentro do sistema de jogo da equipa. 2. Exerccios que procuram aumentar a taxa de produo de fora Estes exerccios so construdos na base das diferentes formas de manifestao da fora (mxima, rpida e resistente). Estes exerccios, tal como os anteriores, podero ser elaborados por forma a fazer corresponder e a respeitarFoto cedida pelo jornal O JOGO

3. Exerccios de velocidade Estes exerccios procuram melhorar as diferentes formas bsicas de manifestao da velocidade tal com a de reaco (simples e complexa), mxima, de resistncia, etc. Verchoshanskij (1988) refere que "o rendimento desportivo determinado por diferentes factores, que tambm desempenham um papel significativo no desenvolvimento do rendimento do praticante. Esses factores no tm todos o mesmo valor. Alguns so mais importantes ou um o mais importante - o factor principal - que determina de forma dominante e objectivamente o rendimento desportivo e a sua evoluo. Se a partir daqui analisarmos as vrias modalidades desportivas, com importante componente de locomoo, podemos ver a velocidade de movimentos do jogador, como o factor dominante. A velocidade, e apenas ela, determina em ltimo lugar o resultado desportivo. Todos os outros factores, como a fora e a resistncia so, naturalmente, importantes mas no "fazem" o rendimento. O estabelecimento concreto de objectivos no mbito do desenvolvimento destes factores consiste ento em proporcionar a execuo do exerccio de competio com a mxima velocidade possvel e possibilitar novos progressos da velocidade, atravs do aperfeioamento quantitativo e qualitativo no treino. Neste sentido, a velocidade no jogo de futebol exprime-se pela rapidez de percepo e anlise da situao, da velocidade de soluo mental do problema e da velocidade da execuo motora de resposta variabilidade e transitoriedade das situaes contextuais de competio. 4. Exerccios que procuram melhorar ou manter os nveis de flexibilidade Estes exerccios determinam que o jogador possa: (1) criar condies favorveis ao desempenho do sistema muscular, na execuo das aces motoras especficas, (2) diminuir o risco de leso, (3) diminuir a tenso muscular promovendo assim a relaxao e, (4) permitir um melhor conhecimento pessoal no que se refere aos limites de cada jogador.Foto cedida pelo jornal O JOGO

3. Os objectivos dos exerccios de preparao geral Os exerccio que no incluam a bola como elemento determinante na percepo e anlise da situao, soluo mental que determina uma soluo motora atravs de programas motores especficos realidade da actividade desportiva, so considerados meios gerais de treino. Estes exerccios tm como objectivos fundamentais os seguintes aspectos: 1. Isolar um ou vrios factores condicionantes Os factores condicionais de treino como a fora, a velocidade, a resistncia e a flexibilidade podero ser melhoradas e potenciadas individualmente esperando que os seus efeitos tenham um nvel de transferibilidade positiva para suportarem ou potenciarem, posteriormente, um ou vrios programas motores especficos de resposta s situaes reais de competio. 2. Fomentar processos de preparao do jogador para a prtica da sesso de treino Os exerccios de treino de carcter geral podero ter como objectivo fundamental o aumento da actividade dos diferentes sistemas funcionais de mbito cognitivo, orgnico, neuromuscular e psicolgico, por forma a preparar o organismo para a parte seguinte do treino, isto , para a parte principal da sesso de treino. Neste sentido, podemos resumir os objectivos desta preparao (tambm denominada de aquecimento) da seguinte forma: (1) facilitar a adaptao progressiva do organismo nomeadamente dos seus grandes sistemas: cardiopulmonar, neuromuscular e articular, a um esforo intenso e prolongado, (2) preparar os jogadores no plano psicolgico para o treino, uma vez que o movimento tem um efeito tranquilizador e, (3) evitar na medida do possvel, reduzir as possibilidades de leses musculares, articulares e tendinosos. 3. Activar processos de recuperao Atravs de exerccios com volumes e intensidades reduzidas podemos: (1) colmatar a possibilidade do aparecimento de estados de sobretreino, depois de perodos intensos e exigentes de trabalho sobre os diferentes sistemas fun-

Foto cedida pelo jornal O JOGO

Foto cedida pela revista Training

a predominncia de cada forma de manifestao da qualidade de fora, relativamente realidade competitiva do jogo de futebol.

cionais do jogador (2) conduzir gradualmente o jogador a um nvel mnimo de preparao de base depois de estar algum tempo inactivo, devido a diversas circunstncias e, (3) assegurar uma reduo do ritmo de trabalho no final da sesso de treino, por forma a elevar o organismo do jogador a um estado propcio ao desenvolvimento do processo de recuperao. 4. Concretizar uma base orgnica funcional mnima Os exerccios de preparao geral criam condies para se constituir uma adaptao orgnica funcional de base, por forma a apoiar (diferente de suportar) a aplicao dos exerccios especiais de preparao geral do jogador. 5. Criar condies positivas na comutao entre exerccios de treino Durante a pausa entre a realizao de dois exerccios de carcter especfico com uma determinada complexidade, til utilizar-se exerccios gerais como por exemplo: alongamentos, corrida em ritmo reduzido, etc., por forma a recuperar fisicamente do exerccio realizado e a preparar mentalmente para o prximo exerccio. 4. Compatibilizar os exerccios de preparao geral com os de preparao especfica Os factores condicionais determinam em larga medida, o cumprimento das exigncias inerentes aprendizagem e especialmente, ao aperfeioamento e desenvolvimento das aces motoras de resposta aos contextos situacionais que derivam da competio do jogo de futebol. Uma aco de remate, por exemplo, poder ser realizada de forma tecnicamente correcta e tacticamente no momento preciso, mas ser ineficiente devido a uma diminuta fora produzida pelos grupos musculares implicados na execuo dessa aco tcnico-tctica a qual, naturalmente, ineficaz. Um jogador poder executar uma aco de desmarcao com o objectivo tctico de desequilibrar a organizao defensiva da equipa adversria, mas a sua aco pode no produzir qualquer efeito positivo se a velocidade com que este se desloca for de tal forma reduzida, que determina a impossibilidade de estabelecer condies vantajosas para a concluso do processo ofensivo da sua equipa. fcil concluir que o melhoramento adequado e especfico das capacidades condicionais que suportam a resposta motora, de forma interdependente (leia-se no compartimentada) ao o seu aperfeioamento e desenvolvimento, estabelece a potencializao no sentido positivo da sua eficcia e eficincia, quando reproduzidas em situaes de treino ou de competio. Deste modo, podemos imaginar o que pode representar para os jogadores, que executam tecnicamente bem (do ponto de vista biomecnico), mas em que o resultado dessa aco no possui a fora, a resistncia, a velocidade ou a flexibilidade necessrias a uma afirmao correcta desses mesmos comportamentos motores. Embora no seja discutvel a importncia das capacidades condicionais no melhoramento da execuo das aces motoras, o que discutvel na maioria das situaes, a conceptualizao subjacente construo dos exerccios, meios e mtodos de treino utilizados para o desenvolvimento das capacidades condicionais de suporte aos diferentes procedimentos tcnico-tcticos na aprendizagem, como mais tarde no seu aperfeioamento e desenvolvimento. Se a conceptualizao de base for a compartimentao das diferentes capacidades condicionais e da execuo da aco motora, descontextualizada da situao em que estas normalmente ocorrem, iremos de certeza absoluta desenvolver jogadores mais fortes, mais rpidos, mais resistentes e mais flexveis, executando aces motoras desajustadas no domnio tcnico, tctico, estratgico etc., e por inerncia ineficazes aos objectivos da lgica interna do jogo de futebol. Apesar da relao de interdependncia entre o factor motor e o factor condicional, igualmente importante, considerar a existncia de uma subordinao entre o que essencial (neste caso a aco tcnica ou tcnico-tctica) e o que complementar (a condio nas suas diferentes formas de manifestao). Assim, o treinador dever conceptualizar exerccios de treino que potencializem as diferentes capacidades condicionais de suporte resposta motora do praticante, sempre que possvel, de forma integrada, e que corresponda ao nvel das capacidades dos jogadores, evitando a execuo de erros tcnicos que possam derivar da falta de velocidade, de fora, de resistncia e de flexibilidade (apesar destes se esforarem para executar eficaz/eficientemente a aco motora). De modo inverso, tambm no ser correcto do ponto de vista desportivo, desenvolver de forma mais ou menos aprofundada as capacidades condicionais ou as suas diferentes formas de manifestao, desvirtuando a execuo da resposta motora no plano do seu aperfeioamento ou do seu desenvolvimento.

EXERCCIOS ESPECFICOS DE PREPARAO GERAL

Os exerccios especficos de preparao geral so todos os exerccios realizados em contextos situacionais rudimentares, relativamente s condies objectivas em que se realiza a competio do jogo de futebol. Neste sentido, os exerccios especiais de preparao geral tm por objectivo desenvolver o contedo especfico do jogo, atravs de uma relao primordial do jogador com a bola, sendo este o elemento determinante da sua aco conjuntamente com um reduzido nmero de companheiros e adversrios. Importa neste mbito, reflectir sobre a importncia da presena da bola, como elemento constitutivo fundamental dos exerccios especficos de preparao geral e dos exerccios de preparao especfica. No jogo de futebol a presena da bola o elemento que: (1) em termos individuais determina um trabalho sistemtico denominado de tcnica individual e, (2) em termos colectivos regula os problemas de sincronizao da equipa e concomitantemente a desincronizao das aces da equipa adversria. Resumindo, a bola o elemento que separa ou une os jogadores (Grehaigne, 1992). Assim, a bola no jogo de futebol confere ao seu portador um estatuto especial, determinando-lhe responsabilidades especficas em relao s escolhas tcticas de carcter individual ou de relao colectiva. Os diferentes elementos materiais do jogo (baliza, linhas que determinam o espao de jogo, etc.,) e em especial a bola constitui na realidade o eixo a partir do qual se pode exprimir um nmero infinito de relaes abstractas. A bola e o seu posicionamento no espao de jogo cria um sistema de ambivalncias e um ncleo de permutaes que formam um centro, a partir do qual o sistema se constitui. A bola no suscita somente as relaes interpessoais, mas tambm a luta entre dois jogadores ou entre duas equipas. o objecto que convida e seduz, aparecendo como o trao de unio possvel entre todas as situaes contextuais de jogo. Numa perspectiva dualista do problema, poder-se- dizer que a bola o elemento de mediao entre a fase de ataque e defesa, isto , com a sua posse possvel atacar, por forma a concretizar o objectivo do jogo (o golo). Noutro sentido, o facto de no possur a bola determina a necessidade de a recuperar, evitando que esta seja realizada pela concretizao do jogo pela equipa adversria. Este facto determina o carcter de reversibilidade do jogo de futebol, na qual os jogadores desempenham em cada momento, aces de dominante ofensiva e defensiva, em funo da posse ou no da bola, em funo das configuraes do jogo e dos objectivos estratgico-tcticos para esse momento. Concretamente, os exerccios especficos de preparao geral, estabelecem a relao do jogador com a bola mas no envolvem a concretizao do objectivo fundamental do jogo. 1. Exemplos dos exerccios especficos de preparao geral Os exerccios especficos de preparao geral manipulam as condicionantes estruturais como o espao, o nmero, o tempo, o regulamento, etc., por forma a criar condies favorveis para potenciar a relao do jogador com a bola e um nmero restrito de companheiros e adversrios, com quem este se relaciona, os quais iro ser progressivamente aumentados at ao nmero estabelecido pelo regulamento da modalidade e da capacidade de prestao dos jogadores. Vejamos alguns exemplos: 1. Situaes de treino das aces tcnicas individuais Atravs de circuitos tcnicos em que cada jogador com a sua bola executa um conjunto de estaes tcnicas especficas do futebol diferenciadas pelo programa motor e pela velocidade da sua execuo. Nesta dimenso, tem todo o sentido fazer compatibilizar as aces tcnicas com as vias de produo de energia, que sero preponderantemente aerbias, anaerbias ou mistas.Foto cedida pelo jornal O JOGO

2. Situaes de treino das aces tcnicas em grupo Os exerccios para o treino das aces tcnicas podero ser executadas em grupo (a dois, trs, quatro, etc.), atravs das quais as aces de passe so realizadas com diferentes trajectrias, situaes de duelo de 1x1, 2x2 etc. 3. Exerccios de posse de bola Estes exerccios so organizados para dois grupos de jogadores. Assim, independentemente do nmero, do espao, do tempo e das prescries e obrigaes (a um, dois, trs ouFoto cedida pelo jornal O JOGO

Foto cedida pelo jornal O JOGO

mais toques na bola por interveno sobre esta), fomentam-se formas de circulao da bola e dos jogadores, no em direco ao objectivo de jogo (a baliza adversria - remate/golo), mas sim com o intuto: (1) de melhorar a capacidade de manuteno da bola por parte de cada equipa, (2) de a circular com segurana, por forma a jogar com o tempo de jogo, (3) de os jogadores ganharem a confiana necessria, para quando de posse de bola, a manterem, mesmo em condies de inferioridade numrica.Foto cedida pelo jornal O JOGO

4. Exerccios para potenciar a aco tcnica de um ou mais jogadores Estes exerccios so organizados por forma a que um ou mais jogadores tenham de receber permanentemente a bola por forma, por uma lado, a pression-lo na sua deciso, e por outro, constitur-se como alvo que os seus companheiros tero continuamente de solicitar.

2. Os objectivos dos exerccios especficos de preparao geral Partindo destes pressupostos, os exerccios especiais de preparao geral tm a finalidade de atingir os seguintes quatro aspectos fundamentais: 1. No que se refere ao processamento da informao Atravs destes exerccios poder-se- aumentar progressivamente o processamento de informao do jogador, para que este possa ter uma leitura correcta dos ndices pertinentes evocados pela situao-problema. 2. No que se refere aco motora Estes exerccios proporcionam uma antecipao e adequao convenientes e correctos da execuo das diferentes aces tcnico-tcticas especficas do jogo de futebol, relativamente resoluo das situaes-problema. 3. No que refere s fontes energticas Estes exerccios condicionam a utilizao de diferentes vias de produo de energia em regimes prximos da realidade competitiva, mas inferiores em termos de exigncia devido ao aumento do nmero e do tempo de pausa entre cada exerccio. 4. No que se refere aos factores psico-emocionais Estes exerccios solicitam ao jogador uma envolvncia psquica no contexto do treino, por forma a habitu-lo a ambientes de elevado stress emocional e a canalizar de forma positiva esses factores. 3. Relao entre os exerccios especficos de preparao geral e os factores condicionais Os exerccios de treino de predominncia tcnica e tcnico-tctica devem ser conceptualizados e realizados, por forma a que atinjam, para alm dos objectivos de aperfeioamento e desenvolvimento da aco motora, o melhoramento das capacidades condicionais dominantes dessa mesma aco. O respeito por este aspecto fundamental para que a potencializao especfica e compartimentada dos diferentes factores condicionais (velocidade, fora, etc.), ou as suas diferentes formas de manifestao, no venham a provocar interferncias negativas, ou uma deteriorizao do programa motor de base, anteriormente aprendido e aperfeioado. Neste sentido, basta pensarmos que, antes do melhoramento das capacidades condicionais fundamental que os jogadores tenham assegurada uma execuo motora harmoniosa, concluda, isto , tanto quanto possvel isenta de erros, respeitando os pontos chave que correspondam a uma correcta execuo, a qual no se altera mesmo em condies de variabilidade contextual. Concluindo a execuo dos procedimentos tcnico-tcticos determinantes ao cumprimento da lgica do jogo de futebol, mais ou menos complexos, devem imprimir o desenvolvimento das capacidades condicionais implcitas atravs: (1) do aumento da velocidade e do ritmo de execuo das aces motoras, (2) do aumento das exigncias na execuo da aco ou aces tcnicas, em relao ao mximo de possibilidades dos jogadores, (3) da amplitude da aco motora de resposta contextualizao da situao, (4) do aumento ou diminuio do nmero de jogadores envolvidos na aco ou do espao de jogo para a sua execuo, (5) da integrao dos objectivos tcnicos e condicionais num mesmo exerccio de treino, (6) do aumento do tempo em que os jogadores executam as diferentes aces motoras, (7) do incremento do nmero de repeties de uma aco ou srie de aces motoras na unidade de tempo, (8) da diminuio do tempo de pausas entre cada execuo motora e, (9) do tipo de pausas entre cada execuo do exerccio, isto , passivas ou activas, completas ou incompletas.

OS EXERCCIOS ESPECFICOS DE PREPARAO Os exerccios especficos devem constituir-se como o ncleo central da preparao dos jogadores, tendo sempre em considerao as condies estruturais em que as diferentes situaes de jogo se verifiquem. Aprender a jogar equivale a acumular experincias nas situaes fundamentais de jogo (Dietrich, 1978). Assim, s os exerccios que derivam da contextualidade situacional do jogo que possibilitam manter a tenso dramtica do prprio jogo. Logo, os exerccios especficos de preparao devem ser construdos de forma a que os jogadores sintam que estes derivam verdadeiramente da lgica estrutural do jogo de futebol. Para que os exerccios especficos de preparao se ajustem convenientemente ao o nvel de formao desportiva do jogador fundamental que estes estabeleam diferentes nveis de concordncia com a realidade competitiva da modalidade tendo sempre em ateno o objectivo do jogo, isto , o golo, que s possvel de ser conseguido atravs da finalizao (remate). 1. Os nveis de complexidade da lgica do jogo Em funo dos diferentes pressupostos estruturais podemos estabelecer trs nveis de complexidade do jogo: 1. No primeiro nvel. Os exerccios especficos de treino caracterizam-se pela aco ofensiva de um ou mais atacantes que desenvolvem as suas aces at finalizarem, sem haver oposio de defesas. Os exerccios deste nvel de complexidade do jogo constrem-se sobre uma baliza, com um ou mais atacantes e sem oposio defensiva. 2. No segundo nvel. Os exerccios especficos de treino caracterizam-se pela aco ofensiva de um ou mais atacantes que desenvolvem as suas aces at finalizarem, mas com a oposio de defesas que estaro em igualdade, inferioridade ou superioridade numrica. Os exerccios deste nvel de complexidade do jogo constrem-se sobre uma baliza, com um ou mais atacantes e com oposio defensiva. 3. No terceiro nvel. Os exerccios especficos de treino caracterizam-se pelo facto dos atacantes poderem perder a posse da bola, e por essa razo ter de defender a sua baliza, pois sofrer o ataque de quem estava a defender. Os exerccios deste nvel de complexidade do jogo constrem-se sobre duas balizas em que os jogadores tm de desenvolver permanentemente atitudes e comportamentos tcnico-tcticos de cariz ofensivo e defensivo. 2. Exemplos de exerccios especficos de preparao Em funo dos diferentes nveis de complexidade do jogo estabelecidos, podemos referenciar na mesma medida trs tipos de exerccios especficos de treino para cada um desses nveis: 1. Exerccios especficos de jogo sem oposio sobre uma baliza Estes exerccios constrem-se a partir de um ou mais atacantes que conduzem ou circulam a bola entre si, e quando perto das zonas predominantes de finalizao (segundo ngulos propcios) rematam baliza criando-se assim as condies mais favorveis concretizao do objectivo prprio do jogo. Logo que esta aco realizada (positiva ou negativamente), o exerccio recomea com os mesmos ou outros atacantes. 2. Exerccios especficos de jogo com oposio sobre uma baliza Estes exerccios constrem-se a partir de um ou mais atacantes, que conduzem ou circulam a bola entre si, ultrapassando continuamente os obstculos colocados pelos defesas e perante uma situao propcia rematam por forma a concretizar o objectivo do prprio do jogo. Logo que este objectivo concretizado, ou se no for devido recuperao da bola por parte dos defesas, o exerccio pra e recomea de novo com os mesmos ou outros atacantes. No haver assim a possibilidade dos defesas poderem desenvolver aces ofensivas, logo aps a recuperao da posse da bola. 3. Exerccios especficos de jogo com oposio sobre duas balizas Estes exerccios consubstanciam-se como o prprio jogo. Constrem-se com um ou mais atacantes que desenvolvem um conjunto de aces ofensivas, por forma a atacar a baliza adversria. Logo, que perdem a posse da bola, os (ento) defesas podero atacar a baliza adversria. O exerccio praticado em funo de um certo tempo ou de um certo nmero de golos.de Knut Dietrich - Futebol aprendizagem e prtica pelo jogo)

3. Frmulas de base dos exerccios especficos de preparao Consoante o estabelecimento dos nveis de complexidade do jogo, podemos conceptualizar diferentes frmulas de base para cada um dos nveis descritos: 3.1. Exerccios especficos de jogo sem oposio sobre uma baliza A frmula de base deste tipo de exerccio o 1x0, 2x0, 3x0, etc. A amplitude desta frmula pode atingir o mximo estipulado pelo regulamento do jogo de futebol (10x0+Gr). Entre o limite mnimo e mximo, poder-se- conceptualizar um nmero ilimitado de exerccios de treino, que se exprimem em diferentes contextualizaes situacionais, por forma a adaptar o exerccio s capacidades momentneas dos jogadores e aos objectivos que a sesso de treino se prope atingir. Logo, consoante o nmero de atacantes, o espao de jogo onde se prev que essas situaes acontecem na realidade competitiva, e at mesmo conciliando os factores condicionais (resistncia, velocidade, etc.,) poder-se-o compatibilizar todos os factores de ordem tcnico-tctica e fsica, por forma a potenciar comportamentos motores especficos do jogo de futebol, moldados numa contextualidade que lhe prpria. Na mesma e precisa dimenso pode-se criar um conjunto de constrangimentos na execuo deste tipo de exerccios especficos, como sejam: A. O factor tempo Informar que o exerccio s poder decorrer durante um certo tempo previamente estipulado para alm do qual a finalizao no poder ocorrer. B. O factor espao Demarcar objectivamente os espaos de aco dos jogadores, o que determina uma maior capacidade tcnica individual. Prescrever igualmente distncias mais longas de finalizao. C. O factor tcnico Fomentar situaes com o auxilio de exerccios que consubstanciem obstculos imveis que necessrio contornar antes de se poder finalizar. Finalizar logo que uma determinada circunstncia ocorra, por exemplo ao apito do treinador (factor surpresa). Esta condio obriga os jogadores a estar preparados qualquer momento em termos de equilbrio, coordenao, relao com a bola, para que quando essa situao ocorra possam expremir a melhor resposta. D. O factor comunicao Potenciar a necessidade de ocorrncia de um determinado nmero de passes antes que a finalizao possa ocorrer. E. O factor tctico-estratgico Criar condies de presso, ao colocar um defesa que se desloca constantemente na sombra do atacante no se interpondo entre este e o alvo a atingir (baliza). Perante esta frmula base possvel estabelecer um panplia de situaes contextualmente correctas, pois recriam ambientes cuja estrutura deriva do quadro competitivo do jogo de futebol. Mesmo as frmulas mximas do 10x0+GR, por estranho que possam parecer, so fundamentais para o afinamento das diferentes circulaes tcticas ofensivas, por forma a precisar convenientemente o comportamento motor de cada jogador, em cada momento da situao, o qual ter uma funo fundamental no desencadeamento, na sincronizao, no ritmo e na eficcia que o processo ofensivo procura concretizar. 3.2. Exerccios especficos de jogo com oposio sobre uma baliza A frmula base deste tipo de exerccio o 1x1, 2x1, 3x1, 3x2, etc. A banda de variao desta frmula base potencia a construo de um nmero ilimitado de exerccios que se constrem tendo presente a possibilidade de se jogar em igualdade, superioridade ou inferioridade numrica, por forma a valorizar uma determinada capacidade. Decorre num espao, que em funo do nmero de jogadores, se prev que certas situaes possam acontecer e sobre uma baliza. Este tipo de exerccios especficos determinam um dualismo muito claro entre jogadores em atitude ofensiva (os que tm a posse da bola) e jogadores em atitude defensiva. Assim, logo que se verifica a concretizao do objectivo, isto , o golo, ou a perda da posse da bola no possvel para os defesas atacar, pois o exerccio dever recomear com os mesmos ou diferentes atacantes e defesas. Estes exerccios so fundamentais para: 1. Aumentar a capacidade de duelosFoto cedida pelo jornal O JOGO

Estas situaes de 1x1 entre os jogadores so consideradas por muitos autores, como a clula base dos jogos desportivos colectivos. atravs destas situaes que os jogadores desenvolvem os procedimentos tcnicos individuais de base do jogo de futebol. 2. Possibilitar condies de se jogar em superioridade numrica Os exerccios em superioridade numrica possibilitam e facilitam as ligaes ofensivas e a criao de espaos em situaes propcias finalizao. 3. Melhorar a execuo de combinaes tcticas De carcter simples, directas (tabelinhas) e indirectas entre dois ou trs jogadores por forma a resolver uma situao momentnea de jogo e criar vantagens em termos espaciais e temporais para a consecuo dos objectivos do processo de treino. 4. Seleccionar misses tcticas especficas dentro do sistema de jogo Estas situaes de treino tm como finalidade elevar a prestao desportiva de um ou de um grupo (sector de jogo) de jogadores, em contextualizaes situacionais prximas da realidade do jogo, e que implica a reproduo de aces tcnico-tcticas similares, no que se refere ao espao e condies de execuo (velocidade e a presso defensiva exercida pelos adversrios). 5. Potenciar diferentes sectores do sistema tctico (defesa, ataque, etc.) Estes exerccios criam condies favorveis: (1) compreenso das situaes de jogo (estabelecimento de uma linguagem comum), (2) sincronizao e coordenao das aces motoras dos jogadores e, (3) ao ritmo e cadncia desses comportamentos. 6. Fomentar uma direco e sentido correctos dos comportamentos motores dos jogadores A execuo destes exerccios devem correlacionar constantemente todas as aces individuais e colectivas dos jogadores para que estes tenham sempre um sentido pragmtico em relao ao objectivo do exerccio, isto , finalizao. fundamental que os jogadores tenham um sentido contnuo da baliza. 7. Proporcionar situaes de finalizao Estes exerccios devem colocar os jogadores numa situao contnua de avaliao em que se propiciem finalizaes com elevadas probabilidades de xito, atravs de condies favorveis ou de surpresa que se podem criar com a sua execuo. 8. Condicionar correctamente as atitudes de carcter ofensivo e defensivo por parte dos jogadores Mesmo sabendo que ao se perder a posse da bola, o exerccio recomea, fundamental que os jogadores em fase ofensiva no percam a noo dos comportamentos que devem utilizar para a sua recuperao, e os que a recuperam, no perder a noo dos procedimentos que devem ter com a sua posse. 3.3. Exerccios especficos de jogo com oposio sobre duas balizas A frmula base deste tipo de exerccio o de GR+1x1+GR, GR+2x2+GR, GR+3x3+GR, etc. A amplitude desta frmula atinge o seu mximo pelo regulamento da modalidade GR+10x10+GR. Desta frmula base estabelece-se a possibilidade de se construir um nmero ilimitado de exerccios especficos de treino, atravs dos quais os jogadores se desenvolvem, para alm dos comportamentos fundamentais da modalidade, a potenciao de atitudes de ataque e defesa de forma contnua, em funo da recuperao e perca da posse da bola. Com estes exerccios aumentamos o seu grau de identidade, aproximando-nos assim lgica interna do jogo de futebol, consubstanciando dois grandes grupos de exerccios: 1. Jogos com um nmero reduzido de jogadores. Estes exerccios especficos de preparao so construdos de forma a adequar um nmero reduzido de jogadores, em funo de um espao e de um tempo com o intuto de potenciar um maior nmero de contactos na bola, de finalizar mais vezes e a alternar constantemente as atitudes de ataque e defesa. 2. Jogos de treino. Estes exerccios especficos de preparao so especialmente elaborados para reproduzir o mais facilmente possvelFoto cedida pelo jornal O JOGO Foto cedida pelo jornal O JOGO

as condies de competio, em termos de nmero (GR+10x10+GR), de espao (campo com as dimenses regulamentares) e de tempo (regulamentar). Podemos distinguir dois tipos de exerccios de treino de jogo: (1) os propriamente ditos: so em tudo idnticos aos realizados nas condies reais de competio e, (2) os adaptados: na estrutura de base so concordantes com a competio, mas so executados em condies de uma exigncia menor. Bibliografia CASTELO, J., (2002). O exerccio de treino desportivo. FMH edies. Lisboa CASTELO, J., (2003). Futebol - Guia prtico de exerccios de treino. Viso e contextos. Lisboa DIETRICH, K. (1978) Le football, apprentissage et pratique par le jeu, Vigot ed, Paris QUEIROZ, C. (1986) Estrutura e organizao dos exerccios de treino em futebol, F .F .P . TEODORESCU, L. (1987) Orientaes e tendncias da teoria e metodologia de treino nos jogos desportivos, Futebol em revista, 4 srie, n 23, pp. 37-45, junho