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CONCEPÇÕES DOS ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS SOBRE A UTILIZAÇÃO DE JOGOS NO ENSINO DA MATEMÁTICA Kelly de Lima Azevedo¹, Charliel Lima Couto 1. [email protected] Resumo Este artigo parte de uma pesquisa desenvolvida com os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de uma escola municipal de Garanhuns-PE. Seu objetivo primordial foi analisar as concepções que os alunos da EJA tinham sobre a utilização dos jogos no ensino de matemática. A coleta de dados deu-se através de um questionário e de uma entrevista semiestruturada. Os resultados mostraram que o jogo discutido, na concepção dos alunos, teve forte contribuição em sua aprendizagem. Além disso, os alunos os concebem como um recurso que deixa as aulas mais dinâmicas e divertidas, os fazendo se interessar pela matemática, além disso, sua contextualização com a realidade dos alunos fez com que eles tivessem maiores interesses em participar das atividades e desenvolvessem estratégias de resolução de problemas, tanto individualmente, quanto coletivamente. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos. Ensino de Matemática. Jogos. Abstract This paper part of a research developed with students of the Youth and Adult Education (EJA) of a municipal school Garanhuns-PE. Its primary objective was to analyze the conceptions that students of EJA had on the use of games in the teaching of mathematics. Data collection took place through a questionnaire and a semi-structured interview. The results showed that the games discussed, in the design of the students, had a strong contribution in their learning. In addition, the use students conceive as a resource that makes the classes more dynamic and fun, making them an interest in mathematics, in addition, its context with the reality of the students made sure they had greater interest in the participating in activities and develop strategies problem-solving, both individually and collectively. Keywords: Youth and Adult Education. Teaching of Mathematics. Games.

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CONCEPÇÕES DOS ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E

ADULTOS SOBRE A UTILIZAÇÃO DE JOGOS NO ENSINO DA

MATEMÁTICA

Kelly de Lima Azevedo¹, Charliel Lima Couto

1. [email protected]

Resumo

Este artigo parte de uma pesquisa desenvolvida com os alunos da Educação de Jovens e Adultos

(EJA) de uma escola municipal de Garanhuns-PE. Seu objetivo primordial foi analisar as

concepções que os alunos da EJA tinham sobre a utilização dos jogos no ensino de matemática.

A coleta de dados deu-se através de um questionário e de uma entrevista semiestruturada. Os

resultados mostraram que o jogo discutido, na concepção dos alunos, teve forte contribuição

em sua aprendizagem. Além disso, os alunos os concebem como um recurso que deixa as aulas

mais dinâmicas e divertidas, os fazendo se interessar pela matemática, além disso, sua

contextualização com a realidade dos alunos fez com que eles tivessem maiores interesses em

participar das atividades e desenvolvessem estratégias de resolução de problemas, tanto

individualmente, quanto coletivamente.

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos. Ensino de Matemática. Jogos.

Abstract

This paper part of a research developed with students of the Youth and Adult Education (EJA)

of a municipal school Garanhuns-PE. Its primary objective was to analyze the conceptions that

students of EJA had on the use of games in the teaching of mathematics. Data collection took

place through a questionnaire and a semi-structured interview. The results showed that the

games discussed, in the design of the students, had a strong contribution in their learning. In

addition, the use students conceive as a resource that makes the classes more dynamic and fun,

making them an interest in mathematics, in addition, its context with the reality of the students

made sure they had greater interest in the participating in activities and develop strategies

problem-solving, both individually and collectively.

Keywords: Youth and Adult Education. Teaching of Mathematics. Games.

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Introdução

Nesse artigo apresentamos algumas reflexões sobre a utilização dos jogos no ensino de

matemática na EJA. Assim, partimos do princípio que esses recursos são fortes aliados na

aprendizagem de conteúdos dessa disciplina, quando trabalhado de forma que desperte a

curiosidade e o interesse dos alunos.

Para fundamentar as ideias principais desse trabalho partimos de estudo envolvendo a

matemática na EJA e a utilização dos jogos na referida disciplina. Em referência a primeira

temática, refletimos sobre as ideias de Fonseca (2007); Passegui e Melo (2006); Kooro e Lopes

(2007), dentre outros. Em relação às discussões envolvendo jogos e matemática, nos baseamos,

dentre outros, nos trabalhos de Kishomoto (2009); Cox (2003) e Brenelli (1996).

De uma forma geral, esse trabalho se justifica por considerarmos que os jogos podem ser um

forte aliado no âmbito da aprendizagem dos alunos, mas que é preciso que haja uma reflexão

sobre os mesmos antes de inseri-los em sala de aula, além disso, acreditamos que não basta

apenas dizer que os jogos são importantes, mas mostrar como eles podem ser utilizados, fato

que pretendemos fazer ao final desse artigo, ou seja, da um norte a professores e alunos de como

utilizar os jogos de forma dinâmica e, principalmente, contextualizada a realidade dos alunos.

Diante dessa discussão esse artigo partirá do seguinte problema: quais as concepções que os

alunos da EJA têm sobre a utilização dos jogos no ensino de conteúdos matemáticos?

Para guiar esse questionamento o artigo partirá do seguinte objetivo: verificar e analisar as

concepções dos alunos da EJA sobre os jogos no ensino de conteúdos matemáticos.

Referencial Teórico

Ensino de matemática: perspectivas para EJA

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A matemática no contexto educacional passa por diversas discussões relativas à sua forma de

ser vista na sala de aula e sua finalidade no cotidiano dos alunos. Ela se apresenta como uma

das disciplinas que os alunos possuem uma maior dificuldade em assimilá-la e como a principal

responsável pela desistência, principalmente, dos que formam a EJA1 (BRASIL, 2002).

O trabalho com a matemática no contexto da EJA deve ser visto de uma maneira diferenciada.

É preciso que essa disciplina esteja de acordo com as necessidades dos alunos, tanto de

formação pessoal como profissional. Nesse sentido, a educação matemática, voltada para esses

alunos, deveria ser trabalhada em uma perspectiva focada na atualidade, em um perpassar de

conhecimento que precisa fazer sentido no presente dos alunos (FONSECA, 2007). Ou seja, os

alunos da EJA ao entrarem em sala de aula já trazem um relevante atraso em sua formação

educacional, nesse sentido, precisam ver nas disciplinas sua utilidade para o momento atual,

seja na perspectiva profissional ou pessoal.

Além do caráter de atualidade, o ensino da matemática precisa assumir uma perspectiva social

e cultural, principalmente, por que:

Reconhecendo o valor atribuído à matemática pela sociedade, quando da sua

utilização na decodificação da realidade ou na resolução de situações problema,

precisamos respeitar e considerar os conhecimentos incorporados intuitivamente

pelos alunos do modelo cultural ao qual pertencem (PASSEGGI & MELO, 2006, p.

3).

Na maioria das vezes quando os alunos da EJA chegam à sala de aula, seja para dar continuidade

aos estudos ou para começar a “caminhada” educacional já trazemvárias noções matemáticas

adquiridas em suas vivências diárias. Essas noções que foram aprendidas de maneira informal

ou intuitiva devem ser consideradas pelo educador como ponto de partida para a aprendizagem

das representações simbólicas convencionais (KOORO & LOPES, 2007).

1Esses dados partem de uma pesquisa preliminar realizada para a elaboração da Proposta Curricular de EJA, 2º

segmento do ensino fundamental, no qual, a Matemática é citada por 47% dos alunos e 60% dos professores como

a disciplina mais difícil de ser aprendida, sendo apresentada como a principal responsável pelo insucesso dos

alunos, traduzido em elevados índices de repetência.

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No processo de discussão das diversas formas de entender essa disciplina na EJA, é preciso que

sejam reconhecidas as características próprias desse sujeito, é preciso que, escolas e educadores

os reconheçam como sujeitos históricos, só assim, segundo Arroyo (2003) citado por Passeggi

e Melo (2006) é que podemos buscar formas de trabalhos adequados para esse público em

especial.

Jogos na educação matemática

O jogo faz parte de várias etapas da vida dos seres humanos, mas por está ligado diretamente

ao contexto de mudanças da sociedade ele tem relação com aspectos culturais e sociais da

mesma. Dessa forma, buscar uma definição que abranja um sentido universal para essa prática

é algo praticamente impossível, além disso, o jogo assume algumas outras ideias que são

consideradas como sinônimos do mesmo é o caso do brinquedo e da brincadeira2

(KISHIMOTO, 2009).

Ainda em relação ao aspecto social e cultural do jogo é preciso considerar que cada sociedade

possui sua visão em relação ao mesmo, dessa forma, sua ludicidade se apresenta diferentemente

dependendo do grupo étnico que o mesmo se apresenta, assim, são encontradas diferentes

formas de jogos em diferentes contextos históricos (GRANDO, 2008, apud SILVA, 2010).

Os jogos fazem parte da educação a um longo período de tempo, mas eles não podem ser

inseridos de qualquer forma, assim, “esses recursos devem possuir objetivos pedagógicos e sua

utilização deve estar inserida em um contexto e em uma situação de ensino baseados em uma

metodologia que oriente o processo, através da interação, da motivação e da descoberta,

facilitando a aprendizagem de um conteúdo” (PRIETO et al., 2005, p. 10).

2 Muitas pessoas consideram que jogo, brinquedo e brincadeira possuem o mesmo significado, sendo que para

Kishimoto isso é resultado da compreensão e de estudo na área, pois cada termo citado possui sua própria definição

e características.

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Estabelecendo relação com o que foi defendido acima, mas acrescentando alguns aspectos

importantes na utilização desses jogos, Cox (2003) aponta que eles precisam respeitar as

características dos alunos, os desafiarem, deve ser utilizado de uma forma que aja a prática

individual quanto sua socialização.

Não podemos esquecer que o processo educativo exige cada vez mais que os alunos possuam

um desenvolvimento intelectual diferenciado, que sejam capazes de interagir e resolver

problemas de maneira rápida e objetiva, nesse sentido, os jogos contribuem para um raciocínio

rápido, raciocínio lógico, leitura, concentração e memória, ou seja, atuam diretamente no

processo de aprendizagem dos alunos.

Os jogos nessa perspectiva fazem com que os alunos sejam capazes de assumir uma postura

diante da situação problema, estimulando sua autonomia diante do conhecimento, fazendo-o

refletir sobre diversas soluções. Dessa forma, tornam-se agentes ativos do processo de

aprendizagem.

Os jogos podem ser utilizados em diversas áreas do conhecimento, assim na matemática não é

diferente.

A utilização de jogos na disciplina de matemática parte da reflexão de alternativas que

aumentem a motivação para a aprendizagem do aluno, explorando a concentração, o

raciocínio lógico e o senso cooperativo de uma maneira que haja uma interação do

aluno com os demais (GODOY & MENEGAZZI, 2012, p. 10).

Portanto, precisamos reconhecer que os jogos contribuem para motivar o processo de

aprendizagem dos alunos, diminuindo o bloqueio que muitos têm em aprender matemática ou

de enfrentar situações relativas à mesma.

Os jogos no ensino da matemática desperta nos alunos vários interesses e contribuem em várias

perspectivas ligadas a aprendizagem, assim, faz com que os sujeitos tenham oportunidades de

constatar os erros ou lacunas, favorecendo a tomada de consciência que é necessária para a

construção de novas estratégias (BRENELLI, 1996).

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Portanto, através dessa perspectiva, os alunos com a utilização desses recursos podem refletir

sobre seu processo de aprendizagem, sobre seus erros, e o mais importante, podem buscar novas

formas de resolver o problema, assim, no papel construtivista que assume o jogo, o aluno pode

construir seu conhecimento, suas estratégias de aprendizagem.

Metodologia

As discussões abordadas nesse artigo são resultados de parte de uma pesquisa realizada em uma

escola municipal da cidade de Garanhuns – PE, com a participação dos alunos da segunda fase

da Educação de Jovens e Adultos (período que corresponde ao 4º e 5º ano de turmas regulares).

Participaram da pesquisa 12 alunos, sendo cinco do sexo masculino e sete do sexo feminino. O

período de realização foi de aproximadamente quatro meses, dos quais, nos encontrávamos

duas vezes por semana. Todas as aulas eram realizadas na biblioteca da instituição ou na sala

de aula dos alunos.

As atividades foram divididas em três momentos, primeiramente, fizemos um reconhecimento

das características da turma pesquisada, para escolhermos que jogos iríamos trabalhar e quais

adaptações seriam necessárias para adequar a turma participante.

No segundo momento foi feita a aplicação dos jogos na turma, vale salientar que esse foi o

período de maior duração, pois levou cerca de 10 semanas, correspondendo a mais de três

meses. Para finalizar fizemos uma entrevista semiestruturada com os alunos, a fim de verificar

quais as concepções que tinham sobre o ensino da matemática, e, principalmente, sobre a

utilização dos jogos no ensino dessa disciplina.

No entanto, vale ressaltar aos leitores desse artigo, que apresentaremos apenas os resultados do

terceiro momento, visto que o principal objetivo do artigo é verificar as concepções dos alunos

da EJA sobre a utilização dos jogos no ensino da matemática. No mais, abordamos alguns

pontos do primeiro momento, mas não nos detemos ao mesmo.

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Em relação aos jogos utilizados, para esse recorte, citaremos as reflexões em torno de um que

consideramos mais relevante3, denominado de “trilha aditiva". Esse jogo foi elaborado pelos

pesquisadores seguindo as características dos alunos e suas necessidades pedagógicas em

relação ao ensino da adição e subtração.

Como instrumento de coleta de dados, utilizamos uma entrevista semiestruturada na qual tinha

como objetivo buscar as concepções dos alunos em relação à utilização dos jogos no ensino da

matemática. E, além disso, aplicamos inicialmente, um questionário que tinha como objetivo

conhecer características dos alunos (trabalho, estudo, cotidiano).

Resultados

Ao escolhermos os jogos trabalhados com os alunos da EJA no ensino da matemática, tivemos

a preocupação em atender algumas necessidades pedagógicas desses alunos, assim, o jogo,

“trilha aditiva” tinha como base o reconhecimento e valorização de características, sociais,

econômicas e pessoais dos respectivos sujeitos. Nesse jogo, elaboramos algumas questões que

envolviam fatos reais da vida dos alunos, assim, por exemplo, tínhamos um aluno chamado

José que trabalhava em um mercado, elaboramos uma situação problema, na qual, perguntava

“José trabalha em um mercado, seu salário e de R$ 750, 00, ele fez suas compras e gastou R$

120, 00 no mercado e R$ 75,32 na farmácia. Com quanto José ficou após pagar essas contas?”.

Esse exemplo acima tem como objetivo mostrar ao leitor como o jogo da trilha estava

estruturado, dessa forma, todas as situações que os alunos tinham que resolver para avançar na

trilha envolviam suas realidades, essa é uma característica indispensável no ensino da EJA,

como apontamos na teoria adotada nesse trabalho.

3 Utilizamos outros jogos, como: Fecha a caixa, labirinto da tabuada, matemática com baralhos, dentre outros, mas

focaremos as discussões apenas em torno da trilha por ele oferecer um leque de possibilidades de discussões,

principalmente em relação às concepções dos alunos da EJA.

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Com a realização da entrevista foi possível verificar algumas concepções dos alunos em relação

ao trabalho com jogos e matemática, assim, partimos inicialmente da seguinte: qual a sua

opinião em relação à utilização dos jogos no contexto da sala de aula?

Aluno A. é muito interessante estudarmos usando jogos, a sala fica mais divertida, todo mundo

participa das aulas.

Aluno D. não sabia que estudar pudesse ser tão divertido, gostei muito das aulas com jogos,

são os dias que mais queria vim para sala de aula.

Expomos acima, duas opiniões dos alunos em relação aos jogos, nesse sentido, percebemos

algumas palavras-chave que não podemos deixar de lado nessa discussão, “participar das

aulas”, “diversão em estudar” e “vim para sala de aula”. Essas são termos que estão fortemente

presentes na utilização dos jogos, principalmente, pelo caráter ativo que o mesmo produz, ou

seja, os alunos participam ativamente das atividades. Outro ponto é que os alunos da EJA,

muitas vezes, estão desmotivados em ir para sala de aula, o que, como foi visto, os jogos

estimularam os alunos em estar na sala de aula, em ter vontade de estudar e participar das

atividades de matemática.

Sobre as concepções que os alunos desenvolveram sobre a utilização dos jogos no ensino da

matemática, foi possível constatar que os mesmos, gostaram da utilização desses recursos,

sendo que, apenas um agregou um ponto negativo dessa utilização, mas apresentamos abaixo

quatro relatos que revelam as concepções dos alunos:

Aluno B. Nunca pensei que poderia estudar matemática com a utilização de jogos, muito

interessante esse trabalho.

Aluno H. Não gosto de matemática, da forma que foi trabalhada, pude perceber que consigo

aprender com essa disciplina, além de estar me divertindo.

Aluno J. Quando a professora trabalha com “somar” e “diminuir”ficamos só copiando,

escrevendo, sem participar da aula, é muito chato resolver essas contas, mas com o jogo a

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matemática fica mais interessante, mais atrativa, aprendemos brincando sem ter que está

copiando.

Aluno C. Gostei do uso dos jogos, mas já estou acostumado em copiar e responder o que a

professora passa, o jogo precisa de mais interação, e não gosto disso prefiro as aulas normais.

O papel do jogo no ensino da matemática, sem dúvida, é algo de grande relevância,

principalmente, para os alunos da EJA, como fica nítido nos relatos, os jogos deixa a aula mais

atrativa, rompe com a barreira que eleva o professor como o detentor do saber colocando a

matemática como uma disciplina interessante, como o aluno mesmo falou “aprendemos

brincando”. Todavia, como foi visto no último relato poderá existir uma resistência por parte

dos alunos em aceitar a utilização desses recursos, isso é algo normal, visto que, estão

acostumados a um estudo no qual eles são receptores e não protagonistas do conhecimento,

além disso, o papel do professor é fundamental, pois é ele que vai romper com essa barreira, o

aluno que preferi um ensino tradicional está acostumado com aulas mais expositivas, muitas

vezes, os professores que passaram por sua formação é que levaram a essa concepção de

aprendizagem e de ensino.

Procuramos também investigar as contribuições dos jogos para a aprendizagem dos conteúdos

matemáticos, tendo como foco, a trilha aditiva. A esse respeito, os alunos foram bem francos a

relatarem que o jogo em questão foi de extrema relevância para a aprendizagem de adição e

subtração, principalmente, porque, houve uma ajuda mútua entre os discentes, assim,

observamos as seguintes concepções:

Aluno D. Tenho muita dificuldade em matemática, principalmente, em resolver operações, mas

com o jogo percebi que aprendi muito, eles me ajudaram a somar e a diminuir.

Aluno E. Quando a professora regente da sala colocava as perguntas no quadro não sabia

responder, principalmente, as que tinham texto, mas com o jogo, aprendi a extrair as

informações importantes nas operações, como também entender quando a conta é de mais ou

de menos.

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Aluno F. Foi muito interessante trabalhar adição e subtração com os jogos, os assuntos ficaram

mais fáceis, além disso, quando, não sabia de alguma resposta meus colegas ajudavam e todos

aprendemos juntos.

Para finalizar, procuramos identificar o que os alunos acharam sobre ver uma matemática

contextualizada com sua realidade. Em relação a isso, os alunos relataram que:

Aluno E. Nunca tinha visto problemas matemáticos que tivesse meu nome, isso foi muito bom,

gostei demais, queria que todas as contas fossem assim.

Aluno F. Me surpreendiquando vi uma pergunta de matemática que tinha como base meu

trabalho, gostei muito, deu muito prazer em responder.

Aluno G. No começo achei estranho quando vi as perguntas que envolvi meus colegas, mas

fiquei ansioso pra ver o que tinha com meu nome, despertou muita curiosidade e sabia que

precisava responder as perguntas para que saísse a que estava com meu nome, foi uma das

melhores aulas que já tive de matemática.

A busca das concepções que os alunos tinham sobre a contextualização dos jogos, é de extrema

importância, visto que no ensino da EJA é preciso valorizar os conhecimentos dos alunos em

relação à matemática, como também relacionar os conceitos científicos com prática do seu

cotidiano. Um dos objetivos do jogo da trilha foi esse, claro, que nosso foco era a aprendizagem

matemática, mas sem perder a valorização dos alunos. Além disso, como já foi relatado isso

motivou os alunos a participarem das atividades, a buscarem estratégias de resolverem os

problemas, seja por meio de seu próprio conhecimento como através da participação de outros

colegas.

Considerações Finais

O trabalho envolvendo jogos no ensino da matemática é algo indispensável, principalmente,

por seu papel motivador e dinâmico em relacionar os conteúdos de forma atrativa. Nesse

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sentido, essa pesquisa revelou algumas concepções dos alunos em relação à utilização desses

recursos no ensino da matemática.

Os alunos conceberam os jogos como um recurso atrativo e dinâmico que deixa a matemática

mais divertida, fato esse, que está diretamente relacionado com a concepção de jogo como

recurso que deixa as aulas mais ativas.

Os jogos contribuíram diretamente para a aprendizagem dos conceitos matemáticos envolvidos.

Houve, segundo os relatos dos alunos, um avanço em sua aprendizagem, ao trabalhar com os

jogos, avanço esse que além de contribuir para que eles aprendessem adição e subtração

também visse essa disciplina como algo interessante e indispensável em seu cotidiano.

Finalizando temos que os jogos contextualizados a realidade dos alunos da EJA deve incentivar

diretamente sua aprendizagem e despertar o interesse pela matemática, essa terceira concepção

tem um papel importante, pois poderá nortear o trabalho pedagógico de forma que os

professores valorizem a realidade dos alunos, principalmente, de jovens e adultos.

Portanto, as concepções que os alunos relataram sobre a utilização dos jogos em relação ao

ensino da matemática poderá servir de norte para o trabalho e a valorização desses recursos em

âmbito pedagógico, além disso, mostrou, de fato, a realidade desse trabalho, não frisando

apenas a teoria, mais abordando a prática e as próprias concepções dos alunos.

Gostaríamos de encerrar esse artigo apresentando sugestões de duas pesquisas a serem

desenvolvidas. A primeira pesquisa tem relação com os professores, ou seja, quais as

concepções dos professores da EJA sobre a utilização de jogos pedagógicos no ensino da

matemática. Uma segunda sugestão seria desenvolver essa mesma pesquisa em turmas da

educação regular, para verificar se teria os mesmos impactos que encontrados na EJA.

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Referências

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para a educação de jovens e adultos: segundo segmento do ensino fundamental. Brasília,

2002.

BRENELLI, R. P. O jogo como espaço para pensar: a construção de noções lógicas e

aritméticas. 8ª Ed. Campinas: Papirus, 1996.

COX, K. K. Informática na Educação Escolar. Campinas: Autores Associados, 2003.

(Coleção polêmicas do nosso tempo).

FONSECA, M. C. F. R. Educação Matemática de Jovens e Adultos. 2ª Ed. Belo Horizonte:

Autêntica, 2007.

GODOY, C. L. S.; MENEGAZZI, M. O uso de jogos no ensino da Matemática. [S.l.; s.n],

2012.

KISHIMOTO, Tizuko M. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. (Org.); 12ª. Ed. São

Paulo: Cortez, 2009.

KOORO, M. B.; LOPES, C. E. As perspectivas curriculares do Conhecimento matemático

na educação de jovens e adultos. Natal: Horizontes, 2007.

PASSEGGI, M. C.; MELO, M. J. M. D. A matemática na educação de jovens e adultos:

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PRIETO, L. M. et al. Uso das Tecnologias Digitais em Atividades Didáticas nas Séries Iniciais.

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SILVA, E. A. Jogos Educativos na Área de Matemática. Trabalho de conclusão

(monografia). São Paulo: Faculdade de Tecnologia prof. Waldomiro May, 2010.