conceitos iucn espÉcies ameaÇadas

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texto explicativo sobre as categorias IUCN

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  • CONCEITOS (IUCN, 2011)

    Para que a avaliao seja conduzida corretamente, alguns conceitos essenciais precisam ser considerados. Alguns destes conceitos so necessrios para a conduo de avaliaes nacionais. Outros so teis para a aplicao dos critrios de avaliao do grau de risco de extino de uma espcie.

    I. Populao e tamanho da populao

    O termo populao utilizado num sentido prprio nos critrios da UICN que diferente das definies biolgicas habituais, sendo definida como o nmero total de indivduos da espcie, significando o mesmo que populao global. Por razes funcionais, essencialmente devidas s diferentes formas de vida, o tamanho da populao avaliado apenas pelo nmero de indivduos maduros.

    II. Subpopulaes

    Subpopulaes so definidas como grupos da populao, separados geograficamente ou de outra forma, entre os quais h poucas trocas demogrficas ou genticas (geralmente um migrante ou gameta bem sucedido por ano ou menos).

    III. Indivduos maduros

    O nmero de indivduos maduros o nmero de indivduos conhecido, estimado ou inferido capaz de se reproduzir. Na estimativa deste nmero devem ser levados em considerao os seguintes pontos:

    ../ Indivduos maduros que nunca iro produzir novos recrutas no devem ser contados (ex.: as densidades so demasiado baixas para ocorrer fertilizao).

    ../ No caso de populaes com desvio da proporo entre sexos (adultos ou reprodutores) apropriado utilizar estimativas mais baixas para o nmero dos indivduos maduros, que considerem este aspecto.

    ../ Quando o tamanho da populao flutua, deve-se utilizar uma estimativa mais baixa. Na maioria dos casos esta ser muito mais baixa do que a mdia.

    ../ As unidades reprodutoras de um clone devem ser contadas como indivduos, exceto quando estas unidades sejam incapazes de sobreviver isoladas (ex. corais).

    ../ No caso de txon que naturalmente perde todos ou uma parte dos indivduos maduros numa fase qualquer do seu ciclo de vida, as estimativas devem ser feitas no momento apropriado, quando os indivduos maduros esto prontos para a reproduo.

  • ../ Indivduos reintroduzidos tm que ter produzido descendentes viveis antes de serem contados como indivduos maduros.

    IV. Tempo geracional

    A durao do tempo geracional a idade mdia dos progenitores da coorte atual (i.e. dos indivduos que acabam de nascer). A durao do tempo geracional reflete assim a taxa de renovao dos indivduos reprodutores numa populao. A durao do tempo geracional maior do que a idade da primeira reproduo e menor do que a idade do indivduo reprodutor mais velho, exceto em txon que se reproduz apenas uma vez. Quando a durao do tempo geracional de uma populao sob ameaa se altera, deve ser usada a durao do tempo geracional natural, anterior perturbao.

    V. Reduo

    A reduo um declnio no nmero de indivduos maduros de pelo menos uma quantidade (%) estabelecida sob o critrio, durante o perodo de tempo (em anos) especificado, embora esse declnio no tenha de ser contnuo. Uma reduo no deve ser interpretada como parte de uma flutuao, a no ser que haja boas evidncias para isso. A fase decrescente de uma flutuao no ser normalmente considerada como uma reduo.

    VI. Declnio continuado

    Um declnio continuado um declnio recente, em curso ou previsto (que pode ser suave, irregular ou espordico) e que presumvel que continue a no ser que se tomem medidas de recuperao. As flutuaes no sero normalmente consideradas como declnios continuados, mas um declnio observado no deve ser interpretado como uma flutuao a no ser que haja evidncias para isso.

    VII. Flutuao acentuada

    Pode-se dizer que ocorre uma flutuao acentuada quando o tamanho da populao ou a rea de distribuio varia extrema, rpida e freqentemente, tipicamente com uma variao superior a uma ordem de magnitude (i.e. um aumento ou decrscimo de dez vezes).

  • VIII. Fragmentao severa da populao

    O termo fragmentao severa refere-se situao na qual o aumento do risco de extino da espcie resulta do fato de que a maior parte dos seus indivduos se encontra em populaes pequenas e relativamente isoladas. Estas pequenas populaes podem extinguir-se e ter uma reduzida probabilidade de recolonizao.

    A fragmentao deve ser avaliada em uma escala apropriada para o isolamento biolgico da espcie considerado. Txons com alta mobilidade tm maior facilidade de disperso, e no so to vulnerveis ao isolamento causado pela fragmentao do habitat. Txons com baixa mobilidade so menos eficientes para se dispersar a longas distncias e mais facilmente isolados pelo efeito da fragmentao do habitat. A fragmentao do habitat natural pode ser usada como evidncia direta para fragmentao da populao de txons com pouca habilidade de dispersar.

    IX. Extenso de ocorrncia EOO

    A extenso de ocorrncia definida como a rea contida dentro do menor limite imaginrio contnuo que possa ser traado para englobar todos os pontos conhecidos, inferidos ou projetados da presena atual de uma espcie, excluindo os casos de errantes e visitantes. Esta medida pode excluir descontinuidades ou disjunes no interior das reas globais de distribuio de uma espcie (ex. grandes reas de habitat claramente inadequado).

    A EOO pode freqentemente ser medida por um mnimo polgono convexo (o menor polgono no qual nenhum ngulo interno seja maior que 180 e que contenha todos os pontos de ocorrncia) (IUCN 2001).

    X. rea de ocupao AOO

    A rea de ocupao definida como a rea que ocupada por uma espcie no interior da sua extenso de ocorrncia, excluindo os casos de errantes e visitantes. Esta medida reflete o fato de que uma espcie geralmente no ocorre por toda a sua extenso de ocorrncia, a qual pode conter pores de habitats inadequados ou desocupados. Em

    alguns casos (ex. stios de nidificao colonial insubstituveis, stios de alimentao cruciais para txon migratrio) a rea de ocupao a menor rea essencial, em qualquer fase do ciclo de vida, para a sobrevivncia das

  • populaes de uma espcie. O tamanho da rea de ocupao uma funo da escala em que medida, que deve ser apropriada aos aspectos biolgicos relevantes da espcie, natureza das ameaas e dos dados disponveis. Para evitar inconsistncias e erros nas avaliaes, causados pela estimativa de reas de ocupao em escalas diferentes, pode ser necessrio padronizar as estimativas pela aplicao de um fator corretivo de escala. difcil estabelecer regras para a padronizao, j que diferentes tipos de txon tm diferentes relaes rea/escala.

    XI. Localizao

    O termo localizao define uma rea, geogrfica ou ecologicamente distinta, na qual uma nica ameaa pode afetar rapidamente todos os indivduos da espcie considerado. O tamanho da localizao depende da rea abrangida pela ameaa e pode incluir parte de uma ou mais subpopulaes. Quando uma espcie afetado por mais de uma ameaa, a localizao deve ser definida considerando a ameaa mais sria.

    A justificativa para o nmero de localizaes deve incluir a referncia da ameaa mais sria e plausvel, e como ela afeta a espcie.

    XII. Anlise quantitativa

    Uma anlise quantitativa definida aqui como qualquer forma de anlise para estimar a probabilidade de extino de uma espcie, baseada no conhecimento do seu ciclo de vida, requisitos de habitat, ameaas e quaisquer opes de gesto especficas. A Anlise da Viabilidade da Populao (Population Viability Analysis PVA) uma dessas tcnicas. A anlise quantitativa deve fazer uso integral de todos os dados relevantes disponveis. Numa situao em que haja pouca informao, os dados disponveis podem ser usados para obter uma estimativa do risco de extino (por exemplo, estimar o impacto de um acontecimento estocstico no habitat). Na apresentao dos resultados da anlise quantitativa, os pressupostos (que devem ser apropriados e defensveis), os dados usados e suas incertezas ou o modelo quantitativo utilizado devem estar documentados.

    XIII. Populao reprodutora Uma populao ou subpopulao que se reproduz dentro de uma regio,

    seja todo o ciclo reprodutivo ou alguma parte essencial dele.

  • XIV. Populao silvestre

    Uma populao dentro de sua rea de distribuio natural, onde os indivduos so resultado de uma reproduo natural (quer dizer, no so resultado de liberaes ou deslocamentos com interveno humana). Se uma populao o resultado de uma introduo benigna que tenha sido bem sucedida, a populao considerada silvestre.

    XV. Introduo benigna

    Uma tentativa de estabelecer uma espcie, com propsito de conservao, fora de sua rea de distribuio registrada, mas dentro de um habitat e rea ecogeogrfica apropriada. Esta uma ferramenta de conservao factvel somente quando no existem reas remanescentes dentro da distribuio histrica da espcie.

    XVI. Txon Errante

    Uma espcie que encontrado atualmente somente de forma ocasional dentro dos limites de uma regio.

    XVII. Txon Visitante

    Uma espcie que no se reproduz em uma regio, mas ocorre de forma regular dentro de seus limites, atualmente ou durante algum perodo do ltimo sculo. Para definir os limites entre visitantes e errantes, pode ser utilizado uma porcentagem predeterminada da populao global encontrada na regio ou previsibilidade da ocorrncia.

    XVIII. Propgulos

    A entidade viva capaz de dispersar e de produzir um novo indivduo maduro, por exemplo, esporos, sementes, frutas, ovo, larva. Gametas e plen no so considerados propgulos nesse contexto.

    XIX. Efeito resgate

    Processo mediante o qual a imigrao de propgulos resulta em uma reduo no risco de extino para a populao em questo.

    XX. Sumidouro

    rea em que a reproduo local de uma espcie menor que a mortalidade local. O termo geralmente utilizado para referir-se a uma subpopulao que experimenta uma imigrao a partir de uma fonte onde a reproduo local mais alta que a mortalidade local.

  • AVALIAO REGIONAL, NACIONAL E GLOBAL

    O termo regional utilizado para indicar qualquer zona geogrfica em nvel submundial, seja continente, pas, estado ou provncia. Ao se avaliar o estado de conservao de uma espcie da fauna brasileira, a primeira considerao a fazer se a espcie endmica ao territrio nacional. Para espcies endmicas, a avaliao nacional equivale avaliao global da espcie. Se a espcie no endmica, diferentes situaes podem ocorrer: (1) pode tratar-se de uma subpopulao isolada; (2) pode tratar-se de txon que visita o territrio nacional apenas ocasionalmente, e que pode ou no se reproduzir na regio; ou (3) pode tratar-se de parte de uma populao, definida apenas por uma fronteira geogrfica, em que os indivduos podem migrar de ou para outras populaes fora dessa fronteira.

    Espcies que migram para outras regies durante parte do ano podem ser afetadas pelas condies do habitat de l. Durante a avaliao brasileira, portanto, preciso ateno nos casos em que a populao da espcie dentro do territrio nacional apenas uma parte da populao global. Nestes casos ser necessrio incluir informaes adicionais sobre o restante da populao ou subpopulaes que se encontram fora do territrio nacional.

    A avaliao regional realizada em dois passos e difere ligeiramente dependendo se a espcie se reproduz ou no dentro da regio. As populaes externas podem influenciar o risco de extino da populao regional, alterando a categorizao para um nvel mais alto ou mais baixo.

    Para populaes que se reproduzem em territrio nacional, o primeiro passo conduzir uma avaliao padro, resultando em uma categorizao preliminar. Todos os dados utilizados devem ser referentes populao regional, no populao global. O segundo passo investigar a existncia e o estado de populaes da espcie fora da regio. Se a populao regional for isolada, a categoria definida na avaliao preliminar se mantm. Se populaes fora da regio afetam o risco de extino regional, a categoria deve ser alterada para um nvel mais apropriado. A populao regional pode receber migrantes de fora, criando um efeito resgate, o que tende a diminuir o risco de extino

  • na regio e nesse caso, deve se reduzir a categoria definida no primeiro passo, em um grau. Por outro lado, se a populao na regio um sumidouro, incapaz de se sustentar sem a entrada de novos imigrantes E a fonte extra-regional est em declnio, o risco de extino da populao regional aumenta, e a categoria definida inicialmente deve ser elevada em um grau. Caso no se conhea a influncia das populaes de fora no risco de extino regional, a categoria inicial deve ser mantida.

    Para populaes visitantes, que no se reproduzem em territrio nacional, em primeiro lugar deve ser considerada a diferena entre um visitante e um errante, pois esse ltimo no pode ser avaliado. Os dados usados devem se referir populao regional, no populao global. Para se projetar de forma correta uma reduo na populao ou um declnio continuado pode ser necessrio examinar as condies fora da regio, particularmente na rea de reproduo. Tambm essencial distinguir verdadeiras mudanas e flutuaes na populao de mudanas momentneas, que pode ser devido a um clima desfavorvel em determinado ano, por exemplo. No segundo passo, devem ser consideradas as condies ambientais dentro e fora da regio e haver reduo no risco definido no primeiro passo apenas se as condies ambientais estiverem estveis ou melhorando.