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Conceitos e Certificações de Gerenciamento Ágil de Projetos Vitor L. Massari 2016

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Conceitos e Certificações de Gerenciamento Ágil de Projetos

Vitor L. Massari 2016

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Resumo – Este texto visa esclarecer algumas dúvidas e conceitos sobre

gerenciamento ágil de projetos, bem como esclarecer sobre a certificação do PMI

lançada recentemente para atender aos profissionais que querem se especializar em

gerenciamento ágil.

(Palavras-chave: agilidade, certificação)

Introdução

A difusão do conceito de agilidade em projetos vem aumentando a cada dia,

porém muitos ainda possuem dúvidas sobre o significado de gerenciamento ágil,

quando aplicar a abordagem e como se certificar.

O conceito de agilidade no gerenciamento de projetos começou a ganhar

força no início dos anos 2000, após a elaboração do Manifesto Ágil.

O Manifesto Ágil foi uma declaração assinada por dezoito membros da

comunidade do desenvolvimento de software pregando quatro valores fundamentais:

Figura 1 – Valores do Manifesto Ágil

Em resumo os valores pregam:

Foco nas relações interpessoais;

Foco em produto funcional;

Foco na entrega de valor para o cliente;

Acomodar mudanças que tragam vantagem competitiva para o cliente;

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Além destes valores, foram identificados que projetos com cenários de riscos,

incertezas, complexidades e inovação sobre requisitos, recursos e tecnologia

estavam sujeitos a mudanças constantes.

Figura 2 – Teoria da Complexidade

Na abordagem tradicional de projetos, estas mudanças geravam um grande

aumento de escopo (o chamado “scope-creep”), retrabalho, estouro de prazo e

orçamento, além de gerar insatisfação por parte do cliente.

Na abordagem ágil, o projeto passou a ser dividido em pequenas fases e

utilizando conceitos de entregas incrementais (figura 3) e elaboração progressiva

(figura 4).

Figura 3 – Ciclo de Vida Tradicional Versus Ciclo de Vida Ágil

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Figura 4 – Exemplo de Elaboração Progressiva

Através das entregas incrementais, o cliente final passou a ter visibilidade

maior do produto e vários pontos de validação de escopo. Desta forma as mudanças

passaram a ser acomodadas de forma menos traumática.

Com o conceito de elaboração progressiva, o produto do projeto passou a ser

construído através do conceito de processo empírico, onde o conhecimento é

adquirido através da experiência e, desta forma, fazendo com que os riscos e

incertezas fossem mitigados no decorrer do projeto.

Outro fator importante foi o foco no fator humano dos projetos, onde liderar

equipes tornou-se mais importante do que gerenciar equipes.

A abordagem ágil começou a apresentar resultados em projetos de riscos e

incertezas sobre requisitos, recursos e tecnologia, porém foram criados alguns mitos

tais como:

Gerenciamento ágil deve ser conduzido sem documentação;

Gerenciamento ágil não possui planejamento;

Equipes não são gerenciadas e sim autogerenciadas;

Surge então a certificação PMI-ACP (Agile Certified Practitioner) do Project

Management Institute para ajudar a esclarecer estes mitos criados.

Desenvolvimento

Em 2011, com o aumento da utilização da abordagem ágil em projetos

inovadores com riscos e incertezas, o PMI cria sua base de conhecimento de

gerenciamento ágil através da certificação PMI-ACP.

O conteúdo desta certificação dá respostas a alguns mitos criados:

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Gerenciamento ágil deve ser conduzido sem documentação Na

verdade a documentação deve ser gerada após a interação entre os

indivíduos da equipe, alinhado ao primeiro valor do Manifesto Ágil.

Gerenciamento ágil não possui planejamento O planejamento deve

ser feito de forma interativa, de acordo as camadas de planejamento

descritas na figura abaixo:

Figura 5 – Camadas de Planejamento Ágil

Equipes não são gerenciadas e sim autogerenciadas O conceito

correto é que projetos são gerenciados e equipes são lideradas. A

abordagem ágil incentiva a formação de equipes auto organizadas,

equipes que sabem o que devem fazer e como devem fazer. Na tabela

abaixo, a diferença entre gerenciamento e liderança:

Tabela 1 – Gerenciamento Versus Liderança

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Além de esclarecer alguns mitos, o conteúdo da certificação aborda também:

Metodologias e frameworks ágeis certificação engloba conhecimentos

em Scrum, Extreme Programming (XP), Lean, Kanban, Crystal, DSDM,

Feature-Drive Development e em como combinar todas essas

metodologias/frameworks (“tailloring”).

Iniciação de projetos ágeis Todo o projeto deve começar com o termo de

abertura do projeto (“Project Charter”). O conteúdo da certificação aborda

algumas técnicas ágeis visando tornar o termo de abertura do projeto o mais

objetivo possível. Entre as técnicas descritas temos:

W52H (What / Why / Who / When / Where / How / How Much);

Elevator Statement (explicação de 2 minutos justificando o motivo do

projeto e qual o diferencial com relação à situação anterior ou produto

concorrente);

Tweet Charter – Elaborar um termo de abertura de projeto de acordo

com as regras da rede social Twitter, onde é permitido escrever um

texto com no máximo 140 caracteres.

Algumas técnicas utilizadas no gerenciamento tradicional de projetos também

são descritas, tais como:

Business case;

Valor presente líquido;

Taxa interna de retorno;

Retorno sobre o investimento (ROI).

Planejamento de projetos ágeis São abordadas técnicas para efetuar

coleta de requisitos de forma interativa e usando técnicas ágeis como:

Personas: Personagens criadas para representar os diferentes tipos de

usuários que utilizarão o produto. Podem ser pessoas que realmente

irão utilizar o produto ou personagens fictícios.

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Figura 6 – Exemplo de Persona (Imagem extraída do livro

Gerenciamento Ágil de Projetos de Vitor Massari)

Wireframe: Rápida representação gráfica do produto.

Figura 7 – Exemplo de Wireframe (Imagem extraída do livro

Gerenciamento Ágil de Projetos de Vitor Massari)

Protótipos: Representação de baixa fidelidade do produto a ser gerado

pelo projeto.

É introduzido o conceito Story Points, uma métrica relativa para estimativas

de prazo e custos que utiliza a sequência matemática de Fibonacci

(0,1,2,3,5,8,13,21,etc.) para estimar cada requisito do projeto.

Também são abordadas técnicas para estimativas através de jogos ágeis

como:

Speedboat: Desenho de um barco, onde acima do barco são

identificadas as oportunidades (“ventos”) e abaixo do barco são

identificados os riscos (“âncoras”).

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Figura 8 – Exemplo de Speedboat (Imagem extraída do livro

Gerenciamento Ágil de Projetos de Vitor Massari)

Planning Poker: Similar a um jogo de poker, onde cara membro da

equipe do projeto joga uma carta representando sua estimativa em

Story Points sobre um determinado requisito do projeto. A ideia deste

jogo é chegar em uma estimativa consensual.

Figura 9 – Exemplo de Planning Poker (Imagem extraída do livro

Gerenciamento Ágil de Projetos de Vitor Massari)

Por fim, entender o que significa cada camada de planejamento ágil

(ilustradas na figura 5) e como planejá-las:

Estratégia – Alinhado com os objetivos estratégicos da organização.

Portfólio – Alinhado com o gerenciamento de portfólio de projetos e programas

da organização.

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Release: Lançamento/operacionalização do produto após a conclusão da(s)

fase(s) do projeto. Exemplo: uma casa só pode ser habitada após a conclusão de

suas quatro fases (iterações): fundação, alvenaria, cobertura e acabamento.

Iteração – Fases do projeto que entregam um incremento do produto. Exemplo:

fases de um projeto de construção de uma casa: fundação, alvenaria, cobertura e

acabamento.

Diária – Planejamento da equipe feito através de rápidas reuniões diárias.

Contínuo – Comunicação contínua da equipe através de técnicas como

conhecimento tácito e comunicação osmótica.

Executando projetos ágeis Os métodos ágeis consideram a fase de

execução do projeto o momento onde técnicas de liderança e formação de

equipes de alto desempenho devam ser priorizadas.

Diversas técnicas e soft-skills são abordadas tais como:

Liderança servidora: Gerente de projeto deve “servir a equipe”

removendo impedimento e blindando a equipe do projeto.

Liderança situacional: Entender qual tipo de liderança empregar de

acordo com o estágio de formação da equipe (escada de Tuckman).

Inteligência emocional: Como reconhecer e gerenciar os próprios

sentimentos, reconhecer o ambiente social e utilizar as habilidades

interpessoais para liderar e motivar pessoas.

Gerenciamento de conflitos: Qual técnica de resolução de conflitos

utilizar de acordo com o tipo de conflito.

Incentivo de formação de equipes auto organizadas e autodirigidas:

Equipes sabem o que deve ser feito, como deve ser feito e com

autonomia para tomada de decisões.

Monitorando e controlando projetos ágeis Conceito de validações de

escopo ao final de cada fase, permitindo feedback constante do cliente no

decorrer do projeto.

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Também são abordados os conceitos de criação de métricas

para defeitos encontrados, Story Points concluídas e criação de limites de

controle para identificação de possíveis desvios no projeto.

Figura 10 – Exemplo de métricas de defeitos (Imagem extraída do livro

Gerenciamento Ágil de Projetos de Vitor Massari)

Os conceitos de gerenciamento de valor agregado também são abordados,

utilizando as Story Points como principal base para o cálculo do Earned Value (EV).

Também temos os conceitos dos gráficos BurnIn e BurnDown para análise da

situação atual do projeto e projeção de tendências.

Figura 10 – Exemplo de gráfico BurnDown (Imagem extraída do livro

Gerenciamento Ágil de Projetos de Vitor Massari)

Melhoria Contínua Lições aprendidas e abordagem de melhoria contínua

em processos, produtos e fatores humanos do projeto.

Os interessados em obter a certificação devem possuir os seguintes critérios

de elegibilidade:

Diploma de ensino médio;

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2.000 horas de experiência em gerenciamento de projetos nos últimos 5

anos ou certificação PMP ativa;

1.500 horas de experiência em equipes de projetos que utilizaram

metodologias Ágeis nos últimos 3 anos;

21 horas de treinamento em metodologias ágeis.

Sobre o exame:

Link para inscrição: http://www.pmi.org/Certification/New-PMI-Agile-

Certification.aspx

Exame presencial de 120 questões, das quais 20 questões não são

consideradas para a pontuação final;

Duração: 3 horas;

Idioma do Exame: Inglês;

Média para aprovação: Entre 70% a 80% de aproveitamento.

Discussões e Conclusões

Para os interessados em conhecer como extrair o melhor dos métodos ágeis

nos seus projetos alinhado às boas práticas de gerenciamento de projetos do PMI, a

certificação PMI-ACP é muito recomendada.

Até o momento o exame da certificação está disponível somente em Inglês,

mas visando alavancar esta certificação aqui no Brasil tomei a iniciativa de escrever

o primeiro livro preparatório para esta certificação em Português, em parceria com a

Editora Brasport.

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Referências

1. MASSARI, Vitor L. Gerenciamento Ágil de Projetos 1ª Edição. Rio de Janeiro

Editora Brasport, 2014, 256 p.

Sobre o Autor:

Vitor L. Massari

[email protected]

Vitor L. Massari, PMP, PMI-ACP, PSM, CSM, CSPO, CSP, EXIN

ASF, EXIN ASM, CI-ASP, SFC, SAFe AGILIST, ITIL, COBIT 5

Bacharel em Matemática pela Fundação Santo André. Atualmente é

sócio-diretor e Agile Coach da Hiflex Consultoria, ministra palestras, treinamentos e

consultorias voltados para gerenciamento ágil de projetos e soft-skills. Autor do

primeiro livro preparatório em Português para a certificação PMI-ACP®,

Gerenciamento Ágil de Projetos, lançado pela Editora Brasport.