conceitos básicos sobre munição

27
Calibre é o diâmetro entre os fundos do raiamento do cano de uma arma (diâmetro do projétil) ou o diâmetro medido entre cheios, isto é, medido diretamente na boca do cano desconsiderando-se a profundidade do raiamento (calibre real). Quando um cano de arma de fogo é fabricado, ele é furado, alargado e lapidado até um pré-determinado diâmetro, de acordo com cada calibre. Este diâmetro, medido antes da usinagem do raiamento, é chamado de "calibre real" ou "diâmetro entre cheios". Após a execução do raiamento, surge um novo diâmetro, que é medido entre os fundos de raias opostas, e que é chamado de "calibre do projétil" ou "diâmetro entre fundos", correspondendo ao calibre do projétil a ser utilizado naquele cano. O diâmetro do projétil é maior que o calibre real, e desta forma, ao ser disparado, o projétil é forçado contra as raias, adquirindo, durante sua passagem pelo cano, a rotação determinada pelos sulcos do raiamento e a estabilidade necessária para sua trajetória. Estas medidas podem ser expressas em polegadas ou milímetros, sendo que ao se falar em calibre .380, ou 9mm, faz-se referência ao calibre do projétil, e não ao calibre real. Desta forma, o calibre .223" (223 milésimos de polegada ou 0,223 polegada) corresponde ao 5,56 mm. O calibre é o mesmo, apenas expresso em unidades diferentes. Segue abaixo tabela balística dos calibres mais conhecidos e utilizados, bem como tabela de alcance dos principais calibres de

Upload: taleso

Post on 24-Jul-2015

1.257 views

Category:

Documents


13 download

TRANSCRIPT

Page 1: Conceitos Básicos Sobre Munição

Calibre é o diâmetro entre os fundos do raiamento do cano de uma arma (diâmetro do projétil) ou o diâmetro medido entre cheios, isto é, medido diretamente na boca do cano

desconsiderando-se a profundidade do raiamento (calibre real).

Quando um cano de arma de fogo é fabricado, ele é furado, alargado e lapidado até um pré-determinado diâmetro, de acordo com cada calibre. Este diâmetro, medido antes da

usinagem do raiamento, é chamado de "calibre real" ou "diâmetro entre cheios". Após a execução do raiamento, surge um novo diâmetro, que é medido entre os fundos de raias

opostas, e que é chamado de "calibre do projétil" ou "diâmetro entre fundos", correspondendo ao calibre do projétil a ser utilizado naquele cano. O diâmetro do projétil é maior que o calibre real, e desta forma, ao ser disparado, o projétil é forçado contra as raias,

adquirindo, durante sua passagem pelo cano, a rotação determinada pelos sulcos do raiamento e a estabilidade necessária para sua trajetória.

Estas medidas podem ser expressas em polegadas ou milímetros, sendo que ao se falar em calibre .380, ou 9mm, faz-se referência ao calibre do projétil, e não ao calibre real. Desta

forma, o calibre .223" (223 milésimos de polegada ou 0,223 polegada) corresponde ao 5,56 mm. O calibre é o mesmo, apenas expresso em unidades diferentes.

Segue abaixo tabelabalística dos calibresmais conhecidos e

utilizados, bem comotabela de alcance dosprincipais calibres dearmas curtas e longas,considerando-se eleva-

ção do cano em 30º..

TABELA BALÍSTICA - CALIBRES MAIS USUAIS

Calibre Projétil Peso do Projétil(grains)

Velocidade*(m/s)

Energia*(Kgm)

.22 Curto CH/OG 29 319 9.6

.22 LR Standard CH/OG 40 332 14.5

.25 ACP ET/OG 50 232 8.8

.32 S&W Long EXPO 98 250 20.1

.32 ACP (7,65mm) ET/OG 71 276 17.8

.380 AUTO ET/OG 90 302 27.1

.38 SPL CH/OG 158 230 27.6

.38 SPL +P EXPO 158 270 38

9 mm Parabellum ET/OG 124 335 46.0

Page 2: Conceitos Básicos Sobre Munição

9 mm Parabellum EPO 115 354 47.5

.40 S&W EXPO 180 302 54.2

.45 ACP ET/OG 230 255 49.2

.357 Magnum SEPP 158 376 73.9

.357 Magnum SEPO 158 376 73.9

.32-20 CPP 100 369 44.9

.44-40 CPP 200 360 85.4

.223 Remington EP 55 988 177.3

7,62 x 39 mm EP 122 710 203.3

.308 Winchester EP 150 856 363.5

.308 Winchester EP 162 775 322.9

.30-06 Springfield EP 150 856 363.5

* Velocidade e energia medidos na boca do cano

Nomeclatura dos projéteis:.CH/OG - Chumbo OgivalCPP - Chumbo Ponta PlanaEXPO - Expansivo Ponta OcaSEPP - Semi Encamisado Ponta PlanaSEPO - Semi Encamisado Ponta OcaET/OG - Encamisado Total OgivalEPO - Encamisado Ponta OcaEP - Encamisado Pontiagudo

.

ALCANCE MÁXIMO DOS PRINCIPAIS CALIBRES(elevação do cano 30º)

Calibre Peso do projétil(grains)

Velocidade Inicial (metros por segundo)

Alcance(metros)

.22 LR 40 348 1456 (fuzil)

.32 S&W 98 237 1319

.380 ACP 95 295 1001

.38 SPL 158 260 1638

9 mmP 124 347 1729

.357 Magnum 158 435 2138

.45 ACP 230 249 1501

.30-06 Springfl 152 853 3185

.30-06 Springfl 172 792 5005

Page 3: Conceitos Básicos Sobre Munição

7,62 x 51 mm 147 853 4000

Projéteis e Espoletas

Outras abreviaturas que poderão ser encontradas:

Page 4: Conceitos Básicos Sobre Munição

AP Projétil perfurante de blindagem

FMJ Projétil totalmente jaquetado

FMC Projétil totalmente jaquetado

Gauge Calibres da armas de caça de alma lisa

CP Ponta cônica

HP Ponta oca

WD Canto vivo

SWD Canto semivivo

Bi-Ogival Projétol pontiagudo

LRN Ogival de chumbo

CT Cone truncado

SJSP Semijaquetada soft point

SJHP Semijaquetada hllow point

LRHV Long Rifle High Velocity

Page 5: Conceitos Básicos Sobre Munição

CONCEITOS BÁSICOS SOBRE MUNIÇÃO

                    Cartucho é o conjunto do projétil e os componentes necessários para lançá-lo, no disparo.

                    Munição é o conjunto de cartuchos necessários ou disponíveis para uma arma ou uma ação qualquer em que serão usadas armas de fogo.

                    O cartucho para arma de defesa contém um tubo oco, geralmente de metal, com um propelente no seu interior; em sua parte aberta fica preso o projétil e na sua base encontra-se o elemento de iniciação. Este tubo, chamado estojo, além de unir mecanicamente as outras partes do cartucho, tem formato externo apropriado para que a arma possa realizar suas diversas operações, como carregamento e disparo.                     O projétil é uma massa, em geral de liga de chumbo, que é arremessada a frente quando da detonação, é a única parte do cartucho que passa pelo cano da arma e atinge o alvo.                     Para arremessar o projétil é necessária uma grande quantidade de energia, que é obtida pelo propelente, durante sua queima. O propelente utilizado nos cartuchos é a pólvora, que, ao queimar, produz um grande volume de gases, gerando um aumento de pressão no interior do estojo, suficiente para expelir o projétil.                     Como a pólvora é relativamente estável, isto é, sua queima só ocorre quando sujeita a certa quantidade de calor; o cartucho dispõe de um elemento iniciador, que é sensível ao atrito e gera energia suficiente para dar início à queima do propelente. O elemento iniciador geralmente está contido dentro da espoleta.

Um cartucho completo é composto de:

Page 6: Conceitos Básicos Sobre Munição

1 - projétil

2 - estojo

3 - propelente

4 - espoleta

1 - Projétil                    Projétil é qualquer sólido que pode ser ou foi arremessado, lançado. No universo das armas de defesa, o projétil é a parte do cartucho que será lançada através do cano.

                    O projétil pode ser dividido em três partes:

   

                 Ponta: parte superior do projétil, fica quase sempre exposta, fora do estojo;

                 Base: parte inferior do projétil, fica presa no estojo e está sujeita à ação dos gases resultantes da queima da pólvora.

                    Corpo: cilíndrico, geralmente contém canaletas destinadas a receber graxa ou para aumentar a fixação do projétil ao estojo.

                    Projéteis de Chumbo

                    Como o nome indica, são projéteis construídos exclusivamente com ligas desse metal.                     Podem ser encontrados diversos tipos de projéteis, destinados aos

Page 7: Conceitos Básicos Sobre Munição

mais diversos usos, os quais podemos classificar de acordo com o tipo de ponta e tipo de base.

                    Tipos de pontas:

Ogival: uso geral, muito comum;

Canto-vivo: uso exclusivo para tiro ao alvo; tem carga reduzida e perfura o papel de forma mais nítida;

Semi canto-vivo: uso geral;

Ogival ponta plana: uso geral; muito usado no tiro prático (IPSC) por provocar menor número de "engasgos" com a pistola;

Cone truncado: mesmo uso acima.

Semi-ogival: também muito usado em tiro prático;

Ponta oca: capaz de aumentar de diâmetro ao atingir um alvo humano (expansivo), produzindo assim maior destruição de tecidos.

Projéteis encamisados  

Page 8: Conceitos Básicos Sobre Munição

                    São projéteis construídos por um núcleo recoberto por uma capa externa chamada camisa ou jaqueta. A camisa é normalmente fabricada com ligas metálicas como: cobre e níquel; cobre, níquel e zinco; cobre e zinco; cobre, zinco e estanho ou aço. O núcleo é constituído geralmente de chumbo praticamente puro, conferindo o peso necessário e um bom desempenho balístico.                     Os projéteis encamisados podem ter sua capa externa aberta na base e fechada na ponta (projéteis sólidos) ou fechada na base e aberta na ponta (projéteis expansivos). Os projéteis sólidos têm destinação militar, para defesa pessoal ou para competições esportivas. Destaca-se sua maior capacidade de penetração e alcance.                     Os projéteis expansivos destinam-se à defesa pessoal, pois ao atingir um alvo humano é capaz de amassar-se e aumentar seu diâmetro, obtendo maior capacidade lesiva. Esse tipo de projétil teve seu uso proibido para fins militares pela Convenção de Genebra.                     Os projéteis expansivos podem ser classificados em totalmente encamisados (a camisa recobre todo o corpo do projétil) e semi-encamisados (a camisa recobre parcialmente o corpo, deixando sua parte posterior exposta. Os tipos de pontas e tipos de bases são os mesmos que os anteriormente citados para os projéteis de chumbo.

2 - Estojo                    O estojo é o componente de união mecânica do cartucho, apesar de não ser essencial ao disparo, já que algumas armas de fogo mais antigas dispensavam seu uso, trata-se de um componente indispensável às armas modernas. O estojo possibilita que todos os componentes necessários ao disparo fiquem unidos em uma peça, facilitando o manejo da arma e acelera o intervalo em cada disparo.                     Atualmente a maioria dos estojos são construídos em metais não-ferrosos, principalmente o latão (liga de cobre e zinco), mas também são encontrados estojos construídos com diversos tipos de materiais como plásticos (munição de treinamento e de espingardas), papelão (espingardas) e outros.                     A forma do estojo é muito importante, pois as armas modernas são construídas de forma a aproveitar as suas características físicas.

                    Para fins didáticos, o estojo será classificado nos seguintes tipos:

Quanto à forma do corpo:

Page 9: Conceitos Básicos Sobre Munição

Cilíndrico: o estojo mantém seu diâmetro por toda sua extensão;

Cônico: o estojo tem diâmetro menor na boca, é pouco comum; e

Garrafa: o estojo tem um estrangulamento (gargalo).

Cabe ressaltar que, na prática, não existe estojo totalmente cilíndrico, sempre haverá uma pequena conicidade para facilitar o processo de extração.

Os estojos tipo garrafa foram criados com o fim de conter grande quantidade de pólvora, sem ser excessivamente longo ou ter um diâmetro grande. Esta forma é comumente encontrada em cartuchos de fuzis, que geram grande quantidade de energia e, muitas vezes, têm projéteis de pequeno calibre.

Quanto aos tipos de base:

Com aro: com ressalto na base (aro ou gola);

Com semi-aro: com ressalto de pequenas proporções e uma ranhura(virola);

Sem aro: tem apenas a virola; e

Rebatido:A base tem diâmetro menor que o corpo do estojo.

Page 10: Conceitos Básicos Sobre Munição

A base do estojo é importante para o processo de carregamento e extração, sua forma determina o ponto de apoio do cartucho na câmara ou tambor (headspace), além de possibilitar a ação do extrator sobre o estojo.

Quanto ao tipo de iniciação:

Fogo Circular:A mistura detonante é colocada no interior do estojo, dentro do aro, e detona quando este é amassado pelo percursor;

Fogo Central:A mistura detonante está disposta em uma espoleta, fixada no centro da base do estojo.

                    Cabe lembrar que alguns tipos de estojos nos diversos itens da classificação dos estojos não foram citados por serem pouco comuns e não facilitarem o estudo.    

3 - Propelente                    Propelente ou carga de projeção é a fonte de energia química capaz de arremessar o projétil a frente, imprimindo-lhe grande velocidade. A energia é produzida pelos gases resultantes da queima do propelente, que possuem volume muito maior que o sólido original. O rápido aumento de volume de matéria no interior do estojo gera grande pressão para impulsionar o projétil.                     A queima do propelente no interior do estojo, apesar de mais lenta que a velocidade dos explosivos, gera pressão suficiente para causar danos na arma, isso não ocorre porque o projétil se destaca e avança pelo cano, consumindo grande parte da energia produzida.                     Atualmente, o propelente usado nos cartuchos de armas de defesa é a pólvora química ou pólvora sem fumaça. Desenvolvida no final do século passado, substituiu com grande eficiência a pólvora negra, que hoje é usada apenas em velhas armas de caça e réplicas para tiro esportivo. A pólvora química produz pouca fumaça e muito menos resíduos que a pólvora negra, além de ser capaz de gerar muito mais pressão, com pequenas quantidades.

Page 11: Conceitos Básicos Sobre Munição

                    Dois tipos de pólvoras sem fumaça são utilizadas atualmente em armas de defesa:

                  Pólvora de base simples: fabricada a base de nitrocelulose, gera menos calor durante a queima, aumentando a durabilidade da arma; e

                  Pólvora de base dupla: fabricada com nitrocelulose e nitroglicerina, tem maior conteúdo energético.

                    O uso de ambos tipos de pólvora é muito difundido e a munição de um mesmo calibre pode ser fabricada com um ou outro tipo.

4 - Espoleta                    A espoleta é um recipiente que contém a mistura detonante e uma bigorna, utilizado em cartuchos de fogo central.                     A mistura detonante, é um composto que queima com facilidade, bastando o atrito gerado pelo amassamento da espoleta contra a bigorna, provocada pelo percursor; A queima dessa mistura gera calor, que passa para o propelente, através de pequenos furos no estojo, chamados eventos.

Os tipos mais comuns de espoletas são:

Boxer: muito usada atualmente, tem a bigorna presa à espoleta e se utiliza de apenas um evento central, facilitando o desespoletamento do estojo, na recarga;

Berdan: utilizada principalmente em armas de uso militar, a bigorna é um pequeno ressalto no centro da base do estojo estando a sua volta dois ou mais eventos; e

Page 12: Conceitos Básicos Sobre Munição

Bateria: utilizada em cartuchos de caça, tem a bateria incorporada na espoleta de forma a ser impossível cair, facilitando o processo de recarga do estojo.

Outros tipos de espoletas foram fabricados no passado, mas hoje são raros de serem encontrados.    

AFINAL O QUE SÃO ARMAS DE FOGO

                        ARMAS DE FOGO são peças construídas de um ou dois canos, abertos numa das extremidades e parcialmente fechados na parte de trás, por onde se coloca o projétil, o qual é lançado a distância através da força expansiva dos gases pela combustão de determinada quantidade de pólvora. Produzido o tiro, escapam pela boca da arma o projétil ou projéteis, gases superaquecidos, chama, fumaça, grânulos de pólvora incobusta e, em alguns casos, a bucha.                         As armas de fogo são classificadas:                         -De acordo com suas dimensões - portateis, semiportáteis e não portáteis;                         -Quanto ao modo de carregar - antecarga (carregadas pela boca) e de retrocarga (munição colocada no carregador, vulgarmente chamado "pente", no tambor ou na parte posterior do cano).                         -Quanto ao modo de percussão - pederneira, espoleta existente no ouvido ou por espoleta encontrada no estojo.                         -Quanto ao calibre - a) Nas armas raiadas* o calibre é dado em milímetros e em centésimos ou milésimos de polegada (.38 polegadas ou 9 milímetros). Os americanos preferem em centésimos de polegada, os franceses em milímetros e os ingleses em milésimos de polegada. O calibre é tomado exatamente nas raias dentro da boca do cano. b) Nas armas de cano liso como, por exemplo, nas armas de caça, o calibre é calculado em peso. Uma arma será calibre 36 se sua carga constar de 36 projéteis iguais pesando juntas uma libra.

Page 13: Conceitos Básicos Sobre Munição

* Raias são saliências encontradas na face interna do cano que imprimem um movimento de rotação ao projétil, dando-lhe uma trajetória estável.

                        A uma grande variedade de armas de fogo, e a cada dia novos tipos surgem. Para melhor familiarização identificamos os tipos da seguinte maneira:

REVÓLVER

                        Arma curta (de pequenas dimensões) que possui um tambor com diversas câmaras onde são colocados os cartuchos. É a mais comum das armas encontradas e muito utilizada pelas polícias do Brasil.

PISTOLA

                        Também é um tipo de arma curta, de construção mais moderna, acondiciona sua munição em carregadores (pentes). É arma semi-automática por ter capacidade de extrair ao munição disparada e colocar outra na câmara sem interferência do atirador. Executa disparos em cadência mais rápida e tem maior capacidade de munição que o revólver, mas a munição de ambos tem potência semelhante. Podem ser encontradas pistolas automáticas, ou seja, podem dar rajadas (tiros consecutivos), mas são raras.

CARABINA

                        Arma longa (com cano mais comprido), que se utiliza de munição de menor potência, como as utilizadas por revólveres. Mais encontrada na zona rural, destina-se a tiros a maior distância, principalmente na caça e na defesa de propriedades.

Page 14: Conceitos Básicos Sobre Munição

ESPINGARDA

                        Arma longa com cano de alma lisa (sem as ranhuras no interior do cano, comuns nos outros tipos de armas). Utiliza munição própria, na grande maioria capaz de disparar várias esferas de chumbo. Destina-se à caça ou defesa de propriedade.                         Nesse grupo inclui-se um número vasto de modelos, com as armas de carregar pela boca (ante-carga) e as espingardas "pump" em calibre 12, também conhecidas por escopetas.

FUZIL

                        Arma longa de grande potência, de uso militar ou para caça grande. No Brasil os fuzis militares são os mais conhecidos, muitos podem executar rajadas e utilizam munição de grande capacidade de perfuração, capazes de perfurar placas de aço e vidros à prova de balas.

SUBMETRALHADORA

                        Arma capaz de executar tiros em rajadas. Utiliza munição típica de pistolas. Apesar de sua grande cadência de tiros e maior capacidade do carregador (em geral, seu carregador comporta mais de 30 cartuchos), seu uso requer muito treinamento pois tende a desviar e espalhar os tiros durante a rajada.

OUTROS TIPOS:

Page 15: Conceitos Básicos Sobre Munição

                        Alguns modelos não podem ser incluídos no grupo acima. São menos comuns por serem de uso exclusivamente militar, como as metralhadoras pesadas, ou por serem fabricadas em muito pequeno número, como as garruchas e pistolões.    

BALÍSTICA FORENSE

                        A Balística Forense é uma disciplina integrante da Criminalística, que estuda as armas de fogo, sua munição e os efeitos dos tiros por elas produzidos, sempre que tiverem uma relação com infrações penais, visando esclarecer e provar sua ocorrência.                         A Balística Forence pode identificar as armas de fogo de duas maneiras:                       Direta - quando a identificação é feita na própria arma, levando-se em conta os chamados "dados de qualificação", representados pelo conjunto de caracteres físicos constantes de seus registros e documentos, como tipo da arma, calibre, número de série, fabricante, escudos e brasões, entre outros.                       Indireta - quando feita através de estudo comparativo de características deixadas pela arma nos elementos de sua munição.                         Na identificação indireta, usam-se métodos comparativos macro e microscópicos nas deformações verificadas nos elementos da munição da arma questionada ou suspeita. Dentre eles o mais importante é o projétil, quando se trata de arma de fogo raiada, que ao passar pelo cano inevitavelmente deixa-se gravar de "impressões de cheios" e de "raias", sob a forma de cavados e ressaltos, os quais produzirão microdeformações no projétil, conhecidas como "estrias". Desse modo, tais microdeformações, pelo fato de não se reproduzirem jamais em dois ou mais canos diferentes, ainda que fabricados pelo mesmo fabricante e trabalhados pela mesma broca, contribuem com segurança à identificação individual da arma que deflagou i projétil, sendo uma verdadeira "impressão digital" da arma.                         Já nas armas de "alma lisa" não é possivel usar este metodo, sendo feita a identificação indireta nas deformações impressas no estojo e suas espoletas ou cápsulas de espoletamento. Tais deformações são oriundas da ação do percusor ou das irregularidades da superfície da culatra.                         Este tipo de identificação e muito importante quando o projétil não é encontrado ou se apresenta muito deformado para uma identificação microcomparativa, tratando-se de arma raiada.

Page 16: Conceitos Básicos Sobre Munição

                        Nos casos de armas automáticas ou semi-automáticas com canos removíveis, aconselha-se combinar o exame comparativo das microdeformações notadas no projétil com as encontradas na cápsula da espoleta e na base dos estojos percutidos existentes no local da ocorrência.    

Temos diversos tipos de alcance que nos interessam neste estudo.

Por alcance útil entende-se o alcance determinado pela dispersão da arma e pelas possibilidades práticas de sua utilização. De modo geral, é definido como sendo a distância em que o projétil causará ferimentos de certa gravidade em alvo humano, ou, ainda, na qual possuirá energia equivalente a 13, 6 Kgm (quilogrâmetros), segundo o "Hatcher's Notebook". É sempre um valor estimado.

Por alcance máximo tem-se a distância compreendida entre a boca do cano da arma e o ponto de chegada do projétil. É calculado normalmente através de fórmulas balísticas que consideram a velocidade inicial, o ângulo de projeção e o coeficiente de resistência (balístico).

Já o alcance com precisão é a distância na qual um atirador experimentado é capaz de atingir, com razoável grau de certeza e precisão, um quadrado de 30 cm de lado, que simula a área onde se localizam os principais órgãos vitais do corpo humano. Aqui, também a experiência do atirador irá influenciar no resultado.

É sabido que as armas de fogo utilizam a pressão dos gases resultantes da queima da pólvora para arremessar um projétil no espaço. Até aí, nenhuma novidade. Mas o que realmente ocorre no interior da arma, e porquê os projéteis são arremessados desta ou daquela maneira?

De modo geral, a mecânica do disparo pode ser dividida nas seguintes etapas: percussão (uma vez que o cartucho de munição esteja alojado na câmara da arma, a percussão ocorre com o ato de pressionar-se o gatilho, liberando o percussor, que se projeta em direção à espoleta do cartucho, atingindo-a), iniciação da espoleta (a espoleta, ao ser atingida, detona a carga de explosivo contida em seu interior, produzindo uma fagulha que se comunica com a carga de

Page 17: Conceitos Básicos Sobre Munição

projeção através do orifício existente no alojamento da espoleta), queima da carga de projeção (a carga de projeção, em contato com a fagulha gerada pela espoleta entra em ignição, queimando e gerando uma grande quantidade de gases cujo volume ocupa maior espaço no estojo, acarretando um aumento muito rápido da pressão interna do cartucho. Essa pressão poderia explodir a câmara da arma, caso nenhum componente se deslocasse. Como a pressão é progressiva e gradual, o projétil - ponto mais fraco no sistema - cede e desloca-se, pois é a única saída para a pressão gerada), vôo livre e tomada do raiamento pelo projétil (na maioria das armas, a primeira parte do cano é desprovida de raiamento, sendo que o projétil é forçado, logo após a um curto deslocamento livre, de encontro às raias, e o projétil ganha velocidade e movimento de acordo com o sentido e o passo do raiamento. A pressão dos gases atinge seu pico a poucos centímetros da câmara, no interior do cano, e o projétil continua seu deslocamento); aceleração do projétil no interior do cano (vencida a inércia e a resistência do atrito com o cano, o projétil é impulsionado no interior deste, ganhando velocidade) e saída do projétil (neste momento, o projétil alcança a boca do cano; com a saída do projétil, a pressão cai bruscamente, havendo escapamento dos gases. O estojo vazio, que dilatou no momento do disparo selando a câmara, retorna parcialmente a seu diâmetro original, permitindo sua extração.

Percussão, iniciação da espoleta e queima do propelente. A espoleta do cartucho é percutida e inicia a pólvora no interior do estojo.

Tomada do raiamento pelo projétil e início de seu trajeto no interior do cano. Neste ponto o projétil acelera, obtendo sua velocidade máxima a poucos centímetros da boca do cano da

arma.

Page 18: Conceitos Básicos Sobre Munição

Saída do projétil. A partir deste ponto, sua trajetória estará sujeita às ações da força da gravidade e da resistência do ar, entre outras.

Como resultado deste conjunto de ações, temos o arremesso do projétil para fora da arma e uma reação, sentida pelo atirador: o recuo da arma [3] . Neste ponto, é necessária uma observação: as etapas descritas não se aplicam a todo tipo de arma. Algumas regras estabelecidas para armas de alma raiada não são válidas para as armas de cano de alma lisa, como as espingardas. Nestas, as variáveis diferem, pois os cartuchos são estruturalmente diferentes. Por exemplo, a inexistência de raiamento no cano destas armas faz com que a resistência ao deslocamento do projétil seja quase nula.

O recuo, entretanto, é comum a ambos os tipos de arma.

Velocidade dos projéteis

A velocidade máxima do projétil é obtida um pouco além da boca do cano da arma, em virtude de a pressão dos gases estar, ainda, atuando sobre o mesmo. A partir daí ele passa a perder velocidade, devido a inúmeros fatores, como a resistência do ar. É importante observar que existem munições supersônicas e subsônicas; as primeiras possuem velocidade maior que a do som (340 m/s), as segundas, menor.

Os primeiros projéteis, por serem esféricos, possuíam um desempenho baixo em sua trajetória. O efeito da resistência do ar era o principal fator de alteração na trajetória, e o

projétil deslocava no ar com grande dificuldade.

Page 19: Conceitos Básicos Sobre Munição

Os projéteis ogivais, comuns nos cartuchos de munição de armas curtas, já possui um desempenho balístico aperfeiçoado, se o compararmos ao projétil esférico. Sua base, entretanto, causa um grande "arrasto", que pode ser visto nesta imagem, e sua ponta

empurra o ar à frente de modo não muito eficaz.

Os projéteis do tipo "boat tail", típicos dos fuzis, por terem um formato de base mais aerodinâmico, diminuem o arrasto, mantendo trajetória estável a longas distâncias. Note

como a forma da ogiva (afilada) corta o ar, diminuindo sua resistência.

Estudos sobre a incapacitação de projéteis de arma de fogo

A questão da incapacitação imediata foi analisada seriamente pela primeira vez pelo exército norte americano a partir de 1889, por ocasião das batalhas que ocorreram nas Filipinas, onde se observou a inadequação do calibre regulamentar então utilizado, (o .38 Long Colt), que não era suficientemente potente para tirar de ação aqueles oponentes. Os nativos recebiam vários disparos antes de cessarem a agressão contra os soldados americanos.

Problema semelhante enfrentaram os ingleses em suas campanhas na Índia, também no século XIX. Os indianos eram adversários muito resistentes, que continuavam a atacar os soldados ingleses mesmo após serem atingidos por

Page 20: Conceitos Básicos Sobre Munição

vários disparos. Visando solucionar o problema, os ingleses idealizaram uma munição para armas longas, no arsenal da província de "Dum-Dum", cujo objetivo era justamente ampliar o poder destrutivo em tecido humano. Alguns autores afirmam que os testes com o chamado conceito Dum-Dum deram origem aos modernos projéteis encamisados. Foram experimentados projéteis com corte em cruz, secionados e com diversos tipos de pontas, inclusive, primitivas "hollow point".

Alguns tipos de ponta de projéteis criados pelos militares ingleses no arsenal de Dum-Dum (Índia) que objetivavam o  aumento no poder de parada das munições da época.  Os

resultados não foram satisfatórios, mas deram início às pesquisas que culminaram nos modernos projéteis tipo "hollow point" (ponta oca).