conceitos básicos sobre análise técnica, psicologia e estratégia para compra e venda de ações

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CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ANÁLISE TÉCNICA, PSICOLOGIA E ESTRATÉGIA PARA A COMPRA E VENDA DE AÇÕES i CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ANÁLISE TÉCNICA, PSICOLOGIA E ESTRATÉGIA PARA COMPRA E VENDA DE AÇÕES

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Page 1: Conceitos Básicos sobre Análise Técnica, Psicologia e Estratégia para Compra e Venda de Ações

CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ANÁLISE TÉCNICA, PSICOLOGIA E ESTRATÉGIA PARA A COMPRA E VENDA DE AÇÕES

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CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ANÁLISE TÉCNICA, PSICOLOGIA E ESTRATÉGIA

PARA COMPRA E VENDA DE AÇÕES

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CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ANÁLISE TÉCNICA, PSICOLOGIA E ESTRATÉGIA PARA A COMPRA E VENDA DE AÇÕES

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Índice CAPITULO 1..............................................................................................................................................1

FORMAÇÃO DOS GRÁFICOS PARA ANÁLISE TÉCNICA.............................................................1

1. O QUE É ANÁLISE TÉCNICA?..........................................................................................................2

1.1 UM POUCO DE HISTÓRIA .....................................................................................................................2 1.2 ANÁLISE TÉCNICA X ANÁLISE FUNDAMENTALISTA............................................................................2 1.3 IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE TÉCNICA..................................................................................................2

2. A TEORIA DE DOW.............................................................................................................................3

2.1 PRINCÍPIO 1: OS ÍNDICES DESCONTAM TUDO .....................................................................................3 2.2 PRINCÍPIO 2: AS TRÊS TENDÊNCIAS DO MERCADO .............................................................................3 2.3 PRINCÍPIO 3: AS TRÊS FASES DOS MOVIMENTOS ................................................................................4

2.3.1 Fases do Mercado de Alta .........................................................................................................4 2.3.2 Fases do Mercado de Baixa.......................................................................................................5

2.4 PRINCÍPIO 4: O PRINCÍPIO DA CONFIRMAÇÃO .....................................................................................5 2.5 PRINCÍPIO 5: VOLUME DEVE CONFIRMAR A TENDÊNCIA ....................................................................5 2.6 PRINCÍPIO 6: A TENDÊNCIA CONTINUA ATÉ SURGIR UM SINAL DEFINITIVO DE QUE HOUVE

REVERSÃO................................................................................................................................................6 Para Saber Mais .................................................................................................................................6

3. FORMAÇÃO DOS GRÁFICOS...........................................................................................................6

3.1 CONHECENDO O GRÁFICO DE BARRAS ...............................................................................................6 3.2 CONHECENDO O GRÁFICO DE CANDLES .............................................................................................7

3.2.1 Resumo Introdutório ..................................................................................................................8 3.3 PERIODICIDADE DOS GRÁFICOS ........................................................................................................10

4. SUPORTES E RESISTÊNCIAS .........................................................................................................11

4.1 O COMPONENTE PSICOLÓGICO .........................................................................................................12 4.1.1 Comprometimento, envolvimento e orgulho ............................................................................12 4.1.2 Alívio e arrependimento...........................................................................................................13

4.2 NEGOCIANDO COM A AJUDA DE SUPORTE E RESISTÊNCIA ................................................................13

5. O PADRÃO PIERCING......................................................................................................................14

5.1 IDENTIFICANDO O PADRÃO ...............................................................................................................14 5.1.1 Psicologia ................................................................................................................................14 5.1.2 Fatores de Reforço...................................................................................................................15

6. O PADRÃO SHOOTING STAR (BEARISH SHOOTING STAR).................................................17

6.1 CARACTERÍSTICAS DO PADRÃO ........................................................................................................17 6.1.1 Psicologia ................................................................................................................................17 6.1.2 Utilização e Confluência..........................................................................................................18

7. O PADRÃO ENGOLFO......................................................................................................................20

7.1 FATORES QUE FORTALECEM O PADRÃO............................................................................................20 7.2 FORMAÇÃO DE RESISTÊNCIA OU SUPORTE .......................................................................................21

8. O MARTELO (HAMMER): CONSTRUINDO O PADRÃO...........................................................22

8.1 O MARTELO......................................................................................................................................22 8.2 A FORÇA DOS MARTELOS .................................................................................................................22

Um Pouco de Curiosidade ................................................................................................................23 8.3 O MARTELO (HAMMER): REALIZANDO TRADES...............................................................................23

8.3.1 Princípio 1: O Fundo do Martelo é Região de Suporte ...........................................................23 8.3.2 Princípio 2: Administrando Risco e Recompensa com o Martelo ...........................................24

9. PADRÕES DE CONTINUAÇÃO: RISING AND FALLING THREE METHODS......................25

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CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ANÁLISE TÉCNICA, PSICOLOGIA E ESTRATÉGIA PARA A COMPRA E VENDA DE AÇÕES

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9.1 IDENTIFICANDO O PADRÃO ...............................................................................................................25 9.2 REALIZANDO TRADES.......................................................................................................................26

10. PADRÕES - O MERCADO SE REPETE........................................................................................28

10.1 OMBRO-CABEÇA-OMBRO (OCO) ...................................................................................................28 10.1.1 Negociando com o OCO ........................................................................................................28

10.2 TRIÂNGULOS ..................................................................................................................................30 10.2.1 Triângulo Ascendente ............................................................................................................30 10.2.2 Triângulo Descendente ..........................................................................................................31 10.2.3 Triângulo Simétrico ...............................................................................................................31 10.2.4 Outras Características dos Triângulos..................................................................................31

11. TOPOS E FUNDOS DUPLOS E TRIPLOS ....................................................................................32

11.1 TOPOS DUPLOS ...............................................................................................................................32 11.2 FUNDOS DUPLOS ............................................................................................................................32 11.3 NEGOCIANDO COM TOPOS E FUNDOS DUPLOS................................................................................33

11.4 Topos e Fundos Triplos ............................................................................................................33

12. BANDEIRAS E FLÂMULAS............................................................................................................34

12.1 BANDEIRA ......................................................................................................................................34 12.2 FLÂMULA .......................................................................................................................................35 12.3 ALVO PARA OS PREÇOS ..................................................................................................................35

13. TOPOS E FUNDOS ARREDONDADOS ........................................................................................36

13.1 FORMA DOS PREÇOS E PADRÃO DE VOLUME ..................................................................................36

14. REALIZANDO TRADES COM CANAIS.......................................................................................37

14.1 TÉCNICAS DE OPERAÇÃO................................................................................................................38 14.2 SUPORTE E RESISTÊNCIA EM CANAIS..............................................................................................38 14.3 FALSOS ROMPIMENTOS...................................................................................................................38 14.4 APROVEITANDO O ROMPIMENTO VERDADEIRO ..............................................................................39

CAPITULO 2............................................................................................................................................41

ESTUDO E INDICADORES...................................................................................................................41

1. TIPOS DE DIVERGÊNCIAS..............................................................................................................42

1.1 MOMENTUM E DIVERGÊNCIAS..........................................................................................................42 1.2 DIFERENTES TIPOS DE DIVERGÊNCIAS..............................................................................................42

1.2.1 Divergências Tipo A ................................................................................................................42 1.2.2 Divergências Tipo B ................................................................................................................43 1.2.3 Divergências Tipo C ................................................................................................................43

2. GAPS .....................................................................................................................................................44

2.1 QUANDO SURGE UM GAP? .................................................................................................................44 2.2 O FECHAMENTO DE UM GAP.............................................................................................................44 2.3 TIPOS DE GAP ...................................................................................................................................45

2.3.1 Gaps de Rompimento ...............................................................................................................45 2.3.2 Gaps de Continuação...............................................................................................................46 2.3.3 Gaps de Exaustão ....................................................................................................................47

2.4 SUPORTE/RESISTÊNCIA.....................................................................................................................47

3. A FÍSICA DO MERCADO..................................................................................................................47

3.1 A INÉRCIA NOS GRÁFICOS .................................................................................................................47 3.2 RETRO ALIMENTAÇÃO......................................................................................................................48 3.3 CENTRO DE GRAVIDADE...................................................................................................................48

4. MUNDO DAS MÉDIAS MÓVEIS .....................................................................................................49

4.1 QUE TIPO DE MÉDIA UTILIZAR? .......................................................................................................50 4.2 USANDO MÉDIAS MÓVEIS ................................................................................................................50 4.3 MÉDIAS MÓVEIS COMO SUPORTE E RESISTÊNCIA ............................................................................51

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4.4 CRUZAMENTOS (CROSSOVERS) ........................................................................................................51 4.5 ADAPTANDO A JANELA DE TEMPO....................................................................................................52

5. IFR - ÍNDICE DE FORÇA RELATIVA............................................................................................53

5.1 TOPOS E FUNDOS ..............................................................................................................................53 5.2 FORMAÇÕES GRÁFICAS ....................................................................................................................53 5.3 SUPORTE E RESISTÊNCIAS.................................................................................................................54 5.4 DIVERGÊNCIAS .................................................................................................................................54 5.5 OUTRAS CARACTERÍSTICAS..............................................................................................................54

6. CONHEÇA O ESTOCÁSTICO..........................................................................................................55

6.1 TÉCNICAS DE UTILIZAÇÃO DO ESTOCÁSTICO ...................................................................................55 6.1.1 Níveis Extremos .......................................................................................................................55 6.1.2 Movimento Atenuado ...............................................................................................................56

6.2 DIVERGÊNCIAS .................................................................................................................................57

7. O INDICADOR FORCE INDEX........................................................................................................58

7.1 FORMA DE CÁLCULO ........................................................................................................................58 7.2 ENTRANDO EM UM TRADE ................................................................................................................58 7.3 EXAUSTÃO........................................................................................................................................59 7.4 DIVERGÊNCIAS .................................................................................................................................60

8. O INDICADOR OBV...........................................................................................................................60

8.1 DIVERGÊNCIA ...................................................................................................................................61 8.2 ELEMENTOS DA ANÁLISE TÉCNICA...................................................................................................61

9. O INDICADOR MARKET FACILITATION INDEX (MFI)..........................................................62

9.1 O MARKET FACILITATION INDEX E AS SITUAÇÕES DE MERCADO .....................................................62

10. MOVIMENTO DIRECIONAL: ADX, DI+ E DI-...........................................................................63

10.1 COMPONENTES DO MOVIMENTO DIRECIONAL: ADX, DI+ E DI- ....................................................64

11. PARABÓLICO SAR..........................................................................................................................65

11.1 TENDÊNCIA É FUNDAMENTAL ........................................................................................................65 11.2 STOPS, ENTRADAS E SAÍDAS...........................................................................................................66

12. BANDAS DE BOLLINGER..............................................................................................................67

12.1 UM POUCO DE ESTATÍSTICA ...........................................................................................................67 12.2 REGRAS DE INTERPRETAÇÃO ..........................................................................................................68

12.2.1 Estreitamento .........................................................................................................................68 12.3 ALCANÇANDO AS BANDAS .............................................................................................................69 12.4 OUTRAS DICAS DE USO ..................................................................................................................70

13. USANDO FIBONACCI FAN ............................................................................................................70

13.1 TRAÇANDO O FIBONACCI FAN ........................................................................................................70 13.2 O QUE O FIBONACCI FAN TEM A NOS DIZER? ..................................................................................70

14. DESCOBRINDO SUPORTES E RESISTÊNCIAS COM ANDREW'S PITCHFORK ..............72

14.1 CRIANDO O PITCHFORK ..................................................................................................................72 14.2 UTILIZAÇÃO ...................................................................................................................................72

15. O INDICADOR MACD.....................................................................................................................72

15.1 ENTENDENDO O MACD .................................................................................................................73 15.2 SINAIS DE COMPRA E VENDA..........................................................................................................73 15.3 CONFIABILIDADE DOS SINAIS .........................................................................................................74 15.4 OUTRAS CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES DO MACD ..................................................................74

16. TÉCNICAS DE UTILIZAÇÃO DO VOLUME ..............................................................................75

CAPITULO 3............................................................................................................................................77

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ESTRATÉGIAS DE TRADER ...............................................................................................................77

1. PLANEJAMENTO DE TRADES.......................................................................................................78

1.1 CONSIDERE OS ASPECTOS PESSOAIS .................................................................................................78 1.2 PREPARAÇÃO MENTAL .....................................................................................................................78 1.3 TESTE SEU SISTEMA .........................................................................................................................78 1.4 GERENCIAMENTO DE RISCO E OBJETIVOS.........................................................................................79 1.5 DEFINA REGRAS CLARAS DE SAÍDA .................................................................................................79 1.6 DEFINA REGRAS CLARAS DE ENTRADA ............................................................................................79 1.7 AUTO-AVALIAÇÃO E REGISTROS ......................................................................................................79

2. REGRAS DE PROTEÇÃO .................................................................................................................80

2.1 SISTEMA DE PROTEÇÃO ....................................................................................................................80 2.2 A REGRA DE 2%................................................................................................................................80 2.3 A REGRA DE 6%................................................................................................................................80

3. GUERRILHA TRADING....................................................................................................................80

3.1 CANDLE BULLISH 20/20 .............................................................................................................81 3.1.1 PONTOS IMPORTANTES .......................................................................................................81

3.2 CANDLE BEARISH 20/20..............................................................................................................82 3.2.1 PONTOS IMPORTANTES .......................................................................................................82

3.3 TÁTICA 1........................................................................................................................................82 3.3.1 O ATAQUE DO SNIPER .........................................................................................................82 3.3.2 A BATALHA.............................................................................................................................83

3.4 TÁTICA 2........................................................................................................................................84 3.4.1 A FUGA DO SNIPER ..............................................................................................................84 3.4.2 A BATALHA.............................................................................................................................84

3.5 TÁTICA 3........................................................................................................................................86 3.5.1 GAP SURPRESA DO TOURO.................................................................................................86 3.5.2 A BATALHA.............................................................................................................................87

3.6 TÁTICA 4........................................................................................................................................87 3.6.1 GAP SURPRESA DO URSO....................................................................................................87

3.6.2 A BATALHA................................................................................................................................88 3.7 TÁTICA 5........................................................................................................................................89

3.7.1 BEARISH 20/20 .......................................................................................................................89 3.7.2 A BATALHA.............................................................................................................................89

3.8 TÁTICA 6........................................................................................................................................90 3.8.1 BULLISH 20/20 .......................................................................................................................90 3.8.2 A BATALHA.............................................................................................................................90

CAPITULO 4............................................................................................................................................93

IMPOSTO DE RENDA SOBRE RENDA VARIÁVEL........................................................................93

1. IMPOSTO DE RENDA .......................................................................................................................94

1.1 OPERAÇÕES DE RENDA VARIÁVEL ...................................................................................................94 1.1.1 Imposto de renda retido na fonte .............................................................................................94 1.1.2 Como preencher o DARF, veja o exemplo passo a passo........................................................96 1.1.3 Como calcular o Imposto de Renda sobre as operações no Mercado à Vista .........................97 1.1.4 Como calcular o Imposto de Renda sobre as operações no Mercado a Termo.....................100 1.1.5 Cálculo do imposto de renda sobre operações de Day Trade ...............................................102

CAPITULO 5..........................................................................................................................................104

ENTREVISTAS, DEPOIMENTOS E CURIOSIDADES...................................................................104

1. COMO OPERAR NO DIA ................................................................................................................105

2. ATITUDE............................................................................................................................................105

3. O PROBLEMA DO DINHEIRO ......................................................................................................106

4. A SABEDORIA DE JESSE LIVERMORE .....................................................................................107

5. 10 ATITUDES PARA PERDER MUITO DINHEIRO NA BOLSA..............................................108

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6. O SAMURAI DE 100 TRADES VITORIOSOS ..............................................................................108

7. PUBLICADO NA REVISTA ISTO É DINHEIRO 09/06/2004 ............................................109

ANEXOS .................................................................................................................................................113

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Índice de Figuras, Fórmulas e Tabelas Figura 1: Gráfico de Tendência Primária ......................................................................... 4 Figura 2: Índices de Confirmação .................................................................................... 5 Figura 3: Formação do Gráfico de Barras ........................................................................ 6 Figura 4: Gráfico de Barras do Ibovespa.......................................................................... 7 Figura 5: Candles.............................................................................................................. 7 Figura 6: Doji’s................................................................................................................. 7 Figura 7: Padrões Altistas................................................................................................. 8 Figura 8: Padrões de Baixas ............................................................................................. 9 Figura 9: Padrões de Reversão ......................................................................................... 9 Figura 10: Candles Sem Sombras..................................................................................... 9 Figura 11: Gráfico Com Padrão Doji Star ...................................................................... 10 Figura 12: Resistência no Gráfico Ibovespa................................................................... 11 Figura 13: Suporte no Gráfico Ibovespa ........................................................................ 12 Figura 14: Suporte e Resistência no Gráfico Ibovespa................................................... 13 Figura 15: Piercing de alta (Bullish Piercing Line)........................................................ 14 Figura 16: Piercing de alta (Bullish Piercing Line) no Gráfico da EBTP4 .................... 15 Figura 17: Piercing de Alta no Gráfico da ELET6......................................................... 16 Figura 18: Piercing de Alta no Gráfico da SBSP3 ......................................................... 16 Figura 19: Shooting Star................................................................................................. 17 Figura 21: Shooting Star no Gráfico da TNLP4............................................................. 19 Figura 22: Shooting Star no Gráfico da PMAM4........................................................... 19 Figura 23: Engolfo’s Altista e Baixista .......................................................................... 20 Figura 24: Engolfo Altista no Gráfico da BBDC4 ......................................................... 21 Figura 25: Engolfo Altista no Gráfico da ODPV3 ......................................................... 21 Figura 26: Martelos (Hammer)....................................................................................... 22 Figura 27: Martelos no Gráfico do Ibovespa.................................................................. 23 Figura 28: Martelo no Gráfico do Ibovespa ................................................................... 24 Figura 29: Martelo (ou Dragonfly Doji) no Gráfico da GGBR4.................................... 25 Figura 30: Rising and Falling Three Methods................................................................ 26 Figura 31: Falling Three Methods no Gráfico do Ibovespa ........................................... 26 Figura 32: Falling Three Methods no Gráfico da CSMG3............................................. 27 Figura 33: Falling Three Methods no Gráfico de TOTS3.............................................. 27 Figura 34: OCO (Ombro-Cabeça-Ombro) ..................................................................... 28 Figura 35: OCO Invertido .............................................................................................. 29 Figura 36: OCO no Gráfico do Ibovespa........................................................................ 29 Figura 37: OCO Invertido no Gráfico de PMAM4 ........................................................ 30 Figura 38: Triângulo Ascendente ................................................................................... 31 Figura 39: Triângulo Descendente ................................................................................. 31 Figura 40: Triângulo Simétrico ...................................................................................... 31 Figura 41: Topo Duplo ................................................................................................... 32 Figura 42: Fundo Duplo ................................................................................................. 33 Figura 43: Topo Duplo no Gráfico do Ibovespa............................................................. 33 Figura 44: Bandeira ........................................................................................................ 34 Figura 45: Flãmula ......................................................................................................... 35 Figura 46: Padrão Bandeira no Gráfico TNLP4............................................................. 35 Figura 47: Topos e Fundos Arredondados ..................................................................... 36 Figura 48: Fundo Arredondado no Gráfico da ACES4 .................................................. 37 Figura 49: Canal Altista no Gráfico GGBR4 ................................................................. 38

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Figura 50: Falso Rompimento no Gráfico da GGBR4................................................... 39 Figura 51: Rompimento Verdadeiro Gráfico BRTO4.................................................... 40 Figura 52: Divergência Entre Topo Duplo e IFR no Gráfico do Ibovespa .................... 43 Figura 53: GAP no Gráfico do Ibovespa ........................................................................ 45 Figura 54: GAP no Gráfico do Ibovespa ........................................................................ 46 Figura 55: GAP’s de Continuação no Gráfico da ELET6 .............................................. 46 Figura 56: Inércia e Rompimento no Gráfico do Ibovespa ............................................ 48 Figura 57: Centro de Gravidade no Gráfico da ACES4 ................................................. 49 Fórmula 1: Média Móvel Aritimética............................................................................. 50 Fórmula 2: Média Móvel Exponencial........................................................................... 50 Figura 58: Média Móvel Como Suporte no Gráfico da TNLP4..................................... 51 Figura 59: Cruzamento (Crossovers) da Média Móvel no Gráfico da GGBR4 ............. 52 Figura 60: Divergência no IRF no Gráfico do Ibovespa ................................................ 53 Figura 61: Divergência de Tendência no Gráfico do Ibovespa ...................................... 54 Fórmula 3: IRF (Índice de Força Relativo) .................................................................... 54 Fórmula 4: Estocástico ................................................................................................... 55 Figura 62: Sinalização de Compra e Venda Com o Estocástico .................................... 56 Figura 63: Perda de Inclinação ....................................................................................... 57 Figura 64: Divergência de Tendência Com o Estocástico no Gráfico da ARCZ6......... 57 Figura 65: Pontos de Entrada Com o Força Index no Gráfico do Ibovespa................... 59 Figura 66: Exaustão do Movimento Com o Força Index no Gráfico PETR4 ................ 60 Figura 67: Divergência de Tendência Com o OBV no Gráfico BBDC4 ....................... 61 Figura 68: Princípio de Inversão Com o OBV no Gráfico da CMIG4........................... 62 Figura 69: ADX na Confirmação de Ausência de Tendência no Gráfico do Ibovespa.. 64 Figura 70: ADX, DI+ e DI- na Análise do Gráfico do Ibovespa ................................... 65 Figura 71: Análise de Tendência com o Parabólico SAR no Gráfico da ELPL4........... 66 Figura 72: Análise de Tendência com o Parabólico SAR no Gráfico da GGBR4 ......... 67 Figura 73: Bandas de Bollinger e OBV na Análise de Divergência no Gráfico da AMBV4 .......................................................................................................................... 68 Figura 74: Bandas de Bollinger na Análise do Gráfico TNLP4..................................... 69 Figura 75: Fibonancci Fan Encontrando Suporte Oculto no Gráfico Ibovespa ............. 71 Figura 76: Fibonancci Fan Encontrando Suporte Oculto no Gráfico PMAM4.............. 71 Figura 77: Encontrando Suportes e Resistências Potências Com o Pitchfork no Gráfico do Ibovespa..................................................................................................................... 72 Figura 78: Análise do Gráfico do Ibovespa com o MACD............................................ 73 Figura 79: Análise do Gráfico da TNLP4 com o MACD............................................... 74 Figura 80: Análise por Volume no Gráfico da AVPL3.................................................. 76 Figura 81: Candle Bullish 20/20..................................................................................... 81 Figura 81: Candle Bearish 20/20.................................................................................... 82 Figura 82: Candle Bearish 20/20.................................................................................... 83 Figura 83: Tática de Trade Após Candle Bearish 20/20 ................................................ 83 Figura 84: Candle Bullish 20/20..................................................................................... 84 Figura 85: Tática de Trade Após Candle Bullish 20/20 ................................................. 84 Figura 86: Ataque do Sniper nas Ações da GGBR4 ...................................................... 85 Figura 87: Fuga do Sniper nas Ações da GGBR4.......................................................... 85 Figura 88: Fuga do Sniper Com Falling Three Methods nas Ações da CRUZ3............ 86 Figura 89:Candle Bearish 20/20..................................................................................... 86 Figura 90: GAP Surpresa do Touro................................................................................ 87 Figura 91: Candle Bullish 20/20..................................................................................... 87 Figura 92: GAP Surpresa do Urso.................................................................................. 88

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Figura 93: GAP Surpresa do Touro nas Ações da EMBR4 ........................................... 88 Figura 94: Candle Bearish 20/20.................................................................................... 89 Figura 95: Candle Bearish 20/20 Continuação............................................................... 89 Figura 96: Candle Bullish 20/20..................................................................................... 90 Figura 97: Candle Beallish 20/20 Continuação.............................................................. 90 Figura 98: Operando com Bearish e Bullish com as Ações de Cesp4 ........................... 91 Tabela 1: Resumo de Movimentos, Gaps, Stop e Vendas de Ações .............................. 92 Tabela 2: IR Operações Day Trade ................................................................................ 94 Tabela 3: Mercado e Fato Gerador IR ............................................................................ 95 Tabela 4: Preenchimento de DARF................................................................................ 96 Tabela 5: Exemplo Para Cálculo IR ............................................................................... 97 Tabela 6: Exemplo Para Cálculo de IR .......................................................................... 97 Tabela 7: Exemplo Para Cálculo de IR .......................................................................... 98 Tabela 8: Exemplo Para Cálculo de IR .......................................................................... 98 Tabela 9: Exemplo Para Cálculo de IR .......................................................................... 99 Tabela 10: Exemplo Para Cálculo de IR ........................................................................ 99 Tabela 11: Exemplo Para Cálculo de IR ........................................................................ 99 Tabela 12: Exemplo Para Cálculo de IR ...................................................................... 100 Tabela 13: Exemplo Para Cálculo de IR ...................................................................... 100 Tabela 14: Exemplo Para Cálculo de IR ...................................................................... 100 Tabela 15: Exemplo Para Cálculo de IR ...................................................................... 101 Tabela 16: Exemplo Para Cálculo de IR ...................................................................... 101 Tabela 17: Exemplo Para Cálculo de IR ...................................................................... 101 Tabela 18: Exemplo Para Cálculo de IR ...................................................................... 102 Tabela 19: Exemplo Para Cálculo de IR ...................................................................... 102 Tabela 20: Exemplo Para Cálculo de IR ...................................................................... 102 Tabela 21: Exemplo Para Cálculo de IR ...................................................................... 103

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CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ANÁLISE TÉCNICA, PSICOLOGIA E ESTRATÉGIA PARA A COMPRA E VENDA DE AÇÕES

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Capitulo 1

Formação dos Gráficos Para Análise Técnica

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CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ANÁLISE TÉCNICA, PSICOLOGIA E ESTRATÉGIA PARA A COMPRA E VENDA DE AÇÕES

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1. O que é Análise Técnica? A análise técnica ou análise gráfica, de maneira resumida, é uma abordagem que utiliza gráficos como ferramenta principal para determinar o melhor momento (e preço) para comprar e vender ativos. Em complemento a utilização de gráficos, a análise técnica inclui também uma série de teorias sobre como acontecem os movimentos do mercado.

1.1 Um pouco de história

As origens da análise técnica moderna estão nos trabalhos de Charles Dow no início do século XX. Dow junto com Edward D. Jones publicava um informativo financeiro que mais tarde seria o "The Wall Street Journal". Através do jornal, Dow apresentava suas observações sobre o comportamento do mercado. O conjunto desses textos seria posteriormente reunido, gerando o que pode ser considerado o início da análise técnica: a teoria de Dow.

1.2 Análise Técnica x Análise Fundamentalista

São duas escolas diferentes de análise. As características principais da análise fundamentalista são:

• Tenta medir o valor intrínseco de um ativo, ou seja determinar um valor adequado que reflita a situação da empresa no presente e as expectativas futuras.

• O valor intrínseco inclui fatores difíceis de quantificar como posicionamento da empresa no mercado.

• Análise fundamentalista estuda as questões relativas à economia e perspectivas do segmento a que pertence à empresa.

• Avalia como ocorre o gerenciamento da empresa.

Características da análise técnica são:

• Analisa os dados gerados pelas transações como preço e volume. • Utiliza os gráficos na busca de padrões. • Visualiza a ação dos componentes emocionais presentes no mercado. • Analisa as tendências e busca determinar alvos (até onde os preços irão se movimentar).

As duas escolas têm por objetivo determinar o que comprar/vender quando comprar/vender. Contudo, utilizam abordagens claramente diferentes para atingir esse objetivo.

1.3 Importância da Análise Técnica

A análise técnica funciona porque o mercado corresponde à soma dos desejos, medos e expectativas das pessoas. O valor de um ativo reflete o encontro entre os que acreditam que o

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ativo irá se valorizar (compra) versus aqueles que pensam o contrário (venda). Essas manifestações aparecem nos gráficos.

As pessoas lembram-se dos valores em que ganharam ou perderam dinheiro. Dessa maneira, começa a formação de zonas de preços difíceis de ultrapassar, são as chamadas regiões de suporte e resistência como veremos ao longo do tutorial. De modo semelhante, as tendências são formadas e a análise técnica oferece ferramentas que possibilitam medir a força da tendência e mesmo sua provável extensão.

Outro fator importante é a crescente popularidade da análise técnica. Conforme ela ganha mais adeptos, mais pessoas passam a utilizar suas teorias e a perceber, simultaneamente, padrões de compra e venda, o que acaba por impulsionar o movimento de preço.

Não podemos esquecer ainda o dinamismo da análise técnica. Durante o dia surgem diversas oportunidades de negócios, pois o mercado se repete e os mesmos padrões que uma pessoa observa em um gráfico de nível diário pode aparecer diversas vezes ao longo de um único pregão.

2. A Teoria de Dow A teoria de Dow é uma das principais bases da análise gráfica. A teoria é composta por alguns princípios básicos que estudaremos a seguir.

2.1 Princípio 1: Os Índices Descontam Tudo

Os índices representam à ação conjunta de inúmeros investidores, desde os mais bem informados (que contam com as melhores informações e previsões) até os muito inexperientes. As variações diárias dos preços de um índice, portanto, já têm incluídas (descontadas) no seu valor os eventos que irão acontecer e que são desconhecidos pela maioria dos investidores.

Dessa forma, todo o fator que afeta a relação de oferta/demanda está refletida no preço do mercado. Entretanto, existem os eventos que são imprevisíveis e que as pessoas não têm como saber, como calamidades naturais, catástrofes como os atentados nas torres americanas, etc. Esses são os chamados "atos divinos" , quando acontecem podem gerar fortes oscilações iniciais, mas acabam sendo absorvidos pelo mercado.

Resumo do Princípio:

• Todo o fator que afeta a oferta x demanda está refletido no índice. • O Índice já possui em seu valor (já descontou) eventos futuros que a imensa maioria não

conhece. • Acontecimentos completamente inesperados são rapidamente avaliados e seus possíveis

efeitos absorvidos.

2.2 Princípio 2: As Três Tendências do Mercado

O segundo princípio de Dow afirma que o mercado possui três tendências de movimento: primária, secundária e terciária.

A tendência primária é a tendência principal de um mercado. É um movimento longo que pode ser de alta ou de baixa e que leva a uma grande valorização ou desvalorização dos ativos. Não existem regras matemáticas exatas para definir o tempo de duração das tendências, entretanto, as tendências primárias duram aproximadamente de 1 a 2 anos. Na figura abaixo, as linhas verticais estão fazendo uma separação entre três tendências primárias no índice Bovespa.

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Figura 1: Gráfico de Tendência Primária

Uma tendência primária não se movimenta em linha reta. Ao observarmos o mercado (como no gráfico acima) percebermos que o movimento acontece como um ziguezague. Em um mercado de alta, após um impulso para cima que forma um novo topo (mais alto que o anterior), temos uma correção que forma um novo fundo (também mais alto que o fundo anterior). Em uma tendência de baixa o oposto acontece, após uma queda que forma um fundo mais baixo, acontece uma reação que cria um topo mais baixo. O conjunto desses impulsos e correções dentro de uma tendência primária são as chamadas tendências secundárias. Uma tendência secundária dura de 3 semanas a alguns meses e pode corrigir até dois terços da tendência primária que ela faz parte.

As tendências terciárias fazem parte das secundárias. São movimentos menores de, em média, até 3 semanas. Elas se comportam em relação às tendências secundárias da mesma maneira que as secundárias em relação às primárias.

Quando estamos analisando o mercado é interessante classificar as tendências do movimento atual, assim, podemos avaliar melhor as ações a serem tomadas dentro de nossa estratégia operacional.

2.3 Princípio 3: As Três Fases dos Movimentos

Dow fez uma série de observações sobre os movimentos de preços, tanto de alta como de baixa, caracterizando aspectos psicológicos marcantes de cada fase:

2.3.1 Fases do Mercado de Alta

• Fase 1: No início da alta o mercado começa a ser propulsionado por investidores mais qualificados, que percebem logo que novos ventos estão soprando. Enquanto isso, a maioria ainda acredita que o pior ainda está por vir, o que permite aos investidores de elite comprarem papéis muito baratos. As notícias apresentadas pela mídia refletem as expectativas negativas da maioria.

• Fase 2: A segunda parte é uma aceleração mais acentuada do movimento. A pressão compradora aumenta bastante.

• Fase 3: A terceira fase é marcada por grandes altas. Os participantes do mercado, de maneira geral, estão cada vez mais seguros de seus lucros e os investidores mais bem preparados começam a vender suas posições. A grande massa de investidores está em clima de euforia que se realimenta diariamente nos noticiários. Está aberta a possibilidade para a fase 1 do mercado de baixa.

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2.3.2 Fases do Mercado de Baixa

• Fase 1: Nesta fase os profissionais e investidores de elite vendem seus ativos, iniciando a retração.

• Fase 2: É uma etapa marcada por um grande nervosísmo, os investidores percebem o equívoco e tentam se desfazer de suas posições.

• Fase 3: Com as grandes perdas e ativos muito desvalorizados a pressão vendedora se dissipa, oportunidades para uma nova alta começam a surgir.

2.4 Princípio 4: O Princípio da Confirmação

O princípio da confirmação afirma que para uma reversão de tendência ou rompimento de nível de suporte/resistência (suportes e resistências serão melhor explicados nos capítulos seguintes) ser válido, o fato deve ocorrer em dois índices de composições distintas. Assim, um índice confirma o outro, demonstrando que não se trata de uma oscilação temporária do movimento.

Figura 2: Índices de Confirmação

Para ilustrar o princípio da confirmação suponha dois índices (A e B) de composições diferentes, mas que se comportam de maneira semelhante. O índice A, durante uma alta, vence a zona de pressão vendedora (a linha de resistência) e parece seguir com força em sua tendência. O índice B, entretanto, ao chegar pela primeira vez na linha de resistência não consegue o rompimento da mesma forma que A. Um investidor que analisa o mercado apenas a partir do ponto de vista do índice A pode concluir que existem boas oportunidade de compra logo após o rompimento. Contudo, o que acontece é uma retração, pois o mercado não estava tão forte como demonstrou a falha de rompimento por parte de B.

Essa é a essência do princípio da confirmação. Dois índices são usados para que um pronuncie uma "segunda opinião" sobre o outro, de modo a validar o que está acontecendo ou indicar uma armadilha. No caso brasileiro, esses dois índices poderiam ser, por exemplo, o índice Bovespa e o IBRX.

2.5 Princípio 5: Volume Deve Confirmar a Tendência

Este princípio é bastante simples, na teoria de Dow o volume está relacionado com as tendências da seguinte maneira:

Tendência de Alta: Em uma tendência principal de alta é esperado que o volume aumente com a valorização dos ativos e diminua nas reações de desvalorização.

Tendência de Baixa: Em uma tendência principal de baixa é esperado que o volume aumente com a desvalorização dos ativos e diminua nas reações de valorização.

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2.6 Princípio 6: A Tendência Continua Até Surgir um Sinal Definitivo de que Houve Reversão

Embora pareça óbvio, este princípio é importante. O mercado não vai cair apenas porque atingiu um nível "alto demais" ou subir porque "já caiu demais". Uma das técnicas mais simples utilizadas é a identificação de falhas ao formar um topo mais alto (em uma tendência de alta) ou um fundo mais baixo (em uma tendência de baixa). O investidor deve possuir uma metodologia de identificação de pontos de entrada e saída, existem uma série de ferramentas de análise técnica que ajudam nessas decisões. Neste e em outros tutoriais e artigos você aprenderá sobre padrões clássicos, candles, indicadores e muitas outras armas da escola gráfica.

Para Saber Mais

Neste capítulo vimos os princípios que formam a Teoria de Dow. São informações importantes que com certeza vão ajudar muito em sua estratégia operacional. Se você deseja saber mais, três bons livros são: The Dow Theory de Robert Rhea, Technical Analysis of Stock Trends de Robert D. Edwards e John Magee e Techical Analysis Explained de Martin Pring.

3. Formação dos Gráficos Existem diversos tipos de gráficos e consequentemente diversas maneiras de representar o que aconteceu no pregão. É importante que você entenda como são formados os símbolos que formam os gráficos, pois esses símbolos são a própria linguagem do mercado.

3.1 Conhecendo o Gráfico de Barras

O gráfico de barras é um dos tipos mais populares na análise técnica. Conforme pode ser visto na ilustração ele utiliza o valor de abertura, máximo, mínimo e de fechamento.

Figura 3: Formação do Gráfico de Barras

A barra oferece uma série de informações sobre o que acontece no pregão. O segmento de reta para a esquerda é a abertura, ou seja, o valor do primeiro negócio que ocorreu no dia. O segmento para a direita é o valor de fechamento, representando o preço do último negócio no pregão. O ponto mais alto da barra coincide com o preço máximo praticado durante o pregão, enquanto que a extremidade inferior corresponde ao preço mínimo.

O tamanho da barra (distância entre o máximo e o mínimo) nos oferece alguns dados, mostrando um pouco sobre como foi à batalha entre compradores e vendedores. Uma barra pequena ou média, normalmente, demonstra um mercado calmo, sem grandes conflitos. Mas, o que é uma barra pequena? Que tamanho é uma barra média? Isso depende do mercado/ativo, o que se faz é analisar o tamanho da barra em relação ao tamanho médio das outras barras do gráfico, se, por exemplo, for metade do tamanho da maioria, com certeza estamos falando de uma barra pequena.

O mesmo raciocínio é válido para identificar barras grandes, a interpretação, entretanto, é completamente oposta. Barras grandes normalmente são um sinal de mercado volátil, com os preços variando fortemente durante o dia. Em pregões desse tipo, surgem várias oportunidades de negócios (e algumas armadilhas também).

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Abaixo um gráfico de barras do índice Bovespa:

Figura 4: Gráfico de Barras do Ibovespa

3.2 Conhecendo o Gráfico de Candles

O Gráfico de candles, também chamado gráfico de velas ou candelabro japonês popularizou-se na década de 90 com os trabalhos de Steven Nison, autor do famoso livro Japanese Candlestick Charting Techniques. Também utiliza as informações de preço máximo, mínimo, abertura e fechamento para o desenho do símbolo.

Figura 5: Candles

O gráfico de candles é composto por duas partes: corpo e sombras. O corpo é a parte entre a abertura e o fechamento (parte mais alargada da figura acima), caso a abertura tenha sido inferior ao fechamento (um dia de alta) o corpo recebe, por exemplo, a cor branca. Se o fechamento foi menor que a abertura (um dia de queda) o corpo recebe outra cor, preto por exemplo. Assim, como pode ser visto na figura, em um dia de alta a abertura delimita a parte inferior do corpo candle e em um dia de queda o contrário. Existe uma classe de candles, contudo, que não possuem corpo são os chamados doji. Um doji é formado quando a abertura e fechamento coincidem. Exemplo:

Figura 6: Doji’s

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3.2.1 Resumo Introdutório

Nas figuras abaixo podemos ver: - padrões baixistas - padrões altistas - padrões que indicam reversão de tendência. No endereço a seguir pode-se aprofundar no assunto (inclusive com as interpretações dos candles): http://www.equis.com/free/taaz/candlesticks.html Considerações sobre algumas figuras:

Hammer (Martelo) – Representa uma figura de alta. É identificado como um pequeno corpo branco com uma sombra que chega a ser 2 vezes maior que o seu corpo. Um martelo é identificado por um corpo real pequeno (isto é, uma faixa pequena entre a abertura e os preços de fechamento) e por uma sombra longa , isto é, a mínima é bem inferior à abertura. Significa que ocorreu uma diminuição na tendência de baixa. Nota - Se aparecer depois de um significativo movimento altista, será chamada de enforcado, e neste caso é baixista.

Piercing Line –. Linha da perfuração. Representa uma figura de alta. O segundo candle abre mais abaixo do mínimo do dia anterior, mas fecha acima do meio, sem ultrapassar o topo. Espera-se, neste caso, que o mercado está iniciando um movimento de alta.

Engulfing Line – Este teste padrão é fortemente altista se ocorrer após um movimento de queda significativo (isto é, age como um teste padrão da reversão).

Shooting Star – Indica baixa. O mercado vinha num movimento altista e no dia faz um novo topo, mas perde força e fecha no mesmo preço de abertura.

Engulfing de baixa – Este teste padrão é fortemente baixista se ocorrer após um movimento de alta significativo (isto é, age como um teste padrão da reversão).

Doji Star– Indica mudança na tendência altista. O mercado vinha subindo gradualmente e de repente mostra indecisão e falta de confiança na continuidade do movimento. Uma abertura no dia seguinte abaixo do fundo do Doji pode significar reversão.

Figura 7: Padrões Altistas

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Figura 8: Padrões de Baixas

Figura 9: Padrões de Reversão

As sombras, de maneira semelhante ao gráfico de barras, são traços que mostram os valores máximo e mínimo que os preços alcançaram. Vale ressaltar que um candle pode não ter sobra inferior ou superior, para isso basta que a abertura/fechamento seja no exato valor da mínima/máximo. Por exemplo:

Figura 10: Candles Sem Sombras

Em gráficos de candles podem ser utilizados todos os preceitos da teoria de Dow e padrões clássicos que veremos a seguir. Além disso, os candles introduzem um novo conjunto de padrões que serão assuntos durante nosso estudo. O mesmo gráfico de barras do Bovespa está sendo representado com candles abaixo:

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Figura 11: Gráfico Com Padrão Doji Star

3.3 Periodicidade dos Gráficos

Os gráficos podem ter diferentes periodicidades, ou seja, não precisam, necessariamente, representar 1 dia de pregão. Os gráficos em nível de dias mais comuns são:

• Diário: Representando 1 pregão • Semanal: Uma barra ou candle representando todos os pregões da semana. • Mensal: Uma barra ou candle representando todos os pregões do mês. • Anual: Uma barra ou candle por ano.

Uma outra classe, são os que mostram o que aconteceu durante a sessão, são os gráficos intraday (também chamados intradia). Em um gráfico intraday o intervalo utilizado corresponde, normalmente, há alguns minutos. Os mais comuns: 1, 5, 15, 30 e 60 minutos.

A maneira como o símbolo é desenhado é exatamente a mesma que no caso de uma barra ou candle de 1 pregão. Vamos pegar como exemplo um gráfico semanal, cada semana será representada por um único símbolo, assim, o valor de mínimo será o menor entre todos os preços praticados na semana, enquanto que o valor máximo será o maior preço negociado no mesmo período. A abertura, nesse caso, será a abertura do primeiro dia de pregão da semana (segunda-feira em nosso exemplo) e o fechamento o valor de encerramento da sexta-feira.

O mesmo ocorre para os gráficos intraday. Em um gráfico de 15 minutos o primeiro e último minuto do intervalo (digamos entre 15:01 e 15:15) são a abertura e o fechamento, enquanto que o máximo/mínimo entre os minutos desse intervalo será o máximo/mínimo do símbolo.

Um ponto importante é que as técnicas de análises são válidas em qualquer tempo gráfico. As teorias são sempre válidas quando a formação do preço é livre (oferta x demanda), o que acontece algumas vezes é que certas técnicas se adaptam melhor a determinados períodos que outras.

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4. Suportes e Resistências Suportes e resistências, de maneira simples, são zonas de preços nas quais o movimento atual do mercado tem grandes chances de parar e reverter. Definições:

• Suporte: Região na qual o interesse de comprar é grande, superando a pressão vendedora, o movimento de queda tende a parar.

• Resistência: Região na qual o interesse de vender é grande, superando a pressão compradora, o movimento altista tende a parar.

Não existe nada de mágico com suportes e resistências o que existe é oferta versus demanda e psicologia humana. Em uma alta, conforme os preços aumentam, os ativos vão ficando naturalmente mais caros e menos compradores vão estar disponíveis a pagar determinado preço. Os vendedores, pelo contrário, vão querer vender como nunca nesses novos valores, aumentando a oferta e contribuindo para o início da desvalorização (queda).

Podemos ver no gráfico abaixo do índice Bovespa que o mercado subia até atingir um nível de preços no qual ele parou (resistência). Depois de encontrar a resistência, o mercado corrigiu caindo um pouco, mas voltou a subir a alcançou a resistência novamente, ponto no qual reverteu para uma tendência de queda maior.

Figura 12: Resistência no Gráfico Ibovespa

Em uma baixa o contrário acontece, os ativos tornam-se mais baratos e a demanda pelos papéis começa a aumentar. Os vendedores, já não acham os preços tão atrativos, diminuindo a oferta. Está aberto o caminho para a valorização (alta).

Abaixo temos um exemplo de suporte no índice Bovespa, note que o mercado vinha em queda até chegar ao valor de 15.780 pontos. A partir desse nível, a força compradora aumentou e a queda parou. O mercado reagiu, mas voltou a cair até a linha de suporte mais duas vezes até reverter para uma tendência de alta de maior intensidade.

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Figura 13: Suporte no Gráfico Ibovespa

4.1 O Componente Psicológico

Que outros fatores ajudam a definir certo preço como suporte ou resistência? A resposta é simples: memória. As pessoas lembram-se dos valores que compraram ou venderam e ganharam dinheiro, lembram-se também dos preços em que perderam e das emoções boas e más sentidas durante esses eventos. Logo, o somatório desse histórico de lembranças é um dos fatores que contribui para a formação dessas zonas de bloqueio.

Suportes e resistências estão entre os primeiros conceitos que aprendemos quando começamos a estudar análise técnica. Eles refletem, diretamente, a idéia de "comprar barato e vender caro" que habita os sonhos e intenções de qualquer investidor. Mas, como se formam esses níveis? O que faz com que determinado papel não consiga romper uma resistência antiga? A resposta para essas questões é ao mesmo tempo simples e complexa, assim como são os seres humanos.

4.1.1 Comprometimento, envolvimento e orgulho

Uma das frases mais notórias e felizes usadas para diferenciar envolvimento e comprometimento diz que a galinha está envolvida com a omelete enquanto que o porco está comprometido com a feijoada. A distinção possui esse nível de grandeza mesmo, quando estamos verdadeiramente comprometidos nos esforçamos, torcemos, enfim, fazemos tudo ao nosso alcance para que as coisas aconteçam conforme o planejado.

Quando olhamos os gráficos na tela do computador e formulamos uma estratégia de trade passamos a ter um envolvimento com nossa hipótese. Quando decidimos dar o passo seguinte e a ordem é enviada, querendo ou não, passamos a possuir um compromisso financeiro com a operação. A partir desse momento, o trader precisa saber gerenciar suas emoções, caso contrário uma série de pensamentos destrutivos podem por tudo a perder.

Quando o investidor está comprometido, muitas vezes o orgulho o impede de admitir que esteja errado. Quanto dinheiro já foi perdido com a idéia de que "o mercado vai virar a qualquer momento". O primeiro fator, portanto, que torna tão poderosas as zonas de suporte e resistência é o comprometimento comum. Vendo os gráficos, o analista sabe que muitos investidores estão dispostos a se comprometer, comprando ou vendendo, em determinado nível, o que aumenta muito a confiança no trade . Se, por acaso, o suporte ou resistência falhar ele sabe que muitos outros analistas erraram também o que leva a um impacto menor em sua auto-estima. Assim, mais do que zonas de pressão compradoras ou vendedoras, suporte e resistências são níveis de

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maior segurança psicológica. Abaixo algumas zonas de suporte e resistência no índice Bovespa durante o movimento lateral de fevereiro/março de 2004.

Figura 14: Suporte e Resistência no Gráfico Ibovespa

4.1.2 Alívio e arrependimento

Suponha que você acompanha em sua carteira o papel X. Por um bom tempo ele vem oscilando em torno de R$ 30,00. Repentinamente, uma alta rápida acontece e, por uma razão qualquer, você acaba não entrando no trade. O papel hoje está valendo R$56,00 e você fica imaginando o bem que esse lucro faria para sua carteira de investimentos. Se você permitir, o arrependimento irá assombrá-lo por alguns dias.

Entretanto, uma série de correções acontece. Conforme os pregões vão se sucedendo, X vai caindo até chegar bem próximo do nível de R$ 30,00. Neste momento, na sua cabeça e na de muitos outros investidores uma voz irá repetir "de novo não". Dessa vez, você sente que tem uma segunda chance e compra no valor de R$ 30,00, o qual tende a se perpetuar como um ótimo nível de suporte.

Imagine agora que o papel Y, está valendo R$ 40,00. Ele faz parte de sua carteira e você já ganhou algum dinheiro com ele. Contudo, dessa vez ele está com um desempenho ruim, de 40 já passou para 38.. 36...32 e agora está em 16! Todo o dia você se faz as mesmas perguntas: por que não vendi antes? E agora seguro ou liquido de uma vez?

O mercado, no entanto, começa a subir. O papel Y volta para perto de R$ 40,00. Você sente que vendendo agora será dado fim ao doloroso trade . Você coloca sua ordem de venda e sente todo o alívio que o momento traz. Você e o mercado estão quites e o valor de R$ 40,00 torna-se uma resistência forte.

O mercado é o encontro de uma série de emoções. Medo, angústia, orgulho, arrependimento, alívio, ganância e muito mais. O trader metódico e com um bom gerenciamento emocional possui uma grande vantagem. Lembre-se que existem níveis nos quais as pessoas irão comprar sem pensar e em outros nos quais elas irão derramar ordens de vendas. Olhe o volume e indicadores que utilizam o volume para medir a força de compradores e vendedores. Suportes e resistências sempre existirão, aprender a trabalhar com eles traz ótimos resultados.

4.2 Negociando com a Ajuda de Suporte e Resistência

A regra para negociar usando suportes e resistências parece simples: comprar no suporte e vender na resistência. Essa regra sem sofisticação, mas objetiva pode tornar um investidor extremamente bem sucedido se ele conhecer o mercado e tiver uma boa metodologia de operação. Para isso o investidor deve saber que, muitas vezes ocorre o rompimento dos níveis de suporte e

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resistência, sendo importante contar com estratégias para proteção do capital e também para aproveitar esses acontecimentos. Nesse contexto um ponto relevante é à força do suporte e resistência. Quanto mais vezes o mercado "bater e voltar" na linha, mais forte é a confiabilidade da barreira de preços.

Aprenderemos no próximo capítulo um outro conceito importante relacionado com zonas de suporte e resistência que ajuda muito em nossas estratégias de investimentos: o Princípio da Inversão.

5. O Padrão Piercing Candles estão entre as ferramentas de preços mais ágeis em gerar sinais importantes, tanto de reversão quanto de continuação de movimento. Quando prestamos atenção ao contexto no qual um determinado candle surge e combinamos suas informações com outras técnicas ocidentais os resultados são muito bons.

Neste artigo vamos conhecer um padrão de reversão chamado piercing. Trata-se de um padrão altista que surge com alguma freqüência e possui características importantes que devemos conhecer para medir (pelo menos subjetivamente) sua confiabilidade. Como convenção neste artigo usaremos o período diário para explicar o padrão, mas ele é perfeitamente válido para intervalos de tempo maiores e também intraday.

5.1 Identificando o Padrão

O padrão piercing surge em um movimento baixista, necessitando de dois candles para sua formação:

1. O primeiro é um candle de queda, normalmente com um corpo de tamanho grande em relação a suas sombras. Primeiro dia é completamente dominado pela força vendedora.

2. O segundo é um candle de alta cujo valor de abertura é inferior ao fechamento do dia anterior (idealmente menor que a mínima). Apesar da abertura ruim para os compradores, durante o dia existe uma recuperação que resulta em um fechamento que avança bastante para "dentro" do corpo do candle do primeiro dia.

5.1.1 Psicologia Com o forte dia de vendidos dominando e com o gap de baixa no segundo dia, cada vez mais apresenta um cenário onde os vendidos estão confiantes. No entanto, o segundo dia fecha o gap de baixa e invade metade do corpo do candle anterior sendo assim colocando em xeque sua tendência de baixa.

Piercing de alta (Bullish Piercing Line)

Figura 15: Piercing de alta (Bullish Piercing Line)

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5.1.2 Fatores de Reforço

Existem alguns itens que intensificam a força do padrão:

Quanto maior o grau de avanço melhor. Um piercing no qual o candle de alta passa de 80% do corpo do candle de queda é mais relevante do que outro em que essa penetração é de 50%. Se esse avanço for de 100% ou mais estaremos diante de um engolfo de alta.

Se o segundo dia abre sob ou próximo de um suporte e o candle de alta faz com que o suporte não seja perdido. Isso mostra que os vendedores não tiveram força de vencer a pressão de compra daquela região e reforça a indicação de reversão do padrão.

Volume considerável no segundo dia.

Esses fatores são importantes, mas os dois últimos não são fundamentais. Existe, contudo, menos liberdade em relação ao primeiro (grau de avanço), sendo realmente desejável que essa penetração seja significativa. Se não houver um avanço de pelo menos 50% o padrão passa a ser classificado como um dos variantes (mais fracas) do piercing chamados de on-neck, in-neck e thrusting.

Observe o gráfico da Embratel abaixo (EBTP4):

Figura 16: Piercing de alta (Bullish Piercing Line) no Gráfico da EBTP4

O mercado vem em queda com uma sucessão de candles baixistas (pretos na figura) e no dia 20 de fevereiro, para satisfação dos vendedores, o mercado abre abaixo da mínima do pregão anterior. No entanto, ao longo do dia os preços iniciam uma recuperação que leva a um fechamento bem acima, penetrando fortemente no último candle de queda. Está formado o piercing, o qual foi o ponto de reversão para um belo rally na EBTP4.

Lembre-se sempre de observar os candles no contexto em que surgem. O piercing, por exemplo, só possui validade após um movimento de queda. Os candles são uma linguagem de preços rica que pode contribuir bastante em suas estratégias. O piercing como outros padrões de candles possui o seu padrão oposto baixista, o dark- cloud (nuvem escura).

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Figura 17: Piercing de Alta no Gráfico da ELET6

Figura 18: Piercing de Alta no Gráfico da SBSP3

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6. O Padrão Shooting Star (Bearish Shooting Star) Análise técnica trata de probabilidades. O analista desenvolve uma estratégia com base em certo número de ferramentas que são aplicadas aos gráficos, quando 2 ou mais dessas técnicas indicam a mesma direção às chances de sucesso aumentam. A maioria dos analistas que utilizam candles acaba sempre prestando atenção dobrada quando o padrão Shooting Star aparece, especialmente se ele surgir em conjunto com um sinal de topo da análise técnica ocidental.

6.1 Características do Padrão

A Shooting Star é um padrão de candle de 1 barra, ou seja, não é um dos chamados padrões compostos, os quais desenvolvem-se ao longo de 2, 3 ou até mais barras. A Shooting Star, ou estrela cadente, recebe esse nome porque ela lembra a estrela no horizonte com a cauda para cima. Ela é formada por um pequeno corpo localizado na parte inferior do candle com uma grande sombra na parte superior.

Não existe regra definida para o tamanho da sombra, mas espera-se que seja de pelo menos 2 vezes o tamanho do corpo. Como outros padrões do tipo estrela, a cor do corpo não é um fator muito importante, por isso está representado em cinza na figura abaixo:

Figura 19: Shooting Star

Como a maioria das formaçoes de candles, a Shooting é válida em qualquer tempo gráfico desde uma periodicidade Intraday até mensal, semanal, etc. Sendo um padrão que sinaliza topos (ou seja uma possível queda) ela deve surgir necessariamente após um movimento de alta.

Assim, resumindo as característiscas do padrão:

• Deve necessariamente vir após um movimento altista. • O corpo deve ser pequeno e na parte inferior, contrastando com uma grande sombra na

parte superior. • É válida em qualquer tempo gráfico. Uma observação a ser feita, no entanto, é que em

intervalos muito curtos como 5 minutos a efetividade tende a ser um pouco menor.

6.1.1 Psicologia

A longa sombra superior e o pequeno corpo formado pelo candle no fundo do movimento de alta causa preocupação nos comprados. Eles imaginam se é o final da tendência de alta e tomam precauções para proteger os seus ganhos.

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6.1.2 Utilização e Confluência

No gráfico abaixo do índice Bovespa (IBOVESPA) está destacada uma Shooting Star:

O mercado reage após chegar na região dos 20 mil pontos. O movimento de alta estabelecido começa a ser posto em dúvida com o surgimento da Shooting Star, indicando através de sua sombra que o mercado tentou, mas rejeitou novamente o nível de preços de aproximadamente 23.370, confirmando a última resistência alcançada.

Esse, inclusive, é um ponto importante. O máximo da Shooting estabelece uma nova resistência e quando o padrão se forma perto de uma resistência já conhecida (como no exemplo mostrado) a técnica de candles oriental está sendo confirmada por uma técnica da escola gráfica clássica, gerando uma confluência de sinais que aumentam em muito as probabilidades de uma reversão.

Na figura abaixo um novo exemplo com a Telemar (TNLP4) próximo a uma Banda de Bollinger. Note que a Shooting possui uma pequena sombra inferior, por ser bastante reduzida em relação ao restante do candle ela não invalida o padrão.

Figura 20: Shooting Star no Gráfico Ibovespa

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Figura 21: Shooting Star no Gráfico da TNLP4

Procure sempre observar se a formação surge junto com resistências, linhas de tendência de baixa, limites de envelopes, bandas de bollinger e também em conjunto com osciladores em estado de sobrecompra como IFR, Estocástico, etc. Essas coincidências aumentam muito a confiabilidade. O artigo que trata de trades com canais mostra uma Shooting Star confirmando o limite superior do canal, os exemplos existem em grande quantidade e o mercado vai continuar criando novos continuamente.

Figura 22: Shooting Star no Gráfico da PMAM4

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7. O Padrão Engolfo Os padrões de engolfo de alta e de baixa são padrões de reversão de tendência que possuem uma confiabilidade significativa. Estão entre os padrões de candles mais "famosos". Como reconhecer um engolfo? Vamos lá, as características do engolfo de alta são:

• Surge em uma tendência de baixa. • O primeiro dia do padrão é formado por um candle de baixa. • No segundo dia surge um candle de alta cuja abertura está abaixo da abertura do dia

anterior e o fechamento acima do fechamento do dia anterior. O que acontece é que o corpo do segundo candle envolve (engolfa) o corpo do primeiro.

O engolfo de baixa é similar com as diferenças esperadas:

• Surge em uma tendência de alta. • O primeiro dia é um candle de alta. • O corpo do segundo dia (de baixa) engolfa o do primeiro dia.

Figura 23: Engolfo’s Altista e Baixista

7.1 Fatores que Fortalecem o Padrão

O engolfo é um padrão de confiabilidade considerável, mas claro que, como todos os padrões de candles, a confiabilidade sofre influências do momento técnico total. Existem, no entanto, aspectos que sugerem um engolfo de maior força:

• Surgir após movimento rápido (que pode ter deixado o mercado vulnerável a correções) ou após uma tendência longa (mercado sobrecomprado/sobrevendido).

• O primeiro dia do padrão ser composto por um candle de corpo pequeno, o que pode indicar a existência de um balanço entre as forças de oferta e demanda e, portanto, o controle não é mais tanto dos vendedores/compradores quanto anteriormente.

• Volume forte no segundo dia do padrão.

Vejamos o gráfico abaixo do Bradesco (BBDC4):

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Figura 24: Engolfo Altista no Gráfico da BBDC4

O papel vinha em uma forte tendência baixista, mesmo surgindo alguns candles de indecisão (como alguns doji) o mercado continuava em "queda livre". Mas, surgiu no início de julho um grande candle de alta que juntamente com o candle de baixa anterior mudou a cena técnica formando um padrão engolfo de alta. Note que após a formação do padrão o papel realizou, por vários pregões, um movimento consistente de alta.

Figura 25: Engolfo Altista no Gráfico da ODPV3

7.2 Formação de Resistência ou Suporte

Um engolfo de alta é um excelente formador de suportes, enquanto que um engolfo de baixa é um ótimo formador de resistências. Quando surgir o padrão selecione a mínima dos dois dias em caso de engolfo de baixa, ou a máxima no caso de alta e trace ali uma linha reta. Pronto, você acaba de indentificar uma provável zona de suporte ou resistência.

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Caso você tenha comprado (no engolfo de alta) ou vendido (no engolfo de baixa), essa é uma boa região para o posicionamento de seu Stop. Nunca se esqueça de realizar a análise de risco/recompensa, dependendo da situação (mercado corrigiu demais em um único dia, aproximou-se muito de uma resistência, etc.) o trade pode deixar de ser atrativo, especialmente em curtíssimo prazo.

8. O Martelo (Hammer): Construindo o Padrão Os padröes de candles são muito bons em dar sinais rápidos sobre o movimento do mercado. Neste artigo vamos conhecer a fundo o padrão martelo e, em seguida, ver como podemos utilizá-lo em nossos trades.

8.1 O Martelo

O martelo é um dos padrões mais confiáveis de reversão, entretanto, para usá-lo de maneira efetiva é preciso conhecer suas características. Vamos a elas:

• O martelo possui uma longa sombra inferior e o corpo situado na parte superior do padrão. O tamanho da sombra deve ser pelo menos duas vezes o tamanho do corpo.

• Para ser um martelo deve surgir após uma baixa. Se a figura aparecer após uma alta ela provavelmente será um outro padrão chamado o enforcado. Este padrão é idêntico ao martelo, mas indica reversão para baixa e possui suas próprias particularidades. Será tema de outro artigo.

• O pequeno corpo do martelo pode ser de qualquer cor, ou seja, o candle pode ser de alta ou de baixa.

• Se houver sombra superior ela deve ser muito pequena, o ideal é que seja inexistente.

Figura 26: Martelos (Hammer)

8.2 A Força dos Martelos

Como já foi dito os martelos são excelentes indicativos de que a queda que acontecia está por acabar. É importante lembrar que na teoria de candles um padrão de reversão não quer dizer que começará uma nova tendência na direção contrária. Ao invés disso, padrões como o martelo sinalizam que a tendência provavelmente acabou, mas o lado para o qual o mercado irá seguir depende da figura técnica total.

Sejamos práticos, nem sempre o mercado vai parar em um martelo (embora seja um sinal muito bom). Muitas vezes a queda continuará, portanto, é importante saber os fatores que aumentam a confiabilidade do martelo:

• Tamanho da sombra: Quanto maior o tamanho da sombra em relação ao corpo melhor. Muitos analistas classificam como martelo clássico apenas se a sombra for cerca de 2,5 vezes o corpo.

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• É preferível, mas não uma exigência que o candle tenha um fechamento positivo (corpo "branco"). Esse tipo de martelo também recebe a denominação de linha de força (power line).

• Proximidade com uma região de pressão compradora: A formação do padrão sobre uma zona na qual existe um suporte, ou um nível de fibonacci, por exemplo, aumenta bastante a chance de acontecer a reversão.

• Velocidade do movimento de queda: Se a queda foi muito rápida, o mercado pode tornar-se vulnerável ao acontecimento de uma correção técnica para cima e o martelo pode ser um bom indício de que esse processo está em andamento.

Observemos agora um gráfico intraday do índice Bovespa:

Figura 27: Martelos no Gráfico do Ibovespa

Neste gráfico de 30 minutos o mercado vinha caindo mais de 300 pontos. Surgiu então o padrão martelo. Após a formação do martelo, a tendência de queda foi interrompida e pelos 120 minutos seguintes o mercado acumulou antes de começar, efetivamente, um movimento de alta.

Neste artigo, vimos como identificar o padrão e fatores que influenciam em sua confiabilidade. Na parte 2 deste estudo veremos algumas estratégias de utilização do martelo em nossos trades.

Um Pouco de Curiosidade

Para aqueles que gostam de curiosidades um fato interessante é a maneira como os japoneses chamam o martelo. Segundo Steven Nison em seu livro "Japanese Candlestick Charting Techinques" o termo utilizado é takuri. O significado da palavra soa como "tentando saber a profundidade da água sentindo o seu fundo".

8.3 O Martelo (Hammer): Realizando Trades

Identificar um padrão de candle, como vimos no artigo introdutório sobre o martelo, é o primeiro passo. Contudo, saber como lucrar usando o padrão é tão fundamental como reconhecê-lo.

Neste artigo vamos ver, de forma direta, algumas regras que podemos utilizar para fazer trades com martelos.

8.3.1 Princípio 1: O Fundo do Martelo é Região de Suporte

O mercado está confuso e você não sabe exatamente a região de suporte? Se existe um martelo por perto existem chances gigantescas de que suas dúvidas tenham acabado. O fundo de um martelo (seu valor mínimo), normalmente, identifica um ótimo suporte.

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Vamos ver alguns exemplos:

Figura 28: Martelo no Gráfico do Ibovespa

Neste gráfico diário do índice Bovespa o mercado formou um martelo que colocou fim a uma queda. A partir daí o mercado reagiu e passou a se movimentar de lado acima dos 14000 pontos. Em meados de Junho iniciou-se um novo movimento baixista, o qual encontrou suporte na região do martelo que havia sido formado há cerca de dois meses e meio atrás.

Então, o fundo do martelo é região de suporte. Ótimo. A prática comum em suportes é, obviamente, comprar. Uma estratégia, portanto, é posicionar as ordens de compra no suporte com um stop abaixo dessa linha.

8.3.2 Princípio 2: Administrando Risco e Recompensa com o Martelo

Um ponto que nunca deve ser esquecido quando analisamos oportunidades de negócios com a técnica de candles é a análise de risco/recompensa. Muitos padrões, quando são formados, embora sinalizem compra, não apresentam uma boa oportunidade de investimento.

Imagine, por exemplo, um martelo com uma sombra muito grande. No momento em que a figura acaba de ser formado talvez a atratividade de compra seja muito pequena, pois o papel já percorreu um longo caminho desde seu fundo (a cotação mínima do candle).

Candles sinalizam antes de outros sinais da análise técnica ocidental as possibilidades de reversão. Entretanto, não carregam com si informações sobre alvos de preços. Dessa maneira, é interessante antes de fazer investimentos com o martelo analisar o risco/recompensa em conjunto com outras técnicas.

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Figura 29: Martelo (ou Dragonfly Doji) no Gráfico da GGBR4

Veja o gráfico acima da Gerdau (GGBR4). O mercado vinha em queda até que um martelo foi formado. Esse martelo praticamente não tem corpo, sendo também um doji (mais especificamente um dragonfly doji, mas isso é tema de outro artigo).

Vale a pena comprar neste martelo? Observe que existe uma linha de tendência descendente logo em cima. Essa linha tem grande potencial de ser uma resistência, logo, talvez a recompensa seja pequena não justificando a entrada neste trade.

Esse tipo de análise não deve ser negligenciada quando nos preparamos para arriscar nosso dinheiro.

9. Padrões de Continuação: Rising and Falling Three Methods Embora sejam conhecidos pelo seu poder de sinalizar reversões, nem só de viradas de tendência vivem os candles. Existem sim padrões de continuação e eles podem ajudar bastante. Neste artigo vamos analisar um padrão de continuação de tendência altista chamado rising three methods, como não poderia deixar de ser, vamos dar uma olhada também em seu análogo baixista o falling three methods.

9.1 Identificando o Padrão

O rising three methods surge em uma tendência de alta, é formado por:

• Um candle branco longo • Na sequência surge um grupo de candles de corpo pequeno. Esses candles fazem uma

configuração de queda ou de movimento lateral. • O ideal do padrão é que o grupo de candles seja composto por três. Mas, dois ou mais do

que três não invalidam o padrão desde que as outras "regras" sejam cumpridas. • Os corpos dos candles pequenos devem estar dentro do espaço entre a máxima e

mínima do candle longo inicial. Note que no intervalo de máximo e mínimo estão incluídas as sombras do candle longo.

• As cor dos corpos dos candles pequenos pode ser branca ou preta. É preferível que seja preta, mas o contrário não invalida o padrão.

• O último dia do padrão deve ser uma figura de alta forte com um fechamento acima do fechamento do primeiro dia do padrão.

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Como você já deve estar imaginando, as regras de formação do falling são similares, mas contrárias. Vejamos as diferenças:

• A tendência deve ser de baixa. • O primeiro dia é um candle negro longo. • O último dia deve ser forte, fechando bem abaixo do candle inicial.

A figura abaixo mostra o rising e o falling three methods.

Figura 30: Rising and Falling Three Methods

9.2 Realizando Trades

Estamos diante de um padrão de continuação. Se você está posicionado (a favor da tendência eu espero) não há muito a fazer. Posicione seu stop e observe o comportamento do mercado depois da formação do padrão.

Se você não estiver posicionado é hora da sempre importante análise risco/recompensa. Note que conforme dito, o último candle do padrão tende a ser intenso, ou seja, o mercado pode já ter subido bastante e não ser mais atrativo do ponto de vista de compras. Obviamente, entrar ou não depende de cada situação. Existem resistências por perto? Linhas de tendência? Um lugar em que os traders, normalmente, posicionam seu stop em relação a este padrão é abaixo da mínima do primeiro candle. Você, portanto, conhece seu risco, basta avaliar se a provável recompensa vale a pena.

Vamos ver agora um exemplo no índice Bovespa.

Figura 31: Falling Three Methods no Gráfico do Ibovespa

O mercado vem em sua tendência altista. Após um dia longo de alta surgem em sequência três candles de corpos pequenos com um claro aspecto corretivo. A psicologia por trás dos three

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methods é de um mercado "tomando fôlego" antes de um novo movimento. Após esses três dias, um candle altista forte fecha bem acima do primeiro candle do padrão. O mercado seguiu, assim, a tendência de alta, conforme reforçado pelo padrão rising three methods.

Figura 32: Falling Three Methods no Gráfico da CSMG3

Figura 33: Falling Three Methods no Gráfico de TOTS3

Os padrões de continuação ajudam o trader a seguir com a tendência (lembre-se ela é sua melhor amiga).

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10. Padrões - O Mercado Se Repete Através dos anos os analistas têm realizados diversos estudos sobre os gráficos e suas formações. Dessa forma, foram identificados e classificados padrões que surgem repetidamente ao longo do tempo. A explicação para a existência de padrões está relacionada ao fato de compradores e vendedores agirem de acordo com suas crenças e impulsos, tomando decisões de acordo com o momento. Acontece que no mercado as circunstâncias estão sempre se repetindo, levando as forças de oferta e procura representadas pelos investidores a repetirem suas decisões. Nos próximos capítulos, iremos estudar os seguintes padrões:

• Ombro-Cabeça-Ombro (OCO) • Triângulos • Topos e Fundos Duplos e Triplos • Retângulos • Bandeiras e Flâmulas

10.1 Ombro-Cabeça-Ombro (OCO)

O ombro-cabeça-ombro é um dos mais importantes padrões de reversão de tendência. Vamos utilizar a figura abaixo para analisar sua formação e seus componentes.

Figura 34: OCO (Ombro-Cabeça-Ombro)

O padrão lembra, de fato, os ombros e cabeça de uma pessoa. O mercado forma um primeiro topo (ombro) e retorna a linha base que será chamada de linha de pescoço. Desse ponto, uma alta acontece superando o topo anterior e formando a cabeça, até esse momento o mercado sugere a continuação da alta. Os preços, a partir da cabeça, retornam uma vez mais até a linha de pescoço e voltam a subir, dando origem ao segundo ombro com tamanho muito semelhante ao primeiro. Está formado o OCO.

O volume costuma decrescer conforme o padrão vai sendo construído, elevando-se rapidamente no corte da linha de pescoço.

10.1.1 Negociando com o OCO

Os OCOs indicam reversão de tendência. O padrão da figura acima, é um OCO de baixa, mas também existem OCOs de alta como na figura abaixo.

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Figura 35: OCO Invertido

Uma das características mais interessantes do padrão cabeça e ombros é o alvo de preços que a formação sugere. Mede-se a altura da cabeça até a linha de pescoço e projeta-se essa mesma altura a partir da linha de pescoço na direção de rompimento. A linha vermelha na figura acima, mostra até onde o OCO sugere que os preços subam.

No exemplo a seguir temos um gráfico em nível diário do índice Bovespa mostrando um OCO de queda. Note que a linha pontilhada vermelha indica o alvo dos preços.

Figura 36: OCO no Gráfico do Ibovespa

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Figura 37: OCO Invertido no Gráfico de PMAM4

10.2 Triângulos

Triângulos são classificados como padrões de continuação de tendência, eles se formam quando a flutuação dos preços começa a atingir amplitudes cada vez menores conforme o tempo passa. Existem três tipos básicos de triângulos: ascendentes, descendentes e simétricos.

No começo de sua formação o triângulo está em seu ponto mais largo, á medida que o tempo passa os preços passam a oscilar entre duas linhas: a inferior de suporte e a superior de resistência. Não existe verdade absoluta, mas a tendência é a continuação do movimento atual após o rompimento, em especial no que se refere a triângulos ascendentes e descendentes.

10.2.1 Triângulo Ascendente

O triângulo ascendente possui o lado superior horizontal e o inferior como uma linha ascendente. O rompimento normalmente indica a continuação da tendência. Uma das técnicas para utilizar o triângulo ascendente como instrumento de operação é aguardar pelo rompimento da linha horizontal com alto volume, nessa situação os analistas esperam por uma alta de pelo menos a altura do lado mais largo do triângulo.

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Figura 38: Triângulo Ascendente

10.2.2 Triângulo Descendente

O triângulo descendente é o inverso, tende a ser um sinal de queda. A linha horizontal fica na parte inferior enquanto que uma linha de tendência inclinada para baixo se forma. Como no caso ascendente, espera-se que os preços percorram uma distância equivalente ao tamanho do lado mais largo da formação.

Figura 39: Triângulo Descendente

10.2.3 Triângulo Simétrico

No triângulo simétrico os preços máximos e mínimos das flutuações atingem amplitudes cada vez menores. É uma formação típica de indecisão e a sua tendência está mais relacionada com a continuação da tendência corrente do que com reversão.

Figura 40: Triângulo Simétrico

10.2.4 Outras Características dos Triângulos

Durante a formação do padrão os triângulos, geralmente, apresentam diminuição constante do volume, havendo um aumento significativo apenas na região de corte (rompimento), o que é um sinal bastante importante.

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No que diz respeito a duração do padrão, em um nível diário, o triângulo demora algo em torno de 3 ou 4 semanas para se formar e raramente mais do que 90 dias. Entretanto, sempre é bom ressaltar que essa é uma expectativa e não a ação que o mercado vai efetivamente tomar.

O triângulo é um padrão de continuação de tendência, mas é importante lembrar que não necessariamente um triângulo simétrico ou ascendente vai romper para cima e um descendente para baixo. O rompimento pode ser para qualquer direção, o mais importante é saber se posicionar de acordo com o movimento posterior.

11. Topos e Fundos Duplos e Triplos Neste capítulo analisaremos topos e fundos duplos como ferramentas de reversão. Para topos e fundos triplos as informações são igualmente válidas.

11.1 Topos Duplos

Topos duplos sinalizam o final de um mercado de alta. Eles são formados quando os preços sobem até atingir um determinado nível, geralmente, com volume aumentando durante o percurso e ao atingir esse nível começam um processo de retração com o volume diminuindo. Após a retração, uma nova alta inicia-se até voltar ao nível de preços atingido anteriormente ou bem próximo disso. O volume nesta segunda "viagem" poderá, inclusive, ser menor do que o volume gerado na formação do primeiro topo.

Figura 41: Topo Duplo

Na figura acima a linha vermelha representa duas vezes a altura do topo a partir de sua linha base. O tamanho da linha indica um preço-alvo para o movimento após a reversão. Para uma maior validade, muitas vezes os analistas apreciam uma certa separação entre os topos de pelo menos duas ou três semanas.

11.2 Fundos Duplos

Os fundos duplos possuem as mesmas características que os topos duplos, claro que trata-se do inverso, ou seja, um padrão que indica reversão para uma tendência de alta.

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Figura 42: Fundo Duplo

São válidos os mesmos conceitos em relação ao nível-alvo dos preços após a formação e o tempo de duração. Conforme os fundos vão se formando existe, normalmente, um aumento de volume associado, diminuindo na reação de volta até a linha base.

11.3 Negociando com Topos e Fundos Duplos

Os topos duplos sinalizam venda, enquanto que os fundos indicam compras. Fatores que aumentam a confiabilidade do padrão ainda é o fato de os topos/fundos serem formados em zonas de resistências/suportes importantes. Como recomendado em outros capítulos deste tutorial, sempre que utilizamos técnicas de análise gráfica em conjunto podemos aumentar muito o sucesso de nossas estratégias de investimentos. Um exemplo real de topo duplo podemos ver no gráfico abaixo do Bovespa.

Figura 43: Topo Duplo no Gráfico do Ibovespa

11.4 Topos e Fundos Triplos

Todos os conceitos são válidos para topos e fundos triplos, a única diferença é que existe um topo ou fundo a mais do que nos casos estudados.

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12. Bandeiras e Flâmulas Bandeiras e flâmulas são padrões muito úteis de continuação de tendência. Elas possuem características semelhantes:

• Um movimento mais forte e objetivo inicial . • A correção do movimento. • Uma retomada do movimento na direção original.

São formações, em geral, de curta duração (1 a 3 semanas) que surgem com mais freqüência em fases de subidas ou de quedas mais bruscas. O volume durante a formação tende a se reduzir, aumentando novamente no ponto de corte.

A diferença fundamental entre uma bandeira e uma flâmula é o formato do padrão corretivo da formação. Observe nas figuras abaixo que a bandeira é semelhante a um retângulo (podendo ter inclinação), enquanto que a flâmula é uma bandeira pontiaguda, lembrando bastante um triângulo.

12.1 Bandeira

Figura 44: Bandeira

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12.2 Flâmula

Figura 45: Flãmula

12.3 Alvo Para os Preços

Como técnica de cálculo de alvo dos preços utilizamos o tamanho do movimento inicial até o início do padrão corretivo (primeira linha vermelha nas figuras acima). Então, quando acontece o rompimento (geralmente com aumento de volume conforme dito anteriormente) projetamos essa mesma distância a partir da linha base da bandeira ou flâmula (dando origem a segunda linha vermelha). Alguns analistas acreditam que a projeção pode ser feita do ponto mais alto da bandeira ou flâmula, entretanto, teriamos um alvo otimista nesse caso.

Abaixo vemos um exemplo de bandeira na Telemar (TNLP4). Observe que conforme mencionado, o retângulo que forma o padrão corretivo da bandeira pode ser inclinado.

Figura 46: Padrão Bandeira no Gráfico TNLP4

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13. Topos e Fundos Arredondados Topos e fundos arredondados são interessantes padrões da análise técnica que anunciam, com alguma antecedência, a virada dos preços. Formações que demoram um pouco mais de tempo para concretização possuem algumas vantagens, podemos destacar principalmente:

• Maior facilidade de identificação por parte do analista. • Tempo maior para o planejamento do trade (como a entrada e os stops). • Possibilidade de lucros melhores. Geralmente uma formação mais longa precede um

movimento mais amplo.

Topos e fundos arredondados enquadram-se nessa categoria, uma vez que são construídos a partir de diversas barras. Vamos conhecer mais a fundo suas características.

13.1 Forma dos Preços e Padrão de Volume

A figura abaixo ilustra, em sua parte esquerda, um fundo arredondado (saucer em inglês) e na parte direita um topo arredondado (ou rounding top). No caso do fundo, a linha curva é traçada juntando os pontos por baixo dos preços, ou seja, sob as mínimas. No topo, por sua vez, a linha circular é traçada sobre os máximos atingidos.

Figura 47: Topos e Fundos Arredondados

No fundo arredondado, conforme os preços aproximam-se de seu valor mínimo o momentum de queda sofre uma dissipação. Existe, nessa situação, uma certa falta de interesse em relação ao ativo o que gera reflexos no volume que também vai diminuindo. Gradualmente, preço e volume começam um processo de recuperação que acaba por resultar em um novo rally.

O topo arredondado é o inverso, mantendo-se apenas a característica de volume. Aliás, se analisarmos a relação entre o volume e os preços veremos prontamente os sinais de queda, afinal, conforme aproxima-se do máximo o volume decresce, expandindo-se novamente quando os preços mudam de direção.

No gráfico abaixo vemos a Acesita (ACES4) definindo um fundo arredondado. O volume sofre uma desaceleração para aumentar bastante conforme os preços iniciam a alta na seqüência. Observe como após o fundo arredondado a Acesita vai de aproximadamente R$ 8,00 até cerca de R$ 24,00.

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Figura 48: Fundo Arredondado no Gráfico da ACES4

Topos e fundos arredondados são padrões que mostram uma mudança gradual na relação oferta/demanda de um ativo. Por serem movimentos lentos dificilmente vemos rompimentos (breakouts) e também é complicado identificar níveis claros de suporte e resistência. Contudo, é possível detectá-los com alguma facilidade e após sua conclusão, geralmente, tem início um movimento forte que abre espaço para trades bastante lucrativos.

14. Realizando Trades com Canais Canais oferecem ótimas oportunidades de negócios aos traders que sabem aproveitar seus sinais. A maioria das situações descritas neste artigo utilizará como exemplo um mercado em tendência de alta. Entretanto, todos os conceitos são também perfeitamente válidos para um mercado em queda.

Um canal é formado por duas linhas. Uma primeira linha conecta uma série de fundos, enquanto que uma segunda linha, paralela à primeira, conecta uma sequência de topos. A inclinação do canal pode ser acendente, descendente ou mesmo horizontal. Canais são formações mais completas do que linhas de tendência. Uma primeira vantagem dos canais é que eles definem limites bastante objetivos de preços, tanto para entrada quanto para saída.

Conforme esperado, a técnica de canais pode ser aplicada em qualquer tempo gráfico, utilizando-se da característica fractal dos mercados. Assim, um canal traçado é tão válido em gráfico semanal quanto em em um gráfico de 15 minutos. Um ponto interessante, contudo, é que quanto maior a duração do canal mais significativo ele é. Um canal ativo por um tempo considerável e conectando diversos topos e fundos, tem uma importância grande e tanto o teste de um dos seus extremos quanto seu eventual rompimento representam eventos consideráveis na análise do índice/ativo.

No gráfico abaixo temos Gerdau PN (GGBR4) em um canal ascendente iniciado em maio de 2004. Observe como a linha inferior serviu diversas vezes como suporte, enquanto que a linha superior foi resistência em várias oportunidades.

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Figura 49: Canal Altista no Gráfico GGBR4

14.1 Técnicas de Operação

Existem diversas estratégias de operação de canais e com certeza um analista que estude essas formações perceberá outras maneiras e variações para explorar a tendência. A seguir alguns mecanismos operacionais são apresentados. Lembre-se, no entanto, de sempre utilizar Stop e adotar uma política de gerenciamento de seu capital.

14.2 Suporte e Resistência em Canais

Conforme mencionado, a linha inferior em um canal tende a ser uma zona de pressão compradora e a linha superior uma região de pressão vendedora. Dessa observação, uma das maneiras mais diretas de operar canais é comprar próximo ao suporte (linha inferior) e vender quando nos aproximamos da resistência (linha superior).

Analisando esses topos e fundos dentro de um canal com o auxílio de outros indicadores, em especial osciladores, como IFR e estocástico você perceberá que, muitas vezes, os indicadores sinalizarão um estado de sobrecompra ou sobrevenda. Essa indicação reforça as chances de reverão na extremidade do canal.

Uma outra técnica interessante é a conjunção de candles com canais. Note no gráfico acima que na última vez em que a GGBR4 testou a parte superior do canal, ela o fez através da sombra de uma Shooting Star, um padrão de reversão de candles. Dessa forma, encontrar um padrão de reversão nas proximidades de uma extremidade reforça a chance de que o suporte/resistência se manterá.

14.3 Falsos Rompimentos

As vezes durante a evolução de um canal acontece um falso rompimento, ou seja, um dos extremos é perdido temporariamente, apenas para em seguida os preços retornarem para o interior do canal. Um exemplo pode ser visto também no canal mostrado e reproduzido abaixo, veja o falso rompimento circulado em vermelho.

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Figura 50: Falso Rompimento no Gráfico da GGBR4

Esses falsos rompimentos, muitas vezes fazem com que o Stop do trader seja acionado. Mas, de forma alguma isso deve servir de desculpa para o não posicionamento da ordem. Um rompimento verdadeiro de um canal, frequentemente, acontece com rapidez e com grande volume, ou seja, a não utilização do Stop pode significar um prejuízo considerável para a carteira.

Contudo, vamos analisar o significado de um falso rompimento com o exemplo acima. Os compradores conseguiram levar o preço até a zona de resistência. Para vencer essa zona é necessário, normalmente, uma nova leva de compradores para combater a força vendedora existente naquele nível. Os bulls conseguem vencer a barreira em um primeiro momento e contam com a ajuda de alguns Stops acionados de investidores que estavam na venda e agora estão cobrindo posições, entretanto, a força vendedora mostra-se mais consistente e empurra os preços de volta. O raciocínio aplicado aqui é simples, mas eficiente: se os compradores não conseguem passar deste ponto a alta não tem como continuar, a força dos vendedores foi superior. O mercado então realiza um recuo e acumula até o outro extremo do canal.

Um falso rompimento, portanto, demonstra que a força de um dos lados chegou ao seu limite, o que indica uma boa possibilidade de realizar bons negócios agindo pela ponta vencedora, pelo menos em um prazo curto. Quando acontece um falso rompimento o alvo de preços (target) é o lado oposto do canal.

14.4 Aproveitando o Rompimento Verdadeiro

O canal oferece oportunidades de trades também quando ele é efetivamente rompido. Observe o gráfico abaixo, 60 minutos, da Brasil telecom (BRTO4).

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Figura 51: Rompimento Verdadeiro Gráfico BRTO4

Durante o percurso do canal de baixa acontece um falso rompimento que leva, na sequência, ao teste da região de suporte. Entretanto, quando os preços voltam a testar a linha superior, os compradores conseguem levar os preços para além da linha de fronteira. Acontece a reação de volta à linha (pull-back) para, finalmente em seguida, superar o topo formado no candle de rompimento com um forte candle branco e pôr um final definitivo no canal de baixa.

Uma boa estratégia para operar rompimentos de canais é, portanto, esperar o acontecimento de retorno à linha rompida. Se a linha segurar, a ordem pode ser posicionada ligeiramente acima do topo gerado no rompimento inicial.

Essas são algumas técnicas para explorar os canais. Você os encontrará com frequência nas suas análises. Teste as técnicas e defina a estratégia ideal para seus ativos, seus mercados e seu perfil. O sucesso e a recompensa virão para aqueles que unirem estudo, metodologia e disciplina.

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Capitulo 2

Estudo e Indicadores

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1. Tipos de Divergências Mesmo elementos bastante conhecidos dos analistas técnicos como as divergências possuem propriedades pouco exploradas. As divergências entre indicadores e os preços têm um valor excepcional para o trader, podendo avisar com antecendência uma reversão ou simplesmente gerar sinais claros para encurtar os stops devido ao enfraquecimento da tendência atual. Neste artigo, vamos conhecer os diferentes tipos de divergências e suas caracterísiticas.

1.1 Momentum e Divergências

A grande maioria dos analistas avalia durante seu trabalho o que podemos chamar de a "taxa de aceleração" do preço ou do volume. Essa taxa de aceleração é chamada em análise técnica de momentum e diversos indicadores, sejam eles seguidores de tendência ou osciladores, são também indicadores de momentum. Como exemplo podemos citar ROC, IFR, MACD, entre muitos outros.

Uma das maneiras em que esses indicadores são mais utilizados é na procura por divergências. As definições clássicas de divergências estão detalhadas abaixo:

• Divergência altista: uma divergência altista ocorre quando os preços fazem um novo fundo mais baixo que o anterior, enquanto que o indicador falha ao fazer um fundo mais baixo.

• Divergência baixista: uma divergência baixista ocorre quando os preços fazem um novo topo mais alto que o anterior, enquanto que o indicador falha ao fazer um topo mais alto.

Uma divergência é um sinal importante, ao qual devemos prestar muita atenção, pois uma boa oportunidade de entrada ou de saída pode estar se aproximando.

1.2 Diferentes Tipos de Divergências

Uma informação a mais para decisões baseadas em divergências é o seu nível de força. Na verdade, as divergências podem ser classificadas em três categorias diferentes chamadas de classes A, B e C.

1.2.1 Divergências Tipo A

Esta é a classe mais forte. As divergências altistas deste nível acontecem quando os preços fazem um fundo ainda mais baixo, enquanto que o indicador realiza um fundo mais alto. As divergências baixistas nível A, por sua vez, ocorrem quando os preços fazem um topo mais alto e o indicador analisado realiza um topo mais baixo.

Os sinais deste tipo são muito importantes e possibilitam ao investidor realizar uma boa entrada em um trade ou preparar uma ótima saída.

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1.2.2 Divergências Tipo B

Esta classe possui um nível de relevância menor que a classe A. Entretanto, essas divergências não podem ser desprezadas, até mesmo porque acontecem em conjunto com padrões de preços de reversão. As características são:

• Divergência baixista classe B: Acontecem quando os preços fazem um topo duplo, ao mesmo tempo o indicador realiza um topo inferior ao anterior.

• Divergência altista classe B: Surgem quando os preços fazem um fundo duplo e, no entanto, o indicador relacionado falha ao fazer um fundo mais baixo.

No gráfico do índice Bovespa abaixo, temos um exemplo de divergência baixista classe B. Note como o topo duplo é formado com os preços atingindo o mesmo patamar e, enquanto isso, o IFR de 9 períodos traça uma clara trajetória desacendente.

Figura 52: Divergência Entre Topo Duplo e IFR no Gráfico do Ibovespa

1.2.3 Divergências Tipo C

Este é o nível menos significativo. Essas divergências indicam mais estagnação e falta temporária de força do que propriamente uma reversão.

Uma divergência baixista C acontece quando os preços fazem um novo topo e o indicador faz um topo que está no mesmo nível da perna de alta anterior (como se o indicador fizesse um topo duplo agora). De maneira semelhante, a divergência altista nível C acontece quando um fundo mais baixo é construído pelos preços e o indicador apenas alcança seu fundo anterior (como se fosse um fundo duplo).

As informações apresentadas neste artigo são ferramentas que você poderá aplicar em suas análises. O departamento de pesquisa em análise técnica da Nelogica está realizando um estudo no qual iremos quantificar o nível de confiabilidade de cada tipo de divergência ao longo dos últimos anos. Os resultados serão posteriormente divulgados no portal.

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2. Gaps Gaps não são apenas espaços vazios nos gráficos. Eles trazem uma série de informações importantes que podem influenciar diretamente a percepção do trader sobre o movimento. A sua interpretação pode variar de um claro indicativo de força até uma expectativa de reversão dependendo do contexto no qual o gap se manifesta.

2.1 Quando surge um gap?

Assumindo um período de tempo diário, um gap acontece quando o máximo do dia atual é inferior ao mínimo do dia anterior (gap de baixa) ou quando o mínimo do dia atual é superior ao máximo anterior (gap de alta). Observando um gap no gráfico ele é um espaço vazio entre barras consecutivas.

Obviamente, um gap pode surgir em outras periodicidades além de em nível diário, como intraday, semanal, mensal, anual, etc. Contudo, conforme o intervalo de tempo aumenta os gaps são cada vez mais raros. Para que ocorra, por exemplo, um gap no gráfico semanal não pode haver intersecção dos preços dos 5 dias de uma semana com os preços de nenhum dos 5 dias da semana seguinte.

2.2 O Fechamento de um Gap

Existe a idéia de que um gap será sempre fechado. Entretanto, na análise técnica, não há espaço para certezas e, por consequência, não podemos confiar que determinado gap será prontamente preenchido. Mesmo porque o fechamento pode ocorrer semanas, meses e até anos depois. De qualquer maneira é inegável a observação de que a maioria dos gaps são fechados de maneira relativamente rápida.

Mas, o que significa fechar um gap? O fechamento ou preenchimento acontece quando os preços passam novamente e cobrem o espaço vazio, veja a figura abaixo.

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Figura 53: GAP no Gráfico do Ibovespa

A principal causa do fechamento é o aspecto fortemente emocional dos gaps. Eles mostram força para um dos lados, muitas vezes são gerados a partir de notícias surgidas durante a noite. Muitos traders possuem um relacionamento extremamente emocional com seus ativos e operações e tomam decisões pouco racionais.

Entretanto, quando a situação começa a normalizar e os fatos são analisados de maneira mais racional, muitos percebem que a decisão foi incorreta e começam a desfazer a posição equívocada. Esse comportamento inicia a reação que muitas vezes culmina com o fechamento total ou parcial do gap.

2.3 Tipos de Gap

A análise técnica classificou os gaps em três tipos básicos: gaps de rompimento, gaps de continuação e gaps de exaustão. Vamos conhecer as diferenças entre cada um deles.

2.3.1 Gaps de Rompimento

Este tipo de gap é formado quando o preço rompe um padrão de preços ou acumulação. Ele enfatiza a força compradora ou vendedora do novo momento.

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Figura 54: GAP no Gráfico do Ibovespa

No gráfico acima o gap de rompimento confirma a superação de uma resistência. É desejável que o gap seja acompanhado por um aumento de volume no caso de gap de alta, condição não necessária para rompimentos de baixa.

2.3.2 Gaps de Continuação

Os gaps de continuação surgem quando os preços estão fazendo um movimento claro em uma direção e com rapidez. Dessa maneira, este é um tipo de gap bastante emocional que encontramos, normalmente, em rallys ou em quedas bruscas.

Figura 55: GAP’s de Continuação no Gráfico da ELET6

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Neste gráfico da ELET6 vemos dois gaps de continuação. Um cuidado a ser tomado é que o surgimento do segundo ou terceiro gap sinaliza perigo, pois o movimento pode estar usando de suas últimas forças. A seguir discutimos o gap de exustão.

2.3.3 Gaps de Exaustão

O gap de exaustão está associado ao final do movimento. Conforme dito, o segundo ou terceiro gap de continuação pode ser na verdade um sinal de exaustão.

Cuidado especial deve ser tomado caso o gap seja grande em relação a outros gaps ou caso ocorra um gap de queda no dia seguinte deixando uma barra de preços isolada. Neste caso, tem-se uma ilha de reversão. Para os japoneses trata-se de uma padrão de candles de reversão tipo estrela bastante forte chamado de bebê abandonado.

2.4 Suporte/Resistência

Vale ressaltar também que um gap tende a tornar-se uma zona de suporte/resistência. Para os japoneses um gap é uma janela (Window) um padrão de continuação e toda a área da janela é considerada um nível potencial de pressão compradora ou vendedora.

Existem técnicas de exploração de gaps que serão analisadas em outros artigos. Observe os gaps e também o contexto no qual eles aparecem. Eles têm muita informação para ajudar em seus trades.

3. A Física do Mercado A física procura e tem conseguido ao longo dos séculos equacionar diversos aspectos naturais. Não é surpresa, portanto, a existência de pesquisas que visam explicar a dinâmica do mercado financeiro através de teorias matemáticas e com analogias às leis que regem os fenômenos do universo.

Neste artigo, apresentamos algumas situações do cotidiano da análise técnica sob o ponto de vista dos preceitos da física do mercado. A intenção deste texto não é descrever detalhadamente todos os conceitos, mas sim apresentar uma visão geral desta interessante maneira de explicar os padrões e movimentos dos ativos.

3.1 A Inércia nos gráficos

Um corpo em movimento tende a manter-se em movimento. Imagine uma tendência de baixa, os preços vêm oscilando e dia após dia fazendo fundos e topos mais baixos. Contudo, nada cai ou sobe para sempre, eventualmente a força baixista de nosso exemplo começa a diminuir e força compradora surge no sentido oposto.

Durante essa fase inicial da nova tendência a volatilidade aumenta, mas a inércia tende a desacelerar a movimentação dos preços. O resultado é uma série de acumulações e movimentos laterais que se manifestam enquanto o ativo tenta livrar-se da influência da tendência anterior. Quando o efeito da inércia é finalmente vencido, o rally está pronto para acelerar.

O analista técnico conhece esse fenômeno. No gráfico abaixo (30 min do IBOVESPA), após a queda, os preços lutam para vencer a inércia e testam diversas vezes a parte superior de uma zona de congestão. Quando essa região de resistência é finalmente vencida os preços estão livres da inércia para finalmente iniciar a alta. Muitos analistas posicionam uma ordem de entrada ligeiramente acima da zona de congestão quando observam essa formação.

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Figura 56: Inércia e Rompimento no Gráfico do Ibovespa

3.2 Retro Alimentação

Muitas vezes um movimento de preços parece que não vai parar mais. Sob a ótica da física dos mercados este é um processo de retro alimentação, uma vez que conforme os preços sobem ou descem existe a entrada de energia nova, representada pelos compradores/vendedores que estavam de fora e decidiram aproveitar o movimento.

Para que ocorra a reversão existe a necessidade de uma força oposta externa, maior do que a força que movimenta a tendência.

3.3 Centro de Gravidade

Artigos e livros específicos sobre física dos mercados mencionam o centro de gravidade de cada ativo. O centro de gravidade seria um intervalo de preços com a capacidade de exercer uma espécie de atração gravitacional, ou seja, os preços teriam dificuldade de se afastar dele.

Os analistas técnicos podem medir e se aproveitar dessa força através de bandas de bollinger, sabendo que quando os preços tocam em um das extremidades das bandas estão razoavelmente afastados de sua zona de gravidade. Uma outra maneira é utilizando envelopes (determinado desvio padrão ou percentual de distância de uma média móvel) como no exemplo abaixo.

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Figura 57: Centro de Gravidade no Gráfico da ACES4

Neste gráfico diário da Acesita (ACES4) vemos um envelope configurado para ser plotado a uma distância de 16% de uma média móvel exponencial de 26 períodos. Note que conforme os preços se afastam da média móvel e tocam no envelope eles tendem a retornar prontamente para a região da média.

Uma outra ferramenta que visa identificar áreas de equilíbrio (centros de gravidade) é a regressão linear, técnica que será discutida em outro artigo.

Os conceitos apresentados são apenas um pequeno exemplo de aspectos físicos cuja aplicabilidade está sendo investigada em mais detalhes. Entretanto, é inegável a influência das leis naturais no sobe e desce dos gráficos e fascinante a maneira como as novas descobertas interagem com a análise técnica.

4. Mundo das Médias Móveis O uso de médias móveis na análise técnica é como jogar futebol ou ir ao cinema, nunca sai de moda. Mas, isso tem um motivo e ele é bastante simples: médias móveis são úteis. Existem diversos tipos de médias como aritmética (ou simples), exponencial, ponderada, Welles Wilder, etc. Nosso foco neste artigo estará nos dois primeiros tipos, visto que são os mais utilizados e produzem ótimos resultados.

Uma média, como o nome diz, mostra o valor médio de uma amostra de determinado dado. Uma média móvel aritmética (MMA) é uma extensão desse conceito, representando o valor médio, normalmente dos preços de fechamento, em um período de tempo.

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Fórmula 1: Média Móvel Aritimética

Na fórmula acima, V representa os diferentes preços, enquanto que N é a janela de tempo sobre a qual se constrói a média. O parâmetro N é muito importante quando trabalhamos com médias móveis na análise gráfica, pois é a variável que iremos ajustar para obter melhores resultados. Modificando seu valor, a média irá responder mais ou menos rapidamente às variações de preços.

Mas, por que média móvel? A palavra móvel está presente pelo fato de que quando uma cotação entra no cálculo outra cotação sai. Por exemplo, se estamos usando uma média de 20 barras e surge uma nova cotação a última dessas 20 cotações é excluída do cálculo, enquanto que a mais recente entra. Assim, a média "movimenta-se" através do gráfico.

Abaixo temos a fórmula da média móvel exponencial (MME). Preço representa o fechamento do dia de hoje e MMEontem é o valor anterior da média móvel exponencial e K é uma variável dependente do período N como pode ser visto.

Fórmula 2: Média Móvel Exponencial

Ao contrário da média simples, na exponencial os dados mais novos possuem uma importância superior. Além disso, os valores mais antigos não são diretamente descartados quando passam a constar fora da janela de cálculo. Eles mantém uma participação no valor da média exponencial que vai ficando cada vez menor com o tempo.

4.1 Que Tipo de Média Utilizar?

A resposta para esta pergunta não é simples. Em seu livro "Techical Analysis Explained" Martin Pring apresenta dados estatísticos que mostram uma maior efetividade das médias aritméticas sobre as exponenciais no mercado acionário americano entre 1968 e 1987. Os critérios utilizados para esse estudo estão além do escopo deste artigo. Alexander Elder, em seus clássicos "Trading for a Living" e "Come Into My Trading Room" defende o uso preferencial de médias exponenciais.

O principal argumento apresentado por Elder é que a média simples é muito sensível às variações do mercado, pois seu valor recebe uma influência dupla quando um novo dado chega: a inclusão do novo preço e o descarte do mais antigo. Em uma média exponencial o efeito dos preços antigos permanece e vai desparecendo com o tempo, além disso o dado mais recente possui um peso maior, fazendo com que a média reflita de maneira mais adequada o humor atual do mercado.

4.2 Usando Médias Móveis

Existem indicadores chamados seguidores de tendências e as médias móveis pertencem a esta classe. Esses indicadores possuem uma inércia natural, ou seja, não foram projetados para apontar reversões rapidamente. Para sinalizar mudanças rápidas é aconselhável o uso de osciladores como IFR, estocástico e outros.

A primeira informação importante fornecida por uma média móvel é sua inclinação. Uma média móvel ascendente mostra um mercado comprador, enquanto que uma média descendente indica um mercado vendedor. Posicione-se de acordo com o que a média indica, pois ela tende a refletir de maneira adequada o comportamento dos investidores.

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Por ser um indicador seguidor de tendência existe um momento no qual não devemos usar as médias móveis. Que momento é esse? O mercado seguidamente se coloca em acumulação, movendo-se lateralmente entre limites de preço. Nesses movimentos, a aplicação das médias só é possível em períodos muito curtos e mesmo assim existe uma chance considerável de obtenção de sinais errados, pois não há uma tendência definida a ser seguida.

4.3 Médias Móveis Como Suporte e Resistência

A média móvel é uma representação suave da tendência, uma vez que ela filtra oscilações menores. A média é uma região de suporte/resistência natural e uma de suas principais técnicas de utilização é formação de posição nas proximidades da média em uma tendência de alta. Nessa região o mercado tende a buscar forças para uma nova subida.

Figura 58: Média Móvel Como Suporte no Gráfico da TNLP4

Observe o gráfico da Telemar (TNLP4) acima entre março e junho de 2003. Uma média exponencial de 22 dias nos sinalizou 5 oportunidades de compra até perder a inclinação ascendente. Não é preciso dizer que essa técnica de operação é válida também para mercados em queda, nos quais devemos vender quando acontece o repique até a média móvel descendente.

Para a aplicação dessa técnica o analista pode utilizar-se de outros recursos como comprar na vizinhança da média apenas quando aparecer um candle de reversão. Note no gráfico que no quinto toque na média aparece também a figura de um martelo. Qual mecanismo auxiliar utilizar em conjunto com a média fica a critério de cada trader, de acordo com sua metodologia e ferramentas.

4.4 Cruzamentos (Crossovers)

Uma outra classe de métodos de utilização das médias móveis é através de cruzamentos. Quando os preços cruzam a média móvel de baixo para cima é dado um sinal de compra e quando

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cruzam de cima para baixo uma venda é sinalizada. Veja o gráfico abaixo da Gerdau (GGBR4). Os preços partem para a parte superior da média em uma nova tendência de alta.

Figura 59: Cruzamento (Crossovers) da Média Móvel no Gráfico da GGBR4

Uma importante questão é saber quando o cruzamento é verdadeiro. Algumas vezes, os preços rompem a média e em seguida retornam de volta ao lado original, gerando um sinal falso. Novamente, não existe regra fixa para identificar a validade dos cruzamentos. Alguns traders definem que o rompimento é verdadeiro quando os preços superam por um percentual a média (por exemplo, 3%). Outros preferem aguardar 1 ou mais fechamentos na nova região, se o mercado consegue manter-se acima/abaixo após o cruzamento o sinal ganha força.

Além do cruzamento dos preços outra técnica usada é o cruzamento entre duas médias, uma longa e uma curta. Suponha que a média longa seja de 22 barras e a curta de 11. Quando a média de 11 superar a de 22 cruzando para cima, tem-se um sinal de compra, de maneira semelhante, cruzando para baixo um sinal de venda é caracterizado. Nesta variação, é importante que ambas estejam inclinadas na mesma direção.

4.5 Adaptando a Janela de Tempo

Conforme dito anteriormente, a janela de tempo do cálculo da média móvel é o parâmetro a ser ajustado em busca de melhores resultados. Como na maior parte das ferramentas da análise técnica não existe regra exata para dimensionar a média, mas é preciso buscar o equilíbrio para o mercado, o ativo e tempo de operação visados. Esse equilíbrio é importante pois:

• Quanto maior o período mais suave é o comportamento da média e mais imune a ruídos e movimentos curtos ela estará. No entanto, se for grande demais pode responder de maneira muito lenta à mudanças significativas no mercado.

• Quanto menor o período de maneira mais próxima a média seguirá os preços. Contudo, se o período for pequeno demais a média estará excesssivamente exposta às variações de preços, perdendo sua utilidade como seguidora de tendências.

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Como descobrir então com qual média operar? Trabalhando e utilizando a técnica de tentativa e erro. Comece, por exemplo, com um período como 22 (aproximadamente o número de pregões em um mês) ou 30 para um gráfico diário. Varie o valor e veja se a resposta do indicador foi superior ou inferior do que no teste anterior. O processo é semelhante a sintonizar um rádio com aqueles antigos sistemas analógicos nos quais era preciso girar um botão.

5. IFR - Índice de Força Relativa O IFR é um dos indicadores mais utilizados, sendo extremamente útil em diversas situações. Ele pode ser usado sozinho ou em conjunto com outras técnicas de análise (o que é sempre recomendado).

Criado em 1978 por Welles Wilder, o IFR mede a "força" de um ativo. Ele oscila entre 0 e 100 e pode ser utilizado em seus trades de 4 maneiras principais, vamos a elas.

5.1 Topos e Fundos

Também conhecida como condição de compra ou venda excessiva. O IFR, normalmente, faz um topo acima do valor 70 e um fundo abaixo de 30. Esses topos/fundos formados no IFR, muitas vezes, são muito mais claros de serem visualizados do que no próprio gráfico de preços do ativo.

A interpretação feita é que acima de 70 o ativo está em uma condição de compra excessiva, ou seja, os preços estão altos, levando a pressão compradora a tornar-se fraca e abrindo espaço par uma correção. De maneira semelhante, abaixo de 30 aconteceram muitas vendas e o ativo está barato, sugerindo oportunidades de compra que podem dar origem a um movimento altista. Alguns autores acreditam que em uma tendência grande de alta o valor de 80 é mais adequado para sinalizar a condição de compra excessiva, enquanto que em um mercado de baixa o limite inferior pode ser ajustado para 20.

5.2 Formações Gráficas

O IFR forma padrões como OCO ou triângulos que, muitas vezes, não aparecem no gráfico dos preços, mas que são perfeitamente válidos, podendo indicar continuação ou reversão de tendência. O exemplo abaixo, mostra destacado um OCO anunciando queda no IFR que não aparece no gráfico de preços.

Figura 60: Divergência no IRF no Gráfico do Ibovespa

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5.3 Suporte e Resistências

Linhas de suporte e resistência são perfeitamente válidas no IFR, sugerindo, respectivamente, região de pressão compradora e vendedora.

5.4 Divergências

A procura por divergências é um dos principais usos do IFR. A divergência acontece quando o movimento do IFR "discorda" do que está acontecendo com o preço. Como um exemplo, algumas vezes o gráfico dos preços faz um novo topo mais alto que o anterior, enquanto que o IFR não acompanha este movimento ficando abaixo de seu último topo. O que está acontecendo? O IFR está apresentando a você um sinal de fraqueza do mercado de alta e talvez seja uma boa chance de vender. Não é preciso dizer que o contrário também é válido, se os preços fazem um novo fundo e o IFR não, pode estar surgindo força compradora.

Figura 61: Divergência de Tendência no Gráfico do Ibovespa

Acima podemos ver que o índice Bovespa fez um fundo mais baixo, sugerindo a continuação da queda, o IFR, entretanto, divergiu apresentando nas mesmas posições fundos sucessivamente mais altos. Logo em seguida, aconteceu a reversão de tendência e os preços acompanharam o IFR.

5.5 Outras Características

O IFR pode ser calculado sobre diferentes períodos de tempo, os mais comuns são 9, 14 e 25. Não existe uma regra formal para o número de dias a ser usado, alguns funcionam melhor para certos mercados, deve-se então testar e encontrar o que se adapta melhor para os papéis e índices que você analisa.

O cálculo do IFR é feito da seguinte maneira:

Fórmula 3: IRF (Índice de Força Relativo)

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Na fórmula, "A" representa a média dos preços de fechamento dos dias de alta do período, enquanto que "B" a média dos preços de fechamento dos dias de baixa. Como já foi dito, não existe regra bem determinada para o período de cálculo das médias, mas quanto menor o período maior a volatilidade do indicador, ou seja, o IFR irá oscilar mais.

O IFR é bastante versátil e pode ajudar muito em seus trades. Muitos analistas concordam que o IFR é muito eficiente auxiliando na confirmação de uma idéia ou hipótese sobre o mercado. É possível realizar negócios baseando-se unicamente nesse indicador, mas essa prática não é a ideal. O importante é possuir uma metodologia que combine algumas técnicas de análise, podendo ser o IFR mais uma importante arma em seu arsenal.

6. Conheça o Estocástico O estocástico é um importante indicador do tipo oscilador criado por George Lane. Ele mede a capacidade das forças compradoras de realizar o fechamento próximo ao valor máximo atingido dentro de um determinado intervalo de tempo e a capacidade das forças vendedoras em trazer esse fechamento para as proximidades do valor mínimo da janela de tempo.

Existem algumas variações do estocástico. A fórmula do estocástico rápido pode ser vista a seguir:

Fórmula 4: Estocástico

Onde %K é a chamada linha rápida e %D a linha mais suave. Fech representa o valor de fechamento de hoje, Min(n) e Max(n) são os valores máximo e mínimo atingidos pelos preços nas últimas n barras.

O parâmetro de tempo, como em outros indicadores pode ser otimizado para nossas necessidades. Uma janela grande analisa um período de tempo que compreende mais barras, filtrando acontecimentos menores. Um tempo pequeno, por sua vez, volta sua atenção para os últimos preços oferecendo sinais de curto prazo.

Ao contrário de seguidores de tendência como MACD e médias móveis (entre outros) os osciladores, normalmente, são usados em períodos menores, uma vez que são sinalizadores de reversões. Uma dica é, portanto, começar a realizar seus testes com um período menor do que 10.

6.1 Técnicas de Utilização do Estocástico

Vamos ver agora diferentes situações em que podemos usar este ótimo indicador.

6.1.1 Níveis Extremos

O estocástico ajuda a mostrar se um ativo está sobrecomprado ou sobrevendido. Os níveis de referência utilizados, normalmente, são 85 para limite superior e 15 para limite inferior.

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Acima do patamar de 85 o ativo está mais vulnerável à correções, pois houve um impulso forte para atingir esse nível. Abaixo de 15, houve um movimento de venda acentuado, o qual pode dar lugar a boas oportunidades de compras.

Uma metodologia possível e seguida no exemplo a seguir para a Acesita (ACES4) é a geração de um ponto de compra quando o estocástico retorna de baixo de 15 para cima desse patamar. De maneira análoga, um ponto de venda surge quando o estocástico cruza de cima para baixo o patamar de 85. As linhas vermelhas horizontais no estocástico representam os níveis de 15 e 85. As linhas verticais azuis no gráfico de preços mostram as sinalizações de compras, enquanto que as linhas verticais vermelhas mostram as sinalizações de venda segundo os critérios descritos.

Figura 62: Sinalização de Compra e Venda Com o Estocástico

Alexander Elder no clássico Trading for a Living faz uma colocação interessante. Talvez mais importante do que comprar abaixo de 15 ou vender acima de 85 seja não comprar acima de 85 e não vender em um valor menor do que 15. Isso porque, apesar da vontade de aproveitar o momento forte de um dos lados, as chances de reversão são bastante grandes.

Entretanto, existe uma técnica que justamente visa explorar um movimento amplo do estocástico. Se a linha %K atingir o valor 100 (ou 0 em uma queda), e após um pull-back o valor 100 (ou 0) for novamente alcançado um ponto de compra (venda) é gerado. A teoria consiste em explorar o momento forte, pois o preço está fechando continuamente próximo do valor máximo (ou mínimo).

6.1.2 Movimento Atenuado

Outra técnica que merece ser descrita explora a indicação de reversão gerada pelo estocástico quando seu traçado perde a inclinação e fica achatado.

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Figura 63: Perda de Inclinação

Observe a figura acima. Na primeira situação o estocástico vinha em trajetória ascendente. Contudo, o movimento começa a desacelerar e a angulação é perdida. Nesse momento o mercado está propício a uma reversão. Esse método pode ser empregado principalmente para operações de curto prazo. A linha descendente na figura acima ilustra a mesma situação com a diferença que está sendo gerada uma possibilidade de compra.

6.2 Divergências

Como em outros osciladores, divergências no estocástico são uma ótima maneira de observar o comportamento do mercado.

Quando o gráfico de preços do ativo sucessivamente alcança topos mais altos e o estocástico não acompanha esse movimento entre em estado de alerta. O mesmos e aplica para quando os preços fazem fundos mais baixos, mas o estocástico falha em fazer um fundo mais baixo que o anterior criando a divergência.

No exemplo abaixo da Aracruz (ARCZ6), os preços estavam em movimento baixista acentuado, mas o estocástico parou de acompanhar o movimento possibilitando que se traçasse uma linha altista unindo dois fundos. Não demorou para o gráfico mudar o sentido e iniciar uma trajetória altista.

Figura 64: Divergência de Tendência Com o Estocástico no Gráfico da ARCZ6

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Como em todas as outras situações procure otimizar os parâmetros para sua metodologia. Antes de aplicar na prática realize testes e conheça bem o indicador, estar familiarizado com a ferramenta é fundamental.

7. O Indicador Force Index Neste artigo vamos analisar o indicador Force Index desenvolvido pelo Dr. Alexander Elder e apresentado pela primeira vez no clássico livro Trading for a Living. Em seus livros, Elder refere-se ao Force Index como uma de suas principais armas e de fato, trata-se de um indicador que possui grandes qualidades.

7.1 Forma de Cálculo

O Force Index relaciona preço e volume. A fórmula utiliza a amplitude do preço entre dois dias (ou entre duas unidades de tempo da periodicidade sendo usada) e procura medir o tamanho da movimentação e sua força. Assim:

Force Index = (Fechamento (hoje) - Fechamento (ontem)) x Volume (hoje)

Se a variação for maior que zero o Force Index será positivo. De maneira semelhante, se o fechamento for inferior ao do dia anterior o Force Index será negativo. O volume entra como um fator que amplifica ou atenua a importância do dia, ou seja, ajuda a qualificar a relevância da variação.

O Force Index normalmente recebe mais um nível de tratamento, no qual aplica-se uma média móvel aos seus resultados, sendo mostrado como uma linha ao invés de um histograma. Essa, aliás, é uma das recomendações do criador do indicador. Dessa forma, ao longo do restante deste texto a notação Force Index [14], por exemplo, refere-se ao indicador atenuado por uma média móvel de 14 unidades de tempo.

7.2 Entrando em um Trade

Uma das técnicas de utilização emprega um Force Index [2] em combinação com um indicador de acompanhamento de tendência. No gráfico mostrado a seguir, estamos usando para acompanhar o movimento uma média móvel exponencial de 22 períodos. Os pontos de entrada podem ser gerados de acordo com 2 critérios:

• O indicador de acompanhamento de tendência aponta para cima. • O Force Index [2] está abaixo de zero.

A idéia por trás desse mecanismo é identificar um pequeno momento dos vendedores dentro de uma tendência de alta e, assim, conseguir comprar por um preço barato. Claro que os Stops devem estar posicionados, pois o momento dos vendedores pode não ser tão breve como achamos inicialmente.

Entretanto, esta técnica pode gerar melhores resultados se adicionarmos um pequeno recurso extra. Além dos itens citados acima, o ponto de compra é gerado quando os preços estão próximos da média móvel. Este item a mais vai diminuir o número de sinais, mas, de acordo com nossos testes, os resultados são superiores, de modo que recomendamos sua utilização.

O gráfico abaixo mostra a técnica sendo aplicada ao IBOVESPA. As linhas verticais identificam claramente os pontos de entrada gerados.

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Figura 65: Pontos de Entrada Com o Força Index no Gráfico do Ibovespa

Os mesmos conceitos podem ser usados para uma operação de venda, basta para isso, inverter as afirmações. O Force Index [2] deve estar acima de zero e o indicador de acompanhamento de tendência apontando para baixo.

7.3 Exaustão

Muitas vezes um movimento de alta ou de baixa dá um último e forte "suspiro" antes de finalizar sua trajetória. Esse acontecimento chama-se exaustão e pode ser identificado de algumas maneiras, uma delas utilizando-se o Force Index [2].

Observe o gráfico abaixo da Petrobrás (PETR4). O indicador realiza um pico muito maior do que o normal. Essa sinalização mostra uma exaustão no movimento de alta, de modo que nos dias seguintes o papel iniciou um processo de correção.

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Figura 66: Exaustão do Movimento Com o Força Index no Gráfico PETR4

7.4 Divergências

Como muitos outros osciladores procure sempre prestar atenção às divergências entre o Force Index e o preço. Uma distinção que se faz é que para a observação de divergências é muito melhor trabalhar com um Force Index maior como [13] ou [22].

Assim, quando o Force Index falha ao fazer um topo mais alto, enquanto o gráfico dos preços consegue, temos um indicativo de possíveis problemas pela frente. O análogo também é verdadeiro, ou seja, se o Force Index falha ao fazer um fundo mais baixo, mas os preços conseguem atingir um nível inferior, temos a indicação de que uma reação altista pode estar surgindo.

O Force Index é um indicador sobre o qual vale a pena dar uma boa estudada. Não existem regras fixas para os parâmetos e com certeza cada investidor pode encontrar uma configuração ideal para seus ativos.

8. O Indicador OBV O OBV (On Balance Volume) é um indicador momentum que relaciona mudanças no preço com as variações de volume. Ele foi criado por Joe Granville e a idéia é detectar a direção do fluxo do volume, ou seja, se está entrando ou saindo volume do ativo.

Trata-se de um indicador bastante utilizado. Sua fórmula de cálculo é simples. Se o fechamento do dia for superior ao do dia anterior todo o volume é considerado volume de alta. Se o fechamento for inferior ao do dia anterior, todo o volume é considerado volume de baixa. Assim:

Dia de alta:

• OBV = OBV (ontem) + Volume (hoje)

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Dia de baixa:

• OBV = OBV (ontem) - Volume (hoje)

O OBV pode, naturalmente, ser aplicado também para gráficos Intraday. Neste caso, o cálculo não é feito em termos de dias, mas sim em relação à periodicidade de cada barra.

A interpretação do indicador pode ser feita segundo diferentes técnicas como divergência, quebra de tendência, padrões, cruzamentos de médias, etc. Veremos alguns desses mecanismos a seguir.

8.1 Divergência

Como muitos outros indicadores o OBV permite a análise por divergências. Quando o preço atinge patamares mais elevados (ou mais baixos) e o OBV não acompanha trata-se de um indicativo extra de que está faltando força ao movimento e existe probabilidade razoável de reversão. Em um situação como essa os Stops devem ser encurtados para preservar o lucro da operação ou a entrada no novo movimento deve ser planejada.

Figura 67: Divergência de Tendência Com o OBV no Gráfico BBDC4

O gráfico acima do Bradesco (BBDC4) mostra que os preços realizaram uma perna de alta, enquanto que o OBV gerou um topo inferior. O sinal de divergência gerado transformou-se em seguida em um movimento baixista mais amplo.

8.2 Elementos da Análise Técnica

Uma das grandes forças do OBV é permitir que os elementos na análise técnica como canais, suportes e resistências sejam aplicados diretamente em seu gráfico. Utilize essas técnicas da mesma maneira como faria no gráfico de preços.

O gráfico abaixo mostra o OBV da Cemig (CMIG4). Note como os fundos do OBV formam uma linha de tendência de alta, a qual após seu rompimento foi testada novamente, servindo agora como resistência (princípio da inversão).

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Figura 68: Princípio de Inversão Com o OBV no Gráfico da CMIG4

É claro que seriam necessárias diversas páginas para analisar a fundo todas as características deste indicador. Entretanto, observando-o constantemente você irá familiarizar-se e logo perceberá as divergências e as formações mais confiáveis.

Existem indicadores semelhantes ao OBV, contudo mais sofisticados que serão analisados em novos artigos.

9. O Indicador Market Facilitation Index (MFI) Ao analisar o panorama técnico o trader reúne uma série de informações para formar sua opinião e projetar suas operações. Ao longo dos anos, como não poderia deixar de ser, muitos trabalhos vêm chamando a atenção sobre a grande importância de se observar o volume no contexto dos movimentos de preços. Bill Williams em seu livro Trading Chaos, apresenta o Market Facilitation Index (MFI) um interessante indicador que utiliza as variações de preço e volume para classificar o momento de mercado em 4 estados possíveis.

9.1 O Market Facilitation index e as Situações de Mercado

O MFI é uma medida da facilidade ou da eficiência com a qual o preço de um ativo se move para cada unidade de volume. A direção do movimento dos preços não importa, apenas sua intensidade. No MFI, o valor absoluto do indicador também não tem significado, o que importa é seu comportamento relativo (se está subindo ou caindo). Vale lembrar que existem indicadores nos quais os valores absolutos possuem uma interpretação. No Índice de Força Relativa (IFR), por exemplo, convenciona-se que abaixo de um determinado valor, tipicamente 30, o mercado está excessivamente vendido e vulnerável a correções altistas, no MFI não existem interpretações semelhantes.

O Market Facilitation Index é analisado em conjunto com o volume, levando a quatro situações possíveis:

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• MFI crescente e volume crescente: representa um bom momento para estar no mercado, a favor da tendência atual. O número de participantes do mercado está aumentando e novas posições estão sendo abertas na direção da tendência.

• MFI descrescente e volume decrescente: mercado desinteressante, muitas vezes essa situação ocorre ao final de uma tendência.

• MFI crescente e volume descrescente: segundo Bill Williams esta é uma fase chamada Fake (falso). O mercado continua a mover-se em uma direção principal, mas não há volume gerado pela entrada de novos participantes, ou seja, o menor volume pode estar representando as atividades especulativas de poucos participantes, mascarando o sentimento geral do mercado.

• MFI descrescente e volume crescente: mostra um forte confronto entre as forças de compra e venda. O volume está aumentando, mas os preços não se movem com força. Um dos lados, inevitavelmente, irá vencer e o movimento tende a ser forte. A estratégia aqui é monitorar até que ocorra a definição do lado vencedor e se posicionar de acordo. Muitas vezes teremos um gap de rompimento, a superação dos limites de uma congestão e outros fortes indicativos.

O mercado, frequentemente, torna-se confuso, sendo difícil fomar uma opinião satisfatória. O Market Facilitation Index nos fornece elementos adicionais na construção de um ponto de partida mais sólido para a definição de nossas estratégias de operação

10. Movimento Direcional: ADX, DI+ e DI- O conceito de movimento direcional é estudado na análise técnica através de seus componentes ADX, DI+ e DI- que analisaremos em breve. Trata-se de uma informação muito importante, pois visa responder uma questão fundamental: estamos em uma tendência ou não?

A resposta dessa pergunta influi diretamente na estratégia de operação. Vamos pensar em um mercado com uma tendência ativa, não importa se para cima ou para baixo, nesta situação temos as seguintes características:

• Trades mais longos, nos posicionamos “a favor da correnteza” e realizamos a administração da operação (acompanhamento do stop, liquidação parcial, aumento de posição, etc.).

• As ferramentas usadas são seguidores de tendência, como médias móveis, parabólico SAR e outros.

• O movimento, em geral, não finaliza bruscamente, o mercado sinaliza que a força está acabando de diversas maneiras como divergências baixistas, sucessivos candles do tipo doji e outras formações.

Na condição oposta, tendo a consciência de estarmos em um mercado sem tendência, iremos nos valer de outros fatores:

• Trades teoricamente mais curtos observando-se os limites de suporte e resistência do movimento lateral.

• Utilização mais intensa de osciladores (IFR, Estocástico, etc). • Linhas de volatilidade como bandas de Bollinger estreitam-se. • O início de uma nova tendência ocorre, muitas vezes, de maneira rápida e forte com um

gap de rompimento e entrada de volume, deixando para trás a acumulação.

Estudando esses aspectos o analista Welles Wilder concebeu a idéia do movimento direcional. A base de cálculo utiliza-se da comparação dos extremos alcançados pelos preços hoje em relação a períodos anteriores. Para mais detalhes sobre as particularidades matemáticas, recomendamos o livro New Concepts in Technical Trading do próprio Wilder.

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10.1 Componentes do Movimento Direcional: ADX, DI+ e DI-

O ADX (Average Directional Index) consiste em uma média do DI+ e DI- em determinado período. Ele é calculado de maneira que oscila entre 0 e 100 e indica se o mercado está em tendência ou não. Embora, como quase tudo na análise técnica, não exista uma regra definitiva, considera-se que o ADX informa sobre a não existência de uma tendência quando ocorre pelo menos uma das seguintes situações:

• Apresenta leituras inferiores a 25. • O ADX aparece sob as linhas DI+ e DI- simultaneamente.

No gráfico abaixo do índice Bovespa temos plotado na parte inferior, para simplicidade do exemplo, apenas o ADX sem os componentes DI+ e DI-. Observe que no período que estende-se das primeiras semanas de Junho até os primeiros dias de Agosto temos o ADX sob a linha de 25 (linha azul). Analisando os preços, confirmamos visualmente um mercado lateral, no qual sistemas baseados em seguidores de tendência apresentarão um maior número de sinais falsos.

Figura 69: ADX na Confirmação de Ausência de Tendência no Gráfico do Ibovespa

O ADX pode ser utilizado também como um sinalizador de final ou de interrupção temporária de uma tendência. Quando o ADX começa a afastar-se de seu ponto mais alto, deve-se observar cuidadosamente o cenário técnico para avaliar se chegamos, efetivamente, em um momento de transição. Um sinal desses sugere, pelo menos, que repensemos o volume de nossas posições compradas ou vendidas.

Conforme dito anteriormente, o sistema direcional conta ainda com os componentes DI+ e DI-. Esses indicadores geram sinais objetivos:

• Compra: DI+ cruza para cima o DI-. • Venda: DI- cruza para cima o DI+.

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No gráfico a seguir vemos três situações em que houve o cruzamento. Cada um dos cruzamentos está marcado por um círculo, sendo que o primeiro e o último são sinais de venda, enquanto que o central indica compra.

Figura 70: ADX, DI+ e DI- na Análise do Gráfico do Ibovespa

O sistema direcional possui um mérito fundamental, ele nos deixa no lado certo do mercado. Como todo o seguidor de tendência existe um “atraso” no indicador, mas em análise técnica muito mais importante do que topos e fundos exatos é não posicionar-se contra o mercado. Utilize as ferramentas certas dentro de cada panorama técnico que os gráficos nos mostram.

11. Parabólico SAR Poucos conhecem profundamente este interessante indicador, considerado exótico pela maneira como é plotado. O parabólico é muito útil, sendo bastante usado na composição de sistemas de trade (trading systems), uma vez que seu uso define regras claras e objetivas de stop tanto na ponta de compra quanto na de venda.

Criado por J. Welles Wilder e apresentado em detalhes em seu livro New Concepts in Technical Trading Systems, o nome parabólico vem do fato de que o conjunto de pontos do indicador apresenta frequentemente a forma de uma parábola. SAR, por sua vez, significa em inglês Stop And Reverse, ou seja, pára e reverte. Trata-se de uma menção à maneira como o indicador é empregado, a qual estaremos estudando a seguir.

11.1 Tendência é Fundamental

O primeiro ponto fundamental sobre o parabólico é que ele só deve ser usado em ativos com tendência definida. Acumulações e movimentos laterais fazem com que o indicador gere diversos sinais não confiáveis. Lembre-se sempre disso quando estiver observando o parabólico junto a um gráfico.

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No gráfico abaixo vemos o parabólico (pontilhado) gerando diversos sinais na Eletropaulo (ELPL4). Observe o uso conjunto de um seguidor de tendências, no caso uma média móvel exponencial de 26 períodos, cuja forma achatada (flat) torna mais evidente ainda o movimento lateral.

Figura 71: Análise de Tendência com o Parabólico SAR no Gráfico da ELPL4

11.2 Stops, Entradas e Saídas

O grande mérito do parabólico está na sinalização de saídas. Como dito no artigo sobre planejamento de trades, a maior parte dos investidores passa 95% do tempo pensando em suas entradas e praticamente desprezam as condições de liquidação de suas posições. O resultado é a devolução do lucro obtido ou um prejuízo maior do que o esperado.

A regra de utilização do parabólico nessas condições é simples:

• Deve-se fechar posições de compra quando o preço cai para baixo do parabólico e cobrir posições de venda quando o preço sobe acima do parabólico.

O parabólico é um grande sinal de alerta. Suponha um ativo em tendência de alta, a cada dia o parabólico subirá de acordo com o tamanho da movimentação dos preços, mas não importando a direção dessa movimentação. Eventualmente, haverá a intersecção e a superação dos preços pelo parabólico esse é o sinal de stop-and-reverse.

O indicador pode ser usado também para gerar pontos de compra e venda de maneira independente. Entretanto é aconselhável que se utilize em conjunto um seguidor de tendência. Assim, um sinal de compra é gerado quando os preços superam o parabólico e o seguidor de tendência (média móvel, macd, etc.) indica uma situação altista. No caso de uma média móvel, ela deverá estar com uma inclinação para cima. Para situações de venda, as condições são similares, mas ao contrário.

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Figura 72: Análise de Tendência com o Parabólico SAR no Gráfico da GGBR4

No gráfico da Gerdau (GGBR4) acima, vemos que o parabólico sinaliza todas as reações à tendência de baixa. Se o trader estiver em uma operação de venda ele conta com um aviso claro para cobrir sua posição ou encurtar os seus stops.

12. Bandas de Bollinger As bandas são uma ferramenta bastante interessante. Como veremos, elas mantém uma relação intensa com a volatilidade, podendo nos ajudar a antecipar movimentos fortes e identificar pontos de compra e venda.

Observando o gráfico de um ativo ao longo do tempo é possível perceber períodos de alta volatilidade e outros nos quais parece que compradores e vendedores fizeram um trato em favor da tranquilidade e da paz de espirito. A análise detalhada do gráfico, no entanto, nos mostra mais. O preço de um ativo dificilmente foge de uma determinada região, sendo constantemente atraído para uma zona de equilíbrio. Essa zona pode ser identificada com a utilização de médias móveis.

A partir dessas observações, o analista técnico John Bollinger criou as bandas de Bollinger. Elas consistem em duas linhas, uma superior e outra inferior, traçadas a partir de uma determinada distância de uma média móvel.

Esse conceito é, basicamente, o mesmo de envelopes. Nos envelopes, temos também duas linhas as quais são calculadas a partir de um determinado percentual de distância da média. A diferença introduzida por Bollinger está na utilização do desvio padrão. Vamos, então, ver de maneira rápida alguns conceitos de estatística.

12.1 Um Pouco de Estatística

Uma única medida de tendência central nem sempre é adequada para descrever, de modo satisfatório, um conjunto de dados. Não basta saber o valor em torno do qual os dados se concentram. É preciso saber o grau de agregação, ou seja, definir e usar mecanismos para

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quantificar o nível de dispersão dos dados. O desvio padrão é justamente uma medida da dispersão de um conjunto de dados em relação a sua média.

Aplicando esse conceito no contexto da análise técnica de um ativo, tem-se que o desvio padrão é uma medida da volatilidade, ou seja, quanto maior a volatilidade de um ativo maior seu desvio padrão. As bandas são, portanto, traçadas a um determinado número de desvios padrão de uma média.

O analista sabe que na maior parte do tempo os preços estarão reclusos dentro desse limite. Como é possível constatar, existe uma relação direta entre as bandas de Bollinger e a volatilidade. Essa integração é muito interessante e pode ser facilmente percebida graficamente durante acumulações e quando ocorrem acelerações dos movimentos de preços.

12.2 Regras de Interpretação

Existem diversas maneiras de se observar e interpretar as bandas, vamos ver algumas delas.

12.2.1 Estreitamento

Muitas vezes ocorre uma diminuição na volatilidade de um ativo em razão de um certo equilíbrio entre demanda e oferta. Essa diminuição tem reflexo direto nas bandas, uma vez que elas se aproximam deixando um canal muito mais estreito. A melhor analogia para o que essa formação representa é a calmaria que antecede uma tempestade, uma vez que trata-se de um considerável sinal de que um forte movimento está vindo.

Figura 73: Bandas de Bollinger e OBV na Análise de Divergência no Gráfico da AMBV4

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Observe o gráfico acima da Ambev (AMBV4). Em final de maio e início de junho de 2003 as bandas estreitaram-se, permanecendo assim até final de agosto quando um significativo movimento altista teve início. Ao mesmo tempo em que o rally iniciou-se as bandas começaram novamente a se afastar refletindo o aumento de volatilidade.

Dessa maneira, as bandas nos fornecem com antecedência o sinal de que existe uma oportunidade de trade se aproximando, mas para qual lado o mercado vai? Podemos tentar descobrir essa resposta com a ajuda de alguns indicadores. Uma técnica é procurar divergências ou avaliar a sobrecompra/sobrevenda através de um oscilador como o IFR, entretanto, não podemos esquecer das valiosas informações fornecidas pelos indicadores baseados em volume.

Nessas situações, esses indicadores desempenham um papel importante, afinal o volume avalia o grau de comprometimento financeiro dos investidores. No gráfico acima, vemos uma linha vermelha descendente nos preços, enquanto que o OBV desenvolve uma trajetória ascendente (divergência altista). Com essas informações reunidas podemos preparar o trade e fazer uma ótima entrada.

12.3 Alcançando as Bandas

Um dos aspectos fascinantes da análise técnica é que mesmo sob as mesmas condições, muitas vezes, dois analistas enxergam o cenário de maneira completamente diferente. A seguir, analisaremos duas regras de uso das bandas que parecem antagônicas em um primeiro momento.

Uma dessas regras diz que quando o preço supera uma das bandas espera-se a continuação do movimento. Essa afirmação é plenamente razoável, visto que o preço superar a banda constitui, sem sombra de dúvida, uma manifestação de força.

Figura 74: Bandas de Bollinger na Análise do Gráfico TNLP4

Neste gráfico da Telemar (TNLP4) do final de 2003 e início de 2004 vemos os preços superando as bandas algumas vezes em um contínuo movimento altista. Esta é uma boa maneira de operar e aproveitar a tendência, principalmente se você gosta de administrar posições por algum tempo.

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Entretanto, seguidamente, ao alcançar uma das bandas o mercado reverte para a outra direção, nem que seja uma rápida pausa para "tomar ar" antes de continuar a escalada ou a queda. Isso acontece porque ao atingir a linha superior ou inferior, os preços já se distanciaram bastante de sua média e estão vulneráveis a correções. Sob essa visão, a superação de uma banda é na verdade um alerta que sugere a liquidação de posições.

A conclusão é que a estratégia de uso das bandas depende do plano de trade. O objetivo é manter a posição por algum tempo ou realizar trades curtos? Serão trades curtos ou curtíssimos como day-trade? Sob quais condições técnicas acontecerá a saída? Onde estarão os stops? Essas perguntas devem estar respondidas.

12.4 Outras Dicas de Uso

Entre outros usos, ainda podemos destacar o fato de as bandas serem bons alvos de preços. Assim, um movimento que se inicia sobre uma banda tende a percorrer todo o caminho até a outra. Outro mecanismo interessante, sugere que topos ou fundos feitos fora das bandas seguidos por topos ou fundos feitos dentro são uma boa sinalização de mudança de tendência.

Maiores informações sobre essa interessante ferramenta você encontra no livro de John Bollinger, Bollinger on Bollinger Bands.

13. Usando Fibonacci Fan A maioria dos traders têm entre seus "truques para ganhar dinheiro" a aplicação de técnicas de Fibonacci.

Na realidade, é surpreendente a maneira como esses números aparecem na natureza. As relações de Fibonacci manifetam-se em inúmeros fenômenos como na geometria de conchas, forma geral de furacões e galáxias, etc. O mercado financeiro é decorrência do comportamento humano e, portanto, tais forças matemáticas possuem uma grande influência. Vamos ver agora um dos usos mais interessantes do poder desses números: Fibonacci Fan.

13.1 Traçando o Fibonacci Fan

A receita para desenhar o Fibonacci Fan começa com a escolha de dois pontos significativos. Um fundo (ponto 1) e o próximo topo (ponto 2) é um bom exemplo. O passo seguinte é calcular a diferença de "altura" entre os pontos 1 e 2. Na figura abaixo, a altura aparece ilustrada por uma linha vertical vermelha. Essa linha, na verdade, não faz parte da técnica, ela está no desenho apenas para mostrar como acontece a "mágica". O passo final para a criação do Fibo Fan é traçar a partir da origem (ponto 1), linhas que cruzam a linha da altura nos pontos de 38,1%, 50% e 61,8%.

13.2 O que o Fibonacci Fan tem a nos dizer?

O Fibonacci Fan é uma ferramenta que une preço e tempo, pode ser um ótimo conselheiro, mostrando onde escondem-se possíveis suportes e resistências. Vejamos o gráfico do IBOVESPA abaixo:

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Figura 75: Fibonancci Fan Encontrando Suporte Oculto no Gráfico Ibovespa

Foi traçado um Fibo Fan entre o ponto 1 (fundo) e o ponto 2 (topo). A partir da aplicação da técnica nessa perna de alta, surgiram três linhas de tendência. A primeira foi suporte durante diversas vezes, como no final de setembro e novamente no final de outubro.

Alguns pregões após o ponto 2 o mercado sofreu uma correção parando na região da linha de 38,2% do Fibo Fan (final de setembro). A partir daí tivemos uma nova alta, a qual mais tarde veio a retornar para a linha que tinhamos desenhado há cerca de 1 mês atrás e por um bom tempo não se separaram (os preços voltavam insistentemente para o Fibo Fan).

Com certeza muitos traders fizeram boas compras com as indicações do Fibonacci Fan. Essa é uma das situações em que as oportunidades de negócios aparecem para os olhos daqueles que praticam a arte da análise técnica.

Figura 76: Fibonancci Fan Encontrando Suporte Oculto no Gráfico PMAM4

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14. Descobrindo Suportes e Resistências com Andrew's Pitchfork Andrew's Pitchfork? Que é isso? Muitas vezes essa é a reação que escuto em conversas sobre níveis ocultos de suportes e resistências. Isso é plenamente justificável, pois Andrew´s Pitchfork não é uma das ferramentas técnicas mais populares, especialmente no Brasil.

Entretanto, esse método desenvolvido pelo Dr. Alan Andrews é uma ferramenta útil para detectar zonas "escondidas" de pressão compradora e vendedora.

14.1 Criando o Pitchfork

De maneira simples, o Pitchfork é formado por três pontos. Em nosso exemplo, os três pontos serão um fundo (ponto 1), um topo (ponto 2) e novamente um fundo (ponto 3). A partir do ponto 1 traça-se uma linha até o ponto 2 e do ponto 2 até o 3. Linhas retas projetadas a partir desses locais geram o pitchfork.

14.2 Utilização

Conforme dito, o pitchfork mostra suportes e resistências potenciais. No gráfico abaixo intraday da Bovespa um "R" mostra cada ponto no qual o pitchfork traçado foi resistência e o "S" locais onde foi suporte.

Figura 77: Encontrando Suportes e Resistências Potências Com o Pitchfork no Gráfico do Ibovespa

Assim, na realização de trades temos regiões nas quais a possibilidade de reversão de tendência é maior. Também possuimos melhores condições de avaliar os valores para colocação de ordens stop.

15. O Indicador MACD O MACD é um indicador popular desenvolvido por Gerald Appel. Embora sua utilização seja bastante difundida, nem todos conhecem suas verdadeiras características e assim desperdiçam

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uma ótima ferramenta técnica. Neste artigo você vai entender como o MACD é formado e, principalmente, como utilizá-lo como um fiel ajudante no acompanhamento de tendências.

15.1 Entendendo o MACD

A primeira coisa a observar sobre o indicador são as informações fornecidas pelo seu nome, MACD (Moving Average Convergence/Divergence) é uma sigla para convergência/divergência de médias móveis, já indicando que outros indicadores (médias móveis) são usados em sua composição.

A construção do MACD utiliza, portanto, três elementos principais:

• Média móvel exponencial de 26 dias do preço (média longa) • Média móvel exponencial de 12 dias do preços (média curta) • Média móvel exponencial de 9 dias do próprio MACD (chamada de linha de sinalização)

Agora que temos os elementos, vamos calcular a linha do MACD. Para isso, basta subtraírmos a média móvel longa (26 dias) da média móvel curta (12 dias). O resultado será um número que irá oscilar em torno de zero, vamos analisar os possíveis resultados:

• MACD maior que zero: Neste caso a média móvel de 12 dias é maior que a média de 26, isso significa que as expectativas mais recentes são mais favoráveis para alta que as anteriores.

• MACD menor que zero: Neste cenário a média de 12 dias é menor que a de 26, mostrando um panorama mais relacionado a uma situação de baixa.

Figura 78: Análise do Gráfico do Ibovespa com o MACD

No gráfico acima, vemos na parte superior os preços e na parte inferior o MACD. O zero no MACD representa uma região na qual a oferta e demanda estão em equilíbrio. Entretanto, ainda não utilizamos um dos elementos que formam o MACD que é a linha de sinalização. Através dela iremos identificar melhor as oportunidades de compra e venda.

15.2 Sinais de Compra e Venda

A figura abaixo mostra um exemplo do MACD com sua linha de sinalização traçada na Telemar.

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Figura 79: Análise do Gráfico da TNLP4 com o MACD

A linha de sinalização nos ajuda a identificar pontos de entrada e saída do mercado, o procedimento é o seguinte:

• Sinal de compra: Um sinal de compra é gerado sempre que o MACD cruza para cima sua linha de sinalização.

• Sinal de venda: É gerado sempre que o MACD cruza para baixo sua linha de sinalização.

No gráfico, a linha vertical vermelha mostra o ponto no qual o MACD gerou um sinal de venda. Apesar de não ter sido no topo, a tendência de queda prosseguiu ainda por cerca de 20 pregões. A linha verde mostra um sinal de compra, note que o sinal não surge no fundo exato (embora próximo), neste caso ele demorou dois pregões. Enquanto o MACD permanecer sobre/sob sua linha de sinalização a posição de compra/venda deve ser mantida.

15.3 Confiabilidade dos Sinais

Existem diversas ferramentas de análise técnica que podem (e devem !) ser utilizadas para reforçar uma sinalização de compra ou venda gerada pelo MACD. Uma dessas maneiras é observar a condição de compra ou venda excessiva do MACD.

Conforme dito anteriormente, a região da linha zero do MACD representa uma área de equilíbrio entre oferta e demanda. À medida que o indicador se afasta dessa região (seja para cima ou para baixo) maior é a quantidade de compras ou vendas sobre o ativo ou índice. Ao realizarmos uma inspeção histórica dos pontos máximos e mínimos que o MACD atingiu ao longo do tempo, podemos ter uma boa idéia se estamos alcançando uma posição de compra ou venda excessiva, o que facilita a ocorrência de movimentos corretivos. Assim, se um sinal de compra (venda) surgir próximo a uma região de venda (compra) excessiva, temos um indicativo mais confiável do que se manifestado em áreas próximas ao nível zero.

15.4 Outras Características Importantes do MACD

Estudamos as principais questões relacionadas ao MACD , como ele indica o momento do mercado e como podemos utilizá-lo em conjunto com sua linha de sinalização para identificar pontos de compra e venda. Contudo, para a melhor utilização da ferramenta existem fatores extras que temos de levar em consideração e assim garantir o uso adequado da técnica.

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Lembre-se sempre que o MACD é bastante eficiente para acompanhar tendências. Isso significa que ele demora para mostrar reversões nos preços ou oportunidades de compra e venda próximas aos fundos e topos, sua função primordial é simplesmente indicar o que está acontecendo, possibilitando que você fique junto com a tendência atual do mercado e por conseqüência minimize os riscos dos seus investimentos.

16. Técnicas de Utilização do Volume O volume, muitas vezes, é uma informação negligenciada pelo analista, contudo, ele pode fornecer muitos dados importantes sobre a evolução de uma tendência. Primeiramente, deve-se ressaltar que existem duas maneiras principais de quantificar o volume:

• Volume Financeiro: É o volume expresso em reais, dólares ou qualquer moeda. Mostra o valor financeiro total gerado pela compra e venda de um determinado ativo.

• Volume por Quantidade: Nesta situação temos duas subcategorias mais comuns, pode ser a quantidade de títulos negociados de um determinado ativo ou o número de negócios realizados.

O tipo escolhido para acompanhamento não tem grande importância, pois a única informação que o volume nos fornece de maneira absoluta é a indicação sobre a liquidez do papel. O principal e mais relevante para a análise é a comparação relativa do comportamento do volume de um ativo ao longo do tempo.

O volume reflete o grau de comprometimento financeiro e emocional dos investidores e, portanto, torna-se um fator muito interessante de análise. O primeiro princípio sobre a evolução do volume nos diz que ele deve estar de acordo com a tendência.

Existem diversos fenômenos observados em relação ao comportamento dos preços e sua relação com o comprometimento financeiro dos participantes do mercado. Vamos analisar alguns conceitos que servem como regras de operação auxiliares quando consideramos uma análise conjunta preço-volume:

1. Volume alto e volume baixo são conceitos relativos . Eles referem-se principalmente à performance do passado recente do ativo.

2. Volume confirma a tendência . Considere que um movimento de alta acontece e leva o mercado até um novo topo. Durante essa alta o volume também atinge um novo patamar mais alto. O esperado, então, é que os preços retestem ou excedam o pico formado, uma vez que o aumento de volume significa a entrada de novos traders reforçando a força compradora. De maneira semelhante, se o mercado constrói um novo fundo e o volume atinge um patamar mais alto, provavelmente, o fundo criado será atingido novamente e até superado.

3. Se dentro de uma tendência de alta ocorre uma nova elevação e o volume não acompanha esse acontecimento, um sinal de alerta é gerado. A tendência pode estar próxima de seu final. Esse conceito é mais relevante para movimentos altistas, uma vez que o mercado pode manter uma tendência de queda com baixo volume.

4. Se o mercado está em negociação lateral dentro de um retângulo (Box range) é esperado que a direção do próximo movimento defina-se a partir de um rompimento com alto volume. Um rompimento com baixo volume indica que existem grandes chances de os preços retornarem aos limites de movimentação lateral. Existem diversas formas de operar rompimentos (breakouts) de formações de acumulação e elas serão abordadas em outros artigos sobre Swing Trading e técnicas de Wyckoff.

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Figura 80: Análise por Volume no Gráfico da AVPL3

No gráfico acima da Avipal ON (AVPL3) note como o volume aumenta de maneira considerável no candle branco ainda dentro da congestão. Esse comportamento é um primeiro indício de que o teste da extremidade superior do canal pode levar ao rompimento. Na sessão seguinte o rompimento é confirmado também com alto volume, a força do impulso levou à formação de um gap.

5. Muitas vezes preço e volume expandem-se lentamente e em concordância, culminando com um ou mais dias de altíssimo volume (blowoff). Essa grande manifestação final gera a exaustão do movimento e, na sequência, preço e volume tendem a cair rapidamente.

Esses cinco comportamentos descritos são apenas a ponta do iceberg de informações que a análise de volume oferece. Obtém-se ainda muitos resultados de qualidade quando estudamos e incluímos na metodologia os indicadores baseados em volume como OBV, Chaikin Money Flow, Force Index, etc.

Esses indicadores fornecem indicações de fraqueza ou força através de divergências e frequentemente sinalizam com antecedência a vinda de uma reversão. Cada um deles será analisado de maneira individual em artigos futuros.

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Capitulo 3

Estratégias de Trader

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1. Planejamento de Trades A melhor maneira de se atingir um determinado objetivo é, antes de colocar qualquer estratégia em ação, identificar os passos verdadeiramente necessários para a obtenção dos resultados desejados. É dessa maneira que agem as empresas de sucesso e assim agiram os generais vitoriosos nas batalhas da história.

A questão que fica é a seguinte: por qual razão a maioria dos traders não faz o mesmo para a guerra do mercado financeiro? A razão passa por falta de disciplina, mas os principais motivos são desinformação e também o fato de que muitos não encaram o ato de operar com a seriedade necessária.

Não podemos negar que existem aqueles que querem mais é se divertir com o sobe e desce das ações. Para esses, bolsa de valores é um tipo sofisticado de brinquedo. No entanto, os demais participantes do mercado que realmente desejam viver de renda variável ou alavancar seus ganhos mensais devem adotar a postura adequada para alcançar o sucesso.

O planejamento é fundamental para evitar o repetimento de erros e para controlar o intenso fluxo de emoções que surgem a cada momento. Um bom plano de trade deve evoluir com o tempo e ser constantemente reavaliado. A seguir, estão relacionadas um conjunto de regras que visam ajudar na construção de seu planejamento.

1.1 Considere os Aspectos Pessoais

O plano de trade é seu não de seu amigo ou vizinho. Ele deve refletir o seu estilo e seu perfil de investidor. Não adianta utilizar o plano "testado" de um conhecido baseado em venda a descoberto e day-trade se você prefere operações um pouco mais longas e não se sente confortável ou não domina os conceitos envolvidos.

1.2 Preparação Mental

Como foi sua noite de sono? Existe alguma coisa perturbando você? Está se sentindo bem para o esforço intelectual do dia? Somos seres humanos e para enfrentar o mercado temos de estar em boas condições mentais. Caso contrário, é preferível deixar o computador de lado por um tempo. É melhor deixar de operar um dia do que permitir que um mau momento cause um grande dano em sua conta de investimentos.

1.3 Teste Seu Sistema

Antes de, efetivamente, lançar suas ordens no mercado simule suas operações. O teste virtual com cotações reais recebe o nome de paper trading e pode ajudá-lo a identificar falhas graves. Nesse ponto é comum descobrir que determinadas técnicas são muito mais eficientes em alguns ativos do que em outros e assim acabamos refinando e aperfeiçoando nossas estratégias.

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1.4 Gerenciamento de Risco e Objetivos

Quanto de seu capital estará sendo arriscado? Qual o percentual de perdas máximo aceitável de sua conta de investimentos por mês? Essas questões dependem de sua tolerância ao risco e de seu perfil. Existem regras que ajudam o trader a administrar esses fatores, como a regra do 2% e 6%.

Seus objetivos também devem estar na ponta da língua. Quando atingir um determinado percentual de ganhos vai sair incodicionalmente? Vai esperar o mercado virar? Tenha de maneira clara essas respostas e não se esqueça que quando entramos em um trade extamos em uma situação de risco/recompensa. Qual relação está boa para você? 2:1? 3:1? Este tópico tem forte relação com o próximo.

1.5 Defina Regras Claras de Saída

Muitos traders (a maioria) passam a maior parte do tempo procurando pontos de entrada, deixando o estabelecimento de como e quando sair em um segundo nível de importância. Muitos, inclusive, não aceitam uma posição perdedora e continuam comprados ou vendidos na esperança do mercado virar. Não torne o trade algo pessoal, se seus stops foram atingidos você estava errado. Traders profissionais bem sucedidos perdem muitas vezes, mas o gerenciamento de risco faz com que o saldo no final do mês seja extremamente positivo.

Antes de entrar na operação saiba onde estão suas saídas. Uma delas é seu stop. Um stop mental não tem a força de um stop escrito junto ao planejamento de trade, portanto, anote-o em seu caderno ou computador. A outra saída pode ser seu alvo de lucro, quando chegar lá liquide uma parte e levante o stop com o restante. Seja qual for sua estratégia o importante neste ponto é não devolver o que já ganhou, você já venceu o trade, cuide para não entregar seu prêmio.

1.6 Defina Regras Claras de Entrada

Suas condições de entradas podem ser subjetivas, mas procure torná-las as mais objetivas possíveis. A interpretação é parte importante, mas quando existem 20 condições diferentes e todas dependem de sua avaliação as coisas ficam difíceis e pouco claras.

Um exemplo de regra de entrada é a seguinte: "Se o sinal X for disparado em uma região de suporte e o alvo de preços for 3 vezes maior que meu stop, então comprar".

1.7 Auto-avaliação e Registros

Durante nossa vida escolar, acadêmica e profissional passamos por diversas avaliações. Elas permitem que identifiquemos os pontos falhos a serem melhorados. No mercado, temos de ter uma maneira de qualificar a nossa atuação em cada trade. Eventualmente, descobrimos que fazemos ótimas entradas e péssimas saídas. Essa informação é muito preciosa, pois mostra, claramente, o ponto correto de intervenção.

Para uma avaliação correta é preciso registrar cada passo tomado. Por qual motivo a entrada foi feita dessa maneira? Qual era o cenário técnico? Bons traders mantém sempre bons registros de suas operações. Escreva tudo que considerar importante e também alguns detalhes. Exemplos são: entrada e saída do trade, padrão e/ou condição técnica utilizada, níveis de suporte e resistência, status psicológico, descrição da abertura do mercado, etc.

O mercado financeiro como outras profissões e competições gera, diariamente, vencedores e perdedores. O planejamento é fundamental para encarar as adversidades de maneira adequada e assim ter uma grande vantagem. Uma última dica, mas tão importante quanto as outras é a seguinte: de nada adianta fazer um planejamento e não seguí-lo. Ele não pode ficar na gaveta, seu lugar é necessariamente ao seu lado ou ocupando um espaço de destaque na sua tela. Como dito anteriormente, ele pode e deve ser modificado, aprimorado e evoluído. Contudo, essas alterações devem acontecer após o fechamento do mercado. Durante o pregão o planejamento é a lei.

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2. Regras de Proteção Todo investidor sabe que, eventualmente, terá prejuízo com um trade. Perder dinheiro é sempre desagradável, entretanto o trader disciplinado sabe que é uma ótima oportunidade para aprender. Algumas perguntas que devem ser feitas nesse momento são:

• Será que fui levado pela emoção? • Fui influenciado por opiniões de outras pessoas (e com as quais eu não concordava)? • A técnica de investimento utilizada foi mal aplicada?

O importante é melhorar sempre detectando os pontos falhos. Mas, para continuar investindo é preciso tomar cuidado para não comprometer todo ou a maior parte do capital em um trade perdedor. Para isso, existem algumas técnicas de limitação de perdas que podem ser utilizadas.

2.1 Sistema de Proteção

Um sistema de proteção simples, mas funcional é definir, antes da realização dos trades, um máximo valor de perda aceitável em determinado período de tempo. Assim, ao atingir esse valor a pessoa deve de maneira mecânica, sem hesitações, encerrar suas posições perdedoras. Os usuários de ordens Stop, normalmente, têm mais facilidade em aplicar esse tipo de estratégia do que os investidores que utilizam apenas ordens de mercado.

2.2 A regra de 2%

Muitos livros e artigos referem-se à regra de 2%. Essa regra diz que 2% da sua conta de investimentos em renda variável é o máximo que deve ser arriscado em cada trade individual. Seguindo essa estratégia, quando a diferença entre os valores de compra e venda no trade perdedor atingirem 2% do montante da carteira o melhor a fazer é zerar a posição. Dependendo do perfil, alguns investidores podem achar esse valor pequeno, uma vez que excluiria oportunidades de trades com uma recompensa potencial alta e consequentemente com um risco maior. Cada investidor deve analisar sua situação, de seu mercado e taxas de corretagem antes de determinar um número com o qual se sinta confortável. Os defensores da regra de 2%, no entanto, lembram que muitos profissionais acham 2% um valor muito elevado e utilizam percentuais bastante inferiores como 0,5%.

2.3 A regra de 6%

Uma vez tendo determinado o percentual máximo de prejuízo por trade, é necessário identificar o total de perdas admitido dentro de um período de tempo. O intervalo normalmente utilizado é de um mês. Isso é necessário, pois mesmo sabendo qual o limite de perdas aceitável por investimento, é preciso considerar que as perdas podem ocorrer em sequência e ter uma ação devastadora no capital de investimentos. Dessa maneira, uma regra utilizada é a regra de 6%. Se as perdas de um mês atingirem 6% da carteira de investimentos as posições devem ser zeradas e novos trades não devem ser realizados (no mês inteiro). Não importa se estamos na primeira ou última semana.

Regras de limitação de perdas são muito importantes. Os traders que possuem um alto envolvimento emocional com suas carteiras devem, especialmente, determinar claramente quais são os valores aceitáveis. É também importante que uma vez criada a política de proteção ela seja, efetivamente, cumprida. Deve-se evitar pensamentos e atitudes do tipo: "Tudo bem, aceito uma perda de 15%, mas só este mês".

3. Guerrilha Trading O estilo de Guerrilha Trading (“Guerrilla Trading”) é o mais distinto e eficiente estilo de

operação de compra e venda de ações, opções e contratos futuros que existe, muito difundido nos Estados Unidos. O método foi designado para investidores (Traders) que apreciam negociações de curto prazo, permanecendo pouco tempo com papel ou derivativo em custódia. A aceitação e

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divulgação cada vez mais crescente do Guerrilha Trading justifica-se pelo seu alto poder de acerto que varia entre 70 e 90% (ref Seminário Pristine Guerrilla Trading Tatics página 14).

A psicologia do Guerrilha Trading é muito interessante e parte do pressuposto que, durante uma tendência de alta ou baixa, enquanto um lado parece ter a certeza da dominação da luta entre compradores e vendedores, o inimigo ganha terreno. Assim, durante tendência de baixa forte, onde todos os investidores só vêem baixa, e os vendedores estão sob controle, sorrateiramente, os compradores aparecem, e tomam controle da situação por um curto período. Ao fim de um Guerrilla, os vendedores voltam ao poder e o papel cai (geralmente) pq a tendência é de baixa mas nada impede que o papel suba o que é menos provável mas acontece.

Você está prestes a conhecer seis táticas que foram designadas para traders que, operando no curto prazo, terminam a operação com lucro após dois a três dias de aquisição do papel.

Essas táticas não resultam em grandes ganhos, porém a consistência de seus ganhos o faz uma poderosa e indispensável metodologia para as suas táticas de trading.

3.1 CANDLE BULLISH 20/20

O candle Bullish 20/20 é definido por uma grande barra que tem o seu preço de abertura perto da mínima e o preço de fechamento perto da máxima.

Chama-se 20/20 porque a abertura deve estar 20% da mínima do dia e o preço de fechamento deve estar 20% da máxima do dia.

Este tipo de candle tem maior importância se ocorrer depois de um candle de alta, quanto mais candles, mais significante a 20/20 irá ser.

Figura 81: Candle Bullish 20/20

3.1.1 PONTOS IMPORTANTES

O candle Bullish 20/20 forma a base de várias metodologias aqui explicadas.

Este candle tem mais força quando ocorre após um grande movimento de alta e significa que os compradores estão dominando o movimento. Isto possibilita armar uma tática para assustá-los (Guerrilha Trading Style) e assim o movimento ir contra eles.

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3.2 CANDLE BEARISH 20/20

O candle Bearish 20/20 é definido por uma grande barra que tem o seu preço de abertura perto da mínima e o preço de fechamento perto da máxima.

Chama-se 20/20 porque o fechamento deve estar 20% da mínima do dia e o preço de abertura deve estar 20% da máxima do dia.

Este tipo de candle tem maior importância se ocorrer depois de um candle de baixa, quanto mais candles, mais significante a 20/20 irá ser.

Figura 81: Candle Bearish 20/20

3.2.1 PONTOS IMPORTANTES

O candle Bearish 20/20 forma a base de várias metodologias aqui explicadas.

Este candle tem mais força quando ocorre após um grande movimento de baixa e significa que os vendedores estão dominando o movimento. Isto possibilita armar uma tática para assustá-los (Guerrilha Trading Style) e assim o movimento ir contra eles.

3.3 TÁTICA 1

3.3.1 O ATAQUE DO SNIPER

ARRANJO Obs. Os valores utilizados para a demonstração serão entre 18/50 Reais, confira tabela de valores para cada ativo que deseja aplicar a técnica.

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1 – A ação deve estar dois dias consecutivos de queda. 2 – Precisamos de um grande movimento no dia, no caso maior que um Real. 3 – A Abertura do dia obrigatoriamente deve estar por volta de 20% da máxima do dia. 4 – O fechamento do dia obrigatoriamente deve estar por volta de 20% da mínima do dia.

Figura 82: Candle Bearish 20/20

3.3.2 A BATALHA

1 - Se a Ação abrir com um Gap de baixa maior que 0,50 centavos e começar a fechar o Gap, compre quando invadir 10 centavos da mínima do dia anterior; 2 – Coloque um Stop de proteção 10 centavos abaixo da mínima do dia; 3 – Venda no 3º dia ou com lucro de 2/3 Reais na operação, o que vier primeiro.

Figura 83: Tática de Trade Após Candle Bearish 20/20

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3.4 TÁTICA 2

3.4.1 A FUGA DO SNIPER

ARRANJO Obs. Os valores utilizados para a demonstração serão entre 18/50 Reais, confira tabela de valores para cada ativo que deseja aplicar a técnica. 1 – A ação deve estar dois dias consecutivos de alta. 2 – Precisamos de um grande movimento no dia, no caso maior que um Real. 3 – A abertura do dia obrigatoriamente deve estar por volta de 20% da mínima do dia. 4 – O fechamento do dia obrigatoriamente deve estar por volta de 20% da máxima do dia.

Figura 84: Candle Bullish 20/20

3.4.2 A BATALHA

1 - Se a Ação abrir com um Gap de alta maior que 0,50 centavos e começar a fechar o Gap, venda quando invadir 10 centavos da máxima do dia anterior; 2 – Coloque um Stop de proteção 10 centavos acima da máxima do dia; 3 – Compre no 3º dia ou com lucro de 2/3 Reais na operação, o que vier primeiro.

Figura 85: Tática de Trade Após Candle Bullish 20/20

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EXEMPLO

Figura 86: Ataque do Sniper nas Ações da GGBR4

Figura 87: Fuga do Sniper nas Ações da GGBR4

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Figura 88: Fuga do Sniper Com Falling Three Methods nas Ações da CRUZ3

3.5 TÁTICA 3

3.5.1 GAP SURPRESA DO TOURO

ARRANJO Obs. Os valores utilizados para a demonstração serão entre 18/50 Reais, confira tabela de valores para cada ativo que deseja aplicar a técnica. 1 – A ação deve estar dois dias consecutivos de queda.. 2 – Precisamos de um grande movimento no dia, no caso maior que um Real. 3 – A Abertura do dia obrigatoriamente deve estar por volta de 20% da máxima do dia. 4 – O fechamento do dia obrigatoriamente deve estar por volta de 20% da mínima do dia. 5 – O Volume deve estar acima da média. - Opcional

Figura 89:Candle Bearish 20/20

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3.5.2 A BATALHA

1 - Se a Ação abrir com um Gap acima do fechamento do dia anterior e maior que 0,50 centavos, compre imediatamente. Você pode optar por comprar após 30 minutos da abertura do pregão (Conservador). 2 – Coloque um Stop de proteção 10 centavos abaixo da mínima do dia anterior; 3 – Venda no 3º dia ou com lucro de 2/3 Reais na operação, o que vier primeiro.

Figura 90: GAP Surpresa do Touro

3.6 TÁTICA 4

3.6.1 GAP SURPRESA DO URSO

ARRANJO Obs. Os valores utilizados para a demonstração serão entre 18/50 Reais, confira tabela de valores para cada ativo que deseja aplicar a técnica. 1 – A ação deve estar dois dias consecutivos de alta.. 2 – Precisamos de um grande movimento no dia, no caso maior que um Real. 3 – A abertura do dia obrigatoriamente deve estar por volta de 20% da mínima do dia. 4 – O fechamento do dia obrigatoriamente deve estar por volta de 20% da máxima do dia. 5 – O Volume deve estar acima da média. – Opcional

Figura 91: Candle Bullish 20/20

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3.6.2 A BATALHA

1 - Se a Ação abrir com um Gap abaixo do fechamento do dia anterior e maior que 0,50 centavos venda imediatamente. Você pode optar por vender após 30 minutos da abertura do pregão (Conservador). 2 – Coloque um Stop de proteção 10 centavos acima da máxima do dia anterior; 3 – Compre no 3º dia ou com lucro de 2/3 Reais na operação, o que vier primeiro.

Figura 92: GAP Surpresa do Urso

EXEMPLO

Figura 93: GAP Surpresa do Touro nas Ações da EMBR4

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3.7 TÁTICA 5

3.7.1 BEARISH 20/20

ARRANJO Obs. Os valores utilizados para a demonstração serão entre 18/50 Reais, confira tabela de valores para cada ativo que deseja aplicar a técnica. 1 – A ação deve estar dois dias consecutivos de queda.. 2 – Precisamos de um grande movimento no dia, no caso maior que um Real. 3 – A Abertura do dia obrigatoriamente deve estar por volta de 20% da máxima do dia. 4 – O fechamento do dia obrigatoriamente deve estar por volta de 20% da mínima do dia. 5 – O Volume deve estar acima da média. - Opcional

Figura 94: Candle Bearish 20/20

3.7.2 A BATALHA

1 - Se a Ação abrir 0,50 centavos acima ou abaixo da mínima do dia anterior, espere 30 minutos Então compre a ação 10 centavos acima da máxima estabelecida nos primeiros 30 minutos. 2 – Coloque um Stop de proteção 10 centavos abaixo da mínima do dia anterior ou do dia corrente, o período que conter a menor mínima registrada; 3 – Venda no 3º dia ou com lucro de 2/3 Reais na operação, o que vier primeiro.

Figura 95: Candle Bearish 20/20 Continuação

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CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ANÁLISE TÉCNICA, PSICOLOGIA E ESTRATÉGIA PARA A COMPRA E VENDA DE AÇÕES

90

3.8 TÁTICA 6

3.8.1 BULLISH 20/20

ARRANJO Obs. Os valores utilizados para a demonstração serão entre 18/50 Reais, confira tabela de valores para cada ativo que deseja aplicar a técnica. 1 – A ação deve estar dois dias consecutivos de alta.. 2 – Precisamos de um grande movimento no dia, no caso maior que um Real. 3 – A Abertura do dia obrigatoriamente deve estar por volta de 20% da mínima do dia. 4 – O fechamento do dia obrigatoriamente deve estar por volta de 20% da máxima do dia. 5 – O Volume deve estar acima da média. – Opcional

Figura 96: Candle Bullish 20/20

3.8.2 A BATALHA

1 - Se a Ação abrir 0,50 centavos acima ou abaixo da máxima do dia anterior, espere 30 minutos. Então venda a ação 10 centavos abaixo da mínima estabelecida nos primeiros 30 minutos 2 – Coloque um Stop de proteção 10 centavos acima da máxima do dia anterior ou do dia corrente, o período que conter a maior máxima registrada; 3 – Compre no 3º dia ou com lucro de 2/3 Reais na operação, o que vier primeiro.

Figura 97: Candle Beallish 20/20 Continuação

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CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ANÁLISE TÉCNICA, PSICOLOGIA E ESTRATÉGIA PARA A COMPRA E VENDA DE AÇÕES

91

EXEMPLO

Figura 98: Operando com Bearish e Bullish com as Ações de Cesp4

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CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ANÁLISE TÉCNICA, PSICOLOGIA E ESTRATÉGIA PARA A COMPRA E VENDA DE AÇÕES

92

MOVIMENTO

Ações entre 0,50 e 1,00 – Movimento maior ou igual a 7 centavos; Ações entre 1,01 e 3,00 - Movimento maior ou igual a 15 centavos; Ações entre 3,01 e 5,00 - Movimento maior ou igual a 35 centavos; Ações entre 5,01 e 10,00 - Movimento maior ou igual a 50 centavos; Ações entre 10,01 e 18,00 - Movimento maior ou igual a 75 centavos; Ações entre 18,01 e 50,00 - Movimento maior ou igual a 1 Real; Ações entre 50,01 e 100,00 - Movimento maior ou igual a 5 Reais; Ações maiores que 100,01 - Movimento maior ou igual a 10 Reais. GAP

Ações entre 0,50 e 1,00 –maior ou igual a 3 centavos; Ações entre 1,01 e 3,00 - maior ou igual a 7 centavos; Ações entre 3,01 e 5,00 - maior ou igual a 18 centavos; Ações entre 5,01 e 10,00 - maior ou igual a 25 centavos; Ações entre 10,01 e 18,00 - maior ou igual a 38 centavos; Ações entre 18,01 e 50,00 - maior ou igual a 50 centavos; Ações entre 50,01 e 100,00 - maior ou igual a 2,50 Reais; Ações maiores que 100,01 - maior ou igual a 5 Reais. FECHAMENTO DO GAP

Ações entre 0,50 e 1,00 –1 centavos acima da mínima do dia anterior; Ações entre 1,01 e 3,00 - 2 centavos acima da mínima do dia anterior; Ações entre 3,01 e 5,00 - 3 centavos acima da mínima do dia anterior; Ações entre 5,01 e 10,00 - 5 centavos acima da mínima do dia anterior; Ações entre 10,01 e 18,00 - 7 centavos acima da mínima do dia anterior; Ações entre 18,01 e 50,00 - 10 centavos acima da mínima do dia anterior; Ações entre 50,01 e 100,00 - 0,25 centavos acima da mínima do dia anterior; Ações maiores que 100,01 – 0,50 centavos acima da mínima do dia anterior. STOP

Ações entre 0,50 e 1,00 –1 centavos abaixo da mínima do dia; Ações entre 1,01 e 3,00 - 2 centavos abaixo da mínima do dia Ações entre 3,01 e 5,00 - 3 centavos abaixo da mínima do dia Ações entre 5,01 e 10,00 - 5 centavos abaixo da mínima do dia Ações entre 10,01 e 18,00 - 7 centavos abaixo da mínima do dia Ações entre 18,01 e 50,00 - 10 centavos abaixo da mínima do dia Ações entre 50,01 e 100,00 - 0,25 centavos abaixo da mínima do dia Ações maiores que 100,01 – 0,50 centavos abaixo da mínima do dia VENDA

Ações entre 0,50 e 1,00 – 0,07/0,012 centavos ou no 3º dia, o que vier primeiro; Ações entre 1,01 e 3,00 - 0,15/0,30 centavos ou no 3º dia, o que vier primeiro; Ações entre 3,01 e 5,00 - 0,40/0,70 centavos ou no 3º dia, o que vier primeiro; Ações entre 5,01 e 10,00 - 0,80/1 Real ou no 3º dia, o que vier primeiro; Ações entre 10,01 e 18,00 - 1/2 Reais ou no 3º dia, o que vier primeiro; Ações entre 18,01 e 50,00 - 2/3 Reais ou no 3º dia, o que vier primeiro; Ações entre 50,01 e 100,00 - 6/10 Reais ou no 3º dia, o que vier primeiro; Ações maiores que 100,01 – 15/23 Reais ou no 3º dia, o que vier primeiro;

Tabela 1: Resumo de Movimentos, Gaps, Stop e Vendas de Ações

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CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ANÁLISE TÉCNICA, PSICOLOGIA E ESTRATÉGIA PARA A COMPRA E VENDA DE AÇÕES

93

Capitulo 4

Imposto de Renda Sobre Renda Variável

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CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ANÁLISE TÉCNICA, PSICOLOGIA E ESTRATÉGIA PARA A COMPRA E VENDA DE AÇÕES

94

1. Imposto de Renda 1.1 Operações de Renda Variável

Compõe-se de ativos de renda variável, quais sejam, aqueles cuja remuneração ou retorno de

capital não pode ser dimensionado no momento da aplicação. São eles as ações, quotas ou

quinhões de capital, ouro, ativo financeiro, e os contratos negociados nas bolsas de valores, de

mercadorias de futuros e assemelhados.

Os ganhos líquidos auferidos em operações realizadas em bolsas de valores, de mercadorias, de

futuros, e assemelhadas, inclusive Day Trade, serão tributados às seguintes alíquotas:

Alíquota Operação

20% Day-trade

15% no caso de alienação em operações de renda variável.

1% Imposto retido na fonte em operações de Day Trade.

0,005% Imposto retido na fonte em operações de venda de renda variável.

0,005% Imposto retido na fonte em operações de venda de renda variável.

Tabela 2: IR Operações Day Trade

1.1.1 Imposto de renda retido na fonte

As operações realizadas em bolsas de valores, de mercadorias de futuros e assemelhadas, exceto

Day Trade, sujeitam-se à incidência do imposto de renda na fonte, à alíquota de 0,005%, sobre os

seguintes valores:

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95

Mercados Fator Gerador

À Vista Valor da Alienação

Opções Valor positivo da soma dos prêmios pagos e recebidos no mesmo dia

Termo A diferença, se positiva, entre o preço a termo e o preço a vista, ou a liquidação financeira.

Futuro Soma algébrica dos ajustes diários (se positiva), no encerramento.

Tabela 3: Mercado e Fato Gerador IR

A incidência desse imposto não se aplica:

• ao exercício de opções;

• às operações de titularidade das Sociedades Corretoras, dos fundos e clubes de

investimento;

• às operações de Day Trade, que permanecem tributadas à alíquota de 1%;

• às operações de investidores estrangeiros operando de acordo com as normas e condições

estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional

O imposto retido na fonte poderá ser:

• deduzido do imposto sobre ganhos líquidos apurados no mês;

• compensado com o imposto incidente sobre ganhos líquidos apurados nos meses

subseqüentes;

• compensado na declaração de ajuste se, após a dedução houver saldo de imposto retido;

• compensado com o imposto devido sobre o ganho de capital na alienação de ações.

Base de Cálculo:

O ganho líquido será constituído pela diferença positiva entre o valor de alienação do ativo e o seu

custo de aquisição, calculado pela média ponderada. É admitida a dedução dos custos e despesas

incorridos, necessários a realização das operações.

Isenções:

São isentos do imposto de renda os ganhos líquidos auferidos por pessoa física em operações

efetuadas com ações, no mercado à vista de bolsas de valores, e em operações com ouro ativo

financeiro, cujo o valor das alienações (venda), realizadas em cada mês, seja igual ou inferior a

R$ 20.000,00 , para o conjunto de ações e para o ouro ativo financeiro respectivamente.

Transferência de Ações:

Quando ocorrer a transferência de titularidade de ações negociadas fora da bolsa, a entidade

encarregada de seu registro deverá exigir o documento de arrecadação de receitas federais que

comprove o pagamento do imposto de renda sobre o ganho de capital incidente na alienação, ou

declaração do alienante sobre a inexistência de imposto devido.

Se a transferência for efetuada antes do vencimento do prazo legal para pagamento do imposto

devido, a comprovação deverá ocorrer em até 15 dias após o vencimento do referido prazo, ao

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CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ANÁLISE TÉCNICA, PSICOLOGIA E ESTRATÉGIA PARA A COMPRA E VENDA DE AÇÕES

96

final do qual, caso não tenha sido realizada, a entidade deverá comunicar o fato à Secretaria da

Receita Federal na forma e prazo por ela regulamentados.

Compensação de Perdas:

Para fins de apuração e pagamento do imposto mensal sobre os ganhos líquidos, as perdas

incorridas nas operações do mercado a vista, de opções, futuros e a termo, poderão ser

compensadas com os ganhos líquidos auferidos, no próprio mês ou nos meses subseqüentes, em

outras operações realizadas em qualquer uma dessas mesmas modalidades citadas, exceto no

caso de perdas em operações de day trade, que somente serão compensadas com ganhos

auferidos em operações da mesma espécie.

Retenção e Recolhimento:

O imposto sobre ganhos líquidos em renda variável será apurado por períodos mensais, e pago até

o último dia útil do mês subseqüente ao da apuração.

Essas apurações devem ser feitas para cada ativo isoladamente, e as respectivas memórias de

cálculo devem ser conservadas por um prazo mínimo de cinco anos.

A responsabilidade pela retenção e pelo recolhimento do imposto de renda incidente na fonte (1%

e 0,005%) é da instituição intermediadora da operação, e pelo imposto de renda incidente sobre

os ganhos líquidos (15% e 20%) do contribuinte.

1.1.2 Como preencher o DARF, veja o exemplo passo a passo

N º Campo Descrição Observação

1 Nome/telefone Nome e telefone do contribuinte.

2 Período de Apuração Dia, mês e ano da ocorrência do fato gerador.

3 Número do CFP ou CNPJ Número do CPF ou CNPJ do contribuinte.

4 Código da Receita Informar o código 6015 para Pessoa Física, 3317 para Pessoa Jurídica.

5 Número de referência Deixar em branco.

6 Data de vencimento Até o último dia útil do mês posterior ao da ocorrência do fato gerador.

7 Valor Principal Valor do imposto a ser recolhido.

8 Valor de Multa Se for o caso, informar o valor da multa quando devida.

9 Valor dos Juros e/ou Encargos DL 1025/69

Se for o caso, informar o valor dos juros quando devido.

10 Valor Total Informar o somatório dos valores dos campos 7,8 e 9.

11 Autenticação Bancária Será feita pelo caixa do banco onde for pago o imposto, ou criptografado, se for pago via Internet Banking.

Tabela 4: Preenchimento de DARF

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CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ANÁLISE TÉCNICA, PSICOLOGIA E ESTRATÉGIA PARA A COMPRA E VENDA DE AÇÕES

97

1.1.3 Como calcular o Imposto de Renda sobre as operações no Mercado à Vista

Compra realizada no dia 25/06/2005

Operação Ação Quantidade Preço Valor

Compra à vista Vale R Doce

600 R$ 66,10

R$ 39.660,00

Compra à vista Vale R Doce

400 R$ 66,10

R$ 26.440,00

Valor das Operações R$ 66.100,00

Taxa de liquidação (0,008% sobre o valor operado)

R$ 5,29

Emolumentos - 0,027% R$ 17,85

Taxa de Corretagem R$ 40,00

Valor Líquido da Operação antes do IR R$ 66.163,14

Tabela 5: Exemplo Para Cálculo IR

Obs. A corretagem acima no valor de 30,00 é referente a operações realizadas pelos investidores,

através do Home Broker da Corretora. No caso, a corretagem é fixa em R$ 20,00 por ordem.

Custo Médio de Aquisição por ação: R$ 66.163,14/ 1000 = R$ 66,16

Venda realizada no dia 26/06/2005

Operação Ação Quantidade Preço Valor

Venda á vista Vale R Doce

200 R$

67,17 R$ 13.434,00

Venda á vista Vale R Doce

500 R$

67,20 R$ 33.600,00

Venda á vista Vale R Doce

100 R$

67,15 R$ 6.715,00

Venda á vista Vale R Doce

200 R$

67,22 R$ 13.444,00

Valor das Operações R$

67.193,00

Taxa de liquidação (0,008% sobre o valor operado)

R$ 5,38

Emolumentos - 0,027% R$ 18,14

Taxa de Corretagem * R$ 80,00

Valor Líquido da Operação antes do IR R$

67.089,48

IR na Fonte (0,005%) 3,35

Valor Líquido da Operação após IR R$ 67.086,13

Tabela 6: Exemplo Para Cálculo de IR

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CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ANÁLISE TÉCNICA, PSICOLOGIA E ESTRATÉGIA PARA A COMPRA E VENDA DE AÇÕES

98

* Corretagem 04 ordens enviadas

(O IRFF de 0,005% foi cobrado, em função do valor da venda ter sido superior à R$ 20.000,00)

Apuração do Ganho Líquido:

Valor da venda após a dedução dos custos operacionais: R$ 67.086,13

Custo de aquisição das ações: R$ 66.163,14

Ganho/Prejuízo Líquido: R$ 922,99 Tabela 7: Exemplo Para Cálculo de IR

Imposto a Recolher: 15% de R$ 953,17 – R$ 3,36 = R$ 139,61

Observações:

a. Como o valor da venda foi superior ao custo de aquisição, houve incidência de imposto

renda sobre o ganho líquido de 15%.

b. O imposto retido na fonte de R$ 3,36 pode ser deduzido do imposto incidente sobre os

ganhos líquidos no mês.

c. Caso houvesse ocorrido prejuízo na operação, a perda poderia ser compensada:

Exemplo de compensação de Perdas:

Compra realizada no dia 26/07/2005

Operação Ação Quantidade Preço Valor

Compra á vista CMIG4 500 R$ 77,30

R$ 38.650,00

Valor Total da Operação R$ 38.650,00

Taxa de liquidação (0,008% sobre o valor operado)

R$ 3,09

Emolumentos - 0,027% R$ 10,44

Taxa de Corretagem R$ 20,00

Valor Líquido da Operação antes do IR R$ 38.683,53

Tabela 8: Exemplo Para Cálculo de IR

Custo de Aquisição por ação (R$ 38.683,53 / 500) = R$ 73,36

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99

Venda realizada no dia 27/07/2005

Operação Ação Quantidade Preço Valor

Venda á vista CMIG4 500 R$ 77,00

R$ 38.500,00

Valor Total da Operação R$ 38.500,00

Taxa de liquidação (0,008% sobre o valor operado)

R$ 3,08

Emolumentos - 0,027% R$ 10,40

Taxa de Corretagem R$ 20,00

Valor Líquido da Operação antes do IR R$ 38.466,53

IR na Fonte (0,005%) 1,92

Valor Líquido da Operação após IR R$ 38.464,60

Tabela 9: Exemplo Para Cálculo de IR

(O IRFF de 0,005% foi cobrado, em função do valor da venda ter sido superior à R$

20.000,00)

Apuração do Ganho Líquido:

Valor da venda após a dedução dos custos operacionais: R$ 38.464,60

Custo de aquisição das ações: R$ 38.683,53

Ganho/Prejuízo Líquido: R$ (218,93) Tabela 10: Exemplo Para Cálculo de IR

Compra realizada no dia 28/07/2005

Operação Ação Quantidade Preço Valor

Venda á vista CMIG4 500 R$ 80,85

R$ 40.425,00

Valor Total da Operação R$ 40.425,00

Taxa de liquidação (0,008% sobre o valor operado)

R$ 3,23

Emolumentos - 0,027% R$ 10,91

Taxa de Corretagem R$ 20,00

Valor Líquido da Operação antes do IR R$ 40.459,15

Tabela 11: Exemplo Para Cálculo de IR

Custo de Aquisição por ação ( R$ 40.459,15/ 500) = R$ 80,91

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CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ANÁLISE TÉCNICA, PSICOLOGIA E ESTRATÉGIA PARA A COMPRA E VENDA DE AÇÕES

100

Venda realizada no dia 29/07/2005

Operação Ação Quantidade Preço Valor

Venda á vista CMIG4 500 R$ 81,00

R$ 40.425,00

Valor Total da Operação R$ 40.925,00

Taxa de liquidação (0,008% sobre o valor operado)

R$ 3,89

Emolumentos - 0,027% R$ 13,12

Taxa de Corretagem R$ 20,00

Valor Líquido da Operação antes do IR R$ 40.887,99

IR na Fonte (0,005%) R$ 2,04

Valor Líquido da Operação após IR R$ 48.885,95

Tabela 12: Exemplo Para Cálculo de IR

(O IRFF de 0,005% foi cobrado, em função do valor da venda ter sido superior à R$

20.000,00)

Apuração do Ganho Líquido:

Valor da venda após a dedução dos custos operacionais: R$ 40.460,56

Custo de aquisição das ações: R$ 40.459,15

Ganho/Prejuízo Líquido: R$ 426,80 Tabela 13: Exemplo Para Cálculo de IR

Resultado do exemplo de compensação perda:

Cálculo do imposto a pagar até o último dia útil de Agosto/05:

Perda R$ 218,93

Ganho Líquido R$ 426,80

Resultado após compensação R$ 207,87

Imposto de Renda a pagar R$ 31,18 Tabela 14: Exemplo Para Cálculo de IR

1.1.4 Como calcular o Imposto de Renda sobre as operações no Mercado a Termo

Posição Compradora:

O custo de aquisição é o preço do ativo estabelecido no contrato de compra a termo.

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101

Compra realizada no dia 20/05/2004 Prazo do Contrato: 30 dias

Operação Quantidade Preço Valor

Compra à termo 1.000 R$ 10,00 R$ 10.000

Valor Total da Operação R$ 10.000

Taxa de liquidação -0,006% sobre o valor operado R$ 0,60

Emolumentos - 0,019% R$ 1,90

Taxa de Registro - 0,030% R$ 3,00

Taxa de Corretagem R$ 75,21

Valor Total da Operação R$ 10.020,50

Tabela 15: Exemplo Para Cálculo de IR

Venda realizada no dia 22/05/2004

Operação Quantidade Preço Valor

Venda à vista 1.200 R$ 12,00 R$ 13.000,00

Valor Total da Operação R$ 13.000,00

Taxa de liquidação -0,006% sobre o valor operado R$ 0,78

Emolumentos - 0,019% R$ 2,47

Taxa de Registro - 0,030% R$ 3,90

Taxa de Corretagem R$ 90,21

Valor Líquido da Operação R$ 12.902,64

Tabela 16: Exemplo Para Cálculo de IR

Obs. Não houve incidência de IR (0,005%) na fonte, pois o valor da venda à vista ficou abaixo de

R$20.000,00.

Apuração do Ganho Líquido:

Valor da venda após a dedução dos custos operacionais: R$ 12.902,64

Custo de Aquisição: R$ 10.080,71

Ganho/Prejuízo Líquido: R$ 2.821,93

Imposto a Recolher: 15% de R$ 4.356,58 = R$ 423,29 Tabela 17: Exemplo Para Cálculo de IR

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102

1.1.5 Cálculo do imposto de renda sobre operações de Day Trade

Compra realizada no dia 13/06/2005

Compra à vista caemi 1.000 R$ 2,50 R$ 2.500,00

Valor Total da Operação R$ 2.500,00

Taxa de liquidação (0,006% sobre o valor operado) R$ 0,15

Emolumentos - 0,019% R$ 0,48

Taxa de Corretagem R$ 20,00

Valor Líquido da Operação R$ 2.518,63

Tabela 18: Exemplo Para Cálculo de IR

Venda realizada no dia 13/06/2005

Operação Ação Quantidade Preço Valor

Venda á vista caemi 1.000 R$ 2,68

R$ 2.680,00

Valor Total da Operação R$ 2.680,00

Taxa de liquidação (0,008% sobre o valor operado) R$ 0,16

Emolumentos - 0,019% R$ 0,51

Taxa de Corretagem R$ 20,00

Valor Líquido da Operação antes do IR R$ 2.659,33

IR retido na Fonte de 1% R$ 1,39

Valor Líquido da Operação após o IR retido na fonte

R$ 2.657,94

Tabela 19: Exemplo Para Cálculo de IR

Apuração do Ganho Líquido:

Valor da venda após a dedução dos custos operacionais: R$ 2.657,33

Custo de aquisição das ações: R$ 2.520,63

Ganho/Prejuízo Líquido: R$ 136,70 Tabela 20: Exemplo Para Cálculo de IR

Imposto de renda recolhido na fonte

Imposto a Recolher: 20% de R$136,70 – R$ 1,39= R$ 25,95

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103

Recolhimento de imposto via DARF sobre operações Day Trade:

1 Período de apuração 30/06/2005 - último dia do mês em que ocorreu a operação

3 Código da Receita 8468

4 Número de referência Deixar em branco.

5 Data de Vencimento 31/07/2005 (último dia do mês seguinte ao da operação)

6 Valor Principal R$ 11,91

7 Valor de Multa 0

8 Valor dos Juros 0

9 Valor Total R$ 11,91

Tabela 21: Exemplo Para Cálculo de IR

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104

Capitulo 5

Entrevistas, Depoimentos e Curiosidades

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1. Como Operar no Dia Stormer - Retirado do Fórum do Investshop 13/06/2004 Uma atitude que SEMPRE faço é a seguinte...no inicio do dia antes do mercado abrir analiso e observo se minha expectativa é de alta ou de baixa para o dia no Ibov.... observo a primeira meia hora vejo para que lado os sardinhas correrram..... depois disso....pergunto a mim mesmo: 1- Hoje é um bom dia para se comprar?? entenda-se por bom dia = 1.1- alta no final da primeira hora. 1.2- volume aumentando depois da primeira meia hora. 1.3- topos e fundos ascendentes no ibov gráfico de 15 minutos. se a resposta não for um sonoro : SIM hoje é bom.... eu não compro... se a resposta for..não o dia de hoje será de queda.... eu não compro nada. nem que seja ouro em pó.... e até desligo o micro...indo para o shopping...risos

2. Atitude Rodrigo Fernandes - Economista e MBA em finanças pela FGV. 03/03/2005 Atitude Os investidores do mercado devem sempre idealizar o sucesso, caso contrário, não realizarão seus objetivos. Porém, faz-se necessário compreender que uma aplicação financeira pode ter dois resultados futuros: ganho ou perda. Sendo este um pensamento quase incompreensível para aquele que sempre quer obter sucesso, o erro não é considerado uma opção. Isto é aceitável, no entanto, é imprescindível que sejamos realistas, pois saberemos enfrentar o insucesso confiante, mesmo que seja duro de fazer. Acredito que um dos principais sentimentos do especulador após um trade ruim é o medo de novas perdas. Alguns pensam que a melhor maneira de lidar com o auto-erro é culpar outras situações, ao invés de aceitar sua falta de metodologia e buscar novos aprendizados. Aposto que você diz: - Não deu certo porque coloquei o stop errado! - Não deu certo porque teve um ataque terrorista! - Não deu certo porque se eu tivesse comprado o dobro de lotes, pagaria a corretagem e estaria no lucro! - Não deu certo porque tive problemas com a corretora! - E etc, e etc, etc.

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Não quero dizer que tais problemas não possam acontecer, mas sim, que pense que tais frases não podem ser "muletas" para os trades que deram errado. Quando isso acontecer, você tem que pensar que novos trades virão e concomitantemente, o sucesso. Deve-se analisar a metodologia, ver aonde errou e simplesmente estudar o trade e aprender com suas falhas. Os pensamentos e sentimentos podem ser bons ou ruins, e é preciso aceitá-los e analisá-los para que seja mais fácil neutralizar aqueles que influenciam seu potencial de ganho no momento da operação. Se o fizer, estará mais focado no trade e poderá alcançar o sucesso com maior probabilidade. Mercado financeiro não é um jogo de sorte e azar. É preciso buscar sabedoria, adquirir comportamento adequado e sempre que for preciso, mudar de atitude! "Atitude Quando mais eu vivo, mas percebo O impacto da atitude na vida É mais importante que a instrução, O dinheiro, as circunstancias, Os fracassos, os sucessos, Qualquer coisa que alguém diga ou faça. É mais importante Que a aparência, o dom, a destreza. O mais incrível é que Temos a opção de criar A atitude que teremos a cada dia. Não podemos mudar o passado. Não podemos mudar a atitude das pessoas. Não podemos mudar o inevitável. Só podemos mudar O único aspecto que podemos controlar, A nossa atitude. Estou convencido de que a vida É 10% o que realmente nos acontece E 90% nossa reação a esses acontecimentos. Quando se trata de maneira como você se sente, a escolha é totalmente sua. Sem dizer "se" ou "mas". É você que está sentado na cadeira do piloto" Texto retirado do livro Você Pode! De Paul Hanna.

3. O Problema do Dinheiro Rodrigo Fernandes - Economista e MBA em finanças pela FGV 28/02/2005 Quando você faz uma operação, sente medo ou alguma ansiedade? Já aconteceu de suar frio num trade por perceber que está perdendo dinheiro mesmo estando ainda dentro dos seus planos? Você olha o quanto está ganhando ou perdendo durante o trade? Se a sua resposta foi sim, algo de errado está fazendo. Aposto que em momentos de ganhos, quando seu ativo ainda não atingiu o seu preço alvo e ao ver o quanto já estava ganhando, saiu da operação... e momentos depois o preço atingiu o valor traçado. Quando isso acontece, a sensação é quase a mesma de quando você perde a batalha para o mercado. Isso está acontecendo porque está sendo afetado pelo money trouble, ou seja, problema dinheiro. O que isso quer dizer? Você está preocupado com o valor monetário da sua operação no momento errado. O valor de perda e ganho você deve ver somente antes e depois do trade. Se você fez uma análise correta, com manejo de recursos, verificando pontos de entrada, saída, volume, indicadores e etc. você não deve mais se preocupar com o dinheiro. Traders experientes e vitoriosos não vêem valores durante a operação. Se está muito preocupado com isso, provavelmente está sentido falta de confiança, nervosismo e ansiedade durante o pregão.

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Está acertando o movimento do mercado? Está marcando os pontos traçados? Está acertando ou errando? O que é importante é como está o decorrer da sua analise e não é o quanto está ganhando, e se estiver preocupado com isso está perdendo patrimônio em suas operações. Foque suas atenções apenas no preço do ativo e em seu movimento. Fazendo isso verá que ficará menos apreensivo e suas operações terão mais sucesso! Num trade a única sensação que deve sentir é tranqüilidade, pois você já fez a análise correta anteriormente. Não importa o quanto ganhou, o importante é saber que venceu a batalha!

4. A Sabedoria de Jesse Livermore Muito poucos traders fizeram (e perderam) fortunas no mercado financeiro como Jesse Livermore. Cerca de um século atrás, ele se tornou um dos mais celebrados especuladores de todos os tempos.

Reminiscences of a Stock Operator, é um livro que conta a trajetória de Livermore no mercado financeiro. Através de um texto de fácil leitura, oferece ao leitor uma rápida visita à mente de um dos grandes traders de todos os tempos. É possível aprender junto com Livermore enquanto ele ganhava e perdia milhões no mercado de ações americano.

Abaixo estão algumas citações de Jesse Livermore. Esses conselhos representam a experiência de um trader que enfrentou diversas situações, inclusive o famoso crash de 1929:

• Nunca opere baseado em dicas; • Use um sistema e não saia dele; • Nunca compre uma ação porque ela teve uma grande queda da sua última alta; • Se uma ação não agir corretamente não toque-a; porque, não podendo dizer

precisamente o que está errado, você não pode dizer para que lado ela irá; • Não culpe o mercado pelas suas perdas • Nunca aumente uma posição perdedora. Uma posição perdedora siginifica que você

está errado; • Ações nunca estão muito altas para começar a comprar nem muito baixas para começar a

vender. Mas depois da primeira transação, não faça uma segunda a não ser que a primeira mostre lucro;

• Sempre venda o que mostra um prejuízo e mantenha o que está dando lucro; • Não discuta com o mercado. Não procure recuperar o prejuízo. Saia enquanto a saída é

boa - e barata; • Existe somente um lado no mercado financeiro. E não é o lado bull (alta) e nem o

lado bear (baixa) mas o lado certo; • O maior inimigo de um especulador é sempre o tédio. • Um homem deve sempre confiar em si mesmo e no seu julgamento se ele espera

ganhar a vida com essa profissão; • Sempre use gerenciamento de capital; • Estabeleça o seu plano de trade antes que o mercado abra; • Detalhe o seu plano para cada trade; • Estabeleça pontos de entrada e saída e entenda a relação entre risco e recompensa; • Aceite pequenas perdas como parte do jogo se você quiser vencer; • Desenvolva um plano de trade para cada situação que você pode vir a enfrentar; • Não concentre-se no valor em que você empata quando estiver perdendo • Não liquide uma posição vencedora para manter uma perdedora; • Desenvolva e mantenha um plano de saída. Siga esse plano com rígida disciplina; • Tenha paciência. Grandes movimentos demoram para se desenrolar; • Não fique curioso demais sobre a lógica por trás de um movimento. A chave para a

fortuna no mercado é a simplicidade.

A trajetória e o conhecimento dos grandes traders são uma ótima fonte de aprendizado. Podemos entender melhor o mercado através da sabedoria que eles adquiriram durante crises assustadoras e altas espetaculares.

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5. 10 Atitudes para Perder Muito Dinheiro na Bolsa Aprender com os erros é uma virtude. Se forem os erros dos outros melhor ainda. Assim, abaixo estão 10 conselhos sobre o que não se deve fazer quando o assunto é investir em bolsa de valores:

1. Seja completamente emocional. Comemore ao extremo cada centavo de alta e entre em depressão profunda com cada centavo de baixa.

2. Não utilize Stops travas ou qualquer estratégia de proteção. 3. Siga todos os conselhos que ouvir e não forme a sua própria opinião. 4. Opere baseando-se unicamente em notícias (bem, se você for um insider isso talvez

funcione). 5. Compre papéis de baixíssima liquidez. O volume deve ser suficientemente pequeno para

você não conseguir vender quando precisar. 6. Se o mercado estiver indo contra você faça preço médio. 7. Se você estiver passando por um mau momento pessoal, aumente o número de trades ,

especialmente com opções. 8. Nunca admita que errou, se o mercado estiver se movimentando para o "outro lado",

tenha a confiança de que logo ele perceberá o equívoco. 9. Não registre seus trades vitoriosos e muitos menos os perdedores. Afinal, quem quer ficar

revendo as condições sob as quais errou? 10. Pare de gastar tempo aprendendo. Tudo o que você precisa é antecipar se vai subir, cair

ou andar horizontalmente.

Seguindo cuidadosamente esses 10 conselhos tenha certeza de que o seu cardiologista ganhará bastante dinheiro, isso se você ainda puder pagar um. Mercado é metodologia e gerenciamento. Estude as ferramentas, e aja objetivamente. Se o seu sistema falhar, registre bem as condições sob as quais o erro aconteceu e tente refiná-lo.

O trader consicente aumenta de maneira exponencial suas chances de sucesso.

6. O Samurai de 100 Trades Vitoriosos A cultura do oriente nos fascina por sua riqueza, suas tradições e sua história. A análise técnica também faz parte desse contexto, os gráficos de candles possuem mais de duzentos anos de uso e suas origens estão no Japão feudal. Nessa época, o país vivia um clima militarista, os conflitos eram tantos que os japoneses referem-se a esse período da história como Sengoku Jidai (tempo do país em guerra). Esse momento se reflete na nomenclatura de alguns padrões de candles, como counterattack lines (linhas de contra-ataque) ou three advancing white soldiers (três soldados brancos que avançam).

O Surgimento da Bolsa de Arroz

O centro comercial do Japão estabeleceu-se na cidade de Osaka. Osaka era uma cidade portuária, o que favorecia em muito o comércio em uma época na qual as viagens por terra eram demoradas e, muitas vezes, bastante perigosas. O comércio do arroz era a base da economia, sendo, efetivamente, a moeda nacional. Não é surpresa alguma, portanto, o fato de alguns mercadores de arroz terem se tornado extremamante ricos. Um desses homens era Yodoya Keian, reconhecido por sua incrível capacidade de transportar e distribuir o arroz. Seu poder cresceu de tal maneira que o primeiro local (bolsa) de comércio de arroz formou-se em seu jardim.

O Japão era extremamante segmentado em classes, e o governo militar chamado de Bakufu, acabou por ficar preocupado com a riqueza e poder dos mercadores. Yodoya teve seus bens confiscados pelo governo por viver um "estilo de vida" acima de sua condição social. Apesar da intervenção governamental, o embrião da bolsa japonesa de comércio de arroz estava lançado e o mercado que existia nos jardins de Yodoya foi, mais tarde, oficializado como bolsa de arroz Dojima (Dojima Rice Exchange).

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Surge Munehisa Homma

O comércio do arroz representava a riqueza de Osaka. Fazendeiros de todo o Japão podiam mandar sacas de arroz que eram mantidas em armazéns de Osaka. Em troca, recebiam um cupom representativo do valor, o qual poderia ser vendido a qualquer momento. Começava assim, a formação de um dois primeiros mercados de futuros do mundo. Apenas na bolsa Dojima operavam cerca de 1300 traders de arroz.

Havia no Japão nesse perído uma rica família de fazendeiros de arroz, chamada Homma. Sua base de negociação era a cidade de Sakata, uma área onde o comércio de arroz também era bastante forte. Em torno de 1750 o patriarca da família Homma morreu e o controle dos negócios passou para Munehisa Homma. Um primeiro aspecto que torna evidente as capacidades de Munehisa é o fato de que tratava-se do filho mais novo. Na forte tradição hierárquica japonesa quem deveria assumir o posto seria o filho mais velho, mas a família já conhecia os talentos de Munehisa.

Munehisa foi um verdadeiro cientista do mercado. Ele desenvolveu teorias e passou a guardar informações detalhadas (registros históricos) sobre condições de clima, preços do arroz e negociações realizadas. Para compreender a fundo a psicologia dos investidores, analizou os movimentos de preços do arroz até de negociações ocorridas na época em que os trades eram realizados no jardim de Yodoya.

Não demorou muito para Munehisa passar a atuar e também dominar a grande bolsa Dojima, onde acumulou uma fortuna gigantesca. Suas técnicas eram tão precisas que ele não via a necessidade de se fazer presente em Osaka. Desenvolveu um sistema de troca de informações, no qual homens eram posicionados sobre telhados de casas no caminho entre Sakata e Osaka, e através de bandeiras comunicavam as intruções de compra e venda geradas por Munehisa.

Conta a história que Munehisa conseguiu fazer cerca de 100 trades consecutivos vitoriosos. Diante de tamanho poder e conhecimento o governo contratou Homma como consultor financeiro e concedeu a ele o título de Samurai. Das teorias deste guerreiro dos mercados evoluiram as técnicas de candlestick, que hoje são utilizadas e pesquisadas em todo o mundo.

7. Publicado na revista Isto é Dinheiro 09/06/2004 Nahas absolvido... e com sede de vingança. Quinze anos depois do estouro da Bolsa de Valores, o megainvestidor Naji Nahas livra-se da acusação de crime ao sistema financeiro, volta a operar, prepara ações na Justiça contra inimigos e quer reinar novamente no mercado Por Leonardo Attuch Já era quase madrugada em Paris, na quinta-feira 3. No L’ami Louis, um dos restaurantes mais badalados da alta roda francesa, o investidor Naji Nahas, libanês naturalizado brasileiro que fez história no mercado acionário com jogadas de altíssimo risco, dividia a mesa com alguns mitos do tênis mundial: o italiano Nicola Pietrangeli, o romeno Ilie Nastase, o argentino Guillermo Villas e o espanhol Manolo Santana, todos velhos campeões do torneio de Ronald Garros. Nahas decidiu organizar um jantar para homenageá-los, regado a muitas garrafas de um dos melhores tintos de Bordeaux, o Mouton Rothschild. Naquela noite, Nahas também festejava uma vitória particular, que encerra um drama pessoal de 15 anos. O pesadelo começou no dia 9 de junho de 1989, quando eclodiu a maior crise da história das bolsas de valores de São Paulo e do Rio. Acusado de manipular o mercado para inflar artificialmente o preço das ações, Nahas chegou a ser condenado a 24 anos de prisão, sofreu a maior multa já aplicada pela Comissão de Valores Mobiliários e liquidou seu grupo empresarial, o Selecta, que reunia 28 empresas e incluía desde a Internacional de Seguros até a maior produtora nacional de coelhos para exportação. A vitória recente – e definitiva – de Nahas foi fruto de uma decisão unânime da Justiça Federal do Rio de Janeiro. Nela, o investidor foi inocentado das acusações de crime contra o sistema financeiro e a economia popular. Mais: de acordo com os juízes, o delito jamais existiu. “Perdi os melhores anos da minha vida enfrentando um processo kafkiano”, disse Nahas à DINHEIRO. “Em vez de fazer o que eu gosto, que é ganhar dinheiro, tive de viver me defendendo”

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Sem mais nenhuma acusação que lhe pese sobre os ombros, Naji Nahas volta ao mercado financeiro com sede de dinheiro e de vingança. Seus principais advogados, Eduardo Galil, Paulo Lazareschi e Carmem Sílvia Parkinson, já preparam novas ações judiciais. Só que não mais na defesa – e sim no ataque. Nahas agora quer ser indenizado pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Na sua mira, também está o ex-presidente da Bovespa, Eduardo Rocha Azevedo, o “Coxa”, a quem acusa de ter orquestrado uma manobra para quebrá-lo. Nahas diz que Rocha Azevedo teria pressionado vários bancos a cortar o crédito nas operações que fazia para a compra e venda de ações. Um dos banqueiros, o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, chegou a confirmar essa tese num depoimento à Justiça. “Sem o golpe de 1989, o homem mais rico da América Latina não seria o Carlos Slim”, disse Naji Nahas, referindo-se ao dono da mexicana Telmex e da Embratel. “Seria eu”. Sua conta é simples. Antes da crise das bolsas, Nahas era o maior investidor individual do Brasil. Sozinho, controlava 6% dos papéis da Petrobras e 10% da Vale do Rio Doce. À época, tais ações valiam US$ 490 milhões. Hoje, a mesma participação não seria vendida por menos de US$ 7 bilhões. No entanto, quando as ações desabaram, em junho de 1989, Nahas teve de liquidar sua posição e perdeu tudo. Dois meses depois, os papéis voltaram aos valores de antes, mas o portfólio de Nahas já estava nas mãos de outros investidores. “Ele, que foi o único perdedor da história, acabou sendo perseguido durante 15 anos por um crime que não existiu”, declarou à DINHEIRO o advogado Eduardo Galil. “Agora tudo acabou”.

A simples possibilidade de retorno de Naji Nahas aos negócios com ações já causa frisson nas mesas de operação de grandes bancos e corretoras. Até porque Nahas, herdeiro de uma próspera família libanesa, tornou-se uma figura quase mítica no mercado financeiro nacional e foi o principal player das bolsas de valores. Em 1969, quando desembarcou no Brasil, trouxe US$ 50 milhões para investir. Nos fim dos anos 70, já tinha mais de US$ 1 bilhão e tentou dominar o mercado mundial da prata, associado aos Hunt, uma família texana. Na década de 80, quando transferiu seus negócios de São Paulo para o Rio de Janeiro, fez com que a bolsa fluminense girasse um volume três vezes superior ao paulistano. Um sinal da grande expectativa em torno dos próximos passos de Naji Nahas ocorreu duas semanas atrás, na quarta-feira 26. Naquele dia, um só investidor havia vendido 7 mil contratos do Índice Bovespa no mercado futuro. Era uma operação atípica, uma vez que, em média, negociam-se apenas mil contratos diariamente. Além disso, o mercado hoje é dominado por grandes fundos de investimento, sediados no Brasil ou no exterior. Raras são as operações feitas diretamente por pessoas físicas – e era assim que Nahas atuava nos anos 80. Por isso, o boato disparado de um telefone a outro dos operadores era um só: o especulador havia voltado, com sua peculiar ousadia. Ele jura que não. “Sempre apostei na alta, jamais na baixa”, afirmou.

Foi justamente acreditando na valorização dos papéis que Nahas comandou as polêmicas operações dos anos 80. Nelas, o investidor comprava as ações e tinha o prazo de cinco dias para pagar. Caso não tivesse dinheiro, poderia vender os papéis a um banco financiador e recebia os recursos à vista, no chamado D+0. Só que para entrar no negócio, os bancos embutiam uma taxa de juros. “Para a operação dar lucro, a valorização das ações tinha que superar a taxa dos bancos”, explicou à DINHEIRO o investidor Alfredo Grumser, que foi dono da corretora Open e um dos principais personagens do episódio. “Não houve crime algum e todos os bancos queriam financiar o Nahas porque sabiam que ele tinha patrimônio para cobrir as apostas”. O problema é que Nahas acabou sendo condenado por um cheque sem fundos, de US$ 10 milhões, quando a CVM decidiu mudar as regras do jogo e proibir as operações D+0. O cheque foi devolvido pelo falecido banqueiro Pedro Conde, do BCN. Nahas acredita que tanto Conde quanto Rocha Azevedo estavam do outro lado da corda, apostando na queda do Índice Bovespa – e, no fundo, o que estava em jogo era uma queda-de-braço entre “comprados” e “vendidos” do mercado. “Se eu não quebrasse, eles teriam quebrado”, disse Nahas. Como, depois de junho de 1989, as ações logo retomaram a tendência de alta, o ex-ministro Mário Henrique Simonsen declarou à Justiça que houve manipulação para baixo – e não para cima. Na visão de Alfredo Grumser, Nahas apostou na tendência correta e seu único erro foi acreditar que as ações subiriam apenas 100%. “O fato é que elas estavam muito mais baratas e decuplicaram de preço”.

Antes da crise das bolsas, Naji Nahas, ex-sócio dos grupos franceses Societé Génerale e Saint-Gobain, agia como um autêntico “colunável”. Já havia trazido ao Brasil estrelas do cinema como Alain Delon, Gina Lolobrigida e Omar Shariff. No entanto, depois do episódio de 1989, ele submergiu e descobriu que sua nova forma de atuar, discreta, lhe rendia mais frutos. Evitou negociar ações como pessoa física e investiu apenas por meio de fundos estrangeiros. Enquanto esteve na sombra, Nahas continuou costurando uma intensa rede de contatos internacionais. Hoje ele é a

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pessoa mais próxima de Marco Tronchetti Provera, o controlador da Telecom Italia. O bilionário francês Robert-Louis Dreyfus, dono da Coinbra, um dos maiores grupos agroindustriais do Brasil, é quase um irmão. O mesmo vale para a família Lagardère, controladora do principal império de mídia e armamentos da Europa. Além disso, ninguém no Brasil é tão ligado à família real saudita quanto ele. No Carnaval deste ano, Nahas trouxe ao Brasil o embaixador saudita em Washington, o príncipe Bandar Bin Sultan. Na Capital, Bandar foi recebido num jantar com a presença do presidente Lula, do chanceler Celso Amorim, dos ministros Antônio Palocci e Dilma Roussef, assim como do presidente da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli – e praticamente nada foi publicado na imprensa. Lula gostou. Decidiu-se ali que os árabes irão abrir todo seu território para a prospecção mineral da Vale. Discretamente, Nahas também está pilotando o projeto de uma refinaria de petróleo no Ceará. Depois do encontro, o presidente confidenciou a um inter- locutor que conheceu um outro Nahas, bem diferente do personagem que imaginava. E é este que agora começa a sair da sombra.

A SAGA DO MEGAINVESTIDOR Como Naji Nahas, libanês naturalizado brasileiro, tornou-se um mito do mercado financeiro A CHEGADA Em 1969, ele desembarcou no Brasil num vôo que havia sido seqüestrado e levado a Cuba. Herdeiro de uma rica família libanesa, trouxe US$ 50 milhões. A PRIMEIRA TACADA No fim dos anos 70, tornou-se um dos maiores compradores mundiais do mercado da prata. Nos anos 80, controlava 28 empresas no Brasil.

O PODER No regime militar, controlava a Internacional, principal seguradora do País. Com freqüência, era recebido no Palácio do Planalto, para onde levava grandes investidores internacionais.

NO MERCADO Em 1982, com um cheque de 10 bilhões de cruzeiros, comprou 3% da Petrobras. Depois, repetiu a mesma dose. O ESTOURO DA BOLSA Em 1989, foi acusado de agir para manipular os preços das ações. Teve de liquidar sua posição, avaliada em US$ 490 milhões, e foi multado pela CVM. A PRISÃO Foi detido no dia 30 de outubro de 1989, por uma equipe chefiada por Romeu Tuma. A VOLTA Fora das bolsas, Nahas continuou atuando na atração de grandes investidores. É muito ligado à Telecom Italia e, recentemente, trouxe o príncipe saudita Bandar Bin Sultan ao Brasil. ABSOLVIDO Em 2004, foi inocentado em todas acusações que sofria. "EU VOU ME VINGAR" Entre uma partida e outra de Roland Garros, onde tem um camarote há mais de vinte anos, Naji Nahas falou à DINHEIRO sobre seu retorno ao mercado. DINHEIRO – O sr. foi acusado de quebrar a Bolsas de Valores em 1989, chegou a ser preso e, 15 anos depois, está inocentado. O que isso representa? NAJI NAHAS – Tirei um peso das minhas costas. Fui perseguido durante todo esse tempo e perdi os melhores anos da minha vida. Tinha 43 anos em 1989 e hoje estou com 58. Em vez de ganhar mais dinheiro, perdi tempo me defendendo.

DINHEIRO– Quem ganhou e quem perdeu com a crise de 1989? NAHAS – Eu fui a grande vítima. Tinha uma carteira de US$ 490 milhões, que me foi tomada. Hoje,

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ela valeria US$ 7 bilhões e eu seria o homem mais rico da América Latina. Mais rico até do que o Carlos Slim. Eu perdi muito. O que ninguém pergunta é quem ganhou com isso.

DINHEIRO – E quem ganhou? NAHAS – Os que apostavam na queda do Índice Bovespa. A turma do Eduardo Rocha Azevedo. Antes do dia 9 de junho de 1989, eu era um rei. Depois, todos me viraram as costas.

DINHEIRO – O sr. quer se vingar? NAHAS – Certamente. Quero reparação por tudo que eu sofri. Eu e minha família.

DINHEIRO – Quais os seus próximos passos? NAHAS – Estamos estudando com os advogados. É possível processar a Bolsa de Valores de São Paulo, a Comissão de Valores Mobiliários e as pessoas que planejaram o golpe para “quebrar o turco”, como dizia o Rocha Azevedo.

DINHEIRO – O sr. vai voltar a atuar no mercado de ações? NAHAS – Nunca estive proibido de comprar ações e vou continuar investindo normalmente. As pessoas dizem que o Naji especulava, mas eu carreguei durante muitos anos a minha posição com ações da Petrobras, da Vale do Rio Doce e do Banco do Brasil. Comprei também 15% do Banco Noroeste. Meu plano era ter 10% da Petrobras, 10% da Vale e 10% do BB – e isso era viável.

DINHEIRO – As ações no Brasil hoje estão atrativas? NAHAS – Eu ainda acho que a Bolsa de Valores de São Paulo é uma das mais baratas do mundo. É só comparar com os preços das empresas em outros países.

DINHEIRO – Isso significa que Naji Nahas entrará comprando? NAHAS – Posso comprar. Por que não? Até porque a economia brasileira está entrando num momento muito favorável. Pela primeira vez em muitos anos, estamos crescendo sem inflação e sem pressionar as contas externas. O trabalho da equipe do Lula e do ministro Antônio Palocci tem sido muito bom.

DINHEIRO – O que o sr. tem feito? NAHAS – Tenho negócios com grandes empresários chineses, russos e árabes. E vou usar minhas amizades para ajudar o Brasil. Sempre fiz isso e vou continuar fazendo.

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