conceito de fronteira - deleuze

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O CONCEITO DE FRONTEIRA EM D E L E U Z E E SARDUY

Lus Srgio Duarte Universidade Federal de Gois

O conceito de fronteira em Deleuze Procuro a teoria da fronteira em Deleuze, partindo de sua definio da filosofia como disciplina criadora de conceitos. O comentrio filosfico o varivel lugar de encontros e articulaes de conceitos. O conceito como o ser imanente diferenciao. Deleuze filia-se linhagem da metafsica ocidental que resiste ao dualismo: trata-se da condenao das naturezas simples e absolutas sustentadas por instncias transcendentes ou transcendentais. Os textos de referncia so Niet^sche e a filosofia (1962), Espino^a e os signos (1970), Milplats (1980) c O que a filosofia? (1991). Fronteiras so construes. So processos social e historicamente - vale dizer, simbolicamente - produzidos. Devem ser concebidas mais como abertura e atualidade, do que como dado ou acabamento. So locais de mutao e subverso, regidos por princpios de relavidade, multiplicidade, reciprocidade e reversibilidade. So lugares que deixam claro a validade da mxima bachelardiana "Longe de ser o ser a ilustrar a relao, a relao que ilumina o ser".1

LUS SRGIO DUARTL

Fronteiras so stios da exacerbao e do excesso, onde limites so ultrapassados, novas dimenses descobertas, e reordenamcntos encaminhados. Por isto, so espaos de ruptura e conflito: ambientes de extremidade, crista e culminao. Elaboram originalidade pela via da multiplicao da experincia. Realizam modificaes espirituais que as aproximaes sucessivas possibilitam. Produzem diferena pela liberao da imaginao (excesso insensvel, estado da intensidade). A imaginao no apenas a mediadora entre o entendimento e a sensibilidade, ela possui um dinamismo prprio, livre de esquemas. O u melhor, seu esquema interior. O drama de idias opera deslocamentos e saltos, reaproximaes. Como o sonho (deslocamento e condensao), ou o ovo (corpo sem rgos) a imaginao no depende de corpos organizados, psiquismos consolidados, sujeitos constitudos, identidades fixas. Na fronteira aprendemos a viver com a contingncia, a incomplctudc, a historicidade. Na terra onde tudo est por ser feito a regra o improviso do espadachim, a bricolagem do pensamento selvagem. Fronteiras so lugares de devir: a forma da evoluo por aliana (no por filiao); "[DJomnio das simbioses que coloca em jogo seres de escalas e reinos inteiramente diferentes, sem qualquer filiao possvel", criao que se faz a partir do contgio, o devir a especificidade resultante da coexistncia de duraes, das comunicaes transversais entre populaes heterogneas. Proliferao, propagao, povoamento produtor de hbridos, o devir uma involuo. Involuo no sentido de dobra: o involuto aquele que tem as bordas enroladas para dentro, mas n o no sentido da regresso ao menos diferenciado. Involuir "formar um bloco que corre segundo sua prpria linha, entre os termos postos em jogo, e sob as relaes assinalveis."2

Fronteiras so exterioridades: resultados expressivos. Nelas, imperam imagens, figuras, formas, tipos: elementos que permitem a teoria, a facilidade da relao. Em Deleuze, a teoria das fronteiras enfoca a coexistncia, mais que do que a identidade; mais do que a sucesso, a correspondncia objetos de pensamento acessveis pelo contorno. Trata-se do recorte cjue instala o limiar pela consistncia interna dos componentes, c que registra a escolha pela regionalizao, marca da vizinhana c sinal de consistncia externa.

O C O N C E I T O D E FRONTEIRA E M D E L E U Z E E SARDUY

Fronteiras so lugares de deslizamento. Alianas, bifurcaes e substituies que preparam o reconhecimento c a necessidade de limites. A oscilao caracterstica de uma linha de traduo produz, ou o reconhecimento dos perigos (o medo ou a vitria da tranqilidade dos sistemas molares, clareza ou crena de ter entendido tudo, o poder ou a impotncia alternantes daquele que quer deter as linhas de fuga, o desgosto ou o risco de reterritorializao destrutiva), ou, pela vitria do desgosto (o pior dos medos), instala o estado suicidrio: a vontade de fazer morrer e de morrer, paixo de abolio. As fronteiras so a vitria da contingncia. Arrancam a histria da necessidade, estabelecem o devir (o tornar-se): ...ainda hoje a histria designa apenas o conjunto das condies, por mais recentes que sejam, das quais nos desviamos para nos tornarmos, ou seja, para criarmos qualquer coisa de novo.1

As fronteiras so zonas cinzentas, onde os contornos so mal definidos, a 19 separao e a ligao dos campos opostos se fazem sem vergonha. " O sentimento de vergonha um dos mais poderosos motivos da filosofia". Mas, so tambm4

zonas de troca: "o devir sempre duplo e esse duplo devir que constitui o povo futuro e a nova terra."5

As fronteiras impem o mtodo das linhas de fuga ou da divergncia das formaes. Desfazer ou inverter, operando a anlise dos estados mistos, ousando conceber os tipos mistos. Enxergar mais agenciamentos do que abstraes, mais acontecimentos do que essncias, mais dispositivos do que aes, mais linhas do que pontos. O mtodo da fronteira o da construo cartogrfica (construir mapas se propor ao registro aberto, relacionai, reversvel, arbitrrio, mltiplo, poltico). Ele procede microanaliticamente: busca focos de unificao, ns de totalizao, processos de subjetivao. Contra os modelos estruturais (a idia da base que opera a constituio, como a raiz) e gerativos (a idia do piv que instala a sucesso, como a rvore) prope-se o modelo rizomtico: " O nico subtrado da multiplicidade a ser constituda". Conexo, heterogeneidade, multiplicidade e6

ruptura como princpios de construo e de apreenso de processos que ocorrem

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na dimenso transformacional e subjetiva. Dar ateno ao novo, emergncia, atualidade, ao invs de fixar-se no eterno. Rachar as coisas (esquisoanlise), ao invs de buscar origens. uma arte das superfcies (o mais profundo a pele). o saber das inscries, a tematizao dos enunciados: hiper-hermenutica. N o interpreta: experimenta, desdobra. No representa: apresenta. Mais que fixar-se no todo, produz a diferena. A fronteira o lugar onde se produz a arte da contraconquista. Podemos aproximar a filosofia virtual de Deleuze do neo-barroco americano (Lezama, Carpentier, Sarduy, Haroldo de Campos). Se o nosso tema de fundo a filosofia da cincia e se esse interesse est situado numa grande fronteira (a Amrica) e no Brasil central (fronteira de fronteira) no podemos esquecer a verso americana do historicismo: busca da originalidade do novo continente, pela via da subverso do conceito linear de histria e pela crtica dos marcos temporais objetivos. U m bom exemplo da presena desse estilo "neo-historicista" entre ns Severo Sarduy.

Epistemologia do Barroco e Teoria da Histria em Severo Sarduy Trata-se de localizar c interpretar as noes de violncia drmica,

de repercusso mnmico-factual e de simulao como ndices da chamada epistemologia do barroco (tese de alguns ensaios de Severo Sarduy, reunidos no segundo volume de suas Obras Completas), e relacion-las s discusses sobre o neo-historicismo e a teoria da histria. Minha tese a de que a ensastica do autor cubano pode ser tomada como referncia para a localizao de conceitos e mtodos para as cincias da cultura. Sarduy explora o territrio do mimetismo dos excludos. Expe a lei e o zelo da simulao. Hipcrtelia, ou suplemento c exagero, que assinalam e denunciam; camuflagem, ou converso cosmtica, que esconde uma revolta contra a fixidez e um desejo de desaparecimento; intimidao ou desajuste c desmedida, que paralisam e assustam. um depsito de conceitos afins aos dos intentos de conhecimento das fronteiras. Tal conhecimento o problema de fundo da histria cultural.

O CONCEITO D E FRONTEIRA EM D E L E U Z E E S A R D U Y

A interpretao dos sistemas simblicos possibilitada pela reflexo sobre as condies de produo - as condies de produo da interpretao. Esta a idia que coordena as cincias humanas. Somente uma genealogia dos valores poder justificar o interesse em conhecer os fenmenos que portam valor. Mas h divergncias. Uma delas a que se desenvolve em torno do conceito de representao. Uma das correntes defende o princpio da indeterminao (descries no existem, s existem representaes); a outra afirma a existncia de discursos como a narrativa histrica, por exemplo nos quais os enunciados pertencem tanto ao nvel da descrio (esto limitados por uma referncia) quanto ao nvel da representao (assumem atitudes proposicionais). Uma enfatiza a inteno autoral; a outra focaliza a compulso do real. Sarduy pertence ao primeiro grupo: Para que todo signifique hay que aceptar que me habita no la dualidad, sino una intensidad de simulacin que constituye su propio fin, fuera de lo que imita: que se simula, la simulacin.7

O travesti quer simular, e no copiar a mulher. Captar o feminino como aparncia, construo e arbitrariedade, supondo a inexistncia do ser copiado: reino e fora como ndice de um defeito. Isto o humano ps-metafsico, a aceitao vanguardista e antecipadora do contraditrio e do ambguo. Um projeto esttico-poltico, sobretudo. Movimento contra a fixao; teatro contra a priso; blasfmia contra o rei; perverso da finalidade sem sujeito contra a moral sem finalidade do sujeito puro; cena; claridade lgubre orgia (identidade de opostos, antpodas idnticos) contra o elogio da razo pouco crtica. Conscincia do mal, escrita de viglia como irradiao de um corpo estranho, dirigindo o pensamento num exerccio de corte, interrupo e despertar que o devolve a si mesmo. Ainda o projeto desalienador. A transgresso como abolio dos contrrios. Pensamento como transgresso sinnimo de despertar como crtica. Diante do fantasma da fixao, move-se a revolta contra o logocentrismo. Reino do plstico e do acessrio, o texto toma-se pura perspectiva, cdigo que s se realizam apenas na leitura e tem a a sua durao. Significantes em relao

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assumem resduos de significado. Referentes so esvaziados para se instalar a interpretao radical na estrutura das valncias, nas combinaes, nas antteses. Sarduy ps-estruturalista. Como Deleuze est envolvido na crtica da vertente dualista da metafsica ocidental. T a m b m Barthes e Derrida alimentam e so alimentados pela potica c ensastica do mestio (ELE N E G R O E C H I N S ) de alm-mar. Com Carpentier e Lezama, Sarduy constitui a vertente do surrealismo cubano, eixo da literatura do Neobarroco. Engajamentos os mais diversos (sociais, existenciais, identitrios), preocupaes didticas (impacto das justaposies de contrrios), e uma arte da argcia (relaes inditas descobertas pelos procedimentos hiperblicos, expressivos, artificiosos, elpticos) so mobilizados para uma outra histria cultural do Ocidente, cujo modelo o ensaio sobre o barroco. a valorizao da mutabilidade da forma (anamorfose): reunio divergente, oposio relativa impondo intercmbio e anulao. Deslizamentos retricos so localizados e descritos. Elementos de esferas distintas so lidos em confuso e troca. Blocos de atividade simblica, planos de converso e nveis de repercusso so categorias que orientam uma histria das figuras. Crculo, elipse c hlicc so metforas mestras de epistemes em seqncia. Constri-se um saber das afinidades: o apego a uma forma encobre um intento de totalizao ideal; a transgresso da metafsica implica que os limites estejam sempre ativos; a reduo isomrfica possui um suporte logocntrico. Estratgias de deciframento discursivo so explicitadas por essa histria da repercusso (retomb). ateno Cosmologias influenciam estilos de literatura, pintura, das cadeias significantes, aos deslocamentos arquitetura e urbanismo. O mtodo a investigao discreta das interferncias: s descontinuidades8

simblicos, evocao. Semitica, psicanlise e iconologia instalando anlise de faltas, realizando semnticas de posio, interpretando economias de supresso, codificaes repressivas, situaes de imaginabilidade. O sentido no est escondido, seu registro inscrio superficial. na pele, na face dos corpos que ele se instala, repercute e se d a ler. Isto violncia drmica. Cada ato simblico pura violncia: gesto de deciso contra a natureza. Fatos deixam inscries e a

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memria os repercute, os ecoa. por isso que um saber das cores, dos tons, das fisionomias c das marcas precisa ser ativado. Somente o refinamento categorial pode enfrentar o mundo das correspondncias. Sarduy exercita um tipo de americanismo: saber e experincia da fronteira, que tambm um modelo de histria (arqueologia rastreadora). Paradigma indicirio a servio da heteronomia. Histria como reconstruo de jogos de mscaras, descoberta de sujeitos mltiplos, exerccio de construo identitria. O passado como coro de muitas vozes. Mtodo como busca de preciso nos movimentos deflectores, localizao da multiplicidade de registros, abertura para referncias de alteridade, "arte de decompor uma ordem e compor uma desordem". Texto tatuado, sentenas teoricamente inscritas em oposio descrio objetiva: adereos rituais de cerimnias mgicas vo de encontro a raciocnios frouxos. Arquitetura verbal e saturao de signos, em hostilidade contra a obra acabada. U m saber sobre as fronteiras (passado, presente e futuro) que incorpora os limites do compreensvel, mas assume a anulao do tempo que instala a escrita da histria. A simulao subversiva por copiar o efeito, no a idia. Recusando-se a captar o central (o fundador) o que se pretende afirmar um saber que no possui. A presena plena no existe. N o centro, apenas vacuidade germinadora, que instala o simulacro, a imitao, a analogia, a camuflagem, a teatralidade. Procedimentos que se concentrem em captar a superfcie, a pele, o envolvente so, ento, mais adequados para a interpretao dos fenmenos que expressam a lei do disfarce. Sarduy denomina como "desejo de barroco" o anseio pelo gasto,9

pelo luxo, pelo faustuoso. A prtica de fazer-se passar por outro - a representao como substituio, n o como coincidncia - subverte os intentos de caa aos modelos. Por isso bom assumi-la e disponibiliz-la. E m sistema e segundo o caso, encaminha-sc a escolha. U m saber relacionai no relativista. A perseguio metdica que visa a essncia deve ser substituda pela produo perspectivada de similitudes. O modelo depredado no momento de captao da sua aparncia. N o Ocidente, a compulso classificadora - o poder de dividir para reduzir desvia o pensamento da questo fundamental da representao: quem e o que se representa se resolvem com assertivas asseguradoras de presena.

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En Oriente se diria que el saber en si mismo es un estado dei cuerpo, es decir, un ser compuesto, una simulacin de ser de ser ese saber que no hace ms que , recordar el caracter de simulacin de todo ser - al manifestarse como ese ser." "1

Sarduy valoriza as referncias que, no Ocidente, fortalecem o estilo de pensamento asitico. O barroco um exemplo de estilo corporal, mais aberto ao tato que ao discurso. Exerccio de calma, cortesia, elegncia e dvida: chance de comunicao com o outro. Como forma de linguagem a frase rebuscada, o raciocnio labirntico , o barroco assume a teatralizao. Cada escrita um duplo: comentrio, enxerto, palimpsesto, textura, artifcio. Espao dialgico radical: sugere mais que predica. Contradiz mais que representa.

A ensastica de Sarduy um exemplo de neo-historicismo. U m retorno atualizado tradio das cincias do esprito. Hermenutica radical que desconstri as idias de cincia e de esprito. O avano no projeto da interpretao tem que ser entendido como investimento na diferena, pela comparao e relao perspectivada. N o caso de Sarduy, o historicismo, renovado por uma crtica que o quer livrar de seus pressupostos essencialistas, se apresenta como modelo para a reabilitao da narrao. N o caso de Deleuze o estruturalismo reforma-se pela genealogia e pela crtica da moral como releitura da metafsica. Com a aproximao das duas posies, o que sobressai a histria da constituio do mtodo de fronteira. A exposio narrativa dos acontecimentos (a valorizao dos aspectos retricos contra as pretenses de explicao terica), a ateno aos fenmenos da linguagem (a aplicao da teoria da metfora ao estudo da historiografia e a preocupao em situar, como ato de fala relacionai, inscrito em uma lngua especfica, ou episteme, todo projeto de saber) e a adeso a uma ontologia psmetafsica (que se percebe como crtica, pela via da historicizao, dos sujeitos do conhecimento, dos intentos de absolutizao da verdade e da cincia que marcaram a racionalizao do pensamento histrico) caracterizam posies que podem ser diferenciadas segundo um maior ou menor radicalismo na crtica, daquilo que

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essa corrente interpretativa denomina os pressupostos e modelos de uma leitura atualizada do passado. NOTAS BACHELARD, Gaston. 0 novo esprito cientifico. 2 ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995, p. 127. DELEUZE, Gilles. Milplats: capitalismo e esquizofrenia. So Paulo: 34, 1997, v. 4, p. 19. DELEUZE, Gilles. O que afilosofia?Lisboa: Presena, 1992, p. 86. Ibidem, p. 96. Ibidem, p. 98. DELEUZE, Gilles. Mil plats:- capitalismo e esquizofrenia. So Paulo: 34, v. 1, p. 15. SARDUY, Severo. "La Simulacin", em Obra Completa t. I I . Madrid: Allca XX, 1999, p. 1266. "Ibidem, p. 1236. 'Ibidem, p. 1269. Ibidem, p. 1271.1 2 3 4 5 7 10

Resumo Esse artigo busca aproximar as obras de Gilles Deleuze e Severo Sarduy a partir do conceito de fronteira. Com o primeiro localizo o conceito, em seguida, e a partir da ensastica do segundo, tento apresentar as caractersticas do que se poderia chamar epistemologia neo-barroca (o que denomino "o mtodo da fronteira") e mostrar sua produtividade para uma teoria da histria ps-moderna. Palavras-chave: Fronteira - Deleuze Sarduy - Neo-barroco - Caribe

Abstract This essay tries to link the works of Gilles Deleuze and Severo Sarduy from the concept of boundary. I begin with the first author in order to determine the concept, then, since the second's essays, I try to expose the characteristies of a possible neobaroque epistemology (what I call "the boundary's method") and to demonstrate its advantage for a postmodern theory of history. Key vvords: Boundary - Deleuze - Sarduy - Neobaroque - Caribbean

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