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Comunidade da Construção – Campinas Programa de Melhorias : Alvenaria de vedação GT Projetos e GT Interação Alvenaria-Estrutura Manual de Projetos de Alvenaria de Vedação Este relatório é a conclusão dos trabalhos dos grupos acima , que fazem parte do programa elaborado pela Comunidade da Construção de Campinas, com base nas respostas da pesquisa realizada com 25 construtoras da cidade. Nas respostas, foi detectada uma grande preocupação com as patologias de fissuras na alvenaria e sua interface com a estrutura de concreto. Assim , foram estudadas as melhores práticas construtivas utilizadas atualmente e detalhado como representá-las em um Projeto de Alvenaria de Vedação (PAV). 1. Condições Iniciais Devemos inicialmente reunir todo o material existente, verificando se cada um dos elementos contém todas as informações necessárias para a correta execução do projeto de alvenaria. Em seguida , devemos analisar a compatibilidade entre as informações e provocar, se necessário, uma reunião entre as partes, incluindo a construtora. Devemos incentivar que o projeto de alvenaria seja feito concomitantemente aos demais para chegarmos aos projetos executivos já compatibilizados. Os principais pontos de cada projeto, a serem observados são: a) Projeto Arquitetônico Composto do conjunto dos projetos : pré-executivo, legal, material de vendas. Deve conter todos os elementos já compatibilizados e apresentar os eixos de locação da obra. ! Paredes em planta Locação das alvenarias brutas (sem revestimento), com suas espessuras e posicionamento em relação aos pilares. Normalmente as alvenarias externas faceiam os pilares (pode ser para dentro ou para fora) e as internas estão nos eixos dos pilares. Se as alvenarias não forem centradas nas vigas, fazer a observação em detalhe.

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Comunidade da Construção – Campinas Programa de Melhorias : Alvenaria de vedação GT Projetos e GT Interação Alvenaria-Estrutura Manual de Projetos de Alvenaria de Vedação Este relatório é a conclusão dos trabalhos dos grupos acima , que fazem parte do programa elaborado pela Comunidade da Construção de Campinas, com base nas respostas da pesquisa realizada com 25 construtoras da cidade. Nas respostas, foi detectada uma grande preocupação com as patologias de fissuras na alvenaria e sua interface com a estrutura de concreto. Assim , foram estudadas as melhores práticas construtivas utilizadas atualmente e detalhado como representá-las em um Projeto de Alvenaria de Vedação (PAV). 1. Condições Iniciais

Devemos inicialmente reunir todo o material existente, verificando se cada um dos elementos contém todas as informações necessárias para a correta execução do projeto de alvenaria. Em seguida , devemos analisar a compatibilidade entre as informações e provocar, se necessário, uma reunião entre as partes, incluindo a construtora. Devemos incentivar que o projeto de alvenaria seja feito concomitantemente aos demais para chegarmos aos projetos executivos já compatibilizados.

Os principais pontos de cada projeto, a serem observados são:

a) Projeto Arquitetônico

Composto do conjunto dos projetos : pré-executivo, legal, material de vendas.

Deve conter todos os elementos já compatibilizados e apresentar os eixos de locação da obra.

! Paredes em planta

Locação das alvenarias brutas (sem revestimento), com suas espessuras e posicionamento em relação aos pilares. Normalmente as alvenarias externas faceiam os pilares (pode ser para dentro ou para fora) e as internas estão nos eixos dos pilares. Se as alvenarias não forem centradas nas vigas, fazer a observação em detalhe.

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A tendência é a utilização de blocos de 14 cm com vigas de 14 cm (largura ideal

pela nova Norma). As paredes de 9 cm normalmente são empregadas sob lajes e não sob vigas. Quando existirem espessuras diferentes, elas devem ser bem definidas.

A locação deve ser feita também em relação aos eixos de locação da obra.

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! Aberturas

A localização das aberturas deve ser bem detalhada. A posição deve ser definida

em relação às duas extremidades da parede e tendo a sua medida bem determinada. No caso de portas devemos ter a altura total e espessuras de batentes, de preferência com um desenho de detalhe. No caso de janelas, definir as dimensões e material e espessura do parapeito. Não esquecer de detalhar outras aberturas como ar condicionado, exaustor , ventilações fixas, etc.

! Revestimento

O revestimento interno e externo deve ser especificado nos detalhes de acabamento e se necessário em algum detalhe padrão. Nesta etapa é necessário uma grande integração com o construtor, para a definição das espessuras do revestimento de paredes, piso e teto. Detalhes de forros de gesso devem ser bem definidos quanto ao tipo e altura.

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b) Projeto Estrutural

Todo este trabalho partiu da premissa que o projeto estrutural obedeceu às prescrições da NBR 6118:2003 , com todo detalhamento que se fizer necessário.

! Planta de formas completa

A planta de formas deve conter todos os elementos estruturais, com seus tamanhos e locação também em relação aos eixos de obra. Não esquecer de colocar as aberturas de shafts ou outros detalhes de laje.

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! Deformações previstas para a estrutura

Para podermos adotar as folgas necessárias entre a alvenaria e a estrutura,

precisamos saber em quanto as peças vão deformar, no início da colocação da alvenaria e depois da execução da mesma. Assim devemos ter no projeto a indicação de dois valores de deformação para os centros de vãos de vigas e lajes, e qual a deformação lateral dos pilares.

Normalmente as deformações são indicadas como positivas no sentido da

gravidade (para baixo) . Havendo necessidade de contraflechas , as mesmas devem ser indicadas como deformações negativas.

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c) Projeto de instalações

Precisamos ter informações sobre todos os elementos que existirem nas paredes, com a indicação da locação em planta e altura de posicionamento :

! Elétrica, telefone, interfone, ...

! Posicionamento das caixinhas elétricas com tamanho e altura (verificar que em cada elevação de parede , poderemos ter caixinhas dos dois lados da parede)

! Indicação de caminhamento de eletrodutos ! Posição de demais elementos como caixas de distribuição

Estes elementos deverão sofrer pequenas alterações de posição, para adequá-los

à modulação.

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! Hidráulica/sanitária/gás

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Da mesma maneira que na elétrica, precisamos conhecer todos os elementos em

planta e altura. Deverá ser dada especial atenção aos elementos que estão dentro ou fora das paredes. Muitas vezes os shafts se encontram entre dois banheiros e algumas tubulações precisarão atravessar a parede , fato este que deverá estar indicado na elevação.

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d) Projeto de caixilhos

Este projeto poderá estar integrado com o executivo da arquitetura. Deverá ser dada atenção especial à fixação dos elementos , principalmente das esquadrias nas paredes externas (detalhes para garantir a estanqueidade dos elementos)

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e) Projeto de formas e escoramento

O projeto de formas e escoramento está intimamente ligado à velocidade do cronograma de obras. Afeta diretamente as deformações da estrutura , principalmente a deformação lenta, que é um dos dados mais importantes para o bom funcionamento da alvenaria e sua interação com a estrutura.

A fixação do número de jogos de forma e do esquema de re-escoramento vai ser

um dos elementos que definirão o cronograma de execução das alvenarias.

f) Diretrizes para a obra

• Antes do início da obra deve ser verificado se todos os projetos (arquitetura, estrutura, instalações, ar condicionado, etc) foram compatibilizados;

• A execução da estrutura deve obedecer a NBR 14931 (Norma para execução de estruturas de concreto);

• Deve haver um competente controle tecnológico da obra, ensaios de aço , de concreto (resistência e módulo) e demais materiais (argamassa , cimento , areia, aditivos, blocos , etc);

• É fundamental haver um plano de desforma da estrutura; • A mão de obra a ser utilizada deve saber interpretar desenhos do PAV e o

corpo técnico de obra (engenheiro, mestre , encarregado) devem efetuar a competente verificação;

• O assentamento das alvenarias deve ocorrer somente em estruturas já desformadas e sem escoramento. 2. Condições Técnicas

Tendo em vista que o CDC (Código de Defesa do Consumidor) impede a utilização de produtos e serviços fora das especificações técnicas da ABNT, faz-se necessário atentarmos para que os tópicos abaixo sejam atendidos:

a) Especificação técnica do Bloco

O bloco de concreto é um elemento normalizado (NBR 7173) , com dimensões padronizadas e resistência mínima e média definidas. Os blocos de concreto precisam ter resistência média de 2,5 MPa e resistência mínima de 2 MPa . A deformação da parede

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depois de encunhada não poderá induzir nos blocos tensão maior que a especificada. Se tivermos tensões maiores, necessitamos especificar um bloco estrutural.

Outras características importantes de um bom bloco são a sua uniformidade

geométrica, baixa retração higroscópica e boa condição de aderência. A linha de blocos deve ter elementos com diferentes comprimentos para poder fazer a amarração.

b) Definição de juntas

! Espessura

Para obtermos uma alvenaria perfeitamente modulada, utilizamos as juntas horizontal e vertical de 1 cm : bloco de 19 cm , módulo de 20 cm (ou suas variações fracionadas até 5 cm , mas sempre com número inteiro). Para algum ajuste necessário, podemos variar a junta horizontal menos 3 mm ou mais 5 mm, dando um valor final de 7 a 15 mm. Já a junta vertical permite maior flexibilidade , podendo trabalhar desde a junta seca (na verdade com um mínimo teórico de 3 mm em virtude da variabilidade do comprimento do bloco), até aproximadamente 20 mm . No caso de juntas muito largas devemos estudar o método de preenchimento posterior de maneira a permitir um bom assentamento do revestimento.

! Argamassa

A argamassa de assentamento deve ter uma boa trabalhabilidade pois

executaremos cordões bem definidos. É necessário termos um baixo módulo de deformação e uma alta resistência de aderência (maior que 0,3 MPa ). A argamassa é o elemento de ligação e acomodação do sistema e portanto não deve ser muito forte.

! Juntas argamassadas obrigatórias

Existe uma controvérsia bastante grande entre diferentes especialistas a respeito da colocação ou não de cordões de argamassa na junta vertical (encabeçamento do bloco). Com a não utilização de junta vertical, o painel de alvenaria fica mais flexível e absorve melhor a movimentação da estrutura. Mas a ausência desta junta (junta seca) pode causar um potencial risco de fissura na argamassa de revestimento, tanto em função das deformações impostas como em decorrência da retração da argamassa de revestimento. Recomenda-se a utilização de juntas secas de no máximo 3 mm ou , se utilizado o padrão modular de 10 mm , que elas sejam preenchidas posteriormente (no mínimo 15 dias) com argamassa de cal para dar “apoio” ao revestimento.

Se estivermos utilizando juntas verticais sem argamassa (junta seca), devemos tomar cuidado com algumas juntas obrigatoriamente preenchidas : as da primeira fiada (de marcação), a última fiada, e as 2 primeiras juntas dos blocos ao lado dos pilares. Observe-

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se que os blocos sob as telas de amarração devem ser meio-blocos colocados na horizontal , de maneira a dar maior área de contato.

c) Vergas e Contravergas

Deve-se prever vergas (parte superior) e contravergas (parte inferior) das aberturas na alvenaria . Elas devem ser contínuas e passar 40 cm para cada lado da abertura. No caso de aberturas próximas (até 1,2 m) deve-se utilizar peças únicas para as duas aberturas. No caso de portas e janelas de grandes dimensões (acima de 2,0 m) as vergas devem ser dimensionadas como vigas. Nestes casos deve-se verificar também a necessidade de reforçar a alvenaria na lateral das aberturas de maneira a absorver o aumento da carga no local.

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d) Fixação Lateral

A ligação alvenaria-pilar está intimamente ligada à deformabilidade dos elementos de suporte ( viga e pilares ), e portanto as deformações máximas destes elementos devem ser respeitadas.

A maioria das publicações técnicas, mostra que o tradicional ferro-cabelo , sem

dobra, é solução ineficiente para evitar trincas na interface parede-pilar. A melhor opção é o uso de tela galvanizada de fios de 1,65 mm , malha de 15x15

mm e em largura compatível com a alvenaria em questão. Estas telas podem ser compradas em caixas , já nos tamanhos indicados no projeto, em conjunto com as cantoneiras e pinos de fixação, procurando reduzir as operações no canteiro e racionalizando o serviço.

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Os tamanhos dependem da largura da parede , estimando-se uma largura 20 mm

inferior ao da largura do bloco, podendo-se utilizar nas paredes com blocos de 19 cm , duas telas de 60 mm de largura. O comprimento padrão total é de 50 cm , ficando 10 cm dobrada para cima junto ao pilar e 40 cm colocada na junta entre os blocos. No caso de se necessitar tamanhos especiais, cortar telas maiores com tesourão ou guilhotina, observando-se os tamanhos indicados no PAV.

Largura do bloco Dimensão da tela

19 2 x 60 x 500 14 120 x 500 9 75 x 500

Como regra geral, as telas são colocadas a cada 2 fiadas , lembrando-se

novamente que, se possível , o bloco abaixo da tela deve ser assentado com o furo na horizontal ( utilizar meio-bloco , que tem comprimento e altura igual , 19 cm )

e) Fixação em vigas e lajes

Esta fixação é o tradicional encunhamento . Ele deve ser diferenciado , dependendo da rigidez e do funcionamento da alvenaria. Hoje, muito raramente se utiliza a alvenaria como contraventamento da estrutura, pelo menos como escopo de projeto. Para este caso , muito raro, são 3 os procedimentos clássicos ( em todos eles precisaremos de uma boa superfície de apoio , pelo que se recomenda a execução da última fiada com uma canaleta virada para baixo ):

• Cunhas de concreto pré-fabricadas: permitem maior aperto na alvenaria

fazendo com que trabalhe rigidamente ligada à estrutura. Neste e no próximo caso a distância a ser deixada entre a última fiada e a estrutura é de 10 a 15 cm

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• Encunhamento por meio de tijolos maciços inclinados; possuem resultado similar aos do item anterior , mas causam muito problema na execução de um revestimento racionalizado ( 2 materiais diferentes, de espessuras diferentes )

• Preenchimento com argamassa expansiva: deixado uma distância entre a última fiada e a estrutura de 2 a 3 cm, preenchido posteriormente com argamassa aditivada com expansor. A quantidade de aditivo deve ser cuidadosamente dosada. Este processo pode causar pontos com execuções diferenciadas, trazendo concentração de tensões à alvenaria.

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Para as alvenarias de vedação, sem função de contraventamento, principalmente as que estão envoltas por uma estrutura deformável, a fixação deve-se dar com material de elevada capacidade de absorver deformações. Duas alternativas são recomendadas : aplicar espuma de poliuretano ou argamassa fraca, rica em cal e com baixo teor de cimento. Pode ainda ser usada argamassa industrializada , pronta para assentamento, comumente aditivada com polímeros, mas com baixo módulo de deformação.

Se a estrutura for pouco deformável, é possível utilizar a mesma argamassa do

assentamento. Tendo em vista que a maioria das patologias é causada pela temperatura,

recomenda-se o não encunhamento do último pavimento, até que seja providenciado um isolamento térmico permanente. Este isolamento deve ser executado em até 48 horas após a concretagem da laje, para não permitir o início das fissurações. Deve ser perene , seja com telhado ou com laje impermeabilizada protegida termicamente. Só encunhar após 30 dias do término da elevação e da proteção térmica.

f) Elementos especiais

Os detalhes abaixo devem ser definidos em conjunto com o projetista de estruturas:

! Cintas e pilaretes – devem ser utilizados em painéis muito grandes em altura ou comprimento. Por exemplo , painéis com altura superior a 3,5 m devem ter cinta intermediária ( em canaleta ou barras , telas , treliças planas na fiada ) . Comprimentos acima de 7 m , devem ter pilarete intermediário ( um ferro de 10 mm grauteado )

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! Balanços – todas as alvenarias apoiadas em balanços ( vigas ou lajes )

devem ser previstas com um pilarete nos cantos ( extremo do balanço ) para uniformizar as deformações e evitar fissurações em 45º. Este detalhe deve ser definido e detalhado no projeto estrutural.

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! Juntas de controle – alvenarias muito longas e expostas a variações

térmicas significativas devem prever juntas de dilatação na alvenaria , comumente chamadas de juntas de controle .

g) Recomendações para laje da cobertura

A incidência de fissuras no último pavimento é muito grande. Isto se deve a movimentação térmica da laje de cobertura. Para diminuir esta patologias, devemos adotar providências em vários sentidos :

• Diminuir o calor na laje

o Utilizar telhado , de preferência , com telhas de barro o Ventilar embaixo do telhado o Utilizar telhas claras ou pintar com cor clar o Utilizar submantas reflexivas o Utilizar proteção térmica da laje ( argila expandida solta ou plaxas de

isopor )

• Juntas de dilatação

o Juntas verticais de dilatação da laje ( diminuir os panos de laje ) o Juntas horizontais entre vigas e laje ( concretagem separada ) o Juntas de controle na alvenaria

• Enrijecimento

o Aumentar a rigidez da estrutura ( platibandas de concreto armado ) o Utilizar canaletas armadas nas últimas fiadas da alvenaria

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h) Recomendações para revestimento

O revestimento deve ser o mais flexível possível

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o Utilizar argamassas e pinturas flexíveis o Utilizar telas metálicas ou plásticas na região das interfaces

horizontais e verticais ) 3. Produção dos desenhos em planta

a) Escolha da família de Bloco

! Dimensão básica

Temos , basicamente, duas famílias de comprimentos para os blocos de concreto. Uma família modular com módulo de 15 cm ( peças de 11, 29 e 44 cm ) e a linha não modular com dimensão básica de 20 cm ( peças de 19 , 39 e 34 ) . Junta-se a estes tipos de blocos uma pastilha de 4 cm ( bolacha, ... ).

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! Diversidade de tamanhos

Quanto maior a diversidade de peças, podendo-se inclusive misturar as famílias,

mais fácil é acertar a modulação , mas para a obra, uma quantidade grande de peças é difícil de administrar

! Diversidade de peças (canaleta, bloco elétrico, bloco hidráulico, bloco 45º... )

Para complementar o detalhamento precisamos de alguns tipos de blocos especiais , sendo fundamental os blocos canaleta , para execução de vergas e contra-vergas de uma maneira econômica. Alguns produtores fabricam outros blocos especiais que apesar de não essenciais ajudam bastante a racionalização da obra

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b) Ajuste em relação à estrutura

! Dimensão ( pilares, vigas ) para ajuste da modulação

Como temos uma quantidade fixa de elementos de alvenaria , uma outra maneira

de ajustar a modulação é trabalhar na estrutura com peças de dimensões não padronizadas, por exemplo um pilar de 18 x 57 ou uma viga com 53 cm de altura. Isto vai levar a um ganho de produtividade na alvenaria , mas perdendo produtividade e modulação na estrutura.

! Localização da parede em relação às faces dos pilares e vigas

Um elemento que deve ser bem trabalhado é a coordenação das faces da alvenaria com as vigas e os pilares, principalmente fazendo-se um bom estudo das espessuras de revestimento.

c) Definição da amarração entre paredes

Além do detalhamento dos encontros da alvenaria com as peças de concreto armado , deve ser bem estudado e detalhado o encontro entre as paredes. Deve-se, sempre que possível, utilizar uma amarração bloco a bloco, ou seja, intercalando-se os blocos fiada a fiada. Quando não for possível , utilizamos o mesmo detalhe de amarração com telas metálicas que já usamos no encontro com pilares

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d) Lançamento da primeira fiada

Iniciamos o lançamento analisando o comprimento total entre pilares ou entre paredes. Descontamos o espaço necessário nas laterais , conforme especificação ( ver item 2d ) e comparamos com nosso módulo básico ( por exemplo 20 cm ) . Assim, verificamos a necessidade de peças ( pastilha ) ou blocos especiais ( 14 cm , 34 cm , ... ) . Fazemos a distribuição procurando usar o mínimo possível de tipos de blocos.

Neste ponto , necessitamos realizar uma certa compatibilização entre o projeto

de arquitetura com o de estrutura. Às vezes, uma pequena mudança de dimensão na arquitetura ou em uma peça estrutural, resulta em um grande aumento na racionalização da modulação. Temos também que verificar a necessidade de detalhar juntas verticais de tamanho diferente do padrão ( 1 cm ).

Fazemos, em seguida, o ajuste necessário para o espaço de portas ou outra

interferência. Na seqüência , completamos cada uma das paredes , compatibilizando a

modulação entre elas.

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Na planta de primeira fiada geral ( do pavimento ) , as paredes devem ser numeradas e também deve ser indicado o sentido de vizualização ( com um triangulo )

e) Definição de blocos estratégicos

Blocos estratégicos são os blocos que definem totalmente a posição da parede em planta. Eles são cotados em relação a estrutura e aos eixos principais. São os primeiros blocos a serem assentados. Só depois é que completamos os restantes. Desta maneira, com esta planta, evitamos que erros se acumulem durante o assentamento de blocos sucessivos. Os principais blocos estratégicos são :

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! Ao lado dos pilares ! Cruzamento de paredes ! Laterais das portas

f) Definição dos eixos de locação global

Todos os desenhos em planta devem ser produzidos com eixos de locação global que sejam os mesmos em todos os projetos : arquitetura , estrutura, instalações e alvenaria. Estes eixos devem passar por pontos que permitam depois a sua livre marcação na obra. Deve-se evitar eixos de paredes ( depois de construída a parede, não há mais como marcar o eixo ) e trechos vazios ( poços de elevador ou caixa de escada ).

g) Cotas entre peças e em relação aos eixos globais

Todos os elementos que servirem de base para a locação têm de ser cotados

também em relação aos eixos globais , sendo os mais importantes uma face de cada uma das paredes e os blocos estratégicos.

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4. Produção dos desenhos de elevação

a) Localização de blocos e juntas

! Amarração

A primeira fase de um projeto de elevação de paredes é definir a amarração, ou seja, a maneira de colocar os blocos na segunda fiada de maneira que nenhuma junta fique a menos de 15 cm de outra existente na fiada inferior . O valor 15 cm representa o módulo de 20 cm com uma folga de 5 cm . Em situações excepcionais, onde não tivermos um fabricante no local com uma variedade significativa de blocos, podemos admitir alguns casos com junta defasada de 10 cm . Caso necessitarmos um valor ainda menor será necessário a colocação de telas metálicas nas fiadas ( a cada 2 fiadas ) para evitar o aparecimento de fissuras.

! Juntas secas e juntas argamassadas

Conforme especificação técnica

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b) Interface vertical

! Espaço da primeira junta

É a primeira junta , junto ao pilar . Ela deve ter um valor mínimo ( 1,5 a 2,5 cm )

e pode ser utilizada para pequenos ajustes da modulação

! Posicionamento de telas

As telas se posicionam nas juntas com um espaçamento e comprimento determinado

c) Interface horizontal

! Espaço da ultima fiada

É o espaço deixado entre a última fiada e a estrutura de concreto ( viga ou laje ). Ele depende do material e modo de encunhamento que por sua vez depende do modo de interação entre a alvenaria e a estrutura.

! Material e modo de encunhamento

Ver item 2.e

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d) Posicionamento e detalhe das aberturas (vergas, contravergas, peças pré-moldadas)

Depois de executadas as elevações cheias ( totalmente preenchidas ) , vamos

detalhar as aberturas ( portas , janelas , ... ). Retiramos os blocos da região e refazemos a modulação nos espaços laterais às aberturas.

Devemos marcar cuidadosamente o tamanho e o modo de execução das

vergas e contravergas. Se elas forem executadas no local , devem ser marcados os blocos canaleta . Se forem utilizadas peças pré-moldadas , elas devem ser cuidadosamente posicionadas e novamente ajustada a modulação. Toda e qualquer peça pré-moldada ou outro detalhe construtivo deve ser desenhada dentro da modulação, fazendo-se os necessários ajustes.

e) Posicionamento de juntas de controle, reforços internos

Havendo a necessidade de detalhes especiais em função de tensões internas, eles devem ser posicionados e também detalhada a ferragem . Os detalhes devem ser fornecidos pelo projetista de estruturas

f) Posicionamento das instalações elétricas

As instalações elétricas devem ser detalhadas dentro da modulação. São mostradas as caixas de passagem ( em linha cheia se estiverem do lado visualizado e em linha tracejada se estiverem na face oposta ), e a posição dos conduites dentro dos blocos.

g) Posicionamento das instalações hidráulicas

O posicionamento das instalações hidráulicas já é um pouco mais complicado em virtude dos diâmetros das canalizações. As de menor diâmetro podem passar pelo furo dos blocos , mas as maiores devem passar em vazios . Para tanto deixamos um espaço sem bloco como se fosse uma abertura. Normalmente o conjunto de prumadas passa por um shaft externo à parte, mas isto não é regra geral e portanto devemos compatibilizar atentamente o projeto hidráulico, o projeto de alvenaria e as especificações da construtora.

h) Quantificacao dos materiais

Uma vez terminado o projeto de todas as paredes , devemos quantificar todos os materiais, com especial atenção para os diferentes tipos de blocos e peças pré-moldadas.

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5. Especificações para a obra 5.1. Preparação do local

As faces de pilares, fundos de vigas e lajes devem ser bem limpas nos pontos de contato com a alvenaria. Esta limpeza visa remover sujeiras e resto de desmoldantes ( remoção por lixamento, apicoamento, escovação, etc. ). Limpo o conjunto, umedecer o concreto e aplicar o chapisco, o qual pode ser convencional ( de colher ) , industrializado ( desempenadeira ) ou rolado ( rolo de textura alta ). Quando o chapisco for do tipo convencional ou industrializado ( não usam aditivos com polímeros ) , o mesmo deve ser aplicado pelo menos 3 dias antes do início da alvenaria. Quando for do tipo rolado ( aditivado com resina vinílica ou acrílica ), recomenda-se que a aplicação seja feita imediatamente antes da elevação da alvenaria. 5.2. Início do assentamento

A situação ideal ( executar as alvenarias de cima para baixo ) é conflitante com a necessidade das obras ( cronograma físico-financeiro ), precisando-se de uma acomodação intermediária a qual é assim recomendada:

• Ter executado a estrutura de pelo menos 4 pavimentos acima do ponto a

iniciar a alvenaria, iniciando a elevação das mesmas do pavimento mais alto para o mais baixo

• A concretagem do pavimento ter sido executada a pelo menos 45 dias • A retirada do escoramento ter sido executada a pelo menos 15 dias • Carregamento da laje com todos os blocos a serem utilizados,

imediatamente após a retirada do escoramento do local • Ter sido retirado completamente o escoramento da laje dos 4 pavimentos

superiores • Realização do chapisco com os prazos de aplicação corretos ( conforme

item anterior ) Os prazos mínimos aqui apresentados têm como meta que a estrutura tenha a

maior deformação possível antes do assentamento , reduzindo o efeito sobre a alvenaria

5.3. Assentamento das alvenarias

É recomendado que a locação da alvenaria deva ser feita com o próprio bloco que

será empregado na elevação. Não devem ser utilizados tijolos comuns ( maciços ) para locação de blocos de concreto devido ao fato de seu material e suas dimensões não serem compatíveis entre si , com características de textura e deformação muito diferentes.

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A argamassa de assentamento da primeira fiada deve ser a mesma da elevação

da alvenaria , podendo a sua espessura variar de 1 a 3 cm para que eventuais irregularidades na concretagem da laje sejam absorvidas.

Os blocos situados junto ao encontro entre pilar e alvenaria deverão ser

assentados com a argamassa na junta vertical já colocada neles, de modo a ser comprimida fortemente conta o pilar já chapiscado. Não se deve permitir o preenchimento posterior da junta pilar/alvenaria, pois isto cria uma ligação fraca e sujeita a fissuração.

A elevação deve ser feita até meia altura e neste ponto , se necessário e

determinado no PAV, ser colocado o reforço previsto (canaleta, ferro na fiada, tela ou treliça). Se a alvenaria funcionar como elemento de travamento da estrutura, o que deve

ser informado pelo projetista estrutural, é necessário que exista uma ligação efetiva e rígida entre elas. As alvenarias devem apresentar características de resistência mecânica compatíveis com as solicitações.

A execução deve parar na altura prevista em projeto, com a folga necessária para

o posterior encunhamento. Para que não ocorra transmissão de carregamento entre sucessivos pavimentos, recomenda-se o retardamento do encunhamento com a colocação da maior parte possível das cargas no andar superior ( contrapiso , materiais de revestimento , etc. ) Transcorrido pelo menos 15 a 20 dias da elevação, pode-se adotar o encunhamento em pavimentos alternados ( ou fazendo dois e pulando um ) de maneira a não acumular tensões, sempre de cima para baixo. Recomenda-se que estejam executados pelo menos 3 pavimentos de alvenaria sobre o que se vai encunhar e o pavimento superior tenha sido encunhado a pelo menos 24 horas.

5.4. Colocação das telas nos pilares

Inicialmente verificamos cuidadosamente a posição das telas indicadas no PAV ( normalmente nas fiadas pares ), marcando sua posição nos pilares através de nível em todos os pontos ou galga de um para outro. A posição exata da marcação é fundamental para centralizar a tela na junta horizontal.

Fixamos a tela já cortada no tamanho correto à estrutura através de cantoneira

com dimensões mínimas de: largura 20 mm , espessura 2 mm , comprimento conforme tabela abaixo:

Bloco Tela Cantoneira 19 2 x 60 2 x 50

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14 120 100 9 75 60

A cantoneira de 100 mm deve ser colocada com dois pinos de aço zincado com diâmetro de 6 a 8 mm , penetração mínima de 20 mm e afastamento entre pinos de 50 mm. Deve-se garantir uma força de arrancamento de 300N para um concreto de 20 MPa. As outras cantoneiras são fixadas com um pino centralizado.

Cuidados de segurança :

• Para a cravação dos pinos, usar finca-pinos de baixa velocidade ( a pistão ) acionado com cartucho de pólvora

• É obrigatório uso de óculos pelo operário , que deve ser bem treinado nesta operação

• Deixar a tela sem dobrar, encostada no pilar, até o momento de sua dobra sobre a argamassa, para evitar acidentes com as pontas dos arames . Se necessário pendurar pequenas tiras de pano vermelho na ponta da tela

5.5. Colocação da tela na parede

A colocação da tela no interior da junta horizontal deve obedecer cuidados

essenciais para obtenção do maior desempenho possível da ligação. O que tentamos obter é uma ligação que não permita o deslocamento da alvenaria em relação ao pilar, portanto a tela tem que ficar perfeitamente dobrada ( sem arredondamentos ) e aderida na argamassa.

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O posicionamento da tela já deve estar estabelecido quando da colocação das

mesmas com as cantoneiras no pilar. Devemos agora checar se a posição corresponde ao centro da junta horizontal.

Primeiramente, vamos colocar o primeiro ( ou último ) bloco contra o pilar, com

uma junta de 15 a 25 mm, sendo que a argamassa deve ter sido colocado no bloco em toda a sua face e este pressionado fortemente contra o pilar. A largura final da junta é a estabelecida no PAV. Este detalhe tem importância fundamental para o bom funcionamento da ancoragem.

As juntas verticais entre os primeiros blocos também devem estar preenchidas,

conforme indicação no PAV. Elas vão permitir a transferência dos esforços da região entre mais blocos adjacentes , reduzindo as tensões no local.

Após a colocação dos cordões de argamassa no bloco inferior, abaixamos a tela

contra a cantoneira , fazendo um ângulo de 90º penetrando bem nos cordões de argamassa. Se necessário podemos bater com um martelo sobre pedaço de madeira par garantir que não fique uma curvatura no local. Isto é essencial para não permitir que a posterior retificação da tela no local cause a possibilidade de fissura entre a alvenaria e o pilar.

5.6. Colocação de tela de amarração entre duas paredes No caso de amarração entre paredes que não for feita com os próprios blocos (

junta a prumo entre as paredes ), necessitamos colocar telas a cada duas fiadas , com a posição e os tamanhos indicados pelo PAV. A tela deve ficar a 2 cm da face externa da parede contínua e pelo menos 30 cm na parede transversal.

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A argamassa deve ser aplicada sobre os blocos inferiores e a tela colocada da

forma mais reta e plana possível, comprimindo-a contra a argamassa até a tela ficar bem centralizada na junta. Se necessário, complementar com mais argamassa e pressionar o bloco superior contra o conjunto.

6. Conclusão

As patologias das alvenarias de vedação geram altos custos de recuperação não previstos, desgaste da imagem da empresa , desconforto e insatisfação do usuário. Uma recuperação eficiente, de qualquer modo, quase sempre demanda técnicas complexas e onerosas.

Os limites de flechas de vigas e lajes tradicionalmente estabelecidos pela

normalização brasileira ( L / 300 e L / 500 ) não são suficientes para evitar problemas em parte considerável das alvenarias hoje empregadas para a construção das vedações de nossos edifícios, principalmente quando se estabelecem prazos e seqüências inadequadas de execução.

Por outro lado, se considerarmos o estabelecimento de critérios para evitar as

fissuras dessas alvenarias de baixa capacidade suportante, chegaremos a valores que tornarão nossas estruturas economicamente inviáveis. Assim, a saída mais racional parece ser, como defende Sabbatini ( 1998 ), a recomposição do equilíbrio entre deformabilidade da alvenaria e da estrutura.

Para isso , temos que ter uma boa coordenação entre o projetista da estrutura e o

projetista da alvenaria, procurando adotar soluções racionais que minimizem os riscos de ocorrência de problemas.

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Devemos alertar também que o conjunto dos projetos executivos de obra se

complementa com o projeto de revestimento, principalmente quando não conseguirmos acompanhar todas as orientações dadas pelas melhores práticas construtivas. Neste caso , o revestimento deverá resistir a uma parcela de esforços e portanto deve ser planejado para isso.

Gostaríamos de destacar os seguintes aspectos entre os mais importantes a

serem considerados para minimizar a ocorrência de fissuras nas paredes de vedação:

• Realizar e compatibilizar todos os projetos executivos , inclusive com a participação da construtora

• Minimizar as deformações na estrutura • Detalhar, para cada caso , a melhor técnica de ligação da alvenaria com a

estrutura • Executar a obra de acordo com as premissas aqui colocadas

⇒ Realizar a elevação da alvenaria dos pavimentos superiores para os inferiores, ou pelo menos, em grupos de pavimentos seguindo esta direção

⇒ Postergar ao máximo o encunhamento das alvenarias • Executar um bom controle de qualidade de material e execução

⇒ Controlar a resistência de aderência entre blocos e argamassa ⇒ Controlar o preenchimento pleno das juntas verticais entre parede e

pilar e da junta de fixação entre a fiada de respaldo e o fundo da viga ou laje

⇒ Controlar a manutenção da espessura das juntas horizontais

Finalmente, devemos salientar que a solução definitiva destes problemas exige investimento para desenvolvimento e disseminação de tecnologia construtiva adequada à nossa realidade. O meio produtivo e as instituições de pesquisa devem unir esforços no sentido de ampliar o conhecimento disponível para melhorar o desempenho das alvenarias e estruturas em serviço. Investir em tecnologia é condição necessária para melhorar a qualidade de nossas construções.

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7. Ações Futuras

Implementação: Curso : Como fazer um bom Projeto de Alvenaria de Vedação , destinado a arquitetos e engenheiros projetistas Curso : Como ler um Projeto de Alvenaria de Vedação , destinado a engenheiros de obras, mestres e encarregados

Estudos futuros :

Comportamento térmico e higroscópico das paredes de alvenaria Comportamento mecânico das interfaces ao longo do tempo Estudo da adequação da argamassa de assentamento

8. Bibliografia

• ABCI – Manual técnico da Alvenaria, 1990 • Alberto Casado Lordsleem Junior – Execução e Inspeção de Alvenaria

Racionalizada, 2001 • Ercio Thomaz/Paulo Helene – Qualidade no projeto e na execução de alvenaria

estrutural e de alvenarias de vedação em edifícios • Monserrat Dueñas Pena – Dissertação de mestrado – Método para a

elaboração de projetos para produção de vedações verticais em alvenaria • Thomaz,E – Trincas em edifícios – Causas, prevenção e recuperação, 1989 • Medeiros, Jonas Silvestre / Franco, Luiz Sérgio – Prevenção de trincas em

alvenarias através do emprego de telas soldadas como armadura e ancoragem , 1999

• Pimenta da Cunha, Albino Joaquim – Acidentes Estruturais na Construção Civil , 1996

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9. Grupos de trabalho GT Projetos Coordenador : Afonso Castro – [email protected] Participantes : João Manuel Verde João Jannini Ana Paula Socca Fabio Muzetti Ivy Smits Rebouças Rita Paschoal Homem de Melo Arnoldo Wendler Rodolfo A. Marquezi Osmar Simionatto Absolon Soares Mário Paradella Denis Perez Edson Somera Fidelis Asta GT Interação Alvenaria – Estrutura Coordenador: Wagner de Carvalho – [email protected] Participantes: Wilson Martins Sergio Lattaro Arnoldo Wendler Gil Chinelatto

Relator : Arnoldo Augusto Wendler Filho – [email protected]